Projecto Educativo de Escola - · PDF filecontexto. Assim, após breve ... O Projeto...
Embed Size (px)
Transcript of Projecto Educativo de Escola - · PDF filecontexto. Assim, após breve ... O Projeto...

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
1 !!
Preâmbulo
O Decreto – Lei 115 – A/98, de 4 de Maio, aponta o Projeto Educativo
plurianual como um dos instrumentos essenciais à plena concretização do regime
de autonomia, administração e gestão das escolas.
O Decreto – Lei 6/2001 aponta para que as metas estabelecidas no Projeto
Educativo sejam anualmente concretizadas através do Projeto Curricular no qual a
escola, dentro dos limites estabelecidos pelo currículo nacional, fará as opções
necessárias a uma organização e gestão das aprendizagens adequadas ao seu
contexto.
Assim, após breve caracterização da comunidade envolvente da escola, com
especial relevância para os aspetos em que achamos importante intervir, este
documento irá estabelecer as grandes metas do Projeto Educativo para o Triénio
2011/2014, bem como as opções curriculares e organizativas que lhes servirão de
suporte (Projeto Curricular de Escola) visando a escola que queremos construir.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
2 !!
Introdução
O Projeto Educativo é um «documento que consagra a orientação educativa
da escola (!) no qual se explicitam os princípios, os valores, as metas e as
estratégias segundo as quais a escola se propõe cumprir a sua função educativa» (
Decreto-Lei n.º 137/2012, de 2 de julho).
Este Projeto Educativo pretende ser um instrumento de gestão coerente,
procurando apontar estratégias no sentido da resolução dos problemas
diagnosticados, respeitando as particularidades próprias dos vários
estabelecimentos de educação que constituem o Colégio Águas Férreas, enquanto
parte constituinte de um todo, que lhe confere uma identidade única.
O Projeto Educativo constitui o principal instrumento na definição de filosofia
educativa. Para uma visão mais completa sobre esta organização é indispensável
ter igualmente presentes outros três documentos:
- Projecto Curricular;
- Regulamento Interno;
- Plano Anual de Atividades.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
3 !!
Fundamentação do Projeto
O presente Projeto Educativo de Escola, enquanto documento que define as
linhas de orientação pedagógica e organizacional desta instituição, resulta de um
processo de construção participada da resposta educativa pretendida, pelo que só
com o contributo de todos é possível assegurar o seu sentido e pertinência. Assim
sendo, é importante criar um clima de envolvimento e de consciencialização dos
vários intervenientes no processo educativo, por forma a que a ação a desenvolver
seja, de facto, adequada aos objetivos e interesses de cada uma das faixas etárias
a que as crianças pertencem.
Com este projeto pretende-se contribuir para enriquecer o contexto
educativo em que as crianças se integrem, proporcionando-lhes oportunidades
significativas e diversificadas que, num clima de segurança física e afetiva,
promovam a sua formação pessoal e social, as suas capacidades de expressão e
comunicação e o conhecimento do mundo que as rodeia.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
4 !!
Plano Orientador da Ação a Desenvolver
Num projeto que se pretenda implementar, é fundamental definir as linhas
orientadoras e objetivos a atingir. Contudo, é necessário previamente considerar
qual a missão a que a escola se propõe, a visão que ela tem do seu papel como
organização e o quadro axiológico em que esta se insere.
O nosso lema é Uma criança, Um futuro.
A nossa missão enquanto escola é formar cidadãos ativos e conscientes,
dotados de competências pessoais e sociais diversas.
Proporcionamos a cada aluno uma formação integral: saber fazer, saber ser
e saber viver.
Para tal, o processo de ensino-aprendizagem tem de ser apresentado como
uma experiência positiva, interessante e criativa.
Diariamente, procuramos transmitir e incutir nos nossos alunos valores como
responsabilidade, liberdade, disciplina, respeito e determinação.
Destes princípios emerge o seguinte quadro que, no fundo, sintetiza a
Missão, a Visão e os Valores do Colégio Águas Férreas:
Missão: Formar cidadãos ativos e conscientes, dotados de competências
pessoais e sociais diversas.
Visão: Proporcionamos a cada aluno uma formação integral: saber fazer,
saber ser e saber viver.
Valores: Responsabilidade; liberdade; disciplina; respeito e determinação.
Gostaríamos de realçar que a elaboração, redação e implementação de um
Projecto Educativo de Escola é um trabalho contínuo.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
5 !!
Metas do Projeto Educativo para o Triénio 2011/2014
Objetivos gerais
Interessa neste momento expandir a questão “O que pretendemos?” para “O
que pretendemos alcançar?” definindo assim as metas a atingir como organização
escolar e estipular os objetivos que queremos atingir com a implementação deste
projeto.
Estes objetivos que aqui apresentamos devem constituir-se como fatores
que promovam a criação de uma cultura organizacional do Colégio, apresentando
uma estreita relação entre si, refletindo desta forma a visão que temos como
Colégio e não apenas um conjunto de ideias isoladas.
São, portanto, o ponto de partida para o estabelecimento de estratégias e
atividades, que serão integrados nos projetos curriculares de escola e de turma.
Partindo dos valores estabelecidos como essenciais à prossecução deste
projeto, estabelecem-se as seguintes metas na implementação do mesmo:
- Criar uma dinâmica de constante melhoria e inovação em toda a estrutura
organizacional da escola, envolvendo toda a comunidade educativa neste
processo;
- Colocar ao dispor de toda a comunidade os instrumentos adequados ao sucesso
educativo dos alunos e à sua completa formação como indivíduos;
- Promover a partilha de conhecimentos e a interação entre os vários elementos da
estrutura organizacional do Colégio, na prossecução dos objetivos propostos bem
como a participação ativa em todo o processo educativo, como forma de
implementar uma cultura organizacional que privilegie a mudança e a inovação;
- Permitir que o Colégio se assuma como uma instituição com identidade própria,
relevante para a comunidade na qual está inserida e que os indivíduos que
compõem esta comunidade lhe reconheçam a importância.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
6 !!
Com base nas metas acima enunciadas, podemos apresentar os objetivos
gerais:
- Articular o Projeto Curricular de Escola e de Turma com todas as atividades
curriculares e extra-curriculares do Colégio;
- Partilhar com toda a comunidade a visão e as metas preconizadas para o Colégio;
- Apresentar diferentes propostas de estratégias que envolvam os vários
intervenientes no processo educativo, de uma forma ativa e participada;
- Promover uma cultura de escola direcionada para a excelência e para os bons
resultados em termos de desempenho académico dos alunos;
- Valorizar uma dimensão cívica e axiológica da educação, em que a
responsabilização de todos os intervenientes no processo educativo está bem
definida;
- Proporcionar às crianças ambientes de aprendizagem que lhes permitam explorar
os seus talentos e as suas capacidades;
- Promover a realização de projetos e atividades de natureza diversificada
(inteletual, física, artística, reflexiva, interpessoais) que permitam às crianças um
completo desenvolvimento em vários domínios e inteligências;
- Manter e reforçar um bom relacionamento pedagógico, proporcionando a
ausência de problemas disciplinares graves.
- Revitalizar os espaços físicos da escola (interiores e exteriores) tendo como
principal preocupação o respeito pelo ambiente e a melhoria efetiva do
desempenho do Colégio neste domínio;

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
7 !!
- Otimizar os serviços e outras estruturas no sentido de um melhor serviço à
comunidade escolar.
- Promover a formação de pessoal docente e não docente tendo em vista a
melhoria das suas competências profissionais decorrentes do Projeto Educativo,
bem como a sua satisfação pessoal;
- Preservar o bom ambiente de trabalho conseguido pelo relacionamento dos
órgãos de direção do Colégio com os restantes elementos da comunidade escolar
e destes entre si;
- Criar um clima organizacional onde as relações interpessoais permitam uma
constante adaptação e readaptação, no sentido de uma aprendizagem
organizacional que conduza a melhoria progressiva;
- Fomentar a participação de todos os elementos da comunidade escolar na vida
do Colégio, promovendo o trabalho coletivo;
!!!!!!!!!!!!!!

