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O medronheiro é uma planta muito decorativa, devido à sua folhagem persistente e, sobretudo, aos seus frutos (medronhos) globosos de cor vermelha quando maduros, que podem ser acompanhados pelas flores, oferecendo estas um ótimo néctar para as abelhas. Cresce nos bosques e matagais de folhagem sempre verde, representando uma relíquia da Laurissilva. Na Mata Nacional do Buçaco existem vários exemplares de medronheiro, muitos deles de grande porte, com caules tortuosos que refletem a sua longa existência na mata. Medronheiro Arbutus unedo Árvore de pequeno porte, sempre verde, caraterística das florestas e matagais mediterrânicos, associado a locais húmidos. Na Mata Nacional do Buçaco destacam-se os magníficos exemplares, de porte e idade notáveis, que existem na Floresta Relíquia, próximo da Cruz Alta. Aí, onde a intervenção do homem não alterou tanto a naturalidade do local, entramos na floresta autóctone, onde existe o único adernal do país, que com as suas múltiplas formas tortuosas ornamentam o sinuoso caminho. Aderno Philyrea latifolia Pequeno arbusto mediterrânico com uma distribuição ampla em Portugal Continental tem sido muito usado como ornamental em jardins e para arranjos natalícios, como substituto do azevinho, pela aparente semelhança com este, sendo no entanto protegido na Europa pelo Anexo V da Diretiva Habitats. A gilbardeira possui “falsas folhas” designadas por cladódios, muito apreciados para fazer vassouras. É muito abundante no sub-bosque da Floresta Relíquia da Mata Nacional do Buçaco, sendo uma das espécies caraterística dos Habitats Naturais existentes. Gilbardeira Ruscus aculeatus O loureiro é uma espécie emblemática da Laurissilva. É um arbusto que pode crescer até aos 20 m de altura, apresentando contudo na generalidade uma dimensão até aos 10 m. Apresenta uma copa ovalada, com folhagem aromática densa. As suas folhas são coriáceas. É nativo do mediterrâneo e cultivado em muitas regiões da Europa. Apesar de atualmente ser utilizado com fins alimentares, as suas folhas eram outrora utilizadas para fazer as grinaldas dos imperadores e poetas clássicos. Loureiro Laurus nobilis A salamandra-lusitânica é um anfíbio inconfundível pelo seu aspeto geral elegante, com cauda muito longa. É uma espécie de hábitos noturnos e vive associada a linhas de água corrente e limpa, sendo extremamente sensível à poluição. É endémica do Noroeste da Península Ibérica e o Buçaco surge descrito na bibliografia como sendo o seu habitat-tipo. Foi também no Buçaco que foi descrita pela 1ª vez para a ciência, em 1864. É um verdadeiro tesouro da herpetologia nacional. Arroz-de-paredes Sedum forsterianum Este pequeno morcego adquiriu o seu nome comum devido à forma das formações membranosas que possui junto às fossas nasais. À semelhança dos restantes morcegos é um voraz predador de insetos, auxiliando naturalmente no controlo de pragas e de vetores de doenças. Na Mata do Buçaco, pode observar-se pendurado em várias capelas, ermidas e na entrada do Convento, durante os dias de verão. Trata-se de uma espécie ameaçada e protegida, tendo a perda de habitat e de abrigos como principais fatores de ameaça. Arroz-de-muros Sedum brevifolium O esquilo é um roedor muito carismático e inconfundível. A sua pelagem tipicamente avermelhada pode assumir colorações mais escuras, quase negras, aspeto bastante comum na Mata do Buçaco. Os seus hábitos diurnos permitem a sua observação ao longo de todo o ano. Os seus característicos restos alimentares, pinhas tipicamente roídas, são também fáceis de encontrar e abundam em toda a Mata. No séc. XVI, o esquilo extinguiu-se no nosso País, mas felizmente tem ocorrido uma bem-sucedida recolonização. Arenaria Arenaria montana Uva-de-gato Sedum hirsutum O azevinho é uma espécie dioica, sempre verde que foi alvo da apanha intensiva, sobretudo na época natalícia. Está classificada em perigo de extinção no estado selvagem, sendo uma das poucas espécies da flora portuguesa com legislação própria relativa à sua proteção (Decreto-Lei 423/1989, de 4 de Dezembro). Na Mata Nacional do Buçaco podemos admirar vários exemplares frutíferos, com especial destaque para os existentes na