Projeto de desenvolvimento sustentavel no brasil projeto piloto

8

Click here to load reader

description

Projeto de desenvolvimento sustentavel no brasil projeto piloto

Transcript of Projeto de desenvolvimento sustentavel no brasil projeto piloto

Page 1: Projeto de desenvolvimento sustentavel no brasil projeto piloto
Page 2: Projeto de desenvolvimento sustentavel no brasil projeto piloto

Desde 1987, após a publicação do relatórioda Comissão das Nações Unidas para o Me i oAmbiente e o Desenvolvimento, o termo “desenvol-vimento sustentável” é utilizado amplamente evem sendo incorporado na construção de visõespara o futuro do planeta. Embora tenham sidorealizados esforços diversos no sentido decolocá-lo em prática, e seu uso represente umadas mais importantes contribuições ao debateambiental, a sua aceitação como guia das mu-danças necessárias em escala mundial aindaexigirá grandes esforços. Com a Conferência doRio de Janeiro em 1992, foi possível definirprincípios gerais para atingir o desenvolvimentosustentável, porém, a poucos meses da Confe-rência de Joanesburgo a sua busca continuasendo um grande desafio.

Po s t e r i o rmente à divulgação do relatórioBruntland e paralelamente à realização dasreuniões preparatórias à Conferência do Rioforam iniciadas discussões e negociações doPrograma Piloto para Proteção das FlorestasTropicais do Brasil. Este programa, que teve asua implementação iniciada em 1995, está con-tribuindo efetivamente com as suas experiênciase resultados para a construção de uma visãoprópria de desenvolvimento sustentável para asregiões onde atua. O Programa Piloto tambémse destaca por ser a mais abrangente e ousadainiciativa governamental com o suporte dacooperação internacional visando a proteção

das florestas tropicais e por ser um exemploúnico de parceria entre setores públicos e priva-dos para a construção de soluções para o meioambiente.

A preparação do Programa Piloto foi iniciadaem 1990 e o seu lançamento oficialmente ocor-reu no Brasil em 1992. As discussões relacio-nadas com a sua implementação, assim como oscompromissos de apoio financeiro intern a c i o n a lforam iniciados na cúpula do Grupo dos Seterealizada em Houston–Texas - em 1990, poriniciativa do Chanceler alemão Helmut Kohl. Oapoio ao Programa foi aprovado pelos represen-tantes do G-7 e da Comissão Européia em 1991.Em seu desenho original, foi definido com oobjetivo geral de “maximizar os benefícios am-bientais das florestas tropicais, de forma consis-tente com as metas de desenvolvimento doBrasil, através da implantação de uma metodo-logia de desenvolvimento sustentável que contri-buirá com a redução contínua do índice de des-matamento”. Para alcançar este objetivo geral,foram definidos como objetivos específicos: 1) demonstrar a viabilidade da harmonização

dos objetivos ambientais e econômicos nasflorestas tropicais;

2) ajudar a preservar os enormes recursos gené-ticos das florestas tropicais;

3) reduzir a contribuição das florestas tropicaisbrasileiras com a emissão global de gás car-bono; e

4) fornecer um exemplo de cooperação entre ospaíses desenvolvidos e em desenvolvimentonas questões ambientais globais.Os primeiros projetos do Programa Piloto

foram aprovados em 1994 e tiveram a suaexecução iniciada em 1995. Entretanto, o crono-grama de planejamento e execução dos diversossubprogramas e projetos que compões o Pr o g r a m a

71

Projetos de desenvolvimentosustentável no Brasil :o caso do Programa Piloto

Page 3: Projeto de desenvolvimento sustentavel no brasil projeto piloto

é bastante variado. Uma amostra da complexidadedo Programa está relacionada com o fato de queenquanto alguns projetos encontram-se ainda emfase de planejamento, outros já concluíram umaprimeira fase de execução.

