Projecto de Rede de Distribuição de Gás...
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Departamento
de Engenharia Mecnica
Pedro Relvas Marques 0
Projecto de Rede de Distribuio
de Gs Natural Projecto apresentado para a obteno do grau de Mestre em
Equipamentos e Sistemas Mecnicos
Especializao em Projecto, Instalao e Manuteno de Sistemas Trmicos
Autor
Pedro Daniel Relvas Dias Marques
Orientador
Eng Antnio Manuel de Morais Grade
Instituto Superior de Engenharia de Coimbra
Coimbra, Dezembro, 2014
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Projecto de Rede de Gs Natural Agradecimentos
Pedro Relvas Marques i
AGRADECIMENTOS
Agradeo minha famlia e amigos.
Agradeo instituio ISEC a oportunidade que me deu de poder valorizar o meu percurso
acadmico, a todos os professores e em particular ao meu orientador Eng. Antnio Manuel
de Morais Grade, pela forma motivada e profissional como leccionaram este mestrado.
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Projecto de Rede de Gs Natural Resumo
Pedro Relvas Marques ii
RESUMO
O gs natural foi introduzido em Portugal em 1997. Desde essa data, a estrutura de consumo
de gs natural evidencia que, logo aps o sector da produo de electricidade, o sector
industrial que regista o maior consumo de gs natural.
O consumo de gs natural reduz de forma significativa as emisses de CO2 para a atmosfera,
em comparao com outros combustveis fsseis (p. ex.: carvo, nafta), pois uma energia
mais limpa e menos poluente. Apresenta tambm a vantagem ser energeticamente mais
eficiente.
Este trabalho prope a realizao de um projecto, de carcter real, de uma rede de gs natural
para abastecimento de uma unidade industrial.
O projecto pretende definir os critrios de caracterizao e dimensionamento de uma rede de
gs, passando pela determinao das condies tcnicas, procedimentos de construo,
montagem, inspeces e ensaios necessrios ao abastecimento, com gs natural, dos
equipamentos/queimadores existentes em uma unidade industrial.
O projecto envolver a definio das caractersticas da instalao, como a categoria de
localizao, tipo de funcionamento do posto de regulao e medida, presso de operao e
caudal do gs, assim como a determinao dos caudais de operao, dimetros e espessuras
das tubagens, perdas de carga e velocidades de escoamento. Para o posto de regulao e
medida acresce o dimensionamento para a determinao dos respectivos equipamentos, tais
como os filtros, reguladores de presso, vlvulas de alvio e contadores.
PALAVRAS-CHAVE
Gs natural, rede de gs, dimensionamento, posto de regulao e medida, perdas de carga,
velocidades de escoamento, espessura das tubagens, procedimentos de construo, inspeces
e ensaios.
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Projecto de Rede de Gs Natural Abstrat
Pedro Relvas Marques iii
ABSTRACT
The natural gas was introduced in Portugal in 1997. Since then the structure of natural gas
consumption shows that, after the sector of electricity production, is the industrial sector that
registers the highest consumption of natural gas.
The consumption of natural gas significantly reduces the CO2 emissions to the atmosphere,
compared to other fossil fuels (e.g. coal, thick fuel-oil), because it is a cleaner and less
polluting energy. It also presents the advantage to be more energy efficient.
This work proposes the implementation of a real world project, of a natural gas network for
supply an industrial unit.
The project intends to define the criteria for characterization and sizing of a gas network, the
determination of technical conditions, construction procedures, assembly, inspection and
testing, required to supply natural gas to the existing equipment/burners in an industrial unit.
The project will involve defining the characteristics of the installation, such as location
category, type of operation of the regulation and metering station, pressure operation and gas
flow rates, as well as the calculations for determining the working flow rates, pipe diameters
and thickness, pressure drops and gas velocities. For the regulation and metering station, is
also needed to make the calculations for the determination of its equipment, such as filters,
pressure regulators, relief valves and flow meters.
KEYWORDS
Natural gas, gas network, pipe sizing, regulation and metering station, pressure drops, flow
velocities, pipe thickness, construction procedures, inspections and testing.
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Projecto de Rede de Gs Natural ndice
Pedro Relvas Marques iv
ndice
1. INTRODUO ................................................................................................................................................. 1
2. TERMINOLOGIAS E DEFINIES ............................................................................................................. 3
3. RESPONSABILIDADES DO PROJECTISTA .............................................................................................. 6
4. DESCRIO GERAL ...................................................................................................................................... 7
4.1 REA DE INFLUNCIA ................................................................................................................................... 7 4.2 DESCRIO DO PROJECTO ........................................................................................................................... 7 4.3 CONDIES DE OPERAO E DE PROJECTO ................................................................................................ 7 4.4 CARACTERSTICAS DO GS A TRANSPORTAR .............................................................................................. 8 4.5 CARACTERSTICAS DOS APARELHOS CONSUMIDORES ................................................................................ 8 4.6 DESCRIO DA REDE DE GS PROJECTADA ................................................................................................ 9
5. CARACTERSTICAS DA INSTALAO .................................................................................................. 10
5.1 CARACTERSTICAS DO PRM E REDE DE DISTRIBUIO ........................................................................... 10 5.1.1 Classificao ........................................................................................................................................ 11
5.1.1.1 Categoria de Localizao ............................................................................................................... 11 5.1.1.2 Tipo de Funcionamento ................................................................................................................. 11 5.1.1.3 Presso de Operao ...................................................................................................................... 11 5.1.1.4 Caudal de Gs ................................................................................................................................ 11
5.1.2 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ................................................................................................................. 12 5.1.2.1 Tubagem e Acessrios ................................................................................................................... 12 5.1.2.2 Juntas Dielctricas ......................................................................................................................... 14 5.1.2.3 Vlvulas de Seccionamento ........................................................................................................... 15 5.1.2.4 Filtros ............................................................................................................................................. 16 5.1.2.5 Reguladores de Presso ................................................................................................................. 18 5.1.2.6 Vlvulas de Alvio ......................................................................................................................... 19 5.1.2.7 Contadores ..................................................................................................................................... 20 5.1.2.8 Manmetros ................................................................................................................................... 22 5.1.2.9 Termmetros .................................................................................................................................. 23
6. DIMENSIONAMENTO DA INSTALAO ............................................................................................... 24
6.1 PRM ............................................................................................................................................................ 24 6.1.1 Pressupostos ........................................................................................................................................ 24 6.1.2 Clculo da Tubagem ........................................................................................................................... 24
6.1.2.1 Caudal Mximo ............................................................................................................................. 24 6.1.2.2 Dimetro da Tubagem ................................................................................................................... 25 6.1.2.3 Perdas de Carga ............................................................................................................................. 25 6.1.2.4 Velocidade de Escoamento ............................................................................................................ 26 6.1.2.5 Espessura da Tubagem .................................................................................................................. 27
6.1.3 Clculo dos Equipamentos ................................................................................................................. 27 6.1.3.1 Filtros ............................................................................................................................................. 27 6.1.3.2 Reguladores de Presso ................................................................................................................. 28 6.1.3.3 Vlvulas de Alvio ......................................................................................................................... 29 6.1.3.4 Contador ........................................................................................................................................ 29
6.2 REDE INTERIOR DE DISTRIBUIO ............................................................................................................ 30 6.2.1 Pressupostos ........................................................................................................................................ 30 6.2.2 Clculo da Tubagem ........................................................................................................................... 31
6.2.2.1 Caudais .......................................................................................................................................... 31 6.2.2.2 Dimetro da Tubagem ................................................................................................................... 31 6.2.2.3 Perdas de Carga ............................................................................................................................. 33 6.2.2.4 Velocidade de Escoamento ............................................................................................................ 34 6.2.2.5 Espessura da Tubagem .................................................................................................................. 35
7. PROCEDIMENTOS DE CONSTRUO .................................................................................................... 36
7.1 INSPECO NA RECEPO DE MATERIAIS ................................................................................................ 36 7.1.1 Certificados de Materiais ................................................................................................................... 36
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Projecto de Rede de Gs Natural ndice
Pedro Relvas Marques v
7.1.2 Vlvulas ............................................................................................................................................... 36 7.1.3 Tubos e Acessrios em Ao ................................................................................................................ 37 7.1.4 Resultados da Recepo ..................................................................................................................... 37
7.2 TRANSPORTE, MANUSEAMENTO E ACONDICIONAMENTO DOS MATERIAIS ............................................. 38 7.2.1 Transporte ........................................................................................................................................... 38 7.2.2 Manuseamento .................................................................................................................................... 39 7.2.3 Acondicionamento .............................................................................................................................. 39
