Projeto de Ciencias Rurais - Mip

30
 UNIVERSIDA DE FEDERAL DE SANTA CATARINA CAMPUS DE CURITIBANOS BACHARELADO EM CIÊNCIAS RURAIS LUCAS TIBURSKI MANEJO INTEGRADO DA H elicoverpa armigera  NA CULTURA DO MILHO (Ze a mays ) NA REGIÃO DE CURITIBANOS    SC CURITIBANOS 2013

description

PROJETO DE CIENCIAS RURAIS

Transcript of Projeto de Ciencias Rurais - Mip

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    CAMPUS DE CURITIBANOS

    BACHARELADO EM CINCIAS RURAIS

    LUCAS TIBURSKI

    MANEJO INTEGRADO DA Helicoverpa armigera NA CULTURA DO MILHO (Zea

    mays) NA REGIO DE CURITIBANOS SC

    CURITIBANOS

    2013

  • LUCAS TIBURSKI

    MANEJO INTEGRADO DA Helicoverpa armigera NA CULTURA DO MILHO (Zea

    mays) NA REGIO DE CURITIBANOS SC

    CURITIBANOS

    2013

    Projeto apresentado como exigncia da

    disciplina de Projetos em Cincias Rurais

    do Curso de Cincias Rurais da

    Universidade Federal de Santa Catarina

    Campus Curitibanos. Sob orientao dos

    professores Mnica Aparecida Aguiar dos

    Santos e Alexandre Tavela.

  • RESUMO

    O Brasil vive um momento crescente no setor agropecurio, mas estas perspectivas

    crescentes de produo podem ser comprometidas em decorrncia dos problemas

    fitossanitrios que os produtores vm enfrentando nas ltimas safras, como a praga

    Helicoverpa armigera. Esta espcie de inseto gil, com alta taxa de reproduo,

    extremamente polgafa, com capacidade de se alimentar de mais de 100 espcies de

    plantas, vrias de relevncia econmica, como o algodo, soja, sorgo, feijo, trigo e

    milho. Ainda, esta praga resistente a vrios princpios ativos e tambm a tecnologia

    Bt, muito utilizada no controle das lagartas. Este trabalho tem como objetivo avaliar a

    eficcia do controle da Helicoverpa armigera na cultura do Milho com o uso do Manejo

    Integrado de Pragas (MIP) na regio de Curitibanos SC. O delineamento experimental adotado ser com quatro blocos e seis tratamentos, onde os tratamentos sero feitos com

    controle biolgico, inseticidas seletivos, e ainda, com o uso de variedades de milho

    transgnicos e convencionais. Com a realizao deste experimento, espera-se conseguir

    efetuar o controle eficiente da Helicoverpa armigera, diminuindo o alto ndice de danos

    e prejuzos causados pela mesma, aumentando a produtividade e a rentabilidade do

    produtor rural.

    Palavras-chave: Manejo Integrado de Pragas; Controle da Helicoverpa armigera;

    Cultura do Milho;

  • Sumrio 1. INTRODUO ........................................................................................ 5

    2. JUSTIFICATIVA ..................................................................................... 6

    3. HIPTESES ............................................................................................. 7

    4. OBJETIVOS ............................................................................................. 8

    4.1 Geral: ....................................................................................................... 8

    4.2 Especficos:.............................................................................................. 8

    5. REVISO BIBLIOGRFICA ................................................................. 9

    5.1. Ocorrncia no Brasil e no Mundo ............................................................ 9

    5.2. Caractersticas da Praga .......................................................................... 9

    5.3. Danos Causados pela Praga ................................................................... 12

    5.4. Formas de Controle da Praga ................................................................ 16

    5.4.1 poca de Semeadura ....................................................................... 17

    5.4.2. Utilizao de Plantas Transgnicas ................................................. 17

    5.4.3 Monitoramento da Praga ................................................................. 18

    5.4.4 Controle Biolgico .......................................................................... 19

    5.4.5. Parasitides .................................................................................... 19

    5.5. Viabilizao do uso de Controle Biolgico ............................................ 21

    5.5.1. Uso de Inseticidas Qumicos e Biolgicos ...................................... 22

    5.5.2. Tecnologia de Aplicaes de Agrotxicos e Bioinseticidas ............. 22

    6. METODOLOGIA .................................................................................. 23

    7. RESULTADOS ESPERADOS .............................................................. 26

    8. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES ................................................. 27

    9. ORAMENTO ...................................................................................... 28

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................. 29

  • 5

    1. INTRODUO

    O Brasil hoje vive um momento crescente no setor agropecurio, batendo

    recordes seguidos de produo de gros nas ultimas safras, onde segundo previses,

    caminha para tornar-se em breve o maior produtor mundial.

    Segundo a CONAB, 2013, a safra 2012/2013 a produo brasileira de gros foi

    de 184,1 milhes de toneladas, um aumento de 10,8% em relao safra passada e, com

    possibilidades crescer mais ainda na safra 2013/2014 .

    No entanto, estas perspectivas crescentes de produo no setor agrcola podem

    ser comprometidas em decorrncia dos problemas fitossanitrios que os produtores

    brasileiros vem enfrentando nas ltimas safras, seja pelo aumento da resistncia e

    tolerncia dos defensivos com relao s pragas e doenas j conhecidas, ou at mesmo

    pelo surgimento de novos perturbadores, como ocorreu na ultima safra, a constatao da

    Helicoverpa armigera.

    Helicoverpa armigera um inseto que apresenta ampla distribuio geogrfica,

    sendo registrada na Europa, sia, frica e Oceania, e mais recentemente, na safra

    2012/2013 foi constatada no Brasil, a notificao ocorreu nos estados de Gois e Bahia

    na cultura da soja e no Mato Grosso na cultura do algodoeiro (CZEPAK et al., 2013).

    Helicoverpa armigera considerada uma praga com grande potencial para

    causar prejuzos econmicos ao agronegcio brasileiro, pois alm de mobilidade,

    polifagia e de alta taxa de reproduo, resistente a diversos princpios ativos e

    inseticidas, e tambm h relatos de resistncia sobre a tecnologia Bt, ou seja, ao milho

    transgnico. Por todos estes motivos, a praga pode rapidamente atingir grandes

    populaes causando assim prejuzos devastadores. Estimativas mostram que as perdas

    em nvel nacional causadas por esta praga podem chegar a 5 bilhes de dlares/ano, e

    que o custo de aplicao com inseticidas nas lavouras infestadas para efetuar o controle

    da mesma, ultrapassa a casa dos 500 milhes de dlares/ano (EMBRAPA , 2013a).

    Desta forma, com a entrada da H. armigera no sistema produtivo brasileiro, h a

    necessidade de implantao de medidas de controle mais sustentveis que mantenham o

    equilbrio com os agentes de controle biolgico natural, com tticas de uso do Manejo

    Integrado de Pragas (MIP) para a obteno de um melhor resultado.

