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24 WEB / BIBLIOGRAFIA AGRADECIMENTOS AUTORES O Roteiro Turístico da Fórnea de Alcaria foi elaborado por professores e alunos do Instituto Educativo do Juncal, no âmbito do Projeto “Ciência na Escola”, promovido pela Fundação Ilídio Pinho. Os professores responsáveis pelo projeto foram Cláudio Santos, Ana Sílvia Malhado, Henrique Faustino, Luís Lacerda e Bruno Monteiro. Os alunos colaboradores foram Beatriz Trindade, Débora Vazão, Jaime Caetano, João Tiago, Bernardo Pires, Bruna Sousa, Diogo Jorge, Maria Santos, Pedro Francisco, Vanessa Cordeiro, Afonso Vazão, Bernardo Pereira, Leandro Cordeiro, Alexandra Norberto, Cláudio Silva, Ingrid Amoras, Lara Pereira, Samuel Belo, Adriana Pinto, Beatriz Duarte, Jéssica Ramos e Rosa Almeida. Instituto Educativo do Juncal União de Freguesias de Alvados-Alcaria SPE, Sociedade Portuguesa de Espeleologia Fundação Ilídio Pinho, 12.ª Edição do Prémio “Ciência na Escola” DGESTE, Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares Posto de Turismo do Município de Porto de Mós Ecoteca de Porto de Mós Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros Ana Ventura, Fotografia www.mesozoico.wordpress.com www.municipio-portodemos.pt/page.aspx?id=214 //arqueologia.patrimoniocultural.pt/ //w3.ualg.pt/~jdias/GEOLAMB/GA2_SistTerra/204Evolucao/Paleomap.html //cartografia.fa.ulisboa.pt/cartografia-em-papel/carta-militar-de-portugal/ //www.wikipedia.org // fossil.uc.pt Crispim, J. (1991). A importância geológica do MCE. 1as Jornadas sobre o Ambiente Cársico e Educação Ambiental, PNSAC. Carta Geológica folha 27-A Vila Nova de Ourém e notícia explicativa Carvalho, J. et al (2011). Maciço Calcário Estremenho - Caracterização da Situação de Referência. LNEG, Lisboa Flor, A. (2005). Plantas a Proteger no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. Graça, P. (2012). Orquídeas Silvestres do Planalto de Cesareda. Guias Fapas: Aves de Portugal e da Europa; Árvores de Portugal e da Europa; Anfíbios e Répteis de Portugal. 1 ROTEIRO TURÍSTICO DA FÓRNEA DE ALCARIA Projeto “Ciência na Escola”, Fundação Ilídio Pinho INSTITUTO EDUCATIVO DO JUNCAL 2015

Transcript of Projeto “Ciência na Escola”, Fundação Ilídio Pinho AUTORES ... · parece-nos preencher um...

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WEB / BIBLIOGRAFIA

AGRADECIMENTOS

AUTORES

O Roteiro Turístico da Fórnea de Alcaria foi elaborado por professores e alunos do

Instituto Educativo do Juncal, no âmbito do Projeto “Ciência na Escola”, promovido pela Fundação Ilídio Pinho.

Os professores responsáveis pelo projeto foram Cláudio Santos, Ana Sílvia Malhado, Henrique Faustino, Luís Lacerda e Bruno Monteiro. Os alunos colaboradores foram Beatriz Trindade, Débora Vazão, Jaime Caetano, João Tiago, Bernardo Pires, Bruna Sousa, Diogo Jorge, Maria Santos, Pedro Francisco, Vanessa Cordeiro, Afonso Vazão, Bernardo Pereira, Leandro Cordeiro, Alexandra Norberto, Cláudio Silva, Ingrid Amoras, Lara Pereira, Samuel Belo, Adriana Pinto, Beatriz Duarte, Jéssica Ramos e Rosa Almeida.

