PROJETO DE APOIO PABLO VIEIRA FLORENTINO … · APRESENTAÇÃO/MEMORIAL DESCRITIVO Projeto...

17
PROJETO DE APOIO PABLO VIEIRA FLORENTINO SALVADOR, JULHO DE 2008

Transcript of PROJETO DE APOIO PABLO VIEIRA FLORENTINO … · APRESENTAÇÃO/MEMORIAL DESCRITIVO Projeto...

PROJETO DE APOIO

PABLO VIEIRA FLORENTINOSALVADOR, JULHO DE 2008

APRESENTAÇÃO/MEMORIAL DESCRITIVOProjeto selecionado no Edital Portas Abertas – Artes Visuais - da Fundação Cultural do Governo do Estado da Bahia (Funceb) no ano de 2008 1 .

Para o Brasil, um país continental da América do Sul, nação de maior expressão e

tamanho nesta região do globo, lanço a seguinte pergunta:

Quem são os seus vizinhos ? Brasileiros: quem são nossos vizinhos, se eles

encontram-se tan cercanos y tan lejanos (tão próximos e tão distantes)?

Embora as indagações acima possam parecer uma idéia didática, este

projeto é provocativo e vem com o intuito de abrir novas visões sobre alguns de

nossos verdadeiros países vizinhos, com o objetivo de aumentar a integração

cultural com estes países e suas realidades. Existe de fato uma grande lacuna neste

intercâmbio, pouco se sabe sobre estes países, ao mesmo que pouco se sabe sobre

o nosso, correndo todo o risco do conhecimento deturpado. Neste sentido, este

projeto procura diminuir esta distância, trazendo para o público baiano uma visão

diferenciada sobre os mesmos, procurando construir uma outra imagem, não

somente através de recursos visuais, mas também das músicas locais e de

informações agregadas aos registros fotográficos.

CONTEXTO

Em muito, a lacuna constituída entre o Brasil e seus vizinhos sul-americanos

deve-se a uma mídia que segue noticiando todos os passos de presidentes do

hemisfério norte, com interesses voltados para os países mais ricos acima da linha

do Equador, que tem seus rumos voltados aos interesses europeus e americanos.

Cria-se na sociedade brasileira um referencial bastante distante de sua verdadeira

realidade e a afasta completamente daqueles que compartilham parte de suas raízes

e problemas. Temos filmes americanos e europeus nos cinemas, temos programas

1- O resultado do edital, juntamente com demais informações, estão disponíveis em: http://www.fundacaocultural.ba.gov.br/editais/2008/03/portas_abertas/resultado_portasabertas.html

televisivos e canais de TV por assinatura com as mesmas nacionalidades, e não

temos sequer um programa de TV que se dedique a falar de Paraguai, Uruguai,

Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Guiana e Suriname.

O máximo que conseguimos trazer da América Latina é o programa do Chaves com

Seu Madruga unidos às novelas que são oriundos de um país que vive à sombra dos

EUA, um país que, em tempos de paz, tenta inventar guerras desnecessárias num

dos continentes mais pacíficos do planeta. E justamente por esta paz, é possível

avançar sobre a cultura destes países, assimilando-a de forma harmoniosa,

preenchendo este espaço ainda pouco explorado.

Nossos vizinhos possuem belezas naturais ímpares e cidades-capitais que,

por si só, já reservam uma série de atrativos históricos, repletos de cultura e vida

própria. Suas belezas diferem em muito do que vemos em nosso Brasil, que muito

mal conhecemos... São belezas muitas vezes inóspitas e difíceis de serem

assimiladas, mas nem por isso, menos ricas ou encantadoras. As tradições

indígenas e locais, a rica culinária, os festejos populares, as bebidas, os costumes

surpreendentes. Desde locais famosos como Machu-Pichu, Bariloche ou Punta del

Leste, a sítios não tão conhecidos, mas de raríssima beleza, como o lago Titikaka,

Copacabana boliviana, Ilhas dos Uros, Salar de Uyuni, Cabo Apolônio, Champaqui,

La Cumbrecita, Ilha Margarida, entre outros, diversos são os destinos turísticos para

os brasileiros. Este projeto tenta evidenciar registros visuais de alguns destes sítios

com um olhar mais atento sobre suas nuances, tentando assim, estimular novas

interpretações e visões fotográficas, sejam elas realizadas localmente ou em solo

estrangeiro. Para isto são apresentadas texturas e cores não usuais ao cotidiano do

público da exposição, com uma linguagem fotográfica quase documental, de

paisagens inóspitas e desconhecidas, de mensagens veladas, despertando novas

possibilidades, independente da área de arte visual. Desde o carnaval saudosista de

