PROJETO DE FILTRO CROSSOVER DUPLAMENTE … · assim como ter conhecimento do teor da presente...
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PROJETO DE FILTRO CROSSOVER DUPLAMENTE
COMPLEMENTAR EM CIRCUITO INTEGRADO
Rodrigo de Souza Fructuoso da Silva
Projeto de Graduacao apresentado ao Curso
de Engenharia Eletronica e de Computacao
da Escola Politecnica, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessarios a obtencao do tıtulo de Enge-
nheiro.
Orientador: Antonio Petraglia
Rio de Janeiro
Setembro de 2017
PROJETO DE FILTRO CROSSOVER DUPLAMENTE
COMPLEMENTAR EM CIRCUITO INTEGRADO
Rodrigo de Souza Fructuoso da Silva
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO
DE ENGENHARIA ELETRÔNICA E DE COMPUTAÇÃO DA ESCOLA PO-
LITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO
PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU
DE ENGENHEIRO ELETRÔNICO E DE COMPUTAÇÃO
Autor:
rigo Fructuoso da Silva
Orientador:
Prof. Aiitoiiio Petr lia, Pli. D.
. Examinador:
Prof. Carlos Fernando Teodósio Soares, D. Sc.
Examinador:
Prof.)(sé/,~ab J~~ri~arneir ~ Gomes , Ph. D.
Rio de Janeiro
Setembro de 2017
11
Declaração de Autoria e de Direitos
Eu, Rodrigo de Souza Fructuoso da Sílva CPF 124.418.527-28, autor da mo-
nografia Projeto de Filtro Crossover em Circuito Integrado, subscrevo para os devi-
dos fins, as seguintes informações:
1. O autor declara que o trabalho apresentado na disciplina de Projeto de Gra-
duação da Escola Politécnica da UFRJ é de sua autoria, sendo original em forma e
conteúdo.
2. Excetuam-se do item 1. eventuais transcrições de texto, figuras, tabelas, conceitos
e idéias, que identifiquem claramente a fonte original, explicitando as autorizações
obtidas dos respectivos proprietários, quando necessárias.
3. O autor permite que a UFRJ, por um prazo indeterminado, efetue em 1qualquer
mídia de divulgação, a publicação do trabalho acadêmico em sua totalidade, ou em
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4. O autor pode, excepcionalmente, encaminhar à Comissão de Projeto de Gra-
duação, a não divulgação do material, por um prazo máximo de 01 (um) ano,
improrrogável, a contar da data de defesa, desde que o pedido seja justificado, e
solicitado antecipadamente, por escrito, à Congregação da Escola Politécnica.
5. O autor declara, ainda, ter a capacidade jurídica para a prática do presente ato,
assim como ter conhecimento do teor da presente Declaração, estando ciente das
sanções e punições legais, no que tange a cópia parcial, ou total, de obra intelectual,
o que se configura como violação do direito autoral previsto no Codigo Penal Bra-
sileiro no art.184 e art.299, bem como na Lei 9.610.
6. O autor é o único responsável pelo conteúdo apresentado nos trabalhos acadêmicos
publicados, não cabendo à UFRJ, aos seus representantes, ou ao(s) orientador(es),
qualquer responsabilização/ indenização nesse sentido.
7. Por ser verdade, firmo a presente declaração.
digodouzaFructuosodaSilva
111
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Escola Politecnica - Departamento de Eletronica e de Computacao
Centro de Tecnologia, bloco H, sala H-217, Cidade Universitaria
Rio de Janeiro - RJ CEP 21949-900
Este exemplar e de propriedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que
podera incluı-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar
qualquer forma de arquivamento.
E permitida a mencao, reproducao parcial ou integral e a transmissao entre bibli-
otecas deste trabalho, sem modificacao de seu texto, em qualquer meio que esteja
ou venha a ser fixado, para pesquisa academica, comentarios e citacoes, desde que
sem finalidade comercial e que seja feita a referencia bibliografica completa.
Os conceitos expressos neste trabalho sao de responsabilidade do(s) autor(es).
iv
DEDICATORIA
Dedico este trabalho a minha famılia. Especialmente aos meus amados pais, Re-
nata e Marco, que se esforcaram ao maximo para que pudesse ter acesso a educacao
e estiveram sempre presentes quando necessitei. A minha avo, Doralice, que sempre
foi uma segunda mae. A memoria de meu avo Renato, com que tive pouco convıvio,
mas de quem tenho claras lembrancas das brincadeiras instigando o pensar e os
conselhos onde sempre dizia para nunca deixar de estudar. Dedico ao meu irmao
Renan, meu melhor e mais antigo amigo.
Sem o suporte e carinho destas pessoas, nao teria chegado ate a producao deste
texto, e por isso, dedico a eles nao somente este trabalho, mas todo o esforco ate
realiza-lo. Muito obrigado.
v
AGRADECIMENTO
Agradeco aos professores que tive no decorrer do curso de Engenharia Eletronica
e de Computacao. O Departamento de Engenharia Eletronica e de Computacao
e seu corpo discente tem o privilegio de contar com inumeros docentes de exce-
lente qualificacao tecnica. Gostaria de agradecer especialmente ao professor Carlos
Fernando Teodosio Soares por conseguir reunir o primor tecnico com a habilidade
e preocupacao em ensinar. Suas aulas e dedicacao foram motivadores em minha
graduacao.
Agradeco ao meu orientador, prof. Antonio Petraglia, pelos ensinamentos e
paciencia ao longo do desenvolvimento do projeto. Sou grato pela ajuda no di-
recionamento do trabalho, pelas duvidas sanadas, revisoes minuciosas deste texto
durante sua producao e, principalmente, por responder pacientemente a todos os
inumeros e longos e-mails que enviei.
Agradeco aos amigos que fiz durante o curso, as parcerias de estudo foram fun-
damentais para obter exito em diversas disciplinas. Agradeco aqueles cuja amizade
perdurou mesmo com o fim das materias. Obrigado Luiz Carlos Macedo de Oliveira
Filho e Michael Douglas Barreto e Silva por, alem de tudo, escutarem paciente-
mente minhas reclamacoes sobre os mais diversos assuntos durante tanto tempo.
Sou tambem grato ao Eduardo Santoro Morgan e ao Pedro Bandeira de Mello Mar-
tins por terem me ajudado a revisar este texto.
Agradeco aos membros da banca examinadora pela disposicao em avaliar o tra-
balho e participar deste rito importante que finaliza uma longa jornada. Muito
obrigado aos professores Carlos Fernando Teodosio Soares e Jose Gabriel Rodriguez
Carneiro Gomes pelo tempo despendido.
Finalmente, agradeco ao povo brasileiro que contribuiu de forma significativa a
minha formacao e estada nesta Universidade. Este projeto e uma pequena forma de
retribuir o investimento e confianca em mim depositados.
vi
RESUMO
Este trabalho consiste no estudo e projeto de uma rede crossover para audio que
seja duplamente complementar, ou seja, complementar em amplitude e potencia.
Deseja-se que o filtro seja inteiramente contido em um circuito integrado, dispen-
sando componentes externos, e que possa ser ajustavel, de forma a se adequar as
necessidades do usuario. Para tanto, sera apresentado estudo de filtros ativos es-
truturalmente passa-tudo e o projeto eletrico destes atraves da tecnica de filtros
Gm-C. Tambem sera englobado o projeto dos amplificadores operacionais de trans-
condutancia que suprem as necessidades do projeto. Como resultado, apresentare-
mos a implementacao em circuito da rede crossover desejada, adequada a integracao
e capaz de atingir distorcao harmonica total menor que -45 dB para a saıda passa-
altas e -55 dB para a passa-baixas.
Palavras-Chave: rede crossover, filtros estruturalmente passa-tudo, filtro Gm-C,
audio.
vii
ABSTRACT
This work consists of the study and design of a doubly complementary audio
crossover network, thus the network must be amplitude and power complementary.
It is desired that the filter be entirely contained in an integrated circuit, without any
external components. Besides, it is desired that it can be tunable to fit the needs of
the user. Therefore, we will present a study of structurally all-pass active filters and
their electrical design using Gm-C filter technique. We will also cover the project of
the operational transconductance amplifiers that suit the desired requirements. As
result, we will present the circuit implementation of crossover network, suitable to
integrated circuit design and able to hold total harmonic distortion lower than -45
dB to high-pass output and lower than -55 dB to low-pass output.
Key-words: crossover network, structurally all-pass filters, Gm-C filter, audio.
viii
SIGLAS
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
OTA - Operational Transconductance Amplifier
CMOS - Complementary Metal Oxide Semiconductor
MOSFET - Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor
AMS - Austriamicrosystems
DHT - Distorcao Harmonica Total
ix
Sumario
1 Introducao 1
1.1 Tema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Delimitacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.3 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.4 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.5 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.6 Descricao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2 Fundamentacoes Teoricas 5
2.1 Redes Crossover . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Filtros Passa-Tudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.1 Filtros Estruturalmente Passa-Tudo . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3 Filtros Duplamente Complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.4 Filtro Gm-C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.4.1 Amplificador Operacional de Transcondutancia . . . . . . . . 13
3 Desenvolvimento 15
3.1 Especificacoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.2 Sıntese das funcoes de transferencia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.2.1 Escolha da funcao prototipo H(s) . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.2.2 Sıntese do par de funcoes de transferencia passa-tudo . . . . . 18
3.3 Decomposicao Estruturalmente Passa-Tudo . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.4 Realizacao atraves de filtros Gm-C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.5 Projeto dos OTAs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.5.1 Recursos empregados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
x
3.5.2 Implementacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.6 Desnormalizacao do circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4 Resultados 51
4.1 Simulacoes dos OTAs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.1.1 OTA de baixo ganho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.1.2 OTA de alto ganho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.2 Simulacoes da rede crossover . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.2.1 Resposta em frequencia de A1(s) e A2(s) . . . . . . . . . . . . 56
4.2.2 Resposta em frequencia de H(s) e G(s) . . . . . . . . . . . . . 59
5 Conclusoes 64
5.1 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Bibliografia 66
xi
Lista de Figuras
1.1 Exemplo de rede crossover de duas vias, composto por dois filtros
H(s) e G(s), passa-baixas e passa-altas, respectivamente. . . . . . . . 2
1.2 Exemplo de rede crossover duas vias, onde H(s) e G(s) sao gerados
pela soma e subtracao de filtros passa-tudo. . . . . . . . . . . . . . . 3
2.1 Exemplo de resposta em frequencia de rede crossover de duas vias,
em destaque a frequencia de cruzamento fc. . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2 Diagrama de fluxo de sinais de uma arquitetura estruturalmente passa-
tudo de ordem N. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Implementacao em circuito do diagrama de fluxo de sinais que realiza
uma arquitetura estruturalmente passa-tudo. . . . . . . . . . . . . . . 10
2.4 Circuito integrador, bloco basico de filtros Gm-C. . . . . . . . . . . . 12
2.5 Modelo ideal de um amplificador operacional de transcondutancia. . . 13
3.1 Exemplo de rede crossover obtida com H(s) gerada por aproximacao
elıptica com 1 dB de ripple na banda de passagem e 60 dB de ate-
nuacao mınima na faixa de rejeicao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.2 Selecao de polos de H(s) para implementacao de A1(s) e A2(s). . . . 19
3.3 Resposta de ganho de H(s) e G(s). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.4 Resposta de fase de A1(s) e A2(s). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.5 Implementacao direta de A1(s). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.6 Implementacao direta de A2(s). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.7 Problema com polos nao modelados devido a capacitores parasitas. . 24
3.8 Implementacao otimizada de A1(s). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.9 Implementacao otimizada de A2(s). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.10 Rede atenuadora responsavel por dividir o sinal aplicado por dois. . . 28
xii
3.11 Subtrator (a) e somador (b) utilizados para obter o passa-baixas e
passa-altas partindo do par de passa-tudos. . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.12 Circuito da rede crossover, composto pelos filtros passa tudo A1(s) e
A2(s) e pelos blocos algebricos de soma, subtracao e atenuacao. . . . 30
3.13 Par diferencial degenerado por MOSFET em triodo. . . . . . . . . . . 32
3.14 Divisor de tensao ativo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.15 Divisor de corrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.16 Amplificador Operacional de Transcondutancia dotado das estrategias
para atingir baixo ganho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.17 Fonte de corrente tipo P, de valor (N + 1)IB. . . . . . . . . . . . . . . 37
3.18 Fonte de corrente tipo N, de valor 2IB. . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.19 Implementacao otimizada para o casamento e utilizacao de area do
divisor de tensao ativo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.20 Circuito real do estagio de entrada do OTA de baixo ganho. . . . . . 47
3.21 Circuito real do estagio de saıda dos OTAs. . . . . . . . . . . . . . . 48
3.22 Circuito real do estagio de entrada do OTA de alto ganho. . . . . . . 49
4.1 Curvas de ganho de transcondutancia do OTA de baixo ganho para
diversas tensoes de ajuste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.2 Resistencia equivalente de MTriodo em funcao de Vtun para OTA de
baixo ganho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.3 Avaliacao do OTA de baixo ganho como integrador, com capacitor
de carga Cl = 15.9 pF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.4 Curvas de ganho de transcondutancia do OTA de alto ganho para
diversas tensoes de ajuste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.5 Avaliacao do OTA de alto ganho como integrador, com capacitor de
carga Cl = 15.9 pF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.6 Resposta de fase de A1(s). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.7 Resposta de fase de A2(s). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.8 Resultado da resposta de modulo do filtro A1(s) que compoem a rede
crossover. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.9 Resultado da resposta de modulo do filtro A2(s) que compoe a rede
crossover. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
xiii
4.10 Ganho residual existente na subtracao dos ganhos de A1(s) e A2(s). . 58
4.11 Resultado da resposta de modulo da rede crossover. . . . . . . . . . . 60
4.12 Comparativo entre a rede crossover ideal e a real para frequencia de
ajuste nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.13 Comparativo entre a rede crossover ideal e a real para frequencia de
ajuste nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.14 Distorcao Harmonica Total em funcao da tensao de sintonia. . . . . . 62
4.15 Distorcao Harmonica Total em funcao da amplitude do sinal de entrada. 63
xiv
Lista de Tabelas
3.1 Parametros do processo de fabricacao. . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.2 Parametros obtidos a partir de criterios de polarizacao para OTA de
baixo ganho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.3 Correntes de polarizacao dos transistores que implementam fontes de
corrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.4 Dimensoes dos transistores que implementam fontes de corrente. . . . 39
3.5 Tensoes de polarizacao para transistores do OTA. . . . . . . . . . . . 39
3.6 Dimensoes de MA1 e MA2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.7 Dimensoes dos transistores do par diferencial e divisor de corrente. . . 44
3.8 Dimensoes do transistor utilizado como elemento de degeneracao. . . 46
3.9 Dimensoes de todos os transistores projetados para o OTA de baixo
ganho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.10 Dimensoes de todos os transistores projetados para o OTA de alto
ganho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.11 Parametros obtidos a partir de criterios de polarizacao para OTA de
alto ganho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.12 Valores reais dos capacitores do circuito. . . . . . . . . . . . . . . . . 50
xv
Capıtulo 1
Introducao
1.1 Tema
O tema do trabalho e o estudo e projeto de um filtro crossover duplamente com-
plementar monolıtico em circuito integrado. Neste sentido o problema e o projeto de
uma rede ativa crossover inteiramente contida num chip, capaz de manter a comple-
mentariedade em amplitude e potencia de suas saıdas, independentemente do ajuste
da frequencia de cruzamento e de erros introduzidos pelo processo de fabricacao.