Nos últimos três anos, as experiênciascolhidas nos componentes em execução e asdiscussões decorrentes das dificuldades deimplementação desencadearam um processo derevisão de meio termo que concluiu com adefinição da missão do Programa, delimitandode forma clara os seus objetivos, e estabele-cendo o ponto de partida do processo dediscussão e preparação de uma segunda faseque deverá se estender até 2010. A missão doPrograma Piloto é: “Contribuir para políticasde promoção da conservação e do desenvolvi-mento sustentável da Região Amazônica brasi-leira e da Mata Atlântica, incluindo a devidaatenção ao sustento das populações locais, pelarealização dos seguintes objetivos específicos:1) criação, validação e disseminação de conheci-

mentos no Brasil e no âmbito da Re g i ã oAmazônica brasileira e da Mata Atlântica;

2) catalisar a adequação de políticas e mobilizaçãode apoio político para sua adoção e sua efetivaimplementação;

3) promoção e apoio à expansão de modelos e expe-riências bem-sucedidos; e

4) fortalecimento da capacidade de instituiçõespúblicas, privadas e da sociedade civil organi-zada para a implementação dessas políticas eaplicação de novos conhecimentos.

O Programa Piloto tem atualmente umacarteira de 26 Projetos, sendo que 06 foramconcluídos em 2000 (Reservas Extrativistas I,Centros de Ciência, Pesquisa Dirigida I, Grupode Trabalho Amazônico I, Rede Mata AtlânticaI e Proteger I). Encontram-se em plena execu-ção 13 projetos (Proteção das Terras Indígenas,Manejo Florestal, Demonstrativos A, PesquisaDirigida II, Política de Recursos Naturais,Monitoramento e Análise, Reservas Extrativis-

tas II, Grupo de Trabalho Amazônico II, RedeMata Atlântica II, Corredores Ecológicos,Proteger II, Coordenação e Manejo de Várzea).Estão em fase de pré-investimento 02 projetos(Mata Atlântica e Negócios Sustentáveis).Outros 03 projetos estão sendo contratados(Demonstrativos dos Povos Indígenas, Institu-cional RMA e Institucional GTA) e 02 estão empreparação (Demonstrativos II e Ciência eTecnologia II).

Até o momento, as principais linhas de açãodo Programa Piloto têm incluído:1) demonstração e experimentação em formas de

proteger as florestas e utilizá-las de maneirasustentável,

2) proteção e conservação,

3) fortalecimento institucional,

4) pesquisa científica e

5) geração e disseminação de lições sobre estraté-gias de conservação de florestas tropicais, comrelevância para o Brasil e outras regiões.

O Programa Piloto inclui uma gama debeneficiários, variando do pessoal da adminis-tração ambiental, em diferentes níveis, atécomunidades indígenas e sociedade civil. Aspartes interessadas no Programa incluemórgãos governamentais, o setor privado, acomunidade científica e a comunidade interna-cional.

Inicialmente, o orçamento total da primeirafase do Programa Piloto foi estimado em US$250 milhões. Os financiamentos do ProgramaPiloto são amparados pelos Governos Federal eEstadual, a sociedade civil brasileira, oito go-vernos doadores e a União Européia utilizandocontratos de natureza pública e privada. Os trêsmaiores financiadores são a Alemanha (41%),Comissão Européia (23%) e o Brasil (15%).Atualmente, o orçamento total estimado doPrograma Piloto é de aproximadamente US$245 milhões. O valor total de contratos jáassinados é de US$ 181 milhões, sendo que os

72

Page 4: Projeto de desenvolvimento sustentavel no brasil projeto piloto

gastos efetuados totalizam cerca de US$ 120milhões.

Uma parte do financiamento dos doadores(US$ 58.2 milhões, 24% do total) tem sidocanalizada através do Fundo Fiduciário dasFlorestas Tropicais (“Rainforest Trust Fund” -RFT) administrado pela Unidade de FlorestasTropicais do Banco Mundial. A maior parte dosfinanciamentos externos já contratados écanalizada através de co-financiamentos (US$112 milhões, 62% do total). A maioria dasdoações por co-financiamento são realizadasatravés de procedimentos de cooperação bila-teral. Além disso, existem os chamados projetosbilaterais associados, financiados principal-mente pela Alemanha. A contrapartidabrasileira inclui contribuições dos Govern o sFederal e Estadual (US$ 35 milhões) e diversascomunidades e organizações não-governamen-tais (estimados em US$ 20 milhões).

