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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIacuteRITO SANTO
CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS E NATURAIS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM PSICOLOGIA
O RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO E O
BULLYING NO ENSINO FUNDAMENTAL
VITOacuteRIA
2012
I
VIRGIacuteNIA DE OLIVEIRA ALVES PASSOS
O RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO E O
BULLYING NO ENSINO FUNDAMENTAL
Tese apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Psicologia da Universidade Federal do Espiacuterito Santo
como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau de
Doutora em Psicologia sob a orientaccedilatildeo do Prof Dr
Agnaldo Garcia
Vitoacuteria
2012
II
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-publicaccedilatildeo (CIP) (Biblioteca Central da
Universidade Federal do Espiacuterito Santo ES Brasil)
Passos Virgiacutenia de Oliveira Alves 1971-
P289r O relacionamento professor-aluno e o bullying no ensino
fundamental Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash 2012
194 f il
Orientador Agnaldo Garcia
Tese (Doutorado em Psicologia) ndash Universidade Federal do Espiacuterito
Santo Centro de Ciecircncias Humanas e Naturais
1 Relaccedilotildees humanas 2 Professores e alunos 3 Bullying 4 Violecircncia
na escola I Garcia Agnaldo II Universidade Federal do Espiacuterito Santo
Centro de Ciecircncias Humanas e Naturais III Tiacutetulo
CDU 1599
III
IV
Agrave minha voacute Julinda (em memoacuteria)
por ter me feito professora
sempre ensinando a importacircncia
das relaccedilotildees interpessoais na escola
Aos meus filhos Henrique Mariacutelia e Patriacutecia
Com esperanccedila que a escola oportunize a vocecircs bons relacionamentos
Agrave Xandinho quem tanto admiro
e que me impulsionou agraves primeiras reflexotildees sobre bullying
V
AGRADECIMENTOS
A conclusatildeo de uma tese de doutorado ao final de um longo percurso de
leituras buscas produccedilotildees investigaccedilotildees vibraccedilotildees repleto de inquietaccedilotildees e
incertezas de alegrias e surpresas de bons encontros e alguns desencontros de
intensos momentos de isolamento de cobranccedilas permite uma nova forma de olhar
tudo agrave nossa volta E por que natildeo dizer uma nova forma de estabelecer relaccedilotildees
com as pessoas principalmente quando se trata de uma tese no campo dos
relacionamentos interpessoais Agradeccedilo a todos que participaram deste percurso
das mais variadas formas e que possibilitaram acima de tudo enriquecer nossas
proacuteprias relaccedilotildees para aleacutem do estudo e da pesquisa dos relacionamentos
interpessoais
Agradeccedilo ao Prof Agnaldo Garcia por ter me apresentado o campo dos
Relacionamentos Interpessoais e me fazer entender que muitas das minhas
inquietaccedilotildees como psicoacuteloga educacional podiam ser acolhidas por essa aacuterea de
estudo mesmo quando o meu interesse era pelo dark side dos relacionamentos
Agradeccedilo principalmente pelo apoio e por estar sempre compreensivo e otimista
mesmo diante das dificuldades que enfrentei no momento da elaboraccedilatildeo do projeto
Dificuldades que foram superadas a partir do estabelecimento de uma boa relaccedilatildeo
orientador-orientanda em prol de um trabalho que comungaacutevamos da sua
relevacircncia
Agradeccedilo aos participantes deste estudo pois a partir de vossas revelaccedilotildees
este trabalho deixou de ser apenas um projeto nascendo uma tese nossa tese
Agradeccedilo por vocecircs terem me ajudado a contribuir clareando o obscuro universo dos
VI
relacionamentos interpessoais na escola A participaccedilatildeo de vocecircs foi possiacutevel
graccedilas agrave compreensatildeo e colaboraccedilatildeo dos pais e da equipe teacutecnica das escolas
Estendo a todos meus agradecimentos
Agradeccedilo agrave UNIVASF pela oportunidade de inserccedilatildeo no Programa
MinterDinter cujo iniacutecio coincidiu com minha chegada nesta instituiccedilatildeo e assim
pude realizar um projeto pessoal definido ao final do Mestrado fazer doutorado jaacute
sendo professora de Universidade Federal Em especial agradeccedilo ao Prof Marcelo
Ribeiro entatildeo coordenador do Colegiado de Psicologia sempre compreensivo agrave
necessidade da nossa dedicaccedilatildeo demonstrando valorizar a iniciativa do Programa
MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf para uma universidade tatildeo nova
Agradeccedilo tambeacutem ao Prof Joseacute Bismark entatildeo Proacute-Reitor de Pesquisa e Poacutes-
graduaccedilatildeo que aleacutem de incentivar nosso percurso natildeo mediu esforccedilos para garantir
apoio ao Programa MinterDinter visando garantir o seu sucesso
Agradeccedilo agrave FACEPE por ter financiado parcialmente o Programa
MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf proporcionando accedilotildees relevantes para o
sucesso deste Programa
Agrave toda minha famiacutelia em especial aos meus pais Deca e Vavaacute e minhas
irmatildes Patriacutecia e Raquel Vocecircs foram fundamentais para que a coleta de dados
ocorresse a contento sem o apoio de vocecircs teria sido bem mais difiacutecil E agradeccedilo
ainda por proporcionarem a mim e toda minha famiacutelia momentos de lazer e
descontraccedilatildeo em periacuteodos cruciais do acontecimento deste trabalho Agradeccedilo a
vocecircs a forma descontraiacuteda dos nossos raros mas longos encontros que me
VII
levaram a cada vez mais valorizar as coisas simples e sadias dos nossos
relacionamentos
Agradeccedilo aos alunos e amigos Tarciacutesio e Janaiacutena A possibilidade de me
afastar da postura de professora orientadora e encontrar em vocecircs a disponibilidade
em contribuir natildeo soacute foi essencial em situaccedilotildees especiacuteficas deste trabalho A
relaccedilatildeo estabelecida com vocecircs me fez confirmar que quem ensina de repente
aprende e se torna melhor
Agradeccedilo a Profordf Alvany pelo estabelecimento de uma nova relaccedilatildeo de
amizade que surgiu por compartilharmos a construccedilatildeo da tese em Relacionamentos
Interpessoais A troca de experiecircncias foi fundamental para o andamento deste
trabalho
Agradeccedilo aos professores do MinterDinter UFESUNIVASF por respeitarem
as especificidades deste programa reconhecendo as inuacutemeras possibilidades de um
trabalho com tais especificidades Agradeccedilo de forma especial agraves Profordf Suemi e
Profordf Mariane pela valiosa contribuiccedilatildeo durante o exame de qualificaccedilatildeo
enriquecendo a metodologia deste estudo
Agradeccedilo aos colegas do Dinter pelas histoacuterias de superaccedilatildeo partilhadas
pelo apoio muacutetuo pelas vibraccedilotildees agrave medida que o projeto de cada um acontecia
Muita coisa boa aconteceu nos nossos percursos Agradeccedilo de forma especial aos
amigos Darlindo e Elzenita que se antecipavam de forma que eu sequer pensasse
em desistir Agradeccedilo a sensibilidade e amizade de vocecircs me incentivando a buscar
forccedilas e apontando caminhos para a superaccedilatildeo nos momentos de maiores
VIII
dificuldades Estendo meus agradecimentos a Silvia Luciana Baacuterbara Liliane Ana
Luacutecia Joatildeo e Susanne
Agradeccedilo aos Prof Alexsandro de Andrade (UFES) e Prof Mauriacutecio Bueno
(UFPE) pela luz lanccedilada sobre os dados possibilitando que eu enxergasse o que as
respostas dos alunos diziam sobre seus relacionamentos na escola
Agradeccedilo agrave amiga e comadre Cristina e toda sua famiacutelia por sempre me
provocar a buscar formas de contribuir para que a escola promova relacionamentos
interpessoais mais saudaacuteveis e sem bullying Agradeccedilo por me fazerem entender em
detalhes as diversas questotildees que envolvem o cenaacuterio de bullying Agrave amiga Sueli
que aleacutem do incentivo e torcida pelo sucesso deste trabalho interferiu de forma a
garantir o recebimento das bolsas da FACEPE me proporcionando tranquumlilidade
para avanccedilar na finalizaccedilatildeo da tese E a Zeacutelia pelo intenso entusiasmo a cada etapa
alcanccedilada
Agradeccedilo aos amigos Geneacutesio e Dayse pelas carinhosas acolhidas no
Espiacuterito Santo Este trabalho proporcionou um maravilhoso reencontro garantindo a
continuidade de relaccedilotildees de amizades tatildeo longas nas nossas famiacutelias
Agradeccedilo agraves crianccedilas que protagonizaram momentos especiais ao longo da
elaboraccedilatildeo desta tese Seria impossiacutevel a dedicaccedilatildeo a este trabalho sem contar
com vocecircs por perto podendo acompanhar o nascer de relaccedilotildees saudaacuteveis
espontacircneas e alegres que a pureza da infacircncia proporciona Algumas crianccedilas
cresciam agrave medida que a tese acontecia meus filhos Henrique e Mariacutelia meus
sobrinhos Diogo e Thiago e os amados Caio Rodolphinho e Caacutessio Outras foram
chegando muitas vezes sem avisar junto com cada etapa deste trabalho minha
IX
caccedilula Patriacutecia Viniacutecius e Mirella Olga e Ravena E outros deixaram a infacircncia para
traacutes neste periacuteodo meus sobrinhos Mocircnica Arthur e Gabi Estendo os meus
agradecimentos aos vossos pais a quem chamo a todos de amigos
Agradeccedilo a Caacutessia pelo carinho e dedicaccedilatildeo no cuidado com meus filhos A
intensidade de ausecircncias para a realizaccedilatildeo deste trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave sua
presenccedila me passando confianccedila de que eles estavam bem
Agradeccedilo a todas as pessoas que me possibilitaram nos mais variados
espaccedilos discutir sobre o tema dos relacionamentos interpessoais na escola e mais
especificamente sobre Bullying Para evitar injusticcedilas prefiro citar os espaccedilos onde
participei de debates palestras etc mas reconheccedilo que em todos eles pessoas
queridas se esforccedilaram para que o convite chegasse a mim Agradeccedilo a
oportunidade de participar destes momentos na Radio Jornal Petrolina na TV
Grande Rio na Raacutedio Ponte FM no Diaacuterio de Pernambuco no Foacuterum de Direito
Humanos no Proacute-Jovem de JuazeiroBA no Projeto Escola Legal na Escola Saber
Em cada um destes momentos mais eu entendia a relevacircncia deste trabalho
Por fim agradeccedilo ao meu marido Leonardo Impossiacutevel chegar ateacute aqui sem
ter vocecirc ao meu lado Agradeccedilo a compreensatildeo pelas ausecircncias o apoio e acima
de tudo o entusiasmo pelo trabalho desenvolvido
Agradeccedilo acima de tudo a Deus pela vida pelas oportunidades pelas
pessoas que tenho ao meu lado e principalmente por me dar forccedilas para conseguir
dar conta
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas
de agressatildeo no relacionamento entre os pares139
Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa
de Cronbach do relacionamento entre pares141
Tabela 3 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom
Relacionamento145
Tabela 4 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom
Relacionamento146
Tabela 5 ndash Estrutura Fatorial referente ao Professor com
Bom relacionamento149
Tabela 6 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com
Relacionamento Difiacutecil151
Tabela 7 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com
Relacionamento Difiacutecil153
Tabela 8 ndash Estrutura Fatorial referente ao professor com
Relacionamento Difiacutecil155
Tabela 9 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do
relacionamento entre os pares e com o professor com Bom
Relacionamento158
Tabela 10 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do
relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento
Difiacutecil160
XI
LISTA DE FIGURAS
Figura 1ndash Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de
complexidade social (Hinde 1997)24
Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying143
Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor
com Bom Relacionamento148
Figura 4 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor
com Relacionamento Difiacutecil154
XII
LISTA DE ANEXOS
Anexo 01 ndash Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Anexo 02 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Pais e Responsaacuteveis Anexo 03 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Participantes Anexo 04 ndash Questionaacuterio Anexo 05 ndash Tabela Envolvimento em agressatildeo nas diferentes
formas de agressatildeo no relacionamento entre os pares Anexo 06 ndash Tabelas comparativas dos Aspectos Positivos e dos Aspectos
Negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento e ao Professor com Relacionamento Difiacutecil
XIII
O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental
RESUMO
O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees identificadas
por violecircncia A escola como espaccedilo de indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de
conflitos diversos Um fenocircmeno de intensa violecircncia vem preocupando
educadores de forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a atitudes
agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou mais alunos contra
outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos intimidaccedilotildees apelidos
gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo aleacutem de danos fiacutesicos
psiacutequicos morais e materiais O objetivo geral da presente pesquisa eacute investigar o
papel do relacionamento professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de conflitos
envolvendo alunos na perspectiva dos estudantes Participaram deste estudo 124
alunos do 7ordm ano do Ensino Fundamental de trecircs escolas da rede particular de
Recife (PE) Os estudantes escreveram uma redaccedilatildeo sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo e
em seguida preenchiam questionaacuterio sobre relacionamento com colegas e com dois
professores ndash Bom Relacionamento e Relacionamento Difiacutecil A anaacutelise temaacutetica das
redaccedilotildees aponta que a maioria dos alunos se referiu diretamente a praacutetica de
bullying ao dissertar sobre violecircncia escolar Tal praacutetica tambeacutem foi abordada de
forma indireta sem fazer referecircncia expliacutecita ao termo bullying Alguns alunos se
declararam alvosviacutetimas de bullying e outros afirmaram ter presenciado tal praacutetica
A anaacutelise dos questionaacuterios evidenciou as formas de envolvimento em bullying e
aspectos do relacionamento professor-aluno A anaacutelise estatiacutestica correlacional
apontou ligaccedilatildeo entre alunos autoresagressores e aspectos negativos do
relacionamento com professores Os resultados possibilitam para maior
compreensatildeo da influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar
Palavras-chave relacionamento interpessoal bullying violecircncia escolar
XIV
The Teacher-Student Relationship and Bullying in Elementary Education
ABSTRACT
The social context is marked by countless situations identified by violence The school as a place for developing individuals is a setting for conflicts A phenomenon of intense violence is worrying educators in general - bullying - term used to refer to aggressive attitudes intentional repetitive adopted by one or more students against another(s) causing pain distress and suffering Insults intimidation nicknames teasing accusations often leading to exclusion and physical psychological moral and material The overall goal of this research is to investigate the role of the teacher-student relationship in the occurrence of conflict situations involving students from the students perspective The study included 124 students in 7th grade from three elementary schools in Recife (PE) Students were asked to write an essay about School Violence and then completed a questionnaire about the relationship with colleagues and two teachers - with Good Relationships and with Difficult Relationship A thematic analysis of newsrooms shows that the majority of students referred directly to bullying to speak about school violence This practice was also addressed indirectly without making explicit reference to the term bullying Some students expressed their targets victims of bullying and others claimed to have witnessed such a practice Analysis of the questionnaires showed the forms of involvement in bullying and aspects of the teacher-student relationship Statistical analysis showed correlational link between student authors aggressors and negative aspects of the relationship with teachers The results allow for greater understanding of the influence of interpersonal relationships in the school context
Keywords interpersonal relationships bullying school violence
XV
Sumaacuterio
Introduccedilatildeo17
Capiacutetulo I ndash Relacionamento Interpessoal21
11 ndash Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico21
12 ndash Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra
de Robert Hinde23
13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais28
14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos
Interpessoais29
15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno31
Capiacutetulo II ndash Violecircncia Escolar e Bullying35
21 ndash Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo35
22 ndash Bullying41
221 ndash Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo42
222 ndash ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo
de Bullying46
223 ndash Consequumlecircncias do Bullying51
224 ndash Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de
Bullying52
Capiacutetulo III ndash Bullying e Relacionamento Professor-Aluno56
31 ndash Bullying e dinacircmica escolar56
32 ndash Justificativa e Objetivos60
Capiacutetulo IV ndash Meacutetodo61
41 ndash Participantes61
42 ndash Procedimentos para coleta de dados62
43 ndash Instrumentos de Pesquisa64
431 ndash A Redaccedilatildeo64
432 ndash O Questionaacuterio64
44 ndash Procedimentos para anaacutelise de dados69
45 ndash Aspectos Eacuteticos69
Capiacutetulo V ndash Resultados e Discussotildees71
51 Anaacutelise das Redaccedilotildees71
511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante72
5111 A Violecircncia como parte do cotidiano72
5112 Violecircncia escolar e bullying 78
512 A Dinacircmica da violecircncia82
5121 As Raiacutezes da Violecircncia Escolar82
5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas
na violecircncia escolar87
XVI
5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de
violecircncia escolar medo ameaccedilas
chantagens intoleracircncia preconceito90
5124 As agressotildees verbais98
5125 Violecircncia escolar e brincadeira101
5126 Violecircncia escolar e o professor104
513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar108
5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo108
5132 Consequecircncias111
5133 Violecircncia e relacionamento116
514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar119
5141 O Papel da Escola120
5142 O Papel do Estado126
5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes127
514 Relatos de Violecircncia Escolar131
52 Anaacutelise dos Questionaacuterios137
521 Relacionamento Interpessoal com Pares138
522 Relacionamento Interpessoal com Professores144
5221 Professor com Bom Relacionamento144
5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil150
523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento
em Bullying e o Relacionamento com
os Professores157
5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom
Relacionamento159
5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com
Relacionamento Difiacutecil162
Capiacutetulo VI ndash Consideraccedilotildees Finais167
Referecircncias Bibliograacuteficas173
Anexos
17
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e os seus componentes vivenciaram grandes modificaccedilotildees ao
longo do final do seacuteculo passado sendo bem evidentes no seu cotidiano os
seus efeitos principalmente no que tange agraves praacuteticas pedagoacutegicas fruto de
uma maior compreensatildeo do processo ensino-aprendizagem Acompanhando
as transformaccedilotildees de natureza didaacutetica verificam-se no contexto escolar atual
grandes alteraccedilotildees nas questotildees comportamentais Estas todavia satildeo
responsaacuteveis pela insatisfaccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo agrave indisciplina que
se configuram como a maior queixa destes profissionais apontada muitas
vezes como o pior obstaacuteculo ao seu fazer docente (Aquino 2002 1996)
Tentar compreender o contexto da indisciplina na escola e os fenocircmenos
por ela responsaacuteveis implica analisar um outro fenocircmeno cada vez mais
presente em torno dos membros da escola tanto professores como alunos a
violecircncia
O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees
identificadas por violecircncia As instituiccedilotildees de ensino incluiacutedas neste contexto
tambeacutem apresentam suas faces da violecircncia A escola como espaccedilo de
indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de situaccedilotildees de conflitos diversos
Entretanto existe um fenocircmeno de intensa violecircncia que vem preocupando
educadores de uma forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a um
conjunto de atitudes agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou
mais alunos contra outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos
intimidaccedilotildees apelidos gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo
aleacutem de danos fiacutesicos psiacutequicos morais e materiais (Fante 2005)
18
Eacute importante que as instituiccedilotildees de sauacutede e educaccedilatildeo busquem
conhecer a extensatildeo e o impacto gerado pela praacutetica do bullying entre
estudantes para assim desenvolver medidas para reduzi-las e para preveni-
las E o psicoacutelogo como profissional que transita nestas duas aacutereas - sauacutede e
educaccedilatildeo ndash ao se apropriar deste fenocircmeno pode contribuir no sentido
desenvolver estudos que possibilitem maior compreensatildeo e visibilidade a tal
fenocircmeno impossiacutevel de ser desconsiderado nas nossas escolas
A Psicologia EscolarEducacional eacute uma das aacutereas de conhecimento da
Psicologia assim como um dos campos de atuaccedilatildeo deste profissional
Atualmente eacute importante que o psicoacutelogo atue como mediador nas tensotildees e
conflitos produzidos nas relaccedilotildees entre os atores da escola fortalecendo
pessoas e grupos na promoccedilatildeo de autonomia e na superaccedilatildeo das
adversidades considerando as condiccedilotildees objetivas e subjetivas dos processos
psicossociais Faz-se necessaacuterio diante do contexto educacional atual que o
psicoacutelogo atue junto agrave equipe pedagoacutegica na direccedilatildeo de entender o fenocircmeno
educativo na sua dimensatildeo institucional
O professor natildeo eacute um mero transmissor de conhecimento aspecto
bastante destacado em palestras livros e outros materiais de orientaccedilatildeo sobre
o fazer docente No entanto no cotidiano das escolas verifica-se um falta de
cuidado com outros aspectos do fazer docente principalmente com agravequeles
que se configuram a partir de relaccedilotildees interpessoais (Cunha et al 2004)
Investigar a relaccedilatildeo professor-aluno como forma de ampliar a
compreensatildeo acerca do fenocircmeno bullying implica em destacar para o
professor assim como para os demais profissionais da educaccedilatildeo incluindo o
19
psicoacutelogo sobre a necessidade de maior atenccedilatildeo ao papel das relaccedilotildees
estabelecidas na escola
Investigar o contexto social onde ocorre com maior incidecircncia o bullying
assim como as pessoas que compotildeem o contexto escolar e as relaccedilotildees aiacute
estabelecidas surge como oportuno visando aprofundarmos a compreensatildeo
sobre as diversas questotildees que integram o fenocircmeno bullying Os professores
demonstram sentimento de impotecircncia e anguacutestia diante das situaccedilotildees de
bullying enfrentadas no seu dia-a-dia (Ferreira Rowe e Oliveira 2011)
O presente trabalho se norteou pela tentativa de aproximar estas duas
aacutereas de investigaccedilatildeo as relaccedilotildees interpessoais e o bullying As questotildees
centrais deste estudo foram
a) investigar o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying
b) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor aluno
c) investigar possiacuteveis interseccedilotildees entre o relacionamento professor-
aluno e o envolvimento em situaccedilotildees de bullying
Para tanto apresenta-se nos capiacutetulos iniciais o cenaacuterio da pesquisa
sobre Relacionamento Interpessoal incluindo pesquisas sobre o
relacionamento Professor-aluno o cenaacuterio dos estudos sobre a Violecircncia
Escolar e informaccedilotildees provenientes de pesquisas sobre bullying
Abordar questotildees sobre bullying exige que duas questotildees sejam
esclarecidas a saber
1) O termo bullying carece de um termo referente em portuguecircs que
consiga expressar seu significado Alguns autores destacam esta dificuldade e
na busca de maior aproximaccedilatildeo com os diferentes aspectos que caracterizam
tal fenocircmeno preferem referir-se a bullying por maus tratos (Tamar 2008)
20
provocaccedilatildeovitimizaccedilatildeo (Carvalhosa et al 2001) preconceito (Antunes e Zuin
2008) Neste estudo o termo em inglecircs seraacute mantido pois natildeo tivemos por
objetivo a problematizaccedilatildeo desta questatildeo Apenas no iniacutecio desta pesquisa
durante a elaboraccedilatildeo do projeto eacute que sentimos maiores necessidades de
explicaccedilatildeo sobre qual era o objeto de investigaccedilatildeo pela dificuldade com o
termo utilizado Mas a partir da intensa exposiccedilatildeo do termo na miacutedia o termo
bullying ganhou familiaridade
2) Haacute variaccedilatildeo da nomenclatura referente agraves diferentes formas possiacuteveis
de envolvimento em situaccedilotildees de bullying nos estudos considerados Alguns
pesquisadores rejeitam a referecircncia aos termos viacutetima agressor e testemunha
visando evitar a rotulaccedilatildeo dos estudantes e preferem usar alvo autor e
espectador (Lopes Neto 2005) Neste estudo usaremos indistintamente estes
termos respeitando a maneira utilizada por cada autor ao fazer referecircncia agraves
formas de envolvimento E na anaacutelise dos dados faremos referecircncia
conjuntamente aos dois termos alvoviacutetima autoragressor e
espectadortestemunha
Apoacutes a apresentaccedilatildeo dos aspectos teoacutericos que fundamentam este
trabalho ao longo dos trecircs primeiros capiacutetulos passamos para a exposiccedilatildeo dos
aspectos metodoloacutegicos no quarto capiacutetulo Em seguida os resultados satildeo
apresentados considerando cada um dos instrumentos utilizados Agrave medida
que os dados satildeo apresentados realizamos as discussotildees pertinentes com
base na fundamentaccedilatildeo teoacuterica considerada Por fim encontram-se as
consideraccedilotildees finais quando apreciamos os objetivos propostos elencamos os
limites deste estudo como tambeacutem apresentamos as possibilidades suscitadas
nas aacutereas de estudo abordadas
21
CAPIacuteTULO I
1 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
11 - Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico
Reflexotildees sobre relaccedilotildees interpessoais jaacute estatildeo presentes na obra de
Platatildeo e Aristoacuteteles desde a Greacutecia Antiga A aacuterea de conhecimento cientiacutefico
sobre o relacionamento interpessoal contudo apresenta um maior
desenvolvimento a partir dos anos 50
Sullivan (1953) citado por Hinde (1997) ressaltou a importacircncia do
estudo sobre as relaccedilotildees sociais sob a perspectiva desenvolvimental propondo
que as pessoas tecircm necessidades interpessoais que satildeo atendidas por tipos
especiacuteficos de relacionamento Segundo o autor a personalidade eacute
influenciada modificada e reforccedilada pelos relacionamentos que o indiviacuteduo
manteacutem com outras pessoas que tambeacutem levariam ao desenvolvimento de
habilidades sociais e competecircncias interpessoais
Outro autor de destaque que sofreu a influecircncia da Psicologia da
Gestalt foi Fritz Heider Em seu livro sobre relaccedilotildees interpessoais Heider
(1958) citado por Hinde (1997) pressupotildee que o homem eacute motivado para
descobrir as causas dos eventos e entender seu ambiente incluindo as
relaccedilotildees interpessoais
A pesquisa sobre relacionamento interpessoal apresentou um
desenvolvimento expressivo a partir dos anos 70 resultado da contribuiccedilatildeo de
autores de diferentes disciplinas e orientaccedilotildees teoacutericas Dois autores podem
ser destacados por suas contribuiccedilotildees para a aacuterea Steve Duck e Robert Hinde
Duck teve especial importacircncia na criaccedilatildeo da primeira organizaccedilatildeo cientiacutefica
22
voltada para o estudo dos relacionamentos interpessoais a International
Society for the Study of Personal Relationships (ISSPR) sociedade que tinha
como objetivo estimular e apoiar a pesquisa cientiacutefica sobre relacionamentos
interpessoais e aperfeiccediloar a comunicaccedilatildeo entre pesquisadores do tema
fortalecendo o campo do Relacionamento Interpessoal dentro da comunidade
acadecircmica Aleacutem disso Duck tambeacutem liderou o processo de criaccedilatildeo do
primeiro perioacutedico da aacuterea no iniacutecio da deacutecada de 1980 o Journal of Social and
Personal Relationships tornando-se seu primeiro editor
Em 1987 durante Conferecircncia Internacional sobre Relacionamento
Interpessoal foi criada a International Network on Personal Relationships
(INPR) com o objetivo de promover a colaboraccedilatildeo interdisciplinar no estudo
dos processos de relacionamento Em 2002 a fusatildeo dessas duas sociedades
deu origem agrave International Association for Relationships Research ndash IARR
(Associaccedilatildeo Internacional para Pesquisa sobre Relacionamento) organizaccedilatildeo
que se propotildee a continuar o trabalho anteriormente desenvolvido pela ISSPR e
INPR A sociedade reuacutene atualmente cerca de 700 profissionais de 20 paiacuteses
(Garcia 2005a)
No Brasil o primeiro encontro especiacutefico sobre relacionamento
interpessoal foi um mini-congresso da IARR sobre o tema realizado em Vitoacuteria
em 2005 Como decorrecircncia do mini-congresso apoacutes alguns anos foi
organizada a Associaccedilatildeo Brasileira de Pesquisa do Relacionamento
Interpessoal (ABPRI) que realizou seu primeiro congresso nacional em 2009
nas dependecircncias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo com a presenccedila
do professor Steve Duck e da professora Jacki Fitzpatrick presidente da IARR
23
12 - Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra de
Robert Hinde
A importacircncia de Robert Hinde para o estudo do relacionamento
interpessoal estaacute em seus esforccedilos para a organizaccedilatildeo de uma Ciecircncia do
Relacionamento Interpessoal partindo de alguns princiacutepios da Etologia
Claacutessica conforme indicado a seguir
Os trecircs livros em que Hinde desenvolve suas propostas refletem trecircs
deacutecadas de reflexatildeo sobre o tema Em sua principal obra sobre o tema Hinde
(1997) procura sistematizar cerca de 1600 estudos na aacuterea principalmente
entre os anos de 1970 e 1990
Aleacutem disso Hinde propotildee uma orientaccedilatildeo teoacuterica baseada na Etologia
Claacutessica As propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de uma ciecircncia do
relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais representa uma
aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para esta nova aacuterea
de investigaccedilatildeo em pleno desenvolvimento (Garcia 2005)
De acordo com Hinde (1997) o desenvolvimento social do ser humano
envolve um sistema de relaccedilotildees com diferentes niacuteveis de complexidade que
afetam e satildeo afetados uns pelos outros (de processos fisioloacutegicos passando
por interaccedilotildees relacionamentos grupos e sociedade) e ainda a estrutura
sociocultural e ambiente fiacutesico Hinde sugere quatro estaacutegios para o estudo dos
relacionamentos a) descriccedilatildeo dos fenocircmenos b) a discussatildeo de processos
subjacentes c) o reconhecimento das limitaccedilotildees e d) re-siacutentese Uma vez que
relacionamentos satildeo processos haacute consideraacutevel sobreposiccedilatildeo entre esses
estaacutegios Ainda fazem parte do esquema explicativo de Hinde as estruturas
socioculturais e o ambiente fiacutesico (Figura 1)
24
Figura 1 Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de complexidade social
(Hinde 1997)
Para Hinde (1997) a descriccedilatildeo de um relacionamento requer dados
sobre o que os participantes fazem pensam e sentem Sugere ainda que a
descriccedilatildeo atinja os diversos niacuteveis de complexidade desde as interaccedilotildees os
relacionamentos e grupos
Um dos pontos cruciais na obra de Hinde eacute a diferenciaccedilatildeo entre o
relacionamento e a interaccedilatildeo Para Hinde (1997) podemos falar de um
relacionamento se os indiviacuteduos tecircm uma histoacuteria comum de interaccedilotildees
passadas e o curso da interaccedilatildeo atual seraacute influenciado por elas
Relacionamentos satildeo definidos a partir de uma seacuterie de interaccedilotildees no tempo
entre indiviacuteduos que se conhecem Os mesmos fatores intervenientes nas
interaccedilotildees tambeacutem estatildeo presentes nas relaccedilotildees assim atitudes expectativas
intenccedilotildees e emoccedilotildees dos participantes satildeo de fundamental importacircncia O
agrupamento de relacionamentos compotildee uma rede formando o grupo social
Estrutura
Sociocultural Ambiente
Fiacutesico
Sociedade
Grupo
Relacionamento
Interaccedilatildeo
Comportamento
do Indiviacuteduo
Processos
Psicoloacutegicos
25
Hinde salienta que essas redes de relacionamentos mdash a famiacutelia os amigos da
escola entre outros podem sobrepor-se ou manter-se completamente
separadas comportando-se como grupos distintos uns em face dos outros
Assim como nas interaccedilotildees e relacionamentos cada grupo tanto influencia o
ambiente fiacutesico e bioloacutegico em que estaacute inserido como eacute influenciado por eles
O autor reconhece a existecircncia de niacuteveis distintos de complexidade no
comportamento social Cada um deles (interaccedilotildees relacionamentos grupos
sociais) possui propriedades proacuteprias Por exemplo algumas propriedades dos
relacionamentos tais como compromisso e intimidade dificilmente se aplicam
a interaccedilotildees isoladas (Hinde 1997)
Para organizar a aacuterea de pesquisa sobre relacionamento interpessoal
Hinde parte do conteuacutedo dos relacionamentos passando para a diversidade e
a qualidade das interaccedilotildees Em seguida discute algumas categorias presentes
nos relacionamentos semelhanccedilas e diferenccedilas reciprocidade e
complementaridade a intimidade o conflito o poder a auto-revelaccedilatildeo e a
privacidade a satisfaccedilatildeo a percepccedilatildeo interpessoal e o compromisso Estas
categorias ajudariam a organizar dados descritivos sobre relacionamentos
Robert Hinde contribuiu para a organizaccedilatildeo de uma ldquociecircncia do
relacionamento interpessoalrdquo Apesar de ter investigado e escrito sobre
diferentes temas de pesquisa seus principais textos sobre relacionamentos
foram publicados como livros (Hinde 1979 1987 e 1997) As publicaccedilotildees de
Hinde sobre o tema apresentam dois pontos principais Primeiramente procura
sistematizar a produccedilatildeo na aacuterea organizando aproximadamente 1600 textos
sobre o tema das deacutecadas de 1970 1980 e 1990 Em segundo lugar Hinde
procura organizar a aacuterea de acordo com orientaccedilatildeo teoacuterica influenciada pela
26
Etologia Claacutessica Esta representa um importante movimento de investigaccedilatildeo
do comportamento animal e humano tendo como autores centrais Konrad
Lorenz Niko Tinbergen e Karl von Frisch que receberam o Precircmio Nobel de
Fisiologia ou Medicina em 1973
Segundo Garcia (2005) as propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de
uma ciecircncia do relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais
representa uma aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para
esta nova aacuterea de investigaccedilatildeo
A contribuiccedilatildeo da Etologia Claacutessica para os estudos sobre
relacionamento interpessoal especificamente Konrad Lorenz John Bowlby e
Robert Hinde foi discutida por Garcia (2005)
As contribuiccedilotildees de Hinde para o estudo do relacionamento interpessoal
ainda foram analisadas por Garcia e Ventorini (2006) de modo particular para
os estudos em Psicologia Organizacional Segundo Garcia e Ventorini (2006)
os princiacutepios para uma ldquociecircncia dos relacionamentosrdquo proposta por Hinde
recebem a influecircncia da Etologia Claacutessica e da teoria de sistemas Da Etologia
Claacutessica herdou a ecircnfase na descriccedilatildeo (base descritiva) como a primeira etapa
para a compreensatildeo da dinacircmica dos relacionamentos A descriccedilatildeo dos
relacionamentos em diferentes niacuteveis eacute considerada a base para o avanccedilo
teoacuterico e a generalizaccedilatildeo dos dados Os autores ainda mencionam como
atitudes orientadoras da Etologia no estudo dos relacionamentos interpessoais
a ecircnfase na descriccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos dados coletados a anaacutelise e siacutentese
dos resultados da anaacutelise o mover-se entre niacuteveis de complexidade e a ecircnfase
na questatildeo da funccedilatildeo evoluccedilatildeo desenvolvimento e causaccedilatildeo
27
Segundo Garcia e Ventorini (2006) para organizar a aacuterea de pesquisa
sobre relacionamento interpessoal Hinde parte do conteuacutedo das interaccedilotildees
passando para a sua diversidade e qualidade Segue discutindo a
reciprocidade e complementaridade intimidade percepccedilatildeo interpessoal e
compromisso categorias que contribuiriam para organizar os dados descritivos
sobre relacionamentos
A descriccedilatildeo dos relacionamentos envolve a descriccedilatildeo das interaccedilotildees de
seu conteuacutedo e qualidade a descriccedilatildeo das propriedades advindas da
frequumlecircncia relativa e padronizaccedilatildeo da interaccedilatildeo dentro do relacionamento e a
descriccedilatildeo de propriedades mais ou menos comuns a todas as interaccedilotildees
dentro do relacionamento A comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal satildeo
considerados elementos importantes para a compreensatildeo do relacionamento
interpessoal
No niacutevel comportamental um relacionamento envolve uma seacuterie de
interaccedilotildees entre indiviacuteduos A descriccedilatildeo de uma interaccedilatildeo deve contemplar o
conteuacutedo do comportamento apresentado (o que fazem juntos) a qualidade do
comportamento (de que forma eacute feito) e a padronizaccedilatildeo (frequumlecircncia absoluta e
relativa) das interaccedilotildees que o compotildeem Algumas das mais importantes
caracteriacutesticas dos relacionamentos dependem de fatores afetivos e cognitivos
que tambeacutem devem ser considerados na descriccedilatildeo (Hinde 1997)
De acordo com Hinde Finkenauer e Auhagen (2001) o pleno
entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque tambeacutem no niacutevel individual pois
o curso de um relacionamento tambeacutem depende das caracteriacutesticas
psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos envolvem
caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas posicionamento
28
quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-conceito auto-
estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre outras
13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais
Uma tendecircncia maniqueiacutesta prevalece em estudos dos relacionamentos
interpessoais considerando os relacionamentos como constituiacutedo por dois
lados um positivo e outro negativo Embora o lado positivo da amizade seja
enfatizado as amizades tambeacutem revelam seu lado negativo conflito e
agressividade integram as relaccedilotildees de amizade (Garcia 2005b)
O comportamento agressivo aparece como uma das dimensotildees
investigadas nos estudos das relaccedilotildees interpessoais principalmente nos
estudos sobre estas relaccedilotildees na infacircncia (Garcia 2005c) A agressividade de
modo geral eacute percebida pelas crianccedilas como um fator de distanciamento
dificultando o estabelecimento de amizades
Em levantamento da literatura em torno das relaccedilotildees de amizade na
infacircncia Garcia (2005c) apresenta diversos estudos que consideram a
agressividade nas relaccedilotildees de amizades na infacircncia para Phillipsen Deptula e
Cohen (1999) quanto mais agressiva a crianccedila menor sua aceitaccedilatildeo social
pelos colegas em termos de amizade para Dunn e Hughes (2001) a
manifestaccedilatildeo de fantasia violenta tambeacutem estava relacionada a
comportamento anti-social frequumlente mostras de raiva conflito e recusa a
ajudar um amigo Brendgen Vitaro Turgeon e Poulin (2002) mostram que
enquanto a agressividade agrave primeira vista cria barreiras para as relaccedilotildees de
amizade haacute formas de lidar com o comportamento agressivo dentro das
29
relaccedilotildees de amizade para Ray Cohen Secrist e Duncan (1997) haacute
correlaccedilotildees positivas de comportamentos agressivos entre crianccedilas populares
(e de popularidade meacutedia) e seus amigos muacutetuos indicado que crianccedilas
agressivas podem se atrair mutuamente Estudo desenvolvido por Kupersmidt
DeRosier e Patterson (1995) citado por Garcia (2005b) tambeacutem revela que
crianccedilas similares em comportamento de agressatildeo e isolamento social
apresentam maior probabilidade de se tornarem amigas do que crianccedilas que
natildeo o sejam
O estudo da violecircncia e da agressatildeo nas relaccedilotildees interpessoais se
insere no grupo de estudos que abordam as dificuldades prejuiacutezos e ameaccedilas
ao relacionamento com danos para os participantes ou para o relacionamento
em si Segundo Garcia (2005b) entre os pontos de similaridade que servem de
base para uma amizade o comportamento agressivo costuma ser um dos mais
importantes
14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos Interpessoais
Garcia (2005a) analisou as publicaccedilotildees e os temas abordados nas
pesquisas sobre relacionamento interpessoal especialmente os artigos
presentes nas principais publicaccedilotildees internacionais especializadas
constatando que estatildeo voltados para os relacionamentos romacircnticos
familiares sexuais relacionamentos profissionais em diversos niacuteveis e a
amizade em geral
Trecircs aspectos segundo o autor se destacam como representativos do
conteuacutedo dos estudos de relacionamento interpessoal os participantes as
dimensotildees do relacionamento e o contexto Com relaccedilatildeo aos participantes as
principais propriedades estudadas satildeo a idade gecircnero etnia e certos aspectos
30
psicoloacutegicos As dimensotildees do relacionamento mais investigadas nos estudos
publicados nos principais perioacutedicos satildeo a comunicaccedilatildeo o apego o
compromisso o perdatildeo a similaridade a percepccedilatildeo interpessoal o apoio
social e emocional e o lado negativo do relacionamento ndash agressatildeo violecircncia e
ameaccedilas ao relacionamento O terceiro elemento marcante nos estudos de
relacionamento eacute o contexto representado por fatores ambientais geograacuteficos
ecoloacutegicos sociais culturais econocircmicos tecnoloacutegicos entre outros (Garcia
2005a)
A famiacutelia exerce diferentes influecircncias sobre as relaccedilotildees de amizade na
infacircncia Os pais afetam as amizades dos filhos por meio da estruturaccedilatildeo de
sua vida diaacuteria por meio de suas proacuteprias amizades atraveacutes de seus conflitos
da qualidade da relaccedilatildeo entre pais e filhos (Garcia 2005b)
Considerar o contexto nos estudos do relacionamento interpessoal
implica em estar atento aos diversos aspectos do ambiente onde se datildeo os
relacionamentos Como sugere Chang (2003) verifica-se grande variaccedilatildeo de
resultados na literatura sobre efeitos de comportamento agressivo e
comportamento retraiacutedo para os relacionamentos e para ele tal disparidade
deve-se ao fato de natildeo se ter considerado o contexto social destes
comportamentos nos diferentes estudos As variaccedilotildees portanto devem refletir
diferenccedilas contextuais Garcia (2005b) tambeacutem se refere a resultados distintos
em estudos que abordam agressividade e amizade na infacircncia
A escola eacute um dos principais locais em que as crianccedilas tem
oportunidade de se relacionar com seus pares sendo espaccedilo propiacutecio para a
origem e estabelecimento das relaccedilotildees de amizade Estudos que investigam o
contexto de relaccedilotildees de amizade na infacircncia apontam os dois contextos
31
intimamente ligados agrave amizade o familiar e o escolar Amizades facilitam a
adaptaccedilatildeo da crianccedila ao ambiente escolar e a aceitaccedilatildeo pelos colegas de
classe o que depende diretamente de sua qualidade estando a presenccedila de
conflito na amizade associada a mau ajustamento enquanto apoio percebido
tem sido associado a melhores atitudes em relaccedilatildeo agrave escola Crianccedilas com
amigos mostram um maior grau de ajuste agrave escola no iniacutecio e no fim do ano
escolar (Tomada (2002) citado por Garcia 2005b) e a qualidade positiva das
amizades no ambiente escolar tambeacutem gera atitudes mais positivas em relaccedilatildeo
agrave escola) As amizades na escola contribuem para um melhor ajustamento da
crianccedila aleacutem de trazer benefiacutecios para o rendimento escolar
Estudos que abordam as relaccedilotildees de amizade apresentam destaque ao
contexto do relacionamento dessa forma o ambiente escolar e assim o
relacionamento entre estudantes se apresentam como elementos das
investigaccedilotildees A sala de aula aparece como contexto considerado em alguns
estudos sobre relaccedilotildees de amizade na infacircncia (Ray Cohen amp Secrist 1995
citado por Garcia 2005b)
15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno
Inicialmente eacute preciso reconhecer com base nos criteacuterios de Hinde em
que medida podemos falar de relacionamento entre o professor e aluno Eacute
possiacutevel considerar um relacionamento visto que professores e alunos
estabelecem ao longo do ano letivo contiacutenuas interaccedilotildees com frequumlecircncia
regular e intensa que tais interaccedilotildees podem proporcionar uma histoacuteria comum
entre professor e aluno e ainda influenciar a interaccedilatildeo atual e que o
desenvolvimento da aula implica em compromisso e intimidade para que
32
ocorra aprendizagem efetiva Eacute importante conhecer as especificidades assim
como a relevacircncia do relacionamento professor-aluno
Muitos estudos investigam o relacionamento entre pares na sala de aula
tendo como participantes estudantes de uma mesma turma entretanto pecam
por desconsiderar a figura do professor como relevante e que exerce diversas
influecircncias no contexto da sala de aula (Chang 2003) Na anaacutelise realizada por
Garcia (2005a) percebe-se ausecircncia de estudos sobre relacionamento
professor-aluno Ao discorrer sobre as relaccedilotildees de amizade na infacircncia Garcia
(2005b) refere-se a estudo que aponta a opiniatildeo dos professores como fator
importante na escolha dos amigos no ambiente escolar principalmente para as
meninas
O ajustamento agrave escola indica a forma como crianccedilas e adolescentes se
adaptam ao ambiente escolar e suas atividades Geralmente um bom
ajustamento escolar estaacute associado a um bom desempenho escolar Entre
outros fatores observados o relacionamento professor-aluno afeta o
ajustamento escolar (Juvonen amp Wentzel 1996)
Murray e Greenberg (2000) observaram que alunos do quinto e sexto
ano com relaccedilotildees pobres com seus professores tambeacutem apresentavam
ajustamento social e emocional mais baixo conforme avaliaccedilatildeo dos
professores e dos proacuteprios alunos em comparaccedilatildeo com os alunos que
mantinham relaccedilotildees positivas com os professores
Diversas dimensotildees integram a relaccedilatildeo professor-aluno
Comportamentos como ajudar auxiliar apoiar aconselhar e incentivar
caracterizam os professores que manifestam atitudes solidaacuterias e demonstram
interesse nas relaccedilotildees interpessoais com seus alunos (Ang 2005) O
33
relacionamento professor-aluno construtivo e apoiador continua sendo
importante e prediz resultados acadecircmicos e desempenho comportamental
positivos para alunos do ensino fundamental ao Ensino Meacutedio (Davis 2003)
O conflito a criacutetica e comentaacuterios negativos ou desfavoraacuteveis
prejudicam o ajustamento e a atividade do estudante em sala de aula (Wentzel
2002 Birch amp Ladd 1996) Estudantes descrevem como professores
atenciosos aqueles que fazem comentaacuterios construtivos ao inveacutes de apenas
criticarem assim como os que demonstram um estilo de comunicaccedilatildeo mais
livre ao inveacutes daqueles que gritam e interrompem a todo o momento (Wentzel
1997 2003)
Lisboa (2002) em estudo desenvolvido em Porto Alegre com crianccedilas
de niacutevel socioeconocircmico baixo de escolas puacuteblicas municipais aponta dados
sobre caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-aluno As crianccedilas relataram os
principais problemas com seus professores destacando as agressotildees verbais
dos professores sem uma causa identificada Frente ao conflito com
professores esses alunos agiam de forma passiva sem fazer nada As
crianccedilas se viam incapazes de agir percebendo os professores como pouco
flexiacuteveis ou autoritaacuterios temendo castigos ou puniccedilotildees
Em outra pesquisa realizada no sul do paiacutes com alunos de sexto ao
nono ano de duas escolas da rede puacuteblica de Santa Catarina o relacionamento
entre alunos e professores foi considerado ruim ou natildeo tatildeo bom por 53 dos
participantes destacando-se como motivo a falta de diaacutelogo resultado de mau
humor impaciecircncia repeticcedilatildeo nas aulas diferenccedilas de tratamento entre os
alunos e distanciamento Foram bem avaliados os professores capazes de
conversar e manter um bom relacionamento com os alunos (Laterman 2000)
34
Um relacionamento professor-aluno positivo afeta as afinidades entre
aluno e professor favorecendo o gosto pela mateacuteria e o interesse em aprender
estimulando a participaccedilatildeo dos alunos e o interesse pelo conteuacutedo (Cunha et
al 2004)
A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um componente central para o sucesso do
processo ensino-aprendizagem mas em geral os aspectos eacuteticos desta
relaccedilatildeo natildeo satildeo considerados Grande parte da literatura recente sobre as
relaccedilotildees professor-aluno tem se concentrado no papel do cuidar Uma eacutetica do
cuidado privilegia ligaccedilotildees emocionais entre professor e aluno e enfatiza a
importacircncia da natureza reciacuteproca das relaccedilotildees entre professores e alunos
(Aultman et al 2009)
Diante da relevacircncia do relacionamento professor-aluno um dado
chama atenccedilatildeo em estudo realizado no Brasil por Abramovay (2005)
Enquanto cerca de 45 dos alunos afirmam que a relaccedilatildeo entre eles e os
professores varia entre boaoacutetima um nuacutemero consideraacutevel de alunos o
equivalente a mais de 196 mil estudantes (12) afirmam que o relacionamento
com os professores eacute peacutessimo ou ruim
A indisciplina pode colaborar para a deterioraccedilatildeo das relaccedilotildees entre os
atores escolares como tambeacutem pode constituir-se em um conflito positivo que
adverte para a importacircncia de rever rumos e rotas escolares atentando aos
pedidos de atenccedilatildeo e de criacutetica impliacutecita agrave escola que fazem os alunos
Assumir uma postura positiva depende da sensibilidade dos professores de
suas respostas e da abertura da escola para ouvir e aprender os tipos de
comunicaccedilatildeo e sinais que emitem os alunos (Abramovay 2005)
35
CAPIacuteTULO II
2 VIOLEcircNCIA ESCOLAR E BULLYING
21 - Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo
Erroneamente pensamos a escola unicamente como espaccedilo de
crescimento de produccedilatildeo e de circulaccedilatildeo de bons haacutebitos e atitudes dignas de
serem imitadas em prol da boa educaccedilatildeo No meio educacional eacute comum se
considerar a violecircncia como um fenocircmeno com raiz essencialmente exoacutegena
em relaccedilatildeo agrave praacutetica institucional escolar e com isto
ldquoa escola e seus atores constitutivos principalmente o professor parecem tornar-se refeacutens de sobredeterminaccedilotildees que em muito lhes ultrapassam restando-lhes apenas um misto de resignaccedilatildeo desconforto e inevitavelmente desincumbecircncia perante os efeitos de violecircncia no cotidiano praacutetico posto que a gecircnese do fenocircmeno e por extensatildeo seu manejo teoacuterico-metodoloacutegico residiriam fora ou para aleacutem dos muros escolares (Aquino 1998)
Eacute importante compreender as instituiccedilotildees e entre elas as escolas como
relaccedilotildees ou praacuteticas sociais especiacuteficas que tendem a se repetir e que
enquanto se repetem legitimam-se (Guirado 1997 apud Aquino 1998) As
relaccedilotildees escolares natildeo implicam um espelhamento imediato daquelas extra-
escolares Eacute preciso pensar os atores da escola situados num complexo de
lugares e relaccedilotildees pontuais sempre institucionalizadas Para tanto surge a
possibilidade de um olhar especificamente institucional sobre as praacuteticas
escolares entendendo que as escolas tambeacutem produzem sua proacutepria violecircncia
e sua proacutepria indisciplina como propotildee Aquino (1998)
36
A percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aumento das violecircncias nas escolas em
frequumlecircncia e gravidade em parte eacute fruto de algo intensamente midiatizado e
em parte por ser submetido agrave lei do silecircncio nas salas de aula escolas e redes
escolares Para Levisky (1997) uma violecircncia digna do homem primitivo estaacute
solta por toda a parte nas relaccedilotildees familiares nas escolas nas ruas nos
meios de comunicaccedilatildeo nas filas nas relaccedilotildees institucionais no lazer
ldquoA escola multifacetada vem presenciando situaccedilotildees de violecircncia que estatildeo tomando proporccedilotildees assustadoras em nossa sociedade As situaccedilotildees de violecircncia anteriormente esporaacutedicas se tornaram uma constante em nossos diasrdquo (Francisco amp Liboacuterio 2009)
Para Abramovay (2005) nem sempre as relaccedilotildees sociais na escola satildeo
amistosas e harmocircnicas a convivecircncia na escola pode ser marcada por
agressividade e violecircncia muitas vezes banalizadas e naturalizadas
comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem
A violecircncia nas escolas eacute um problema social grave e complexo e
provavelmente o tipo mais frequumlente e visiacutevel da violecircncia juvenil Muitos
estudos que tratam da temaacutetica da violecircncia na escola procuram analisaacute-la a
partir de questotildees mais relacionadas agrave violecircncia simboacutelica agrave seguranccedila da
escola e principalmente agrave depredaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo do patrimocircnio escolar
(Silva 1997 Sposito 2001)
Eacute apenas ao final dos anos 90 e iniacutecio dos anos 2000 que o estudo da
violecircncia escolar se debruccedila sobre as relaccedilotildees interpessoais agressivas
envolvendo estudantes professores e demais funcionaacuterios Vale destacar
ainda que a aacuterea das Ciecircncias Sociais mesmo tendo incorporado o tema da
violecircncia e seus desdobramentos nas suas pesquisas nenhum estudo desta
aacuterea na anaacutelise realizada por Spoacutesito (2001) investigou a questatildeo da
37
violecircncia escolar A aacuterea da Educaccedilatildeo abordou esta temaacutetica muito
tardiamente e o interesse acadecircmico pela questatildeo ainda eacute bastante incipiente
O debate em torno da violecircncia escolar implica considerarmos a
violecircncia enquanto um fenocircmeno macrossocial cujas raiacutezes se encontram no
sistema portanto fora da escola sem fugir da abordagem da violecircncia
enquanto um fenocircmeno microssocial ligado agraves interaccedilotildees situaccedilotildees e praacuteticas
na proacutepria escola Eacute preciso pensar a escola como autora viacutetima e palco de
violecircncia Eacute autora com praacuteticas que produzem e reproduzem a exclusatildeo
social eacute viacutetima quando seus gestores e docentes satildeo hostilizados em parte
como reflexo da violecircncia que ela produz e quando situaccedilotildees de vandalismo
se impotildeem neste cenaacuterio salientando tensatildeo constante por fim eacute palco de
violecircncia quando no seu ambiente se desenrolam conflitos entre os seus
membros e quando se torna tambeacutem lugar de aprendizagem de violecircncias
(Galvatildeo Gomes Capanema Caliman amp Cacircmara 2010)
Violecircncia escolar refere-se a todos os comportamentos agressivos e
anti-sociais incluindo os conflitos interpessoais danos ao patrimocircnio atos
criminosos etc Infelizmente estatildeo cada vez mais presentes na escola
demonstrando que o modelo do mundo exterior eacute reproduzido nas escolas
fazendo com que deixem de ser ambientes seguros modulados pela disciplina
amizade e cooperaccedilatildeo e se transformem em espaccedilos onde haacute violecircncia
sofrimento e medo (Lopes Neto 2005)
Atualmente nas escolas nem sempre as relaccedilotildees sociais satildeo amistosas
e harmocircnicas os alunos e professores natildeo se unem em torno de objetivos
comuns Ao contraacuterio a convivecircncia na escola pode ser marcada por
38
agressividade e violecircncias muitas vezes naturalizadas e banalizadas
comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem (Abromavay 2005)
Charlot (2002) citado por Abromavay (2005) propotildee um sistema de
classificaccedilatildeo dos episoacutedios de violecircncia na escola em que identificam trecircs tipos
de manifestaccedilatildeo a violecircncia na escola a violecircncia contra a escola e a violecircncia
da escola A violecircncia na escola eacute aquela que se produz dentro do espaccedilo
escolar sem estar ligada agraves atividades da instituiccedilatildeo escolar a escola eacute
apenas o lugar de uma violecircncia que poderia ter acontecido em outro lugar A
violecircncia contra a escola estaacute relacionada com a natureza e as atividades da
instituiccedilatildeo escolar e toma a forma de agressotildees ao patrimocircnio e agraves autoridades
da escola (professores diretores e demais funcionaacuterios) e eacute decorrente de
ressentimentos de certos jovens e de certas famiacutelias contra a escola e seu
funcionamento A violecircncia contra a escola estaacute relacionada no entendimento
de Charlot agrave violecircncia da escola a violecircncia institucional simboacutelica a qual se
manifesta por meio do modo como a escola se organiza funciona e trata os
alunos (Abromavay 2005)
Neste cenaacuterio novos olhos para as bases de legitimaccedilatildeo da autoridade
vecircm abalar os fundamentos da violecircncia historicamente praticada pela escola
contra os seus alunos (Aquino 1998) De acordo com Tognetta (2010) muitas
das puniccedilotildees utilizadas pelas escolas como forma de garantir obediecircncia agrave
autoridade satildeo tambeacutem tatildeo violentas quanto agraves formas de violecircncia que
assistimos em nossas escolas
Para Galvatildeo et al (2010) os estudantes praticam violecircncias simboacutelicas
como o uso agressivo da linguagem a imposiccedilatildeo de apelidos inclusive ligados
a estereoacutetipos eacutetnicos e de gecircnero o isolamento de certos alunos e grupos
39
aleacutem das incivilidades e do asseacutedio moral ou bullying No entanto em estudo
realizado com professores e alunos de modo geral as violecircncias simboacutelicas
inclusive manifestaccedilotildees de preconceitos foram mais difiacuteceis de ser percebidas
tanto por professores quanto por alunos sobretudo por estes uacuteltimos
Os resultados de estudo desenvolvido por Lopes e Galvatildeo (2004)
citados por Galvatildeo et al (2010) apontou vaacuterias aspectos da accedilatildeo docente no
cenaacuterio da violecircncia escolar Foi afirmado reiteradamente que os estudantes
natildeo levavam a escola a seacuterio laacute estavam por serem obrigados eram
desmotivados e natildeo se comportavam adequadamente Diante disso a resposta
dos professores era de apatia conformismo individualismo e desmobilizaccedilatildeo
que por sua vez trazia o adoecimento psiacutequico com ansiedade e depressatildeo
Nesta direccedilatildeo estudo realizado por Almeida (1999) tambeacutem citado por
Galvatildeo et al (2010) apontou que os educadores se preocupavam apenas com
os efeitos da destruiccedilatildeo provocada pelos alunos sem se importarem com os
motivos dessas accedilotildees O trabalho salientou que entre alguns professores e
alunos havia o anseio pela inclusatildeo de atividades e conteuacutedos curriculares que
desenvolvessem valores e atitudes de cooperaccedilatildeo e que preparassem melhor
para a vida em vez de um curriacuteculo eminentemente informativo pouco
relevante ou compreensiacutevel para o alunado
Se os educadores em geral estatildeo alarmados com a indisciplina e a
violecircncia expliacutecita que existem na escola outra forma de violecircncia deve
despertar a atenccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo aquela que se apresenta
de forma velada por meio de um conjunto de comportamentos crueacuteis
intimidadores e repetitivos prolongadamente contra uma mesma viacutetima e cujo
40
poder destrutivo eacute perigoso agrave comunidade escolar e agrave sociedade como um
todo pelos danos causados ao psiquismo dos envolvidos (Fante 2005)
Um aspecto bastante preocupante na atualidade eacute que estamos diante
de uma sociedade na qual o elemento violecircncia em suas diferentes formas de
expressatildeo estaacute fazendo parte dos modelos identificatoacuterios como padratildeo de
conduta e forma de auto-afirmaccedilatildeo
Considerando que a auto-afirmaccedilatildeo eacute um componente necessaacuterio e
desejaacutevel no processo de desenvolvimento da identidade do adolescente
surge o alerta a respeito do risco para nossos jovens em processo de
construccedilatildeo da identidade no contexto atual pois observa-se em nossa cultura
uma perda do senso criacutetico na qual vivenciamos uma crise de valores onde
vem se perdendo a noccedilatildeo de limite entre o bem e o mal E assim a violecircncia
fiacutesica a baderna o vandalismo e a amoralidade se tornam meios de auto-
afirmaccedilatildeo incorporados ao cotidiano juvenil
Segundo Silva (1997) a questatildeo da violecircncia e as violaccedilotildees dos direitos
humanos no Brasil constituem-se em uma das maiores preocupaccedilotildees da
populaccedilatildeo das grandes cidades Entretanto aleacutem da violecircncia em si parece
tambeacutem bastante grave o fato de que as vaacuterias formas de violecircncia produzidas
no cotidiano da sociedade parecem natildeo mais indignar a populaccedilatildeo brasileira
se configurando uma banalizaccedilatildeo da proacutepria vida
Em estudo realizado por Silva (1997) sobre a violecircncia nas escolas ao
entrevistar alunos professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores da
escola um dado interessante a destacar foi que na visatildeo da maioria dos
entrevistados a sociedade estaacute corrompida nos seus valores eacuteticos e morais e
a escola tambeacutem eacute afetada por este tipo de corrupccedilatildeo
41
Os resultados deste estudo apontaram uma diferenccedila significativa entre
a forma como professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores percebem a
violecircncia e a forma como os alunos a vecircem principalmente nas questotildees que
permeiam as relaccedilotildees na escola ldquoPara os educadores a violecircncia se
evidencia de forma mais clara na relaccedilatildeo entre os alunos Estes eacute que satildeo
violentos e geralmente os educadores natildeo se percebem promovendo atitudes
de violecircncia para com os alunosrdquo (p 262) Eacute tambeacutem interessante que ao
falarem sobre a violecircncia no acircmbito escolar os alunos natildeo percebem como
violentas algumas atitudes desenvolvidas entre professor e aluno e entre
alunos como a falta de diaacutelogo e de companheirismo
Dados semelhantes apareceram em estudo realizado por Fernandes
(2006) citado por Galvatildeo et al (2010) Cotejando as respostas dos grupos
docente e discente Fernandes (2006) constatou que ambos divergiram sobre o
niacutevel de gravidade de situaccedilotildees como brigas entre alunos o professor
comparar alunos publicamente a praacutetica de atos de conotaccedilatildeo eroacutetica com os
colegas e os insultos em todos os casos envolvendo alunos entre si e
professores Os juiacutezos dos docentes tenderam a ser mais rigorosos embora
mais lenientes quanto a si mesmos e mais severos quando as violecircncias dos
alunos se dirigiam contra eles professores
22 Bullying
Um comportamento bem presente nas relaccedilotildees interpessoais entre os
estudantes o bullying invoca profissionais da educaccedilatildeo e mais
especificamente os docentes a atentarem para as repercussotildees deste
42
fenocircmeno para a comunidade escolar como um todo como tambeacutem para a
influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer docente
221 Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo
Bullying geralmente eacute definido como uma forma especiacutefica de agressatildeo
que eacute intencional repetida e envolve disparidade de poder entre viacutetimas e
perpretador Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) o bullying eacute um
comportamento intencional visando fazer mal e magoar algueacutem e se repete ao
longo do tempo (eg Chapell et al 2004 DeHaan 1997 Olweus 1994)
Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009) reconhecem a
ocorrecircncia de bullying em diferentes contextos incluindo a escola o ambiente
familiar as prisotildees e o ambiente de trabalho Segundo Salmivalli (2010) o
bullying tem sido estudado no local de trabalho (Bowling amp Beehr 2006
Nielsen Matthiesenamp Einarsen 2008) em prisotildees (Ireland 2005 Ireland
Archer amp Power 2007 South amp Wood 2006) e no ambiente militar (Ostvik amp
Rudmin 2001) Segundo Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009)
a maioria dos casos de bullying escolar ocorre no playground sala de aula ou
corredores A questatildeo de gecircnero foi investigada por Oliveira amp Votre (2006) ao
focalizarem a investigaccedilatildeo na praacutetica de bullying em aulas de educaccedilatildeo fiacutesica
De acordo com Wang Iannotti e Nansel (2009) o bullying escolar tem
sido identificado como um comportamento problemaacutetico entre adolescentes
afetando o rendimento escolar habilidades proacute-sociais e o bem-estar
psicoloacutegico de viacutetimas e perpetradores
O bullying pode assumir diferentes formas como o fiacutesico o verbal e o
relacional ou social Segundo Wang Iannotti amp Nansel (2009) o bullying fiacutesico
43
e o verbal geralmente satildeo considerados como uma forma direta de bullying
enquanto o relacional eacute visto como uma modalidade indireta associada agrave
exclusatildeo social e divulgaccedilatildeo de boatos depreciativos Estudos tecircm evidenciado
que meninos estatildeo mais envolvidos com bullying direto e meninas com bullying
indireto (Bjorkqvist 1994 Owens Shute amp Slee 2000) Com a idade haacute a
tendecircncia de passar do bullying fiacutesico ao indireto e relacional Os agressores
tendem a ser do sexo masculino mas os gecircneros se equiparam quanto a sofrer
bullying Enquanto os meninos praticam e sofrem mais bullying fiacutesico as
meninas estatildeo mais associadas a bullying indireto ou relacional De acordo
com Wang Iannotti e Nansel (2009) o cyber-bullying ou bullying eletrocircnico estaacute
emergindo como uma nova forma de bullying Este pode ser definido como
uma forma de agressatildeo que ocorre por meio de computadores pessoais (por
exemplo por meio de e-mails e mensagens instantacircneas) ou de telefones
celulares (por exemplo por meio de mensagens de texto) Kowalski e Limber
(2007) relataram que em uma amostra de 3767 estudantes de ensino meacutedio
nos EUA 22 estavam envolvidos em cyber-bullying sendo 4 como
perpetradores 11 como viacutetimas e 7 como ambos
Este fenocircmeno comportamental desperta interesse pois segundo Fante
(2005) envolve e vitimiza a crianccedila na mais tenra idade escolar tornando-a
refeacutem de ansiedade e de emoccedilotildees que interferem negativamente nos seus
processos de aprendizagem devido agrave excessiva mobilizaccedilatildeo de emoccedilotildees de
medo de anguacutestia e de raiva reprimida O bullying diz respeito a uma forma de
poder interpessoal atraveacutes da agressatildeo
Lopes Neto (2005) diz que por definiccedilatildeo bullying compreende todas as
atitudes agressivas intencionais e repetidas que ocorrem sem motivaccedilatildeo
44
evidente adotadas por um ou mais estudante contra outro(s) causando dor e
anguacutestia sendo executadas dentro de uma relaccedilatildeo desigual de poder
Os estudantes envolvidos em bullying podem ser identificados como
alvosviacutetimas autoresagressores ou espectadorestestemunhas de acordo
com sua atitude diante de situaccedilotildees de bullying Mas haacute tambeacutem um grupo que
ao mesmo tempo que satildeo agredidos agridem outras crianccedilas e satildeo chamados
de agressorviacutetima
As pesquisas sobre bullying realizadas em diferentes paiacuteses a partir da
deacutecada de 90 indicam que a prevalecircncia de estudantes vitimizados varia de 8
a 46 e de agressores de 5 a 30 No Brasil estudo desenvolvido pela
Associaccedilatildeo da Brasileira Multiprofissional de Proteccedilatildeo agrave Infacircncia e agrave
Adolescecircncia (ABRAPIA) apontou que 405 dos alunos admitiram estar
diretamente envolvidos em atos de bullying sendo 169 como alvos 127
como autores e 109 ora como alvos ora como autores (Lopes Neto 2005)
Antunes e Zuin (2008) argumentam que ldquoo bullying se aproxima do
conceito de preconceito principalmente quando se reflete sobre os fatores
sociais que determinam os grupos-alvo e sobre os indicativos da funccedilatildeo
psiacutequica para aqueles considerados como agressoresrdquo (paacuteg 36) E assim
defendem a anaacutelise socioloacutegica de estudos envolvendo violecircncia pois abordar
dados estatiacutesticos e o diagnoacutestico de sua ocorrecircncia eacute um risco no sentido de
mascarar os processos sociais inerentes a eles Eacute importante que toda situaccedilatildeo
de violecircncia incluindo o bullying seja estudada agrave luz das mediaccedilotildees sociais
que a determinam
Um outro aspecto a ser destacado eacute que nas situaccedilotildees de bullying
assim como em trotes universitaacuterios e em situaccedilotildees de asseacutedio moral no
45
trabalho ocorre a desqualificaccedilatildeo do outro e nesse processo manifestam-se
preconceitos que se transformam em armas para discriminar e segregar as
pessoas Entretanto haacute uma toleracircncia com relaccedilatildeo a estas praacuteticas Em
relaccedilatildeo ao bullying eacute comum se pensar que eacute algo passageiro algo relativo a
uma determinada faixa etaacuteria Mas estudo realizado nos EUA encontrou dados
que sugerem que o envolvimento em asseacutedio moral na vida adulta estaacute
relacionada a envolvimento em situaccedilotildees de bullying (Almeida e Queda 2007)
Existem diversos estudos sobre bullying em diferentes paiacuteses desde a
deacutecada de 90 Escolas em diferentes paiacuteses jaacute foram investigadas
demonstrando que o bullying tem sido amplamente discutido No Brasil
(Francisco amp Liboacuterio 2009 Mascarenhas 2006 Lopes Neto 2005 Fante
2003 2005 Tognetta 2008 2010) na Aacutefrica do Sul (Mestry Merwe amp Squelch
2006) na Holanda (Veenstra et al 2005) na Nova Zelacircndia (Carroll- Lind amp
Kearney 2004) na Irlanda do Norte (Collins McAleavy amp Adamson 2004) na
Costa Rica (Pizarro amp Jimeacutenez 2007) em Portugal (Matos amp Gonccedilalves 2009
Freire Simatildeo amp Ferreira 2006 Martins 2005 Pereira 2002) na Noruega
(Olweus 1991) na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) e Espanha (Ramiacuterez 2001)
Eacute bastante frequente estudos sobre bullying abordarem prioritariamente
aspectos quantitativos deste tipo de comportamento considerando a
frequumlecircncia com que ocorrem nas escolas e a distribuiccedilatildeo dos envolvidos em
diferentes formas de envolvimento como alvoviacutetima autoragressor ou
espectadortestemunha
Matos e Gonccedilalves (2009) indicam a variabilidade na prevalecircncia de
bullying escolar em diferentes paiacuteses Um estudo realizado na Austraacutelia
apontou cerca de 24 de agressores 13 de viacutetimas e 22 simultaneamente
46
viacutetimas e agressores (Forero McLellan Rissel amp Bauman 1999) Fekkes
Pijpers e Verloove-Vanhorick (2005) indicaram entre crianccedilas alematildes cerca de
16 de viacutetimas de bullying Em Portugal Matos et al (2003) encontraram
cerca de 20 de adolescentes viacutetimas de violecircncia e cerca de 20 de
agressores Aproximadamente 25 dos participantes se referiram como
viacutetimas e agressores Em estudo com amostra nacionalmente representativa de
adolescentes nos EUA Nansel et al (2001) relataram o envolvimento frequumlente
em bullying nos dois meses anteriores em 299 dos participantes sendo 13
de perpetradores 106 de viacutetimas e 63 de ambos Craig e Harel (2004)
em pesquisa envolvendo 35 paiacuteses encontraram a prevalecircncia meacutedia de
viacutetimas de 11 e 11 de agressores De acordo com Haynie et al 2001 e
Nansel et al (2001) 4 a 6 das podem ser classificadas como ambos
Haacute estudos que levantam dados de estudantes de diferentes paiacuteses
possibilitando comparaccedilotildees em contextos diferentes (Wolke et al 2001
Gaacutezquez et al 2005)
222 ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo de Bullying
Percebe-se nos estudos sobre bullying o interesse em identificar fatores
diferenciais considerando a forma como se daacute o envolvimento como
agressorautor como alvoviacutetima ou ainda como agressoralvo (Veenstra et al
2005 Carvalhosa Lima amp Matos 2001 Twemlow Sacco amp Williams 1996)
Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as pesquisas tecircm demonstrado um
certo protoacutetipo ou perfil de pessoas que oprimem e que satildeo oprimidas Aqueles
que oprimem necessitam de ter poder e de dominar gostam do controlar os
outros tecircm um sentimento positivo quanto agrave violecircncia e pouca empatia para
47
com as suas viacutetimas Geralmente tecircm alguma popularidade e satildeo
acompanhados por um pequeno grupo Os indiviacuteduos que se incluem neste
grupo tecircm falta de empatia e competecircncias para resolver problemas (Bullock
2002) Estes alunos tecircm maior probabilidade de beber aacutelcool e fumar cigarros
que as suas viacutetimas e apresentam menor ajustamento acadecircmico e escolar
Estes alunos geralmente satildeo mais altos fortes agressivos impulsivos e natildeo
cooperativos (Harris amp Petrie 2002) A questatildeo da auto-estima eacute controversa
Rigby e Slee (1995) defendem que esses indiviacuteduos natildeo tecircm baixa auto-
estima Para Tognetta e Vinha (2008 meninos e meninas que equacionando
suas experiecircncias com os outros se vecircem pequenos demais tendem a se
conformar e atribuir-se menos valor Ao mesmo tempo podem pelo mesmo
motivo fazer com que os outros se sintam tatildeo mal como eles proacuteprios se
sentem ou seja inferiorizaacute-los menosprezaacute-los para que o peso que
carregam consigo possa ser menor Para estas autoras os autores de bullying
natildeo conseguem uma dupla perspectiva de ver a si e ao outro Falta-lhes um
conteuacutedo eacutetico portanto o valor de si agregado ao valor do outro
Por sua vez as viacutetimas geralmente satildeo mais fracas tiacutemidas
introvertidas cautelosas sensiacuteveis quietas com menor auto-estima e com
poucos amigos Estes indiviacuteduos tambeacutem tinham alguma probabilidade de
fumar ingerir aacutelcool e ter desempenhos escolares baixos Quando natildeo existe
intervenccedilatildeo por parte dos adultos eles tendem a ser oprimidos repetidamente
correndo o risco de serem rejeitados entrar em depressatildeo e sofrem constante
ameaccedila agrave sua auto-estima (Bullock 2002) Haacute dois subgrupos de viacutetimas os
submissos ou passivos e os provocadores As viacutetimas passivas natildeo provocam
os seus colegas natildeo gostam de violecircncia tendem a ser mais fracos que outros
48
colegas e reagem chorando ou ficando tristes (Isenhagen amp Harris 2004) As
viacutetimas provocadoras (minoria) geralmente tecircm uma deficiecircncia na
aprendizagem e falta de competecircncias sociais que os torna insensiacuteveis a
outros estudantes Estes estudantes tendem a aborrecer os companheiros ateacute
que algueacutem lhes responda ou seja agressivo (Harris Petrie amp Willoughby
2002)
Aleacutem de identificar as diferenccedilas no posicionamento dos envolvidos em
bullying haacute estudos que abordam fatores preditivos de envolvimento em
situaccedilotildees de bullying (Francisco amp Liboacuterio 2009 Matos e Gonccedilalves 2009
Sweeting amp West 2001)
Fox amp Boulton (2005) desenvolveram estudo visando identificar de que
forma os proacuteprios estudantes seus pares e os professores avaliam as
habilidades sociais de colegas viacutetimas de bullying em comparaccedilatildeo com
estudantes natildeo identificados como viacutetimas de bullying Os trecircs diferentes
grupos percebem as viacutetimas de bullying com menos habilidades sociais dos
que as natildeo viacutetimas Estes resultados apresentam importantes implicaccedilotildees para
intervenccedilotildees que possam ajudar crianccedilas que apresentam maiores riscos de
serem viacutetimas de bullying pelos seus colegas
Conforme Fante (2003 2005) e Lopes Neto (2005) as viacutetimas de bullying
geralmente satildeo descritas como pouco sociaacuteveis inseguras com baixa auto-
estima quietas e que natildeo reagem efetivamente aos atos agressivos
De acordo com Lopes Neto (2005) Pizarro e Jimeacutenez (2007) e Ramiacuterez
(2001) as testemunhas natildeo participam diretamente em atos de bullying e
geralmente se calam receando tornarem-se viacutetimas O espectador assume
uma posiccedilatildeo de lsquofora de jogorsquo como se nada tivesse a ver com o problema pelo
49
medo de uma puniccedilatildeo da autoridade mas ao mesmo tempo ainda que de
maneira controlada tambeacutem zomba ou ri da crueldade feita a algueacutem natildeo
porque concorda com ela mas pelo temor de se tornar a proacutexima viacutetima e por
perceber que para manter uma boa imagem diante do grupo eacute melhor ldquoficar do
ladordquo dos mais fortes Eacute uma postura que demonstra ausecircncia de um
sentimento de indignaccedilatildeo que eacute proveniente de um lsquoestar sensiacutevelrsquo ao
sentimento do outro de uma espeacutecie de co-mover-se ao outro e sua ausecircncia
permita a esse espectador assumir um posicionamento contraacuterio agrave accedilotildees
injustas (Tognetta e Vinha 2008)
Causadores e viacutetimas de bullying precisam de ajuda Por um lado as
viacutetimas sofrem uma deterioraccedilatildeo da sua auto-estima e do seu auto-conceito
por outro os agressores sofrem grave deterioraccedilatildeo de sua escala de valores e
de seu desenvolvimento afetivo e moral Os autores de bullying tambeacutem
precisam de ajuda pois eacute importante inverter uma hierarquia de valores que
coloca a forccedila o poder a virilidade a intoleracircncia agrave diferenccedila como
privilegiados (Tognetta e Vinha 2010)
Estudo realizado na Aacutefrica do Sul focalizou no comportamento dos
espectadores visando propor estrateacutegias para reduzir ou eliminar o bullying nas
escolas (Mestry Merwe amp Squelch 2006)
Estudo realizado por Martins (2005) em Portugal aleacutem de obter dados
sobre a frequumlecircncia do bullying entre adolescentes e conhecer os
comportamentos mais frequumlentes nas diferentes formas de envolvimento em
bullying como alvoviacutetima autoragressor ou observador tambeacutem verificou se
fatores como gecircnero niacutevel de escolaridade e niacutevel socioeconocircmico estavam ou
natildeo associados ao envolvimento em bullying Os resultados apontam que o
50
comportamento mais frequumlente na praacutetica de bullying entre adolescentes
envolve a exclusatildeo social diferentemente de estudos com crianccedilas onde
aparece com mais frequumlecircncia a agressatildeo verbal Outro aspecto a ser
destacado refere-se ao fato que muitos adolescentes experimentam
simultaneamente a condiccedilatildeo de viacutetimas de agressores e de observadores Natildeo
se verificou nenhuma relaccedilatildeo entre o niacutevel socioeconocircmico e a praacutetica de
bullying e em relaccedilatildeo agrave escolaridade verificou-se uma tendecircncia para a
diminuiccedilatildeo da vitimizaccedilatildeo o que se explica a partir do desenvolvimento de
competecircncias sociais na adolescecircncia favorecendo o uso de estrateacutegias para
enfrentar as situaccedilotildees de bullying
Quanto aos fatores de risco individuais alunos oriundos de minorias
eacutetnicas geralmente sofrem mais agressotildees verbais racistas (embora natildeo
necessariamente outras formas de bullying) que alunos de maiorias eacutetnicas
(Monks Ortega-Ruiz amp Rodriacuteguez-Hidalgo 2008) Na escola secundaacuteria os
alunos podem sofrer bullying devido agrave sua orientaccedilatildeo sexual Neste caso
podem chegar a ser agredidos fisicamente ou ridicularizados por professores
ou outros estudantes Conforme Warwick Chase Aggleton e Sanders (2004) a
porcentagem de estudantes atraiacutedos pelo mesmo sexo nas escolas
secundaacuterias no Reino Unido que sofreram bullying homofoacutebico varia em torno
de 30 a 50
Ao lado dos fatores de risco Wang Iannotti e Nansel (2009) apontam os
fatores de proteccedilatildeo relacionados principalmente a pais e amigos Praacuteticas
parentais positivas como apoio parental podem proteger os adolescentes de
envolvimento tanto como agressores (Bowers Smith amp Binney 1994) ou
viacutetimas (Haynie Nansel Eitel et al 2001) Comparados com pais os amigos
51
parecem desempenhar uma papel mais diversificado A amizade tem sido
indicada como fator de proteccedilatildeo contra os efeitos do bullying de modo que ter
mais amigos relaciona-se negativamente agrave vitimizaccedilatildeo (Hodges Boivin Vitaro
amp Bukowski 1999)
223 Consequumlecircncias do Bullying
Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as consequumlecircncias do bullying
atingem opressores e viacutetimas podendo ter efeitos em longo prazo (Williams
Chambers Logan amp Robinson 1996) Para os agressores podem surgir
problemas no desenvolvimento e manutenccedilatildeo de relaccedilotildees positivas (Bullock
2002) aleacutem de maior tendecircncia para comportamentos de risco como consumo
de tabaco (KingWold Tudor-Smith amp Harel 1996) de aacutelcool (Due Holstein amp
Jorgeensen 1999 King et al 1996) e de drogas (DeHaan 1997) aleacutem de
baixo desempenho escolar (Due Holstein amp Jorgeensen 1999) Para as
viacutetimas as consequumlecircncias variam do isolamento sintomas fiacutesicos ou
psicossomaacuteticos tristeza ansiedade depressatildeo ou distanciamento quanto a
assuntos da escola ideaccedilatildeo de suiciacutedio e ateacute suiciacutedio (Young amp Sweeting
2004) Alunos oprimidos abandonam mais facilmente a escola seu rendimento
escolar pode baixar e podem tornar-se mais tarde novos opressores
(Isernhagen amp Harris 2004) As viacutetimas de bullying apresentam mais sintomas
de doenccedila psicoloacutegica (como depressatildeo e ansiedade) e doenccedila fiacutesica (como
dores de cabeccedila e dores abdominais) (Bond Carlin Thomas Rubin amp Patton
2001 King et al 1996 Rigby 1999 Salmon James amp Smith 1998 Williams
Chambers Logan amp Robinson 1996)
52
A experiecircncia de ser alvo de bullying estaacute correlacionada com
ansiedade depressatildeo e baixa auto-estima (Hawker amp Boulton 2000) Achados
de baixa auto-estima em relaccedilatildeo a bullying estatildeo diretamente relacionados a
comportamento anti-social (OMoore 2000)
O bullying constitui um seacuterio risco para o ajustamento psicossocial e
acadecircmico para as viacutetimas (Erath Flanagan amp Bierman 2008 Hawker amp
Boulton 2000 Isaacs Hodges amp Salmivalli 2008 Olweus 1994 Salmivalli amp
Isaacs 2005) e agressores (Kaltiala-Heino Rimpelauml Rantanen amp Rimpelauml
2000 Nansel et al 2004) Mesmo testemunhar atos de bullying pode ser uma
influecircncia negativa (Nishina amp Juvonen 2005) Estudantes que presenciaram
comportamentos opressores acabaram se tornando opressores tambeacutem
(Chapell et al 2004) Se os colegas ganham respeito por intermeacutedio de
comportamentos agressivos entatildeo alguns alunos adotam este tipo de
comportamento para chamar a atenccedilatildeo e defender-se (Warren Schoppelrey
Moberg amp McDonald 2005)
Outros estudos ainda se concentram na anaacutelise nas consequumlecircncias para
as crianccedilas do envolvimento em situaccedilotildees de bullying considerando os efeitos
em curto e longo prazos focalizando aspectos psicoloacutegicos sociais e prejuiacutezos
escolares (Eisenberg amp Aalsma 2005 Rigby 2003)
224 Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de Bullying
Segundo Monks et al (2009) as estrateacutegias contra a manifestaccedilatildeo de
bullying geralmente satildeo abordadas em trecircs niacuteveis as estrateacutegias individuais as
estrateacutegias dos grupos de pares e as estrateacutegias da escola
53
As estrateacutegias de enfrentamento individuais variam de acordo com a
idade e o gecircnero Formas natildeo assertivas de enfrentamento (como chorar) tecircm-
se mostrado menos eficientes que ignorar o agressor ou buscar ajuda A
maioria dos alunos que sofre bullying natildeo revela o fato a professores ou
familiares (Naylor Cowie amp del Rey 2001)
Um segundo grupo satildeo as accedilotildees dos pares contra o bullying Smith e
Watson (2004) encontraram o companheirismo de pares e amigos na escola
primaacuteria e a orientaccedilatildeo ou aconselhamento de pares na escola secundaacuteria
Finalmente haacute diversas estrateacutegias utilizadas pelas escolas contra o
bullying Intervenccedilotildees monitoradas se restringem a uma escola em particular a
amplos projetos educacionais Smith Pepler e Rigby (2004) sugerem que estes
tecircm efeitos limitados variando entre aproximadamente zero ateacute um maacuteximo de
cerca de 50 de reduccedilatildeo nas taxas de prevalecircncia de bullying Em certos
casos os resultados tecircm sido levemente negativos A maioria dos programas
tem reduzido a prevalecircncia de bullying entre 10 e 20 Segundo Monks et al
(2009) haacute controveacutersias quanto agrave efetividade de programas para a escola toda
(Woods amp Wolke 2003) assim quanto aos efeitos do uso de sanccedilotildees mais ou
menos diretas contra estudantes que praticam o bullying (Smith Howard amp
Thompson 2007) ou se as estrateacutegias mais efetivas satildeo especificamente
direcionadas ao bullying ao clima das classes ou nas relaccedilotildees aluno-aluno ou
aluno-professor (Galloway amp Roland 2004)
Para Aquino (2002) o manejo dos conflitos escolares eacute prerrogativa dos
educadores No caso do fenocircmeno bullying existem estrateacutegias em estudo que
apontam eficaacutecia na diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia Estrateacutegias estas que
envolvem toda a comunidade escolar (Beaudoin 2006 Costantini 2004)
54
Muitos estudos que tem o fenocircmeno bullying como objeto de
investigaccedilatildeo concentram seu interesse exatamente nas estrateacutegias de
intervenccedilatildeo (Greene 2006 Gini 2004 Orpinas Horne amp Staniszewski 2003
Stevens Bourdeaudhuij amp Van Oost 2001 Carney amp Merrell 2001 Young
1998)
Um estudo desenvolvido por Tamar (2008) no Chile teve como objetivo
conhecer as estrateacutegias utilizadas pelos professores diante de situaccedilotildees de
conflitos e maus tratos entre estudantes Algumas caracteriacutesticas dos
professores interferem na forma como atuam diante de casos de conflitos entre
estudantes Verificou-se que a experiecircncia a formaccedilatildeo e experiecircncia em
coordenaccedilatildeo satildeo aspectos favoraacuteveis para uma atuaccedilatildeo com mais firmeza
paciecircncia e compreensatildeo favorecendo o uso de estrateacutegias que promovem
climas escolares mais positivos e construtivos sendo percebido ainda com
efeitos mais duradouros Satildeo estrateacutegias que envolvem natildeo apenas os alunos
envolvidos mas ampliam a discussatildeo para todo o grupo tornando-os capazes
de reconhecer as consequumlecircncias negativas de suas accedilotildees tanto a niacutevel
individual como para todo o grupo bem como possibilitam reconstruir o
significado das suas accedilotildees Assim accedilotildees impulsivas marcadas por indiferenccedila
e intoleracircncia promovem respostas mais violentas dos alunos tornando a
convivecircncia escolar cada vez mais difiacutecil
O estudo realizado por Egbochuku (2007) na Nigeacuteria abordou tambeacutem
as estrateacutegias para impedirdiminuir a praacutetica de bullying E para o autor
merece destaque algumas estrateacutegias apontadas pelos alunos como
importantes pois indicam a importacircncia que as regras e regulamentaccedilotildees
sejam convenientemente executadas sugerindo que os estudantes desejam
55
maior rigor das figuras de autoridade na escola Outra necessidade apontada
pelos estudantes neste estudo foi a importacircncia das viacutetimas de bullying
revelarem para algueacutem o que estaacute ocorrendo assim como qualquer pessoa
que tenha presenciado situaccedilatildeo de bullying pois ao terem medo de revelar
contribuem para a continuidade das agressotildees
Tognetta e Vinha (2008 2010) defendem que eacute preciso um trabalho com
as imagens que os estudantes fazem de si mesmos Trata-se de algo anterior
agraves relaccedilotildees interpessoais um olhar agraves relaccedilotildees intrapessoais Os projetos de
intervenccedilatildeo ao bullying precisam garantir que crianccedilas e adolescentes ndash tanto
protagonistas como espectadores ndash possam construir identidades autocircnomas
que consigam gostar de si para gostar dos outros no seu sentido moral eacute pela
construccedilatildeo do respeito a si que eacute possiacutevel construir o respeito a outrem Para
estas autoras propostas que insistem apenas no estabelecimento de regras
pautadas em deveres e obrigaccedilotildees pouco poderatildeo favorecer ao
desenvolvimento de relaccedilotildees mais eacuteticas
56
CAPIacuteTULO III
3 BULLYING E RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO
31 Bullying e dinacircmica escolar
Considerando a grande ocorrecircncia de situaccedilotildees de bullying na escola eacute
importante analisar estudos que apontam dados referentes a aspectos
pertinentes agrave dinacircmica escolar envolvendo especificidades da praacutetica de
bullying no contexto escolar a relaccedilatildeo com o desempenho dos alunos como
tambeacutem o papel do professor
Estudo desenvolvido por Woods amp Wolke (2004) investigou a associaccedilatildeo
entre envolvimento em situaccedilatildeo de bullying e desempenho escolar com
crianccedilas entre 6 e 9 anos Os resultados natildeo apoacuteiam a suspeita de que baixo
desempenho e frustraccedilatildeo na escola levem a envolvimento em situaccedilotildees de
bullying De modo contraacuterio verificou-se que agressores que atuam em
relacional bullying que envolve prejuiacutezo aos relacionamentos levando a
exclusatildeo social com frequumlecircncia tem desempenho escolar na meacutedia ou ateacute
acima da meacutedia
Estudo realizado na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) abordou diversos
aspectos sobre incidentes de bullying como frequumlecircncia local idade gecircnero
tipos de bullying e comparou os resultados em escolas puacuteblicas e privadas Um
aspecto a ser destacado eacute que eacute mais comum o incidente de bullying ocorrer
na sala de aula nas escolas puacuteblicas do que nas escolas privadas onde os
alunos revelam ser o paacutetio ou outros espaccedilos da escola (diferentes da sala de
aula) o local mais vulneraacutevel a esta praacutetica Este estudo abordou ainda quem eacute
o agressor sendo revelado que para grande maioria (74) o agressor eacute mais
57
velho ndash aluno de seacuteries mais avanccediladas Interessante este dado pois explica
porque comumente a sala de aula natildeo aparece com tanto destaque na
ocorrecircncia de bullying
Estudo realizado no Brasil explanado por Lopes Neto (2005) tambeacutem
indicou que aqui os estudantes identificam a sala de aula como o local de maior
incidecircncia desse tipo de violecircncia
Um outro estudo (Zindi 1994) citado por Egbochuku (2007) realizado
em coleacutegios internos (residecircncias) o dormitoacuterio foi o local mais apontado para
situaccedilotildees de bullying e a sala de aula tido como o espaccedilo de menor
ocorrecircncia
Na Nova Zelacircndia os estudantes afirmam que bullying ocorre em locais
onde natildeo haacute professor ocorrendo na sala de apenas na sua ausecircncia (Carroll-
Lind e Kearney 2004)
Para Mascarenhas (2006) a gestatildeo sistemaacutetica do bullying e da
indisciplina em ambientes educativos como uma atividade prioritaacuteria e de
rotina institucional sob a co-responsabilidade de toda a equipe educativa e
lideranccedilas estudantis pode afetar positivamente e determinar a melhoria na
qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes e de sua sauacutede
emocional Quanto agrave sauacutede emocional e o bem-estar de alunos e professores
Palaacutecios e Rego (2006) analisaram a literatura apontando a importacircncia de ser
considerar a relaccedilatildeo entre professores e alunos no bullying
Situaccedilotildees de bullying satildeo consideradas pelos educadores
erroneamente e por que natildeo irresponsavelmente como natural da idade ou
como uma brincadeira E assim satildeo ignorados colaborando para a
perpetuaccedilatildeo da agressatildeo Em estudo realizado no Brasil Lopes
58
Neto (2005) destaca que a maioria ndash 518 - dos alunos autores de bullying
afirmaram que nunca receberam nenhum tipo de orientaccedilatildeo ou advertecircncia
quanto agrave incorreccedilatildeo de seus atos
A escola se preocupa demasiadamente com as situaccedilotildees de indisciplina
enquanto as situaccedilotildees de violecircncia tatildeo frequente entre os pares o bullying natildeo
tem recebido dos educadores a mesma atenccedilatildeo Talvez por conceberem que
os problemas das crianccedilas natildeo satildeo tatildeo relevantes (Tognetta 2010)
Martins (2005) explorou as percepccedilotildees dos adolescentes sobre as
atitudes de alunos e de professores diante de situaccedilotildees de bullying e aspectos
referentes ao relacionamento dos adolescentes com colegas e com
professores Quanto aos relacionamentos com colegas e professores os
agressores satildeo os que se sentem pior com a aprendizagem e com os
professores A maioria dos adolescentes considera que os professores se
preocupam com a praacutetica de bullying mas que nem sempre sabem como agir
Estudo de Chang (2003) investiga a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e
comportamentos dos professores e o comportamento agressivo retraiacutedo e de
lideranccedila nos estudantes Os resultados apontam que o comportamento do
professor desaprovando comportamentos agressivos dos alunos e apoiando
crianccedilas com comportamentos retraiacutedos ao mesmo tempo em que influencia a
auto avaliaccedilatildeo destes alunos provoca rejeiccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas
agressivas mas natildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas retraiacutedas Comportamentos de
lideranccedilas natildeo tiveram impacto do comportamento de entusiasmo do professor
Em estudo desenvolvido por Tognetta e Vinha (2010) com alunos de
escolas puacuteblicas e particulares brasileiras aleacutem de diagnosticar o bullying
como um problema seacuterio que atinge crianccedilas e adolescentes as autoras
59
apresentam como resultado que os alunos referiram-se a situaccedilotildees que
tambeacutem foram humilhados ameaccedilados zombados por seus professores
A partir do exposto o presente estudo visa a ampliar o conhecimento do
fenocircmeno bullying destacando a inclusatildeo da relaccedilatildeo professoraluno como
eixo de anaacutelise da questatildeo levantada Se a sala de aula eacute cenaacuterio propiacutecio para
a ocorrecircncia de bullying eacute fundamental focalizar nas relaccedilotildees existentes na
sala de aula de forma a ampliarmos a compreensatildeo dos fatores que satildeo
responsaacuteveis pela sua ocorrecircncia
A sala de aula diferentemente do recreio eacute cenaacuterio de intensas relaccedilotildees
que permeiam o processo de aprendizagem O espaccedilo destinado agraves aulas a
sala promove outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que
satildeo ignorados e infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo
professoraluno O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos
escolares Como o aluno percebe o comportamento do professor e seu
envolvimento nestes conflitos Como o professor contribui sem perceber para o
fenocircmeno bullying ldquoA violecircncia eacute tatildeo velada que natildeo pensamos que as formas
de atuaccedilatildeo de um professor tambeacutem podem levar as crianccedilas a serem alvos e
autores de bullying ainda que indiretamenterdquo (Tognetta 2010 p 93)
Estas questotildees colocadas se apoacuteiam na suspeita do intenso poder do
professor a partir do momento que este souber valorizar e respeitar as relaccedilotildees
interpessoais na escola abrindo espaccedilo para a afetividade como elemento da
accedilatildeo docente que natildeo se esgota nos conteuacutedos
60
32 Justificativa e Objetivos
O bullying eacute um fenocircmeno que tem se agravado nos uacuteltimos anos
afetando os relacionamentos entre alunos nas instituiccedilotildees de ensino Apesar
de um grande nuacutemero de investigaccedilotildees sobre sua ocorrecircncia e consequumlecircncias
o papel do relacionamento entre professor e aluno ainda eacute pouco conhecido em
relaccedilatildeo agrave praacutetica de bullying Conhecer como os alunos de ensino fundamental
percebem suas relaccedilotildees com professores e investigar se estas estatildeo
relacionadas agrave praacutetica de bullying na escola representa um problema de
investigaccedilatildeo com repercussotildees sociais e educacionais
A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um dos aspectos mais importantes no
mundo da escola Desta forma o objetivo deste estudo foi investigar possiacuteveis
interseccedilotildees entre o relacionamento professor-aluno e o envolvimento em
situaccedilotildees de bullying
O objetivo geral foi investigar o papel da relaccedilatildeo professor-aluno na
ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Como objetivos especiacuteficos
esta pesquisa buscou (a) investigar se os estudantes associam a praacutetica de
bullying como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar (b) investigar
se haacute o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying e de que
forma se daacute este envolvimento como alvoviacutetimas autoresagressores ou
espectadorestestemunhas (c) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-
aluno (d) identificar possiacuteveis correlaccedilotildees entre diferentes aspectos do
relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying
61
CAPIacuteTULO IV
4 MEacuteTODO
Neste estudo foi adotada uma abordagem metodoloacutegica qualitativa
quantitativa para possibilitar articulaccedilatildeo entre dados de naturezas diferentes e
consequentemente a ampliaccedilatildeo da investigaccedilatildeo acerca do objeto de estudo
em relaccedilatildeo aos estudos jaacute realizados
41 Participantes
Participaram do estudo 124 estudantes do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino
Fundamental de trecircs escolas da rede particular da cidade de Recife (PE)1
sendo 35 estudantes da escola A 17 da escola B e 72 da escola C2 O
processo para escolha das escolas foi por conveniecircncia garantindo que
fossem escolas localizadas em bairros distintos e de grande porte que
atendessem turmas da Educaccedilatildeo Infantil ao Ensino Meacutedio A opccedilatildeo por alunos
do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino Fundamental deu-se em funccedilatildeo da idade pois
os estudos mostram maior incidecircncia do bullying entre estudantes no iniacutecio da
adolescecircncia (1213 anos)
1 A coleta de dados ocorreu em Recife em virtude da possibilidade de contar com a participaccedilatildeo de
alunos de diferentes escolas mantendo o anonimato dos participantes e da facilidade de deslocamento da pesquisadora 2 A diferenccedila no nuacutemero de alunos foi devido a dificuldades com o Termo de Consentimento que tinha
que ser autorizado pelos pais e tambeacutem a coincidecircncia da data agendada para a coleta com atividades avaliativas na escola B
62
Para participar o estudante tinha que cursar a seacuterie selecionada para o
estudo aceitar participar da pesquisa3 e apresentar Termo de Consentimento
com a autorizaccedilatildeo dos responsaacuteveis
42 Procedimentos para coleta de dados
Inicialmente houve um contato com as escolas para apresentaccedilatildeo da
siacutentese do estudo a ser realizado agrave comunidade escolar e para garantir o
cumprimento do tracircmite eacutetico exigido para realizaccedilatildeo de pesquisa com
estudantes menores de idade Apoacutes a escola assinar o Termo de
Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa (Anexo 1) foram marcadas as
datas para coleta de dados de acordo com a conveniecircncia da escola e
disponibilizada coacutepias do Termo de Consentimento para Participaccedilatildeo na
Pesquisa (Anexo 2) para serem enviados aos pais e recolhidos pela escola
Em dia imediatamente anterior a data agendada para a coleta de dados
a pesquisadora compareceu agrave escola recolheu as autorizaccedilotildees jaacute devolvidas e
realizou o convite a todos os alunos para a participaccedilatildeo da pesquisa Neste
contato a pesquisadora expocircs em todas as turmas do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do
Ensino Fundamental o teor do estudo as tarefas a ser realizadas a
importacircncia da autorizaccedilatildeo dos pais assim como todo o procedimento para
garantir o anonimato dos participantes Novamente foram disponibilizados
Termos de Consentimento para Participaccedilatildeo na Pesquisa para que os alunos
interessados em colaborar pudessem obter a autorizaccedilatildeo dos pais
3 Em virtude de jaacute serem adolescentes foi solicitado a cada participante que declarasse estar ciente e de
acordo com as informaccedilotildees fornecidas atraveacutes de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
63
Os dados foram coletados durante o horaacuterio de aulas regulares dos
alunos em sala previamente organizada pela escola com a presenccedila apenas
da pesquisadora e dos participantes Foi necessaacuteria a colaboraccedilatildeo de
funcionaacuterios das escolas para viabilizar a saiacuteda dos alunos das salas de aulas
com o consentimento dos professores e o deslocamento dos alunos ateacute o
espaccedilo onde ocorria a coleta mas em nenhum momento houve participaccedilatildeo de
qualquer pessoa da escola durante a coleta propriamente dita
A coleta de dados ocorreu apoacutes recolhimento da autorizaccedilatildeo dos pais e
solicitaccedilatildeo para que o proacuteprio participante lesse e assinasse o Termo de
Consentimento (Anexo 3)
Foram utilizados dois instrumentos de pesquisa uma redaccedilatildeo e um
questionaacuterio com questotildees fechadas Inicialmente os participantes produziam
uma redaccedilatildeo e em seguida preenchiam o questionaacuterio realizando
individualmente as duas atividades
Ao finalizar e entregar a produccedilatildeo escrita a folha era identificada atraveacutes
de uma etiqueta obtendo uma letra (A B ou C indicando a escola) e um
nuacutemero (indicando o nuacutemero de participantes)4 e outra etiqueta com esta
mesma identificaccedilatildeo era colocada no questionaacuterio que imediatamente era
entregue para preenchimento Este procedimento tinha como objetivo apenas
possibilitar a identificaccedilatildeo de que aquela determinada redaccedilatildeo e aquele
questionaacuterio especificamente eram do mesmo participante sem nenhum dado
4 Os participantes satildeo identificados da seguinte forma A1 a A35 ndash escola A B36 a B52 ndash escola B C59 a
C130 ndash escola C Natildeo existem participantes com numeraccedilatildeo entre 53 e 58 pois correspondem a alunos
da escola B que tiveram autorizaccedilatildeo dos pais e que natildeo participaram da coleta
64
a mais que possibilitasse identificar quem era o participante5 O preenchimento
do questionaacuterio ocorreu imediatamente apoacutes a realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo e natildeo
houve limite de tempo para finalizaccedilatildeo das atividades
Todos os procedimentos para a coleta de dados foram de
responsabilidade da pesquisadora e ocorreram entre os meses de Agosto a
Novembro de 2011 Optou-se pela realizaccedilatildeo da coleta de dados ao longo do
segundo semestre letivo de forma a garantir relacionamentos mais
estabelecidos tanto dos participantes com seus pares como com os
professores
43 Instrumentos de Pesquisa
431 A Redaccedilatildeo
O tema proposto para realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo foi ldquoViolecircncia escolarrdquo e os
participantes deveriam escrever individualmente um texto entre 15 e 25 linhas
em folha pautada em branco entregue no iniacutecio da coleta pela pesquisadora
sem nenhuma identificaccedilatildeo sobre os participantes
432 O Questionaacuterio
O questionaacuterio buscou investigar diferentes aspectos do envolvimento do
aluno com alguma forma de bullying e como os adolescentes percebem o
relacionamento interpessoal professor-aluno e a relaccedilatildeo entre o
5 Com a exigecircncia para autorizaccedilatildeo dos pais a coleta de dados ocorreu em nuacutemero bem menor do que
estava previsto sendo realizada em pequenos grupos o que inviabilizou a indicaccedilatildeo do sexo e da idade
de cada participante visto que poderia possibilitar a identificaccedilatildeo do participante Isto inviabilizou que
tais dados fossem considerados na anaacutelise jaacute que estudos apontam diferenccedilas no envolvimento em
bullying entre meninos e meninas e tambeacutem com o aumento da idade
65
comportamento do professor e as situaccedilotildees de conflitos entre alunos Foi
construiacutedo com base no roteiro de entrevista utilizado por Wolke et al (2001) e
assim como no estudo citado neste questionaacuterio em nenhum momento o termo
bullying foi utilizado Este instrumento encontra-se em anexo (Anexo 4)
O questionaacuterio foi organizado em cinco partes variando o nuacutemero de
questotildees em cada parte A primeira parte era referente ao relacionamento do
participante com seus pares e era idecircntica em todos os questionaacuterios As
demais partes eram referentes ao relacionamento do participante com dois de
seus professores ndash um com quem considerava ter Bom Relacionamento e outro
que o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil Em nenhum momento
era necessaacuterio que o aluno indicasse qualquer informaccedilatildeo sobre o professor
que viabilizasse a identificaccedilatildeo do mesmo
Em metade dos questionaacuterios aplicados em cada escola apoacutes a primeira
parte os alunos respondiam inicialmente sobre um professor que considerara
ter Bom Relacionamento (segunda e terceira partes) e em seguida respondiam
sobre o professor que considerara ter um Relacionamento Difiacuteci(quarta e quinta
partes) E na outra metade dos questionaacuterios apoacutes a primeira parte os alunos
respondiam de iniacutecio sobre um professor que considerara ter um
Relacionamento Difiacutecil (segunda e terceira partes) e posteriormente
respondiam sobre o professor que considerara ter Bom Relacionamento(quarta
e quinta partes) Esta variaccedilatildeo teve por objetivo eliminar o efeito da ordem do
preenchimento do questionaacuterio garantindo que metade dos participantes
considerassem primeiro um professor com Bom Relacionamento e em seguida
um professor com Relacionamento Difiacutecil enquanto os demais iniciassem
66
considerando um professor com Relacionamento Difiacutecil para em seguida
considerar um professor com Bom Relacionamento
Para todas as questotildees as possibilidades de respostas eram as
mesmas e avaliavam a frequumlecircncia do acontecimento investigado ao longo do
ano letivo em curso As possibilidades de respostas eram Natildeo nenhuma vez
Sim apenas uma vez Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com
frequumlecircncia Nas instruccedilotildees iniciais do questionaacuterio era indicado que o
participante considerasse a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos
investigados Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso
Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs Com frequumlecircncia toda
semana (ou quase toda semana) Estes itens apresentados para respostas
foram elaborados com base em estudos que investigaram a frequecircncia de
acontecimentos relacionados ao bullying (Carvalhosa et al 2001 Wolke et al
2001)
A primeira parte do questionaacuterio buscou investigar o envolvimento do
aluno em situaccedilotildees de bullying assim como a frequumlecircncia deste envolvimento
considerando o relacionamento dele com os colegas identificando se o mesmo
ao longo do ano letivo em curso (a) agrediu fisicamente algum colega por
qualquer motivo (b) agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo (c)
provocou ou zombou de algum colega (d) impediu a participaccedilatildeo de algum
colega em alguma atividade com outros colegas da escola (trabalhos em
grupo festas atividades esportivas etc) (e) sofreu agressatildeo fiacutesica de algum
colega (f) sofreu agressatildeo verbal de algum colega (g) sofreu provocaccedilotildees
continuadas de algum colega (h) sofreu exclusatildeo ao demonstrar interesse em
participar de alguma atividade com os colegas da escola (trabalhos em grupo
67
festas atividades esportivas etc) (i) presenciou um colega ou amigo sofrer
agressatildeo fiacutesica de outro colega (j) presenciou um colega ou amigo sofrer
agressatildeo verbal de outro colega (k) presenciou um colega sofrer provocaccedilotildees
continuadas de outro colega (l) percebeu que algum colega foi excluiacutedo
mesmo estando interessado em participar de alguma atividade com os colegas
da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
A parte referente agrave relaccedilatildeo do participante com o professor investigou
inicialmente (segunda e quarta partes) a percepccedilatildeo do aluno quanto a seu
relacionamento com o professor considerando aspectos relativos ao
desenvolvimento das aulas e quanto a eventos associados ao bullying
abordando atitudes tais como (a) elogios ao aluno publicamente (b) atenccedilatildeo
aos comentaacuterios e perguntas do aluno ao longo da aula (c) interesse nas
atividades realizadas pelo aluno (d) solicitaccedilatildeo ao aluno de participaccedilatildeo ao
longo da aula (solicitar exemplos respostas encontradas nas atividades
duacutevidas comentaacuterios etc) (e) apoio recebido (quanto apoio recebe desse
professor) (f) indiferenccedila a seu comportamento na sala (g) exposiccedilatildeo do aluno
a situaccedilatildeo constrangedora na sala (h) descrenccedila em relaccedilatildeo a algo referente
ao aluno (afirmar que sabe que o aluno natildeo fez a tarefa duvidar da realizaccedilatildeo
de alguma atividade ou de algum resultado) (i) encaminhamento para a equipe
da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo (j) solicitaccedilatildeo para se retirar da sala
durante a aula (k) exposiccedilatildeo do aluno a ameaccedilas diversas (de ser reprovado
de convidar os pais na escola de suspender das suas aulas) (l) realizaccedilatildeo de
comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada pelo aluno (na
aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no
relacionamento com outros professores) (m) entrar em conflito com o aluno
68
(discutir gritar agredir) (n) provocar ou incentivar o conflito entre o aluno e os
colegas (o) ser omisso em relaccedilatildeo a conflitos do aluno com colegas (p) tomar
partido nos conflitos do aluno (q) buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de
conflitos do aluno com colegas (r) manter clima de natildeo-violecircncia entre o aluno
e seus colegas (s) incentivar a compreensatildeo toleracircncia e amizade do aluno
com colegas
A parte seguinte (terceira e quinta partes) ainda sobre o relacionamento
professor-aluno investigou alguns aspectos do relacionamento do professor
com seus colegas de turma em geral quanto a pontos relacionados agrave praacutetica
de bullying como segue (a) entrar em conflito com os alunos (discutir gritar
agredir) (b) provocar ou incentivar o conflito entre os alunos (c) ser omisso em
relaccedilatildeo a conflitos entre alunos (d) tomar partido nos conflitos entre alunos (e)
buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos entre alunos quando surgem (f)
manter clima de natildeo-violecircncia entre os alunos (g) criar e manter clima de
competitividade e agressividade entre os alunos (h) negar possibilidade de
envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos (i) incentivar a
compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
Em todos os questionaacuterios a quarta e a quinta partes tinham as mesmas
perguntas da segunda e terceira partes na mesma ordem variando apenas a
que professor os participantes estavam se referindo Bom Relacionamento ou
Relacionamento Difiacutecil
69
44 Procedimentos para anaacutelise de dados
Os dados das redaccedilotildees foram examinados qualitativamente de acordo
com a Anaacutelise do Conteuacutedo proposta por Bardin (2004) que consiste em
articular os momentos de descriccedilatildeo inferecircncia e interpretaccedilatildeo implicando na
apresentaccedilatildeo da significaccedilatildeo do conteuacutedo expresso em forma de categorias
Para a anaacutelise de conteuacutedo considerou-se o tema como unidade de
significaccedilatildeo tratando-se portanto de anaacutelise temaacutetica Os temas presentes nas
redaccedilotildees foram organizados em categorias visando fornecer uma
representaccedilatildeo simplificada do conteuacutedo A categorizaccedilatildeo foi realizada a partir
dos temas presentes nas redaccedilotildees sem a definiccedilatildeo preacutevia de qualquer sistema
de categorizaccedilatildeo
A tabulaccedilatildeo das respostas do questionaacuterio e as Estatiacutesticas Descritivas
foram realizadas por meio do SPSS (Social Package for the Social Science)
Em seguida procedeu-se uma anaacutelise da adequaccedilatildeo dos dados para a
realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial a partir de anaacutelise de componentes principais
sendo realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward
E por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os aspectos investigados
Os resultados foram discutidos agrave luz dos estudos sobre o
relacionamento professor-aluno e bullying tendo a obra de Robert Hinde como
referencial teoacuterico para a organizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos dados
45 Aspectos Eacuteticos
Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiu rigorosamente os
criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas
70
com seres humanos - Resoluccedilatildeo Nordm 196 de 10 de Outubro de 1996 Resoluccedilatildeo
CFP Nordm 0162000 de 20 de Dezembro de 20006 Este trabalho foi submetido e
aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica e Deontologia em Estudos e Pesquisas
(CEDEP) da Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco (UNIVASF)
Foram preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos
participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados
para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees
cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes Visando
garantir este anonimato em nenhum momento seraacute divulgado o nome da
escola que participou desta pesquisa
6 Disponiacuteveis em httpwwwgraduacaounivasfedubrcedeppg=paginas|pagina04-html
71
CAPIacuteTULO V
5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
51 Anaacutelise das Redaccedilotildees
A anaacutelise das redaccedilotildees de estudantes de Recife sobre o tema ldquoViolecircncia
Escolarrdquo permite compreender como esses alunos convivem com o fenocircmeno
como entendem sua dinacircmica como reagem a ele e por fim como visualizam
formas de superaacute-lo A partir da leitura das redaccedilotildees foi proposta uma
organizaccedilatildeo dos dados de modo a refletir a diversidade e a complexidade
presente na abordagem do tema em questatildeo Os dados foram organizados e
estatildeo apresentados nos seguintes temas
Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante
A Violecircncia como parte do cotidiano
Violecircncia escolar e bullying
A Dinacircmica da violecircncia
As Raiacutezes da Violecircncia Escolar
Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar
Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo ameaccedilas
chantagens intoleracircncia preconceito
As agressotildees verbais
Violecircncia escolar e brincadeira
Violecircncia escolar e o professor
72
A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar
Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo
Consequecircncias
Violecircncia e relacionamento
Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar
O Papel da Escola
O Papel do Estado
O Papel dos Proacuteprios Participantes
Os resultados a seguir satildeo produto de uma anaacutelise temaacutetica do conteuacutedo
das redaccedilotildees O conteuacutedo de 124 redaccedilotildees foi analisado qualitativamente
quanto aos temas presentes relacionados agrave violecircncia escolar Os temas
abordados pelos participantes tecircm grande semelhanccedila com os aspectos
explorados nos diferentes estudos sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo como pode ser
visto no segundo capiacutetulo deste trabalho
511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante
5111 A Violecircncia como parte do cotidiano
A violecircncia eacute considerada como algo presente no cotidiano atingindo
muitas escolas ldquoviolecircncia escolar eacute muito comum atualmenterdquo (A30) ldquoa
violecircncia escolar estaacute presente em nosso dia a dia isso eacute verdade e ningueacutem
pode ir contra essa verdaderdquo (B40) ldquoa violecircncia escolar estaacute presente em
muitas escolasrdquo (C69) ldquohoje em dia a violecircncia escolar eacute muito grave pois
agora em muitas escolas estaacute tendo issordquo (B42) podendo atingir as escolas de
um modo geral ldquocomo todos vocecircs sabem haacute violecircncia nas escolas de todo o
73
Brasil e todo mundordquo (B47) ldquoa violecircncia escolar acontece em todas as escolasrdquo
(A18) ldquoa violecircncia escolar eacute um assunto muito importante pois estaacute muito
presente em milhares de escolas de todo o paiacutesrdquo (A19)
Aleacutem de bem presente no cotidiano a violecircncia envolve diversas
pessoas sejam adultos ou crianccedilas ldquoa violecircncia escolar eacute vivida por muitas
crianccedilas e adolescentes hoje em diardquo (A24) ldquoAs violecircncias na escola que
muitas vezes eu vejo satildeo alunos que tecircm problemas uns com os outrosrdquo
(C117) atinge tanto alunos como professores ldquoviolecircncia escolar na atualidade
eacute um grande problema entre professores alunos diretoresrdquo (B36) ldquotodo
mundo ou quase todo mundo jaacute sofre ou vai sofrer provavelmente parece que
estaacute marcado no seu destinordquo (C85)
A violecircncia escolar eacute vista como algo comum e frequente ldquoA violecircncia
faz parte do mundo moderno e nas escolas isso estaacute cada vez mais comumrdquo
(C109) ldquohoje em dia eacute muito comum ter violecircncia na escola pois os alunos que
fazem isso gostamrdquo (A17) ldquoultimamente a agressatildeo escolar eacute cada dia mais
comumrdquo (B44) ldquoem todos esses anos de estudo eu acho que isso (violecircncia
escolar) ocorre frequentementerdquo (A14)
Assim como mostram outros estudos (Abramovay 2005 Silva 1997) os
estudantes consideram que a violecircncia na escola eacute algo presente haacute muito
tempo ldquoA violecircncia escolar vem acontecendo de longa data e muitas vezes eacute
ocasionada por puras besteirasrdquo (C80) ldquoEu acho que violecircncia escolar eacute algo
que acontece haacute muito tempo e em muitos lugares do mundordquo (C100)
Entretanto haacute os que a consideram algo recente ldquoA violecircncia na escola eacute
muito recenterdquo (C120) ldquoViolecircncia na escola isso hoje em dia parece que eacute
modardquo (C85) Mas independente de ser algo recente ou antigo reconhece-se
74
que estaacute se intensificando ldquoeu acho que a violecircncia escolar vem a cada dia
(sendo) praticada mais e maisrdquo (B37) ldquoA violecircncia vem aumentando muito nos
uacuteltimos anos porque as pessoas acham que a violecircncia resolve tudo mas ela
soacute piora os problemasrdquo (C90) ldquoA violecircncia nas escolas diminuiu faz pouco
tempo mas agora voltou com tudordquo (C123) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando
a cada dia piorrdquo (C128) ldquoesse fato (violecircncia escolar) vem crescendo mais e
mais a cada diardquo (A15) Na situaccedilatildeo relatada a seguir transparece este
aumento da intensidade na violecircncia escolar haacute a presenccedila de agressatildeo fiacutesica
chegando agrave posse de um instrumento cortante que poderia aumentar os danos
fiacutesicos causados
ldquoPelo menos 1 ou 2 vezes por mecircs haacute casos deste tipo e cada vez pior com murros socos e ateacute houve casos de levar canivete para prejudicar os outrosrdquo (A8)
Tanto se intensifica como tambeacutem aparecem alguns elementos novos
ldquoA violecircncia escolar no comeccedilo era soacute de meninos por causa de dinheiro ou
beleza etc Mas agora as brigas vecircm aumentando com brigas (tanto) de
meninos como de meninas () Eu jaacute vi vaacuterios e vaacuterios casos dessas brigas e
os principais motivos satildeo meninos Elas brigam porque acabou o namoro e
depois outra menina namora com elerdquo (C94) E o motivo eacute considerado banal
ldquohoje em dia eacute muito frequente brigas entre alunos pode ser ateacute mesmo por
uma besteirardquo (A3) ldquoA violecircncia cada vez mais estaacute se tornando mais repetitiva
e mais bruta esse ano ateacute jaacute houve casos brutos de morte por causa de um
barulho de uma canetardquo (C119)
Os meios de comunicaccedilatildeo contribuem para que a violecircncia faccedila parte do
cotidiano dos estudantes ldquoBem a violecircncia escolar agora estaacute muito comum
nas escolas na televisatildeo passa direto vaacuterios casos desse tipordquo (C94) ldquoCada
75
vez mais vemos na TV e ateacute mesmo do nosso lado a violecircncia na escolardquo
(C99) ldquoEsse ano na televisatildeo foram colocados muitos casos por exemplo o
do menino que levou um tiro na proacutepria escola e tinha apenas 5 anosrdquo (C107)
ldquoHaacute muitos atos de violecircncia nas escolas eu nunca vi mas eacute que passa na TV
() tipo em uma escola do Rio de Janeiro teve um ato de violecircncia duas
garotas brigavam parecendo que iam se matar isso virou um caso na poliacutecia
ateacute passou na TVrdquo (C98) Eacute um tema presente nos programas jornaliacutesticos
ldquosempre quando assisto o jornal falam de um caso que tem a ver com a
violecircncia na escolardquo (A22) ldquoeacute muito comum noacutes vermos no noticiaacuterio histoacuterias
de alunos agredirem alunos por motivos pequenosrdquo (C70) ldquoMuitos noticiaacuterios
falam que os alunos levam armas facas e etcrdquo (C111) Os alunos entram em
contato com o tema da violecircncia atraveacutes de programas diversificados ldquoeu jaacute me
cansei de ver nos filmes aqueles alunos que maltratam os colegas agraves vezes
roubando o dinheiro ou fazendo ameaccedilasrdquo (A9) ldquoEsse fato da violecircncia escolar
pode ser tatildeo marcante na vida que tem ateacute filmes que tratam desse assuntordquo
(C100) ldquona televisatildeo todo dia passa algum documentaacuterio que um aluno bateu
no outro matou o outro xingou o outro etcrdquo (A4) Percebe-se um grande
destaque ao que eacute divulgado pela televisatildeo mas reconhece-se que tambeacutem
aparece nos diversos meios de comunicaccedilatildeo ldquoHoje em dia eacute muito comum vecirc
em jornais revistas na televisatildeo alunos agredindo um ao outro e isso as
vezes se torna tatildeo grave que vai parar no hospitalrdquo (A35) ldquoquando eu li uma
notiacutecia de jornal sobre isso eu pensei consigo mesmo seraacute que ateacute isso eles
fazemrdquo (A3)
Silva (1997) destacou a ecircnfase dada pelos alunos em seu estudo aos
filmes e aos programas violentos da televisatildeo como explicaccedilatildeo da violecircncia A
76
familiaridade e intensidade com que os jovens estatildeo expostos agrave programaccedilatildeo
parece favorecer que associem o que vivenciam na escola com o que
percebem nos programas que assistem
A violecircncia na escola puacuteblica parece estar mais em evidecircncia ldquoeu acho
que a violecircncia escolar eacute muito comum no Brasil principalmente em escolas
puacuteblicas do nordesterdquo (A12) ldquonas escolas puacuteblicas de vez em quando
acontecem muitas brigas entre internos e externosrdquo (C123) ldquoHoje em dia eacute
muito comum ocorrer violecircncia nas escolas principalmente nas puacuteblicasrdquo
(C64) ldquohoje em dia eacute muito comum a violecircncia escolar principalmente nas
escolas puacuteblicasrdquo (C70) ldquonos coleacutegios puacuteblicos eacute briga por causa de drogas
briga de gangues etcrdquo (C91) Natildeo obstante os alunos reconhecem que a
violecircncia natildeo eacute exclusividade deste tipo de escola ldquojaacute ouvi muitas histoacuterias
sobre violecircncia nas escolas e natildeo e soacute nas escolas puacuteblicas natildeo tem violecircncia
nas particulares tambeacutemrdquo (A22) ldquoViolecircncia escolar eacute um ato que vem
acontecendo com muita frequumlecircncia nas escolas particulares ou escolas
puacuteblicasrdquo (C107)
A desigualdade social eacute abordada quando haacute referecircncia ao tipo de
escola ldquoNas escolas puacuteblicas isso acontece agraves vezes devido a vida que o
aluno vive agraves condiccedilotildees educacionais delerdquo (C110) Os trechos abaixo
evidenciam a relaccedilatildeo entre o tipo de escolar por conseguinte o poder
aquisitivo e comportamentos que promovem violecircncia
ldquoAchamos por motivos de desigualdade social que essa violecircncia soacute acontece em escolas puacuteblicas de pessoas com um niacutevel inferior Poreacutem ateacute nas escolas de grande porte e com mensalidades absurdas acontece esse tipo de coisardquo (A31) ldquoEu jaacute vi INUMEROS casos de violecircncia escolar na TV principalmente com os coleacutegios de classe meacutedia porque eles acham
77
que podem mandar no coleacutegio soacute porque satildeo ricos eles se achamrdquo (C69) ldquoEu acho que isso acontece mais nas escolas puacuteblicas (natildeo que a violecircncia natildeo tenha nas particulares) porque as pessoas satildeo menos disciplinadas e natildeo recebe uma orientaccedilatildeo (C113)
Parece que os alunos reproduzem situaccedilotildees de preconceito e exclusatildeo
social ao relacionarem a violecircncia ao niacutevel soacutecio-econocircmico Eacute possiacutevel que os
pais e tambeacutem os professores alertem os estudantes para essa ldquorealidaderdquo
(Abramovay 2005) E desta forma a escola perpetua situaccedilotildees de preconceito
se tornando um lugar onde se aprende violecircncia (Galvatildeo et al 2010)
A violecircncia escolar eacute tema de discussatildeo bem presente nas escolas
ldquoeste eacute um tema muito discutido entre as pessoas que eu conheccedilordquo (A10)
ldquoviolecircncia escolar eacute um assunto muito debatido e combatido pelos coleacutegios
nos dias de hojerdquo (A13) ldquoO tema violecircncia escolar eacute um assunto que deve ser
debatido e resolvido dentro da escola Desde que entrei na escola tivemos
vaacuterios momentos de discussatildeo deste assuntordquo (C75) mas haacute alunos que
destacam que a discussatildeo precisa ser ampliada ldquona minha opiniatildeo a violecircncia
escolar eacute um assunto pouco abordado e esclarecidordquo (A9) ldquoViolecircncia escolar
acho um tema que precisa ser abordado pois estaacute cada vez piorrdquo (C118)
Os alunos demonstram grande familiaridade com o tema da violecircncia na
escola ldquoconheccedilo muitas pessoas que foram viacutetimas de violecircncia
principalmente nas escolas Conheccedilo pessoas que sofreram vaacuterios tipos de
violecircncia como a verbal a violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (A10) ldquoe conheccedilo
vaacuterias pessoas que jaacute aconteceu isso com elas Eu vi como elas se sentiam
tristes sozinhas e excluiacutedasrdquo (C62)
Vaacuterios participantes relataram jaacute haver presenciado algum tipo de ato
78
violento na escola ldquoeu jaacute vi muitos casos e fiquei na minhardquo (B44) ldquojaacute
presenciei fatos horriacuteveis de agressotildees fiacutesicas e na sala de aula existe muitordquo
(A31) ldquona minha escola jaacute presenciei um uacutenico caso e pelo visto todos que
estavam ao meu redor gostaram ou ficaram espantadosrdquo (B44)
Contudo tambeacutem eacute possiacutevel ver a escola acima da violecircncia ldquona minha
opiniatildeo natildeo haacute violecircncia na escola pois na escola eacute um lugar onde noacutes
aprendemos nos relacionamos com pessoas (amigos e professores)rdquo (A6)
5112 Violecircncia escolar e bullying
A questatildeo do bullying eacute bastante abordada quando os estudantes se
referem agrave violecircncia escolar ldquonos uacuteltimos anos estatildeo ocorrendo fatos que vem
preocupando muito brasileiros o chamado lsquobullyingrsquo que satildeo agressotildees fiacutesicas
e verbaisrdquo (A34) ldquoEm muitas escolas brasileiras ocorre um fenocircmeno natildeo
agradaacutevel que se chama Bullyingrdquo (B51) sendo tambeacutem apresentado como
bem presente no cotidiano ldquoacho que eacute o bullying que estaacute sempre presente
entre os alunosrdquo (B41) ldquoo bullying eacute uma coisa ateacute considerada comum porque
acontece toda horardquo (C114) ldquohoje em dia eacute muito frequente vermos a violecircncia
entre alunos o chamado bullyingrdquo (A15) ldquoUm outro (tema) que estaacute dentro da
violecircncia escolar eacute o bullyingrdquo (C107) ldquoMuitas vezes nas escolas haacute o bullying
no qual alunos e alunas satildeo ameaccedilados por colegas muitas vezes por
preconceitordquo (C121) ldquoMas o bullying natildeo eacute soacute colocar apelido que natildeo gosta
mas tambeacutem faze-lo passar mico colocar videos em que a pessoa se envolva
na internet sem que ela queira bater no colega forccedilando-o a lhe dar dinheirordquo
(B41)
79
Agraves vezes a violecircncia escolar inclusive eacute identificada como bullying ldquoa
violecircncia escolar eacute chamada tambeacutem de Bullying Esse tipo de violecircncia
acontece mais entre jovensrdquo (B49) ldquoviolecircncia escolar que na verdade eacute o
bullying que eacute alunos agredindo uns aos outros abusando e etcrdquo (C71) ldquoa
violecircncia na escola se trata de bullyingrdquo (A11) ldquoEsse tipo de violecircncia tambeacutem
eacute chamado de bullyingrdquo (B47) ldquoa violecircncia escolar (bullying) eacute muito constante
em escolas e faculdaderdquo (B48) ldquoviolecircncia na escola eacute muito frequente quando
isto ocorre na maioria das vezes chamamos de bullyingrdquo (C73) ldquoatualmente a
violecircncia praticada nas escolas eacute denominada Bullyingrdquo (B50) Mas tambeacutem
aparecem aspectos que diferenciam violecircncia escolar e bullying ldquoa violecircncia
escolar eacute tudo o que machuca o colega a violecircncia escolar pode ser verbal ou
fiacutesica Jaacute o bullying eacute quase a mesma coisa soacute que eacute feito frequentemente em
escolasrdquo (C76) ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar e jaacute falamos do
preconceito temos que falar do bullying que eacute quando a pessoa sofre
diariamente agressotildeesrdquo (C81)
Percebe-se que os elementos utilizados pelos estudantes para fazer
referecircncia ao bullying estatildeo na direccedilatildeo dos aspectos utilizados pela literatura
consultada (Tognetta e Vinha 2010 Fante 2005 Lopes Neto 2005) Os
estudantes abordam a questatildeo da intencionalidade da constacircncia a questatildeo
da diferenccedila de poder
As situaccedilotildees envolvendo bullying tambeacutem estatildeo ficando mais frequente
ldquoo bullying estaacute cada vez aumentando na escola com os xingamentos a
violecircncia e varias outras coisasrdquo (C66) ldquoNas escolas os casos de bullying vem
aumentando e seus agressores praticantes mais comunsrdquo (C109) ldquoNatildeo eacute
80
raro ocorrer Bullyingrdquo (B50) ldquoo bullying vem ficando cada vez maior no Brasil
fato que preocupa e potildee em alerta os oacutergatildeos escolares que cada vez mais
estatildeo tentando combater o bullyingrdquo (C88) Haacute relatos que satildeo bem expliacutecitos
em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de bullying
ldquoComeccedilando sobre o Bullying que jaacute presenciei eacute de um colega meu com outro pois ele fala coisas de sua aparecircncia cara de ET e natildeo eacute muito amigo dele Haacute tambeacutem uma menina que eacute soacute olhar para o outro que comeccedila a falar mal delerdquo (C110)
Eacute importante que Bullying tambeacutem seja um tema debatido na escola
ldquoBom na escola principalmente acontece muito bullying acho que falta mais
explicaccedilatildeo aos alunos (amigos) mesmo com palestras tem muito bullying no
coleacutegiordquo (C63) ldquoO bullying hoje em dia eacute um tema bastante discutido
principalmente nas escolasrdquo (B52) ldquoAcho que eacute muito importante ter palestras
sobre bullying para reforccedilar a ideacuteia da natildeo violecircncia escolar a pessoa deveria
ter a consciecircncia de que a violecircncia natildeo resolve nadardquo (C70)
Haacute diversos aspectos considerados para explicar em que consiste o
bullying O tipo de agressatildeo ldquoo bullying eacute qualquer agressatildeo fiacutesica ou
psicoloacutegica que eacute feito com um indiviacuteduordquo (B48) ldquoCaracteriza-se bullying os
apelidos maldosos xingamentos agraves pessoas e agrave famiacutelia a violecircncia fiacutesica
(bater chutar etc) dentre outrosrdquo (C109) as pessoas envolvidas ldquoO bullying eacute
uma atividade de que uma ou mais pessoas que maltratam a outra pessoa
sendo oral ou brutal O bullying na maioria das vezes eacute praticado na escolardquo
(C126) a constacircncia ldquo(bullying) eacute a agressatildeo fiacutesica e mental que acontece
todo dia e tambeacutem com gente da mesma idaderdquo (C107) No trecho a seguir
percebe-se o esforccedilo visando esclarecimento sobre o que eacute bullying ldquoComeccedilo
81
essa redaccedilatildeo falando de bullying termo inglecircs sem traduccedilatildeo usado para
nomear um tipo de abuso que ocorre na escola feito por alguns alunos e
sofridos por outrosrdquo (C88)
Parece que a intensidade de exposiccedilatildeo eou vivecircncia das situaccedilotildees de
bullying na escola colabora para que os alunos expressem os diferentes
aspectos que envolvem a praacutetica de bullying
Mesmo sendo muito apontado como violecircncia escolar reconhece-se o
bullying como algo que natildeo eacute restrito agrave escola ldquoExistem vaacuterios tipos de
bullying o ciberbullying que eacute o bullying na internet o bullying na aacuterea de
trabalho entre outrosrdquo (B52) ldquoeste (bullying) natildeo existe apenas na escola mas
dentro ou fora eacute um ato ridiacuteculo ningueacutem tem motivos para fazer issordquo (C72)
O bullying aparece como motivaccedilatildeo para violecircncia na escola ldquoDentro da
escola os principais motivos que levam a uma violecircncia satildeo desentendimentos
que satildeo comuns na vida e o bullyingrdquo (C72) ldquoagraves vezes satildeo motivos realmente
seacuterios como o bullying que eacute um xingamento com uma pessoa que fala
diferente da outra (sotaque)rdquo (C74) ldquoa violecircncia fiacutesica tambeacutem eacute comum agraves
vezes nem percebemos mas se torna bullying algo seacuterio que deve ser
combatidordquo (C68) No relato a seguir esta questatildeo eacute bastante evidente ldquoEu
mesmo jaacute sofri disso por muito tempo Eu me lembro que numa vez uns caras
comeccedilaram a me irritar ai eu peguei uma cadeira e fingi que ia bater nelesrdquo
(B38)
Situaccedilotildees de bullying estatildeo tambeacutem presentes nos meios de
comunicaccedilatildeo ldquoNa televisatildeo passa um seriado que se chama Todo Mundo
Odeia o Cris eacute um garoto negro que sofre muito por ser desta cor e o pior eacute
que ele estuda numa escola soacute de brancos E sofre o bullying pelo garoto
82
brancordquo (C107) ldquoEm uma reportagem eu vi que na maioria das escolas do
Brasil eacute praticado esse tipo de violecircncia (bullying) E passa na TV muitas
entrevistas que o menino agrediu o outro verbalmente fisicamenterdquo (C113)
ldquoVejo em muitas reportagens esse tema que atinge milhares de jovens o
famoso Bullyingrdquo (C118)
512 A Dinacircmica da violecircncia
A violecircncia escolar eacute apresentada a partir de alguns aspectos que a
compotildee possibilitando compreensatildeo da complexidade deste fenocircmeno
Inicialmente satildeo feitas consideraccedilotildees sobre suas raiacutezes dando destaque ao
papel da famiacutelia na educaccedilatildeo dos jovens Percebe-se referecircncia a algumas
caracteriacutesticas pessoais daqueles envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia escolar
fica evidente o papel exercido pelo medo e pelas ameaccedilas e chantagens
assim como eacute muito presente situaccedilotildees de intoleracircncia e de preconceito Eacute
colocado grande destaque a violecircncia executada atraveacutes de agressotildees verbais
eou de brincadeiras E por fim haacute inclusatildeo da figura do professor na
apresentaccedilatildeo dos elementos que compotildeem este cenaacuterio de violecircncia
5121 As raiacutezes da Violecircncia Escolar
Vaacuterias satildeo as causas atribuiacutedas agrave violecircncia escolar geralmente
relacionadas ao ambiente escolar ao ambiente familiar incluindo o tipo de
educaccedilatildeo ou relacionamento familiar daqueles envolvidos em atos violentos e
de forma mais ampla atribui-se a causas na sociedade inclusive na miacutedia
A influecircncia da famiacutelia eacute intensamente referenciada nas reflexotildees acerca
da origem dos comportamentos violentos na escola O papel da famiacutelia na
83
educaccedilatildeo dos filhos aparece com realce ldquoSabemos que isso se daacute por
diversos motivos () o principal eacute a educaccedilatildeordquo (C99) ldquoeacute tudo (violecircncia) uma
questatildeo de educaccedilatildeordquo (A12) sendo modelo para o seu comportamento ldquoPenso
que a violecircncia na escola se daacute a partir da educaccedilatildeo em casa ou seja a dos
pais aqueles pais que ajudam a formar o caraacuteter dos filhos que servem de
exemplos para elesrdquo (C99)
O fracasso da famiacutelia na educaccedilatildeo dos filhos eacute salientado ldquoA violecircncia
na escola estaacute cada vez maior porque ningueacutem se respeita e os pais natildeo datildeo
educaccedilatildeo para seu filhordquo (C66) ldquoParticularmente acho que a violecircncia escolar
comeccedila nos lares (pela falta de repreensatildeo dos pais)rdquo (C78) comprometendo
toda a formaccedilatildeo do individuo ldquoeu acho que (quem) pratica a violecircncia eacute porque
natildeo teve infacircncia e natildeo foi bem criadordquo (A11) Haacute ainda destaque para a figura
materna ldquose os pais neste caso matildees natildeo estatildeo cumprindo o dever delas
para com os filhos os filhos na escola obviamente natildeo seratildeo propiacutecios
podendo ter dificuldade de se relacionar natildeo aprender o conteuacutedo outra forma
eacute praticando a violecircnciardquo (C103)
Suspeita-se inclusive que pessoas envolvidas em situaccedilotildees de
violecircncia na escola satildeo expostas a violecircncia domeacutestica ldquoA violecircncia na escola
comeccedila em casa que laacute mesmo tem entatildeo estaacute na hora todos comeccedilarem a
mudarrdquo (C110) ldquomuitas vezes esses alunos batem um no outro ou porque vecirc
isso em casa ou porque tem muita raiva muita fuacuteriardquo (A4) ou ateacute mesmo satildeo
viacutetimas desta violecircncia ldquoMuitas vezes crianccedilas que batem e agridem amigos
satildeo assim tratadas dentro de sua residecircnciardquo (A24) ldquoos pais mesmos tem que
ensinar ao seu filho porque a educaccedilatildeo vem de casa e quem pratica o bullying
geralmente sofre em casardquo (C107) O modelo familiar eacute proposto como
84
explicaccedilatildeo ldquoesse comportamento muitas vezes vem de casa quando a crianccedila
ou adolescente convive com briga dos pais na rua de casa etcrdquo (A12)
Aspectos positivos da influecircncia da famiacutelia tambeacutem satildeo reconhecidos e
considerados importantes no cenaacuterio da violecircncia tanto como modelo para
comportamentos positivos ldquoos (pais) que se esforccedilam para educar seus filhos
e vecirc-los seguindo seu proacuteprio caminho sendo uma pessoa boardquo (C99) e
tambeacutem como figura de autoridade ldquoNa minha opiniatildeo isso acontece pois na
escola estamos mais soltos por natildeo termos a supervisatildeo de nossos pais e
por isso estamos suscetiacuteveis a excessos que resultam em violecircncia que pode
ser fiacutesica ou verbalrdquo (C109)
O papel dos pais sobre o comportamento dos filhos eacute examinado a partir
de aspectos contemporacircneos da dinacircmica familiar A ausecircncia dos pais parece
facilitar o surgimento de comportamento violento dos filhos na escola seja pela
dificuldade em impor limites dos adultos seja pala carecircncia sentida das
crianccedilas e dos jovens Os agressores estariam compensando a falta de
atenccedilatildeo na famiacutelia ldquoos agressores do bullying querem chamar atenccedilatildeo devido
a natildeo ter essa atenccedilatildeo dentro de casa ou outros casosrdquo (B50) Os trechos
abaixo deixam mais evidentes como estas questotildees satildeo percebidas pelos
alunos
ldquoEu particularmente acho isso uma falta de respeito e que essas coisas deveriam se aprender em casa Mas principalmente agora os pais natildeo tecircm tempo para cuidar e educar os filhos em tempo integral e sem a presenccedila dos pais os filhos podem ficar agressivos o que leva a fazerem coisas como bater e agressatildeo verbal com seus colegasrdquo (A13)
ldquoHoje em dia eacute mais comum haver violecircncia nos coleacutegios pois os pais estatildeo mais ausentes natildeo potildeem limite nos seus filhos isso tudo faz com que ele fique uma pessoa mais agressiva a falta de carinho dos seus pais os amigos ajudam claro mas tudo comeccedila pela casardquo (A28)
85
ldquoHoje em dia as crianccedilas estatildeo cada vez mais agressivas e impacientes talvez por causa da ausecircncia dos pais ou por motivos superiores principalmente na escola esse fato se comprova existe muitos relatos de professores agredidos por alunos e ateacute mesmo agressotildees entre amigosrdquo (A31)
Ao mesmo tempo em que eacute atribuiacuteda agrave famiacutelia grande importacircncia na
histoacuteria de vida ou desenvolvimento do indiviacuteduo e por conseguinte a
responsabilidade pelo comportamento violento dos jovens reconhece-se que a
proacutepria famiacutelia tambeacutem teme tal fato ldquocada pai natildeo quer que isso aconteccedila com
o seu filho de verdade entatildeo porque natildeo da educaccedilatildeordquo (C110) ldquoEu acho que
os pais devem educar seus filhos e dar uma infacircncia legal e sem violecircncias
porque senatildeo mais tarde eles vatildeo se arrepender e ver o que natildeo querem seu
filho matando praticando a violecircncia etc eu acho que pai nenhum que ver isto
acontecerrdquo (A11)
Em alguns casos a origem da violecircncia eacute atribuiacuteda agrave formaccedilatildeo das
crianccedilas em seu desenvolvimento sem indicar a influecircncia do ambiente
familiar ldquoacho que a verdadeira causa eacute a formaccedilatildeo das crianccedilas pois vendo
maus exemplos acaba sendo um jovem delinquenterdquo (B44) ldquoinfelizmente as
crianccedilas estatildeo crescendo com um pensamento bem maldoso que trazem medo
para as pessoas de vivem ao seu redorrdquo (A31)
A origem da violecircncia na sociedade mais ampla eacute outra possibilidade
aventada Em alguns casos haacute referecircncia agrave violecircncia na sociedade como um
todo mas natildeo haacute clareza quanto agrave transposiccedilatildeo dessa violecircncia para o
ambiente escolar
ldquoAs violecircncias estatildeo acontecendo em vaacuterios (lugares) como escola shopping no jogo de futebol e outros lugares por causa que o mundo que a gente vive estaacute estimulado para fazer violecircncia e isso natildeo eacute corretordquo (A20)
86
Parece que o mundo como um todo estaacute estimulado para a violecircncia ldquoo
mundo hoje estaacute muito violento eacute pai matando filho filho matando pai e
tambeacutem amigos matando amigosrdquo (C91) entretanto natildeo haacute indicaccedilatildeo clara
que a violecircncia em uma esfera da sociedade afete a outra Os vaacuterios setores
da sociedade satildeo vistos como causas possiacuteveis da violecircncia escolar desde o
ciacuterculo de amizades produtos culturais veiculados na TV videogames
conteuacutedo da internet e ateacute mesmo da imprensa
ldquoVaacuterios motivos podem justificar essa accedilatildeo como por exemplo jogos de videogame na TV com os amigos em noticias de jornal entre outros Eu acho que quem faz esse tipo de coisa satildeo pessoas influenciadas e agem dessa maneira para mostrar que eacute valentatildeordquo (A3)
Para alguns estudantes estaacute mais clara a relaccedilatildeo entre a violecircncia mais
ampla e seu surgimento no ambiente escolar ldquomuitos jovens aprendem em
jogos de videogame na internet na TV a violecircncia e guardam isso na mente
para brigar na escolardquo (A15) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia surge na rua e eacute
trazida para escolardquo (C126)
O comportamento dos proacuteprios alunos e a forma de agir da escola
tambeacutem satildeo considerados causas para a violecircncia escolar
ldquoIsso acontece porque tem sempre alguns alunos que natildeo cumprem algumas regras e tambeacutem agridem outros alunos na maioria das vezes isso acontece porque os alunos que satildeo agredidos tem medo de entregar o agressor porque ele tem medo que quando entregarem o agressor agrida mais ainda ele e tambeacutem acontece muitas vezes pela falta de vigilacircncia da escolardquo (A18) ldquoNas escolas a violecircncia escolar eacute intensa Algumas por causa de conversas e boatos outras por causa de jogos como futebol vocirclei basquete etc ou porque algumas pessoas gostam de arrumar confusatildeo e provocam as outras para brigaremrdquo (C60)
87
5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar
Os estudantes percebem algumas caracteriacutesticas mais evidentes das
viacutetimas e dos agressores principalmente nas situaccedilotildees de bullying
A diferenccedila de tamanho entre agressor e viacutetima eacute um dos aspectos
mencionado ldquoesse tipo de violecircncia ocorre na escola geralmente por alunos
maiores que a viacutetimardquo (A9) ldquomuitos covardes datildeo em pessoas bem menores
que eu essas pessoas natildeo fazem ideia do que estatildeo fazendordquo (C69) No
relato apresentado a seguir haacute referecircncia a este aspecto como fator central na
situaccedilatildeo de violecircncia testemunhada
ldquoHaacute uma pessoa que eu conheccedilo que as vezes sofre coisas desse tipo Esta pessoa tem 10 anos e os meninos que satildeo 1 a 2 anos mais velhos aperreiam e as vezes batem nele Ele tenta se defender mas os meninos satildeo mais velhosrdquo (A10)
Entre os atributos aparece o fato de ser algueacutem novo no grupo de
modo que ldquoisso acontece normalmente com novatosrdquo (A7) Outro traccedilo
apontado para as viacutetimas eacute seu comportamento ldquocorretordquo ldquoas crianccedilas e os
adolescentes os chamados ldquocertinhosrdquo geralmente sofrem com as
brincadeiras de mau-gosto daqueles que natildeo satildeo interessados em estudarrdquo
(A15)
Ao apresentarem caracteriacutesticas pessoais dos envolvidos em situaccedilotildees
de bullying haacute alunos que destacam aspectos relacionados com o bom
desempenho escolar ldquo() geralmente eacute praticado contra os alunos que soacute
tiram notas boas e tambeacutem outras pessoasrdquo (B51) Entretanto haacute quem
considere o contraacuterio que pode ser o mau desempenho escolar uma
caracteriacutestica relevante para a vitimizaccedilatildeo ldquoo bully ou seja o agressor
geralmente eacute uma pessoa que tecircm classe social inteligecircncia ou seja mais
88
forte em relaccedilatildeo ao agredido que eacute o que tira notas baixas eacute fraco e
indefesordquo (B52)
O agressor eacute mais forte todavia eacute covarde A relaccedilatildeo entre viacutetima e
agressor indica a covardia do agressor e a fraqueza da viacutetima ldquoele (bullying) eacute
praticado usando a covardia ao favor do agressor Ele sempre ataca os fracos
em funccedilatildeo de maltrataacute-los por puro prazerrdquo (B50) ldquoo que mais me incomoda
satildeo os alunos que batem nas alunas pois aleacutem de natildeo respeitaacute-las estatildeo
machucando pessoas mais sensiacuteveis e fraacutegeis do que elerdquo (C114)
Essa oposiccedilatildeo entre ser forte ou ser fraco estaacute associada com o
envolvimento nas situaccedilotildees de bullying como agressor ou viacutetima
ldquoViacutetimas ficam tristes apanhados sozinhos com isto Muitas pessoas brigam para humilhar o outro porque sabe que eacute mais forte e o outro eacute mais fraco aiacute se aproveita disto muitas vezes eles fazem isto para se exibir para as meninas fazem armadilhas ao mais fraco ficam esculhambandordquo (C73)
A situaccedilatildeo de maior fragilidade eacute uma das caracteriacutesticas atribuiacutedas agraves
viacutetimas ldquoa lsquoviacutetimarsquo natildeo pode se defender sozinha por isso natildeo reage apenas
apanha ou outros tipos de Bullyingrdquo (B50) ldquoum fato preocupante tambeacutem eacute que
na maioria dos casos de bullying a viacutetima natildeo sabe se defenderrdquo (C88)
A viacutetima tambeacutem eacute caracterizada como algueacutem que se diferencia do
grupo seja em termos fiacutesicos ou comportamentais ou pela presenccedila de alguma
deficiecircncia ldquoa violecircncia escolar eacute sofrida por vaacuterios alunos seja ele gordo
magro com algum tipo de deficiecircncia ou ateacute mesmo pela forma dele serrdquo
(A23) ldquoMuitos exemplos comuns como ser negro de outro paiacutes eacute muito chato
issordquo (C62) ldquogeralmente eles fazem isso com aquele colega que eacute um pouco
diferente dos demais e com isso ele acaba praticando o bullyingrdquo (B37)
89
ldquopessoas lsquodiferentesrsquo satildeo as principais viacutetimas desse ato ateacute mesmo o uso de
oacuteculos leva a uma brincadeirinha sem graccedilardquo (B39) ldquouma pessoa eacute acima do
peso ou eacute diferente de alguma forma as outras pessoas jaacute comeccedilam a chamar
(apelidos) de baleia titanic que se a pessoa cair no chatildeo nem um trator
levanta ela e outras coisasrdquo (C93) ldquoa violecircncia escolar geralmente acontece
por conta de fatos infantis porque algueacutem cortou o cabelo porque eacute mais
estranho do que o outrordquo (C67)
A popularidade do agressor eacute apontada ldquoporque haacute muitos alunos que
se acham o tal soacute porque eacute popular e isso faz ele pensar que pode fazer o que
quiser com os outros alunosrdquo (B37) embora natildeo signifique que sejam pessoas
admiradas ldquoEsse tipo de violecircncia eacute constante (bullying) Aqui na sala tem uns
3 ou 4 meninos que satildeo muito chatos e praticam essa violecircncia tanto verbal
com os outros tiposrdquo (C113) ldquoAcho muito chato pessoas que fazem isso e a
maioria satildeo as mais populares que mais chamam atenccedilatildeo na escolardquo (C110)
Tambeacutem aparece a situaccedilatildeo de exclusatildeo da viacutetima ldquoos que sofrem
violecircncia escolar satildeo os chamados excluiacutedos que natildeo se encaixam nos
grupinhosrdquo (C82) ldquoEm outras situaccedilotildees alunos satildeo afastados pelo jeito de ser
Por exemplo Haacute grupos nas escolas de nerds patricinhas feios bonitos
chatos Isso eacute muito chato porque isso natildeo mostra a uniatildeo das pessoas E
ficam muitas vezes chateadasrdquo (C121)
Vale destacar que estes papeacuteis parecem natildeo serem fixos pois ldquoalgumas
vezes proacuteprias viacutetimas tambeacutem satildeo agressoresrdquo (B51)
Raramente as viacutetimas natildeo satildeo estudantes ldquoCom os professores jaacute eacute
diferente essas natildeo acontece muito porque o professor eacute como se fosse o liacuteder
e tem muita autoridaderdquo (B37) embora a figura do professor tambeacutem seja
90
apontada como a de agressor ldquoe o agressor natildeo eacute soacute o aluno pode ser o
professor e a viacutetima tambeacutem pode ser professor mas no final todos de alguma
maneira tecircm seu dedo de culpardquo (C85)
Assim como estudos do Relacionamento Interpessoal que destacam o
papel das caracteriacutesticas individuais nos relacionamentos os alunos tambeacutem
apresentam de forma bem explicativa a forma como tais caracteriacutesticas
interferem nos relacionamentos Para Tognetta (2010) ldquoos alvos de bullying
satildeo crianccedilas e adolescentes vitimizados pelos estereoacutetipos sociais e por isso
sofrem comumente tecircm uma caracteriacutestica que foge do que eacute culturalmente
estabelecido usam oacuteculos choram demais satildeo gordinhos ou tiacutemidos ou seja
tecircm um padratildeo ou um comportamento que os diferencia dos demaisrdquo (p 91)
5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo
ameaccedilas chantagens intoleracircncia preconceito
Muitos alunos abordam a dinacircmica da violecircncia discorrendo sobre as
accedilotildees que as caracterizam ldquoessas pessoas muitas vezes pedem alguma coisa
e se a pessoa natildeo der eles batem nela e pegam o que pediramrdquo (C60)
ldquoGERALMENTE esse povo que daacute nos outros eles tem uma turminhardquo (C69)
ldquoAqui no coleacutegio a violecircncia eacute tipo areia em praia eacute o que mais tem professores
gritando com alunos alunos se batendo palavrotildees de um lado para o outro
xingamentos com a matildee ou com o proacuteprio alunordquo (C114)
Os trechos a seguir apresentam mais detalhadamente a aspectos
presentes na dinacircmica da violecircncia escolar
ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia na escola eacute uma coisa que acontece muito frequentemente e que poucas pessoas admitem que fazem ou que sofrem Tanto quem faz estaacute errado e geralmente quem faz
91
ameaccedila e faz o outro se sentir mal Quem sofre tambeacutem estaacute errado por que natildeo conta por medo das ameaccedilasrdquo (C59) ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute causada por uma pessoa que briga com a outra por algum motivo que considera grave aiacute natildeo consegue estabelecer um diaacutelogo entre as duas pessoas e passam para a violecircncia agraves vezes pessoas que natildeo tem nada a ver com o assunto da briga se intrometem no meio agraves vezes a briga natildeo eacute de duas mais de 3 4 5 (pessoas) etcrdquo (C74)
A violecircncia na escola pode acontecer de diversas formas ldquoapelidos
discussotildees tapas e ateacute mesmo brigasrdquo (C118) ldquoAleacutem de que a violecircncia
escolar pode ser tanto verbal quando fiacutesica e pode ser praticado por um grupo
ou soacute por uma pessoardquo (C100) Situaccedilatildeo de violecircncia envolvendo grupos pode
ser identificada neste relato
ldquooutra coisa que teve foi a guerra das turmas que tambeacutem foi ano passado foi um grupo de pessoas que estavam numa briga com outro grupo Todo recreio tinha briga entre os dois grupos depois disso todos foram para a coordenaccedilatildeo e parou de laacuterdquo (C91)
Aleacutem das formas descritas por vezes aparecem outras formas como o
isolamento social ldquotambeacutem acho que eacute um tipo de violecircncia escolar quando te
excluem da conversa jaacute passei por isso vaacuterias vezesrdquo (B41) a coaccedilatildeo ldquoesses
jovens obrigam o outro a fazer alguma coisa que faccedila mal a elerdquo (B49) e
inclusive o abuso sexual ldquoexiste vaacuterios tipos de violecircncia como a violecircncia
verbal a violecircncia fiacutesica o abuso sexual entre outrasrdquo (A28)
A dinacircmica relativa agraves situaccedilotildees de bullying tambeacutem satildeo apresentadas
ldquoesse tipo de violecircncia escolar (bullying) ocorre quando aluno agride
verbalmente ou fisicamente ou quando alunos se agridem discutem fazem
ameaccedilas ou quando eles se xingam uns aos outros com palavras ateacute muito
pesadas para a sua idaderdquo (B47) ldquoMeu pai me ensinou que o bullying natildeo pode
92
acontecer com a crianccedila de 5 anos para com um adulto de 25 anos Ele
acontece com pessoas da mesma idaderdquo (C107) ldquoHaacute vaacuterios tipos de bullying
alguns mais fracos outros fortiacutessimos poreacutem todos tem o mesmo objetivo
machucar seja fisicamente ou emocionalmente a viacutetima sofrerdquo (B50)
Os elementos presentes nas situaccedilotildees de bullying ficam mais evidentes
nos trechos abaixo
ldquoA violecircncia escolar eacute feita pelo lsquobullyingrsquo o bullying eacute uma violecircncia que ocorre em todas as escolas do mundo eacute formada por trecircs ou mais alunos que tiram brincadeira com outro aluno e quando esse aluno diz a supervisatildeo eles batem no alunordquo (A33) ldquoViolecircncia escolar eacute um problema peacutessimo Para mim violecircncia escolar e bullying eacute a mesma coisa mas os dois satildeo peacutessimos para a sociedade escolar Violecircncia escolar geralmente se inicia quando um tonto se acha perfeito e quer rebaixar pessoas que satildeo piores em algumas coisas mas melhor em outrasrdquo (B38) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar eacute denominada de bullying como o preconceito machucarem pessoas inofensivas que natildeo lhes fizeram nenhum malrdquo (B43) ldquoExistem pessoas que maltratam falam mal de outras pessoas deixando a pessoa ferida ou triste Isso se chama bullying uma violecircncia feita na escolardquo (B39) ldquoA violecircncia natildeo eacute soacute com os professores mas tambeacutem com os alunos na maioria das vezes chamado de bullying que satildeo ameaccedilas e marcaccedilatildeo com essa pessoa mas pode chegar a ser uma agressatildeo verbal e ateacute oral que muitas vezes podem causar seacuterios danos tanto psicoloacutegicos ou ateacute ferimentos gravesrdquo (C128)
Eacute marcante o papel do medo para que se perpetue a situaccedilatildeo de
agressatildeo ldquoinfelizmente muitos dos alunos que satildeo explorados ou maltratados
tecircm medo de revelar aos pais ou responsaacuteveis o que estaacute acontecendo na
escolardquo (A9) ldquoEm toda sala escolar tem um machatildeo e tem algueacutem que eacute o saco
de pancada que sempre sai apanhado e natildeo conta nada ao pai ou a matildee ou
algum responsaacutevel com medo de apanhar maisrdquo (C122) ldquomuitas vezes os
93
adolescentes que sofrem esse tipo de violecircncia tem medo de falar com os
diretores ou coordenadores porque pode aumentar a violecircncia entre elesrdquo
(C97)
O medo eacute apontado como algo que acompanha a viacutetima de bullying ldquoo
pior eacute vocecirc ter medo de algueacutem algueacutem que acha que tem a liberdade de bater
em vocecirc e ameaccedilado natildeo pode contar a ningueacutemrdquo (A21) ldquoA maioria dos
agredidos tem medo de dizer que estaacute sofrendo de bullying porque os bullys
fazem chantagem emocional para ficarem quietosrdquo (B52)
Parece existir um pacto de silecircncio entre agredido e agressor ldquoEacute terriacutevel
como muitas pessoas sofrem preconceitos satildeo apelidadas ou ateacute mesmo
sofrem com murros tapas chutes e outras coisas soacute que o pior eacute que muitas
vezes natildeo comunicam a escola nem aos paisrdquo (C119) ldquoMuitos alunos natildeo
falam para ningueacutem sobre a violecircncia que sofrem por isso sai da agressatildeo
verbal para a fiacutesicardquo (C79) E a natildeo revelaccedilatildeo ajuda a perpetuar a situaccedilatildeo de
bullying ldquoGeralmente quem sofre bullying se omite e termina que seus
agressores nunca satildeo punidosrdquo (C109)
Aleacutem do medo por parte da viacutetima de ser agredida caso revele ou delate
o agressor eacute bastante presente outro elemento na relaccedilatildeo agressor-viacutetima a
ameaccedila ou chantagem por parte do agressor O agressor usa de chantagem
para causar medo na viacutetima ldquoessa violecircncia a pessoa chantageia a outra e diz
se contar para algueacutem que estatildeo fazendo com ela vatildeo bater mais ainda na
pessoardquo (B49) ldquoEsses alunos ficam com medo ateacute de procurar ajuda de uma
pessoa mais velha Muitas vezes eles satildeo ameaccedilados para tipo Se um aluno
natildeo der dinheiro ao outro ele iraacute bater nelerdquo (C121)
O papel da ameaccedila eacute claro nos trechos seguintes
94
ldquoNa maioria das vezes as viacutetimas do bullying satildeo ameaccediladas e natildeo contam para os familiares o que estaacute (acontecendo) Se seu filho estaacute muito por baixo sem querer falar muito com os pais ou agindo de uma forma que ele nunca agiu preste atenccedilatildeo que isso pode ser um sinalrdquo (B48) ldquomuitas vezes o agressor fala para o agredido para ele ficar calado e se ele abrir a boca ele apanha mais ainda Mas por que isso acontece Por que natildeo podemos conversar com a pessoa Seraacute porque tenho medo pois natildeo consigo e quando chego perto do agressor minha voz trava ou porque estou com muito muito medo dele e natildeo consigo de jeito nenhum e digo lsquoai ai que medo de falar a algueacutem e apanhar outra vezrsquordquo (C80) ldquoE muitas pessoas sofrem essa violecircncia mais preferem sofrer calado para os amigos natildeo ficarem tirando onda muitas vezes eacute o agressor que faz algum tipo de chantagem mais enfim violecircncia natildeo chega a nenhum lugarrdquo (A28)
O agressor parece natildeo ver as consequecircncias de seus atos ldquoa pessoa
que pratica o bullying natildeo consegue ldquoenxergarrdquo as consequecircncias diante desse
atordquo (B39) ldquoMuitas crianccedilas e jovens vem sofrendo algumas agressotildees e por
se sentirem ameaccediladas pelos agressores natildeo contam o que estaacute ocorrendo e
esses praticantes muitas vezes por brincadeira ou por se sentirem superiores
praticam sem saber o que os outros pensam e estatildeo sofrendordquo (A34)
A intoleracircncia em relaccedilatildeo agraves pessoas e agraves diferenccedilas eacute outro elemento
ldquoO que essas pessoas natildeo entendem eacute que ser diferente eacute normal jaacute que
ningueacutem eacute igual a ningueacutem mas deve ser respeitado e natildeo julgado pelos
outrosrdquo (C109) Interessante que a intoleracircncia aponta para a importacircncia de
cada um olhar para as proacuteprias caracteriacutesticas ldquoporque todo mundo tem defeito
e porque natildeo vocecirc as pessoas soacute vecircem defeitos nos outros e natildeo em vocecirc
mesmordquo (C64) ldquo() porque vocecirc pode ver o agressor ele raramente eacute
diferente da pessoa que ele ofende Eu natildeo entendo porque parece que
ningueacutem presta porque eacute branco demais reclama preto demais tambeacutem
95
reclama entatildeo quem presta afinalrdquo (C85) ldquoNoacutes xingamos um ao outro por
qualquer simples defeito e natildeo reparamos nos nossos Quando essa violecircncia
chega ao extremo pode ser fiacutesica vocecirc natildeo eacute igual a mim natildeo gosto de vocecirc
(C101)
Tambeacutem fica evidente a relaccedilatildeo entre violecircncia escolar e preconceito
ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar porque natildeo tocar no assunto
preconceito que hoje em dia pessoas morrem por serem negros deficientes
inteligente ou ateacute por besteirasrdquo (C81) ldquoGeralmente os casos de violecircncia
acontece por pessoa gays ou noobs7 pessoas tem preconceito ou natildeo tem o
que fazer e vai agredir a pessoardquo (C98) ldquoMuitas pessoas sofrem de bullying na
escola por causa de preconceitordquo (C77) ldquoA violecircncia verbal eacute algo que os
alunos sofrem por causa do preconceitordquo (C79) ldquoA violecircncia na escola eacute uma
coisa grave atinge muitas pessoas tambeacutem por causa do preconceito com os
outros por causa de suas diferenccedilasrdquo (C65)
Nesta dinacircmica aparece tambeacutem o papel da plateia ldquoQuem pratica
(violecircncia escolar) eacute o principal responsaacutevel mas aqueles que ficam assistindo
tambeacutem estatildeo praticando pois eles satildeo a plateia teria que tomar uma atituderdquo
(C67) ldquoA violecircncia escolar eacute um ato muito difiacutecil de conviver porque vocecirc ver
cenas que natildeo podem ser comentadas automaticamente sua mente fica
perturbadardquo (C78) ldquomuitas outras pessoas poderiam ter evitado o
acontecimento mais as vezes as pessoas influenciam ainda mais as praticas e
7 Noob ou Newbie eacute um termo eacute amplamente utilizado na Internet - sobretudo em sua maioria em salas
ou bate-papos de jogos online para muacuteltiplos jogadores ou ainda para identificar os que tecircm conhecimento baacutesico em informaacutetica Tambeacutem eacute usado para designar uma pessoa sem experiecircncia ou com menos
experiecircncia do que quem chama Geralmente eacute considerado como um insulto para uma pessoa sem conhecimento
96
pioram tudo que jaacute eacute ruimrdquo (C83) ldquoe a maioria do povo soacute fica olhando natildeo faz
nada muitas vezes o povo mesmo que agitardquo (C116)
O papel da plateia eacute bem importante principalmente nas situaccedilotildees
envolvendo bullying ldquoA maioria dos casos de bullying eacute causado por um
determinado lsquovalentatildeorsquo Mas o bullying eacute formado pelo autor (eacute quem pratica a
agressatildeo) a plateia (eacute quem gosta de ver a agressatildeo)rdquo (C125) ldquoQuase todos
os dias presencio violecircncias na escola e natildeo posso me meter ou parar os dois
com medo de levar a culpa da briga ou ainda levar uma surra tambeacutemrdquo (C84)
Haacute evidecircncia do papel da plateacuteia neste fato testemunhado e relatado
ldquo() outro dia teve briga entre dois meninos do segundo ano e quase todo coleacutegio laacute vendo sem fazer nada soacute assistindo e ateacute torcendo pra eles () pra que espancar o outro soacute porque chamou o outro de veado (A1)
O espaccedilo da sala de aula eacute apresentado como cenaacuterio para a violecircncia
escolar sejam as situaccedilotildees de agressatildeo fiacutesica como tambeacutem se torna cenaacuterio
para ocorrecircncia de bullying ldquoEm uma escola como todas as outras haacute uma
violecircncia escolar se torna um ato muito comum porque estaacute presente nas salas
de aulardquo (C78) ldquoMuitos casos de violecircncia na sala todos os dias um menino
esbarra no outro sem querer e eles comeccedilam a brigarrdquo (C84) ldquovou falar um
pouco da minha sala natildeo ocorre bullying na mesma poreacutem haacute alguns alunos
que tem tendecircncia a praticar o bullying quando maiores o que mais preocupa eacute
saber que as viacutetimas seremos noacutes mesmos alunos da mesma classerdquo (C88)
A constacircncia de encontros tambeacutem eacute salientada no cenaacuterio da violecircncia
escolar ldquoeu me lembrei da histoacuteria daquele menino que morreu em sua proacutepria
escola por outro colega que ele vivia todos os dias da semana Entatildeo isso eacute
certo claro que natildeordquo (C110)
97
Atividades proacuteprias da dinacircmica da sala de aula tambeacutem compotildeem o
cenaacuterio da violecircncia escolar e ateacute objetos do material escolar se transformam
em instrumentos de agressatildeo
ldquoo problema pode ser gerado em um trabalho escolar (um pode ter uma ideia e o outro ter outra ideia e gerar uma confusatildeo) agraves vezes fica competindo um com o outro para ver qual eacute o melhor aluno (que o professor gosta mais que tira as melhores notas etc) Muitas vezes nos problemas nasce o ciuacuteme onde o aluno usa uma arma branca para atacar o proacuteximo a arma branca pode ser por exemplo um estilete (o material escolar passaraacute a ser uma arma)rdquo (C117) ldquoMaior parte da violecircncia eacute a da violecircncia escolar Porque muitos alunos levam estilete a lacircmina do apontador para deixar marcas nos seus colegasrdquo (C111)
O trecho a seguir apresenta vaacuterios elementos da dinacircmica escolar que
sutilmente e de forma natildeo intencional favorecem situaccedilotildees de violecircncia
escolar
ldquoOs adultos falam que eacute coisa de crianccedila ou que eacute passageiro e acabam nem ligando Agraves vezes a crianccedila ou o proacuteprio agressor se sente obrigado (a) a atacar a pessoa para se sentir melhor ou para mostrar que eacute melhor e a escola eacute o lugar muito faacutecil de praticar Tem gente que fala que natildeo adianta de nada falar com o coordenador ou diretor pois eles natildeo querem machucar os sentimentos dos alunosrdquo (C110)
A violecircncia tambeacutem se estende ao ambiente virtual ldquoColocar arquivos na
internet xingando e maltratando as pessoasrdquo (C77) Percebe-se que o
cyberbullying tambeacutem se faz presente
ldquoA agressatildeo verbal na maioria das vezes eacute na internet comunidades ou xingam mesmo com palavrotildees a maioria eacute no orkut e para ser sincera jaacute tive vontade de participar mas nunca participeirdquo (B44) ldquoUm exemplo eacute uma pessoa joga a sandalia da outra pessoa no telhado de uma casa e as outras pessoas obrigam o dono da sandaacutelia ir pegar ele vai mas cai do telhado e eles gravam um viacutedeo e colocam na internetrdquo (B49)
98
ldquoExiste tambeacutem o CYBERBULLYING que eacute o bullying praticado pela internet geralmente satildeo viacutedeos que satildeo postados em sites de relacionamento como TWITTER ORKUT e dos que soacute tem viacutedeos como YOUTUBE em que satildeo gravadas brincadeiras que a viacutetima sofre e os agressores ficam rindo tirando ondardquo (B51) ldquoexistem ateacute pessoas que filmam a violecircncia no momento em que ela estaacute acontecendo e muitas pessoas provocam a outra soacute para isso ocorrer alguns adolescentes filmam e postam na internet apenas para querer dizer por exemplo lsquoAh na nossa escola soacute tem maioral se vocecirc vier para caacute natildeo mexa com a gente porque noacutes quebramos vocecircrsquordquo (C120)
5124 As agressotildees verbais
Comumente a violecircncia escolar eacute apresentada como sendo composta
tanto pela agressatildeo verbal quanto pela agressatildeo fiacutesica ldquoA violecircncia tambeacutem
natildeo soacute pode ser fiacutesica pode ser verbal tambeacutemrdquo (C61) ldquoA violecircncia escolar natildeo
eacute apenas por agressatildeo fiacutesica mas pode ser agressatildeo verbalrdquo (C81) ldquoessas
agressotildees natildeo satildeo apenas fiacutesicas e tambeacutem verbais consequentemente
psicoloacutegicasrdquo (A31) ldquoessa violecircncia acontece de vaacuterias formas com tapas
discussotildeesrdquo (B36) ldquotem a agressatildeo verbal e a fiacutesica a agressatildeo verbal eacute
quando o envolvido eacute agredido com palavras E a fiacutesica que eacute a agressatildeo no
corpordquo (A35) ldquonos coleacutegios acontecem muitas brigas tanto agressatildeo fiacutesica
quanto agressatildeo verbalrdquo (C63) ldquoAqui no coleacutegio agressatildeo eacute expliacutecita sendo
ela fiacutesica e por meio de palavrasrdquo (C75) ldquoA violecircncia na escola eacute um problema
grave onde se tem vaacuterios tipos como a violecircncia verbal na qual a fala eacute o ator
da violecircncia violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (C83)
As agressotildees verbais ocupam um lugar de destaque como uma forma
de violecircncia escolar ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute algo que muitos alunos
sofrem pois natildeo existe soacute a fiacutesica a verbal existe e eacute a mais comumrdquo
99
(C79) ldquomuitas escolas natildeo tem pessoas que agridem fisicamente mas muitos
alunos agridem verbalmente e agridem feiordquo (C69) ldquoa violecircncia natildeo eacute somente
fisicamente mas tambeacutem verbalmente por ameaccedilasrdquo (A5) ldquoGeralmente haacute
mais violecircncia oral do que corporalrdquo (C96)
Os trechos a seguir evidenciam a agressatildeo verbal como uma forma de
violecircncia escolar
ldquoAgraves vezes quando falamos em violecircncia pensamos em uma pessoa batendo na outra mas para mim o pior tipo de violecircncia eacute a verbal o ato de xingar outro soacute para se sentir melhor Esse tipo de coisa acontece muito principalmente na escolardquo (C101) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando uma coisa normal violecircncia natildeo eacute soacute agressatildeo fiacutesica mas tambeacutem verbal como por exemplo palavrotildees palavras de mau gostordquo (C93)
Ambas satildeo vistas como algo grave que tem repercussotildees ldquohoje muitos
alunos sofrem com a violecircncia escolar natildeo apenas com agressatildeo fiacutesica mas
tambeacutem verbalrdquo (A7) ldquoa violecircncia escolar em modo geral tanto verbalmente
como fisicamente eacute muito seacuteria pois alguns alunos podem ser prejudicadosrdquo
(A14) ldquoagraves vezes a violecircncia em vez de ser fiacutesica pode ser verbal e agraves vezes a
verbal poderaacute mexer com a personalidade da pessoardquo (C117)
Violecircncia verbal e fiacutesica estatildeo relacionadas ldquoos outros alunos xingam
muitas vezes soacute para outros colegas rirem e o alunos que estaacute sendo agredido
com palavras e natildeo gosta da brincadeira levando a brigardquo (A35) No episoacutedio
testemunhado e relatado por um estudadnte estaacute presente a agressatildeo verbal
levando agrave agressatildeo fiacutesica com danos fiacutesicos
ldquoOutro dia eu estava indo para o portatildeo do coleacutegio e vi um menino quase quebrando o braccedilo de outro que era menor que ele soacute porque o menor tinha chamado o outro de veado ou gay sei laacute quando o menino soltou o outro ele caiu e saiu chorando Me deu uma vontade
100
de meter um chute na cara dele Eu acho uma sacanagem issordquo (A1)
A agressatildeo verbal pode ser exercida de formas distintas causando
desconforto em todos os casos Pode ocorrer atraveacutes de xingamento ou ser a
partir da atribuiccedilatildeo de apelidos ldquoa agressatildeo verbal eacute a que mais acontece
muitas pessoas inventam apelidos de mau gosto outros xingam e a agressatildeo
fiacutesica eacute quando pessoas batem nas outras etcrdquo (A7) ldquoEu acho que a violecircncia
escolar eacute muito comum em escolas acontecer principalmente verbal (escrito e
oral) xingando e humilhando com varias palavras apelidandordquo (C68) ldquoos
apelidos tambeacutem satildeo grandes problemas principalmente quando a intenccedilatildeo eacute
magoar a outra pessoardquo (A10) Uma forma de agressatildeo eacute a fofoca ldquoEu acho
que muitas vezes eacute legal falar dos outros e se falar de vocecirc vai gostar claro
que natildeordquo (C110)
Os apelidos parecem ser problemas de destaque e particularmente
parecem causar sofrimento
ldquoSe vocecirc tem alguns desses problemasm pode ter certeza que iratildeo surgir apelidos na sua escola sobre vocecirc e isso deve machucar muito as pessoas que sofrem este tipo de violecircncia porque mesmo sendo pequeno o apelido machuca vocecirc Por fora vocecirc demonstra que estaacute tudo bem mas por dentro vocecirc sente vontade de sumir daquele lugar isto eacute um absurdo noacutes estamos no seacuteculo 21 natildeo eacute mais aquela brincadeirinha de crianccedila isto se tornou uma coisa seacuteria que tem que ser parada As pessoas sofrem com isto se eacute com uma pessoa deficiente todos riem falam besteira mas quem faz deve se perguntar ndash ele quer ser assim Ningueacutem pede para nascer doente com algo faltandordquo (A23)
O preconceito eacute uma forma de violecircncia que pode ser exercida a partir
de agressotildees verbais ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar natildeo existe soacute
fisicamente tambeacutem acontece verbalmente como o preconceito que acontece
muito nos tempos atuais e eacute muito difiacutecil combaterrdquo (C62)
101
Outras referecircncias agrave agressatildeo fiacutesica e verbal ainda apontam suas
consequecircncias nocivas natildeo apenas para as viacutetimas e agressores mas para a
escola como um todo
ldquoMuitos alunos fazem brincadeiras de mal gosto e acabam machucando o colega fisicamente e verbalmente causando problemas para ele para o colega e para o coleacutegiordquo (A14)
Em muitas redaccedilotildees parece evidente que a agressatildeo verbal caracteriza
a situaccedilatildeo de bullying ldquoquando o xingamento passa a ser cotidiano isso eacute um
sinal de bullyingrdquo (B39) ldquoo chamado bullying pode ser agressatildeo oral verbal ou
fiacutesica o bullying significa isso a violecircncia natildeo soacute fiacutesicardquo (C82) Neste
depoimento percebe-se esta relaccedilatildeo ldquoJaacute fui viacutetima de bullying pois em uma
eacutepoca meus colegas me colocavam apelidos que natildeo gostavardquo (B41) O trecho
a seguir potildee em destaque a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e bullying
ldquoEacute um tema muito complicado de comentar pois haacute diversos tipos de violecircncia na escola uma delas eacute a violecircncia por meio de palavras por exemplo quando colegas discutem e falam palavras desagradaacuteveis outro exemplo eacute quando uma crianccedila ou adolescente xinga um de seus colegas passando ele para baixo ou menosprezando causando o famoso bullyingrdquo (A2)
A agressatildeo fiacutesica eacute a outra face da moeda tambeacutem vista como algo que
pode se tornar mais e mais grave
ldquoJaacute outro tipo de violecircncia que eacute um pouco mais grave eacute a agressatildeo quando dois adolescentes se batem lutam se machucam e a violecircncia pode partir para algo extremamente grave como mortes noacutes hoje em dia geralmente vemos amigos que se matam Mas tambeacutem pode ocorrer assassinatos e trageacutediasrdquo (A2)
5125 Violecircncia escolar e brincadeira
102
Vaacuterias situaccedilotildees de violecircncia escolar satildeo originadas a partir de
brincadeiras tanto pela intoleracircncia por parte de quem natildeo as aceita ldquoJaacute
presenciei algumas confusotildees que aconteceram mais no recreio e outros
motivos satildeo brincadeiras levadas muito a seacuteriordquo (C72) ldquoEm uma sala de aula eacute
muita infantilidade vemos alunos discutindo sem motivo e aleacutem disso ficarem
se agredindo por bobagens que natildeo satildeo levadas na brincadeirardquo (A5) ou pela
intensidade da inconveniecircncia envolvida na brincadeira ldquoPessoas praticam
numa forma de brincadeira e natildeo sabem a gravidade do caso ou agraves vezes
quando estatildeo com raivardquo (B36) ldquoAs vezes as brincadeiras acabam em
violecircncia Na brincadeira muitas vezes o outro natildeo percebe que o seu amigo
natildeo estaacute se sentindo mal com a brincadeira fazendo e a brincadeira vire uma
briga podendo causar graves problemas Eles usam o que seus colegas tem
de lsquoincomumrsquo para tirar lsquosarrorsquordquo (A35)
Por vezes haacute uma aproximaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira indicando
a falta de limites niacutetidos entre estas duas situaccedilotildees ldquoexiste a violecircncia fiacutesica
alguns meninos brincam (que eacute como chamam) de lutas e acabam se
machucando e indo para coordenaccedilatildeordquo (C110) Os alunos expotildeem esta
aproximaccedilatildeo ao fazerem referecircncia agrave brincadeira como algo de mau gosto
indicando que parece haver intenccedilatildeo no ato ldquoA violecircncia geralmente ocorre por
causa de apelidos brincadeiras de mau gosto e etcrdquo (C90) ldquoNa escola haacute
muita violecircncia principalmente as brincadeiras de mau gosto que eacute de bater nas
pessoasrdquo (C122) ldquoPercebo brincadeiras de mau gosto e muitos palavrotildees com
os quais um trata o outro (envolvendo mais os meninos)rdquo (C75) ldquoo porque
dessas atitudes de mau gosto eu natildeo sei talvez por brincadeira mas que
brincadeira terriacutevel eacute essardquo (A9)
103
Esta relaccedilatildeo estreita entre brincadeira e violecircncia natildeo eacute aprovada ldquoEu
acho isso muito ruim que as pessoas apanhem soacute por causa de brincadeiras de
mau gosto como vacilo dois toque eacute barrote toco na bola eacute lapada e etc
nunca gostei de brincar e nem brinco sou contrardquo (C122) ldquoEssas brincadeiras
inuacuteteis estatildeo prejudicando muitos alunos que por medo das revelam e muitos
agressores satildeo presos pagam trabalho voluntaacuterio e outrosrdquo (A34) inclusive
porque os alunos identificam que estas brincadeiras datildeo origem a situaccedilotildees de
violecircncia na escola ldquoQuase todos os dias na minha escola tecircm uma violecircncia
quase todas por besteiras ou por brincadeiras que natildeo se fazrdquo (C124)
Tambeacutem no contexto da violecircncia no ambiente virtual a situaccedilatildeo
confusa entre brincadeira e agressatildeo fica evidente ldquoos que praticam armam
brincadeirinhas de mau gosto armadilhas gravam e postam na internetrdquo (B51)
Questotildees envolvendo bullying tecircm relaccedilatildeo com brincadeiras
inadequadas ldquopois essa brincadeira de mau gosto se chama bullyingrsquordquo (A17)
ldquonatildeo eacute brincadeira tipo o bullying muito causado nas escolasrdquo (C98) ldquoQuando
pensamos em violecircncia escolar a primeira coisa que pensamos eacute o bullying que
satildeo brincadeiras pesadas ou seja violentasrdquo (C76) sendo situaccedilotildees que
geram muito desconforto ldquoO que parece uma brincadeira de crianccedila o bullying
pode gerar danos a pessoasrdquo (B39) ldquomuitas pessoas que satildeo praticantes do
bullying dizem que eacute soacute lsquobrincadeirinhasrsquo mas natildeo eacute bem assim as chamadas
brincadeirinhas pode machucar quem sofre a accedilatildeo natildeo soacute fisicamente O
bullying acontece geralmente nas escolas os agressores normalmente fazem
isso para se divertirrdquo (C82)
A relaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira tambeacutem eacute abordada a partir de
relatos presenciados Podemos identificar alguns relatos em que o fato ocorrido
104
foi visto como uma ldquobriguinha de brincadeirardquo apesar de ter resultado em dano
fiacutesico
ldquoEu nunca presenciei uma briga escolar muito violenta mas aquelas lsquobriguinhasrsquo de lsquobrincadeirarsquo eu jaacute vi Um menino da minha sala torceu o pescoccedilo por causa dessas lsquobriguinhasrsquordquo (A12)
ldquono meu coleacutegio teve um acidente terriacutevel com o estilete ele tava brincando ai pegou o estilete e foi cortar o outro ai o outro duvidou ai ele cortou isso aconteceu quando a professora natildeo estava na salardquo (C129)
5126 Violecircncia escolar e o professor
Comumente os envolvidos na violecircncia escolar satildeo estudantes mas o
professor surge no cenaacuterio da violecircncia escolar de diversas formas acenando
que as situaccedilotildees de violecircncia escolar podem tambeacutem incluir professores rdquoeu
acho que a violecircncia escolar que pode acontecer com professores alunos ateacute
com a sala inteira eacute quando pessoas vatildeo agredir de algum modordquo (B42)
O professor aparece como viacutetima da violecircncia entre alunos ldquoem toda a
sala tem um valentatildeo que tenta deixar os outros para baixo e agraves vezes eacute
ignorante ateacute com os professoresrdquo (C86) evidenciando situaccedilotildees que
envolvem falta de respeito agrave figura de autoridade do professor podendo atingir
outros profissionais na escola ldquoViolecircncia escolar pode ser dos alunos ou dos
professores Quando no caso eacute o aluno eacute porque ele bagunccedila muito natildeo tem
respeito com os professores nem funcionaacuteriosrdquo (C95) ldquoMuitas vezes quando M
coordenadora disciplinar entra laacute na sala os alunos comeccedilam a falar dela do
cabelo dela e isso eu natildeo gosto disso porque isso eacute preconceito e desrespeitordquo
(C105)
A violecircncia contra professor pode atingir formas inaceitaacuteveis ldquoEu vejo
105
hoje em dia na minha opiniatildeo isso estaacute muito errado eacute os alunos matando
professor etcrdquo (C91) O relato a seguir apresenta uma situaccedilatildeo extrema de
violecircncia contra professores
ldquoalgumas reportagens mostram isso na televisatildeo nos noticiaacuterios mostram alunos apontando armas para os professores exigindo para que os professores faccedilam suas vontades fazendo ameaccedilas e as vezes ateacute espancando os professores que na maioria das vezes ficam traumatizados com essas situaccedilotildees e acabam prejudicando sua vida profissional ou ateacute pessoalrdquo (C128)
Tambeacutem ocorrem situaccedilotildees em que o professor eacute o agressor ldquoEu acho
que em algumas escolas tem violecircncia de alunos batendo em alunos
entretanto em algumas escolas o professor que eacute violentordquo (C102) ldquoA violecircncia
escolar cada dia mais estaacute aumentando tem professoras que estatildeo graacutevidas e
que descontam nos alunosrdquo (C106) Um relato aborda a situaccedilatildeo de violecircncia
envolvendo a relaccedilatildeo com professor e o prejuiacutezo no processo de
aprendizagem
ldquonesse ano natildeo consegui tira nenhum 7 em Matemaacutetica Geografia se fosse eu entatildeo porque no ano passado natildeo era assim por causa de mal explicaccedilatildeo dos professores e atenccedilatildeo eu vou fica em recuperaccedilatildeo em 4 porque no ano passado natildeo foi assim eu soacute tirava nota boa era inteligente mas agora sou burro e tem alunos que aprontam tanto e que vatildeo pra coordenaccedilatildeo e depois sai com reclamaccedilatildeo mas quando eu fui soacute 1 (nome da coordenadora) me ameaccedilou com expulsatildeo os alunos atrapalham todo dia (lista com nome de cinco colegas) jaacute foram 10 vezes na coordenaccedilatildeo e eu soacute uma e ia sendo expulso soacute por causa de um celular tocandordquo (C108)
Mas reconhece-se que satildeo fatos mais isolados que situaccedilotildees tendo o
professor como agressor natildeo acontecem com a mesma frequumlecircncia que
situaccedilotildees envolvendo alunos como agressores como eacute abordado de forma
clara no relato a seguir
ldquoNa escola haacute vaacuterios tipos de violecircncia pode ser fiacutesica ou verbal e praticada por professores ou alunos Quando eacute praticada por alunos
106
eacute mais verbalmente mas as vezes acabam em lutas a dos professores eacute mais fiacutesico Passou uma reportagem que falava sobre um professor que dava nos seus alunos mas essas agressotildees feitas por professores natildeo eacute sempre mas a dos alunos eacute mais frequenterdquo (C86)
Diante do cenaacuterio de violecircncia cabe ao professor uma postura
realmente diferenciada ldquoOs professores deviam ter mais diaacutelogo com seus
alunosrdquo (C65) que favoreccedila a superaccedilatildeo de algumas dificuldades ldquotem
professores que satildeo legais que quer ajudar cada vez mais se natildeo der dessa
maneira ele faz de outra e etcrdquo (C106) entretanto algumas atitudes natildeo
contribuem para avanccedilos na aprendizagem ldquoa pessoa conversa brinca mas
tenta melhorar mas natildeo pode porque os professores natildeo deixamrdquo (C108) ldquotem
alguns professores que querem acabar com os alunos tipo no salatildeo de artes e
ciecircncias (sac) em algumas mateacuterias os professores soacute colocam os melhores
alunos e os piores se ferramrdquo (C102)
As dificuldades envolvendo o relacionamento com os professores satildeo
consideradas pelos estudantes Percebe-se que elementos da proacutepria accedilatildeo
docente parecem promover situaccedilotildees desconfortaacuteveis no relacionamento
professor-aluno - a forma de explicar a atenccedilatildeo dada aos alunos o cuidado
diante de duacutevidas etc Os trechos a seguir evidenciam a forma como se datildeo
estas dificuldades
ldquoBem na escola natildeo sofro violecircncia escolar com os professores mas agraves vezes acho que eles tecircm alunos preferenciais e que agraves vezes tratam mal aqueles que natildeo satildeo os seus preferidos falo isso pois as vezes existem professores que natildeo datildeo atenccedilatildeo por igual aos seus alunos Eu natildeo condeno a ideia de que eles tenham seus alunos preferidos mas que eles natildeo demonstrem tatildeo claramente issordquo (C92) ldquoTudo que esse professor explica eu quase natildeo entendo ele raramente faz brincadeiras em sua aula e eacute um pouco grosso(a) As pessoas meio que tem medo dele(a) entatildeo natildeo tiram suas duacutevidas
107
com medo de levar um fora (C95) ldquoTem professores que jaacute entram na sala com raiva outros vocecirc natildeo entende o assunto e vocecirc fala para o professor que natildeo entendeu ele fala pra vocecirc que vocecirc natildeo entendeu porque estava conversando ou brincando e agraves vezes tiram pontos dos alunos por causa dissordquo (C102) ldquoEu acho que haacute professores que natildeo se importam com os alunos tem alunos que estatildeo em recuperaccedilatildeo porque o que eles falam na sala natildeo daacute pra entender nada e a pessoa tenta tirar as duacutevidas mas o professor natildeo daacute nem a miacutenima soacute se importa para as pessoa que jaacute entenderam o assunto () os professores recusam os alunos como se eles fossem uma pessoa de rua sem futuro a gente tem o direito de participar de todas as atividades os nossos (pais) pagam a escola pra aprender e o que a maioria dos professores ensinam natildeo daacute pra entender nada aiacute o cara estuda pra caramba pra na hora da prova tirar uma nota ruimrdquo (C108)
Os estudantes apresentam suas preferecircncias em relaccedilatildeo aos
professores apontando aspectos facilitadores e aqueles que dificultam suas
escolhas
ldquoO professor que eu menos tenho afinidade eacute legal mas nas aulas dele eu natildeo me sinto agrave vontade como nas outras Meus colegas gostam muito desse professor mais cada um tem sua personalidade e a personalidade dele natildeo bate com a minhardquo (C92) ldquovou falar um pouco dos professores Primeiro vou falar um pouco do que eu mais gosto Ele assim ensina melhor pois a sua explicaccedilatildeo daacute para entender eleela faz joguinhos sobre o assunto que estamos estudando faz gincanas e tudo que eleela explica eu entendo E eu sempre me dou bem nas suas provas por isso eacute ao mais legal professor ou professorardquo (C95) ldquoA professora que eu tenho menos afinidade eacute a professora de portuguecircs porque pra mim ela eacute duas caras () na frente da minha matildee ela eacute uma santa mas na sala de aula quando eu tento falar com ela ela natildeo me daacute atenccedilatildeo soacute daacute atenccedilatildeo aos alunos que ela mais gosta () mas ela melhorou a conduta comigo A professora que eu mais tenho afinidade e gosto muito dela eacute a professora de Geografia ela eacute muito carinhosa sabe entender a timidez do aluno tira duacutevida a qualquer momento ela gosta de mim ela eacute super atenciosa eacute como uma matildee para mim Graccedilas a Deus ateacute hoje natildeo sofri nenhum tipo de bullying a natildeo ser o da professora de portuguecircsrdquo (C105)
108
513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar
5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo
A violecircncia escolar natildeo eacute algo apenas passiacutevel de reconhecimento ela
provoca uma reaccedilatildeo por parte dos estudantes uma posiccedilatildeo criacutetica ldquoAcho
muito chato a palavra violecircncia e logo quando ela vem acompanhada com a
palavra escolar eacute que fica pior aindardquo (A20) A presenccedila da violecircncia no
ambiente escolar parece causar espanto e indignaccedilatildeo ldquoEu acho que todo tipo
de violecircncia eacute ruim escolar eacute que eu acho pior aindardquo (C61) ldquoEu acho que a
violecircncia escolar eacute um ABSURDOrdquo (C69) Esta reaccedilatildeo tambeacutem se estende
para as situaccedilotildees de violecircncia envolvendo bullying ldquoa violecircncia na escola eu
acho um absurdo agora chamada de bullyingrdquo (A1) ldquona minha opiniatildeo a
violecircncia escolar ou bullying eacute um absurdordquo (A3)
A indignaccedilatildeo com a violecircncia no contexto escolar parece ser fruto da
valorizaccedilatildeo do propoacutesito da escola e do seu papel na sociedade ldquoPra mim
essas pessoas natildeo estatildeo com nada essas coisas satildeo de gente que natildeo (tem)
nada para fazer Chega de violecircncia nas escolas pois sem a escola natildeo
seriamos nada na vida lugar de se aprender eacute na escola natildeo de brigarrdquo (C60)
ldquoBom a primeira pergunta eacute o porquecirc que existe essa tal coisa Se a escola eacute
o lugar que forma as pessoas para o futuro e para hoje podemos dizer que eacute
uma espeacutecie de matildeerdquo (C103) A escola enquanto local para estudar e aprender
eacute bastante mencionada ldquoA violecircncia na escola pra mim eacute algo que natildeo devia
existir porque natildeo tem precisatildeo de ter briga no coleacutegio porque o coleacutegio eacute um
lugar de estudarrdquo (C127) ldquoeu acho um absurdo o jeito que estaacute a violecircncia hoje
109
em dia as pessoas vatildeo para a escola para estudar e natildeo brigarrdquo (A22) E
aleacutem da aprendizagem a escola tambeacutem proporciona outras coisas boas ldquona
minha opiniatildeo eu acho que isso natildeo deveria acontecer pois a escola eacute um
lugar para conviver fazer amigos e principalmente aprenderrdquo (A10)
Os alunos destacam especificidades da racionalidade humana que natildeo
condizem com situaccedilotildees de violecircncia na escola ldquoEu acho que todos noacutes temos
que ter a consciecircncia que isso natildeo leva a nada afinal isso eacute uma escola um
lugar de estudo que eacute proibido esses tipos de violecircnciardquo (C124) ldquoisso precisa
acabar pois escola eacute lugar de estudar aprender a ser gente de verdade e natildeo
animal irracional noacutes temos a capacidade de pensar antes de agir e natildeo ser
racista e etc Violecircncia na escola CHEGArdquo (C118)
Haacute ainda reconhecimento agrave confianccedila depositada pela famiacutelia na escola
e que as situaccedilotildees de violecircncia traem essa confianccedila ldquoBem esse tipo de
violecircncia que eu acho uma das piores porque logo na escola que eacute onde os
pais natildeo deveriam se preocupar com seus filhos nessa aacuterea da violecircnciardquo
(C130) ldquoeu acho que esse tipo de violecircncia natildeo deveria acontecer porque na
escola eacute logo quando os pais pensatildeo que estaacute tudo tranquumlilordquo (C129)
Os alunos demonstram muita criticidade diante das situaccedilotildees de
violecircncia na escola ldquoalguns alunos ficam discriminando outros por bobagens
como o jeito dele ser pela aparecircncia da pessoardquo (C96) principalmente pela a
falta de sentido nas situaccedilotildees presenciadas ldquoEu acho que a violecircncia escolar
acontece geralmente por motivos bestas ou por motivo nenhumrdquo (C82) ldquohaacute
cotidianos que ser agredido jaacute faz parte e isso deveria ser mudado pois na
sociedade que estamos a agressatildeo eacute um ato sem necessidaderdquo (A21) A
violecircncia tambeacutem eacute algo rejeitado por reconhecer os motivos banais
110
envolvidos ldquose alunos brigam isso eacute raro mas agraves vezes acontece por motivos
realmente bobos isso na minha opiniatildeordquo (A6) e que situaccedilotildees banais viram
algo maior ldquoos alunos fazem briga por qualquer besteira e acaba virando um
assunto seacuterio por causa da violecircncia natildeo soacute a violecircncia fiacutesica mas tambeacutem a
oralrdquo (A19)
Os jovens tambeacutem demonstram reprovaccedilatildeo quando tratam do bullying
ldquoEssa praacutetica precisa acabar no Brasilrdquo (B51) ldquoNatildeo gosto dessa violecircncia do
bullying Era muito melhor se todos se respeitassem se amassem e ao
proacuteximo perdoassem etc Entatildeo eu queria que a violecircncia parasserdquo(C61)
Os estudantes parecem natildeo admitir a violecircncia na escola porque natildeo
traz benefiacutecio algum ldquoE eu tambeacutem acho ridiacutecula porque a pessoa xinga a
outra bate na outra faz tudo de ruim com a outra pessoa e natildeo ganha NADA
fazendo issordquo (C130) ldquoBom eu acho que essas brigas satildeo uma besteira pois
natildeo vatildeo levar em nada () depois se vocecirc parar pra pensar eacute uma pessoa que
realmente natildeo tem absolutamente nada pra fazerrdquo (C94) ldquoPara que se
envolver em brigas por nadardquo (A13)
A indignaccedilatildeo eacute clara nos trechos seguintes
ldquoE muito triste ver professores machucados alunos esfaqueados como um aluno consegue levar uma arma para o coleacutegio sem que ningueacutem veja Ou entatildeo uma facardquo (A22) ldquoComo as pessoas tem a coragem de esfaquear matar ou ateacute atirar em outra pessoa Escola eacute um lugar pra se aprender e natildeo pra brigar ou etc quando os pais deixam os filhos seguros por enquanto que trabalham mais natildeo uma matildee pode ter deixado o filho na escola foi trabalhar e quando chega no trabalho ela recebe um telefonema dizendo que o filho levou um tiro ou uma facadardquo (A22)
Manifestaccedilatildeo de toleracircncia agrave violecircncia na escola parece ser esporaacutedica
entretanto em alguns casos especiacuteficos natildeo seria admitida de
111
forma alguma
ldquoEm todos esses anos nos coleacutegios sempre vi um problema muito seacuterio a violecircncia escolar muitos alunos praticam isso na minha opiniatildeo isso natildeo estaacute errado as vezes ateacute sem querer prejudicamos os outros Um caso que houve no coleacutegio foi que um garoto do 8ordm ano 7seacuterie bateu em um garoto mais ou menos 3 ou 4 anos menor que ele entatildeo isso estaacute errado esse tipo de violecircnciardquo (A8)
Em vaacuterios momentos os participantes manifestam seu repuacutedio ao
preconceito ldquopreconceito tem que acabar hojerdquo (A23) agrave violecircncia escolar
ldquoSobre a violecircncia escolar eu discordo pois nenhum motivo na escola justifica
uma agressatildeordquo (C72) assim como agraves situaccedilotildees envolvendo bullying ldquoBom na
minha opiniatildeo acho que eacute isso devemos acabar com a violecircncia escolar
BULLYING e violecircncia na escola Natildeordquo (C63) ldquoVamos derrotar o bullyingrdquo
(C76) A manifestaccedilatildeo de repuacutedio de certa forma eacute agrave violecircncia em geral ldquoFico
triste porque no mundo jaacute tem essas mortes destruiccedilotildeesrdquo (C61) ldquoeu
particularmente acho que eacute uma besteira uma coisa que soacute quem faz eacute burro
gente que natildeo tem o que fazer Mas infelizmente soacute algumas pessoas
pensam ou agem assim feito pessoas decentes e que respeitam os outrosrdquo
(C85) ldquoresumindo eu sou totalmente contra a violecircnciardquo (A12)
5132 Consequecircncias
Os alunos alertam para as consequecircncias da violecircncia escolar Percebe-
se que o envolvimento em episoacutedios de violecircncia eacute nocivo para o
desenvolvimento de crianccedilas e adolescentes ldquocrianccedilas sofrem com isso e
algumas ateacute ficam com traumardquo (A30) ldquoeacute uma atitude que natildeo tem benefiacutecio
algum apenas consequecircnciasrdquo (A9)
Algumas consequecircncias atingem de imediato a relaccedilatildeo do estudante
112
com a escola ldquonoacutes ficamos muito tristes e muitas vezes natildeo sentimos vontade
de ir para a escolardquo (C93) com prejuiacutezos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem ldquoO fato
eacute violecircncia natildeo importa qual atrapalha o aprendizado das pessoas e natildeo
deve ser incentivada de forma alguma principalmente nas escolasrdquo (C109)
Natildeo obstante o dano pode se estender com repercussotildees a longo
prazo ldquoIsso eacute uma coisa seacuteria pode se tornar ateacute doenccedila para mim
futuramente ter um futuro ruim como pessoa amargardquo (C110) com possiacuteveis
prejuiacutezos aos relacionamentos ldquodestroacutei a vida da outra pessoa porque isso vai
marcar a vida da pessoa e ela vai ficar PARA SEMPRE com aquela maacutegoa e
ela pode ficar sempre e para sempre soacute isolada E natildeo tem pra que a pessoa
agredir a outrardquo (C130) O depoimento a seguir evidencia estas
consequecircncias
ldquoUma vez na 4ordf seacuterie eu comecei a usar oacuteculos e todas as pessoas ficavam me chamando de quatro olhos e agraves vezes de baleia porque eu sou cheinha eu ficava sozinha no recreio por conta disso eu proacutepria passei a me reservar a me isolar e soacute depois que eu percebi que o que as pessoas falavam eu natildeo precisava ligar pois natildeo ia levar a nada soacute a prejudicar a mim mesmardquo (A25)
Os danos tambeacutem afetam o agressor da violecircncia ldquoA violecircncia escolar eacute
um ato que prejudica tanto quem sofre quanto quem pratica porque quem
sofre ele automaticamente se isola e quem pratica se transforma em uma
pessoa difiacutecil de conviverrdquo (C78) com prejuiacutezos para o seu futuro ldquoe essas
pessoas que se acham valentotildees quando crescerem natildeo vatildeo ter com o que se
sustentar ou se tiver a famiacuteliardquo (C127) ldquoeu acho horriacutevel porque quem
machucou o menino no futuro poderaacute fazer coisas pioresrdquo (A12) no entanto
reconhece-se que o prejuiacutezo sempre eacute maior para a viacutetima ldquoIsso eacute ruim para o
agressor e para quem sofre principalmenterdquo (C110) ldquopara mim deveriacuteamos
113
tentar acabar com isso pois quem daacute natildeo se prejudica mais quem recebe
simrdquo (B36)
Pessoas que natildeo tem envolvimento com a situaccedilatildeo podem ser atingidas
podendo afetar inclusive pessoas que tentam impedir as situaccedilotildees de violecircncia
ldquoessa violecircncia eacute muito ruim na escola e outros lugares por causa que ela pode fazer uma briga algueacutem pode quebrar uma perna e um braccedilo pode ter um corte na cabeccedila machuca vaacuterias pessoas que estaacute na briga e os inocentes que terminam levando murro ponta-peacute sem estar fazendo nadardquo (A20)
ldquomuitas pessoas saem feridas ateacute quem natildeo estaacute participando quem estaacute apartando a briga estatildeo tentando impedir que ela continue sai machucado e quem comeccedila a briga quem estaacute participando muitas vezes saem feridos fisicamente e psicologicamenterdquo (C120)
ldquoEacute terriacutevel pois eacute complicado quando um aluno sai machucado o prejuiacutezo eacute ruim porque os pais vatildeo ter que sair do trabalho para levar seu filho para um hospital ainda quando chega laacute tem que esperar filardquo (C129)
Da mesma forma consideram-se as consequecircncias das situaccedilotildees que
envolvem bullying ldquoO bullying deve ser evitado pois mexe com o sentimento da
pessoa com o seu caraacuteter que na maioria das vezes eacute de boa iacutendole e que
sofre xingamentos e ateacute mesmo agressotildees fiacutesicasrdquo (B51) ldquoe isso acaba sendo
um verdadeiro ldquoinfernordquo na vida dos alunos () Eles acabam natildeo conseguindo
estudar brincar dormir ficar sossegado e sua vida sai do normalrdquo (C121) Os
efeitos parecem ser duradouros e ateacute bem intensos ldquoalgumas pessoas ateacute
sofrem de problemas mentais por estarem sofrendo bullying na escolardquo (C77)
ldquoas pessoas que sofrem bullying podem ter depressatildeo podem se revoltar
existem casos que as pessoas ficam tatildeo tristes que podem ateacute morrerrdquo (C82)
Ser alvo de bullying pode comprometer intensamente os jovens em
114
diversos aspectos ldquoquem sofre a violecircncia pode ter no futuro alguns problemas
mentais ou fiacutesicos ou seja o trauma que pode afetar completamente a vida da
pessoa quando a pessoa sofre praticas como o bullyingrdquo (C83) sendo-lhe
imputado os casos envolvendo mortes ldquoO que devemos ter em mente eacute que o
bullying pode fazer muito mal a quem sofre e pode ocasionar problemas fiacutesicos
mentais existem casos de pessoas que se matavam por natildeo aguumlentar mais ser
viacutetima dessa praacuteticardquo (C109)
Outra consequecircncia sinalizada eacute a violecircncia gerar atitudes tambeacutem
violentas ldquoNas escolas isso pode se tornar uma caracteriacutestica ruim quando a
pessoa que passou a infacircncia sendo de certa forma agredida e humilhada
() As pessoas que satildeo agredidas pelo bullying quando crianccedilas podem se
tornar medrosas fracos tiacutemidas e as vezes ateacute violentasrdquo (B52) E uma das
reaccedilotildees pode ser a agressatildeo fiacutesica ldquo(a violecircncia fiacutesica) acontece pelo
preconceito o que se sente excluiacutedo humilhado e sozinhordquo (C68)
Os alunos identificam que o envolvimento em violecircncia pode trazer
consequecircncias intensas tanto para agressores como para as viacutetimas como ser
passiacutevel de detenccedilatildeo ldquoEssa praacutetica eacute ilegal e daacute cadeia pois eacute uma praacutetica que
agride a pessoa moralmenterdquo (B51) ou mesmo a hospitalizaccedilatildeo ldquomuitas vezes
as pessoas saem machucadas e algumas vezes vatildeo parar no hospitalrdquo (C122)
a fuga de casa ldquoe o pior de tudo leva esse trauma para a vida toda e muitas
vezes ateacute se esconde e ateacute mesmo foge de sua casardquo (C119) As
consequecircncias podem ser tatildeo intensas que podem abranger inclusive casos de
mortes ldquobom a violecircncia na escola eacute muito perigosa porque pode trazer morte
e ateacute dificuldaderdquo (A11) ldquoNas escolas principalmente escolas estaduais e
municipais a grande maioria das vezes termina em morterdquo (C126) ldquoateacute essas
115
violecircncias chegam a ponto ateacute de ser levadas aos seus familiares a morte por
tiro ou um susto muito grande de sequestrordquo (C119)
Entre as consequecircncias elencadas haacute referecircncia a aspectos positivos
de superaccedilatildeo ldquocomo tambeacutem existe as pessoas que venceram e que hoje tem
sucesso em sua vida pessoal e puacuteblica agraves vezes a violecircncia pode impulsionar
a pessoa a perder a vergonha como tambeacutem retrairrdquo (C109)
A violecircncia eacute um fenocircmeno que deixa marcas ldquomuitas pessoas ficam
traumatizadas quando crescem por causa da violecircncia independente que seja
verbal ou fiacutesicardquo (C70) Os trechos a seguir abordam as diversas
consequecircncias da violecircncia escolar
ldquoA violecircncia escolar estaacute atrapalhando muitos jovens soacute natildeo no Brasil como outros paiacuteses () Muitos jovens no Brasil estatildeo sendo agredidos e o bullying estaacute atrapalhando os seus estudos muitos jovens no Brasil natildeo querem ir agrave escola com medo de ser agredidos pelos alunos no coleacutegio Muitos estatildeo deixando do que queriam ser no futuro pois o bullying estaacute atrapalhando e eles natildeo querem mais voltar ao coleacutegiordquo (C71) ldquoEssas pessoas deveriam abrir os olhos e ver que o que elas estatildeo fazendo estaacute errado e machuca a pessoa agredida tem tambeacutem os que batem na pessoa soacute por que quer bater em algueacutem eu acho que essa violecircncia tem que acabar pois natildeo existe ningueacutem melhor do que ningueacutemrdquo (B37)
Em um episoacutedio relatado um comportamento violento por parte de um
grupo de colegas provocou danos fiacutesicos agrave viacutetima
ldquoJaacute aconteceu um caso aqui no coleacutegio de que um menino ele eacute bem abestalhado e fala coisa que natildeo deve entatildeo se juntaram meninos de uma sala e na saiacuteda da escola espancaram ele e nisso ele jaacute foi pra casa e passou muito mal ai ele foi para o hospital quando chegou laacute tiraram um raio x dele Quando saiu o resultado ele estava cheio de hematomas e correndo risco de morterdquo (A11)
116
5133 Violecircncia e relacionamento
Os relacionamentos tambeacutem satildeo considerados no cenaacuterio da violecircncia
escolar e despontam a partir da indignaccedilatildeo e como elemento de proteccedilatildeo
perante a violecircncia
A reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo da violecircncia entre os estudantes fica evidente a
partir da temaacutetica da amizade que estaacute presente em alguns textos ldquoTodas as
pessoas deveriam pensar no seu amigo () O ser humano tem que ter
consciecircncia do que diz o que debate e o que faz com o seu amigordquo (C66) ldquoA
escola eacute um lugar para se aprender conhecer pessoas e fazer amigos Poreacutem
muitas pessoas natildeo mantecircm uma convivecircncia harmoniosa na escolardquo (B39) A
questatildeo de violecircncia entre amigos estaacute presente no episoacutedio relatado ldquohouve
uma briga em que um amigo meu e tambeacutem meu outro amigo um deu um
murro no outro etcrdquo (C91)
A amizade parece ser traiacuteda por situaccedilotildees de violecircncia ldquoAmigos
colegas muitas vezes satildeo pessoas que vocecirc nunca pensou que te
apelidasserdquo (C63) ldquomas brigas em coleacutegio natildeo satildeo normais quando tem satildeo
incontrolaacuteveis pois os lsquoamigosrsquo aticcedilam a briga mas se ele eacute amigo de verdade
natildeo devia fazerrdquo (C123) e provocam muitas perdas ldquoNatildeo haacute necessidade de
machucar algueacutem mas fazem para se satisfazer ficam felizes se sentem
fortes poderosos Pensam que ganham mas soacute perdem amizades ganham
respeito pelo medo usam a frase Eacute melhor ser temida do que ser amadardquo
(B50)
Parece que a pessoa agredida muitas vezes sente-se sem apoio
mesmo de pessoas com relaccedilotildees de amizade ldquoessas pessoas que sofrem em
117
vez de falarem para seus responsaacuteveis levam o caso a seus amigos e eles
que muitas vezes o envergonham e ateacute deixam eles mais violentados natildeo
apenas com agressotildees fiacutesicas e sim com algumas palavrasrdquo (C119)
Os bons relacionamentos e as relaccedilotildees de amizade parecem ter uma
funccedilatildeo perante a violecircncia na escola como elemento que pode impedir brigas
ldquoAs relaccedilotildees dos alunos uns com os outros eacute boa e diariamente como eu
disse natildeo haacute muitas brigasrdquo (C96) ldquoIsso tem que acabar tem que pensar
duas vezes antes de machucar um amigo ou amiga pois pessoas assim eu
natildeo chamo de amigordquo (C76) e que intensificam o diaacutelogo entre as pessoas
ldquoeu acho que a base de uma amizade e de um bom aprendizado eacute a conversardquo
(C90)
Aleacutem da possibilidade de bons relacionamentos e de amizade na escola
os contatos diaacuterios eacute algo que pode minimizar a violecircncia ldquotambeacutem tenho um
bom relacionamento com meus amigos estudo com eles todos os dias convivo
com elesrdquo (C124) e tambeacutem que pode promover o desenvolvimento de outras
estrateacutegias para o enfrentamento das dificuldades ldquoMas tem pessoas que natildeo
gosto de me relacionar com elas pessoas que agraves vezes natildeo querem o seu
bem faz coisas erradas sem pensar Por ver que natildeo seraacute bom ficar com essa
pessoa me afasto Tenho oacutetimas amizadesrdquo (C124) Entretanto o contato
diaacuterio pode trazer suas dificuldades ldquoNa escola eacute mais difiacutecil pois vemos
nossos agressores todos os diasrdquo (C101)
A intensidade de convivecircncia na escola tambeacutem pode favorecer a
toleracircncia e o respeito agraves diferenccedilas ldquoA vida natildeo eacute faacutecil pois temos que
conviver com os outros pois ningueacutem eacute igual a ningueacutem por isso que tem que
ter respeito pois com violecircncia nada se resolverdquo (C64) ldquoEu acho que a
118
violecircncia na escola eacute muito inconveniente todos deviam respeitar os outros
mesmo sendo diferente () eacute muito importante ser respeitado e respeitarrdquo
(C65) salientando a relaccedilatildeo de igualdade entre as pessoas ldquoAcho que as
pessoas deviam ter respeito com todos pois somos todos iguaisrdquo (C62)
ldquoEntatildeo a gente tem que aceitar todo mundo do jeito que eacute sendo inteligente ou
bagunceiro Todas as pessoas satildeo diferentes entatildeo natildeo podemos ter
preconceito porque a pessoa usa oacuteculos por ser muito grande ou pequeno
demais natildeo devemos tirar onda com essas pessoas porque todo mundo tem
um defeitordquo (C127) ldquoEu acho assim que cada pessoa deveria respeitar os
outros pois ningueacutem eacute mais do que ningueacutem e nem importante do que o outrordquo
(C66)
O surgimento de questotildees relativas agrave empatia tambeacutem demonstra
reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo diante da violecircncia escolar ldquoA violecircncia escolar para
mim eacute um absurdo pois natildeo eacute preciso fazer isso e quem faz isso pense se
queria estar no lugar dessa pessoardquo (C82) ldquoe a pessoa natildeo deve daacute a outra o
que natildeo quer receber porque o que a pessoa planta a pessoa colhe se a
pessoa planta maldade vai colher maldade soacute a infelicidade da outra pessoardquo
(C130) ldquoe natildeo fazer nada do que vocecirc natildeo queria pra vocecircrdquo (C66) Eacute preciso
se colocar no lugar do outro tambeacutem nas situaccedilotildees envolvendo bullying
ldquoBullying natildeo se faz pense no proacuteximordquo (C77)
O relacionamento professor-aluno eacute destacado com algo de relevacircncia
no cenaacuterio da violecircncia escolar ldquoEu tenho um bom relacionamento com minha
professora ela eacute calma nos escutardquo (124) Os estudantes satildeo criacuteticos em
relaccedilatildeo aos relacionamentos inadequados com os professores ldquoHaacute ignoracircncia
natildeo soacute com os professores mas com os colegas de classe Eu acho que um
119
deveria respeitar o proacuteximo porque isso eacute uma falta de respeito muito granderdquo
(C64) ldquoOs alunos natildeo respeitam os professores os professores dizem que eacute
para eles ficarem calados mas continuam falando etcrdquo (C95)
Chama a atenccedilatildeo o fato de numa produccedilatildeo sobre Violecircncia Escolar os
participantes revelarem aspectos fundamentais da relaccedilatildeo professor-aluno E
assim evidenciam questotildees destacadas por Hinde Finkenauer e Auhagen
(2001) de que o pleno entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque no niacutevel
individual pois o curso de um relacionamento tambeacutem depende das
caracteriacutesticas psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos
envolvem caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas
posicionamento quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-
conceito auto-estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre
outras O professor indiviacuteduo adulto diferentemente de crianccedilas e
adolescentes parece ter maiores condiccedilotildees de estar atento a tudo isto diante
do cenaacuterio das relaccedilotildees na escola
Eacute importante cuidar dos relacionamentos na escola ldquoA escola eacute lugar
para estudar fazer novas amizades etcrdquo (C61)
514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar
Eacute veemente o interesse dos estudantes que atitudes de natureza
violenta desapareccedilam do contexto escolar ldquoPrecisamos combater todos os
tipos de violecircncia e preconceitordquo (C81) ldquoo bullying eacute um caso seacuterio e natildeo
podemos deixar isso aumentar nas escolasrdquo (A35) Natildeo obstante haacute o
reconhecimento que eacute algo aacuterduo e que natildeo existem ainda estrateacutegias
eficientes ldquoA violecircncia escolar eacute um mal que precisa acabar poreacutem ningueacutem
120
respondeu a pergunta que gera esse fim Comordquo (B50)
Os estudantes expressam a necessidade de accedilotildees preventivas como
forma de enfrentar a violecircncia na escola ldquoA violecircncia deve ser evitada para o
bem de todos Isso eacute uma forma de parar ou simplesmente diminuir a violecircncia
seja onde forrdquo (A5) ldquoBem a violecircncia jaacute devia ser tratada com maior
responsabilidade e muito mais ainda a violecircncia na escolardquo (C84) ldquoAleacutem de
muita falta de educaccedilatildeo as pessoas deveriam ter um pouco de compreensatildeo
sobre o assunto Violecircnciardquo (C63) As accedilotildees propostas servem para prevenir ou
combater a violecircncia escolar e se datildeo em diferentes planos da sociedade
como na proacutepria escola na famiacutelia ou no Estado Por vezes algumas normas
satildeo propostas como modelo de comportamento ldquoenfim eu acho que o pessoal
tem que ter mais educaccedilatildeo respeitordquo (C129) e outras as medidas existentes
satildeo objeto de criacutetica ldquoos casos sempre vatildeo e voltam da coordenaccedilatildeo do
mesmo jeitordquo (C114)
5141 O Papel da Escola
Sendo a escola o cenaacuterio de situaccedilotildees de violecircncia eacute a ela que os
alunos delegam grande responsabilidade no enfrentamento da violecircncia ldquoEu
acho que os coleacutegios tecircm que dar prioridade para acabar com a violecircncia
escolarrdquo (A30) ldquoIsso deve ser trabalhado nas escolasrdquo (B39) Para alguns a
escola jaacute estaacute cumprindo este papel ldquoNa minha opiniatildeo pelo menos na minha
escola eles vem cuidando muito desse assuntordquo (C107) para outros natildeo eacute o
caso ldquoapesar de ser um absurdo as escolas natildeo fazem nada para que os
alunos se conscientizem que isso eacute muito brusco e cada vez mais perigosordquo
(C119) Por outro lado a dificuldade em resolver eacute bastante relatada ldquoExistem
121
psicoacutelogos nas escolas mas muitas vezes parece natildeo resolver Diretores
chamam os pais para perguntar o que estaacute acontecendo mas infelizmente os
pais natildeo sabemrdquo (A4)
Atribui-se agrave coordenaccedilatildeo a competecircncia para lidar com a violecircncia na
escola no entanto sem sucesso muitas vezes Os relatos abaixo satildeo
esclarecedores dessa interpretaccedilatildeo dos alunos
ldquonesse ano um grupo de alunos se juntaram para bater em um soacute e a briga foi para coordenaccedilatildeo e natildeo fizeram nada soacute reclamaram e ateacute acham normal porque acontece muitordquo (C114) ldquoUma vez um menino ficou aborrecendo o outro durante o ano todo aiacute o menino disse a coordenadora e ela apenas o mandou parar e durante o outro ano todo o menino continuou perturbando o outrordquo (C112) ldquoEu ateacute levei o caso pra coordenaccedilatildeo mas natildeo resolveu nada ela soacute fez falar que era eu que estava fazendo isso e que ele esta revidando mas eu nem falava com a pessoa que fazia essas coisas comigo Entatildeo eu acho que a escola tem que ficar mais alerta com essas coisasrdquo (C97) ldquoAno passado houve um dia que houve uma briga entre dois amigos nossos foi assim um deles chegou e deu um tapa no outro e esse outro deu um murro no primeiro () Eles estavam num cassete arretado o segundo deu um murro que o primeiro foi bater no fim da sala e entatildeo os dois foram para a coordenaccedilatildeo mas natildeo foram suspensosrdquo (C91)
Em alguns relatos a figura do professor como autoridade se sobressai e
os alunos destacam o seu papel em inibir episoacutedios de violecircncia
ldquotoda vez que a professora estaacute na sala eacute um silecircncio que nem parece que o pessoal ta acordado parece que ta dormindo mas eu acho que o que mais falta na escola eacute o respeito porque quando a professora sai da sala eacute uma bagunccedila da bexigardquo(C129) ldquopois os coordenadores os mandaram parar Quando os professores chegavam eles paravam mas quando saiam continuavamrdquo (C89)
122
Os alunos apresentam a forma como entendem a contribuiccedilatildeo de
psicoacutelogos apontado sua relevacircncia dentro da escola tanto em atividades
ligadas agrave prevenccedilatildeo como para o enfrentamento das situaccedilotildees de violecircncia em
atividades coletivas ldquocom as psicoacutelogas entrando nas salas para falar do
assunto principalmente com os alunos que jaacute cometeram violecircncia fazendo
projetos e trabalhos sobre a violecircncia para eles natildeo seguirem este caminho e
ateacute mesmo para os alunos ajudarem uns aos outrosrdquo (A19) ou mesmo
individuais ldquoAs escolas deviam tomar alguma providencia como ter um
momento com um psicoacutelogo unicamente para que o aluno comunicasse tudo o
que ele tem vivido ou sofrido ao vir agrave escolardquo (C107) A contribuiccedilatildeo do
psicoacutelogo natildeo significa a impossibilidade de alguma medida punitiva ldquoNatildeo soacute
punir o agressor com dois ou trecircs dias de suspensatildeo mas com um
acompanhamento psicoloacutegico pois o agressor provavelmente esteja passando
por algo em casardquo (C103) Para os alunos cabe tambeacutem aos pais e
profissionais da escola reconhecer a colaboraccedilatildeo deste profissional ldquopor isso
eu acho que os pais e educadores devem ter cuidado ao lidar com essas
crianccedilas e se necessaacuterio elas devem ter acompanhamento psicoloacutegicordquo (A24)
O preparo ou competecircncia da escola para proporcionar orientaccedilatildeo
visando evitar a violecircncia escolar eacute um problema a ser resolvido Para alguns
a escola estaacute preparada ldquoas escolas jaacute estatildeo preparadas para esse tipo de
atrito tatildeo comum entre os alunos Existem psicoacutelogas e coordenadoras para
exatamente resolver issordquo (A13) mas natildeo eacute assim que pensam todos ldquoAqui na
escola tentam ajudar cada um dos alunos em suas dificuldades natildeo adianta
muito porque natildeo ligam muito mas eacute preciso sim ter um responsaacutevel maior
como um diretor professor pai e matildee psicoacutelogo (a) ou pessoa mais velha que
123
esteja a frente do devido localrdquo (C110) Acontece que ao natildeo ter como resolver
acaba-se comprometendo mais a situaccedilatildeo de violecircncia ldquoporque muitas vezes
os diretores ou outras pessoas natildeo sabem tratar do assunto e acaba piorando
as coisasrdquo (C97) Isto fica bem evidente na situaccedilatildeo descrita por um aluno
ldquoUm dia um amigo meu me disse (que) roubaram cinco reais dele entatildeo quando disse a supervisatildeo do seu coleacutegio o menino pegou trecircs amigos dele e bateu ateacute que foi expulso do coleacutegiordquo (A33)
A accedilatildeo punitiva na escola para controlar a violecircncia fazendo uso de
medidas draacutesticas como a suspensatildeo ou ateacute mesmo a expulsatildeo precisa ser
adotada na percepccedilatildeo dos participantes ldquoEu gostaria que alguns alunos
fossem expulsos pois soacute fazem brigar eacute atrapalhar a aulardquo (A26) ldquoEu acho que
esse tipo de pessoa deveria ser expulso da escola pois podem machucar
gravemente algueacutemrdquo (C89) ldquona minha opiniatildeo isso que fizeram com ele eacute caso
de expulsatildeordquo (A12) De modo oposto alguns alunos parecem natildeo acreditar na
eficaacutecia da puniccedilatildeo ldquoE certamente com a puniccedilatildeo ele faraacute a violecircncia de novo
seraacute punido e faraacute de novo de novordquo (C103) No relato a seguir o aluno faz
consideraccedilotildees desta natureza
ldquoMuitas vezes jaacute presenciei alguns amigos sofrendo violecircncia tanto fiacutesica quanto verbal no coleacutegio que depois natildeo foram devidamente castigados pelo seu erro na maioria das vezes eacute aplicada uma leve puniccedilatildeo e natildeo eacute tratado o lado psicoloacutegico de cada crianccedila dentro do coleacutegio mas com o consentimento dos paisrdquo (A24)
Esta accedilatildeo punitiva contudo deve ser desempenhada com cuidado para
causar injusticcedilas
ldquoDevemos penalizar melhor os alunos e ter muito cuidado para que os alunos natildeo seja penalizado com injusticcedila e devemos lsquoobterrsquo provas em qualquer situaccedilatildeo parecida como testemunha porque tem muita gente que mente muito e natildeo penalizando de forma qualquer o aluno que bagunccedila na sala quebra cadeiras na escola natildeo respeita os professores que agride os seus proacuteprios amigos deve ser expulso do coleacutegio e ter muito cuidado para que nesse caso natildeo
124
haja injusticcedila porque esse aluno ele precisa de ajuda escolar e do responsaacuteveis mais que isso natildeo funcione devemos ter atitudes mais seacuteria sobre esse caso e natildeo eacute mais responsabilidade do coleacutegio porque esse aluno vai continuar e vai prejudicar seriamente os seus colegasrdquo (A16)
As propostas para a escola satildeo bem diversas ldquoOs coleacutegios tecircm que
tomar providecircncias com quem faz essas violecircncias como regras riacutegidas
suspensotildees mas tambeacutem os coleacutegios tecircm que evitar o maacuteximo possiacutevel (que
aconteccedila violecircncia)rdquo (A19) destacando a relevacircncia dos profissionais da
escola ldquomas o bom eacute que noacutes temos os supervisoresrdquo (A33) O diaacutelogo eacute
apresentado como estrateacutegia de combate agrave violecircncia
ldquoEu acho que as pessoas que recebem esse tipo de violecircncia escolar deviam resolver na base da conversa com o agressor ou com a coordenadora e etc Porque a conversa leva ao conviacutevio melhor A violecircncia natildeo resolve nada () Mas natildeo basta apenas uma ou duas pessoas pensarem assim todos teriam que pensar que a conversa eacute muito melhor do que a violecircncia porque a violecircncia natildeo leva a nadardquo (C90)
A conversa e o diaacutelogo com base numa relaccedilatildeo de confianccedila aparecem
como uma boa estrateacutegia para combater as situaccedilotildees de bullying ldquoo bullying
pode ser resolvido de muitas maneiras como conversar mostrar o mal que o
Bullying causa as viacutetimas e etcrdquo (B48) ldquoe como podemos acabar com isso
Conversando com colegas com professores para acabar com essa agressatildeo
que eacute muito ruim para quem estaacute sendo agredidordquo (B42) Inversamente haacute
aqueles que defendem estrateacutegias com base na retaliaccedilatildeo ldquoPra mim os alunos
que fazem essas violecircncias todos os dias (bullying) devem receber em troca
claro que em todas as escolas eles satildeo suspensos expulsos mas voltaram a
fazer novamente Isso eacute um caso constrangedorrdquo (C124)
Os alunos apresentam alternativas para resolver o problema sugerem
estrateacutegias envolvendo puniccedilatildeo relacionada com a nota ldquona maioria das vezes
125
os coordenadores ligam para os pais mas isso natildeo resolve nada o certo seria
dar alguma puniccedilatildeo que o aluno parasse mesmo de perturbar o outro () o
que faria ele parar eacute dizer que ele teria algum ponto a menos na notardquo (C112)
ou envolvendo pessoas que poderiam colaborar ldquoA violecircncia escolar deveria
ser controlada e punida os alunos que se metessem na violecircncia fossem para
a diretoria e que tivesse um estagiaacuterio(a) nas salas de aula para controlar essa
violecircncia enquanto o professor saiacutesse por um momento e que os agressores
fossem tirados de salardquo (C87) Eacute interessante que os alunos compreendem a
finalidade dos atos de indisciplina e sugerem estrateacutegias inovadoras como
pode ser visto no trecho abaixo
ldquoPoreacutem noacutes poderiacuteamos nos ver livres de tal ato tatildeo brutal se houvessem algumas puniccedilotildees mais severas uma providecircncia que atualmente eacute tomada eacute suspensatildeo temporaacuteria do autor do ldquocrimerdquo eu natildeo acho que eacute uma boa providecircncia pois em grande parte dos alunos que praticam esses atos querem sair da escola Essa puniccedilatildeo seria dar a ele o que queria Eu acho e tenho quase certeza de que se as puniccedilotildees fossem de ficar mais na escola fazendo algumas atividades mais alunos parariam de praticar e ainda melhor menos pessoas sofreriam por estes atosrdquo (B40)
Famiacutelia e escola devem interagir ldquoeacute um assunto cuidadoso que precisa
de maacutexima atenccedilatildeo dos pais e educadoresrdquo (A24) ldquoNa minha escola nem
todos os dias tecircm essas brigas noacutes temos psicoacutelogos professores que lsquonoacutesrsquo
falam o que devem fazer mas eu acho que nem isso muda o comportamento
dos alunos acho tambeacutem que isso deveraacute ser cuidado em casa por seus paisrdquo
(C124)
Mesmo compreendendo que existem limites da escola no enfrentamento
da violecircncia o seu papel eacute referenciado ldquonatildeo tem como combater
completamente mas todos os coleacutegios jaacute estatildeo alertando e instruindo os
126
alunos sobre issordquo (A13) A escola precisa de um suporte maior para enfrentar
a situaccedilatildeo ldquoeu particularmente acho que de uma maneira ou de outra os
oacutergatildeos escolares brasileiros precisam combater de vez o bullyingrdquo (C88)
Sabe-se da dificuldade entretanto para os alunos enfrentar a violecircncia
na escola natildeo eacute impossiacutevel Os trechos a seguir evidenciam a esperanccedila que
os estudantes ainda alimentam em relaccedilatildeo ao papel da escola
ldquoQuando o agressor pratica o ato que eacute agredir o colega eacute muito difiacutecil reverter esse problema mas natildeo impossiacutevel Sinto que aqui no coleacutegio haacute sim esta dificuldade mas como disse natildeo eacute impossiacutevel pois com ajuda de vaacuterios profissionais e principalmente da famiacutelia assim podemos colocar em extinccedilatildeo este bicho cruel que eacute o bullyingrdquo (C99)
ldquoQueria poder achar uma maneira de acabar com isso mas pelo visto soacute daacute tentando conscientizar as pessoas que vivem na escola Se tudo fosse feito na paz na harmonia com solidariedade todo mundo aproveitaria e viveriacuteamos num mundo bem melhorrdquo (B36)
5142 O Papel do Estado
Aleacutem da escola e da famiacutelia cabe ao Estado controlar a questatildeo da
violecircncia escolar Neste caso a accedilatildeo do Estado eacute legislativa com penas
rigorosas ldquodeveria criar-se uma lei em que proibisse essa briga ou ateacute pena de
prisatildeordquo (A17) ou atuando de forma indireta como tornar obrigatoacuterio a presenccedila
de psicoacutelogos no sistema escolar em funccedilatildeo da violecircncia ldquopor causa dessa
violecircncia o governo (deveria) pensar em uma lei que seja obrigatoacuterio um
psicoacutelogo em cada escolardquo (A21) ldquodeviam investir melhor na educaccedilatildeo (eacute o
que acho e penso)rdquo (B44) Finalmente caberia ao governo federal controlar a
violecircncia escolar tendo em vista afastar o medo do contexto escolar
ldquoAcho que o governo brasileiro deveria tomar providencias em relaccedilatildeo a isso para as matildees natildeo terem medo de deixar seus filhos na escola ou os filhos natildeo ficarem com medo da escolardquo (A22)
127
Os estudantes recorrem ao dispositivo legal existente que trata sobre a
proteccedilatildeo integral agrave crianccedila e ao adolescente como possibilidade de eficiecircncia
no enfrentamento da violecircncia
ldquoEu acho tambeacutem que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente deveria ajudar a respeito disso Eles natildeo ajudam e agraves vezes soacute atrapalham com suas leis mal feitas Se eu fosse presidente ou diretor desse Estatuto eu pegaria pesado com os alunos que satildeo lsquobullyrsquo Eu faria com que qualquer coleacutegio pudesse expulsar alunos na 1ordf oportunidade que tivessemrdquo (A30)
5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes
O combate e a superaccedilatildeo da violecircncia escolar natildeo devem resultar
apenas da accedilatildeo da escola da famiacutelia e do Estado Haacute o reconhecimento da
importacircncia e de um papel a cumprir por parte dos proacuteprios participantes como
indiviacuteduos e sociedade ldquovamos evitar essas brincadeiras de mau-gosto Vamos
tentar acabar com essa realidaderdquo (A15) ldquoE isso eacute uma coisa grave que deve
ser tratado mas eacute algo que depende de cada um por isso eacute necessaacuterio que
esse assunto seja esclarecido para todos os alunosrdquo (C79)
Para alguns estrateacutegias simples como anunciar os prejuiacutezos da
violecircncia como demonstraccedilatildeo de intoleracircncia com tais atos parecem
suficientes ldquoAcho que devemos combater esta violecircncia escolar e quando
nossos amigos forem fazer algum tipo de violecircncia noacutes natildeo podemos permitir
devemos falar para ele e para as pessoas que isto estaacutersquo errado entatildeo acho que
eacute isso vamos combater a violecircncia escolarrdquo (A14) ldquoisso tem que acabar pois
todos tecircm que falar para natildeo ser agredido pense nisto e ajude os outrosrdquo
(C80) ou ateacute mesmo um simples conselho ldquonatildeo faccedila isso eacute uma coisa muito
erradardquo (B49)
128
Os alunos destacam como essencial a confianccedila em algueacutem para que a
violecircncia seja revelada ldquose acontecesse comigo o que eu faria Acho que
falaria a algueacutem mais velho com mais experiecircnciardquo (C118) Recomendam os
pais como pessoas mais indicadas mas natildeo as uacutenicas ldquoO ideal seria que os
agredidos contassem aos pais se se sentirem preparados Mas se achar que
os pais natildeo iratildeo ajudar contar a algueacutem que possardquo (B52) ldquoEu acho que se
cada pessoa que estivesse sofrendo este caso devia tirar todos os seus
medos e contar para seus pais para um psicoacutelogo para que eles venham
tomar alguma decisatildeordquo (C107) As pessoas da escola tambeacutem satildeo apontadas
como possibilidades ldquoPor isso se sofremos esses tipos de violecircncia acho que
deveriacuteamos comunicar as pessoas responsaacuteveis da escolardquo (A25)
Esta parece ser um dos aspectos que tem maior poder de realmente
transformar as relaccedilotildees na escola No entanto soacute seraacute possiacutevel com
modificaccedilotildees na forma de lidar com as situaccedilotildees de violecircncia
Mesmo que os alunos reconheccedilam a necessidade de uma relaccedilatildeo de
confianccedila com pessoas da proacutepria escola os estudos de Abramovay (2005)
mostram que o que prevalece eacute o oposto Segundo os dados da pesquisa
sobre violecircncia na escola ocorre muito descreacutedito dos jovens em relaccedilatildeo agraves
autoridades da escola como os diretores e professores Aproximadamente 11
dos alunos procuram um professor quanto tecircm um problema na escola e cerca
11 fazem o mesmo com o diretor mostrando um baixo grau de confianccedila nas
autoridades escolares Chama a atenccedilatildeo que essas proporccedilotildees satildeo mais
baixas do que a dos alunos que afirmam que natildeo contam para ningueacutem os
problemas que ocorrem na escola (14)
O final da violecircncia eacute visto como resultado da accedilatildeo dos proacuteprios
129
estudantes podendo agir sem recorrer agrave violecircncia ldquotemos que arrumar uma
soluccedilatildeo vamos ter carinho e amor ao proacuteximo Para reverter essas situaccedilotildees
que ocorrem nas escolasrdquo (A9) Parece haver intoleracircncia agraves atitudes
agressivas ldquonatildeo eacute a partir de uma agressatildeo que vocecirc vai ficar mais forte mais
bonito mais duratildeo mais inteligente eacute atraveacutes das atitudes que tomamos no
nosso dia a diardquo (C120) Os trechos a seguir evidenciam a necessidade de se
prescindir ao uso da violecircncia
