PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO …€¦ · EM SEGURANÇA DO TRABALHO DO...
Transcript of PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO …€¦ · EM SEGURANÇA DO TRABALHO DO...
Londrina 2018
ALINE FABIANE DE MELO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
UMA ANÁLISE SOBRE A EVASÃO ESCOLAR NO CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO DO SENAI-LONDRINA: PROPOSTA DE AÇÕES INTERVENTIVAS
Londrina 2018
UMA ANÁLISE SOBRE A EVASÃO ESCOLAR NO CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO DO SENAI-LONDRINA: PROPOSTA DE AÇÕES INTERVENTIVAS
Dissertação apresentada à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Metodologias para o ensino de Linguagens e suas Tecnologias.
Orientador: Prof. Dr. Celso Leopoldo Pagnan
ALINE FABIANE DE MELO
Londrina, _____de ___________de 20___.
Orientador: Prof. Dr. Celso Leopoldo Pagnan Universidade Norte do Paraná
Profª. Drª Eliza Adriana Sheuer Nantes Universidade Norte do Paraná
Prof. Dr. Régis Garcia Universidade Estadual de Londrina
ALINE FABIANE DE MELO
UMA ANÁLISE SOBRE A EVASÃO ESCOLAR NO CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO DO SENAI-LONDRINA: PROPOSTA DE AÇÕES INTERVENTIVAS
Dissertação apresentada à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como
requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Metodologias para o
Ensino de Linguagens e suas Tecnologias, com nota final igual a _______,
conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:
Dedico este trabalho a Deus, pelo dom da vida,
por me amar incondicionalmente e por me dar
forças todos os dias para continuar.
AGRADECIMENTOS
Aos meus amados pais, João e Maria, pelo eterno amor, pelos primeiros
ensinamentos e por sempre me incentivarem a buscar novos horizontes.
Às minhas irmãs, Fernanda e Fabrícia, por todo apoio nos momentos de
ausência e por sempre me incentivarem a continuar.
Aos meus sobrinhos, Maria Eduarda e Enzo Miguel, minha fonte de inspiração
em cada sorriso.
Ao meu amado esposo, Christiano Bruno do Nascimento, pelo eterno amor,
cumplicidade, dedicação e companheirismo nesta etapa de ausência e nervosismo.
Ao meu filho, João Davi, não imaginava escrever isso neste momento, mas é
um sentimento único ao saber que gero em meu ventre um amor incondicional.
Ao Prof. Orientador, Dr. Celso Leopoldo Pagnan, por acreditar no meu
potencial e me apoiar nos momentos mais difíceis desta jornada.
À Profª. Drª. Eliza Nantes, por contribuir com seus ensinamentos e sempre
acreditar que tudo é possível.
Ao Prof. Dr. Regis Garcia, que aceitou o convite para participar da banca e
tanto acrescentou neste trabalho.
À Profª. Drª. Samira Fayes Kfouri, por todo direcionamento ao mestrado e
pelo conhecimento transmitido.
Aos professores que contribuíram para minha formação como pessoa e
profissional.
Aos ex-alunos do Curso Técnico em Segurança do Trabalho (SENAI –
Londrina), que cederam seu tempo e seus depoimentos na fase de coleta dos
dados.
Às minhas amigas de caminhada, Fernanda Tedeshi, Maria Helena
Matosinho, Regiane Soares, Inês pelo apoio e companheirismo nos momentos
difíceis.
Ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Londrina, na
pessoa do Sr. Coordenador da Educação Marcelo Strik, por aceitar a aplicação do
meu projeto e apoiar com as informações necessárias.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes),
pelo apoio institucional e financeiro a esta pesquisa.
“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas.
Pessoas transformam o mundo”. Paulo Freire
MELO, Aline Fabiane de Uma análise sobre a evasão escolar no curso técnico em segurança do trabalho do SENAI-Londrina: proposta de ações interventivas. 2018. 97 f. Dissertação (Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2018.
RESUMO
A Educação Profissional é uma modalidade de ensino que tem como objetivo atrelar o conhecimento à inserção dos indivíduos no mundo do trabalho, podendo ser desenvolvida nas escolas regulares e instituições especializadas ou no próprio ambiente de trabalho. Este estudo teve como objetivo investigar as principais causas da evasão escolar dos alunos no Curso Técnico em Segurança do Trabalho oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) da cidade de Londrina-PR. A pesquisa é de natureza descritiva analítica e contou com uma amostra de 40 participantes. Os dados foram coletados mediante aplicação de um questionário disponibilizado no Google Docs com perguntas fechadas, enviado por e-mail ou redes sociais (WhatsApp, Facebook) aos alunos das turmas do Curso Técnico em Segurança do Trabalho que iniciaram o referido curso no período de 2011 a 2015. A pesquisa revelou que a grande maioria dos alunos evadidos é composta de jovens de 15 a 20 anos, a maioria do sexo feminino e que 33% dos respondentes relacionaram a evasão escolar à motivações de causa estrutural, econômica, cultural, social, conjuntural e educacional. Reconhecem terem tido dificuldades na convivência e no relacionamento com colegas, professores e coordenador do curso e também destacaram a incompatibilidade com o horário de trabalho; os problemas financeiros; as dificuldades em responder às avaliações dos conteúdos das disciplinas, a mudança de curso ou a matrícula em curso superior. Diante disso, foi proposta uma mediação pedagógica com sugestões de práticas educativas que podem ser incorporadas ao processo de ensino/aprendizagem, visando ao ensino significativo e motivador e que podem ser implantadas de imediato, sem depender de investimentos financeiros elevados, contribuindo, portanto, para a melhoria da qualidade da educação. Ao término desta pesquisa foi possível concluir que, embora a evasão/abandono escolar aconteça a qualquer tempo do ano letivo, é um fenômeno que já está inserido no contexto político, administrativo e social, observado em todas as modalidades de ensino e segmentos educacionais e, valendo-se dessas constatações, sugere-se para trabalhos futuros a investigação da evasão escolar em outros cursos profissionalizantes; a evasão escolar sob a ótica dos professores e o papel da escola perante a evasão escolar. Palavras-chave: Ensino. Educação Profissional. Evasão escolar. Fatores da evasão.
MELO, Aline Fabiane de. An analysis on the school dropout in the technical course of workplace safety of SENAI Londrina: interventional proposal of actions. 2018. 98 f. Dissertation (Master's on Methodologies for Teaching Languages and their Technologies) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2018.
ABSTRACT
Professional Education is a form of training that aims to bring job-related insight to individuals in the career field, as its principle is based in the relationship between development and occupation. The objective is to consistently facilitate the exercise of productive activities, which can be developed in regular schools and specialized institutions or in the work environment itself. This research intends to investigate and analyze the causative factors of dropout in the technical course of occupational safety at a specialized institution of Professional Education in the city of Londrina. To achieve the proposed objective, the research was divided into four phases: first, a bibliographic research was carried out to probe the history and importance of Professional Education in Brazil and the concepts of course dropout. Next, a documentary analysis was conducted on the student enrollment and dropout reports in order to measure the number of students who abandoned the course, at the institution and in the period mentioned above. The third phase was based on the information collected through a closed-ended question survey in Google Docs, sent by email or social networks (WhatsApp, Facebook) to students who attended the course of occupational safety, in the period of 2011 to 2015. The survey revealed that the vast majority of students evaded are 15- to 20-year-olds, the majority of them female, and that 33% of respondents linked school dropout to structural, economic, cultural, social, conjunctural and educational. They recognize that they have had difficulties in living together and in relationships with colleagues, teachers and course coordinator, and have also highlighted the incompatibility with working hours; financial problems; the difficulties in responding to the assessments of the contents of the subjects, the change of course or the enrollment in course superior. In view of this, pedagogical mediation was proposed with suggestions of educational practices that can be incorporated into the teaching / learning process, aiming at meaningful and motivating teaching and that can be implemented immediately, without relying on high financial investments, thus contributing to improving the quality of education. Based on the data obtained in the research, the final phase was the development of a strategic proposal for minimizing course dropout rates to be applied by teachers, coordinators and employees of the institution. Keywords: Teaching. Professional Education. Course dropout. Causative factors.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Idade dos participantes da pesquisa ....................................................... 58
Gráfico 2 - Sexo dos participantes da pesquisa ........................................................ 59
Gráfico 3 - Cidade onde residem os respondentes ................................................... 60
Gráfico 4 - Tipo de transporte utilizado ..................................................................... 61
Gráfico 5 - Estado civil dos participantes .................................................................. 62
Gráfico 6 – Escolaridade dos alunos evadidos.......................................................... 62
Gráfico 7 - Tipo de financiamento ao iniciar o curso ................................................. 63
Gráfico 8 - Renda individual mensal .......................................................................... 64
Gráfico 9 - Responsável pela renda da família.......................................................... 65
Gráfico 10 - Motivo que levou o aluno a matricular-se no curso técnico ................... 66
Gráfico 11 - Alunos que trabalhavam ou não na época que iniciaram o curso ......... 68
Gráfico 12 - Fatores que levaram o aluno a abandonar o curso ............................... 69
Gráfico 13 - Interesse em retornar para finalizar o curso .......................................... 73
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Matriz Curricular do Curso Técnico em Segurança do Trabalho ............. 32
Quadro 2 - Fatores e Categorias de Evasão ............................................................. 47
Quadro 3 - Perfil turmas Curso Técnico em Segurança do Trabalho pesquisadas ... 56
Quadro 4 - Alunos evadidos por turma e por semestre ............................................. 57
Quadro 5 - Distribuição por turma e sexo .................................................................. 59
Quadro 6 - Atividade de cada enunciador no processo de ensino-aprendizagem .... 79
LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS
ART
BID
CEFET`s
CEPAL
CNE
CNI
DCN
EBEP
FIC
FIEP
IBGE
IEL
IF
INEP
IPI
LDB
MEC
PR
PRONATEC
SENAC
SENAI
SENAR
SENAT
SESCOP
SEST
SESI
SESU
SETEC
SISUTEC
Artigo
Banco Interamericano de Desenvolvimento
Centro Federal de Educação Tecnológica
Comissão Econômica para a América Latina
Conselho Nacional de Educação
Confederação Nacional da Indústria
Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Profissional
Educação Básica e Educação Profissional
Formação Inicial e Continuada
Federação das Indústrias do Estado do Paraná
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Instituto Euvaldo Lodi
Instituto Federal
Instituto Nacional de Estudos Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
Imposto sobre Produto Industrializado
Lei de Diretrizes e Bases
Ministério da Educação
Paraná
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte
Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo
Serviço Social de Transporte
Serviço Social da Indústria
Secretaria de Educação Superior
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14
2 A EDUCAÇÃO NO BRASIL ........................................................................... 17
2.1 A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ..................................................................... 19
2.1.1 Resgatando a história ..................................................................................... 19
2.2 OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ............................................. 23
2.3 A DUALIDADE ESTRUTURAL DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ................ 25
3 O SENAI ..................................................................................................... 28
3.1 SENAI NO PARANÁ ....................................................................................... 28
3.1.1 SENAI em Londrina ........................................................................................ 29
3.2 O CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO ............................. 30
3.2.1 O Curso Técnico em Segurança do Trabalho do SENAI Londrina ................. 31
3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO TÉCNICO EM
SEGURANÇA DO TRABALHO NO PERÍODO DE 2011 A 2015 ................... 34
3.3.1 Alunos originados pelo Pronatec .................................................................... 34
3.3.2 Alunos oriundos do SESI ................................................................................ 35
3.3.3 Alunos Pagantes ............................................................................................. 36
4 A EVASÃO ESCOLAR ................................................................................... 39
4.1 EVASÃO NO CURSO PROFISSIONALIZANTE ............................................. 43
4.2 FATORES QUE INFLUENCIAM NA EVASÃO ESCOLAR ............................. 45
4.2.1 Fatores motivadores de evasão escolar ......................................................... 46
5 METODOLOGIA ............................................................................................. 49
5.1 NATUREZA DA PESQUISA ........................................................................... 49
5.2 ESTUDO DE CASO ........................................................................................ 50
5.2.1 Características do curso pesquisado .............................................................. 50
5.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS .......................................... 50
5.3.1 Primeira fase ................................................................................................... 50
5.3.2 Segunda fase .................................................................................................. 51
5.4 LIMITAÇÃO DA PESQUISA ........................................................................... 51
5.5 INSTRUMENTO DA PESQUISA .................................................................... 52
5.5.1 O Questionário ................................................................................................ 52
5.5.2 O Pré-teste ..................................................................................................... 53
5.5.3 Organização, Análise e Interpretação dos Dados ........................................... 54
6 PERFIL DOS ALUNOS EVADIDOS............................................................... 56
7 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................... 58
7.1 DISCUSSÃO ................................................................................................... 74
8 MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA ........................................................................... 77
8.1 AÇÕES PROPOSTAS PARA A DIMINUIÇÃO DA EVASÃO NOS CURSOS
PROFISSIONALIZANTES .............................................................................. 79
8.2 MONITORAMENTO DAS AÇÕES .................................................................. 83
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 84
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 86
APÊNDICE A – . INSTRUMENTO DE PESQUISA UTILIZADO NA COLETA DE
DADOS ..................................................................................................... 95
14
1 INTRODUÇÃO
A educação é fundamental para o desenvolvimento pessoal, social,
econômico e cultural dos indivíduos. A Educação Profissional tem como
característica a formação técnica e tecnológica, norteada por políticas educacionais
voltadas à profissionalização e capacitação dos indivíduos para o mercado de
trabalho, atendendo as demandas dos setores produtivos.
O ensino profissionalizante busca atender a demanda profissional de grande
parte da população jovem do país, em consequência de muitos estudantes não
ingressarem nas universidades. O governo brasileiro, através da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB), traz em seu artigo 39, legislação sobre os
cursos profissionalizantes, e as instituições de ensino que oferecem este curso
buscam apresentar produtos que vão ao encontro dessa demanda governamental e
da necessidade de profissionais a serem qualificados para o mercado de trabalho.
O SENAI, unidade de Londrina, estado do Paraná, oferece vários cursos
profissionalizantes, e pelo fato de a pesquisadora pertencer ao quadro de
professores desta Instituição, especificamente no Curso Técnico em Segurança do
Trabalho, no qual percebeu que, durante cada semestre de rematrícula havia uma
demanda de evasão escolar.
Com base no que foi exposto, procurou-se responder, neste estudo, quais os
motivos que levaram os alunos a abandonar o curso, através de uma pesquisa com
os estudantes matriculados no período de 2011 a 2015, e a escolha deste recorte de
tempo se deu em virtude da implantação no ano de 2011 do PRONATEC e o
convênio do SESI com o SENAI.
No sistema educacional no Brasil, o tema evasão escolar se configura como
grande problema a ser enfrentado pela sociedade e pelo Estado, já que pode ser
caracterizada como fator que contribui para a redução da eficácia da educação, em
virtude do afastamento do aluno da escola. Este tema possui diferentes olhares e
perspectivas, uma vez que existe uma série de aspectos que precisam ser
identificados em diversos âmbitos que envolvem a família, a escola e a sociedade.
O tema evasão escolar se configura como grande problema a ser enfrentado
pelos sistemas de ensino, pela sociedade e pelo Estado, já que pode ser
caracterizada como fator que contribui para a redução da eficácia da educação, em
virtude do afastamento do aluno da escola.
15
Este tema possui diferentes olhares e perspectivas, uma vez que existe uma
série de aspectos que precisam ser identificados em diversos âmbitos que envolvem
a família, a escola e a sociedade.
Assim, tem-se a questão: Quais são os fatores motivadores que levam os
estudantes no âmbito da Educação Profissional Técnica a se evadirem do curso de
Técnico de Segurança no Trabalho interrompendo uma parte de sua vida
acadêmica?
O objetivo geral é investigar as principais causas da evasão escolar dos
alunos no Curso Técnico em Segurança do Trabalho oferecido pelo Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Londrina.
Os objetivos específicos são: a) caracterizar o perfil dos alunos que desistem
do Curso Técnico em Segurança do Trabalho; b) investigar as principais causas que
levam os alunos a desistirem do curso técnico profissionalizante; c) desenvolver
proposta com ações para minimizar os índices de evasão escolar no Curso Técnico
em Segurança do Trabalho do SENAI Londrina.
De acordo com dados do Censo da Educação Básica 2013 (INEP/MEC),
113.798 pessoas se matricularam no Curso Técnico em Segurança do Trabalho
(AFONSO, 2014).
Em 2014, dos brasileiros de 15 anos de idade ou mais, apenas 3,4 milhões
(2,2%) estavam matriculados em cursos de qualificação profissional (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2014). Essas informações constam
do Suplemento Educação Profissional, da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) 2014, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
No período de 2011 a 2015, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego (Pronatec) realizou 2,7 milhões de matrículas em cursos técnicos
(38%). Nessas matrículas estão incluídas a participação dos Institutos Federais (IFs),
com 34,6% de alunos matriculados; das Redes Estaduais, com 21,1%, das
instituições privadas que aderiram ao Sistema de Seleção Unificada da Educação
Profissional e Tecnológica (Sisutec), com 20,6%, do SENAI, com 13,9% e do Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), com 9,5%. Do total de 6,6 milhões de
matrículas em cursos de qualificação profissional pelo Pronatec, a participação do
SENAI corresponde a 46,2%; a do SENAC perfaz 34,3%, a dos IFs soma 11,4%; a do
Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT) ocupa 3%, a das redes
16
estaduais e municipais compreende 2,6% e a do Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (SENAR) totaliza 2,2%.
Para Cassiolato e Garcia (2014), o Pronatec passa a fazer parte de um
conjunto de ações já executadas pela Secretaria de Educação Profissional e
Tecnológica (SETEC/MEC), que possibilita aos estudantes e trabalhadores a elevação
da escolaridade por intermédio da ampliação do acesso à educação profissional, bem
como a inclusão social e a promoção da cidadania.
Presume-se que os resultados de uma pesquisa desta natureza interessem à
instituição, à equipe administrativa e pedagógica, sendo relevantes na implantação
de uma proposta voltada para a permanência dos estudantes. Desse modo, os
professores e os próprios alunos poderão se beneficiar deste estudo.
Em caso de uma perspectiva mais ampla, tais resultados podem funcionar
como material de apoio para pesquisadores de outras instituições e também para os
empresários, que sempre buscam qualificação profissional como exigência do
mercado de trabalho.
Esta dissertação está estruturada em oito capítulos. O primeiro – Introdução –
apresenta o tema da pesquisa, seus objetivos, justifica a relevância do estudo e sua
estruturação.
O segundo capítulo contextualiza a Educação no Brasil, ressaltando a
Educação Profissional, sobretudo as mudanças ocorridas nesta modalidade e como
interferem no processo até a atualidade.
O terceiro capítulo retrata a história do SENAI e sua importância como escola
de educação profissional no país e discorre, em especial, sobre o Curso Técnico em
Segurança do Trabalho.
O quarto capítulo aborda o problema da evasão na educação profissional de
nível técnico, e os fatores a ela relacionados.
No quinto capítulo explicitam-se os aspectos metodológicos da pesquisa.
O sexto capítulo trata do perfil dos alunos evadidos trazendo o quadro de
matrículas do período estudado.
O sétimo capítulo apresenta os gráficos e a análise dos resultados.
E, por fim, o oitavo capítulo traz uma proposta com ações para minimizar a
evasão na instituição.
17
2 A EDUCAÇÃO NO BRASIL
No Brasil, durante o período colonial, o modelo firmado de agroexportador
predominava com a utilização da mão de obra escrava em atividades manuais e
também com a necessidade de uso da força física para a execução das atividades.
Foi predominante a inserção da mão de obra escrava em atividades manuais
com o uso da força física, as quais eram executadas mormente por negros e mulatos
que eram mantidos sem acesso a qualquer educação que permitisse desenvolver
outras funções, ao passo que os homens livres tinham a oportunidade de aprender
novas profissões por meio das Corporações de Ofício, às quais os negros e
escravos não tinham acesso (FREIRE, 2013).
A partir de 1808, D. João VI autorizou a abertura de novas fábricas e iniciam-
se as novas aprendizagens profissionais. Diante da escassez de mão de obra em
algumas fábricas, “organiza a aprendizagem compulsória de ofícios às crianças e
aos jovens que eram os excluídos naquela época” (SANTOS, 2000 apud BAGGI;
LOPES, 2011, p. 207).
O ensino e a aprendizagem de ofícios e o trabalho passam, então, a ser
desenvolvidos dentro dos estabelecimentos industriais, conhecidos como Escolas de
Fábrica que, posteriormente, serviram de referência para as unidades de ensino
profissional que vieram a se instalar no Brasil anos depois. Ao ensino dos ofícios
acresceu-se, a seguir, o ensino das “primeiras letras”, seguido de todo o ensino
primário (SAVIANI, 2007).
Em meados da década de 30, com a Revolução Industrial, no século XVIII, o
Brasil, que estava subordinado ao grande capital e com produção baseada na mão
de obra escrava e na monocultura, firma a relação entre educação e trabalho,
evidenciando a necessidade econômica de qualificação dos trabalhadores e
excluindo a formação integral do indivíduo. Frigotto (2010) afirma que, somente em
meados do século XX, a sociedade burguesa tomou ciência do analfabetismo,
passando a ter a educação popular como objeto de política de Estado.
Para Saviani (2007), foi com a Revolução Industrial que as funções da
sociedade por intermédio da escola aumentaram o processo produtivo. Com o
ensino básico ou com a qualificação mínima para operar a máquina, os
trabalhadores foram capacitados para participarem do processo produtivo. Para
aquelas atividades que demandavam um conhecimento específico foram criados
18
cursos profissionais, no interior das fábricas ou dentro do próprio sistema escolar,
sempre voltados para as demandas de produção, e a escola foi a via para a
generalização dessas funções na sociedade.
Para as tarefas de manutenção, que exigiam qualificação específica, foram
criados os cursos profissionais, no interior das empresas ou dentro do próprio
sistema escolar, dando origem às escolas de formação geral e às escolas
profissionalizantes. Ambas se equivocaram no processo de desenvolvimento de
suas competências definidas e concebidas pela burguesia, tendo como resultado a
proposta dualista de escolas profissionais para os trabalhadores e escola de
ciências e humanidades para os futuros dirigentes (SAVIANI, 2007).
As primeiras décadas da Primeira República foram muito difíceis, pois,
segundo Nosella (1998), a política educacional da época tinha como finalidade
democratizar o ensino primário, tanto que surtiu efeito, que idealizou a ideia de uma
rede de ensino primário, público e laico, porém esse formato foi insuficiente e
insensível ao mundo do trabalho. Diante de todos esses acontecimentos havia,
contudo, poucas escolas e professores, apenas uma parte da população tinha
acesso à educação que, aliás, era privilégio da elite da época, detentora do capital,
controladora do Estado e quem patrocinava um novo sistema capitalista, mediante
valores e modelo de vida burguês e liberal.
Segundo Romanelli (1998, p. 46), “o modelo econômico em emergência
passou, então, a fazer solicitações à escola”. A Primeira República tentou várias
reformas na política educacional, sem êxito, para a solução dos problemas
educacionais mais graves, de maneira que atendesse harmonicamente, tanto à
demanda social por educação, quanto às novas necessidades de formação de
recursos humanos exigidos pela economia em transformação.
Surge então a educação profissional que visa atender esta demanda através
de formação técnica, norteada por políticas educacionais voltadas à
profissionalização e capacitação dos indivíduos para o mercado de trabalho,
atendendo as demandas dos setores produtivos e promovendo o processo de
desenvolvimento econômico-financeiro.
19
2.1 A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Com o objetivo de responder a um dos objetivos desta pesquisa, o estudo
aborda desde a história da Educação Profissional até sua realidade atual, faz-se
necessário promover algumas discussões a respeito desta modalidade de ensino,
sobretudo as referentes ao curso técnico de nível médio.
2.1.1 Resgatando a história
A Educação Profissional foi formada com base em muitas construções e
reconstruções que analisam as lutas políticas em uma sociedade de classes (CRUZ;
JORGE; SILVA, 2012), ainda que essas concepções totalmente arbitrárias no processo
de construção de políticas educacionais no modelo de Educação Profissional não
remetam a algo do passado em relação aos excluídos no Brasil Colônia.
No período colonial, a aprendizagem profissional foi realizada nas
corporações de ofício, um modelo já conhecido e aplicado pelos colonizadores da
época. Essas corporações nasceram na Idade Média a partir do século XII com o
intuito de regularizar o processo de produção artesanal nas cidades. Entende-se por
corporação de ofício as guildas (associações) de pessoas qualificadas para trabalhar
em determinada função, que se uniam em corporações a fim de se defenderem e de
negociarem suas mercadorias de forma mais eficiente. Segundo o regimento, uma
pessoa só poderia trabalhar em determinado ofício se fosse membro de uma
corporação. Em caso de desobediência, a pessoa poderia ser até expulsa da cidade.
A corporação agrupava um ramo específico de trabalho, por essa razão o
nome corporação de ofício. Nas cidades havia várias corporações, entre as 25
principais estavam os artesões, tecelões, ferreiros, carpinteiros, comerciantes,
curtidores, ferreiros, entre outros. Essas corporações eram formadas por mestres,
oficiais e aprendizes. O mestre era o senhor da oficina, o detentor do conhecimento
e das ferramentas, os oficiais eram os profissionais em si, aqueles que sabiam
executar as atividades, eles também auxiliavam o mestre na formação dos
aprendizes. Os aprendizes em geral moravam com o mestre e não recebiam salário
e quase que de costume tinham laços parentais com ele, o mestre era o responsável
pelas provisões e pelo sustento de seus aprendizes. Para evitar o trabalho gratuito e
20
também para tornar a aprendizagem mais eficiente, cada mestre poderia ter apenas
um único aprendiz (FONSECA, 1986).
O modelo vindo da Europa tomou formas próprias no Brasil como, por
exemplo, a predominância escrava na execução das tarefas, a indústria caseira, a
escassez de artífices livres e a estrutura do comércio local.
O emprego de escravos como carpinteiros, ferreiros, pedreiros, tecelões etc. afugentava os trabalhadores livres dessas atividades, empenhados todos a se diferenciar dos escravos, o que era da maior importância diante dos senhores/empregadores, que viam todos os trabalhadores como coisa sua. Por isso, entre outras razões, as corporações de ofícios (irmandades ou bandeiras) não tiveram, no Brasil Colônia, o desenvolvimento de outros países. (CUNHA; TUNES; SILVA, 2001, p. 266).
Com a Revolução Industrial, no século XVIII, o Brasil estava subordinado ao
grande capital, com a produção de mão de obra escrava e na monocultura, baseado
na relação entre educação e trabalho, requerendo a qualificação destes
trabalhadores, porém não permitindo a sua formação integral (CRUZ; JORGE;
SILVA, 2012).
Com o falecimento do então presidente do Brasil, Afonso Pena, em 1909, o
presidente Nilo Peçanha tornou-se o “fundador do ensino profissional no Brasil”. Nilo
Peçanha já havia fundado (1906), no estado do Rio de Janeiro, enquanto fora
presidente daquele Estado, quatro escolas profissionais situadas em Campos,
Petrópolis, Niterói e Paraíba do Sul, e as três primeiras eram responsáveis pelo
ensino de ofícios e a última destinada ao ensino agrícola.
Neste contexto, as Ciências Aplicadas começam a fazer parte do ensino mais
regular e normal. Desse modo, as escolas de agricultura, escolas de comércio em
geral e escolas de artes e ofícios se instituíam e se multiplicavam cada vez mais em
favor da indústria e das artes manuais, correspondendo à necessidade de mão de
obra para atender à sociedade emergente daquela época. Para os donos dos meios
de produção, o acesso à escolarização tornou-se um problema, pois os patrões da
época, “achavam que era supérfluo e desnecessário aqueles trabalhadores ter
acesso à leitura, à escrita e às contas, pois seria uma forma de questionamento
pelos seus direitos, salários [...]” (MANACORDA, 1995, p. 287), já que, na visão
deles, possivelmente, se os operários fossem instruídos, poderiam causar uma
revolução, ou seja, poderiam exigir aquilo que lhes era devido: salário justo,
21
salubridade dos postos de trabalho, carga de trabalho compatível com sua condição
de humanos. Isto significa que se tornariam indivíduos esclarecidos, com lucidez e
consciência de sua participação e sua função no mundo, sendo capazes de se
avaliarem e refletirem a respeito de sua ação no mundo.
Por consequência da Primeira Guerra Mundial, o país passa por um processo
de dificuldades financeiras. As exportações de café, base da economia, caem
vertiginosamente. Na época, o país importava basicamente todos os produtos
necessários, contudo, diante da dificuldade imposta pela Grande Guerra, os
brasileiros foram forçados a iniciar a produção industrial de artigos de necessidade
básica. Seria o primeiro surto industrial no país e por toda parte surgiam novas
fábricas e indústrias, localizadas sobretudo nas grandes cidades como Rio de
Janeiro e São Paulo.
“Entre 1915 e 1919 surgiram 5.936 novas empresas industriais. Naqueles
cinco, fizera-se quase tanto quanto nos vinte e quatro primeiros anos da República,
período em que se fundaram 6.946 estabelecimentos industriais em todo o Brasil”
(FONSECA, 1986, p. 190).
Com o grande aumento das indústrias, havia necessidade de mais operários
e, posteriormente, maior demanda de ensino profissional.
Naquela época, a educação sofria com um grande problema: a falta de
professores e mestres. Havia uma carência excessiva, tanto no Distrito Federal
quanto nos Estados, de profissionais capacitados e competentes para exercer a
função de professor e mestre, sendo até necessária a contratação de estrangeiros
habilitados para suprir essa escassez. Como premissa de formar tais profissionais,
em 11 de agosto de 1917, é fundada a Escola Normal de Artes e Ofícios Venceslau
Brás, no Distrito Federal, cujo objetivo principal consistia na formação profissional
não somente para o Distrito Federal, mas sim para todos os Estados. Nesse
momento, a escola, que estava sob a tutela do município, passa a ser da União,
sendo vinculada ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio.
Em 1920, foi nomeada uma comissão especializada por técnicos, para irem a
campo examinar e propor mudanças, em busca de maior eficiência. Essa comissão,
conhecida como Serviço de Remodelação do Ensino Profissional Técnico, era
composta por administradores e mestres do então Instituto Parobé, instituição
responsável pelos melhores índices de formação profissional na época.
22
O Instituto Parobé não pertencia à União, era uma instituição a princípio
autônoma, ligada à escola de Engenharia de Porto Alegre, atendia menores
carentes e operários no regime de internato, ensinava carpintaria, mecânica, artes
gráficas, entre outros ofícios. Mais tarde, quando é incorporada pelo estado do Rio
Grande do Sul, agrega o título de escola técnica ao seu nome.
Diante de todo esse cenário, o tema educação profissional entrou em vigor
pelo Decreto nº 5.241, em 22 de agosto de 1927, sendo obrigatório em todas as
escolas primárias mantidas pela União e mais outros seis artigos referentes ao tema
da habilitação profissional. A chamada “Lei Fidélis Reis”, mesmo decretada e
sancionada pelo Presidente da República, nunca aconteceu, pois não havia recursos
disponíveis para executá-la (FONSECA, 1986).
De acordo com Manfredi (2002), a década de 30 foi propícia para o
desenvolvimento das iniciativas mistas, entre a esfera privada e estatal. A primeira
foi a Escola Profissional Mecânica, administrada por companhias ferroviárias com
recursos do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Um modelo complexo,
porém eficaz, era o que levava as companhias a financiarem de acordo com o
número de empregados. Mais tarde esse sistema de financiamento seria absorvido
pelo SENAI.
Na década de 40, o ensino técnico industrial passou a ser um sistema
acompanhado pelo MEC, em virtude da expansão da produção de indústrias. O
ensino médio foi dividido em duas fases – 1º e 2º ciclos – subdivididas em cinco
segmentos: secundário (propedêutico ao ensino superior); normal; industrial;
comercial e agrícola. Tais mudanças ficaram conhecidas como Reforma Capanema
ou Leis Orgânicas do Ensino e foram significativas para a história do ensino
profissional, pois foi por intermédio desta reforma que o Estado se engaja na questão
da educação profissional de nível técnico. “Esta reforma organizou o ensino técnico
profissional em três áreas de economia, criando a Lei Orgânica do Ensino Industrial
(Decreto-Lei nº 4.073/42); a do Ensino Comercial (Decreto-lei nº 6.141/43) e a do
Ensino Agrícola (Decreto-lei nº 9.613/46)” (GOMES, 2013, p. 67).
A Reforma Capanema de 1942 e 1943 resultou na criação do SENAI e na
regulação do ensino industrial, secundário e comercial a partir das leis orgânicas.
As Leis Orgânicas de Capanema estabeleceram várias mudanças no ensino
do Brasil:
23
A partir do ano de 1942, o Ministro da Educação, Gustavo Capanema, dá início à publicação de vários decretos-lei. Quatro decretos são editados durante o Estado Novo: Decreto-lei 4.703, em 30 de janeiro de 1942 (Lei Orgânica do Ensino Industrial); Decreto-lei 4.048, em 22 de janeiro de 1942, cria o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI); Decreto-lei 4.244, em 9 de abril de 1942 (Lei Orgânica do Ensino Secundário); e Decreto-lei 6.141, em 28 de dezembro de 1943 (Lei Orgânica do Ensino Comercial). (PALMA FILHO, 2010, p. 95).
A Reforma Capanema estruturou a educação brasileira, denominada regular,
em dois níveis: a educação básica e a superior. E também promoveu o ajuste entre
as propostas pedagógicas existentes para a formação de intelectuais e
trabalhadores, segundo as mudanças que ocorriam no mundo do trabalho. No bojo
da Reforma Capanema de 1942 foi incluída uma série de cursos profissionalizantes
para atender diversos ramos profissionais demandados pelo desenvolvimento
crescente dos setores secundário e terciário, por isso escolas e cursos começam a
se multiplicar com essa finalidade, sem que a conclusão desses cursos habilitasse
para o ingresso no ensino superior.
2.2 OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
A Educação Profissional tem como objetivo principal o desenvolvimento e a
formação técnica e tecnológica dos indivíduos, norteada por políticas educacionais
voltadas à profissionalização e capacitação dos indivíduos para o mercado de
trabalho, atendendo as demandas dos setores produtivos e promovendo o processo
de desenvolvimento econômico-financeiro. É considerada como ensino médio
integrado1, que surge como uma preparação técnica para a cidadania e para a
inserção da juventude no mercado de trabalho.
Essa modalidade passou por diversas reformulações, seja por suas diretrizes
curriculares seja pela organização curricular, e foi a partir da década de 1940 que a
Educação Profissional foi investida com o objetivo de inserir os alunos egressos dos
cursos técnicos a ingressar no ensino superior (GULGEMIM, 2015).
Após a queda do presidente Getúlio Vargas, em 1945, foram ainda publicados mais quatro Decretos-lei: Decreto-lei 8.529, em 2 de janeiro de
1 Médio integrado - educação profissional técnica de nível integrado, no mesmo estabelecimento de ensino, contando com matrícula única para cada aluno; concomitante, no mesmo estabelecimento de ensino ou em instituições de ensino distintas, aproveitando as oportunidades educacionais disponíveis, ou mediante convênio de intercomplementaridade; e subsequente, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino médio.
24
1946 (Lei Orgânica do Ensino Primário); Decreto-lei 8.530, em 2 de janeiro de 1946 (Lei Orgânica do Ensino Normal); 39 Decreto-lei 8.621, em 10 de janeiro de 1946, cria o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC); Decreto-lei 9.613, em 20 de agosto de 1946 (Lei Orgânica de Ensino Agrícola). (PALMA FILHO, 2010, p. 95).
No início do século XX, com a expansão industrial e do comércio em geral,
surge a necessidade de mão de obra qualificada, e como o sistema educacional não
conseguia atender toda essa demanda, o governo da época decide institucionalizar
escolas profissionalizantes ao sistema oficial.
São criados então os convênios com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o SENAI e o SENAC. O objetivo destes sistemas era capacitar de uma forma rápida e precisa os profissionais, inseri-los no mercado de trabalho e suprir toda a necessidade daquela época. (GOMES, 2013, p. 67-68).
Na década de 1950, com a Lei nº 1.076, que flexibilizava o ingresso dos
alunos que concluíram o primeiro ciclo dos ensinos industrial, comercial e agrícola a
ter a possibilidade de ingressar no curso clássico ou científico conforme as
exigências complementares das disciplinas. A Lei nº 1.826/1953 facultava o direito
de ingresso ao curso superior a todos que tivessem concluído o curso técnico em
quaisquer dos ramos de ensino observando-se exames de adaptação.
Em 1961 surge a primeira Lei nº 4.024 de Diretrizes e Bases (LDB), propondo
a equivalência entre a Educação Profissional e o Ensino Médio (FRIGOTTO;
CIAVATTA; RAMOS, 2010).
Na subordinação do Brasil ao capital estrangeiro, vários acordos foram
assinados com organizações estrangeiras, com o objetivo de acelerar a formação de
mão de obra, de acordo com os padrões exigidos pela divisão internacional do
trabalho.
Em 1970, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) Lei
nº 5.692/71, torna técnico-profissional todo o currículo de ensino médio. Também
foram criados programas de expansão dos cursos técnicos, melhoria nas estruturas
das escolas, aquisição de equipamentos, bibliotecas e capacitação do corpo
docente. Houve, ainda, uma aproximação das escolas com as empresas, promoção
de estudos sobre o diagnóstico econômico, para saber quais as mãos de obra
necessárias para cobrir o mercado produtivo (BRASIL, 1971). “Conforme „a
25
educação é tratada, no economicismo tecnocrático, como técnica social ou
formadora de‟ recursos humanos” (FRIGOTTO, 2006, p. 76).
2.3 A DUALIDADE ESTRUTURAL DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
O ano 1971 foi o marco para a conquista da equivalência que se concentra na
superação da dualidade, bandeira das mentes progressistas e dos movimentos de
caráter político-educacional e social. Essas questões fragilizaram-se, pois era
necessário manter as duas redes de ensino no sistema brasileiro. Nesse contexto, a
rede paralela ao sistema se fortalece e confere ao SENAI a possibilidade de instituir
a mesma organização prevista no sistema público de ensino. A partir disso, os
cursos ginasial e técnico industrial, realizados no SENAI facultavam aos seus alunos
ingressarem em qualquer nível superior (CANALI, 2010).
Durante a década de 1990, a educação brasileira é direcionada de acordo
com as recomendações das agências de desenvolvimento internacionais (CEPAL,
BANCO MUNDIAL, BID), que delimitaram objetivos de qualidade como formação de
competências para a competitividade no mundo globalizado. Estas recomendações
tiveram um enfoque maior na Educação Profissional, para que esta focasse a
formação baseada em habilidades e competências para um modelo flexível de
produção. Delphino (2010) ressalta que, segundo o Banco Mundial, a educação
profissional necessita de um modelo flexível e não engessado, que possa ser
rapidamente modificado segundo o movimento econômico.
No ano 1994, a Lei nº 8.948 transforma as escolas técnicas federais
descentralizadas em Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET). Em 1996,
sob a Lei nº 9.394, o Congresso Nacional aprovou um Novo Projeto de Lei de
Diretrizes e Bases (LDB), de autoria do senador Darcy Ribeiro. O referido Projeto foi
reprovado na Câmara e a reforma educacional procedeu-se por meio do Decreto
nº 2.208/97, cujo teor fragmentou a educação integrada e deu ênfase à educação
profissional (RAMOS, 2011).
O Projeto de reforma do ensino médio e profissional “acabou por configurar
um desenho de ensino médio que separa a formação acadêmica da educação
profissional, aproximando-se muito mais dos interesses imediatos dos empresários e
das recomendações dos órgãos internacionais” (MANFREDI, 2002, p. 48).
26
A partir destas recomendações a educação sofre uma reformulação por meio da
Lei nº 9.394/96, que retira a obrigatoriedade da formação técnico-profissional do
segundo ensino médio, e instaura apenas a articulação entre educação básica e
educação profissional. Esta LDB está em vigor e regulamenta toda a educação
brasileira atual. Diante desta nova reformulação da educação secundária, é promulgado
o Decreto nº 2.208/97, o qual estabelece a desvinculação da educação profissional da
educação básica, como descrevem a seguir os artigos 2º e 4º do referido decreto.
Art. 2º A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou em modalidades que contemplem estratégias de educação continuada, podendo ser realizada em escolas do ensino regular, em instituições especializadas ou nos ambientes de trabalho. [...] Art. 4º A educação profissional de nível básico é modalidade de educação não formal e duração variável, destinada a proporcionar ao cidadão trabalhador conhecimentos que lhe permitam reprofissionalizar-se, qualificar-se e atualizar-se para o exercício de funções demandadas pelo mundo do trabalho, compatíveis com a complexidade tecnológica do trabalho, o seu grau de conhecimento técnico e o nível de escolaridade do aluno, não estando sujeita à regulamentação curricular. (BRASIL, 1997, p. 1).
Esta alteração modificou profundamente as diretrizes e os encaminhamentos
da educação profissional, tornando-a uma modalidade de ensino fragmentada,
baseada em habilidades e competências para a execução de tarefas com ênfase na
especialização técnica, não se preocupando com a formação integral dos indivíduos,
bem como delegava a responsabilidade de oferta e manutenção ao setor privado e
não mais ao Estado.
No ano 2000, com a transição política entre os governos de Fernando
Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, “iniciam-se algumas discussões e
seminários acerca da relação entre o ensino médio e a educação profissional”
(MOURA, 2012, p. 55).
