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Projeto de Cinema: “O olhar para...” Apresentação, resumo e pertinência do projeto Nome: Projeto de Cinema: ―O olhar para...‖ Apresentação: Este projeto propõe a possibilidade de se trabalhar com cinema em sala de aula, porém, diferentemente dos outros projetos com esse foco, este tem o objetivo de trabalhar a estética do cinema. Isso é possível? Claro que sim! Sem alteração no conteúdo já programado para sua aula, você poderá criar situações inovadoras para não só despertar a curiosidade dos jovens de sua escola, como também oferecer uma possibilidade de diferenciar o olhar. Não se acredita aqui em educação do olhar, por uma questão teórica pedagógica, considerando todo o acarretamento semântico que a palavra educação pode nos oferecer, tais como a limitação e o peso dos posicionamentos políticos. Faz-se, aqui, portanto, apenas a concepção de que o olhar para a arte é um olhar livre e que a função de todo o professor, de toda a escola é oferecer aos educandos a possibilidade de escolha através do conhecimento das estéticas que se firmam no Cinema. Cinema enquanto arte. Enquanto possibilidade de olhar: O OLHAR PARA... Resumo do projeto pedagógico: Esperamos contribuir de forma bem original para o seu trabalho como professor! O projeto de cinema ―O olhar para...‖ parte de uma série de proposta s que objetivam, em um primeiro momento, otimizar as informações que os educandos têm sobre cinema. Posteriormente será proposto que os educandos produzam um filme, um curta-metragem e que esse filme sintetize o que aprenderam em Língua Portuguesa ou em outra disciplina. Ser interdisciplinar é promover a diminuição da porosidade natural entre as disciplinas de forma que o educando compreenda que os conteúdos se tocam e se expandem de forma concêntrica. Os ecos advindos dessas interseções circuncêntricas podem até mesmo serem infinitas se a

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Projeto de Cinema: “O olhar para...”

Apresentação, resumo e pertinência do projeto

Nome: Projeto de Cinema: ―O olhar para...‖ Apresentação: Este projeto propõe a possibilidade de se trabalhar com cinema em sala de aula, porém,

diferentemente dos outros projetos com esse foco, este tem o objetivo de trabalhar a estética do

cinema. Isso é possível?

Claro que sim! Sem alteração no conteúdo já programado para sua aula, você poderá criar

situações inovadoras para não só despertar a curiosidade dos jovens de sua escola, como

também oferecer uma possibilidade de diferenciar o olhar.

Não se acredita aqui em educação do olhar, por uma questão teórica pedagógica, considerando

todo o acarretamento semântico que a palavra — educação — pode nos oferecer, tais como a

limitação e o peso dos posicionamentos políticos. Faz-se, aqui, portanto, apenas a concepção de

que o olhar para a arte é um olhar livre e que a função de todo o professor, de toda a escola é

oferecer aos educandos a possibilidade de escolha através do conhecimento das estéticas que se

firmam no Cinema. Cinema enquanto arte. Enquanto possibilidade de olhar: O OLHAR PARA...

Resumo do projeto pedagógico: Esperamos contribuir de forma bem original para o seu trabalho como professor!

O projeto de cinema ―O olhar para...‖ parte de uma série de propostas que objetivam, em um

primeiro momento, otimizar as informações que os educandos têm sobre cinema. Posteriormente

será proposto que os educandos produzam um filme, um curta-metragem e que esse filme

sintetize o que aprenderam em Língua Portuguesa ou em outra disciplina.

Ser interdisciplinar é promover a diminuição da porosidade natural entre as disciplinas de forma

que o educando compreenda que os conteúdos se tocam e se expandem de forma concêntrica.

Os ecos advindos dessas interseções circuncêntricas podem até mesmo serem infinitas se a

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―Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça.‖ 1963. Ambicioso discurso do inquieto Cinema Novo Brasileiro

escola cumprir com seu mais básico papel: promover e otimizar a interseção social como forma

de melhorar a sociedade.

Resumo procedimental discente básico: Considerando a ARTE como uma LINGUAGEM catalisadora da realidade e sua representação

como um simulacro do que a própria existência humana recondiciona e ―reprograma‖ a fim de

provocar questionamentos — existência—, é proposto, portanto, o PROJETO DE CINEMA que

culminará, entre outros, na produção sistematizada e procedimental de textos em diversas

linguagens, tendo por fim um filme como ‗produto‘ final:

1- formar um grupo de estudos;

2- pesquisar sobre cinema;

3- assistir a filmes;

4- produzir textos que se relacionam aos filmes estudados, de acordo com os estudos

realizados em sala de aula;

5- construir roteiros cinematográficos a partir dos textos produzidos;

6- preparar a filmagem do roteiro;

7- filmar e exibir o filme para a escola.

Tempo de duração: Esse pode ser um projeto semestral ou anual dependendo dos recursos e programa que a escola

tem, ou que você professor tenha, entretanto, vale relembrar que este projeto não está

sobreposto aos conteúdos já programados para o seu curso, ele funcionará como uma luz a mais

no seu trabalho, um foco ao que vem sendo desenvolvido em sua escola, atendendo não só aos

objetivos particulares de cada disciplina, como também ao cinema como arte.

Por isso não será quantificado o número exato de aulas.

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Este não é um projeto receita. Este é um projeto ingrediente.