ldquoacho que devemos pensar antes de agir e manter o diaacutelogo com os colegas natildeo partir para a briga e se com o diaacutelogo natildeo resolver temos que comunicar se for no coleacutegio agrave direccedilatildeo agrave coordenaccedilatildeo e se natildeo for no coleacutegio comunicarmos aos paisrdquo (C74) ldquoEu acho isso um absurdo por que natildeo conversam em vez de partirem para a briga () isso poderia ser evitado se as pessoas que praticam essa violecircncia se conscientizassem de que para resolver qualquer coisa natildeo precisa partir para a agressatildeo basta apenas conversarrdquo (C120)
Possibilidades de enfrentamento da violecircncia satildeo apontadas por Silva
(1997) com base na relaccedilatildeo de respeito entre as pessoas
Outra medida apresentada como estrateacutegia eficiente eacute agir com
indiferenccedila quando alvo de agressatildeo ldquoMuita gente laacute da sala natildeo gosta de
mim agora eu natildeo penso assim soacute porque o outro natildeo gosta de mim que eu
tambeacutem vou ter que odiar eu faccedilo de conta que nem ouvi e soacuterdquo (C105) no
entanto reconhece-se que nem sempre eacute faacutecil ldquoQuando as pessoas falam de
mim eu simplesmente natildeo ligo para o que falam pois minha matildee me deu
educaccedilatildeo Muitas vezes eacute chato sabe natildeo poder revidar do mesmo jeito que a
pessoa fez comigo chamando ela tambeacutem de alguma coisa ruim ou agredindo
elardquo (C110)
O cuidado com o proacuteximo surge a partir de orientaccedilotildees para se
130
colocarem no lugar do outro ldquoEntatildeo eacute isto antes de vocecirc falar algo com
algueacutem mesmo que seja para seus amigos acharem engraccedilado se coloca no
lugar do outrordquo (A23) ldquoE nunca praticar a violecircncia e natildeo adianta ficar
machucando os outros fisicamente ou verbalmente porque natildeo gostariacuteamos
que acontecesse com noacutes natildeo eacute mesmordquo (A25) No relato a seguir esta foi a
orientaccedilatildeo dada tendo sido considerada exitosa
ldquoBem teve um caso que aconteceu com um amigo meu que eu natildeo achei que foi uma coisa muito grave e que ningueacutem quer que aconteccedila com vocecirc Foi haacute algum tempo meu amigo tinha acabado de entrar na nossa sala jaacute por causa que todo mundo batia nele entatildeo ele mudou de sala e foi para a nossa Logo quando ele entrou ficavam tirando onda com ele xingando batendo etc Teve uma vez que bateram tanto nele que o nariz dele comeccedilou a sangrar a boca dele tambeacutem e ficou muito inchada depois disso a supervisatildeo veio falar conosco e dizer que era errado e que ningueacutem fizesse para o outro o que natildeo quiser que faccedila com si mesmo entatildeo todos pararam de agredir ele e agora o coleacutegio todo conhece elerdquo (A32)
Os alunos parecem admitir certo sentimento de impotecircncia diante da
violecircncia escolar mas asseveram a necessidade de agir ldquona minha escola
houve poucos casos de violecircncia fiacutesica mas a verbal eu vejo todos os dias e
penso que natildeo posso fazer nada apesar de que quando me agridem
verbalmente eu agrido de voltardquo (C101) A escalada da violecircncia parece ser
parte inerente da violecircncia na escola Mesmo estudantes que se dizem
contraacuterios agrave violecircncia admitem a necessidade de se defender ldquoEu nunca faria
uma coisa dessas nem fiz e nem vou fazer (mas eacute claro eu tenho que me
defender)rdquo (A12)
Existem atitudes preventivas que podem proteger ldquotento tomar cuidado
e principalmente natildeo andar com pessoas ruins mas nesse mundo de hoje
pode tudo tem gente boa presa gente ruim soltardquo (C118)
As diferentes formas de proceder na direccedilatildeo de diminuir a violecircncia na
131
escola incluem accedilotildees orientadas por princiacutepios eacuteticos ou normas de
comportamento com base no respeito
ldquoNa minha opiniatildeo todos os alunos devem tratar os outros da mesma forma que querem ser tratados natildeo devem faltar o respeito com nenhum dos seus colegas Respeito eacute uma coisa muito importante para todos e eacute uma coisa que aprende em casardquo (A7)
Ao mesmo tempo em que tambeacutem surgem orientaccedilotildees no sentido de
maior toleracircncia com as pessoas como eacute recomendado no texto a seguir
ldquopense em vocecirc antes de maltratar ao proacuteximo perdoe todo mundo erra e merece mais de uma chance devemos aceitar o jeito que o outro eacute mesmo gostando dele ou natildeo respeite ao proacuteximo e todos agradecemos todo mundo tem seu jeito de ser de pensar de agir e de falarrdquo (C77)
A partir das diversas contribuiccedilotildees suscitadas percebe-se que os
estudantes natildeo estatildeo indiferentes agrave violecircncia escolar e que existe empenho
para seu enfrentamento e combate
ldquoMas natildeo soacute os diretores e professores devem se importar procurar um especialista para tratar o agressor junto com a famiacutelia do mesmo Mas para que tudo isso possa acontecer as nossas autoridades tem que agir tambeacutem poderia sugerir uma certa parceria entre agressor escola autoridades famiacutelia Uma espeacutecie de ciclo entre todos para a ajuda de um indiviacuteduo para que ele possa mudar agora e ser um cidadatildeo de bem no futuro isso soacute depende de noacutesrdquo (C103)
515 Relatos de Violecircncia Escolar
Muitos estudantes incluem em seus textos relatos de episoacutedios de
violecircncia na escola Haacute relatos de algo que testemunharam ou que tomaram
conhecimento mesmo sem ter presenciado Alguns relatos se referem a
situaccedilotildees que o estudante esteve envolvido de forma mais direta e em sua
quase totalidade este envolvimento ocorreu como alvo de violecircncia sendo uns
132
mais especiacuteficos para situaccedilatildeo de bullying Eacute possiacutevel identificar atraveacutes dos
relatos diversos temas considerados ao longo desta anaacutelise
Quando os estudantes relatam episoacutedios de violecircncia na escola
ratificam que a violecircncia eacute algo que faz parte do seu cotidiano Muitas vezes os
alunos confirmam a existecircncia destas situaccedilotildees na sua proacutepria escola ldquono meu
coleacutegio tem Muitos alunos fazem brigas e etc Mas por motivos bestas Eu
devo citar que meu coleacutegio jaacute foi palco da violecircncia escolar Houve casos de
uma simples tapa na cara a alunos com facas canivetes cortando os outrosrdquo
(A30) Depoimentos de alunos viacutetimas de bullying tambeacutem estatildeo presentes ldquoEu
jaacute sofri bullying e sei quanto isso eacute ruim mas natildeo fisicamente e sim mental
agora diminuiu muitordquo (C97)
Haacute relatos que satildeo mais detalhados e fornecem informaccedilotildees relevantes
Eacute possiacutevel perceber atraveacutes do relato a seguir a indignaccedilatildeo com a situaccedilatildeo de
violecircncia Uma provocaccedilatildeo inicial gera uma agressatildeo mais grave confirmando
a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e fiacutesica
ldquoVou contar de um caso recente que aconteceu no meu coleacutegio Tinham alguns meninos rindo lsquoda cararsquo de outro menino esse menino tinha levado um canivete com uma faquinha nele entatildeo ele ameaccedilou-o (um deles) com a faquinha o menino para tirar a faca de junto deu um empurratildeo na matildeo do menino resultado ele cortou a matildeo Nesse caso o garoto soacute foi se defender com a matildeo mas ele antes tinha provocado mas esse natildeo sendo motivo para o outro menino levar um canivete pro coleacutegio (claro que natildeo) Com esse exemplo pode-se aprender que violecircncia gera violecircncia e violecircncia que eu digo natildeo eacute apenas fisicamente eacute verbal tambeacutem as vezes verbalmente vocecirc agride mais do que fisicamenterdquo (A27)
A participaccedilatildeo de um grupo de alunos contra um uacutenico aluno eacute descrita a
neste episoacutedio violento testemunhado e relatado A covardia dos agressores
estaacute presente
ldquoAteacute jaacute presenciei uma grande e terriacutevel violecircncia com meu colega de
133
classe quando estava na hora do recreio ele sentou em um banco comendo seu lanche sem perturbar ningueacutem entatildeo chegou um grupo de meninos que jaacute haviam implicado com ele e entatildeo jogaram uma coisa rsquonatildeo identificadarsquo no chatildeo e pediram para ele pegar como ele era muito inofensivo ao abaixar esse grupo de meninos se jogou por cima dele lhe machucandordquo (B43)
Um aluno descreveu detalhadamente situaccedilotildees de violecircncia sofrida
onde estatildeo evidentes diversos temas contemplados pelos demais alunos nas
suas produccedilotildees
ldquoNa minha escola que estou estudando jaacute fiz muitas amizades e nunca mais sofri qualquer agressatildeo Mis na minha escola antiga era difiacutecil fazer amizades e eu era alvo de bullying Num dia um garoto me chamou para falar com o professor pois ele estava me chamando e quando cheguei no local que esse garoto disse que o professor estava fui brutalmente agredido por muitos garotos e depois algumas amigas minhas me tiraram da li Havia um garoto que me batia muito e quando ele saiu da escola acharam que eu tinha dito que ele saiu revoltado jogaram minhas coisas fora e o armaacuterio foi quebrado e quando fui falar para a diretora me empurraram jogaram areia em mim e correram para falar com ela e inventaram que eu tinha feito alguma coisa Enfim nessa minha escola antiga fui alvo de gozaccedilatildeo sendo muitas vezes agredido e me senti peacutessimo a uacutenica situaccedilatildeo que achei foi sair da escola Jaacute colocaram um chuveiro (que tinha sido retirado para consertar) e colocaram na minha bolsa me acusando de ter roubado sorte que uma matildee viu e me inocentou Foi uma fase horriacutevel da minha vida e nunca mais quero lembrar Agora estou feliz no meu novo coleacutegio com muitos amigosrdquo (B46)
Percebe-se destaque para a questatildeo da amizade eacute esta temaacutetica que
abre e que finaliza o relato Haacute relaccedilatildeo entre dificuldades com amigos e ser
alvo de bullying indicando a amizade como fator de proteccedilatildeo A participaccedilatildeo
da escola no enfrentamento da violecircncia eacute referendada como ineficaz e ateacute
mesmo comprometedora Por sua vez sinaliza a possibilidade de superaccedilatildeo
apesar de evidenciar que o envolvimento em violecircncia escolar eacute algo
traumatizante
O proacuteximo relato tambeacutem descreve uma situaccedilatildeo envolvendo a temaacutetica
da amizade mais especificamente abordando perdas na amizade devido agrave
134
violecircncia
ldquoUm dia de manhatilde estava ocorrendo tudo bem quando aconteceu algo traacutegico com um aluno da minha ex-escola ele foi agredido violentamente por seu melhor amigo e isso comoveu toda a escola fazendo com que vaacuterias pessoas tambeacutem entrasse na briga vaacuterias pessoas que tentaram ajudar acabaram machucadas gravemente e as que natildeo queriam brigas ou natildeo tinham nada a ver com a histoacuteria acabaram tambeacutem com um resultado nada bom ateacute professores e fiscais tentaram apartar a briga mas natildeo conseguiram todos viam naquele momento pessoas machucadas crianccedilas chorando aquilo para todos era uma guerra de inimigos quem conseguiu acabar mesmo foi a poliacutecia e alguns seguranccedilas naquele momento foi um aliacutevio para todos e a raiva ainda continuava eles foram expulsos e ningueacutem nunca mais viu aqueles ex-amigos (A29)
Novamente a escola aparece como ineficaz ao lidar com a violecircncia
fazendo uso de estrateacutegia punitiva e excludente e ainda delegando agrave poliacutecia a
accedilatildeo para enfrentar a violecircncia
O relato abaixo trata de violecircncia em ambiente virtual
ldquoHouve um caso aqui no coleacutegio que envolveu ateacute professores Foi que na nossa sala noacutes criamos um blog da turma que servia pra gente botar fotos lembrar de provas e conversar entre noacutes Soacute que certo dia quando abrimos o blog estava cheio de comentaacuterios horriacuteveis nas fotos do tipo larga esse veado e vai dar o c R (proacuteprio nome) (esse foi com a minha foto) entatildeo os diretores do coleacutegio ficaram sabendo e entatildeo os teacutecnicos do coleacutegio de informaacutetica ameaccedilaram descobrir quem foi entatildeo a minha colega de sala se entregou foi o passe para todo mundo partir pra cima dela mas entatildeo ela disse que soacute fez isso pois estava com raiva de turma e pediu desculpas a todosrdquo (B45)
Neste relato a tecnologia eacute apontada como estrateacutegia tanto para
executar agressotildees mas tambeacutem para revelar detalhes da agressatildeo Neste
caso percebe-se que a escola enfrentou a situaccedilatildeo buscando internamente
estrateacutegias para solucionar o desconforto causado e conseguindo obter
sucesso entre os alunos
O depoimento a seguir apresenta vaacuterios aspectos abordados na anaacutelise
135
do conjunto dos textos
ldquoNa escola soacute algumas violecircncias como aconteceu com um amigo meu que mais de 10 alunos bateram nele e tambeacutem haacute ameaccedilas feitas por parte de alunos da proacutepria sala e de serie mais elevada Agraves vezes haacute brigas na sala antes do professor chegar Haacute muita violecircncia verbal dentro da sala de aula natildeo tem respeito ao proacuteximo em horaacuterio de aula haacute ateacute desrespeito com o professor No recreio jaacute houve muitas brigas de sair com o braccedilo quebrado e lutas se me permitem desiguais de um menino da 8ordf contra um da 4ordf e muitos incentivam a briga sem nem tentar apartar Poreacutem natildeo satildeo todos os alunos satildeo a maioria mas natildeo satildeo todos na minha sala satildeo 40 aluno se 15 prestarem atenccedilatildeo eacute muito entatildeo na minha escola haacute muita violecircncia que a supervisatildeo natildeo interfererdquo (A26)
Aparece a relaccedilatildeo desigual entre agressores e viacutetimas e agressatildeo
realizada por um grupo de alunos a sala de aula surge como cenaacuterio de
violecircncia na ausecircncia do professor como tambeacutem situaccedilotildees onde o professor
natildeo eacute respeitado como autoridade O uso de agressatildeo verbal eacute evidente como
tambeacutem a influecircncia da plateacuteia podendo a agressatildeo chegar a ser fiacutesica e com
danos graves A ineficiecircncia da escola mais uma vez eacute apontada e ainda haacute
referecircncia ao desinteresse nas aulas como origem da violecircncia
O relato abaixo parece apontar para a agressatildeo por parte de mais de um
individuo Haacute menccedilatildeo de agressatildeo verbal e interferecircncia da famiacutelia com uma
possiacutevel reaccedilatildeo por parte da viacutetima O relato tambeacutem parece indicar um
sentimento de rancor e possivelmente vinganccedila sugerindo uma possiacutevel
continuidade do comportamento agressivo
ldquoeu pessoalmente jaacute sofri bullying por trecircs alunos Eles viviam me xingando mas natildeo era soacute comigo era com toda a sala entatildeo minha matildee me disse que eu tenho que me impor ela disse entatildeo pensei muito nisso entatildeo eu mudei e fiz com que todos os alunos da sala se impusessem tambeacutem entatildeo esses trecircs alunos mudaram de sala mas eles tinham mesmo eacute que ser expulsos mas esses tipos de aluno soacute se sentem mais fortes quando eles tecircm uma pessoa mais fraca para dizer que eacute melhor mas o conselho que eu dou para vocecircs eacute de que nunca fraquejemrdquo (A17)
136
Alguns apresentam relato de testemunha e em seguida assumem jaacute ter
sido alvo ldquoEu acho isso uma coisa horriacutevel eu jaacute vi vaacuterios casos assim como o
que um menino pegou um estilete e quase cortou o pescoccedilo do outro sorte
que ele desviou e correu () Passou um dia em Ana Maria Braga um caso
horriacutevel que a menina saiu toda cortada e eu penso como vai ser isso no futuro
eu mesmo jaacute sofri isso minha matildee ficou loucardquo (C116)
Haacute declaraccedilotildees que indicam nenhum envolvimento em situaccedilatildeo de
violecircncia ldquoIsso nunca aconteceu comigo e nem com nenhum amigo(a) meu eu
natildeo tenho medo mas tambeacutem natildeo sei como eacute muita gente me procura pra
pedir conselho mas eu natildeo sei nada sobre issordquo (C118)
Apenas um participante apresenta relato de envolvimento como autor de
violecircncia na escola como evidente no relato abaixo
ldquoEu acho muito popular violecircncia na escola () encontro de patota rival ou por time Vou mandar um exemplo meu time eacute Sport e teve uma vez logo no primeiro ano que eu entrei no C(nome da escola) e comecei a andar com os boys e soacute tinha rubro-negro (torcedores do time citado) e teve uma vez que noacutes iriacuteamos para um passeio e teve um boy que estava com um quepe da Inferno Coral (torcida organizada do time adversaacuterio) e eu e os meninos estava becado (giacuteria para quem anda na moda)
da Jovem (torcida organizada do Sport) E o boy quando passou pela gente a gente de um pau nele e tomou o quepe dele e rasgou todinho Isso faz parte da violecircncia escolar Outro exemplo eacute o apelido que tem gente que estila e jaacute parte para a briga e quando a pessoa estaacute com muita raiva para de bater soacute matando ou tem que separarrdquo (C115)
Haacute relatos que natildeo estaacute claro como o aluno compreende a violecircncia
escolar aparentemente identificando como violecircncia atos de indisciplina
Explicaccedilotildees acrescentadas para tornar o relato compreensiacutevel
137
ldquoNa escola vemos vaacuterios acontecimentos como por exemplo hoje mesmo um menino estava jogando futebol no corredor da escola e quando foi chutar a tampa o sapato soltou do seu peacute e atingiu a lacircmpadardquo (C84)
ldquoEste ano apoacutes o recreio um menino tinha uma bola pequena parecia de handball e estavam jogando na escola ele e mais trecircs meninos Estavam brincando do doidinho quando jogaram bateu nas costas de um menino e bateu na lacircmpada e a quebrou por pouco que a lacircmpada natildeo caia em uma menina e o pior eacute que eles sabiam que natildeo podia jogar bola na sala e natildeo estavam nem aiacuterdquo (C89)
52 Anaacutelise dos Questionaacuterios
As respostas dos questionaacuterios foram tabuladas por meio do SPSS
(Social Package for the Social Science) e para efeito de anaacutelise e tratamento
estatiacutestico dos dados foram utilizados diversos procedimentos e anaacutelises
disponiacuteveis neste programa Inicialmente os dados estatildeo apresentados por
meio de estatiacutesticas descritivas em seguida foram aplicados procedimentos
para anaacutelise fatorial e por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os
aspectos investigados
Inicialmente apresentamos as anaacutelises referentes ao relacionamento
interpessoal entre os pares considerando as respostas dadas agraves questotildees da
primeira parte do questionaacuterio Posteriormente satildeo expostas as anaacutelises
referentes ao relacionamento com os professores exibindo de iniacutecio os dados
referentes ao professor com quem o participante considerava ter Bom
Relacionamento para em seguida apresentar os dados referentes ao professor
com quem o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil
138
521 Relacionamento Interpessoal com Pares
A primeira parte do questionaacuterio eacute referente ao relacionamento dos
alunos com seus pares investigando o envolvimento em situaccedilotildees de
agressatildeo assim como a frequumlecircncia deste envolvimento As questotildees abordam
diferentes formas como se daacute o envolvimento ndash como autoragressor
alvoviacutetima ou espectadortestemunha e tambeacutem os diferentes tipos de
agressatildeo fiacutesica verbal provocaccedilatildeo e exclusatildeo As respostas a todas as
questotildees do questionaacuterio considerava a ocorrecircncia e a frequecircncia de
determinado fato ao longo do ano letivo com as seguintes possibilidades de
resposta Natildeo nenhuma vez Sim apenas uma vez Sim poucas vezes (ateacute
quatro vezes ao longo do ano em curso) Sim algumas vezes (todo mecircs com
ateacute duas vezes por mecircs) Sim com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda
semana) Nesta anaacutelise consideramos Nenhum envolvimento as respostas
Natildeo nenhuma vez e Sim apenas uma vez e Maior Envolvimento as demais
respostas Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com frequumlecircncia8
Analisando os valores referentes a Nenhum Envolvimento em situaccedilotildees
de agressatildeo na Tabela 1 percebe-se um decreacutescimo dos valores da situaccedilatildeo
de autoragressor para a de alvoviacutetima e desta para a de
espectadortestemunha nos diferentes tipos de agressatildeo ndash Agressatildeo Fiacutesica
847 815 e 508 Agressatildeo Verbal 533 379 e 266 Provocaccedilatildeo
629 589 339 Exclusatildeo 919 847 e 468 Consequentemente
ocorre um crescimento nos valores referentes a Maior Envolvimento da
8 O percentual de respostas para cada uma das possibilidades de envolvimento nas diferentes formas de
agressatildeo encontra-se em anexo (Anexo 5)
139
situaccedilatildeo de autoragressor para de espectadortestemunha da mesma forma
nos diferentes tipos de agressatildeo
Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas de agressatildeo no relacionamento
entre os pares Nenhum envolvimento
1 Maior envolvimento
2
Autor Alvo Testemunha Autor Alvo Testemunha
Agressatildeo fiacutesica 847 815 508 153 186 491
Agressatildeo verbal 533 379 266 459 621 729
Provocaccedilatildeo 629 589 339 362 412 654
Exclusatildeo 919 847 468 72 153 524 1 Consideramos Nenhum Envolvimento as respostas Nenhuma vez e Apenas uma vez 2 Consideramos Maior Envolvimento as respostas indicando maior frequecircncia Poucas vezes (ateacute quatro vezes ao longo do
ano em curso) Algumas vezes (todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs) Com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana)
Os alunos natildeo se apresentam como autores de agressotildees entretanto
percebe-se um nuacutemero maior de alunos que se envolve como alvo e como
testemunha sendo maior o nuacutemero de alunos que se apresentam como
testemunhas do que como alvos de agressotildees Estes dados sinalizam que
ainda impera o medo de revelar a situaccedilatildeo de agressatildeo e consequentemente
de bullying atraveacutes da negativa em se identificar como Autoragressor ou como
Alvoviacutetima No entanto tais situaccedilotildees podem ser reveladas atraveacutes da
declaraccedilatildeo de jaacute ter presenciado podendo se identificar tendo envolvimento na
situaccedilatildeo de espectadortestemunha
Um outro dado a ser destacado eacute em relaccedilatildeo agraves Agressotildees Verbais e
Provocaccedilotildees Na situaccedilatildeo de Maior Envolvimento nos diferentes tipos de
envolvimento como Autor Alvo ou Testemunha o maior percentual eacute sempre
das Agressotildees Verbais seguidas das Provocaccedilotildees Inversamente na situaccedilatildeo
de Nenhum Envolvimento os menores percentuais satildeo das Agressotildees Verbais
seguidas das Provocaccedilotildees nas trecircs possibilidades de envolvimento ndash Autor
Alvo e Testemunha como pode ser visualizado na Tabela 1
140
Um destaque deve ser dado em relaccedilatildeo agraves testemunhas de agressatildeo
verbal pois o maior percetual neste tipo de agressatildeo (29) indica que os
alunos presenciam com frequecircncia (toda semana ou quase toda semana)
agressotildees verbais (Anexo 5)
Estes dados confirmam que situaccedilotildees de agressatildeo na escola
perpetradas atraveacutes de bullying eacute algo presente no cotidiano dos estudantes
como tambeacutem foi revelado pelos participantes atraveacutes da produccedilatildeo escrita E a
alta frequecircncia de agressotildees verbais e provocaccedilotildees como as estrateacutegias mais
comumente utilizada para agredir colegas igualmente confirma o destaque
desta forma de agressatildeo apontado nas redaccedilotildees
Os dados referentes ao relacionamento interpessoal com os pares foram
submetidos agrave tratamentos estatiacutesticos Inicialmente procedeu-se a uma anaacutelise
da adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A Medida de
Adequaccedilatildeo da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi de 0697 indicando
que os dados podem ser considerados como razoaacuteveis para a realizaccedilatildeo da
anaacutelise fatorial Aleacutem disso o Teste de Esfericidade de Bartlett mostrou que a
matriz de correlaccedilotildees entre os itens foi significativamente diferente de uma
matriz identidade indicando haver correlaccedilotildees suficientes para a realizaccedilatildeo da
anaacutelise (χ2=4061 gl=66 p=0001) A partir disso efetuou-se a primeira anaacutelise
fatorial que resultou em uma estrutura com quatro fatores capazes de explicar
641 da variacircncia total Poreacutem o uacuteltimo fator foi formado por apenas dois
itens referentes agrave agressatildeo por exclusatildeo mas com baixiacutessimo iacutendice de
consistecircncia interna (α=0256) Por isso esses dois itens foram eliminados e
uma nova anaacutelise foi realizada
141
Esta nova anaacutelise apresentou KMO igual a 0725 e Teste de
Esfericidade de Bartlett estatisticamente significativo (χ2=3600 gl=45
p=0001) A estrutura fatorial final ficou com trecircs fatores A Tabela 2 apresenta
as cargas fatoriais as estatiacutesticas descritivas e os Coeficientes Alfa de
Cronbach dos fatores O primeiro fator (F1) descreve situaccedilotildees de testemunho
de agressotildees com cargas fatoriais que vatildeo de 0703 a 0929 e com uma
consistecircncia interna de 075 o segundo fator (F2) descreve situaccedilotildees
envolvendo vitimizaccedilatildeo com cargas fatoriais variando de 0593 a 0793 e com
uma consistecircncia interna de 078 e o terceiro fator (F3) descreve situaccedilotildees de
execuccedilatildeo de agressatildeo com cargas fatoriais que vatildeo de 0619 a 0848 e
consistecircncia interna de 0822 Os iacutendices de consistecircncia interna para os trecircs
fatores mostram que as diferenccedilas entre os participantes podem ser atribuiacutedas
a diferenccedilas verdadeiras naquilo que os fatores avaliam e natildeo a erros de
medida (Pasquali 2003)
Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa de Cronbach do relacionamento entre pares
Itens 1 2 3
10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega
929
9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega
785
11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega
703
8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
793
5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega
782
7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega
654
6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega
593
2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo
848
142
1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo
732
3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega
619
Meacutedia 22319 21505 31398
Desvio padratildeo 91297 92379 119022
Miacutenimo 100 100 100
Maacuteximo 500 467 500
Coeficientes Alfa de Cronbach 0754 0775 0822
Para verificar a existecircncia de diferentes perfis nos escores dessa escala
foi realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward
obtendo-se quatro clusters significativos A figura 2 mostra a configuraccedilatildeo
desses quatro fatores
Nota-se que o Grupo 1 eacute formado por 13 participantes (105) com
pontuaccedilotildees relativamente elevadas em viacutetima e testemunha e baixa em
agressatildeo O Grupo 2 foi formado por 54 participantes (435) com pontuaccedilotildees
meacutedias baixas em viacutetima e agressatildeo e mais elevadas em testemunha O Grupo
3 foi formado por 26 participantes (210) com pontuaccedilotildees baixas nos trecircs
fatores E o Grupo 4 foi formado por 31 participantes (250) com pontuaccedilotildees
relativamente elevadas nos trecircs fatores
143
Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying
O grupo formado com maior nuacutemero de participantes (Grupo 2) eacute
caracterizado por aqueles que mais comumente presenciam situaccedilotildees de
violecircncia sem executar nem ser alvo de tais atos Novamente perece imperar
receio em relaccedilatildeo a revelaccedilatildeo de envolvimento mais direto em atos de
agressatildeo na escola Tambeacutem eacute interessante que aqueles se apresentam com
autores de agressatildeo (Grupo 4) parece tentar se proteger ou ateacute mesmo se
justificar ao revelar tambeacutem ser alvoviacutetima de violecircncia e tambeacutem presenciar
tais situaccedilotildees Um nuacutemero baixo de alunos (Grupo 3) parece mais distante do
cenaacuterio de violecircncia escolar indicando que para estes alunos a escola eacute um
espaccedilo imune agraves situaccedilotildees de violecircncia
Estes dados estatildeo na mesma direccedilatildeo de alguns aspectos visualizados
na anaacutelise das redaccedilotildees a) o papel do medo e da ameaccedila na perpetuaccedilatildeo das
144
situaccedilotildees de violecircncia b) as diferentes formas de envolvimento em bullying c)
a possibilidade de envolvimento de diferentes formas ao mesmo tempo O
envolvimento em mais de uma forma foi apontado por Lopes Neto (2005)
522 Relacionamento Interpessoal com Professores
O relacionamento com os professores foi investigado considerando
aspectos positivos e aspectos negativos do relacionamento tanto na relaccedilatildeo
direta como tambeacutem na relaccedilatildeo indireta A relaccedilatildeo direta refere-se a atitudes e
comportamentos (positivos ou negativos) que envolve de forma direta o aluno
e quando envolve o aluno e colegas ou a relaccedilatildeo do professor com a turma em
geral nos referimos a relaccedilatildeo indireta
Os participantes responderam considerando o relacionamento com dois
professores um que o participante considera ter Bom Relacionamento e outro
com quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil
5221 Professor com Bom Relacionamento
Para os alunos o professor com quem estabelecem um Bom
Relacionamento mais frequentemente eacute atencioso quando o aluno faz
comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula demonstra interesse nas
atividades realizadas pelo aluno solicita a participaccedilatildeo do aluno ao longo da
aula Outros aspectos tambeacutem apontados embora menos frequente foram
situaccedilotildees de apoio e elogios recebidos do professor
O professor com quem os participantes estabelecem um Bom
Relacionamento mais frequentemente busca a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de
conflitos entre alunos manteacutem clima de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus
145
colegas como tambeacutem entre os alunos em geral incentiva a compreensatildeo
toleracircncia e amizade entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os
alunos em geral Estes dados podem ser visualizados na Tabela 3 abaixo
Tabela 3 - Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom Relacionamento Aspectos PositivosBom Relacionamento Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Fez elogios a vocecirc publicamente 145 113 177 298 258
Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
48 48 177 145 573
Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 73 65 129 250 468
Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 65 56 161 323 387
Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
185 73 153 250 331
Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
500 153 153 81 89
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
411 121 137 89 218
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 185 105 89 65 540
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
105 81 89 153 556
Tomou partido nos conflitos entre alunos
331 81 169 137 250
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
129 73 129 185 476
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 137 40 73 121 621
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
161 56 73 89 605
Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes
O comportamento do professor diante de situaccedilotildees envolvendo os
alunos com seus colegas assim como o relacionamento do professor com a
turma parece caracterizar este Bom Relacionamento Eacute possiacutevel perceber que
os professores com quem os alunos estabelecem Bom Relacionamento
frequentemente tecircm atitudes positivas na relaccedilatildeo direta com o participante e
em relaccedilatildeo aos alunos em geral
Interessante destacar que quando refere-se ao professor buscar a
negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando o aluno se envolveu em conflitos
com os colegas o maior percentual foi Nunca (411) Isto pode ter ocorrido
em virtude do aluno nunca ter se envolvido em conflitos com colegas e
146
consequentemente o professor nunca precisou ter este tipo de
comportamento
Os professores com quem os alunos estabelecem um Bom
Relacionamento nunca ou quase nunca apresentam os comportamentos
referentes a aspectos negativos seja diretamente com o proacuteprio aluno como
expor o aluno a alguma situaccedilatildeo constrangedora ou fazer ameaccedilas ou com os
alunos em geral como criar e manter clima de competitividade e agressividade
Todos os aspectos investigados e sua respectiva distribuiccedilatildeo podem ser
visualizados na Tabela 4 a seguir
Nenhum dos comportamentos listados referentes a aspectos negativos
foi apontado como frequente em todos eles o menor percentual apareceu
sempre em Com frequumlecircncia e abaixo de 4 chegando a nenhuma resposta
em trecircs deles - Encaminhar o aluno para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo Fazer comentaacuterios puacuteblicos de alguma
dificuldade apresentada pelo aluno Provocar ou incentivar o conflito entre o
aluno e seus colegas
Tabela 4 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento
Aspectos NegativosBom Relacionamento Nunca Apenas uma vez
Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Ficou indiferente a seu comportamento na sala 589 194 129 56 24
Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 790 129 32 32 08
Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 774 89 89 40 08
Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
879 48 48 24 0
Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 879 73 08 16 16
Fez alguma ameaccedila a vocecirc
831 105 32 08 08
Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc
750 97 105 40 0
Entrou em conflito com vocecirc 798 129 32 16 16
Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 911 32 16 32 0
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
750 113 65 32 16
Entrou em conflito com os alunos 613 89 129 121 40
Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 863 65 24 24 16
147
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 750 121 65 40 08
Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
855 56 40 16 16
Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
742 56 65 65 40
Os dados referentes ao professor com Bom relacionamento tambeacutem
recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da
adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A primeira tentativa
resultou em 7 fatores com KMO de 0787 e Teste de Esfericidade de Bartlett
(χ2=15273 gl=378p=0001) explicando 658 da variacircncia total Poreacutem o
graacutefico de sedimentaccedilatildeo (scree-plot) mostrou apenas 3 fatores mais
significativos como pode ser visualizado na Figura 3
A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo da extraccedilatildeo de 3 fatores
conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da variacircncia total
148
Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Bom Relacionamento
O primeiro fator (F1) descreve Aspectos Negativos do Relacionamento
conteacutem 14 itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0386 a 0830 e com uma
consistecircncia interna de 0892 o segundo fator (F2) descreve Aspectos
Positivos Indiretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando de 0426 a
0752 e com uma consistecircncia interna de 0803 e o terceiro fator (F3)
descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem com cargas fatoriais que vatildeo de
0660 a 0781 e com uma consistecircncia interna de 0778 A Tabela 5 apresenta
as estatiacutesticas descritivas dos fatores
149
Tabela 5 - Estrutura Fatorial referente ao Professor com Bom relacionamento 1 2 3
10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
830
11 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)
811
14 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
761
13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)
747
15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
743
12 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)
690
3_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 681
9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
662 324
2_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
601
7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
599
6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala 525
8 Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)
517
7_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
469
1_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)
386
5_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
752
16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
679
6_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
604
17 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
585
9_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
575
4_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 556
18 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
444
19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
426 354
3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
781
1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente 742
2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
685
4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios etc)
662
5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo 660
Meacutedia 13847 33813 37911
Desvio padratildeo 55016 98414 94175
Miacutenimo 100 113 100
Maacuteximo 414 500 500
Coeficientes Alfa de Cronbach 0892 0803 0778
150
Os alunos parecem avaliar diferentemente as atitudes negativas e as
atitudes positivas do professor com quem estabelecem Bom Relacionamento
Em relaccedilatildeo aos aspectos negativos houve correlaccedilaotilde entre os itens que
referiam-se ao relacionamento direto com o participante e os que eram
referentes ao relacionamento indireto Em relaccedilatildeo aos aspectos positivos natildeo
apareceu variaccedilatildeo semelhante indicando que pode ocorrer um comportamento
diferente do professor quando se relaciona com o participante e quando
envolve os demais alunos E que de um modo geral este professor parece
natildeo apresentar aspectos negativos no seu relacionamento com os alunos
5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil
Para os alunos os professores com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil de forma bem pouco frequente exibem os
comportamento referentes aos aspectos positivos do relacionamento Para
371 dos alunos esse professor com quem tem Relacionamento Difiacutecil
nunca fez elogios a ele publicamente e para 21 fez elogios puacuteblicos apenas
uma vez E 44 dos alunos nunca recebram apoio deste professor em alguma
situaccedilatildeo
Outros comportamentos que referem-se a aspectos positivos diretos
apresentam-se distribuiacutedos em todas as frequecircncias como pode ser
visualizado na Tabela 6 abaixo embora ocorra em frequencia menor do que os
151
estes mesmos aspectos em relaccedilatildeo aos professores com quem estabelecem
Bom Relacionamento9
Tabela 6 - Aspectos positivos rereferentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos PositivosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Fez elogios a vocecirc publicamente 371 210 137 153 105
Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
210 105 274 97 298
Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 282 145 194 185 185
Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 298 145 210 145 194
Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
444 113 153 137 137
Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
548 153 97 56 129
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
444 145 129 89 169
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 282 73 137 40 460
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
290 48 121 97 419
Tomou partido nos conflitos entre alunos
476 105 105 105 194
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
234 145 145 129 339
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 202 121 105 113 444
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
161 129 129 145 427
Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes
Para 21 dos alunos o professor com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil nunca foi atencioso quando o aluno faz comentaacuterios ou
perguntas ao longo da aula entretanto para 298 isto ocorreu com
frequumlecircncia para 282 este professor nunca demonstrou interesse nas
atividades realizadas pelo aluno e para 185 foi um comportamento
frequente e para 298 nunca solicitou a participaccedilatildeo do aluno ao longo da
aula mas para 1945 isto aconteceu de forma frequente Estes dados sinalizam
que para alguns participantes parece que o(s) criteacuterio(s) utilizado(s) para
eleger o professor como tendo um Relacionamento Difiacutecil natildeo estavam entre
9 A tabela com a comparaccedilatildeo das respostas para Bom relacionamento e para Relacionamento Difiacutecil
pode ser visualizada em anexo (Anexo 6)
152
os aspectos investigados Todas as questotildees que abordavam o relacionamento
professor-aluno tanto os aspectos positivos do relacionamento como os
negativos abordando a relaccedilatildeo direta ou a relaccedilatildeo indireta consideravam
atitudes e comportamentos relativos agrave dinacircmica da sala de aula e do processo
de ensino-aprendizagem Nenhum dos aspectos investigados se referia a
questotildees mais pessoais do professor
Os alunos consideram que o professor com Relacionamento Difiacutecil
busca em menor frequecircncia a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos ndash para 234 Nunca e para 339 Com Frequecircncia
Tambeacutem eacute bem menor a frequecircncia em relaccedilatildeo a se o professor manteacutem clima
de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos
em geral e tambeacutem se incentiva a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre o
aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos em geral Diante de
situaccedilotildees envolvendo os alunos com seus colegas e o relacionamento deste
professor (Relacionamento Difiacutecil) com a turma em geral percebe-se uma
menor frequumlecircncia dos comportamentos referentes aos aspectos positivos em
comparaccedilatildeo com a frequumlecircncia apresentada pelos professores com quem
estabelecem Bom Relacionamento nestes mesmos intens
Em muitos itens o professor com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil apresenta alto percentual para as respostas Com
Frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana) mas sempre esse
percentual eacute menor do que os dados para o professor com Bom
Relacionamento Nota-se que o professor com Relacionamento Difiacutecil
apresenta atitudes e comportamentos apropriados agrave dinacircmica da sala de aula e
153
ao seu fazer docente embora o professor com Bom Relacionamento exiba
estes comportamentos de forma mais intensa e evidente
Os aspectos negativos investigados natildeo satildeo frequentes nos professores
com Relacionamento Difiacutecil Em todos os itens investigados o maior percentual
sempre eacute na resposta Nunca em muitas vezes percentuais acima de 60 e o
percentual eacute sempre muito baixo para as respostas Com Frequumlecircncia (toda
semana ou quase toda semana) Estes dados podem ser conferidos na Tabela
7 a seguir
Tabela 7 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos NegativosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Ficou indiferente a seu comportamento na sala 484 161 194 81 56
Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 702 169 56 48 16
Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 613 137 129 73 40
Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
823 81 56 16 08
Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 847 89 32 08 16
Fez alguma ameaccedila a vocecirc
806 97 48 16 24
Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc
685 89 113 89 16
Entrou em conflito com vocecirc 742 169 32 16 24
Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 855 81 32 24 0
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
694 97 121 40 32
Entrou em conflito com os alunos 411 185 161 177 56
Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 823 81 48 24 16
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 605 161 121 56 40
Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
774 89 48 48 32
Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
653 129 89 48 65
Estes dados indicam que os professores com quem os alunos
estabelecem um Relacionamento Difiacutecil nunca ou quase nunca apresentam os
comportamentos referentes a aspectos negativos Percebe-se uma ligeira
diminuiccedilatildeo nos percentuais indicados em Nunca em todos os comportamentos
investigados em relaccedilatildeo aos apresentados para os professores com Bom
Relacionamento Quanto ao professor ter provocado ou incentivado o conflito
154
entre o participante e os colegas nenhum aluno indicou que este aspecto
ocorre com frequumlecircncia tanto em relaccedilatildeo ao professor com Bom
Relacionamento quanto ao com Relacionamento Difiacutecil Podemos compreender
que em geral os professores considerados pelos estudantes nesta
investigaccedilatildeo natildeo se comportam de maneira inapropriada com o fazer docente
Os dados referentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil tambeacutem
recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da
adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial com KMO de 0729
e Teste de Esfericidade de Bartelett (χ2=13843 gl=378p=0001) explicando
655 da variacircncia total O Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo (scree-plot) indicou
apenas de 3 a 5 fatores como pode ser visualizado na Figura 4 A soluccedilatildeo
mais adequada ficou com 4 fatores A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo
da extraccedilatildeo de 4 fatores conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da
variacircncia total
Figura 4 - Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil
155
Tabela 8 - Estrutura Fatorial referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil 1 2 3 4
19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
794
18 Este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
739
9_5 Este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
725
6_5 Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 722
5_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
716
17 Este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
706
4_5 Este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 651
16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
557
12 Este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (aprendizagem comportamento relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)
759
11 Este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)
734
13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)
726
10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
615 -304
9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
564
8 Este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)
521 349
7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
520
6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
341
1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
796
3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
781
4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas etc)
776
5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
693
2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
626
7_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
779
1_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)
778
2_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
667
3_5Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
569
8_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
519
15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
381
Meacutedia 29704 15299 27260 16867
Desvio padratildeo 114002 62214 115323 74789
Miacutenimo 100 100 100 100
156
Maacuteximo 500 357 500 400
Coeficientes Alfa de Cronbach 0859 0776 0839 0770
Observou-se que o primeiro fator (F1) descreve Aspectos Positivos
Indiretos conteacutem oito itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0557 a 0794 e
com uma consistecircncia interna de 0859 O segundo fator (F2) descreve
Aspectos Negativos Diretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando
de 0341 a 0759 e com uma consistecircncia interna de 0776 O terceiro fator
(F3) descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem cinco itens com cargas
fatoriais que vatildeo de 0626 a 0796 e com uma consistecircncia interna de 0839 O
quarto e uacuteltimo fator (F4) descreve Aspectos Negativos Indiretos conteacutem seis
itens com cargas fatoriais variando de 0381 a 0779 e com uma consistecircncia
interna de 077 A Tabela 8 apresenta as estatiacutesticas descritivas dos fatores
Os alunos parecem avaliar diferentemente em relaccedilatildeo aos professores
com quem estabelecem um Relacionamento Difiacutecil cada uma dos fatores do
relacionamento interpessoal com os professores investigados atraveacutes do
questionaacuterio proposto Estes dados sugerem que os professores com
Relacionamento Difiacutecil apresentam posturadas diferenciadas diante de uma
situaccedilatildeo mais direta com o participante das situaccedilotildees que envolvem os demais
alunos tantos quando trata-se de aspectos positivos quanto dos aspectos
negativos do relacionamento Distintamente dos professores com Bom
Relacionamento os dados correspondentes aos professores com
Relacionamento Difiacutecil expressam esta diferenccedila em relaccedilatildeo aos aspectos
negativos do relacionamento
Esta anaacutelise evidenciou anteriormente que natildeo haacute distinccedilatildeo em relaccedilatildeo
aos aspectos negativos do relacionamento entre os professores De um modo
geral os professores com Bom Relacionamento e os com Relacionamento
157
Difiacutecil natildeo apresentam atitudes ou comportamentos inadequados ao fazer
docente Entretanto os alunos identificam que os professores com
Relacionamento Difiacutecil ao apresentarem atitudes ou comportamentos
referentes aos aspectos negativos do relacionamento natildeo os fazem
indistintamente
523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento em Bullying e
o Relacionamento com os Professores
Apoacutes as anaacutelises dos dados de cada parte do questionaacuterio isoladamente
foram realizadas anaacutelise correlacional dos diferentes aspectos investigados por
meio do questionaacuterio quais sejam o relacionamento interpessoal entre os
pares e o relacionamento entre professor e aluno Inicialmente realizou-se a
anaacutelise das relaccedilotildees entre o primeiro aspecto ndash relacionamento entre os pares
ndash e os fatores do relacionamento com o professor com quem o participante
considera ter um Bom Relacionamento Em seguida a anaacutelise ocorreu entre os
dados referentes ao relacionamento entre os pares e os fatores do
relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil
5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom Relacionamento
Iniciamos a anaacutelise correlacional investigando a relaccedilatildeo entre o
envolvimento do participante em bullying e os fatores do relacionamento com o
professor com quem o participante considera ter um Bom Relacionamento Os
dados da Tabela 9 permitem-nos constatar que natildeo houve correlaccedilatildeo
estatisticamente significativa entre o envolvimento em situaccedilotildees de bullying
158
como AlvoViacutetima ou como Testemunha com nenhum dos fatores referentes ao
relacionamento interpessoal com o professor com Bom Relacionamento
Tabela 9 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento
entre os pares e com o professor com Bom Relacionamento
Correlations Atitudes
Negativas Atitudes Positivas Indiretas
Atitudes positivas Diretas
Viacutetima Pearson Correlation 061 050 -066 Sig (2-tailed) 502 583 468 N 124 123 123
Agressor Pearson Correlation 410 -143 -104 Sig (2-tailed) 000 114 252 N 124 123 123
Testemunha Pearson Correlation 058 183 061 Sig (2-tailed) 523 043 504 N 124 123 123
Correlation is significant at the 001 level (2-tailed) Correlation is significant at the 005 level (2-tailed)
No entanto houve correlaccedilatildeo moderada significativa e positiva (ao niacutevel
0001) entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves
Atitudes Negativas do professor com quem o participante considera ter um
Bom Relacionamento Tambeacutem houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao
niacutevel 0005) entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves
Atitudes Positivas Indiretas do professor com quem o participante considera ter
um Bom Relacionamento entretanto os valores indicam tratar-se de uma fraca
correlaccedilatildeo
Estes dados sugerem que o maior ou menor envolvimento do aluno
como AtorAgressor em situaccedilotildees de bullying tem relaccedilatildeo com a forma como
os alunos consideram os aspectos negativos do relacionamento no
comportamento dos professores com quem tem um Bom Relacionamento
159
Estes resultados estatildeo na mesma direccedilatildeo dos dados apresentados por
Martins (2005) quando estudantes envolvidos como agressores afirmam se
sentirem piores em relaccedilatildeo aos professores Eacute importante que a escola reveja
a forma de se relacionar com estes alunos assim como atentar para as
reaccedilotildees puramente punitivas sem contribuiccedilotildees para modificaccedilotildees reais em
relaccedilatildeo agrave forma de se relacionarem e se comportarem na escola com os pares
e com os professores
5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com Relacionamento
Difiacutecil
A anaacutelise correlacional seguinte foi realizada visando investigar a relaccedilatildeo
entre o envolvimento do participante em bullying e os fatores do
relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil Os dados da Tabela 10 permitem-nos constatar que
natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o envolvimento em
situaccedilotildees de bullying quer como AlvoViacutetima quer como AtorAgressor ou como
Testemunha com as Atitudes Positivas do relacionamento interpessoal com o
professor com Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o
participante como na relaccedilatildeo indireta
Tabela 10 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento Difiacutecil
Correlations Atitudes
Positivas Indiretas
Atitudes Negativas Diretas
Atitudes Positivas Diretas
Atitudes Negativas Indiretas
Viacutetima Pearson Correlation 023 186 -020 214 Sig (2-tailed) 796 039 827 017 N 123 123 123 123
Agressor Pearson Correlation -054 380 047 247 Sig (2-tailed) 555 000 605 006
160
N 123 123 123 123 Testemunha Pearson Correlation 079 196 -075 241
Sig (2-tailed) 384 030 410 007 N 123 123 123 123
Correlation is significant at the 005 level (2-tailed) Correlation is significant at the 001 level (2-tailed)
Esta anaacutelise apontou algumas correlaccedilotildees mas com valores indicando
uma fraca correlaccedilatildeo Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0001)
entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes
Negativas do professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o participante como na
relaccedilatildeo indireta A correlaccedilatildeo tambeacutem foi significativa e positiva (ao niacutevel 0001)
entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes
Negativas Indiretas
Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0005) entre o
envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas
Diretas do professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil e tambeacutem o envolvimento com AlvoViacutetima e a
avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas Diretas e Indiretas do professor com
quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil
A anaacutelise correlacional dos dados indica existir uma ligaccedilatildeo entre os
Aspectos Negativos do relacionamento com os professores e a forma como o
estudante se envolve em situaccedilotildees de bullying De acordo com Tognnetta e
Vinha (2008) as relaccedilotildees intrapessoais antecedem as relaccedilotildees interpessoais
Tanto o professor como o aluno apresentam comportamentos inadequados ao
bom relacionamento interpessoal e agrave medida que existe uma ligaccedilatildeo entre
estes aspectos pode ocorrer uma processo ciacuteclico
161
De uma forma geral os dados evidenciados a partir da anaacutelise das
respostas do questionaacuterio estatildeo presentes nas produccedilotildees escritas Ao
abordarem questotildees sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo os alunos referem-se aos
relacionamentos com os professores salientando a) preferecircncias dos
professores por alguns alunos b) situaccedilotildees de agressatildeo entre professor e
aluno
A partir dos dados coletados obtidos de diferentes formas eacute possiacutevel
verificar que para os participantes haacute uma ligaccedilatildeo entre o comportamento dos
alunos e o dos professores salientando diferentes niacuteveis de complexidade com
relaccedilotildees dialeacuteticas presentes no relacionamento interpessoal (Hinde (1997)
162
CAPIacuteTULO VI
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Considerando que o estudo das relaccedilotildees interpessoais vem se configurando
como uma importante aacuterea de estudo interdisciplinar o presente estudo visou ampliar
este campo de conhecimento ao focalizar em relaccedilotildees interpessoais de grande
relevacircncia ao longo da vida escolar que natildeo tem sido ainda foco de interesse entre os
estudiosos da aacuterea Desde o iniacutecio este trabalho apontou a possibilidade de
compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto
escolar visando contribuir com estudos cientiacuteficos dos diversos aspectos referentes ao
fenocircmeno bullying
O objetivo desta pesquisa de doutorado foi investigar o papel da relaccedilatildeo
professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Para o alcance
deste objetivo utilizamos como referencial teoacuterico estudos sobre o relacionamento
professor-aluno sobre Relaccedilotildees Interpessoais a partir da obra de Robert Hinde e
estudos sobre Violecircncia Escolar e bullying E na busca de maior compreensatildeo desta
relaccedilatildeo procedemos a uma pesquisa com dados de natureza quantitativa e qualitativa
sobre as relaccedilotildees interpessoais na escola com estudantes do Ensino Fundamental
O tema geral deste estudo foi perseguido a partir de objetivos especiacuteficos O
primeiro objetivo buscou investigar se os estudantes associam a praacutetica de bullying
como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar A partir da anaacutelise temaacutetica
das produccedilotildees escritas dos participantes podemos identificar que situaccedilotildees
envolvendo bullying satildeo bem presentes no cotidiano dos estudantes Em
aproximadamente metade das redaccedilotildees os alunos dissertam sobre bullying
abordando diferentes aspectos explicam seu significado expotildeem as diferentes formas
163
de agressatildeo caracteriacutesticas individuais que favorecem a vitimizaccedilatildeo o papel do medo
e das ameaccedilas as consequecircncias para as viacutetimas e reconhecem a importacircncia da
escola cuidar desta questatildeo Muitos alunos reagem com reprovaccedilatildeo e indignaccedilatildeo agraves
situaccedilotildees de bullying
O segundo objetivo especiacutefico se propocircs a investigar o envolvimento dos
participantes em situaccedilotildees de bullying e a forma que se daacute este envolvimento como
alvoviacutetima autoragressor ou espectadortestemunha A anaacutelise dos dados
demonstrou que a maioria dos alunos jaacute se envolveu em situaccedilotildees de bullying mas
quase sempre como espectadortestemunha De forma muito tiacutemida os alunos se
apresentam como alvoviacutetima e muito menos ainda como autoragressor Eacute possiacutevel
ainda que os alunos se envolvam de diferentes maneiras Podemos afirmar estas
formas de envolvimento tambeacutem a partir dos relatos revelando este envolvimento
atraveacutes das redaccedilotildees Muitos alunos relatam ter presenciado situaccedilotildees de bullying
alguns revelam ter sido alvoviacutetima e apenas um declarou jaacute ter cometido
provocaccedilotildees indicando se tratar de bullying
O terceiro objetivo buscou identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-
aluno considerando um professor com quem o participante considerara ter Bom
Relacionamento e outro com quem o participante considerara ter um Relacionamento
Difiacutecil Foi possiacutevel identificar vaacuterios aspectos desta relaccedilatildeo como maior intensidade
de aspectos positivos no comportamento do professor com Bom Relacionamento No
entanto foi possiacutevel inferir que estes aspectos indicam posturas diferenciadas em
relaccedilatildeo aos alunos Um dado que despertou interesse foi a pouca frequecircncia de
aspectos negativos no comportamento dos professores tanto em relaccedilatildeo ao professor
com Bom Relacionamento como ao professor com Relacionamento Difiacutecil Acredita-se
que os criteacuterios utilizados pelos alunos para considerar determinado professor como
164
tendo um Relacionamento Difiacutecil pode natildeo ter sido explorado entre os aspectos
investigados
O quarto e uacuteltimo objetivo procurou identificar correlaccedilotildees entre diferentes
aspectos do relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying A anaacutelise
dos dados sinalizou para uma relaccedilatildeo moderada entre o envolvimento do aluno em
situaccedilatildeo de bullying como autoragressor e a frequumlecircncia de aspectos negativos dos
professores tanto com Bom Relacionamento como em referecircncia ao professor com
Relacionamento Difiacutecil Em relaccedilatildeo agraves demais formas de envolvimento natildeo foi
possiacutevel estabelecer relaccedilotildees
Diante destas consideraccedilotildees eacute possiacutevel afirmar que este trabalho atingiu de
forma satisfatoacuteria os objetivos propostos E a partir do que foi evidenciado algumas
provocaccedilotildees urgem considerando que o espaccedilo destinado agraves aulas a sala promove
outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que satildeo ignorados e
infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo professoraluno Partimos entatildeo a
comentar algumas dessas provocaccedilotildees
O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos escolares Como o
professor contribui sem perceber para o fenocircmeno bullying Parece que haacute algo
anterior agraves relaccedilotildees interpessoais importantes de serem cuidadas que satildeo as
relaccedilotildees intrapessoais Tognetta e Vinha (2008) destacam que eacute preciso ter respeito e
valorizaccedilatildeo por si proacuteprio para ser possiacutevel respeitar e valorizar o outro
Eacute nesta perspectiva que defendo que a existecircncia de uma ligaccedilatildeo entre o
relacionamento professor-aluno e o envolvimento como autoragressor em situaccedilotildees
de bullying Eacute possiacutevel que alunos autoresagressores de forma mais intensa se
envolvam em situaccedilotildees desagradaacuteveis provocando reaccedilotildees nos professores
evidenciando aspectos negativos da relaccedilatildeo professor-aluno Tambeacutem pode ocorrer
165
do professor bastante desrespeitado no seu fazer docente esteja vulneraacutevel a
apresentar comportamentos inadequados e ateacute mesmo posturas diferenciadas
considerando como se daacute o relacionamento com o aluno
Eacute preciso investigar todas estas questotildees a partir do ponto de vista do
professor visto que neste estudo todos os participantes eram estudantes Faz-se
necessaacuterio verificar como os professores avaliam o relacionamento com alunos de
acordo com as diferentes possibilidades de envolvimento em bullying Acreditamos ser
importante esta investigaccedilatildeo uma vez que em estudo sobre a percepccedilatildeo do professor
sobre o bullying no ambiente escolar (Ferreira Rowe e Oliveira 2011) os professores
revelaram sentimentos diferenciados diante do envolvimento em bullying de piedade e
compaixatildeo pelas viacutetimas e repugnacircncia pelos agressores
A situaccedilatildeo de violecircncia provoca sentimentos de solidariedade em relaccedilatildeo agraves
viacutetimas e em situaccedilotildees de violecircncia velada de sofrimento intenso envolvendo
crianccedilas e adolescentes eacute natural maior cuidado e envolvimento em relaccedilatildeo agravequeles
cujo sofrimento eacute mais evidente Eacute preciso cuidar dos alunos autoresagressores pois
mesmo tendo a intenccedilatildeo de causar mal a outro ldquotambeacutem precisam de ajuda porque
natildeo conseguem se ver (no sentido moral e natildeo no sentido esteacutetico ou socialmente
estabelecido) satildeo muitas vezes incapazes de reconhecer seus proacuteprios sentimentos e
consequentemente os sentimentos dos outrasrdquo (Tognetta 2010 p90) As evidecircncias
deste estudo podem favorecer relaccedilotildees mais acolhedoras e menos punitivas diante
das estrateacutegias utilizadas pelos estudantes diante do cenaacuterio de violecircncia escolar
Outro aspectos a destacar refere-se a necessidade em estudos posteriores
sobre relacionamento interpessoal de maior clareza quanto aos criteacuterios utilizados
pelos participantes para referir-se ao Bom Relacionamento e ao Relacionamento
Difiacutecil O presente estudo abordou questotildees pertinentes agrave relaccedilatildeo professor-aluno
166
apresentando contribuiccedilotildees para estudos desta natureza entretanto outros aspectos
precisam ser considerados
Mesmo sabendo dos cuidados tomados de forma a possibilitar a participaccedilatildeo
dos estudantes garantindo o sigilo em relaccedilatildeo agrave sua identidade e assim maior
confianccedila para apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees solicitadas parece que a coleta
realizada de forma pontual por um pesquisador estranho ao cotidiano dos estudantes
natildeo eacute a forma ideal Consideramos que os profissionais da escola ao estabelecerem
relaccedilotildees de confianccedila tem maiores condiccedilotildees de acessar informaccedilotildees relevantes para
o estudo de forma integrada das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar
Do ponto de vista social o presente estudo espera poder contribuir para a
valorizaccedilatildeo no meio educacional da relevacircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer
docente e assim poder resgatar o envolvimento do professor em questotildees que natildeo se
referem apenas agrave transmissatildeo de conteuacutedos e que no entanto muito interferem no
seu cotidiano
Eacute preciso cuidar do professor proporcionando a auto valorizaccedilatildeo e auto
respeito para assim podermos falar de uma eacutetica do cuidado na relaccedilatildeo professor-
aluno
167
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173
ANEXOS
174
ANEXO I
175
Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Tiacutetulo da Pesquisa O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental Pesquisadora Virginia de Oliveira Alves Passos Orientador Prof Dr Agnaldo Garcia Instituiccedilatildeo UFES ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo PPGP ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Objetivo da Pesquisa Investigar a ocorrecircncia de bullying e o papel do relacionamento interpessoal entre professores e alunos em sua causaccedilatildeo intensificaccedilatildeo ou controle Descriccedilatildeo do Procedimento Seratildeo aplicados questionaacuterios a cada participante abordando aspectos referentes aos seus relacionamentos interpessoais na escola tanto com seus pares como tambeacutem com os professores e em seguida seraacute solicitado a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar Benefiacutecios Espera-se que os resultados contribuam para possibilidade de compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos referentes a violecircncia escolar e ao fenocircmeno bullying Anaacutelise de risco e sigilo Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiraacute rigorosamente os criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas com seres humanos Desse modo os questionaacuterios seratildeo aplicados de acordo com a teacutecnica padratildeo cientificamente reconhecida Seratildeo preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes O participante teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo em qualquer fase da pesquisa Informaccedilotildees complementares e esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos participantes eou a seus responsaacuteveis A previsatildeo para os procedimentos descritos eacute de agosto de 2010 a junho de 2011 Identificaccedilatildeo do Responsaacutevel pela Instituiccedilatildeo Nome____________________________________________________________ RG ______________ Oacutergatildeo Emissor ________ Cargo ____________________________________________________________
Estando de acordo assinam o presente termo de consentimento em 02 (duas) vias
_________________________ ______________________________ Responsaacutevel pala Instituiccedilatildeo Virginia de O Alves Passos
Pesquisadora RecifePE _________
176
ANEXO II
177
FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo
investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre
alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade
Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade
Federal do Espiacuterito Santo)
Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a
preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os
pares como tambeacutem com os professores
Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees
interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos
referentes agrave violecircncia escolar
As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre
sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante
teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e
esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos
participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua
integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste
estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Identificaccedilatildeo do Participante
Nome do participante_________________________________________________________
Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________
Estando de acordo assino o presente termo de consentimento
________________________________
Assinatura
Pesquisadora responsaacutevel
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro
CEP 56304-917 - PetrolinaPE
E-mail virginiaalvesunivasfedubr
VIA DO PESQUISADOR
178
Telefone 87 21016868 87 88238983
FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo
investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre
alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade
Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade
Federal do Espiacuterito Santo)
Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a
preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os
pares como tambeacutem com os professores
Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees
interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos
referentes agrave violecircncia escolar
As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre
sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante
teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e
esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos
participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua
integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste
estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Identificaccedilatildeo do Participante
Nome do participante_________________________________________________________
Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________
Estando de acordo assino o presente termo de consentimento
________________________________
Assinatura
Pesquisadora responsaacutevel
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro
CEP 56304-917 - PetrolinaPE
VIA DO PARTICIPANTE
179
E-mail virginiaalvesunivasfedubr
Telefone 87 21016868 87 88238983
ANEXO III
180
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Vocecirc estaacute sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa sobre Relaccedilotildees Interpessoais na
Escola Sua participaccedilatildeo eacute importante poreacutem vocecirc natildeo deve participar contra sua vontade Leia
atentamente as informaccedilotildees abaixo e faccedila se desejar qualquer pergunta para esclarecimento
Pesquisadora responsaacutevel Profordf Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos
O participante estaacute ciente sobre os seguintes aspectos
1 Objetivo principal da pesquisa
2 Descriccedilatildeo da coleta de informaccedilotildees
3 Ausecircncia de riscos
4 Benefiacutecios da pesquisa
5 O seu nome seraacute mantido em sigilo e nenhuma informaccedilatildeo que o identifique seraacute divulgada
nas publicaccedilotildees dos resultados
6 Os alunos participaratildeo voluntariamente da pesquisa natildeo recebendo nenhum valor
7 Vocecirc tem a liberdade de se recusar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da
pesquisa sem penalizaccedilatildeo alguma
Eu DECLARO que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me
foi explicado concordo voluntariamente em participar desta pesquisa
Recife ____ de _________________________ de 2010
Nome do participante ___________________________________________________________
__________________________________________
(participante)
181
ANEXO IV
182
Vocecirc estaacute participando como colaborador de uma a pesquisa sobre Relacionamento Interpessoal na
Escola Sua colaboraccedilatildeo eacute muito importante e vocecirc deve responder com atenccedilatildeo todas as questotildees
considerando os acontecimentos ao longo deste ano
Parte I - As suas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos entre vocecirc e seus colegas
durante este ano Para responder vocecirc deve considerar a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos
investigados
Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso
Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs
Com frequumlecircncia toda semana (ou quase toda semana)
1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano vocecirc impediu algum colega de participar em atividades com outros colegas da
escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da
escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
183
10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano vocecirc percebeu se algum colega foi impedido por outros colegas de participar de
alguma atividade com os demais colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte II ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom relacionamento com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao
longo da aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando
exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo
comentaacuterios etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
184
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito
(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que
vocecirc obteve algum resultado)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os
pais na escola de suspender de suas aulas)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada
por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no
relacionamento com outros professores)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc
se envolveu em conflitos com seus colegas
( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com
185
vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia
18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e
seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte III ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom
relacionamento com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade
entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
186
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os
alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte IV - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um relacionamento difiacutecil com ele (ou
ela)
01) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
02) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao
longo da aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
03) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
04) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando
exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios
etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
05) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
06) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
07) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
187
08) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito
(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc
obteve algum resultado)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
09) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os
pais na escola de suspender de suas aulas)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada
por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento
com outros professores)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc
se envolveu em conflitos com seus colegas
( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com
188
vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia
18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e
seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
189
Parte V - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um
relacionamento difiacutecil com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade
entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os
alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Agradecemos sua participaccedilatildeo como colaborador da pesquisa
190
Vocecirc pode acrescentar no verso da folha algo que vocecirc ache importante e que natildeo foi ainda perguntado
ANEXO V
191
192
ANEXO VI
193
I
VIRGIacuteNIA DE OLIVEIRA ALVES PASSOS
O RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO E O
BULLYING NO ENSINO FUNDAMENTAL
Tese apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Psicologia da Universidade Federal do Espiacuterito Santo
como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau de
Doutora em Psicologia sob a orientaccedilatildeo do Prof Dr
Agnaldo Garcia
Vitoacuteria
2012
II
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-publicaccedilatildeo (CIP) (Biblioteca Central da
Universidade Federal do Espiacuterito Santo ES Brasil)
Passos Virgiacutenia de Oliveira Alves 1971-
P289r O relacionamento professor-aluno e o bullying no ensino
fundamental Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash 2012
194 f il
Orientador Agnaldo Garcia
Tese (Doutorado em Psicologia) ndash Universidade Federal do Espiacuterito
Santo Centro de Ciecircncias Humanas e Naturais
1 Relaccedilotildees humanas 2 Professores e alunos 3 Bullying 4 Violecircncia
na escola I Garcia Agnaldo II Universidade Federal do Espiacuterito Santo
Centro de Ciecircncias Humanas e Naturais III Tiacutetulo
CDU 1599
III
IV
Agrave minha voacute Julinda (em memoacuteria)
por ter me feito professora
sempre ensinando a importacircncia
das relaccedilotildees interpessoais na escola
Aos meus filhos Henrique Mariacutelia e Patriacutecia
Com esperanccedila que a escola oportunize a vocecircs bons relacionamentos
Agrave Xandinho quem tanto admiro
e que me impulsionou agraves primeiras reflexotildees sobre bullying
V
AGRADECIMENTOS
A conclusatildeo de uma tese de doutorado ao final de um longo percurso de
leituras buscas produccedilotildees investigaccedilotildees vibraccedilotildees repleto de inquietaccedilotildees e
incertezas de alegrias e surpresas de bons encontros e alguns desencontros de
intensos momentos de isolamento de cobranccedilas permite uma nova forma de olhar
tudo agrave nossa volta E por que natildeo dizer uma nova forma de estabelecer relaccedilotildees
com as pessoas principalmente quando se trata de uma tese no campo dos
relacionamentos interpessoais Agradeccedilo a todos que participaram deste percurso
das mais variadas formas e que possibilitaram acima de tudo enriquecer nossas
proacuteprias relaccedilotildees para aleacutem do estudo e da pesquisa dos relacionamentos
interpessoais
Agradeccedilo ao Prof Agnaldo Garcia por ter me apresentado o campo dos
Relacionamentos Interpessoais e me fazer entender que muitas das minhas
inquietaccedilotildees como psicoacuteloga educacional podiam ser acolhidas por essa aacuterea de
estudo mesmo quando o meu interesse era pelo dark side dos relacionamentos
Agradeccedilo principalmente pelo apoio e por estar sempre compreensivo e otimista
mesmo diante das dificuldades que enfrentei no momento da elaboraccedilatildeo do projeto
Dificuldades que foram superadas a partir do estabelecimento de uma boa relaccedilatildeo
orientador-orientanda em prol de um trabalho que comungaacutevamos da sua
relevacircncia
Agradeccedilo aos participantes deste estudo pois a partir de vossas revelaccedilotildees
este trabalho deixou de ser apenas um projeto nascendo uma tese nossa tese
Agradeccedilo por vocecircs terem me ajudado a contribuir clareando o obscuro universo dos
VI
relacionamentos interpessoais na escola A participaccedilatildeo de vocecircs foi possiacutevel
graccedilas agrave compreensatildeo e colaboraccedilatildeo dos pais e da equipe teacutecnica das escolas
Estendo a todos meus agradecimentos
Agradeccedilo agrave UNIVASF pela oportunidade de inserccedilatildeo no Programa
MinterDinter cujo iniacutecio coincidiu com minha chegada nesta instituiccedilatildeo e assim
pude realizar um projeto pessoal definido ao final do Mestrado fazer doutorado jaacute
sendo professora de Universidade Federal Em especial agradeccedilo ao Prof Marcelo
Ribeiro entatildeo coordenador do Colegiado de Psicologia sempre compreensivo agrave
necessidade da nossa dedicaccedilatildeo demonstrando valorizar a iniciativa do Programa
MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf para uma universidade tatildeo nova
Agradeccedilo tambeacutem ao Prof Joseacute Bismark entatildeo Proacute-Reitor de Pesquisa e Poacutes-
graduaccedilatildeo que aleacutem de incentivar nosso percurso natildeo mediu esforccedilos para garantir
apoio ao Programa MinterDinter visando garantir o seu sucesso
Agradeccedilo agrave FACEPE por ter financiado parcialmente o Programa
MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf proporcionando accedilotildees relevantes para o
sucesso deste Programa
Agrave toda minha famiacutelia em especial aos meus pais Deca e Vavaacute e minhas
irmatildes Patriacutecia e Raquel Vocecircs foram fundamentais para que a coleta de dados
ocorresse a contento sem o apoio de vocecircs teria sido bem mais difiacutecil E agradeccedilo
ainda por proporcionarem a mim e toda minha famiacutelia momentos de lazer e
descontraccedilatildeo em periacuteodos cruciais do acontecimento deste trabalho Agradeccedilo a
vocecircs a forma descontraiacuteda dos nossos raros mas longos encontros que me
VII
levaram a cada vez mais valorizar as coisas simples e sadias dos nossos
relacionamentos
Agradeccedilo aos alunos e amigos Tarciacutesio e Janaiacutena A possibilidade de me
afastar da postura de professora orientadora e encontrar em vocecircs a disponibilidade
em contribuir natildeo soacute foi essencial em situaccedilotildees especiacuteficas deste trabalho A
relaccedilatildeo estabelecida com vocecircs me fez confirmar que quem ensina de repente
aprende e se torna melhor
Agradeccedilo a Profordf Alvany pelo estabelecimento de uma nova relaccedilatildeo de
amizade que surgiu por compartilharmos a construccedilatildeo da tese em Relacionamentos
Interpessoais A troca de experiecircncias foi fundamental para o andamento deste
trabalho
Agradeccedilo aos professores do MinterDinter UFESUNIVASF por respeitarem
as especificidades deste programa reconhecendo as inuacutemeras possibilidades de um
trabalho com tais especificidades Agradeccedilo de forma especial agraves Profordf Suemi e
Profordf Mariane pela valiosa contribuiccedilatildeo durante o exame de qualificaccedilatildeo
enriquecendo a metodologia deste estudo
Agradeccedilo aos colegas do Dinter pelas histoacuterias de superaccedilatildeo partilhadas
pelo apoio muacutetuo pelas vibraccedilotildees agrave medida que o projeto de cada um acontecia
Muita coisa boa aconteceu nos nossos percursos Agradeccedilo de forma especial aos
amigos Darlindo e Elzenita que se antecipavam de forma que eu sequer pensasse
em desistir Agradeccedilo a sensibilidade e amizade de vocecircs me incentivando a buscar
forccedilas e apontando caminhos para a superaccedilatildeo nos momentos de maiores
VIII
dificuldades Estendo meus agradecimentos a Silvia Luciana Baacuterbara Liliane Ana
Luacutecia Joatildeo e Susanne
Agradeccedilo aos Prof Alexsandro de Andrade (UFES) e Prof Mauriacutecio Bueno
(UFPE) pela luz lanccedilada sobre os dados possibilitando que eu enxergasse o que as
respostas dos alunos diziam sobre seus relacionamentos na escola
Agradeccedilo agrave amiga e comadre Cristina e toda sua famiacutelia por sempre me
provocar a buscar formas de contribuir para que a escola promova relacionamentos
interpessoais mais saudaacuteveis e sem bullying Agradeccedilo por me fazerem entender em
detalhes as diversas questotildees que envolvem o cenaacuterio de bullying Agrave amiga Sueli
que aleacutem do incentivo e torcida pelo sucesso deste trabalho interferiu de forma a
garantir o recebimento das bolsas da FACEPE me proporcionando tranquumlilidade
para avanccedilar na finalizaccedilatildeo da tese E a Zeacutelia pelo intenso entusiasmo a cada etapa
alcanccedilada
Agradeccedilo aos amigos Geneacutesio e Dayse pelas carinhosas acolhidas no
Espiacuterito Santo Este trabalho proporcionou um maravilhoso reencontro garantindo a
continuidade de relaccedilotildees de amizades tatildeo longas nas nossas famiacutelias
Agradeccedilo agraves crianccedilas que protagonizaram momentos especiais ao longo da
elaboraccedilatildeo desta tese Seria impossiacutevel a dedicaccedilatildeo a este trabalho sem contar
com vocecircs por perto podendo acompanhar o nascer de relaccedilotildees saudaacuteveis
espontacircneas e alegres que a pureza da infacircncia proporciona Algumas crianccedilas
cresciam agrave medida que a tese acontecia meus filhos Henrique e Mariacutelia meus
sobrinhos Diogo e Thiago e os amados Caio Rodolphinho e Caacutessio Outras foram
chegando muitas vezes sem avisar junto com cada etapa deste trabalho minha
IX
caccedilula Patriacutecia Viniacutecius e Mirella Olga e Ravena E outros deixaram a infacircncia para
traacutes neste periacuteodo meus sobrinhos Mocircnica Arthur e Gabi Estendo os meus
agradecimentos aos vossos pais a quem chamo a todos de amigos
Agradeccedilo a Caacutessia pelo carinho e dedicaccedilatildeo no cuidado com meus filhos A
intensidade de ausecircncias para a realizaccedilatildeo deste trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave sua
presenccedila me passando confianccedila de que eles estavam bem
Agradeccedilo a todas as pessoas que me possibilitaram nos mais variados
espaccedilos discutir sobre o tema dos relacionamentos interpessoais na escola e mais
especificamente sobre Bullying Para evitar injusticcedilas prefiro citar os espaccedilos onde
participei de debates palestras etc mas reconheccedilo que em todos eles pessoas
queridas se esforccedilaram para que o convite chegasse a mim Agradeccedilo a
oportunidade de participar destes momentos na Radio Jornal Petrolina na TV
Grande Rio na Raacutedio Ponte FM no Diaacuterio de Pernambuco no Foacuterum de Direito
Humanos no Proacute-Jovem de JuazeiroBA no Projeto Escola Legal na Escola Saber
Em cada um destes momentos mais eu entendia a relevacircncia deste trabalho
Por fim agradeccedilo ao meu marido Leonardo Impossiacutevel chegar ateacute aqui sem
ter vocecirc ao meu lado Agradeccedilo a compreensatildeo pelas ausecircncias o apoio e acima
de tudo o entusiasmo pelo trabalho desenvolvido
Agradeccedilo acima de tudo a Deus pela vida pelas oportunidades pelas
pessoas que tenho ao meu lado e principalmente por me dar forccedilas para conseguir
dar conta
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas
de agressatildeo no relacionamento entre os pares139
Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa
de Cronbach do relacionamento entre pares141
Tabela 3 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom
Relacionamento145
Tabela 4 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom
Relacionamento146
Tabela 5 ndash Estrutura Fatorial referente ao Professor com
Bom relacionamento149
Tabela 6 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com
Relacionamento Difiacutecil151
Tabela 7 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com
Relacionamento Difiacutecil153
Tabela 8 ndash Estrutura Fatorial referente ao professor com
Relacionamento Difiacutecil155
Tabela 9 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do
relacionamento entre os pares e com o professor com Bom
Relacionamento158
Tabela 10 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do
relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento
Difiacutecil160
XI
LISTA DE FIGURAS
Figura 1ndash Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de
complexidade social (Hinde 1997)24
Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying143
Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor
com Bom Relacionamento148
Figura 4 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor
com Relacionamento Difiacutecil154
XII
LISTA DE ANEXOS
Anexo 01 ndash Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Anexo 02 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Pais e Responsaacuteveis Anexo 03 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Participantes Anexo 04 ndash Questionaacuterio Anexo 05 ndash Tabela Envolvimento em agressatildeo nas diferentes
formas de agressatildeo no relacionamento entre os pares Anexo 06 ndash Tabelas comparativas dos Aspectos Positivos e dos Aspectos
Negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento e ao Professor com Relacionamento Difiacutecil
XIII
O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental
RESUMO
O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees identificadas
por violecircncia A escola como espaccedilo de indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de
conflitos diversos Um fenocircmeno de intensa violecircncia vem preocupando
educadores de forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a atitudes
agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou mais alunos contra
outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos intimidaccedilotildees apelidos
gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo aleacutem de danos fiacutesicos
psiacutequicos morais e materiais O objetivo geral da presente pesquisa eacute investigar o
papel do relacionamento professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de conflitos
envolvendo alunos na perspectiva dos estudantes Participaram deste estudo 124
alunos do 7ordm ano do Ensino Fundamental de trecircs escolas da rede particular de
Recife (PE) Os estudantes escreveram uma redaccedilatildeo sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo e
em seguida preenchiam questionaacuterio sobre relacionamento com colegas e com dois
professores ndash Bom Relacionamento e Relacionamento Difiacutecil A anaacutelise temaacutetica das
redaccedilotildees aponta que a maioria dos alunos se referiu diretamente a praacutetica de
bullying ao dissertar sobre violecircncia escolar Tal praacutetica tambeacutem foi abordada de
forma indireta sem fazer referecircncia expliacutecita ao termo bullying Alguns alunos se
declararam alvosviacutetimas de bullying e outros afirmaram ter presenciado tal praacutetica
A anaacutelise dos questionaacuterios evidenciou as formas de envolvimento em bullying e
aspectos do relacionamento professor-aluno A anaacutelise estatiacutestica correlacional
apontou ligaccedilatildeo entre alunos autoresagressores e aspectos negativos do
relacionamento com professores Os resultados possibilitam para maior
compreensatildeo da influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar
Palavras-chave relacionamento interpessoal bullying violecircncia escolar
XIV
The Teacher-Student Relationship and Bullying in Elementary Education
ABSTRACT
The social context is marked by countless situations identified by violence The school as a place for developing individuals is a setting for conflicts A phenomenon of intense violence is worrying educators in general - bullying - term used to refer to aggressive attitudes intentional repetitive adopted by one or more students against another(s) causing pain distress and suffering Insults intimidation nicknames teasing accusations often leading to exclusion and physical psychological moral and material The overall goal of this research is to investigate the role of the teacher-student relationship in the occurrence of conflict situations involving students from the students perspective The study included 124 students in 7th grade from three elementary schools in Recife (PE) Students were asked to write an essay about School Violence and then completed a questionnaire about the relationship with colleagues and two teachers - with Good Relationships and with Difficult Relationship A thematic analysis of newsrooms shows that the majority of students referred directly to bullying to speak about school violence This practice was also addressed indirectly without making explicit reference to the term bullying Some students expressed their targets victims of bullying and others claimed to have witnessed such a practice Analysis of the questionnaires showed the forms of involvement in bullying and aspects of the teacher-student relationship Statistical analysis showed correlational link between student authors aggressors and negative aspects of the relationship with teachers The results allow for greater understanding of the influence of interpersonal relationships in the school context
Keywords interpersonal relationships bullying school violence
XV
Sumaacuterio
Introduccedilatildeo17
Capiacutetulo I ndash Relacionamento Interpessoal21
11 ndash Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico21
12 ndash Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra
de Robert Hinde23
13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais28
14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos
Interpessoais29
15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno31
Capiacutetulo II ndash Violecircncia Escolar e Bullying35
21 ndash Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo35
22 ndash Bullying41
221 ndash Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo42
222 ndash ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo
de Bullying46
223 ndash Consequumlecircncias do Bullying51
224 ndash Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de
Bullying52
Capiacutetulo III ndash Bullying e Relacionamento Professor-Aluno56
31 ndash Bullying e dinacircmica escolar56
32 ndash Justificativa e Objetivos60
Capiacutetulo IV ndash Meacutetodo61
41 ndash Participantes61
42 ndash Procedimentos para coleta de dados62
43 ndash Instrumentos de Pesquisa64
431 ndash A Redaccedilatildeo64
432 ndash O Questionaacuterio64
44 ndash Procedimentos para anaacutelise de dados69
45 ndash Aspectos Eacuteticos69
Capiacutetulo V ndash Resultados e Discussotildees71
51 Anaacutelise das Redaccedilotildees71
511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante72
5111 A Violecircncia como parte do cotidiano72
5112 Violecircncia escolar e bullying 78
512 A Dinacircmica da violecircncia82
5121 As Raiacutezes da Violecircncia Escolar82
5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas
na violecircncia escolar87
XVI
5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de
violecircncia escolar medo ameaccedilas
chantagens intoleracircncia preconceito90
5124 As agressotildees verbais98
5125 Violecircncia escolar e brincadeira101
5126 Violecircncia escolar e o professor104
513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar108
5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo108
5132 Consequecircncias111
5133 Violecircncia e relacionamento116
514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar119
5141 O Papel da Escola120
5142 O Papel do Estado126
5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes127
514 Relatos de Violecircncia Escolar131
52 Anaacutelise dos Questionaacuterios137
521 Relacionamento Interpessoal com Pares138
522 Relacionamento Interpessoal com Professores144
5221 Professor com Bom Relacionamento144
5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil150
523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento
em Bullying e o Relacionamento com
os Professores157
5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom
Relacionamento159
5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com
Relacionamento Difiacutecil162
Capiacutetulo VI ndash Consideraccedilotildees Finais167
Referecircncias Bibliograacuteficas173
Anexos
17
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e os seus componentes vivenciaram grandes modificaccedilotildees ao
longo do final do seacuteculo passado sendo bem evidentes no seu cotidiano os
seus efeitos principalmente no que tange agraves praacuteticas pedagoacutegicas fruto de
uma maior compreensatildeo do processo ensino-aprendizagem Acompanhando
as transformaccedilotildees de natureza didaacutetica verificam-se no contexto escolar atual
grandes alteraccedilotildees nas questotildees comportamentais Estas todavia satildeo
responsaacuteveis pela insatisfaccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo agrave indisciplina que
se configuram como a maior queixa destes profissionais apontada muitas
vezes como o pior obstaacuteculo ao seu fazer docente (Aquino 2002 1996)
Tentar compreender o contexto da indisciplina na escola e os fenocircmenos
por ela responsaacuteveis implica analisar um outro fenocircmeno cada vez mais
presente em torno dos membros da escola tanto professores como alunos a
violecircncia
O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees
identificadas por violecircncia As instituiccedilotildees de ensino incluiacutedas neste contexto
tambeacutem apresentam suas faces da violecircncia A escola como espaccedilo de
indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de situaccedilotildees de conflitos diversos
Entretanto existe um fenocircmeno de intensa violecircncia que vem preocupando
educadores de uma forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a um
conjunto de atitudes agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou
mais alunos contra outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos
intimidaccedilotildees apelidos gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo
aleacutem de danos fiacutesicos psiacutequicos morais e materiais (Fante 2005)
18
Eacute importante que as instituiccedilotildees de sauacutede e educaccedilatildeo busquem
conhecer a extensatildeo e o impacto gerado pela praacutetica do bullying entre
estudantes para assim desenvolver medidas para reduzi-las e para preveni-
las E o psicoacutelogo como profissional que transita nestas duas aacutereas - sauacutede e
educaccedilatildeo ndash ao se apropriar deste fenocircmeno pode contribuir no sentido
desenvolver estudos que possibilitem maior compreensatildeo e visibilidade a tal
fenocircmeno impossiacutevel de ser desconsiderado nas nossas escolas
A Psicologia EscolarEducacional eacute uma das aacutereas de conhecimento da
Psicologia assim como um dos campos de atuaccedilatildeo deste profissional
Atualmente eacute importante que o psicoacutelogo atue como mediador nas tensotildees e
conflitos produzidos nas relaccedilotildees entre os atores da escola fortalecendo
pessoas e grupos na promoccedilatildeo de autonomia e na superaccedilatildeo das
adversidades considerando as condiccedilotildees objetivas e subjetivas dos processos
psicossociais Faz-se necessaacuterio diante do contexto educacional atual que o
psicoacutelogo atue junto agrave equipe pedagoacutegica na direccedilatildeo de entender o fenocircmeno
educativo na sua dimensatildeo institucional
O professor natildeo eacute um mero transmissor de conhecimento aspecto
bastante destacado em palestras livros e outros materiais de orientaccedilatildeo sobre
o fazer docente No entanto no cotidiano das escolas verifica-se um falta de
cuidado com outros aspectos do fazer docente principalmente com agravequeles
que se configuram a partir de relaccedilotildees interpessoais (Cunha et al 2004)
Investigar a relaccedilatildeo professor-aluno como forma de ampliar a
compreensatildeo acerca do fenocircmeno bullying implica em destacar para o
professor assim como para os demais profissionais da educaccedilatildeo incluindo o
19
psicoacutelogo sobre a necessidade de maior atenccedilatildeo ao papel das relaccedilotildees
estabelecidas na escola
Investigar o contexto social onde ocorre com maior incidecircncia o bullying
assim como as pessoas que compotildeem o contexto escolar e as relaccedilotildees aiacute
estabelecidas surge como oportuno visando aprofundarmos a compreensatildeo
sobre as diversas questotildees que integram o fenocircmeno bullying Os professores
demonstram sentimento de impotecircncia e anguacutestia diante das situaccedilotildees de
bullying enfrentadas no seu dia-a-dia (Ferreira Rowe e Oliveira 2011)
O presente trabalho se norteou pela tentativa de aproximar estas duas
aacutereas de investigaccedilatildeo as relaccedilotildees interpessoais e o bullying As questotildees
centrais deste estudo foram
a) investigar o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying
b) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor aluno
c) investigar possiacuteveis interseccedilotildees entre o relacionamento professor-
aluno e o envolvimento em situaccedilotildees de bullying
Para tanto apresenta-se nos capiacutetulos iniciais o cenaacuterio da pesquisa
sobre Relacionamento Interpessoal incluindo pesquisas sobre o
relacionamento Professor-aluno o cenaacuterio dos estudos sobre a Violecircncia
Escolar e informaccedilotildees provenientes de pesquisas sobre bullying
Abordar questotildees sobre bullying exige que duas questotildees sejam
esclarecidas a saber
1) O termo bullying carece de um termo referente em portuguecircs que
consiga expressar seu significado Alguns autores destacam esta dificuldade e
na busca de maior aproximaccedilatildeo com os diferentes aspectos que caracterizam
tal fenocircmeno preferem referir-se a bullying por maus tratos (Tamar 2008)
20
provocaccedilatildeovitimizaccedilatildeo (Carvalhosa et al 2001) preconceito (Antunes e Zuin
2008) Neste estudo o termo em inglecircs seraacute mantido pois natildeo tivemos por
objetivo a problematizaccedilatildeo desta questatildeo Apenas no iniacutecio desta pesquisa
durante a elaboraccedilatildeo do projeto eacute que sentimos maiores necessidades de
explicaccedilatildeo sobre qual era o objeto de investigaccedilatildeo pela dificuldade com o
termo utilizado Mas a partir da intensa exposiccedilatildeo do termo na miacutedia o termo
bullying ganhou familiaridade
2) Haacute variaccedilatildeo da nomenclatura referente agraves diferentes formas possiacuteveis
de envolvimento em situaccedilotildees de bullying nos estudos considerados Alguns
pesquisadores rejeitam a referecircncia aos termos viacutetima agressor e testemunha
visando evitar a rotulaccedilatildeo dos estudantes e preferem usar alvo autor e
espectador (Lopes Neto 2005) Neste estudo usaremos indistintamente estes
termos respeitando a maneira utilizada por cada autor ao fazer referecircncia agraves
formas de envolvimento E na anaacutelise dos dados faremos referecircncia
conjuntamente aos dois termos alvoviacutetima autoragressor e
espectadortestemunha
Apoacutes a apresentaccedilatildeo dos aspectos teoacutericos que fundamentam este
trabalho ao longo dos trecircs primeiros capiacutetulos passamos para a exposiccedilatildeo dos
aspectos metodoloacutegicos no quarto capiacutetulo Em seguida os resultados satildeo
apresentados considerando cada um dos instrumentos utilizados Agrave medida
que os dados satildeo apresentados realizamos as discussotildees pertinentes com
base na fundamentaccedilatildeo teoacuterica considerada Por fim encontram-se as
consideraccedilotildees finais quando apreciamos os objetivos propostos elencamos os
limites deste estudo como tambeacutem apresentamos as possibilidades suscitadas
nas aacutereas de estudo abordadas
21
CAPIacuteTULO I
1 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
11 - Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico
Reflexotildees sobre relaccedilotildees interpessoais jaacute estatildeo presentes na obra de
Platatildeo e Aristoacuteteles desde a Greacutecia Antiga A aacuterea de conhecimento cientiacutefico
sobre o relacionamento interpessoal contudo apresenta um maior
desenvolvimento a partir dos anos 50
Sullivan (1953) citado por Hinde (1997) ressaltou a importacircncia do
estudo sobre as relaccedilotildees sociais sob a perspectiva desenvolvimental propondo
que as pessoas tecircm necessidades interpessoais que satildeo atendidas por tipos
especiacuteficos de relacionamento Segundo o autor a personalidade eacute
influenciada modificada e reforccedilada pelos relacionamentos que o indiviacuteduo
manteacutem com outras pessoas que tambeacutem levariam ao desenvolvimento de
habilidades sociais e competecircncias interpessoais
Outro autor de destaque que sofreu a influecircncia da Psicologia da
Gestalt foi Fritz Heider Em seu livro sobre relaccedilotildees interpessoais Heider
(1958) citado por Hinde (1997) pressupotildee que o homem eacute motivado para
descobrir as causas dos eventos e entender seu ambiente incluindo as
relaccedilotildees interpessoais
A pesquisa sobre relacionamento interpessoal apresentou um
desenvolvimento expressivo a partir dos anos 70 resultado da contribuiccedilatildeo de
autores de diferentes disciplinas e orientaccedilotildees teoacutericas Dois autores podem
ser destacados por suas contribuiccedilotildees para a aacuterea Steve Duck e Robert Hinde
Duck teve especial importacircncia na criaccedilatildeo da primeira organizaccedilatildeo cientiacutefica
22
voltada para o estudo dos relacionamentos interpessoais a International
Society for the Study of Personal Relationships (ISSPR) sociedade que tinha
como objetivo estimular e apoiar a pesquisa cientiacutefica sobre relacionamentos
interpessoais e aperfeiccediloar a comunicaccedilatildeo entre pesquisadores do tema
fortalecendo o campo do Relacionamento Interpessoal dentro da comunidade
acadecircmica Aleacutem disso Duck tambeacutem liderou o processo de criaccedilatildeo do
primeiro perioacutedico da aacuterea no iniacutecio da deacutecada de 1980 o Journal of Social and
Personal Relationships tornando-se seu primeiro editor
Em 1987 durante Conferecircncia Internacional sobre Relacionamento
Interpessoal foi criada a International Network on Personal Relationships
(INPR) com o objetivo de promover a colaboraccedilatildeo interdisciplinar no estudo
dos processos de relacionamento Em 2002 a fusatildeo dessas duas sociedades
deu origem agrave International Association for Relationships Research ndash IARR
(Associaccedilatildeo Internacional para Pesquisa sobre Relacionamento) organizaccedilatildeo
que se propotildee a continuar o trabalho anteriormente desenvolvido pela ISSPR e
INPR A sociedade reuacutene atualmente cerca de 700 profissionais de 20 paiacuteses
(Garcia 2005a)
No Brasil o primeiro encontro especiacutefico sobre relacionamento
interpessoal foi um mini-congresso da IARR sobre o tema realizado em Vitoacuteria
em 2005 Como decorrecircncia do mini-congresso apoacutes alguns anos foi
organizada a Associaccedilatildeo Brasileira de Pesquisa do Relacionamento
Interpessoal (ABPRI) que realizou seu primeiro congresso nacional em 2009
nas dependecircncias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo com a presenccedila
do professor Steve Duck e da professora Jacki Fitzpatrick presidente da IARR
23
12 - Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra de
Robert Hinde
A importacircncia de Robert Hinde para o estudo do relacionamento
interpessoal estaacute em seus esforccedilos para a organizaccedilatildeo de uma Ciecircncia do
Relacionamento Interpessoal partindo de alguns princiacutepios da Etologia
Claacutessica conforme indicado a seguir
Os trecircs livros em que Hinde desenvolve suas propostas refletem trecircs
deacutecadas de reflexatildeo sobre o tema Em sua principal obra sobre o tema Hinde
(1997) procura sistematizar cerca de 1600 estudos na aacuterea principalmente
entre os anos de 1970 e 1990
Aleacutem disso Hinde propotildee uma orientaccedilatildeo teoacuterica baseada na Etologia
Claacutessica As propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de uma ciecircncia do
relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais representa uma
aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para esta nova aacuterea
de investigaccedilatildeo em pleno desenvolvimento (Garcia 2005)
De acordo com Hinde (1997) o desenvolvimento social do ser humano
envolve um sistema de relaccedilotildees com diferentes niacuteveis de complexidade que
afetam e satildeo afetados uns pelos outros (de processos fisioloacutegicos passando
por interaccedilotildees relacionamentos grupos e sociedade) e ainda a estrutura
sociocultural e ambiente fiacutesico Hinde sugere quatro estaacutegios para o estudo dos
relacionamentos a) descriccedilatildeo dos fenocircmenos b) a discussatildeo de processos
subjacentes c) o reconhecimento das limitaccedilotildees e d) re-siacutentese Uma vez que
relacionamentos satildeo processos haacute consideraacutevel sobreposiccedilatildeo entre esses
estaacutegios Ainda fazem parte do esquema explicativo de Hinde as estruturas
socioculturais e o ambiente fiacutesico (Figura 1)
24
Figura 1 Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de complexidade social
(Hinde 1997)
Para Hinde (1997) a descriccedilatildeo de um relacionamento requer dados
sobre o que os participantes fazem pensam e sentem Sugere ainda que a
descriccedilatildeo atinja os diversos niacuteveis de complexidade desde as interaccedilotildees os
relacionamentos e grupos
Um dos pontos cruciais na obra de Hinde eacute a diferenciaccedilatildeo entre o
relacionamento e a interaccedilatildeo Para Hinde (1997) podemos falar de um
relacionamento se os indiviacuteduos tecircm uma histoacuteria comum de interaccedilotildees
passadas e o curso da interaccedilatildeo atual seraacute influenciado por elas
Relacionamentos satildeo definidos a partir de uma seacuterie de interaccedilotildees no tempo
entre indiviacuteduos que se conhecem Os mesmos fatores intervenientes nas
interaccedilotildees tambeacutem estatildeo presentes nas relaccedilotildees assim atitudes expectativas
intenccedilotildees e emoccedilotildees dos participantes satildeo de fundamental importacircncia O
agrupamento de relacionamentos compotildee uma rede formando o grupo social
Estrutura
Sociocultural Ambiente
Fiacutesico
Sociedade
Grupo
Relacionamento
Interaccedilatildeo
Comportamento
do Indiviacuteduo
Processos
Psicoloacutegicos
25
Hinde salienta que essas redes de relacionamentos mdash a famiacutelia os amigos da
escola entre outros podem sobrepor-se ou manter-se completamente
separadas comportando-se como grupos distintos uns em face dos outros
Assim como nas interaccedilotildees e relacionamentos cada grupo tanto influencia o
ambiente fiacutesico e bioloacutegico em que estaacute inserido como eacute influenciado por eles
O autor reconhece a existecircncia de niacuteveis distintos de complexidade no
comportamento social Cada um deles (interaccedilotildees relacionamentos grupos
sociais) possui propriedades proacuteprias Por exemplo algumas propriedades dos
relacionamentos tais como compromisso e intimidade dificilmente se aplicam
a interaccedilotildees isoladas (Hinde 1997)
Para organizar a aacuterea de pesquisa sobre relacionamento interpessoal
Hinde parte do conteuacutedo dos relacionamentos passando para a diversidade e
a qualidade das interaccedilotildees Em seguida discute algumas categorias presentes
nos relacionamentos semelhanccedilas e diferenccedilas reciprocidade e
complementaridade a intimidade o conflito o poder a auto-revelaccedilatildeo e a
privacidade a satisfaccedilatildeo a percepccedilatildeo interpessoal e o compromisso Estas
categorias ajudariam a organizar dados descritivos sobre relacionamentos
Robert Hinde contribuiu para a organizaccedilatildeo de uma ldquociecircncia do
relacionamento interpessoalrdquo Apesar de ter investigado e escrito sobre
diferentes temas de pesquisa seus principais textos sobre relacionamentos
foram publicados como livros (Hinde 1979 1987 e 1997) As publicaccedilotildees de
Hinde sobre o tema apresentam dois pontos principais Primeiramente procura
sistematizar a produccedilatildeo na aacuterea organizando aproximadamente 1600 textos
sobre o tema das deacutecadas de 1970 1980 e 1990 Em segundo lugar Hinde
procura organizar a aacuterea de acordo com orientaccedilatildeo teoacuterica influenciada pela
26
Etologia Claacutessica Esta representa um importante movimento de investigaccedilatildeo
do comportamento animal e humano tendo como autores centrais Konrad
Lorenz Niko Tinbergen e Karl von Frisch que receberam o Precircmio Nobel de
Fisiologia ou Medicina em 1973
Segundo Garcia (2005) as propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de
uma ciecircncia do relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais
representa uma aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para
esta nova aacuterea de investigaccedilatildeo
A contribuiccedilatildeo da Etologia Claacutessica para os estudos sobre
relacionamento interpessoal especificamente Konrad Lorenz John Bowlby e
Robert Hinde foi discutida por Garcia (2005)
As contribuiccedilotildees de Hinde para o estudo do relacionamento interpessoal
ainda foram analisadas por Garcia e Ventorini (2006) de modo particular para
os estudos em Psicologia Organizacional Segundo Garcia e Ventorini (2006)
os princiacutepios para uma ldquociecircncia dos relacionamentosrdquo proposta por Hinde
recebem a influecircncia da Etologia Claacutessica e da teoria de sistemas Da Etologia
Claacutessica herdou a ecircnfase na descriccedilatildeo (base descritiva) como a primeira etapa
para a compreensatildeo da dinacircmica dos relacionamentos A descriccedilatildeo dos
relacionamentos em diferentes niacuteveis eacute considerada a base para o avanccedilo
teoacuterico e a generalizaccedilatildeo dos dados Os autores ainda mencionam como
atitudes orientadoras da Etologia no estudo dos relacionamentos interpessoais
a ecircnfase na descriccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos dados coletados a anaacutelise e siacutentese
dos resultados da anaacutelise o mover-se entre niacuteveis de complexidade e a ecircnfase
na questatildeo da funccedilatildeo evoluccedilatildeo desenvolvimento e causaccedilatildeo
27
Segundo Garcia e Ventorini (2006) para organizar a aacuterea de pesquisa
sobre relacionamento interpessoal Hinde parte do conteuacutedo das interaccedilotildees
passando para a sua diversidade e qualidade Segue discutindo a
reciprocidade e complementaridade intimidade percepccedilatildeo interpessoal e
compromisso categorias que contribuiriam para organizar os dados descritivos
sobre relacionamentos
A descriccedilatildeo dos relacionamentos envolve a descriccedilatildeo das interaccedilotildees de
seu conteuacutedo e qualidade a descriccedilatildeo das propriedades advindas da
frequumlecircncia relativa e padronizaccedilatildeo da interaccedilatildeo dentro do relacionamento e a
descriccedilatildeo de propriedades mais ou menos comuns a todas as interaccedilotildees
dentro do relacionamento A comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal satildeo
considerados elementos importantes para a compreensatildeo do relacionamento
interpessoal
No niacutevel comportamental um relacionamento envolve uma seacuterie de
interaccedilotildees entre indiviacuteduos A descriccedilatildeo de uma interaccedilatildeo deve contemplar o
conteuacutedo do comportamento apresentado (o que fazem juntos) a qualidade do
comportamento (de que forma eacute feito) e a padronizaccedilatildeo (frequumlecircncia absoluta e
relativa) das interaccedilotildees que o compotildeem Algumas das mais importantes
caracteriacutesticas dos relacionamentos dependem de fatores afetivos e cognitivos
que tambeacutem devem ser considerados na descriccedilatildeo (Hinde 1997)
De acordo com Hinde Finkenauer e Auhagen (2001) o pleno
entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque tambeacutem no niacutevel individual pois
o curso de um relacionamento tambeacutem depende das caracteriacutesticas
psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos envolvem
caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas posicionamento
28
quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-conceito auto-
estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre outras
13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais
Uma tendecircncia maniqueiacutesta prevalece em estudos dos relacionamentos
interpessoais considerando os relacionamentos como constituiacutedo por dois
lados um positivo e outro negativo Embora o lado positivo da amizade seja
enfatizado as amizades tambeacutem revelam seu lado negativo conflito e
agressividade integram as relaccedilotildees de amizade (Garcia 2005b)
O comportamento agressivo aparece como uma das dimensotildees
investigadas nos estudos das relaccedilotildees interpessoais principalmente nos
estudos sobre estas relaccedilotildees na infacircncia (Garcia 2005c) A agressividade de
modo geral eacute percebida pelas crianccedilas como um fator de distanciamento
dificultando o estabelecimento de amizades
Em levantamento da literatura em torno das relaccedilotildees de amizade na
infacircncia Garcia (2005c) apresenta diversos estudos que consideram a
agressividade nas relaccedilotildees de amizades na infacircncia para Phillipsen Deptula e
Cohen (1999) quanto mais agressiva a crianccedila menor sua aceitaccedilatildeo social
pelos colegas em termos de amizade para Dunn e Hughes (2001) a
manifestaccedilatildeo de fantasia violenta tambeacutem estava relacionada a
comportamento anti-social frequumlente mostras de raiva conflito e recusa a
ajudar um amigo Brendgen Vitaro Turgeon e Poulin (2002) mostram que
enquanto a agressividade agrave primeira vista cria barreiras para as relaccedilotildees de
amizade haacute formas de lidar com o comportamento agressivo dentro das
29
relaccedilotildees de amizade para Ray Cohen Secrist e Duncan (1997) haacute
correlaccedilotildees positivas de comportamentos agressivos entre crianccedilas populares
(e de popularidade meacutedia) e seus amigos muacutetuos indicado que crianccedilas
agressivas podem se atrair mutuamente Estudo desenvolvido por Kupersmidt
DeRosier e Patterson (1995) citado por Garcia (2005b) tambeacutem revela que
crianccedilas similares em comportamento de agressatildeo e isolamento social
apresentam maior probabilidade de se tornarem amigas do que crianccedilas que
natildeo o sejam
O estudo da violecircncia e da agressatildeo nas relaccedilotildees interpessoais se
insere no grupo de estudos que abordam as dificuldades prejuiacutezos e ameaccedilas
ao relacionamento com danos para os participantes ou para o relacionamento
em si Segundo Garcia (2005b) entre os pontos de similaridade que servem de
base para uma amizade o comportamento agressivo costuma ser um dos mais
importantes
14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos Interpessoais
Garcia (2005a) analisou as publicaccedilotildees e os temas abordados nas
pesquisas sobre relacionamento interpessoal especialmente os artigos
presentes nas principais publicaccedilotildees internacionais especializadas
constatando que estatildeo voltados para os relacionamentos romacircnticos
familiares sexuais relacionamentos profissionais em diversos niacuteveis e a
amizade em geral
Trecircs aspectos segundo o autor se destacam como representativos do
conteuacutedo dos estudos de relacionamento interpessoal os participantes as
dimensotildees do relacionamento e o contexto Com relaccedilatildeo aos participantes as
principais propriedades estudadas satildeo a idade gecircnero etnia e certos aspectos
30
psicoloacutegicos As dimensotildees do relacionamento mais investigadas nos estudos
publicados nos principais perioacutedicos satildeo a comunicaccedilatildeo o apego o
compromisso o perdatildeo a similaridade a percepccedilatildeo interpessoal o apoio
social e emocional e o lado negativo do relacionamento ndash agressatildeo violecircncia e
ameaccedilas ao relacionamento O terceiro elemento marcante nos estudos de
relacionamento eacute o contexto representado por fatores ambientais geograacuteficos
ecoloacutegicos sociais culturais econocircmicos tecnoloacutegicos entre outros (Garcia
2005a)
A famiacutelia exerce diferentes influecircncias sobre as relaccedilotildees de amizade na
infacircncia Os pais afetam as amizades dos filhos por meio da estruturaccedilatildeo de
sua vida diaacuteria por meio de suas proacuteprias amizades atraveacutes de seus conflitos
da qualidade da relaccedilatildeo entre pais e filhos (Garcia 2005b)
Considerar o contexto nos estudos do relacionamento interpessoal
implica em estar atento aos diversos aspectos do ambiente onde se datildeo os
relacionamentos Como sugere Chang (2003) verifica-se grande variaccedilatildeo de
resultados na literatura sobre efeitos de comportamento agressivo e
comportamento retraiacutedo para os relacionamentos e para ele tal disparidade
deve-se ao fato de natildeo se ter considerado o contexto social destes
comportamentos nos diferentes estudos As variaccedilotildees portanto devem refletir
diferenccedilas contextuais Garcia (2005b) tambeacutem se refere a resultados distintos
em estudos que abordam agressividade e amizade na infacircncia
A escola eacute um dos principais locais em que as crianccedilas tem
oportunidade de se relacionar com seus pares sendo espaccedilo propiacutecio para a
origem e estabelecimento das relaccedilotildees de amizade Estudos que investigam o
contexto de relaccedilotildees de amizade na infacircncia apontam os dois contextos
31
intimamente ligados agrave amizade o familiar e o escolar Amizades facilitam a
adaptaccedilatildeo da crianccedila ao ambiente escolar e a aceitaccedilatildeo pelos colegas de
classe o que depende diretamente de sua qualidade estando a presenccedila de
conflito na amizade associada a mau ajustamento enquanto apoio percebido
tem sido associado a melhores atitudes em relaccedilatildeo agrave escola Crianccedilas com
amigos mostram um maior grau de ajuste agrave escola no iniacutecio e no fim do ano
escolar (Tomada (2002) citado por Garcia 2005b) e a qualidade positiva das
amizades no ambiente escolar tambeacutem gera atitudes mais positivas em relaccedilatildeo
agrave escola) As amizades na escola contribuem para um melhor ajustamento da
crianccedila aleacutem de trazer benefiacutecios para o rendimento escolar
Estudos que abordam as relaccedilotildees de amizade apresentam destaque ao
contexto do relacionamento dessa forma o ambiente escolar e assim o
relacionamento entre estudantes se apresentam como elementos das
investigaccedilotildees A sala de aula aparece como contexto considerado em alguns
estudos sobre relaccedilotildees de amizade na infacircncia (Ray Cohen amp Secrist 1995
citado por Garcia 2005b)
15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno
Inicialmente eacute preciso reconhecer com base nos criteacuterios de Hinde em
que medida podemos falar de relacionamento entre o professor e aluno Eacute
possiacutevel considerar um relacionamento visto que professores e alunos
estabelecem ao longo do ano letivo contiacutenuas interaccedilotildees com frequumlecircncia
regular e intensa que tais interaccedilotildees podem proporcionar uma histoacuteria comum
entre professor e aluno e ainda influenciar a interaccedilatildeo atual e que o
desenvolvimento da aula implica em compromisso e intimidade para que
32
ocorra aprendizagem efetiva Eacute importante conhecer as especificidades assim
como a relevacircncia do relacionamento professor-aluno
Muitos estudos investigam o relacionamento entre pares na sala de aula
tendo como participantes estudantes de uma mesma turma entretanto pecam
por desconsiderar a figura do professor como relevante e que exerce diversas
influecircncias no contexto da sala de aula (Chang 2003) Na anaacutelise realizada por
Garcia (2005a) percebe-se ausecircncia de estudos sobre relacionamento
professor-aluno Ao discorrer sobre as relaccedilotildees de amizade na infacircncia Garcia
(2005b) refere-se a estudo que aponta a opiniatildeo dos professores como fator
importante na escolha dos amigos no ambiente escolar principalmente para as
meninas
O ajustamento agrave escola indica a forma como crianccedilas e adolescentes se
adaptam ao ambiente escolar e suas atividades Geralmente um bom
ajustamento escolar estaacute associado a um bom desempenho escolar Entre
outros fatores observados o relacionamento professor-aluno afeta o
ajustamento escolar (Juvonen amp Wentzel 1996)
Murray e Greenberg (2000) observaram que alunos do quinto e sexto
ano com relaccedilotildees pobres com seus professores tambeacutem apresentavam
ajustamento social e emocional mais baixo conforme avaliaccedilatildeo dos
professores e dos proacuteprios alunos em comparaccedilatildeo com os alunos que
mantinham relaccedilotildees positivas com os professores
Diversas dimensotildees integram a relaccedilatildeo professor-aluno
Comportamentos como ajudar auxiliar apoiar aconselhar e incentivar
caracterizam os professores que manifestam atitudes solidaacuterias e demonstram
interesse nas relaccedilotildees interpessoais com seus alunos (Ang 2005) O
33
relacionamento professor-aluno construtivo e apoiador continua sendo
importante e prediz resultados acadecircmicos e desempenho comportamental
positivos para alunos do ensino fundamental ao Ensino Meacutedio (Davis 2003)
O conflito a criacutetica e comentaacuterios negativos ou desfavoraacuteveis
prejudicam o ajustamento e a atividade do estudante em sala de aula (Wentzel
2002 Birch amp Ladd 1996) Estudantes descrevem como professores
atenciosos aqueles que fazem comentaacuterios construtivos ao inveacutes de apenas
criticarem assim como os que demonstram um estilo de comunicaccedilatildeo mais
livre ao inveacutes daqueles que gritam e interrompem a todo o momento (Wentzel
1997 2003)
Lisboa (2002) em estudo desenvolvido em Porto Alegre com crianccedilas
de niacutevel socioeconocircmico baixo de escolas puacuteblicas municipais aponta dados
sobre caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-aluno As crianccedilas relataram os
principais problemas com seus professores destacando as agressotildees verbais
dos professores sem uma causa identificada Frente ao conflito com
professores esses alunos agiam de forma passiva sem fazer nada As
crianccedilas se viam incapazes de agir percebendo os professores como pouco
flexiacuteveis ou autoritaacuterios temendo castigos ou puniccedilotildees
Em outra pesquisa realizada no sul do paiacutes com alunos de sexto ao
nono ano de duas escolas da rede puacuteblica de Santa Catarina o relacionamento
entre alunos e professores foi considerado ruim ou natildeo tatildeo bom por 53 dos
participantes destacando-se como motivo a falta de diaacutelogo resultado de mau
humor impaciecircncia repeticcedilatildeo nas aulas diferenccedilas de tratamento entre os
alunos e distanciamento Foram bem avaliados os professores capazes de
conversar e manter um bom relacionamento com os alunos (Laterman 2000)
34
Um relacionamento professor-aluno positivo afeta as afinidades entre
aluno e professor favorecendo o gosto pela mateacuteria e o interesse em aprender
estimulando a participaccedilatildeo dos alunos e o interesse pelo conteuacutedo (Cunha et
al 2004)
A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um componente central para o sucesso do
processo ensino-aprendizagem mas em geral os aspectos eacuteticos desta
relaccedilatildeo natildeo satildeo considerados Grande parte da literatura recente sobre as
relaccedilotildees professor-aluno tem se concentrado no papel do cuidar Uma eacutetica do
cuidado privilegia ligaccedilotildees emocionais entre professor e aluno e enfatiza a
importacircncia da natureza reciacuteproca das relaccedilotildees entre professores e alunos
(Aultman et al 2009)
Diante da relevacircncia do relacionamento professor-aluno um dado
chama atenccedilatildeo em estudo realizado no Brasil por Abramovay (2005)
Enquanto cerca de 45 dos alunos afirmam que a relaccedilatildeo entre eles e os
professores varia entre boaoacutetima um nuacutemero consideraacutevel de alunos o
equivalente a mais de 196 mil estudantes (12) afirmam que o relacionamento
com os professores eacute peacutessimo ou ruim
A indisciplina pode colaborar para a deterioraccedilatildeo das relaccedilotildees entre os
atores escolares como tambeacutem pode constituir-se em um conflito positivo que
adverte para a importacircncia de rever rumos e rotas escolares atentando aos
pedidos de atenccedilatildeo e de criacutetica impliacutecita agrave escola que fazem os alunos
Assumir uma postura positiva depende da sensibilidade dos professores de
suas respostas e da abertura da escola para ouvir e aprender os tipos de
comunicaccedilatildeo e sinais que emitem os alunos (Abramovay 2005)
35
CAPIacuteTULO II
2 VIOLEcircNCIA ESCOLAR E BULLYING
21 - Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo
Erroneamente pensamos a escola unicamente como espaccedilo de
crescimento de produccedilatildeo e de circulaccedilatildeo de bons haacutebitos e atitudes dignas de
serem imitadas em prol da boa educaccedilatildeo No meio educacional eacute comum se
considerar a violecircncia como um fenocircmeno com raiz essencialmente exoacutegena
em relaccedilatildeo agrave praacutetica institucional escolar e com isto
ldquoa escola e seus atores constitutivos principalmente o professor parecem tornar-se refeacutens de sobredeterminaccedilotildees que em muito lhes ultrapassam restando-lhes apenas um misto de resignaccedilatildeo desconforto e inevitavelmente desincumbecircncia perante os efeitos de violecircncia no cotidiano praacutetico posto que a gecircnese do fenocircmeno e por extensatildeo seu manejo teoacuterico-metodoloacutegico residiriam fora ou para aleacutem dos muros escolares (Aquino 1998)
Eacute importante compreender as instituiccedilotildees e entre elas as escolas como
relaccedilotildees ou praacuteticas sociais especiacuteficas que tendem a se repetir e que
enquanto se repetem legitimam-se (Guirado 1997 apud Aquino 1998) As
relaccedilotildees escolares natildeo implicam um espelhamento imediato daquelas extra-
escolares Eacute preciso pensar os atores da escola situados num complexo de
lugares e relaccedilotildees pontuais sempre institucionalizadas Para tanto surge a
possibilidade de um olhar especificamente institucional sobre as praacuteticas
escolares entendendo que as escolas tambeacutem produzem sua proacutepria violecircncia
e sua proacutepria indisciplina como propotildee Aquino (1998)
36
A percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aumento das violecircncias nas escolas em
frequumlecircncia e gravidade em parte eacute fruto de algo intensamente midiatizado e
em parte por ser submetido agrave lei do silecircncio nas salas de aula escolas e redes
escolares Para Levisky (1997) uma violecircncia digna do homem primitivo estaacute
solta por toda a parte nas relaccedilotildees familiares nas escolas nas ruas nos
meios de comunicaccedilatildeo nas filas nas relaccedilotildees institucionais no lazer
ldquoA escola multifacetada vem presenciando situaccedilotildees de violecircncia que estatildeo tomando proporccedilotildees assustadoras em nossa sociedade As situaccedilotildees de violecircncia anteriormente esporaacutedicas se tornaram uma constante em nossos diasrdquo (Francisco amp Liboacuterio 2009)
Para Abramovay (2005) nem sempre as relaccedilotildees sociais na escola satildeo
amistosas e harmocircnicas a convivecircncia na escola pode ser marcada por
agressividade e violecircncia muitas vezes banalizadas e naturalizadas
comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem
A violecircncia nas escolas eacute um problema social grave e complexo e
provavelmente o tipo mais frequumlente e visiacutevel da violecircncia juvenil Muitos
estudos que tratam da temaacutetica da violecircncia na escola procuram analisaacute-la a
partir de questotildees mais relacionadas agrave violecircncia simboacutelica agrave seguranccedila da
escola e principalmente agrave depredaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo do patrimocircnio escolar
(Silva 1997 Sposito 2001)
Eacute apenas ao final dos anos 90 e iniacutecio dos anos 2000 que o estudo da
violecircncia escolar se debruccedila sobre as relaccedilotildees interpessoais agressivas
envolvendo estudantes professores e demais funcionaacuterios Vale destacar
ainda que a aacuterea das Ciecircncias Sociais mesmo tendo incorporado o tema da
violecircncia e seus desdobramentos nas suas pesquisas nenhum estudo desta
aacuterea na anaacutelise realizada por Spoacutesito (2001) investigou a questatildeo da
37
violecircncia escolar A aacuterea da Educaccedilatildeo abordou esta temaacutetica muito
tardiamente e o interesse acadecircmico pela questatildeo ainda eacute bastante incipiente
O debate em torno da violecircncia escolar implica considerarmos a
violecircncia enquanto um fenocircmeno macrossocial cujas raiacutezes se encontram no
sistema portanto fora da escola sem fugir da abordagem da violecircncia
enquanto um fenocircmeno microssocial ligado agraves interaccedilotildees situaccedilotildees e praacuteticas
na proacutepria escola Eacute preciso pensar a escola como autora viacutetima e palco de
violecircncia Eacute autora com praacuteticas que produzem e reproduzem a exclusatildeo
social eacute viacutetima quando seus gestores e docentes satildeo hostilizados em parte
como reflexo da violecircncia que ela produz e quando situaccedilotildees de vandalismo
se impotildeem neste cenaacuterio salientando tensatildeo constante por fim eacute palco de
violecircncia quando no seu ambiente se desenrolam conflitos entre os seus
membros e quando se torna tambeacutem lugar de aprendizagem de violecircncias
(Galvatildeo Gomes Capanema Caliman amp Cacircmara 2010)
Violecircncia escolar refere-se a todos os comportamentos agressivos e
anti-sociais incluindo os conflitos interpessoais danos ao patrimocircnio atos
criminosos etc Infelizmente estatildeo cada vez mais presentes na escola
demonstrando que o modelo do mundo exterior eacute reproduzido nas escolas
fazendo com que deixem de ser ambientes seguros modulados pela disciplina
amizade e cooperaccedilatildeo e se transformem em espaccedilos onde haacute violecircncia
sofrimento e medo (Lopes Neto 2005)
Atualmente nas escolas nem sempre as relaccedilotildees sociais satildeo amistosas
e harmocircnicas os alunos e professores natildeo se unem em torno de objetivos
comuns Ao contraacuterio a convivecircncia na escola pode ser marcada por
38
agressividade e violecircncias muitas vezes naturalizadas e banalizadas
comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem (Abromavay 2005)
Charlot (2002) citado por Abromavay (2005) propotildee um sistema de
classificaccedilatildeo dos episoacutedios de violecircncia na escola em que identificam trecircs tipos
de manifestaccedilatildeo a violecircncia na escola a violecircncia contra a escola e a violecircncia
da escola A violecircncia na escola eacute aquela que se produz dentro do espaccedilo
escolar sem estar ligada agraves atividades da instituiccedilatildeo escolar a escola eacute
apenas o lugar de uma violecircncia que poderia ter acontecido em outro lugar A
violecircncia contra a escola estaacute relacionada com a natureza e as atividades da
instituiccedilatildeo escolar e toma a forma de agressotildees ao patrimocircnio e agraves autoridades
da escola (professores diretores e demais funcionaacuterios) e eacute decorrente de
ressentimentos de certos jovens e de certas famiacutelias contra a escola e seu
funcionamento A violecircncia contra a escola estaacute relacionada no entendimento
de Charlot agrave violecircncia da escola a violecircncia institucional simboacutelica a qual se
manifesta por meio do modo como a escola se organiza funciona e trata os
alunos (Abromavay 2005)
Neste cenaacuterio novos olhos para as bases de legitimaccedilatildeo da autoridade
vecircm abalar os fundamentos da violecircncia historicamente praticada pela escola
contra os seus alunos (Aquino 1998) De acordo com Tognetta (2010) muitas
das puniccedilotildees utilizadas pelas escolas como forma de garantir obediecircncia agrave
autoridade satildeo tambeacutem tatildeo violentas quanto agraves formas de violecircncia que
assistimos em nossas escolas
Para Galvatildeo et al (2010) os estudantes praticam violecircncias simboacutelicas
como o uso agressivo da linguagem a imposiccedilatildeo de apelidos inclusive ligados
a estereoacutetipos eacutetnicos e de gecircnero o isolamento de certos alunos e grupos
39
aleacutem das incivilidades e do asseacutedio moral ou bullying No entanto em estudo
realizado com professores e alunos de modo geral as violecircncias simboacutelicas
inclusive manifestaccedilotildees de preconceitos foram mais difiacuteceis de ser percebidas
tanto por professores quanto por alunos sobretudo por estes uacuteltimos
Os resultados de estudo desenvolvido por Lopes e Galvatildeo (2004)
citados por Galvatildeo et al (2010) apontou vaacuterias aspectos da accedilatildeo docente no
cenaacuterio da violecircncia escolar Foi afirmado reiteradamente que os estudantes
natildeo levavam a escola a seacuterio laacute estavam por serem obrigados eram
desmotivados e natildeo se comportavam adequadamente Diante disso a resposta
dos professores era de apatia conformismo individualismo e desmobilizaccedilatildeo
que por sua vez trazia o adoecimento psiacutequico com ansiedade e depressatildeo
Nesta direccedilatildeo estudo realizado por Almeida (1999) tambeacutem citado por
Galvatildeo et al (2010) apontou que os educadores se preocupavam apenas com
os efeitos da destruiccedilatildeo provocada pelos alunos sem se importarem com os
motivos dessas accedilotildees O trabalho salientou que entre alguns professores e
alunos havia o anseio pela inclusatildeo de atividades e conteuacutedos curriculares que
desenvolvessem valores e atitudes de cooperaccedilatildeo e que preparassem melhor
para a vida em vez de um curriacuteculo eminentemente informativo pouco
relevante ou compreensiacutevel para o alunado
Se os educadores em geral estatildeo alarmados com a indisciplina e a
violecircncia expliacutecita que existem na escola outra forma de violecircncia deve
despertar a atenccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo aquela que se apresenta
de forma velada por meio de um conjunto de comportamentos crueacuteis
intimidadores e repetitivos prolongadamente contra uma mesma viacutetima e cujo
40
poder destrutivo eacute perigoso agrave comunidade escolar e agrave sociedade como um
todo pelos danos causados ao psiquismo dos envolvidos (Fante 2005)
Um aspecto bastante preocupante na atualidade eacute que estamos diante
de uma sociedade na qual o elemento violecircncia em suas diferentes formas de
expressatildeo estaacute fazendo parte dos modelos identificatoacuterios como padratildeo de
conduta e forma de auto-afirmaccedilatildeo
Considerando que a auto-afirmaccedilatildeo eacute um componente necessaacuterio e
desejaacutevel no processo de desenvolvimento da identidade do adolescente
surge o alerta a respeito do risco para nossos jovens em processo de
construccedilatildeo da identidade no contexto atual pois observa-se em nossa cultura
uma perda do senso criacutetico na qual vivenciamos uma crise de valores onde
vem se perdendo a noccedilatildeo de limite entre o bem e o mal E assim a violecircncia
fiacutesica a baderna o vandalismo e a amoralidade se tornam meios de auto-
afirmaccedilatildeo incorporados ao cotidiano juvenil
Segundo Silva (1997) a questatildeo da violecircncia e as violaccedilotildees dos direitos
humanos no Brasil constituem-se em uma das maiores preocupaccedilotildees da
populaccedilatildeo das grandes cidades Entretanto aleacutem da violecircncia em si parece
tambeacutem bastante grave o fato de que as vaacuterias formas de violecircncia produzidas
no cotidiano da sociedade parecem natildeo mais indignar a populaccedilatildeo brasileira
se configurando uma banalizaccedilatildeo da proacutepria vida
Em estudo realizado por Silva (1997) sobre a violecircncia nas escolas ao
entrevistar alunos professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores da
escola um dado interessante a destacar foi que na visatildeo da maioria dos
entrevistados a sociedade estaacute corrompida nos seus valores eacuteticos e morais e
a escola tambeacutem eacute afetada por este tipo de corrupccedilatildeo
41
Os resultados deste estudo apontaram uma diferenccedila significativa entre
a forma como professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores percebem a
violecircncia e a forma como os alunos a vecircem principalmente nas questotildees que
permeiam as relaccedilotildees na escola ldquoPara os educadores a violecircncia se
evidencia de forma mais clara na relaccedilatildeo entre os alunos Estes eacute que satildeo
violentos e geralmente os educadores natildeo se percebem promovendo atitudes
de violecircncia para com os alunosrdquo (p 262) Eacute tambeacutem interessante que ao
falarem sobre a violecircncia no acircmbito escolar os alunos natildeo percebem como
violentas algumas atitudes desenvolvidas entre professor e aluno e entre
alunos como a falta de diaacutelogo e de companheirismo
Dados semelhantes apareceram em estudo realizado por Fernandes
(2006) citado por Galvatildeo et al (2010) Cotejando as respostas dos grupos
docente e discente Fernandes (2006) constatou que ambos divergiram sobre o
niacutevel de gravidade de situaccedilotildees como brigas entre alunos o professor
comparar alunos publicamente a praacutetica de atos de conotaccedilatildeo eroacutetica com os
colegas e os insultos em todos os casos envolvendo alunos entre si e
professores Os juiacutezos dos docentes tenderam a ser mais rigorosos embora
mais lenientes quanto a si mesmos e mais severos quando as violecircncias dos
alunos se dirigiam contra eles professores
22 Bullying
Um comportamento bem presente nas relaccedilotildees interpessoais entre os
estudantes o bullying invoca profissionais da educaccedilatildeo e mais
especificamente os docentes a atentarem para as repercussotildees deste
42
fenocircmeno para a comunidade escolar como um todo como tambeacutem para a
influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer docente
221 Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo
Bullying geralmente eacute definido como uma forma especiacutefica de agressatildeo
que eacute intencional repetida e envolve disparidade de poder entre viacutetimas e
perpretador Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) o bullying eacute um
comportamento intencional visando fazer mal e magoar algueacutem e se repete ao
longo do tempo (eg Chapell et al 2004 DeHaan 1997 Olweus 1994)
Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009) reconhecem a
ocorrecircncia de bullying em diferentes contextos incluindo a escola o ambiente
familiar as prisotildees e o ambiente de trabalho Segundo Salmivalli (2010) o
bullying tem sido estudado no local de trabalho (Bowling amp Beehr 2006
Nielsen Matthiesenamp Einarsen 2008) em prisotildees (Ireland 2005 Ireland
Archer amp Power 2007 South amp Wood 2006) e no ambiente militar (Ostvik amp
Rudmin 2001) Segundo Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009)
a maioria dos casos de bullying escolar ocorre no playground sala de aula ou
corredores A questatildeo de gecircnero foi investigada por Oliveira amp Votre (2006) ao
focalizarem a investigaccedilatildeo na praacutetica de bullying em aulas de educaccedilatildeo fiacutesica
De acordo com Wang Iannotti e Nansel (2009) o bullying escolar tem
sido identificado como um comportamento problemaacutetico entre adolescentes
afetando o rendimento escolar habilidades proacute-sociais e o bem-estar
psicoloacutegico de viacutetimas e perpetradores
O bullying pode assumir diferentes formas como o fiacutesico o verbal e o
relacional ou social Segundo Wang Iannotti amp Nansel (2009) o bullying fiacutesico
43
e o verbal geralmente satildeo considerados como uma forma direta de bullying
enquanto o relacional eacute visto como uma modalidade indireta associada agrave
exclusatildeo social e divulgaccedilatildeo de boatos depreciativos Estudos tecircm evidenciado
que meninos estatildeo mais envolvidos com bullying direto e meninas com bullying
indireto (Bjorkqvist 1994 Owens Shute amp Slee 2000) Com a idade haacute a
tendecircncia de passar do bullying fiacutesico ao indireto e relacional Os agressores
tendem a ser do sexo masculino mas os gecircneros se equiparam quanto a sofrer
bullying Enquanto os meninos praticam e sofrem mais bullying fiacutesico as
meninas estatildeo mais associadas a bullying indireto ou relacional De acordo
com Wang Iannotti e Nansel (2009) o cyber-bullying ou bullying eletrocircnico estaacute
emergindo como uma nova forma de bullying Este pode ser definido como
uma forma de agressatildeo que ocorre por meio de computadores pessoais (por
exemplo por meio de e-mails e mensagens instantacircneas) ou de telefones
celulares (por exemplo por meio de mensagens de texto) Kowalski e Limber
(2007) relataram que em uma amostra de 3767 estudantes de ensino meacutedio
nos EUA 22 estavam envolvidos em cyber-bullying sendo 4 como
perpetradores 11 como viacutetimas e 7 como ambos
Este fenocircmeno comportamental desperta interesse pois segundo Fante
(2005) envolve e vitimiza a crianccedila na mais tenra idade escolar tornando-a
refeacutem de ansiedade e de emoccedilotildees que interferem negativamente nos seus
processos de aprendizagem devido agrave excessiva mobilizaccedilatildeo de emoccedilotildees de
medo de anguacutestia e de raiva reprimida O bullying diz respeito a uma forma de
poder interpessoal atraveacutes da agressatildeo
Lopes Neto (2005) diz que por definiccedilatildeo bullying compreende todas as
atitudes agressivas intencionais e repetidas que ocorrem sem motivaccedilatildeo
44
evidente adotadas por um ou mais estudante contra outro(s) causando dor e
anguacutestia sendo executadas dentro de uma relaccedilatildeo desigual de poder
Os estudantes envolvidos em bullying podem ser identificados como
alvosviacutetimas autoresagressores ou espectadorestestemunhas de acordo
com sua atitude diante de situaccedilotildees de bullying Mas haacute tambeacutem um grupo que
ao mesmo tempo que satildeo agredidos agridem outras crianccedilas e satildeo chamados
de agressorviacutetima
As pesquisas sobre bullying realizadas em diferentes paiacuteses a partir da
deacutecada de 90 indicam que a prevalecircncia de estudantes vitimizados varia de 8
a 46 e de agressores de 5 a 30 No Brasil estudo desenvolvido pela
Associaccedilatildeo da Brasileira Multiprofissional de Proteccedilatildeo agrave Infacircncia e agrave
Adolescecircncia (ABRAPIA) apontou que 405 dos alunos admitiram estar
diretamente envolvidos em atos de bullying sendo 169 como alvos 127
como autores e 109 ora como alvos ora como autores (Lopes Neto 2005)
Antunes e Zuin (2008) argumentam que ldquoo bullying se aproxima do
conceito de preconceito principalmente quando se reflete sobre os fatores
sociais que determinam os grupos-alvo e sobre os indicativos da funccedilatildeo
psiacutequica para aqueles considerados como agressoresrdquo (paacuteg 36) E assim
defendem a anaacutelise socioloacutegica de estudos envolvendo violecircncia pois abordar
dados estatiacutesticos e o diagnoacutestico de sua ocorrecircncia eacute um risco no sentido de
mascarar os processos sociais inerentes a eles Eacute importante que toda situaccedilatildeo
de violecircncia incluindo o bullying seja estudada agrave luz das mediaccedilotildees sociais
que a determinam
Um outro aspecto a ser destacado eacute que nas situaccedilotildees de bullying
assim como em trotes universitaacuterios e em situaccedilotildees de asseacutedio moral no
45
trabalho ocorre a desqualificaccedilatildeo do outro e nesse processo manifestam-se
preconceitos que se transformam em armas para discriminar e segregar as
pessoas Entretanto haacute uma toleracircncia com relaccedilatildeo a estas praacuteticas Em
relaccedilatildeo ao bullying eacute comum se pensar que eacute algo passageiro algo relativo a
uma determinada faixa etaacuteria Mas estudo realizado nos EUA encontrou dados
que sugerem que o envolvimento em asseacutedio moral na vida adulta estaacute
relacionada a envolvimento em situaccedilotildees de bullying (Almeida e Queda 2007)
Existem diversos estudos sobre bullying em diferentes paiacuteses desde a
deacutecada de 90 Escolas em diferentes paiacuteses jaacute foram investigadas
demonstrando que o bullying tem sido amplamente discutido No Brasil
(Francisco amp Liboacuterio 2009 Mascarenhas 2006 Lopes Neto 2005 Fante
2003 2005 Tognetta 2008 2010) na Aacutefrica do Sul (Mestry Merwe amp Squelch
2006) na Holanda (Veenstra et al 2005) na Nova Zelacircndia (Carroll- Lind amp
Kearney 2004) na Irlanda do Norte (Collins McAleavy amp Adamson 2004) na
Costa Rica (Pizarro amp Jimeacutenez 2007) em Portugal (Matos amp Gonccedilalves 2009
Freire Simatildeo amp Ferreira 2006 Martins 2005 Pereira 2002) na Noruega
(Olweus 1991) na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) e Espanha (Ramiacuterez 2001)
Eacute bastante frequente estudos sobre bullying abordarem prioritariamente
aspectos quantitativos deste tipo de comportamento considerando a
frequumlecircncia com que ocorrem nas escolas e a distribuiccedilatildeo dos envolvidos em
diferentes formas de envolvimento como alvoviacutetima autoragressor ou
espectadortestemunha
Matos e Gonccedilalves (2009) indicam a variabilidade na prevalecircncia de
bullying escolar em diferentes paiacuteses Um estudo realizado na Austraacutelia
apontou cerca de 24 de agressores 13 de viacutetimas e 22 simultaneamente
46
viacutetimas e agressores (Forero McLellan Rissel amp Bauman 1999) Fekkes
Pijpers e Verloove-Vanhorick (2005) indicaram entre crianccedilas alematildes cerca de
16 de viacutetimas de bullying Em Portugal Matos et al (2003) encontraram
cerca de 20 de adolescentes viacutetimas de violecircncia e cerca de 20 de
agressores Aproximadamente 25 dos participantes se referiram como
viacutetimas e agressores Em estudo com amostra nacionalmente representativa de
adolescentes nos EUA Nansel et al (2001) relataram o envolvimento frequumlente
em bullying nos dois meses anteriores em 299 dos participantes sendo 13
de perpetradores 106 de viacutetimas e 63 de ambos Craig e Harel (2004)
em pesquisa envolvendo 35 paiacuteses encontraram a prevalecircncia meacutedia de
viacutetimas de 11 e 11 de agressores De acordo com Haynie et al 2001 e
Nansel et al (2001) 4 a 6 das podem ser classificadas como ambos
Haacute estudos que levantam dados de estudantes de diferentes paiacuteses
possibilitando comparaccedilotildees em contextos diferentes (Wolke et al 2001
Gaacutezquez et al 2005)
222 ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo de Bullying
Percebe-se nos estudos sobre bullying o interesse em identificar fatores
diferenciais considerando a forma como se daacute o envolvimento como
agressorautor como alvoviacutetima ou ainda como agressoralvo (Veenstra et al
2005 Carvalhosa Lima amp Matos 2001 Twemlow Sacco amp Williams 1996)
Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as pesquisas tecircm demonstrado um
certo protoacutetipo ou perfil de pessoas que oprimem e que satildeo oprimidas Aqueles
que oprimem necessitam de ter poder e de dominar gostam do controlar os
outros tecircm um sentimento positivo quanto agrave violecircncia e pouca empatia para
47
com as suas viacutetimas Geralmente tecircm alguma popularidade e satildeo
acompanhados por um pequeno grupo Os indiviacuteduos que se incluem neste
grupo tecircm falta de empatia e competecircncias para resolver problemas (Bullock
2002) Estes alunos tecircm maior probabilidade de beber aacutelcool e fumar cigarros
que as suas viacutetimas e apresentam menor ajustamento acadecircmico e escolar
Estes alunos geralmente satildeo mais altos fortes agressivos impulsivos e natildeo
cooperativos (Harris amp Petrie 2002) A questatildeo da auto-estima eacute controversa
Rigby e Slee (1995) defendem que esses indiviacuteduos natildeo tecircm baixa auto-
estima Para Tognetta e Vinha (2008 meninos e meninas que equacionando
suas experiecircncias com os outros se vecircem pequenos demais tendem a se
conformar e atribuir-se menos valor Ao mesmo tempo podem pelo mesmo
motivo fazer com que os outros se sintam tatildeo mal como eles proacuteprios se
sentem ou seja inferiorizaacute-los menosprezaacute-los para que o peso que
carregam consigo possa ser menor Para estas autoras os autores de bullying
natildeo conseguem uma dupla perspectiva de ver a si e ao outro Falta-lhes um
conteuacutedo eacutetico portanto o valor de si agregado ao valor do outro
Por sua vez as viacutetimas geralmente satildeo mais fracas tiacutemidas
introvertidas cautelosas sensiacuteveis quietas com menor auto-estima e com
poucos amigos Estes indiviacuteduos tambeacutem tinham alguma probabilidade de
fumar ingerir aacutelcool e ter desempenhos escolares baixos Quando natildeo existe
intervenccedilatildeo por parte dos adultos eles tendem a ser oprimidos repetidamente
correndo o risco de serem rejeitados entrar em depressatildeo e sofrem constante
ameaccedila agrave sua auto-estima (Bullock 2002) Haacute dois subgrupos de viacutetimas os
submissos ou passivos e os provocadores As viacutetimas passivas natildeo provocam
os seus colegas natildeo gostam de violecircncia tendem a ser mais fracos que outros
48
colegas e reagem chorando ou ficando tristes (Isenhagen amp Harris 2004) As
viacutetimas provocadoras (minoria) geralmente tecircm uma deficiecircncia na
aprendizagem e falta de competecircncias sociais que os torna insensiacuteveis a
outros estudantes Estes estudantes tendem a aborrecer os companheiros ateacute
que algueacutem lhes responda ou seja agressivo (Harris Petrie amp Willoughby
2002)
Aleacutem de identificar as diferenccedilas no posicionamento dos envolvidos em
bullying haacute estudos que abordam fatores preditivos de envolvimento em
situaccedilotildees de bullying (Francisco amp Liboacuterio 2009 Matos e Gonccedilalves 2009
Sweeting amp West 2001)
Fox amp Boulton (2005) desenvolveram estudo visando identificar de que
forma os proacuteprios estudantes seus pares e os professores avaliam as
habilidades sociais de colegas viacutetimas de bullying em comparaccedilatildeo com
estudantes natildeo identificados como viacutetimas de bullying Os trecircs diferentes
grupos percebem as viacutetimas de bullying com menos habilidades sociais dos
que as natildeo viacutetimas Estes resultados apresentam importantes implicaccedilotildees para
intervenccedilotildees que possam ajudar crianccedilas que apresentam maiores riscos de
serem viacutetimas de bullying pelos seus colegas
Conforme Fante (2003 2005) e Lopes Neto (2005) as viacutetimas de bullying
geralmente satildeo descritas como pouco sociaacuteveis inseguras com baixa auto-
estima quietas e que natildeo reagem efetivamente aos atos agressivos
De acordo com Lopes Neto (2005) Pizarro e Jimeacutenez (2007) e Ramiacuterez
(2001) as testemunhas natildeo participam diretamente em atos de bullying e
geralmente se calam receando tornarem-se viacutetimas O espectador assume
uma posiccedilatildeo de lsquofora de jogorsquo como se nada tivesse a ver com o problema pelo
49
medo de uma puniccedilatildeo da autoridade mas ao mesmo tempo ainda que de
maneira controlada tambeacutem zomba ou ri da crueldade feita a algueacutem natildeo
porque concorda com ela mas pelo temor de se tornar a proacutexima viacutetima e por
perceber que para manter uma boa imagem diante do grupo eacute melhor ldquoficar do
ladordquo dos mais fortes Eacute uma postura que demonstra ausecircncia de um
sentimento de indignaccedilatildeo que eacute proveniente de um lsquoestar sensiacutevelrsquo ao
sentimento do outro de uma espeacutecie de co-mover-se ao outro e sua ausecircncia
permita a esse espectador assumir um posicionamento contraacuterio agrave accedilotildees
injustas (Tognetta e Vinha 2008)
Causadores e viacutetimas de bullying precisam de ajuda Por um lado as
viacutetimas sofrem uma deterioraccedilatildeo da sua auto-estima e do seu auto-conceito
por outro os agressores sofrem grave deterioraccedilatildeo de sua escala de valores e
de seu desenvolvimento afetivo e moral Os autores de bullying tambeacutem
precisam de ajuda pois eacute importante inverter uma hierarquia de valores que
coloca a forccedila o poder a virilidade a intoleracircncia agrave diferenccedila como
privilegiados (Tognetta e Vinha 2010)
Estudo realizado na Aacutefrica do Sul focalizou no comportamento dos
espectadores visando propor estrateacutegias para reduzir ou eliminar o bullying nas
escolas (Mestry Merwe amp Squelch 2006)
Estudo realizado por Martins (2005) em Portugal aleacutem de obter dados
sobre a frequumlecircncia do bullying entre adolescentes e conhecer os
comportamentos mais frequumlentes nas diferentes formas de envolvimento em
bullying como alvoviacutetima autoragressor ou observador tambeacutem verificou se
fatores como gecircnero niacutevel de escolaridade e niacutevel socioeconocircmico estavam ou
natildeo associados ao envolvimento em bullying Os resultados apontam que o
50
comportamento mais frequumlente na praacutetica de bullying entre adolescentes
envolve a exclusatildeo social diferentemente de estudos com crianccedilas onde
aparece com mais frequumlecircncia a agressatildeo verbal Outro aspecto a ser
destacado refere-se ao fato que muitos adolescentes experimentam
simultaneamente a condiccedilatildeo de viacutetimas de agressores e de observadores Natildeo
se verificou nenhuma relaccedilatildeo entre o niacutevel socioeconocircmico e a praacutetica de
bullying e em relaccedilatildeo agrave escolaridade verificou-se uma tendecircncia para a
diminuiccedilatildeo da vitimizaccedilatildeo o que se explica a partir do desenvolvimento de
competecircncias sociais na adolescecircncia favorecendo o uso de estrateacutegias para
enfrentar as situaccedilotildees de bullying
Quanto aos fatores de risco individuais alunos oriundos de minorias
eacutetnicas geralmente sofrem mais agressotildees verbais racistas (embora natildeo
necessariamente outras formas de bullying) que alunos de maiorias eacutetnicas
(Monks Ortega-Ruiz amp Rodriacuteguez-Hidalgo 2008) Na escola secundaacuteria os
alunos podem sofrer bullying devido agrave sua orientaccedilatildeo sexual Neste caso
podem chegar a ser agredidos fisicamente ou ridicularizados por professores
ou outros estudantes Conforme Warwick Chase Aggleton e Sanders (2004) a
porcentagem de estudantes atraiacutedos pelo mesmo sexo nas escolas
secundaacuterias no Reino Unido que sofreram bullying homofoacutebico varia em torno
de 30 a 50
Ao lado dos fatores de risco Wang Iannotti e Nansel (2009) apontam os
fatores de proteccedilatildeo relacionados principalmente a pais e amigos Praacuteticas
parentais positivas como apoio parental podem proteger os adolescentes de
envolvimento tanto como agressores (Bowers Smith amp Binney 1994) ou
viacutetimas (Haynie Nansel Eitel et al 2001) Comparados com pais os amigos
51
parecem desempenhar uma papel mais diversificado A amizade tem sido
indicada como fator de proteccedilatildeo contra os efeitos do bullying de modo que ter
mais amigos relaciona-se negativamente agrave vitimizaccedilatildeo (Hodges Boivin Vitaro
amp Bukowski 1999)
223 Consequumlecircncias do Bullying
Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as consequumlecircncias do bullying
atingem opressores e viacutetimas podendo ter efeitos em longo prazo (Williams
Chambers Logan amp Robinson 1996) Para os agressores podem surgir
problemas no desenvolvimento e manutenccedilatildeo de relaccedilotildees positivas (Bullock
2002) aleacutem de maior tendecircncia para comportamentos de risco como consumo
de tabaco (KingWold Tudor-Smith amp Harel 1996) de aacutelcool (Due Holstein amp
Jorgeensen 1999 King et al 1996) e de drogas (DeHaan 1997) aleacutem de
baixo desempenho escolar (Due Holstein amp Jorgeensen 1999) Para as
viacutetimas as consequumlecircncias variam do isolamento sintomas fiacutesicos ou
psicossomaacuteticos tristeza ansiedade depressatildeo ou distanciamento quanto a
assuntos da escola ideaccedilatildeo de suiciacutedio e ateacute suiciacutedio (Young amp Sweeting
2004) Alunos oprimidos abandonam mais facilmente a escola seu rendimento
escolar pode baixar e podem tornar-se mais tarde novos opressores
(Isernhagen amp Harris 2004) As viacutetimas de bullying apresentam mais sintomas
de doenccedila psicoloacutegica (como depressatildeo e ansiedade) e doenccedila fiacutesica (como
dores de cabeccedila e dores abdominais) (Bond Carlin Thomas Rubin amp Patton
2001 King et al 1996 Rigby 1999 Salmon James amp Smith 1998 Williams
Chambers Logan amp Robinson 1996)
52
A experiecircncia de ser alvo de bullying estaacute correlacionada com
ansiedade depressatildeo e baixa auto-estima (Hawker amp Boulton 2000) Achados
de baixa auto-estima em relaccedilatildeo a bullying estatildeo diretamente relacionados a
comportamento anti-social (OMoore 2000)
O bullying constitui um seacuterio risco para o ajustamento psicossocial e
acadecircmico para as viacutetimas (Erath Flanagan amp Bierman 2008 Hawker amp
Boulton 2000 Isaacs Hodges amp Salmivalli 2008 Olweus 1994 Salmivalli amp
Isaacs 2005) e agressores (Kaltiala-Heino Rimpelauml Rantanen amp Rimpelauml
2000 Nansel et al 2004) Mesmo testemunhar atos de bullying pode ser uma
influecircncia negativa (Nishina amp Juvonen 2005) Estudantes que presenciaram
comportamentos opressores acabaram se tornando opressores tambeacutem
(Chapell et al 2004) Se os colegas ganham respeito por intermeacutedio de
comportamentos agressivos entatildeo alguns alunos adotam este tipo de
comportamento para chamar a atenccedilatildeo e defender-se (Warren Schoppelrey
Moberg amp McDonald 2005)
Outros estudos ainda se concentram na anaacutelise nas consequumlecircncias para
as crianccedilas do envolvimento em situaccedilotildees de bullying considerando os efeitos
em curto e longo prazos focalizando aspectos psicoloacutegicos sociais e prejuiacutezos
escolares (Eisenberg amp Aalsma 2005 Rigby 2003)
224 Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de Bullying
Segundo Monks et al (2009) as estrateacutegias contra a manifestaccedilatildeo de
bullying geralmente satildeo abordadas em trecircs niacuteveis as estrateacutegias individuais as
estrateacutegias dos grupos de pares e as estrateacutegias da escola
53
As estrateacutegias de enfrentamento individuais variam de acordo com a
idade e o gecircnero Formas natildeo assertivas de enfrentamento (como chorar) tecircm-
se mostrado menos eficientes que ignorar o agressor ou buscar ajuda A
maioria dos alunos que sofre bullying natildeo revela o fato a professores ou
familiares (Naylor Cowie amp del Rey 2001)
Um segundo grupo satildeo as accedilotildees dos pares contra o bullying Smith e
Watson (2004) encontraram o companheirismo de pares e amigos na escola
primaacuteria e a orientaccedilatildeo ou aconselhamento de pares na escola secundaacuteria
Finalmente haacute diversas estrateacutegias utilizadas pelas escolas contra o
bullying Intervenccedilotildees monitoradas se restringem a uma escola em particular a
amplos projetos educacionais Smith Pepler e Rigby (2004) sugerem que estes
tecircm efeitos limitados variando entre aproximadamente zero ateacute um maacuteximo de
cerca de 50 de reduccedilatildeo nas taxas de prevalecircncia de bullying Em certos
casos os resultados tecircm sido levemente negativos A maioria dos programas
tem reduzido a prevalecircncia de bullying entre 10 e 20 Segundo Monks et al
(2009) haacute controveacutersias quanto agrave efetividade de programas para a escola toda
(Woods amp Wolke 2003) assim quanto aos efeitos do uso de sanccedilotildees mais ou
menos diretas contra estudantes que praticam o bullying (Smith Howard amp
Thompson 2007) ou se as estrateacutegias mais efetivas satildeo especificamente
direcionadas ao bullying ao clima das classes ou nas relaccedilotildees aluno-aluno ou
aluno-professor (Galloway amp Roland 2004)
Para Aquino (2002) o manejo dos conflitos escolares eacute prerrogativa dos
educadores No caso do fenocircmeno bullying existem estrateacutegias em estudo que
apontam eficaacutecia na diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia Estrateacutegias estas que
envolvem toda a comunidade escolar (Beaudoin 2006 Costantini 2004)
54
Muitos estudos que tem o fenocircmeno bullying como objeto de
investigaccedilatildeo concentram seu interesse exatamente nas estrateacutegias de
intervenccedilatildeo (Greene 2006 Gini 2004 Orpinas Horne amp Staniszewski 2003
Stevens Bourdeaudhuij amp Van Oost 2001 Carney amp Merrell 2001 Young
1998)
Um estudo desenvolvido por Tamar (2008) no Chile teve como objetivo
conhecer as estrateacutegias utilizadas pelos professores diante de situaccedilotildees de
conflitos e maus tratos entre estudantes Algumas caracteriacutesticas dos
professores interferem na forma como atuam diante de casos de conflitos entre
estudantes Verificou-se que a experiecircncia a formaccedilatildeo e experiecircncia em
coordenaccedilatildeo satildeo aspectos favoraacuteveis para uma atuaccedilatildeo com mais firmeza
paciecircncia e compreensatildeo favorecendo o uso de estrateacutegias que promovem
climas escolares mais positivos e construtivos sendo percebido ainda com
efeitos mais duradouros Satildeo estrateacutegias que envolvem natildeo apenas os alunos
envolvidos mas ampliam a discussatildeo para todo o grupo tornando-os capazes
de reconhecer as consequumlecircncias negativas de suas accedilotildees tanto a niacutevel
individual como para todo o grupo bem como possibilitam reconstruir o
significado das suas accedilotildees Assim accedilotildees impulsivas marcadas por indiferenccedila
e intoleracircncia promovem respostas mais violentas dos alunos tornando a
convivecircncia escolar cada vez mais difiacutecil
O estudo realizado por Egbochuku (2007) na Nigeacuteria abordou tambeacutem
as estrateacutegias para impedirdiminuir a praacutetica de bullying E para o autor
merece destaque algumas estrateacutegias apontadas pelos alunos como
importantes pois indicam a importacircncia que as regras e regulamentaccedilotildees
sejam convenientemente executadas sugerindo que os estudantes desejam
55
maior rigor das figuras de autoridade na escola Outra necessidade apontada
pelos estudantes neste estudo foi a importacircncia das viacutetimas de bullying
revelarem para algueacutem o que estaacute ocorrendo assim como qualquer pessoa
que tenha presenciado situaccedilatildeo de bullying pois ao terem medo de revelar
contribuem para a continuidade das agressotildees
Tognetta e Vinha (2008 2010) defendem que eacute preciso um trabalho com
as imagens que os estudantes fazem de si mesmos Trata-se de algo anterior
agraves relaccedilotildees interpessoais um olhar agraves relaccedilotildees intrapessoais Os projetos de
intervenccedilatildeo ao bullying precisam garantir que crianccedilas e adolescentes ndash tanto
protagonistas como espectadores ndash possam construir identidades autocircnomas
que consigam gostar de si para gostar dos outros no seu sentido moral eacute pela
construccedilatildeo do respeito a si que eacute possiacutevel construir o respeito a outrem Para
estas autoras propostas que insistem apenas no estabelecimento de regras
pautadas em deveres e obrigaccedilotildees pouco poderatildeo favorecer ao
desenvolvimento de relaccedilotildees mais eacuteticas
56
CAPIacuteTULO III
3 BULLYING E RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO
31 Bullying e dinacircmica escolar
Considerando a grande ocorrecircncia de situaccedilotildees de bullying na escola eacute
importante analisar estudos que apontam dados referentes a aspectos
pertinentes agrave dinacircmica escolar envolvendo especificidades da praacutetica de
bullying no contexto escolar a relaccedilatildeo com o desempenho dos alunos como
tambeacutem o papel do professor
Estudo desenvolvido por Woods amp Wolke (2004) investigou a associaccedilatildeo
entre envolvimento em situaccedilatildeo de bullying e desempenho escolar com
crianccedilas entre 6 e 9 anos Os resultados natildeo apoacuteiam a suspeita de que baixo
desempenho e frustraccedilatildeo na escola levem a envolvimento em situaccedilotildees de
bullying De modo contraacuterio verificou-se que agressores que atuam em
relacional bullying que envolve prejuiacutezo aos relacionamentos levando a
exclusatildeo social com frequumlecircncia tem desempenho escolar na meacutedia ou ateacute
acima da meacutedia
Estudo realizado na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) abordou diversos
aspectos sobre incidentes de bullying como frequumlecircncia local idade gecircnero
tipos de bullying e comparou os resultados em escolas puacuteblicas e privadas Um
aspecto a ser destacado eacute que eacute mais comum o incidente de bullying ocorrer
na sala de aula nas escolas puacuteblicas do que nas escolas privadas onde os
alunos revelam ser o paacutetio ou outros espaccedilos da escola (diferentes da sala de
aula) o local mais vulneraacutevel a esta praacutetica Este estudo abordou ainda quem eacute
o agressor sendo revelado que para grande maioria (74) o agressor eacute mais
57
velho ndash aluno de seacuteries mais avanccediladas Interessante este dado pois explica
porque comumente a sala de aula natildeo aparece com tanto destaque na
ocorrecircncia de bullying
Estudo realizado no Brasil explanado por Lopes Neto (2005) tambeacutem
indicou que aqui os estudantes identificam a sala de aula como o local de maior
incidecircncia desse tipo de violecircncia
Um outro estudo (Zindi 1994) citado por Egbochuku (2007) realizado
em coleacutegios internos (residecircncias) o dormitoacuterio foi o local mais apontado para
situaccedilotildees de bullying e a sala de aula tido como o espaccedilo de menor
ocorrecircncia
Na Nova Zelacircndia os estudantes afirmam que bullying ocorre em locais
onde natildeo haacute professor ocorrendo na sala de apenas na sua ausecircncia (Carroll-
Lind e Kearney 2004)
Para Mascarenhas (2006) a gestatildeo sistemaacutetica do bullying e da
indisciplina em ambientes educativos como uma atividade prioritaacuteria e de
rotina institucional sob a co-responsabilidade de toda a equipe educativa e
lideranccedilas estudantis pode afetar positivamente e determinar a melhoria na
qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes e de sua sauacutede
emocional Quanto agrave sauacutede emocional e o bem-estar de alunos e professores
Palaacutecios e Rego (2006) analisaram a literatura apontando a importacircncia de ser
considerar a relaccedilatildeo entre professores e alunos no bullying
Situaccedilotildees de bullying satildeo consideradas pelos educadores
erroneamente e por que natildeo irresponsavelmente como natural da idade ou
como uma brincadeira E assim satildeo ignorados colaborando para a
perpetuaccedilatildeo da agressatildeo Em estudo realizado no Brasil Lopes
58
Neto (2005) destaca que a maioria ndash 518 - dos alunos autores de bullying
afirmaram que nunca receberam nenhum tipo de orientaccedilatildeo ou advertecircncia
quanto agrave incorreccedilatildeo de seus atos
A escola se preocupa demasiadamente com as situaccedilotildees de indisciplina
enquanto as situaccedilotildees de violecircncia tatildeo frequente entre os pares o bullying natildeo
tem recebido dos educadores a mesma atenccedilatildeo Talvez por conceberem que
os problemas das crianccedilas natildeo satildeo tatildeo relevantes (Tognetta 2010)
Martins (2005) explorou as percepccedilotildees dos adolescentes sobre as
atitudes de alunos e de professores diante de situaccedilotildees de bullying e aspectos
referentes ao relacionamento dos adolescentes com colegas e com
professores Quanto aos relacionamentos com colegas e professores os
agressores satildeo os que se sentem pior com a aprendizagem e com os
professores A maioria dos adolescentes considera que os professores se
preocupam com a praacutetica de bullying mas que nem sempre sabem como agir
Estudo de Chang (2003) investiga a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e
comportamentos dos professores e o comportamento agressivo retraiacutedo e de
lideranccedila nos estudantes Os resultados apontam que o comportamento do
professor desaprovando comportamentos agressivos dos alunos e apoiando
crianccedilas com comportamentos retraiacutedos ao mesmo tempo em que influencia a
auto avaliaccedilatildeo destes alunos provoca rejeiccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas
agressivas mas natildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas retraiacutedas Comportamentos de
lideranccedilas natildeo tiveram impacto do comportamento de entusiasmo do professor
Em estudo desenvolvido por Tognetta e Vinha (2010) com alunos de
escolas puacuteblicas e particulares brasileiras aleacutem de diagnosticar o bullying
como um problema seacuterio que atinge crianccedilas e adolescentes as autoras
59
apresentam como resultado que os alunos referiram-se a situaccedilotildees que
tambeacutem foram humilhados ameaccedilados zombados por seus professores
A partir do exposto o presente estudo visa a ampliar o conhecimento do
fenocircmeno bullying destacando a inclusatildeo da relaccedilatildeo professoraluno como
eixo de anaacutelise da questatildeo levantada Se a sala de aula eacute cenaacuterio propiacutecio para
a ocorrecircncia de bullying eacute fundamental focalizar nas relaccedilotildees existentes na
sala de aula de forma a ampliarmos a compreensatildeo dos fatores que satildeo
responsaacuteveis pela sua ocorrecircncia
A sala de aula diferentemente do recreio eacute cenaacuterio de intensas relaccedilotildees
que permeiam o processo de aprendizagem O espaccedilo destinado agraves aulas a
sala promove outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que
satildeo ignorados e infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo
professoraluno O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos
escolares Como o aluno percebe o comportamento do professor e seu
envolvimento nestes conflitos Como o professor contribui sem perceber para o
fenocircmeno bullying ldquoA violecircncia eacute tatildeo velada que natildeo pensamos que as formas
de atuaccedilatildeo de um professor tambeacutem podem levar as crianccedilas a serem alvos e
autores de bullying ainda que indiretamenterdquo (Tognetta 2010 p 93)
Estas questotildees colocadas se apoacuteiam na suspeita do intenso poder do
professor a partir do momento que este souber valorizar e respeitar as relaccedilotildees
interpessoais na escola abrindo espaccedilo para a afetividade como elemento da
accedilatildeo docente que natildeo se esgota nos conteuacutedos
60
32 Justificativa e Objetivos
O bullying eacute um fenocircmeno que tem se agravado nos uacuteltimos anos
afetando os relacionamentos entre alunos nas instituiccedilotildees de ensino Apesar
de um grande nuacutemero de investigaccedilotildees sobre sua ocorrecircncia e consequumlecircncias
o papel do relacionamento entre professor e aluno ainda eacute pouco conhecido em
relaccedilatildeo agrave praacutetica de bullying Conhecer como os alunos de ensino fundamental
percebem suas relaccedilotildees com professores e investigar se estas estatildeo
relacionadas agrave praacutetica de bullying na escola representa um problema de
investigaccedilatildeo com repercussotildees sociais e educacionais
A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um dos aspectos mais importantes no
mundo da escola Desta forma o objetivo deste estudo foi investigar possiacuteveis
interseccedilotildees entre o relacionamento professor-aluno e o envolvimento em
situaccedilotildees de bullying
O objetivo geral foi investigar o papel da relaccedilatildeo professor-aluno na
ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Como objetivos especiacuteficos
esta pesquisa buscou (a) investigar se os estudantes associam a praacutetica de
bullying como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar (b) investigar
se haacute o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying e de que
forma se daacute este envolvimento como alvoviacutetimas autoresagressores ou
espectadorestestemunhas (c) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-
aluno (d) identificar possiacuteveis correlaccedilotildees entre diferentes aspectos do
relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying
61
CAPIacuteTULO IV
4 MEacuteTODO
Neste estudo foi adotada uma abordagem metodoloacutegica qualitativa
quantitativa para possibilitar articulaccedilatildeo entre dados de naturezas diferentes e
consequentemente a ampliaccedilatildeo da investigaccedilatildeo acerca do objeto de estudo
em relaccedilatildeo aos estudos jaacute realizados
41 Participantes
Participaram do estudo 124 estudantes do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino
Fundamental de trecircs escolas da rede particular da cidade de Recife (PE)1
sendo 35 estudantes da escola A 17 da escola B e 72 da escola C2 O
processo para escolha das escolas foi por conveniecircncia garantindo que
fossem escolas localizadas em bairros distintos e de grande porte que
atendessem turmas da Educaccedilatildeo Infantil ao Ensino Meacutedio A opccedilatildeo por alunos
do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino Fundamental deu-se em funccedilatildeo da idade pois
os estudos mostram maior incidecircncia do bullying entre estudantes no iniacutecio da
adolescecircncia (1213 anos)
1 A coleta de dados ocorreu em Recife em virtude da possibilidade de contar com a participaccedilatildeo de
alunos de diferentes escolas mantendo o anonimato dos participantes e da facilidade de deslocamento da pesquisadora 2 A diferenccedila no nuacutemero de alunos foi devido a dificuldades com o Termo de Consentimento que tinha
que ser autorizado pelos pais e tambeacutem a coincidecircncia da data agendada para a coleta com atividades avaliativas na escola B
62
Para participar o estudante tinha que cursar a seacuterie selecionada para o
estudo aceitar participar da pesquisa3 e apresentar Termo de Consentimento
com a autorizaccedilatildeo dos responsaacuteveis
42 Procedimentos para coleta de dados
Inicialmente houve um contato com as escolas para apresentaccedilatildeo da
siacutentese do estudo a ser realizado agrave comunidade escolar e para garantir o
cumprimento do tracircmite eacutetico exigido para realizaccedilatildeo de pesquisa com
estudantes menores de idade Apoacutes a escola assinar o Termo de
Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa (Anexo 1) foram marcadas as
datas para coleta de dados de acordo com a conveniecircncia da escola e
disponibilizada coacutepias do Termo de Consentimento para Participaccedilatildeo na
Pesquisa (Anexo 2) para serem enviados aos pais e recolhidos pela escola
Em dia imediatamente anterior a data agendada para a coleta de dados
a pesquisadora compareceu agrave escola recolheu as autorizaccedilotildees jaacute devolvidas e
realizou o convite a todos os alunos para a participaccedilatildeo da pesquisa Neste
contato a pesquisadora expocircs em todas as turmas do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do
Ensino Fundamental o teor do estudo as tarefas a ser realizadas a
importacircncia da autorizaccedilatildeo dos pais assim como todo o procedimento para
garantir o anonimato dos participantes Novamente foram disponibilizados
Termos de Consentimento para Participaccedilatildeo na Pesquisa para que os alunos
interessados em colaborar pudessem obter a autorizaccedilatildeo dos pais
3 Em virtude de jaacute serem adolescentes foi solicitado a cada participante que declarasse estar ciente e de
acordo com as informaccedilotildees fornecidas atraveacutes de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
63
Os dados foram coletados durante o horaacuterio de aulas regulares dos
alunos em sala previamente organizada pela escola com a presenccedila apenas
da pesquisadora e dos participantes Foi necessaacuteria a colaboraccedilatildeo de
funcionaacuterios das escolas para viabilizar a saiacuteda dos alunos das salas de aulas
com o consentimento dos professores e o deslocamento dos alunos ateacute o
espaccedilo onde ocorria a coleta mas em nenhum momento houve participaccedilatildeo de
qualquer pessoa da escola durante a coleta propriamente dita
A coleta de dados ocorreu apoacutes recolhimento da autorizaccedilatildeo dos pais e
solicitaccedilatildeo para que o proacuteprio participante lesse e assinasse o Termo de
Consentimento (Anexo 3)
Foram utilizados dois instrumentos de pesquisa uma redaccedilatildeo e um
questionaacuterio com questotildees fechadas Inicialmente os participantes produziam
uma redaccedilatildeo e em seguida preenchiam o questionaacuterio realizando
individualmente as duas atividades
Ao finalizar e entregar a produccedilatildeo escrita a folha era identificada atraveacutes
de uma etiqueta obtendo uma letra (A B ou C indicando a escola) e um
nuacutemero (indicando o nuacutemero de participantes)4 e outra etiqueta com esta
mesma identificaccedilatildeo era colocada no questionaacuterio que imediatamente era
entregue para preenchimento Este procedimento tinha como objetivo apenas
possibilitar a identificaccedilatildeo de que aquela determinada redaccedilatildeo e aquele
questionaacuterio especificamente eram do mesmo participante sem nenhum dado
4 Os participantes satildeo identificados da seguinte forma A1 a A35 ndash escola A B36 a B52 ndash escola B C59 a
C130 ndash escola C Natildeo existem participantes com numeraccedilatildeo entre 53 e 58 pois correspondem a alunos
da escola B que tiveram autorizaccedilatildeo dos pais e que natildeo participaram da coleta
64
a mais que possibilitasse identificar quem era o participante5 O preenchimento
do questionaacuterio ocorreu imediatamente apoacutes a realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo e natildeo
houve limite de tempo para finalizaccedilatildeo das atividades
Todos os procedimentos para a coleta de dados foram de
responsabilidade da pesquisadora e ocorreram entre os meses de Agosto a
Novembro de 2011 Optou-se pela realizaccedilatildeo da coleta de dados ao longo do
segundo semestre letivo de forma a garantir relacionamentos mais
estabelecidos tanto dos participantes com seus pares como com os
professores
43 Instrumentos de Pesquisa
431 A Redaccedilatildeo
O tema proposto para realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo foi ldquoViolecircncia escolarrdquo e os
participantes deveriam escrever individualmente um texto entre 15 e 25 linhas
em folha pautada em branco entregue no iniacutecio da coleta pela pesquisadora
sem nenhuma identificaccedilatildeo sobre os participantes
432 O Questionaacuterio
O questionaacuterio buscou investigar diferentes aspectos do envolvimento do
aluno com alguma forma de bullying e como os adolescentes percebem o
relacionamento interpessoal professor-aluno e a relaccedilatildeo entre o
5 Com a exigecircncia para autorizaccedilatildeo dos pais a coleta de dados ocorreu em nuacutemero bem menor do que
estava previsto sendo realizada em pequenos grupos o que inviabilizou a indicaccedilatildeo do sexo e da idade
de cada participante visto que poderia possibilitar a identificaccedilatildeo do participante Isto inviabilizou que
tais dados fossem considerados na anaacutelise jaacute que estudos apontam diferenccedilas no envolvimento em
bullying entre meninos e meninas e tambeacutem com o aumento da idade
65
comportamento do professor e as situaccedilotildees de conflitos entre alunos Foi
construiacutedo com base no roteiro de entrevista utilizado por Wolke et al (2001) e
assim como no estudo citado neste questionaacuterio em nenhum momento o termo
bullying foi utilizado Este instrumento encontra-se em anexo (Anexo 4)
O questionaacuterio foi organizado em cinco partes variando o nuacutemero de
questotildees em cada parte A primeira parte era referente ao relacionamento do
participante com seus pares e era idecircntica em todos os questionaacuterios As
demais partes eram referentes ao relacionamento do participante com dois de
seus professores ndash um com quem considerava ter Bom Relacionamento e outro
que o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil Em nenhum momento
era necessaacuterio que o aluno indicasse qualquer informaccedilatildeo sobre o professor
que viabilizasse a identificaccedilatildeo do mesmo
Em metade dos questionaacuterios aplicados em cada escola apoacutes a primeira
parte os alunos respondiam inicialmente sobre um professor que considerara
ter Bom Relacionamento (segunda e terceira partes) e em seguida respondiam
sobre o professor que considerara ter um Relacionamento Difiacuteci(quarta e quinta
partes) E na outra metade dos questionaacuterios apoacutes a primeira parte os alunos
respondiam de iniacutecio sobre um professor que considerara ter um
Relacionamento Difiacutecil (segunda e terceira partes) e posteriormente
respondiam sobre o professor que considerara ter Bom Relacionamento(quarta
e quinta partes) Esta variaccedilatildeo teve por objetivo eliminar o efeito da ordem do
preenchimento do questionaacuterio garantindo que metade dos participantes
considerassem primeiro um professor com Bom Relacionamento e em seguida
um professor com Relacionamento Difiacutecil enquanto os demais iniciassem
66
considerando um professor com Relacionamento Difiacutecil para em seguida
considerar um professor com Bom Relacionamento
Para todas as questotildees as possibilidades de respostas eram as
mesmas e avaliavam a frequumlecircncia do acontecimento investigado ao longo do
ano letivo em curso As possibilidades de respostas eram Natildeo nenhuma vez
Sim apenas uma vez Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com
frequumlecircncia Nas instruccedilotildees iniciais do questionaacuterio era indicado que o
participante considerasse a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos
investigados Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso
Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs Com frequumlecircncia toda
semana (ou quase toda semana) Estes itens apresentados para respostas
foram elaborados com base em estudos que investigaram a frequecircncia de
acontecimentos relacionados ao bullying (Carvalhosa et al 2001 Wolke et al
2001)
A primeira parte do questionaacuterio buscou investigar o envolvimento do
aluno em situaccedilotildees de bullying assim como a frequumlecircncia deste envolvimento
considerando o relacionamento dele com os colegas identificando se o mesmo
ao longo do ano letivo em curso (a) agrediu fisicamente algum colega por
qualquer motivo (b) agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo (c)
provocou ou zombou de algum colega (d) impediu a participaccedilatildeo de algum
colega em alguma atividade com outros colegas da escola (trabalhos em
grupo festas atividades esportivas etc) (e) sofreu agressatildeo fiacutesica de algum
colega (f) sofreu agressatildeo verbal de algum colega (g) sofreu provocaccedilotildees
continuadas de algum colega (h) sofreu exclusatildeo ao demonstrar interesse em
participar de alguma atividade com os colegas da escola (trabalhos em grupo
67
festas atividades esportivas etc) (i) presenciou um colega ou amigo sofrer
agressatildeo fiacutesica de outro colega (j) presenciou um colega ou amigo sofrer
agressatildeo verbal de outro colega (k) presenciou um colega sofrer provocaccedilotildees
continuadas de outro colega (l) percebeu que algum colega foi excluiacutedo
mesmo estando interessado em participar de alguma atividade com os colegas
da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
A parte referente agrave relaccedilatildeo do participante com o professor investigou
inicialmente (segunda e quarta partes) a percepccedilatildeo do aluno quanto a seu
relacionamento com o professor considerando aspectos relativos ao
desenvolvimento das aulas e quanto a eventos associados ao bullying
abordando atitudes tais como (a) elogios ao aluno publicamente (b) atenccedilatildeo
aos comentaacuterios e perguntas do aluno ao longo da aula (c) interesse nas
atividades realizadas pelo aluno (d) solicitaccedilatildeo ao aluno de participaccedilatildeo ao
longo da aula (solicitar exemplos respostas encontradas nas atividades
duacutevidas comentaacuterios etc) (e) apoio recebido (quanto apoio recebe desse
professor) (f) indiferenccedila a seu comportamento na sala (g) exposiccedilatildeo do aluno
a situaccedilatildeo constrangedora na sala (h) descrenccedila em relaccedilatildeo a algo referente
ao aluno (afirmar que sabe que o aluno natildeo fez a tarefa duvidar da realizaccedilatildeo
de alguma atividade ou de algum resultado) (i) encaminhamento para a equipe
da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo (j) solicitaccedilatildeo para se retirar da sala
durante a aula (k) exposiccedilatildeo do aluno a ameaccedilas diversas (de ser reprovado
de convidar os pais na escola de suspender das suas aulas) (l) realizaccedilatildeo de
comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada pelo aluno (na
aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no
relacionamento com outros professores) (m) entrar em conflito com o aluno
68
(discutir gritar agredir) (n) provocar ou incentivar o conflito entre o aluno e os
colegas (o) ser omisso em relaccedilatildeo a conflitos do aluno com colegas (p) tomar
partido nos conflitos do aluno (q) buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de
conflitos do aluno com colegas (r) manter clima de natildeo-violecircncia entre o aluno
e seus colegas (s) incentivar a compreensatildeo toleracircncia e amizade do aluno
com colegas
A parte seguinte (terceira e quinta partes) ainda sobre o relacionamento
professor-aluno investigou alguns aspectos do relacionamento do professor
com seus colegas de turma em geral quanto a pontos relacionados agrave praacutetica
de bullying como segue (a) entrar em conflito com os alunos (discutir gritar
agredir) (b) provocar ou incentivar o conflito entre os alunos (c) ser omisso em
relaccedilatildeo a conflitos entre alunos (d) tomar partido nos conflitos entre alunos (e)
buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos entre alunos quando surgem (f)
manter clima de natildeo-violecircncia entre os alunos (g) criar e manter clima de
competitividade e agressividade entre os alunos (h) negar possibilidade de
envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos (i) incentivar a
compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
Em todos os questionaacuterios a quarta e a quinta partes tinham as mesmas
perguntas da segunda e terceira partes na mesma ordem variando apenas a
que professor os participantes estavam se referindo Bom Relacionamento ou
Relacionamento Difiacutecil
69
44 Procedimentos para anaacutelise de dados
Os dados das redaccedilotildees foram examinados qualitativamente de acordo
com a Anaacutelise do Conteuacutedo proposta por Bardin (2004) que consiste em
articular os momentos de descriccedilatildeo inferecircncia e interpretaccedilatildeo implicando na
apresentaccedilatildeo da significaccedilatildeo do conteuacutedo expresso em forma de categorias
Para a anaacutelise de conteuacutedo considerou-se o tema como unidade de
significaccedilatildeo tratando-se portanto de anaacutelise temaacutetica Os temas presentes nas
redaccedilotildees foram organizados em categorias visando fornecer uma
representaccedilatildeo simplificada do conteuacutedo A categorizaccedilatildeo foi realizada a partir
dos temas presentes nas redaccedilotildees sem a definiccedilatildeo preacutevia de qualquer sistema
de categorizaccedilatildeo
A tabulaccedilatildeo das respostas do questionaacuterio e as Estatiacutesticas Descritivas
foram realizadas por meio do SPSS (Social Package for the Social Science)
Em seguida procedeu-se uma anaacutelise da adequaccedilatildeo dos dados para a
realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial a partir de anaacutelise de componentes principais
sendo realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward
E por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os aspectos investigados
Os resultados foram discutidos agrave luz dos estudos sobre o
relacionamento professor-aluno e bullying tendo a obra de Robert Hinde como
referencial teoacuterico para a organizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos dados
45 Aspectos Eacuteticos
Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiu rigorosamente os
criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas
70
com seres humanos - Resoluccedilatildeo Nordm 196 de 10 de Outubro de 1996 Resoluccedilatildeo
CFP Nordm 0162000 de 20 de Dezembro de 20006 Este trabalho foi submetido e
aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica e Deontologia em Estudos e Pesquisas
(CEDEP) da Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco (UNIVASF)
Foram preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos
participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados
para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees
cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes Visando
garantir este anonimato em nenhum momento seraacute divulgado o nome da
escola que participou desta pesquisa
6 Disponiacuteveis em httpwwwgraduacaounivasfedubrcedeppg=paginas|pagina04-html
71
CAPIacuteTULO V
5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
51 Anaacutelise das Redaccedilotildees
A anaacutelise das redaccedilotildees de estudantes de Recife sobre o tema ldquoViolecircncia
Escolarrdquo permite compreender como esses alunos convivem com o fenocircmeno
como entendem sua dinacircmica como reagem a ele e por fim como visualizam
formas de superaacute-lo A partir da leitura das redaccedilotildees foi proposta uma
organizaccedilatildeo dos dados de modo a refletir a diversidade e a complexidade
presente na abordagem do tema em questatildeo Os dados foram organizados e
estatildeo apresentados nos seguintes temas
Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante
A Violecircncia como parte do cotidiano
Violecircncia escolar e bullying
A Dinacircmica da violecircncia
As Raiacutezes da Violecircncia Escolar
Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar
Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo ameaccedilas
chantagens intoleracircncia preconceito
As agressotildees verbais
Violecircncia escolar e brincadeira
Violecircncia escolar e o professor
72
A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar
Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo
Consequecircncias
Violecircncia e relacionamento
Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar
O Papel da Escola
O Papel do Estado
O Papel dos Proacuteprios Participantes
Os resultados a seguir satildeo produto de uma anaacutelise temaacutetica do conteuacutedo
das redaccedilotildees O conteuacutedo de 124 redaccedilotildees foi analisado qualitativamente
quanto aos temas presentes relacionados agrave violecircncia escolar Os temas
abordados pelos participantes tecircm grande semelhanccedila com os aspectos
explorados nos diferentes estudos sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo como pode ser
visto no segundo capiacutetulo deste trabalho
511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante
5111 A Violecircncia como parte do cotidiano
A violecircncia eacute considerada como algo presente no cotidiano atingindo
muitas escolas ldquoviolecircncia escolar eacute muito comum atualmenterdquo (A30) ldquoa
violecircncia escolar estaacute presente em nosso dia a dia isso eacute verdade e ningueacutem
pode ir contra essa verdaderdquo (B40) ldquoa violecircncia escolar estaacute presente em
muitas escolasrdquo (C69) ldquohoje em dia a violecircncia escolar eacute muito grave pois
agora em muitas escolas estaacute tendo issordquo (B42) podendo atingir as escolas de
um modo geral ldquocomo todos vocecircs sabem haacute violecircncia nas escolas de todo o
73
Brasil e todo mundordquo (B47) ldquoa violecircncia escolar acontece em todas as escolasrdquo
(A18) ldquoa violecircncia escolar eacute um assunto muito importante pois estaacute muito
presente em milhares de escolas de todo o paiacutesrdquo (A19)
Aleacutem de bem presente no cotidiano a violecircncia envolve diversas
pessoas sejam adultos ou crianccedilas ldquoa violecircncia escolar eacute vivida por muitas
crianccedilas e adolescentes hoje em diardquo (A24) ldquoAs violecircncias na escola que
muitas vezes eu vejo satildeo alunos que tecircm problemas uns com os outrosrdquo
(C117) atinge tanto alunos como professores ldquoviolecircncia escolar na atualidade
eacute um grande problema entre professores alunos diretoresrdquo (B36) ldquotodo
mundo ou quase todo mundo jaacute sofre ou vai sofrer provavelmente parece que
estaacute marcado no seu destinordquo (C85)
A violecircncia escolar eacute vista como algo comum e frequente ldquoA violecircncia
faz parte do mundo moderno e nas escolas isso estaacute cada vez mais comumrdquo
(C109) ldquohoje em dia eacute muito comum ter violecircncia na escola pois os alunos que
fazem isso gostamrdquo (A17) ldquoultimamente a agressatildeo escolar eacute cada dia mais
comumrdquo (B44) ldquoem todos esses anos de estudo eu acho que isso (violecircncia
escolar) ocorre frequentementerdquo (A14)
Assim como mostram outros estudos (Abramovay 2005 Silva 1997) os
estudantes consideram que a violecircncia na escola eacute algo presente haacute muito
tempo ldquoA violecircncia escolar vem acontecendo de longa data e muitas vezes eacute
ocasionada por puras besteirasrdquo (C80) ldquoEu acho que violecircncia escolar eacute algo
que acontece haacute muito tempo e em muitos lugares do mundordquo (C100)
Entretanto haacute os que a consideram algo recente ldquoA violecircncia na escola eacute
muito recenterdquo (C120) ldquoViolecircncia na escola isso hoje em dia parece que eacute
modardquo (C85) Mas independente de ser algo recente ou antigo reconhece-se
74
que estaacute se intensificando ldquoeu acho que a violecircncia escolar vem a cada dia
(sendo) praticada mais e maisrdquo (B37) ldquoA violecircncia vem aumentando muito nos
uacuteltimos anos porque as pessoas acham que a violecircncia resolve tudo mas ela
soacute piora os problemasrdquo (C90) ldquoA violecircncia nas escolas diminuiu faz pouco
tempo mas agora voltou com tudordquo (C123) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando
a cada dia piorrdquo (C128) ldquoesse fato (violecircncia escolar) vem crescendo mais e
mais a cada diardquo (A15) Na situaccedilatildeo relatada a seguir transparece este
aumento da intensidade na violecircncia escolar haacute a presenccedila de agressatildeo fiacutesica
chegando agrave posse de um instrumento cortante que poderia aumentar os danos
fiacutesicos causados
ldquoPelo menos 1 ou 2 vezes por mecircs haacute casos deste tipo e cada vez pior com murros socos e ateacute houve casos de levar canivete para prejudicar os outrosrdquo (A8)
Tanto se intensifica como tambeacutem aparecem alguns elementos novos
ldquoA violecircncia escolar no comeccedilo era soacute de meninos por causa de dinheiro ou
beleza etc Mas agora as brigas vecircm aumentando com brigas (tanto) de
meninos como de meninas () Eu jaacute vi vaacuterios e vaacuterios casos dessas brigas e
os principais motivos satildeo meninos Elas brigam porque acabou o namoro e
depois outra menina namora com elerdquo (C94) E o motivo eacute considerado banal
ldquohoje em dia eacute muito frequente brigas entre alunos pode ser ateacute mesmo por
uma besteirardquo (A3) ldquoA violecircncia cada vez mais estaacute se tornando mais repetitiva
e mais bruta esse ano ateacute jaacute houve casos brutos de morte por causa de um
barulho de uma canetardquo (C119)
Os meios de comunicaccedilatildeo contribuem para que a violecircncia faccedila parte do
cotidiano dos estudantes ldquoBem a violecircncia escolar agora estaacute muito comum
nas escolas na televisatildeo passa direto vaacuterios casos desse tipordquo (C94) ldquoCada
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vez mais vemos na TV e ateacute mesmo do nosso lado a violecircncia na escolardquo
(C99) ldquoEsse ano na televisatildeo foram colocados muitos casos por exemplo o
do menino que levou um tiro na proacutepria escola e tinha apenas 5 anosrdquo (C107)
ldquoHaacute muitos atos de violecircncia nas escolas eu nunca vi mas eacute que passa na TV
() tipo em uma escola do Rio de Janeiro teve um ato de violecircncia duas
garotas brigavam parecendo que iam se matar isso virou um caso na poliacutecia
ateacute passou na TVrdquo (C98) Eacute um tema presente nos programas jornaliacutesticos
ldquosempre quando assisto o jornal falam de um caso que tem a ver com a
violecircncia na escolardquo (A22) ldquoeacute muito comum noacutes vermos no noticiaacuterio histoacuterias
de alunos agredirem alunos por motivos pequenosrdquo (C70) ldquoMuitos noticiaacuterios
falam que os alunos levam armas facas e etcrdquo (C111) Os alunos entram em
contato com o tema da violecircncia atraveacutes de programas diversificados ldquoeu jaacute me
cansei de ver nos filmes aqueles alunos que maltratam os colegas agraves vezes
roubando o dinheiro ou fazendo ameaccedilasrdquo (A9) ldquoEsse fato da violecircncia escolar
pode ser tatildeo marcante na vida que tem ateacute filmes que tratam desse assuntordquo
(C100) ldquona televisatildeo todo dia passa algum documentaacuterio que um aluno bateu
no outro matou o outro xingou o outro etcrdquo (A4) Percebe-se um grande
destaque ao que eacute divulgado pela televisatildeo mas reconhece-se que tambeacutem
aparece nos diversos meios de comunicaccedilatildeo ldquoHoje em dia eacute muito comum vecirc
em jornais revistas na televisatildeo alunos agredindo um ao outro e isso as
vezes se torna tatildeo grave que vai parar no hospitalrdquo (A35) ldquoquando eu li uma
notiacutecia de jornal sobre isso eu pensei consigo mesmo seraacute que ateacute isso eles
fazemrdquo (A3)
Silva (1997) destacou a ecircnfase dada pelos alunos em seu estudo aos
filmes e aos programas violentos da televisatildeo como explicaccedilatildeo da violecircncia A
76
familiaridade e intensidade com que os jovens estatildeo expostos agrave programaccedilatildeo
parece favorecer que associem o que vivenciam na escola com o que
percebem nos programas que assistem
A violecircncia na escola puacuteblica parece estar mais em evidecircncia ldquoeu acho
que a violecircncia escolar eacute muito comum no Brasil principalmente em escolas
puacuteblicas do nordesterdquo (A12) ldquonas escolas puacuteblicas de vez em quando
acontecem muitas brigas entre internos e externosrdquo (C123) ldquoHoje em dia eacute
muito comum ocorrer violecircncia nas escolas principalmente nas puacuteblicasrdquo
(C64) ldquohoje em dia eacute muito comum a violecircncia escolar principalmente nas
escolas puacuteblicasrdquo (C70) ldquonos coleacutegios puacuteblicos eacute briga por causa de drogas
briga de gangues etcrdquo (C91) Natildeo obstante os alunos reconhecem que a
violecircncia natildeo eacute exclusividade deste tipo de escola ldquojaacute ouvi muitas histoacuterias
sobre violecircncia nas escolas e natildeo e soacute nas escolas puacuteblicas natildeo tem violecircncia
nas particulares tambeacutemrdquo (A22) ldquoViolecircncia escolar eacute um ato que vem
acontecendo com muita frequumlecircncia nas escolas particulares ou escolas
puacuteblicasrdquo (C107)
A desigualdade social eacute abordada quando haacute referecircncia ao tipo de
escola ldquoNas escolas puacuteblicas isso acontece agraves vezes devido a vida que o
aluno vive agraves condiccedilotildees educacionais delerdquo (C110) Os trechos abaixo
evidenciam a relaccedilatildeo entre o tipo de escolar por conseguinte o poder
aquisitivo e comportamentos que promovem violecircncia
ldquoAchamos por motivos de desigualdade social que essa violecircncia soacute acontece em escolas puacuteblicas de pessoas com um niacutevel inferior Poreacutem ateacute nas escolas de grande porte e com mensalidades absurdas acontece esse tipo de coisardquo (A31) ldquoEu jaacute vi INUMEROS casos de violecircncia escolar na TV principalmente com os coleacutegios de classe meacutedia porque eles acham
77
que podem mandar no coleacutegio soacute porque satildeo ricos eles se achamrdquo (C69) ldquoEu acho que isso acontece mais nas escolas puacuteblicas (natildeo que a violecircncia natildeo tenha nas particulares) porque as pessoas satildeo menos disciplinadas e natildeo recebe uma orientaccedilatildeo (C113)
Parece que os alunos reproduzem situaccedilotildees de preconceito e exclusatildeo
social ao relacionarem a violecircncia ao niacutevel soacutecio-econocircmico Eacute possiacutevel que os
pais e tambeacutem os professores alertem os estudantes para essa ldquorealidaderdquo
(Abramovay 2005) E desta forma a escola perpetua situaccedilotildees de preconceito
se tornando um lugar onde se aprende violecircncia (Galvatildeo et al 2010)
A violecircncia escolar eacute tema de discussatildeo bem presente nas escolas
ldquoeste eacute um tema muito discutido entre as pessoas que eu conheccedilordquo (A10)
ldquoviolecircncia escolar eacute um assunto muito debatido e combatido pelos coleacutegios
nos dias de hojerdquo (A13) ldquoO tema violecircncia escolar eacute um assunto que deve ser
debatido e resolvido dentro da escola Desde que entrei na escola tivemos
vaacuterios momentos de discussatildeo deste assuntordquo (C75) mas haacute alunos que
destacam que a discussatildeo precisa ser ampliada ldquona minha opiniatildeo a violecircncia
escolar eacute um assunto pouco abordado e esclarecidordquo (A9) ldquoViolecircncia escolar
acho um tema que precisa ser abordado pois estaacute cada vez piorrdquo (C118)
Os alunos demonstram grande familiaridade com o tema da violecircncia na
escola ldquoconheccedilo muitas pessoas que foram viacutetimas de violecircncia
principalmente nas escolas Conheccedilo pessoas que sofreram vaacuterios tipos de
violecircncia como a verbal a violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (A10) ldquoe conheccedilo
vaacuterias pessoas que jaacute aconteceu isso com elas Eu vi como elas se sentiam
tristes sozinhas e excluiacutedasrdquo (C62)
Vaacuterios participantes relataram jaacute haver presenciado algum tipo de ato
78
violento na escola ldquoeu jaacute vi muitos casos e fiquei na minhardquo (B44) ldquojaacute
presenciei fatos horriacuteveis de agressotildees fiacutesicas e na sala de aula existe muitordquo
(A31) ldquona minha escola jaacute presenciei um uacutenico caso e pelo visto todos que
estavam ao meu redor gostaram ou ficaram espantadosrdquo (B44)
Contudo tambeacutem eacute possiacutevel ver a escola acima da violecircncia ldquona minha
opiniatildeo natildeo haacute violecircncia na escola pois na escola eacute um lugar onde noacutes
aprendemos nos relacionamos com pessoas (amigos e professores)rdquo (A6)
5112 Violecircncia escolar e bullying
A questatildeo do bullying eacute bastante abordada quando os estudantes se
referem agrave violecircncia escolar ldquonos uacuteltimos anos estatildeo ocorrendo fatos que vem
preocupando muito brasileiros o chamado lsquobullyingrsquo que satildeo agressotildees fiacutesicas
e verbaisrdquo (A34) ldquoEm muitas escolas brasileiras ocorre um fenocircmeno natildeo
agradaacutevel que se chama Bullyingrdquo (B51) sendo tambeacutem apresentado como
bem presente no cotidiano ldquoacho que eacute o bullying que estaacute sempre presente
entre os alunosrdquo (B41) ldquoo bullying eacute uma coisa ateacute considerada comum porque
acontece toda horardquo (C114) ldquohoje em dia eacute muito frequente vermos a violecircncia
entre alunos o chamado bullyingrdquo (A15) ldquoUm outro (tema) que estaacute dentro da
violecircncia escolar eacute o bullyingrdquo (C107) ldquoMuitas vezes nas escolas haacute o bullying
no qual alunos e alunas satildeo ameaccedilados por colegas muitas vezes por
preconceitordquo (C121) ldquoMas o bullying natildeo eacute soacute colocar apelido que natildeo gosta
mas tambeacutem faze-lo passar mico colocar videos em que a pessoa se envolva
na internet sem que ela queira bater no colega forccedilando-o a lhe dar dinheirordquo
(B41)
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Agraves vezes a violecircncia escolar inclusive eacute identificada como bullying ldquoa
violecircncia escolar eacute chamada tambeacutem de Bullying Esse tipo de violecircncia
acontece mais entre jovensrdquo (B49) ldquoviolecircncia escolar que na verdade eacute o
bullying que eacute alunos agredindo uns aos outros abusando e etcrdquo (C71) ldquoa
violecircncia na escola se trata de bullyingrdquo (A11) ldquoEsse tipo de violecircncia tambeacutem
eacute chamado de bullyingrdquo (B47) ldquoa violecircncia escolar (bullying) eacute muito constante
em escolas e faculdaderdquo (B48) ldquoviolecircncia na escola eacute muito frequente quando
isto ocorre na maioria das vezes chamamos de bullyingrdquo (C73) ldquoatualmente a
violecircncia praticada nas escolas eacute denominada Bullyingrdquo (B50) Mas tambeacutem
aparecem aspectos que diferenciam violecircncia escolar e bullying ldquoa violecircncia
escolar eacute tudo o que machuca o colega a violecircncia escolar pode ser verbal ou
fiacutesica Jaacute o bullying eacute quase a mesma coisa soacute que eacute feito frequentemente em
escolasrdquo (C76) ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar e jaacute falamos do
preconceito temos que falar do bullying que eacute quando a pessoa sofre
diariamente agressotildeesrdquo (C81)
Percebe-se que os elementos utilizados pelos estudantes para fazer
referecircncia ao bullying estatildeo na direccedilatildeo dos aspectos utilizados pela literatura
consultada (Tognetta e Vinha 2010 Fante 2005 Lopes Neto 2005) Os
estudantes abordam a questatildeo da intencionalidade da constacircncia a questatildeo
da diferenccedila de poder
As situaccedilotildees envolvendo bullying tambeacutem estatildeo ficando mais frequente
ldquoo bullying estaacute cada vez aumentando na escola com os xingamentos a
violecircncia e varias outras coisasrdquo (C66) ldquoNas escolas os casos de bullying vem
aumentando e seus agressores praticantes mais comunsrdquo (C109) ldquoNatildeo eacute
80
raro ocorrer Bullyingrdquo (B50) ldquoo bullying vem ficando cada vez maior no Brasil
fato que preocupa e potildee em alerta os oacutergatildeos escolares que cada vez mais
estatildeo tentando combater o bullyingrdquo (C88) Haacute relatos que satildeo bem expliacutecitos
em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de bullying
ldquoComeccedilando sobre o Bullying que jaacute presenciei eacute de um colega meu com outro pois ele fala coisas de sua aparecircncia cara de ET e natildeo eacute muito amigo dele Haacute tambeacutem uma menina que eacute soacute olhar para o outro que comeccedila a falar mal delerdquo (C110)
Eacute importante que Bullying tambeacutem seja um tema debatido na escola
ldquoBom na escola principalmente acontece muito bullying acho que falta mais
explicaccedilatildeo aos alunos (amigos) mesmo com palestras tem muito bullying no
coleacutegiordquo (C63) ldquoO bullying hoje em dia eacute um tema bastante discutido
principalmente nas escolasrdquo (B52) ldquoAcho que eacute muito importante ter palestras
sobre bullying para reforccedilar a ideacuteia da natildeo violecircncia escolar a pessoa deveria
ter a consciecircncia de que a violecircncia natildeo resolve nadardquo (C70)
Haacute diversos aspectos considerados para explicar em que consiste o
bullying O tipo de agressatildeo ldquoo bullying eacute qualquer agressatildeo fiacutesica ou
psicoloacutegica que eacute feito com um indiviacuteduordquo (B48) ldquoCaracteriza-se bullying os
apelidos maldosos xingamentos agraves pessoas e agrave famiacutelia a violecircncia fiacutesica
(bater chutar etc) dentre outrosrdquo (C109) as pessoas envolvidas ldquoO bullying eacute
uma atividade de que uma ou mais pessoas que maltratam a outra pessoa
sendo oral ou brutal O bullying na maioria das vezes eacute praticado na escolardquo
(C126) a constacircncia ldquo(bullying) eacute a agressatildeo fiacutesica e mental que acontece
todo dia e tambeacutem com gente da mesma idaderdquo (C107) No trecho a seguir
percebe-se o esforccedilo visando esclarecimento sobre o que eacute bullying ldquoComeccedilo
81
essa redaccedilatildeo falando de bullying termo inglecircs sem traduccedilatildeo usado para
nomear um tipo de abuso que ocorre na escola feito por alguns alunos e
sofridos por outrosrdquo (C88)
Parece que a intensidade de exposiccedilatildeo eou vivecircncia das situaccedilotildees de
bullying na escola colabora para que os alunos expressem os diferentes
aspectos que envolvem a praacutetica de bullying
Mesmo sendo muito apontado como violecircncia escolar reconhece-se o
bullying como algo que natildeo eacute restrito agrave escola ldquoExistem vaacuterios tipos de
bullying o ciberbullying que eacute o bullying na internet o bullying na aacuterea de
trabalho entre outrosrdquo (B52) ldquoeste (bullying) natildeo existe apenas na escola mas
dentro ou fora eacute um ato ridiacuteculo ningueacutem tem motivos para fazer issordquo (C72)
O bullying aparece como motivaccedilatildeo para violecircncia na escola ldquoDentro da
escola os principais motivos que levam a uma violecircncia satildeo desentendimentos
que satildeo comuns na vida e o bullyingrdquo (C72) ldquoagraves vezes satildeo motivos realmente
seacuterios como o bullying que eacute um xingamento com uma pessoa que fala
diferente da outra (sotaque)rdquo (C74) ldquoa violecircncia fiacutesica tambeacutem eacute comum agraves
vezes nem percebemos mas se torna bullying algo seacuterio que deve ser
combatidordquo (C68) No relato a seguir esta questatildeo eacute bastante evidente ldquoEu
mesmo jaacute sofri disso por muito tempo Eu me lembro que numa vez uns caras
comeccedilaram a me irritar ai eu peguei uma cadeira e fingi que ia bater nelesrdquo
(B38)
Situaccedilotildees de bullying estatildeo tambeacutem presentes nos meios de
comunicaccedilatildeo ldquoNa televisatildeo passa um seriado que se chama Todo Mundo
Odeia o Cris eacute um garoto negro que sofre muito por ser desta cor e o pior eacute
que ele estuda numa escola soacute de brancos E sofre o bullying pelo garoto
82
brancordquo (C107) ldquoEm uma reportagem eu vi que na maioria das escolas do
Brasil eacute praticado esse tipo de violecircncia (bullying) E passa na TV muitas
entrevistas que o menino agrediu o outro verbalmente fisicamenterdquo (C113)
ldquoVejo em muitas reportagens esse tema que atinge milhares de jovens o
famoso Bullyingrdquo (C118)
512 A Dinacircmica da violecircncia
A violecircncia escolar eacute apresentada a partir de alguns aspectos que a
compotildee possibilitando compreensatildeo da complexidade deste fenocircmeno
Inicialmente satildeo feitas consideraccedilotildees sobre suas raiacutezes dando destaque ao
papel da famiacutelia na educaccedilatildeo dos jovens Percebe-se referecircncia a algumas
caracteriacutesticas pessoais daqueles envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia escolar
fica evidente o papel exercido pelo medo e pelas ameaccedilas e chantagens
assim como eacute muito presente situaccedilotildees de intoleracircncia e de preconceito Eacute
colocado grande destaque a violecircncia executada atraveacutes de agressotildees verbais
eou de brincadeiras E por fim haacute inclusatildeo da figura do professor na
apresentaccedilatildeo dos elementos que compotildeem este cenaacuterio de violecircncia
5121 As raiacutezes da Violecircncia Escolar
Vaacuterias satildeo as causas atribuiacutedas agrave violecircncia escolar geralmente
relacionadas ao ambiente escolar ao ambiente familiar incluindo o tipo de
educaccedilatildeo ou relacionamento familiar daqueles envolvidos em atos violentos e
de forma mais ampla atribui-se a causas na sociedade inclusive na miacutedia
A influecircncia da famiacutelia eacute intensamente referenciada nas reflexotildees acerca
da origem dos comportamentos violentos na escola O papel da famiacutelia na
83
educaccedilatildeo dos filhos aparece com realce ldquoSabemos que isso se daacute por
diversos motivos () o principal eacute a educaccedilatildeordquo (C99) ldquoeacute tudo (violecircncia) uma
questatildeo de educaccedilatildeordquo (A12) sendo modelo para o seu comportamento ldquoPenso
que a violecircncia na escola se daacute a partir da educaccedilatildeo em casa ou seja a dos
pais aqueles pais que ajudam a formar o caraacuteter dos filhos que servem de
exemplos para elesrdquo (C99)
O fracasso da famiacutelia na educaccedilatildeo dos filhos eacute salientado ldquoA violecircncia
na escola estaacute cada vez maior porque ningueacutem se respeita e os pais natildeo datildeo
educaccedilatildeo para seu filhordquo (C66) ldquoParticularmente acho que a violecircncia escolar
comeccedila nos lares (pela falta de repreensatildeo dos pais)rdquo (C78) comprometendo
toda a formaccedilatildeo do individuo ldquoeu acho que (quem) pratica a violecircncia eacute porque
natildeo teve infacircncia e natildeo foi bem criadordquo (A11) Haacute ainda destaque para a figura
materna ldquose os pais neste caso matildees natildeo estatildeo cumprindo o dever delas
para com os filhos os filhos na escola obviamente natildeo seratildeo propiacutecios
podendo ter dificuldade de se relacionar natildeo aprender o conteuacutedo outra forma
eacute praticando a violecircnciardquo (C103)
Suspeita-se inclusive que pessoas envolvidas em situaccedilotildees de
violecircncia na escola satildeo expostas a violecircncia domeacutestica ldquoA violecircncia na escola
comeccedila em casa que laacute mesmo tem entatildeo estaacute na hora todos comeccedilarem a
mudarrdquo (C110) ldquomuitas vezes esses alunos batem um no outro ou porque vecirc
isso em casa ou porque tem muita raiva muita fuacuteriardquo (A4) ou ateacute mesmo satildeo
viacutetimas desta violecircncia ldquoMuitas vezes crianccedilas que batem e agridem amigos
satildeo assim tratadas dentro de sua residecircnciardquo (A24) ldquoos pais mesmos tem que
ensinar ao seu filho porque a educaccedilatildeo vem de casa e quem pratica o bullying
geralmente sofre em casardquo (C107) O modelo familiar eacute proposto como
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explicaccedilatildeo ldquoesse comportamento muitas vezes vem de casa quando a crianccedila
ou adolescente convive com briga dos pais na rua de casa etcrdquo (A12)
Aspectos positivos da influecircncia da famiacutelia tambeacutem satildeo reconhecidos e
considerados importantes no cenaacuterio da violecircncia tanto como modelo para
comportamentos positivos ldquoos (pais) que se esforccedilam para educar seus filhos
e vecirc-los seguindo seu proacuteprio caminho sendo uma pessoa boardquo (C99) e
tambeacutem como figura de autoridade ldquoNa minha opiniatildeo isso acontece pois na
escola estamos mais soltos por natildeo termos a supervisatildeo de nossos pais e
por isso estamos suscetiacuteveis a excessos que resultam em violecircncia que pode
ser fiacutesica ou verbalrdquo (C109)
O papel dos pais sobre o comportamento dos filhos eacute examinado a partir
de aspectos contemporacircneos da dinacircmica familiar A ausecircncia dos pais parece
facilitar o surgimento de comportamento violento dos filhos na escola seja pela
dificuldade em impor limites dos adultos seja pala carecircncia sentida das
crianccedilas e dos jovens Os agressores estariam compensando a falta de
atenccedilatildeo na famiacutelia ldquoos agressores do bullying querem chamar atenccedilatildeo devido
a natildeo ter essa atenccedilatildeo dentro de casa ou outros casosrdquo (B50) Os trechos
abaixo deixam mais evidentes como estas questotildees satildeo percebidas pelos
alunos
ldquoEu particularmente acho isso uma falta de respeito e que essas coisas deveriam se aprender em casa Mas principalmente agora os pais natildeo tecircm tempo para cuidar e educar os filhos em tempo integral e sem a presenccedila dos pais os filhos podem ficar agressivos o que leva a fazerem coisas como bater e agressatildeo verbal com seus colegasrdquo (A13)
ldquoHoje em dia eacute mais comum haver violecircncia nos coleacutegios pois os pais estatildeo mais ausentes natildeo potildeem limite nos seus filhos isso tudo faz com que ele fique uma pessoa mais agressiva a falta de carinho dos seus pais os amigos ajudam claro mas tudo comeccedila pela casardquo (A28)
85
ldquoHoje em dia as crianccedilas estatildeo cada vez mais agressivas e impacientes talvez por causa da ausecircncia dos pais ou por motivos superiores principalmente na escola esse fato se comprova existe muitos relatos de professores agredidos por alunos e ateacute mesmo agressotildees entre amigosrdquo (A31)
Ao mesmo tempo em que eacute atribuiacuteda agrave famiacutelia grande importacircncia na
histoacuteria de vida ou desenvolvimento do indiviacuteduo e por conseguinte a
responsabilidade pelo comportamento violento dos jovens reconhece-se que a
proacutepria famiacutelia tambeacutem teme tal fato ldquocada pai natildeo quer que isso aconteccedila com
o seu filho de verdade entatildeo porque natildeo da educaccedilatildeordquo (C110) ldquoEu acho que
os pais devem educar seus filhos e dar uma infacircncia legal e sem violecircncias
porque senatildeo mais tarde eles vatildeo se arrepender e ver o que natildeo querem seu
filho matando praticando a violecircncia etc eu acho que pai nenhum que ver isto
acontecerrdquo (A11)
Em alguns casos a origem da violecircncia eacute atribuiacuteda agrave formaccedilatildeo das
crianccedilas em seu desenvolvimento sem indicar a influecircncia do ambiente
familiar ldquoacho que a verdadeira causa eacute a formaccedilatildeo das crianccedilas pois vendo
maus exemplos acaba sendo um jovem delinquenterdquo (B44) ldquoinfelizmente as
crianccedilas estatildeo crescendo com um pensamento bem maldoso que trazem medo
para as pessoas de vivem ao seu redorrdquo (A31)
A origem da violecircncia na sociedade mais ampla eacute outra possibilidade
aventada Em alguns casos haacute referecircncia agrave violecircncia na sociedade como um
todo mas natildeo haacute clareza quanto agrave transposiccedilatildeo dessa violecircncia para o
ambiente escolar
ldquoAs violecircncias estatildeo acontecendo em vaacuterios (lugares) como escola shopping no jogo de futebol e outros lugares por causa que o mundo que a gente vive estaacute estimulado para fazer violecircncia e isso natildeo eacute corretordquo (A20)
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Parece que o mundo como um todo estaacute estimulado para a violecircncia ldquoo
mundo hoje estaacute muito violento eacute pai matando filho filho matando pai e
tambeacutem amigos matando amigosrdquo (C91) entretanto natildeo haacute indicaccedilatildeo clara
que a violecircncia em uma esfera da sociedade afete a outra Os vaacuterios setores
da sociedade satildeo vistos como causas possiacuteveis da violecircncia escolar desde o
ciacuterculo de amizades produtos culturais veiculados na TV videogames
conteuacutedo da internet e ateacute mesmo da imprensa
ldquoVaacuterios motivos podem justificar essa accedilatildeo como por exemplo jogos de videogame na TV com os amigos em noticias de jornal entre outros Eu acho que quem faz esse tipo de coisa satildeo pessoas influenciadas e agem dessa maneira para mostrar que eacute valentatildeordquo (A3)
Para alguns estudantes estaacute mais clara a relaccedilatildeo entre a violecircncia mais
ampla e seu surgimento no ambiente escolar ldquomuitos jovens aprendem em
jogos de videogame na internet na TV a violecircncia e guardam isso na mente
para brigar na escolardquo (A15) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia surge na rua e eacute
trazida para escolardquo (C126)
O comportamento dos proacuteprios alunos e a forma de agir da escola
tambeacutem satildeo considerados causas para a violecircncia escolar
ldquoIsso acontece porque tem sempre alguns alunos que natildeo cumprem algumas regras e tambeacutem agridem outros alunos na maioria das vezes isso acontece porque os alunos que satildeo agredidos tem medo de entregar o agressor porque ele tem medo que quando entregarem o agressor agrida mais ainda ele e tambeacutem acontece muitas vezes pela falta de vigilacircncia da escolardquo (A18) ldquoNas escolas a violecircncia escolar eacute intensa Algumas por causa de conversas e boatos outras por causa de jogos como futebol vocirclei basquete etc ou porque algumas pessoas gostam de arrumar confusatildeo e provocam as outras para brigaremrdquo (C60)
87
5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar
Os estudantes percebem algumas caracteriacutesticas mais evidentes das
viacutetimas e dos agressores principalmente nas situaccedilotildees de bullying
A diferenccedila de tamanho entre agressor e viacutetima eacute um dos aspectos
mencionado ldquoesse tipo de violecircncia ocorre na escola geralmente por alunos
maiores que a viacutetimardquo (A9) ldquomuitos covardes datildeo em pessoas bem menores
que eu essas pessoas natildeo fazem ideia do que estatildeo fazendordquo (C69) No
relato apresentado a seguir haacute referecircncia a este aspecto como fator central na
situaccedilatildeo de violecircncia testemunhada
ldquoHaacute uma pessoa que eu conheccedilo que as vezes sofre coisas desse tipo Esta pessoa tem 10 anos e os meninos que satildeo 1 a 2 anos mais velhos aperreiam e as vezes batem nele Ele tenta se defender mas os meninos satildeo mais velhosrdquo (A10)
Entre os atributos aparece o fato de ser algueacutem novo no grupo de
modo que ldquoisso acontece normalmente com novatosrdquo (A7) Outro traccedilo
apontado para as viacutetimas eacute seu comportamento ldquocorretordquo ldquoas crianccedilas e os
adolescentes os chamados ldquocertinhosrdquo geralmente sofrem com as
brincadeiras de mau-gosto daqueles que natildeo satildeo interessados em estudarrdquo
(A15)
Ao apresentarem caracteriacutesticas pessoais dos envolvidos em situaccedilotildees
de bullying haacute alunos que destacam aspectos relacionados com o bom
desempenho escolar ldquo() geralmente eacute praticado contra os alunos que soacute
tiram notas boas e tambeacutem outras pessoasrdquo (B51) Entretanto haacute quem
considere o contraacuterio que pode ser o mau desempenho escolar uma
caracteriacutestica relevante para a vitimizaccedilatildeo ldquoo bully ou seja o agressor
geralmente eacute uma pessoa que tecircm classe social inteligecircncia ou seja mais
88
forte em relaccedilatildeo ao agredido que eacute o que tira notas baixas eacute fraco e
indefesordquo (B52)
O agressor eacute mais forte todavia eacute covarde A relaccedilatildeo entre viacutetima e
agressor indica a covardia do agressor e a fraqueza da viacutetima ldquoele (bullying) eacute
praticado usando a covardia ao favor do agressor Ele sempre ataca os fracos
em funccedilatildeo de maltrataacute-los por puro prazerrdquo (B50) ldquoo que mais me incomoda
satildeo os alunos que batem nas alunas pois aleacutem de natildeo respeitaacute-las estatildeo
machucando pessoas mais sensiacuteveis e fraacutegeis do que elerdquo (C114)
Essa oposiccedilatildeo entre ser forte ou ser fraco estaacute associada com o
envolvimento nas situaccedilotildees de bullying como agressor ou viacutetima
ldquoViacutetimas ficam tristes apanhados sozinhos com isto Muitas pessoas brigam para humilhar o outro porque sabe que eacute mais forte e o outro eacute mais fraco aiacute se aproveita disto muitas vezes eles fazem isto para se exibir para as meninas fazem armadilhas ao mais fraco ficam esculhambandordquo (C73)
A situaccedilatildeo de maior fragilidade eacute uma das caracteriacutesticas atribuiacutedas agraves
viacutetimas ldquoa lsquoviacutetimarsquo natildeo pode se defender sozinha por isso natildeo reage apenas
apanha ou outros tipos de Bullyingrdquo (B50) ldquoum fato preocupante tambeacutem eacute que
na maioria dos casos de bullying a viacutetima natildeo sabe se defenderrdquo (C88)
A viacutetima tambeacutem eacute caracterizada como algueacutem que se diferencia do
grupo seja em termos fiacutesicos ou comportamentais ou pela presenccedila de alguma
deficiecircncia ldquoa violecircncia escolar eacute sofrida por vaacuterios alunos seja ele gordo
magro com algum tipo de deficiecircncia ou ateacute mesmo pela forma dele serrdquo
(A23) ldquoMuitos exemplos comuns como ser negro de outro paiacutes eacute muito chato
issordquo (C62) ldquogeralmente eles fazem isso com aquele colega que eacute um pouco
diferente dos demais e com isso ele acaba praticando o bullyingrdquo (B37)
89
ldquopessoas lsquodiferentesrsquo satildeo as principais viacutetimas desse ato ateacute mesmo o uso de
oacuteculos leva a uma brincadeirinha sem graccedilardquo (B39) ldquouma pessoa eacute acima do
peso ou eacute diferente de alguma forma as outras pessoas jaacute comeccedilam a chamar
(apelidos) de baleia titanic que se a pessoa cair no chatildeo nem um trator
levanta ela e outras coisasrdquo (C93) ldquoa violecircncia escolar geralmente acontece
por conta de fatos infantis porque algueacutem cortou o cabelo porque eacute mais
estranho do que o outrordquo (C67)
A popularidade do agressor eacute apontada ldquoporque haacute muitos alunos que
se acham o tal soacute porque eacute popular e isso faz ele pensar que pode fazer o que
quiser com os outros alunosrdquo (B37) embora natildeo signifique que sejam pessoas
admiradas ldquoEsse tipo de violecircncia eacute constante (bullying) Aqui na sala tem uns
3 ou 4 meninos que satildeo muito chatos e praticam essa violecircncia tanto verbal
com os outros tiposrdquo (C113) ldquoAcho muito chato pessoas que fazem isso e a
maioria satildeo as mais populares que mais chamam atenccedilatildeo na escolardquo (C110)
Tambeacutem aparece a situaccedilatildeo de exclusatildeo da viacutetima ldquoos que sofrem
violecircncia escolar satildeo os chamados excluiacutedos que natildeo se encaixam nos
grupinhosrdquo (C82) ldquoEm outras situaccedilotildees alunos satildeo afastados pelo jeito de ser
Por exemplo Haacute grupos nas escolas de nerds patricinhas feios bonitos
chatos Isso eacute muito chato porque isso natildeo mostra a uniatildeo das pessoas E
ficam muitas vezes chateadasrdquo (C121)
Vale destacar que estes papeacuteis parecem natildeo serem fixos pois ldquoalgumas
vezes proacuteprias viacutetimas tambeacutem satildeo agressoresrdquo (B51)
Raramente as viacutetimas natildeo satildeo estudantes ldquoCom os professores jaacute eacute
diferente essas natildeo acontece muito porque o professor eacute como se fosse o liacuteder
e tem muita autoridaderdquo (B37) embora a figura do professor tambeacutem seja
90
apontada como a de agressor ldquoe o agressor natildeo eacute soacute o aluno pode ser o
professor e a viacutetima tambeacutem pode ser professor mas no final todos de alguma
maneira tecircm seu dedo de culpardquo (C85)
Assim como estudos do Relacionamento Interpessoal que destacam o
papel das caracteriacutesticas individuais nos relacionamentos os alunos tambeacutem
apresentam de forma bem explicativa a forma como tais caracteriacutesticas
interferem nos relacionamentos Para Tognetta (2010) ldquoos alvos de bullying
satildeo crianccedilas e adolescentes vitimizados pelos estereoacutetipos sociais e por isso
sofrem comumente tecircm uma caracteriacutestica que foge do que eacute culturalmente
estabelecido usam oacuteculos choram demais satildeo gordinhos ou tiacutemidos ou seja
tecircm um padratildeo ou um comportamento que os diferencia dos demaisrdquo (p 91)
5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo
ameaccedilas chantagens intoleracircncia preconceito
Muitos alunos abordam a dinacircmica da violecircncia discorrendo sobre as
accedilotildees que as caracterizam ldquoessas pessoas muitas vezes pedem alguma coisa
e se a pessoa natildeo der eles batem nela e pegam o que pediramrdquo (C60)
ldquoGERALMENTE esse povo que daacute nos outros eles tem uma turminhardquo (C69)
ldquoAqui no coleacutegio a violecircncia eacute tipo areia em praia eacute o que mais tem professores
gritando com alunos alunos se batendo palavrotildees de um lado para o outro
xingamentos com a matildee ou com o proacuteprio alunordquo (C114)
Os trechos a seguir apresentam mais detalhadamente a aspectos
presentes na dinacircmica da violecircncia escolar
ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia na escola eacute uma coisa que acontece muito frequentemente e que poucas pessoas admitem que fazem ou que sofrem Tanto quem faz estaacute errado e geralmente quem faz
91
ameaccedila e faz o outro se sentir mal Quem sofre tambeacutem estaacute errado por que natildeo conta por medo das ameaccedilasrdquo (C59) ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute causada por uma pessoa que briga com a outra por algum motivo que considera grave aiacute natildeo consegue estabelecer um diaacutelogo entre as duas pessoas e passam para a violecircncia agraves vezes pessoas que natildeo tem nada a ver com o assunto da briga se intrometem no meio agraves vezes a briga natildeo eacute de duas mais de 3 4 5 (pessoas) etcrdquo (C74)
A violecircncia na escola pode acontecer de diversas formas ldquoapelidos
discussotildees tapas e ateacute mesmo brigasrdquo (C118) ldquoAleacutem de que a violecircncia
escolar pode ser tanto verbal quando fiacutesica e pode ser praticado por um grupo
ou soacute por uma pessoardquo (C100) Situaccedilatildeo de violecircncia envolvendo grupos pode
ser identificada neste relato
ldquooutra coisa que teve foi a guerra das turmas que tambeacutem foi ano passado foi um grupo de pessoas que estavam numa briga com outro grupo Todo recreio tinha briga entre os dois grupos depois disso todos foram para a coordenaccedilatildeo e parou de laacuterdquo (C91)
Aleacutem das formas descritas por vezes aparecem outras formas como o
isolamento social ldquotambeacutem acho que eacute um tipo de violecircncia escolar quando te
excluem da conversa jaacute passei por isso vaacuterias vezesrdquo (B41) a coaccedilatildeo ldquoesses
jovens obrigam o outro a fazer alguma coisa que faccedila mal a elerdquo (B49) e
inclusive o abuso sexual ldquoexiste vaacuterios tipos de violecircncia como a violecircncia
verbal a violecircncia fiacutesica o abuso sexual entre outrasrdquo (A28)
A dinacircmica relativa agraves situaccedilotildees de bullying tambeacutem satildeo apresentadas
ldquoesse tipo de violecircncia escolar (bullying) ocorre quando aluno agride
verbalmente ou fisicamente ou quando alunos se agridem discutem fazem
ameaccedilas ou quando eles se xingam uns aos outros com palavras ateacute muito
pesadas para a sua idaderdquo (B47) ldquoMeu pai me ensinou que o bullying natildeo pode
92
acontecer com a crianccedila de 5 anos para com um adulto de 25 anos Ele
acontece com pessoas da mesma idaderdquo (C107) ldquoHaacute vaacuterios tipos de bullying
alguns mais fracos outros fortiacutessimos poreacutem todos tem o mesmo objetivo
machucar seja fisicamente ou emocionalmente a viacutetima sofrerdquo (B50)
Os elementos presentes nas situaccedilotildees de bullying ficam mais evidentes
nos trechos abaixo
ldquoA violecircncia escolar eacute feita pelo lsquobullyingrsquo o bullying eacute uma violecircncia que ocorre em todas as escolas do mundo eacute formada por trecircs ou mais alunos que tiram brincadeira com outro aluno e quando esse aluno diz a supervisatildeo eles batem no alunordquo (A33) ldquoViolecircncia escolar eacute um problema peacutessimo Para mim violecircncia escolar e bullying eacute a mesma coisa mas os dois satildeo peacutessimos para a sociedade escolar Violecircncia escolar geralmente se inicia quando um tonto se acha perfeito e quer rebaixar pessoas que satildeo piores em algumas coisas mas melhor em outrasrdquo (B38) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar eacute denominada de bullying como o preconceito machucarem pessoas inofensivas que natildeo lhes fizeram nenhum malrdquo (B43) ldquoExistem pessoas que maltratam falam mal de outras pessoas deixando a pessoa ferida ou triste Isso se chama bullying uma violecircncia feita na escolardquo (B39) ldquoA violecircncia natildeo eacute soacute com os professores mas tambeacutem com os alunos na maioria das vezes chamado de bullying que satildeo ameaccedilas e marcaccedilatildeo com essa pessoa mas pode chegar a ser uma agressatildeo verbal e ateacute oral que muitas vezes podem causar seacuterios danos tanto psicoloacutegicos ou ateacute ferimentos gravesrdquo (C128)
Eacute marcante o papel do medo para que se perpetue a situaccedilatildeo de
agressatildeo ldquoinfelizmente muitos dos alunos que satildeo explorados ou maltratados
tecircm medo de revelar aos pais ou responsaacuteveis o que estaacute acontecendo na
escolardquo (A9) ldquoEm toda sala escolar tem um machatildeo e tem algueacutem que eacute o saco
de pancada que sempre sai apanhado e natildeo conta nada ao pai ou a matildee ou
algum responsaacutevel com medo de apanhar maisrdquo (C122) ldquomuitas vezes os
93
adolescentes que sofrem esse tipo de violecircncia tem medo de falar com os
diretores ou coordenadores porque pode aumentar a violecircncia entre elesrdquo
(C97)
O medo eacute apontado como algo que acompanha a viacutetima de bullying ldquoo
pior eacute vocecirc ter medo de algueacutem algueacutem que acha que tem a liberdade de bater
em vocecirc e ameaccedilado natildeo pode contar a ningueacutemrdquo (A21) ldquoA maioria dos
agredidos tem medo de dizer que estaacute sofrendo de bullying porque os bullys
fazem chantagem emocional para ficarem quietosrdquo (B52)
Parece existir um pacto de silecircncio entre agredido e agressor ldquoEacute terriacutevel
como muitas pessoas sofrem preconceitos satildeo apelidadas ou ateacute mesmo
sofrem com murros tapas chutes e outras coisas soacute que o pior eacute que muitas
vezes natildeo comunicam a escola nem aos paisrdquo (C119) ldquoMuitos alunos natildeo
falam para ningueacutem sobre a violecircncia que sofrem por isso sai da agressatildeo
verbal para a fiacutesicardquo (C79) E a natildeo revelaccedilatildeo ajuda a perpetuar a situaccedilatildeo de
bullying ldquoGeralmente quem sofre bullying se omite e termina que seus
agressores nunca satildeo punidosrdquo (C109)
Aleacutem do medo por parte da viacutetima de ser agredida caso revele ou delate
o agressor eacute bastante presente outro elemento na relaccedilatildeo agressor-viacutetima a
ameaccedila ou chantagem por parte do agressor O agressor usa de chantagem
para causar medo na viacutetima ldquoessa violecircncia a pessoa chantageia a outra e diz
se contar para algueacutem que estatildeo fazendo com ela vatildeo bater mais ainda na
pessoardquo (B49) ldquoEsses alunos ficam com medo ateacute de procurar ajuda de uma
pessoa mais velha Muitas vezes eles satildeo ameaccedilados para tipo Se um aluno
natildeo der dinheiro ao outro ele iraacute bater nelerdquo (C121)
O papel da ameaccedila eacute claro nos trechos seguintes
94
ldquoNa maioria das vezes as viacutetimas do bullying satildeo ameaccediladas e natildeo contam para os familiares o que estaacute (acontecendo) Se seu filho estaacute muito por baixo sem querer falar muito com os pais ou agindo de uma forma que ele nunca agiu preste atenccedilatildeo que isso pode ser um sinalrdquo (B48) ldquomuitas vezes o agressor fala para o agredido para ele ficar calado e se ele abrir a boca ele apanha mais ainda Mas por que isso acontece Por que natildeo podemos conversar com a pessoa Seraacute porque tenho medo pois natildeo consigo e quando chego perto do agressor minha voz trava ou porque estou com muito muito medo dele e natildeo consigo de jeito nenhum e digo lsquoai ai que medo de falar a algueacutem e apanhar outra vezrsquordquo (C80) ldquoE muitas pessoas sofrem essa violecircncia mais preferem sofrer calado para os amigos natildeo ficarem tirando onda muitas vezes eacute o agressor que faz algum tipo de chantagem mais enfim violecircncia natildeo chega a nenhum lugarrdquo (A28)
O agressor parece natildeo ver as consequecircncias de seus atos ldquoa pessoa
que pratica o bullying natildeo consegue ldquoenxergarrdquo as consequecircncias diante desse
atordquo (B39) ldquoMuitas crianccedilas e jovens vem sofrendo algumas agressotildees e por
se sentirem ameaccediladas pelos agressores natildeo contam o que estaacute ocorrendo e
esses praticantes muitas vezes por brincadeira ou por se sentirem superiores
praticam sem saber o que os outros pensam e estatildeo sofrendordquo (A34)
A intoleracircncia em relaccedilatildeo agraves pessoas e agraves diferenccedilas eacute outro elemento
ldquoO que essas pessoas natildeo entendem eacute que ser diferente eacute normal jaacute que
ningueacutem eacute igual a ningueacutem mas deve ser respeitado e natildeo julgado pelos
outrosrdquo (C109) Interessante que a intoleracircncia aponta para a importacircncia de
cada um olhar para as proacuteprias caracteriacutesticas ldquoporque todo mundo tem defeito
e porque natildeo vocecirc as pessoas soacute vecircem defeitos nos outros e natildeo em vocecirc
mesmordquo (C64) ldquo() porque vocecirc pode ver o agressor ele raramente eacute
diferente da pessoa que ele ofende Eu natildeo entendo porque parece que
ningueacutem presta porque eacute branco demais reclama preto demais tambeacutem
95
reclama entatildeo quem presta afinalrdquo (C85) ldquoNoacutes xingamos um ao outro por
qualquer simples defeito e natildeo reparamos nos nossos Quando essa violecircncia
chega ao extremo pode ser fiacutesica vocecirc natildeo eacute igual a mim natildeo gosto de vocecirc
(C101)
Tambeacutem fica evidente a relaccedilatildeo entre violecircncia escolar e preconceito
ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar porque natildeo tocar no assunto
preconceito que hoje em dia pessoas morrem por serem negros deficientes
inteligente ou ateacute por besteirasrdquo (C81) ldquoGeralmente os casos de violecircncia
acontece por pessoa gays ou noobs7 pessoas tem preconceito ou natildeo tem o
que fazer e vai agredir a pessoardquo (C98) ldquoMuitas pessoas sofrem de bullying na
escola por causa de preconceitordquo (C77) ldquoA violecircncia verbal eacute algo que os
alunos sofrem por causa do preconceitordquo (C79) ldquoA violecircncia na escola eacute uma
coisa grave atinge muitas pessoas tambeacutem por causa do preconceito com os
outros por causa de suas diferenccedilasrdquo (C65)
Nesta dinacircmica aparece tambeacutem o papel da plateia ldquoQuem pratica
(violecircncia escolar) eacute o principal responsaacutevel mas aqueles que ficam assistindo
tambeacutem estatildeo praticando pois eles satildeo a plateia teria que tomar uma atituderdquo
(C67) ldquoA violecircncia escolar eacute um ato muito difiacutecil de conviver porque vocecirc ver
cenas que natildeo podem ser comentadas automaticamente sua mente fica
perturbadardquo (C78) ldquomuitas outras pessoas poderiam ter evitado o
acontecimento mais as vezes as pessoas influenciam ainda mais as praticas e
7 Noob ou Newbie eacute um termo eacute amplamente utilizado na Internet - sobretudo em sua maioria em salas
ou bate-papos de jogos online para muacuteltiplos jogadores ou ainda para identificar os que tecircm conhecimento baacutesico em informaacutetica Tambeacutem eacute usado para designar uma pessoa sem experiecircncia ou com menos
experiecircncia do que quem chama Geralmente eacute considerado como um insulto para uma pessoa sem conhecimento
96
pioram tudo que jaacute eacute ruimrdquo (C83) ldquoe a maioria do povo soacute fica olhando natildeo faz
nada muitas vezes o povo mesmo que agitardquo (C116)
O papel da plateia eacute bem importante principalmente nas situaccedilotildees
envolvendo bullying ldquoA maioria dos casos de bullying eacute causado por um
determinado lsquovalentatildeorsquo Mas o bullying eacute formado pelo autor (eacute quem pratica a
agressatildeo) a plateia (eacute quem gosta de ver a agressatildeo)rdquo (C125) ldquoQuase todos
os dias presencio violecircncias na escola e natildeo posso me meter ou parar os dois
com medo de levar a culpa da briga ou ainda levar uma surra tambeacutemrdquo (C84)
Haacute evidecircncia do papel da plateacuteia neste fato testemunhado e relatado
ldquo() outro dia teve briga entre dois meninos do segundo ano e quase todo coleacutegio laacute vendo sem fazer nada soacute assistindo e ateacute torcendo pra eles () pra que espancar o outro soacute porque chamou o outro de veado (A1)
O espaccedilo da sala de aula eacute apresentado como cenaacuterio para a violecircncia
escolar sejam as situaccedilotildees de agressatildeo fiacutesica como tambeacutem se torna cenaacuterio
para ocorrecircncia de bullying ldquoEm uma escola como todas as outras haacute uma
violecircncia escolar se torna um ato muito comum porque estaacute presente nas salas
de aulardquo (C78) ldquoMuitos casos de violecircncia na sala todos os dias um menino
esbarra no outro sem querer e eles comeccedilam a brigarrdquo (C84) ldquovou falar um
pouco da minha sala natildeo ocorre bullying na mesma poreacutem haacute alguns alunos
que tem tendecircncia a praticar o bullying quando maiores o que mais preocupa eacute
saber que as viacutetimas seremos noacutes mesmos alunos da mesma classerdquo (C88)
A constacircncia de encontros tambeacutem eacute salientada no cenaacuterio da violecircncia
escolar ldquoeu me lembrei da histoacuteria daquele menino que morreu em sua proacutepria
escola por outro colega que ele vivia todos os dias da semana Entatildeo isso eacute
certo claro que natildeordquo (C110)
97
Atividades proacuteprias da dinacircmica da sala de aula tambeacutem compotildeem o
cenaacuterio da violecircncia escolar e ateacute objetos do material escolar se transformam
em instrumentos de agressatildeo
ldquoo problema pode ser gerado em um trabalho escolar (um pode ter uma ideia e o outro ter outra ideia e gerar uma confusatildeo) agraves vezes fica competindo um com o outro para ver qual eacute o melhor aluno (que o professor gosta mais que tira as melhores notas etc) Muitas vezes nos problemas nasce o ciuacuteme onde o aluno usa uma arma branca para atacar o proacuteximo a arma branca pode ser por exemplo um estilete (o material escolar passaraacute a ser uma arma)rdquo (C117) ldquoMaior parte da violecircncia eacute a da violecircncia escolar Porque muitos alunos levam estilete a lacircmina do apontador para deixar marcas nos seus colegasrdquo (C111)
O trecho a seguir apresenta vaacuterios elementos da dinacircmica escolar que
sutilmente e de forma natildeo intencional favorecem situaccedilotildees de violecircncia
escolar
ldquoOs adultos falam que eacute coisa de crianccedila ou que eacute passageiro e acabam nem ligando Agraves vezes a crianccedila ou o proacuteprio agressor se sente obrigado (a) a atacar a pessoa para se sentir melhor ou para mostrar que eacute melhor e a escola eacute o lugar muito faacutecil de praticar Tem gente que fala que natildeo adianta de nada falar com o coordenador ou diretor pois eles natildeo querem machucar os sentimentos dos alunosrdquo (C110)
A violecircncia tambeacutem se estende ao ambiente virtual ldquoColocar arquivos na
internet xingando e maltratando as pessoasrdquo (C77) Percebe-se que o
cyberbullying tambeacutem se faz presente
ldquoA agressatildeo verbal na maioria das vezes eacute na internet comunidades ou xingam mesmo com palavrotildees a maioria eacute no orkut e para ser sincera jaacute tive vontade de participar mas nunca participeirdquo (B44) ldquoUm exemplo eacute uma pessoa joga a sandalia da outra pessoa no telhado de uma casa e as outras pessoas obrigam o dono da sandaacutelia ir pegar ele vai mas cai do telhado e eles gravam um viacutedeo e colocam na internetrdquo (B49)
98
ldquoExiste tambeacutem o CYBERBULLYING que eacute o bullying praticado pela internet geralmente satildeo viacutedeos que satildeo postados em sites de relacionamento como TWITTER ORKUT e dos que soacute tem viacutedeos como YOUTUBE em que satildeo gravadas brincadeiras que a viacutetima sofre e os agressores ficam rindo tirando ondardquo (B51) ldquoexistem ateacute pessoas que filmam a violecircncia no momento em que ela estaacute acontecendo e muitas pessoas provocam a outra soacute para isso ocorrer alguns adolescentes filmam e postam na internet apenas para querer dizer por exemplo lsquoAh na nossa escola soacute tem maioral se vocecirc vier para caacute natildeo mexa com a gente porque noacutes quebramos vocecircrsquordquo (C120)
5124 As agressotildees verbais
Comumente a violecircncia escolar eacute apresentada como sendo composta
tanto pela agressatildeo verbal quanto pela agressatildeo fiacutesica ldquoA violecircncia tambeacutem
natildeo soacute pode ser fiacutesica pode ser verbal tambeacutemrdquo (C61) ldquoA violecircncia escolar natildeo
eacute apenas por agressatildeo fiacutesica mas pode ser agressatildeo verbalrdquo (C81) ldquoessas
agressotildees natildeo satildeo apenas fiacutesicas e tambeacutem verbais consequentemente
psicoloacutegicasrdquo (A31) ldquoessa violecircncia acontece de vaacuterias formas com tapas
discussotildeesrdquo (B36) ldquotem a agressatildeo verbal e a fiacutesica a agressatildeo verbal eacute
quando o envolvido eacute agredido com palavras E a fiacutesica que eacute a agressatildeo no
corpordquo (A35) ldquonos coleacutegios acontecem muitas brigas tanto agressatildeo fiacutesica
quanto agressatildeo verbalrdquo (C63) ldquoAqui no coleacutegio agressatildeo eacute expliacutecita sendo
ela fiacutesica e por meio de palavrasrdquo (C75) ldquoA violecircncia na escola eacute um problema
grave onde se tem vaacuterios tipos como a violecircncia verbal na qual a fala eacute o ator
da violecircncia violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (C83)
As agressotildees verbais ocupam um lugar de destaque como uma forma
de violecircncia escolar ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute algo que muitos alunos
sofrem pois natildeo existe soacute a fiacutesica a verbal existe e eacute a mais comumrdquo
99
(C79) ldquomuitas escolas natildeo tem pessoas que agridem fisicamente mas muitos
alunos agridem verbalmente e agridem feiordquo (C69) ldquoa violecircncia natildeo eacute somente
fisicamente mas tambeacutem verbalmente por ameaccedilasrdquo (A5) ldquoGeralmente haacute
mais violecircncia oral do que corporalrdquo (C96)
Os trechos a seguir evidenciam a agressatildeo verbal como uma forma de
violecircncia escolar
ldquoAgraves vezes quando falamos em violecircncia pensamos em uma pessoa batendo na outra mas para mim o pior tipo de violecircncia eacute a verbal o ato de xingar outro soacute para se sentir melhor Esse tipo de coisa acontece muito principalmente na escolardquo (C101) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando uma coisa normal violecircncia natildeo eacute soacute agressatildeo fiacutesica mas tambeacutem verbal como por exemplo palavrotildees palavras de mau gostordquo (C93)
Ambas satildeo vistas como algo grave que tem repercussotildees ldquohoje muitos
alunos sofrem com a violecircncia escolar natildeo apenas com agressatildeo fiacutesica mas
tambeacutem verbalrdquo (A7) ldquoa violecircncia escolar em modo geral tanto verbalmente
como fisicamente eacute muito seacuteria pois alguns alunos podem ser prejudicadosrdquo
(A14) ldquoagraves vezes a violecircncia em vez de ser fiacutesica pode ser verbal e agraves vezes a
verbal poderaacute mexer com a personalidade da pessoardquo (C117)
Violecircncia verbal e fiacutesica estatildeo relacionadas ldquoos outros alunos xingam
muitas vezes soacute para outros colegas rirem e o alunos que estaacute sendo agredido
com palavras e natildeo gosta da brincadeira levando a brigardquo (A35) No episoacutedio
testemunhado e relatado por um estudadnte estaacute presente a agressatildeo verbal
levando agrave agressatildeo fiacutesica com danos fiacutesicos
ldquoOutro dia eu estava indo para o portatildeo do coleacutegio e vi um menino quase quebrando o braccedilo de outro que era menor que ele soacute porque o menor tinha chamado o outro de veado ou gay sei laacute quando o menino soltou o outro ele caiu e saiu chorando Me deu uma vontade
100
de meter um chute na cara dele Eu acho uma sacanagem issordquo (A1)
A agressatildeo verbal pode ser exercida de formas distintas causando
desconforto em todos os casos Pode ocorrer atraveacutes de xingamento ou ser a
partir da atribuiccedilatildeo de apelidos ldquoa agressatildeo verbal eacute a que mais acontece
muitas pessoas inventam apelidos de mau gosto outros xingam e a agressatildeo
fiacutesica eacute quando pessoas batem nas outras etcrdquo (A7) ldquoEu acho que a violecircncia
escolar eacute muito comum em escolas acontecer principalmente verbal (escrito e
oral) xingando e humilhando com varias palavras apelidandordquo (C68) ldquoos
apelidos tambeacutem satildeo grandes problemas principalmente quando a intenccedilatildeo eacute
magoar a outra pessoardquo (A10) Uma forma de agressatildeo eacute a fofoca ldquoEu acho
que muitas vezes eacute legal falar dos outros e se falar de vocecirc vai gostar claro
que natildeordquo (C110)
Os apelidos parecem ser problemas de destaque e particularmente
parecem causar sofrimento
ldquoSe vocecirc tem alguns desses problemasm pode ter certeza que iratildeo surgir apelidos na sua escola sobre vocecirc e isso deve machucar muito as pessoas que sofrem este tipo de violecircncia porque mesmo sendo pequeno o apelido machuca vocecirc Por fora vocecirc demonstra que estaacute tudo bem mas por dentro vocecirc sente vontade de sumir daquele lugar isto eacute um absurdo noacutes estamos no seacuteculo 21 natildeo eacute mais aquela brincadeirinha de crianccedila isto se tornou uma coisa seacuteria que tem que ser parada As pessoas sofrem com isto se eacute com uma pessoa deficiente todos riem falam besteira mas quem faz deve se perguntar ndash ele quer ser assim Ningueacutem pede para nascer doente com algo faltandordquo (A23)
O preconceito eacute uma forma de violecircncia que pode ser exercida a partir
de agressotildees verbais ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar natildeo existe soacute
fisicamente tambeacutem acontece verbalmente como o preconceito que acontece
muito nos tempos atuais e eacute muito difiacutecil combaterrdquo (C62)
101
Outras referecircncias agrave agressatildeo fiacutesica e verbal ainda apontam suas
consequecircncias nocivas natildeo apenas para as viacutetimas e agressores mas para a
escola como um todo
ldquoMuitos alunos fazem brincadeiras de mal gosto e acabam machucando o colega fisicamente e verbalmente causando problemas para ele para o colega e para o coleacutegiordquo (A14)
Em muitas redaccedilotildees parece evidente que a agressatildeo verbal caracteriza
a situaccedilatildeo de bullying ldquoquando o xingamento passa a ser cotidiano isso eacute um
sinal de bullyingrdquo (B39) ldquoo chamado bullying pode ser agressatildeo oral verbal ou
fiacutesica o bullying significa isso a violecircncia natildeo soacute fiacutesicardquo (C82) Neste
depoimento percebe-se esta relaccedilatildeo ldquoJaacute fui viacutetima de bullying pois em uma
eacutepoca meus colegas me colocavam apelidos que natildeo gostavardquo (B41) O trecho
a seguir potildee em destaque a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e bullying
ldquoEacute um tema muito complicado de comentar pois haacute diversos tipos de violecircncia na escola uma delas eacute a violecircncia por meio de palavras por exemplo quando colegas discutem e falam palavras desagradaacuteveis outro exemplo eacute quando uma crianccedila ou adolescente xinga um de seus colegas passando ele para baixo ou menosprezando causando o famoso bullyingrdquo (A2)
A agressatildeo fiacutesica eacute a outra face da moeda tambeacutem vista como algo que
pode se tornar mais e mais grave
ldquoJaacute outro tipo de violecircncia que eacute um pouco mais grave eacute a agressatildeo quando dois adolescentes se batem lutam se machucam e a violecircncia pode partir para algo extremamente grave como mortes noacutes hoje em dia geralmente vemos amigos que se matam Mas tambeacutem pode ocorrer assassinatos e trageacutediasrdquo (A2)
5125 Violecircncia escolar e brincadeira
102
Vaacuterias situaccedilotildees de violecircncia escolar satildeo originadas a partir de
brincadeiras tanto pela intoleracircncia por parte de quem natildeo as aceita ldquoJaacute
presenciei algumas confusotildees que aconteceram mais no recreio e outros
motivos satildeo brincadeiras levadas muito a seacuteriordquo (C72) ldquoEm uma sala de aula eacute
muita infantilidade vemos alunos discutindo sem motivo e aleacutem disso ficarem
se agredindo por bobagens que natildeo satildeo levadas na brincadeirardquo (A5) ou pela
intensidade da inconveniecircncia envolvida na brincadeira ldquoPessoas praticam
numa forma de brincadeira e natildeo sabem a gravidade do caso ou agraves vezes
quando estatildeo com raivardquo (B36) ldquoAs vezes as brincadeiras acabam em
violecircncia Na brincadeira muitas vezes o outro natildeo percebe que o seu amigo
natildeo estaacute se sentindo mal com a brincadeira fazendo e a brincadeira vire uma
briga podendo causar graves problemas Eles usam o que seus colegas tem
de lsquoincomumrsquo para tirar lsquosarrorsquordquo (A35)
Por vezes haacute uma aproximaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira indicando
a falta de limites niacutetidos entre estas duas situaccedilotildees ldquoexiste a violecircncia fiacutesica
alguns meninos brincam (que eacute como chamam) de lutas e acabam se
machucando e indo para coordenaccedilatildeordquo (C110) Os alunos expotildeem esta
aproximaccedilatildeo ao fazerem referecircncia agrave brincadeira como algo de mau gosto
indicando que parece haver intenccedilatildeo no ato ldquoA violecircncia geralmente ocorre por
causa de apelidos brincadeiras de mau gosto e etcrdquo (C90) ldquoNa escola haacute
muita violecircncia principalmente as brincadeiras de mau gosto que eacute de bater nas
pessoasrdquo (C122) ldquoPercebo brincadeiras de mau gosto e muitos palavrotildees com
os quais um trata o outro (envolvendo mais os meninos)rdquo (C75) ldquoo porque
dessas atitudes de mau gosto eu natildeo sei talvez por brincadeira mas que
brincadeira terriacutevel eacute essardquo (A9)
103
Esta relaccedilatildeo estreita entre brincadeira e violecircncia natildeo eacute aprovada ldquoEu
acho isso muito ruim que as pessoas apanhem soacute por causa de brincadeiras de
mau gosto como vacilo dois toque eacute barrote toco na bola eacute lapada e etc
nunca gostei de brincar e nem brinco sou contrardquo (C122) ldquoEssas brincadeiras
inuacuteteis estatildeo prejudicando muitos alunos que por medo das revelam e muitos
agressores satildeo presos pagam trabalho voluntaacuterio e outrosrdquo (A34) inclusive
porque os alunos identificam que estas brincadeiras datildeo origem a situaccedilotildees de
violecircncia na escola ldquoQuase todos os dias na minha escola tecircm uma violecircncia
quase todas por besteiras ou por brincadeiras que natildeo se fazrdquo (C124)
Tambeacutem no contexto da violecircncia no ambiente virtual a situaccedilatildeo
confusa entre brincadeira e agressatildeo fica evidente ldquoos que praticam armam
brincadeirinhas de mau gosto armadilhas gravam e postam na internetrdquo (B51)
Questotildees envolvendo bullying tecircm relaccedilatildeo com brincadeiras
inadequadas ldquopois essa brincadeira de mau gosto se chama bullyingrsquordquo (A17)
ldquonatildeo eacute brincadeira tipo o bullying muito causado nas escolasrdquo (C98) ldquoQuando
pensamos em violecircncia escolar a primeira coisa que pensamos eacute o bullying que
satildeo brincadeiras pesadas ou seja violentasrdquo (C76) sendo situaccedilotildees que
geram muito desconforto ldquoO que parece uma brincadeira de crianccedila o bullying
pode gerar danos a pessoasrdquo (B39) ldquomuitas pessoas que satildeo praticantes do
bullying dizem que eacute soacute lsquobrincadeirinhasrsquo mas natildeo eacute bem assim as chamadas
brincadeirinhas pode machucar quem sofre a accedilatildeo natildeo soacute fisicamente O
bullying acontece geralmente nas escolas os agressores normalmente fazem
isso para se divertirrdquo (C82)
A relaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira tambeacutem eacute abordada a partir de
relatos presenciados Podemos identificar alguns relatos em que o fato ocorrido
104
foi visto como uma ldquobriguinha de brincadeirardquo apesar de ter resultado em dano
fiacutesico
ldquoEu nunca presenciei uma briga escolar muito violenta mas aquelas lsquobriguinhasrsquo de lsquobrincadeirarsquo eu jaacute vi Um menino da minha sala torceu o pescoccedilo por causa dessas lsquobriguinhasrsquordquo (A12)
ldquono meu coleacutegio teve um acidente terriacutevel com o estilete ele tava brincando ai pegou o estilete e foi cortar o outro ai o outro duvidou ai ele cortou isso aconteceu quando a professora natildeo estava na salardquo (C129)
5126 Violecircncia escolar e o professor
Comumente os envolvidos na violecircncia escolar satildeo estudantes mas o
professor surge no cenaacuterio da violecircncia escolar de diversas formas acenando
que as situaccedilotildees de violecircncia escolar podem tambeacutem incluir professores rdquoeu
acho que a violecircncia escolar que pode acontecer com professores alunos ateacute
com a sala inteira eacute quando pessoas vatildeo agredir de algum modordquo (B42)
O professor aparece como viacutetima da violecircncia entre alunos ldquoem toda a
sala tem um valentatildeo que tenta deixar os outros para baixo e agraves vezes eacute
ignorante ateacute com os professoresrdquo (C86) evidenciando situaccedilotildees que
envolvem falta de respeito agrave figura de autoridade do professor podendo atingir
outros profissionais na escola ldquoViolecircncia escolar pode ser dos alunos ou dos
professores Quando no caso eacute o aluno eacute porque ele bagunccedila muito natildeo tem
respeito com os professores nem funcionaacuteriosrdquo (C95) ldquoMuitas vezes quando M
coordenadora disciplinar entra laacute na sala os alunos comeccedilam a falar dela do
cabelo dela e isso eu natildeo gosto disso porque isso eacute preconceito e desrespeitordquo
(C105)
A violecircncia contra professor pode atingir formas inaceitaacuteveis ldquoEu vejo
105
hoje em dia na minha opiniatildeo isso estaacute muito errado eacute os alunos matando
professor etcrdquo (C91) O relato a seguir apresenta uma situaccedilatildeo extrema de
violecircncia contra professores
ldquoalgumas reportagens mostram isso na televisatildeo nos noticiaacuterios mostram alunos apontando armas para os professores exigindo para que os professores faccedilam suas vontades fazendo ameaccedilas e as vezes ateacute espancando os professores que na maioria das vezes ficam traumatizados com essas situaccedilotildees e acabam prejudicando sua vida profissional ou ateacute pessoalrdquo (C128)
Tambeacutem ocorrem situaccedilotildees em que o professor eacute o agressor ldquoEu acho
que em algumas escolas tem violecircncia de alunos batendo em alunos
entretanto em algumas escolas o professor que eacute violentordquo (C102) ldquoA violecircncia
escolar cada dia mais estaacute aumentando tem professoras que estatildeo graacutevidas e
que descontam nos alunosrdquo (C106) Um relato aborda a situaccedilatildeo de violecircncia
envolvendo a relaccedilatildeo com professor e o prejuiacutezo no processo de
aprendizagem
ldquonesse ano natildeo consegui tira nenhum 7 em Matemaacutetica Geografia se fosse eu entatildeo porque no ano passado natildeo era assim por causa de mal explicaccedilatildeo dos professores e atenccedilatildeo eu vou fica em recuperaccedilatildeo em 4 porque no ano passado natildeo foi assim eu soacute tirava nota boa era inteligente mas agora sou burro e tem alunos que aprontam tanto e que vatildeo pra coordenaccedilatildeo e depois sai com reclamaccedilatildeo mas quando eu fui soacute 1 (nome da coordenadora) me ameaccedilou com expulsatildeo os alunos atrapalham todo dia (lista com nome de cinco colegas) jaacute foram 10 vezes na coordenaccedilatildeo e eu soacute uma e ia sendo expulso soacute por causa de um celular tocandordquo (C108)
Mas reconhece-se que satildeo fatos mais isolados que situaccedilotildees tendo o
professor como agressor natildeo acontecem com a mesma frequumlecircncia que
situaccedilotildees envolvendo alunos como agressores como eacute abordado de forma
clara no relato a seguir
ldquoNa escola haacute vaacuterios tipos de violecircncia pode ser fiacutesica ou verbal e praticada por professores ou alunos Quando eacute praticada por alunos
106
eacute mais verbalmente mas as vezes acabam em lutas a dos professores eacute mais fiacutesico Passou uma reportagem que falava sobre um professor que dava nos seus alunos mas essas agressotildees feitas por professores natildeo eacute sempre mas a dos alunos eacute mais frequenterdquo (C86)
Diante do cenaacuterio de violecircncia cabe ao professor uma postura
realmente diferenciada ldquoOs professores deviam ter mais diaacutelogo com seus
alunosrdquo (C65) que favoreccedila a superaccedilatildeo de algumas dificuldades ldquotem
professores que satildeo legais que quer ajudar cada vez mais se natildeo der dessa
maneira ele faz de outra e etcrdquo (C106) entretanto algumas atitudes natildeo
contribuem para avanccedilos na aprendizagem ldquoa pessoa conversa brinca mas
tenta melhorar mas natildeo pode porque os professores natildeo deixamrdquo (C108) ldquotem
alguns professores que querem acabar com os alunos tipo no salatildeo de artes e
ciecircncias (sac) em algumas mateacuterias os professores soacute colocam os melhores
alunos e os piores se ferramrdquo (C102)
As dificuldades envolvendo o relacionamento com os professores satildeo
consideradas pelos estudantes Percebe-se que elementos da proacutepria accedilatildeo
docente parecem promover situaccedilotildees desconfortaacuteveis no relacionamento
professor-aluno - a forma de explicar a atenccedilatildeo dada aos alunos o cuidado
diante de duacutevidas etc Os trechos a seguir evidenciam a forma como se datildeo
estas dificuldades
ldquoBem na escola natildeo sofro violecircncia escolar com os professores mas agraves vezes acho que eles tecircm alunos preferenciais e que agraves vezes tratam mal aqueles que natildeo satildeo os seus preferidos falo isso pois as vezes existem professores que natildeo datildeo atenccedilatildeo por igual aos seus alunos Eu natildeo condeno a ideia de que eles tenham seus alunos preferidos mas que eles natildeo demonstrem tatildeo claramente issordquo (C92) ldquoTudo que esse professor explica eu quase natildeo entendo ele raramente faz brincadeiras em sua aula e eacute um pouco grosso(a) As pessoas meio que tem medo dele(a) entatildeo natildeo tiram suas duacutevidas
107
com medo de levar um fora (C95) ldquoTem professores que jaacute entram na sala com raiva outros vocecirc natildeo entende o assunto e vocecirc fala para o professor que natildeo entendeu ele fala pra vocecirc que vocecirc natildeo entendeu porque estava conversando ou brincando e agraves vezes tiram pontos dos alunos por causa dissordquo (C102) ldquoEu acho que haacute professores que natildeo se importam com os alunos tem alunos que estatildeo em recuperaccedilatildeo porque o que eles falam na sala natildeo daacute pra entender nada e a pessoa tenta tirar as duacutevidas mas o professor natildeo daacute nem a miacutenima soacute se importa para as pessoa que jaacute entenderam o assunto () os professores recusam os alunos como se eles fossem uma pessoa de rua sem futuro a gente tem o direito de participar de todas as atividades os nossos (pais) pagam a escola pra aprender e o que a maioria dos professores ensinam natildeo daacute pra entender nada aiacute o cara estuda pra caramba pra na hora da prova tirar uma nota ruimrdquo (C108)
Os estudantes apresentam suas preferecircncias em relaccedilatildeo aos
professores apontando aspectos facilitadores e aqueles que dificultam suas
escolhas
ldquoO professor que eu menos tenho afinidade eacute legal mas nas aulas dele eu natildeo me sinto agrave vontade como nas outras Meus colegas gostam muito desse professor mais cada um tem sua personalidade e a personalidade dele natildeo bate com a minhardquo (C92) ldquovou falar um pouco dos professores Primeiro vou falar um pouco do que eu mais gosto Ele assim ensina melhor pois a sua explicaccedilatildeo daacute para entender eleela faz joguinhos sobre o assunto que estamos estudando faz gincanas e tudo que eleela explica eu entendo E eu sempre me dou bem nas suas provas por isso eacute ao mais legal professor ou professorardquo (C95) ldquoA professora que eu tenho menos afinidade eacute a professora de portuguecircs porque pra mim ela eacute duas caras () na frente da minha matildee ela eacute uma santa mas na sala de aula quando eu tento falar com ela ela natildeo me daacute atenccedilatildeo soacute daacute atenccedilatildeo aos alunos que ela mais gosta () mas ela melhorou a conduta comigo A professora que eu mais tenho afinidade e gosto muito dela eacute a professora de Geografia ela eacute muito carinhosa sabe entender a timidez do aluno tira duacutevida a qualquer momento ela gosta de mim ela eacute super atenciosa eacute como uma matildee para mim Graccedilas a Deus ateacute hoje natildeo sofri nenhum tipo de bullying a natildeo ser o da professora de portuguecircsrdquo (C105)
108
513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar
5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo
A violecircncia escolar natildeo eacute algo apenas passiacutevel de reconhecimento ela
provoca uma reaccedilatildeo por parte dos estudantes uma posiccedilatildeo criacutetica ldquoAcho
muito chato a palavra violecircncia e logo quando ela vem acompanhada com a
palavra escolar eacute que fica pior aindardquo (A20) A presenccedila da violecircncia no
ambiente escolar parece causar espanto e indignaccedilatildeo ldquoEu acho que todo tipo
de violecircncia eacute ruim escolar eacute que eu acho pior aindardquo (C61) ldquoEu acho que a
violecircncia escolar eacute um ABSURDOrdquo (C69) Esta reaccedilatildeo tambeacutem se estende
para as situaccedilotildees de violecircncia envolvendo bullying ldquoa violecircncia na escola eu
acho um absurdo agora chamada de bullyingrdquo (A1) ldquona minha opiniatildeo a
violecircncia escolar ou bullying eacute um absurdordquo (A3)
A indignaccedilatildeo com a violecircncia no contexto escolar parece ser fruto da
valorizaccedilatildeo do propoacutesito da escola e do seu papel na sociedade ldquoPra mim
essas pessoas natildeo estatildeo com nada essas coisas satildeo de gente que natildeo (tem)
nada para fazer Chega de violecircncia nas escolas pois sem a escola natildeo
seriamos nada na vida lugar de se aprender eacute na escola natildeo de brigarrdquo (C60)
ldquoBom a primeira pergunta eacute o porquecirc que existe essa tal coisa Se a escola eacute
o lugar que forma as pessoas para o futuro e para hoje podemos dizer que eacute
uma espeacutecie de matildeerdquo (C103) A escola enquanto local para estudar e aprender
eacute bastante mencionada ldquoA violecircncia na escola pra mim eacute algo que natildeo devia
existir porque natildeo tem precisatildeo de ter briga no coleacutegio porque o coleacutegio eacute um
lugar de estudarrdquo (C127) ldquoeu acho um absurdo o jeito que estaacute a violecircncia hoje
109
em dia as pessoas vatildeo para a escola para estudar e natildeo brigarrdquo (A22) E
aleacutem da aprendizagem a escola tambeacutem proporciona outras coisas boas ldquona
minha opiniatildeo eu acho que isso natildeo deveria acontecer pois a escola eacute um
lugar para conviver fazer amigos e principalmente aprenderrdquo (A10)
Os alunos destacam especificidades da racionalidade humana que natildeo
condizem com situaccedilotildees de violecircncia na escola ldquoEu acho que todos noacutes temos
que ter a consciecircncia que isso natildeo leva a nada afinal isso eacute uma escola um
lugar de estudo que eacute proibido esses tipos de violecircnciardquo (C124) ldquoisso precisa
acabar pois escola eacute lugar de estudar aprender a ser gente de verdade e natildeo
animal irracional noacutes temos a capacidade de pensar antes de agir e natildeo ser
racista e etc Violecircncia na escola CHEGArdquo (C118)
Haacute ainda reconhecimento agrave confianccedila depositada pela famiacutelia na escola
e que as situaccedilotildees de violecircncia traem essa confianccedila ldquoBem esse tipo de
violecircncia que eu acho uma das piores porque logo na escola que eacute onde os
pais natildeo deveriam se preocupar com seus filhos nessa aacuterea da violecircnciardquo
(C130) ldquoeu acho que esse tipo de violecircncia natildeo deveria acontecer porque na
escola eacute logo quando os pais pensatildeo que estaacute tudo tranquumlilordquo (C129)
Os alunos demonstram muita criticidade diante das situaccedilotildees de
violecircncia na escola ldquoalguns alunos ficam discriminando outros por bobagens
como o jeito dele ser pela aparecircncia da pessoardquo (C96) principalmente pela a
falta de sentido nas situaccedilotildees presenciadas ldquoEu acho que a violecircncia escolar
acontece geralmente por motivos bestas ou por motivo nenhumrdquo (C82) ldquohaacute
cotidianos que ser agredido jaacute faz parte e isso deveria ser mudado pois na
sociedade que estamos a agressatildeo eacute um ato sem necessidaderdquo (A21) A
violecircncia tambeacutem eacute algo rejeitado por reconhecer os motivos banais
110
envolvidos ldquose alunos brigam isso eacute raro mas agraves vezes acontece por motivos
realmente bobos isso na minha opiniatildeordquo (A6) e que situaccedilotildees banais viram
algo maior ldquoos alunos fazem briga por qualquer besteira e acaba virando um
assunto seacuterio por causa da violecircncia natildeo soacute a violecircncia fiacutesica mas tambeacutem a
oralrdquo (A19)
Os jovens tambeacutem demonstram reprovaccedilatildeo quando tratam do bullying
ldquoEssa praacutetica precisa acabar no Brasilrdquo (B51) ldquoNatildeo gosto dessa violecircncia do
bullying Era muito melhor se todos se respeitassem se amassem e ao
proacuteximo perdoassem etc Entatildeo eu queria que a violecircncia parasserdquo(C61)
Os estudantes parecem natildeo admitir a violecircncia na escola porque natildeo
traz benefiacutecio algum ldquoE eu tambeacutem acho ridiacutecula porque a pessoa xinga a
outra bate na outra faz tudo de ruim com a outra pessoa e natildeo ganha NADA
fazendo issordquo (C130) ldquoBom eu acho que essas brigas satildeo uma besteira pois
natildeo vatildeo levar em nada () depois se vocecirc parar pra pensar eacute uma pessoa que
realmente natildeo tem absolutamente nada pra fazerrdquo (C94) ldquoPara que se
envolver em brigas por nadardquo (A13)
A indignaccedilatildeo eacute clara nos trechos seguintes
ldquoE muito triste ver professores machucados alunos esfaqueados como um aluno consegue levar uma arma para o coleacutegio sem que ningueacutem veja Ou entatildeo uma facardquo (A22) ldquoComo as pessoas tem a coragem de esfaquear matar ou ateacute atirar em outra pessoa Escola eacute um lugar pra se aprender e natildeo pra brigar ou etc quando os pais deixam os filhos seguros por enquanto que trabalham mais natildeo uma matildee pode ter deixado o filho na escola foi trabalhar e quando chega no trabalho ela recebe um telefonema dizendo que o filho levou um tiro ou uma facadardquo (A22)
Manifestaccedilatildeo de toleracircncia agrave violecircncia na escola parece ser esporaacutedica
entretanto em alguns casos especiacuteficos natildeo seria admitida de
111
forma alguma
ldquoEm todos esses anos nos coleacutegios sempre vi um problema muito seacuterio a violecircncia escolar muitos alunos praticam isso na minha opiniatildeo isso natildeo estaacute errado as vezes ateacute sem querer prejudicamos os outros Um caso que houve no coleacutegio foi que um garoto do 8ordm ano 7seacuterie bateu em um garoto mais ou menos 3 ou 4 anos menor que ele entatildeo isso estaacute errado esse tipo de violecircnciardquo (A8)
Em vaacuterios momentos os participantes manifestam seu repuacutedio ao
preconceito ldquopreconceito tem que acabar hojerdquo (A23) agrave violecircncia escolar
ldquoSobre a violecircncia escolar eu discordo pois nenhum motivo na escola justifica
uma agressatildeordquo (C72) assim como agraves situaccedilotildees envolvendo bullying ldquoBom na
minha opiniatildeo acho que eacute isso devemos acabar com a violecircncia escolar
BULLYING e violecircncia na escola Natildeordquo (C63) ldquoVamos derrotar o bullyingrdquo
(C76) A manifestaccedilatildeo de repuacutedio de certa forma eacute agrave violecircncia em geral ldquoFico
triste porque no mundo jaacute tem essas mortes destruiccedilotildeesrdquo (C61) ldquoeu
particularmente acho que eacute uma besteira uma coisa que soacute quem faz eacute burro
gente que natildeo tem o que fazer Mas infelizmente soacute algumas pessoas
pensam ou agem assim feito pessoas decentes e que respeitam os outrosrdquo
(C85) ldquoresumindo eu sou totalmente contra a violecircnciardquo (A12)
5132 Consequecircncias
Os alunos alertam para as consequecircncias da violecircncia escolar Percebe-
se que o envolvimento em episoacutedios de violecircncia eacute nocivo para o
desenvolvimento de crianccedilas e adolescentes ldquocrianccedilas sofrem com isso e
algumas ateacute ficam com traumardquo (A30) ldquoeacute uma atitude que natildeo tem benefiacutecio
algum apenas consequecircnciasrdquo (A9)
Algumas consequecircncias atingem de imediato a relaccedilatildeo do estudante
112
com a escola ldquonoacutes ficamos muito tristes e muitas vezes natildeo sentimos vontade
de ir para a escolardquo (C93) com prejuiacutezos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem ldquoO fato
eacute violecircncia natildeo importa qual atrapalha o aprendizado das pessoas e natildeo
deve ser incentivada de forma alguma principalmente nas escolasrdquo (C109)
Natildeo obstante o dano pode se estender com repercussotildees a longo
prazo ldquoIsso eacute uma coisa seacuteria pode se tornar ateacute doenccedila para mim
futuramente ter um futuro ruim como pessoa amargardquo (C110) com possiacuteveis
prejuiacutezos aos relacionamentos ldquodestroacutei a vida da outra pessoa porque isso vai
marcar a vida da pessoa e ela vai ficar PARA SEMPRE com aquela maacutegoa e
ela pode ficar sempre e para sempre soacute isolada E natildeo tem pra que a pessoa
agredir a outrardquo (C130) O depoimento a seguir evidencia estas
consequecircncias
ldquoUma vez na 4ordf seacuterie eu comecei a usar oacuteculos e todas as pessoas ficavam me chamando de quatro olhos e agraves vezes de baleia porque eu sou cheinha eu ficava sozinha no recreio por conta disso eu proacutepria passei a me reservar a me isolar e soacute depois que eu percebi que o que as pessoas falavam eu natildeo precisava ligar pois natildeo ia levar a nada soacute a prejudicar a mim mesmardquo (A25)
Os danos tambeacutem afetam o agressor da violecircncia ldquoA violecircncia escolar eacute
um ato que prejudica tanto quem sofre quanto quem pratica porque quem
sofre ele automaticamente se isola e quem pratica se transforma em uma
pessoa difiacutecil de conviverrdquo (C78) com prejuiacutezos para o seu futuro ldquoe essas
pessoas que se acham valentotildees quando crescerem natildeo vatildeo ter com o que se
sustentar ou se tiver a famiacuteliardquo (C127) ldquoeu acho horriacutevel porque quem
machucou o menino no futuro poderaacute fazer coisas pioresrdquo (A12) no entanto
reconhece-se que o prejuiacutezo sempre eacute maior para a viacutetima ldquoIsso eacute ruim para o
agressor e para quem sofre principalmenterdquo (C110) ldquopara mim deveriacuteamos
113
tentar acabar com isso pois quem daacute natildeo se prejudica mais quem recebe
simrdquo (B36)
Pessoas que natildeo tem envolvimento com a situaccedilatildeo podem ser atingidas
podendo afetar inclusive pessoas que tentam impedir as situaccedilotildees de violecircncia
ldquoessa violecircncia eacute muito ruim na escola e outros lugares por causa que ela pode fazer uma briga algueacutem pode quebrar uma perna e um braccedilo pode ter um corte na cabeccedila machuca vaacuterias pessoas que estaacute na briga e os inocentes que terminam levando murro ponta-peacute sem estar fazendo nadardquo (A20)
ldquomuitas pessoas saem feridas ateacute quem natildeo estaacute participando quem estaacute apartando a briga estatildeo tentando impedir que ela continue sai machucado e quem comeccedila a briga quem estaacute participando muitas vezes saem feridos fisicamente e psicologicamenterdquo (C120)
ldquoEacute terriacutevel pois eacute complicado quando um aluno sai machucado o prejuiacutezo eacute ruim porque os pais vatildeo ter que sair do trabalho para levar seu filho para um hospital ainda quando chega laacute tem que esperar filardquo (C129)
Da mesma forma consideram-se as consequecircncias das situaccedilotildees que
envolvem bullying ldquoO bullying deve ser evitado pois mexe com o sentimento da
pessoa com o seu caraacuteter que na maioria das vezes eacute de boa iacutendole e que
sofre xingamentos e ateacute mesmo agressotildees fiacutesicasrdquo (B51) ldquoe isso acaba sendo
um verdadeiro ldquoinfernordquo na vida dos alunos () Eles acabam natildeo conseguindo
estudar brincar dormir ficar sossegado e sua vida sai do normalrdquo (C121) Os
efeitos parecem ser duradouros e ateacute bem intensos ldquoalgumas pessoas ateacute
sofrem de problemas mentais por estarem sofrendo bullying na escolardquo (C77)
ldquoas pessoas que sofrem bullying podem ter depressatildeo podem se revoltar
existem casos que as pessoas ficam tatildeo tristes que podem ateacute morrerrdquo (C82)
Ser alvo de bullying pode comprometer intensamente os jovens em
114
diversos aspectos ldquoquem sofre a violecircncia pode ter no futuro alguns problemas
mentais ou fiacutesicos ou seja o trauma que pode afetar completamente a vida da
pessoa quando a pessoa sofre praticas como o bullyingrdquo (C83) sendo-lhe
imputado os casos envolvendo mortes ldquoO que devemos ter em mente eacute que o
bullying pode fazer muito mal a quem sofre e pode ocasionar problemas fiacutesicos
mentais existem casos de pessoas que se matavam por natildeo aguumlentar mais ser
viacutetima dessa praacuteticardquo (C109)
Outra consequecircncia sinalizada eacute a violecircncia gerar atitudes tambeacutem
violentas ldquoNas escolas isso pode se tornar uma caracteriacutestica ruim quando a
pessoa que passou a infacircncia sendo de certa forma agredida e humilhada
() As pessoas que satildeo agredidas pelo bullying quando crianccedilas podem se
tornar medrosas fracos tiacutemidas e as vezes ateacute violentasrdquo (B52) E uma das
reaccedilotildees pode ser a agressatildeo fiacutesica ldquo(a violecircncia fiacutesica) acontece pelo
preconceito o que se sente excluiacutedo humilhado e sozinhordquo (C68)
Os alunos identificam que o envolvimento em violecircncia pode trazer
consequecircncias intensas tanto para agressores como para as viacutetimas como ser
passiacutevel de detenccedilatildeo ldquoEssa praacutetica eacute ilegal e daacute cadeia pois eacute uma praacutetica que
agride a pessoa moralmenterdquo (B51) ou mesmo a hospitalizaccedilatildeo ldquomuitas vezes
as pessoas saem machucadas e algumas vezes vatildeo parar no hospitalrdquo (C122)
a fuga de casa ldquoe o pior de tudo leva esse trauma para a vida toda e muitas
vezes ateacute se esconde e ateacute mesmo foge de sua casardquo (C119) As
consequecircncias podem ser tatildeo intensas que podem abranger inclusive casos de
mortes ldquobom a violecircncia na escola eacute muito perigosa porque pode trazer morte
e ateacute dificuldaderdquo (A11) ldquoNas escolas principalmente escolas estaduais e
municipais a grande maioria das vezes termina em morterdquo (C126) ldquoateacute essas
115
violecircncias chegam a ponto ateacute de ser levadas aos seus familiares a morte por
tiro ou um susto muito grande de sequestrordquo (C119)
Entre as consequecircncias elencadas haacute referecircncia a aspectos positivos
de superaccedilatildeo ldquocomo tambeacutem existe as pessoas que venceram e que hoje tem
sucesso em sua vida pessoal e puacuteblica agraves vezes a violecircncia pode impulsionar
a pessoa a perder a vergonha como tambeacutem retrairrdquo (C109)
A violecircncia eacute um fenocircmeno que deixa marcas ldquomuitas pessoas ficam
traumatizadas quando crescem por causa da violecircncia independente que seja
verbal ou fiacutesicardquo (C70) Os trechos a seguir abordam as diversas
consequecircncias da violecircncia escolar
ldquoA violecircncia escolar estaacute atrapalhando muitos jovens soacute natildeo no Brasil como outros paiacuteses () Muitos jovens no Brasil estatildeo sendo agredidos e o bullying estaacute atrapalhando os seus estudos muitos jovens no Brasil natildeo querem ir agrave escola com medo de ser agredidos pelos alunos no coleacutegio Muitos estatildeo deixando do que queriam ser no futuro pois o bullying estaacute atrapalhando e eles natildeo querem mais voltar ao coleacutegiordquo (C71) ldquoEssas pessoas deveriam abrir os olhos e ver que o que elas estatildeo fazendo estaacute errado e machuca a pessoa agredida tem tambeacutem os que batem na pessoa soacute por que quer bater em algueacutem eu acho que essa violecircncia tem que acabar pois natildeo existe ningueacutem melhor do que ningueacutemrdquo (B37)
Em um episoacutedio relatado um comportamento violento por parte de um
grupo de colegas provocou danos fiacutesicos agrave viacutetima
ldquoJaacute aconteceu um caso aqui no coleacutegio de que um menino ele eacute bem abestalhado e fala coisa que natildeo deve entatildeo se juntaram meninos de uma sala e na saiacuteda da escola espancaram ele e nisso ele jaacute foi pra casa e passou muito mal ai ele foi para o hospital quando chegou laacute tiraram um raio x dele Quando saiu o resultado ele estava cheio de hematomas e correndo risco de morterdquo (A11)
116
5133 Violecircncia e relacionamento
Os relacionamentos tambeacutem satildeo considerados no cenaacuterio da violecircncia
escolar e despontam a partir da indignaccedilatildeo e como elemento de proteccedilatildeo
perante a violecircncia
A reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo da violecircncia entre os estudantes fica evidente a
partir da temaacutetica da amizade que estaacute presente em alguns textos ldquoTodas as
pessoas deveriam pensar no seu amigo () O ser humano tem que ter
consciecircncia do que diz o que debate e o que faz com o seu amigordquo (C66) ldquoA
escola eacute um lugar para se aprender conhecer pessoas e fazer amigos Poreacutem
muitas pessoas natildeo mantecircm uma convivecircncia harmoniosa na escolardquo (B39) A
questatildeo de violecircncia entre amigos estaacute presente no episoacutedio relatado ldquohouve
uma briga em que um amigo meu e tambeacutem meu outro amigo um deu um
murro no outro etcrdquo (C91)
A amizade parece ser traiacuteda por situaccedilotildees de violecircncia ldquoAmigos
colegas muitas vezes satildeo pessoas que vocecirc nunca pensou que te
apelidasserdquo (C63) ldquomas brigas em coleacutegio natildeo satildeo normais quando tem satildeo
incontrolaacuteveis pois os lsquoamigosrsquo aticcedilam a briga mas se ele eacute amigo de verdade
natildeo devia fazerrdquo (C123) e provocam muitas perdas ldquoNatildeo haacute necessidade de
machucar algueacutem mas fazem para se satisfazer ficam felizes se sentem
fortes poderosos Pensam que ganham mas soacute perdem amizades ganham
respeito pelo medo usam a frase Eacute melhor ser temida do que ser amadardquo
(B50)
Parece que a pessoa agredida muitas vezes sente-se sem apoio
mesmo de pessoas com relaccedilotildees de amizade ldquoessas pessoas que sofrem em
117
vez de falarem para seus responsaacuteveis levam o caso a seus amigos e eles
que muitas vezes o envergonham e ateacute deixam eles mais violentados natildeo
apenas com agressotildees fiacutesicas e sim com algumas palavrasrdquo (C119)
Os bons relacionamentos e as relaccedilotildees de amizade parecem ter uma
funccedilatildeo perante a violecircncia na escola como elemento que pode impedir brigas
ldquoAs relaccedilotildees dos alunos uns com os outros eacute boa e diariamente como eu
disse natildeo haacute muitas brigasrdquo (C96) ldquoIsso tem que acabar tem que pensar
duas vezes antes de machucar um amigo ou amiga pois pessoas assim eu
natildeo chamo de amigordquo (C76) e que intensificam o diaacutelogo entre as pessoas
ldquoeu acho que a base de uma amizade e de um bom aprendizado eacute a conversardquo
(C90)
Aleacutem da possibilidade de bons relacionamentos e de amizade na escola
os contatos diaacuterios eacute algo que pode minimizar a violecircncia ldquotambeacutem tenho um
bom relacionamento com meus amigos estudo com eles todos os dias convivo
com elesrdquo (C124) e tambeacutem que pode promover o desenvolvimento de outras
estrateacutegias para o enfrentamento das dificuldades ldquoMas tem pessoas que natildeo
gosto de me relacionar com elas pessoas que agraves vezes natildeo querem o seu
bem faz coisas erradas sem pensar Por ver que natildeo seraacute bom ficar com essa
pessoa me afasto Tenho oacutetimas amizadesrdquo (C124) Entretanto o contato
diaacuterio pode trazer suas dificuldades ldquoNa escola eacute mais difiacutecil pois vemos
nossos agressores todos os diasrdquo (C101)
A intensidade de convivecircncia na escola tambeacutem pode favorecer a
toleracircncia e o respeito agraves diferenccedilas ldquoA vida natildeo eacute faacutecil pois temos que
conviver com os outros pois ningueacutem eacute igual a ningueacutem por isso que tem que
ter respeito pois com violecircncia nada se resolverdquo (C64) ldquoEu acho que a
118
violecircncia na escola eacute muito inconveniente todos deviam respeitar os outros
mesmo sendo diferente () eacute muito importante ser respeitado e respeitarrdquo
(C65) salientando a relaccedilatildeo de igualdade entre as pessoas ldquoAcho que as
pessoas deviam ter respeito com todos pois somos todos iguaisrdquo (C62)
ldquoEntatildeo a gente tem que aceitar todo mundo do jeito que eacute sendo inteligente ou
bagunceiro Todas as pessoas satildeo diferentes entatildeo natildeo podemos ter
preconceito porque a pessoa usa oacuteculos por ser muito grande ou pequeno
demais natildeo devemos tirar onda com essas pessoas porque todo mundo tem
um defeitordquo (C127) ldquoEu acho assim que cada pessoa deveria respeitar os
outros pois ningueacutem eacute mais do que ningueacutem e nem importante do que o outrordquo
(C66)
O surgimento de questotildees relativas agrave empatia tambeacutem demonstra
reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo diante da violecircncia escolar ldquoA violecircncia escolar para
mim eacute um absurdo pois natildeo eacute preciso fazer isso e quem faz isso pense se
queria estar no lugar dessa pessoardquo (C82) ldquoe a pessoa natildeo deve daacute a outra o
que natildeo quer receber porque o que a pessoa planta a pessoa colhe se a
pessoa planta maldade vai colher maldade soacute a infelicidade da outra pessoardquo
(C130) ldquoe natildeo fazer nada do que vocecirc natildeo queria pra vocecircrdquo (C66) Eacute preciso
se colocar no lugar do outro tambeacutem nas situaccedilotildees envolvendo bullying
ldquoBullying natildeo se faz pense no proacuteximordquo (C77)
O relacionamento professor-aluno eacute destacado com algo de relevacircncia
no cenaacuterio da violecircncia escolar ldquoEu tenho um bom relacionamento com minha
professora ela eacute calma nos escutardquo (124) Os estudantes satildeo criacuteticos em
relaccedilatildeo aos relacionamentos inadequados com os professores ldquoHaacute ignoracircncia
natildeo soacute com os professores mas com os colegas de classe Eu acho que um
119
deveria respeitar o proacuteximo porque isso eacute uma falta de respeito muito granderdquo
(C64) ldquoOs alunos natildeo respeitam os professores os professores dizem que eacute
para eles ficarem calados mas continuam falando etcrdquo (C95)
Chama a atenccedilatildeo o fato de numa produccedilatildeo sobre Violecircncia Escolar os
participantes revelarem aspectos fundamentais da relaccedilatildeo professor-aluno E
assim evidenciam questotildees destacadas por Hinde Finkenauer e Auhagen
(2001) de que o pleno entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque no niacutevel
individual pois o curso de um relacionamento tambeacutem depende das
caracteriacutesticas psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos
envolvem caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas
posicionamento quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-
conceito auto-estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre
outras O professor indiviacuteduo adulto diferentemente de crianccedilas e
adolescentes parece ter maiores condiccedilotildees de estar atento a tudo isto diante
do cenaacuterio das relaccedilotildees na escola
Eacute importante cuidar dos relacionamentos na escola ldquoA escola eacute lugar
para estudar fazer novas amizades etcrdquo (C61)
514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar
Eacute veemente o interesse dos estudantes que atitudes de natureza
violenta desapareccedilam do contexto escolar ldquoPrecisamos combater todos os
tipos de violecircncia e preconceitordquo (C81) ldquoo bullying eacute um caso seacuterio e natildeo
podemos deixar isso aumentar nas escolasrdquo (A35) Natildeo obstante haacute o
reconhecimento que eacute algo aacuterduo e que natildeo existem ainda estrateacutegias
eficientes ldquoA violecircncia escolar eacute um mal que precisa acabar poreacutem ningueacutem
120
respondeu a pergunta que gera esse fim Comordquo (B50)
Os estudantes expressam a necessidade de accedilotildees preventivas como
forma de enfrentar a violecircncia na escola ldquoA violecircncia deve ser evitada para o
bem de todos Isso eacute uma forma de parar ou simplesmente diminuir a violecircncia
seja onde forrdquo (A5) ldquoBem a violecircncia jaacute devia ser tratada com maior
responsabilidade e muito mais ainda a violecircncia na escolardquo (C84) ldquoAleacutem de
muita falta de educaccedilatildeo as pessoas deveriam ter um pouco de compreensatildeo
sobre o assunto Violecircnciardquo (C63) As accedilotildees propostas servem para prevenir ou
combater a violecircncia escolar e se datildeo em diferentes planos da sociedade
como na proacutepria escola na famiacutelia ou no Estado Por vezes algumas normas
satildeo propostas como modelo de comportamento ldquoenfim eu acho que o pessoal
tem que ter mais educaccedilatildeo respeitordquo (C129) e outras as medidas existentes
satildeo objeto de criacutetica ldquoos casos sempre vatildeo e voltam da coordenaccedilatildeo do
mesmo jeitordquo (C114)
5141 O Papel da Escola
Sendo a escola o cenaacuterio de situaccedilotildees de violecircncia eacute a ela que os
alunos delegam grande responsabilidade no enfrentamento da violecircncia ldquoEu
acho que os coleacutegios tecircm que dar prioridade para acabar com a violecircncia
escolarrdquo (A30) ldquoIsso deve ser trabalhado nas escolasrdquo (B39) Para alguns a
escola jaacute estaacute cumprindo este papel ldquoNa minha opiniatildeo pelo menos na minha
escola eles vem cuidando muito desse assuntordquo (C107) para outros natildeo eacute o
caso ldquoapesar de ser um absurdo as escolas natildeo fazem nada para que os
alunos se conscientizem que isso eacute muito brusco e cada vez mais perigosordquo
(C119) Por outro lado a dificuldade em resolver eacute bastante relatada ldquoExistem
121
psicoacutelogos nas escolas mas muitas vezes parece natildeo resolver Diretores
chamam os pais para perguntar o que estaacute acontecendo mas infelizmente os
pais natildeo sabemrdquo (A4)
Atribui-se agrave coordenaccedilatildeo a competecircncia para lidar com a violecircncia na
escola no entanto sem sucesso muitas vezes Os relatos abaixo satildeo
esclarecedores dessa interpretaccedilatildeo dos alunos
ldquonesse ano um grupo de alunos se juntaram para bater em um soacute e a briga foi para coordenaccedilatildeo e natildeo fizeram nada soacute reclamaram e ateacute acham normal porque acontece muitordquo (C114) ldquoUma vez um menino ficou aborrecendo o outro durante o ano todo aiacute o menino disse a coordenadora e ela apenas o mandou parar e durante o outro ano todo o menino continuou perturbando o outrordquo (C112) ldquoEu ateacute levei o caso pra coordenaccedilatildeo mas natildeo resolveu nada ela soacute fez falar que era eu que estava fazendo isso e que ele esta revidando mas eu nem falava com a pessoa que fazia essas coisas comigo Entatildeo eu acho que a escola tem que ficar mais alerta com essas coisasrdquo (C97) ldquoAno passado houve um dia que houve uma briga entre dois amigos nossos foi assim um deles chegou e deu um tapa no outro e esse outro deu um murro no primeiro () Eles estavam num cassete arretado o segundo deu um murro que o primeiro foi bater no fim da sala e entatildeo os dois foram para a coordenaccedilatildeo mas natildeo foram suspensosrdquo (C91)
Em alguns relatos a figura do professor como autoridade se sobressai e
os alunos destacam o seu papel em inibir episoacutedios de violecircncia
ldquotoda vez que a professora estaacute na sala eacute um silecircncio que nem parece que o pessoal ta acordado parece que ta dormindo mas eu acho que o que mais falta na escola eacute o respeito porque quando a professora sai da sala eacute uma bagunccedila da bexigardquo(C129) ldquopois os coordenadores os mandaram parar Quando os professores chegavam eles paravam mas quando saiam continuavamrdquo (C89)
122
Os alunos apresentam a forma como entendem a contribuiccedilatildeo de
psicoacutelogos apontado sua relevacircncia dentro da escola tanto em atividades
ligadas agrave prevenccedilatildeo como para o enfrentamento das situaccedilotildees de violecircncia em
atividades coletivas ldquocom as psicoacutelogas entrando nas salas para falar do
assunto principalmente com os alunos que jaacute cometeram violecircncia fazendo
projetos e trabalhos sobre a violecircncia para eles natildeo seguirem este caminho e
ateacute mesmo para os alunos ajudarem uns aos outrosrdquo (A19) ou mesmo
individuais ldquoAs escolas deviam tomar alguma providencia como ter um
momento com um psicoacutelogo unicamente para que o aluno comunicasse tudo o
que ele tem vivido ou sofrido ao vir agrave escolardquo (C107) A contribuiccedilatildeo do
psicoacutelogo natildeo significa a impossibilidade de alguma medida punitiva ldquoNatildeo soacute
punir o agressor com dois ou trecircs dias de suspensatildeo mas com um
acompanhamento psicoloacutegico pois o agressor provavelmente esteja passando
por algo em casardquo (C103) Para os alunos cabe tambeacutem aos pais e
profissionais da escola reconhecer a colaboraccedilatildeo deste profissional ldquopor isso
eu acho que os pais e educadores devem ter cuidado ao lidar com essas
crianccedilas e se necessaacuterio elas devem ter acompanhamento psicoloacutegicordquo (A24)
O preparo ou competecircncia da escola para proporcionar orientaccedilatildeo
visando evitar a violecircncia escolar eacute um problema a ser resolvido Para alguns
a escola estaacute preparada ldquoas escolas jaacute estatildeo preparadas para esse tipo de
atrito tatildeo comum entre os alunos Existem psicoacutelogas e coordenadoras para
exatamente resolver issordquo (A13) mas natildeo eacute assim que pensam todos ldquoAqui na
escola tentam ajudar cada um dos alunos em suas dificuldades natildeo adianta
muito porque natildeo ligam muito mas eacute preciso sim ter um responsaacutevel maior
como um diretor professor pai e matildee psicoacutelogo (a) ou pessoa mais velha que
123
esteja a frente do devido localrdquo (C110) Acontece que ao natildeo ter como resolver
acaba-se comprometendo mais a situaccedilatildeo de violecircncia ldquoporque muitas vezes
os diretores ou outras pessoas natildeo sabem tratar do assunto e acaba piorando
as coisasrdquo (C97) Isto fica bem evidente na situaccedilatildeo descrita por um aluno
ldquoUm dia um amigo meu me disse (que) roubaram cinco reais dele entatildeo quando disse a supervisatildeo do seu coleacutegio o menino pegou trecircs amigos dele e bateu ateacute que foi expulso do coleacutegiordquo (A33)
A accedilatildeo punitiva na escola para controlar a violecircncia fazendo uso de
medidas draacutesticas como a suspensatildeo ou ateacute mesmo a expulsatildeo precisa ser
adotada na percepccedilatildeo dos participantes ldquoEu gostaria que alguns alunos
fossem expulsos pois soacute fazem brigar eacute atrapalhar a aulardquo (A26) ldquoEu acho que
esse tipo de pessoa deveria ser expulso da escola pois podem machucar
gravemente algueacutemrdquo (C89) ldquona minha opiniatildeo isso que fizeram com ele eacute caso
de expulsatildeordquo (A12) De modo oposto alguns alunos parecem natildeo acreditar na
eficaacutecia da puniccedilatildeo ldquoE certamente com a puniccedilatildeo ele faraacute a violecircncia de novo
seraacute punido e faraacute de novo de novordquo (C103) No relato a seguir o aluno faz
consideraccedilotildees desta natureza
ldquoMuitas vezes jaacute presenciei alguns amigos sofrendo violecircncia tanto fiacutesica quanto verbal no coleacutegio que depois natildeo foram devidamente castigados pelo seu erro na maioria das vezes eacute aplicada uma leve puniccedilatildeo e natildeo eacute tratado o lado psicoloacutegico de cada crianccedila dentro do coleacutegio mas com o consentimento dos paisrdquo (A24)
Esta accedilatildeo punitiva contudo deve ser desempenhada com cuidado para
causar injusticcedilas
ldquoDevemos penalizar melhor os alunos e ter muito cuidado para que os alunos natildeo seja penalizado com injusticcedila e devemos lsquoobterrsquo provas em qualquer situaccedilatildeo parecida como testemunha porque tem muita gente que mente muito e natildeo penalizando de forma qualquer o aluno que bagunccedila na sala quebra cadeiras na escola natildeo respeita os professores que agride os seus proacuteprios amigos deve ser expulso do coleacutegio e ter muito cuidado para que nesse caso natildeo
124
haja injusticcedila porque esse aluno ele precisa de ajuda escolar e do responsaacuteveis mais que isso natildeo funcione devemos ter atitudes mais seacuteria sobre esse caso e natildeo eacute mais responsabilidade do coleacutegio porque esse aluno vai continuar e vai prejudicar seriamente os seus colegasrdquo (A16)
As propostas para a escola satildeo bem diversas ldquoOs coleacutegios tecircm que
tomar providecircncias com quem faz essas violecircncias como regras riacutegidas
suspensotildees mas tambeacutem os coleacutegios tecircm que evitar o maacuteximo possiacutevel (que
aconteccedila violecircncia)rdquo (A19) destacando a relevacircncia dos profissionais da
escola ldquomas o bom eacute que noacutes temos os supervisoresrdquo (A33) O diaacutelogo eacute
apresentado como estrateacutegia de combate agrave violecircncia
ldquoEu acho que as pessoas que recebem esse tipo de violecircncia escolar deviam resolver na base da conversa com o agressor ou com a coordenadora e etc Porque a conversa leva ao conviacutevio melhor A violecircncia natildeo resolve nada () Mas natildeo basta apenas uma ou duas pessoas pensarem assim todos teriam que pensar que a conversa eacute muito melhor do que a violecircncia porque a violecircncia natildeo leva a nadardquo (C90)
A conversa e o diaacutelogo com base numa relaccedilatildeo de confianccedila aparecem
como uma boa estrateacutegia para combater as situaccedilotildees de bullying ldquoo bullying
pode ser resolvido de muitas maneiras como conversar mostrar o mal que o
Bullying causa as viacutetimas e etcrdquo (B48) ldquoe como podemos acabar com isso
Conversando com colegas com professores para acabar com essa agressatildeo
que eacute muito ruim para quem estaacute sendo agredidordquo (B42) Inversamente haacute
aqueles que defendem estrateacutegias com base na retaliaccedilatildeo ldquoPra mim os alunos
que fazem essas violecircncias todos os dias (bullying) devem receber em troca
claro que em todas as escolas eles satildeo suspensos expulsos mas voltaram a
fazer novamente Isso eacute um caso constrangedorrdquo (C124)
Os alunos apresentam alternativas para resolver o problema sugerem
estrateacutegias envolvendo puniccedilatildeo relacionada com a nota ldquona maioria das vezes
125
os coordenadores ligam para os pais mas isso natildeo resolve nada o certo seria
dar alguma puniccedilatildeo que o aluno parasse mesmo de perturbar o outro () o
que faria ele parar eacute dizer que ele teria algum ponto a menos na notardquo (C112)
ou envolvendo pessoas que poderiam colaborar ldquoA violecircncia escolar deveria
ser controlada e punida os alunos que se metessem na violecircncia fossem para
a diretoria e que tivesse um estagiaacuterio(a) nas salas de aula para controlar essa
violecircncia enquanto o professor saiacutesse por um momento e que os agressores
fossem tirados de salardquo (C87) Eacute interessante que os alunos compreendem a
finalidade dos atos de indisciplina e sugerem estrateacutegias inovadoras como
pode ser visto no trecho abaixo
ldquoPoreacutem noacutes poderiacuteamos nos ver livres de tal ato tatildeo brutal se houvessem algumas puniccedilotildees mais severas uma providecircncia que atualmente eacute tomada eacute suspensatildeo temporaacuteria do autor do ldquocrimerdquo eu natildeo acho que eacute uma boa providecircncia pois em grande parte dos alunos que praticam esses atos querem sair da escola Essa puniccedilatildeo seria dar a ele o que queria Eu acho e tenho quase certeza de que se as puniccedilotildees fossem de ficar mais na escola fazendo algumas atividades mais alunos parariam de praticar e ainda melhor menos pessoas sofreriam por estes atosrdquo (B40)
Famiacutelia e escola devem interagir ldquoeacute um assunto cuidadoso que precisa
de maacutexima atenccedilatildeo dos pais e educadoresrdquo (A24) ldquoNa minha escola nem
todos os dias tecircm essas brigas noacutes temos psicoacutelogos professores que lsquonoacutesrsquo
falam o que devem fazer mas eu acho que nem isso muda o comportamento
dos alunos acho tambeacutem que isso deveraacute ser cuidado em casa por seus paisrdquo
(C124)
Mesmo compreendendo que existem limites da escola no enfrentamento
da violecircncia o seu papel eacute referenciado ldquonatildeo tem como combater
completamente mas todos os coleacutegios jaacute estatildeo alertando e instruindo os
126
alunos sobre issordquo (A13) A escola precisa de um suporte maior para enfrentar
a situaccedilatildeo ldquoeu particularmente acho que de uma maneira ou de outra os
oacutergatildeos escolares brasileiros precisam combater de vez o bullyingrdquo (C88)
Sabe-se da dificuldade entretanto para os alunos enfrentar a violecircncia
na escola natildeo eacute impossiacutevel Os trechos a seguir evidenciam a esperanccedila que
os estudantes ainda alimentam em relaccedilatildeo ao papel da escola
ldquoQuando o agressor pratica o ato que eacute agredir o colega eacute muito difiacutecil reverter esse problema mas natildeo impossiacutevel Sinto que aqui no coleacutegio haacute sim esta dificuldade mas como disse natildeo eacute impossiacutevel pois com ajuda de vaacuterios profissionais e principalmente da famiacutelia assim podemos colocar em extinccedilatildeo este bicho cruel que eacute o bullyingrdquo (C99)
ldquoQueria poder achar uma maneira de acabar com isso mas pelo visto soacute daacute tentando conscientizar as pessoas que vivem na escola Se tudo fosse feito na paz na harmonia com solidariedade todo mundo aproveitaria e viveriacuteamos num mundo bem melhorrdquo (B36)
5142 O Papel do Estado
Aleacutem da escola e da famiacutelia cabe ao Estado controlar a questatildeo da
violecircncia escolar Neste caso a accedilatildeo do Estado eacute legislativa com penas
rigorosas ldquodeveria criar-se uma lei em que proibisse essa briga ou ateacute pena de
prisatildeordquo (A17) ou atuando de forma indireta como tornar obrigatoacuterio a presenccedila
de psicoacutelogos no sistema escolar em funccedilatildeo da violecircncia ldquopor causa dessa
violecircncia o governo (deveria) pensar em uma lei que seja obrigatoacuterio um
psicoacutelogo em cada escolardquo (A21) ldquodeviam investir melhor na educaccedilatildeo (eacute o
que acho e penso)rdquo (B44) Finalmente caberia ao governo federal controlar a
violecircncia escolar tendo em vista afastar o medo do contexto escolar
ldquoAcho que o governo brasileiro deveria tomar providencias em relaccedilatildeo a isso para as matildees natildeo terem medo de deixar seus filhos na escola ou os filhos natildeo ficarem com medo da escolardquo (A22)
127
Os estudantes recorrem ao dispositivo legal existente que trata sobre a
proteccedilatildeo integral agrave crianccedila e ao adolescente como possibilidade de eficiecircncia
no enfrentamento da violecircncia
ldquoEu acho tambeacutem que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente deveria ajudar a respeito disso Eles natildeo ajudam e agraves vezes soacute atrapalham com suas leis mal feitas Se eu fosse presidente ou diretor desse Estatuto eu pegaria pesado com os alunos que satildeo lsquobullyrsquo Eu faria com que qualquer coleacutegio pudesse expulsar alunos na 1ordf oportunidade que tivessemrdquo (A30)
5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes
O combate e a superaccedilatildeo da violecircncia escolar natildeo devem resultar
apenas da accedilatildeo da escola da famiacutelia e do Estado Haacute o reconhecimento da
importacircncia e de um papel a cumprir por parte dos proacuteprios participantes como
indiviacuteduos e sociedade ldquovamos evitar essas brincadeiras de mau-gosto Vamos
tentar acabar com essa realidaderdquo (A15) ldquoE isso eacute uma coisa grave que deve
ser tratado mas eacute algo que depende de cada um por isso eacute necessaacuterio que
esse assunto seja esclarecido para todos os alunosrdquo (C79)
Para alguns estrateacutegias simples como anunciar os prejuiacutezos da
violecircncia como demonstraccedilatildeo de intoleracircncia com tais atos parecem
suficientes ldquoAcho que devemos combater esta violecircncia escolar e quando
nossos amigos forem fazer algum tipo de violecircncia noacutes natildeo podemos permitir
devemos falar para ele e para as pessoas que isto estaacutersquo errado entatildeo acho que
eacute isso vamos combater a violecircncia escolarrdquo (A14) ldquoisso tem que acabar pois
todos tecircm que falar para natildeo ser agredido pense nisto e ajude os outrosrdquo
(C80) ou ateacute mesmo um simples conselho ldquonatildeo faccedila isso eacute uma coisa muito
erradardquo (B49)
128
Os alunos destacam como essencial a confianccedila em algueacutem para que a
violecircncia seja revelada ldquose acontecesse comigo o que eu faria Acho que
falaria a algueacutem mais velho com mais experiecircnciardquo (C118) Recomendam os
pais como pessoas mais indicadas mas natildeo as uacutenicas ldquoO ideal seria que os
agredidos contassem aos pais se se sentirem preparados Mas se achar que
os pais natildeo iratildeo ajudar contar a algueacutem que possardquo (B52) ldquoEu acho que se
cada pessoa que estivesse sofrendo este caso devia tirar todos os seus
medos e contar para seus pais para um psicoacutelogo para que eles venham
tomar alguma decisatildeordquo (C107) As pessoas da escola tambeacutem satildeo apontadas
como possibilidades ldquoPor isso se sofremos esses tipos de violecircncia acho que
deveriacuteamos comunicar as pessoas responsaacuteveis da escolardquo (A25)
Esta parece ser um dos aspectos que tem maior poder de realmente
transformar as relaccedilotildees na escola No entanto soacute seraacute possiacutevel com
modificaccedilotildees na forma de lidar com as situaccedilotildees de violecircncia
Mesmo que os alunos reconheccedilam a necessidade de uma relaccedilatildeo de
confianccedila com pessoas da proacutepria escola os estudos de Abramovay (2005)
mostram que o que prevalece eacute o oposto Segundo os dados da pesquisa
sobre violecircncia na escola ocorre muito descreacutedito dos jovens em relaccedilatildeo agraves
autoridades da escola como os diretores e professores Aproximadamente 11
dos alunos procuram um professor quanto tecircm um problema na escola e cerca
11 fazem o mesmo com o diretor mostrando um baixo grau de confianccedila nas
autoridades escolares Chama a atenccedilatildeo que essas proporccedilotildees satildeo mais
baixas do que a dos alunos que afirmam que natildeo contam para ningueacutem os
problemas que ocorrem na escola (14)
O final da violecircncia eacute visto como resultado da accedilatildeo dos proacuteprios
129
estudantes podendo agir sem recorrer agrave violecircncia ldquotemos que arrumar uma
soluccedilatildeo vamos ter carinho e amor ao proacuteximo Para reverter essas situaccedilotildees
que ocorrem nas escolasrdquo (A9) Parece haver intoleracircncia agraves atitudes
agressivas ldquonatildeo eacute a partir de uma agressatildeo que vocecirc vai ficar mais forte mais
bonito mais duratildeo mais inteligente eacute atraveacutes das atitudes que tomamos no
nosso dia a diardquo (C120) Os trechos a seguir evidenciam a necessidade de se
prescindir ao uso da violecircncia
ldquoacho que devemos pensar antes de agir e manter o diaacutelogo com os colegas natildeo partir para a briga e se com o diaacutelogo natildeo resolver temos que comunicar se for no coleacutegio agrave direccedilatildeo agrave coordenaccedilatildeo e se natildeo for no coleacutegio comunicarmos aos paisrdquo (C74) ldquoEu acho isso um absurdo por que natildeo conversam em vez de partirem para a briga () isso poderia ser evitado se as pessoas que praticam essa violecircncia se conscientizassem de que para resolver qualquer coisa natildeo precisa partir para a agressatildeo basta apenas conversarrdquo (C120)
Possibilidades de enfrentamento da violecircncia satildeo apontadas por Silva
(1997) com base na relaccedilatildeo de respeito entre as pessoas
Outra medida apresentada como estrateacutegia eficiente eacute agir com
indiferenccedila quando alvo de agressatildeo ldquoMuita gente laacute da sala natildeo gosta de
mim agora eu natildeo penso assim soacute porque o outro natildeo gosta de mim que eu
tambeacutem vou ter que odiar eu faccedilo de conta que nem ouvi e soacuterdquo (C105) no
entanto reconhece-se que nem sempre eacute faacutecil ldquoQuando as pessoas falam de
mim eu simplesmente natildeo ligo para o que falam pois minha matildee me deu
educaccedilatildeo Muitas vezes eacute chato sabe natildeo poder revidar do mesmo jeito que a
pessoa fez comigo chamando ela tambeacutem de alguma coisa ruim ou agredindo
elardquo (C110)
O cuidado com o proacuteximo surge a partir de orientaccedilotildees para se
130
colocarem no lugar do outro ldquoEntatildeo eacute isto antes de vocecirc falar algo com
algueacutem mesmo que seja para seus amigos acharem engraccedilado se coloca no
lugar do outrordquo (A23) ldquoE nunca praticar a violecircncia e natildeo adianta ficar
machucando os outros fisicamente ou verbalmente porque natildeo gostariacuteamos
que acontecesse com noacutes natildeo eacute mesmordquo (A25) No relato a seguir esta foi a
orientaccedilatildeo dada tendo sido considerada exitosa
ldquoBem teve um caso que aconteceu com um amigo meu que eu natildeo achei que foi uma coisa muito grave e que ningueacutem quer que aconteccedila com vocecirc Foi haacute algum tempo meu amigo tinha acabado de entrar na nossa sala jaacute por causa que todo mundo batia nele entatildeo ele mudou de sala e foi para a nossa Logo quando ele entrou ficavam tirando onda com ele xingando batendo etc Teve uma vez que bateram tanto nele que o nariz dele comeccedilou a sangrar a boca dele tambeacutem e ficou muito inchada depois disso a supervisatildeo veio falar conosco e dizer que era errado e que ningueacutem fizesse para o outro o que natildeo quiser que faccedila com si mesmo entatildeo todos pararam de agredir ele e agora o coleacutegio todo conhece elerdquo (A32)
Os alunos parecem admitir certo sentimento de impotecircncia diante da
violecircncia escolar mas asseveram a necessidade de agir ldquona minha escola
houve poucos casos de violecircncia fiacutesica mas a verbal eu vejo todos os dias e
penso que natildeo posso fazer nada apesar de que quando me agridem
verbalmente eu agrido de voltardquo (C101) A escalada da violecircncia parece ser
parte inerente da violecircncia na escola Mesmo estudantes que se dizem
contraacuterios agrave violecircncia admitem a necessidade de se defender ldquoEu nunca faria
uma coisa dessas nem fiz e nem vou fazer (mas eacute claro eu tenho que me
defender)rdquo (A12)
Existem atitudes preventivas que podem proteger ldquotento tomar cuidado
e principalmente natildeo andar com pessoas ruins mas nesse mundo de hoje
pode tudo tem gente boa presa gente ruim soltardquo (C118)
As diferentes formas de proceder na direccedilatildeo de diminuir a violecircncia na
131
escola incluem accedilotildees orientadas por princiacutepios eacuteticos ou normas de
comportamento com base no respeito
ldquoNa minha opiniatildeo todos os alunos devem tratar os outros da mesma forma que querem ser tratados natildeo devem faltar o respeito com nenhum dos seus colegas Respeito eacute uma coisa muito importante para todos e eacute uma coisa que aprende em casardquo (A7)
Ao mesmo tempo em que tambeacutem surgem orientaccedilotildees no sentido de
maior toleracircncia com as pessoas como eacute recomendado no texto a seguir
ldquopense em vocecirc antes de maltratar ao proacuteximo perdoe todo mundo erra e merece mais de uma chance devemos aceitar o jeito que o outro eacute mesmo gostando dele ou natildeo respeite ao proacuteximo e todos agradecemos todo mundo tem seu jeito de ser de pensar de agir e de falarrdquo (C77)
A partir das diversas contribuiccedilotildees suscitadas percebe-se que os
estudantes natildeo estatildeo indiferentes agrave violecircncia escolar e que existe empenho
para seu enfrentamento e combate
ldquoMas natildeo soacute os diretores e professores devem se importar procurar um especialista para tratar o agressor junto com a famiacutelia do mesmo Mas para que tudo isso possa acontecer as nossas autoridades tem que agir tambeacutem poderia sugerir uma certa parceria entre agressor escola autoridades famiacutelia Uma espeacutecie de ciclo entre todos para a ajuda de um indiviacuteduo para que ele possa mudar agora e ser um cidadatildeo de bem no futuro isso soacute depende de noacutesrdquo (C103)
515 Relatos de Violecircncia Escolar
Muitos estudantes incluem em seus textos relatos de episoacutedios de
violecircncia na escola Haacute relatos de algo que testemunharam ou que tomaram
conhecimento mesmo sem ter presenciado Alguns relatos se referem a
situaccedilotildees que o estudante esteve envolvido de forma mais direta e em sua
quase totalidade este envolvimento ocorreu como alvo de violecircncia sendo uns
132
mais especiacuteficos para situaccedilatildeo de bullying Eacute possiacutevel identificar atraveacutes dos
relatos diversos temas considerados ao longo desta anaacutelise
Quando os estudantes relatam episoacutedios de violecircncia na escola
ratificam que a violecircncia eacute algo que faz parte do seu cotidiano Muitas vezes os
alunos confirmam a existecircncia destas situaccedilotildees na sua proacutepria escola ldquono meu
coleacutegio tem Muitos alunos fazem brigas e etc Mas por motivos bestas Eu
devo citar que meu coleacutegio jaacute foi palco da violecircncia escolar Houve casos de
uma simples tapa na cara a alunos com facas canivetes cortando os outrosrdquo
(A30) Depoimentos de alunos viacutetimas de bullying tambeacutem estatildeo presentes ldquoEu
jaacute sofri bullying e sei quanto isso eacute ruim mas natildeo fisicamente e sim mental
agora diminuiu muitordquo (C97)
Haacute relatos que satildeo mais detalhados e fornecem informaccedilotildees relevantes
Eacute possiacutevel perceber atraveacutes do relato a seguir a indignaccedilatildeo com a situaccedilatildeo de
violecircncia Uma provocaccedilatildeo inicial gera uma agressatildeo mais grave confirmando
a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e fiacutesica
ldquoVou contar de um caso recente que aconteceu no meu coleacutegio Tinham alguns meninos rindo lsquoda cararsquo de outro menino esse menino tinha levado um canivete com uma faquinha nele entatildeo ele ameaccedilou-o (um deles) com a faquinha o menino para tirar a faca de junto deu um empurratildeo na matildeo do menino resultado ele cortou a matildeo Nesse caso o garoto soacute foi se defender com a matildeo mas ele antes tinha provocado mas esse natildeo sendo motivo para o outro menino levar um canivete pro coleacutegio (claro que natildeo) Com esse exemplo pode-se aprender que violecircncia gera violecircncia e violecircncia que eu digo natildeo eacute apenas fisicamente eacute verbal tambeacutem as vezes verbalmente vocecirc agride mais do que fisicamenterdquo (A27)
A participaccedilatildeo de um grupo de alunos contra um uacutenico aluno eacute descrita a
neste episoacutedio violento testemunhado e relatado A covardia dos agressores
estaacute presente
ldquoAteacute jaacute presenciei uma grande e terriacutevel violecircncia com meu colega de
133
classe quando estava na hora do recreio ele sentou em um banco comendo seu lanche sem perturbar ningueacutem entatildeo chegou um grupo de meninos que jaacute haviam implicado com ele e entatildeo jogaram uma coisa rsquonatildeo identificadarsquo no chatildeo e pediram para ele pegar como ele era muito inofensivo ao abaixar esse grupo de meninos se jogou por cima dele lhe machucandordquo (B43)
Um aluno descreveu detalhadamente situaccedilotildees de violecircncia sofrida
onde estatildeo evidentes diversos temas contemplados pelos demais alunos nas
suas produccedilotildees
ldquoNa minha escola que estou estudando jaacute fiz muitas amizades e nunca mais sofri qualquer agressatildeo Mis na minha escola antiga era difiacutecil fazer amizades e eu era alvo de bullying Num dia um garoto me chamou para falar com o professor pois ele estava me chamando e quando cheguei no local que esse garoto disse que o professor estava fui brutalmente agredido por muitos garotos e depois algumas amigas minhas me tiraram da li Havia um garoto que me batia muito e quando ele saiu da escola acharam que eu tinha dito que ele saiu revoltado jogaram minhas coisas fora e o armaacuterio foi quebrado e quando fui falar para a diretora me empurraram jogaram areia em mim e correram para falar com ela e inventaram que eu tinha feito alguma coisa Enfim nessa minha escola antiga fui alvo de gozaccedilatildeo sendo muitas vezes agredido e me senti peacutessimo a uacutenica situaccedilatildeo que achei foi sair da escola Jaacute colocaram um chuveiro (que tinha sido retirado para consertar) e colocaram na minha bolsa me acusando de ter roubado sorte que uma matildee viu e me inocentou Foi uma fase horriacutevel da minha vida e nunca mais quero lembrar Agora estou feliz no meu novo coleacutegio com muitos amigosrdquo (B46)
Percebe-se destaque para a questatildeo da amizade eacute esta temaacutetica que
abre e que finaliza o relato Haacute relaccedilatildeo entre dificuldades com amigos e ser
alvo de bullying indicando a amizade como fator de proteccedilatildeo A participaccedilatildeo
da escola no enfrentamento da violecircncia eacute referendada como ineficaz e ateacute
mesmo comprometedora Por sua vez sinaliza a possibilidade de superaccedilatildeo
apesar de evidenciar que o envolvimento em violecircncia escolar eacute algo
traumatizante
O proacuteximo relato tambeacutem descreve uma situaccedilatildeo envolvendo a temaacutetica
da amizade mais especificamente abordando perdas na amizade devido agrave
134
violecircncia
ldquoUm dia de manhatilde estava ocorrendo tudo bem quando aconteceu algo traacutegico com um aluno da minha ex-escola ele foi agredido violentamente por seu melhor amigo e isso comoveu toda a escola fazendo com que vaacuterias pessoas tambeacutem entrasse na briga vaacuterias pessoas que tentaram ajudar acabaram machucadas gravemente e as que natildeo queriam brigas ou natildeo tinham nada a ver com a histoacuteria acabaram tambeacutem com um resultado nada bom ateacute professores e fiscais tentaram apartar a briga mas natildeo conseguiram todos viam naquele momento pessoas machucadas crianccedilas chorando aquilo para todos era uma guerra de inimigos quem conseguiu acabar mesmo foi a poliacutecia e alguns seguranccedilas naquele momento foi um aliacutevio para todos e a raiva ainda continuava eles foram expulsos e ningueacutem nunca mais viu aqueles ex-amigos (A29)
Novamente a escola aparece como ineficaz ao lidar com a violecircncia
fazendo uso de estrateacutegia punitiva e excludente e ainda delegando agrave poliacutecia a
accedilatildeo para enfrentar a violecircncia
O relato abaixo trata de violecircncia em ambiente virtual
ldquoHouve um caso aqui no coleacutegio que envolveu ateacute professores Foi que na nossa sala noacutes criamos um blog da turma que servia pra gente botar fotos lembrar de provas e conversar entre noacutes Soacute que certo dia quando abrimos o blog estava cheio de comentaacuterios horriacuteveis nas fotos do tipo larga esse veado e vai dar o c R (proacuteprio nome) (esse foi com a minha foto) entatildeo os diretores do coleacutegio ficaram sabendo e entatildeo os teacutecnicos do coleacutegio de informaacutetica ameaccedilaram descobrir quem foi entatildeo a minha colega de sala se entregou foi o passe para todo mundo partir pra cima dela mas entatildeo ela disse que soacute fez isso pois estava com raiva de turma e pediu desculpas a todosrdquo (B45)
Neste relato a tecnologia eacute apontada como estrateacutegia tanto para
executar agressotildees mas tambeacutem para revelar detalhes da agressatildeo Neste
caso percebe-se que a escola enfrentou a situaccedilatildeo buscando internamente
estrateacutegias para solucionar o desconforto causado e conseguindo obter
sucesso entre os alunos
O depoimento a seguir apresenta vaacuterios aspectos abordados na anaacutelise
135
do conjunto dos textos
ldquoNa escola soacute algumas violecircncias como aconteceu com um amigo meu que mais de 10 alunos bateram nele e tambeacutem haacute ameaccedilas feitas por parte de alunos da proacutepria sala e de serie mais elevada Agraves vezes haacute brigas na sala antes do professor chegar Haacute muita violecircncia verbal dentro da sala de aula natildeo tem respeito ao proacuteximo em horaacuterio de aula haacute ateacute desrespeito com o professor No recreio jaacute houve muitas brigas de sair com o braccedilo quebrado e lutas se me permitem desiguais de um menino da 8ordf contra um da 4ordf e muitos incentivam a briga sem nem tentar apartar Poreacutem natildeo satildeo todos os alunos satildeo a maioria mas natildeo satildeo todos na minha sala satildeo 40 aluno se 15 prestarem atenccedilatildeo eacute muito entatildeo na minha escola haacute muita violecircncia que a supervisatildeo natildeo interfererdquo (A26)
Aparece a relaccedilatildeo desigual entre agressores e viacutetimas e agressatildeo
realizada por um grupo de alunos a sala de aula surge como cenaacuterio de
violecircncia na ausecircncia do professor como tambeacutem situaccedilotildees onde o professor
natildeo eacute respeitado como autoridade O uso de agressatildeo verbal eacute evidente como
tambeacutem a influecircncia da plateacuteia podendo a agressatildeo chegar a ser fiacutesica e com
danos graves A ineficiecircncia da escola mais uma vez eacute apontada e ainda haacute
referecircncia ao desinteresse nas aulas como origem da violecircncia
O relato abaixo parece apontar para a agressatildeo por parte de mais de um
individuo Haacute menccedilatildeo de agressatildeo verbal e interferecircncia da famiacutelia com uma
possiacutevel reaccedilatildeo por parte da viacutetima O relato tambeacutem parece indicar um
sentimento de rancor e possivelmente vinganccedila sugerindo uma possiacutevel
continuidade do comportamento agressivo
ldquoeu pessoalmente jaacute sofri bullying por trecircs alunos Eles viviam me xingando mas natildeo era soacute comigo era com toda a sala entatildeo minha matildee me disse que eu tenho que me impor ela disse entatildeo pensei muito nisso entatildeo eu mudei e fiz com que todos os alunos da sala se impusessem tambeacutem entatildeo esses trecircs alunos mudaram de sala mas eles tinham mesmo eacute que ser expulsos mas esses tipos de aluno soacute se sentem mais fortes quando eles tecircm uma pessoa mais fraca para dizer que eacute melhor mas o conselho que eu dou para vocecircs eacute de que nunca fraquejemrdquo (A17)
136
Alguns apresentam relato de testemunha e em seguida assumem jaacute ter
sido alvo ldquoEu acho isso uma coisa horriacutevel eu jaacute vi vaacuterios casos assim como o
que um menino pegou um estilete e quase cortou o pescoccedilo do outro sorte
que ele desviou e correu () Passou um dia em Ana Maria Braga um caso
horriacutevel que a menina saiu toda cortada e eu penso como vai ser isso no futuro
eu mesmo jaacute sofri isso minha matildee ficou loucardquo (C116)
Haacute declaraccedilotildees que indicam nenhum envolvimento em situaccedilatildeo de
violecircncia ldquoIsso nunca aconteceu comigo e nem com nenhum amigo(a) meu eu
natildeo tenho medo mas tambeacutem natildeo sei como eacute muita gente me procura pra
pedir conselho mas eu natildeo sei nada sobre issordquo (C118)
Apenas um participante apresenta relato de envolvimento como autor de
violecircncia na escola como evidente no relato abaixo
ldquoEu acho muito popular violecircncia na escola () encontro de patota rival ou por time Vou mandar um exemplo meu time eacute Sport e teve uma vez logo no primeiro ano que eu entrei no C(nome da escola) e comecei a andar com os boys e soacute tinha rubro-negro (torcedores do time citado) e teve uma vez que noacutes iriacuteamos para um passeio e teve um boy que estava com um quepe da Inferno Coral (torcida organizada do time adversaacuterio) e eu e os meninos estava becado (giacuteria para quem anda na moda)
da Jovem (torcida organizada do Sport) E o boy quando passou pela gente a gente de um pau nele e tomou o quepe dele e rasgou todinho Isso faz parte da violecircncia escolar Outro exemplo eacute o apelido que tem gente que estila e jaacute parte para a briga e quando a pessoa estaacute com muita raiva para de bater soacute matando ou tem que separarrdquo (C115)
Haacute relatos que natildeo estaacute claro como o aluno compreende a violecircncia
escolar aparentemente identificando como violecircncia atos de indisciplina
Explicaccedilotildees acrescentadas para tornar o relato compreensiacutevel
137
ldquoNa escola vemos vaacuterios acontecimentos como por exemplo hoje mesmo um menino estava jogando futebol no corredor da escola e quando foi chutar a tampa o sapato soltou do seu peacute e atingiu a lacircmpadardquo (C84)
ldquoEste ano apoacutes o recreio um menino tinha uma bola pequena parecia de handball e estavam jogando na escola ele e mais trecircs meninos Estavam brincando do doidinho quando jogaram bateu nas costas de um menino e bateu na lacircmpada e a quebrou por pouco que a lacircmpada natildeo caia em uma menina e o pior eacute que eles sabiam que natildeo podia jogar bola na sala e natildeo estavam nem aiacuterdquo (C89)
52 Anaacutelise dos Questionaacuterios
As respostas dos questionaacuterios foram tabuladas por meio do SPSS
(Social Package for the Social Science) e para efeito de anaacutelise e tratamento
estatiacutestico dos dados foram utilizados diversos procedimentos e anaacutelises
disponiacuteveis neste programa Inicialmente os dados estatildeo apresentados por
meio de estatiacutesticas descritivas em seguida foram aplicados procedimentos
para anaacutelise fatorial e por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os
aspectos investigados
Inicialmente apresentamos as anaacutelises referentes ao relacionamento
interpessoal entre os pares considerando as respostas dadas agraves questotildees da
primeira parte do questionaacuterio Posteriormente satildeo expostas as anaacutelises
referentes ao relacionamento com os professores exibindo de iniacutecio os dados
referentes ao professor com quem o participante considerava ter Bom
Relacionamento para em seguida apresentar os dados referentes ao professor
com quem o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil
138
521 Relacionamento Interpessoal com Pares
A primeira parte do questionaacuterio eacute referente ao relacionamento dos
alunos com seus pares investigando o envolvimento em situaccedilotildees de
agressatildeo assim como a frequumlecircncia deste envolvimento As questotildees abordam
diferentes formas como se daacute o envolvimento ndash como autoragressor
alvoviacutetima ou espectadortestemunha e tambeacutem os diferentes tipos de
agressatildeo fiacutesica verbal provocaccedilatildeo e exclusatildeo As respostas a todas as
questotildees do questionaacuterio considerava a ocorrecircncia e a frequecircncia de
determinado fato ao longo do ano letivo com as seguintes possibilidades de
resposta Natildeo nenhuma vez Sim apenas uma vez Sim poucas vezes (ateacute
quatro vezes ao longo do ano em curso) Sim algumas vezes (todo mecircs com
ateacute duas vezes por mecircs) Sim com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda
semana) Nesta anaacutelise consideramos Nenhum envolvimento as respostas
Natildeo nenhuma vez e Sim apenas uma vez e Maior Envolvimento as demais
respostas Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com frequumlecircncia8
Analisando os valores referentes a Nenhum Envolvimento em situaccedilotildees
de agressatildeo na Tabela 1 percebe-se um decreacutescimo dos valores da situaccedilatildeo
de autoragressor para a de alvoviacutetima e desta para a de
espectadortestemunha nos diferentes tipos de agressatildeo ndash Agressatildeo Fiacutesica
847 815 e 508 Agressatildeo Verbal 533 379 e 266 Provocaccedilatildeo
629 589 339 Exclusatildeo 919 847 e 468 Consequentemente
ocorre um crescimento nos valores referentes a Maior Envolvimento da
8 O percentual de respostas para cada uma das possibilidades de envolvimento nas diferentes formas de
agressatildeo encontra-se em anexo (Anexo 5)
139
situaccedilatildeo de autoragressor para de espectadortestemunha da mesma forma
nos diferentes tipos de agressatildeo
Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas de agressatildeo no relacionamento
entre os pares Nenhum envolvimento
1 Maior envolvimento
2
Autor Alvo Testemunha Autor Alvo Testemunha
Agressatildeo fiacutesica 847 815 508 153 186 491
Agressatildeo verbal 533 379 266 459 621 729
Provocaccedilatildeo 629 589 339 362 412 654
Exclusatildeo 919 847 468 72 153 524 1 Consideramos Nenhum Envolvimento as respostas Nenhuma vez e Apenas uma vez 2 Consideramos Maior Envolvimento as respostas indicando maior frequecircncia Poucas vezes (ateacute quatro vezes ao longo do
ano em curso) Algumas vezes (todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs) Com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana)
Os alunos natildeo se apresentam como autores de agressotildees entretanto
percebe-se um nuacutemero maior de alunos que se envolve como alvo e como
testemunha sendo maior o nuacutemero de alunos que se apresentam como
testemunhas do que como alvos de agressotildees Estes dados sinalizam que
ainda impera o medo de revelar a situaccedilatildeo de agressatildeo e consequentemente
de bullying atraveacutes da negativa em se identificar como Autoragressor ou como
Alvoviacutetima No entanto tais situaccedilotildees podem ser reveladas atraveacutes da
declaraccedilatildeo de jaacute ter presenciado podendo se identificar tendo envolvimento na
situaccedilatildeo de espectadortestemunha
Um outro dado a ser destacado eacute em relaccedilatildeo agraves Agressotildees Verbais e
Provocaccedilotildees Na situaccedilatildeo de Maior Envolvimento nos diferentes tipos de
envolvimento como Autor Alvo ou Testemunha o maior percentual eacute sempre
das Agressotildees Verbais seguidas das Provocaccedilotildees Inversamente na situaccedilatildeo
de Nenhum Envolvimento os menores percentuais satildeo das Agressotildees Verbais
seguidas das Provocaccedilotildees nas trecircs possibilidades de envolvimento ndash Autor
Alvo e Testemunha como pode ser visualizado na Tabela 1
140
Um destaque deve ser dado em relaccedilatildeo agraves testemunhas de agressatildeo
verbal pois o maior percetual neste tipo de agressatildeo (29) indica que os
alunos presenciam com frequecircncia (toda semana ou quase toda semana)
agressotildees verbais (Anexo 5)
Estes dados confirmam que situaccedilotildees de agressatildeo na escola
perpetradas atraveacutes de bullying eacute algo presente no cotidiano dos estudantes
como tambeacutem foi revelado pelos participantes atraveacutes da produccedilatildeo escrita E a
alta frequecircncia de agressotildees verbais e provocaccedilotildees como as estrateacutegias mais
comumente utilizada para agredir colegas igualmente confirma o destaque
desta forma de agressatildeo apontado nas redaccedilotildees
Os dados referentes ao relacionamento interpessoal com os pares foram
submetidos agrave tratamentos estatiacutesticos Inicialmente procedeu-se a uma anaacutelise
da adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A Medida de
Adequaccedilatildeo da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi de 0697 indicando
que os dados podem ser considerados como razoaacuteveis para a realizaccedilatildeo da
anaacutelise fatorial Aleacutem disso o Teste de Esfericidade de Bartlett mostrou que a
matriz de correlaccedilotildees entre os itens foi significativamente diferente de uma
matriz identidade indicando haver correlaccedilotildees suficientes para a realizaccedilatildeo da
anaacutelise (χ2=4061 gl=66 p=0001) A partir disso efetuou-se a primeira anaacutelise
fatorial que resultou em uma estrutura com quatro fatores capazes de explicar
641 da variacircncia total Poreacutem o uacuteltimo fator foi formado por apenas dois
itens referentes agrave agressatildeo por exclusatildeo mas com baixiacutessimo iacutendice de
consistecircncia interna (α=0256) Por isso esses dois itens foram eliminados e
uma nova anaacutelise foi realizada
141
Esta nova anaacutelise apresentou KMO igual a 0725 e Teste de
Esfericidade de Bartlett estatisticamente significativo (χ2=3600 gl=45
p=0001) A estrutura fatorial final ficou com trecircs fatores A Tabela 2 apresenta
as cargas fatoriais as estatiacutesticas descritivas e os Coeficientes Alfa de
Cronbach dos fatores O primeiro fator (F1) descreve situaccedilotildees de testemunho
de agressotildees com cargas fatoriais que vatildeo de 0703 a 0929 e com uma
consistecircncia interna de 075 o segundo fator (F2) descreve situaccedilotildees
envolvendo vitimizaccedilatildeo com cargas fatoriais variando de 0593 a 0793 e com
uma consistecircncia interna de 078 e o terceiro fator (F3) descreve situaccedilotildees de
execuccedilatildeo de agressatildeo com cargas fatoriais que vatildeo de 0619 a 0848 e
consistecircncia interna de 0822 Os iacutendices de consistecircncia interna para os trecircs
fatores mostram que as diferenccedilas entre os participantes podem ser atribuiacutedas
a diferenccedilas verdadeiras naquilo que os fatores avaliam e natildeo a erros de
medida (Pasquali 2003)
Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa de Cronbach do relacionamento entre pares
Itens 1 2 3
10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega
929
9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega
785
11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega
703
8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
793
5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega
782
7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega
654
6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega
593
2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo
848
142
1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo
732
3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega
619
Meacutedia 22319 21505 31398
Desvio padratildeo 91297 92379 119022
Miacutenimo 100 100 100
Maacuteximo 500 467 500
Coeficientes Alfa de Cronbach 0754 0775 0822
Para verificar a existecircncia de diferentes perfis nos escores dessa escala
foi realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward
obtendo-se quatro clusters significativos A figura 2 mostra a configuraccedilatildeo
desses quatro fatores
Nota-se que o Grupo 1 eacute formado por 13 participantes (105) com
pontuaccedilotildees relativamente elevadas em viacutetima e testemunha e baixa em
agressatildeo O Grupo 2 foi formado por 54 participantes (435) com pontuaccedilotildees
meacutedias baixas em viacutetima e agressatildeo e mais elevadas em testemunha O Grupo
3 foi formado por 26 participantes (210) com pontuaccedilotildees baixas nos trecircs
fatores E o Grupo 4 foi formado por 31 participantes (250) com pontuaccedilotildees
relativamente elevadas nos trecircs fatores
143
Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying
O grupo formado com maior nuacutemero de participantes (Grupo 2) eacute
caracterizado por aqueles que mais comumente presenciam situaccedilotildees de
violecircncia sem executar nem ser alvo de tais atos Novamente perece imperar
receio em relaccedilatildeo a revelaccedilatildeo de envolvimento mais direto em atos de
agressatildeo na escola Tambeacutem eacute interessante que aqueles se apresentam com
autores de agressatildeo (Grupo 4) parece tentar se proteger ou ateacute mesmo se
justificar ao revelar tambeacutem ser alvoviacutetima de violecircncia e tambeacutem presenciar
tais situaccedilotildees Um nuacutemero baixo de alunos (Grupo 3) parece mais distante do
cenaacuterio de violecircncia escolar indicando que para estes alunos a escola eacute um
espaccedilo imune agraves situaccedilotildees de violecircncia
Estes dados estatildeo na mesma direccedilatildeo de alguns aspectos visualizados
na anaacutelise das redaccedilotildees a) o papel do medo e da ameaccedila na perpetuaccedilatildeo das
144
situaccedilotildees de violecircncia b) as diferentes formas de envolvimento em bullying c)
a possibilidade de envolvimento de diferentes formas ao mesmo tempo O
envolvimento em mais de uma forma foi apontado por Lopes Neto (2005)
522 Relacionamento Interpessoal com Professores
O relacionamento com os professores foi investigado considerando
aspectos positivos e aspectos negativos do relacionamento tanto na relaccedilatildeo
direta como tambeacutem na relaccedilatildeo indireta A relaccedilatildeo direta refere-se a atitudes e
comportamentos (positivos ou negativos) que envolve de forma direta o aluno
e quando envolve o aluno e colegas ou a relaccedilatildeo do professor com a turma em
geral nos referimos a relaccedilatildeo indireta
Os participantes responderam considerando o relacionamento com dois
professores um que o participante considera ter Bom Relacionamento e outro
com quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil
5221 Professor com Bom Relacionamento
Para os alunos o professor com quem estabelecem um Bom
Relacionamento mais frequentemente eacute atencioso quando o aluno faz
comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula demonstra interesse nas
atividades realizadas pelo aluno solicita a participaccedilatildeo do aluno ao longo da
aula Outros aspectos tambeacutem apontados embora menos frequente foram
situaccedilotildees de apoio e elogios recebidos do professor
O professor com quem os participantes estabelecem um Bom
Relacionamento mais frequentemente busca a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de
conflitos entre alunos manteacutem clima de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus
145
colegas como tambeacutem entre os alunos em geral incentiva a compreensatildeo
toleracircncia e amizade entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os
alunos em geral Estes dados podem ser visualizados na Tabela 3 abaixo
Tabela 3 - Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom Relacionamento Aspectos PositivosBom Relacionamento Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Fez elogios a vocecirc publicamente 145 113 177 298 258
Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
48 48 177 145 573
Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 73 65 129 250 468
Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 65 56 161 323 387
Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
185 73 153 250 331
Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
500 153 153 81 89
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
411 121 137 89 218
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 185 105 89 65 540
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
105 81 89 153 556
Tomou partido nos conflitos entre alunos
331 81 169 137 250
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
129 73 129 185 476
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 137 40 73 121 621
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
161 56 73 89 605
Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes
O comportamento do professor diante de situaccedilotildees envolvendo os
alunos com seus colegas assim como o relacionamento do professor com a
turma parece caracterizar este Bom Relacionamento Eacute possiacutevel perceber que
os professores com quem os alunos estabelecem Bom Relacionamento
frequentemente tecircm atitudes positivas na relaccedilatildeo direta com o participante e
em relaccedilatildeo aos alunos em geral
Interessante destacar que quando refere-se ao professor buscar a
negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando o aluno se envolveu em conflitos
com os colegas o maior percentual foi Nunca (411) Isto pode ter ocorrido
em virtude do aluno nunca ter se envolvido em conflitos com colegas e
146
consequentemente o professor nunca precisou ter este tipo de
comportamento
Os professores com quem os alunos estabelecem um Bom
Relacionamento nunca ou quase nunca apresentam os comportamentos
referentes a aspectos negativos seja diretamente com o proacuteprio aluno como
expor o aluno a alguma situaccedilatildeo constrangedora ou fazer ameaccedilas ou com os
alunos em geral como criar e manter clima de competitividade e agressividade
Todos os aspectos investigados e sua respectiva distribuiccedilatildeo podem ser
visualizados na Tabela 4 a seguir
Nenhum dos comportamentos listados referentes a aspectos negativos
foi apontado como frequente em todos eles o menor percentual apareceu
sempre em Com frequumlecircncia e abaixo de 4 chegando a nenhuma resposta
em trecircs deles - Encaminhar o aluno para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo Fazer comentaacuterios puacuteblicos de alguma
dificuldade apresentada pelo aluno Provocar ou incentivar o conflito entre o
aluno e seus colegas
Tabela 4 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento
Aspectos NegativosBom Relacionamento Nunca Apenas uma vez
Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Ficou indiferente a seu comportamento na sala 589 194 129 56 24
Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 790 129 32 32 08
Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 774 89 89 40 08
Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
879 48 48 24 0
Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 879 73 08 16 16
Fez alguma ameaccedila a vocecirc
831 105 32 08 08
Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc
750 97 105 40 0
Entrou em conflito com vocecirc 798 129 32 16 16
Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 911 32 16 32 0
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
750 113 65 32 16
Entrou em conflito com os alunos 613 89 129 121 40
Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 863 65 24 24 16
147
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 750 121 65 40 08
Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
855 56 40 16 16
Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
742 56 65 65 40
Os dados referentes ao professor com Bom relacionamento tambeacutem
recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da
adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A primeira tentativa
resultou em 7 fatores com KMO de 0787 e Teste de Esfericidade de Bartlett
(χ2=15273 gl=378p=0001) explicando 658 da variacircncia total Poreacutem o
graacutefico de sedimentaccedilatildeo (scree-plot) mostrou apenas 3 fatores mais
significativos como pode ser visualizado na Figura 3
A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo da extraccedilatildeo de 3 fatores
conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da variacircncia total
148
Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Bom Relacionamento
O primeiro fator (F1) descreve Aspectos Negativos do Relacionamento
conteacutem 14 itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0386 a 0830 e com uma
consistecircncia interna de 0892 o segundo fator (F2) descreve Aspectos
Positivos Indiretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando de 0426 a
0752 e com uma consistecircncia interna de 0803 e o terceiro fator (F3)
descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem com cargas fatoriais que vatildeo de
0660 a 0781 e com uma consistecircncia interna de 0778 A Tabela 5 apresenta
as estatiacutesticas descritivas dos fatores
149
Tabela 5 - Estrutura Fatorial referente ao Professor com Bom relacionamento 1 2 3
10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
830
11 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)
811
14 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
761
13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)
747
15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
743
12 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)
690
3_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 681
9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
662 324
2_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
601
7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
599
6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala 525
8 Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)
517
7_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
469
1_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)
386
5_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
752
16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
679
6_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
604
17 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
585
9_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
575
4_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 556
18 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
444
19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
426 354
3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
781
1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente 742
2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
685
4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios etc)
662
5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo 660
Meacutedia 13847 33813 37911
Desvio padratildeo 55016 98414 94175
Miacutenimo 100 113 100
Maacuteximo 414 500 500
Coeficientes Alfa de Cronbach 0892 0803 0778
150
Os alunos parecem avaliar diferentemente as atitudes negativas e as
atitudes positivas do professor com quem estabelecem Bom Relacionamento
Em relaccedilatildeo aos aspectos negativos houve correlaccedilaotilde entre os itens que
referiam-se ao relacionamento direto com o participante e os que eram
referentes ao relacionamento indireto Em relaccedilatildeo aos aspectos positivos natildeo
apareceu variaccedilatildeo semelhante indicando que pode ocorrer um comportamento
diferente do professor quando se relaciona com o participante e quando
envolve os demais alunos E que de um modo geral este professor parece
natildeo apresentar aspectos negativos no seu relacionamento com os alunos
5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil
Para os alunos os professores com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil de forma bem pouco frequente exibem os
comportamento referentes aos aspectos positivos do relacionamento Para
371 dos alunos esse professor com quem tem Relacionamento Difiacutecil
nunca fez elogios a ele publicamente e para 21 fez elogios puacuteblicos apenas
uma vez E 44 dos alunos nunca recebram apoio deste professor em alguma
situaccedilatildeo
Outros comportamentos que referem-se a aspectos positivos diretos
apresentam-se distribuiacutedos em todas as frequecircncias como pode ser
visualizado na Tabela 6 abaixo embora ocorra em frequencia menor do que os
151
estes mesmos aspectos em relaccedilatildeo aos professores com quem estabelecem
Bom Relacionamento9
Tabela 6 - Aspectos positivos rereferentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos PositivosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Fez elogios a vocecirc publicamente 371 210 137 153 105
Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
210 105 274 97 298
Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 282 145 194 185 185
Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 298 145 210 145 194
Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
444 113 153 137 137
Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
548 153 97 56 129
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
444 145 129 89 169
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 282 73 137 40 460
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
290 48 121 97 419
Tomou partido nos conflitos entre alunos
476 105 105 105 194
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
234 145 145 129 339
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 202 121 105 113 444
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
161 129 129 145 427
Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes
Para 21 dos alunos o professor com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil nunca foi atencioso quando o aluno faz comentaacuterios ou
perguntas ao longo da aula entretanto para 298 isto ocorreu com
frequumlecircncia para 282 este professor nunca demonstrou interesse nas
atividades realizadas pelo aluno e para 185 foi um comportamento
frequente e para 298 nunca solicitou a participaccedilatildeo do aluno ao longo da
aula mas para 1945 isto aconteceu de forma frequente Estes dados sinalizam
que para alguns participantes parece que o(s) criteacuterio(s) utilizado(s) para
eleger o professor como tendo um Relacionamento Difiacutecil natildeo estavam entre
9 A tabela com a comparaccedilatildeo das respostas para Bom relacionamento e para Relacionamento Difiacutecil
pode ser visualizada em anexo (Anexo 6)
152
os aspectos investigados Todas as questotildees que abordavam o relacionamento
professor-aluno tanto os aspectos positivos do relacionamento como os
negativos abordando a relaccedilatildeo direta ou a relaccedilatildeo indireta consideravam
atitudes e comportamentos relativos agrave dinacircmica da sala de aula e do processo
de ensino-aprendizagem Nenhum dos aspectos investigados se referia a
questotildees mais pessoais do professor
Os alunos consideram que o professor com Relacionamento Difiacutecil
busca em menor frequecircncia a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos ndash para 234 Nunca e para 339 Com Frequecircncia
Tambeacutem eacute bem menor a frequecircncia em relaccedilatildeo a se o professor manteacutem clima
de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos
em geral e tambeacutem se incentiva a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre o
aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos em geral Diante de
situaccedilotildees envolvendo os alunos com seus colegas e o relacionamento deste
professor (Relacionamento Difiacutecil) com a turma em geral percebe-se uma
menor frequumlecircncia dos comportamentos referentes aos aspectos positivos em
comparaccedilatildeo com a frequumlecircncia apresentada pelos professores com quem
estabelecem Bom Relacionamento nestes mesmos intens
Em muitos itens o professor com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil apresenta alto percentual para as respostas Com
Frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana) mas sempre esse
percentual eacute menor do que os dados para o professor com Bom
Relacionamento Nota-se que o professor com Relacionamento Difiacutecil
apresenta atitudes e comportamentos apropriados agrave dinacircmica da sala de aula e
153
ao seu fazer docente embora o professor com Bom Relacionamento exiba
estes comportamentos de forma mais intensa e evidente
Os aspectos negativos investigados natildeo satildeo frequentes nos professores
com Relacionamento Difiacutecil Em todos os itens investigados o maior percentual
sempre eacute na resposta Nunca em muitas vezes percentuais acima de 60 e o
percentual eacute sempre muito baixo para as respostas Com Frequumlecircncia (toda
semana ou quase toda semana) Estes dados podem ser conferidos na Tabela
7 a seguir
Tabela 7 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos NegativosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Ficou indiferente a seu comportamento na sala 484 161 194 81 56
Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 702 169 56 48 16
Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 613 137 129 73 40
Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
823 81 56 16 08
Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 847 89 32 08 16
Fez alguma ameaccedila a vocecirc
806 97 48 16 24
Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc
685 89 113 89 16
Entrou em conflito com vocecirc 742 169 32 16 24
Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 855 81 32 24 0
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
694 97 121 40 32
Entrou em conflito com os alunos 411 185 161 177 56
Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 823 81 48 24 16
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 605 161 121 56 40
Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
774 89 48 48 32
Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
653 129 89 48 65
Estes dados indicam que os professores com quem os alunos
estabelecem um Relacionamento Difiacutecil nunca ou quase nunca apresentam os
comportamentos referentes a aspectos negativos Percebe-se uma ligeira
diminuiccedilatildeo nos percentuais indicados em Nunca em todos os comportamentos
investigados em relaccedilatildeo aos apresentados para os professores com Bom
Relacionamento Quanto ao professor ter provocado ou incentivado o conflito
154
entre o participante e os colegas nenhum aluno indicou que este aspecto
ocorre com frequumlecircncia tanto em relaccedilatildeo ao professor com Bom
Relacionamento quanto ao com Relacionamento Difiacutecil Podemos compreender
que em geral os professores considerados pelos estudantes nesta
investigaccedilatildeo natildeo se comportam de maneira inapropriada com o fazer docente
Os dados referentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil tambeacutem
recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da
adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial com KMO de 0729
e Teste de Esfericidade de Bartelett (χ2=13843 gl=378p=0001) explicando
655 da variacircncia total O Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo (scree-plot) indicou
apenas de 3 a 5 fatores como pode ser visualizado na Figura 4 A soluccedilatildeo
mais adequada ficou com 4 fatores A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo
da extraccedilatildeo de 4 fatores conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da
variacircncia total
Figura 4 - Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil
155
Tabela 8 - Estrutura Fatorial referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil 1 2 3 4
19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
794
18 Este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
739
9_5 Este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
725
6_5 Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 722
5_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
716
17 Este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
706
4_5 Este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 651
16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
557
12 Este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (aprendizagem comportamento relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)
759
11 Este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)
734
13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)
726
10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
615 -304
9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
564
8 Este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)
521 349
7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
520
6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
341
1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
796
3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
781
4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas etc)
776
5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
693
2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
626
7_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
779
1_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)
778
2_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
667
3_5Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
569
8_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
519
15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
381
Meacutedia 29704 15299 27260 16867
Desvio padratildeo 114002 62214 115323 74789
Miacutenimo 100 100 100 100
156
Maacuteximo 500 357 500 400
Coeficientes Alfa de Cronbach 0859 0776 0839 0770
Observou-se que o primeiro fator (F1) descreve Aspectos Positivos
Indiretos conteacutem oito itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0557 a 0794 e
com uma consistecircncia interna de 0859 O segundo fator (F2) descreve
Aspectos Negativos Diretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando
de 0341 a 0759 e com uma consistecircncia interna de 0776 O terceiro fator
(F3) descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem cinco itens com cargas
fatoriais que vatildeo de 0626 a 0796 e com uma consistecircncia interna de 0839 O
quarto e uacuteltimo fator (F4) descreve Aspectos Negativos Indiretos conteacutem seis
itens com cargas fatoriais variando de 0381 a 0779 e com uma consistecircncia
interna de 077 A Tabela 8 apresenta as estatiacutesticas descritivas dos fatores
Os alunos parecem avaliar diferentemente em relaccedilatildeo aos professores
com quem estabelecem um Relacionamento Difiacutecil cada uma dos fatores do
relacionamento interpessoal com os professores investigados atraveacutes do
questionaacuterio proposto Estes dados sugerem que os professores com
Relacionamento Difiacutecil apresentam posturadas diferenciadas diante de uma
situaccedilatildeo mais direta com o participante das situaccedilotildees que envolvem os demais
alunos tantos quando trata-se de aspectos positivos quanto dos aspectos
negativos do relacionamento Distintamente dos professores com Bom
Relacionamento os dados correspondentes aos professores com
Relacionamento Difiacutecil expressam esta diferenccedila em relaccedilatildeo aos aspectos
negativos do relacionamento
Esta anaacutelise evidenciou anteriormente que natildeo haacute distinccedilatildeo em relaccedilatildeo
aos aspectos negativos do relacionamento entre os professores De um modo
geral os professores com Bom Relacionamento e os com Relacionamento
157
Difiacutecil natildeo apresentam atitudes ou comportamentos inadequados ao fazer
docente Entretanto os alunos identificam que os professores com
Relacionamento Difiacutecil ao apresentarem atitudes ou comportamentos
referentes aos aspectos negativos do relacionamento natildeo os fazem
indistintamente
523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento em Bullying e
o Relacionamento com os Professores
Apoacutes as anaacutelises dos dados de cada parte do questionaacuterio isoladamente
foram realizadas anaacutelise correlacional dos diferentes aspectos investigados por
meio do questionaacuterio quais sejam o relacionamento interpessoal entre os
pares e o relacionamento entre professor e aluno Inicialmente realizou-se a
anaacutelise das relaccedilotildees entre o primeiro aspecto ndash relacionamento entre os pares
ndash e os fatores do relacionamento com o professor com quem o participante
considera ter um Bom Relacionamento Em seguida a anaacutelise ocorreu entre os
dados referentes ao relacionamento entre os pares e os fatores do
relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil
5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom Relacionamento
Iniciamos a anaacutelise correlacional investigando a relaccedilatildeo entre o
envolvimento do participante em bullying e os fatores do relacionamento com o
professor com quem o participante considera ter um Bom Relacionamento Os
dados da Tabela 9 permitem-nos constatar que natildeo houve correlaccedilatildeo
estatisticamente significativa entre o envolvimento em situaccedilotildees de bullying
158
como AlvoViacutetima ou como Testemunha com nenhum dos fatores referentes ao
relacionamento interpessoal com o professor com Bom Relacionamento
Tabela 9 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento
entre os pares e com o professor com Bom Relacionamento
Correlations Atitudes
Negativas Atitudes Positivas Indiretas
Atitudes positivas Diretas
Viacutetima Pearson Correlation 061 050 -066 Sig (2-tailed) 502 583 468 N 124 123 123
Agressor Pearson Correlation 410 -143 -104 Sig (2-tailed) 000 114 252 N 124 123 123
Testemunha Pearson Correlation 058 183 061 Sig (2-tailed) 523 043 504 N 124 123 123
Correlation is significant at the 001 level (2-tailed) Correlation is significant at the 005 level (2-tailed)
No entanto houve correlaccedilatildeo moderada significativa e positiva (ao niacutevel
0001) entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves
Atitudes Negativas do professor com quem o participante considera ter um
Bom Relacionamento Tambeacutem houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao
niacutevel 0005) entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves
Atitudes Positivas Indiretas do professor com quem o participante considera ter
um Bom Relacionamento entretanto os valores indicam tratar-se de uma fraca
correlaccedilatildeo
Estes dados sugerem que o maior ou menor envolvimento do aluno
como AtorAgressor em situaccedilotildees de bullying tem relaccedilatildeo com a forma como
os alunos consideram os aspectos negativos do relacionamento no
comportamento dos professores com quem tem um Bom Relacionamento
159
Estes resultados estatildeo na mesma direccedilatildeo dos dados apresentados por
Martins (2005) quando estudantes envolvidos como agressores afirmam se
sentirem piores em relaccedilatildeo aos professores Eacute importante que a escola reveja
a forma de se relacionar com estes alunos assim como atentar para as
reaccedilotildees puramente punitivas sem contribuiccedilotildees para modificaccedilotildees reais em
relaccedilatildeo agrave forma de se relacionarem e se comportarem na escola com os pares
e com os professores
5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com Relacionamento
Difiacutecil
A anaacutelise correlacional seguinte foi realizada visando investigar a relaccedilatildeo
entre o envolvimento do participante em bullying e os fatores do
relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil Os dados da Tabela 10 permitem-nos constatar que
natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o envolvimento em
situaccedilotildees de bullying quer como AlvoViacutetima quer como AtorAgressor ou como
Testemunha com as Atitudes Positivas do relacionamento interpessoal com o
professor com Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o
participante como na relaccedilatildeo indireta
Tabela 10 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento Difiacutecil
Correlations Atitudes
Positivas Indiretas
Atitudes Negativas Diretas
Atitudes Positivas Diretas
Atitudes Negativas Indiretas
Viacutetima Pearson Correlation 023 186 -020 214 Sig (2-tailed) 796 039 827 017 N 123 123 123 123
Agressor Pearson Correlation -054 380 047 247 Sig (2-tailed) 555 000 605 006
160
N 123 123 123 123 Testemunha Pearson Correlation 079 196 -075 241
Sig (2-tailed) 384 030 410 007 N 123 123 123 123
Correlation is significant at the 005 level (2-tailed) Correlation is significant at the 001 level (2-tailed)
Esta anaacutelise apontou algumas correlaccedilotildees mas com valores indicando
uma fraca correlaccedilatildeo Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0001)
entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes
Negativas do professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o participante como na
relaccedilatildeo indireta A correlaccedilatildeo tambeacutem foi significativa e positiva (ao niacutevel 0001)
entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes
Negativas Indiretas
Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0005) entre o
envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas
Diretas do professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil e tambeacutem o envolvimento com AlvoViacutetima e a
avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas Diretas e Indiretas do professor com
quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil
A anaacutelise correlacional dos dados indica existir uma ligaccedilatildeo entre os
Aspectos Negativos do relacionamento com os professores e a forma como o
estudante se envolve em situaccedilotildees de bullying De acordo com Tognnetta e
Vinha (2008) as relaccedilotildees intrapessoais antecedem as relaccedilotildees interpessoais
Tanto o professor como o aluno apresentam comportamentos inadequados ao
bom relacionamento interpessoal e agrave medida que existe uma ligaccedilatildeo entre
estes aspectos pode ocorrer uma processo ciacuteclico
161
De uma forma geral os dados evidenciados a partir da anaacutelise das
respostas do questionaacuterio estatildeo presentes nas produccedilotildees escritas Ao
abordarem questotildees sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo os alunos referem-se aos
relacionamentos com os professores salientando a) preferecircncias dos
professores por alguns alunos b) situaccedilotildees de agressatildeo entre professor e
aluno
A partir dos dados coletados obtidos de diferentes formas eacute possiacutevel
verificar que para os participantes haacute uma ligaccedilatildeo entre o comportamento dos
alunos e o dos professores salientando diferentes niacuteveis de complexidade com
relaccedilotildees dialeacuteticas presentes no relacionamento interpessoal (Hinde (1997)
162
CAPIacuteTULO VI
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Considerando que o estudo das relaccedilotildees interpessoais vem se configurando
como uma importante aacuterea de estudo interdisciplinar o presente estudo visou ampliar
este campo de conhecimento ao focalizar em relaccedilotildees interpessoais de grande
relevacircncia ao longo da vida escolar que natildeo tem sido ainda foco de interesse entre os
estudiosos da aacuterea Desde o iniacutecio este trabalho apontou a possibilidade de
compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto
escolar visando contribuir com estudos cientiacuteficos dos diversos aspectos referentes ao
fenocircmeno bullying
O objetivo desta pesquisa de doutorado foi investigar o papel da relaccedilatildeo
professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Para o alcance
deste objetivo utilizamos como referencial teoacuterico estudos sobre o relacionamento
professor-aluno sobre Relaccedilotildees Interpessoais a partir da obra de Robert Hinde e
estudos sobre Violecircncia Escolar e bullying E na busca de maior compreensatildeo desta
relaccedilatildeo procedemos a uma pesquisa com dados de natureza quantitativa e qualitativa
sobre as relaccedilotildees interpessoais na escola com estudantes do Ensino Fundamental
O tema geral deste estudo foi perseguido a partir de objetivos especiacuteficos O
primeiro objetivo buscou investigar se os estudantes associam a praacutetica de bullying
como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar A partir da anaacutelise temaacutetica
das produccedilotildees escritas dos participantes podemos identificar que situaccedilotildees
envolvendo bullying satildeo bem presentes no cotidiano dos estudantes Em
aproximadamente metade das redaccedilotildees os alunos dissertam sobre bullying
abordando diferentes aspectos explicam seu significado expotildeem as diferentes formas
163
de agressatildeo caracteriacutesticas individuais que favorecem a vitimizaccedilatildeo o papel do medo
e das ameaccedilas as consequecircncias para as viacutetimas e reconhecem a importacircncia da
escola cuidar desta questatildeo Muitos alunos reagem com reprovaccedilatildeo e indignaccedilatildeo agraves
situaccedilotildees de bullying
O segundo objetivo especiacutefico se propocircs a investigar o envolvimento dos
participantes em situaccedilotildees de bullying e a forma que se daacute este envolvimento como
alvoviacutetima autoragressor ou espectadortestemunha A anaacutelise dos dados
demonstrou que a maioria dos alunos jaacute se envolveu em situaccedilotildees de bullying mas
quase sempre como espectadortestemunha De forma muito tiacutemida os alunos se
apresentam como alvoviacutetima e muito menos ainda como autoragressor Eacute possiacutevel
ainda que os alunos se envolvam de diferentes maneiras Podemos afirmar estas
formas de envolvimento tambeacutem a partir dos relatos revelando este envolvimento
atraveacutes das redaccedilotildees Muitos alunos relatam ter presenciado situaccedilotildees de bullying
alguns revelam ter sido alvoviacutetima e apenas um declarou jaacute ter cometido
provocaccedilotildees indicando se tratar de bullying
O terceiro objetivo buscou identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-
aluno considerando um professor com quem o participante considerara ter Bom
Relacionamento e outro com quem o participante considerara ter um Relacionamento
Difiacutecil Foi possiacutevel identificar vaacuterios aspectos desta relaccedilatildeo como maior intensidade
de aspectos positivos no comportamento do professor com Bom Relacionamento No
entanto foi possiacutevel inferir que estes aspectos indicam posturas diferenciadas em
relaccedilatildeo aos alunos Um dado que despertou interesse foi a pouca frequecircncia de
aspectos negativos no comportamento dos professores tanto em relaccedilatildeo ao professor
com Bom Relacionamento como ao professor com Relacionamento Difiacutecil Acredita-se
que os criteacuterios utilizados pelos alunos para considerar determinado professor como
164
tendo um Relacionamento Difiacutecil pode natildeo ter sido explorado entre os aspectos
investigados
O quarto e uacuteltimo objetivo procurou identificar correlaccedilotildees entre diferentes
aspectos do relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying A anaacutelise
dos dados sinalizou para uma relaccedilatildeo moderada entre o envolvimento do aluno em
situaccedilatildeo de bullying como autoragressor e a frequumlecircncia de aspectos negativos dos
professores tanto com Bom Relacionamento como em referecircncia ao professor com
Relacionamento Difiacutecil Em relaccedilatildeo agraves demais formas de envolvimento natildeo foi
possiacutevel estabelecer relaccedilotildees
Diante destas consideraccedilotildees eacute possiacutevel afirmar que este trabalho atingiu de
forma satisfatoacuteria os objetivos propostos E a partir do que foi evidenciado algumas
provocaccedilotildees urgem considerando que o espaccedilo destinado agraves aulas a sala promove
outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que satildeo ignorados e
infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo professoraluno Partimos entatildeo a
comentar algumas dessas provocaccedilotildees
O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos escolares Como o
professor contribui sem perceber para o fenocircmeno bullying Parece que haacute algo
anterior agraves relaccedilotildees interpessoais importantes de serem cuidadas que satildeo as
relaccedilotildees intrapessoais Tognetta e Vinha (2008) destacam que eacute preciso ter respeito e
valorizaccedilatildeo por si proacuteprio para ser possiacutevel respeitar e valorizar o outro
Eacute nesta perspectiva que defendo que a existecircncia de uma ligaccedilatildeo entre o
relacionamento professor-aluno e o envolvimento como autoragressor em situaccedilotildees
de bullying Eacute possiacutevel que alunos autoresagressores de forma mais intensa se
envolvam em situaccedilotildees desagradaacuteveis provocando reaccedilotildees nos professores
evidenciando aspectos negativos da relaccedilatildeo professor-aluno Tambeacutem pode ocorrer
165
do professor bastante desrespeitado no seu fazer docente esteja vulneraacutevel a
apresentar comportamentos inadequados e ateacute mesmo posturas diferenciadas
considerando como se daacute o relacionamento com o aluno
Eacute preciso investigar todas estas questotildees a partir do ponto de vista do
professor visto que neste estudo todos os participantes eram estudantes Faz-se
necessaacuterio verificar como os professores avaliam o relacionamento com alunos de
acordo com as diferentes possibilidades de envolvimento em bullying Acreditamos ser
importante esta investigaccedilatildeo uma vez que em estudo sobre a percepccedilatildeo do professor
sobre o bullying no ambiente escolar (Ferreira Rowe e Oliveira 2011) os professores
revelaram sentimentos diferenciados diante do envolvimento em bullying de piedade e
compaixatildeo pelas viacutetimas e repugnacircncia pelos agressores
A situaccedilatildeo de violecircncia provoca sentimentos de solidariedade em relaccedilatildeo agraves
viacutetimas e em situaccedilotildees de violecircncia velada de sofrimento intenso envolvendo
crianccedilas e adolescentes eacute natural maior cuidado e envolvimento em relaccedilatildeo agravequeles
cujo sofrimento eacute mais evidente Eacute preciso cuidar dos alunos autoresagressores pois
mesmo tendo a intenccedilatildeo de causar mal a outro ldquotambeacutem precisam de ajuda porque
natildeo conseguem se ver (no sentido moral e natildeo no sentido esteacutetico ou socialmente
estabelecido) satildeo muitas vezes incapazes de reconhecer seus proacuteprios sentimentos e
consequentemente os sentimentos dos outrasrdquo (Tognetta 2010 p90) As evidecircncias
deste estudo podem favorecer relaccedilotildees mais acolhedoras e menos punitivas diante
das estrateacutegias utilizadas pelos estudantes diante do cenaacuterio de violecircncia escolar
Outro aspectos a destacar refere-se a necessidade em estudos posteriores
sobre relacionamento interpessoal de maior clareza quanto aos criteacuterios utilizados
pelos participantes para referir-se ao Bom Relacionamento e ao Relacionamento
Difiacutecil O presente estudo abordou questotildees pertinentes agrave relaccedilatildeo professor-aluno
166
apresentando contribuiccedilotildees para estudos desta natureza entretanto outros aspectos
precisam ser considerados
Mesmo sabendo dos cuidados tomados de forma a possibilitar a participaccedilatildeo
dos estudantes garantindo o sigilo em relaccedilatildeo agrave sua identidade e assim maior
confianccedila para apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees solicitadas parece que a coleta
realizada de forma pontual por um pesquisador estranho ao cotidiano dos estudantes
natildeo eacute a forma ideal Consideramos que os profissionais da escola ao estabelecerem
relaccedilotildees de confianccedila tem maiores condiccedilotildees de acessar informaccedilotildees relevantes para
o estudo de forma integrada das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar
Do ponto de vista social o presente estudo espera poder contribuir para a
valorizaccedilatildeo no meio educacional da relevacircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer
docente e assim poder resgatar o envolvimento do professor em questotildees que natildeo se
referem apenas agrave transmissatildeo de conteuacutedos e que no entanto muito interferem no
seu cotidiano
Eacute preciso cuidar do professor proporcionando a auto valorizaccedilatildeo e auto
respeito para assim podermos falar de uma eacutetica do cuidado na relaccedilatildeo professor-
aluno
167
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173
ANEXOS
174
ANEXO I
175
Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Tiacutetulo da Pesquisa O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental Pesquisadora Virginia de Oliveira Alves Passos Orientador Prof Dr Agnaldo Garcia Instituiccedilatildeo UFES ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo PPGP ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Objetivo da Pesquisa Investigar a ocorrecircncia de bullying e o papel do relacionamento interpessoal entre professores e alunos em sua causaccedilatildeo intensificaccedilatildeo ou controle Descriccedilatildeo do Procedimento Seratildeo aplicados questionaacuterios a cada participante abordando aspectos referentes aos seus relacionamentos interpessoais na escola tanto com seus pares como tambeacutem com os professores e em seguida seraacute solicitado a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar Benefiacutecios Espera-se que os resultados contribuam para possibilidade de compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos referentes a violecircncia escolar e ao fenocircmeno bullying Anaacutelise de risco e sigilo Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiraacute rigorosamente os criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas com seres humanos Desse modo os questionaacuterios seratildeo aplicados de acordo com a teacutecnica padratildeo cientificamente reconhecida Seratildeo preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes O participante teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo em qualquer fase da pesquisa Informaccedilotildees complementares e esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos participantes eou a seus responsaacuteveis A previsatildeo para os procedimentos descritos eacute de agosto de 2010 a junho de 2011 Identificaccedilatildeo do Responsaacutevel pela Instituiccedilatildeo Nome____________________________________________________________ RG ______________ Oacutergatildeo Emissor ________ Cargo ____________________________________________________________
Estando de acordo assinam o presente termo de consentimento em 02 (duas) vias
_________________________ ______________________________ Responsaacutevel pala Instituiccedilatildeo Virginia de O Alves Passos
Pesquisadora RecifePE _________
176
ANEXO II
177
FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo
investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre
alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade
Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade
Federal do Espiacuterito Santo)
Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a
preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os
pares como tambeacutem com os professores
Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees
interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos
referentes agrave violecircncia escolar
As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre
sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante
teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e
esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos
participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua
integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste
estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Identificaccedilatildeo do Participante
Nome do participante_________________________________________________________
Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________
Estando de acordo assino o presente termo de consentimento
________________________________
Assinatura
Pesquisadora responsaacutevel
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro
CEP 56304-917 - PetrolinaPE
E-mail virginiaalvesunivasfedubr
VIA DO PESQUISADOR
178
Telefone 87 21016868 87 88238983
FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo
investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre
alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade
Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade
Federal do Espiacuterito Santo)
Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a
preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os
pares como tambeacutem com os professores
Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees
interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos
referentes agrave violecircncia escolar
As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre
sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante
teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e
esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos
participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua
integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste
estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Identificaccedilatildeo do Participante
Nome do participante_________________________________________________________
Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________
Estando de acordo assino o presente termo de consentimento
________________________________
Assinatura
Pesquisadora responsaacutevel
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro
CEP 56304-917 - PetrolinaPE
VIA DO PARTICIPANTE
179
E-mail virginiaalvesunivasfedubr
Telefone 87 21016868 87 88238983
ANEXO III
180
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Vocecirc estaacute sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa sobre Relaccedilotildees Interpessoais na
Escola Sua participaccedilatildeo eacute importante poreacutem vocecirc natildeo deve participar contra sua vontade Leia
atentamente as informaccedilotildees abaixo e faccedila se desejar qualquer pergunta para esclarecimento
Pesquisadora responsaacutevel Profordf Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos
O participante estaacute ciente sobre os seguintes aspectos
1 Objetivo principal da pesquisa
2 Descriccedilatildeo da coleta de informaccedilotildees
3 Ausecircncia de riscos
4 Benefiacutecios da pesquisa
5 O seu nome seraacute mantido em sigilo e nenhuma informaccedilatildeo que o identifique seraacute divulgada
nas publicaccedilotildees dos resultados
6 Os alunos participaratildeo voluntariamente da pesquisa natildeo recebendo nenhum valor
7 Vocecirc tem a liberdade de se recusar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da
pesquisa sem penalizaccedilatildeo alguma
Eu DECLARO que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me
foi explicado concordo voluntariamente em participar desta pesquisa
Recife ____ de _________________________ de 2010
Nome do participante ___________________________________________________________
__________________________________________
(participante)
181
ANEXO IV
182
Vocecirc estaacute participando como colaborador de uma a pesquisa sobre Relacionamento Interpessoal na
Escola Sua colaboraccedilatildeo eacute muito importante e vocecirc deve responder com atenccedilatildeo todas as questotildees
considerando os acontecimentos ao longo deste ano
Parte I - As suas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos entre vocecirc e seus colegas
durante este ano Para responder vocecirc deve considerar a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos
investigados
Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso
Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs
Com frequumlecircncia toda semana (ou quase toda semana)
1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano vocecirc impediu algum colega de participar em atividades com outros colegas da
escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da
escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
183
10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano vocecirc percebeu se algum colega foi impedido por outros colegas de participar de
alguma atividade com os demais colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte II ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom relacionamento com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao
longo da aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando
exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo
comentaacuterios etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
184
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito
(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que
vocecirc obteve algum resultado)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os
pais na escola de suspender de suas aulas)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada
por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no
relacionamento com outros professores)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc
se envolveu em conflitos com seus colegas
( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com
185
vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia
18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e
seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte III ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom
relacionamento com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade
entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
186
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os
alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte IV - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um relacionamento difiacutecil com ele (ou
ela)
01) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
02) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao
longo da aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
03) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
04) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando
exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios
etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
05) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
06) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
07) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
187
08) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito
(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc
obteve algum resultado)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
09) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os
pais na escola de suspender de suas aulas)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada
por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento
com outros professores)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc
se envolveu em conflitos com seus colegas
( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com
188
vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia
18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e
seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
189
Parte V - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um
relacionamento difiacutecil com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade
entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os
alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Agradecemos sua participaccedilatildeo como colaborador da pesquisa
190
Vocecirc pode acrescentar no verso da folha algo que vocecirc ache importante e que natildeo foi ainda perguntado
ANEXO V
191
192
ANEXO VI
193
II
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-publicaccedilatildeo (CIP) (Biblioteca Central da
Universidade Federal do Espiacuterito Santo ES Brasil)
Passos Virgiacutenia de Oliveira Alves 1971-
P289r O relacionamento professor-aluno e o bullying no ensino
fundamental Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash 2012
194 f il
Orientador Agnaldo Garcia
Tese (Doutorado em Psicologia) ndash Universidade Federal do Espiacuterito
Santo Centro de Ciecircncias Humanas e Naturais
1 Relaccedilotildees humanas 2 Professores e alunos 3 Bullying 4 Violecircncia
na escola I Garcia Agnaldo II Universidade Federal do Espiacuterito Santo
Centro de Ciecircncias Humanas e Naturais III Tiacutetulo
CDU 1599
III
IV
Agrave minha voacute Julinda (em memoacuteria)
por ter me feito professora
sempre ensinando a importacircncia
das relaccedilotildees interpessoais na escola
Aos meus filhos Henrique Mariacutelia e Patriacutecia
Com esperanccedila que a escola oportunize a vocecircs bons relacionamentos
Agrave Xandinho quem tanto admiro
e que me impulsionou agraves primeiras reflexotildees sobre bullying
V
AGRADECIMENTOS
A conclusatildeo de uma tese de doutorado ao final de um longo percurso de
leituras buscas produccedilotildees investigaccedilotildees vibraccedilotildees repleto de inquietaccedilotildees e
incertezas de alegrias e surpresas de bons encontros e alguns desencontros de
intensos momentos de isolamento de cobranccedilas permite uma nova forma de olhar
tudo agrave nossa volta E por que natildeo dizer uma nova forma de estabelecer relaccedilotildees
com as pessoas principalmente quando se trata de uma tese no campo dos
relacionamentos interpessoais Agradeccedilo a todos que participaram deste percurso
das mais variadas formas e que possibilitaram acima de tudo enriquecer nossas
proacuteprias relaccedilotildees para aleacutem do estudo e da pesquisa dos relacionamentos
interpessoais
Agradeccedilo ao Prof Agnaldo Garcia por ter me apresentado o campo dos
Relacionamentos Interpessoais e me fazer entender que muitas das minhas
inquietaccedilotildees como psicoacuteloga educacional podiam ser acolhidas por essa aacuterea de
estudo mesmo quando o meu interesse era pelo dark side dos relacionamentos
Agradeccedilo principalmente pelo apoio e por estar sempre compreensivo e otimista
mesmo diante das dificuldades que enfrentei no momento da elaboraccedilatildeo do projeto
Dificuldades que foram superadas a partir do estabelecimento de uma boa relaccedilatildeo
orientador-orientanda em prol de um trabalho que comungaacutevamos da sua
relevacircncia
Agradeccedilo aos participantes deste estudo pois a partir de vossas revelaccedilotildees
este trabalho deixou de ser apenas um projeto nascendo uma tese nossa tese
Agradeccedilo por vocecircs terem me ajudado a contribuir clareando o obscuro universo dos
VI
relacionamentos interpessoais na escola A participaccedilatildeo de vocecircs foi possiacutevel
graccedilas agrave compreensatildeo e colaboraccedilatildeo dos pais e da equipe teacutecnica das escolas
Estendo a todos meus agradecimentos
Agradeccedilo agrave UNIVASF pela oportunidade de inserccedilatildeo no Programa
MinterDinter cujo iniacutecio coincidiu com minha chegada nesta instituiccedilatildeo e assim
pude realizar um projeto pessoal definido ao final do Mestrado fazer doutorado jaacute
sendo professora de Universidade Federal Em especial agradeccedilo ao Prof Marcelo
Ribeiro entatildeo coordenador do Colegiado de Psicologia sempre compreensivo agrave
necessidade da nossa dedicaccedilatildeo demonstrando valorizar a iniciativa do Programa
MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf para uma universidade tatildeo nova
Agradeccedilo tambeacutem ao Prof Joseacute Bismark entatildeo Proacute-Reitor de Pesquisa e Poacutes-
graduaccedilatildeo que aleacutem de incentivar nosso percurso natildeo mediu esforccedilos para garantir
apoio ao Programa MinterDinter visando garantir o seu sucesso
Agradeccedilo agrave FACEPE por ter financiado parcialmente o Programa
MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf proporcionando accedilotildees relevantes para o
sucesso deste Programa
Agrave toda minha famiacutelia em especial aos meus pais Deca e Vavaacute e minhas
irmatildes Patriacutecia e Raquel Vocecircs foram fundamentais para que a coleta de dados
ocorresse a contento sem o apoio de vocecircs teria sido bem mais difiacutecil E agradeccedilo
ainda por proporcionarem a mim e toda minha famiacutelia momentos de lazer e
descontraccedilatildeo em periacuteodos cruciais do acontecimento deste trabalho Agradeccedilo a
vocecircs a forma descontraiacuteda dos nossos raros mas longos encontros que me
VII
levaram a cada vez mais valorizar as coisas simples e sadias dos nossos
relacionamentos
Agradeccedilo aos alunos e amigos Tarciacutesio e Janaiacutena A possibilidade de me
afastar da postura de professora orientadora e encontrar em vocecircs a disponibilidade
em contribuir natildeo soacute foi essencial em situaccedilotildees especiacuteficas deste trabalho A
relaccedilatildeo estabelecida com vocecircs me fez confirmar que quem ensina de repente
aprende e se torna melhor
Agradeccedilo a Profordf Alvany pelo estabelecimento de uma nova relaccedilatildeo de
amizade que surgiu por compartilharmos a construccedilatildeo da tese em Relacionamentos
Interpessoais A troca de experiecircncias foi fundamental para o andamento deste
trabalho
Agradeccedilo aos professores do MinterDinter UFESUNIVASF por respeitarem
as especificidades deste programa reconhecendo as inuacutemeras possibilidades de um
trabalho com tais especificidades Agradeccedilo de forma especial agraves Profordf Suemi e
Profordf Mariane pela valiosa contribuiccedilatildeo durante o exame de qualificaccedilatildeo
enriquecendo a metodologia deste estudo
Agradeccedilo aos colegas do Dinter pelas histoacuterias de superaccedilatildeo partilhadas
pelo apoio muacutetuo pelas vibraccedilotildees agrave medida que o projeto de cada um acontecia
Muita coisa boa aconteceu nos nossos percursos Agradeccedilo de forma especial aos
amigos Darlindo e Elzenita que se antecipavam de forma que eu sequer pensasse
em desistir Agradeccedilo a sensibilidade e amizade de vocecircs me incentivando a buscar
forccedilas e apontando caminhos para a superaccedilatildeo nos momentos de maiores
VIII
dificuldades Estendo meus agradecimentos a Silvia Luciana Baacuterbara Liliane Ana
Luacutecia Joatildeo e Susanne
Agradeccedilo aos Prof Alexsandro de Andrade (UFES) e Prof Mauriacutecio Bueno
(UFPE) pela luz lanccedilada sobre os dados possibilitando que eu enxergasse o que as
respostas dos alunos diziam sobre seus relacionamentos na escola
Agradeccedilo agrave amiga e comadre Cristina e toda sua famiacutelia por sempre me
provocar a buscar formas de contribuir para que a escola promova relacionamentos
interpessoais mais saudaacuteveis e sem bullying Agradeccedilo por me fazerem entender em
detalhes as diversas questotildees que envolvem o cenaacuterio de bullying Agrave amiga Sueli
que aleacutem do incentivo e torcida pelo sucesso deste trabalho interferiu de forma a
garantir o recebimento das bolsas da FACEPE me proporcionando tranquumlilidade
para avanccedilar na finalizaccedilatildeo da tese E a Zeacutelia pelo intenso entusiasmo a cada etapa
alcanccedilada
Agradeccedilo aos amigos Geneacutesio e Dayse pelas carinhosas acolhidas no
Espiacuterito Santo Este trabalho proporcionou um maravilhoso reencontro garantindo a
continuidade de relaccedilotildees de amizades tatildeo longas nas nossas famiacutelias
Agradeccedilo agraves crianccedilas que protagonizaram momentos especiais ao longo da
elaboraccedilatildeo desta tese Seria impossiacutevel a dedicaccedilatildeo a este trabalho sem contar
com vocecircs por perto podendo acompanhar o nascer de relaccedilotildees saudaacuteveis
espontacircneas e alegres que a pureza da infacircncia proporciona Algumas crianccedilas
cresciam agrave medida que a tese acontecia meus filhos Henrique e Mariacutelia meus
sobrinhos Diogo e Thiago e os amados Caio Rodolphinho e Caacutessio Outras foram
chegando muitas vezes sem avisar junto com cada etapa deste trabalho minha
IX
caccedilula Patriacutecia Viniacutecius e Mirella Olga e Ravena E outros deixaram a infacircncia para
traacutes neste periacuteodo meus sobrinhos Mocircnica Arthur e Gabi Estendo os meus
agradecimentos aos vossos pais a quem chamo a todos de amigos
Agradeccedilo a Caacutessia pelo carinho e dedicaccedilatildeo no cuidado com meus filhos A
intensidade de ausecircncias para a realizaccedilatildeo deste trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave sua
presenccedila me passando confianccedila de que eles estavam bem
Agradeccedilo a todas as pessoas que me possibilitaram nos mais variados
espaccedilos discutir sobre o tema dos relacionamentos interpessoais na escola e mais
especificamente sobre Bullying Para evitar injusticcedilas prefiro citar os espaccedilos onde
participei de debates palestras etc mas reconheccedilo que em todos eles pessoas
queridas se esforccedilaram para que o convite chegasse a mim Agradeccedilo a
oportunidade de participar destes momentos na Radio Jornal Petrolina na TV
Grande Rio na Raacutedio Ponte FM no Diaacuterio de Pernambuco no Foacuterum de Direito
Humanos no Proacute-Jovem de JuazeiroBA no Projeto Escola Legal na Escola Saber
Em cada um destes momentos mais eu entendia a relevacircncia deste trabalho
Por fim agradeccedilo ao meu marido Leonardo Impossiacutevel chegar ateacute aqui sem
ter vocecirc ao meu lado Agradeccedilo a compreensatildeo pelas ausecircncias o apoio e acima
de tudo o entusiasmo pelo trabalho desenvolvido
Agradeccedilo acima de tudo a Deus pela vida pelas oportunidades pelas
pessoas que tenho ao meu lado e principalmente por me dar forccedilas para conseguir
dar conta
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas
de agressatildeo no relacionamento entre os pares139
Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa
de Cronbach do relacionamento entre pares141
Tabela 3 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom
Relacionamento145
Tabela 4 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom
Relacionamento146
Tabela 5 ndash Estrutura Fatorial referente ao Professor com
Bom relacionamento149
Tabela 6 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com
Relacionamento Difiacutecil151
Tabela 7 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com
Relacionamento Difiacutecil153
Tabela 8 ndash Estrutura Fatorial referente ao professor com
Relacionamento Difiacutecil155
Tabela 9 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do
relacionamento entre os pares e com o professor com Bom
Relacionamento158
Tabela 10 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do
relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento
Difiacutecil160
XI
LISTA DE FIGURAS
Figura 1ndash Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de
complexidade social (Hinde 1997)24
Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying143
Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor
com Bom Relacionamento148
Figura 4 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor
com Relacionamento Difiacutecil154
XII
LISTA DE ANEXOS
Anexo 01 ndash Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Anexo 02 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Pais e Responsaacuteveis Anexo 03 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Participantes Anexo 04 ndash Questionaacuterio Anexo 05 ndash Tabela Envolvimento em agressatildeo nas diferentes
formas de agressatildeo no relacionamento entre os pares Anexo 06 ndash Tabelas comparativas dos Aspectos Positivos e dos Aspectos
Negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento e ao Professor com Relacionamento Difiacutecil
XIII
O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental
RESUMO
O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees identificadas
por violecircncia A escola como espaccedilo de indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de
conflitos diversos Um fenocircmeno de intensa violecircncia vem preocupando
educadores de forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a atitudes
agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou mais alunos contra
outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos intimidaccedilotildees apelidos
gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo aleacutem de danos fiacutesicos
psiacutequicos morais e materiais O objetivo geral da presente pesquisa eacute investigar o
papel do relacionamento professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de conflitos
envolvendo alunos na perspectiva dos estudantes Participaram deste estudo 124
alunos do 7ordm ano do Ensino Fundamental de trecircs escolas da rede particular de
Recife (PE) Os estudantes escreveram uma redaccedilatildeo sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo e
em seguida preenchiam questionaacuterio sobre relacionamento com colegas e com dois
professores ndash Bom Relacionamento e Relacionamento Difiacutecil A anaacutelise temaacutetica das
redaccedilotildees aponta que a maioria dos alunos se referiu diretamente a praacutetica de
bullying ao dissertar sobre violecircncia escolar Tal praacutetica tambeacutem foi abordada de
forma indireta sem fazer referecircncia expliacutecita ao termo bullying Alguns alunos se
declararam alvosviacutetimas de bullying e outros afirmaram ter presenciado tal praacutetica
A anaacutelise dos questionaacuterios evidenciou as formas de envolvimento em bullying e
aspectos do relacionamento professor-aluno A anaacutelise estatiacutestica correlacional
apontou ligaccedilatildeo entre alunos autoresagressores e aspectos negativos do
relacionamento com professores Os resultados possibilitam para maior
compreensatildeo da influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar
Palavras-chave relacionamento interpessoal bullying violecircncia escolar
XIV
The Teacher-Student Relationship and Bullying in Elementary Education
ABSTRACT
The social context is marked by countless situations identified by violence The school as a place for developing individuals is a setting for conflicts A phenomenon of intense violence is worrying educators in general - bullying - term used to refer to aggressive attitudes intentional repetitive adopted by one or more students against another(s) causing pain distress and suffering Insults intimidation nicknames teasing accusations often leading to exclusion and physical psychological moral and material The overall goal of this research is to investigate the role of the teacher-student relationship in the occurrence of conflict situations involving students from the students perspective The study included 124 students in 7th grade from three elementary schools in Recife (PE) Students were asked to write an essay about School Violence and then completed a questionnaire about the relationship with colleagues and two teachers - with Good Relationships and with Difficult Relationship A thematic analysis of newsrooms shows that the majority of students referred directly to bullying to speak about school violence This practice was also addressed indirectly without making explicit reference to the term bullying Some students expressed their targets victims of bullying and others claimed to have witnessed such a practice Analysis of the questionnaires showed the forms of involvement in bullying and aspects of the teacher-student relationship Statistical analysis showed correlational link between student authors aggressors and negative aspects of the relationship with teachers The results allow for greater understanding of the influence of interpersonal relationships in the school context
Keywords interpersonal relationships bullying school violence
XV
Sumaacuterio
Introduccedilatildeo17
Capiacutetulo I ndash Relacionamento Interpessoal21
11 ndash Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico21
12 ndash Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra
de Robert Hinde23
13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais28
14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos
Interpessoais29
15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno31
Capiacutetulo II ndash Violecircncia Escolar e Bullying35
21 ndash Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo35
22 ndash Bullying41
221 ndash Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo42
222 ndash ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo
de Bullying46
223 ndash Consequumlecircncias do Bullying51
224 ndash Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de
Bullying52
Capiacutetulo III ndash Bullying e Relacionamento Professor-Aluno56
31 ndash Bullying e dinacircmica escolar56
32 ndash Justificativa e Objetivos60
Capiacutetulo IV ndash Meacutetodo61
41 ndash Participantes61
42 ndash Procedimentos para coleta de dados62
43 ndash Instrumentos de Pesquisa64
431 ndash A Redaccedilatildeo64
432 ndash O Questionaacuterio64
44 ndash Procedimentos para anaacutelise de dados69
45 ndash Aspectos Eacuteticos69
Capiacutetulo V ndash Resultados e Discussotildees71
51 Anaacutelise das Redaccedilotildees71
511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante72
5111 A Violecircncia como parte do cotidiano72
5112 Violecircncia escolar e bullying 78
512 A Dinacircmica da violecircncia82
5121 As Raiacutezes da Violecircncia Escolar82
5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas
na violecircncia escolar87
XVI
5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de
violecircncia escolar medo ameaccedilas
chantagens intoleracircncia preconceito90
5124 As agressotildees verbais98
5125 Violecircncia escolar e brincadeira101
5126 Violecircncia escolar e o professor104
513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar108
5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo108
5132 Consequecircncias111
5133 Violecircncia e relacionamento116
514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar119
5141 O Papel da Escola120
5142 O Papel do Estado126
5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes127
514 Relatos de Violecircncia Escolar131
52 Anaacutelise dos Questionaacuterios137
521 Relacionamento Interpessoal com Pares138
522 Relacionamento Interpessoal com Professores144
5221 Professor com Bom Relacionamento144
5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil150
523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento
em Bullying e o Relacionamento com
os Professores157
5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom
Relacionamento159
5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com
Relacionamento Difiacutecil162
Capiacutetulo VI ndash Consideraccedilotildees Finais167
Referecircncias Bibliograacuteficas173
Anexos
17
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e os seus componentes vivenciaram grandes modificaccedilotildees ao
longo do final do seacuteculo passado sendo bem evidentes no seu cotidiano os
seus efeitos principalmente no que tange agraves praacuteticas pedagoacutegicas fruto de
uma maior compreensatildeo do processo ensino-aprendizagem Acompanhando
as transformaccedilotildees de natureza didaacutetica verificam-se no contexto escolar atual
grandes alteraccedilotildees nas questotildees comportamentais Estas todavia satildeo
responsaacuteveis pela insatisfaccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo agrave indisciplina que
se configuram como a maior queixa destes profissionais apontada muitas
vezes como o pior obstaacuteculo ao seu fazer docente (Aquino 2002 1996)
Tentar compreender o contexto da indisciplina na escola e os fenocircmenos
por ela responsaacuteveis implica analisar um outro fenocircmeno cada vez mais
presente em torno dos membros da escola tanto professores como alunos a
violecircncia
O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees
identificadas por violecircncia As instituiccedilotildees de ensino incluiacutedas neste contexto
tambeacutem apresentam suas faces da violecircncia A escola como espaccedilo de
indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de situaccedilotildees de conflitos diversos
Entretanto existe um fenocircmeno de intensa violecircncia que vem preocupando
educadores de uma forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a um
conjunto de atitudes agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou
mais alunos contra outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos
intimidaccedilotildees apelidos gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo
aleacutem de danos fiacutesicos psiacutequicos morais e materiais (Fante 2005)
18
Eacute importante que as instituiccedilotildees de sauacutede e educaccedilatildeo busquem
conhecer a extensatildeo e o impacto gerado pela praacutetica do bullying entre
estudantes para assim desenvolver medidas para reduzi-las e para preveni-
las E o psicoacutelogo como profissional que transita nestas duas aacutereas - sauacutede e
educaccedilatildeo ndash ao se apropriar deste fenocircmeno pode contribuir no sentido
desenvolver estudos que possibilitem maior compreensatildeo e visibilidade a tal
fenocircmeno impossiacutevel de ser desconsiderado nas nossas escolas
A Psicologia EscolarEducacional eacute uma das aacutereas de conhecimento da
Psicologia assim como um dos campos de atuaccedilatildeo deste profissional
Atualmente eacute importante que o psicoacutelogo atue como mediador nas tensotildees e
conflitos produzidos nas relaccedilotildees entre os atores da escola fortalecendo
pessoas e grupos na promoccedilatildeo de autonomia e na superaccedilatildeo das
adversidades considerando as condiccedilotildees objetivas e subjetivas dos processos
psicossociais Faz-se necessaacuterio diante do contexto educacional atual que o
psicoacutelogo atue junto agrave equipe pedagoacutegica na direccedilatildeo de entender o fenocircmeno
educativo na sua dimensatildeo institucional
O professor natildeo eacute um mero transmissor de conhecimento aspecto
bastante destacado em palestras livros e outros materiais de orientaccedilatildeo sobre
o fazer docente No entanto no cotidiano das escolas verifica-se um falta de
cuidado com outros aspectos do fazer docente principalmente com agravequeles
que se configuram a partir de relaccedilotildees interpessoais (Cunha et al 2004)
Investigar a relaccedilatildeo professor-aluno como forma de ampliar a
compreensatildeo acerca do fenocircmeno bullying implica em destacar para o
professor assim como para os demais profissionais da educaccedilatildeo incluindo o
19
psicoacutelogo sobre a necessidade de maior atenccedilatildeo ao papel das relaccedilotildees
estabelecidas na escola
Investigar o contexto social onde ocorre com maior incidecircncia o bullying
assim como as pessoas que compotildeem o contexto escolar e as relaccedilotildees aiacute
estabelecidas surge como oportuno visando aprofundarmos a compreensatildeo
sobre as diversas questotildees que integram o fenocircmeno bullying Os professores
demonstram sentimento de impotecircncia e anguacutestia diante das situaccedilotildees de
bullying enfrentadas no seu dia-a-dia (Ferreira Rowe e Oliveira 2011)
O presente trabalho se norteou pela tentativa de aproximar estas duas
aacutereas de investigaccedilatildeo as relaccedilotildees interpessoais e o bullying As questotildees
centrais deste estudo foram
a) investigar o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying
b) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor aluno
c) investigar possiacuteveis interseccedilotildees entre o relacionamento professor-
aluno e o envolvimento em situaccedilotildees de bullying
Para tanto apresenta-se nos capiacutetulos iniciais o cenaacuterio da pesquisa
sobre Relacionamento Interpessoal incluindo pesquisas sobre o
relacionamento Professor-aluno o cenaacuterio dos estudos sobre a Violecircncia
Escolar e informaccedilotildees provenientes de pesquisas sobre bullying
Abordar questotildees sobre bullying exige que duas questotildees sejam
esclarecidas a saber
1) O termo bullying carece de um termo referente em portuguecircs que
consiga expressar seu significado Alguns autores destacam esta dificuldade e
na busca de maior aproximaccedilatildeo com os diferentes aspectos que caracterizam
tal fenocircmeno preferem referir-se a bullying por maus tratos (Tamar 2008)
20
provocaccedilatildeovitimizaccedilatildeo (Carvalhosa et al 2001) preconceito (Antunes e Zuin
2008) Neste estudo o termo em inglecircs seraacute mantido pois natildeo tivemos por
objetivo a problematizaccedilatildeo desta questatildeo Apenas no iniacutecio desta pesquisa
durante a elaboraccedilatildeo do projeto eacute que sentimos maiores necessidades de
explicaccedilatildeo sobre qual era o objeto de investigaccedilatildeo pela dificuldade com o
termo utilizado Mas a partir da intensa exposiccedilatildeo do termo na miacutedia o termo
bullying ganhou familiaridade
2) Haacute variaccedilatildeo da nomenclatura referente agraves diferentes formas possiacuteveis
de envolvimento em situaccedilotildees de bullying nos estudos considerados Alguns
pesquisadores rejeitam a referecircncia aos termos viacutetima agressor e testemunha
visando evitar a rotulaccedilatildeo dos estudantes e preferem usar alvo autor e
espectador (Lopes Neto 2005) Neste estudo usaremos indistintamente estes
termos respeitando a maneira utilizada por cada autor ao fazer referecircncia agraves
formas de envolvimento E na anaacutelise dos dados faremos referecircncia
conjuntamente aos dois termos alvoviacutetima autoragressor e
espectadortestemunha
Apoacutes a apresentaccedilatildeo dos aspectos teoacutericos que fundamentam este
trabalho ao longo dos trecircs primeiros capiacutetulos passamos para a exposiccedilatildeo dos
aspectos metodoloacutegicos no quarto capiacutetulo Em seguida os resultados satildeo
apresentados considerando cada um dos instrumentos utilizados Agrave medida
que os dados satildeo apresentados realizamos as discussotildees pertinentes com
base na fundamentaccedilatildeo teoacuterica considerada Por fim encontram-se as
consideraccedilotildees finais quando apreciamos os objetivos propostos elencamos os
limites deste estudo como tambeacutem apresentamos as possibilidades suscitadas
nas aacutereas de estudo abordadas
21
CAPIacuteTULO I
1 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
11 - Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico
Reflexotildees sobre relaccedilotildees interpessoais jaacute estatildeo presentes na obra de
Platatildeo e Aristoacuteteles desde a Greacutecia Antiga A aacuterea de conhecimento cientiacutefico
sobre o relacionamento interpessoal contudo apresenta um maior
desenvolvimento a partir dos anos 50
Sullivan (1953) citado por Hinde (1997) ressaltou a importacircncia do
estudo sobre as relaccedilotildees sociais sob a perspectiva desenvolvimental propondo
que as pessoas tecircm necessidades interpessoais que satildeo atendidas por tipos
especiacuteficos de relacionamento Segundo o autor a personalidade eacute
influenciada modificada e reforccedilada pelos relacionamentos que o indiviacuteduo
manteacutem com outras pessoas que tambeacutem levariam ao desenvolvimento de
habilidades sociais e competecircncias interpessoais
Outro autor de destaque que sofreu a influecircncia da Psicologia da
Gestalt foi Fritz Heider Em seu livro sobre relaccedilotildees interpessoais Heider
(1958) citado por Hinde (1997) pressupotildee que o homem eacute motivado para
descobrir as causas dos eventos e entender seu ambiente incluindo as
relaccedilotildees interpessoais
A pesquisa sobre relacionamento interpessoal apresentou um
desenvolvimento expressivo a partir dos anos 70 resultado da contribuiccedilatildeo de
autores de diferentes disciplinas e orientaccedilotildees teoacutericas Dois autores podem
ser destacados por suas contribuiccedilotildees para a aacuterea Steve Duck e Robert Hinde
Duck teve especial importacircncia na criaccedilatildeo da primeira organizaccedilatildeo cientiacutefica
22
voltada para o estudo dos relacionamentos interpessoais a International
Society for the Study of Personal Relationships (ISSPR) sociedade que tinha
como objetivo estimular e apoiar a pesquisa cientiacutefica sobre relacionamentos
interpessoais e aperfeiccediloar a comunicaccedilatildeo entre pesquisadores do tema
fortalecendo o campo do Relacionamento Interpessoal dentro da comunidade
acadecircmica Aleacutem disso Duck tambeacutem liderou o processo de criaccedilatildeo do
primeiro perioacutedico da aacuterea no iniacutecio da deacutecada de 1980 o Journal of Social and
Personal Relationships tornando-se seu primeiro editor
Em 1987 durante Conferecircncia Internacional sobre Relacionamento
Interpessoal foi criada a International Network on Personal Relationships
(INPR) com o objetivo de promover a colaboraccedilatildeo interdisciplinar no estudo
dos processos de relacionamento Em 2002 a fusatildeo dessas duas sociedades
deu origem agrave International Association for Relationships Research ndash IARR
(Associaccedilatildeo Internacional para Pesquisa sobre Relacionamento) organizaccedilatildeo
que se propotildee a continuar o trabalho anteriormente desenvolvido pela ISSPR e
INPR A sociedade reuacutene atualmente cerca de 700 profissionais de 20 paiacuteses
(Garcia 2005a)
No Brasil o primeiro encontro especiacutefico sobre relacionamento
interpessoal foi um mini-congresso da IARR sobre o tema realizado em Vitoacuteria
em 2005 Como decorrecircncia do mini-congresso apoacutes alguns anos foi
organizada a Associaccedilatildeo Brasileira de Pesquisa do Relacionamento
Interpessoal (ABPRI) que realizou seu primeiro congresso nacional em 2009
nas dependecircncias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo com a presenccedila
do professor Steve Duck e da professora Jacki Fitzpatrick presidente da IARR
23
12 - Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra de
Robert Hinde
A importacircncia de Robert Hinde para o estudo do relacionamento
interpessoal estaacute em seus esforccedilos para a organizaccedilatildeo de uma Ciecircncia do
Relacionamento Interpessoal partindo de alguns princiacutepios da Etologia
Claacutessica conforme indicado a seguir
Os trecircs livros em que Hinde desenvolve suas propostas refletem trecircs
deacutecadas de reflexatildeo sobre o tema Em sua principal obra sobre o tema Hinde
(1997) procura sistematizar cerca de 1600 estudos na aacuterea principalmente
entre os anos de 1970 e 1990
Aleacutem disso Hinde propotildee uma orientaccedilatildeo teoacuterica baseada na Etologia
Claacutessica As propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de uma ciecircncia do
relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais representa uma
aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para esta nova aacuterea
de investigaccedilatildeo em pleno desenvolvimento (Garcia 2005)
De acordo com Hinde (1997) o desenvolvimento social do ser humano
envolve um sistema de relaccedilotildees com diferentes niacuteveis de complexidade que
afetam e satildeo afetados uns pelos outros (de processos fisioloacutegicos passando
por interaccedilotildees relacionamentos grupos e sociedade) e ainda a estrutura
sociocultural e ambiente fiacutesico Hinde sugere quatro estaacutegios para o estudo dos
relacionamentos a) descriccedilatildeo dos fenocircmenos b) a discussatildeo de processos
subjacentes c) o reconhecimento das limitaccedilotildees e d) re-siacutentese Uma vez que
relacionamentos satildeo processos haacute consideraacutevel sobreposiccedilatildeo entre esses
estaacutegios Ainda fazem parte do esquema explicativo de Hinde as estruturas
socioculturais e o ambiente fiacutesico (Figura 1)
24
Figura 1 Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de complexidade social
(Hinde 1997)
Para Hinde (1997) a descriccedilatildeo de um relacionamento requer dados
sobre o que os participantes fazem pensam e sentem Sugere ainda que a
descriccedilatildeo atinja os diversos niacuteveis de complexidade desde as interaccedilotildees os
relacionamentos e grupos
Um dos pontos cruciais na obra de Hinde eacute a diferenciaccedilatildeo entre o
relacionamento e a interaccedilatildeo Para Hinde (1997) podemos falar de um
relacionamento se os indiviacuteduos tecircm uma histoacuteria comum de interaccedilotildees
passadas e o curso da interaccedilatildeo atual seraacute influenciado por elas
Relacionamentos satildeo definidos a partir de uma seacuterie de interaccedilotildees no tempo
entre indiviacuteduos que se conhecem Os mesmos fatores intervenientes nas
interaccedilotildees tambeacutem estatildeo presentes nas relaccedilotildees assim atitudes expectativas
intenccedilotildees e emoccedilotildees dos participantes satildeo de fundamental importacircncia O
agrupamento de relacionamentos compotildee uma rede formando o grupo social
Estrutura
Sociocultural Ambiente
Fiacutesico
Sociedade
Grupo
Relacionamento
Interaccedilatildeo
Comportamento
do Indiviacuteduo
Processos
Psicoloacutegicos
25
Hinde salienta que essas redes de relacionamentos mdash a famiacutelia os amigos da
escola entre outros podem sobrepor-se ou manter-se completamente
separadas comportando-se como grupos distintos uns em face dos outros
Assim como nas interaccedilotildees e relacionamentos cada grupo tanto influencia o
ambiente fiacutesico e bioloacutegico em que estaacute inserido como eacute influenciado por eles
O autor reconhece a existecircncia de niacuteveis distintos de complexidade no
comportamento social Cada um deles (interaccedilotildees relacionamentos grupos
sociais) possui propriedades proacuteprias Por exemplo algumas propriedades dos
relacionamentos tais como compromisso e intimidade dificilmente se aplicam
a interaccedilotildees isoladas (Hinde 1997)
Para organizar a aacuterea de pesquisa sobre relacionamento interpessoal
Hinde parte do conteuacutedo dos relacionamentos passando para a diversidade e
a qualidade das interaccedilotildees Em seguida discute algumas categorias presentes
nos relacionamentos semelhanccedilas e diferenccedilas reciprocidade e
complementaridade a intimidade o conflito o poder a auto-revelaccedilatildeo e a
privacidade a satisfaccedilatildeo a percepccedilatildeo interpessoal e o compromisso Estas
categorias ajudariam a organizar dados descritivos sobre relacionamentos
Robert Hinde contribuiu para a organizaccedilatildeo de uma ldquociecircncia do
relacionamento interpessoalrdquo Apesar de ter investigado e escrito sobre
diferentes temas de pesquisa seus principais textos sobre relacionamentos
foram publicados como livros (Hinde 1979 1987 e 1997) As publicaccedilotildees de
Hinde sobre o tema apresentam dois pontos principais Primeiramente procura
sistematizar a produccedilatildeo na aacuterea organizando aproximadamente 1600 textos
sobre o tema das deacutecadas de 1970 1980 e 1990 Em segundo lugar Hinde
procura organizar a aacuterea de acordo com orientaccedilatildeo teoacuterica influenciada pela
26
Etologia Claacutessica Esta representa um importante movimento de investigaccedilatildeo
do comportamento animal e humano tendo como autores centrais Konrad
Lorenz Niko Tinbergen e Karl von Frisch que receberam o Precircmio Nobel de
Fisiologia ou Medicina em 1973
Segundo Garcia (2005) as propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de
uma ciecircncia do relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais
representa uma aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para
esta nova aacuterea de investigaccedilatildeo
A contribuiccedilatildeo da Etologia Claacutessica para os estudos sobre
relacionamento interpessoal especificamente Konrad Lorenz John Bowlby e
Robert Hinde foi discutida por Garcia (2005)
As contribuiccedilotildees de Hinde para o estudo do relacionamento interpessoal
ainda foram analisadas por Garcia e Ventorini (2006) de modo particular para
os estudos em Psicologia Organizacional Segundo Garcia e Ventorini (2006)
os princiacutepios para uma ldquociecircncia dos relacionamentosrdquo proposta por Hinde
recebem a influecircncia da Etologia Claacutessica e da teoria de sistemas Da Etologia
Claacutessica herdou a ecircnfase na descriccedilatildeo (base descritiva) como a primeira etapa
para a compreensatildeo da dinacircmica dos relacionamentos A descriccedilatildeo dos
relacionamentos em diferentes niacuteveis eacute considerada a base para o avanccedilo
teoacuterico e a generalizaccedilatildeo dos dados Os autores ainda mencionam como
atitudes orientadoras da Etologia no estudo dos relacionamentos interpessoais
a ecircnfase na descriccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos dados coletados a anaacutelise e siacutentese
dos resultados da anaacutelise o mover-se entre niacuteveis de complexidade e a ecircnfase
na questatildeo da funccedilatildeo evoluccedilatildeo desenvolvimento e causaccedilatildeo
27
Segundo Garcia e Ventorini (2006) para organizar a aacuterea de pesquisa
sobre relacionamento interpessoal Hinde parte do conteuacutedo das interaccedilotildees
passando para a sua diversidade e qualidade Segue discutindo a
reciprocidade e complementaridade intimidade percepccedilatildeo interpessoal e
compromisso categorias que contribuiriam para organizar os dados descritivos
sobre relacionamentos
A descriccedilatildeo dos relacionamentos envolve a descriccedilatildeo das interaccedilotildees de
seu conteuacutedo e qualidade a descriccedilatildeo das propriedades advindas da
frequumlecircncia relativa e padronizaccedilatildeo da interaccedilatildeo dentro do relacionamento e a
descriccedilatildeo de propriedades mais ou menos comuns a todas as interaccedilotildees
dentro do relacionamento A comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal satildeo
considerados elementos importantes para a compreensatildeo do relacionamento
interpessoal
No niacutevel comportamental um relacionamento envolve uma seacuterie de
interaccedilotildees entre indiviacuteduos A descriccedilatildeo de uma interaccedilatildeo deve contemplar o
conteuacutedo do comportamento apresentado (o que fazem juntos) a qualidade do
comportamento (de que forma eacute feito) e a padronizaccedilatildeo (frequumlecircncia absoluta e
relativa) das interaccedilotildees que o compotildeem Algumas das mais importantes
caracteriacutesticas dos relacionamentos dependem de fatores afetivos e cognitivos
que tambeacutem devem ser considerados na descriccedilatildeo (Hinde 1997)
De acordo com Hinde Finkenauer e Auhagen (2001) o pleno
entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque tambeacutem no niacutevel individual pois
o curso de um relacionamento tambeacutem depende das caracteriacutesticas
psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos envolvem
caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas posicionamento
28
quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-conceito auto-
estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre outras
13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais
Uma tendecircncia maniqueiacutesta prevalece em estudos dos relacionamentos
interpessoais considerando os relacionamentos como constituiacutedo por dois
lados um positivo e outro negativo Embora o lado positivo da amizade seja
enfatizado as amizades tambeacutem revelam seu lado negativo conflito e
agressividade integram as relaccedilotildees de amizade (Garcia 2005b)
O comportamento agressivo aparece como uma das dimensotildees
investigadas nos estudos das relaccedilotildees interpessoais principalmente nos
estudos sobre estas relaccedilotildees na infacircncia (Garcia 2005c) A agressividade de
modo geral eacute percebida pelas crianccedilas como um fator de distanciamento
dificultando o estabelecimento de amizades
Em levantamento da literatura em torno das relaccedilotildees de amizade na
infacircncia Garcia (2005c) apresenta diversos estudos que consideram a
agressividade nas relaccedilotildees de amizades na infacircncia para Phillipsen Deptula e
Cohen (1999) quanto mais agressiva a crianccedila menor sua aceitaccedilatildeo social
pelos colegas em termos de amizade para Dunn e Hughes (2001) a
manifestaccedilatildeo de fantasia violenta tambeacutem estava relacionada a
comportamento anti-social frequumlente mostras de raiva conflito e recusa a
ajudar um amigo Brendgen Vitaro Turgeon e Poulin (2002) mostram que
enquanto a agressividade agrave primeira vista cria barreiras para as relaccedilotildees de
amizade haacute formas de lidar com o comportamento agressivo dentro das
29
relaccedilotildees de amizade para Ray Cohen Secrist e Duncan (1997) haacute
correlaccedilotildees positivas de comportamentos agressivos entre crianccedilas populares
(e de popularidade meacutedia) e seus amigos muacutetuos indicado que crianccedilas
agressivas podem se atrair mutuamente Estudo desenvolvido por Kupersmidt
DeRosier e Patterson (1995) citado por Garcia (2005b) tambeacutem revela que
crianccedilas similares em comportamento de agressatildeo e isolamento social
apresentam maior probabilidade de se tornarem amigas do que crianccedilas que
natildeo o sejam
O estudo da violecircncia e da agressatildeo nas relaccedilotildees interpessoais se
insere no grupo de estudos que abordam as dificuldades prejuiacutezos e ameaccedilas
ao relacionamento com danos para os participantes ou para o relacionamento
em si Segundo Garcia (2005b) entre os pontos de similaridade que servem de
base para uma amizade o comportamento agressivo costuma ser um dos mais
importantes
14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos Interpessoais
Garcia (2005a) analisou as publicaccedilotildees e os temas abordados nas
pesquisas sobre relacionamento interpessoal especialmente os artigos
presentes nas principais publicaccedilotildees internacionais especializadas
constatando que estatildeo voltados para os relacionamentos romacircnticos
familiares sexuais relacionamentos profissionais em diversos niacuteveis e a
amizade em geral
Trecircs aspectos segundo o autor se destacam como representativos do
conteuacutedo dos estudos de relacionamento interpessoal os participantes as
dimensotildees do relacionamento e o contexto Com relaccedilatildeo aos participantes as
principais propriedades estudadas satildeo a idade gecircnero etnia e certos aspectos
30
psicoloacutegicos As dimensotildees do relacionamento mais investigadas nos estudos
publicados nos principais perioacutedicos satildeo a comunicaccedilatildeo o apego o
compromisso o perdatildeo a similaridade a percepccedilatildeo interpessoal o apoio
social e emocional e o lado negativo do relacionamento ndash agressatildeo violecircncia e
ameaccedilas ao relacionamento O terceiro elemento marcante nos estudos de
relacionamento eacute o contexto representado por fatores ambientais geograacuteficos
ecoloacutegicos sociais culturais econocircmicos tecnoloacutegicos entre outros (Garcia
2005a)
A famiacutelia exerce diferentes influecircncias sobre as relaccedilotildees de amizade na
infacircncia Os pais afetam as amizades dos filhos por meio da estruturaccedilatildeo de
sua vida diaacuteria por meio de suas proacuteprias amizades atraveacutes de seus conflitos
da qualidade da relaccedilatildeo entre pais e filhos (Garcia 2005b)
Considerar o contexto nos estudos do relacionamento interpessoal
implica em estar atento aos diversos aspectos do ambiente onde se datildeo os
relacionamentos Como sugere Chang (2003) verifica-se grande variaccedilatildeo de
resultados na literatura sobre efeitos de comportamento agressivo e
comportamento retraiacutedo para os relacionamentos e para ele tal disparidade
deve-se ao fato de natildeo se ter considerado o contexto social destes
comportamentos nos diferentes estudos As variaccedilotildees portanto devem refletir
diferenccedilas contextuais Garcia (2005b) tambeacutem se refere a resultados distintos
em estudos que abordam agressividade e amizade na infacircncia
A escola eacute um dos principais locais em que as crianccedilas tem
oportunidade de se relacionar com seus pares sendo espaccedilo propiacutecio para a
origem e estabelecimento das relaccedilotildees de amizade Estudos que investigam o
contexto de relaccedilotildees de amizade na infacircncia apontam os dois contextos
31
intimamente ligados agrave amizade o familiar e o escolar Amizades facilitam a
adaptaccedilatildeo da crianccedila ao ambiente escolar e a aceitaccedilatildeo pelos colegas de
classe o que depende diretamente de sua qualidade estando a presenccedila de
conflito na amizade associada a mau ajustamento enquanto apoio percebido
tem sido associado a melhores atitudes em relaccedilatildeo agrave escola Crianccedilas com
amigos mostram um maior grau de ajuste agrave escola no iniacutecio e no fim do ano
escolar (Tomada (2002) citado por Garcia 2005b) e a qualidade positiva das
amizades no ambiente escolar tambeacutem gera atitudes mais positivas em relaccedilatildeo
agrave escola) As amizades na escola contribuem para um melhor ajustamento da
crianccedila aleacutem de trazer benefiacutecios para o rendimento escolar
Estudos que abordam as relaccedilotildees de amizade apresentam destaque ao
contexto do relacionamento dessa forma o ambiente escolar e assim o
relacionamento entre estudantes se apresentam como elementos das
investigaccedilotildees A sala de aula aparece como contexto considerado em alguns
estudos sobre relaccedilotildees de amizade na infacircncia (Ray Cohen amp Secrist 1995
citado por Garcia 2005b)
15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno
Inicialmente eacute preciso reconhecer com base nos criteacuterios de Hinde em
que medida podemos falar de relacionamento entre o professor e aluno Eacute
possiacutevel considerar um relacionamento visto que professores e alunos
estabelecem ao longo do ano letivo contiacutenuas interaccedilotildees com frequumlecircncia
regular e intensa que tais interaccedilotildees podem proporcionar uma histoacuteria comum
entre professor e aluno e ainda influenciar a interaccedilatildeo atual e que o
desenvolvimento da aula implica em compromisso e intimidade para que
32
ocorra aprendizagem efetiva Eacute importante conhecer as especificidades assim
como a relevacircncia do relacionamento professor-aluno
Muitos estudos investigam o relacionamento entre pares na sala de aula
tendo como participantes estudantes de uma mesma turma entretanto pecam
por desconsiderar a figura do professor como relevante e que exerce diversas
influecircncias no contexto da sala de aula (Chang 2003) Na anaacutelise realizada por
Garcia (2005a) percebe-se ausecircncia de estudos sobre relacionamento
professor-aluno Ao discorrer sobre as relaccedilotildees de amizade na infacircncia Garcia
(2005b) refere-se a estudo que aponta a opiniatildeo dos professores como fator
importante na escolha dos amigos no ambiente escolar principalmente para as
meninas
O ajustamento agrave escola indica a forma como crianccedilas e adolescentes se
adaptam ao ambiente escolar e suas atividades Geralmente um bom
ajustamento escolar estaacute associado a um bom desempenho escolar Entre
outros fatores observados o relacionamento professor-aluno afeta o
ajustamento escolar (Juvonen amp Wentzel 1996)
Murray e Greenberg (2000) observaram que alunos do quinto e sexto
ano com relaccedilotildees pobres com seus professores tambeacutem apresentavam
ajustamento social e emocional mais baixo conforme avaliaccedilatildeo dos
professores e dos proacuteprios alunos em comparaccedilatildeo com os alunos que
mantinham relaccedilotildees positivas com os professores
Diversas dimensotildees integram a relaccedilatildeo professor-aluno
Comportamentos como ajudar auxiliar apoiar aconselhar e incentivar
caracterizam os professores que manifestam atitudes solidaacuterias e demonstram
interesse nas relaccedilotildees interpessoais com seus alunos (Ang 2005) O
33
relacionamento professor-aluno construtivo e apoiador continua sendo
importante e prediz resultados acadecircmicos e desempenho comportamental
positivos para alunos do ensino fundamental ao Ensino Meacutedio (Davis 2003)
O conflito a criacutetica e comentaacuterios negativos ou desfavoraacuteveis
prejudicam o ajustamento e a atividade do estudante em sala de aula (Wentzel
2002 Birch amp Ladd 1996) Estudantes descrevem como professores
atenciosos aqueles que fazem comentaacuterios construtivos ao inveacutes de apenas
criticarem assim como os que demonstram um estilo de comunicaccedilatildeo mais
livre ao inveacutes daqueles que gritam e interrompem a todo o momento (Wentzel
1997 2003)
Lisboa (2002) em estudo desenvolvido em Porto Alegre com crianccedilas
de niacutevel socioeconocircmico baixo de escolas puacuteblicas municipais aponta dados
sobre caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-aluno As crianccedilas relataram os
principais problemas com seus professores destacando as agressotildees verbais
dos professores sem uma causa identificada Frente ao conflito com
professores esses alunos agiam de forma passiva sem fazer nada As
crianccedilas se viam incapazes de agir percebendo os professores como pouco
flexiacuteveis ou autoritaacuterios temendo castigos ou puniccedilotildees
Em outra pesquisa realizada no sul do paiacutes com alunos de sexto ao
nono ano de duas escolas da rede puacuteblica de Santa Catarina o relacionamento
entre alunos e professores foi considerado ruim ou natildeo tatildeo bom por 53 dos
participantes destacando-se como motivo a falta de diaacutelogo resultado de mau
humor impaciecircncia repeticcedilatildeo nas aulas diferenccedilas de tratamento entre os
alunos e distanciamento Foram bem avaliados os professores capazes de
conversar e manter um bom relacionamento com os alunos (Laterman 2000)
34
Um relacionamento professor-aluno positivo afeta as afinidades entre
aluno e professor favorecendo o gosto pela mateacuteria e o interesse em aprender
estimulando a participaccedilatildeo dos alunos e o interesse pelo conteuacutedo (Cunha et
al 2004)
A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um componente central para o sucesso do
processo ensino-aprendizagem mas em geral os aspectos eacuteticos desta
relaccedilatildeo natildeo satildeo considerados Grande parte da literatura recente sobre as
relaccedilotildees professor-aluno tem se concentrado no papel do cuidar Uma eacutetica do
cuidado privilegia ligaccedilotildees emocionais entre professor e aluno e enfatiza a
importacircncia da natureza reciacuteproca das relaccedilotildees entre professores e alunos
(Aultman et al 2009)
Diante da relevacircncia do relacionamento professor-aluno um dado
chama atenccedilatildeo em estudo realizado no Brasil por Abramovay (2005)
Enquanto cerca de 45 dos alunos afirmam que a relaccedilatildeo entre eles e os
professores varia entre boaoacutetima um nuacutemero consideraacutevel de alunos o
equivalente a mais de 196 mil estudantes (12) afirmam que o relacionamento
com os professores eacute peacutessimo ou ruim
A indisciplina pode colaborar para a deterioraccedilatildeo das relaccedilotildees entre os
atores escolares como tambeacutem pode constituir-se em um conflito positivo que
adverte para a importacircncia de rever rumos e rotas escolares atentando aos
pedidos de atenccedilatildeo e de criacutetica impliacutecita agrave escola que fazem os alunos
Assumir uma postura positiva depende da sensibilidade dos professores de
suas respostas e da abertura da escola para ouvir e aprender os tipos de
comunicaccedilatildeo e sinais que emitem os alunos (Abramovay 2005)
35
CAPIacuteTULO II
2 VIOLEcircNCIA ESCOLAR E BULLYING
21 - Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo
Erroneamente pensamos a escola unicamente como espaccedilo de
crescimento de produccedilatildeo e de circulaccedilatildeo de bons haacutebitos e atitudes dignas de
serem imitadas em prol da boa educaccedilatildeo No meio educacional eacute comum se
considerar a violecircncia como um fenocircmeno com raiz essencialmente exoacutegena
em relaccedilatildeo agrave praacutetica institucional escolar e com isto
ldquoa escola e seus atores constitutivos principalmente o professor parecem tornar-se refeacutens de sobredeterminaccedilotildees que em muito lhes ultrapassam restando-lhes apenas um misto de resignaccedilatildeo desconforto e inevitavelmente desincumbecircncia perante os efeitos de violecircncia no cotidiano praacutetico posto que a gecircnese do fenocircmeno e por extensatildeo seu manejo teoacuterico-metodoloacutegico residiriam fora ou para aleacutem dos muros escolares (Aquino 1998)
Eacute importante compreender as instituiccedilotildees e entre elas as escolas como
relaccedilotildees ou praacuteticas sociais especiacuteficas que tendem a se repetir e que
enquanto se repetem legitimam-se (Guirado 1997 apud Aquino 1998) As
relaccedilotildees escolares natildeo implicam um espelhamento imediato daquelas extra-
escolares Eacute preciso pensar os atores da escola situados num complexo de
lugares e relaccedilotildees pontuais sempre institucionalizadas Para tanto surge a
possibilidade de um olhar especificamente institucional sobre as praacuteticas
escolares entendendo que as escolas tambeacutem produzem sua proacutepria violecircncia
e sua proacutepria indisciplina como propotildee Aquino (1998)
36
A percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aumento das violecircncias nas escolas em
frequumlecircncia e gravidade em parte eacute fruto de algo intensamente midiatizado e
em parte por ser submetido agrave lei do silecircncio nas salas de aula escolas e redes
escolares Para Levisky (1997) uma violecircncia digna do homem primitivo estaacute
solta por toda a parte nas relaccedilotildees familiares nas escolas nas ruas nos
meios de comunicaccedilatildeo nas filas nas relaccedilotildees institucionais no lazer
ldquoA escola multifacetada vem presenciando situaccedilotildees de violecircncia que estatildeo tomando proporccedilotildees assustadoras em nossa sociedade As situaccedilotildees de violecircncia anteriormente esporaacutedicas se tornaram uma constante em nossos diasrdquo (Francisco amp Liboacuterio 2009)
Para Abramovay (2005) nem sempre as relaccedilotildees sociais na escola satildeo
amistosas e harmocircnicas a convivecircncia na escola pode ser marcada por
agressividade e violecircncia muitas vezes banalizadas e naturalizadas
comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem
A violecircncia nas escolas eacute um problema social grave e complexo e
provavelmente o tipo mais frequumlente e visiacutevel da violecircncia juvenil Muitos
estudos que tratam da temaacutetica da violecircncia na escola procuram analisaacute-la a
partir de questotildees mais relacionadas agrave violecircncia simboacutelica agrave seguranccedila da
escola e principalmente agrave depredaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo do patrimocircnio escolar
(Silva 1997 Sposito 2001)
Eacute apenas ao final dos anos 90 e iniacutecio dos anos 2000 que o estudo da
violecircncia escolar se debruccedila sobre as relaccedilotildees interpessoais agressivas
envolvendo estudantes professores e demais funcionaacuterios Vale destacar
ainda que a aacuterea das Ciecircncias Sociais mesmo tendo incorporado o tema da
violecircncia e seus desdobramentos nas suas pesquisas nenhum estudo desta
aacuterea na anaacutelise realizada por Spoacutesito (2001) investigou a questatildeo da
37
violecircncia escolar A aacuterea da Educaccedilatildeo abordou esta temaacutetica muito
tardiamente e o interesse acadecircmico pela questatildeo ainda eacute bastante incipiente
O debate em torno da violecircncia escolar implica considerarmos a
violecircncia enquanto um fenocircmeno macrossocial cujas raiacutezes se encontram no
sistema portanto fora da escola sem fugir da abordagem da violecircncia
enquanto um fenocircmeno microssocial ligado agraves interaccedilotildees situaccedilotildees e praacuteticas
na proacutepria escola Eacute preciso pensar a escola como autora viacutetima e palco de
violecircncia Eacute autora com praacuteticas que produzem e reproduzem a exclusatildeo
social eacute viacutetima quando seus gestores e docentes satildeo hostilizados em parte
como reflexo da violecircncia que ela produz e quando situaccedilotildees de vandalismo
se impotildeem neste cenaacuterio salientando tensatildeo constante por fim eacute palco de
violecircncia quando no seu ambiente se desenrolam conflitos entre os seus
membros e quando se torna tambeacutem lugar de aprendizagem de violecircncias
(Galvatildeo Gomes Capanema Caliman amp Cacircmara 2010)
Violecircncia escolar refere-se a todos os comportamentos agressivos e
anti-sociais incluindo os conflitos interpessoais danos ao patrimocircnio atos
criminosos etc Infelizmente estatildeo cada vez mais presentes na escola
demonstrando que o modelo do mundo exterior eacute reproduzido nas escolas
fazendo com que deixem de ser ambientes seguros modulados pela disciplina
amizade e cooperaccedilatildeo e se transformem em espaccedilos onde haacute violecircncia
sofrimento e medo (Lopes Neto 2005)
Atualmente nas escolas nem sempre as relaccedilotildees sociais satildeo amistosas
e harmocircnicas os alunos e professores natildeo se unem em torno de objetivos
comuns Ao contraacuterio a convivecircncia na escola pode ser marcada por
38
agressividade e violecircncias muitas vezes naturalizadas e banalizadas
comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem (Abromavay 2005)
Charlot (2002) citado por Abromavay (2005) propotildee um sistema de
classificaccedilatildeo dos episoacutedios de violecircncia na escola em que identificam trecircs tipos
de manifestaccedilatildeo a violecircncia na escola a violecircncia contra a escola e a violecircncia
da escola A violecircncia na escola eacute aquela que se produz dentro do espaccedilo
escolar sem estar ligada agraves atividades da instituiccedilatildeo escolar a escola eacute
apenas o lugar de uma violecircncia que poderia ter acontecido em outro lugar A
violecircncia contra a escola estaacute relacionada com a natureza e as atividades da
instituiccedilatildeo escolar e toma a forma de agressotildees ao patrimocircnio e agraves autoridades
da escola (professores diretores e demais funcionaacuterios) e eacute decorrente de
ressentimentos de certos jovens e de certas famiacutelias contra a escola e seu
funcionamento A violecircncia contra a escola estaacute relacionada no entendimento
de Charlot agrave violecircncia da escola a violecircncia institucional simboacutelica a qual se
manifesta por meio do modo como a escola se organiza funciona e trata os
alunos (Abromavay 2005)
Neste cenaacuterio novos olhos para as bases de legitimaccedilatildeo da autoridade
vecircm abalar os fundamentos da violecircncia historicamente praticada pela escola
contra os seus alunos (Aquino 1998) De acordo com Tognetta (2010) muitas
das puniccedilotildees utilizadas pelas escolas como forma de garantir obediecircncia agrave
autoridade satildeo tambeacutem tatildeo violentas quanto agraves formas de violecircncia que
assistimos em nossas escolas
Para Galvatildeo et al (2010) os estudantes praticam violecircncias simboacutelicas
como o uso agressivo da linguagem a imposiccedilatildeo de apelidos inclusive ligados
a estereoacutetipos eacutetnicos e de gecircnero o isolamento de certos alunos e grupos
39
aleacutem das incivilidades e do asseacutedio moral ou bullying No entanto em estudo
realizado com professores e alunos de modo geral as violecircncias simboacutelicas
inclusive manifestaccedilotildees de preconceitos foram mais difiacuteceis de ser percebidas
tanto por professores quanto por alunos sobretudo por estes uacuteltimos
Os resultados de estudo desenvolvido por Lopes e Galvatildeo (2004)
citados por Galvatildeo et al (2010) apontou vaacuterias aspectos da accedilatildeo docente no
cenaacuterio da violecircncia escolar Foi afirmado reiteradamente que os estudantes
natildeo levavam a escola a seacuterio laacute estavam por serem obrigados eram
desmotivados e natildeo se comportavam adequadamente Diante disso a resposta
dos professores era de apatia conformismo individualismo e desmobilizaccedilatildeo
que por sua vez trazia o adoecimento psiacutequico com ansiedade e depressatildeo
Nesta direccedilatildeo estudo realizado por Almeida (1999) tambeacutem citado por
Galvatildeo et al (2010) apontou que os educadores se preocupavam apenas com
os efeitos da destruiccedilatildeo provocada pelos alunos sem se importarem com os
motivos dessas accedilotildees O trabalho salientou que entre alguns professores e
alunos havia o anseio pela inclusatildeo de atividades e conteuacutedos curriculares que
desenvolvessem valores e atitudes de cooperaccedilatildeo e que preparassem melhor
para a vida em vez de um curriacuteculo eminentemente informativo pouco
relevante ou compreensiacutevel para o alunado
Se os educadores em geral estatildeo alarmados com a indisciplina e a
violecircncia expliacutecita que existem na escola outra forma de violecircncia deve
despertar a atenccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo aquela que se apresenta
de forma velada por meio de um conjunto de comportamentos crueacuteis
intimidadores e repetitivos prolongadamente contra uma mesma viacutetima e cujo
40
poder destrutivo eacute perigoso agrave comunidade escolar e agrave sociedade como um
todo pelos danos causados ao psiquismo dos envolvidos (Fante 2005)
Um aspecto bastante preocupante na atualidade eacute que estamos diante
de uma sociedade na qual o elemento violecircncia em suas diferentes formas de
expressatildeo estaacute fazendo parte dos modelos identificatoacuterios como padratildeo de
conduta e forma de auto-afirmaccedilatildeo
Considerando que a auto-afirmaccedilatildeo eacute um componente necessaacuterio e
desejaacutevel no processo de desenvolvimento da identidade do adolescente
surge o alerta a respeito do risco para nossos jovens em processo de
construccedilatildeo da identidade no contexto atual pois observa-se em nossa cultura
uma perda do senso criacutetico na qual vivenciamos uma crise de valores onde
vem se perdendo a noccedilatildeo de limite entre o bem e o mal E assim a violecircncia
fiacutesica a baderna o vandalismo e a amoralidade se tornam meios de auto-
afirmaccedilatildeo incorporados ao cotidiano juvenil
Segundo Silva (1997) a questatildeo da violecircncia e as violaccedilotildees dos direitos
humanos no Brasil constituem-se em uma das maiores preocupaccedilotildees da
populaccedilatildeo das grandes cidades Entretanto aleacutem da violecircncia em si parece
tambeacutem bastante grave o fato de que as vaacuterias formas de violecircncia produzidas
no cotidiano da sociedade parecem natildeo mais indignar a populaccedilatildeo brasileira
se configurando uma banalizaccedilatildeo da proacutepria vida
Em estudo realizado por Silva (1997) sobre a violecircncia nas escolas ao
entrevistar alunos professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores da
escola um dado interessante a destacar foi que na visatildeo da maioria dos
entrevistados a sociedade estaacute corrompida nos seus valores eacuteticos e morais e
a escola tambeacutem eacute afetada por este tipo de corrupccedilatildeo
41
Os resultados deste estudo apontaram uma diferenccedila significativa entre
a forma como professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores percebem a
violecircncia e a forma como os alunos a vecircem principalmente nas questotildees que
permeiam as relaccedilotildees na escola ldquoPara os educadores a violecircncia se
evidencia de forma mais clara na relaccedilatildeo entre os alunos Estes eacute que satildeo
violentos e geralmente os educadores natildeo se percebem promovendo atitudes
de violecircncia para com os alunosrdquo (p 262) Eacute tambeacutem interessante que ao
falarem sobre a violecircncia no acircmbito escolar os alunos natildeo percebem como
violentas algumas atitudes desenvolvidas entre professor e aluno e entre
alunos como a falta de diaacutelogo e de companheirismo
Dados semelhantes apareceram em estudo realizado por Fernandes
(2006) citado por Galvatildeo et al (2010) Cotejando as respostas dos grupos
docente e discente Fernandes (2006) constatou que ambos divergiram sobre o
niacutevel de gravidade de situaccedilotildees como brigas entre alunos o professor
comparar alunos publicamente a praacutetica de atos de conotaccedilatildeo eroacutetica com os
colegas e os insultos em todos os casos envolvendo alunos entre si e
professores Os juiacutezos dos docentes tenderam a ser mais rigorosos embora
mais lenientes quanto a si mesmos e mais severos quando as violecircncias dos
alunos se dirigiam contra eles professores
22 Bullying
Um comportamento bem presente nas relaccedilotildees interpessoais entre os
estudantes o bullying invoca profissionais da educaccedilatildeo e mais
especificamente os docentes a atentarem para as repercussotildees deste
42
fenocircmeno para a comunidade escolar como um todo como tambeacutem para a
influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer docente
221 Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo
Bullying geralmente eacute definido como uma forma especiacutefica de agressatildeo
que eacute intencional repetida e envolve disparidade de poder entre viacutetimas e
perpretador Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) o bullying eacute um
comportamento intencional visando fazer mal e magoar algueacutem e se repete ao
longo do tempo (eg Chapell et al 2004 DeHaan 1997 Olweus 1994)
Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009) reconhecem a
ocorrecircncia de bullying em diferentes contextos incluindo a escola o ambiente
familiar as prisotildees e o ambiente de trabalho Segundo Salmivalli (2010) o
bullying tem sido estudado no local de trabalho (Bowling amp Beehr 2006
Nielsen Matthiesenamp Einarsen 2008) em prisotildees (Ireland 2005 Ireland
Archer amp Power 2007 South amp Wood 2006) e no ambiente militar (Ostvik amp
Rudmin 2001) Segundo Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009)
a maioria dos casos de bullying escolar ocorre no playground sala de aula ou
corredores A questatildeo de gecircnero foi investigada por Oliveira amp Votre (2006) ao
focalizarem a investigaccedilatildeo na praacutetica de bullying em aulas de educaccedilatildeo fiacutesica
De acordo com Wang Iannotti e Nansel (2009) o bullying escolar tem
sido identificado como um comportamento problemaacutetico entre adolescentes
afetando o rendimento escolar habilidades proacute-sociais e o bem-estar
psicoloacutegico de viacutetimas e perpetradores
O bullying pode assumir diferentes formas como o fiacutesico o verbal e o
relacional ou social Segundo Wang Iannotti amp Nansel (2009) o bullying fiacutesico
43
e o verbal geralmente satildeo considerados como uma forma direta de bullying
enquanto o relacional eacute visto como uma modalidade indireta associada agrave
exclusatildeo social e divulgaccedilatildeo de boatos depreciativos Estudos tecircm evidenciado
que meninos estatildeo mais envolvidos com bullying direto e meninas com bullying
indireto (Bjorkqvist 1994 Owens Shute amp Slee 2000) Com a idade haacute a
tendecircncia de passar do bullying fiacutesico ao indireto e relacional Os agressores
tendem a ser do sexo masculino mas os gecircneros se equiparam quanto a sofrer
bullying Enquanto os meninos praticam e sofrem mais bullying fiacutesico as
meninas estatildeo mais associadas a bullying indireto ou relacional De acordo
com Wang Iannotti e Nansel (2009) o cyber-bullying ou bullying eletrocircnico estaacute
emergindo como uma nova forma de bullying Este pode ser definido como
uma forma de agressatildeo que ocorre por meio de computadores pessoais (por
exemplo por meio de e-mails e mensagens instantacircneas) ou de telefones
celulares (por exemplo por meio de mensagens de texto) Kowalski e Limber
(2007) relataram que em uma amostra de 3767 estudantes de ensino meacutedio
nos EUA 22 estavam envolvidos em cyber-bullying sendo 4 como
perpetradores 11 como viacutetimas e 7 como ambos
Este fenocircmeno comportamental desperta interesse pois segundo Fante
(2005) envolve e vitimiza a crianccedila na mais tenra idade escolar tornando-a
refeacutem de ansiedade e de emoccedilotildees que interferem negativamente nos seus
processos de aprendizagem devido agrave excessiva mobilizaccedilatildeo de emoccedilotildees de
medo de anguacutestia e de raiva reprimida O bullying diz respeito a uma forma de
poder interpessoal atraveacutes da agressatildeo
Lopes Neto (2005) diz que por definiccedilatildeo bullying compreende todas as
atitudes agressivas intencionais e repetidas que ocorrem sem motivaccedilatildeo
44
evidente adotadas por um ou mais estudante contra outro(s) causando dor e
anguacutestia sendo executadas dentro de uma relaccedilatildeo desigual de poder
Os estudantes envolvidos em bullying podem ser identificados como
alvosviacutetimas autoresagressores ou espectadorestestemunhas de acordo
com sua atitude diante de situaccedilotildees de bullying Mas haacute tambeacutem um grupo que
ao mesmo tempo que satildeo agredidos agridem outras crianccedilas e satildeo chamados
de agressorviacutetima
As pesquisas sobre bullying realizadas em diferentes paiacuteses a partir da
deacutecada de 90 indicam que a prevalecircncia de estudantes vitimizados varia de 8
a 46 e de agressores de 5 a 30 No Brasil estudo desenvolvido pela
Associaccedilatildeo da Brasileira Multiprofissional de Proteccedilatildeo agrave Infacircncia e agrave
Adolescecircncia (ABRAPIA) apontou que 405 dos alunos admitiram estar
diretamente envolvidos em atos de bullying sendo 169 como alvos 127
como autores e 109 ora como alvos ora como autores (Lopes Neto 2005)
Antunes e Zuin (2008) argumentam que ldquoo bullying se aproxima do
conceito de preconceito principalmente quando se reflete sobre os fatores
sociais que determinam os grupos-alvo e sobre os indicativos da funccedilatildeo
psiacutequica para aqueles considerados como agressoresrdquo (paacuteg 36) E assim
defendem a anaacutelise socioloacutegica de estudos envolvendo violecircncia pois abordar
dados estatiacutesticos e o diagnoacutestico de sua ocorrecircncia eacute um risco no sentido de
mascarar os processos sociais inerentes a eles Eacute importante que toda situaccedilatildeo
de violecircncia incluindo o bullying seja estudada agrave luz das mediaccedilotildees sociais
que a determinam
Um outro aspecto a ser destacado eacute que nas situaccedilotildees de bullying
assim como em trotes universitaacuterios e em situaccedilotildees de asseacutedio moral no
45
trabalho ocorre a desqualificaccedilatildeo do outro e nesse processo manifestam-se
preconceitos que se transformam em armas para discriminar e segregar as
pessoas Entretanto haacute uma toleracircncia com relaccedilatildeo a estas praacuteticas Em
relaccedilatildeo ao bullying eacute comum se pensar que eacute algo passageiro algo relativo a
uma determinada faixa etaacuteria Mas estudo realizado nos EUA encontrou dados
que sugerem que o envolvimento em asseacutedio moral na vida adulta estaacute
relacionada a envolvimento em situaccedilotildees de bullying (Almeida e Queda 2007)
Existem diversos estudos sobre bullying em diferentes paiacuteses desde a
deacutecada de 90 Escolas em diferentes paiacuteses jaacute foram investigadas
demonstrando que o bullying tem sido amplamente discutido No Brasil
(Francisco amp Liboacuterio 2009 Mascarenhas 2006 Lopes Neto 2005 Fante
2003 2005 Tognetta 2008 2010) na Aacutefrica do Sul (Mestry Merwe amp Squelch
2006) na Holanda (Veenstra et al 2005) na Nova Zelacircndia (Carroll- Lind amp
Kearney 2004) na Irlanda do Norte (Collins McAleavy amp Adamson 2004) na
Costa Rica (Pizarro amp Jimeacutenez 2007) em Portugal (Matos amp Gonccedilalves 2009
Freire Simatildeo amp Ferreira 2006 Martins 2005 Pereira 2002) na Noruega
(Olweus 1991) na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) e Espanha (Ramiacuterez 2001)
Eacute bastante frequente estudos sobre bullying abordarem prioritariamente
aspectos quantitativos deste tipo de comportamento considerando a
frequumlecircncia com que ocorrem nas escolas e a distribuiccedilatildeo dos envolvidos em
diferentes formas de envolvimento como alvoviacutetima autoragressor ou
espectadortestemunha
Matos e Gonccedilalves (2009) indicam a variabilidade na prevalecircncia de
bullying escolar em diferentes paiacuteses Um estudo realizado na Austraacutelia
apontou cerca de 24 de agressores 13 de viacutetimas e 22 simultaneamente
46
viacutetimas e agressores (Forero McLellan Rissel amp Bauman 1999) Fekkes
Pijpers e Verloove-Vanhorick (2005) indicaram entre crianccedilas alematildes cerca de
16 de viacutetimas de bullying Em Portugal Matos et al (2003) encontraram
cerca de 20 de adolescentes viacutetimas de violecircncia e cerca de 20 de
agressores Aproximadamente 25 dos participantes se referiram como
viacutetimas e agressores Em estudo com amostra nacionalmente representativa de
adolescentes nos EUA Nansel et al (2001) relataram o envolvimento frequumlente
em bullying nos dois meses anteriores em 299 dos participantes sendo 13
de perpetradores 106 de viacutetimas e 63 de ambos Craig e Harel (2004)
em pesquisa envolvendo 35 paiacuteses encontraram a prevalecircncia meacutedia de
viacutetimas de 11 e 11 de agressores De acordo com Haynie et al 2001 e
Nansel et al (2001) 4 a 6 das podem ser classificadas como ambos
Haacute estudos que levantam dados de estudantes de diferentes paiacuteses
possibilitando comparaccedilotildees em contextos diferentes (Wolke et al 2001
Gaacutezquez et al 2005)
222 ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo de Bullying
Percebe-se nos estudos sobre bullying o interesse em identificar fatores
diferenciais considerando a forma como se daacute o envolvimento como
agressorautor como alvoviacutetima ou ainda como agressoralvo (Veenstra et al
2005 Carvalhosa Lima amp Matos 2001 Twemlow Sacco amp Williams 1996)
Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as pesquisas tecircm demonstrado um
certo protoacutetipo ou perfil de pessoas que oprimem e que satildeo oprimidas Aqueles
que oprimem necessitam de ter poder e de dominar gostam do controlar os
outros tecircm um sentimento positivo quanto agrave violecircncia e pouca empatia para
47
com as suas viacutetimas Geralmente tecircm alguma popularidade e satildeo
acompanhados por um pequeno grupo Os indiviacuteduos que se incluem neste
grupo tecircm falta de empatia e competecircncias para resolver problemas (Bullock
2002) Estes alunos tecircm maior probabilidade de beber aacutelcool e fumar cigarros
que as suas viacutetimas e apresentam menor ajustamento acadecircmico e escolar
Estes alunos geralmente satildeo mais altos fortes agressivos impulsivos e natildeo
cooperativos (Harris amp Petrie 2002) A questatildeo da auto-estima eacute controversa
Rigby e Slee (1995) defendem que esses indiviacuteduos natildeo tecircm baixa auto-
estima Para Tognetta e Vinha (2008 meninos e meninas que equacionando
suas experiecircncias com os outros se vecircem pequenos demais tendem a se
conformar e atribuir-se menos valor Ao mesmo tempo podem pelo mesmo
motivo fazer com que os outros se sintam tatildeo mal como eles proacuteprios se
sentem ou seja inferiorizaacute-los menosprezaacute-los para que o peso que
carregam consigo possa ser menor Para estas autoras os autores de bullying
natildeo conseguem uma dupla perspectiva de ver a si e ao outro Falta-lhes um
conteuacutedo eacutetico portanto o valor de si agregado ao valor do outro
Por sua vez as viacutetimas geralmente satildeo mais fracas tiacutemidas
introvertidas cautelosas sensiacuteveis quietas com menor auto-estima e com
poucos amigos Estes indiviacuteduos tambeacutem tinham alguma probabilidade de
fumar ingerir aacutelcool e ter desempenhos escolares baixos Quando natildeo existe
intervenccedilatildeo por parte dos adultos eles tendem a ser oprimidos repetidamente
correndo o risco de serem rejeitados entrar em depressatildeo e sofrem constante
ameaccedila agrave sua auto-estima (Bullock 2002) Haacute dois subgrupos de viacutetimas os
submissos ou passivos e os provocadores As viacutetimas passivas natildeo provocam
os seus colegas natildeo gostam de violecircncia tendem a ser mais fracos que outros
48
colegas e reagem chorando ou ficando tristes (Isenhagen amp Harris 2004) As
viacutetimas provocadoras (minoria) geralmente tecircm uma deficiecircncia na
aprendizagem e falta de competecircncias sociais que os torna insensiacuteveis a
outros estudantes Estes estudantes tendem a aborrecer os companheiros ateacute
que algueacutem lhes responda ou seja agressivo (Harris Petrie amp Willoughby
2002)
Aleacutem de identificar as diferenccedilas no posicionamento dos envolvidos em
bullying haacute estudos que abordam fatores preditivos de envolvimento em
situaccedilotildees de bullying (Francisco amp Liboacuterio 2009 Matos e Gonccedilalves 2009
Sweeting amp West 2001)
Fox amp Boulton (2005) desenvolveram estudo visando identificar de que
forma os proacuteprios estudantes seus pares e os professores avaliam as
habilidades sociais de colegas viacutetimas de bullying em comparaccedilatildeo com
estudantes natildeo identificados como viacutetimas de bullying Os trecircs diferentes
grupos percebem as viacutetimas de bullying com menos habilidades sociais dos
que as natildeo viacutetimas Estes resultados apresentam importantes implicaccedilotildees para
intervenccedilotildees que possam ajudar crianccedilas que apresentam maiores riscos de
serem viacutetimas de bullying pelos seus colegas
Conforme Fante (2003 2005) e Lopes Neto (2005) as viacutetimas de bullying
geralmente satildeo descritas como pouco sociaacuteveis inseguras com baixa auto-
estima quietas e que natildeo reagem efetivamente aos atos agressivos
De acordo com Lopes Neto (2005) Pizarro e Jimeacutenez (2007) e Ramiacuterez
(2001) as testemunhas natildeo participam diretamente em atos de bullying e
geralmente se calam receando tornarem-se viacutetimas O espectador assume
uma posiccedilatildeo de lsquofora de jogorsquo como se nada tivesse a ver com o problema pelo
49
medo de uma puniccedilatildeo da autoridade mas ao mesmo tempo ainda que de
maneira controlada tambeacutem zomba ou ri da crueldade feita a algueacutem natildeo
porque concorda com ela mas pelo temor de se tornar a proacutexima viacutetima e por
perceber que para manter uma boa imagem diante do grupo eacute melhor ldquoficar do
ladordquo dos mais fortes Eacute uma postura que demonstra ausecircncia de um
sentimento de indignaccedilatildeo que eacute proveniente de um lsquoestar sensiacutevelrsquo ao
sentimento do outro de uma espeacutecie de co-mover-se ao outro e sua ausecircncia
permita a esse espectador assumir um posicionamento contraacuterio agrave accedilotildees
injustas (Tognetta e Vinha 2008)
Causadores e viacutetimas de bullying precisam de ajuda Por um lado as
viacutetimas sofrem uma deterioraccedilatildeo da sua auto-estima e do seu auto-conceito
por outro os agressores sofrem grave deterioraccedilatildeo de sua escala de valores e
de seu desenvolvimento afetivo e moral Os autores de bullying tambeacutem
precisam de ajuda pois eacute importante inverter uma hierarquia de valores que
coloca a forccedila o poder a virilidade a intoleracircncia agrave diferenccedila como
privilegiados (Tognetta e Vinha 2010)
Estudo realizado na Aacutefrica do Sul focalizou no comportamento dos
espectadores visando propor estrateacutegias para reduzir ou eliminar o bullying nas
escolas (Mestry Merwe amp Squelch 2006)
Estudo realizado por Martins (2005) em Portugal aleacutem de obter dados
sobre a frequumlecircncia do bullying entre adolescentes e conhecer os
comportamentos mais frequumlentes nas diferentes formas de envolvimento em
bullying como alvoviacutetima autoragressor ou observador tambeacutem verificou se
fatores como gecircnero niacutevel de escolaridade e niacutevel socioeconocircmico estavam ou
natildeo associados ao envolvimento em bullying Os resultados apontam que o
50
comportamento mais frequumlente na praacutetica de bullying entre adolescentes
envolve a exclusatildeo social diferentemente de estudos com crianccedilas onde
aparece com mais frequumlecircncia a agressatildeo verbal Outro aspecto a ser
destacado refere-se ao fato que muitos adolescentes experimentam
simultaneamente a condiccedilatildeo de viacutetimas de agressores e de observadores Natildeo
se verificou nenhuma relaccedilatildeo entre o niacutevel socioeconocircmico e a praacutetica de
bullying e em relaccedilatildeo agrave escolaridade verificou-se uma tendecircncia para a
diminuiccedilatildeo da vitimizaccedilatildeo o que se explica a partir do desenvolvimento de
competecircncias sociais na adolescecircncia favorecendo o uso de estrateacutegias para
enfrentar as situaccedilotildees de bullying
Quanto aos fatores de risco individuais alunos oriundos de minorias
eacutetnicas geralmente sofrem mais agressotildees verbais racistas (embora natildeo
necessariamente outras formas de bullying) que alunos de maiorias eacutetnicas
(Monks Ortega-Ruiz amp Rodriacuteguez-Hidalgo 2008) Na escola secundaacuteria os
alunos podem sofrer bullying devido agrave sua orientaccedilatildeo sexual Neste caso
podem chegar a ser agredidos fisicamente ou ridicularizados por professores
ou outros estudantes Conforme Warwick Chase Aggleton e Sanders (2004) a
porcentagem de estudantes atraiacutedos pelo mesmo sexo nas escolas
secundaacuterias no Reino Unido que sofreram bullying homofoacutebico varia em torno
de 30 a 50
Ao lado dos fatores de risco Wang Iannotti e Nansel (2009) apontam os
fatores de proteccedilatildeo relacionados principalmente a pais e amigos Praacuteticas
parentais positivas como apoio parental podem proteger os adolescentes de
envolvimento tanto como agressores (Bowers Smith amp Binney 1994) ou
viacutetimas (Haynie Nansel Eitel et al 2001) Comparados com pais os amigos
51
parecem desempenhar uma papel mais diversificado A amizade tem sido
indicada como fator de proteccedilatildeo contra os efeitos do bullying de modo que ter
mais amigos relaciona-se negativamente agrave vitimizaccedilatildeo (Hodges Boivin Vitaro
amp Bukowski 1999)
223 Consequumlecircncias do Bullying
Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as consequumlecircncias do bullying
atingem opressores e viacutetimas podendo ter efeitos em longo prazo (Williams
Chambers Logan amp Robinson 1996) Para os agressores podem surgir
problemas no desenvolvimento e manutenccedilatildeo de relaccedilotildees positivas (Bullock
2002) aleacutem de maior tendecircncia para comportamentos de risco como consumo
de tabaco (KingWold Tudor-Smith amp Harel 1996) de aacutelcool (Due Holstein amp
Jorgeensen 1999 King et al 1996) e de drogas (DeHaan 1997) aleacutem de
baixo desempenho escolar (Due Holstein amp Jorgeensen 1999) Para as
viacutetimas as consequumlecircncias variam do isolamento sintomas fiacutesicos ou
psicossomaacuteticos tristeza ansiedade depressatildeo ou distanciamento quanto a
assuntos da escola ideaccedilatildeo de suiciacutedio e ateacute suiciacutedio (Young amp Sweeting
2004) Alunos oprimidos abandonam mais facilmente a escola seu rendimento
escolar pode baixar e podem tornar-se mais tarde novos opressores
(Isernhagen amp Harris 2004) As viacutetimas de bullying apresentam mais sintomas
de doenccedila psicoloacutegica (como depressatildeo e ansiedade) e doenccedila fiacutesica (como
dores de cabeccedila e dores abdominais) (Bond Carlin Thomas Rubin amp Patton
2001 King et al 1996 Rigby 1999 Salmon James amp Smith 1998 Williams
Chambers Logan amp Robinson 1996)
52
A experiecircncia de ser alvo de bullying estaacute correlacionada com
ansiedade depressatildeo e baixa auto-estima (Hawker amp Boulton 2000) Achados
de baixa auto-estima em relaccedilatildeo a bullying estatildeo diretamente relacionados a
comportamento anti-social (OMoore 2000)
O bullying constitui um seacuterio risco para o ajustamento psicossocial e
acadecircmico para as viacutetimas (Erath Flanagan amp Bierman 2008 Hawker amp
Boulton 2000 Isaacs Hodges amp Salmivalli 2008 Olweus 1994 Salmivalli amp
Isaacs 2005) e agressores (Kaltiala-Heino Rimpelauml Rantanen amp Rimpelauml
2000 Nansel et al 2004) Mesmo testemunhar atos de bullying pode ser uma
influecircncia negativa (Nishina amp Juvonen 2005) Estudantes que presenciaram
comportamentos opressores acabaram se tornando opressores tambeacutem
(Chapell et al 2004) Se os colegas ganham respeito por intermeacutedio de
comportamentos agressivos entatildeo alguns alunos adotam este tipo de
comportamento para chamar a atenccedilatildeo e defender-se (Warren Schoppelrey
Moberg amp McDonald 2005)
Outros estudos ainda se concentram na anaacutelise nas consequumlecircncias para
as crianccedilas do envolvimento em situaccedilotildees de bullying considerando os efeitos
em curto e longo prazos focalizando aspectos psicoloacutegicos sociais e prejuiacutezos
escolares (Eisenberg amp Aalsma 2005 Rigby 2003)
224 Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de Bullying
Segundo Monks et al (2009) as estrateacutegias contra a manifestaccedilatildeo de
bullying geralmente satildeo abordadas em trecircs niacuteveis as estrateacutegias individuais as
estrateacutegias dos grupos de pares e as estrateacutegias da escola
53
As estrateacutegias de enfrentamento individuais variam de acordo com a
idade e o gecircnero Formas natildeo assertivas de enfrentamento (como chorar) tecircm-
se mostrado menos eficientes que ignorar o agressor ou buscar ajuda A
maioria dos alunos que sofre bullying natildeo revela o fato a professores ou
familiares (Naylor Cowie amp del Rey 2001)
Um segundo grupo satildeo as accedilotildees dos pares contra o bullying Smith e
Watson (2004) encontraram o companheirismo de pares e amigos na escola
primaacuteria e a orientaccedilatildeo ou aconselhamento de pares na escola secundaacuteria
Finalmente haacute diversas estrateacutegias utilizadas pelas escolas contra o
bullying Intervenccedilotildees monitoradas se restringem a uma escola em particular a
amplos projetos educacionais Smith Pepler e Rigby (2004) sugerem que estes
tecircm efeitos limitados variando entre aproximadamente zero ateacute um maacuteximo de
cerca de 50 de reduccedilatildeo nas taxas de prevalecircncia de bullying Em certos
casos os resultados tecircm sido levemente negativos A maioria dos programas
tem reduzido a prevalecircncia de bullying entre 10 e 20 Segundo Monks et al
(2009) haacute controveacutersias quanto agrave efetividade de programas para a escola toda
(Woods amp Wolke 2003) assim quanto aos efeitos do uso de sanccedilotildees mais ou
menos diretas contra estudantes que praticam o bullying (Smith Howard amp
Thompson 2007) ou se as estrateacutegias mais efetivas satildeo especificamente
direcionadas ao bullying ao clima das classes ou nas relaccedilotildees aluno-aluno ou
aluno-professor (Galloway amp Roland 2004)
Para Aquino (2002) o manejo dos conflitos escolares eacute prerrogativa dos
educadores No caso do fenocircmeno bullying existem estrateacutegias em estudo que
apontam eficaacutecia na diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia Estrateacutegias estas que
envolvem toda a comunidade escolar (Beaudoin 2006 Costantini 2004)
54
Muitos estudos que tem o fenocircmeno bullying como objeto de
investigaccedilatildeo concentram seu interesse exatamente nas estrateacutegias de
intervenccedilatildeo (Greene 2006 Gini 2004 Orpinas Horne amp Staniszewski 2003
Stevens Bourdeaudhuij amp Van Oost 2001 Carney amp Merrell 2001 Young
1998)
Um estudo desenvolvido por Tamar (2008) no Chile teve como objetivo
conhecer as estrateacutegias utilizadas pelos professores diante de situaccedilotildees de
conflitos e maus tratos entre estudantes Algumas caracteriacutesticas dos
professores interferem na forma como atuam diante de casos de conflitos entre
estudantes Verificou-se que a experiecircncia a formaccedilatildeo e experiecircncia em
coordenaccedilatildeo satildeo aspectos favoraacuteveis para uma atuaccedilatildeo com mais firmeza
paciecircncia e compreensatildeo favorecendo o uso de estrateacutegias que promovem
climas escolares mais positivos e construtivos sendo percebido ainda com
efeitos mais duradouros Satildeo estrateacutegias que envolvem natildeo apenas os alunos
envolvidos mas ampliam a discussatildeo para todo o grupo tornando-os capazes
de reconhecer as consequumlecircncias negativas de suas accedilotildees tanto a niacutevel
individual como para todo o grupo bem como possibilitam reconstruir o
significado das suas accedilotildees Assim accedilotildees impulsivas marcadas por indiferenccedila
e intoleracircncia promovem respostas mais violentas dos alunos tornando a
convivecircncia escolar cada vez mais difiacutecil
O estudo realizado por Egbochuku (2007) na Nigeacuteria abordou tambeacutem
as estrateacutegias para impedirdiminuir a praacutetica de bullying E para o autor
merece destaque algumas estrateacutegias apontadas pelos alunos como
importantes pois indicam a importacircncia que as regras e regulamentaccedilotildees
sejam convenientemente executadas sugerindo que os estudantes desejam
55
maior rigor das figuras de autoridade na escola Outra necessidade apontada
pelos estudantes neste estudo foi a importacircncia das viacutetimas de bullying
revelarem para algueacutem o que estaacute ocorrendo assim como qualquer pessoa
que tenha presenciado situaccedilatildeo de bullying pois ao terem medo de revelar
contribuem para a continuidade das agressotildees
Tognetta e Vinha (2008 2010) defendem que eacute preciso um trabalho com
as imagens que os estudantes fazem de si mesmos Trata-se de algo anterior
agraves relaccedilotildees interpessoais um olhar agraves relaccedilotildees intrapessoais Os projetos de
intervenccedilatildeo ao bullying precisam garantir que crianccedilas e adolescentes ndash tanto
protagonistas como espectadores ndash possam construir identidades autocircnomas
que consigam gostar de si para gostar dos outros no seu sentido moral eacute pela
construccedilatildeo do respeito a si que eacute possiacutevel construir o respeito a outrem Para
estas autoras propostas que insistem apenas no estabelecimento de regras
pautadas em deveres e obrigaccedilotildees pouco poderatildeo favorecer ao
desenvolvimento de relaccedilotildees mais eacuteticas
56
CAPIacuteTULO III
3 BULLYING E RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO
31 Bullying e dinacircmica escolar
Considerando a grande ocorrecircncia de situaccedilotildees de bullying na escola eacute
importante analisar estudos que apontam dados referentes a aspectos
pertinentes agrave dinacircmica escolar envolvendo especificidades da praacutetica de
bullying no contexto escolar a relaccedilatildeo com o desempenho dos alunos como
tambeacutem o papel do professor
Estudo desenvolvido por Woods amp Wolke (2004) investigou a associaccedilatildeo
entre envolvimento em situaccedilatildeo de bullying e desempenho escolar com
crianccedilas entre 6 e 9 anos Os resultados natildeo apoacuteiam a suspeita de que baixo
desempenho e frustraccedilatildeo na escola levem a envolvimento em situaccedilotildees de
bullying De modo contraacuterio verificou-se que agressores que atuam em
relacional bullying que envolve prejuiacutezo aos relacionamentos levando a
exclusatildeo social com frequumlecircncia tem desempenho escolar na meacutedia ou ateacute
acima da meacutedia
Estudo realizado na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) abordou diversos
aspectos sobre incidentes de bullying como frequumlecircncia local idade gecircnero
tipos de bullying e comparou os resultados em escolas puacuteblicas e privadas Um
aspecto a ser destacado eacute que eacute mais comum o incidente de bullying ocorrer
na sala de aula nas escolas puacuteblicas do que nas escolas privadas onde os
alunos revelam ser o paacutetio ou outros espaccedilos da escola (diferentes da sala de
aula) o local mais vulneraacutevel a esta praacutetica Este estudo abordou ainda quem eacute
o agressor sendo revelado que para grande maioria (74) o agressor eacute mais
57
velho ndash aluno de seacuteries mais avanccediladas Interessante este dado pois explica
porque comumente a sala de aula natildeo aparece com tanto destaque na
ocorrecircncia de bullying
Estudo realizado no Brasil explanado por Lopes Neto (2005) tambeacutem
indicou que aqui os estudantes identificam a sala de aula como o local de maior
incidecircncia desse tipo de violecircncia
Um outro estudo (Zindi 1994) citado por Egbochuku (2007) realizado
em coleacutegios internos (residecircncias) o dormitoacuterio foi o local mais apontado para
situaccedilotildees de bullying e a sala de aula tido como o espaccedilo de menor
ocorrecircncia
Na Nova Zelacircndia os estudantes afirmam que bullying ocorre em locais
onde natildeo haacute professor ocorrendo na sala de apenas na sua ausecircncia (Carroll-
Lind e Kearney 2004)
Para Mascarenhas (2006) a gestatildeo sistemaacutetica do bullying e da
indisciplina em ambientes educativos como uma atividade prioritaacuteria e de
rotina institucional sob a co-responsabilidade de toda a equipe educativa e
lideranccedilas estudantis pode afetar positivamente e determinar a melhoria na
qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes e de sua sauacutede
emocional Quanto agrave sauacutede emocional e o bem-estar de alunos e professores
Palaacutecios e Rego (2006) analisaram a literatura apontando a importacircncia de ser
considerar a relaccedilatildeo entre professores e alunos no bullying
Situaccedilotildees de bullying satildeo consideradas pelos educadores
erroneamente e por que natildeo irresponsavelmente como natural da idade ou
como uma brincadeira E assim satildeo ignorados colaborando para a
perpetuaccedilatildeo da agressatildeo Em estudo realizado no Brasil Lopes
58
Neto (2005) destaca que a maioria ndash 518 - dos alunos autores de bullying
afirmaram que nunca receberam nenhum tipo de orientaccedilatildeo ou advertecircncia
quanto agrave incorreccedilatildeo de seus atos
A escola se preocupa demasiadamente com as situaccedilotildees de indisciplina
enquanto as situaccedilotildees de violecircncia tatildeo frequente entre os pares o bullying natildeo
tem recebido dos educadores a mesma atenccedilatildeo Talvez por conceberem que
os problemas das crianccedilas natildeo satildeo tatildeo relevantes (Tognetta 2010)
Martins (2005) explorou as percepccedilotildees dos adolescentes sobre as
atitudes de alunos e de professores diante de situaccedilotildees de bullying e aspectos
referentes ao relacionamento dos adolescentes com colegas e com
professores Quanto aos relacionamentos com colegas e professores os
agressores satildeo os que se sentem pior com a aprendizagem e com os
professores A maioria dos adolescentes considera que os professores se
preocupam com a praacutetica de bullying mas que nem sempre sabem como agir
Estudo de Chang (2003) investiga a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e
comportamentos dos professores e o comportamento agressivo retraiacutedo e de
lideranccedila nos estudantes Os resultados apontam que o comportamento do
professor desaprovando comportamentos agressivos dos alunos e apoiando
crianccedilas com comportamentos retraiacutedos ao mesmo tempo em que influencia a
auto avaliaccedilatildeo destes alunos provoca rejeiccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas
agressivas mas natildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas retraiacutedas Comportamentos de
lideranccedilas natildeo tiveram impacto do comportamento de entusiasmo do professor
Em estudo desenvolvido por Tognetta e Vinha (2010) com alunos de
escolas puacuteblicas e particulares brasileiras aleacutem de diagnosticar o bullying
como um problema seacuterio que atinge crianccedilas e adolescentes as autoras
59
apresentam como resultado que os alunos referiram-se a situaccedilotildees que
tambeacutem foram humilhados ameaccedilados zombados por seus professores
A partir do exposto o presente estudo visa a ampliar o conhecimento do
fenocircmeno bullying destacando a inclusatildeo da relaccedilatildeo professoraluno como
eixo de anaacutelise da questatildeo levantada Se a sala de aula eacute cenaacuterio propiacutecio para
a ocorrecircncia de bullying eacute fundamental focalizar nas relaccedilotildees existentes na
sala de aula de forma a ampliarmos a compreensatildeo dos fatores que satildeo
responsaacuteveis pela sua ocorrecircncia
A sala de aula diferentemente do recreio eacute cenaacuterio de intensas relaccedilotildees
que permeiam o processo de aprendizagem O espaccedilo destinado agraves aulas a
sala promove outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que
satildeo ignorados e infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo
professoraluno O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos
escolares Como o aluno percebe o comportamento do professor e seu
envolvimento nestes conflitos Como o professor contribui sem perceber para o
fenocircmeno bullying ldquoA violecircncia eacute tatildeo velada que natildeo pensamos que as formas
de atuaccedilatildeo de um professor tambeacutem podem levar as crianccedilas a serem alvos e
autores de bullying ainda que indiretamenterdquo (Tognetta 2010 p 93)
Estas questotildees colocadas se apoacuteiam na suspeita do intenso poder do
professor a partir do momento que este souber valorizar e respeitar as relaccedilotildees
interpessoais na escola abrindo espaccedilo para a afetividade como elemento da
accedilatildeo docente que natildeo se esgota nos conteuacutedos
60
32 Justificativa e Objetivos
O bullying eacute um fenocircmeno que tem se agravado nos uacuteltimos anos
afetando os relacionamentos entre alunos nas instituiccedilotildees de ensino Apesar
de um grande nuacutemero de investigaccedilotildees sobre sua ocorrecircncia e consequumlecircncias
o papel do relacionamento entre professor e aluno ainda eacute pouco conhecido em
relaccedilatildeo agrave praacutetica de bullying Conhecer como os alunos de ensino fundamental
percebem suas relaccedilotildees com professores e investigar se estas estatildeo
relacionadas agrave praacutetica de bullying na escola representa um problema de
investigaccedilatildeo com repercussotildees sociais e educacionais
A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um dos aspectos mais importantes no
mundo da escola Desta forma o objetivo deste estudo foi investigar possiacuteveis
interseccedilotildees entre o relacionamento professor-aluno e o envolvimento em
situaccedilotildees de bullying
O objetivo geral foi investigar o papel da relaccedilatildeo professor-aluno na
ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Como objetivos especiacuteficos
esta pesquisa buscou (a) investigar se os estudantes associam a praacutetica de
bullying como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar (b) investigar
se haacute o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying e de que
forma se daacute este envolvimento como alvoviacutetimas autoresagressores ou
espectadorestestemunhas (c) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-
aluno (d) identificar possiacuteveis correlaccedilotildees entre diferentes aspectos do
relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying
61
CAPIacuteTULO IV
4 MEacuteTODO
Neste estudo foi adotada uma abordagem metodoloacutegica qualitativa
quantitativa para possibilitar articulaccedilatildeo entre dados de naturezas diferentes e
consequentemente a ampliaccedilatildeo da investigaccedilatildeo acerca do objeto de estudo
em relaccedilatildeo aos estudos jaacute realizados
41 Participantes
Participaram do estudo 124 estudantes do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino
Fundamental de trecircs escolas da rede particular da cidade de Recife (PE)1
sendo 35 estudantes da escola A 17 da escola B e 72 da escola C2 O
processo para escolha das escolas foi por conveniecircncia garantindo que
fossem escolas localizadas em bairros distintos e de grande porte que
atendessem turmas da Educaccedilatildeo Infantil ao Ensino Meacutedio A opccedilatildeo por alunos
do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino Fundamental deu-se em funccedilatildeo da idade pois
os estudos mostram maior incidecircncia do bullying entre estudantes no iniacutecio da
adolescecircncia (1213 anos)
1 A coleta de dados ocorreu em Recife em virtude da possibilidade de contar com a participaccedilatildeo de
alunos de diferentes escolas mantendo o anonimato dos participantes e da facilidade de deslocamento da pesquisadora 2 A diferenccedila no nuacutemero de alunos foi devido a dificuldades com o Termo de Consentimento que tinha
que ser autorizado pelos pais e tambeacutem a coincidecircncia da data agendada para a coleta com atividades avaliativas na escola B
62
Para participar o estudante tinha que cursar a seacuterie selecionada para o
estudo aceitar participar da pesquisa3 e apresentar Termo de Consentimento
com a autorizaccedilatildeo dos responsaacuteveis
42 Procedimentos para coleta de dados
Inicialmente houve um contato com as escolas para apresentaccedilatildeo da
siacutentese do estudo a ser realizado agrave comunidade escolar e para garantir o
cumprimento do tracircmite eacutetico exigido para realizaccedilatildeo de pesquisa com
estudantes menores de idade Apoacutes a escola assinar o Termo de
Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa (Anexo 1) foram marcadas as
datas para coleta de dados de acordo com a conveniecircncia da escola e
disponibilizada coacutepias do Termo de Consentimento para Participaccedilatildeo na
Pesquisa (Anexo 2) para serem enviados aos pais e recolhidos pela escola
Em dia imediatamente anterior a data agendada para a coleta de dados
a pesquisadora compareceu agrave escola recolheu as autorizaccedilotildees jaacute devolvidas e
realizou o convite a todos os alunos para a participaccedilatildeo da pesquisa Neste
contato a pesquisadora expocircs em todas as turmas do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do
Ensino Fundamental o teor do estudo as tarefas a ser realizadas a
importacircncia da autorizaccedilatildeo dos pais assim como todo o procedimento para
garantir o anonimato dos participantes Novamente foram disponibilizados
Termos de Consentimento para Participaccedilatildeo na Pesquisa para que os alunos
interessados em colaborar pudessem obter a autorizaccedilatildeo dos pais
3 Em virtude de jaacute serem adolescentes foi solicitado a cada participante que declarasse estar ciente e de
acordo com as informaccedilotildees fornecidas atraveacutes de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
63
Os dados foram coletados durante o horaacuterio de aulas regulares dos
alunos em sala previamente organizada pela escola com a presenccedila apenas
da pesquisadora e dos participantes Foi necessaacuteria a colaboraccedilatildeo de
funcionaacuterios das escolas para viabilizar a saiacuteda dos alunos das salas de aulas
com o consentimento dos professores e o deslocamento dos alunos ateacute o
espaccedilo onde ocorria a coleta mas em nenhum momento houve participaccedilatildeo de
qualquer pessoa da escola durante a coleta propriamente dita
A coleta de dados ocorreu apoacutes recolhimento da autorizaccedilatildeo dos pais e
solicitaccedilatildeo para que o proacuteprio participante lesse e assinasse o Termo de
Consentimento (Anexo 3)
Foram utilizados dois instrumentos de pesquisa uma redaccedilatildeo e um
questionaacuterio com questotildees fechadas Inicialmente os participantes produziam
uma redaccedilatildeo e em seguida preenchiam o questionaacuterio realizando
individualmente as duas atividades
Ao finalizar e entregar a produccedilatildeo escrita a folha era identificada atraveacutes
de uma etiqueta obtendo uma letra (A B ou C indicando a escola) e um
nuacutemero (indicando o nuacutemero de participantes)4 e outra etiqueta com esta
mesma identificaccedilatildeo era colocada no questionaacuterio que imediatamente era
entregue para preenchimento Este procedimento tinha como objetivo apenas
possibilitar a identificaccedilatildeo de que aquela determinada redaccedilatildeo e aquele
questionaacuterio especificamente eram do mesmo participante sem nenhum dado
4 Os participantes satildeo identificados da seguinte forma A1 a A35 ndash escola A B36 a B52 ndash escola B C59 a
C130 ndash escola C Natildeo existem participantes com numeraccedilatildeo entre 53 e 58 pois correspondem a alunos
da escola B que tiveram autorizaccedilatildeo dos pais e que natildeo participaram da coleta
64
a mais que possibilitasse identificar quem era o participante5 O preenchimento
do questionaacuterio ocorreu imediatamente apoacutes a realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo e natildeo
houve limite de tempo para finalizaccedilatildeo das atividades
Todos os procedimentos para a coleta de dados foram de
responsabilidade da pesquisadora e ocorreram entre os meses de Agosto a
Novembro de 2011 Optou-se pela realizaccedilatildeo da coleta de dados ao longo do
segundo semestre letivo de forma a garantir relacionamentos mais
estabelecidos tanto dos participantes com seus pares como com os
professores
43 Instrumentos de Pesquisa
431 A Redaccedilatildeo
O tema proposto para realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo foi ldquoViolecircncia escolarrdquo e os
participantes deveriam escrever individualmente um texto entre 15 e 25 linhas
em folha pautada em branco entregue no iniacutecio da coleta pela pesquisadora
sem nenhuma identificaccedilatildeo sobre os participantes
432 O Questionaacuterio
O questionaacuterio buscou investigar diferentes aspectos do envolvimento do
aluno com alguma forma de bullying e como os adolescentes percebem o
relacionamento interpessoal professor-aluno e a relaccedilatildeo entre o
5 Com a exigecircncia para autorizaccedilatildeo dos pais a coleta de dados ocorreu em nuacutemero bem menor do que
estava previsto sendo realizada em pequenos grupos o que inviabilizou a indicaccedilatildeo do sexo e da idade
de cada participante visto que poderia possibilitar a identificaccedilatildeo do participante Isto inviabilizou que
tais dados fossem considerados na anaacutelise jaacute que estudos apontam diferenccedilas no envolvimento em
bullying entre meninos e meninas e tambeacutem com o aumento da idade
65
comportamento do professor e as situaccedilotildees de conflitos entre alunos Foi
construiacutedo com base no roteiro de entrevista utilizado por Wolke et al (2001) e
assim como no estudo citado neste questionaacuterio em nenhum momento o termo
bullying foi utilizado Este instrumento encontra-se em anexo (Anexo 4)
O questionaacuterio foi organizado em cinco partes variando o nuacutemero de
questotildees em cada parte A primeira parte era referente ao relacionamento do
participante com seus pares e era idecircntica em todos os questionaacuterios As
demais partes eram referentes ao relacionamento do participante com dois de
seus professores ndash um com quem considerava ter Bom Relacionamento e outro
que o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil Em nenhum momento
era necessaacuterio que o aluno indicasse qualquer informaccedilatildeo sobre o professor
que viabilizasse a identificaccedilatildeo do mesmo
Em metade dos questionaacuterios aplicados em cada escola apoacutes a primeira
parte os alunos respondiam inicialmente sobre um professor que considerara
ter Bom Relacionamento (segunda e terceira partes) e em seguida respondiam
sobre o professor que considerara ter um Relacionamento Difiacuteci(quarta e quinta
partes) E na outra metade dos questionaacuterios apoacutes a primeira parte os alunos
respondiam de iniacutecio sobre um professor que considerara ter um
Relacionamento Difiacutecil (segunda e terceira partes) e posteriormente
respondiam sobre o professor que considerara ter Bom Relacionamento(quarta
e quinta partes) Esta variaccedilatildeo teve por objetivo eliminar o efeito da ordem do
preenchimento do questionaacuterio garantindo que metade dos participantes
considerassem primeiro um professor com Bom Relacionamento e em seguida
um professor com Relacionamento Difiacutecil enquanto os demais iniciassem
66
considerando um professor com Relacionamento Difiacutecil para em seguida
considerar um professor com Bom Relacionamento
Para todas as questotildees as possibilidades de respostas eram as
mesmas e avaliavam a frequumlecircncia do acontecimento investigado ao longo do
ano letivo em curso As possibilidades de respostas eram Natildeo nenhuma vez
Sim apenas uma vez Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com
frequumlecircncia Nas instruccedilotildees iniciais do questionaacuterio era indicado que o
participante considerasse a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos
investigados Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso
Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs Com frequumlecircncia toda
semana (ou quase toda semana) Estes itens apresentados para respostas
foram elaborados com base em estudos que investigaram a frequecircncia de
acontecimentos relacionados ao bullying (Carvalhosa et al 2001 Wolke et al
2001)
A primeira parte do questionaacuterio buscou investigar o envolvimento do
aluno em situaccedilotildees de bullying assim como a frequumlecircncia deste envolvimento
considerando o relacionamento dele com os colegas identificando se o mesmo
ao longo do ano letivo em curso (a) agrediu fisicamente algum colega por
qualquer motivo (b) agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo (c)
provocou ou zombou de algum colega (d) impediu a participaccedilatildeo de algum
colega em alguma atividade com outros colegas da escola (trabalhos em
grupo festas atividades esportivas etc) (e) sofreu agressatildeo fiacutesica de algum
colega (f) sofreu agressatildeo verbal de algum colega (g) sofreu provocaccedilotildees
continuadas de algum colega (h) sofreu exclusatildeo ao demonstrar interesse em
participar de alguma atividade com os colegas da escola (trabalhos em grupo
67
festas atividades esportivas etc) (i) presenciou um colega ou amigo sofrer
agressatildeo fiacutesica de outro colega (j) presenciou um colega ou amigo sofrer
agressatildeo verbal de outro colega (k) presenciou um colega sofrer provocaccedilotildees
continuadas de outro colega (l) percebeu que algum colega foi excluiacutedo
mesmo estando interessado em participar de alguma atividade com os colegas
da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
A parte referente agrave relaccedilatildeo do participante com o professor investigou
inicialmente (segunda e quarta partes) a percepccedilatildeo do aluno quanto a seu
relacionamento com o professor considerando aspectos relativos ao
desenvolvimento das aulas e quanto a eventos associados ao bullying
abordando atitudes tais como (a) elogios ao aluno publicamente (b) atenccedilatildeo
aos comentaacuterios e perguntas do aluno ao longo da aula (c) interesse nas
atividades realizadas pelo aluno (d) solicitaccedilatildeo ao aluno de participaccedilatildeo ao
longo da aula (solicitar exemplos respostas encontradas nas atividades
duacutevidas comentaacuterios etc) (e) apoio recebido (quanto apoio recebe desse
professor) (f) indiferenccedila a seu comportamento na sala (g) exposiccedilatildeo do aluno
a situaccedilatildeo constrangedora na sala (h) descrenccedila em relaccedilatildeo a algo referente
ao aluno (afirmar que sabe que o aluno natildeo fez a tarefa duvidar da realizaccedilatildeo
de alguma atividade ou de algum resultado) (i) encaminhamento para a equipe
da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo (j) solicitaccedilatildeo para se retirar da sala
durante a aula (k) exposiccedilatildeo do aluno a ameaccedilas diversas (de ser reprovado
de convidar os pais na escola de suspender das suas aulas) (l) realizaccedilatildeo de
comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada pelo aluno (na
aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no
relacionamento com outros professores) (m) entrar em conflito com o aluno
68
(discutir gritar agredir) (n) provocar ou incentivar o conflito entre o aluno e os
colegas (o) ser omisso em relaccedilatildeo a conflitos do aluno com colegas (p) tomar
partido nos conflitos do aluno (q) buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de
conflitos do aluno com colegas (r) manter clima de natildeo-violecircncia entre o aluno
e seus colegas (s) incentivar a compreensatildeo toleracircncia e amizade do aluno
com colegas
A parte seguinte (terceira e quinta partes) ainda sobre o relacionamento
professor-aluno investigou alguns aspectos do relacionamento do professor
com seus colegas de turma em geral quanto a pontos relacionados agrave praacutetica
de bullying como segue (a) entrar em conflito com os alunos (discutir gritar
agredir) (b) provocar ou incentivar o conflito entre os alunos (c) ser omisso em
relaccedilatildeo a conflitos entre alunos (d) tomar partido nos conflitos entre alunos (e)
buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos entre alunos quando surgem (f)
manter clima de natildeo-violecircncia entre os alunos (g) criar e manter clima de
competitividade e agressividade entre os alunos (h) negar possibilidade de
envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos (i) incentivar a
compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
Em todos os questionaacuterios a quarta e a quinta partes tinham as mesmas
perguntas da segunda e terceira partes na mesma ordem variando apenas a
que professor os participantes estavam se referindo Bom Relacionamento ou
Relacionamento Difiacutecil
69
44 Procedimentos para anaacutelise de dados
Os dados das redaccedilotildees foram examinados qualitativamente de acordo
com a Anaacutelise do Conteuacutedo proposta por Bardin (2004) que consiste em
articular os momentos de descriccedilatildeo inferecircncia e interpretaccedilatildeo implicando na
apresentaccedilatildeo da significaccedilatildeo do conteuacutedo expresso em forma de categorias
Para a anaacutelise de conteuacutedo considerou-se o tema como unidade de
significaccedilatildeo tratando-se portanto de anaacutelise temaacutetica Os temas presentes nas
redaccedilotildees foram organizados em categorias visando fornecer uma
representaccedilatildeo simplificada do conteuacutedo A categorizaccedilatildeo foi realizada a partir
dos temas presentes nas redaccedilotildees sem a definiccedilatildeo preacutevia de qualquer sistema
de categorizaccedilatildeo
A tabulaccedilatildeo das respostas do questionaacuterio e as Estatiacutesticas Descritivas
foram realizadas por meio do SPSS (Social Package for the Social Science)
Em seguida procedeu-se uma anaacutelise da adequaccedilatildeo dos dados para a
realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial a partir de anaacutelise de componentes principais
sendo realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward
E por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os aspectos investigados
Os resultados foram discutidos agrave luz dos estudos sobre o
relacionamento professor-aluno e bullying tendo a obra de Robert Hinde como
referencial teoacuterico para a organizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos dados
45 Aspectos Eacuteticos
Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiu rigorosamente os
criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas
70
com seres humanos - Resoluccedilatildeo Nordm 196 de 10 de Outubro de 1996 Resoluccedilatildeo
CFP Nordm 0162000 de 20 de Dezembro de 20006 Este trabalho foi submetido e
aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica e Deontologia em Estudos e Pesquisas
(CEDEP) da Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco (UNIVASF)
Foram preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos
participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados
para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees
cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes Visando
garantir este anonimato em nenhum momento seraacute divulgado o nome da
escola que participou desta pesquisa
6 Disponiacuteveis em httpwwwgraduacaounivasfedubrcedeppg=paginas|pagina04-html
71
CAPIacuteTULO V
5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
51 Anaacutelise das Redaccedilotildees
A anaacutelise das redaccedilotildees de estudantes de Recife sobre o tema ldquoViolecircncia
Escolarrdquo permite compreender como esses alunos convivem com o fenocircmeno
como entendem sua dinacircmica como reagem a ele e por fim como visualizam
formas de superaacute-lo A partir da leitura das redaccedilotildees foi proposta uma
organizaccedilatildeo dos dados de modo a refletir a diversidade e a complexidade
presente na abordagem do tema em questatildeo Os dados foram organizados e
estatildeo apresentados nos seguintes temas
Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante
A Violecircncia como parte do cotidiano
Violecircncia escolar e bullying
A Dinacircmica da violecircncia
As Raiacutezes da Violecircncia Escolar
Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar
Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo ameaccedilas
chantagens intoleracircncia preconceito
As agressotildees verbais
Violecircncia escolar e brincadeira
Violecircncia escolar e o professor
72
A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar
Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo
Consequecircncias
Violecircncia e relacionamento
Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar
O Papel da Escola
O Papel do Estado
O Papel dos Proacuteprios Participantes
Os resultados a seguir satildeo produto de uma anaacutelise temaacutetica do conteuacutedo
das redaccedilotildees O conteuacutedo de 124 redaccedilotildees foi analisado qualitativamente
quanto aos temas presentes relacionados agrave violecircncia escolar Os temas
abordados pelos participantes tecircm grande semelhanccedila com os aspectos
explorados nos diferentes estudos sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo como pode ser
visto no segundo capiacutetulo deste trabalho
511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante
5111 A Violecircncia como parte do cotidiano
A violecircncia eacute considerada como algo presente no cotidiano atingindo
muitas escolas ldquoviolecircncia escolar eacute muito comum atualmenterdquo (A30) ldquoa
violecircncia escolar estaacute presente em nosso dia a dia isso eacute verdade e ningueacutem
pode ir contra essa verdaderdquo (B40) ldquoa violecircncia escolar estaacute presente em
muitas escolasrdquo (C69) ldquohoje em dia a violecircncia escolar eacute muito grave pois
agora em muitas escolas estaacute tendo issordquo (B42) podendo atingir as escolas de
um modo geral ldquocomo todos vocecircs sabem haacute violecircncia nas escolas de todo o
73
Brasil e todo mundordquo (B47) ldquoa violecircncia escolar acontece em todas as escolasrdquo
(A18) ldquoa violecircncia escolar eacute um assunto muito importante pois estaacute muito
presente em milhares de escolas de todo o paiacutesrdquo (A19)
Aleacutem de bem presente no cotidiano a violecircncia envolve diversas
pessoas sejam adultos ou crianccedilas ldquoa violecircncia escolar eacute vivida por muitas
crianccedilas e adolescentes hoje em diardquo (A24) ldquoAs violecircncias na escola que
muitas vezes eu vejo satildeo alunos que tecircm problemas uns com os outrosrdquo
(C117) atinge tanto alunos como professores ldquoviolecircncia escolar na atualidade
eacute um grande problema entre professores alunos diretoresrdquo (B36) ldquotodo
mundo ou quase todo mundo jaacute sofre ou vai sofrer provavelmente parece que
estaacute marcado no seu destinordquo (C85)
A violecircncia escolar eacute vista como algo comum e frequente ldquoA violecircncia
faz parte do mundo moderno e nas escolas isso estaacute cada vez mais comumrdquo
(C109) ldquohoje em dia eacute muito comum ter violecircncia na escola pois os alunos que
fazem isso gostamrdquo (A17) ldquoultimamente a agressatildeo escolar eacute cada dia mais
comumrdquo (B44) ldquoem todos esses anos de estudo eu acho que isso (violecircncia
escolar) ocorre frequentementerdquo (A14)
Assim como mostram outros estudos (Abramovay 2005 Silva 1997) os
estudantes consideram que a violecircncia na escola eacute algo presente haacute muito
tempo ldquoA violecircncia escolar vem acontecendo de longa data e muitas vezes eacute
ocasionada por puras besteirasrdquo (C80) ldquoEu acho que violecircncia escolar eacute algo
que acontece haacute muito tempo e em muitos lugares do mundordquo (C100)
Entretanto haacute os que a consideram algo recente ldquoA violecircncia na escola eacute
muito recenterdquo (C120) ldquoViolecircncia na escola isso hoje em dia parece que eacute
modardquo (C85) Mas independente de ser algo recente ou antigo reconhece-se
74
que estaacute se intensificando ldquoeu acho que a violecircncia escolar vem a cada dia
(sendo) praticada mais e maisrdquo (B37) ldquoA violecircncia vem aumentando muito nos
uacuteltimos anos porque as pessoas acham que a violecircncia resolve tudo mas ela
soacute piora os problemasrdquo (C90) ldquoA violecircncia nas escolas diminuiu faz pouco
tempo mas agora voltou com tudordquo (C123) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando
a cada dia piorrdquo (C128) ldquoesse fato (violecircncia escolar) vem crescendo mais e
mais a cada diardquo (A15) Na situaccedilatildeo relatada a seguir transparece este
aumento da intensidade na violecircncia escolar haacute a presenccedila de agressatildeo fiacutesica
chegando agrave posse de um instrumento cortante que poderia aumentar os danos
fiacutesicos causados
ldquoPelo menos 1 ou 2 vezes por mecircs haacute casos deste tipo e cada vez pior com murros socos e ateacute houve casos de levar canivete para prejudicar os outrosrdquo (A8)
Tanto se intensifica como tambeacutem aparecem alguns elementos novos
ldquoA violecircncia escolar no comeccedilo era soacute de meninos por causa de dinheiro ou
beleza etc Mas agora as brigas vecircm aumentando com brigas (tanto) de
meninos como de meninas () Eu jaacute vi vaacuterios e vaacuterios casos dessas brigas e
os principais motivos satildeo meninos Elas brigam porque acabou o namoro e
depois outra menina namora com elerdquo (C94) E o motivo eacute considerado banal
ldquohoje em dia eacute muito frequente brigas entre alunos pode ser ateacute mesmo por
uma besteirardquo (A3) ldquoA violecircncia cada vez mais estaacute se tornando mais repetitiva
e mais bruta esse ano ateacute jaacute houve casos brutos de morte por causa de um
barulho de uma canetardquo (C119)
Os meios de comunicaccedilatildeo contribuem para que a violecircncia faccedila parte do
cotidiano dos estudantes ldquoBem a violecircncia escolar agora estaacute muito comum
nas escolas na televisatildeo passa direto vaacuterios casos desse tipordquo (C94) ldquoCada
75
vez mais vemos na TV e ateacute mesmo do nosso lado a violecircncia na escolardquo
(C99) ldquoEsse ano na televisatildeo foram colocados muitos casos por exemplo o
do menino que levou um tiro na proacutepria escola e tinha apenas 5 anosrdquo (C107)
ldquoHaacute muitos atos de violecircncia nas escolas eu nunca vi mas eacute que passa na TV
() tipo em uma escola do Rio de Janeiro teve um ato de violecircncia duas
garotas brigavam parecendo que iam se matar isso virou um caso na poliacutecia
ateacute passou na TVrdquo (C98) Eacute um tema presente nos programas jornaliacutesticos
ldquosempre quando assisto o jornal falam de um caso que tem a ver com a
violecircncia na escolardquo (A22) ldquoeacute muito comum noacutes vermos no noticiaacuterio histoacuterias
de alunos agredirem alunos por motivos pequenosrdquo (C70) ldquoMuitos noticiaacuterios
falam que os alunos levam armas facas e etcrdquo (C111) Os alunos entram em
contato com o tema da violecircncia atraveacutes de programas diversificados ldquoeu jaacute me
cansei de ver nos filmes aqueles alunos que maltratam os colegas agraves vezes
roubando o dinheiro ou fazendo ameaccedilasrdquo (A9) ldquoEsse fato da violecircncia escolar
pode ser tatildeo marcante na vida que tem ateacute filmes que tratam desse assuntordquo
(C100) ldquona televisatildeo todo dia passa algum documentaacuterio que um aluno bateu
no outro matou o outro xingou o outro etcrdquo (A4) Percebe-se um grande
destaque ao que eacute divulgado pela televisatildeo mas reconhece-se que tambeacutem
aparece nos diversos meios de comunicaccedilatildeo ldquoHoje em dia eacute muito comum vecirc
em jornais revistas na televisatildeo alunos agredindo um ao outro e isso as
vezes se torna tatildeo grave que vai parar no hospitalrdquo (A35) ldquoquando eu li uma
notiacutecia de jornal sobre isso eu pensei consigo mesmo seraacute que ateacute isso eles
fazemrdquo (A3)
Silva (1997) destacou a ecircnfase dada pelos alunos em seu estudo aos
filmes e aos programas violentos da televisatildeo como explicaccedilatildeo da violecircncia A
76
familiaridade e intensidade com que os jovens estatildeo expostos agrave programaccedilatildeo
parece favorecer que associem o que vivenciam na escola com o que
percebem nos programas que assistem
A violecircncia na escola puacuteblica parece estar mais em evidecircncia ldquoeu acho
que a violecircncia escolar eacute muito comum no Brasil principalmente em escolas
puacuteblicas do nordesterdquo (A12) ldquonas escolas puacuteblicas de vez em quando
acontecem muitas brigas entre internos e externosrdquo (C123) ldquoHoje em dia eacute
muito comum ocorrer violecircncia nas escolas principalmente nas puacuteblicasrdquo
(C64) ldquohoje em dia eacute muito comum a violecircncia escolar principalmente nas
escolas puacuteblicasrdquo (C70) ldquonos coleacutegios puacuteblicos eacute briga por causa de drogas
briga de gangues etcrdquo (C91) Natildeo obstante os alunos reconhecem que a
violecircncia natildeo eacute exclusividade deste tipo de escola ldquojaacute ouvi muitas histoacuterias
sobre violecircncia nas escolas e natildeo e soacute nas escolas puacuteblicas natildeo tem violecircncia
nas particulares tambeacutemrdquo (A22) ldquoViolecircncia escolar eacute um ato que vem
acontecendo com muita frequumlecircncia nas escolas particulares ou escolas
puacuteblicasrdquo (C107)
A desigualdade social eacute abordada quando haacute referecircncia ao tipo de
escola ldquoNas escolas puacuteblicas isso acontece agraves vezes devido a vida que o
aluno vive agraves condiccedilotildees educacionais delerdquo (C110) Os trechos abaixo
evidenciam a relaccedilatildeo entre o tipo de escolar por conseguinte o poder
aquisitivo e comportamentos que promovem violecircncia
ldquoAchamos por motivos de desigualdade social que essa violecircncia soacute acontece em escolas puacuteblicas de pessoas com um niacutevel inferior Poreacutem ateacute nas escolas de grande porte e com mensalidades absurdas acontece esse tipo de coisardquo (A31) ldquoEu jaacute vi INUMEROS casos de violecircncia escolar na TV principalmente com os coleacutegios de classe meacutedia porque eles acham
77
que podem mandar no coleacutegio soacute porque satildeo ricos eles se achamrdquo (C69) ldquoEu acho que isso acontece mais nas escolas puacuteblicas (natildeo que a violecircncia natildeo tenha nas particulares) porque as pessoas satildeo menos disciplinadas e natildeo recebe uma orientaccedilatildeo (C113)
Parece que os alunos reproduzem situaccedilotildees de preconceito e exclusatildeo
social ao relacionarem a violecircncia ao niacutevel soacutecio-econocircmico Eacute possiacutevel que os
pais e tambeacutem os professores alertem os estudantes para essa ldquorealidaderdquo
(Abramovay 2005) E desta forma a escola perpetua situaccedilotildees de preconceito
se tornando um lugar onde se aprende violecircncia (Galvatildeo et al 2010)
A violecircncia escolar eacute tema de discussatildeo bem presente nas escolas
ldquoeste eacute um tema muito discutido entre as pessoas que eu conheccedilordquo (A10)
ldquoviolecircncia escolar eacute um assunto muito debatido e combatido pelos coleacutegios
nos dias de hojerdquo (A13) ldquoO tema violecircncia escolar eacute um assunto que deve ser
debatido e resolvido dentro da escola Desde que entrei na escola tivemos
vaacuterios momentos de discussatildeo deste assuntordquo (C75) mas haacute alunos que
destacam que a discussatildeo precisa ser ampliada ldquona minha opiniatildeo a violecircncia
escolar eacute um assunto pouco abordado e esclarecidordquo (A9) ldquoViolecircncia escolar
acho um tema que precisa ser abordado pois estaacute cada vez piorrdquo (C118)
Os alunos demonstram grande familiaridade com o tema da violecircncia na
escola ldquoconheccedilo muitas pessoas que foram viacutetimas de violecircncia
principalmente nas escolas Conheccedilo pessoas que sofreram vaacuterios tipos de
violecircncia como a verbal a violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (A10) ldquoe conheccedilo
vaacuterias pessoas que jaacute aconteceu isso com elas Eu vi como elas se sentiam
tristes sozinhas e excluiacutedasrdquo (C62)
Vaacuterios participantes relataram jaacute haver presenciado algum tipo de ato
78
violento na escola ldquoeu jaacute vi muitos casos e fiquei na minhardquo (B44) ldquojaacute
presenciei fatos horriacuteveis de agressotildees fiacutesicas e na sala de aula existe muitordquo
(A31) ldquona minha escola jaacute presenciei um uacutenico caso e pelo visto todos que
estavam ao meu redor gostaram ou ficaram espantadosrdquo (B44)
Contudo tambeacutem eacute possiacutevel ver a escola acima da violecircncia ldquona minha
opiniatildeo natildeo haacute violecircncia na escola pois na escola eacute um lugar onde noacutes
aprendemos nos relacionamos com pessoas (amigos e professores)rdquo (A6)
5112 Violecircncia escolar e bullying
A questatildeo do bullying eacute bastante abordada quando os estudantes se
referem agrave violecircncia escolar ldquonos uacuteltimos anos estatildeo ocorrendo fatos que vem
preocupando muito brasileiros o chamado lsquobullyingrsquo que satildeo agressotildees fiacutesicas
e verbaisrdquo (A34) ldquoEm muitas escolas brasileiras ocorre um fenocircmeno natildeo
agradaacutevel que se chama Bullyingrdquo (B51) sendo tambeacutem apresentado como
bem presente no cotidiano ldquoacho que eacute o bullying que estaacute sempre presente
entre os alunosrdquo (B41) ldquoo bullying eacute uma coisa ateacute considerada comum porque
acontece toda horardquo (C114) ldquohoje em dia eacute muito frequente vermos a violecircncia
entre alunos o chamado bullyingrdquo (A15) ldquoUm outro (tema) que estaacute dentro da
violecircncia escolar eacute o bullyingrdquo (C107) ldquoMuitas vezes nas escolas haacute o bullying
no qual alunos e alunas satildeo ameaccedilados por colegas muitas vezes por
preconceitordquo (C121) ldquoMas o bullying natildeo eacute soacute colocar apelido que natildeo gosta
mas tambeacutem faze-lo passar mico colocar videos em que a pessoa se envolva
na internet sem que ela queira bater no colega forccedilando-o a lhe dar dinheirordquo
(B41)
79
Agraves vezes a violecircncia escolar inclusive eacute identificada como bullying ldquoa
violecircncia escolar eacute chamada tambeacutem de Bullying Esse tipo de violecircncia
acontece mais entre jovensrdquo (B49) ldquoviolecircncia escolar que na verdade eacute o
bullying que eacute alunos agredindo uns aos outros abusando e etcrdquo (C71) ldquoa
violecircncia na escola se trata de bullyingrdquo (A11) ldquoEsse tipo de violecircncia tambeacutem
eacute chamado de bullyingrdquo (B47) ldquoa violecircncia escolar (bullying) eacute muito constante
em escolas e faculdaderdquo (B48) ldquoviolecircncia na escola eacute muito frequente quando
isto ocorre na maioria das vezes chamamos de bullyingrdquo (C73) ldquoatualmente a
violecircncia praticada nas escolas eacute denominada Bullyingrdquo (B50) Mas tambeacutem
aparecem aspectos que diferenciam violecircncia escolar e bullying ldquoa violecircncia
escolar eacute tudo o que machuca o colega a violecircncia escolar pode ser verbal ou
fiacutesica Jaacute o bullying eacute quase a mesma coisa soacute que eacute feito frequentemente em
escolasrdquo (C76) ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar e jaacute falamos do
preconceito temos que falar do bullying que eacute quando a pessoa sofre
diariamente agressotildeesrdquo (C81)
Percebe-se que os elementos utilizados pelos estudantes para fazer
referecircncia ao bullying estatildeo na direccedilatildeo dos aspectos utilizados pela literatura
consultada (Tognetta e Vinha 2010 Fante 2005 Lopes Neto 2005) Os
estudantes abordam a questatildeo da intencionalidade da constacircncia a questatildeo
da diferenccedila de poder
As situaccedilotildees envolvendo bullying tambeacutem estatildeo ficando mais frequente
ldquoo bullying estaacute cada vez aumentando na escola com os xingamentos a
violecircncia e varias outras coisasrdquo (C66) ldquoNas escolas os casos de bullying vem
aumentando e seus agressores praticantes mais comunsrdquo (C109) ldquoNatildeo eacute
80
raro ocorrer Bullyingrdquo (B50) ldquoo bullying vem ficando cada vez maior no Brasil
fato que preocupa e potildee em alerta os oacutergatildeos escolares que cada vez mais
estatildeo tentando combater o bullyingrdquo (C88) Haacute relatos que satildeo bem expliacutecitos
em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de bullying
ldquoComeccedilando sobre o Bullying que jaacute presenciei eacute de um colega meu com outro pois ele fala coisas de sua aparecircncia cara de ET e natildeo eacute muito amigo dele Haacute tambeacutem uma menina que eacute soacute olhar para o outro que comeccedila a falar mal delerdquo (C110)
Eacute importante que Bullying tambeacutem seja um tema debatido na escola
ldquoBom na escola principalmente acontece muito bullying acho que falta mais
explicaccedilatildeo aos alunos (amigos) mesmo com palestras tem muito bullying no
coleacutegiordquo (C63) ldquoO bullying hoje em dia eacute um tema bastante discutido
principalmente nas escolasrdquo (B52) ldquoAcho que eacute muito importante ter palestras
sobre bullying para reforccedilar a ideacuteia da natildeo violecircncia escolar a pessoa deveria
ter a consciecircncia de que a violecircncia natildeo resolve nadardquo (C70)
Haacute diversos aspectos considerados para explicar em que consiste o
bullying O tipo de agressatildeo ldquoo bullying eacute qualquer agressatildeo fiacutesica ou
psicoloacutegica que eacute feito com um indiviacuteduordquo (B48) ldquoCaracteriza-se bullying os
apelidos maldosos xingamentos agraves pessoas e agrave famiacutelia a violecircncia fiacutesica
(bater chutar etc) dentre outrosrdquo (C109) as pessoas envolvidas ldquoO bullying eacute
uma atividade de que uma ou mais pessoas que maltratam a outra pessoa
sendo oral ou brutal O bullying na maioria das vezes eacute praticado na escolardquo
(C126) a constacircncia ldquo(bullying) eacute a agressatildeo fiacutesica e mental que acontece
todo dia e tambeacutem com gente da mesma idaderdquo (C107) No trecho a seguir
percebe-se o esforccedilo visando esclarecimento sobre o que eacute bullying ldquoComeccedilo
81
essa redaccedilatildeo falando de bullying termo inglecircs sem traduccedilatildeo usado para
nomear um tipo de abuso que ocorre na escola feito por alguns alunos e
sofridos por outrosrdquo (C88)
Parece que a intensidade de exposiccedilatildeo eou vivecircncia das situaccedilotildees de
bullying na escola colabora para que os alunos expressem os diferentes
aspectos que envolvem a praacutetica de bullying
Mesmo sendo muito apontado como violecircncia escolar reconhece-se o
bullying como algo que natildeo eacute restrito agrave escola ldquoExistem vaacuterios tipos de
bullying o ciberbullying que eacute o bullying na internet o bullying na aacuterea de
trabalho entre outrosrdquo (B52) ldquoeste (bullying) natildeo existe apenas na escola mas
dentro ou fora eacute um ato ridiacuteculo ningueacutem tem motivos para fazer issordquo (C72)
O bullying aparece como motivaccedilatildeo para violecircncia na escola ldquoDentro da
escola os principais motivos que levam a uma violecircncia satildeo desentendimentos
que satildeo comuns na vida e o bullyingrdquo (C72) ldquoagraves vezes satildeo motivos realmente
seacuterios como o bullying que eacute um xingamento com uma pessoa que fala
diferente da outra (sotaque)rdquo (C74) ldquoa violecircncia fiacutesica tambeacutem eacute comum agraves
vezes nem percebemos mas se torna bullying algo seacuterio que deve ser
combatidordquo (C68) No relato a seguir esta questatildeo eacute bastante evidente ldquoEu
mesmo jaacute sofri disso por muito tempo Eu me lembro que numa vez uns caras
comeccedilaram a me irritar ai eu peguei uma cadeira e fingi que ia bater nelesrdquo
(B38)
Situaccedilotildees de bullying estatildeo tambeacutem presentes nos meios de
comunicaccedilatildeo ldquoNa televisatildeo passa um seriado que se chama Todo Mundo
Odeia o Cris eacute um garoto negro que sofre muito por ser desta cor e o pior eacute
que ele estuda numa escola soacute de brancos E sofre o bullying pelo garoto
82
brancordquo (C107) ldquoEm uma reportagem eu vi que na maioria das escolas do
Brasil eacute praticado esse tipo de violecircncia (bullying) E passa na TV muitas
entrevistas que o menino agrediu o outro verbalmente fisicamenterdquo (C113)
ldquoVejo em muitas reportagens esse tema que atinge milhares de jovens o
famoso Bullyingrdquo (C118)
512 A Dinacircmica da violecircncia
A violecircncia escolar eacute apresentada a partir de alguns aspectos que a
compotildee possibilitando compreensatildeo da complexidade deste fenocircmeno
Inicialmente satildeo feitas consideraccedilotildees sobre suas raiacutezes dando destaque ao
papel da famiacutelia na educaccedilatildeo dos jovens Percebe-se referecircncia a algumas
caracteriacutesticas pessoais daqueles envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia escolar
fica evidente o papel exercido pelo medo e pelas ameaccedilas e chantagens
assim como eacute muito presente situaccedilotildees de intoleracircncia e de preconceito Eacute
colocado grande destaque a violecircncia executada atraveacutes de agressotildees verbais
eou de brincadeiras E por fim haacute inclusatildeo da figura do professor na
apresentaccedilatildeo dos elementos que compotildeem este cenaacuterio de violecircncia
5121 As raiacutezes da Violecircncia Escolar
Vaacuterias satildeo as causas atribuiacutedas agrave violecircncia escolar geralmente
relacionadas ao ambiente escolar ao ambiente familiar incluindo o tipo de
educaccedilatildeo ou relacionamento familiar daqueles envolvidos em atos violentos e
de forma mais ampla atribui-se a causas na sociedade inclusive na miacutedia
A influecircncia da famiacutelia eacute intensamente referenciada nas reflexotildees acerca
da origem dos comportamentos violentos na escola O papel da famiacutelia na
83
educaccedilatildeo dos filhos aparece com realce ldquoSabemos que isso se daacute por
diversos motivos () o principal eacute a educaccedilatildeordquo (C99) ldquoeacute tudo (violecircncia) uma
questatildeo de educaccedilatildeordquo (A12) sendo modelo para o seu comportamento ldquoPenso
que a violecircncia na escola se daacute a partir da educaccedilatildeo em casa ou seja a dos
pais aqueles pais que ajudam a formar o caraacuteter dos filhos que servem de
exemplos para elesrdquo (C99)
O fracasso da famiacutelia na educaccedilatildeo dos filhos eacute salientado ldquoA violecircncia
na escola estaacute cada vez maior porque ningueacutem se respeita e os pais natildeo datildeo
educaccedilatildeo para seu filhordquo (C66) ldquoParticularmente acho que a violecircncia escolar
comeccedila nos lares (pela falta de repreensatildeo dos pais)rdquo (C78) comprometendo
toda a formaccedilatildeo do individuo ldquoeu acho que (quem) pratica a violecircncia eacute porque
natildeo teve infacircncia e natildeo foi bem criadordquo (A11) Haacute ainda destaque para a figura
materna ldquose os pais neste caso matildees natildeo estatildeo cumprindo o dever delas
para com os filhos os filhos na escola obviamente natildeo seratildeo propiacutecios
podendo ter dificuldade de se relacionar natildeo aprender o conteuacutedo outra forma
eacute praticando a violecircnciardquo (C103)
Suspeita-se inclusive que pessoas envolvidas em situaccedilotildees de
violecircncia na escola satildeo expostas a violecircncia domeacutestica ldquoA violecircncia na escola
comeccedila em casa que laacute mesmo tem entatildeo estaacute na hora todos comeccedilarem a
mudarrdquo (C110) ldquomuitas vezes esses alunos batem um no outro ou porque vecirc
isso em casa ou porque tem muita raiva muita fuacuteriardquo (A4) ou ateacute mesmo satildeo
viacutetimas desta violecircncia ldquoMuitas vezes crianccedilas que batem e agridem amigos
satildeo assim tratadas dentro de sua residecircnciardquo (A24) ldquoos pais mesmos tem que
ensinar ao seu filho porque a educaccedilatildeo vem de casa e quem pratica o bullying
geralmente sofre em casardquo (C107) O modelo familiar eacute proposto como
84
explicaccedilatildeo ldquoesse comportamento muitas vezes vem de casa quando a crianccedila
ou adolescente convive com briga dos pais na rua de casa etcrdquo (A12)
Aspectos positivos da influecircncia da famiacutelia tambeacutem satildeo reconhecidos e
considerados importantes no cenaacuterio da violecircncia tanto como modelo para
comportamentos positivos ldquoos (pais) que se esforccedilam para educar seus filhos
e vecirc-los seguindo seu proacuteprio caminho sendo uma pessoa boardquo (C99) e
tambeacutem como figura de autoridade ldquoNa minha opiniatildeo isso acontece pois na
escola estamos mais soltos por natildeo termos a supervisatildeo de nossos pais e
por isso estamos suscetiacuteveis a excessos que resultam em violecircncia que pode
ser fiacutesica ou verbalrdquo (C109)
O papel dos pais sobre o comportamento dos filhos eacute examinado a partir
de aspectos contemporacircneos da dinacircmica familiar A ausecircncia dos pais parece
facilitar o surgimento de comportamento violento dos filhos na escola seja pela
dificuldade em impor limites dos adultos seja pala carecircncia sentida das
crianccedilas e dos jovens Os agressores estariam compensando a falta de
atenccedilatildeo na famiacutelia ldquoos agressores do bullying querem chamar atenccedilatildeo devido
a natildeo ter essa atenccedilatildeo dentro de casa ou outros casosrdquo (B50) Os trechos
abaixo deixam mais evidentes como estas questotildees satildeo percebidas pelos
alunos
ldquoEu particularmente acho isso uma falta de respeito e que essas coisas deveriam se aprender em casa Mas principalmente agora os pais natildeo tecircm tempo para cuidar e educar os filhos em tempo integral e sem a presenccedila dos pais os filhos podem ficar agressivos o que leva a fazerem coisas como bater e agressatildeo verbal com seus colegasrdquo (A13)
ldquoHoje em dia eacute mais comum haver violecircncia nos coleacutegios pois os pais estatildeo mais ausentes natildeo potildeem limite nos seus filhos isso tudo faz com que ele fique uma pessoa mais agressiva a falta de carinho dos seus pais os amigos ajudam claro mas tudo comeccedila pela casardquo (A28)
85
ldquoHoje em dia as crianccedilas estatildeo cada vez mais agressivas e impacientes talvez por causa da ausecircncia dos pais ou por motivos superiores principalmente na escola esse fato se comprova existe muitos relatos de professores agredidos por alunos e ateacute mesmo agressotildees entre amigosrdquo (A31)
Ao mesmo tempo em que eacute atribuiacuteda agrave famiacutelia grande importacircncia na
histoacuteria de vida ou desenvolvimento do indiviacuteduo e por conseguinte a
responsabilidade pelo comportamento violento dos jovens reconhece-se que a
proacutepria famiacutelia tambeacutem teme tal fato ldquocada pai natildeo quer que isso aconteccedila com
o seu filho de verdade entatildeo porque natildeo da educaccedilatildeordquo (C110) ldquoEu acho que
os pais devem educar seus filhos e dar uma infacircncia legal e sem violecircncias
porque senatildeo mais tarde eles vatildeo se arrepender e ver o que natildeo querem seu
filho matando praticando a violecircncia etc eu acho que pai nenhum que ver isto
acontecerrdquo (A11)
Em alguns casos a origem da violecircncia eacute atribuiacuteda agrave formaccedilatildeo das
crianccedilas em seu desenvolvimento sem indicar a influecircncia do ambiente
familiar ldquoacho que a verdadeira causa eacute a formaccedilatildeo das crianccedilas pois vendo
maus exemplos acaba sendo um jovem delinquenterdquo (B44) ldquoinfelizmente as
crianccedilas estatildeo crescendo com um pensamento bem maldoso que trazem medo
para as pessoas de vivem ao seu redorrdquo (A31)
A origem da violecircncia na sociedade mais ampla eacute outra possibilidade
aventada Em alguns casos haacute referecircncia agrave violecircncia na sociedade como um
todo mas natildeo haacute clareza quanto agrave transposiccedilatildeo dessa violecircncia para o
ambiente escolar
ldquoAs violecircncias estatildeo acontecendo em vaacuterios (lugares) como escola shopping no jogo de futebol e outros lugares por causa que o mundo que a gente vive estaacute estimulado para fazer violecircncia e isso natildeo eacute corretordquo (A20)
86
Parece que o mundo como um todo estaacute estimulado para a violecircncia ldquoo
mundo hoje estaacute muito violento eacute pai matando filho filho matando pai e
tambeacutem amigos matando amigosrdquo (C91) entretanto natildeo haacute indicaccedilatildeo clara
que a violecircncia em uma esfera da sociedade afete a outra Os vaacuterios setores
da sociedade satildeo vistos como causas possiacuteveis da violecircncia escolar desde o
ciacuterculo de amizades produtos culturais veiculados na TV videogames
conteuacutedo da internet e ateacute mesmo da imprensa
ldquoVaacuterios motivos podem justificar essa accedilatildeo como por exemplo jogos de videogame na TV com os amigos em noticias de jornal entre outros Eu acho que quem faz esse tipo de coisa satildeo pessoas influenciadas e agem dessa maneira para mostrar que eacute valentatildeordquo (A3)
Para alguns estudantes estaacute mais clara a relaccedilatildeo entre a violecircncia mais
ampla e seu surgimento no ambiente escolar ldquomuitos jovens aprendem em
jogos de videogame na internet na TV a violecircncia e guardam isso na mente
para brigar na escolardquo (A15) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia surge na rua e eacute
trazida para escolardquo (C126)
O comportamento dos proacuteprios alunos e a forma de agir da escola
tambeacutem satildeo considerados causas para a violecircncia escolar
ldquoIsso acontece porque tem sempre alguns alunos que natildeo cumprem algumas regras e tambeacutem agridem outros alunos na maioria das vezes isso acontece porque os alunos que satildeo agredidos tem medo de entregar o agressor porque ele tem medo que quando entregarem o agressor agrida mais ainda ele e tambeacutem acontece muitas vezes pela falta de vigilacircncia da escolardquo (A18) ldquoNas escolas a violecircncia escolar eacute intensa Algumas por causa de conversas e boatos outras por causa de jogos como futebol vocirclei basquete etc ou porque algumas pessoas gostam de arrumar confusatildeo e provocam as outras para brigaremrdquo (C60)
87
5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar
Os estudantes percebem algumas caracteriacutesticas mais evidentes das
viacutetimas e dos agressores principalmente nas situaccedilotildees de bullying
A diferenccedila de tamanho entre agressor e viacutetima eacute um dos aspectos
mencionado ldquoesse tipo de violecircncia ocorre na escola geralmente por alunos
maiores que a viacutetimardquo (A9) ldquomuitos covardes datildeo em pessoas bem menores
que eu essas pessoas natildeo fazem ideia do que estatildeo fazendordquo (C69) No
relato apresentado a seguir haacute referecircncia a este aspecto como fator central na
situaccedilatildeo de violecircncia testemunhada
ldquoHaacute uma pessoa que eu conheccedilo que as vezes sofre coisas desse tipo Esta pessoa tem 10 anos e os meninos que satildeo 1 a 2 anos mais velhos aperreiam e as vezes batem nele Ele tenta se defender mas os meninos satildeo mais velhosrdquo (A10)
Entre os atributos aparece o fato de ser algueacutem novo no grupo de
modo que ldquoisso acontece normalmente com novatosrdquo (A7) Outro traccedilo
apontado para as viacutetimas eacute seu comportamento ldquocorretordquo ldquoas crianccedilas e os
adolescentes os chamados ldquocertinhosrdquo geralmente sofrem com as
brincadeiras de mau-gosto daqueles que natildeo satildeo interessados em estudarrdquo
(A15)
Ao apresentarem caracteriacutesticas pessoais dos envolvidos em situaccedilotildees
de bullying haacute alunos que destacam aspectos relacionados com o bom
desempenho escolar ldquo() geralmente eacute praticado contra os alunos que soacute
tiram notas boas e tambeacutem outras pessoasrdquo (B51) Entretanto haacute quem
considere o contraacuterio que pode ser o mau desempenho escolar uma
caracteriacutestica relevante para a vitimizaccedilatildeo ldquoo bully ou seja o agressor
geralmente eacute uma pessoa que tecircm classe social inteligecircncia ou seja mais
88
forte em relaccedilatildeo ao agredido que eacute o que tira notas baixas eacute fraco e
indefesordquo (B52)
O agressor eacute mais forte todavia eacute covarde A relaccedilatildeo entre viacutetima e
agressor indica a covardia do agressor e a fraqueza da viacutetima ldquoele (bullying) eacute
praticado usando a covardia ao favor do agressor Ele sempre ataca os fracos
em funccedilatildeo de maltrataacute-los por puro prazerrdquo (B50) ldquoo que mais me incomoda
satildeo os alunos que batem nas alunas pois aleacutem de natildeo respeitaacute-las estatildeo
machucando pessoas mais sensiacuteveis e fraacutegeis do que elerdquo (C114)
Essa oposiccedilatildeo entre ser forte ou ser fraco estaacute associada com o
envolvimento nas situaccedilotildees de bullying como agressor ou viacutetima
ldquoViacutetimas ficam tristes apanhados sozinhos com isto Muitas pessoas brigam para humilhar o outro porque sabe que eacute mais forte e o outro eacute mais fraco aiacute se aproveita disto muitas vezes eles fazem isto para se exibir para as meninas fazem armadilhas ao mais fraco ficam esculhambandordquo (C73)
A situaccedilatildeo de maior fragilidade eacute uma das caracteriacutesticas atribuiacutedas agraves
viacutetimas ldquoa lsquoviacutetimarsquo natildeo pode se defender sozinha por isso natildeo reage apenas
apanha ou outros tipos de Bullyingrdquo (B50) ldquoum fato preocupante tambeacutem eacute que
na maioria dos casos de bullying a viacutetima natildeo sabe se defenderrdquo (C88)
A viacutetima tambeacutem eacute caracterizada como algueacutem que se diferencia do
grupo seja em termos fiacutesicos ou comportamentais ou pela presenccedila de alguma
deficiecircncia ldquoa violecircncia escolar eacute sofrida por vaacuterios alunos seja ele gordo
magro com algum tipo de deficiecircncia ou ateacute mesmo pela forma dele serrdquo
(A23) ldquoMuitos exemplos comuns como ser negro de outro paiacutes eacute muito chato
issordquo (C62) ldquogeralmente eles fazem isso com aquele colega que eacute um pouco
diferente dos demais e com isso ele acaba praticando o bullyingrdquo (B37)
89
ldquopessoas lsquodiferentesrsquo satildeo as principais viacutetimas desse ato ateacute mesmo o uso de
oacuteculos leva a uma brincadeirinha sem graccedilardquo (B39) ldquouma pessoa eacute acima do
peso ou eacute diferente de alguma forma as outras pessoas jaacute comeccedilam a chamar
(apelidos) de baleia titanic que se a pessoa cair no chatildeo nem um trator
levanta ela e outras coisasrdquo (C93) ldquoa violecircncia escolar geralmente acontece
por conta de fatos infantis porque algueacutem cortou o cabelo porque eacute mais
estranho do que o outrordquo (C67)
A popularidade do agressor eacute apontada ldquoporque haacute muitos alunos que
se acham o tal soacute porque eacute popular e isso faz ele pensar que pode fazer o que
quiser com os outros alunosrdquo (B37) embora natildeo signifique que sejam pessoas
admiradas ldquoEsse tipo de violecircncia eacute constante (bullying) Aqui na sala tem uns
3 ou 4 meninos que satildeo muito chatos e praticam essa violecircncia tanto verbal
com os outros tiposrdquo (C113) ldquoAcho muito chato pessoas que fazem isso e a
maioria satildeo as mais populares que mais chamam atenccedilatildeo na escolardquo (C110)
Tambeacutem aparece a situaccedilatildeo de exclusatildeo da viacutetima ldquoos que sofrem
violecircncia escolar satildeo os chamados excluiacutedos que natildeo se encaixam nos
grupinhosrdquo (C82) ldquoEm outras situaccedilotildees alunos satildeo afastados pelo jeito de ser
Por exemplo Haacute grupos nas escolas de nerds patricinhas feios bonitos
chatos Isso eacute muito chato porque isso natildeo mostra a uniatildeo das pessoas E
ficam muitas vezes chateadasrdquo (C121)
Vale destacar que estes papeacuteis parecem natildeo serem fixos pois ldquoalgumas
vezes proacuteprias viacutetimas tambeacutem satildeo agressoresrdquo (B51)
Raramente as viacutetimas natildeo satildeo estudantes ldquoCom os professores jaacute eacute
diferente essas natildeo acontece muito porque o professor eacute como se fosse o liacuteder
e tem muita autoridaderdquo (B37) embora a figura do professor tambeacutem seja
90
apontada como a de agressor ldquoe o agressor natildeo eacute soacute o aluno pode ser o
professor e a viacutetima tambeacutem pode ser professor mas no final todos de alguma
maneira tecircm seu dedo de culpardquo (C85)
Assim como estudos do Relacionamento Interpessoal que destacam o
papel das caracteriacutesticas individuais nos relacionamentos os alunos tambeacutem
apresentam de forma bem explicativa a forma como tais caracteriacutesticas
interferem nos relacionamentos Para Tognetta (2010) ldquoos alvos de bullying
satildeo crianccedilas e adolescentes vitimizados pelos estereoacutetipos sociais e por isso
sofrem comumente tecircm uma caracteriacutestica que foge do que eacute culturalmente
estabelecido usam oacuteculos choram demais satildeo gordinhos ou tiacutemidos ou seja
tecircm um padratildeo ou um comportamento que os diferencia dos demaisrdquo (p 91)
5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo
ameaccedilas chantagens intoleracircncia preconceito
Muitos alunos abordam a dinacircmica da violecircncia discorrendo sobre as
accedilotildees que as caracterizam ldquoessas pessoas muitas vezes pedem alguma coisa
e se a pessoa natildeo der eles batem nela e pegam o que pediramrdquo (C60)
ldquoGERALMENTE esse povo que daacute nos outros eles tem uma turminhardquo (C69)
ldquoAqui no coleacutegio a violecircncia eacute tipo areia em praia eacute o que mais tem professores
gritando com alunos alunos se batendo palavrotildees de um lado para o outro
xingamentos com a matildee ou com o proacuteprio alunordquo (C114)
Os trechos a seguir apresentam mais detalhadamente a aspectos
presentes na dinacircmica da violecircncia escolar
ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia na escola eacute uma coisa que acontece muito frequentemente e que poucas pessoas admitem que fazem ou que sofrem Tanto quem faz estaacute errado e geralmente quem faz
91
ameaccedila e faz o outro se sentir mal Quem sofre tambeacutem estaacute errado por que natildeo conta por medo das ameaccedilasrdquo (C59) ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute causada por uma pessoa que briga com a outra por algum motivo que considera grave aiacute natildeo consegue estabelecer um diaacutelogo entre as duas pessoas e passam para a violecircncia agraves vezes pessoas que natildeo tem nada a ver com o assunto da briga se intrometem no meio agraves vezes a briga natildeo eacute de duas mais de 3 4 5 (pessoas) etcrdquo (C74)
A violecircncia na escola pode acontecer de diversas formas ldquoapelidos
discussotildees tapas e ateacute mesmo brigasrdquo (C118) ldquoAleacutem de que a violecircncia
escolar pode ser tanto verbal quando fiacutesica e pode ser praticado por um grupo
ou soacute por uma pessoardquo (C100) Situaccedilatildeo de violecircncia envolvendo grupos pode
ser identificada neste relato
ldquooutra coisa que teve foi a guerra das turmas que tambeacutem foi ano passado foi um grupo de pessoas que estavam numa briga com outro grupo Todo recreio tinha briga entre os dois grupos depois disso todos foram para a coordenaccedilatildeo e parou de laacuterdquo (C91)
Aleacutem das formas descritas por vezes aparecem outras formas como o
isolamento social ldquotambeacutem acho que eacute um tipo de violecircncia escolar quando te
excluem da conversa jaacute passei por isso vaacuterias vezesrdquo (B41) a coaccedilatildeo ldquoesses
jovens obrigam o outro a fazer alguma coisa que faccedila mal a elerdquo (B49) e
inclusive o abuso sexual ldquoexiste vaacuterios tipos de violecircncia como a violecircncia
verbal a violecircncia fiacutesica o abuso sexual entre outrasrdquo (A28)
A dinacircmica relativa agraves situaccedilotildees de bullying tambeacutem satildeo apresentadas
ldquoesse tipo de violecircncia escolar (bullying) ocorre quando aluno agride
verbalmente ou fisicamente ou quando alunos se agridem discutem fazem
ameaccedilas ou quando eles se xingam uns aos outros com palavras ateacute muito
pesadas para a sua idaderdquo (B47) ldquoMeu pai me ensinou que o bullying natildeo pode
92
acontecer com a crianccedila de 5 anos para com um adulto de 25 anos Ele
acontece com pessoas da mesma idaderdquo (C107) ldquoHaacute vaacuterios tipos de bullying
alguns mais fracos outros fortiacutessimos poreacutem todos tem o mesmo objetivo
machucar seja fisicamente ou emocionalmente a viacutetima sofrerdquo (B50)
Os elementos presentes nas situaccedilotildees de bullying ficam mais evidentes
nos trechos abaixo
ldquoA violecircncia escolar eacute feita pelo lsquobullyingrsquo o bullying eacute uma violecircncia que ocorre em todas as escolas do mundo eacute formada por trecircs ou mais alunos que tiram brincadeira com outro aluno e quando esse aluno diz a supervisatildeo eles batem no alunordquo (A33) ldquoViolecircncia escolar eacute um problema peacutessimo Para mim violecircncia escolar e bullying eacute a mesma coisa mas os dois satildeo peacutessimos para a sociedade escolar Violecircncia escolar geralmente se inicia quando um tonto se acha perfeito e quer rebaixar pessoas que satildeo piores em algumas coisas mas melhor em outrasrdquo (B38) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar eacute denominada de bullying como o preconceito machucarem pessoas inofensivas que natildeo lhes fizeram nenhum malrdquo (B43) ldquoExistem pessoas que maltratam falam mal de outras pessoas deixando a pessoa ferida ou triste Isso se chama bullying uma violecircncia feita na escolardquo (B39) ldquoA violecircncia natildeo eacute soacute com os professores mas tambeacutem com os alunos na maioria das vezes chamado de bullying que satildeo ameaccedilas e marcaccedilatildeo com essa pessoa mas pode chegar a ser uma agressatildeo verbal e ateacute oral que muitas vezes podem causar seacuterios danos tanto psicoloacutegicos ou ateacute ferimentos gravesrdquo (C128)
Eacute marcante o papel do medo para que se perpetue a situaccedilatildeo de
agressatildeo ldquoinfelizmente muitos dos alunos que satildeo explorados ou maltratados
tecircm medo de revelar aos pais ou responsaacuteveis o que estaacute acontecendo na
escolardquo (A9) ldquoEm toda sala escolar tem um machatildeo e tem algueacutem que eacute o saco
de pancada que sempre sai apanhado e natildeo conta nada ao pai ou a matildee ou
algum responsaacutevel com medo de apanhar maisrdquo (C122) ldquomuitas vezes os
93
adolescentes que sofrem esse tipo de violecircncia tem medo de falar com os
diretores ou coordenadores porque pode aumentar a violecircncia entre elesrdquo
(C97)
O medo eacute apontado como algo que acompanha a viacutetima de bullying ldquoo
pior eacute vocecirc ter medo de algueacutem algueacutem que acha que tem a liberdade de bater
em vocecirc e ameaccedilado natildeo pode contar a ningueacutemrdquo (A21) ldquoA maioria dos
agredidos tem medo de dizer que estaacute sofrendo de bullying porque os bullys
fazem chantagem emocional para ficarem quietosrdquo (B52)
Parece existir um pacto de silecircncio entre agredido e agressor ldquoEacute terriacutevel
como muitas pessoas sofrem preconceitos satildeo apelidadas ou ateacute mesmo
sofrem com murros tapas chutes e outras coisas soacute que o pior eacute que muitas
vezes natildeo comunicam a escola nem aos paisrdquo (C119) ldquoMuitos alunos natildeo
falam para ningueacutem sobre a violecircncia que sofrem por isso sai da agressatildeo
verbal para a fiacutesicardquo (C79) E a natildeo revelaccedilatildeo ajuda a perpetuar a situaccedilatildeo de
bullying ldquoGeralmente quem sofre bullying se omite e termina que seus
agressores nunca satildeo punidosrdquo (C109)
Aleacutem do medo por parte da viacutetima de ser agredida caso revele ou delate
o agressor eacute bastante presente outro elemento na relaccedilatildeo agressor-viacutetima a
ameaccedila ou chantagem por parte do agressor O agressor usa de chantagem
para causar medo na viacutetima ldquoessa violecircncia a pessoa chantageia a outra e diz
se contar para algueacutem que estatildeo fazendo com ela vatildeo bater mais ainda na
pessoardquo (B49) ldquoEsses alunos ficam com medo ateacute de procurar ajuda de uma
pessoa mais velha Muitas vezes eles satildeo ameaccedilados para tipo Se um aluno
natildeo der dinheiro ao outro ele iraacute bater nelerdquo (C121)
O papel da ameaccedila eacute claro nos trechos seguintes
94
ldquoNa maioria das vezes as viacutetimas do bullying satildeo ameaccediladas e natildeo contam para os familiares o que estaacute (acontecendo) Se seu filho estaacute muito por baixo sem querer falar muito com os pais ou agindo de uma forma que ele nunca agiu preste atenccedilatildeo que isso pode ser um sinalrdquo (B48) ldquomuitas vezes o agressor fala para o agredido para ele ficar calado e se ele abrir a boca ele apanha mais ainda Mas por que isso acontece Por que natildeo podemos conversar com a pessoa Seraacute porque tenho medo pois natildeo consigo e quando chego perto do agressor minha voz trava ou porque estou com muito muito medo dele e natildeo consigo de jeito nenhum e digo lsquoai ai que medo de falar a algueacutem e apanhar outra vezrsquordquo (C80) ldquoE muitas pessoas sofrem essa violecircncia mais preferem sofrer calado para os amigos natildeo ficarem tirando onda muitas vezes eacute o agressor que faz algum tipo de chantagem mais enfim violecircncia natildeo chega a nenhum lugarrdquo (A28)
O agressor parece natildeo ver as consequecircncias de seus atos ldquoa pessoa
que pratica o bullying natildeo consegue ldquoenxergarrdquo as consequecircncias diante desse
atordquo (B39) ldquoMuitas crianccedilas e jovens vem sofrendo algumas agressotildees e por
se sentirem ameaccediladas pelos agressores natildeo contam o que estaacute ocorrendo e
esses praticantes muitas vezes por brincadeira ou por se sentirem superiores
praticam sem saber o que os outros pensam e estatildeo sofrendordquo (A34)
A intoleracircncia em relaccedilatildeo agraves pessoas e agraves diferenccedilas eacute outro elemento
ldquoO que essas pessoas natildeo entendem eacute que ser diferente eacute normal jaacute que
ningueacutem eacute igual a ningueacutem mas deve ser respeitado e natildeo julgado pelos
outrosrdquo (C109) Interessante que a intoleracircncia aponta para a importacircncia de
cada um olhar para as proacuteprias caracteriacutesticas ldquoporque todo mundo tem defeito
e porque natildeo vocecirc as pessoas soacute vecircem defeitos nos outros e natildeo em vocecirc
mesmordquo (C64) ldquo() porque vocecirc pode ver o agressor ele raramente eacute
diferente da pessoa que ele ofende Eu natildeo entendo porque parece que
ningueacutem presta porque eacute branco demais reclama preto demais tambeacutem
95
reclama entatildeo quem presta afinalrdquo (C85) ldquoNoacutes xingamos um ao outro por
qualquer simples defeito e natildeo reparamos nos nossos Quando essa violecircncia
chega ao extremo pode ser fiacutesica vocecirc natildeo eacute igual a mim natildeo gosto de vocecirc
(C101)
Tambeacutem fica evidente a relaccedilatildeo entre violecircncia escolar e preconceito
ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar porque natildeo tocar no assunto
preconceito que hoje em dia pessoas morrem por serem negros deficientes
inteligente ou ateacute por besteirasrdquo (C81) ldquoGeralmente os casos de violecircncia
acontece por pessoa gays ou noobs7 pessoas tem preconceito ou natildeo tem o
que fazer e vai agredir a pessoardquo (C98) ldquoMuitas pessoas sofrem de bullying na
escola por causa de preconceitordquo (C77) ldquoA violecircncia verbal eacute algo que os
alunos sofrem por causa do preconceitordquo (C79) ldquoA violecircncia na escola eacute uma
coisa grave atinge muitas pessoas tambeacutem por causa do preconceito com os
outros por causa de suas diferenccedilasrdquo (C65)
Nesta dinacircmica aparece tambeacutem o papel da plateia ldquoQuem pratica
(violecircncia escolar) eacute o principal responsaacutevel mas aqueles que ficam assistindo
tambeacutem estatildeo praticando pois eles satildeo a plateia teria que tomar uma atituderdquo
(C67) ldquoA violecircncia escolar eacute um ato muito difiacutecil de conviver porque vocecirc ver
cenas que natildeo podem ser comentadas automaticamente sua mente fica
perturbadardquo (C78) ldquomuitas outras pessoas poderiam ter evitado o
acontecimento mais as vezes as pessoas influenciam ainda mais as praticas e
7 Noob ou Newbie eacute um termo eacute amplamente utilizado na Internet - sobretudo em sua maioria em salas
ou bate-papos de jogos online para muacuteltiplos jogadores ou ainda para identificar os que tecircm conhecimento baacutesico em informaacutetica Tambeacutem eacute usado para designar uma pessoa sem experiecircncia ou com menos
experiecircncia do que quem chama Geralmente eacute considerado como um insulto para uma pessoa sem conhecimento
96
pioram tudo que jaacute eacute ruimrdquo (C83) ldquoe a maioria do povo soacute fica olhando natildeo faz
nada muitas vezes o povo mesmo que agitardquo (C116)
O papel da plateia eacute bem importante principalmente nas situaccedilotildees
envolvendo bullying ldquoA maioria dos casos de bullying eacute causado por um
determinado lsquovalentatildeorsquo Mas o bullying eacute formado pelo autor (eacute quem pratica a
agressatildeo) a plateia (eacute quem gosta de ver a agressatildeo)rdquo (C125) ldquoQuase todos
os dias presencio violecircncias na escola e natildeo posso me meter ou parar os dois
com medo de levar a culpa da briga ou ainda levar uma surra tambeacutemrdquo (C84)
Haacute evidecircncia do papel da plateacuteia neste fato testemunhado e relatado
ldquo() outro dia teve briga entre dois meninos do segundo ano e quase todo coleacutegio laacute vendo sem fazer nada soacute assistindo e ateacute torcendo pra eles () pra que espancar o outro soacute porque chamou o outro de veado (A1)
O espaccedilo da sala de aula eacute apresentado como cenaacuterio para a violecircncia
escolar sejam as situaccedilotildees de agressatildeo fiacutesica como tambeacutem se torna cenaacuterio
para ocorrecircncia de bullying ldquoEm uma escola como todas as outras haacute uma
violecircncia escolar se torna um ato muito comum porque estaacute presente nas salas
de aulardquo (C78) ldquoMuitos casos de violecircncia na sala todos os dias um menino
esbarra no outro sem querer e eles comeccedilam a brigarrdquo (C84) ldquovou falar um
pouco da minha sala natildeo ocorre bullying na mesma poreacutem haacute alguns alunos
que tem tendecircncia a praticar o bullying quando maiores o que mais preocupa eacute
saber que as viacutetimas seremos noacutes mesmos alunos da mesma classerdquo (C88)
A constacircncia de encontros tambeacutem eacute salientada no cenaacuterio da violecircncia
escolar ldquoeu me lembrei da histoacuteria daquele menino que morreu em sua proacutepria
escola por outro colega que ele vivia todos os dias da semana Entatildeo isso eacute
certo claro que natildeordquo (C110)
97
Atividades proacuteprias da dinacircmica da sala de aula tambeacutem compotildeem o
cenaacuterio da violecircncia escolar e ateacute objetos do material escolar se transformam
em instrumentos de agressatildeo
ldquoo problema pode ser gerado em um trabalho escolar (um pode ter uma ideia e o outro ter outra ideia e gerar uma confusatildeo) agraves vezes fica competindo um com o outro para ver qual eacute o melhor aluno (que o professor gosta mais que tira as melhores notas etc) Muitas vezes nos problemas nasce o ciuacuteme onde o aluno usa uma arma branca para atacar o proacuteximo a arma branca pode ser por exemplo um estilete (o material escolar passaraacute a ser uma arma)rdquo (C117) ldquoMaior parte da violecircncia eacute a da violecircncia escolar Porque muitos alunos levam estilete a lacircmina do apontador para deixar marcas nos seus colegasrdquo (C111)
O trecho a seguir apresenta vaacuterios elementos da dinacircmica escolar que
sutilmente e de forma natildeo intencional favorecem situaccedilotildees de violecircncia
escolar
ldquoOs adultos falam que eacute coisa de crianccedila ou que eacute passageiro e acabam nem ligando Agraves vezes a crianccedila ou o proacuteprio agressor se sente obrigado (a) a atacar a pessoa para se sentir melhor ou para mostrar que eacute melhor e a escola eacute o lugar muito faacutecil de praticar Tem gente que fala que natildeo adianta de nada falar com o coordenador ou diretor pois eles natildeo querem machucar os sentimentos dos alunosrdquo (C110)
A violecircncia tambeacutem se estende ao ambiente virtual ldquoColocar arquivos na
internet xingando e maltratando as pessoasrdquo (C77) Percebe-se que o
cyberbullying tambeacutem se faz presente
ldquoA agressatildeo verbal na maioria das vezes eacute na internet comunidades ou xingam mesmo com palavrotildees a maioria eacute no orkut e para ser sincera jaacute tive vontade de participar mas nunca participeirdquo (B44) ldquoUm exemplo eacute uma pessoa joga a sandalia da outra pessoa no telhado de uma casa e as outras pessoas obrigam o dono da sandaacutelia ir pegar ele vai mas cai do telhado e eles gravam um viacutedeo e colocam na internetrdquo (B49)
98
ldquoExiste tambeacutem o CYBERBULLYING que eacute o bullying praticado pela internet geralmente satildeo viacutedeos que satildeo postados em sites de relacionamento como TWITTER ORKUT e dos que soacute tem viacutedeos como YOUTUBE em que satildeo gravadas brincadeiras que a viacutetima sofre e os agressores ficam rindo tirando ondardquo (B51) ldquoexistem ateacute pessoas que filmam a violecircncia no momento em que ela estaacute acontecendo e muitas pessoas provocam a outra soacute para isso ocorrer alguns adolescentes filmam e postam na internet apenas para querer dizer por exemplo lsquoAh na nossa escola soacute tem maioral se vocecirc vier para caacute natildeo mexa com a gente porque noacutes quebramos vocecircrsquordquo (C120)
5124 As agressotildees verbais
Comumente a violecircncia escolar eacute apresentada como sendo composta
tanto pela agressatildeo verbal quanto pela agressatildeo fiacutesica ldquoA violecircncia tambeacutem
natildeo soacute pode ser fiacutesica pode ser verbal tambeacutemrdquo (C61) ldquoA violecircncia escolar natildeo
eacute apenas por agressatildeo fiacutesica mas pode ser agressatildeo verbalrdquo (C81) ldquoessas
agressotildees natildeo satildeo apenas fiacutesicas e tambeacutem verbais consequentemente
psicoloacutegicasrdquo (A31) ldquoessa violecircncia acontece de vaacuterias formas com tapas
discussotildeesrdquo (B36) ldquotem a agressatildeo verbal e a fiacutesica a agressatildeo verbal eacute
quando o envolvido eacute agredido com palavras E a fiacutesica que eacute a agressatildeo no
corpordquo (A35) ldquonos coleacutegios acontecem muitas brigas tanto agressatildeo fiacutesica
quanto agressatildeo verbalrdquo (C63) ldquoAqui no coleacutegio agressatildeo eacute expliacutecita sendo
ela fiacutesica e por meio de palavrasrdquo (C75) ldquoA violecircncia na escola eacute um problema
grave onde se tem vaacuterios tipos como a violecircncia verbal na qual a fala eacute o ator
da violecircncia violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (C83)
As agressotildees verbais ocupam um lugar de destaque como uma forma
de violecircncia escolar ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute algo que muitos alunos
sofrem pois natildeo existe soacute a fiacutesica a verbal existe e eacute a mais comumrdquo
99
(C79) ldquomuitas escolas natildeo tem pessoas que agridem fisicamente mas muitos
alunos agridem verbalmente e agridem feiordquo (C69) ldquoa violecircncia natildeo eacute somente
fisicamente mas tambeacutem verbalmente por ameaccedilasrdquo (A5) ldquoGeralmente haacute
mais violecircncia oral do que corporalrdquo (C96)
Os trechos a seguir evidenciam a agressatildeo verbal como uma forma de
violecircncia escolar
ldquoAgraves vezes quando falamos em violecircncia pensamos em uma pessoa batendo na outra mas para mim o pior tipo de violecircncia eacute a verbal o ato de xingar outro soacute para se sentir melhor Esse tipo de coisa acontece muito principalmente na escolardquo (C101) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando uma coisa normal violecircncia natildeo eacute soacute agressatildeo fiacutesica mas tambeacutem verbal como por exemplo palavrotildees palavras de mau gostordquo (C93)
Ambas satildeo vistas como algo grave que tem repercussotildees ldquohoje muitos
alunos sofrem com a violecircncia escolar natildeo apenas com agressatildeo fiacutesica mas
tambeacutem verbalrdquo (A7) ldquoa violecircncia escolar em modo geral tanto verbalmente
como fisicamente eacute muito seacuteria pois alguns alunos podem ser prejudicadosrdquo
(A14) ldquoagraves vezes a violecircncia em vez de ser fiacutesica pode ser verbal e agraves vezes a
verbal poderaacute mexer com a personalidade da pessoardquo (C117)
Violecircncia verbal e fiacutesica estatildeo relacionadas ldquoos outros alunos xingam
muitas vezes soacute para outros colegas rirem e o alunos que estaacute sendo agredido
com palavras e natildeo gosta da brincadeira levando a brigardquo (A35) No episoacutedio
testemunhado e relatado por um estudadnte estaacute presente a agressatildeo verbal
levando agrave agressatildeo fiacutesica com danos fiacutesicos
ldquoOutro dia eu estava indo para o portatildeo do coleacutegio e vi um menino quase quebrando o braccedilo de outro que era menor que ele soacute porque o menor tinha chamado o outro de veado ou gay sei laacute quando o menino soltou o outro ele caiu e saiu chorando Me deu uma vontade
100
de meter um chute na cara dele Eu acho uma sacanagem issordquo (A1)
A agressatildeo verbal pode ser exercida de formas distintas causando
desconforto em todos os casos Pode ocorrer atraveacutes de xingamento ou ser a
partir da atribuiccedilatildeo de apelidos ldquoa agressatildeo verbal eacute a que mais acontece
muitas pessoas inventam apelidos de mau gosto outros xingam e a agressatildeo
fiacutesica eacute quando pessoas batem nas outras etcrdquo (A7) ldquoEu acho que a violecircncia
escolar eacute muito comum em escolas acontecer principalmente verbal (escrito e
oral) xingando e humilhando com varias palavras apelidandordquo (C68) ldquoos
apelidos tambeacutem satildeo grandes problemas principalmente quando a intenccedilatildeo eacute
magoar a outra pessoardquo (A10) Uma forma de agressatildeo eacute a fofoca ldquoEu acho
que muitas vezes eacute legal falar dos outros e se falar de vocecirc vai gostar claro
que natildeordquo (C110)
Os apelidos parecem ser problemas de destaque e particularmente
parecem causar sofrimento
ldquoSe vocecirc tem alguns desses problemasm pode ter certeza que iratildeo surgir apelidos na sua escola sobre vocecirc e isso deve machucar muito as pessoas que sofrem este tipo de violecircncia porque mesmo sendo pequeno o apelido machuca vocecirc Por fora vocecirc demonstra que estaacute tudo bem mas por dentro vocecirc sente vontade de sumir daquele lugar isto eacute um absurdo noacutes estamos no seacuteculo 21 natildeo eacute mais aquela brincadeirinha de crianccedila isto se tornou uma coisa seacuteria que tem que ser parada As pessoas sofrem com isto se eacute com uma pessoa deficiente todos riem falam besteira mas quem faz deve se perguntar ndash ele quer ser assim Ningueacutem pede para nascer doente com algo faltandordquo (A23)
O preconceito eacute uma forma de violecircncia que pode ser exercida a partir
de agressotildees verbais ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar natildeo existe soacute
fisicamente tambeacutem acontece verbalmente como o preconceito que acontece
muito nos tempos atuais e eacute muito difiacutecil combaterrdquo (C62)
101
Outras referecircncias agrave agressatildeo fiacutesica e verbal ainda apontam suas
consequecircncias nocivas natildeo apenas para as viacutetimas e agressores mas para a
escola como um todo
ldquoMuitos alunos fazem brincadeiras de mal gosto e acabam machucando o colega fisicamente e verbalmente causando problemas para ele para o colega e para o coleacutegiordquo (A14)
Em muitas redaccedilotildees parece evidente que a agressatildeo verbal caracteriza
a situaccedilatildeo de bullying ldquoquando o xingamento passa a ser cotidiano isso eacute um
sinal de bullyingrdquo (B39) ldquoo chamado bullying pode ser agressatildeo oral verbal ou
fiacutesica o bullying significa isso a violecircncia natildeo soacute fiacutesicardquo (C82) Neste
depoimento percebe-se esta relaccedilatildeo ldquoJaacute fui viacutetima de bullying pois em uma
eacutepoca meus colegas me colocavam apelidos que natildeo gostavardquo (B41) O trecho
a seguir potildee em destaque a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e bullying
ldquoEacute um tema muito complicado de comentar pois haacute diversos tipos de violecircncia na escola uma delas eacute a violecircncia por meio de palavras por exemplo quando colegas discutem e falam palavras desagradaacuteveis outro exemplo eacute quando uma crianccedila ou adolescente xinga um de seus colegas passando ele para baixo ou menosprezando causando o famoso bullyingrdquo (A2)
A agressatildeo fiacutesica eacute a outra face da moeda tambeacutem vista como algo que
pode se tornar mais e mais grave
ldquoJaacute outro tipo de violecircncia que eacute um pouco mais grave eacute a agressatildeo quando dois adolescentes se batem lutam se machucam e a violecircncia pode partir para algo extremamente grave como mortes noacutes hoje em dia geralmente vemos amigos que se matam Mas tambeacutem pode ocorrer assassinatos e trageacutediasrdquo (A2)
5125 Violecircncia escolar e brincadeira
102
Vaacuterias situaccedilotildees de violecircncia escolar satildeo originadas a partir de
brincadeiras tanto pela intoleracircncia por parte de quem natildeo as aceita ldquoJaacute
presenciei algumas confusotildees que aconteceram mais no recreio e outros
motivos satildeo brincadeiras levadas muito a seacuteriordquo (C72) ldquoEm uma sala de aula eacute
muita infantilidade vemos alunos discutindo sem motivo e aleacutem disso ficarem
se agredindo por bobagens que natildeo satildeo levadas na brincadeirardquo (A5) ou pela
intensidade da inconveniecircncia envolvida na brincadeira ldquoPessoas praticam
numa forma de brincadeira e natildeo sabem a gravidade do caso ou agraves vezes
quando estatildeo com raivardquo (B36) ldquoAs vezes as brincadeiras acabam em
violecircncia Na brincadeira muitas vezes o outro natildeo percebe que o seu amigo
natildeo estaacute se sentindo mal com a brincadeira fazendo e a brincadeira vire uma
briga podendo causar graves problemas Eles usam o que seus colegas tem
de lsquoincomumrsquo para tirar lsquosarrorsquordquo (A35)
Por vezes haacute uma aproximaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira indicando
a falta de limites niacutetidos entre estas duas situaccedilotildees ldquoexiste a violecircncia fiacutesica
alguns meninos brincam (que eacute como chamam) de lutas e acabam se
machucando e indo para coordenaccedilatildeordquo (C110) Os alunos expotildeem esta
aproximaccedilatildeo ao fazerem referecircncia agrave brincadeira como algo de mau gosto
indicando que parece haver intenccedilatildeo no ato ldquoA violecircncia geralmente ocorre por
causa de apelidos brincadeiras de mau gosto e etcrdquo (C90) ldquoNa escola haacute
muita violecircncia principalmente as brincadeiras de mau gosto que eacute de bater nas
pessoasrdquo (C122) ldquoPercebo brincadeiras de mau gosto e muitos palavrotildees com
os quais um trata o outro (envolvendo mais os meninos)rdquo (C75) ldquoo porque
dessas atitudes de mau gosto eu natildeo sei talvez por brincadeira mas que
brincadeira terriacutevel eacute essardquo (A9)
103
Esta relaccedilatildeo estreita entre brincadeira e violecircncia natildeo eacute aprovada ldquoEu
acho isso muito ruim que as pessoas apanhem soacute por causa de brincadeiras de
mau gosto como vacilo dois toque eacute barrote toco na bola eacute lapada e etc
nunca gostei de brincar e nem brinco sou contrardquo (C122) ldquoEssas brincadeiras
inuacuteteis estatildeo prejudicando muitos alunos que por medo das revelam e muitos
agressores satildeo presos pagam trabalho voluntaacuterio e outrosrdquo (A34) inclusive
porque os alunos identificam que estas brincadeiras datildeo origem a situaccedilotildees de
violecircncia na escola ldquoQuase todos os dias na minha escola tecircm uma violecircncia
quase todas por besteiras ou por brincadeiras que natildeo se fazrdquo (C124)
Tambeacutem no contexto da violecircncia no ambiente virtual a situaccedilatildeo
confusa entre brincadeira e agressatildeo fica evidente ldquoos que praticam armam
brincadeirinhas de mau gosto armadilhas gravam e postam na internetrdquo (B51)
Questotildees envolvendo bullying tecircm relaccedilatildeo com brincadeiras
inadequadas ldquopois essa brincadeira de mau gosto se chama bullyingrsquordquo (A17)
ldquonatildeo eacute brincadeira tipo o bullying muito causado nas escolasrdquo (C98) ldquoQuando
pensamos em violecircncia escolar a primeira coisa que pensamos eacute o bullying que
satildeo brincadeiras pesadas ou seja violentasrdquo (C76) sendo situaccedilotildees que
geram muito desconforto ldquoO que parece uma brincadeira de crianccedila o bullying
pode gerar danos a pessoasrdquo (B39) ldquomuitas pessoas que satildeo praticantes do
bullying dizem que eacute soacute lsquobrincadeirinhasrsquo mas natildeo eacute bem assim as chamadas
brincadeirinhas pode machucar quem sofre a accedilatildeo natildeo soacute fisicamente O
bullying acontece geralmente nas escolas os agressores normalmente fazem
isso para se divertirrdquo (C82)
A relaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira tambeacutem eacute abordada a partir de
relatos presenciados Podemos identificar alguns relatos em que o fato ocorrido
104
foi visto como uma ldquobriguinha de brincadeirardquo apesar de ter resultado em dano
fiacutesico
ldquoEu nunca presenciei uma briga escolar muito violenta mas aquelas lsquobriguinhasrsquo de lsquobrincadeirarsquo eu jaacute vi Um menino da minha sala torceu o pescoccedilo por causa dessas lsquobriguinhasrsquordquo (A12)
ldquono meu coleacutegio teve um acidente terriacutevel com o estilete ele tava brincando ai pegou o estilete e foi cortar o outro ai o outro duvidou ai ele cortou isso aconteceu quando a professora natildeo estava na salardquo (C129)
5126 Violecircncia escolar e o professor
Comumente os envolvidos na violecircncia escolar satildeo estudantes mas o
professor surge no cenaacuterio da violecircncia escolar de diversas formas acenando
que as situaccedilotildees de violecircncia escolar podem tambeacutem incluir professores rdquoeu
acho que a violecircncia escolar que pode acontecer com professores alunos ateacute
com a sala inteira eacute quando pessoas vatildeo agredir de algum modordquo (B42)
O professor aparece como viacutetima da violecircncia entre alunos ldquoem toda a
sala tem um valentatildeo que tenta deixar os outros para baixo e agraves vezes eacute
ignorante ateacute com os professoresrdquo (C86) evidenciando situaccedilotildees que
envolvem falta de respeito agrave figura de autoridade do professor podendo atingir
outros profissionais na escola ldquoViolecircncia escolar pode ser dos alunos ou dos
professores Quando no caso eacute o aluno eacute porque ele bagunccedila muito natildeo tem
respeito com os professores nem funcionaacuteriosrdquo (C95) ldquoMuitas vezes quando M
coordenadora disciplinar entra laacute na sala os alunos comeccedilam a falar dela do
cabelo dela e isso eu natildeo gosto disso porque isso eacute preconceito e desrespeitordquo
(C105)
A violecircncia contra professor pode atingir formas inaceitaacuteveis ldquoEu vejo
105
hoje em dia na minha opiniatildeo isso estaacute muito errado eacute os alunos matando
professor etcrdquo (C91) O relato a seguir apresenta uma situaccedilatildeo extrema de
violecircncia contra professores
ldquoalgumas reportagens mostram isso na televisatildeo nos noticiaacuterios mostram alunos apontando armas para os professores exigindo para que os professores faccedilam suas vontades fazendo ameaccedilas e as vezes ateacute espancando os professores que na maioria das vezes ficam traumatizados com essas situaccedilotildees e acabam prejudicando sua vida profissional ou ateacute pessoalrdquo (C128)
Tambeacutem ocorrem situaccedilotildees em que o professor eacute o agressor ldquoEu acho
que em algumas escolas tem violecircncia de alunos batendo em alunos
entretanto em algumas escolas o professor que eacute violentordquo (C102) ldquoA violecircncia
escolar cada dia mais estaacute aumentando tem professoras que estatildeo graacutevidas e
que descontam nos alunosrdquo (C106) Um relato aborda a situaccedilatildeo de violecircncia
envolvendo a relaccedilatildeo com professor e o prejuiacutezo no processo de
aprendizagem
ldquonesse ano natildeo consegui tira nenhum 7 em Matemaacutetica Geografia se fosse eu entatildeo porque no ano passado natildeo era assim por causa de mal explicaccedilatildeo dos professores e atenccedilatildeo eu vou fica em recuperaccedilatildeo em 4 porque no ano passado natildeo foi assim eu soacute tirava nota boa era inteligente mas agora sou burro e tem alunos que aprontam tanto e que vatildeo pra coordenaccedilatildeo e depois sai com reclamaccedilatildeo mas quando eu fui soacute 1 (nome da coordenadora) me ameaccedilou com expulsatildeo os alunos atrapalham todo dia (lista com nome de cinco colegas) jaacute foram 10 vezes na coordenaccedilatildeo e eu soacute uma e ia sendo expulso soacute por causa de um celular tocandordquo (C108)
Mas reconhece-se que satildeo fatos mais isolados que situaccedilotildees tendo o
professor como agressor natildeo acontecem com a mesma frequumlecircncia que
situaccedilotildees envolvendo alunos como agressores como eacute abordado de forma
clara no relato a seguir
ldquoNa escola haacute vaacuterios tipos de violecircncia pode ser fiacutesica ou verbal e praticada por professores ou alunos Quando eacute praticada por alunos
106
eacute mais verbalmente mas as vezes acabam em lutas a dos professores eacute mais fiacutesico Passou uma reportagem que falava sobre um professor que dava nos seus alunos mas essas agressotildees feitas por professores natildeo eacute sempre mas a dos alunos eacute mais frequenterdquo (C86)
Diante do cenaacuterio de violecircncia cabe ao professor uma postura
realmente diferenciada ldquoOs professores deviam ter mais diaacutelogo com seus
alunosrdquo (C65) que favoreccedila a superaccedilatildeo de algumas dificuldades ldquotem
professores que satildeo legais que quer ajudar cada vez mais se natildeo der dessa
maneira ele faz de outra e etcrdquo (C106) entretanto algumas atitudes natildeo
contribuem para avanccedilos na aprendizagem ldquoa pessoa conversa brinca mas
tenta melhorar mas natildeo pode porque os professores natildeo deixamrdquo (C108) ldquotem
alguns professores que querem acabar com os alunos tipo no salatildeo de artes e
ciecircncias (sac) em algumas mateacuterias os professores soacute colocam os melhores
alunos e os piores se ferramrdquo (C102)
As dificuldades envolvendo o relacionamento com os professores satildeo
consideradas pelos estudantes Percebe-se que elementos da proacutepria accedilatildeo
docente parecem promover situaccedilotildees desconfortaacuteveis no relacionamento
professor-aluno - a forma de explicar a atenccedilatildeo dada aos alunos o cuidado
diante de duacutevidas etc Os trechos a seguir evidenciam a forma como se datildeo
estas dificuldades
ldquoBem na escola natildeo sofro violecircncia escolar com os professores mas agraves vezes acho que eles tecircm alunos preferenciais e que agraves vezes tratam mal aqueles que natildeo satildeo os seus preferidos falo isso pois as vezes existem professores que natildeo datildeo atenccedilatildeo por igual aos seus alunos Eu natildeo condeno a ideia de que eles tenham seus alunos preferidos mas que eles natildeo demonstrem tatildeo claramente issordquo (C92) ldquoTudo que esse professor explica eu quase natildeo entendo ele raramente faz brincadeiras em sua aula e eacute um pouco grosso(a) As pessoas meio que tem medo dele(a) entatildeo natildeo tiram suas duacutevidas
107
com medo de levar um fora (C95) ldquoTem professores que jaacute entram na sala com raiva outros vocecirc natildeo entende o assunto e vocecirc fala para o professor que natildeo entendeu ele fala pra vocecirc que vocecirc natildeo entendeu porque estava conversando ou brincando e agraves vezes tiram pontos dos alunos por causa dissordquo (C102) ldquoEu acho que haacute professores que natildeo se importam com os alunos tem alunos que estatildeo em recuperaccedilatildeo porque o que eles falam na sala natildeo daacute pra entender nada e a pessoa tenta tirar as duacutevidas mas o professor natildeo daacute nem a miacutenima soacute se importa para as pessoa que jaacute entenderam o assunto () os professores recusam os alunos como se eles fossem uma pessoa de rua sem futuro a gente tem o direito de participar de todas as atividades os nossos (pais) pagam a escola pra aprender e o que a maioria dos professores ensinam natildeo daacute pra entender nada aiacute o cara estuda pra caramba pra na hora da prova tirar uma nota ruimrdquo (C108)
Os estudantes apresentam suas preferecircncias em relaccedilatildeo aos
professores apontando aspectos facilitadores e aqueles que dificultam suas
escolhas
ldquoO professor que eu menos tenho afinidade eacute legal mas nas aulas dele eu natildeo me sinto agrave vontade como nas outras Meus colegas gostam muito desse professor mais cada um tem sua personalidade e a personalidade dele natildeo bate com a minhardquo (C92) ldquovou falar um pouco dos professores Primeiro vou falar um pouco do que eu mais gosto Ele assim ensina melhor pois a sua explicaccedilatildeo daacute para entender eleela faz joguinhos sobre o assunto que estamos estudando faz gincanas e tudo que eleela explica eu entendo E eu sempre me dou bem nas suas provas por isso eacute ao mais legal professor ou professorardquo (C95) ldquoA professora que eu tenho menos afinidade eacute a professora de portuguecircs porque pra mim ela eacute duas caras () na frente da minha matildee ela eacute uma santa mas na sala de aula quando eu tento falar com ela ela natildeo me daacute atenccedilatildeo soacute daacute atenccedilatildeo aos alunos que ela mais gosta () mas ela melhorou a conduta comigo A professora que eu mais tenho afinidade e gosto muito dela eacute a professora de Geografia ela eacute muito carinhosa sabe entender a timidez do aluno tira duacutevida a qualquer momento ela gosta de mim ela eacute super atenciosa eacute como uma matildee para mim Graccedilas a Deus ateacute hoje natildeo sofri nenhum tipo de bullying a natildeo ser o da professora de portuguecircsrdquo (C105)
108
513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar
5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo
A violecircncia escolar natildeo eacute algo apenas passiacutevel de reconhecimento ela
provoca uma reaccedilatildeo por parte dos estudantes uma posiccedilatildeo criacutetica ldquoAcho
muito chato a palavra violecircncia e logo quando ela vem acompanhada com a
palavra escolar eacute que fica pior aindardquo (A20) A presenccedila da violecircncia no
ambiente escolar parece causar espanto e indignaccedilatildeo ldquoEu acho que todo tipo
de violecircncia eacute ruim escolar eacute que eu acho pior aindardquo (C61) ldquoEu acho que a
violecircncia escolar eacute um ABSURDOrdquo (C69) Esta reaccedilatildeo tambeacutem se estende
para as situaccedilotildees de violecircncia envolvendo bullying ldquoa violecircncia na escola eu
acho um absurdo agora chamada de bullyingrdquo (A1) ldquona minha opiniatildeo a
violecircncia escolar ou bullying eacute um absurdordquo (A3)
A indignaccedilatildeo com a violecircncia no contexto escolar parece ser fruto da
valorizaccedilatildeo do propoacutesito da escola e do seu papel na sociedade ldquoPra mim
essas pessoas natildeo estatildeo com nada essas coisas satildeo de gente que natildeo (tem)
nada para fazer Chega de violecircncia nas escolas pois sem a escola natildeo
seriamos nada na vida lugar de se aprender eacute na escola natildeo de brigarrdquo (C60)
ldquoBom a primeira pergunta eacute o porquecirc que existe essa tal coisa Se a escola eacute
o lugar que forma as pessoas para o futuro e para hoje podemos dizer que eacute
uma espeacutecie de matildeerdquo (C103) A escola enquanto local para estudar e aprender
eacute bastante mencionada ldquoA violecircncia na escola pra mim eacute algo que natildeo devia
existir porque natildeo tem precisatildeo de ter briga no coleacutegio porque o coleacutegio eacute um
lugar de estudarrdquo (C127) ldquoeu acho um absurdo o jeito que estaacute a violecircncia hoje
109
em dia as pessoas vatildeo para a escola para estudar e natildeo brigarrdquo (A22) E
aleacutem da aprendizagem a escola tambeacutem proporciona outras coisas boas ldquona
minha opiniatildeo eu acho que isso natildeo deveria acontecer pois a escola eacute um
lugar para conviver fazer amigos e principalmente aprenderrdquo (A10)
Os alunos destacam especificidades da racionalidade humana que natildeo
condizem com situaccedilotildees de violecircncia na escola ldquoEu acho que todos noacutes temos
que ter a consciecircncia que isso natildeo leva a nada afinal isso eacute uma escola um
lugar de estudo que eacute proibido esses tipos de violecircnciardquo (C124) ldquoisso precisa
acabar pois escola eacute lugar de estudar aprender a ser gente de verdade e natildeo
animal irracional noacutes temos a capacidade de pensar antes de agir e natildeo ser
racista e etc Violecircncia na escola CHEGArdquo (C118)
Haacute ainda reconhecimento agrave confianccedila depositada pela famiacutelia na escola
e que as situaccedilotildees de violecircncia traem essa confianccedila ldquoBem esse tipo de
violecircncia que eu acho uma das piores porque logo na escola que eacute onde os
pais natildeo deveriam se preocupar com seus filhos nessa aacuterea da violecircnciardquo
(C130) ldquoeu acho que esse tipo de violecircncia natildeo deveria acontecer porque na
escola eacute logo quando os pais pensatildeo que estaacute tudo tranquumlilordquo (C129)
Os alunos demonstram muita criticidade diante das situaccedilotildees de
violecircncia na escola ldquoalguns alunos ficam discriminando outros por bobagens
como o jeito dele ser pela aparecircncia da pessoardquo (C96) principalmente pela a
falta de sentido nas situaccedilotildees presenciadas ldquoEu acho que a violecircncia escolar
acontece geralmente por motivos bestas ou por motivo nenhumrdquo (C82) ldquohaacute
cotidianos que ser agredido jaacute faz parte e isso deveria ser mudado pois na
sociedade que estamos a agressatildeo eacute um ato sem necessidaderdquo (A21) A
violecircncia tambeacutem eacute algo rejeitado por reconhecer os motivos banais
110
envolvidos ldquose alunos brigam isso eacute raro mas agraves vezes acontece por motivos
realmente bobos isso na minha opiniatildeordquo (A6) e que situaccedilotildees banais viram
algo maior ldquoos alunos fazem briga por qualquer besteira e acaba virando um
assunto seacuterio por causa da violecircncia natildeo soacute a violecircncia fiacutesica mas tambeacutem a
oralrdquo (A19)
Os jovens tambeacutem demonstram reprovaccedilatildeo quando tratam do bullying
ldquoEssa praacutetica precisa acabar no Brasilrdquo (B51) ldquoNatildeo gosto dessa violecircncia do
bullying Era muito melhor se todos se respeitassem se amassem e ao
proacuteximo perdoassem etc Entatildeo eu queria que a violecircncia parasserdquo(C61)
Os estudantes parecem natildeo admitir a violecircncia na escola porque natildeo
traz benefiacutecio algum ldquoE eu tambeacutem acho ridiacutecula porque a pessoa xinga a
outra bate na outra faz tudo de ruim com a outra pessoa e natildeo ganha NADA
fazendo issordquo (C130) ldquoBom eu acho que essas brigas satildeo uma besteira pois
natildeo vatildeo levar em nada () depois se vocecirc parar pra pensar eacute uma pessoa que
realmente natildeo tem absolutamente nada pra fazerrdquo (C94) ldquoPara que se
envolver em brigas por nadardquo (A13)
A indignaccedilatildeo eacute clara nos trechos seguintes
ldquoE muito triste ver professores machucados alunos esfaqueados como um aluno consegue levar uma arma para o coleacutegio sem que ningueacutem veja Ou entatildeo uma facardquo (A22) ldquoComo as pessoas tem a coragem de esfaquear matar ou ateacute atirar em outra pessoa Escola eacute um lugar pra se aprender e natildeo pra brigar ou etc quando os pais deixam os filhos seguros por enquanto que trabalham mais natildeo uma matildee pode ter deixado o filho na escola foi trabalhar e quando chega no trabalho ela recebe um telefonema dizendo que o filho levou um tiro ou uma facadardquo (A22)
Manifestaccedilatildeo de toleracircncia agrave violecircncia na escola parece ser esporaacutedica
entretanto em alguns casos especiacuteficos natildeo seria admitida de
111
forma alguma
ldquoEm todos esses anos nos coleacutegios sempre vi um problema muito seacuterio a violecircncia escolar muitos alunos praticam isso na minha opiniatildeo isso natildeo estaacute errado as vezes ateacute sem querer prejudicamos os outros Um caso que houve no coleacutegio foi que um garoto do 8ordm ano 7seacuterie bateu em um garoto mais ou menos 3 ou 4 anos menor que ele entatildeo isso estaacute errado esse tipo de violecircnciardquo (A8)
Em vaacuterios momentos os participantes manifestam seu repuacutedio ao
preconceito ldquopreconceito tem que acabar hojerdquo (A23) agrave violecircncia escolar
ldquoSobre a violecircncia escolar eu discordo pois nenhum motivo na escola justifica
uma agressatildeordquo (C72) assim como agraves situaccedilotildees envolvendo bullying ldquoBom na
minha opiniatildeo acho que eacute isso devemos acabar com a violecircncia escolar
BULLYING e violecircncia na escola Natildeordquo (C63) ldquoVamos derrotar o bullyingrdquo
(C76) A manifestaccedilatildeo de repuacutedio de certa forma eacute agrave violecircncia em geral ldquoFico
triste porque no mundo jaacute tem essas mortes destruiccedilotildeesrdquo (C61) ldquoeu
particularmente acho que eacute uma besteira uma coisa que soacute quem faz eacute burro
gente que natildeo tem o que fazer Mas infelizmente soacute algumas pessoas
pensam ou agem assim feito pessoas decentes e que respeitam os outrosrdquo
(C85) ldquoresumindo eu sou totalmente contra a violecircnciardquo (A12)
5132 Consequecircncias
Os alunos alertam para as consequecircncias da violecircncia escolar Percebe-
se que o envolvimento em episoacutedios de violecircncia eacute nocivo para o
desenvolvimento de crianccedilas e adolescentes ldquocrianccedilas sofrem com isso e
algumas ateacute ficam com traumardquo (A30) ldquoeacute uma atitude que natildeo tem benefiacutecio
algum apenas consequecircnciasrdquo (A9)
Algumas consequecircncias atingem de imediato a relaccedilatildeo do estudante
112
com a escola ldquonoacutes ficamos muito tristes e muitas vezes natildeo sentimos vontade
de ir para a escolardquo (C93) com prejuiacutezos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem ldquoO fato
eacute violecircncia natildeo importa qual atrapalha o aprendizado das pessoas e natildeo
deve ser incentivada de forma alguma principalmente nas escolasrdquo (C109)
Natildeo obstante o dano pode se estender com repercussotildees a longo
prazo ldquoIsso eacute uma coisa seacuteria pode se tornar ateacute doenccedila para mim
futuramente ter um futuro ruim como pessoa amargardquo (C110) com possiacuteveis
prejuiacutezos aos relacionamentos ldquodestroacutei a vida da outra pessoa porque isso vai
marcar a vida da pessoa e ela vai ficar PARA SEMPRE com aquela maacutegoa e
ela pode ficar sempre e para sempre soacute isolada E natildeo tem pra que a pessoa
agredir a outrardquo (C130) O depoimento a seguir evidencia estas
consequecircncias
ldquoUma vez na 4ordf seacuterie eu comecei a usar oacuteculos e todas as pessoas ficavam me chamando de quatro olhos e agraves vezes de baleia porque eu sou cheinha eu ficava sozinha no recreio por conta disso eu proacutepria passei a me reservar a me isolar e soacute depois que eu percebi que o que as pessoas falavam eu natildeo precisava ligar pois natildeo ia levar a nada soacute a prejudicar a mim mesmardquo (A25)
Os danos tambeacutem afetam o agressor da violecircncia ldquoA violecircncia escolar eacute
um ato que prejudica tanto quem sofre quanto quem pratica porque quem
sofre ele automaticamente se isola e quem pratica se transforma em uma
pessoa difiacutecil de conviverrdquo (C78) com prejuiacutezos para o seu futuro ldquoe essas
pessoas que se acham valentotildees quando crescerem natildeo vatildeo ter com o que se
sustentar ou se tiver a famiacuteliardquo (C127) ldquoeu acho horriacutevel porque quem
machucou o menino no futuro poderaacute fazer coisas pioresrdquo (A12) no entanto
reconhece-se que o prejuiacutezo sempre eacute maior para a viacutetima ldquoIsso eacute ruim para o
agressor e para quem sofre principalmenterdquo (C110) ldquopara mim deveriacuteamos
113
tentar acabar com isso pois quem daacute natildeo se prejudica mais quem recebe
simrdquo (B36)
Pessoas que natildeo tem envolvimento com a situaccedilatildeo podem ser atingidas
podendo afetar inclusive pessoas que tentam impedir as situaccedilotildees de violecircncia
ldquoessa violecircncia eacute muito ruim na escola e outros lugares por causa que ela pode fazer uma briga algueacutem pode quebrar uma perna e um braccedilo pode ter um corte na cabeccedila machuca vaacuterias pessoas que estaacute na briga e os inocentes que terminam levando murro ponta-peacute sem estar fazendo nadardquo (A20)
ldquomuitas pessoas saem feridas ateacute quem natildeo estaacute participando quem estaacute apartando a briga estatildeo tentando impedir que ela continue sai machucado e quem comeccedila a briga quem estaacute participando muitas vezes saem feridos fisicamente e psicologicamenterdquo (C120)
ldquoEacute terriacutevel pois eacute complicado quando um aluno sai machucado o prejuiacutezo eacute ruim porque os pais vatildeo ter que sair do trabalho para levar seu filho para um hospital ainda quando chega laacute tem que esperar filardquo (C129)
Da mesma forma consideram-se as consequecircncias das situaccedilotildees que
envolvem bullying ldquoO bullying deve ser evitado pois mexe com o sentimento da
pessoa com o seu caraacuteter que na maioria das vezes eacute de boa iacutendole e que
sofre xingamentos e ateacute mesmo agressotildees fiacutesicasrdquo (B51) ldquoe isso acaba sendo
um verdadeiro ldquoinfernordquo na vida dos alunos () Eles acabam natildeo conseguindo
estudar brincar dormir ficar sossegado e sua vida sai do normalrdquo (C121) Os
efeitos parecem ser duradouros e ateacute bem intensos ldquoalgumas pessoas ateacute
sofrem de problemas mentais por estarem sofrendo bullying na escolardquo (C77)
ldquoas pessoas que sofrem bullying podem ter depressatildeo podem se revoltar
existem casos que as pessoas ficam tatildeo tristes que podem ateacute morrerrdquo (C82)
Ser alvo de bullying pode comprometer intensamente os jovens em
114
diversos aspectos ldquoquem sofre a violecircncia pode ter no futuro alguns problemas
mentais ou fiacutesicos ou seja o trauma que pode afetar completamente a vida da
pessoa quando a pessoa sofre praticas como o bullyingrdquo (C83) sendo-lhe
imputado os casos envolvendo mortes ldquoO que devemos ter em mente eacute que o
bullying pode fazer muito mal a quem sofre e pode ocasionar problemas fiacutesicos
mentais existem casos de pessoas que se matavam por natildeo aguumlentar mais ser
viacutetima dessa praacuteticardquo (C109)
Outra consequecircncia sinalizada eacute a violecircncia gerar atitudes tambeacutem
violentas ldquoNas escolas isso pode se tornar uma caracteriacutestica ruim quando a
pessoa que passou a infacircncia sendo de certa forma agredida e humilhada
() As pessoas que satildeo agredidas pelo bullying quando crianccedilas podem se
tornar medrosas fracos tiacutemidas e as vezes ateacute violentasrdquo (B52) E uma das
reaccedilotildees pode ser a agressatildeo fiacutesica ldquo(a violecircncia fiacutesica) acontece pelo
preconceito o que se sente excluiacutedo humilhado e sozinhordquo (C68)
Os alunos identificam que o envolvimento em violecircncia pode trazer
consequecircncias intensas tanto para agressores como para as viacutetimas como ser
passiacutevel de detenccedilatildeo ldquoEssa praacutetica eacute ilegal e daacute cadeia pois eacute uma praacutetica que
agride a pessoa moralmenterdquo (B51) ou mesmo a hospitalizaccedilatildeo ldquomuitas vezes
as pessoas saem machucadas e algumas vezes vatildeo parar no hospitalrdquo (C122)
a fuga de casa ldquoe o pior de tudo leva esse trauma para a vida toda e muitas
vezes ateacute se esconde e ateacute mesmo foge de sua casardquo (C119) As
consequecircncias podem ser tatildeo intensas que podem abranger inclusive casos de
mortes ldquobom a violecircncia na escola eacute muito perigosa porque pode trazer morte
e ateacute dificuldaderdquo (A11) ldquoNas escolas principalmente escolas estaduais e
municipais a grande maioria das vezes termina em morterdquo (C126) ldquoateacute essas
115
violecircncias chegam a ponto ateacute de ser levadas aos seus familiares a morte por
tiro ou um susto muito grande de sequestrordquo (C119)
Entre as consequecircncias elencadas haacute referecircncia a aspectos positivos
de superaccedilatildeo ldquocomo tambeacutem existe as pessoas que venceram e que hoje tem
sucesso em sua vida pessoal e puacuteblica agraves vezes a violecircncia pode impulsionar
a pessoa a perder a vergonha como tambeacutem retrairrdquo (C109)
A violecircncia eacute um fenocircmeno que deixa marcas ldquomuitas pessoas ficam
traumatizadas quando crescem por causa da violecircncia independente que seja
verbal ou fiacutesicardquo (C70) Os trechos a seguir abordam as diversas
consequecircncias da violecircncia escolar
ldquoA violecircncia escolar estaacute atrapalhando muitos jovens soacute natildeo no Brasil como outros paiacuteses () Muitos jovens no Brasil estatildeo sendo agredidos e o bullying estaacute atrapalhando os seus estudos muitos jovens no Brasil natildeo querem ir agrave escola com medo de ser agredidos pelos alunos no coleacutegio Muitos estatildeo deixando do que queriam ser no futuro pois o bullying estaacute atrapalhando e eles natildeo querem mais voltar ao coleacutegiordquo (C71) ldquoEssas pessoas deveriam abrir os olhos e ver que o que elas estatildeo fazendo estaacute errado e machuca a pessoa agredida tem tambeacutem os que batem na pessoa soacute por que quer bater em algueacutem eu acho que essa violecircncia tem que acabar pois natildeo existe ningueacutem melhor do que ningueacutemrdquo (B37)
Em um episoacutedio relatado um comportamento violento por parte de um
grupo de colegas provocou danos fiacutesicos agrave viacutetima
ldquoJaacute aconteceu um caso aqui no coleacutegio de que um menino ele eacute bem abestalhado e fala coisa que natildeo deve entatildeo se juntaram meninos de uma sala e na saiacuteda da escola espancaram ele e nisso ele jaacute foi pra casa e passou muito mal ai ele foi para o hospital quando chegou laacute tiraram um raio x dele Quando saiu o resultado ele estava cheio de hematomas e correndo risco de morterdquo (A11)
116
5133 Violecircncia e relacionamento
Os relacionamentos tambeacutem satildeo considerados no cenaacuterio da violecircncia
escolar e despontam a partir da indignaccedilatildeo e como elemento de proteccedilatildeo
perante a violecircncia
A reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo da violecircncia entre os estudantes fica evidente a
partir da temaacutetica da amizade que estaacute presente em alguns textos ldquoTodas as
pessoas deveriam pensar no seu amigo () O ser humano tem que ter
consciecircncia do que diz o que debate e o que faz com o seu amigordquo (C66) ldquoA
escola eacute um lugar para se aprender conhecer pessoas e fazer amigos Poreacutem
muitas pessoas natildeo mantecircm uma convivecircncia harmoniosa na escolardquo (B39) A
questatildeo de violecircncia entre amigos estaacute presente no episoacutedio relatado ldquohouve
uma briga em que um amigo meu e tambeacutem meu outro amigo um deu um
murro no outro etcrdquo (C91)
A amizade parece ser traiacuteda por situaccedilotildees de violecircncia ldquoAmigos
colegas muitas vezes satildeo pessoas que vocecirc nunca pensou que te
apelidasserdquo (C63) ldquomas brigas em coleacutegio natildeo satildeo normais quando tem satildeo
incontrolaacuteveis pois os lsquoamigosrsquo aticcedilam a briga mas se ele eacute amigo de verdade
natildeo devia fazerrdquo (C123) e provocam muitas perdas ldquoNatildeo haacute necessidade de
machucar algueacutem mas fazem para se satisfazer ficam felizes se sentem
fortes poderosos Pensam que ganham mas soacute perdem amizades ganham
respeito pelo medo usam a frase Eacute melhor ser temida do que ser amadardquo
(B50)
Parece que a pessoa agredida muitas vezes sente-se sem apoio
mesmo de pessoas com relaccedilotildees de amizade ldquoessas pessoas que sofrem em
117
vez de falarem para seus responsaacuteveis levam o caso a seus amigos e eles
que muitas vezes o envergonham e ateacute deixam eles mais violentados natildeo
apenas com agressotildees fiacutesicas e sim com algumas palavrasrdquo (C119)
Os bons relacionamentos e as relaccedilotildees de amizade parecem ter uma
funccedilatildeo perante a violecircncia na escola como elemento que pode impedir brigas
ldquoAs relaccedilotildees dos alunos uns com os outros eacute boa e diariamente como eu
disse natildeo haacute muitas brigasrdquo (C96) ldquoIsso tem que acabar tem que pensar
duas vezes antes de machucar um amigo ou amiga pois pessoas assim eu
natildeo chamo de amigordquo (C76) e que intensificam o diaacutelogo entre as pessoas
ldquoeu acho que a base de uma amizade e de um bom aprendizado eacute a conversardquo
(C90)
Aleacutem da possibilidade de bons relacionamentos e de amizade na escola
os contatos diaacuterios eacute algo que pode minimizar a violecircncia ldquotambeacutem tenho um
bom relacionamento com meus amigos estudo com eles todos os dias convivo
com elesrdquo (C124) e tambeacutem que pode promover o desenvolvimento de outras
estrateacutegias para o enfrentamento das dificuldades ldquoMas tem pessoas que natildeo
gosto de me relacionar com elas pessoas que agraves vezes natildeo querem o seu
bem faz coisas erradas sem pensar Por ver que natildeo seraacute bom ficar com essa
pessoa me afasto Tenho oacutetimas amizadesrdquo (C124) Entretanto o contato
diaacuterio pode trazer suas dificuldades ldquoNa escola eacute mais difiacutecil pois vemos
nossos agressores todos os diasrdquo (C101)
A intensidade de convivecircncia na escola tambeacutem pode favorecer a
toleracircncia e o respeito agraves diferenccedilas ldquoA vida natildeo eacute faacutecil pois temos que
conviver com os outros pois ningueacutem eacute igual a ningueacutem por isso que tem que
ter respeito pois com violecircncia nada se resolverdquo (C64) ldquoEu acho que a
118
violecircncia na escola eacute muito inconveniente todos deviam respeitar os outros
mesmo sendo diferente () eacute muito importante ser respeitado e respeitarrdquo
(C65) salientando a relaccedilatildeo de igualdade entre as pessoas ldquoAcho que as
pessoas deviam ter respeito com todos pois somos todos iguaisrdquo (C62)
ldquoEntatildeo a gente tem que aceitar todo mundo do jeito que eacute sendo inteligente ou
bagunceiro Todas as pessoas satildeo diferentes entatildeo natildeo podemos ter
preconceito porque a pessoa usa oacuteculos por ser muito grande ou pequeno
demais natildeo devemos tirar onda com essas pessoas porque todo mundo tem
um defeitordquo (C127) ldquoEu acho assim que cada pessoa deveria respeitar os
outros pois ningueacutem eacute mais do que ningueacutem e nem importante do que o outrordquo
(C66)
O surgimento de questotildees relativas agrave empatia tambeacutem demonstra
reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo diante da violecircncia escolar ldquoA violecircncia escolar para
mim eacute um absurdo pois natildeo eacute preciso fazer isso e quem faz isso pense se
queria estar no lugar dessa pessoardquo (C82) ldquoe a pessoa natildeo deve daacute a outra o
que natildeo quer receber porque o que a pessoa planta a pessoa colhe se a
pessoa planta maldade vai colher maldade soacute a infelicidade da outra pessoardquo
(C130) ldquoe natildeo fazer nada do que vocecirc natildeo queria pra vocecircrdquo (C66) Eacute preciso
se colocar no lugar do outro tambeacutem nas situaccedilotildees envolvendo bullying
ldquoBullying natildeo se faz pense no proacuteximordquo (C77)
O relacionamento professor-aluno eacute destacado com algo de relevacircncia
no cenaacuterio da violecircncia escolar ldquoEu tenho um bom relacionamento com minha
professora ela eacute calma nos escutardquo (124) Os estudantes satildeo criacuteticos em
relaccedilatildeo aos relacionamentos inadequados com os professores ldquoHaacute ignoracircncia
natildeo soacute com os professores mas com os colegas de classe Eu acho que um
119
deveria respeitar o proacuteximo porque isso eacute uma falta de respeito muito granderdquo
(C64) ldquoOs alunos natildeo respeitam os professores os professores dizem que eacute
para eles ficarem calados mas continuam falando etcrdquo (C95)
Chama a atenccedilatildeo o fato de numa produccedilatildeo sobre Violecircncia Escolar os
participantes revelarem aspectos fundamentais da relaccedilatildeo professor-aluno E
assim evidenciam questotildees destacadas por Hinde Finkenauer e Auhagen
(2001) de que o pleno entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque no niacutevel
individual pois o curso de um relacionamento tambeacutem depende das
caracteriacutesticas psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos
envolvem caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas
posicionamento quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-
conceito auto-estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre
outras O professor indiviacuteduo adulto diferentemente de crianccedilas e
adolescentes parece ter maiores condiccedilotildees de estar atento a tudo isto diante
do cenaacuterio das relaccedilotildees na escola
Eacute importante cuidar dos relacionamentos na escola ldquoA escola eacute lugar
para estudar fazer novas amizades etcrdquo (C61)
514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar
Eacute veemente o interesse dos estudantes que atitudes de natureza
violenta desapareccedilam do contexto escolar ldquoPrecisamos combater todos os
tipos de violecircncia e preconceitordquo (C81) ldquoo bullying eacute um caso seacuterio e natildeo
podemos deixar isso aumentar nas escolasrdquo (A35) Natildeo obstante haacute o
reconhecimento que eacute algo aacuterduo e que natildeo existem ainda estrateacutegias
eficientes ldquoA violecircncia escolar eacute um mal que precisa acabar poreacutem ningueacutem
120
respondeu a pergunta que gera esse fim Comordquo (B50)
Os estudantes expressam a necessidade de accedilotildees preventivas como
forma de enfrentar a violecircncia na escola ldquoA violecircncia deve ser evitada para o
bem de todos Isso eacute uma forma de parar ou simplesmente diminuir a violecircncia
seja onde forrdquo (A5) ldquoBem a violecircncia jaacute devia ser tratada com maior
responsabilidade e muito mais ainda a violecircncia na escolardquo (C84) ldquoAleacutem de
muita falta de educaccedilatildeo as pessoas deveriam ter um pouco de compreensatildeo
sobre o assunto Violecircnciardquo (C63) As accedilotildees propostas servem para prevenir ou
combater a violecircncia escolar e se datildeo em diferentes planos da sociedade
como na proacutepria escola na famiacutelia ou no Estado Por vezes algumas normas
satildeo propostas como modelo de comportamento ldquoenfim eu acho que o pessoal
tem que ter mais educaccedilatildeo respeitordquo (C129) e outras as medidas existentes
satildeo objeto de criacutetica ldquoos casos sempre vatildeo e voltam da coordenaccedilatildeo do
mesmo jeitordquo (C114)
5141 O Papel da Escola
Sendo a escola o cenaacuterio de situaccedilotildees de violecircncia eacute a ela que os
alunos delegam grande responsabilidade no enfrentamento da violecircncia ldquoEu
acho que os coleacutegios tecircm que dar prioridade para acabar com a violecircncia
escolarrdquo (A30) ldquoIsso deve ser trabalhado nas escolasrdquo (B39) Para alguns a
escola jaacute estaacute cumprindo este papel ldquoNa minha opiniatildeo pelo menos na minha
escola eles vem cuidando muito desse assuntordquo (C107) para outros natildeo eacute o
caso ldquoapesar de ser um absurdo as escolas natildeo fazem nada para que os
alunos se conscientizem que isso eacute muito brusco e cada vez mais perigosordquo
(C119) Por outro lado a dificuldade em resolver eacute bastante relatada ldquoExistem
121
psicoacutelogos nas escolas mas muitas vezes parece natildeo resolver Diretores
chamam os pais para perguntar o que estaacute acontecendo mas infelizmente os
pais natildeo sabemrdquo (A4)
Atribui-se agrave coordenaccedilatildeo a competecircncia para lidar com a violecircncia na
escola no entanto sem sucesso muitas vezes Os relatos abaixo satildeo
esclarecedores dessa interpretaccedilatildeo dos alunos
ldquonesse ano um grupo de alunos se juntaram para bater em um soacute e a briga foi para coordenaccedilatildeo e natildeo fizeram nada soacute reclamaram e ateacute acham normal porque acontece muitordquo (C114) ldquoUma vez um menino ficou aborrecendo o outro durante o ano todo aiacute o menino disse a coordenadora e ela apenas o mandou parar e durante o outro ano todo o menino continuou perturbando o outrordquo (C112) ldquoEu ateacute levei o caso pra coordenaccedilatildeo mas natildeo resolveu nada ela soacute fez falar que era eu que estava fazendo isso e que ele esta revidando mas eu nem falava com a pessoa que fazia essas coisas comigo Entatildeo eu acho que a escola tem que ficar mais alerta com essas coisasrdquo (C97) ldquoAno passado houve um dia que houve uma briga entre dois amigos nossos foi assim um deles chegou e deu um tapa no outro e esse outro deu um murro no primeiro () Eles estavam num cassete arretado o segundo deu um murro que o primeiro foi bater no fim da sala e entatildeo os dois foram para a coordenaccedilatildeo mas natildeo foram suspensosrdquo (C91)
Em alguns relatos a figura do professor como autoridade se sobressai e
os alunos destacam o seu papel em inibir episoacutedios de violecircncia
ldquotoda vez que a professora estaacute na sala eacute um silecircncio que nem parece que o pessoal ta acordado parece que ta dormindo mas eu acho que o que mais falta na escola eacute o respeito porque quando a professora sai da sala eacute uma bagunccedila da bexigardquo(C129) ldquopois os coordenadores os mandaram parar Quando os professores chegavam eles paravam mas quando saiam continuavamrdquo (C89)
122
Os alunos apresentam a forma como entendem a contribuiccedilatildeo de
psicoacutelogos apontado sua relevacircncia dentro da escola tanto em atividades
ligadas agrave prevenccedilatildeo como para o enfrentamento das situaccedilotildees de violecircncia em
atividades coletivas ldquocom as psicoacutelogas entrando nas salas para falar do
assunto principalmente com os alunos que jaacute cometeram violecircncia fazendo
projetos e trabalhos sobre a violecircncia para eles natildeo seguirem este caminho e
ateacute mesmo para os alunos ajudarem uns aos outrosrdquo (A19) ou mesmo
individuais ldquoAs escolas deviam tomar alguma providencia como ter um
momento com um psicoacutelogo unicamente para que o aluno comunicasse tudo o
que ele tem vivido ou sofrido ao vir agrave escolardquo (C107) A contribuiccedilatildeo do
psicoacutelogo natildeo significa a impossibilidade de alguma medida punitiva ldquoNatildeo soacute
punir o agressor com dois ou trecircs dias de suspensatildeo mas com um
acompanhamento psicoloacutegico pois o agressor provavelmente esteja passando
por algo em casardquo (C103) Para os alunos cabe tambeacutem aos pais e
profissionais da escola reconhecer a colaboraccedilatildeo deste profissional ldquopor isso
eu acho que os pais e educadores devem ter cuidado ao lidar com essas
crianccedilas e se necessaacuterio elas devem ter acompanhamento psicoloacutegicordquo (A24)
O preparo ou competecircncia da escola para proporcionar orientaccedilatildeo
visando evitar a violecircncia escolar eacute um problema a ser resolvido Para alguns
a escola estaacute preparada ldquoas escolas jaacute estatildeo preparadas para esse tipo de
atrito tatildeo comum entre os alunos Existem psicoacutelogas e coordenadoras para
exatamente resolver issordquo (A13) mas natildeo eacute assim que pensam todos ldquoAqui na
escola tentam ajudar cada um dos alunos em suas dificuldades natildeo adianta
muito porque natildeo ligam muito mas eacute preciso sim ter um responsaacutevel maior
como um diretor professor pai e matildee psicoacutelogo (a) ou pessoa mais velha que
123
esteja a frente do devido localrdquo (C110) Acontece que ao natildeo ter como resolver
acaba-se comprometendo mais a situaccedilatildeo de violecircncia ldquoporque muitas vezes
os diretores ou outras pessoas natildeo sabem tratar do assunto e acaba piorando
as coisasrdquo (C97) Isto fica bem evidente na situaccedilatildeo descrita por um aluno
ldquoUm dia um amigo meu me disse (que) roubaram cinco reais dele entatildeo quando disse a supervisatildeo do seu coleacutegio o menino pegou trecircs amigos dele e bateu ateacute que foi expulso do coleacutegiordquo (A33)
A accedilatildeo punitiva na escola para controlar a violecircncia fazendo uso de
medidas draacutesticas como a suspensatildeo ou ateacute mesmo a expulsatildeo precisa ser
adotada na percepccedilatildeo dos participantes ldquoEu gostaria que alguns alunos
fossem expulsos pois soacute fazem brigar eacute atrapalhar a aulardquo (A26) ldquoEu acho que
esse tipo de pessoa deveria ser expulso da escola pois podem machucar
gravemente algueacutemrdquo (C89) ldquona minha opiniatildeo isso que fizeram com ele eacute caso
de expulsatildeordquo (A12) De modo oposto alguns alunos parecem natildeo acreditar na
eficaacutecia da puniccedilatildeo ldquoE certamente com a puniccedilatildeo ele faraacute a violecircncia de novo
seraacute punido e faraacute de novo de novordquo (C103) No relato a seguir o aluno faz
consideraccedilotildees desta natureza
ldquoMuitas vezes jaacute presenciei alguns amigos sofrendo violecircncia tanto fiacutesica quanto verbal no coleacutegio que depois natildeo foram devidamente castigados pelo seu erro na maioria das vezes eacute aplicada uma leve puniccedilatildeo e natildeo eacute tratado o lado psicoloacutegico de cada crianccedila dentro do coleacutegio mas com o consentimento dos paisrdquo (A24)
Esta accedilatildeo punitiva contudo deve ser desempenhada com cuidado para
causar injusticcedilas
ldquoDevemos penalizar melhor os alunos e ter muito cuidado para que os alunos natildeo seja penalizado com injusticcedila e devemos lsquoobterrsquo provas em qualquer situaccedilatildeo parecida como testemunha porque tem muita gente que mente muito e natildeo penalizando de forma qualquer o aluno que bagunccedila na sala quebra cadeiras na escola natildeo respeita os professores que agride os seus proacuteprios amigos deve ser expulso do coleacutegio e ter muito cuidado para que nesse caso natildeo
124
haja injusticcedila porque esse aluno ele precisa de ajuda escolar e do responsaacuteveis mais que isso natildeo funcione devemos ter atitudes mais seacuteria sobre esse caso e natildeo eacute mais responsabilidade do coleacutegio porque esse aluno vai continuar e vai prejudicar seriamente os seus colegasrdquo (A16)
As propostas para a escola satildeo bem diversas ldquoOs coleacutegios tecircm que
tomar providecircncias com quem faz essas violecircncias como regras riacutegidas
suspensotildees mas tambeacutem os coleacutegios tecircm que evitar o maacuteximo possiacutevel (que
aconteccedila violecircncia)rdquo (A19) destacando a relevacircncia dos profissionais da
escola ldquomas o bom eacute que noacutes temos os supervisoresrdquo (A33) O diaacutelogo eacute
apresentado como estrateacutegia de combate agrave violecircncia
ldquoEu acho que as pessoas que recebem esse tipo de violecircncia escolar deviam resolver na base da conversa com o agressor ou com a coordenadora e etc Porque a conversa leva ao conviacutevio melhor A violecircncia natildeo resolve nada () Mas natildeo basta apenas uma ou duas pessoas pensarem assim todos teriam que pensar que a conversa eacute muito melhor do que a violecircncia porque a violecircncia natildeo leva a nadardquo (C90)
A conversa e o diaacutelogo com base numa relaccedilatildeo de confianccedila aparecem
como uma boa estrateacutegia para combater as situaccedilotildees de bullying ldquoo bullying
pode ser resolvido de muitas maneiras como conversar mostrar o mal que o
Bullying causa as viacutetimas e etcrdquo (B48) ldquoe como podemos acabar com isso
Conversando com colegas com professores para acabar com essa agressatildeo
que eacute muito ruim para quem estaacute sendo agredidordquo (B42) Inversamente haacute
aqueles que defendem estrateacutegias com base na retaliaccedilatildeo ldquoPra mim os alunos
que fazem essas violecircncias todos os dias (bullying) devem receber em troca
claro que em todas as escolas eles satildeo suspensos expulsos mas voltaram a
fazer novamente Isso eacute um caso constrangedorrdquo (C124)
Os alunos apresentam alternativas para resolver o problema sugerem
estrateacutegias envolvendo puniccedilatildeo relacionada com a nota ldquona maioria das vezes
125
os coordenadores ligam para os pais mas isso natildeo resolve nada o certo seria
dar alguma puniccedilatildeo que o aluno parasse mesmo de perturbar o outro () o
que faria ele parar eacute dizer que ele teria algum ponto a menos na notardquo (C112)
ou envolvendo pessoas que poderiam colaborar ldquoA violecircncia escolar deveria
ser controlada e punida os alunos que se metessem na violecircncia fossem para
a diretoria e que tivesse um estagiaacuterio(a) nas salas de aula para controlar essa
violecircncia enquanto o professor saiacutesse por um momento e que os agressores
fossem tirados de salardquo (C87) Eacute interessante que os alunos compreendem a
finalidade dos atos de indisciplina e sugerem estrateacutegias inovadoras como
pode ser visto no trecho abaixo
ldquoPoreacutem noacutes poderiacuteamos nos ver livres de tal ato tatildeo brutal se houvessem algumas puniccedilotildees mais severas uma providecircncia que atualmente eacute tomada eacute suspensatildeo temporaacuteria do autor do ldquocrimerdquo eu natildeo acho que eacute uma boa providecircncia pois em grande parte dos alunos que praticam esses atos querem sair da escola Essa puniccedilatildeo seria dar a ele o que queria Eu acho e tenho quase certeza de que se as puniccedilotildees fossem de ficar mais na escola fazendo algumas atividades mais alunos parariam de praticar e ainda melhor menos pessoas sofreriam por estes atosrdquo (B40)
Famiacutelia e escola devem interagir ldquoeacute um assunto cuidadoso que precisa
de maacutexima atenccedilatildeo dos pais e educadoresrdquo (A24) ldquoNa minha escola nem
todos os dias tecircm essas brigas noacutes temos psicoacutelogos professores que lsquonoacutesrsquo
falam o que devem fazer mas eu acho que nem isso muda o comportamento
dos alunos acho tambeacutem que isso deveraacute ser cuidado em casa por seus paisrdquo
(C124)
Mesmo compreendendo que existem limites da escola no enfrentamento
da violecircncia o seu papel eacute referenciado ldquonatildeo tem como combater
completamente mas todos os coleacutegios jaacute estatildeo alertando e instruindo os
126
alunos sobre issordquo (A13) A escola precisa de um suporte maior para enfrentar
a situaccedilatildeo ldquoeu particularmente acho que de uma maneira ou de outra os
oacutergatildeos escolares brasileiros precisam combater de vez o bullyingrdquo (C88)
Sabe-se da dificuldade entretanto para os alunos enfrentar a violecircncia
na escola natildeo eacute impossiacutevel Os trechos a seguir evidenciam a esperanccedila que
os estudantes ainda alimentam em relaccedilatildeo ao papel da escola
ldquoQuando o agressor pratica o ato que eacute agredir o colega eacute muito difiacutecil reverter esse problema mas natildeo impossiacutevel Sinto que aqui no coleacutegio haacute sim esta dificuldade mas como disse natildeo eacute impossiacutevel pois com ajuda de vaacuterios profissionais e principalmente da famiacutelia assim podemos colocar em extinccedilatildeo este bicho cruel que eacute o bullyingrdquo (C99)
ldquoQueria poder achar uma maneira de acabar com isso mas pelo visto soacute daacute tentando conscientizar as pessoas que vivem na escola Se tudo fosse feito na paz na harmonia com solidariedade todo mundo aproveitaria e viveriacuteamos num mundo bem melhorrdquo (B36)
5142 O Papel do Estado
Aleacutem da escola e da famiacutelia cabe ao Estado controlar a questatildeo da
violecircncia escolar Neste caso a accedilatildeo do Estado eacute legislativa com penas
rigorosas ldquodeveria criar-se uma lei em que proibisse essa briga ou ateacute pena de
prisatildeordquo (A17) ou atuando de forma indireta como tornar obrigatoacuterio a presenccedila
de psicoacutelogos no sistema escolar em funccedilatildeo da violecircncia ldquopor causa dessa
violecircncia o governo (deveria) pensar em uma lei que seja obrigatoacuterio um
psicoacutelogo em cada escolardquo (A21) ldquodeviam investir melhor na educaccedilatildeo (eacute o
que acho e penso)rdquo (B44) Finalmente caberia ao governo federal controlar a
violecircncia escolar tendo em vista afastar o medo do contexto escolar
ldquoAcho que o governo brasileiro deveria tomar providencias em relaccedilatildeo a isso para as matildees natildeo terem medo de deixar seus filhos na escola ou os filhos natildeo ficarem com medo da escolardquo (A22)
127
Os estudantes recorrem ao dispositivo legal existente que trata sobre a
proteccedilatildeo integral agrave crianccedila e ao adolescente como possibilidade de eficiecircncia
no enfrentamento da violecircncia
ldquoEu acho tambeacutem que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente deveria ajudar a respeito disso Eles natildeo ajudam e agraves vezes soacute atrapalham com suas leis mal feitas Se eu fosse presidente ou diretor desse Estatuto eu pegaria pesado com os alunos que satildeo lsquobullyrsquo Eu faria com que qualquer coleacutegio pudesse expulsar alunos na 1ordf oportunidade que tivessemrdquo (A30)
5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes
O combate e a superaccedilatildeo da violecircncia escolar natildeo devem resultar
apenas da accedilatildeo da escola da famiacutelia e do Estado Haacute o reconhecimento da
importacircncia e de um papel a cumprir por parte dos proacuteprios participantes como
indiviacuteduos e sociedade ldquovamos evitar essas brincadeiras de mau-gosto Vamos
tentar acabar com essa realidaderdquo (A15) ldquoE isso eacute uma coisa grave que deve
ser tratado mas eacute algo que depende de cada um por isso eacute necessaacuterio que
esse assunto seja esclarecido para todos os alunosrdquo (C79)
Para alguns estrateacutegias simples como anunciar os prejuiacutezos da
violecircncia como demonstraccedilatildeo de intoleracircncia com tais atos parecem
suficientes ldquoAcho que devemos combater esta violecircncia escolar e quando
nossos amigos forem fazer algum tipo de violecircncia noacutes natildeo podemos permitir
devemos falar para ele e para as pessoas que isto estaacutersquo errado entatildeo acho que
eacute isso vamos combater a violecircncia escolarrdquo (A14) ldquoisso tem que acabar pois
todos tecircm que falar para natildeo ser agredido pense nisto e ajude os outrosrdquo
(C80) ou ateacute mesmo um simples conselho ldquonatildeo faccedila isso eacute uma coisa muito
erradardquo (B49)
128
Os alunos destacam como essencial a confianccedila em algueacutem para que a
violecircncia seja revelada ldquose acontecesse comigo o que eu faria Acho que
falaria a algueacutem mais velho com mais experiecircnciardquo (C118) Recomendam os
pais como pessoas mais indicadas mas natildeo as uacutenicas ldquoO ideal seria que os
agredidos contassem aos pais se se sentirem preparados Mas se achar que
os pais natildeo iratildeo ajudar contar a algueacutem que possardquo (B52) ldquoEu acho que se
cada pessoa que estivesse sofrendo este caso devia tirar todos os seus
medos e contar para seus pais para um psicoacutelogo para que eles venham
tomar alguma decisatildeordquo (C107) As pessoas da escola tambeacutem satildeo apontadas
como possibilidades ldquoPor isso se sofremos esses tipos de violecircncia acho que
deveriacuteamos comunicar as pessoas responsaacuteveis da escolardquo (A25)
Esta parece ser um dos aspectos que tem maior poder de realmente
transformar as relaccedilotildees na escola No entanto soacute seraacute possiacutevel com
modificaccedilotildees na forma de lidar com as situaccedilotildees de violecircncia
Mesmo que os alunos reconheccedilam a necessidade de uma relaccedilatildeo de
confianccedila com pessoas da proacutepria escola os estudos de Abramovay (2005)
mostram que o que prevalece eacute o oposto Segundo os dados da pesquisa
sobre violecircncia na escola ocorre muito descreacutedito dos jovens em relaccedilatildeo agraves
autoridades da escola como os diretores e professores Aproximadamente 11
dos alunos procuram um professor quanto tecircm um problema na escola e cerca
11 fazem o mesmo com o diretor mostrando um baixo grau de confianccedila nas
autoridades escolares Chama a atenccedilatildeo que essas proporccedilotildees satildeo mais
baixas do que a dos alunos que afirmam que natildeo contam para ningueacutem os
problemas que ocorrem na escola (14)
O final da violecircncia eacute visto como resultado da accedilatildeo dos proacuteprios
129
estudantes podendo agir sem recorrer agrave violecircncia ldquotemos que arrumar uma
soluccedilatildeo vamos ter carinho e amor ao proacuteximo Para reverter essas situaccedilotildees
que ocorrem nas escolasrdquo (A9) Parece haver intoleracircncia agraves atitudes
agressivas ldquonatildeo eacute a partir de uma agressatildeo que vocecirc vai ficar mais forte mais
bonito mais duratildeo mais inteligente eacute atraveacutes das atitudes que tomamos no
nosso dia a diardquo (C120) Os trechos a seguir evidenciam a necessidade de se
prescindir ao uso da violecircncia
ldquoacho que devemos pensar antes de agir e manter o diaacutelogo com os colegas natildeo partir para a briga e se com o diaacutelogo natildeo resolver temos que comunicar se for no coleacutegio agrave direccedilatildeo agrave coordenaccedilatildeo e se natildeo for no coleacutegio comunicarmos aos paisrdquo (C74) ldquoEu acho isso um absurdo por que natildeo conversam em vez de partirem para a briga () isso poderia ser evitado se as pessoas que praticam essa violecircncia se conscientizassem de que para resolver qualquer coisa natildeo precisa partir para a agressatildeo basta apenas conversarrdquo (C120)
Possibilidades de enfrentamento da violecircncia satildeo apontadas por Silva
(1997) com base na relaccedilatildeo de respeito entre as pessoas
Outra medida apresentada como estrateacutegia eficiente eacute agir com
indiferenccedila quando alvo de agressatildeo ldquoMuita gente laacute da sala natildeo gosta de
mim agora eu natildeo penso assim soacute porque o outro natildeo gosta de mim que eu
tambeacutem vou ter que odiar eu faccedilo de conta que nem ouvi e soacuterdquo (C105) no
entanto reconhece-se que nem sempre eacute faacutecil ldquoQuando as pessoas falam de
mim eu simplesmente natildeo ligo para o que falam pois minha matildee me deu
educaccedilatildeo Muitas vezes eacute chato sabe natildeo poder revidar do mesmo jeito que a
pessoa fez comigo chamando ela tambeacutem de alguma coisa ruim ou agredindo
elardquo (C110)
O cuidado com o proacuteximo surge a partir de orientaccedilotildees para se
130
colocarem no lugar do outro ldquoEntatildeo eacute isto antes de vocecirc falar algo com
algueacutem mesmo que seja para seus amigos acharem engraccedilado se coloca no
lugar do outrordquo (A23) ldquoE nunca praticar a violecircncia e natildeo adianta ficar
machucando os outros fisicamente ou verbalmente porque natildeo gostariacuteamos
que acontecesse com noacutes natildeo eacute mesmordquo (A25) No relato a seguir esta foi a
orientaccedilatildeo dada tendo sido considerada exitosa
ldquoBem teve um caso que aconteceu com um amigo meu que eu natildeo achei que foi uma coisa muito grave e que ningueacutem quer que aconteccedila com vocecirc Foi haacute algum tempo meu amigo tinha acabado de entrar na nossa sala jaacute por causa que todo mundo batia nele entatildeo ele mudou de sala e foi para a nossa Logo quando ele entrou ficavam tirando onda com ele xingando batendo etc Teve uma vez que bateram tanto nele que o nariz dele comeccedilou a sangrar a boca dele tambeacutem e ficou muito inchada depois disso a supervisatildeo veio falar conosco e dizer que era errado e que ningueacutem fizesse para o outro o que natildeo quiser que faccedila com si mesmo entatildeo todos pararam de agredir ele e agora o coleacutegio todo conhece elerdquo (A32)
Os alunos parecem admitir certo sentimento de impotecircncia diante da
violecircncia escolar mas asseveram a necessidade de agir ldquona minha escola
houve poucos casos de violecircncia fiacutesica mas a verbal eu vejo todos os dias e
penso que natildeo posso fazer nada apesar de que quando me agridem
verbalmente eu agrido de voltardquo (C101) A escalada da violecircncia parece ser
parte inerente da violecircncia na escola Mesmo estudantes que se dizem
contraacuterios agrave violecircncia admitem a necessidade de se defender ldquoEu nunca faria
uma coisa dessas nem fiz e nem vou fazer (mas eacute claro eu tenho que me
defender)rdquo (A12)
Existem atitudes preventivas que podem proteger ldquotento tomar cuidado
e principalmente natildeo andar com pessoas ruins mas nesse mundo de hoje
pode tudo tem gente boa presa gente ruim soltardquo (C118)
As diferentes formas de proceder na direccedilatildeo de diminuir a violecircncia na
131
escola incluem accedilotildees orientadas por princiacutepios eacuteticos ou normas de
comportamento com base no respeito
ldquoNa minha opiniatildeo todos os alunos devem tratar os outros da mesma forma que querem ser tratados natildeo devem faltar o respeito com nenhum dos seus colegas Respeito eacute uma coisa muito importante para todos e eacute uma coisa que aprende em casardquo (A7)
Ao mesmo tempo em que tambeacutem surgem orientaccedilotildees no sentido de
maior toleracircncia com as pessoas como eacute recomendado no texto a seguir
ldquopense em vocecirc antes de maltratar ao proacuteximo perdoe todo mundo erra e merece mais de uma chance devemos aceitar o jeito que o outro eacute mesmo gostando dele ou natildeo respeite ao proacuteximo e todos agradecemos todo mundo tem seu jeito de ser de pensar de agir e de falarrdquo (C77)
A partir das diversas contribuiccedilotildees suscitadas percebe-se que os
estudantes natildeo estatildeo indiferentes agrave violecircncia escolar e que existe empenho
para seu enfrentamento e combate
ldquoMas natildeo soacute os diretores e professores devem se importar procurar um especialista para tratar o agressor junto com a famiacutelia do mesmo Mas para que tudo isso possa acontecer as nossas autoridades tem que agir tambeacutem poderia sugerir uma certa parceria entre agressor escola autoridades famiacutelia Uma espeacutecie de ciclo entre todos para a ajuda de um indiviacuteduo para que ele possa mudar agora e ser um cidadatildeo de bem no futuro isso soacute depende de noacutesrdquo (C103)
515 Relatos de Violecircncia Escolar
Muitos estudantes incluem em seus textos relatos de episoacutedios de
violecircncia na escola Haacute relatos de algo que testemunharam ou que tomaram
conhecimento mesmo sem ter presenciado Alguns relatos se referem a
situaccedilotildees que o estudante esteve envolvido de forma mais direta e em sua
quase totalidade este envolvimento ocorreu como alvo de violecircncia sendo uns
132
mais especiacuteficos para situaccedilatildeo de bullying Eacute possiacutevel identificar atraveacutes dos
relatos diversos temas considerados ao longo desta anaacutelise
Quando os estudantes relatam episoacutedios de violecircncia na escola
ratificam que a violecircncia eacute algo que faz parte do seu cotidiano Muitas vezes os
alunos confirmam a existecircncia destas situaccedilotildees na sua proacutepria escola ldquono meu
coleacutegio tem Muitos alunos fazem brigas e etc Mas por motivos bestas Eu
devo citar que meu coleacutegio jaacute foi palco da violecircncia escolar Houve casos de
uma simples tapa na cara a alunos com facas canivetes cortando os outrosrdquo
(A30) Depoimentos de alunos viacutetimas de bullying tambeacutem estatildeo presentes ldquoEu
jaacute sofri bullying e sei quanto isso eacute ruim mas natildeo fisicamente e sim mental
agora diminuiu muitordquo (C97)
Haacute relatos que satildeo mais detalhados e fornecem informaccedilotildees relevantes
Eacute possiacutevel perceber atraveacutes do relato a seguir a indignaccedilatildeo com a situaccedilatildeo de
violecircncia Uma provocaccedilatildeo inicial gera uma agressatildeo mais grave confirmando
a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e fiacutesica
ldquoVou contar de um caso recente que aconteceu no meu coleacutegio Tinham alguns meninos rindo lsquoda cararsquo de outro menino esse menino tinha levado um canivete com uma faquinha nele entatildeo ele ameaccedilou-o (um deles) com a faquinha o menino para tirar a faca de junto deu um empurratildeo na matildeo do menino resultado ele cortou a matildeo Nesse caso o garoto soacute foi se defender com a matildeo mas ele antes tinha provocado mas esse natildeo sendo motivo para o outro menino levar um canivete pro coleacutegio (claro que natildeo) Com esse exemplo pode-se aprender que violecircncia gera violecircncia e violecircncia que eu digo natildeo eacute apenas fisicamente eacute verbal tambeacutem as vezes verbalmente vocecirc agride mais do que fisicamenterdquo (A27)
A participaccedilatildeo de um grupo de alunos contra um uacutenico aluno eacute descrita a
neste episoacutedio violento testemunhado e relatado A covardia dos agressores
estaacute presente
ldquoAteacute jaacute presenciei uma grande e terriacutevel violecircncia com meu colega de
133
classe quando estava na hora do recreio ele sentou em um banco comendo seu lanche sem perturbar ningueacutem entatildeo chegou um grupo de meninos que jaacute haviam implicado com ele e entatildeo jogaram uma coisa rsquonatildeo identificadarsquo no chatildeo e pediram para ele pegar como ele era muito inofensivo ao abaixar esse grupo de meninos se jogou por cima dele lhe machucandordquo (B43)
Um aluno descreveu detalhadamente situaccedilotildees de violecircncia sofrida
onde estatildeo evidentes diversos temas contemplados pelos demais alunos nas
suas produccedilotildees
ldquoNa minha escola que estou estudando jaacute fiz muitas amizades e nunca mais sofri qualquer agressatildeo Mis na minha escola antiga era difiacutecil fazer amizades e eu era alvo de bullying Num dia um garoto me chamou para falar com o professor pois ele estava me chamando e quando cheguei no local que esse garoto disse que o professor estava fui brutalmente agredido por muitos garotos e depois algumas amigas minhas me tiraram da li Havia um garoto que me batia muito e quando ele saiu da escola acharam que eu tinha dito que ele saiu revoltado jogaram minhas coisas fora e o armaacuterio foi quebrado e quando fui falar para a diretora me empurraram jogaram areia em mim e correram para falar com ela e inventaram que eu tinha feito alguma coisa Enfim nessa minha escola antiga fui alvo de gozaccedilatildeo sendo muitas vezes agredido e me senti peacutessimo a uacutenica situaccedilatildeo que achei foi sair da escola Jaacute colocaram um chuveiro (que tinha sido retirado para consertar) e colocaram na minha bolsa me acusando de ter roubado sorte que uma matildee viu e me inocentou Foi uma fase horriacutevel da minha vida e nunca mais quero lembrar Agora estou feliz no meu novo coleacutegio com muitos amigosrdquo (B46)
Percebe-se destaque para a questatildeo da amizade eacute esta temaacutetica que
abre e que finaliza o relato Haacute relaccedilatildeo entre dificuldades com amigos e ser
alvo de bullying indicando a amizade como fator de proteccedilatildeo A participaccedilatildeo
da escola no enfrentamento da violecircncia eacute referendada como ineficaz e ateacute
mesmo comprometedora Por sua vez sinaliza a possibilidade de superaccedilatildeo
apesar de evidenciar que o envolvimento em violecircncia escolar eacute algo
traumatizante
O proacuteximo relato tambeacutem descreve uma situaccedilatildeo envolvendo a temaacutetica
da amizade mais especificamente abordando perdas na amizade devido agrave
134
violecircncia
ldquoUm dia de manhatilde estava ocorrendo tudo bem quando aconteceu algo traacutegico com um aluno da minha ex-escola ele foi agredido violentamente por seu melhor amigo e isso comoveu toda a escola fazendo com que vaacuterias pessoas tambeacutem entrasse na briga vaacuterias pessoas que tentaram ajudar acabaram machucadas gravemente e as que natildeo queriam brigas ou natildeo tinham nada a ver com a histoacuteria acabaram tambeacutem com um resultado nada bom ateacute professores e fiscais tentaram apartar a briga mas natildeo conseguiram todos viam naquele momento pessoas machucadas crianccedilas chorando aquilo para todos era uma guerra de inimigos quem conseguiu acabar mesmo foi a poliacutecia e alguns seguranccedilas naquele momento foi um aliacutevio para todos e a raiva ainda continuava eles foram expulsos e ningueacutem nunca mais viu aqueles ex-amigos (A29)
Novamente a escola aparece como ineficaz ao lidar com a violecircncia
fazendo uso de estrateacutegia punitiva e excludente e ainda delegando agrave poliacutecia a
accedilatildeo para enfrentar a violecircncia
O relato abaixo trata de violecircncia em ambiente virtual
ldquoHouve um caso aqui no coleacutegio que envolveu ateacute professores Foi que na nossa sala noacutes criamos um blog da turma que servia pra gente botar fotos lembrar de provas e conversar entre noacutes Soacute que certo dia quando abrimos o blog estava cheio de comentaacuterios horriacuteveis nas fotos do tipo larga esse veado e vai dar o c R (proacuteprio nome) (esse foi com a minha foto) entatildeo os diretores do coleacutegio ficaram sabendo e entatildeo os teacutecnicos do coleacutegio de informaacutetica ameaccedilaram descobrir quem foi entatildeo a minha colega de sala se entregou foi o passe para todo mundo partir pra cima dela mas entatildeo ela disse que soacute fez isso pois estava com raiva de turma e pediu desculpas a todosrdquo (B45)
Neste relato a tecnologia eacute apontada como estrateacutegia tanto para
executar agressotildees mas tambeacutem para revelar detalhes da agressatildeo Neste
caso percebe-se que a escola enfrentou a situaccedilatildeo buscando internamente
estrateacutegias para solucionar o desconforto causado e conseguindo obter
sucesso entre os alunos
O depoimento a seguir apresenta vaacuterios aspectos abordados na anaacutelise
135
do conjunto dos textos
ldquoNa escola soacute algumas violecircncias como aconteceu com um amigo meu que mais de 10 alunos bateram nele e tambeacutem haacute ameaccedilas feitas por parte de alunos da proacutepria sala e de serie mais elevada Agraves vezes haacute brigas na sala antes do professor chegar Haacute muita violecircncia verbal dentro da sala de aula natildeo tem respeito ao proacuteximo em horaacuterio de aula haacute ateacute desrespeito com o professor No recreio jaacute houve muitas brigas de sair com o braccedilo quebrado e lutas se me permitem desiguais de um menino da 8ordf contra um da 4ordf e muitos incentivam a briga sem nem tentar apartar Poreacutem natildeo satildeo todos os alunos satildeo a maioria mas natildeo satildeo todos na minha sala satildeo 40 aluno se 15 prestarem atenccedilatildeo eacute muito entatildeo na minha escola haacute muita violecircncia que a supervisatildeo natildeo interfererdquo (A26)
Aparece a relaccedilatildeo desigual entre agressores e viacutetimas e agressatildeo
realizada por um grupo de alunos a sala de aula surge como cenaacuterio de
violecircncia na ausecircncia do professor como tambeacutem situaccedilotildees onde o professor
natildeo eacute respeitado como autoridade O uso de agressatildeo verbal eacute evidente como
tambeacutem a influecircncia da plateacuteia podendo a agressatildeo chegar a ser fiacutesica e com
danos graves A ineficiecircncia da escola mais uma vez eacute apontada e ainda haacute
referecircncia ao desinteresse nas aulas como origem da violecircncia
O relato abaixo parece apontar para a agressatildeo por parte de mais de um
individuo Haacute menccedilatildeo de agressatildeo verbal e interferecircncia da famiacutelia com uma
possiacutevel reaccedilatildeo por parte da viacutetima O relato tambeacutem parece indicar um
sentimento de rancor e possivelmente vinganccedila sugerindo uma possiacutevel
continuidade do comportamento agressivo
ldquoeu pessoalmente jaacute sofri bullying por trecircs alunos Eles viviam me xingando mas natildeo era soacute comigo era com toda a sala entatildeo minha matildee me disse que eu tenho que me impor ela disse entatildeo pensei muito nisso entatildeo eu mudei e fiz com que todos os alunos da sala se impusessem tambeacutem entatildeo esses trecircs alunos mudaram de sala mas eles tinham mesmo eacute que ser expulsos mas esses tipos de aluno soacute se sentem mais fortes quando eles tecircm uma pessoa mais fraca para dizer que eacute melhor mas o conselho que eu dou para vocecircs eacute de que nunca fraquejemrdquo (A17)
136
Alguns apresentam relato de testemunha e em seguida assumem jaacute ter
sido alvo ldquoEu acho isso uma coisa horriacutevel eu jaacute vi vaacuterios casos assim como o
que um menino pegou um estilete e quase cortou o pescoccedilo do outro sorte
que ele desviou e correu () Passou um dia em Ana Maria Braga um caso
horriacutevel que a menina saiu toda cortada e eu penso como vai ser isso no futuro
eu mesmo jaacute sofri isso minha matildee ficou loucardquo (C116)
Haacute declaraccedilotildees que indicam nenhum envolvimento em situaccedilatildeo de
violecircncia ldquoIsso nunca aconteceu comigo e nem com nenhum amigo(a) meu eu
natildeo tenho medo mas tambeacutem natildeo sei como eacute muita gente me procura pra
pedir conselho mas eu natildeo sei nada sobre issordquo (C118)
Apenas um participante apresenta relato de envolvimento como autor de
violecircncia na escola como evidente no relato abaixo
ldquoEu acho muito popular violecircncia na escola () encontro de patota rival ou por time Vou mandar um exemplo meu time eacute Sport e teve uma vez logo no primeiro ano que eu entrei no C(nome da escola) e comecei a andar com os boys e soacute tinha rubro-negro (torcedores do time citado) e teve uma vez que noacutes iriacuteamos para um passeio e teve um boy que estava com um quepe da Inferno Coral (torcida organizada do time adversaacuterio) e eu e os meninos estava becado (giacuteria para quem anda na moda)
da Jovem (torcida organizada do Sport) E o boy quando passou pela gente a gente de um pau nele e tomou o quepe dele e rasgou todinho Isso faz parte da violecircncia escolar Outro exemplo eacute o apelido que tem gente que estila e jaacute parte para a briga e quando a pessoa estaacute com muita raiva para de bater soacute matando ou tem que separarrdquo (C115)
Haacute relatos que natildeo estaacute claro como o aluno compreende a violecircncia
escolar aparentemente identificando como violecircncia atos de indisciplina
Explicaccedilotildees acrescentadas para tornar o relato compreensiacutevel
137
ldquoNa escola vemos vaacuterios acontecimentos como por exemplo hoje mesmo um menino estava jogando futebol no corredor da escola e quando foi chutar a tampa o sapato soltou do seu peacute e atingiu a lacircmpadardquo (C84)
ldquoEste ano apoacutes o recreio um menino tinha uma bola pequena parecia de handball e estavam jogando na escola ele e mais trecircs meninos Estavam brincando do doidinho quando jogaram bateu nas costas de um menino e bateu na lacircmpada e a quebrou por pouco que a lacircmpada natildeo caia em uma menina e o pior eacute que eles sabiam que natildeo podia jogar bola na sala e natildeo estavam nem aiacuterdquo (C89)
52 Anaacutelise dos Questionaacuterios
As respostas dos questionaacuterios foram tabuladas por meio do SPSS
(Social Package for the Social Science) e para efeito de anaacutelise e tratamento
estatiacutestico dos dados foram utilizados diversos procedimentos e anaacutelises
disponiacuteveis neste programa Inicialmente os dados estatildeo apresentados por
meio de estatiacutesticas descritivas em seguida foram aplicados procedimentos
para anaacutelise fatorial e por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os
aspectos investigados
Inicialmente apresentamos as anaacutelises referentes ao relacionamento
interpessoal entre os pares considerando as respostas dadas agraves questotildees da
primeira parte do questionaacuterio Posteriormente satildeo expostas as anaacutelises
referentes ao relacionamento com os professores exibindo de iniacutecio os dados
referentes ao professor com quem o participante considerava ter Bom
Relacionamento para em seguida apresentar os dados referentes ao professor
com quem o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil
138
521 Relacionamento Interpessoal com Pares
A primeira parte do questionaacuterio eacute referente ao relacionamento dos
alunos com seus pares investigando o envolvimento em situaccedilotildees de
agressatildeo assim como a frequumlecircncia deste envolvimento As questotildees abordam
diferentes formas como se daacute o envolvimento ndash como autoragressor
alvoviacutetima ou espectadortestemunha e tambeacutem os diferentes tipos de
agressatildeo fiacutesica verbal provocaccedilatildeo e exclusatildeo As respostas a todas as
questotildees do questionaacuterio considerava a ocorrecircncia e a frequecircncia de
determinado fato ao longo do ano letivo com as seguintes possibilidades de
resposta Natildeo nenhuma vez Sim apenas uma vez Sim poucas vezes (ateacute
quatro vezes ao longo do ano em curso) Sim algumas vezes (todo mecircs com
ateacute duas vezes por mecircs) Sim com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda
semana) Nesta anaacutelise consideramos Nenhum envolvimento as respostas
Natildeo nenhuma vez e Sim apenas uma vez e Maior Envolvimento as demais
respostas Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com frequumlecircncia8
Analisando os valores referentes a Nenhum Envolvimento em situaccedilotildees
de agressatildeo na Tabela 1 percebe-se um decreacutescimo dos valores da situaccedilatildeo
de autoragressor para a de alvoviacutetima e desta para a de
espectadortestemunha nos diferentes tipos de agressatildeo ndash Agressatildeo Fiacutesica
847 815 e 508 Agressatildeo Verbal 533 379 e 266 Provocaccedilatildeo
629 589 339 Exclusatildeo 919 847 e 468 Consequentemente
ocorre um crescimento nos valores referentes a Maior Envolvimento da
8 O percentual de respostas para cada uma das possibilidades de envolvimento nas diferentes formas de
agressatildeo encontra-se em anexo (Anexo 5)
139
situaccedilatildeo de autoragressor para de espectadortestemunha da mesma forma
nos diferentes tipos de agressatildeo
Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas de agressatildeo no relacionamento
entre os pares Nenhum envolvimento
1 Maior envolvimento
2
Autor Alvo Testemunha Autor Alvo Testemunha
Agressatildeo fiacutesica 847 815 508 153 186 491
Agressatildeo verbal 533 379 266 459 621 729
Provocaccedilatildeo 629 589 339 362 412 654
Exclusatildeo 919 847 468 72 153 524 1 Consideramos Nenhum Envolvimento as respostas Nenhuma vez e Apenas uma vez 2 Consideramos Maior Envolvimento as respostas indicando maior frequecircncia Poucas vezes (ateacute quatro vezes ao longo do
ano em curso) Algumas vezes (todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs) Com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana)
Os alunos natildeo se apresentam como autores de agressotildees entretanto
percebe-se um nuacutemero maior de alunos que se envolve como alvo e como
testemunha sendo maior o nuacutemero de alunos que se apresentam como
testemunhas do que como alvos de agressotildees Estes dados sinalizam que
ainda impera o medo de revelar a situaccedilatildeo de agressatildeo e consequentemente
de bullying atraveacutes da negativa em se identificar como Autoragressor ou como
Alvoviacutetima No entanto tais situaccedilotildees podem ser reveladas atraveacutes da
declaraccedilatildeo de jaacute ter presenciado podendo se identificar tendo envolvimento na
situaccedilatildeo de espectadortestemunha
Um outro dado a ser destacado eacute em relaccedilatildeo agraves Agressotildees Verbais e
Provocaccedilotildees Na situaccedilatildeo de Maior Envolvimento nos diferentes tipos de
envolvimento como Autor Alvo ou Testemunha o maior percentual eacute sempre
das Agressotildees Verbais seguidas das Provocaccedilotildees Inversamente na situaccedilatildeo
de Nenhum Envolvimento os menores percentuais satildeo das Agressotildees Verbais
seguidas das Provocaccedilotildees nas trecircs possibilidades de envolvimento ndash Autor
Alvo e Testemunha como pode ser visualizado na Tabela 1
140
Um destaque deve ser dado em relaccedilatildeo agraves testemunhas de agressatildeo
verbal pois o maior percetual neste tipo de agressatildeo (29) indica que os
alunos presenciam com frequecircncia (toda semana ou quase toda semana)
agressotildees verbais (Anexo 5)
Estes dados confirmam que situaccedilotildees de agressatildeo na escola
perpetradas atraveacutes de bullying eacute algo presente no cotidiano dos estudantes
como tambeacutem foi revelado pelos participantes atraveacutes da produccedilatildeo escrita E a
alta frequecircncia de agressotildees verbais e provocaccedilotildees como as estrateacutegias mais
comumente utilizada para agredir colegas igualmente confirma o destaque
desta forma de agressatildeo apontado nas redaccedilotildees
Os dados referentes ao relacionamento interpessoal com os pares foram
submetidos agrave tratamentos estatiacutesticos Inicialmente procedeu-se a uma anaacutelise
da adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A Medida de
Adequaccedilatildeo da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi de 0697 indicando
que os dados podem ser considerados como razoaacuteveis para a realizaccedilatildeo da
anaacutelise fatorial Aleacutem disso o Teste de Esfericidade de Bartlett mostrou que a
matriz de correlaccedilotildees entre os itens foi significativamente diferente de uma
matriz identidade indicando haver correlaccedilotildees suficientes para a realizaccedilatildeo da
anaacutelise (χ2=4061 gl=66 p=0001) A partir disso efetuou-se a primeira anaacutelise
fatorial que resultou em uma estrutura com quatro fatores capazes de explicar
641 da variacircncia total Poreacutem o uacuteltimo fator foi formado por apenas dois
itens referentes agrave agressatildeo por exclusatildeo mas com baixiacutessimo iacutendice de
consistecircncia interna (α=0256) Por isso esses dois itens foram eliminados e
uma nova anaacutelise foi realizada
141
Esta nova anaacutelise apresentou KMO igual a 0725 e Teste de
Esfericidade de Bartlett estatisticamente significativo (χ2=3600 gl=45
p=0001) A estrutura fatorial final ficou com trecircs fatores A Tabela 2 apresenta
as cargas fatoriais as estatiacutesticas descritivas e os Coeficientes Alfa de
Cronbach dos fatores O primeiro fator (F1) descreve situaccedilotildees de testemunho
de agressotildees com cargas fatoriais que vatildeo de 0703 a 0929 e com uma
consistecircncia interna de 075 o segundo fator (F2) descreve situaccedilotildees
envolvendo vitimizaccedilatildeo com cargas fatoriais variando de 0593 a 0793 e com
uma consistecircncia interna de 078 e o terceiro fator (F3) descreve situaccedilotildees de
execuccedilatildeo de agressatildeo com cargas fatoriais que vatildeo de 0619 a 0848 e
consistecircncia interna de 0822 Os iacutendices de consistecircncia interna para os trecircs
fatores mostram que as diferenccedilas entre os participantes podem ser atribuiacutedas
a diferenccedilas verdadeiras naquilo que os fatores avaliam e natildeo a erros de
medida (Pasquali 2003)
Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa de Cronbach do relacionamento entre pares
Itens 1 2 3
10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega
929
9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega
785
11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega
703
8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
793
5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega
782
7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega
654
6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega
593
2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo
848
142
1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo
732
3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega
619
Meacutedia 22319 21505 31398
Desvio padratildeo 91297 92379 119022
Miacutenimo 100 100 100
Maacuteximo 500 467 500
Coeficientes Alfa de Cronbach 0754 0775 0822
Para verificar a existecircncia de diferentes perfis nos escores dessa escala
foi realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward
obtendo-se quatro clusters significativos A figura 2 mostra a configuraccedilatildeo
desses quatro fatores
Nota-se que o Grupo 1 eacute formado por 13 participantes (105) com
pontuaccedilotildees relativamente elevadas em viacutetima e testemunha e baixa em
agressatildeo O Grupo 2 foi formado por 54 participantes (435) com pontuaccedilotildees
meacutedias baixas em viacutetima e agressatildeo e mais elevadas em testemunha O Grupo
3 foi formado por 26 participantes (210) com pontuaccedilotildees baixas nos trecircs
fatores E o Grupo 4 foi formado por 31 participantes (250) com pontuaccedilotildees
relativamente elevadas nos trecircs fatores
143
Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying
O grupo formado com maior nuacutemero de participantes (Grupo 2) eacute
caracterizado por aqueles que mais comumente presenciam situaccedilotildees de
violecircncia sem executar nem ser alvo de tais atos Novamente perece imperar
receio em relaccedilatildeo a revelaccedilatildeo de envolvimento mais direto em atos de
agressatildeo na escola Tambeacutem eacute interessante que aqueles se apresentam com
autores de agressatildeo (Grupo 4) parece tentar se proteger ou ateacute mesmo se
justificar ao revelar tambeacutem ser alvoviacutetima de violecircncia e tambeacutem presenciar
tais situaccedilotildees Um nuacutemero baixo de alunos (Grupo 3) parece mais distante do
cenaacuterio de violecircncia escolar indicando que para estes alunos a escola eacute um
espaccedilo imune agraves situaccedilotildees de violecircncia
Estes dados estatildeo na mesma direccedilatildeo de alguns aspectos visualizados
na anaacutelise das redaccedilotildees a) o papel do medo e da ameaccedila na perpetuaccedilatildeo das
144
situaccedilotildees de violecircncia b) as diferentes formas de envolvimento em bullying c)
a possibilidade de envolvimento de diferentes formas ao mesmo tempo O
envolvimento em mais de uma forma foi apontado por Lopes Neto (2005)
522 Relacionamento Interpessoal com Professores
O relacionamento com os professores foi investigado considerando
aspectos positivos e aspectos negativos do relacionamento tanto na relaccedilatildeo
direta como tambeacutem na relaccedilatildeo indireta A relaccedilatildeo direta refere-se a atitudes e
comportamentos (positivos ou negativos) que envolve de forma direta o aluno
e quando envolve o aluno e colegas ou a relaccedilatildeo do professor com a turma em
geral nos referimos a relaccedilatildeo indireta
Os participantes responderam considerando o relacionamento com dois
professores um que o participante considera ter Bom Relacionamento e outro
com quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil
5221 Professor com Bom Relacionamento
Para os alunos o professor com quem estabelecem um Bom
Relacionamento mais frequentemente eacute atencioso quando o aluno faz
comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula demonstra interesse nas
atividades realizadas pelo aluno solicita a participaccedilatildeo do aluno ao longo da
aula Outros aspectos tambeacutem apontados embora menos frequente foram
situaccedilotildees de apoio e elogios recebidos do professor
O professor com quem os participantes estabelecem um Bom
Relacionamento mais frequentemente busca a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de
conflitos entre alunos manteacutem clima de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus
145
colegas como tambeacutem entre os alunos em geral incentiva a compreensatildeo
toleracircncia e amizade entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os
alunos em geral Estes dados podem ser visualizados na Tabela 3 abaixo
Tabela 3 - Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom Relacionamento Aspectos PositivosBom Relacionamento Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Fez elogios a vocecirc publicamente 145 113 177 298 258
Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
48 48 177 145 573
Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 73 65 129 250 468
Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 65 56 161 323 387
Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
185 73 153 250 331
Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
500 153 153 81 89
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
411 121 137 89 218
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 185 105 89 65 540
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
105 81 89 153 556
Tomou partido nos conflitos entre alunos
331 81 169 137 250
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
129 73 129 185 476
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 137 40 73 121 621
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
161 56 73 89 605
Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes
O comportamento do professor diante de situaccedilotildees envolvendo os
alunos com seus colegas assim como o relacionamento do professor com a
turma parece caracterizar este Bom Relacionamento Eacute possiacutevel perceber que
os professores com quem os alunos estabelecem Bom Relacionamento
frequentemente tecircm atitudes positivas na relaccedilatildeo direta com o participante e
em relaccedilatildeo aos alunos em geral
Interessante destacar que quando refere-se ao professor buscar a
negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando o aluno se envolveu em conflitos
com os colegas o maior percentual foi Nunca (411) Isto pode ter ocorrido
em virtude do aluno nunca ter se envolvido em conflitos com colegas e
146
consequentemente o professor nunca precisou ter este tipo de
comportamento
Os professores com quem os alunos estabelecem um Bom
Relacionamento nunca ou quase nunca apresentam os comportamentos
referentes a aspectos negativos seja diretamente com o proacuteprio aluno como
expor o aluno a alguma situaccedilatildeo constrangedora ou fazer ameaccedilas ou com os
alunos em geral como criar e manter clima de competitividade e agressividade
Todos os aspectos investigados e sua respectiva distribuiccedilatildeo podem ser
visualizados na Tabela 4 a seguir
Nenhum dos comportamentos listados referentes a aspectos negativos
foi apontado como frequente em todos eles o menor percentual apareceu
sempre em Com frequumlecircncia e abaixo de 4 chegando a nenhuma resposta
em trecircs deles - Encaminhar o aluno para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo Fazer comentaacuterios puacuteblicos de alguma
dificuldade apresentada pelo aluno Provocar ou incentivar o conflito entre o
aluno e seus colegas
Tabela 4 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento
Aspectos NegativosBom Relacionamento Nunca Apenas uma vez
Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Ficou indiferente a seu comportamento na sala 589 194 129 56 24
Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 790 129 32 32 08
Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 774 89 89 40 08
Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
879 48 48 24 0
Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 879 73 08 16 16
Fez alguma ameaccedila a vocecirc
831 105 32 08 08
Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc
750 97 105 40 0
Entrou em conflito com vocecirc 798 129 32 16 16
Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 911 32 16 32 0
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
750 113 65 32 16
Entrou em conflito com os alunos 613 89 129 121 40
Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 863 65 24 24 16
147
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 750 121 65 40 08
Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
855 56 40 16 16
Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
742 56 65 65 40
Os dados referentes ao professor com Bom relacionamento tambeacutem
recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da
adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A primeira tentativa
resultou em 7 fatores com KMO de 0787 e Teste de Esfericidade de Bartlett
(χ2=15273 gl=378p=0001) explicando 658 da variacircncia total Poreacutem o
graacutefico de sedimentaccedilatildeo (scree-plot) mostrou apenas 3 fatores mais
significativos como pode ser visualizado na Figura 3
A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo da extraccedilatildeo de 3 fatores
conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da variacircncia total
148
Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Bom Relacionamento
O primeiro fator (F1) descreve Aspectos Negativos do Relacionamento
conteacutem 14 itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0386 a 0830 e com uma
consistecircncia interna de 0892 o segundo fator (F2) descreve Aspectos
Positivos Indiretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando de 0426 a
0752 e com uma consistecircncia interna de 0803 e o terceiro fator (F3)
descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem com cargas fatoriais que vatildeo de
0660 a 0781 e com uma consistecircncia interna de 0778 A Tabela 5 apresenta
as estatiacutesticas descritivas dos fatores
149
Tabela 5 - Estrutura Fatorial referente ao Professor com Bom relacionamento 1 2 3
10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
830
11 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)
811
14 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
761
13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)
747
15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
743
12 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)
690
3_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 681
9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
662 324
2_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
601
7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
599
6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala 525
8 Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)
517
7_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
469
1_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)
386
5_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
752
16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
679
6_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
604
17 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
585
9_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
575
4_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 556
18 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
444
19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
426 354
3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
781
1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente 742
2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
685
4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios etc)
662
5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo 660
Meacutedia 13847 33813 37911
Desvio padratildeo 55016 98414 94175
Miacutenimo 100 113 100
Maacuteximo 414 500 500
Coeficientes Alfa de Cronbach 0892 0803 0778
150
Os alunos parecem avaliar diferentemente as atitudes negativas e as
atitudes positivas do professor com quem estabelecem Bom Relacionamento
Em relaccedilatildeo aos aspectos negativos houve correlaccedilaotilde entre os itens que
referiam-se ao relacionamento direto com o participante e os que eram
referentes ao relacionamento indireto Em relaccedilatildeo aos aspectos positivos natildeo
apareceu variaccedilatildeo semelhante indicando que pode ocorrer um comportamento
diferente do professor quando se relaciona com o participante e quando
envolve os demais alunos E que de um modo geral este professor parece
natildeo apresentar aspectos negativos no seu relacionamento com os alunos
5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil
Para os alunos os professores com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil de forma bem pouco frequente exibem os
comportamento referentes aos aspectos positivos do relacionamento Para
371 dos alunos esse professor com quem tem Relacionamento Difiacutecil
nunca fez elogios a ele publicamente e para 21 fez elogios puacuteblicos apenas
uma vez E 44 dos alunos nunca recebram apoio deste professor em alguma
situaccedilatildeo
Outros comportamentos que referem-se a aspectos positivos diretos
apresentam-se distribuiacutedos em todas as frequecircncias como pode ser
visualizado na Tabela 6 abaixo embora ocorra em frequencia menor do que os
151
estes mesmos aspectos em relaccedilatildeo aos professores com quem estabelecem
Bom Relacionamento9
Tabela 6 - Aspectos positivos rereferentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos PositivosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Fez elogios a vocecirc publicamente 371 210 137 153 105
Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
210 105 274 97 298
Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 282 145 194 185 185
Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 298 145 210 145 194
Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
444 113 153 137 137
Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
548 153 97 56 129
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
444 145 129 89 169
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 282 73 137 40 460
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
290 48 121 97 419
Tomou partido nos conflitos entre alunos
476 105 105 105 194
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
234 145 145 129 339
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 202 121 105 113 444
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
161 129 129 145 427
Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes
Para 21 dos alunos o professor com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil nunca foi atencioso quando o aluno faz comentaacuterios ou
perguntas ao longo da aula entretanto para 298 isto ocorreu com
frequumlecircncia para 282 este professor nunca demonstrou interesse nas
atividades realizadas pelo aluno e para 185 foi um comportamento
frequente e para 298 nunca solicitou a participaccedilatildeo do aluno ao longo da
aula mas para 1945 isto aconteceu de forma frequente Estes dados sinalizam
que para alguns participantes parece que o(s) criteacuterio(s) utilizado(s) para
eleger o professor como tendo um Relacionamento Difiacutecil natildeo estavam entre
9 A tabela com a comparaccedilatildeo das respostas para Bom relacionamento e para Relacionamento Difiacutecil
pode ser visualizada em anexo (Anexo 6)
152
os aspectos investigados Todas as questotildees que abordavam o relacionamento
professor-aluno tanto os aspectos positivos do relacionamento como os
negativos abordando a relaccedilatildeo direta ou a relaccedilatildeo indireta consideravam
atitudes e comportamentos relativos agrave dinacircmica da sala de aula e do processo
de ensino-aprendizagem Nenhum dos aspectos investigados se referia a
questotildees mais pessoais do professor
Os alunos consideram que o professor com Relacionamento Difiacutecil
busca em menor frequecircncia a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos ndash para 234 Nunca e para 339 Com Frequecircncia
Tambeacutem eacute bem menor a frequecircncia em relaccedilatildeo a se o professor manteacutem clima
de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos
em geral e tambeacutem se incentiva a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre o
aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos em geral Diante de
situaccedilotildees envolvendo os alunos com seus colegas e o relacionamento deste
professor (Relacionamento Difiacutecil) com a turma em geral percebe-se uma
menor frequumlecircncia dos comportamentos referentes aos aspectos positivos em
comparaccedilatildeo com a frequumlecircncia apresentada pelos professores com quem
estabelecem Bom Relacionamento nestes mesmos intens
Em muitos itens o professor com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil apresenta alto percentual para as respostas Com
Frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana) mas sempre esse
percentual eacute menor do que os dados para o professor com Bom
Relacionamento Nota-se que o professor com Relacionamento Difiacutecil
apresenta atitudes e comportamentos apropriados agrave dinacircmica da sala de aula e
153
ao seu fazer docente embora o professor com Bom Relacionamento exiba
estes comportamentos de forma mais intensa e evidente
Os aspectos negativos investigados natildeo satildeo frequentes nos professores
com Relacionamento Difiacutecil Em todos os itens investigados o maior percentual
sempre eacute na resposta Nunca em muitas vezes percentuais acima de 60 e o
percentual eacute sempre muito baixo para as respostas Com Frequumlecircncia (toda
semana ou quase toda semana) Estes dados podem ser conferidos na Tabela
7 a seguir
Tabela 7 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos NegativosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Ficou indiferente a seu comportamento na sala 484 161 194 81 56
Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 702 169 56 48 16
Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 613 137 129 73 40
Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
823 81 56 16 08
Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 847 89 32 08 16
Fez alguma ameaccedila a vocecirc
806 97 48 16 24
Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc
685 89 113 89 16
Entrou em conflito com vocecirc 742 169 32 16 24
Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 855 81 32 24 0
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
694 97 121 40 32
Entrou em conflito com os alunos 411 185 161 177 56
Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 823 81 48 24 16
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 605 161 121 56 40
Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
774 89 48 48 32
Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
653 129 89 48 65
Estes dados indicam que os professores com quem os alunos
estabelecem um Relacionamento Difiacutecil nunca ou quase nunca apresentam os
comportamentos referentes a aspectos negativos Percebe-se uma ligeira
diminuiccedilatildeo nos percentuais indicados em Nunca em todos os comportamentos
investigados em relaccedilatildeo aos apresentados para os professores com Bom
Relacionamento Quanto ao professor ter provocado ou incentivado o conflito
154
entre o participante e os colegas nenhum aluno indicou que este aspecto
ocorre com frequumlecircncia tanto em relaccedilatildeo ao professor com Bom
Relacionamento quanto ao com Relacionamento Difiacutecil Podemos compreender
que em geral os professores considerados pelos estudantes nesta
investigaccedilatildeo natildeo se comportam de maneira inapropriada com o fazer docente
Os dados referentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil tambeacutem
recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da
adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial com KMO de 0729
e Teste de Esfericidade de Bartelett (χ2=13843 gl=378p=0001) explicando
655 da variacircncia total O Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo (scree-plot) indicou
apenas de 3 a 5 fatores como pode ser visualizado na Figura 4 A soluccedilatildeo
mais adequada ficou com 4 fatores A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo
da extraccedilatildeo de 4 fatores conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da
variacircncia total
Figura 4 - Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil
155
Tabela 8 - Estrutura Fatorial referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil 1 2 3 4
19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
794
18 Este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
739
9_5 Este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
725
6_5 Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 722
5_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
716
17 Este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
706
4_5 Este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 651
16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
557
12 Este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (aprendizagem comportamento relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)
759
11 Este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)
734
13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)
726
10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
615 -304
9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
564
8 Este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)
521 349
7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
520
6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
341
1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
796
3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
781
4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas etc)
776
5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
693
2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
626
7_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
779
1_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)
778
2_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
667
3_5Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
569
8_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
519
15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
381
Meacutedia 29704 15299 27260 16867
Desvio padratildeo 114002 62214 115323 74789
Miacutenimo 100 100 100 100
156
Maacuteximo 500 357 500 400
Coeficientes Alfa de Cronbach 0859 0776 0839 0770
Observou-se que o primeiro fator (F1) descreve Aspectos Positivos
Indiretos conteacutem oito itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0557 a 0794 e
com uma consistecircncia interna de 0859 O segundo fator (F2) descreve
Aspectos Negativos Diretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando
de 0341 a 0759 e com uma consistecircncia interna de 0776 O terceiro fator
(F3) descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem cinco itens com cargas
fatoriais que vatildeo de 0626 a 0796 e com uma consistecircncia interna de 0839 O
quarto e uacuteltimo fator (F4) descreve Aspectos Negativos Indiretos conteacutem seis
itens com cargas fatoriais variando de 0381 a 0779 e com uma consistecircncia
interna de 077 A Tabela 8 apresenta as estatiacutesticas descritivas dos fatores
Os alunos parecem avaliar diferentemente em relaccedilatildeo aos professores
com quem estabelecem um Relacionamento Difiacutecil cada uma dos fatores do
relacionamento interpessoal com os professores investigados atraveacutes do
questionaacuterio proposto Estes dados sugerem que os professores com
Relacionamento Difiacutecil apresentam posturadas diferenciadas diante de uma
situaccedilatildeo mais direta com o participante das situaccedilotildees que envolvem os demais
alunos tantos quando trata-se de aspectos positivos quanto dos aspectos
negativos do relacionamento Distintamente dos professores com Bom
Relacionamento os dados correspondentes aos professores com
Relacionamento Difiacutecil expressam esta diferenccedila em relaccedilatildeo aos aspectos
negativos do relacionamento
Esta anaacutelise evidenciou anteriormente que natildeo haacute distinccedilatildeo em relaccedilatildeo
aos aspectos negativos do relacionamento entre os professores De um modo
geral os professores com Bom Relacionamento e os com Relacionamento
157
Difiacutecil natildeo apresentam atitudes ou comportamentos inadequados ao fazer
docente Entretanto os alunos identificam que os professores com
Relacionamento Difiacutecil ao apresentarem atitudes ou comportamentos
referentes aos aspectos negativos do relacionamento natildeo os fazem
indistintamente
523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento em Bullying e
o Relacionamento com os Professores
Apoacutes as anaacutelises dos dados de cada parte do questionaacuterio isoladamente
foram realizadas anaacutelise correlacional dos diferentes aspectos investigados por
meio do questionaacuterio quais sejam o relacionamento interpessoal entre os
pares e o relacionamento entre professor e aluno Inicialmente realizou-se a
anaacutelise das relaccedilotildees entre o primeiro aspecto ndash relacionamento entre os pares
ndash e os fatores do relacionamento com o professor com quem o participante
considera ter um Bom Relacionamento Em seguida a anaacutelise ocorreu entre os
dados referentes ao relacionamento entre os pares e os fatores do
relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil
5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom Relacionamento
Iniciamos a anaacutelise correlacional investigando a relaccedilatildeo entre o
envolvimento do participante em bullying e os fatores do relacionamento com o
professor com quem o participante considera ter um Bom Relacionamento Os
dados da Tabela 9 permitem-nos constatar que natildeo houve correlaccedilatildeo
estatisticamente significativa entre o envolvimento em situaccedilotildees de bullying
158
como AlvoViacutetima ou como Testemunha com nenhum dos fatores referentes ao
relacionamento interpessoal com o professor com Bom Relacionamento
Tabela 9 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento
entre os pares e com o professor com Bom Relacionamento
Correlations Atitudes
Negativas Atitudes Positivas Indiretas
Atitudes positivas Diretas
Viacutetima Pearson Correlation 061 050 -066 Sig (2-tailed) 502 583 468 N 124 123 123
Agressor Pearson Correlation 410 -143 -104 Sig (2-tailed) 000 114 252 N 124 123 123
Testemunha Pearson Correlation 058 183 061 Sig (2-tailed) 523 043 504 N 124 123 123
Correlation is significant at the 001 level (2-tailed) Correlation is significant at the 005 level (2-tailed)
No entanto houve correlaccedilatildeo moderada significativa e positiva (ao niacutevel
0001) entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves
Atitudes Negativas do professor com quem o participante considera ter um
Bom Relacionamento Tambeacutem houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao
niacutevel 0005) entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves
Atitudes Positivas Indiretas do professor com quem o participante considera ter
um Bom Relacionamento entretanto os valores indicam tratar-se de uma fraca
correlaccedilatildeo
Estes dados sugerem que o maior ou menor envolvimento do aluno
como AtorAgressor em situaccedilotildees de bullying tem relaccedilatildeo com a forma como
os alunos consideram os aspectos negativos do relacionamento no
comportamento dos professores com quem tem um Bom Relacionamento
159
Estes resultados estatildeo na mesma direccedilatildeo dos dados apresentados por
Martins (2005) quando estudantes envolvidos como agressores afirmam se
sentirem piores em relaccedilatildeo aos professores Eacute importante que a escola reveja
a forma de se relacionar com estes alunos assim como atentar para as
reaccedilotildees puramente punitivas sem contribuiccedilotildees para modificaccedilotildees reais em
relaccedilatildeo agrave forma de se relacionarem e se comportarem na escola com os pares
e com os professores
5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com Relacionamento
Difiacutecil
A anaacutelise correlacional seguinte foi realizada visando investigar a relaccedilatildeo
entre o envolvimento do participante em bullying e os fatores do
relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil Os dados da Tabela 10 permitem-nos constatar que
natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o envolvimento em
situaccedilotildees de bullying quer como AlvoViacutetima quer como AtorAgressor ou como
Testemunha com as Atitudes Positivas do relacionamento interpessoal com o
professor com Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o
participante como na relaccedilatildeo indireta
Tabela 10 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento Difiacutecil
Correlations Atitudes
Positivas Indiretas
Atitudes Negativas Diretas
Atitudes Positivas Diretas
Atitudes Negativas Indiretas
Viacutetima Pearson Correlation 023 186 -020 214 Sig (2-tailed) 796 039 827 017 N 123 123 123 123
Agressor Pearson Correlation -054 380 047 247 Sig (2-tailed) 555 000 605 006
160
N 123 123 123 123 Testemunha Pearson Correlation 079 196 -075 241
Sig (2-tailed) 384 030 410 007 N 123 123 123 123
Correlation is significant at the 005 level (2-tailed) Correlation is significant at the 001 level (2-tailed)
Esta anaacutelise apontou algumas correlaccedilotildees mas com valores indicando
uma fraca correlaccedilatildeo Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0001)
entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes
Negativas do professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o participante como na
relaccedilatildeo indireta A correlaccedilatildeo tambeacutem foi significativa e positiva (ao niacutevel 0001)
entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes
Negativas Indiretas
Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0005) entre o
envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas
Diretas do professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil e tambeacutem o envolvimento com AlvoViacutetima e a
avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas Diretas e Indiretas do professor com
quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil
A anaacutelise correlacional dos dados indica existir uma ligaccedilatildeo entre os
Aspectos Negativos do relacionamento com os professores e a forma como o
estudante se envolve em situaccedilotildees de bullying De acordo com Tognnetta e
Vinha (2008) as relaccedilotildees intrapessoais antecedem as relaccedilotildees interpessoais
Tanto o professor como o aluno apresentam comportamentos inadequados ao
bom relacionamento interpessoal e agrave medida que existe uma ligaccedilatildeo entre
estes aspectos pode ocorrer uma processo ciacuteclico
161
De uma forma geral os dados evidenciados a partir da anaacutelise das
respostas do questionaacuterio estatildeo presentes nas produccedilotildees escritas Ao
abordarem questotildees sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo os alunos referem-se aos
relacionamentos com os professores salientando a) preferecircncias dos
professores por alguns alunos b) situaccedilotildees de agressatildeo entre professor e
aluno
A partir dos dados coletados obtidos de diferentes formas eacute possiacutevel
verificar que para os participantes haacute uma ligaccedilatildeo entre o comportamento dos
alunos e o dos professores salientando diferentes niacuteveis de complexidade com
relaccedilotildees dialeacuteticas presentes no relacionamento interpessoal (Hinde (1997)
162
CAPIacuteTULO VI
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Considerando que o estudo das relaccedilotildees interpessoais vem se configurando
como uma importante aacuterea de estudo interdisciplinar o presente estudo visou ampliar
este campo de conhecimento ao focalizar em relaccedilotildees interpessoais de grande
relevacircncia ao longo da vida escolar que natildeo tem sido ainda foco de interesse entre os
estudiosos da aacuterea Desde o iniacutecio este trabalho apontou a possibilidade de
compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto
escolar visando contribuir com estudos cientiacuteficos dos diversos aspectos referentes ao
fenocircmeno bullying
O objetivo desta pesquisa de doutorado foi investigar o papel da relaccedilatildeo
professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Para o alcance
deste objetivo utilizamos como referencial teoacuterico estudos sobre o relacionamento
professor-aluno sobre Relaccedilotildees Interpessoais a partir da obra de Robert Hinde e
estudos sobre Violecircncia Escolar e bullying E na busca de maior compreensatildeo desta
relaccedilatildeo procedemos a uma pesquisa com dados de natureza quantitativa e qualitativa
sobre as relaccedilotildees interpessoais na escola com estudantes do Ensino Fundamental
O tema geral deste estudo foi perseguido a partir de objetivos especiacuteficos O
primeiro objetivo buscou investigar se os estudantes associam a praacutetica de bullying
como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar A partir da anaacutelise temaacutetica
das produccedilotildees escritas dos participantes podemos identificar que situaccedilotildees
envolvendo bullying satildeo bem presentes no cotidiano dos estudantes Em
aproximadamente metade das redaccedilotildees os alunos dissertam sobre bullying
abordando diferentes aspectos explicam seu significado expotildeem as diferentes formas
163
de agressatildeo caracteriacutesticas individuais que favorecem a vitimizaccedilatildeo o papel do medo
e das ameaccedilas as consequecircncias para as viacutetimas e reconhecem a importacircncia da
escola cuidar desta questatildeo Muitos alunos reagem com reprovaccedilatildeo e indignaccedilatildeo agraves
situaccedilotildees de bullying
O segundo objetivo especiacutefico se propocircs a investigar o envolvimento dos
participantes em situaccedilotildees de bullying e a forma que se daacute este envolvimento como
alvoviacutetima autoragressor ou espectadortestemunha A anaacutelise dos dados
demonstrou que a maioria dos alunos jaacute se envolveu em situaccedilotildees de bullying mas
quase sempre como espectadortestemunha De forma muito tiacutemida os alunos se
apresentam como alvoviacutetima e muito menos ainda como autoragressor Eacute possiacutevel
ainda que os alunos se envolvam de diferentes maneiras Podemos afirmar estas
formas de envolvimento tambeacutem a partir dos relatos revelando este envolvimento
atraveacutes das redaccedilotildees Muitos alunos relatam ter presenciado situaccedilotildees de bullying
alguns revelam ter sido alvoviacutetima e apenas um declarou jaacute ter cometido
provocaccedilotildees indicando se tratar de bullying
O terceiro objetivo buscou identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-
aluno considerando um professor com quem o participante considerara ter Bom
Relacionamento e outro com quem o participante considerara ter um Relacionamento
Difiacutecil Foi possiacutevel identificar vaacuterios aspectos desta relaccedilatildeo como maior intensidade
de aspectos positivos no comportamento do professor com Bom Relacionamento No
entanto foi possiacutevel inferir que estes aspectos indicam posturas diferenciadas em
relaccedilatildeo aos alunos Um dado que despertou interesse foi a pouca frequecircncia de
aspectos negativos no comportamento dos professores tanto em relaccedilatildeo ao professor
com Bom Relacionamento como ao professor com Relacionamento Difiacutecil Acredita-se
que os criteacuterios utilizados pelos alunos para considerar determinado professor como
164
tendo um Relacionamento Difiacutecil pode natildeo ter sido explorado entre os aspectos
investigados
O quarto e uacuteltimo objetivo procurou identificar correlaccedilotildees entre diferentes
aspectos do relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying A anaacutelise
dos dados sinalizou para uma relaccedilatildeo moderada entre o envolvimento do aluno em
situaccedilatildeo de bullying como autoragressor e a frequumlecircncia de aspectos negativos dos
professores tanto com Bom Relacionamento como em referecircncia ao professor com
Relacionamento Difiacutecil Em relaccedilatildeo agraves demais formas de envolvimento natildeo foi
possiacutevel estabelecer relaccedilotildees
Diante destas consideraccedilotildees eacute possiacutevel afirmar que este trabalho atingiu de
forma satisfatoacuteria os objetivos propostos E a partir do que foi evidenciado algumas
provocaccedilotildees urgem considerando que o espaccedilo destinado agraves aulas a sala promove
outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que satildeo ignorados e
infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo professoraluno Partimos entatildeo a
comentar algumas dessas provocaccedilotildees
O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos escolares Como o
professor contribui sem perceber para o fenocircmeno bullying Parece que haacute algo
anterior agraves relaccedilotildees interpessoais importantes de serem cuidadas que satildeo as
relaccedilotildees intrapessoais Tognetta e Vinha (2008) destacam que eacute preciso ter respeito e
valorizaccedilatildeo por si proacuteprio para ser possiacutevel respeitar e valorizar o outro
Eacute nesta perspectiva que defendo que a existecircncia de uma ligaccedilatildeo entre o
relacionamento professor-aluno e o envolvimento como autoragressor em situaccedilotildees
de bullying Eacute possiacutevel que alunos autoresagressores de forma mais intensa se
envolvam em situaccedilotildees desagradaacuteveis provocando reaccedilotildees nos professores
evidenciando aspectos negativos da relaccedilatildeo professor-aluno Tambeacutem pode ocorrer
165
do professor bastante desrespeitado no seu fazer docente esteja vulneraacutevel a
apresentar comportamentos inadequados e ateacute mesmo posturas diferenciadas
considerando como se daacute o relacionamento com o aluno
Eacute preciso investigar todas estas questotildees a partir do ponto de vista do
professor visto que neste estudo todos os participantes eram estudantes Faz-se
necessaacuterio verificar como os professores avaliam o relacionamento com alunos de
acordo com as diferentes possibilidades de envolvimento em bullying Acreditamos ser
importante esta investigaccedilatildeo uma vez que em estudo sobre a percepccedilatildeo do professor
sobre o bullying no ambiente escolar (Ferreira Rowe e Oliveira 2011) os professores
revelaram sentimentos diferenciados diante do envolvimento em bullying de piedade e
compaixatildeo pelas viacutetimas e repugnacircncia pelos agressores
A situaccedilatildeo de violecircncia provoca sentimentos de solidariedade em relaccedilatildeo agraves
viacutetimas e em situaccedilotildees de violecircncia velada de sofrimento intenso envolvendo
crianccedilas e adolescentes eacute natural maior cuidado e envolvimento em relaccedilatildeo agravequeles
cujo sofrimento eacute mais evidente Eacute preciso cuidar dos alunos autoresagressores pois
mesmo tendo a intenccedilatildeo de causar mal a outro ldquotambeacutem precisam de ajuda porque
natildeo conseguem se ver (no sentido moral e natildeo no sentido esteacutetico ou socialmente
estabelecido) satildeo muitas vezes incapazes de reconhecer seus proacuteprios sentimentos e
consequentemente os sentimentos dos outrasrdquo (Tognetta 2010 p90) As evidecircncias
deste estudo podem favorecer relaccedilotildees mais acolhedoras e menos punitivas diante
das estrateacutegias utilizadas pelos estudantes diante do cenaacuterio de violecircncia escolar
Outro aspectos a destacar refere-se a necessidade em estudos posteriores
sobre relacionamento interpessoal de maior clareza quanto aos criteacuterios utilizados
pelos participantes para referir-se ao Bom Relacionamento e ao Relacionamento
Difiacutecil O presente estudo abordou questotildees pertinentes agrave relaccedilatildeo professor-aluno
166
apresentando contribuiccedilotildees para estudos desta natureza entretanto outros aspectos
precisam ser considerados
Mesmo sabendo dos cuidados tomados de forma a possibilitar a participaccedilatildeo
dos estudantes garantindo o sigilo em relaccedilatildeo agrave sua identidade e assim maior
confianccedila para apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees solicitadas parece que a coleta
realizada de forma pontual por um pesquisador estranho ao cotidiano dos estudantes
natildeo eacute a forma ideal Consideramos que os profissionais da escola ao estabelecerem
relaccedilotildees de confianccedila tem maiores condiccedilotildees de acessar informaccedilotildees relevantes para
o estudo de forma integrada das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar
Do ponto de vista social o presente estudo espera poder contribuir para a
valorizaccedilatildeo no meio educacional da relevacircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer
docente e assim poder resgatar o envolvimento do professor em questotildees que natildeo se
referem apenas agrave transmissatildeo de conteuacutedos e que no entanto muito interferem no
seu cotidiano
Eacute preciso cuidar do professor proporcionando a auto valorizaccedilatildeo e auto
respeito para assim podermos falar de uma eacutetica do cuidado na relaccedilatildeo professor-
aluno
167
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173
ANEXOS
174
ANEXO I
175
Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Tiacutetulo da Pesquisa O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental Pesquisadora Virginia de Oliveira Alves Passos Orientador Prof Dr Agnaldo Garcia Instituiccedilatildeo UFES ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo PPGP ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Objetivo da Pesquisa Investigar a ocorrecircncia de bullying e o papel do relacionamento interpessoal entre professores e alunos em sua causaccedilatildeo intensificaccedilatildeo ou controle Descriccedilatildeo do Procedimento Seratildeo aplicados questionaacuterios a cada participante abordando aspectos referentes aos seus relacionamentos interpessoais na escola tanto com seus pares como tambeacutem com os professores e em seguida seraacute solicitado a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar Benefiacutecios Espera-se que os resultados contribuam para possibilidade de compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos referentes a violecircncia escolar e ao fenocircmeno bullying Anaacutelise de risco e sigilo Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiraacute rigorosamente os criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas com seres humanos Desse modo os questionaacuterios seratildeo aplicados de acordo com a teacutecnica padratildeo cientificamente reconhecida Seratildeo preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes O participante teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo em qualquer fase da pesquisa Informaccedilotildees complementares e esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos participantes eou a seus responsaacuteveis A previsatildeo para os procedimentos descritos eacute de agosto de 2010 a junho de 2011 Identificaccedilatildeo do Responsaacutevel pela Instituiccedilatildeo Nome____________________________________________________________ RG ______________ Oacutergatildeo Emissor ________ Cargo ____________________________________________________________
Estando de acordo assinam o presente termo de consentimento em 02 (duas) vias
_________________________ ______________________________ Responsaacutevel pala Instituiccedilatildeo Virginia de O Alves Passos
Pesquisadora RecifePE _________
176
ANEXO II
177
FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo
investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre
alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade
Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade
Federal do Espiacuterito Santo)
Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a
preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os
pares como tambeacutem com os professores
Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees
interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos
referentes agrave violecircncia escolar
As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre
sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante
teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e
esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos
participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua
integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste
estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Identificaccedilatildeo do Participante
Nome do participante_________________________________________________________
Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________
Estando de acordo assino o presente termo de consentimento
________________________________
Assinatura
Pesquisadora responsaacutevel
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro
CEP 56304-917 - PetrolinaPE
E-mail virginiaalvesunivasfedubr
VIA DO PESQUISADOR
178
Telefone 87 21016868 87 88238983
FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo
investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre
alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade
Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade
Federal do Espiacuterito Santo)
Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a
preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os
pares como tambeacutem com os professores
Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees
interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos
referentes agrave violecircncia escolar
As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre
sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante
teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e
esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos
participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua
integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste
estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Identificaccedilatildeo do Participante
Nome do participante_________________________________________________________
Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________
Estando de acordo assino o presente termo de consentimento
________________________________
Assinatura
Pesquisadora responsaacutevel
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro
CEP 56304-917 - PetrolinaPE
VIA DO PARTICIPANTE
179
E-mail virginiaalvesunivasfedubr
Telefone 87 21016868 87 88238983
ANEXO III
180
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Vocecirc estaacute sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa sobre Relaccedilotildees Interpessoais na
Escola Sua participaccedilatildeo eacute importante poreacutem vocecirc natildeo deve participar contra sua vontade Leia
atentamente as informaccedilotildees abaixo e faccedila se desejar qualquer pergunta para esclarecimento
Pesquisadora responsaacutevel Profordf Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos
O participante estaacute ciente sobre os seguintes aspectos
1 Objetivo principal da pesquisa
2 Descriccedilatildeo da coleta de informaccedilotildees
3 Ausecircncia de riscos
4 Benefiacutecios da pesquisa
5 O seu nome seraacute mantido em sigilo e nenhuma informaccedilatildeo que o identifique seraacute divulgada
nas publicaccedilotildees dos resultados
6 Os alunos participaratildeo voluntariamente da pesquisa natildeo recebendo nenhum valor
7 Vocecirc tem a liberdade de se recusar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da
pesquisa sem penalizaccedilatildeo alguma
Eu DECLARO que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me
foi explicado concordo voluntariamente em participar desta pesquisa
Recife ____ de _________________________ de 2010
Nome do participante ___________________________________________________________
__________________________________________
(participante)
181
ANEXO IV
182
Vocecirc estaacute participando como colaborador de uma a pesquisa sobre Relacionamento Interpessoal na
Escola Sua colaboraccedilatildeo eacute muito importante e vocecirc deve responder com atenccedilatildeo todas as questotildees
considerando os acontecimentos ao longo deste ano
Parte I - As suas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos entre vocecirc e seus colegas
durante este ano Para responder vocecirc deve considerar a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos
investigados
Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso
Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs
Com frequumlecircncia toda semana (ou quase toda semana)
1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano vocecirc impediu algum colega de participar em atividades com outros colegas da
escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da
escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
183
10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano vocecirc percebeu se algum colega foi impedido por outros colegas de participar de
alguma atividade com os demais colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte II ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom relacionamento com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao
longo da aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando
exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo
comentaacuterios etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
184
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito
(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que
vocecirc obteve algum resultado)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os
pais na escola de suspender de suas aulas)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada
por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no
relacionamento com outros professores)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc
se envolveu em conflitos com seus colegas
( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com
185
vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia
18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e
seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte III ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom
relacionamento com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade
entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
186
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os
alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte IV - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um relacionamento difiacutecil com ele (ou
ela)
01) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
02) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao
longo da aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
03) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
04) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando
exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios
etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
05) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
06) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
07) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
187
08) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito
(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc
obteve algum resultado)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
09) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os
pais na escola de suspender de suas aulas)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada
por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento
com outros professores)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc
se envolveu em conflitos com seus colegas
( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com
188
vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia
18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e
seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
189
Parte V - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um
relacionamento difiacutecil com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade
entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os
alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Agradecemos sua participaccedilatildeo como colaborador da pesquisa
190
Vocecirc pode acrescentar no verso da folha algo que vocecirc ache importante e que natildeo foi ainda perguntado
ANEXO V
191
192
ANEXO VI
193
III
IV
Agrave minha voacute Julinda (em memoacuteria)
por ter me feito professora
sempre ensinando a importacircncia
das relaccedilotildees interpessoais na escola
Aos meus filhos Henrique Mariacutelia e Patriacutecia
Com esperanccedila que a escola oportunize a vocecircs bons relacionamentos
Agrave Xandinho quem tanto admiro
e que me impulsionou agraves primeiras reflexotildees sobre bullying
V
AGRADECIMENTOS
A conclusatildeo de uma tese de doutorado ao final de um longo percurso de
leituras buscas produccedilotildees investigaccedilotildees vibraccedilotildees repleto de inquietaccedilotildees e
incertezas de alegrias e surpresas de bons encontros e alguns desencontros de
intensos momentos de isolamento de cobranccedilas permite uma nova forma de olhar
tudo agrave nossa volta E por que natildeo dizer uma nova forma de estabelecer relaccedilotildees
com as pessoas principalmente quando se trata de uma tese no campo dos
relacionamentos interpessoais Agradeccedilo a todos que participaram deste percurso
das mais variadas formas e que possibilitaram acima de tudo enriquecer nossas
proacuteprias relaccedilotildees para aleacutem do estudo e da pesquisa dos relacionamentos
interpessoais
Agradeccedilo ao Prof Agnaldo Garcia por ter me apresentado o campo dos
Relacionamentos Interpessoais e me fazer entender que muitas das minhas
inquietaccedilotildees como psicoacuteloga educacional podiam ser acolhidas por essa aacuterea de
estudo mesmo quando o meu interesse era pelo dark side dos relacionamentos
Agradeccedilo principalmente pelo apoio e por estar sempre compreensivo e otimista
mesmo diante das dificuldades que enfrentei no momento da elaboraccedilatildeo do projeto
Dificuldades que foram superadas a partir do estabelecimento de uma boa relaccedilatildeo
orientador-orientanda em prol de um trabalho que comungaacutevamos da sua
relevacircncia
Agradeccedilo aos participantes deste estudo pois a partir de vossas revelaccedilotildees
este trabalho deixou de ser apenas um projeto nascendo uma tese nossa tese
Agradeccedilo por vocecircs terem me ajudado a contribuir clareando o obscuro universo dos
VI
relacionamentos interpessoais na escola A participaccedilatildeo de vocecircs foi possiacutevel
graccedilas agrave compreensatildeo e colaboraccedilatildeo dos pais e da equipe teacutecnica das escolas
Estendo a todos meus agradecimentos
Agradeccedilo agrave UNIVASF pela oportunidade de inserccedilatildeo no Programa
MinterDinter cujo iniacutecio coincidiu com minha chegada nesta instituiccedilatildeo e assim
pude realizar um projeto pessoal definido ao final do Mestrado fazer doutorado jaacute
sendo professora de Universidade Federal Em especial agradeccedilo ao Prof Marcelo
Ribeiro entatildeo coordenador do Colegiado de Psicologia sempre compreensivo agrave
necessidade da nossa dedicaccedilatildeo demonstrando valorizar a iniciativa do Programa
MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf para uma universidade tatildeo nova
Agradeccedilo tambeacutem ao Prof Joseacute Bismark entatildeo Proacute-Reitor de Pesquisa e Poacutes-
graduaccedilatildeo que aleacutem de incentivar nosso percurso natildeo mediu esforccedilos para garantir
apoio ao Programa MinterDinter visando garantir o seu sucesso
Agradeccedilo agrave FACEPE por ter financiado parcialmente o Programa
MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf proporcionando accedilotildees relevantes para o
sucesso deste Programa
Agrave toda minha famiacutelia em especial aos meus pais Deca e Vavaacute e minhas
irmatildes Patriacutecia e Raquel Vocecircs foram fundamentais para que a coleta de dados
ocorresse a contento sem o apoio de vocecircs teria sido bem mais difiacutecil E agradeccedilo
ainda por proporcionarem a mim e toda minha famiacutelia momentos de lazer e
descontraccedilatildeo em periacuteodos cruciais do acontecimento deste trabalho Agradeccedilo a
vocecircs a forma descontraiacuteda dos nossos raros mas longos encontros que me
VII
levaram a cada vez mais valorizar as coisas simples e sadias dos nossos
relacionamentos
Agradeccedilo aos alunos e amigos Tarciacutesio e Janaiacutena A possibilidade de me
afastar da postura de professora orientadora e encontrar em vocecircs a disponibilidade
em contribuir natildeo soacute foi essencial em situaccedilotildees especiacuteficas deste trabalho A
relaccedilatildeo estabelecida com vocecircs me fez confirmar que quem ensina de repente
aprende e se torna melhor
Agradeccedilo a Profordf Alvany pelo estabelecimento de uma nova relaccedilatildeo de
amizade que surgiu por compartilharmos a construccedilatildeo da tese em Relacionamentos
Interpessoais A troca de experiecircncias foi fundamental para o andamento deste
trabalho
Agradeccedilo aos professores do MinterDinter UFESUNIVASF por respeitarem
as especificidades deste programa reconhecendo as inuacutemeras possibilidades de um
trabalho com tais especificidades Agradeccedilo de forma especial agraves Profordf Suemi e
Profordf Mariane pela valiosa contribuiccedilatildeo durante o exame de qualificaccedilatildeo
enriquecendo a metodologia deste estudo
Agradeccedilo aos colegas do Dinter pelas histoacuterias de superaccedilatildeo partilhadas
pelo apoio muacutetuo pelas vibraccedilotildees agrave medida que o projeto de cada um acontecia
Muita coisa boa aconteceu nos nossos percursos Agradeccedilo de forma especial aos
amigos Darlindo e Elzenita que se antecipavam de forma que eu sequer pensasse
em desistir Agradeccedilo a sensibilidade e amizade de vocecircs me incentivando a buscar
forccedilas e apontando caminhos para a superaccedilatildeo nos momentos de maiores
VIII
dificuldades Estendo meus agradecimentos a Silvia Luciana Baacuterbara Liliane Ana
Luacutecia Joatildeo e Susanne
Agradeccedilo aos Prof Alexsandro de Andrade (UFES) e Prof Mauriacutecio Bueno
(UFPE) pela luz lanccedilada sobre os dados possibilitando que eu enxergasse o que as
respostas dos alunos diziam sobre seus relacionamentos na escola
Agradeccedilo agrave amiga e comadre Cristina e toda sua famiacutelia por sempre me
provocar a buscar formas de contribuir para que a escola promova relacionamentos
interpessoais mais saudaacuteveis e sem bullying Agradeccedilo por me fazerem entender em
detalhes as diversas questotildees que envolvem o cenaacuterio de bullying Agrave amiga Sueli
que aleacutem do incentivo e torcida pelo sucesso deste trabalho interferiu de forma a
garantir o recebimento das bolsas da FACEPE me proporcionando tranquumlilidade
para avanccedilar na finalizaccedilatildeo da tese E a Zeacutelia pelo intenso entusiasmo a cada etapa
alcanccedilada
Agradeccedilo aos amigos Geneacutesio e Dayse pelas carinhosas acolhidas no
Espiacuterito Santo Este trabalho proporcionou um maravilhoso reencontro garantindo a
continuidade de relaccedilotildees de amizades tatildeo longas nas nossas famiacutelias
Agradeccedilo agraves crianccedilas que protagonizaram momentos especiais ao longo da
elaboraccedilatildeo desta tese Seria impossiacutevel a dedicaccedilatildeo a este trabalho sem contar
com vocecircs por perto podendo acompanhar o nascer de relaccedilotildees saudaacuteveis
espontacircneas e alegres que a pureza da infacircncia proporciona Algumas crianccedilas
cresciam agrave medida que a tese acontecia meus filhos Henrique e Mariacutelia meus
sobrinhos Diogo e Thiago e os amados Caio Rodolphinho e Caacutessio Outras foram
chegando muitas vezes sem avisar junto com cada etapa deste trabalho minha
IX
caccedilula Patriacutecia Viniacutecius e Mirella Olga e Ravena E outros deixaram a infacircncia para
traacutes neste periacuteodo meus sobrinhos Mocircnica Arthur e Gabi Estendo os meus
agradecimentos aos vossos pais a quem chamo a todos de amigos
Agradeccedilo a Caacutessia pelo carinho e dedicaccedilatildeo no cuidado com meus filhos A
intensidade de ausecircncias para a realizaccedilatildeo deste trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave sua
presenccedila me passando confianccedila de que eles estavam bem
Agradeccedilo a todas as pessoas que me possibilitaram nos mais variados
espaccedilos discutir sobre o tema dos relacionamentos interpessoais na escola e mais
especificamente sobre Bullying Para evitar injusticcedilas prefiro citar os espaccedilos onde
participei de debates palestras etc mas reconheccedilo que em todos eles pessoas
queridas se esforccedilaram para que o convite chegasse a mim Agradeccedilo a
oportunidade de participar destes momentos na Radio Jornal Petrolina na TV
Grande Rio na Raacutedio Ponte FM no Diaacuterio de Pernambuco no Foacuterum de Direito
Humanos no Proacute-Jovem de JuazeiroBA no Projeto Escola Legal na Escola Saber
Em cada um destes momentos mais eu entendia a relevacircncia deste trabalho
Por fim agradeccedilo ao meu marido Leonardo Impossiacutevel chegar ateacute aqui sem
ter vocecirc ao meu lado Agradeccedilo a compreensatildeo pelas ausecircncias o apoio e acima
de tudo o entusiasmo pelo trabalho desenvolvido
Agradeccedilo acima de tudo a Deus pela vida pelas oportunidades pelas
pessoas que tenho ao meu lado e principalmente por me dar forccedilas para conseguir
dar conta
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas
de agressatildeo no relacionamento entre os pares139
Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa
de Cronbach do relacionamento entre pares141
Tabela 3 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom
Relacionamento145
Tabela 4 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom
Relacionamento146
Tabela 5 ndash Estrutura Fatorial referente ao Professor com
Bom relacionamento149
Tabela 6 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com
Relacionamento Difiacutecil151
Tabela 7 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com
Relacionamento Difiacutecil153
Tabela 8 ndash Estrutura Fatorial referente ao professor com
Relacionamento Difiacutecil155
Tabela 9 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do
relacionamento entre os pares e com o professor com Bom
Relacionamento158
Tabela 10 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do
relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento
Difiacutecil160
XI
LISTA DE FIGURAS
Figura 1ndash Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de
complexidade social (Hinde 1997)24
Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying143
Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor
com Bom Relacionamento148
Figura 4 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor
com Relacionamento Difiacutecil154
XII
LISTA DE ANEXOS
Anexo 01 ndash Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Anexo 02 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Pais e Responsaacuteveis Anexo 03 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Participantes Anexo 04 ndash Questionaacuterio Anexo 05 ndash Tabela Envolvimento em agressatildeo nas diferentes
formas de agressatildeo no relacionamento entre os pares Anexo 06 ndash Tabelas comparativas dos Aspectos Positivos e dos Aspectos
Negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento e ao Professor com Relacionamento Difiacutecil
XIII
O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental
RESUMO
O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees identificadas
por violecircncia A escola como espaccedilo de indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de
conflitos diversos Um fenocircmeno de intensa violecircncia vem preocupando
educadores de forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a atitudes
agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou mais alunos contra
outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos intimidaccedilotildees apelidos
gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo aleacutem de danos fiacutesicos
psiacutequicos morais e materiais O objetivo geral da presente pesquisa eacute investigar o
papel do relacionamento professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de conflitos
envolvendo alunos na perspectiva dos estudantes Participaram deste estudo 124
alunos do 7ordm ano do Ensino Fundamental de trecircs escolas da rede particular de
Recife (PE) Os estudantes escreveram uma redaccedilatildeo sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo e
em seguida preenchiam questionaacuterio sobre relacionamento com colegas e com dois
professores ndash Bom Relacionamento e Relacionamento Difiacutecil A anaacutelise temaacutetica das
redaccedilotildees aponta que a maioria dos alunos se referiu diretamente a praacutetica de
bullying ao dissertar sobre violecircncia escolar Tal praacutetica tambeacutem foi abordada de
forma indireta sem fazer referecircncia expliacutecita ao termo bullying Alguns alunos se
declararam alvosviacutetimas de bullying e outros afirmaram ter presenciado tal praacutetica
A anaacutelise dos questionaacuterios evidenciou as formas de envolvimento em bullying e
aspectos do relacionamento professor-aluno A anaacutelise estatiacutestica correlacional
apontou ligaccedilatildeo entre alunos autoresagressores e aspectos negativos do
relacionamento com professores Os resultados possibilitam para maior
compreensatildeo da influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar
Palavras-chave relacionamento interpessoal bullying violecircncia escolar
XIV
The Teacher-Student Relationship and Bullying in Elementary Education
ABSTRACT
The social context is marked by countless situations identified by violence The school as a place for developing individuals is a setting for conflicts A phenomenon of intense violence is worrying educators in general - bullying - term used to refer to aggressive attitudes intentional repetitive adopted by one or more students against another(s) causing pain distress and suffering Insults intimidation nicknames teasing accusations often leading to exclusion and physical psychological moral and material The overall goal of this research is to investigate the role of the teacher-student relationship in the occurrence of conflict situations involving students from the students perspective The study included 124 students in 7th grade from three elementary schools in Recife (PE) Students were asked to write an essay about School Violence and then completed a questionnaire about the relationship with colleagues and two teachers - with Good Relationships and with Difficult Relationship A thematic analysis of newsrooms shows that the majority of students referred directly to bullying to speak about school violence This practice was also addressed indirectly without making explicit reference to the term bullying Some students expressed their targets victims of bullying and others claimed to have witnessed such a practice Analysis of the questionnaires showed the forms of involvement in bullying and aspects of the teacher-student relationship Statistical analysis showed correlational link between student authors aggressors and negative aspects of the relationship with teachers The results allow for greater understanding of the influence of interpersonal relationships in the school context
Keywords interpersonal relationships bullying school violence
XV
Sumaacuterio
Introduccedilatildeo17
Capiacutetulo I ndash Relacionamento Interpessoal21
11 ndash Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico21
12 ndash Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra
de Robert Hinde23
13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais28
14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos
Interpessoais29
15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno31
Capiacutetulo II ndash Violecircncia Escolar e Bullying35
21 ndash Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo35
22 ndash Bullying41
221 ndash Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo42
222 ndash ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo
de Bullying46
223 ndash Consequumlecircncias do Bullying51
224 ndash Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de
Bullying52
Capiacutetulo III ndash Bullying e Relacionamento Professor-Aluno56
31 ndash Bullying e dinacircmica escolar56
32 ndash Justificativa e Objetivos60
Capiacutetulo IV ndash Meacutetodo61
41 ndash Participantes61
42 ndash Procedimentos para coleta de dados62
43 ndash Instrumentos de Pesquisa64
431 ndash A Redaccedilatildeo64
432 ndash O Questionaacuterio64
44 ndash Procedimentos para anaacutelise de dados69
45 ndash Aspectos Eacuteticos69
Capiacutetulo V ndash Resultados e Discussotildees71
51 Anaacutelise das Redaccedilotildees71
511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante72
5111 A Violecircncia como parte do cotidiano72
5112 Violecircncia escolar e bullying 78
512 A Dinacircmica da violecircncia82
5121 As Raiacutezes da Violecircncia Escolar82
5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas
na violecircncia escolar87
XVI
5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de
violecircncia escolar medo ameaccedilas
chantagens intoleracircncia preconceito90
5124 As agressotildees verbais98
5125 Violecircncia escolar e brincadeira101
5126 Violecircncia escolar e o professor104
513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar108
5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo108
5132 Consequecircncias111
5133 Violecircncia e relacionamento116
514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar119
5141 O Papel da Escola120
5142 O Papel do Estado126
5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes127
514 Relatos de Violecircncia Escolar131
52 Anaacutelise dos Questionaacuterios137
521 Relacionamento Interpessoal com Pares138
522 Relacionamento Interpessoal com Professores144
5221 Professor com Bom Relacionamento144
5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil150
523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento
em Bullying e o Relacionamento com
os Professores157
5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom
Relacionamento159
5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com
Relacionamento Difiacutecil162
Capiacutetulo VI ndash Consideraccedilotildees Finais167
Referecircncias Bibliograacuteficas173
Anexos
17
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e os seus componentes vivenciaram grandes modificaccedilotildees ao
longo do final do seacuteculo passado sendo bem evidentes no seu cotidiano os
seus efeitos principalmente no que tange agraves praacuteticas pedagoacutegicas fruto de
uma maior compreensatildeo do processo ensino-aprendizagem Acompanhando
as transformaccedilotildees de natureza didaacutetica verificam-se no contexto escolar atual
grandes alteraccedilotildees nas questotildees comportamentais Estas todavia satildeo
responsaacuteveis pela insatisfaccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo agrave indisciplina que
se configuram como a maior queixa destes profissionais apontada muitas
vezes como o pior obstaacuteculo ao seu fazer docente (Aquino 2002 1996)
Tentar compreender o contexto da indisciplina na escola e os fenocircmenos
por ela responsaacuteveis implica analisar um outro fenocircmeno cada vez mais
presente em torno dos membros da escola tanto professores como alunos a
violecircncia
O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees
identificadas por violecircncia As instituiccedilotildees de ensino incluiacutedas neste contexto
tambeacutem apresentam suas faces da violecircncia A escola como espaccedilo de
indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de situaccedilotildees de conflitos diversos
Entretanto existe um fenocircmeno de intensa violecircncia que vem preocupando
educadores de uma forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a um
conjunto de atitudes agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou
mais alunos contra outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos
intimidaccedilotildees apelidos gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo
aleacutem de danos fiacutesicos psiacutequicos morais e materiais (Fante 2005)
18
Eacute importante que as instituiccedilotildees de sauacutede e educaccedilatildeo busquem
conhecer a extensatildeo e o impacto gerado pela praacutetica do bullying entre
estudantes para assim desenvolver medidas para reduzi-las e para preveni-
las E o psicoacutelogo como profissional que transita nestas duas aacutereas - sauacutede e
educaccedilatildeo ndash ao se apropriar deste fenocircmeno pode contribuir no sentido
desenvolver estudos que possibilitem maior compreensatildeo e visibilidade a tal
fenocircmeno impossiacutevel de ser desconsiderado nas nossas escolas
A Psicologia EscolarEducacional eacute uma das aacutereas de conhecimento da
Psicologia assim como um dos campos de atuaccedilatildeo deste profissional
Atualmente eacute importante que o psicoacutelogo atue como mediador nas tensotildees e
conflitos produzidos nas relaccedilotildees entre os atores da escola fortalecendo
pessoas e grupos na promoccedilatildeo de autonomia e na superaccedilatildeo das
adversidades considerando as condiccedilotildees objetivas e subjetivas dos processos
psicossociais Faz-se necessaacuterio diante do contexto educacional atual que o
psicoacutelogo atue junto agrave equipe pedagoacutegica na direccedilatildeo de entender o fenocircmeno
educativo na sua dimensatildeo institucional
O professor natildeo eacute um mero transmissor de conhecimento aspecto
bastante destacado em palestras livros e outros materiais de orientaccedilatildeo sobre
o fazer docente No entanto no cotidiano das escolas verifica-se um falta de
cuidado com outros aspectos do fazer docente principalmente com agravequeles
que se configuram a partir de relaccedilotildees interpessoais (Cunha et al 2004)
Investigar a relaccedilatildeo professor-aluno como forma de ampliar a
compreensatildeo acerca do fenocircmeno bullying implica em destacar para o
professor assim como para os demais profissionais da educaccedilatildeo incluindo o
19
psicoacutelogo sobre a necessidade de maior atenccedilatildeo ao papel das relaccedilotildees
estabelecidas na escola
Investigar o contexto social onde ocorre com maior incidecircncia o bullying
assim como as pessoas que compotildeem o contexto escolar e as relaccedilotildees aiacute
estabelecidas surge como oportuno visando aprofundarmos a compreensatildeo
sobre as diversas questotildees que integram o fenocircmeno bullying Os professores
demonstram sentimento de impotecircncia e anguacutestia diante das situaccedilotildees de
bullying enfrentadas no seu dia-a-dia (Ferreira Rowe e Oliveira 2011)
O presente trabalho se norteou pela tentativa de aproximar estas duas
aacutereas de investigaccedilatildeo as relaccedilotildees interpessoais e o bullying As questotildees
centrais deste estudo foram
a) investigar o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying
b) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor aluno
c) investigar possiacuteveis interseccedilotildees entre o relacionamento professor-
aluno e o envolvimento em situaccedilotildees de bullying
Para tanto apresenta-se nos capiacutetulos iniciais o cenaacuterio da pesquisa
sobre Relacionamento Interpessoal incluindo pesquisas sobre o
relacionamento Professor-aluno o cenaacuterio dos estudos sobre a Violecircncia
Escolar e informaccedilotildees provenientes de pesquisas sobre bullying
Abordar questotildees sobre bullying exige que duas questotildees sejam
esclarecidas a saber
1) O termo bullying carece de um termo referente em portuguecircs que
consiga expressar seu significado Alguns autores destacam esta dificuldade e
na busca de maior aproximaccedilatildeo com os diferentes aspectos que caracterizam
tal fenocircmeno preferem referir-se a bullying por maus tratos (Tamar 2008)
20
provocaccedilatildeovitimizaccedilatildeo (Carvalhosa et al 2001) preconceito (Antunes e Zuin
2008) Neste estudo o termo em inglecircs seraacute mantido pois natildeo tivemos por
objetivo a problematizaccedilatildeo desta questatildeo Apenas no iniacutecio desta pesquisa
durante a elaboraccedilatildeo do projeto eacute que sentimos maiores necessidades de
explicaccedilatildeo sobre qual era o objeto de investigaccedilatildeo pela dificuldade com o
termo utilizado Mas a partir da intensa exposiccedilatildeo do termo na miacutedia o termo
bullying ganhou familiaridade
2) Haacute variaccedilatildeo da nomenclatura referente agraves diferentes formas possiacuteveis
de envolvimento em situaccedilotildees de bullying nos estudos considerados Alguns
pesquisadores rejeitam a referecircncia aos termos viacutetima agressor e testemunha
visando evitar a rotulaccedilatildeo dos estudantes e preferem usar alvo autor e
espectador (Lopes Neto 2005) Neste estudo usaremos indistintamente estes
termos respeitando a maneira utilizada por cada autor ao fazer referecircncia agraves
formas de envolvimento E na anaacutelise dos dados faremos referecircncia
conjuntamente aos dois termos alvoviacutetima autoragressor e
espectadortestemunha
Apoacutes a apresentaccedilatildeo dos aspectos teoacutericos que fundamentam este
trabalho ao longo dos trecircs primeiros capiacutetulos passamos para a exposiccedilatildeo dos
aspectos metodoloacutegicos no quarto capiacutetulo Em seguida os resultados satildeo
apresentados considerando cada um dos instrumentos utilizados Agrave medida
que os dados satildeo apresentados realizamos as discussotildees pertinentes com
base na fundamentaccedilatildeo teoacuterica considerada Por fim encontram-se as
consideraccedilotildees finais quando apreciamos os objetivos propostos elencamos os
limites deste estudo como tambeacutem apresentamos as possibilidades suscitadas
nas aacutereas de estudo abordadas
21
CAPIacuteTULO I
1 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
11 - Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico
Reflexotildees sobre relaccedilotildees interpessoais jaacute estatildeo presentes na obra de
Platatildeo e Aristoacuteteles desde a Greacutecia Antiga A aacuterea de conhecimento cientiacutefico
sobre o relacionamento interpessoal contudo apresenta um maior
desenvolvimento a partir dos anos 50
Sullivan (1953) citado por Hinde (1997) ressaltou a importacircncia do
estudo sobre as relaccedilotildees sociais sob a perspectiva desenvolvimental propondo
que as pessoas tecircm necessidades interpessoais que satildeo atendidas por tipos
especiacuteficos de relacionamento Segundo o autor a personalidade eacute
influenciada modificada e reforccedilada pelos relacionamentos que o indiviacuteduo
manteacutem com outras pessoas que tambeacutem levariam ao desenvolvimento de
habilidades sociais e competecircncias interpessoais
Outro autor de destaque que sofreu a influecircncia da Psicologia da
Gestalt foi Fritz Heider Em seu livro sobre relaccedilotildees interpessoais Heider
(1958) citado por Hinde (1997) pressupotildee que o homem eacute motivado para
descobrir as causas dos eventos e entender seu ambiente incluindo as
relaccedilotildees interpessoais
A pesquisa sobre relacionamento interpessoal apresentou um
desenvolvimento expressivo a partir dos anos 70 resultado da contribuiccedilatildeo de
autores de diferentes disciplinas e orientaccedilotildees teoacutericas Dois autores podem
ser destacados por suas contribuiccedilotildees para a aacuterea Steve Duck e Robert Hinde
Duck teve especial importacircncia na criaccedilatildeo da primeira organizaccedilatildeo cientiacutefica
22
voltada para o estudo dos relacionamentos interpessoais a International
Society for the Study of Personal Relationships (ISSPR) sociedade que tinha
como objetivo estimular e apoiar a pesquisa cientiacutefica sobre relacionamentos
interpessoais e aperfeiccediloar a comunicaccedilatildeo entre pesquisadores do tema
fortalecendo o campo do Relacionamento Interpessoal dentro da comunidade
acadecircmica Aleacutem disso Duck tambeacutem liderou o processo de criaccedilatildeo do
primeiro perioacutedico da aacuterea no iniacutecio da deacutecada de 1980 o Journal of Social and
Personal Relationships tornando-se seu primeiro editor
Em 1987 durante Conferecircncia Internacional sobre Relacionamento
Interpessoal foi criada a International Network on Personal Relationships
(INPR) com o objetivo de promover a colaboraccedilatildeo interdisciplinar no estudo
dos processos de relacionamento Em 2002 a fusatildeo dessas duas sociedades
deu origem agrave International Association for Relationships Research ndash IARR
(Associaccedilatildeo Internacional para Pesquisa sobre Relacionamento) organizaccedilatildeo
que se propotildee a continuar o trabalho anteriormente desenvolvido pela ISSPR e
INPR A sociedade reuacutene atualmente cerca de 700 profissionais de 20 paiacuteses
(Garcia 2005a)
No Brasil o primeiro encontro especiacutefico sobre relacionamento
interpessoal foi um mini-congresso da IARR sobre o tema realizado em Vitoacuteria
em 2005 Como decorrecircncia do mini-congresso apoacutes alguns anos foi
organizada a Associaccedilatildeo Brasileira de Pesquisa do Relacionamento
Interpessoal (ABPRI) que realizou seu primeiro congresso nacional em 2009
nas dependecircncias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo com a presenccedila
do professor Steve Duck e da professora Jacki Fitzpatrick presidente da IARR
23
12 - Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra de
Robert Hinde
A importacircncia de Robert Hinde para o estudo do relacionamento
interpessoal estaacute em seus esforccedilos para a organizaccedilatildeo de uma Ciecircncia do
Relacionamento Interpessoal partindo de alguns princiacutepios da Etologia
Claacutessica conforme indicado a seguir
Os trecircs livros em que Hinde desenvolve suas propostas refletem trecircs
deacutecadas de reflexatildeo sobre o tema Em sua principal obra sobre o tema Hinde
(1997) procura sistematizar cerca de 1600 estudos na aacuterea principalmente
entre os anos de 1970 e 1990
Aleacutem disso Hinde propotildee uma orientaccedilatildeo teoacuterica baseada na Etologia
Claacutessica As propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de uma ciecircncia do
relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais representa uma
aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para esta nova aacuterea
de investigaccedilatildeo em pleno desenvolvimento (Garcia 2005)
De acordo com Hinde (1997) o desenvolvimento social do ser humano
envolve um sistema de relaccedilotildees com diferentes niacuteveis de complexidade que
afetam e satildeo afetados uns pelos outros (de processos fisioloacutegicos passando
por interaccedilotildees relacionamentos grupos e sociedade) e ainda a estrutura
sociocultural e ambiente fiacutesico Hinde sugere quatro estaacutegios para o estudo dos
relacionamentos a) descriccedilatildeo dos fenocircmenos b) a discussatildeo de processos
subjacentes c) o reconhecimento das limitaccedilotildees e d) re-siacutentese Uma vez que
relacionamentos satildeo processos haacute consideraacutevel sobreposiccedilatildeo entre esses
estaacutegios Ainda fazem parte do esquema explicativo de Hinde as estruturas
socioculturais e o ambiente fiacutesico (Figura 1)
24
Figura 1 Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de complexidade social
(Hinde 1997)
Para Hinde (1997) a descriccedilatildeo de um relacionamento requer dados
sobre o que os participantes fazem pensam e sentem Sugere ainda que a
descriccedilatildeo atinja os diversos niacuteveis de complexidade desde as interaccedilotildees os
relacionamentos e grupos
Um dos pontos cruciais na obra de Hinde eacute a diferenciaccedilatildeo entre o
relacionamento e a interaccedilatildeo Para Hinde (1997) podemos falar de um
relacionamento se os indiviacuteduos tecircm uma histoacuteria comum de interaccedilotildees
passadas e o curso da interaccedilatildeo atual seraacute influenciado por elas
Relacionamentos satildeo definidos a partir de uma seacuterie de interaccedilotildees no tempo
entre indiviacuteduos que se conhecem Os mesmos fatores intervenientes nas
interaccedilotildees tambeacutem estatildeo presentes nas relaccedilotildees assim atitudes expectativas
intenccedilotildees e emoccedilotildees dos participantes satildeo de fundamental importacircncia O
agrupamento de relacionamentos compotildee uma rede formando o grupo social
Estrutura
Sociocultural Ambiente
Fiacutesico
Sociedade
Grupo
Relacionamento
Interaccedilatildeo
Comportamento
do Indiviacuteduo
Processos
Psicoloacutegicos
25
Hinde salienta que essas redes de relacionamentos mdash a famiacutelia os amigos da
escola entre outros podem sobrepor-se ou manter-se completamente
separadas comportando-se como grupos distintos uns em face dos outros
Assim como nas interaccedilotildees e relacionamentos cada grupo tanto influencia o
ambiente fiacutesico e bioloacutegico em que estaacute inserido como eacute influenciado por eles
O autor reconhece a existecircncia de niacuteveis distintos de complexidade no
comportamento social Cada um deles (interaccedilotildees relacionamentos grupos
sociais) possui propriedades proacuteprias Por exemplo algumas propriedades dos
relacionamentos tais como compromisso e intimidade dificilmente se aplicam
a interaccedilotildees isoladas (Hinde 1997)
Para organizar a aacuterea de pesquisa sobre relacionamento interpessoal
Hinde parte do conteuacutedo dos relacionamentos passando para a diversidade e
a qualidade das interaccedilotildees Em seguida discute algumas categorias presentes
nos relacionamentos semelhanccedilas e diferenccedilas reciprocidade e
complementaridade a intimidade o conflito o poder a auto-revelaccedilatildeo e a
privacidade a satisfaccedilatildeo a percepccedilatildeo interpessoal e o compromisso Estas
categorias ajudariam a organizar dados descritivos sobre relacionamentos
Robert Hinde contribuiu para a organizaccedilatildeo de uma ldquociecircncia do
relacionamento interpessoalrdquo Apesar de ter investigado e escrito sobre
diferentes temas de pesquisa seus principais textos sobre relacionamentos
foram publicados como livros (Hinde 1979 1987 e 1997) As publicaccedilotildees de
Hinde sobre o tema apresentam dois pontos principais Primeiramente procura
sistematizar a produccedilatildeo na aacuterea organizando aproximadamente 1600 textos
sobre o tema das deacutecadas de 1970 1980 e 1990 Em segundo lugar Hinde
procura organizar a aacuterea de acordo com orientaccedilatildeo teoacuterica influenciada pela
26
Etologia Claacutessica Esta representa um importante movimento de investigaccedilatildeo
do comportamento animal e humano tendo como autores centrais Konrad
Lorenz Niko Tinbergen e Karl von Frisch que receberam o Precircmio Nobel de
Fisiologia ou Medicina em 1973
Segundo Garcia (2005) as propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de
uma ciecircncia do relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais
representa uma aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para
esta nova aacuterea de investigaccedilatildeo
A contribuiccedilatildeo da Etologia Claacutessica para os estudos sobre
relacionamento interpessoal especificamente Konrad Lorenz John Bowlby e
Robert Hinde foi discutida por Garcia (2005)
As contribuiccedilotildees de Hinde para o estudo do relacionamento interpessoal
ainda foram analisadas por Garcia e Ventorini (2006) de modo particular para
os estudos em Psicologia Organizacional Segundo Garcia e Ventorini (2006)
os princiacutepios para uma ldquociecircncia dos relacionamentosrdquo proposta por Hinde
recebem a influecircncia da Etologia Claacutessica e da teoria de sistemas Da Etologia
Claacutessica herdou a ecircnfase na descriccedilatildeo (base descritiva) como a primeira etapa
para a compreensatildeo da dinacircmica dos relacionamentos A descriccedilatildeo dos
relacionamentos em diferentes niacuteveis eacute considerada a base para o avanccedilo
teoacuterico e a generalizaccedilatildeo dos dados Os autores ainda mencionam como
atitudes orientadoras da Etologia no estudo dos relacionamentos interpessoais
a ecircnfase na descriccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos dados coletados a anaacutelise e siacutentese
dos resultados da anaacutelise o mover-se entre niacuteveis de complexidade e a ecircnfase
na questatildeo da funccedilatildeo evoluccedilatildeo desenvolvimento e causaccedilatildeo
27
Segundo Garcia e Ventorini (2006) para organizar a aacuterea de pesquisa
sobre relacionamento interpessoal Hinde parte do conteuacutedo das interaccedilotildees
passando para a sua diversidade e qualidade Segue discutindo a
reciprocidade e complementaridade intimidade percepccedilatildeo interpessoal e
compromisso categorias que contribuiriam para organizar os dados descritivos
sobre relacionamentos
A descriccedilatildeo dos relacionamentos envolve a descriccedilatildeo das interaccedilotildees de
seu conteuacutedo e qualidade a descriccedilatildeo das propriedades advindas da
frequumlecircncia relativa e padronizaccedilatildeo da interaccedilatildeo dentro do relacionamento e a
descriccedilatildeo de propriedades mais ou menos comuns a todas as interaccedilotildees
dentro do relacionamento A comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal satildeo
considerados elementos importantes para a compreensatildeo do relacionamento
interpessoal
No niacutevel comportamental um relacionamento envolve uma seacuterie de
interaccedilotildees entre indiviacuteduos A descriccedilatildeo de uma interaccedilatildeo deve contemplar o
conteuacutedo do comportamento apresentado (o que fazem juntos) a qualidade do
comportamento (de que forma eacute feito) e a padronizaccedilatildeo (frequumlecircncia absoluta e
relativa) das interaccedilotildees que o compotildeem Algumas das mais importantes
caracteriacutesticas dos relacionamentos dependem de fatores afetivos e cognitivos
que tambeacutem devem ser considerados na descriccedilatildeo (Hinde 1997)
De acordo com Hinde Finkenauer e Auhagen (2001) o pleno
entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque tambeacutem no niacutevel individual pois
o curso de um relacionamento tambeacutem depende das caracteriacutesticas
psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos envolvem
caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas posicionamento
28
quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-conceito auto-
estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre outras
13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais
Uma tendecircncia maniqueiacutesta prevalece em estudos dos relacionamentos
interpessoais considerando os relacionamentos como constituiacutedo por dois
lados um positivo e outro negativo Embora o lado positivo da amizade seja
enfatizado as amizades tambeacutem revelam seu lado negativo conflito e
agressividade integram as relaccedilotildees de amizade (Garcia 2005b)
O comportamento agressivo aparece como uma das dimensotildees
investigadas nos estudos das relaccedilotildees interpessoais principalmente nos
estudos sobre estas relaccedilotildees na infacircncia (Garcia 2005c) A agressividade de
modo geral eacute percebida pelas crianccedilas como um fator de distanciamento
dificultando o estabelecimento de amizades
Em levantamento da literatura em torno das relaccedilotildees de amizade na
infacircncia Garcia (2005c) apresenta diversos estudos que consideram a
agressividade nas relaccedilotildees de amizades na infacircncia para Phillipsen Deptula e
Cohen (1999) quanto mais agressiva a crianccedila menor sua aceitaccedilatildeo social
pelos colegas em termos de amizade para Dunn e Hughes (2001) a
manifestaccedilatildeo de fantasia violenta tambeacutem estava relacionada a
comportamento anti-social frequumlente mostras de raiva conflito e recusa a
ajudar um amigo Brendgen Vitaro Turgeon e Poulin (2002) mostram que
enquanto a agressividade agrave primeira vista cria barreiras para as relaccedilotildees de
amizade haacute formas de lidar com o comportamento agressivo dentro das
29
relaccedilotildees de amizade para Ray Cohen Secrist e Duncan (1997) haacute
correlaccedilotildees positivas de comportamentos agressivos entre crianccedilas populares
(e de popularidade meacutedia) e seus amigos muacutetuos indicado que crianccedilas
agressivas podem se atrair mutuamente Estudo desenvolvido por Kupersmidt
DeRosier e Patterson (1995) citado por Garcia (2005b) tambeacutem revela que
crianccedilas similares em comportamento de agressatildeo e isolamento social
apresentam maior probabilidade de se tornarem amigas do que crianccedilas que
natildeo o sejam
O estudo da violecircncia e da agressatildeo nas relaccedilotildees interpessoais se
insere no grupo de estudos que abordam as dificuldades prejuiacutezos e ameaccedilas
ao relacionamento com danos para os participantes ou para o relacionamento
em si Segundo Garcia (2005b) entre os pontos de similaridade que servem de
base para uma amizade o comportamento agressivo costuma ser um dos mais
importantes
14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos Interpessoais
Garcia (2005a) analisou as publicaccedilotildees e os temas abordados nas
pesquisas sobre relacionamento interpessoal especialmente os artigos
presentes nas principais publicaccedilotildees internacionais especializadas
constatando que estatildeo voltados para os relacionamentos romacircnticos
familiares sexuais relacionamentos profissionais em diversos niacuteveis e a
amizade em geral
Trecircs aspectos segundo o autor se destacam como representativos do
conteuacutedo dos estudos de relacionamento interpessoal os participantes as
dimensotildees do relacionamento e o contexto Com relaccedilatildeo aos participantes as
principais propriedades estudadas satildeo a idade gecircnero etnia e certos aspectos
30
psicoloacutegicos As dimensotildees do relacionamento mais investigadas nos estudos
publicados nos principais perioacutedicos satildeo a comunicaccedilatildeo o apego o
compromisso o perdatildeo a similaridade a percepccedilatildeo interpessoal o apoio
social e emocional e o lado negativo do relacionamento ndash agressatildeo violecircncia e
ameaccedilas ao relacionamento O terceiro elemento marcante nos estudos de
relacionamento eacute o contexto representado por fatores ambientais geograacuteficos
ecoloacutegicos sociais culturais econocircmicos tecnoloacutegicos entre outros (Garcia
2005a)
A famiacutelia exerce diferentes influecircncias sobre as relaccedilotildees de amizade na
infacircncia Os pais afetam as amizades dos filhos por meio da estruturaccedilatildeo de
sua vida diaacuteria por meio de suas proacuteprias amizades atraveacutes de seus conflitos
da qualidade da relaccedilatildeo entre pais e filhos (Garcia 2005b)
Considerar o contexto nos estudos do relacionamento interpessoal
implica em estar atento aos diversos aspectos do ambiente onde se datildeo os
relacionamentos Como sugere Chang (2003) verifica-se grande variaccedilatildeo de
resultados na literatura sobre efeitos de comportamento agressivo e
comportamento retraiacutedo para os relacionamentos e para ele tal disparidade
deve-se ao fato de natildeo se ter considerado o contexto social destes
comportamentos nos diferentes estudos As variaccedilotildees portanto devem refletir
diferenccedilas contextuais Garcia (2005b) tambeacutem se refere a resultados distintos
em estudos que abordam agressividade e amizade na infacircncia
A escola eacute um dos principais locais em que as crianccedilas tem
oportunidade de se relacionar com seus pares sendo espaccedilo propiacutecio para a
origem e estabelecimento das relaccedilotildees de amizade Estudos que investigam o
contexto de relaccedilotildees de amizade na infacircncia apontam os dois contextos
31
intimamente ligados agrave amizade o familiar e o escolar Amizades facilitam a
adaptaccedilatildeo da crianccedila ao ambiente escolar e a aceitaccedilatildeo pelos colegas de
classe o que depende diretamente de sua qualidade estando a presenccedila de
conflito na amizade associada a mau ajustamento enquanto apoio percebido
tem sido associado a melhores atitudes em relaccedilatildeo agrave escola Crianccedilas com
amigos mostram um maior grau de ajuste agrave escola no iniacutecio e no fim do ano
escolar (Tomada (2002) citado por Garcia 2005b) e a qualidade positiva das
amizades no ambiente escolar tambeacutem gera atitudes mais positivas em relaccedilatildeo
agrave escola) As amizades na escola contribuem para um melhor ajustamento da
crianccedila aleacutem de trazer benefiacutecios para o rendimento escolar
Estudos que abordam as relaccedilotildees de amizade apresentam destaque ao
contexto do relacionamento dessa forma o ambiente escolar e assim o
relacionamento entre estudantes se apresentam como elementos das
investigaccedilotildees A sala de aula aparece como contexto considerado em alguns
estudos sobre relaccedilotildees de amizade na infacircncia (Ray Cohen amp Secrist 1995
citado por Garcia 2005b)
15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno
Inicialmente eacute preciso reconhecer com base nos criteacuterios de Hinde em
que medida podemos falar de relacionamento entre o professor e aluno Eacute
possiacutevel considerar um relacionamento visto que professores e alunos
estabelecem ao longo do ano letivo contiacutenuas interaccedilotildees com frequumlecircncia
regular e intensa que tais interaccedilotildees podem proporcionar uma histoacuteria comum
entre professor e aluno e ainda influenciar a interaccedilatildeo atual e que o
desenvolvimento da aula implica em compromisso e intimidade para que
32
ocorra aprendizagem efetiva Eacute importante conhecer as especificidades assim
como a relevacircncia do relacionamento professor-aluno
Muitos estudos investigam o relacionamento entre pares na sala de aula
tendo como participantes estudantes de uma mesma turma entretanto pecam
por desconsiderar a figura do professor como relevante e que exerce diversas
influecircncias no contexto da sala de aula (Chang 2003) Na anaacutelise realizada por
Garcia (2005a) percebe-se ausecircncia de estudos sobre relacionamento
professor-aluno Ao discorrer sobre as relaccedilotildees de amizade na infacircncia Garcia
(2005b) refere-se a estudo que aponta a opiniatildeo dos professores como fator
importante na escolha dos amigos no ambiente escolar principalmente para as
meninas
O ajustamento agrave escola indica a forma como crianccedilas e adolescentes se
adaptam ao ambiente escolar e suas atividades Geralmente um bom
ajustamento escolar estaacute associado a um bom desempenho escolar Entre
outros fatores observados o relacionamento professor-aluno afeta o
ajustamento escolar (Juvonen amp Wentzel 1996)
Murray e Greenberg (2000) observaram que alunos do quinto e sexto
ano com relaccedilotildees pobres com seus professores tambeacutem apresentavam
ajustamento social e emocional mais baixo conforme avaliaccedilatildeo dos
professores e dos proacuteprios alunos em comparaccedilatildeo com os alunos que
mantinham relaccedilotildees positivas com os professores
Diversas dimensotildees integram a relaccedilatildeo professor-aluno
Comportamentos como ajudar auxiliar apoiar aconselhar e incentivar
caracterizam os professores que manifestam atitudes solidaacuterias e demonstram
interesse nas relaccedilotildees interpessoais com seus alunos (Ang 2005) O
33
relacionamento professor-aluno construtivo e apoiador continua sendo
importante e prediz resultados acadecircmicos e desempenho comportamental
positivos para alunos do ensino fundamental ao Ensino Meacutedio (Davis 2003)
O conflito a criacutetica e comentaacuterios negativos ou desfavoraacuteveis
prejudicam o ajustamento e a atividade do estudante em sala de aula (Wentzel
2002 Birch amp Ladd 1996) Estudantes descrevem como professores
atenciosos aqueles que fazem comentaacuterios construtivos ao inveacutes de apenas
criticarem assim como os que demonstram um estilo de comunicaccedilatildeo mais
livre ao inveacutes daqueles que gritam e interrompem a todo o momento (Wentzel
1997 2003)
Lisboa (2002) em estudo desenvolvido em Porto Alegre com crianccedilas
de niacutevel socioeconocircmico baixo de escolas puacuteblicas municipais aponta dados
sobre caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-aluno As crianccedilas relataram os
principais problemas com seus professores destacando as agressotildees verbais
dos professores sem uma causa identificada Frente ao conflito com
professores esses alunos agiam de forma passiva sem fazer nada As
crianccedilas se viam incapazes de agir percebendo os professores como pouco
flexiacuteveis ou autoritaacuterios temendo castigos ou puniccedilotildees
Em outra pesquisa realizada no sul do paiacutes com alunos de sexto ao
nono ano de duas escolas da rede puacuteblica de Santa Catarina o relacionamento
entre alunos e professores foi considerado ruim ou natildeo tatildeo bom por 53 dos
participantes destacando-se como motivo a falta de diaacutelogo resultado de mau
humor impaciecircncia repeticcedilatildeo nas aulas diferenccedilas de tratamento entre os
alunos e distanciamento Foram bem avaliados os professores capazes de
conversar e manter um bom relacionamento com os alunos (Laterman 2000)
34
Um relacionamento professor-aluno positivo afeta as afinidades entre
aluno e professor favorecendo o gosto pela mateacuteria e o interesse em aprender
estimulando a participaccedilatildeo dos alunos e o interesse pelo conteuacutedo (Cunha et
al 2004)
A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um componente central para o sucesso do
processo ensino-aprendizagem mas em geral os aspectos eacuteticos desta
relaccedilatildeo natildeo satildeo considerados Grande parte da literatura recente sobre as
relaccedilotildees professor-aluno tem se concentrado no papel do cuidar Uma eacutetica do
cuidado privilegia ligaccedilotildees emocionais entre professor e aluno e enfatiza a
importacircncia da natureza reciacuteproca das relaccedilotildees entre professores e alunos
(Aultman et al 2009)
Diante da relevacircncia do relacionamento professor-aluno um dado
chama atenccedilatildeo em estudo realizado no Brasil por Abramovay (2005)
Enquanto cerca de 45 dos alunos afirmam que a relaccedilatildeo entre eles e os
professores varia entre boaoacutetima um nuacutemero consideraacutevel de alunos o
equivalente a mais de 196 mil estudantes (12) afirmam que o relacionamento
com os professores eacute peacutessimo ou ruim
A indisciplina pode colaborar para a deterioraccedilatildeo das relaccedilotildees entre os
atores escolares como tambeacutem pode constituir-se em um conflito positivo que
adverte para a importacircncia de rever rumos e rotas escolares atentando aos
pedidos de atenccedilatildeo e de criacutetica impliacutecita agrave escola que fazem os alunos
Assumir uma postura positiva depende da sensibilidade dos professores de
suas respostas e da abertura da escola para ouvir e aprender os tipos de
comunicaccedilatildeo e sinais que emitem os alunos (Abramovay 2005)
35
CAPIacuteTULO II
2 VIOLEcircNCIA ESCOLAR E BULLYING
21 - Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo
Erroneamente pensamos a escola unicamente como espaccedilo de
crescimento de produccedilatildeo e de circulaccedilatildeo de bons haacutebitos e atitudes dignas de
serem imitadas em prol da boa educaccedilatildeo No meio educacional eacute comum se
considerar a violecircncia como um fenocircmeno com raiz essencialmente exoacutegena
em relaccedilatildeo agrave praacutetica institucional escolar e com isto
ldquoa escola e seus atores constitutivos principalmente o professor parecem tornar-se refeacutens de sobredeterminaccedilotildees que em muito lhes ultrapassam restando-lhes apenas um misto de resignaccedilatildeo desconforto e inevitavelmente desincumbecircncia perante os efeitos de violecircncia no cotidiano praacutetico posto que a gecircnese do fenocircmeno e por extensatildeo seu manejo teoacuterico-metodoloacutegico residiriam fora ou para aleacutem dos muros escolares (Aquino 1998)
Eacute importante compreender as instituiccedilotildees e entre elas as escolas como
relaccedilotildees ou praacuteticas sociais especiacuteficas que tendem a se repetir e que
enquanto se repetem legitimam-se (Guirado 1997 apud Aquino 1998) As
relaccedilotildees escolares natildeo implicam um espelhamento imediato daquelas extra-
escolares Eacute preciso pensar os atores da escola situados num complexo de
lugares e relaccedilotildees pontuais sempre institucionalizadas Para tanto surge a
possibilidade de um olhar especificamente institucional sobre as praacuteticas
escolares entendendo que as escolas tambeacutem produzem sua proacutepria violecircncia
e sua proacutepria indisciplina como propotildee Aquino (1998)
36
A percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aumento das violecircncias nas escolas em
frequumlecircncia e gravidade em parte eacute fruto de algo intensamente midiatizado e
em parte por ser submetido agrave lei do silecircncio nas salas de aula escolas e redes
escolares Para Levisky (1997) uma violecircncia digna do homem primitivo estaacute
solta por toda a parte nas relaccedilotildees familiares nas escolas nas ruas nos
meios de comunicaccedilatildeo nas filas nas relaccedilotildees institucionais no lazer
ldquoA escola multifacetada vem presenciando situaccedilotildees de violecircncia que estatildeo tomando proporccedilotildees assustadoras em nossa sociedade As situaccedilotildees de violecircncia anteriormente esporaacutedicas se tornaram uma constante em nossos diasrdquo (Francisco amp Liboacuterio 2009)
Para Abramovay (2005) nem sempre as relaccedilotildees sociais na escola satildeo
amistosas e harmocircnicas a convivecircncia na escola pode ser marcada por
agressividade e violecircncia muitas vezes banalizadas e naturalizadas
comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem
A violecircncia nas escolas eacute um problema social grave e complexo e
provavelmente o tipo mais frequumlente e visiacutevel da violecircncia juvenil Muitos
estudos que tratam da temaacutetica da violecircncia na escola procuram analisaacute-la a
partir de questotildees mais relacionadas agrave violecircncia simboacutelica agrave seguranccedila da
escola e principalmente agrave depredaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo do patrimocircnio escolar
(Silva 1997 Sposito 2001)
Eacute apenas ao final dos anos 90 e iniacutecio dos anos 2000 que o estudo da
violecircncia escolar se debruccedila sobre as relaccedilotildees interpessoais agressivas
envolvendo estudantes professores e demais funcionaacuterios Vale destacar
ainda que a aacuterea das Ciecircncias Sociais mesmo tendo incorporado o tema da
violecircncia e seus desdobramentos nas suas pesquisas nenhum estudo desta
aacuterea na anaacutelise realizada por Spoacutesito (2001) investigou a questatildeo da
37
violecircncia escolar A aacuterea da Educaccedilatildeo abordou esta temaacutetica muito
tardiamente e o interesse acadecircmico pela questatildeo ainda eacute bastante incipiente
O debate em torno da violecircncia escolar implica considerarmos a
violecircncia enquanto um fenocircmeno macrossocial cujas raiacutezes se encontram no
sistema portanto fora da escola sem fugir da abordagem da violecircncia
enquanto um fenocircmeno microssocial ligado agraves interaccedilotildees situaccedilotildees e praacuteticas
na proacutepria escola Eacute preciso pensar a escola como autora viacutetima e palco de
violecircncia Eacute autora com praacuteticas que produzem e reproduzem a exclusatildeo
social eacute viacutetima quando seus gestores e docentes satildeo hostilizados em parte
como reflexo da violecircncia que ela produz e quando situaccedilotildees de vandalismo
se impotildeem neste cenaacuterio salientando tensatildeo constante por fim eacute palco de
violecircncia quando no seu ambiente se desenrolam conflitos entre os seus
membros e quando se torna tambeacutem lugar de aprendizagem de violecircncias
(Galvatildeo Gomes Capanema Caliman amp Cacircmara 2010)
Violecircncia escolar refere-se a todos os comportamentos agressivos e
anti-sociais incluindo os conflitos interpessoais danos ao patrimocircnio atos
criminosos etc Infelizmente estatildeo cada vez mais presentes na escola
demonstrando que o modelo do mundo exterior eacute reproduzido nas escolas
fazendo com que deixem de ser ambientes seguros modulados pela disciplina
amizade e cooperaccedilatildeo e se transformem em espaccedilos onde haacute violecircncia
sofrimento e medo (Lopes Neto 2005)
Atualmente nas escolas nem sempre as relaccedilotildees sociais satildeo amistosas
e harmocircnicas os alunos e professores natildeo se unem em torno de objetivos
comuns Ao contraacuterio a convivecircncia na escola pode ser marcada por
38
agressividade e violecircncias muitas vezes naturalizadas e banalizadas
comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem (Abromavay 2005)
Charlot (2002) citado por Abromavay (2005) propotildee um sistema de
classificaccedilatildeo dos episoacutedios de violecircncia na escola em que identificam trecircs tipos
de manifestaccedilatildeo a violecircncia na escola a violecircncia contra a escola e a violecircncia
da escola A violecircncia na escola eacute aquela que se produz dentro do espaccedilo
escolar sem estar ligada agraves atividades da instituiccedilatildeo escolar a escola eacute
apenas o lugar de uma violecircncia que poderia ter acontecido em outro lugar A
violecircncia contra a escola estaacute relacionada com a natureza e as atividades da
instituiccedilatildeo escolar e toma a forma de agressotildees ao patrimocircnio e agraves autoridades
da escola (professores diretores e demais funcionaacuterios) e eacute decorrente de
ressentimentos de certos jovens e de certas famiacutelias contra a escola e seu
funcionamento A violecircncia contra a escola estaacute relacionada no entendimento
de Charlot agrave violecircncia da escola a violecircncia institucional simboacutelica a qual se
manifesta por meio do modo como a escola se organiza funciona e trata os
alunos (Abromavay 2005)
Neste cenaacuterio novos olhos para as bases de legitimaccedilatildeo da autoridade
vecircm abalar os fundamentos da violecircncia historicamente praticada pela escola
contra os seus alunos (Aquino 1998) De acordo com Tognetta (2010) muitas
das puniccedilotildees utilizadas pelas escolas como forma de garantir obediecircncia agrave
autoridade satildeo tambeacutem tatildeo violentas quanto agraves formas de violecircncia que
assistimos em nossas escolas
Para Galvatildeo et al (2010) os estudantes praticam violecircncias simboacutelicas
como o uso agressivo da linguagem a imposiccedilatildeo de apelidos inclusive ligados
a estereoacutetipos eacutetnicos e de gecircnero o isolamento de certos alunos e grupos
39
aleacutem das incivilidades e do asseacutedio moral ou bullying No entanto em estudo
realizado com professores e alunos de modo geral as violecircncias simboacutelicas
inclusive manifestaccedilotildees de preconceitos foram mais difiacuteceis de ser percebidas
tanto por professores quanto por alunos sobretudo por estes uacuteltimos
Os resultados de estudo desenvolvido por Lopes e Galvatildeo (2004)
citados por Galvatildeo et al (2010) apontou vaacuterias aspectos da accedilatildeo docente no
cenaacuterio da violecircncia escolar Foi afirmado reiteradamente que os estudantes
natildeo levavam a escola a seacuterio laacute estavam por serem obrigados eram
desmotivados e natildeo se comportavam adequadamente Diante disso a resposta
dos professores era de apatia conformismo individualismo e desmobilizaccedilatildeo
que por sua vez trazia o adoecimento psiacutequico com ansiedade e depressatildeo
Nesta direccedilatildeo estudo realizado por Almeida (1999) tambeacutem citado por
Galvatildeo et al (2010) apontou que os educadores se preocupavam apenas com
os efeitos da destruiccedilatildeo provocada pelos alunos sem se importarem com os
motivos dessas accedilotildees O trabalho salientou que entre alguns professores e
alunos havia o anseio pela inclusatildeo de atividades e conteuacutedos curriculares que
desenvolvessem valores e atitudes de cooperaccedilatildeo e que preparassem melhor
para a vida em vez de um curriacuteculo eminentemente informativo pouco
relevante ou compreensiacutevel para o alunado
Se os educadores em geral estatildeo alarmados com a indisciplina e a
violecircncia expliacutecita que existem na escola outra forma de violecircncia deve
despertar a atenccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo aquela que se apresenta
de forma velada por meio de um conjunto de comportamentos crueacuteis
intimidadores e repetitivos prolongadamente contra uma mesma viacutetima e cujo
40
poder destrutivo eacute perigoso agrave comunidade escolar e agrave sociedade como um
todo pelos danos causados ao psiquismo dos envolvidos (Fante 2005)
Um aspecto bastante preocupante na atualidade eacute que estamos diante
de uma sociedade na qual o elemento violecircncia em suas diferentes formas de
expressatildeo estaacute fazendo parte dos modelos identificatoacuterios como padratildeo de
conduta e forma de auto-afirmaccedilatildeo
Considerando que a auto-afirmaccedilatildeo eacute um componente necessaacuterio e
desejaacutevel no processo de desenvolvimento da identidade do adolescente
surge o alerta a respeito do risco para nossos jovens em processo de
construccedilatildeo da identidade no contexto atual pois observa-se em nossa cultura
uma perda do senso criacutetico na qual vivenciamos uma crise de valores onde
vem se perdendo a noccedilatildeo de limite entre o bem e o mal E assim a violecircncia
fiacutesica a baderna o vandalismo e a amoralidade se tornam meios de auto-
afirmaccedilatildeo incorporados ao cotidiano juvenil
Segundo Silva (1997) a questatildeo da violecircncia e as violaccedilotildees dos direitos
humanos no Brasil constituem-se em uma das maiores preocupaccedilotildees da
populaccedilatildeo das grandes cidades Entretanto aleacutem da violecircncia em si parece
tambeacutem bastante grave o fato de que as vaacuterias formas de violecircncia produzidas
no cotidiano da sociedade parecem natildeo mais indignar a populaccedilatildeo brasileira
se configurando uma banalizaccedilatildeo da proacutepria vida
Em estudo realizado por Silva (1997) sobre a violecircncia nas escolas ao
entrevistar alunos professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores da
escola um dado interessante a destacar foi que na visatildeo da maioria dos
entrevistados a sociedade estaacute corrompida nos seus valores eacuteticos e morais e
a escola tambeacutem eacute afetada por este tipo de corrupccedilatildeo
41
Os resultados deste estudo apontaram uma diferenccedila significativa entre
a forma como professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores percebem a
violecircncia e a forma como os alunos a vecircem principalmente nas questotildees que
permeiam as relaccedilotildees na escola ldquoPara os educadores a violecircncia se
evidencia de forma mais clara na relaccedilatildeo entre os alunos Estes eacute que satildeo
violentos e geralmente os educadores natildeo se percebem promovendo atitudes
de violecircncia para com os alunosrdquo (p 262) Eacute tambeacutem interessante que ao
falarem sobre a violecircncia no acircmbito escolar os alunos natildeo percebem como
violentas algumas atitudes desenvolvidas entre professor e aluno e entre
alunos como a falta de diaacutelogo e de companheirismo
Dados semelhantes apareceram em estudo realizado por Fernandes
(2006) citado por Galvatildeo et al (2010) Cotejando as respostas dos grupos
docente e discente Fernandes (2006) constatou que ambos divergiram sobre o
niacutevel de gravidade de situaccedilotildees como brigas entre alunos o professor
comparar alunos publicamente a praacutetica de atos de conotaccedilatildeo eroacutetica com os
colegas e os insultos em todos os casos envolvendo alunos entre si e
professores Os juiacutezos dos docentes tenderam a ser mais rigorosos embora
mais lenientes quanto a si mesmos e mais severos quando as violecircncias dos
alunos se dirigiam contra eles professores
22 Bullying
Um comportamento bem presente nas relaccedilotildees interpessoais entre os
estudantes o bullying invoca profissionais da educaccedilatildeo e mais
especificamente os docentes a atentarem para as repercussotildees deste
42
fenocircmeno para a comunidade escolar como um todo como tambeacutem para a
influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer docente
221 Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo
Bullying geralmente eacute definido como uma forma especiacutefica de agressatildeo
que eacute intencional repetida e envolve disparidade de poder entre viacutetimas e
perpretador Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) o bullying eacute um
comportamento intencional visando fazer mal e magoar algueacutem e se repete ao
longo do tempo (eg Chapell et al 2004 DeHaan 1997 Olweus 1994)
Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009) reconhecem a
ocorrecircncia de bullying em diferentes contextos incluindo a escola o ambiente
familiar as prisotildees e o ambiente de trabalho Segundo Salmivalli (2010) o
bullying tem sido estudado no local de trabalho (Bowling amp Beehr 2006
Nielsen Matthiesenamp Einarsen 2008) em prisotildees (Ireland 2005 Ireland
Archer amp Power 2007 South amp Wood 2006) e no ambiente militar (Ostvik amp
Rudmin 2001) Segundo Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009)
a maioria dos casos de bullying escolar ocorre no playground sala de aula ou
corredores A questatildeo de gecircnero foi investigada por Oliveira amp Votre (2006) ao
focalizarem a investigaccedilatildeo na praacutetica de bullying em aulas de educaccedilatildeo fiacutesica
De acordo com Wang Iannotti e Nansel (2009) o bullying escolar tem
sido identificado como um comportamento problemaacutetico entre adolescentes
afetando o rendimento escolar habilidades proacute-sociais e o bem-estar
psicoloacutegico de viacutetimas e perpetradores
O bullying pode assumir diferentes formas como o fiacutesico o verbal e o
relacional ou social Segundo Wang Iannotti amp Nansel (2009) o bullying fiacutesico
43
e o verbal geralmente satildeo considerados como uma forma direta de bullying
enquanto o relacional eacute visto como uma modalidade indireta associada agrave
exclusatildeo social e divulgaccedilatildeo de boatos depreciativos Estudos tecircm evidenciado
que meninos estatildeo mais envolvidos com bullying direto e meninas com bullying
indireto (Bjorkqvist 1994 Owens Shute amp Slee 2000) Com a idade haacute a
tendecircncia de passar do bullying fiacutesico ao indireto e relacional Os agressores
tendem a ser do sexo masculino mas os gecircneros se equiparam quanto a sofrer
bullying Enquanto os meninos praticam e sofrem mais bullying fiacutesico as
meninas estatildeo mais associadas a bullying indireto ou relacional De acordo
com Wang Iannotti e Nansel (2009) o cyber-bullying ou bullying eletrocircnico estaacute
emergindo como uma nova forma de bullying Este pode ser definido como
uma forma de agressatildeo que ocorre por meio de computadores pessoais (por
exemplo por meio de e-mails e mensagens instantacircneas) ou de telefones
celulares (por exemplo por meio de mensagens de texto) Kowalski e Limber
(2007) relataram que em uma amostra de 3767 estudantes de ensino meacutedio
nos EUA 22 estavam envolvidos em cyber-bullying sendo 4 como
perpetradores 11 como viacutetimas e 7 como ambos
Este fenocircmeno comportamental desperta interesse pois segundo Fante
(2005) envolve e vitimiza a crianccedila na mais tenra idade escolar tornando-a
refeacutem de ansiedade e de emoccedilotildees que interferem negativamente nos seus
processos de aprendizagem devido agrave excessiva mobilizaccedilatildeo de emoccedilotildees de
medo de anguacutestia e de raiva reprimida O bullying diz respeito a uma forma de
poder interpessoal atraveacutes da agressatildeo
Lopes Neto (2005) diz que por definiccedilatildeo bullying compreende todas as
atitudes agressivas intencionais e repetidas que ocorrem sem motivaccedilatildeo
44
evidente adotadas por um ou mais estudante contra outro(s) causando dor e
anguacutestia sendo executadas dentro de uma relaccedilatildeo desigual de poder
Os estudantes envolvidos em bullying podem ser identificados como
alvosviacutetimas autoresagressores ou espectadorestestemunhas de acordo
com sua atitude diante de situaccedilotildees de bullying Mas haacute tambeacutem um grupo que
ao mesmo tempo que satildeo agredidos agridem outras crianccedilas e satildeo chamados
de agressorviacutetima
As pesquisas sobre bullying realizadas em diferentes paiacuteses a partir da
deacutecada de 90 indicam que a prevalecircncia de estudantes vitimizados varia de 8
a 46 e de agressores de 5 a 30 No Brasil estudo desenvolvido pela
Associaccedilatildeo da Brasileira Multiprofissional de Proteccedilatildeo agrave Infacircncia e agrave
Adolescecircncia (ABRAPIA) apontou que 405 dos alunos admitiram estar
diretamente envolvidos em atos de bullying sendo 169 como alvos 127
como autores e 109 ora como alvos ora como autores (Lopes Neto 2005)
Antunes e Zuin (2008) argumentam que ldquoo bullying se aproxima do
conceito de preconceito principalmente quando se reflete sobre os fatores
sociais que determinam os grupos-alvo e sobre os indicativos da funccedilatildeo
psiacutequica para aqueles considerados como agressoresrdquo (paacuteg 36) E assim
defendem a anaacutelise socioloacutegica de estudos envolvendo violecircncia pois abordar
dados estatiacutesticos e o diagnoacutestico de sua ocorrecircncia eacute um risco no sentido de
mascarar os processos sociais inerentes a eles Eacute importante que toda situaccedilatildeo
de violecircncia incluindo o bullying seja estudada agrave luz das mediaccedilotildees sociais
que a determinam
Um outro aspecto a ser destacado eacute que nas situaccedilotildees de bullying
assim como em trotes universitaacuterios e em situaccedilotildees de asseacutedio moral no
45
trabalho ocorre a desqualificaccedilatildeo do outro e nesse processo manifestam-se
preconceitos que se transformam em armas para discriminar e segregar as
pessoas Entretanto haacute uma toleracircncia com relaccedilatildeo a estas praacuteticas Em
relaccedilatildeo ao bullying eacute comum se pensar que eacute algo passageiro algo relativo a
uma determinada faixa etaacuteria Mas estudo realizado nos EUA encontrou dados
que sugerem que o envolvimento em asseacutedio moral na vida adulta estaacute
relacionada a envolvimento em situaccedilotildees de bullying (Almeida e Queda 2007)
Existem diversos estudos sobre bullying em diferentes paiacuteses desde a
deacutecada de 90 Escolas em diferentes paiacuteses jaacute foram investigadas
demonstrando que o bullying tem sido amplamente discutido No Brasil
(Francisco amp Liboacuterio 2009 Mascarenhas 2006 Lopes Neto 2005 Fante
2003 2005 Tognetta 2008 2010) na Aacutefrica do Sul (Mestry Merwe amp Squelch
2006) na Holanda (Veenstra et al 2005) na Nova Zelacircndia (Carroll- Lind amp
Kearney 2004) na Irlanda do Norte (Collins McAleavy amp Adamson 2004) na
Costa Rica (Pizarro amp Jimeacutenez 2007) em Portugal (Matos amp Gonccedilalves 2009
Freire Simatildeo amp Ferreira 2006 Martins 2005 Pereira 2002) na Noruega
(Olweus 1991) na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) e Espanha (Ramiacuterez 2001)
Eacute bastante frequente estudos sobre bullying abordarem prioritariamente
aspectos quantitativos deste tipo de comportamento considerando a
frequumlecircncia com que ocorrem nas escolas e a distribuiccedilatildeo dos envolvidos em
diferentes formas de envolvimento como alvoviacutetima autoragressor ou
espectadortestemunha
Matos e Gonccedilalves (2009) indicam a variabilidade na prevalecircncia de
bullying escolar em diferentes paiacuteses Um estudo realizado na Austraacutelia
apontou cerca de 24 de agressores 13 de viacutetimas e 22 simultaneamente
46
viacutetimas e agressores (Forero McLellan Rissel amp Bauman 1999) Fekkes
Pijpers e Verloove-Vanhorick (2005) indicaram entre crianccedilas alematildes cerca de
16 de viacutetimas de bullying Em Portugal Matos et al (2003) encontraram
cerca de 20 de adolescentes viacutetimas de violecircncia e cerca de 20 de
agressores Aproximadamente 25 dos participantes se referiram como
viacutetimas e agressores Em estudo com amostra nacionalmente representativa de
adolescentes nos EUA Nansel et al (2001) relataram o envolvimento frequumlente
em bullying nos dois meses anteriores em 299 dos participantes sendo 13
de perpetradores 106 de viacutetimas e 63 de ambos Craig e Harel (2004)
em pesquisa envolvendo 35 paiacuteses encontraram a prevalecircncia meacutedia de
viacutetimas de 11 e 11 de agressores De acordo com Haynie et al 2001 e
Nansel et al (2001) 4 a 6 das podem ser classificadas como ambos
Haacute estudos que levantam dados de estudantes de diferentes paiacuteses
possibilitando comparaccedilotildees em contextos diferentes (Wolke et al 2001
Gaacutezquez et al 2005)
222 ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo de Bullying
Percebe-se nos estudos sobre bullying o interesse em identificar fatores
diferenciais considerando a forma como se daacute o envolvimento como
agressorautor como alvoviacutetima ou ainda como agressoralvo (Veenstra et al
2005 Carvalhosa Lima amp Matos 2001 Twemlow Sacco amp Williams 1996)
Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as pesquisas tecircm demonstrado um
certo protoacutetipo ou perfil de pessoas que oprimem e que satildeo oprimidas Aqueles
que oprimem necessitam de ter poder e de dominar gostam do controlar os
outros tecircm um sentimento positivo quanto agrave violecircncia e pouca empatia para
47
com as suas viacutetimas Geralmente tecircm alguma popularidade e satildeo
acompanhados por um pequeno grupo Os indiviacuteduos que se incluem neste
grupo tecircm falta de empatia e competecircncias para resolver problemas (Bullock
2002) Estes alunos tecircm maior probabilidade de beber aacutelcool e fumar cigarros
que as suas viacutetimas e apresentam menor ajustamento acadecircmico e escolar
Estes alunos geralmente satildeo mais altos fortes agressivos impulsivos e natildeo
cooperativos (Harris amp Petrie 2002) A questatildeo da auto-estima eacute controversa
Rigby e Slee (1995) defendem que esses indiviacuteduos natildeo tecircm baixa auto-
estima Para Tognetta e Vinha (2008 meninos e meninas que equacionando
suas experiecircncias com os outros se vecircem pequenos demais tendem a se
conformar e atribuir-se menos valor Ao mesmo tempo podem pelo mesmo
motivo fazer com que os outros se sintam tatildeo mal como eles proacuteprios se
sentem ou seja inferiorizaacute-los menosprezaacute-los para que o peso que
carregam consigo possa ser menor Para estas autoras os autores de bullying
natildeo conseguem uma dupla perspectiva de ver a si e ao outro Falta-lhes um
conteuacutedo eacutetico portanto o valor de si agregado ao valor do outro
Por sua vez as viacutetimas geralmente satildeo mais fracas tiacutemidas
introvertidas cautelosas sensiacuteveis quietas com menor auto-estima e com
poucos amigos Estes indiviacuteduos tambeacutem tinham alguma probabilidade de
fumar ingerir aacutelcool e ter desempenhos escolares baixos Quando natildeo existe
intervenccedilatildeo por parte dos adultos eles tendem a ser oprimidos repetidamente
correndo o risco de serem rejeitados entrar em depressatildeo e sofrem constante
ameaccedila agrave sua auto-estima (Bullock 2002) Haacute dois subgrupos de viacutetimas os
submissos ou passivos e os provocadores As viacutetimas passivas natildeo provocam
os seus colegas natildeo gostam de violecircncia tendem a ser mais fracos que outros
48
colegas e reagem chorando ou ficando tristes (Isenhagen amp Harris 2004) As
viacutetimas provocadoras (minoria) geralmente tecircm uma deficiecircncia na
aprendizagem e falta de competecircncias sociais que os torna insensiacuteveis a
outros estudantes Estes estudantes tendem a aborrecer os companheiros ateacute
que algueacutem lhes responda ou seja agressivo (Harris Petrie amp Willoughby
2002)
Aleacutem de identificar as diferenccedilas no posicionamento dos envolvidos em
bullying haacute estudos que abordam fatores preditivos de envolvimento em
situaccedilotildees de bullying (Francisco amp Liboacuterio 2009 Matos e Gonccedilalves 2009
Sweeting amp West 2001)
Fox amp Boulton (2005) desenvolveram estudo visando identificar de que
forma os proacuteprios estudantes seus pares e os professores avaliam as
habilidades sociais de colegas viacutetimas de bullying em comparaccedilatildeo com
estudantes natildeo identificados como viacutetimas de bullying Os trecircs diferentes
grupos percebem as viacutetimas de bullying com menos habilidades sociais dos
que as natildeo viacutetimas Estes resultados apresentam importantes implicaccedilotildees para
intervenccedilotildees que possam ajudar crianccedilas que apresentam maiores riscos de
serem viacutetimas de bullying pelos seus colegas
Conforme Fante (2003 2005) e Lopes Neto (2005) as viacutetimas de bullying
geralmente satildeo descritas como pouco sociaacuteveis inseguras com baixa auto-
estima quietas e que natildeo reagem efetivamente aos atos agressivos
De acordo com Lopes Neto (2005) Pizarro e Jimeacutenez (2007) e Ramiacuterez
(2001) as testemunhas natildeo participam diretamente em atos de bullying e
geralmente se calam receando tornarem-se viacutetimas O espectador assume
uma posiccedilatildeo de lsquofora de jogorsquo como se nada tivesse a ver com o problema pelo
49
medo de uma puniccedilatildeo da autoridade mas ao mesmo tempo ainda que de
maneira controlada tambeacutem zomba ou ri da crueldade feita a algueacutem natildeo
porque concorda com ela mas pelo temor de se tornar a proacutexima viacutetima e por
perceber que para manter uma boa imagem diante do grupo eacute melhor ldquoficar do
ladordquo dos mais fortes Eacute uma postura que demonstra ausecircncia de um
sentimento de indignaccedilatildeo que eacute proveniente de um lsquoestar sensiacutevelrsquo ao
sentimento do outro de uma espeacutecie de co-mover-se ao outro e sua ausecircncia
permita a esse espectador assumir um posicionamento contraacuterio agrave accedilotildees
injustas (Tognetta e Vinha 2008)
Causadores e viacutetimas de bullying precisam de ajuda Por um lado as
viacutetimas sofrem uma deterioraccedilatildeo da sua auto-estima e do seu auto-conceito
por outro os agressores sofrem grave deterioraccedilatildeo de sua escala de valores e
de seu desenvolvimento afetivo e moral Os autores de bullying tambeacutem
precisam de ajuda pois eacute importante inverter uma hierarquia de valores que
coloca a forccedila o poder a virilidade a intoleracircncia agrave diferenccedila como
privilegiados (Tognetta e Vinha 2010)
Estudo realizado na Aacutefrica do Sul focalizou no comportamento dos
espectadores visando propor estrateacutegias para reduzir ou eliminar o bullying nas
escolas (Mestry Merwe amp Squelch 2006)
Estudo realizado por Martins (2005) em Portugal aleacutem de obter dados
sobre a frequumlecircncia do bullying entre adolescentes e conhecer os
comportamentos mais frequumlentes nas diferentes formas de envolvimento em
bullying como alvoviacutetima autoragressor ou observador tambeacutem verificou se
fatores como gecircnero niacutevel de escolaridade e niacutevel socioeconocircmico estavam ou
natildeo associados ao envolvimento em bullying Os resultados apontam que o
50
comportamento mais frequumlente na praacutetica de bullying entre adolescentes
envolve a exclusatildeo social diferentemente de estudos com crianccedilas onde
aparece com mais frequumlecircncia a agressatildeo verbal Outro aspecto a ser
destacado refere-se ao fato que muitos adolescentes experimentam
simultaneamente a condiccedilatildeo de viacutetimas de agressores e de observadores Natildeo
se verificou nenhuma relaccedilatildeo entre o niacutevel socioeconocircmico e a praacutetica de
bullying e em relaccedilatildeo agrave escolaridade verificou-se uma tendecircncia para a
diminuiccedilatildeo da vitimizaccedilatildeo o que se explica a partir do desenvolvimento de
competecircncias sociais na adolescecircncia favorecendo o uso de estrateacutegias para
enfrentar as situaccedilotildees de bullying
Quanto aos fatores de risco individuais alunos oriundos de minorias
eacutetnicas geralmente sofrem mais agressotildees verbais racistas (embora natildeo
necessariamente outras formas de bullying) que alunos de maiorias eacutetnicas
(Monks Ortega-Ruiz amp Rodriacuteguez-Hidalgo 2008) Na escola secundaacuteria os
alunos podem sofrer bullying devido agrave sua orientaccedilatildeo sexual Neste caso
podem chegar a ser agredidos fisicamente ou ridicularizados por professores
ou outros estudantes Conforme Warwick Chase Aggleton e Sanders (2004) a
porcentagem de estudantes atraiacutedos pelo mesmo sexo nas escolas
secundaacuterias no Reino Unido que sofreram bullying homofoacutebico varia em torno
de 30 a 50
Ao lado dos fatores de risco Wang Iannotti e Nansel (2009) apontam os
fatores de proteccedilatildeo relacionados principalmente a pais e amigos Praacuteticas
parentais positivas como apoio parental podem proteger os adolescentes de
envolvimento tanto como agressores (Bowers Smith amp Binney 1994) ou
viacutetimas (Haynie Nansel Eitel et al 2001) Comparados com pais os amigos
51
parecem desempenhar uma papel mais diversificado A amizade tem sido
indicada como fator de proteccedilatildeo contra os efeitos do bullying de modo que ter
mais amigos relaciona-se negativamente agrave vitimizaccedilatildeo (Hodges Boivin Vitaro
amp Bukowski 1999)
223 Consequumlecircncias do Bullying
Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as consequumlecircncias do bullying
atingem opressores e viacutetimas podendo ter efeitos em longo prazo (Williams
Chambers Logan amp Robinson 1996) Para os agressores podem surgir
problemas no desenvolvimento e manutenccedilatildeo de relaccedilotildees positivas (Bullock
2002) aleacutem de maior tendecircncia para comportamentos de risco como consumo
de tabaco (KingWold Tudor-Smith amp Harel 1996) de aacutelcool (Due Holstein amp
Jorgeensen 1999 King et al 1996) e de drogas (DeHaan 1997) aleacutem de
baixo desempenho escolar (Due Holstein amp Jorgeensen 1999) Para as
viacutetimas as consequumlecircncias variam do isolamento sintomas fiacutesicos ou
psicossomaacuteticos tristeza ansiedade depressatildeo ou distanciamento quanto a
assuntos da escola ideaccedilatildeo de suiciacutedio e ateacute suiciacutedio (Young amp Sweeting
2004) Alunos oprimidos abandonam mais facilmente a escola seu rendimento
escolar pode baixar e podem tornar-se mais tarde novos opressores
(Isernhagen amp Harris 2004) As viacutetimas de bullying apresentam mais sintomas
de doenccedila psicoloacutegica (como depressatildeo e ansiedade) e doenccedila fiacutesica (como
dores de cabeccedila e dores abdominais) (Bond Carlin Thomas Rubin amp Patton
2001 King et al 1996 Rigby 1999 Salmon James amp Smith 1998 Williams
Chambers Logan amp Robinson 1996)
52
A experiecircncia de ser alvo de bullying estaacute correlacionada com
ansiedade depressatildeo e baixa auto-estima (Hawker amp Boulton 2000) Achados
de baixa auto-estima em relaccedilatildeo a bullying estatildeo diretamente relacionados a
comportamento anti-social (OMoore 2000)
O bullying constitui um seacuterio risco para o ajustamento psicossocial e
acadecircmico para as viacutetimas (Erath Flanagan amp Bierman 2008 Hawker amp
Boulton 2000 Isaacs Hodges amp Salmivalli 2008 Olweus 1994 Salmivalli amp
Isaacs 2005) e agressores (Kaltiala-Heino Rimpelauml Rantanen amp Rimpelauml
2000 Nansel et al 2004) Mesmo testemunhar atos de bullying pode ser uma
influecircncia negativa (Nishina amp Juvonen 2005) Estudantes que presenciaram
comportamentos opressores acabaram se tornando opressores tambeacutem
(Chapell et al 2004) Se os colegas ganham respeito por intermeacutedio de
comportamentos agressivos entatildeo alguns alunos adotam este tipo de
comportamento para chamar a atenccedilatildeo e defender-se (Warren Schoppelrey
Moberg amp McDonald 2005)
Outros estudos ainda se concentram na anaacutelise nas consequumlecircncias para
as crianccedilas do envolvimento em situaccedilotildees de bullying considerando os efeitos
em curto e longo prazos focalizando aspectos psicoloacutegicos sociais e prejuiacutezos
escolares (Eisenberg amp Aalsma 2005 Rigby 2003)
224 Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de Bullying
Segundo Monks et al (2009) as estrateacutegias contra a manifestaccedilatildeo de
bullying geralmente satildeo abordadas em trecircs niacuteveis as estrateacutegias individuais as
estrateacutegias dos grupos de pares e as estrateacutegias da escola
53
As estrateacutegias de enfrentamento individuais variam de acordo com a
idade e o gecircnero Formas natildeo assertivas de enfrentamento (como chorar) tecircm-
se mostrado menos eficientes que ignorar o agressor ou buscar ajuda A
maioria dos alunos que sofre bullying natildeo revela o fato a professores ou
familiares (Naylor Cowie amp del Rey 2001)
Um segundo grupo satildeo as accedilotildees dos pares contra o bullying Smith e
Watson (2004) encontraram o companheirismo de pares e amigos na escola
primaacuteria e a orientaccedilatildeo ou aconselhamento de pares na escola secundaacuteria
Finalmente haacute diversas estrateacutegias utilizadas pelas escolas contra o
bullying Intervenccedilotildees monitoradas se restringem a uma escola em particular a
amplos projetos educacionais Smith Pepler e Rigby (2004) sugerem que estes
tecircm efeitos limitados variando entre aproximadamente zero ateacute um maacuteximo de
cerca de 50 de reduccedilatildeo nas taxas de prevalecircncia de bullying Em certos
casos os resultados tecircm sido levemente negativos A maioria dos programas
tem reduzido a prevalecircncia de bullying entre 10 e 20 Segundo Monks et al
(2009) haacute controveacutersias quanto agrave efetividade de programas para a escola toda
(Woods amp Wolke 2003) assim quanto aos efeitos do uso de sanccedilotildees mais ou
menos diretas contra estudantes que praticam o bullying (Smith Howard amp
Thompson 2007) ou se as estrateacutegias mais efetivas satildeo especificamente
direcionadas ao bullying ao clima das classes ou nas relaccedilotildees aluno-aluno ou
aluno-professor (Galloway amp Roland 2004)
Para Aquino (2002) o manejo dos conflitos escolares eacute prerrogativa dos
educadores No caso do fenocircmeno bullying existem estrateacutegias em estudo que
apontam eficaacutecia na diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia Estrateacutegias estas que
envolvem toda a comunidade escolar (Beaudoin 2006 Costantini 2004)
54
Muitos estudos que tem o fenocircmeno bullying como objeto de
investigaccedilatildeo concentram seu interesse exatamente nas estrateacutegias de
intervenccedilatildeo (Greene 2006 Gini 2004 Orpinas Horne amp Staniszewski 2003
Stevens Bourdeaudhuij amp Van Oost 2001 Carney amp Merrell 2001 Young
1998)
Um estudo desenvolvido por Tamar (2008) no Chile teve como objetivo
conhecer as estrateacutegias utilizadas pelos professores diante de situaccedilotildees de
conflitos e maus tratos entre estudantes Algumas caracteriacutesticas dos
professores interferem na forma como atuam diante de casos de conflitos entre
estudantes Verificou-se que a experiecircncia a formaccedilatildeo e experiecircncia em
coordenaccedilatildeo satildeo aspectos favoraacuteveis para uma atuaccedilatildeo com mais firmeza
paciecircncia e compreensatildeo favorecendo o uso de estrateacutegias que promovem
climas escolares mais positivos e construtivos sendo percebido ainda com
efeitos mais duradouros Satildeo estrateacutegias que envolvem natildeo apenas os alunos
envolvidos mas ampliam a discussatildeo para todo o grupo tornando-os capazes
de reconhecer as consequumlecircncias negativas de suas accedilotildees tanto a niacutevel
individual como para todo o grupo bem como possibilitam reconstruir o
significado das suas accedilotildees Assim accedilotildees impulsivas marcadas por indiferenccedila
e intoleracircncia promovem respostas mais violentas dos alunos tornando a
convivecircncia escolar cada vez mais difiacutecil
O estudo realizado por Egbochuku (2007) na Nigeacuteria abordou tambeacutem
as estrateacutegias para impedirdiminuir a praacutetica de bullying E para o autor
merece destaque algumas estrateacutegias apontadas pelos alunos como
importantes pois indicam a importacircncia que as regras e regulamentaccedilotildees
sejam convenientemente executadas sugerindo que os estudantes desejam
55
maior rigor das figuras de autoridade na escola Outra necessidade apontada
pelos estudantes neste estudo foi a importacircncia das viacutetimas de bullying
revelarem para algueacutem o que estaacute ocorrendo assim como qualquer pessoa
que tenha presenciado situaccedilatildeo de bullying pois ao terem medo de revelar
contribuem para a continuidade das agressotildees
Tognetta e Vinha (2008 2010) defendem que eacute preciso um trabalho com
as imagens que os estudantes fazem de si mesmos Trata-se de algo anterior
agraves relaccedilotildees interpessoais um olhar agraves relaccedilotildees intrapessoais Os projetos de
intervenccedilatildeo ao bullying precisam garantir que crianccedilas e adolescentes ndash tanto
protagonistas como espectadores ndash possam construir identidades autocircnomas
que consigam gostar de si para gostar dos outros no seu sentido moral eacute pela
construccedilatildeo do respeito a si que eacute possiacutevel construir o respeito a outrem Para
estas autoras propostas que insistem apenas no estabelecimento de regras
pautadas em deveres e obrigaccedilotildees pouco poderatildeo favorecer ao
desenvolvimento de relaccedilotildees mais eacuteticas
56
CAPIacuteTULO III
3 BULLYING E RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO
31 Bullying e dinacircmica escolar
Considerando a grande ocorrecircncia de situaccedilotildees de bullying na escola eacute
importante analisar estudos que apontam dados referentes a aspectos
pertinentes agrave dinacircmica escolar envolvendo especificidades da praacutetica de
bullying no contexto escolar a relaccedilatildeo com o desempenho dos alunos como
tambeacutem o papel do professor
Estudo desenvolvido por Woods amp Wolke (2004) investigou a associaccedilatildeo
entre envolvimento em situaccedilatildeo de bullying e desempenho escolar com
crianccedilas entre 6 e 9 anos Os resultados natildeo apoacuteiam a suspeita de que baixo
desempenho e frustraccedilatildeo na escola levem a envolvimento em situaccedilotildees de
bullying De modo contraacuterio verificou-se que agressores que atuam em
relacional bullying que envolve prejuiacutezo aos relacionamentos levando a
exclusatildeo social com frequumlecircncia tem desempenho escolar na meacutedia ou ateacute
acima da meacutedia
Estudo realizado na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) abordou diversos
aspectos sobre incidentes de bullying como frequumlecircncia local idade gecircnero
tipos de bullying e comparou os resultados em escolas puacuteblicas e privadas Um
aspecto a ser destacado eacute que eacute mais comum o incidente de bullying ocorrer
na sala de aula nas escolas puacuteblicas do que nas escolas privadas onde os
alunos revelam ser o paacutetio ou outros espaccedilos da escola (diferentes da sala de
aula) o local mais vulneraacutevel a esta praacutetica Este estudo abordou ainda quem eacute
o agressor sendo revelado que para grande maioria (74) o agressor eacute mais
57
velho ndash aluno de seacuteries mais avanccediladas Interessante este dado pois explica
porque comumente a sala de aula natildeo aparece com tanto destaque na
ocorrecircncia de bullying
Estudo realizado no Brasil explanado por Lopes Neto (2005) tambeacutem
indicou que aqui os estudantes identificam a sala de aula como o local de maior
incidecircncia desse tipo de violecircncia
Um outro estudo (Zindi 1994) citado por Egbochuku (2007) realizado
em coleacutegios internos (residecircncias) o dormitoacuterio foi o local mais apontado para
situaccedilotildees de bullying e a sala de aula tido como o espaccedilo de menor
ocorrecircncia
Na Nova Zelacircndia os estudantes afirmam que bullying ocorre em locais
onde natildeo haacute professor ocorrendo na sala de apenas na sua ausecircncia (Carroll-
Lind e Kearney 2004)
Para Mascarenhas (2006) a gestatildeo sistemaacutetica do bullying e da
indisciplina em ambientes educativos como uma atividade prioritaacuteria e de
rotina institucional sob a co-responsabilidade de toda a equipe educativa e
lideranccedilas estudantis pode afetar positivamente e determinar a melhoria na
qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes e de sua sauacutede
emocional Quanto agrave sauacutede emocional e o bem-estar de alunos e professores
Palaacutecios e Rego (2006) analisaram a literatura apontando a importacircncia de ser
considerar a relaccedilatildeo entre professores e alunos no bullying
Situaccedilotildees de bullying satildeo consideradas pelos educadores
erroneamente e por que natildeo irresponsavelmente como natural da idade ou
como uma brincadeira E assim satildeo ignorados colaborando para a
perpetuaccedilatildeo da agressatildeo Em estudo realizado no Brasil Lopes
58
Neto (2005) destaca que a maioria ndash 518 - dos alunos autores de bullying
afirmaram que nunca receberam nenhum tipo de orientaccedilatildeo ou advertecircncia
quanto agrave incorreccedilatildeo de seus atos
A escola se preocupa demasiadamente com as situaccedilotildees de indisciplina
enquanto as situaccedilotildees de violecircncia tatildeo frequente entre os pares o bullying natildeo
tem recebido dos educadores a mesma atenccedilatildeo Talvez por conceberem que
os problemas das crianccedilas natildeo satildeo tatildeo relevantes (Tognetta 2010)
Martins (2005) explorou as percepccedilotildees dos adolescentes sobre as
atitudes de alunos e de professores diante de situaccedilotildees de bullying e aspectos
referentes ao relacionamento dos adolescentes com colegas e com
professores Quanto aos relacionamentos com colegas e professores os
agressores satildeo os que se sentem pior com a aprendizagem e com os
professores A maioria dos adolescentes considera que os professores se
preocupam com a praacutetica de bullying mas que nem sempre sabem como agir
Estudo de Chang (2003) investiga a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e
comportamentos dos professores e o comportamento agressivo retraiacutedo e de
lideranccedila nos estudantes Os resultados apontam que o comportamento do
professor desaprovando comportamentos agressivos dos alunos e apoiando
crianccedilas com comportamentos retraiacutedos ao mesmo tempo em que influencia a
auto avaliaccedilatildeo destes alunos provoca rejeiccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas
agressivas mas natildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas retraiacutedas Comportamentos de
lideranccedilas natildeo tiveram impacto do comportamento de entusiasmo do professor
Em estudo desenvolvido por Tognetta e Vinha (2010) com alunos de
escolas puacuteblicas e particulares brasileiras aleacutem de diagnosticar o bullying
como um problema seacuterio que atinge crianccedilas e adolescentes as autoras
59
apresentam como resultado que os alunos referiram-se a situaccedilotildees que
tambeacutem foram humilhados ameaccedilados zombados por seus professores
A partir do exposto o presente estudo visa a ampliar o conhecimento do
fenocircmeno bullying destacando a inclusatildeo da relaccedilatildeo professoraluno como
eixo de anaacutelise da questatildeo levantada Se a sala de aula eacute cenaacuterio propiacutecio para
a ocorrecircncia de bullying eacute fundamental focalizar nas relaccedilotildees existentes na
sala de aula de forma a ampliarmos a compreensatildeo dos fatores que satildeo
responsaacuteveis pela sua ocorrecircncia
A sala de aula diferentemente do recreio eacute cenaacuterio de intensas relaccedilotildees
que permeiam o processo de aprendizagem O espaccedilo destinado agraves aulas a
sala promove outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que
satildeo ignorados e infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo
professoraluno O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos
escolares Como o aluno percebe o comportamento do professor e seu
envolvimento nestes conflitos Como o professor contribui sem perceber para o
fenocircmeno bullying ldquoA violecircncia eacute tatildeo velada que natildeo pensamos que as formas
de atuaccedilatildeo de um professor tambeacutem podem levar as crianccedilas a serem alvos e
autores de bullying ainda que indiretamenterdquo (Tognetta 2010 p 93)
Estas questotildees colocadas se apoacuteiam na suspeita do intenso poder do
professor a partir do momento que este souber valorizar e respeitar as relaccedilotildees
interpessoais na escola abrindo espaccedilo para a afetividade como elemento da
accedilatildeo docente que natildeo se esgota nos conteuacutedos
60
32 Justificativa e Objetivos
O bullying eacute um fenocircmeno que tem se agravado nos uacuteltimos anos
afetando os relacionamentos entre alunos nas instituiccedilotildees de ensino Apesar
de um grande nuacutemero de investigaccedilotildees sobre sua ocorrecircncia e consequumlecircncias
o papel do relacionamento entre professor e aluno ainda eacute pouco conhecido em
relaccedilatildeo agrave praacutetica de bullying Conhecer como os alunos de ensino fundamental
percebem suas relaccedilotildees com professores e investigar se estas estatildeo
relacionadas agrave praacutetica de bullying na escola representa um problema de
investigaccedilatildeo com repercussotildees sociais e educacionais
A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um dos aspectos mais importantes no
mundo da escola Desta forma o objetivo deste estudo foi investigar possiacuteveis
interseccedilotildees entre o relacionamento professor-aluno e o envolvimento em
situaccedilotildees de bullying
O objetivo geral foi investigar o papel da relaccedilatildeo professor-aluno na
ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Como objetivos especiacuteficos
esta pesquisa buscou (a) investigar se os estudantes associam a praacutetica de
bullying como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar (b) investigar
se haacute o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying e de que
forma se daacute este envolvimento como alvoviacutetimas autoresagressores ou
espectadorestestemunhas (c) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-
aluno (d) identificar possiacuteveis correlaccedilotildees entre diferentes aspectos do
relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying
61
CAPIacuteTULO IV
4 MEacuteTODO
Neste estudo foi adotada uma abordagem metodoloacutegica qualitativa
quantitativa para possibilitar articulaccedilatildeo entre dados de naturezas diferentes e
consequentemente a ampliaccedilatildeo da investigaccedilatildeo acerca do objeto de estudo
em relaccedilatildeo aos estudos jaacute realizados
41 Participantes
Participaram do estudo 124 estudantes do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino
Fundamental de trecircs escolas da rede particular da cidade de Recife (PE)1
sendo 35 estudantes da escola A 17 da escola B e 72 da escola C2 O
processo para escolha das escolas foi por conveniecircncia garantindo que
fossem escolas localizadas em bairros distintos e de grande porte que
atendessem turmas da Educaccedilatildeo Infantil ao Ensino Meacutedio A opccedilatildeo por alunos
do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino Fundamental deu-se em funccedilatildeo da idade pois
os estudos mostram maior incidecircncia do bullying entre estudantes no iniacutecio da
adolescecircncia (1213 anos)
1 A coleta de dados ocorreu em Recife em virtude da possibilidade de contar com a participaccedilatildeo de
alunos de diferentes escolas mantendo o anonimato dos participantes e da facilidade de deslocamento da pesquisadora 2 A diferenccedila no nuacutemero de alunos foi devido a dificuldades com o Termo de Consentimento que tinha
que ser autorizado pelos pais e tambeacutem a coincidecircncia da data agendada para a coleta com atividades avaliativas na escola B
62
Para participar o estudante tinha que cursar a seacuterie selecionada para o
estudo aceitar participar da pesquisa3 e apresentar Termo de Consentimento
com a autorizaccedilatildeo dos responsaacuteveis
42 Procedimentos para coleta de dados
Inicialmente houve um contato com as escolas para apresentaccedilatildeo da
siacutentese do estudo a ser realizado agrave comunidade escolar e para garantir o
cumprimento do tracircmite eacutetico exigido para realizaccedilatildeo de pesquisa com
estudantes menores de idade Apoacutes a escola assinar o Termo de
Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa (Anexo 1) foram marcadas as
datas para coleta de dados de acordo com a conveniecircncia da escola e
disponibilizada coacutepias do Termo de Consentimento para Participaccedilatildeo na
Pesquisa (Anexo 2) para serem enviados aos pais e recolhidos pela escola
Em dia imediatamente anterior a data agendada para a coleta de dados
a pesquisadora compareceu agrave escola recolheu as autorizaccedilotildees jaacute devolvidas e
realizou o convite a todos os alunos para a participaccedilatildeo da pesquisa Neste
contato a pesquisadora expocircs em todas as turmas do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do
Ensino Fundamental o teor do estudo as tarefas a ser realizadas a
importacircncia da autorizaccedilatildeo dos pais assim como todo o procedimento para
garantir o anonimato dos participantes Novamente foram disponibilizados
Termos de Consentimento para Participaccedilatildeo na Pesquisa para que os alunos
interessados em colaborar pudessem obter a autorizaccedilatildeo dos pais
3 Em virtude de jaacute serem adolescentes foi solicitado a cada participante que declarasse estar ciente e de
acordo com as informaccedilotildees fornecidas atraveacutes de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
63
Os dados foram coletados durante o horaacuterio de aulas regulares dos
alunos em sala previamente organizada pela escola com a presenccedila apenas
da pesquisadora e dos participantes Foi necessaacuteria a colaboraccedilatildeo de
funcionaacuterios das escolas para viabilizar a saiacuteda dos alunos das salas de aulas
com o consentimento dos professores e o deslocamento dos alunos ateacute o
espaccedilo onde ocorria a coleta mas em nenhum momento houve participaccedilatildeo de
qualquer pessoa da escola durante a coleta propriamente dita
A coleta de dados ocorreu apoacutes recolhimento da autorizaccedilatildeo dos pais e
solicitaccedilatildeo para que o proacuteprio participante lesse e assinasse o Termo de
Consentimento (Anexo 3)
Foram utilizados dois instrumentos de pesquisa uma redaccedilatildeo e um
questionaacuterio com questotildees fechadas Inicialmente os participantes produziam
uma redaccedilatildeo e em seguida preenchiam o questionaacuterio realizando
individualmente as duas atividades
Ao finalizar e entregar a produccedilatildeo escrita a folha era identificada atraveacutes
de uma etiqueta obtendo uma letra (A B ou C indicando a escola) e um
nuacutemero (indicando o nuacutemero de participantes)4 e outra etiqueta com esta
mesma identificaccedilatildeo era colocada no questionaacuterio que imediatamente era
entregue para preenchimento Este procedimento tinha como objetivo apenas
possibilitar a identificaccedilatildeo de que aquela determinada redaccedilatildeo e aquele
questionaacuterio especificamente eram do mesmo participante sem nenhum dado
4 Os participantes satildeo identificados da seguinte forma A1 a A35 ndash escola A B36 a B52 ndash escola B C59 a
C130 ndash escola C Natildeo existem participantes com numeraccedilatildeo entre 53 e 58 pois correspondem a alunos
da escola B que tiveram autorizaccedilatildeo dos pais e que natildeo participaram da coleta
64
a mais que possibilitasse identificar quem era o participante5 O preenchimento
do questionaacuterio ocorreu imediatamente apoacutes a realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo e natildeo
houve limite de tempo para finalizaccedilatildeo das atividades
Todos os procedimentos para a coleta de dados foram de
responsabilidade da pesquisadora e ocorreram entre os meses de Agosto a
Novembro de 2011 Optou-se pela realizaccedilatildeo da coleta de dados ao longo do
segundo semestre letivo de forma a garantir relacionamentos mais
estabelecidos tanto dos participantes com seus pares como com os
professores
43 Instrumentos de Pesquisa
431 A Redaccedilatildeo
O tema proposto para realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo foi ldquoViolecircncia escolarrdquo e os
participantes deveriam escrever individualmente um texto entre 15 e 25 linhas
em folha pautada em branco entregue no iniacutecio da coleta pela pesquisadora
sem nenhuma identificaccedilatildeo sobre os participantes
432 O Questionaacuterio
O questionaacuterio buscou investigar diferentes aspectos do envolvimento do
aluno com alguma forma de bullying e como os adolescentes percebem o
relacionamento interpessoal professor-aluno e a relaccedilatildeo entre o
5 Com a exigecircncia para autorizaccedilatildeo dos pais a coleta de dados ocorreu em nuacutemero bem menor do que
estava previsto sendo realizada em pequenos grupos o que inviabilizou a indicaccedilatildeo do sexo e da idade
de cada participante visto que poderia possibilitar a identificaccedilatildeo do participante Isto inviabilizou que
tais dados fossem considerados na anaacutelise jaacute que estudos apontam diferenccedilas no envolvimento em
bullying entre meninos e meninas e tambeacutem com o aumento da idade
65
comportamento do professor e as situaccedilotildees de conflitos entre alunos Foi
construiacutedo com base no roteiro de entrevista utilizado por Wolke et al (2001) e
assim como no estudo citado neste questionaacuterio em nenhum momento o termo
bullying foi utilizado Este instrumento encontra-se em anexo (Anexo 4)
O questionaacuterio foi organizado em cinco partes variando o nuacutemero de
questotildees em cada parte A primeira parte era referente ao relacionamento do
participante com seus pares e era idecircntica em todos os questionaacuterios As
demais partes eram referentes ao relacionamento do participante com dois de
seus professores ndash um com quem considerava ter Bom Relacionamento e outro
que o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil Em nenhum momento
era necessaacuterio que o aluno indicasse qualquer informaccedilatildeo sobre o professor
que viabilizasse a identificaccedilatildeo do mesmo
Em metade dos questionaacuterios aplicados em cada escola apoacutes a primeira
parte os alunos respondiam inicialmente sobre um professor que considerara
ter Bom Relacionamento (segunda e terceira partes) e em seguida respondiam
sobre o professor que considerara ter um Relacionamento Difiacuteci(quarta e quinta
partes) E na outra metade dos questionaacuterios apoacutes a primeira parte os alunos
respondiam de iniacutecio sobre um professor que considerara ter um
Relacionamento Difiacutecil (segunda e terceira partes) e posteriormente
respondiam sobre o professor que considerara ter Bom Relacionamento(quarta
e quinta partes) Esta variaccedilatildeo teve por objetivo eliminar o efeito da ordem do
preenchimento do questionaacuterio garantindo que metade dos participantes
considerassem primeiro um professor com Bom Relacionamento e em seguida
um professor com Relacionamento Difiacutecil enquanto os demais iniciassem
66
considerando um professor com Relacionamento Difiacutecil para em seguida
considerar um professor com Bom Relacionamento
Para todas as questotildees as possibilidades de respostas eram as
mesmas e avaliavam a frequumlecircncia do acontecimento investigado ao longo do
ano letivo em curso As possibilidades de respostas eram Natildeo nenhuma vez
Sim apenas uma vez Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com
frequumlecircncia Nas instruccedilotildees iniciais do questionaacuterio era indicado que o
participante considerasse a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos
investigados Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso
Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs Com frequumlecircncia toda
semana (ou quase toda semana) Estes itens apresentados para respostas
foram elaborados com base em estudos que investigaram a frequecircncia de
acontecimentos relacionados ao bullying (Carvalhosa et al 2001 Wolke et al
2001)
A primeira parte do questionaacuterio buscou investigar o envolvimento do
aluno em situaccedilotildees de bullying assim como a frequumlecircncia deste envolvimento
considerando o relacionamento dele com os colegas identificando se o mesmo
ao longo do ano letivo em curso (a) agrediu fisicamente algum colega por
qualquer motivo (b) agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo (c)
provocou ou zombou de algum colega (d) impediu a participaccedilatildeo de algum
colega em alguma atividade com outros colegas da escola (trabalhos em
grupo festas atividades esportivas etc) (e) sofreu agressatildeo fiacutesica de algum
colega (f) sofreu agressatildeo verbal de algum colega (g) sofreu provocaccedilotildees
continuadas de algum colega (h) sofreu exclusatildeo ao demonstrar interesse em
participar de alguma atividade com os colegas da escola (trabalhos em grupo
67
festas atividades esportivas etc) (i) presenciou um colega ou amigo sofrer
agressatildeo fiacutesica de outro colega (j) presenciou um colega ou amigo sofrer
agressatildeo verbal de outro colega (k) presenciou um colega sofrer provocaccedilotildees
continuadas de outro colega (l) percebeu que algum colega foi excluiacutedo
mesmo estando interessado em participar de alguma atividade com os colegas
da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
A parte referente agrave relaccedilatildeo do participante com o professor investigou
inicialmente (segunda e quarta partes) a percepccedilatildeo do aluno quanto a seu
relacionamento com o professor considerando aspectos relativos ao
desenvolvimento das aulas e quanto a eventos associados ao bullying
abordando atitudes tais como (a) elogios ao aluno publicamente (b) atenccedilatildeo
aos comentaacuterios e perguntas do aluno ao longo da aula (c) interesse nas
atividades realizadas pelo aluno (d) solicitaccedilatildeo ao aluno de participaccedilatildeo ao
longo da aula (solicitar exemplos respostas encontradas nas atividades
duacutevidas comentaacuterios etc) (e) apoio recebido (quanto apoio recebe desse
professor) (f) indiferenccedila a seu comportamento na sala (g) exposiccedilatildeo do aluno
a situaccedilatildeo constrangedora na sala (h) descrenccedila em relaccedilatildeo a algo referente
ao aluno (afirmar que sabe que o aluno natildeo fez a tarefa duvidar da realizaccedilatildeo
de alguma atividade ou de algum resultado) (i) encaminhamento para a equipe
da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo (j) solicitaccedilatildeo para se retirar da sala
durante a aula (k) exposiccedilatildeo do aluno a ameaccedilas diversas (de ser reprovado
de convidar os pais na escola de suspender das suas aulas) (l) realizaccedilatildeo de
comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada pelo aluno (na
aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no
relacionamento com outros professores) (m) entrar em conflito com o aluno
68
(discutir gritar agredir) (n) provocar ou incentivar o conflito entre o aluno e os
colegas (o) ser omisso em relaccedilatildeo a conflitos do aluno com colegas (p) tomar
partido nos conflitos do aluno (q) buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de
conflitos do aluno com colegas (r) manter clima de natildeo-violecircncia entre o aluno
e seus colegas (s) incentivar a compreensatildeo toleracircncia e amizade do aluno
com colegas
A parte seguinte (terceira e quinta partes) ainda sobre o relacionamento
professor-aluno investigou alguns aspectos do relacionamento do professor
com seus colegas de turma em geral quanto a pontos relacionados agrave praacutetica
de bullying como segue (a) entrar em conflito com os alunos (discutir gritar
agredir) (b) provocar ou incentivar o conflito entre os alunos (c) ser omisso em
relaccedilatildeo a conflitos entre alunos (d) tomar partido nos conflitos entre alunos (e)
buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos entre alunos quando surgem (f)
manter clima de natildeo-violecircncia entre os alunos (g) criar e manter clima de
competitividade e agressividade entre os alunos (h) negar possibilidade de
envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos (i) incentivar a
compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
Em todos os questionaacuterios a quarta e a quinta partes tinham as mesmas
perguntas da segunda e terceira partes na mesma ordem variando apenas a
que professor os participantes estavam se referindo Bom Relacionamento ou
Relacionamento Difiacutecil
69
44 Procedimentos para anaacutelise de dados
Os dados das redaccedilotildees foram examinados qualitativamente de acordo
com a Anaacutelise do Conteuacutedo proposta por Bardin (2004) que consiste em
articular os momentos de descriccedilatildeo inferecircncia e interpretaccedilatildeo implicando na
apresentaccedilatildeo da significaccedilatildeo do conteuacutedo expresso em forma de categorias
Para a anaacutelise de conteuacutedo considerou-se o tema como unidade de
significaccedilatildeo tratando-se portanto de anaacutelise temaacutetica Os temas presentes nas
redaccedilotildees foram organizados em categorias visando fornecer uma
representaccedilatildeo simplificada do conteuacutedo A categorizaccedilatildeo foi realizada a partir
dos temas presentes nas redaccedilotildees sem a definiccedilatildeo preacutevia de qualquer sistema
de categorizaccedilatildeo
A tabulaccedilatildeo das respostas do questionaacuterio e as Estatiacutesticas Descritivas
foram realizadas por meio do SPSS (Social Package for the Social Science)
Em seguida procedeu-se uma anaacutelise da adequaccedilatildeo dos dados para a
realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial a partir de anaacutelise de componentes principais
sendo realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward
E por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os aspectos investigados
Os resultados foram discutidos agrave luz dos estudos sobre o
relacionamento professor-aluno e bullying tendo a obra de Robert Hinde como
referencial teoacuterico para a organizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos dados
45 Aspectos Eacuteticos
Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiu rigorosamente os
criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas
70
com seres humanos - Resoluccedilatildeo Nordm 196 de 10 de Outubro de 1996 Resoluccedilatildeo
CFP Nordm 0162000 de 20 de Dezembro de 20006 Este trabalho foi submetido e
aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica e Deontologia em Estudos e Pesquisas
(CEDEP) da Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco (UNIVASF)
Foram preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos
participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados
para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees
cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes Visando
garantir este anonimato em nenhum momento seraacute divulgado o nome da
escola que participou desta pesquisa
6 Disponiacuteveis em httpwwwgraduacaounivasfedubrcedeppg=paginas|pagina04-html
71
CAPIacuteTULO V
5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
51 Anaacutelise das Redaccedilotildees
A anaacutelise das redaccedilotildees de estudantes de Recife sobre o tema ldquoViolecircncia
Escolarrdquo permite compreender como esses alunos convivem com o fenocircmeno
como entendem sua dinacircmica como reagem a ele e por fim como visualizam
formas de superaacute-lo A partir da leitura das redaccedilotildees foi proposta uma
organizaccedilatildeo dos dados de modo a refletir a diversidade e a complexidade
presente na abordagem do tema em questatildeo Os dados foram organizados e
estatildeo apresentados nos seguintes temas
Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante
A Violecircncia como parte do cotidiano
Violecircncia escolar e bullying
A Dinacircmica da violecircncia
As Raiacutezes da Violecircncia Escolar
Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar
Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo ameaccedilas
chantagens intoleracircncia preconceito
As agressotildees verbais
Violecircncia escolar e brincadeira
Violecircncia escolar e o professor
72
A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar
Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo
Consequecircncias
Violecircncia e relacionamento
Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar
O Papel da Escola
O Papel do Estado
O Papel dos Proacuteprios Participantes
Os resultados a seguir satildeo produto de uma anaacutelise temaacutetica do conteuacutedo
das redaccedilotildees O conteuacutedo de 124 redaccedilotildees foi analisado qualitativamente
quanto aos temas presentes relacionados agrave violecircncia escolar Os temas
abordados pelos participantes tecircm grande semelhanccedila com os aspectos
explorados nos diferentes estudos sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo como pode ser
visto no segundo capiacutetulo deste trabalho
511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante
5111 A Violecircncia como parte do cotidiano
A violecircncia eacute considerada como algo presente no cotidiano atingindo
muitas escolas ldquoviolecircncia escolar eacute muito comum atualmenterdquo (A30) ldquoa
violecircncia escolar estaacute presente em nosso dia a dia isso eacute verdade e ningueacutem
pode ir contra essa verdaderdquo (B40) ldquoa violecircncia escolar estaacute presente em
muitas escolasrdquo (C69) ldquohoje em dia a violecircncia escolar eacute muito grave pois
agora em muitas escolas estaacute tendo issordquo (B42) podendo atingir as escolas de
um modo geral ldquocomo todos vocecircs sabem haacute violecircncia nas escolas de todo o
73
Brasil e todo mundordquo (B47) ldquoa violecircncia escolar acontece em todas as escolasrdquo
(A18) ldquoa violecircncia escolar eacute um assunto muito importante pois estaacute muito
presente em milhares de escolas de todo o paiacutesrdquo (A19)
Aleacutem de bem presente no cotidiano a violecircncia envolve diversas
pessoas sejam adultos ou crianccedilas ldquoa violecircncia escolar eacute vivida por muitas
crianccedilas e adolescentes hoje em diardquo (A24) ldquoAs violecircncias na escola que
muitas vezes eu vejo satildeo alunos que tecircm problemas uns com os outrosrdquo
(C117) atinge tanto alunos como professores ldquoviolecircncia escolar na atualidade
eacute um grande problema entre professores alunos diretoresrdquo (B36) ldquotodo
mundo ou quase todo mundo jaacute sofre ou vai sofrer provavelmente parece que
estaacute marcado no seu destinordquo (C85)
A violecircncia escolar eacute vista como algo comum e frequente ldquoA violecircncia
faz parte do mundo moderno e nas escolas isso estaacute cada vez mais comumrdquo
(C109) ldquohoje em dia eacute muito comum ter violecircncia na escola pois os alunos que
fazem isso gostamrdquo (A17) ldquoultimamente a agressatildeo escolar eacute cada dia mais
comumrdquo (B44) ldquoem todos esses anos de estudo eu acho que isso (violecircncia
escolar) ocorre frequentementerdquo (A14)
Assim como mostram outros estudos (Abramovay 2005 Silva 1997) os
estudantes consideram que a violecircncia na escola eacute algo presente haacute muito
tempo ldquoA violecircncia escolar vem acontecendo de longa data e muitas vezes eacute
ocasionada por puras besteirasrdquo (C80) ldquoEu acho que violecircncia escolar eacute algo
que acontece haacute muito tempo e em muitos lugares do mundordquo (C100)
Entretanto haacute os que a consideram algo recente ldquoA violecircncia na escola eacute
muito recenterdquo (C120) ldquoViolecircncia na escola isso hoje em dia parece que eacute
modardquo (C85) Mas independente de ser algo recente ou antigo reconhece-se
74
que estaacute se intensificando ldquoeu acho que a violecircncia escolar vem a cada dia
(sendo) praticada mais e maisrdquo (B37) ldquoA violecircncia vem aumentando muito nos
uacuteltimos anos porque as pessoas acham que a violecircncia resolve tudo mas ela
soacute piora os problemasrdquo (C90) ldquoA violecircncia nas escolas diminuiu faz pouco
tempo mas agora voltou com tudordquo (C123) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando
a cada dia piorrdquo (C128) ldquoesse fato (violecircncia escolar) vem crescendo mais e
mais a cada diardquo (A15) Na situaccedilatildeo relatada a seguir transparece este
aumento da intensidade na violecircncia escolar haacute a presenccedila de agressatildeo fiacutesica
chegando agrave posse de um instrumento cortante que poderia aumentar os danos
fiacutesicos causados
ldquoPelo menos 1 ou 2 vezes por mecircs haacute casos deste tipo e cada vez pior com murros socos e ateacute houve casos de levar canivete para prejudicar os outrosrdquo (A8)
Tanto se intensifica como tambeacutem aparecem alguns elementos novos
ldquoA violecircncia escolar no comeccedilo era soacute de meninos por causa de dinheiro ou
beleza etc Mas agora as brigas vecircm aumentando com brigas (tanto) de
meninos como de meninas () Eu jaacute vi vaacuterios e vaacuterios casos dessas brigas e
os principais motivos satildeo meninos Elas brigam porque acabou o namoro e
depois outra menina namora com elerdquo (C94) E o motivo eacute considerado banal
ldquohoje em dia eacute muito frequente brigas entre alunos pode ser ateacute mesmo por
uma besteirardquo (A3) ldquoA violecircncia cada vez mais estaacute se tornando mais repetitiva
e mais bruta esse ano ateacute jaacute houve casos brutos de morte por causa de um
barulho de uma canetardquo (C119)
Os meios de comunicaccedilatildeo contribuem para que a violecircncia faccedila parte do
cotidiano dos estudantes ldquoBem a violecircncia escolar agora estaacute muito comum
nas escolas na televisatildeo passa direto vaacuterios casos desse tipordquo (C94) ldquoCada
75
vez mais vemos na TV e ateacute mesmo do nosso lado a violecircncia na escolardquo
(C99) ldquoEsse ano na televisatildeo foram colocados muitos casos por exemplo o
do menino que levou um tiro na proacutepria escola e tinha apenas 5 anosrdquo (C107)
ldquoHaacute muitos atos de violecircncia nas escolas eu nunca vi mas eacute que passa na TV
() tipo em uma escola do Rio de Janeiro teve um ato de violecircncia duas
garotas brigavam parecendo que iam se matar isso virou um caso na poliacutecia
ateacute passou na TVrdquo (C98) Eacute um tema presente nos programas jornaliacutesticos
ldquosempre quando assisto o jornal falam de um caso que tem a ver com a
violecircncia na escolardquo (A22) ldquoeacute muito comum noacutes vermos no noticiaacuterio histoacuterias
de alunos agredirem alunos por motivos pequenosrdquo (C70) ldquoMuitos noticiaacuterios
falam que os alunos levam armas facas e etcrdquo (C111) Os alunos entram em
contato com o tema da violecircncia atraveacutes de programas diversificados ldquoeu jaacute me
cansei de ver nos filmes aqueles alunos que maltratam os colegas agraves vezes
roubando o dinheiro ou fazendo ameaccedilasrdquo (A9) ldquoEsse fato da violecircncia escolar
pode ser tatildeo marcante na vida que tem ateacute filmes que tratam desse assuntordquo
(C100) ldquona televisatildeo todo dia passa algum documentaacuterio que um aluno bateu
no outro matou o outro xingou o outro etcrdquo (A4) Percebe-se um grande
destaque ao que eacute divulgado pela televisatildeo mas reconhece-se que tambeacutem
aparece nos diversos meios de comunicaccedilatildeo ldquoHoje em dia eacute muito comum vecirc
em jornais revistas na televisatildeo alunos agredindo um ao outro e isso as
vezes se torna tatildeo grave que vai parar no hospitalrdquo (A35) ldquoquando eu li uma
notiacutecia de jornal sobre isso eu pensei consigo mesmo seraacute que ateacute isso eles
fazemrdquo (A3)
Silva (1997) destacou a ecircnfase dada pelos alunos em seu estudo aos
filmes e aos programas violentos da televisatildeo como explicaccedilatildeo da violecircncia A
76
familiaridade e intensidade com que os jovens estatildeo expostos agrave programaccedilatildeo
parece favorecer que associem o que vivenciam na escola com o que
percebem nos programas que assistem
A violecircncia na escola puacuteblica parece estar mais em evidecircncia ldquoeu acho
que a violecircncia escolar eacute muito comum no Brasil principalmente em escolas
puacuteblicas do nordesterdquo (A12) ldquonas escolas puacuteblicas de vez em quando
acontecem muitas brigas entre internos e externosrdquo (C123) ldquoHoje em dia eacute
muito comum ocorrer violecircncia nas escolas principalmente nas puacuteblicasrdquo
(C64) ldquohoje em dia eacute muito comum a violecircncia escolar principalmente nas
escolas puacuteblicasrdquo (C70) ldquonos coleacutegios puacuteblicos eacute briga por causa de drogas
briga de gangues etcrdquo (C91) Natildeo obstante os alunos reconhecem que a
violecircncia natildeo eacute exclusividade deste tipo de escola ldquojaacute ouvi muitas histoacuterias
sobre violecircncia nas escolas e natildeo e soacute nas escolas puacuteblicas natildeo tem violecircncia
nas particulares tambeacutemrdquo (A22) ldquoViolecircncia escolar eacute um ato que vem
acontecendo com muita frequumlecircncia nas escolas particulares ou escolas
puacuteblicasrdquo (C107)
A desigualdade social eacute abordada quando haacute referecircncia ao tipo de
escola ldquoNas escolas puacuteblicas isso acontece agraves vezes devido a vida que o
aluno vive agraves condiccedilotildees educacionais delerdquo (C110) Os trechos abaixo
evidenciam a relaccedilatildeo entre o tipo de escolar por conseguinte o poder
aquisitivo e comportamentos que promovem violecircncia
ldquoAchamos por motivos de desigualdade social que essa violecircncia soacute acontece em escolas puacuteblicas de pessoas com um niacutevel inferior Poreacutem ateacute nas escolas de grande porte e com mensalidades absurdas acontece esse tipo de coisardquo (A31) ldquoEu jaacute vi INUMEROS casos de violecircncia escolar na TV principalmente com os coleacutegios de classe meacutedia porque eles acham
77
que podem mandar no coleacutegio soacute porque satildeo ricos eles se achamrdquo (C69) ldquoEu acho que isso acontece mais nas escolas puacuteblicas (natildeo que a violecircncia natildeo tenha nas particulares) porque as pessoas satildeo menos disciplinadas e natildeo recebe uma orientaccedilatildeo (C113)
Parece que os alunos reproduzem situaccedilotildees de preconceito e exclusatildeo
social ao relacionarem a violecircncia ao niacutevel soacutecio-econocircmico Eacute possiacutevel que os
pais e tambeacutem os professores alertem os estudantes para essa ldquorealidaderdquo
(Abramovay 2005) E desta forma a escola perpetua situaccedilotildees de preconceito
se tornando um lugar onde se aprende violecircncia (Galvatildeo et al 2010)
A violecircncia escolar eacute tema de discussatildeo bem presente nas escolas
ldquoeste eacute um tema muito discutido entre as pessoas que eu conheccedilordquo (A10)
ldquoviolecircncia escolar eacute um assunto muito debatido e combatido pelos coleacutegios
nos dias de hojerdquo (A13) ldquoO tema violecircncia escolar eacute um assunto que deve ser
debatido e resolvido dentro da escola Desde que entrei na escola tivemos
vaacuterios momentos de discussatildeo deste assuntordquo (C75) mas haacute alunos que
destacam que a discussatildeo precisa ser ampliada ldquona minha opiniatildeo a violecircncia
escolar eacute um assunto pouco abordado e esclarecidordquo (A9) ldquoViolecircncia escolar
acho um tema que precisa ser abordado pois estaacute cada vez piorrdquo (C118)
Os alunos demonstram grande familiaridade com o tema da violecircncia na
escola ldquoconheccedilo muitas pessoas que foram viacutetimas de violecircncia
principalmente nas escolas Conheccedilo pessoas que sofreram vaacuterios tipos de
violecircncia como a verbal a violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (A10) ldquoe conheccedilo
vaacuterias pessoas que jaacute aconteceu isso com elas Eu vi como elas se sentiam
tristes sozinhas e excluiacutedasrdquo (C62)
Vaacuterios participantes relataram jaacute haver presenciado algum tipo de ato
78
violento na escola ldquoeu jaacute vi muitos casos e fiquei na minhardquo (B44) ldquojaacute
presenciei fatos horriacuteveis de agressotildees fiacutesicas e na sala de aula existe muitordquo
(A31) ldquona minha escola jaacute presenciei um uacutenico caso e pelo visto todos que
estavam ao meu redor gostaram ou ficaram espantadosrdquo (B44)
Contudo tambeacutem eacute possiacutevel ver a escola acima da violecircncia ldquona minha
opiniatildeo natildeo haacute violecircncia na escola pois na escola eacute um lugar onde noacutes
aprendemos nos relacionamos com pessoas (amigos e professores)rdquo (A6)
5112 Violecircncia escolar e bullying
A questatildeo do bullying eacute bastante abordada quando os estudantes se
referem agrave violecircncia escolar ldquonos uacuteltimos anos estatildeo ocorrendo fatos que vem
preocupando muito brasileiros o chamado lsquobullyingrsquo que satildeo agressotildees fiacutesicas
e verbaisrdquo (A34) ldquoEm muitas escolas brasileiras ocorre um fenocircmeno natildeo
agradaacutevel que se chama Bullyingrdquo (B51) sendo tambeacutem apresentado como
bem presente no cotidiano ldquoacho que eacute o bullying que estaacute sempre presente
entre os alunosrdquo (B41) ldquoo bullying eacute uma coisa ateacute considerada comum porque
acontece toda horardquo (C114) ldquohoje em dia eacute muito frequente vermos a violecircncia
entre alunos o chamado bullyingrdquo (A15) ldquoUm outro (tema) que estaacute dentro da
violecircncia escolar eacute o bullyingrdquo (C107) ldquoMuitas vezes nas escolas haacute o bullying
no qual alunos e alunas satildeo ameaccedilados por colegas muitas vezes por
preconceitordquo (C121) ldquoMas o bullying natildeo eacute soacute colocar apelido que natildeo gosta
mas tambeacutem faze-lo passar mico colocar videos em que a pessoa se envolva
na internet sem que ela queira bater no colega forccedilando-o a lhe dar dinheirordquo
(B41)
79
Agraves vezes a violecircncia escolar inclusive eacute identificada como bullying ldquoa
violecircncia escolar eacute chamada tambeacutem de Bullying Esse tipo de violecircncia
acontece mais entre jovensrdquo (B49) ldquoviolecircncia escolar que na verdade eacute o
bullying que eacute alunos agredindo uns aos outros abusando e etcrdquo (C71) ldquoa
violecircncia na escola se trata de bullyingrdquo (A11) ldquoEsse tipo de violecircncia tambeacutem
eacute chamado de bullyingrdquo (B47) ldquoa violecircncia escolar (bullying) eacute muito constante
em escolas e faculdaderdquo (B48) ldquoviolecircncia na escola eacute muito frequente quando
isto ocorre na maioria das vezes chamamos de bullyingrdquo (C73) ldquoatualmente a
violecircncia praticada nas escolas eacute denominada Bullyingrdquo (B50) Mas tambeacutem
aparecem aspectos que diferenciam violecircncia escolar e bullying ldquoa violecircncia
escolar eacute tudo o que machuca o colega a violecircncia escolar pode ser verbal ou
fiacutesica Jaacute o bullying eacute quase a mesma coisa soacute que eacute feito frequentemente em
escolasrdquo (C76) ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar e jaacute falamos do
preconceito temos que falar do bullying que eacute quando a pessoa sofre
diariamente agressotildeesrdquo (C81)
Percebe-se que os elementos utilizados pelos estudantes para fazer
referecircncia ao bullying estatildeo na direccedilatildeo dos aspectos utilizados pela literatura
consultada (Tognetta e Vinha 2010 Fante 2005 Lopes Neto 2005) Os
estudantes abordam a questatildeo da intencionalidade da constacircncia a questatildeo
da diferenccedila de poder
As situaccedilotildees envolvendo bullying tambeacutem estatildeo ficando mais frequente
ldquoo bullying estaacute cada vez aumentando na escola com os xingamentos a
violecircncia e varias outras coisasrdquo (C66) ldquoNas escolas os casos de bullying vem
aumentando e seus agressores praticantes mais comunsrdquo (C109) ldquoNatildeo eacute
80
raro ocorrer Bullyingrdquo (B50) ldquoo bullying vem ficando cada vez maior no Brasil
fato que preocupa e potildee em alerta os oacutergatildeos escolares que cada vez mais
estatildeo tentando combater o bullyingrdquo (C88) Haacute relatos que satildeo bem expliacutecitos
em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de bullying
ldquoComeccedilando sobre o Bullying que jaacute presenciei eacute de um colega meu com outro pois ele fala coisas de sua aparecircncia cara de ET e natildeo eacute muito amigo dele Haacute tambeacutem uma menina que eacute soacute olhar para o outro que comeccedila a falar mal delerdquo (C110)
Eacute importante que Bullying tambeacutem seja um tema debatido na escola
ldquoBom na escola principalmente acontece muito bullying acho que falta mais
explicaccedilatildeo aos alunos (amigos) mesmo com palestras tem muito bullying no
coleacutegiordquo (C63) ldquoO bullying hoje em dia eacute um tema bastante discutido
principalmente nas escolasrdquo (B52) ldquoAcho que eacute muito importante ter palestras
sobre bullying para reforccedilar a ideacuteia da natildeo violecircncia escolar a pessoa deveria
ter a consciecircncia de que a violecircncia natildeo resolve nadardquo (C70)
Haacute diversos aspectos considerados para explicar em que consiste o
bullying O tipo de agressatildeo ldquoo bullying eacute qualquer agressatildeo fiacutesica ou
psicoloacutegica que eacute feito com um indiviacuteduordquo (B48) ldquoCaracteriza-se bullying os
apelidos maldosos xingamentos agraves pessoas e agrave famiacutelia a violecircncia fiacutesica
(bater chutar etc) dentre outrosrdquo (C109) as pessoas envolvidas ldquoO bullying eacute
uma atividade de que uma ou mais pessoas que maltratam a outra pessoa
sendo oral ou brutal O bullying na maioria das vezes eacute praticado na escolardquo
(C126) a constacircncia ldquo(bullying) eacute a agressatildeo fiacutesica e mental que acontece
todo dia e tambeacutem com gente da mesma idaderdquo (C107) No trecho a seguir
percebe-se o esforccedilo visando esclarecimento sobre o que eacute bullying ldquoComeccedilo
81
essa redaccedilatildeo falando de bullying termo inglecircs sem traduccedilatildeo usado para
nomear um tipo de abuso que ocorre na escola feito por alguns alunos e
sofridos por outrosrdquo (C88)
Parece que a intensidade de exposiccedilatildeo eou vivecircncia das situaccedilotildees de
bullying na escola colabora para que os alunos expressem os diferentes
aspectos que envolvem a praacutetica de bullying
Mesmo sendo muito apontado como violecircncia escolar reconhece-se o
bullying como algo que natildeo eacute restrito agrave escola ldquoExistem vaacuterios tipos de
bullying o ciberbullying que eacute o bullying na internet o bullying na aacuterea de
trabalho entre outrosrdquo (B52) ldquoeste (bullying) natildeo existe apenas na escola mas
dentro ou fora eacute um ato ridiacuteculo ningueacutem tem motivos para fazer issordquo (C72)
O bullying aparece como motivaccedilatildeo para violecircncia na escola ldquoDentro da
escola os principais motivos que levam a uma violecircncia satildeo desentendimentos
que satildeo comuns na vida e o bullyingrdquo (C72) ldquoagraves vezes satildeo motivos realmente
seacuterios como o bullying que eacute um xingamento com uma pessoa que fala
diferente da outra (sotaque)rdquo (C74) ldquoa violecircncia fiacutesica tambeacutem eacute comum agraves
vezes nem percebemos mas se torna bullying algo seacuterio que deve ser
combatidordquo (C68) No relato a seguir esta questatildeo eacute bastante evidente ldquoEu
mesmo jaacute sofri disso por muito tempo Eu me lembro que numa vez uns caras
comeccedilaram a me irritar ai eu peguei uma cadeira e fingi que ia bater nelesrdquo
(B38)
Situaccedilotildees de bullying estatildeo tambeacutem presentes nos meios de
comunicaccedilatildeo ldquoNa televisatildeo passa um seriado que se chama Todo Mundo
Odeia o Cris eacute um garoto negro que sofre muito por ser desta cor e o pior eacute
que ele estuda numa escola soacute de brancos E sofre o bullying pelo garoto
82
brancordquo (C107) ldquoEm uma reportagem eu vi que na maioria das escolas do
Brasil eacute praticado esse tipo de violecircncia (bullying) E passa na TV muitas
entrevistas que o menino agrediu o outro verbalmente fisicamenterdquo (C113)
ldquoVejo em muitas reportagens esse tema que atinge milhares de jovens o
famoso Bullyingrdquo (C118)
512 A Dinacircmica da violecircncia
A violecircncia escolar eacute apresentada a partir de alguns aspectos que a
compotildee possibilitando compreensatildeo da complexidade deste fenocircmeno
Inicialmente satildeo feitas consideraccedilotildees sobre suas raiacutezes dando destaque ao
papel da famiacutelia na educaccedilatildeo dos jovens Percebe-se referecircncia a algumas
caracteriacutesticas pessoais daqueles envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia escolar
fica evidente o papel exercido pelo medo e pelas ameaccedilas e chantagens
assim como eacute muito presente situaccedilotildees de intoleracircncia e de preconceito Eacute
colocado grande destaque a violecircncia executada atraveacutes de agressotildees verbais
eou de brincadeiras E por fim haacute inclusatildeo da figura do professor na
apresentaccedilatildeo dos elementos que compotildeem este cenaacuterio de violecircncia
5121 As raiacutezes da Violecircncia Escolar
Vaacuterias satildeo as causas atribuiacutedas agrave violecircncia escolar geralmente
relacionadas ao ambiente escolar ao ambiente familiar incluindo o tipo de
educaccedilatildeo ou relacionamento familiar daqueles envolvidos em atos violentos e
de forma mais ampla atribui-se a causas na sociedade inclusive na miacutedia
A influecircncia da famiacutelia eacute intensamente referenciada nas reflexotildees acerca
da origem dos comportamentos violentos na escola O papel da famiacutelia na
83
educaccedilatildeo dos filhos aparece com realce ldquoSabemos que isso se daacute por
diversos motivos () o principal eacute a educaccedilatildeordquo (C99) ldquoeacute tudo (violecircncia) uma
questatildeo de educaccedilatildeordquo (A12) sendo modelo para o seu comportamento ldquoPenso
que a violecircncia na escola se daacute a partir da educaccedilatildeo em casa ou seja a dos
pais aqueles pais que ajudam a formar o caraacuteter dos filhos que servem de
exemplos para elesrdquo (C99)
O fracasso da famiacutelia na educaccedilatildeo dos filhos eacute salientado ldquoA violecircncia
na escola estaacute cada vez maior porque ningueacutem se respeita e os pais natildeo datildeo
educaccedilatildeo para seu filhordquo (C66) ldquoParticularmente acho que a violecircncia escolar
comeccedila nos lares (pela falta de repreensatildeo dos pais)rdquo (C78) comprometendo
toda a formaccedilatildeo do individuo ldquoeu acho que (quem) pratica a violecircncia eacute porque
natildeo teve infacircncia e natildeo foi bem criadordquo (A11) Haacute ainda destaque para a figura
materna ldquose os pais neste caso matildees natildeo estatildeo cumprindo o dever delas
para com os filhos os filhos na escola obviamente natildeo seratildeo propiacutecios
podendo ter dificuldade de se relacionar natildeo aprender o conteuacutedo outra forma
eacute praticando a violecircnciardquo (C103)
Suspeita-se inclusive que pessoas envolvidas em situaccedilotildees de
violecircncia na escola satildeo expostas a violecircncia domeacutestica ldquoA violecircncia na escola
comeccedila em casa que laacute mesmo tem entatildeo estaacute na hora todos comeccedilarem a
mudarrdquo (C110) ldquomuitas vezes esses alunos batem um no outro ou porque vecirc
isso em casa ou porque tem muita raiva muita fuacuteriardquo (A4) ou ateacute mesmo satildeo
viacutetimas desta violecircncia ldquoMuitas vezes crianccedilas que batem e agridem amigos
satildeo assim tratadas dentro de sua residecircnciardquo (A24) ldquoos pais mesmos tem que
ensinar ao seu filho porque a educaccedilatildeo vem de casa e quem pratica o bullying
geralmente sofre em casardquo (C107) O modelo familiar eacute proposto como
84
explicaccedilatildeo ldquoesse comportamento muitas vezes vem de casa quando a crianccedila
ou adolescente convive com briga dos pais na rua de casa etcrdquo (A12)
Aspectos positivos da influecircncia da famiacutelia tambeacutem satildeo reconhecidos e
considerados importantes no cenaacuterio da violecircncia tanto como modelo para
comportamentos positivos ldquoos (pais) que se esforccedilam para educar seus filhos
e vecirc-los seguindo seu proacuteprio caminho sendo uma pessoa boardquo (C99) e
tambeacutem como figura de autoridade ldquoNa minha opiniatildeo isso acontece pois na
escola estamos mais soltos por natildeo termos a supervisatildeo de nossos pais e
por isso estamos suscetiacuteveis a excessos que resultam em violecircncia que pode
ser fiacutesica ou verbalrdquo (C109)
O papel dos pais sobre o comportamento dos filhos eacute examinado a partir
de aspectos contemporacircneos da dinacircmica familiar A ausecircncia dos pais parece
facilitar o surgimento de comportamento violento dos filhos na escola seja pela
dificuldade em impor limites dos adultos seja pala carecircncia sentida das
crianccedilas e dos jovens Os agressores estariam compensando a falta de
atenccedilatildeo na famiacutelia ldquoos agressores do bullying querem chamar atenccedilatildeo devido
a natildeo ter essa atenccedilatildeo dentro de casa ou outros casosrdquo (B50) Os trechos
abaixo deixam mais evidentes como estas questotildees satildeo percebidas pelos
alunos
ldquoEu particularmente acho isso uma falta de respeito e que essas coisas deveriam se aprender em casa Mas principalmente agora os pais natildeo tecircm tempo para cuidar e educar os filhos em tempo integral e sem a presenccedila dos pais os filhos podem ficar agressivos o que leva a fazerem coisas como bater e agressatildeo verbal com seus colegasrdquo (A13)
ldquoHoje em dia eacute mais comum haver violecircncia nos coleacutegios pois os pais estatildeo mais ausentes natildeo potildeem limite nos seus filhos isso tudo faz com que ele fique uma pessoa mais agressiva a falta de carinho dos seus pais os amigos ajudam claro mas tudo comeccedila pela casardquo (A28)
85
ldquoHoje em dia as crianccedilas estatildeo cada vez mais agressivas e impacientes talvez por causa da ausecircncia dos pais ou por motivos superiores principalmente na escola esse fato se comprova existe muitos relatos de professores agredidos por alunos e ateacute mesmo agressotildees entre amigosrdquo (A31)
Ao mesmo tempo em que eacute atribuiacuteda agrave famiacutelia grande importacircncia na
histoacuteria de vida ou desenvolvimento do indiviacuteduo e por conseguinte a
responsabilidade pelo comportamento violento dos jovens reconhece-se que a
proacutepria famiacutelia tambeacutem teme tal fato ldquocada pai natildeo quer que isso aconteccedila com
o seu filho de verdade entatildeo porque natildeo da educaccedilatildeordquo (C110) ldquoEu acho que
os pais devem educar seus filhos e dar uma infacircncia legal e sem violecircncias
porque senatildeo mais tarde eles vatildeo se arrepender e ver o que natildeo querem seu
filho matando praticando a violecircncia etc eu acho que pai nenhum que ver isto
acontecerrdquo (A11)
Em alguns casos a origem da violecircncia eacute atribuiacuteda agrave formaccedilatildeo das
crianccedilas em seu desenvolvimento sem indicar a influecircncia do ambiente
familiar ldquoacho que a verdadeira causa eacute a formaccedilatildeo das crianccedilas pois vendo
maus exemplos acaba sendo um jovem delinquenterdquo (B44) ldquoinfelizmente as
crianccedilas estatildeo crescendo com um pensamento bem maldoso que trazem medo
para as pessoas de vivem ao seu redorrdquo (A31)
A origem da violecircncia na sociedade mais ampla eacute outra possibilidade
aventada Em alguns casos haacute referecircncia agrave violecircncia na sociedade como um
todo mas natildeo haacute clareza quanto agrave transposiccedilatildeo dessa violecircncia para o
ambiente escolar
ldquoAs violecircncias estatildeo acontecendo em vaacuterios (lugares) como escola shopping no jogo de futebol e outros lugares por causa que o mundo que a gente vive estaacute estimulado para fazer violecircncia e isso natildeo eacute corretordquo (A20)
86
Parece que o mundo como um todo estaacute estimulado para a violecircncia ldquoo
mundo hoje estaacute muito violento eacute pai matando filho filho matando pai e
tambeacutem amigos matando amigosrdquo (C91) entretanto natildeo haacute indicaccedilatildeo clara
que a violecircncia em uma esfera da sociedade afete a outra Os vaacuterios setores
da sociedade satildeo vistos como causas possiacuteveis da violecircncia escolar desde o
ciacuterculo de amizades produtos culturais veiculados na TV videogames
conteuacutedo da internet e ateacute mesmo da imprensa
ldquoVaacuterios motivos podem justificar essa accedilatildeo como por exemplo jogos de videogame na TV com os amigos em noticias de jornal entre outros Eu acho que quem faz esse tipo de coisa satildeo pessoas influenciadas e agem dessa maneira para mostrar que eacute valentatildeordquo (A3)
Para alguns estudantes estaacute mais clara a relaccedilatildeo entre a violecircncia mais
ampla e seu surgimento no ambiente escolar ldquomuitos jovens aprendem em
jogos de videogame na internet na TV a violecircncia e guardam isso na mente
para brigar na escolardquo (A15) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia surge na rua e eacute
trazida para escolardquo (C126)
O comportamento dos proacuteprios alunos e a forma de agir da escola
tambeacutem satildeo considerados causas para a violecircncia escolar
ldquoIsso acontece porque tem sempre alguns alunos que natildeo cumprem algumas regras e tambeacutem agridem outros alunos na maioria das vezes isso acontece porque os alunos que satildeo agredidos tem medo de entregar o agressor porque ele tem medo que quando entregarem o agressor agrida mais ainda ele e tambeacutem acontece muitas vezes pela falta de vigilacircncia da escolardquo (A18) ldquoNas escolas a violecircncia escolar eacute intensa Algumas por causa de conversas e boatos outras por causa de jogos como futebol vocirclei basquete etc ou porque algumas pessoas gostam de arrumar confusatildeo e provocam as outras para brigaremrdquo (C60)
87
5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar
Os estudantes percebem algumas caracteriacutesticas mais evidentes das
viacutetimas e dos agressores principalmente nas situaccedilotildees de bullying
A diferenccedila de tamanho entre agressor e viacutetima eacute um dos aspectos
mencionado ldquoesse tipo de violecircncia ocorre na escola geralmente por alunos
maiores que a viacutetimardquo (A9) ldquomuitos covardes datildeo em pessoas bem menores
que eu essas pessoas natildeo fazem ideia do que estatildeo fazendordquo (C69) No
relato apresentado a seguir haacute referecircncia a este aspecto como fator central na
situaccedilatildeo de violecircncia testemunhada
ldquoHaacute uma pessoa que eu conheccedilo que as vezes sofre coisas desse tipo Esta pessoa tem 10 anos e os meninos que satildeo 1 a 2 anos mais velhos aperreiam e as vezes batem nele Ele tenta se defender mas os meninos satildeo mais velhosrdquo (A10)
Entre os atributos aparece o fato de ser algueacutem novo no grupo de
modo que ldquoisso acontece normalmente com novatosrdquo (A7) Outro traccedilo
apontado para as viacutetimas eacute seu comportamento ldquocorretordquo ldquoas crianccedilas e os
adolescentes os chamados ldquocertinhosrdquo geralmente sofrem com as
brincadeiras de mau-gosto daqueles que natildeo satildeo interessados em estudarrdquo
(A15)
Ao apresentarem caracteriacutesticas pessoais dos envolvidos em situaccedilotildees
de bullying haacute alunos que destacam aspectos relacionados com o bom
desempenho escolar ldquo() geralmente eacute praticado contra os alunos que soacute
tiram notas boas e tambeacutem outras pessoasrdquo (B51) Entretanto haacute quem
considere o contraacuterio que pode ser o mau desempenho escolar uma
caracteriacutestica relevante para a vitimizaccedilatildeo ldquoo bully ou seja o agressor
geralmente eacute uma pessoa que tecircm classe social inteligecircncia ou seja mais
88
forte em relaccedilatildeo ao agredido que eacute o que tira notas baixas eacute fraco e
indefesordquo (B52)
O agressor eacute mais forte todavia eacute covarde A relaccedilatildeo entre viacutetima e
agressor indica a covardia do agressor e a fraqueza da viacutetima ldquoele (bullying) eacute
praticado usando a covardia ao favor do agressor Ele sempre ataca os fracos
em funccedilatildeo de maltrataacute-los por puro prazerrdquo (B50) ldquoo que mais me incomoda
satildeo os alunos que batem nas alunas pois aleacutem de natildeo respeitaacute-las estatildeo
machucando pessoas mais sensiacuteveis e fraacutegeis do que elerdquo (C114)
Essa oposiccedilatildeo entre ser forte ou ser fraco estaacute associada com o
envolvimento nas situaccedilotildees de bullying como agressor ou viacutetima
ldquoViacutetimas ficam tristes apanhados sozinhos com isto Muitas pessoas brigam para humilhar o outro porque sabe que eacute mais forte e o outro eacute mais fraco aiacute se aproveita disto muitas vezes eles fazem isto para se exibir para as meninas fazem armadilhas ao mais fraco ficam esculhambandordquo (C73)
A situaccedilatildeo de maior fragilidade eacute uma das caracteriacutesticas atribuiacutedas agraves
viacutetimas ldquoa lsquoviacutetimarsquo natildeo pode se defender sozinha por isso natildeo reage apenas
apanha ou outros tipos de Bullyingrdquo (B50) ldquoum fato preocupante tambeacutem eacute que
na maioria dos casos de bullying a viacutetima natildeo sabe se defenderrdquo (C88)
A viacutetima tambeacutem eacute caracterizada como algueacutem que se diferencia do
grupo seja em termos fiacutesicos ou comportamentais ou pela presenccedila de alguma
deficiecircncia ldquoa violecircncia escolar eacute sofrida por vaacuterios alunos seja ele gordo
magro com algum tipo de deficiecircncia ou ateacute mesmo pela forma dele serrdquo
(A23) ldquoMuitos exemplos comuns como ser negro de outro paiacutes eacute muito chato
issordquo (C62) ldquogeralmente eles fazem isso com aquele colega que eacute um pouco
diferente dos demais e com isso ele acaba praticando o bullyingrdquo (B37)
89
ldquopessoas lsquodiferentesrsquo satildeo as principais viacutetimas desse ato ateacute mesmo o uso de
oacuteculos leva a uma brincadeirinha sem graccedilardquo (B39) ldquouma pessoa eacute acima do
peso ou eacute diferente de alguma forma as outras pessoas jaacute comeccedilam a chamar
(apelidos) de baleia titanic que se a pessoa cair no chatildeo nem um trator
levanta ela e outras coisasrdquo (C93) ldquoa violecircncia escolar geralmente acontece
por conta de fatos infantis porque algueacutem cortou o cabelo porque eacute mais
estranho do que o outrordquo (C67)
A popularidade do agressor eacute apontada ldquoporque haacute muitos alunos que
se acham o tal soacute porque eacute popular e isso faz ele pensar que pode fazer o que
quiser com os outros alunosrdquo (B37) embora natildeo signifique que sejam pessoas
admiradas ldquoEsse tipo de violecircncia eacute constante (bullying) Aqui na sala tem uns
3 ou 4 meninos que satildeo muito chatos e praticam essa violecircncia tanto verbal
com os outros tiposrdquo (C113) ldquoAcho muito chato pessoas que fazem isso e a
maioria satildeo as mais populares que mais chamam atenccedilatildeo na escolardquo (C110)
Tambeacutem aparece a situaccedilatildeo de exclusatildeo da viacutetima ldquoos que sofrem
violecircncia escolar satildeo os chamados excluiacutedos que natildeo se encaixam nos
grupinhosrdquo (C82) ldquoEm outras situaccedilotildees alunos satildeo afastados pelo jeito de ser
Por exemplo Haacute grupos nas escolas de nerds patricinhas feios bonitos
chatos Isso eacute muito chato porque isso natildeo mostra a uniatildeo das pessoas E
ficam muitas vezes chateadasrdquo (C121)
Vale destacar que estes papeacuteis parecem natildeo serem fixos pois ldquoalgumas
vezes proacuteprias viacutetimas tambeacutem satildeo agressoresrdquo (B51)
Raramente as viacutetimas natildeo satildeo estudantes ldquoCom os professores jaacute eacute
diferente essas natildeo acontece muito porque o professor eacute como se fosse o liacuteder
e tem muita autoridaderdquo (B37) embora a figura do professor tambeacutem seja
90
apontada como a de agressor ldquoe o agressor natildeo eacute soacute o aluno pode ser o
professor e a viacutetima tambeacutem pode ser professor mas no final todos de alguma
maneira tecircm seu dedo de culpardquo (C85)
Assim como estudos do Relacionamento Interpessoal que destacam o
papel das caracteriacutesticas individuais nos relacionamentos os alunos tambeacutem
apresentam de forma bem explicativa a forma como tais caracteriacutesticas
interferem nos relacionamentos Para Tognetta (2010) ldquoos alvos de bullying
satildeo crianccedilas e adolescentes vitimizados pelos estereoacutetipos sociais e por isso
sofrem comumente tecircm uma caracteriacutestica que foge do que eacute culturalmente
estabelecido usam oacuteculos choram demais satildeo gordinhos ou tiacutemidos ou seja
tecircm um padratildeo ou um comportamento que os diferencia dos demaisrdquo (p 91)
5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo
ameaccedilas chantagens intoleracircncia preconceito
Muitos alunos abordam a dinacircmica da violecircncia discorrendo sobre as
accedilotildees que as caracterizam ldquoessas pessoas muitas vezes pedem alguma coisa
e se a pessoa natildeo der eles batem nela e pegam o que pediramrdquo (C60)
ldquoGERALMENTE esse povo que daacute nos outros eles tem uma turminhardquo (C69)
ldquoAqui no coleacutegio a violecircncia eacute tipo areia em praia eacute o que mais tem professores
gritando com alunos alunos se batendo palavrotildees de um lado para o outro
xingamentos com a matildee ou com o proacuteprio alunordquo (C114)
Os trechos a seguir apresentam mais detalhadamente a aspectos
presentes na dinacircmica da violecircncia escolar
ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia na escola eacute uma coisa que acontece muito frequentemente e que poucas pessoas admitem que fazem ou que sofrem Tanto quem faz estaacute errado e geralmente quem faz
91
ameaccedila e faz o outro se sentir mal Quem sofre tambeacutem estaacute errado por que natildeo conta por medo das ameaccedilasrdquo (C59) ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute causada por uma pessoa que briga com a outra por algum motivo que considera grave aiacute natildeo consegue estabelecer um diaacutelogo entre as duas pessoas e passam para a violecircncia agraves vezes pessoas que natildeo tem nada a ver com o assunto da briga se intrometem no meio agraves vezes a briga natildeo eacute de duas mais de 3 4 5 (pessoas) etcrdquo (C74)
A violecircncia na escola pode acontecer de diversas formas ldquoapelidos
discussotildees tapas e ateacute mesmo brigasrdquo (C118) ldquoAleacutem de que a violecircncia
escolar pode ser tanto verbal quando fiacutesica e pode ser praticado por um grupo
ou soacute por uma pessoardquo (C100) Situaccedilatildeo de violecircncia envolvendo grupos pode
ser identificada neste relato
ldquooutra coisa que teve foi a guerra das turmas que tambeacutem foi ano passado foi um grupo de pessoas que estavam numa briga com outro grupo Todo recreio tinha briga entre os dois grupos depois disso todos foram para a coordenaccedilatildeo e parou de laacuterdquo (C91)
Aleacutem das formas descritas por vezes aparecem outras formas como o
isolamento social ldquotambeacutem acho que eacute um tipo de violecircncia escolar quando te
excluem da conversa jaacute passei por isso vaacuterias vezesrdquo (B41) a coaccedilatildeo ldquoesses
jovens obrigam o outro a fazer alguma coisa que faccedila mal a elerdquo (B49) e
inclusive o abuso sexual ldquoexiste vaacuterios tipos de violecircncia como a violecircncia
verbal a violecircncia fiacutesica o abuso sexual entre outrasrdquo (A28)
A dinacircmica relativa agraves situaccedilotildees de bullying tambeacutem satildeo apresentadas
ldquoesse tipo de violecircncia escolar (bullying) ocorre quando aluno agride
verbalmente ou fisicamente ou quando alunos se agridem discutem fazem
ameaccedilas ou quando eles se xingam uns aos outros com palavras ateacute muito
pesadas para a sua idaderdquo (B47) ldquoMeu pai me ensinou que o bullying natildeo pode
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acontecer com a crianccedila de 5 anos para com um adulto de 25 anos Ele
acontece com pessoas da mesma idaderdquo (C107) ldquoHaacute vaacuterios tipos de bullying
alguns mais fracos outros fortiacutessimos poreacutem todos tem o mesmo objetivo
machucar seja fisicamente ou emocionalmente a viacutetima sofrerdquo (B50)
Os elementos presentes nas situaccedilotildees de bullying ficam mais evidentes
nos trechos abaixo
ldquoA violecircncia escolar eacute feita pelo lsquobullyingrsquo o bullying eacute uma violecircncia que ocorre em todas as escolas do mundo eacute formada por trecircs ou mais alunos que tiram brincadeira com outro aluno e quando esse aluno diz a supervisatildeo eles batem no alunordquo (A33) ldquoViolecircncia escolar eacute um problema peacutessimo Para mim violecircncia escolar e bullying eacute a mesma coisa mas os dois satildeo peacutessimos para a sociedade escolar Violecircncia escolar geralmente se inicia quando um tonto se acha perfeito e quer rebaixar pessoas que satildeo piores em algumas coisas mas melhor em outrasrdquo (B38) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar eacute denominada de bullying como o preconceito machucarem pessoas inofensivas que natildeo lhes fizeram nenhum malrdquo (B43) ldquoExistem pessoas que maltratam falam mal de outras pessoas deixando a pessoa ferida ou triste Isso se chama bullying uma violecircncia feita na escolardquo (B39) ldquoA violecircncia natildeo eacute soacute com os professores mas tambeacutem com os alunos na maioria das vezes chamado de bullying que satildeo ameaccedilas e marcaccedilatildeo com essa pessoa mas pode chegar a ser uma agressatildeo verbal e ateacute oral que muitas vezes podem causar seacuterios danos tanto psicoloacutegicos ou ateacute ferimentos gravesrdquo (C128)
Eacute marcante o papel do medo para que se perpetue a situaccedilatildeo de
agressatildeo ldquoinfelizmente muitos dos alunos que satildeo explorados ou maltratados
tecircm medo de revelar aos pais ou responsaacuteveis o que estaacute acontecendo na
escolardquo (A9) ldquoEm toda sala escolar tem um machatildeo e tem algueacutem que eacute o saco
de pancada que sempre sai apanhado e natildeo conta nada ao pai ou a matildee ou
algum responsaacutevel com medo de apanhar maisrdquo (C122) ldquomuitas vezes os
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adolescentes que sofrem esse tipo de violecircncia tem medo de falar com os
diretores ou coordenadores porque pode aumentar a violecircncia entre elesrdquo
(C97)
O medo eacute apontado como algo que acompanha a viacutetima de bullying ldquoo
pior eacute vocecirc ter medo de algueacutem algueacutem que acha que tem a liberdade de bater
em vocecirc e ameaccedilado natildeo pode contar a ningueacutemrdquo (A21) ldquoA maioria dos
agredidos tem medo de dizer que estaacute sofrendo de bullying porque os bullys
fazem chantagem emocional para ficarem quietosrdquo (B52)
Parece existir um pacto de silecircncio entre agredido e agressor ldquoEacute terriacutevel
como muitas pessoas sofrem preconceitos satildeo apelidadas ou ateacute mesmo
sofrem com murros tapas chutes e outras coisas soacute que o pior eacute que muitas
vezes natildeo comunicam a escola nem aos paisrdquo (C119) ldquoMuitos alunos natildeo
falam para ningueacutem sobre a violecircncia que sofrem por isso sai da agressatildeo
verbal para a fiacutesicardquo (C79) E a natildeo revelaccedilatildeo ajuda a perpetuar a situaccedilatildeo de
bullying ldquoGeralmente quem sofre bullying se omite e termina que seus
agressores nunca satildeo punidosrdquo (C109)
Aleacutem do medo por parte da viacutetima de ser agredida caso revele ou delate
o agressor eacute bastante presente outro elemento na relaccedilatildeo agressor-viacutetima a
ameaccedila ou chantagem por parte do agressor O agressor usa de chantagem
para causar medo na viacutetima ldquoessa violecircncia a pessoa chantageia a outra e diz
se contar para algueacutem que estatildeo fazendo com ela vatildeo bater mais ainda na
pessoardquo (B49) ldquoEsses alunos ficam com medo ateacute de procurar ajuda de uma
pessoa mais velha Muitas vezes eles satildeo ameaccedilados para tipo Se um aluno
natildeo der dinheiro ao outro ele iraacute bater nelerdquo (C121)
O papel da ameaccedila eacute claro nos trechos seguintes
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ldquoNa maioria das vezes as viacutetimas do bullying satildeo ameaccediladas e natildeo contam para os familiares o que estaacute (acontecendo) Se seu filho estaacute muito por baixo sem querer falar muito com os pais ou agindo de uma forma que ele nunca agiu preste atenccedilatildeo que isso pode ser um sinalrdquo (B48) ldquomuitas vezes o agressor fala para o agredido para ele ficar calado e se ele abrir a boca ele apanha mais ainda Mas por que isso acontece Por que natildeo podemos conversar com a pessoa Seraacute porque tenho medo pois natildeo consigo e quando chego perto do agressor minha voz trava ou porque estou com muito muito medo dele e natildeo consigo de jeito nenhum e digo lsquoai ai que medo de falar a algueacutem e apanhar outra vezrsquordquo (C80) ldquoE muitas pessoas sofrem essa violecircncia mais preferem sofrer calado para os amigos natildeo ficarem tirando onda muitas vezes eacute o agressor que faz algum tipo de chantagem mais enfim violecircncia natildeo chega a nenhum lugarrdquo (A28)
O agressor parece natildeo ver as consequecircncias de seus atos ldquoa pessoa
que pratica o bullying natildeo consegue ldquoenxergarrdquo as consequecircncias diante desse
atordquo (B39) ldquoMuitas crianccedilas e jovens vem sofrendo algumas agressotildees e por
se sentirem ameaccediladas pelos agressores natildeo contam o que estaacute ocorrendo e
esses praticantes muitas vezes por brincadeira ou por se sentirem superiores
praticam sem saber o que os outros pensam e estatildeo sofrendordquo (A34)
A intoleracircncia em relaccedilatildeo agraves pessoas e agraves diferenccedilas eacute outro elemento
ldquoO que essas pessoas natildeo entendem eacute que ser diferente eacute normal jaacute que
ningueacutem eacute igual a ningueacutem mas deve ser respeitado e natildeo julgado pelos
outrosrdquo (C109) Interessante que a intoleracircncia aponta para a importacircncia de
cada um olhar para as proacuteprias caracteriacutesticas ldquoporque todo mundo tem defeito
e porque natildeo vocecirc as pessoas soacute vecircem defeitos nos outros e natildeo em vocecirc
mesmordquo (C64) ldquo() porque vocecirc pode ver o agressor ele raramente eacute
diferente da pessoa que ele ofende Eu natildeo entendo porque parece que
ningueacutem presta porque eacute branco demais reclama preto demais tambeacutem
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reclama entatildeo quem presta afinalrdquo (C85) ldquoNoacutes xingamos um ao outro por
qualquer simples defeito e natildeo reparamos nos nossos Quando essa violecircncia
chega ao extremo pode ser fiacutesica vocecirc natildeo eacute igual a mim natildeo gosto de vocecirc
(C101)
Tambeacutem fica evidente a relaccedilatildeo entre violecircncia escolar e preconceito
ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar porque natildeo tocar no assunto
preconceito que hoje em dia pessoas morrem por serem negros deficientes
inteligente ou ateacute por besteirasrdquo (C81) ldquoGeralmente os casos de violecircncia
acontece por pessoa gays ou noobs7 pessoas tem preconceito ou natildeo tem o
que fazer e vai agredir a pessoardquo (C98) ldquoMuitas pessoas sofrem de bullying na
escola por causa de preconceitordquo (C77) ldquoA violecircncia verbal eacute algo que os
alunos sofrem por causa do preconceitordquo (C79) ldquoA violecircncia na escola eacute uma
coisa grave atinge muitas pessoas tambeacutem por causa do preconceito com os
outros por causa de suas diferenccedilasrdquo (C65)
Nesta dinacircmica aparece tambeacutem o papel da plateia ldquoQuem pratica
(violecircncia escolar) eacute o principal responsaacutevel mas aqueles que ficam assistindo
tambeacutem estatildeo praticando pois eles satildeo a plateia teria que tomar uma atituderdquo
(C67) ldquoA violecircncia escolar eacute um ato muito difiacutecil de conviver porque vocecirc ver
cenas que natildeo podem ser comentadas automaticamente sua mente fica
perturbadardquo (C78) ldquomuitas outras pessoas poderiam ter evitado o
acontecimento mais as vezes as pessoas influenciam ainda mais as praticas e
7 Noob ou Newbie eacute um termo eacute amplamente utilizado na Internet - sobretudo em sua maioria em salas
ou bate-papos de jogos online para muacuteltiplos jogadores ou ainda para identificar os que tecircm conhecimento baacutesico em informaacutetica Tambeacutem eacute usado para designar uma pessoa sem experiecircncia ou com menos
experiecircncia do que quem chama Geralmente eacute considerado como um insulto para uma pessoa sem conhecimento
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pioram tudo que jaacute eacute ruimrdquo (C83) ldquoe a maioria do povo soacute fica olhando natildeo faz
nada muitas vezes o povo mesmo que agitardquo (C116)
O papel da plateia eacute bem importante principalmente nas situaccedilotildees
envolvendo bullying ldquoA maioria dos casos de bullying eacute causado por um
determinado lsquovalentatildeorsquo Mas o bullying eacute formado pelo autor (eacute quem pratica a
agressatildeo) a plateia (eacute quem gosta de ver a agressatildeo)rdquo (C125) ldquoQuase todos
os dias presencio violecircncias na escola e natildeo posso me meter ou parar os dois
com medo de levar a culpa da briga ou ainda levar uma surra tambeacutemrdquo (C84)
Haacute evidecircncia do papel da plateacuteia neste fato testemunhado e relatado
ldquo() outro dia teve briga entre dois meninos do segundo ano e quase todo coleacutegio laacute vendo sem fazer nada soacute assistindo e ateacute torcendo pra eles () pra que espancar o outro soacute porque chamou o outro de veado (A1)
O espaccedilo da sala de aula eacute apresentado como cenaacuterio para a violecircncia
escolar sejam as situaccedilotildees de agressatildeo fiacutesica como tambeacutem se torna cenaacuterio
para ocorrecircncia de bullying ldquoEm uma escola como todas as outras haacute uma
violecircncia escolar se torna um ato muito comum porque estaacute presente nas salas
de aulardquo (C78) ldquoMuitos casos de violecircncia na sala todos os dias um menino
esbarra no outro sem querer e eles comeccedilam a brigarrdquo (C84) ldquovou falar um
pouco da minha sala natildeo ocorre bullying na mesma poreacutem haacute alguns alunos
que tem tendecircncia a praticar o bullying quando maiores o que mais preocupa eacute
saber que as viacutetimas seremos noacutes mesmos alunos da mesma classerdquo (C88)
A constacircncia de encontros tambeacutem eacute salientada no cenaacuterio da violecircncia
escolar ldquoeu me lembrei da histoacuteria daquele menino que morreu em sua proacutepria
escola por outro colega que ele vivia todos os dias da semana Entatildeo isso eacute
certo claro que natildeordquo (C110)
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Atividades proacuteprias da dinacircmica da sala de aula tambeacutem compotildeem o
cenaacuterio da violecircncia escolar e ateacute objetos do material escolar se transformam
em instrumentos de agressatildeo
ldquoo problema pode ser gerado em um trabalho escolar (um pode ter uma ideia e o outro ter outra ideia e gerar uma confusatildeo) agraves vezes fica competindo um com o outro para ver qual eacute o melhor aluno (que o professor gosta mais que tira as melhores notas etc) Muitas vezes nos problemas nasce o ciuacuteme onde o aluno usa uma arma branca para atacar o proacuteximo a arma branca pode ser por exemplo um estilete (o material escolar passaraacute a ser uma arma)rdquo (C117) ldquoMaior parte da violecircncia eacute a da violecircncia escolar Porque muitos alunos levam estilete a lacircmina do apontador para deixar marcas nos seus colegasrdquo (C111)
O trecho a seguir apresenta vaacuterios elementos da dinacircmica escolar que
sutilmente e de forma natildeo intencional favorecem situaccedilotildees de violecircncia
escolar
ldquoOs adultos falam que eacute coisa de crianccedila ou que eacute passageiro e acabam nem ligando Agraves vezes a crianccedila ou o proacuteprio agressor se sente obrigado (a) a atacar a pessoa para se sentir melhor ou para mostrar que eacute melhor e a escola eacute o lugar muito faacutecil de praticar Tem gente que fala que natildeo adianta de nada falar com o coordenador ou diretor pois eles natildeo querem machucar os sentimentos dos alunosrdquo (C110)
A violecircncia tambeacutem se estende ao ambiente virtual ldquoColocar arquivos na
internet xingando e maltratando as pessoasrdquo (C77) Percebe-se que o
cyberbullying tambeacutem se faz presente
ldquoA agressatildeo verbal na maioria das vezes eacute na internet comunidades ou xingam mesmo com palavrotildees a maioria eacute no orkut e para ser sincera jaacute tive vontade de participar mas nunca participeirdquo (B44) ldquoUm exemplo eacute uma pessoa joga a sandalia da outra pessoa no telhado de uma casa e as outras pessoas obrigam o dono da sandaacutelia ir pegar ele vai mas cai do telhado e eles gravam um viacutedeo e colocam na internetrdquo (B49)
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ldquoExiste tambeacutem o CYBERBULLYING que eacute o bullying praticado pela internet geralmente satildeo viacutedeos que satildeo postados em sites de relacionamento como TWITTER ORKUT e dos que soacute tem viacutedeos como YOUTUBE em que satildeo gravadas brincadeiras que a viacutetima sofre e os agressores ficam rindo tirando ondardquo (B51) ldquoexistem ateacute pessoas que filmam a violecircncia no momento em que ela estaacute acontecendo e muitas pessoas provocam a outra soacute para isso ocorrer alguns adolescentes filmam e postam na internet apenas para querer dizer por exemplo lsquoAh na nossa escola soacute tem maioral se vocecirc vier para caacute natildeo mexa com a gente porque noacutes quebramos vocecircrsquordquo (C120)
5124 As agressotildees verbais
Comumente a violecircncia escolar eacute apresentada como sendo composta
tanto pela agressatildeo verbal quanto pela agressatildeo fiacutesica ldquoA violecircncia tambeacutem
natildeo soacute pode ser fiacutesica pode ser verbal tambeacutemrdquo (C61) ldquoA violecircncia escolar natildeo
eacute apenas por agressatildeo fiacutesica mas pode ser agressatildeo verbalrdquo (C81) ldquoessas
agressotildees natildeo satildeo apenas fiacutesicas e tambeacutem verbais consequentemente
psicoloacutegicasrdquo (A31) ldquoessa violecircncia acontece de vaacuterias formas com tapas
discussotildeesrdquo (B36) ldquotem a agressatildeo verbal e a fiacutesica a agressatildeo verbal eacute
quando o envolvido eacute agredido com palavras E a fiacutesica que eacute a agressatildeo no
corpordquo (A35) ldquonos coleacutegios acontecem muitas brigas tanto agressatildeo fiacutesica
quanto agressatildeo verbalrdquo (C63) ldquoAqui no coleacutegio agressatildeo eacute expliacutecita sendo
ela fiacutesica e por meio de palavrasrdquo (C75) ldquoA violecircncia na escola eacute um problema
grave onde se tem vaacuterios tipos como a violecircncia verbal na qual a fala eacute o ator
da violecircncia violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (C83)
As agressotildees verbais ocupam um lugar de destaque como uma forma
de violecircncia escolar ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute algo que muitos alunos
sofrem pois natildeo existe soacute a fiacutesica a verbal existe e eacute a mais comumrdquo
99
(C79) ldquomuitas escolas natildeo tem pessoas que agridem fisicamente mas muitos
alunos agridem verbalmente e agridem feiordquo (C69) ldquoa violecircncia natildeo eacute somente
fisicamente mas tambeacutem verbalmente por ameaccedilasrdquo (A5) ldquoGeralmente haacute
mais violecircncia oral do que corporalrdquo (C96)
Os trechos a seguir evidenciam a agressatildeo verbal como uma forma de
violecircncia escolar
ldquoAgraves vezes quando falamos em violecircncia pensamos em uma pessoa batendo na outra mas para mim o pior tipo de violecircncia eacute a verbal o ato de xingar outro soacute para se sentir melhor Esse tipo de coisa acontece muito principalmente na escolardquo (C101) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando uma coisa normal violecircncia natildeo eacute soacute agressatildeo fiacutesica mas tambeacutem verbal como por exemplo palavrotildees palavras de mau gostordquo (C93)
Ambas satildeo vistas como algo grave que tem repercussotildees ldquohoje muitos
alunos sofrem com a violecircncia escolar natildeo apenas com agressatildeo fiacutesica mas
tambeacutem verbalrdquo (A7) ldquoa violecircncia escolar em modo geral tanto verbalmente
como fisicamente eacute muito seacuteria pois alguns alunos podem ser prejudicadosrdquo
(A14) ldquoagraves vezes a violecircncia em vez de ser fiacutesica pode ser verbal e agraves vezes a
verbal poderaacute mexer com a personalidade da pessoardquo (C117)
Violecircncia verbal e fiacutesica estatildeo relacionadas ldquoos outros alunos xingam
muitas vezes soacute para outros colegas rirem e o alunos que estaacute sendo agredido
com palavras e natildeo gosta da brincadeira levando a brigardquo (A35) No episoacutedio
testemunhado e relatado por um estudadnte estaacute presente a agressatildeo verbal
levando agrave agressatildeo fiacutesica com danos fiacutesicos
ldquoOutro dia eu estava indo para o portatildeo do coleacutegio e vi um menino quase quebrando o braccedilo de outro que era menor que ele soacute porque o menor tinha chamado o outro de veado ou gay sei laacute quando o menino soltou o outro ele caiu e saiu chorando Me deu uma vontade
100
de meter um chute na cara dele Eu acho uma sacanagem issordquo (A1)
A agressatildeo verbal pode ser exercida de formas distintas causando
desconforto em todos os casos Pode ocorrer atraveacutes de xingamento ou ser a
partir da atribuiccedilatildeo de apelidos ldquoa agressatildeo verbal eacute a que mais acontece
muitas pessoas inventam apelidos de mau gosto outros xingam e a agressatildeo
fiacutesica eacute quando pessoas batem nas outras etcrdquo (A7) ldquoEu acho que a violecircncia
escolar eacute muito comum em escolas acontecer principalmente verbal (escrito e
oral) xingando e humilhando com varias palavras apelidandordquo (C68) ldquoos
apelidos tambeacutem satildeo grandes problemas principalmente quando a intenccedilatildeo eacute
magoar a outra pessoardquo (A10) Uma forma de agressatildeo eacute a fofoca ldquoEu acho
que muitas vezes eacute legal falar dos outros e se falar de vocecirc vai gostar claro
que natildeordquo (C110)
Os apelidos parecem ser problemas de destaque e particularmente
parecem causar sofrimento
ldquoSe vocecirc tem alguns desses problemasm pode ter certeza que iratildeo surgir apelidos na sua escola sobre vocecirc e isso deve machucar muito as pessoas que sofrem este tipo de violecircncia porque mesmo sendo pequeno o apelido machuca vocecirc Por fora vocecirc demonstra que estaacute tudo bem mas por dentro vocecirc sente vontade de sumir daquele lugar isto eacute um absurdo noacutes estamos no seacuteculo 21 natildeo eacute mais aquela brincadeirinha de crianccedila isto se tornou uma coisa seacuteria que tem que ser parada As pessoas sofrem com isto se eacute com uma pessoa deficiente todos riem falam besteira mas quem faz deve se perguntar ndash ele quer ser assim Ningueacutem pede para nascer doente com algo faltandordquo (A23)
O preconceito eacute uma forma de violecircncia que pode ser exercida a partir
de agressotildees verbais ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar natildeo existe soacute
fisicamente tambeacutem acontece verbalmente como o preconceito que acontece
muito nos tempos atuais e eacute muito difiacutecil combaterrdquo (C62)
101
Outras referecircncias agrave agressatildeo fiacutesica e verbal ainda apontam suas
consequecircncias nocivas natildeo apenas para as viacutetimas e agressores mas para a
escola como um todo
ldquoMuitos alunos fazem brincadeiras de mal gosto e acabam machucando o colega fisicamente e verbalmente causando problemas para ele para o colega e para o coleacutegiordquo (A14)
Em muitas redaccedilotildees parece evidente que a agressatildeo verbal caracteriza
a situaccedilatildeo de bullying ldquoquando o xingamento passa a ser cotidiano isso eacute um
sinal de bullyingrdquo (B39) ldquoo chamado bullying pode ser agressatildeo oral verbal ou
fiacutesica o bullying significa isso a violecircncia natildeo soacute fiacutesicardquo (C82) Neste
depoimento percebe-se esta relaccedilatildeo ldquoJaacute fui viacutetima de bullying pois em uma
eacutepoca meus colegas me colocavam apelidos que natildeo gostavardquo (B41) O trecho
a seguir potildee em destaque a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e bullying
ldquoEacute um tema muito complicado de comentar pois haacute diversos tipos de violecircncia na escola uma delas eacute a violecircncia por meio de palavras por exemplo quando colegas discutem e falam palavras desagradaacuteveis outro exemplo eacute quando uma crianccedila ou adolescente xinga um de seus colegas passando ele para baixo ou menosprezando causando o famoso bullyingrdquo (A2)
A agressatildeo fiacutesica eacute a outra face da moeda tambeacutem vista como algo que
pode se tornar mais e mais grave
ldquoJaacute outro tipo de violecircncia que eacute um pouco mais grave eacute a agressatildeo quando dois adolescentes se batem lutam se machucam e a violecircncia pode partir para algo extremamente grave como mortes noacutes hoje em dia geralmente vemos amigos que se matam Mas tambeacutem pode ocorrer assassinatos e trageacutediasrdquo (A2)
5125 Violecircncia escolar e brincadeira
102
Vaacuterias situaccedilotildees de violecircncia escolar satildeo originadas a partir de
brincadeiras tanto pela intoleracircncia por parte de quem natildeo as aceita ldquoJaacute
presenciei algumas confusotildees que aconteceram mais no recreio e outros
motivos satildeo brincadeiras levadas muito a seacuteriordquo (C72) ldquoEm uma sala de aula eacute
muita infantilidade vemos alunos discutindo sem motivo e aleacutem disso ficarem
se agredindo por bobagens que natildeo satildeo levadas na brincadeirardquo (A5) ou pela
intensidade da inconveniecircncia envolvida na brincadeira ldquoPessoas praticam
numa forma de brincadeira e natildeo sabem a gravidade do caso ou agraves vezes
quando estatildeo com raivardquo (B36) ldquoAs vezes as brincadeiras acabam em
violecircncia Na brincadeira muitas vezes o outro natildeo percebe que o seu amigo
natildeo estaacute se sentindo mal com a brincadeira fazendo e a brincadeira vire uma
briga podendo causar graves problemas Eles usam o que seus colegas tem
de lsquoincomumrsquo para tirar lsquosarrorsquordquo (A35)
Por vezes haacute uma aproximaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira indicando
a falta de limites niacutetidos entre estas duas situaccedilotildees ldquoexiste a violecircncia fiacutesica
alguns meninos brincam (que eacute como chamam) de lutas e acabam se
machucando e indo para coordenaccedilatildeordquo (C110) Os alunos expotildeem esta
aproximaccedilatildeo ao fazerem referecircncia agrave brincadeira como algo de mau gosto
indicando que parece haver intenccedilatildeo no ato ldquoA violecircncia geralmente ocorre por
causa de apelidos brincadeiras de mau gosto e etcrdquo (C90) ldquoNa escola haacute
muita violecircncia principalmente as brincadeiras de mau gosto que eacute de bater nas
pessoasrdquo (C122) ldquoPercebo brincadeiras de mau gosto e muitos palavrotildees com
os quais um trata o outro (envolvendo mais os meninos)rdquo (C75) ldquoo porque
dessas atitudes de mau gosto eu natildeo sei talvez por brincadeira mas que
brincadeira terriacutevel eacute essardquo (A9)
103
Esta relaccedilatildeo estreita entre brincadeira e violecircncia natildeo eacute aprovada ldquoEu
acho isso muito ruim que as pessoas apanhem soacute por causa de brincadeiras de
mau gosto como vacilo dois toque eacute barrote toco na bola eacute lapada e etc
nunca gostei de brincar e nem brinco sou contrardquo (C122) ldquoEssas brincadeiras
inuacuteteis estatildeo prejudicando muitos alunos que por medo das revelam e muitos
agressores satildeo presos pagam trabalho voluntaacuterio e outrosrdquo (A34) inclusive
porque os alunos identificam que estas brincadeiras datildeo origem a situaccedilotildees de
violecircncia na escola ldquoQuase todos os dias na minha escola tecircm uma violecircncia
quase todas por besteiras ou por brincadeiras que natildeo se fazrdquo (C124)
Tambeacutem no contexto da violecircncia no ambiente virtual a situaccedilatildeo
confusa entre brincadeira e agressatildeo fica evidente ldquoos que praticam armam
brincadeirinhas de mau gosto armadilhas gravam e postam na internetrdquo (B51)
Questotildees envolvendo bullying tecircm relaccedilatildeo com brincadeiras
inadequadas ldquopois essa brincadeira de mau gosto se chama bullyingrsquordquo (A17)
ldquonatildeo eacute brincadeira tipo o bullying muito causado nas escolasrdquo (C98) ldquoQuando
pensamos em violecircncia escolar a primeira coisa que pensamos eacute o bullying que
satildeo brincadeiras pesadas ou seja violentasrdquo (C76) sendo situaccedilotildees que
geram muito desconforto ldquoO que parece uma brincadeira de crianccedila o bullying
pode gerar danos a pessoasrdquo (B39) ldquomuitas pessoas que satildeo praticantes do
bullying dizem que eacute soacute lsquobrincadeirinhasrsquo mas natildeo eacute bem assim as chamadas
brincadeirinhas pode machucar quem sofre a accedilatildeo natildeo soacute fisicamente O
bullying acontece geralmente nas escolas os agressores normalmente fazem
isso para se divertirrdquo (C82)
A relaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira tambeacutem eacute abordada a partir de
relatos presenciados Podemos identificar alguns relatos em que o fato ocorrido
104
foi visto como uma ldquobriguinha de brincadeirardquo apesar de ter resultado em dano
fiacutesico
ldquoEu nunca presenciei uma briga escolar muito violenta mas aquelas lsquobriguinhasrsquo de lsquobrincadeirarsquo eu jaacute vi Um menino da minha sala torceu o pescoccedilo por causa dessas lsquobriguinhasrsquordquo (A12)
ldquono meu coleacutegio teve um acidente terriacutevel com o estilete ele tava brincando ai pegou o estilete e foi cortar o outro ai o outro duvidou ai ele cortou isso aconteceu quando a professora natildeo estava na salardquo (C129)
5126 Violecircncia escolar e o professor
Comumente os envolvidos na violecircncia escolar satildeo estudantes mas o
professor surge no cenaacuterio da violecircncia escolar de diversas formas acenando
que as situaccedilotildees de violecircncia escolar podem tambeacutem incluir professores rdquoeu
acho que a violecircncia escolar que pode acontecer com professores alunos ateacute
com a sala inteira eacute quando pessoas vatildeo agredir de algum modordquo (B42)
O professor aparece como viacutetima da violecircncia entre alunos ldquoem toda a
sala tem um valentatildeo que tenta deixar os outros para baixo e agraves vezes eacute
ignorante ateacute com os professoresrdquo (C86) evidenciando situaccedilotildees que
envolvem falta de respeito agrave figura de autoridade do professor podendo atingir
outros profissionais na escola ldquoViolecircncia escolar pode ser dos alunos ou dos
professores Quando no caso eacute o aluno eacute porque ele bagunccedila muito natildeo tem
respeito com os professores nem funcionaacuteriosrdquo (C95) ldquoMuitas vezes quando M
coordenadora disciplinar entra laacute na sala os alunos comeccedilam a falar dela do
cabelo dela e isso eu natildeo gosto disso porque isso eacute preconceito e desrespeitordquo
(C105)
A violecircncia contra professor pode atingir formas inaceitaacuteveis ldquoEu vejo
105
hoje em dia na minha opiniatildeo isso estaacute muito errado eacute os alunos matando
professor etcrdquo (C91) O relato a seguir apresenta uma situaccedilatildeo extrema de
violecircncia contra professores
ldquoalgumas reportagens mostram isso na televisatildeo nos noticiaacuterios mostram alunos apontando armas para os professores exigindo para que os professores faccedilam suas vontades fazendo ameaccedilas e as vezes ateacute espancando os professores que na maioria das vezes ficam traumatizados com essas situaccedilotildees e acabam prejudicando sua vida profissional ou ateacute pessoalrdquo (C128)
Tambeacutem ocorrem situaccedilotildees em que o professor eacute o agressor ldquoEu acho
que em algumas escolas tem violecircncia de alunos batendo em alunos
entretanto em algumas escolas o professor que eacute violentordquo (C102) ldquoA violecircncia
escolar cada dia mais estaacute aumentando tem professoras que estatildeo graacutevidas e
que descontam nos alunosrdquo (C106) Um relato aborda a situaccedilatildeo de violecircncia
envolvendo a relaccedilatildeo com professor e o prejuiacutezo no processo de
aprendizagem
ldquonesse ano natildeo consegui tira nenhum 7 em Matemaacutetica Geografia se fosse eu entatildeo porque no ano passado natildeo era assim por causa de mal explicaccedilatildeo dos professores e atenccedilatildeo eu vou fica em recuperaccedilatildeo em 4 porque no ano passado natildeo foi assim eu soacute tirava nota boa era inteligente mas agora sou burro e tem alunos que aprontam tanto e que vatildeo pra coordenaccedilatildeo e depois sai com reclamaccedilatildeo mas quando eu fui soacute 1 (nome da coordenadora) me ameaccedilou com expulsatildeo os alunos atrapalham todo dia (lista com nome de cinco colegas) jaacute foram 10 vezes na coordenaccedilatildeo e eu soacute uma e ia sendo expulso soacute por causa de um celular tocandordquo (C108)
Mas reconhece-se que satildeo fatos mais isolados que situaccedilotildees tendo o
professor como agressor natildeo acontecem com a mesma frequumlecircncia que
situaccedilotildees envolvendo alunos como agressores como eacute abordado de forma
clara no relato a seguir
ldquoNa escola haacute vaacuterios tipos de violecircncia pode ser fiacutesica ou verbal e praticada por professores ou alunos Quando eacute praticada por alunos
106
eacute mais verbalmente mas as vezes acabam em lutas a dos professores eacute mais fiacutesico Passou uma reportagem que falava sobre um professor que dava nos seus alunos mas essas agressotildees feitas por professores natildeo eacute sempre mas a dos alunos eacute mais frequenterdquo (C86)
Diante do cenaacuterio de violecircncia cabe ao professor uma postura
realmente diferenciada ldquoOs professores deviam ter mais diaacutelogo com seus
alunosrdquo (C65) que favoreccedila a superaccedilatildeo de algumas dificuldades ldquotem
professores que satildeo legais que quer ajudar cada vez mais se natildeo der dessa
maneira ele faz de outra e etcrdquo (C106) entretanto algumas atitudes natildeo
contribuem para avanccedilos na aprendizagem ldquoa pessoa conversa brinca mas
tenta melhorar mas natildeo pode porque os professores natildeo deixamrdquo (C108) ldquotem
alguns professores que querem acabar com os alunos tipo no salatildeo de artes e
ciecircncias (sac) em algumas mateacuterias os professores soacute colocam os melhores
alunos e os piores se ferramrdquo (C102)
As dificuldades envolvendo o relacionamento com os professores satildeo
consideradas pelos estudantes Percebe-se que elementos da proacutepria accedilatildeo
docente parecem promover situaccedilotildees desconfortaacuteveis no relacionamento
professor-aluno - a forma de explicar a atenccedilatildeo dada aos alunos o cuidado
diante de duacutevidas etc Os trechos a seguir evidenciam a forma como se datildeo
estas dificuldades
ldquoBem na escola natildeo sofro violecircncia escolar com os professores mas agraves vezes acho que eles tecircm alunos preferenciais e que agraves vezes tratam mal aqueles que natildeo satildeo os seus preferidos falo isso pois as vezes existem professores que natildeo datildeo atenccedilatildeo por igual aos seus alunos Eu natildeo condeno a ideia de que eles tenham seus alunos preferidos mas que eles natildeo demonstrem tatildeo claramente issordquo (C92) ldquoTudo que esse professor explica eu quase natildeo entendo ele raramente faz brincadeiras em sua aula e eacute um pouco grosso(a) As pessoas meio que tem medo dele(a) entatildeo natildeo tiram suas duacutevidas
107
com medo de levar um fora (C95) ldquoTem professores que jaacute entram na sala com raiva outros vocecirc natildeo entende o assunto e vocecirc fala para o professor que natildeo entendeu ele fala pra vocecirc que vocecirc natildeo entendeu porque estava conversando ou brincando e agraves vezes tiram pontos dos alunos por causa dissordquo (C102) ldquoEu acho que haacute professores que natildeo se importam com os alunos tem alunos que estatildeo em recuperaccedilatildeo porque o que eles falam na sala natildeo daacute pra entender nada e a pessoa tenta tirar as duacutevidas mas o professor natildeo daacute nem a miacutenima soacute se importa para as pessoa que jaacute entenderam o assunto () os professores recusam os alunos como se eles fossem uma pessoa de rua sem futuro a gente tem o direito de participar de todas as atividades os nossos (pais) pagam a escola pra aprender e o que a maioria dos professores ensinam natildeo daacute pra entender nada aiacute o cara estuda pra caramba pra na hora da prova tirar uma nota ruimrdquo (C108)
Os estudantes apresentam suas preferecircncias em relaccedilatildeo aos
professores apontando aspectos facilitadores e aqueles que dificultam suas
escolhas
ldquoO professor que eu menos tenho afinidade eacute legal mas nas aulas dele eu natildeo me sinto agrave vontade como nas outras Meus colegas gostam muito desse professor mais cada um tem sua personalidade e a personalidade dele natildeo bate com a minhardquo (C92) ldquovou falar um pouco dos professores Primeiro vou falar um pouco do que eu mais gosto Ele assim ensina melhor pois a sua explicaccedilatildeo daacute para entender eleela faz joguinhos sobre o assunto que estamos estudando faz gincanas e tudo que eleela explica eu entendo E eu sempre me dou bem nas suas provas por isso eacute ao mais legal professor ou professorardquo (C95) ldquoA professora que eu tenho menos afinidade eacute a professora de portuguecircs porque pra mim ela eacute duas caras () na frente da minha matildee ela eacute uma santa mas na sala de aula quando eu tento falar com ela ela natildeo me daacute atenccedilatildeo soacute daacute atenccedilatildeo aos alunos que ela mais gosta () mas ela melhorou a conduta comigo A professora que eu mais tenho afinidade e gosto muito dela eacute a professora de Geografia ela eacute muito carinhosa sabe entender a timidez do aluno tira duacutevida a qualquer momento ela gosta de mim ela eacute super atenciosa eacute como uma matildee para mim Graccedilas a Deus ateacute hoje natildeo sofri nenhum tipo de bullying a natildeo ser o da professora de portuguecircsrdquo (C105)
108
513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar
5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo
A violecircncia escolar natildeo eacute algo apenas passiacutevel de reconhecimento ela
provoca uma reaccedilatildeo por parte dos estudantes uma posiccedilatildeo criacutetica ldquoAcho
muito chato a palavra violecircncia e logo quando ela vem acompanhada com a
palavra escolar eacute que fica pior aindardquo (A20) A presenccedila da violecircncia no
ambiente escolar parece causar espanto e indignaccedilatildeo ldquoEu acho que todo tipo
de violecircncia eacute ruim escolar eacute que eu acho pior aindardquo (C61) ldquoEu acho que a
violecircncia escolar eacute um ABSURDOrdquo (C69) Esta reaccedilatildeo tambeacutem se estende
para as situaccedilotildees de violecircncia envolvendo bullying ldquoa violecircncia na escola eu
acho um absurdo agora chamada de bullyingrdquo (A1) ldquona minha opiniatildeo a
violecircncia escolar ou bullying eacute um absurdordquo (A3)
A indignaccedilatildeo com a violecircncia no contexto escolar parece ser fruto da
valorizaccedilatildeo do propoacutesito da escola e do seu papel na sociedade ldquoPra mim
essas pessoas natildeo estatildeo com nada essas coisas satildeo de gente que natildeo (tem)
nada para fazer Chega de violecircncia nas escolas pois sem a escola natildeo
seriamos nada na vida lugar de se aprender eacute na escola natildeo de brigarrdquo (C60)
ldquoBom a primeira pergunta eacute o porquecirc que existe essa tal coisa Se a escola eacute
o lugar que forma as pessoas para o futuro e para hoje podemos dizer que eacute
uma espeacutecie de matildeerdquo (C103) A escola enquanto local para estudar e aprender
eacute bastante mencionada ldquoA violecircncia na escola pra mim eacute algo que natildeo devia
existir porque natildeo tem precisatildeo de ter briga no coleacutegio porque o coleacutegio eacute um
lugar de estudarrdquo (C127) ldquoeu acho um absurdo o jeito que estaacute a violecircncia hoje
109
em dia as pessoas vatildeo para a escola para estudar e natildeo brigarrdquo (A22) E
aleacutem da aprendizagem a escola tambeacutem proporciona outras coisas boas ldquona
minha opiniatildeo eu acho que isso natildeo deveria acontecer pois a escola eacute um
lugar para conviver fazer amigos e principalmente aprenderrdquo (A10)
Os alunos destacam especificidades da racionalidade humana que natildeo
condizem com situaccedilotildees de violecircncia na escola ldquoEu acho que todos noacutes temos
que ter a consciecircncia que isso natildeo leva a nada afinal isso eacute uma escola um
lugar de estudo que eacute proibido esses tipos de violecircnciardquo (C124) ldquoisso precisa
acabar pois escola eacute lugar de estudar aprender a ser gente de verdade e natildeo
animal irracional noacutes temos a capacidade de pensar antes de agir e natildeo ser
racista e etc Violecircncia na escola CHEGArdquo (C118)
Haacute ainda reconhecimento agrave confianccedila depositada pela famiacutelia na escola
e que as situaccedilotildees de violecircncia traem essa confianccedila ldquoBem esse tipo de
violecircncia que eu acho uma das piores porque logo na escola que eacute onde os
pais natildeo deveriam se preocupar com seus filhos nessa aacuterea da violecircnciardquo
(C130) ldquoeu acho que esse tipo de violecircncia natildeo deveria acontecer porque na
escola eacute logo quando os pais pensatildeo que estaacute tudo tranquumlilordquo (C129)
Os alunos demonstram muita criticidade diante das situaccedilotildees de
violecircncia na escola ldquoalguns alunos ficam discriminando outros por bobagens
como o jeito dele ser pela aparecircncia da pessoardquo (C96) principalmente pela a
falta de sentido nas situaccedilotildees presenciadas ldquoEu acho que a violecircncia escolar
acontece geralmente por motivos bestas ou por motivo nenhumrdquo (C82) ldquohaacute
cotidianos que ser agredido jaacute faz parte e isso deveria ser mudado pois na
sociedade que estamos a agressatildeo eacute um ato sem necessidaderdquo (A21) A
violecircncia tambeacutem eacute algo rejeitado por reconhecer os motivos banais
110
envolvidos ldquose alunos brigam isso eacute raro mas agraves vezes acontece por motivos
realmente bobos isso na minha opiniatildeordquo (A6) e que situaccedilotildees banais viram
algo maior ldquoos alunos fazem briga por qualquer besteira e acaba virando um
assunto seacuterio por causa da violecircncia natildeo soacute a violecircncia fiacutesica mas tambeacutem a
oralrdquo (A19)
Os jovens tambeacutem demonstram reprovaccedilatildeo quando tratam do bullying
ldquoEssa praacutetica precisa acabar no Brasilrdquo (B51) ldquoNatildeo gosto dessa violecircncia do
bullying Era muito melhor se todos se respeitassem se amassem e ao
proacuteximo perdoassem etc Entatildeo eu queria que a violecircncia parasserdquo(C61)
Os estudantes parecem natildeo admitir a violecircncia na escola porque natildeo
traz benefiacutecio algum ldquoE eu tambeacutem acho ridiacutecula porque a pessoa xinga a
outra bate na outra faz tudo de ruim com a outra pessoa e natildeo ganha NADA
fazendo issordquo (C130) ldquoBom eu acho que essas brigas satildeo uma besteira pois
natildeo vatildeo levar em nada () depois se vocecirc parar pra pensar eacute uma pessoa que
realmente natildeo tem absolutamente nada pra fazerrdquo (C94) ldquoPara que se
envolver em brigas por nadardquo (A13)
A indignaccedilatildeo eacute clara nos trechos seguintes
ldquoE muito triste ver professores machucados alunos esfaqueados como um aluno consegue levar uma arma para o coleacutegio sem que ningueacutem veja Ou entatildeo uma facardquo (A22) ldquoComo as pessoas tem a coragem de esfaquear matar ou ateacute atirar em outra pessoa Escola eacute um lugar pra se aprender e natildeo pra brigar ou etc quando os pais deixam os filhos seguros por enquanto que trabalham mais natildeo uma matildee pode ter deixado o filho na escola foi trabalhar e quando chega no trabalho ela recebe um telefonema dizendo que o filho levou um tiro ou uma facadardquo (A22)
Manifestaccedilatildeo de toleracircncia agrave violecircncia na escola parece ser esporaacutedica
entretanto em alguns casos especiacuteficos natildeo seria admitida de
111
forma alguma
ldquoEm todos esses anos nos coleacutegios sempre vi um problema muito seacuterio a violecircncia escolar muitos alunos praticam isso na minha opiniatildeo isso natildeo estaacute errado as vezes ateacute sem querer prejudicamos os outros Um caso que houve no coleacutegio foi que um garoto do 8ordm ano 7seacuterie bateu em um garoto mais ou menos 3 ou 4 anos menor que ele entatildeo isso estaacute errado esse tipo de violecircnciardquo (A8)
Em vaacuterios momentos os participantes manifestam seu repuacutedio ao
preconceito ldquopreconceito tem que acabar hojerdquo (A23) agrave violecircncia escolar
ldquoSobre a violecircncia escolar eu discordo pois nenhum motivo na escola justifica
uma agressatildeordquo (C72) assim como agraves situaccedilotildees envolvendo bullying ldquoBom na
minha opiniatildeo acho que eacute isso devemos acabar com a violecircncia escolar
BULLYING e violecircncia na escola Natildeordquo (C63) ldquoVamos derrotar o bullyingrdquo
(C76) A manifestaccedilatildeo de repuacutedio de certa forma eacute agrave violecircncia em geral ldquoFico
triste porque no mundo jaacute tem essas mortes destruiccedilotildeesrdquo (C61) ldquoeu
particularmente acho que eacute uma besteira uma coisa que soacute quem faz eacute burro
gente que natildeo tem o que fazer Mas infelizmente soacute algumas pessoas
pensam ou agem assim feito pessoas decentes e que respeitam os outrosrdquo
(C85) ldquoresumindo eu sou totalmente contra a violecircnciardquo (A12)
5132 Consequecircncias
Os alunos alertam para as consequecircncias da violecircncia escolar Percebe-
se que o envolvimento em episoacutedios de violecircncia eacute nocivo para o
desenvolvimento de crianccedilas e adolescentes ldquocrianccedilas sofrem com isso e
algumas ateacute ficam com traumardquo (A30) ldquoeacute uma atitude que natildeo tem benefiacutecio
algum apenas consequecircnciasrdquo (A9)
Algumas consequecircncias atingem de imediato a relaccedilatildeo do estudante
112
com a escola ldquonoacutes ficamos muito tristes e muitas vezes natildeo sentimos vontade
de ir para a escolardquo (C93) com prejuiacutezos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem ldquoO fato
eacute violecircncia natildeo importa qual atrapalha o aprendizado das pessoas e natildeo
deve ser incentivada de forma alguma principalmente nas escolasrdquo (C109)
Natildeo obstante o dano pode se estender com repercussotildees a longo
prazo ldquoIsso eacute uma coisa seacuteria pode se tornar ateacute doenccedila para mim
futuramente ter um futuro ruim como pessoa amargardquo (C110) com possiacuteveis
prejuiacutezos aos relacionamentos ldquodestroacutei a vida da outra pessoa porque isso vai
marcar a vida da pessoa e ela vai ficar PARA SEMPRE com aquela maacutegoa e
ela pode ficar sempre e para sempre soacute isolada E natildeo tem pra que a pessoa
agredir a outrardquo (C130) O depoimento a seguir evidencia estas
consequecircncias
ldquoUma vez na 4ordf seacuterie eu comecei a usar oacuteculos e todas as pessoas ficavam me chamando de quatro olhos e agraves vezes de baleia porque eu sou cheinha eu ficava sozinha no recreio por conta disso eu proacutepria passei a me reservar a me isolar e soacute depois que eu percebi que o que as pessoas falavam eu natildeo precisava ligar pois natildeo ia levar a nada soacute a prejudicar a mim mesmardquo (A25)
Os danos tambeacutem afetam o agressor da violecircncia ldquoA violecircncia escolar eacute
um ato que prejudica tanto quem sofre quanto quem pratica porque quem
sofre ele automaticamente se isola e quem pratica se transforma em uma
pessoa difiacutecil de conviverrdquo (C78) com prejuiacutezos para o seu futuro ldquoe essas
pessoas que se acham valentotildees quando crescerem natildeo vatildeo ter com o que se
sustentar ou se tiver a famiacuteliardquo (C127) ldquoeu acho horriacutevel porque quem
machucou o menino no futuro poderaacute fazer coisas pioresrdquo (A12) no entanto
reconhece-se que o prejuiacutezo sempre eacute maior para a viacutetima ldquoIsso eacute ruim para o
agressor e para quem sofre principalmenterdquo (C110) ldquopara mim deveriacuteamos
113
tentar acabar com isso pois quem daacute natildeo se prejudica mais quem recebe
simrdquo (B36)
Pessoas que natildeo tem envolvimento com a situaccedilatildeo podem ser atingidas
podendo afetar inclusive pessoas que tentam impedir as situaccedilotildees de violecircncia
ldquoessa violecircncia eacute muito ruim na escola e outros lugares por causa que ela pode fazer uma briga algueacutem pode quebrar uma perna e um braccedilo pode ter um corte na cabeccedila machuca vaacuterias pessoas que estaacute na briga e os inocentes que terminam levando murro ponta-peacute sem estar fazendo nadardquo (A20)
ldquomuitas pessoas saem feridas ateacute quem natildeo estaacute participando quem estaacute apartando a briga estatildeo tentando impedir que ela continue sai machucado e quem comeccedila a briga quem estaacute participando muitas vezes saem feridos fisicamente e psicologicamenterdquo (C120)
ldquoEacute terriacutevel pois eacute complicado quando um aluno sai machucado o prejuiacutezo eacute ruim porque os pais vatildeo ter que sair do trabalho para levar seu filho para um hospital ainda quando chega laacute tem que esperar filardquo (C129)
Da mesma forma consideram-se as consequecircncias das situaccedilotildees que
envolvem bullying ldquoO bullying deve ser evitado pois mexe com o sentimento da
pessoa com o seu caraacuteter que na maioria das vezes eacute de boa iacutendole e que
sofre xingamentos e ateacute mesmo agressotildees fiacutesicasrdquo (B51) ldquoe isso acaba sendo
um verdadeiro ldquoinfernordquo na vida dos alunos () Eles acabam natildeo conseguindo
estudar brincar dormir ficar sossegado e sua vida sai do normalrdquo (C121) Os
efeitos parecem ser duradouros e ateacute bem intensos ldquoalgumas pessoas ateacute
sofrem de problemas mentais por estarem sofrendo bullying na escolardquo (C77)
ldquoas pessoas que sofrem bullying podem ter depressatildeo podem se revoltar
existem casos que as pessoas ficam tatildeo tristes que podem ateacute morrerrdquo (C82)
Ser alvo de bullying pode comprometer intensamente os jovens em
114
diversos aspectos ldquoquem sofre a violecircncia pode ter no futuro alguns problemas
mentais ou fiacutesicos ou seja o trauma que pode afetar completamente a vida da
pessoa quando a pessoa sofre praticas como o bullyingrdquo (C83) sendo-lhe
imputado os casos envolvendo mortes ldquoO que devemos ter em mente eacute que o
bullying pode fazer muito mal a quem sofre e pode ocasionar problemas fiacutesicos
mentais existem casos de pessoas que se matavam por natildeo aguumlentar mais ser
viacutetima dessa praacuteticardquo (C109)
Outra consequecircncia sinalizada eacute a violecircncia gerar atitudes tambeacutem
violentas ldquoNas escolas isso pode se tornar uma caracteriacutestica ruim quando a
pessoa que passou a infacircncia sendo de certa forma agredida e humilhada
() As pessoas que satildeo agredidas pelo bullying quando crianccedilas podem se
tornar medrosas fracos tiacutemidas e as vezes ateacute violentasrdquo (B52) E uma das
reaccedilotildees pode ser a agressatildeo fiacutesica ldquo(a violecircncia fiacutesica) acontece pelo
preconceito o que se sente excluiacutedo humilhado e sozinhordquo (C68)
Os alunos identificam que o envolvimento em violecircncia pode trazer
consequecircncias intensas tanto para agressores como para as viacutetimas como ser
passiacutevel de detenccedilatildeo ldquoEssa praacutetica eacute ilegal e daacute cadeia pois eacute uma praacutetica que
agride a pessoa moralmenterdquo (B51) ou mesmo a hospitalizaccedilatildeo ldquomuitas vezes
as pessoas saem machucadas e algumas vezes vatildeo parar no hospitalrdquo (C122)
a fuga de casa ldquoe o pior de tudo leva esse trauma para a vida toda e muitas
vezes ateacute se esconde e ateacute mesmo foge de sua casardquo (C119) As
consequecircncias podem ser tatildeo intensas que podem abranger inclusive casos de
mortes ldquobom a violecircncia na escola eacute muito perigosa porque pode trazer morte
e ateacute dificuldaderdquo (A11) ldquoNas escolas principalmente escolas estaduais e
municipais a grande maioria das vezes termina em morterdquo (C126) ldquoateacute essas
115
violecircncias chegam a ponto ateacute de ser levadas aos seus familiares a morte por
tiro ou um susto muito grande de sequestrordquo (C119)
Entre as consequecircncias elencadas haacute referecircncia a aspectos positivos
de superaccedilatildeo ldquocomo tambeacutem existe as pessoas que venceram e que hoje tem
sucesso em sua vida pessoal e puacuteblica agraves vezes a violecircncia pode impulsionar
a pessoa a perder a vergonha como tambeacutem retrairrdquo (C109)
A violecircncia eacute um fenocircmeno que deixa marcas ldquomuitas pessoas ficam
traumatizadas quando crescem por causa da violecircncia independente que seja
verbal ou fiacutesicardquo (C70) Os trechos a seguir abordam as diversas
consequecircncias da violecircncia escolar
ldquoA violecircncia escolar estaacute atrapalhando muitos jovens soacute natildeo no Brasil como outros paiacuteses () Muitos jovens no Brasil estatildeo sendo agredidos e o bullying estaacute atrapalhando os seus estudos muitos jovens no Brasil natildeo querem ir agrave escola com medo de ser agredidos pelos alunos no coleacutegio Muitos estatildeo deixando do que queriam ser no futuro pois o bullying estaacute atrapalhando e eles natildeo querem mais voltar ao coleacutegiordquo (C71) ldquoEssas pessoas deveriam abrir os olhos e ver que o que elas estatildeo fazendo estaacute errado e machuca a pessoa agredida tem tambeacutem os que batem na pessoa soacute por que quer bater em algueacutem eu acho que essa violecircncia tem que acabar pois natildeo existe ningueacutem melhor do que ningueacutemrdquo (B37)
Em um episoacutedio relatado um comportamento violento por parte de um
grupo de colegas provocou danos fiacutesicos agrave viacutetima
ldquoJaacute aconteceu um caso aqui no coleacutegio de que um menino ele eacute bem abestalhado e fala coisa que natildeo deve entatildeo se juntaram meninos de uma sala e na saiacuteda da escola espancaram ele e nisso ele jaacute foi pra casa e passou muito mal ai ele foi para o hospital quando chegou laacute tiraram um raio x dele Quando saiu o resultado ele estava cheio de hematomas e correndo risco de morterdquo (A11)
116
5133 Violecircncia e relacionamento
Os relacionamentos tambeacutem satildeo considerados no cenaacuterio da violecircncia
escolar e despontam a partir da indignaccedilatildeo e como elemento de proteccedilatildeo
perante a violecircncia
A reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo da violecircncia entre os estudantes fica evidente a
partir da temaacutetica da amizade que estaacute presente em alguns textos ldquoTodas as
pessoas deveriam pensar no seu amigo () O ser humano tem que ter
consciecircncia do que diz o que debate e o que faz com o seu amigordquo (C66) ldquoA
escola eacute um lugar para se aprender conhecer pessoas e fazer amigos Poreacutem
muitas pessoas natildeo mantecircm uma convivecircncia harmoniosa na escolardquo (B39) A
questatildeo de violecircncia entre amigos estaacute presente no episoacutedio relatado ldquohouve
uma briga em que um amigo meu e tambeacutem meu outro amigo um deu um
murro no outro etcrdquo (C91)
A amizade parece ser traiacuteda por situaccedilotildees de violecircncia ldquoAmigos
colegas muitas vezes satildeo pessoas que vocecirc nunca pensou que te
apelidasserdquo (C63) ldquomas brigas em coleacutegio natildeo satildeo normais quando tem satildeo
incontrolaacuteveis pois os lsquoamigosrsquo aticcedilam a briga mas se ele eacute amigo de verdade
natildeo devia fazerrdquo (C123) e provocam muitas perdas ldquoNatildeo haacute necessidade de
machucar algueacutem mas fazem para se satisfazer ficam felizes se sentem
fortes poderosos Pensam que ganham mas soacute perdem amizades ganham
respeito pelo medo usam a frase Eacute melhor ser temida do que ser amadardquo
(B50)
Parece que a pessoa agredida muitas vezes sente-se sem apoio
mesmo de pessoas com relaccedilotildees de amizade ldquoessas pessoas que sofrem em
117
vez de falarem para seus responsaacuteveis levam o caso a seus amigos e eles
que muitas vezes o envergonham e ateacute deixam eles mais violentados natildeo
apenas com agressotildees fiacutesicas e sim com algumas palavrasrdquo (C119)
Os bons relacionamentos e as relaccedilotildees de amizade parecem ter uma
funccedilatildeo perante a violecircncia na escola como elemento que pode impedir brigas
ldquoAs relaccedilotildees dos alunos uns com os outros eacute boa e diariamente como eu
disse natildeo haacute muitas brigasrdquo (C96) ldquoIsso tem que acabar tem que pensar
duas vezes antes de machucar um amigo ou amiga pois pessoas assim eu
natildeo chamo de amigordquo (C76) e que intensificam o diaacutelogo entre as pessoas
ldquoeu acho que a base de uma amizade e de um bom aprendizado eacute a conversardquo
(C90)
Aleacutem da possibilidade de bons relacionamentos e de amizade na escola
os contatos diaacuterios eacute algo que pode minimizar a violecircncia ldquotambeacutem tenho um
bom relacionamento com meus amigos estudo com eles todos os dias convivo
com elesrdquo (C124) e tambeacutem que pode promover o desenvolvimento de outras
estrateacutegias para o enfrentamento das dificuldades ldquoMas tem pessoas que natildeo
gosto de me relacionar com elas pessoas que agraves vezes natildeo querem o seu
bem faz coisas erradas sem pensar Por ver que natildeo seraacute bom ficar com essa
pessoa me afasto Tenho oacutetimas amizadesrdquo (C124) Entretanto o contato
diaacuterio pode trazer suas dificuldades ldquoNa escola eacute mais difiacutecil pois vemos
nossos agressores todos os diasrdquo (C101)
A intensidade de convivecircncia na escola tambeacutem pode favorecer a
toleracircncia e o respeito agraves diferenccedilas ldquoA vida natildeo eacute faacutecil pois temos que
conviver com os outros pois ningueacutem eacute igual a ningueacutem por isso que tem que
ter respeito pois com violecircncia nada se resolverdquo (C64) ldquoEu acho que a
118
violecircncia na escola eacute muito inconveniente todos deviam respeitar os outros
mesmo sendo diferente () eacute muito importante ser respeitado e respeitarrdquo
(C65) salientando a relaccedilatildeo de igualdade entre as pessoas ldquoAcho que as
pessoas deviam ter respeito com todos pois somos todos iguaisrdquo (C62)
ldquoEntatildeo a gente tem que aceitar todo mundo do jeito que eacute sendo inteligente ou
bagunceiro Todas as pessoas satildeo diferentes entatildeo natildeo podemos ter
preconceito porque a pessoa usa oacuteculos por ser muito grande ou pequeno
demais natildeo devemos tirar onda com essas pessoas porque todo mundo tem
um defeitordquo (C127) ldquoEu acho assim que cada pessoa deveria respeitar os
outros pois ningueacutem eacute mais do que ningueacutem e nem importante do que o outrordquo
(C66)
O surgimento de questotildees relativas agrave empatia tambeacutem demonstra
reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo diante da violecircncia escolar ldquoA violecircncia escolar para
mim eacute um absurdo pois natildeo eacute preciso fazer isso e quem faz isso pense se
queria estar no lugar dessa pessoardquo (C82) ldquoe a pessoa natildeo deve daacute a outra o
que natildeo quer receber porque o que a pessoa planta a pessoa colhe se a
pessoa planta maldade vai colher maldade soacute a infelicidade da outra pessoardquo
(C130) ldquoe natildeo fazer nada do que vocecirc natildeo queria pra vocecircrdquo (C66) Eacute preciso
se colocar no lugar do outro tambeacutem nas situaccedilotildees envolvendo bullying
ldquoBullying natildeo se faz pense no proacuteximordquo (C77)
O relacionamento professor-aluno eacute destacado com algo de relevacircncia
no cenaacuterio da violecircncia escolar ldquoEu tenho um bom relacionamento com minha
professora ela eacute calma nos escutardquo (124) Os estudantes satildeo criacuteticos em
relaccedilatildeo aos relacionamentos inadequados com os professores ldquoHaacute ignoracircncia
natildeo soacute com os professores mas com os colegas de classe Eu acho que um
119
deveria respeitar o proacuteximo porque isso eacute uma falta de respeito muito granderdquo
(C64) ldquoOs alunos natildeo respeitam os professores os professores dizem que eacute
para eles ficarem calados mas continuam falando etcrdquo (C95)
Chama a atenccedilatildeo o fato de numa produccedilatildeo sobre Violecircncia Escolar os
participantes revelarem aspectos fundamentais da relaccedilatildeo professor-aluno E
assim evidenciam questotildees destacadas por Hinde Finkenauer e Auhagen
(2001) de que o pleno entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque no niacutevel
individual pois o curso de um relacionamento tambeacutem depende das
caracteriacutesticas psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos
envolvem caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas
posicionamento quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-
conceito auto-estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre
outras O professor indiviacuteduo adulto diferentemente de crianccedilas e
adolescentes parece ter maiores condiccedilotildees de estar atento a tudo isto diante
do cenaacuterio das relaccedilotildees na escola
Eacute importante cuidar dos relacionamentos na escola ldquoA escola eacute lugar
para estudar fazer novas amizades etcrdquo (C61)
514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar
Eacute veemente o interesse dos estudantes que atitudes de natureza
violenta desapareccedilam do contexto escolar ldquoPrecisamos combater todos os
tipos de violecircncia e preconceitordquo (C81) ldquoo bullying eacute um caso seacuterio e natildeo
podemos deixar isso aumentar nas escolasrdquo (A35) Natildeo obstante haacute o
reconhecimento que eacute algo aacuterduo e que natildeo existem ainda estrateacutegias
eficientes ldquoA violecircncia escolar eacute um mal que precisa acabar poreacutem ningueacutem
120
respondeu a pergunta que gera esse fim Comordquo (B50)
Os estudantes expressam a necessidade de accedilotildees preventivas como
forma de enfrentar a violecircncia na escola ldquoA violecircncia deve ser evitada para o
bem de todos Isso eacute uma forma de parar ou simplesmente diminuir a violecircncia
seja onde forrdquo (A5) ldquoBem a violecircncia jaacute devia ser tratada com maior
responsabilidade e muito mais ainda a violecircncia na escolardquo (C84) ldquoAleacutem de
muita falta de educaccedilatildeo as pessoas deveriam ter um pouco de compreensatildeo
sobre o assunto Violecircnciardquo (C63) As accedilotildees propostas servem para prevenir ou
combater a violecircncia escolar e se datildeo em diferentes planos da sociedade
como na proacutepria escola na famiacutelia ou no Estado Por vezes algumas normas
satildeo propostas como modelo de comportamento ldquoenfim eu acho que o pessoal
tem que ter mais educaccedilatildeo respeitordquo (C129) e outras as medidas existentes
satildeo objeto de criacutetica ldquoos casos sempre vatildeo e voltam da coordenaccedilatildeo do
mesmo jeitordquo (C114)
5141 O Papel da Escola
Sendo a escola o cenaacuterio de situaccedilotildees de violecircncia eacute a ela que os
alunos delegam grande responsabilidade no enfrentamento da violecircncia ldquoEu
acho que os coleacutegios tecircm que dar prioridade para acabar com a violecircncia
escolarrdquo (A30) ldquoIsso deve ser trabalhado nas escolasrdquo (B39) Para alguns a
escola jaacute estaacute cumprindo este papel ldquoNa minha opiniatildeo pelo menos na minha
escola eles vem cuidando muito desse assuntordquo (C107) para outros natildeo eacute o
caso ldquoapesar de ser um absurdo as escolas natildeo fazem nada para que os
alunos se conscientizem que isso eacute muito brusco e cada vez mais perigosordquo
(C119) Por outro lado a dificuldade em resolver eacute bastante relatada ldquoExistem
121
psicoacutelogos nas escolas mas muitas vezes parece natildeo resolver Diretores
chamam os pais para perguntar o que estaacute acontecendo mas infelizmente os
pais natildeo sabemrdquo (A4)
Atribui-se agrave coordenaccedilatildeo a competecircncia para lidar com a violecircncia na
escola no entanto sem sucesso muitas vezes Os relatos abaixo satildeo
esclarecedores dessa interpretaccedilatildeo dos alunos
ldquonesse ano um grupo de alunos se juntaram para bater em um soacute e a briga foi para coordenaccedilatildeo e natildeo fizeram nada soacute reclamaram e ateacute acham normal porque acontece muitordquo (C114) ldquoUma vez um menino ficou aborrecendo o outro durante o ano todo aiacute o menino disse a coordenadora e ela apenas o mandou parar e durante o outro ano todo o menino continuou perturbando o outrordquo (C112) ldquoEu ateacute levei o caso pra coordenaccedilatildeo mas natildeo resolveu nada ela soacute fez falar que era eu que estava fazendo isso e que ele esta revidando mas eu nem falava com a pessoa que fazia essas coisas comigo Entatildeo eu acho que a escola tem que ficar mais alerta com essas coisasrdquo (C97) ldquoAno passado houve um dia que houve uma briga entre dois amigos nossos foi assim um deles chegou e deu um tapa no outro e esse outro deu um murro no primeiro () Eles estavam num cassete arretado o segundo deu um murro que o primeiro foi bater no fim da sala e entatildeo os dois foram para a coordenaccedilatildeo mas natildeo foram suspensosrdquo (C91)
Em alguns relatos a figura do professor como autoridade se sobressai e
os alunos destacam o seu papel em inibir episoacutedios de violecircncia
ldquotoda vez que a professora estaacute na sala eacute um silecircncio que nem parece que o pessoal ta acordado parece que ta dormindo mas eu acho que o que mais falta na escola eacute o respeito porque quando a professora sai da sala eacute uma bagunccedila da bexigardquo(C129) ldquopois os coordenadores os mandaram parar Quando os professores chegavam eles paravam mas quando saiam continuavamrdquo (C89)
122
Os alunos apresentam a forma como entendem a contribuiccedilatildeo de
psicoacutelogos apontado sua relevacircncia dentro da escola tanto em atividades
ligadas agrave prevenccedilatildeo como para o enfrentamento das situaccedilotildees de violecircncia em
atividades coletivas ldquocom as psicoacutelogas entrando nas salas para falar do
assunto principalmente com os alunos que jaacute cometeram violecircncia fazendo
projetos e trabalhos sobre a violecircncia para eles natildeo seguirem este caminho e
ateacute mesmo para os alunos ajudarem uns aos outrosrdquo (A19) ou mesmo
individuais ldquoAs escolas deviam tomar alguma providencia como ter um
momento com um psicoacutelogo unicamente para que o aluno comunicasse tudo o
que ele tem vivido ou sofrido ao vir agrave escolardquo (C107) A contribuiccedilatildeo do
psicoacutelogo natildeo significa a impossibilidade de alguma medida punitiva ldquoNatildeo soacute
punir o agressor com dois ou trecircs dias de suspensatildeo mas com um
acompanhamento psicoloacutegico pois o agressor provavelmente esteja passando
por algo em casardquo (C103) Para os alunos cabe tambeacutem aos pais e
profissionais da escola reconhecer a colaboraccedilatildeo deste profissional ldquopor isso
eu acho que os pais e educadores devem ter cuidado ao lidar com essas
crianccedilas e se necessaacuterio elas devem ter acompanhamento psicoloacutegicordquo (A24)
O preparo ou competecircncia da escola para proporcionar orientaccedilatildeo
visando evitar a violecircncia escolar eacute um problema a ser resolvido Para alguns
a escola estaacute preparada ldquoas escolas jaacute estatildeo preparadas para esse tipo de
atrito tatildeo comum entre os alunos Existem psicoacutelogas e coordenadoras para
exatamente resolver issordquo (A13) mas natildeo eacute assim que pensam todos ldquoAqui na
escola tentam ajudar cada um dos alunos em suas dificuldades natildeo adianta
muito porque natildeo ligam muito mas eacute preciso sim ter um responsaacutevel maior
como um diretor professor pai e matildee psicoacutelogo (a) ou pessoa mais velha que
123
esteja a frente do devido localrdquo (C110) Acontece que ao natildeo ter como resolver
acaba-se comprometendo mais a situaccedilatildeo de violecircncia ldquoporque muitas vezes
os diretores ou outras pessoas natildeo sabem tratar do assunto e acaba piorando
as coisasrdquo (C97) Isto fica bem evidente na situaccedilatildeo descrita por um aluno
ldquoUm dia um amigo meu me disse (que) roubaram cinco reais dele entatildeo quando disse a supervisatildeo do seu coleacutegio o menino pegou trecircs amigos dele e bateu ateacute que foi expulso do coleacutegiordquo (A33)
A accedilatildeo punitiva na escola para controlar a violecircncia fazendo uso de
medidas draacutesticas como a suspensatildeo ou ateacute mesmo a expulsatildeo precisa ser
adotada na percepccedilatildeo dos participantes ldquoEu gostaria que alguns alunos
fossem expulsos pois soacute fazem brigar eacute atrapalhar a aulardquo (A26) ldquoEu acho que
esse tipo de pessoa deveria ser expulso da escola pois podem machucar
gravemente algueacutemrdquo (C89) ldquona minha opiniatildeo isso que fizeram com ele eacute caso
de expulsatildeordquo (A12) De modo oposto alguns alunos parecem natildeo acreditar na
eficaacutecia da puniccedilatildeo ldquoE certamente com a puniccedilatildeo ele faraacute a violecircncia de novo
seraacute punido e faraacute de novo de novordquo (C103) No relato a seguir o aluno faz
consideraccedilotildees desta natureza
ldquoMuitas vezes jaacute presenciei alguns amigos sofrendo violecircncia tanto fiacutesica quanto verbal no coleacutegio que depois natildeo foram devidamente castigados pelo seu erro na maioria das vezes eacute aplicada uma leve puniccedilatildeo e natildeo eacute tratado o lado psicoloacutegico de cada crianccedila dentro do coleacutegio mas com o consentimento dos paisrdquo (A24)
Esta accedilatildeo punitiva contudo deve ser desempenhada com cuidado para
causar injusticcedilas
ldquoDevemos penalizar melhor os alunos e ter muito cuidado para que os alunos natildeo seja penalizado com injusticcedila e devemos lsquoobterrsquo provas em qualquer situaccedilatildeo parecida como testemunha porque tem muita gente que mente muito e natildeo penalizando de forma qualquer o aluno que bagunccedila na sala quebra cadeiras na escola natildeo respeita os professores que agride os seus proacuteprios amigos deve ser expulso do coleacutegio e ter muito cuidado para que nesse caso natildeo
124
haja injusticcedila porque esse aluno ele precisa de ajuda escolar e do responsaacuteveis mais que isso natildeo funcione devemos ter atitudes mais seacuteria sobre esse caso e natildeo eacute mais responsabilidade do coleacutegio porque esse aluno vai continuar e vai prejudicar seriamente os seus colegasrdquo (A16)
As propostas para a escola satildeo bem diversas ldquoOs coleacutegios tecircm que
tomar providecircncias com quem faz essas violecircncias como regras riacutegidas
suspensotildees mas tambeacutem os coleacutegios tecircm que evitar o maacuteximo possiacutevel (que
aconteccedila violecircncia)rdquo (A19) destacando a relevacircncia dos profissionais da
escola ldquomas o bom eacute que noacutes temos os supervisoresrdquo (A33) O diaacutelogo eacute
apresentado como estrateacutegia de combate agrave violecircncia
ldquoEu acho que as pessoas que recebem esse tipo de violecircncia escolar deviam resolver na base da conversa com o agressor ou com a coordenadora e etc Porque a conversa leva ao conviacutevio melhor A violecircncia natildeo resolve nada () Mas natildeo basta apenas uma ou duas pessoas pensarem assim todos teriam que pensar que a conversa eacute muito melhor do que a violecircncia porque a violecircncia natildeo leva a nadardquo (C90)
A conversa e o diaacutelogo com base numa relaccedilatildeo de confianccedila aparecem
como uma boa estrateacutegia para combater as situaccedilotildees de bullying ldquoo bullying
pode ser resolvido de muitas maneiras como conversar mostrar o mal que o
Bullying causa as viacutetimas e etcrdquo (B48) ldquoe como podemos acabar com isso
Conversando com colegas com professores para acabar com essa agressatildeo
que eacute muito ruim para quem estaacute sendo agredidordquo (B42) Inversamente haacute
aqueles que defendem estrateacutegias com base na retaliaccedilatildeo ldquoPra mim os alunos
que fazem essas violecircncias todos os dias (bullying) devem receber em troca
claro que em todas as escolas eles satildeo suspensos expulsos mas voltaram a
fazer novamente Isso eacute um caso constrangedorrdquo (C124)
Os alunos apresentam alternativas para resolver o problema sugerem
estrateacutegias envolvendo puniccedilatildeo relacionada com a nota ldquona maioria das vezes
125
os coordenadores ligam para os pais mas isso natildeo resolve nada o certo seria
dar alguma puniccedilatildeo que o aluno parasse mesmo de perturbar o outro () o
que faria ele parar eacute dizer que ele teria algum ponto a menos na notardquo (C112)
ou envolvendo pessoas que poderiam colaborar ldquoA violecircncia escolar deveria
ser controlada e punida os alunos que se metessem na violecircncia fossem para
a diretoria e que tivesse um estagiaacuterio(a) nas salas de aula para controlar essa
violecircncia enquanto o professor saiacutesse por um momento e que os agressores
fossem tirados de salardquo (C87) Eacute interessante que os alunos compreendem a
finalidade dos atos de indisciplina e sugerem estrateacutegias inovadoras como
pode ser visto no trecho abaixo
ldquoPoreacutem noacutes poderiacuteamos nos ver livres de tal ato tatildeo brutal se houvessem algumas puniccedilotildees mais severas uma providecircncia que atualmente eacute tomada eacute suspensatildeo temporaacuteria do autor do ldquocrimerdquo eu natildeo acho que eacute uma boa providecircncia pois em grande parte dos alunos que praticam esses atos querem sair da escola Essa puniccedilatildeo seria dar a ele o que queria Eu acho e tenho quase certeza de que se as puniccedilotildees fossem de ficar mais na escola fazendo algumas atividades mais alunos parariam de praticar e ainda melhor menos pessoas sofreriam por estes atosrdquo (B40)
Famiacutelia e escola devem interagir ldquoeacute um assunto cuidadoso que precisa
de maacutexima atenccedilatildeo dos pais e educadoresrdquo (A24) ldquoNa minha escola nem
todos os dias tecircm essas brigas noacutes temos psicoacutelogos professores que lsquonoacutesrsquo
falam o que devem fazer mas eu acho que nem isso muda o comportamento
dos alunos acho tambeacutem que isso deveraacute ser cuidado em casa por seus paisrdquo
(C124)
Mesmo compreendendo que existem limites da escola no enfrentamento
da violecircncia o seu papel eacute referenciado ldquonatildeo tem como combater
completamente mas todos os coleacutegios jaacute estatildeo alertando e instruindo os
126
alunos sobre issordquo (A13) A escola precisa de um suporte maior para enfrentar
a situaccedilatildeo ldquoeu particularmente acho que de uma maneira ou de outra os
oacutergatildeos escolares brasileiros precisam combater de vez o bullyingrdquo (C88)
Sabe-se da dificuldade entretanto para os alunos enfrentar a violecircncia
na escola natildeo eacute impossiacutevel Os trechos a seguir evidenciam a esperanccedila que
os estudantes ainda alimentam em relaccedilatildeo ao papel da escola
ldquoQuando o agressor pratica o ato que eacute agredir o colega eacute muito difiacutecil reverter esse problema mas natildeo impossiacutevel Sinto que aqui no coleacutegio haacute sim esta dificuldade mas como disse natildeo eacute impossiacutevel pois com ajuda de vaacuterios profissionais e principalmente da famiacutelia assim podemos colocar em extinccedilatildeo este bicho cruel que eacute o bullyingrdquo (C99)
ldquoQueria poder achar uma maneira de acabar com isso mas pelo visto soacute daacute tentando conscientizar as pessoas que vivem na escola Se tudo fosse feito na paz na harmonia com solidariedade todo mundo aproveitaria e viveriacuteamos num mundo bem melhorrdquo (B36)
5142 O Papel do Estado
Aleacutem da escola e da famiacutelia cabe ao Estado controlar a questatildeo da
violecircncia escolar Neste caso a accedilatildeo do Estado eacute legislativa com penas
rigorosas ldquodeveria criar-se uma lei em que proibisse essa briga ou ateacute pena de
prisatildeordquo (A17) ou atuando de forma indireta como tornar obrigatoacuterio a presenccedila
de psicoacutelogos no sistema escolar em funccedilatildeo da violecircncia ldquopor causa dessa
violecircncia o governo (deveria) pensar em uma lei que seja obrigatoacuterio um
psicoacutelogo em cada escolardquo (A21) ldquodeviam investir melhor na educaccedilatildeo (eacute o
que acho e penso)rdquo (B44) Finalmente caberia ao governo federal controlar a
violecircncia escolar tendo em vista afastar o medo do contexto escolar
ldquoAcho que o governo brasileiro deveria tomar providencias em relaccedilatildeo a isso para as matildees natildeo terem medo de deixar seus filhos na escola ou os filhos natildeo ficarem com medo da escolardquo (A22)
127
Os estudantes recorrem ao dispositivo legal existente que trata sobre a
proteccedilatildeo integral agrave crianccedila e ao adolescente como possibilidade de eficiecircncia
no enfrentamento da violecircncia
ldquoEu acho tambeacutem que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente deveria ajudar a respeito disso Eles natildeo ajudam e agraves vezes soacute atrapalham com suas leis mal feitas Se eu fosse presidente ou diretor desse Estatuto eu pegaria pesado com os alunos que satildeo lsquobullyrsquo Eu faria com que qualquer coleacutegio pudesse expulsar alunos na 1ordf oportunidade que tivessemrdquo (A30)
5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes
O combate e a superaccedilatildeo da violecircncia escolar natildeo devem resultar
apenas da accedilatildeo da escola da famiacutelia e do Estado Haacute o reconhecimento da
importacircncia e de um papel a cumprir por parte dos proacuteprios participantes como
indiviacuteduos e sociedade ldquovamos evitar essas brincadeiras de mau-gosto Vamos
tentar acabar com essa realidaderdquo (A15) ldquoE isso eacute uma coisa grave que deve
ser tratado mas eacute algo que depende de cada um por isso eacute necessaacuterio que
esse assunto seja esclarecido para todos os alunosrdquo (C79)
Para alguns estrateacutegias simples como anunciar os prejuiacutezos da
violecircncia como demonstraccedilatildeo de intoleracircncia com tais atos parecem
suficientes ldquoAcho que devemos combater esta violecircncia escolar e quando
nossos amigos forem fazer algum tipo de violecircncia noacutes natildeo podemos permitir
devemos falar para ele e para as pessoas que isto estaacutersquo errado entatildeo acho que
eacute isso vamos combater a violecircncia escolarrdquo (A14) ldquoisso tem que acabar pois
todos tecircm que falar para natildeo ser agredido pense nisto e ajude os outrosrdquo
(C80) ou ateacute mesmo um simples conselho ldquonatildeo faccedila isso eacute uma coisa muito
erradardquo (B49)
128
Os alunos destacam como essencial a confianccedila em algueacutem para que a
violecircncia seja revelada ldquose acontecesse comigo o que eu faria Acho que
falaria a algueacutem mais velho com mais experiecircnciardquo (C118) Recomendam os
pais como pessoas mais indicadas mas natildeo as uacutenicas ldquoO ideal seria que os
agredidos contassem aos pais se se sentirem preparados Mas se achar que
os pais natildeo iratildeo ajudar contar a algueacutem que possardquo (B52) ldquoEu acho que se
cada pessoa que estivesse sofrendo este caso devia tirar todos os seus
medos e contar para seus pais para um psicoacutelogo para que eles venham
tomar alguma decisatildeordquo (C107) As pessoas da escola tambeacutem satildeo apontadas
como possibilidades ldquoPor isso se sofremos esses tipos de violecircncia acho que
deveriacuteamos comunicar as pessoas responsaacuteveis da escolardquo (A25)
Esta parece ser um dos aspectos que tem maior poder de realmente
transformar as relaccedilotildees na escola No entanto soacute seraacute possiacutevel com
modificaccedilotildees na forma de lidar com as situaccedilotildees de violecircncia
Mesmo que os alunos reconheccedilam a necessidade de uma relaccedilatildeo de
confianccedila com pessoas da proacutepria escola os estudos de Abramovay (2005)
mostram que o que prevalece eacute o oposto Segundo os dados da pesquisa
sobre violecircncia na escola ocorre muito descreacutedito dos jovens em relaccedilatildeo agraves
autoridades da escola como os diretores e professores Aproximadamente 11
dos alunos procuram um professor quanto tecircm um problema na escola e cerca
11 fazem o mesmo com o diretor mostrando um baixo grau de confianccedila nas
autoridades escolares Chama a atenccedilatildeo que essas proporccedilotildees satildeo mais
baixas do que a dos alunos que afirmam que natildeo contam para ningueacutem os
problemas que ocorrem na escola (14)
O final da violecircncia eacute visto como resultado da accedilatildeo dos proacuteprios
129
estudantes podendo agir sem recorrer agrave violecircncia ldquotemos que arrumar uma
soluccedilatildeo vamos ter carinho e amor ao proacuteximo Para reverter essas situaccedilotildees
que ocorrem nas escolasrdquo (A9) Parece haver intoleracircncia agraves atitudes
agressivas ldquonatildeo eacute a partir de uma agressatildeo que vocecirc vai ficar mais forte mais
bonito mais duratildeo mais inteligente eacute atraveacutes das atitudes que tomamos no
nosso dia a diardquo (C120) Os trechos a seguir evidenciam a necessidade de se
prescindir ao uso da violecircncia
ldquoacho que devemos pensar antes de agir e manter o diaacutelogo com os colegas natildeo partir para a briga e se com o diaacutelogo natildeo resolver temos que comunicar se for no coleacutegio agrave direccedilatildeo agrave coordenaccedilatildeo e se natildeo for no coleacutegio comunicarmos aos paisrdquo (C74) ldquoEu acho isso um absurdo por que natildeo conversam em vez de partirem para a briga () isso poderia ser evitado se as pessoas que praticam essa violecircncia se conscientizassem de que para resolver qualquer coisa natildeo precisa partir para a agressatildeo basta apenas conversarrdquo (C120)
Possibilidades de enfrentamento da violecircncia satildeo apontadas por Silva
(1997) com base na relaccedilatildeo de respeito entre as pessoas
Outra medida apresentada como estrateacutegia eficiente eacute agir com
indiferenccedila quando alvo de agressatildeo ldquoMuita gente laacute da sala natildeo gosta de
mim agora eu natildeo penso assim soacute porque o outro natildeo gosta de mim que eu
tambeacutem vou ter que odiar eu faccedilo de conta que nem ouvi e soacuterdquo (C105) no
entanto reconhece-se que nem sempre eacute faacutecil ldquoQuando as pessoas falam de
mim eu simplesmente natildeo ligo para o que falam pois minha matildee me deu
educaccedilatildeo Muitas vezes eacute chato sabe natildeo poder revidar do mesmo jeito que a
pessoa fez comigo chamando ela tambeacutem de alguma coisa ruim ou agredindo
elardquo (C110)
O cuidado com o proacuteximo surge a partir de orientaccedilotildees para se
130
colocarem no lugar do outro ldquoEntatildeo eacute isto antes de vocecirc falar algo com
algueacutem mesmo que seja para seus amigos acharem engraccedilado se coloca no
lugar do outrordquo (A23) ldquoE nunca praticar a violecircncia e natildeo adianta ficar
machucando os outros fisicamente ou verbalmente porque natildeo gostariacuteamos
que acontecesse com noacutes natildeo eacute mesmordquo (A25) No relato a seguir esta foi a
orientaccedilatildeo dada tendo sido considerada exitosa
ldquoBem teve um caso que aconteceu com um amigo meu que eu natildeo achei que foi uma coisa muito grave e que ningueacutem quer que aconteccedila com vocecirc Foi haacute algum tempo meu amigo tinha acabado de entrar na nossa sala jaacute por causa que todo mundo batia nele entatildeo ele mudou de sala e foi para a nossa Logo quando ele entrou ficavam tirando onda com ele xingando batendo etc Teve uma vez que bateram tanto nele que o nariz dele comeccedilou a sangrar a boca dele tambeacutem e ficou muito inchada depois disso a supervisatildeo veio falar conosco e dizer que era errado e que ningueacutem fizesse para o outro o que natildeo quiser que faccedila com si mesmo entatildeo todos pararam de agredir ele e agora o coleacutegio todo conhece elerdquo (A32)
Os alunos parecem admitir certo sentimento de impotecircncia diante da
violecircncia escolar mas asseveram a necessidade de agir ldquona minha escola
houve poucos casos de violecircncia fiacutesica mas a verbal eu vejo todos os dias e
penso que natildeo posso fazer nada apesar de que quando me agridem
verbalmente eu agrido de voltardquo (C101) A escalada da violecircncia parece ser
parte inerente da violecircncia na escola Mesmo estudantes que se dizem
contraacuterios agrave violecircncia admitem a necessidade de se defender ldquoEu nunca faria
uma coisa dessas nem fiz e nem vou fazer (mas eacute claro eu tenho que me
defender)rdquo (A12)
Existem atitudes preventivas que podem proteger ldquotento tomar cuidado
e principalmente natildeo andar com pessoas ruins mas nesse mundo de hoje
pode tudo tem gente boa presa gente ruim soltardquo (C118)
As diferentes formas de proceder na direccedilatildeo de diminuir a violecircncia na
131
escola incluem accedilotildees orientadas por princiacutepios eacuteticos ou normas de
comportamento com base no respeito
ldquoNa minha opiniatildeo todos os alunos devem tratar os outros da mesma forma que querem ser tratados natildeo devem faltar o respeito com nenhum dos seus colegas Respeito eacute uma coisa muito importante para todos e eacute uma coisa que aprende em casardquo (A7)
Ao mesmo tempo em que tambeacutem surgem orientaccedilotildees no sentido de
maior toleracircncia com as pessoas como eacute recomendado no texto a seguir
ldquopense em vocecirc antes de maltratar ao proacuteximo perdoe todo mundo erra e merece mais de uma chance devemos aceitar o jeito que o outro eacute mesmo gostando dele ou natildeo respeite ao proacuteximo e todos agradecemos todo mundo tem seu jeito de ser de pensar de agir e de falarrdquo (C77)
A partir das diversas contribuiccedilotildees suscitadas percebe-se que os
estudantes natildeo estatildeo indiferentes agrave violecircncia escolar e que existe empenho
para seu enfrentamento e combate
ldquoMas natildeo soacute os diretores e professores devem se importar procurar um especialista para tratar o agressor junto com a famiacutelia do mesmo Mas para que tudo isso possa acontecer as nossas autoridades tem que agir tambeacutem poderia sugerir uma certa parceria entre agressor escola autoridades famiacutelia Uma espeacutecie de ciclo entre todos para a ajuda de um indiviacuteduo para que ele possa mudar agora e ser um cidadatildeo de bem no futuro isso soacute depende de noacutesrdquo (C103)
515 Relatos de Violecircncia Escolar
Muitos estudantes incluem em seus textos relatos de episoacutedios de
violecircncia na escola Haacute relatos de algo que testemunharam ou que tomaram
conhecimento mesmo sem ter presenciado Alguns relatos se referem a
situaccedilotildees que o estudante esteve envolvido de forma mais direta e em sua
quase totalidade este envolvimento ocorreu como alvo de violecircncia sendo uns
132
mais especiacuteficos para situaccedilatildeo de bullying Eacute possiacutevel identificar atraveacutes dos
relatos diversos temas considerados ao longo desta anaacutelise
Quando os estudantes relatam episoacutedios de violecircncia na escola
ratificam que a violecircncia eacute algo que faz parte do seu cotidiano Muitas vezes os
alunos confirmam a existecircncia destas situaccedilotildees na sua proacutepria escola ldquono meu
coleacutegio tem Muitos alunos fazem brigas e etc Mas por motivos bestas Eu
devo citar que meu coleacutegio jaacute foi palco da violecircncia escolar Houve casos de
uma simples tapa na cara a alunos com facas canivetes cortando os outrosrdquo
(A30) Depoimentos de alunos viacutetimas de bullying tambeacutem estatildeo presentes ldquoEu
jaacute sofri bullying e sei quanto isso eacute ruim mas natildeo fisicamente e sim mental
agora diminuiu muitordquo (C97)
Haacute relatos que satildeo mais detalhados e fornecem informaccedilotildees relevantes
Eacute possiacutevel perceber atraveacutes do relato a seguir a indignaccedilatildeo com a situaccedilatildeo de
violecircncia Uma provocaccedilatildeo inicial gera uma agressatildeo mais grave confirmando
a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e fiacutesica
ldquoVou contar de um caso recente que aconteceu no meu coleacutegio Tinham alguns meninos rindo lsquoda cararsquo de outro menino esse menino tinha levado um canivete com uma faquinha nele entatildeo ele ameaccedilou-o (um deles) com a faquinha o menino para tirar a faca de junto deu um empurratildeo na matildeo do menino resultado ele cortou a matildeo Nesse caso o garoto soacute foi se defender com a matildeo mas ele antes tinha provocado mas esse natildeo sendo motivo para o outro menino levar um canivete pro coleacutegio (claro que natildeo) Com esse exemplo pode-se aprender que violecircncia gera violecircncia e violecircncia que eu digo natildeo eacute apenas fisicamente eacute verbal tambeacutem as vezes verbalmente vocecirc agride mais do que fisicamenterdquo (A27)
A participaccedilatildeo de um grupo de alunos contra um uacutenico aluno eacute descrita a
neste episoacutedio violento testemunhado e relatado A covardia dos agressores
estaacute presente
ldquoAteacute jaacute presenciei uma grande e terriacutevel violecircncia com meu colega de
133
classe quando estava na hora do recreio ele sentou em um banco comendo seu lanche sem perturbar ningueacutem entatildeo chegou um grupo de meninos que jaacute haviam implicado com ele e entatildeo jogaram uma coisa rsquonatildeo identificadarsquo no chatildeo e pediram para ele pegar como ele era muito inofensivo ao abaixar esse grupo de meninos se jogou por cima dele lhe machucandordquo (B43)
Um aluno descreveu detalhadamente situaccedilotildees de violecircncia sofrida
onde estatildeo evidentes diversos temas contemplados pelos demais alunos nas
suas produccedilotildees
ldquoNa minha escola que estou estudando jaacute fiz muitas amizades e nunca mais sofri qualquer agressatildeo Mis na minha escola antiga era difiacutecil fazer amizades e eu era alvo de bullying Num dia um garoto me chamou para falar com o professor pois ele estava me chamando e quando cheguei no local que esse garoto disse que o professor estava fui brutalmente agredido por muitos garotos e depois algumas amigas minhas me tiraram da li Havia um garoto que me batia muito e quando ele saiu da escola acharam que eu tinha dito que ele saiu revoltado jogaram minhas coisas fora e o armaacuterio foi quebrado e quando fui falar para a diretora me empurraram jogaram areia em mim e correram para falar com ela e inventaram que eu tinha feito alguma coisa Enfim nessa minha escola antiga fui alvo de gozaccedilatildeo sendo muitas vezes agredido e me senti peacutessimo a uacutenica situaccedilatildeo que achei foi sair da escola Jaacute colocaram um chuveiro (que tinha sido retirado para consertar) e colocaram na minha bolsa me acusando de ter roubado sorte que uma matildee viu e me inocentou Foi uma fase horriacutevel da minha vida e nunca mais quero lembrar Agora estou feliz no meu novo coleacutegio com muitos amigosrdquo (B46)
Percebe-se destaque para a questatildeo da amizade eacute esta temaacutetica que
abre e que finaliza o relato Haacute relaccedilatildeo entre dificuldades com amigos e ser
alvo de bullying indicando a amizade como fator de proteccedilatildeo A participaccedilatildeo
da escola no enfrentamento da violecircncia eacute referendada como ineficaz e ateacute
mesmo comprometedora Por sua vez sinaliza a possibilidade de superaccedilatildeo
apesar de evidenciar que o envolvimento em violecircncia escolar eacute algo
traumatizante
O proacuteximo relato tambeacutem descreve uma situaccedilatildeo envolvendo a temaacutetica
da amizade mais especificamente abordando perdas na amizade devido agrave
134
violecircncia
ldquoUm dia de manhatilde estava ocorrendo tudo bem quando aconteceu algo traacutegico com um aluno da minha ex-escola ele foi agredido violentamente por seu melhor amigo e isso comoveu toda a escola fazendo com que vaacuterias pessoas tambeacutem entrasse na briga vaacuterias pessoas que tentaram ajudar acabaram machucadas gravemente e as que natildeo queriam brigas ou natildeo tinham nada a ver com a histoacuteria acabaram tambeacutem com um resultado nada bom ateacute professores e fiscais tentaram apartar a briga mas natildeo conseguiram todos viam naquele momento pessoas machucadas crianccedilas chorando aquilo para todos era uma guerra de inimigos quem conseguiu acabar mesmo foi a poliacutecia e alguns seguranccedilas naquele momento foi um aliacutevio para todos e a raiva ainda continuava eles foram expulsos e ningueacutem nunca mais viu aqueles ex-amigos (A29)
Novamente a escola aparece como ineficaz ao lidar com a violecircncia
fazendo uso de estrateacutegia punitiva e excludente e ainda delegando agrave poliacutecia a
accedilatildeo para enfrentar a violecircncia
O relato abaixo trata de violecircncia em ambiente virtual
ldquoHouve um caso aqui no coleacutegio que envolveu ateacute professores Foi que na nossa sala noacutes criamos um blog da turma que servia pra gente botar fotos lembrar de provas e conversar entre noacutes Soacute que certo dia quando abrimos o blog estava cheio de comentaacuterios horriacuteveis nas fotos do tipo larga esse veado e vai dar o c R (proacuteprio nome) (esse foi com a minha foto) entatildeo os diretores do coleacutegio ficaram sabendo e entatildeo os teacutecnicos do coleacutegio de informaacutetica ameaccedilaram descobrir quem foi entatildeo a minha colega de sala se entregou foi o passe para todo mundo partir pra cima dela mas entatildeo ela disse que soacute fez isso pois estava com raiva de turma e pediu desculpas a todosrdquo (B45)
Neste relato a tecnologia eacute apontada como estrateacutegia tanto para
executar agressotildees mas tambeacutem para revelar detalhes da agressatildeo Neste
caso percebe-se que a escola enfrentou a situaccedilatildeo buscando internamente
estrateacutegias para solucionar o desconforto causado e conseguindo obter
sucesso entre os alunos
O depoimento a seguir apresenta vaacuterios aspectos abordados na anaacutelise
135
do conjunto dos textos
ldquoNa escola soacute algumas violecircncias como aconteceu com um amigo meu que mais de 10 alunos bateram nele e tambeacutem haacute ameaccedilas feitas por parte de alunos da proacutepria sala e de serie mais elevada Agraves vezes haacute brigas na sala antes do professor chegar Haacute muita violecircncia verbal dentro da sala de aula natildeo tem respeito ao proacuteximo em horaacuterio de aula haacute ateacute desrespeito com o professor No recreio jaacute houve muitas brigas de sair com o braccedilo quebrado e lutas se me permitem desiguais de um menino da 8ordf contra um da 4ordf e muitos incentivam a briga sem nem tentar apartar Poreacutem natildeo satildeo todos os alunos satildeo a maioria mas natildeo satildeo todos na minha sala satildeo 40 aluno se 15 prestarem atenccedilatildeo eacute muito entatildeo na minha escola haacute muita violecircncia que a supervisatildeo natildeo interfererdquo (A26)
Aparece a relaccedilatildeo desigual entre agressores e viacutetimas e agressatildeo
realizada por um grupo de alunos a sala de aula surge como cenaacuterio de
violecircncia na ausecircncia do professor como tambeacutem situaccedilotildees onde o professor
natildeo eacute respeitado como autoridade O uso de agressatildeo verbal eacute evidente como
tambeacutem a influecircncia da plateacuteia podendo a agressatildeo chegar a ser fiacutesica e com
danos graves A ineficiecircncia da escola mais uma vez eacute apontada e ainda haacute
referecircncia ao desinteresse nas aulas como origem da violecircncia
O relato abaixo parece apontar para a agressatildeo por parte de mais de um
individuo Haacute menccedilatildeo de agressatildeo verbal e interferecircncia da famiacutelia com uma
possiacutevel reaccedilatildeo por parte da viacutetima O relato tambeacutem parece indicar um
sentimento de rancor e possivelmente vinganccedila sugerindo uma possiacutevel
continuidade do comportamento agressivo
ldquoeu pessoalmente jaacute sofri bullying por trecircs alunos Eles viviam me xingando mas natildeo era soacute comigo era com toda a sala entatildeo minha matildee me disse que eu tenho que me impor ela disse entatildeo pensei muito nisso entatildeo eu mudei e fiz com que todos os alunos da sala se impusessem tambeacutem entatildeo esses trecircs alunos mudaram de sala mas eles tinham mesmo eacute que ser expulsos mas esses tipos de aluno soacute se sentem mais fortes quando eles tecircm uma pessoa mais fraca para dizer que eacute melhor mas o conselho que eu dou para vocecircs eacute de que nunca fraquejemrdquo (A17)
136
Alguns apresentam relato de testemunha e em seguida assumem jaacute ter
sido alvo ldquoEu acho isso uma coisa horriacutevel eu jaacute vi vaacuterios casos assim como o
que um menino pegou um estilete e quase cortou o pescoccedilo do outro sorte
que ele desviou e correu () Passou um dia em Ana Maria Braga um caso
horriacutevel que a menina saiu toda cortada e eu penso como vai ser isso no futuro
eu mesmo jaacute sofri isso minha matildee ficou loucardquo (C116)
Haacute declaraccedilotildees que indicam nenhum envolvimento em situaccedilatildeo de
violecircncia ldquoIsso nunca aconteceu comigo e nem com nenhum amigo(a) meu eu
natildeo tenho medo mas tambeacutem natildeo sei como eacute muita gente me procura pra
pedir conselho mas eu natildeo sei nada sobre issordquo (C118)
Apenas um participante apresenta relato de envolvimento como autor de
violecircncia na escola como evidente no relato abaixo
ldquoEu acho muito popular violecircncia na escola () encontro de patota rival ou por time Vou mandar um exemplo meu time eacute Sport e teve uma vez logo no primeiro ano que eu entrei no C(nome da escola) e comecei a andar com os boys e soacute tinha rubro-negro (torcedores do time citado) e teve uma vez que noacutes iriacuteamos para um passeio e teve um boy que estava com um quepe da Inferno Coral (torcida organizada do time adversaacuterio) e eu e os meninos estava becado (giacuteria para quem anda na moda)
da Jovem (torcida organizada do Sport) E o boy quando passou pela gente a gente de um pau nele e tomou o quepe dele e rasgou todinho Isso faz parte da violecircncia escolar Outro exemplo eacute o apelido que tem gente que estila e jaacute parte para a briga e quando a pessoa estaacute com muita raiva para de bater soacute matando ou tem que separarrdquo (C115)
Haacute relatos que natildeo estaacute claro como o aluno compreende a violecircncia
escolar aparentemente identificando como violecircncia atos de indisciplina
Explicaccedilotildees acrescentadas para tornar o relato compreensiacutevel
137
ldquoNa escola vemos vaacuterios acontecimentos como por exemplo hoje mesmo um menino estava jogando futebol no corredor da escola e quando foi chutar a tampa o sapato soltou do seu peacute e atingiu a lacircmpadardquo (C84)
ldquoEste ano apoacutes o recreio um menino tinha uma bola pequena parecia de handball e estavam jogando na escola ele e mais trecircs meninos Estavam brincando do doidinho quando jogaram bateu nas costas de um menino e bateu na lacircmpada e a quebrou por pouco que a lacircmpada natildeo caia em uma menina e o pior eacute que eles sabiam que natildeo podia jogar bola na sala e natildeo estavam nem aiacuterdquo (C89)
52 Anaacutelise dos Questionaacuterios
As respostas dos questionaacuterios foram tabuladas por meio do SPSS
(Social Package for the Social Science) e para efeito de anaacutelise e tratamento
estatiacutestico dos dados foram utilizados diversos procedimentos e anaacutelises
disponiacuteveis neste programa Inicialmente os dados estatildeo apresentados por
meio de estatiacutesticas descritivas em seguida foram aplicados procedimentos
para anaacutelise fatorial e por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os
aspectos investigados
Inicialmente apresentamos as anaacutelises referentes ao relacionamento
interpessoal entre os pares considerando as respostas dadas agraves questotildees da
primeira parte do questionaacuterio Posteriormente satildeo expostas as anaacutelises
referentes ao relacionamento com os professores exibindo de iniacutecio os dados
referentes ao professor com quem o participante considerava ter Bom
Relacionamento para em seguida apresentar os dados referentes ao professor
com quem o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil
138
521 Relacionamento Interpessoal com Pares
A primeira parte do questionaacuterio eacute referente ao relacionamento dos
alunos com seus pares investigando o envolvimento em situaccedilotildees de
agressatildeo assim como a frequumlecircncia deste envolvimento As questotildees abordam
diferentes formas como se daacute o envolvimento ndash como autoragressor
alvoviacutetima ou espectadortestemunha e tambeacutem os diferentes tipos de
agressatildeo fiacutesica verbal provocaccedilatildeo e exclusatildeo As respostas a todas as
questotildees do questionaacuterio considerava a ocorrecircncia e a frequecircncia de
determinado fato ao longo do ano letivo com as seguintes possibilidades de
resposta Natildeo nenhuma vez Sim apenas uma vez Sim poucas vezes (ateacute
quatro vezes ao longo do ano em curso) Sim algumas vezes (todo mecircs com
ateacute duas vezes por mecircs) Sim com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda
semana) Nesta anaacutelise consideramos Nenhum envolvimento as respostas
Natildeo nenhuma vez e Sim apenas uma vez e Maior Envolvimento as demais
respostas Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com frequumlecircncia8
Analisando os valores referentes a Nenhum Envolvimento em situaccedilotildees
de agressatildeo na Tabela 1 percebe-se um decreacutescimo dos valores da situaccedilatildeo
de autoragressor para a de alvoviacutetima e desta para a de
espectadortestemunha nos diferentes tipos de agressatildeo ndash Agressatildeo Fiacutesica
847 815 e 508 Agressatildeo Verbal 533 379 e 266 Provocaccedilatildeo
629 589 339 Exclusatildeo 919 847 e 468 Consequentemente
ocorre um crescimento nos valores referentes a Maior Envolvimento da
8 O percentual de respostas para cada uma das possibilidades de envolvimento nas diferentes formas de
agressatildeo encontra-se em anexo (Anexo 5)
139
situaccedilatildeo de autoragressor para de espectadortestemunha da mesma forma
nos diferentes tipos de agressatildeo
Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas de agressatildeo no relacionamento
entre os pares Nenhum envolvimento
1 Maior envolvimento
2
Autor Alvo Testemunha Autor Alvo Testemunha
Agressatildeo fiacutesica 847 815 508 153 186 491
Agressatildeo verbal 533 379 266 459 621 729
Provocaccedilatildeo 629 589 339 362 412 654
Exclusatildeo 919 847 468 72 153 524 1 Consideramos Nenhum Envolvimento as respostas Nenhuma vez e Apenas uma vez 2 Consideramos Maior Envolvimento as respostas indicando maior frequecircncia Poucas vezes (ateacute quatro vezes ao longo do
ano em curso) Algumas vezes (todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs) Com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana)
Os alunos natildeo se apresentam como autores de agressotildees entretanto
percebe-se um nuacutemero maior de alunos que se envolve como alvo e como
testemunha sendo maior o nuacutemero de alunos que se apresentam como
testemunhas do que como alvos de agressotildees Estes dados sinalizam que
ainda impera o medo de revelar a situaccedilatildeo de agressatildeo e consequentemente
de bullying atraveacutes da negativa em se identificar como Autoragressor ou como
Alvoviacutetima No entanto tais situaccedilotildees podem ser reveladas atraveacutes da
declaraccedilatildeo de jaacute ter presenciado podendo se identificar tendo envolvimento na
situaccedilatildeo de espectadortestemunha
Um outro dado a ser destacado eacute em relaccedilatildeo agraves Agressotildees Verbais e
Provocaccedilotildees Na situaccedilatildeo de Maior Envolvimento nos diferentes tipos de
envolvimento como Autor Alvo ou Testemunha o maior percentual eacute sempre
das Agressotildees Verbais seguidas das Provocaccedilotildees Inversamente na situaccedilatildeo
de Nenhum Envolvimento os menores percentuais satildeo das Agressotildees Verbais
seguidas das Provocaccedilotildees nas trecircs possibilidades de envolvimento ndash Autor
Alvo e Testemunha como pode ser visualizado na Tabela 1
140
Um destaque deve ser dado em relaccedilatildeo agraves testemunhas de agressatildeo
verbal pois o maior percetual neste tipo de agressatildeo (29) indica que os
alunos presenciam com frequecircncia (toda semana ou quase toda semana)
agressotildees verbais (Anexo 5)
Estes dados confirmam que situaccedilotildees de agressatildeo na escola
perpetradas atraveacutes de bullying eacute algo presente no cotidiano dos estudantes
como tambeacutem foi revelado pelos participantes atraveacutes da produccedilatildeo escrita E a
alta frequecircncia de agressotildees verbais e provocaccedilotildees como as estrateacutegias mais
comumente utilizada para agredir colegas igualmente confirma o destaque
desta forma de agressatildeo apontado nas redaccedilotildees
Os dados referentes ao relacionamento interpessoal com os pares foram
submetidos agrave tratamentos estatiacutesticos Inicialmente procedeu-se a uma anaacutelise
da adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A Medida de
Adequaccedilatildeo da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi de 0697 indicando
que os dados podem ser considerados como razoaacuteveis para a realizaccedilatildeo da
anaacutelise fatorial Aleacutem disso o Teste de Esfericidade de Bartlett mostrou que a
matriz de correlaccedilotildees entre os itens foi significativamente diferente de uma
matriz identidade indicando haver correlaccedilotildees suficientes para a realizaccedilatildeo da
anaacutelise (χ2=4061 gl=66 p=0001) A partir disso efetuou-se a primeira anaacutelise
fatorial que resultou em uma estrutura com quatro fatores capazes de explicar
641 da variacircncia total Poreacutem o uacuteltimo fator foi formado por apenas dois
itens referentes agrave agressatildeo por exclusatildeo mas com baixiacutessimo iacutendice de
consistecircncia interna (α=0256) Por isso esses dois itens foram eliminados e
uma nova anaacutelise foi realizada
141
Esta nova anaacutelise apresentou KMO igual a 0725 e Teste de
Esfericidade de Bartlett estatisticamente significativo (χ2=3600 gl=45
p=0001) A estrutura fatorial final ficou com trecircs fatores A Tabela 2 apresenta
as cargas fatoriais as estatiacutesticas descritivas e os Coeficientes Alfa de
Cronbach dos fatores O primeiro fator (F1) descreve situaccedilotildees de testemunho
de agressotildees com cargas fatoriais que vatildeo de 0703 a 0929 e com uma
consistecircncia interna de 075 o segundo fator (F2) descreve situaccedilotildees
envolvendo vitimizaccedilatildeo com cargas fatoriais variando de 0593 a 0793 e com
uma consistecircncia interna de 078 e o terceiro fator (F3) descreve situaccedilotildees de
execuccedilatildeo de agressatildeo com cargas fatoriais que vatildeo de 0619 a 0848 e
consistecircncia interna de 0822 Os iacutendices de consistecircncia interna para os trecircs
fatores mostram que as diferenccedilas entre os participantes podem ser atribuiacutedas
a diferenccedilas verdadeiras naquilo que os fatores avaliam e natildeo a erros de
medida (Pasquali 2003)
Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa de Cronbach do relacionamento entre pares
Itens 1 2 3
10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega
929
9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega
785
11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega
703
8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
793
5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega
782
7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega
654
6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega
593
2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo
848
142
1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo
732
3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega
619
Meacutedia 22319 21505 31398
Desvio padratildeo 91297 92379 119022
Miacutenimo 100 100 100
Maacuteximo 500 467 500
Coeficientes Alfa de Cronbach 0754 0775 0822
Para verificar a existecircncia de diferentes perfis nos escores dessa escala
foi realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward
obtendo-se quatro clusters significativos A figura 2 mostra a configuraccedilatildeo
desses quatro fatores
Nota-se que o Grupo 1 eacute formado por 13 participantes (105) com
pontuaccedilotildees relativamente elevadas em viacutetima e testemunha e baixa em
agressatildeo O Grupo 2 foi formado por 54 participantes (435) com pontuaccedilotildees
meacutedias baixas em viacutetima e agressatildeo e mais elevadas em testemunha O Grupo
3 foi formado por 26 participantes (210) com pontuaccedilotildees baixas nos trecircs
fatores E o Grupo 4 foi formado por 31 participantes (250) com pontuaccedilotildees
relativamente elevadas nos trecircs fatores
143
Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying
O grupo formado com maior nuacutemero de participantes (Grupo 2) eacute
caracterizado por aqueles que mais comumente presenciam situaccedilotildees de
violecircncia sem executar nem ser alvo de tais atos Novamente perece imperar
receio em relaccedilatildeo a revelaccedilatildeo de envolvimento mais direto em atos de
agressatildeo na escola Tambeacutem eacute interessante que aqueles se apresentam com
autores de agressatildeo (Grupo 4) parece tentar se proteger ou ateacute mesmo se
justificar ao revelar tambeacutem ser alvoviacutetima de violecircncia e tambeacutem presenciar
tais situaccedilotildees Um nuacutemero baixo de alunos (Grupo 3) parece mais distante do
cenaacuterio de violecircncia escolar indicando que para estes alunos a escola eacute um
espaccedilo imune agraves situaccedilotildees de violecircncia
Estes dados estatildeo na mesma direccedilatildeo de alguns aspectos visualizados
na anaacutelise das redaccedilotildees a) o papel do medo e da ameaccedila na perpetuaccedilatildeo das
144
situaccedilotildees de violecircncia b) as diferentes formas de envolvimento em bullying c)
a possibilidade de envolvimento de diferentes formas ao mesmo tempo O
envolvimento em mais de uma forma foi apontado por Lopes Neto (2005)
522 Relacionamento Interpessoal com Professores
O relacionamento com os professores foi investigado considerando
aspectos positivos e aspectos negativos do relacionamento tanto na relaccedilatildeo
direta como tambeacutem na relaccedilatildeo indireta A relaccedilatildeo direta refere-se a atitudes e
comportamentos (positivos ou negativos) que envolve de forma direta o aluno
e quando envolve o aluno e colegas ou a relaccedilatildeo do professor com a turma em
geral nos referimos a relaccedilatildeo indireta
Os participantes responderam considerando o relacionamento com dois
professores um que o participante considera ter Bom Relacionamento e outro
com quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil
5221 Professor com Bom Relacionamento
Para os alunos o professor com quem estabelecem um Bom
Relacionamento mais frequentemente eacute atencioso quando o aluno faz
comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula demonstra interesse nas
atividades realizadas pelo aluno solicita a participaccedilatildeo do aluno ao longo da
aula Outros aspectos tambeacutem apontados embora menos frequente foram
situaccedilotildees de apoio e elogios recebidos do professor
O professor com quem os participantes estabelecem um Bom
Relacionamento mais frequentemente busca a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de
conflitos entre alunos manteacutem clima de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus
145
colegas como tambeacutem entre os alunos em geral incentiva a compreensatildeo
toleracircncia e amizade entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os
alunos em geral Estes dados podem ser visualizados na Tabela 3 abaixo
Tabela 3 - Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom Relacionamento Aspectos PositivosBom Relacionamento Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Fez elogios a vocecirc publicamente 145 113 177 298 258
Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
48 48 177 145 573
Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 73 65 129 250 468
Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 65 56 161 323 387
Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
185 73 153 250 331
Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
500 153 153 81 89
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
411 121 137 89 218
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 185 105 89 65 540
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
105 81 89 153 556
Tomou partido nos conflitos entre alunos
331 81 169 137 250
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
129 73 129 185 476
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 137 40 73 121 621
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
161 56 73 89 605
Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes
O comportamento do professor diante de situaccedilotildees envolvendo os
alunos com seus colegas assim como o relacionamento do professor com a
turma parece caracterizar este Bom Relacionamento Eacute possiacutevel perceber que
os professores com quem os alunos estabelecem Bom Relacionamento
frequentemente tecircm atitudes positivas na relaccedilatildeo direta com o participante e
em relaccedilatildeo aos alunos em geral
Interessante destacar que quando refere-se ao professor buscar a
negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando o aluno se envolveu em conflitos
com os colegas o maior percentual foi Nunca (411) Isto pode ter ocorrido
em virtude do aluno nunca ter se envolvido em conflitos com colegas e
146
consequentemente o professor nunca precisou ter este tipo de
comportamento
Os professores com quem os alunos estabelecem um Bom
Relacionamento nunca ou quase nunca apresentam os comportamentos
referentes a aspectos negativos seja diretamente com o proacuteprio aluno como
expor o aluno a alguma situaccedilatildeo constrangedora ou fazer ameaccedilas ou com os
alunos em geral como criar e manter clima de competitividade e agressividade
Todos os aspectos investigados e sua respectiva distribuiccedilatildeo podem ser
visualizados na Tabela 4 a seguir
Nenhum dos comportamentos listados referentes a aspectos negativos
foi apontado como frequente em todos eles o menor percentual apareceu
sempre em Com frequumlecircncia e abaixo de 4 chegando a nenhuma resposta
em trecircs deles - Encaminhar o aluno para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo Fazer comentaacuterios puacuteblicos de alguma
dificuldade apresentada pelo aluno Provocar ou incentivar o conflito entre o
aluno e seus colegas
Tabela 4 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento
Aspectos NegativosBom Relacionamento Nunca Apenas uma vez
Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Ficou indiferente a seu comportamento na sala 589 194 129 56 24
Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 790 129 32 32 08
Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 774 89 89 40 08
Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
879 48 48 24 0
Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 879 73 08 16 16
Fez alguma ameaccedila a vocecirc
831 105 32 08 08
Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc
750 97 105 40 0
Entrou em conflito com vocecirc 798 129 32 16 16
Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 911 32 16 32 0
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
750 113 65 32 16
Entrou em conflito com os alunos 613 89 129 121 40
Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 863 65 24 24 16
147
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 750 121 65 40 08
Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
855 56 40 16 16
Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
742 56 65 65 40
Os dados referentes ao professor com Bom relacionamento tambeacutem
recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da
adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A primeira tentativa
resultou em 7 fatores com KMO de 0787 e Teste de Esfericidade de Bartlett
(χ2=15273 gl=378p=0001) explicando 658 da variacircncia total Poreacutem o
graacutefico de sedimentaccedilatildeo (scree-plot) mostrou apenas 3 fatores mais
significativos como pode ser visualizado na Figura 3
A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo da extraccedilatildeo de 3 fatores
conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da variacircncia total
148
Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Bom Relacionamento
O primeiro fator (F1) descreve Aspectos Negativos do Relacionamento
conteacutem 14 itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0386 a 0830 e com uma
consistecircncia interna de 0892 o segundo fator (F2) descreve Aspectos
Positivos Indiretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando de 0426 a
0752 e com uma consistecircncia interna de 0803 e o terceiro fator (F3)
descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem com cargas fatoriais que vatildeo de
0660 a 0781 e com uma consistecircncia interna de 0778 A Tabela 5 apresenta
as estatiacutesticas descritivas dos fatores
149
Tabela 5 - Estrutura Fatorial referente ao Professor com Bom relacionamento 1 2 3
10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
830
11 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)
811
14 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
761
13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)
747
15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
743
12 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)
690
3_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 681
9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
662 324
2_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
601
7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
599
6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala 525
8 Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)
517
7_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
469
1_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)
386
5_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
752
16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
679
6_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
604
17 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
585
9_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
575
4_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 556
18 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
444
19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
426 354
3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
781
1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente 742
2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
685
4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios etc)
662
5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo 660
Meacutedia 13847 33813 37911
Desvio padratildeo 55016 98414 94175
Miacutenimo 100 113 100
Maacuteximo 414 500 500
Coeficientes Alfa de Cronbach 0892 0803 0778
150
Os alunos parecem avaliar diferentemente as atitudes negativas e as
atitudes positivas do professor com quem estabelecem Bom Relacionamento
Em relaccedilatildeo aos aspectos negativos houve correlaccedilaotilde entre os itens que
referiam-se ao relacionamento direto com o participante e os que eram
referentes ao relacionamento indireto Em relaccedilatildeo aos aspectos positivos natildeo
apareceu variaccedilatildeo semelhante indicando que pode ocorrer um comportamento
diferente do professor quando se relaciona com o participante e quando
envolve os demais alunos E que de um modo geral este professor parece
natildeo apresentar aspectos negativos no seu relacionamento com os alunos
5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil
Para os alunos os professores com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil de forma bem pouco frequente exibem os
comportamento referentes aos aspectos positivos do relacionamento Para
371 dos alunos esse professor com quem tem Relacionamento Difiacutecil
nunca fez elogios a ele publicamente e para 21 fez elogios puacuteblicos apenas
uma vez E 44 dos alunos nunca recebram apoio deste professor em alguma
situaccedilatildeo
Outros comportamentos que referem-se a aspectos positivos diretos
apresentam-se distribuiacutedos em todas as frequecircncias como pode ser
visualizado na Tabela 6 abaixo embora ocorra em frequencia menor do que os
151
estes mesmos aspectos em relaccedilatildeo aos professores com quem estabelecem
Bom Relacionamento9
Tabela 6 - Aspectos positivos rereferentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos PositivosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Fez elogios a vocecirc publicamente 371 210 137 153 105
Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
210 105 274 97 298
Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 282 145 194 185 185
Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 298 145 210 145 194
Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
444 113 153 137 137
Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
548 153 97 56 129
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
444 145 129 89 169
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 282 73 137 40 460
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
290 48 121 97 419
Tomou partido nos conflitos entre alunos
476 105 105 105 194
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
234 145 145 129 339
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 202 121 105 113 444
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
161 129 129 145 427
Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes
Para 21 dos alunos o professor com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil nunca foi atencioso quando o aluno faz comentaacuterios ou
perguntas ao longo da aula entretanto para 298 isto ocorreu com
frequumlecircncia para 282 este professor nunca demonstrou interesse nas
atividades realizadas pelo aluno e para 185 foi um comportamento
frequente e para 298 nunca solicitou a participaccedilatildeo do aluno ao longo da
aula mas para 1945 isto aconteceu de forma frequente Estes dados sinalizam
que para alguns participantes parece que o(s) criteacuterio(s) utilizado(s) para
eleger o professor como tendo um Relacionamento Difiacutecil natildeo estavam entre
9 A tabela com a comparaccedilatildeo das respostas para Bom relacionamento e para Relacionamento Difiacutecil
pode ser visualizada em anexo (Anexo 6)
152
os aspectos investigados Todas as questotildees que abordavam o relacionamento
professor-aluno tanto os aspectos positivos do relacionamento como os
negativos abordando a relaccedilatildeo direta ou a relaccedilatildeo indireta consideravam
atitudes e comportamentos relativos agrave dinacircmica da sala de aula e do processo
de ensino-aprendizagem Nenhum dos aspectos investigados se referia a
questotildees mais pessoais do professor
Os alunos consideram que o professor com Relacionamento Difiacutecil
busca em menor frequecircncia a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos ndash para 234 Nunca e para 339 Com Frequecircncia
Tambeacutem eacute bem menor a frequecircncia em relaccedilatildeo a se o professor manteacutem clima
de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos
em geral e tambeacutem se incentiva a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre o
aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos em geral Diante de
situaccedilotildees envolvendo os alunos com seus colegas e o relacionamento deste
professor (Relacionamento Difiacutecil) com a turma em geral percebe-se uma
menor frequumlecircncia dos comportamentos referentes aos aspectos positivos em
comparaccedilatildeo com a frequumlecircncia apresentada pelos professores com quem
estabelecem Bom Relacionamento nestes mesmos intens
Em muitos itens o professor com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil apresenta alto percentual para as respostas Com
Frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana) mas sempre esse
percentual eacute menor do que os dados para o professor com Bom
Relacionamento Nota-se que o professor com Relacionamento Difiacutecil
apresenta atitudes e comportamentos apropriados agrave dinacircmica da sala de aula e
153
ao seu fazer docente embora o professor com Bom Relacionamento exiba
estes comportamentos de forma mais intensa e evidente
Os aspectos negativos investigados natildeo satildeo frequentes nos professores
com Relacionamento Difiacutecil Em todos os itens investigados o maior percentual
sempre eacute na resposta Nunca em muitas vezes percentuais acima de 60 e o
percentual eacute sempre muito baixo para as respostas Com Frequumlecircncia (toda
semana ou quase toda semana) Estes dados podem ser conferidos na Tabela
7 a seguir
Tabela 7 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos NegativosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Ficou indiferente a seu comportamento na sala 484 161 194 81 56
Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 702 169 56 48 16
Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 613 137 129 73 40
Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
823 81 56 16 08
Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 847 89 32 08 16
Fez alguma ameaccedila a vocecirc
806 97 48 16 24
Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc
685 89 113 89 16
Entrou em conflito com vocecirc 742 169 32 16 24
Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 855 81 32 24 0
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
694 97 121 40 32
Entrou em conflito com os alunos 411 185 161 177 56
Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 823 81 48 24 16
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 605 161 121 56 40
Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
774 89 48 48 32
Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
653 129 89 48 65
Estes dados indicam que os professores com quem os alunos
estabelecem um Relacionamento Difiacutecil nunca ou quase nunca apresentam os
comportamentos referentes a aspectos negativos Percebe-se uma ligeira
diminuiccedilatildeo nos percentuais indicados em Nunca em todos os comportamentos
investigados em relaccedilatildeo aos apresentados para os professores com Bom
Relacionamento Quanto ao professor ter provocado ou incentivado o conflito
154
entre o participante e os colegas nenhum aluno indicou que este aspecto
ocorre com frequumlecircncia tanto em relaccedilatildeo ao professor com Bom
Relacionamento quanto ao com Relacionamento Difiacutecil Podemos compreender
que em geral os professores considerados pelos estudantes nesta
investigaccedilatildeo natildeo se comportam de maneira inapropriada com o fazer docente
Os dados referentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil tambeacutem
recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da
adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial com KMO de 0729
e Teste de Esfericidade de Bartelett (χ2=13843 gl=378p=0001) explicando
655 da variacircncia total O Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo (scree-plot) indicou
apenas de 3 a 5 fatores como pode ser visualizado na Figura 4 A soluccedilatildeo
mais adequada ficou com 4 fatores A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo
da extraccedilatildeo de 4 fatores conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da
variacircncia total
Figura 4 - Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil
155
Tabela 8 - Estrutura Fatorial referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil 1 2 3 4
19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
794
18 Este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
739
9_5 Este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
725
6_5 Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 722
5_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
716
17 Este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
706
4_5 Este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 651
16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
557
12 Este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (aprendizagem comportamento relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)
759
11 Este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)
734
13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)
726
10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
615 -304
9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
564
8 Este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)
521 349
7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
520
6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
341
1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
796
3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
781
4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas etc)
776
5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
693
2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
626
7_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
779
1_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)
778
2_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
667
3_5Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
569
8_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
519
15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
381
Meacutedia 29704 15299 27260 16867
Desvio padratildeo 114002 62214 115323 74789
Miacutenimo 100 100 100 100
156
Maacuteximo 500 357 500 400
Coeficientes Alfa de Cronbach 0859 0776 0839 0770
Observou-se que o primeiro fator (F1) descreve Aspectos Positivos
Indiretos conteacutem oito itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0557 a 0794 e
com uma consistecircncia interna de 0859 O segundo fator (F2) descreve
Aspectos Negativos Diretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando
de 0341 a 0759 e com uma consistecircncia interna de 0776 O terceiro fator
(F3) descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem cinco itens com cargas
fatoriais que vatildeo de 0626 a 0796 e com uma consistecircncia interna de 0839 O
quarto e uacuteltimo fator (F4) descreve Aspectos Negativos Indiretos conteacutem seis
itens com cargas fatoriais variando de 0381 a 0779 e com uma consistecircncia
interna de 077 A Tabela 8 apresenta as estatiacutesticas descritivas dos fatores
Os alunos parecem avaliar diferentemente em relaccedilatildeo aos professores
com quem estabelecem um Relacionamento Difiacutecil cada uma dos fatores do
relacionamento interpessoal com os professores investigados atraveacutes do
questionaacuterio proposto Estes dados sugerem que os professores com
Relacionamento Difiacutecil apresentam posturadas diferenciadas diante de uma
situaccedilatildeo mais direta com o participante das situaccedilotildees que envolvem os demais
alunos tantos quando trata-se de aspectos positivos quanto dos aspectos
negativos do relacionamento Distintamente dos professores com Bom
Relacionamento os dados correspondentes aos professores com
Relacionamento Difiacutecil expressam esta diferenccedila em relaccedilatildeo aos aspectos
negativos do relacionamento
Esta anaacutelise evidenciou anteriormente que natildeo haacute distinccedilatildeo em relaccedilatildeo
aos aspectos negativos do relacionamento entre os professores De um modo
geral os professores com Bom Relacionamento e os com Relacionamento
157
Difiacutecil natildeo apresentam atitudes ou comportamentos inadequados ao fazer
docente Entretanto os alunos identificam que os professores com
Relacionamento Difiacutecil ao apresentarem atitudes ou comportamentos
referentes aos aspectos negativos do relacionamento natildeo os fazem
indistintamente
523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento em Bullying e
o Relacionamento com os Professores
Apoacutes as anaacutelises dos dados de cada parte do questionaacuterio isoladamente
foram realizadas anaacutelise correlacional dos diferentes aspectos investigados por
meio do questionaacuterio quais sejam o relacionamento interpessoal entre os
pares e o relacionamento entre professor e aluno Inicialmente realizou-se a
anaacutelise das relaccedilotildees entre o primeiro aspecto ndash relacionamento entre os pares
ndash e os fatores do relacionamento com o professor com quem o participante
considera ter um Bom Relacionamento Em seguida a anaacutelise ocorreu entre os
dados referentes ao relacionamento entre os pares e os fatores do
relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil
5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom Relacionamento
Iniciamos a anaacutelise correlacional investigando a relaccedilatildeo entre o
envolvimento do participante em bullying e os fatores do relacionamento com o
professor com quem o participante considera ter um Bom Relacionamento Os
dados da Tabela 9 permitem-nos constatar que natildeo houve correlaccedilatildeo
estatisticamente significativa entre o envolvimento em situaccedilotildees de bullying
158
como AlvoViacutetima ou como Testemunha com nenhum dos fatores referentes ao
relacionamento interpessoal com o professor com Bom Relacionamento
Tabela 9 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento
entre os pares e com o professor com Bom Relacionamento
Correlations Atitudes
Negativas Atitudes Positivas Indiretas
Atitudes positivas Diretas
Viacutetima Pearson Correlation 061 050 -066 Sig (2-tailed) 502 583 468 N 124 123 123
Agressor Pearson Correlation 410 -143 -104 Sig (2-tailed) 000 114 252 N 124 123 123
Testemunha Pearson Correlation 058 183 061 Sig (2-tailed) 523 043 504 N 124 123 123
Correlation is significant at the 001 level (2-tailed) Correlation is significant at the 005 level (2-tailed)
No entanto houve correlaccedilatildeo moderada significativa e positiva (ao niacutevel
0001) entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves
Atitudes Negativas do professor com quem o participante considera ter um
Bom Relacionamento Tambeacutem houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao
niacutevel 0005) entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves
Atitudes Positivas Indiretas do professor com quem o participante considera ter
um Bom Relacionamento entretanto os valores indicam tratar-se de uma fraca
correlaccedilatildeo
Estes dados sugerem que o maior ou menor envolvimento do aluno
como AtorAgressor em situaccedilotildees de bullying tem relaccedilatildeo com a forma como
os alunos consideram os aspectos negativos do relacionamento no
comportamento dos professores com quem tem um Bom Relacionamento
159
Estes resultados estatildeo na mesma direccedilatildeo dos dados apresentados por
Martins (2005) quando estudantes envolvidos como agressores afirmam se
sentirem piores em relaccedilatildeo aos professores Eacute importante que a escola reveja
a forma de se relacionar com estes alunos assim como atentar para as
reaccedilotildees puramente punitivas sem contribuiccedilotildees para modificaccedilotildees reais em
relaccedilatildeo agrave forma de se relacionarem e se comportarem na escola com os pares
e com os professores
5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com Relacionamento
Difiacutecil
A anaacutelise correlacional seguinte foi realizada visando investigar a relaccedilatildeo
entre o envolvimento do participante em bullying e os fatores do
relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil Os dados da Tabela 10 permitem-nos constatar que
natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o envolvimento em
situaccedilotildees de bullying quer como AlvoViacutetima quer como AtorAgressor ou como
Testemunha com as Atitudes Positivas do relacionamento interpessoal com o
professor com Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o
participante como na relaccedilatildeo indireta
Tabela 10 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento Difiacutecil
Correlations Atitudes
Positivas Indiretas
Atitudes Negativas Diretas
Atitudes Positivas Diretas
Atitudes Negativas Indiretas
Viacutetima Pearson Correlation 023 186 -020 214 Sig (2-tailed) 796 039 827 017 N 123 123 123 123
Agressor Pearson Correlation -054 380 047 247 Sig (2-tailed) 555 000 605 006
160
N 123 123 123 123 Testemunha Pearson Correlation 079 196 -075 241
Sig (2-tailed) 384 030 410 007 N 123 123 123 123
Correlation is significant at the 005 level (2-tailed) Correlation is significant at the 001 level (2-tailed)
Esta anaacutelise apontou algumas correlaccedilotildees mas com valores indicando
uma fraca correlaccedilatildeo Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0001)
entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes
Negativas do professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o participante como na
relaccedilatildeo indireta A correlaccedilatildeo tambeacutem foi significativa e positiva (ao niacutevel 0001)
entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes
Negativas Indiretas
Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0005) entre o
envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas
Diretas do professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil e tambeacutem o envolvimento com AlvoViacutetima e a
avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas Diretas e Indiretas do professor com
quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil
A anaacutelise correlacional dos dados indica existir uma ligaccedilatildeo entre os
Aspectos Negativos do relacionamento com os professores e a forma como o
estudante se envolve em situaccedilotildees de bullying De acordo com Tognnetta e
Vinha (2008) as relaccedilotildees intrapessoais antecedem as relaccedilotildees interpessoais
Tanto o professor como o aluno apresentam comportamentos inadequados ao
bom relacionamento interpessoal e agrave medida que existe uma ligaccedilatildeo entre
estes aspectos pode ocorrer uma processo ciacuteclico
161
De uma forma geral os dados evidenciados a partir da anaacutelise das
respostas do questionaacuterio estatildeo presentes nas produccedilotildees escritas Ao
abordarem questotildees sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo os alunos referem-se aos
relacionamentos com os professores salientando a) preferecircncias dos
professores por alguns alunos b) situaccedilotildees de agressatildeo entre professor e
aluno
A partir dos dados coletados obtidos de diferentes formas eacute possiacutevel
verificar que para os participantes haacute uma ligaccedilatildeo entre o comportamento dos
alunos e o dos professores salientando diferentes niacuteveis de complexidade com
relaccedilotildees dialeacuteticas presentes no relacionamento interpessoal (Hinde (1997)
162
CAPIacuteTULO VI
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Considerando que o estudo das relaccedilotildees interpessoais vem se configurando
como uma importante aacuterea de estudo interdisciplinar o presente estudo visou ampliar
este campo de conhecimento ao focalizar em relaccedilotildees interpessoais de grande
relevacircncia ao longo da vida escolar que natildeo tem sido ainda foco de interesse entre os
estudiosos da aacuterea Desde o iniacutecio este trabalho apontou a possibilidade de
compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto
escolar visando contribuir com estudos cientiacuteficos dos diversos aspectos referentes ao
fenocircmeno bullying
O objetivo desta pesquisa de doutorado foi investigar o papel da relaccedilatildeo
professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Para o alcance
deste objetivo utilizamos como referencial teoacuterico estudos sobre o relacionamento
professor-aluno sobre Relaccedilotildees Interpessoais a partir da obra de Robert Hinde e
estudos sobre Violecircncia Escolar e bullying E na busca de maior compreensatildeo desta
relaccedilatildeo procedemos a uma pesquisa com dados de natureza quantitativa e qualitativa
sobre as relaccedilotildees interpessoais na escola com estudantes do Ensino Fundamental
O tema geral deste estudo foi perseguido a partir de objetivos especiacuteficos O
primeiro objetivo buscou investigar se os estudantes associam a praacutetica de bullying
como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar A partir da anaacutelise temaacutetica
das produccedilotildees escritas dos participantes podemos identificar que situaccedilotildees
envolvendo bullying satildeo bem presentes no cotidiano dos estudantes Em
aproximadamente metade das redaccedilotildees os alunos dissertam sobre bullying
abordando diferentes aspectos explicam seu significado expotildeem as diferentes formas
163
de agressatildeo caracteriacutesticas individuais que favorecem a vitimizaccedilatildeo o papel do medo
e das ameaccedilas as consequecircncias para as viacutetimas e reconhecem a importacircncia da
escola cuidar desta questatildeo Muitos alunos reagem com reprovaccedilatildeo e indignaccedilatildeo agraves
situaccedilotildees de bullying
O segundo objetivo especiacutefico se propocircs a investigar o envolvimento dos
participantes em situaccedilotildees de bullying e a forma que se daacute este envolvimento como
alvoviacutetima autoragressor ou espectadortestemunha A anaacutelise dos dados
demonstrou que a maioria dos alunos jaacute se envolveu em situaccedilotildees de bullying mas
quase sempre como espectadortestemunha De forma muito tiacutemida os alunos se
apresentam como alvoviacutetima e muito menos ainda como autoragressor Eacute possiacutevel
ainda que os alunos se envolvam de diferentes maneiras Podemos afirmar estas
formas de envolvimento tambeacutem a partir dos relatos revelando este envolvimento
atraveacutes das redaccedilotildees Muitos alunos relatam ter presenciado situaccedilotildees de bullying
alguns revelam ter sido alvoviacutetima e apenas um declarou jaacute ter cometido
provocaccedilotildees indicando se tratar de bullying
O terceiro objetivo buscou identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-
aluno considerando um professor com quem o participante considerara ter Bom
Relacionamento e outro com quem o participante considerara ter um Relacionamento
Difiacutecil Foi possiacutevel identificar vaacuterios aspectos desta relaccedilatildeo como maior intensidade
de aspectos positivos no comportamento do professor com Bom Relacionamento No
entanto foi possiacutevel inferir que estes aspectos indicam posturas diferenciadas em
relaccedilatildeo aos alunos Um dado que despertou interesse foi a pouca frequecircncia de
aspectos negativos no comportamento dos professores tanto em relaccedilatildeo ao professor
com Bom Relacionamento como ao professor com Relacionamento Difiacutecil Acredita-se
que os criteacuterios utilizados pelos alunos para considerar determinado professor como
164
tendo um Relacionamento Difiacutecil pode natildeo ter sido explorado entre os aspectos
investigados
O quarto e uacuteltimo objetivo procurou identificar correlaccedilotildees entre diferentes
aspectos do relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying A anaacutelise
dos dados sinalizou para uma relaccedilatildeo moderada entre o envolvimento do aluno em
situaccedilatildeo de bullying como autoragressor e a frequumlecircncia de aspectos negativos dos
professores tanto com Bom Relacionamento como em referecircncia ao professor com
Relacionamento Difiacutecil Em relaccedilatildeo agraves demais formas de envolvimento natildeo foi
possiacutevel estabelecer relaccedilotildees
Diante destas consideraccedilotildees eacute possiacutevel afirmar que este trabalho atingiu de
forma satisfatoacuteria os objetivos propostos E a partir do que foi evidenciado algumas
provocaccedilotildees urgem considerando que o espaccedilo destinado agraves aulas a sala promove
outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que satildeo ignorados e
infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo professoraluno Partimos entatildeo a
comentar algumas dessas provocaccedilotildees
O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos escolares Como o
professor contribui sem perceber para o fenocircmeno bullying Parece que haacute algo
anterior agraves relaccedilotildees interpessoais importantes de serem cuidadas que satildeo as
relaccedilotildees intrapessoais Tognetta e Vinha (2008) destacam que eacute preciso ter respeito e
valorizaccedilatildeo por si proacuteprio para ser possiacutevel respeitar e valorizar o outro
Eacute nesta perspectiva que defendo que a existecircncia de uma ligaccedilatildeo entre o
relacionamento professor-aluno e o envolvimento como autoragressor em situaccedilotildees
de bullying Eacute possiacutevel que alunos autoresagressores de forma mais intensa se
envolvam em situaccedilotildees desagradaacuteveis provocando reaccedilotildees nos professores
evidenciando aspectos negativos da relaccedilatildeo professor-aluno Tambeacutem pode ocorrer
165
do professor bastante desrespeitado no seu fazer docente esteja vulneraacutevel a
apresentar comportamentos inadequados e ateacute mesmo posturas diferenciadas
considerando como se daacute o relacionamento com o aluno
Eacute preciso investigar todas estas questotildees a partir do ponto de vista do
professor visto que neste estudo todos os participantes eram estudantes Faz-se
necessaacuterio verificar como os professores avaliam o relacionamento com alunos de
acordo com as diferentes possibilidades de envolvimento em bullying Acreditamos ser
importante esta investigaccedilatildeo uma vez que em estudo sobre a percepccedilatildeo do professor
sobre o bullying no ambiente escolar (Ferreira Rowe e Oliveira 2011) os professores
revelaram sentimentos diferenciados diante do envolvimento em bullying de piedade e
compaixatildeo pelas viacutetimas e repugnacircncia pelos agressores
A situaccedilatildeo de violecircncia provoca sentimentos de solidariedade em relaccedilatildeo agraves
viacutetimas e em situaccedilotildees de violecircncia velada de sofrimento intenso envolvendo
crianccedilas e adolescentes eacute natural maior cuidado e envolvimento em relaccedilatildeo agravequeles
cujo sofrimento eacute mais evidente Eacute preciso cuidar dos alunos autoresagressores pois
mesmo tendo a intenccedilatildeo de causar mal a outro ldquotambeacutem precisam de ajuda porque
natildeo conseguem se ver (no sentido moral e natildeo no sentido esteacutetico ou socialmente
estabelecido) satildeo muitas vezes incapazes de reconhecer seus proacuteprios sentimentos e
consequentemente os sentimentos dos outrasrdquo (Tognetta 2010 p90) As evidecircncias
deste estudo podem favorecer relaccedilotildees mais acolhedoras e menos punitivas diante
das estrateacutegias utilizadas pelos estudantes diante do cenaacuterio de violecircncia escolar
Outro aspectos a destacar refere-se a necessidade em estudos posteriores
sobre relacionamento interpessoal de maior clareza quanto aos criteacuterios utilizados
pelos participantes para referir-se ao Bom Relacionamento e ao Relacionamento
Difiacutecil O presente estudo abordou questotildees pertinentes agrave relaccedilatildeo professor-aluno
166
apresentando contribuiccedilotildees para estudos desta natureza entretanto outros aspectos
precisam ser considerados
Mesmo sabendo dos cuidados tomados de forma a possibilitar a participaccedilatildeo
dos estudantes garantindo o sigilo em relaccedilatildeo agrave sua identidade e assim maior
confianccedila para apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees solicitadas parece que a coleta
realizada de forma pontual por um pesquisador estranho ao cotidiano dos estudantes
natildeo eacute a forma ideal Consideramos que os profissionais da escola ao estabelecerem
relaccedilotildees de confianccedila tem maiores condiccedilotildees de acessar informaccedilotildees relevantes para
o estudo de forma integrada das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar
Do ponto de vista social o presente estudo espera poder contribuir para a
valorizaccedilatildeo no meio educacional da relevacircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer
docente e assim poder resgatar o envolvimento do professor em questotildees que natildeo se
referem apenas agrave transmissatildeo de conteuacutedos e que no entanto muito interferem no
seu cotidiano
Eacute preciso cuidar do professor proporcionando a auto valorizaccedilatildeo e auto
respeito para assim podermos falar de uma eacutetica do cuidado na relaccedilatildeo professor-
aluno
167
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173
ANEXOS
174
ANEXO I
175
Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Tiacutetulo da Pesquisa O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental Pesquisadora Virginia de Oliveira Alves Passos Orientador Prof Dr Agnaldo Garcia Instituiccedilatildeo UFES ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo PPGP ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Objetivo da Pesquisa Investigar a ocorrecircncia de bullying e o papel do relacionamento interpessoal entre professores e alunos em sua causaccedilatildeo intensificaccedilatildeo ou controle Descriccedilatildeo do Procedimento Seratildeo aplicados questionaacuterios a cada participante abordando aspectos referentes aos seus relacionamentos interpessoais na escola tanto com seus pares como tambeacutem com os professores e em seguida seraacute solicitado a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar Benefiacutecios Espera-se que os resultados contribuam para possibilidade de compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos referentes a violecircncia escolar e ao fenocircmeno bullying Anaacutelise de risco e sigilo Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiraacute rigorosamente os criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas com seres humanos Desse modo os questionaacuterios seratildeo aplicados de acordo com a teacutecnica padratildeo cientificamente reconhecida Seratildeo preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes O participante teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo em qualquer fase da pesquisa Informaccedilotildees complementares e esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos participantes eou a seus responsaacuteveis A previsatildeo para os procedimentos descritos eacute de agosto de 2010 a junho de 2011 Identificaccedilatildeo do Responsaacutevel pela Instituiccedilatildeo Nome____________________________________________________________ RG ______________ Oacutergatildeo Emissor ________ Cargo ____________________________________________________________
Estando de acordo assinam o presente termo de consentimento em 02 (duas) vias
_________________________ ______________________________ Responsaacutevel pala Instituiccedilatildeo Virginia de O Alves Passos
Pesquisadora RecifePE _________
176
ANEXO II
177
FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo
investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre
alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade
Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade
Federal do Espiacuterito Santo)
Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a
preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os
pares como tambeacutem com os professores
Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees
interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos
referentes agrave violecircncia escolar
As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre
sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante
teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e
esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos
participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua
integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste
estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Identificaccedilatildeo do Participante
Nome do participante_________________________________________________________
Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________
Estando de acordo assino o presente termo de consentimento
________________________________
Assinatura
Pesquisadora responsaacutevel
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro
CEP 56304-917 - PetrolinaPE
E-mail virginiaalvesunivasfedubr
VIA DO PESQUISADOR
178
Telefone 87 21016868 87 88238983
FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo
investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre
alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade
Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade
Federal do Espiacuterito Santo)
Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a
preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os
pares como tambeacutem com os professores
Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees
interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos
referentes agrave violecircncia escolar
As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre
sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante
teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e
esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos
participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua
integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste
estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Identificaccedilatildeo do Participante
Nome do participante_________________________________________________________
Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________
Estando de acordo assino o presente termo de consentimento
________________________________
Assinatura
Pesquisadora responsaacutevel
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro
CEP 56304-917 - PetrolinaPE
VIA DO PARTICIPANTE
179
E-mail virginiaalvesunivasfedubr
Telefone 87 21016868 87 88238983
ANEXO III
180
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Vocecirc estaacute sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa sobre Relaccedilotildees Interpessoais na
Escola Sua participaccedilatildeo eacute importante poreacutem vocecirc natildeo deve participar contra sua vontade Leia
atentamente as informaccedilotildees abaixo e faccedila se desejar qualquer pergunta para esclarecimento
Pesquisadora responsaacutevel Profordf Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos
O participante estaacute ciente sobre os seguintes aspectos
1 Objetivo principal da pesquisa
2 Descriccedilatildeo da coleta de informaccedilotildees
3 Ausecircncia de riscos
4 Benefiacutecios da pesquisa
5 O seu nome seraacute mantido em sigilo e nenhuma informaccedilatildeo que o identifique seraacute divulgada
nas publicaccedilotildees dos resultados
6 Os alunos participaratildeo voluntariamente da pesquisa natildeo recebendo nenhum valor
7 Vocecirc tem a liberdade de se recusar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da
pesquisa sem penalizaccedilatildeo alguma
Eu DECLARO que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me
foi explicado concordo voluntariamente em participar desta pesquisa
Recife ____ de _________________________ de 2010
Nome do participante ___________________________________________________________
__________________________________________
(participante)
181
ANEXO IV
182
Vocecirc estaacute participando como colaborador de uma a pesquisa sobre Relacionamento Interpessoal na
Escola Sua colaboraccedilatildeo eacute muito importante e vocecirc deve responder com atenccedilatildeo todas as questotildees
considerando os acontecimentos ao longo deste ano
Parte I - As suas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos entre vocecirc e seus colegas
durante este ano Para responder vocecirc deve considerar a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos
investigados
Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso
Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs
Com frequumlecircncia toda semana (ou quase toda semana)
1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano vocecirc impediu algum colega de participar em atividades com outros colegas da
escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da
escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
183
10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano vocecirc percebeu se algum colega foi impedido por outros colegas de participar de
alguma atividade com os demais colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte II ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom relacionamento com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao
longo da aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando
exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo
comentaacuterios etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
184
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito
(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que
vocecirc obteve algum resultado)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os
pais na escola de suspender de suas aulas)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada
por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no
relacionamento com outros professores)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc
se envolveu em conflitos com seus colegas
( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com
185
vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia
18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e
seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte III ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom
relacionamento com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade
entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
186
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os
alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte IV - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um relacionamento difiacutecil com ele (ou
ela)
01) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
02) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao
longo da aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
03) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
04) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando
exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios
etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
05) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
06) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
07) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
187
08) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito
(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc
obteve algum resultado)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
09) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os
pais na escola de suspender de suas aulas)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada
por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento
com outros professores)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc
se envolveu em conflitos com seus colegas
( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com
188
vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia
18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e
seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
189
Parte V - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um
relacionamento difiacutecil com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade
entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os
alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Agradecemos sua participaccedilatildeo como colaborador da pesquisa
190
Vocecirc pode acrescentar no verso da folha algo que vocecirc ache importante e que natildeo foi ainda perguntado
ANEXO V
191
192
ANEXO VI
193
IV
Agrave minha voacute Julinda (em memoacuteria)
por ter me feito professora
sempre ensinando a importacircncia
das relaccedilotildees interpessoais na escola
Aos meus filhos Henrique Mariacutelia e Patriacutecia
Com esperanccedila que a escola oportunize a vocecircs bons relacionamentos
Agrave Xandinho quem tanto admiro
e que me impulsionou agraves primeiras reflexotildees sobre bullying
V
AGRADECIMENTOS
A conclusatildeo de uma tese de doutorado ao final de um longo percurso de
leituras buscas produccedilotildees investigaccedilotildees vibraccedilotildees repleto de inquietaccedilotildees e
incertezas de alegrias e surpresas de bons encontros e alguns desencontros de
intensos momentos de isolamento de cobranccedilas permite uma nova forma de olhar
tudo agrave nossa volta E por que natildeo dizer uma nova forma de estabelecer relaccedilotildees
com as pessoas principalmente quando se trata de uma tese no campo dos
relacionamentos interpessoais Agradeccedilo a todos que participaram deste percurso
das mais variadas formas e que possibilitaram acima de tudo enriquecer nossas
proacuteprias relaccedilotildees para aleacutem do estudo e da pesquisa dos relacionamentos
interpessoais
Agradeccedilo ao Prof Agnaldo Garcia por ter me apresentado o campo dos
Relacionamentos Interpessoais e me fazer entender que muitas das minhas
inquietaccedilotildees como psicoacuteloga educacional podiam ser acolhidas por essa aacuterea de
estudo mesmo quando o meu interesse era pelo dark side dos relacionamentos
Agradeccedilo principalmente pelo apoio e por estar sempre compreensivo e otimista
mesmo diante das dificuldades que enfrentei no momento da elaboraccedilatildeo do projeto
Dificuldades que foram superadas a partir do estabelecimento de uma boa relaccedilatildeo
orientador-orientanda em prol de um trabalho que comungaacutevamos da sua
relevacircncia
Agradeccedilo aos participantes deste estudo pois a partir de vossas revelaccedilotildees
este trabalho deixou de ser apenas um projeto nascendo uma tese nossa tese
Agradeccedilo por vocecircs terem me ajudado a contribuir clareando o obscuro universo dos
VI
relacionamentos interpessoais na escola A participaccedilatildeo de vocecircs foi possiacutevel
graccedilas agrave compreensatildeo e colaboraccedilatildeo dos pais e da equipe teacutecnica das escolas
Estendo a todos meus agradecimentos
Agradeccedilo agrave UNIVASF pela oportunidade de inserccedilatildeo no Programa
MinterDinter cujo iniacutecio coincidiu com minha chegada nesta instituiccedilatildeo e assim
pude realizar um projeto pessoal definido ao final do Mestrado fazer doutorado jaacute
sendo professora de Universidade Federal Em especial agradeccedilo ao Prof Marcelo
Ribeiro entatildeo coordenador do Colegiado de Psicologia sempre compreensivo agrave
necessidade da nossa dedicaccedilatildeo demonstrando valorizar a iniciativa do Programa
MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf para uma universidade tatildeo nova
Agradeccedilo tambeacutem ao Prof Joseacute Bismark entatildeo Proacute-Reitor de Pesquisa e Poacutes-
graduaccedilatildeo que aleacutem de incentivar nosso percurso natildeo mediu esforccedilos para garantir
apoio ao Programa MinterDinter visando garantir o seu sucesso
Agradeccedilo agrave FACEPE por ter financiado parcialmente o Programa
MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf proporcionando accedilotildees relevantes para o
sucesso deste Programa
Agrave toda minha famiacutelia em especial aos meus pais Deca e Vavaacute e minhas
irmatildes Patriacutecia e Raquel Vocecircs foram fundamentais para que a coleta de dados
ocorresse a contento sem o apoio de vocecircs teria sido bem mais difiacutecil E agradeccedilo
ainda por proporcionarem a mim e toda minha famiacutelia momentos de lazer e
descontraccedilatildeo em periacuteodos cruciais do acontecimento deste trabalho Agradeccedilo a
vocecircs a forma descontraiacuteda dos nossos raros mas longos encontros que me
VII
levaram a cada vez mais valorizar as coisas simples e sadias dos nossos
relacionamentos
Agradeccedilo aos alunos e amigos Tarciacutesio e Janaiacutena A possibilidade de me
afastar da postura de professora orientadora e encontrar em vocecircs a disponibilidade
em contribuir natildeo soacute foi essencial em situaccedilotildees especiacuteficas deste trabalho A
relaccedilatildeo estabelecida com vocecircs me fez confirmar que quem ensina de repente
aprende e se torna melhor
Agradeccedilo a Profordf Alvany pelo estabelecimento de uma nova relaccedilatildeo de
amizade que surgiu por compartilharmos a construccedilatildeo da tese em Relacionamentos
Interpessoais A troca de experiecircncias foi fundamental para o andamento deste
trabalho
Agradeccedilo aos professores do MinterDinter UFESUNIVASF por respeitarem
as especificidades deste programa reconhecendo as inuacutemeras possibilidades de um
trabalho com tais especificidades Agradeccedilo de forma especial agraves Profordf Suemi e
Profordf Mariane pela valiosa contribuiccedilatildeo durante o exame de qualificaccedilatildeo
enriquecendo a metodologia deste estudo
Agradeccedilo aos colegas do Dinter pelas histoacuterias de superaccedilatildeo partilhadas
pelo apoio muacutetuo pelas vibraccedilotildees agrave medida que o projeto de cada um acontecia
Muita coisa boa aconteceu nos nossos percursos Agradeccedilo de forma especial aos
amigos Darlindo e Elzenita que se antecipavam de forma que eu sequer pensasse
em desistir Agradeccedilo a sensibilidade e amizade de vocecircs me incentivando a buscar
forccedilas e apontando caminhos para a superaccedilatildeo nos momentos de maiores
VIII
dificuldades Estendo meus agradecimentos a Silvia Luciana Baacuterbara Liliane Ana
Luacutecia Joatildeo e Susanne
Agradeccedilo aos Prof Alexsandro de Andrade (UFES) e Prof Mauriacutecio Bueno
(UFPE) pela luz lanccedilada sobre os dados possibilitando que eu enxergasse o que as
respostas dos alunos diziam sobre seus relacionamentos na escola
Agradeccedilo agrave amiga e comadre Cristina e toda sua famiacutelia por sempre me
provocar a buscar formas de contribuir para que a escola promova relacionamentos
interpessoais mais saudaacuteveis e sem bullying Agradeccedilo por me fazerem entender em
detalhes as diversas questotildees que envolvem o cenaacuterio de bullying Agrave amiga Sueli
que aleacutem do incentivo e torcida pelo sucesso deste trabalho interferiu de forma a
garantir o recebimento das bolsas da FACEPE me proporcionando tranquumlilidade
para avanccedilar na finalizaccedilatildeo da tese E a Zeacutelia pelo intenso entusiasmo a cada etapa
alcanccedilada
Agradeccedilo aos amigos Geneacutesio e Dayse pelas carinhosas acolhidas no
Espiacuterito Santo Este trabalho proporcionou um maravilhoso reencontro garantindo a
continuidade de relaccedilotildees de amizades tatildeo longas nas nossas famiacutelias
Agradeccedilo agraves crianccedilas que protagonizaram momentos especiais ao longo da
elaboraccedilatildeo desta tese Seria impossiacutevel a dedicaccedilatildeo a este trabalho sem contar
com vocecircs por perto podendo acompanhar o nascer de relaccedilotildees saudaacuteveis
espontacircneas e alegres que a pureza da infacircncia proporciona Algumas crianccedilas
cresciam agrave medida que a tese acontecia meus filhos Henrique e Mariacutelia meus
sobrinhos Diogo e Thiago e os amados Caio Rodolphinho e Caacutessio Outras foram
chegando muitas vezes sem avisar junto com cada etapa deste trabalho minha
IX
caccedilula Patriacutecia Viniacutecius e Mirella Olga e Ravena E outros deixaram a infacircncia para
traacutes neste periacuteodo meus sobrinhos Mocircnica Arthur e Gabi Estendo os meus
agradecimentos aos vossos pais a quem chamo a todos de amigos
Agradeccedilo a Caacutessia pelo carinho e dedicaccedilatildeo no cuidado com meus filhos A
intensidade de ausecircncias para a realizaccedilatildeo deste trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave sua
presenccedila me passando confianccedila de que eles estavam bem
Agradeccedilo a todas as pessoas que me possibilitaram nos mais variados
espaccedilos discutir sobre o tema dos relacionamentos interpessoais na escola e mais
especificamente sobre Bullying Para evitar injusticcedilas prefiro citar os espaccedilos onde
participei de debates palestras etc mas reconheccedilo que em todos eles pessoas
queridas se esforccedilaram para que o convite chegasse a mim Agradeccedilo a
oportunidade de participar destes momentos na Radio Jornal Petrolina na TV
Grande Rio na Raacutedio Ponte FM no Diaacuterio de Pernambuco no Foacuterum de Direito
Humanos no Proacute-Jovem de JuazeiroBA no Projeto Escola Legal na Escola Saber
Em cada um destes momentos mais eu entendia a relevacircncia deste trabalho
Por fim agradeccedilo ao meu marido Leonardo Impossiacutevel chegar ateacute aqui sem
ter vocecirc ao meu lado Agradeccedilo a compreensatildeo pelas ausecircncias o apoio e acima
de tudo o entusiasmo pelo trabalho desenvolvido
Agradeccedilo acima de tudo a Deus pela vida pelas oportunidades pelas
pessoas que tenho ao meu lado e principalmente por me dar forccedilas para conseguir
dar conta
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas
de agressatildeo no relacionamento entre os pares139
Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa
de Cronbach do relacionamento entre pares141
Tabela 3 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom
Relacionamento145
Tabela 4 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom
Relacionamento146
Tabela 5 ndash Estrutura Fatorial referente ao Professor com
Bom relacionamento149
Tabela 6 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com
Relacionamento Difiacutecil151
Tabela 7 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com
Relacionamento Difiacutecil153
Tabela 8 ndash Estrutura Fatorial referente ao professor com
Relacionamento Difiacutecil155
Tabela 9 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do
relacionamento entre os pares e com o professor com Bom
Relacionamento158
Tabela 10 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do
relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento
Difiacutecil160
XI
LISTA DE FIGURAS
Figura 1ndash Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de
complexidade social (Hinde 1997)24
Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying143
Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor
com Bom Relacionamento148
Figura 4 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor
com Relacionamento Difiacutecil154
XII
LISTA DE ANEXOS
Anexo 01 ndash Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Anexo 02 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Pais e Responsaacuteveis Anexo 03 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Participantes Anexo 04 ndash Questionaacuterio Anexo 05 ndash Tabela Envolvimento em agressatildeo nas diferentes
formas de agressatildeo no relacionamento entre os pares Anexo 06 ndash Tabelas comparativas dos Aspectos Positivos e dos Aspectos
Negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento e ao Professor com Relacionamento Difiacutecil
XIII
O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental
RESUMO
O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees identificadas
por violecircncia A escola como espaccedilo de indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de
conflitos diversos Um fenocircmeno de intensa violecircncia vem preocupando
educadores de forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a atitudes
agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou mais alunos contra
outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos intimidaccedilotildees apelidos
gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo aleacutem de danos fiacutesicos
psiacutequicos morais e materiais O objetivo geral da presente pesquisa eacute investigar o
papel do relacionamento professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de conflitos
envolvendo alunos na perspectiva dos estudantes Participaram deste estudo 124
alunos do 7ordm ano do Ensino Fundamental de trecircs escolas da rede particular de
Recife (PE) Os estudantes escreveram uma redaccedilatildeo sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo e
em seguida preenchiam questionaacuterio sobre relacionamento com colegas e com dois
professores ndash Bom Relacionamento e Relacionamento Difiacutecil A anaacutelise temaacutetica das
redaccedilotildees aponta que a maioria dos alunos se referiu diretamente a praacutetica de
bullying ao dissertar sobre violecircncia escolar Tal praacutetica tambeacutem foi abordada de
forma indireta sem fazer referecircncia expliacutecita ao termo bullying Alguns alunos se
declararam alvosviacutetimas de bullying e outros afirmaram ter presenciado tal praacutetica
A anaacutelise dos questionaacuterios evidenciou as formas de envolvimento em bullying e
aspectos do relacionamento professor-aluno A anaacutelise estatiacutestica correlacional
apontou ligaccedilatildeo entre alunos autoresagressores e aspectos negativos do
relacionamento com professores Os resultados possibilitam para maior
compreensatildeo da influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar
Palavras-chave relacionamento interpessoal bullying violecircncia escolar
XIV
The Teacher-Student Relationship and Bullying in Elementary Education
ABSTRACT
The social context is marked by countless situations identified by violence The school as a place for developing individuals is a setting for conflicts A phenomenon of intense violence is worrying educators in general - bullying - term used to refer to aggressive attitudes intentional repetitive adopted by one or more students against another(s) causing pain distress and suffering Insults intimidation nicknames teasing accusations often leading to exclusion and physical psychological moral and material The overall goal of this research is to investigate the role of the teacher-student relationship in the occurrence of conflict situations involving students from the students perspective The study included 124 students in 7th grade from three elementary schools in Recife (PE) Students were asked to write an essay about School Violence and then completed a questionnaire about the relationship with colleagues and two teachers - with Good Relationships and with Difficult Relationship A thematic analysis of newsrooms shows that the majority of students referred directly to bullying to speak about school violence This practice was also addressed indirectly without making explicit reference to the term bullying Some students expressed their targets victims of bullying and others claimed to have witnessed such a practice Analysis of the questionnaires showed the forms of involvement in bullying and aspects of the teacher-student relationship Statistical analysis showed correlational link between student authors aggressors and negative aspects of the relationship with teachers The results allow for greater understanding of the influence of interpersonal relationships in the school context
Keywords interpersonal relationships bullying school violence
XV
Sumaacuterio
Introduccedilatildeo17
Capiacutetulo I ndash Relacionamento Interpessoal21
11 ndash Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico21
12 ndash Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra
de Robert Hinde23
13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais28
14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos
Interpessoais29
15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno31
Capiacutetulo II ndash Violecircncia Escolar e Bullying35
21 ndash Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo35
22 ndash Bullying41
221 ndash Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo42
222 ndash ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo
de Bullying46
223 ndash Consequumlecircncias do Bullying51
224 ndash Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de
Bullying52
Capiacutetulo III ndash Bullying e Relacionamento Professor-Aluno56
31 ndash Bullying e dinacircmica escolar56
32 ndash Justificativa e Objetivos60
Capiacutetulo IV ndash Meacutetodo61
41 ndash Participantes61
42 ndash Procedimentos para coleta de dados62
43 ndash Instrumentos de Pesquisa64
431 ndash A Redaccedilatildeo64
432 ndash O Questionaacuterio64
44 ndash Procedimentos para anaacutelise de dados69
45 ndash Aspectos Eacuteticos69
Capiacutetulo V ndash Resultados e Discussotildees71
51 Anaacutelise das Redaccedilotildees71
511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante72
5111 A Violecircncia como parte do cotidiano72
5112 Violecircncia escolar e bullying 78
512 A Dinacircmica da violecircncia82
5121 As Raiacutezes da Violecircncia Escolar82
5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas
na violecircncia escolar87
XVI
5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de
violecircncia escolar medo ameaccedilas
chantagens intoleracircncia preconceito90
5124 As agressotildees verbais98
5125 Violecircncia escolar e brincadeira101
5126 Violecircncia escolar e o professor104
513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar108
5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo108
5132 Consequecircncias111
5133 Violecircncia e relacionamento116
514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar119
5141 O Papel da Escola120
5142 O Papel do Estado126
5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes127
514 Relatos de Violecircncia Escolar131
52 Anaacutelise dos Questionaacuterios137
521 Relacionamento Interpessoal com Pares138
522 Relacionamento Interpessoal com Professores144
5221 Professor com Bom Relacionamento144
5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil150
523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento
em Bullying e o Relacionamento com
os Professores157
5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom
Relacionamento159
5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com
Relacionamento Difiacutecil162
Capiacutetulo VI ndash Consideraccedilotildees Finais167
Referecircncias Bibliograacuteficas173
Anexos
17
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e os seus componentes vivenciaram grandes modificaccedilotildees ao
longo do final do seacuteculo passado sendo bem evidentes no seu cotidiano os
seus efeitos principalmente no que tange agraves praacuteticas pedagoacutegicas fruto de
uma maior compreensatildeo do processo ensino-aprendizagem Acompanhando
as transformaccedilotildees de natureza didaacutetica verificam-se no contexto escolar atual
grandes alteraccedilotildees nas questotildees comportamentais Estas todavia satildeo
responsaacuteveis pela insatisfaccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo agrave indisciplina que
se configuram como a maior queixa destes profissionais apontada muitas
vezes como o pior obstaacuteculo ao seu fazer docente (Aquino 2002 1996)
Tentar compreender o contexto da indisciplina na escola e os fenocircmenos
por ela responsaacuteveis implica analisar um outro fenocircmeno cada vez mais
presente em torno dos membros da escola tanto professores como alunos a
violecircncia
O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees
identificadas por violecircncia As instituiccedilotildees de ensino incluiacutedas neste contexto
tambeacutem apresentam suas faces da violecircncia A escola como espaccedilo de
indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de situaccedilotildees de conflitos diversos
Entretanto existe um fenocircmeno de intensa violecircncia que vem preocupando
educadores de uma forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a um
conjunto de atitudes agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou
mais alunos contra outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos
intimidaccedilotildees apelidos gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo
aleacutem de danos fiacutesicos psiacutequicos morais e materiais (Fante 2005)
18
Eacute importante que as instituiccedilotildees de sauacutede e educaccedilatildeo busquem
conhecer a extensatildeo e o impacto gerado pela praacutetica do bullying entre
estudantes para assim desenvolver medidas para reduzi-las e para preveni-
las E o psicoacutelogo como profissional que transita nestas duas aacutereas - sauacutede e
educaccedilatildeo ndash ao se apropriar deste fenocircmeno pode contribuir no sentido
desenvolver estudos que possibilitem maior compreensatildeo e visibilidade a tal
fenocircmeno impossiacutevel de ser desconsiderado nas nossas escolas
A Psicologia EscolarEducacional eacute uma das aacutereas de conhecimento da
Psicologia assim como um dos campos de atuaccedilatildeo deste profissional
Atualmente eacute importante que o psicoacutelogo atue como mediador nas tensotildees e
conflitos produzidos nas relaccedilotildees entre os atores da escola fortalecendo
pessoas e grupos na promoccedilatildeo de autonomia e na superaccedilatildeo das
adversidades considerando as condiccedilotildees objetivas e subjetivas dos processos
psicossociais Faz-se necessaacuterio diante do contexto educacional atual que o
psicoacutelogo atue junto agrave equipe pedagoacutegica na direccedilatildeo de entender o fenocircmeno
educativo na sua dimensatildeo institucional
O professor natildeo eacute um mero transmissor de conhecimento aspecto
bastante destacado em palestras livros e outros materiais de orientaccedilatildeo sobre
o fazer docente No entanto no cotidiano das escolas verifica-se um falta de
cuidado com outros aspectos do fazer docente principalmente com agravequeles
que se configuram a partir de relaccedilotildees interpessoais (Cunha et al 2004)
Investigar a relaccedilatildeo professor-aluno como forma de ampliar a
compreensatildeo acerca do fenocircmeno bullying implica em destacar para o
professor assim como para os demais profissionais da educaccedilatildeo incluindo o
19
psicoacutelogo sobre a necessidade de maior atenccedilatildeo ao papel das relaccedilotildees
estabelecidas na escola
Investigar o contexto social onde ocorre com maior incidecircncia o bullying
assim como as pessoas que compotildeem o contexto escolar e as relaccedilotildees aiacute
estabelecidas surge como oportuno visando aprofundarmos a compreensatildeo
sobre as diversas questotildees que integram o fenocircmeno bullying Os professores
demonstram sentimento de impotecircncia e anguacutestia diante das situaccedilotildees de
bullying enfrentadas no seu dia-a-dia (Ferreira Rowe e Oliveira 2011)
O presente trabalho se norteou pela tentativa de aproximar estas duas
aacutereas de investigaccedilatildeo as relaccedilotildees interpessoais e o bullying As questotildees
centrais deste estudo foram
a) investigar o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying
b) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor aluno
c) investigar possiacuteveis interseccedilotildees entre o relacionamento professor-
aluno e o envolvimento em situaccedilotildees de bullying
Para tanto apresenta-se nos capiacutetulos iniciais o cenaacuterio da pesquisa
sobre Relacionamento Interpessoal incluindo pesquisas sobre o
relacionamento Professor-aluno o cenaacuterio dos estudos sobre a Violecircncia
Escolar e informaccedilotildees provenientes de pesquisas sobre bullying
Abordar questotildees sobre bullying exige que duas questotildees sejam
esclarecidas a saber
1) O termo bullying carece de um termo referente em portuguecircs que
consiga expressar seu significado Alguns autores destacam esta dificuldade e
na busca de maior aproximaccedilatildeo com os diferentes aspectos que caracterizam
tal fenocircmeno preferem referir-se a bullying por maus tratos (Tamar 2008)
20
provocaccedilatildeovitimizaccedilatildeo (Carvalhosa et al 2001) preconceito (Antunes e Zuin
2008) Neste estudo o termo em inglecircs seraacute mantido pois natildeo tivemos por
objetivo a problematizaccedilatildeo desta questatildeo Apenas no iniacutecio desta pesquisa
durante a elaboraccedilatildeo do projeto eacute que sentimos maiores necessidades de
explicaccedilatildeo sobre qual era o objeto de investigaccedilatildeo pela dificuldade com o
termo utilizado Mas a partir da intensa exposiccedilatildeo do termo na miacutedia o termo
bullying ganhou familiaridade
2) Haacute variaccedilatildeo da nomenclatura referente agraves diferentes formas possiacuteveis
de envolvimento em situaccedilotildees de bullying nos estudos considerados Alguns
pesquisadores rejeitam a referecircncia aos termos viacutetima agressor e testemunha
visando evitar a rotulaccedilatildeo dos estudantes e preferem usar alvo autor e
espectador (Lopes Neto 2005) Neste estudo usaremos indistintamente estes
termos respeitando a maneira utilizada por cada autor ao fazer referecircncia agraves
formas de envolvimento E na anaacutelise dos dados faremos referecircncia
conjuntamente aos dois termos alvoviacutetima autoragressor e
espectadortestemunha
Apoacutes a apresentaccedilatildeo dos aspectos teoacutericos que fundamentam este
trabalho ao longo dos trecircs primeiros capiacutetulos passamos para a exposiccedilatildeo dos
aspectos metodoloacutegicos no quarto capiacutetulo Em seguida os resultados satildeo
apresentados considerando cada um dos instrumentos utilizados Agrave medida
que os dados satildeo apresentados realizamos as discussotildees pertinentes com
base na fundamentaccedilatildeo teoacuterica considerada Por fim encontram-se as
consideraccedilotildees finais quando apreciamos os objetivos propostos elencamos os
limites deste estudo como tambeacutem apresentamos as possibilidades suscitadas
nas aacutereas de estudo abordadas
21
CAPIacuteTULO I
1 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
11 - Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico
Reflexotildees sobre relaccedilotildees interpessoais jaacute estatildeo presentes na obra de
Platatildeo e Aristoacuteteles desde a Greacutecia Antiga A aacuterea de conhecimento cientiacutefico
sobre o relacionamento interpessoal contudo apresenta um maior
desenvolvimento a partir dos anos 50
Sullivan (1953) citado por Hinde (1997) ressaltou a importacircncia do
estudo sobre as relaccedilotildees sociais sob a perspectiva desenvolvimental propondo
que as pessoas tecircm necessidades interpessoais que satildeo atendidas por tipos
especiacuteficos de relacionamento Segundo o autor a personalidade eacute
influenciada modificada e reforccedilada pelos relacionamentos que o indiviacuteduo
manteacutem com outras pessoas que tambeacutem levariam ao desenvolvimento de
habilidades sociais e competecircncias interpessoais
Outro autor de destaque que sofreu a influecircncia da Psicologia da
Gestalt foi Fritz Heider Em seu livro sobre relaccedilotildees interpessoais Heider
(1958) citado por Hinde (1997) pressupotildee que o homem eacute motivado para
descobrir as causas dos eventos e entender seu ambiente incluindo as
relaccedilotildees interpessoais
A pesquisa sobre relacionamento interpessoal apresentou um
desenvolvimento expressivo a partir dos anos 70 resultado da contribuiccedilatildeo de
autores de diferentes disciplinas e orientaccedilotildees teoacutericas Dois autores podem
ser destacados por suas contribuiccedilotildees para a aacuterea Steve Duck e Robert Hinde
Duck teve especial importacircncia na criaccedilatildeo da primeira organizaccedilatildeo cientiacutefica
22
voltada para o estudo dos relacionamentos interpessoais a International
Society for the Study of Personal Relationships (ISSPR) sociedade que tinha
como objetivo estimular e apoiar a pesquisa cientiacutefica sobre relacionamentos
interpessoais e aperfeiccediloar a comunicaccedilatildeo entre pesquisadores do tema
fortalecendo o campo do Relacionamento Interpessoal dentro da comunidade
acadecircmica Aleacutem disso Duck tambeacutem liderou o processo de criaccedilatildeo do
primeiro perioacutedico da aacuterea no iniacutecio da deacutecada de 1980 o Journal of Social and
Personal Relationships tornando-se seu primeiro editor
Em 1987 durante Conferecircncia Internacional sobre Relacionamento
Interpessoal foi criada a International Network on Personal Relationships
(INPR) com o objetivo de promover a colaboraccedilatildeo interdisciplinar no estudo
dos processos de relacionamento Em 2002 a fusatildeo dessas duas sociedades
deu origem agrave International Association for Relationships Research ndash IARR
(Associaccedilatildeo Internacional para Pesquisa sobre Relacionamento) organizaccedilatildeo
que se propotildee a continuar o trabalho anteriormente desenvolvido pela ISSPR e
INPR A sociedade reuacutene atualmente cerca de 700 profissionais de 20 paiacuteses
(Garcia 2005a)
No Brasil o primeiro encontro especiacutefico sobre relacionamento
interpessoal foi um mini-congresso da IARR sobre o tema realizado em Vitoacuteria
em 2005 Como decorrecircncia do mini-congresso apoacutes alguns anos foi
organizada a Associaccedilatildeo Brasileira de Pesquisa do Relacionamento
Interpessoal (ABPRI) que realizou seu primeiro congresso nacional em 2009
nas dependecircncias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo com a presenccedila
do professor Steve Duck e da professora Jacki Fitzpatrick presidente da IARR
23
12 - Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra de
Robert Hinde
A importacircncia de Robert Hinde para o estudo do relacionamento
interpessoal estaacute em seus esforccedilos para a organizaccedilatildeo de uma Ciecircncia do
Relacionamento Interpessoal partindo de alguns princiacutepios da Etologia
Claacutessica conforme indicado a seguir
Os trecircs livros em que Hinde desenvolve suas propostas refletem trecircs
deacutecadas de reflexatildeo sobre o tema Em sua principal obra sobre o tema Hinde
(1997) procura sistematizar cerca de 1600 estudos na aacuterea principalmente
entre os anos de 1970 e 1990
Aleacutem disso Hinde propotildee uma orientaccedilatildeo teoacuterica baseada na Etologia
Claacutessica As propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de uma ciecircncia do
relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais representa uma
aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para esta nova aacuterea
de investigaccedilatildeo em pleno desenvolvimento (Garcia 2005)
De acordo com Hinde (1997) o desenvolvimento social do ser humano
envolve um sistema de relaccedilotildees com diferentes niacuteveis de complexidade que
afetam e satildeo afetados uns pelos outros (de processos fisioloacutegicos passando
por interaccedilotildees relacionamentos grupos e sociedade) e ainda a estrutura
sociocultural e ambiente fiacutesico Hinde sugere quatro estaacutegios para o estudo dos
relacionamentos a) descriccedilatildeo dos fenocircmenos b) a discussatildeo de processos
subjacentes c) o reconhecimento das limitaccedilotildees e d) re-siacutentese Uma vez que
relacionamentos satildeo processos haacute consideraacutevel sobreposiccedilatildeo entre esses
estaacutegios Ainda fazem parte do esquema explicativo de Hinde as estruturas
socioculturais e o ambiente fiacutesico (Figura 1)
24
Figura 1 Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de complexidade social
(Hinde 1997)
Para Hinde (1997) a descriccedilatildeo de um relacionamento requer dados
sobre o que os participantes fazem pensam e sentem Sugere ainda que a
descriccedilatildeo atinja os diversos niacuteveis de complexidade desde as interaccedilotildees os
relacionamentos e grupos
Um dos pontos cruciais na obra de Hinde eacute a diferenciaccedilatildeo entre o
relacionamento e a interaccedilatildeo Para Hinde (1997) podemos falar de um
relacionamento se os indiviacuteduos tecircm uma histoacuteria comum de interaccedilotildees
passadas e o curso da interaccedilatildeo atual seraacute influenciado por elas
Relacionamentos satildeo definidos a partir de uma seacuterie de interaccedilotildees no tempo
entre indiviacuteduos que se conhecem Os mesmos fatores intervenientes nas
interaccedilotildees tambeacutem estatildeo presentes nas relaccedilotildees assim atitudes expectativas
intenccedilotildees e emoccedilotildees dos participantes satildeo de fundamental importacircncia O
agrupamento de relacionamentos compotildee uma rede formando o grupo social
Estrutura
Sociocultural Ambiente
Fiacutesico
Sociedade
Grupo
Relacionamento
Interaccedilatildeo
Comportamento
do Indiviacuteduo
Processos
Psicoloacutegicos
25
Hinde salienta que essas redes de relacionamentos mdash a famiacutelia os amigos da
escola entre outros podem sobrepor-se ou manter-se completamente
separadas comportando-se como grupos distintos uns em face dos outros
Assim como nas interaccedilotildees e relacionamentos cada grupo tanto influencia o
ambiente fiacutesico e bioloacutegico em que estaacute inserido como eacute influenciado por eles
O autor reconhece a existecircncia de niacuteveis distintos de complexidade no
comportamento social Cada um deles (interaccedilotildees relacionamentos grupos
sociais) possui propriedades proacuteprias Por exemplo algumas propriedades dos
relacionamentos tais como compromisso e intimidade dificilmente se aplicam
a interaccedilotildees isoladas (Hinde 1997)
Para organizar a aacuterea de pesquisa sobre relacionamento interpessoal
Hinde parte do conteuacutedo dos relacionamentos passando para a diversidade e
a qualidade das interaccedilotildees Em seguida discute algumas categorias presentes
nos relacionamentos semelhanccedilas e diferenccedilas reciprocidade e
complementaridade a intimidade o conflito o poder a auto-revelaccedilatildeo e a
privacidade a satisfaccedilatildeo a percepccedilatildeo interpessoal e o compromisso Estas
categorias ajudariam a organizar dados descritivos sobre relacionamentos
Robert Hinde contribuiu para a organizaccedilatildeo de uma ldquociecircncia do
relacionamento interpessoalrdquo Apesar de ter investigado e escrito sobre
diferentes temas de pesquisa seus principais textos sobre relacionamentos
foram publicados como livros (Hinde 1979 1987 e 1997) As publicaccedilotildees de
Hinde sobre o tema apresentam dois pontos principais Primeiramente procura
sistematizar a produccedilatildeo na aacuterea organizando aproximadamente 1600 textos
sobre o tema das deacutecadas de 1970 1980 e 1990 Em segundo lugar Hinde
procura organizar a aacuterea de acordo com orientaccedilatildeo teoacuterica influenciada pela
26
Etologia Claacutessica Esta representa um importante movimento de investigaccedilatildeo
do comportamento animal e humano tendo como autores centrais Konrad
Lorenz Niko Tinbergen e Karl von Frisch que receberam o Precircmio Nobel de
Fisiologia ou Medicina em 1973
Segundo Garcia (2005) as propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de
uma ciecircncia do relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais
representa uma aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para
esta nova aacuterea de investigaccedilatildeo
A contribuiccedilatildeo da Etologia Claacutessica para os estudos sobre
relacionamento interpessoal especificamente Konrad Lorenz John Bowlby e
Robert Hinde foi discutida por Garcia (2005)
As contribuiccedilotildees de Hinde para o estudo do relacionamento interpessoal
ainda foram analisadas por Garcia e Ventorini (2006) de modo particular para
os estudos em Psicologia Organizacional Segundo Garcia e Ventorini (2006)
os princiacutepios para uma ldquociecircncia dos relacionamentosrdquo proposta por Hinde
recebem a influecircncia da Etologia Claacutessica e da teoria de sistemas Da Etologia
Claacutessica herdou a ecircnfase na descriccedilatildeo (base descritiva) como a primeira etapa
para a compreensatildeo da dinacircmica dos relacionamentos A descriccedilatildeo dos
relacionamentos em diferentes niacuteveis eacute considerada a base para o avanccedilo
teoacuterico e a generalizaccedilatildeo dos dados Os autores ainda mencionam como
atitudes orientadoras da Etologia no estudo dos relacionamentos interpessoais
a ecircnfase na descriccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos dados coletados a anaacutelise e siacutentese
dos resultados da anaacutelise o mover-se entre niacuteveis de complexidade e a ecircnfase
na questatildeo da funccedilatildeo evoluccedilatildeo desenvolvimento e causaccedilatildeo
27
Segundo Garcia e Ventorini (2006) para organizar a aacuterea de pesquisa
sobre relacionamento interpessoal Hinde parte do conteuacutedo das interaccedilotildees
passando para a sua diversidade e qualidade Segue discutindo a
reciprocidade e complementaridade intimidade percepccedilatildeo interpessoal e
compromisso categorias que contribuiriam para organizar os dados descritivos
sobre relacionamentos
A descriccedilatildeo dos relacionamentos envolve a descriccedilatildeo das interaccedilotildees de
seu conteuacutedo e qualidade a descriccedilatildeo das propriedades advindas da
frequumlecircncia relativa e padronizaccedilatildeo da interaccedilatildeo dentro do relacionamento e a
descriccedilatildeo de propriedades mais ou menos comuns a todas as interaccedilotildees
dentro do relacionamento A comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal satildeo
considerados elementos importantes para a compreensatildeo do relacionamento
interpessoal
No niacutevel comportamental um relacionamento envolve uma seacuterie de
interaccedilotildees entre indiviacuteduos A descriccedilatildeo de uma interaccedilatildeo deve contemplar o
conteuacutedo do comportamento apresentado (o que fazem juntos) a qualidade do
comportamento (de que forma eacute feito) e a padronizaccedilatildeo (frequumlecircncia absoluta e
relativa) das interaccedilotildees que o compotildeem Algumas das mais importantes
caracteriacutesticas dos relacionamentos dependem de fatores afetivos e cognitivos
que tambeacutem devem ser considerados na descriccedilatildeo (Hinde 1997)
De acordo com Hinde Finkenauer e Auhagen (2001) o pleno
entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque tambeacutem no niacutevel individual pois
o curso de um relacionamento tambeacutem depende das caracteriacutesticas
psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos envolvem
caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas posicionamento
28
quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-conceito auto-
estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre outras
13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais
Uma tendecircncia maniqueiacutesta prevalece em estudos dos relacionamentos
interpessoais considerando os relacionamentos como constituiacutedo por dois
lados um positivo e outro negativo Embora o lado positivo da amizade seja
enfatizado as amizades tambeacutem revelam seu lado negativo conflito e
agressividade integram as relaccedilotildees de amizade (Garcia 2005b)
O comportamento agressivo aparece como uma das dimensotildees
investigadas nos estudos das relaccedilotildees interpessoais principalmente nos
estudos sobre estas relaccedilotildees na infacircncia (Garcia 2005c) A agressividade de
modo geral eacute percebida pelas crianccedilas como um fator de distanciamento
dificultando o estabelecimento de amizades
Em levantamento da literatura em torno das relaccedilotildees de amizade na
infacircncia Garcia (2005c) apresenta diversos estudos que consideram a
agressividade nas relaccedilotildees de amizades na infacircncia para Phillipsen Deptula e
Cohen (1999) quanto mais agressiva a crianccedila menor sua aceitaccedilatildeo social
pelos colegas em termos de amizade para Dunn e Hughes (2001) a
manifestaccedilatildeo de fantasia violenta tambeacutem estava relacionada a
comportamento anti-social frequumlente mostras de raiva conflito e recusa a
ajudar um amigo Brendgen Vitaro Turgeon e Poulin (2002) mostram que
enquanto a agressividade agrave primeira vista cria barreiras para as relaccedilotildees de
amizade haacute formas de lidar com o comportamento agressivo dentro das
29
relaccedilotildees de amizade para Ray Cohen Secrist e Duncan (1997) haacute
correlaccedilotildees positivas de comportamentos agressivos entre crianccedilas populares
(e de popularidade meacutedia) e seus amigos muacutetuos indicado que crianccedilas
agressivas podem se atrair mutuamente Estudo desenvolvido por Kupersmidt
DeRosier e Patterson (1995) citado por Garcia (2005b) tambeacutem revela que
crianccedilas similares em comportamento de agressatildeo e isolamento social
apresentam maior probabilidade de se tornarem amigas do que crianccedilas que
natildeo o sejam
O estudo da violecircncia e da agressatildeo nas relaccedilotildees interpessoais se
insere no grupo de estudos que abordam as dificuldades prejuiacutezos e ameaccedilas
ao relacionamento com danos para os participantes ou para o relacionamento
em si Segundo Garcia (2005b) entre os pontos de similaridade que servem de
base para uma amizade o comportamento agressivo costuma ser um dos mais
importantes
14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos Interpessoais
Garcia (2005a) analisou as publicaccedilotildees e os temas abordados nas
pesquisas sobre relacionamento interpessoal especialmente os artigos
presentes nas principais publicaccedilotildees internacionais especializadas
constatando que estatildeo voltados para os relacionamentos romacircnticos
familiares sexuais relacionamentos profissionais em diversos niacuteveis e a
amizade em geral
Trecircs aspectos segundo o autor se destacam como representativos do
conteuacutedo dos estudos de relacionamento interpessoal os participantes as
dimensotildees do relacionamento e o contexto Com relaccedilatildeo aos participantes as
principais propriedades estudadas satildeo a idade gecircnero etnia e certos aspectos
30
psicoloacutegicos As dimensotildees do relacionamento mais investigadas nos estudos
publicados nos principais perioacutedicos satildeo a comunicaccedilatildeo o apego o
compromisso o perdatildeo a similaridade a percepccedilatildeo interpessoal o apoio
social e emocional e o lado negativo do relacionamento ndash agressatildeo violecircncia e
ameaccedilas ao relacionamento O terceiro elemento marcante nos estudos de
relacionamento eacute o contexto representado por fatores ambientais geograacuteficos
ecoloacutegicos sociais culturais econocircmicos tecnoloacutegicos entre outros (Garcia
2005a)
A famiacutelia exerce diferentes influecircncias sobre as relaccedilotildees de amizade na
infacircncia Os pais afetam as amizades dos filhos por meio da estruturaccedilatildeo de
sua vida diaacuteria por meio de suas proacuteprias amizades atraveacutes de seus conflitos
da qualidade da relaccedilatildeo entre pais e filhos (Garcia 2005b)
Considerar o contexto nos estudos do relacionamento interpessoal
implica em estar atento aos diversos aspectos do ambiente onde se datildeo os
relacionamentos Como sugere Chang (2003) verifica-se grande variaccedilatildeo de
resultados na literatura sobre efeitos de comportamento agressivo e
comportamento retraiacutedo para os relacionamentos e para ele tal disparidade
deve-se ao fato de natildeo se ter considerado o contexto social destes
comportamentos nos diferentes estudos As variaccedilotildees portanto devem refletir
diferenccedilas contextuais Garcia (2005b) tambeacutem se refere a resultados distintos
em estudos que abordam agressividade e amizade na infacircncia
A escola eacute um dos principais locais em que as crianccedilas tem
oportunidade de se relacionar com seus pares sendo espaccedilo propiacutecio para a
origem e estabelecimento das relaccedilotildees de amizade Estudos que investigam o
contexto de relaccedilotildees de amizade na infacircncia apontam os dois contextos
31
intimamente ligados agrave amizade o familiar e o escolar Amizades facilitam a
adaptaccedilatildeo da crianccedila ao ambiente escolar e a aceitaccedilatildeo pelos colegas de
classe o que depende diretamente de sua qualidade estando a presenccedila de
conflito na amizade associada a mau ajustamento enquanto apoio percebido
tem sido associado a melhores atitudes em relaccedilatildeo agrave escola Crianccedilas com
amigos mostram um maior grau de ajuste agrave escola no iniacutecio e no fim do ano
escolar (Tomada (2002) citado por Garcia 2005b) e a qualidade positiva das
amizades no ambiente escolar tambeacutem gera atitudes mais positivas em relaccedilatildeo
agrave escola) As amizades na escola contribuem para um melhor ajustamento da
crianccedila aleacutem de trazer benefiacutecios para o rendimento escolar
Estudos que abordam as relaccedilotildees de amizade apresentam destaque ao
contexto do relacionamento dessa forma o ambiente escolar e assim o
relacionamento entre estudantes se apresentam como elementos das
investigaccedilotildees A sala de aula aparece como contexto considerado em alguns
estudos sobre relaccedilotildees de amizade na infacircncia (Ray Cohen amp Secrist 1995
citado por Garcia 2005b)
15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno
Inicialmente eacute preciso reconhecer com base nos criteacuterios de Hinde em
que medida podemos falar de relacionamento entre o professor e aluno Eacute
possiacutevel considerar um relacionamento visto que professores e alunos
estabelecem ao longo do ano letivo contiacutenuas interaccedilotildees com frequumlecircncia
regular e intensa que tais interaccedilotildees podem proporcionar uma histoacuteria comum
entre professor e aluno e ainda influenciar a interaccedilatildeo atual e que o
desenvolvimento da aula implica em compromisso e intimidade para que
32
ocorra aprendizagem efetiva Eacute importante conhecer as especificidades assim
como a relevacircncia do relacionamento professor-aluno
Muitos estudos investigam o relacionamento entre pares na sala de aula
tendo como participantes estudantes de uma mesma turma entretanto pecam
por desconsiderar a figura do professor como relevante e que exerce diversas
influecircncias no contexto da sala de aula (Chang 2003) Na anaacutelise realizada por
Garcia (2005a) percebe-se ausecircncia de estudos sobre relacionamento
professor-aluno Ao discorrer sobre as relaccedilotildees de amizade na infacircncia Garcia
(2005b) refere-se a estudo que aponta a opiniatildeo dos professores como fator
importante na escolha dos amigos no ambiente escolar principalmente para as
meninas
O ajustamento agrave escola indica a forma como crianccedilas e adolescentes se
adaptam ao ambiente escolar e suas atividades Geralmente um bom
ajustamento escolar estaacute associado a um bom desempenho escolar Entre
outros fatores observados o relacionamento professor-aluno afeta o
ajustamento escolar (Juvonen amp Wentzel 1996)
Murray e Greenberg (2000) observaram que alunos do quinto e sexto
ano com relaccedilotildees pobres com seus professores tambeacutem apresentavam
ajustamento social e emocional mais baixo conforme avaliaccedilatildeo dos
professores e dos proacuteprios alunos em comparaccedilatildeo com os alunos que
mantinham relaccedilotildees positivas com os professores
Diversas dimensotildees integram a relaccedilatildeo professor-aluno
Comportamentos como ajudar auxiliar apoiar aconselhar e incentivar
caracterizam os professores que manifestam atitudes solidaacuterias e demonstram
interesse nas relaccedilotildees interpessoais com seus alunos (Ang 2005) O
33
relacionamento professor-aluno construtivo e apoiador continua sendo
importante e prediz resultados acadecircmicos e desempenho comportamental
positivos para alunos do ensino fundamental ao Ensino Meacutedio (Davis 2003)
O conflito a criacutetica e comentaacuterios negativos ou desfavoraacuteveis
prejudicam o ajustamento e a atividade do estudante em sala de aula (Wentzel
2002 Birch amp Ladd 1996) Estudantes descrevem como professores
atenciosos aqueles que fazem comentaacuterios construtivos ao inveacutes de apenas
criticarem assim como os que demonstram um estilo de comunicaccedilatildeo mais
livre ao inveacutes daqueles que gritam e interrompem a todo o momento (Wentzel
1997 2003)
Lisboa (2002) em estudo desenvolvido em Porto Alegre com crianccedilas
de niacutevel socioeconocircmico baixo de escolas puacuteblicas municipais aponta dados
sobre caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-aluno As crianccedilas relataram os
principais problemas com seus professores destacando as agressotildees verbais
dos professores sem uma causa identificada Frente ao conflito com
professores esses alunos agiam de forma passiva sem fazer nada As
crianccedilas se viam incapazes de agir percebendo os professores como pouco
flexiacuteveis ou autoritaacuterios temendo castigos ou puniccedilotildees
Em outra pesquisa realizada no sul do paiacutes com alunos de sexto ao
nono ano de duas escolas da rede puacuteblica de Santa Catarina o relacionamento
entre alunos e professores foi considerado ruim ou natildeo tatildeo bom por 53 dos
participantes destacando-se como motivo a falta de diaacutelogo resultado de mau
humor impaciecircncia repeticcedilatildeo nas aulas diferenccedilas de tratamento entre os
alunos e distanciamento Foram bem avaliados os professores capazes de
conversar e manter um bom relacionamento com os alunos (Laterman 2000)
34
Um relacionamento professor-aluno positivo afeta as afinidades entre
aluno e professor favorecendo o gosto pela mateacuteria e o interesse em aprender
estimulando a participaccedilatildeo dos alunos e o interesse pelo conteuacutedo (Cunha et
al 2004)
A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um componente central para o sucesso do
processo ensino-aprendizagem mas em geral os aspectos eacuteticos desta
relaccedilatildeo natildeo satildeo considerados Grande parte da literatura recente sobre as
relaccedilotildees professor-aluno tem se concentrado no papel do cuidar Uma eacutetica do
cuidado privilegia ligaccedilotildees emocionais entre professor e aluno e enfatiza a
importacircncia da natureza reciacuteproca das relaccedilotildees entre professores e alunos
(Aultman et al 2009)
Diante da relevacircncia do relacionamento professor-aluno um dado
chama atenccedilatildeo em estudo realizado no Brasil por Abramovay (2005)
Enquanto cerca de 45 dos alunos afirmam que a relaccedilatildeo entre eles e os
professores varia entre boaoacutetima um nuacutemero consideraacutevel de alunos o
equivalente a mais de 196 mil estudantes (12) afirmam que o relacionamento
com os professores eacute peacutessimo ou ruim
A indisciplina pode colaborar para a deterioraccedilatildeo das relaccedilotildees entre os
atores escolares como tambeacutem pode constituir-se em um conflito positivo que
adverte para a importacircncia de rever rumos e rotas escolares atentando aos
pedidos de atenccedilatildeo e de criacutetica impliacutecita agrave escola que fazem os alunos
Assumir uma postura positiva depende da sensibilidade dos professores de
suas respostas e da abertura da escola para ouvir e aprender os tipos de
comunicaccedilatildeo e sinais que emitem os alunos (Abramovay 2005)
35
CAPIacuteTULO II
2 VIOLEcircNCIA ESCOLAR E BULLYING
21 - Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo
Erroneamente pensamos a escola unicamente como espaccedilo de
crescimento de produccedilatildeo e de circulaccedilatildeo de bons haacutebitos e atitudes dignas de
serem imitadas em prol da boa educaccedilatildeo No meio educacional eacute comum se
considerar a violecircncia como um fenocircmeno com raiz essencialmente exoacutegena
em relaccedilatildeo agrave praacutetica institucional escolar e com isto
ldquoa escola e seus atores constitutivos principalmente o professor parecem tornar-se refeacutens de sobredeterminaccedilotildees que em muito lhes ultrapassam restando-lhes apenas um misto de resignaccedilatildeo desconforto e inevitavelmente desincumbecircncia perante os efeitos de violecircncia no cotidiano praacutetico posto que a gecircnese do fenocircmeno e por extensatildeo seu manejo teoacuterico-metodoloacutegico residiriam fora ou para aleacutem dos muros escolares (Aquino 1998)
Eacute importante compreender as instituiccedilotildees e entre elas as escolas como
relaccedilotildees ou praacuteticas sociais especiacuteficas que tendem a se repetir e que
enquanto se repetem legitimam-se (Guirado 1997 apud Aquino 1998) As
relaccedilotildees escolares natildeo implicam um espelhamento imediato daquelas extra-
escolares Eacute preciso pensar os atores da escola situados num complexo de
lugares e relaccedilotildees pontuais sempre institucionalizadas Para tanto surge a
possibilidade de um olhar especificamente institucional sobre as praacuteticas
escolares entendendo que as escolas tambeacutem produzem sua proacutepria violecircncia
e sua proacutepria indisciplina como propotildee Aquino (1998)
36
A percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aumento das violecircncias nas escolas em
frequumlecircncia e gravidade em parte eacute fruto de algo intensamente midiatizado e
em parte por ser submetido agrave lei do silecircncio nas salas de aula escolas e redes
escolares Para Levisky (1997) uma violecircncia digna do homem primitivo estaacute
solta por toda a parte nas relaccedilotildees familiares nas escolas nas ruas nos
meios de comunicaccedilatildeo nas filas nas relaccedilotildees institucionais no lazer
ldquoA escola multifacetada vem presenciando situaccedilotildees de violecircncia que estatildeo tomando proporccedilotildees assustadoras em nossa sociedade As situaccedilotildees de violecircncia anteriormente esporaacutedicas se tornaram uma constante em nossos diasrdquo (Francisco amp Liboacuterio 2009)
Para Abramovay (2005) nem sempre as relaccedilotildees sociais na escola satildeo
amistosas e harmocircnicas a convivecircncia na escola pode ser marcada por
agressividade e violecircncia muitas vezes banalizadas e naturalizadas
comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem
A violecircncia nas escolas eacute um problema social grave e complexo e
provavelmente o tipo mais frequumlente e visiacutevel da violecircncia juvenil Muitos
estudos que tratam da temaacutetica da violecircncia na escola procuram analisaacute-la a
partir de questotildees mais relacionadas agrave violecircncia simboacutelica agrave seguranccedila da
escola e principalmente agrave depredaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo do patrimocircnio escolar
(Silva 1997 Sposito 2001)
Eacute apenas ao final dos anos 90 e iniacutecio dos anos 2000 que o estudo da
violecircncia escolar se debruccedila sobre as relaccedilotildees interpessoais agressivas
envolvendo estudantes professores e demais funcionaacuterios Vale destacar
ainda que a aacuterea das Ciecircncias Sociais mesmo tendo incorporado o tema da
violecircncia e seus desdobramentos nas suas pesquisas nenhum estudo desta
aacuterea na anaacutelise realizada por Spoacutesito (2001) investigou a questatildeo da
37
violecircncia escolar A aacuterea da Educaccedilatildeo abordou esta temaacutetica muito
tardiamente e o interesse acadecircmico pela questatildeo ainda eacute bastante incipiente
O debate em torno da violecircncia escolar implica considerarmos a
violecircncia enquanto um fenocircmeno macrossocial cujas raiacutezes se encontram no
sistema portanto fora da escola sem fugir da abordagem da violecircncia
enquanto um fenocircmeno microssocial ligado agraves interaccedilotildees situaccedilotildees e praacuteticas
na proacutepria escola Eacute preciso pensar a escola como autora viacutetima e palco de
violecircncia Eacute autora com praacuteticas que produzem e reproduzem a exclusatildeo
social eacute viacutetima quando seus gestores e docentes satildeo hostilizados em parte
como reflexo da violecircncia que ela produz e quando situaccedilotildees de vandalismo
se impotildeem neste cenaacuterio salientando tensatildeo constante por fim eacute palco de
violecircncia quando no seu ambiente se desenrolam conflitos entre os seus
membros e quando se torna tambeacutem lugar de aprendizagem de violecircncias
(Galvatildeo Gomes Capanema Caliman amp Cacircmara 2010)
Violecircncia escolar refere-se a todos os comportamentos agressivos e
anti-sociais incluindo os conflitos interpessoais danos ao patrimocircnio atos
criminosos etc Infelizmente estatildeo cada vez mais presentes na escola
demonstrando que o modelo do mundo exterior eacute reproduzido nas escolas
fazendo com que deixem de ser ambientes seguros modulados pela disciplina
amizade e cooperaccedilatildeo e se transformem em espaccedilos onde haacute violecircncia
sofrimento e medo (Lopes Neto 2005)
Atualmente nas escolas nem sempre as relaccedilotildees sociais satildeo amistosas
e harmocircnicas os alunos e professores natildeo se unem em torno de objetivos
comuns Ao contraacuterio a convivecircncia na escola pode ser marcada por
38
agressividade e violecircncias muitas vezes naturalizadas e banalizadas
comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem (Abromavay 2005)
Charlot (2002) citado por Abromavay (2005) propotildee um sistema de
classificaccedilatildeo dos episoacutedios de violecircncia na escola em que identificam trecircs tipos
de manifestaccedilatildeo a violecircncia na escola a violecircncia contra a escola e a violecircncia
da escola A violecircncia na escola eacute aquela que se produz dentro do espaccedilo
escolar sem estar ligada agraves atividades da instituiccedilatildeo escolar a escola eacute
apenas o lugar de uma violecircncia que poderia ter acontecido em outro lugar A
violecircncia contra a escola estaacute relacionada com a natureza e as atividades da
instituiccedilatildeo escolar e toma a forma de agressotildees ao patrimocircnio e agraves autoridades
da escola (professores diretores e demais funcionaacuterios) e eacute decorrente de
ressentimentos de certos jovens e de certas famiacutelias contra a escola e seu
funcionamento A violecircncia contra a escola estaacute relacionada no entendimento
de Charlot agrave violecircncia da escola a violecircncia institucional simboacutelica a qual se
manifesta por meio do modo como a escola se organiza funciona e trata os
alunos (Abromavay 2005)
Neste cenaacuterio novos olhos para as bases de legitimaccedilatildeo da autoridade
vecircm abalar os fundamentos da violecircncia historicamente praticada pela escola
contra os seus alunos (Aquino 1998) De acordo com Tognetta (2010) muitas
das puniccedilotildees utilizadas pelas escolas como forma de garantir obediecircncia agrave
autoridade satildeo tambeacutem tatildeo violentas quanto agraves formas de violecircncia que
assistimos em nossas escolas
Para Galvatildeo et al (2010) os estudantes praticam violecircncias simboacutelicas
como o uso agressivo da linguagem a imposiccedilatildeo de apelidos inclusive ligados
a estereoacutetipos eacutetnicos e de gecircnero o isolamento de certos alunos e grupos
39
aleacutem das incivilidades e do asseacutedio moral ou bullying No entanto em estudo
realizado com professores e alunos de modo geral as violecircncias simboacutelicas
inclusive manifestaccedilotildees de preconceitos foram mais difiacuteceis de ser percebidas
tanto por professores quanto por alunos sobretudo por estes uacuteltimos
Os resultados de estudo desenvolvido por Lopes e Galvatildeo (2004)
citados por Galvatildeo et al (2010) apontou vaacuterias aspectos da accedilatildeo docente no
cenaacuterio da violecircncia escolar Foi afirmado reiteradamente que os estudantes
natildeo levavam a escola a seacuterio laacute estavam por serem obrigados eram
desmotivados e natildeo se comportavam adequadamente Diante disso a resposta
dos professores era de apatia conformismo individualismo e desmobilizaccedilatildeo
que por sua vez trazia o adoecimento psiacutequico com ansiedade e depressatildeo
Nesta direccedilatildeo estudo realizado por Almeida (1999) tambeacutem citado por
Galvatildeo et al (2010) apontou que os educadores se preocupavam apenas com
os efeitos da destruiccedilatildeo provocada pelos alunos sem se importarem com os
motivos dessas accedilotildees O trabalho salientou que entre alguns professores e
alunos havia o anseio pela inclusatildeo de atividades e conteuacutedos curriculares que
desenvolvessem valores e atitudes de cooperaccedilatildeo e que preparassem melhor
para a vida em vez de um curriacuteculo eminentemente informativo pouco
relevante ou compreensiacutevel para o alunado
Se os educadores em geral estatildeo alarmados com a indisciplina e a
violecircncia expliacutecita que existem na escola outra forma de violecircncia deve
despertar a atenccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo aquela que se apresenta
de forma velada por meio de um conjunto de comportamentos crueacuteis
intimidadores e repetitivos prolongadamente contra uma mesma viacutetima e cujo
40
poder destrutivo eacute perigoso agrave comunidade escolar e agrave sociedade como um
todo pelos danos causados ao psiquismo dos envolvidos (Fante 2005)
Um aspecto bastante preocupante na atualidade eacute que estamos diante
de uma sociedade na qual o elemento violecircncia em suas diferentes formas de
expressatildeo estaacute fazendo parte dos modelos identificatoacuterios como padratildeo de
conduta e forma de auto-afirmaccedilatildeo
Considerando que a auto-afirmaccedilatildeo eacute um componente necessaacuterio e
desejaacutevel no processo de desenvolvimento da identidade do adolescente
surge o alerta a respeito do risco para nossos jovens em processo de
construccedilatildeo da identidade no contexto atual pois observa-se em nossa cultura
uma perda do senso criacutetico na qual vivenciamos uma crise de valores onde
vem se perdendo a noccedilatildeo de limite entre o bem e o mal E assim a violecircncia
fiacutesica a baderna o vandalismo e a amoralidade se tornam meios de auto-
afirmaccedilatildeo incorporados ao cotidiano juvenil
Segundo Silva (1997) a questatildeo da violecircncia e as violaccedilotildees dos direitos
humanos no Brasil constituem-se em uma das maiores preocupaccedilotildees da
populaccedilatildeo das grandes cidades Entretanto aleacutem da violecircncia em si parece
tambeacutem bastante grave o fato de que as vaacuterias formas de violecircncia produzidas
no cotidiano da sociedade parecem natildeo mais indignar a populaccedilatildeo brasileira
se configurando uma banalizaccedilatildeo da proacutepria vida
Em estudo realizado por Silva (1997) sobre a violecircncia nas escolas ao
entrevistar alunos professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores da
escola um dado interessante a destacar foi que na visatildeo da maioria dos
entrevistados a sociedade estaacute corrompida nos seus valores eacuteticos e morais e
a escola tambeacutem eacute afetada por este tipo de corrupccedilatildeo
41
Os resultados deste estudo apontaram uma diferenccedila significativa entre
a forma como professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores percebem a
violecircncia e a forma como os alunos a vecircem principalmente nas questotildees que
permeiam as relaccedilotildees na escola ldquoPara os educadores a violecircncia se
evidencia de forma mais clara na relaccedilatildeo entre os alunos Estes eacute que satildeo
violentos e geralmente os educadores natildeo se percebem promovendo atitudes
de violecircncia para com os alunosrdquo (p 262) Eacute tambeacutem interessante que ao
falarem sobre a violecircncia no acircmbito escolar os alunos natildeo percebem como
violentas algumas atitudes desenvolvidas entre professor e aluno e entre
alunos como a falta de diaacutelogo e de companheirismo
Dados semelhantes apareceram em estudo realizado por Fernandes
(2006) citado por Galvatildeo et al (2010) Cotejando as respostas dos grupos
docente e discente Fernandes (2006) constatou que ambos divergiram sobre o
niacutevel de gravidade de situaccedilotildees como brigas entre alunos o professor
comparar alunos publicamente a praacutetica de atos de conotaccedilatildeo eroacutetica com os
colegas e os insultos em todos os casos envolvendo alunos entre si e
professores Os juiacutezos dos docentes tenderam a ser mais rigorosos embora
mais lenientes quanto a si mesmos e mais severos quando as violecircncias dos
alunos se dirigiam contra eles professores
22 Bullying
Um comportamento bem presente nas relaccedilotildees interpessoais entre os
estudantes o bullying invoca profissionais da educaccedilatildeo e mais
especificamente os docentes a atentarem para as repercussotildees deste
42
fenocircmeno para a comunidade escolar como um todo como tambeacutem para a
influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer docente
221 Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo
Bullying geralmente eacute definido como uma forma especiacutefica de agressatildeo
que eacute intencional repetida e envolve disparidade de poder entre viacutetimas e
perpretador Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) o bullying eacute um
comportamento intencional visando fazer mal e magoar algueacutem e se repete ao
longo do tempo (eg Chapell et al 2004 DeHaan 1997 Olweus 1994)
Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009) reconhecem a
ocorrecircncia de bullying em diferentes contextos incluindo a escola o ambiente
familiar as prisotildees e o ambiente de trabalho Segundo Salmivalli (2010) o
bullying tem sido estudado no local de trabalho (Bowling amp Beehr 2006
Nielsen Matthiesenamp Einarsen 2008) em prisotildees (Ireland 2005 Ireland
Archer amp Power 2007 South amp Wood 2006) e no ambiente militar (Ostvik amp
Rudmin 2001) Segundo Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009)
a maioria dos casos de bullying escolar ocorre no playground sala de aula ou
corredores A questatildeo de gecircnero foi investigada por Oliveira amp Votre (2006) ao
focalizarem a investigaccedilatildeo na praacutetica de bullying em aulas de educaccedilatildeo fiacutesica
De acordo com Wang Iannotti e Nansel (2009) o bullying escolar tem
sido identificado como um comportamento problemaacutetico entre adolescentes
afetando o rendimento escolar habilidades proacute-sociais e o bem-estar
psicoloacutegico de viacutetimas e perpetradores
O bullying pode assumir diferentes formas como o fiacutesico o verbal e o
relacional ou social Segundo Wang Iannotti amp Nansel (2009) o bullying fiacutesico
43
e o verbal geralmente satildeo considerados como uma forma direta de bullying
enquanto o relacional eacute visto como uma modalidade indireta associada agrave
exclusatildeo social e divulgaccedilatildeo de boatos depreciativos Estudos tecircm evidenciado
que meninos estatildeo mais envolvidos com bullying direto e meninas com bullying
indireto (Bjorkqvist 1994 Owens Shute amp Slee 2000) Com a idade haacute a
tendecircncia de passar do bullying fiacutesico ao indireto e relacional Os agressores
tendem a ser do sexo masculino mas os gecircneros se equiparam quanto a sofrer
bullying Enquanto os meninos praticam e sofrem mais bullying fiacutesico as
meninas estatildeo mais associadas a bullying indireto ou relacional De acordo
com Wang Iannotti e Nansel (2009) o cyber-bullying ou bullying eletrocircnico estaacute
emergindo como uma nova forma de bullying Este pode ser definido como
uma forma de agressatildeo que ocorre por meio de computadores pessoais (por
exemplo por meio de e-mails e mensagens instantacircneas) ou de telefones
celulares (por exemplo por meio de mensagens de texto) Kowalski e Limber
(2007) relataram que em uma amostra de 3767 estudantes de ensino meacutedio
nos EUA 22 estavam envolvidos em cyber-bullying sendo 4 como
perpetradores 11 como viacutetimas e 7 como ambos
Este fenocircmeno comportamental desperta interesse pois segundo Fante
(2005) envolve e vitimiza a crianccedila na mais tenra idade escolar tornando-a
refeacutem de ansiedade e de emoccedilotildees que interferem negativamente nos seus
processos de aprendizagem devido agrave excessiva mobilizaccedilatildeo de emoccedilotildees de
medo de anguacutestia e de raiva reprimida O bullying diz respeito a uma forma de
poder interpessoal atraveacutes da agressatildeo
Lopes Neto (2005) diz que por definiccedilatildeo bullying compreende todas as
atitudes agressivas intencionais e repetidas que ocorrem sem motivaccedilatildeo
44
evidente adotadas por um ou mais estudante contra outro(s) causando dor e
anguacutestia sendo executadas dentro de uma relaccedilatildeo desigual de poder
Os estudantes envolvidos em bullying podem ser identificados como
alvosviacutetimas autoresagressores ou espectadorestestemunhas de acordo
com sua atitude diante de situaccedilotildees de bullying Mas haacute tambeacutem um grupo que
ao mesmo tempo que satildeo agredidos agridem outras crianccedilas e satildeo chamados
de agressorviacutetima
As pesquisas sobre bullying realizadas em diferentes paiacuteses a partir da
deacutecada de 90 indicam que a prevalecircncia de estudantes vitimizados varia de 8
a 46 e de agressores de 5 a 30 No Brasil estudo desenvolvido pela
Associaccedilatildeo da Brasileira Multiprofissional de Proteccedilatildeo agrave Infacircncia e agrave
Adolescecircncia (ABRAPIA) apontou que 405 dos alunos admitiram estar
diretamente envolvidos em atos de bullying sendo 169 como alvos 127
como autores e 109 ora como alvos ora como autores (Lopes Neto 2005)
Antunes e Zuin (2008) argumentam que ldquoo bullying se aproxima do
conceito de preconceito principalmente quando se reflete sobre os fatores
sociais que determinam os grupos-alvo e sobre os indicativos da funccedilatildeo
psiacutequica para aqueles considerados como agressoresrdquo (paacuteg 36) E assim
defendem a anaacutelise socioloacutegica de estudos envolvendo violecircncia pois abordar
dados estatiacutesticos e o diagnoacutestico de sua ocorrecircncia eacute um risco no sentido de
mascarar os processos sociais inerentes a eles Eacute importante que toda situaccedilatildeo
de violecircncia incluindo o bullying seja estudada agrave luz das mediaccedilotildees sociais
que a determinam
Um outro aspecto a ser destacado eacute que nas situaccedilotildees de bullying
assim como em trotes universitaacuterios e em situaccedilotildees de asseacutedio moral no
45
trabalho ocorre a desqualificaccedilatildeo do outro e nesse processo manifestam-se
preconceitos que se transformam em armas para discriminar e segregar as
pessoas Entretanto haacute uma toleracircncia com relaccedilatildeo a estas praacuteticas Em
relaccedilatildeo ao bullying eacute comum se pensar que eacute algo passageiro algo relativo a
uma determinada faixa etaacuteria Mas estudo realizado nos EUA encontrou dados
que sugerem que o envolvimento em asseacutedio moral na vida adulta estaacute
relacionada a envolvimento em situaccedilotildees de bullying (Almeida e Queda 2007)
Existem diversos estudos sobre bullying em diferentes paiacuteses desde a
deacutecada de 90 Escolas em diferentes paiacuteses jaacute foram investigadas
demonstrando que o bullying tem sido amplamente discutido No Brasil
(Francisco amp Liboacuterio 2009 Mascarenhas 2006 Lopes Neto 2005 Fante
2003 2005 Tognetta 2008 2010) na Aacutefrica do Sul (Mestry Merwe amp Squelch
2006) na Holanda (Veenstra et al 2005) na Nova Zelacircndia (Carroll- Lind amp
Kearney 2004) na Irlanda do Norte (Collins McAleavy amp Adamson 2004) na
Costa Rica (Pizarro amp Jimeacutenez 2007) em Portugal (Matos amp Gonccedilalves 2009
Freire Simatildeo amp Ferreira 2006 Martins 2005 Pereira 2002) na Noruega
(Olweus 1991) na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) e Espanha (Ramiacuterez 2001)
Eacute bastante frequente estudos sobre bullying abordarem prioritariamente
aspectos quantitativos deste tipo de comportamento considerando a
frequumlecircncia com que ocorrem nas escolas e a distribuiccedilatildeo dos envolvidos em
diferentes formas de envolvimento como alvoviacutetima autoragressor ou
espectadortestemunha
Matos e Gonccedilalves (2009) indicam a variabilidade na prevalecircncia de
bullying escolar em diferentes paiacuteses Um estudo realizado na Austraacutelia
apontou cerca de 24 de agressores 13 de viacutetimas e 22 simultaneamente
46
viacutetimas e agressores (Forero McLellan Rissel amp Bauman 1999) Fekkes
Pijpers e Verloove-Vanhorick (2005) indicaram entre crianccedilas alematildes cerca de
16 de viacutetimas de bullying Em Portugal Matos et al (2003) encontraram
cerca de 20 de adolescentes viacutetimas de violecircncia e cerca de 20 de
agressores Aproximadamente 25 dos participantes se referiram como
viacutetimas e agressores Em estudo com amostra nacionalmente representativa de
adolescentes nos EUA Nansel et al (2001) relataram o envolvimento frequumlente
em bullying nos dois meses anteriores em 299 dos participantes sendo 13
de perpetradores 106 de viacutetimas e 63 de ambos Craig e Harel (2004)
em pesquisa envolvendo 35 paiacuteses encontraram a prevalecircncia meacutedia de
viacutetimas de 11 e 11 de agressores De acordo com Haynie et al 2001 e
Nansel et al (2001) 4 a 6 das podem ser classificadas como ambos
Haacute estudos que levantam dados de estudantes de diferentes paiacuteses
possibilitando comparaccedilotildees em contextos diferentes (Wolke et al 2001
Gaacutezquez et al 2005)
222 ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo de Bullying
Percebe-se nos estudos sobre bullying o interesse em identificar fatores
diferenciais considerando a forma como se daacute o envolvimento como
agressorautor como alvoviacutetima ou ainda como agressoralvo (Veenstra et al
2005 Carvalhosa Lima amp Matos 2001 Twemlow Sacco amp Williams 1996)
Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as pesquisas tecircm demonstrado um
certo protoacutetipo ou perfil de pessoas que oprimem e que satildeo oprimidas Aqueles
que oprimem necessitam de ter poder e de dominar gostam do controlar os
outros tecircm um sentimento positivo quanto agrave violecircncia e pouca empatia para
47
com as suas viacutetimas Geralmente tecircm alguma popularidade e satildeo
acompanhados por um pequeno grupo Os indiviacuteduos que se incluem neste
grupo tecircm falta de empatia e competecircncias para resolver problemas (Bullock
2002) Estes alunos tecircm maior probabilidade de beber aacutelcool e fumar cigarros
que as suas viacutetimas e apresentam menor ajustamento acadecircmico e escolar
Estes alunos geralmente satildeo mais altos fortes agressivos impulsivos e natildeo
cooperativos (Harris amp Petrie 2002) A questatildeo da auto-estima eacute controversa
Rigby e Slee (1995) defendem que esses indiviacuteduos natildeo tecircm baixa auto-
estima Para Tognetta e Vinha (2008 meninos e meninas que equacionando
suas experiecircncias com os outros se vecircem pequenos demais tendem a se
conformar e atribuir-se menos valor Ao mesmo tempo podem pelo mesmo
motivo fazer com que os outros se sintam tatildeo mal como eles proacuteprios se
sentem ou seja inferiorizaacute-los menosprezaacute-los para que o peso que
carregam consigo possa ser menor Para estas autoras os autores de bullying
natildeo conseguem uma dupla perspectiva de ver a si e ao outro Falta-lhes um
conteuacutedo eacutetico portanto o valor de si agregado ao valor do outro
Por sua vez as viacutetimas geralmente satildeo mais fracas tiacutemidas
introvertidas cautelosas sensiacuteveis quietas com menor auto-estima e com
poucos amigos Estes indiviacuteduos tambeacutem tinham alguma probabilidade de
fumar ingerir aacutelcool e ter desempenhos escolares baixos Quando natildeo existe
intervenccedilatildeo por parte dos adultos eles tendem a ser oprimidos repetidamente
correndo o risco de serem rejeitados entrar em depressatildeo e sofrem constante
ameaccedila agrave sua auto-estima (Bullock 2002) Haacute dois subgrupos de viacutetimas os
submissos ou passivos e os provocadores As viacutetimas passivas natildeo provocam
os seus colegas natildeo gostam de violecircncia tendem a ser mais fracos que outros
48
colegas e reagem chorando ou ficando tristes (Isenhagen amp Harris 2004) As
viacutetimas provocadoras (minoria) geralmente tecircm uma deficiecircncia na
aprendizagem e falta de competecircncias sociais que os torna insensiacuteveis a
outros estudantes Estes estudantes tendem a aborrecer os companheiros ateacute
que algueacutem lhes responda ou seja agressivo (Harris Petrie amp Willoughby
2002)
Aleacutem de identificar as diferenccedilas no posicionamento dos envolvidos em
bullying haacute estudos que abordam fatores preditivos de envolvimento em
situaccedilotildees de bullying (Francisco amp Liboacuterio 2009 Matos e Gonccedilalves 2009
Sweeting amp West 2001)
Fox amp Boulton (2005) desenvolveram estudo visando identificar de que
forma os proacuteprios estudantes seus pares e os professores avaliam as
habilidades sociais de colegas viacutetimas de bullying em comparaccedilatildeo com
estudantes natildeo identificados como viacutetimas de bullying Os trecircs diferentes
grupos percebem as viacutetimas de bullying com menos habilidades sociais dos
que as natildeo viacutetimas Estes resultados apresentam importantes implicaccedilotildees para
intervenccedilotildees que possam ajudar crianccedilas que apresentam maiores riscos de
serem viacutetimas de bullying pelos seus colegas
Conforme Fante (2003 2005) e Lopes Neto (2005) as viacutetimas de bullying
geralmente satildeo descritas como pouco sociaacuteveis inseguras com baixa auto-
estima quietas e que natildeo reagem efetivamente aos atos agressivos
De acordo com Lopes Neto (2005) Pizarro e Jimeacutenez (2007) e Ramiacuterez
(2001) as testemunhas natildeo participam diretamente em atos de bullying e
geralmente se calam receando tornarem-se viacutetimas O espectador assume
uma posiccedilatildeo de lsquofora de jogorsquo como se nada tivesse a ver com o problema pelo
49
medo de uma puniccedilatildeo da autoridade mas ao mesmo tempo ainda que de
maneira controlada tambeacutem zomba ou ri da crueldade feita a algueacutem natildeo
porque concorda com ela mas pelo temor de se tornar a proacutexima viacutetima e por
perceber que para manter uma boa imagem diante do grupo eacute melhor ldquoficar do
ladordquo dos mais fortes Eacute uma postura que demonstra ausecircncia de um
sentimento de indignaccedilatildeo que eacute proveniente de um lsquoestar sensiacutevelrsquo ao
sentimento do outro de uma espeacutecie de co-mover-se ao outro e sua ausecircncia
permita a esse espectador assumir um posicionamento contraacuterio agrave accedilotildees
injustas (Tognetta e Vinha 2008)
Causadores e viacutetimas de bullying precisam de ajuda Por um lado as
viacutetimas sofrem uma deterioraccedilatildeo da sua auto-estima e do seu auto-conceito
por outro os agressores sofrem grave deterioraccedilatildeo de sua escala de valores e
de seu desenvolvimento afetivo e moral Os autores de bullying tambeacutem
precisam de ajuda pois eacute importante inverter uma hierarquia de valores que
coloca a forccedila o poder a virilidade a intoleracircncia agrave diferenccedila como
privilegiados (Tognetta e Vinha 2010)
Estudo realizado na Aacutefrica do Sul focalizou no comportamento dos
espectadores visando propor estrateacutegias para reduzir ou eliminar o bullying nas
escolas (Mestry Merwe amp Squelch 2006)
Estudo realizado por Martins (2005) em Portugal aleacutem de obter dados
sobre a frequumlecircncia do bullying entre adolescentes e conhecer os
comportamentos mais frequumlentes nas diferentes formas de envolvimento em
bullying como alvoviacutetima autoragressor ou observador tambeacutem verificou se
fatores como gecircnero niacutevel de escolaridade e niacutevel socioeconocircmico estavam ou
natildeo associados ao envolvimento em bullying Os resultados apontam que o
50
comportamento mais frequumlente na praacutetica de bullying entre adolescentes
envolve a exclusatildeo social diferentemente de estudos com crianccedilas onde
aparece com mais frequumlecircncia a agressatildeo verbal Outro aspecto a ser
destacado refere-se ao fato que muitos adolescentes experimentam
simultaneamente a condiccedilatildeo de viacutetimas de agressores e de observadores Natildeo
se verificou nenhuma relaccedilatildeo entre o niacutevel socioeconocircmico e a praacutetica de
bullying e em relaccedilatildeo agrave escolaridade verificou-se uma tendecircncia para a
diminuiccedilatildeo da vitimizaccedilatildeo o que se explica a partir do desenvolvimento de
competecircncias sociais na adolescecircncia favorecendo o uso de estrateacutegias para
enfrentar as situaccedilotildees de bullying
Quanto aos fatores de risco individuais alunos oriundos de minorias
eacutetnicas geralmente sofrem mais agressotildees verbais racistas (embora natildeo
necessariamente outras formas de bullying) que alunos de maiorias eacutetnicas
(Monks Ortega-Ruiz amp Rodriacuteguez-Hidalgo 2008) Na escola secundaacuteria os
alunos podem sofrer bullying devido agrave sua orientaccedilatildeo sexual Neste caso
podem chegar a ser agredidos fisicamente ou ridicularizados por professores
ou outros estudantes Conforme Warwick Chase Aggleton e Sanders (2004) a
porcentagem de estudantes atraiacutedos pelo mesmo sexo nas escolas
secundaacuterias no Reino Unido que sofreram bullying homofoacutebico varia em torno
de 30 a 50
Ao lado dos fatores de risco Wang Iannotti e Nansel (2009) apontam os
fatores de proteccedilatildeo relacionados principalmente a pais e amigos Praacuteticas
parentais positivas como apoio parental podem proteger os adolescentes de
envolvimento tanto como agressores (Bowers Smith amp Binney 1994) ou
viacutetimas (Haynie Nansel Eitel et al 2001) Comparados com pais os amigos
51
parecem desempenhar uma papel mais diversificado A amizade tem sido
indicada como fator de proteccedilatildeo contra os efeitos do bullying de modo que ter
mais amigos relaciona-se negativamente agrave vitimizaccedilatildeo (Hodges Boivin Vitaro
amp Bukowski 1999)
223 Consequumlecircncias do Bullying
Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as consequumlecircncias do bullying
atingem opressores e viacutetimas podendo ter efeitos em longo prazo (Williams
Chambers Logan amp Robinson 1996) Para os agressores podem surgir
problemas no desenvolvimento e manutenccedilatildeo de relaccedilotildees positivas (Bullock
2002) aleacutem de maior tendecircncia para comportamentos de risco como consumo
de tabaco (KingWold Tudor-Smith amp Harel 1996) de aacutelcool (Due Holstein amp
Jorgeensen 1999 King et al 1996) e de drogas (DeHaan 1997) aleacutem de
baixo desempenho escolar (Due Holstein amp Jorgeensen 1999) Para as
viacutetimas as consequumlecircncias variam do isolamento sintomas fiacutesicos ou
psicossomaacuteticos tristeza ansiedade depressatildeo ou distanciamento quanto a
assuntos da escola ideaccedilatildeo de suiciacutedio e ateacute suiciacutedio (Young amp Sweeting
2004) Alunos oprimidos abandonam mais facilmente a escola seu rendimento
escolar pode baixar e podem tornar-se mais tarde novos opressores
(Isernhagen amp Harris 2004) As viacutetimas de bullying apresentam mais sintomas
de doenccedila psicoloacutegica (como depressatildeo e ansiedade) e doenccedila fiacutesica (como
dores de cabeccedila e dores abdominais) (Bond Carlin Thomas Rubin amp Patton
2001 King et al 1996 Rigby 1999 Salmon James amp Smith 1998 Williams
Chambers Logan amp Robinson 1996)
52
A experiecircncia de ser alvo de bullying estaacute correlacionada com
ansiedade depressatildeo e baixa auto-estima (Hawker amp Boulton 2000) Achados
de baixa auto-estima em relaccedilatildeo a bullying estatildeo diretamente relacionados a
comportamento anti-social (OMoore 2000)
O bullying constitui um seacuterio risco para o ajustamento psicossocial e
acadecircmico para as viacutetimas (Erath Flanagan amp Bierman 2008 Hawker amp
Boulton 2000 Isaacs Hodges amp Salmivalli 2008 Olweus 1994 Salmivalli amp
Isaacs 2005) e agressores (Kaltiala-Heino Rimpelauml Rantanen amp Rimpelauml
2000 Nansel et al 2004) Mesmo testemunhar atos de bullying pode ser uma
influecircncia negativa (Nishina amp Juvonen 2005) Estudantes que presenciaram
comportamentos opressores acabaram se tornando opressores tambeacutem
(Chapell et al 2004) Se os colegas ganham respeito por intermeacutedio de
comportamentos agressivos entatildeo alguns alunos adotam este tipo de
comportamento para chamar a atenccedilatildeo e defender-se (Warren Schoppelrey
Moberg amp McDonald 2005)
Outros estudos ainda se concentram na anaacutelise nas consequumlecircncias para
as crianccedilas do envolvimento em situaccedilotildees de bullying considerando os efeitos
em curto e longo prazos focalizando aspectos psicoloacutegicos sociais e prejuiacutezos
escolares (Eisenberg amp Aalsma 2005 Rigby 2003)
224 Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de Bullying
Segundo Monks et al (2009) as estrateacutegias contra a manifestaccedilatildeo de
bullying geralmente satildeo abordadas em trecircs niacuteveis as estrateacutegias individuais as
estrateacutegias dos grupos de pares e as estrateacutegias da escola
53
As estrateacutegias de enfrentamento individuais variam de acordo com a
idade e o gecircnero Formas natildeo assertivas de enfrentamento (como chorar) tecircm-
se mostrado menos eficientes que ignorar o agressor ou buscar ajuda A
maioria dos alunos que sofre bullying natildeo revela o fato a professores ou
familiares (Naylor Cowie amp del Rey 2001)
Um segundo grupo satildeo as accedilotildees dos pares contra o bullying Smith e
Watson (2004) encontraram o companheirismo de pares e amigos na escola
primaacuteria e a orientaccedilatildeo ou aconselhamento de pares na escola secundaacuteria
Finalmente haacute diversas estrateacutegias utilizadas pelas escolas contra o
bullying Intervenccedilotildees monitoradas se restringem a uma escola em particular a
amplos projetos educacionais Smith Pepler e Rigby (2004) sugerem que estes
tecircm efeitos limitados variando entre aproximadamente zero ateacute um maacuteximo de
cerca de 50 de reduccedilatildeo nas taxas de prevalecircncia de bullying Em certos
casos os resultados tecircm sido levemente negativos A maioria dos programas
tem reduzido a prevalecircncia de bullying entre 10 e 20 Segundo Monks et al
(2009) haacute controveacutersias quanto agrave efetividade de programas para a escola toda
(Woods amp Wolke 2003) assim quanto aos efeitos do uso de sanccedilotildees mais ou
menos diretas contra estudantes que praticam o bullying (Smith Howard amp
Thompson 2007) ou se as estrateacutegias mais efetivas satildeo especificamente
direcionadas ao bullying ao clima das classes ou nas relaccedilotildees aluno-aluno ou
aluno-professor (Galloway amp Roland 2004)
Para Aquino (2002) o manejo dos conflitos escolares eacute prerrogativa dos
educadores No caso do fenocircmeno bullying existem estrateacutegias em estudo que
apontam eficaacutecia na diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia Estrateacutegias estas que
envolvem toda a comunidade escolar (Beaudoin 2006 Costantini 2004)
54
Muitos estudos que tem o fenocircmeno bullying como objeto de
investigaccedilatildeo concentram seu interesse exatamente nas estrateacutegias de
intervenccedilatildeo (Greene 2006 Gini 2004 Orpinas Horne amp Staniszewski 2003
Stevens Bourdeaudhuij amp Van Oost 2001 Carney amp Merrell 2001 Young
1998)
Um estudo desenvolvido por Tamar (2008) no Chile teve como objetivo
conhecer as estrateacutegias utilizadas pelos professores diante de situaccedilotildees de
conflitos e maus tratos entre estudantes Algumas caracteriacutesticas dos
professores interferem na forma como atuam diante de casos de conflitos entre
estudantes Verificou-se que a experiecircncia a formaccedilatildeo e experiecircncia em
coordenaccedilatildeo satildeo aspectos favoraacuteveis para uma atuaccedilatildeo com mais firmeza
paciecircncia e compreensatildeo favorecendo o uso de estrateacutegias que promovem
climas escolares mais positivos e construtivos sendo percebido ainda com
efeitos mais duradouros Satildeo estrateacutegias que envolvem natildeo apenas os alunos
envolvidos mas ampliam a discussatildeo para todo o grupo tornando-os capazes
de reconhecer as consequumlecircncias negativas de suas accedilotildees tanto a niacutevel
individual como para todo o grupo bem como possibilitam reconstruir o
significado das suas accedilotildees Assim accedilotildees impulsivas marcadas por indiferenccedila
e intoleracircncia promovem respostas mais violentas dos alunos tornando a
convivecircncia escolar cada vez mais difiacutecil
O estudo realizado por Egbochuku (2007) na Nigeacuteria abordou tambeacutem
as estrateacutegias para impedirdiminuir a praacutetica de bullying E para o autor
merece destaque algumas estrateacutegias apontadas pelos alunos como
importantes pois indicam a importacircncia que as regras e regulamentaccedilotildees
sejam convenientemente executadas sugerindo que os estudantes desejam
55
maior rigor das figuras de autoridade na escola Outra necessidade apontada
pelos estudantes neste estudo foi a importacircncia das viacutetimas de bullying
revelarem para algueacutem o que estaacute ocorrendo assim como qualquer pessoa
que tenha presenciado situaccedilatildeo de bullying pois ao terem medo de revelar
contribuem para a continuidade das agressotildees
Tognetta e Vinha (2008 2010) defendem que eacute preciso um trabalho com
as imagens que os estudantes fazem de si mesmos Trata-se de algo anterior
agraves relaccedilotildees interpessoais um olhar agraves relaccedilotildees intrapessoais Os projetos de
intervenccedilatildeo ao bullying precisam garantir que crianccedilas e adolescentes ndash tanto
protagonistas como espectadores ndash possam construir identidades autocircnomas
que consigam gostar de si para gostar dos outros no seu sentido moral eacute pela
construccedilatildeo do respeito a si que eacute possiacutevel construir o respeito a outrem Para
estas autoras propostas que insistem apenas no estabelecimento de regras
pautadas em deveres e obrigaccedilotildees pouco poderatildeo favorecer ao
desenvolvimento de relaccedilotildees mais eacuteticas
56
CAPIacuteTULO III
3 BULLYING E RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO
31 Bullying e dinacircmica escolar
Considerando a grande ocorrecircncia de situaccedilotildees de bullying na escola eacute
importante analisar estudos que apontam dados referentes a aspectos
pertinentes agrave dinacircmica escolar envolvendo especificidades da praacutetica de
bullying no contexto escolar a relaccedilatildeo com o desempenho dos alunos como
tambeacutem o papel do professor
Estudo desenvolvido por Woods amp Wolke (2004) investigou a associaccedilatildeo
entre envolvimento em situaccedilatildeo de bullying e desempenho escolar com
crianccedilas entre 6 e 9 anos Os resultados natildeo apoacuteiam a suspeita de que baixo
desempenho e frustraccedilatildeo na escola levem a envolvimento em situaccedilotildees de
bullying De modo contraacuterio verificou-se que agressores que atuam em
relacional bullying que envolve prejuiacutezo aos relacionamentos levando a
exclusatildeo social com frequumlecircncia tem desempenho escolar na meacutedia ou ateacute
acima da meacutedia
Estudo realizado na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) abordou diversos
aspectos sobre incidentes de bullying como frequumlecircncia local idade gecircnero
tipos de bullying e comparou os resultados em escolas puacuteblicas e privadas Um
aspecto a ser destacado eacute que eacute mais comum o incidente de bullying ocorrer
na sala de aula nas escolas puacuteblicas do que nas escolas privadas onde os
alunos revelam ser o paacutetio ou outros espaccedilos da escola (diferentes da sala de
aula) o local mais vulneraacutevel a esta praacutetica Este estudo abordou ainda quem eacute
o agressor sendo revelado que para grande maioria (74) o agressor eacute mais
57
velho ndash aluno de seacuteries mais avanccediladas Interessante este dado pois explica
porque comumente a sala de aula natildeo aparece com tanto destaque na
ocorrecircncia de bullying
Estudo realizado no Brasil explanado por Lopes Neto (2005) tambeacutem
indicou que aqui os estudantes identificam a sala de aula como o local de maior
incidecircncia desse tipo de violecircncia
Um outro estudo (Zindi 1994) citado por Egbochuku (2007) realizado
em coleacutegios internos (residecircncias) o dormitoacuterio foi o local mais apontado para
situaccedilotildees de bullying e a sala de aula tido como o espaccedilo de menor
ocorrecircncia
Na Nova Zelacircndia os estudantes afirmam que bullying ocorre em locais
onde natildeo haacute professor ocorrendo na sala de apenas na sua ausecircncia (Carroll-
Lind e Kearney 2004)
Para Mascarenhas (2006) a gestatildeo sistemaacutetica do bullying e da
indisciplina em ambientes educativos como uma atividade prioritaacuteria e de
rotina institucional sob a co-responsabilidade de toda a equipe educativa e
lideranccedilas estudantis pode afetar positivamente e determinar a melhoria na
qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes e de sua sauacutede
emocional Quanto agrave sauacutede emocional e o bem-estar de alunos e professores
Palaacutecios e Rego (2006) analisaram a literatura apontando a importacircncia de ser
considerar a relaccedilatildeo entre professores e alunos no bullying
Situaccedilotildees de bullying satildeo consideradas pelos educadores
erroneamente e por que natildeo irresponsavelmente como natural da idade ou
como uma brincadeira E assim satildeo ignorados colaborando para a
perpetuaccedilatildeo da agressatildeo Em estudo realizado no Brasil Lopes
58
Neto (2005) destaca que a maioria ndash 518 - dos alunos autores de bullying
afirmaram que nunca receberam nenhum tipo de orientaccedilatildeo ou advertecircncia
quanto agrave incorreccedilatildeo de seus atos
A escola se preocupa demasiadamente com as situaccedilotildees de indisciplina
enquanto as situaccedilotildees de violecircncia tatildeo frequente entre os pares o bullying natildeo
tem recebido dos educadores a mesma atenccedilatildeo Talvez por conceberem que
os problemas das crianccedilas natildeo satildeo tatildeo relevantes (Tognetta 2010)
Martins (2005) explorou as percepccedilotildees dos adolescentes sobre as
atitudes de alunos e de professores diante de situaccedilotildees de bullying e aspectos
referentes ao relacionamento dos adolescentes com colegas e com
professores Quanto aos relacionamentos com colegas e professores os
agressores satildeo os que se sentem pior com a aprendizagem e com os
professores A maioria dos adolescentes considera que os professores se
preocupam com a praacutetica de bullying mas que nem sempre sabem como agir
Estudo de Chang (2003) investiga a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e
comportamentos dos professores e o comportamento agressivo retraiacutedo e de
lideranccedila nos estudantes Os resultados apontam que o comportamento do
professor desaprovando comportamentos agressivos dos alunos e apoiando
crianccedilas com comportamentos retraiacutedos ao mesmo tempo em que influencia a
auto avaliaccedilatildeo destes alunos provoca rejeiccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas
agressivas mas natildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas retraiacutedas Comportamentos de
lideranccedilas natildeo tiveram impacto do comportamento de entusiasmo do professor
Em estudo desenvolvido por Tognetta e Vinha (2010) com alunos de
escolas puacuteblicas e particulares brasileiras aleacutem de diagnosticar o bullying
como um problema seacuterio que atinge crianccedilas e adolescentes as autoras
59
apresentam como resultado que os alunos referiram-se a situaccedilotildees que
tambeacutem foram humilhados ameaccedilados zombados por seus professores
A partir do exposto o presente estudo visa a ampliar o conhecimento do
fenocircmeno bullying destacando a inclusatildeo da relaccedilatildeo professoraluno como
eixo de anaacutelise da questatildeo levantada Se a sala de aula eacute cenaacuterio propiacutecio para
a ocorrecircncia de bullying eacute fundamental focalizar nas relaccedilotildees existentes na
sala de aula de forma a ampliarmos a compreensatildeo dos fatores que satildeo
responsaacuteveis pela sua ocorrecircncia
A sala de aula diferentemente do recreio eacute cenaacuterio de intensas relaccedilotildees
que permeiam o processo de aprendizagem O espaccedilo destinado agraves aulas a
sala promove outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que
satildeo ignorados e infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo
professoraluno O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos
escolares Como o aluno percebe o comportamento do professor e seu
envolvimento nestes conflitos Como o professor contribui sem perceber para o
fenocircmeno bullying ldquoA violecircncia eacute tatildeo velada que natildeo pensamos que as formas
de atuaccedilatildeo de um professor tambeacutem podem levar as crianccedilas a serem alvos e
autores de bullying ainda que indiretamenterdquo (Tognetta 2010 p 93)
Estas questotildees colocadas se apoacuteiam na suspeita do intenso poder do
professor a partir do momento que este souber valorizar e respeitar as relaccedilotildees
interpessoais na escola abrindo espaccedilo para a afetividade como elemento da
accedilatildeo docente que natildeo se esgota nos conteuacutedos
60
32 Justificativa e Objetivos
O bullying eacute um fenocircmeno que tem se agravado nos uacuteltimos anos
afetando os relacionamentos entre alunos nas instituiccedilotildees de ensino Apesar
de um grande nuacutemero de investigaccedilotildees sobre sua ocorrecircncia e consequumlecircncias
o papel do relacionamento entre professor e aluno ainda eacute pouco conhecido em
relaccedilatildeo agrave praacutetica de bullying Conhecer como os alunos de ensino fundamental
percebem suas relaccedilotildees com professores e investigar se estas estatildeo
relacionadas agrave praacutetica de bullying na escola representa um problema de
investigaccedilatildeo com repercussotildees sociais e educacionais
A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um dos aspectos mais importantes no
mundo da escola Desta forma o objetivo deste estudo foi investigar possiacuteveis
interseccedilotildees entre o relacionamento professor-aluno e o envolvimento em
situaccedilotildees de bullying
O objetivo geral foi investigar o papel da relaccedilatildeo professor-aluno na
ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Como objetivos especiacuteficos
esta pesquisa buscou (a) investigar se os estudantes associam a praacutetica de
bullying como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar (b) investigar
se haacute o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying e de que
forma se daacute este envolvimento como alvoviacutetimas autoresagressores ou
espectadorestestemunhas (c) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-
aluno (d) identificar possiacuteveis correlaccedilotildees entre diferentes aspectos do
relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying
61
CAPIacuteTULO IV
4 MEacuteTODO
Neste estudo foi adotada uma abordagem metodoloacutegica qualitativa
quantitativa para possibilitar articulaccedilatildeo entre dados de naturezas diferentes e
consequentemente a ampliaccedilatildeo da investigaccedilatildeo acerca do objeto de estudo
em relaccedilatildeo aos estudos jaacute realizados
41 Participantes
Participaram do estudo 124 estudantes do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino
Fundamental de trecircs escolas da rede particular da cidade de Recife (PE)1
sendo 35 estudantes da escola A 17 da escola B e 72 da escola C2 O
processo para escolha das escolas foi por conveniecircncia garantindo que
fossem escolas localizadas em bairros distintos e de grande porte que
atendessem turmas da Educaccedilatildeo Infantil ao Ensino Meacutedio A opccedilatildeo por alunos
do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino Fundamental deu-se em funccedilatildeo da idade pois
os estudos mostram maior incidecircncia do bullying entre estudantes no iniacutecio da
adolescecircncia (1213 anos)
1 A coleta de dados ocorreu em Recife em virtude da possibilidade de contar com a participaccedilatildeo de
alunos de diferentes escolas mantendo o anonimato dos participantes e da facilidade de deslocamento da pesquisadora 2 A diferenccedila no nuacutemero de alunos foi devido a dificuldades com o Termo de Consentimento que tinha
que ser autorizado pelos pais e tambeacutem a coincidecircncia da data agendada para a coleta com atividades avaliativas na escola B
62
Para participar o estudante tinha que cursar a seacuterie selecionada para o
estudo aceitar participar da pesquisa3 e apresentar Termo de Consentimento
com a autorizaccedilatildeo dos responsaacuteveis
42 Procedimentos para coleta de dados
Inicialmente houve um contato com as escolas para apresentaccedilatildeo da
siacutentese do estudo a ser realizado agrave comunidade escolar e para garantir o
cumprimento do tracircmite eacutetico exigido para realizaccedilatildeo de pesquisa com
estudantes menores de idade Apoacutes a escola assinar o Termo de
Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa (Anexo 1) foram marcadas as
datas para coleta de dados de acordo com a conveniecircncia da escola e
disponibilizada coacutepias do Termo de Consentimento para Participaccedilatildeo na
Pesquisa (Anexo 2) para serem enviados aos pais e recolhidos pela escola
Em dia imediatamente anterior a data agendada para a coleta de dados
a pesquisadora compareceu agrave escola recolheu as autorizaccedilotildees jaacute devolvidas e
realizou o convite a todos os alunos para a participaccedilatildeo da pesquisa Neste
contato a pesquisadora expocircs em todas as turmas do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do
Ensino Fundamental o teor do estudo as tarefas a ser realizadas a
importacircncia da autorizaccedilatildeo dos pais assim como todo o procedimento para
garantir o anonimato dos participantes Novamente foram disponibilizados
Termos de Consentimento para Participaccedilatildeo na Pesquisa para que os alunos
interessados em colaborar pudessem obter a autorizaccedilatildeo dos pais
3 Em virtude de jaacute serem adolescentes foi solicitado a cada participante que declarasse estar ciente e de
acordo com as informaccedilotildees fornecidas atraveacutes de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
63
Os dados foram coletados durante o horaacuterio de aulas regulares dos
alunos em sala previamente organizada pela escola com a presenccedila apenas
da pesquisadora e dos participantes Foi necessaacuteria a colaboraccedilatildeo de
funcionaacuterios das escolas para viabilizar a saiacuteda dos alunos das salas de aulas
com o consentimento dos professores e o deslocamento dos alunos ateacute o
espaccedilo onde ocorria a coleta mas em nenhum momento houve participaccedilatildeo de
qualquer pessoa da escola durante a coleta propriamente dita
A coleta de dados ocorreu apoacutes recolhimento da autorizaccedilatildeo dos pais e
solicitaccedilatildeo para que o proacuteprio participante lesse e assinasse o Termo de
Consentimento (Anexo 3)
Foram utilizados dois instrumentos de pesquisa uma redaccedilatildeo e um
questionaacuterio com questotildees fechadas Inicialmente os participantes produziam
uma redaccedilatildeo e em seguida preenchiam o questionaacuterio realizando
individualmente as duas atividades
Ao finalizar e entregar a produccedilatildeo escrita a folha era identificada atraveacutes
de uma etiqueta obtendo uma letra (A B ou C indicando a escola) e um
nuacutemero (indicando o nuacutemero de participantes)4 e outra etiqueta com esta
mesma identificaccedilatildeo era colocada no questionaacuterio que imediatamente era
entregue para preenchimento Este procedimento tinha como objetivo apenas
possibilitar a identificaccedilatildeo de que aquela determinada redaccedilatildeo e aquele
questionaacuterio especificamente eram do mesmo participante sem nenhum dado
4 Os participantes satildeo identificados da seguinte forma A1 a A35 ndash escola A B36 a B52 ndash escola B C59 a
C130 ndash escola C Natildeo existem participantes com numeraccedilatildeo entre 53 e 58 pois correspondem a alunos
da escola B que tiveram autorizaccedilatildeo dos pais e que natildeo participaram da coleta
64
a mais que possibilitasse identificar quem era o participante5 O preenchimento
do questionaacuterio ocorreu imediatamente apoacutes a realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo e natildeo
houve limite de tempo para finalizaccedilatildeo das atividades
Todos os procedimentos para a coleta de dados foram de
responsabilidade da pesquisadora e ocorreram entre os meses de Agosto a
Novembro de 2011 Optou-se pela realizaccedilatildeo da coleta de dados ao longo do
segundo semestre letivo de forma a garantir relacionamentos mais
estabelecidos tanto dos participantes com seus pares como com os
professores
43 Instrumentos de Pesquisa
431 A Redaccedilatildeo
O tema proposto para realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo foi ldquoViolecircncia escolarrdquo e os
participantes deveriam escrever individualmente um texto entre 15 e 25 linhas
em folha pautada em branco entregue no iniacutecio da coleta pela pesquisadora
sem nenhuma identificaccedilatildeo sobre os participantes
432 O Questionaacuterio
O questionaacuterio buscou investigar diferentes aspectos do envolvimento do
aluno com alguma forma de bullying e como os adolescentes percebem o
relacionamento interpessoal professor-aluno e a relaccedilatildeo entre o
5 Com a exigecircncia para autorizaccedilatildeo dos pais a coleta de dados ocorreu em nuacutemero bem menor do que
estava previsto sendo realizada em pequenos grupos o que inviabilizou a indicaccedilatildeo do sexo e da idade
de cada participante visto que poderia possibilitar a identificaccedilatildeo do participante Isto inviabilizou que
tais dados fossem considerados na anaacutelise jaacute que estudos apontam diferenccedilas no envolvimento em
bullying entre meninos e meninas e tambeacutem com o aumento da idade
65
comportamento do professor e as situaccedilotildees de conflitos entre alunos Foi
construiacutedo com base no roteiro de entrevista utilizado por Wolke et al (2001) e
assim como no estudo citado neste questionaacuterio em nenhum momento o termo
bullying foi utilizado Este instrumento encontra-se em anexo (Anexo 4)
O questionaacuterio foi organizado em cinco partes variando o nuacutemero de
questotildees em cada parte A primeira parte era referente ao relacionamento do
participante com seus pares e era idecircntica em todos os questionaacuterios As
demais partes eram referentes ao relacionamento do participante com dois de
seus professores ndash um com quem considerava ter Bom Relacionamento e outro
que o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil Em nenhum momento
era necessaacuterio que o aluno indicasse qualquer informaccedilatildeo sobre o professor
que viabilizasse a identificaccedilatildeo do mesmo
Em metade dos questionaacuterios aplicados em cada escola apoacutes a primeira
parte os alunos respondiam inicialmente sobre um professor que considerara
ter Bom Relacionamento (segunda e terceira partes) e em seguida respondiam
sobre o professor que considerara ter um Relacionamento Difiacuteci(quarta e quinta
partes) E na outra metade dos questionaacuterios apoacutes a primeira parte os alunos
respondiam de iniacutecio sobre um professor que considerara ter um
Relacionamento Difiacutecil (segunda e terceira partes) e posteriormente
respondiam sobre o professor que considerara ter Bom Relacionamento(quarta
e quinta partes) Esta variaccedilatildeo teve por objetivo eliminar o efeito da ordem do
preenchimento do questionaacuterio garantindo que metade dos participantes
considerassem primeiro um professor com Bom Relacionamento e em seguida
um professor com Relacionamento Difiacutecil enquanto os demais iniciassem
66
considerando um professor com Relacionamento Difiacutecil para em seguida
considerar um professor com Bom Relacionamento
Para todas as questotildees as possibilidades de respostas eram as
mesmas e avaliavam a frequumlecircncia do acontecimento investigado ao longo do
ano letivo em curso As possibilidades de respostas eram Natildeo nenhuma vez
Sim apenas uma vez Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com
frequumlecircncia Nas instruccedilotildees iniciais do questionaacuterio era indicado que o
participante considerasse a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos
investigados Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso
Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs Com frequumlecircncia toda
semana (ou quase toda semana) Estes itens apresentados para respostas
foram elaborados com base em estudos que investigaram a frequecircncia de
acontecimentos relacionados ao bullying (Carvalhosa et al 2001 Wolke et al
2001)
A primeira parte do questionaacuterio buscou investigar o envolvimento do
aluno em situaccedilotildees de bullying assim como a frequumlecircncia deste envolvimento
considerando o relacionamento dele com os colegas identificando se o mesmo
ao longo do ano letivo em curso (a) agrediu fisicamente algum colega por
qualquer motivo (b) agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo (c)
provocou ou zombou de algum colega (d) impediu a participaccedilatildeo de algum
colega em alguma atividade com outros colegas da escola (trabalhos em
grupo festas atividades esportivas etc) (e) sofreu agressatildeo fiacutesica de algum
colega (f) sofreu agressatildeo verbal de algum colega (g) sofreu provocaccedilotildees
continuadas de algum colega (h) sofreu exclusatildeo ao demonstrar interesse em
participar de alguma atividade com os colegas da escola (trabalhos em grupo
67
festas atividades esportivas etc) (i) presenciou um colega ou amigo sofrer
agressatildeo fiacutesica de outro colega (j) presenciou um colega ou amigo sofrer
agressatildeo verbal de outro colega (k) presenciou um colega sofrer provocaccedilotildees
continuadas de outro colega (l) percebeu que algum colega foi excluiacutedo
mesmo estando interessado em participar de alguma atividade com os colegas
da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
A parte referente agrave relaccedilatildeo do participante com o professor investigou
inicialmente (segunda e quarta partes) a percepccedilatildeo do aluno quanto a seu
relacionamento com o professor considerando aspectos relativos ao
desenvolvimento das aulas e quanto a eventos associados ao bullying
abordando atitudes tais como (a) elogios ao aluno publicamente (b) atenccedilatildeo
aos comentaacuterios e perguntas do aluno ao longo da aula (c) interesse nas
atividades realizadas pelo aluno (d) solicitaccedilatildeo ao aluno de participaccedilatildeo ao
longo da aula (solicitar exemplos respostas encontradas nas atividades
duacutevidas comentaacuterios etc) (e) apoio recebido (quanto apoio recebe desse
professor) (f) indiferenccedila a seu comportamento na sala (g) exposiccedilatildeo do aluno
a situaccedilatildeo constrangedora na sala (h) descrenccedila em relaccedilatildeo a algo referente
ao aluno (afirmar que sabe que o aluno natildeo fez a tarefa duvidar da realizaccedilatildeo
de alguma atividade ou de algum resultado) (i) encaminhamento para a equipe
da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo (j) solicitaccedilatildeo para se retirar da sala
durante a aula (k) exposiccedilatildeo do aluno a ameaccedilas diversas (de ser reprovado
de convidar os pais na escola de suspender das suas aulas) (l) realizaccedilatildeo de
comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada pelo aluno (na
aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no
relacionamento com outros professores) (m) entrar em conflito com o aluno
68
(discutir gritar agredir) (n) provocar ou incentivar o conflito entre o aluno e os
colegas (o) ser omisso em relaccedilatildeo a conflitos do aluno com colegas (p) tomar
partido nos conflitos do aluno (q) buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de
conflitos do aluno com colegas (r) manter clima de natildeo-violecircncia entre o aluno
e seus colegas (s) incentivar a compreensatildeo toleracircncia e amizade do aluno
com colegas
A parte seguinte (terceira e quinta partes) ainda sobre o relacionamento
professor-aluno investigou alguns aspectos do relacionamento do professor
com seus colegas de turma em geral quanto a pontos relacionados agrave praacutetica
de bullying como segue (a) entrar em conflito com os alunos (discutir gritar
agredir) (b) provocar ou incentivar o conflito entre os alunos (c) ser omisso em
relaccedilatildeo a conflitos entre alunos (d) tomar partido nos conflitos entre alunos (e)
buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos entre alunos quando surgem (f)
manter clima de natildeo-violecircncia entre os alunos (g) criar e manter clima de
competitividade e agressividade entre os alunos (h) negar possibilidade de
envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos (i) incentivar a
compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
Em todos os questionaacuterios a quarta e a quinta partes tinham as mesmas
perguntas da segunda e terceira partes na mesma ordem variando apenas a
que professor os participantes estavam se referindo Bom Relacionamento ou
Relacionamento Difiacutecil
69
44 Procedimentos para anaacutelise de dados
Os dados das redaccedilotildees foram examinados qualitativamente de acordo
com a Anaacutelise do Conteuacutedo proposta por Bardin (2004) que consiste em
articular os momentos de descriccedilatildeo inferecircncia e interpretaccedilatildeo implicando na
apresentaccedilatildeo da significaccedilatildeo do conteuacutedo expresso em forma de categorias
Para a anaacutelise de conteuacutedo considerou-se o tema como unidade de
significaccedilatildeo tratando-se portanto de anaacutelise temaacutetica Os temas presentes nas
redaccedilotildees foram organizados em categorias visando fornecer uma
representaccedilatildeo simplificada do conteuacutedo A categorizaccedilatildeo foi realizada a partir
dos temas presentes nas redaccedilotildees sem a definiccedilatildeo preacutevia de qualquer sistema
de categorizaccedilatildeo
A tabulaccedilatildeo das respostas do questionaacuterio e as Estatiacutesticas Descritivas
foram realizadas por meio do SPSS (Social Package for the Social Science)
Em seguida procedeu-se uma anaacutelise da adequaccedilatildeo dos dados para a
realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial a partir de anaacutelise de componentes principais
sendo realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward
E por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os aspectos investigados
Os resultados foram discutidos agrave luz dos estudos sobre o
relacionamento professor-aluno e bullying tendo a obra de Robert Hinde como
referencial teoacuterico para a organizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos dados
45 Aspectos Eacuteticos
Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiu rigorosamente os
criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas
70
com seres humanos - Resoluccedilatildeo Nordm 196 de 10 de Outubro de 1996 Resoluccedilatildeo
CFP Nordm 0162000 de 20 de Dezembro de 20006 Este trabalho foi submetido e
aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica e Deontologia em Estudos e Pesquisas
(CEDEP) da Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco (UNIVASF)
Foram preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos
participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados
para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees
cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes Visando
garantir este anonimato em nenhum momento seraacute divulgado o nome da
escola que participou desta pesquisa
6 Disponiacuteveis em httpwwwgraduacaounivasfedubrcedeppg=paginas|pagina04-html
71
CAPIacuteTULO V
5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
51 Anaacutelise das Redaccedilotildees
A anaacutelise das redaccedilotildees de estudantes de Recife sobre o tema ldquoViolecircncia
Escolarrdquo permite compreender como esses alunos convivem com o fenocircmeno
como entendem sua dinacircmica como reagem a ele e por fim como visualizam
formas de superaacute-lo A partir da leitura das redaccedilotildees foi proposta uma
organizaccedilatildeo dos dados de modo a refletir a diversidade e a complexidade
presente na abordagem do tema em questatildeo Os dados foram organizados e
estatildeo apresentados nos seguintes temas
Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante
A Violecircncia como parte do cotidiano
Violecircncia escolar e bullying
A Dinacircmica da violecircncia
As Raiacutezes da Violecircncia Escolar
Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar
Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo ameaccedilas
chantagens intoleracircncia preconceito
As agressotildees verbais
Violecircncia escolar e brincadeira
Violecircncia escolar e o professor
72
A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar
Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo
Consequecircncias
Violecircncia e relacionamento
Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar
O Papel da Escola
O Papel do Estado
O Papel dos Proacuteprios Participantes
Os resultados a seguir satildeo produto de uma anaacutelise temaacutetica do conteuacutedo
das redaccedilotildees O conteuacutedo de 124 redaccedilotildees foi analisado qualitativamente
quanto aos temas presentes relacionados agrave violecircncia escolar Os temas
abordados pelos participantes tecircm grande semelhanccedila com os aspectos
explorados nos diferentes estudos sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo como pode ser
visto no segundo capiacutetulo deste trabalho
511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante
5111 A Violecircncia como parte do cotidiano
A violecircncia eacute considerada como algo presente no cotidiano atingindo
muitas escolas ldquoviolecircncia escolar eacute muito comum atualmenterdquo (A30) ldquoa
violecircncia escolar estaacute presente em nosso dia a dia isso eacute verdade e ningueacutem
pode ir contra essa verdaderdquo (B40) ldquoa violecircncia escolar estaacute presente em
muitas escolasrdquo (C69) ldquohoje em dia a violecircncia escolar eacute muito grave pois
agora em muitas escolas estaacute tendo issordquo (B42) podendo atingir as escolas de
um modo geral ldquocomo todos vocecircs sabem haacute violecircncia nas escolas de todo o
73
Brasil e todo mundordquo (B47) ldquoa violecircncia escolar acontece em todas as escolasrdquo
(A18) ldquoa violecircncia escolar eacute um assunto muito importante pois estaacute muito
presente em milhares de escolas de todo o paiacutesrdquo (A19)
Aleacutem de bem presente no cotidiano a violecircncia envolve diversas
pessoas sejam adultos ou crianccedilas ldquoa violecircncia escolar eacute vivida por muitas
crianccedilas e adolescentes hoje em diardquo (A24) ldquoAs violecircncias na escola que
muitas vezes eu vejo satildeo alunos que tecircm problemas uns com os outrosrdquo
(C117) atinge tanto alunos como professores ldquoviolecircncia escolar na atualidade
eacute um grande problema entre professores alunos diretoresrdquo (B36) ldquotodo
mundo ou quase todo mundo jaacute sofre ou vai sofrer provavelmente parece que
estaacute marcado no seu destinordquo (C85)
A violecircncia escolar eacute vista como algo comum e frequente ldquoA violecircncia
faz parte do mundo moderno e nas escolas isso estaacute cada vez mais comumrdquo
(C109) ldquohoje em dia eacute muito comum ter violecircncia na escola pois os alunos que
fazem isso gostamrdquo (A17) ldquoultimamente a agressatildeo escolar eacute cada dia mais
comumrdquo (B44) ldquoem todos esses anos de estudo eu acho que isso (violecircncia
escolar) ocorre frequentementerdquo (A14)
Assim como mostram outros estudos (Abramovay 2005 Silva 1997) os
estudantes consideram que a violecircncia na escola eacute algo presente haacute muito
tempo ldquoA violecircncia escolar vem acontecendo de longa data e muitas vezes eacute
ocasionada por puras besteirasrdquo (C80) ldquoEu acho que violecircncia escolar eacute algo
que acontece haacute muito tempo e em muitos lugares do mundordquo (C100)
Entretanto haacute os que a consideram algo recente ldquoA violecircncia na escola eacute
muito recenterdquo (C120) ldquoViolecircncia na escola isso hoje em dia parece que eacute
modardquo (C85) Mas independente de ser algo recente ou antigo reconhece-se
74
que estaacute se intensificando ldquoeu acho que a violecircncia escolar vem a cada dia
(sendo) praticada mais e maisrdquo (B37) ldquoA violecircncia vem aumentando muito nos
uacuteltimos anos porque as pessoas acham que a violecircncia resolve tudo mas ela
soacute piora os problemasrdquo (C90) ldquoA violecircncia nas escolas diminuiu faz pouco
tempo mas agora voltou com tudordquo (C123) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando
a cada dia piorrdquo (C128) ldquoesse fato (violecircncia escolar) vem crescendo mais e
mais a cada diardquo (A15) Na situaccedilatildeo relatada a seguir transparece este
aumento da intensidade na violecircncia escolar haacute a presenccedila de agressatildeo fiacutesica
chegando agrave posse de um instrumento cortante que poderia aumentar os danos
fiacutesicos causados
ldquoPelo menos 1 ou 2 vezes por mecircs haacute casos deste tipo e cada vez pior com murros socos e ateacute houve casos de levar canivete para prejudicar os outrosrdquo (A8)
Tanto se intensifica como tambeacutem aparecem alguns elementos novos
ldquoA violecircncia escolar no comeccedilo era soacute de meninos por causa de dinheiro ou
beleza etc Mas agora as brigas vecircm aumentando com brigas (tanto) de
meninos como de meninas () Eu jaacute vi vaacuterios e vaacuterios casos dessas brigas e
os principais motivos satildeo meninos Elas brigam porque acabou o namoro e
depois outra menina namora com elerdquo (C94) E o motivo eacute considerado banal
ldquohoje em dia eacute muito frequente brigas entre alunos pode ser ateacute mesmo por
uma besteirardquo (A3) ldquoA violecircncia cada vez mais estaacute se tornando mais repetitiva
e mais bruta esse ano ateacute jaacute houve casos brutos de morte por causa de um
barulho de uma canetardquo (C119)
Os meios de comunicaccedilatildeo contribuem para que a violecircncia faccedila parte do
cotidiano dos estudantes ldquoBem a violecircncia escolar agora estaacute muito comum
nas escolas na televisatildeo passa direto vaacuterios casos desse tipordquo (C94) ldquoCada
75
vez mais vemos na TV e ateacute mesmo do nosso lado a violecircncia na escolardquo
(C99) ldquoEsse ano na televisatildeo foram colocados muitos casos por exemplo o
do menino que levou um tiro na proacutepria escola e tinha apenas 5 anosrdquo (C107)
ldquoHaacute muitos atos de violecircncia nas escolas eu nunca vi mas eacute que passa na TV
() tipo em uma escola do Rio de Janeiro teve um ato de violecircncia duas
garotas brigavam parecendo que iam se matar isso virou um caso na poliacutecia
ateacute passou na TVrdquo (C98) Eacute um tema presente nos programas jornaliacutesticos
ldquosempre quando assisto o jornal falam de um caso que tem a ver com a
violecircncia na escolardquo (A22) ldquoeacute muito comum noacutes vermos no noticiaacuterio histoacuterias
de alunos agredirem alunos por motivos pequenosrdquo (C70) ldquoMuitos noticiaacuterios
falam que os alunos levam armas facas e etcrdquo (C111) Os alunos entram em
contato com o tema da violecircncia atraveacutes de programas diversificados ldquoeu jaacute me
cansei de ver nos filmes aqueles alunos que maltratam os colegas agraves vezes
roubando o dinheiro ou fazendo ameaccedilasrdquo (A9) ldquoEsse fato da violecircncia escolar
pode ser tatildeo marcante na vida que tem ateacute filmes que tratam desse assuntordquo
(C100) ldquona televisatildeo todo dia passa algum documentaacuterio que um aluno bateu
no outro matou o outro xingou o outro etcrdquo (A4) Percebe-se um grande
destaque ao que eacute divulgado pela televisatildeo mas reconhece-se que tambeacutem
aparece nos diversos meios de comunicaccedilatildeo ldquoHoje em dia eacute muito comum vecirc
em jornais revistas na televisatildeo alunos agredindo um ao outro e isso as
vezes se torna tatildeo grave que vai parar no hospitalrdquo (A35) ldquoquando eu li uma
notiacutecia de jornal sobre isso eu pensei consigo mesmo seraacute que ateacute isso eles
fazemrdquo (A3)
Silva (1997) destacou a ecircnfase dada pelos alunos em seu estudo aos
filmes e aos programas violentos da televisatildeo como explicaccedilatildeo da violecircncia A
76
familiaridade e intensidade com que os jovens estatildeo expostos agrave programaccedilatildeo
parece favorecer que associem o que vivenciam na escola com o que
percebem nos programas que assistem
A violecircncia na escola puacuteblica parece estar mais em evidecircncia ldquoeu acho
que a violecircncia escolar eacute muito comum no Brasil principalmente em escolas
puacuteblicas do nordesterdquo (A12) ldquonas escolas puacuteblicas de vez em quando
acontecem muitas brigas entre internos e externosrdquo (C123) ldquoHoje em dia eacute
muito comum ocorrer violecircncia nas escolas principalmente nas puacuteblicasrdquo
(C64) ldquohoje em dia eacute muito comum a violecircncia escolar principalmente nas
escolas puacuteblicasrdquo (C70) ldquonos coleacutegios puacuteblicos eacute briga por causa de drogas
briga de gangues etcrdquo (C91) Natildeo obstante os alunos reconhecem que a
violecircncia natildeo eacute exclusividade deste tipo de escola ldquojaacute ouvi muitas histoacuterias
sobre violecircncia nas escolas e natildeo e soacute nas escolas puacuteblicas natildeo tem violecircncia
nas particulares tambeacutemrdquo (A22) ldquoViolecircncia escolar eacute um ato que vem
acontecendo com muita frequumlecircncia nas escolas particulares ou escolas
puacuteblicasrdquo (C107)
A desigualdade social eacute abordada quando haacute referecircncia ao tipo de
escola ldquoNas escolas puacuteblicas isso acontece agraves vezes devido a vida que o
aluno vive agraves condiccedilotildees educacionais delerdquo (C110) Os trechos abaixo
evidenciam a relaccedilatildeo entre o tipo de escolar por conseguinte o poder
aquisitivo e comportamentos que promovem violecircncia
ldquoAchamos por motivos de desigualdade social que essa violecircncia soacute acontece em escolas puacuteblicas de pessoas com um niacutevel inferior Poreacutem ateacute nas escolas de grande porte e com mensalidades absurdas acontece esse tipo de coisardquo (A31) ldquoEu jaacute vi INUMEROS casos de violecircncia escolar na TV principalmente com os coleacutegios de classe meacutedia porque eles acham
77
que podem mandar no coleacutegio soacute porque satildeo ricos eles se achamrdquo (C69) ldquoEu acho que isso acontece mais nas escolas puacuteblicas (natildeo que a violecircncia natildeo tenha nas particulares) porque as pessoas satildeo menos disciplinadas e natildeo recebe uma orientaccedilatildeo (C113)
Parece que os alunos reproduzem situaccedilotildees de preconceito e exclusatildeo
social ao relacionarem a violecircncia ao niacutevel soacutecio-econocircmico Eacute possiacutevel que os
pais e tambeacutem os professores alertem os estudantes para essa ldquorealidaderdquo
(Abramovay 2005) E desta forma a escola perpetua situaccedilotildees de preconceito
se tornando um lugar onde se aprende violecircncia (Galvatildeo et al 2010)
A violecircncia escolar eacute tema de discussatildeo bem presente nas escolas
ldquoeste eacute um tema muito discutido entre as pessoas que eu conheccedilordquo (A10)
ldquoviolecircncia escolar eacute um assunto muito debatido e combatido pelos coleacutegios
nos dias de hojerdquo (A13) ldquoO tema violecircncia escolar eacute um assunto que deve ser
debatido e resolvido dentro da escola Desde que entrei na escola tivemos
vaacuterios momentos de discussatildeo deste assuntordquo (C75) mas haacute alunos que
destacam que a discussatildeo precisa ser ampliada ldquona minha opiniatildeo a violecircncia
escolar eacute um assunto pouco abordado e esclarecidordquo (A9) ldquoViolecircncia escolar
acho um tema que precisa ser abordado pois estaacute cada vez piorrdquo (C118)
Os alunos demonstram grande familiaridade com o tema da violecircncia na
escola ldquoconheccedilo muitas pessoas que foram viacutetimas de violecircncia
principalmente nas escolas Conheccedilo pessoas que sofreram vaacuterios tipos de
violecircncia como a verbal a violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (A10) ldquoe conheccedilo
vaacuterias pessoas que jaacute aconteceu isso com elas Eu vi como elas se sentiam
tristes sozinhas e excluiacutedasrdquo (C62)
Vaacuterios participantes relataram jaacute haver presenciado algum tipo de ato
78
violento na escola ldquoeu jaacute vi muitos casos e fiquei na minhardquo (B44) ldquojaacute
presenciei fatos horriacuteveis de agressotildees fiacutesicas e na sala de aula existe muitordquo
(A31) ldquona minha escola jaacute presenciei um uacutenico caso e pelo visto todos que
estavam ao meu redor gostaram ou ficaram espantadosrdquo (B44)
Contudo tambeacutem eacute possiacutevel ver a escola acima da violecircncia ldquona minha
opiniatildeo natildeo haacute violecircncia na escola pois na escola eacute um lugar onde noacutes
aprendemos nos relacionamos com pessoas (amigos e professores)rdquo (A6)
5112 Violecircncia escolar e bullying
A questatildeo do bullying eacute bastante abordada quando os estudantes se
referem agrave violecircncia escolar ldquonos uacuteltimos anos estatildeo ocorrendo fatos que vem
preocupando muito brasileiros o chamado lsquobullyingrsquo que satildeo agressotildees fiacutesicas
e verbaisrdquo (A34) ldquoEm muitas escolas brasileiras ocorre um fenocircmeno natildeo
agradaacutevel que se chama Bullyingrdquo (B51) sendo tambeacutem apresentado como
bem presente no cotidiano ldquoacho que eacute o bullying que estaacute sempre presente
entre os alunosrdquo (B41) ldquoo bullying eacute uma coisa ateacute considerada comum porque
acontece toda horardquo (C114) ldquohoje em dia eacute muito frequente vermos a violecircncia
entre alunos o chamado bullyingrdquo (A15) ldquoUm outro (tema) que estaacute dentro da
violecircncia escolar eacute o bullyingrdquo (C107) ldquoMuitas vezes nas escolas haacute o bullying
no qual alunos e alunas satildeo ameaccedilados por colegas muitas vezes por
preconceitordquo (C121) ldquoMas o bullying natildeo eacute soacute colocar apelido que natildeo gosta
mas tambeacutem faze-lo passar mico colocar videos em que a pessoa se envolva
na internet sem que ela queira bater no colega forccedilando-o a lhe dar dinheirordquo
(B41)
79
Agraves vezes a violecircncia escolar inclusive eacute identificada como bullying ldquoa
violecircncia escolar eacute chamada tambeacutem de Bullying Esse tipo de violecircncia
acontece mais entre jovensrdquo (B49) ldquoviolecircncia escolar que na verdade eacute o
bullying que eacute alunos agredindo uns aos outros abusando e etcrdquo (C71) ldquoa
violecircncia na escola se trata de bullyingrdquo (A11) ldquoEsse tipo de violecircncia tambeacutem
eacute chamado de bullyingrdquo (B47) ldquoa violecircncia escolar (bullying) eacute muito constante
em escolas e faculdaderdquo (B48) ldquoviolecircncia na escola eacute muito frequente quando
isto ocorre na maioria das vezes chamamos de bullyingrdquo (C73) ldquoatualmente a
violecircncia praticada nas escolas eacute denominada Bullyingrdquo (B50) Mas tambeacutem
aparecem aspectos que diferenciam violecircncia escolar e bullying ldquoa violecircncia
escolar eacute tudo o que machuca o colega a violecircncia escolar pode ser verbal ou
fiacutesica Jaacute o bullying eacute quase a mesma coisa soacute que eacute feito frequentemente em
escolasrdquo (C76) ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar e jaacute falamos do
preconceito temos que falar do bullying que eacute quando a pessoa sofre
diariamente agressotildeesrdquo (C81)
Percebe-se que os elementos utilizados pelos estudantes para fazer
referecircncia ao bullying estatildeo na direccedilatildeo dos aspectos utilizados pela literatura
consultada (Tognetta e Vinha 2010 Fante 2005 Lopes Neto 2005) Os
estudantes abordam a questatildeo da intencionalidade da constacircncia a questatildeo
da diferenccedila de poder
As situaccedilotildees envolvendo bullying tambeacutem estatildeo ficando mais frequente
ldquoo bullying estaacute cada vez aumentando na escola com os xingamentos a
violecircncia e varias outras coisasrdquo (C66) ldquoNas escolas os casos de bullying vem
aumentando e seus agressores praticantes mais comunsrdquo (C109) ldquoNatildeo eacute
80
raro ocorrer Bullyingrdquo (B50) ldquoo bullying vem ficando cada vez maior no Brasil
fato que preocupa e potildee em alerta os oacutergatildeos escolares que cada vez mais
estatildeo tentando combater o bullyingrdquo (C88) Haacute relatos que satildeo bem expliacutecitos
em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de bullying
ldquoComeccedilando sobre o Bullying que jaacute presenciei eacute de um colega meu com outro pois ele fala coisas de sua aparecircncia cara de ET e natildeo eacute muito amigo dele Haacute tambeacutem uma menina que eacute soacute olhar para o outro que comeccedila a falar mal delerdquo (C110)
Eacute importante que Bullying tambeacutem seja um tema debatido na escola
ldquoBom na escola principalmente acontece muito bullying acho que falta mais
explicaccedilatildeo aos alunos (amigos) mesmo com palestras tem muito bullying no
coleacutegiordquo (C63) ldquoO bullying hoje em dia eacute um tema bastante discutido
principalmente nas escolasrdquo (B52) ldquoAcho que eacute muito importante ter palestras
sobre bullying para reforccedilar a ideacuteia da natildeo violecircncia escolar a pessoa deveria
ter a consciecircncia de que a violecircncia natildeo resolve nadardquo (C70)
Haacute diversos aspectos considerados para explicar em que consiste o
bullying O tipo de agressatildeo ldquoo bullying eacute qualquer agressatildeo fiacutesica ou
psicoloacutegica que eacute feito com um indiviacuteduordquo (B48) ldquoCaracteriza-se bullying os
apelidos maldosos xingamentos agraves pessoas e agrave famiacutelia a violecircncia fiacutesica
(bater chutar etc) dentre outrosrdquo (C109) as pessoas envolvidas ldquoO bullying eacute
uma atividade de que uma ou mais pessoas que maltratam a outra pessoa
sendo oral ou brutal O bullying na maioria das vezes eacute praticado na escolardquo
(C126) a constacircncia ldquo(bullying) eacute a agressatildeo fiacutesica e mental que acontece
todo dia e tambeacutem com gente da mesma idaderdquo (C107) No trecho a seguir
percebe-se o esforccedilo visando esclarecimento sobre o que eacute bullying ldquoComeccedilo
81
essa redaccedilatildeo falando de bullying termo inglecircs sem traduccedilatildeo usado para
nomear um tipo de abuso que ocorre na escola feito por alguns alunos e
sofridos por outrosrdquo (C88)
Parece que a intensidade de exposiccedilatildeo eou vivecircncia das situaccedilotildees de
bullying na escola colabora para que os alunos expressem os diferentes
aspectos que envolvem a praacutetica de bullying
Mesmo sendo muito apontado como violecircncia escolar reconhece-se o
bullying como algo que natildeo eacute restrito agrave escola ldquoExistem vaacuterios tipos de
bullying o ciberbullying que eacute o bullying na internet o bullying na aacuterea de
trabalho entre outrosrdquo (B52) ldquoeste (bullying) natildeo existe apenas na escola mas
dentro ou fora eacute um ato ridiacuteculo ningueacutem tem motivos para fazer issordquo (C72)
O bullying aparece como motivaccedilatildeo para violecircncia na escola ldquoDentro da
escola os principais motivos que levam a uma violecircncia satildeo desentendimentos
que satildeo comuns na vida e o bullyingrdquo (C72) ldquoagraves vezes satildeo motivos realmente
seacuterios como o bullying que eacute um xingamento com uma pessoa que fala
diferente da outra (sotaque)rdquo (C74) ldquoa violecircncia fiacutesica tambeacutem eacute comum agraves
vezes nem percebemos mas se torna bullying algo seacuterio que deve ser
combatidordquo (C68) No relato a seguir esta questatildeo eacute bastante evidente ldquoEu
mesmo jaacute sofri disso por muito tempo Eu me lembro que numa vez uns caras
comeccedilaram a me irritar ai eu peguei uma cadeira e fingi que ia bater nelesrdquo
(B38)
Situaccedilotildees de bullying estatildeo tambeacutem presentes nos meios de
comunicaccedilatildeo ldquoNa televisatildeo passa um seriado que se chama Todo Mundo
Odeia o Cris eacute um garoto negro que sofre muito por ser desta cor e o pior eacute
que ele estuda numa escola soacute de brancos E sofre o bullying pelo garoto
82
brancordquo (C107) ldquoEm uma reportagem eu vi que na maioria das escolas do
Brasil eacute praticado esse tipo de violecircncia (bullying) E passa na TV muitas
entrevistas que o menino agrediu o outro verbalmente fisicamenterdquo (C113)
ldquoVejo em muitas reportagens esse tema que atinge milhares de jovens o
famoso Bullyingrdquo (C118)
512 A Dinacircmica da violecircncia
A violecircncia escolar eacute apresentada a partir de alguns aspectos que a
compotildee possibilitando compreensatildeo da complexidade deste fenocircmeno
Inicialmente satildeo feitas consideraccedilotildees sobre suas raiacutezes dando destaque ao
papel da famiacutelia na educaccedilatildeo dos jovens Percebe-se referecircncia a algumas
caracteriacutesticas pessoais daqueles envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia escolar
fica evidente o papel exercido pelo medo e pelas ameaccedilas e chantagens
assim como eacute muito presente situaccedilotildees de intoleracircncia e de preconceito Eacute
colocado grande destaque a violecircncia executada atraveacutes de agressotildees verbais
eou de brincadeiras E por fim haacute inclusatildeo da figura do professor na
apresentaccedilatildeo dos elementos que compotildeem este cenaacuterio de violecircncia
5121 As raiacutezes da Violecircncia Escolar
Vaacuterias satildeo as causas atribuiacutedas agrave violecircncia escolar geralmente
relacionadas ao ambiente escolar ao ambiente familiar incluindo o tipo de
educaccedilatildeo ou relacionamento familiar daqueles envolvidos em atos violentos e
de forma mais ampla atribui-se a causas na sociedade inclusive na miacutedia
A influecircncia da famiacutelia eacute intensamente referenciada nas reflexotildees acerca
da origem dos comportamentos violentos na escola O papel da famiacutelia na
83
educaccedilatildeo dos filhos aparece com realce ldquoSabemos que isso se daacute por
diversos motivos () o principal eacute a educaccedilatildeordquo (C99) ldquoeacute tudo (violecircncia) uma
questatildeo de educaccedilatildeordquo (A12) sendo modelo para o seu comportamento ldquoPenso
que a violecircncia na escola se daacute a partir da educaccedilatildeo em casa ou seja a dos
pais aqueles pais que ajudam a formar o caraacuteter dos filhos que servem de
exemplos para elesrdquo (C99)
O fracasso da famiacutelia na educaccedilatildeo dos filhos eacute salientado ldquoA violecircncia
na escola estaacute cada vez maior porque ningueacutem se respeita e os pais natildeo datildeo
educaccedilatildeo para seu filhordquo (C66) ldquoParticularmente acho que a violecircncia escolar
comeccedila nos lares (pela falta de repreensatildeo dos pais)rdquo (C78) comprometendo
toda a formaccedilatildeo do individuo ldquoeu acho que (quem) pratica a violecircncia eacute porque
natildeo teve infacircncia e natildeo foi bem criadordquo (A11) Haacute ainda destaque para a figura
materna ldquose os pais neste caso matildees natildeo estatildeo cumprindo o dever delas
para com os filhos os filhos na escola obviamente natildeo seratildeo propiacutecios
podendo ter dificuldade de se relacionar natildeo aprender o conteuacutedo outra forma
eacute praticando a violecircnciardquo (C103)
Suspeita-se inclusive que pessoas envolvidas em situaccedilotildees de
violecircncia na escola satildeo expostas a violecircncia domeacutestica ldquoA violecircncia na escola
comeccedila em casa que laacute mesmo tem entatildeo estaacute na hora todos comeccedilarem a
mudarrdquo (C110) ldquomuitas vezes esses alunos batem um no outro ou porque vecirc
isso em casa ou porque tem muita raiva muita fuacuteriardquo (A4) ou ateacute mesmo satildeo
viacutetimas desta violecircncia ldquoMuitas vezes crianccedilas que batem e agridem amigos
satildeo assim tratadas dentro de sua residecircnciardquo (A24) ldquoos pais mesmos tem que
ensinar ao seu filho porque a educaccedilatildeo vem de casa e quem pratica o bullying
geralmente sofre em casardquo (C107) O modelo familiar eacute proposto como
84
explicaccedilatildeo ldquoesse comportamento muitas vezes vem de casa quando a crianccedila
ou adolescente convive com briga dos pais na rua de casa etcrdquo (A12)
Aspectos positivos da influecircncia da famiacutelia tambeacutem satildeo reconhecidos e
considerados importantes no cenaacuterio da violecircncia tanto como modelo para
comportamentos positivos ldquoos (pais) que se esforccedilam para educar seus filhos
e vecirc-los seguindo seu proacuteprio caminho sendo uma pessoa boardquo (C99) e
tambeacutem como figura de autoridade ldquoNa minha opiniatildeo isso acontece pois na
escola estamos mais soltos por natildeo termos a supervisatildeo de nossos pais e
por isso estamos suscetiacuteveis a excessos que resultam em violecircncia que pode
ser fiacutesica ou verbalrdquo (C109)
O papel dos pais sobre o comportamento dos filhos eacute examinado a partir
de aspectos contemporacircneos da dinacircmica familiar A ausecircncia dos pais parece
facilitar o surgimento de comportamento violento dos filhos na escola seja pela
dificuldade em impor limites dos adultos seja pala carecircncia sentida das
crianccedilas e dos jovens Os agressores estariam compensando a falta de
atenccedilatildeo na famiacutelia ldquoos agressores do bullying querem chamar atenccedilatildeo devido
a natildeo ter essa atenccedilatildeo dentro de casa ou outros casosrdquo (B50) Os trechos
abaixo deixam mais evidentes como estas questotildees satildeo percebidas pelos
alunos
ldquoEu particularmente acho isso uma falta de respeito e que essas coisas deveriam se aprender em casa Mas principalmente agora os pais natildeo tecircm tempo para cuidar e educar os filhos em tempo integral e sem a presenccedila dos pais os filhos podem ficar agressivos o que leva a fazerem coisas como bater e agressatildeo verbal com seus colegasrdquo (A13)
ldquoHoje em dia eacute mais comum haver violecircncia nos coleacutegios pois os pais estatildeo mais ausentes natildeo potildeem limite nos seus filhos isso tudo faz com que ele fique uma pessoa mais agressiva a falta de carinho dos seus pais os amigos ajudam claro mas tudo comeccedila pela casardquo (A28)
85
ldquoHoje em dia as crianccedilas estatildeo cada vez mais agressivas e impacientes talvez por causa da ausecircncia dos pais ou por motivos superiores principalmente na escola esse fato se comprova existe muitos relatos de professores agredidos por alunos e ateacute mesmo agressotildees entre amigosrdquo (A31)
Ao mesmo tempo em que eacute atribuiacuteda agrave famiacutelia grande importacircncia na
histoacuteria de vida ou desenvolvimento do indiviacuteduo e por conseguinte a
responsabilidade pelo comportamento violento dos jovens reconhece-se que a
proacutepria famiacutelia tambeacutem teme tal fato ldquocada pai natildeo quer que isso aconteccedila com
o seu filho de verdade entatildeo porque natildeo da educaccedilatildeordquo (C110) ldquoEu acho que
os pais devem educar seus filhos e dar uma infacircncia legal e sem violecircncias
porque senatildeo mais tarde eles vatildeo se arrepender e ver o que natildeo querem seu
filho matando praticando a violecircncia etc eu acho que pai nenhum que ver isto
acontecerrdquo (A11)
Em alguns casos a origem da violecircncia eacute atribuiacuteda agrave formaccedilatildeo das
crianccedilas em seu desenvolvimento sem indicar a influecircncia do ambiente
familiar ldquoacho que a verdadeira causa eacute a formaccedilatildeo das crianccedilas pois vendo
maus exemplos acaba sendo um jovem delinquenterdquo (B44) ldquoinfelizmente as
crianccedilas estatildeo crescendo com um pensamento bem maldoso que trazem medo
para as pessoas de vivem ao seu redorrdquo (A31)
A origem da violecircncia na sociedade mais ampla eacute outra possibilidade
aventada Em alguns casos haacute referecircncia agrave violecircncia na sociedade como um
todo mas natildeo haacute clareza quanto agrave transposiccedilatildeo dessa violecircncia para o
ambiente escolar
ldquoAs violecircncias estatildeo acontecendo em vaacuterios (lugares) como escola shopping no jogo de futebol e outros lugares por causa que o mundo que a gente vive estaacute estimulado para fazer violecircncia e isso natildeo eacute corretordquo (A20)
86
Parece que o mundo como um todo estaacute estimulado para a violecircncia ldquoo
mundo hoje estaacute muito violento eacute pai matando filho filho matando pai e
tambeacutem amigos matando amigosrdquo (C91) entretanto natildeo haacute indicaccedilatildeo clara
que a violecircncia em uma esfera da sociedade afete a outra Os vaacuterios setores
da sociedade satildeo vistos como causas possiacuteveis da violecircncia escolar desde o
ciacuterculo de amizades produtos culturais veiculados na TV videogames
conteuacutedo da internet e ateacute mesmo da imprensa
ldquoVaacuterios motivos podem justificar essa accedilatildeo como por exemplo jogos de videogame na TV com os amigos em noticias de jornal entre outros Eu acho que quem faz esse tipo de coisa satildeo pessoas influenciadas e agem dessa maneira para mostrar que eacute valentatildeordquo (A3)
Para alguns estudantes estaacute mais clara a relaccedilatildeo entre a violecircncia mais
ampla e seu surgimento no ambiente escolar ldquomuitos jovens aprendem em
jogos de videogame na internet na TV a violecircncia e guardam isso na mente
para brigar na escolardquo (A15) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia surge na rua e eacute
trazida para escolardquo (C126)
O comportamento dos proacuteprios alunos e a forma de agir da escola
tambeacutem satildeo considerados causas para a violecircncia escolar
ldquoIsso acontece porque tem sempre alguns alunos que natildeo cumprem algumas regras e tambeacutem agridem outros alunos na maioria das vezes isso acontece porque os alunos que satildeo agredidos tem medo de entregar o agressor porque ele tem medo que quando entregarem o agressor agrida mais ainda ele e tambeacutem acontece muitas vezes pela falta de vigilacircncia da escolardquo (A18) ldquoNas escolas a violecircncia escolar eacute intensa Algumas por causa de conversas e boatos outras por causa de jogos como futebol vocirclei basquete etc ou porque algumas pessoas gostam de arrumar confusatildeo e provocam as outras para brigaremrdquo (C60)
87
5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar
Os estudantes percebem algumas caracteriacutesticas mais evidentes das
viacutetimas e dos agressores principalmente nas situaccedilotildees de bullying
A diferenccedila de tamanho entre agressor e viacutetima eacute um dos aspectos
mencionado ldquoesse tipo de violecircncia ocorre na escola geralmente por alunos
maiores que a viacutetimardquo (A9) ldquomuitos covardes datildeo em pessoas bem menores
que eu essas pessoas natildeo fazem ideia do que estatildeo fazendordquo (C69) No
relato apresentado a seguir haacute referecircncia a este aspecto como fator central na
situaccedilatildeo de violecircncia testemunhada
ldquoHaacute uma pessoa que eu conheccedilo que as vezes sofre coisas desse tipo Esta pessoa tem 10 anos e os meninos que satildeo 1 a 2 anos mais velhos aperreiam e as vezes batem nele Ele tenta se defender mas os meninos satildeo mais velhosrdquo (A10)
Entre os atributos aparece o fato de ser algueacutem novo no grupo de
modo que ldquoisso acontece normalmente com novatosrdquo (A7) Outro traccedilo
apontado para as viacutetimas eacute seu comportamento ldquocorretordquo ldquoas crianccedilas e os
adolescentes os chamados ldquocertinhosrdquo geralmente sofrem com as
brincadeiras de mau-gosto daqueles que natildeo satildeo interessados em estudarrdquo
(A15)
Ao apresentarem caracteriacutesticas pessoais dos envolvidos em situaccedilotildees
de bullying haacute alunos que destacam aspectos relacionados com o bom
desempenho escolar ldquo() geralmente eacute praticado contra os alunos que soacute
tiram notas boas e tambeacutem outras pessoasrdquo (B51) Entretanto haacute quem
considere o contraacuterio que pode ser o mau desempenho escolar uma
caracteriacutestica relevante para a vitimizaccedilatildeo ldquoo bully ou seja o agressor
geralmente eacute uma pessoa que tecircm classe social inteligecircncia ou seja mais
88
forte em relaccedilatildeo ao agredido que eacute o que tira notas baixas eacute fraco e
indefesordquo (B52)
O agressor eacute mais forte todavia eacute covarde A relaccedilatildeo entre viacutetima e
agressor indica a covardia do agressor e a fraqueza da viacutetima ldquoele (bullying) eacute
praticado usando a covardia ao favor do agressor Ele sempre ataca os fracos
em funccedilatildeo de maltrataacute-los por puro prazerrdquo (B50) ldquoo que mais me incomoda
satildeo os alunos que batem nas alunas pois aleacutem de natildeo respeitaacute-las estatildeo
machucando pessoas mais sensiacuteveis e fraacutegeis do que elerdquo (C114)
Essa oposiccedilatildeo entre ser forte ou ser fraco estaacute associada com o
envolvimento nas situaccedilotildees de bullying como agressor ou viacutetima
ldquoViacutetimas ficam tristes apanhados sozinhos com isto Muitas pessoas brigam para humilhar o outro porque sabe que eacute mais forte e o outro eacute mais fraco aiacute se aproveita disto muitas vezes eles fazem isto para se exibir para as meninas fazem armadilhas ao mais fraco ficam esculhambandordquo (C73)
A situaccedilatildeo de maior fragilidade eacute uma das caracteriacutesticas atribuiacutedas agraves
viacutetimas ldquoa lsquoviacutetimarsquo natildeo pode se defender sozinha por isso natildeo reage apenas
apanha ou outros tipos de Bullyingrdquo (B50) ldquoum fato preocupante tambeacutem eacute que
na maioria dos casos de bullying a viacutetima natildeo sabe se defenderrdquo (C88)
A viacutetima tambeacutem eacute caracterizada como algueacutem que se diferencia do
grupo seja em termos fiacutesicos ou comportamentais ou pela presenccedila de alguma
deficiecircncia ldquoa violecircncia escolar eacute sofrida por vaacuterios alunos seja ele gordo
magro com algum tipo de deficiecircncia ou ateacute mesmo pela forma dele serrdquo
(A23) ldquoMuitos exemplos comuns como ser negro de outro paiacutes eacute muito chato
issordquo (C62) ldquogeralmente eles fazem isso com aquele colega que eacute um pouco
diferente dos demais e com isso ele acaba praticando o bullyingrdquo (B37)
89
ldquopessoas lsquodiferentesrsquo satildeo as principais viacutetimas desse ato ateacute mesmo o uso de
oacuteculos leva a uma brincadeirinha sem graccedilardquo (B39) ldquouma pessoa eacute acima do
peso ou eacute diferente de alguma forma as outras pessoas jaacute comeccedilam a chamar
(apelidos) de baleia titanic que se a pessoa cair no chatildeo nem um trator
levanta ela e outras coisasrdquo (C93) ldquoa violecircncia escolar geralmente acontece
por conta de fatos infantis porque algueacutem cortou o cabelo porque eacute mais
estranho do que o outrordquo (C67)
A popularidade do agressor eacute apontada ldquoporque haacute muitos alunos que
se acham o tal soacute porque eacute popular e isso faz ele pensar que pode fazer o que
quiser com os outros alunosrdquo (B37) embora natildeo signifique que sejam pessoas
admiradas ldquoEsse tipo de violecircncia eacute constante (bullying) Aqui na sala tem uns
3 ou 4 meninos que satildeo muito chatos e praticam essa violecircncia tanto verbal
com os outros tiposrdquo (C113) ldquoAcho muito chato pessoas que fazem isso e a
maioria satildeo as mais populares que mais chamam atenccedilatildeo na escolardquo (C110)
Tambeacutem aparece a situaccedilatildeo de exclusatildeo da viacutetima ldquoos que sofrem
violecircncia escolar satildeo os chamados excluiacutedos que natildeo se encaixam nos
grupinhosrdquo (C82) ldquoEm outras situaccedilotildees alunos satildeo afastados pelo jeito de ser
Por exemplo Haacute grupos nas escolas de nerds patricinhas feios bonitos
chatos Isso eacute muito chato porque isso natildeo mostra a uniatildeo das pessoas E
ficam muitas vezes chateadasrdquo (C121)
Vale destacar que estes papeacuteis parecem natildeo serem fixos pois ldquoalgumas
vezes proacuteprias viacutetimas tambeacutem satildeo agressoresrdquo (B51)
Raramente as viacutetimas natildeo satildeo estudantes ldquoCom os professores jaacute eacute
diferente essas natildeo acontece muito porque o professor eacute como se fosse o liacuteder
e tem muita autoridaderdquo (B37) embora a figura do professor tambeacutem seja
90
apontada como a de agressor ldquoe o agressor natildeo eacute soacute o aluno pode ser o
professor e a viacutetima tambeacutem pode ser professor mas no final todos de alguma
maneira tecircm seu dedo de culpardquo (C85)
Assim como estudos do Relacionamento Interpessoal que destacam o
papel das caracteriacutesticas individuais nos relacionamentos os alunos tambeacutem
apresentam de forma bem explicativa a forma como tais caracteriacutesticas
interferem nos relacionamentos Para Tognetta (2010) ldquoos alvos de bullying
satildeo crianccedilas e adolescentes vitimizados pelos estereoacutetipos sociais e por isso
sofrem comumente tecircm uma caracteriacutestica que foge do que eacute culturalmente
estabelecido usam oacuteculos choram demais satildeo gordinhos ou tiacutemidos ou seja
tecircm um padratildeo ou um comportamento que os diferencia dos demaisrdquo (p 91)
5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo
ameaccedilas chantagens intoleracircncia preconceito
Muitos alunos abordam a dinacircmica da violecircncia discorrendo sobre as
accedilotildees que as caracterizam ldquoessas pessoas muitas vezes pedem alguma coisa
e se a pessoa natildeo der eles batem nela e pegam o que pediramrdquo (C60)
ldquoGERALMENTE esse povo que daacute nos outros eles tem uma turminhardquo (C69)
ldquoAqui no coleacutegio a violecircncia eacute tipo areia em praia eacute o que mais tem professores
gritando com alunos alunos se batendo palavrotildees de um lado para o outro
xingamentos com a matildee ou com o proacuteprio alunordquo (C114)
Os trechos a seguir apresentam mais detalhadamente a aspectos
presentes na dinacircmica da violecircncia escolar
ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia na escola eacute uma coisa que acontece muito frequentemente e que poucas pessoas admitem que fazem ou que sofrem Tanto quem faz estaacute errado e geralmente quem faz
91
ameaccedila e faz o outro se sentir mal Quem sofre tambeacutem estaacute errado por que natildeo conta por medo das ameaccedilasrdquo (C59) ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute causada por uma pessoa que briga com a outra por algum motivo que considera grave aiacute natildeo consegue estabelecer um diaacutelogo entre as duas pessoas e passam para a violecircncia agraves vezes pessoas que natildeo tem nada a ver com o assunto da briga se intrometem no meio agraves vezes a briga natildeo eacute de duas mais de 3 4 5 (pessoas) etcrdquo (C74)
A violecircncia na escola pode acontecer de diversas formas ldquoapelidos
discussotildees tapas e ateacute mesmo brigasrdquo (C118) ldquoAleacutem de que a violecircncia
escolar pode ser tanto verbal quando fiacutesica e pode ser praticado por um grupo
ou soacute por uma pessoardquo (C100) Situaccedilatildeo de violecircncia envolvendo grupos pode
ser identificada neste relato
ldquooutra coisa que teve foi a guerra das turmas que tambeacutem foi ano passado foi um grupo de pessoas que estavam numa briga com outro grupo Todo recreio tinha briga entre os dois grupos depois disso todos foram para a coordenaccedilatildeo e parou de laacuterdquo (C91)
Aleacutem das formas descritas por vezes aparecem outras formas como o
isolamento social ldquotambeacutem acho que eacute um tipo de violecircncia escolar quando te
excluem da conversa jaacute passei por isso vaacuterias vezesrdquo (B41) a coaccedilatildeo ldquoesses
jovens obrigam o outro a fazer alguma coisa que faccedila mal a elerdquo (B49) e
inclusive o abuso sexual ldquoexiste vaacuterios tipos de violecircncia como a violecircncia
verbal a violecircncia fiacutesica o abuso sexual entre outrasrdquo (A28)
A dinacircmica relativa agraves situaccedilotildees de bullying tambeacutem satildeo apresentadas
ldquoesse tipo de violecircncia escolar (bullying) ocorre quando aluno agride
verbalmente ou fisicamente ou quando alunos se agridem discutem fazem
ameaccedilas ou quando eles se xingam uns aos outros com palavras ateacute muito
pesadas para a sua idaderdquo (B47) ldquoMeu pai me ensinou que o bullying natildeo pode
92
acontecer com a crianccedila de 5 anos para com um adulto de 25 anos Ele
acontece com pessoas da mesma idaderdquo (C107) ldquoHaacute vaacuterios tipos de bullying
alguns mais fracos outros fortiacutessimos poreacutem todos tem o mesmo objetivo
machucar seja fisicamente ou emocionalmente a viacutetima sofrerdquo (B50)
Os elementos presentes nas situaccedilotildees de bullying ficam mais evidentes
nos trechos abaixo
ldquoA violecircncia escolar eacute feita pelo lsquobullyingrsquo o bullying eacute uma violecircncia que ocorre em todas as escolas do mundo eacute formada por trecircs ou mais alunos que tiram brincadeira com outro aluno e quando esse aluno diz a supervisatildeo eles batem no alunordquo (A33) ldquoViolecircncia escolar eacute um problema peacutessimo Para mim violecircncia escolar e bullying eacute a mesma coisa mas os dois satildeo peacutessimos para a sociedade escolar Violecircncia escolar geralmente se inicia quando um tonto se acha perfeito e quer rebaixar pessoas que satildeo piores em algumas coisas mas melhor em outrasrdquo (B38) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar eacute denominada de bullying como o preconceito machucarem pessoas inofensivas que natildeo lhes fizeram nenhum malrdquo (B43) ldquoExistem pessoas que maltratam falam mal de outras pessoas deixando a pessoa ferida ou triste Isso se chama bullying uma violecircncia feita na escolardquo (B39) ldquoA violecircncia natildeo eacute soacute com os professores mas tambeacutem com os alunos na maioria das vezes chamado de bullying que satildeo ameaccedilas e marcaccedilatildeo com essa pessoa mas pode chegar a ser uma agressatildeo verbal e ateacute oral que muitas vezes podem causar seacuterios danos tanto psicoloacutegicos ou ateacute ferimentos gravesrdquo (C128)
Eacute marcante o papel do medo para que se perpetue a situaccedilatildeo de
agressatildeo ldquoinfelizmente muitos dos alunos que satildeo explorados ou maltratados
tecircm medo de revelar aos pais ou responsaacuteveis o que estaacute acontecendo na
escolardquo (A9) ldquoEm toda sala escolar tem um machatildeo e tem algueacutem que eacute o saco
de pancada que sempre sai apanhado e natildeo conta nada ao pai ou a matildee ou
algum responsaacutevel com medo de apanhar maisrdquo (C122) ldquomuitas vezes os
93
adolescentes que sofrem esse tipo de violecircncia tem medo de falar com os
diretores ou coordenadores porque pode aumentar a violecircncia entre elesrdquo
(C97)
O medo eacute apontado como algo que acompanha a viacutetima de bullying ldquoo
pior eacute vocecirc ter medo de algueacutem algueacutem que acha que tem a liberdade de bater
em vocecirc e ameaccedilado natildeo pode contar a ningueacutemrdquo (A21) ldquoA maioria dos
agredidos tem medo de dizer que estaacute sofrendo de bullying porque os bullys
fazem chantagem emocional para ficarem quietosrdquo (B52)
Parece existir um pacto de silecircncio entre agredido e agressor ldquoEacute terriacutevel
como muitas pessoas sofrem preconceitos satildeo apelidadas ou ateacute mesmo
sofrem com murros tapas chutes e outras coisas soacute que o pior eacute que muitas
vezes natildeo comunicam a escola nem aos paisrdquo (C119) ldquoMuitos alunos natildeo
falam para ningueacutem sobre a violecircncia que sofrem por isso sai da agressatildeo
verbal para a fiacutesicardquo (C79) E a natildeo revelaccedilatildeo ajuda a perpetuar a situaccedilatildeo de
bullying ldquoGeralmente quem sofre bullying se omite e termina que seus
agressores nunca satildeo punidosrdquo (C109)
Aleacutem do medo por parte da viacutetima de ser agredida caso revele ou delate
o agressor eacute bastante presente outro elemento na relaccedilatildeo agressor-viacutetima a
ameaccedila ou chantagem por parte do agressor O agressor usa de chantagem
para causar medo na viacutetima ldquoessa violecircncia a pessoa chantageia a outra e diz
se contar para algueacutem que estatildeo fazendo com ela vatildeo bater mais ainda na
pessoardquo (B49) ldquoEsses alunos ficam com medo ateacute de procurar ajuda de uma
pessoa mais velha Muitas vezes eles satildeo ameaccedilados para tipo Se um aluno
natildeo der dinheiro ao outro ele iraacute bater nelerdquo (C121)
O papel da ameaccedila eacute claro nos trechos seguintes
94
ldquoNa maioria das vezes as viacutetimas do bullying satildeo ameaccediladas e natildeo contam para os familiares o que estaacute (acontecendo) Se seu filho estaacute muito por baixo sem querer falar muito com os pais ou agindo de uma forma que ele nunca agiu preste atenccedilatildeo que isso pode ser um sinalrdquo (B48) ldquomuitas vezes o agressor fala para o agredido para ele ficar calado e se ele abrir a boca ele apanha mais ainda Mas por que isso acontece Por que natildeo podemos conversar com a pessoa Seraacute porque tenho medo pois natildeo consigo e quando chego perto do agressor minha voz trava ou porque estou com muito muito medo dele e natildeo consigo de jeito nenhum e digo lsquoai ai que medo de falar a algueacutem e apanhar outra vezrsquordquo (C80) ldquoE muitas pessoas sofrem essa violecircncia mais preferem sofrer calado para os amigos natildeo ficarem tirando onda muitas vezes eacute o agressor que faz algum tipo de chantagem mais enfim violecircncia natildeo chega a nenhum lugarrdquo (A28)
O agressor parece natildeo ver as consequecircncias de seus atos ldquoa pessoa
que pratica o bullying natildeo consegue ldquoenxergarrdquo as consequecircncias diante desse
atordquo (B39) ldquoMuitas crianccedilas e jovens vem sofrendo algumas agressotildees e por
se sentirem ameaccediladas pelos agressores natildeo contam o que estaacute ocorrendo e
esses praticantes muitas vezes por brincadeira ou por se sentirem superiores
praticam sem saber o que os outros pensam e estatildeo sofrendordquo (A34)
A intoleracircncia em relaccedilatildeo agraves pessoas e agraves diferenccedilas eacute outro elemento
ldquoO que essas pessoas natildeo entendem eacute que ser diferente eacute normal jaacute que
ningueacutem eacute igual a ningueacutem mas deve ser respeitado e natildeo julgado pelos
outrosrdquo (C109) Interessante que a intoleracircncia aponta para a importacircncia de
cada um olhar para as proacuteprias caracteriacutesticas ldquoporque todo mundo tem defeito
e porque natildeo vocecirc as pessoas soacute vecircem defeitos nos outros e natildeo em vocecirc
mesmordquo (C64) ldquo() porque vocecirc pode ver o agressor ele raramente eacute
diferente da pessoa que ele ofende Eu natildeo entendo porque parece que
ningueacutem presta porque eacute branco demais reclama preto demais tambeacutem
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reclama entatildeo quem presta afinalrdquo (C85) ldquoNoacutes xingamos um ao outro por
qualquer simples defeito e natildeo reparamos nos nossos Quando essa violecircncia
chega ao extremo pode ser fiacutesica vocecirc natildeo eacute igual a mim natildeo gosto de vocecirc
(C101)
Tambeacutem fica evidente a relaccedilatildeo entre violecircncia escolar e preconceito
ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar porque natildeo tocar no assunto
preconceito que hoje em dia pessoas morrem por serem negros deficientes
inteligente ou ateacute por besteirasrdquo (C81) ldquoGeralmente os casos de violecircncia
acontece por pessoa gays ou noobs7 pessoas tem preconceito ou natildeo tem o
que fazer e vai agredir a pessoardquo (C98) ldquoMuitas pessoas sofrem de bullying na
escola por causa de preconceitordquo (C77) ldquoA violecircncia verbal eacute algo que os
alunos sofrem por causa do preconceitordquo (C79) ldquoA violecircncia na escola eacute uma
coisa grave atinge muitas pessoas tambeacutem por causa do preconceito com os
outros por causa de suas diferenccedilasrdquo (C65)
Nesta dinacircmica aparece tambeacutem o papel da plateia ldquoQuem pratica
(violecircncia escolar) eacute o principal responsaacutevel mas aqueles que ficam assistindo
tambeacutem estatildeo praticando pois eles satildeo a plateia teria que tomar uma atituderdquo
(C67) ldquoA violecircncia escolar eacute um ato muito difiacutecil de conviver porque vocecirc ver
cenas que natildeo podem ser comentadas automaticamente sua mente fica
perturbadardquo (C78) ldquomuitas outras pessoas poderiam ter evitado o
acontecimento mais as vezes as pessoas influenciam ainda mais as praticas e
7 Noob ou Newbie eacute um termo eacute amplamente utilizado na Internet - sobretudo em sua maioria em salas
ou bate-papos de jogos online para muacuteltiplos jogadores ou ainda para identificar os que tecircm conhecimento baacutesico em informaacutetica Tambeacutem eacute usado para designar uma pessoa sem experiecircncia ou com menos
experiecircncia do que quem chama Geralmente eacute considerado como um insulto para uma pessoa sem conhecimento
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pioram tudo que jaacute eacute ruimrdquo (C83) ldquoe a maioria do povo soacute fica olhando natildeo faz
nada muitas vezes o povo mesmo que agitardquo (C116)
O papel da plateia eacute bem importante principalmente nas situaccedilotildees
envolvendo bullying ldquoA maioria dos casos de bullying eacute causado por um
determinado lsquovalentatildeorsquo Mas o bullying eacute formado pelo autor (eacute quem pratica a
agressatildeo) a plateia (eacute quem gosta de ver a agressatildeo)rdquo (C125) ldquoQuase todos
os dias presencio violecircncias na escola e natildeo posso me meter ou parar os dois
com medo de levar a culpa da briga ou ainda levar uma surra tambeacutemrdquo (C84)
Haacute evidecircncia do papel da plateacuteia neste fato testemunhado e relatado
ldquo() outro dia teve briga entre dois meninos do segundo ano e quase todo coleacutegio laacute vendo sem fazer nada soacute assistindo e ateacute torcendo pra eles () pra que espancar o outro soacute porque chamou o outro de veado (A1)
O espaccedilo da sala de aula eacute apresentado como cenaacuterio para a violecircncia
escolar sejam as situaccedilotildees de agressatildeo fiacutesica como tambeacutem se torna cenaacuterio
para ocorrecircncia de bullying ldquoEm uma escola como todas as outras haacute uma
violecircncia escolar se torna um ato muito comum porque estaacute presente nas salas
de aulardquo (C78) ldquoMuitos casos de violecircncia na sala todos os dias um menino
esbarra no outro sem querer e eles comeccedilam a brigarrdquo (C84) ldquovou falar um
pouco da minha sala natildeo ocorre bullying na mesma poreacutem haacute alguns alunos
que tem tendecircncia a praticar o bullying quando maiores o que mais preocupa eacute
saber que as viacutetimas seremos noacutes mesmos alunos da mesma classerdquo (C88)
A constacircncia de encontros tambeacutem eacute salientada no cenaacuterio da violecircncia
escolar ldquoeu me lembrei da histoacuteria daquele menino que morreu em sua proacutepria
escola por outro colega que ele vivia todos os dias da semana Entatildeo isso eacute
certo claro que natildeordquo (C110)
97
Atividades proacuteprias da dinacircmica da sala de aula tambeacutem compotildeem o
cenaacuterio da violecircncia escolar e ateacute objetos do material escolar se transformam
em instrumentos de agressatildeo
ldquoo problema pode ser gerado em um trabalho escolar (um pode ter uma ideia e o outro ter outra ideia e gerar uma confusatildeo) agraves vezes fica competindo um com o outro para ver qual eacute o melhor aluno (que o professor gosta mais que tira as melhores notas etc) Muitas vezes nos problemas nasce o ciuacuteme onde o aluno usa uma arma branca para atacar o proacuteximo a arma branca pode ser por exemplo um estilete (o material escolar passaraacute a ser uma arma)rdquo (C117) ldquoMaior parte da violecircncia eacute a da violecircncia escolar Porque muitos alunos levam estilete a lacircmina do apontador para deixar marcas nos seus colegasrdquo (C111)
O trecho a seguir apresenta vaacuterios elementos da dinacircmica escolar que
sutilmente e de forma natildeo intencional favorecem situaccedilotildees de violecircncia
escolar
ldquoOs adultos falam que eacute coisa de crianccedila ou que eacute passageiro e acabam nem ligando Agraves vezes a crianccedila ou o proacuteprio agressor se sente obrigado (a) a atacar a pessoa para se sentir melhor ou para mostrar que eacute melhor e a escola eacute o lugar muito faacutecil de praticar Tem gente que fala que natildeo adianta de nada falar com o coordenador ou diretor pois eles natildeo querem machucar os sentimentos dos alunosrdquo (C110)
A violecircncia tambeacutem se estende ao ambiente virtual ldquoColocar arquivos na
internet xingando e maltratando as pessoasrdquo (C77) Percebe-se que o
cyberbullying tambeacutem se faz presente
ldquoA agressatildeo verbal na maioria das vezes eacute na internet comunidades ou xingam mesmo com palavrotildees a maioria eacute no orkut e para ser sincera jaacute tive vontade de participar mas nunca participeirdquo (B44) ldquoUm exemplo eacute uma pessoa joga a sandalia da outra pessoa no telhado de uma casa e as outras pessoas obrigam o dono da sandaacutelia ir pegar ele vai mas cai do telhado e eles gravam um viacutedeo e colocam na internetrdquo (B49)
98
ldquoExiste tambeacutem o CYBERBULLYING que eacute o bullying praticado pela internet geralmente satildeo viacutedeos que satildeo postados em sites de relacionamento como TWITTER ORKUT e dos que soacute tem viacutedeos como YOUTUBE em que satildeo gravadas brincadeiras que a viacutetima sofre e os agressores ficam rindo tirando ondardquo (B51) ldquoexistem ateacute pessoas que filmam a violecircncia no momento em que ela estaacute acontecendo e muitas pessoas provocam a outra soacute para isso ocorrer alguns adolescentes filmam e postam na internet apenas para querer dizer por exemplo lsquoAh na nossa escola soacute tem maioral se vocecirc vier para caacute natildeo mexa com a gente porque noacutes quebramos vocecircrsquordquo (C120)
5124 As agressotildees verbais
Comumente a violecircncia escolar eacute apresentada como sendo composta
tanto pela agressatildeo verbal quanto pela agressatildeo fiacutesica ldquoA violecircncia tambeacutem
natildeo soacute pode ser fiacutesica pode ser verbal tambeacutemrdquo (C61) ldquoA violecircncia escolar natildeo
eacute apenas por agressatildeo fiacutesica mas pode ser agressatildeo verbalrdquo (C81) ldquoessas
agressotildees natildeo satildeo apenas fiacutesicas e tambeacutem verbais consequentemente
psicoloacutegicasrdquo (A31) ldquoessa violecircncia acontece de vaacuterias formas com tapas
discussotildeesrdquo (B36) ldquotem a agressatildeo verbal e a fiacutesica a agressatildeo verbal eacute
quando o envolvido eacute agredido com palavras E a fiacutesica que eacute a agressatildeo no
corpordquo (A35) ldquonos coleacutegios acontecem muitas brigas tanto agressatildeo fiacutesica
quanto agressatildeo verbalrdquo (C63) ldquoAqui no coleacutegio agressatildeo eacute expliacutecita sendo
ela fiacutesica e por meio de palavrasrdquo (C75) ldquoA violecircncia na escola eacute um problema
grave onde se tem vaacuterios tipos como a violecircncia verbal na qual a fala eacute o ator
da violecircncia violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (C83)
As agressotildees verbais ocupam um lugar de destaque como uma forma
de violecircncia escolar ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute algo que muitos alunos
sofrem pois natildeo existe soacute a fiacutesica a verbal existe e eacute a mais comumrdquo
99
(C79) ldquomuitas escolas natildeo tem pessoas que agridem fisicamente mas muitos
alunos agridem verbalmente e agridem feiordquo (C69) ldquoa violecircncia natildeo eacute somente
fisicamente mas tambeacutem verbalmente por ameaccedilasrdquo (A5) ldquoGeralmente haacute
mais violecircncia oral do que corporalrdquo (C96)
Os trechos a seguir evidenciam a agressatildeo verbal como uma forma de
violecircncia escolar
ldquoAgraves vezes quando falamos em violecircncia pensamos em uma pessoa batendo na outra mas para mim o pior tipo de violecircncia eacute a verbal o ato de xingar outro soacute para se sentir melhor Esse tipo de coisa acontece muito principalmente na escolardquo (C101) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando uma coisa normal violecircncia natildeo eacute soacute agressatildeo fiacutesica mas tambeacutem verbal como por exemplo palavrotildees palavras de mau gostordquo (C93)
Ambas satildeo vistas como algo grave que tem repercussotildees ldquohoje muitos
alunos sofrem com a violecircncia escolar natildeo apenas com agressatildeo fiacutesica mas
tambeacutem verbalrdquo (A7) ldquoa violecircncia escolar em modo geral tanto verbalmente
como fisicamente eacute muito seacuteria pois alguns alunos podem ser prejudicadosrdquo
(A14) ldquoagraves vezes a violecircncia em vez de ser fiacutesica pode ser verbal e agraves vezes a
verbal poderaacute mexer com a personalidade da pessoardquo (C117)
Violecircncia verbal e fiacutesica estatildeo relacionadas ldquoos outros alunos xingam
muitas vezes soacute para outros colegas rirem e o alunos que estaacute sendo agredido
com palavras e natildeo gosta da brincadeira levando a brigardquo (A35) No episoacutedio
testemunhado e relatado por um estudadnte estaacute presente a agressatildeo verbal
levando agrave agressatildeo fiacutesica com danos fiacutesicos
ldquoOutro dia eu estava indo para o portatildeo do coleacutegio e vi um menino quase quebrando o braccedilo de outro que era menor que ele soacute porque o menor tinha chamado o outro de veado ou gay sei laacute quando o menino soltou o outro ele caiu e saiu chorando Me deu uma vontade
100
de meter um chute na cara dele Eu acho uma sacanagem issordquo (A1)
A agressatildeo verbal pode ser exercida de formas distintas causando
desconforto em todos os casos Pode ocorrer atraveacutes de xingamento ou ser a
partir da atribuiccedilatildeo de apelidos ldquoa agressatildeo verbal eacute a que mais acontece
muitas pessoas inventam apelidos de mau gosto outros xingam e a agressatildeo
fiacutesica eacute quando pessoas batem nas outras etcrdquo (A7) ldquoEu acho que a violecircncia
escolar eacute muito comum em escolas acontecer principalmente verbal (escrito e
oral) xingando e humilhando com varias palavras apelidandordquo (C68) ldquoos
apelidos tambeacutem satildeo grandes problemas principalmente quando a intenccedilatildeo eacute
magoar a outra pessoardquo (A10) Uma forma de agressatildeo eacute a fofoca ldquoEu acho
que muitas vezes eacute legal falar dos outros e se falar de vocecirc vai gostar claro
que natildeordquo (C110)
Os apelidos parecem ser problemas de destaque e particularmente
parecem causar sofrimento
ldquoSe vocecirc tem alguns desses problemasm pode ter certeza que iratildeo surgir apelidos na sua escola sobre vocecirc e isso deve machucar muito as pessoas que sofrem este tipo de violecircncia porque mesmo sendo pequeno o apelido machuca vocecirc Por fora vocecirc demonstra que estaacute tudo bem mas por dentro vocecirc sente vontade de sumir daquele lugar isto eacute um absurdo noacutes estamos no seacuteculo 21 natildeo eacute mais aquela brincadeirinha de crianccedila isto se tornou uma coisa seacuteria que tem que ser parada As pessoas sofrem com isto se eacute com uma pessoa deficiente todos riem falam besteira mas quem faz deve se perguntar ndash ele quer ser assim Ningueacutem pede para nascer doente com algo faltandordquo (A23)
O preconceito eacute uma forma de violecircncia que pode ser exercida a partir
de agressotildees verbais ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar natildeo existe soacute
fisicamente tambeacutem acontece verbalmente como o preconceito que acontece
muito nos tempos atuais e eacute muito difiacutecil combaterrdquo (C62)
101
Outras referecircncias agrave agressatildeo fiacutesica e verbal ainda apontam suas
consequecircncias nocivas natildeo apenas para as viacutetimas e agressores mas para a
escola como um todo
ldquoMuitos alunos fazem brincadeiras de mal gosto e acabam machucando o colega fisicamente e verbalmente causando problemas para ele para o colega e para o coleacutegiordquo (A14)
Em muitas redaccedilotildees parece evidente que a agressatildeo verbal caracteriza
a situaccedilatildeo de bullying ldquoquando o xingamento passa a ser cotidiano isso eacute um
sinal de bullyingrdquo (B39) ldquoo chamado bullying pode ser agressatildeo oral verbal ou
fiacutesica o bullying significa isso a violecircncia natildeo soacute fiacutesicardquo (C82) Neste
depoimento percebe-se esta relaccedilatildeo ldquoJaacute fui viacutetima de bullying pois em uma
eacutepoca meus colegas me colocavam apelidos que natildeo gostavardquo (B41) O trecho
a seguir potildee em destaque a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e bullying
ldquoEacute um tema muito complicado de comentar pois haacute diversos tipos de violecircncia na escola uma delas eacute a violecircncia por meio de palavras por exemplo quando colegas discutem e falam palavras desagradaacuteveis outro exemplo eacute quando uma crianccedila ou adolescente xinga um de seus colegas passando ele para baixo ou menosprezando causando o famoso bullyingrdquo (A2)
A agressatildeo fiacutesica eacute a outra face da moeda tambeacutem vista como algo que
pode se tornar mais e mais grave
ldquoJaacute outro tipo de violecircncia que eacute um pouco mais grave eacute a agressatildeo quando dois adolescentes se batem lutam se machucam e a violecircncia pode partir para algo extremamente grave como mortes noacutes hoje em dia geralmente vemos amigos que se matam Mas tambeacutem pode ocorrer assassinatos e trageacutediasrdquo (A2)
5125 Violecircncia escolar e brincadeira
102
Vaacuterias situaccedilotildees de violecircncia escolar satildeo originadas a partir de
brincadeiras tanto pela intoleracircncia por parte de quem natildeo as aceita ldquoJaacute
presenciei algumas confusotildees que aconteceram mais no recreio e outros
motivos satildeo brincadeiras levadas muito a seacuteriordquo (C72) ldquoEm uma sala de aula eacute
muita infantilidade vemos alunos discutindo sem motivo e aleacutem disso ficarem
se agredindo por bobagens que natildeo satildeo levadas na brincadeirardquo (A5) ou pela
intensidade da inconveniecircncia envolvida na brincadeira ldquoPessoas praticam
numa forma de brincadeira e natildeo sabem a gravidade do caso ou agraves vezes
quando estatildeo com raivardquo (B36) ldquoAs vezes as brincadeiras acabam em
violecircncia Na brincadeira muitas vezes o outro natildeo percebe que o seu amigo
natildeo estaacute se sentindo mal com a brincadeira fazendo e a brincadeira vire uma
briga podendo causar graves problemas Eles usam o que seus colegas tem
de lsquoincomumrsquo para tirar lsquosarrorsquordquo (A35)
Por vezes haacute uma aproximaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira indicando
a falta de limites niacutetidos entre estas duas situaccedilotildees ldquoexiste a violecircncia fiacutesica
alguns meninos brincam (que eacute como chamam) de lutas e acabam se
machucando e indo para coordenaccedilatildeordquo (C110) Os alunos expotildeem esta
aproximaccedilatildeo ao fazerem referecircncia agrave brincadeira como algo de mau gosto
indicando que parece haver intenccedilatildeo no ato ldquoA violecircncia geralmente ocorre por
causa de apelidos brincadeiras de mau gosto e etcrdquo (C90) ldquoNa escola haacute
muita violecircncia principalmente as brincadeiras de mau gosto que eacute de bater nas
pessoasrdquo (C122) ldquoPercebo brincadeiras de mau gosto e muitos palavrotildees com
os quais um trata o outro (envolvendo mais os meninos)rdquo (C75) ldquoo porque
dessas atitudes de mau gosto eu natildeo sei talvez por brincadeira mas que
brincadeira terriacutevel eacute essardquo (A9)
103
Esta relaccedilatildeo estreita entre brincadeira e violecircncia natildeo eacute aprovada ldquoEu
acho isso muito ruim que as pessoas apanhem soacute por causa de brincadeiras de
mau gosto como vacilo dois toque eacute barrote toco na bola eacute lapada e etc
nunca gostei de brincar e nem brinco sou contrardquo (C122) ldquoEssas brincadeiras
inuacuteteis estatildeo prejudicando muitos alunos que por medo das revelam e muitos
agressores satildeo presos pagam trabalho voluntaacuterio e outrosrdquo (A34) inclusive
porque os alunos identificam que estas brincadeiras datildeo origem a situaccedilotildees de
violecircncia na escola ldquoQuase todos os dias na minha escola tecircm uma violecircncia
quase todas por besteiras ou por brincadeiras que natildeo se fazrdquo (C124)
Tambeacutem no contexto da violecircncia no ambiente virtual a situaccedilatildeo
confusa entre brincadeira e agressatildeo fica evidente ldquoos que praticam armam
brincadeirinhas de mau gosto armadilhas gravam e postam na internetrdquo (B51)
Questotildees envolvendo bullying tecircm relaccedilatildeo com brincadeiras
inadequadas ldquopois essa brincadeira de mau gosto se chama bullyingrsquordquo (A17)
ldquonatildeo eacute brincadeira tipo o bullying muito causado nas escolasrdquo (C98) ldquoQuando
pensamos em violecircncia escolar a primeira coisa que pensamos eacute o bullying que
satildeo brincadeiras pesadas ou seja violentasrdquo (C76) sendo situaccedilotildees que
geram muito desconforto ldquoO que parece uma brincadeira de crianccedila o bullying
pode gerar danos a pessoasrdquo (B39) ldquomuitas pessoas que satildeo praticantes do
bullying dizem que eacute soacute lsquobrincadeirinhasrsquo mas natildeo eacute bem assim as chamadas
brincadeirinhas pode machucar quem sofre a accedilatildeo natildeo soacute fisicamente O
bullying acontece geralmente nas escolas os agressores normalmente fazem
isso para se divertirrdquo (C82)
A relaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira tambeacutem eacute abordada a partir de
relatos presenciados Podemos identificar alguns relatos em que o fato ocorrido
104
foi visto como uma ldquobriguinha de brincadeirardquo apesar de ter resultado em dano
fiacutesico
ldquoEu nunca presenciei uma briga escolar muito violenta mas aquelas lsquobriguinhasrsquo de lsquobrincadeirarsquo eu jaacute vi Um menino da minha sala torceu o pescoccedilo por causa dessas lsquobriguinhasrsquordquo (A12)
ldquono meu coleacutegio teve um acidente terriacutevel com o estilete ele tava brincando ai pegou o estilete e foi cortar o outro ai o outro duvidou ai ele cortou isso aconteceu quando a professora natildeo estava na salardquo (C129)
5126 Violecircncia escolar e o professor
Comumente os envolvidos na violecircncia escolar satildeo estudantes mas o
professor surge no cenaacuterio da violecircncia escolar de diversas formas acenando
que as situaccedilotildees de violecircncia escolar podem tambeacutem incluir professores rdquoeu
acho que a violecircncia escolar que pode acontecer com professores alunos ateacute
com a sala inteira eacute quando pessoas vatildeo agredir de algum modordquo (B42)
O professor aparece como viacutetima da violecircncia entre alunos ldquoem toda a
sala tem um valentatildeo que tenta deixar os outros para baixo e agraves vezes eacute
ignorante ateacute com os professoresrdquo (C86) evidenciando situaccedilotildees que
envolvem falta de respeito agrave figura de autoridade do professor podendo atingir
outros profissionais na escola ldquoViolecircncia escolar pode ser dos alunos ou dos
professores Quando no caso eacute o aluno eacute porque ele bagunccedila muito natildeo tem
respeito com os professores nem funcionaacuteriosrdquo (C95) ldquoMuitas vezes quando M
coordenadora disciplinar entra laacute na sala os alunos comeccedilam a falar dela do
cabelo dela e isso eu natildeo gosto disso porque isso eacute preconceito e desrespeitordquo
(C105)
A violecircncia contra professor pode atingir formas inaceitaacuteveis ldquoEu vejo
105
hoje em dia na minha opiniatildeo isso estaacute muito errado eacute os alunos matando
professor etcrdquo (C91) O relato a seguir apresenta uma situaccedilatildeo extrema de
violecircncia contra professores
ldquoalgumas reportagens mostram isso na televisatildeo nos noticiaacuterios mostram alunos apontando armas para os professores exigindo para que os professores faccedilam suas vontades fazendo ameaccedilas e as vezes ateacute espancando os professores que na maioria das vezes ficam traumatizados com essas situaccedilotildees e acabam prejudicando sua vida profissional ou ateacute pessoalrdquo (C128)
Tambeacutem ocorrem situaccedilotildees em que o professor eacute o agressor ldquoEu acho
que em algumas escolas tem violecircncia de alunos batendo em alunos
entretanto em algumas escolas o professor que eacute violentordquo (C102) ldquoA violecircncia
escolar cada dia mais estaacute aumentando tem professoras que estatildeo graacutevidas e
que descontam nos alunosrdquo (C106) Um relato aborda a situaccedilatildeo de violecircncia
envolvendo a relaccedilatildeo com professor e o prejuiacutezo no processo de
aprendizagem
ldquonesse ano natildeo consegui tira nenhum 7 em Matemaacutetica Geografia se fosse eu entatildeo porque no ano passado natildeo era assim por causa de mal explicaccedilatildeo dos professores e atenccedilatildeo eu vou fica em recuperaccedilatildeo em 4 porque no ano passado natildeo foi assim eu soacute tirava nota boa era inteligente mas agora sou burro e tem alunos que aprontam tanto e que vatildeo pra coordenaccedilatildeo e depois sai com reclamaccedilatildeo mas quando eu fui soacute 1 (nome da coordenadora) me ameaccedilou com expulsatildeo os alunos atrapalham todo dia (lista com nome de cinco colegas) jaacute foram 10 vezes na coordenaccedilatildeo e eu soacute uma e ia sendo expulso soacute por causa de um celular tocandordquo (C108)
Mas reconhece-se que satildeo fatos mais isolados que situaccedilotildees tendo o
professor como agressor natildeo acontecem com a mesma frequumlecircncia que
situaccedilotildees envolvendo alunos como agressores como eacute abordado de forma
clara no relato a seguir
ldquoNa escola haacute vaacuterios tipos de violecircncia pode ser fiacutesica ou verbal e praticada por professores ou alunos Quando eacute praticada por alunos
106
eacute mais verbalmente mas as vezes acabam em lutas a dos professores eacute mais fiacutesico Passou uma reportagem que falava sobre um professor que dava nos seus alunos mas essas agressotildees feitas por professores natildeo eacute sempre mas a dos alunos eacute mais frequenterdquo (C86)
Diante do cenaacuterio de violecircncia cabe ao professor uma postura
realmente diferenciada ldquoOs professores deviam ter mais diaacutelogo com seus
alunosrdquo (C65) que favoreccedila a superaccedilatildeo de algumas dificuldades ldquotem
professores que satildeo legais que quer ajudar cada vez mais se natildeo der dessa
maneira ele faz de outra e etcrdquo (C106) entretanto algumas atitudes natildeo
contribuem para avanccedilos na aprendizagem ldquoa pessoa conversa brinca mas
tenta melhorar mas natildeo pode porque os professores natildeo deixamrdquo (C108) ldquotem
alguns professores que querem acabar com os alunos tipo no salatildeo de artes e
ciecircncias (sac) em algumas mateacuterias os professores soacute colocam os melhores
alunos e os piores se ferramrdquo (C102)
As dificuldades envolvendo o relacionamento com os professores satildeo
consideradas pelos estudantes Percebe-se que elementos da proacutepria accedilatildeo
docente parecem promover situaccedilotildees desconfortaacuteveis no relacionamento
professor-aluno - a forma de explicar a atenccedilatildeo dada aos alunos o cuidado
diante de duacutevidas etc Os trechos a seguir evidenciam a forma como se datildeo
estas dificuldades
ldquoBem na escola natildeo sofro violecircncia escolar com os professores mas agraves vezes acho que eles tecircm alunos preferenciais e que agraves vezes tratam mal aqueles que natildeo satildeo os seus preferidos falo isso pois as vezes existem professores que natildeo datildeo atenccedilatildeo por igual aos seus alunos Eu natildeo condeno a ideia de que eles tenham seus alunos preferidos mas que eles natildeo demonstrem tatildeo claramente issordquo (C92) ldquoTudo que esse professor explica eu quase natildeo entendo ele raramente faz brincadeiras em sua aula e eacute um pouco grosso(a) As pessoas meio que tem medo dele(a) entatildeo natildeo tiram suas duacutevidas
107
com medo de levar um fora (C95) ldquoTem professores que jaacute entram na sala com raiva outros vocecirc natildeo entende o assunto e vocecirc fala para o professor que natildeo entendeu ele fala pra vocecirc que vocecirc natildeo entendeu porque estava conversando ou brincando e agraves vezes tiram pontos dos alunos por causa dissordquo (C102) ldquoEu acho que haacute professores que natildeo se importam com os alunos tem alunos que estatildeo em recuperaccedilatildeo porque o que eles falam na sala natildeo daacute pra entender nada e a pessoa tenta tirar as duacutevidas mas o professor natildeo daacute nem a miacutenima soacute se importa para as pessoa que jaacute entenderam o assunto () os professores recusam os alunos como se eles fossem uma pessoa de rua sem futuro a gente tem o direito de participar de todas as atividades os nossos (pais) pagam a escola pra aprender e o que a maioria dos professores ensinam natildeo daacute pra entender nada aiacute o cara estuda pra caramba pra na hora da prova tirar uma nota ruimrdquo (C108)
Os estudantes apresentam suas preferecircncias em relaccedilatildeo aos
professores apontando aspectos facilitadores e aqueles que dificultam suas
escolhas
ldquoO professor que eu menos tenho afinidade eacute legal mas nas aulas dele eu natildeo me sinto agrave vontade como nas outras Meus colegas gostam muito desse professor mais cada um tem sua personalidade e a personalidade dele natildeo bate com a minhardquo (C92) ldquovou falar um pouco dos professores Primeiro vou falar um pouco do que eu mais gosto Ele assim ensina melhor pois a sua explicaccedilatildeo daacute para entender eleela faz joguinhos sobre o assunto que estamos estudando faz gincanas e tudo que eleela explica eu entendo E eu sempre me dou bem nas suas provas por isso eacute ao mais legal professor ou professorardquo (C95) ldquoA professora que eu tenho menos afinidade eacute a professora de portuguecircs porque pra mim ela eacute duas caras () na frente da minha matildee ela eacute uma santa mas na sala de aula quando eu tento falar com ela ela natildeo me daacute atenccedilatildeo soacute daacute atenccedilatildeo aos alunos que ela mais gosta () mas ela melhorou a conduta comigo A professora que eu mais tenho afinidade e gosto muito dela eacute a professora de Geografia ela eacute muito carinhosa sabe entender a timidez do aluno tira duacutevida a qualquer momento ela gosta de mim ela eacute super atenciosa eacute como uma matildee para mim Graccedilas a Deus ateacute hoje natildeo sofri nenhum tipo de bullying a natildeo ser o da professora de portuguecircsrdquo (C105)
108
513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar
5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo
A violecircncia escolar natildeo eacute algo apenas passiacutevel de reconhecimento ela
provoca uma reaccedilatildeo por parte dos estudantes uma posiccedilatildeo criacutetica ldquoAcho
muito chato a palavra violecircncia e logo quando ela vem acompanhada com a
palavra escolar eacute que fica pior aindardquo (A20) A presenccedila da violecircncia no
ambiente escolar parece causar espanto e indignaccedilatildeo ldquoEu acho que todo tipo
de violecircncia eacute ruim escolar eacute que eu acho pior aindardquo (C61) ldquoEu acho que a
violecircncia escolar eacute um ABSURDOrdquo (C69) Esta reaccedilatildeo tambeacutem se estende
para as situaccedilotildees de violecircncia envolvendo bullying ldquoa violecircncia na escola eu
acho um absurdo agora chamada de bullyingrdquo (A1) ldquona minha opiniatildeo a
violecircncia escolar ou bullying eacute um absurdordquo (A3)
A indignaccedilatildeo com a violecircncia no contexto escolar parece ser fruto da
valorizaccedilatildeo do propoacutesito da escola e do seu papel na sociedade ldquoPra mim
essas pessoas natildeo estatildeo com nada essas coisas satildeo de gente que natildeo (tem)
nada para fazer Chega de violecircncia nas escolas pois sem a escola natildeo
seriamos nada na vida lugar de se aprender eacute na escola natildeo de brigarrdquo (C60)
ldquoBom a primeira pergunta eacute o porquecirc que existe essa tal coisa Se a escola eacute
o lugar que forma as pessoas para o futuro e para hoje podemos dizer que eacute
uma espeacutecie de matildeerdquo (C103) A escola enquanto local para estudar e aprender
eacute bastante mencionada ldquoA violecircncia na escola pra mim eacute algo que natildeo devia
existir porque natildeo tem precisatildeo de ter briga no coleacutegio porque o coleacutegio eacute um
lugar de estudarrdquo (C127) ldquoeu acho um absurdo o jeito que estaacute a violecircncia hoje
109
em dia as pessoas vatildeo para a escola para estudar e natildeo brigarrdquo (A22) E
aleacutem da aprendizagem a escola tambeacutem proporciona outras coisas boas ldquona
minha opiniatildeo eu acho que isso natildeo deveria acontecer pois a escola eacute um
lugar para conviver fazer amigos e principalmente aprenderrdquo (A10)
Os alunos destacam especificidades da racionalidade humana que natildeo
condizem com situaccedilotildees de violecircncia na escola ldquoEu acho que todos noacutes temos
que ter a consciecircncia que isso natildeo leva a nada afinal isso eacute uma escola um
lugar de estudo que eacute proibido esses tipos de violecircnciardquo (C124) ldquoisso precisa
acabar pois escola eacute lugar de estudar aprender a ser gente de verdade e natildeo
animal irracional noacutes temos a capacidade de pensar antes de agir e natildeo ser
racista e etc Violecircncia na escola CHEGArdquo (C118)
Haacute ainda reconhecimento agrave confianccedila depositada pela famiacutelia na escola
e que as situaccedilotildees de violecircncia traem essa confianccedila ldquoBem esse tipo de
violecircncia que eu acho uma das piores porque logo na escola que eacute onde os
pais natildeo deveriam se preocupar com seus filhos nessa aacuterea da violecircnciardquo
(C130) ldquoeu acho que esse tipo de violecircncia natildeo deveria acontecer porque na
escola eacute logo quando os pais pensatildeo que estaacute tudo tranquumlilordquo (C129)
Os alunos demonstram muita criticidade diante das situaccedilotildees de
violecircncia na escola ldquoalguns alunos ficam discriminando outros por bobagens
como o jeito dele ser pela aparecircncia da pessoardquo (C96) principalmente pela a
falta de sentido nas situaccedilotildees presenciadas ldquoEu acho que a violecircncia escolar
acontece geralmente por motivos bestas ou por motivo nenhumrdquo (C82) ldquohaacute
cotidianos que ser agredido jaacute faz parte e isso deveria ser mudado pois na
sociedade que estamos a agressatildeo eacute um ato sem necessidaderdquo (A21) A
violecircncia tambeacutem eacute algo rejeitado por reconhecer os motivos banais
110
envolvidos ldquose alunos brigam isso eacute raro mas agraves vezes acontece por motivos
realmente bobos isso na minha opiniatildeordquo (A6) e que situaccedilotildees banais viram
algo maior ldquoos alunos fazem briga por qualquer besteira e acaba virando um
assunto seacuterio por causa da violecircncia natildeo soacute a violecircncia fiacutesica mas tambeacutem a
oralrdquo (A19)
Os jovens tambeacutem demonstram reprovaccedilatildeo quando tratam do bullying
ldquoEssa praacutetica precisa acabar no Brasilrdquo (B51) ldquoNatildeo gosto dessa violecircncia do
bullying Era muito melhor se todos se respeitassem se amassem e ao
proacuteximo perdoassem etc Entatildeo eu queria que a violecircncia parasserdquo(C61)
Os estudantes parecem natildeo admitir a violecircncia na escola porque natildeo
traz benefiacutecio algum ldquoE eu tambeacutem acho ridiacutecula porque a pessoa xinga a
outra bate na outra faz tudo de ruim com a outra pessoa e natildeo ganha NADA
fazendo issordquo (C130) ldquoBom eu acho que essas brigas satildeo uma besteira pois
natildeo vatildeo levar em nada () depois se vocecirc parar pra pensar eacute uma pessoa que
realmente natildeo tem absolutamente nada pra fazerrdquo (C94) ldquoPara que se
envolver em brigas por nadardquo (A13)
A indignaccedilatildeo eacute clara nos trechos seguintes
ldquoE muito triste ver professores machucados alunos esfaqueados como um aluno consegue levar uma arma para o coleacutegio sem que ningueacutem veja Ou entatildeo uma facardquo (A22) ldquoComo as pessoas tem a coragem de esfaquear matar ou ateacute atirar em outra pessoa Escola eacute um lugar pra se aprender e natildeo pra brigar ou etc quando os pais deixam os filhos seguros por enquanto que trabalham mais natildeo uma matildee pode ter deixado o filho na escola foi trabalhar e quando chega no trabalho ela recebe um telefonema dizendo que o filho levou um tiro ou uma facadardquo (A22)
Manifestaccedilatildeo de toleracircncia agrave violecircncia na escola parece ser esporaacutedica
entretanto em alguns casos especiacuteficos natildeo seria admitida de
111
forma alguma
ldquoEm todos esses anos nos coleacutegios sempre vi um problema muito seacuterio a violecircncia escolar muitos alunos praticam isso na minha opiniatildeo isso natildeo estaacute errado as vezes ateacute sem querer prejudicamos os outros Um caso que houve no coleacutegio foi que um garoto do 8ordm ano 7seacuterie bateu em um garoto mais ou menos 3 ou 4 anos menor que ele entatildeo isso estaacute errado esse tipo de violecircnciardquo (A8)
Em vaacuterios momentos os participantes manifestam seu repuacutedio ao
preconceito ldquopreconceito tem que acabar hojerdquo (A23) agrave violecircncia escolar
ldquoSobre a violecircncia escolar eu discordo pois nenhum motivo na escola justifica
uma agressatildeordquo (C72) assim como agraves situaccedilotildees envolvendo bullying ldquoBom na
minha opiniatildeo acho que eacute isso devemos acabar com a violecircncia escolar
BULLYING e violecircncia na escola Natildeordquo (C63) ldquoVamos derrotar o bullyingrdquo
(C76) A manifestaccedilatildeo de repuacutedio de certa forma eacute agrave violecircncia em geral ldquoFico
triste porque no mundo jaacute tem essas mortes destruiccedilotildeesrdquo (C61) ldquoeu
particularmente acho que eacute uma besteira uma coisa que soacute quem faz eacute burro
gente que natildeo tem o que fazer Mas infelizmente soacute algumas pessoas
pensam ou agem assim feito pessoas decentes e que respeitam os outrosrdquo
(C85) ldquoresumindo eu sou totalmente contra a violecircnciardquo (A12)
5132 Consequecircncias
Os alunos alertam para as consequecircncias da violecircncia escolar Percebe-
se que o envolvimento em episoacutedios de violecircncia eacute nocivo para o
desenvolvimento de crianccedilas e adolescentes ldquocrianccedilas sofrem com isso e
algumas ateacute ficam com traumardquo (A30) ldquoeacute uma atitude que natildeo tem benefiacutecio
algum apenas consequecircnciasrdquo (A9)
Algumas consequecircncias atingem de imediato a relaccedilatildeo do estudante
112
com a escola ldquonoacutes ficamos muito tristes e muitas vezes natildeo sentimos vontade
de ir para a escolardquo (C93) com prejuiacutezos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem ldquoO fato
eacute violecircncia natildeo importa qual atrapalha o aprendizado das pessoas e natildeo
deve ser incentivada de forma alguma principalmente nas escolasrdquo (C109)
Natildeo obstante o dano pode se estender com repercussotildees a longo
prazo ldquoIsso eacute uma coisa seacuteria pode se tornar ateacute doenccedila para mim
futuramente ter um futuro ruim como pessoa amargardquo (C110) com possiacuteveis
prejuiacutezos aos relacionamentos ldquodestroacutei a vida da outra pessoa porque isso vai
marcar a vida da pessoa e ela vai ficar PARA SEMPRE com aquela maacutegoa e
ela pode ficar sempre e para sempre soacute isolada E natildeo tem pra que a pessoa
agredir a outrardquo (C130) O depoimento a seguir evidencia estas
consequecircncias
ldquoUma vez na 4ordf seacuterie eu comecei a usar oacuteculos e todas as pessoas ficavam me chamando de quatro olhos e agraves vezes de baleia porque eu sou cheinha eu ficava sozinha no recreio por conta disso eu proacutepria passei a me reservar a me isolar e soacute depois que eu percebi que o que as pessoas falavam eu natildeo precisava ligar pois natildeo ia levar a nada soacute a prejudicar a mim mesmardquo (A25)
Os danos tambeacutem afetam o agressor da violecircncia ldquoA violecircncia escolar eacute
um ato que prejudica tanto quem sofre quanto quem pratica porque quem
sofre ele automaticamente se isola e quem pratica se transforma em uma
pessoa difiacutecil de conviverrdquo (C78) com prejuiacutezos para o seu futuro ldquoe essas
pessoas que se acham valentotildees quando crescerem natildeo vatildeo ter com o que se
sustentar ou se tiver a famiacuteliardquo (C127) ldquoeu acho horriacutevel porque quem
machucou o menino no futuro poderaacute fazer coisas pioresrdquo (A12) no entanto
reconhece-se que o prejuiacutezo sempre eacute maior para a viacutetima ldquoIsso eacute ruim para o
agressor e para quem sofre principalmenterdquo (C110) ldquopara mim deveriacuteamos
113
tentar acabar com isso pois quem daacute natildeo se prejudica mais quem recebe
simrdquo (B36)
Pessoas que natildeo tem envolvimento com a situaccedilatildeo podem ser atingidas
podendo afetar inclusive pessoas que tentam impedir as situaccedilotildees de violecircncia
ldquoessa violecircncia eacute muito ruim na escola e outros lugares por causa que ela pode fazer uma briga algueacutem pode quebrar uma perna e um braccedilo pode ter um corte na cabeccedila machuca vaacuterias pessoas que estaacute na briga e os inocentes que terminam levando murro ponta-peacute sem estar fazendo nadardquo (A20)
ldquomuitas pessoas saem feridas ateacute quem natildeo estaacute participando quem estaacute apartando a briga estatildeo tentando impedir que ela continue sai machucado e quem comeccedila a briga quem estaacute participando muitas vezes saem feridos fisicamente e psicologicamenterdquo (C120)
ldquoEacute terriacutevel pois eacute complicado quando um aluno sai machucado o prejuiacutezo eacute ruim porque os pais vatildeo ter que sair do trabalho para levar seu filho para um hospital ainda quando chega laacute tem que esperar filardquo (C129)
Da mesma forma consideram-se as consequecircncias das situaccedilotildees que
envolvem bullying ldquoO bullying deve ser evitado pois mexe com o sentimento da
pessoa com o seu caraacuteter que na maioria das vezes eacute de boa iacutendole e que
sofre xingamentos e ateacute mesmo agressotildees fiacutesicasrdquo (B51) ldquoe isso acaba sendo
um verdadeiro ldquoinfernordquo na vida dos alunos () Eles acabam natildeo conseguindo
estudar brincar dormir ficar sossegado e sua vida sai do normalrdquo (C121) Os
efeitos parecem ser duradouros e ateacute bem intensos ldquoalgumas pessoas ateacute
sofrem de problemas mentais por estarem sofrendo bullying na escolardquo (C77)
ldquoas pessoas que sofrem bullying podem ter depressatildeo podem se revoltar
existem casos que as pessoas ficam tatildeo tristes que podem ateacute morrerrdquo (C82)
Ser alvo de bullying pode comprometer intensamente os jovens em
114
diversos aspectos ldquoquem sofre a violecircncia pode ter no futuro alguns problemas
mentais ou fiacutesicos ou seja o trauma que pode afetar completamente a vida da
pessoa quando a pessoa sofre praticas como o bullyingrdquo (C83) sendo-lhe
imputado os casos envolvendo mortes ldquoO que devemos ter em mente eacute que o
bullying pode fazer muito mal a quem sofre e pode ocasionar problemas fiacutesicos
mentais existem casos de pessoas que se matavam por natildeo aguumlentar mais ser
viacutetima dessa praacuteticardquo (C109)
Outra consequecircncia sinalizada eacute a violecircncia gerar atitudes tambeacutem
violentas ldquoNas escolas isso pode se tornar uma caracteriacutestica ruim quando a
pessoa que passou a infacircncia sendo de certa forma agredida e humilhada
() As pessoas que satildeo agredidas pelo bullying quando crianccedilas podem se
tornar medrosas fracos tiacutemidas e as vezes ateacute violentasrdquo (B52) E uma das
reaccedilotildees pode ser a agressatildeo fiacutesica ldquo(a violecircncia fiacutesica) acontece pelo
preconceito o que se sente excluiacutedo humilhado e sozinhordquo (C68)
Os alunos identificam que o envolvimento em violecircncia pode trazer
consequecircncias intensas tanto para agressores como para as viacutetimas como ser
passiacutevel de detenccedilatildeo ldquoEssa praacutetica eacute ilegal e daacute cadeia pois eacute uma praacutetica que
agride a pessoa moralmenterdquo (B51) ou mesmo a hospitalizaccedilatildeo ldquomuitas vezes
as pessoas saem machucadas e algumas vezes vatildeo parar no hospitalrdquo (C122)
a fuga de casa ldquoe o pior de tudo leva esse trauma para a vida toda e muitas
vezes ateacute se esconde e ateacute mesmo foge de sua casardquo (C119) As
consequecircncias podem ser tatildeo intensas que podem abranger inclusive casos de
mortes ldquobom a violecircncia na escola eacute muito perigosa porque pode trazer morte
e ateacute dificuldaderdquo (A11) ldquoNas escolas principalmente escolas estaduais e
municipais a grande maioria das vezes termina em morterdquo (C126) ldquoateacute essas
115
violecircncias chegam a ponto ateacute de ser levadas aos seus familiares a morte por
tiro ou um susto muito grande de sequestrordquo (C119)
Entre as consequecircncias elencadas haacute referecircncia a aspectos positivos
de superaccedilatildeo ldquocomo tambeacutem existe as pessoas que venceram e que hoje tem
sucesso em sua vida pessoal e puacuteblica agraves vezes a violecircncia pode impulsionar
a pessoa a perder a vergonha como tambeacutem retrairrdquo (C109)
A violecircncia eacute um fenocircmeno que deixa marcas ldquomuitas pessoas ficam
traumatizadas quando crescem por causa da violecircncia independente que seja
verbal ou fiacutesicardquo (C70) Os trechos a seguir abordam as diversas
consequecircncias da violecircncia escolar
ldquoA violecircncia escolar estaacute atrapalhando muitos jovens soacute natildeo no Brasil como outros paiacuteses () Muitos jovens no Brasil estatildeo sendo agredidos e o bullying estaacute atrapalhando os seus estudos muitos jovens no Brasil natildeo querem ir agrave escola com medo de ser agredidos pelos alunos no coleacutegio Muitos estatildeo deixando do que queriam ser no futuro pois o bullying estaacute atrapalhando e eles natildeo querem mais voltar ao coleacutegiordquo (C71) ldquoEssas pessoas deveriam abrir os olhos e ver que o que elas estatildeo fazendo estaacute errado e machuca a pessoa agredida tem tambeacutem os que batem na pessoa soacute por que quer bater em algueacutem eu acho que essa violecircncia tem que acabar pois natildeo existe ningueacutem melhor do que ningueacutemrdquo (B37)
Em um episoacutedio relatado um comportamento violento por parte de um
grupo de colegas provocou danos fiacutesicos agrave viacutetima
ldquoJaacute aconteceu um caso aqui no coleacutegio de que um menino ele eacute bem abestalhado e fala coisa que natildeo deve entatildeo se juntaram meninos de uma sala e na saiacuteda da escola espancaram ele e nisso ele jaacute foi pra casa e passou muito mal ai ele foi para o hospital quando chegou laacute tiraram um raio x dele Quando saiu o resultado ele estava cheio de hematomas e correndo risco de morterdquo (A11)
116
5133 Violecircncia e relacionamento
Os relacionamentos tambeacutem satildeo considerados no cenaacuterio da violecircncia
escolar e despontam a partir da indignaccedilatildeo e como elemento de proteccedilatildeo
perante a violecircncia
A reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo da violecircncia entre os estudantes fica evidente a
partir da temaacutetica da amizade que estaacute presente em alguns textos ldquoTodas as
pessoas deveriam pensar no seu amigo () O ser humano tem que ter
consciecircncia do que diz o que debate e o que faz com o seu amigordquo (C66) ldquoA
escola eacute um lugar para se aprender conhecer pessoas e fazer amigos Poreacutem
muitas pessoas natildeo mantecircm uma convivecircncia harmoniosa na escolardquo (B39) A
questatildeo de violecircncia entre amigos estaacute presente no episoacutedio relatado ldquohouve
uma briga em que um amigo meu e tambeacutem meu outro amigo um deu um
murro no outro etcrdquo (C91)
A amizade parece ser traiacuteda por situaccedilotildees de violecircncia ldquoAmigos
colegas muitas vezes satildeo pessoas que vocecirc nunca pensou que te
apelidasserdquo (C63) ldquomas brigas em coleacutegio natildeo satildeo normais quando tem satildeo
incontrolaacuteveis pois os lsquoamigosrsquo aticcedilam a briga mas se ele eacute amigo de verdade
natildeo devia fazerrdquo (C123) e provocam muitas perdas ldquoNatildeo haacute necessidade de
machucar algueacutem mas fazem para se satisfazer ficam felizes se sentem
fortes poderosos Pensam que ganham mas soacute perdem amizades ganham
respeito pelo medo usam a frase Eacute melhor ser temida do que ser amadardquo
(B50)
Parece que a pessoa agredida muitas vezes sente-se sem apoio
mesmo de pessoas com relaccedilotildees de amizade ldquoessas pessoas que sofrem em
117
vez de falarem para seus responsaacuteveis levam o caso a seus amigos e eles
que muitas vezes o envergonham e ateacute deixam eles mais violentados natildeo
apenas com agressotildees fiacutesicas e sim com algumas palavrasrdquo (C119)
Os bons relacionamentos e as relaccedilotildees de amizade parecem ter uma
funccedilatildeo perante a violecircncia na escola como elemento que pode impedir brigas
ldquoAs relaccedilotildees dos alunos uns com os outros eacute boa e diariamente como eu
disse natildeo haacute muitas brigasrdquo (C96) ldquoIsso tem que acabar tem que pensar
duas vezes antes de machucar um amigo ou amiga pois pessoas assim eu
natildeo chamo de amigordquo (C76) e que intensificam o diaacutelogo entre as pessoas
ldquoeu acho que a base de uma amizade e de um bom aprendizado eacute a conversardquo
(C90)
Aleacutem da possibilidade de bons relacionamentos e de amizade na escola
os contatos diaacuterios eacute algo que pode minimizar a violecircncia ldquotambeacutem tenho um
bom relacionamento com meus amigos estudo com eles todos os dias convivo
com elesrdquo (C124) e tambeacutem que pode promover o desenvolvimento de outras
estrateacutegias para o enfrentamento das dificuldades ldquoMas tem pessoas que natildeo
gosto de me relacionar com elas pessoas que agraves vezes natildeo querem o seu
bem faz coisas erradas sem pensar Por ver que natildeo seraacute bom ficar com essa
pessoa me afasto Tenho oacutetimas amizadesrdquo (C124) Entretanto o contato
diaacuterio pode trazer suas dificuldades ldquoNa escola eacute mais difiacutecil pois vemos
nossos agressores todos os diasrdquo (C101)
A intensidade de convivecircncia na escola tambeacutem pode favorecer a
toleracircncia e o respeito agraves diferenccedilas ldquoA vida natildeo eacute faacutecil pois temos que
conviver com os outros pois ningueacutem eacute igual a ningueacutem por isso que tem que
ter respeito pois com violecircncia nada se resolverdquo (C64) ldquoEu acho que a
118
violecircncia na escola eacute muito inconveniente todos deviam respeitar os outros
mesmo sendo diferente () eacute muito importante ser respeitado e respeitarrdquo
(C65) salientando a relaccedilatildeo de igualdade entre as pessoas ldquoAcho que as
pessoas deviam ter respeito com todos pois somos todos iguaisrdquo (C62)
ldquoEntatildeo a gente tem que aceitar todo mundo do jeito que eacute sendo inteligente ou
bagunceiro Todas as pessoas satildeo diferentes entatildeo natildeo podemos ter
preconceito porque a pessoa usa oacuteculos por ser muito grande ou pequeno
demais natildeo devemos tirar onda com essas pessoas porque todo mundo tem
um defeitordquo (C127) ldquoEu acho assim que cada pessoa deveria respeitar os
outros pois ningueacutem eacute mais do que ningueacutem e nem importante do que o outrordquo
(C66)
O surgimento de questotildees relativas agrave empatia tambeacutem demonstra
reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo diante da violecircncia escolar ldquoA violecircncia escolar para
mim eacute um absurdo pois natildeo eacute preciso fazer isso e quem faz isso pense se
queria estar no lugar dessa pessoardquo (C82) ldquoe a pessoa natildeo deve daacute a outra o
que natildeo quer receber porque o que a pessoa planta a pessoa colhe se a
pessoa planta maldade vai colher maldade soacute a infelicidade da outra pessoardquo
(C130) ldquoe natildeo fazer nada do que vocecirc natildeo queria pra vocecircrdquo (C66) Eacute preciso
se colocar no lugar do outro tambeacutem nas situaccedilotildees envolvendo bullying
ldquoBullying natildeo se faz pense no proacuteximordquo (C77)
O relacionamento professor-aluno eacute destacado com algo de relevacircncia
no cenaacuterio da violecircncia escolar ldquoEu tenho um bom relacionamento com minha
professora ela eacute calma nos escutardquo (124) Os estudantes satildeo criacuteticos em
relaccedilatildeo aos relacionamentos inadequados com os professores ldquoHaacute ignoracircncia
natildeo soacute com os professores mas com os colegas de classe Eu acho que um
119
deveria respeitar o proacuteximo porque isso eacute uma falta de respeito muito granderdquo
(C64) ldquoOs alunos natildeo respeitam os professores os professores dizem que eacute
para eles ficarem calados mas continuam falando etcrdquo (C95)
Chama a atenccedilatildeo o fato de numa produccedilatildeo sobre Violecircncia Escolar os
participantes revelarem aspectos fundamentais da relaccedilatildeo professor-aluno E
assim evidenciam questotildees destacadas por Hinde Finkenauer e Auhagen
(2001) de que o pleno entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque no niacutevel
individual pois o curso de um relacionamento tambeacutem depende das
caracteriacutesticas psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos
envolvem caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas
posicionamento quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-
conceito auto-estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre
outras O professor indiviacuteduo adulto diferentemente de crianccedilas e
adolescentes parece ter maiores condiccedilotildees de estar atento a tudo isto diante
do cenaacuterio das relaccedilotildees na escola
Eacute importante cuidar dos relacionamentos na escola ldquoA escola eacute lugar
para estudar fazer novas amizades etcrdquo (C61)
514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar
Eacute veemente o interesse dos estudantes que atitudes de natureza
violenta desapareccedilam do contexto escolar ldquoPrecisamos combater todos os
tipos de violecircncia e preconceitordquo (C81) ldquoo bullying eacute um caso seacuterio e natildeo
podemos deixar isso aumentar nas escolasrdquo (A35) Natildeo obstante haacute o
reconhecimento que eacute algo aacuterduo e que natildeo existem ainda estrateacutegias
eficientes ldquoA violecircncia escolar eacute um mal que precisa acabar poreacutem ningueacutem
120
respondeu a pergunta que gera esse fim Comordquo (B50)
Os estudantes expressam a necessidade de accedilotildees preventivas como
forma de enfrentar a violecircncia na escola ldquoA violecircncia deve ser evitada para o
bem de todos Isso eacute uma forma de parar ou simplesmente diminuir a violecircncia
seja onde forrdquo (A5) ldquoBem a violecircncia jaacute devia ser tratada com maior
responsabilidade e muito mais ainda a violecircncia na escolardquo (C84) ldquoAleacutem de
muita falta de educaccedilatildeo as pessoas deveriam ter um pouco de compreensatildeo
sobre o assunto Violecircnciardquo (C63) As accedilotildees propostas servem para prevenir ou
combater a violecircncia escolar e se datildeo em diferentes planos da sociedade
como na proacutepria escola na famiacutelia ou no Estado Por vezes algumas normas
satildeo propostas como modelo de comportamento ldquoenfim eu acho que o pessoal
tem que ter mais educaccedilatildeo respeitordquo (C129) e outras as medidas existentes
satildeo objeto de criacutetica ldquoos casos sempre vatildeo e voltam da coordenaccedilatildeo do
mesmo jeitordquo (C114)
5141 O Papel da Escola
Sendo a escola o cenaacuterio de situaccedilotildees de violecircncia eacute a ela que os
alunos delegam grande responsabilidade no enfrentamento da violecircncia ldquoEu
acho que os coleacutegios tecircm que dar prioridade para acabar com a violecircncia
escolarrdquo (A30) ldquoIsso deve ser trabalhado nas escolasrdquo (B39) Para alguns a
escola jaacute estaacute cumprindo este papel ldquoNa minha opiniatildeo pelo menos na minha
escola eles vem cuidando muito desse assuntordquo (C107) para outros natildeo eacute o
caso ldquoapesar de ser um absurdo as escolas natildeo fazem nada para que os
alunos se conscientizem que isso eacute muito brusco e cada vez mais perigosordquo
(C119) Por outro lado a dificuldade em resolver eacute bastante relatada ldquoExistem
121
psicoacutelogos nas escolas mas muitas vezes parece natildeo resolver Diretores
chamam os pais para perguntar o que estaacute acontecendo mas infelizmente os
pais natildeo sabemrdquo (A4)
Atribui-se agrave coordenaccedilatildeo a competecircncia para lidar com a violecircncia na
escola no entanto sem sucesso muitas vezes Os relatos abaixo satildeo
esclarecedores dessa interpretaccedilatildeo dos alunos
ldquonesse ano um grupo de alunos se juntaram para bater em um soacute e a briga foi para coordenaccedilatildeo e natildeo fizeram nada soacute reclamaram e ateacute acham normal porque acontece muitordquo (C114) ldquoUma vez um menino ficou aborrecendo o outro durante o ano todo aiacute o menino disse a coordenadora e ela apenas o mandou parar e durante o outro ano todo o menino continuou perturbando o outrordquo (C112) ldquoEu ateacute levei o caso pra coordenaccedilatildeo mas natildeo resolveu nada ela soacute fez falar que era eu que estava fazendo isso e que ele esta revidando mas eu nem falava com a pessoa que fazia essas coisas comigo Entatildeo eu acho que a escola tem que ficar mais alerta com essas coisasrdquo (C97) ldquoAno passado houve um dia que houve uma briga entre dois amigos nossos foi assim um deles chegou e deu um tapa no outro e esse outro deu um murro no primeiro () Eles estavam num cassete arretado o segundo deu um murro que o primeiro foi bater no fim da sala e entatildeo os dois foram para a coordenaccedilatildeo mas natildeo foram suspensosrdquo (C91)
Em alguns relatos a figura do professor como autoridade se sobressai e
os alunos destacam o seu papel em inibir episoacutedios de violecircncia
ldquotoda vez que a professora estaacute na sala eacute um silecircncio que nem parece que o pessoal ta acordado parece que ta dormindo mas eu acho que o que mais falta na escola eacute o respeito porque quando a professora sai da sala eacute uma bagunccedila da bexigardquo(C129) ldquopois os coordenadores os mandaram parar Quando os professores chegavam eles paravam mas quando saiam continuavamrdquo (C89)
122
Os alunos apresentam a forma como entendem a contribuiccedilatildeo de
psicoacutelogos apontado sua relevacircncia dentro da escola tanto em atividades
ligadas agrave prevenccedilatildeo como para o enfrentamento das situaccedilotildees de violecircncia em
atividades coletivas ldquocom as psicoacutelogas entrando nas salas para falar do
assunto principalmente com os alunos que jaacute cometeram violecircncia fazendo
projetos e trabalhos sobre a violecircncia para eles natildeo seguirem este caminho e
ateacute mesmo para os alunos ajudarem uns aos outrosrdquo (A19) ou mesmo
individuais ldquoAs escolas deviam tomar alguma providencia como ter um
momento com um psicoacutelogo unicamente para que o aluno comunicasse tudo o
que ele tem vivido ou sofrido ao vir agrave escolardquo (C107) A contribuiccedilatildeo do
psicoacutelogo natildeo significa a impossibilidade de alguma medida punitiva ldquoNatildeo soacute
punir o agressor com dois ou trecircs dias de suspensatildeo mas com um
acompanhamento psicoloacutegico pois o agressor provavelmente esteja passando
por algo em casardquo (C103) Para os alunos cabe tambeacutem aos pais e
profissionais da escola reconhecer a colaboraccedilatildeo deste profissional ldquopor isso
eu acho que os pais e educadores devem ter cuidado ao lidar com essas
crianccedilas e se necessaacuterio elas devem ter acompanhamento psicoloacutegicordquo (A24)
O preparo ou competecircncia da escola para proporcionar orientaccedilatildeo
visando evitar a violecircncia escolar eacute um problema a ser resolvido Para alguns
a escola estaacute preparada ldquoas escolas jaacute estatildeo preparadas para esse tipo de
atrito tatildeo comum entre os alunos Existem psicoacutelogas e coordenadoras para
exatamente resolver issordquo (A13) mas natildeo eacute assim que pensam todos ldquoAqui na
escola tentam ajudar cada um dos alunos em suas dificuldades natildeo adianta
muito porque natildeo ligam muito mas eacute preciso sim ter um responsaacutevel maior
como um diretor professor pai e matildee psicoacutelogo (a) ou pessoa mais velha que
123
esteja a frente do devido localrdquo (C110) Acontece que ao natildeo ter como resolver
acaba-se comprometendo mais a situaccedilatildeo de violecircncia ldquoporque muitas vezes
os diretores ou outras pessoas natildeo sabem tratar do assunto e acaba piorando
as coisasrdquo (C97) Isto fica bem evidente na situaccedilatildeo descrita por um aluno
ldquoUm dia um amigo meu me disse (que) roubaram cinco reais dele entatildeo quando disse a supervisatildeo do seu coleacutegio o menino pegou trecircs amigos dele e bateu ateacute que foi expulso do coleacutegiordquo (A33)
A accedilatildeo punitiva na escola para controlar a violecircncia fazendo uso de
medidas draacutesticas como a suspensatildeo ou ateacute mesmo a expulsatildeo precisa ser
adotada na percepccedilatildeo dos participantes ldquoEu gostaria que alguns alunos
fossem expulsos pois soacute fazem brigar eacute atrapalhar a aulardquo (A26) ldquoEu acho que
esse tipo de pessoa deveria ser expulso da escola pois podem machucar
gravemente algueacutemrdquo (C89) ldquona minha opiniatildeo isso que fizeram com ele eacute caso
de expulsatildeordquo (A12) De modo oposto alguns alunos parecem natildeo acreditar na
eficaacutecia da puniccedilatildeo ldquoE certamente com a puniccedilatildeo ele faraacute a violecircncia de novo
seraacute punido e faraacute de novo de novordquo (C103) No relato a seguir o aluno faz
consideraccedilotildees desta natureza
ldquoMuitas vezes jaacute presenciei alguns amigos sofrendo violecircncia tanto fiacutesica quanto verbal no coleacutegio que depois natildeo foram devidamente castigados pelo seu erro na maioria das vezes eacute aplicada uma leve puniccedilatildeo e natildeo eacute tratado o lado psicoloacutegico de cada crianccedila dentro do coleacutegio mas com o consentimento dos paisrdquo (A24)
Esta accedilatildeo punitiva contudo deve ser desempenhada com cuidado para
causar injusticcedilas
ldquoDevemos penalizar melhor os alunos e ter muito cuidado para que os alunos natildeo seja penalizado com injusticcedila e devemos lsquoobterrsquo provas em qualquer situaccedilatildeo parecida como testemunha porque tem muita gente que mente muito e natildeo penalizando de forma qualquer o aluno que bagunccedila na sala quebra cadeiras na escola natildeo respeita os professores que agride os seus proacuteprios amigos deve ser expulso do coleacutegio e ter muito cuidado para que nesse caso natildeo
124
haja injusticcedila porque esse aluno ele precisa de ajuda escolar e do responsaacuteveis mais que isso natildeo funcione devemos ter atitudes mais seacuteria sobre esse caso e natildeo eacute mais responsabilidade do coleacutegio porque esse aluno vai continuar e vai prejudicar seriamente os seus colegasrdquo (A16)
As propostas para a escola satildeo bem diversas ldquoOs coleacutegios tecircm que
tomar providecircncias com quem faz essas violecircncias como regras riacutegidas
suspensotildees mas tambeacutem os coleacutegios tecircm que evitar o maacuteximo possiacutevel (que
aconteccedila violecircncia)rdquo (A19) destacando a relevacircncia dos profissionais da
escola ldquomas o bom eacute que noacutes temos os supervisoresrdquo (A33) O diaacutelogo eacute
apresentado como estrateacutegia de combate agrave violecircncia
ldquoEu acho que as pessoas que recebem esse tipo de violecircncia escolar deviam resolver na base da conversa com o agressor ou com a coordenadora e etc Porque a conversa leva ao conviacutevio melhor A violecircncia natildeo resolve nada () Mas natildeo basta apenas uma ou duas pessoas pensarem assim todos teriam que pensar que a conversa eacute muito melhor do que a violecircncia porque a violecircncia natildeo leva a nadardquo (C90)
A conversa e o diaacutelogo com base numa relaccedilatildeo de confianccedila aparecem
como uma boa estrateacutegia para combater as situaccedilotildees de bullying ldquoo bullying
pode ser resolvido de muitas maneiras como conversar mostrar o mal que o
Bullying causa as viacutetimas e etcrdquo (B48) ldquoe como podemos acabar com isso
Conversando com colegas com professores para acabar com essa agressatildeo
que eacute muito ruim para quem estaacute sendo agredidordquo (B42) Inversamente haacute
aqueles que defendem estrateacutegias com base na retaliaccedilatildeo ldquoPra mim os alunos
que fazem essas violecircncias todos os dias (bullying) devem receber em troca
claro que em todas as escolas eles satildeo suspensos expulsos mas voltaram a
fazer novamente Isso eacute um caso constrangedorrdquo (C124)
Os alunos apresentam alternativas para resolver o problema sugerem
estrateacutegias envolvendo puniccedilatildeo relacionada com a nota ldquona maioria das vezes
125
os coordenadores ligam para os pais mas isso natildeo resolve nada o certo seria
dar alguma puniccedilatildeo que o aluno parasse mesmo de perturbar o outro () o
que faria ele parar eacute dizer que ele teria algum ponto a menos na notardquo (C112)
ou envolvendo pessoas que poderiam colaborar ldquoA violecircncia escolar deveria
ser controlada e punida os alunos que se metessem na violecircncia fossem para
a diretoria e que tivesse um estagiaacuterio(a) nas salas de aula para controlar essa
violecircncia enquanto o professor saiacutesse por um momento e que os agressores
fossem tirados de salardquo (C87) Eacute interessante que os alunos compreendem a
finalidade dos atos de indisciplina e sugerem estrateacutegias inovadoras como
pode ser visto no trecho abaixo
ldquoPoreacutem noacutes poderiacuteamos nos ver livres de tal ato tatildeo brutal se houvessem algumas puniccedilotildees mais severas uma providecircncia que atualmente eacute tomada eacute suspensatildeo temporaacuteria do autor do ldquocrimerdquo eu natildeo acho que eacute uma boa providecircncia pois em grande parte dos alunos que praticam esses atos querem sair da escola Essa puniccedilatildeo seria dar a ele o que queria Eu acho e tenho quase certeza de que se as puniccedilotildees fossem de ficar mais na escola fazendo algumas atividades mais alunos parariam de praticar e ainda melhor menos pessoas sofreriam por estes atosrdquo (B40)
Famiacutelia e escola devem interagir ldquoeacute um assunto cuidadoso que precisa
de maacutexima atenccedilatildeo dos pais e educadoresrdquo (A24) ldquoNa minha escola nem
todos os dias tecircm essas brigas noacutes temos psicoacutelogos professores que lsquonoacutesrsquo
falam o que devem fazer mas eu acho que nem isso muda o comportamento
dos alunos acho tambeacutem que isso deveraacute ser cuidado em casa por seus paisrdquo
(C124)
Mesmo compreendendo que existem limites da escola no enfrentamento
da violecircncia o seu papel eacute referenciado ldquonatildeo tem como combater
completamente mas todos os coleacutegios jaacute estatildeo alertando e instruindo os
126
alunos sobre issordquo (A13) A escola precisa de um suporte maior para enfrentar
a situaccedilatildeo ldquoeu particularmente acho que de uma maneira ou de outra os
oacutergatildeos escolares brasileiros precisam combater de vez o bullyingrdquo (C88)
Sabe-se da dificuldade entretanto para os alunos enfrentar a violecircncia
na escola natildeo eacute impossiacutevel Os trechos a seguir evidenciam a esperanccedila que
os estudantes ainda alimentam em relaccedilatildeo ao papel da escola
ldquoQuando o agressor pratica o ato que eacute agredir o colega eacute muito difiacutecil reverter esse problema mas natildeo impossiacutevel Sinto que aqui no coleacutegio haacute sim esta dificuldade mas como disse natildeo eacute impossiacutevel pois com ajuda de vaacuterios profissionais e principalmente da famiacutelia assim podemos colocar em extinccedilatildeo este bicho cruel que eacute o bullyingrdquo (C99)
ldquoQueria poder achar uma maneira de acabar com isso mas pelo visto soacute daacute tentando conscientizar as pessoas que vivem na escola Se tudo fosse feito na paz na harmonia com solidariedade todo mundo aproveitaria e viveriacuteamos num mundo bem melhorrdquo (B36)
5142 O Papel do Estado
Aleacutem da escola e da famiacutelia cabe ao Estado controlar a questatildeo da
violecircncia escolar Neste caso a accedilatildeo do Estado eacute legislativa com penas
rigorosas ldquodeveria criar-se uma lei em que proibisse essa briga ou ateacute pena de
prisatildeordquo (A17) ou atuando de forma indireta como tornar obrigatoacuterio a presenccedila
de psicoacutelogos no sistema escolar em funccedilatildeo da violecircncia ldquopor causa dessa
violecircncia o governo (deveria) pensar em uma lei que seja obrigatoacuterio um
psicoacutelogo em cada escolardquo (A21) ldquodeviam investir melhor na educaccedilatildeo (eacute o
que acho e penso)rdquo (B44) Finalmente caberia ao governo federal controlar a
violecircncia escolar tendo em vista afastar o medo do contexto escolar
ldquoAcho que o governo brasileiro deveria tomar providencias em relaccedilatildeo a isso para as matildees natildeo terem medo de deixar seus filhos na escola ou os filhos natildeo ficarem com medo da escolardquo (A22)
127
Os estudantes recorrem ao dispositivo legal existente que trata sobre a
proteccedilatildeo integral agrave crianccedila e ao adolescente como possibilidade de eficiecircncia
no enfrentamento da violecircncia
ldquoEu acho tambeacutem que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente deveria ajudar a respeito disso Eles natildeo ajudam e agraves vezes soacute atrapalham com suas leis mal feitas Se eu fosse presidente ou diretor desse Estatuto eu pegaria pesado com os alunos que satildeo lsquobullyrsquo Eu faria com que qualquer coleacutegio pudesse expulsar alunos na 1ordf oportunidade que tivessemrdquo (A30)
5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes
O combate e a superaccedilatildeo da violecircncia escolar natildeo devem resultar
apenas da accedilatildeo da escola da famiacutelia e do Estado Haacute o reconhecimento da
importacircncia e de um papel a cumprir por parte dos proacuteprios participantes como
indiviacuteduos e sociedade ldquovamos evitar essas brincadeiras de mau-gosto Vamos
tentar acabar com essa realidaderdquo (A15) ldquoE isso eacute uma coisa grave que deve
ser tratado mas eacute algo que depende de cada um por isso eacute necessaacuterio que
esse assunto seja esclarecido para todos os alunosrdquo (C79)
Para alguns estrateacutegias simples como anunciar os prejuiacutezos da
violecircncia como demonstraccedilatildeo de intoleracircncia com tais atos parecem
suficientes ldquoAcho que devemos combater esta violecircncia escolar e quando
nossos amigos forem fazer algum tipo de violecircncia noacutes natildeo podemos permitir
devemos falar para ele e para as pessoas que isto estaacutersquo errado entatildeo acho que
eacute isso vamos combater a violecircncia escolarrdquo (A14) ldquoisso tem que acabar pois
todos tecircm que falar para natildeo ser agredido pense nisto e ajude os outrosrdquo
(C80) ou ateacute mesmo um simples conselho ldquonatildeo faccedila isso eacute uma coisa muito
erradardquo (B49)
128
Os alunos destacam como essencial a confianccedila em algueacutem para que a
violecircncia seja revelada ldquose acontecesse comigo o que eu faria Acho que
falaria a algueacutem mais velho com mais experiecircnciardquo (C118) Recomendam os
pais como pessoas mais indicadas mas natildeo as uacutenicas ldquoO ideal seria que os
agredidos contassem aos pais se se sentirem preparados Mas se achar que
os pais natildeo iratildeo ajudar contar a algueacutem que possardquo (B52) ldquoEu acho que se
cada pessoa que estivesse sofrendo este caso devia tirar todos os seus
medos e contar para seus pais para um psicoacutelogo para que eles venham
tomar alguma decisatildeordquo (C107) As pessoas da escola tambeacutem satildeo apontadas
como possibilidades ldquoPor isso se sofremos esses tipos de violecircncia acho que
deveriacuteamos comunicar as pessoas responsaacuteveis da escolardquo (A25)
Esta parece ser um dos aspectos que tem maior poder de realmente
transformar as relaccedilotildees na escola No entanto soacute seraacute possiacutevel com
modificaccedilotildees na forma de lidar com as situaccedilotildees de violecircncia
Mesmo que os alunos reconheccedilam a necessidade de uma relaccedilatildeo de
confianccedila com pessoas da proacutepria escola os estudos de Abramovay (2005)
mostram que o que prevalece eacute o oposto Segundo os dados da pesquisa
sobre violecircncia na escola ocorre muito descreacutedito dos jovens em relaccedilatildeo agraves
autoridades da escola como os diretores e professores Aproximadamente 11
dos alunos procuram um professor quanto tecircm um problema na escola e cerca
11 fazem o mesmo com o diretor mostrando um baixo grau de confianccedila nas
autoridades escolares Chama a atenccedilatildeo que essas proporccedilotildees satildeo mais
baixas do que a dos alunos que afirmam que natildeo contam para ningueacutem os
problemas que ocorrem na escola (14)
O final da violecircncia eacute visto como resultado da accedilatildeo dos proacuteprios
129
estudantes podendo agir sem recorrer agrave violecircncia ldquotemos que arrumar uma
soluccedilatildeo vamos ter carinho e amor ao proacuteximo Para reverter essas situaccedilotildees
que ocorrem nas escolasrdquo (A9) Parece haver intoleracircncia agraves atitudes
agressivas ldquonatildeo eacute a partir de uma agressatildeo que vocecirc vai ficar mais forte mais
bonito mais duratildeo mais inteligente eacute atraveacutes das atitudes que tomamos no
nosso dia a diardquo (C120) Os trechos a seguir evidenciam a necessidade de se
prescindir ao uso da violecircncia
ldquoacho que devemos pensar antes de agir e manter o diaacutelogo com os colegas natildeo partir para a briga e se com o diaacutelogo natildeo resolver temos que comunicar se for no coleacutegio agrave direccedilatildeo agrave coordenaccedilatildeo e se natildeo for no coleacutegio comunicarmos aos paisrdquo (C74) ldquoEu acho isso um absurdo por que natildeo conversam em vez de partirem para a briga () isso poderia ser evitado se as pessoas que praticam essa violecircncia se conscientizassem de que para resolver qualquer coisa natildeo precisa partir para a agressatildeo basta apenas conversarrdquo (C120)
Possibilidades de enfrentamento da violecircncia satildeo apontadas por Silva
(1997) com base na relaccedilatildeo de respeito entre as pessoas
Outra medida apresentada como estrateacutegia eficiente eacute agir com
indiferenccedila quando alvo de agressatildeo ldquoMuita gente laacute da sala natildeo gosta de
mim agora eu natildeo penso assim soacute porque o outro natildeo gosta de mim que eu
tambeacutem vou ter que odiar eu faccedilo de conta que nem ouvi e soacuterdquo (C105) no
entanto reconhece-se que nem sempre eacute faacutecil ldquoQuando as pessoas falam de
mim eu simplesmente natildeo ligo para o que falam pois minha matildee me deu
educaccedilatildeo Muitas vezes eacute chato sabe natildeo poder revidar do mesmo jeito que a
pessoa fez comigo chamando ela tambeacutem de alguma coisa ruim ou agredindo
elardquo (C110)
O cuidado com o proacuteximo surge a partir de orientaccedilotildees para se
130
colocarem no lugar do outro ldquoEntatildeo eacute isto antes de vocecirc falar algo com
algueacutem mesmo que seja para seus amigos acharem engraccedilado se coloca no
lugar do outrordquo (A23) ldquoE nunca praticar a violecircncia e natildeo adianta ficar
machucando os outros fisicamente ou verbalmente porque natildeo gostariacuteamos
que acontecesse com noacutes natildeo eacute mesmordquo (A25) No relato a seguir esta foi a
orientaccedilatildeo dada tendo sido considerada exitosa
ldquoBem teve um caso que aconteceu com um amigo meu que eu natildeo achei que foi uma coisa muito grave e que ningueacutem quer que aconteccedila com vocecirc Foi haacute algum tempo meu amigo tinha acabado de entrar na nossa sala jaacute por causa que todo mundo batia nele entatildeo ele mudou de sala e foi para a nossa Logo quando ele entrou ficavam tirando onda com ele xingando batendo etc Teve uma vez que bateram tanto nele que o nariz dele comeccedilou a sangrar a boca dele tambeacutem e ficou muito inchada depois disso a supervisatildeo veio falar conosco e dizer que era errado e que ningueacutem fizesse para o outro o que natildeo quiser que faccedila com si mesmo entatildeo todos pararam de agredir ele e agora o coleacutegio todo conhece elerdquo (A32)
Os alunos parecem admitir certo sentimento de impotecircncia diante da
violecircncia escolar mas asseveram a necessidade de agir ldquona minha escola
houve poucos casos de violecircncia fiacutesica mas a verbal eu vejo todos os dias e
penso que natildeo posso fazer nada apesar de que quando me agridem
verbalmente eu agrido de voltardquo (C101) A escalada da violecircncia parece ser
parte inerente da violecircncia na escola Mesmo estudantes que se dizem
contraacuterios agrave violecircncia admitem a necessidade de se defender ldquoEu nunca faria
uma coisa dessas nem fiz e nem vou fazer (mas eacute claro eu tenho que me
defender)rdquo (A12)
Existem atitudes preventivas que podem proteger ldquotento tomar cuidado
e principalmente natildeo andar com pessoas ruins mas nesse mundo de hoje
pode tudo tem gente boa presa gente ruim soltardquo (C118)
As diferentes formas de proceder na direccedilatildeo de diminuir a violecircncia na
131
escola incluem accedilotildees orientadas por princiacutepios eacuteticos ou normas de
comportamento com base no respeito
ldquoNa minha opiniatildeo todos os alunos devem tratar os outros da mesma forma que querem ser tratados natildeo devem faltar o respeito com nenhum dos seus colegas Respeito eacute uma coisa muito importante para todos e eacute uma coisa que aprende em casardquo (A7)
Ao mesmo tempo em que tambeacutem surgem orientaccedilotildees no sentido de
maior toleracircncia com as pessoas como eacute recomendado no texto a seguir
ldquopense em vocecirc antes de maltratar ao proacuteximo perdoe todo mundo erra e merece mais de uma chance devemos aceitar o jeito que o outro eacute mesmo gostando dele ou natildeo respeite ao proacuteximo e todos agradecemos todo mundo tem seu jeito de ser de pensar de agir e de falarrdquo (C77)
A partir das diversas contribuiccedilotildees suscitadas percebe-se que os
estudantes natildeo estatildeo indiferentes agrave violecircncia escolar e que existe empenho
para seu enfrentamento e combate
ldquoMas natildeo soacute os diretores e professores devem se importar procurar um especialista para tratar o agressor junto com a famiacutelia do mesmo Mas para que tudo isso possa acontecer as nossas autoridades tem que agir tambeacutem poderia sugerir uma certa parceria entre agressor escola autoridades famiacutelia Uma espeacutecie de ciclo entre todos para a ajuda de um indiviacuteduo para que ele possa mudar agora e ser um cidadatildeo de bem no futuro isso soacute depende de noacutesrdquo (C103)
515 Relatos de Violecircncia Escolar
Muitos estudantes incluem em seus textos relatos de episoacutedios de
violecircncia na escola Haacute relatos de algo que testemunharam ou que tomaram
conhecimento mesmo sem ter presenciado Alguns relatos se referem a
situaccedilotildees que o estudante esteve envolvido de forma mais direta e em sua
quase totalidade este envolvimento ocorreu como alvo de violecircncia sendo uns
132
mais especiacuteficos para situaccedilatildeo de bullying Eacute possiacutevel identificar atraveacutes dos
relatos diversos temas considerados ao longo desta anaacutelise
Quando os estudantes relatam episoacutedios de violecircncia na escola
ratificam que a violecircncia eacute algo que faz parte do seu cotidiano Muitas vezes os
alunos confirmam a existecircncia destas situaccedilotildees na sua proacutepria escola ldquono meu
coleacutegio tem Muitos alunos fazem brigas e etc Mas por motivos bestas Eu
devo citar que meu coleacutegio jaacute foi palco da violecircncia escolar Houve casos de
uma simples tapa na cara a alunos com facas canivetes cortando os outrosrdquo
(A30) Depoimentos de alunos viacutetimas de bullying tambeacutem estatildeo presentes ldquoEu
jaacute sofri bullying e sei quanto isso eacute ruim mas natildeo fisicamente e sim mental
agora diminuiu muitordquo (C97)
Haacute relatos que satildeo mais detalhados e fornecem informaccedilotildees relevantes
Eacute possiacutevel perceber atraveacutes do relato a seguir a indignaccedilatildeo com a situaccedilatildeo de
violecircncia Uma provocaccedilatildeo inicial gera uma agressatildeo mais grave confirmando
a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e fiacutesica
ldquoVou contar de um caso recente que aconteceu no meu coleacutegio Tinham alguns meninos rindo lsquoda cararsquo de outro menino esse menino tinha levado um canivete com uma faquinha nele entatildeo ele ameaccedilou-o (um deles) com a faquinha o menino para tirar a faca de junto deu um empurratildeo na matildeo do menino resultado ele cortou a matildeo Nesse caso o garoto soacute foi se defender com a matildeo mas ele antes tinha provocado mas esse natildeo sendo motivo para o outro menino levar um canivete pro coleacutegio (claro que natildeo) Com esse exemplo pode-se aprender que violecircncia gera violecircncia e violecircncia que eu digo natildeo eacute apenas fisicamente eacute verbal tambeacutem as vezes verbalmente vocecirc agride mais do que fisicamenterdquo (A27)
A participaccedilatildeo de um grupo de alunos contra um uacutenico aluno eacute descrita a
neste episoacutedio violento testemunhado e relatado A covardia dos agressores
estaacute presente
ldquoAteacute jaacute presenciei uma grande e terriacutevel violecircncia com meu colega de
133
classe quando estava na hora do recreio ele sentou em um banco comendo seu lanche sem perturbar ningueacutem entatildeo chegou um grupo de meninos que jaacute haviam implicado com ele e entatildeo jogaram uma coisa rsquonatildeo identificadarsquo no chatildeo e pediram para ele pegar como ele era muito inofensivo ao abaixar esse grupo de meninos se jogou por cima dele lhe machucandordquo (B43)
Um aluno descreveu detalhadamente situaccedilotildees de violecircncia sofrida
onde estatildeo evidentes diversos temas contemplados pelos demais alunos nas
suas produccedilotildees
ldquoNa minha escola que estou estudando jaacute fiz muitas amizades e nunca mais sofri qualquer agressatildeo Mis na minha escola antiga era difiacutecil fazer amizades e eu era alvo de bullying Num dia um garoto me chamou para falar com o professor pois ele estava me chamando e quando cheguei no local que esse garoto disse que o professor estava fui brutalmente agredido por muitos garotos e depois algumas amigas minhas me tiraram da li Havia um garoto que me batia muito e quando ele saiu da escola acharam que eu tinha dito que ele saiu revoltado jogaram minhas coisas fora e o armaacuterio foi quebrado e quando fui falar para a diretora me empurraram jogaram areia em mim e correram para falar com ela e inventaram que eu tinha feito alguma coisa Enfim nessa minha escola antiga fui alvo de gozaccedilatildeo sendo muitas vezes agredido e me senti peacutessimo a uacutenica situaccedilatildeo que achei foi sair da escola Jaacute colocaram um chuveiro (que tinha sido retirado para consertar) e colocaram na minha bolsa me acusando de ter roubado sorte que uma matildee viu e me inocentou Foi uma fase horriacutevel da minha vida e nunca mais quero lembrar Agora estou feliz no meu novo coleacutegio com muitos amigosrdquo (B46)
Percebe-se destaque para a questatildeo da amizade eacute esta temaacutetica que
abre e que finaliza o relato Haacute relaccedilatildeo entre dificuldades com amigos e ser
alvo de bullying indicando a amizade como fator de proteccedilatildeo A participaccedilatildeo
da escola no enfrentamento da violecircncia eacute referendada como ineficaz e ateacute
mesmo comprometedora Por sua vez sinaliza a possibilidade de superaccedilatildeo
apesar de evidenciar que o envolvimento em violecircncia escolar eacute algo
traumatizante
O proacuteximo relato tambeacutem descreve uma situaccedilatildeo envolvendo a temaacutetica
da amizade mais especificamente abordando perdas na amizade devido agrave
134
violecircncia
ldquoUm dia de manhatilde estava ocorrendo tudo bem quando aconteceu algo traacutegico com um aluno da minha ex-escola ele foi agredido violentamente por seu melhor amigo e isso comoveu toda a escola fazendo com que vaacuterias pessoas tambeacutem entrasse na briga vaacuterias pessoas que tentaram ajudar acabaram machucadas gravemente e as que natildeo queriam brigas ou natildeo tinham nada a ver com a histoacuteria acabaram tambeacutem com um resultado nada bom ateacute professores e fiscais tentaram apartar a briga mas natildeo conseguiram todos viam naquele momento pessoas machucadas crianccedilas chorando aquilo para todos era uma guerra de inimigos quem conseguiu acabar mesmo foi a poliacutecia e alguns seguranccedilas naquele momento foi um aliacutevio para todos e a raiva ainda continuava eles foram expulsos e ningueacutem nunca mais viu aqueles ex-amigos (A29)
Novamente a escola aparece como ineficaz ao lidar com a violecircncia
fazendo uso de estrateacutegia punitiva e excludente e ainda delegando agrave poliacutecia a
accedilatildeo para enfrentar a violecircncia
O relato abaixo trata de violecircncia em ambiente virtual
ldquoHouve um caso aqui no coleacutegio que envolveu ateacute professores Foi que na nossa sala noacutes criamos um blog da turma que servia pra gente botar fotos lembrar de provas e conversar entre noacutes Soacute que certo dia quando abrimos o blog estava cheio de comentaacuterios horriacuteveis nas fotos do tipo larga esse veado e vai dar o c R (proacuteprio nome) (esse foi com a minha foto) entatildeo os diretores do coleacutegio ficaram sabendo e entatildeo os teacutecnicos do coleacutegio de informaacutetica ameaccedilaram descobrir quem foi entatildeo a minha colega de sala se entregou foi o passe para todo mundo partir pra cima dela mas entatildeo ela disse que soacute fez isso pois estava com raiva de turma e pediu desculpas a todosrdquo (B45)
Neste relato a tecnologia eacute apontada como estrateacutegia tanto para
executar agressotildees mas tambeacutem para revelar detalhes da agressatildeo Neste
caso percebe-se que a escola enfrentou a situaccedilatildeo buscando internamente
estrateacutegias para solucionar o desconforto causado e conseguindo obter
sucesso entre os alunos
O depoimento a seguir apresenta vaacuterios aspectos abordados na anaacutelise
135
do conjunto dos textos
ldquoNa escola soacute algumas violecircncias como aconteceu com um amigo meu que mais de 10 alunos bateram nele e tambeacutem haacute ameaccedilas feitas por parte de alunos da proacutepria sala e de serie mais elevada Agraves vezes haacute brigas na sala antes do professor chegar Haacute muita violecircncia verbal dentro da sala de aula natildeo tem respeito ao proacuteximo em horaacuterio de aula haacute ateacute desrespeito com o professor No recreio jaacute houve muitas brigas de sair com o braccedilo quebrado e lutas se me permitem desiguais de um menino da 8ordf contra um da 4ordf e muitos incentivam a briga sem nem tentar apartar Poreacutem natildeo satildeo todos os alunos satildeo a maioria mas natildeo satildeo todos na minha sala satildeo 40 aluno se 15 prestarem atenccedilatildeo eacute muito entatildeo na minha escola haacute muita violecircncia que a supervisatildeo natildeo interfererdquo (A26)
Aparece a relaccedilatildeo desigual entre agressores e viacutetimas e agressatildeo
realizada por um grupo de alunos a sala de aula surge como cenaacuterio de
violecircncia na ausecircncia do professor como tambeacutem situaccedilotildees onde o professor
natildeo eacute respeitado como autoridade O uso de agressatildeo verbal eacute evidente como
tambeacutem a influecircncia da plateacuteia podendo a agressatildeo chegar a ser fiacutesica e com
danos graves A ineficiecircncia da escola mais uma vez eacute apontada e ainda haacute
referecircncia ao desinteresse nas aulas como origem da violecircncia
O relato abaixo parece apontar para a agressatildeo por parte de mais de um
individuo Haacute menccedilatildeo de agressatildeo verbal e interferecircncia da famiacutelia com uma
possiacutevel reaccedilatildeo por parte da viacutetima O relato tambeacutem parece indicar um
sentimento de rancor e possivelmente vinganccedila sugerindo uma possiacutevel
continuidade do comportamento agressivo
ldquoeu pessoalmente jaacute sofri bullying por trecircs alunos Eles viviam me xingando mas natildeo era soacute comigo era com toda a sala entatildeo minha matildee me disse que eu tenho que me impor ela disse entatildeo pensei muito nisso entatildeo eu mudei e fiz com que todos os alunos da sala se impusessem tambeacutem entatildeo esses trecircs alunos mudaram de sala mas eles tinham mesmo eacute que ser expulsos mas esses tipos de aluno soacute se sentem mais fortes quando eles tecircm uma pessoa mais fraca para dizer que eacute melhor mas o conselho que eu dou para vocecircs eacute de que nunca fraquejemrdquo (A17)
136
Alguns apresentam relato de testemunha e em seguida assumem jaacute ter
sido alvo ldquoEu acho isso uma coisa horriacutevel eu jaacute vi vaacuterios casos assim como o
que um menino pegou um estilete e quase cortou o pescoccedilo do outro sorte
que ele desviou e correu () Passou um dia em Ana Maria Braga um caso
horriacutevel que a menina saiu toda cortada e eu penso como vai ser isso no futuro
eu mesmo jaacute sofri isso minha matildee ficou loucardquo (C116)
Haacute declaraccedilotildees que indicam nenhum envolvimento em situaccedilatildeo de
violecircncia ldquoIsso nunca aconteceu comigo e nem com nenhum amigo(a) meu eu
natildeo tenho medo mas tambeacutem natildeo sei como eacute muita gente me procura pra
pedir conselho mas eu natildeo sei nada sobre issordquo (C118)
Apenas um participante apresenta relato de envolvimento como autor de
violecircncia na escola como evidente no relato abaixo
ldquoEu acho muito popular violecircncia na escola () encontro de patota rival ou por time Vou mandar um exemplo meu time eacute Sport e teve uma vez logo no primeiro ano que eu entrei no C(nome da escola) e comecei a andar com os boys e soacute tinha rubro-negro (torcedores do time citado) e teve uma vez que noacutes iriacuteamos para um passeio e teve um boy que estava com um quepe da Inferno Coral (torcida organizada do time adversaacuterio) e eu e os meninos estava becado (giacuteria para quem anda na moda)
da Jovem (torcida organizada do Sport) E o boy quando passou pela gente a gente de um pau nele e tomou o quepe dele e rasgou todinho Isso faz parte da violecircncia escolar Outro exemplo eacute o apelido que tem gente que estila e jaacute parte para a briga e quando a pessoa estaacute com muita raiva para de bater soacute matando ou tem que separarrdquo (C115)
Haacute relatos que natildeo estaacute claro como o aluno compreende a violecircncia
escolar aparentemente identificando como violecircncia atos de indisciplina
Explicaccedilotildees acrescentadas para tornar o relato compreensiacutevel
137
ldquoNa escola vemos vaacuterios acontecimentos como por exemplo hoje mesmo um menino estava jogando futebol no corredor da escola e quando foi chutar a tampa o sapato soltou do seu peacute e atingiu a lacircmpadardquo (C84)
ldquoEste ano apoacutes o recreio um menino tinha uma bola pequena parecia de handball e estavam jogando na escola ele e mais trecircs meninos Estavam brincando do doidinho quando jogaram bateu nas costas de um menino e bateu na lacircmpada e a quebrou por pouco que a lacircmpada natildeo caia em uma menina e o pior eacute que eles sabiam que natildeo podia jogar bola na sala e natildeo estavam nem aiacuterdquo (C89)
52 Anaacutelise dos Questionaacuterios
As respostas dos questionaacuterios foram tabuladas por meio do SPSS
(Social Package for the Social Science) e para efeito de anaacutelise e tratamento
estatiacutestico dos dados foram utilizados diversos procedimentos e anaacutelises
disponiacuteveis neste programa Inicialmente os dados estatildeo apresentados por
meio de estatiacutesticas descritivas em seguida foram aplicados procedimentos
para anaacutelise fatorial e por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os
aspectos investigados
Inicialmente apresentamos as anaacutelises referentes ao relacionamento
interpessoal entre os pares considerando as respostas dadas agraves questotildees da
primeira parte do questionaacuterio Posteriormente satildeo expostas as anaacutelises
referentes ao relacionamento com os professores exibindo de iniacutecio os dados
referentes ao professor com quem o participante considerava ter Bom
Relacionamento para em seguida apresentar os dados referentes ao professor
com quem o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil
138
521 Relacionamento Interpessoal com Pares
A primeira parte do questionaacuterio eacute referente ao relacionamento dos
alunos com seus pares investigando o envolvimento em situaccedilotildees de
agressatildeo assim como a frequumlecircncia deste envolvimento As questotildees abordam
diferentes formas como se daacute o envolvimento ndash como autoragressor
alvoviacutetima ou espectadortestemunha e tambeacutem os diferentes tipos de
agressatildeo fiacutesica verbal provocaccedilatildeo e exclusatildeo As respostas a todas as
questotildees do questionaacuterio considerava a ocorrecircncia e a frequecircncia de
determinado fato ao longo do ano letivo com as seguintes possibilidades de
resposta Natildeo nenhuma vez Sim apenas uma vez Sim poucas vezes (ateacute
quatro vezes ao longo do ano em curso) Sim algumas vezes (todo mecircs com
ateacute duas vezes por mecircs) Sim com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda
semana) Nesta anaacutelise consideramos Nenhum envolvimento as respostas
Natildeo nenhuma vez e Sim apenas uma vez e Maior Envolvimento as demais
respostas Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com frequumlecircncia8
Analisando os valores referentes a Nenhum Envolvimento em situaccedilotildees
de agressatildeo na Tabela 1 percebe-se um decreacutescimo dos valores da situaccedilatildeo
de autoragressor para a de alvoviacutetima e desta para a de
espectadortestemunha nos diferentes tipos de agressatildeo ndash Agressatildeo Fiacutesica
847 815 e 508 Agressatildeo Verbal 533 379 e 266 Provocaccedilatildeo
629 589 339 Exclusatildeo 919 847 e 468 Consequentemente
ocorre um crescimento nos valores referentes a Maior Envolvimento da
8 O percentual de respostas para cada uma das possibilidades de envolvimento nas diferentes formas de
agressatildeo encontra-se em anexo (Anexo 5)
139
situaccedilatildeo de autoragressor para de espectadortestemunha da mesma forma
nos diferentes tipos de agressatildeo
Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas de agressatildeo no relacionamento
entre os pares Nenhum envolvimento
1 Maior envolvimento
2
Autor Alvo Testemunha Autor Alvo Testemunha
Agressatildeo fiacutesica 847 815 508 153 186 491
Agressatildeo verbal 533 379 266 459 621 729
Provocaccedilatildeo 629 589 339 362 412 654
Exclusatildeo 919 847 468 72 153 524 1 Consideramos Nenhum Envolvimento as respostas Nenhuma vez e Apenas uma vez 2 Consideramos Maior Envolvimento as respostas indicando maior frequecircncia Poucas vezes (ateacute quatro vezes ao longo do
ano em curso) Algumas vezes (todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs) Com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana)
Os alunos natildeo se apresentam como autores de agressotildees entretanto
percebe-se um nuacutemero maior de alunos que se envolve como alvo e como
testemunha sendo maior o nuacutemero de alunos que se apresentam como
testemunhas do que como alvos de agressotildees Estes dados sinalizam que
ainda impera o medo de revelar a situaccedilatildeo de agressatildeo e consequentemente
de bullying atraveacutes da negativa em se identificar como Autoragressor ou como
Alvoviacutetima No entanto tais situaccedilotildees podem ser reveladas atraveacutes da
declaraccedilatildeo de jaacute ter presenciado podendo se identificar tendo envolvimento na
situaccedilatildeo de espectadortestemunha
Um outro dado a ser destacado eacute em relaccedilatildeo agraves Agressotildees Verbais e
Provocaccedilotildees Na situaccedilatildeo de Maior Envolvimento nos diferentes tipos de
envolvimento como Autor Alvo ou Testemunha o maior percentual eacute sempre
das Agressotildees Verbais seguidas das Provocaccedilotildees Inversamente na situaccedilatildeo
de Nenhum Envolvimento os menores percentuais satildeo das Agressotildees Verbais
seguidas das Provocaccedilotildees nas trecircs possibilidades de envolvimento ndash Autor
Alvo e Testemunha como pode ser visualizado na Tabela 1
140
Um destaque deve ser dado em relaccedilatildeo agraves testemunhas de agressatildeo
verbal pois o maior percetual neste tipo de agressatildeo (29) indica que os
alunos presenciam com frequecircncia (toda semana ou quase toda semana)
agressotildees verbais (Anexo 5)
Estes dados confirmam que situaccedilotildees de agressatildeo na escola
perpetradas atraveacutes de bullying eacute algo presente no cotidiano dos estudantes
como tambeacutem foi revelado pelos participantes atraveacutes da produccedilatildeo escrita E a
alta frequecircncia de agressotildees verbais e provocaccedilotildees como as estrateacutegias mais
comumente utilizada para agredir colegas igualmente confirma o destaque
desta forma de agressatildeo apontado nas redaccedilotildees
Os dados referentes ao relacionamento interpessoal com os pares foram
submetidos agrave tratamentos estatiacutesticos Inicialmente procedeu-se a uma anaacutelise
da adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A Medida de
Adequaccedilatildeo da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi de 0697 indicando
que os dados podem ser considerados como razoaacuteveis para a realizaccedilatildeo da
anaacutelise fatorial Aleacutem disso o Teste de Esfericidade de Bartlett mostrou que a
matriz de correlaccedilotildees entre os itens foi significativamente diferente de uma
matriz identidade indicando haver correlaccedilotildees suficientes para a realizaccedilatildeo da
anaacutelise (χ2=4061 gl=66 p=0001) A partir disso efetuou-se a primeira anaacutelise
fatorial que resultou em uma estrutura com quatro fatores capazes de explicar
641 da variacircncia total Poreacutem o uacuteltimo fator foi formado por apenas dois
itens referentes agrave agressatildeo por exclusatildeo mas com baixiacutessimo iacutendice de
consistecircncia interna (α=0256) Por isso esses dois itens foram eliminados e
uma nova anaacutelise foi realizada
141
Esta nova anaacutelise apresentou KMO igual a 0725 e Teste de
Esfericidade de Bartlett estatisticamente significativo (χ2=3600 gl=45
p=0001) A estrutura fatorial final ficou com trecircs fatores A Tabela 2 apresenta
as cargas fatoriais as estatiacutesticas descritivas e os Coeficientes Alfa de
Cronbach dos fatores O primeiro fator (F1) descreve situaccedilotildees de testemunho
de agressotildees com cargas fatoriais que vatildeo de 0703 a 0929 e com uma
consistecircncia interna de 075 o segundo fator (F2) descreve situaccedilotildees
envolvendo vitimizaccedilatildeo com cargas fatoriais variando de 0593 a 0793 e com
uma consistecircncia interna de 078 e o terceiro fator (F3) descreve situaccedilotildees de
execuccedilatildeo de agressatildeo com cargas fatoriais que vatildeo de 0619 a 0848 e
consistecircncia interna de 0822 Os iacutendices de consistecircncia interna para os trecircs
fatores mostram que as diferenccedilas entre os participantes podem ser atribuiacutedas
a diferenccedilas verdadeiras naquilo que os fatores avaliam e natildeo a erros de
medida (Pasquali 2003)
Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa de Cronbach do relacionamento entre pares
Itens 1 2 3
10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega
929
9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega
785
11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega
703
8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
793
5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega
782
7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega
654
6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega
593
2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo
848
142
1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo
732
3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega
619
Meacutedia 22319 21505 31398
Desvio padratildeo 91297 92379 119022
Miacutenimo 100 100 100
Maacuteximo 500 467 500
Coeficientes Alfa de Cronbach 0754 0775 0822
Para verificar a existecircncia de diferentes perfis nos escores dessa escala
foi realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward
obtendo-se quatro clusters significativos A figura 2 mostra a configuraccedilatildeo
desses quatro fatores
Nota-se que o Grupo 1 eacute formado por 13 participantes (105) com
pontuaccedilotildees relativamente elevadas em viacutetima e testemunha e baixa em
agressatildeo O Grupo 2 foi formado por 54 participantes (435) com pontuaccedilotildees
meacutedias baixas em viacutetima e agressatildeo e mais elevadas em testemunha O Grupo
3 foi formado por 26 participantes (210) com pontuaccedilotildees baixas nos trecircs
fatores E o Grupo 4 foi formado por 31 participantes (250) com pontuaccedilotildees
relativamente elevadas nos trecircs fatores
143
Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying
O grupo formado com maior nuacutemero de participantes (Grupo 2) eacute
caracterizado por aqueles que mais comumente presenciam situaccedilotildees de
violecircncia sem executar nem ser alvo de tais atos Novamente perece imperar
receio em relaccedilatildeo a revelaccedilatildeo de envolvimento mais direto em atos de
agressatildeo na escola Tambeacutem eacute interessante que aqueles se apresentam com
autores de agressatildeo (Grupo 4) parece tentar se proteger ou ateacute mesmo se
justificar ao revelar tambeacutem ser alvoviacutetima de violecircncia e tambeacutem presenciar
tais situaccedilotildees Um nuacutemero baixo de alunos (Grupo 3) parece mais distante do
cenaacuterio de violecircncia escolar indicando que para estes alunos a escola eacute um
espaccedilo imune agraves situaccedilotildees de violecircncia
Estes dados estatildeo na mesma direccedilatildeo de alguns aspectos visualizados
na anaacutelise das redaccedilotildees a) o papel do medo e da ameaccedila na perpetuaccedilatildeo das
144
situaccedilotildees de violecircncia b) as diferentes formas de envolvimento em bullying c)
a possibilidade de envolvimento de diferentes formas ao mesmo tempo O
envolvimento em mais de uma forma foi apontado por Lopes Neto (2005)
522 Relacionamento Interpessoal com Professores
O relacionamento com os professores foi investigado considerando
aspectos positivos e aspectos negativos do relacionamento tanto na relaccedilatildeo
direta como tambeacutem na relaccedilatildeo indireta A relaccedilatildeo direta refere-se a atitudes e
comportamentos (positivos ou negativos) que envolve de forma direta o aluno
e quando envolve o aluno e colegas ou a relaccedilatildeo do professor com a turma em
geral nos referimos a relaccedilatildeo indireta
Os participantes responderam considerando o relacionamento com dois
professores um que o participante considera ter Bom Relacionamento e outro
com quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil
5221 Professor com Bom Relacionamento
Para os alunos o professor com quem estabelecem um Bom
Relacionamento mais frequentemente eacute atencioso quando o aluno faz
comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula demonstra interesse nas
atividades realizadas pelo aluno solicita a participaccedilatildeo do aluno ao longo da
aula Outros aspectos tambeacutem apontados embora menos frequente foram
situaccedilotildees de apoio e elogios recebidos do professor
O professor com quem os participantes estabelecem um Bom
Relacionamento mais frequentemente busca a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de
conflitos entre alunos manteacutem clima de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus
145
colegas como tambeacutem entre os alunos em geral incentiva a compreensatildeo
toleracircncia e amizade entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os
alunos em geral Estes dados podem ser visualizados na Tabela 3 abaixo
Tabela 3 - Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom Relacionamento Aspectos PositivosBom Relacionamento Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Fez elogios a vocecirc publicamente 145 113 177 298 258
Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
48 48 177 145 573
Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 73 65 129 250 468
Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 65 56 161 323 387
Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
185 73 153 250 331
Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
500 153 153 81 89
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
411 121 137 89 218
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 185 105 89 65 540
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
105 81 89 153 556
Tomou partido nos conflitos entre alunos
331 81 169 137 250
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
129 73 129 185 476
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 137 40 73 121 621
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
161 56 73 89 605
Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes
O comportamento do professor diante de situaccedilotildees envolvendo os
alunos com seus colegas assim como o relacionamento do professor com a
turma parece caracterizar este Bom Relacionamento Eacute possiacutevel perceber que
os professores com quem os alunos estabelecem Bom Relacionamento
frequentemente tecircm atitudes positivas na relaccedilatildeo direta com o participante e
em relaccedilatildeo aos alunos em geral
Interessante destacar que quando refere-se ao professor buscar a
negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando o aluno se envolveu em conflitos
com os colegas o maior percentual foi Nunca (411) Isto pode ter ocorrido
em virtude do aluno nunca ter se envolvido em conflitos com colegas e
146
consequentemente o professor nunca precisou ter este tipo de
comportamento
Os professores com quem os alunos estabelecem um Bom
Relacionamento nunca ou quase nunca apresentam os comportamentos
referentes a aspectos negativos seja diretamente com o proacuteprio aluno como
expor o aluno a alguma situaccedilatildeo constrangedora ou fazer ameaccedilas ou com os
alunos em geral como criar e manter clima de competitividade e agressividade
Todos os aspectos investigados e sua respectiva distribuiccedilatildeo podem ser
visualizados na Tabela 4 a seguir
Nenhum dos comportamentos listados referentes a aspectos negativos
foi apontado como frequente em todos eles o menor percentual apareceu
sempre em Com frequumlecircncia e abaixo de 4 chegando a nenhuma resposta
em trecircs deles - Encaminhar o aluno para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo Fazer comentaacuterios puacuteblicos de alguma
dificuldade apresentada pelo aluno Provocar ou incentivar o conflito entre o
aluno e seus colegas
Tabela 4 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento
Aspectos NegativosBom Relacionamento Nunca Apenas uma vez
Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Ficou indiferente a seu comportamento na sala 589 194 129 56 24
Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 790 129 32 32 08
Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 774 89 89 40 08
Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
879 48 48 24 0
Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 879 73 08 16 16
Fez alguma ameaccedila a vocecirc
831 105 32 08 08
Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc
750 97 105 40 0
Entrou em conflito com vocecirc 798 129 32 16 16
Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 911 32 16 32 0
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
750 113 65 32 16
Entrou em conflito com os alunos 613 89 129 121 40
Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 863 65 24 24 16
147
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 750 121 65 40 08
Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
855 56 40 16 16
Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
742 56 65 65 40
Os dados referentes ao professor com Bom relacionamento tambeacutem
recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da
adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A primeira tentativa
resultou em 7 fatores com KMO de 0787 e Teste de Esfericidade de Bartlett
(χ2=15273 gl=378p=0001) explicando 658 da variacircncia total Poreacutem o
graacutefico de sedimentaccedilatildeo (scree-plot) mostrou apenas 3 fatores mais
significativos como pode ser visualizado na Figura 3
A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo da extraccedilatildeo de 3 fatores
conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da variacircncia total
148
Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Bom Relacionamento
O primeiro fator (F1) descreve Aspectos Negativos do Relacionamento
conteacutem 14 itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0386 a 0830 e com uma
consistecircncia interna de 0892 o segundo fator (F2) descreve Aspectos
Positivos Indiretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando de 0426 a
0752 e com uma consistecircncia interna de 0803 e o terceiro fator (F3)
descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem com cargas fatoriais que vatildeo de
0660 a 0781 e com uma consistecircncia interna de 0778 A Tabela 5 apresenta
as estatiacutesticas descritivas dos fatores
149
Tabela 5 - Estrutura Fatorial referente ao Professor com Bom relacionamento 1 2 3
10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
830
11 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)
811
14 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
761
13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)
747
15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
743
12 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)
690
3_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 681
9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
662 324
2_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
601
7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
599
6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala 525
8 Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)
517
7_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
469
1_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)
386
5_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
752
16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
679
6_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
604
17 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
585
9_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
575
4_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 556
18 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
444
19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
426 354
3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
781
1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente 742
2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
685
4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios etc)
662
5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo 660
Meacutedia 13847 33813 37911
Desvio padratildeo 55016 98414 94175
Miacutenimo 100 113 100
Maacuteximo 414 500 500
Coeficientes Alfa de Cronbach 0892 0803 0778
150
Os alunos parecem avaliar diferentemente as atitudes negativas e as
atitudes positivas do professor com quem estabelecem Bom Relacionamento
Em relaccedilatildeo aos aspectos negativos houve correlaccedilaotilde entre os itens que
referiam-se ao relacionamento direto com o participante e os que eram
referentes ao relacionamento indireto Em relaccedilatildeo aos aspectos positivos natildeo
apareceu variaccedilatildeo semelhante indicando que pode ocorrer um comportamento
diferente do professor quando se relaciona com o participante e quando
envolve os demais alunos E que de um modo geral este professor parece
natildeo apresentar aspectos negativos no seu relacionamento com os alunos
5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil
Para os alunos os professores com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil de forma bem pouco frequente exibem os
comportamento referentes aos aspectos positivos do relacionamento Para
371 dos alunos esse professor com quem tem Relacionamento Difiacutecil
nunca fez elogios a ele publicamente e para 21 fez elogios puacuteblicos apenas
uma vez E 44 dos alunos nunca recebram apoio deste professor em alguma
situaccedilatildeo
Outros comportamentos que referem-se a aspectos positivos diretos
apresentam-se distribuiacutedos em todas as frequecircncias como pode ser
visualizado na Tabela 6 abaixo embora ocorra em frequencia menor do que os
151
estes mesmos aspectos em relaccedilatildeo aos professores com quem estabelecem
Bom Relacionamento9
Tabela 6 - Aspectos positivos rereferentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos PositivosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Fez elogios a vocecirc publicamente 371 210 137 153 105
Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
210 105 274 97 298
Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 282 145 194 185 185
Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 298 145 210 145 194
Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
444 113 153 137 137
Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
548 153 97 56 129
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
444 145 129 89 169
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 282 73 137 40 460
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
290 48 121 97 419
Tomou partido nos conflitos entre alunos
476 105 105 105 194
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
234 145 145 129 339
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 202 121 105 113 444
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
161 129 129 145 427
Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes
Para 21 dos alunos o professor com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil nunca foi atencioso quando o aluno faz comentaacuterios ou
perguntas ao longo da aula entretanto para 298 isto ocorreu com
frequumlecircncia para 282 este professor nunca demonstrou interesse nas
atividades realizadas pelo aluno e para 185 foi um comportamento
frequente e para 298 nunca solicitou a participaccedilatildeo do aluno ao longo da
aula mas para 1945 isto aconteceu de forma frequente Estes dados sinalizam
que para alguns participantes parece que o(s) criteacuterio(s) utilizado(s) para
eleger o professor como tendo um Relacionamento Difiacutecil natildeo estavam entre
9 A tabela com a comparaccedilatildeo das respostas para Bom relacionamento e para Relacionamento Difiacutecil
pode ser visualizada em anexo (Anexo 6)
152
os aspectos investigados Todas as questotildees que abordavam o relacionamento
professor-aluno tanto os aspectos positivos do relacionamento como os
negativos abordando a relaccedilatildeo direta ou a relaccedilatildeo indireta consideravam
atitudes e comportamentos relativos agrave dinacircmica da sala de aula e do processo
de ensino-aprendizagem Nenhum dos aspectos investigados se referia a
questotildees mais pessoais do professor
Os alunos consideram que o professor com Relacionamento Difiacutecil
busca em menor frequecircncia a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos ndash para 234 Nunca e para 339 Com Frequecircncia
Tambeacutem eacute bem menor a frequecircncia em relaccedilatildeo a se o professor manteacutem clima
de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos
em geral e tambeacutem se incentiva a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre o
aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos em geral Diante de
situaccedilotildees envolvendo os alunos com seus colegas e o relacionamento deste
professor (Relacionamento Difiacutecil) com a turma em geral percebe-se uma
menor frequumlecircncia dos comportamentos referentes aos aspectos positivos em
comparaccedilatildeo com a frequumlecircncia apresentada pelos professores com quem
estabelecem Bom Relacionamento nestes mesmos intens
Em muitos itens o professor com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil apresenta alto percentual para as respostas Com
Frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana) mas sempre esse
percentual eacute menor do que os dados para o professor com Bom
Relacionamento Nota-se que o professor com Relacionamento Difiacutecil
apresenta atitudes e comportamentos apropriados agrave dinacircmica da sala de aula e
153
ao seu fazer docente embora o professor com Bom Relacionamento exiba
estes comportamentos de forma mais intensa e evidente
Os aspectos negativos investigados natildeo satildeo frequentes nos professores
com Relacionamento Difiacutecil Em todos os itens investigados o maior percentual
sempre eacute na resposta Nunca em muitas vezes percentuais acima de 60 e o
percentual eacute sempre muito baixo para as respostas Com Frequumlecircncia (toda
semana ou quase toda semana) Estes dados podem ser conferidos na Tabela
7 a seguir
Tabela 7 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos NegativosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Ficou indiferente a seu comportamento na sala 484 161 194 81 56
Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 702 169 56 48 16
Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 613 137 129 73 40
Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
823 81 56 16 08
Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 847 89 32 08 16
Fez alguma ameaccedila a vocecirc
806 97 48 16 24
Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc
685 89 113 89 16
Entrou em conflito com vocecirc 742 169 32 16 24
Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 855 81 32 24 0
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
694 97 121 40 32
Entrou em conflito com os alunos 411 185 161 177 56
Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 823 81 48 24 16
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 605 161 121 56 40
Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
774 89 48 48 32
Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
653 129 89 48 65
Estes dados indicam que os professores com quem os alunos
estabelecem um Relacionamento Difiacutecil nunca ou quase nunca apresentam os
comportamentos referentes a aspectos negativos Percebe-se uma ligeira
diminuiccedilatildeo nos percentuais indicados em Nunca em todos os comportamentos
investigados em relaccedilatildeo aos apresentados para os professores com Bom
Relacionamento Quanto ao professor ter provocado ou incentivado o conflito
154
entre o participante e os colegas nenhum aluno indicou que este aspecto
ocorre com frequumlecircncia tanto em relaccedilatildeo ao professor com Bom
Relacionamento quanto ao com Relacionamento Difiacutecil Podemos compreender
que em geral os professores considerados pelos estudantes nesta
investigaccedilatildeo natildeo se comportam de maneira inapropriada com o fazer docente
Os dados referentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil tambeacutem
recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da
adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial com KMO de 0729
e Teste de Esfericidade de Bartelett (χ2=13843 gl=378p=0001) explicando
655 da variacircncia total O Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo (scree-plot) indicou
apenas de 3 a 5 fatores como pode ser visualizado na Figura 4 A soluccedilatildeo
mais adequada ficou com 4 fatores A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo
da extraccedilatildeo de 4 fatores conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da
variacircncia total
Figura 4 - Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil
155
Tabela 8 - Estrutura Fatorial referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil 1 2 3 4
19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
794
18 Este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
739
9_5 Este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
725
6_5 Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 722
5_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
716
17 Este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
706
4_5 Este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 651
16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
557
12 Este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (aprendizagem comportamento relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)
759
11 Este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)
734
13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)
726
10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
615 -304
9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
564
8 Este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)
521 349
7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
520
6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
341
1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
796
3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
781
4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas etc)
776
5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
693
2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
626
7_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
779
1_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)
778
2_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
667
3_5Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
569
8_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
519
15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
381
Meacutedia 29704 15299 27260 16867
Desvio padratildeo 114002 62214 115323 74789
Miacutenimo 100 100 100 100
156
Maacuteximo 500 357 500 400
Coeficientes Alfa de Cronbach 0859 0776 0839 0770
Observou-se que o primeiro fator (F1) descreve Aspectos Positivos
Indiretos conteacutem oito itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0557 a 0794 e
com uma consistecircncia interna de 0859 O segundo fator (F2) descreve
Aspectos Negativos Diretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando
de 0341 a 0759 e com uma consistecircncia interna de 0776 O terceiro fator
(F3) descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem cinco itens com cargas
fatoriais que vatildeo de 0626 a 0796 e com uma consistecircncia interna de 0839 O
quarto e uacuteltimo fator (F4) descreve Aspectos Negativos Indiretos conteacutem seis
itens com cargas fatoriais variando de 0381 a 0779 e com uma consistecircncia
interna de 077 A Tabela 8 apresenta as estatiacutesticas descritivas dos fatores
Os alunos parecem avaliar diferentemente em relaccedilatildeo aos professores
com quem estabelecem um Relacionamento Difiacutecil cada uma dos fatores do
relacionamento interpessoal com os professores investigados atraveacutes do
questionaacuterio proposto Estes dados sugerem que os professores com
Relacionamento Difiacutecil apresentam posturadas diferenciadas diante de uma
situaccedilatildeo mais direta com o participante das situaccedilotildees que envolvem os demais
alunos tantos quando trata-se de aspectos positivos quanto dos aspectos
negativos do relacionamento Distintamente dos professores com Bom
Relacionamento os dados correspondentes aos professores com
Relacionamento Difiacutecil expressam esta diferenccedila em relaccedilatildeo aos aspectos
negativos do relacionamento
Esta anaacutelise evidenciou anteriormente que natildeo haacute distinccedilatildeo em relaccedilatildeo
aos aspectos negativos do relacionamento entre os professores De um modo
geral os professores com Bom Relacionamento e os com Relacionamento
157
Difiacutecil natildeo apresentam atitudes ou comportamentos inadequados ao fazer
docente Entretanto os alunos identificam que os professores com
Relacionamento Difiacutecil ao apresentarem atitudes ou comportamentos
referentes aos aspectos negativos do relacionamento natildeo os fazem
indistintamente
523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento em Bullying e
o Relacionamento com os Professores
Apoacutes as anaacutelises dos dados de cada parte do questionaacuterio isoladamente
foram realizadas anaacutelise correlacional dos diferentes aspectos investigados por
meio do questionaacuterio quais sejam o relacionamento interpessoal entre os
pares e o relacionamento entre professor e aluno Inicialmente realizou-se a
anaacutelise das relaccedilotildees entre o primeiro aspecto ndash relacionamento entre os pares
ndash e os fatores do relacionamento com o professor com quem o participante
considera ter um Bom Relacionamento Em seguida a anaacutelise ocorreu entre os
dados referentes ao relacionamento entre os pares e os fatores do
relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil
5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom Relacionamento
Iniciamos a anaacutelise correlacional investigando a relaccedilatildeo entre o
envolvimento do participante em bullying e os fatores do relacionamento com o
professor com quem o participante considera ter um Bom Relacionamento Os
dados da Tabela 9 permitem-nos constatar que natildeo houve correlaccedilatildeo
estatisticamente significativa entre o envolvimento em situaccedilotildees de bullying
158
como AlvoViacutetima ou como Testemunha com nenhum dos fatores referentes ao
relacionamento interpessoal com o professor com Bom Relacionamento
Tabela 9 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento
entre os pares e com o professor com Bom Relacionamento
Correlations Atitudes
Negativas Atitudes Positivas Indiretas
Atitudes positivas Diretas
Viacutetima Pearson Correlation 061 050 -066 Sig (2-tailed) 502 583 468 N 124 123 123
Agressor Pearson Correlation 410 -143 -104 Sig (2-tailed) 000 114 252 N 124 123 123
Testemunha Pearson Correlation 058 183 061 Sig (2-tailed) 523 043 504 N 124 123 123
Correlation is significant at the 001 level (2-tailed) Correlation is significant at the 005 level (2-tailed)
No entanto houve correlaccedilatildeo moderada significativa e positiva (ao niacutevel
0001) entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves
Atitudes Negativas do professor com quem o participante considera ter um
Bom Relacionamento Tambeacutem houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao
niacutevel 0005) entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves
Atitudes Positivas Indiretas do professor com quem o participante considera ter
um Bom Relacionamento entretanto os valores indicam tratar-se de uma fraca
correlaccedilatildeo
Estes dados sugerem que o maior ou menor envolvimento do aluno
como AtorAgressor em situaccedilotildees de bullying tem relaccedilatildeo com a forma como
os alunos consideram os aspectos negativos do relacionamento no
comportamento dos professores com quem tem um Bom Relacionamento
159
Estes resultados estatildeo na mesma direccedilatildeo dos dados apresentados por
Martins (2005) quando estudantes envolvidos como agressores afirmam se
sentirem piores em relaccedilatildeo aos professores Eacute importante que a escola reveja
a forma de se relacionar com estes alunos assim como atentar para as
reaccedilotildees puramente punitivas sem contribuiccedilotildees para modificaccedilotildees reais em
relaccedilatildeo agrave forma de se relacionarem e se comportarem na escola com os pares
e com os professores
5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com Relacionamento
Difiacutecil
A anaacutelise correlacional seguinte foi realizada visando investigar a relaccedilatildeo
entre o envolvimento do participante em bullying e os fatores do
relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil Os dados da Tabela 10 permitem-nos constatar que
natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o envolvimento em
situaccedilotildees de bullying quer como AlvoViacutetima quer como AtorAgressor ou como
Testemunha com as Atitudes Positivas do relacionamento interpessoal com o
professor com Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o
participante como na relaccedilatildeo indireta
Tabela 10 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento Difiacutecil
Correlations Atitudes
Positivas Indiretas
Atitudes Negativas Diretas
Atitudes Positivas Diretas
Atitudes Negativas Indiretas
Viacutetima Pearson Correlation 023 186 -020 214 Sig (2-tailed) 796 039 827 017 N 123 123 123 123
Agressor Pearson Correlation -054 380 047 247 Sig (2-tailed) 555 000 605 006
160
N 123 123 123 123 Testemunha Pearson Correlation 079 196 -075 241
Sig (2-tailed) 384 030 410 007 N 123 123 123 123
Correlation is significant at the 005 level (2-tailed) Correlation is significant at the 001 level (2-tailed)
Esta anaacutelise apontou algumas correlaccedilotildees mas com valores indicando
uma fraca correlaccedilatildeo Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0001)
entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes
Negativas do professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o participante como na
relaccedilatildeo indireta A correlaccedilatildeo tambeacutem foi significativa e positiva (ao niacutevel 0001)
entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes
Negativas Indiretas
Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0005) entre o
envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas
Diretas do professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil e tambeacutem o envolvimento com AlvoViacutetima e a
avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas Diretas e Indiretas do professor com
quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil
A anaacutelise correlacional dos dados indica existir uma ligaccedilatildeo entre os
Aspectos Negativos do relacionamento com os professores e a forma como o
estudante se envolve em situaccedilotildees de bullying De acordo com Tognnetta e
Vinha (2008) as relaccedilotildees intrapessoais antecedem as relaccedilotildees interpessoais
Tanto o professor como o aluno apresentam comportamentos inadequados ao
bom relacionamento interpessoal e agrave medida que existe uma ligaccedilatildeo entre
estes aspectos pode ocorrer uma processo ciacuteclico
161
De uma forma geral os dados evidenciados a partir da anaacutelise das
respostas do questionaacuterio estatildeo presentes nas produccedilotildees escritas Ao
abordarem questotildees sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo os alunos referem-se aos
relacionamentos com os professores salientando a) preferecircncias dos
professores por alguns alunos b) situaccedilotildees de agressatildeo entre professor e
aluno
A partir dos dados coletados obtidos de diferentes formas eacute possiacutevel
verificar que para os participantes haacute uma ligaccedilatildeo entre o comportamento dos
alunos e o dos professores salientando diferentes niacuteveis de complexidade com
relaccedilotildees dialeacuteticas presentes no relacionamento interpessoal (Hinde (1997)
162
CAPIacuteTULO VI
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Considerando que o estudo das relaccedilotildees interpessoais vem se configurando
como uma importante aacuterea de estudo interdisciplinar o presente estudo visou ampliar
este campo de conhecimento ao focalizar em relaccedilotildees interpessoais de grande
relevacircncia ao longo da vida escolar que natildeo tem sido ainda foco de interesse entre os
estudiosos da aacuterea Desde o iniacutecio este trabalho apontou a possibilidade de
compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto
escolar visando contribuir com estudos cientiacuteficos dos diversos aspectos referentes ao
fenocircmeno bullying
O objetivo desta pesquisa de doutorado foi investigar o papel da relaccedilatildeo
professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Para o alcance
deste objetivo utilizamos como referencial teoacuterico estudos sobre o relacionamento
professor-aluno sobre Relaccedilotildees Interpessoais a partir da obra de Robert Hinde e
estudos sobre Violecircncia Escolar e bullying E na busca de maior compreensatildeo desta
relaccedilatildeo procedemos a uma pesquisa com dados de natureza quantitativa e qualitativa
sobre as relaccedilotildees interpessoais na escola com estudantes do Ensino Fundamental
O tema geral deste estudo foi perseguido a partir de objetivos especiacuteficos O
primeiro objetivo buscou investigar se os estudantes associam a praacutetica de bullying
como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar A partir da anaacutelise temaacutetica
das produccedilotildees escritas dos participantes podemos identificar que situaccedilotildees
envolvendo bullying satildeo bem presentes no cotidiano dos estudantes Em
aproximadamente metade das redaccedilotildees os alunos dissertam sobre bullying
abordando diferentes aspectos explicam seu significado expotildeem as diferentes formas
163
de agressatildeo caracteriacutesticas individuais que favorecem a vitimizaccedilatildeo o papel do medo
e das ameaccedilas as consequecircncias para as viacutetimas e reconhecem a importacircncia da
escola cuidar desta questatildeo Muitos alunos reagem com reprovaccedilatildeo e indignaccedilatildeo agraves
situaccedilotildees de bullying
O segundo objetivo especiacutefico se propocircs a investigar o envolvimento dos
participantes em situaccedilotildees de bullying e a forma que se daacute este envolvimento como
alvoviacutetima autoragressor ou espectadortestemunha A anaacutelise dos dados
demonstrou que a maioria dos alunos jaacute se envolveu em situaccedilotildees de bullying mas
quase sempre como espectadortestemunha De forma muito tiacutemida os alunos se
apresentam como alvoviacutetima e muito menos ainda como autoragressor Eacute possiacutevel
ainda que os alunos se envolvam de diferentes maneiras Podemos afirmar estas
formas de envolvimento tambeacutem a partir dos relatos revelando este envolvimento
atraveacutes das redaccedilotildees Muitos alunos relatam ter presenciado situaccedilotildees de bullying
alguns revelam ter sido alvoviacutetima e apenas um declarou jaacute ter cometido
provocaccedilotildees indicando se tratar de bullying
O terceiro objetivo buscou identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-
aluno considerando um professor com quem o participante considerara ter Bom
Relacionamento e outro com quem o participante considerara ter um Relacionamento
Difiacutecil Foi possiacutevel identificar vaacuterios aspectos desta relaccedilatildeo como maior intensidade
de aspectos positivos no comportamento do professor com Bom Relacionamento No
entanto foi possiacutevel inferir que estes aspectos indicam posturas diferenciadas em
relaccedilatildeo aos alunos Um dado que despertou interesse foi a pouca frequecircncia de
aspectos negativos no comportamento dos professores tanto em relaccedilatildeo ao professor
com Bom Relacionamento como ao professor com Relacionamento Difiacutecil Acredita-se
que os criteacuterios utilizados pelos alunos para considerar determinado professor como
164
tendo um Relacionamento Difiacutecil pode natildeo ter sido explorado entre os aspectos
investigados
O quarto e uacuteltimo objetivo procurou identificar correlaccedilotildees entre diferentes
aspectos do relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying A anaacutelise
dos dados sinalizou para uma relaccedilatildeo moderada entre o envolvimento do aluno em
situaccedilatildeo de bullying como autoragressor e a frequumlecircncia de aspectos negativos dos
professores tanto com Bom Relacionamento como em referecircncia ao professor com
Relacionamento Difiacutecil Em relaccedilatildeo agraves demais formas de envolvimento natildeo foi
possiacutevel estabelecer relaccedilotildees
Diante destas consideraccedilotildees eacute possiacutevel afirmar que este trabalho atingiu de
forma satisfatoacuteria os objetivos propostos E a partir do que foi evidenciado algumas
provocaccedilotildees urgem considerando que o espaccedilo destinado agraves aulas a sala promove
outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que satildeo ignorados e
infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo professoraluno Partimos entatildeo a
comentar algumas dessas provocaccedilotildees
O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos escolares Como o
professor contribui sem perceber para o fenocircmeno bullying Parece que haacute algo
anterior agraves relaccedilotildees interpessoais importantes de serem cuidadas que satildeo as
relaccedilotildees intrapessoais Tognetta e Vinha (2008) destacam que eacute preciso ter respeito e
valorizaccedilatildeo por si proacuteprio para ser possiacutevel respeitar e valorizar o outro
Eacute nesta perspectiva que defendo que a existecircncia de uma ligaccedilatildeo entre o
relacionamento professor-aluno e o envolvimento como autoragressor em situaccedilotildees
de bullying Eacute possiacutevel que alunos autoresagressores de forma mais intensa se
envolvam em situaccedilotildees desagradaacuteveis provocando reaccedilotildees nos professores
evidenciando aspectos negativos da relaccedilatildeo professor-aluno Tambeacutem pode ocorrer
165
do professor bastante desrespeitado no seu fazer docente esteja vulneraacutevel a
apresentar comportamentos inadequados e ateacute mesmo posturas diferenciadas
considerando como se daacute o relacionamento com o aluno
Eacute preciso investigar todas estas questotildees a partir do ponto de vista do
professor visto que neste estudo todos os participantes eram estudantes Faz-se
necessaacuterio verificar como os professores avaliam o relacionamento com alunos de
acordo com as diferentes possibilidades de envolvimento em bullying Acreditamos ser
importante esta investigaccedilatildeo uma vez que em estudo sobre a percepccedilatildeo do professor
sobre o bullying no ambiente escolar (Ferreira Rowe e Oliveira 2011) os professores
revelaram sentimentos diferenciados diante do envolvimento em bullying de piedade e
compaixatildeo pelas viacutetimas e repugnacircncia pelos agressores
A situaccedilatildeo de violecircncia provoca sentimentos de solidariedade em relaccedilatildeo agraves
viacutetimas e em situaccedilotildees de violecircncia velada de sofrimento intenso envolvendo
crianccedilas e adolescentes eacute natural maior cuidado e envolvimento em relaccedilatildeo agravequeles
cujo sofrimento eacute mais evidente Eacute preciso cuidar dos alunos autoresagressores pois
mesmo tendo a intenccedilatildeo de causar mal a outro ldquotambeacutem precisam de ajuda porque
natildeo conseguem se ver (no sentido moral e natildeo no sentido esteacutetico ou socialmente
estabelecido) satildeo muitas vezes incapazes de reconhecer seus proacuteprios sentimentos e
consequentemente os sentimentos dos outrasrdquo (Tognetta 2010 p90) As evidecircncias
deste estudo podem favorecer relaccedilotildees mais acolhedoras e menos punitivas diante
das estrateacutegias utilizadas pelos estudantes diante do cenaacuterio de violecircncia escolar
Outro aspectos a destacar refere-se a necessidade em estudos posteriores
sobre relacionamento interpessoal de maior clareza quanto aos criteacuterios utilizados
pelos participantes para referir-se ao Bom Relacionamento e ao Relacionamento
Difiacutecil O presente estudo abordou questotildees pertinentes agrave relaccedilatildeo professor-aluno
166
apresentando contribuiccedilotildees para estudos desta natureza entretanto outros aspectos
precisam ser considerados
Mesmo sabendo dos cuidados tomados de forma a possibilitar a participaccedilatildeo
dos estudantes garantindo o sigilo em relaccedilatildeo agrave sua identidade e assim maior
confianccedila para apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees solicitadas parece que a coleta
realizada de forma pontual por um pesquisador estranho ao cotidiano dos estudantes
natildeo eacute a forma ideal Consideramos que os profissionais da escola ao estabelecerem
relaccedilotildees de confianccedila tem maiores condiccedilotildees de acessar informaccedilotildees relevantes para
o estudo de forma integrada das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar
Do ponto de vista social o presente estudo espera poder contribuir para a
valorizaccedilatildeo no meio educacional da relevacircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer
docente e assim poder resgatar o envolvimento do professor em questotildees que natildeo se
referem apenas agrave transmissatildeo de conteuacutedos e que no entanto muito interferem no
seu cotidiano
Eacute preciso cuidar do professor proporcionando a auto valorizaccedilatildeo e auto
respeito para assim podermos falar de uma eacutetica do cuidado na relaccedilatildeo professor-
aluno
167
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173
ANEXOS
174
ANEXO I
175
Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Tiacutetulo da Pesquisa O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental Pesquisadora Virginia de Oliveira Alves Passos Orientador Prof Dr Agnaldo Garcia Instituiccedilatildeo UFES ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo PPGP ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Objetivo da Pesquisa Investigar a ocorrecircncia de bullying e o papel do relacionamento interpessoal entre professores e alunos em sua causaccedilatildeo intensificaccedilatildeo ou controle Descriccedilatildeo do Procedimento Seratildeo aplicados questionaacuterios a cada participante abordando aspectos referentes aos seus relacionamentos interpessoais na escola tanto com seus pares como tambeacutem com os professores e em seguida seraacute solicitado a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar Benefiacutecios Espera-se que os resultados contribuam para possibilidade de compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos referentes a violecircncia escolar e ao fenocircmeno bullying Anaacutelise de risco e sigilo Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiraacute rigorosamente os criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas com seres humanos Desse modo os questionaacuterios seratildeo aplicados de acordo com a teacutecnica padratildeo cientificamente reconhecida Seratildeo preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes O participante teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo em qualquer fase da pesquisa Informaccedilotildees complementares e esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos participantes eou a seus responsaacuteveis A previsatildeo para os procedimentos descritos eacute de agosto de 2010 a junho de 2011 Identificaccedilatildeo do Responsaacutevel pela Instituiccedilatildeo Nome____________________________________________________________ RG ______________ Oacutergatildeo Emissor ________ Cargo ____________________________________________________________
Estando de acordo assinam o presente termo de consentimento em 02 (duas) vias
_________________________ ______________________________ Responsaacutevel pala Instituiccedilatildeo Virginia de O Alves Passos
Pesquisadora RecifePE _________
176
ANEXO II
177
FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo
investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre
alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade
Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade
Federal do Espiacuterito Santo)
Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a
preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os
pares como tambeacutem com os professores
Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees
interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos
referentes agrave violecircncia escolar
As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre
sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante
teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e
esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos
participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua
integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste
estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Identificaccedilatildeo do Participante
Nome do participante_________________________________________________________
Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________
Estando de acordo assino o presente termo de consentimento
________________________________
Assinatura
Pesquisadora responsaacutevel
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro
CEP 56304-917 - PetrolinaPE
E-mail virginiaalvesunivasfedubr
VIA DO PESQUISADOR
178
Telefone 87 21016868 87 88238983
FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo
investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre
alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade
Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade
Federal do Espiacuterito Santo)
Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a
preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os
pares como tambeacutem com os professores
Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees
interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos
referentes agrave violecircncia escolar
As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre
sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante
teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e
esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos
participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua
integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste
estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Identificaccedilatildeo do Participante
Nome do participante_________________________________________________________
Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________
Estando de acordo assino o presente termo de consentimento
________________________________
Assinatura
Pesquisadora responsaacutevel
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro
CEP 56304-917 - PetrolinaPE
VIA DO PARTICIPANTE
179
E-mail virginiaalvesunivasfedubr
Telefone 87 21016868 87 88238983
ANEXO III
180
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Vocecirc estaacute sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa sobre Relaccedilotildees Interpessoais na
Escola Sua participaccedilatildeo eacute importante poreacutem vocecirc natildeo deve participar contra sua vontade Leia
atentamente as informaccedilotildees abaixo e faccedila se desejar qualquer pergunta para esclarecimento
Pesquisadora responsaacutevel Profordf Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos
O participante estaacute ciente sobre os seguintes aspectos
1 Objetivo principal da pesquisa
2 Descriccedilatildeo da coleta de informaccedilotildees
3 Ausecircncia de riscos
4 Benefiacutecios da pesquisa
5 O seu nome seraacute mantido em sigilo e nenhuma informaccedilatildeo que o identifique seraacute divulgada
nas publicaccedilotildees dos resultados
6 Os alunos participaratildeo voluntariamente da pesquisa natildeo recebendo nenhum valor
7 Vocecirc tem a liberdade de se recusar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da
pesquisa sem penalizaccedilatildeo alguma
Eu DECLARO que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me
foi explicado concordo voluntariamente em participar desta pesquisa
Recife ____ de _________________________ de 2010
Nome do participante ___________________________________________________________
__________________________________________
(participante)
181
ANEXO IV
182
Vocecirc estaacute participando como colaborador de uma a pesquisa sobre Relacionamento Interpessoal na
Escola Sua colaboraccedilatildeo eacute muito importante e vocecirc deve responder com atenccedilatildeo todas as questotildees
considerando os acontecimentos ao longo deste ano
Parte I - As suas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos entre vocecirc e seus colegas
durante este ano Para responder vocecirc deve considerar a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos
investigados
Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso
Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs
Com frequumlecircncia toda semana (ou quase toda semana)
1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano vocecirc impediu algum colega de participar em atividades com outros colegas da
escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da
escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
183
10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano vocecirc percebeu se algum colega foi impedido por outros colegas de participar de
alguma atividade com os demais colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte II ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom relacionamento com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao
longo da aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando
exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo
comentaacuterios etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
184
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito
(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que
vocecirc obteve algum resultado)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os
pais na escola de suspender de suas aulas)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada
por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no
relacionamento com outros professores)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc
se envolveu em conflitos com seus colegas
( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com
185
vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia
18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e
seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte III ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom
relacionamento com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade
entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
186
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os
alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte IV - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um relacionamento difiacutecil com ele (ou
ela)
01) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
02) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao
longo da aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
03) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
04) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando
exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios
etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
05) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
06) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
07) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
187
08) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito
(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc
obteve algum resultado)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
09) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os
pais na escola de suspender de suas aulas)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada
por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento
com outros professores)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc
se envolveu em conflitos com seus colegas
( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com
188
vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia
18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e
seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
189
Parte V - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um
relacionamento difiacutecil com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade
entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os
alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Agradecemos sua participaccedilatildeo como colaborador da pesquisa
190
Vocecirc pode acrescentar no verso da folha algo que vocecirc ache importante e que natildeo foi ainda perguntado
ANEXO V
191
192
ANEXO VI
193
V
AGRADECIMENTOS
A conclusatildeo de uma tese de doutorado ao final de um longo percurso de
leituras buscas produccedilotildees investigaccedilotildees vibraccedilotildees repleto de inquietaccedilotildees e
incertezas de alegrias e surpresas de bons encontros e alguns desencontros de
intensos momentos de isolamento de cobranccedilas permite uma nova forma de olhar
tudo agrave nossa volta E por que natildeo dizer uma nova forma de estabelecer relaccedilotildees
com as pessoas principalmente quando se trata de uma tese no campo dos
relacionamentos interpessoais Agradeccedilo a todos que participaram deste percurso
das mais variadas formas e que possibilitaram acima de tudo enriquecer nossas
proacuteprias relaccedilotildees para aleacutem do estudo e da pesquisa dos relacionamentos
interpessoais
Agradeccedilo ao Prof Agnaldo Garcia por ter me apresentado o campo dos
Relacionamentos Interpessoais e me fazer entender que muitas das minhas
inquietaccedilotildees como psicoacuteloga educacional podiam ser acolhidas por essa aacuterea de
estudo mesmo quando o meu interesse era pelo dark side dos relacionamentos
Agradeccedilo principalmente pelo apoio e por estar sempre compreensivo e otimista
mesmo diante das dificuldades que enfrentei no momento da elaboraccedilatildeo do projeto
Dificuldades que foram superadas a partir do estabelecimento de uma boa relaccedilatildeo
orientador-orientanda em prol de um trabalho que comungaacutevamos da sua
relevacircncia
Agradeccedilo aos participantes deste estudo pois a partir de vossas revelaccedilotildees
este trabalho deixou de ser apenas um projeto nascendo uma tese nossa tese
Agradeccedilo por vocecircs terem me ajudado a contribuir clareando o obscuro universo dos
VI
relacionamentos interpessoais na escola A participaccedilatildeo de vocecircs foi possiacutevel
graccedilas agrave compreensatildeo e colaboraccedilatildeo dos pais e da equipe teacutecnica das escolas
Estendo a todos meus agradecimentos
Agradeccedilo agrave UNIVASF pela oportunidade de inserccedilatildeo no Programa
MinterDinter cujo iniacutecio coincidiu com minha chegada nesta instituiccedilatildeo e assim
pude realizar um projeto pessoal definido ao final do Mestrado fazer doutorado jaacute
sendo professora de Universidade Federal Em especial agradeccedilo ao Prof Marcelo
Ribeiro entatildeo coordenador do Colegiado de Psicologia sempre compreensivo agrave
necessidade da nossa dedicaccedilatildeo demonstrando valorizar a iniciativa do Programa
MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf para uma universidade tatildeo nova
Agradeccedilo tambeacutem ao Prof Joseacute Bismark entatildeo Proacute-Reitor de Pesquisa e Poacutes-
graduaccedilatildeo que aleacutem de incentivar nosso percurso natildeo mediu esforccedilos para garantir
apoio ao Programa MinterDinter visando garantir o seu sucesso
Agradeccedilo agrave FACEPE por ter financiado parcialmente o Programa
MinterDinter em Psicologia UFESUnivasf proporcionando accedilotildees relevantes para o
sucesso deste Programa
Agrave toda minha famiacutelia em especial aos meus pais Deca e Vavaacute e minhas
irmatildes Patriacutecia e Raquel Vocecircs foram fundamentais para que a coleta de dados
ocorresse a contento sem o apoio de vocecircs teria sido bem mais difiacutecil E agradeccedilo
ainda por proporcionarem a mim e toda minha famiacutelia momentos de lazer e
descontraccedilatildeo em periacuteodos cruciais do acontecimento deste trabalho Agradeccedilo a
vocecircs a forma descontraiacuteda dos nossos raros mas longos encontros que me
VII
levaram a cada vez mais valorizar as coisas simples e sadias dos nossos
relacionamentos
Agradeccedilo aos alunos e amigos Tarciacutesio e Janaiacutena A possibilidade de me
afastar da postura de professora orientadora e encontrar em vocecircs a disponibilidade
em contribuir natildeo soacute foi essencial em situaccedilotildees especiacuteficas deste trabalho A
relaccedilatildeo estabelecida com vocecircs me fez confirmar que quem ensina de repente
aprende e se torna melhor
Agradeccedilo a Profordf Alvany pelo estabelecimento de uma nova relaccedilatildeo de
amizade que surgiu por compartilharmos a construccedilatildeo da tese em Relacionamentos
Interpessoais A troca de experiecircncias foi fundamental para o andamento deste
trabalho
Agradeccedilo aos professores do MinterDinter UFESUNIVASF por respeitarem
as especificidades deste programa reconhecendo as inuacutemeras possibilidades de um
trabalho com tais especificidades Agradeccedilo de forma especial agraves Profordf Suemi e
Profordf Mariane pela valiosa contribuiccedilatildeo durante o exame de qualificaccedilatildeo
enriquecendo a metodologia deste estudo
Agradeccedilo aos colegas do Dinter pelas histoacuterias de superaccedilatildeo partilhadas
pelo apoio muacutetuo pelas vibraccedilotildees agrave medida que o projeto de cada um acontecia
Muita coisa boa aconteceu nos nossos percursos Agradeccedilo de forma especial aos
amigos Darlindo e Elzenita que se antecipavam de forma que eu sequer pensasse
em desistir Agradeccedilo a sensibilidade e amizade de vocecircs me incentivando a buscar
forccedilas e apontando caminhos para a superaccedilatildeo nos momentos de maiores
VIII
dificuldades Estendo meus agradecimentos a Silvia Luciana Baacuterbara Liliane Ana
Luacutecia Joatildeo e Susanne
Agradeccedilo aos Prof Alexsandro de Andrade (UFES) e Prof Mauriacutecio Bueno
(UFPE) pela luz lanccedilada sobre os dados possibilitando que eu enxergasse o que as
respostas dos alunos diziam sobre seus relacionamentos na escola
Agradeccedilo agrave amiga e comadre Cristina e toda sua famiacutelia por sempre me
provocar a buscar formas de contribuir para que a escola promova relacionamentos
interpessoais mais saudaacuteveis e sem bullying Agradeccedilo por me fazerem entender em
detalhes as diversas questotildees que envolvem o cenaacuterio de bullying Agrave amiga Sueli
que aleacutem do incentivo e torcida pelo sucesso deste trabalho interferiu de forma a
garantir o recebimento das bolsas da FACEPE me proporcionando tranquumlilidade
para avanccedilar na finalizaccedilatildeo da tese E a Zeacutelia pelo intenso entusiasmo a cada etapa
alcanccedilada
Agradeccedilo aos amigos Geneacutesio e Dayse pelas carinhosas acolhidas no
Espiacuterito Santo Este trabalho proporcionou um maravilhoso reencontro garantindo a
continuidade de relaccedilotildees de amizades tatildeo longas nas nossas famiacutelias
Agradeccedilo agraves crianccedilas que protagonizaram momentos especiais ao longo da
elaboraccedilatildeo desta tese Seria impossiacutevel a dedicaccedilatildeo a este trabalho sem contar
com vocecircs por perto podendo acompanhar o nascer de relaccedilotildees saudaacuteveis
espontacircneas e alegres que a pureza da infacircncia proporciona Algumas crianccedilas
cresciam agrave medida que a tese acontecia meus filhos Henrique e Mariacutelia meus
sobrinhos Diogo e Thiago e os amados Caio Rodolphinho e Caacutessio Outras foram
chegando muitas vezes sem avisar junto com cada etapa deste trabalho minha
IX
caccedilula Patriacutecia Viniacutecius e Mirella Olga e Ravena E outros deixaram a infacircncia para
traacutes neste periacuteodo meus sobrinhos Mocircnica Arthur e Gabi Estendo os meus
agradecimentos aos vossos pais a quem chamo a todos de amigos
Agradeccedilo a Caacutessia pelo carinho e dedicaccedilatildeo no cuidado com meus filhos A
intensidade de ausecircncias para a realizaccedilatildeo deste trabalho foi possiacutevel graccedilas agrave sua
presenccedila me passando confianccedila de que eles estavam bem
Agradeccedilo a todas as pessoas que me possibilitaram nos mais variados
espaccedilos discutir sobre o tema dos relacionamentos interpessoais na escola e mais
especificamente sobre Bullying Para evitar injusticcedilas prefiro citar os espaccedilos onde
participei de debates palestras etc mas reconheccedilo que em todos eles pessoas
queridas se esforccedilaram para que o convite chegasse a mim Agradeccedilo a
oportunidade de participar destes momentos na Radio Jornal Petrolina na TV
Grande Rio na Raacutedio Ponte FM no Diaacuterio de Pernambuco no Foacuterum de Direito
Humanos no Proacute-Jovem de JuazeiroBA no Projeto Escola Legal na Escola Saber
Em cada um destes momentos mais eu entendia a relevacircncia deste trabalho
Por fim agradeccedilo ao meu marido Leonardo Impossiacutevel chegar ateacute aqui sem
ter vocecirc ao meu lado Agradeccedilo a compreensatildeo pelas ausecircncias o apoio e acima
de tudo o entusiasmo pelo trabalho desenvolvido
Agradeccedilo acima de tudo a Deus pela vida pelas oportunidades pelas
pessoas que tenho ao meu lado e principalmente por me dar forccedilas para conseguir
dar conta
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas
de agressatildeo no relacionamento entre os pares139
Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa
de Cronbach do relacionamento entre pares141
Tabela 3 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom
Relacionamento145
Tabela 4 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom
Relacionamento146
Tabela 5 ndash Estrutura Fatorial referente ao Professor com
Bom relacionamento149
Tabela 6 ndash Aspectos positivos referentes ao Professor com
Relacionamento Difiacutecil151
Tabela 7 ndash Aspectos negativos referentes ao Professor com
Relacionamento Difiacutecil153
Tabela 8 ndash Estrutura Fatorial referente ao professor com
Relacionamento Difiacutecil155
Tabela 9 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do
relacionamento entre os pares e com o professor com Bom
Relacionamento158
Tabela 10 ndash Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do
relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento
Difiacutecil160
XI
LISTA DE FIGURAS
Figura 1ndash Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de
complexidade social (Hinde 1997)24
Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying143
Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor
com Bom Relacionamento148
Figura 4 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor
com Relacionamento Difiacutecil154
XII
LISTA DE ANEXOS
Anexo 01 ndash Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Anexo 02 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Pais e Responsaacuteveis Anexo 03 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ndash Participantes Anexo 04 ndash Questionaacuterio Anexo 05 ndash Tabela Envolvimento em agressatildeo nas diferentes
formas de agressatildeo no relacionamento entre os pares Anexo 06 ndash Tabelas comparativas dos Aspectos Positivos e dos Aspectos
Negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento e ao Professor com Relacionamento Difiacutecil
XIII
O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental
RESUMO
O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees identificadas
por violecircncia A escola como espaccedilo de indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de
conflitos diversos Um fenocircmeno de intensa violecircncia vem preocupando
educadores de forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a atitudes
agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou mais alunos contra
outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos intimidaccedilotildees apelidos
gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo aleacutem de danos fiacutesicos
psiacutequicos morais e materiais O objetivo geral da presente pesquisa eacute investigar o
papel do relacionamento professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de conflitos
envolvendo alunos na perspectiva dos estudantes Participaram deste estudo 124
alunos do 7ordm ano do Ensino Fundamental de trecircs escolas da rede particular de
Recife (PE) Os estudantes escreveram uma redaccedilatildeo sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo e
em seguida preenchiam questionaacuterio sobre relacionamento com colegas e com dois
professores ndash Bom Relacionamento e Relacionamento Difiacutecil A anaacutelise temaacutetica das
redaccedilotildees aponta que a maioria dos alunos se referiu diretamente a praacutetica de
bullying ao dissertar sobre violecircncia escolar Tal praacutetica tambeacutem foi abordada de
forma indireta sem fazer referecircncia expliacutecita ao termo bullying Alguns alunos se
declararam alvosviacutetimas de bullying e outros afirmaram ter presenciado tal praacutetica
A anaacutelise dos questionaacuterios evidenciou as formas de envolvimento em bullying e
aspectos do relacionamento professor-aluno A anaacutelise estatiacutestica correlacional
apontou ligaccedilatildeo entre alunos autoresagressores e aspectos negativos do
relacionamento com professores Os resultados possibilitam para maior
compreensatildeo da influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar
Palavras-chave relacionamento interpessoal bullying violecircncia escolar
XIV
The Teacher-Student Relationship and Bullying in Elementary Education
ABSTRACT
The social context is marked by countless situations identified by violence The school as a place for developing individuals is a setting for conflicts A phenomenon of intense violence is worrying educators in general - bullying - term used to refer to aggressive attitudes intentional repetitive adopted by one or more students against another(s) causing pain distress and suffering Insults intimidation nicknames teasing accusations often leading to exclusion and physical psychological moral and material The overall goal of this research is to investigate the role of the teacher-student relationship in the occurrence of conflict situations involving students from the students perspective The study included 124 students in 7th grade from three elementary schools in Recife (PE) Students were asked to write an essay about School Violence and then completed a questionnaire about the relationship with colleagues and two teachers - with Good Relationships and with Difficult Relationship A thematic analysis of newsrooms shows that the majority of students referred directly to bullying to speak about school violence This practice was also addressed indirectly without making explicit reference to the term bullying Some students expressed their targets victims of bullying and others claimed to have witnessed such a practice Analysis of the questionnaires showed the forms of involvement in bullying and aspects of the teacher-student relationship Statistical analysis showed correlational link between student authors aggressors and negative aspects of the relationship with teachers The results allow for greater understanding of the influence of interpersonal relationships in the school context
Keywords interpersonal relationships bullying school violence
XV
Sumaacuterio
Introduccedilatildeo17
Capiacutetulo I ndash Relacionamento Interpessoal21
11 ndash Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico21
12 ndash Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra
de Robert Hinde23
13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais28
14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos
Interpessoais29
15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno31
Capiacutetulo II ndash Violecircncia Escolar e Bullying35
21 ndash Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo35
22 ndash Bullying41
221 ndash Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo42
222 ndash ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo
de Bullying46
223 ndash Consequumlecircncias do Bullying51
224 ndash Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de
Bullying52
Capiacutetulo III ndash Bullying e Relacionamento Professor-Aluno56
31 ndash Bullying e dinacircmica escolar56
32 ndash Justificativa e Objetivos60
Capiacutetulo IV ndash Meacutetodo61
41 ndash Participantes61
42 ndash Procedimentos para coleta de dados62
43 ndash Instrumentos de Pesquisa64
431 ndash A Redaccedilatildeo64
432 ndash O Questionaacuterio64
44 ndash Procedimentos para anaacutelise de dados69
45 ndash Aspectos Eacuteticos69
Capiacutetulo V ndash Resultados e Discussotildees71
51 Anaacutelise das Redaccedilotildees71
511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante72
5111 A Violecircncia como parte do cotidiano72
5112 Violecircncia escolar e bullying 78
512 A Dinacircmica da violecircncia82
5121 As Raiacutezes da Violecircncia Escolar82
5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas
na violecircncia escolar87
XVI
5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de
violecircncia escolar medo ameaccedilas
chantagens intoleracircncia preconceito90
5124 As agressotildees verbais98
5125 Violecircncia escolar e brincadeira101
5126 Violecircncia escolar e o professor104
513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar108
5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo108
5132 Consequecircncias111
5133 Violecircncia e relacionamento116
514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar119
5141 O Papel da Escola120
5142 O Papel do Estado126
5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes127
514 Relatos de Violecircncia Escolar131
52 Anaacutelise dos Questionaacuterios137
521 Relacionamento Interpessoal com Pares138
522 Relacionamento Interpessoal com Professores144
5221 Professor com Bom Relacionamento144
5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil150
523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento
em Bullying e o Relacionamento com
os Professores157
5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom
Relacionamento159
5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com
Relacionamento Difiacutecil162
Capiacutetulo VI ndash Consideraccedilotildees Finais167
Referecircncias Bibliograacuteficas173
Anexos
17
INTRODUCcedilAtildeO
A escola e os seus componentes vivenciaram grandes modificaccedilotildees ao
longo do final do seacuteculo passado sendo bem evidentes no seu cotidiano os
seus efeitos principalmente no que tange agraves praacuteticas pedagoacutegicas fruto de
uma maior compreensatildeo do processo ensino-aprendizagem Acompanhando
as transformaccedilotildees de natureza didaacutetica verificam-se no contexto escolar atual
grandes alteraccedilotildees nas questotildees comportamentais Estas todavia satildeo
responsaacuteveis pela insatisfaccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo agrave indisciplina que
se configuram como a maior queixa destes profissionais apontada muitas
vezes como o pior obstaacuteculo ao seu fazer docente (Aquino 2002 1996)
Tentar compreender o contexto da indisciplina na escola e os fenocircmenos
por ela responsaacuteveis implica analisar um outro fenocircmeno cada vez mais
presente em torno dos membros da escola tanto professores como alunos a
violecircncia
O contexto social contemporacircneo eacute marcado por inuacutemeras situaccedilotildees
identificadas por violecircncia As instituiccedilotildees de ensino incluiacutedas neste contexto
tambeacutem apresentam suas faces da violecircncia A escola como espaccedilo de
indiviacuteduos em desenvolvimento eacute palco de situaccedilotildees de conflitos diversos
Entretanto existe um fenocircmeno de intensa violecircncia que vem preocupando
educadores de uma forma geral ndash o bullying ndash termo usado para referir-se a um
conjunto de atitudes agressivas intencionais e repetitivas adotado por um ou
mais alunos contra outro(s) causando dor anguacutestia e sofrimento Insultos
intimidaccedilotildees apelidos gozaccedilotildees acusaccedilotildees levando geralmente agrave exclusatildeo
aleacutem de danos fiacutesicos psiacutequicos morais e materiais (Fante 2005)
18
Eacute importante que as instituiccedilotildees de sauacutede e educaccedilatildeo busquem
conhecer a extensatildeo e o impacto gerado pela praacutetica do bullying entre
estudantes para assim desenvolver medidas para reduzi-las e para preveni-
las E o psicoacutelogo como profissional que transita nestas duas aacutereas - sauacutede e
educaccedilatildeo ndash ao se apropriar deste fenocircmeno pode contribuir no sentido
desenvolver estudos que possibilitem maior compreensatildeo e visibilidade a tal
fenocircmeno impossiacutevel de ser desconsiderado nas nossas escolas
A Psicologia EscolarEducacional eacute uma das aacutereas de conhecimento da
Psicologia assim como um dos campos de atuaccedilatildeo deste profissional
Atualmente eacute importante que o psicoacutelogo atue como mediador nas tensotildees e
conflitos produzidos nas relaccedilotildees entre os atores da escola fortalecendo
pessoas e grupos na promoccedilatildeo de autonomia e na superaccedilatildeo das
adversidades considerando as condiccedilotildees objetivas e subjetivas dos processos
psicossociais Faz-se necessaacuterio diante do contexto educacional atual que o
psicoacutelogo atue junto agrave equipe pedagoacutegica na direccedilatildeo de entender o fenocircmeno
educativo na sua dimensatildeo institucional
O professor natildeo eacute um mero transmissor de conhecimento aspecto
bastante destacado em palestras livros e outros materiais de orientaccedilatildeo sobre
o fazer docente No entanto no cotidiano das escolas verifica-se um falta de
cuidado com outros aspectos do fazer docente principalmente com agravequeles
que se configuram a partir de relaccedilotildees interpessoais (Cunha et al 2004)
Investigar a relaccedilatildeo professor-aluno como forma de ampliar a
compreensatildeo acerca do fenocircmeno bullying implica em destacar para o
professor assim como para os demais profissionais da educaccedilatildeo incluindo o
19
psicoacutelogo sobre a necessidade de maior atenccedilatildeo ao papel das relaccedilotildees
estabelecidas na escola
Investigar o contexto social onde ocorre com maior incidecircncia o bullying
assim como as pessoas que compotildeem o contexto escolar e as relaccedilotildees aiacute
estabelecidas surge como oportuno visando aprofundarmos a compreensatildeo
sobre as diversas questotildees que integram o fenocircmeno bullying Os professores
demonstram sentimento de impotecircncia e anguacutestia diante das situaccedilotildees de
bullying enfrentadas no seu dia-a-dia (Ferreira Rowe e Oliveira 2011)
O presente trabalho se norteou pela tentativa de aproximar estas duas
aacutereas de investigaccedilatildeo as relaccedilotildees interpessoais e o bullying As questotildees
centrais deste estudo foram
a) investigar o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying
b) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor aluno
c) investigar possiacuteveis interseccedilotildees entre o relacionamento professor-
aluno e o envolvimento em situaccedilotildees de bullying
Para tanto apresenta-se nos capiacutetulos iniciais o cenaacuterio da pesquisa
sobre Relacionamento Interpessoal incluindo pesquisas sobre o
relacionamento Professor-aluno o cenaacuterio dos estudos sobre a Violecircncia
Escolar e informaccedilotildees provenientes de pesquisas sobre bullying
Abordar questotildees sobre bullying exige que duas questotildees sejam
esclarecidas a saber
1) O termo bullying carece de um termo referente em portuguecircs que
consiga expressar seu significado Alguns autores destacam esta dificuldade e
na busca de maior aproximaccedilatildeo com os diferentes aspectos que caracterizam
tal fenocircmeno preferem referir-se a bullying por maus tratos (Tamar 2008)
20
provocaccedilatildeovitimizaccedilatildeo (Carvalhosa et al 2001) preconceito (Antunes e Zuin
2008) Neste estudo o termo em inglecircs seraacute mantido pois natildeo tivemos por
objetivo a problematizaccedilatildeo desta questatildeo Apenas no iniacutecio desta pesquisa
durante a elaboraccedilatildeo do projeto eacute que sentimos maiores necessidades de
explicaccedilatildeo sobre qual era o objeto de investigaccedilatildeo pela dificuldade com o
termo utilizado Mas a partir da intensa exposiccedilatildeo do termo na miacutedia o termo
bullying ganhou familiaridade
2) Haacute variaccedilatildeo da nomenclatura referente agraves diferentes formas possiacuteveis
de envolvimento em situaccedilotildees de bullying nos estudos considerados Alguns
pesquisadores rejeitam a referecircncia aos termos viacutetima agressor e testemunha
visando evitar a rotulaccedilatildeo dos estudantes e preferem usar alvo autor e
espectador (Lopes Neto 2005) Neste estudo usaremos indistintamente estes
termos respeitando a maneira utilizada por cada autor ao fazer referecircncia agraves
formas de envolvimento E na anaacutelise dos dados faremos referecircncia
conjuntamente aos dois termos alvoviacutetima autoragressor e
espectadortestemunha
Apoacutes a apresentaccedilatildeo dos aspectos teoacutericos que fundamentam este
trabalho ao longo dos trecircs primeiros capiacutetulos passamos para a exposiccedilatildeo dos
aspectos metodoloacutegicos no quarto capiacutetulo Em seguida os resultados satildeo
apresentados considerando cada um dos instrumentos utilizados Agrave medida
que os dados satildeo apresentados realizamos as discussotildees pertinentes com
base na fundamentaccedilatildeo teoacuterica considerada Por fim encontram-se as
consideraccedilotildees finais quando apreciamos os objetivos propostos elencamos os
limites deste estudo como tambeacutem apresentamos as possibilidades suscitadas
nas aacutereas de estudo abordadas
21
CAPIacuteTULO I
1 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
11 - Relacionamento Interpessoal ndash Um breve Histoacuterico
Reflexotildees sobre relaccedilotildees interpessoais jaacute estatildeo presentes na obra de
Platatildeo e Aristoacuteteles desde a Greacutecia Antiga A aacuterea de conhecimento cientiacutefico
sobre o relacionamento interpessoal contudo apresenta um maior
desenvolvimento a partir dos anos 50
Sullivan (1953) citado por Hinde (1997) ressaltou a importacircncia do
estudo sobre as relaccedilotildees sociais sob a perspectiva desenvolvimental propondo
que as pessoas tecircm necessidades interpessoais que satildeo atendidas por tipos
especiacuteficos de relacionamento Segundo o autor a personalidade eacute
influenciada modificada e reforccedilada pelos relacionamentos que o indiviacuteduo
manteacutem com outras pessoas que tambeacutem levariam ao desenvolvimento de
habilidades sociais e competecircncias interpessoais
Outro autor de destaque que sofreu a influecircncia da Psicologia da
Gestalt foi Fritz Heider Em seu livro sobre relaccedilotildees interpessoais Heider
(1958) citado por Hinde (1997) pressupotildee que o homem eacute motivado para
descobrir as causas dos eventos e entender seu ambiente incluindo as
relaccedilotildees interpessoais
A pesquisa sobre relacionamento interpessoal apresentou um
desenvolvimento expressivo a partir dos anos 70 resultado da contribuiccedilatildeo de
autores de diferentes disciplinas e orientaccedilotildees teoacutericas Dois autores podem
ser destacados por suas contribuiccedilotildees para a aacuterea Steve Duck e Robert Hinde
Duck teve especial importacircncia na criaccedilatildeo da primeira organizaccedilatildeo cientiacutefica
22
voltada para o estudo dos relacionamentos interpessoais a International
Society for the Study of Personal Relationships (ISSPR) sociedade que tinha
como objetivo estimular e apoiar a pesquisa cientiacutefica sobre relacionamentos
interpessoais e aperfeiccediloar a comunicaccedilatildeo entre pesquisadores do tema
fortalecendo o campo do Relacionamento Interpessoal dentro da comunidade
acadecircmica Aleacutem disso Duck tambeacutem liderou o processo de criaccedilatildeo do
primeiro perioacutedico da aacuterea no iniacutecio da deacutecada de 1980 o Journal of Social and
Personal Relationships tornando-se seu primeiro editor
Em 1987 durante Conferecircncia Internacional sobre Relacionamento
Interpessoal foi criada a International Network on Personal Relationships
(INPR) com o objetivo de promover a colaboraccedilatildeo interdisciplinar no estudo
dos processos de relacionamento Em 2002 a fusatildeo dessas duas sociedades
deu origem agrave International Association for Relationships Research ndash IARR
(Associaccedilatildeo Internacional para Pesquisa sobre Relacionamento) organizaccedilatildeo
que se propotildee a continuar o trabalho anteriormente desenvolvido pela ISSPR e
INPR A sociedade reuacutene atualmente cerca de 700 profissionais de 20 paiacuteses
(Garcia 2005a)
No Brasil o primeiro encontro especiacutefico sobre relacionamento
interpessoal foi um mini-congresso da IARR sobre o tema realizado em Vitoacuteria
em 2005 Como decorrecircncia do mini-congresso apoacutes alguns anos foi
organizada a Associaccedilatildeo Brasileira de Pesquisa do Relacionamento
Interpessoal (ABPRI) que realizou seu primeiro congresso nacional em 2009
nas dependecircncias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo com a presenccedila
do professor Steve Duck e da professora Jacki Fitzpatrick presidente da IARR
23
12 - Uma Perspectiva em Relacionamento Interpessoal ndash A Obra de
Robert Hinde
A importacircncia de Robert Hinde para o estudo do relacionamento
interpessoal estaacute em seus esforccedilos para a organizaccedilatildeo de uma Ciecircncia do
Relacionamento Interpessoal partindo de alguns princiacutepios da Etologia
Claacutessica conforme indicado a seguir
Os trecircs livros em que Hinde desenvolve suas propostas refletem trecircs
deacutecadas de reflexatildeo sobre o tema Em sua principal obra sobre o tema Hinde
(1997) procura sistematizar cerca de 1600 estudos na aacuterea principalmente
entre os anos de 1970 e 1990
Aleacutem disso Hinde propotildee uma orientaccedilatildeo teoacuterica baseada na Etologia
Claacutessica As propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de uma ciecircncia do
relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais representa uma
aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para esta nova aacuterea
de investigaccedilatildeo em pleno desenvolvimento (Garcia 2005)
De acordo com Hinde (1997) o desenvolvimento social do ser humano
envolve um sistema de relaccedilotildees com diferentes niacuteveis de complexidade que
afetam e satildeo afetados uns pelos outros (de processos fisioloacutegicos passando
por interaccedilotildees relacionamentos grupos e sociedade) e ainda a estrutura
sociocultural e ambiente fiacutesico Hinde sugere quatro estaacutegios para o estudo dos
relacionamentos a) descriccedilatildeo dos fenocircmenos b) a discussatildeo de processos
subjacentes c) o reconhecimento das limitaccedilotildees e d) re-siacutentese Uma vez que
relacionamentos satildeo processos haacute consideraacutevel sobreposiccedilatildeo entre esses
estaacutegios Ainda fazem parte do esquema explicativo de Hinde as estruturas
socioculturais e o ambiente fiacutesico (Figura 1)
24
Figura 1 Relaccedilotildees dialeacuteticas entre niacuteveis sucessivos de complexidade social
(Hinde 1997)
Para Hinde (1997) a descriccedilatildeo de um relacionamento requer dados
sobre o que os participantes fazem pensam e sentem Sugere ainda que a
descriccedilatildeo atinja os diversos niacuteveis de complexidade desde as interaccedilotildees os
relacionamentos e grupos
Um dos pontos cruciais na obra de Hinde eacute a diferenciaccedilatildeo entre o
relacionamento e a interaccedilatildeo Para Hinde (1997) podemos falar de um
relacionamento se os indiviacuteduos tecircm uma histoacuteria comum de interaccedilotildees
passadas e o curso da interaccedilatildeo atual seraacute influenciado por elas
Relacionamentos satildeo definidos a partir de uma seacuterie de interaccedilotildees no tempo
entre indiviacuteduos que se conhecem Os mesmos fatores intervenientes nas
interaccedilotildees tambeacutem estatildeo presentes nas relaccedilotildees assim atitudes expectativas
intenccedilotildees e emoccedilotildees dos participantes satildeo de fundamental importacircncia O
agrupamento de relacionamentos compotildee uma rede formando o grupo social
Estrutura
Sociocultural Ambiente
Fiacutesico
Sociedade
Grupo
Relacionamento
Interaccedilatildeo
Comportamento
do Indiviacuteduo
Processos
Psicoloacutegicos
25
Hinde salienta que essas redes de relacionamentos mdash a famiacutelia os amigos da
escola entre outros podem sobrepor-se ou manter-se completamente
separadas comportando-se como grupos distintos uns em face dos outros
Assim como nas interaccedilotildees e relacionamentos cada grupo tanto influencia o
ambiente fiacutesico e bioloacutegico em que estaacute inserido como eacute influenciado por eles
O autor reconhece a existecircncia de niacuteveis distintos de complexidade no
comportamento social Cada um deles (interaccedilotildees relacionamentos grupos
sociais) possui propriedades proacuteprias Por exemplo algumas propriedades dos
relacionamentos tais como compromisso e intimidade dificilmente se aplicam
a interaccedilotildees isoladas (Hinde 1997)
Para organizar a aacuterea de pesquisa sobre relacionamento interpessoal
Hinde parte do conteuacutedo dos relacionamentos passando para a diversidade e
a qualidade das interaccedilotildees Em seguida discute algumas categorias presentes
nos relacionamentos semelhanccedilas e diferenccedilas reciprocidade e
complementaridade a intimidade o conflito o poder a auto-revelaccedilatildeo e a
privacidade a satisfaccedilatildeo a percepccedilatildeo interpessoal e o compromisso Estas
categorias ajudariam a organizar dados descritivos sobre relacionamentos
Robert Hinde contribuiu para a organizaccedilatildeo de uma ldquociecircncia do
relacionamento interpessoalrdquo Apesar de ter investigado e escrito sobre
diferentes temas de pesquisa seus principais textos sobre relacionamentos
foram publicados como livros (Hinde 1979 1987 e 1997) As publicaccedilotildees de
Hinde sobre o tema apresentam dois pontos principais Primeiramente procura
sistematizar a produccedilatildeo na aacuterea organizando aproximadamente 1600 textos
sobre o tema das deacutecadas de 1970 1980 e 1990 Em segundo lugar Hinde
procura organizar a aacuterea de acordo com orientaccedilatildeo teoacuterica influenciada pela
26
Etologia Claacutessica Esta representa um importante movimento de investigaccedilatildeo
do comportamento animal e humano tendo como autores centrais Konrad
Lorenz Niko Tinbergen e Karl von Frisch que receberam o Precircmio Nobel de
Fisiologia ou Medicina em 1973
Segundo Garcia (2005) as propostas de Hinde para a organizaccedilatildeo de
uma ciecircncia do relacionamento interpessoal em seus pontos fundamentais
representa uma aplicaccedilatildeo de princiacutepios fundamentais da Etologia Claacutessica para
esta nova aacuterea de investigaccedilatildeo
A contribuiccedilatildeo da Etologia Claacutessica para os estudos sobre
relacionamento interpessoal especificamente Konrad Lorenz John Bowlby e
Robert Hinde foi discutida por Garcia (2005)
As contribuiccedilotildees de Hinde para o estudo do relacionamento interpessoal
ainda foram analisadas por Garcia e Ventorini (2006) de modo particular para
os estudos em Psicologia Organizacional Segundo Garcia e Ventorini (2006)
os princiacutepios para uma ldquociecircncia dos relacionamentosrdquo proposta por Hinde
recebem a influecircncia da Etologia Claacutessica e da teoria de sistemas Da Etologia
Claacutessica herdou a ecircnfase na descriccedilatildeo (base descritiva) como a primeira etapa
para a compreensatildeo da dinacircmica dos relacionamentos A descriccedilatildeo dos
relacionamentos em diferentes niacuteveis eacute considerada a base para o avanccedilo
teoacuterico e a generalizaccedilatildeo dos dados Os autores ainda mencionam como
atitudes orientadoras da Etologia no estudo dos relacionamentos interpessoais
a ecircnfase na descriccedilatildeo e classificaccedilatildeo dos dados coletados a anaacutelise e siacutentese
dos resultados da anaacutelise o mover-se entre niacuteveis de complexidade e a ecircnfase
na questatildeo da funccedilatildeo evoluccedilatildeo desenvolvimento e causaccedilatildeo
27
Segundo Garcia e Ventorini (2006) para organizar a aacuterea de pesquisa
sobre relacionamento interpessoal Hinde parte do conteuacutedo das interaccedilotildees
passando para a sua diversidade e qualidade Segue discutindo a
reciprocidade e complementaridade intimidade percepccedilatildeo interpessoal e
compromisso categorias que contribuiriam para organizar os dados descritivos
sobre relacionamentos
A descriccedilatildeo dos relacionamentos envolve a descriccedilatildeo das interaccedilotildees de
seu conteuacutedo e qualidade a descriccedilatildeo das propriedades advindas da
frequumlecircncia relativa e padronizaccedilatildeo da interaccedilatildeo dentro do relacionamento e a
descriccedilatildeo de propriedades mais ou menos comuns a todas as interaccedilotildees
dentro do relacionamento A comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal satildeo
considerados elementos importantes para a compreensatildeo do relacionamento
interpessoal
No niacutevel comportamental um relacionamento envolve uma seacuterie de
interaccedilotildees entre indiviacuteduos A descriccedilatildeo de uma interaccedilatildeo deve contemplar o
conteuacutedo do comportamento apresentado (o que fazem juntos) a qualidade do
comportamento (de que forma eacute feito) e a padronizaccedilatildeo (frequumlecircncia absoluta e
relativa) das interaccedilotildees que o compotildeem Algumas das mais importantes
caracteriacutesticas dos relacionamentos dependem de fatores afetivos e cognitivos
que tambeacutem devem ser considerados na descriccedilatildeo (Hinde 1997)
De acordo com Hinde Finkenauer e Auhagen (2001) o pleno
entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque tambeacutem no niacutevel individual pois
o curso de um relacionamento tambeacutem depende das caracteriacutesticas
psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos envolvem
caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas posicionamento
28
quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-conceito auto-
estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre outras
13 ndash Conflitos e agressividade nos Relacionamentos Interpessoais
Uma tendecircncia maniqueiacutesta prevalece em estudos dos relacionamentos
interpessoais considerando os relacionamentos como constituiacutedo por dois
lados um positivo e outro negativo Embora o lado positivo da amizade seja
enfatizado as amizades tambeacutem revelam seu lado negativo conflito e
agressividade integram as relaccedilotildees de amizade (Garcia 2005b)
O comportamento agressivo aparece como uma das dimensotildees
investigadas nos estudos das relaccedilotildees interpessoais principalmente nos
estudos sobre estas relaccedilotildees na infacircncia (Garcia 2005c) A agressividade de
modo geral eacute percebida pelas crianccedilas como um fator de distanciamento
dificultando o estabelecimento de amizades
Em levantamento da literatura em torno das relaccedilotildees de amizade na
infacircncia Garcia (2005c) apresenta diversos estudos que consideram a
agressividade nas relaccedilotildees de amizades na infacircncia para Phillipsen Deptula e
Cohen (1999) quanto mais agressiva a crianccedila menor sua aceitaccedilatildeo social
pelos colegas em termos de amizade para Dunn e Hughes (2001) a
manifestaccedilatildeo de fantasia violenta tambeacutem estava relacionada a
comportamento anti-social frequumlente mostras de raiva conflito e recusa a
ajudar um amigo Brendgen Vitaro Turgeon e Poulin (2002) mostram que
enquanto a agressividade agrave primeira vista cria barreiras para as relaccedilotildees de
amizade haacute formas de lidar com o comportamento agressivo dentro das
29
relaccedilotildees de amizade para Ray Cohen Secrist e Duncan (1997) haacute
correlaccedilotildees positivas de comportamentos agressivos entre crianccedilas populares
(e de popularidade meacutedia) e seus amigos muacutetuos indicado que crianccedilas
agressivas podem se atrair mutuamente Estudo desenvolvido por Kupersmidt
DeRosier e Patterson (1995) citado por Garcia (2005b) tambeacutem revela que
crianccedilas similares em comportamento de agressatildeo e isolamento social
apresentam maior probabilidade de se tornarem amigas do que crianccedilas que
natildeo o sejam
O estudo da violecircncia e da agressatildeo nas relaccedilotildees interpessoais se
insere no grupo de estudos que abordam as dificuldades prejuiacutezos e ameaccedilas
ao relacionamento com danos para os participantes ou para o relacionamento
em si Segundo Garcia (2005b) entre os pontos de similaridade que servem de
base para uma amizade o comportamento agressivo costuma ser um dos mais
importantes
14 ndash O papel da famiacutelia e da escola nos Relacionamentos Interpessoais
Garcia (2005a) analisou as publicaccedilotildees e os temas abordados nas
pesquisas sobre relacionamento interpessoal especialmente os artigos
presentes nas principais publicaccedilotildees internacionais especializadas
constatando que estatildeo voltados para os relacionamentos romacircnticos
familiares sexuais relacionamentos profissionais em diversos niacuteveis e a
amizade em geral
Trecircs aspectos segundo o autor se destacam como representativos do
conteuacutedo dos estudos de relacionamento interpessoal os participantes as
dimensotildees do relacionamento e o contexto Com relaccedilatildeo aos participantes as
principais propriedades estudadas satildeo a idade gecircnero etnia e certos aspectos
30
psicoloacutegicos As dimensotildees do relacionamento mais investigadas nos estudos
publicados nos principais perioacutedicos satildeo a comunicaccedilatildeo o apego o
compromisso o perdatildeo a similaridade a percepccedilatildeo interpessoal o apoio
social e emocional e o lado negativo do relacionamento ndash agressatildeo violecircncia e
ameaccedilas ao relacionamento O terceiro elemento marcante nos estudos de
relacionamento eacute o contexto representado por fatores ambientais geograacuteficos
ecoloacutegicos sociais culturais econocircmicos tecnoloacutegicos entre outros (Garcia
2005a)
A famiacutelia exerce diferentes influecircncias sobre as relaccedilotildees de amizade na
infacircncia Os pais afetam as amizades dos filhos por meio da estruturaccedilatildeo de
sua vida diaacuteria por meio de suas proacuteprias amizades atraveacutes de seus conflitos
da qualidade da relaccedilatildeo entre pais e filhos (Garcia 2005b)
Considerar o contexto nos estudos do relacionamento interpessoal
implica em estar atento aos diversos aspectos do ambiente onde se datildeo os
relacionamentos Como sugere Chang (2003) verifica-se grande variaccedilatildeo de
resultados na literatura sobre efeitos de comportamento agressivo e
comportamento retraiacutedo para os relacionamentos e para ele tal disparidade
deve-se ao fato de natildeo se ter considerado o contexto social destes
comportamentos nos diferentes estudos As variaccedilotildees portanto devem refletir
diferenccedilas contextuais Garcia (2005b) tambeacutem se refere a resultados distintos
em estudos que abordam agressividade e amizade na infacircncia
A escola eacute um dos principais locais em que as crianccedilas tem
oportunidade de se relacionar com seus pares sendo espaccedilo propiacutecio para a
origem e estabelecimento das relaccedilotildees de amizade Estudos que investigam o
contexto de relaccedilotildees de amizade na infacircncia apontam os dois contextos
31
intimamente ligados agrave amizade o familiar e o escolar Amizades facilitam a
adaptaccedilatildeo da crianccedila ao ambiente escolar e a aceitaccedilatildeo pelos colegas de
classe o que depende diretamente de sua qualidade estando a presenccedila de
conflito na amizade associada a mau ajustamento enquanto apoio percebido
tem sido associado a melhores atitudes em relaccedilatildeo agrave escola Crianccedilas com
amigos mostram um maior grau de ajuste agrave escola no iniacutecio e no fim do ano
escolar (Tomada (2002) citado por Garcia 2005b) e a qualidade positiva das
amizades no ambiente escolar tambeacutem gera atitudes mais positivas em relaccedilatildeo
agrave escola) As amizades na escola contribuem para um melhor ajustamento da
crianccedila aleacutem de trazer benefiacutecios para o rendimento escolar
Estudos que abordam as relaccedilotildees de amizade apresentam destaque ao
contexto do relacionamento dessa forma o ambiente escolar e assim o
relacionamento entre estudantes se apresentam como elementos das
investigaccedilotildees A sala de aula aparece como contexto considerado em alguns
estudos sobre relaccedilotildees de amizade na infacircncia (Ray Cohen amp Secrist 1995
citado por Garcia 2005b)
15 ndash O Relacionamento Professor-Aluno
Inicialmente eacute preciso reconhecer com base nos criteacuterios de Hinde em
que medida podemos falar de relacionamento entre o professor e aluno Eacute
possiacutevel considerar um relacionamento visto que professores e alunos
estabelecem ao longo do ano letivo contiacutenuas interaccedilotildees com frequumlecircncia
regular e intensa que tais interaccedilotildees podem proporcionar uma histoacuteria comum
entre professor e aluno e ainda influenciar a interaccedilatildeo atual e que o
desenvolvimento da aula implica em compromisso e intimidade para que
32
ocorra aprendizagem efetiva Eacute importante conhecer as especificidades assim
como a relevacircncia do relacionamento professor-aluno
Muitos estudos investigam o relacionamento entre pares na sala de aula
tendo como participantes estudantes de uma mesma turma entretanto pecam
por desconsiderar a figura do professor como relevante e que exerce diversas
influecircncias no contexto da sala de aula (Chang 2003) Na anaacutelise realizada por
Garcia (2005a) percebe-se ausecircncia de estudos sobre relacionamento
professor-aluno Ao discorrer sobre as relaccedilotildees de amizade na infacircncia Garcia
(2005b) refere-se a estudo que aponta a opiniatildeo dos professores como fator
importante na escolha dos amigos no ambiente escolar principalmente para as
meninas
O ajustamento agrave escola indica a forma como crianccedilas e adolescentes se
adaptam ao ambiente escolar e suas atividades Geralmente um bom
ajustamento escolar estaacute associado a um bom desempenho escolar Entre
outros fatores observados o relacionamento professor-aluno afeta o
ajustamento escolar (Juvonen amp Wentzel 1996)
Murray e Greenberg (2000) observaram que alunos do quinto e sexto
ano com relaccedilotildees pobres com seus professores tambeacutem apresentavam
ajustamento social e emocional mais baixo conforme avaliaccedilatildeo dos
professores e dos proacuteprios alunos em comparaccedilatildeo com os alunos que
mantinham relaccedilotildees positivas com os professores
Diversas dimensotildees integram a relaccedilatildeo professor-aluno
Comportamentos como ajudar auxiliar apoiar aconselhar e incentivar
caracterizam os professores que manifestam atitudes solidaacuterias e demonstram
interesse nas relaccedilotildees interpessoais com seus alunos (Ang 2005) O
33
relacionamento professor-aluno construtivo e apoiador continua sendo
importante e prediz resultados acadecircmicos e desempenho comportamental
positivos para alunos do ensino fundamental ao Ensino Meacutedio (Davis 2003)
O conflito a criacutetica e comentaacuterios negativos ou desfavoraacuteveis
prejudicam o ajustamento e a atividade do estudante em sala de aula (Wentzel
2002 Birch amp Ladd 1996) Estudantes descrevem como professores
atenciosos aqueles que fazem comentaacuterios construtivos ao inveacutes de apenas
criticarem assim como os que demonstram um estilo de comunicaccedilatildeo mais
livre ao inveacutes daqueles que gritam e interrompem a todo o momento (Wentzel
1997 2003)
Lisboa (2002) em estudo desenvolvido em Porto Alegre com crianccedilas
de niacutevel socioeconocircmico baixo de escolas puacuteblicas municipais aponta dados
sobre caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-aluno As crianccedilas relataram os
principais problemas com seus professores destacando as agressotildees verbais
dos professores sem uma causa identificada Frente ao conflito com
professores esses alunos agiam de forma passiva sem fazer nada As
crianccedilas se viam incapazes de agir percebendo os professores como pouco
flexiacuteveis ou autoritaacuterios temendo castigos ou puniccedilotildees
Em outra pesquisa realizada no sul do paiacutes com alunos de sexto ao
nono ano de duas escolas da rede puacuteblica de Santa Catarina o relacionamento
entre alunos e professores foi considerado ruim ou natildeo tatildeo bom por 53 dos
participantes destacando-se como motivo a falta de diaacutelogo resultado de mau
humor impaciecircncia repeticcedilatildeo nas aulas diferenccedilas de tratamento entre os
alunos e distanciamento Foram bem avaliados os professores capazes de
conversar e manter um bom relacionamento com os alunos (Laterman 2000)
34
Um relacionamento professor-aluno positivo afeta as afinidades entre
aluno e professor favorecendo o gosto pela mateacuteria e o interesse em aprender
estimulando a participaccedilatildeo dos alunos e o interesse pelo conteuacutedo (Cunha et
al 2004)
A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um componente central para o sucesso do
processo ensino-aprendizagem mas em geral os aspectos eacuteticos desta
relaccedilatildeo natildeo satildeo considerados Grande parte da literatura recente sobre as
relaccedilotildees professor-aluno tem se concentrado no papel do cuidar Uma eacutetica do
cuidado privilegia ligaccedilotildees emocionais entre professor e aluno e enfatiza a
importacircncia da natureza reciacuteproca das relaccedilotildees entre professores e alunos
(Aultman et al 2009)
Diante da relevacircncia do relacionamento professor-aluno um dado
chama atenccedilatildeo em estudo realizado no Brasil por Abramovay (2005)
Enquanto cerca de 45 dos alunos afirmam que a relaccedilatildeo entre eles e os
professores varia entre boaoacutetima um nuacutemero consideraacutevel de alunos o
equivalente a mais de 196 mil estudantes (12) afirmam que o relacionamento
com os professores eacute peacutessimo ou ruim
A indisciplina pode colaborar para a deterioraccedilatildeo das relaccedilotildees entre os
atores escolares como tambeacutem pode constituir-se em um conflito positivo que
adverte para a importacircncia de rever rumos e rotas escolares atentando aos
pedidos de atenccedilatildeo e de criacutetica impliacutecita agrave escola que fazem os alunos
Assumir uma postura positiva depende da sensibilidade dos professores de
suas respostas e da abertura da escola para ouvir e aprender os tipos de
comunicaccedilatildeo e sinais que emitem os alunos (Abramovay 2005)
35
CAPIacuteTULO II
2 VIOLEcircNCIA ESCOLAR E BULLYING
21 - Violecircncia Escolar ndash Uma Introduccedilatildeo
Erroneamente pensamos a escola unicamente como espaccedilo de
crescimento de produccedilatildeo e de circulaccedilatildeo de bons haacutebitos e atitudes dignas de
serem imitadas em prol da boa educaccedilatildeo No meio educacional eacute comum se
considerar a violecircncia como um fenocircmeno com raiz essencialmente exoacutegena
em relaccedilatildeo agrave praacutetica institucional escolar e com isto
ldquoa escola e seus atores constitutivos principalmente o professor parecem tornar-se refeacutens de sobredeterminaccedilotildees que em muito lhes ultrapassam restando-lhes apenas um misto de resignaccedilatildeo desconforto e inevitavelmente desincumbecircncia perante os efeitos de violecircncia no cotidiano praacutetico posto que a gecircnese do fenocircmeno e por extensatildeo seu manejo teoacuterico-metodoloacutegico residiriam fora ou para aleacutem dos muros escolares (Aquino 1998)
Eacute importante compreender as instituiccedilotildees e entre elas as escolas como
relaccedilotildees ou praacuteticas sociais especiacuteficas que tendem a se repetir e que
enquanto se repetem legitimam-se (Guirado 1997 apud Aquino 1998) As
relaccedilotildees escolares natildeo implicam um espelhamento imediato daquelas extra-
escolares Eacute preciso pensar os atores da escola situados num complexo de
lugares e relaccedilotildees pontuais sempre institucionalizadas Para tanto surge a
possibilidade de um olhar especificamente institucional sobre as praacuteticas
escolares entendendo que as escolas tambeacutem produzem sua proacutepria violecircncia
e sua proacutepria indisciplina como propotildee Aquino (1998)
36
A percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao aumento das violecircncias nas escolas em
frequumlecircncia e gravidade em parte eacute fruto de algo intensamente midiatizado e
em parte por ser submetido agrave lei do silecircncio nas salas de aula escolas e redes
escolares Para Levisky (1997) uma violecircncia digna do homem primitivo estaacute
solta por toda a parte nas relaccedilotildees familiares nas escolas nas ruas nos
meios de comunicaccedilatildeo nas filas nas relaccedilotildees institucionais no lazer
ldquoA escola multifacetada vem presenciando situaccedilotildees de violecircncia que estatildeo tomando proporccedilotildees assustadoras em nossa sociedade As situaccedilotildees de violecircncia anteriormente esporaacutedicas se tornaram uma constante em nossos diasrdquo (Francisco amp Liboacuterio 2009)
Para Abramovay (2005) nem sempre as relaccedilotildees sociais na escola satildeo
amistosas e harmocircnicas a convivecircncia na escola pode ser marcada por
agressividade e violecircncia muitas vezes banalizadas e naturalizadas
comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem
A violecircncia nas escolas eacute um problema social grave e complexo e
provavelmente o tipo mais frequumlente e visiacutevel da violecircncia juvenil Muitos
estudos que tratam da temaacutetica da violecircncia na escola procuram analisaacute-la a
partir de questotildees mais relacionadas agrave violecircncia simboacutelica agrave seguranccedila da
escola e principalmente agrave depredaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo do patrimocircnio escolar
(Silva 1997 Sposito 2001)
Eacute apenas ao final dos anos 90 e iniacutecio dos anos 2000 que o estudo da
violecircncia escolar se debruccedila sobre as relaccedilotildees interpessoais agressivas
envolvendo estudantes professores e demais funcionaacuterios Vale destacar
ainda que a aacuterea das Ciecircncias Sociais mesmo tendo incorporado o tema da
violecircncia e seus desdobramentos nas suas pesquisas nenhum estudo desta
aacuterea na anaacutelise realizada por Spoacutesito (2001) investigou a questatildeo da
37
violecircncia escolar A aacuterea da Educaccedilatildeo abordou esta temaacutetica muito
tardiamente e o interesse acadecircmico pela questatildeo ainda eacute bastante incipiente
O debate em torno da violecircncia escolar implica considerarmos a
violecircncia enquanto um fenocircmeno macrossocial cujas raiacutezes se encontram no
sistema portanto fora da escola sem fugir da abordagem da violecircncia
enquanto um fenocircmeno microssocial ligado agraves interaccedilotildees situaccedilotildees e praacuteticas
na proacutepria escola Eacute preciso pensar a escola como autora viacutetima e palco de
violecircncia Eacute autora com praacuteticas que produzem e reproduzem a exclusatildeo
social eacute viacutetima quando seus gestores e docentes satildeo hostilizados em parte
como reflexo da violecircncia que ela produz e quando situaccedilotildees de vandalismo
se impotildeem neste cenaacuterio salientando tensatildeo constante por fim eacute palco de
violecircncia quando no seu ambiente se desenrolam conflitos entre os seus
membros e quando se torna tambeacutem lugar de aprendizagem de violecircncias
(Galvatildeo Gomes Capanema Caliman amp Cacircmara 2010)
Violecircncia escolar refere-se a todos os comportamentos agressivos e
anti-sociais incluindo os conflitos interpessoais danos ao patrimocircnio atos
criminosos etc Infelizmente estatildeo cada vez mais presentes na escola
demonstrando que o modelo do mundo exterior eacute reproduzido nas escolas
fazendo com que deixem de ser ambientes seguros modulados pela disciplina
amizade e cooperaccedilatildeo e se transformem em espaccedilos onde haacute violecircncia
sofrimento e medo (Lopes Neto 2005)
Atualmente nas escolas nem sempre as relaccedilotildees sociais satildeo amistosas
e harmocircnicas os alunos e professores natildeo se unem em torno de objetivos
comuns Ao contraacuterio a convivecircncia na escola pode ser marcada por
38
agressividade e violecircncias muitas vezes naturalizadas e banalizadas
comprometendo a qualidade do ensino-aprendizagem (Abromavay 2005)
Charlot (2002) citado por Abromavay (2005) propotildee um sistema de
classificaccedilatildeo dos episoacutedios de violecircncia na escola em que identificam trecircs tipos
de manifestaccedilatildeo a violecircncia na escola a violecircncia contra a escola e a violecircncia
da escola A violecircncia na escola eacute aquela que se produz dentro do espaccedilo
escolar sem estar ligada agraves atividades da instituiccedilatildeo escolar a escola eacute
apenas o lugar de uma violecircncia que poderia ter acontecido em outro lugar A
violecircncia contra a escola estaacute relacionada com a natureza e as atividades da
instituiccedilatildeo escolar e toma a forma de agressotildees ao patrimocircnio e agraves autoridades
da escola (professores diretores e demais funcionaacuterios) e eacute decorrente de
ressentimentos de certos jovens e de certas famiacutelias contra a escola e seu
funcionamento A violecircncia contra a escola estaacute relacionada no entendimento
de Charlot agrave violecircncia da escola a violecircncia institucional simboacutelica a qual se
manifesta por meio do modo como a escola se organiza funciona e trata os
alunos (Abromavay 2005)
Neste cenaacuterio novos olhos para as bases de legitimaccedilatildeo da autoridade
vecircm abalar os fundamentos da violecircncia historicamente praticada pela escola
contra os seus alunos (Aquino 1998) De acordo com Tognetta (2010) muitas
das puniccedilotildees utilizadas pelas escolas como forma de garantir obediecircncia agrave
autoridade satildeo tambeacutem tatildeo violentas quanto agraves formas de violecircncia que
assistimos em nossas escolas
Para Galvatildeo et al (2010) os estudantes praticam violecircncias simboacutelicas
como o uso agressivo da linguagem a imposiccedilatildeo de apelidos inclusive ligados
a estereoacutetipos eacutetnicos e de gecircnero o isolamento de certos alunos e grupos
39
aleacutem das incivilidades e do asseacutedio moral ou bullying No entanto em estudo
realizado com professores e alunos de modo geral as violecircncias simboacutelicas
inclusive manifestaccedilotildees de preconceitos foram mais difiacuteceis de ser percebidas
tanto por professores quanto por alunos sobretudo por estes uacuteltimos
Os resultados de estudo desenvolvido por Lopes e Galvatildeo (2004)
citados por Galvatildeo et al (2010) apontou vaacuterias aspectos da accedilatildeo docente no
cenaacuterio da violecircncia escolar Foi afirmado reiteradamente que os estudantes
natildeo levavam a escola a seacuterio laacute estavam por serem obrigados eram
desmotivados e natildeo se comportavam adequadamente Diante disso a resposta
dos professores era de apatia conformismo individualismo e desmobilizaccedilatildeo
que por sua vez trazia o adoecimento psiacutequico com ansiedade e depressatildeo
Nesta direccedilatildeo estudo realizado por Almeida (1999) tambeacutem citado por
Galvatildeo et al (2010) apontou que os educadores se preocupavam apenas com
os efeitos da destruiccedilatildeo provocada pelos alunos sem se importarem com os
motivos dessas accedilotildees O trabalho salientou que entre alguns professores e
alunos havia o anseio pela inclusatildeo de atividades e conteuacutedos curriculares que
desenvolvessem valores e atitudes de cooperaccedilatildeo e que preparassem melhor
para a vida em vez de um curriacuteculo eminentemente informativo pouco
relevante ou compreensiacutevel para o alunado
Se os educadores em geral estatildeo alarmados com a indisciplina e a
violecircncia expliacutecita que existem na escola outra forma de violecircncia deve
despertar a atenccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo aquela que se apresenta
de forma velada por meio de um conjunto de comportamentos crueacuteis
intimidadores e repetitivos prolongadamente contra uma mesma viacutetima e cujo
40
poder destrutivo eacute perigoso agrave comunidade escolar e agrave sociedade como um
todo pelos danos causados ao psiquismo dos envolvidos (Fante 2005)
Um aspecto bastante preocupante na atualidade eacute que estamos diante
de uma sociedade na qual o elemento violecircncia em suas diferentes formas de
expressatildeo estaacute fazendo parte dos modelos identificatoacuterios como padratildeo de
conduta e forma de auto-afirmaccedilatildeo
Considerando que a auto-afirmaccedilatildeo eacute um componente necessaacuterio e
desejaacutevel no processo de desenvolvimento da identidade do adolescente
surge o alerta a respeito do risco para nossos jovens em processo de
construccedilatildeo da identidade no contexto atual pois observa-se em nossa cultura
uma perda do senso criacutetico na qual vivenciamos uma crise de valores onde
vem se perdendo a noccedilatildeo de limite entre o bem e o mal E assim a violecircncia
fiacutesica a baderna o vandalismo e a amoralidade se tornam meios de auto-
afirmaccedilatildeo incorporados ao cotidiano juvenil
Segundo Silva (1997) a questatildeo da violecircncia e as violaccedilotildees dos direitos
humanos no Brasil constituem-se em uma das maiores preocupaccedilotildees da
populaccedilatildeo das grandes cidades Entretanto aleacutem da violecircncia em si parece
tambeacutem bastante grave o fato de que as vaacuterias formas de violecircncia produzidas
no cotidiano da sociedade parecem natildeo mais indignar a populaccedilatildeo brasileira
se configurando uma banalizaccedilatildeo da proacutepria vida
Em estudo realizado por Silva (1997) sobre a violecircncia nas escolas ao
entrevistar alunos professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores da
escola um dado interessante a destacar foi que na visatildeo da maioria dos
entrevistados a sociedade estaacute corrompida nos seus valores eacuteticos e morais e
a escola tambeacutem eacute afetada por este tipo de corrupccedilatildeo
41
Os resultados deste estudo apontaram uma diferenccedila significativa entre
a forma como professores coordenadores pedagoacutegicos e diretores percebem a
violecircncia e a forma como os alunos a vecircem principalmente nas questotildees que
permeiam as relaccedilotildees na escola ldquoPara os educadores a violecircncia se
evidencia de forma mais clara na relaccedilatildeo entre os alunos Estes eacute que satildeo
violentos e geralmente os educadores natildeo se percebem promovendo atitudes
de violecircncia para com os alunosrdquo (p 262) Eacute tambeacutem interessante que ao
falarem sobre a violecircncia no acircmbito escolar os alunos natildeo percebem como
violentas algumas atitudes desenvolvidas entre professor e aluno e entre
alunos como a falta de diaacutelogo e de companheirismo
Dados semelhantes apareceram em estudo realizado por Fernandes
(2006) citado por Galvatildeo et al (2010) Cotejando as respostas dos grupos
docente e discente Fernandes (2006) constatou que ambos divergiram sobre o
niacutevel de gravidade de situaccedilotildees como brigas entre alunos o professor
comparar alunos publicamente a praacutetica de atos de conotaccedilatildeo eroacutetica com os
colegas e os insultos em todos os casos envolvendo alunos entre si e
professores Os juiacutezos dos docentes tenderam a ser mais rigorosos embora
mais lenientes quanto a si mesmos e mais severos quando as violecircncias dos
alunos se dirigiam contra eles professores
22 Bullying
Um comportamento bem presente nas relaccedilotildees interpessoais entre os
estudantes o bullying invoca profissionais da educaccedilatildeo e mais
especificamente os docentes a atentarem para as repercussotildees deste
42
fenocircmeno para a comunidade escolar como um todo como tambeacutem para a
influecircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer docente
221 Introduccedilatildeo Natureza e Extensatildeo
Bullying geralmente eacute definido como uma forma especiacutefica de agressatildeo
que eacute intencional repetida e envolve disparidade de poder entre viacutetimas e
perpretador Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) o bullying eacute um
comportamento intencional visando fazer mal e magoar algueacutem e se repete ao
longo do tempo (eg Chapell et al 2004 DeHaan 1997 Olweus 1994)
Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009) reconhecem a
ocorrecircncia de bullying em diferentes contextos incluindo a escola o ambiente
familiar as prisotildees e o ambiente de trabalho Segundo Salmivalli (2010) o
bullying tem sido estudado no local de trabalho (Bowling amp Beehr 2006
Nielsen Matthiesenamp Einarsen 2008) em prisotildees (Ireland 2005 Ireland
Archer amp Power 2007 South amp Wood 2006) e no ambiente militar (Ostvik amp
Rudmin 2001) Segundo Monks Smith Naylor Barter Ireland e Coyne (2009)
a maioria dos casos de bullying escolar ocorre no playground sala de aula ou
corredores A questatildeo de gecircnero foi investigada por Oliveira amp Votre (2006) ao
focalizarem a investigaccedilatildeo na praacutetica de bullying em aulas de educaccedilatildeo fiacutesica
De acordo com Wang Iannotti e Nansel (2009) o bullying escolar tem
sido identificado como um comportamento problemaacutetico entre adolescentes
afetando o rendimento escolar habilidades proacute-sociais e o bem-estar
psicoloacutegico de viacutetimas e perpetradores
O bullying pode assumir diferentes formas como o fiacutesico o verbal e o
relacional ou social Segundo Wang Iannotti amp Nansel (2009) o bullying fiacutesico
43
e o verbal geralmente satildeo considerados como uma forma direta de bullying
enquanto o relacional eacute visto como uma modalidade indireta associada agrave
exclusatildeo social e divulgaccedilatildeo de boatos depreciativos Estudos tecircm evidenciado
que meninos estatildeo mais envolvidos com bullying direto e meninas com bullying
indireto (Bjorkqvist 1994 Owens Shute amp Slee 2000) Com a idade haacute a
tendecircncia de passar do bullying fiacutesico ao indireto e relacional Os agressores
tendem a ser do sexo masculino mas os gecircneros se equiparam quanto a sofrer
bullying Enquanto os meninos praticam e sofrem mais bullying fiacutesico as
meninas estatildeo mais associadas a bullying indireto ou relacional De acordo
com Wang Iannotti e Nansel (2009) o cyber-bullying ou bullying eletrocircnico estaacute
emergindo como uma nova forma de bullying Este pode ser definido como
uma forma de agressatildeo que ocorre por meio de computadores pessoais (por
exemplo por meio de e-mails e mensagens instantacircneas) ou de telefones
celulares (por exemplo por meio de mensagens de texto) Kowalski e Limber
(2007) relataram que em uma amostra de 3767 estudantes de ensino meacutedio
nos EUA 22 estavam envolvidos em cyber-bullying sendo 4 como
perpetradores 11 como viacutetimas e 7 como ambos
Este fenocircmeno comportamental desperta interesse pois segundo Fante
(2005) envolve e vitimiza a crianccedila na mais tenra idade escolar tornando-a
refeacutem de ansiedade e de emoccedilotildees que interferem negativamente nos seus
processos de aprendizagem devido agrave excessiva mobilizaccedilatildeo de emoccedilotildees de
medo de anguacutestia e de raiva reprimida O bullying diz respeito a uma forma de
poder interpessoal atraveacutes da agressatildeo
Lopes Neto (2005) diz que por definiccedilatildeo bullying compreende todas as
atitudes agressivas intencionais e repetidas que ocorrem sem motivaccedilatildeo
44
evidente adotadas por um ou mais estudante contra outro(s) causando dor e
anguacutestia sendo executadas dentro de uma relaccedilatildeo desigual de poder
Os estudantes envolvidos em bullying podem ser identificados como
alvosviacutetimas autoresagressores ou espectadorestestemunhas de acordo
com sua atitude diante de situaccedilotildees de bullying Mas haacute tambeacutem um grupo que
ao mesmo tempo que satildeo agredidos agridem outras crianccedilas e satildeo chamados
de agressorviacutetima
As pesquisas sobre bullying realizadas em diferentes paiacuteses a partir da
deacutecada de 90 indicam que a prevalecircncia de estudantes vitimizados varia de 8
a 46 e de agressores de 5 a 30 No Brasil estudo desenvolvido pela
Associaccedilatildeo da Brasileira Multiprofissional de Proteccedilatildeo agrave Infacircncia e agrave
Adolescecircncia (ABRAPIA) apontou que 405 dos alunos admitiram estar
diretamente envolvidos em atos de bullying sendo 169 como alvos 127
como autores e 109 ora como alvos ora como autores (Lopes Neto 2005)
Antunes e Zuin (2008) argumentam que ldquoo bullying se aproxima do
conceito de preconceito principalmente quando se reflete sobre os fatores
sociais que determinam os grupos-alvo e sobre os indicativos da funccedilatildeo
psiacutequica para aqueles considerados como agressoresrdquo (paacuteg 36) E assim
defendem a anaacutelise socioloacutegica de estudos envolvendo violecircncia pois abordar
dados estatiacutesticos e o diagnoacutestico de sua ocorrecircncia eacute um risco no sentido de
mascarar os processos sociais inerentes a eles Eacute importante que toda situaccedilatildeo
de violecircncia incluindo o bullying seja estudada agrave luz das mediaccedilotildees sociais
que a determinam
Um outro aspecto a ser destacado eacute que nas situaccedilotildees de bullying
assim como em trotes universitaacuterios e em situaccedilotildees de asseacutedio moral no
45
trabalho ocorre a desqualificaccedilatildeo do outro e nesse processo manifestam-se
preconceitos que se transformam em armas para discriminar e segregar as
pessoas Entretanto haacute uma toleracircncia com relaccedilatildeo a estas praacuteticas Em
relaccedilatildeo ao bullying eacute comum se pensar que eacute algo passageiro algo relativo a
uma determinada faixa etaacuteria Mas estudo realizado nos EUA encontrou dados
que sugerem que o envolvimento em asseacutedio moral na vida adulta estaacute
relacionada a envolvimento em situaccedilotildees de bullying (Almeida e Queda 2007)
Existem diversos estudos sobre bullying em diferentes paiacuteses desde a
deacutecada de 90 Escolas em diferentes paiacuteses jaacute foram investigadas
demonstrando que o bullying tem sido amplamente discutido No Brasil
(Francisco amp Liboacuterio 2009 Mascarenhas 2006 Lopes Neto 2005 Fante
2003 2005 Tognetta 2008 2010) na Aacutefrica do Sul (Mestry Merwe amp Squelch
2006) na Holanda (Veenstra et al 2005) na Nova Zelacircndia (Carroll- Lind amp
Kearney 2004) na Irlanda do Norte (Collins McAleavy amp Adamson 2004) na
Costa Rica (Pizarro amp Jimeacutenez 2007) em Portugal (Matos amp Gonccedilalves 2009
Freire Simatildeo amp Ferreira 2006 Martins 2005 Pereira 2002) na Noruega
(Olweus 1991) na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) e Espanha (Ramiacuterez 2001)
Eacute bastante frequente estudos sobre bullying abordarem prioritariamente
aspectos quantitativos deste tipo de comportamento considerando a
frequumlecircncia com que ocorrem nas escolas e a distribuiccedilatildeo dos envolvidos em
diferentes formas de envolvimento como alvoviacutetima autoragressor ou
espectadortestemunha
Matos e Gonccedilalves (2009) indicam a variabilidade na prevalecircncia de
bullying escolar em diferentes paiacuteses Um estudo realizado na Austraacutelia
apontou cerca de 24 de agressores 13 de viacutetimas e 22 simultaneamente
46
viacutetimas e agressores (Forero McLellan Rissel amp Bauman 1999) Fekkes
Pijpers e Verloove-Vanhorick (2005) indicaram entre crianccedilas alematildes cerca de
16 de viacutetimas de bullying Em Portugal Matos et al (2003) encontraram
cerca de 20 de adolescentes viacutetimas de violecircncia e cerca de 20 de
agressores Aproximadamente 25 dos participantes se referiram como
viacutetimas e agressores Em estudo com amostra nacionalmente representativa de
adolescentes nos EUA Nansel et al (2001) relataram o envolvimento frequumlente
em bullying nos dois meses anteriores em 299 dos participantes sendo 13
de perpetradores 106 de viacutetimas e 63 de ambos Craig e Harel (2004)
em pesquisa envolvendo 35 paiacuteses encontraram a prevalecircncia meacutedia de
viacutetimas de 11 e 11 de agressores De acordo com Haynie et al 2001 e
Nansel et al (2001) 4 a 6 das podem ser classificadas como ambos
Haacute estudos que levantam dados de estudantes de diferentes paiacuteses
possibilitando comparaccedilotildees em contextos diferentes (Wolke et al 2001
Gaacutezquez et al 2005)
222 ProtoacutetipoPerfil dos Envolvidos em Situaccedilatildeo de Bullying
Percebe-se nos estudos sobre bullying o interesse em identificar fatores
diferenciais considerando a forma como se daacute o envolvimento como
agressorautor como alvoviacutetima ou ainda como agressoralvo (Veenstra et al
2005 Carvalhosa Lima amp Matos 2001 Twemlow Sacco amp Williams 1996)
Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as pesquisas tecircm demonstrado um
certo protoacutetipo ou perfil de pessoas que oprimem e que satildeo oprimidas Aqueles
que oprimem necessitam de ter poder e de dominar gostam do controlar os
outros tecircm um sentimento positivo quanto agrave violecircncia e pouca empatia para
47
com as suas viacutetimas Geralmente tecircm alguma popularidade e satildeo
acompanhados por um pequeno grupo Os indiviacuteduos que se incluem neste
grupo tecircm falta de empatia e competecircncias para resolver problemas (Bullock
2002) Estes alunos tecircm maior probabilidade de beber aacutelcool e fumar cigarros
que as suas viacutetimas e apresentam menor ajustamento acadecircmico e escolar
Estes alunos geralmente satildeo mais altos fortes agressivos impulsivos e natildeo
cooperativos (Harris amp Petrie 2002) A questatildeo da auto-estima eacute controversa
Rigby e Slee (1995) defendem que esses indiviacuteduos natildeo tecircm baixa auto-
estima Para Tognetta e Vinha (2008 meninos e meninas que equacionando
suas experiecircncias com os outros se vecircem pequenos demais tendem a se
conformar e atribuir-se menos valor Ao mesmo tempo podem pelo mesmo
motivo fazer com que os outros se sintam tatildeo mal como eles proacuteprios se
sentem ou seja inferiorizaacute-los menosprezaacute-los para que o peso que
carregam consigo possa ser menor Para estas autoras os autores de bullying
natildeo conseguem uma dupla perspectiva de ver a si e ao outro Falta-lhes um
conteuacutedo eacutetico portanto o valor de si agregado ao valor do outro
Por sua vez as viacutetimas geralmente satildeo mais fracas tiacutemidas
introvertidas cautelosas sensiacuteveis quietas com menor auto-estima e com
poucos amigos Estes indiviacuteduos tambeacutem tinham alguma probabilidade de
fumar ingerir aacutelcool e ter desempenhos escolares baixos Quando natildeo existe
intervenccedilatildeo por parte dos adultos eles tendem a ser oprimidos repetidamente
correndo o risco de serem rejeitados entrar em depressatildeo e sofrem constante
ameaccedila agrave sua auto-estima (Bullock 2002) Haacute dois subgrupos de viacutetimas os
submissos ou passivos e os provocadores As viacutetimas passivas natildeo provocam
os seus colegas natildeo gostam de violecircncia tendem a ser mais fracos que outros
48
colegas e reagem chorando ou ficando tristes (Isenhagen amp Harris 2004) As
viacutetimas provocadoras (minoria) geralmente tecircm uma deficiecircncia na
aprendizagem e falta de competecircncias sociais que os torna insensiacuteveis a
outros estudantes Estes estudantes tendem a aborrecer os companheiros ateacute
que algueacutem lhes responda ou seja agressivo (Harris Petrie amp Willoughby
2002)
Aleacutem de identificar as diferenccedilas no posicionamento dos envolvidos em
bullying haacute estudos que abordam fatores preditivos de envolvimento em
situaccedilotildees de bullying (Francisco amp Liboacuterio 2009 Matos e Gonccedilalves 2009
Sweeting amp West 2001)
Fox amp Boulton (2005) desenvolveram estudo visando identificar de que
forma os proacuteprios estudantes seus pares e os professores avaliam as
habilidades sociais de colegas viacutetimas de bullying em comparaccedilatildeo com
estudantes natildeo identificados como viacutetimas de bullying Os trecircs diferentes
grupos percebem as viacutetimas de bullying com menos habilidades sociais dos
que as natildeo viacutetimas Estes resultados apresentam importantes implicaccedilotildees para
intervenccedilotildees que possam ajudar crianccedilas que apresentam maiores riscos de
serem viacutetimas de bullying pelos seus colegas
Conforme Fante (2003 2005) e Lopes Neto (2005) as viacutetimas de bullying
geralmente satildeo descritas como pouco sociaacuteveis inseguras com baixa auto-
estima quietas e que natildeo reagem efetivamente aos atos agressivos
De acordo com Lopes Neto (2005) Pizarro e Jimeacutenez (2007) e Ramiacuterez
(2001) as testemunhas natildeo participam diretamente em atos de bullying e
geralmente se calam receando tornarem-se viacutetimas O espectador assume
uma posiccedilatildeo de lsquofora de jogorsquo como se nada tivesse a ver com o problema pelo
49
medo de uma puniccedilatildeo da autoridade mas ao mesmo tempo ainda que de
maneira controlada tambeacutem zomba ou ri da crueldade feita a algueacutem natildeo
porque concorda com ela mas pelo temor de se tornar a proacutexima viacutetima e por
perceber que para manter uma boa imagem diante do grupo eacute melhor ldquoficar do
ladordquo dos mais fortes Eacute uma postura que demonstra ausecircncia de um
sentimento de indignaccedilatildeo que eacute proveniente de um lsquoestar sensiacutevelrsquo ao
sentimento do outro de uma espeacutecie de co-mover-se ao outro e sua ausecircncia
permita a esse espectador assumir um posicionamento contraacuterio agrave accedilotildees
injustas (Tognetta e Vinha 2008)
Causadores e viacutetimas de bullying precisam de ajuda Por um lado as
viacutetimas sofrem uma deterioraccedilatildeo da sua auto-estima e do seu auto-conceito
por outro os agressores sofrem grave deterioraccedilatildeo de sua escala de valores e
de seu desenvolvimento afetivo e moral Os autores de bullying tambeacutem
precisam de ajuda pois eacute importante inverter uma hierarquia de valores que
coloca a forccedila o poder a virilidade a intoleracircncia agrave diferenccedila como
privilegiados (Tognetta e Vinha 2010)
Estudo realizado na Aacutefrica do Sul focalizou no comportamento dos
espectadores visando propor estrateacutegias para reduzir ou eliminar o bullying nas
escolas (Mestry Merwe amp Squelch 2006)
Estudo realizado por Martins (2005) em Portugal aleacutem de obter dados
sobre a frequumlecircncia do bullying entre adolescentes e conhecer os
comportamentos mais frequumlentes nas diferentes formas de envolvimento em
bullying como alvoviacutetima autoragressor ou observador tambeacutem verificou se
fatores como gecircnero niacutevel de escolaridade e niacutevel socioeconocircmico estavam ou
natildeo associados ao envolvimento em bullying Os resultados apontam que o
50
comportamento mais frequumlente na praacutetica de bullying entre adolescentes
envolve a exclusatildeo social diferentemente de estudos com crianccedilas onde
aparece com mais frequumlecircncia a agressatildeo verbal Outro aspecto a ser
destacado refere-se ao fato que muitos adolescentes experimentam
simultaneamente a condiccedilatildeo de viacutetimas de agressores e de observadores Natildeo
se verificou nenhuma relaccedilatildeo entre o niacutevel socioeconocircmico e a praacutetica de
bullying e em relaccedilatildeo agrave escolaridade verificou-se uma tendecircncia para a
diminuiccedilatildeo da vitimizaccedilatildeo o que se explica a partir do desenvolvimento de
competecircncias sociais na adolescecircncia favorecendo o uso de estrateacutegias para
enfrentar as situaccedilotildees de bullying
Quanto aos fatores de risco individuais alunos oriundos de minorias
eacutetnicas geralmente sofrem mais agressotildees verbais racistas (embora natildeo
necessariamente outras formas de bullying) que alunos de maiorias eacutetnicas
(Monks Ortega-Ruiz amp Rodriacuteguez-Hidalgo 2008) Na escola secundaacuteria os
alunos podem sofrer bullying devido agrave sua orientaccedilatildeo sexual Neste caso
podem chegar a ser agredidos fisicamente ou ridicularizados por professores
ou outros estudantes Conforme Warwick Chase Aggleton e Sanders (2004) a
porcentagem de estudantes atraiacutedos pelo mesmo sexo nas escolas
secundaacuterias no Reino Unido que sofreram bullying homofoacutebico varia em torno
de 30 a 50
Ao lado dos fatores de risco Wang Iannotti e Nansel (2009) apontam os
fatores de proteccedilatildeo relacionados principalmente a pais e amigos Praacuteticas
parentais positivas como apoio parental podem proteger os adolescentes de
envolvimento tanto como agressores (Bowers Smith amp Binney 1994) ou
viacutetimas (Haynie Nansel Eitel et al 2001) Comparados com pais os amigos
51
parecem desempenhar uma papel mais diversificado A amizade tem sido
indicada como fator de proteccedilatildeo contra os efeitos do bullying de modo que ter
mais amigos relaciona-se negativamente agrave vitimizaccedilatildeo (Hodges Boivin Vitaro
amp Bukowski 1999)
223 Consequumlecircncias do Bullying
Segundo Matos e Gonccedilalves (2009) as consequumlecircncias do bullying
atingem opressores e viacutetimas podendo ter efeitos em longo prazo (Williams
Chambers Logan amp Robinson 1996) Para os agressores podem surgir
problemas no desenvolvimento e manutenccedilatildeo de relaccedilotildees positivas (Bullock
2002) aleacutem de maior tendecircncia para comportamentos de risco como consumo
de tabaco (KingWold Tudor-Smith amp Harel 1996) de aacutelcool (Due Holstein amp
Jorgeensen 1999 King et al 1996) e de drogas (DeHaan 1997) aleacutem de
baixo desempenho escolar (Due Holstein amp Jorgeensen 1999) Para as
viacutetimas as consequumlecircncias variam do isolamento sintomas fiacutesicos ou
psicossomaacuteticos tristeza ansiedade depressatildeo ou distanciamento quanto a
assuntos da escola ideaccedilatildeo de suiciacutedio e ateacute suiciacutedio (Young amp Sweeting
2004) Alunos oprimidos abandonam mais facilmente a escola seu rendimento
escolar pode baixar e podem tornar-se mais tarde novos opressores
(Isernhagen amp Harris 2004) As viacutetimas de bullying apresentam mais sintomas
de doenccedila psicoloacutegica (como depressatildeo e ansiedade) e doenccedila fiacutesica (como
dores de cabeccedila e dores abdominais) (Bond Carlin Thomas Rubin amp Patton
2001 King et al 1996 Rigby 1999 Salmon James amp Smith 1998 Williams
Chambers Logan amp Robinson 1996)
52
A experiecircncia de ser alvo de bullying estaacute correlacionada com
ansiedade depressatildeo e baixa auto-estima (Hawker amp Boulton 2000) Achados
de baixa auto-estima em relaccedilatildeo a bullying estatildeo diretamente relacionados a
comportamento anti-social (OMoore 2000)
O bullying constitui um seacuterio risco para o ajustamento psicossocial e
acadecircmico para as viacutetimas (Erath Flanagan amp Bierman 2008 Hawker amp
Boulton 2000 Isaacs Hodges amp Salmivalli 2008 Olweus 1994 Salmivalli amp
Isaacs 2005) e agressores (Kaltiala-Heino Rimpelauml Rantanen amp Rimpelauml
2000 Nansel et al 2004) Mesmo testemunhar atos de bullying pode ser uma
influecircncia negativa (Nishina amp Juvonen 2005) Estudantes que presenciaram
comportamentos opressores acabaram se tornando opressores tambeacutem
(Chapell et al 2004) Se os colegas ganham respeito por intermeacutedio de
comportamentos agressivos entatildeo alguns alunos adotam este tipo de
comportamento para chamar a atenccedilatildeo e defender-se (Warren Schoppelrey
Moberg amp McDonald 2005)
Outros estudos ainda se concentram na anaacutelise nas consequumlecircncias para
as crianccedilas do envolvimento em situaccedilotildees de bullying considerando os efeitos
em curto e longo prazos focalizando aspectos psicoloacutegicos sociais e prejuiacutezos
escolares (Eisenberg amp Aalsma 2005 Rigby 2003)
224 Estrateacutegias de Enfrentamento e Reduccedilatildeo de Praacuteticas de Bullying
Segundo Monks et al (2009) as estrateacutegias contra a manifestaccedilatildeo de
bullying geralmente satildeo abordadas em trecircs niacuteveis as estrateacutegias individuais as
estrateacutegias dos grupos de pares e as estrateacutegias da escola
53
As estrateacutegias de enfrentamento individuais variam de acordo com a
idade e o gecircnero Formas natildeo assertivas de enfrentamento (como chorar) tecircm-
se mostrado menos eficientes que ignorar o agressor ou buscar ajuda A
maioria dos alunos que sofre bullying natildeo revela o fato a professores ou
familiares (Naylor Cowie amp del Rey 2001)
Um segundo grupo satildeo as accedilotildees dos pares contra o bullying Smith e
Watson (2004) encontraram o companheirismo de pares e amigos na escola
primaacuteria e a orientaccedilatildeo ou aconselhamento de pares na escola secundaacuteria
Finalmente haacute diversas estrateacutegias utilizadas pelas escolas contra o
bullying Intervenccedilotildees monitoradas se restringem a uma escola em particular a
amplos projetos educacionais Smith Pepler e Rigby (2004) sugerem que estes
tecircm efeitos limitados variando entre aproximadamente zero ateacute um maacuteximo de
cerca de 50 de reduccedilatildeo nas taxas de prevalecircncia de bullying Em certos
casos os resultados tecircm sido levemente negativos A maioria dos programas
tem reduzido a prevalecircncia de bullying entre 10 e 20 Segundo Monks et al
(2009) haacute controveacutersias quanto agrave efetividade de programas para a escola toda
(Woods amp Wolke 2003) assim quanto aos efeitos do uso de sanccedilotildees mais ou
menos diretas contra estudantes que praticam o bullying (Smith Howard amp
Thompson 2007) ou se as estrateacutegias mais efetivas satildeo especificamente
direcionadas ao bullying ao clima das classes ou nas relaccedilotildees aluno-aluno ou
aluno-professor (Galloway amp Roland 2004)
Para Aquino (2002) o manejo dos conflitos escolares eacute prerrogativa dos
educadores No caso do fenocircmeno bullying existem estrateacutegias em estudo que
apontam eficaacutecia na diminuiccedilatildeo de sua ocorrecircncia Estrateacutegias estas que
envolvem toda a comunidade escolar (Beaudoin 2006 Costantini 2004)
54
Muitos estudos que tem o fenocircmeno bullying como objeto de
investigaccedilatildeo concentram seu interesse exatamente nas estrateacutegias de
intervenccedilatildeo (Greene 2006 Gini 2004 Orpinas Horne amp Staniszewski 2003
Stevens Bourdeaudhuij amp Van Oost 2001 Carney amp Merrell 2001 Young
1998)
Um estudo desenvolvido por Tamar (2008) no Chile teve como objetivo
conhecer as estrateacutegias utilizadas pelos professores diante de situaccedilotildees de
conflitos e maus tratos entre estudantes Algumas caracteriacutesticas dos
professores interferem na forma como atuam diante de casos de conflitos entre
estudantes Verificou-se que a experiecircncia a formaccedilatildeo e experiecircncia em
coordenaccedilatildeo satildeo aspectos favoraacuteveis para uma atuaccedilatildeo com mais firmeza
paciecircncia e compreensatildeo favorecendo o uso de estrateacutegias que promovem
climas escolares mais positivos e construtivos sendo percebido ainda com
efeitos mais duradouros Satildeo estrateacutegias que envolvem natildeo apenas os alunos
envolvidos mas ampliam a discussatildeo para todo o grupo tornando-os capazes
de reconhecer as consequumlecircncias negativas de suas accedilotildees tanto a niacutevel
individual como para todo o grupo bem como possibilitam reconstruir o
significado das suas accedilotildees Assim accedilotildees impulsivas marcadas por indiferenccedila
e intoleracircncia promovem respostas mais violentas dos alunos tornando a
convivecircncia escolar cada vez mais difiacutecil
O estudo realizado por Egbochuku (2007) na Nigeacuteria abordou tambeacutem
as estrateacutegias para impedirdiminuir a praacutetica de bullying E para o autor
merece destaque algumas estrateacutegias apontadas pelos alunos como
importantes pois indicam a importacircncia que as regras e regulamentaccedilotildees
sejam convenientemente executadas sugerindo que os estudantes desejam
55
maior rigor das figuras de autoridade na escola Outra necessidade apontada
pelos estudantes neste estudo foi a importacircncia das viacutetimas de bullying
revelarem para algueacutem o que estaacute ocorrendo assim como qualquer pessoa
que tenha presenciado situaccedilatildeo de bullying pois ao terem medo de revelar
contribuem para a continuidade das agressotildees
Tognetta e Vinha (2008 2010) defendem que eacute preciso um trabalho com
as imagens que os estudantes fazem de si mesmos Trata-se de algo anterior
agraves relaccedilotildees interpessoais um olhar agraves relaccedilotildees intrapessoais Os projetos de
intervenccedilatildeo ao bullying precisam garantir que crianccedilas e adolescentes ndash tanto
protagonistas como espectadores ndash possam construir identidades autocircnomas
que consigam gostar de si para gostar dos outros no seu sentido moral eacute pela
construccedilatildeo do respeito a si que eacute possiacutevel construir o respeito a outrem Para
estas autoras propostas que insistem apenas no estabelecimento de regras
pautadas em deveres e obrigaccedilotildees pouco poderatildeo favorecer ao
desenvolvimento de relaccedilotildees mais eacuteticas
56
CAPIacuteTULO III
3 BULLYING E RELACIONAMENTO PROFESSOR-ALUNO
31 Bullying e dinacircmica escolar
Considerando a grande ocorrecircncia de situaccedilotildees de bullying na escola eacute
importante analisar estudos que apontam dados referentes a aspectos
pertinentes agrave dinacircmica escolar envolvendo especificidades da praacutetica de
bullying no contexto escolar a relaccedilatildeo com o desempenho dos alunos como
tambeacutem o papel do professor
Estudo desenvolvido por Woods amp Wolke (2004) investigou a associaccedilatildeo
entre envolvimento em situaccedilatildeo de bullying e desempenho escolar com
crianccedilas entre 6 e 9 anos Os resultados natildeo apoacuteiam a suspeita de que baixo
desempenho e frustraccedilatildeo na escola levem a envolvimento em situaccedilotildees de
bullying De modo contraacuterio verificou-se que agressores que atuam em
relacional bullying que envolve prejuiacutezo aos relacionamentos levando a
exclusatildeo social com frequumlecircncia tem desempenho escolar na meacutedia ou ateacute
acima da meacutedia
Estudo realizado na Nigeacuteria (Egbochuku 2007) abordou diversos
aspectos sobre incidentes de bullying como frequumlecircncia local idade gecircnero
tipos de bullying e comparou os resultados em escolas puacuteblicas e privadas Um
aspecto a ser destacado eacute que eacute mais comum o incidente de bullying ocorrer
na sala de aula nas escolas puacuteblicas do que nas escolas privadas onde os
alunos revelam ser o paacutetio ou outros espaccedilos da escola (diferentes da sala de
aula) o local mais vulneraacutevel a esta praacutetica Este estudo abordou ainda quem eacute
o agressor sendo revelado que para grande maioria (74) o agressor eacute mais
57
velho ndash aluno de seacuteries mais avanccediladas Interessante este dado pois explica
porque comumente a sala de aula natildeo aparece com tanto destaque na
ocorrecircncia de bullying
Estudo realizado no Brasil explanado por Lopes Neto (2005) tambeacutem
indicou que aqui os estudantes identificam a sala de aula como o local de maior
incidecircncia desse tipo de violecircncia
Um outro estudo (Zindi 1994) citado por Egbochuku (2007) realizado
em coleacutegios internos (residecircncias) o dormitoacuterio foi o local mais apontado para
situaccedilotildees de bullying e a sala de aula tido como o espaccedilo de menor
ocorrecircncia
Na Nova Zelacircndia os estudantes afirmam que bullying ocorre em locais
onde natildeo haacute professor ocorrendo na sala de apenas na sua ausecircncia (Carroll-
Lind e Kearney 2004)
Para Mascarenhas (2006) a gestatildeo sistemaacutetica do bullying e da
indisciplina em ambientes educativos como uma atividade prioritaacuteria e de
rotina institucional sob a co-responsabilidade de toda a equipe educativa e
lideranccedilas estudantis pode afetar positivamente e determinar a melhoria na
qualidade do bem-estar psicossocial de docentes e discentes e de sua sauacutede
emocional Quanto agrave sauacutede emocional e o bem-estar de alunos e professores
Palaacutecios e Rego (2006) analisaram a literatura apontando a importacircncia de ser
considerar a relaccedilatildeo entre professores e alunos no bullying
Situaccedilotildees de bullying satildeo consideradas pelos educadores
erroneamente e por que natildeo irresponsavelmente como natural da idade ou
como uma brincadeira E assim satildeo ignorados colaborando para a
perpetuaccedilatildeo da agressatildeo Em estudo realizado no Brasil Lopes
58
Neto (2005) destaca que a maioria ndash 518 - dos alunos autores de bullying
afirmaram que nunca receberam nenhum tipo de orientaccedilatildeo ou advertecircncia
quanto agrave incorreccedilatildeo de seus atos
A escola se preocupa demasiadamente com as situaccedilotildees de indisciplina
enquanto as situaccedilotildees de violecircncia tatildeo frequente entre os pares o bullying natildeo
tem recebido dos educadores a mesma atenccedilatildeo Talvez por conceberem que
os problemas das crianccedilas natildeo satildeo tatildeo relevantes (Tognetta 2010)
Martins (2005) explorou as percepccedilotildees dos adolescentes sobre as
atitudes de alunos e de professores diante de situaccedilotildees de bullying e aspectos
referentes ao relacionamento dos adolescentes com colegas e com
professores Quanto aos relacionamentos com colegas e professores os
agressores satildeo os que se sentem pior com a aprendizagem e com os
professores A maioria dos adolescentes considera que os professores se
preocupam com a praacutetica de bullying mas que nem sempre sabem como agir
Estudo de Chang (2003) investiga a relaccedilatildeo entre as crenccedilas e
comportamentos dos professores e o comportamento agressivo retraiacutedo e de
lideranccedila nos estudantes Os resultados apontam que o comportamento do
professor desaprovando comportamentos agressivos dos alunos e apoiando
crianccedilas com comportamentos retraiacutedos ao mesmo tempo em que influencia a
auto avaliaccedilatildeo destes alunos provoca rejeiccedilatildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas
agressivas mas natildeo em relaccedilatildeo agraves crianccedilas retraiacutedas Comportamentos de
lideranccedilas natildeo tiveram impacto do comportamento de entusiasmo do professor
Em estudo desenvolvido por Tognetta e Vinha (2010) com alunos de
escolas puacuteblicas e particulares brasileiras aleacutem de diagnosticar o bullying
como um problema seacuterio que atinge crianccedilas e adolescentes as autoras
59
apresentam como resultado que os alunos referiram-se a situaccedilotildees que
tambeacutem foram humilhados ameaccedilados zombados por seus professores
A partir do exposto o presente estudo visa a ampliar o conhecimento do
fenocircmeno bullying destacando a inclusatildeo da relaccedilatildeo professoraluno como
eixo de anaacutelise da questatildeo levantada Se a sala de aula eacute cenaacuterio propiacutecio para
a ocorrecircncia de bullying eacute fundamental focalizar nas relaccedilotildees existentes na
sala de aula de forma a ampliarmos a compreensatildeo dos fatores que satildeo
responsaacuteveis pela sua ocorrecircncia
A sala de aula diferentemente do recreio eacute cenaacuterio de intensas relaccedilotildees
que permeiam o processo de aprendizagem O espaccedilo destinado agraves aulas a
sala promove outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que
satildeo ignorados e infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo
professoraluno O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos
escolares Como o aluno percebe o comportamento do professor e seu
envolvimento nestes conflitos Como o professor contribui sem perceber para o
fenocircmeno bullying ldquoA violecircncia eacute tatildeo velada que natildeo pensamos que as formas
de atuaccedilatildeo de um professor tambeacutem podem levar as crianccedilas a serem alvos e
autores de bullying ainda que indiretamenterdquo (Tognetta 2010 p 93)
Estas questotildees colocadas se apoacuteiam na suspeita do intenso poder do
professor a partir do momento que este souber valorizar e respeitar as relaccedilotildees
interpessoais na escola abrindo espaccedilo para a afetividade como elemento da
accedilatildeo docente que natildeo se esgota nos conteuacutedos
60
32 Justificativa e Objetivos
O bullying eacute um fenocircmeno que tem se agravado nos uacuteltimos anos
afetando os relacionamentos entre alunos nas instituiccedilotildees de ensino Apesar
de um grande nuacutemero de investigaccedilotildees sobre sua ocorrecircncia e consequumlecircncias
o papel do relacionamento entre professor e aluno ainda eacute pouco conhecido em
relaccedilatildeo agrave praacutetica de bullying Conhecer como os alunos de ensino fundamental
percebem suas relaccedilotildees com professores e investigar se estas estatildeo
relacionadas agrave praacutetica de bullying na escola representa um problema de
investigaccedilatildeo com repercussotildees sociais e educacionais
A relaccedilatildeo professor-aluno eacute um dos aspectos mais importantes no
mundo da escola Desta forma o objetivo deste estudo foi investigar possiacuteveis
interseccedilotildees entre o relacionamento professor-aluno e o envolvimento em
situaccedilotildees de bullying
O objetivo geral foi investigar o papel da relaccedilatildeo professor-aluno na
ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Como objetivos especiacuteficos
esta pesquisa buscou (a) investigar se os estudantes associam a praacutetica de
bullying como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar (b) investigar
se haacute o envolvimento dos participantes em situaccedilotildees de bullying e de que
forma se daacute este envolvimento como alvoviacutetimas autoresagressores ou
espectadorestestemunhas (c) identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-
aluno (d) identificar possiacuteveis correlaccedilotildees entre diferentes aspectos do
relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying
61
CAPIacuteTULO IV
4 MEacuteTODO
Neste estudo foi adotada uma abordagem metodoloacutegica qualitativa
quantitativa para possibilitar articulaccedilatildeo entre dados de naturezas diferentes e
consequentemente a ampliaccedilatildeo da investigaccedilatildeo acerca do objeto de estudo
em relaccedilatildeo aos estudos jaacute realizados
41 Participantes
Participaram do estudo 124 estudantes do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino
Fundamental de trecircs escolas da rede particular da cidade de Recife (PE)1
sendo 35 estudantes da escola A 17 da escola B e 72 da escola C2 O
processo para escolha das escolas foi por conveniecircncia garantindo que
fossem escolas localizadas em bairros distintos e de grande porte que
atendessem turmas da Educaccedilatildeo Infantil ao Ensino Meacutedio A opccedilatildeo por alunos
do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do Ensino Fundamental deu-se em funccedilatildeo da idade pois
os estudos mostram maior incidecircncia do bullying entre estudantes no iniacutecio da
adolescecircncia (1213 anos)
1 A coleta de dados ocorreu em Recife em virtude da possibilidade de contar com a participaccedilatildeo de
alunos de diferentes escolas mantendo o anonimato dos participantes e da facilidade de deslocamento da pesquisadora 2 A diferenccedila no nuacutemero de alunos foi devido a dificuldades com o Termo de Consentimento que tinha
que ser autorizado pelos pais e tambeacutem a coincidecircncia da data agendada para a coleta com atividades avaliativas na escola B
62
Para participar o estudante tinha que cursar a seacuterie selecionada para o
estudo aceitar participar da pesquisa3 e apresentar Termo de Consentimento
com a autorizaccedilatildeo dos responsaacuteveis
42 Procedimentos para coleta de dados
Inicialmente houve um contato com as escolas para apresentaccedilatildeo da
siacutentese do estudo a ser realizado agrave comunidade escolar e para garantir o
cumprimento do tracircmite eacutetico exigido para realizaccedilatildeo de pesquisa com
estudantes menores de idade Apoacutes a escola assinar o Termo de
Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa (Anexo 1) foram marcadas as
datas para coleta de dados de acordo com a conveniecircncia da escola e
disponibilizada coacutepias do Termo de Consentimento para Participaccedilatildeo na
Pesquisa (Anexo 2) para serem enviados aos pais e recolhidos pela escola
Em dia imediatamente anterior a data agendada para a coleta de dados
a pesquisadora compareceu agrave escola recolheu as autorizaccedilotildees jaacute devolvidas e
realizou o convite a todos os alunos para a participaccedilatildeo da pesquisa Neste
contato a pesquisadora expocircs em todas as turmas do 7ordm ano (6ordf seacuterie) do
Ensino Fundamental o teor do estudo as tarefas a ser realizadas a
importacircncia da autorizaccedilatildeo dos pais assim como todo o procedimento para
garantir o anonimato dos participantes Novamente foram disponibilizados
Termos de Consentimento para Participaccedilatildeo na Pesquisa para que os alunos
interessados em colaborar pudessem obter a autorizaccedilatildeo dos pais
3 Em virtude de jaacute serem adolescentes foi solicitado a cada participante que declarasse estar ciente e de
acordo com as informaccedilotildees fornecidas atraveacutes de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
63
Os dados foram coletados durante o horaacuterio de aulas regulares dos
alunos em sala previamente organizada pela escola com a presenccedila apenas
da pesquisadora e dos participantes Foi necessaacuteria a colaboraccedilatildeo de
funcionaacuterios das escolas para viabilizar a saiacuteda dos alunos das salas de aulas
com o consentimento dos professores e o deslocamento dos alunos ateacute o
espaccedilo onde ocorria a coleta mas em nenhum momento houve participaccedilatildeo de
qualquer pessoa da escola durante a coleta propriamente dita
A coleta de dados ocorreu apoacutes recolhimento da autorizaccedilatildeo dos pais e
solicitaccedilatildeo para que o proacuteprio participante lesse e assinasse o Termo de
Consentimento (Anexo 3)
Foram utilizados dois instrumentos de pesquisa uma redaccedilatildeo e um
questionaacuterio com questotildees fechadas Inicialmente os participantes produziam
uma redaccedilatildeo e em seguida preenchiam o questionaacuterio realizando
individualmente as duas atividades
Ao finalizar e entregar a produccedilatildeo escrita a folha era identificada atraveacutes
de uma etiqueta obtendo uma letra (A B ou C indicando a escola) e um
nuacutemero (indicando o nuacutemero de participantes)4 e outra etiqueta com esta
mesma identificaccedilatildeo era colocada no questionaacuterio que imediatamente era
entregue para preenchimento Este procedimento tinha como objetivo apenas
possibilitar a identificaccedilatildeo de que aquela determinada redaccedilatildeo e aquele
questionaacuterio especificamente eram do mesmo participante sem nenhum dado
4 Os participantes satildeo identificados da seguinte forma A1 a A35 ndash escola A B36 a B52 ndash escola B C59 a
C130 ndash escola C Natildeo existem participantes com numeraccedilatildeo entre 53 e 58 pois correspondem a alunos
da escola B que tiveram autorizaccedilatildeo dos pais e que natildeo participaram da coleta
64
a mais que possibilitasse identificar quem era o participante5 O preenchimento
do questionaacuterio ocorreu imediatamente apoacutes a realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo e natildeo
houve limite de tempo para finalizaccedilatildeo das atividades
Todos os procedimentos para a coleta de dados foram de
responsabilidade da pesquisadora e ocorreram entre os meses de Agosto a
Novembro de 2011 Optou-se pela realizaccedilatildeo da coleta de dados ao longo do
segundo semestre letivo de forma a garantir relacionamentos mais
estabelecidos tanto dos participantes com seus pares como com os
professores
43 Instrumentos de Pesquisa
431 A Redaccedilatildeo
O tema proposto para realizaccedilatildeo da redaccedilatildeo foi ldquoViolecircncia escolarrdquo e os
participantes deveriam escrever individualmente um texto entre 15 e 25 linhas
em folha pautada em branco entregue no iniacutecio da coleta pela pesquisadora
sem nenhuma identificaccedilatildeo sobre os participantes
432 O Questionaacuterio
O questionaacuterio buscou investigar diferentes aspectos do envolvimento do
aluno com alguma forma de bullying e como os adolescentes percebem o
relacionamento interpessoal professor-aluno e a relaccedilatildeo entre o
5 Com a exigecircncia para autorizaccedilatildeo dos pais a coleta de dados ocorreu em nuacutemero bem menor do que
estava previsto sendo realizada em pequenos grupos o que inviabilizou a indicaccedilatildeo do sexo e da idade
de cada participante visto que poderia possibilitar a identificaccedilatildeo do participante Isto inviabilizou que
tais dados fossem considerados na anaacutelise jaacute que estudos apontam diferenccedilas no envolvimento em
bullying entre meninos e meninas e tambeacutem com o aumento da idade
65
comportamento do professor e as situaccedilotildees de conflitos entre alunos Foi
construiacutedo com base no roteiro de entrevista utilizado por Wolke et al (2001) e
assim como no estudo citado neste questionaacuterio em nenhum momento o termo
bullying foi utilizado Este instrumento encontra-se em anexo (Anexo 4)
O questionaacuterio foi organizado em cinco partes variando o nuacutemero de
questotildees em cada parte A primeira parte era referente ao relacionamento do
participante com seus pares e era idecircntica em todos os questionaacuterios As
demais partes eram referentes ao relacionamento do participante com dois de
seus professores ndash um com quem considerava ter Bom Relacionamento e outro
que o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil Em nenhum momento
era necessaacuterio que o aluno indicasse qualquer informaccedilatildeo sobre o professor
que viabilizasse a identificaccedilatildeo do mesmo
Em metade dos questionaacuterios aplicados em cada escola apoacutes a primeira
parte os alunos respondiam inicialmente sobre um professor que considerara
ter Bom Relacionamento (segunda e terceira partes) e em seguida respondiam
sobre o professor que considerara ter um Relacionamento Difiacuteci(quarta e quinta
partes) E na outra metade dos questionaacuterios apoacutes a primeira parte os alunos
respondiam de iniacutecio sobre um professor que considerara ter um
Relacionamento Difiacutecil (segunda e terceira partes) e posteriormente
respondiam sobre o professor que considerara ter Bom Relacionamento(quarta
e quinta partes) Esta variaccedilatildeo teve por objetivo eliminar o efeito da ordem do
preenchimento do questionaacuterio garantindo que metade dos participantes
considerassem primeiro um professor com Bom Relacionamento e em seguida
um professor com Relacionamento Difiacutecil enquanto os demais iniciassem
66
considerando um professor com Relacionamento Difiacutecil para em seguida
considerar um professor com Bom Relacionamento
Para todas as questotildees as possibilidades de respostas eram as
mesmas e avaliavam a frequumlecircncia do acontecimento investigado ao longo do
ano letivo em curso As possibilidades de respostas eram Natildeo nenhuma vez
Sim apenas uma vez Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com
frequumlecircncia Nas instruccedilotildees iniciais do questionaacuterio era indicado que o
participante considerasse a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos
investigados Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso
Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs Com frequumlecircncia toda
semana (ou quase toda semana) Estes itens apresentados para respostas
foram elaborados com base em estudos que investigaram a frequecircncia de
acontecimentos relacionados ao bullying (Carvalhosa et al 2001 Wolke et al
2001)
A primeira parte do questionaacuterio buscou investigar o envolvimento do
aluno em situaccedilotildees de bullying assim como a frequumlecircncia deste envolvimento
considerando o relacionamento dele com os colegas identificando se o mesmo
ao longo do ano letivo em curso (a) agrediu fisicamente algum colega por
qualquer motivo (b) agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo (c)
provocou ou zombou de algum colega (d) impediu a participaccedilatildeo de algum
colega em alguma atividade com outros colegas da escola (trabalhos em
grupo festas atividades esportivas etc) (e) sofreu agressatildeo fiacutesica de algum
colega (f) sofreu agressatildeo verbal de algum colega (g) sofreu provocaccedilotildees
continuadas de algum colega (h) sofreu exclusatildeo ao demonstrar interesse em
participar de alguma atividade com os colegas da escola (trabalhos em grupo
67
festas atividades esportivas etc) (i) presenciou um colega ou amigo sofrer
agressatildeo fiacutesica de outro colega (j) presenciou um colega ou amigo sofrer
agressatildeo verbal de outro colega (k) presenciou um colega sofrer provocaccedilotildees
continuadas de outro colega (l) percebeu que algum colega foi excluiacutedo
mesmo estando interessado em participar de alguma atividade com os colegas
da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
A parte referente agrave relaccedilatildeo do participante com o professor investigou
inicialmente (segunda e quarta partes) a percepccedilatildeo do aluno quanto a seu
relacionamento com o professor considerando aspectos relativos ao
desenvolvimento das aulas e quanto a eventos associados ao bullying
abordando atitudes tais como (a) elogios ao aluno publicamente (b) atenccedilatildeo
aos comentaacuterios e perguntas do aluno ao longo da aula (c) interesse nas
atividades realizadas pelo aluno (d) solicitaccedilatildeo ao aluno de participaccedilatildeo ao
longo da aula (solicitar exemplos respostas encontradas nas atividades
duacutevidas comentaacuterios etc) (e) apoio recebido (quanto apoio recebe desse
professor) (f) indiferenccedila a seu comportamento na sala (g) exposiccedilatildeo do aluno
a situaccedilatildeo constrangedora na sala (h) descrenccedila em relaccedilatildeo a algo referente
ao aluno (afirmar que sabe que o aluno natildeo fez a tarefa duvidar da realizaccedilatildeo
de alguma atividade ou de algum resultado) (i) encaminhamento para a equipe
da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo (j) solicitaccedilatildeo para se retirar da sala
durante a aula (k) exposiccedilatildeo do aluno a ameaccedilas diversas (de ser reprovado
de convidar os pais na escola de suspender das suas aulas) (l) realizaccedilatildeo de
comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada pelo aluno (na
aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no
relacionamento com outros professores) (m) entrar em conflito com o aluno
68
(discutir gritar agredir) (n) provocar ou incentivar o conflito entre o aluno e os
colegas (o) ser omisso em relaccedilatildeo a conflitos do aluno com colegas (p) tomar
partido nos conflitos do aluno (q) buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de
conflitos do aluno com colegas (r) manter clima de natildeo-violecircncia entre o aluno
e seus colegas (s) incentivar a compreensatildeo toleracircncia e amizade do aluno
com colegas
A parte seguinte (terceira e quinta partes) ainda sobre o relacionamento
professor-aluno investigou alguns aspectos do relacionamento do professor
com seus colegas de turma em geral quanto a pontos relacionados agrave praacutetica
de bullying como segue (a) entrar em conflito com os alunos (discutir gritar
agredir) (b) provocar ou incentivar o conflito entre os alunos (c) ser omisso em
relaccedilatildeo a conflitos entre alunos (d) tomar partido nos conflitos entre alunos (e)
buscar a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos entre alunos quando surgem (f)
manter clima de natildeo-violecircncia entre os alunos (g) criar e manter clima de
competitividade e agressividade entre os alunos (h) negar possibilidade de
envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos (i) incentivar a
compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
Em todos os questionaacuterios a quarta e a quinta partes tinham as mesmas
perguntas da segunda e terceira partes na mesma ordem variando apenas a
que professor os participantes estavam se referindo Bom Relacionamento ou
Relacionamento Difiacutecil
69
44 Procedimentos para anaacutelise de dados
Os dados das redaccedilotildees foram examinados qualitativamente de acordo
com a Anaacutelise do Conteuacutedo proposta por Bardin (2004) que consiste em
articular os momentos de descriccedilatildeo inferecircncia e interpretaccedilatildeo implicando na
apresentaccedilatildeo da significaccedilatildeo do conteuacutedo expresso em forma de categorias
Para a anaacutelise de conteuacutedo considerou-se o tema como unidade de
significaccedilatildeo tratando-se portanto de anaacutelise temaacutetica Os temas presentes nas
redaccedilotildees foram organizados em categorias visando fornecer uma
representaccedilatildeo simplificada do conteuacutedo A categorizaccedilatildeo foi realizada a partir
dos temas presentes nas redaccedilotildees sem a definiccedilatildeo preacutevia de qualquer sistema
de categorizaccedilatildeo
A tabulaccedilatildeo das respostas do questionaacuterio e as Estatiacutesticas Descritivas
foram realizadas por meio do SPSS (Social Package for the Social Science)
Em seguida procedeu-se uma anaacutelise da adequaccedilatildeo dos dados para a
realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial a partir de anaacutelise de componentes principais
sendo realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward
E por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os aspectos investigados
Os resultados foram discutidos agrave luz dos estudos sobre o
relacionamento professor-aluno e bullying tendo a obra de Robert Hinde como
referencial teoacuterico para a organizaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos dados
45 Aspectos Eacuteticos
Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiu rigorosamente os
criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas
70
com seres humanos - Resoluccedilatildeo Nordm 196 de 10 de Outubro de 1996 Resoluccedilatildeo
CFP Nordm 0162000 de 20 de Dezembro de 20006 Este trabalho foi submetido e
aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica e Deontologia em Estudos e Pesquisas
(CEDEP) da Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco (UNIVASF)
Foram preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos
participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados
para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees
cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes Visando
garantir este anonimato em nenhum momento seraacute divulgado o nome da
escola que participou desta pesquisa
6 Disponiacuteveis em httpwwwgraduacaounivasfedubrcedeppg=paginas|pagina04-html
71
CAPIacuteTULO V
5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
51 Anaacutelise das Redaccedilotildees
A anaacutelise das redaccedilotildees de estudantes de Recife sobre o tema ldquoViolecircncia
Escolarrdquo permite compreender como esses alunos convivem com o fenocircmeno
como entendem sua dinacircmica como reagem a ele e por fim como visualizam
formas de superaacute-lo A partir da leitura das redaccedilotildees foi proposta uma
organizaccedilatildeo dos dados de modo a refletir a diversidade e a complexidade
presente na abordagem do tema em questatildeo Os dados foram organizados e
estatildeo apresentados nos seguintes temas
Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante
A Violecircncia como parte do cotidiano
Violecircncia escolar e bullying
A Dinacircmica da violecircncia
As Raiacutezes da Violecircncia Escolar
Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar
Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo ameaccedilas
chantagens intoleracircncia preconceito
As agressotildees verbais
Violecircncia escolar e brincadeira
Violecircncia escolar e o professor
72
A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar
Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo
Consequecircncias
Violecircncia e relacionamento
Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar
O Papel da Escola
O Papel do Estado
O Papel dos Proacuteprios Participantes
Os resultados a seguir satildeo produto de uma anaacutelise temaacutetica do conteuacutedo
das redaccedilotildees O conteuacutedo de 124 redaccedilotildees foi analisado qualitativamente
quanto aos temas presentes relacionados agrave violecircncia escolar Os temas
abordados pelos participantes tecircm grande semelhanccedila com os aspectos
explorados nos diferentes estudos sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo como pode ser
visto no segundo capiacutetulo deste trabalho
511 Violecircncia Escolar e o Cotidiano do Estudante
5111 A Violecircncia como parte do cotidiano
A violecircncia eacute considerada como algo presente no cotidiano atingindo
muitas escolas ldquoviolecircncia escolar eacute muito comum atualmenterdquo (A30) ldquoa
violecircncia escolar estaacute presente em nosso dia a dia isso eacute verdade e ningueacutem
pode ir contra essa verdaderdquo (B40) ldquoa violecircncia escolar estaacute presente em
muitas escolasrdquo (C69) ldquohoje em dia a violecircncia escolar eacute muito grave pois
agora em muitas escolas estaacute tendo issordquo (B42) podendo atingir as escolas de
um modo geral ldquocomo todos vocecircs sabem haacute violecircncia nas escolas de todo o
73
Brasil e todo mundordquo (B47) ldquoa violecircncia escolar acontece em todas as escolasrdquo
(A18) ldquoa violecircncia escolar eacute um assunto muito importante pois estaacute muito
presente em milhares de escolas de todo o paiacutesrdquo (A19)
Aleacutem de bem presente no cotidiano a violecircncia envolve diversas
pessoas sejam adultos ou crianccedilas ldquoa violecircncia escolar eacute vivida por muitas
crianccedilas e adolescentes hoje em diardquo (A24) ldquoAs violecircncias na escola que
muitas vezes eu vejo satildeo alunos que tecircm problemas uns com os outrosrdquo
(C117) atinge tanto alunos como professores ldquoviolecircncia escolar na atualidade
eacute um grande problema entre professores alunos diretoresrdquo (B36) ldquotodo
mundo ou quase todo mundo jaacute sofre ou vai sofrer provavelmente parece que
estaacute marcado no seu destinordquo (C85)
A violecircncia escolar eacute vista como algo comum e frequente ldquoA violecircncia
faz parte do mundo moderno e nas escolas isso estaacute cada vez mais comumrdquo
(C109) ldquohoje em dia eacute muito comum ter violecircncia na escola pois os alunos que
fazem isso gostamrdquo (A17) ldquoultimamente a agressatildeo escolar eacute cada dia mais
comumrdquo (B44) ldquoem todos esses anos de estudo eu acho que isso (violecircncia
escolar) ocorre frequentementerdquo (A14)
Assim como mostram outros estudos (Abramovay 2005 Silva 1997) os
estudantes consideram que a violecircncia na escola eacute algo presente haacute muito
tempo ldquoA violecircncia escolar vem acontecendo de longa data e muitas vezes eacute
ocasionada por puras besteirasrdquo (C80) ldquoEu acho que violecircncia escolar eacute algo
que acontece haacute muito tempo e em muitos lugares do mundordquo (C100)
Entretanto haacute os que a consideram algo recente ldquoA violecircncia na escola eacute
muito recenterdquo (C120) ldquoViolecircncia na escola isso hoje em dia parece que eacute
modardquo (C85) Mas independente de ser algo recente ou antigo reconhece-se
74
que estaacute se intensificando ldquoeu acho que a violecircncia escolar vem a cada dia
(sendo) praticada mais e maisrdquo (B37) ldquoA violecircncia vem aumentando muito nos
uacuteltimos anos porque as pessoas acham que a violecircncia resolve tudo mas ela
soacute piora os problemasrdquo (C90) ldquoA violecircncia nas escolas diminuiu faz pouco
tempo mas agora voltou com tudordquo (C123) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando
a cada dia piorrdquo (C128) ldquoesse fato (violecircncia escolar) vem crescendo mais e
mais a cada diardquo (A15) Na situaccedilatildeo relatada a seguir transparece este
aumento da intensidade na violecircncia escolar haacute a presenccedila de agressatildeo fiacutesica
chegando agrave posse de um instrumento cortante que poderia aumentar os danos
fiacutesicos causados
ldquoPelo menos 1 ou 2 vezes por mecircs haacute casos deste tipo e cada vez pior com murros socos e ateacute houve casos de levar canivete para prejudicar os outrosrdquo (A8)
Tanto se intensifica como tambeacutem aparecem alguns elementos novos
ldquoA violecircncia escolar no comeccedilo era soacute de meninos por causa de dinheiro ou
beleza etc Mas agora as brigas vecircm aumentando com brigas (tanto) de
meninos como de meninas () Eu jaacute vi vaacuterios e vaacuterios casos dessas brigas e
os principais motivos satildeo meninos Elas brigam porque acabou o namoro e
depois outra menina namora com elerdquo (C94) E o motivo eacute considerado banal
ldquohoje em dia eacute muito frequente brigas entre alunos pode ser ateacute mesmo por
uma besteirardquo (A3) ldquoA violecircncia cada vez mais estaacute se tornando mais repetitiva
e mais bruta esse ano ateacute jaacute houve casos brutos de morte por causa de um
barulho de uma canetardquo (C119)
Os meios de comunicaccedilatildeo contribuem para que a violecircncia faccedila parte do
cotidiano dos estudantes ldquoBem a violecircncia escolar agora estaacute muito comum
nas escolas na televisatildeo passa direto vaacuterios casos desse tipordquo (C94) ldquoCada
75
vez mais vemos na TV e ateacute mesmo do nosso lado a violecircncia na escolardquo
(C99) ldquoEsse ano na televisatildeo foram colocados muitos casos por exemplo o
do menino que levou um tiro na proacutepria escola e tinha apenas 5 anosrdquo (C107)
ldquoHaacute muitos atos de violecircncia nas escolas eu nunca vi mas eacute que passa na TV
() tipo em uma escola do Rio de Janeiro teve um ato de violecircncia duas
garotas brigavam parecendo que iam se matar isso virou um caso na poliacutecia
ateacute passou na TVrdquo (C98) Eacute um tema presente nos programas jornaliacutesticos
ldquosempre quando assisto o jornal falam de um caso que tem a ver com a
violecircncia na escolardquo (A22) ldquoeacute muito comum noacutes vermos no noticiaacuterio histoacuterias
de alunos agredirem alunos por motivos pequenosrdquo (C70) ldquoMuitos noticiaacuterios
falam que os alunos levam armas facas e etcrdquo (C111) Os alunos entram em
contato com o tema da violecircncia atraveacutes de programas diversificados ldquoeu jaacute me
cansei de ver nos filmes aqueles alunos que maltratam os colegas agraves vezes
roubando o dinheiro ou fazendo ameaccedilasrdquo (A9) ldquoEsse fato da violecircncia escolar
pode ser tatildeo marcante na vida que tem ateacute filmes que tratam desse assuntordquo
(C100) ldquona televisatildeo todo dia passa algum documentaacuterio que um aluno bateu
no outro matou o outro xingou o outro etcrdquo (A4) Percebe-se um grande
destaque ao que eacute divulgado pela televisatildeo mas reconhece-se que tambeacutem
aparece nos diversos meios de comunicaccedilatildeo ldquoHoje em dia eacute muito comum vecirc
em jornais revistas na televisatildeo alunos agredindo um ao outro e isso as
vezes se torna tatildeo grave que vai parar no hospitalrdquo (A35) ldquoquando eu li uma
notiacutecia de jornal sobre isso eu pensei consigo mesmo seraacute que ateacute isso eles
fazemrdquo (A3)
Silva (1997) destacou a ecircnfase dada pelos alunos em seu estudo aos
filmes e aos programas violentos da televisatildeo como explicaccedilatildeo da violecircncia A
76
familiaridade e intensidade com que os jovens estatildeo expostos agrave programaccedilatildeo
parece favorecer que associem o que vivenciam na escola com o que
percebem nos programas que assistem
A violecircncia na escola puacuteblica parece estar mais em evidecircncia ldquoeu acho
que a violecircncia escolar eacute muito comum no Brasil principalmente em escolas
puacuteblicas do nordesterdquo (A12) ldquonas escolas puacuteblicas de vez em quando
acontecem muitas brigas entre internos e externosrdquo (C123) ldquoHoje em dia eacute
muito comum ocorrer violecircncia nas escolas principalmente nas puacuteblicasrdquo
(C64) ldquohoje em dia eacute muito comum a violecircncia escolar principalmente nas
escolas puacuteblicasrdquo (C70) ldquonos coleacutegios puacuteblicos eacute briga por causa de drogas
briga de gangues etcrdquo (C91) Natildeo obstante os alunos reconhecem que a
violecircncia natildeo eacute exclusividade deste tipo de escola ldquojaacute ouvi muitas histoacuterias
sobre violecircncia nas escolas e natildeo e soacute nas escolas puacuteblicas natildeo tem violecircncia
nas particulares tambeacutemrdquo (A22) ldquoViolecircncia escolar eacute um ato que vem
acontecendo com muita frequumlecircncia nas escolas particulares ou escolas
puacuteblicasrdquo (C107)
A desigualdade social eacute abordada quando haacute referecircncia ao tipo de
escola ldquoNas escolas puacuteblicas isso acontece agraves vezes devido a vida que o
aluno vive agraves condiccedilotildees educacionais delerdquo (C110) Os trechos abaixo
evidenciam a relaccedilatildeo entre o tipo de escolar por conseguinte o poder
aquisitivo e comportamentos que promovem violecircncia
ldquoAchamos por motivos de desigualdade social que essa violecircncia soacute acontece em escolas puacuteblicas de pessoas com um niacutevel inferior Poreacutem ateacute nas escolas de grande porte e com mensalidades absurdas acontece esse tipo de coisardquo (A31) ldquoEu jaacute vi INUMEROS casos de violecircncia escolar na TV principalmente com os coleacutegios de classe meacutedia porque eles acham
77
que podem mandar no coleacutegio soacute porque satildeo ricos eles se achamrdquo (C69) ldquoEu acho que isso acontece mais nas escolas puacuteblicas (natildeo que a violecircncia natildeo tenha nas particulares) porque as pessoas satildeo menos disciplinadas e natildeo recebe uma orientaccedilatildeo (C113)
Parece que os alunos reproduzem situaccedilotildees de preconceito e exclusatildeo
social ao relacionarem a violecircncia ao niacutevel soacutecio-econocircmico Eacute possiacutevel que os
pais e tambeacutem os professores alertem os estudantes para essa ldquorealidaderdquo
(Abramovay 2005) E desta forma a escola perpetua situaccedilotildees de preconceito
se tornando um lugar onde se aprende violecircncia (Galvatildeo et al 2010)
A violecircncia escolar eacute tema de discussatildeo bem presente nas escolas
ldquoeste eacute um tema muito discutido entre as pessoas que eu conheccedilordquo (A10)
ldquoviolecircncia escolar eacute um assunto muito debatido e combatido pelos coleacutegios
nos dias de hojerdquo (A13) ldquoO tema violecircncia escolar eacute um assunto que deve ser
debatido e resolvido dentro da escola Desde que entrei na escola tivemos
vaacuterios momentos de discussatildeo deste assuntordquo (C75) mas haacute alunos que
destacam que a discussatildeo precisa ser ampliada ldquona minha opiniatildeo a violecircncia
escolar eacute um assunto pouco abordado e esclarecidordquo (A9) ldquoViolecircncia escolar
acho um tema que precisa ser abordado pois estaacute cada vez piorrdquo (C118)
Os alunos demonstram grande familiaridade com o tema da violecircncia na
escola ldquoconheccedilo muitas pessoas que foram viacutetimas de violecircncia
principalmente nas escolas Conheccedilo pessoas que sofreram vaacuterios tipos de
violecircncia como a verbal a violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (A10) ldquoe conheccedilo
vaacuterias pessoas que jaacute aconteceu isso com elas Eu vi como elas se sentiam
tristes sozinhas e excluiacutedasrdquo (C62)
Vaacuterios participantes relataram jaacute haver presenciado algum tipo de ato
78
violento na escola ldquoeu jaacute vi muitos casos e fiquei na minhardquo (B44) ldquojaacute
presenciei fatos horriacuteveis de agressotildees fiacutesicas e na sala de aula existe muitordquo
(A31) ldquona minha escola jaacute presenciei um uacutenico caso e pelo visto todos que
estavam ao meu redor gostaram ou ficaram espantadosrdquo (B44)
Contudo tambeacutem eacute possiacutevel ver a escola acima da violecircncia ldquona minha
opiniatildeo natildeo haacute violecircncia na escola pois na escola eacute um lugar onde noacutes
aprendemos nos relacionamos com pessoas (amigos e professores)rdquo (A6)
5112 Violecircncia escolar e bullying
A questatildeo do bullying eacute bastante abordada quando os estudantes se
referem agrave violecircncia escolar ldquonos uacuteltimos anos estatildeo ocorrendo fatos que vem
preocupando muito brasileiros o chamado lsquobullyingrsquo que satildeo agressotildees fiacutesicas
e verbaisrdquo (A34) ldquoEm muitas escolas brasileiras ocorre um fenocircmeno natildeo
agradaacutevel que se chama Bullyingrdquo (B51) sendo tambeacutem apresentado como
bem presente no cotidiano ldquoacho que eacute o bullying que estaacute sempre presente
entre os alunosrdquo (B41) ldquoo bullying eacute uma coisa ateacute considerada comum porque
acontece toda horardquo (C114) ldquohoje em dia eacute muito frequente vermos a violecircncia
entre alunos o chamado bullyingrdquo (A15) ldquoUm outro (tema) que estaacute dentro da
violecircncia escolar eacute o bullyingrdquo (C107) ldquoMuitas vezes nas escolas haacute o bullying
no qual alunos e alunas satildeo ameaccedilados por colegas muitas vezes por
preconceitordquo (C121) ldquoMas o bullying natildeo eacute soacute colocar apelido que natildeo gosta
mas tambeacutem faze-lo passar mico colocar videos em que a pessoa se envolva
na internet sem que ela queira bater no colega forccedilando-o a lhe dar dinheirordquo
(B41)
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Agraves vezes a violecircncia escolar inclusive eacute identificada como bullying ldquoa
violecircncia escolar eacute chamada tambeacutem de Bullying Esse tipo de violecircncia
acontece mais entre jovensrdquo (B49) ldquoviolecircncia escolar que na verdade eacute o
bullying que eacute alunos agredindo uns aos outros abusando e etcrdquo (C71) ldquoa
violecircncia na escola se trata de bullyingrdquo (A11) ldquoEsse tipo de violecircncia tambeacutem
eacute chamado de bullyingrdquo (B47) ldquoa violecircncia escolar (bullying) eacute muito constante
em escolas e faculdaderdquo (B48) ldquoviolecircncia na escola eacute muito frequente quando
isto ocorre na maioria das vezes chamamos de bullyingrdquo (C73) ldquoatualmente a
violecircncia praticada nas escolas eacute denominada Bullyingrdquo (B50) Mas tambeacutem
aparecem aspectos que diferenciam violecircncia escolar e bullying ldquoa violecircncia
escolar eacute tudo o que machuca o colega a violecircncia escolar pode ser verbal ou
fiacutesica Jaacute o bullying eacute quase a mesma coisa soacute que eacute feito frequentemente em
escolasrdquo (C76) ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar e jaacute falamos do
preconceito temos que falar do bullying que eacute quando a pessoa sofre
diariamente agressotildeesrdquo (C81)
Percebe-se que os elementos utilizados pelos estudantes para fazer
referecircncia ao bullying estatildeo na direccedilatildeo dos aspectos utilizados pela literatura
consultada (Tognetta e Vinha 2010 Fante 2005 Lopes Neto 2005) Os
estudantes abordam a questatildeo da intencionalidade da constacircncia a questatildeo
da diferenccedila de poder
As situaccedilotildees envolvendo bullying tambeacutem estatildeo ficando mais frequente
ldquoo bullying estaacute cada vez aumentando na escola com os xingamentos a
violecircncia e varias outras coisasrdquo (C66) ldquoNas escolas os casos de bullying vem
aumentando e seus agressores praticantes mais comunsrdquo (C109) ldquoNatildeo eacute
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raro ocorrer Bullyingrdquo (B50) ldquoo bullying vem ficando cada vez maior no Brasil
fato que preocupa e potildee em alerta os oacutergatildeos escolares que cada vez mais
estatildeo tentando combater o bullyingrdquo (C88) Haacute relatos que satildeo bem expliacutecitos
em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de bullying
ldquoComeccedilando sobre o Bullying que jaacute presenciei eacute de um colega meu com outro pois ele fala coisas de sua aparecircncia cara de ET e natildeo eacute muito amigo dele Haacute tambeacutem uma menina que eacute soacute olhar para o outro que comeccedila a falar mal delerdquo (C110)
Eacute importante que Bullying tambeacutem seja um tema debatido na escola
ldquoBom na escola principalmente acontece muito bullying acho que falta mais
explicaccedilatildeo aos alunos (amigos) mesmo com palestras tem muito bullying no
coleacutegiordquo (C63) ldquoO bullying hoje em dia eacute um tema bastante discutido
principalmente nas escolasrdquo (B52) ldquoAcho que eacute muito importante ter palestras
sobre bullying para reforccedilar a ideacuteia da natildeo violecircncia escolar a pessoa deveria
ter a consciecircncia de que a violecircncia natildeo resolve nadardquo (C70)
Haacute diversos aspectos considerados para explicar em que consiste o
bullying O tipo de agressatildeo ldquoo bullying eacute qualquer agressatildeo fiacutesica ou
psicoloacutegica que eacute feito com um indiviacuteduordquo (B48) ldquoCaracteriza-se bullying os
apelidos maldosos xingamentos agraves pessoas e agrave famiacutelia a violecircncia fiacutesica
(bater chutar etc) dentre outrosrdquo (C109) as pessoas envolvidas ldquoO bullying eacute
uma atividade de que uma ou mais pessoas que maltratam a outra pessoa
sendo oral ou brutal O bullying na maioria das vezes eacute praticado na escolardquo
(C126) a constacircncia ldquo(bullying) eacute a agressatildeo fiacutesica e mental que acontece
todo dia e tambeacutem com gente da mesma idaderdquo (C107) No trecho a seguir
percebe-se o esforccedilo visando esclarecimento sobre o que eacute bullying ldquoComeccedilo
81
essa redaccedilatildeo falando de bullying termo inglecircs sem traduccedilatildeo usado para
nomear um tipo de abuso que ocorre na escola feito por alguns alunos e
sofridos por outrosrdquo (C88)
Parece que a intensidade de exposiccedilatildeo eou vivecircncia das situaccedilotildees de
bullying na escola colabora para que os alunos expressem os diferentes
aspectos que envolvem a praacutetica de bullying
Mesmo sendo muito apontado como violecircncia escolar reconhece-se o
bullying como algo que natildeo eacute restrito agrave escola ldquoExistem vaacuterios tipos de
bullying o ciberbullying que eacute o bullying na internet o bullying na aacuterea de
trabalho entre outrosrdquo (B52) ldquoeste (bullying) natildeo existe apenas na escola mas
dentro ou fora eacute um ato ridiacuteculo ningueacutem tem motivos para fazer issordquo (C72)
O bullying aparece como motivaccedilatildeo para violecircncia na escola ldquoDentro da
escola os principais motivos que levam a uma violecircncia satildeo desentendimentos
que satildeo comuns na vida e o bullyingrdquo (C72) ldquoagraves vezes satildeo motivos realmente
seacuterios como o bullying que eacute um xingamento com uma pessoa que fala
diferente da outra (sotaque)rdquo (C74) ldquoa violecircncia fiacutesica tambeacutem eacute comum agraves
vezes nem percebemos mas se torna bullying algo seacuterio que deve ser
combatidordquo (C68) No relato a seguir esta questatildeo eacute bastante evidente ldquoEu
mesmo jaacute sofri disso por muito tempo Eu me lembro que numa vez uns caras
comeccedilaram a me irritar ai eu peguei uma cadeira e fingi que ia bater nelesrdquo
(B38)
Situaccedilotildees de bullying estatildeo tambeacutem presentes nos meios de
comunicaccedilatildeo ldquoNa televisatildeo passa um seriado que se chama Todo Mundo
Odeia o Cris eacute um garoto negro que sofre muito por ser desta cor e o pior eacute
que ele estuda numa escola soacute de brancos E sofre o bullying pelo garoto
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brancordquo (C107) ldquoEm uma reportagem eu vi que na maioria das escolas do
Brasil eacute praticado esse tipo de violecircncia (bullying) E passa na TV muitas
entrevistas que o menino agrediu o outro verbalmente fisicamenterdquo (C113)
ldquoVejo em muitas reportagens esse tema que atinge milhares de jovens o
famoso Bullyingrdquo (C118)
512 A Dinacircmica da violecircncia
A violecircncia escolar eacute apresentada a partir de alguns aspectos que a
compotildee possibilitando compreensatildeo da complexidade deste fenocircmeno
Inicialmente satildeo feitas consideraccedilotildees sobre suas raiacutezes dando destaque ao
papel da famiacutelia na educaccedilatildeo dos jovens Percebe-se referecircncia a algumas
caracteriacutesticas pessoais daqueles envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia escolar
fica evidente o papel exercido pelo medo e pelas ameaccedilas e chantagens
assim como eacute muito presente situaccedilotildees de intoleracircncia e de preconceito Eacute
colocado grande destaque a violecircncia executada atraveacutes de agressotildees verbais
eou de brincadeiras E por fim haacute inclusatildeo da figura do professor na
apresentaccedilatildeo dos elementos que compotildeem este cenaacuterio de violecircncia
5121 As raiacutezes da Violecircncia Escolar
Vaacuterias satildeo as causas atribuiacutedas agrave violecircncia escolar geralmente
relacionadas ao ambiente escolar ao ambiente familiar incluindo o tipo de
educaccedilatildeo ou relacionamento familiar daqueles envolvidos em atos violentos e
de forma mais ampla atribui-se a causas na sociedade inclusive na miacutedia
A influecircncia da famiacutelia eacute intensamente referenciada nas reflexotildees acerca
da origem dos comportamentos violentos na escola O papel da famiacutelia na
83
educaccedilatildeo dos filhos aparece com realce ldquoSabemos que isso se daacute por
diversos motivos () o principal eacute a educaccedilatildeordquo (C99) ldquoeacute tudo (violecircncia) uma
questatildeo de educaccedilatildeordquo (A12) sendo modelo para o seu comportamento ldquoPenso
que a violecircncia na escola se daacute a partir da educaccedilatildeo em casa ou seja a dos
pais aqueles pais que ajudam a formar o caraacuteter dos filhos que servem de
exemplos para elesrdquo (C99)
O fracasso da famiacutelia na educaccedilatildeo dos filhos eacute salientado ldquoA violecircncia
na escola estaacute cada vez maior porque ningueacutem se respeita e os pais natildeo datildeo
educaccedilatildeo para seu filhordquo (C66) ldquoParticularmente acho que a violecircncia escolar
comeccedila nos lares (pela falta de repreensatildeo dos pais)rdquo (C78) comprometendo
toda a formaccedilatildeo do individuo ldquoeu acho que (quem) pratica a violecircncia eacute porque
natildeo teve infacircncia e natildeo foi bem criadordquo (A11) Haacute ainda destaque para a figura
materna ldquose os pais neste caso matildees natildeo estatildeo cumprindo o dever delas
para com os filhos os filhos na escola obviamente natildeo seratildeo propiacutecios
podendo ter dificuldade de se relacionar natildeo aprender o conteuacutedo outra forma
eacute praticando a violecircnciardquo (C103)
Suspeita-se inclusive que pessoas envolvidas em situaccedilotildees de
violecircncia na escola satildeo expostas a violecircncia domeacutestica ldquoA violecircncia na escola
comeccedila em casa que laacute mesmo tem entatildeo estaacute na hora todos comeccedilarem a
mudarrdquo (C110) ldquomuitas vezes esses alunos batem um no outro ou porque vecirc
isso em casa ou porque tem muita raiva muita fuacuteriardquo (A4) ou ateacute mesmo satildeo
viacutetimas desta violecircncia ldquoMuitas vezes crianccedilas que batem e agridem amigos
satildeo assim tratadas dentro de sua residecircnciardquo (A24) ldquoos pais mesmos tem que
ensinar ao seu filho porque a educaccedilatildeo vem de casa e quem pratica o bullying
geralmente sofre em casardquo (C107) O modelo familiar eacute proposto como
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explicaccedilatildeo ldquoesse comportamento muitas vezes vem de casa quando a crianccedila
ou adolescente convive com briga dos pais na rua de casa etcrdquo (A12)
Aspectos positivos da influecircncia da famiacutelia tambeacutem satildeo reconhecidos e
considerados importantes no cenaacuterio da violecircncia tanto como modelo para
comportamentos positivos ldquoos (pais) que se esforccedilam para educar seus filhos
e vecirc-los seguindo seu proacuteprio caminho sendo uma pessoa boardquo (C99) e
tambeacutem como figura de autoridade ldquoNa minha opiniatildeo isso acontece pois na
escola estamos mais soltos por natildeo termos a supervisatildeo de nossos pais e
por isso estamos suscetiacuteveis a excessos que resultam em violecircncia que pode
ser fiacutesica ou verbalrdquo (C109)
O papel dos pais sobre o comportamento dos filhos eacute examinado a partir
de aspectos contemporacircneos da dinacircmica familiar A ausecircncia dos pais parece
facilitar o surgimento de comportamento violento dos filhos na escola seja pela
dificuldade em impor limites dos adultos seja pala carecircncia sentida das
crianccedilas e dos jovens Os agressores estariam compensando a falta de
atenccedilatildeo na famiacutelia ldquoos agressores do bullying querem chamar atenccedilatildeo devido
a natildeo ter essa atenccedilatildeo dentro de casa ou outros casosrdquo (B50) Os trechos
abaixo deixam mais evidentes como estas questotildees satildeo percebidas pelos
alunos
ldquoEu particularmente acho isso uma falta de respeito e que essas coisas deveriam se aprender em casa Mas principalmente agora os pais natildeo tecircm tempo para cuidar e educar os filhos em tempo integral e sem a presenccedila dos pais os filhos podem ficar agressivos o que leva a fazerem coisas como bater e agressatildeo verbal com seus colegasrdquo (A13)
ldquoHoje em dia eacute mais comum haver violecircncia nos coleacutegios pois os pais estatildeo mais ausentes natildeo potildeem limite nos seus filhos isso tudo faz com que ele fique uma pessoa mais agressiva a falta de carinho dos seus pais os amigos ajudam claro mas tudo comeccedila pela casardquo (A28)
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ldquoHoje em dia as crianccedilas estatildeo cada vez mais agressivas e impacientes talvez por causa da ausecircncia dos pais ou por motivos superiores principalmente na escola esse fato se comprova existe muitos relatos de professores agredidos por alunos e ateacute mesmo agressotildees entre amigosrdquo (A31)
Ao mesmo tempo em que eacute atribuiacuteda agrave famiacutelia grande importacircncia na
histoacuteria de vida ou desenvolvimento do indiviacuteduo e por conseguinte a
responsabilidade pelo comportamento violento dos jovens reconhece-se que a
proacutepria famiacutelia tambeacutem teme tal fato ldquocada pai natildeo quer que isso aconteccedila com
o seu filho de verdade entatildeo porque natildeo da educaccedilatildeordquo (C110) ldquoEu acho que
os pais devem educar seus filhos e dar uma infacircncia legal e sem violecircncias
porque senatildeo mais tarde eles vatildeo se arrepender e ver o que natildeo querem seu
filho matando praticando a violecircncia etc eu acho que pai nenhum que ver isto
acontecerrdquo (A11)
Em alguns casos a origem da violecircncia eacute atribuiacuteda agrave formaccedilatildeo das
crianccedilas em seu desenvolvimento sem indicar a influecircncia do ambiente
familiar ldquoacho que a verdadeira causa eacute a formaccedilatildeo das crianccedilas pois vendo
maus exemplos acaba sendo um jovem delinquenterdquo (B44) ldquoinfelizmente as
crianccedilas estatildeo crescendo com um pensamento bem maldoso que trazem medo
para as pessoas de vivem ao seu redorrdquo (A31)
A origem da violecircncia na sociedade mais ampla eacute outra possibilidade
aventada Em alguns casos haacute referecircncia agrave violecircncia na sociedade como um
todo mas natildeo haacute clareza quanto agrave transposiccedilatildeo dessa violecircncia para o
ambiente escolar
ldquoAs violecircncias estatildeo acontecendo em vaacuterios (lugares) como escola shopping no jogo de futebol e outros lugares por causa que o mundo que a gente vive estaacute estimulado para fazer violecircncia e isso natildeo eacute corretordquo (A20)
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Parece que o mundo como um todo estaacute estimulado para a violecircncia ldquoo
mundo hoje estaacute muito violento eacute pai matando filho filho matando pai e
tambeacutem amigos matando amigosrdquo (C91) entretanto natildeo haacute indicaccedilatildeo clara
que a violecircncia em uma esfera da sociedade afete a outra Os vaacuterios setores
da sociedade satildeo vistos como causas possiacuteveis da violecircncia escolar desde o
ciacuterculo de amizades produtos culturais veiculados na TV videogames
conteuacutedo da internet e ateacute mesmo da imprensa
ldquoVaacuterios motivos podem justificar essa accedilatildeo como por exemplo jogos de videogame na TV com os amigos em noticias de jornal entre outros Eu acho que quem faz esse tipo de coisa satildeo pessoas influenciadas e agem dessa maneira para mostrar que eacute valentatildeordquo (A3)
Para alguns estudantes estaacute mais clara a relaccedilatildeo entre a violecircncia mais
ampla e seu surgimento no ambiente escolar ldquomuitos jovens aprendem em
jogos de videogame na internet na TV a violecircncia e guardam isso na mente
para brigar na escolardquo (A15) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia surge na rua e eacute
trazida para escolardquo (C126)
O comportamento dos proacuteprios alunos e a forma de agir da escola
tambeacutem satildeo considerados causas para a violecircncia escolar
ldquoIsso acontece porque tem sempre alguns alunos que natildeo cumprem algumas regras e tambeacutem agridem outros alunos na maioria das vezes isso acontece porque os alunos que satildeo agredidos tem medo de entregar o agressor porque ele tem medo que quando entregarem o agressor agrida mais ainda ele e tambeacutem acontece muitas vezes pela falta de vigilacircncia da escolardquo (A18) ldquoNas escolas a violecircncia escolar eacute intensa Algumas por causa de conversas e boatos outras por causa de jogos como futebol vocirclei basquete etc ou porque algumas pessoas gostam de arrumar confusatildeo e provocam as outras para brigaremrdquo (C60)
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5122 Caracteriacutesticas pessoais envolvidas na violecircncia escolar
Os estudantes percebem algumas caracteriacutesticas mais evidentes das
viacutetimas e dos agressores principalmente nas situaccedilotildees de bullying
A diferenccedila de tamanho entre agressor e viacutetima eacute um dos aspectos
mencionado ldquoesse tipo de violecircncia ocorre na escola geralmente por alunos
maiores que a viacutetimardquo (A9) ldquomuitos covardes datildeo em pessoas bem menores
que eu essas pessoas natildeo fazem ideia do que estatildeo fazendordquo (C69) No
relato apresentado a seguir haacute referecircncia a este aspecto como fator central na
situaccedilatildeo de violecircncia testemunhada
ldquoHaacute uma pessoa que eu conheccedilo que as vezes sofre coisas desse tipo Esta pessoa tem 10 anos e os meninos que satildeo 1 a 2 anos mais velhos aperreiam e as vezes batem nele Ele tenta se defender mas os meninos satildeo mais velhosrdquo (A10)
Entre os atributos aparece o fato de ser algueacutem novo no grupo de
modo que ldquoisso acontece normalmente com novatosrdquo (A7) Outro traccedilo
apontado para as viacutetimas eacute seu comportamento ldquocorretordquo ldquoas crianccedilas e os
adolescentes os chamados ldquocertinhosrdquo geralmente sofrem com as
brincadeiras de mau-gosto daqueles que natildeo satildeo interessados em estudarrdquo
(A15)
Ao apresentarem caracteriacutesticas pessoais dos envolvidos em situaccedilotildees
de bullying haacute alunos que destacam aspectos relacionados com o bom
desempenho escolar ldquo() geralmente eacute praticado contra os alunos que soacute
tiram notas boas e tambeacutem outras pessoasrdquo (B51) Entretanto haacute quem
considere o contraacuterio que pode ser o mau desempenho escolar uma
caracteriacutestica relevante para a vitimizaccedilatildeo ldquoo bully ou seja o agressor
geralmente eacute uma pessoa que tecircm classe social inteligecircncia ou seja mais
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forte em relaccedilatildeo ao agredido que eacute o que tira notas baixas eacute fraco e
indefesordquo (B52)
O agressor eacute mais forte todavia eacute covarde A relaccedilatildeo entre viacutetima e
agressor indica a covardia do agressor e a fraqueza da viacutetima ldquoele (bullying) eacute
praticado usando a covardia ao favor do agressor Ele sempre ataca os fracos
em funccedilatildeo de maltrataacute-los por puro prazerrdquo (B50) ldquoo que mais me incomoda
satildeo os alunos que batem nas alunas pois aleacutem de natildeo respeitaacute-las estatildeo
machucando pessoas mais sensiacuteveis e fraacutegeis do que elerdquo (C114)
Essa oposiccedilatildeo entre ser forte ou ser fraco estaacute associada com o
envolvimento nas situaccedilotildees de bullying como agressor ou viacutetima
ldquoViacutetimas ficam tristes apanhados sozinhos com isto Muitas pessoas brigam para humilhar o outro porque sabe que eacute mais forte e o outro eacute mais fraco aiacute se aproveita disto muitas vezes eles fazem isto para se exibir para as meninas fazem armadilhas ao mais fraco ficam esculhambandordquo (C73)
A situaccedilatildeo de maior fragilidade eacute uma das caracteriacutesticas atribuiacutedas agraves
viacutetimas ldquoa lsquoviacutetimarsquo natildeo pode se defender sozinha por isso natildeo reage apenas
apanha ou outros tipos de Bullyingrdquo (B50) ldquoum fato preocupante tambeacutem eacute que
na maioria dos casos de bullying a viacutetima natildeo sabe se defenderrdquo (C88)
A viacutetima tambeacutem eacute caracterizada como algueacutem que se diferencia do
grupo seja em termos fiacutesicos ou comportamentais ou pela presenccedila de alguma
deficiecircncia ldquoa violecircncia escolar eacute sofrida por vaacuterios alunos seja ele gordo
magro com algum tipo de deficiecircncia ou ateacute mesmo pela forma dele serrdquo
(A23) ldquoMuitos exemplos comuns como ser negro de outro paiacutes eacute muito chato
issordquo (C62) ldquogeralmente eles fazem isso com aquele colega que eacute um pouco
diferente dos demais e com isso ele acaba praticando o bullyingrdquo (B37)
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ldquopessoas lsquodiferentesrsquo satildeo as principais viacutetimas desse ato ateacute mesmo o uso de
oacuteculos leva a uma brincadeirinha sem graccedilardquo (B39) ldquouma pessoa eacute acima do
peso ou eacute diferente de alguma forma as outras pessoas jaacute comeccedilam a chamar
(apelidos) de baleia titanic que se a pessoa cair no chatildeo nem um trator
levanta ela e outras coisasrdquo (C93) ldquoa violecircncia escolar geralmente acontece
por conta de fatos infantis porque algueacutem cortou o cabelo porque eacute mais
estranho do que o outrordquo (C67)
A popularidade do agressor eacute apontada ldquoporque haacute muitos alunos que
se acham o tal soacute porque eacute popular e isso faz ele pensar que pode fazer o que
quiser com os outros alunosrdquo (B37) embora natildeo signifique que sejam pessoas
admiradas ldquoEsse tipo de violecircncia eacute constante (bullying) Aqui na sala tem uns
3 ou 4 meninos que satildeo muito chatos e praticam essa violecircncia tanto verbal
com os outros tiposrdquo (C113) ldquoAcho muito chato pessoas que fazem isso e a
maioria satildeo as mais populares que mais chamam atenccedilatildeo na escolardquo (C110)
Tambeacutem aparece a situaccedilatildeo de exclusatildeo da viacutetima ldquoos que sofrem
violecircncia escolar satildeo os chamados excluiacutedos que natildeo se encaixam nos
grupinhosrdquo (C82) ldquoEm outras situaccedilotildees alunos satildeo afastados pelo jeito de ser
Por exemplo Haacute grupos nas escolas de nerds patricinhas feios bonitos
chatos Isso eacute muito chato porque isso natildeo mostra a uniatildeo das pessoas E
ficam muitas vezes chateadasrdquo (C121)
Vale destacar que estes papeacuteis parecem natildeo serem fixos pois ldquoalgumas
vezes proacuteprias viacutetimas tambeacutem satildeo agressoresrdquo (B51)
Raramente as viacutetimas natildeo satildeo estudantes ldquoCom os professores jaacute eacute
diferente essas natildeo acontece muito porque o professor eacute como se fosse o liacuteder
e tem muita autoridaderdquo (B37) embora a figura do professor tambeacutem seja
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apontada como a de agressor ldquoe o agressor natildeo eacute soacute o aluno pode ser o
professor e a viacutetima tambeacutem pode ser professor mas no final todos de alguma
maneira tecircm seu dedo de culpardquo (C85)
Assim como estudos do Relacionamento Interpessoal que destacam o
papel das caracteriacutesticas individuais nos relacionamentos os alunos tambeacutem
apresentam de forma bem explicativa a forma como tais caracteriacutesticas
interferem nos relacionamentos Para Tognetta (2010) ldquoos alvos de bullying
satildeo crianccedilas e adolescentes vitimizados pelos estereoacutetipos sociais e por isso
sofrem comumente tecircm uma caracteriacutestica que foge do que eacute culturalmente
estabelecido usam oacuteculos choram demais satildeo gordinhos ou tiacutemidos ou seja
tecircm um padratildeo ou um comportamento que os diferencia dos demaisrdquo (p 91)
5123 Aspectos presentes nas situaccedilotildees de violecircncia escolar medo
ameaccedilas chantagens intoleracircncia preconceito
Muitos alunos abordam a dinacircmica da violecircncia discorrendo sobre as
accedilotildees que as caracterizam ldquoessas pessoas muitas vezes pedem alguma coisa
e se a pessoa natildeo der eles batem nela e pegam o que pediramrdquo (C60)
ldquoGERALMENTE esse povo que daacute nos outros eles tem uma turminhardquo (C69)
ldquoAqui no coleacutegio a violecircncia eacute tipo areia em praia eacute o que mais tem professores
gritando com alunos alunos se batendo palavrotildees de um lado para o outro
xingamentos com a matildee ou com o proacuteprio alunordquo (C114)
Os trechos a seguir apresentam mais detalhadamente a aspectos
presentes na dinacircmica da violecircncia escolar
ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia na escola eacute uma coisa que acontece muito frequentemente e que poucas pessoas admitem que fazem ou que sofrem Tanto quem faz estaacute errado e geralmente quem faz
91
ameaccedila e faz o outro se sentir mal Quem sofre tambeacutem estaacute errado por que natildeo conta por medo das ameaccedilasrdquo (C59) ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute causada por uma pessoa que briga com a outra por algum motivo que considera grave aiacute natildeo consegue estabelecer um diaacutelogo entre as duas pessoas e passam para a violecircncia agraves vezes pessoas que natildeo tem nada a ver com o assunto da briga se intrometem no meio agraves vezes a briga natildeo eacute de duas mais de 3 4 5 (pessoas) etcrdquo (C74)
A violecircncia na escola pode acontecer de diversas formas ldquoapelidos
discussotildees tapas e ateacute mesmo brigasrdquo (C118) ldquoAleacutem de que a violecircncia
escolar pode ser tanto verbal quando fiacutesica e pode ser praticado por um grupo
ou soacute por uma pessoardquo (C100) Situaccedilatildeo de violecircncia envolvendo grupos pode
ser identificada neste relato
ldquooutra coisa que teve foi a guerra das turmas que tambeacutem foi ano passado foi um grupo de pessoas que estavam numa briga com outro grupo Todo recreio tinha briga entre os dois grupos depois disso todos foram para a coordenaccedilatildeo e parou de laacuterdquo (C91)
Aleacutem das formas descritas por vezes aparecem outras formas como o
isolamento social ldquotambeacutem acho que eacute um tipo de violecircncia escolar quando te
excluem da conversa jaacute passei por isso vaacuterias vezesrdquo (B41) a coaccedilatildeo ldquoesses
jovens obrigam o outro a fazer alguma coisa que faccedila mal a elerdquo (B49) e
inclusive o abuso sexual ldquoexiste vaacuterios tipos de violecircncia como a violecircncia
verbal a violecircncia fiacutesica o abuso sexual entre outrasrdquo (A28)
A dinacircmica relativa agraves situaccedilotildees de bullying tambeacutem satildeo apresentadas
ldquoesse tipo de violecircncia escolar (bullying) ocorre quando aluno agride
verbalmente ou fisicamente ou quando alunos se agridem discutem fazem
ameaccedilas ou quando eles se xingam uns aos outros com palavras ateacute muito
pesadas para a sua idaderdquo (B47) ldquoMeu pai me ensinou que o bullying natildeo pode
92
acontecer com a crianccedila de 5 anos para com um adulto de 25 anos Ele
acontece com pessoas da mesma idaderdquo (C107) ldquoHaacute vaacuterios tipos de bullying
alguns mais fracos outros fortiacutessimos poreacutem todos tem o mesmo objetivo
machucar seja fisicamente ou emocionalmente a viacutetima sofrerdquo (B50)
Os elementos presentes nas situaccedilotildees de bullying ficam mais evidentes
nos trechos abaixo
ldquoA violecircncia escolar eacute feita pelo lsquobullyingrsquo o bullying eacute uma violecircncia que ocorre em todas as escolas do mundo eacute formada por trecircs ou mais alunos que tiram brincadeira com outro aluno e quando esse aluno diz a supervisatildeo eles batem no alunordquo (A33) ldquoViolecircncia escolar eacute um problema peacutessimo Para mim violecircncia escolar e bullying eacute a mesma coisa mas os dois satildeo peacutessimos para a sociedade escolar Violecircncia escolar geralmente se inicia quando um tonto se acha perfeito e quer rebaixar pessoas que satildeo piores em algumas coisas mas melhor em outrasrdquo (B38) ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar eacute denominada de bullying como o preconceito machucarem pessoas inofensivas que natildeo lhes fizeram nenhum malrdquo (B43) ldquoExistem pessoas que maltratam falam mal de outras pessoas deixando a pessoa ferida ou triste Isso se chama bullying uma violecircncia feita na escolardquo (B39) ldquoA violecircncia natildeo eacute soacute com os professores mas tambeacutem com os alunos na maioria das vezes chamado de bullying que satildeo ameaccedilas e marcaccedilatildeo com essa pessoa mas pode chegar a ser uma agressatildeo verbal e ateacute oral que muitas vezes podem causar seacuterios danos tanto psicoloacutegicos ou ateacute ferimentos gravesrdquo (C128)
Eacute marcante o papel do medo para que se perpetue a situaccedilatildeo de
agressatildeo ldquoinfelizmente muitos dos alunos que satildeo explorados ou maltratados
tecircm medo de revelar aos pais ou responsaacuteveis o que estaacute acontecendo na
escolardquo (A9) ldquoEm toda sala escolar tem um machatildeo e tem algueacutem que eacute o saco
de pancada que sempre sai apanhado e natildeo conta nada ao pai ou a matildee ou
algum responsaacutevel com medo de apanhar maisrdquo (C122) ldquomuitas vezes os
93
adolescentes que sofrem esse tipo de violecircncia tem medo de falar com os
diretores ou coordenadores porque pode aumentar a violecircncia entre elesrdquo
(C97)
O medo eacute apontado como algo que acompanha a viacutetima de bullying ldquoo
pior eacute vocecirc ter medo de algueacutem algueacutem que acha que tem a liberdade de bater
em vocecirc e ameaccedilado natildeo pode contar a ningueacutemrdquo (A21) ldquoA maioria dos
agredidos tem medo de dizer que estaacute sofrendo de bullying porque os bullys
fazem chantagem emocional para ficarem quietosrdquo (B52)
Parece existir um pacto de silecircncio entre agredido e agressor ldquoEacute terriacutevel
como muitas pessoas sofrem preconceitos satildeo apelidadas ou ateacute mesmo
sofrem com murros tapas chutes e outras coisas soacute que o pior eacute que muitas
vezes natildeo comunicam a escola nem aos paisrdquo (C119) ldquoMuitos alunos natildeo
falam para ningueacutem sobre a violecircncia que sofrem por isso sai da agressatildeo
verbal para a fiacutesicardquo (C79) E a natildeo revelaccedilatildeo ajuda a perpetuar a situaccedilatildeo de
bullying ldquoGeralmente quem sofre bullying se omite e termina que seus
agressores nunca satildeo punidosrdquo (C109)
Aleacutem do medo por parte da viacutetima de ser agredida caso revele ou delate
o agressor eacute bastante presente outro elemento na relaccedilatildeo agressor-viacutetima a
ameaccedila ou chantagem por parte do agressor O agressor usa de chantagem
para causar medo na viacutetima ldquoessa violecircncia a pessoa chantageia a outra e diz
se contar para algueacutem que estatildeo fazendo com ela vatildeo bater mais ainda na
pessoardquo (B49) ldquoEsses alunos ficam com medo ateacute de procurar ajuda de uma
pessoa mais velha Muitas vezes eles satildeo ameaccedilados para tipo Se um aluno
natildeo der dinheiro ao outro ele iraacute bater nelerdquo (C121)
O papel da ameaccedila eacute claro nos trechos seguintes
94
ldquoNa maioria das vezes as viacutetimas do bullying satildeo ameaccediladas e natildeo contam para os familiares o que estaacute (acontecendo) Se seu filho estaacute muito por baixo sem querer falar muito com os pais ou agindo de uma forma que ele nunca agiu preste atenccedilatildeo que isso pode ser um sinalrdquo (B48) ldquomuitas vezes o agressor fala para o agredido para ele ficar calado e se ele abrir a boca ele apanha mais ainda Mas por que isso acontece Por que natildeo podemos conversar com a pessoa Seraacute porque tenho medo pois natildeo consigo e quando chego perto do agressor minha voz trava ou porque estou com muito muito medo dele e natildeo consigo de jeito nenhum e digo lsquoai ai que medo de falar a algueacutem e apanhar outra vezrsquordquo (C80) ldquoE muitas pessoas sofrem essa violecircncia mais preferem sofrer calado para os amigos natildeo ficarem tirando onda muitas vezes eacute o agressor que faz algum tipo de chantagem mais enfim violecircncia natildeo chega a nenhum lugarrdquo (A28)
O agressor parece natildeo ver as consequecircncias de seus atos ldquoa pessoa
que pratica o bullying natildeo consegue ldquoenxergarrdquo as consequecircncias diante desse
atordquo (B39) ldquoMuitas crianccedilas e jovens vem sofrendo algumas agressotildees e por
se sentirem ameaccediladas pelos agressores natildeo contam o que estaacute ocorrendo e
esses praticantes muitas vezes por brincadeira ou por se sentirem superiores
praticam sem saber o que os outros pensam e estatildeo sofrendordquo (A34)
A intoleracircncia em relaccedilatildeo agraves pessoas e agraves diferenccedilas eacute outro elemento
ldquoO que essas pessoas natildeo entendem eacute que ser diferente eacute normal jaacute que
ningueacutem eacute igual a ningueacutem mas deve ser respeitado e natildeo julgado pelos
outrosrdquo (C109) Interessante que a intoleracircncia aponta para a importacircncia de
cada um olhar para as proacuteprias caracteriacutesticas ldquoporque todo mundo tem defeito
e porque natildeo vocecirc as pessoas soacute vecircem defeitos nos outros e natildeo em vocecirc
mesmordquo (C64) ldquo() porque vocecirc pode ver o agressor ele raramente eacute
diferente da pessoa que ele ofende Eu natildeo entendo porque parece que
ningueacutem presta porque eacute branco demais reclama preto demais tambeacutem
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reclama entatildeo quem presta afinalrdquo (C85) ldquoNoacutes xingamos um ao outro por
qualquer simples defeito e natildeo reparamos nos nossos Quando essa violecircncia
chega ao extremo pode ser fiacutesica vocecirc natildeo eacute igual a mim natildeo gosto de vocecirc
(C101)
Tambeacutem fica evidente a relaccedilatildeo entre violecircncia escolar e preconceito
ldquoSe estamos falando de violecircncia escolar porque natildeo tocar no assunto
preconceito que hoje em dia pessoas morrem por serem negros deficientes
inteligente ou ateacute por besteirasrdquo (C81) ldquoGeralmente os casos de violecircncia
acontece por pessoa gays ou noobs7 pessoas tem preconceito ou natildeo tem o
que fazer e vai agredir a pessoardquo (C98) ldquoMuitas pessoas sofrem de bullying na
escola por causa de preconceitordquo (C77) ldquoA violecircncia verbal eacute algo que os
alunos sofrem por causa do preconceitordquo (C79) ldquoA violecircncia na escola eacute uma
coisa grave atinge muitas pessoas tambeacutem por causa do preconceito com os
outros por causa de suas diferenccedilasrdquo (C65)
Nesta dinacircmica aparece tambeacutem o papel da plateia ldquoQuem pratica
(violecircncia escolar) eacute o principal responsaacutevel mas aqueles que ficam assistindo
tambeacutem estatildeo praticando pois eles satildeo a plateia teria que tomar uma atituderdquo
(C67) ldquoA violecircncia escolar eacute um ato muito difiacutecil de conviver porque vocecirc ver
cenas que natildeo podem ser comentadas automaticamente sua mente fica
perturbadardquo (C78) ldquomuitas outras pessoas poderiam ter evitado o
acontecimento mais as vezes as pessoas influenciam ainda mais as praticas e
7 Noob ou Newbie eacute um termo eacute amplamente utilizado na Internet - sobretudo em sua maioria em salas
ou bate-papos de jogos online para muacuteltiplos jogadores ou ainda para identificar os que tecircm conhecimento baacutesico em informaacutetica Tambeacutem eacute usado para designar uma pessoa sem experiecircncia ou com menos
experiecircncia do que quem chama Geralmente eacute considerado como um insulto para uma pessoa sem conhecimento
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pioram tudo que jaacute eacute ruimrdquo (C83) ldquoe a maioria do povo soacute fica olhando natildeo faz
nada muitas vezes o povo mesmo que agitardquo (C116)
O papel da plateia eacute bem importante principalmente nas situaccedilotildees
envolvendo bullying ldquoA maioria dos casos de bullying eacute causado por um
determinado lsquovalentatildeorsquo Mas o bullying eacute formado pelo autor (eacute quem pratica a
agressatildeo) a plateia (eacute quem gosta de ver a agressatildeo)rdquo (C125) ldquoQuase todos
os dias presencio violecircncias na escola e natildeo posso me meter ou parar os dois
com medo de levar a culpa da briga ou ainda levar uma surra tambeacutemrdquo (C84)
Haacute evidecircncia do papel da plateacuteia neste fato testemunhado e relatado
ldquo() outro dia teve briga entre dois meninos do segundo ano e quase todo coleacutegio laacute vendo sem fazer nada soacute assistindo e ateacute torcendo pra eles () pra que espancar o outro soacute porque chamou o outro de veado (A1)
O espaccedilo da sala de aula eacute apresentado como cenaacuterio para a violecircncia
escolar sejam as situaccedilotildees de agressatildeo fiacutesica como tambeacutem se torna cenaacuterio
para ocorrecircncia de bullying ldquoEm uma escola como todas as outras haacute uma
violecircncia escolar se torna um ato muito comum porque estaacute presente nas salas
de aulardquo (C78) ldquoMuitos casos de violecircncia na sala todos os dias um menino
esbarra no outro sem querer e eles comeccedilam a brigarrdquo (C84) ldquovou falar um
pouco da minha sala natildeo ocorre bullying na mesma poreacutem haacute alguns alunos
que tem tendecircncia a praticar o bullying quando maiores o que mais preocupa eacute
saber que as viacutetimas seremos noacutes mesmos alunos da mesma classerdquo (C88)
A constacircncia de encontros tambeacutem eacute salientada no cenaacuterio da violecircncia
escolar ldquoeu me lembrei da histoacuteria daquele menino que morreu em sua proacutepria
escola por outro colega que ele vivia todos os dias da semana Entatildeo isso eacute
certo claro que natildeordquo (C110)
97
Atividades proacuteprias da dinacircmica da sala de aula tambeacutem compotildeem o
cenaacuterio da violecircncia escolar e ateacute objetos do material escolar se transformam
em instrumentos de agressatildeo
ldquoo problema pode ser gerado em um trabalho escolar (um pode ter uma ideia e o outro ter outra ideia e gerar uma confusatildeo) agraves vezes fica competindo um com o outro para ver qual eacute o melhor aluno (que o professor gosta mais que tira as melhores notas etc) Muitas vezes nos problemas nasce o ciuacuteme onde o aluno usa uma arma branca para atacar o proacuteximo a arma branca pode ser por exemplo um estilete (o material escolar passaraacute a ser uma arma)rdquo (C117) ldquoMaior parte da violecircncia eacute a da violecircncia escolar Porque muitos alunos levam estilete a lacircmina do apontador para deixar marcas nos seus colegasrdquo (C111)
O trecho a seguir apresenta vaacuterios elementos da dinacircmica escolar que
sutilmente e de forma natildeo intencional favorecem situaccedilotildees de violecircncia
escolar
ldquoOs adultos falam que eacute coisa de crianccedila ou que eacute passageiro e acabam nem ligando Agraves vezes a crianccedila ou o proacuteprio agressor se sente obrigado (a) a atacar a pessoa para se sentir melhor ou para mostrar que eacute melhor e a escola eacute o lugar muito faacutecil de praticar Tem gente que fala que natildeo adianta de nada falar com o coordenador ou diretor pois eles natildeo querem machucar os sentimentos dos alunosrdquo (C110)
A violecircncia tambeacutem se estende ao ambiente virtual ldquoColocar arquivos na
internet xingando e maltratando as pessoasrdquo (C77) Percebe-se que o
cyberbullying tambeacutem se faz presente
ldquoA agressatildeo verbal na maioria das vezes eacute na internet comunidades ou xingam mesmo com palavrotildees a maioria eacute no orkut e para ser sincera jaacute tive vontade de participar mas nunca participeirdquo (B44) ldquoUm exemplo eacute uma pessoa joga a sandalia da outra pessoa no telhado de uma casa e as outras pessoas obrigam o dono da sandaacutelia ir pegar ele vai mas cai do telhado e eles gravam um viacutedeo e colocam na internetrdquo (B49)
98
ldquoExiste tambeacutem o CYBERBULLYING que eacute o bullying praticado pela internet geralmente satildeo viacutedeos que satildeo postados em sites de relacionamento como TWITTER ORKUT e dos que soacute tem viacutedeos como YOUTUBE em que satildeo gravadas brincadeiras que a viacutetima sofre e os agressores ficam rindo tirando ondardquo (B51) ldquoexistem ateacute pessoas que filmam a violecircncia no momento em que ela estaacute acontecendo e muitas pessoas provocam a outra soacute para isso ocorrer alguns adolescentes filmam e postam na internet apenas para querer dizer por exemplo lsquoAh na nossa escola soacute tem maioral se vocecirc vier para caacute natildeo mexa com a gente porque noacutes quebramos vocecircrsquordquo (C120)
5124 As agressotildees verbais
Comumente a violecircncia escolar eacute apresentada como sendo composta
tanto pela agressatildeo verbal quanto pela agressatildeo fiacutesica ldquoA violecircncia tambeacutem
natildeo soacute pode ser fiacutesica pode ser verbal tambeacutemrdquo (C61) ldquoA violecircncia escolar natildeo
eacute apenas por agressatildeo fiacutesica mas pode ser agressatildeo verbalrdquo (C81) ldquoessas
agressotildees natildeo satildeo apenas fiacutesicas e tambeacutem verbais consequentemente
psicoloacutegicasrdquo (A31) ldquoessa violecircncia acontece de vaacuterias formas com tapas
discussotildeesrdquo (B36) ldquotem a agressatildeo verbal e a fiacutesica a agressatildeo verbal eacute
quando o envolvido eacute agredido com palavras E a fiacutesica que eacute a agressatildeo no
corpordquo (A35) ldquonos coleacutegios acontecem muitas brigas tanto agressatildeo fiacutesica
quanto agressatildeo verbalrdquo (C63) ldquoAqui no coleacutegio agressatildeo eacute expliacutecita sendo
ela fiacutesica e por meio de palavrasrdquo (C75) ldquoA violecircncia na escola eacute um problema
grave onde se tem vaacuterios tipos como a violecircncia verbal na qual a fala eacute o ator
da violecircncia violecircncia fiacutesica entre outrasrdquo (C83)
As agressotildees verbais ocupam um lugar de destaque como uma forma
de violecircncia escolar ldquoEu acho que a violecircncia escolar eacute algo que muitos alunos
sofrem pois natildeo existe soacute a fiacutesica a verbal existe e eacute a mais comumrdquo
99
(C79) ldquomuitas escolas natildeo tem pessoas que agridem fisicamente mas muitos
alunos agridem verbalmente e agridem feiordquo (C69) ldquoa violecircncia natildeo eacute somente
fisicamente mas tambeacutem verbalmente por ameaccedilasrdquo (A5) ldquoGeralmente haacute
mais violecircncia oral do que corporalrdquo (C96)
Os trechos a seguir evidenciam a agressatildeo verbal como uma forma de
violecircncia escolar
ldquoAgraves vezes quando falamos em violecircncia pensamos em uma pessoa batendo na outra mas para mim o pior tipo de violecircncia eacute a verbal o ato de xingar outro soacute para se sentir melhor Esse tipo de coisa acontece muito principalmente na escolardquo (C101) ldquoA violecircncia na escola estaacute ficando uma coisa normal violecircncia natildeo eacute soacute agressatildeo fiacutesica mas tambeacutem verbal como por exemplo palavrotildees palavras de mau gostordquo (C93)
Ambas satildeo vistas como algo grave que tem repercussotildees ldquohoje muitos
alunos sofrem com a violecircncia escolar natildeo apenas com agressatildeo fiacutesica mas
tambeacutem verbalrdquo (A7) ldquoa violecircncia escolar em modo geral tanto verbalmente
como fisicamente eacute muito seacuteria pois alguns alunos podem ser prejudicadosrdquo
(A14) ldquoagraves vezes a violecircncia em vez de ser fiacutesica pode ser verbal e agraves vezes a
verbal poderaacute mexer com a personalidade da pessoardquo (C117)
Violecircncia verbal e fiacutesica estatildeo relacionadas ldquoos outros alunos xingam
muitas vezes soacute para outros colegas rirem e o alunos que estaacute sendo agredido
com palavras e natildeo gosta da brincadeira levando a brigardquo (A35) No episoacutedio
testemunhado e relatado por um estudadnte estaacute presente a agressatildeo verbal
levando agrave agressatildeo fiacutesica com danos fiacutesicos
ldquoOutro dia eu estava indo para o portatildeo do coleacutegio e vi um menino quase quebrando o braccedilo de outro que era menor que ele soacute porque o menor tinha chamado o outro de veado ou gay sei laacute quando o menino soltou o outro ele caiu e saiu chorando Me deu uma vontade
100
de meter um chute na cara dele Eu acho uma sacanagem issordquo (A1)
A agressatildeo verbal pode ser exercida de formas distintas causando
desconforto em todos os casos Pode ocorrer atraveacutes de xingamento ou ser a
partir da atribuiccedilatildeo de apelidos ldquoa agressatildeo verbal eacute a que mais acontece
muitas pessoas inventam apelidos de mau gosto outros xingam e a agressatildeo
fiacutesica eacute quando pessoas batem nas outras etcrdquo (A7) ldquoEu acho que a violecircncia
escolar eacute muito comum em escolas acontecer principalmente verbal (escrito e
oral) xingando e humilhando com varias palavras apelidandordquo (C68) ldquoos
apelidos tambeacutem satildeo grandes problemas principalmente quando a intenccedilatildeo eacute
magoar a outra pessoardquo (A10) Uma forma de agressatildeo eacute a fofoca ldquoEu acho
que muitas vezes eacute legal falar dos outros e se falar de vocecirc vai gostar claro
que natildeordquo (C110)
Os apelidos parecem ser problemas de destaque e particularmente
parecem causar sofrimento
ldquoSe vocecirc tem alguns desses problemasm pode ter certeza que iratildeo surgir apelidos na sua escola sobre vocecirc e isso deve machucar muito as pessoas que sofrem este tipo de violecircncia porque mesmo sendo pequeno o apelido machuca vocecirc Por fora vocecirc demonstra que estaacute tudo bem mas por dentro vocecirc sente vontade de sumir daquele lugar isto eacute um absurdo noacutes estamos no seacuteculo 21 natildeo eacute mais aquela brincadeirinha de crianccedila isto se tornou uma coisa seacuteria que tem que ser parada As pessoas sofrem com isto se eacute com uma pessoa deficiente todos riem falam besteira mas quem faz deve se perguntar ndash ele quer ser assim Ningueacutem pede para nascer doente com algo faltandordquo (A23)
O preconceito eacute uma forma de violecircncia que pode ser exercida a partir
de agressotildees verbais ldquoNa minha opiniatildeo a violecircncia escolar natildeo existe soacute
fisicamente tambeacutem acontece verbalmente como o preconceito que acontece
muito nos tempos atuais e eacute muito difiacutecil combaterrdquo (C62)
101
Outras referecircncias agrave agressatildeo fiacutesica e verbal ainda apontam suas
consequecircncias nocivas natildeo apenas para as viacutetimas e agressores mas para a
escola como um todo
ldquoMuitos alunos fazem brincadeiras de mal gosto e acabam machucando o colega fisicamente e verbalmente causando problemas para ele para o colega e para o coleacutegiordquo (A14)
Em muitas redaccedilotildees parece evidente que a agressatildeo verbal caracteriza
a situaccedilatildeo de bullying ldquoquando o xingamento passa a ser cotidiano isso eacute um
sinal de bullyingrdquo (B39) ldquoo chamado bullying pode ser agressatildeo oral verbal ou
fiacutesica o bullying significa isso a violecircncia natildeo soacute fiacutesicardquo (C82) Neste
depoimento percebe-se esta relaccedilatildeo ldquoJaacute fui viacutetima de bullying pois em uma
eacutepoca meus colegas me colocavam apelidos que natildeo gostavardquo (B41) O trecho
a seguir potildee em destaque a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e bullying
ldquoEacute um tema muito complicado de comentar pois haacute diversos tipos de violecircncia na escola uma delas eacute a violecircncia por meio de palavras por exemplo quando colegas discutem e falam palavras desagradaacuteveis outro exemplo eacute quando uma crianccedila ou adolescente xinga um de seus colegas passando ele para baixo ou menosprezando causando o famoso bullyingrdquo (A2)
A agressatildeo fiacutesica eacute a outra face da moeda tambeacutem vista como algo que
pode se tornar mais e mais grave
ldquoJaacute outro tipo de violecircncia que eacute um pouco mais grave eacute a agressatildeo quando dois adolescentes se batem lutam se machucam e a violecircncia pode partir para algo extremamente grave como mortes noacutes hoje em dia geralmente vemos amigos que se matam Mas tambeacutem pode ocorrer assassinatos e trageacutediasrdquo (A2)
5125 Violecircncia escolar e brincadeira
102
Vaacuterias situaccedilotildees de violecircncia escolar satildeo originadas a partir de
brincadeiras tanto pela intoleracircncia por parte de quem natildeo as aceita ldquoJaacute
presenciei algumas confusotildees que aconteceram mais no recreio e outros
motivos satildeo brincadeiras levadas muito a seacuteriordquo (C72) ldquoEm uma sala de aula eacute
muita infantilidade vemos alunos discutindo sem motivo e aleacutem disso ficarem
se agredindo por bobagens que natildeo satildeo levadas na brincadeirardquo (A5) ou pela
intensidade da inconveniecircncia envolvida na brincadeira ldquoPessoas praticam
numa forma de brincadeira e natildeo sabem a gravidade do caso ou agraves vezes
quando estatildeo com raivardquo (B36) ldquoAs vezes as brincadeiras acabam em
violecircncia Na brincadeira muitas vezes o outro natildeo percebe que o seu amigo
natildeo estaacute se sentindo mal com a brincadeira fazendo e a brincadeira vire uma
briga podendo causar graves problemas Eles usam o que seus colegas tem
de lsquoincomumrsquo para tirar lsquosarrorsquordquo (A35)
Por vezes haacute uma aproximaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira indicando
a falta de limites niacutetidos entre estas duas situaccedilotildees ldquoexiste a violecircncia fiacutesica
alguns meninos brincam (que eacute como chamam) de lutas e acabam se
machucando e indo para coordenaccedilatildeordquo (C110) Os alunos expotildeem esta
aproximaccedilatildeo ao fazerem referecircncia agrave brincadeira como algo de mau gosto
indicando que parece haver intenccedilatildeo no ato ldquoA violecircncia geralmente ocorre por
causa de apelidos brincadeiras de mau gosto e etcrdquo (C90) ldquoNa escola haacute
muita violecircncia principalmente as brincadeiras de mau gosto que eacute de bater nas
pessoasrdquo (C122) ldquoPercebo brincadeiras de mau gosto e muitos palavrotildees com
os quais um trata o outro (envolvendo mais os meninos)rdquo (C75) ldquoo porque
dessas atitudes de mau gosto eu natildeo sei talvez por brincadeira mas que
brincadeira terriacutevel eacute essardquo (A9)
103
Esta relaccedilatildeo estreita entre brincadeira e violecircncia natildeo eacute aprovada ldquoEu
acho isso muito ruim que as pessoas apanhem soacute por causa de brincadeiras de
mau gosto como vacilo dois toque eacute barrote toco na bola eacute lapada e etc
nunca gostei de brincar e nem brinco sou contrardquo (C122) ldquoEssas brincadeiras
inuacuteteis estatildeo prejudicando muitos alunos que por medo das revelam e muitos
agressores satildeo presos pagam trabalho voluntaacuterio e outrosrdquo (A34) inclusive
porque os alunos identificam que estas brincadeiras datildeo origem a situaccedilotildees de
violecircncia na escola ldquoQuase todos os dias na minha escola tecircm uma violecircncia
quase todas por besteiras ou por brincadeiras que natildeo se fazrdquo (C124)
Tambeacutem no contexto da violecircncia no ambiente virtual a situaccedilatildeo
confusa entre brincadeira e agressatildeo fica evidente ldquoos que praticam armam
brincadeirinhas de mau gosto armadilhas gravam e postam na internetrdquo (B51)
Questotildees envolvendo bullying tecircm relaccedilatildeo com brincadeiras
inadequadas ldquopois essa brincadeira de mau gosto se chama bullyingrsquordquo (A17)
ldquonatildeo eacute brincadeira tipo o bullying muito causado nas escolasrdquo (C98) ldquoQuando
pensamos em violecircncia escolar a primeira coisa que pensamos eacute o bullying que
satildeo brincadeiras pesadas ou seja violentasrdquo (C76) sendo situaccedilotildees que
geram muito desconforto ldquoO que parece uma brincadeira de crianccedila o bullying
pode gerar danos a pessoasrdquo (B39) ldquomuitas pessoas que satildeo praticantes do
bullying dizem que eacute soacute lsquobrincadeirinhasrsquo mas natildeo eacute bem assim as chamadas
brincadeirinhas pode machucar quem sofre a accedilatildeo natildeo soacute fisicamente O
bullying acontece geralmente nas escolas os agressores normalmente fazem
isso para se divertirrdquo (C82)
A relaccedilatildeo entre violecircncia e brincadeira tambeacutem eacute abordada a partir de
relatos presenciados Podemos identificar alguns relatos em que o fato ocorrido
104
foi visto como uma ldquobriguinha de brincadeirardquo apesar de ter resultado em dano
fiacutesico
ldquoEu nunca presenciei uma briga escolar muito violenta mas aquelas lsquobriguinhasrsquo de lsquobrincadeirarsquo eu jaacute vi Um menino da minha sala torceu o pescoccedilo por causa dessas lsquobriguinhasrsquordquo (A12)
ldquono meu coleacutegio teve um acidente terriacutevel com o estilete ele tava brincando ai pegou o estilete e foi cortar o outro ai o outro duvidou ai ele cortou isso aconteceu quando a professora natildeo estava na salardquo (C129)
5126 Violecircncia escolar e o professor
Comumente os envolvidos na violecircncia escolar satildeo estudantes mas o
professor surge no cenaacuterio da violecircncia escolar de diversas formas acenando
que as situaccedilotildees de violecircncia escolar podem tambeacutem incluir professores rdquoeu
acho que a violecircncia escolar que pode acontecer com professores alunos ateacute
com a sala inteira eacute quando pessoas vatildeo agredir de algum modordquo (B42)
O professor aparece como viacutetima da violecircncia entre alunos ldquoem toda a
sala tem um valentatildeo que tenta deixar os outros para baixo e agraves vezes eacute
ignorante ateacute com os professoresrdquo (C86) evidenciando situaccedilotildees que
envolvem falta de respeito agrave figura de autoridade do professor podendo atingir
outros profissionais na escola ldquoViolecircncia escolar pode ser dos alunos ou dos
professores Quando no caso eacute o aluno eacute porque ele bagunccedila muito natildeo tem
respeito com os professores nem funcionaacuteriosrdquo (C95) ldquoMuitas vezes quando M
coordenadora disciplinar entra laacute na sala os alunos comeccedilam a falar dela do
cabelo dela e isso eu natildeo gosto disso porque isso eacute preconceito e desrespeitordquo
(C105)
A violecircncia contra professor pode atingir formas inaceitaacuteveis ldquoEu vejo
105
hoje em dia na minha opiniatildeo isso estaacute muito errado eacute os alunos matando
professor etcrdquo (C91) O relato a seguir apresenta uma situaccedilatildeo extrema de
violecircncia contra professores
ldquoalgumas reportagens mostram isso na televisatildeo nos noticiaacuterios mostram alunos apontando armas para os professores exigindo para que os professores faccedilam suas vontades fazendo ameaccedilas e as vezes ateacute espancando os professores que na maioria das vezes ficam traumatizados com essas situaccedilotildees e acabam prejudicando sua vida profissional ou ateacute pessoalrdquo (C128)
Tambeacutem ocorrem situaccedilotildees em que o professor eacute o agressor ldquoEu acho
que em algumas escolas tem violecircncia de alunos batendo em alunos
entretanto em algumas escolas o professor que eacute violentordquo (C102) ldquoA violecircncia
escolar cada dia mais estaacute aumentando tem professoras que estatildeo graacutevidas e
que descontam nos alunosrdquo (C106) Um relato aborda a situaccedilatildeo de violecircncia
envolvendo a relaccedilatildeo com professor e o prejuiacutezo no processo de
aprendizagem
ldquonesse ano natildeo consegui tira nenhum 7 em Matemaacutetica Geografia se fosse eu entatildeo porque no ano passado natildeo era assim por causa de mal explicaccedilatildeo dos professores e atenccedilatildeo eu vou fica em recuperaccedilatildeo em 4 porque no ano passado natildeo foi assim eu soacute tirava nota boa era inteligente mas agora sou burro e tem alunos que aprontam tanto e que vatildeo pra coordenaccedilatildeo e depois sai com reclamaccedilatildeo mas quando eu fui soacute 1 (nome da coordenadora) me ameaccedilou com expulsatildeo os alunos atrapalham todo dia (lista com nome de cinco colegas) jaacute foram 10 vezes na coordenaccedilatildeo e eu soacute uma e ia sendo expulso soacute por causa de um celular tocandordquo (C108)
Mas reconhece-se que satildeo fatos mais isolados que situaccedilotildees tendo o
professor como agressor natildeo acontecem com a mesma frequumlecircncia que
situaccedilotildees envolvendo alunos como agressores como eacute abordado de forma
clara no relato a seguir
ldquoNa escola haacute vaacuterios tipos de violecircncia pode ser fiacutesica ou verbal e praticada por professores ou alunos Quando eacute praticada por alunos
106
eacute mais verbalmente mas as vezes acabam em lutas a dos professores eacute mais fiacutesico Passou uma reportagem que falava sobre um professor que dava nos seus alunos mas essas agressotildees feitas por professores natildeo eacute sempre mas a dos alunos eacute mais frequenterdquo (C86)
Diante do cenaacuterio de violecircncia cabe ao professor uma postura
realmente diferenciada ldquoOs professores deviam ter mais diaacutelogo com seus
alunosrdquo (C65) que favoreccedila a superaccedilatildeo de algumas dificuldades ldquotem
professores que satildeo legais que quer ajudar cada vez mais se natildeo der dessa
maneira ele faz de outra e etcrdquo (C106) entretanto algumas atitudes natildeo
contribuem para avanccedilos na aprendizagem ldquoa pessoa conversa brinca mas
tenta melhorar mas natildeo pode porque os professores natildeo deixamrdquo (C108) ldquotem
alguns professores que querem acabar com os alunos tipo no salatildeo de artes e
ciecircncias (sac) em algumas mateacuterias os professores soacute colocam os melhores
alunos e os piores se ferramrdquo (C102)
As dificuldades envolvendo o relacionamento com os professores satildeo
consideradas pelos estudantes Percebe-se que elementos da proacutepria accedilatildeo
docente parecem promover situaccedilotildees desconfortaacuteveis no relacionamento
professor-aluno - a forma de explicar a atenccedilatildeo dada aos alunos o cuidado
diante de duacutevidas etc Os trechos a seguir evidenciam a forma como se datildeo
estas dificuldades
ldquoBem na escola natildeo sofro violecircncia escolar com os professores mas agraves vezes acho que eles tecircm alunos preferenciais e que agraves vezes tratam mal aqueles que natildeo satildeo os seus preferidos falo isso pois as vezes existem professores que natildeo datildeo atenccedilatildeo por igual aos seus alunos Eu natildeo condeno a ideia de que eles tenham seus alunos preferidos mas que eles natildeo demonstrem tatildeo claramente issordquo (C92) ldquoTudo que esse professor explica eu quase natildeo entendo ele raramente faz brincadeiras em sua aula e eacute um pouco grosso(a) As pessoas meio que tem medo dele(a) entatildeo natildeo tiram suas duacutevidas
107
com medo de levar um fora (C95) ldquoTem professores que jaacute entram na sala com raiva outros vocecirc natildeo entende o assunto e vocecirc fala para o professor que natildeo entendeu ele fala pra vocecirc que vocecirc natildeo entendeu porque estava conversando ou brincando e agraves vezes tiram pontos dos alunos por causa dissordquo (C102) ldquoEu acho que haacute professores que natildeo se importam com os alunos tem alunos que estatildeo em recuperaccedilatildeo porque o que eles falam na sala natildeo daacute pra entender nada e a pessoa tenta tirar as duacutevidas mas o professor natildeo daacute nem a miacutenima soacute se importa para as pessoa que jaacute entenderam o assunto () os professores recusam os alunos como se eles fossem uma pessoa de rua sem futuro a gente tem o direito de participar de todas as atividades os nossos (pais) pagam a escola pra aprender e o que a maioria dos professores ensinam natildeo daacute pra entender nada aiacute o cara estuda pra caramba pra na hora da prova tirar uma nota ruimrdquo (C108)
Os estudantes apresentam suas preferecircncias em relaccedilatildeo aos
professores apontando aspectos facilitadores e aqueles que dificultam suas
escolhas
ldquoO professor que eu menos tenho afinidade eacute legal mas nas aulas dele eu natildeo me sinto agrave vontade como nas outras Meus colegas gostam muito desse professor mais cada um tem sua personalidade e a personalidade dele natildeo bate com a minhardquo (C92) ldquovou falar um pouco dos professores Primeiro vou falar um pouco do que eu mais gosto Ele assim ensina melhor pois a sua explicaccedilatildeo daacute para entender eleela faz joguinhos sobre o assunto que estamos estudando faz gincanas e tudo que eleela explica eu entendo E eu sempre me dou bem nas suas provas por isso eacute ao mais legal professor ou professorardquo (C95) ldquoA professora que eu tenho menos afinidade eacute a professora de portuguecircs porque pra mim ela eacute duas caras () na frente da minha matildee ela eacute uma santa mas na sala de aula quando eu tento falar com ela ela natildeo me daacute atenccedilatildeo soacute daacute atenccedilatildeo aos alunos que ela mais gosta () mas ela melhorou a conduta comigo A professora que eu mais tenho afinidade e gosto muito dela eacute a professora de Geografia ela eacute muito carinhosa sabe entender a timidez do aluno tira duacutevida a qualquer momento ela gosta de mim ela eacute super atenciosa eacute como uma matildee para mim Graccedilas a Deus ateacute hoje natildeo sofri nenhum tipo de bullying a natildeo ser o da professora de portuguecircsrdquo (C105)
108
513 A Reaccedilatildeo agrave Violecircncia Escolar
5131 Reprovaccedilatildeo e Indignaccedilatildeo
A violecircncia escolar natildeo eacute algo apenas passiacutevel de reconhecimento ela
provoca uma reaccedilatildeo por parte dos estudantes uma posiccedilatildeo criacutetica ldquoAcho
muito chato a palavra violecircncia e logo quando ela vem acompanhada com a
palavra escolar eacute que fica pior aindardquo (A20) A presenccedila da violecircncia no
ambiente escolar parece causar espanto e indignaccedilatildeo ldquoEu acho que todo tipo
de violecircncia eacute ruim escolar eacute que eu acho pior aindardquo (C61) ldquoEu acho que a
violecircncia escolar eacute um ABSURDOrdquo (C69) Esta reaccedilatildeo tambeacutem se estende
para as situaccedilotildees de violecircncia envolvendo bullying ldquoa violecircncia na escola eu
acho um absurdo agora chamada de bullyingrdquo (A1) ldquona minha opiniatildeo a
violecircncia escolar ou bullying eacute um absurdordquo (A3)
A indignaccedilatildeo com a violecircncia no contexto escolar parece ser fruto da
valorizaccedilatildeo do propoacutesito da escola e do seu papel na sociedade ldquoPra mim
essas pessoas natildeo estatildeo com nada essas coisas satildeo de gente que natildeo (tem)
nada para fazer Chega de violecircncia nas escolas pois sem a escola natildeo
seriamos nada na vida lugar de se aprender eacute na escola natildeo de brigarrdquo (C60)
ldquoBom a primeira pergunta eacute o porquecirc que existe essa tal coisa Se a escola eacute
o lugar que forma as pessoas para o futuro e para hoje podemos dizer que eacute
uma espeacutecie de matildeerdquo (C103) A escola enquanto local para estudar e aprender
eacute bastante mencionada ldquoA violecircncia na escola pra mim eacute algo que natildeo devia
existir porque natildeo tem precisatildeo de ter briga no coleacutegio porque o coleacutegio eacute um
lugar de estudarrdquo (C127) ldquoeu acho um absurdo o jeito que estaacute a violecircncia hoje
109
em dia as pessoas vatildeo para a escola para estudar e natildeo brigarrdquo (A22) E
aleacutem da aprendizagem a escola tambeacutem proporciona outras coisas boas ldquona
minha opiniatildeo eu acho que isso natildeo deveria acontecer pois a escola eacute um
lugar para conviver fazer amigos e principalmente aprenderrdquo (A10)
Os alunos destacam especificidades da racionalidade humana que natildeo
condizem com situaccedilotildees de violecircncia na escola ldquoEu acho que todos noacutes temos
que ter a consciecircncia que isso natildeo leva a nada afinal isso eacute uma escola um
lugar de estudo que eacute proibido esses tipos de violecircnciardquo (C124) ldquoisso precisa
acabar pois escola eacute lugar de estudar aprender a ser gente de verdade e natildeo
animal irracional noacutes temos a capacidade de pensar antes de agir e natildeo ser
racista e etc Violecircncia na escola CHEGArdquo (C118)
Haacute ainda reconhecimento agrave confianccedila depositada pela famiacutelia na escola
e que as situaccedilotildees de violecircncia traem essa confianccedila ldquoBem esse tipo de
violecircncia que eu acho uma das piores porque logo na escola que eacute onde os
pais natildeo deveriam se preocupar com seus filhos nessa aacuterea da violecircnciardquo
(C130) ldquoeu acho que esse tipo de violecircncia natildeo deveria acontecer porque na
escola eacute logo quando os pais pensatildeo que estaacute tudo tranquumlilordquo (C129)
Os alunos demonstram muita criticidade diante das situaccedilotildees de
violecircncia na escola ldquoalguns alunos ficam discriminando outros por bobagens
como o jeito dele ser pela aparecircncia da pessoardquo (C96) principalmente pela a
falta de sentido nas situaccedilotildees presenciadas ldquoEu acho que a violecircncia escolar
acontece geralmente por motivos bestas ou por motivo nenhumrdquo (C82) ldquohaacute
cotidianos que ser agredido jaacute faz parte e isso deveria ser mudado pois na
sociedade que estamos a agressatildeo eacute um ato sem necessidaderdquo (A21) A
violecircncia tambeacutem eacute algo rejeitado por reconhecer os motivos banais
110
envolvidos ldquose alunos brigam isso eacute raro mas agraves vezes acontece por motivos
realmente bobos isso na minha opiniatildeordquo (A6) e que situaccedilotildees banais viram
algo maior ldquoos alunos fazem briga por qualquer besteira e acaba virando um
assunto seacuterio por causa da violecircncia natildeo soacute a violecircncia fiacutesica mas tambeacutem a
oralrdquo (A19)
Os jovens tambeacutem demonstram reprovaccedilatildeo quando tratam do bullying
ldquoEssa praacutetica precisa acabar no Brasilrdquo (B51) ldquoNatildeo gosto dessa violecircncia do
bullying Era muito melhor se todos se respeitassem se amassem e ao
proacuteximo perdoassem etc Entatildeo eu queria que a violecircncia parasserdquo(C61)
Os estudantes parecem natildeo admitir a violecircncia na escola porque natildeo
traz benefiacutecio algum ldquoE eu tambeacutem acho ridiacutecula porque a pessoa xinga a
outra bate na outra faz tudo de ruim com a outra pessoa e natildeo ganha NADA
fazendo issordquo (C130) ldquoBom eu acho que essas brigas satildeo uma besteira pois
natildeo vatildeo levar em nada () depois se vocecirc parar pra pensar eacute uma pessoa que
realmente natildeo tem absolutamente nada pra fazerrdquo (C94) ldquoPara que se
envolver em brigas por nadardquo (A13)
A indignaccedilatildeo eacute clara nos trechos seguintes
ldquoE muito triste ver professores machucados alunos esfaqueados como um aluno consegue levar uma arma para o coleacutegio sem que ningueacutem veja Ou entatildeo uma facardquo (A22) ldquoComo as pessoas tem a coragem de esfaquear matar ou ateacute atirar em outra pessoa Escola eacute um lugar pra se aprender e natildeo pra brigar ou etc quando os pais deixam os filhos seguros por enquanto que trabalham mais natildeo uma matildee pode ter deixado o filho na escola foi trabalhar e quando chega no trabalho ela recebe um telefonema dizendo que o filho levou um tiro ou uma facadardquo (A22)
Manifestaccedilatildeo de toleracircncia agrave violecircncia na escola parece ser esporaacutedica
entretanto em alguns casos especiacuteficos natildeo seria admitida de
111
forma alguma
ldquoEm todos esses anos nos coleacutegios sempre vi um problema muito seacuterio a violecircncia escolar muitos alunos praticam isso na minha opiniatildeo isso natildeo estaacute errado as vezes ateacute sem querer prejudicamos os outros Um caso que houve no coleacutegio foi que um garoto do 8ordm ano 7seacuterie bateu em um garoto mais ou menos 3 ou 4 anos menor que ele entatildeo isso estaacute errado esse tipo de violecircnciardquo (A8)
Em vaacuterios momentos os participantes manifestam seu repuacutedio ao
preconceito ldquopreconceito tem que acabar hojerdquo (A23) agrave violecircncia escolar
ldquoSobre a violecircncia escolar eu discordo pois nenhum motivo na escola justifica
uma agressatildeordquo (C72) assim como agraves situaccedilotildees envolvendo bullying ldquoBom na
minha opiniatildeo acho que eacute isso devemos acabar com a violecircncia escolar
BULLYING e violecircncia na escola Natildeordquo (C63) ldquoVamos derrotar o bullyingrdquo
(C76) A manifestaccedilatildeo de repuacutedio de certa forma eacute agrave violecircncia em geral ldquoFico
triste porque no mundo jaacute tem essas mortes destruiccedilotildeesrdquo (C61) ldquoeu
particularmente acho que eacute uma besteira uma coisa que soacute quem faz eacute burro
gente que natildeo tem o que fazer Mas infelizmente soacute algumas pessoas
pensam ou agem assim feito pessoas decentes e que respeitam os outrosrdquo
(C85) ldquoresumindo eu sou totalmente contra a violecircnciardquo (A12)
5132 Consequecircncias
Os alunos alertam para as consequecircncias da violecircncia escolar Percebe-
se que o envolvimento em episoacutedios de violecircncia eacute nocivo para o
desenvolvimento de crianccedilas e adolescentes ldquocrianccedilas sofrem com isso e
algumas ateacute ficam com traumardquo (A30) ldquoeacute uma atitude que natildeo tem benefiacutecio
algum apenas consequecircnciasrdquo (A9)
Algumas consequecircncias atingem de imediato a relaccedilatildeo do estudante
112
com a escola ldquonoacutes ficamos muito tristes e muitas vezes natildeo sentimos vontade
de ir para a escolardquo (C93) com prejuiacutezos em relaccedilatildeo agrave aprendizagem ldquoO fato
eacute violecircncia natildeo importa qual atrapalha o aprendizado das pessoas e natildeo
deve ser incentivada de forma alguma principalmente nas escolasrdquo (C109)
Natildeo obstante o dano pode se estender com repercussotildees a longo
prazo ldquoIsso eacute uma coisa seacuteria pode se tornar ateacute doenccedila para mim
futuramente ter um futuro ruim como pessoa amargardquo (C110) com possiacuteveis
prejuiacutezos aos relacionamentos ldquodestroacutei a vida da outra pessoa porque isso vai
marcar a vida da pessoa e ela vai ficar PARA SEMPRE com aquela maacutegoa e
ela pode ficar sempre e para sempre soacute isolada E natildeo tem pra que a pessoa
agredir a outrardquo (C130) O depoimento a seguir evidencia estas
consequecircncias
ldquoUma vez na 4ordf seacuterie eu comecei a usar oacuteculos e todas as pessoas ficavam me chamando de quatro olhos e agraves vezes de baleia porque eu sou cheinha eu ficava sozinha no recreio por conta disso eu proacutepria passei a me reservar a me isolar e soacute depois que eu percebi que o que as pessoas falavam eu natildeo precisava ligar pois natildeo ia levar a nada soacute a prejudicar a mim mesmardquo (A25)
Os danos tambeacutem afetam o agressor da violecircncia ldquoA violecircncia escolar eacute
um ato que prejudica tanto quem sofre quanto quem pratica porque quem
sofre ele automaticamente se isola e quem pratica se transforma em uma
pessoa difiacutecil de conviverrdquo (C78) com prejuiacutezos para o seu futuro ldquoe essas
pessoas que se acham valentotildees quando crescerem natildeo vatildeo ter com o que se
sustentar ou se tiver a famiacuteliardquo (C127) ldquoeu acho horriacutevel porque quem
machucou o menino no futuro poderaacute fazer coisas pioresrdquo (A12) no entanto
reconhece-se que o prejuiacutezo sempre eacute maior para a viacutetima ldquoIsso eacute ruim para o
agressor e para quem sofre principalmenterdquo (C110) ldquopara mim deveriacuteamos
113
tentar acabar com isso pois quem daacute natildeo se prejudica mais quem recebe
simrdquo (B36)
Pessoas que natildeo tem envolvimento com a situaccedilatildeo podem ser atingidas
podendo afetar inclusive pessoas que tentam impedir as situaccedilotildees de violecircncia
ldquoessa violecircncia eacute muito ruim na escola e outros lugares por causa que ela pode fazer uma briga algueacutem pode quebrar uma perna e um braccedilo pode ter um corte na cabeccedila machuca vaacuterias pessoas que estaacute na briga e os inocentes que terminam levando murro ponta-peacute sem estar fazendo nadardquo (A20)
ldquomuitas pessoas saem feridas ateacute quem natildeo estaacute participando quem estaacute apartando a briga estatildeo tentando impedir que ela continue sai machucado e quem comeccedila a briga quem estaacute participando muitas vezes saem feridos fisicamente e psicologicamenterdquo (C120)
ldquoEacute terriacutevel pois eacute complicado quando um aluno sai machucado o prejuiacutezo eacute ruim porque os pais vatildeo ter que sair do trabalho para levar seu filho para um hospital ainda quando chega laacute tem que esperar filardquo (C129)
Da mesma forma consideram-se as consequecircncias das situaccedilotildees que
envolvem bullying ldquoO bullying deve ser evitado pois mexe com o sentimento da
pessoa com o seu caraacuteter que na maioria das vezes eacute de boa iacutendole e que
sofre xingamentos e ateacute mesmo agressotildees fiacutesicasrdquo (B51) ldquoe isso acaba sendo
um verdadeiro ldquoinfernordquo na vida dos alunos () Eles acabam natildeo conseguindo
estudar brincar dormir ficar sossegado e sua vida sai do normalrdquo (C121) Os
efeitos parecem ser duradouros e ateacute bem intensos ldquoalgumas pessoas ateacute
sofrem de problemas mentais por estarem sofrendo bullying na escolardquo (C77)
ldquoas pessoas que sofrem bullying podem ter depressatildeo podem se revoltar
existem casos que as pessoas ficam tatildeo tristes que podem ateacute morrerrdquo (C82)
Ser alvo de bullying pode comprometer intensamente os jovens em
114
diversos aspectos ldquoquem sofre a violecircncia pode ter no futuro alguns problemas
mentais ou fiacutesicos ou seja o trauma que pode afetar completamente a vida da
pessoa quando a pessoa sofre praticas como o bullyingrdquo (C83) sendo-lhe
imputado os casos envolvendo mortes ldquoO que devemos ter em mente eacute que o
bullying pode fazer muito mal a quem sofre e pode ocasionar problemas fiacutesicos
mentais existem casos de pessoas que se matavam por natildeo aguumlentar mais ser
viacutetima dessa praacuteticardquo (C109)
Outra consequecircncia sinalizada eacute a violecircncia gerar atitudes tambeacutem
violentas ldquoNas escolas isso pode se tornar uma caracteriacutestica ruim quando a
pessoa que passou a infacircncia sendo de certa forma agredida e humilhada
() As pessoas que satildeo agredidas pelo bullying quando crianccedilas podem se
tornar medrosas fracos tiacutemidas e as vezes ateacute violentasrdquo (B52) E uma das
reaccedilotildees pode ser a agressatildeo fiacutesica ldquo(a violecircncia fiacutesica) acontece pelo
preconceito o que se sente excluiacutedo humilhado e sozinhordquo (C68)
Os alunos identificam que o envolvimento em violecircncia pode trazer
consequecircncias intensas tanto para agressores como para as viacutetimas como ser
passiacutevel de detenccedilatildeo ldquoEssa praacutetica eacute ilegal e daacute cadeia pois eacute uma praacutetica que
agride a pessoa moralmenterdquo (B51) ou mesmo a hospitalizaccedilatildeo ldquomuitas vezes
as pessoas saem machucadas e algumas vezes vatildeo parar no hospitalrdquo (C122)
a fuga de casa ldquoe o pior de tudo leva esse trauma para a vida toda e muitas
vezes ateacute se esconde e ateacute mesmo foge de sua casardquo (C119) As
consequecircncias podem ser tatildeo intensas que podem abranger inclusive casos de
mortes ldquobom a violecircncia na escola eacute muito perigosa porque pode trazer morte
e ateacute dificuldaderdquo (A11) ldquoNas escolas principalmente escolas estaduais e
municipais a grande maioria das vezes termina em morterdquo (C126) ldquoateacute essas
115
violecircncias chegam a ponto ateacute de ser levadas aos seus familiares a morte por
tiro ou um susto muito grande de sequestrordquo (C119)
Entre as consequecircncias elencadas haacute referecircncia a aspectos positivos
de superaccedilatildeo ldquocomo tambeacutem existe as pessoas que venceram e que hoje tem
sucesso em sua vida pessoal e puacuteblica agraves vezes a violecircncia pode impulsionar
a pessoa a perder a vergonha como tambeacutem retrairrdquo (C109)
A violecircncia eacute um fenocircmeno que deixa marcas ldquomuitas pessoas ficam
traumatizadas quando crescem por causa da violecircncia independente que seja
verbal ou fiacutesicardquo (C70) Os trechos a seguir abordam as diversas
consequecircncias da violecircncia escolar
ldquoA violecircncia escolar estaacute atrapalhando muitos jovens soacute natildeo no Brasil como outros paiacuteses () Muitos jovens no Brasil estatildeo sendo agredidos e o bullying estaacute atrapalhando os seus estudos muitos jovens no Brasil natildeo querem ir agrave escola com medo de ser agredidos pelos alunos no coleacutegio Muitos estatildeo deixando do que queriam ser no futuro pois o bullying estaacute atrapalhando e eles natildeo querem mais voltar ao coleacutegiordquo (C71) ldquoEssas pessoas deveriam abrir os olhos e ver que o que elas estatildeo fazendo estaacute errado e machuca a pessoa agredida tem tambeacutem os que batem na pessoa soacute por que quer bater em algueacutem eu acho que essa violecircncia tem que acabar pois natildeo existe ningueacutem melhor do que ningueacutemrdquo (B37)
Em um episoacutedio relatado um comportamento violento por parte de um
grupo de colegas provocou danos fiacutesicos agrave viacutetima
ldquoJaacute aconteceu um caso aqui no coleacutegio de que um menino ele eacute bem abestalhado e fala coisa que natildeo deve entatildeo se juntaram meninos de uma sala e na saiacuteda da escola espancaram ele e nisso ele jaacute foi pra casa e passou muito mal ai ele foi para o hospital quando chegou laacute tiraram um raio x dele Quando saiu o resultado ele estava cheio de hematomas e correndo risco de morterdquo (A11)
116
5133 Violecircncia e relacionamento
Os relacionamentos tambeacutem satildeo considerados no cenaacuterio da violecircncia
escolar e despontam a partir da indignaccedilatildeo e como elemento de proteccedilatildeo
perante a violecircncia
A reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo da violecircncia entre os estudantes fica evidente a
partir da temaacutetica da amizade que estaacute presente em alguns textos ldquoTodas as
pessoas deveriam pensar no seu amigo () O ser humano tem que ter
consciecircncia do que diz o que debate e o que faz com o seu amigordquo (C66) ldquoA
escola eacute um lugar para se aprender conhecer pessoas e fazer amigos Poreacutem
muitas pessoas natildeo mantecircm uma convivecircncia harmoniosa na escolardquo (B39) A
questatildeo de violecircncia entre amigos estaacute presente no episoacutedio relatado ldquohouve
uma briga em que um amigo meu e tambeacutem meu outro amigo um deu um
murro no outro etcrdquo (C91)
A amizade parece ser traiacuteda por situaccedilotildees de violecircncia ldquoAmigos
colegas muitas vezes satildeo pessoas que vocecirc nunca pensou que te
apelidasserdquo (C63) ldquomas brigas em coleacutegio natildeo satildeo normais quando tem satildeo
incontrolaacuteveis pois os lsquoamigosrsquo aticcedilam a briga mas se ele eacute amigo de verdade
natildeo devia fazerrdquo (C123) e provocam muitas perdas ldquoNatildeo haacute necessidade de
machucar algueacutem mas fazem para se satisfazer ficam felizes se sentem
fortes poderosos Pensam que ganham mas soacute perdem amizades ganham
respeito pelo medo usam a frase Eacute melhor ser temida do que ser amadardquo
(B50)
Parece que a pessoa agredida muitas vezes sente-se sem apoio
mesmo de pessoas com relaccedilotildees de amizade ldquoessas pessoas que sofrem em
117
vez de falarem para seus responsaacuteveis levam o caso a seus amigos e eles
que muitas vezes o envergonham e ateacute deixam eles mais violentados natildeo
apenas com agressotildees fiacutesicas e sim com algumas palavrasrdquo (C119)
Os bons relacionamentos e as relaccedilotildees de amizade parecem ter uma
funccedilatildeo perante a violecircncia na escola como elemento que pode impedir brigas
ldquoAs relaccedilotildees dos alunos uns com os outros eacute boa e diariamente como eu
disse natildeo haacute muitas brigasrdquo (C96) ldquoIsso tem que acabar tem que pensar
duas vezes antes de machucar um amigo ou amiga pois pessoas assim eu
natildeo chamo de amigordquo (C76) e que intensificam o diaacutelogo entre as pessoas
ldquoeu acho que a base de uma amizade e de um bom aprendizado eacute a conversardquo
(C90)
Aleacutem da possibilidade de bons relacionamentos e de amizade na escola
os contatos diaacuterios eacute algo que pode minimizar a violecircncia ldquotambeacutem tenho um
bom relacionamento com meus amigos estudo com eles todos os dias convivo
com elesrdquo (C124) e tambeacutem que pode promover o desenvolvimento de outras
estrateacutegias para o enfrentamento das dificuldades ldquoMas tem pessoas que natildeo
gosto de me relacionar com elas pessoas que agraves vezes natildeo querem o seu
bem faz coisas erradas sem pensar Por ver que natildeo seraacute bom ficar com essa
pessoa me afasto Tenho oacutetimas amizadesrdquo (C124) Entretanto o contato
diaacuterio pode trazer suas dificuldades ldquoNa escola eacute mais difiacutecil pois vemos
nossos agressores todos os diasrdquo (C101)
A intensidade de convivecircncia na escola tambeacutem pode favorecer a
toleracircncia e o respeito agraves diferenccedilas ldquoA vida natildeo eacute faacutecil pois temos que
conviver com os outros pois ningueacutem eacute igual a ningueacutem por isso que tem que
ter respeito pois com violecircncia nada se resolverdquo (C64) ldquoEu acho que a
118
violecircncia na escola eacute muito inconveniente todos deviam respeitar os outros
mesmo sendo diferente () eacute muito importante ser respeitado e respeitarrdquo
(C65) salientando a relaccedilatildeo de igualdade entre as pessoas ldquoAcho que as
pessoas deviam ter respeito com todos pois somos todos iguaisrdquo (C62)
ldquoEntatildeo a gente tem que aceitar todo mundo do jeito que eacute sendo inteligente ou
bagunceiro Todas as pessoas satildeo diferentes entatildeo natildeo podemos ter
preconceito porque a pessoa usa oacuteculos por ser muito grande ou pequeno
demais natildeo devemos tirar onda com essas pessoas porque todo mundo tem
um defeitordquo (C127) ldquoEu acho assim que cada pessoa deveria respeitar os
outros pois ningueacutem eacute mais do que ningueacutem e nem importante do que o outrordquo
(C66)
O surgimento de questotildees relativas agrave empatia tambeacutem demonstra
reaccedilatildeo de reprovaccedilatildeo diante da violecircncia escolar ldquoA violecircncia escolar para
mim eacute um absurdo pois natildeo eacute preciso fazer isso e quem faz isso pense se
queria estar no lugar dessa pessoardquo (C82) ldquoe a pessoa natildeo deve daacute a outra o
que natildeo quer receber porque o que a pessoa planta a pessoa colhe se a
pessoa planta maldade vai colher maldade soacute a infelicidade da outra pessoardquo
(C130) ldquoe natildeo fazer nada do que vocecirc natildeo queria pra vocecircrdquo (C66) Eacute preciso
se colocar no lugar do outro tambeacutem nas situaccedilotildees envolvendo bullying
ldquoBullying natildeo se faz pense no proacuteximordquo (C77)
O relacionamento professor-aluno eacute destacado com algo de relevacircncia
no cenaacuterio da violecircncia escolar ldquoEu tenho um bom relacionamento com minha
professora ela eacute calma nos escutardquo (124) Os estudantes satildeo criacuteticos em
relaccedilatildeo aos relacionamentos inadequados com os professores ldquoHaacute ignoracircncia
natildeo soacute com os professores mas com os colegas de classe Eu acho que um
119
deveria respeitar o proacuteximo porque isso eacute uma falta de respeito muito granderdquo
(C64) ldquoOs alunos natildeo respeitam os professores os professores dizem que eacute
para eles ficarem calados mas continuam falando etcrdquo (C95)
Chama a atenccedilatildeo o fato de numa produccedilatildeo sobre Violecircncia Escolar os
participantes revelarem aspectos fundamentais da relaccedilatildeo professor-aluno E
assim evidenciam questotildees destacadas por Hinde Finkenauer e Auhagen
(2001) de que o pleno entendimento das relaccedilotildees exige um enfoque no niacutevel
individual pois o curso de um relacionamento tambeacutem depende das
caracteriacutesticas psicoloacutegicas dos participantes Portanto os relacionamentos
envolvem caracteriacutesticas pessoais dos participantes como expectativas
posicionamento quanto a normas culturais sociais e organizacionais auto-
conceito auto-estima valores religiosos habilidades de comunicaccedilatildeo entre
outras O professor indiviacuteduo adulto diferentemente de crianccedilas e
adolescentes parece ter maiores condiccedilotildees de estar atento a tudo isto diante
do cenaacuterio das relaccedilotildees na escola
Eacute importante cuidar dos relacionamentos na escola ldquoA escola eacute lugar
para estudar fazer novas amizades etcrdquo (C61)
514 Prevenccedilatildeo e Combate agrave Violecircncia Escolar
Eacute veemente o interesse dos estudantes que atitudes de natureza
violenta desapareccedilam do contexto escolar ldquoPrecisamos combater todos os
tipos de violecircncia e preconceitordquo (C81) ldquoo bullying eacute um caso seacuterio e natildeo
podemos deixar isso aumentar nas escolasrdquo (A35) Natildeo obstante haacute o
reconhecimento que eacute algo aacuterduo e que natildeo existem ainda estrateacutegias
eficientes ldquoA violecircncia escolar eacute um mal que precisa acabar poreacutem ningueacutem
120
respondeu a pergunta que gera esse fim Comordquo (B50)
Os estudantes expressam a necessidade de accedilotildees preventivas como
forma de enfrentar a violecircncia na escola ldquoA violecircncia deve ser evitada para o
bem de todos Isso eacute uma forma de parar ou simplesmente diminuir a violecircncia
seja onde forrdquo (A5) ldquoBem a violecircncia jaacute devia ser tratada com maior
responsabilidade e muito mais ainda a violecircncia na escolardquo (C84) ldquoAleacutem de
muita falta de educaccedilatildeo as pessoas deveriam ter um pouco de compreensatildeo
sobre o assunto Violecircnciardquo (C63) As accedilotildees propostas servem para prevenir ou
combater a violecircncia escolar e se datildeo em diferentes planos da sociedade
como na proacutepria escola na famiacutelia ou no Estado Por vezes algumas normas
satildeo propostas como modelo de comportamento ldquoenfim eu acho que o pessoal
tem que ter mais educaccedilatildeo respeitordquo (C129) e outras as medidas existentes
satildeo objeto de criacutetica ldquoos casos sempre vatildeo e voltam da coordenaccedilatildeo do
mesmo jeitordquo (C114)
5141 O Papel da Escola
Sendo a escola o cenaacuterio de situaccedilotildees de violecircncia eacute a ela que os
alunos delegam grande responsabilidade no enfrentamento da violecircncia ldquoEu
acho que os coleacutegios tecircm que dar prioridade para acabar com a violecircncia
escolarrdquo (A30) ldquoIsso deve ser trabalhado nas escolasrdquo (B39) Para alguns a
escola jaacute estaacute cumprindo este papel ldquoNa minha opiniatildeo pelo menos na minha
escola eles vem cuidando muito desse assuntordquo (C107) para outros natildeo eacute o
caso ldquoapesar de ser um absurdo as escolas natildeo fazem nada para que os
alunos se conscientizem que isso eacute muito brusco e cada vez mais perigosordquo
(C119) Por outro lado a dificuldade em resolver eacute bastante relatada ldquoExistem
121
psicoacutelogos nas escolas mas muitas vezes parece natildeo resolver Diretores
chamam os pais para perguntar o que estaacute acontecendo mas infelizmente os
pais natildeo sabemrdquo (A4)
Atribui-se agrave coordenaccedilatildeo a competecircncia para lidar com a violecircncia na
escola no entanto sem sucesso muitas vezes Os relatos abaixo satildeo
esclarecedores dessa interpretaccedilatildeo dos alunos
ldquonesse ano um grupo de alunos se juntaram para bater em um soacute e a briga foi para coordenaccedilatildeo e natildeo fizeram nada soacute reclamaram e ateacute acham normal porque acontece muitordquo (C114) ldquoUma vez um menino ficou aborrecendo o outro durante o ano todo aiacute o menino disse a coordenadora e ela apenas o mandou parar e durante o outro ano todo o menino continuou perturbando o outrordquo (C112) ldquoEu ateacute levei o caso pra coordenaccedilatildeo mas natildeo resolveu nada ela soacute fez falar que era eu que estava fazendo isso e que ele esta revidando mas eu nem falava com a pessoa que fazia essas coisas comigo Entatildeo eu acho que a escola tem que ficar mais alerta com essas coisasrdquo (C97) ldquoAno passado houve um dia que houve uma briga entre dois amigos nossos foi assim um deles chegou e deu um tapa no outro e esse outro deu um murro no primeiro () Eles estavam num cassete arretado o segundo deu um murro que o primeiro foi bater no fim da sala e entatildeo os dois foram para a coordenaccedilatildeo mas natildeo foram suspensosrdquo (C91)
Em alguns relatos a figura do professor como autoridade se sobressai e
os alunos destacam o seu papel em inibir episoacutedios de violecircncia
ldquotoda vez que a professora estaacute na sala eacute um silecircncio que nem parece que o pessoal ta acordado parece que ta dormindo mas eu acho que o que mais falta na escola eacute o respeito porque quando a professora sai da sala eacute uma bagunccedila da bexigardquo(C129) ldquopois os coordenadores os mandaram parar Quando os professores chegavam eles paravam mas quando saiam continuavamrdquo (C89)
122
Os alunos apresentam a forma como entendem a contribuiccedilatildeo de
psicoacutelogos apontado sua relevacircncia dentro da escola tanto em atividades
ligadas agrave prevenccedilatildeo como para o enfrentamento das situaccedilotildees de violecircncia em
atividades coletivas ldquocom as psicoacutelogas entrando nas salas para falar do
assunto principalmente com os alunos que jaacute cometeram violecircncia fazendo
projetos e trabalhos sobre a violecircncia para eles natildeo seguirem este caminho e
ateacute mesmo para os alunos ajudarem uns aos outrosrdquo (A19) ou mesmo
individuais ldquoAs escolas deviam tomar alguma providencia como ter um
momento com um psicoacutelogo unicamente para que o aluno comunicasse tudo o
que ele tem vivido ou sofrido ao vir agrave escolardquo (C107) A contribuiccedilatildeo do
psicoacutelogo natildeo significa a impossibilidade de alguma medida punitiva ldquoNatildeo soacute
punir o agressor com dois ou trecircs dias de suspensatildeo mas com um
acompanhamento psicoloacutegico pois o agressor provavelmente esteja passando
por algo em casardquo (C103) Para os alunos cabe tambeacutem aos pais e
profissionais da escola reconhecer a colaboraccedilatildeo deste profissional ldquopor isso
eu acho que os pais e educadores devem ter cuidado ao lidar com essas
crianccedilas e se necessaacuterio elas devem ter acompanhamento psicoloacutegicordquo (A24)
O preparo ou competecircncia da escola para proporcionar orientaccedilatildeo
visando evitar a violecircncia escolar eacute um problema a ser resolvido Para alguns
a escola estaacute preparada ldquoas escolas jaacute estatildeo preparadas para esse tipo de
atrito tatildeo comum entre os alunos Existem psicoacutelogas e coordenadoras para
exatamente resolver issordquo (A13) mas natildeo eacute assim que pensam todos ldquoAqui na
escola tentam ajudar cada um dos alunos em suas dificuldades natildeo adianta
muito porque natildeo ligam muito mas eacute preciso sim ter um responsaacutevel maior
como um diretor professor pai e matildee psicoacutelogo (a) ou pessoa mais velha que
123
esteja a frente do devido localrdquo (C110) Acontece que ao natildeo ter como resolver
acaba-se comprometendo mais a situaccedilatildeo de violecircncia ldquoporque muitas vezes
os diretores ou outras pessoas natildeo sabem tratar do assunto e acaba piorando
as coisasrdquo (C97) Isto fica bem evidente na situaccedilatildeo descrita por um aluno
ldquoUm dia um amigo meu me disse (que) roubaram cinco reais dele entatildeo quando disse a supervisatildeo do seu coleacutegio o menino pegou trecircs amigos dele e bateu ateacute que foi expulso do coleacutegiordquo (A33)
A accedilatildeo punitiva na escola para controlar a violecircncia fazendo uso de
medidas draacutesticas como a suspensatildeo ou ateacute mesmo a expulsatildeo precisa ser
adotada na percepccedilatildeo dos participantes ldquoEu gostaria que alguns alunos
fossem expulsos pois soacute fazem brigar eacute atrapalhar a aulardquo (A26) ldquoEu acho que
esse tipo de pessoa deveria ser expulso da escola pois podem machucar
gravemente algueacutemrdquo (C89) ldquona minha opiniatildeo isso que fizeram com ele eacute caso
de expulsatildeordquo (A12) De modo oposto alguns alunos parecem natildeo acreditar na
eficaacutecia da puniccedilatildeo ldquoE certamente com a puniccedilatildeo ele faraacute a violecircncia de novo
seraacute punido e faraacute de novo de novordquo (C103) No relato a seguir o aluno faz
consideraccedilotildees desta natureza
ldquoMuitas vezes jaacute presenciei alguns amigos sofrendo violecircncia tanto fiacutesica quanto verbal no coleacutegio que depois natildeo foram devidamente castigados pelo seu erro na maioria das vezes eacute aplicada uma leve puniccedilatildeo e natildeo eacute tratado o lado psicoloacutegico de cada crianccedila dentro do coleacutegio mas com o consentimento dos paisrdquo (A24)
Esta accedilatildeo punitiva contudo deve ser desempenhada com cuidado para
causar injusticcedilas
ldquoDevemos penalizar melhor os alunos e ter muito cuidado para que os alunos natildeo seja penalizado com injusticcedila e devemos lsquoobterrsquo provas em qualquer situaccedilatildeo parecida como testemunha porque tem muita gente que mente muito e natildeo penalizando de forma qualquer o aluno que bagunccedila na sala quebra cadeiras na escola natildeo respeita os professores que agride os seus proacuteprios amigos deve ser expulso do coleacutegio e ter muito cuidado para que nesse caso natildeo
124
haja injusticcedila porque esse aluno ele precisa de ajuda escolar e do responsaacuteveis mais que isso natildeo funcione devemos ter atitudes mais seacuteria sobre esse caso e natildeo eacute mais responsabilidade do coleacutegio porque esse aluno vai continuar e vai prejudicar seriamente os seus colegasrdquo (A16)
As propostas para a escola satildeo bem diversas ldquoOs coleacutegios tecircm que
tomar providecircncias com quem faz essas violecircncias como regras riacutegidas
suspensotildees mas tambeacutem os coleacutegios tecircm que evitar o maacuteximo possiacutevel (que
aconteccedila violecircncia)rdquo (A19) destacando a relevacircncia dos profissionais da
escola ldquomas o bom eacute que noacutes temos os supervisoresrdquo (A33) O diaacutelogo eacute
apresentado como estrateacutegia de combate agrave violecircncia
ldquoEu acho que as pessoas que recebem esse tipo de violecircncia escolar deviam resolver na base da conversa com o agressor ou com a coordenadora e etc Porque a conversa leva ao conviacutevio melhor A violecircncia natildeo resolve nada () Mas natildeo basta apenas uma ou duas pessoas pensarem assim todos teriam que pensar que a conversa eacute muito melhor do que a violecircncia porque a violecircncia natildeo leva a nadardquo (C90)
A conversa e o diaacutelogo com base numa relaccedilatildeo de confianccedila aparecem
como uma boa estrateacutegia para combater as situaccedilotildees de bullying ldquoo bullying
pode ser resolvido de muitas maneiras como conversar mostrar o mal que o
Bullying causa as viacutetimas e etcrdquo (B48) ldquoe como podemos acabar com isso
Conversando com colegas com professores para acabar com essa agressatildeo
que eacute muito ruim para quem estaacute sendo agredidordquo (B42) Inversamente haacute
aqueles que defendem estrateacutegias com base na retaliaccedilatildeo ldquoPra mim os alunos
que fazem essas violecircncias todos os dias (bullying) devem receber em troca
claro que em todas as escolas eles satildeo suspensos expulsos mas voltaram a
fazer novamente Isso eacute um caso constrangedorrdquo (C124)
Os alunos apresentam alternativas para resolver o problema sugerem
estrateacutegias envolvendo puniccedilatildeo relacionada com a nota ldquona maioria das vezes
125
os coordenadores ligam para os pais mas isso natildeo resolve nada o certo seria
dar alguma puniccedilatildeo que o aluno parasse mesmo de perturbar o outro () o
que faria ele parar eacute dizer que ele teria algum ponto a menos na notardquo (C112)
ou envolvendo pessoas que poderiam colaborar ldquoA violecircncia escolar deveria
ser controlada e punida os alunos que se metessem na violecircncia fossem para
a diretoria e que tivesse um estagiaacuterio(a) nas salas de aula para controlar essa
violecircncia enquanto o professor saiacutesse por um momento e que os agressores
fossem tirados de salardquo (C87) Eacute interessante que os alunos compreendem a
finalidade dos atos de indisciplina e sugerem estrateacutegias inovadoras como
pode ser visto no trecho abaixo
ldquoPoreacutem noacutes poderiacuteamos nos ver livres de tal ato tatildeo brutal se houvessem algumas puniccedilotildees mais severas uma providecircncia que atualmente eacute tomada eacute suspensatildeo temporaacuteria do autor do ldquocrimerdquo eu natildeo acho que eacute uma boa providecircncia pois em grande parte dos alunos que praticam esses atos querem sair da escola Essa puniccedilatildeo seria dar a ele o que queria Eu acho e tenho quase certeza de que se as puniccedilotildees fossem de ficar mais na escola fazendo algumas atividades mais alunos parariam de praticar e ainda melhor menos pessoas sofreriam por estes atosrdquo (B40)
Famiacutelia e escola devem interagir ldquoeacute um assunto cuidadoso que precisa
de maacutexima atenccedilatildeo dos pais e educadoresrdquo (A24) ldquoNa minha escola nem
todos os dias tecircm essas brigas noacutes temos psicoacutelogos professores que lsquonoacutesrsquo
falam o que devem fazer mas eu acho que nem isso muda o comportamento
dos alunos acho tambeacutem que isso deveraacute ser cuidado em casa por seus paisrdquo
(C124)
Mesmo compreendendo que existem limites da escola no enfrentamento
da violecircncia o seu papel eacute referenciado ldquonatildeo tem como combater
completamente mas todos os coleacutegios jaacute estatildeo alertando e instruindo os
126
alunos sobre issordquo (A13) A escola precisa de um suporte maior para enfrentar
a situaccedilatildeo ldquoeu particularmente acho que de uma maneira ou de outra os
oacutergatildeos escolares brasileiros precisam combater de vez o bullyingrdquo (C88)
Sabe-se da dificuldade entretanto para os alunos enfrentar a violecircncia
na escola natildeo eacute impossiacutevel Os trechos a seguir evidenciam a esperanccedila que
os estudantes ainda alimentam em relaccedilatildeo ao papel da escola
ldquoQuando o agressor pratica o ato que eacute agredir o colega eacute muito difiacutecil reverter esse problema mas natildeo impossiacutevel Sinto que aqui no coleacutegio haacute sim esta dificuldade mas como disse natildeo eacute impossiacutevel pois com ajuda de vaacuterios profissionais e principalmente da famiacutelia assim podemos colocar em extinccedilatildeo este bicho cruel que eacute o bullyingrdquo (C99)
ldquoQueria poder achar uma maneira de acabar com isso mas pelo visto soacute daacute tentando conscientizar as pessoas que vivem na escola Se tudo fosse feito na paz na harmonia com solidariedade todo mundo aproveitaria e viveriacuteamos num mundo bem melhorrdquo (B36)
5142 O Papel do Estado
Aleacutem da escola e da famiacutelia cabe ao Estado controlar a questatildeo da
violecircncia escolar Neste caso a accedilatildeo do Estado eacute legislativa com penas
rigorosas ldquodeveria criar-se uma lei em que proibisse essa briga ou ateacute pena de
prisatildeordquo (A17) ou atuando de forma indireta como tornar obrigatoacuterio a presenccedila
de psicoacutelogos no sistema escolar em funccedilatildeo da violecircncia ldquopor causa dessa
violecircncia o governo (deveria) pensar em uma lei que seja obrigatoacuterio um
psicoacutelogo em cada escolardquo (A21) ldquodeviam investir melhor na educaccedilatildeo (eacute o
que acho e penso)rdquo (B44) Finalmente caberia ao governo federal controlar a
violecircncia escolar tendo em vista afastar o medo do contexto escolar
ldquoAcho que o governo brasileiro deveria tomar providencias em relaccedilatildeo a isso para as matildees natildeo terem medo de deixar seus filhos na escola ou os filhos natildeo ficarem com medo da escolardquo (A22)
127
Os estudantes recorrem ao dispositivo legal existente que trata sobre a
proteccedilatildeo integral agrave crianccedila e ao adolescente como possibilidade de eficiecircncia
no enfrentamento da violecircncia
ldquoEu acho tambeacutem que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente deveria ajudar a respeito disso Eles natildeo ajudam e agraves vezes soacute atrapalham com suas leis mal feitas Se eu fosse presidente ou diretor desse Estatuto eu pegaria pesado com os alunos que satildeo lsquobullyrsquo Eu faria com que qualquer coleacutegio pudesse expulsar alunos na 1ordf oportunidade que tivessemrdquo (A30)
5143 O Papel dos Proacuteprios Participantes
O combate e a superaccedilatildeo da violecircncia escolar natildeo devem resultar
apenas da accedilatildeo da escola da famiacutelia e do Estado Haacute o reconhecimento da
importacircncia e de um papel a cumprir por parte dos proacuteprios participantes como
indiviacuteduos e sociedade ldquovamos evitar essas brincadeiras de mau-gosto Vamos
tentar acabar com essa realidaderdquo (A15) ldquoE isso eacute uma coisa grave que deve
ser tratado mas eacute algo que depende de cada um por isso eacute necessaacuterio que
esse assunto seja esclarecido para todos os alunosrdquo (C79)
Para alguns estrateacutegias simples como anunciar os prejuiacutezos da
violecircncia como demonstraccedilatildeo de intoleracircncia com tais atos parecem
suficientes ldquoAcho que devemos combater esta violecircncia escolar e quando
nossos amigos forem fazer algum tipo de violecircncia noacutes natildeo podemos permitir
devemos falar para ele e para as pessoas que isto estaacutersquo errado entatildeo acho que
eacute isso vamos combater a violecircncia escolarrdquo (A14) ldquoisso tem que acabar pois
todos tecircm que falar para natildeo ser agredido pense nisto e ajude os outrosrdquo
(C80) ou ateacute mesmo um simples conselho ldquonatildeo faccedila isso eacute uma coisa muito
erradardquo (B49)
128
Os alunos destacam como essencial a confianccedila em algueacutem para que a
violecircncia seja revelada ldquose acontecesse comigo o que eu faria Acho que
falaria a algueacutem mais velho com mais experiecircnciardquo (C118) Recomendam os
pais como pessoas mais indicadas mas natildeo as uacutenicas ldquoO ideal seria que os
agredidos contassem aos pais se se sentirem preparados Mas se achar que
os pais natildeo iratildeo ajudar contar a algueacutem que possardquo (B52) ldquoEu acho que se
cada pessoa que estivesse sofrendo este caso devia tirar todos os seus
medos e contar para seus pais para um psicoacutelogo para que eles venham
tomar alguma decisatildeordquo (C107) As pessoas da escola tambeacutem satildeo apontadas
como possibilidades ldquoPor isso se sofremos esses tipos de violecircncia acho que
deveriacuteamos comunicar as pessoas responsaacuteveis da escolardquo (A25)
Esta parece ser um dos aspectos que tem maior poder de realmente
transformar as relaccedilotildees na escola No entanto soacute seraacute possiacutevel com
modificaccedilotildees na forma de lidar com as situaccedilotildees de violecircncia
Mesmo que os alunos reconheccedilam a necessidade de uma relaccedilatildeo de
confianccedila com pessoas da proacutepria escola os estudos de Abramovay (2005)
mostram que o que prevalece eacute o oposto Segundo os dados da pesquisa
sobre violecircncia na escola ocorre muito descreacutedito dos jovens em relaccedilatildeo agraves
autoridades da escola como os diretores e professores Aproximadamente 11
dos alunos procuram um professor quanto tecircm um problema na escola e cerca
11 fazem o mesmo com o diretor mostrando um baixo grau de confianccedila nas
autoridades escolares Chama a atenccedilatildeo que essas proporccedilotildees satildeo mais
baixas do que a dos alunos que afirmam que natildeo contam para ningueacutem os
problemas que ocorrem na escola (14)
O final da violecircncia eacute visto como resultado da accedilatildeo dos proacuteprios
129
estudantes podendo agir sem recorrer agrave violecircncia ldquotemos que arrumar uma
soluccedilatildeo vamos ter carinho e amor ao proacuteximo Para reverter essas situaccedilotildees
que ocorrem nas escolasrdquo (A9) Parece haver intoleracircncia agraves atitudes
agressivas ldquonatildeo eacute a partir de uma agressatildeo que vocecirc vai ficar mais forte mais
bonito mais duratildeo mais inteligente eacute atraveacutes das atitudes que tomamos no
nosso dia a diardquo (C120) Os trechos a seguir evidenciam a necessidade de se
prescindir ao uso da violecircncia
ldquoacho que devemos pensar antes de agir e manter o diaacutelogo com os colegas natildeo partir para a briga e se com o diaacutelogo natildeo resolver temos que comunicar se for no coleacutegio agrave direccedilatildeo agrave coordenaccedilatildeo e se natildeo for no coleacutegio comunicarmos aos paisrdquo (C74) ldquoEu acho isso um absurdo por que natildeo conversam em vez de partirem para a briga () isso poderia ser evitado se as pessoas que praticam essa violecircncia se conscientizassem de que para resolver qualquer coisa natildeo precisa partir para a agressatildeo basta apenas conversarrdquo (C120)
Possibilidades de enfrentamento da violecircncia satildeo apontadas por Silva
(1997) com base na relaccedilatildeo de respeito entre as pessoas
Outra medida apresentada como estrateacutegia eficiente eacute agir com
indiferenccedila quando alvo de agressatildeo ldquoMuita gente laacute da sala natildeo gosta de
mim agora eu natildeo penso assim soacute porque o outro natildeo gosta de mim que eu
tambeacutem vou ter que odiar eu faccedilo de conta que nem ouvi e soacuterdquo (C105) no
entanto reconhece-se que nem sempre eacute faacutecil ldquoQuando as pessoas falam de
mim eu simplesmente natildeo ligo para o que falam pois minha matildee me deu
educaccedilatildeo Muitas vezes eacute chato sabe natildeo poder revidar do mesmo jeito que a
pessoa fez comigo chamando ela tambeacutem de alguma coisa ruim ou agredindo
elardquo (C110)
O cuidado com o proacuteximo surge a partir de orientaccedilotildees para se
130
colocarem no lugar do outro ldquoEntatildeo eacute isto antes de vocecirc falar algo com
algueacutem mesmo que seja para seus amigos acharem engraccedilado se coloca no
lugar do outrordquo (A23) ldquoE nunca praticar a violecircncia e natildeo adianta ficar
machucando os outros fisicamente ou verbalmente porque natildeo gostariacuteamos
que acontecesse com noacutes natildeo eacute mesmordquo (A25) No relato a seguir esta foi a
orientaccedilatildeo dada tendo sido considerada exitosa
ldquoBem teve um caso que aconteceu com um amigo meu que eu natildeo achei que foi uma coisa muito grave e que ningueacutem quer que aconteccedila com vocecirc Foi haacute algum tempo meu amigo tinha acabado de entrar na nossa sala jaacute por causa que todo mundo batia nele entatildeo ele mudou de sala e foi para a nossa Logo quando ele entrou ficavam tirando onda com ele xingando batendo etc Teve uma vez que bateram tanto nele que o nariz dele comeccedilou a sangrar a boca dele tambeacutem e ficou muito inchada depois disso a supervisatildeo veio falar conosco e dizer que era errado e que ningueacutem fizesse para o outro o que natildeo quiser que faccedila com si mesmo entatildeo todos pararam de agredir ele e agora o coleacutegio todo conhece elerdquo (A32)
Os alunos parecem admitir certo sentimento de impotecircncia diante da
violecircncia escolar mas asseveram a necessidade de agir ldquona minha escola
houve poucos casos de violecircncia fiacutesica mas a verbal eu vejo todos os dias e
penso que natildeo posso fazer nada apesar de que quando me agridem
verbalmente eu agrido de voltardquo (C101) A escalada da violecircncia parece ser
parte inerente da violecircncia na escola Mesmo estudantes que se dizem
contraacuterios agrave violecircncia admitem a necessidade de se defender ldquoEu nunca faria
uma coisa dessas nem fiz e nem vou fazer (mas eacute claro eu tenho que me
defender)rdquo (A12)
Existem atitudes preventivas que podem proteger ldquotento tomar cuidado
e principalmente natildeo andar com pessoas ruins mas nesse mundo de hoje
pode tudo tem gente boa presa gente ruim soltardquo (C118)
As diferentes formas de proceder na direccedilatildeo de diminuir a violecircncia na
131
escola incluem accedilotildees orientadas por princiacutepios eacuteticos ou normas de
comportamento com base no respeito
ldquoNa minha opiniatildeo todos os alunos devem tratar os outros da mesma forma que querem ser tratados natildeo devem faltar o respeito com nenhum dos seus colegas Respeito eacute uma coisa muito importante para todos e eacute uma coisa que aprende em casardquo (A7)
Ao mesmo tempo em que tambeacutem surgem orientaccedilotildees no sentido de
maior toleracircncia com as pessoas como eacute recomendado no texto a seguir
ldquopense em vocecirc antes de maltratar ao proacuteximo perdoe todo mundo erra e merece mais de uma chance devemos aceitar o jeito que o outro eacute mesmo gostando dele ou natildeo respeite ao proacuteximo e todos agradecemos todo mundo tem seu jeito de ser de pensar de agir e de falarrdquo (C77)
A partir das diversas contribuiccedilotildees suscitadas percebe-se que os
estudantes natildeo estatildeo indiferentes agrave violecircncia escolar e que existe empenho
para seu enfrentamento e combate
ldquoMas natildeo soacute os diretores e professores devem se importar procurar um especialista para tratar o agressor junto com a famiacutelia do mesmo Mas para que tudo isso possa acontecer as nossas autoridades tem que agir tambeacutem poderia sugerir uma certa parceria entre agressor escola autoridades famiacutelia Uma espeacutecie de ciclo entre todos para a ajuda de um indiviacuteduo para que ele possa mudar agora e ser um cidadatildeo de bem no futuro isso soacute depende de noacutesrdquo (C103)
515 Relatos de Violecircncia Escolar
Muitos estudantes incluem em seus textos relatos de episoacutedios de
violecircncia na escola Haacute relatos de algo que testemunharam ou que tomaram
conhecimento mesmo sem ter presenciado Alguns relatos se referem a
situaccedilotildees que o estudante esteve envolvido de forma mais direta e em sua
quase totalidade este envolvimento ocorreu como alvo de violecircncia sendo uns
132
mais especiacuteficos para situaccedilatildeo de bullying Eacute possiacutevel identificar atraveacutes dos
relatos diversos temas considerados ao longo desta anaacutelise
Quando os estudantes relatam episoacutedios de violecircncia na escola
ratificam que a violecircncia eacute algo que faz parte do seu cotidiano Muitas vezes os
alunos confirmam a existecircncia destas situaccedilotildees na sua proacutepria escola ldquono meu
coleacutegio tem Muitos alunos fazem brigas e etc Mas por motivos bestas Eu
devo citar que meu coleacutegio jaacute foi palco da violecircncia escolar Houve casos de
uma simples tapa na cara a alunos com facas canivetes cortando os outrosrdquo
(A30) Depoimentos de alunos viacutetimas de bullying tambeacutem estatildeo presentes ldquoEu
jaacute sofri bullying e sei quanto isso eacute ruim mas natildeo fisicamente e sim mental
agora diminuiu muitordquo (C97)
Haacute relatos que satildeo mais detalhados e fornecem informaccedilotildees relevantes
Eacute possiacutevel perceber atraveacutes do relato a seguir a indignaccedilatildeo com a situaccedilatildeo de
violecircncia Uma provocaccedilatildeo inicial gera uma agressatildeo mais grave confirmando
a relaccedilatildeo entre agressatildeo verbal e fiacutesica
ldquoVou contar de um caso recente que aconteceu no meu coleacutegio Tinham alguns meninos rindo lsquoda cararsquo de outro menino esse menino tinha levado um canivete com uma faquinha nele entatildeo ele ameaccedilou-o (um deles) com a faquinha o menino para tirar a faca de junto deu um empurratildeo na matildeo do menino resultado ele cortou a matildeo Nesse caso o garoto soacute foi se defender com a matildeo mas ele antes tinha provocado mas esse natildeo sendo motivo para o outro menino levar um canivete pro coleacutegio (claro que natildeo) Com esse exemplo pode-se aprender que violecircncia gera violecircncia e violecircncia que eu digo natildeo eacute apenas fisicamente eacute verbal tambeacutem as vezes verbalmente vocecirc agride mais do que fisicamenterdquo (A27)
A participaccedilatildeo de um grupo de alunos contra um uacutenico aluno eacute descrita a
neste episoacutedio violento testemunhado e relatado A covardia dos agressores
estaacute presente
ldquoAteacute jaacute presenciei uma grande e terriacutevel violecircncia com meu colega de
133
classe quando estava na hora do recreio ele sentou em um banco comendo seu lanche sem perturbar ningueacutem entatildeo chegou um grupo de meninos que jaacute haviam implicado com ele e entatildeo jogaram uma coisa rsquonatildeo identificadarsquo no chatildeo e pediram para ele pegar como ele era muito inofensivo ao abaixar esse grupo de meninos se jogou por cima dele lhe machucandordquo (B43)
Um aluno descreveu detalhadamente situaccedilotildees de violecircncia sofrida
onde estatildeo evidentes diversos temas contemplados pelos demais alunos nas
suas produccedilotildees
ldquoNa minha escola que estou estudando jaacute fiz muitas amizades e nunca mais sofri qualquer agressatildeo Mis na minha escola antiga era difiacutecil fazer amizades e eu era alvo de bullying Num dia um garoto me chamou para falar com o professor pois ele estava me chamando e quando cheguei no local que esse garoto disse que o professor estava fui brutalmente agredido por muitos garotos e depois algumas amigas minhas me tiraram da li Havia um garoto que me batia muito e quando ele saiu da escola acharam que eu tinha dito que ele saiu revoltado jogaram minhas coisas fora e o armaacuterio foi quebrado e quando fui falar para a diretora me empurraram jogaram areia em mim e correram para falar com ela e inventaram que eu tinha feito alguma coisa Enfim nessa minha escola antiga fui alvo de gozaccedilatildeo sendo muitas vezes agredido e me senti peacutessimo a uacutenica situaccedilatildeo que achei foi sair da escola Jaacute colocaram um chuveiro (que tinha sido retirado para consertar) e colocaram na minha bolsa me acusando de ter roubado sorte que uma matildee viu e me inocentou Foi uma fase horriacutevel da minha vida e nunca mais quero lembrar Agora estou feliz no meu novo coleacutegio com muitos amigosrdquo (B46)
Percebe-se destaque para a questatildeo da amizade eacute esta temaacutetica que
abre e que finaliza o relato Haacute relaccedilatildeo entre dificuldades com amigos e ser
alvo de bullying indicando a amizade como fator de proteccedilatildeo A participaccedilatildeo
da escola no enfrentamento da violecircncia eacute referendada como ineficaz e ateacute
mesmo comprometedora Por sua vez sinaliza a possibilidade de superaccedilatildeo
apesar de evidenciar que o envolvimento em violecircncia escolar eacute algo
traumatizante
O proacuteximo relato tambeacutem descreve uma situaccedilatildeo envolvendo a temaacutetica
da amizade mais especificamente abordando perdas na amizade devido agrave
134
violecircncia
ldquoUm dia de manhatilde estava ocorrendo tudo bem quando aconteceu algo traacutegico com um aluno da minha ex-escola ele foi agredido violentamente por seu melhor amigo e isso comoveu toda a escola fazendo com que vaacuterias pessoas tambeacutem entrasse na briga vaacuterias pessoas que tentaram ajudar acabaram machucadas gravemente e as que natildeo queriam brigas ou natildeo tinham nada a ver com a histoacuteria acabaram tambeacutem com um resultado nada bom ateacute professores e fiscais tentaram apartar a briga mas natildeo conseguiram todos viam naquele momento pessoas machucadas crianccedilas chorando aquilo para todos era uma guerra de inimigos quem conseguiu acabar mesmo foi a poliacutecia e alguns seguranccedilas naquele momento foi um aliacutevio para todos e a raiva ainda continuava eles foram expulsos e ningueacutem nunca mais viu aqueles ex-amigos (A29)
Novamente a escola aparece como ineficaz ao lidar com a violecircncia
fazendo uso de estrateacutegia punitiva e excludente e ainda delegando agrave poliacutecia a
accedilatildeo para enfrentar a violecircncia
O relato abaixo trata de violecircncia em ambiente virtual
ldquoHouve um caso aqui no coleacutegio que envolveu ateacute professores Foi que na nossa sala noacutes criamos um blog da turma que servia pra gente botar fotos lembrar de provas e conversar entre noacutes Soacute que certo dia quando abrimos o blog estava cheio de comentaacuterios horriacuteveis nas fotos do tipo larga esse veado e vai dar o c R (proacuteprio nome) (esse foi com a minha foto) entatildeo os diretores do coleacutegio ficaram sabendo e entatildeo os teacutecnicos do coleacutegio de informaacutetica ameaccedilaram descobrir quem foi entatildeo a minha colega de sala se entregou foi o passe para todo mundo partir pra cima dela mas entatildeo ela disse que soacute fez isso pois estava com raiva de turma e pediu desculpas a todosrdquo (B45)
Neste relato a tecnologia eacute apontada como estrateacutegia tanto para
executar agressotildees mas tambeacutem para revelar detalhes da agressatildeo Neste
caso percebe-se que a escola enfrentou a situaccedilatildeo buscando internamente
estrateacutegias para solucionar o desconforto causado e conseguindo obter
sucesso entre os alunos
O depoimento a seguir apresenta vaacuterios aspectos abordados na anaacutelise
135
do conjunto dos textos
ldquoNa escola soacute algumas violecircncias como aconteceu com um amigo meu que mais de 10 alunos bateram nele e tambeacutem haacute ameaccedilas feitas por parte de alunos da proacutepria sala e de serie mais elevada Agraves vezes haacute brigas na sala antes do professor chegar Haacute muita violecircncia verbal dentro da sala de aula natildeo tem respeito ao proacuteximo em horaacuterio de aula haacute ateacute desrespeito com o professor No recreio jaacute houve muitas brigas de sair com o braccedilo quebrado e lutas se me permitem desiguais de um menino da 8ordf contra um da 4ordf e muitos incentivam a briga sem nem tentar apartar Poreacutem natildeo satildeo todos os alunos satildeo a maioria mas natildeo satildeo todos na minha sala satildeo 40 aluno se 15 prestarem atenccedilatildeo eacute muito entatildeo na minha escola haacute muita violecircncia que a supervisatildeo natildeo interfererdquo (A26)
Aparece a relaccedilatildeo desigual entre agressores e viacutetimas e agressatildeo
realizada por um grupo de alunos a sala de aula surge como cenaacuterio de
violecircncia na ausecircncia do professor como tambeacutem situaccedilotildees onde o professor
natildeo eacute respeitado como autoridade O uso de agressatildeo verbal eacute evidente como
tambeacutem a influecircncia da plateacuteia podendo a agressatildeo chegar a ser fiacutesica e com
danos graves A ineficiecircncia da escola mais uma vez eacute apontada e ainda haacute
referecircncia ao desinteresse nas aulas como origem da violecircncia
O relato abaixo parece apontar para a agressatildeo por parte de mais de um
individuo Haacute menccedilatildeo de agressatildeo verbal e interferecircncia da famiacutelia com uma
possiacutevel reaccedilatildeo por parte da viacutetima O relato tambeacutem parece indicar um
sentimento de rancor e possivelmente vinganccedila sugerindo uma possiacutevel
continuidade do comportamento agressivo
ldquoeu pessoalmente jaacute sofri bullying por trecircs alunos Eles viviam me xingando mas natildeo era soacute comigo era com toda a sala entatildeo minha matildee me disse que eu tenho que me impor ela disse entatildeo pensei muito nisso entatildeo eu mudei e fiz com que todos os alunos da sala se impusessem tambeacutem entatildeo esses trecircs alunos mudaram de sala mas eles tinham mesmo eacute que ser expulsos mas esses tipos de aluno soacute se sentem mais fortes quando eles tecircm uma pessoa mais fraca para dizer que eacute melhor mas o conselho que eu dou para vocecircs eacute de que nunca fraquejemrdquo (A17)
136
Alguns apresentam relato de testemunha e em seguida assumem jaacute ter
sido alvo ldquoEu acho isso uma coisa horriacutevel eu jaacute vi vaacuterios casos assim como o
que um menino pegou um estilete e quase cortou o pescoccedilo do outro sorte
que ele desviou e correu () Passou um dia em Ana Maria Braga um caso
horriacutevel que a menina saiu toda cortada e eu penso como vai ser isso no futuro
eu mesmo jaacute sofri isso minha matildee ficou loucardquo (C116)
Haacute declaraccedilotildees que indicam nenhum envolvimento em situaccedilatildeo de
violecircncia ldquoIsso nunca aconteceu comigo e nem com nenhum amigo(a) meu eu
natildeo tenho medo mas tambeacutem natildeo sei como eacute muita gente me procura pra
pedir conselho mas eu natildeo sei nada sobre issordquo (C118)
Apenas um participante apresenta relato de envolvimento como autor de
violecircncia na escola como evidente no relato abaixo
ldquoEu acho muito popular violecircncia na escola () encontro de patota rival ou por time Vou mandar um exemplo meu time eacute Sport e teve uma vez logo no primeiro ano que eu entrei no C(nome da escola) e comecei a andar com os boys e soacute tinha rubro-negro (torcedores do time citado) e teve uma vez que noacutes iriacuteamos para um passeio e teve um boy que estava com um quepe da Inferno Coral (torcida organizada do time adversaacuterio) e eu e os meninos estava becado (giacuteria para quem anda na moda)
da Jovem (torcida organizada do Sport) E o boy quando passou pela gente a gente de um pau nele e tomou o quepe dele e rasgou todinho Isso faz parte da violecircncia escolar Outro exemplo eacute o apelido que tem gente que estila e jaacute parte para a briga e quando a pessoa estaacute com muita raiva para de bater soacute matando ou tem que separarrdquo (C115)
Haacute relatos que natildeo estaacute claro como o aluno compreende a violecircncia
escolar aparentemente identificando como violecircncia atos de indisciplina
Explicaccedilotildees acrescentadas para tornar o relato compreensiacutevel
137
ldquoNa escola vemos vaacuterios acontecimentos como por exemplo hoje mesmo um menino estava jogando futebol no corredor da escola e quando foi chutar a tampa o sapato soltou do seu peacute e atingiu a lacircmpadardquo (C84)
ldquoEste ano apoacutes o recreio um menino tinha uma bola pequena parecia de handball e estavam jogando na escola ele e mais trecircs meninos Estavam brincando do doidinho quando jogaram bateu nas costas de um menino e bateu na lacircmpada e a quebrou por pouco que a lacircmpada natildeo caia em uma menina e o pior eacute que eles sabiam que natildeo podia jogar bola na sala e natildeo estavam nem aiacuterdquo (C89)
52 Anaacutelise dos Questionaacuterios
As respostas dos questionaacuterios foram tabuladas por meio do SPSS
(Social Package for the Social Science) e para efeito de anaacutelise e tratamento
estatiacutestico dos dados foram utilizados diversos procedimentos e anaacutelises
disponiacuteveis neste programa Inicialmente os dados estatildeo apresentados por
meio de estatiacutesticas descritivas em seguida foram aplicados procedimentos
para anaacutelise fatorial e por fim realizou-se anaacutelise das relaccedilotildees entre os
aspectos investigados
Inicialmente apresentamos as anaacutelises referentes ao relacionamento
interpessoal entre os pares considerando as respostas dadas agraves questotildees da
primeira parte do questionaacuterio Posteriormente satildeo expostas as anaacutelises
referentes ao relacionamento com os professores exibindo de iniacutecio os dados
referentes ao professor com quem o participante considerava ter Bom
Relacionamento para em seguida apresentar os dados referentes ao professor
com quem o participante julgava ter um Relacionamento Difiacutecil
138
521 Relacionamento Interpessoal com Pares
A primeira parte do questionaacuterio eacute referente ao relacionamento dos
alunos com seus pares investigando o envolvimento em situaccedilotildees de
agressatildeo assim como a frequumlecircncia deste envolvimento As questotildees abordam
diferentes formas como se daacute o envolvimento ndash como autoragressor
alvoviacutetima ou espectadortestemunha e tambeacutem os diferentes tipos de
agressatildeo fiacutesica verbal provocaccedilatildeo e exclusatildeo As respostas a todas as
questotildees do questionaacuterio considerava a ocorrecircncia e a frequecircncia de
determinado fato ao longo do ano letivo com as seguintes possibilidades de
resposta Natildeo nenhuma vez Sim apenas uma vez Sim poucas vezes (ateacute
quatro vezes ao longo do ano em curso) Sim algumas vezes (todo mecircs com
ateacute duas vezes por mecircs) Sim com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda
semana) Nesta anaacutelise consideramos Nenhum envolvimento as respostas
Natildeo nenhuma vez e Sim apenas uma vez e Maior Envolvimento as demais
respostas Sim poucas vezes Sim algumas vezes Sim com frequumlecircncia8
Analisando os valores referentes a Nenhum Envolvimento em situaccedilotildees
de agressatildeo na Tabela 1 percebe-se um decreacutescimo dos valores da situaccedilatildeo
de autoragressor para a de alvoviacutetima e desta para a de
espectadortestemunha nos diferentes tipos de agressatildeo ndash Agressatildeo Fiacutesica
847 815 e 508 Agressatildeo Verbal 533 379 e 266 Provocaccedilatildeo
629 589 339 Exclusatildeo 919 847 e 468 Consequentemente
ocorre um crescimento nos valores referentes a Maior Envolvimento da
8 O percentual de respostas para cada uma das possibilidades de envolvimento nas diferentes formas de
agressatildeo encontra-se em anexo (Anexo 5)
139
situaccedilatildeo de autoragressor para de espectadortestemunha da mesma forma
nos diferentes tipos de agressatildeo
Tabela 1 ndash Envolvimento em agressatildeo nas diferentes formas de agressatildeo no relacionamento
entre os pares Nenhum envolvimento
1 Maior envolvimento
2
Autor Alvo Testemunha Autor Alvo Testemunha
Agressatildeo fiacutesica 847 815 508 153 186 491
Agressatildeo verbal 533 379 266 459 621 729
Provocaccedilatildeo 629 589 339 362 412 654
Exclusatildeo 919 847 468 72 153 524 1 Consideramos Nenhum Envolvimento as respostas Nenhuma vez e Apenas uma vez 2 Consideramos Maior Envolvimento as respostas indicando maior frequecircncia Poucas vezes (ateacute quatro vezes ao longo do
ano em curso) Algumas vezes (todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs) Com frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana)
Os alunos natildeo se apresentam como autores de agressotildees entretanto
percebe-se um nuacutemero maior de alunos que se envolve como alvo e como
testemunha sendo maior o nuacutemero de alunos que se apresentam como
testemunhas do que como alvos de agressotildees Estes dados sinalizam que
ainda impera o medo de revelar a situaccedilatildeo de agressatildeo e consequentemente
de bullying atraveacutes da negativa em se identificar como Autoragressor ou como
Alvoviacutetima No entanto tais situaccedilotildees podem ser reveladas atraveacutes da
declaraccedilatildeo de jaacute ter presenciado podendo se identificar tendo envolvimento na
situaccedilatildeo de espectadortestemunha
Um outro dado a ser destacado eacute em relaccedilatildeo agraves Agressotildees Verbais e
Provocaccedilotildees Na situaccedilatildeo de Maior Envolvimento nos diferentes tipos de
envolvimento como Autor Alvo ou Testemunha o maior percentual eacute sempre
das Agressotildees Verbais seguidas das Provocaccedilotildees Inversamente na situaccedilatildeo
de Nenhum Envolvimento os menores percentuais satildeo das Agressotildees Verbais
seguidas das Provocaccedilotildees nas trecircs possibilidades de envolvimento ndash Autor
Alvo e Testemunha como pode ser visualizado na Tabela 1
140
Um destaque deve ser dado em relaccedilatildeo agraves testemunhas de agressatildeo
verbal pois o maior percetual neste tipo de agressatildeo (29) indica que os
alunos presenciam com frequecircncia (toda semana ou quase toda semana)
agressotildees verbais (Anexo 5)
Estes dados confirmam que situaccedilotildees de agressatildeo na escola
perpetradas atraveacutes de bullying eacute algo presente no cotidiano dos estudantes
como tambeacutem foi revelado pelos participantes atraveacutes da produccedilatildeo escrita E a
alta frequecircncia de agressotildees verbais e provocaccedilotildees como as estrateacutegias mais
comumente utilizada para agredir colegas igualmente confirma o destaque
desta forma de agressatildeo apontado nas redaccedilotildees
Os dados referentes ao relacionamento interpessoal com os pares foram
submetidos agrave tratamentos estatiacutesticos Inicialmente procedeu-se a uma anaacutelise
da adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A Medida de
Adequaccedilatildeo da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) foi de 0697 indicando
que os dados podem ser considerados como razoaacuteveis para a realizaccedilatildeo da
anaacutelise fatorial Aleacutem disso o Teste de Esfericidade de Bartlett mostrou que a
matriz de correlaccedilotildees entre os itens foi significativamente diferente de uma
matriz identidade indicando haver correlaccedilotildees suficientes para a realizaccedilatildeo da
anaacutelise (χ2=4061 gl=66 p=0001) A partir disso efetuou-se a primeira anaacutelise
fatorial que resultou em uma estrutura com quatro fatores capazes de explicar
641 da variacircncia total Poreacutem o uacuteltimo fator foi formado por apenas dois
itens referentes agrave agressatildeo por exclusatildeo mas com baixiacutessimo iacutendice de
consistecircncia interna (α=0256) Por isso esses dois itens foram eliminados e
uma nova anaacutelise foi realizada
141
Esta nova anaacutelise apresentou KMO igual a 0725 e Teste de
Esfericidade de Bartlett estatisticamente significativo (χ2=3600 gl=45
p=0001) A estrutura fatorial final ficou com trecircs fatores A Tabela 2 apresenta
as cargas fatoriais as estatiacutesticas descritivas e os Coeficientes Alfa de
Cronbach dos fatores O primeiro fator (F1) descreve situaccedilotildees de testemunho
de agressotildees com cargas fatoriais que vatildeo de 0703 a 0929 e com uma
consistecircncia interna de 075 o segundo fator (F2) descreve situaccedilotildees
envolvendo vitimizaccedilatildeo com cargas fatoriais variando de 0593 a 0793 e com
uma consistecircncia interna de 078 e o terceiro fator (F3) descreve situaccedilotildees de
execuccedilatildeo de agressatildeo com cargas fatoriais que vatildeo de 0619 a 0848 e
consistecircncia interna de 0822 Os iacutendices de consistecircncia interna para os trecircs
fatores mostram que as diferenccedilas entre os participantes podem ser atribuiacutedas
a diferenccedilas verdadeiras naquilo que os fatores avaliam e natildeo a erros de
medida (Pasquali 2003)
Tabela 2 ndash Cargas Fatoriais Estatiacutesticas Descritivas e Coeficientes Alfa de Cronbach do relacionamento entre pares
Itens 1 2 3
10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega
929
9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega
785
11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega
703
8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
793
5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega
782
7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega
654
6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega
593
2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo
848
142
1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo
732
3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega
619
Meacutedia 22319 21505 31398
Desvio padratildeo 91297 92379 119022
Miacutenimo 100 100 100
Maacuteximo 500 467 500
Coeficientes Alfa de Cronbach 0754 0775 0822
Para verificar a existecircncia de diferentes perfis nos escores dessa escala
foi realizada uma anaacutelise de aglomerados (clusters) pelo meacutetodo de Ward
obtendo-se quatro clusters significativos A figura 2 mostra a configuraccedilatildeo
desses quatro fatores
Nota-se que o Grupo 1 eacute formado por 13 participantes (105) com
pontuaccedilotildees relativamente elevadas em viacutetima e testemunha e baixa em
agressatildeo O Grupo 2 foi formado por 54 participantes (435) com pontuaccedilotildees
meacutedias baixas em viacutetima e agressatildeo e mais elevadas em testemunha O Grupo
3 foi formado por 26 participantes (210) com pontuaccedilotildees baixas nos trecircs
fatores E o Grupo 4 foi formado por 31 participantes (250) com pontuaccedilotildees
relativamente elevadas nos trecircs fatores
143
Figura 2 ndash Bloxpot do envolvimento em situaccedilotildees de bullying
O grupo formado com maior nuacutemero de participantes (Grupo 2) eacute
caracterizado por aqueles que mais comumente presenciam situaccedilotildees de
violecircncia sem executar nem ser alvo de tais atos Novamente perece imperar
receio em relaccedilatildeo a revelaccedilatildeo de envolvimento mais direto em atos de
agressatildeo na escola Tambeacutem eacute interessante que aqueles se apresentam com
autores de agressatildeo (Grupo 4) parece tentar se proteger ou ateacute mesmo se
justificar ao revelar tambeacutem ser alvoviacutetima de violecircncia e tambeacutem presenciar
tais situaccedilotildees Um nuacutemero baixo de alunos (Grupo 3) parece mais distante do
cenaacuterio de violecircncia escolar indicando que para estes alunos a escola eacute um
espaccedilo imune agraves situaccedilotildees de violecircncia
Estes dados estatildeo na mesma direccedilatildeo de alguns aspectos visualizados
na anaacutelise das redaccedilotildees a) o papel do medo e da ameaccedila na perpetuaccedilatildeo das
144
situaccedilotildees de violecircncia b) as diferentes formas de envolvimento em bullying c)
a possibilidade de envolvimento de diferentes formas ao mesmo tempo O
envolvimento em mais de uma forma foi apontado por Lopes Neto (2005)
522 Relacionamento Interpessoal com Professores
O relacionamento com os professores foi investigado considerando
aspectos positivos e aspectos negativos do relacionamento tanto na relaccedilatildeo
direta como tambeacutem na relaccedilatildeo indireta A relaccedilatildeo direta refere-se a atitudes e
comportamentos (positivos ou negativos) que envolve de forma direta o aluno
e quando envolve o aluno e colegas ou a relaccedilatildeo do professor com a turma em
geral nos referimos a relaccedilatildeo indireta
Os participantes responderam considerando o relacionamento com dois
professores um que o participante considera ter Bom Relacionamento e outro
com quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil
5221 Professor com Bom Relacionamento
Para os alunos o professor com quem estabelecem um Bom
Relacionamento mais frequentemente eacute atencioso quando o aluno faz
comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula demonstra interesse nas
atividades realizadas pelo aluno solicita a participaccedilatildeo do aluno ao longo da
aula Outros aspectos tambeacutem apontados embora menos frequente foram
situaccedilotildees de apoio e elogios recebidos do professor
O professor com quem os participantes estabelecem um Bom
Relacionamento mais frequentemente busca a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de
conflitos entre alunos manteacutem clima de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus
145
colegas como tambeacutem entre os alunos em geral incentiva a compreensatildeo
toleracircncia e amizade entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os
alunos em geral Estes dados podem ser visualizados na Tabela 3 abaixo
Tabela 3 - Aspectos positivos referentes ao Professor com Bom Relacionamento Aspectos PositivosBom Relacionamento Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Fez elogios a vocecirc publicamente 145 113 177 298 258
Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
48 48 177 145 573
Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 73 65 129 250 468
Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 65 56 161 323 387
Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
185 73 153 250 331
Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
500 153 153 81 89
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
411 121 137 89 218
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 185 105 89 65 540
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
105 81 89 153 556
Tomou partido nos conflitos entre alunos
331 81 169 137 250
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
129 73 129 185 476
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 137 40 73 121 621
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
161 56 73 89 605
Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes
O comportamento do professor diante de situaccedilotildees envolvendo os
alunos com seus colegas assim como o relacionamento do professor com a
turma parece caracterizar este Bom Relacionamento Eacute possiacutevel perceber que
os professores com quem os alunos estabelecem Bom Relacionamento
frequentemente tecircm atitudes positivas na relaccedilatildeo direta com o participante e
em relaccedilatildeo aos alunos em geral
Interessante destacar que quando refere-se ao professor buscar a
negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando o aluno se envolveu em conflitos
com os colegas o maior percentual foi Nunca (411) Isto pode ter ocorrido
em virtude do aluno nunca ter se envolvido em conflitos com colegas e
146
consequentemente o professor nunca precisou ter este tipo de
comportamento
Os professores com quem os alunos estabelecem um Bom
Relacionamento nunca ou quase nunca apresentam os comportamentos
referentes a aspectos negativos seja diretamente com o proacuteprio aluno como
expor o aluno a alguma situaccedilatildeo constrangedora ou fazer ameaccedilas ou com os
alunos em geral como criar e manter clima de competitividade e agressividade
Todos os aspectos investigados e sua respectiva distribuiccedilatildeo podem ser
visualizados na Tabela 4 a seguir
Nenhum dos comportamentos listados referentes a aspectos negativos
foi apontado como frequente em todos eles o menor percentual apareceu
sempre em Com frequumlecircncia e abaixo de 4 chegando a nenhuma resposta
em trecircs deles - Encaminhar o aluno para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo Fazer comentaacuterios puacuteblicos de alguma
dificuldade apresentada pelo aluno Provocar ou incentivar o conflito entre o
aluno e seus colegas
Tabela 4 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Bom Relacionamento
Aspectos NegativosBom Relacionamento Nunca Apenas uma vez
Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Ficou indiferente a seu comportamento na sala 589 194 129 56 24
Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 790 129 32 32 08
Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 774 89 89 40 08
Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
879 48 48 24 0
Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 879 73 08 16 16
Fez alguma ameaccedila a vocecirc
831 105 32 08 08
Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc
750 97 105 40 0
Entrou em conflito com vocecirc 798 129 32 16 16
Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 911 32 16 32 0
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
750 113 65 32 16
Entrou em conflito com os alunos 613 89 129 121 40
Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 863 65 24 24 16
147
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 750 121 65 40 08
Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
855 56 40 16 16
Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
742 56 65 65 40
Os dados referentes ao professor com Bom relacionamento tambeacutem
recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da
adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial A primeira tentativa
resultou em 7 fatores com KMO de 0787 e Teste de Esfericidade de Bartlett
(χ2=15273 gl=378p=0001) explicando 658 da variacircncia total Poreacutem o
graacutefico de sedimentaccedilatildeo (scree-plot) mostrou apenas 3 fatores mais
significativos como pode ser visualizado na Figura 3
A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo da extraccedilatildeo de 3 fatores
conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da variacircncia total
148
Figura 3 ndash Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Bom Relacionamento
O primeiro fator (F1) descreve Aspectos Negativos do Relacionamento
conteacutem 14 itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0386 a 0830 e com uma
consistecircncia interna de 0892 o segundo fator (F2) descreve Aspectos
Positivos Indiretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando de 0426 a
0752 e com uma consistecircncia interna de 0803 e o terceiro fator (F3)
descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem com cargas fatoriais que vatildeo de
0660 a 0781 e com uma consistecircncia interna de 0778 A Tabela 5 apresenta
as estatiacutesticas descritivas dos fatores
149
Tabela 5 - Estrutura Fatorial referente ao Professor com Bom relacionamento 1 2 3
10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
830
11 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)
811
14 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
761
13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)
747
15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
743
12 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)
690
3_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 681
9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
662 324
2_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
601
7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
599
6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala 525
8 Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)
517
7_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
469
1_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)
386
5_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
752
16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
679
6_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
604
17 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
585
9_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
575
4_3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 556
18 Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
444
19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
426 354
3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
781
1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente 742
2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
685
4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios etc)
662
5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo 660
Meacutedia 13847 33813 37911
Desvio padratildeo 55016 98414 94175
Miacutenimo 100 113 100
Maacuteximo 414 500 500
Coeficientes Alfa de Cronbach 0892 0803 0778
150
Os alunos parecem avaliar diferentemente as atitudes negativas e as
atitudes positivas do professor com quem estabelecem Bom Relacionamento
Em relaccedilatildeo aos aspectos negativos houve correlaccedilaotilde entre os itens que
referiam-se ao relacionamento direto com o participante e os que eram
referentes ao relacionamento indireto Em relaccedilatildeo aos aspectos positivos natildeo
apareceu variaccedilatildeo semelhante indicando que pode ocorrer um comportamento
diferente do professor quando se relaciona com o participante e quando
envolve os demais alunos E que de um modo geral este professor parece
natildeo apresentar aspectos negativos no seu relacionamento com os alunos
5222 Professor com Relacionamento Difiacutecil
Para os alunos os professores com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil de forma bem pouco frequente exibem os
comportamento referentes aos aspectos positivos do relacionamento Para
371 dos alunos esse professor com quem tem Relacionamento Difiacutecil
nunca fez elogios a ele publicamente e para 21 fez elogios puacuteblicos apenas
uma vez E 44 dos alunos nunca recebram apoio deste professor em alguma
situaccedilatildeo
Outros comportamentos que referem-se a aspectos positivos diretos
apresentam-se distribuiacutedos em todas as frequecircncias como pode ser
visualizado na Tabela 6 abaixo embora ocorra em frequencia menor do que os
151
estes mesmos aspectos em relaccedilatildeo aos professores com quem estabelecem
Bom Relacionamento9
Tabela 6 - Aspectos positivos rereferentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos PositivosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Fez elogios a vocecirc publicamente 371 210 137 153 105
Foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
210 105 274 97 298
Demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc 282 145 194 185 185
Solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula 298 145 210 145 194
Vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
444 113 153 137 137
Tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
548 153 97 56 129
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
444 145 129 89 169
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas 282 73 137 40 460
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
290 48 121 97 419
Tomou partido nos conflitos entre alunos
476 105 105 105 194
Buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
234 145 145 129 339
Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 202 121 105 113 444
Incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
161 129 129 145 427
Questotildees com o sentido duplo podendo ser um aspecto positivo ou negativo Na anaacutelise fatorial este fatores sempre apareceram como inconsistentes
Para 21 dos alunos o professor com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil nunca foi atencioso quando o aluno faz comentaacuterios ou
perguntas ao longo da aula entretanto para 298 isto ocorreu com
frequumlecircncia para 282 este professor nunca demonstrou interesse nas
atividades realizadas pelo aluno e para 185 foi um comportamento
frequente e para 298 nunca solicitou a participaccedilatildeo do aluno ao longo da
aula mas para 1945 isto aconteceu de forma frequente Estes dados sinalizam
que para alguns participantes parece que o(s) criteacuterio(s) utilizado(s) para
eleger o professor como tendo um Relacionamento Difiacutecil natildeo estavam entre
9 A tabela com a comparaccedilatildeo das respostas para Bom relacionamento e para Relacionamento Difiacutecil
pode ser visualizada em anexo (Anexo 6)
152
os aspectos investigados Todas as questotildees que abordavam o relacionamento
professor-aluno tanto os aspectos positivos do relacionamento como os
negativos abordando a relaccedilatildeo direta ou a relaccedilatildeo indireta consideravam
atitudes e comportamentos relativos agrave dinacircmica da sala de aula e do processo
de ensino-aprendizagem Nenhum dos aspectos investigados se referia a
questotildees mais pessoais do professor
Os alunos consideram que o professor com Relacionamento Difiacutecil
busca em menor frequecircncia a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos ndash para 234 Nunca e para 339 Com Frequecircncia
Tambeacutem eacute bem menor a frequecircncia em relaccedilatildeo a se o professor manteacutem clima
de natildeo-violecircncia entre o aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos
em geral e tambeacutem se incentiva a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre o
aluno e seus colegas como tambeacutem entre os alunos em geral Diante de
situaccedilotildees envolvendo os alunos com seus colegas e o relacionamento deste
professor (Relacionamento Difiacutecil) com a turma em geral percebe-se uma
menor frequumlecircncia dos comportamentos referentes aos aspectos positivos em
comparaccedilatildeo com a frequumlecircncia apresentada pelos professores com quem
estabelecem Bom Relacionamento nestes mesmos intens
Em muitos itens o professor com quem estabelecem um
Relacionamento Difiacutecil apresenta alto percentual para as respostas Com
Frequumlecircncia (toda semana ou quase toda semana) mas sempre esse
percentual eacute menor do que os dados para o professor com Bom
Relacionamento Nota-se que o professor com Relacionamento Difiacutecil
apresenta atitudes e comportamentos apropriados agrave dinacircmica da sala de aula e
153
ao seu fazer docente embora o professor com Bom Relacionamento exiba
estes comportamentos de forma mais intensa e evidente
Os aspectos negativos investigados natildeo satildeo frequentes nos professores
com Relacionamento Difiacutecil Em todos os itens investigados o maior percentual
sempre eacute na resposta Nunca em muitas vezes percentuais acima de 60 e o
percentual eacute sempre muito baixo para as respostas Com Frequumlecircncia (toda
semana ou quase toda semana) Estes dados podem ser conferidos na Tabela
7 a seguir
Tabela 7 - Aspectos negativos referentes ao Professor com Relacionamento Difiacutecil Aspectos NegativosRelacionamento Difiacutecil Nunca Apenas
uma vez Poucas vezes
Algumas vezes
Com frequecircncia
Ficou indiferente a seu comportamento na sala 484 161 194 81 56
Expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala 702 169 56 48 16
Desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito 613 137 129 73 40
Encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
823 81 56 16 08
Solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula 847 89 32 08 16
Fez alguma ameaccedila a vocecirc
806 97 48 16 24
Fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc
685 89 113 89 16
Entrou em conflito com vocecirc 742 169 32 16 24
Provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas 855 81 32 24 0
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
694 97 121 40 32
Entrou em conflito com os alunos 411 185 161 177 56
Provocou ou incentivou o conflito entre os alunos 823 81 48 24 16
Foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos 605 161 121 56 40
Criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
774 89 48 48 32
Negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
653 129 89 48 65
Estes dados indicam que os professores com quem os alunos
estabelecem um Relacionamento Difiacutecil nunca ou quase nunca apresentam os
comportamentos referentes a aspectos negativos Percebe-se uma ligeira
diminuiccedilatildeo nos percentuais indicados em Nunca em todos os comportamentos
investigados em relaccedilatildeo aos apresentados para os professores com Bom
Relacionamento Quanto ao professor ter provocado ou incentivado o conflito
154
entre o participante e os colegas nenhum aluno indicou que este aspecto
ocorre com frequumlecircncia tanto em relaccedilatildeo ao professor com Bom
Relacionamento quanto ao com Relacionamento Difiacutecil Podemos compreender
que em geral os professores considerados pelos estudantes nesta
investigaccedilatildeo natildeo se comportam de maneira inapropriada com o fazer docente
Os dados referentes ao professor com Relacionamento Difiacutecil tambeacutem
recebaram tratamento estatiacutestico Procedeu-se inicialmente a uma anaacutelise da
adequaccedilatildeo dos dados para a realizaccedilatildeo da anaacutelise fatorial com KMO de 0729
e Teste de Esfericidade de Bartelett (χ2=13843 gl=378p=0001) explicando
655 da variacircncia total O Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo (scree-plot) indicou
apenas de 3 a 5 fatores como pode ser visualizado na Figura 4 A soluccedilatildeo
mais adequada ficou com 4 fatores A estrutura fatorial final apoacutes a imposiccedilatildeo
da extraccedilatildeo de 4 fatores conforme scree-plot foi capaz de explicar 481 da
variacircncia total
Figura 4 - Graacutefico de Sedimentaccedilatildeo referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil
155
Tabela 8 - Estrutura Fatorial referente ao professor com Relacionamento Difiacutecil 1 2 3 4
19 Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e seus colegas
794
18 Este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
739
9_5 Este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os alunos
725
6_5 Manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos 722
5_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de conflitos entre alunos
716
17 Este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc se envolveu em conflitos com seus colegas
706
4_5 Este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos 651
16 Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus colegas
557
12 Este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada por vocecirc (aprendizagem comportamento relacionamento com os colegas no relacionamento com outros professores)
759
11 Este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os pais na escola de suspender de suas aulas)
734
13 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando agredindo)
726
10 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
615 -304
9 Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
564
8 Este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito (afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc obteve algum resultado)
521 349
7 Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
520
6 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
341
1 Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
796
3 Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
781
4 Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando exemplos esclarecendo duacutevidas etc)
776
5 Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
693
2 Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao longo da aula
626
7_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade entre os alunos
779
1_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando agredindo)
778
2_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
667
3_5Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
569
8_5 Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de conflitos entre alunos
519
15 Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
381
Meacutedia 29704 15299 27260 16867
Desvio padratildeo 114002 62214 115323 74789
Miacutenimo 100 100 100 100
156
Maacuteximo 500 357 500 400
Coeficientes Alfa de Cronbach 0859 0776 0839 0770
Observou-se que o primeiro fator (F1) descreve Aspectos Positivos
Indiretos conteacutem oito itens com cargas fatoriais que vatildeo de 0557 a 0794 e
com uma consistecircncia interna de 0859 O segundo fator (F2) descreve
Aspectos Negativos Diretos conteacutem oito intens com cargas fatoriais variando
de 0341 a 0759 e com uma consistecircncia interna de 0776 O terceiro fator
(F3) descreve Aspectos Positivos Diretos conteacutem cinco itens com cargas
fatoriais que vatildeo de 0626 a 0796 e com uma consistecircncia interna de 0839 O
quarto e uacuteltimo fator (F4) descreve Aspectos Negativos Indiretos conteacutem seis
itens com cargas fatoriais variando de 0381 a 0779 e com uma consistecircncia
interna de 077 A Tabela 8 apresenta as estatiacutesticas descritivas dos fatores
Os alunos parecem avaliar diferentemente em relaccedilatildeo aos professores
com quem estabelecem um Relacionamento Difiacutecil cada uma dos fatores do
relacionamento interpessoal com os professores investigados atraveacutes do
questionaacuterio proposto Estes dados sugerem que os professores com
Relacionamento Difiacutecil apresentam posturadas diferenciadas diante de uma
situaccedilatildeo mais direta com o participante das situaccedilotildees que envolvem os demais
alunos tantos quando trata-se de aspectos positivos quanto dos aspectos
negativos do relacionamento Distintamente dos professores com Bom
Relacionamento os dados correspondentes aos professores com
Relacionamento Difiacutecil expressam esta diferenccedila em relaccedilatildeo aos aspectos
negativos do relacionamento
Esta anaacutelise evidenciou anteriormente que natildeo haacute distinccedilatildeo em relaccedilatildeo
aos aspectos negativos do relacionamento entre os professores De um modo
geral os professores com Bom Relacionamento e os com Relacionamento
157
Difiacutecil natildeo apresentam atitudes ou comportamentos inadequados ao fazer
docente Entretanto os alunos identificam que os professores com
Relacionamento Difiacutecil ao apresentarem atitudes ou comportamentos
referentes aos aspectos negativos do relacionamento natildeo os fazem
indistintamente
523 Anaacutelise das Relaccedilotildees entre a Forma de Envolvimento em Bullying e
o Relacionamento com os Professores
Apoacutes as anaacutelises dos dados de cada parte do questionaacuterio isoladamente
foram realizadas anaacutelise correlacional dos diferentes aspectos investigados por
meio do questionaacuterio quais sejam o relacionamento interpessoal entre os
pares e o relacionamento entre professor e aluno Inicialmente realizou-se a
anaacutelise das relaccedilotildees entre o primeiro aspecto ndash relacionamento entre os pares
ndash e os fatores do relacionamento com o professor com quem o participante
considera ter um Bom Relacionamento Em seguida a anaacutelise ocorreu entre os
dados referentes ao relacionamento entre os pares e os fatores do
relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil
5231 Envolvimento em Bullying e o Professor com Bom Relacionamento
Iniciamos a anaacutelise correlacional investigando a relaccedilatildeo entre o
envolvimento do participante em bullying e os fatores do relacionamento com o
professor com quem o participante considera ter um Bom Relacionamento Os
dados da Tabela 9 permitem-nos constatar que natildeo houve correlaccedilatildeo
estatisticamente significativa entre o envolvimento em situaccedilotildees de bullying
158
como AlvoViacutetima ou como Testemunha com nenhum dos fatores referentes ao
relacionamento interpessoal com o professor com Bom Relacionamento
Tabela 9 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento
entre os pares e com o professor com Bom Relacionamento
Correlations Atitudes
Negativas Atitudes Positivas Indiretas
Atitudes positivas Diretas
Viacutetima Pearson Correlation 061 050 -066 Sig (2-tailed) 502 583 468 N 124 123 123
Agressor Pearson Correlation 410 -143 -104 Sig (2-tailed) 000 114 252 N 124 123 123
Testemunha Pearson Correlation 058 183 061 Sig (2-tailed) 523 043 504 N 124 123 123
Correlation is significant at the 001 level (2-tailed) Correlation is significant at the 005 level (2-tailed)
No entanto houve correlaccedilatildeo moderada significativa e positiva (ao niacutevel
0001) entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves
Atitudes Negativas do professor com quem o participante considera ter um
Bom Relacionamento Tambeacutem houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao
niacutevel 0005) entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves
Atitudes Positivas Indiretas do professor com quem o participante considera ter
um Bom Relacionamento entretanto os valores indicam tratar-se de uma fraca
correlaccedilatildeo
Estes dados sugerem que o maior ou menor envolvimento do aluno
como AtorAgressor em situaccedilotildees de bullying tem relaccedilatildeo com a forma como
os alunos consideram os aspectos negativos do relacionamento no
comportamento dos professores com quem tem um Bom Relacionamento
159
Estes resultados estatildeo na mesma direccedilatildeo dos dados apresentados por
Martins (2005) quando estudantes envolvidos como agressores afirmam se
sentirem piores em relaccedilatildeo aos professores Eacute importante que a escola reveja
a forma de se relacionar com estes alunos assim como atentar para as
reaccedilotildees puramente punitivas sem contribuiccedilotildees para modificaccedilotildees reais em
relaccedilatildeo agrave forma de se relacionarem e se comportarem na escola com os pares
e com os professores
5232 Envolvimento em Bullying e o Professor com Relacionamento
Difiacutecil
A anaacutelise correlacional seguinte foi realizada visando investigar a relaccedilatildeo
entre o envolvimento do participante em bullying e os fatores do
relacionamento com o professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil Os dados da Tabela 10 permitem-nos constatar que
natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o envolvimento em
situaccedilotildees de bullying quer como AlvoViacutetima quer como AtorAgressor ou como
Testemunha com as Atitudes Positivas do relacionamento interpessoal com o
professor com Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o
participante como na relaccedilatildeo indireta
Tabela 10 - Coeficientes de correlaccedilatildeo de Pearson entre os fatores do relacionamento entre os pares e com o professor com Relacionamento Difiacutecil
Correlations Atitudes
Positivas Indiretas
Atitudes Negativas Diretas
Atitudes Positivas Diretas
Atitudes Negativas Indiretas
Viacutetima Pearson Correlation 023 186 -020 214 Sig (2-tailed) 796 039 827 017 N 123 123 123 123
Agressor Pearson Correlation -054 380 047 247 Sig (2-tailed) 555 000 605 006
160
N 123 123 123 123 Testemunha Pearson Correlation 079 196 -075 241
Sig (2-tailed) 384 030 410 007 N 123 123 123 123
Correlation is significant at the 005 level (2-tailed) Correlation is significant at the 001 level (2-tailed)
Esta anaacutelise apontou algumas correlaccedilotildees mas com valores indicando
uma fraca correlaccedilatildeo Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0001)
entre o envolvimento como AtorAgressor e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes
Negativas do professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil tanto na relaccedilatildeo direta com o participante como na
relaccedilatildeo indireta A correlaccedilatildeo tambeacutem foi significativa e positiva (ao niacutevel 0001)
entre o envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes
Negativas Indiretas
Houve correlaccedilatildeo significativa e positiva (ao niacutevel 0005) entre o
envolvimento como Testemunha e a avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas
Diretas do professor com quem o participante considera ter um
Relacionamento Difiacutecil e tambeacutem o envolvimento com AlvoViacutetima e a
avaliaccedilatildeo referente agraves Atitudes Negativas Diretas e Indiretas do professor com
quem o participante considera ter um Relacionamento Difiacutecil
A anaacutelise correlacional dos dados indica existir uma ligaccedilatildeo entre os
Aspectos Negativos do relacionamento com os professores e a forma como o
estudante se envolve em situaccedilotildees de bullying De acordo com Tognnetta e
Vinha (2008) as relaccedilotildees intrapessoais antecedem as relaccedilotildees interpessoais
Tanto o professor como o aluno apresentam comportamentos inadequados ao
bom relacionamento interpessoal e agrave medida que existe uma ligaccedilatildeo entre
estes aspectos pode ocorrer uma processo ciacuteclico
161
De uma forma geral os dados evidenciados a partir da anaacutelise das
respostas do questionaacuterio estatildeo presentes nas produccedilotildees escritas Ao
abordarem questotildees sobre ldquoViolecircncia Escolarrdquo os alunos referem-se aos
relacionamentos com os professores salientando a) preferecircncias dos
professores por alguns alunos b) situaccedilotildees de agressatildeo entre professor e
aluno
A partir dos dados coletados obtidos de diferentes formas eacute possiacutevel
verificar que para os participantes haacute uma ligaccedilatildeo entre o comportamento dos
alunos e o dos professores salientando diferentes niacuteveis de complexidade com
relaccedilotildees dialeacuteticas presentes no relacionamento interpessoal (Hinde (1997)
162
CAPIacuteTULO VI
6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Considerando que o estudo das relaccedilotildees interpessoais vem se configurando
como uma importante aacuterea de estudo interdisciplinar o presente estudo visou ampliar
este campo de conhecimento ao focalizar em relaccedilotildees interpessoais de grande
relevacircncia ao longo da vida escolar que natildeo tem sido ainda foco de interesse entre os
estudiosos da aacuterea Desde o iniacutecio este trabalho apontou a possibilidade de
compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto
escolar visando contribuir com estudos cientiacuteficos dos diversos aspectos referentes ao
fenocircmeno bullying
O objetivo desta pesquisa de doutorado foi investigar o papel da relaccedilatildeo
professor-aluno na ocorrecircncia de situaccedilotildees de violecircncia entre alunos Para o alcance
deste objetivo utilizamos como referencial teoacuterico estudos sobre o relacionamento
professor-aluno sobre Relaccedilotildees Interpessoais a partir da obra de Robert Hinde e
estudos sobre Violecircncia Escolar e bullying E na busca de maior compreensatildeo desta
relaccedilatildeo procedemos a uma pesquisa com dados de natureza quantitativa e qualitativa
sobre as relaccedilotildees interpessoais na escola com estudantes do Ensino Fundamental
O tema geral deste estudo foi perseguido a partir de objetivos especiacuteficos O
primeiro objetivo buscou investigar se os estudantes associam a praacutetica de bullying
como aspecto relevante no cenaacuterio da violecircncia escolar A partir da anaacutelise temaacutetica
das produccedilotildees escritas dos participantes podemos identificar que situaccedilotildees
envolvendo bullying satildeo bem presentes no cotidiano dos estudantes Em
aproximadamente metade das redaccedilotildees os alunos dissertam sobre bullying
abordando diferentes aspectos explicam seu significado expotildeem as diferentes formas
163
de agressatildeo caracteriacutesticas individuais que favorecem a vitimizaccedilatildeo o papel do medo
e das ameaccedilas as consequecircncias para as viacutetimas e reconhecem a importacircncia da
escola cuidar desta questatildeo Muitos alunos reagem com reprovaccedilatildeo e indignaccedilatildeo agraves
situaccedilotildees de bullying
O segundo objetivo especiacutefico se propocircs a investigar o envolvimento dos
participantes em situaccedilotildees de bullying e a forma que se daacute este envolvimento como
alvoviacutetima autoragressor ou espectadortestemunha A anaacutelise dos dados
demonstrou que a maioria dos alunos jaacute se envolveu em situaccedilotildees de bullying mas
quase sempre como espectadortestemunha De forma muito tiacutemida os alunos se
apresentam como alvoviacutetima e muito menos ainda como autoragressor Eacute possiacutevel
ainda que os alunos se envolvam de diferentes maneiras Podemos afirmar estas
formas de envolvimento tambeacutem a partir dos relatos revelando este envolvimento
atraveacutes das redaccedilotildees Muitos alunos relatam ter presenciado situaccedilotildees de bullying
alguns revelam ter sido alvoviacutetima e apenas um declarou jaacute ter cometido
provocaccedilotildees indicando se tratar de bullying
O terceiro objetivo buscou identificar caracteriacutesticas da relaccedilatildeo professor-
aluno considerando um professor com quem o participante considerara ter Bom
Relacionamento e outro com quem o participante considerara ter um Relacionamento
Difiacutecil Foi possiacutevel identificar vaacuterios aspectos desta relaccedilatildeo como maior intensidade
de aspectos positivos no comportamento do professor com Bom Relacionamento No
entanto foi possiacutevel inferir que estes aspectos indicam posturas diferenciadas em
relaccedilatildeo aos alunos Um dado que despertou interesse foi a pouca frequecircncia de
aspectos negativos no comportamento dos professores tanto em relaccedilatildeo ao professor
com Bom Relacionamento como ao professor com Relacionamento Difiacutecil Acredita-se
que os criteacuterios utilizados pelos alunos para considerar determinado professor como
164
tendo um Relacionamento Difiacutecil pode natildeo ter sido explorado entre os aspectos
investigados
O quarto e uacuteltimo objetivo procurou identificar correlaccedilotildees entre diferentes
aspectos do relacionamento professor-aluno e o envolvimento em bullying A anaacutelise
dos dados sinalizou para uma relaccedilatildeo moderada entre o envolvimento do aluno em
situaccedilatildeo de bullying como autoragressor e a frequumlecircncia de aspectos negativos dos
professores tanto com Bom Relacionamento como em referecircncia ao professor com
Relacionamento Difiacutecil Em relaccedilatildeo agraves demais formas de envolvimento natildeo foi
possiacutevel estabelecer relaccedilotildees
Diante destas consideraccedilotildees eacute possiacutevel afirmar que este trabalho atingiu de
forma satisfatoacuteria os objetivos propostos E a partir do que foi evidenciado algumas
provocaccedilotildees urgem considerando que o espaccedilo destinado agraves aulas a sala promove
outros tantos fenocircmenos marcados por questotildees afetivas que satildeo ignorados e
infelizmente desvalorizados entre eles a relaccedilatildeo professoraluno Partimos entatildeo a
comentar algumas dessas provocaccedilotildees
O que esta relaccedilatildeo pode descortinar sobre os conflitos escolares Como o
professor contribui sem perceber para o fenocircmeno bullying Parece que haacute algo
anterior agraves relaccedilotildees interpessoais importantes de serem cuidadas que satildeo as
relaccedilotildees intrapessoais Tognetta e Vinha (2008) destacam que eacute preciso ter respeito e
valorizaccedilatildeo por si proacuteprio para ser possiacutevel respeitar e valorizar o outro
Eacute nesta perspectiva que defendo que a existecircncia de uma ligaccedilatildeo entre o
relacionamento professor-aluno e o envolvimento como autoragressor em situaccedilotildees
de bullying Eacute possiacutevel que alunos autoresagressores de forma mais intensa se
envolvam em situaccedilotildees desagradaacuteveis provocando reaccedilotildees nos professores
evidenciando aspectos negativos da relaccedilatildeo professor-aluno Tambeacutem pode ocorrer
165
do professor bastante desrespeitado no seu fazer docente esteja vulneraacutevel a
apresentar comportamentos inadequados e ateacute mesmo posturas diferenciadas
considerando como se daacute o relacionamento com o aluno
Eacute preciso investigar todas estas questotildees a partir do ponto de vista do
professor visto que neste estudo todos os participantes eram estudantes Faz-se
necessaacuterio verificar como os professores avaliam o relacionamento com alunos de
acordo com as diferentes possibilidades de envolvimento em bullying Acreditamos ser
importante esta investigaccedilatildeo uma vez que em estudo sobre a percepccedilatildeo do professor
sobre o bullying no ambiente escolar (Ferreira Rowe e Oliveira 2011) os professores
revelaram sentimentos diferenciados diante do envolvimento em bullying de piedade e
compaixatildeo pelas viacutetimas e repugnacircncia pelos agressores
A situaccedilatildeo de violecircncia provoca sentimentos de solidariedade em relaccedilatildeo agraves
viacutetimas e em situaccedilotildees de violecircncia velada de sofrimento intenso envolvendo
crianccedilas e adolescentes eacute natural maior cuidado e envolvimento em relaccedilatildeo agravequeles
cujo sofrimento eacute mais evidente Eacute preciso cuidar dos alunos autoresagressores pois
mesmo tendo a intenccedilatildeo de causar mal a outro ldquotambeacutem precisam de ajuda porque
natildeo conseguem se ver (no sentido moral e natildeo no sentido esteacutetico ou socialmente
estabelecido) satildeo muitas vezes incapazes de reconhecer seus proacuteprios sentimentos e
consequentemente os sentimentos dos outrasrdquo (Tognetta 2010 p90) As evidecircncias
deste estudo podem favorecer relaccedilotildees mais acolhedoras e menos punitivas diante
das estrateacutegias utilizadas pelos estudantes diante do cenaacuterio de violecircncia escolar
Outro aspectos a destacar refere-se a necessidade em estudos posteriores
sobre relacionamento interpessoal de maior clareza quanto aos criteacuterios utilizados
pelos participantes para referir-se ao Bom Relacionamento e ao Relacionamento
Difiacutecil O presente estudo abordou questotildees pertinentes agrave relaccedilatildeo professor-aluno
166
apresentando contribuiccedilotildees para estudos desta natureza entretanto outros aspectos
precisam ser considerados
Mesmo sabendo dos cuidados tomados de forma a possibilitar a participaccedilatildeo
dos estudantes garantindo o sigilo em relaccedilatildeo agrave sua identidade e assim maior
confianccedila para apresentaccedilatildeo das informaccedilotildees solicitadas parece que a coleta
realizada de forma pontual por um pesquisador estranho ao cotidiano dos estudantes
natildeo eacute a forma ideal Consideramos que os profissionais da escola ao estabelecerem
relaccedilotildees de confianccedila tem maiores condiccedilotildees de acessar informaccedilotildees relevantes para
o estudo de forma integrada das relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar
Do ponto de vista social o presente estudo espera poder contribuir para a
valorizaccedilatildeo no meio educacional da relevacircncia das relaccedilotildees interpessoais no fazer
docente e assim poder resgatar o envolvimento do professor em questotildees que natildeo se
referem apenas agrave transmissatildeo de conteuacutedos e que no entanto muito interferem no
seu cotidiano
Eacute preciso cuidar do professor proporcionando a auto valorizaccedilatildeo e auto
respeito para assim podermos falar de uma eacutetica do cuidado na relaccedilatildeo professor-
aluno
167
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173
ANEXOS
174
ANEXO I
175
Termo de Consentimento para Realizaccedilatildeo da Pesquisa ndash Instituiccedilatildeo Tiacutetulo da Pesquisa O Relacionamento Professor-Aluno e o Bullying no Ensino Fundamental Pesquisadora Virginia de Oliveira Alves Passos Orientador Prof Dr Agnaldo Garcia Instituiccedilatildeo UFES ndash Universidade Federal do Espiacuterito Santo PPGP ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Objetivo da Pesquisa Investigar a ocorrecircncia de bullying e o papel do relacionamento interpessoal entre professores e alunos em sua causaccedilatildeo intensificaccedilatildeo ou controle Descriccedilatildeo do Procedimento Seratildeo aplicados questionaacuterios a cada participante abordando aspectos referentes aos seus relacionamentos interpessoais na escola tanto com seus pares como tambeacutem com os professores e em seguida seraacute solicitado a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar Benefiacutecios Espera-se que os resultados contribuam para possibilidade de compreender de forma integrada a influecircncia de relaccedilotildees interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos referentes a violecircncia escolar e ao fenocircmeno bullying Anaacutelise de risco e sigilo Todo o procedimento de pesquisa descrito seguiraacute rigorosamente os criteacuterios eacuteticos estabelecidos atraveacutes da legislaccedilatildeo que regulamenta pesquisas com seres humanos Desse modo os questionaacuterios seratildeo aplicados de acordo com a teacutecnica padratildeo cientificamente reconhecida Seratildeo preservados o sigilo das informaccedilotildees e a identidade dos participantes sendo que os registros das informaccedilotildees poderatildeo ser utilizados para fins exclusivamente cientiacuteficos e divulgaccedilatildeo em congressos e publicaccedilotildees cientiacuteficas resguardando-se sempre o anonimato dos participantes O participante teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo em qualquer fase da pesquisa Informaccedilotildees complementares e esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos participantes eou a seus responsaacuteveis A previsatildeo para os procedimentos descritos eacute de agosto de 2010 a junho de 2011 Identificaccedilatildeo do Responsaacutevel pela Instituiccedilatildeo Nome____________________________________________________________ RG ______________ Oacutergatildeo Emissor ________ Cargo ____________________________________________________________
Estando de acordo assinam o presente termo de consentimento em 02 (duas) vias
_________________________ ______________________________ Responsaacutevel pala Instituiccedilatildeo Virginia de O Alves Passos
Pesquisadora RecifePE _________
176
ANEXO II
177
FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo
investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre
alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade
Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade
Federal do Espiacuterito Santo)
Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a
preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os
pares como tambeacutem com os professores
Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees
interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos
referentes agrave violecircncia escolar
As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre
sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante
teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e
esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos
participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua
integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste
estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Identificaccedilatildeo do Participante
Nome do participante_________________________________________________________
Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________
Estando de acordo assino o presente termo de consentimento
________________________________
Assinatura
Pesquisadora responsaacutevel
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro
CEP 56304-917 - PetrolinaPE
E-mail virginiaalvesunivasfedubr
VIA DO PESQUISADOR
178
Telefone 87 21016868 87 88238983
FUNDACcedilAtildeO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SAtildeO FRANCISCO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu filho estaacute sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa que tem como objetivo
investigar os relacionamentos interpessoais no Ensino Fundamental enfocando o relacionamento entre
alunos e entre professores e alunos Esta pesquisa faz parte das atividades desenvolvida pela Profordf
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos do curso de graduaccedilatildeo em Psicologia da UNIVASF (Universidade
Federal do Vale do Satildeo Francisco) em seu trabalho de Doutorado realizado na UFES (Universidade
Federal do Espiacuterito Santo)
Seraacute solicitada a realizaccedilatildeo de uma redaccedilatildeo sobre violecircncia escolar e em seguida a
preenchimento de um questionaacuterio abordando os relacionamentos interpessoais na escola tanto com os
pares como tambeacutem com os professores
Espera-se que os resultados contribuam para melhor compreendermos a influecircncia de relaccedilotildees
interpessoais no contexto escolar como tambeacutem para analisar cientificamente diversos aspectos
referentes agrave violecircncia escolar
As informaccedilotildees obtidas atraveacutes dessa pesquisa seratildeo confidencias e asseguramos o sigilo sobre
sua participaccedilatildeo Os dados natildeo seratildeo divulgados de forma a possibilitar sua identificaccedilatildeo O participante
teraacute liberdade de interromper ou desistir de sua participaccedilatildeo na pesquisa Informaccedilotildees complementares e
esclarecimentos quanto a duacutevidas seratildeo fornecidos pelo pesquisador em qualquer momento aos
participantes eou a seus responsaacuteveis A sua participaccedilatildeo natildeo implica em nenhum risco para sua
integridade fiacutesica para sua vida escolar ou de qualquer outra natureza
Apoacutes estes esclarecimentos solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar deste
estudo Portanto preencha por favor os itens que se seguem
Identificaccedilatildeo do Participante
Nome do participante_________________________________________________________
Data de Nascimento _________ Nome do responsaacutevel _________________________________________________
Estando de acordo assino o presente termo de consentimento
________________________________
Assinatura
Pesquisadora responsaacutevel
Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos ndash Fundaccedilatildeo Universidade Federal do Vale do Satildeo Francisco Av Joseacute de Saacute Maniccediloba SN - Centro
CEP 56304-917 - PetrolinaPE
VIA DO PARTICIPANTE
179
E-mail virginiaalvesunivasfedubr
Telefone 87 21016868 87 88238983
ANEXO III
180
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Vocecirc estaacute sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa sobre Relaccedilotildees Interpessoais na
Escola Sua participaccedilatildeo eacute importante poreacutem vocecirc natildeo deve participar contra sua vontade Leia
atentamente as informaccedilotildees abaixo e faccedila se desejar qualquer pergunta para esclarecimento
Pesquisadora responsaacutevel Profordf Virgiacutenia de Oliveira Alves Passos
O participante estaacute ciente sobre os seguintes aspectos
1 Objetivo principal da pesquisa
2 Descriccedilatildeo da coleta de informaccedilotildees
3 Ausecircncia de riscos
4 Benefiacutecios da pesquisa
5 O seu nome seraacute mantido em sigilo e nenhuma informaccedilatildeo que o identifique seraacute divulgada
nas publicaccedilotildees dos resultados
6 Os alunos participaratildeo voluntariamente da pesquisa natildeo recebendo nenhum valor
7 Vocecirc tem a liberdade de se recusar ou retirar seu consentimento em qualquer fase da
pesquisa sem penalizaccedilatildeo alguma
Eu DECLARO que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me
foi explicado concordo voluntariamente em participar desta pesquisa
Recife ____ de _________________________ de 2010
Nome do participante ___________________________________________________________
__________________________________________
(participante)
181
ANEXO IV
182
Vocecirc estaacute participando como colaborador de uma a pesquisa sobre Relacionamento Interpessoal na
Escola Sua colaboraccedilatildeo eacute muito importante e vocecirc deve responder com atenccedilatildeo todas as questotildees
considerando os acontecimentos ao longo deste ano
Parte I - As suas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos entre vocecirc e seus colegas
durante este ano Para responder vocecirc deve considerar a seguinte frequumlecircncia dos acontecimentos
investigados
Poucas vezes ateacute quatro vezes ao longo do ano em curso
Algumas vezes todo mecircs com ateacute duas vezes por mecircs
Com frequumlecircncia toda semana (ou quase toda semana)
1) Ao longo deste ano vocecirc agrediu fisicamente algum colega por qualquer motivo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano vocecirc agrediu verbalmente algum colega por qualquer motivo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano vocecirc provocou ou zombou de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano vocecirc impediu algum colega de participar em atividades com outros colegas da
escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo fiacutesica de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano vocecirc sofreu agressatildeo verbal de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano vocecirc sofreu provocaccedilotildees continuadas de algum colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
8) Ao longo deste ano vocecirc foi impedido por outros colegas de participar de atividades com os colegas da
escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo fiacutesica de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
183
10) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega ou amigo sofrer agressatildeo verbal de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano vocecirc presenciou algum colega sofrer provocaccedilotildees continuadas de outro colega
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano vocecirc percebeu se algum colega foi impedido por outros colegas de participar de
alguma atividade com os demais colegas da escola (trabalhos em grupo festas atividades esportivas etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte II ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom relacionamento com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao
longo da aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando
exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo
comentaacuterios etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
184
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito
(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que
vocecirc obteve algum resultado)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os
pais na escola de suspender de suas aulas)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada
por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no
relacionamento com outros professores)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc
se envolveu em conflitos com seus colegas
( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com
185
vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia
18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e
seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte III ndash As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um bom
relacionamento com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade
entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
186
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os
alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Parte IV - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre vocecirc e o professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um relacionamento difiacutecil com ele (ou
ela)
01) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez elogios a vocecirc publicamente
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
02) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi atencioso quando vocecirc fez comentaacuterios ou perguntas ao
longo da aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
03) Ao longo deste ano este(a) professor(a) demonstrou interesse nas atividades realizadas por vocecirc
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
04) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou sua participaccedilatildeo ao longo da aula (solicitando
exemplos perguntando respostas encontradas nas atividades esclarecendo duacutevidas pedindo comentaacuterios
etc)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
05) Ao longo deste ano vocecirc recebeu apoio deste(a) professor(a) em alguma situaccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
06) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ficou indiferente a seu comportamento na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
07) Ao longo deste ano este(a) professor(a) expocircs vocecirc a alguma situaccedilatildeo constrangedora na sala
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
187
08) Ao longo deste ano este(a) professor(a) desacreditou de vocecirc ou de algo que vocecirc tenha feito
(afirmando saber que vocecirc natildeo fez a tarefa duvidando que vocecirc realizou alguma atividade ou que vocecirc
obteve algum resultado)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
09) Ao longo deste ano este(a) professor(a) encaminhou vocecirc para a equipe da
coordenaccedilatildeosupervisatildeodireccedilatildeo
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
10) Ao longo deste ano este(a) professor(a) solicitou que vocecirc se retirasse da sala durante a aula
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
11) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez alguma ameaccedila a vocecirc (de ser reprovado de convidar os
pais na escola de suspender de suas aulas)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
12) Ao longo deste ano este(a) professor(a) fez comentaacuterios puacuteblicos de alguma dificuldade apresentada
por vocecirc (na aprendizagem no comportamento no relacionamento com os colegas no relacionamento
com outros professores)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
13) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com vocecirc (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
14) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
15) Ao longo deste ano este(a) professor(a) ) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
16) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido em situaccedilotildees de conflito entre vocecirc e seus
colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
17) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos quando vocecirc
se envolveu em conflitos com seus colegas
( ) Natildeo nenhuma ( ) Sim apenas ( ) Sim poucas ( ) Sim algumas ( ) Sim com
188
vez uma vez vezes vezes frequumlecircncia
18) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre vocecirc e seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
19) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre vocecirc e
seus colegas
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
189
Parte V - As suas proacuteximas respostas deveratildeo ser dadas considerando acontecimentos durante este ano
entre seus colegas de turma em geral e o mesmo professor (ou professora) que vocecirc ache que tem um
relacionamento difiacutecil com ele (ou ela)
1) Ao longo deste ano este(a) professor(a) entrou em conflito com os alunos (discutindo gritando
agredindo)
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
2) Ao longo deste ano este(a) professor(a) provocou ou incentivou o conflito entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
3) Ao longo deste ano este(a) professor(a) foi omisso em relaccedilatildeo a conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
4) Ao longo deste ano este(a) professor(a) tomou partido nos conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
5) Ao longo deste ano este(a) professor(a) buscou a negociaccedilatildeo e a resoluccedilatildeo de conflitos diante de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
6) Ao longo deste ano este(a) professor(a) manteve clima de natildeo-violecircncia entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
7) Ao longo deste ano este(a) professor(a) criou e manteve clima de competitividade e agressividade
entre os alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
8) Ao longo deste ano este(a) professor(a) negou possibilidade de envolvimento em situaccedilotildees de
conflitos entre alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
9) Ao longo deste ano este(a) professor(a) incentivou a compreensatildeo toleracircncia e amizade entre os
alunos
( ) Natildeo nenhuma
vez
( ) Sim apenas
uma vez
( ) Sim poucas
vezes
( ) Sim algumas
vezes
( ) Sim com
frequumlecircncia
Agradecemos sua participaccedilatildeo como colaborador da pesquisa
190
Vocecirc pode acrescentar no verso da folha algo que vocecirc ache importante e que natildeo foi ainda perguntado
ANEXO V
191
192
ANEXO VI
193