  • 6

    2. JUSTIFICATIVA

    Visto que a Helicoverpa armigera uma praga recente em nosso pas e ainda

    existem poucos estudos profundos e precisos sobre a mesma e, por esta praga ter um

    enorme potencial para causar prejuzos em diversas culturas de interesse econmico,

    de extrema importncia obter conhecimento sobre este inseto para ter uma maior

    preciso e efetividade no seu controle, evitando assim percas na produtividade que

    causaro um problema econmico em todo o setor agropecurio.

    Esta espcie de inseto gil, com alta taxa de reproduo e extremamente

    polgafa, com capacidade de se desenvolver e se alimentar em uma ampla gama de

    hospedeiros, sendo que suas larvas tm sido encontradas em mais de 100 espcies de

    plantas, cultivadas ou no, compreendendo cerca de 45 famlias, entre elas as

    Asteraceae, Fabaceae, Malyaceae, Poaceae e Solanaceae, sendo que no Brasil as

    lagartas de Helicoverpa armigera foram encontradas se alimentando vrias plantas de

    relevncia econmica, tais como o algodo, soja, milho, sorgo, feijo, milheto, guandu,

    trigo e crotalria, bem como em algumas espcies de plantas daninhas (EMBRAPA,

    2013a).

    Ainda, Helicoverpa armigera apresenta uma ampla distribuio geogrfica,

    tendo relatos de ocorrncia em muitos pases alm do Brasil, onde possui uma grande

    facilidade de locomoo, devidoao adulto da praga poder voar at 1000 Km distncia.

    No entanto, o que torna esta praga mais agravante, que ela resistente vrios

    princpios ativos utilizados no controle de outras pragas similares, como a Helicoverpa

    zea, sendo que no h ainda inseticidas especficos para o seu controle, e a praga

    tambm foi detectada se alimentando de variedades que expressam protenas Bt, ou seja,

    resistente aos transgnicos (CZEPAK et al., 2013).

    Por estes fatores serem agravantes e por tornarem a Helicoverpa armigera uma

    praga com alto potencial de causar prejuzos ao setor agropecurio brasileiro como um

    todo, torna-se indispensvel o estudo mais aprofundado sobre os mtodos de controle da

    praga, onde o Manejo Integrado da Praga a melhor forma de manter um equilbrio

    entre as culturas atacadas, a praga e os inimigos naturais, obtendo uma maior

    efetividade no seu controle.

  • 7

    3. HIPTESES

    vivel a implantao do Manejo Integrado de Pragas (MIP) com foco no

    controle da Helicoverpa armigera na cultura do milho (Zea mays), sendo este

    tipo de controle mais eficaz que uso dos mtodos convencionais e isolados.

    A utilizao do Controle Biolgico necessria para a realizao do MIP e a

    manuteno do equilbrio entre praga-inimigo natural.

    O uso de variedades de milho Transgnico importante e necessrio para a

    realizao do MIP.

    O uso de inseticidas seletivos se faz necessrio para o controle da Helicoverpa

    armigera quando a infestao pela praga atingir o nvel de dano.

  • 8

    4. OBJETIVOS

    4.1 Objetivo Geral:

    Avaliar a eficcia do controle da praga Helicoverpa armigera na cultura do

    Milho (Zea mays) com o uso do Manejo Integrado de Pragas (MIP) na regio de

    Curitibanos SC.

    4.2 Objetivos Especficos:

    Avaliar a possibilidade de implantao do Manejo Integrado de Pragas com

    foco no controle da Helicoverpa armigera na cultura do milho (Zea mays).

    Testar a eficincia do Controle Biolgico da Helicoverpa armigera.

    Analisar a necessidade da utilizao de variedades de milho transgnico para a

    melhor efetivao do MIP no controle da Helicoverpa armigera.

    Investigar a necessidade e eficincia do uso de inseticidas seletivos no controle

    da Helicoverpa armigera quanto a infestao pela praga atingir o nvel de

    controle.

  • 9

    5. REVISO BIBLIOGRFICA

    5.1. Ocorrncia da Helicoverpa armigera no Brasil e no Mundo

    H. armigera apresenta ampla distribuio geogrfica pelo mundo, sendo

    registrada em praticamente toda a Europa, sia, frica, Austrlia e Oceania. Nas

    Amricas, essa praga no havia sido detectada at 2013, quando sua ocorrncia foi

    registrada em vrias regies agrcolas do Brasil. Existe a possibilidade de que H.

    armigera j esteja disseminada por todo o pas, o que refora a necessidade da

    realizao de estudos de levantamento taxonmicos visando a conhecer sua real

    distribuio geogrfica no territrio brasileiro, em especial nas regies de importncia

    agrcola. Essas informaes, quando devidamente obtidas e catalogadas, fornecero

    subsdios para o planejamento e a implementao de estratgias no manejo integrado

    dessa praga (EMBRAPA, 2013a).

    A ocorrncia impactante de lagartas tem aumentado nas diferentes regies do

    Brasil, especialmente nas culturas de milho, soja, feijo e algodo. Mesmo diante das

    particularidades de cada regio, o relato mais frequente tem sido de ataques de lagartas

    do gnero Helicoverpa a estruturas reprodutivas das plantas (SPECHT et al., 2013).

    Esta situao tambm ocorreu com grande frequncia com os produtores da

    regio Norte, Nordeste e Centro-Sul do pas, que se depararam com a ocorrncia de

    lagartas da subfamlia Heliothinae, que tem atacado intensamente as mais diversas

    culturas de interesse econmico, como a soja, o algodo, o milho, o feijo e o tomate.

    Esta praga ataca as culturas independente destas serem transgnicas e expressarem as

    protenas Bt ou serem convencionais. Trs espcies de lagartas da subfamlia

    Heliothinae foram detectadas causando danos nestas culturas, so elas: Heliothis

    virescens (Fabricius), Helicoverpa zea (Boddie) e Helicoverpa armigera (Hbner)

    (CZEPAK et al., 2013).

    5.2. Caractersticas da Praga

    H. armigera um inseto holometbolo, ou seja, de metamorfose completa, em

    que o seu desenvolvimento biolgico passa pelas fases de ovo, lagarta, pr-pupa, pupa e

    adulta. Seus ovos so de colorao branco-amarelada com aspecto brilhante logo aps a

    sua deposio no substrato, tornando-se marrom-escuro prximo do momento de

  • 10

    ecloso da larva. A poro apical do ovo lisa, porm o restante da sua superfcie

    esculpida em forma de nervuras longitudinais. O perodo de incubao dos ovos , em

    mdia, de 3,3 dias, com o seu comprimento variando de 0,42 mm a 0,60 mm e a largura

    de 0,40mm a 0,55mm. As fmeas realizam a oviposio normalmente durante o perodo

    noturno e colocam seus ovos deforma isolada ou em pequenos agrupamentos

    preferencialmente na face adaxial das folhas ou sobre os talos, flores, frutos e brotaes

    terminais com superfcies pubescentes (EMBRAPA, 2013a).