1.2 Delimitacao
Este estudo foi conduzido para um filtro crossover de duas vias de terceira ordem
e para o processo de fabricacao CMOS 0.35 µm. Sera testado e avaliado com o uso
de programas de simulacao, sem prototipagem prevista.
1.3 Justificativa
Nas mais diversas aplicacoes, e usual que sinais de interesse possuam resposta em
frequencia ampla e para serem melhor analisados, processados ou amplificados, ne-
cessitam ser divididos em bandas, canais. Para estas aplicacoes, o filtro crossover se
faz util. Um exemplo comum, nao exclusivo, pode ser observado quando se trabalha
com sinais na faixa de audio. E comum em sistemas de audio a utilizacao de diversos
alto-falantes, com diferentes tamanhos e propriedades, para reproducao mais fide-
1
digna do audio. Isto se da porque um alto-falante apenas nao consegue reproduzir
de forma linear todo o espectro audıvel (20 Hz - 20 kHz, aproximadamente). Para
tanto, utilizam-se filtros crossover para separar o sinal de entrada em bandas de
frequencias aplicaveis ao alto-falante adequado a sua reproducao (ou amplificador
que o alimenta). A aplicacao mais simples e usual, nestes casos, e de redes crossover
de duas vias, onde o sinal e dividido em uma banda de frequencias baixas, adequada
a reproducao em woofers, e outras mais altas, melhor reproduzidas em tweeters.
Passa-
baixas
H(s)
Passa-altas
G(s)
Vin Woofer
Twetter
Amplificador
altas
frequências
Amplificador
baixas
frequências
Figura 1.1: Exemplo de rede crossover de duas vias, composto por dois filtros H(s)
e G(s), passa-baixas e passa-altas, respectivamente.
Em realizacoes mais simples, o filtro crossover pode ser implementado por um
passa-baixas e um passa-altas com mesma frequencia de corte, conforme Fig. 1.1. E
desejavel que estes filtros sejam ajustaveis, para se adequar as necessidades de pro-
jeto e eventuais flutuacoes no valor da frequencia de corte. Nesta realizacao, passa-
altas e passa-baixas, isto implicaria na necessidade de ajuste simultaneo e casado de
dois filtros distintos. Este processo geralmente e complicado de ser feito e culmina na
destruicao da complementariedade entre os filtros passa-baixas e passa-altas, tendo
por consequencia distorcao e a perda de informacao na saıda. A realizacao atraves
de secoes passa-tudo utilizada neste trabalho, ilustrada na Fig. 1.2, garante a com-
plementariedade entre os filtros passa-baixa e passa-alta que implementam a rede
crossover e um unico ponto de ajuste para a frequencia de sintonia, o que torna o
circuito mais robusto. Alem de ser realizado com numero mınimo de capacitores.
O presente projeto e uma complementacao de estudos anteriores, buscando es-
tudar e implementar um circuito com ampla faixa de aplicacao. A motivacao e a
2
Filtro
passa-tudo
A1(s)Divisor de
tensão
+
+
Passa-altas
Passa-baixasFiltro
passa-tudo
A2(s)
Vin
Figura 1.2: Exemplo de rede crossover duas vias, onde H(s) e G(s) sao gerados pela
soma e subtracao de filtros passa-tudo.
contribuicao deste projeto residem no fato de que esta realizacao em circuito inte-
grado, valendo-se de secoes estruturalmente passa-tudo, nao e usual, apesar de, em
teoria, ser capaz de prover importantes benefıcios.
1.4 Objetivos
O objetivo geral e, entao, realizar o projeto completo do circuito integrado para o
proposto filtro crossover para audio. Um filtro crossover de duas vias que apresente
complementariedade em amplitude e potencia de suas saıdas, alem de um unico
ponto para ajuste da frequencia de cruzamento. Para tanto, deve-se: (1) projetar os
filtros que comporao a rede crossover; (2) realizar o projeto dos OTAs (amplificadores
operacionais de transcondutancia); (3) avaliar o desempenho dos OTAs projetados;
(4) simular a rede crossover utilizando os OTAs projetados; (5) avaliar a realizacao
obtida.
1.5 Metodologia
Este trabalho implementara a rede crossover atraves da tecnica de filtros Gm-C,
ou OTA-C, e se valera de resultados encontrados na literatura para realizacao dos
amplificadores operacionais de transcondutancia. O projeto sera realizado com pro-
gramas de simulacao do pacote Cadence, atraves dos computadores do PADS/UFRJ
(Laboratorio de Processamento Analogico e Digital de Sinais), onde estao devida-
mente configurados e licenciados.
3
1.6 Descricao
O Capıtulo 2 apresentara o ferramental necessario para o desenvolvimento
do projeto, cobrindo a fundamentacao teorica necessaria para compreende-lo e as
tecnicas utilizadas para implementa-lo. No Capıtulo 3, sera abordada a realizacao da
rede crossover atraves dos filtros passa-tudo e serao determinadas as especificacoes
do projeto, bem como os valores dos componentes e especificacoes necessarias para os
amplificadores. Especificado o circuito e os amplificadores necessarios no capıtulo
anterior, serao realizados testes da rede crossover com componentes ideais e com
amplificadores reais. Estes testes serao desenvolvidos no Capıtulo 4. Por fim, no
Capıtulo 5, os resultados obtidos serao analisados e serao apresentadas as conclusoes,
indicando limitacoes e potenciais trabalhos futuros.
4
Capıtulo 2
Fundamentacoes Teoricas
Neste trabalho sera desenvolvido o projeto de uma rede crossover duplamente
complementar para audio em circuito integrado. Espera-se que o leitor tenha conhe-
cimentos de processamento de sinais relacionados a filtros, bem como conhecimen-
tos basicos de teoria de circuitos, como Leis de Kirchhoff e modelagem matematica
de componentes. Utilizaremos ferramental matematico para avaliar a resposta em
frequencia dos filtros desenvolvidos, como Transformada de Laplace e diagramas de
Bode. Portanto, e importante que o leitor tambem tenha conhecimentos de Sistemas
Lineares.
2.1 Redes Crossover
Redes crossover, por vezes tambem chamadas de filtros crossover, sao circuitos
que promovem o processamento de um sinal de interesse com objetivo de separa-lo
em faixas (bandas) de frequencias adequadas a analise ou aplicacao. A quantidade
de faixas em que o sinal de entrada e fracionado determina quantas vias o filtro
crossover possui, logo, um filtro crossover de duas vias tem por caracterıstica separar
um sinal de entrada em duas faixas de frequencia, conforme Fig. 2.1. A ordem, por
sua vez, esta relacionada com caracterısticas dinamicas da rede. A ordem de uma
rede crossover esta intimamente ligada a ordem dos filtros que a compoem. Quanto
maior a ordem de uma rede crossover, mais seletiva ela sera. Alem disto, maior sera
o numero de elementos reativos (capacitores, indutores) necessarios para construı-la.
5
fc
Passa-baixas Passa-altasH(s) G(s)
Amplitude
Frequência
Figura 2.1: Exemplo de resposta em frequencia de rede crossover de duas vias, em
destaque a frequencia de cruzamento fc.
Uma rede crossover pode ser avaliada e especificada em funcao da quantidade
de vias, frequencia de cruzamento, bem como de acordo com as figuras de merito
comuns aos demais filtros, como ganho em banda passante, atenuacao na banda de
rejeicao e ordem. A frequencia de cruzamento e definida como a frequencia onde
considera-se o fim de uma banda de frequencia e inıcio da seguinte. Numa rede
crossover de duas vias, por exemplo, temos duas bandas de frequencia definidas,
uma com caracterısticas de uma transferencia passa-baixas e a outra com carac-
terısticas de uma transferencia passa-altas, conforme Fig. 2.1. O ponto onde as
frequencias de corte destas transferencias coincidem e chamado de frequencia de
cruzamento. Em redes crossover sintonizaveis, como a desejada a se alcancar neste
projeto, esta frequencia de cruzamento deve ser ajustavel, ou seja, as frequencias de
corte das transferencias que compoem bandas vizinhas do proposto filtro devem ser
modificadas conjuntamente.
2.2 Filtros Passa-Tudo
Esta classe de filtros e reconhecida por resposta em frequencia com ganho cons-
tante, geralmente unitario, para todas as frequencias. Uma vez que estes filtros
nao modificam o modulo do sinal aplicado a sua entrada, a filtragem ocorre efeti-
vamente na fase. Embora menos usual, a manipulacao de fase pode ser util. Esta
propriedade sera utilizada adiante neste trabalho. Filtros passa-tudo contınuos no
tempo sao caracterizados no domınio s pela Eq. (2.1), para o caso de coeficientes
6
reais. A consequencia deste formato e a distribuicao simetrica dos polos e zeros em
relacao ao eixo imaginario no plano complexo s. Isto confere modulo da funcao de
transferencia constante para todo s = jw.
A(s) = ±k · D(−s)D(s)
= ±k · (−1)N · aN · sN + · · · − a1s1 + a0bN · sN + · · ·+ b1s1 + b0
, onde aN = bN ∀N
(2.1)
2.2.1 Filtros Estruturalmente Passa-Tudo
Filtros estruturalmente passa-tudo sao uma realizacao particular de um filtro
passa-tudo, onde os pares de coeficientes aN e bN ∀N da Eq. (2.1) sao realizados
pelos mesmos elementos. No caso de filtros analogicos ativos, sao realizados pelos
mesmos componentes eletronicos (pelos mesmos capacitores e ganhos de transcon-
dutancia, por exemplo). Definamos entao δN = |aN − bN |. Vale notar que valores
de δN > 0 posicionam os polos e zeros do sistema de forma nao simetrica e, assim,
degeneram a caracterıstica passa-tudo do filtro. A vantagem desta topologia e que,
mesmo que exista erro na implementacao dos coefientes, costumeiramente gerado
pela precisao finita na fabricacao dos componentes, a transferencia realizada conti-
nua tendo as propriedades de um filtro passa-tudo, uma vez que a origem comum
de aN e bN resulta em δN = 0.
A robustez desta estrutura ja foi abordada anteriormente [1] para filtros dessa
categoria desenvolvidos no domınio z. No entanto, seus benefıcios podem ser esten-
didos para o domınio contınuo no tempo, existem outros trabalhos que exploraram
esta abordagem [2]. Os erros nos valores de coeficientes que introduzem desvio da
resposta desejada no cenario digital sao analogos aos erros obtidos nos valores das
capacitancias e ganhos dos amplificadores encontrados na realizacao analogica destas
estruturas.
O filtro passa-tudo descrito na Eq. (2.1) pode ser decomposto como apresentado
na Eq. (2.2) [3].
A(s) = ±k · (−1)N ·(
1− 2
1 + Y (s)
)(2.2)
7
Esta equacao pode ser traduzida em um diagrama de fluxo de sinais, como tambem
foi desenvolvido em [3] e representado na Fig. 2.2. Partindo desta definicao, basta
encontrar o circuito que realize as operacoes descritas pelo diagrama para conseguir
implementar o filtro desejado. Para tanto, e necessario realizar a expansao de Y (s)
em fracoes continuadas e encontrar os termos de primeira ordem que implementam
os coeficientes dos ramos do diagrama de fluxos. Segue um exemplo de um filtro
passa-tudo de segunda ordem, descrito na Eq. (2.3):
A(s) =a2 · s2 − a1 · s+ a0a2 · s2 + a1 · s+ a0
= 1 − 2
1 + Y (s)= 1 − 2
1 +a2
a1· s+
1
a1
a0· s
(2.3)
Deste exemplo, encontramos para Yn(s) os seguintes valores:
Y1(s) =a2a1s Y2(s) =
a1a0s (2.4)
Feito isto, definimos, entao, os valores de c1 = a2/a1 e c2 = a1/a0 que implementam
A(s) atraves do diagrama de fluxo de sinais apresentado na Fig. 2.2.