Montevidéu, com as suas canções de murgas, da fé dos aymaras bolivianos na

Virgem de Copacabana, da tecnologia natural desenvolvida pelos índios Uros no

Peru, até os criollos do norte argentino, que revelam uma Argentina muito menos

européia e muito mais latina e indígena: todos são exemplos da singularidade de

cada uma destas regiões, que ao mesmo tempo, podem apresentar elementos muito

próximos a nossa formação, como a influência católica, e o seu sincretismo com os

costumes Incas, por exemplo, onde podemos citar o hábito centenário e salutar do

uso da folha de coca pelos aymaras e cocaleros. Mesmo na presença de tanta

cultura a ser transmitida, não existe nenhum planejamento sério e concreto no

cenário sul americano para uma organização e fortalecimento dos laços entre estes

países, principalmente no campo cultural. E neste campo, criamos o hábito de super-

valorizar Europa e EUA, esquecendo do que existe ao nosso redor. Além das

manifestações, dos costumes, do cotidiano e das tradições, outro aspecto registrado

é a arquitetura, que por muitas vezes mostra paralelos pelo estilo barroco, e por

outras, evidencia traços claros da influência ibérica e indígena.

Os registros visuais destas manifestações, sejam elas pontuais ou

cotidianas, podem justamente levar ao despertar da curiosidade sobre os lugares e

ocasiões fotografados, por utilizar de uma ótica mais curiosa, desprendida e menos

pasteurizada, contrapondo-se a imagem criada pela mídia atual sobre estes países,

tão negativa e depreciativa, fazendo destes locais verdadeiras caixas pretas aos

olhos do cidadão comum. Essa ótica descompromissada usada nos registros deste

trabalho, associada à abordagem questionadora como é apresentado, revelam os

diferenciais do projeto, tornando-o um exercício lúdico de reflexão, evidenciando a

justificativa para a exposição: um estímulo à descoberta de novas fronteiras e ao

questionamento sobre a atual situação dos relacionamentos entre os países da

América do Sul, que se encontram tão próximos e tão distantes (“Tan Cercanos, Tan

Lejanos”). Com este projeto, pretende-se oferecer a oportunidade de cruzar as

fronteiras do conhecimento superficial, viajando com os olhos, com a música,

envolvendo e conduzindo o público para uma leitura ainda mais rica sobre os

registros fotográficos, expandindo suas fronteiras de forma lúdica e paulatina. A

temática do projeto procura ser livre, sem focar num assunto específico, mas usando

um eixo principal, que são os próprios países da América Latina que são nossos

vizinhos, evidenciando suas pessoas, seus costumes e suas paisagens.

OBJETIVOS

De forma bastante sucinta e direta, este projeto pretende:

trazer a realidade de quatro países fronteiriços com o Brasil: Bolívia, Peru, Uruguai e Argentina, países que encontram-se "distantes" dos grandes centros urbanos brasileiros, devido, principalmente, ao alto custo de deslocamento, mas que merecem nossa atenção, por serem estes os nossos verdadeiros vizinhos e por compartilhar com os mesmos realidades, dificuldades e culturas únicas;

mostrar tanto os costumes e realidades existentes nestas nações como suas belezas naturais;

evidenciar tanto as grandes diferenças como as semelhanças, ajudando a compreender melhor as nossas raízes;

fazer uma provocação a este contexto mundial polarizado por EUA, Europa e Japão, rompendo as fronteiras do conhecimento impostas pela mídia;

a médio prazo, estimular e intensificar intercâmbios culturais entre estes países;

a longo prazo, estimular ações de fortalecimento dos laços entre os países da América Latina.

PÚBLICO-ALVOA exposição pretende atingir alguns grupos específicos, abaixo apresentados com público estimado e justificativa:

Público Cooperador Professores, jornalistas, escritores, fotógrafos, produtores culturais, artistas em

geral, consumidores de viagens e turismo. Razão: Pessoas formadoras de opinião, influentes em meios de comunicação na Bahia.

Público Específico

Universitários sem conhecimento profundo sobre os países objeto da exposição: 500 diretos, 400 indiretos. Razão: enriquecer a visão artística e social dos futuros artistas e formadores de opinião.

Estudantes de 1º e 2º grau, de cursos técnicos e colégios públicos ou particulares: 500 diretos, 400 indiretos. Razão: oferecer mais subsídios para que

professores de Geografia e História explorem as temáticas referentes à América Latina através de atividades extra-classe.