    O perodo larval de H. armigera completado com o desenvolvimento de seis

    distintos nstares. Os primeiros nstares larvais, que apresentam colorao variando de

    branco-amarelada a marrom-avermelhada e cpsula ceflica entre marrom-escuro a

    preto, alimentam-se inicialmente das partes mais tenras das plantas, onde podem

    produzir um tipo de teia ou at mesmo formar um onde podem produzir um tipo de teia

    ou at mesmo formar um pequeno casulo. A medida que as larvas crescem, adquirem do

    amarelo-palha ao verde, apresentando listras de colorao marrom lateralmente no

    trax, abdmen e na cabea, podendo o tipo de alimentao utilizado pela lagarta

    influenciar na sua colorao. A partir do quarto nstar, as lagartas apresentam tubrculos

    na regio dorsal do primeiro segmento abdominal, os quais so dispostos em forma de

    semicrculo apresentando formato de cela (FIGURA 1), (EMBRAPA, 2013a).

    FIGURA A. Desenho esquemtico ilustrando a presena de tubrculos escuros no

    primeiro e segundo segmento abdominal de Helicoverpa armigera, caracterizando o

    formato de uma cela. Fonte: Circular Tcnica n 23, (EMBRAPA, 2013).

  • 11

    Outra caracterstica observada nesta espcie diz respeito textura do tegumento,

    que se apresenta de aspecto levemente coriceo, diferindo das demais espcies de

    noctudeos que ocorrem no Brasil. Alm disto, quando perturbada, apresenta

    comportamento peculiar, encurvando a cpsula ceflica at o primeiro par de falsas

    pernas, e assim permanecendo por algum tempo. O adulto apresenta, sobre as margens

    das asas anteriores, uma linha com sete a oito manchas e, logo acima, uma faixa marrom

    ampla, irregular e transversal, tendo, ainda, na parte central, uma marca em forma de

    vrgula. As asas posteriores so mais claras, apresentando, na extremidade apical,uma

    borda marrom escura, com uma mancha clara no centro. Nesta espcie, ocorre

    acentuado dimorfismo sexual, sendo que os machos apresentam o primeiro par de asas

    de cor cinza esverdeado e as fmeas pardo alaranjado (CZEPAK et al., 2013).

    uma espcie que apresenta grande mobilidade e alta capacidade de

    sobrevivncia, mesmo em condies adversas, podendo completar vrias geraes ao

    ano e finalizando o seu ciclo de ovo a adulto no perodo de quatro a seis semanas. Alm

    disto, pode se dispersar com grande facilidade, pois os adultos so migrantes naturais e

    apresentam movimento de longo alcance, podendo chegar a 1.000 km de distncia. O

    hbito alimentar polfago, em associao com uma alta capacidade de disperso e

    adaptao a diferentes cultivos, tende a favorecer o sucesso da espcie H. armigera,

    como praga. Alm disto, hospedeiros alternativos, nas proximidades agrcolas, assumem

    papel decisivo na dinmica sazonal dos insetos, pois podem dar suporte permanncia

    de populaes das pragas (CZEPAK et al., 2013).

    As mariposas fmeas de H. armigera apresentam as asas dianteiras amareladas,

    enquanto as dos machos so cinza-esverdeadas com uma banda ligeiramente mais

    escura no tero distal e uma pequena mancha escurecida no centro da asa, em formato

    de rim. As asas posteriores so mais claras, apresentando uma borda marrom na sua

    extremidade apical (FIGURA 2). As fmeas apresentam longevidade mdia de 11,7 dias

    e os machos de 9,2 dias. Os adultos de H. armigera so fortemente atrados por flores

    que produzem nctar, sendo esse recurso importante na seleo do hospedeiro, o qual

    tambm influencia a sua capacidade de oviposio. Outros compostos secundrios que

    so produzidos pelas plantas hospedeiras tambm influenciam o comportamento de

    colonizao de H. armigera. Cada fmea, durante o perodo de oviposio que gira em

  • 12

    torno de 5,3 dias, pode colocar de 2.200 at 3.000 ovos sobre as plantas hospedeiras, o

    que caracteriza o elevado potencial reprodutivo desta espcie (EMBRAPA, 2013b).

    FIGURA 2. Forma adulta de Helicoverpa armigera. Fonte: Circular Tcnica n 23,

    (EMBRAPA, 2013).

    5.3. Danos Causados pela Praga

    As lagartas de H. armigera podem se alimentar tanto dos rgos vegetativos

    como reprodutivos de vrias espcies de plantas de importncia econmica. Estima-se

    que a perda mundial causada por estas lagartas chega anualmente a 5 bilhes de dlares,

    ainda h relatos que a perda anual causada por H. armigera supera 2 bilhes de dlares

    apenas na regio dos trpicos semi-ridos da Europa e que o custo anual da aplicao de

    inseticidas nas lavouras, para o controle dessa praga, de 500 milhes de dlares

    (EMBRAPA , 2013b).

    As lagartas de H. armigera se alimentam de folhas e caules, contudo, tm

    preferncia por brotos, inflorescncias, frutos e vagens, causando danos tanto na fase

    vegetativa quanto reprodutiva. Na ndia e China, 50% dos inseticidas utilizados visam

    ao controle desta praga. Na Espanha, H. armigera uma das pragas mais nocivas ao

    cultivo de tomate para a indstria (EMBRAPA, 2013b).

  • 13

    No Brasil, as maiores intensidades de danos econmicos causados por lagartas

    de H. armigera tm-se verificado, at ento, nas culturas de algodo, milho, soja, feijo,

    tomate e sorgo (FIGURA 3). Estas lagartas podem se alimentar de folhas e hastes dessas

    plantas, mas tem preferncia pelas estruturas reprodutivas como botes florais, frutos,

    mas, espigas e inflorescncias, causando deformaes ou podrides nestas estruturas

    ou at mesmo a queda das mesmas. Essa inerente capacidade de H. armigera causar

    danos nas partes reprodutivas das culturas, em associao sua habilidade de atacar

    grande nmero de hospedeiros, so fatores que elevam o status de importncia

    econmica da praga (EMBRAPA , 2013b).

    Figura 3. Presena da lagarta e danos de Helicoverpa armigera na espiga de milho e na

    ma do algodo. Fonte: EMBRAPA Milho e Sorgo, 2013.