Instituto Educativo do Juncal

União de Freguesias de Alvados-Alcaria

SPE, Sociedade Portuguesa de Espeleologia

Fundação Ilídio Pinho, 12.ª Edição do Prémio “Ciência na Escola”

DGESTE, Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares

Posto de Turismo do Município de Porto de Mós

Ecoteca de Porto de Mós

Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros

Ana Ventura, Fotografia

www.mesozoico.wordpress.com

www.municipio-portodemos.pt/page.aspx?id=214

//arqueologia.patrimoniocultural.pt/

//w3.ualg.pt/~jdias/GEOLAMB/GA2_SistTerra/204Evolucao/Paleomap.html

//cartografia.fa.ulisboa.pt/cartografia-em-papel/carta-militar-de-portugal/

//www.wikipedia.org

// fossil.uc.pt

Crispim, J. (1991). A importância geológica do MCE. 1as Jornadas sobre o Ambiente

Cársico e Educação Ambiental, PNSAC.

Carta Geológica folha 27-A Vila Nova de Ourém e notícia explicativa

Carvalho, J. et al (2011). Maciço Calcário Estremenho - Caracterização da Situação de

Referência. LNEG, Lisboa

Flor, A. (2005). Plantas a Proteger no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.

Graça, P. (2012). Orquídeas Silvestres do Planalto de Cesareda.

Guias Fapas: Aves de Portugal e da Europa; Árvores de Portugal e da Europa;

Anfíbios e Répteis de Portugal.

1

ROTEIRO TURÍSTICO DA

FÓRNEA DE ALCARIA

Projeto “Ciência na Escola”, Fundação Ilídio Pinho

INSTITUTO EDUCATIVO DO JUNCAL 2015

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PERCURSOS

Percurso Linear Grande Percurso Linear Pequeno Percurso Circular

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OUTROS LOCAIS DE INTERESSE

CONTACTOS ÚTEIS União de Freguesias de Alvados-Alcaria,

244 401 069 GIPS de Alcaria, 927 900 796 Bombeiros Porto de Mós, 244 491 115 Bombeiros de Mira de Aire, 244 440 115

A VISITAR Centro Hípico de Alcaria, Casa da Olaria de Alcaria, 244 491 177 Grutas de Alvados, 244 440 787 Quinta da Escola, 249 849 291 Grutas de Sto António, 249 841 876 Grutas de Mira de Aire, Parque Aquático AquaGruta de Mira de Aire, 244 440 322

OUTROS PERCURSOS Canyon das Lapas Pedreira da Pedra-Bicho Percurso do Castelejo-Fórnea

PRODUTOS LOCAIS Mel Azeite Queijo Morcela Bolo-coração Licores Pratos de caça

FESTAS E ROMARIAS Festa dos Pinhões, janeiro Festa em honra de N.Sra. das Candeias / Consolação, fevereiro Festa em honra de N.Sra. dos Prazeres, domingo de Pascoela Sabores da Caça, março Festa de Sto. António, junho Concerto na Fórna, agosto

PARQUE DE MERENDAS Lagoa de Alvados

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INFRAESTRUTURAS DE APOIO

ALCARIA Alcaria, a aldeia que beija a Fórnea, apresenta-se cheia de recantos e encantos para quem passa e para quem fica. Um percurso a pé pelas ruas da aldeia permite absorver o ambiente rural que emana das casas de pedra muitas das quais recuperadas. As ruelas e asseguias revelam pormenores, como fontanários e hortas comunitárias, mas também emolduram a imponente Fórnea que se abre ao fundo. Um percurso matinal à padaria, um encontro na eira onde ainda se secam nozes, uma passagem pela ponte de traça celta, a súbida até ao Centro Hípico, a foto perfeita da Fórnea na rua da escola velha, uma visita à igreja de N.Sra. dos Prazeres, explorar a Casa da Olaria e um belo repasto no Dom Lambuças, parece-nos preencher um dia de belas e agradáveis surpresas. Se puder delicie-se na edição anual dos Sabores da Caça e assista ao imperdível Concerto na Fórnea. Não vá embora sem levar alguns produtos da gastronomia local, comprados à soleira da porta. ALOJAMENTO

A Rosa do Menel, 936 351 181 Pousada da Juventude, 244 441 202 Casa Boho, 965 069 557 Casa dos Aromas, 963 504 565 Casa dos Matos, 967 601 607 Cooking & Nature Emotional Hotel,

