Projeto Ciências Sociais 2013
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MCTI /CNPq /MEC/CAPES N º 43/2013
INOVAÇÃO NA BASE DA PIRÂMIDE
2013
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Sumário
Identificação da proposta 1
Qualificação do principal problema a ser abordado 3
Objetivos e metas a serem alcançadas 6
Metodologia a ser empregada 7
Principais contribuições científicas ou tecnológicas da proposta 10
Orçamento detalhado 11
Cronograma físico-financeiro 12
Identificação dos participantes do projeto 12
Grau de interesse e comprometimento de empresas com o escopo
da proposta
13
Indicação de colaborações ou parcerias já estabelecidas 13
Disponibilidade de infraestrutura e apoio técnico 13
Estimativa de recursos financeiros aportados pelos proponentes 14
Referências 14
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a) Identificação da proposta
A necessidade de sobrevivência e crescimento faz com que as organizações tenham
que desenvolver capacidades com o intuito de se adaptarem constantemente às mudanças
ocorridas no ambiente. Dessa forma, transformações na tecnologia ou avanços dos
concorrentes podem despertar nas empresas duas opções: a tentativa de inovar ou de deter os
passos dos adversários (FREEMAN; SOETE, 2008). É possível constatar que, diante da
dinamicidade do mercado mundial, as organizações são conscientes da importância de revisar
seus processos tradicionais de gestão e, por isso, estão em busca de novas práticas nas quais a
inovação se caracteriza como um diferencial na capacidade competitiva e na permanência no
mercado (GUAN et al., 2009; ASSELINEAU, 2010; BOWONDER et al., 2010; COOPER;
EDGETT, 2010; MORS, 2010).
Inovação pode ser entendida como um processo ou um resultado advindo da produção,
adoção, assimilação e exploração de uma novidade que agregue valor tanto na esfera
econômica quanto na social a partir da renovação e ampliação dos produtos, serviços e
mercados, bem como no desenvolvimento de novos métodos de produção e criação de
sistemas de gestão (DOSI, 1988; LYNN; AKGÜN, 1998; CROSSAN; APAYDIN, 2010). Deforma geral, a inovação está interligada com o incerto, então, envolve a descoberta,
experimentação, desenvolvimento, imitação, adoção de novos produtos e processos ou formas
de trabalho (DOSI, 1988) como resultado proposto pela mudança (FIATES; FIATES, 2008).
Nesse contexto, a inovação é vista como um processo que transforma novas ideias,
produtos, serviços ou formas de trabalho em oportunidades que, quando aceitas e
aproveitadas, tornam-se uma prática amplamente utilizada e que não existia previamente
(SCHUMPETER, 1997; FREEMAN; SOETE, 2008; SPARROW, 2010).
Embora uma parcela substancial dos investimentos em desenvolvimento de novos
produtos e serviços seja comumente direcionada para atender a consumidores pertencentes a
elevados estratos sociais, pesquisas empreendidas nos últimos anos (SPERS, 2013;
PRAHALAD, 2012; PRAHALAD; HAMMOND, 2005; GIOVINAZZO, 2003;
PRAHALAD; HART, 2002) têm chamado a atenção para o potencial de ganhos decorrentes
de esforços de criação ou adaptação de estratégias que agreguem valor à população de baixa
renda. Entende-se, adicionalmente, que os resultados econômicos não podem estardissociados das preocupações ambientais e sociais, exigindo, pois, que as práticas ora
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adotadas para atender à base da pirâmide devem estar alicerçadas na sustentabilidade
(BERKHOUT; GREEN, 2002; TIDD et al., 2008; BARBIERI et al., 2010). Neste sentido, o
conceito de destruição criativa desenvolvido por Schumpeter (1997) ganha uma nova
perspectiva quando considerado juntamente com a sustentabilidade, já que o processo
inovador necessita ter uma visão ampliada, necessitando atingir não somente o desempenho
econômico, mas também o ambiental e o social.