    Dentre as tantas espcies que a H. armigera ataca, o Milho (Zea mays) se

    destaca, sendo que este sofre o ataque independente de ser transgnico, ou seja, possuir

    a tecnologia Bt expressando protenas txicas do Bacillus thuringiensis contra as

    lagartas, ou se convencional, o que se torna um agravante, pois se verifica a resistncia

    deste agente a essa tecnologia to utilizada no controle de lagartas (EMBRAPA, 2013a).

  • 14

    O milho insumo para produo de uma centena de produtos, sendo destaque

    especial de extrema importncia na cadeia produtiva de sunos e aves, onde so

    consumidos aproximadamente 70% do milho produzido no mundo e entre 70 e 80% do

    milho produzido no Brasil. Os maiores produtores mundiais de milho so os Estados

    Unidos com 313,9 milhes de toneladas, a China 191,8 milhes de toneladas e o Brasil

    72,8 milhes de toneladas, dados da safra 2011/12 (CONAB, 2013).

    A produo de milho no Brasil tem se caracterizado pela diviso em duas pocas

    de plantio. Os plantios de vero, ou primeira safra, so realizados na poca tradicional,

    durante o perodo chuvoso, que varia entre fins de agosto na regio Sul at os meses de

    outubro/novembro no Sudeste e Centro-Oeste (no Nordeste este perodo ocorre no

    incio do ano). Mais recentemente, tem aumentado a produo obtida na chamada

    "safrinha", ou segunda safra. A "safrinha" se refere ao milho de sequeiro, plantado

    extemporaneamente, em fevereiro ou maro, quase sempre depois da soja precoce,

    predominantemente na regio Centro-Oeste e nos estados do Paran e So Paulo

    (CONAB, 2013).

    Na safra 2012/2013 o milho da primeira safra foi plantado em uma rea de

    6.906,8 mil hectares, e teve uma produo de 35 milhes de toneladas, enquanto que as

    segunda safra (safrinha), a rea plantada foi 8.997,8 mil hectares, com uma produo de

    46 milhes de toneladas.A combinao das duas safras proporcionou uma safra

    brasileira recorde de milho, atingindo aproximadamente 81 milhes de toneladas,

    representando uma evoluo de 11,5% em relao produo obtida na safra 2011/2012

    (CONAB, 2013)

    A cultura do milho no Brasil, como praticamente todos os cultivos agrcolas,

    hospedeira de diferentes espcies de insetos fitfagos,que invariavelmente causam

    prejuzos econmicos ao pas, sendo observado atualmente que muitas espcies

    consideradas chaves para um cultivo so tambm muito importantes para outros. o

    que acontece, por exemplo, com a lagarta-do-cartucho, antes somente praga-chave de

    milho, que atualmente j considerada praga importante em algodo, soja e sorgo,

    cultivos que esto espacial e fisicamente associados uns aos outros (EMBRAPA,

    2013b).

    A espcie de praga mais conhecida que ataca o milho a lagarta-da-espiga,

    Helicoverpa zea, que coloca seus ovos nos estilos-estigma, individualmente, podendo

    chegar a at 15 por espiga, sendo que a lagarta penetra no interior da espiga e inicia a

  • 15

    destruio dos gros em formao. A H. armigera, morfologicamente muito

    semelhante espcie H. zea, porm, com algumas caractersticas adaptativas que a

    colocam numa situao de praga com grande potencial para causar prejuzos

    econmicos ao agronegcio brasileiro, como mobilidade, polifagia e alta taxa de

    reproduo so atributos que diferenciam H. armigera de H. zea em relao

    capacidade de causar prejuzos. E to importante quanto os demais atributos, H.

    armigera resistente a diversos princpios ativos de inseticidas qumicos, e tambm s

    toxinas produzidas pelo milho Bt (Figura 4), que so letais para a H. zea. Por todos estes

    fatores, a praga pode rapidamente atingir altas populaes e, portanto, causar grandes

    prejuzos econmicos (EMBRAPA , 2013b).

    Figura 4. Lagartas de Helicoverpa armigera alimentando-se de plantas de milho Bt.

    Fonte: Circular Tcnica n 23, EMBRAPA, 2013.

    Dentro deste contexto, aparece tambm a H. armigera, que vem causando

    severos danos no milho e nos demais cultivos j mencionados. Na realidade, vrios

    outros exemplos podem ser apontados, onde o aumento das pragas milho ocasionado

    em sua maioria pela alta intensidade de monocultivo, e ainda, como no caso da H.

    armigera, que a rotao de culturas no to eficaz, pois a praga ataca tanto as culturas

    da safra principal quanto da safrinha. Tais exemplos indicam que hoje as estratgias

    modernas de manejo tm de considerar o sistema de cultivo, ao contrrio do passado,

    em que o manejo de pragas era pensado apenas em um cultivo isoladamente

    (EMBRAPA, 2013b).

  • 16

    importante ressaltar que necessrio mudar a concepo de se utilizar apenas

    um mtodo de controle de pragas, onde em sua grande maioria este mtodo nico tem

    sido baseado quase exclusivamente em produtos qumicos, propiciando o aparecimento

    de populaes de pragas resistentes aos diferentes princpios ativos aplicados. Desta

    forma, a resistncia a inseticidas faz parte das hipteses atribudas ao ataque intenso da

    H. armigera, no s no Brasil, mas tambm na sua regio de origem, onde certamente, o

    uso intenso e inadequado de inseticidas qumicos no nosso pas responsvel pelo

    aumento da tolerncia de diferentes espcies de insetos fitfagos (EMBRAPA, 2013c).

    5.4. Formas de Controle da Praga

    Visto que o controle da H. armigera de extrema importncia para dar

    continuidade ao avano dos sistemas produtivos tanto do milho quanto das demais

    culturas, se faz necessrio a utilizao das vrias tcnicas de manejo, que juntos atuaro

    para um controle realmente eficaz, minimizando os prejuzos causados pela praga.

    Sendo assim, diante da situao em que se encontra a questo da H. armigera no

    cenrio brasileiro de produo agrcola, de fundamental importncia que se utilize o

    Manejo Integrado de Pragas (MIP) no controle desta praga (EMBRAPA, 2013a).

    O MIP pode ser definido como o uso de vrias tcnicas de controle de insetos,

    tendo como objetivo, alm de preservar e aumentar os fatores de mortalidade natural,

    manter a populao da praga-alvo em nveis abaixo daqueles capazes de causar dano

    econmico. Dentro dos preceitos do MIP, ainda muito pouco utilizados no Brasil,

    devem-se integrar tcnicas de controle que incluem primordialmente o reconhecimento

    do papel regulador dos insetos fitfagos pelo aumento da biodiversidade de organismos

    benficos (inimigos naturais das pragas), como os artrpodes predadores, parasitides e

    os entomopatgenos. Assim sendo, o uso de outras tticas de manejo, como os tratos

    culturais ou at mesmo os produtos qumicos, devem levar em conta a preservao dos

    inimigos naturais da praga, que so a pea chave para o sucesso do MIP (EMBRAPA,

    2013b).

