Projeto biotecnologias labjor

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Bem me quer Projeto de instalação desenvolvido pelos alunos do Programa de Pós- Graduação em Jornalismo Científico da Unicamp Mal me Ciência e Contemporaneidade Davi Santaella Flávia Dourado Enio Rodrigo Hércules Menezes Luiz Juttel Murilo Alves

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Bem me quer Projeto de instalação desenvolvido pelos alunos do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo Científico da Unicamp

Mal meCiência e Contemporaneidade

• Davi Santaella • Flávia Dourado • Enio Rodrigo • Hércules Menezes • Luiz Juttel • Murilo Alves •

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Células-tronco, transgênicos, reprodução assistida, DNA, biocombustíveis, terapia gênica, biodiversidade, clonagem... Afinal, a biotecnologia vai nos ajudar a sobreviver ao século XXI? Será que ela fornecerá todas as respostas? Resolverá todos os nossos problemas? Ou criará outros?

A nossa cultura é marcada pela hegemonia dos conhecimentos científicos e pelo conflito de imagens dicotômicas da ciência – ora vista como panacéia para todos os males, ora como a principal responsável por mazelas que afligem a humanidade. Essas representações polarizadas e estereotipadas povoam o imaginário social com perspectivas exageradas da capacidade de os cientistas promoverem o bem e o mal – particularmente no que tange às aplicações da biotecnologia.

A existência de visões estigmatizadas e paradoxais do universo científico – expressas na difusão de clichês, de lugares comuns e de imagens hiperbólicas e estandardizadas – é, ao mesmo tempo, sintoma e causa de uma crise institucional: a crise da ciência. Falta-lhe uma identidade que integre suas diversas representações e que flexibilize suas normas. A ciência encontra-se em transformação, no trânsito entre a Idade Moderna e a Pós-moderna; dividida,

portanto, entre um passado que a enclausura em um modelo maniqueísta, rígido e dogmático de produção de conhecimentos, e um futuro, já em curso, que a liberta da pretensão inexorável de alcançar verdades absolutas. Situada na fronteira entre esses dois tempos científicos, a biotecnologia do presente ainda é um devir.

Vivemos um momento de questionamento e reestruturação, em que se estabelece uma nova ordem econômica, social e cultural, embora sua configuração ainda não seja clara. A ciência – considerada pela maioria dos indivíduos a única forma de explicar o mundo e de garantir nossa sobrevivência no século XXI – também não escapa a estes questionamentos e encontra-se mergulhada em embates éticos, financeiros e morais, tão comuns quantos os que acometem qualquer outra instituição de nosso tempo. A biotecnologia talvez seja o melhor representante dessa problemática, uma vez que nasceu imersa na crise da ciência. Conflitos éticos, interesses econômicos, política, religião e possíveis benefícios repletos de estereótipos povoam tanto a prática científica quanto o imaginário que a cerca e – reforçados por representações dicotômicas difundidas em demasia pela mídia – escancaram a crise institucional da atividade científica. AP

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A instalação “Bem me quer, mal me quer”, criada por alunos do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo Científico da Unicamp, propõe uma reflexão sobre as contradições da ciência e do discurso midiático que a cerca e sobre o futuro de nossa sociedade frente aos desafios trazidos pela contemporaneidade.

Propomos discutir a biotecnologia por meio da arte, a fim de ampliar o escopo do debate e movê-lo para fora do campo técnico e das representações imagéticas da mídia. Pretendemos, assim, expor os conflitos inerentes à ciência; questionar o papel da atividade científica, de seus produtores e de seus produtos; e expor visões estereotipadas do universo científico.

Desejamos, também, fazer uma crítica à ciência de forma lúdica e interativa, mostrando que a difusão de uma postura reflexiva não requer necessariamente o uso de suportes tradicionais, em moldes acadêmicos. A ciência, especialmente a biotecnologia, ainda que seja caracteristicamente um foro técnico, deve e precisa ser discutida por leigos, por meio de mecanismos diversos e de outras formas de conhecimento, como a arte.

• Grande Irmão: Criticar o conflito de visões estereotipadas e maniqueístas da biotecnologia no discurso midiático, partindo do pressuposto de que os meios de comunicação reproduzem preconceitos e representações polarizadas do universo científico e, por isso, acaba por associá-lo ao insólito e ao fantástico.

• Luz Negra: Proporcionar uma experiência sensorial que permita ao visitante entender que há um discurso oculto na biotecnologia, bem como perceber a si mesmo como parte integrante do processo de produção de conhecimentos.