Floresta Relíquia. Azevinho Ilex aquifolium O azereiro é um arbusto de folhagem perene, com folha coriácea ligeiramente brihante, de médio a grande porte (normalmente crescendo até 3 a 8 m de altura). É uma relíquia da floresta de Laurissilva que outrora terá coberto a bacia do Mediterrâneo no Terciário. Este arbusto é nativo de Portugal, Espanha e sudoeste de França. Apresenta floração em Junho. É uma espécie muito cultivada como ornamental em outros países do oeste da Europa, tornando-se algumas vezes uma espécie naturalizada. Azereiro Prunus lusitanica Espécie arbustiva de folhagem persistente, com floração a ocorrer no Inverno, desde Dezembro até Março. As flores são solitárias ou em pequenas umbelas com 1 a 3 unidades. Apresenta a sua distribuição na Península Ibérica e sudoeste de França. É muito comum em urzais e outros matos ripícolas e em orlas de bosques. A torga apresenta tendência para ocupar locais húmidos e sombrios. Em Portugal ocorre sobretudo no centro e sul. É uma planta melífera que atrai grande quantidade de insectos. Torga Erica arborea O tojo molar é um arbusto espinhoso até cerca de 1m de altura, com uma intensa floração amarela entre março e setembro. A sua ocorrência distribui-se ao longo do sudoeste da Europa e Macedónia. É uma espécie comum em Portugal, excepto nas zonas mais continentais. Cresce em matagais e terrenos incultos, com preferência por locais temporariamente encharcados, até aos 900 m de altitude. Apresenta um papel importante na alimentação do gado nas áreas montanhosas no centro e norte de Portugal. Tojo-molar Ulex minor Arbusto de grande porte da família das rosáceas, nativo da Europa. Pode apresentar pontualmente o porte arbóreo. Apresenta folhagem caduca, que pode ser utilizada para fazer chã, e ramagem provida de espinhos longos e aguçados. É espontâneo em diversas condições, indiferente ao pH, tendo contudo preferência por solos frescos e profundos, surgindo em baixas altitudes ou no fundo dos vales. Necessita de humidade no solo para se desenvolver em plenitude. Pilriteiro Crateagus monogoya Selo-de-salomão Polygonatum odoratum Género de pteridófitas até cerca de 30 cm de altura, com soros dispostos em conjuntos redondos, dispostos em ambos os lados da nervura central das folhas. Uma das espécies mais comuns em Portugal é o Polypodium vulgare, que cresce frequentemente em telhados, muros e troncos de árvores. Polypodium deriva do grego polys (muitos) + podium (raíz). O nome terá haver com o denso rizoma que cresce horizontalmente, dando origem a várias frondes que emergem à superfície. Polipódios Polypodium cambricum O umbigo de Vénus ou coucelos é uma planta rupícola, com flor carnuda, da família das crassuláceas. É uma herbácea que cresce até cerca dos 20 a 30 cm de altura. O seu nome deve-se à forma das suas flores que apresentam um orifício central semelhante a um umbigo. Encontra-se distribuída por toda a Europa Central e Meridional, sobretudo na região mediterrânica. Em Portugal distribui-se por todo o território, crescendo frequentemente em muros, telhados e troncos de árvores. Umbigos-de-vénus Umbilicus rupestres Estrato Arbóreo Estrato Arbustivo Estrato Herbáceo zonas secas Estrato Herbáceo zonas húmidas O Selo-de-Salomão é um geófito rizomatoso originário do sul, norte e centro da Europa e Ásia temperada. Enquanto geófito as suas gemas de renovo encontram-se abaixo da superfície do solo, pelo que a planta pode aparentemente desaparecer e voltar a crescer. Esta herbácea é muito comum na Mata Climácica da MNB e encontra-se normalmente no sub-bosque dos adernais e carvalhais. No final da Primavera apresenta uma flor branca, de pequena dimensão. Cresce em solos húmidos e sombrios. Trilho Adernal O esquilo é um roedor muito carismático e inconfundível. A sua pelagem tipicamente avermelhada pode assumir colorações mais escuras, quase negras, aspeto bastante comum na Mata do Buçaco. Os seus hábitos diurnos permitem a sua observação ao longo de todo o ano. Os seus característicos restos alimentares, pinhas tipicamente roídas, são também fáceis de encontrar e abundam em toda a Mata. No séc. XVI, o esquilo extinguiu-se no nosso País, mas felizmente tem ocorrido uma bem-sucedida recolonização.