A proposta desta pesquisa, portanto, diz respeito à análise das práticas de inovação de
empresas que lidam com mercados da base da pirâmide, contemplando a identificação das
inovações, estratégias e tipos de inovação, práticas sustentáveis e avaliando o modelo teórico
que melhor explica as inovações realizadas pelas empresas a serem estudadas. Para isto, será
adotada uma pesquisa qualitativa, de cunho descritivo, por meio de estudo de casos emmúltiplas empresas de bens e serviços.
Os interesses que subsidiam este estudo são decorrentes do conjunto de resultados de
recentes pesquisas empreendidas pela equipe proponente deste projeto em temas que
envolvem a temática inovação e sustentabilidade, conforme pode ser observado no quadro 1 a
seguir.
Quadro 1 – Referências de Pesquisas Empreendidas pela Equipe do ProjetoArtigos em Periódicos
MONTEIRO, M. R.; BORA, S. M.; MACHADO, A. G. C. Orientação para o Mercado, AprendizagemGeradora e Estratégias de Inovação: um estudo no setor hospitalar. Revista de AdministraçãoHospitalar e Inovação em Saúde, v.10, n.2, p.52-64, 2013.
MONTEIRO, M. R.; MACHADO, A. G. C. Estratégias de inovação: estudo de casos em empresas dosetor de software. Revista Gestão Industrial, v.9, n.1, p.194-224, 2013.
FURLANETTO, E. L.; CANDIDO, G. A.; MARTINS, M. F.. Sustentabilidade em Arranjos ProdutivosLocais: uma proposta de metodologia de análise. Gestão.Org, v. 1, p. 195-225, 2011.
FURLANETTO, E. L. ; MONTE SANTO, S.F. Arranjo Produtivo Local: além de Competitivo é Preciso
ser Sustentável. INGEPRO, v. 1, p. 129-141, 2009.
Capítulos de Livros MACHADO, A. G. C.; OLIVEIRA, R. L. Gestão Ambiental Corporativa. In: José de LimaAlbuquerque. (Org.). Gestão Ambiental e Responsabilidade Social. São Paulo: Atlas, 2009, p. 93-114.
FURLANETTO, E. L.; CANDIDO, G. A.; MARTINS, M. F. Sustentabilidade em Arranjos ProdutivosLocais: uma proposta de metodologia de Análise. In: CANDIDO, G. A. (org.). DesenvolvimentoSustentável e sistemas de Indicadores de Sustentabilidade. Campina Grande: Editora da UFCG, 2010
Anais de Eventos
BARBOSA, R. A.; GENUÍNO, S. L. V. P.; MACHADO, A. G. C. Estratégias de Inovação sob a
perspectiva da Resource-Based View: um estudo na Embrapa. In: ENCONTRO DA ANPAD, 37, 2013,Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, ANPAD, 2013.
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BARBOSA, R. A.; DOS SANTOS, G. T.; MACHADO, A. G. C. Estratégias de inovação noagronegócio à luz da RBV: o caso Embrapa Algodão. In: SIMPÓSIO DE ADMINISTRAÇÃO DAPRODUÇÃO, LOGÍSTICA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS, 16, São Paulo, 2013. Anais..., SãoPaulo: FGV, 2013.
GENUÍNO, S. L. V. P.; MACHADO, A. G. C. Pesquisa & Desenvolvimento com inovação aberta: Ocaso EMEPA. In: SEMINÁRIOS DE ADMINISTRAÇÃO, 16, 2013, São Paulo. Anais... São Paulo:USP, 2013.
GENUÍNO, S. L. V. P.; MACHADO, A. G. C. Gestão Ambiental no Setor Sucroenergético Brasileiro.In: ENANPAD, 2013, Rio de Janeiro. ENANPAD 2013, 2013. ENCONTRO DA ANPAD, 37, 2013,Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, ANPAD, 2013.
MELO, G. T.; MACHADO, A. G. C. Estratégia e Processo de Inovação em Serviços: o caso da GradualInvestimentos. In: SIMPÓSIO DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO, LOGÍSTICA EOPERAÇÕES INTERNACIONAIS, 16, São Paulo, 2013. Anais..., São Paulo: FGV, 2013.