Uma implementacao em circuito para a rede pode ser vista na Fig. 2.3. Nela
implementa-se o diagrama de fluxo de sinais introduzido anteriormente, utilizando
apenas amplificadores de transcondutancia e capacitores, tecnica muito comum em
projeto de circuitos analogicos integrados para processamento de sinais, conforme
sera abordado adiante.
Filtros estruturalmente passa-tudo possuem outra vantagem. Por terem seus co-
eficientes (logo, seus polos e zeros) realizados pelos mesmos elementos, utilizam o
numero mınimo de componentes reativos. Sao implementacoes canonicas. Alem da
economia de recursos, que se torna evidente, a realizacao estruturalmente passa-tudo
tambem facilita a sintonia destes filtros, visto que uma modificacao nos coeficientes
se reflete simultaneamente no numerador e denominador da funcao de transferencia,
sem afetar a caracterıstica passa-tudo do filtro.
8
1
1
1
-1
-2
1 1
-1 1
1 -1
-1 1
1 -1
-1 1
1V IN V OUT
N ímpar
N par
1
2c s1
2c s
1
1c s1
1c s
1
3c s1
3c s
1
4c s1
4c s
1
Nc s1
Nc s
1
Nc s1
Nc s
Figura 2.2: Diagrama de fluxo de sinais de uma arquitetura estruturalmente passa-
tudo de ordem N.
9
-+
1
-+
1
- +
1
- +
1
-+
1
-+
1
- +2
- +2
-+
1
-+
1
-+
1
-+
1
-+
1
-+
1
C1
C 3
C 2
Vin
Vout
-+
1
-+
1C 4
-+
1
-+
1 CN
-+
1
-+
1CN
N ímpar
N par
Figura 2.3: Implementacao em circuito do diagrama de fluxo de sinais que realiza
uma arquitetura estruturalmente passa-tudo.
10
2.3 Filtros Duplamente Complementares
E conhecido que a percepcao do ouvinte de um sinal de audio e muito mais sensıvel
a distorcoes em amplitude do que em fase, desde que o atraso de grupo nao seja
significativo [4]. Logo, um importante requisito para projeto de filtros crossovers e
que as funcoes de transferencia que o compoem sejam passa-tudo complementares,
ou seja, respeitem a Eq. (2.5). Isto justamente porque um passa-tudo tem por
caracterıstica nao modificar a amplitude do sinal aplicado, embora introduza des-
vios de fase, aceitaveis nesta aplicacao. Por outro lado, espera-se que um sistema
crossover apresente em suas saıdas sinais que sejam bem definidos em frequencia, ou
seja, enquanto uma de suas saıdas se encontra na banda de passagem a outra deve
estar na faixa de rejeicao, conforme Fig. 2.1. A complementariedade em potencia,
enunciada na Eq. (2.6), e uma forma de garantir que isto ocorra [5]. Alem disso,
garante tambem a potencia experimentada pelo usuario do sistema seja constante
para toda faixa de frequencias.
|H(jw) +G(jw)| = 1 (2.5)
|H(jw)|2 + |G(jw)|2 = 1 (2.6)
As Eqs. (2.5) e (2.6) sao simultaneamente satisfeitas por todos os pares passa-
baixas/passa-altas obtidos por aproximacoes classicas de ordem ımpar (maior que
um), como de Butterworth, Chebyshev e elıptica. Uma forma de implementar esses
pares de transferencias e atraves da soma e subtracao de filtros passa-tudo, como
enunciado nas Eqs. (2.7) e (2.8).
H(s) =A1(s) + A2(s)
2(2.7)
G(s) =A1(s)− A2(s)
2(2.8)
Onde H(s) e G(s) sao, respectivamente, os passa-baixas e passa-altas e A1(s) e
A2(s) o par de passa-tudo que atende as equacoes.
11
2.4 Filtro Gm-C
Filtros Gm-C sao circuitos compostos apenas por amplificadores operacionais de
transcondutancia (dispositivos caracterizados pelo seu ganho de transcondutancia
- Gm) e capacitores (C). Como abordado em [6], filtros contınuos no tempo sao
implementados majoritariamente em circuitos integrados com a tecnica Gm-C (ou
OTA-C - Operational Transconductance Amplifiers-Capacitors) devido as desvanta-
gens presentes na principal tecnica alternativa, MOSFET-C. Esta segunda utiliza
uma implementacao de filtros ativos RC, onde resistores sao emulados por transis-
tores operando na regiao de triodo. Tal abordagem restringe a faixa de excursao
de sinal e ocupa mais espaco em silıcio. Alem disso, a sintonia de filtros analogicos
Gm-C necessita apenas do ajuste do ganho Gm de seus amplificadores. Ja existem
diversas abordagens na literatura para o ajuste do ganho de transcondutancia, bem
como para sua linearizacao, permitindo grandes excursoes para o sinal de entrada
[7, 8, 9].
O bloco basico de um filtro Gm-C e o integrador, cuja implementacao para filtros
de saıda simples (nao diferencial) pode ser vista na Fig. 2.4. Nele, uma tensao
diferencial aplicada a entrada e integrada na saıda, neste caso:
VOUT =Gm
sC· VIN (2.9)
Gm
-+
Gm
-+
-+
C
VinVout
Figura 2.4: Circuito integrador, bloco basico de filtros Gm-C.
12
2.4.1 Amplificador Operacional de Transcondutancia
Amplificador de pouca utilizacao em circuitos discretos, o amplificador operacio-
nal de transcondutancia tem grande importancia no projeto de circuitos analogicos
integrados, conforme citado acima. Este pode ser modelado para baixas frequencia
como apresentado na Fig. 2.5. E um dispositivo que apresenta em sua saıda uma
corrente proporcional por um fator gm a tensao diferencial aplicada em suas en-
tradas. Idealmente deve possuir impedancia de entrada (Ri) e saıda (Ro) infinitas.
Diferentemente aos amplificadores operacionais, pode ser operado em malha aberta,
sem a necessidade de compensacao, o que lhes confere melhor resposta em altas
frequencias.
Ri Rogm(V – V )
V Vo
V
+ _
+
_
Figura 2.5: Modelo ideal de um amplificador operacional de transcondutancia.
Em amplificadores operacionais, o ganho de malha aberta somente necessita ser
muito maior do que o que se espera utilizar na aplicacao. Idealmente, e considerado
infinito. A grandeza de interesse no projeto e o ganho de malha fechada, que e
definido por uma malha de realimentacao. No caso de um amplificador operacio-
nal de transcondutancia, o ganho de malha aberta dependente demasiadamente de
parametros de fabricacao e os circuitos que utilizam OTAs dependem diretamente
deste ganho de transcondutancia, a exemplo dos filtros Gm-C, que utilizam o ganho
de transcondutancia para posicionamento de polos e zeros.
Isto se apresenta como um consideravel demerito para utilizacao discreta destes
amplificadores. No entanto, em circuitos integrados, ainda que nao exista grande
acuraria no valor absoluto dos ganhos realizados, existe uma boa precisao relativa,
13
de forma que todos os amplificadores integrados num mesmo chip possuem valo-
res proximos de ganho de transcondutancia. O desvio no valor dos ganhos e um
problema contornavel, visto que, conforme mencionado acima, existem diversas ar-
quiteturas de amplificadores operacionais de transcondutancia que possibilitam o
ajuste do ganho Gm. Os erros podem ser bem estimados por simulacoes previas,
envolvendo os parametros do processo utilizado e mitigados atraves do ajuste, que
pode ser manual ou ate mesmo automatico [10].
14
Capıtulo 3
Desenvolvimento
Conforme apresentado na Secao 1.4, desejamos projetar um filtro crossover de
duas vias que apresente complementariedade em amplitude e potencia dos sinais de
saıda e possua apenas um ponto de sintonia da frequencia de cruzamento.
Apos a fundamentacao teorica, pode-se concluir que a implementacao dos filtros
que compoem a rede crossover atraves de filtros duplamente complementares e ade-
quada para suprir os requisitos de complementariedade de amplitude e potencia,
e portanto, sera utilizada neste projeto. Para implementar as transferencias dos
filtros requeridos, ultilizaremos a abordagem de filtros estruturalmente passa-tudo.
Esta escolha, teoricamente, nos aproxima de uma estrutura mais robusta a variacao
nos valores dos componentes e minimiza o uso de elementos reativos (capacitores) e
amplificadores (OTAs).
Dado que o sistema sera desenvolvido para circuito integrado contınuo no tempo,
serao utilizados apenas OTAs e capacitores em sua sıntese, ou seja, realizaremos
filtros Gm-C estruturalmente passa-tudo.
Tendo em maos as funcoes de transferencia dos filtros passa-tudo e suas imple-
mentacoes em circuito, fica pendente realizar em circuito as operacoes algebricas
descritas pelas Eqs. (2.7) e (2.8). Ou seja, implementar blocos capazes de realizar
soma, subtracao e divisao por dois, para, enfim, obter a rede crossover desejada.
15
3.1 Especificacoes
Para prosseguimento e necessario definir algumas especificacoes da rede crossover
a ser construıda. Definiremos como frequencia de cruzamento central fc = 2 kHz,
este valor e adequado por estar proximo do utilizado como frequencias de corte para
woofers e tweeters.
Como consequencia das frequencias das raızes do sistema, esperam-se capacitores
de valores relativamente elevados. Como em filtros Gm-C o posicionamento das
raızes depende da razao gm/C, uma forma de minimizar os capacitores sem alterar
as constantes de tempo e reduzir o valor do ganho de transcondutancia gm. Com
a frequencia central determinada, podemos definir o ganho de transcondutancia a
partir da ordem de grandeza da capacitancia desejada.
Podemos calcular a constante de tempo dos filtros, vide Eq. (3.1), e aplicar a
Eq. (3.2) para encontrar o valor de gm que atende a relacao. Para esta faixa
de frequencia e para o processo de fabricacao de 0.35 µm sao razoaveis valores de
capacitancias da ordem de 10 pF.
τ =1
2 · π · fc≈ 79.58 µs (3.1)
τ =C
gm→ C = 10 pF, gm ≈ 125.66 nA/V (3.2)
No entanto, a construcao de amplificadores operacionais de transcondutancia de
baixo ganho nao e trivial. Deseja-se ainda, a capacidade de ajuste da frequencia de
cruzamento uma oitava para cima e para baixo em relacao a frequencia central, ou
seja, atingir faixa de ajuste de fc2
a 2fc. Desta forma, o circuito devera ser capaz de
implementar um ganho que vai de metade ate o dobro do nominal.
Por esta restricao, optaremos por escolher um valor de ganho nominal razoavel-
mente maior do que o sugerido por Eq. (3.2), ao preco de ter de utilizar capacitores
maiores. Definiremos gm = 200 nA/V.
16
3.2 Sıntese das funcoes de transferencia
3.2.1 Escolha da funcao prototipo H(s)
Para a sıntese dos filtros duplamente complementares e necessario que a funcao
de transferencia alvo para o projeto seja de ordem ımpar e maior que um. Para
validar o proposto no trabalho sem elevar a complexidade deste desnecessariamente,
arbitraremos um filtro de terceira ordem. A aproximacao escolhida para o projeto
sera de Butterworth, uma vez que esta apresenta um bom benefıcio entre maxima
planitude na banda de passagem, seletividade e baixa distorcao de fase.
Esta aproximacao oferece um bom meio termo entre minimizacao de valores de
capacitancias, que conduziria a aproximacao elıptica, ou otimizacao da resposta
temporal com reducao de distorcoes de fase, que conduziriam a aproximacoes como
de Bessel.
E importante ter em mente tambem que a escolha de aproximacoes com elevado
ripple na banda de passagem impoe que a transferencia complementar apresente
elevado ripple na faixa de rejeicao. Isto porque as respostas em frequencia sao
passa-tudo complementares, conforme Eq. (2.5), e suas somas e subtracoes devem
resultar em modulo unitario. Desta forma, a atenuacao mınima na faixa de rejeicao
numa dada frequencia esta associada ao ripple na faixa de passagem da funcao de
transferencia complementar. Ou seja, optar por uma funcao H(s) com elevado ripple
pode limitar a atenuacao na faixa de rejeicao da funcao complementar, neste caso,
a transferencia passa-altas G(s).
Um exemplo desta dependencia do ripple pode ser visto na Fig. 3.1. Nela a
transferencia H(s) alvo e um passa-baixas com 1 dB de ripple na banda de passagem
e 60 dB de atenuacao mınima na faixa de rejeicao, obtido por aproximacao elıptica.
O resultado foi um filtro de quinta ordem, cuja equacao esta descrita na Eq. (3.3).
Podemos notar a relacao entre os pontos de maximo ripple no passa-baixas e pobre
atenuacao no passa-altas.