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O medronheiro é uma planta muito decorativa, devido à sua folhagem persistente e, sobretudo, aos seus frutos (medronhos) globosos de cor vermelha quando maduros, que podem ser acompanhados pelas �ores, oferecendo estas um ótimo néctar para as abelhas. Cresce nos bosques e matagais de folhagem sempre verde, representando uma relíquia da Laurissilva. Na Mata Nacional do Buçaco existem vários exemplares de medronheiro, muitos deles de grande porte, com caules tortuosos que re�etem a sua longa existência na mata.

Medronheiro Arbutus unedo

Árvore de pequeno porte, sempre verde, caraterística das �orestas e matagais mediterrânicos, associado a locais húmidos. Na Mata Nacional do Buçaco destacam-se os magní�cos exemplares, de porte e idade notáveis, que existem na Floresta Relíquia, próximo da Cruz Alta. Aí, onde a intervenção do homem não alterou tanto a naturalidade do local, entramos na �oresta autóctone, onde existe o único adernal do país, que com as suas múltiplas formas tortuosas ornamentam o sinuoso caminho.

Aderno Philyrea latifolia

Pequeno arbusto mediterrânico com uma distribuição ampla em Portugal Continental tem sido muito usado como ornamental em jardins e para arranjos natalícios, como substituto do azevinho, pela aparente semelhança com este, sendo no entanto protegido na Europa pelo Anexo V da Diretiva Habitats. A gilbardeira possui “falsas folhas” designadas por cladódios, muito apreciados para fazer vassouras. É muito abundante no sub-bosque da Floresta Relíquia da Mata Nacional do Buçaco, sendo uma das espécies caraterística dos Habitats Naturais aí existentes.

Gilbardeira Ruscus aculeatus

O loureiro é uma espécie emblemática da Laurissilva. É um arbusto que pode crescer até aos 20 m de altura, apresentando contudo na generalidade uma dimensão até aos 10 m. Apresenta uma copa ovalada, com folhagem aromática densa. As suas folhas são coriáceas. É nativo do mediterrâneo e cultivado em muitas regiões da Europa. Apesar de atualmente ser utilizado com �ns alimentares, as suas folhas eram outrora utilizadas para fazer as grinaldas dos imperadores e poetas clássicos.

Loureiro Laurus nobilis

A salamandra-lusitânica é um anfíbio inconfundível pelo seu aspeto geral elegante, com cauda muito longa. É uma espécie de hábitos noturnos e vive associada a linhas de água corrente e limpa, sendo extremamente sensível à poluição. É endémica do Noroeste da Península Ibérica e o Buçaco surge descrito na bibliogra�a como sendo o seu habitat-tipo. Foi também no Buçaco que foi descrita pela 1ª vez para a ciência, em 1864. É um verdadeiro tesouro da herpetologia nacional.

Arroz-de-paredesSedum forsterianum

Este pequeno morcego adquiriu o seu nome comum devido à forma das formações membranosas que possui junto às fossas nasais. À semelhança dos restantes morcegos é um voraz predador de insetos, auxiliando naturalmente no controlo de pragas e de vetores de doenças. Na Mata do Buçaco, pode observar-se pendurado em várias capelas, ermidas e na entrada do Convento, durante os dias de verão. Trata-se de uma espécie ameaçada e protegida, tendo a perda de habitat e de abrigos como principais fatores de ameaça.

Arroz-de-murosSedum brevifolium

O esquilo é um roedor muito carismático e inconfundível. A sua pelagem tipicamente avermelhada pode assumir colorações mais escuras, quase negras, aspeto bastante comum na Mata do Buçaco. Os seus hábitos diurnos permitem a sua observação ao longo de todo o ano. Os seus característicos restos alimentares, pinhas tipicamente roídas, são também fáceis de encontrar e abundam em toda a Mata. No séc. XVI, o esquilo extinguiu-se no nosso País, mas felizmente tem ocorrido uma bem-sucedida recolonização.