967 601 607 RESTAURAÇÃO / BAR

Petisqueira Dom Lambuças, 911 588 164 Café Ai Jesus Café da Bica Restaurante A Gralha, 913 466 961 Restaurante Flor da Serra, 932 452 493 Café do Moleiro, 934 533 165

Petisqueira D.Lambuças

Casa A Rosa do Menel

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PROGRAMA

NÃO ESQUECER

Antes de iniciar o percurso verifique que possui... mínimo 1,5l de água; almoço e lanche para manhã e tarde; roupa prática adequada às condições meteorológicas; sapatilhas de trekking; frontal/lanterna; boné de aba para proteção do sol; protetor solar; kit de primeiros socorros; máquina fotográfica; bloco para apontamento e lápis; guias de campo: fauna; flora, fósseis; bússola; GPS (geocaching); binóculos.

Percurso A Linear grande

Percurso B Linear pequeno

Percurso C Circular

1 - Início do percurso: Chão das Pias

1 - Início do percurso: Chão das Pias

1 - Início do percurso: Chão das Pias

2 - Percurso da Manhã

2 - Percurso da Manhã

2 - Percurso da Manhã

3 - Almoço 3 - Fim do percurso: Alcaria

3 - Fim do percurso: Chão das Pias

4 - Percurso da tarde 4 - Percurso da tarde

5 - Fim do percurso: Ribeira de Cima

5 - Fim do percurso: Chão das Pias

Sugestão de percursos de acordo com o tempo disponível.

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CARACTERÍSTICAS GERAIS

ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO

O percurso proposto

localiza-se no Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros (PNSAC), no concelho de Porto de Mós.

E s t e p e r c u r s o l i g a pedonalmente três localidades, Chão das Pias, Alcaria e Ribeira de Cima.

Aconselha-se a marcar ponto de encontro em Porto de Mós e depois tomar a direção de Serro Ventoso. Nesta povoação virar em direção a Chão das Pias onde o percurso tem início.

Pecurso Linear Grande

Local de partida Chão das Pias

Coordenadas 39º 33’ 16’’N / 8º 48’ 34’’W

Distância 6 km

Duração 7 horas

Tipo de percurso pedestre

Tipo de piso caminho de pé posto, carreteiros, cascalheira

Grau de dificuldade médio-elevado

Época aconselhada primavera e outono

Local de chegada Ribeira de Cima

Chão das Pias

> Concelho de Porto de Mós

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INTERAÇÕES COM A NATUREZA

Interação A Coloque-se confortavelmente... de pé, sentado, deitado ... Feche os olhos durante 1 minuto. Sinta o espaço envolvente: cheiros, sons, sensação na pele...

Interação B Procure um pormenor na paisagem. Sente-se confortável. Registe esse momento através de um desenho, um sketch, um poema, palavras soltas ou fotografias.

Interação C Observe as plantas, os animais, os fósseis,... Com guias de campo procure identificar os espécimes. Fotografe ou desenhe.

Interação D Observe o meio que o rodeia. Esteja atento a pegadas, penas, tocas, mudas e outros vestígios de animais... Fotografe ou desenhe.

SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL

O Roteiro foi pensado de forma a causar o menor impacto possível no

meio ambiente. Trata-se de uma zona protegida do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e por tal selecionámos percursos por trilhos já delimitados. Para minimizar o seu impacte ambiental é importante que lembre...

Nada se tira a não ser fotografias. Nada de leva a não ser saudade. Nada se deixa a não ser pegadas. Nada se mata a não ser o tempo.

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FÓSSEIS

AMONITES Animais marinhos com dimensões muito

variáveis, desde alguns centímetros a um metro de diâmetro. As amonites, constituem um grupo extinto de moluscos cefalópodes que surgiu no período Devónico e desapareceu na extinção K-T, no final do Cretácico. O animal vivia dentro de uma concha espiralada de natureza carbonatada, semelhante à dos Nautilus atuais e usavam os tentáculos como pés para se deslocarem. Em estratigrafia, as amonites são consideradas excelentes fósseis de idade.