H(s) =0.01501s4 + 0.1512s2 + 0.3203
2s5 + 1.861s4 + 3.504s3 + 2.071s2 + 1.329s+ 0.3203(3.3)
17
-80
-60
-40
-20
0
Mag
nitu
de (
dB)
H(s)G(s)
10-1 100 101-540
-360
-180
0
180
Fas
e (d
eg)
Diagrama de Bode
Frequência (rad/s)
Figura 3.1: Exemplo de rede crossover obtida com H(s) gerada por aproximacao
elıptica com 1 dB de ripple na banda de passagem e 60 dB de atenuacao mınima na
faixa de rejeicao.
Com estas consideracoes, temos, entao, como H(s) adequada para aplicacao, a
funcao apresentada na Eq. (3.4). Esta transferencia normalizada pode ser obtida
facilmente atraves de programas numericos ou com auxılio de gabaritos.
H(s) =1
s3 + 2s2 + 2s+ 1(3.4)
3.2.2 Sıntese do par de funcoes de transferencia passa-tudo
Determinada a funcao H(s) e tendo em maos o conjunto de Eqs. (2.5)-(2.8),
conseguimos calcular A1(s) e A2(s). E importante notar atraves de (2.7) e (2.8) que
os polos de A1(s) ± A2(s) sao os polos de H(s) e G(s). Isto possibilita entender o
procedimento da forma que sera ilustrado a seguir.
Se H(s) tiver ordem n, contera n polos. Desta forma, podemos afirmar que A1(s)
contera m polos e A2(s) k polos, de forma que m + k = n. Como consequencia de
n ser ımpar, por definicao (Secao 2.3), m e k serao: um par e outro ımpar. Assim,
18
observado que o conjunto de polos de H(s) define os polos de A1(s)±A2(s), podemos
tomar uma porcao par de polos de H(s) e construir A1(s) e a porcao ımpar restante
A2(s). A escolha dos polos que comporao cada transferencia, neste trabalho, deve
ser feita de forma a nao produzir filtros de coeficientes complexos. Para tanto, sendo
H(s) um filtro de coefientes reais, basta ao tomar polos complexos de H(s) para
uma montagem de AN(s), sempre os selecionar em pares conjugados. Um exemplo
pode ser visto na Fig. 3.2.
-1.2 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0-1
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
↑ A2(s)
← A1(s)
← A1(s)
Diagrama de polos e zeros
Eixo real (seconds -1)
Eix
o im
agin
ário
(se
cond
s-1
)
Figura 3.2: Selecao de polos de H(s) para implementacao de A1(s) e A2(s).
A escolha dos polos que comporao A1(s) e A2(s) determinam a transferencia
por completo, uma vez que nos filtros passa-tudo, os coeficientes do numerador da
transferencia sao iguais aos coeficientes do denominador em modulo. Computados
os coeficientes do par de passa-tudo, obtem-se G(s), dada definicao da Eq. (2.8).
A descricao manual do processo serve para ilustrar como chegamos a tres funcoes
de transferencia partindo de apenas uma. Consequencia da complementariedade do
sistema e da dependencia dos polos que o compoem. Todo procedimento pode ser
automatizado e um exemplo de script pode ser encontrado na referencia [3].
Seguindo este procedimento, partindo da funcao H(s) definida em (3.4) encontra-
mos:
19
A1(s) =s2 − s+ 1
s2 + s+ 1(3.5)
A2(s) = −s− 1
s+ 1(3.6)
G(s) =s3
s3 + 2s2 + 2s+ 1(3.7)
10-2 10-1 100 101 102
Frequência (rad/s)
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
Gan
ho (
dB)
Resposta de ganho dos filtros passa-baixas e passa-altas
H(s)G(s)
Figura 3.3: Resposta de ganho de H(s) e G(s).
10-2 10-1 100 101 102
Frequência (rad/s)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Fas
e º
Resposta de fase dos filtros passa-tudo normalizados
A1(s)A2(s)
Figura 3.4: Resposta de fase de A1(s) e A2(s).
20
Atraves das Figs. 3.3 e 3.4 e possıvel ter boa visao qualitativa do funcionamento
da rede crossover obtida a partir da soma e subtracao de filtros passa-tudo. Para
tanto, devemos nos lembrar que, embora a resposta de modulo de A1(s) e A2(s)
sejam sempre iguais e unitarias, existe diferenca entre suas respostas de fase.
Em baixas frequencias, a diferenca de fase de A1(s) e A2(s) e nula, ou seja, sub-
metidos a uma mesma excitacao, os sinais encontrados na saıda dos filtros possuem
mesmo modulo e fase. Se os somarmos, obtemos como resultado o sinal original com
amplitude dobrada, por isso o fator de 1/2 em (2.7) e (2.8). E se subtrairmos as
saıdas dos passa-tudo, obtemos resultado nulo.
De forma analoga, ao passo que nos distanciamos da frequencia de sintonia do
crossover, a diferenca de fase dos filtros passa-tudo se aproximam de 180. Neste
caso, em altas frequencias, ao somarmos as saıdas obtemos como resultado zero, e
ao subtrairmos, recuperamos o sinal da entrada.
Em resumo, podemos observar por este exercıcio, acompanhado pelas Figs. 3.3 e
3.4, que a soma dos filtros passa-tudo reproduz uma transferencia passa-baixas e a
subtracao uma transferencia passa-altas.
3.3 Decomposicao Estruturalmente Passa-Tudo
Estabelecidas as funcoes de transferencia, devemos agora decompo-las de forma
a construı-las atraves de secoes estruturalmente passa-tudo. Seguindo o descrito na
Secao 2.2.1 e fatorando A1(s) e A2(s), obtemos:
A1(s) = 1− 2
1 + s+1
s
(3.8)
A2(s) = (−1) ·(
1− 2
1 + s
)(3.9)
Disto encontramos:
Y11(s) = 1s Y12(s) = 1s → c11 = 1 c12 = 1 (3.10)
21
Y21(s) = 1s → c21 = 1 (3.11)
3.4 Realizacao atraves de filtros Gm-C
Encontrados os coeficientes apos a expansao de A1(s) e A2(s), podemos imple-
mentar os respectivos filtros passa-tudo diretamente pelo proposto na Fig. 2.3. Em
verdade, para filtros de ordem ımpar, a estrutura proposta implementa -A(s). No
entanto, isto e um problema contornavel. Bastando apenas trocar os sinais que sao
aplicados as entradas do somador e subtrator para obter H(s) e G(s), descritos nas
Eqs. (2.7) e (2.8). Os resultados destas implementacoes diretas de A1(s) e A2(s)
estao representados nas Figs. 3.5 e 3.6, respectivamente.-
+
1
-+
1
- +
1
- +
1
-+
1
-+
1
- +2
- +2
-+
1
-+
1
-+
1
-+
1
Vin
Vout
1C =2
IC1IC1
VC1VC1
1C =1 1C =1
IC2IC2
VC2VC2
V1V1
Figura 3.5: Implementacao direta de A1(s).
Nos de saıda de OTAs, mesmo que nao conectados explicitamentes a um capaci-
tor, criam polos. Estes polos nao modelados surgem pela interacao da impedancia
22
-+
1
-+
1
- +
1
- +
1
-+
1
-+
1
- +2
- +2
-+
1-
+1
1
Vin
Vout
C =3
V2
IC3IC3
VC3VC3
Figura 3.6: Implementacao direta de A2(s).
de saıda e ganhos dos amplificadores com as capacitancias parasitas (oriundas por
capacitancias de portas de MOSFETs, por exemplo). Este problema ocorre nas
implementacoes das Figs. 3.5 e 3.6.
De antemao, deve-se ter em mente que as dimensoes dos transistores nao devem ser
demasiadamente grandes, para nao criar capacitancias parasitas de valores elevados,
e portanto, polos dentro da banda de interesse. Em contrapartida, a minimizacao
do comprimento de canal (L), visando a reducao das areas, tem impacto sobre a
distorcao harmonica total (DHT) introduzida pelo amplificador, por conta do efeito
de modulacao de canal em transistores [11]. Alem disto, diminuir o comprimento
de canal tambem reduz a impedancia de saıda do amplificador, o que distancia o
amplificador operacional de transcondutancia de suas caracterısticas ideais.
Logo, deve haver um compromisso entre a reducao da area de silıcio ocupada,
visando reduzir capacitancias parasitas e custos de fabricacao, e a escolha do com-
primento de canal adequado para manter o comportamento linear do filtro.
23
Va
Vb
Cp
Vogm
-+
gm
-+
gm-+
gm-+
Figura 3.7: Problema com polos nao modelados devido a capacitores parasitas.
As secoes dos circuitos passa-tudo implementados acima que nao sao utilizadas
para geracao de parcelas integrativas sofrem com o problema do polo nao modelado.
As secoes responsaveis por implementar parcelas integrativas ja interagem com um
capacitor de valor elevado (quando comparado aos parasitas), o que torna este pro-
blema desprezıvel nestas secoes. O problema esta ilustrado na Fig. 3.7. Neste
exemplo, temos que:
VoVa − Vb
=1
1 + sCpgm
→ fCp =gm
2πCp
(3.12)
Com gm = 200 nA/V qualquer valor de Cp > 1.59 pF produziria um polo abaixo
de f = 20 kHz, ou seja, dentro da faixa de audio. Alem disso, para que nao interfira
na resposta do filtro, e desejavel que este polo fique posicionado em frequencia bem
acima da maxima frequencia aplicavel ao sistema. Capacitancias desta ordem nao
sao difıceis de serem obtidas com capacitores parasitas de transistores e trilhas de
roteamento em circuito integrado quando sao utilizados transistores de dimensoes
elevadas. Neste projeto, encontramos capacitancias da ordem de 800 fF conectadas
a estes nos sensıveis, valor grande o suficiente para produzir polos dentro da faixa
de interesse quando ganho de transcondutancia assumir seu valor mais baixo, gm =
100 nA/V.
Uma solucao para amenizar este problema e a utilizacao de amplificadores com ga-
nho de transcondutancia mais elevado. Esta abordagem, sem realizar modificacoes,
24
imporia a utilizacao de capacitores de valores mais elevados para atingir as funcoes
de transferencias desejadas. Mas, alternativamente, podemos observar que e possıvel
utilizar dois tipos de amplificadores neste circuito.
Como mencionado anteriormente, os amplificadores responsaveis por compor as
parcelas integrativas ja possuem um capacitor muito maior que os parasitas conec-
tado aos seus nos de saıda. Assim, podem ter ganho de transcondutancia menor,
exatamente como desejado. Por sua vez, os amplificadores responsaveis por imple-
mentar funcoes algebricas nao precisam ter o mesmo ganho que os responsaveis por
construir integradores. Basta que estes possuam a mesma relacao de ganho entre si.
Desta forma, para essa ultima classe de amplificadores, podemos empregar ganhos
mais elevados.
Seguindo esta estrategia, podemos estabelecer duas classes de amplificadores, um
de baixo ganho (gm2) e outra de alto ganho (gm1). A classe de baixo ganho sendo
aplicada na construcao de integradores e a de alto ganho para implementacao das
funcoes de soma e subtracao. Outra importante diferenca nesta abordagem e que
os amplificadores de alto ganho, por nao influırem no posicionamento dos polos e
zeros do sistema, nao necessitam ser sintonizaveis.
Alem desta diferenciacao entre os amplificadores, podemos fazer algumas modi-
ficacoes na topologia original de forma a utilizar menos OTAs e melhorar o casa-
mento entre os ganhos. Na implementacao original, apresentada nas Figs. 3.5 e 3.6,
o amplificador de ganho 2 pode ser substituıdo por dois amplificadores de ganho
unitario em paralelo. Embora esta abordagem gaste mais transistores e mais area
de silıcio existe maior garantia que este conjunto implementara ganho igual ao do-
bro do unitario. Mudancas de roteamento podem ser feitas a fim de economizar o
numero de amplificadores utilizados. Os circuitos com as melhorias implementadas
podem ser vistos nas Figs. 3.8 e 3.9. A equivalencia entre as versoes originais e
otimizadas de A1(s) e A2(s) pode ser demostrada observando a corrente que flui
sobre o capacitor C1 em A1(s) e C3 em A2(s).
25
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+gm
-+gm
-+
gm
-+
gm-
+
gm
-+
gm
1
Vin
Vout
C =1
1C =2
- +gm
- +gm
1
1 1
2
2
2
IC1IC1
VC1VC1
IC2IC2
VC2VC2
IAIA
IBIB
Figura 3.8: Implementacao otimizada de A1(s).
Na versao original de A1(s), Fig. 3.5, temos que a corrente IC1 e igual a:
IC1 = gmunit(V1 − VC2), (3.13)
logo,
IC1 = gmunit(Vin − VC1 − VC2). (3.14)
Na versao otimizada deste filtro, Fig. 3.8, a mesma corrente e descrita como:
IC1 = IA + IB = gm2(Vin − VC1) + gm2(−VC2), (3.15)
ou seja,
IC1 = gm2(Vin − VC1 − VC2). (3.16)
Podemos observar atraves de (3.14) e (3.16) que a porcao modificada do circuito
continua implementando a mesma funcao, guardada a mudanca do ganho de trans-
condutancia. O ganho gmunit = 1 e o utilizado no projeto normalizado e gm2 e
26
o que desejamos implementar. A mudanca do ganho unitario para o nominal sera
compensada adiante ao se reescalar o valor das capacitancias, ate entao, tambem
unitarias.