ArenariaArenaria montana

Uva-de-gato Sedum hirsutum

O azevinho é uma espécie dioica, sempre verde que foi alvo da apanha intensiva, sobretudo na época natalícia. Está classi�cada em perigo de extinção no estado selvagem, sendo uma das poucas espécies da �ora portuguesa com legislação própria relativa à sua proteção (Decreto-Lei nº 423/1989, de 4 de Dezembro). Na Mata Nacional do Buçaco podemos admirar vários exemplares frutíferos, com especial destaque para os existentes na Floresta Relíquia.

Azevinho Ilex aquifolium

O azereiro é um arbusto de folhagem perene, com folha coriácea ligeiramente brihante, de médio a grande porte (normalmente crescendo até 3 a 8 m de altura). É uma relíquia da �oresta de Laurissilva que outrora terá coberto a bacia do Mediterrâneo no Terciário. Este arbusto é nativo de Portugal, Espanha e sudoeste de França. Apresenta �oração em Junho. É uma espécie muito cultivada como ornamental em outros países do oeste da Europa, tornando-se algumas vezes uma espécie naturalizada.

Azereiro Prunus lusitanica

Espécie arbustiva de folhagem persistente, com �oração a ocorrer no Inverno, desde Dezembro até Março. As �ores são solitárias ou em pequenas umbelas com 1 a 3 unidades. Apresenta a sua distribuição na Península Ibérica e sudoeste de França. É muito comum em urzais e outros matos ripícolas e em orlas de bosques. A torga apresenta tendência para ocupar locais húmidos e sombrios. Em Portugal ocorre sobretudo no centro e sul.É uma planta melífera que atrai grande quantidade de insectos.

Torga Erica arborea

O tojo molar é um arbusto espinhoso até cerca de 1m de altura, com uma intensa �oração amarela entre março e setembro. A sua ocorrência distribui-se ao longo do sudoeste da Europa e Macedónia. É uma espécie comum em Portugal, excepto nas zonas mais continentais. Cresce em matagais e terrenos incultos, com preferência por locais temporariamente encharcados, até aos 900 m de altitude. Apresenta um papel importante na alimentação do gado nas áreas montanhosas no centro e norte de Portugal.

Tojo-molarUlex minor

Arbusto de grande porte da família das rosáceas, nativo da Europa. Pode apresentar pontualmente o porte arbóreo. Apresenta folhagem caduca, que pode ser utilizada para fazer chã, e ramagem provida de espinhos longos e aguçados.É espontâneo em diversas condições, indiferente ao pH, tendo contudo preferência por solos frescos e profundos, surgindo em baixas altitudes ou no fundo dos vales. Necessita de humidade no solo para se desenvolver em plenitude.

PilriteiroCrateagus monogoya

Selo-de-salomãoPolygonatum odoratum

Género de pteridó�tas até cerca de 30 cm de altura, com soros dispostos em conjuntos redondos, dispostos em ambos os lados da nervura central das folhas. Uma das espécies mais comuns em Portugal é o Polypodium vulgare, que cresce frequentemente em telhados, muros e troncos de árvores.Polypodium deriva do grego polys (muitos) + podium (raíz). O nome terá haver com o denso rizoma que cresce horizontalmente, dando origem a várias frondes que emergem à superfície.

Polipódios Polypodium cambricum

O umbigo de Vénus ou coucelos é uma planta rupícola, com �or carnuda, da família das crassuláceas. É uma herbácea que cresce até cerca dos 20 a 30 cm de altura. O seu nome deve-se à forma das suas �ores que apresentam um orifício central semelhante a um umbigo.Encontra-se distribuída por toda a Europa Central e Meridional, sobretudo na região mediterrânica. Em Portugal distribui-se por todo o território, crescendo frequentemente em muros, telhados e troncos de árvores.