    Deve-se ainda ter em mente que com a entrada da H. armigera no sistema

    produtivo necessrio pensar em medidas de controle mais sustentveis para no causar

    ruptura no equilbrio propiciado por agentes de controle biolgico natural, o que pode

    significar dificuldades adicionais ao MIP em curto prazo. Alm do milho, so

  • 17

    hospedeiras do complexo Helicoverpa as culturas de algodo, tomate, soja, sorgo, trigo,

    girassol, alho, berinjela, cebola, chuchu, ervilha, feijo, feijo-vagem, fumo,jil,

    melancia, melo, pepino, pimento, abbora e abobrinha, por sua vez, a lagarta ataca as

    partes comercializveis das plantas, causando um maior dano econmico aos produtores

    (EMBRAPA, 2013a).

    Existem diferentes estratgias de manejo dos insetos fitfagos em milho, pois

    cada espcie demanda tcnica especfica. No entanto, para todas, fundamental o

    monitoramento da lavoura na poca provvel da ocorrncia de cada uma delas para que

    a tomada de deciso sobre a necessidade de controle seja em tempo hbil e amais

    correta possvel. Mtodos qumicos (produtos seletivos, baixa toxicidade e baixo

    impacto ambiental) ou biolgicos (uso de outros insetos), como predadores e

    parasitides e/ou agentes microbianos causadores de doenas e atualmente plantas de

    milho Bt, podem ser utilizados no manejo destas pragas, desde que aplicados

    rigorosamente dentro das tcnicas recomendadas pela pesquisa (EMBRAPA, 2013b).

    5.4.1 poca de Semeadura

    Dentro dos mtodos de controle a serem adotados, a poca de semeadura uma

    das principais tticas de controle cultural que compe o Manejo Integrado de Pragas

    (MIP). Desta forma, recomenda-se efetuar a semeadura das culturas do milho, soja e

    algodo no menor espao de tempo possvel, procurando obter uma janela de semeadura

    menor. Esse curto perodo de semeadura importante para reduzir o perodo de

    disponibilidade de alimento s pragas polfagas e assim, maximizar a eficincia da

    prtica de destruio dos restos culturais (EMBRAPA, 2013c).

    5.4.2. Utilizao de Plantas Transgnicas

    A escolha das variedades Bt deve se basear nas opes disponveis no mercado

    que possuam eficincia de controle contra as pragas-chave e tambm na indicao das

    empresas para o sistema relacionado. Assim, o produtor poder, por exemplo, elencar a

    principal praga no seu sistema de produo e verificar nos prospectos das empresas

    detentoras da tecnologia, qual a mais adequada para sua propriedade. Aps selecionar a

    planta Bt, verificar a eficincia para as pragas no alvo presentes no sistema (como

  • 18

    outros lepidpteros - praga) e adotar estratgias de MIP para esse grupo (EMBRAPA,

    2013b).

    A recomendao para que se evitem eventos que expressem as mesmas toxinas

    nas diferentes culturas simultaneamente e sucessivamente, utilizando preferencialmente

    a rotao dessas toxinas, promovendo o estabelecimento de um mosaico de toxinas na

    paisagem agrcola, reduzindo o potencial de adaptao das pragas, ou seja, evitando a

    criao de resistncia (EMBRAPA, 2013c).

    fundamental que sejam adotadas as reas de refgio preconizadas pelas

    empresas detentoras da tecnologia Bt, onde dessa forma, promover-se- sincronia de

    emergncia de adultos favorecendo o cruzamento entre as populaes de pragas

    expostas e no expostas toxina Bt. Ressalta-se que para favorecer e facilitar o

    acasalamento entre os insetos, o refgio no deve se localizar a mais de 800 metros de

    distncia da rea cultivada com plantas Bt. O MIP tambm deve ser utilizado na rea de

    refgio priorizando utilizao de controle biolgico, inimigos naturais e bioinseticidas

    base de baculovrus (EMBRAPA , 2013c).

    5.4.3 Monitoramento da Praga

    Quando o houver a confirmao da presena de adultos de H. armigera em uma

    determinada regio, devem ser realizadas amostragens nas plantas de suas lavouras para

    determinar a necessidade de controle da praga. A realizao desta amostragem pelo

    agricultor de extrema importncia, pois o sistema de alerta ir indicar apenas a

    presena de adultos e necessrio considerar a mortalidade de ovos e lagartas em

    campo devido a fatores ambientais e ao de inimigos naturais, como predadores,

    parasitides e patgenos (EMBRAPA, 2013c).

    5.4.3.1 Procedimentos de Amostragem de Helicoverpa ssp. para os

    Agricultores

    Os agricultores da regio onde a praga foi detectada devero vistoriar suas

    lavouras utilizando mtodos de amostragem direta para a tomada de deciso sobre a

    necessidade de controle. A amostragem direta consiste na vistoria de plantas para

    estimativa da densidade populacional da praga na lavoura. A vistoria deve ser realizada

  • 19

    de forma direcionada para estruturas como brotos novos, flores e outras estruturas

    reprodutivas onde comumente a praga encontrada(EMBRAPA, 2013c).

    Adicionalmente, armadilhas com feromnio podem ser para monitoramento

    populacional do inseto nas diversas culturas e para indicar o momento mais adequado

    para a liberao de parasitides de ovos tais como o Trichograma pretiosum, para uma

    maior eficincia do controle biolgico. As armadilhas de feromnio devem ser

    instaladas de acordo com a recomendao do fabricante para cada cultura, que no caso

    do milho de uma armadilha para cada 5 h, observando procedimentos de

    instalao, distncia entre armadilhas, frequncia de vistoria e frequncia de

    substituio das armadilhas em campo (EMBRAPA, 2013c).

    Considerando as grandes extenses dos cultivos agrcolas brasileiros (soja,

    milho, algodo, feijo e outros) o uso de armadilha com isca de feromnio a tcnica de

    monitoramento mais indicada para Helicoverpa armigera, podendo ser usada tambm

    para outras espcies do gnero (EMBRAPA, 2013c).

    Armadilhas com feromnio apresentam maior praticidade em relao a outros

    mtodos disponveis, pois, por serem especficas, apresentam a vantagem de responder

    imediatamente qual espcie de praga est ocorrendo. Outros mtodos que capturam

    insetos indistintamente, ao contrrio, demandam a necessidade de profissionais

    treinados para a identificao das pragas e no caso da Helicoverpa armigera, requerem

    o envio de amostras a um laboratrio (EMBRAPA, 2013c).