Na versao original de A2(s), Fig. 3.6, por sua vez, temos que a corrente IC3 e
igual a:
IC3 = gmunit(V2), (3.17)
logo,
IC3 = gmunit(Vin − VC3). (3.18)
Na versao otimizada deste filtro, Fig. 3.9, a mesma corrente e descrita como:
IC3 = gm2(Vin − VC3). (3.19)
Portanto, de forma analoga ao discutido com A1(s), podemos concluir que os cir-
cuitos para A2(s) sao equivalentes ao observar as Eqs. (3.18) e (3.19).
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+gm
-+gm
1
Vin
Vout
C =3
- +gm
- +gm
1
1 1
2
IC3IC3
VC3VC3
Figura 3.9: Implementacao otimizada de A2(s).
Em resumo, podemos observar que os nos V1 e V2, nas implementacoes originais,
existem apenas para efetuar a subtracao entre as tensoes Vin e VC1 e Vin e VC3 ,
respectivamente. Estas operacoes podem ser realizadas de formas alternativas, eco-
nomizando um amplificador em A2(s) e eliminando esses nos, que nao possuem um
capacitor explicitamente conectado.
27
Realizadas as transferencias de A1(s) e A2(s), fica pendente apenas a realizacao
dos circuitos capazes de realizar a soma, subtracao e a divisao por dois requeridas
pelas Eqs. (2.7) e (2.8) para alcancar H(s) e G(s). Por conta do ja explicado
anteriormente, estes blocos algebricos serao implementados utilizando amplificadores
de alto ganho. Vale notar que a operacao de divisao pode ser feita antes ou depois do
processamento do sinal de entrada. Realizar a operacao logo que o sinal de excitacao
adentra a rede crossover e vantajoso, pois possibilita que os circuitos posteriores
recebam uma excitacao de menor amplitude, e portanto, operem em regiao mais
linear. Os blocos responsaveis pela divisao por dois, soma e subtracao podem ser
vistos nas Figs. 3.10 e 3.11, respectivamente.
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
Vi
Vi
2
1
1
Figura 3.10: Rede atenuadora responsavel por dividir o sinal aplicado por dois.
28
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
V
V
V
V
1
1
2
2
V1 V2
V1 V2
-
+
1
1
1
1
(a)
(b)
Figura 3.11: Subtrator (a) e somador (b) utilizados para obter o passa-baixas e
passa-altas partindo do par de passa-tudos.
Finalmente, depois de discutidos e implementados todos os blocos basicos, temos
o necessario para construir o circuito completo para a rede crossover. O resultado
final, apos feitas as interconexoes, pode ser visto na Fig. 3.12.
29
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
V (s)
1
1
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+gm
-+gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
1C =1
1C =2
- +gm
- +gm
1
1 1
2
2
2
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+gm
-+gm
1C =3
- +gm
- +gm
1
1 1
2
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm
-+
gm-
+gm
1
1
1
1
A (s)
H(s)
G(s)
1
-A (s)2
IN
Figura 3.12: Circuito da rede crossover, composto pelos filtros passa tudo A1(s) e
A2(s) e pelos blocos algebricos de soma, subtracao e atenuacao.
30
3.5 Projeto dos OTAs
Conforme discutido anteriormente, a fim de minimizar problemas com elementos
parasitas, este projeto contara com dois tipos de amplificadores: os de baixo ganho e
de alto ganho. Realizar amplificadores de transcondutancia com baixo ganho e boa
linearidade, por sua vez, nao e trivial. Para esta categoria, seguiremos as tecnicas
exploradas por SOARES et al. [8]. A diferenca entre a tecnica utilizada no presente
trabalho e a citada acima e o estagio de saıda dos amplificadores, que naquela e
diferencial e nesta e simples em cascode dobrado [12].
3.5.1 Recursos empregados
No trabalho referido, sao obtidos amplificadores com baixo ganho de transcon-
dutancia, boa linearidade e capacidade de sintonia. O ganho ajustavel e alcancado
com o uso de um MOSFET operando em triodo como um resistor de degeneracao
para o par diferencial de entrada do OTA, conforme Fig. 3.13. O ganho efetivo do
par diferencial fica ditado pela resistencia equivalente do MOSFET, conforme
Rs =L
kNW (VGS − Vt)(3.20)
e
gm =2
2gmpar
+Rs
≈ 2
Rs
se gmpar 2
Rs
. (3.21)
Ajustando-se a tensao de porta do MOSFET em triodo e possıvel ajustar sua re-
sistencia equivalente, e portanto, o ganho do amplificador.
Para alcancar baixos ganhos de transcondutancia, sem precisar de resistores de
degeneracao elevados, e portanto, transistores de degeneracao muito longos, sao
utilizados divisores de tensao ativos e divisores de corrente, ilustrados nas Figs.
3.14 e 3.15.
O divisor de tensao ativo possui ganho descrito por
AV =VAV
= 1−√
λ
λ+ 1sendo λ =
WA2/LA2
WA1/LA1
. (3.22)
Ao coloca-lo em serie com a entrada do amplificador, a tensao que efetivamente e
amplificada e menor que a aplicada as entradas do OTA. Isto reduz o ganho efetivo
31
Vtun
VDD
Mpar Mpar
VDD
IB IB
MTriodoVin+Vx Vin - Vx
IB - Ix IB+Ix
Ix
Figura 3.13: Par diferencial degenerado por MOSFET em triodo.
V+ V-
MA1
MA2
MA1
MA2
VA+ VA-
Figura 3.14: Divisor de tensao ativo.
do amplificador e melhora a linearidade, uma vez que ao aplicar tensoes menores,
o par diferencial opera mais proximo da condicao de pequenos sinais e o transistor
de degeneracao permanece operando em triodo. Pode-se compreender facilmente o
que ocorre atraves do seguinte exemplo:
Seja gm =iovi, se vi = AV · VIN , Gm =
ioVIN
= AV · gm (3.23)
Para tanto, tomemos vi e gm como sendo, respectivamente, a tensao aplicada ao
par diferencial do OTA e o ganho de transcondutancia do par, e VIN e Gm como
a tensao aplicada ao atenuador ativo e o ganho efetivo do OTA quando a entrada
do par diferencial recebe o sinal atenuado pelo divisor. Dado que AV e sempre
32
menor que um, o ganho efetivo do amplificador e sempre menor que o ganho do par
diferencial e dependente de λ.
O funcionamento do divisor de corrente, ilustrado na Fig. 3.15, pode ser explicado
de forma similar. A corrente de sinal Ix, gerada pelo transistor de degeneracao ao
sofrer uma diferenca de potencial VDS = v1 − v2, e coletada pelos transistores Mpar
e Mdiv. Sendo o comprimento de canal L o mesmo para todos os transistores,
Wdiv = N ·Wpar e VGSdiv= VGSpar , dado que a corrente de dreno e descrita por
ID =1
2kPW
L(VGS − Vt)2, (3.24)
podemos concluir que o transistor Mdiv coleta uma porcao de corrente igual a NN+1
de Ix. Resta, entao, para o par diferencial apenas 1N+1
de Ix.
Vtun
VDD VDD
(N+1)IB (N+1)IB
Mpar MparMdiv Mdiv
v1 v2
V+ V-MTriodo
Ix
Figura 3.15: Divisor de corrente.
Como a corrente de saıda do OTA e proporcional a corrente do par diferencial,
ao reduzir a corrente Ix por fator N + 1, reduz-se tambem o ganho efetivo do
amplificador por um fator N + 1, conforme ilustrado pelo exemplo:
Seja gm =Ixvi, se Io =
IxN + 1
, Gm =Iovi
=gm
N + 1. (3.25)
Para esta analise, considerar que gm e Ix sao, respectivamente, o ganho e a corrente
de saıda de um amplificador antes do uso do divisor de corrente e Gm e Io sao o
ganho e a corrente de saıda obtidos com o amplificador ao aplicar um divisor de
corrente. Os transistores possuem larguras de canal tais que Wdiv = N ·Wpar.
33
Reunindo estas estrategias, obtemos o circuito representado na Fig. 3.16. A
expressao para o ganho do amplificador completo e descrita por
Gm =2
Rs
1
N + 1
(1−
√λ
λ+ 1
), (3.26)
onde λ e a razao entre as razoes de aspecto dos transistores que compoem o fator
de atenuacao do divisor de tensao ativo, N a razao do divisor de corrente e Rs a
resistencia equivalente do transistor de degeneracao.
Vtun
VDD VDD
(N+1)IB (N+1)IB
Mpar Mpar
Mdiv Mdiv
v1 v2
2IB 2IB
VDD
V+ IOUT
Vbx
Vby
VDD
V-
VDD
VDD
MA1 MA1
MA2 MA2
M1 M1
M2 M2
M3 M3
MTriodo
Figura 3.16: Amplificador Operacional de Transcondutancia dotado das estrategias
para atingir baixo ganho.
Para os amplificadores de alto ganho sera utilizada basicamente a mesma topo-
logia que os de baixo ganho. No entanto, dados os diferentes requisitos para estes
amplificadores de alto ganho, existirao algumas diferencas: nao serao empregados
divisores de corrente e os divisores de tensao serao empregados apenas para melhorar
a linearidade do par, com atenuacao menor possıvel. Alem disso, serao utilizados
transistores com comprimento de canal menor, o que confere maior corrente de pola-
rizacao e maior ganho de transcondutancia ao amplificador. Com estas modificacoes,
estes amplificadores de alto ganho serao regidos por
Gm =2
Rs
(1−
√λ
λ+ 1
). (3.27)
34
3.5.2 Implementacao
O projeto do circuito integrado sera conduzido para o processo de fabricacao
CMOS de 0.35 µm e 3.3 V da AMS, cujos parametros aproximados sao descritos
na Tab. 3.1. Para inicializar o dimensionamento dos transistores, devemos definir
a corrente de polarizacao do amplificador. O dimensionamento dos componentes
neste trabalho e realizado atraves de varreduras parametricas utilizando simulador,
pois a estimativa feita manualmente, utilizando modelos de nıvel 1, nao traduzem
tao bem o comportamento do transistor em circuito integrado quanto os modelos de
nıveis elevados empregados no simulador, utilizando os parametros fornecidos pelo
pretenso fabricante do integrado.
Parametro Valor
kN 170 µA/V
Vthn 0.5 V
kP 58 µA/V
Vthp -0.65 V
Tabela 3.1: Parametros do processo de fabricacao.
3.5.2.1 Definicao da corrente de polarizacao
A relacao entre a corrente maxima de saıda do amplificador na arquitetura utili-
zada e a corrente de polarizacao e descrita por
Io = 2IB → Gm =2IBvD
. (3.28)
Podemos encontrar a corrente de polarizacao demandada para suprir o pior caso
de operacao dos amplificadores. Este cenario e alcancado quando os OTAs sao
submetidos a maior tensao diferencial de entrada vD e implementam o maior ganho
Gm desejado.
Logo, como foi especificado atingir fc = 2 kHz com Gm = 200 nA/V para al-
cancarmos fmin = 1 kHz e fmax = 4 kHz, e necessario suprir Gmmin = 100 nA/V e
Gmmax = 400 nA/V. Quanto a tensao diferencial maxima aplicavel a entrada, sendo
um circuito com alimentacao de 3.3 V, podemos assumir, para pior caso, vDmax =
3.3 V.
35
Desta forma, aplicando a Eq. (3.29), obtemos o resultado IB = 660 nA . Vale
notar que este valor de corrente de polarizacao reflete o mınimo necessario para que
o amplificador consiga produzir uma corrente em sua saıda proporcional a seu ganho
ate os limites de excursao do sinal de entrada.
IB =Gmmax · vDmax
2(3.29)
MOSFETs com dimensoes submicrometricas sofrem com efeitos de canal curto
[13, 14, 15], alem da impedancia de saıda dos amplificadores ser diretamente pro-
porcional ao comprimento de canal, conforme Eq. (3.30). Assim, deve-se evitar
L < 1 µm e escolher o valor para o comprimento de canal que resulte em transisto-
res de dimensoes razoaveis, ou seja, W da ordem de grandeza de L, para a corrente
de polarizacao definida. Portanto, a escolha do comprimento de canal L para basear
o dimensionamento dos transistores dos amplificadores tem relacao com a corrente
de polarizacao a ser definida.
Correntes de polarizacao da ordem de IB = 660 nA produz transistores com lar-
gura de canal muito pequena para comprimento de canal da ordem de unidades
de micrometros. Por isto, definiu-se IB = 2 µA. O acrescimo na corrente de pola-
rizacao tem por desvantagens a elevacao no consumo de energia circuito e reducao
da impedancia de saıda do amplificador. Como nao existe um requisito de consumo
neste projeto, portanto, isto nao representa um problema. No entanto, a reducao
da impedancia de saıda nao e desejavel para amplificadores de transcondutancia.
Logo, visando elevar a impedancia de saıda, arbitrou-se um comprimento de canal
razoavelmente maior que o mınimo, um micrometro, definiu-se L = 5 µm.
Ro ∝ L
IB(3.30)
Um benefıcio da elevacao da corrente de polarizacao e que o ganho de transcon-
dutancia do par diferencial do OTA e proporcional a ela, conforme:
gm =
√2kP
W
LIB. (3.31)
36
Parametro Valor
IB 2 µA
L 5 µm
Tabela 3.2: Parametros obtidos a partir de criterios de polarizacao para OTA de
baixo ganho.
Elevar IB aumenta o ganho de transcondutancia obtido para um dado W/L e facilita
o cumprimento da Eq. (3.21). Ou seja, elevar a corrente de polarizacao facilita a
obtencao de um par diferencial degenerado mais linear, uma vez que o ganho fica
mais fortemente definido pelo componente de degeneracao.