Umbigos-de-vénusUmbilicus rupestres

Estrato Arbóreo

Estrato Arbustivo

Estrato Herbáceozonas secas

Estrato Herbáceozonas húmidas

O Selo-de-Salomão é um geó�to rizomatoso originário do sul, norte e centro da Europa e Ásia temperada. Enquanto geó�to as suas gemas de renovo encontram-se abaixo da superfície do solo, pelo que a planta pode aparentemente desaparecer e voltar a crescer. Esta herbácea é muito comum na Mata Climácica da MNB e encontra-se normalmente no sub-bosque dos adernais e carvalhais. No �nal da Primavera apresenta uma �or branca, de pequena dimensão. Cresce em solos húmidos e sombrios.

Trilho Adernal

O esquilo é um roedor muito carismático e inconfundível. A sua pelagem tipicamente avermelhada pode assumir colorações mais escuras, quase negras, aspeto bastante comum na Mata do Buçaco. Os seus hábitos diurnos permitem a sua observação ao longo de todo o ano. Os seus característicos restos alimentares, pinhas tipicamente roídas, são também fáceis de encontrar e abundam em toda a Mata. No séc. XVI, o esquilo extinguiu-se no nosso País, mas felizmente tem ocorrido uma bem-sucedida recolonização.

Como? Conservar o adernal é uma atividade contínua que pode ser auxiliada por qualquer um através da participação em atividades dinamizadas pela Fundação Mata do Buçaco e disponibilizadas a título gratuito com apoio do projeto BRIGHT.Nessas atividades incluem-se ações de voluntariado relacionadas com o controlo de erva-do-diabo ou plantações, visitas guiadas destinadas a conhecer o adernal e recolha de sementes, e o�cinas destinadas a famílias e escolas envolvendo atividades práticas como a propagação de sementes, criação de herbários, e outras atividades.

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Bene�ciando de um microclima muito particular e de escassa intervenção humana ao longo de séculos, foi possível conservar na Mata Nacional do Buçaco alguns habitats outrora mais abundantes, que hoje constituem a Mata Climácica. Esta vegetação relíquia convive com outros espaços importantes em termos de biodiversidade e de visitação, como o arboreto, os vales dos Fetos e dos Abetos e os jardins do Palace Hotel.

Na Mata Climácica, a par de louriçais e carvalhais conhecidos noutros locais do país, salienta-se um habitat – o adernal – cuja atual distribuição mundial se restringe à área aqui existente.

O adernal constitui uma comunidade essencialmente mediterrânica, mas com forte in�uência atlântica, apresentando a�nidade com outros habitats menos ameaçados. Trata-se de uma combinação vegetal em que o aderno assume porte arbóreo dominante.

Em alguns locais o povoamento de aderno é praticamente puro, formando um bosque com copado denso. Noutros, é acompanhado pelo medronheiro, pelo loureiro, pelo azevinho, ou mesmo por algumas espécies de carvalhos, a que se associam trepadeiras como a salsa-parrilha-bastarda, a uva-de-cão, a hera e as silvas. O resultado cénico “requer as palavras todas e, estando ditas elas, mostra como tudo �cou por dizer”, como nos diz Saramago.O estrato arbustivo é dominado pela gilbardeira, sendo também de salientar a presença de torga, tojo-molar, pilriteiro, azereiro, e menos frequentemente, de folhado. O estrato herbáceo é dominado, nas zonas mais sombrias e frescas, pelo selo-de-Salomão, polipódios e umbigos-de-Venús. Nos locais mais soalheiros e secos encontramos a arenária, o arroz-dos-muros, o arroz-das- -paredes, a uva-de-gato e espécies congéneres.