Público em geral que procura fugir das rotas convencionais: 100 diretos, 200 indiretos. Razão: trazer mais informação e sugestões, evidenciando novos destinos e mostrando que os mesmos são possíveis.

AUTOR

O proponente do projeto realizou os registros fotográficos entre os anos de 2005 e 2008. Entre as suas viagens, destaca a sorte (ou aventura?) de chegar à Bolívia na véspera da eleição que escolheu Evo Morales como presidente deste país. Em todas as andanças, partiu sozinho, com diferentes câmeras, mas com as mesmas mochilas e a mesma sede de conhecer um pouco mais sobre a cultura dos locais visitados. Muitas foram as cidades visitadas como Puno, Villa General Belgrano, Kassani, Cochabamba, Juliaca, Desaguadero, Aguas Calientes, Santa Cruz de La Sierra, para não falar das mais famosas como Córdoba, Montevidéu, Cuzco e La Paz. A inspiração para os registros surgiu da atenção aos detalhes das igualdades e diferenças do mundo com que tem contato e do que lhe pareceu inusitado e/ou relevante como elemento cultural e cotidiano destes locais. Por já ter vivido no Rio de Janeiro, teve possibilidade de maior contato com centros, manifestações exposições culturais diversas, fato este que enriqueceu seu entendimento e interpretações do mundo que o cerca. Esteve ligado a ações sociais, em especial com jovens carentes, as quais foram intensificadas quando estudante da Ufba. Atua hoje como educador da rede federal de ensino tecnológico e acredita na arte como forma de educação e formação do senso crítico.

FORMATO DE APRESENTAÇÃO DA EXPOSIÇÃO

Além das fotos em papel apropriado para exposição permanente, deverão existir dois projetores em salas escuras para exibição das demais fotos e possíveis vídeos. Em todos os ambientes haverá reprodução de músicas oriundas destes mesmos países, no sentido de completar a ambientação do público. Todas as músicas utilizadas são estrangeiras. Um questionário de avaliação sobre o nível de conhecimento agregado com a exposição deve ser aplicado para análise da maneira que o trabalho foi assimilado pelo público e se houve algum tipo de estímulo a ações efetivas por parte do público no sentido de aprofundar os conhecimentos obtidos. Algumas fotografias poderão ter legendas que contextualizem e esclareçam o público com dados relacionados (alguns exemplos nas figuras abaixo). A maioria das fotografias terá sua exposição em formato 30x40, com algumas fotografias em formato reduzido ( 21x15 ), para completar o conceito da mensagem fotográfica. Algumas fotografias poderão ser agrupadas, para formar o conceito e o tema do registro fotográfico, sendo as mesmas expostas em formato aumentado.

Lista dos artistas/grupos musicais a serem reproduzidos durante a exposição:

Manuel Miranda

Pequeña Orquestra de Reincidentes

Bajofondo Tango Club

Grupos de Murgas de Montevidéu

Violentango

K´ala Marka

Cuatro Vientos

outros ...

Fig. 1 - Choclo morado, Cuzco, 2005

Fig. 2 – Lago Titikaka, um dos maiores lagos do mundo, a mais de 4.000 metros de altura. Copacabana, 2005

Fig. 3 - Ilhas dos Uros: Os Uros são um povo indígena que vive até hoje sobre suas ilhas flutuantes feitas de totora, um tipo de junco bastante comum no Lago Titikaka. Com esta planta, além de renovarem o "piso" de suas ilhas, os Uros constroem suas casas e seus barcos, além de utilizar a sua raiz na alimentação. Embora subjulgados pelos Incas, que os consideraram um povo atrasado, um navegador escandinavo estudou a forma de construir barcos utilizada pelos Uros e desenvolveu um barco de totora que atravessou o oceano e provou como a engenharia naval dos Uros ainda é avançada e ecologicamente correta. Puno, 2005

Fig. 4 – Virgem de Nossa Senhora de Copacabana: Etimologicamente falando, Copacabana é um vocábulo da língua quechua, dos índios aymaras da Bolívia, que vem de "copa" e "caguana", e significa ”lugar luminoso, resplandecente”. Copacabana é também uma cidade boliviana, às margens do Lago Titikaka. Ali era cultuado o deus Copac Awana, responsável pela boa pesca, sendo uma exótica figura – meio homem, meio mulher e com rabo de peixe – talhada em bonita pedra de coloração azul. Os colonizadores espanhóis, implantando a fé cristã, ergueram na localidade uma capela em honra a Nossa Senhora da Candelária, que os incas transformaram em Nossa Senhora Morena de Copacabana. A cidade abriga o maior santuário da Bolívia. O nome Copacabana só foi usado para a praia no Rio de Janeiro a partir do século XIX, quando lá não mais existiam tupis, e quando chegou justamente a imagem de Nossa Senhora, trazida da Bolívia, que ficou abrigada em uma capela perto do Arpoador. Bolívia, 2005

Fig. 5 – Saudosismo uruguaio – Montevidéu, 2007.

Fig. 6 – Fé a 2.700 metros - Champaquí, um dos picos das serras da região de Córdoba, muito utilizado para observação de condores andinos – Argentina, 2008.

Fig. 7 – Mercado de carnes – Córdoba, 2008.

Fig. 8 – Capitania dos Portos da Marinha Boliviana no Lago Titikaka – Numa guerra em que o Chile se uniu à Inglaterra contra a Bolívia, este último perde sua única passagem ao mar. A Marinha Boliviana passa agora a ter um único mar para gerenciar, o Titikaka, a 4000 m de altura. No entanto, o sentimento revanchista dos bolivianos continua vivo. Copacabana - 2005

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

ATIVIDADES A SEREM REALIZADAS PERÍODO DE REALIZAÇÃOEtapas necessárias para a execução da proposta. Período necessário para execução

das etapas da proposta

1. Estudo do espaço reservado para a exposição2. Impressão de 60 fotografias3. Definição dos textos que servirão de legenda para

contextualização4. Seleção das músicas que irão compor o ambiente da

exposição5. Impressão dos textos de legenda6. Montagem da exposição7. Evento de abertura

Obs.: As atividades aqui apresentadas não são necessariamente dependentes umas das outras, sendo que muitas das mesmas podem ser realizadas em paralelo.

1. 1 dia2. 4 dias3. 4 dias

4. 2 dias

5. 1 dia6. 2 dias7. 1 dia

CUSTOS

Item Valor unitário Quantidade ValorImpressão de

fotografiasR$ 14 65 R$ 910

Moldura R$ 17 65 R$ 1.105Taxa ECAD R$ 300 1 R$ 300

Recursos Midiáticoscartaz R$ 2 40 R$ 80

prospecto R$ 1 200 R$ 200banner R$ 50 2 R$ 100

Recursos HumanosArte-finalista e

MídiaR$ 200 1 R$ 200

Produtor Cultural R$ 200 1 R$ 200Coquetel de

abertura para 50 pessoas

R$ 500 1 R$ 500

Total R$ 3.595,00

CONTRA-PARTIDA

Pelo fato do projeto ter sido selecionado no Edital da FUNCEB, o mesmo recebe um

valor fixo ( R$ 1.200,00 ) para custeio de todos os gastos, além da cessão de um

espaço cultural pertencente ao governo do estado para realização da exposição.

RETORNO PARA O PATROCINADOR Vinculação das marcas da Faculdade Baiana de Direito e JusPodium em

todas peças publicitárias - internet, cartazes, prospecto, banner, rádio e tv.

A imagem da Faculdade Baiana de Direito e JusPodium será vinculada a área

de cultura e arte, agregando valor não tangível, e mostrando ao mesmo tempo

a sua preocupação em apoiar projetos de visão globalizada, atraindo atenção

de público seleto, especificamente intelectuais, estudantes, jornalistas,

escritores, fotógrafos, consumidores de viagens e turismo, o que dará um

retorno concreto a sua companhia.

Projetos de exposições fotográficas como este são pouco valorizados no

Brasil, e a Faculdade Baiana de Direito e JusPodium darão incentivos e

benefícios tanto para o expositor quanto para os apreciadores, realçando a

importância da sua empresa no contexto estadual, o que dará uma excelente

imagem para clientes e não clientes.

AÇÕES

Realização de uma mini-exposição voltada especificamente para o Dia da

História, a ser promovido pela Faculdade Baiana de Direito no Centro de

Convenções, na qual seria exposto um sub-conjunto das fotografias do projeto

original (em torno de 30), a serem escolhidas pelo JusPodium.

Realização de um concurso de redação voltado para jovens estudantes que

participem do evento, no qual escreveriam sobre o que estão vendo e

sentindo com a visita à exposição. Como prêmio para a melhor redação, seria

concedida a bolsa para realização de algum curso na Faculdade Baiana de

Direito ou JusPodium .

EQUIPE EXECUTORAAUTOR: Pablo Vieira Florentino

PRODUTORA: Lorena Saavedra

MÍDIA E ARTE-FINALISTA: Helder Vieira Florentino