3.5.2.2 Fontes de corrente
As fontes de corrente exibidas na Fig. 3.16 serao implementadas com transistores
como nas Figs. 3.17 e 3.18.
VDD
Vb2
VDD
M5 M5
M6 M6
Vb1
(N+1)IB (N+1)IB
Figura 3.17: Fonte de corrente tipo P, de valor (N + 1)IB.
As fontes de corrente, M5 - M6 e M4, bem como os transistores M1 - M3 do
estagio de saıda, foram dimensionados de forma a maximizar a excursao de sinal.
Para que o MOSFET continue operando em saturacao, e necessario que o enunciado
na Eq. (3.32) seja respeitado.
37
2IB 2IB
Vb3M3M3
Vb4M4 M4
IB
IB
IB IB
VDD
IOUT
Vb2
VDD
M1 M1
M2 M2
Figura 3.18: Fonte de corrente tipo N, de valor 2IB.
|VDS| ≥ |VGS − Vth| (3.32)
Definindo ∆VGS = |VGS − Vth|, podemos concluir que a minimizacao de ∆VGS
maximiza a regiao de operacao em saturacao do transistor. De acordo com [16], a
menor tensao ∆VGS que garante a operacao em regime de inversao forte do canal
de um MOSFET e ∆VGS = 200 mV. Por outro lado, e necessario que haja uma
pequena folga no valor de VDS para garantir que o transistor permaneca operando
em saturacao, conforme Eq. (3.33). As tensoes de porta resultantes para atingir
estes requisitos sao nomeadas de Vb1 − Vb4 nas Figs. 3.17 e 3.18.
|VDS| = ∆VGS + 100 mV = 300 mV (3.33)
Para obtermos as larguras de canais W dos MOSFETs M1 - M6, faremos a
varredura parametrica desta dimensao por simulacao. Para tanto, serao fixadas as
tensoes de polarizacao, de acordo com Eq. (3.32) e (3.33), e L = 5 µm, definido
anteriormente. O dimensionamento sera feito selecionando o valor de W que apre-
38
Transistor |ID|(µA)
M1 −M3 2
M4 −M6 4
Tabela 3.3: Correntes de polarizacao dos transistores que implementam fontes de
corrente.
Transistor W (µm) L(µm)
M1 −M2 7.4 5
M3 3.4 5
M4 6.8 5
M5 −M6 14.8 5
Tabela 3.4: Dimensoes dos transistores que implementam fontes de corrente.
sentar o valor de ID desejado para o transistor em teste. Os valores de corrente
esperados estao listados na Tab. 3.3. O dimensionamento dos transistores M5−M6
foram feitos considerando-se N = 1 para o divisor de corrente, como sera abordado
adiante.
O resultado do dimensionamento, bem como as tensoes de controle ja ajustadas
para refletir melhor os resultados encontrados para o ∆VGS obtido em simulacao,
incluindo compensacoes por efeito de corpo, podem ser vistos nas Tabs. 3.4 e 3.5.
O circuito para geracao das tensoes de controle nao sera abordado neste trabalho,
mas pode ser encontrado na literatura.
Tensao de Controle Valor (V)
Vb1 2.37
Vb2 2.00
Vb3 1.09
Vb4 0.705
Tabela 3.5: Tensoes de polarizacao para transistores do OTA.
39
3.5.2.3 Atenuador de tensao ativo
O projeto do atenuador de tensao e composto basicamente pela escolha de λ, Eq.
(3.22), para alcancar a atenuacao desejada. No entanto, existem alguns graus de
liberdade no projeto, uma vez que a atenuacao so define a relacao entre os tran-
sistores MA1 e MA2 (Fig. 3.14). Um criterio para a escolha das dimensoes destes
transistores e a minimizacao da area ocupada em funcao de um determinado fa-
tor de atenuacao. A minimizacao desta area reduz o espaco ocupado no circuito
e, principalmente, diminui as capacitancias intrınsecas do transistores [17]. Estas
capacitancias aparecem nas entradas dos amplificadores que utilizam o atenuador e
sao facilmente fonte de problemas. Exemplos sao a criacao de polos nao modelados
ao conectar saıdas a entradas de amplificadores, ou perda de acuracia na realizacao
de coeficientes devido a criacao de malhas envolvendo estes capacitores parasitas e
os capacitores do circuito.
E desejavel que os comprimentos de canais envolvidos sejam maiores que 1 µm
para evitar os problemas com canal curto e, uma vez que λ e dependente da relacao
entre as dimensoes dos transistores, e importante que exista um bom casamento entre
os dispositivos que compoem a razao para poder realiza-la de forma mais acurada.
A solucao utilizada para atender a estes requisitos de casamento e minimizacao de
area e demostrada a seguir.
Dado que o valor de λ e o definidor do fator de atenuacao do atenuador de tensao
ativo, de acordo com a Eq. (3.22), podemos maximizar o esforco para atingir um
determinado fator de atenuacao assumindo
WMA2= LMA1
= k e LMA2=
k2
λWMA1
. (3.34)
Isto porque ambos os valores, WMA2e LMA1
, contribuem no numerador da Eq.
(3.22), que define λ. Aplicada esta restricao, podemos enunciar a area ocupada pelo
atenuador ativo da seguinte forma:
A(WMA1) = LMA1
·WMA1+ LMA2
·WMA2= k
(WMA1
+k2
λWMA1
). (3.35)
Minimizar a area do divisor ativo reduz tambem as capacitancias intrınsecas destes
dispositivos, responsaveis por boa parte das capacitancias parasitas do circuito.
40
Podemos alcancar isto encontrando o valor de WMA1que minimiza a area descrita
na equacao anterior (3.35) :
∂A
∂WMA1
= 0→ WMA1=
k√λ
. (3.36)
Aplicando o resultado encontrado acima (3.36) na Eq. (3.34), obtemos as dimensoes
para os transistores do atenuador ativo que implementam a atenuacao desejada
ocupando area mınima:
WMA1=
k√λ, LMA1
= k, WMA2= k, LMA2
=k√λ
(3.37)
Esta solucao, enunciada nas Eqs. (3.36) e (3.37), sugere que, caso se deseje que
as dimensoes dos transistores sejam descritas por numeros racionais (mais faceis e
precisos de serem implementados), e necessario que o valor do fator de atenuacao λ
seja um quadrado perfeito.
Vale notar que o resultado enunciado na Eq. (3.37) privilegia o casamento entre
os dispositivos MA1 e MA2. Isto porque, desta forma, MA1 pode ser realizado com k
transistores identicos MU em serie e MA2 com k destes em paralelo, conforme Fig.
3.19.
41
V+ V-
MU
VA+ VA-
MU MUMU MU
MU MUMU MU
MUMU MU
k transistores MU
em paralelo
k transistores MU
em série
Figura 3.19: Implementacao otimizada para o casamento e utilizacao de area do
divisor de tensao ativo.
Tomadas estas consideracoes, definiremos λ = 9. Este valor ja e capaz de prover
uma boa atenuacao (AV ≈ 0.051) sem crescer exageradamente as dimensoes do
atenuador. Com este valor de λ, para obter WMA1e LMA2
inteiros, e necessario que
k seja multiplo de 3. A opcao que minimiza a area sem resultar em transistores com
dimensoes submicrometricas e k = 3. Com isto, temos as dimensoes enunciadas na
Tab. 3.6, que resultam na arquitetura de 3 transistores de W = L = 1 µm em serie
para realizar MA1 e 3 em paralelo para MA2.
Transistor W (µm) L(µm)
MA1 1 3
MA2 3 1
MU 1 1
Tabela 3.6: Dimensoes de MA1 e MA2
42
3.5.2.4 Divisor de corrente
Como a atenuacao obtida com o atenuador de tensao ativo ja e razoavel, empre-
garemos N = 1. Desta forma garantimos uma boa reducao ao ganho de transcon-
dutancia do par diferencial sem reduzir demasiadamente a amplitude do sinal de
entrada, que pode aproximar o sinal de interesse ao nıvel do ruıdo. A dimensao
dos transistores do divisor sera obtida conjuntamente com o dimensionamento dos
transistores do par diferencial.
3.5.2.5 Par diferencial
O par diferencial do OTA e os transistores que compoem o divisor de corrente
estao submetidos a uma tensao de polarizacao de porta igual a tensao de saıda do
atenuador ativo. Portanto, para seu dimensionamento, e importante saber o valor
desta tensao, dada a Eq. (3.38).
gm =2ID
|VGS − Vth|=
2IB∆VGS
(3.38)
Para um projeto mais acurado no sentido de refletir melhor as grandezas encontra-
das apos a fabricacao do integrado, a tensao de saıda do atenuador ativo foi obtida
atraves de simulacao com os parametros encontrados na Tab. 3.6. O resultado foi
que VGPAR= 46.73 mV.
Neste ponto, existe a liberdade de escolher o valor de gm ou ∆VGS. A escolha de
∆VGS do par diferencial esta atrelada aos limites de ajuste do MTriodo. Para ilustrar
isto, seguindo a notacao de ∆VGS = |VGS − Vth|, VthP< 0 e VthN
> 0, podemos
descrever VSPARe VGTriodo
como abaixo:
VSPAR= VGPAR
+ ∆VGSPAR − VthPAR (3.39)
VGTriodo= VSTriodo
+ ∆VGSTriodo + VthTriodo (3.40)
A topologia do par diferencial degenerado pode ser consultada na Fig. 3.16, dela
podemos observar que VSPAR= VSTriodo
. Realizando a substituicao, temos o enunci-
ado
VGTriodo= VGPAR
+ ∆VGSPAR − VthPAR + ∆VGSTriodo + VthTriodo. (3.41)
43
Desta equacao, podemos ver que as unicas variaveis que temos sao os ∆VGS,
uma vez que os valores para Vth sao determinados basicamente pelos parametros
do processo de fabricacao e VGPAResta definido pelo atenuador de tensao ativo. E
possıvel concluir que diminuir o ∆VGSPAR diminui a tensao mınima para por MTriodo
em conducao. Em verdade, a diminuicao de ∆VGSPAR diminui tambem VSTriodo, e
por consequencia, VthTriodo, uma vez que este transistor e atingido pelo efeito de
corpo por nao ter a tensao de fonte igual a tensao de corpo.
Assim, operar com ∆VGSPAR reduzido e duplamente benefico para extensao da
faixa de ajuste do amplificador e tambem propicia alcancar maiores ganhos de trans-
condutancia para o par diferencial com uma dada corrente de polarizacao, conforme
Eq. (3.38).
Neste projeto, foi escolhido o valor de ∆VGSPAR = 150 mV. Com este valor e
possıvel atingir teoricamente gm = 26.7 µA/V e VSPAR= 850 mV. Alem de ser capaz
de garantir MTriodo em conducao com VGTriodo≥ 1.8 V, para ∆VGSTriodo ≈ 200 mV.
A tensao de dreno de MPAR e definida pela tensao de dreno de M4, obtida no projeto
das fontes de corrente, e a corrente de polarizacao do par e igual a IB. Desta forma,
temos todas as variaveis necessarias para realizar a varredura e podemos chegar
a largura de canal dos transistores do par diferencial atraves de simulacoes. Os
resultados estao expostos na Tab. 3.7.
Transistor W (µm) L(µm)
MPAR 28.4 5
Mdiv 28.4 5
Tabela 3.7: Dimensoes dos transistores do par diferencial e divisor de corrente.
3.5.2.6 Transistor de degeneracao do par diferencial
Para definicao do ganho do amplificador, descrito na Eq. (3.26), fica restando de-
finir apenas o valor de Rs. Porem, como o valor de Gm deve ser ajustavel numa faixa
de 100 nA/V a 400 nA/V, para que a Eq. (3.26) continue valida, e necessario que
a condicao da Eq. (3.21) continue valida. Caso contrario, o ganho do amplificador
44
passa a ser descrito por
Gm =2
Rs+ 2gm
1
N + 1
(1−
√λ
λ+ 1
)(3.42)
e o valor de Rs necessario para alcancar determinado Gm igual a
Rs =2
Gm
1
N + 1
(1−
√λ
λ+ 1
)− 2
gm, (3.43)
onde gm representa o ganho de transcondutancia dos transistores do par diferencial.
Considerando que a aproximacao permanece valida, ao isolar Rs na Eq. (3.26),
temos:
Rs =2
Gm
1
N + 1
(1−
√λ
λ+ 1
). (3.44)
Aplicando a equacao anterior a faixa de Gm desejada, obtemos o intervalo de valores
para Rs:
Rs ≈ [128 kΩ, 512 kΩ]. (3.45)
Neste intervalo, podemos observar que para os maiores valores de Rs, atrelado
aos menores valores de Gm, a aproximacao permanece razoavel. Por exemplo,
para o ganho nominal, Gm = 200 nA/V, temos Rs = 256.6 kΩ. Para este caso,
gm = 26.7 µA/V e ainda e cerca de 3.4 vezes maior que 2Rs
. No entanto, para
valores maiores de Gm, a aproximacao se torna ruim. Logo, embora a linearidade
do amplificador deva ser preservada, devido ao emprego do atenuador ativo e di-
visor de corrente, utilizar a Eq. (3.43) fornecera uma melhor estimativa para os
valores de Rs necessarios. Importante notar que a correcao necessaria e alcancada
com uma subtracao, basta retirar uma porcao igual a 2gm
de todo o intervalo obtido
anteriormente. Como resultado, temos:
Rs ≈ [53 kΩ, 437 kΩ]. (3.46)
De mao de uma boa estimativa, realizamos simulacoes para encontrar o tran-
sistor MTriodo que atendesse a Eq. (3.46). Depois, foi feito o ajuste fino deste tran-
sistor para que as curvas de ganho do amplificador coincidissem com o desejado. A
unica restricao foi utilizar W = 1 µm. Resultado na Tab. 3.8.