Após alguns compromissos firmados com os sindicatos das indústrias e
atendendo ao programa de governo da campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, sanciona o Decreto nº 5.154/04, o qual revoga a proibição de
integração entre o ensino médio e a educação profissional instituído pelo Decreto
nº 2.208/97 (DELPHINO, 2010).
27
Em 2004, com as mudanças no panorama político brasileiro, a educação
profissional é retomada, reaparecendo como um elemento de centralidade, no
discurso político e na política pública, para o desenvolvimento socioeconômico do
país. A partir deste ideário ocorre a revogação do Decreto nº 2.208/97 e promulga-se
o Decreto nº 5.154/04, no qual a modalidade de educação profissional é novamente
vinculada à educação básica de nível médio podendo esta ser articulada de três
formas – integrada, concomitante ou subsequente ao ensino médio – como
estabelece o artigo 4º do Decreto nº 5.154/04:
Art. 4º A educação profissional técnica de nível médio, nos termos dispostos no § 2º do art. 36, art. 40 e parágrafo único do art. 41 da Lei nº 9.394, de 1996, será desenvolvida de forma articulada com o ensino médio. § 1º A articulação entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio dar-se-á de forma: I- Integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, contando com matrícula única para cada aluno; II- Concomitante, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental ou esteja cursando o ensino médio, na qual a complementaridade entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio pressupõe a existência de matrículas distintas para cada curso, podendo ocorrer: na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; ou em instituições de ensino distintas, mediante convênios de Inter complementaridade, visando o planejamento e o desenvolvimento de projetos pedagógicos unificados; III- Subsequente oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino médio. (BRASIL, 2004, p. 1).
Abre-se, portanto, uma nova perspectiva para a educação profissional,
possibilitando novamente a sua articulação com a educação básica, restabelecendo
uma posição mais abrangente de ofertas – integrada, concomitante, subsequente ao
ensino médio – para a educação profissional anteriormente impedida pela
legislação. O ensino médio integrado trabalha com as disciplinas da base nacional
comum e as disciplinas específicas da área técnica no mesmo currículo, integrando
os conhecimentos, destinado aos alunos egressos do ensino fundamental
(GULGEMIM, 2015).
Diante deste contexto, a Educação Profissional é marcada por um caráter de
formação técnica e tecnológica, norteada por políticas educacionais voltadas a
profissionalização e capacitação dos indivíduos para o mercado de trabalho.
28
3 O SENAI
O SENAI foi criado a partir do Decreto-lei nº 4.048, de 22 de janeiro de 1942,
sendo escolhido como uma instituição com o objetivo de organizar e administrar
escolas de aprendizagem industrial em todo o país. Essas escolas desenvolviam um
ensino aligeirado, de formação mínima, de caráter pragmático com a finalidade de
preparar os aprendizes menores dos estabelecimentos industriais. Outros cursos de
formação continuada para os trabalhadores também eram oferecidos pelo sistema
de escolas do SENAI. Com o passar dos anos, esse órgão teve suas atribuições
ampliadas atingindo também o setor dos transportes, das comunicações e da pesca,
e começa a administrar o ensino de continuação, aperfeiçoamento e especialização,
gerando dessa feita uma diversificação de seus cursos.
Posteriormente, foi instituído o Decreto-lei nº 4.984, de 21 de novembro de
1942, que regulamentou a criação de escola ou sistema de escolas de aprendizes
de responsabilidade das empresas que possuíssem mais de 100 trabalhadores e
eram mantidas com recursos das empresas, com a finalidade de dar formação
profissional aos seus aprendizes e o ensino de continuação e de aperfeiçoamento e
especialização de seus demais trabalhadores.
Para efeito de administração desse ensino, essas escolas poderiam articular-
se ao SENAI. A partir daí é que começaram a se organizar as Escolas Técnicas
Federais. Na esteira de regulamentações do ensino profissional, o Decreto-lei
nº 4.073, de 30 de janeiro de 1942 – Lei Orgânica do Ensino Industrial traz alguns
aspectos positivos quanto à organização desse ramo de ensino (BRASIL, 1942).
3.1 SENAI NO PARANÁ
A primeira unidade do SENAI no Paraná instalou-se em Curitiba, em 12 de
março de 1943, sendo denominada Federação das Indústrias do Estado do Paraná
(FIEP) e desde sua criação vem contribuindo com o crescimento da indústria e da
comunidade paranaense, oferecendo cursos de formação de profissionais
qualificados para a incipiente indústria de base.
29
3.1.1 SENAI em Londrina
O SENAI Londrina recebeu a doação de um terreno da Companhia de Terras
Norte do Paraná, em 19 de agosto de 1944. Iniciou suas atividades de Formação
Profissional com cursos de Aprendizagem para menores e Qualificação Profissional
para adultos em 11 de agosto de 1950. (SERVIÇO NACIONAL DE
APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2017).
O centro de Educação Profissional de Londrina possui profissionais capacitados e atua em todos os níveis das organizações da região, do estratégico ao operacional. A filosofia da instituição tem a missão de contribuir para o fortalecimento da indústria e o desenvolvimento pleno e sustentável do país, promovendo a educação para o trabalho e a cidadania, a assistência técnica e tecnológica, a produção e disseminação da informação e a adequação, geração e difusão de tecnologia. (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2017, p. 2).
O SENAI disponibiliza diversos cursos, tais como: Iniciação profissional -
aborda as funções básicas da profissão; Aprendizagem industrial - qualificação
teórica e prática para quem quer trabalhar como aprendiz nas indústrias;
Qualificação profissional - para desenvolver habilidades específicas de uma
profissão; Cursos técnicos - para quem está cursando ou já terminou o ensino
médio e quer obter um diploma para a área técnica; Graduação tecnológica –
preparação para o mercado de trabalho; Pós-graduação - aprofundamento das
competências da profissão (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM
INDUSTRIAL, 2017).
Estes cursos correspondem ao:
Nível básico – é o nível de educação não-formal e deverá atender, por meio de programas de qualificação, certificação, requalificação. Nível técnico – é a educação profissional formal. Caminha paralelamente ao Ensino Médio, uma vez que a obtenção do diploma de técnico está vinculada à conclusão desse nível de ensino. Nível tecnológico – constitui-se no nível superior da educação profissional. (DEPRESBITERIS, 2001, p. 25).
Além dos três níveis, a educação profissional compreende, ainda, os
chamados cursos complementares, tais como: especialização, aperfeiçoamento e
atualização. Ademais, a organização curricular da educação profissional ampara-se
na premissa da competência, abordada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Educação Profissional, sempre de forma relacionada à autonomia do trabalhador
30
contemporâneo diante da instabilidade do mundo do trabalho e das mudanças nas
relações de produção.
3.2 O CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO
Em meados da década de 70 houve, no Brasil, grande crescimento industrial
levando o país a ser campeão de acidentes de trabalho. Deste cenário originou-se a
função de Inspetor de Segurança, responsável por zelar pela segurança dos
trabalhadores, mas era necessário fazer o curso para desempenhar esta função.
Este curso, no princípio, era ministrado apenas pela Fundacentro, no modelo
presencial com carga horária de 100 horas, no formato de apostila. Posteriormente,
o Ministério do Trabalho autorizou que as instituições de ensino ministrassem o
curso de formação e a Fundacentro tinha a missão de supervisioná-los e também
continuava ministrando o curso.
Em 1975, o sistema Federal de Ensino, a Escola Técnica Federal de
Pernambuco oferecia o Curso de Inspetor de Segurança do Trabalho, sendo a
pioneira. Já em 1976, o Conselho Federal de Educação se articulava a favor da
habilitação de Inspetor de Segurança do Trabalho, acatando a solicitação da
proposta da Fundacentro, por intermédio do Parecer nº 775.
Em 1980, o referido Conselho permitiu que as escolas registrassem os
diplomas no MEC sem serem conveniadas com a Fundacentro. Com incentivo do
governo na época, o Brasil formou muitos profissionais e legalizou o exercício da
profissão Técnico de Segurança do Trabalho apenas aos portadores de certificados
obtidos em sistemas de 2º grau (atual ensino médio), os que foram formados em
caráter prioritário no período de 1972 a 1985, e também os que possuíam registro do
Ministério do Trabalho.
O Decreto nº 92.530, de abril de 1986, foi regulamentado a partir da Lei
nº 7.410, de 27 de novembro de 1985, que dispõe da profissão de Técnico de
Segurança do Trabalho.
No art. 2º, o exercício da profissão de Técnico em Segurança do Trabalho é
permitido, exclusivamente:
I - Ao portador de certificado de conclusão de curso de Técnico de Segurança do Trabalho, ministrado no País em estabelecimento de ensino de 2º grau;
31
II - Ao portador de certificado de conclusão de curso de Supervisor de Segurança do Trabalho, realizado em caráter prioritário pelo Ministério do Trabalho; III - Ao possuidor de registro de Supervisor de Segurança do Trabalho, expedido pelo Ministério do Trabalho até 180 dias da extinção do curso referido no item anterior. (BRASIL, 1985, p. 1).
A seguir, será apresentado o Curso Técnico em Segurança do Trabalho do
SENAI Londrina.
3.2.1 O Curso Técnico em Segurança do Trabalho do SENAI Londrina
Em 2003, o SENAI Londrina disponibilizou o Curso Técnico em Segurança do
Trabalho, intitulado como turma número 1, que foi ofertado no período noturno, com
o número de 30 alunos.
O Curso Técnico em Segurança do Trabalho é organizado em formato
modular, com carga horária de 1200 horas, ofertando entre 20 e 35 vagas por sala,
por meio da modalidade presencial. Disponibilizado para os alunos subsequente e
concomitante. É ofertado nos períodos matutino, vespertino e noturno, perfazendo
4 (quatro) horas diárias, de segunda à sexta-feira, totalizando 20 (vinte) horas
semanais (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2015).
Quanto aos docentes lotados na instituição que atuam diretamente no Curso
Técnico em Segurança do Trabalho, tem-se, atualmente, oito docentes que estão
distribuídos nos três módulos que compõem o curso e todos os professores
possuem formação em Segurança do Trabalho (SERVIÇO NACIONAL DE
APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2017).
Segundo o Projeto Pedagógico da Instituição, o objetivo geral do Curso
Técnico em Segurança do Trabalho é “capacitar os profissionais, propiciando
formação técnica para uma inserção competente e construtiva junto ao setor
industrial e à sociedade no desenvolvimento de atividades relacionadas à segurança
do trabalho” (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2015, p. 6).
Os objetivos específicos são: proporcionar à clientela do curso conhecimentos
teóricos amplos para a formação da capacidade de análise crítica e de orientação
das situações de risco dos vários setores da economia; desenvolver a capacidade
de interpretar e de aplicar as normas de segurança do trabalho conforme
determinação em vigor; e criar condições práticas de aprendizado do uso dos
32
equipamentos de medição visando equacionar problemas de ambientes nocivos à
saúde. O Quadro 1 mostra a matriz curricular do Curso Técnico em Segurança do
Trabalho.
Quadro 1 - Matriz Curricular do Curso Técnico em Segurança do Trabalho
MÓDULOS UNIDADE CURRICULAR CARGA
HORÁRIA CARGA HORÁRIA
DO MÓDULO
I
Comunicação Oral e Escrita 60h
400h
Ciências Aplicadas 90h
Fundamentos de Segurança do Trabalho
90h
Saúde e Segurança do Trabalho 1 100h
Gestão de Pessoas 60h
II
Ações Educativas em Saúde e Segurança do Trabalho
60h
400h
Saúde e Segurança do Trabalho 2 140h
Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho 1
150h
Projetos de Programas de Saúde e Segurança do Trabalho 1
50h
III
Gestão em Saúde e Segurança de Trabalho 2
180h
400h Saúde e Segurança do Trabalho 3 150h
Projetos de Programa de Saúde e Segurança do Trabalho 2
70h
Total 1200h
Fonte: Adaptado pela autora com base no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2015).
O Módulo I, que é o básico, é formado pelas unidades curriculares e tem
como objetivo desenvolver as competências relacionadas aos fundamentos técnicos
e científicos, e também as competências de gestão, referentes às capacidades
sociais, organizativas e metodológicas. Este Módulo é composto pelas seguintes
unidades curriculares:
Comunicação Oral e Escrita: o aluno desenvolve competências e
habilidades necessárias para o mercado de trabalho e objetiva desenvolver as
capacidades técnicas, sociais, organizativas e metodológicas tendo em vista o
aprimoramento da comunicação oral e escrita;
33
Ciências Aplicadas: o aluno desenvolve as capacidades fundamentais de
cálculos aplicados, imprescindíveis para o desenvolvimento de técnicas de
realização de cálculos aplicados à segurança e saúde no trabalho;
Fundamentos de Segurança do Trabalho e Saúde e Segurança do
Trabalho: estudam os fundamentos da saúde e segurança do trabalho. As ações em
segurança do trabalho são fundamentais, pois, a partir dessas unidades os alunos já
iniciam os estudos com os conteúdos específicos do curso;
Gestão de Pessoas: esta unidade é fundamental para o desenvolvimento
do aluno para o mercado de trabalho e tem como objetivo desenvolver as
competências para gerir e desenvolver os indivíduos dentro das organizações.
No Módulo II são desenvolvidas as unidades curriculares mais específicas
para área de Segurança do Trabalho:
Ações Educativas em Saúde e Segurança do Trabalho: o aluno desenvolve
suas competências de planejamento e execução de ações para área de segurança
do trabalho, com o objetivo de desenvolver as capacidades específicas de
planejamento e execução de ações educativas em saúde e segurança no trabalho;
Saúde e Segurança do Trabalho 2: o aluno tem acesso às ações
preventivas, que serão necessárias para aplicar em suas atividades no mercado de
trabalho;
Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho 1. tem a finalidade coordenar
ações prevencionistas nos processos produtivos, de acordo com normas
regulamentadoras e princípios de higiene e saúde do trabalho;
Projetos de Programa de Saúde do Trabalho 1. tem como objetivo planejar
ações prevencionistas nos processos produtivos de acordo com normas
regulamentadoras e princípios de higiene e saúde do trabalho.
No Módulo III, as disciplinas “Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho 2”,
“Saúde e Segurança do Trabalho 3” e “Projetos de Programa de Saúde e Segurança
do Trabalho 2” são praticamente as mesmas ofertadas no Módulo II, porém mais
aprofundadas e com o objetivo de desenvolver os projetos específicos da área de
Segurança do Trabalho, sendo desenvolvido também o projeto de conclusão do
curso (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2015).
34
3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA
DO TRABALHO NO PERÍODO DE 2011 A 2015
No período de 2011 a 2015, o SENAI Londrina disponibilizava 40 (quarenta)
vagas a cada início de uma turma do Curso Técnico em Segurança do Trabalho, a
cada início do curso, nos períodos matutino, vespertino e noturno, estabelecendo
convênio com o Serviço Social da Indústria (SESI), o Pronatec e alunos pagantes
subsequentes.
Os alunos do Projeto Pronatec e SESI são matriculados no curso técnico por
meio da categoria concomitante2, integrados ou subsequentes.
Faz-se necessário entender a caracterização dos alunos que se matricularam
no SENAI no período de 2011 a 2015, uma vez que fazem parte do objeto desta
pesquisa.
3.3.1 Alunos originados pelo Pronatec
O Pronatec foi um programa integrador da política educacional para a
educação profissional no país criado no dia 26 de outubro de 2011, com a sanção da
Lei nº 12.513/2011, tendo como objetivo expandir, interiorizar e democratizar a oferta
de cursos de educação profissional tecnológica (BRASIL, 2011).
A expansão do Ensino Técnico e Programas promovidos pelo Governo
Federal, como o Pronatec, surge de uma proposta de educação que procura se
legitimar baseada em discurso que promove uma formação mais articulada com as
necessidades econômicas, sociais e culturais, de modo a compor uma abordagem
mais sistêmica e menos simplista da educação profissionalizante e da qualificação
profissional, que são protagonizadas por diversos agentes.
Os agentes que figuram o Sistema S, que são um conjunto de organizações
das entidades corporativas voltadas para o treinamento profissional, assistência
social, consultoria, pesquisa e assistência técnica, que, além de terem seu nome
iniciado com a letra S, têm raízes comuns e características organizacionais
similares. Sistema S: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI); Serviço
2 Concomitantes: cursos voltados para alunos da rede pública que ainda estão cursando o ensino médio; Integrados: cursos para alunos que anseiam iniciar o ensino médio com articulação ao ensino técnico; e Subsequentes: cursos voltados para alunos que concluíram o ensino médio (BRASIL, 2011)..
35
Social do Comércio (SESC); Serviço Social da Indústria (SESI); e Serviço Nacional
de Aprendizagem do Comércio (SENAC). Existem ainda: Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (SENAR); Serviço Nacional de Aprendizagem do
Cooperativismo (SESCOOP); e Serviço Social de Transporte (SEST) (BRASIL,
2016), além de Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs),
Faculdades e Universidades Privadas, por todo o território nacional.
É importante enfatizar que o Pronatec apresenta três modalidades de
educação profissional e tecnológica: “de formação inicial e continuada ou
qualificação profissional; de educação profissional técnica de nível médio, e; de
formação de professores em nível médio na modalidade normal” (BRASIL, 2011).
A modalidade ofertada pelo SENAI que envolveu parte dos alunos que
iniciaram o Curso Técnico em Segurança do Trabalho nas turmas de 2011 a 2015 e
que também constitui objeto desta pesquisa é a educação profissional técnica de
nível médio. Os cursos desta modalidade se submetem às diretrizes curriculares
nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e constam no
catálogo nacional de cursos técnicos, organizado pelo MEC.
Para Cassiolato e Garcia (2014), o Pronatec passa a fazer parte de um
conjunto de ações já executadas pela SETEC/MEC.
Este programa é parte de uma estratégia de desenvolvimento, em escala nacional, que busca integrar a qualificação profissional de trabalhadores com a elevação da sua escolaridade, constituindo-se em um instrumento de fomento ao desenvolvimento profissional, de inclusão social e produtiva e de promoção da cidadania. (CASSIOLATO; GARCIA, 2014, p. 34).
O Pronatec possibilita aos estudantes e trabalhadores a elevação da
escolaridade mediante ampliação do acesso à educação profissional, bem como a
inclusão social e a promoção da cidadania.
3.3.2 Alunos oriundos do SESI
A reforma educacional de 1996 e o Decreto nº 5.154/2004 colocaram em
destaque a proposta de articulação e complementaridade entre educação básica e
educação profissional. Diante disso, o SESI e o SENAI se mobilizaram em torno do
tema, com o intuito de buscar formas de colocar essa articulação em prática,
36
surgindo então nacionalmente o Programa Educação Básica e a Educação
Profissional (EBEP), no qual os alunos estudam gratuitamente.
A proposta de articulação entre a educação básica e a educação profissional
constitui uma iniciativa estratégica de caráter sistêmico das entidades SESI e SENAI
com o objetivo oferecer oportunidades educacionais que propiciem uma formação
integral, gerando melhores condições para inserção na vida social e produtiva,
atendendo as demandas da sociedade atual.
A proposta foi implantada a partir da articulação entre SESI e SENAI a fim de
contribuir significativamente para a inovação do sistema educacional, respondendo à
demanda por uma educação de qualidade e conquistando resultados mais
significativos por meio da promoção do trabalhador.
3.3.3 Alunos Pagantes
A instituição fornece cursos técnicos para aquele aluno que concluiu o ensino
médio ou concluirá assim que finalizar o curso técnico para o recebimento do
certificado.
[...] integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. O aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem como o trabalhador em geral, jovem ou adulto, contará com a possibilidade de acesso à educação profissional. (FARIA, 2008 apud MUSSE; MACHADO, 2013, p.1).
Assim, o aluno que tem esse perfil pode iniciar um curso técnico nas
instituições de ensino profissionalizante com o objetivo de concluir mais uma
qualificação e inserir-se no mercado de trabalho com maior qualificação.
A educação profissional para o jovem representa uma política importante para
o país, ao atuar na capacitação de diferentes segmentos da mão de obra nacional
preparando os alunos com conhecimentos diferenciados para serem capazes de
atuar em setores de ponta da economia.
Os alunos pagantes são aqueles que não fazem parte dos projetos citados
anteriormente, ou seja, alunos do SESI, que fazem parte do Projeto EBEP, através
de convênio com o SENAI por intermédio da parceria concebida pela FIEP e do
Pronatec.
37
Independentemente da procedência dos alunos matriculados, acredita-se que
as características referentes aos alunos evadidos podem variar de acordo com o
grupo que será estudado e por isso é relevante conhecer esta peculiaridade dos
alunos que não concluíram determinado curso, constituindo importante fonte de
informações para se compreender o fenômeno da evasão escolar.
Para Dore e Lüscher (2011), entender os fatores relacionados às escolhas
desses estudantes ao optarem por abandonar a escola pode possibilitar formas de
prevenir a evasão, seja pela identificação de novas práticas pedagógicas seja
mediante a implementação de políticas públicas adequadas.
Não é possível interpretar o fracasso escolar com um olhar unidimensional em
razão de sua complexidade, é necessária a incorporação de diversos níveis ou
dimensões de análise. Algumas pesquisas indicam que mais da metade das variações
nos resultados de “fracasso escolar são conferidas às diferenças individuais dos
alunos, mas que essas são por sua vez determinadas pelas interações de fatores
sociais, culturais e familiares” (MARCHESI; PÉREZ, 2004, p. 19).
A reprovação e a evasão escolar que levam ao fracasso não dependem
somente da falta de vontade, motivação do próprio aluno ou da família dele,
“[...] mas em grande medida da condição econômica social em que está inserido”
(FORNARI, 2010, p. 113).
Com base nestes pressupostos que envolvem vários fatores influenciadores
do abandono escolar, percebe-se que existem outras razões internas à instituição
que podem contribuir para o abandono escolar como, por exemplo, quando a escola
não atende às expectativas do aluno, ou quando a escolha do curso é errada, ou
quando o discente apresenta dificuldades de aprendizagem em alguns conteúdos e
a escola não oferece suporte para o enfrentamento ou mesmo quando ele não se
sente satisfeito com a estrutura que a escola oferece. Pelissari (2012, p. 33) também
opta pelo termo “abandono escolar” e afirma que:
[...] entendemos, pois, que a categoria que melhor expressa essa caracterização é o abandono escolar. O conceito de evasão tem sido utilizado pela literatura especializada, em alguns casos, ora com o viés subjetivista, responsabilizando única e exclusivamente o aluno pela “evasão” (nesses casos, partindo daquela concepção de juventude enquanto fase de delinquência que precisa ser controlada), ora com a concepção de construção social do fenômeno, porém considerando apenas fatores externos, caindo na armadilha do reprodutivismo das relações sociais na escola.
38
Nesse caso, a responsabilidade pelo abandono escolar não é atribuída
diretamente ao aluno ou exclusivamente a fatores externos, como é definido pelo
conceito de evasão. Mas pode até considerar os fatores internos e externos ao
ambiente escolar.
Nessa perspectiva, o perfil do aluno está inserido tanto nos fatores internos
como nos externos, sendo pagante ou concomitante os processos são
definitivamente são os mesmos, pois o que indica que ele vai evadir-se ou
abandonar o curso não é seu perfil e sim fatores influenciadores desta desistência.
O próximo capitulo irá tratar especificamente sobre o objetivo geral desta
pesquisa, ou seja, a evasão escolar.
39
4 A EVASÃO ESCOLAR
O presente capítulo aborda os elementos e características que definem o
fenômeno evasão escolar. Inicialmente, são descritos os processos e as dimensões
que caracterizam a evasão escolar, os fatores e suas relações que influenciam a
ocorrência da evasão escolar e como esta tem se configurado na educação
profissional.
De acordo com o MEC, a evasão escolar é tida como “a saída definitiva do
curso de origem sem conclusão, ou a diferença entre ingressantes e concluintes,
após uma geração completa” (BRASIL, 1997, p. 19). Ainda segundo o MEC, a
evasão fica caracterizada quando o estudante se desliga do curso por vários
motivos, entre eles: o abandono (deixar de matricular-se), a desistência (oficial), a
transferência ou re-opção (mudança de curso), o trancamento, a exclusão por norma
institucional.
Segundo Gomes (1998, p. 82), “se considerarmos como aluno evadido
somente aquele que ao final do período máximo não tenha concluído o curso, sem
dúvida perdemos a oportunidade de reverter o fenômeno”. Essa observação
demonstra que o estudo sobre a evasão deve compreender toda a duração do
curso, não se focando apenas na sua conclusão.
Cabe salientar que o abandono escolar ou a evasão escolar relaciona-se com
base em fatores individuais como performance escolar, comportamento do próprio
sujeito e suas atitudes no âmbito escolar; já as questões relacionadas aos fatores
institucionais compreendem a estrutura escolar, a própria escola e a comunidade
(RUMBERGER; LIM, 2008).
Ainda na busca da compreensão da evasão escolar e sua relação com a
atuação das Intuições de Ensino, recomenda-se que novas pesquisas sobre o tema
direcionem o foco nas competências e na atuação das escolas, ao destacar que:
[...] a pesquisa sobre as causas da evasão escolar deve incluir, necessariamente, além das motivações individuais, os fatores associados à esfera de competência e de atuação da instituição escolar; por exemplo: as áreas tecnológicas em que os cursos são ofertados, as práticas pedagógicas, a programação das disciplinas, os programas de estágios e de outras práticas profissionais, os processos de avaliação, a formação docente, dentre outros aspectos [...] (DORE; LÜSCHER, 2011, p. 785).
40
Araújo e Santos (2012) analisaram a evasão interligada e associada a
inúmeras causas: estrutural, econômica, cultural, social, conjuntural e educacional,
entretanto, em muitas situações, os discentes evadidos não notificam os motivos
para as Instituições de Ensino.
O tema evasão escolar é recorrente em pesquisas realizadas na educação de
nível fundamental e aparece frequentemente relacionada ao fracasso escolar. O
assunto tem sido foco de pesquisas relativas aos ensinos médio e superior. Ao se
tratar de educação técnica, são poucas as investigações, e o tema assume a cada
dia altos índices (DORE; LÜSCHER, 2011).
As principais causas para a evasão são: estrutural (localização da residência, transporte, estágio); econômica (horário de trabalho, desemprego, problemas financeiros); cultural (influência de crenças e hábitos); social (problemas de relacionamento); conjuntural (saúde, não gostar do curso, não adaptação); educacional (despreparo dos alunos). No entanto, percebe-se que, na maior parte dos casos de abandono, a causa é desconhecida, pois o aluno não sente a necessidade de explicar os motivos. (ARAÚJO; SANTOS, 2012, p. 7).
A situação dos alunos ficarem fora da escola é prejudicial a todos. “O prejuízo
com a saída do aluno do curso é certo: perde o aluno ao não se diplomar, perde o
professor que não se realiza como educador, a universidade, a família e a
sociedade. Perde também o País, que olha para o futuro e espera” (CUNHA;
TUNES; SILVA, 2001, p. 279).
Em relação ao cenário nacional, a quantidade de pessoas fora da escola não
apresentou mudanças significativas nos últimos anos. A situação requer atenção em
relação aos jovens na faixa etária de 15 a 17 anos e apresenta situação alarmante
em relação aos jovens entre 18 e 24 anos, em que 70% deles estão fora de qualquer
processo educacional (BRASIL, 2014a).
A evasão escolar é uma das subjeções do fracasso escolar, na qual os
indivíduos saem do sistema escolar ou terminam a educação obrigatória sem a titulação
correspondente. Desse modo, a evasão também possui uma natureza complexa e
multidimensional condicionada por características pessoais, sociais, econômicas e do
sistema escolar, não podendo ser observada de forma isolada do contexto que a
promove, bem como não deve ser encarada como consequência de uma decisão
individual do educando, mas sim o reflexo de uma série de características ocorridas nos
processos educativo, social e econômico do aluno evadido.
41
A evasão (abandono escolar) tem uma natureza multiforme e a escolha de sair da escola é apenas o ato final de um processo que se manifesta de muitas maneiras, visíveis ou não, ao longo da trajetória escolar do indivíduo. As pesquisas indicam que a escolha de abandonar ou permanecer na escola é fortemente condicionada pelas características do processo mental que a precede, por fatores sociais e familiares, por características do sistema escolar e pelo grau de atração que outras modalidades de socialização, fora do ambiente escolar, exercem sobre o estudante. (FINI; DORE; LÜSCHER, 2013, p. 236).
O processo de evasão escolar só pode ser identificado por meio de uma
análise metódica dos fatores que o levaram a ocorrer. Sendo assim, o conceito de
evasão pode ser construído de acordo com as circunstâncias que o precedem, com
as múltiplas dimensões que o afetam. Fini, Dore e Lüscher (2013) apontam que a
caracterização (conceito) do fenômeno evasão escolar ocorre com base na
investigação e análise das suas múltiplas dimensões, a saber:
Níveis de escolarização em que ela ocorre.
Tipos ou situações de evasão.
Perspectiva de análise – do aluno, da instituição, do sistema de ensino.
Fatores que influenciam a sua ocorrência.
Diante desses dados, pode-se analisar o processo de definição da evasão
escolar com a identificação do nível escolar na entidade onde ocorre essa evasão e
também o grau de democratização do acesso e permanência disponibilizados à
população para estes níveis de ensino.
Diversas pesquisas foram realizadas por Fini, Dore e Lüscher (2013),
Gulgelmin (2011), Paixão, Dore e Margiotta (2012) e Marchesi e Pérez (2004), os
quais identificaram que a taxa de evasão em vários níveis de escolaridade, requer
dos profissionais da área de ensino maior abordagem e atenção para que,
posteriormente, possa ser feita uma investigação sobre as causas que geram a
evasão. Sabe-se que a evasão nos níveis de escolarização não obrigatórios, como o
ensino médio e superior, possui impacto negativo muito mais abrangente, uma vez
que afeta de forma significativa o desenvolvimento econômico-social dos indivíduos.
Observa-se que são nestes níveis educacionais que se oportunizam os
conhecimentos para uma qualificação profissional mais elevada e,
consequentemente, a sua melhor inserção ou colocação no mundo do trabalho.
42
Por ser a evasão escolar a consequência de um processo que envolve uma
diversidade de elementos e fatores que podem determinar novas escolhas e novos
contextos ao indivíduo, ela pode se referir a diversas situações, como a retenção ou
repetência do aluno, a saída do aluno da instituição de ensino, a saída do aluno do
sistema escolar sem volta, a saída da escola e posterior retorno, a não conclusão de
um determinado nível de ensino (FINI; DORE; LÜSCHER, 2013).
Para elucidar o conceito de retenção ou repetência do aluno, Costa (2004)
assevera que se refere aos alunos de uma mesma geração que não conseguiram
dentro de um mesmo ciclo normal de estudos atingir os créditos mínimos exigidos
pela instituição para concluir um determinado curso. “Portanto, não se pode reduzir o
termo evasão ou abandono escolar apenas para caracterizar o estudante que deixa
a escola sem completar um nível de ensino o qual se matriculou num determinado
momento da sua trajetória escolar” (FINI; DORE; LÜSCHER, 2013, p. 237).
O processo de caracterização da evasão escolar requer a identificação das
perspectivas de análise do fenômeno. Esta análise pode ser feita pela óptica do
aluno, da instituição ou do sistema educacional, pois o que para um dos envolvidos
(aluno, instituição, sistema escolar) pode ser considerado problema não se configura
para os demais. Portanto, no processo de análise é importante ter clareza de qual a
perspectiva considerada como principal e os seus possíveis nexos com as demais
(DORE; LÜSCHER, 2011, p. 775-776).
Este processo de caracterização da evasão escolar refere-se à investigação
de suas possíveis causas ou fatores determinantes que para Fini, Dore e Lüscher
(2013) é o entrelaçamento das diferentes circunstâncias individuais, institucionais e
sociais presentes no fenômeno da evasão escolar que a caracteriza como um
processo complexo e cumulativo de abandono do processo escolar pelo aluno.
Ainda sobre as definições de evasão escolar, entre outros autores, Gaioso
(2005 apud BAGGI; LOPES, 2011, p. 356) caracteriza a evasão como “um fenômeno
social complexo, definido como interrupção no ciclo de estudos”.
[...] a evasão é um fenômeno caracterizado pelo abandono do curso, rompendo com o vínculo jurídico estabelecido, não renovando o compromisso ou sua manifestação de continuar no estabelecimento de ensino. Esta situação de evasão é vista como abandono, sem intenção de voltar, uma vez que não renovando a matrícula rompe-se o vínculo existente entre aluno e escola. (JOHANN, 2012, p. 65).
43
A pesquisa nos Indicadores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em uma definição bastante funcional, refere-se
a alunos evadidos como “alunos que, estando matriculados na série s no ano m, não
se encontram na matrícula da série s ou s +1 no ano m +1” (BRASIL, 2004, p. 19).
Embora precisa e, portanto, facilitadora dos levantamentos, sobretudo quantitativos,
relacionados à temática, tal definição parece não abranger adequadamente a
Educação Profissional, por ser uma modalidade de ensino não obrigatória, com
diversos cursos de qualificação e aprendizagem de organização semestral, como o
abordado por este estudo.
4.1 EVASÃO NO CURSO PROFISSIONALIZANTE
O problema da evasão escolar acontece em todos os níveis de ensino,
gerando preocupação na sociedade e aos profissionais da educação.
Em todos os níveis escolares e instituições, as taxas de abandono escolar
são elevadas, e são diversos os motivos que levam o estudante a deixar a escola, as
taxas sempre são maiores entre os alunos da rede pública, onde também são mais
frequentes os casos de abandono da escola (SCREMIN, 2008).
Em relação ao número de matrículas da educação profissional e tecnológica,
segundo o MEC, entre 2011 e 2013, foram realizadas 5,5 milhões de matrículas em
cursos técnicos e de formação inicial e continuada. E somente em 2013 foram
realizadas 1,5 milhão de matrículas, das quais 1,2 milhão em cursos de Formação
Inicial e Continuada (FIC), por meio do Pronatec, que contribui para ampliação do
acesso aos cursos (BRASIL, 2014b). Porém, na fase de ajuste na implantação do
programa, um fator agravante foi o elevado índice de abandono, em torno de 50%
nos cursos de qualificação técnica (CASSIOLATO; GARCIA, 2014).
Com relação à evasão na Educação Profissional, existem poucos estudos de
autores que tratam sobre este assunto.
Para Dore e Lüscher (2011), o abandono escolar nos cursos
profissionalizantes vincula-se ao maior ou menor grau de democratização do acesso
da população a esse nível de ensino. O fato de esse nível de ensino não ser
obrigatório traz consequências significativas sobre o fenômeno do abandono.
Para Abramovay e Castro (2003), são vários os fatores apresentados para
abandonar a escola, mas predominam as relacionadas com:
44
[..] situações de classe, como a necessidade de trabalhar ou, em algum momento, não ter meios para se manter na escola, questões que bem ilustram os condicionantes socioeconômicos exógenos à escola, que reproduzem exclusões sociais. Contudo, muitos alunos abandonam a escola por ordenações endógenas, o que pode assumir diversas formas, desde as ligadas a indisposições com professores, violências, casos de repetência e reprovação, como frustrações com a qualidade do ensino e da aprendizagem. Há, portanto, que considerar que, em muitos casos, inter-relacionam-se dois processos sociais: o aluno que abandona a escola e a escola que abandona o aluno. (ABRAMOVAY; CASTRO, 2003, p. 521).
Com relação aos fatores motivadores do abandono escolar na educação
profissional, Araújo e Santos (2012) relatam que, quando o aluno começa a estudar,
percebe que as disciplinas curriculares do curso técnico não atendem ao que
esperavam e diante dessa situação acaba desmotivado para dar continuidade no curso.
Dore e Lüscher (2011, p. 152) complementam esta ideia ressaltando que:
[...] o estudante pode, por exemplo, escolher um curso em uma determinada área, interrompê-lo e mudar de curso, mas permanecer na mesma área ou no mesmo eixo tecnológico. Pode também mudar de curso e de área/eixo ou, ainda, permanecer no mesmo curso e mudar apenas a modalidade do curso – integrado, subsequente ou concomitante – e/ou a rede de ensino na qual estuda. Outra situação é a de interromper o curso técnico para ingressar no ensino superior e, até mesmo, abandonar definitivamente qualquer proposta de formação profissional no nível médio.
Araújo e Santos (2012) apontam que a evasão escolar na educação
profissionalizante é um problema que afeta a formação e o desenvolvimento do
jovem ou adulto que pretende se qualificar em busca de melhores empregos e
qualidade de vida e que preocupam muitas instituições de educação profissional. E
Batista;Souza;Oliveira (2009) complementa que o jovem evadido poderá estar
condenado à falta de oportunidades e, assim, tenha que atuar à margem do
mercado de trabalho, desempenhando funções em condições precárias de trabalho
e baixa remuneração, sem registro em carteira profissional, reflexo da informalidade.
Vários fatores podem envolver o processo de abandono escolar no contexto
dos cursos profissionalizantes. A questão da escola não ser atrativa, o mercado de
trabalho, a desvalorização da profissão, o desemprego, entre outros.
45
4.2 FATORES QUE INFLUENCIAM NA EVASÃO ESCOLAR
Acompanhar e analisar individualmente os fatores que envolvem a evasão
torna possível estabelecer relações e aprofundar as causas e possibilidades de
intervenção no processo de abandono.
De acordo com Paixão, Dore e Margiotta (2012, p. 5), “há processos
complexos envolvidos nos percursos juvenis de permanência ou abandono”. Assim,
é preciso levar em conta todos estes processos para analisar o fenômeno.
Uma explicação de forma mais abrangente do engajamento dos jovens, os
tipos de programas de apoio escolar destinados a eles e o trabalho dos jovens na
escola precisa considerar, entre outros aspectos, os efeitos de alguns fatores como:
1. O background pessoal e social dos estudantes; 2. O contexto distrital e comunitário onde o mesmo vive, cujas normas e políticas afetam muitos aspectos da vida na escola; 3. Cultura escolar, refletida nas crenças e valores dos funcionários e alunos; 4. Organização escolar (tamanho, estrutura, divisão do trabalho); 5. Currículo; 6. Background dos professores e sua competência 7. Interação professor-aluno, dentro e fora da classe. (NEWMANN; WEHLAGE; LAMBORN, 1992, p.14).
Neste contexto, existem diversos elementos que contribuem para a
construção do abandono escolar, como evidenciam Fini, Dore e Lüscher (2013), a
evasão é um processo dinâmico e evolutivo cujo entendimento requer levar em
conta a dimensão temporal em que ele ocorre, bem como a articulação de
sucessivas experiências individuais e institucionais pelas quais o aluno perpassou
até o momento de decidir por abandonar o percurso escolar.
Marchesi e Pérez (2004) salientam que o fracasso escolar não pode ser
explicado apenas por um único fator, mas sim pela observação de níveis ou
dimensões e que, portanto, se faz necessária a adoção de um modelo hierárquico
para interpretar o fracasso escolar. Para os autores, este modelo seria composto por
seis níveis estreitamente relacionados: sociedade, família, sistema educacional,
escolas, ensino em sala de aula e disposição dos alunos. Para se alcançar uma
interpretação mais completa e ajustada sobre o fenômeno foram incluídos alguns
indicadores considerados relevantes para cada uma das dimensões do modelo
proposto.
46
4.2.1 Fatores Motivadores de Evasão Escolar
O levantamento dos fatores associados à evasão e à permanência é
fundamental para o desenvolvimento teórico e a base de conhecimento do problema
para subsidiar intervenções que assegurem ao estudante as condições necessárias
para concluir sua formação escolar.
Na visão de Rumberger (2011), existem vários elementos que levam o aluno
a se ausentar da sala de aula, entre eles a própria escola, a família e o trabalho,
podem contribuir para esse fenômeno da evasão. Alguns estudos empíricos
analisados com base nas disciplinas da área de Ciências Sociais têm identificado
dois fatores: os individuais, relacionados aos próprios alunos, suas atitudes,
comportamentos e experiências anteriores; e os fatores do contexto que
compreendem a família, a escola e a sociedade em que vivem.
No âmbito individual, encontram-se as relações de valores, que são os
comportamentos e as atitudes que promovem maior ou menor envolvimento (ou
pertencimento) do estudante na vida escolar. Autores afirmam que existem
diferentes teorias sobre evasão, a maioria delas afirma que são dois tipos o
engajamento escolar: o engajamento acadêmico ou de aprendizagem, e o
engajamento social de convivência do estudante com os colegas, com professores e
com a comunidade escolar. O processo de convivência em que o estudante
desenvolve essas duas dimensões interfere na decisão de evadir ou permanecer na
escola (RUMBERGER, 1987).
A estrutura da escola e sua organização acadêmica e social podem
influenciar sobre a decisão dos alunos permanecerem ou abandonarem os estudos.
(LEE; BURKAM, 2003).
O abandono e a conclusão da etapa da vida escolar estão influenciados por
dois fatores: os individuais, relacionados aos próprios alunos, suas atitudes,
comportamentos e experiências anteriores, e os fatores contextuais que são a
família, a escola e a sociedade em que vivem (RUMBERGER; LIM, 2008).
Os fatores associados a evasão e permanência escolar foram analisados com
base no modelo conceitual de performance estudantil (RUMBERGER; LIM, 2008),
segundo o qual o abandono e a conclusão da escolaridade média são influenciados
por dois tipos de fatores: a) individuais − associados às características individuais
dos estudantes; e b) institucionais − associados aos três principais contextos que
47
influenciam os estudantes: famílias; escolas; e comunidades. Esses fatores e suas
respectivas categorias estão representados no Quadro 2.
Quadro 2 - Fatores e Categorias de Evasão
FATORES CATEGORIAS
INDIVIDUAIS
PERFORMANCE ESCOLAR Desempenho Persistência Escolaridade
COMPORTAMENTOS
Empregos Engajamento Aulas frequentadas Desvios Relações com os colegas
ATITUDES Objetivos Valores Autopercepção
BACKGROUND Demografia Saúde
INSTITUCIONAIS
FAMÍLIA Estrutura Recursos Práticas
ESCOLA
Composição Estrutura Recursos Práticas
COMUNIDADE Recursos Composição
Fonte: Baseado em Rumberger e Lim (2008).
Os fatores e categorias podem ser individuais e institucionais.
Os fatores individuais se dividem em quatro categorias: a) performance
escolar – inclui o desempenho acadêmico, a persistência educacional e o nível de
escolaridade alcançado; b) comportamentos – inclui as condutas dos estudantes,
como o engajamento com a vida escolar, as aulas frequentadas, os desvios (mau
comportamento, uso de droga e gravidez), as relações com os colegas e as
situações de emprego; c) atitudes – inclui aspectos psicológicos, como as
expectativas, os objetivos, os valores e a auto percepção; e d) background –
engloba o perfil demográfico, a saúde e as experiências passadas, como a
participação em pré-escola e atividades pós-escolares (RUMBERGER, 2011).
A partir das experiências, as atitudes, os comportamentos e o desempenho
educacional acabam exercendo uma motivação para a conclusão ou o abandono
48
escolar. Tais fatores individuais também estão associados aos contextos
institucionais dos quais os estudantes fazem parte.
Os fatores institucionais que podem potencialmente influenciar os resultados
educacionais dos estudantes estão reunidos em três categorias: a) família – abrange
a estrutura (número e tipos de pessoas na família), os recursos familiares
(financeiros e humanos) e as práticas da família (expectativas educacionais, suporte
educativo e envolvimento escolar dos pais); b) escola − inclui a composição social
dos estudantes na escola, a estrutura escolar (localização, tamanho e tipo de
escola), os recursos físicos, humanos e financeiros da escola e as práticas escolares
(administração, ensino e clima escolar); e c) comunidade – refere-se ao papel que as
comunidades realizam no desenvolvimento dos jovens (RUMBERGER; LIM, 2008).
As comunidades exercem influência por meio de: acesso a recursos, como
creches, centros médicos e oportunidades de emprego; relações parentais, que
possibilitam o contato com familiares, amigos e vizinhos; e relações sociais, que
surgem da confiança mútua e dos valores compartilhados e que podem ajudar a
supervisionar e monitorar as atividades dos jovens (RUMBERGER; LIM, 2008).
Tendo discorrido sobre evasão escolar, o próximo capítulo discorrerá sobre a
metodologia utilizada na referida pesquisa.
49
5 METODOLOGIA
Serão apresentados, neste capítulo os procedimentos metodológicos
utilizados nesta pesquisa que investigou as causas da evasão escolar dos alunos no
Curso Técnico em Segurança do Trabalho em uma instituição de Educação
Profissional na cidade de Londrina.
5.1 NATUREZA DA PESQUISA
Do ponto de vista de seus objetivos, a pesquisa é descritiva analítica, pois
promove estudo, análise, registro e interpretação dos fatos do mundo físico, sem a
interferência do pesquisador. A pesquisa descritiva analisa e correlaciona fatos sem
manipulá-los, buscando conhecer as situações e as relações do comportamento
humano, tanto no indivíduo isoladamente quanto em grupos (VERGARA, 2007).
Quanto aos procedimentos técnicos, esta pesquisa configura-se como
documental e estudo de caso.
Documental, pois se baseia na coleta de dados de documentos escritos ou
não, por meio de consulta a fontes primárias (realizada em bibliotecas, institutos e
centros de pesquisa) e a documentos públicos (documentos de órgãos oficiais como
ofícios, leis, escrituras) e outros, como as fontes estatísticas. A Pesquisa
Documental se assemelha muito à bibliográfica e se difere na natureza das fontes,
pois esta forma vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento
analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da
pesquisa. Além de analisar os documentos de “primeira mão” (documentos de
arquivos, igrejas, sindicatos, instituições etc.), existem também aqueles que já foram
processados, mas podem receber outras interpretações, como relatórios de
empresas, tabelas, entre outros (GIL, 2008).
O Estudo de Caso, por sua vez, se caracteriza pelo estudo de um grupo
específico, permitindo um amplo e detalhado conhecimento. Para Gil (2008), o
estudo de caso consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos,
de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.
50
5.2 ESTUDO DE CASO
O SENAI de Londrina-Pr oferta o Curso Técnico em Segurança do Trabalho
com duração de 18 meses. Para a realização desta pesquisa escolheu-se os
estudantes matriculados no período de 2011 a 2015 e que não concluíram este
curso. A escolha deste recorte de tempo se deu em virtude da implantação no ano
de 2011 do PRONATEC e o convênio do SESI com o SENAI.
Inicialmente foi realizada uma pesquisa documental com a devida autorização
da instituição de ensino, no qual foram levantados e identificados nos arquivos os
alunos evadidos no referido período no qual foram anotados os respectivos contatos
telefônicos, endereço eletrônico e rede social de cada um deles. Antes de descrever
a população deste estudo, é importante ressaltar que informações relevantes a esse
respeito foram selecionadas e divididas.
5.2.1 Características do curso pesquisado
De posse dos dados dos alunos que se deu por meio de pesquisa com
acesso via sistema acadêmico foi possível identificar as turmas ofertadas do Curso
Técnico em Segurança do Trabalho no período de 2011 a 2015 . A população inicial
destas turmas era composta por 17 turmas de curso técnico, totalizando 538 vagas
ofertadas no período, totalizando 313 alunos evadidos.
Para melhor compreensão, o Quadro 3 apresenta o detalhamento dos cursos
ofertados, o código das turmas, o ano de matrícula e ano de conclusão, a
quantidade de alunos matriculados.
5.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada em duas fases, as quais serão descritas a
seguir.
5.3.1 Primeira Fase
Inicialmente, o levantamento dos dados acerca da população-alvo do estudo
foi solicitado à Secretaria Acadêmica da Unidade, que providenciou listagens
51
nominais das turmas, distinguindo alunos aprovados, retidos e evadidos, bem como
dados específicos dos alunos evadidos. Esses dados incluíram: data da efetivação
da matrícula da instituição; telefones e e-mails.
Ao acessar as informações de cada turma, foi possível identificar
nominalmente cada um dos alunos evadidos e tabular na planilha do Excel os alunos
matriculados e evadidos por turma e ano.
5.3.2 Segunda Fase
Nesta segunda fase, de posse desses nomes, realizou-se a análise
documental que possibilitou localizar, dentro de cada pasta do aluno, os dados
pessoais. Após este procedimento, os alunos foram contatados, via telefone, pela
autora desta pesquisa, para solicitar um contato de e-mail ou redes sociais
(Facebook ou WhatsApp), a fim de explicar sobre o objetivo da pesquisa e convidá-
los a participar.
Para as pessoas que concordaram em colaborar com a pesquisa, foi
encaminhado o questionário com questões fechadas compostas por dados de
caracterização da população, questões sobre o processo de ingresso no curso,
motivação para escolha do curso, dificuldades para a realização do curso e fatores
relacionados à evasão do curso.
Ficou também esclarecido que o voluntário da pesquisa era livre para
interromper a sua participação em qualquer momento da coleta ou não retornar o
questionário ao pesquisador sem nenhum ônus para ambos.
5.4 LIMITAÇÃO DA PESQUISA
Torna-se interessante ressaltar que a primeira fase do levantamento inicial foi
marcada por obstáculos que revelaram diversas falhas na sistematização e
disposição de informações necessárias ao desenvolvimento da pesquisa.
Notou-se que os dados registrados não estavam atualizados, o que dificultou
o contato com os alunos. Outra falha se referiu ao aluno que, no sistema, constava
como reprovado e, no caso, esse aluno eram infrequentes. Todavia, não estava
registrado como evasão no sistema em virtude da ausência do registro de
52
frequência. À medida que o professor, ao final do semestre, em vez de lançar a
infrequência do estudante, optava por zerar a nota final, o sistema classificava o
aluno como reprovado, mas não distinguia o fato de que, na realidade, essa
reprovação havia sido causada por infrequência.
A fim de identificar se esses alunos, entre os reprovados, eram evadidos, foi
preciso realizar consultas individuais, com base nos registros de notas e esta ação
requereu esforços consideráveis por parte da pesquisadora.
Àqueles que não haviam realizado as avaliações ou haviam realizado apenas
algumas, foram enquadrados como participantes desta pesquisa.
5.5 INSTRUMENTO DA PESQUISA
Com o instrumento de pesquisa de campo desenvolvido em formato de
questionário, de acordo com a metodologia previamente definida, e de posse deste
questionário procedeu-se o levantamento e a coleta dos dados por meio da
aplicação do questionário online. Para aplicação, os alunos foram contatados por
meio de telefone, e-mail e redes sociais a fim de que eles participassem da pesquisa
e respondessem ao questionário.
Foram encaminhados 180 questionários via e-mail, ou redes sociais, e
registrou-se um retorno de 40 questionários respondidos.
5.5.1 O Questionário
O questionário foi elaborado pela autora desta pesquisa. De acordo com
Lankshear e Knobel (2008, p. 139), os questionários para a coleta de dados da
pesquisa “podem ser instrumentos especificamente desenvolvidos, criados pelos
próprios pesquisadores, segundo necessidades e circunstâncias específicas dos
seus estudos”.
A elaboração das questões exige cuidado do pesquisador. A esse respeito,
Matos (1990) sugere alguns itens que devem ser contemplados: (a) clareza na
linguagem, o vocabulário deve estar de acordo com as habilidades e conhecimentos
dos participantes; (b) conteúdos e situações específicas, objetividade na intenção do
pesquisador, a garantia de que cada questão abranja apenas uma informação;
(d) ausência de suposições, de maneira que nada esteja subentendido para o
53
participante; e, finalmente, (e) ausência de sugestões, de maneira que nada na
formulação da questão sugira ao participante que respostas são esperadas ou
desejadas.
Para esta pesquisa, optou-se pelas questões estruturadas com livre opção.
A pesquisadora indicou algumas respostas, nas quais o participante poderia
escolher mais de uma opção para a resposta, como também, uma alternativa livre,
que permitiu ao aluno, acrescentar respostas ou comentários adicionais que não
estavam listados. Ao final de cada questão foi acrescentada uma alternativa que se
apresentava da seguinte forma: Outro(s). Esse tipo de questão tem como finalidade
não restringir as respostas dos participantes, permitindo, com isso, o registro de
outras percepções que não estavam contempladas nas alternativas anteriores.
A montagem do questionário originou-se da leitura e dos estudos de trabalhos
que discutem as causas da evasão escolar e os problemas enfrentados pelos alunos
dos cursos técnicos.
A construção do questionário está relacionada com o alcance dos objetivos da
pesquisa.
Construir um questionário consiste basicamente em traduzir os objetivos da pesquisa em questões específicas. As respostas a essas questões é que irão proporcionar os dados requeridos para testar as hipóteses ou esclarecer o problema da pesquisa. As questões constituem, pois, o elemento fundamental do questionário. (GIL, 2009, p. 129).
O questionário foi composto por 13 questões, sendo oito referentes a dados
de caracterização do sujeito de pesquisa; três sobre o ingresso no Curso Técnico em
Segurança do Trabalho; e duas com informações sobre o processo de evasão do
referido curso.
5.5.2 O Pré-Teste
O pré-teste do instrumento de pesquisa tem por finalidade validá-lo para a
fase de coleta dos dados. Em casos de questionário conduzido por uma sequência,
torna-se necessária a realização de um questionário-piloto que possa nortear o
respondente, com base em alguns aspectos:
a) clareza e precisão dos termos. Os termos adequados são os que não necessitam de explicação. Quando os pesquisados necessitarem de explicações adicionais, será necessário procurar, com eles, termos mais adequados;
54
b) quantidade de perguntas. Se os respondentes derem mostra de cansaço ou de impaciência, é provável que o número de perguntas seja excessivo, cabendo reduzi-lo;
c) forma das perguntas. Pode ser conveniente fazer a mesma pergunta sob duas formas diferentes, com o objetivo de sondar a reação dos pesquisados a cada uma delas;
d) ordem das perguntas. No pré-teste pode-se ter uma ideia do possível contágio que uma pergunta exerce sobre outra, bem como acerca do local mais conveniente para incluir uma pergunta delicada etc.;
e) introdução. Mediante a análise das indagações feitas pelo entrevistado, de suas inquietações e de suas resistências, seleciona-se a melhor fórmula de introdução a ser utilizada quando ocorrer a aplicação do instrumento. (GIL, 2009, p. 108-109).
O questionário-piloto foi aplicado a um aluno que fez parte do grupo de alunos
que se evadiram no período estudado e que trouxe suas impressões acerca das
perguntas a serem respondidas. Questionado quanto à clareza das perguntas, o
interlocutor respondeu afirmativamente, alegando não ter tido qualquer tipo de
dificuldade, no que tange ao entendimento de seu significado ou à utilização de
certas expressões. Quanto à quantidade de perguntas e ao tempo disponível, o
respondente afirmou terem sido adequados para responder e não teve nenhuma
dificuldade.
As informações referentes à pesquisa, as considerações quanto ao anonimato
do respondente, sua autorização que consta no próprio questionário para utilização
dos dados, foram informadas no início do contato para a realização da pesquisa.
5.5.3 Organização, Análise e Interpretação dos Dados
A organização, análise e interpretação dos dados constitui uma fase
importante no desenvolvimento de pesquisa descritiva analítica. De acordo com
Barros e Lehfeld (2007), na pesquisa descritiva realiza-se o estudo, a análise, o
registro e a interpretação dos fatos do mundo físico sem a interferência do
pesquisador. Quando se fala em interpretar dados, refere-se, basicamente, ao ato
de “estabelecer a ligação entre os resultados obtidos com outros já conhecidos, quer
sejam derivados de teorias, quer sejam de estudos realizados anteriormente” (GIL,
2010, p. 113). No entanto, a interpretação seria apenas o terceiro momento desse
conjunto de etapas referentes à manipulação dos dados.
Existem muitos métodos para a organização, análise e interpretação de dados
procedentes de pesquisas qualitativas, optou-se por escolher um que, sendo
55
selecionado por outros pesquisadores de temáticas semelhantes, atendesse ao
propósito de responder adequadamente à questão geral estabelecida por esta
pesquisa. Partindo do pressuposto de que a evasão apresenta causas múltiplas e
intrincadas, não perceptíveis facilmente por intermédio de uma percepção
puramente objetiva, considerou-se que a técnica de análise qualitativa de conteúdo
poderia contribuir de modo mais eficaz.
56
6 PERFIL DOS ALUNOS EVADIDOS
O perfil dos alunos evadidos, como já apresentado anteriormente, considerou
o estudo de caso restrito às turmas do Curso Técnico em Segurança do Trabalho
iniciadas nos anos de 2011 a 2015.
Neste período a instituição teve 16 turmas, com um total de 538 alunos
matriculados e a quantidade de evadidos totalizou 313 alunos, os quais foram o
grupo principal deste estudo. Buscou-se encaminhar o questionário para todos
esses alunos evadidos, mas houve impossibilidade de contato de vários alunos, por
causa da alteração ou inexistência dos números de telefone que estavam
registrados no cadastro da instituição, além de mudança de endereço de residência,
entre outros dados que impossibilitaram a localização desses alunos.
Assim, os dados obtidos de forma direta, por meio da análise documental,
expressam o montante total dos ex-alunos, contudo, cabe salientar que algumas
informações alcançáveis apenas por meio de aplicação desta pesquisa se referem
somente aos alunos evadidos que foram localizados para responderem ao questionário.
Para melhor compreensão, no Quadro 3 encontram-se detalhes como o
código das turmas, ano de matrícula e ano de conclusão da turma, a quantidade de
alunos matriculados e formados.
Quadro 3 - Perfil das turmas do Curso Técnico em Segurança do Trabalho
pesquisadas
Código da turma
Ano matrícula da turma
Ano Conclusão da Turma
Quantidade de alunos
matriculados
Quantidade de alunos
formados
Turma 94 2011/1 2012/1 22 6
Turma 96 2011/1 2012/1 23 17
Turma 200 2011/1 2012/1 21 17
Turma 272 2011/2 2012/2 44 25
Turma 273 2011/2 2012/2 44 25
Turma 32 2012/1 2013/1 36 24
Turma 201 2012/2 2013/2 24 10
Turma 19 2013/1 2014/1 46 38
Turma 21 2013/1 2014/1 29 23
Turma P31 2013/2 2014/2 40 21
Turma P32 2013/2 2014/2 31 17
Turma 39 2013/2 2014/2 25 18
57
Código da turma
Ano matrícula da turma
Ano Conclusão da Turma
Quantidade de alunos
matriculados
Quantidade de alunos
formados
Turma 38 2013/2 2014/2 35 12
Turma 86 2014/1 2014/2 44 31
Turma P46 2014/2 2015/2 39 15
Turma P47 2014/2 2015/2 35 14
Fonte: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2017).
Posteriormente, foi realizado um estudo quantitativo para analisar, com base
nos documentos fornecidos pela instituição quantos alunos evadiram por turma, para
depois promover os contatos e realizar a aplicação do questionário (Quadro 4).
Quadro 4 - Alunos evadidos por turma e por semestre
Código da Turma
1º Semestre 2º Semestre 3º Semestre Total de Alunos
Evadidos
94 0 3 3 6
96 5 4 1 10
200 0 1 0 1
272 8 1 2 11
273 4 3 0 7
T32 9 1 1 11
201 7 2 0 9
19 4 0 2 6
21 4 0 1 5
P31 14 2 0 16
P32 11 4 1 16
39 4 8 0 12
38 12 1 1 14
86 8 1 1 10
P46 15 2 0 17
P47 15 2 0 17
SUB 30184 18 4 0 22
Fonte: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2017).
Na sequência será apresentada a análise dos resultados.
58
7 ANÁLISE DOS RESULTADOS
De posse dos dados pesquisados, provenientes do questionário realizado,
procedeu-se à análise e discussão dos resultados. Foi utilizado o software MS-
Excel® para a construção dos gráficos.
A análise dos dados objetivou organizar e sintetizar os dados coletados e foi
embasada no referencial teórico, a fim de sustentar, segundo os autores
consultados, as discussões desta pesquisa.
O Gráfico 1 expressa a idade dos entrevistados.
Gráfico 1 - Idade dos participantes da pesquisa
Fonte: Autora da pesquisa (2017).
Conforme indicam os dados do Gráfico 1, a maior parte dos respondentes
encontra-se na faixa etária dos 15 aos 20 anos (80%), seguida da faixa etária dos 21
aos 26 anos (8%). Na faixa etária entre 33 e 38 anos, o percentual dos entrevistados
é consideravelmente menor, com 5%, seguido de 3% para a faixa etária acima de 45
anos, e apenas 2% dos respondentes estão na faixa etária de 39 a 44 anos e a
mesma porcentagem foi registrada nos participantes de 27 a 32 anos, do total do
número de respondentes evadidos dos cursos técnicos em Segurança do Trabalho.
Identificou-se que os alunos com idades entre 15 e 20 anos compuseram a
faixa etária que teve maior percentual de evadidos do curso.
A maioria dos alunos que se matricula nos cursos profissionalizantes realiza
sua opção profissional numa faixa etária muito precoce. Pesquisas apontam um alto
59
índice de evasão por causa das decisões profissionais imaturas feitas por jovens que
fazem suas escolhas com base em informações mínimas, geralmente distorcidas e
idealizadas sobre o curso (LEVENFUS; NUNES, 2002).
O Gráfico 2 indica o sexo dos entrevistados.
Gráfico 2 - Sexo dos participantes da pesquisa
Fonte Autora da pesquisa (2017).
O Gráfico 2 informa que 63% dos respondentes são do sexo feminino e os
alunos do sexo masculino totalizam 37%. Pelo fato de se ter a maior incidência de
evasão de mulheres, Stearns e Glennie (2006) destacam que estudantes do sexo
feminino têm maior tendência a deixar a escola em razão das responsabilidades
familiares. Percebeu-se, após essa etapa, a necessidade de verificar a quantidade
de alunos matriculados por turma, conforme mostra o Quadro 5.
Quadro 5 - Distribuição por turma e sexo
TURMA SEXO
MASCULINO %
SEXO FEMININO
%
Turma 94 12 57 9 43
Turma 96 16 70 7 30
Turma 200 14 67 7 23
Turma 272 14 32 30 68
Turma 273 19 57 14 43
Turma 32 21 60 15 40
Turma 201 14 58 10 42
(continua)
60
(conclusão)
TURMA SEXO
MASCULINO %
SEXO FEMININO
%
Turma 19 15 39 23 61
Turma 21 8 33 16 67
Turma P31 8 20 32 80
Turma P32 13 42 18 58
Turma 39 14 58 10 42
Turma 38 13 37 22 63
Turma 86 20 45 24 55
Turma P46 13 34 25 66
P47 13 38 21 62
SUB 30184 9 28 23 72
Fonte: Elaborado pela autora da pesquisa com base em SENAI (2017).
Os dados do Quadro 5 permitiram constatar que, nas primeiras turmas
analisadas, a maioria dos alunos pertencia ao sexo masculino, pois a profissão de
Técnico em Segurança do Trabalho, neste período, era predominantemente
composta por homens. Com o passar dos anos esse quadro foi mudando, e as
mulheres também passaram a buscar vagas nesta área. O Gráfico 3 traz o local de
moradia dos entrevistados.
Gráfico 3 - Cidade onde residem os respondentes
Fonte: Autora da pesquisa (2017).
De acordo com o Gráfico 3, no tocante ao local de moradia, a grande maioria
(68%) informou residir no município de Londrina e os demais (32%) residem nas
cidades circunvizinhas (Cambé, Ibiporã e Guaravera), que fazem parte da região
61
metropolitana. Muitos alunos buscam uma oportunidade de estudo e trabalho na
cidade de Londrina, alguns deles começaram a trabalhar depois do início do estudo
e, como moravam longe da instituição, isso dificultou a possibilidade de
permanecerem no curso.
O Gráfico 4 mostra qual era o transporte utilizado pelos pesquisados.
Gráfico 4 - Tipo de transporte utilizado
Fonte: Autora da pesquisa (2017).
Como se pode verificar, por meio do Gráfico 4, o tipo de transporte mais
utilizado era o ônibus circular (75%), pelo índice de alunos com idade de 15 a 20
anos, o resultado se justifica, por muitos serem menores de idade, não possuindo,
portanto, habilitação para dirigir. Outras variáveis podem interferir como a renda da
família, local da residência, etc.
O Gráfico 5 expressa o estado civil dos respondentes, na época da evasão do
curso.
62
Gráfico 5 - Estado civil dos participantes
Fonte: Autora da pesquisa (2017).
O Gráfico 5 informa que 90% dos respondentes eram solteiros, no início do
curso, o que se justifica pelo fato de que a maioria dos evadidos tinha entre 15 e 20
anos no ingresso do curso. Uma minoria de 2% dos alunos morava com
companheiro(a). Os evadidos casados também representam um pequeno percentual
de 8%.
O Gráfico 6 apresenta a escolaridade dos entrevistados, na época da evasão
do curso.
Gráfico 6 – Escolaridade dos alunos evadidos
Fonte: Autora da pesquisa (2017).
63
Verificou-se, conforme expressa o Gráfico 6, que 50% dos evadidos já haviam
terminado o ensino médio, esse percentual advém do perfil dos alunos que buscam
o curso técnico, pois a maioria procura inserir-se no mercado de trabalho com menor
tempo, uma vez que os cursos técnicos têm duração de 18 a 24 meses. O
percentual de alunos com o ensino superior completo foi significativo, (30%). Esse
índice se acentua em razão do Projeto Pronatec que surge de uma proposta de
educação que proporcionou nova oportunidade para pessoas que já tinham uma
formação educacional.
O dado que apresenta o nível estudantil dos alunos com o ensino médio
incompleto (15%) também foi significativo em virtude do convênio que o SENAI tinha
com o SESI e também pelos alunos da rede pública que faziam parte do Projeto
Pronatec. Cursando o ensino médio registrou-se apenas 2% e outros cursos com 3%.
O Gráfico 7 apresenta o tipo de financiamento realizado ao iniciar o curso.
Gráfico 7 - Tipo de financiamento ao iniciar o curso
Fonte: Autora da pesquisa (2017).
Como informa o Gráfico 7, 45% dos alunos evadidos que participaram da
pesquisa eram alunos do Projeto Pronatec; 42% tinham Convênio SESI/SENAI;
8% eram bolsistas da instituição e apenas 5% eram alunos pagantes integral direto
da instituição.
O Gráfico 8 indica a renda individual mensal dos alunos.
64
Gráfico 8 - Renda individual mensal
Fonte: Autora da pesquisa (2017).
De acordo com o Gráfico 8, 63% dos alunos que participaram da pesquisa
eram dependentes dos pais, responsáveis ou outros. Este número foi expressivo,
uma vez que, esses alunos eram, na época, menores de idade, (cf. Gráfico 1).
O índice de 28% representa os alunos que possuíam renda de 1 a 2 salários
mínimos. Este dado revela como o grupo de amostra representa bem o público-alvo
do Pronatec que, conforme a Lei nº 12.531/2011:
O PRONATEC deverá atender, prioritariamente, os estudantes do ensino médio da rede pública, inclusive da educação de jovens e adultos; trabalhadores; beneficiários dos Programas federais de transferência de renda; e estudantes que tenham cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral [...] cursos voltados para públicos específicos em cada região [...]. Algumas turmas são exclusivas para determinados públicos e outras são compartilhadas ou mesmo abertas. Após a mobilização dos públicos específicos pelas redes demandantes, as vagas remanescentes (não ocupadas dentro do prazo de cinco dias após a publicação da abertura da turma pela instituição ofertante do curso), são disponibilizadas no site do PRONATEC, de forma que estejam disponíveis para toda a população interessada. (BRASIL, 2014b, p. 5).
Os respondentes que tinham renda de 3 a 4 salários mínimos somaram 7% e
acima de 6 salários mínimos apenas 2% deles se enquadraram nesta faixa.
O Gráfico 9 apresenta quem era responsável pela renda da família na época
do curso.
65
Gráfico 9 - Responsável pela renda da família
Fonte: Autora da pesquisa (2017).
De acordo com o Gráfico 9, em relação aos responsáveis pela renda familiar,
78% dos alunos responderam que são seus pais. Esse índice revela que a grande
maioria dos participantes da pesquisa era menor de idade (cf. Gráfico 1). Em
segundo lugar, com índice de 10%, os próprios alunos informaram que eram os
responsáveis pela renda familiar, dos demais participantes, 5% indicaram os seus
avós; 3% os tios; 2% as mães; e 2% os seus cônjuges.
O Gráfico 10 apresenta os vários motivos que levaram os respondentes a se
matricularem no curso.
66
Gráfico 10 - Motivo que levou o aluno a matricular-se no curso técnico
Fonte: Autora da pesquisa (2017).
Em relação aos motivos que levaram os alunos a escolher o curso técnico,
31% informaram que foi o mercado de trabalho. Pode-se destacar aqui que as
turmas analisadas nesta pesquisa foram do período de 2011 a 2015 e, nesta época,
o setor de construção civil crescia em todo o território nacional, e em Londrina não
foi diferente. De acordo com o IBGE, em 2012, a indústria da construção civil foi
influenciada positivamente por maior oferta de crédito imobiliário, crescimento do
emprego e da renda no Brasil, a despeito da crise mundial, e a desoneração dos
Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) para diversos insumos. Também
influíram os programas do governo de investimento em infraestrutura e moradias
populares (BRASIL, 2014a).
Assim, muitos destes alunos encontraram no Curso Técnico em Segurança
do Trabalho uma forma de se inserir no mercado de trabalho que era promissor para
essa área.
Dando prosseguimento às informações da pesquisa, o Gráfico 10 aponta que
28% dos entrevistados responderam que o fator motivador foi a busca pelo
aperfeiçoamento profissional, muitos deles eram pessoas que já estavam no
67
mercado de trabalho e buscavam aperfeiçoamento nesta área e também havia os
que buscavam seu primeiro emprego.
Uma pequena parcela (12%) respondeu que se matriculou no curso porque
era oferecida uma bolsa estudantil. O art. 7º da Portaria nº 817, de 13 de agosto de
2015 esclarece que:
A Bolsa-Formação corresponde: I - ao custeio de todas as despesas relacionadas ao curso por estudante, incluindo eventual assistência estudantil e os insumos necessários para a participação nos cursos, no caso de cursos ofertados pelas instituições públicas e pelos Serviços Nacionais de Aprendizagem. (BRASIL, 2015).
No caso eram alunos que faziam parte do Projeto Pronatec. Sobre o motivo
que os levou a efetuar a matrícula no Curso Técnico em Segurança do Trabalho,
10% responderam que foi por influência de amigos e/ou alunos da instituição, o que
demonstra a falta de maturidade para escolha de um curso técnico, revelada nas
justificativas apresentadas por eles.
Nos demais resultados apontados, somando-se os percentuais, 13%
disseram que se matricularam apenas por serem bolsistas do SESI/SENAI,
destacando que foi citada a obrigatoriedade em fazê-lo. Nos demais resultados, 2%
informaram gostar da área, 2% já trabalhavam na área e outros 2% responderam
que estavam desempregados.
O Gráfico 11 expressa o percentual de pessoas que trabalhavam na época do
curso.
68
Gráfico 11 - Alunos que trabalhavam ou não na época em que iniciaram o curso
Fonte: Autora da pesquisa (2017).
Ao analisar o Gráfico 11, nota-se um índice significativo de respondentes que
não trabalhavam na época em que iniciaram o curso (85%), por terem idade entre 15
e 20 anos (cf. Gráfico 1).
De acordo com Cintia Agostinho, analista do IBGE, os jovens representam
28,2% da população com mais de 16 anos no país, e respondem por 54,9% do total
de desempregados e muitos são os fatores que interferem nesta situação como, a
dificuldade de se inserirem no primeiro trabalho, ou mesmo de conciliar os estudos
com uma ocupação profissional. (SILVEIRA, 2017).
O gráfico 12 traz os fatores que levaram os alunos a abandonar o curso.
69
Gráfico 12 - Fatores que levaram o aluno a abandonar o curso
Fonte: Autora da pesquisa (2017).
Os dados do Gráfico 12 permitiram entender que (18%) dos respondentes
desistiram do curso porque não tinha interesse ou afinidade com o curso. Assim,
percebe-se que os fatores vinculados à atratividade e ao interesse pelo curso,
quando presentes na trajetória escolar da vida do estudante, exercem influência
considerável para o abandono da escola, mas não constituem seus determinantes.
(MOREIRA, 2012).
Dore et al. (2014) verificaram que, em quase todos os estudos apresentados
em sua análise, os alunos justificaram não se identificar com o contexto de escola
técnica, expressando preferência pelo ensino médio regular, alegaram também falta
de vocação ou gosto pela área, falta de motivação, interesse ou compromisso com o
curso. Segundo a autora, isso pode estar relacionado à escolha precoce da carreira
profissional.
Grande parte dos alunos das escolas federais frequenta o curso técnico
integrado, e a idade prevista para começar o curso é de 15 anos de idade, o que
implica que, muitas vezes, os alunos escolhem um campo de estudo sem
informações suficientes sobre o curso e a profissão a ele relacionada.
69
70
Do total de alunos entrevistados, 15% desistiram por estarem desmotivados e
foram perdendo o interesse para continuar o curso. Marchesi e Pérez (2004)
apontam que um dos fatores que mais preocupa, em relação ao fracasso ou
abandono escolar, é a escassa motivação, a falta ou perda de interesse e dedicação
para com os estudos. Os autores ainda sugerem que é preciso compreender onde
está a origem dessa falta de interesse pela aprendizagem para que possam ser
traçadas estratégias de intervenção, conforme se propõe esta pesquisa.
Assim, 33% dos respondentes relacionaram a evasão escolar através de
causas estruturais, econômica, cultural, social, conjuntural e educacional. Com
relação aos fatores motivadores do abandono escolar na educação profissional, é que,
quando o aluno começa a estudar, percebe que as disciplinas curriculares do curso
técnico não atendem ao que esperavam e diante dessa situação acaba desmotivado
para dar continuidade no curso. (ARAÚJO; SANTOS, 2012).
À vista do exposto, observa-se que os aspectos de afinidade e motivação com
a formação profissional exercem uma relevante influência na decisão de
permanência ou abandono dos cursos técnicos.
Com relação ao abandono do curso, (10%) desta desistência ocorreu em
razão de novos objetivos por parte dos alunos, que ingressaram no curso superior e
(3%) mudaram para outro curso técnico. Dore e Lucher (2011) relatam que, muitas
vezes, a evasão na educação profissionalizante pode representar tanto
oportunidades de experimentação profissional, como também estar atrelada à
instabilidade, ou seja, o aluno pode escolher um curso em determinada área
interrompê-lo e mudar de curso após amadurecer sua opção profissional e, assim,
permanecer no mesmo nível de ensino ou eixo tecnológico, como interromper o
curso técnico e ingressar no curso superior.
Esse dado pode ser considerado como positivo, pois mesmo tendo se
evadido do curso técnico, esses alunos retomaram os estudos. A esse respeito,
Ristoff (1995, p. 25) relata que “não é fracasso – nem do aluno nem do professor,
nem do curso ou da instituição – mas tentativa de buscar o sucesso, aproveitando as
revelações que o processo natural do crescimento dos indivíduos faz sobre suas
reais potencialidades”.
Quanto aos procedimentos de avaliação das disciplinas do curso, 9% dos
alunos apontaram dificuldades. Libâneo (2000, p. 196) define avaliação escolar
71
“como um componente do processo de ensino que visa, através da verificação e
qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os
objetivos propostos das disciplinas”.
A falta de base e as deficiências em sua formação escolar geram um
sentimento de incapacidade e frustração quando os estudantes se veem diante de
dificuldades que, muitas vezes, parecem intransponíveis (MACHADO, 2009).
Outros 7% dos ex-alunos disseram que tiveram dificuldades de conciliar o
horário de trabalho com o estudo. Relacionado a isso, Meksenas (1992) afirma que,
pela necessidade de trabalhar para obter renda, eles acabam encontrando
dificuldades em conciliar estudo e trabalho, principalmente para aqueles que
frequentam cursos noturnos, por causa da exaustão provocada por um longo dia de
trabalho, podendo acarretar baixo rendimento e culminar na evasão escolar.
Também totalizando 7% dos respondentes da pesquisa estão os que
informaram que tiveram dificuldades financeiras para realizar o curso. Calcula-se
que o curso técnico tem mensalidades em torno de meio salário mínimo e, com a
crise econômica, muitos acabaram perdendo o emprego, desistindo do curso.
Ainda com relação aos entrevistados, 6% informaram que tiveram dificuldades
de relacionamento com colegas. Geralmente, as maiores dificuldades das pessoas
em se relacionar estão na interação social, no reconhecimento de emoções,
desenvolvimento de relações com outros, no ajuste com a proximidade física, entre
outros. Muitas pessoas não se sentem confortáveis com o convívio social e podem
isolar-se e apresentar dificuldades em fazer amigos.
Segundo Mosquera e Stobäus (2004, p. 92), “grande parte dos problemas que
as pessoas têm, provêm de sua própria pessoa ou da relação que estabelecem com
as outras pessoas”. Uma boa relação entre professor e aluno é fundamental para
garantir uma vida saudável nas aulas e quando as relações entre as pessoas são
positivas, forma-se um ambiente motivador, de interação e de troca.
Para 5% dos ex-alunos, o motivo da desistência foi por ter sido reprovado.
Um aluno fracassa quando não consegue aprender. Se não aprende, não “passa de
ano” e só tem duas opções: desistir de estudar, saindo da escola, ou repetir tudo de
novo no ano seguinte, em outra turma, com outros colegas e, às vezes, em outra
escola (OLIVEIRA, 2016).
72
No tocante ao relacionamento com professores, 3% dos respondentes
relataram ter dificuldade de se relacionar com os docentes. Observa-se, conforme
Gadotti (2003, p. 4), que:
[...] a formação inicial e continuada do(a) professor(a) supõem uma nova cultura profissional. O maior desafio desta profissão está na mudança de mentalidade que precisa ocorrer tanto no profissional da educação quanto na sociedade e, principalmente, nos sistemas de ensino. A noção de qualidade precisa mudar profundamente: a competência profissional deve ser medida muito mais pela capacidade do docente estabelecer relações com seus alunos e seus pares, pelo exercício da liderança profissional e pela atuação comunitária, do que na sua capacidade de passar conteúdo.
Para uma convivência agradável, as relações interpessoais positivas entre
professor e aluno são fundamentais no processo de aprendizagem.
De acordo com Newmann, Wehlange e Lamborn (1992), a interação
professor-aluno é fundamental para a diminuição da evasão escolar.
Com relação aos resultados, 3% apontaram para a falta acompanhamento do
coordenador do curso; 1% manifestou insatisfação com o coordenador, até se
sentiam perseguidos; outro 1% relatou que os professores desmotivavam mediante
julgamentos ríspidos. Sabe-se que as atitudes do professor para com os seus alunos
são fundamentais para que ele obtenha sucesso ou não em sua atuação como
profissional da educação. De acordo com Gómez (2000), a função do professor é ser
um facilitador, e buscar a compreensão comum no processo de construção do
conhecimento compartilhado, que se dá somente pela interação.
Interagir é um ponto estratégico para que haja um bom desenvolvimento do
trabalho cotidiano e se isso não ocorre, o aluno se sente distanciado do professor,
ficando inseguro, desmotivado e com tendência a não concluir o curso.
Verificou-se, também, que 3% dos alunos justificaram o abandono porque a
escola era distante de casa ou trabalho; outros 3% indicaram a falta de um programa
de apoio financeiro ao estudante; mais 3% apontaram para a insatisfação no
mercado de trabalho; 1% informou que o falecimento do pai o levou a abandonar o
curso; e 1% evadiu porque saiu do colégio SESI. Estes fatores talvez tenham sido a
causa do abandono escolar, em virtude das dificuldades encontradas no decorrer do
curso por causa das situações alheias à vontade dos alunos, mas que os levaram a
se sentir desmotivados e impossibilitados de prosseguir.
Outro motivo da evasão escolar mencionado por 1% dos alunos entrevistados
foi o bullying, que é um tipo específico de agressão de forma verbal, física ou
73
“psicológica”, sendo reconhecido como problema crônico nas escolas e que pode
trazer consequências sérias. Lins (2010, p. 11) “caracteriza o bullying pelo medo
intenso de frequentar a escola, o que resulta em repetências por faltas, dificuldades
de aprendizagem e evasão escolar”.
O Gráfico 13 traz informações sobre o interesse em retornar para finalizar o
Curso Técnico em Segurança do Trabalho.
Gráfico 13 - Interesse em retornar para finalizar o curso
Fonte: Autora da pesquisa (2017).
De acordo com o Gráfico 13, ao serem questionados sobre a possibilidade de
completar a formação profissional e obter o diploma de técnico, a resposta positiva a
essa pergunta alcançou o percentual de 40,%. Percebe-se que, mesmo tendo se
evadido do curso, os ex-alunos pretendem voltar para terminar o que foi iniciado,
para “encerrar o ciclo” ampliar os conhecimentos, e obter uma formação técnica.
Os dados indicam que mais da metade (60%) dos respondentes não tem
interesse em retornar ao curso para viabilizar a obtenção do diploma. Em face do
alto índice, acredita-se que estes respondentes não visualizaram qualquer benefício
profissional e, com isso, a evasão foi imediata.
74
7.1 DISCUSSÃO
Muitas foram os fatores que contribuíram para a evasão no Curso Técnico em
Segurança do Trabalho. Do vasto e intrincado conjunto de aspectos psicológicos,
institucionais e sociais presentes na análise da evasão, destaca-se a explicação de
que a evasão é um processo complexo, dinâmico e cumulativo de desengajamento
do estudante da vida da escola. A saída do estudante da escola é apenas o estágio
final desse processo (RUMBERGER, 2004; NEWMANN; WEHLAGE; LAMBORN,
1992; WEHLAGE et al., 1989; FINN, 1989).
Os fatores relativos ao contexto dos estudantes que podem influenciar a
evasão escolar, para além dos aspectos individuais, são a escola, a comunidade,
grupos de colegas, composição do corpo discente, recursos escolares,
características estruturais da escola e os processos e as práticas escolares e
pedagógicas. “Cada um desses fatores desdobra-se em muitos outros e, no seu
conjunto, compõem o quadro escolar que pode favorecer a evasão ou a
permanência do estudante” (LÜSCHER; DORE, 2011, p. 152).
A evasão escolar é um fenômeno muito preocupante e o papel da família
neste contexto é muito importante, pois ela é a base para que o aluno possa concluir
seus estudos. Por outro lado, conflitos familiares atrapalham o rendimento escolar
dos alunos e aumentam os índices da evasão escolar. No processo de ensino e
aprendizagem a participação da família tem sido de suma importância, uma vez que
o aluno oriundo de uma família que incentiva e valoriza a educação tem o gosto
pelos estudos despertado e, assim, participará de todas as atividades escolares. A
parceria entre escola e família é crucial para o êxito da educação no âmbito escolar.
Nota-se que, entre os problemas ou fatores relatados pelos discentes, que
foram determinantes na sua evasão, evidencia-se o desinteresse pela área e
profissão. Eles estavam sem motivação para dar continuidade ao curso e
manifestaram estar com dificuldades em responder as avaliações dos conteúdos das
disciplinas.
A pesquisa revelou que 80% dos alunos participantes são jovens de 15 a 20
anos. Os jovens vivem em profundas transformações influenciando
significativamente sua passagem para a vida adulta, pois nesta fase não é mais
infância, mas também ainda não é um adulto. Verifica-se, porém, o prolongamento
desta condição de jovem, em virtude de vários fatores, como a ampliação do tempo
75
de escolarização, as dificuldades e incertezas do mercado de trabalho e o
consequente adiamento na decisão de sair da casa dos pais (DINIZ, 2015).
Talvez, por ainda esses jovens não saberem o que querem, e o leque de
opções ser enorme diante da responsabilidade de definir o que será sua principal
atividade em boa parte do tempo no futuro, eles se inscreveram no Curso Técnico
em Segurança do Trabalho sem ter uma ideia formada sobre o conteúdo curricular, e
ao se depararem com essas informações, 18% dos alunos não tiveram mais
interesse em continuar o curso.
Nessa esteira de reflexões, Charlot (2000) assevera que os alunos não
conseguem acompanhar os estudos no ensino médio porque, muitas vezes, a sala
de aula é vista como um local pouco estimulante, onde há pouca interação,
caracterizada pelo silêncio, pela rigidez dos horários, pela privação da
espontaneidade e por conteúdos carentes de sentido, dificultando a compreensão
dos assuntos abordados em sala pela falta de conectividade com o cotidiano.
Essas circunstâncias geram a desmotivação, que foi outro fator apresentado
por 15% dos entrevistados. A motivação no contexto escolar é complexa, envolvendo
um conjunto de fatores capazes de alterar as situações de aprendizagem, para melhor
ou para pior. A sala de aula é destinada ao desenvolvimento da aprendizagem, onde
estão inseridos o professor e o aluno, e é por meio da interação entre estes atores que
se desenvolve um relacionamento pessoal.
Nesse contexto, Tapia e Fita (2000, p. 8) ressaltam que:
A motivação está ligada à interação dinâmica entre as características pessoais e o contexto em que as tarefas escolares se desenvolvem. Isto quer dizer que o desempenho do professor é tão importante quanto o do aluno, para proporcionar a motivação para a aprendizagem.
Assim, o processo motivacional dos alunos é um fator preponderante e
decisivo, que poderá contribuir ou não para a motivação da aprendizagem e deverá
proporcionar a ambos condições para desempenhar seus papéis em função de um
projeto de vida e de educação para sua realização pessoal e profissional.
Outro fato que chamou a atenção foi que mais da metade (60%) dos
respondentes não tem interesse em retornar ao curso para concluí-lo. Acredita-se
que este fato se deu por não visualizarem qualquer benefício profissional ao se deparar
com uma realidade diferente de suas expectativas.
76
Portanto, a evasão nas redes de ensino públicas e privadas brasileiras ainda
constitui-se um desafio, pois os seus determinantes estão ligados a fatores sociais,
culturais, políticos e econômicos.
O próximo capítulo apresentará uma mediação pedagógica, com propostas de
ações preventivas para a instituição de ensino, na prevenção da evasão escolar nos
cursos profissionalizantes.
77
8 MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA
A evasão escolar é um problema que aflige todos os níveis da educação, quer
por razões econômicas e sociais, ou mesmo por dificuldades do aluno acompanhar o
conteúdo apresentado. Para Dore e Lüscher (2011), a compreensão dos fatores
relacionados às escolhas desses estudantes ao optarem por abandonar a escola
pode possibilitar formas de prevenir a evasão, seja pela identificação de novas
práticas pedagógicas seja com a implementação de políticas públicas adequadas.
Dessa forma, verifica-se que a maior parte dos estudos propõe a prevenção do
fenômeno da evasão mediante a identificação precoce do problema e o
acompanhamento individual daqueles que estão em situação de risco de evadir.
Assim, se propõe fazer uma proposta de mediação pedagógica para
minimizar este problema no Curso de Técnico de Segurança do Trabalho do SENAI
de Londrina, uma vez que, a autora desta pesquisa, através de frequentes visitas e
conversas com a coordenação pedagógica, a gerente da instituição e a secretária
acadêmica possibilitou perceber que não possuíam estratégias definidas para o
acompanhamento das turmas e também sobre a quantidade de alunos concluintes e
evadidos dos cursos técnicos.
A mediação pedagógica consiste em ampliar a cultura do indivíduo, com o
intuito de intervir de modo crítico e atuante em sua realidade para que, por meio da
interação com outros indivíduos, consiga refletir e transformar seu cotidiano. De
acordo com Gasparin (2007, p.115) “a mediação implica, portanto, em releitura,
reinterpretação e ressignificação do conhecimento.”
Na mediação pedagógica, como se pode observar, na Figura 1, cada
enunciador tem um papel específico no processo ensino-aprendizagem.
78
Figura 1 - Mediação Pedagógica
Fonte: Autora da Pesquisa (2017).
Na posição 1 estão os Alunos, que foram o foco deste estudo e que estão
vinculados a todas as demais imagens. Na posição 2 está o Coordenador do Curso,
responsável pelo bom andamento do curso, juntamente com a posição 3 está
representada pelos professores. Na posição 4 tem-se a figura do Apoio Pedagógico
e a posição 5 apresenta a Coordenadora Pedagógica que fecha o ciclo, sendo a
mediadora pedagógica da instituição, referentes aos cursos profissionalizantes da
instituição.
O Quadro 6 descreve o papel de cada enunciador no processo de ensino-
aprendizagem.
79
Quadro 6 - Atividade de cada enunciador no processo de ensino-aprendizagem
Enunciador Atividade
Coordenador do Curso Responsável pela Coordenação Geral do Curso e atua com a equipe de professores no atendimento ao aluno.
Coordenadora Pedagógica dos Cursos Técnicos
Responsável pelas práticas pedagógicas e acompanhamento da situação dos alunos do ensino-aprendizagem, dos professores e do coordenador.
Professores
- Estrutura os planos de aula e ministra as aulas teóricas e práticas; - Corrige trabalhos e avaliações; - Identifica dificuldades técnicas, administrativas e pedagógicas e as encaminha para os setores responsáveis.
Apoio Pedagógico
- Acompanha o processo ensino-aprendizagem; - Orienta o aluno; - Esclarece dúvidas; - Acompanha a frequência do aluno nas aulas
Aluno
- Assiste e participa das aulas teóricas e práticas e realiza as atividades escolares - Realiza avaliações periódicas - Faz as provas bimestrais - Lê todo o material disponibilizado pelo professor
Fonte: Autora da Pesquisa (2017).
A partir do conhecimento do papel de cada enunciador nas atividades de
ensino aprendizagem, sugere-se desenvolver ações na instituição com o objetivo de
minimizar a questão da evasão escolar, podendo implantar alguns projetos
pedagógicos voltados para solucionar a situação levantada na pesquisa.
8.1 AÇÕES PROPOSTAS PARA A DIMINUIÇÃO DA EVASÃO NOS CURSOS
PROFISSIONALIZANTES
Como já discutido anteriormente, a evasão escolar é um fenômeno
considerado multi causal e complexo, não podendo ser analisado individualmente,
portanto, para compreendê-lo, é necessário analisá-lo pela perspectiva de diferentes
grupos e atores sociais a fim buscar a identificação precoce e a prevenção do
problema (LÜCHER; DORE, 2011; KIPNIS, 2000). No caso da instituição pesquisada
(SENAI Londrina), pode-se perceber que todos os setores estão dispostos a fazer
80
um trabalho em conjunto com o objetivo de diminuir a evasão escolar a partir de
ações propostas por esta pesquisa.
Desse modo, a seguir serão sugeridas algumas estratégias para que haja um
acompanhamento aos alunos.
Para a captação de novos alunos:
A instituição poderá realizar um teste vocacional para os ingressantes nos
cursos técnicos, a fim de direcioná-los ao curso que mais se aproxima das suas
habilidades e competências.
Criar um panfleto específico com a descrição de cada curso
profissionalizante, constando várias informações, como grade curricular e carga
horária de cada uma das disciplinas, objetivo e duração do curso.
Após a matrícula efetuada, no primeiro dia de aula, os alunos serão
convidados a participar de uma palestra específica com um técnico profissional do
curso oferecido, para esclarecimentos mais relevantes e comentários sobre as novas
oportunidades e tendências do mercado de trabalho.
Divulgar com frequência sobre as vagas de estágios ofertadas pelo
Instituto Euvaldo Lodi (IEL) que se localiza dentro da própria Instituição, como forma
de incentivo aos alunos.
Desenvolver núcleo de apoio para acompanhamento pedagógico e apoio aos
alunos
De acordo com Rumberger (2011), existem vários elementos que levam o
aluno a se ausentar da sala de aula, entre eles a própria escola, a família e o
trabalho podem contribuir para esse fenômeno da evasão. Diante disso,
desenvolveu-se uma proposta de apoio pedagógico com o objetivo de dar suporte a
esse aluno nas dificuldades para que ele se sinta acolhido pela instituição e, com
isso, possa finalizar o curso nesta instituição.
Resolução de conflitos
Lee e Burkam (2003) destacam o fato de que aos alunos permanecem nas
escolas quando as relações que mantêm com os professores são positivas. Diante
desta afirmação, propõe-se maior interação entre os envolvidos no processo de
ensino-aprendizagem.
81
Interação de professor-aluno.
Aplicar avaliação do clima escolar.
Fazer sugestões de melhoria das aulas.
Fazer contato com os alunos que tiverem faltas consecutivas durante a
semana.
Acompanhar se foram efetuadas as rematrículas para o próximo semestre.
De acordo com Oliveira (2001), existem algumas relações com os motivos
que levam o aluno a evadir-se do curso, não isoladamente, mas um ponto crucial
são alunos com situação de defasagem escolar. Desse modo, sugere-se o
desenvolvimento de programas de auxílio e reforço escolar.
Disponibilizar programas de reforço escolar para contribuir na recuperação
dos alunos na compreensão dos conteúdos, sendo importante para o bom
andamento do curso e a redução da evasão.
Desenvolver núcleo de apoio para acompanhamento para o professor
Reunião mensal com os professores e o coordenador para discussão e
verificação da situação de cada turma, com vistas a analisar o andamento das
atividades e a frequência dos alunos.
Disponibilizar horários específicos para que o aluno possa, caso queira,
conversar com o professor.
De acordo com Masseto (2013), o professor exerce papel fundamental na
aplicação e utilização das ferramentas que possam auxiliar na difusão do
conhecimento, do novo, do inexplorado. Diante disso, o objetivo desta ação é
desenvolver uma capacitação sobre a importância de utilização de ferramentas para
o melhor planejamento e desenvolvimento das aulas.
Proporcionar ao professor, cursos de capacitação para aprimoramento da sua
disciplina, como por exemplo, uso de Novas Tecnologias da Informação e
Comunicação (NTIC) para ministrar aulas mais interativas com os alunos.
Desenvolver núcleo para os pais e responsáveis e a comunidade
82
Como sugere Rumberger (2011), não somente a própria escola e o trabalho
contribuem para que ocorra a evasão escolar, mas também a ausência da própria
família como fonte de apoio e inspiração para o aluno.
Envolvimento familiar - pais devem conhecer a escola, seus desafios e
benefícios, assim serão aliados da escola contra o abandono escolar.
Dia da família, em que o aluno pode trazer seus familiares para conhecer a
instituição e até mesmo participar de uma aula.
Desenvolver atividades festivas com a família, como festa caipira, gincana
e até feiras relacionadas ao curso.
Núcleo de apoio financeiro aos alunos
De acordo com Neri (2010), se os pais enfrentam dificuldades relacionadas à
renda, a trajetória de longo prazo prevista pelo modelo poderá sofrer desvios, já que
esse tipo de restrição aumenta a probabilidade de abandono escolar. Diante desta
constatação, criou-se um núcleo de apoio financeiro aos estudantes pagantes com a
finalidade de desenvolver ações de acolhimento deste aluno.
Aplicar desconto para alunos pagantes até o dia 1º de cada mês.
Presentear por semestre alguma bolsa estudantil de 50% a 100% para
alunos que confirmarem baixa renda ou estarem desempregados.
Desenvolver parcerias com seguradoras com o objetivo de trazer maior
segurança ao aluno ou responsável no caso de perda de emprego ou doença que
impeça de cumprir com os seus compromissos financeiros.
Estratégias de motivação para diminuir a evasão
De acordo com Rumberger (1987), a interação acadêmica com o processo de
aprendizagem e o engajamento social de convivência do estudante com os colegas,
com professores e com a comunidade escolar é fundamental para a decisão de
evadir ou permanecer na escola. Por esta razão desenvolveu-se estratégias
baseadas nesta visão.
83
Envolvimento familiar - pais devem conhecer a escola, seus desafios e
benefícios, assim serão aliados da escola contra o abandono escolar.
Serviços comunitários - atividades de interesse da comunidade por meio
da escola, criando maior envolvimento e compromisso social, formando um
cidadão.
Proporcionar visita técnica no início do curso para motivá-los.
Envolver os alunos na organização de eventos da escola, criando
momentos de interação, tendo o compromisso de fazer os alunos participarem
mais da comunidade estudantil.
Incentivar os alunos em projeto extraclasses, como Olimpíadas do
Conhecimento, projetos educativos, congressos e eventos.
8.2 MONITORAMENTO DAS AÇÕES
A importância do monitoramento das ações dos profissionais que estão
ligados à instituição é fundamental para a efetividade da proposta sugerida pela
instituição. Para Condé (2012), monitorar é uma ação necessária para acompanhar,
analisar e avaliar uma política pública para verificar o cumprimento e corrigir
possíveis erros. Diante desse monitoramento, todos os envolvidos participarão
dessa ação, tais como: a coordenação adjunta, o orientador e o supervisor de curso,
a equipe de apoio administrativo e acadêmico e os professores, que se reunirão
para fazer uma avaliação das ações que estão sendo desenvolvidas para o
enfrentamento da evasão escolar atualmente tão presente nos cursos técnicos. Essa
é uma ação a ser realizada em curto prazo e esse momento acontecerá a cada
quinze dias, de forma que se busque identificar quais procedimentos da equipe
estão adequados e quais serão os ajustes necessários para que sejam sanadas
possíveis dificuldades enfrentadas.
84
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa realizada buscou investigar as principais causas da evasão
escolar dos alunos no Curso Técnico em Segurança do Trabalho no SENAI de
Londrina, no período de 2011 a 2015, tendo em vista desenvolver uma proposta com
ações para minimizar os índices de evasão escolar, com o intuito de auxiliar no
processo de ensino/aprendizagem, propiciando um ensino significativo e motivador
que possa, portanto, colaborar para a diminuição dos referidos índices.
De acordo com Diniz (2015) e com dados desta pesquisa revelou-se que a
grande maioria dos alunos evadidos é composta de jovens de 15 a 20 anos, a
maioria do sexo feminino e que, 33% dos respondentes relacionaram a evasão
escolar à motivações de causa estrutural, econômica, cultural, social, conjuntural e
educacional. Reconhecem terem tido dificuldades na convivência e no
relacionamento com colegas, professores e coordenador do curso e também
destacaram como principais motivos do abandono: a incompatibilidade com o horário
de trabalho; os problemas financeiros; as dificuldades em responder às avaliações
dos conteúdos das disciplinas, a mudança de curso ou a matrícula em curso
superior.
Também é possível afirmar que a motivação é também extrínseca ao desejo
do aluno, pois existem condicionantes que estão fora do indivíduo, tais como o
“currículo”, organização das disciplinas, comportamento e formação do professor,
entre outras situações contextuais que interferem na maneira como o aluno se
relaciona e percebe o curso que realiza.
Com o intuito de garantir a conclusão dos alunos em cursos
profissionalizantes na Instituição, é preciso rever algumas estratégias que valorizem
a ampliação dos momentos de socialização, aulas diversificadas, atrativas e que
permitam ao jovem perceber a utilidade dos conhecimentos aplicados com o mundo
fora da escola.
Diante disso, foi proposta uma mediação pedagógica com sugestões de
práticas educativas que podem ser incorporadas ao processo de ensino/
aprendizagem, visando ao ensino significativo e motivador e que podem ser
implantadas de imediato, sem depender de investimentos financeiros elevados,
contribuindo, portanto, para a melhoria da qualidade da educação.
85
Com o estudo pode-se constatar que a evasão escolar têm inúmeras causas
desde da parte estrutural como localização da residência, transporte, econômica
(horário de trabalho, desemprego, problemas financeiros, cultural (hábitos, crenças),
social (problemas de relacionamentos), e também educacional (falta de maturidade
dos alunos), motivos pelos quais o aluno pode desistir de finalizar um etapa do
curso.
Ao término desta pesquisa foi possível concluir que, embora a evasão/
abandono escolar aconteça a qualquer tempo do ano letivo, é um fenômeno que já
está inserido no contexto político, administrativo e social, observado em todas as
modalidades de ensino e segmentos educacionais e, valendo-se dessas
constatações, sugere-se para trabalhos futuros a investigação da evasão escolar em
outros cursos profissionalizantes; a evasão escolar sob a ótica dos professores e o
papel da escola perante a evasão escolar.
Ainda na busca da compreensão da evasão escolar e sua relação com a
atuação das Intuições de Ensino, recomenda-se que se faça novas pesquisas sobre
o tema, que direcionem o foco nas competências e na atuação das escolas e sua
importância diante de um problema relacionado a todos os níveis estudantis.
86
REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, M.; CASTRO, M. G. Ensino Médio: múltiplas vozes. Brasília: Unesco; MEC, 2003. AFONSO, I. Matrículas do ensino técnico de nível médio crescem 55,3% em cinco anos. Portal da Indústria, 27 out. 2014. Disponível em: <http://www.portaldaindustria.com.br/agenciacni/noticias/2014/10/matriculas-do-ensino-tecnico-de-nivel-medio-crescem-553-em-cinco-anos/>. Acesso em: 5 mar. 2018. ALAMI, S.; DESJEUX, D.; GARABUAU-MOUSSAOUI, I. Os métodos qualitativos. Petrópolis: Vozes, 2010. ARAÚJO, C. F. de; SANTOS, R. A. dos. A educação profissional de nível médio e os fatores internos/externos às instituições que causam a evasão escolar. In: INTERNATIONAL CONGRESS ON UNIVERSITY - INDUSTRY COOPERATION, 4., 2012, Taubaté. Anais… Taubaté: UNITAU, 2012. Disponível em: <http://www.unitau.br/app/webroot/unindu/artigos/pdf525.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2016. BAGGI, C. A. dos S.; LOPES, D. A. .Evasão e avaliação institucional no ensino superior: uma discussão bibliográfica. Avaliação (Campinas), Sorocaba, v. 16, n. 2, p. 355-374, jul. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/aval/v16n2/a07v16n2.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2018. BARROS, Aidil J. da S.; LEHFELD, Neide Aparecida de S. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. BATISTA, Santos Dias; SOUZA, Alexsandra Matos; OLIVEIRA, Júlia Mara da Silva. A evasão escolar no ensino médio: um estudo de caso. Revista Profissão Docente, Uberaba, v.9, n.19, 2009. Disponível em: <www.seduc.go.gov.br/...10%20Combate%20à%20evasão/a%20evasão%20escol...>. Acesso em: 10 mar. 2018. BRASIL. Câmara dos Deputados. Decreto Lei nº 4.073, de 30 de janeiro de 1942. Lei orgânica do ensino industrial. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-4073-30-janeiro-1942-414503-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 4 nov. 2017. ______. Câmara dos Deputados. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o Ensino de 1º e 2º Graus, e dá outras Providências. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-357752-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso em: 4 nov. 2017. ______. Ministério da Educação. Decreto nº 2.208 de 17 de abril de 1997. Disponível em: <portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/dec2208.pdf>. Acesso em: 4 nov. 2017.