BELEMNITES Animais marinhos carnívoros que possuíam um

corpo mole ao redor de uma concha interna (rostrum), muito semelhantes às lulas atuais. As belemnites surgiram no período Carbonífero (Paleozoico) mas foram mais comuns desde o início do período Jurássico até o fim do período Cretácico, quando foram extintas, juntamente com os dinossauros, no chamado evento K-T. As belemnites eram eficientes caçadoras de peixes pequenos e outros animais marinhos de pequeno porte, usavam os tentáculos para agarrar as presas e comiam-nas com as suas mandíbulas em forma de bico. Ao contrário da lula moderna, tinham ganchos no lugar de ventosas.

BRAQUIÓPODES Os braquiópodes são invertebrados marinhos,

bênticos e com duas valvas diferentes: a valva peduncular (ou ventral) e a valva braquial (ou dorsal) - a mais pequena. Geralmente fixam-se a um substrato através de um pé carnudo - o pedúnculo - que sai pela parte dorsal da valva peduncular. Apesar de pouco diversificados na atualidade, são frequentes nos sedimentos marinhos fossilíferos, tendo sido particularmente abundantes no Paleozóico. Nas rochas Mesocenozóicas estes têm uma abundância significativa nas unidades do Jurássico Inferior e Médio. Braquiópodes

Belemnites

Amonites

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ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO

O Maciço Calcário Estremenho (MCE) é parte integrante da Bacia

Lusitaniana (BL), uma bacia intracratónica (formada no interior da Pangeia) situada no bordo oeste da microplaca Ibérica. A BL tem a sua origem associada a episódios distensivos que levaram à abertura do Oceano Atlântico durante o Mesozoico, aproximadamente há 200 M.a.

Tectonicamente, esta bacia, delimitada por um sistema de falhas, corresponde a uma depressão do tipo graben alongada segundo NNE-SSW, delimitada a oeste pela elevação (horst) das Berlengas. Nesta bacia depositaram-se durante o Mesozoico vários tipos de sedimentos, cuja espessura total ronda os 4 a 5 km.

> Bacia Lusitânica há

cerca de 152 M.a.

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ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO

> Bacia Lusitânica há cerca de 152 M.a.

Do ponto de vista estratigráfico considera-se a existência de duas

grandes sequências sedimentares: as que refletem o período distensivo (Triássico Superior - final do Cretácico) e que são maioritariamente constituídas por rochas carbonatadas (Jurássico) e siliciclásticas (Cretácico), e as que refletem o período compressivo (Cretácico—atualidade), constituídas, essencialmente, por rochas siliciclásticas.

Este período compressivo, por colisão da microplaca ibérica com as placas africana e euroasiática, conduziu à inversão da BL, justificando a exposição subaérea do pacote de rochas carbonatadas do Jurássico, e consequentemente à sua meteorização e erosão. Contudo, o MCE eleva-se no final do Miocénico Superior (7 a 11 M.a.), como resultado das fases compressivas da Orogenia Bética fase Bética da orogenia Alpina. As rochas que representam no MCE os primeiros estádios de abertura do Oceano Atlântico são argilas vermelhas e rochas evaporíticas, como o gesso e o salgema, típicas de ambientes lagunares e de clima semi-árido; fases seguintes formaram-se em ambientes transgressivos, essencialmente margas, calcários margosos e calcários, muito ricos em fósseis e em ambientes regressivos, essencialmente calcários dolomíticos, calcários oolíticos, que conferem atualmente à paisagem um carácter mais agreste.

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FAUNA

Águia-cobreira (Circaetus gallicus) - partes inferiores das asas brancas; coloração dos indivíduos bastante variável, havendo-os quase totalmente brancos e os que têm a cabeça escura com as asas sarapintadas; as partes superiores são castanhas e, quando a ave é vista de perto, reconhece-se também o olho amarelo. Bufo-real (Bubo bubo) - predador de topo da cadeia alimentar; alimenta-se de ratos e ratazanas; caracteriza-se pelos dois tufos de penas no alto da cabeça – que retrai durante o voo –, grandes olhos de íris laranja, o ventre pálido e listado e dorso jaspeado e escuro com manchas claras. Cobra-rateira (Malpolon monspessulanus) – ofídeo de maiores dimensões da Europa, medindo entre 1,6 a 2,30m; alimenta-se de pequenos animais; é venenosa mas, como possui os colmilhos na parte posterior da boca, raramente consegue inocular o veneno; vive sobretudo em lugares secos, rochosos e arbustivos, em zonas de planície e de média altitude. Gralha-do-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) - plumagem completamente negra que contrasta com as patas e o bico curvo vermelho vivo; os juvenis possuem um bico amarelado e as pernas são mais escuras que as dos adultos; habita áreas de montanha com paredes rochosas, especialmente calcárias. Javali (Sus scrofa) - é um mamífero de médio porte e corpo robusto; é a principal das espécies de porcos selvagens e tem uma ampla distribuição geográfica. Raposa (Vulpes vulpes) – mamífero omnívoro de médio porte, com os pelos geralmente castanho-avermermelhados. Caça geralmente animais pequenos como coelhos e lebres, mas pode comer roedores, aves, insetos, peixes, ovos, e frutos. Outros: texugo, gineta, doninha, perdiz, rola, tentilhão-comum, toutinegra-real, milhariça, verdilhão, águia-de-asa-redonda, peneireiro-de-dorso-malhado, cobra-de-escada, cobra-ferradura, sardão, lagartixa-do-mato.

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FLORA

Alecrim (Rosmarinus officinalis) - a sua flor é muito apreciada pelas abelhas, produzindo assim um mel de extrema qualidade. Funcho (Foeniculum vulgare) – é uma planta medicinal, fortemente aromática e comestível, utilizada em culinária, em perfumaria e como aromatizante no fabrico de bebidas espirituosas; o cheiro e sabor característicos (designados por "anis" ou "erva-doce") resultam da presença de anetol. Madressilva (Lonicera implexa) - as folhas e as flores parecem ter propriedades antissépticas, diuréticas, laxativas e adstringentes; os frutos são tóxicos e se ingeridos, provocam vómitos e diarreias. Murta (Myrtus communis) – a polinização é feita por insetos sendo utilizada para produção de mel pelas abelhas e para licores; com propriedades medicinais. Orégãos (Origanum vulgare) – possui atividade antioxidante pela presença de ácido fenólico e flavanoides e propriedades antimicrobianas, o que faz com que ajude a preservar alimentos. Pilriteiro ou espinheiro-bravo (Crataegus monogyna) - a sua longevidade pode atingir 500 anos; possui propriedades medicinais a nível cardíaco. Rosa-albardeira ou rosa-cuca (Paeonia broteroi) – muito idêntica à espécie Paeonia officinalis, a qual é menos frequente na área do roteiro. Rosmaninho (Lavandula stoechas) - planta aromática e medicinal. Tomilho ou pimenteira (Thymus sp.) - utilizado na culinária e como planta medicinal; produz óleo essencial, rico em timol, com apreciável poder anti-séptico, muito utilizado contra as afeções pulmonares e como estimulante digestivo. Orquídea (Ophrys lutea) – o labelo é trilobado amarelo com grande mancha no centro de cor avermelhada escura, é glabro na margem e aveludado na parte restante; outras espécies que se podem encontrar: Ophys picta; ...

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ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO

F - Período frio do Quanternário com e f e i t o d e periglaciação no MCE E - Levantamento do MCE (Fase Bética da Orogenia Alpina) D - Formação “Cálcários de Chão das Pias” C - Formação “Margas e Calcários M a r g o s o s d e Zambujal” B - Formação “Calcários Margosos e Margas da Fórnea” A - Formação das Margas da Dagorda - rochas mais antigas do MCE: argilas vermelhas e rochas evaporíticas (gesso e salgema).

-F

-E

-C/D -A/B

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> Extrato da carta geológica de V.N.Ourém - Folha 27 A

J1Da – Formação de Margas da Dagorda (argilas com gesso e salgema)

J1-2Fo – Formação de Calcários Margosos e Margas da Fórnea

J2Za – Formação de Margas e Calcários Margosos de Zambujal

J2CP – For. de Calcários de Chão das Pias (

J3CM - For. de Camadas de Cabaços (calcários, margas e conglomerados)

A - aluviões

CARTA GEOLÓGICA

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GRUTAS

GRUTA LAPA DA MOURAÇÃO / BURACO MAROUÇÃO Gruta penetrável situada no Castelo de Alcaria. A designação de lapa

resulta do facto de gruta apresentar um desenvolvimento essencialmente horizontal. No seu interior é possível identificar uma abertura vertical pela qual entra luz natural, designada por algar.

GRUTA COVA DA VELHA Gruta penetrável, com abertura em forma de cova correspondendo a uma

exsurgência temporária na encosta da Fórnea.

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GEOSPOTS

Geospot 8 Nascentes do Lena O sistema aquífero do MCE é muito

complexo, apresentando um comportamento típico de aquífero cársico, caracterizado pela existência de um número reduzido de nascentes perenes e várias temporárias com caudais elevados, mas com variações muito acentuadas ao longo do tempo.

As nascentes da ribeira de Cima pertencem ao subsistema de drenagem do Planalto de Sto. António. A parte noroeste deste planalto, onde se inclui a depressão de Chão das Pias, é drenada pelas nascentes do Lena, das quais uma, o Olho de Água da Ribeira de Cima, tem caracter permanente. As restantes, Nascente do Cabeço de Pedra, Nascente da Tapada da Freira e a Nascenta da Minhola do Maneta, são temporárias. A drenagem desta zona do planalto é também feita pelas nascentes temporárias da Fórnea.

Furos para captação Os furos permitem captar água em

profundidade e abastecer as populações locais. As captações com mais sucesso localizam-se perto das principais áreas de descarga ou quando é possível intersetar algum eixo principal de circulação subterrânea, como é o caso da captação da Ribeira de Cima.

A água recolhida junto à captação da Ribeira de Cima foi analisada havendo a realçar a sua elevada dureza, resultante da elevada quantidade de carbonatos dissolvidos. A nível bacteriológico a água não revelou presença de bactérias (coliformes fecais), apresentando deste ponto de vista potável para consumo.

Ao fim de um longo percurso sabe bem refrescar a cara e beber um pouco de água.

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GEOSPOTS

Geospot 1 Planalto Sto. António O maciço encontra-se dividido em três

regiões elevadas: a Serra dos Candeeiros, o Planalto de Santo António e o Planalto de São Mamede e Serra de Aire. O planalto de Sto. António, com forma triangular e de vértice apontado para norte, é constituído por superfícies altas limitadas por escarpas vigorosas, principalmente a ocidente e a oriente. A região setentrional, onde nos encontramos, é dominada por cabeços elevados de ar agreste, arestas clivadas e topos boleados, cujo cimos constituem uma superfície por volta dos 550 metros, entre os quais se instalaram inúmeras depressões fechadas formando dolinas ou uvalas com diâmetros de algumas centenas de metros.

Chão das Pias - uvala A depressão de Chão das Pias, com cerca

de 2km de extensão, é considerada uma uvala, onde afloram as Formações de Calcários de Chão das Pias, e de Margas e Calcários Margosos de Zambujal. Esta uvala resultou da coalescência de dolinas, depressões de forma grosseiramente circular, cuja génese está associada à dissolução das rochas calcárias abaixo da superfície com consequente abatimento. O fundo, preenchido por sedimentos avermelhados, acumulados ao longo do tempo, tornam o solo mais fértil e, como tal, são zonas preferencialmente agricultadas de milho e batata. Os chousos, muros de pedras soltas, construídos com pedra calcária retirada dos campos, facilitam a prática agrícola ao mesmo tempo que delimitam propriedades e cercaduras para os animais pastarem em segurança.

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Geospot 2 Fórnea A Fórnea é um anfiteatro natural com cerca

de 500 metros de diâmetro e 250 metros de desnível escavado nos calcários margosos, margas e calcários do Jurássico inferior e médio. A Fórnea corresponde a um recuo pronunciado em forma de anfiteatro, de uma zona baixa para dentro de um planalto calcário, começando em Chão das Pias – Serro Ventoso - e descendo até Alcaria.

Os habitantes locais chamam-lhe Fôrnea devido à sua forma que se assemelha a um forno. A designação de Fórnea advém da explicação científica da formação natural desta depressão. A Fórnea terá resultado duma evolução geomorfológica local condicionada por falhas transversas aos falhamentos NW-SE de Alvados-Alcaria. A água da chuva e as exsurgências, dispostas de forma semicircular e de carater temporário são consideradas responsáveis pela formação da Fórnea, através do processo de erosão regressiva, provocando o contínuo recuo das cabeceiras das linhas de água.

Campo de Lapiás Na zona envolvente encontram-se campos

de lapiás, formações típicas de relevos cársicos. Estas formas são resultantes da dissolução superficial e diferencial da rocha calcária, resultando em canais que sulcam as rochas horizontal e verticalmente. As suas formas variam desde pequenos a grandes canelamentos e sulcos na rocha, alguns com preenchimento detrítico e vegetação, outros com superfícies nuas.

GEOSPOTS

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GEOSPOTS

Geospot 7 Fósseis

Nesta zona mais elevada e numa extensão de algumas dezenas de metros é particularmente abundante o conteudo fossilífero nas Formações de Calcários Margosos e Margas da Fórnea e, de Margas e Calcários Margosos de Zambujal, destacando-se amonoides, bivalves, braquiópodes e belemnites. O conteúdo fossilífero desta região é uma evidência da origem marinha das formações calcár ias que consti tuem o MCE, nomeadamente, as amonites que viviam em mar aberto, em águas quentes, pouco profundas.

Rochas As rochas dominantes em toda a paisagem

são calcários, margas e calcários margosos. O calcário é uma rocha sedimentar

quimiogénica resultante de precipitação de carbonato de cálcio em meio marinho. A cor é geralmente branca mas pode apresentar-se cincenta-clara a cinzenta-escura. Apresenta normalmente grão muito fino não permitindo a distinção dos cristais de calcite a olho nu. Identifica-se facilmente por ser compacto, pela efervescência com ácido e risca-se com o canivete.

A marga é uma rocha calcária contendo 35% a 60% de argila, apresentando cor geralmente cinzenta. O calcário margoso apresenta entre 10% e 35% de argila. Estas rochas são mais suscetíveis à meteorização e erosão originando fragmentos semelhantes a lascas / lentículas que se soltam da rocha-mãe.

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GEOSPOTS

Geospot 6 Polje de Alvados

O Polje é uma depressão de origem tectónica que resulta do abatimento de terrenos, através de grandes falhas. O polje separa o Planalto de Sto. António, com o qual contacta através da falha da imponente Costa de Alvados, do planalto de S. Mamede, com o qual contacta através da falha de menor importância geomorfológica, a Pena da Falsa. A Costa de Alvados é uma vigorosa escarpa de falha com desníveis que atingem 300 m em relação ao fundo plano da depressão de Alvados. Este polje tem nascentes na periferia mas as inundações são raras, pois o seu fundo é uma superfície inclinada e a drenagem é feita de forma fluvial pelo rio Cabrão.

Penas do Castelo / Castelo de Alcaria A imponente silhueta do Castelo de Alcaria,

corresponde a uma escarpa de falha, constituindo uma barra calcária que liga o Castelo de Alcaria ao Castelejo.

Na plataforma que se estende em frente à escarpa de falha foi detetada uma extensa mancha de vestígios arqueológicos (artefactos de pedra polida e cerâmicos), provavelmente do Neo-calcolítico, o que leva a supor a existência de um povoado. Este sítio arqueológico é designado por Povoado das Penas do Castelo / Castro da Mouração. A Lapa da Mouração é uma gruta natural com interesse arqueológico, localizada na vertente W da plataforma. A gruta é formada por várias salas e funcionariam todas elas como recinto sepulcral, como provam os vestígios recolhidos, essencialmente material antropológico e cerâmicas. Após uma abertura muito pequena junto ao chão e com a ajuda de um frontal descobre-se uma grande sala.

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GEOSPOTS

Geospot 3 Gruta – exsurgência A Gruta da Cova da Velha, localizada sensivelmente a meio da encosta, é uma das nascentes mais elevadas e com caudal mais significativo da Fórnea, ainda que temporária. É uma gruta horizontal com desenvolvimento rectilíneo e direção paralela à Costa de Alvados ao longo 1,5 km de extensão. É visitável na sua parte inicial, sendo que os vários lagos e sifões impedem a progressão sem meios especiais. Esta galeria ativa resulta da circulação subterrânea de um nível suspenso determinado por estratos mais margosos da Formação de Margas e Calcários Margosos do Zambujal. Durante os períodos mais significativos de precipitação esta exsurgência alimenta o Ribeiro da Fórnea, afluente do Rio Alcaide e subafluente do Rio Lena.