45
Transistor W (µm) L(µm)
MTriodo 1 14
Tabela 3.8: Dimensoes do transistor utilizado como elemento de degeneracao.
3.5.2.7 Circuito final para OTA de baixo ganho
Resumindo o projeto do OTA de baixo ganho, obtemos o circuito demostrado nas
Fig. 3.20 e 3.21. Embora nao exposto na Fig. 3.20, os transistores Mdiv tambem
possuem tensao de corpo (VB) igual a sua tensao de fonte (VS). As dimensoes
dos transistores, encontradas nos passos anteriores, estao reunidas na Tab. 3.9.
Na pratica, MTriodo foi implementado pela serie de dois transistores, cada um com
comprimento de canal igual a metade do original. Os transistores M5-M6 foram
implementados pelo paralelo de dois transistores de mesmas dimensoes que M1 e,
de mesma forma, M4 pelo paralelo de dois transistores iguais ao M3. Isto garante
melhor casamento dos dispositivos e espelhamentos de corrente mais precisos [6].
Transistor W (µm) L(µm)
M1-M2 7.4 5
M3 3.4 5
M4 6.8 5
M5-M6 14.8 5
MPAR 24.8 5
Mdiv 24.8 5
MTriodo 1 14
MU 1 1
Tabela 3.9: Dimensoes de todos os transistores projetados para o OTA de baixo
ganho.
3.5.2.8 Circuito final para OTA de alto ganho
Para solucao, podemos seguir todos os passos de projeto do amplificador de baixo
ganho. Valendo lembrar que aqui o ganho almejado sera diferente e nao havera
emprego de divisor de corrente. Visando mitigar os problemas introduzidos pelos
46
Vtun
Mpar MparMdiv
MTriodo
VDD
M5
M6
VDD
M5
M6
Vb1
Vb2
V+
MU
MU
MUMU MU
MU
VDD
Mdiv
V-
MU
MU
MU MUMU
MU
VDD
i+ i-
Figura 3.20: Circuito real do estagio de entrada do OTA de baixo ganho.
amplificadores responsaveis por implementar as funcoes algebricas, conforme expla-
nado na Secao 3.4, definimos para estes circuitos um ganho muito maior que a versao
de baixo ganho, Gm ≈ 20 µA/V. Para atingir este objetivo e necessario o emprego
de corrente de polarizacao mais elevada e e adequada a reducao do comprimento de
canal. Os resultados do dimensionamento para atingir estas configuracoes podem
ser vistos nas Tabs. 3.10 e 3.11.
Transistor W (µm) L(µm)
M1-M2 54.2 2
M3 26.2 2
M4 52.4 2
M5-M6 54.2 2
MPAR 49.55 2
MTriodo 1 2
MU 1 2
Tabela 3.10: Dimensoes de todos os transistores projetados para o OTA de alto
ganho.
Ilustracao do circuito do estagio de entrada do OTA de alto ganho pode ser visto
na Fig. 3.22. A topologia do estagio de saıda e a mesma utilizada para o amplificador
47
VDD
IOUT
Vb2
Vb3
VDD
M1 M1
M2 M2
M3 M3
Vb4M4 M4
i+
i-
Figura 3.21: Circuito real do estagio de saıda dos OTAs.
Parametro Valor
IB 30 µA
L 2 µm
Tabela 3.11: Parametros obtidos a partir de criterios de polarizacao para OTA de
alto ganho.
de baixo ganho na Fig. 3.21.
3.6 Desnormalizacao do circuito
Por fim, apos dimensionado os amplificadores e projetados os filtros, e necessario
realizar a desnormalizacao da resposta em frequencia obtida na Secao 3.2.1, de forma
a posicionar a frequencia de cruzamento em 2 kHz e reescalar o valor dos capaci-
tores para que atinjam a resposta em frequencia especificada com OTAs de ganho
diferente do unitario, utilizado para projeto normalizado na Secao 3.4. Utilizaremos
o subscrito n para indicar variaveis normalizadas.
48
Vtun
Mpar Mpar
MTriodo
VDD
M5
M6
VDD
M5
M6
Vb1
Vb2
V+
MU
MU
VDD
V-
MU
MU
VDD
i+ i-
Figura 3.22: Circuito real do estagio de entrada do OTA de alto ganho.
O escalamento da frequencia de corte de uma funcao de transferencia e obtido
aplicando
s = s · ωn
ω. (3.47)
Temos que ω = 2π · 2000 rad/s e ωn = 1 rad/s. Alem disso, sabemos que os polos
em nosso filtro Gm-C normalizado sao regidos por termos descritos por
s =Gmn
Cn
. (3.48)
Isolando-se o capacitor e aplicando o escalonamento de frequencia descrito na Eq.
(3.47), temos o seguinte resultado:
s =ω
ωn
Gmn
Cn
=Gmn
Cn
(ωn
ω
) . (3.49)
No entanto, alem do deslocamento da frequencia de corte, tambem precisamos
fazer a modificacao do ganho de Gmn = 1 para Gm = 200 nA/V. Para modificar o
ganho sem deslocar a frequencia de sintonia ja ajustada no passo anterior, podemos
notar que basta multiplicar o numerador e denominador da Eq. (3.49) por GmGmn
,
onde Gmn representa o ganho normalizado, em nosso caso unitario, e Gm o ganho
almejado.
49
Na Eq. (3.50), podemos finalmente aplicar os valores de Gm e w deste projeto e
obter os valores de capacitancias adequados para aplicacao do circuito. Os valores
calculados para nossa aplicacao podem ser vistos na Tab. 3.12. As posicoes referidos
capacitores no circuito podem ser observadas na Fig. 3.12.
s =Gm
Cn
(ωn
ωGmGmn
) =Gm
C, onde C = Cn
ωn
Gmn
Gm
ω(3.50)
Capacitor Valor Normalizado (F) Valor Desnormalizado (pF)
C1 1 15.9
C2 1 15.9
C3 1 15.9
Tabela 3.12: Valores reais dos capacitores do circuito.
50
Capıtulo 4
Resultados
Neste capıtulo apresentaremos os resultados das simulacoes, buscando avaliar os
amplificadores operacionais de transcondutancia projetados, alem de, apresentar o
resultado obtido para a rede crossover proposta e implementada com estes amplifi-
cadores, conforme ilustrado na Fig. 3.12, onde os ganhos gm1 e gm2 serao realizados
com os OTAs de alto e baixo ganho, respectivamente.
4.1 Simulacoes dos OTAs
4.1.1 OTA de baixo ganho
Realizaram-se testes com o OTA de baixo ganho, a fim de avaliar sua confor-
midade para aplicacao no circuito. Inicialmente, foram realizados testes de ganho
de transcondutancia para verificar se o amplificador e capaz de produzir os valores
esperados. Na Fig. 4.1 podemos ver que o amplificador e capaz de produzir ganhos
de Gm = 100 nA/V a Gm = 400 nA/V, com tensoes de ajuste de Vtun = 1.8 V -
Vtun = 3.1 V. Um possıvel contraponto, ja esperado pela Eq. (3.20), e que o ajuste
de ganho nao varia linearmente com a tensao de sintonia Vtun. Atraves da Fig. 4.2
conseguimos observar variacao da resistencia equivalente de MTriodo em funcao da
tensao de ajuste e confirmar a nao-linearidade.
51
-3 -2 -1 0 1 2 3
Tensão diferencial de entrada (V)
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
5
Gan
ho d
e T
rans
cond
utân
cia
(S)
×10-7 Ganho do OTA de Baixo Ganho
Vtun=3.3vVtun=2.1vVtun=1.8v
Figura 4.1: Curvas de ganho de transcondutancia do OTA de baixo ganho para
diversas tensoes de ajuste.
1.8 2 2.2 2.4 2.6 2.8 3 3.2
Tensão de ajuste de ganho Vtun (V)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Res
istê
ncia
(Ω
)
×105 Resistência Equivalente do MTriodo
L=14µm
Figura 4.2: Resistencia equivalente de MTriodo em funcao de Vtun para OTA de baixo
ganho.
Na Fig. 4.3 podemos observar testes feitos com o amplificador operando como
integrador. O ganho DC do circuito, caracterizado pelo produto Gm · Ro, varia de
aproximadamente 30.09 dB a 42.37 dB ao longo da faixa de ajuste do ganho de
transcondutancia. Podemos estimar a impedancia de saıda do OTA de baixo ganho
atraves dos resultados por Ro ≈ 330.38 MΩ. O integrador apresenta resposta de
52
fase de −45.03 na frequencia de corte e de −84.30 uma decada acima. Resultados
satisfatoriamente proximos ao ideal. Tambem e possıvel observar que o amplificador
e capaz de implementar a funcao de integrador com o maior capacitor empregado
no circuito por toda faixa de frequencia de interesse.
101 102 103 104 105-50
0
50
Gan
ho (
dB)
Resposta como integrador OTA Baixo Ganho - Cl = 15.9p
Gm=96.53nA/VGm=198.64nA/VGm=397.64nA/V
101 102 103 104 105
Frequência (Hz)
-100
-50
0
Fas
e (º
)
Figura 4.3: Avaliacao do OTA de baixo ganho como integrador, com capacitor de
carga Cl = 15.9 pF.
4.1.2 OTA de alto ganho
Os mesmos testes foram realizados com o OTA de alto ganho, os resultados para
curvas de ganho podem ser vistos na Fig. 4.4. Como nao precisa de ajuste, a tensao
de sintonia Vtun para estes OTAs serao fixadas no valor maximo (Vtun = 3.3 V), neste
ajuste o OTA apresenta Gm = 23.46 µA/V. No entanto, os testes foram realizados
para toda faixa de sintonia.
53
-3 -2 -1 0 1 2 3
Tensão diferencial de entrada (V)
0
0.5
1
1.5
2
2.5
Gan
ho d
e T
rans
cond
utân
cia
(S)
×10-5 Ganho do OTA de Alto Ganho
Vtun=3.3vVtun=2.1vVtun=1.8v
Figura 4.4: Curvas de ganho de transcondutancia do OTA de alto ganho para di-
versas tensoes de ajuste.
Uma observacao interessante, para demostrar o efeito da modificacao da tensao
VGPAR sobre a faixa de ajuste de transcondutancia, pode ser feita atraves da Fig.
4.4. Utilizar um fator de atenuacao λ mais baixo, faz com que os transistores Mpar
e Mdiv sejam submetidos a uma tensao VG mais elevada. Como desejamos manter
o amplificador linear, ∆VGSPAR foi mantido baixo para que gm >> 2Rs
e o ganho
do OTA seja mais fortemente determinado pelo MTriodo. Logo, temos o que foi
previsto pela Eq. (3.41), a elevacao de VGPAR reduziu a faixa de ajuste de ganho
deste OTA. Enquanto na versao de baixo ganho e possıvel atingir ganhos que vao de
Gm/2 a 2Gm com tensoes Vtun = 1.8 V - Vtun = 3.1 V, na versao de alto ganho, o
amplificador so apresenta operacao adequada para tensoes Vtun > 2.1 V com variacao
de ganho de aproximadamente tres vezes.
54
101 102 103 104 1050
20
40
60
Gan
ho (
dB)
Resposta como integrador OTA Alto Ganho - Cl = 15.9p
Gm=23.46µA/V
101 102 103 104 105
Frequência (Hz)
-100
-50
0
Fas
e (º
)
Figura 4.5: Avaliacao do OTA de alto ganho como integrador, com capacitor de
carga Cl = 15.9 pF.
Na Fig. 4.5 podemos encontrar que a impedancia de saıda do OTA de alto
ganho e de Ro = 12.52 MΩ. Em seu modo de operacao, ajustado para obter maior
ganho, o OTA apresenta ganho DC igual a 49.36 dB. Como integrador, tem res-
posta de fase de −44.91 na frequencia de corte e de −84.28 uma decada acima.
Resultados adequados a aplicacao.
4.2 Simulacoes da rede crossover
Apos testar os amplificadores, apresentaremos nesta secao os resultados da rede
crossover. Os testes incluem simulacoes das respostas em frequencia de magnitude
de H(s) e G(s), obtidos pela soma e subtracao de A1(s) e A2(s), bem como as
respostas de modulo e fase destas transferencias passa-tudo.
55
4.2.1 Resposta em frequencia de A1(s) e A2(s)
Atraves da Fig. 4.6 e da Fig. 4.7 vemos que a resposta de fase de A1(s) e A2(s)
estao de acordo com o esperado pela Fig. 3.4. Lembrar que implementamos −A2(s),
como discutido Secao 3.4, logo, e normal haver um desvio de 180 na resposta obtida.
101 102 103 104 105
Frequência (Hz)
-350
-300
-250
-200
-150
-100
-50
0
Fas
e (º
)Resposta de Fase de A1(s)
Vtun=1.8Vtun=2.1Vtun=3.1
Figura 4.6: Resposta de fase de A1(s).
101 102 103 104 105
Frequência (Hz)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Fas
e(º)
Resposta de Fase de A2(s)
Vtun=1.8Vtun=2.1Vtun=3.1
Figura 4.7: Resposta de fase de A2(s).