Dissertações Concluídas
Raissa de Azevedo Barbosa. Estratégias de Inovação no Agronegócio Brasileiro à Luz da Resource-Based View: Um Estudo na Embrapa. 2013. Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade
Federal da Paraíba, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Orientador: AndréGustavo Carvalho Machado.
Shirley Luanna Vieira Peixoto Genuíno. Gestão ambiental sob a perspectiva estratégica: um retratodo setor sucroalcooleiro nacional. 2013. Dissertação (Mestrado em Administração) - UniversidadeFederal da Paraíba, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Orientador: AndréGustavo Carvalho Machado.
Paula Luciana Bruschi Sanches. Estratégias de inovação sob a perspectiva da resource-based-view:análise e evidências em empresas de base tecnológica. 2011. Dissertação (Mestrado emAdministração) - Universidade Federal da Paraíba, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico. Orientador: André Gustavo Carvalho Machado.
Ricardo Luciano de Oliveira. Gestão Ambiental Empresarial: os casos Wal-Mart e Coca-Cola. 2009.Dissertação (Mestrado em Administração e Desenvolvimento Rural) - Universidade Federal Rural dePernambuco, . Orientador: André Gustavo Carvalho Machado.
Arinalda Cordeiro de Almeida. Índice de desenvolvimento sustentável municipal participativo: umestudo da sustentabilidade do município de Pitimbu a partir da percepção de atores sociais . 2011.Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais) - Universidade Federal de Campina Grande, . Orientador:Egidio Luiz Furlanetto.
Suênya Freire do Monte Santos. Arranjo Produtivo Local Sustentável: o caso do setor de calçados deCampina Grande/PB. 2009. Dissertação (Mestrado em Recursos naturais) - Universidade Federal de
Campina Grande, . Orientador: Egidio Luiz Furlanetto.
Jusciê Alves Arcanjo. Arranjo produtivo local sustentável: estudo de caso do APL de calçados dePatos-PB. 2009. Dissertação (Mestrado em Pós-Graduação em Recursos Naturais) - UniversidadeFederal de Campina Grande. Orientador: Egidio Luiz Furlanetto.
Fonte: Elaboração Própria, 2013.
b) Qualificação do principal problema a ser abordado
O aumento da concorrência em nível mundial determina desafios que expressam nacompetitividade a necessidade de redução do tempo de vida de processos, produtos e
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capacidades (HELFAT; PETERAF, 2003). Esse cenário favorece o papel de aspectos
tecnológicos (SHEEHAN; FOSS, 2009) em constantes mudanças no ambiente corporativo.
Dessa forma, a sustentabilidade no mercado pode ser atingida através de inovações nos
produtos e processos (LYNN; AKGÜN, 1998).
Quando a dinamicidade do mercado se impõe como fator preponderante, em termos de
desempenho, as empresas inovadoras podem superar seus concorrentes por meio do
desenvolvimento de novas práticas de gestão e pela facilidade em adaptar-se ao ambiente
(MASSINI et al., 2002). A capacidade de inovar das organizações tem sido vista como um
pressuposto para o sucesso no cenário econômico atual, uma vez que é considerada a base
para alcançar resultados superiores (LOCKETT; THOMPSON, 2001; TOLDO, 2006).
De forma geral, a inovação está interligada com o incerto, então, envolve a descoberta,
experimentação, desenvolvimento, imitação, adoção de novos produtos e processos ou formas
de trabalho (DOSI, 1988) como resultado proposto pela mudança (FIATES; FIATES, 2008).
Em sua tipologia, a inovação possui várias perspectivas que devem ser vistas como
complementares. De uma maneira mais generalizada, as inovações podem ser divididas entre
inovação não tecnológicas e inovações tecnológicas (OCDE, 1997).
A adoção de um tipo de inovação pode contribuir para vários aspectos da performance
sustentável, mas, ao longo do tempo, a combinação resultante desses diferentes tipos também
transforma a maneira como a organização vai alcançar seus objetivos ao desenvolver
capacidades e afetar o comportamento organizacional (DAMANPOUR; WALKER;
AVELLANEDA, 2009). Fatores importantes para um tipo de inovação, como estruturas,
atitudes e práticas gerenciais, informações e capital humano, podem não ser necessariamente
relevantes para outros tipos, o que contribui para a diversidade (TZOKAS; SAREN, 1997).
Assim, quando uma inovação pertence a mais de uma tipologia diminui-se a lacuna
entre os padrões de inovação existentes e aumenta-se a interdependência entre as inovações.
Por exemplo, quando inovações de produto e processo atuam em sincronia, implica-se emresultados positivos para o desempenho organizacional (DAMANPOUR;
GOPALAKRISHNAN, 2001).
As organizações, por sua vez, podem contar com uma série de estratégias de inovação
diferentes que corroboram a construação da vantagem na corrida pela inovação (LYNN;
AKGÜN, 1998), por meio de novas ofertas ou experências que estimulam seus clientes, novos
produtos ou serviços, patentes que lhes garantam posição de destaque frente à concorrência,
criando novas empresas ou inserindo-se em novos segmentos de mercado (BOWONDER et
al; 2010).
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A partir da perspectiva de que a criação ou exploração de novos segmentos de
mercado seja fundamental para a sobrevivência no longo prazo, e com a percepção da
ascensão de um volume cada vez maior de pessoas de uma classe social mais baixa para uma
mais alta, ou seja, da intensidade da mobildade social, as organizações têm se deparado com o
seguinte desafio: explorar o mercado representado por cerca de dois terços da população
mundial, a camada dos mais pobres (os mercados emergentes), e obter ganhos a partir de
estratégias desenhadas especificamente para este novo público consumidor.
Segundo Hart (2006), a partir da saturação dos mercados e da degradação ambiental,
ficou claro que havia um grande mercado potencial a ser explorado. Surgia, assim, o conceito
de mercado da base da pirâmide (BP) e, consequentemente, o conceito de inovação na base da
pirâmide. Entretanto, a exploração desse mercado deve ser conduzida como uma força
condutora para o aperfeiçoamento humano (questões sociais) e a recuperação ambiental, e
com isso elevar a BP (HART, 2006). Neste contexto, as inovações na base da pirâmide podem
também ser vistas sob a perspectiva de uma inovação social (YUNUS, 2010; NOGAMI &
BOTELHO, 2011; NOGAMI, et. al., 2013), ou ainda de uma inovação sustentável
(BARBIERI et. al., 2010).
Estratégias voltadas para este propósito, contudo, não se resumem a adaptar modelos
do topo da pirâmide para serem usados na base, mas sim no desenvolvimento de modelos que
harmonizem uma orientação humanitária com as motivações de crescimento e lucratividade
(HART, 2006). É o que o autor denomina de “o grande salto para baixo”, o qual poderá trazer
vantagens, uma vez que tais estratégias permitem aos inovadores incubar seus negócios na
segurança de mercados geralmente ignorados, ganhando competências que permitirão depois
a exploração de mercados de camadas superiores. Portanto, as estratégias inicialmente
desenvolvidas para mercados localizados na base da pirâmide podem se tornar vantagem,
posteriormente, em mercados mais competitivos. É o que relatam Khanna e Palepu (2010), ao
avaliarem estratégias de empresas que nasceram em mercados emergentes e posteriormente seinternacionalizaram a ponto dos autores as denominarem de “Gigantes Emergentes”.
Muitos são os exemplos de estratégias bem sucedidas para mercados na base da
pirâmide. Entre eles, destaca-se a estratégia da General Electric (GE) no lançamento de um
aparelho para realizar eletrocardiograma, inicialmente projetado para o mercado do interior
(rural) da Índia e que posteriormente tornou-se sucesso mundial (PRAHALAD, 2012), ou
ainda a estratégia de uma empresa indiana de produção de detergentes (PRAHALAD; HART,
2002).
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A base da pirâmide é, por conseguinte, o mercado ideal para o surgimento de novas
tecnologias de ruptura, a denominada inovação de ruptura (CHRISTENSEN, 1997; HART;
CHRISTENSEN, 2002), pois inicialmente essas novas tecnologias não sofrem grandes
concorrências, podendo aperfeiçoar seus modelos e posteriormente migrar para mercados de
alta renda. Além do mais, inovações que agregam produtos e serviços simples e com
funcionalidade modesta, quando introduzidos nesses mercados, atingem consumidores mal
atendidos ou mesmo consumidores que estariam fora do mercado.
Conclusões semelhantes aparecem no trabalho de Viswanathan e Sridharan (2012),
onde os autores destacam que estratégias de inovações para a base da pirâmide devem
oferecer produtos e serviços de qualidade, mas com preço reduzido. Ainda sob a perspectiva
tecnológica da inovação, estes mesmos autores classificam as inovações na base da pirâmide
como sendo inovações incrementais, o que também aparece em destaque no trabalho de
Nogami et al. (2013).
O mercado da base da pirâmide parece ser o local ideal para a incubação de novas
tecnologias sustentáveis, entretanto, as organizações não devem assumir que tais resultados
são óbvios (HART, 2006). Por outro lado, de acordo com o autor supracitado, essas
oportunidades de crescimento devem ser aproveitadas antes que se apresentem como uma
possível ameaça, desde que não exploradas, dentro dos preceitos da inovação de ruptura de
Christensen (1997), pois poderão se tornar vantagem para os concorrentes que assim o
fizerem. Destaca-se, por fim, que as organizações terão que construir novos modelos de
negócios, os quais levem em consideração estratégias, estruturas e processos de
gerenciamento apropriados para as condições dos mercados situados na base da pirâmide
(HART, 2006; CHIKWECHE; FLETCHER, 2012).
Neste contexto, faz-se necessário examinar a seguinte questão que delineia o problema
desta pesquisa: como são realizadas inovações para atender aos consumidores de baixa renda?
c) Objetivos e metas a serem alcançadas
O projeto intenciona alcançar os seguintes objetivos e metas:
Objetivo geral
Analisar como empresas estão lidando com as inovações para atender os consumidores
de baixa renda.
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Objetivos específicos
Especificamente, pretende-se:
1. Identificar as inovações empreendidas pelas empresas selecionadas.
2. Classificar os tipos de inovação.
3. Avaliar um modelo teórico que melhor explique as inovações executadas.
4. Analisar as práticas sustentáveis associadas às inovações empreendidas.
Metas
(i) Elaboração de, no mínimo, dois artigos científicos visando à apresentação e
publicação em anais de encontros nacionais;(ii) Elaboração de, pelo menos, dois artigos científicos visando à publicação emperiódicos qualificados pela CAPES;
(iii) Formação de, pelo menos, dois alunos, em nível de mestrado, por meio daexecução de pesquisas associadas à temática proposta neste projeto.
d) Metodologia a ser empregada
Esta pesquisa se posiciona no paradigma interpretativo, pois centralizará o ponto de
vista dos participantes da amostra através de uma análise profunda e subjetiva da realidadeparticular das inovações nos contextos criados pelos sujeitos envolvidos.
Nesse sentido, a perspectiva epistemológica da pesquisa tratará a realidade encontrada
como relativista na medida em que buscará explicações advindas dos participantes. Deste
modo, a natureza ontológica se denomina como nominalista, a natureza humana como
voluntarista e a metodologia como ideográfica (BURRELL; MORGAN, 1979).
A pesquisa utilizará o método de argumentação indutivo e pode ser caracterizada
como uma pesquisa descritiva e qualitativa. A estratégia de pesquisa será estudo de casos
múltiplos. O uso de estudos de casos múltiplos tem caráter estratégico ao permitir maior
robustez à pesquisa, no sentido de contribuir para a validação ou generalização dos achados.
Ademais, é um meio de investigar unidades sociais complexas atreladas a diversas variáveis
de extrema importância para a compreensão do fenômeno, decodificando os significados no
intuito de expandir as experiências dos leitores (MERRIAM, 1998).
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Critério para seleção dos casos e dos sujeitos de pesquisa
Serão selecionadas, pelo menos, quatro empresas que tenham como propósito atender
ao público situado na base da pirâmide social seja por meio da disponibilização de bens ou
serviços. Neste sentido, as empresas podem pertencer a diferentes setores produtivos e estar
localizadas em diferentes regiões e estados do país. Como forma de orientar a composição da
amostra, serão solicitadas indicações a profissionais e pesquisadores, além de pesquisa
bibliográfica sobre a temática em enfoque. Assim, a amostra será intencional e não-
probabilística (MERRIAM, 1998).
Os sujeitos da pesquisa serão os responsáveis pela condução das estratégias e das
inovações nas empresas selecionadas, ocupando cargos de direção, gerência, supervisão e
coordenação de pesquisas. Com relação à quantidade de pessoas selecionadas, irá depender decada organização e da disponibilidade dos participantes em potencial. Com isso, serão
observados indícios que demonstrem a necessidade de informações coletadas a fim de
compreender o momento em que a saturação dos dados ocorre (EISENHARDT, 1989), na
qual novas entrevistas não serão necessárias por não agregarem mais diversificação para a
análise.
Coleta de dados
Considerando que as empresas que farão parte do conjunto de casos múltiplos devem
estar localizadas em diferentes regiões e estados do Brasil e que será empreendida uma
pesquisa de campo, os pesquisadores deverão se deslocar até as instalações das empresas
selecionadas a fim de que seja realizada a coleta de dados correspondente.
O instrumento principal de coleta de dados a ser utilizado nessa pesquisa será a
entrevista semiestruturada, suportada por um roteiro de entrevista a ser desenvolvido. Para
propiciar a triangulação dos dados, outras fontes serão adotadas, tais como observações
diretas e documentação. O uso de múltiplas fontes contribui para a consistência e confirmação
dos resultados e conclusões da pesquisa (MERRIAM, 1998; ROWLEY, 2002; YIN, 2010),
reforçando sua validade e confiabilidade.
As entrevistas serão gravadas com anuência dos entrevistados e, posteriormente
transcritas e enviadas para os mesmos a fim de sanar possíveis distorções entre o que foi
compreendido e o que realmente ocorre no âmbito da empresa.
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Análise dos dados
Nesta fase da pesquisa, será preciso desenvolver um protocolo a ser seguido,
delineando as etapas para a compreensão do material coletado, com o objetivo de melhor
interpretação dos dados. Um protocolo torna-se um guia para o pesquisador nas interpretações
haja vista que colabora para a organização dos dados, facilitando a localização e
procedimentos operacionais relativos às informações como codificação, seleção de citações
para as categorias, entre outros (MAYRING, 2000).
Como indicado por Merriam (1998), a análise dos dados em estudo de casos múltiplos
deve ser feita em níveis diferentes e envolve within case (caso individual) e cross case (caso
cruzado). Na primeira fase (within case), os dados serão analisados em conformidade com
suas características e seus contextos individuais. Tendo como referência os passos discutidospor alguns autores, como: Bardin (1977), Bogdan e Biklen (1994), Merriam (1998), Mayring
(2000), Yin (2010) e a tese de doutorado de Silva (2005), foi possível constituir os passos a
serem seguidos na primeira fase de análise. Neste contexto, o processo da análise se
caracterizará como contínuo, pois necessitará sempre de revisões e reavaliações, mas também
possuirá caráter recorrente, dando a ideia de relação mútua entre as fases evidenciando-se,
assim, um ciclo multidirecional.
Primeiramente, a leitura e releitura do material recolhido favorecerão uma visão
sistêmica (SILVA, 2005) ao mesmo tempo em que permitirão a exploração, organização e
sistematização das ideias e orientações iniciais (BARDIN, 1977; FRANCO, 2008). Um
segundo momento determinará a seleção dos aspectos do material coletado por meio de
critérios pré-estabelecidos ou permitirá avaliar o material a partir desses critérios (teoria e
categorias) em um processo cíclico (MAYRING, 2000).
Após a realização das entrevistas e codificação dos resultados, os dados obtidos serão
organizados de acordo com possíveis categorias. A categorização efetuada nessa pesquisa será
de caráter semântico, pois serão agrupados todos os temas que obtiverem os mesmos
significados em suas categorias apropriadas (FRANCO, 2008).
Com o mesmo intuito de obter as vantagens advindas de uma técnica
metodologicamente rígida, as categorias que orientarão a compreensão do fenômeno estudado
serão baseadas na fundamentação teórica, bem como a partir do material coletado. A
codificação dos discursos, por sua vez, representará dados brutos como frases, sentenças e
palavras que devem também contribuir para a compreensão dos dados (SILVA, 2005).
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Por fim, na segunda fase de análise (cross case), as variáveis encontradas nos casos
serão cruzadas e comparadas entre si, a fim de investigar se há semelhanças, diferenças e
contradições à luz da literatura que fundamenta o tema.
e) Principais contribuições científicas ou tecnológicas daproposta
No que diz respeito à inovação, ainda são necessários estudos que verifiquem as
práticas das empresas brasileiras com o objetivo de aprofundar a discussão entre ciência,
tecnologia e inovação no Brasil (CASSIOLATO, 2005). As empresas que alcançam sucesso
em suas inovações, por sua vez, são aquelas que possuem um bom alinhamento estratégico,
abrangendo desde estratégias gerais até estratégias de inovação e que têm foco no cliente emrelação à cadeia de valor da inovação, geração de ideias e desenvolvimento de produtos
(JARUZELSKI; DEHOFF, 2007). A combinação particular de conhecimentos, equipes de
trabalho, processos e ferramentas, que constituem as capacidades organizacionais, alavanca os
esforços voltados para a inovação (JARUZELSKI; DEHOFF, 2010).
No entanto, após a revisão da literatura, entende-se que ainda existem lacunas a serem
preenchidas, fazendo com que a análise das práticas de inovação um campo promissor de
investigação onde há muito a ser feito para o seu entendimento. A falta de consenso nas
pesquisas no que concerne definições, características, tipologias e nomenclaturas é,
particularmente, uma destacada lacuna que deve ser preenchida por pesquisas futuras
(ASSELINEAU, 2010).
As deficiências são ainda maiores quando se trata de temas atuais como os abordados
na presente proposta, ou seja, inovação na base da pirâmide, sustentabilidade das práticas de
inovação adotadas, modelos e estratégias de inovação frente aos novos produtos e serviços, de
uma camada de consumidores que ficou, por longo tempo, fora de boa parte dos estudos
empíricos.
Especificamente no caso do Brasil, poucos foram os estudos já realizados sob essa
temática, destacando-se os trabalhos de Giovinazzo (2003), Spers e Wright (2006), Spers
(2007) e Spers (2013), reforçando a carência e necessidade de novos estudos empíricos,
conforme destacado nas conclusões do mais recente trabalho de Spers (2013).
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Assim, academicamente, este projeto de pesquisa tem a intenção de contribuir para um
melhor entendimento a respeito do desenvolvimento ou adaptação de bens ou serviços
inovadores voltados para o consumidor de baixa renda no contexto nacional, procurando
esclarecer quais inovações foram empreendidas, os tipos de inovação, as práticas sustentáveis,
e avaliar o modelo que melhor explique como as inovações estão sendo executadas à luz do
referencial teórico.
Do ponto de vista gerencial, os resultados desta pesquisa poderão contribuir para
orientar os esforços que conduzam à seleção e adequação de práticas, comportamentos,
estratégias e tipos de inovação mais apropriados para alinhar os objetivos do negócio com os
esforços inovativos empresariais que conduzam a vantagens competitivas decorrentes do
atendimento ao público das classes C e D.Nesse sentido, as conclusões de um dos mais recentes artigos de Prahalad sobre o tema
destacam que a participação e a exploração de inovações em mercados da base da pirâmide
deve ser a agenda das empresas para a próxima década (PRAHALAD, 2012).
f) Orçamento detalhado
Quantidade ValorUnitário
(R$ 1,00)
Valor Total
(R$ 1,00)
Item
Capital
Notebook (para permitir amobilidade necessáriadurante as viagens de coletade dados)
3 2500 7.500
Material Bibliográfico 20 120 2.400
Impressora 1 700 700
Gravador Digital (paragravação das entrevistas)
2 250 500
Subtotal (a) 11.100
Custeio
Serviços de terceiros paratranscrição de entrevistas
- 1000 1.000
Diárias para a coleta dedados em empresas a serem 16 320 5.120
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selecionadas em diferentesregiões e cidades do Brasil.Para cada empresa seráenviado um pesquisador eum aluno que devempermanecer no local, por,
pelo menos, dois dias.Passagem aérea para coletade dados (ida e volta). Emcada viagem deve ir umpesquisador e um aluno
8 1500 12.000
Material de Consumo - 750 750
Subtotal (b) 18.870
TOTAL GERAL (a+b) 29.970
g) Cronograma físico-financeiro
Atividade Início TérminoAtualização de literatura (Aquisição debibliografia nacional e internacional)
Dezembro/13 Fevereiro/14
Redação do referencial teórico Janeiro/14 Agosto/14Revisão dos procedimentos metodológicos Setembro/14 Novembro/14Elaboração do instrumento de coleta de dados Outubro/14 Novembro/14Delineamento da amostra: identificação dasempresas
Novembro/14 Dezembro/14
Coleta dos dados Janeiro/15 Março/15Análise dos dados Abril/15 julho/15Preparação de artigos científicos parapublicação
Agosto/15 Setembro/15
Elaboração do Relatório Final da Pesquisa Setembro/15 Outubro/15
h) Identificação dos participantes do projeto
Nome Titulação Área deConhecimento
Vínculo
André Gustavo Carvalho Machado Doutor Administração Professor daUniversidade
Federal da Paraíba
Egidio Luiz Furlanetto Doutor Administração Professor daUniversidade
Federal da Paraíba
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Paula Luciana Bruschi Sanches Mestre Administração Professora daUniversidade
Federal da Paraíba
Gibson Meira Oliveira Mestrando Administração Programa de Pós-
Graduação emAdministração da
UniversidadeFederal da Paraíba
Sarita Bora Mestranda Administração Programa de Pós-Graduação emAdministraçãoUniversidade
Federal da Paraíba
(Currículos estão disponíveis na Plataforma Lattes do CNPq)
i) Grau de interesse e comprometimento de empresas com o
escopo da proposta
Há a expectativa de que o respaldo institucional da instituição federal, representada
pela universidade a qual o coordenador da pesquisa encontra-se profissionalmente vinculado,além dos contatos a serem firmados com Associações, Sindicatos e Federações, será muito
útil para o credenciamento da pesquisa junto às empresas a serem selecionadas para compor a
amostra.
j) Indicação de colaborações ou parcerias já estabelecidas
Os pesquisadores participantes desta pesquisa possuem parcerias acadêmicas com
professores e pesquisadores vinculados a diversas instituições de ensino e pesquisa, dentre asquais merecem destaque: (1) Universidade Federal de Pernambuco (Walter Fernando Araújo
de Moraes), (2) Universidade Federal Rural de Pernambuco (Erica P. Kovacs; Brigitte Renata
Bezerra Oliveira), (3) Universidade Federal da Bahia (Itiel Moraes da Silva); Universidade
Federal de Campina Grande (Gesinaldo Ataíde Cândido).
k) Disponibilidade de infraestrutura e apoio técnico
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O projeto contará com a infraestrutura e apoio técnico existente nas instituições de
origem dos pesquisadores, tais como: acesso ao portal da Capes, biblioteca, laboratórios de
informática, sala de reuniões, softwares para tratamento de dados, apoio à tradução de artigos
para publicação em outras línguas, serviço de secretaria do programa de pós-graduação para
resolver assuntos burocráticos.
l) Estimativa dos recursos financeiros de outras fontes que
serão aportados pelos eventuais Agentes Públicos e Privados
parceiros.
Não estão previstas outras fontes de recursos para financiamento da pesquisa.
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