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
8 !!
Objetivos Específicos do Projeto - Promover iniciativas que permitam um completo desenvolvimento dos alunos,
nomeadamente, através da participação em concursos, visitas de estudo e em
eventos que promovam a partilha de experiências e o enriquecimento cultural e
humano dos alunos;
- Promover o gosto pela utilização correta da língua portuguesa, reconhecendo a
sua importância fundamental na vida da escola e o conhecimento do património
linguístico, literário e cultural do nosso país;
- Desenvolver nos alunos um espírito crítico que lhes permita refletirem sobre o
mundo que os rodeia;
- Promover a disciplina e o respeito pelos outros;
- Fomentar a auto-estima nos alunos, através da promoção da autonomia no
trabalho e do constante reforço positivo junto das crianças;
- Valorizar aspetos como a organização, as técnicas de estudo e a metodologia de
trabalho e o trabalho de equipa;
- Colocar ao dispor dos alunos com dificuldades de aprendizagem, recursos
materiais e humanos que permitam aos alunos superar as suas dificuldades e
obtenham sucesso académico;
- Assegurar que os alunos com dificuldades de aprendizagens e necessidades
educativas especiais de carácter permanente tenham igualdade de oportunidades,
em relação aos restantes;
- Articular as diferentes áreas e atividades com a formação cívica;

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
9 !!
- Prestar apoio de natureza psicológica e psicopedagógica a alunos, professores e
pais/encarregados de educação, no contexto das atividades educativas;
- Enriquecer a oferta educativa através de uma constante melhoria das atividades
extra - curriculares aos alunos interessados;
- Assegurar que as atividades extra curriculares constituam uma mais valia para os
alunos do ponto de vista físico, intelectual, cognitivo ou artístico;
- Criar condições que garantam a segurança, a saúde e o desenvolvimento dos
alunos através da implementação de medidas que sirvam estes pressupostos;
- Colocar ao dispor e divulgar junto de todos os colaboradores, um plano anual de
formação para pessoal docente e não-docente;
• Dinamização do site do Colégio Águas Férreas na Internet
(www.aguasferreas.com) para estabelecer uma ponte entre o Colégio e Família;
- Promover a participação da comunidade escolar nas diversas atividades e
projetos;
- Melhorar constantemente os fluxos de comunicação entre os vários elementos da
estrutura organizacional da escola, no sentido de uma maior harmonia e
interligação entre as várias partes que a compõem;
- Sensibilizar os alunos para a defesa do ambiente e preservação da natureza e do
património, para o gosto pela atividade física, para uma alimentação saudável;

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
10 !!
Fundamentação Teórica
1. A nossa definição de Educação
Hoje em dia, ouvimos muita coisa sobre Educação. Na nossa perspetiva,
educar é como ensinar alguém a andar ou a falar pois falar e andar verticalmente é
a educação mais fundamental do modo de ser que nós somos: o humano.
Aprender a ler, a fazer contas, a dominar a técnica, o conhecimento científico e o
processo de desenvolvimento do conhecimento no âmbito de uma comunidade em
que estamos imersos é de uma forma essencial a mesma coisa que aprender a ler
ou a falar. Todos estes aspetos que enquanto adultos nos envolvem, são distinções
no âmbito do processo fundamental que nós próprios somos: em erguer e um
puxar, um indicar de possibilidades, um mostrar de mundos, um incentivar e ajudar,
um responsabilizar, autonomizar e cuidar. Em resumo, educar, desde os primeiros
dias até aos últimos, é deixar os outros serem humanos. Para nós, ensinar, no
sentido de educar, é muito mais fácil do que aprender. E porque é que isso é
assim? Não apenas porque quem ensina, deve dominar muito mais informação e
deve tê-la sempre pronta a ser utilizada, mas porque ensinar requer algo de muito
mais difícil, deixar aprender. Quem verdadeiramente ensina, de facto, nada deixa
ser aprendido se não o próprio aprender. Este aprender, por sua vez, ao assentar
num deixar ser revelado no cuidar que somos, tem o seu fundamento na liberdade
individual, ou seja autonomia.
Ouvimos muita coisa sobre educação nos dias de hoje. Mas tanto ontem como
hoje, o homem é ele mesmo a educação, o ser que se ergueu, que repara e que
cuida. São todos os mundos do mundo que a educação tem por tema. Assim, a
qualquer momento em qualquer mundo, uma palavra, um gesto ou um olhar pode
entrar e não mais sair. Se tivermos sabido ou podido preservar e deixar preservar
esses momentos, podemos muito bem tocar não apenas naquilo que no momento

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
11 !!
estamos a falar ou a atuar, mas toda uma vida – e isso é o nosso ver o objeto da
educação.
Nos dias de hoje, numa sociedade cada vez mais voltada para a tecnologia,
num processo de mudança acelerado, é preciso refletir sobre se queremos formar
sujeitos ativos ou meros sujeitos passivos, recetores de conhecimento. Quando o
professor sabe claramente onde quer chegar, encontra teorias que o ajudam a
descobrir o melhor caminho para ser um excelente profissional. Se o horizonte da
escola é em busca de uma cidadania, serão procuradas respostas sobre o caminho
a seguir com os alunos, em teorias libertadoras, que trilhem os espaços da
construção de conhecimentos de uma forma autónoma e solidária.
2. Definição de Currículo
O currículo constitui um dos fatores que maior influência possui na qualidade do
ensino. Este aparente consenso, esconde um equívoco. Não existe uma noção
mas várias noções de currículo, tantas quantas as perspectivas adotadas. O
currículo continua a ser frequentemente identificado, com o “plano de estudo”.
Currículo significa, neste caso, pouco mais do que o elenco e a sequência de
matérias propostas para um dado ciclo de estudos, um nível de escolaridade ou um
curso, cuja frequência e conclusão conduzem o aluno a guardar-se nesse ciclo,
nível ou curso. “Em termos práticos, como escreveu Ribeiro (1989), o plano
curricular concretiza-se na atribuição de tempos letivos semanais a cada uma das
disciplinas que o integram, de acordo com o seu peso relativo no conjunto das
matérias e nos vários anos de escolaridade que tal plano pode contemplar”. Este
conceito de currículo, muito próximo do conceito de programa, como foi formulado
por Bobbit (1922), evoluiu para um conceito mais amplo que privilegia o contexto
escolar e todos os fatores que nele interferem. Procurando traduzir estas novas
conceções Ribeiro( 1989), propôs a seguinte definição mais operacional de

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
12 !!
currículo: “Plano estruturado de ensino – aprendizagem, incluindo objetivos ou
resultados de aprendizagem a alcançar, matérias ou conteúdos a ensinar,
processos ou experiências de aprendizagem a promover”.
Mas o currículo não é apenas planificações, mas também a prática em que se
estabelece o diálogo entre os agentes sociais, os técnicos, as famílias, os
professores e os alunos. O currículo é determinado pelo contexto, e nele adquire
diferentes sentidos conforme os diversos protagonistas.
2.1. Natureza Política do Currículo
No final dos anos quarenta, Tyler (1949), definiu as quatro questões básicas
que qualquer currículo deveria responder:
a) Que finalidades educacionais deve procurar a escola atingir?
b) Como podem selecionar-se as experiências de aprendizagem que podem
ser úteis para alcançar estes objetivos?
c) Como podem organizar-se as experiências de aprendizagem para uma
instrução eficaz?
d) Como se pode avaliar a eficácia das experiências de aprendizagem?
Estas questões partem do pressuposto que a primeira definição de um currículo
é a natureza filosófica e política e não técnica. A primeira tarefa não é selecionar ou
organizar experiências de aprendizagem, mas definir a finalidade da educação.
Antes da definição de um currículo as sociedades devem interrogar-se sobre as
intenções e funções sociais das escolas e quais os saberes relevantes em cada