Aproveite e seja nosso parceiro, reproduzindo-o, remodelando-o, ajustando-o da forma que

melhor convier a sua experiência. Depois, divida conosco suas sugestões para ampliarmos ainda

mais nosso leque de possibilidades.

Vamos lá?

Fundamentação teórica, objetivos, critérios de avaliação e referências bibliográficas

Fundamentação teórica: O Projeto de Cinema: ―O olhar para...‖ tem como disciplina norteadora a de Língua Portuguesa.

Iniciamos, agora, as concepções teóricas que nortearam nosso caminho para construção deste

material.

O que será que aproxima este projeto da área de linguagens?

A língua das linguagens

Entende-se, aqui, que o funcionamento da língua está para a enunciação como um

acontecimento de linguagem; linguagem, por sua vez, é concebida como ―lugar de conflito, de

confronto ideológico em que a significação se apresenta em toda sua complexidade‖,

entendendo-a não só como reunião de mecanismos linguísticos, como também de mecanismos

―extralinguísticos‖ (BRANDÃO, 2002, p.92). Isso quer dizer que a língua é nosso principal

instrumento para interação com as pessoas, ter acesso às informações, aos conhecimentos

construídos, enfim, sermos cidadãos atuantes na cultura da qual fazemos parte. Por meio das

linguagens, ainda, realizamos diferentes operações intelectuais, organizamos o pensamento,

planejamos ações, desenvolvemos a memória.

Esse funcionamento da língua como lugar dialógico, como ―confronto‖, se relaciona ao conceito

de gênero discursivo defendido pelo teórico BAKHTIN (2003):

Aqui se compreende o gênero como forma relativamente estável, forma essa que o atesta [o gênero] como plástico, flexível. O gênero, como parte de um evento, de uma cena enunciativa, uma vez vivificado no tempo, surge em meio a relações sociais, numa materialidade observável e com fins de sua emergência.

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Isso quer dizer que nós nos utilizamos do gênero para nos comunicarmos. Essa comunicação

acontece, quando esses gêneros se materializam em textos como uma carta, um conto, um

contrato, uma receita de bolo, uma entrevista, um rap, um poema. No espaço do cinema, temos

diversos gêneros que com ele dialogam: conto, sinopse, resenha, resenha opinativa, cartaz de

cinema, crítica e até mesmo o próprio filme. Quais gêneros são trabalhados em suas aulas?

Quais gêneros são trabalhados nas outras disciplinas?

Em ―Estética da Criação Verbal‖, Bakhtin defende que o gênero é ―uma forma do enunciado que,

como tal‖, recebe uma expressividade determinada, típica, própria do que lhe é dado (BAKHTIN,

2003, p.311). O autor desenvolveu sua teoria de gêneros a partir do uso cotidiano da linguagem,

suas limitações e interseções.

Dessa forma, pode-se pensar os gêneros discursivos como formas verbais produzidas

dialogicamente e pelas quais, é possível acompanhar a expansão dos enunciados para outras

esferas da comunicação ―graças à dinâmica de outros códigos culturais que se constituem, em

relação à palavra, um ponto de vista extra posto‖ (MACHADO, 2005, p.133). Compreender os

gêneros do discurso, portanto, significa ir além da interpretação linguístico-textual e operar com

os fatores sociais, históricos e circunstanciais vinculados ao aparecimento e funcionamento

desses gêneros.

A partir da necessidade de comunicação humana, os gêneros discursivos são socialmente

construídos em eventos em que atores sociais interagem; essa interação faz emergir

(materializar) textos que apresentam a língua em sua engrenagem social.

Segundo Matencio (2006), ―os gêneros de discurso emergem em sua materialidade em razão de

certas condições históricas, em que o real e o simbólico resistem ao sujeito, que, por sua vez, age

sobre o real e o simbólico‖ (MATENCIO, 2006. p.07).

Para ficar bem claro, aqui se entende

o sujeito como um ser lesionado pelo simbólico e cujo tempo de enunciação está entre o presente e o espaço real. Explicando... o sujeito é visto como um ser regulador do seu querer-dizer, tomado na materialidade do acontecimento.

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Tudo isso serve para compreendermos que os textos que produzimos (orais ou escritos) são

formas de dizer que tiveram origem nas necessidades criadas em diferentes esferas da

comunicação humana (gêneros). Essas formas de dizer — oralmente ou por escrito — não são

inventadas a cada vez que nos comunicamos, mas estão à nossa disposição, eles circulam nos

mais diferentes meios sociais, mesmo que possamos não ter consciência delas. Elas pertencem

ao nosso universo cultural e ao que está ao nosso redor. Cabe à escola aproximar-se do universo

cultural de seus educandos e para isso é preciso levar para a sala de aula textos inscritos em

gêneros que circulam socialmente, aqueles que existem na sociedade: como conto, sinopse,

resenha, resenha opinativa, cartaz de cinema, crítica etc. e também suportes textuais, como

jornais, revistas, livros, embalagens, folhetos, panfletos, cinema etc.

Fácil, não é?