    5.4.4 Controle Biolgico

    Os sistemas de produo do milho e da soja so bastante propcios ao uso de

    controle biolgico para controle de pragas porque o uso de produtos qumicos menos

    frequente. Na cultura do milho o controle biolgico deve ser a estratgia preferencial

    para o manejo da praga, pois esta fica abrigada na espiga do milho reduzindo a sua

    exposio pulverizao de inseticidas (EMBRAPA, 2013c).

    5.4.5. Parasitides

    Recomenda-se a liberao inundativa do parasitide de ovos, Trichogramma

    pretiosum associada ao monitoramento da populao de adultos via uso de armadilhas

  • 20

    iscadas com feromnio sexual sinttico (1 armadilha a cada 5 hectares). A utilizao de

    armadilha contendo feromnio deve ser utilizada para detectar a chegada da mariposa

    na rea alvo. A captura das primeiras mariposas (em mdia trs mariposas por

    armadilha) indica o incio da oviposio e a necessidade de liberar o agente de controle

    biolgico, que deve ser de 100.000 vespinhas/h de Trichogramma pretiosum

    (EMBRAPA, 2013c).

    A liberao dos parasitides, geralmente, realizada pela distribuio nas

    plantas de cartelas de papelo contendo ovos de um hospedeiro alternativo parasitado ou

    liberao direta dos adultos de Trichogramma. J existe no Brasil tecnologia para

    produo massal dos parasitides. Biofbricas privadas, como por exemplo, Bug em

    Piracicaba, SP e ABR Controles Biolgicos em Uberlndia, MG, j se encontram com

    processos de registros em andamento junto ao MAPA. Como medida emergencial h a

    necessidade de autorizao imediata pelo MAPA para comercializao e liberao

    desses parasitides. Tambm essencial o fomento a novas biofbricas para a produo

    dos parasitides em escala comercial (EMBRAPA, 2013c).

    O controle biolgico com o parasitide de ovos pode ser utilizado tanto no milho

    como na soja e no algodo. Obviamente, deve-se considerar o efeito negativo dos

    inseticidas qumicos no seletivos sobre o agente de controle biolgico na mesma poca

    de liberao do parasitide (EMBRAPA, 2013a).

    5.4.6. Agentes Microbianos

    5.4.6.1. Vrus

    Recomenda-se a aplicao de produtos para controle das lagartas base de

    baculovirus, onde existe registro comercial para uso desse vrus no mercado

    internacional. Nos EUA est registrado o produto Gemstar produzido pela CERTIS

    base de Helicoverpa zea NPV que controla lagartas do complexo Helicoverpa/Heliothis

    (Helicoverpa zea, Helicoverpa armigera e Heliothis virescens). Na China existe um

    produto registrado base de Helicoverpa armigera NPV. O uso do baculovirus

    recomendado para o controle de lagartas na fase inicial de desenvolvimento

    (aproximadamente com 1 cm, ou seja, aproximadamente 10 dias aps a colocao dos

    ovos na planta) quando elas so susceptveis ao ataque do microrganismo. Antes desse

    tamanho, as pragas podero ser controladas pela ao de inimigos naturais. Para maior

  • 21

    eficincia da tecnologia necessrio o monitoramento da populao de adultos

    (conforme indicado para liberao do parasitide de ovos) com armadilhas iscadas com

    feromnio (EMBRAPA, 2013c).

    5.4.6.2. Bactria

    A aplicao de produtos a base de Bacillus thuringiensis (Bt) recomendada no

    controle de lagartas desfolhadoras. Existem produtos comerciais produzidos pelas

    empresas Sipcam, Biocontrole, Iscas Tecnologia, Ihara, Sumitomo em fase de registro.

    Existem ainda dois outros produtos a base de Bt, desenvolvidos pela EMBRAPA em

    processo de registro. Um deles em parceria com a empresa Bthek, chamado Ponto

    Final e outro chamado Best com a empresa Farroupilha. Esses produtos contm

    toxinas alm das que esto presentes nas plantas transgnicas. Sugere-se que os

    produtos base de Bt no sejam utilizados nas reas de refgio, at que estudos sobre

    os seus mecanismos de ao sejam concludos (EMBRAPA, 2013c).

    Ressalta-se que para a obteno de uma pulverizao com qualidade dos

    produtos a base de vrus ou de Bt ser necessrio ajustar o volume de aplicao

    (litros/hectare) que pode ser definido com o auxlio de papeis sensitivos a gua onde se

    deve obter um nmero mnimo de 30 gotas/cm. Devem-se aplicar esses produtos

    biolgicos preferencialmente no final da tarde e noite (EMBRAPA, 2013c).

    5.5. Viabilizao do uso de Controle Biolgico

    Caso haja necessidade de aplicao de agrotxicos, devem ser utilizados os mais

    seletivos aos inimigos naturais. Em reas plantadas devem-se implantar faixas de

    vegetao (por exemplo: crotalria, feijo guandu, girassol mexicano, dentre outras

    plantas) entre talhes para funcionar como barreiras naturais e evitar o efeito do vento

    sobre os parasitoides de ovos. Essas reas funcionaro tambm como locais de abrigo

    para os inimigos naturais, alm de servir de barreira para minimizar a disperso da

    praga de uma rea de lavoura para outra. No caso de reas j desmatadas, deve-se

    planejar a implantao de faixas de vegetao nativa com o mesmo objetivo comentado

    anteriormente (EMBRAPA, 2013c).

  • 22

    5.5.1. Uso de Inseticidas Qumicos e Biolgicos

    O uso correto de tticas de controle qumico e biolgico de crucial importncia

    para o sucesso do controle da H. armigera e de outras pragas. Sendo assim, o uso de

    agrotxicos sem a realizao do monitoramento das pragas e sem a adoo de nveis de

    ao inaceitvel, pois tem ocasionado uso abusivo, uma das principais causas dos

    desequilbrios ecolgicos de artrpodes nos sistemas de produo agrcola.

    Considerando a ausncia de nveis de ao para controle de H. armigera para as

    condies brasileiras, os inseticidas qumicos devem ser utilizados de forma

    emergencial respeitando os nveis de controle disponveis na literatura internacional,

    sendo que o nvel de ao para controle da H. armigera de 2 lagartas/metro

    (EMBRAPA, 2013c).

    Para os agentes de controle biolgico devem ser observados os nveis

    populacionais da H. armigera. Deve-se ainda observar as dosagens recomendadas dos

    inseticidas, no usando superdosagens ou subdosagens, uma vez que a eficincia de

    controle pode ser reduzida, alm de poder contribuir para a seleo de populaes

    resistentes aos inseticidas aplicados. Aplicaes mltiplas em uma dosagem mdia

    geralmente so mais eficazes do que uma nica aplicao em superdosagem.

    Recomenda-se tambm a rotao de inseticidas de diferentes modos de ao para evitar

    seleo de populaes resistentes (EMBRAPA, 2013c).