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
13 !!
cultura que se deseja que os seus cidadãos possuam. A principal função de um
currículo é assim, a de materializar estas intenções, tornando-as explícitas, isto é,
suscetíveis de serem debatidas e conhecidas pelo conjunto da sociedade, e para
poderem servir de orientação aos diversos agentes que intervêm na planificação e
concretização do processo de ensino e aprendizagem.
A reforma curricular não é mais do que a concretização, dos objetivos definidos
numa nova política educativa para todo o país, tendo em vista produzir alterações
significativas no sistema educativo. É neste quadro complexo que se irá configurar
o currículo, sendo essencial ter presente questões, tais como a definição mais ou
menos explicita dos objetivos que deverão ser prosseguidos; a tradição curricular
do respetivo sistema educativo: o tipo de currículo ( aberto ou fechado); o modelo
de organização ( centrado em disciplinas ou em temas); a selecção das matérias e
respetivos conteúdos; a forma como os intervenientes no sistema educativo
participarão; as medidas de apoio à mudança curricular.
2.2. Definição, Inovação e Adaptação Curricular
A definição curricular é um momento de grande tensão. A fundamentação
racional da seleção das matérias e conteúdos do currículo é apenas uma parte do
processo. A outra menos evidente, mas decisiva é os conflitos entre as disciplinas
por questões de status, recursos e territórios (Goodson, 1987). Isto explica, como
refere Marchesi (1998), que apesar dos avanços científicos e técnicos, o currículo
tende a manter a mesma estrutura de disciplinas ao longo dos tempos. Qualquer
alteração ao currículo é vivida como uma ameaça aos grupos instalados, e uma
oportunidade aos que pretendem entrar no sistema. Os grupos de pressão ligados
às várias disciplinas, nas alturas de reforma curricular, desenvolvem no sistema
educativo uma intensa luta de bastidores por uma distribuição das matérias e
conteúdos mais favoráveis aos respetivos grupos.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
14 !!
A inovação curricular apesar de tudo acontece. Gonzáles e Escudero (1987)
definiram neste domínio três grandes enfoques teóricos. No enfoque técnico –
científico as mudanças curriculares são tratadas como meras questões técnicas.
Os currículos são altamente estruturados, limitando-se o papel dos professores à
simples execução de instruções superiores. No enfoque cultural dá-se uma grande
importância à complexidade dos processos de mudança e às suas interações. A
cultura das escolas é particularmente valorizada. O papel do professor é
valorizado, como agente e intérprete das culturas em presença. No enfoque sócio –
político, a mudança é perspetivada em termos políticos e ideológicos. O que é
particularmente valorizado são as condições históricas e sociais. Os professores
tendem a ser reduzidos ao papel de simples instrumentos do poder.
O currículo está permanentemente a ser construído. Na prossecução dos
objetivos definidos para o currículo, os professores não realizam simples operações
mecânicas. Embora apliquem o currículo para atingirem certos objetivos, podem
sempre selecionar e organizar as experiências de aprendizagem, adaptando assim
o currículo. A questão é saber se ao fazê-lo não estarão já a definir novos objetivos
e portanto a alterar a essência do currículo.
2.3. Avaliação Curricular
A avaliação curricular, no entendimento que desde os anos oitenta tem sido
consagrado, procura justamente averiguar, em diferentes níveis, a eficácia dos
objetivos que foram definidos pelo currículo.
A avaliação curricular deveria constituir um trabalho prévio a qualquer reforma
curricular. A realidade portuguesa demonstra que só muito pontualmente esta
avaliação é feita. Decreta-se uma reforma curricular sem previamente se
analisarem as causas dos resultados negativos de todo o sistema de ensino. As

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
15 !!
causas podem não estar nos currículos, mas em outros fatores que interferem nas
escolas.
Foi contra esta tentação apressada de decretar reformas curriculares que
Hoeben (1994), revendo a literatura, definiu os parâmetros de uma avaliação do
currículo centrada nos resultados. Segundo este autor a mesma deveria considerar
apenas questões, tais como: Estão os objetivos ou os efeitos pretendidos com o
currículo a ser cumpridos? O tempo é suficiente para os professores poderem
ensinar e os alunos aprenderem? A estruturação dos objetivos e dos conteúdos é
clara, progressiva e geradora de novas oportunidades de aprendizagem? O
currículo está dividido em pequenas unidades que possibilitem uma eficaz
construção de instrumentos de avaliação da aprendizagem (testes, observações)?
Face aos rendimentos inadequados oferece aos professores possibilidades para
deixarem que os alunos recuperem os atrasos? O currículo eficaz, nesta
perspetiva, é todo aquele que apresenta uma estruturação que facilita a
estruturação das oportunidades dos alunos a aprenderem num tempo e ritmo
adequados ao seu desenvolvimento.
Esta perspetiva técnica, não ignora que outros fatores não possam influir na
eficácia de um currículo, como: as características dos alunos (capacidades,
desenvolvimento, motivação, nível sócio – económico dos pais); as características
dos professores (formação académica, formação pedagógica, atualização
científica, motivação, etc.); as características dos recursos didáticos disponíveis
(manuais, mediatecas, etc.); as características dos subsistemas educativos (aulas,
escolas, administrações regionais e locais, etc.). Em todo o caso, estes fatores não
se podem confundir com o currículo propriamente dito, são de outra natureza.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
16 !!
3. Competências
Phillipe Perrenound refere no seu texto “ Construir Competências é virar as
costas aos saberes?”, que o saber tem origem na experiência mas que nenhum
saber provém apenas desta. A escola deve transmitir conhecimentos e abrir as
mentes à aquisição de competências, que, por sua vez, implicam saberes.
O autor considera a existência de vários tipos de saber, sendo eles o senso
comum que resulta do processo de socialização: os saberes subjetivos que
resultam da experiência de vida; os saberes profissionais e o saber científico que
requer formação prévia e de longa duração.
Diz Perrenoud que se questionarmos a possibilidade de elaborar “saberes” em
vez de “competências”, vemos que se trata de uma falsa questão. De facto, não se
podem desenvolver competências na Escola sem limitar o tempo destinado à
assimilação de saberes. Por outro lado, a maioria das competências mobiliza
saberes. As competências requeridas na vida quotidiana não são desprezíveis. Ao
citar Le Boterf, Perrenoud diz que uma competência é aquilo que permite enfrentar
um tipo de tarefas e situações, apelando para noções, conhecimentos, métodos e
técnicas. A competência é um saber a mobilizar. Ora, os exercícios escolares
clássicos permitem a consolidação de noções mas não trabalham a transferência
para a prática. Torna-se necessário relacionar os saberes. Muitas noções
estudadas permanecem esquecidas porque foram estudadas fora de qualquer
contexto prático pois a mera acumulação de saberes não basta.
O autor defende que pensando na realidade de muitos programas escolares, se
torna necessário diminuir a extensão de “matérias” em favor da “aplicação” de
conteúdo.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
17 !!
4. Os Quatro Pilares de Educação
Jaques Delors refere que a educação ao longo da vida baseia-se
essencialmente em quatro grandes pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer,
aprender a viver juntos (aprender a conviver com os outros) e aprender a ser.
Quando Delors se refere ao “aprender a conhecer”, quer dizer que o ser
humano tem de aprender a ser culto, tem de combinar de uma cultura geral,
suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um
pequeno número de matérias, o que também significa aprender a aprender, para se
beneficiar das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida. No
que diz respeito ao “aprender a fazer”, o autor refere que este aprender é a fim de
adquirir, não somente uma qualificação profissional, mas de uma maneira mais
ampla, competências que tornam a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e
a trabalhar em equipa. Quando se refere ao aprender a fazer é também no âmbito
das diversas experiências sociais ou de trabalho oferecidas aos jovens e
adolescentes, quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacional, quer
formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.
Segundo Delors, devemos “aprender a viver juntos” desenvolvendo a
compreensão do outro e a perceção das interdependências, como realizar projetos
e prepararmo-nos para gerir conflitos, no respeito pelos valores do pluralismo, da
compreensão mútua e da paz. Há também que “aprender a ser” para melhor
desenvolvermos a nossa personalidade e estarmos à altura de agir com cada vez
maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal.
Para isso, jamais se deve negligenciar na educação nenhuma das potencialidades
de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas,
aptidão para comunicar.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
18 !!
Numa altura em que os sistemas educativos formais tendem a privilegiar o
acesso ao conhecimento, em detrimento de outras formas de aprendizagem,
importa conceber a educação como um todo. Esta perspetiva deve, futuramente,
inspirar e orientar as reformas educativas, tanto a nível da elaboração de
programas como da definição de novas políticas pedagógicas.
5. Teorias sobre a Educação
Não existe uma única teoria que sozinha, responda a todas as questões que se
colocam no interior de uma escola. Isoladamente, cada teoria procura responder a
determinadas questões abordando alguns aspetos no ato de educar. Existem
teorias que discutem como as crianças e os adolescentes adquirem e constituem
conhecimentos, algumas abordam os aspetos voltados para o papel do sujeito na
escola, outras discutem o papel da interação entre sujeitos, da medida da
linguagem, da importância das diferentes estruturas como a perceção e a memória.
Existem teorias construtivistas, interaccionistas, comportamentalistas,
desenvolvimentistas, entre outras. Cada professor precisa de conhecer os limites e
alcances de cada teoria para refletir sobre o seu próprio trabalho pedagógico.
Foram muitos (e alguns ainda são) aqueles que, não sendo professores
pensaram sobre a educação. Desde a Grécia Antiga que existe uma grande
preocupação com a educação. Nos escritos de Aristóteles já se encontra bem clara
a discussão sobre o papel do Estado na educação, sobre a importância desta na
nossa vida. O grande filósofo já afirmava que “ a educação deveria ser única e
igual para todos!”.
Durante vários períodos a educação tentou fazer da criança uma cópia do
adulto, esquecendo-se que a infância existe e precisa de ser vivida. É Rousseau,
no século XVIII, que dá o primeiro passo para uma virada na abordagem da