7.3 SOLDADURA................................................................................................................................................. 40 7.3.1 Consumveis de Soldadura ................................................................................................................. 40
7.3.1.1 Armazenamento e Manuseamento dos Consumveis..................................................................... 42 7.3.1.2 Gases de Proteco ........................................................................................................................ 42 7.3.1.3 Conservao dos Elctrodos Bsicos ............................................................................................. 43 7.3.1.4 Regenerao dos Elctrodos Bsicos ............................................................................................. 44
7.3.2 Procedimentos de Soldadura ............................................................................................................. 44 7.3.3 Qualificao dos Soldadores .............................................................................................................. 45 7.3.4 Preparao para a Soldadura ............................................................................................................ 46
7.3.4.1 Preparao dos Topos .................................................................................................................... 46 7.3.4.2 Posicionamento dos Tubos e Acessrios ....................................................................................... 46 7.3.4.3 Pr-aquecimento ............................................................................................................................ 46 7.3.4.4 Soldadura ....................................................................................................................................... 47
7.3.5 Inspeco das Soldaduras .................................................................................................................. 48 7.3.5.1 Exame Visual ................................................................................................................................. 48 7.3.5.2 Exame Radiogrfico ...................................................................................................................... 48 7.3.5.3 Exame por Ultra-sons .................................................................................................................... 49 7.3.5.4 Exame por Lquidos Penetrantes ................................................................................................... 49
7.3.6 Defeitos nas Soldaduras ..................................................................................................................... 49 7.3.6.1 Aceitabilidade de Defeitos ............................................................................................................. 49 7.3.6.2 Reparao das Soldaduras ............................................................................................................. 50
7.4 PINTURA ................................................................................................................................................... 50 7.4.1 Sistema de Pintura .............................................................................................................................. 50 7.4.2 Preparao das Superfcies ................................................................................................................ 51 7.4.3 Mtodo ................................................................................................................................................. 51 7.4.4 Inspeco da Pintura .......................................................................................................................... 53
7.4.4.1 Visual ............................................................................................................................................. 53 7.4.4.2 Ensaio de Espessura ....................................................................................................................... 54 7.4.4.3 Ensaio de Adeso........................................................................................................................... 54 7.4.4.4 Ensaio de Porosidade ..................................................................................................................... 54
7.5 IDENTIFICAO E RASTREABILIDADE DAS SOLDADURAS E MATERAIS ........................... 55 7.5.1 Identificao de Soldaduras ............................................................................................................... 55 7.5.2 Identificao dos Componentes ......................................................................................................... 56 7.5.3 Transferncia de Marcas ................................................................................................................... 57
7.6 ENSAIOS DE PRESSO ................................................................................................................................. 57 7.6.1 Ensaio de Resistncia Mecnica ........................................................................................................ 58 7.6.2 Ensaio de Estanquidade ..................................................................................................................... 58
7.7 RECEPO DA OBRA ................................................................................................................................... 59 7.7.1 Documentao Final ........................................................................................................................... 59 7.7.2 Pr-comissionamento.......................................................................................................................... 60 7.7.3 Comissionamento ................................................................................................................................ 60 7.7.4 Recepo Provisria ........................................................................................................................... 60 7.7.5 Recepo Definitiva ............................................................................................................................ 60
8. CONDIES TCNICAS DE MONTAGEM E COLOCAO EM OBRA .......................................... 61
9. EXPLORAO, MANUTENO E SEGURANA DA REDE ............................................................... 66
10. CONCLUSES ............................................................................................................................................. 68
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS............................................................................................................... 69
ANEXOS .............................................................................................................................................................. 72
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Projecto de Rede de Gs Natural ndice de Figuras
Pedro Relvas Marques vi
ndice de Figuras Figura 1 Vista geral de um Posto de Regulao e Medida (PRM)..10
Figura 2 Vista parcial de uma Rede de Interior de Distribuio............10
Figura 3 Tubagem........12
Figura 4 Acessrios..........12
Figura 5 Junta Dielctrica.......14
Figura 6 Vlvula tipo Wafer.......15
Figura 7 Vlvula de Borboleta tipo LUG..15
Figura 8 Vlvula de Bola.15
Figura 9 Filtro tipo G......16
Figura 10 Regulador de Presso .......18
Figura 11 Vlvula de Alvio .......19
Figura 12 Contador de Turbina.........20
Figura 13 Manmetro.............22
Figura 14 Termmetro........23
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Projecto de Rede de Gs Natural ndice de Tabelas
Pedro Relvas Marques vii
ndice de Tabelas Tabela 1 Caractersticas do Gs Natural ..8
Tabela 2 Caractersticas dos Aparelhos Consumidores da Instalao........8
Tabela 3 Dimetros e Espessuras de Tubagem.13
Tabela 4 Tipos e Caractersticas de Elctrodos....42
Tabela 5 Afastamento entre Suportes....62
Tabela 6 Tubagens Vista: Afastamento entre Infraestruturas ....64
Tabela 7 Tubagens Embebidas: Afastamento entre Infraestruturas .65
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Projecto de Rede de Gs Natural Simbologia
Pedro Relvas Marques viii
SIMBOLOGIA
A rea do filtro [m2]
Cg Coeficiente de caudal do regulador [adm]
dc Densidade corrigida do gs natural [adm]
Dext Dimetro exterior da tubagem [mm]
Di Dimetro interior da tubagem [mm]
Dicalculo Dimetro interior terico calculado [mm]
dr Densidade relativa do gs natural [adm]
e Espessura da tubagem [mm]
E Limite elstico do ao da tubagem [N/mm2]
F Factor de segurana relativo categoria de localizao [adm]
h Diferena de cota entre o incio e o fim do troo [m]
J Perda de carga quadrtica/linear mdia [mbar2/m] / [mbar/m]
Kg Coeficiente de caudal [adm]
Lcritico Percurso que corresponde ao maior comprimento de tubagem [m]
Leq Comprimento equivalente [m]
Leq.max Comprimento equivalente do percurso critico [m]
P Presso absoluta [bar]
P0 Presso em condies normais [bar]
PA Presso de abastecimento [mbar]
Patm Presso atmosfrica [mbar]
PCI Poder calorfico inferior [MJ/m3]
PE Presso absoluta entrada [bar]
Pf Presso final [mbar]
Pfc Presso final corrigida [mbar]
Pi Presso inicial [mbar]
Pmax Presso mxima de operao [bar]
Pmc Presso absoluta mdia corrigida [mbar]
P(n) Potncia nominal, em condies normais [kW]
PS Presso absoluta sada [bar]
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Projecto de Rede de Gs Natural Simbologia
Pedro Relvas Marques ix
Ptotal Perda de presso [mbar]
Padm Perda de carga acumulada admissvel [mbar]
Q Caudal de gs natural [m3/h]
t Temperatura de servio do gs natural [C]
T Temperatura de servio [K]
T0 Temperatura absoluta em condies normais [K]
V Velocidade [m/s]
V0 Volume corrigido [m3/h]
Vb Volume bruto [m3/h]
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Projecto de Rede de Gs Natural Abreviaturas
Pedro Relvas Marques x
ABREVIATURAS
AISI American Iron and Steel Institute
ANSI American National Standard Institute
API American Petroleum Institute
APTA Associao de Produtores de Tubos e Acessrios.
ASME American Society of Mechanical Engineers
ASTM American Society for Testing and Materials
AWS American Welding Society
CE Conformit Europene, Conformidade Europeia
DIN Deutsches Institut fr Normung, (German Institute for Standardization)
EN European Norm
GTAW Gs Tungsten Arc Welding
IRGN Instalao Receptora de Gs Natural
NP Norma Portuguesa
NPT National Pipe Thread
PCI Poder Calorfico Inferior
PED Pressure Equipment Directive
PRM Posto de Regulao e Medida
SMAW Shielded Metal Arc Welding
VACPAC Elctrodos Embalados a Vcuo
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Captulo 1
Pedro Relvas Marques 1
1. INTRODUO
Devido s preocupaes ambientais a utilizao de gs natural na indstria tem aumentado de
forma significativa, dado este ser o mais limpo dos combustveis fsseis, reduzindo assim a
emisso de gases poluentes para a atmosfera e respeitando a presente legislao ambiental.
O gs natural que abastece as redes de gs em Portugal recebido por via terrestre, entrando o
gasoduto do Magrebe em Portugal por Campo Maior e por via martima, abastecido pelo
terminal de gs liquefeito localizado em Sines.
O gs natural transportado por redes de alta presso (84 bar), denominadas por redes de
transporte ou gasodutos de 1 Escalo, pertena da REN-Gasodutos. Esta por sua vez distribui
o gs natural s respectivas concessionrias regionais, como EDP Gs, Lusitaniags,
Lisboags ou Setgs, etc.
Este trabalho consiste na realizao de um projecto, incluindo caracterizao,
dimensionamento e especificaes de construo, montagem, inspeces e ensaios de uma
rede de gs para assegurar o abastecimento com gs natural de uma unidade industrial,
constituda por diversos equipamentos/queimadores, estando estes dispostos nas instalaes
em locais distintos.
Este projecto inicia-se num PRM (Posto de Regulao e Medida) de 2 Classe, abastecido por
uma rede primria de gs natural instalada na via pblica (com a presso entre 4 bar exclusive
e 20 bar inclusive). O PRM, j nas instalaes da indstria em causa, reduz a presso
proveniente a montante para a presso necessria ao abastecimento da indstria. A jusante do
PRM desenvolve-se numa rede interior de distribuio fazendo o abastecimento aos
respectivos queimadores.
O projecto pretende aplicar os vrios critrios de dimensionamento para as condutas de gs
natural, pelo que ir abranger todas as categorias de presso de servio.
O projecto envolver as seguintes fases:
Enquadramento, memria descritiva, clculos da instalao, peas desenhadas, caractersticas
do gs natural, caudal de projecto, presso de servio, velocidade de escoamento, perda de
carga, critrios utilizados para os clculos, legislao, normas aplicveis e especificaes de
construo.
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Captulo 1 Introduo
Pedro Relvas Marques 2
O projecto ir abranger os 2 seguintes enquadramentos distintos:
1) PRM Posto de Regulao e Medida
Dimensionamento da tubagem e acessrios, clculo de perda de carga e velocidade
de escoamento do gs;
Dimensionamento dos filtros, reguladores, vlvulas de alvio, vlvulas de
seccionamento e contadores de gs;
Caracterizao do PRM.