    A utilizao de produtos mais seletivos aos inimigos naturais (parasitides e

    predadores) e polinizadores (abelhas) deve ser priorizada na escolha dos inseticidas para

    minimizar os desequilbrios biolgicos observados para H. armigera. (EMBRAPA,

    2013a). Dessa forma, os produtos devem ser utilizados em ordem de preferncia: 1)

    inseticidas biolgicos ou liberao de inimigos naturais devidamente registrados; 2)

    inseticidas do grupo dos reguladores de crescimento de insetos; 3) Inseticidas dos

    grupos das diamidas ou espinosinas; 4) Inseticidas bloqueadores de Na; 5) Inseticidas

    do grupo das evermectinas; 6) Carbamatos (EMBRAPA, 2013c).

    5.5.2. Tecnologia de Aplicaes de Agrotxicos e Bioinseticidas

    A calibrao de deposio de gotas de pulverizao de suma importncia, tanto

    para aplicao de produtos qumicos como para produtos biolgicos. A calibrao deve

  • 23

    ser realizada nos locais das plantas onde a praga se localiza, e no estdio inicial do seu

    desenvolvimento, ou seja, no alvo biolgico. Essa calibrao de deposio dever ser

    realizada com cartes ou papis sensveis a gua, que devero ser grampeados nas

    regies onde a praga se encontra (folhas, hastes, etc.). Como sero utilizados princpios

    ativos qumicos ou biolgicos, com diferentes graus de toxicidade para a praga, sero

    necessrias,no mnimo, 30 gotas/ cm de calda em cada alvo de amostragem. Para

    regulagem inicial do pulverizador, deve-se realizar a amostragem em, pelo menos, 50

    plantas em um hectare. Para obteno da eficincia de controle desejado, as aplicaes

    devero ser realizadas em horrios de temperaturas mais amenas como no incio da

    manh ou final da tarde ou durante a noite, caso seja possvel (EMBRAPA, 2013a).

    6. METODOLOGIA

    O experimento ser realizado no municpio de Curitibanos SC, na rea

    experimental da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus de Curitibanos,

    localizado na Rodovia Municipal Ulisses Gaboardi, km 3. Curitibanos se situa no centro

    do estado de Santa Catarina, entre as coordenadas geogrficas de 271644 de latitude

    Sul, e 503457 de longitude, estando a uma altitude de 987 metros, e possui uma rea

    de 952,285 km.

    Segundo dados do IBGE (2010), Curitibanos apresentava uma populao de

    37.748 habitantes, e uma densidade demogrfica de 39,64 hab/km. O clima da regio

    temperado e mido, onde o vero fresco, e o frio predomina durante a maior parte do

    ano. O inverno rigoroso, com geadas fortes,podendo haver incidncia de neve quando

    o inverno muito rigoroso. As chuvas so predominantes na primavera, mas com boa

    distribuio entre todas as estaes do ano.

    O delineamento experimental adotado ser com quatro blocos e seis tratamentos,

    T1 (Controle Biolgico + Milho Transgnico), T2 (Controle Biolgico + Milho

    Transgnico + Inseticida Seletivo), T3 (Controle Biolgico + Milho Convencional), T4

    (Controle Biolgico + Milho Convencional + Inseticida Seletivo), e mais dois grupos

    controle, T5 (Milho Transgnico), T6 (Milho Convencional). Cada parcela corresponde

    a uma rea de 100 metros quadrados, (0,01 hectare).

  • 24

    Tabela 1. Croqui do experimento Manejo Integrado da Helicoverpa armigera. T1

    (Controle Biolgico + Milho Transgnico), T2 (Controle Biolgico + Milho

    Transgnico + Inseticida Seletivo), T3 (Controle Biolgico + Milho Convencional), T4

    (Controle Biolgico + Milho Convencional + Inseticida Seletivo), T5 (Milho

    Transgnico) e T6 (Milho Convencional).

    BLOCO 1 BLOCO 2 BLOCO 3 BLOCO 4

    T3 (CB+MC) T6 (MC) T1 (CB+MT) T4 (CB+MC+IS)

    T2

    (CB+MT+IS)

    T1 (CB+MT) T6 (MC) T3 (CB+MC)

    T6 (MC) T2

    (CB+MT+IS)

    T4

    (CB+MC+IS)

    T1 (CB+MT)

    T4

    (CB+MC+IS)

    T5 (MT) T3 (CB+MC) T6 (MC)

    T5 (MT) T3 (CB+MC) T2

    (CB+MT+IS)

    T5 (MT)

    T1 (CB+MT) T4

    (CB+MC+IS)

    T5 (MT) T2 (CB+MT+IS)

    O sistema de plantio adotado ser o Plantio Direto, com prvio plantio de Aveia

    Preta (Avena sativa) para a cobertura do solo. A aveia ser dessecada quinze dias antes

    do plantio. Sero seguidas todas as recomendaes de adubao para a cultura do milho

  • 25

    de acordo com o Manual de Adubao e de calagem para os estados do Rio Grande do

    Sul e Santa Catarina.

    O milho ser plantado em perodo recomendado para a regio, onde o ideal na

    primeira quinzena de outubro. O milho transgnico utilizado ser o milho hibrido

    simples, SYN 7316 TL TG VIPTERA, com toxina Bt Cry1ab. O milho convencional

    utilizado ser o hibrido simples ATTAK. Ambas as sementes so de alta tecnologia e

    produzidas pela empresa Syngenta Seeds Ltda.

    Sero introduzidos quatro fmeas e um macho de Helicoverpa armigera em cada

    parcela, nmero consideravelmente grande para a rea da parcela. A introduo da

    praga nas parcelas ser feita quando o milho estiver no estdio fenolgico V3, onde a

    planta apresenta trs folhas completamente desenvolvidas, com duas semanas aps a

    emergncia, onde este o estdio em que a planta vai definir seu potencial produtivo.

    A entrada com o controle biolgico ser feita dez dias aps a introduo dos

    indivduos adulto nas parcelas, que quando estes comearo a ovoposio. Seguindo a

    recomendao da EMBRAPA 2013.

    Aps uma sero analisados os experimentos, onde se houver duas ou mais

    lagartas por metro linear, ser necessria a entrada com o controle qumico, utilizando o

    inseticida seletivo.

    O Inseticida seletivo a ser utilizado ser a base de Benzoato de Emamectina,

    com nome comercial de PROCLAIM 05 SG, com uma dose de 300 mL/h. A

    aplicao do inseticida ser feito com pulverizador costal de 20 litros, seguindo as

    recomendaes contidas na bula do produto, respeitando os intervalos de tempo para

    cada pulverizao, se houver necessidade de mais de uma.