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
19 !!
pedagogia. Para o pedagogo, a natureza seria a grande mestra e o que se deveria
ensinar seriam coisas úteis e não em grande quantidade. Dizia ele que “Os sábios
baseiam-se naquilo que o homem precisa de saber sem considerar aquilo que as
crianças têm nas condições de aprender”.
No século XVIII, a escola começou a ser pensada com mais consciência.
Froebel, o criador dos Jardins – de – Infância organizou uma teoria de
aprendizagem baseada em diferentes jogos que permitiam às crianças construírem
conhecimentos através de atividades espontâneas. Ainda no mesmo século, a
médica Maria Montessori procurou construir uma pedagogia científica ao organizar
o material de aprendizagem de maneira que este fosse autocorrectivo e graduado
de acordo com as dificuldades de cada criança. O trabalho desta jamais possuiu
um corpo teórico, pois sustentava-se em função de um aparato metodológico.
No início do século, Dewey, filósofo americano, criou as bases do que se viria a
tornar o movimento da “Escola Nova”. Na sua teoria, o aluno é visto como o centro
do processo e por isso, as experiências educativas criadas deveriam estar
relacionadas essencialmente com os seus interesses. Um teórico que exerceu uma
grande e importante influência na educação foi Piaget. Formado em Biologia,
lançou as bases da Teoria Construtivista na Educação. Ao pesquisar a génese do
conhecimento, Piaget embora não tenha construído uma teoria educacional,
tornou-se uma referência nesta área. Jean Piaget estudou o desenvolvimento
humano. Deu uma contribuição muito significativa para a compreensão do
desenvolvimento mental enquanto processo de interação.
Piaget procurou descobrir como é que o conhecimento se organiza e estrutura,
e por isso ele vai incidir os seus estudos no comportamento inteletual e cognitivo
das crianças. Ele conclui que o conhecimento é um processo interativo que envolve
o sujeito e o meio, isto é, o conhecimento não depende nem só do sujeito, nem do
objeto, mas sim do produto de uma construção contínua do sujeito agindo sobre o

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
20 !!
meio. Atribui ao indivíduo um papel ativo na construção do conhecimento, e que
decorre em etapas que se designam por estádios de desenvolvimento.
Para Piaget o indivíduo ao desenvolver o seu conhecimento vai fazê-lo através
de mecanismos de adaptação (é o processo de regulação entre a assimilação e a
acomodação), que são a assimilação (processo mental pelo qual se incorporam os
dados) e a acomodação (processo mental pelo qual os esquemas existentes vão
modificar-se em função das experiências do meio).
Através de um estudo intensivo de crianças durante longos períodos de tempo,
Piaget começou a delinear o território da mente humana e a produzir um mapa de
estádios de desenvolvimento cognitivo. Piaget propôs, que o desenvolvimento
cognitivo se processa em estádios de desenvolvimento, o que significa que tanto a
natureza como a forma da inteligência mudam ao longo do tempo. Os estádios de
desenvolvimento cognitivo são sequenciais.
Piaget distingue fundamentalmente quatro estádios de desenvolvimento:
Estádio Sensório – Motor (nascimento – 2 anos): a atividade cognitiva
durante este estádio baseia-se principalmente na experiência imediata, através dos
sentidos.
Estádio Pré – Operatório ( 2 anos – 7 anos): é marcado pelo aparecimento
da função simbólica, que vai assinalar o inicio do pensamento.
Neste estádio distinguem-se 2 sub – estádios: função simbólica; pensamento
intuitivo.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
21 !!
Estádio das Operações Concretas ( 7 anos – 11 anos): a criança tem um
pensamento lógico com a capacidade de fazer operações mentais.
Estádio das Operações Formais (11 anos – 16 anos): a inteligência
formal, que se desenvolve durante a adolescência entra num novo domínio que é o
do pensamento puro. O adolescente é capaz de raciocinar sobre hipóteses
abstratas.
Foram muitos os que, não sendo professores, deram o seu contributo para a
educação. Alguns como Freinet, Paulo Freire e Vygotsky, foram professores
inquietos e ousados que, não satisfeitos com o rumo da educação fizeram teorias e
práticas pedagógicas a partir das suas experiências e reflexões como educadores.
No Brasil, o pedagogo Paulo Freire também deixou marcas na educação
extrapolando os limites do seu próprio país. Até aos dias de hoje, Freire continua o
seu trabalho em busca da educação como prática da liberdade. A sua grande
preocupação é a de que “se deve educar para a tomada de decisões, para a
responsabilidade política e social”. Para ele, o educando não é um mero recipiente
vazio que se deva encher de conteúdos. O pedagogo é contra o que ele mesmo
chama de “educação bancária”, ou seja, a educação voltada para o depósito de
conteúdos. Educar é construir o sujeito da transformação e para tal é necessário
respeitar o universo cultural dos educandos. Para Paulo Freire educar é construir, é
libertar o homem do determinismo, passando a reconhecer o papel da História e
onde a questão da identidade cultural, tanto na sua dimensão individual, como em
relação à classe dos educandos, é essencial à prática pedagógica proposta. Sem
respeitar esta identidade, sem autonomia, sem ter em conta as experiências vividas
pelos alunos antes de chegar à escola, o processo será inoperante, será somente
meras palavras despidas de significação real.
Para o pedagogo, a educação é ideológica mas dialogante, isto porque só
assim se pode estabelecer a verdadeira comunicação da aprendizagem entre seres
constituídos de almas, desejos e sentimentos. A conceção de educação de Paulo

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
22 !!
Freire percebe o indivíduo como um ser autónomo. Esta autonomia está presente
na definição de vocação ontológica de “ser mais”, associada com a capacidade de
transformar o mundo. É exatamente aqui que o ser humano se diferencia do
animal, por viver num presente indiferenciado e por não perceber-se como um ser
unitário distinto do mundo. Para acreditar que o mundo é passível de
transformação, a consciência crítica ligar-se ao mundo da cultura e não da
natureza. O educando deve em primeira – mão descobrir-se como um construtor
desse mundo da cultura. Esta conceção distingue natureza de cultura, entendendo
a cultura como o aumento que o indivíduo faz ao mundo ou com o resultado do seu
trabalho, do seu esforço criador. Procura-se superar a dicotomia entre teoria e
prática, pois durante o processo, quando o ser humano descobre que a sua prática
supõe um saber, conclui que conhecer é interferir na realidade, compreende-se
como um sujeito da História.
Vygotsky também muito contribuiu na área da educação. Segundo ele, o ser
humano constrói conhecimento na história e na cultura, a partir de interações com
outras pessoas e com a realidade em que vive. A linguagem, segundo este autor,
desempenha um papel de grande importância na construção do conhecimento.
Através das interações mediadas pela linguagem, os sujeitos adquirem
conhecimentos e desenvolvem-se. Para Vygotsky, a aprendizagem precede o
desenvolvimento numa relação dialéctica com este. O autor juntamente com os
seus seguidores, construíram as bases da Teoria Histórico – Cultural.
Para Vygotsky, o sujeito não é apenas ativo mas interativo, pois forma
conhecimentos e constitui-se a partir de relações intra e interpessoais. É na troca
com os outros sujeitos e consigo próprio que os conhecimentos, papéis e funções
sociais se vão interiorizando, o que permite a formação de conhecimentos e da
própria consciência. Trata-se de um processo que caminha do plano social
(relações interpessoais) para o plano individual interno (relações intra – pessoais).
Assim, a escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadeia
o processo ensino – aprendizagem.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
23 !!
O professor tem o papel explícito de interferir no processo, diferentemente
de situações informais nas quais a criança aprende por imersão num ambiente
cultural. Portanto, é papel do docente provocar avanços nos alunos e isso torna-se
possível com a sua interferência na zona proximal. Vemos ainda como relevante
para a educação, decorrente das interpretações das teorias de Vygotsky, a
importância da atuação dos outros membros do grupo social na mediação entre a
cultura e o indivíduo, pois uma intervenção deliberada de tais membros da cultura é
essencial no processo de desenvolvimento. Assim consideram-se os processos
pedagógicos como intencionais e deliberados, sendo o objeto da intervenção a
construção de conceitos.
Refere ainda o autor que o aluno não é tão somente o sujeito da
aprendizagem, mas aquele que aprende junto ao outro o que o seu grupo social
produz, tal como valores, linguagem e o próprio conhecimento. A formação de
conceitos espontâneos ou quotidianos desenvolvidos no decorrer das interações
sociais, diferenciam-se dos conceitos científicos adquiridos pelo ensino, parte de
um sistema organizado de conhecimentos.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
24 !!
Filosofia Orientadora
1. A Escola como Organização
Perante as perspetivas de vários autores, tais como: Hobbes, Mélèse,
Mitchell, Russel, Hutmacher e Hall, a noção de organização aparece estruturada da
mesma forma e têm como pontos comuns o facto de considerarem que desde que
nasce, o Homem está inserido num sistema de organizações e que todos nós
passamos, no decorrer das nossas vidas, por vários sistemas organizacionais, e
que a escola não é mais do que um destes modelos, como uma hierarquia
estruturada.
Segundo Hobbes, a perspetiva da teoria da organização é fundamentada na
sua relação entre os seus componentes no que diz respeito à sua estrutura:
“ Por organização entendo um número qualquer de Homens reunidos pelo encargo de um
negócio que lhes é comum”. (1985)
A perspectiva de Mélèse, vem complementar a teoria já apresentada por
Hobbes, e por ele é dito que:
“ A organização é um conjunto de indivíduos que utilizam um conjunto de meios para
realizar tarefas coordenadas em função de objetivos comuns”. (1979)
A abordagem de Mitchell e de Russel, apresenta a parte humana da
organização, com a finalidade de atingir fins comuns:
“ Pessoas que trabalham juntas para atingir um fim comum”. ( Mitchell – 1983)
“ Uma organização é um conjunto de pessoas que estão combinadas em virtude de
atividades orientadas para fins comuns”. (Russel – 1983)

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
25 !!
Já a hipótese apresentada por Hutmacher é mais complexa e prevê o
sistema de hierarquização:
“Um coletivo humano coordenado, orientado por uma finalidade, controlado e atravessado
pelas questões de poder”. (1992)
Uma ótica diferente e mais abrangente é apresentada por Hall onde já são
reconhecidas, para além da questão da hierarquização, as dificuldades que
poderão surgir através de fatores exteriores:
“ Uma organização é uma coletividade com uma fronteira relativamente identificável, uma
ordem normativa, escalas de autoridade, sistemas de comunicação e sistemas de
coordenação de afiliação; essa coletividade existe numa base relativamente contínua num
ambiente e compromete-se em atividades que estão relacionadas, usualmente, com um
conjunto de objetivos”.
Concluindo: As diversas teorias organizacionais podem ajudar a decifrar o
que se passa nas Escolas.
1.1. As Fronteiras Escolares
A escola deixou de ser um sistema fechado, isolado, fora de contexto, e
passou a ser um sistema aberto e sujeito a trocas constantes, sendo estas
“fronteiras” maleáveis e permeáveis no que diz respeito à comunidade que a
envolve:
“em troca continua de matéria com o seu ambiente” (Bertalanffi – 1973)
Tendo em conta que a escola é um sistema aberto, terá de ter objetivos
como qualquer sistema organizado.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
26 !!
Na perspectiva de Perrow:
“ As organizações são instrumentos racionais conseguidos(!) para atingir os objetivos dos
seus dirigentes(!) ou(!) dos seus proprietários” (ibidem)
Já a Lei de Bases do Sistema Educativo preocupa-se em detetar eventuais
problemas no processo educativo através de alterações periódicas de estratégias a
aplicar:
“A progressão(!)deve estar ligada à avaliação de toda a atividade desenvolvida,
individualmente ou em grupo, na instituição educativa, no plano da educação e do ensino e
da prestação de outros serviços à comunidade” (Artigo 36, Lei de Bases do Sistema
Educativo, citado por ibidem)
Assim, os principais objetivos da escola são: instruir; educar; intervir no
meio.
Concluindo, o que se pretende é alargar os objetivos da escola, permitindo
uma melhor base para a formação de um cidadão.
1.2. A Cultura da Escola
Cada vez mais é notória uma maior diversidade cultural nas escolas.
Cultura da Organização, para os autores com uma visão funcionalista das
organizações a cultura é considerada uma realidade homogénea, mas para os
autores com uma visão crítica a cultura é denominada como uma realidade
heterogénea e com clivagens.
Segundo Lemaître:
“A cultura é um sistema de representações e de valores partilhados por todos os
membros”. (1987)

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
27 !!
Schein define-a como:
“O padrão de assunções básicas – inventadas, descobertas ou desenvolvidas por um dado
grupo de acordo com a forma como ele aprendeu a lidar com os problemas de adaptação
ao exterior ou de integração no interior da organização – que fora trabalhadas até serem
consideradas válidas e serem, além disso, comunicadas aos novos membros como o
modo correto para perceber, pensar e sentir relativamente àqueles problemas”. (1985)
Tanto Lemaître, como Schein, defendem a cultura como uma realidade
homogénea.
Morgan, entende como cultura:
“Um processo de construção da realidade que permite às pessoas ver e compreender os
acontecimentos, ações, declarações, situações ou objetos particulares de modo muito
especial” (1992)
2. Sistema de Relação de Trocas
A pretensão máxima do nosso Sistema Educativo é baseada num sistema
de trocas, em que ambas as partes irão beneficiar.
Isto é, o conceito de “homem perfeito” muitas vezes atribuído ao professor
causa sensações de mal estar que poderão levar ao insucesso do mesmo e por em
causa todo o processo educativo.
Se o ideal de educação é promover o sistema de trocas, deverá haver uma
adaptação do professor e do aluno, e assim fatores como a disponibilidade e
assimilação e o querer aprender mais, irão pôr em causa o perfil autoritário que até
agora se praticava.
Perante a perspetiva de Paulo Freire em acordo com a visão de Hech e
Williams qualquer professor antes de poder educar uma terceira pessoa tem de
prestar atenção a si próprio:

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
28 !!
“Os seres humanos a quem falta uma consciência da sua própria realidade pessoal não
podem exprimir o relacionamento de adaptação mútua, a experiência do “nós” que é o
fundamento de qualquer comunicação possível” (citado por Teixeira, 1995)
A Lei de Bases do Sistema Educativo refere no artigo 30º , n.º1, alínea a,
precisamente esta preocupação em a formação do professor e da forma como se
deve auto formar, dizendo que o professor dever ter “uma formação pessoal e social
adequada ao exercício da sua função” (ibidem)
Perante a perspetiva de vários autores tais como: Alves Pinto, Bajoit e
Argyris, o professor aparece como parte fundamental na estrutura escolar e a
forma como reage perante várias situações poderá influenciar o sucesso ou
insucesso escolar, isto é, poderão levar ao insucesso escolar.
Na óptica de Bajoit, as atitudes atrás mencionadas estão dependentes das
trocas sociais e à partida:
“toda a troca é ou tende a ser desigual” (1992)
2.1. As Funções do Professor
Perante a Lei de Bases do Sistema Educativo, fazem parte as funções
expressivas que englobam:
! O ato de instruir, que reconhece a autonomia do professor mas aplica a
função de gestão do processo educativo, estabelecendo limites a essa autonomia:
“Devem olhar o vosso trabalho profissional como consistindo sobretudo e
essencialmente em orientar a conduta do vosso aluno (!) entendendo-se conduta
no sentido mais amplo, como incluindo toda a espécie de reações adequadas às
circunstâncias em que o aluno se pode envolver nas peripécias da vida” (in
www.educ.fc.pt)

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
29 !!
! O ato de Educar
“ contribuir para a formação e realização integral dos alunos (!) formação e
realização integral dos alunos (!) do enriquecimento cultural e da inserção dos
educandos na comunidade (!) a criação e o desenvolvimento de relações de
respeito mútuo (!) promoção de “atividades educativas” (!) e de
acompanhamento dos alunos (Lei de Bases do Sistema Educativo, artigo 10º, n.º2,
alínea a,b,c e h – citado por Teixeira 1995).
! O ato de desenvolver uma ação educativa no meio
“elaborar com todos os intervenientes no processo educativo, favorecendo a
criação e desenvolvimento de relações de respeito mútuo, em especial entre
docentes, alunos, encarregados de educação e pessoal não docente” (ibidem)
3. Projeto Educativo de Escola
Segundo consta num conceituado dicionário português e por parte de
Almeida Costa, Sampaio e Melo, entendem por projeto:
“ Plano para a realização de um ato; desígnio; tensão; redação provisória de uma medida
qualquer; esboço; representação gráfica e escrita com orçamento de uma obra que se vai
realizar, cometimento na filosofia existencial aquilo para que o homem e é construtivo do
seu ser verdadeiro; empresas” (1989)
Pode ler-se também, num sentido mais geral no dicionário francês Littré:
“Projeto – lançar para a frente o que se tem intenção de fazer no futuro mais ou menos
distante” (1971)
Assim, a palavra projeto, bem como o seu sentido adapta-se a cada situação
e necessidade em que é utilizada.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
30 !!
Quando se fala em educação a palavra projeto está sempre presente, ou
seja, quando se fala em projeto pedagógico, em pedagogia de projeto, em projecto
educativo, em projeto de formação de professores, em projeto de intervenção
cultural e em projeto educativo de escola.
O Projeto Educativo de Escola representa a identidade de uma escola, ou
seja, nele contidos princípios, normas, objetivos, necessidades, recursos e modos
de funcionamento que leva a que haja uma ação educativa e um desenvolvimento
da comunidade educativa.
Deste modo, deve ter-se em conta vários aspetos antes da elaboração do
projeto, tais como: “Necessidades ou problemas identificados; aspirações de
mudança e melhoria do trabalho que se desenvolve na escola; ou mesmo por
obediência a uma ordem vinda da hierarquia do sistema” ( in A construção do
Projeto Educativo, 1995)
Para Abel Rocha:
“ O Projeto Educativo de Escola é a forma mais nobre da liberdade educativa de cada
Escola. ( Rocha, Abel, do Artigo publicado no Jornal “ O Regional”, São João da Madeira,
Novembro de 1992)
Na opinião de Professor Ruben Cabral quando se fala de Projeto Educativo,
“é falar habitualmente de planeamento, de estratégias, de sonho, de fantasia, de
realidades encontradas e realidades que gostaríamos de construir”. ( in O novo voo
de Ícaro, 1999)
Geralmente olha-se para um projeto educativo de forma redutora, uma vez
que este se apresente, por vezes numa forma de difícil solução.
Portanto, olha-se para ele como uma simples listagem de atividades
escolares.
Esta visão deve ser ultrapassada e pensar-se que dentro deste projeto
devem estar não só as atividades escolares, mas também um contexto onde a
educação igualmente acontece, ou seja: a família, a sociedade em que a escola se
integra e o próprio aluno. Por vezes, se não houver um bom apoio e

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
31 !!
acompanhamento por parte destes intervenientes, uma boa atividade não chega
para construir a educação do aluno enquanto pessoa.
A tarefa de ser educador é considerada muito mais fácil do que a de ser
escola, uma vez que “as responsabilidades do educador não acabam onde acaba a
intervenção da escola”. (ibibem)
Desta forma o Projeto Educativo não deve ser confundido com Plano
Educativo, uma vez que plano é algo que está programado no tempo e no espaço e
que se deve seguir e cumprir à risca enquanto que “um Projeto Educativo deve ser
motivado pela antecipação das possibilidades e surgir da tensão que existe entre o já e o
ainda; entre o hoje e o amanhã; ou mesmo, entre teoria e a prática, entre tecnologia e
ciência; entre saber e saber fazer; entre esperança e angústia”. (ibidem)
Hoje em dia existem diferentes visões de educação que por vezes não se
preocupam com a formação pessoal e social do aluno. Deste modo, é importante a
existência de um Projeto Educativo, de uma educação que tenha como objetivo
lançar para a frente e não estagnar ou regredir, é importante também que haja
educação de constantes questões que nos transponha para um projeto de
aprendizagens.
De acordo com Peter Senge existem cinco disciplinas da aprendizagem. São
elas:
“Mestria Pessoal: a capacidade de clarificar e aprofundar a nossa visão
pessoal, de enfocar as nossas energias, de desenvolver a paciência e de ver a
realidade objetivamente.
Modelos Mentais: suposições interiorizadas, generalizações, ou mesmo
imagens que influenciam a maneira como compreendemos o mundo e como
agimos.
Visão Comum: a capacidade de construir uma visão comum sobre o futuro
que gostaríamos de criar.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
32 !!
Aprendizagens em Equipa: sabemos que a aprendizagem em equipa
funciona melhor, porque se baseia no diálogo e nos permite reconhecer as formas
de interação em equipas que podem minar a aprendizagem.
Pensamento Sistémico: a capacidade de conceptualizar a natureza, a
complexidade e o funcionamento de um sistema completo, de cada uma das suas
partes e do seu inter – relacionamento.” (ibidem)
A comunidade educativa além de ter um plano de atividades precisa também
de um projeto que a lance para a frente e a faça ver cada vez com mais clareza
sinais dos tempos e que conduza a uma visão comum do que é possível.
A existência de um Projeto Educativo tem como função dar vida e sentido à
escola, portanto é importante que estejam todos de forma direta ou indireta ligados
à comunidade educativa.
Contudo, a existência de um Projeto Educativo de Escola visa o
desenvolvimento de medidas que respondam às necessidades detetadas em cada
comunidade educativa.
4. Educar para a Cidadania
O Projeto Educativo deve ser visto como uma estratégia de animação do
currículo, capaz de influenciar, a médio prazo, a prática letiva dos professores, e
romper com os aspetos de organização escolar desadaptados face às exigências
da Lei de Bases.
A cidadania é o objetivo fulcral da educação nesta sociedade pós moderna.
De acordo com Ilda Figueiredo (1999):
“ educar é sempre uma atividade, realizada num certo contexto social, político, económico,
cultural, ideológico, implicadora do educador. A época atual e as sociedades atuais,
caracterizadas por forte individualismo, negadoras de uma ética do dever e das

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
33 !!
obrigações, exige uma educação que faça a promoção dos direitos que não se reduzem
aos antropocêntricos, visto que não é só a vida humana que está em risco mas qualquer
manifestação de Vida: é o planeta que pode sobrar se não educarmos para a cidadania
com responsabilidade”. (pp.8)
Tendo em conta esta preocupação dos profissionais da Educação, sentiu-se
a necessidade de introduzir nos currículos dos alunos uma dimensão ética e cívica
que prepare as crianças e jovens para o exercício da cidadania e estimule o seu
desenvolvimento pessoal e social.
A aprovação do Decreto – Lei n.º6/2001, que estabelece os princípios
orientadores da organização e da gestão curricular do Ensino Básico, introduziu um
conjunto de medidas emblemáticas das quais se destaca, entre outras, a área
curricular não disciplinar – Formação Cívica – como sendo um “espaço privilegiado
para o desenvolvimento da educação para a cidadania, visando o desenvolvimento da
consciência cívica dos alunos como elemento fundamental no processo educativo de
formação de cidadãos responsáveis, críticos ativos e intervenientes, com recurso
nomeadamente, ao intercâmbio de experiências vividas pelos alunos e à sua participação
individual e coletiva, na vida da turma, da escola e da comunidade”. ( Decreto – Lei n.º6 de
18/01, cap II, art 5)
É preciso ter em conta que a escola, é também um local de vida, é um
espaço onde os alunos passam grande parte do seu tempo, se não mesmo a maior
parte. Devemos, por isso, estar preparados enquanto professores, para tornar a
escola um espaço onde se vive, onde se aprende a viver e se prepara para a vida.
Nesta época de incerteza e de rapidez com que se passa a informação é
importante que a escola assuma a sua componente sociabilizadora transmitindo
normas e valores, tal como previsto na Lei de Bases do Sistema Educativo que
aponta para uma educação cívica que promova a compreensão de valores básicos
como a tolerância e os direitos humanos. Torna-se, por isso, importante refletir-se
sobre as questões relacionadas com a cidadania e o papel da escola na sua
promoção junto dos alunos.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
34 !!
Hoje a escola é encarada simultaneamente como um contexto de
sociabilização e como uma comunidade na qual se estabelecem relações e onde
se desenvolvem atividades em que a cidadania surja, como algo que deve viver-se
em todos os momentos da vida.
Dever – se – à ter em conta que, um momento de educação para a
cidadania deve acontecer de forma viva e dinâmica, de preferência a partir de
contributos recolhidos pelos alunos, não se limitando a formas estereotipadas.
A educação para a cidadania no âmbito escolar só ganha sentido quando
proporciona à pessoa um conjunto de experiências, por meio das quais ela aprende
o que é o exercício da cidadania e se compromete com uma determinada
identidade cívica, como um modo de estar na vida. Parece importante referir
Fonseca (2002), que menciona a importância escolar, que deve capacitar o aluno
para a tarefa de analisar a realidade, formular juízos, tomar decisões e implicar-se
ativamente na vida social e comunitária, em todas as fases da sua vida, sempre
com o propósito de que tal se faça de modo autónomo e responsável.
Também Marques (1998) faz referência á importância do papel da escola na
nossa sociedade que sofreu grandes mutações, que foram acompanhadas por um
estreitamento do papel das famílias na formação moral e cívica das crianças,
exigindo-se cada vez mais da escola, uma intervenção na área – moral dos alunos.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
35 !!
Caracterização do Meio e da Escola
Caracterização do Meio Envolvente
O Colégio Águas Férreas, fica situado em Vale de Óbidos, que pertence à
freguesia de Rio Maior.
Rio Maior situa-se no centro do país, 75 Km a Norte de Lisboa e 30 Km a
Leste de Santarém. Pertence à Região de Turismo do Oeste e,
administrativamente, é um dos concelhos do Distrito de Santarém. Por se encontrar
numa zona de transição, aí se percebem influências ribatejanas, a Sul, e
estremadurenhas a Norte.
A zona Norte do concelho integra-se na área protegida do Parque Natural
das Serras d’Aire e Candeeiros, da qual também fazem parte as salinas de Rio
Maior.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
36 !!
História As origens de Rio Maior e do seu concelho são pouco conhecidas. Sabe-se,
no entanto, que o mar, no terciário, cobriu parte desta região, numa época em que
se verificaram profundas transformações na crosta terrestre. São disso testemunho
o sal-gema, os calcários e os fragmentos de grandes vertebrados. A riqueza do
espólio pré-histórico é notável salientando-se o Castro de S. Martinho, as grutas da
Senhora da Luz e Alcobertas, as estações da Quinta da Rosa e da Arruda dos
Pisões, entre outras, abrangendo, tudo isto, um perímetro que vai do paleolítico
inferior ao Romano. Não restam dúvidas de que os romanos se fixaram nesta área
e a eles se atribui a exploração de sal-gema, que se mantiveram em actividade até
aos nossos dias.
Forno Medieval – Alcobertas Mosaico Romano – Rio Maior
Julga-se que o aglomerado populacional não possui qualquer outra
denominação, dado conhecer-se o mais antigo documento referido a Rio Maior
datado de 1177. Deste modo, é antigo e vem dos primórdios da Nacionalidade o
nome de Rio Maior, ainda que sejam efetivamente poucos os eventos históricos a
que possamos ligar a sua existência.
De aldeia incipiente que fora durante séculos, Rio Maior transforma-se
lentamente até que atinge a categoria de vila em 6 de Novembro de 1836, por
decreto que ao mesmo tempo lhe confere qualidades de concelho. Em Julho de
1985, pelo seu grande desenvolvimento e aumento populacional, Rio Maior
ascende a cidade.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
37 !!
Caracterização sócio-económica
Rio Maior viveu nos últimos anos um progresso significativo que se marca
pelo aparecimento e expansão do setor secundário e terciário, substitutos da
atividade agrícola, quer em importância económica quer pelo número de empregos
que geram.
A criação de uma Zona Industrial permitiu a concentração económica, e
reúne um conjunto diverso de empresas que se distribuem por diferentes
atividades: indústrias transformadoras e extrativas (areias), reparação de
automóveis, transportes e armazenagem, entre outras.
É dominante, na área central da cidade a concentração de atividades
financeiras e de administração, o comércio por grosso e a retalho, a prestação de
serviços ao nível do alojamento e restauração.
A atividade turística, no concelho, aparece quase sempre associada às
Salinas, localizadas a 2Km da cidade, onde a exploração de sal é feita em moldes
tradicionais. Merecem ainda destaque a Feira Nacional da Cebola, realizada em
Setembro e a Feira das Tasquinhas, em Março, que todos os anos atraem muitos
visitantes, o que se traduz numa dinâmica económica importante.
O concelho de Rio Maior conta com, aproximadamente, 20 050 habitantes,
distribuídos por 14 freguesias, numa área total de 272 Km2. A população é
maioritariamente jovem e adulta, distribuindo-se pelas seguintes faixas etárias: dos
0 aos 24 anos – 6400 habitantes (31,9% da população); dos 25 aos 64 anos –
10230 habitantes (51,0% da população); com 65 ou mais anos – 3420 habitantes
(17,1% da população). Do total de indivíduos com idades compreendidas entre os 0
e os 24 anos, 63% são estudantes.