Para uma fundamentação específica deste trabalho em sua sala de aula, recorra ao seu material

de apoio, o que possivelmente foi feito antes de iniciar o ano letivo, ou peça à coordenação,

supervisão ou à direção de sua escola os parâmetros pelos quais você deve pautar o seu

trabalho. Pode ser os Parâmetros Curriculares Nacionais, pode ser o seu PDE (Plano de

Desenvolvimento Escolar), ou plano de curso com os objetivos de suas aulas. Pegue esse

material e redija, de forma bem clara, os objetivos que você, como professor, pretende alcançar,

em suas aulas, através desse projeto de cinema.

Cada professor tem o seu objetivo básico, pois sabe da realidade em que trabalha. Como é um

projeto multidisciplinar e pode ser aplicado em todo o Ensino Fundamental – Anos Finais, então

cabe ao professor delimitar aonde quer chegar com esse trabalho. Oferecemos vários objetivos

como referência como você verá posteriormente, entretanto é de extrema importância que esses

objetivos também sejam traçados coletivamente, pois a riqueza desse projeto está no trabalho

interdisciplinar.

Arte e visão interdisciplinar

Considerando a ARTE como um catalisador da realidade e sua representação um simulacro do

que a própria existência humana recondiciona e ―reprograma‖ a fim de questionar sua própria

existência para daí continuar existindo, é proposto o projeto CINEMA que objetiva, entre outros,

na produção sistematizada e procedimental de textos em diversas linguagens que se relacionam

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com a temática artística central (a estética do cinema): resenhas, capa, roteiro, filmes, pesquisa...

O projeto estende-se a diversas disciplinas privilegiando a porosidade natural que as une,

contemplando os conteúdos das áreas de conhecimento na promoção e efetivação dos objetivos

gerais e específicos. Por isso, a ESTÉTICA como tematização não pode ser delegada a uma

disciplina apenas,

o próprio status dessa tematização precisa ser considerado, pois, muitas vezes, reforça-se a desqualificação da experiência estética ao remetê-la, por exemplo, para o âmbito da intuição pura e irracional e ao reduzi-la à disciplina Educação Artística. Como conhecimento relacionado ao impulso mimético por meio da experiência sensível, a estética perpassa e mobiliza vários componentes curriculares. (LOUREIRO, 2008)

Como aponta Loureiro (2008), pensar essa estética fílmica se justifica dentro de um projeto

interdisciplinar que envolva todos os ―componentes curriculares‖, para isso, é preciso afirmar que

uma meta coletiva das disciplinas seja o desenvolvimento do domínio da expressão oral, escrita e

imagética em diversas situações de uso da linguagem1 (e em diversas linguagens2), pois

trabalhar com cinema e sua estética é trabalhar com linguagens, com o desenvolvimento das

linguagens. Essa meta, entretanto, não é limitadora à disciplinas exatas, pelo contrário. Afinal,

essas disciplinas também têm as suas linguagens.

Registra-se que linguagem já não é vista mais como uma propriedade atributiva e descricional

das coisas do mundo, mas sim uma ferramenta que transcende essas ―coisas do mundo‖

(FABRIS, 2008) e as recriam pelo olhar humano. Faz-se, portanto, uma vez urgenciada nos

meios educacionais, a compreensão dessa atividade simbólica que afeta o ser humano. Atividade

essa que se traduz na forma discursiva de percepção do mundo, realizada a partir de uma

tomada social, de um papel social imbuído e assumido enquanto relações de poder. Sobre isso,

apropriando-se, como fundamentação, conceitos teóricos como os de Foucault em que o discurso

é tomado como um conhecimento sobre o mundo que não só estiliza e contorna sua

compreensão, como também permite, emaranhado e balizado pelas relações de poder, ser usado

a partir de um propósito comunicativo. Sendo assim, como a pesquisadora Fabris (2008), em

―Cinema e Educação: um caminho metodológico‖:

entende-se que as identidades não são categorias essenciais, naturais, fixas, unas, globais, e sim que podem ser relacionais, sociais, mutantes, múltiplas e contingentes. Admite-se também que a interpelação não é um processo unilateral para efetivar-se, ela precisa do pólo ativo do sujeito. Os indivíduos,

1 Teoria Bakhtiniana. 2 “A prática da linguagem em sala de aula: Praticando os PCNs”

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ao assumirem essa ou aquela identidade, são interpelados por discurso e, ao mesmo tempo transforma-no de acordo com suas histórias de vida, com as poições-de-sujeito que ocupam no instante da interpelação. Esse é um processo infinito, rejeitadas, outras são abandonadas e algumas são assumidas, o que confere, provisoriamente, um sentido de pertencimento a um determinado grupo social. (FABRIS, 2008, pg.124)

Para a autora, ao tomar o cinema como parte de uma metodologia de trabalho, não se pode

desconsiderar nas análises discursivas propostas, ou na ―visualidade‖, ou ―análise visual crítica‖

— como prefere a autora —: quem diz, de onde diz, para quem diz, quando diz.

Essa compreensão metodológica fundamentada na análise do discurso pressupõe, para os

profissionais que se empenharão neste projeto, que ―culturas diferentes constroem diferentes

relações com a educação e a escola.‖ E como Fabris, perguntamos se ―circula entre nós uma

representação globalizada de escola,‖ pois ―precisamos ficar alertas para os efeitos da mídia

nessa produção de representações mais globais e menos locais ou vice-versa.‖ (FABRIS, 2008,

pg.125)

No percurso metodológico que aqui se apresentará, todo propósito comunicativo perpassa um

domínio de códigos de linguagem, da sua compreensão e da produção de textos que

materializam gêneros3, considerando os espaços enunciativos em que se apresentam, o projeto

de dizer do enunciador, os possíveis efeitos de sentido desse projeto — produção, circulação e

recepção — fazem parte de um todo integrado que ora se especificam na compreensão de

estratégias (em Língua Portuguesa, por exemplo) ora se coletivizam em recortes de tempo

históricos (em História, por exemplo)4.