AdernalA importância e interesse do adernal não se limitam à comunidade de espécies de �ora que o integram. O intrincado dos ramos proporciona refúgio a numerosas espécies de animais, sendo algumas raras e protegidas. Por exemplo, nas copas dos adernos poderão ser observados bandos de chapins-rabilongo e chapins-azuis. Os arbustos escondem carriças, estrelinhas-reais, entre tantos outros Passeriformes. Qualquer passeio será certamente animado pelo canto das toutinegras e dos piscos-de-peito-ruivo. Rápidos e vorazes, também a águia-cobreira, o açor e o gavião podem ser aqui encontrados.Entre as rochas e os ramos, movimentam-se carnívoros, como a gineta, o texugo, a fuinha e a doninha. Porém, devido ao seu comportamento noturno e esquivo, os indícios da presença destes animais são mais fáceis de observar do que os próprios. A exceção vai para o esquilo, menos tímido. Árvores grandes e antigas, como os carvalhos, apresentam cavidades naturais que servem de abrigo a diversas espécies, não só de aves, mas também de morcegos, como os morcegos-arborícolas e também os morcegos-orelhudos. Ao nível do solo, a �oresta relíquia fornece importantes recursos para muitos invertebrados, como a vaca-loura, o maior escaravelho da Europa. Pequenos mamíferos são também abundantes, destacando-se o rato-do-campo, o rato-cego e os musaranhos. Os locais mais solarengos são procurados por répteis, como a lagartixa-do-mato, a cobra-de- -escada, o licranço ou as cobras-de-água. Nas linhas de água, no limite da �oresta relíquia, vivem espécies vulneráveis de pequenos peixes, como o bordalo e o ruivaco, e de anfíbios, como a salamandra-lusitânica.Muitas destas espécies estão em risco de extinção, e encontram no adernal um habitat adequado às suas necessidades ecológicas. Assim, proteger o adernal é também contribuir para a preservação da nossa fauna.

Projeto BRIGHTA Mata Nacional do Buçaco constitui um património de valor incalculável, único em Portugal e no Mundo. Trata-se de uma herança secular, incomparável, que reúne num mesmo espaço relevância histórica, religiosa, militar, botânica, faunística, paisagística, arquitetónica, cultural e mesmo de identidade nacional.Um espaço tão singular e sensível requer manutenção cuidada e uma gestão consciente e responsável. Depois de um período de décadas em que o património natural e edi�cado se viu privado de tais cuidados, comprometendo os valores da Mata, a Fundação Mata do Buçaco (Decreto-Lei n.º 120/2009) assume atualmente as seguintes missões:- gestão integrada do património natural, histórico, cultural e religioso inserto na Mata;- valorização e requali�cação dos espaços;- manutenção de todo o património e serviços associados;- educação ambiental e promoção da cultura cientí�ca e patrimonial;- promoção e divulgação turística consciente;- melhoria das condições de receção ao visitante;O sucesso de tais ações depende de um suporte �nanceiro que em muito ultrapassa a disponibilidade da Fundação. Assim, é solicitada a colaboração de todos os que têm a oportunidade de a admirar e experienciar.Ao visitar a Mata do Buçaco, o visitante está a contribuir para a preservação do seu património natural e edi�cado e para que cada vez o possamos receber melhor.

FMB

Com a contribuição do instrumento �nanceiro LIFE da União Europeia

www.fmb.pt/bright

Fundação Mata do Buçaco Mata do Buçaco 3050-261 Luso

[email protected]. 231 937 000

Adernalda

mata do buçaco

Como? Conservar o adernal é uma atividade contínua que pode ser auxiliada por qualquer um através da participação em atividades dinamizadas pela Fundação Mata do Buçaco e disponibilizadas a título gratuito com apoio do projeto BRIGHT.Nessas atividades incluem-se ações de voluntariado relacionadas com o controlo de erva-do-diabo ou plantações, visitas guiadas destinadas a conhecer o adernal e recolha de sementes, e o�cinas destinadas a famílias e escolas envolvendo atividades práticas como a propagação de sementes, criação de herbários, e outras atividades.

Quando? As atividades disponibilizadas são adaptadas e calendarizadas em articulação com os interessados, devendo estes, para o efeito, contactar a equipa do projecto, através do email [email protected].

No contacto a estabelecer, agradece-se a menção ao projeto BRIGHT, para o devido enquadramento encaminhamento.

Quem? Qualquer um, a título individual, em grupo ou no contexto da entidade em que desenvolve a sua atividade pro�ssional, pode ajudar a conservar o adernal.Em particular, existem atividades pré-de�nidas para diversos públicos, que podem ser agendadas para as diversas épocas do ano e procuram satisfazer as necessidades de:- empresas e instituições que procuram realizar ações de voluntariado corporativo ou ambiental/social;- escolas, grupos de escuteiros e outros grupos organizados;- visitantes da Mata.