2) Ramal interior de distribuio rede area em ao dentro das instalaes da
indstria
Dimensionamento da tubagem e acessrios, clculo de perda de carga e velocidade
de escoamento do gs;
Localizao e caractersticas de consumo dos queimadores;
Especificaes de construo.
O presente trabalho estabelece a realizao de um projecto de engenharia nas reas de
mecnica para a execuo da Instalao Receptora de Gs Natural (IRGN) de uma unidade
industrial, quando abastecida por uma rede primria (4 bar < P 20 bar) de Gs Natural.
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Captulo 2
Pedro Relvas Marques 3
2. TERMINOLOGIAS E DEFINIES
Instalao de gs: entende-se como sendo as instalaes receptoras de gs natural
canalizado.
Normas aplicveis: so as normas europeias, portuguesas ou outras tecnicamente
equivalentes.
Gs natural: um combustvel gasoso pertencente 2 famlia, grupo H, intermutvel com o
da rede europeia e com ndice de Wobbe compreendido entre 48,1 MJ/m3 e 58,0 MJ/m3,
calculado nas condies de referncia (1,013 bar e 0 C), em relao ao poder calorfico
superior.
Metro cbico normal m3(n): a quantidade de gs seco contida no volume de um metro
cbico temperatura de 0 C e presso absoluta de 1,013 bar.
Presso de projecto: a presso considerada na verificao das velocidades. Este valor
considerado ser sempre inferior ao valor da presso mxima de servio.
Presso de servio: a presso relativa a que ser operada cada uma das partes das
instalaes de gs em condies normais de utilizao. Normalmente ser igual presso de
projecto.
Presso mxima de servio: a mxima presso relativa da rede qual ser ligada a
instalao de gs.
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Captulo 2 Terminologias e Definies
Pedro Relvas Marques 4
Classificao das redes de gs em funo da presso [36]:
Presso > 20 bar Rede de transporte. Gasoduto de 1 escalo. Construda em
ao, com um dimetro mnimo de 100 mm (4).
4 bar < Presso 20 bar Rede primria. Gasoduto de 2 escalo.
Construda em ao.
1,5 bar < Presso 4 bar Rede secundria. Rede de distribuio
Construda em ao ou polietileno (rede enterrada). Presso 1,5 bar Rede de utilizao. Construda em ao, polietileno (rede
enterrada) ou cobre.
Categorias de presses de servio:
Baixa presso Presso 50 mbar
Mdia presso 50 mbar < Presso 4 bar
Alta presso Presso > 4 bar
Ramal interior: conjunto de tubagens e acessrios compreendido entre a vlvula de
seccionamento da concessionria, exclusive, e a vlvula de seccionamento entrada do Posto
de Regulao e Medida, inclusive.
Posto de regulao e medida (PRM): conjunto de equipamento, tubagens e acessrios
compreendido entre as vlvulas de seccionamento de entrada e sada do posto, excluindo
ambas.
Esta definio tem como base os requisitos do Regulamento Tcnico do Projecto,
Construo, Explorao dos Postos de Reduo de Presso a Instalar nos Gasodutos de
Transporte e nas Redes de Distribuio de Gases Combustveis, e inclui ainda unidades de
contagem e a instrumentao necessria ao tratamento e registo das medies efectuadas.
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Captulo 2 Terminologias e Definies
Pedro Relvas Marques 5
Rede interior de distribuio: conjunto de tubagens e acessrios compreendido entre a
vlvula de sada do PRM, inclusive, e a vlvula de entrada dos grupos de regulao ou na sua
ausncia, a primeira vlvula a montante do ponto de consumo, incluindo a mesma em
qualquer dos casos.
Instalao receptora de gs natural (IRGN): constituda por um posto de regulao e
medida (PRM) e uma rede interior de distribuio, com o propsito de abastecer uma unidade
industrial.
Grupos de regulao: conjunto de tubagens, acessrios e equipamentos, compreendido entre
a vlvula de entrada dos grupos de regulao, exclusive, e as vlvulas de corte aos aparelhos
de gs, incluindo estas.
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Captulo 3
Pedro Relvas Marques 6
3. RESPONSABILIDADES DO PROJECTISTA O projectista de redes de Gs responsvel pela totalidade dos elementos que constituem a
instalao, tendo em ateno os objectivos da unidade industrial, nos termos do Decreto-Lei
521/99, Art. 5.
O projectista assumir a responsabilidade tcnica da execuo do projecto (Decreto-Lei
263/89, Art. 6) e responsabilizar-se, nos termos da lei civil, por danos causados a terceiros
que sejam motivados por erros da sua interveno no projecto.
O projecto de uma rede de gs deve ser submetido aprovao por uma entidade inspectora
reconhecida pela Direco Geral da Geologia e da Energia.
O termo de responsabilidade do projectista, deve declarar para os efeitos do disposto no n. 1
do Art. 10. do decreto-lei n. 555/99 de 16 de Dezembro, na redaco que lhe foi conferida
pela Lei n 60/2007, de 4 de Setembro que o Projecto de Instalao Receptora de Gs Natural
de que autor, observa as normas legais e regulamentares aplicveis.
No decorrer da construo, ser da responsabilidade do tcnico de gs nomeado, conhecer e
fazer cumprir os requisitos deste projecto, e nos casos omissos ou nele no referidos
expressamente, fazer cumprir a legislao e regulamentos tcnicos aplicveis.
Ser ainda da competncia do tcnico de gs nomeado, propor durante a execuo, as
alteraes que considere necessrias para melhorar as solues apresentadas neste projecto, na
vertente tcnica, funcional, qualidade, segurana e econmica.
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Captulo 4
Pedro Relvas Marques 7
4. DESCRIO GERAL
4.1 rea de Influncia
A Instalao Receptora de Gs Natural (IRGN) de abastecimento a uma unidade industrial
ser construda em Portugal Continental.
4.2 Descrio do Projecto
A Instalao Receptora de Gs Natural, constituda por um Posto de Regulao e Medida
(PRM) e uma Rede Interior de Distribuio, com o propsito de abastecer uma unidade
industrial.
4.3 Condies de Operao e de Projecto
O PRM da unidade industrial ser abastecido a gs natural a alta presso, pela distribuidora
local, atravs de uma rede primria, com a presso de operao entre 4 bar exclusive e 20 bar
inclusive, garantindo a distribuidora o abastecimento unidade industrial com presses
relativas acima de 3,5 bar.
A jusante do PRM, a presso relativa de operao aps reduo ser de 3,5 bar para
abastecimento dos queimadores dos aparelhos consumidores existentes na unidade industrial.
CONDIES DE OPERAO:
TEMPERATURA (C) 15
PRESSO RELATIVA (bar) 3,5
As condies de operao acima mencionadas, so as adoptadas como referencia no projecto
em questo.
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Captulo 4 Descrio Geral
Pedro Relvas Marques 8
4.4 Caractersticas do Gs a Transportar
O gs combustvel considerado para elaborao do projecto o gs natural a fornecer pelas
concessionrias e com as caractersticas mdias consideradas no quadro seguinte:
Caractersticas Gs Natural, 2 Famlia, Tipo H
Composio qumica mdia (% Volume)
Metano (CH4) = 83,70
Etano (C2H6) = 7,60
Azoto (N2) = 5,40
Propano (C3H8) = 1,92
n-Butano (NC4H10) = 0,40
i-Butano (IC4H10)= 0,30
Dioxido de Carbono (CO2) = 0,23 n-Pentano (NC5H12) = 0,09 n-Hexano (NC6H14) = 0,08
Soma Normalizada dos
Hlio (He) = 0,20 i-Pentano (IC5H12) = 0,08 Componentes 100
Poder Calorfico Superior - PCS
[MJ/m3 (n)] Poder Calorfico Inferior - PCI
[MJ/m3 (n)]
42,00
37,91
Peso molecular
18,78
Densidade relativa Densidade Corrigida
ndice de Wobbe [MJ/m3 (n)]
0,65 0,62
52,09
Tabela 1 Caractersticas do Gs Natural [22]
4.5 Caractersticas dos Aparelhos Consumidores
Os caudais de gs dos aparelhos consumidores foram obtidos atravs da equao 1 da pg. 24.
Aparelho Quant. Potncia Unitria
[kW ] Caudal Unitrio
[m3(n)/h] Caudais Totais
[m3(n)/h]
Forno n 1 (principal com secador) 1 Un 8.424,44 800,0 800,0
Forno n 2 1 Un 2.000,81 190,0 190,0
Fornos n 3 e 4 2 Un 1.579,58 150,0 300,0
Secadores n 1,2 e 3 3 Un 842,44 80,0 240,0
Paletizadoras n 1 e 2 2 Un 105,31 10,0 20,0
Total: 1.550,0
Tabela 2 Caractersticas dos Aparelhos Consumidores da Instalao
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Captulo 4 Descrio Geral
Pedro Relvas Marques 9
4.6 Descrio da Rede de Gs Projectada
Para uma correcta compreenso das caractersticas da instalao, aconselha-se a consulta da
planta e do isomtrico constantes nos anexos.
A instalao caracteriza-se pela existncia de uma rede de gs natural com os seguintes
elementos:
- Um PRM;
- Uma rede interior de distribuio com dimensionamento adequado para abastecimento dos
aparelhos consumidores.