Dessa forma, o conjunto de objetivos proposto permeia as áreas de conhecimento envolvidas e

tornam-se necessárias situações de práticas escolares na busca de um ser humano pleno e

realizado, cujo processo de crescimento não se finaliza aqui, mas o tem como finalidade. Veja os

objetivos a seguir.

3 Como procedimentos de aquisição de gênero foram seguidos de acordo com a proposta da escola suíça de educação por Dolz e Schenewly, difundidas como

prática aqui no Brasil por Jaqueline Peixoto. 4 Os gêneros escolares devem estar a serviço da construção do sujeito e da cidadania. Ao construir o conceito de um gênero e as informações sobre a estrutura e

linguagem mais adequada para a sua circulação eficaz, o educando fica capacitado de produzi-lo e exercê-lo socialmente: uma resenha, uma carta, um panfleto, um comercial... Apropriar-se da produção de um gênero significa habilitar o educando a conhecê-lo, compreendê-lo, analisá-lo, criticá-lo, usá-lo e até subvertê-lo.

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Objetivos sugeridos:

A fundamentação teórica é muito importante, mas conosco ela sempre será parcial. Só você,

professor, pode completá-la, amalgamando sua experiência, os seus ―porquês‖, neste projeto.

Fundamentar a nossa prática é o primeiro passo para a otimização do respeito ao trabalho

docente. Se é com ciência que trabalhamos, então é preciso fazer uso dos procedimentos

científicos que sabemos para sustentar nossa prática. Se ficar claro exatamente onde quer

chegar, tudo fica mais fácil, pois está registrado os passos que pretende dar, o porquê desses

passos, a avaliação pretendida e por fim, o ―produto‖ material de sua conquista que se

materializará na produção de um filme, mas que por traz cimentará uma série de práticas cujo

objetivo vão muito além de sua produção em si.

Lembre-se, como foi dito: esse não é um projeto receita e sim ingrediente!

Algumas sugestões de objetivos gerais pelos quais você pode se pautar para justificar a sua prática com esse projeto:

―Provocar a reflexão, questionando o que, sendo um constructo que tem história, é tomado como natureza, dado inquestionável‖5;

proporcionar diferentes formas de se olhar além dos muros da escola;

proporcionar a expressão dos sentimentos e sensações desencadeados pelo contato com a

sétima arte;

proporcionar discussão acerca da arte cinematográfica e sua função expressiva, comunicativa

e dinamizadora através dos tempos;

estimular e favorecer a troca de experiências por meio da arte do cinema;

produzir textos em diferentes gêneros e/ou transpô-los a um outro gênero com outros fins com

circulação garantida;

circular e materializar discursos, além da sua compreensão atravessada nos textos;

conhecer os recursos cinematográficos como uma forma de expressão da cultura;

conhecer os signos cinematográficos e sua utilização como recurso verbal ou não-verbal;

observar e compreender o uso da câmera como estratégia de expressão não-verbal;

5 Transcrição de parte da entrevista de Ismail Xavier, professor da USP quando questionado sobre a relação educação X cinema (Educação & Realidade – v33, n 1. jan/jun 2008 publicação semestral da FACED/UFRGS) – vide referências bibliográficas em sequência.

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manipular a narração explícita ou não-explícita na condução de uma história;

entre vários outros objetivos...

Critérios de Avaliação:

Avaliação está para a compreensão de como o processo garantiu efetivos efeitos e/ou resultados

ao final do curso de língua portuguesa. Os aspectos avaliados podem ser múltiplos, entretanto,

eleger o que é de fato necessário, enquanto produto de uma aula ou de um curso, só o professor

responsável pode reconhecer, pois isso dependerá do perfil de sua turma e dos vínculos que ali

foram estabelecidos no processo de ensino-aprendizagem. Vale o registro de que função do

professor é satisfazer todas as possibilidades de alcance dos objetivos primários estabelecidos e

a avaliação desses objetivos deve levar em consideração todo o processo e crescimento de sua

turma. Por isso, muitas vezes você deve considerar a avaliação como um aspecto cada vez mais

personalizado, dentro de suas possibilidades.

A avaliação baseada em observação sistemática e contínua do desempenho dos educandos nas

várias situações de uso das capacidades de fala, de leitura e de escrita, deve servir ao professor

como possibilidade de reflexão sobre o processo de ensino e aprendizagem, portanto, avaliação.

Os momentos de diagnóstico ou de levantamento dos conhecimentos dos educandos sobre o que

trazem e o que vão aprender oferecem pistas ao professor sobre seus educandos reais: o que já

sabem e o que é preciso planejar para ampliar as aprendizagens. Ao longo da realização das

atividades, a observação de dúvidas e dificuldades nos trabalhos em grupo, em pares ou

individuais, também permite perceber avanços e mapear necessidades de revisão e retomadas

de conteúdos.