Entretanto, a resposta de modulo dos filtros passa-tudo nao seguem o especifi-
cado. Estes resultados podem ser vistos nas Figs. 4.8 e 4.9. Alem de existir um
56
distanciamento na posicao dos zeros e polos dos filtros, evidenciada pelo pequeno
desnıvel de modulo antes e depois da frequencia de sintonia, existe tambem diferenca
de modulo entre os filtros A1(s) e A2(s) quando avaliados em mesmas frequencias.
101 102 103 104 105
Frequência (Hz)
-0.45
-0.4
-0.35
-0.3
-0.25
-0.2
-0.15
-0.1
-0.05
0
Gan
ho (
dB)
Resposta de Ganho de A1(s)
Vtun=1.8Vtun=2.1Vtun=3.1
Figura 4.8: Resultado da resposta de modulo do filtro A1(s) que compoem a rede
crossover.
101 102 103 104 105
Frequência (Hz)
-0.45
-0.4
-0.35
-0.3
-0.25
-0.2
-0.15
-0.1
-0.05
0
Gan
ho (
dB)
Resposta de Ganho de A2(s)
Vtun=1.8Vtun=2.1Vtun=3.1
Figura 4.9: Resultado da resposta de modulo do filtro A2(s) que compoe a rede
crossover.
Esta diferenca de modulo produz artefatos nos filtros resultantes pela associacao
destes passa-tudo, principalmente na faixa de rejeicao dos filtros, quando as ate-
57
nuacoes envolvidas sao elevadas e estes erros residuais se tornam consideraveis. Para
exemplificar, realizamos a diferenca entre o modulo do ganho de A2(s) e A1(s), ilus-
trada na Fig. 4.10. No caso de os filtros passa-tudo estarem em fase em baixas
frequencias, a diferenca entre eles deveria ter resultado nulo e representar a trans-
ferencia passa-altas. No entanto, como nao estao perfeitamente casados, havera um
resultado residual, cuja amplitude e bem pequena e da ordem expressa na curva na
Fig. 4.10. Caso desejem-se atenuacoes na faixa de rejeicao do suposto passa-altas
mais elevadas do que estes erros residuais, e preciso que a diferenca de modulo entre
os filtros passa-tudo seja substancialmente menor.
101 102 103 104 105
Frequência (Hz)
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
Gan
ho (
dB)
Valor em dB da diferença de ganho A1(s) e A2(s)
Vtun=1.8Vtun=2.1Vtun=3.1
Figura 4.10: Ganho residual existente na subtracao dos ganhos de A1(s) e A2(s).
O distanciamento entre os polos e zeros da transferencia degrada as caracterısticas
passa-tudo dos filtros A1(s) e A2(s). Contribui, inclusive, para o descasamento
de ganho observado. Este efeito pode ser reproduzido, acrescentando resistencias
parasitas a saıda dos amplificadores integradores, ou seja, adicionando um resistor
de valor Rp em paralelo com os capacitores do filtro.
As funcoes de transferencia para os filtros A1(s) e A2(s) em termos de elementos
do circuito podem ser vistas em (4.1) e (4.2). Introduzir os resistores parasitas
citados faz a transferencia real se tornar a demostrada em (4.3) e (4.4).
58
A1(s) =s2C1C2 − gm2C2s+ gm2
2
s2C1C2 + gm2C2s+ gm22
(4.1)
A2(s) =sC3 − gm2
sC3 + gm2
(4.2)
A1(s) =s2C1C2 + (−gm2C2 + C1
Rp2+ C2
Rp1)s+ gm2
2 − gm2
Rp2+ 1
Rp1Rp2
s2C1C2 + (+gm2C2 + C1
Rp2+ C2
Rp1)s+ gm2
2 + gm2
Rp2+ 1
Rp1Rp2
(4.3)
A2(s) =sC3 − gm2 + 1
Rp3
sC3 + gm2 + 1Rp3
(4.4)
Podemos notar que a inclusao destas resistencias impoe justamente uma mudanca
na posicao das raızes do numerador e denominador das transferencias. A frequencia
dos zeros e reduzida e a dos polos elevada. Alem disto, na transferencia A1(s)
tambem existe modificacao do fator de qualidade do filtro, que pode ser confir-
mado pela mudanca na amplitude do pico de ressonancia com o ajuste do ganho
de transcondutancia. Analisando as equacoes, podemos concluir que a solucao para
minimizar estes efeitos e fazer o ganho de transcondutancia gm2 muito maior que o
inverso desta resistencia parasita Rp.
gm2 >>1
Rp
→ Gm ·Ro >> 1 (4.5)
Em verdade, esta resistencia em paralelo com os capacitores existe. A impedancia
de saıda dos amplificadores aparece exatamente desta forma no circuito. De mesma
forma, vale notar que o ganho gm2 e o ganho dos OTAs que implementam os integra-
dores. Assim, podemos traduzir esta situacao pela Eq. (4.5), ou seja, quanto maior
o ganho DC do amplificador, menores serao os problemas com a descaracterizacao
da resposta passa-tudo.
4.2.2 Resposta em frequencia de H(s) e G(s)
Na Fig. 4.11 podemos observar o resultado da rede crossover implementada. Nela
sao apresentadas as respostas para tensoes de ajuste que propiciam a sintonia da
menor, nominal e maior frequencia de cruzamento especificada.
59
101 102 103 104 105
Frequência (Hz)
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
Gan
ho (
dB)
Resposta de Ganho de H(s) e G(s)
Vtun=1.8Vtun=2.1Vtun=3.1
Figura 4.11: Resultado da resposta de modulo da rede crossover.
E possıvel ver que existe uma atenuacao constante na faixa de rejeicao do filtro
passa-altas, cujo patamar varia de acordo com a tensao de ajuste. Tambem e per-
ceptıvel a mudanca na inclinacao das assıntotas dos passa-baixas por volta de uma
decada acima da frequencia de corte. Isto esta em desacordo com a resposta em
frequencia esperada para o par de funcoes H(s) e G(s) descritas na Eq. (3.4) e na
Eq. (3.7), respectivamente.
Um comparativo entre a transferencia ideal e a real para frequencia de cruzamento
no valor nominal, fc = 2 kHz, pode ser visto na Fig. 4.12. A transferencia ideal foi
obtida substituindo-se os OTAs projetados por ideais, compostos por uma fonte de
corrente controlada por tensao, cujo ganho de transcondutancia e o desejado para o
amplificador (Gm = 200 nA/V). Desta forma, podemos inferir que os erros nao sao
frutos de problemas na arquitetura do filtro e sim de nao idealidades dos OTAs.
A discussao realizada na subsecao anterior sobre o resıduo gerado pelo descasa-
mento de ganho entre os filtros passa-tudo se aplica ao problema que observamos.
Atraves daquela analise, conseguimos justificar o patamar na faixa de rejeicao das
realizacoes passa-altas da Fig. 4.11. Embora a aproximacao de Butterworth pre-
veja modulo crescente vindo de frequencia zero ate atingir -3 dB na frequencia de
corte, em nossa realizacao, o valor resıdual existente impede que exista sinal arbi-
60
101 102 103 104 105
Frequência (Hz)
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
Gan
ho (
dB)
Comparativo da Resposta de Ganho Real e Ideal da Rede Crossover
RealIdeal
Figura 4.12: Comparativo entre a rede crossover ideal e a real para frequencia de
ajuste nominal.
trariamente pequeno na saıda para frequencias baixas e, desta forma, fica limitada
a atenuacao maxima obtida na faixa de rejeicao do passa-altas.
Adicionalmente, atraves da Fig. 4.13, podemos observar que os polos introduzi-
dos pelos capacitores parasitas se encontram em frequencia bem acima da maxima
aplicavel ao sistema, em aproximadamente 30 MHz, conforme desejavamos.
100 102 104 106 108
Frequência (Hz)
-100
-90
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
Gan
ho (
dB)
Resposta de Ganho de H(s) e G(s)
Figura 4.13: Comparativo entre a rede crossover ideal e a real para frequencia de
ajuste nominal.
61
Foram feitas simulacoes para avaliar a distorcao harmonica total introduzida pelo
circuito ao sinal de entrada. Para estes testes, foram aplicados sinais senoidais com
frequencia uma decada abaixo da menor frequencia de cruzamento para avaliacao
do passa-baixas e uma decada acima da maior frequencia para o passa-altas. Logo,
temos fPB = 100 Hz e fPA = 40 kHz. Em um dos testes variou-se a tensao de
ajuste da frequencia de cruzamento (Vtun), mantendo a amplitude da excitacao em
1 Vpp. Em outro, manteve-se a tensao de ajuste naquela que prove frequencia
de cruzamento nominal (Vtun = 2.1 V - fc = 2 kHz) e variou-se a amplitude do
sinal de entrada. Os resultados podem ser vistos na Fig. 4.14 e na Fig. 4.15,
respectivamente.
1.8 2 2.2 2.4 2.6 2.8 3 3.2
Tensão de ajuste de ganho Vtun (V)
-70
-65
-60
-55
-50
-45
DH
T(%
)
DHT em função da tensão de ajuste de ganho - Vin=500mV
G(s) - HPH(s) - LP
Figura 4.14: Distorcao Harmonica Total em funcao da tensao de sintonia.
62
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6
Amplitude do sinal de entrada (V)
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
DH
T(%
)
DHT em função da amplitude do sinal de entrada - Vtun=2.1v
G(s) - 40kHzH(s) - 100Hz
Figura 4.15: Distorcao Harmonica Total em funcao da amplitude do sinal de entrada.
Nestas simulacoes, obtemos que a distorcao harmonica total maxima quando apli-
cado um sinal de 1 Vpp e sempre inferior a -45 dB (≈ 0.56%) para o passa-altas
e -55 dB (≈ 0.18%) para o passa-baixas, em toda faixa de ajuste da frequencia de
cruzamento. E possıvel observar tambem que podemos aplicar excitacoes de entrada
de ate 2 Vpp sem elevar consideravelmente a DHT na saıda. Embora o resultado
do passa-altas tenha sido apenas regular quando comparado a aplicacoes similares
[2], a saıda passa-baixas apresentou valores interessantes, o filtro foi capaz de prover
menor DHT para um sinal de mesma relacao amplitude/tensao de alimentacao que
o obtido pelo trabalho de referencia para projeto dos amplificadores [8].
63
Capıtulo 5
Conclusoes
Ao longo deste trabalho foram demonstrados os recursos, metodos e desenvol-
vimentos para obtencao da rede crossover duplamente complementar especificada.
Focou-se na discussao de problemas e alternativas para mitiga-los, bem como na
tentativa de esclarecer todos os passos ate obtencao do resultado final.
O projeto das funcoes de transferencia duplamente complementares foi realizado
baseado em conhecimento encontrado na literatura. Definiu-se como funcao alvo
para construcao da rede um passa-baixas de terceira ordem, obtido pela aproximacao
de Butterworth. A escolha foi baseada no baixo ripple desta aproximacao na banda
de passagem, possıvel fonte de problemas, conforme discutido no texto.
Por conta da topologia da rede estruturalmente passa-tudo proposta e problemas
com capacitores parasitas, foi necessario o emprego de dois tipos de OTAs diferen-
tes para construcao do circuito. Amplificadores de alto ganho, responsaveis por
implementar funcoes algebricas e amplificadores de baixo ganho, responsaveis por
realizar as parcelas integrativas. A necessidade da existencia da categoria de baixo
ganho esta atrelada ao desejo de manter os capacitores do circuito contidos dentro
do circuito integrado. Ambos os tipos foram devidamente projetados e tiveram suas
especificacoes e resultados de projeto apresentados.
Os graficos e o dimensionamento dos transistores dos circuitos foram obtidos com
auxılio de simulador. Os amplificadores operacionais de transcondutancia apre-
sentaram as caracterısticas de ganho desejadas, bem como capacidade de operar
64
linearmente dentro da faixa de frequencias aplicaveis ao circuito. A rede crossover,
no entanto, apresentou nao idealidades. Foram feitas discussoes sobre as possıveis
fontes dos erros experimentados e indicados caminhos para tentativa de solucao.
Contudo, o projeto da rede crossover pode ser considerado bem sucedido, uma vez
que conseguimos obter o circuito estruturalmente passa-tudo e duplamente comple-
mentar. Embora o filtro passa-altas apresente distorcao harmonica total e atenuacao
na faixa de rejeicao relativamente elevados, a transferencia passa-baixas apresentou
bons resultados de linearidade, dados os valores de DHT obtidos para sinais de
amplitudes consideraveis, o que motiva maiores investigacoes e testes com a arqui-
tetura.
5.1 Trabalhos Futuros
A demanda imediata para melhoria do trabalho e a implementacao dos filtros uti-
lizando OTAs que apresentem maior ganho DC que a topologia empregada. Vimos
que boa parte das caracterısticas nao ideais obtidas nas transferencias passa-tudo
podem ser reduzidas com a elevacao do produto Gm ·Ro. Uma vez obtidos melhores
resultados neste aspecto, pode-se partir para melhor caracterizacao da composicao
da distorcao harmonica total e o porque dela ser muito maior na transferencia passa-
altas, alem de simulacoes para avaliar a relacao sinal-ruıdo. Tendo mitigado os
problemas e caracterizado bem o circuito, pode-se finalmente realizar o layout e
fabricacao para, entao, executar ensaios visando validar os resultados obtidos nas
simulacoes.
65
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