A rede interior de distribuio tem incio aps a vlvula de corte geral ao edifcio, localizada
sada do PRM. Esta tubagem estende-se, em toda a sua totalidade, por tubagem area em ao,
a uma presso de servio de 3,5 bar.
Aps a vlvula de corte geral ao edifcio a tubagem de 6, com 4,5m metros prolonga-se at
atingir a parede do edifcio. A, a tubagem elevada em 4 metros na parede exterior do
edifcio, atravessa a parede do edifcio com avano de 0,5 m de tubagem.
J dentro do edifcio, a linha principal, aps 50 metros instalados nos suportes fixados na
estrutura principal do edifcio, tem a primeira derivao em tubo de ao de 2.1/2 indo
abastecer o forno n2. Depois desta derivao, a linha principal reduz de 6 para 5 e aps 30
metros existe uma derivao, em tubo de 2, abastecendo o secador n 1. Continuando 20 m
na linha principal de 5 existe uma nova derivao em tubo de 3, que reduz para 2,
abastecendo o secador n 2 e reduz tambm para 2.1/2 abastecendo o forno n 3. Nos 10
metros seguintes da linha principal existe outra derivao em tubo de 4 abastecendo o forno
principal n 1 com secador incorporado. De seguida, a linha principal reduz de 5 para o
dimetro de 3 e aps 20 m deriva em tubagem de 3, seguida de derivao reduzindo para 2
para abastecer o secador n 3 e reduzindo tambm para 2.1/2 para abastecer o forno n 4. A
linha principal termina derivando para uma linha de 1 com 22 m passando por um regulador
de presso (reduz a presso para 30 mbar) abastecendo a 1 as duas paletizadoras ns 1 e 2.
O dimensionamento desta rede efectuado no captulo 6.2.
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Captulo 5
Pedro Relvas Marques 10
5. CARACTERSTICAS DA INSTALAO
5.1 Caractersticas do PRM e Rede de Distribuio
Figura 1 Vista geral de um Posto de Regulao e Medida (PRM)
Figura 2 Vista parcial de uma Rede Interior de Distribuio
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Captulo 5 Caractersticas da Instalao
Pedro Relvas Marques 11
5.1.1 Classificao
A IRGN, compostas por PRM e rede de distribuio, classificada em funo da categoria de
localizao geogrfica, do tipo de consumo, da presso de operao e dos caudais mximo e
mnimo horrio de gs necessrios.
5.1.1.1 Categoria de Localizao
A rede de abastecimento IRGN, de acordo com a Portaria 390/94 Regulamento Tcnico
Relativo ao Projecto, Construo, Explorao e Manuteno de Gasodutos de Transportes de
Gases Combustveis, pertence Categoria 2 [36].
5.1.1.2 Tipo de Funcionamento
O PRM projectado ser um PRM de funcionamento CRTICO [22] dada a natureza do
consumo de gs dos aparelhos existentes na unidade fabril.
Uma interrupo no prevista, sem agendamento prvio, pode causar graves problemas, em
particular, paragens de produo, com os consequentes prejuzos da inerentes.
Assim, no seguimento do acima referido, este PRM dever dispor de uma segunda linha (de
reserva) de regulao e medida, por forma a garantir que, caso a linha em uso avarie, de forma
automtica a segunda linha entrar de imediato em funcionamento, garantindo o fornecimento
ininterrupto de gs para a unidade industrial.
5.1.1.3 Presso de Operao
O PRM projectado , de acordo com a legislao, classificado como 2 Classe [34], dado que
as presses a montante so iguais ou inferiores a 20 bar e superiores a 4 bar.
5.1.1.4 Caudal de Gs
A IRGN e, em particular, o PRM so dimensionado para o caudal mximo instantneo
correspondente potncia trmica total de projecto, i.e., o caudal mximo previsto de gs
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Captulo 5 Caractersticas da Instalao
Pedro Relvas Marques 12
natural a fornecer para satisfazer a soma de todas as potncias trmicas dos aparelhos
consumidores instalados.
5.1.2 Equipamentos e Materiais
5.1.2.1 Tubagem e Acessrios
Figura 3 Tubagem Figura 4 Acessrios
Os tubos devem possuir certificao de fabrico NP EN 10204, inspeco 3.1. Devem ser em
ao, de acordo com a norma API 5L e qualidade Gr.B.
Os acessrios devem tambm possuir certificao de fabrico EN 10204, inspeco 3.1.
Devem ser em ao sem costura, de acordo com a norma ASTM A 234 grau WPB e o seu
controlo dimensional deve cumprir as normas ASME B16.5 e ASME B16.9.
Todas as soldaduras devem ser sujeitas a controlo no destrutivo atravs de radiografia
industrial por gamagrafia ou raio X para soldaduras com o tipo de junta topo-a-topo e atravs
de lquidos penetrantes para soldaduras com junta tipo de canto.
A tubagem e os acessrios devem estar, identificados de forma indelvel com, pelo menos, os
seguintes dados:
Identificao do fabricante;
Qualidade do ao;
Dimenso (dimetro X espessura da parede);
Identificao para rastreabilidade.
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Captulo 5 Caractersticas da Instalao
Pedro Relvas Marques 13
No PRM, o tipo de ligaes das tubagens aos equipamentos existentes no PRM devem ser
sempre flangeadas para dimetros superiores a 50 mm [22]. Na rede interior de distribuio
no existe esta restrio, podendo existir ligaes soldadas.
A tubagem no pode ser roscada na sua extremidade para dimetros superiores ou iguais a 50
mm. Para dimetros abaixo de 50 mm podem as suas extremidades ser roscadas.
O artigo 9 da Portaria n. 386/94 Regulamento tcnico relativo ao projecto, construo,
explorao e manuteno de redes de distribuio de gases combustveis, no permite o uso
de tubos com espessura de parede inferior aos seguintes valores:
Dimetro externo (mm)
Dimetro externo (pol)
Espessura mnima (mm)
42,4 1 2,3 48,3 1 2,3 60,4 2 2,3 76,1 2 2,6 88,9 3 2,6
114,3 4 2,6 141,3 5 2,6 168,3 6 3,5 219,1 8 3,5
Tabela 3 Dimetros e Espessuras de Tubagem [35]
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Captulo 5 Caractersticas da Instalao
Pedro Relvas Marques 14
5.1.2.2 Juntas Dielctricas
Figura 5 Junta Dielctrica
As juntas de isolamento elctrico devem ser instaladas no incio do PRM, de forma a isolar
electricamente o PRM, tornando-o assim independente da rede de gs de abastecimento a
montante do mesmo.
Podero ser do tipo monobloco. Devem ser em ao, com as extremidades do mesmo material
da tubagem de forma a garantir boa soldabilidade. O seu interior isolante dever ser composto
por fibra de vidro com resina epxida.
Devem possuir as seguintes caractersticas dielctricas [22]:
Teste de rigidez dielctrica, para 5.000 V AC, 50 Hz => junta aprovada se no
existir descarga elctrica;
Teste de resistncia elctrica, para 500 V, DC => junta aprovada se leitura acima de
5 MOhm.
Devem ter certificao de fabrico NP EN 10204, inspeco 3.1.
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Captulo 5 Caractersticas da Instalao
Pedro Relvas Marques 15
5.1.2.3 Vlvulas de Seccionamento
Figura 6 Vlvula tipo Wafer Figura 7 Vlvula Borboleta tipo LUG
Figura 8 Vlvula de Bola
As vlvulas de seccionamento tm como finalidade isolar os equipamentos ou troos de
tubagem. Podem ser do tipo borboleta ou de macho esfrico. Devero ser de dimetros
idnticos aos das tubagens adjacentes e instaladas como indicado no projecto.
As vlvulas de seccionamento devem respeitar a norma API 6D: Specification for steel gate,
plug, ball and check valves for pipeline service.
As vlvulas instaladas nos limites do PRM, entrada e sada do mesmo, sero
impreterivelmente do tipo macho esfrico.
As vlvulas de macho esfrico devem ter o corpo em ao ASTM A-105, devem ser de
obturador de passagem franca e com esfera em ao inoxidvel AISI 304 ou AISI 316 e
manobra de de volta.
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Captulo 5 Caractersticas da Instalao
Pedro Relvas Marques 16
Sero flangeadas quando aplicadas no PRM e de soldar quando aplicadas na rede de
distribuio.
Devem existir entrada de qualquer edifcio onde existam aparelhos de consumo.
Em cada aparelho de queima deve existir uma vlvula de macho esfrico.
Todas as vlvulas devem ter certificao de fabrico NP EN 10204, inspeco 3.1, e apresentar
a marcao com a respectiva declarao de conformidade.
5.1.2.4 Filtros
Figura 9 Filtro tipo G
Em cada uma das duas linhas de regulao e medio do PRM, existir um filtro na entrada.
Este tem como funo fazer a reteno de eventuais impurezas arrastadas pelo fluxo do gs e
que possam vir a prejudicar o bom funcionamento dos equipamentos existentes no prprio
PRM e dos aparelhos consumidores existentes na unidade industrial, abastecidos por gs
natural.
O gs, ao penetrar no corpo do filtro, que tem um dimetro maior que a tubagem de entrada,
fazendo-o perder velocidade, origina que as impurezas arrastadas pelo gs e mais densas que
este, acabem, por aco da gravidade, depositadas no fundo do filtro. Assim, o gs ao passar
pelo elemento filtrante do tipo cartucho sai livre de impurezas.
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Captulo 5 Caractersticas da Instalao
Pedro Relvas Marques 17
Os filtros devem ser fabricados de acordo com a norma DIN 3386, sendo que a sua construo
deve ser em ao, com as extremidades flangeadas. Na parte superior ter uma flange, que
permite o acesso ao elemento filtrante, para possibilitar a sua limpeza ou substituio. Na
parte inferior deve possuir uma vlvula de purga para permitir libertar para o exterior as
impurezas que se acumulam no seu fundo.
A perda de carga mxima do elemento filtrante no deve exceder 200 mbar [22]
considerando o regime de caudal mximo.
A sua capacidade de reteno deve ser de 97,5% para partculas iguais ou superiores a 5
microns e de 100% para reteno de condensados [22].
Por forma a verificar o correcto funcionamento dos filtros estes devem dispor de um
manmetro diferencial, colocado entre a entrada e a sada do elemento filtrante, indicador de
colmatao do mesmo.
PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DOS FILTROS [22]:
Perda de carga mxima admissvel 200 mbar
Capacidade de reteno de partculas 5 m 97,5 %
Capacidade de reteno de condensados 100%
Os filtros devem ter certificao de fabrico NP EN 10204, inspeco 3.1 e devem cumprir a
legislao dos equipamentos sob presso PED, de acordo com a directiva europeia 97/23/CE,
fazendo-se acompanhar com a marcao e respectiva declarao de conformidade.
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Captulo 5 Caractersticas da Instalao
Pedro Relvas Marques 18
5.1.2.5 Reguladores de Presso
Figura 10 Regulador de Presso
Os reguladores de presso tm como funo a reduo de presso de abastecimento do PRM
para a presso pretendida de sada do mesmo. Os reguladores tambm garantem que a presso
sada se mantem uniforme independentemente da presso a montante e do consumo a
jusante.
Os reguladores de presso devem ser fabricados de acordo com a norma EN 334: Gas
pressure regulators for inlet pressures up to 100 bar.
Calcula-se os parmetros do regulador para a presso mnima de entrada e verifica-se se
garante o fornecimento do caudal mximo do PRM.
Devem ser do tipo de aco directa, equipados com dispositivos de segurana, como as
vlvulas de bloco que actuam por aco da mxima e mnima presso de funcionamento, de
rearme manual. Devem ser flangeados e o seu corpo deve ser em ao, de acordo com ASTM
A-105.
A sua classe de preciso deve ser AC5. Deve ser confirmado que o regulador mantm a
presso de sada em 5% do caudal nominal (valor para que foi calibrado) [22].
A tubagem para a instrumentao e tomadas de presso dos reguladores deve ser em ao sem
costura, de dimetro 10 mm, em ao inoxidvel AISI 316.
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Captulo 5 Caractersticas da Instalao
Pedro Relvas Marques 19
Os reguladores de presso devem ter certificao de fabrico NP EN 10204, inspeco 3.1 e
devem cumprir a legislao dos equipamentos sob presso PED, de acordo com a directiva
europeia 97/23/CE, fazendo-se acompanhar com a marcao e respectiva declarao de
conformidade.
5.1.2.6 Vlvulas de Alvio
Figura 11 Vlvula de Alvio
As vlvulas de alvio tm como funo a despressurizao do sistema caso exista
sobrepresses provocadas por avarias dos equipamentos, em particular do regulador, aumento
da presso por sobreaquecimento caso no exista consumo, ou por golpes de ariete
eventualmente provocados pelo fecho e abertura rpida das vlvulas de seccionamento. Estas
devem ser colocadas no PRM a jusante do regulador de forma a salvaguardar a rede interior
de distribuio.
As vlvulas devem ser dimensionadas para permitirem, quando accionadas, a sada de 5% do
caudal nominal da instalao, com uma preciso verificada de 10% [22]. Devem ser
calibradas para uma presso inferior presso de segurana mxima e superior presso de
sada do regulador.
As vlvulas de alvio devem possuir uma tubagem de escape com dimetro igual ou superior a
um dcimo do dimetro da tubagem principal, sendo a tubagem e a prpria vlvula, no
mnimo, de dimetro DN25. Alm disso dever ser aberta para a atmosfera a um nvel de,
pelo menos, 3 metros acima do solo [22] e deve possuir na sua extremidade um dispositivo
anti-retorno de chama, que tambm impea a entrada de gua.
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Captulo 5 Caractersticas da Instalao
Pedro Relvas Marques 20
Entre a tubagem principal e a tomada de presso da vlvula de alvio, dever existir uma
vlvula (na posio de aberta quando a IRGN esteja em funcionamento) permitindo assim a
sua retirada para ensaios.
As vlvulas de alvio devem ter certificao de fabrico NP EN 10204, inspeco 3.1 e devem
cumprir a legislao dos equipamentos sob presso PED, de acordo com a directiva europeia
97/23/CE, fazendo-se acompanhar com a marcao e respectiva declarao de
conformidade.
5.1.2.7 Contadores
Figura 12 Contador de Turbina
Os contadores tm a funo de medir o gs consumido pelos aparelhos de queima existentes
na unidade industrial em projecto.
Podem ser volumtricos, de mbolos rotativos ou de membrana, ou de turbina.
Os fornecimento dos contadores so da responsabilidade da empresa distribuidora de gs e
tm de estar de acordo com a norma EN 12261 Gas meters Turbine gas meters.
A dimenso do contador selecciona-se em funo dos caudais mximos e mnimos do PRM.
Neste projecto e para o caudal de gs consumido, ser instalado um contador de turbina,
sendo este constitudo por um troo recto de tubagem onde no seu interior est colocada uma
turbina apoiada em chumaceiras, com o seu eixo centrado na tubagem. O fluxo do gs
provoca a rotao da turbina, aumentando proporcionalmente com o caudal volumtrico de
gs. Este movimento, atravs do nmero de voltas do rotor da turbina, transmite por um sem
fim, ao totalizador, dispositivo este que indica o volume total de gs medido.
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Captulo 5 Caractersticas da Instalao
Pedro Relvas Marques 21
O contador deve ter um erro mximo de 2%, permitido para consumos entre o caudal
mnimo e 20% do caudal mximo, e um erro de 1% para consumos entre 20% do caudal
mximo e o caudal mximo do PRM [22].
O contador a instalar deve ter uma dinmica de 20 ou superior, i.e., deve medir um caudal
mnimo igual ou inferior a 5 % do caudal mximo [22].
O contador deve ficar instalado entre vlvulas para garantir a sua manuteno ou substituio,
sendo que a montante e a jusante do contador devem existir troos rectos de tubagem com o
dimetro igual ao dimetro nominal do contador. Assim, para permitir manter o regime
laminar do fluxo de gs, os troos a montante e a jusante do contador, devem ter
respectivamente, um comprimento recto de 5 vezes e de 3 vezes o seu dimetro nominal [22].
Para este PRM deve ser previsto instalar um nico contador, sendo que o circuito de tubagem
onde este se encontra instalado, deve possuir uma tubagem de by-pass ao prprio contador, de
forma a se poder desviar o gs, permitindo assim efectuar a sua manuteno e/ou substituio
em caso de avaria.
Ainda que no fazendo parte do mbito deste projecto e dado que a presso de operao do
PRM igual ou superior a 0,5 bar, deve obrigatoriamente e adicionalmente instalao do
contador ser instalado tambm um corrector de volume. Este dispositivo electrnico tem
como finalidade corrigir a medida de consumo parametrizado pela presso e temperatura do
gs.
Os contadores devem ter certificao de fabrico NP EN 10204, inspeco 3.1 e devem
cumprir a legislao dos equipamentos sob presso PED, de acordo com a directiva europeia
97/23/CE, fazendo-se acompanhar com a marcao e respectiva declarao de
conformidade.
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Captulo 5 Caractersticas da Instalao
Pedro Relvas Marques 22
5.1.2.8 Manmetros
Figura 13 Manmetro
Os manmetros para medir a presso relativa da instalao, devem ser instalados a montante e
a jusante dos reguladores. Devem ser roscados a uma vlvula porta-manmetros do tipo
agulha de 1/2 rosca NPT, com purga de segurana incorporada na prpria vlvula.
Devem ser do tipo tubo de Bourbon com interior em banho de glicerina, construdos em inox,
com um dimetro de 100 mm, possuidores de classe de preciso 0,6% [22], com o respectivo
erro mximo admissvel associado classe.
A montante do regulador, o campo de medida deve ser de 0 a 25 bar. A jusante do regulador,
o campo de medida deve ser de 0 a 6 bar.
Os manmetros devem fazer-se acompanhar por um certificado de calibrao emitido por
uma entidade acreditada, de acordo com a NP EN 837-1/2/3 Manmetros de tubo de
Bourdon.
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Captulo 5 Caractersticas da Instalao
Pedro Relvas Marques 23
5.1.2.9 Termmetros
Figura 14 Termmetro
O termmetro para medir a temperatura instantnea do gs natural, deve ser instalado a
jusante do contador, no interior de uma bainha de ao, por forma a permitir ser retirado sem
interromper o fluxo de gs. Deve estar no interior da bainha, em banho de leo mineral para
melhorar a transmisso de calor.
Deve ser de mercrio, com escala de -10 C a 50 C, com a graduao mnima de 1 C e
preciso de 0,5 % [22].
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Captulo 6
Pedro Relvas Marques 24
6. DIMENSIONAMENTO DA INSTALAO 6.1 PRM
6.1.1 Pressupostos Para o clculo do PRM de 2 Classe dever ser considerado os seguintes pressupostos [22]:
Presso mxima de entrada 19 barg
Presso mnima de entrada 6 barg
Presso mxima de sada 4 barg
Velocidade mxima no filtro 30 m/s
Perda de carga mxima admissvel no filtro 200 mbar
Velocidade mxima a montante dos reguladores 30 m/s
Velocidade mxima na linha de contagem 25 m/s
Deve-se respeitar o nvel mximo sonoro previsto para o local da instalao nos termos do
Decreto-Lei n 292/2000 e tambm evitar fenmenos vibratrios provocados por velocidades
de escoamento do gs excessivas.
O desenho isomtrico e os resultados do dimensionamento do PRM encontram-se nos anexos.
6.1.2 Clculo da Tubagem 6.1.2.1 Caudal Mximo
Para o clculo dos caudais de gs dos aparelhos consumidores, aplica-se [4]:
Q =P() 3,6PCI em que:
Q Caudal de gs natural, em m3(n)/h; P(n) Potncia nominal do aparelho de consumo, em kW; PCI Poder Calorfico Inferior, em MJ/m3(n).
(1)
-
Captulo 6 Dimensionamento da Instalao
Pedro Relvas Marques 25
O PRM deve ser dimensionado para o caudal mximo da instalao, correspondente ao
somatrio dos caudais de todos os aparelhos consumidores existentes na instalao.
6.1.2.2 Dimetro da Tubagem
Para o clculo dos dimetros das tubagens, consideraremos os dimetros das tubagens de
entrada e sada, aplicando-se [4]:
D =354 QVP
em que:
Di Dimetro interior da tubagem, em mm; Q Caudal do gs no troo, em m3/h; V Velocidade em m/s; P Presso absoluta no troo, em bar.
6.1.2.3 Perdas de Carga Para o clculo da perda, aplica-se [4]:
P = (P + P) 48,6 10 L d Q, D!, P
Para o clculo da perda de carga esttica, aplica-se [4]:
P = P + 0,1293 (1 d$) h
A perda de carga acumulada no final de cada troo em estudo, ser:
&'( = P P
(2)
(3)
(4)
(5)
-
Captulo 6 Dimensionamento da Instalao
Pedro Relvas Marques 26
em que:
Ptotal Perda de presso de cada troo, em mbar; Pi Presso inicial de cada troo, em mbar;
Pf Presso final de cada troo, em mbar; Pfc Presso final corrigida de cada troo, em mbar; Leq Comprimento equivalente, em m (ao L acresce 20% para
compensao de perdas de carga localizadas); Q Caudal do gs no troo, em m3/h; Di Dimetro interior da tubagem, em mm; dc Densidade corrigida do gs, valor corrigido da densidade relativa por
influncia da viscosidade cinemtica do gs; dr Densidade relativa do gs; h Diferena de cota entre o incio e o fim do troo, em m (positivo se
sobe e negativo se desce).
6.1.2.4 Velocidade de Escoamento
Para o clculo da velocidade de escoamento do gs natural, aplica-se [4]:
V =354 QPDP
em que:
V Velocidade em m/s; Q Caudal do gs no troo, em m3/h; P Presso absoluta no troo, em mbar; t Temperatura de servio do gs natural, em C; Patm Presso atmosfrica, em mbar; Di Dimetro interior da tubagem, em mm.
(6)
-
Captulo 6 Dimensionamento da Instalao
Pedro Relvas Marques 27
6.1.2.5 Espessura da Tubagem
Para o clculo da espessura mnima das tubagens, aplica-se [36]:
e = P) D)20EF em que:
e Espessura da tubagem, em mm; Pmax Presso absoluta mxima de operao (considerar a presso de
ensaio de resistncia mecnica), em bar; Dext Dimetro exterior da tubagem, em mm; E Limite elstico do ao da tubagem (a tubagem a instalar API
5L Gr. B, logo E = 241 N/mm2); F Factor de segurana relativo categoria de localizao (categoria 2
=> F = 0,6) (Portaria n. 390/94).
6.1.3 Clculo dos Equipamentos
6.1.3.1 Filtros
Para o clculo dos filtros do PRM, aplica-se [22] [25]:
K, = Q-P. (P/ P0)
A = QP/ V 3600 em que:
Kg Coeficiente de Caudal (de acordo com caractersticas do filtro indicadas pelo fabricante);
Q Caudal, em m3/h; PS Presso absoluta de sada no filtro, em bar; PE Presso absoluta de entrada no filtro, em bar. A rea do filtro, em m2;
V Velocidade no elemento filtrante, em m/s.
(7)
(8)
(9)
-
Captulo 6 Dimensionamento da Instalao
Pedro Relvas Marques 28
6.1.3.2 Reguladores de Presso
Os reguladores de presso do PRM, sero calculados em funo do regime de fluxo de gs,
podendo ser [22] [25]:
Regime snico, quando a presso absoluta de entrada no regulador superior a 2 vezes a
presso absoluta de sada do regulador (Pentrada 2 x Psada):
C, = Q0,526 P/
Regime subsnico, quando a presso absoluta de entrada no regulador inferior a 2 vezes a
presso absoluta de sada do regulador (Pentrada < 2 x Psada):
C, = Q0,526 P/ sen4106,78 6P/ P0P/ 7
em que:
Cg Coeficiente de caudal do regulador; Q Caudal, em m3/h; PE Presso absoluta de entrada no regulador, em bar, Ps Presso absoluta de sada no regulador, em bar.
No projecto em estudo e na sequncia da presso mxima de entrada ser superior ao dobro da
presso mxima de sada do regulador, considera-se o regime snico.
(10)
(11)
-
Captulo 6 Dimensionamento da Instalao
Pedro Relvas Marques 29
6.1.3.3 Vlvulas de Alvio
Para o clculo das vlvulas de alvio, estas devem ser dimensionadas para permitirem, quando
accionadas, a sada de 5% do caudal nominal da instalao [22]. Devem tambm ter um
dimetro mnimo de DN25, sendo que as vlvulas de alvio e as respectivas tubagens de
escape devem ter os dimetros iguais ou superiores a um dcimo do dimetro da tubagem
principal [22].
6.1.3.4 Contador
Para o dimensionamento do contador devem ser calculados os volumes brutos mximo e
mnimo, em funo com as condies de servio, aplicando-se [22]:
V8 =V9 P T8P8 T
V8 =V9 P 273,151,01325 (273,15 + t)
em que:
Vb Volume bruto, em m3/h (determinar mximo e mnimo); V0 Volume corrigido, em m3(n)/h (caudal nominal mximo e mnimo
da instalao); P Presso absoluta de servio, em bar; P0 Presso em condies normais (1,01325 bar); T Temperatura de servio, em K; T0 Temperatura absoluta em condies normais (273,15 K); t Temperatura em condies de servio, em C.
(12)
(13)
-
Captulo 6 Dimensionamento da Instalao
Pedro Relvas Marques 30
6.2 Rede Interior de Distribuio
6.2.1 Pressupostos
A implantao da rede interior de distribuio est definida na planta e no desenho isomtrico
que se encontram nos anexos.
Para o clculo da rede interior de distribuio devero ser considerados os seguintes
pressupostos [22]:
a) A perda de carga ocorrida no percurso da instalao no deve prejudicar o
correcto funcionamento dos aparelhos consumidores.
Para a seco de tubagem de presso de servio em Mdia Presso, a perda de
carga mxima admissvel acumulada entre a vlvula de corte geral ao edifcio e os
aparelhos consumidores no deve exceder os 30mbar.
Para a seco de tubagem de presso de servio em Baixa Presso, a perda de
carga mxima admissvel acumulada entre o regulador de presso e os aparelhos
consumidores no deve exceder os 1,5mbar.
b) O projectista deve respeitar o nvel mximo sonoro previsto para o local da
instalao nos termos do Decreto-Lei n 292/2000 e tambm evitar fenmenos
vibratrios provocados por velocidades de escoamento do gs excessivas.
A velocidade de escoamento do gs no deve ultrapassar os 15 m/s em qualquer
ponto da rede para a seco de tubagem com presso de servio em Mdia
Presso e os 10 m/s para a seco de tubagem com presso de servio em Baixa
Presso, para evitar que surjam fenmenos vibratrios ou rudos normalmente
associados a velocidades elevadas.
Com base nestes pressupostos foram elaboradas as tabelas de clculo constantes nos anexos,
sendo os valores das perdas de carga e velocidades correspondentes aos dimetros nominais
em causa.
-
Captulo 6 Dimensionamento da Instalao
Pedro Relvas Marques 31
6.2.2 Clculo da Tubagem 6.2.2.1 Caudais
Para o clculo dos caudais dos aparelhos consumidores existentes na instalao, aplica-se [4]:
Q =P() 3,6PCI
em que:
Q Caudal de gs natural, em m3(n)/h; P(n) Potncia nominal do aparelho de consumo, em kW; PCI Poder Calorfico Inferior, em MJ/m3(n).
6.2.2.2 Dimetro da Tubagem
Para o clculo da perda de cada troo linear em estudo deve seguir-se os seguintes passos,
aplicando [4]:
para mdia presso:
Leq.max = Leq x Lcritico
Leq.max = 1,2 x Lcritico
em que:
Leq.max Comprimento equivalente do percurso critico, em m; Leq Comprimento equivalente, em m (ao L acresce 20% para
compensao de perdas de carga localizadas); Lcritico Percurso que corresponde ao maior comprimento de tubagem, em
m.
J = (PA + Patm)2 - ((PA - Padm) + Patm)2
Leq.max
(14)
(15)
(17)
(16)
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Captulo 6 Dimensionamento da Instalao
Pedro Relvas Marques 32
em que:
J Perda de carga quadrtica mdia absoluta, em mbar2/m; PA Presso de abastecimento, em mbar; Patm Presso atmosfrica, em mbar; Padm Perda de carga acumulada admissvel, em mbar; Leq.max Comprimento equivalente do percurso critico, em m.
Dicalculo = 48,6 x dc x Qtroo1,82
1/4,82
J x 10-6
em que:
Dicalculo Dimetro interior terico calculado, em mm; dc Densidade corrigida do gs, valor corrigido da densidade relativa
por influncia da viscosidade cinemtica do gs; Qtroo Caudal do gs no troo, em m3/h; J Perda de carga quadrtica mdia, em mbar2/m.
para baixa presso:
Leq.max = Leq x Lcritico
Leq.max = 1,2 x Lcritico
em que:
Leq.max Comprimento equivalente do percurso critico, em m; Leq Comprimento equivalente, em m (ao L acresce 20% para
compensao de perdas de carga localizadas); Lcritico Percurso que corresponde ao maior comprimento de tubagem, em
m.
J = Padm
Leq.max
(19)
(18)
(21)
(20)
-
Captulo 6 Dimensionamento da Instalao
Pedro Relvas Marques 33
em que:
J Perda de carga linear mdia, em mbar/m; Padm Perda de carga acumulada admissvel, em mbar; Leq.max Comprimento equivalente do percurso critico, em m.
Dicalculo = 23200 x dc x Qtroo1,82
1/4,82
J
em que:
Dicalculo Dimetro interior terico calculado, em mm; dc Densidade corrigida do gs, valor corrigido da densidade relativa
por influncia da viscosidade cinemtica do gs; Qtroo Caudal do gs no troo, em m3/h; J Perda de carga linear mdia, em mbar/m.
6.2.2.3 Perdas de Carga
Pela frmula de Renouard para o clculo da perda de cada troo linear em estudo, aplica-se
[4]:
Mdia Presso
P = (P + P) 48,6 10 L d Q, D!, P
Baixa Presso
P = P 23200 L d Q, D!,
(22)
(23)
(24)
-
Captulo 6 Dimensionamento da Instalao
Pedro Relvas Marques 34
Para o clculo da perda de carga esttica, aplica-se [4]: Mdia e Baixa Presso
P = P + 0,1293 (1 d$) h A perda de carga acumulada no final de cada troo em estudo, ser:
&'( = P P em que:
Ptotal Perda de presso de cada troo, em mbar; Pi Presso inicial de cada troo, em mbar;
Pf Presso final de cada troo, em mbar; Pfc Presso final corrigida de cada troo, em mbar; Leq Comprimento equivalente, em m (ao L acresce 20% para
compensao de perdas de carga localizadas); Q Caudal do gs no troo, em m3/h; Di Dimetro interior da tubagem, em mm; dc Densidade corrigida do gs, valor corrigido da densidade relativa por
influncia da viscosidade cinemtica do gs; dr Densidade relativa do gs; h Diferena de cota entre o incio e o fim do troo, em m (positivo se
sobe e negativo se desce).
6.2.2.4 Velocidade de Escoamento
Para o clculo da velocidade de escoamento de cada troo linear em estudo deve seguir-se os
seguintes passos, aplicando [4]:
Clculo da presso mdia para mdia presso
P =2 [(P + P); (P + P);]3 [(P + P) (P + P)]
(25)
(26)
(27)
-
Captulo 6 Dimensionamento da Instalao
Pedro Relvas Marques 35
Clculo da presso mdia para baixa presso
P = P + P2 + P Seguido de:
V =354 QPDP
em que:
Pmc Presso absoluta mdia corrigida no troo, em mbar; Pi Presso inicial de cada troo, em mbar; Patm Presso atmosfrica, em mbar; Pfc Presso final corrigida, em mbar; V Velocidade em m/s; Q Caudal do gs no troo, em m3/h; t Temperatura de servio do gs natural, em C; Di Dimetro interior da tubagem, em mm.
6.2.2.5 Espessura da Tubagem
Para o clculo da espessura mnima das tubagens dos troos, aplica-se [36]:
e = P) D)20EF em que:
e Espessura da tubagem, em mm; Pmax Presso absoluta mxima de operao (considerar a presso de
ensaio de resistncia mecnica), em bar; Dext Dimetro exterior da tubagem, em mm; E Limite elstico do ao da tubagem (a tubagem a instalar API
5L Gr. B, logo E = 241 N/mm2); F Factor de segurana relativo categoria de localizao (categoria 2
=> F = 0,6) (Portaria n. 390/94).
(28)
(30)
(29)
-
Captulo 7
Pedro Relvas Marques 36
7. PROCEDIMENTOS DE CONSTRUO
7.1 Inspeco na Recepo de Materiais
Estabelece as actividades a realizar na inspeco de recepo de materiais fornecidos pelo
cliente ou adquiridos pelo empreiteiro para as actividades inerentes ao projecto em estudo,
com o objectivo de cumprir os requisitos contratuais e tcnicos.
A recepo com inspeco qualitativa ser efectuada sempre que seja exigido pelo contrato ou
especificao tcnica aplicvel.
Para a recepo de materiais deve-se estar na posse da seguinte documentao:
Encomenda do material, em particular os requisitos de inspeco de recepo;
Certificados de fabrico do tipo indicados na encomenda;
Resultados de ensaios ou inspeces realizadas pelo fabricante;
Outros documentos especficos do material em anlise.
7.1.1 Certificados de Materiais
Deve-se verificar, para todos os materiais, se os certificados esto em conformidade com os
requisitos da especificao tcnica ou documento equivalente aplicvel.
7.1.2 Vlvulas
Verificar a conformidade, em relao especificao tcnica, de:
Tipo de vlvula;
Dimetro;
-
Captulo 7 Procedimentos de Construo
Pedro Relvas Marques 37
Tipo de ligao (flangeada, roscada, para soldar, etc.);
Outros aspectos a considerar pelo tcnico responsvel.
De salientar que para a indstria de gs as vlvulas so exclusivas para o efeito, como no caso
das vlvulas do tipo porta manmetros, sendo que estas devem ser especiais, prprias para
funcionamento com gs, com purga especfica para a prvia despressurizao, por forma a
garantir a segurana do utilizador.
Deve-se fazer uma inspeco visual para verificar o estado da superfcie exterior e de ligao
do corpo da vlvula, por forma a averiguar a presena ou no de danos inaceitveis.
7.1.3 Tubos e Acessrios em Ao
Verificar a conformidade, em relao especificao tcnica, de:
Dimetro;
Norma aplicvel e grau do material;
Tipo de acessrio (quando aplicvel);
Caractersticas do revestimento (quando aplicvel).
Atravs de inspeco visual, verificar:
Revestimento/pintura;
Oxidao;
Tamponamento de todos os tubos.
7.1.4 Resultados da Recepo
No final do procedimento da recepo de materiais, deve-se tomar uma das seguintes aces:
Aceitao;
Aceitao Condicional;
Rejeio.
-
Captulo 7 Procedimentos de Construo
Pedro Relvas Marques 38
7.2 Transporte, Manuseamento e Acondicionamento dos Materiais
Estabelece os requisitos para o transporte, manuseamento e acondicionamento de tubagens e
acessrios de modo a evitar danos, alterao ou inutilizao das suas caractersticas iniciais.
O seguinte equipamento deve ser preparado e mantido em condies de funcionamento:
Cintas de nylon ou grampos revestidos a Teflon, para suspenso das tubagens que
no puderem ser manuseadas mo;
Cavaletes em madeira;
Roletes;
Barrotes limpos, sem pregos, farpas ou falhas;
Escavadoras com vlvula de bloqueio do sistema hidrulico ou gruas com suporte
para elevao.
O pessoal que executa este procedimento deve usar equipamento de proteco individual
adequado, nomeadamente capacete, luvas e botas de proteco.
7.2.1 Transporte
Em todos os transportes devem ser salvaguardadas as recomendaes dos fabricantes de
tubagens e acessrios no que respeita ao seu transporte.
A tubagem deve ser transportada em plataforma com apoios, que no danifiquem a superfcie
dos tubos, no mnimo em quatro seces.
A plataforma deve estar isenta de elementos, como pregos e farpas, que possam causar danos
s superfcies da tubagem, pelo que previamente colocao da tubagem na plataforma, a
plataforma deve ser inspeccionada e garantir as suas boas condies.
estritamente proibido que sejam ultrapassados os limites legais de peso e tambm da
dimenso da plataforma. Os tubos de maior dimetro devem ser os primeiros a serem
colocados na plataforma, seguindo-se por ordem decrescente os restantes tubos.
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Captulo 7 Procedimentos de Construo
Pedro Relvas Marques 39
No caso dos acessrios, estes devem ser transportados, separando-os por tipo e por espcie, e
de modo que a acomodao dos mesmos no provoque danos. As suas caractersticas,
superfcies e funcionalidade devem ser salvaguardados.
7.2.2 Manuseamento
A tubagem pode ser movimentada mo. No entanto, no caso dessa impossibilidade, deve ser
manuseada com o auxlio de cintas de nylon ou colocando nas suas extremidades grampos
propriamente protegidos, com revestimento de teflon evitando danificar os topos da tubagem.
A tubagem no deve ser arrastada. Os tubos e acessrios no devero ser atirados para o cho.
Sero usados grampos em quantidade suficiente, caso se pretenda movimentar mais do que
um tubo.
Caso a tubagem e acessrios sejam fornecidos com proteco nos topos ou superfcie, estas
proteces s devem ser removidas imediatamente antes da sua aplicao em obra.
As caractersticas e funes dos acessrios, devero ser do conhecimento do tcnico que ir
manuse-los, para que este tome as precaues necessrias para evitar danific-los.
Deve evitar-se a danificao das marcaes de fbrica, como a identificao da tubagem ou
acessrios, durante o seu manuseio, para que permaneam de fcil leitura e identificao.
Aquando da movimentao para instalao das tubagens deve-se evitar que as suas
superfcies entrem em contacto com possveis infraestruturas existentes, evitando possveis
danos, quer nas tubagens quer nas infraestruturas.
De modo a evitar o arrastamento da tubagem pelo solo ou outra superfcie, deve-se utilizar
roletes com as dimenses e em quantidades apropriadas ao dimetro da tubagem que se
pretende movimentar.
7.2.3 Acondicionamento
Tubos
As tubagens devem ser acondicionadas em locais prprios para o efeito. Esse local deve ser
plano e de fcil acesso.
A tubagem ser empilhada sobre barrotes e entre cavaletes de madeira.
-
Captulo 7 Procedimentos de Construo
Pedro Relvas Marques 40
Entre as camadas de tubagem empilhada, a tubagem deve apoiada em, pelo menos, trs
seces equidistantes do centro, sobre barrotes de madeira.
A tubagem deve ser colocada por tipo de material, dimetros e espessuras.
A tubagem dever ser retirada do local de acondicionamento onde se encontra armazenada,
medida que vai sendo necessria para a sua instalao.
Acessrios
O local de armazenamento para o acondicionamento dos acessrios deve garantir que as
suas caractersticas, marcaes e funes no sejam alteradas ou danificadas.
Os acessrios devem ser acondicionados no respectivo local de armazenamento, em
compartimentos separados por tipo e espcie de material, promovendo assim a sua fcil
identificao para aplicao em obra.
Os acessrios devero ser retirados do local de acondicionamento onde se encontram
armazenados, medida que vo sendo necessrios para a sua instalao, devendo s nessa
altura ser retirados das suas embalagens originais.
7.3 Soldadura
7.3.1 Consumveis de Soldadura
Consoante as espessuras dos materiais a soldar, o processo de soldadura a utilizar deve ser
GTAW ou GTAW + SMAW.
O processo GTAW cria um arco elctrico entre o elctrodo de tungstnio (no consumvel)
e o material base, para fundir o material de adio, designado de vareta, e o metal base,
criando assim a junta soldada.
O processo SMAW cria um arco elctrico entre o elctrodo revestido e o material base,
formando assim a junta soldada.
Os consumveis de soldadura do processo SMAW devero ser conformes s seguintes
especificaes [1]:
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Captulo 7 Procedimentos de Construo
Pedro Relvas Marques 41
AWS A 5.1
AWS A 5.2
AWS A 5.5
AWS A 5.17
AWS A 5.18
AWS A 5.20
AWS A 5.28
AWS A 5.29
Neste projecto, deve-se utilizar elctrodos de acordo com a norma AWS 5.1, elctrodos
para ao carbono, sendo a sua interpretao simblica a seguinte [15]:
E XXYZ
E - elctrodo revestido
XX - tenso mnima de rotura, em ksi (x1000, em psi)
Y - posio de soldadura
YZ - Tipo de revestimento e caractersticas elctricas do circuito
a) Posies de soldadura [15]
1: baixo, horizontal, vertical, tecto (todas as posies)
2: baixo, horizontal
3: j no se usa
4: baixo, horizontal, vertical descendente, tecto
b) Tipo de revestimento e caractersticas elctricas do circuito [15]
Abrange os algarismos de 0 a 8 e podem ser do tipo cido, bsico, celulsico ou rutlico,
sendo que, para este projecto, o elctrodo aconselhado a usar o elctrodo bsico, dado
que, para as caractersticas da tubagem e acessrios a soldar, este elctrodo apresenta as
propriedades mecnicas apropriadas, ainda que seja de material higroscpico necessitando
de cuidados no seu armazenamento e utilizao, por forma a no serem contaminados com
humidade.
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Captulo 7 Procedimentos de Construo
Pedro Relvas Marques 42
Designao Tipo de
revestimento Corrente de soldadura
XX10 celulsico (sdio) CC+ XX20 cido CC- XXY1 celulsico (potssio) CC+ / CA XXY2 rutlico (sdio) CC- / CA XXY3 rutlico (potssio) CC+ / CC- / CA XXY4 rutlico (p de ferro) CC+ / CC- / CA XXY5 bsico (sdio) CC+ XXY6 bsico (potssio) CC+ / CA XXY7 cido (p de ferro) CC- / CA XXY8 bsico (p de ferro) CC+ / CA
Tabela 4 Tipos e Caractersticas de Elctrodos [15]
Dependendo do metal de base, os elctrodos a utilizar esto de acordo com o respectivo
procedimento de soldadura qualificado. Tendo em considerao a nomenclatura anterior o
elctrodo a utilizar dever ser da classe E7018.
Devem ter certificao de fabrico NP EN 10204, inspeco 3.1.
7.3.1.1 Armazenamento e Manuseamento dos Consumveis
Os materiais de adio devem ser armazenados e manuseados de modo a evitar que eles
prprios e os respectivos invlucros se danifiquem.
Os materiais de adio que so fornecidos em invlucros abertos devem ser protegidos da
deteriorao.
Os materiais de adio com revestimento sero protegidos contra excessos de humidade.
Os materiais de adio que visivelmente apresentem sinais de deteriorao ou que tenham
sido incorrectamente armazenados, no devero ser utilizados.
7.3.1.2 Gases de Proteco
As atmosferas de proteco aos arcos podero ser de vrios tipos de gases inertes, gases
activos ou misturas.
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Captulo 7 Procedimentos de Construo
Pedro Relvas Marques 43
A pureza e grau de humidade das atmosferas tm grande influncia na soldadura e devero
ter valores adequados ao processo e materiais de base.
A atmosfera protectora ser qualificada para o material, respeitando sempre o estabelecido
no procedimento de soldadura.
Os gases de proteco devem ser mantidos nos recipientes em que foram fornecidos e os
recipientes devem ser armazenados afastados de temperaturas elevadas. Os gases de pureza
questionvel e os contidos em recipientes danificados no sero utilizados.
No permitido o armazenamento de gases diferentes no mesmo recipiente.
7.3.1.3 Conservao dos Elctrodos Bsicos
Os elctrodos bsicos devem ser armazenados nas embalagens originais intactas em
ambiente controlado. Antes do seu emprego os elctrodos devem ser tratados da seguinte
maneira:
Elctrodos fornecidos em invlucros Vacpac [15]:
Aps a abertura do invlucro os elctrodos devem ser mantidos em estufa temperatura de
70C / 120 C at sua utilizao.
Os elctrodos no devem permanecer fora da estufa por longos perodos de tempo (mximo
de duas horas) sob pena de absorverem uma quantidade excessiva de humidade. Se tal
acontecer, os elctrodos devero ser submetidos a um tratamento de secagem, aps o qual
devero, de novo, ser armazenados em estufa.
Elctrodos contidos em invlucros no metlicos [15]:
Aps a abertura do invlucro os elctrodos devem ser submetidos a um tratamento de
regenerao.
Seguidamente, devem ser mantidos em estufas temperatura de 70 C / 120 C at sua
utilizao.
Quando, em casos excepcionais, os elctrodos no sejam mantidos temperatura de 70 C /
120 C, podem ser reutilizados depois de passarem por um tratamento de regenerao. Tal
tratamento no pode ser efectuado mais de trs vezes.
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Captulo 7 Procedimentos de Construo
Pedro Relvas Marques 44
Em qualquer dos casos, as indicaes do fabricante sero sempre
respeitadas.
7.3.1.4 Regenerao dos Elctrodos Bsicos
A regenerao dos elctrodos bsicos deve ser feita temperatura de 300 C, 50 C
conforme as indicaes do fabricante, normalmente entre uma a trs horas, excepo de
elctrodos Vacpac [15].
No forno, que deve ser por aquecimento elctrico, os elctrodos devem ser colocados
deitados e sem os invlucros.
No fim da regenerao os elctrodos devem ser colocados imediatamente nas estufas de
conservao entre 70 C / 120 C [15].
Devero ser mantidos registos dirios das verificaes efectuadas s temperaturas das estufas
utilizadas para a obra.
7.3.2 Procedimentos de Soldadura
Todas as soldaduras a realizar devero cumprir o estipulado num procedimento de
soldadura previamente aprovado.
Os procedimentos de soldadura devero ser realizados de acordo com as normas API 1104
ou NP EN 287.
A execuo dos procedimentos de soldadura dever ser efectuada simulando as condies
reais de obra. Aps a realizao das soldaduras e de acordo com API 1104, estas devem ser
radiografadas. A qualidade destas soldaduras ser testada em laboratrio, pelo que, para
isso, sero retirados provetes das mesmas para o efeito.
As dimenses e a metodologia dos provetes para os ensaios em laboratrio, devem cumprir