DICA PRECISOSA Antes de iniciar o projeto, reúna os professores e assistam ao documentário: ―Cien niños esperando un tren‖. Este é um belíssimo documentário do cineasta chileno Ignácio Agüero. O documentário, produzido pelo Canal 4 do Chile em 1988, conta a história de uma professora, ainda sobe a égide da ditadura militar de Pinochet — o general deixa o poder um ano depois com a eleição de Patrício Aylwin — que ensina a estética do cinema a seus alunos em uma comunidade carente do interior.

O filme está disponível na plataforma Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=rxN14Ob47Qs

Fontes sobre a ditadura militar no Chile: http://hannaharendt.wordpress.com/2008/12/02/o-exemplo-do-chile-a-ditadura-reconhece-seus-

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crimes/ http://www.brasilescola.com/historia-da-america/ditadura-chilena.htm http://rreloj.wordpress.com/2008/10/25/mccain-se-entrevisto-con-pinochet/

Desenvolvimento

A partir de todo aporte teórico, iniciamos os procedimentos deste projeto: 1ª Parte: Avaliação diagnóstica: Sugestão interdisciplinar: professores de Língua Portuguesa, Arte, História, Sociologia ou Filosofia

DICA PRECIOSA:

Vídeo de sensibilização: Os Primeiros Filmes Mudos de 1896 a 1912 https://www.youtube.com/watch?v=XcPXkl48dxQ

Que perguntas você faria para o seu educando sobre cinema? O mais importante é você

conhecer qual é o perfil da sua turma. Qual a relação desses educandos com o cinema e qual a

relação com a estética do cinema? Ir ao cinema sempre quer dizer gostar de cinema, ou gostar

de filmes de ação?

Abra a discussão sobre o tema. Faça em forma de enquete ou apenas discuta essas questões.

Será imprescindível que o professor conduza a discussão para algumas questões importantes

como:

cinema cidade X cinema shopping

cinema americano X cinema de arte

cinema blockbuster X cinema reflexão

cinema do silêncio X cinema da palavra

DICA PRECISOSA (para os professores)

Para a instrumentalização dessa discussão, sugerimos um importante ensaio do autor Theodor Adorno. ADORNO, Theodor W., HORKHEIMER, Max; Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2006

Disponível nos links em PDF em Set/2013:

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http://carloscouto.weebly.com/uploads/5/6/7/4/5674703/indstria_cultural_e_sociedade_-_theodor_adorno.pdf http://www.nre.seed.pr.gov.br/umuarama/arquivos/File/educ_esp/fil_dialetica_esclarec.pdf O segundo texto é uma excelente reportagem sobre os cinemas de uma grande cidade que deixaram de existir ou migraram para os shoppings: Disponível no link: http://www.cinemaemcena.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=43211 - Acesso em 10/09/2013.

As sugestões a seguir são para um trabalho inicial com os educandos. Assista aos filmes, abra uma discussão sobre os elementos trazidos pela história, sem desconsiderar a forma como essa história foi contada. Já o livro indicado é uma ótima sugestão para o trabalho interdisciplinar. Adquira o livro antes para todos os professores. O livro indicado a seguir aflorará toda a sua criatividade, considerando a delicadeza com que a história foi construída.

DICA PRECISOSA (para os educandos)

Filme: “Saneamento Básico – O filme” Sugestão interdisciplinar: professores de Língua Portuguesa, Arte, História, Ciências e Geografia. Sinopse: um grupo de moradores cria um filme para

arrecadar dinheiro para um bem social na comunidade

em que vivem.

Disponível em http://www.adorocinema.com/filmes/filme-186193/ - Acesso em 11/09/2013.

Filme: “Cine Holiúdy” Sugestão interdisciplinar: professores de Língua Portuguesa, Arte e História.

Disponível em http://www.adorocinema.com/filmes/filme-219352/ com acesso em 11/09/2013 Sinopse: o filme se passa no in do Ceará e conta como a popularização da TV prejudicou o

cinema e toda a sua magia no imaginário das comunidades. Excelente indicação: filme de

comédia, drama, reflexão. Os educandos se encantarão. Educandos de todas as idades!

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Excelente trabalho combinado com livro “A contadora de filmes” indicado a seguir.

Trailer: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-219352/trailer-19533794/

Livro: ―A contadora de filmes‖ Sugestão interdisciplinar: professores de Língua Portuguesa, Arte e História. O livro permite um maravilhoso e produtivo trabalho interdisciplinar! A história conta de uma menina que morava em uma comunidade chilena. Ela descobre no cinema uma forma de contar a vida! Tudo terminar com a chegada da televisão e com o fim da comunidade, exatamente com o golpe militar no Chile — que em setembro de 2013 completou 40 anos.

Livro: ―A contadora de filmes‖ Autor: Hernán Rivera Letelier Tradução: Eric Nepomuceno Editora: Cosacnaify

Sugestão de atividade: ATIVIDADE_01

2ª Parte: proximidade com o conteúdo Sugestão interdisciplinar: professores de Língua Portuguesa, Arte, História

Sugerimos após essas leituras e discussões iniciais, a retomada específica do conteúdo de cada

disciplina.

Importante:

Antes, porém, cada professor envolvido no projeto deve se perguntar: como a estética do cinema

pode contribuir com meu conteúdo? Como o meu conteúdo pode focar também a estética do

cinema?

Qual a importância dessas questões? Primeiro, não perder de vista os conteúdos já programados

para a série e, em segundo, não usar o cinema apenas como uma forma diferente de dizer, de

expor o que será dito em sua aula.

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Isso significa que em uma aula de História sobre a Rússia de 1905, a Rússia czarista, em que o

conteúdo é sobre Revolução de 1917, não se deve usar o cinema como uma estratégia de aula,

ou seja, apenas para dizer sobre parte da história, isso é reduzir o cinema a uma contação

indevida. Não é possível exibir, por exemplo, o filme ―O Encouraçado Potemkin‖ (1925) que fala

sobre a revolução de 1905 apenas para ilustrar a aula.

Neste projeto, sugerimos que a estética esteja sobreposta a qualquer narrativa. Isso quer dizer

que o filme pode até reforçar a aula já dada pelo professor, entretanto, não dizer, por exemplo, da

representação emocional dos enfrentamentos ideológicos do filme seria uma perda imensurável.

Ficar só na história em si, é perder a chance de mostrar a importância do diretor Serguei

Eisenstein e sua construção dos planos de face das personagens, dos sofrimentos, dos planos

nas botas dos soldados e a importância político-discursivo que isso significa.

DICA PRECIOSA:

“50 filmes para conhecer criticamente a História”

Disponível em: http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/50-filmes-para-

conhecer-criticamente-a-historia/

Toda escolha fílmica à exibição, em sala de aula, deve, portanto, além de passar pelo crivo das

questões tratadas no box anterior, também responder a seguinte questão: o que o fazer desse

filme diz sobre ele?

O professor não é obrigado a entender da parte artística do filme, ou de cinema, para tanto, basta

procurar informações na internet sobre as películas e suas representações e produções. Há

diversos sites especializados em críticas que podem otimizar a simples exibição de uma história.

Lembre-se: mais importante do que a história contada é como ela foi contada.

Em Língua Portuguesa, o professor pode usar o filme como um recurso didático excelente, unindo

o conteúdo à estética.

Vamos ilustrar como esse trabalho pode ser feito. Veja alguns exemplos.

Aproveite esse exemplo e pense como o cinema, com toda a sua grandiosidade, pode contribuir com esse conteúdo.

Sugestão de aula de Língua Portuguesa

Conteúdo gramatical: Expressões adverbiais (advérbios, locuções adverbiais, adjuntos adverbiais)

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a- Problematização: na lousa, proponha um texto para os educandos e pergunte sobre os

elementos presentes no trecho que indiquem uma circunstância, elementos que

contribuem para o desenvolvimento principalmente da ação, indicando o como, o onde, o

quando, o com quem...

Sinopse do filme: “Ladrões de Bicicleta” (1948)

Em Roma, no pós-guerra, um trabalhador de origem humilde, Antonio Ricci (Lamberto

Maggiorani), luta para sustentar a família. Precisando de uma bicicleta para começar em um novo

emprego, Ricci penhora as roupas de cama da casa. Para desespero da família, a bicicleta é

roubada e Antonio sai junto com o filho Bruno (Enzo Staiola) para procurá-la pela cidade. Disponível em http://www.adorocinema.com/filmes/filme-2570/ - Acesso em 10/09/ 2013.

b- Identificado e compreendido (ver trechos emoldurados), promova com os educandos o

registro na lousa da construção conceitual desses elementos. Para que servem esses

modalizadores no texto? O que são eles? O que eles fazem?

c- O registro dos conceitos construídos, em sala, é fundamental para que o educando se

aproprie de uma linguagem instrucional. Lembre-se, o registro do conceito vem depois de

sua construção. Se possível, sugerimos que o educador leve livros diversos para a sala de

aula, para que compare as diferentes definições conceituais daquele conteúdo. Sugerimos

que o educador trabalhe, nesse momento, a comparação entre a forma de dizer conceitual

em diferentes fontes.

d- Após o registro, peça que procurem na gramática, outros conceitos atribuídos a esses

termos: advérbios, locuções e adjuntos adverbiais. Onde se encontram? O que fazem?

Quais os conceitos encontrados nas diferentes gramáticas? Qual o conceito mais simples?

Qual o mais complicado? Por que um conceito é mais complicado que outro?

e- Posterior à identificação na problematização, após o registro e discussão conceitual,

vamos iniciar o trabalho com a sistematização do conteúdo. Ofereça agora aos educandos

uma aula diferente. Exiba, em tela, o vídeo indicado abaixo, disponível no Youtube. Você

terá disponível vários trechos de filmes e as trilhas sonoras que os acompanham. Caso

não queira utilizá-lo, procure outros filmes cuja trilha sonora seja muito importante e utilize-

os em sua sala. Esse vídeo foi produzido especialmente para este projeto. Ele é um

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recorte de quatro grandes filmes em que a trilha sonora é responsável na construção do

clima na cena.

Atenção à orientação de como trabalhá-lo, em sala de aula, de forma que os efeitos

pretendidos sejam alcançados:

Exiba os trechos sem o som dos filmes e peça que os educandos digam a sensação.

DICA PRECIOSA

http://www.youtube.com/watch?v=93EYEiW_Y9s&feature=em-upload_owner

1º - Filme ―Tubarão‖, com a música clássica de John Willians.

2º Filme ―X-Men‖, a música está em um trecho de muito suspense.

3º Filme ―Missão Impossível‖, a música célebre é quase um outro personagem na

sequência alucinante de perseguição.

4º Filme ―A máquina do tempo‖, a música foi construída para os passos dados pelos

envolvidos na cena.

Posteriormente, exiba novamente o vídeo, porém, agora, com o som e pergunte se os

efeitos pretendidos e decorridos foram os mesmos ao ver a cena sem som. O que a trilha

sonora fez com os trechos?

Ao final, pergunte aos educandos o que, na escrita, contribuiria na criação do suspense

como a música faz com os filmes. Como reproduzir as cenas com o mesmo suspense

criado não verbalmente?

DICA PRECIOSA

Aproveite esses momentos para abrir a discussão sobre a importância da música na trilha sonora

dos filmes. Quem é o maior musicista do cinema? Como ele trabalha? Pesquise, sugira

pesquisas. Mostre como a construção da estética de um filme está intimamente ligada aos

elementos auditivos que a ele são incorporados. Para enriquecer suas aulas, visite sites

especializados, ou traga outros filmes com importantes trilhas sonoras. Provoque uma discussão,

perguntando se o musicista hollywoodiano John Willian pode ou não ser considerado o Bethoven

deste século. Leia a respeito, leve informações interessantes... vá além!

O vídeo é um recorte de filmes interessantes que podem agradar aos educandos na idade

em que estão, porém há outros que os próprios educandos podem trazer.

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f- Por fim, sugerimos uma atividade de sistematização. Nesse momento, a sistematização

em atividades sobre o conteúdo construído e registrado na lousa é imprescindível. Essas

atividades devem ser graduais: fáceis, médias e difíceis. Elas precisam estimular e desafiar

o educando.

Sugestão de atividade: ATIVIDADE_02

Isso é trabalhar cinema, isso é respeitar a grandiosidade do cinema e trazê-lo para bem

próximo do seu trabalho em sala de aula.

3ª Parte: Mais leituras... Sugestão interdisciplinar: professores de Língua Portuguesa, Arte, História, Sociologia ou Filosofia Sugerimos, nesta parte do projeto, que os professores se reúnam e pensem em possíveis livros

para uma escolha única. Livros que possam ser trabalhados, nas disciplinas e com os educandos,

em leitura individual ou compartilhada.

Como sugestão, indicamos livros de literatura fantástica. Geralmente a idade entre 6º e 9º anos

gostam de temáticas ligadas a esse tipo de filme.

Um bom livro que pode oferecer elementos de trabalho em todas as disciplinas é:

Leitura:

Livro: ―A metamorfose‖

Autor: Franz Kafka

DICA PRECIOSA O livro está disponível e livre na internet: Site Domínio Público: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action&co_obra=16641 http://www.culturabrasil.org/zip/metamorfose.pdf

A ideia é criar elementos para que os educandos possam escrever, produzir textos com as temáticas escolhidas a partir dos livros. Em se tratando da narrativa de Kafka, peça que os educandos explorem, ao máximo, os elementos aprendidos com os livros, nos textos produzidos. Como reforçar as estratégias de construção do suspense, ou da narrativa sobrenatural, característico em narrativas como essas?

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Elenque em sala de aula quais são essas características no livro, onde estão. Peça também que os alunos tentem reproduzi-las. Alunos, na faixa etária do Ensino Fundamental - Anos Finais, gostam desse tipo de narrativa, eles têm a tendência de apreciarem narrativas fantásticas. Explore, então, esse gosto em função dos seus objetivos.

DICA PRECIOSA Informe-se em sites como: http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/18-dicas-leitura-quem-gosta-levar-sustos-738057.shtml LITERATURA: 18 dicas de leitura para quem gosta de levar sustos — Uma seleção de histórias cheia de terror, suspense e mistério para aterrorizar até o mais valente dos leitores http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/00003F/00003FC6.pdf O adolescente e o herói Harry Potter: um estudo sobre identidade e formação de leitor Monografia apresentada à Diretoria de Pósgraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense- UNESC, para a obtenção do título de especialista em Língua e Literatura com Ênfase nos gêneros do Discurso. — Orientador: Prof.(Dr). Celdon Fritzen http://jpress.jornalismojunior.com.br/2012/10/fantastico-mundo-leitura/ O fantástico mundo da leitura — Desde os best sellers infanto-juvenis ao consagrado e erudito mundo dos clássicos, a leitura está coberta de magia, e também de polêmicas.

4ª Parte: Vamos produzir roteiros? Sugestão interdisciplinar: professores de Língua Portuguesa, Arte A atividade de construção de um roteiro usa como conteúdo a sistematização de termos

morfológicos e sintáticos na construção do clima de uma história, exatamente como os exemplos

mostrados. Por isso, os passos para que os educandos cheguem a um roteiro são grandes. É

preciso que o educador, pacientemente, explique aos educandos a importância de se

compreender essas estratégias. Elas são essenciais na otimização dos efeitos de suspense ou de

humor, por exemplo, em um roteiro de cinema. Sugerimos, então, que o educador relembre esses

termos com os educandos como forma de deixá-los mais seguros e poderem administrar melhor

o uso desses termos como estratégias textuais de forma conscientes, como explicado na

fundamentação teórica deste projeto.

Sugestão de atividade: ATIVIDADE_03

Após a produção de texto realizada:

Sugestão de atividades: ATIVIDADE_04 e ATIVIDADE_05

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As atividades 3, 4 e 5 ajudarão os educandos a entenderem o processo de criação de um roteiro.

Sugerimos que todas as informações (atividades) realizadas devam ser arquivadas para consulta

do processo de produção, que se iniciou com uma discussão cinematográfica e agora já se

encontra em um estágio de preparação para um roteiro cinematográfico. O mais importante é que

os educandos compreendam todos os passos para se construir um filme, desde o brain-Storn

inicial até a forma política de decisão em um trabalho em grupo. A ideia é transformar esse roteiro

produzido em um filme, em um curta-metragem que pode ser assistido por todos na escola. Caso

precise de mais informação, sugerimos o excelente site: http://www.roteirodecinema.com.br. Além

de livros que podem ser consultados nas referências bibliográficas deste projeto.

DICA PRECIOSA

Depoimento sobre a criação de um roteiro:

https://www.youtube.com/watch?v=IoDZz_G32hU

Sugestões para a criação de roteiro:

https://www.youtube.com/watch?v=o95xaFinqxE

https://www.youtube.com/watch?v=tfJPE_jaeGE

5ª Parte: Sessão de cinema Sugestão interdisciplinar: professores de todas as disciplinas

Para que os educandos se familiarizem ainda mais com o universo do cinema, sugerimos, agora,

uma lista de filmes que imaginamos, dado a importância de cada uma das obras para a arte, ser

importante para que um estudante do Ensino Fundamental assista.

São filmes importantes para a história do cinema e que trazem consigo elementos originais em

suas criações. Quem sabe você não promove em sua escola uma sessão a cada semana?

Lista 01, filmes escolhidos pela relevância histórica do cinema:

1- O Gabinete do Dr. Calegari (Robert Wiene – Alemanha – 1920)

2. Em busca do Ouro (Charles Chaplin – EUA – 1926).

3. Ladrões de Bicicleta (Victtorio de Sica – Itália – 1948)

4. Pierrot Lê Fou (Jean-Luc Godard – França/Itália – 1965)

5. Carrie, a Estranha (Brian de palma – EUA – 1976)

Lista 02, filmes escolhidos pela forma como trata o amor na linguagem cinematográfica. Nesta

segunda lista, o amor por/em uma mulher, por um amigo, por um fazer, nos diversos modos como

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é imaginado pelo cinema, é o que configura esta seleção a que propomos. Trata-se de pensar

num amor despertado pela e na tela, ―atirado pela janela‖ do cinema, que não representa

necessariamente amores reais. O amor pode ser construído segundo distintos olhares e

instrumentos, abrindo, assim, as suas potencialidades pela ampla linguagem do cinema. Os

diferentes labores para dar forma à imagem em movimento - com a câmera, a textura, a

fotografia, a edição, a atuação, a trilha sonora, o figurino, a palavra - dá relevo maior a uma ou

outra faceta dessa linguagem. Nos filmes selecionados, a linguagem do cinema parece vir à tona

com mais vivacidade nos seus detalhes, que ganham espaço para despertar a sutileza de um

olhar que, pouco a pouco, se desautomatiza (e se liberta dos vícios provocados pelo contínuo

apelo aos excessos do horror, à ação e aos efeitos especiais) e passa a enxergar o que

usualmente não vemos: este também um exercício de amor.

1 – “Um beijo roubado”

2 – “Abril despedaçado”

3 – “Asas do desejo”

4 – “Sonhos”

5 – “Moça com brinco de pérola”

6 – “O fabuloso destino de Amelie Poulain”

6ª Parte: Vamos produzir filmes, a partir dos roteiros criados? Sugestão interdisciplinar: professores de todas as disciplinas

Após a construção do roteiro como proposta claramente nas atividades de exemplo, sugerimos,

em um novo passo, que o educador peça aos educandos um trabalho de produção de filme. Para

isso, como sugerimos, desde o início, o professor deve procurar fazer parcerias com outros

educadores e desenvolver este projeto de forma interdisciplinar.

Quando os filmes ficarem prontos — que podem ser feitos por celular, por câmeras... — ajude os

educandos a editarem, colocarem músicas. Isso é muito importante! Há diversos programas na

internet que podem ajudá-los. Caso tenham dúvidas, há diversos tutoriais também disponíveis na

internet explicando como fazer.

Os educandos podem fazer, na disciplina de Arte, os cartazes dos filmes produzidos. Como eles

seriam? Que elementos não verbais teriam?

Educandos de uma sala podem fazer a resenha crítica dos filmes de outra sala, trocando

experiências e informações sobre as produções. Convide cineastas para conversarem com seus

educandos, para falarem das experiências, trocarem informações.

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Seja criativo, seja parceiro e aproveite a oportunidade de motivar os estudantes a fazerem um

bom trabalho.

Esperamos, profundamente, que o projeto atenda a cada uma das expectativas construídas por

seus educandos. É nosso maior desejo que tudo dê certo e que possa otimizar a já existente

qualidade de suas aulas, em uma busca frutífera pela excelência na educação.

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