• Caixas pretas: Brincar com a idéia da ciência como uma caixa preta, hermética, fechada, misteriosa, cujo conteúdo é indecifrável e incompreensível. Tais caixas, como as dos aviões, guardariam informações preciosas, conhecimentos, saberes, métodos e verdades só inteligíveis para uma comunidade de profissionais especiais e preparados – os cientistas. (continua)

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TIVOS GERAIS ESPECÍFICOS

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• Auto-retrato:Expor a visão que os cientistas constroem de si mesmos, através da fotografia.

• Ciência ou ficção: Criticar uma percepção estigmatizada da ciência difundida entre o público leigo – a de uma ciência mágica, milagrosa, que se apresenta como um poder onipotente, admirado e temido. Criticar também a tendência de a mídia enfatizar aspectos bizarros, fantásticos ou extraordinários das notícias científicas. de comunicação enfatizarem o elemento curioso, bizarro, pitoresco, fantástico e extraordinário das notícias científicas.

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Grande Irmão Seis telas antigas de TV e de PCs mostram vídeos em close-up de um homem fazendo diferentes discursos que reforçam estereótipos da biotecnologia, tanto negativos como positivos. Essa peça da instalação faz uma referência à obra “1984”, de George Orwel.

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Caixas pretasÉ formada por um conjunto de oito caixas pretas de madeira, de aproximadamente 40X40cm, divididas em dois grupos:

- De visualização: cinco caixas terão pequenos orifícios na superfície superior, por onde o visitante pode olhar. No interior há mangueiras de luz para permitir a visualização do conteúdo – objetos e imagens que fazem referência à biotecnologia;

- De tateamento: três caixas com aberturas laterais para o visitante manusear o conteúdo, sem poder visualizá-lo.

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Auto-retrato Essa peça consiste em uma exposição de fotos. Pediremos que três biotecnólogos construam cenários representativos de suas atividades, que serão fotografados. As fotos estarão expostas em um suporte de acrílico e, em frente a cada uma delas, haverá um espelho que refletirá o auto-retrato.

Também faz parte dessa peça um grande painel no formato de uma ovelha – desenho utilizado em outras peças do Biotecnologias de Ruas. No lugar da cara do animal, há um buraco para o visitante colocar sua cabeça.

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1) Um projetor de slides projeta fotos e imagens de manchetes de jornais que abordam a biotecnologia de forma sensacionalista. O visitante terá acesso ao controle para mudar de slide.

2) Uma prateleira de metal, como as de farmácias, com vidros cheios de balas coloridas, para simular compridos. Em cada um dos vidros há uma frase que diz para que aquele “medicamento” é indicado – pílulas da felicidade; pílulas da beleza, pílulas da sedução, pílulas da inteligência, pílulas da riqueza, pílulas da juventude, etc.

3) Um banner composto por diversas imagens de fatos e acontecimentos que rompem com a normalidade e que mostram, assim, a biotecnologia sob a perspectiva do espetacular, do insólito e do sensacional. No topo do painel está a pergunta “Ciência ou Ficção?”;

Ciência ou ficção É formada por três peças.

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Luz NegraConsiste em um corredor (ou uma sala), formado por paredes negras, com uma entrada e uma saída fechadas por cortinas pretas. O corredor é completamente escuro, sem iluminação. Nas paredes há frases e pensamentos relativos à biotecnologia, pintados com tinta sensível à luz ultravioleta. Tais frases só podem ser visualizadas pelo visitante quando ele explora as paredes do local com uma lanterna de luz negra, disponíveis no ambiente.

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GRuP

O O grupo de autores/artistas/realizadores/projetistas é composto por jornalistas e cientistas que atualmente cursam o curso de Especialização em Jornalismo Científico do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp. O presente projeto se insere na criação de um espaço de releituras sobre a Ciência e paralelos contemporâneos, para a matéria de Multimeios ministrada pelo Prof. Honoris Causa Paulo Martins.O grupo é composto por:

Davi SantaellaRadialista e diretor cinematográfico

Enio Rodrigo Barbosa SilvaDesigner e mestrando em história da arte.

Flávia Dourado MaiaJornalista e redatora.

Hércules MenezesBiólogo. Livre docente em imunologia. Professor de imunologia e biologia evolutiva do homem.

Luiz Paulo JuttelJornalista e pesquisador em filosofia da mente e ciências cognitivas.

Murilo Alves PereiraJornalista especializado na área ambiental.