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
38 !!
Instituições Pública
! Biblioteca Municipal Dr. Laureano Santos
! Pavilhão Multiusos
! Estádio Municipal Pista de Atletismo Susana Feitor
! Pavilhão Desportivo
! Piscinas Municipais de Rio Maior
! E.B.I Marinhas do Sal
! E.B.I. Fernando Casimiro
! GNR
! Centro Especial “O Ninho”
! Escola Secundária Drº Augusto César da Silva Ferreira
! Bombeiros

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
39 !!
Caracterização da Escola
Este projeto é a base de trabalho do Colégio cujo nome é Águas Férreas. O
referido Colégio é um estabelecimento de ensino privado com fins lucrativos,
construído de raiz para o efeito composto pelas valências de: Creche; Jardim-de-
Infância e 1º Ciclo do Ensino Básico. Situa-se na Estrada de Vale de Óbidos, Rio
Maior, tendo sido inaugurado no Ano Letivo 2007/2008.
O horário de funcionamento da instituição é das 7h30 às 19h30 de segunda
– feira a sexta - feira, todos os dias do ano, excetuando os dias de feriados
Nacionais e/ou Municipais (como referido no Regulamento Interno).
Este Colégio é composto pela Direção, pelo Pessoal Docente e pelo Pessoal
Não Docente. Faz parte da Direção uma pessoa. Em relação ao Pessoal Docente,
existem 11 funcionárias, sendo 9 Educadoras – de – Infância e 2 Professora do 1º
Ciclo e por fim existem 6 Auxiliares da Acção Educativa, que pertencem ao Pessoal
Não Docente.
Este Colégio como já foi dito anteriormente é constituído por 3 valências,
que são: creche, Pré – Primária e 1º Ciclo. De seguida, serão referidas todas as
instalações:
! Na Creche
- Berçário(a sala do parque e a copa do leite)
- Sala do Piu – Piu (1-2 Anos)
- Sala do Mickey (2-3 Anos)
! A Pré – Primária é constituída por três salas e casa de banho comum.
- Sala Azul (3-4 Anos)
- Sala Laranja (4-5 Anos)

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
40 !!
- Sala Verde (5-6 Anos)
! 2 salas de 1º Ciclo
!1 Sala Polivalente
! 1 cozinha
! 1 refeitório
! 2 casas – de – banho para visitantes
! 3 casas – de – banho de serviço
! 2 balneários de serviço
! 1 casa – de – banho para o 1º Ciclo com diferenciação de sexos

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
41 !!
Conclusão
O Projeto Educativo de Escola é um processo em construção que pressupõe
uma atitude de inovação, numa perspetiva de mudança em relação à realidade de
que se parte, com vista à melhoria do processo educativo. Neste sentido e para um
futuro que se pretende melhor para a elaboração de um Projeto Educativo, a
primeira questão a ter de ser colocada não será o “ Como fazemos”, mas a ideia de
escola e de educação que está na sua base – “ Que escola queremos ser?”.
Deste modo, um Projeto Educativo de Escola exigindo participação, reporta-
se à singularidade do Colégio e visa a globalidade garantindo um sentido para as
diversas ações dos intervenientes na escola.
Cada comunidade educativa tem de tomar consciência da sua identidade
para a definição e desenvolvimento do seu plano de ação – Projeto Educativo de
Escola – e isso exigirá Comunidades Educativas fortes, capazes de definirem
projetos autónomos e livres, ora isso implica:
! A concessão/ conquista efetiva da autonomia de projeto – devolução da
esfera educacional às instâncias representativas da sociedade civil, entenda-se
Comunidade Educativa;
! O Projeto de cada comunidade deve ser o ponto de partida para as
estratégias educativas que têm como destinatários todos os elementos integrantes
dessa mesma comunidade;
! A execução e a elaboração do projeto pressupor um pacto de confiança,
onde todos os agentes estão vinculados a uma exigência de formação contínua.
Tal como refere Marília Mendonça em “ Ensinar a aprender por Projetos”
(2002), um projeto implica a responsabilidade e a autonomia dos intervenientes.
Isto significa que estes são agentes do seu desenvolvimento e aprendizagem, ou
seja, têm capacidade de decidir e de influenciar o seu caminhar. É uma forma de

Projeto Educativo de Escola Colégio Águas Férreas 2011 - 2014 !
42 !!
estar na vida e na profissão. Mais que a procura de soluções lógicas e racionais,
implica uma entrega que envolve o profissional enquanto ser total.
O conceito de autonomia define-se como sendo a capacidade de utilizar os
recursos internos, em interação com, os recursos externos, colocando-os ao
serviço da aprendizagem e do desenvolvimento. Em relação ao conceito de
responsabilidade este define-se como a capacidade de tomar decisões e escolher,
mas, em simultâneo, ser capaz de assumir o resultado dessa escolha individual ou
em grupo.
O Projeto Educativo de Escola é hoje a intenção de modernizar e criar um
ambiente educativo vivo e capaz de envolver cada vez mais membros da
comunidade escolar potencializando os interesses e saberes individuais e de os
fazer convergir num todo comum que estabeleça uma relação de pertença que
reclame de cada indivíduo a oportunidade de participar na construção de uma
escola melhor.
Educar é, assim, proporcionar situações de aprendizagem, momentos em
que cada um se pode sentir implicado na construção do saber e do tornar – se
pessoa, utilizando os conceitos de Carl Rogers “A Educação é um processo social,
é desenvolvimento” (Sprinthall, N. & Sprinthall, R., 1993, pp.322)