87
______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº. 7.410, de 27 de Novembro de 1985. Dispõe sobre a Especialização de Engenheiros e Arquitetos em Engenharia de Segurança do Trabalho, a Profissão de Técnico de Segurança do Trabalho, e dá outras Providências. Brasília, 1985. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7410.htm>. Acesso em: 4 nov. 2017. ______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 4 nov. 2017. ______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5154.htm>. Acesso em: 4 nov. 2017. ______. Censo da educação profissional. Brasília: INEP/MEC, 2010. ______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos Lei nº 12.513, de 26 de outubro de 2011. Institui o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec); e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12513.htm>. Acesso em: 4 nov. 2017. ______. Censo da educação profissional. Brasília: INEP/MEC, 2014a. Disponível em: <inep.gov.br/informacao-da-publicacao/-/asset_publisher/.../document/id/636024>. Acesso em: 4 nov. 2017. ______. Receita da construção civil cresce 10,2% e atinge R$ R$ 336,6 bilhões em 2012. 4 set. 2014b. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2014/09/receita-da-construcao-civil-cresce-10-2-e-atinge-r-r-336-6-bilhoes-em-2012>. Acesso em: 4 fev. 2018. ______. Ministério da Educação. Portaria nº 817, de 13 de agosto de 2015. Dispõe sobre a oferta da Bolsa-Formação no âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego - Pronatec, de que trata a Lei no 12.513, de 26 de outubro de 2011, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/legislacao/item/7032-portaria-mec-n%C2%BA-817,-de-13-de-agosto-de-2015>. Acesso em: 19 dez. 2017. ______. Senado Federal. Sistema S. Disponível em: <http://www12.senado.leg.br/noticias/glossario-legislativo/sistema-s>. Acesso em: 26 set. 2016. CANALI, H. H. B. Trabalho e educação: o papel da escola de aplicação da Universidade Federal do Pará como certificadora da qualificação profissional da Amazônia Paraense. 2010.160 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2010.
88
CASSIOLATO, M. M.; GARCIA, R. C. PRONATEC: múltiplos arranjos e ações para ampliar o acesso à educação profissional. 2014. Disponível em: <repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/2406/1/TD_1919.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2018. CHARLOT, B. Da relação com o saber: Elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. CONDÉ, E. S. Abrindo a Caixa: elementos para melhor compreender a análise de políticas públicas. Pesquisa e Debate em Educação, Juiz de Fora, v. 2, n. 2, p. 78-100, jul./dez. 2012. COSTA, M. H. R. As causas da evasão escolar: um estudo de caso numa unidade de ensino da rede municipal de Salvador. 2004. 68 f. Monografia (Especialização em Docência do Ensino Superior) – Associação Baiana de Educação e Cultura, Salvador, 2004. CRUZ, V. M. de A. C.; JORGE, C. M.; SILVA, F. F. de. Uma reflexão sobre a educação profissional: história e legislação sob a ótica da professora Marise Nogueira Ramos. Revista Cesumar – Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, v. 17, n. 2, p. 535-547, jul. 2012. CUNHA, A. M.; TUNES, E.; SILVA, R. R. Evasão do curso de química da Universidade de Brasília: a interpretação do aluno evadido. Química Nova, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 262-280, abr. 2001. DELPHINO, F. B. de B. A educação profissional: contraponto entre as políticas educacionais e o contexto do mundo produtivo. São Paulo: Ícone, 2010. (Coleção Conhecimento e Vida). DEPRESBITERIS, L. Concepções atuais de educação profissional. 3. ed. Brasília: SENAI/DN, 2001. DINIZ, C. S. Evasão escolar no ensino médio: causas intraescolares na visão dos alunos. 2015. 147 f. Dissertação (Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local) – Centro Universitário UMA, Belo Horizonte, 2015. <http://www.mestradoemgsedl.com.br/wp-content/uploads/2016/05/Carine-Saraiva-Diniz.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2018. DORE, R. et al. Evasão nos cursos técnicos de nível médio da rede federal de educação profissional de Minas Gerais. In: _____. (Org.). Evasão na educação: estudos, políticas e propostas de enfrentamento. Brasília: IFB/CEPROTEC/RIMEPES, 2014. Disponível em: <http://www.fae.ufmg.br/rimepes/livros/Dore%20et%20al.%20-%202014%20- %20Evasao%20na%20educacao%20-%20estudos,%20politicas%20e%20propostas.pdf>. Acesso: 10 abr. 2017. DORE, R.; LÜSCHER, A. Z. Permanência e evasão na educação técnica de nível médio em Minas Gerais. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 41, n. 144, p. 770-789, dez. 2011. Disponível em: <http://doi.org/10.1590/S0100-15742011000300007>. Acesso em: 8 abr. 2017.
89
DORE, S. R. Evasão e repetência na rede federal de educação profissional. In: REUNIÃO DOS DIRIGENTES DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA - REDITEC, 37., 2013, Maceió. Anais... Maceió: IFAL, 2013. Disponível em: <http://www.reditec.ifal.edu.br/reditec/arquivos-1/apresentacoes/dia-04-09/Tema%2005%20-%20Evasao%20e%20Repetencia%20na%20Rede%20Federal%20de%20Educacao%20Profissional.pdf/>. Acesso em: 25 fev. 2018. FIGUEIREDO, S. G. N. Análise dos fatores geradores de evasão no curso técnico em telecomunicações do CEFET – RJ Petrópolis: uma reflexão sobre qualidade em educação profissional. 2014. 100 f. Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2014. FINI, R.; DORE, R.; LÜSCHER, A. Z. Insucesso, fracasso, abandono, evasão... um debate multifacetado. In: CUNHA, D. M. et al. (Org.). Formação/Profissionalização de professores e formação profissional e tecnológica fundamentos e reflexões contemporâneas. Belo Horizonte: PUC Minas, 2013. p. 235-271. FINN, J. D. Withdrawing from school. Review of Educational Research, v. 59, n. 2, p.117-142, 1989. FONSECA, C. S. História do ensino industrial no Brasil. Rio de Janeiro: SENAI/ DN/DPEA, 1986. 5 v. FORNARI, L. T. Reflexões acerca da reprovação e evasão escolar e os determinantes do capital Fornari. REP - Revista Espaço Pedagógico, Passo Fundo, v. 17, n. 1, p. 112-124, jan./jun. 2010. Disponível em: <http://seer.upf.br/index.php/rep/article/view/2027/1260>. Acesso em: 5 dez. 2017. FREIRE, M. Revolta e melancolia: uma leitura da obra de Lima Barreto. São Paulo: Annablume, 2013. FRIGOTTO, G. Educação e a crise do capitalismo real. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2010. ______. O estado-da-arte das Políticas de Expansão do Ensino Médio Técnico nos anos 1980 e de Fragmentação da Educação Profissional nos anos 1990. In: FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M. (Org.). A formação do cidadão produtivo: a cultura de mercado no Ensino Médio Técnico. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2006. p. 71-96. FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M. Ensino médio integrado: concepção e contradições. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2010. GADOTTI, M. Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com sentido. Novo Hamburgo: Feevale, 2003. GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 4. ed. Campinas: Autores Associados, 2007.
90
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. ______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008. ______. Métodos e técnicas de pesquisa social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009. ______. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. GOMES, A. A. Evasão e evadidos: o discurso dos ex-alunos sobre evasão escolar nos cursos de licenciatura. 1998. 203 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 1998. GOMES, H. S. C. Os modos de organização e produção do trabalho e a educação profissional no Brasil: uma história de dualismos e racionalidade técnica. In: BATISTA, E. L.; MÜLLER, M. T. (Org.). A educação profissional no Brasil: história, desafios e perspectivas para o Século XXI. Campinas: Alínea, 2013. p. 59-81. GÓMEZ, A. I. P. A aprendizagem escolar: da didática operatória à reconstrução da cultura na sala de aula. In: SACRISTÁN, J. G.; GÓMEZ, A. I. P. Compreender e transformar o ensino. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. p. 53-63. GULGEMIN, E. Evasão escolar na educação profissional: diagnóstico dos cursos técnicos subsequentes do Colégio Estadual de Pato Branco. 2015.105 f. Dissertação (Mestrado em Educação e Desenvolvimento) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, 2015. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 2014. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/xml/suplemento_pnad.shtm>. Acesso em: 25 fev. 2018. JOHANN, C. C. Evasão escolar no Instituto Federal Sul-rio-grandense: um estudo de caso no Campus Passo Fundo. 2012. 118 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de Passo Fundo, 2012. Disponível em: <https://secure.upf.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id>. Acesso em: 10 dez. 2017. KIPNIS, B. A pesquisa institucional e a educação superior brasileira: um estudo de caso longitudinal da evasão. Linhas Críticas, Brasília, v. 6, n. 11, p. 109-130, 2000. LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. Pesquisa pedagógica: do projeto à implementação. Tradução de Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed, 2008. LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. LEE, V. E.; BURKAM, D. T. Dropping out of high school: the role of school organization and structure. American Educational Research Journal, v. 40, n. 2, p. 353-393, 2003.
91
LEVENFUS, R. S.; NUNES, M. L. T. Principais temas abordados por jovens centrados na escolha profissional. In: LEVENFUS, R. S.; SOARES, D. H. P. (Org.). Orientação vocacional ocupacional. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 61-78. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2000. LINS, R. C. B. S. Bullying: Que fenômeno é esse? Revista Pedagógica, v. Inaugural, p. 58-72, 2010. LUCCHIARI, D. H. S. O Ideal de Ego e o Projeto de Futuro Profissional dos Adolescentes. In: LEVENFUS, R. S. (Org.). Psicodinâmica da Escolha Profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. p. 79-95. MACHADO, M. R. A evasão nos cursos de agropecuária e informática / nível técnico da escola agrotécnica federal de Inconfidentes - MG (2002 a 2006). 2009. 136 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília, 2009. MANACORDA, M. A. História da educação: da antiguidade aos nossos dias. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1995. MANFREDI, S. M. Educação profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002. MARCHESI, A.; PÉREZ, E. M. A Compreensão do Fracasso Escolar. In: MARCHESI, A.; HERNANDEZ, C. G. (Org.). Fracasso escolar: uma perspectiva multicultural. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 17-33. MASSETO, Marcos T. Mediação pedagógica e tecnologias de informação e comunicação. In: MORAN, José Manuel; MASSETO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 21. ed. Campinas: Papirus, 2013. p. 141-171. MATOS, M. A. Controle experimental e controle estatístico: a filosofia do caso único na pesquisa comportamental. Ciência e Cultura, v. 42, n. 8, p. 585-592, 1990. MEKSENAS, P. Sociologia da educação: uma introdução ao estudo da escola no processo de transformação social. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1992. MOREIRA, Priscila Rezende. Evasão escolar nos cursos técnicos do PROEJA na Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica de Minas Gerais. Dissertação - (Mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação. Disponível em:<www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/.../priscila_rezende.pdf?>. Acesso em: 5 maio 2018.
MOSQUERA, J. J. M.; STOBÄUS, C. D. O professor, personalidade saudável e relações interpessoais: por uma educação da afetividade. In: ENRICONE, D. (Org.). Ser professor. 4. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. p. 91-107.
92
MOURA, D. H. Políticas públicas para a educação profissional técnica de nível médio nos anos 1990 e 2000: limites e possibilidades. In: OLIVEIRA, R. de (Org.). Jovens, ensino médio e educação profissional: políticas públicas em debate. Campinas: Papirus, 2012. p. 83-105. MUSSE, I.; MACHADO, A. F. Perfil dos indivíduos que cursam educação profissional no Brasil. Economia e Sociedade, Campinas, v. 22, n. 1, p. 237-262, abr. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ecos/v22n1/08.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2017. NERI, M. (Ed.). Motivos da evasão escolar. set. 2010. Disponível em: <http://www.cps.fgv.br/ibrecps/TPE/TPE_MotivacoesEscolares_fim.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2018. NEWMANN, F. M.; WEHLAGE, G. G.; LAMBORN, S. D. The Significance and sources of student engagement. In: NEWMANN, F. M. (Org.). Student engagement and achievement in American secondary schools. New York: Teachers College, 1992. p. 11-30. NOSELLA, P. A escola brasileira no final do século: um balanço In: FRIGOTTO, G. (Org.). Educação e crise do trabalho: perspectivas de final de século. Petrópolis: Vozes, 1998. p. 95-110. OLIVEIRA, J. B. Fracasso escolar: os custos de reprovar um aluno. VEJA, 5 maio 2016. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/blog/educacao-em-evidencia/fracasso-escolar-os-custos-de-reprovar-um-aluno/>. Acesso em: 11 mar. 2018. OLIVEIRA, M. A. M. A reforma do ensino profissional: desmantelamento da educação tecnológica ministrada pelo CEFET-X? Educação Brasileira, Campinas, v. 23, n. 46, p. 25-43, jun. 2001. PAIXÃO, E. L.; DORE, R.; MARGIOTTA, U. Permanência e abandono na educação profissional médio no Brasil: uma pesquisa de doutorado ítalo-brasileira e os padrões educacionais internacionais. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA, 3., 2012, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: CEFETMG, 2012. Disponível em: <http://www.senept.cefetmg.br/galerias/Anais_2012/GT-03/GT03- 009.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2015. PALMA FILHO, J. C. A educação brasileira no período de 1930 a 1960: a era Vargas. In: PINHO, S. Z. (Org.). Caderno de formação. Formação de professores, v. 1. Educação, cultura e desenvolvimento. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. p. 61-74 PELISSARI, L. B. O Fetiche da Tecnologia e o Abandono Escolar na Visão de Jovens que Procuram a Educação Profissional Técnica de Nível Médio. 2012. 225 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/27670/R%20-%20D%20-
93
%20PELISSARI%2c%20LUCAS%20BARBOSA.pdf?sequence=1&isAllowed=y Acesso em: 10 mar. 2018. RAMOS, M. N. Educação profissional história e legislação. Curitiba: Instituto Federal do Paraná, 2011. RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2007. RISTOFF, D. Evasão: exclusão ou mobilidade. Florianópolis: UFSC, 1995. ROMANELLI, O. de O. História da Educação no Brasil. 16. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. RUMBERGER, R. Dropping out: Why students drop out of high school and what can be done about it. Cambridge: Harvard University Press, 2011. ______. High school dropouts: a review of issues and evidence. Review of Educational Research, v. 57, n. 2, p. 101-121, 1987. ______. Why students drop out of school. In: ORFIED, G. (Org.). Dropouts in America: confronting the graduation rate crisis. Cambridge (MA): Harvard Education, 2004. p. 131-155. RUMBERGER, R. W.; LIM, S. A. Why students drop out of school: a Review of 25 Years of Research. California Dropout Research Project Report #15. October 2008. SALES, P. E. N.; DORE, R.; CASTRO, T. L. Evasão nos cursos técnicos de nível médio da Rede Federal de Educação Profissional de Minas Gerais. In: DORE, R. (Org.). Evasão na educação: estudos, políticas e propostas de enfrentamento. Brasília: IFB, 2013. p. 379-413. SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2007. SCREMIN, S. M. B. Evasão-permanência em uma instituição total de ensino técnico: múltiplos olhares. 2008. 207 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI. Plano de Curso: Processo de Autorização do Curso Técnico em Segurança do Trabalho. Curitiba: SENAI, 2015. SILVEIRA, Daniel. Número de jovens que não estudam nem trabalham atinge 25,8% do total em 2016, diz IBGE. 15/12/1017. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/numero-de-jovens-que-nao-estudam-nem-trabalham-cresce-20-em-4-anos-e-chega-a-258-em-2016-diz-ibge.ghtml. Acesso em: 25 jun.2018.
94
STEARNS, E.; GLENNIE, E. J. When and why dropouts leave high school. Youth & Society, v. 38, n. 1, p. 29-57, set. 2006. Disponível em: <http://doi.org/10.1177/0044118X05282764>. Acesso em: 10 jan. 2018. TAPIA, J. A.; FITA, E. C. A motivação em sala de aula: o que é, como faz. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2000. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2007. WEHLAGE, G. G. et al. Reducing the risk: schools as communities of support. Philadelphia: Falmer, 1989.
95
APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE PESQUISA UTILIZADO NA COLETA DE
DADOS
Questionário para pesquisa de mestrado.
Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa A EVASÃO ESCOLAR
NO CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO NO SENAI LONDRINA
sob responsabilidade da pesquisadora Aline Fabiane de Melo. O objetivo dessa
pesquisa é investigar quais os fatores causadores da evasão escolar dos alunos do
Curso Técnico em Segurança do Trabalho numa escola de Educação Profissional
em Londrina.
Você foi selecionado porque atende ao critério de seleção dos participantes
da pesquisa: 1) ser aluno evadido do Curso Técnico em Segurança do Trabalho de
uma instituição escolar de educação profissional de Londrina.
Sua participação não é obrigatória e a qualquer momento você poderá desistir
de participar e retirar seu consentimento por desconforto ou por qualquer outro
motivo. A sua recusa na participação não trará nenhum prejuízo à sua relação com a
pesquisadora ou com a escola.
Sua participação consistirá em responder algumas questões sobre com os
motivos que levaram a evadir do Curso Técnico em Segurança do Trabalho.
O questionário terá duração de aproximadamente de 10 minutos.
Os resultados serão utilizados para a conclusão da pesquisa acima citada,
sob minha responsabilidade e orientador professor Dr. Celso Leopoldo Pagnan. Os
dados coletados durante o estudo serão analisados para dar embasamento nos
objetivos propostos na dissertação deste mestrado.
Você concorda em participar desta pesquisa?
( ) Sim ( ) Não
1- Qual sua idade quando iniciou o Curso Técnico em Segurança do Trabalho?
( ) 15-20 ( ) 21-26 ( ) 27-32 ( ) 33-38 ( ) 39-44 ( ) acima de 45
2- Qual seu sexo ?
( ) Feminino ( ) Masculino
96
3- Qual cidade você morava quando fazia o curso técnico em Segurança do
Trabalho?
( ) Londrina ( ) Cambé ( ) Ibiporã ( ) Outro:
4- Informe qual o meio de transporte você utilizava para ir e voltar de casa até a
escola quando frequentava o curso?
( ) carro ou moto ( ) ônibus circular ( ) os pais levavam e buscavam ( ) ia com colegas da escola de carro ( ) usa o transporte escolar ( ) a pé ( ) van
5- Qual era seu estado civil quando iniciou o Curso Técnico em Segurança do
Trabalho?
( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Mora com um(a) companheiro(a) ( ) Viúvo(a) ( ) Divorciado(a)
6- Qual o seu nível de escolaridade atual?
( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Superior ( ) Pós-graduação ( ) Outro: ________________________________
7- Qual era a forma do financiamento do curso?
( ) aluno pagante integral direto à instituição ( ) aluno pagante desconto direto à instituição ( ) aluno convênio SESI/SENAI ( ) aluno Pronatec ( ) Outro: _________________________________
8- Qual era a sua renda individual mensal na época em que você frequentava o
curso? Considerar renda formal e informal.
( ) dependente dos pais, responsáveis ou outros ( ) 1 a 2 salários mínimos ( ) 3 a 4 salários mínimos
97
( ) 5 a 6 salários mínimos ( ) acima de 6 salários mínimos
9- Nessa época, quem era o principal responsável pelo sustento da sua família?
( ) Eu ( ) Meus pais ( ) Meu cônjuge ( ) Meus avós ( ) Meus filhos ( ) Meus irmãos ( ) Outro:_________________________
10- Quais o(s) motivo(s) que o(a) levou(aram) a matricular-se no Curso Técnico?
Pode assinalar mais que uma opção.
( ) Mercado de trabalho ( ) Já trabalhava na área ( ) Aperfeiçoamento profissional ou aquisição de novos conhecimentos e habilidades ( ) Exigência da empresa ( ) Por saber que o curso oferecia bolsa estudantil ( ) Por influência de amigos e/ou alunos que estudaram nesta instituição ( ) Outro:_________________________
11- Você trabalhava na época que fez o curso?
( ) Sim ( ) Não
12- Quais os fatores que contribuíram decisivamente para o abandono do curso?
Pode assinalar mais que uma opção.
( ) Tive dificuldades de conciliar horário de trabalho e estudo ( ) Não tinha interesse, afinidade ou gosto pela área/profissão ( ) Tive a possibilidade de fazer um curso superior ( ) Não sentia motivação para continuar os estudos ( ) Tive dificuldades com os procedimentos de avaliação do curso ( ) Fui reprovado ( )Tive dificuldades financeiras para realizar o curso: transporte, alimentação, material, etc ( ) A instituição era distante da minha casa e/ou do trabalho ( ) Insatisfação com as perspectivas do mercado de trabalho do curso ( ) Problemas de saúde ( ) Fiquei grávida ( ) Tive dificuldades de relacionamento com os colegas ( ) Tive problemas de relacionamento com o professor ( ) Falta de acompanhamento por parte do coordenador do curso e da instituição ( ) Falta de acesso à coordenação pedagógica ( ) Falta de programa de apoio financeiro ao estudante (vale transporte, refeição) ( ) Falta de infraestrutura física adequada (sala de aula, biblioteca, laboratório, etc.)
98
( ) Medo de violência urbana ( ) Outro:_________________________
13- Você tem interesse em retornar à instituição para finalizar o Curso Técnico em
Segurança do Trabalho?
( ) Sim ( ) Não