A coordenação estratégica do Pr o g r a m aPiloto atualmente conta com as seguintesinstâncias colegiadas nacionais e internacionaisde decisão:1) Reunião dos Participantes;2) a Comissão de Coordenação Brasileira

(CCB), composta por representações dosprincipais executores do PPG7 em nívelnacional, inclusive governos estaduais eredes de organizações da sociedade civil(Grupo de Trabalho Amazônico – GTA e aRede Mata Atlântica – RMA);

3) a Comissão de Coordenação dos Doadores –CCD, composta por representantes do BancoMundial e os países doadores; e

4) a Comissão de Coordenação Conjunta – CCC,que congrega representantes dos principaisexecutores brasileiros e dos parceirosinternacionais. Para facilitar a integraçãodas atividades dos diversos componentestodos os coordenadores de Projeto fazemparte do Comitê de Coordenadores. A CCB e

a CCC são presididas pelo Ministério doMeio Ambiente, que também desempenha afunção de Secretaria Executiva da CCB eCCC.

Principais resultadosOs principais resultados podem ser

agrupados nas seguintes linhas temáticas:

D e s c e n t r a l i z a ç ã o : União, Estados eMunicípios na gestão compartilhada daspolíticas para o desenvolvimento Sustentável.Nesta linha foi trabalhada a gestão ambientalem áreas prioritárias nos Estados Amazônicos ea gestão bioregional, com resultados positivosquanto ao fortalecimento dos Órgãos Estaduaisde Meio Ambiente, reforço da capacidade deformulação de políticas estaduais, desenvol-vimento de metodologias e instrumentos decomando e controle, consolidação de parceriasinter-institucionais, identificação de problemassócio-ambientais chave para a gestão ambi-ental, desenvolvimento de iniciativas inovadorasde zoneamento e implementação de instrumen-tos complementares de gestão ambiental.

Novos paradigmas para a implementação depolíticas públicas: Foram desenvolvidas parce-rias com a sociedade civil como elemento chavepara a consolidação da política ambiental. Po ri n t e rmédio de mais de 200 projetos executadospor organizações da sociedade civil da Amazôniae da Mata Atlântica, foi possível constru i rexperiências concretas de desenvolvimento sus-tentável que compatibilizam o desenvolvimentosocioeconômico com a conservação ambiental etem sido gerado capital social em nível regional,com resultados positivos quanto a altern a t i v a sde uso dos recursos naturais, sistemas dep r e s e rvação ambiental, apoio e consolidação deredes de organizações não governamentais nasregiões onde se atua e construção decapacidades nas comunidades locais.

73

Page 5: Projeto de desenvolvimento sustentavel no brasil projeto piloto

Nesta mesma linha foi possível experimentare aperfeiçoar modelos complementares degestão ambiental, que podem ser adaptados adiversas realidades amazônicas, com resultadose lições quanto à influência da variávelfundiária e alternativas de regulamentação daposse da terra, papel das comunidades organi-zadas na aplicação de instrumentos de gestãoambiental e a sustentabilidade dessas organi-zações, identificação de condicionantes para ainserção da eficiência econômica na implemen-tação do desenvolvimento sustentável e ao usodo desenvolvimento para a conservação. Foitambém desenvolvida metodologia e foi demons-trada a eficiência do envolvimento dosagricultores familiares, por intermédio das suasentidades representativas, no combate às quei-madas na Amazônia, assim como, estratégiasparticipativas de preparação de Projetos e aoreforço e fortalecimento dos povos indígenas edas organizações que os representam.

Produção de Conhecimento e informaçãopara o desenvolvimento sustentáve l : N e s t alinha o Programa tem contribuído na produçãode conhecimento com resultados positivosquanto ao reforço da infra-estrutura básica depesquisa dos Centros de Excelência naAmazônia, à difusão científica, à formação derecursos humanos, à realização de 53 projetosde pesquisa básica e aplicada e à mobilizaçãoda comunicadade científica na busca desoluções e alternativas para o desenvolvimentosustentável na Amazônia.

Implementando políticas públicas, garantin-do direitos e conservando biodive r s i d a d e :Nessa linha não somente foi trabalhada a escalapiloto, sendo que os resultados caracterizamuma aplicação ampla de políticas públicas emescala regional. Assim, possibilitou-se a demar-cação de 44 milhões de hectares de terrasindígenas, a identificação de 93 terr a sindígenas (mais 8 milhões de hectares), a

homologação de 20 milhões de hectares (com16,3 milhões já registradas) e o desenvolvimen-to de metodologias de demarcação alternativade terras com a participação dos beneficiários.