Gruta – forma cársica A entrada na gruta com um frontal revela a

presença de espeleotemas tais como estalactites e estalagmites, assim como, túneis resultantes da erosão provocada pela circulação da água.

Gruta – habitat cavernícola O ambiente cavernícola é caracterizado

pela ausência de luz, temperatura fresca e constante, elevada humidade e escassez de alimento, mas que, no entanto, não é impeditivo da existência de vida. A fauna cavernícola é diversa e inclui morcegos, corujas, andorinhões, que habitam as grutas a tempo parcial, saindo para se alimentar, anfíbios cegos e despigmentados, que permanecem nas grutas a tempo inteiro, entre outros animais de menor porte, como aranhas, baratas, grilos e besouros, que dividem o seu tempo entre o mundo exterior e o mundo cavernícola.

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Geospot 4 Ribeiro da Fórnea e a Cascata das Fontes de Baixo O caudal do Ribeiro da Fórnea, alimentado

pelas várias exsurgências da encosta da Fórnea, apresenta uma variação sazonal muito significativa, sendo que nos meses de menor precipitação seca completamente. Nos meses de inverno o maior caudal do ribeiro e a queda de água tornam este lugar bastante agradável do ponto de vista paisagístico.

Cascalheiras As cascalheiras são comuns por toda a

Fórnea, mas particularmente espetaculares na vertente SO e NO. Correspondem a escombreiras de gravidade e são contemporâneas de um clima frio marcado pela ação do gelo que aqui dominou durante o Quaternário. A atuação do gelo e a fusão das neves contribuiu decisivamente para o alargamento da Fórnea e a definição de vertentes bastante íngremes.

Conglomerados Os grandes blocos calcários com estrutura

peculiar correspondem a conglomerados e encontram-se essencialmente na vertente sul. Trata-se de um tipo particular de rocha sedimentar constituído por fragmentos angulosos e subangulosos ligados entre si por um cimento carbonatado. Estes sedimentos designados por crioclastos resultaram de fenómenos de periglaciação (ação do congelamento da água na rocha), no período Quaternário. Neste período esta zona foi submetida a intensos ciclos de congelamento da água. Assim, a água retida no interior do calcário levaria à gelifração da rocha originando sedimentos angulosos por ação mecânica.

GEOSPOTS

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GEOSPOTS

Geospot 5 Vegetação

No MCE os recursos hídricos superficiais são quase inexistentes, apresentando o maciço uma aridez acentuada. A geomorfologia peculiar do MCE, o solo calcário-argiloso e um microclima específico, definem um conjunto de habitats com predomínio de vegetação adaptada à escassez de água, como os prados secos seminaturais e de fácies arbustiva, os charcos temporários, subestepes de gramíneas e a rocha calcária nua.

Flora Mediterrânica Sítio representantivo da vegetação calcícola

do centro-oeste, com destaque para o pilriteiro, o medronheiro, o loureiro, a figueira, o carvalho-cerquinho, sendo possível observar a zelha, uma árvore rara em Portugal. A oliveira, elemento dominante da vegetação não espontânea, é um reflexo evidente da ação dos monges cistercienses. É possível também observar oliveiras enxertadas em zambujo (oliveira-brava).

Plantas aromáticas As plantas aromáticas são espécies

vegetais que produzem essências ou óleos aromáticos nas folhas, flores, frutos, cascas, raízes, seiva ou outras partes da planta. A produção e libertação de óleos constitui uma adaptação a climas quentes e secos, evitando o sobreaquecimento e a desidratação da planta.

Esta característica faz delas um grupo de plantas muito atrativo em termos paisagísticos, económicos e culturais. As suas aplicações são muito diversas e vão desde essências para perfumes e cosméticos até condimentos para a gastronomia. Na Fórnea, destacamos como mais importantes o alecrim, o rosmaninho, os orégãos, o tomilho, o poejo, a murta e o funcho.