    As parcelas sero totalmente cercadas com telas de sombrite de malha fina, para

    evitar que as mariposas, as vespinhas de Trichogramma e as prprias lagartas se

    dispersem entre as parcelas, onde o sombrite ter uma altura total de 3 metros, ficando

    10 cm enterrado no solo, toda a rea da parcela ser coberta, dando um total de 220 m

    de sombrite por parcela. Em cada parcela haver uma porta de entrada para a avaliao

    dos dados. Aps o fim do ciclo da cultura, ser realizada a colheita e as devidas anlises

    da produtividade e dos dados dos tratamentos.

    A efetividade do controle ser analisa no decorrer do experimento com as

    anlises das parcelas verificando o nmero mdio de juvenis e adultos de H. armigera.

    A eficincia dos tratamentos ser comprovada tambm pela produtividade (dados em

  • 26

    Kg de milho/h) obtida no fim do experimento, Ser utilizado o teste de Tukey para a

    comparao das mdias obtidas dos tratamentos.

    7. RESULTADOS ESPERADOS

    Espera-se conseguir efetuar o controle eficiente da praga Helicoverpa armigera,

    minimizando o ndice de prejuzos, aumentando a produtividade e consequentemente a

    rentabilidade do produtor rural.

    Espera-se que haja maior eficincia no T2 (Controle Biolgico + Milho

    Transgnico + Inseticida Seletivo), pois devido a praga ser altamente prolfera e

    havendo possibilidade de apresentar certo tipo de resistncia s toxinas Bt, ser

    necessrio a utilizao de inseticida para complementar o seu controle e, torn-lo eficaz.

    Espera-se que o segundo mtodo mais eficiente de tratamento seja o T1

    (Controle Biolgico + Milho Transgnico), que o terceiro melhor seja o T4 (Controle

    Biolgico + Milho Convencional + Inseticida Seletivo), e o que ter menor eficincia no

    controle da Helicoverpa armigera ser o T3 (Controle Biolgico + Milho

    Convencional).

    Contudo, alm do controle eficaz da praga, Manejo Integrado de Pragas propicia

    um equilbrio entre a praga e os inimigos naturais, favorecendo o controle natural,

    diminuindo a utilizao de inseticidas altamente txicos e prejudiciais ao meio ambiente

    que colocam em risco a segurana alimentar e ainda toda a natureza devido

    contaminao do solo, do ar e da gua.

    Espera-se ainda, produzir um artigo cientfico com os resultados obtidos atravs

    deste experimento, a ser publicado em algum peridico da rea das cincias agrrias.

  • 27

    8. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES

    Tabela 2. Cronograma das atividades a serem desenvolvidas.

    Atividades Perodo

    Jun Jul Agos Set Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro

    1

    quinz

    2

    quinz

    1

    quinz

    2

    quinz

    1

    quinz

    2

    quinz

    1

    quinz

    2

    quinz

    1

    quinz

    2

    quinz

    Preparo do

    solo

    X

    Plantio da

    Aveia

    X

    Dessecao da

    Aveia

    X

    Plantio do

    Milho

    X

    Montagem das

    parcelas

    X

    Liberao dos

    adultos de H.

    armigera

    X

    Controle

    Biolgico

    X

    Anlise das

    Parcelas

    X X X X

    Adubao de

    Cobertura

    X

    Controle

    Qumico

    X X

    Colheita X

    Anlise e

    processamento

    dos dados

    X

  • 28

    9. ORAMENTO

    Item Unidade Quantidade Valor

    Unitrio (R$)

    Valor Total

    (R$)

    Uria kg 60 1,60 96,00

    Super Fosfato

    Triplo

    kg 50 1,50 75,00

    Cloreto de

    Potssio

    kg 30 1,80 54,00

    Sombrite m 5.280 1,19 6.283,20

    Armao do

    Sombrite

    metros de

    armadura

    1200 0,50 600,00

    Semente

    Convencional

    Saco/20 kg com

    60.000 sementes

    1 350,00 350,00

    Semente

    Transgnica

    Saco/20 kg com

    60.000 sementes

    1 500,00 500,00

    PROCLAIM

    05 SG

    litro 1 110,00 110,00

    Vespinhas de

    Trichogramma

    pretiosum

    Vespinhas 250.000 R$ 25,00/

    50.000

    vespinhas

    125,00

    Servios e

    Terceiros

    - - - 300,00

    Total 8.493,20

  • 29

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    VILA, J. C.; VIVAN, L. M.; TOMQUELSKI, G. V. EMBRAPA. Circular tcnica

    nmero 23. Ocorrncia, aspectos biolgicos, danos e estratgias de manejo de

    Helicoverpa armigera (Hbner) (Lepidoptera: Noctuidae) nos sistemas de produo

    agrcolas. Dourados MS. Julho, 2013a. Disponvel em:. Acesso em: 16 de Setembro 2013.

    CZEPAK, C.; ALBERNAZ, K. C.; VIVAN, L. M.; GUIMARES, H. O.;

    CARVALHAIS,T. Primeiro registro de ocorrncia de Helicoverpa armigera (Hbner)

    (Lepidoptera: Noctuidae) no Brasil. Pesquisa Agropecuria Tropical, Goinia, v. 43,

    n. 1, p. 110-113, jan./mar. 2013. Disponvel em:

    . Acesso em: 15 de Setembro 2013.

    CULTIVAR - GRANDES CULTURAS. n. 136. Set. 2010. Disponvel

    em:. Acesso em: 11 de Novembro 2013.

    CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento). Acompanhamento de safra brasileira: gros, dcimo segundo levantamento, setembro 2013 / Companhia

    Nacional de Abastecimento. Braslia DF. 2013. Disponvel em:. Acesso em: 14 de Setembro 2013.

    CRUZ, I. et al. EMBRAPA. Risco potencial das pragas de milho e de sorgo no Brasil.

    (Documentos / Embrapa Milho e Sorgo. 40 p. Sete Lagoas MG. julho. 2013b. Disponvel em: . Acesso em:

    13 de Setembro 2013.

    EMBRAPA. Aes emergenciais propostas pela Embrapa para o manejo integrado

    de Helicoverpa spp. em reas agrcolas. 19 p. Braslia, DF, 2013c. Disponvel em:

    . Acesso em: 19

    de Setembro 2013.

    RAMIRO, J. Calendrio agrcola. Rural BR. Disponvel em:

    . Acesso em: 11de

    Novembro 2013.

  • 30

    SPECHT, A.; GOMEZ, D. R. S.; MORAES, S. V. P.; YANO, S. A. C. Notas

    Cientficas - Identificao morfolgica e molecular de Helicoverpa armigera

    (Lepidoptera: Noctuidae) e ampliao de seu registro de ocorrncia no Brasil. Pesquisa

    agropecuria brasileira, Braslia, v.48, n.6, p.689-692, jun. 2013. Disponvel em:

    . Acesso em: 16 de

    Setembro 2013.