Responsabilidades compartilhadas: Perspec-tivas de envolvimento do setor privado noprograma. Nesse ponto, foi possível realizarestudos estratégicos para identificação demercados, tecnologias e viabilidade de produtose setores, aumentar a eficiência econômica domanejo florestal privado através do apoio parainiciativas promissoras, consolidar parcerias nadivulgação de oportunidades e articulação dosetor florestal, consolidar parcerias entre osetor privado e os produtores locais, facilitar oacesso aos mercados para produtos florestaisnão madeireiros (cosméticos, óleos vegetais,fibras, derivados de furtas e derivados daborracha), buscar soluções tecnológicas e demercado para melhoramento do processamentode produtos não madeireiros (castanha, palmitoe borracha) e identificar e articular a partici-pação de fundos de investimento e fundos soci-ais para a introdução de conceitos de sustenta-bilidade social e ambiental na gestão de negó-cios (Bancos, Fundos de Investimento e organi-zações de empresários).

Principais LiçõesAs diversas ações realizadas, orientadas aos

resultados mencionados acima, perm i t i r a mcolher uma variedade de lições que abarcamdesde assuntos relacionados a desenho estra-tégico de políticas públicas, até questõesrelacionadas com a forma de atuação do estadona busca do desenvolvimento sustentável. OPrograma Piloto está atualmente engajado nasistematização dessa lições, dentre as quaispodemos mencionar:1) a verticalização da produção é um elemento

importante para o aumento da renda dos produ-tores locais, entretanto, não é o único aspecto

74

Page 6: Projeto de desenvolvimento sustentavel no brasil projeto piloto

que deve ser considerado nos projetos dedesenvolvimento para a conservação;

2) os problemas concernentes ao mercado não serãoresolvidos somente através da verticalização daprodução, sendo também necessário ajustar aqualidade dos produtos às exigências domercado;

3) a realização de investimentos com sistemas agro-florestais, viveiros, piscicultura tem facilitado amudança de percepção dos produtores emrelação aos recursos naturais, traduzindo-se navalorização da floresta e dos seus recursos;

4) a existência de problemas relacionados com acomercialização são principalmente fruto daslimitações de oferta, mais do que da demanda edo preço;

5) os altos custos de produção na Amazônia teminfluenciado diretamente a viabilidade técnica eeconômica das atividades produtivas;

6) uma estratégia para solucionar as limitações deeducação e capacitação deve ser consideradacomo parte do conjunto de intervenções dosprojetos produtivos;

7) quando estabelecida uma parceria com o setorprivado, os projetos de desenvolvimento para aconservação comunitários obtiveram um melhordesempenho;

8) a organização social é um fator determinantepara o êxito e a continuidade dos projetos a nívelde comunidade;

9) a participação dos beneficiários finais nosprocessos de consulta e nos processos decisóriospode aumentar significativamente os resultadosdos projetos pois gera o compromisso dobeneficiário de manter as atividades após otérmino do apoio oficial;

1 0 )o fortalecimento institucional das instituições nãog o v e rnamentais contribui com capacitação localde recursos humanos, imprescindível para a imple-mentação do desenvolvimento sustentável, etc.

Os exemplos apresentados não são os maisimportantes ou representativos em termos doproblema da viabilidade financeira dos empre-endimentos que buscam valorizar os recursosnaturais da floresta, porém são uma amostra dopotencial de contribuição do Programa Piloto.Os diversos eventos que o Brasil está realizandovisando a preparação de uma Segunda Fase doPrograma e o amplo debate em curso motivadopela preparação da Conferência Mundial deMeio Ambiente e Desenvolvimento estão permi-tindo apresentar e validar essas lições, que coma devida racionalidade podem ser incorporadasnas políticas públicas que visam o desenvol-vimento sustentável nas florestas tropicais.Maiores informações sobre o Programa Pilotopodem ser encontradas no sitio de internetwww.mma.gov.br/ppg7/.

75

Carlos E. AragonSecretário Executivo do Programa Piloto para proteção das Florestas Tropicais, Ministério do Meio Ambiente

Page 7: Projeto de desenvolvimento sustentavel no brasil projeto piloto

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 8: Projeto de desenvolvimento sustentavel no brasil projeto piloto

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo