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Universidade São Judas Tadeu Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado em Educação Física Bruno Allan Teixeira da Silva AS EMOÇÕES NO SURFE: DA PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA À FORMAÇÃO PROFISSIONAL São Paulo 2017

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Universidade São Judas Tadeu

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

Mestrado em Educação Física

Bruno Allan Teixeira da Silva

AS EMOÇÕES NO SURFE:

DA PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA À

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

São Paulo

2017

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Universidade São Judas Tadeu

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

Mestrado em Educação Física

Bruno Allan Teixeira da Silva

AS EMOÇÕES NO SURFE:

DA PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA À

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

São Paulo

2017

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da

Universidade São Judas Tadeu, como requisito para

obtenção do título de Mestre em Educação Física, na

linha de pesquisa: Fenômeno Esportivo, sob

orientação da Profa. Dra. Sheila Aparecida Pereira dos

Santos Silva.

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca

da Universidade São Judas Tadeu

Bibliotecária: Cláudia Silva Salviano Moreira - CRB 8/9237

Silva, Bruno Allan Teixeira da

A586e As emoções no surfe: da percepção de estudantes de Educação

Física à formação profissional / Bruno Allan Teixeira da Silva. - São

Paulo, 2017.

146 f.: il.; 30 cm.

Orientadora: Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva.

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São

Paulo, 2017.

1. Esportes radicais. 2. Surfe. 3. Formação profissional. 4. Emoções. I.

Silva, Sheila Aparecida Pereira Santos. II. Universidade São Judas Tadeu,

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título

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COMISSÃO JULGADORA

Aprovado em: 29/06/2017

Profa. Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva

Orientadora

Instituição: Universidade São Judas Tadeu – USJT.

Prof. Dr. Marcelo Callegari Zanetti

Instituição: Universidade São Judas Tadeu – USJT.

Prof. Dr. Reinaldo Tadeu Boscolo Pacheco

Instituição: Universidade de São Paulo – USP.

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DEDICATÓRIA

A todos os Profissionais de Educação Física que se

preocupam com o ensino e aprendizagem, que sejam

sensíveis para compreender seus alunos e que tenham

coragem para seguir em frente.

À minha Mãe Vera e a meu Pai Fortunato, a meus

irmãos Felipe e Lucas e minha Vó Lindalva, que tanto

me ensinaram e me apoiaram na jornada da vida, e

mostraram o quão incrível ela pode ser quando

partilhada em família.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por se fazer presente, grande e inédito em todos os dias da minha

vida.

À minha querida orientadora, Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos

Silva, por ter acreditado em mim, nos meus sonhos, nas minhas crenças e ideias. Sou

grato pelos ensinamos acadêmicos, pelos puxões de orelha, momentos e memórias que

levarei para vida serão eternizados em minhas aulas, passos e construções profissionais.

Sendo que em cada dia ela se torna minha fonte de inspiração e admiração, pelo

trabalho, pelas ações e também pela pessoa que conheci. Sem ela, nada seria possível.

À minha mãe, que tanto me ensinou e me influenciou a mergulhar dentro do

mundo da Educação Física, com ela tenho a oportunidade de poucos de partilhar a

família, a orientadora e o trabalho. Me incentiva sempre a ir além, com seu amor,

exemplo e carinho sendo manifestados em todos os dias de nossas vidas.

Sou grato aos meus irmãos Felipe Allan e Lucas Allan, por me apoiarem em

minha jornada, mesmo não sendo da área sempre caminham junto comigo.

À minha querida Vó, que em todos os dias demonstra sua coragem, força,

garra, e que me conquista com seus abraços de urso.

Ao meu Pai Fortunato, mesmo que, infelizmente, nossas vidas tenham tomado

rumos diferentes, sei que irei encontrá-lo e também sei o lugar, só estou para descobrir

o dia. Ele tanto me apoiou enquanto esteve comigo, tanto me ensinou a ser forte, a

valorizar a família e, se completo este ciclo profissional, é graças a seus ensinamentos,

que irei levar para sempre.

Aos meus colegas do mestrado: Ariana, Mauro, Toni, Gabriela, Carol

Yoshioka, Grazzi, Bá, Ferraz, Samanda, Valdilene, Felipe, Carol Campos. Serei grato

pelo companheirismo e também eterna amizade

.

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Aos meus amigos da VII turma da Pós-Graduação em Esportes e Atividades

de Aventura: Michel, Larissa, Roberto Trindade, André, Juliana, Viviane, Jeanne, Sarah

Gilson, Ana, Debora, Marcelo. Tatiany, pois estes me influenciaram a seguir cada hora

mais longe dentro das atividades de aventura.

À minha irmã acadêmica Leilane França, pois dividimos muitas tramas e

sonhos durante a graduação e foi possível estabelecer uma amizade incrível. Sempre me

apoiou nessa caminhada, mesmo longe está perto.

Agradeço as provocações acadêmicas, amizade e companheirismo do Marco

Antonio Uzinian.

Aos amigos Fernanda Pires, José Messias, Neilton, Tadeu, Marisa, Rose,

Sheila, Marcus Palmeira, Tania Spada, Michele Maia, Luciene Farias, Clovis Bento,

Luis Felipe Polito, Lucila, Carla Ferro, Helenilson, Maria Rita pela amizade e força em

cada dia, pelas risadas e pelo aprendizado.

Aos meus professores provocadores do curso de graduação em Educação

Física da UNICID (2009 – 2012): Mauricio Teodoro, Roberto Gimenez, Maria Helena

Kerbej, Laércio Iório, Luciene Diniz, Alessandro Freitas, João Marcelo Miranda, Paulo

Cesar Esteves, Marcelo Marquezi e Rosangela Marin, estes me proporcionaram muitas

provocações e aprendizado, serei eternamente grato.

Por fim, sou grato aos meus alunos. Sem vocês, ser professor não faria o

menor sentido.

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Nada do que foi será De novo do jeito que já foi um dia

Tudo passa, tudo sempre passará A vida vem em ondas,

como um mar Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é

Igual ao que a gente viu há um segundo tudo muda o tempo todo no mundo

Não adianta fugir

Nem mentir pra si mesmo agora Há tanta vida lá fora Aqui dentro sempre

Como uma onda no mar

Lulu Santos / Nélson Motta

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RESUMO

O Profissional de Educação Física (PEF) pode ser responsável pela orientação,

intervenção e mediação do surfe como prática de atividade física. As emoções percebidas

pelos praticantes e mediadas pelo PEF podem vincular o sujeito à prática e possibilitar

experiências positivas. O objetivo deste estudo foi identificar as percepções subjetivas

das emoções de estudantes de EF para compreender suas primeiras experiências com o

surfe. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva, envolvendo seis estudantes de

Educação Física que participaram de três aulas de surfe e responderam a uma entrevista

semiestruturada. Todos os sujeitos perceberam medo e alegria durante as aulas, mas a

raiva e a tristeza também foram mencionadas por alguns. As emoções estão presentes nas

experiências de futuros PEF e precisam ser levadas em conta durante seus processos de

formação profissional uma vez que poderão atuar como orientadores/mediadores de

atividades de aventura plenas de oportunidades para vivências emocionais.

Palavras-chaves: Aspectos psicológicos. Atividades de Aventura. Surfe. Emoções.

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ABSTRACT

The Physical Education Professional (PEF) can be responsible for the orientation,

intervention, and mediation of surfing as a practice of physical activity. Emotions

perceived by practitioners and mediated by PEF can link the subject to practice and enable

positive experiences. The objective of this study was to identify the subjective perceptions

of the emotions of EF students to understanding their first experiences with surfing. This

is a qualitative, descriptive research involving six Physical Education students who

participated in three surf classes and answered a semi-structured interview. All the

subjects perceived fear and joy during class, but anger and sadness were also mentioned

by some. Emotions are present in the experiences of future PEF and need to be taken into

account during their professional training processes since they can act as

advisors/mediators of adventure activities full of opportunities for emotional experiences.

Keywords: Psychological aspects. Adventure Activities. Surfing. Emotions.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Representação da organização em relação às emoções primárias, secundárias e

de fundo...........................................................................................................................27

Figura 2: Representação do modelo de Smith e Lazarus ..................................................29

Figura 3: Modelo de coping, adaptado de Lazarus; Folkman..........................................31

Figura 4: Organização curricular do Profissional de EF. .................................................45

Figura 5: Representação do universo das atividades de aventura....................................54

Figura 6: Adaptação do quadro de manobras do surfe......................................................62

Figura 7: Quadro de indicadores para realização da análise de conteúdo.........................69

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Percepções emocionais na prática do surfe....................................................101

Quadro 2: Representação das questões relativas à aula e ao professor............................103

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Sumário 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 14 2. OBJETIVOS .............................................................................................................................. 19

2.1. GERAL .................................................................................................................................... 19 2.2. ESPECÍFICO ....................................................................................................................... 19

3. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................................. 20 4. AS EMOÇÕES ........................................................................................................................... 20

4.1. COPING ............................................................................................................................... 30 4.2. ALEGRIA .............................................................................................................................. 34 4.3. MEDO .................................................................................................................................. 35 4.4. TRISTEZA ............................................................................................................................. 38 4.5. RAIVA ................................................................................................................................... 39

5. A FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA: RELAÇÕES COM AS

ATIVIDADES DE AVENTURA ........................................................................................................ 41 6. AS ATIVIDADES DE AVENTURA .......................................................................................... 52 7. ASPECTOS PSICOLÓGICOS NAS ATIVIDADES DE AVENTURA .................................... 57 8. O SURFE .................................................................................................................................... 61 9. MÉTODO ................................................................................................................................... 64

9.1. NATUREZA DA PESQUISA ................................................................................................. 64 10. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS .............................................................................. 65 11. RESULTADOS ............................................................................................................................. 70

11.1 SUJEITO – 1 ................................................................................................................................. 70 11.2 SUJEITO – 2 ................................................................................................................................. 78 11.3 SUJEITO – 3 ................................................................................................................................. 86 11.4 SUJEITO – 4 ................................................................................................................................. 91 11.5 SUJEITO – 5 ................................................................................................................................. 95 11.6 SUJEITO – 6 ............................................................................................................................... 100

12. ANÁLISE NOMOTÉTICA ........................................................................................................ 105 12.1 PERCEPÇÕES EMOCIONAIS NA PRÁTICA DO SURFE: ................................................ 106 12.2 REPRESENTAÇÃO DAS QUESTÕES RELATIVAS À AULA E AO PROFESSOR: ....... 108

13. DISCUSSÃO ............................................................................................................................... 110 14. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 119 15. REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 122 APÊNDICES .................................................................................................................................... 132

APÊNDICE I ...................................................................................................................................... 133 APÊNDICE II ..................................................................................................................................... 134

ANEXOS........................................................................................................................................... 137 ANEXO I ............................................................................................................................................. 138 ANEXO II ........................................................................................................................................... 140 ANEXO III .......................................................................................................................................... 142 ANEXO IV .......................................................................................................................................... 144

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1. INTRODUÇÃO

Nasci na capital paulista e tive a oportunidade de morar em várias regiões do

estado de São Paulo. Quando estava na Educação Básica cursei o Ensino Fundamental I

em São Sebastião – Litoral Norte de São Paulo, já o Ensino Fundamental II em Ilhabela

e o Ensino Médio em Caraguatatuba. Nessas cidades minhas aulas de Educação Física

Escolar (EFE) caminhavam de uma forma muito tradicional, os conteúdos eram ligados

ao futebol, basquetebol, voleibol e handebol.

Nestes locais, pela proximidade com ambientes naturais, tive a oportunidade

de conhecer o surfe e outras práticas corporais de aventura, mas, estranhamente, nunca

nas aulas de EFE. Nem outras disciplinas que compunham a Educação Básica tinham

seus conteúdos focados nas atividades de aventura ou na exploração da natureza.

Essa região me proporcionou um contato íntimo com a natureza, sendo rica

em atividades como trekking, surfe, vela, windsurfe, kitesurfe, canoagem, stand up

paddle, cachoeirismo, escalada e rapel.

Enquanto algumas crianças em São Paulo brincavam nas ruas ou com seus

videogames, naquele local tínhamos a opção de ser desbravadores, de surfar depois das

aulas, de realizar uma trilha nos momentos de lazer ou de brincar de “aventureiro” nas

nascentes de cachoeiras, sempre buscando aquilo que era desconhecido, explorando e

buscando a paisagem e a descoberta de sensações e emoções ligadas a essas práticas. Na

adolescência vislumbrava transformar o surfe em meu “instrumento” de trabalho.

Voltei para São Paulo com o foco em me capacitar, foi quando tive a

oportunidade de estudar Educação Física (EF) na Universidade Cidade de São Paulo –

UNICID. Nessa época, todo o projeto do curso estava constituído a partir da proposta do

“Ensinar para Compreensão”, uma forma de ensinar e construir competências

profissionais ativamente, tendo o foco em solução de problemas e estudos de caso para

compreender os conteúdos da atuação profissional em EF.

Na universidade percebi a possibilidade do trabalho com atividades de

aventura e esportes radicais e as suas relações com a atuação profissional em EF. Durante

o processo de graduação em EF, na Licenciatura e no Bacharelado, sempre me encantei

por estes caminhos.

Fiz uma especialização em EFE e sempre tive a preocupação de como seria

trabalhar com as atividades de aventura como conteúdo dentro da EFE por conta das

experiências que tive na graduação e na vida.

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Ao término deste curso, busquei um curso de Especialização Lato Sensu na

única instituição no Brasil que oferecia curso de pós-graduação em atividades e esportes

de aventura na época, as Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU. Nessa ocasião, tive

a oportunidade de conhecer os professores Luciano Bernardes, Dimitri Wuo Pereira, Igor

Armbrust, Ricardo Auricchio, que atuavam na EF, Formação Inicial em EF, no ambiente

do lazer e também na formação continuada.

O fato de ter vivência e especialização em atividades e esportes de aventura

possibilitou o meu ingresso como docente em uma faculdade de EF no centro de São

Paulo. Neste momento, comecei a me preocupar em relação ao desenvolvimento de

competências do profissional/professor de EF que irá ministrar conteúdos ligados às

atividades de aventura.

De forma empírica, fui identificando algumas transformações dos alunos

durante sua “passagem” pela disciplina de atividades de aventura, pois muitos

experimentavam, pela primeira vez, várias atividades como escalada, skate, slackline,

enduro a pé, entre outras. Minha preocupação era que, além da experimentação das

atividades, o estudante de EF desenvolvesse as competências relacionadas à sua atuação

profissional ao ministrar conteúdos relacionados com as atividades de aventura,

utilizando os recursos que vivenciaram e sentiram durante a sua formação.

As discussões em relação à formação profissional em EF implicam no

desenvolvimento de recursos para ensinar e monitorar essas atividades no cotidiano. Na

EFE, as atividades de aventura foram inseridas na Base Nacional Curricular Comum

intitulada como “práticas corporais de aventura”, cujo foco centra-se em conhecer as

atividades, explorar suas possibilidades, avaliar questões referentes à segurança, sendo

essas discussões articuladas com toda a construção da proposta (BRASIL, 2017).

No cenário do esporte de alto rendimento, algumas atividades de aventura

estão se tornando esportes olímpicos, por exemplo, a escalada, o surfe e o skate irão

compor o rol de modalidades oficiais nos Jogos Olímpicos de 2020 (COI, 2016). Isto deve

proporcionar maior visão destas manifestações no cotidiano e, provavelmente, mais

profissionais de EF devem buscar se capacitar para ministrar essas atividades.

O professor que lida com situações de risco durante a atividade de aventura,

comumente enfrentará o medo do aluno em algumas práticas, como, por outro lado,

constatará sua sensação de alegria e de bem-estar após a superação da situação

desafiadora. Ao deparar-se com paisagens, pessoas e desafios inéditos, pode-se formar

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algum tipo de vínculo do sujeito com a atividade (COSTA, 2000; PEREIRA;

ARMBRUST, 2010).

As atividades de aventura estão estreitamente relacionadas aos sentimentos

e emoções, portanto, fornecem situações peculiares que dependendo da mediação do

professor possibilitam experiências positivas que irão contribuir de forma crucial na

formação para a vida. Para Costa (2000), [...] “a aventura é para gente que sonha. Se você

se permitir sonhar e realizar, vai ficar com a impressão de que pode realizar tudo o que

pretende, pois nada é impossível no sonho” (p.78). Nesta perspectiva, a projeção e

expectativas criadas pelo praticante em relação à busca pela aventura podem realizar uma

construção sinérgica entre o sujeito, as emoções e o movimento.

Outra questão inerente nessas atividades é o convívio com o risco, elemento

implícito em sua prática, cabe ao profissional que a orienta controlar e mediar todas as

situações para que não aconteça nenhum tipo de acidente ou fatalidade. Na atividade de

aventura o risco pode ser controlado por meio de técnicas, equipamentos e profissionais

que conseguem gerir a atividade. Porém, autores ressaltam que o risco não pode ser

completamente controlado, pois há situações que fogem do domínio técnico como os

fatores ambiental e/ou climático (PEREIRA; ARMBRUST, 2010; ARMBRUST;

LAURO, 2010). A emoções durante a prática de atividade de aventura, pode ser um

agente modificador da realidade percebida pelo sujeito, principalmente em relação a

própria percepção de risco

Tais características formam uma complexidade de fatores que proporcionam

ao praticante no mundo da aventura experiências inéditas e inesquecíveis, dependendo da

percepção do sujeito dentro da ação. O ambiente de incerteza e situações de riscos,

oportuniza ao praticante se deparar com episódios que exigem o controle de suas ações

para superar a situação ou recuar. O encontro entre o sujeito e o ambiente pode

desencadear a fuga ou o enfrentamento da situação, ou seja, o sujeito cria ações motrizes

para se adaptar, fugir ou superar os desafios que podem surgir no momento em que pratica

alguma atividade de aventura.

A percepção, a história de vida do sujeito está diretamente relacionada às

emoções. Estudos definem as emoções como um conjunto de alterações psicofisiológicas

causadas por uma avaliação do sujeito sobre a situação (DAMÁSIO, 2015; LAZARUS,

2000; 1991; SMITH; LAZARUS, 1990).

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Nesse cenário, o profissional responsável pela organização, orientação e

monitoramento das atividades de aventura, trabalha com alunos diversos, desde crianças

à adultos, cada um possuindo uma história de vida, experiências emocionais diversas,

recursos de enfrentamento diferentes que afloram no momento da execução da atividade.

O profissional ou professor de EF são mediadores dentro do processo de ensino e

aprendizagem de qualquer atividade de aventura, portanto é imprescindível compreender

as emoções, a cultura, as crenças, as dificuldades dos discentes. No processo de mediação

é necessário romper com o estrito “ato de fazer”, e considerar os sentimentos, as emoções

e as experiências vividas, pois, estas irão ser fontes importantes para as instruções da

atividade e também na forma em que seu aluno irá perceber e se perceber dentro dela.,

Segundo Arruda (2012 p. 300), ao mediar as emoções o professor rompe com as práticas

prescritivas sustentadas no tradicionalismo e autoritarismo, pois considera em suas ações

pedagógicas as paixões, medos ou alegrias é: “ dar voltas com” universos de emoções”.

O profissional deve saber mediar as situações e proporcionar instruções que

façam seus alunos conseguirem o êxito na realização da atividade. Essa situação remete

à formação inicial do profissional de EF.

Estudos apontam a necessidade dos estudantes de EF compreenderem melhor

as suas emoções e que a universidade e o processo formativo necessitam considerá-las

dentro do desenvolvimento de competências para a atuação profissional. Ao perceber as

emoções que estão impedindo a aprendizagem do aluno, o professor consegue formular

estratégias que libertam o aluno para aprender utilizando experiências de aprendizagem

significativas e positivas. Neste aspecto, a formação inicial objetiva produzir quadros

profissionais em consonância com a realidade do cotidiano da atuação, pois a formação

inicial, bem como a inserção no mercado de trabalho, dependem de uma série de

competências que devem ser desenvolvidas na universidade (KLEMOLA; HEIKINARO-

JOHANSSON; O’SULLIVAN, 2012).

Ao considerar a complexidade dos estudos das emoções nas atividades de

aventura e na formação inicial em EF, o profissional também precisa de competências

ligadas às emoções. Esses apontamentos, suscitam alguns questionamentos: como o

estudante de EF percebe uma atividade de aventura? Qual será a percepção das emoções

por estes estudantes nos momentos em que vivenciam o surfe pela primeira vez?

A partir desses questionamentos e com o propósito de averiguar essas

questões que esse estudo se fundamenta. Então, percebi a necessidade de pesquisar na

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literatura maiores conhecimentos sobre a emoções e sua relação com a formação inicial

em EF nas atividades de aventura.

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2. OBJETIVOS

2.1.GERAL

Identificar as percepções subjetivas das emoções de estudantes de EF para

compreender suas primeiras experiências no surfe.

2.2.ESPECÍFICO

• Identificar as percepções de estudantes de Educação Física em

relação às suas primeiras experiências com atividades de aventura.

• Identificar as emoções na prática do surfe pela primeira vez.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

Essa revisão de literatura é do tipo integrativa e tem como propósito

estabelecer as bases de sustentação desta investigação. Souza, Silva e Carvalho (2010)

mencionam que essa característica de revisão permite a integração de estudos

experimentais e não experimentais, como forma de auxiliar na compreensão completa do

fenômeno investigado. Neste sentido, buscou-se em periódicos científicos e livros para

compreender as questões referentes as emoções, a formação profissional em Educação

Física, as atividades de aventura e o surfe.

4. AS EMOÇÕES

As emoções podem ser influenciadas por uma série de fatores que causam

alterações psicológicas, comportamentais e fisiológicas. Estás ficando como plano de

fundo das ações do ser humano sob todo evento considerado como significativo, neste

cenário, a maioria das ações tomadas são movidas por necessidades ligadas à

sobrevivência ou relativas à busca pela satisfação no meio social em que vivemos.

Aprendidas e desenvolvidas a partir da “experiência vivida”, a ação escolhida

perante a algum evento considerado como estressor, ameaçador ou benéfico pode realizar

alterações “complexas” nos aspectos psicológicos, fisiológicos e comportamentais. Tais

experiências acumuladas durante vida, podem ser determinantes nas ações que são feitas

a partir de uma avaliação subjetiva entre o sujeito e o evento. Neste sentido, a situação

pode ser considerada como boa ou ruim, e desencadeia ações como lutar ou fugir, como

chorar ou rir, podendo-se considerar as emoções como positivas ou negativas.

Em todo momento ocorre a manifestação das emoções. Uma pessoa tanto

pode ficar surpreendida e alegre ao receber uma promoção no trabalho, pode considerar

algo como ameaçador ou ficar envergonhada para falar em público. Estes aspectos

emocionais, no entanto, variam de pessoa para pessoa e compõem aspectos da percepção

subjetiva de “bem-estar ou mal-estar” (LAZARUS, 2000; SMITH; LAZARUS, 1990).

Smith e Lazarus (1990) afirmam que apesar de todas as pessoas conhecerem

suas emoções, sentem enorme dificuldade ao descreve-las. Os autores ressaltam que uma

mesma situação, desencadeia respostas diferentes, mas independente da diferenciação nas

respostas, a dificuldade de descrição estará presente.

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Mesmo que as emoções sejam consideradas universais, a cultura, os

costumes, as experiências que o sujeito tem durante a vida, podem ser fontes de diferentes

interpretações e concepções sobre o que se sente (COSTA, 2008). Ao considerar a forma

subjetiva, as emoções fazem referência a todos os eventos que são avaliados de forma

significativa ao longo das experiências da vida, por exemplo, sentir orgulho ao ser

elogiado por alguém, ficar com raiva quando nossas casas são roubadas, ficar feliz com

o nascimento de uma criança, sentir uma dor profunda com a notícia da morte de alguém

que se ama (EKMAN; CAMPOS, 2003).

Podemos estabelecer uma relação com a interpretação de diferentes estilos

musicais e mudanças nos estados emocionais de sujeitos de diferentes gêneros. A escolha

da música depende das motivações do sujeito, da cultura em que foi criado e dos costumes

desenvolvidos durante a vida (ARRIAGA; FRANCO; CAMPOS, 2010).

Por exemplo: um estilo “rock n’ roll”, que para muitos pode ser agradável e

gera um sentimento de prazer e alegria, para outros pode gerar raiva, desgosto e tristeza,

pois a outra pessoa pode ter costumes diferentes e, devido a isso, esse estilo musical não

pode lhe proporciona uma sensação de bem-estar. As diferentes situações da vida,

influenciam fortemente o comportamento humano em resposta a cada um destes eventos

(SMITH; LAZARUS, 1990).

Arriaga, Franco e Campos (2010) testaram a eficácia de vários excertos

(versão reduzida de uma música) na indução de estados emocionais específicos como

medo, raiva, alegria, tristeza e um estado neutro. Cada excerto tinha uma duração de dois

minutos e foram utilizados 11 diferentes, dois para induzir cada emoção e três para um

estado de relaxamento neutro. Um dos apontamentos do estudo é que as músicas

selecionadas para induzir o medo e a tristeza não foram descritas pelos sujeitos com um

“tom de desagrado”.

A música, a arte, o teatro, o cinema, o esporte, os videogames podem induzir

o sujeito a estados emocionais por conta da imersão feita de forma imaginária em eventos

que dependem e mexem com a compressão, reflexão e tomada de decisão, com emissão

de respostas emocionais singulares que derivam da forma como a pessoa avalia a

interferência do evento em sua sensação de bem-estar.

Na obra pintada por Edvard Munch em 1893, o movimento expressionista

buscou colocar em uma tela as emoções sentidas pelo artista, como relata:

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Caminaba yo con dos amigos por la carretera, entonces se puso el sol; de repente, el

cielo se volvió rojo como la sangre. Me detuve, me apoyé en la valla, indeciblemente

cansado. Lenguas de fuego y sangre se extendían sobre el fiordo negro azulado. Mis

amigos siguieron caminando, mientras yo me quedaba atrás temblando de miedo, y

sentí el grito enorme, infinito, de la naturaleza (CRUZ, 2006, p. 9).

A obra de Munch reflete uma avaliação do encontro que para ele foi

significativo, pois expressa suas emoções e ideias. Ao ser observada, pode conduzir o

observador ao estado emocional que o autor sentia naquela tarde ensolarada com seus

amigos.

No esporte, entende-se que os processos emocionas podem acontecer como

um tipo de reação que contagia todos os envolvidos como atletas, técnicos, árbitros,

torcida. Ao observar um desempenho satisfatório da equipe, os espectadores podem

manifestar alegria, e em um momento de desempenho ruim eles podem apresentar reações

de tristeza ou raiva, comportamentos estes influenciados pelo ambiente e pelas

expectativas criadas (MACHADO, 2006).

Dentro deste cenário, antes te tecer relações com a EF e o Esporte, precisamos

compreender alguns autores que se preocuparam no desenvolvimento de teorias com foco

em entender as emoções e suas relações com as ações humanas. Entendemos que o

processo de percepção das emoções pode causar alterações complexas no ser humano,

todo evento que possuir um sentido e significado para o sujeito, irá possuir uma resposta

e uma percepção emocional dentro da ação.

Neste sentido, não basta apenas compreender a emoção como um estado, mas

é preciso entendê-la em uma abordagem situacional, em que sua percepção e alterações

psicobiológicas estão relacionadas a fatores ligados ao indivíduo, a situação e ao contexto

em que tudo acontece (SAMULSKI 2009; LAZARUS, 2000). Assim, é preciso realizar

um mapeamento de algumas teorias desenvolvidas e que auxiliam a compreender as

emoções por diferentes olhares e períodos históricos.

No estudo das emoções, Charles Darwin na obra “A expressão das emoções

no homem e nos animais” de 1872, estava ciente da complexidade de compreender a

expressão do homem, sendo que várias vezes podem ser bastante sutis e de curta duração.

Uma outra questão é se existia relação entre os estados de espírito e os gestos que

poderiam os representar (CASTILHO, 2010).

Neste sentido, todo contato corporal gera algum tipo de emoção, por exemplo:

o tremor causado pelas emoções de medo ou ansiedade. Moraes (2007), investigou as

emoções em crianças, adultos e indígenas por meio de fotografias da face em diferentes

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situações, o autor enfatiza que as expressões faciais podem revelar indícios de um estado

moral, emocional ou de espírito em que o sujeito se encontra.

Em continuidade às ideias de Darwin, Paul Ekman confirma que toda pessoa,

em qualquer parte do planeta, reconhece as expressões faciais que remetem a estados

emocionais como o medo, a tristeza, a raiva, o desgosto, o prazer e a angústia são

facilmente reconhecidos por meio do rosto (COSTA, 2008; EKMAN, 2011; MORAES,

2007).

Nessa perspectiva, Ekman (2011) afirma que todas pessoas demonstram um

estado emocional em sua face, em que diferentes emoções funcionam em sincronia, sendo

que a leitura da face e do possível estado emocional pode ser feita por qualquer um no

cotidiano, que pode ser fruto de emoções positivas ou negativas expressas naquele

momento. O autor menciona que os estados emocionais podem variar de cultura para

cultura, por conta das experiências de vida que cada um possui e das características de

personalidade do sujeito, proporcionando a cada indivíduo um conjunto de características,

costumes e respostas singulares perante cada situação, sendo que a análise dos aspectos

emocionais pode acontecer no momento em que se realiza uma autoanálise ou análise do

outro.

Moraes (2007), relata que em 1890 Willian James buscou compreender as

emoções humanas relacionando o estado emocional induzido por um estímulo externo ou

evento a respostas automáticas do sistema nervoso, assim a percepção dos estados

corporais era o estopim para desencadear um estado emocional.

Os estados emocionais, os sentimentos e paixões são constituídos e

produzidos por mudanças corporais que normalmente podemos considerar como

expressão ou consequência de um estado emocional. As emoções são condicionadas às

percepções corporais vinculadas a processos nervosos, portanto, em uma pessoa com

raiva, seus movimentos ficam mais agressivos, sua fala pode se alterar e seus pensamentos

podem sofrer influência da emoção emergida (JAMES, 2008).

Sigmund Freud, no início do século XX, fundamentando na abordagem

psicoterapêutica, investigava as emoções a partir dos relatos dos indivíduos e suas

experiências emocionais desenvolvendo três teorias: a de traumas emocionais, conflitos

internos e repetição compulsiva (MORAES, 2007). Essa abordagem é mais centrada na

identificação do todo do indivíduo, enfatizando determinantes inconscientes como o id

impulsos instintivos, ego personalidade consciente e superego que seria a consciência

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moral, todas as ações que o sujeito pode tomar perante o evento são julgadas pela

consciência.

Charles Darwin, Willian James e Sigmund Freud publicaram muitos escritos

com aspectos diferentes sobre as emoções, oportunizando uma maior compreensão em

relação ao ser humano no século XX. Houve um período que pesquisadores cognitivistas

e neurocientistas no início do século abandonaram as ideias de Darwin, criticaram os

escritos de James e levaram os estudos de Freud para outras áreas, durante boa parte do

século XX o estudo das emoções foi descartado dos laboratórios (DAMÁSIO, 2015).

O médico neurocientista Antônio Damásio buscou compreender em sua

trajetória o comportamento e o funcionamento do cérebro. Nessa perspectiva, sua ótica

biológica e com foco na neurofisiologia em que investiga a ativação de diversas regiões

do cérebro por conta de alguma emoção como sistema nervoso periférico, sistema nervoso

autônomo e as ações do sistema endócrino. Tais ações podem acontecer como forma de

preparar o sujeito para correr em uma situação de fuga, para lutar em uma situação que

pode ser ameaçadora, para festejar em um evento que celebre algo, organizando de forma

automática todo o corpo para a realização da ação (DAMASIO, 2004).

As emoções podem ser um conjunto de alterações e mudanças no corpo e no

cérebro, tendo sua origem a partir da interpretação via sensorial (neural), modificando o

estado de inúmeras terminações nervosas, que estão sob o controle do sistema nervoso

central (DAMÁSIO, 2012). Alterações essas que funcionam de forma integrada

formulando uma resposta a partir da leitura da situação, o sujeito pode ter raiva, medo,

tristeza e ou alegria no mesmo dia, a partir de diferentes situações vividas. Para o autor,

os estados emocionais são registros sobre o que está acontecendo com o corpo e o sujeito

perante a situação, podendo causar alterações no sistema psicológico e fisiológico de

forma integrada.

Em relação às emoções elas interagem na homeostasia associando-se a todas

reações fisiológicas automáticas que são necessárias para manter de forma estável o

organismo, definindo a homeostasia como uma regulação automática da temperatura, da

concentração de oxigênio ou PH em nosso corpo e suas interações com o sistema nervoso

como papel de organizador do sistema endócrino e suas funcionalidades, as emoções são

integram esse processo (DAMÁSIO, 2015).

O autor propõe dois conceitos: o primeiro é em relação ao termo sentimento

que está reservado a uma experiência mental privada de uma emoção, por outro lado a

emoção seria para denominar as reações do organismo, onde muitas são observáveis.

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Nessa direção, as emoções são reconhecidas e avaliadas pela interação do

sujeito com o ambiente em que num processo automático se “equaliza” as demandas

exigidas pela situação. Existindo um núcleo biológico comum Em relação às emoções

pontuadas por (DAMÁSIO, 2015):

• As emoções são complexas reações químicas e neurais que formam um padrão.

Todas elas têm algum tipo de papel regulador a desempenhar no organismo,

levando a alguma vantagem perante a situação. Elas estão ligadas à vida, ao corpo,

e auxilia na conservação da vida.

• Mesmo sabendo que a cultura e o aprendizado alteram a expressão e o significado

das emoções e os conferem novos sentidos, é inegável que as emoções são

processos biológicos e que dependem de mecanismos cerebrais estabelecidos de

maneira inata.

• Os mecanismos que produzem as emoções ocupam um grupo razoavelmente

restrito de regiões subcorticais, começando no nível do tronco cerebral e chegando

até regiões localizadas na parte superior do cérebro Estes mecanismos fazem parte

de um conjunto de estruturas que regulam e representam estados corporais.

• Todos estes mecanismos podem ser acionados de forma automática, sem uma

reflexão consciente. A cultura pode ter um papel fundamental na configuração de

indutores que não impedem a função reguladora delas sobre o organismo.

• As emoções usam o corpo como um “teatro”, sistemas viscerais, vestibular e

músculo–esquelético são palco para o seu trabalho, além de também afetarem

inúmeros circuitos cerebrais causando mudanças profundas e sinérgicas na

paisagem do corpo e do cérebro.

Ainda precisamos mencionar a relação das emoções de fundo, que são

detalhes sutis na postura do corpo, a velocidade e o contorno dos movimentos, mudanças

mínimas na quantidade e na velocidade dos movimentos oculares e músculos faciais. Os

indutores das emoções de fundo geralmente são internos, sendo que os próprios processos

da vida podem causar emoções de fundo (DAMÁSIO, 2015). As emoções têm função

importante na regulação da vida, pensando nas características da homeostasia, que dentro

deste sentido toma um papel representativo na relação sujeito e ambiente dentro da busca

pela sobrevivência.

Damásio (2012; 2015) destaca duas funções biológicas importantes das

emoções, a primeira é uma reação indutora que nos animais seria a força pela

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sobrevivência como lutar ou fugir. Nos seres humanos espera-se, por conta do raciocínio,

outros comportamentos que transcendam a luta e a fuga. Para o autor, a segunda função

das emoções seria a regulação interna do organismo para lutar ou fugir, por exemplo, em

uma situação de fuga fornecer um fluxo sanguíneo mais intenso às artérias das pernas

para que os músculos recebam oxigênio e glicose adicionais para uma reação de fuga, até

mesmo alterar a frequência cardíaca, o controle ventilatório e as ações endócrinas.

Apesar da relação biológica destacada por Damásio (2015; 2012) , não

podemos dissociar a relação das emoções com o significado que a situação pode ter para

o indivíduo. Todos os efeitos emocionais e ações que quebram a homeostase como

mecanismo de defesa ou prazer são consequências da leitura subjetiva que o indivíduo

realiza a partir de sua cultura. Por exemplo, em Papua-Nova Guiné localiza na Oceania

existe uma tribo com o nome de Korowai que ainda realiza alguns rituais de canibalismo.

Para alguém que não é da tribo este tipo de situação pode gerar um comportamento de

defesa, fuga ou paralização caso vá viajar para essa região. Para a população, o ritual é

comum e só acontece quando uma pessoa está à beira da morte, se ela chamar alguém

pelo o nome os integrantes da tribo acham que está pessoa está possuída pelo khakhua

(Representação de denomino), o acuso é morto por uma flecha de osso e servido para toda

a tribo, sendo uma prática comum para todos naquela região ( MARCEL, 2014). Em outro

país ou região esse tipo de ato criaria revolta, ou poderia gerar até respostas agressivas

contra os praticantes do canibalismo por ser um ritual que pode ameaçar a existência de

muita gente.

Não há dúvidas que o controle das emoções, bem como o seu entendimento

influencia diretamente no comportamento das pessoas e o cenário e a cultura são

determinantes nesse processo. Na prática esportiva o controle das emoções pode ser um

fator determinante para que o atleta obtenha um bom resultado, na docência pode ser um

determinante para melhoras na relação do ensino e aprendizagem considerando as

relações afetivas, sociais e emocionais.

As emoções em geral são classificadas em primárias ou universais que são:

alegria, tristeza, medo, raiva, surpresa ou repugnância. Por outro lado, existem outros

comportamentos em ação que ganham o nome de emoções secundárias que são: ciúme,

culpa, orgulho e o que pode se denominar como emoções de fundo: bem-estar, mal-estar,

calma, tensão, prazer ou dor e emoções de fundo.

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Assim, as emoções podem ser classificadas como emoções primárias

(Universais), emoções secundárias e emoções de fundo, conforme Figura 1:

Emoções Primárias

Medo; Raiva; Tristeza; Alegria; surpresa; desgosto

Emoções Secundárias

Vergonha; Culpa; Ciúme; Orgulho; Compaixão; Embaraço; Inveja; Gratidão;

Espanto; Indignação

Desprezo

Emoções de Fundo

Dor/Prazer; Bem-estar/Mal-estar; Calma/tensão; Irritação/relaxamento; Desanimo/

Esperança

Bom humor/ Mau – Humor; Fadiga/ Energia; Esperança/ Desencorajamento;

Estabilidade/ Instabilidade; Equilíbrio/ desequilíbrio; Harmonia/Discórdia

Figura 1. Representação da organização Em relação às emoções primárias, secundárias e

de fundo (COSTA, 2008; DAMÁSIO, 2015; 2012).

Para Damásio (2012), as emoções primárias envolvem disposições inatas do

indivíduo para responder a uma certa classe de estímulos controladas pelo sistema

límbico. As emoções secundarias seriam aprendidas, associadas às experiências que o

indivíduo passa durante a vida, avaliadas como boas ou ruins e as emoções de Fundo são

mais respostas interiores correspondendo ao estado do corpo entre as emoções, se

manifestando na face, na linguagem e nos movimentos corporais.

Elas são importantes para compreender o ser humano e suas ações em

diversos contextos da vida, na família, na escola, no esporte ou no trabalho. Todas as

ações que o sujeito desencadear perante uma situação significativa é resultado da relação

indivíduo – ambiente, que irá leva-lo a ter respostas e comportamentos emocionais

automáticos perante ao evento (COSTA, 2008; DAMÁSIO, 2015; SMITH; LAZARUS,

1990).

As abordagens em relação à emoção possuem diferentes interpretações, bases

teóricas e preocupações. Desde a avaliação das mudanças corporais até as relações com

o funcionamento automático do corpo humano podemos compreender que tudo aqui

apresentado é interdependente, em cada estado emocional o sujeito sofre alterações e

mudanças nas expressões, no sistema nervoso e vísceras e na cognição (EKMAN, 2011;

JAMES, 2008; SMITH; LAZARUS, 1990).

A base teórica que utilizamos para compreender as emoções nas primeiras

experiências com o surfe foi criada por Richard S. Lazarus, que foi professor do curso de

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Psicologia da Universidade da Califórnia – Estados Unidos da América. Este autor criou

a abordagem denominada de Transacional, Motivacional e Relacional que consiste em

compreender as interações entre o sujeito e o ambiente e suas possíveis ações com uma

visão da psicofisiológica. Para o autor, todo processo emocional irá causar alterações

diretas na cognição, no corpo e nas ações assim como descreve:

As origens do comportamento do homem (sua ação observável) e sua

experiência subjetiva (pensamentos, sentimentos e desejos) são duplas: Os

estímulos externos que exercem sobre ele e as disposições internas que

resultam da ação reciproca entre, de um lado, as características fisiológicas

herdadas e, do outro, a experiência com o mundo. Quando focalizamos nossa

atenção nas primeiras, notamos que uma pessoa atua de tal e tal maneira por

causa de certas qualidades numa situação (LAZARUS, 1974 p. 56).

Neste sentido, as emoções estão inteiramente ligadas a forma que o sujeito

avalia cada encontro com o ambiente, este processo está intimamente ligado a

“experiência vivida” e de todos os recursos que são desenvolvidos durante a vida do

sujeito. Em relação a isso, o comportamento humano pode estar ligado a estímulos

externos, porém ele também interage e origina-se nas relações ligadas ao sujeito

(LAZARUS, 1974). O comportamento humano possui uma conexão profunda com

questões ligadas a característica e traços de personalidade, de suas expectativas, de suas

metas e das experiências que teve ao longo da vida. Este comportamento relaciona-se

partir do desempenho do papel exercido como professor, aluno, técnico, atleta, estudante,

pai, filho e relações de trabalho.

Para Smith e Lazarus, (1990) a resposta emocional perante a situação não é

somente em relação ao estimulo que a situação pode o inserir, mas é fruto da relação

organismo (pessoa) e as suas interações com o ambiente (estresse). As propriedades e

significados do contexto combinados com o padrão de motivação do sujeito são fatores

importantes que acarretam na manifestação de emoções negativas ou emoções positivas

resultando em danos ou benefícios ao organismo, por este fator os autores reforçam que

a compreensão das emoções deve ser relacional, sujeito e ambiente.

Existem combinações de alterações perante as respostas emocionais, que

acontecem por algum tipo de evento que o sujeito o considera como significativo, e estão

ligados a questões cognitivas, motivacionais, sociais e adaptativas em vários níveis de

interpretações do sujeito em relação ao evento. Para Lazarus e Folkman (1991) as

emoções não podem ser dissociadas das questões biológicas e sociais. Essa interpelação

está representada na (Figura, 2):

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Figura 2. Representação do modelo de Smith e Lazarus (1990) e Lazarus e Folkman

(1991).

Em relação às emoções é preciso considerar aspectos ligados ao indivíduo,

aos processos biológicos, as questões sociais e a representação de um “observador”.

Conforme representado na (Figura 2), o indivíduo realiza uma leitura da situação que está

inserido, tendo uma percepção em relação ao seu bem-estar ou mal-estar.

Para Smith e Lazarus (1990), após o término da experiência, é mais fácil o

indivíduo descrever as emoções que sentiu e compreender melhor as suas ações,

entendendo seus pensamentos, atos impulsivos e sensações corporais, melhor do que

qualquer observador externo.

Outro fator, é em relação à perspectiva do observador, sendo todo aquele que

de alguma forma pode interferir nas emoções do outro, por tudo aquilo que é observável

sendo o comportamento, linguagem, gestos corporais, olhares, expressões faciais. Essa

figura pode ser um amigo, um professor, um treinador, um inimigo ou um pesquisador.

Essas reações emocionais de outras pessoas são interpretadas por vários indícios e

significados e codificadas para compreender um pressentimento de maldade em um

aperto de mãos, uma futura falta em um jogo de futebol a partir de uma simples troca de

olhares ou uma situação de amor com um sorriso que acabou sendo recíproco.

Lazarus e Folkman (1991) mencionam que as reações do observador

(avaliação social) são consideradas fenômenos baseados em regras e sistemas caóticos,

sendo sua qualidade e intensidade avaliada a partir do encontro entre o sujeito e o

ambiente. Para os autores, as emoções também dizem o que é significativo e o que não é,

ao se observar os relacionamentos com o seu meio e as emoções resultantes da situação

Emoções

Indivíduo

Observador

Sociedade

Biologica

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podemos saber mais sobre as crenças da pessoa, sobre si e sobre o mundo. Ao avaliar o

evento, o indivíduo formular o seu significado, seja para seu bem-estar ou dano. Essa

dinâmica pode fornecer estratégias e formas de avaliação do indivíduo, partindo de todos

os eventos relevantes que ocorrem na sua vida. Portanto, a forma de avaliação é multável

e depende das experiências anteriores do sujeito e sua relação com o evento atual.

A perspectiva social é considerada nas ações e reações emocionais

compartilhadas entre comunidades. As emoções de uma pessoa, as respostas que ela tem,

podem ser influenciadas pelo outro (podendo ser o observador). Por exemplo, em um

protesto pacifico um pequeno grupo com uma explosão de raiva e um comportamento

agressivo pode incendiar todo o grupo de manifestantes que até aquele momento era

pacífico (LAZARUS; FOLKMAN, 1988; SMITH; LAZARUS, 1990).

Essas questões estão presentes em várias organizações sociais, inclusive no

âmbito esportivo.

4.1.COPING

O ambiente do esporte pode ser complexo pelo número de interações que

acontecem durante a sua prática, seja no ambiente do lazer, na educação ou no alto nível

as questões referentes ao desenvolvimento de estratégias de enfrentamento podem ser

importantes para ter experiências positivas no lazer, para aprender de forma significativa

na questão educacional e para se obter maior performance no âmbito do esporte de alto

nível.

Em relação às emoções e as respostas que o sujeito pode ter em um evento

que considera como significativo, a seleção da ação vai estar inteiramente ligada a

avaliação subjetiva, as emoções percebidas e ao coping (recursos de enfrentamento). As

emoções podem funcionar como mecanismos de interpretação do organismo perante a

um evento estressor (situação), está leitura irá causar mudanças no comportamento, na

linguagem e alterações fisiológicas. Essas mudanças se relacionam com a ação que o

sujeito pode ter perante a uma situação, por exemplo, de lutar ou fugir, de gritar ou sorrir,

em que o organismo a partir da experiência vivida e dos recursos adquiridos durante a

vida busca selecionar a melhor resposta emocional e uma melhor ação durante o evento.

Neste sentido, o termo Coping que é uma palavra inglesa derivada do verbo to cope que

significa enfrentar, lutar, contender tem sido alvo de pesquisas na área da Educação e na

área da Psicologia do Esporte (ANTONIAZZI; DELL’AGLIO; BANDEIRA, 1998).

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As emoções dependem da avaliação do significado atribuído das relações

pessoa – ambiente para o bem-estar do sujeito e as opções de ações disponíveis para lidar

com a situação problema (LAZARUS; FOLKMAN, 1988). Este conjunto de ações podem

auxiliar o sujeito a lidar com a situação com a escolha da melhor ação a partir da leitura

do evento. Portanto, Coping é um conjunto de esforços cognitivos e comportamentais

utilizados pelo sujeito em ações e respostas perante a algum evento estressante

(LAZARUS, 1966; LAZARUS; FOLKMAN, 1988). A avaliação depende das emoções

sentidas, das características de personalidade do sujeito, da cultura que foi criado e de

todas as situações já vivenciadas que podem ter relação com o evento atual.

O coping pode ser focado no problema ou focado nas emoções conforme

figura 3:

Figura 3. Modelo de coping, Adaptado de Lazarus e Folkman (1988).

A Figura 3 demonstra o processo de desenvolvimento do Coping por um

indivíduo, focados no problema ou nas emoções. O sujeito realiza a avaliação subjetiva

do evento, cabe ressaltar que o significado do evento irá estar atrelado as experiências de

vida que o mesmo possui, sendo realizada uma avaliação primária e secundária para que

seja possível a formulação das estratégias de coping dentro da situação que indivíduo se

encontra.

Neste cenário, segundo Lazarus e Folkman (1988) as emoções podem afetar

o Coping, no sentido naquilo que motiva o sujeito a enfrentar e desenvolver recursos de

enfrentamento dentro de uma situação, ou por outro lado elas podem ter um efeito

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negativo, pelo fato do indivíduo não possuir recursos, a ponto de paralisar perante ao

evento. A partir dessa perspectiva os autores destacam que o processo de avaliação

subjetiva do encontro, pode gerar algumas emoções positivas ou negativas, sendo que, as

avaliações acompanhadas de suas emoções podem determinar mudanças na relação

pessoa – ambiente, influenciando tanto nas emoções percebidas quanto na ação tomada.

Conforme (Figura 3), o processo de Coping está nas emoções e ações tomadas

pelo indivíduo, entrelaçado com os objetivos que ele tem dentro do encontro, de suas

características físicas, do seu status socioeconômico e também dos seus traços de

personalidade que são fatores influenciadores das emoções, interagindo diretamente e

indiretamente com o ambiente (LAZARUS; FOLKMAN, 1988).

Para o sujeito desenvolver recursos de enfrentamento focados na emoção ou

no problema é preciso que o evento seja significativo, ou seja, influencie na percepção de

bem-estar conforme apontado pela (Figura 2). A intensidade que o encontro pode

proporcionar, é avaliada de forma subjetiva pelo sujeito, o qual pode manifestar

comportamentos diferentes para enfrentar a situação.

O Coping focado na emoções é um esforço para estabilizar e regular o estado

emocional perante ao estresse ou resultado de algum evento estressante (ANTONIAZZI;

DELL’AGLIO; BANDEIRA, 1998). Nessa linha, o sujeito perante a situação estressora

busca recursos para se tranquilizar, como correr, praticar alguma atividade ao ar livre,

assistir alguma comédia, podem ser estratégias adotadas para diminuir os níveis de tensão

que são consequências da situação estressora.

Por outro lado, o Coping focado no problema é direcionado a solução do

problema que deu origem ao evento estressante, com a tentativa de transforma-lo, sendo

ações que podem ser direcionadas a fatores intrínsecos ou extrínsecos. Por exemplo,

quando o Coping é direcionado a fatores externos pode incluir uma negociação com a

fonte de conflito ou pedir ajuda de alguém para conseguir buscar a solução, de outra

forma, os fatores internos têm relação com o ato de mudar o significado atribuído ao

evento estressor (ANTONIAZZI; DELL’AGLIO; BANDEIRA, 1998; DIAS; CRUZ;

FONSECA, 2009; LAZARUS; FOLKMAN, 1988).

Portanto, o Coping focado nas emoções ou no problema depende do

desenvolvimento do sujeito ao longo da vida, das experiências que teve, dos seus traços

de personalidade, do desenvolvimento das suas emoções e principalmente da avaliação

que realiza perante algum tipo de evento estressor. Esta avaliação irá determinar que tipos

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de recursos serão utilizados para que o sujeito consiga escolher a ação que considera mais

adequada para obter o desempenho desejável.

Existem dois tipos de avaliação perante a situação que pode gerar estresse,

sendo denominadas de avaliação primaria e avaliação secundaria. A avaliação primária é

um processo cognitivo no qual o sujeito identifica os riscos envolvidos e presentes na

situação, já na avaliação secundaria o sujeito realiza uma análise dos recursos que estão

disponíveis para tratar o problema (ANTONIAZZI; DELL’AGLIO; BANDEIRA, 1998;

FOLKMAN; LAZARUS, 1980).

Por este ângulo, a avaliação cognitiva toma um papel importante no

desenvolvimento de estratégias de enfrentamento, focado no problema ou focado na

emoção o significado atribuído e a ação tomada podem se tornar recursos a serem

transferidos para situações futuras.

Para Folkman e Lazarus (1980) existem três fatores principais para o

processo avaliativo: o que refere-se a relação de perda e dano, relacionado a eventos

passados; a ameaça, que refere-se à um possível dano avaliado de forma antecipada; o

desafio, que faz referência a uma oportunidade avaliada de forma antecipada que pode

apresentar domínio ou ganho para o sujeito.

Os fatores relacionados a avaliação e ao desenvolvimento de coping, seja

focado na emoção ou focado no problema são influenciados pelas crenças, família, nível

socioeconômico, escolaridade, características da personalidade (traços), número de

experiências vividas pelo sujeito, todos ligados a influencias intrínsecas e extrínsecas.

Portanto, a avaliação do evento depende das experiências do sujeito. As mudanças entre

ameaças ou ganhos, prejuízos e oportunidades são determinados na relação entre a pessoa

e o ambiente, combinado com recursos de coping para solucionar o problema ou controlar

suas emoções.

Ao considerar o esporte na vertente educacional, de lazer e de alto

rendimento, o profissional de EF que irá atuar deve desenvolver competências

relacionadas ao coping focado nas emoções ou focado no problema. Estes recursos podem

auxiliar a lidar com situações de ameaças e desafios que compõem cada uma dessas

dimensões do esporte. A forma que o sujeito avalia a situação que está inserido pode ter

respostas emocionais e reavaliações de eventos que geram raiva, alegria, tristeza ou medo,

cada emoção engloba alterações na percepção do sujeito sobre a situação e suas ações.

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A partir da compreensão da relação do ambiente, do sujeito e o encontro,

buscar no decorrer deste texto compreender as emoções como medo, raiva, alegria e

tristeza em relação à Educação Física e ao esporte.

4.2.ALEGRIA

Considerada como uma emoção positiva, a alegria envolve a relação de

gratidão e satisfação perante uma experiência vivida, ela pode ser facilmente identificada

a partir das expressões faciais e na linguagem. A definição de alegria para Lazarus (2000)

é a realização de alcançar progressos consideráveis em direção a alguma meta. Nessa

perspectiva a alegria é classificada como um manifesto das emoções positivas, nela está

a felicidade, a gratidão, o orgulho, o alivio e a esperança.

A felicidade tem sido apontada como um componente relacionado ao bem-

estar subjetivo, nela são encontrados a alegria e a satisfação. Lazarus (2000) defende a

ideia de que o atleta pode se sentir bem em resposta a uma vitória ou conquista dentro de

sua modalidade esportiva ou ter algum tipo de decepção por uma reversão de resultado

no mesmo jogo. Diante dessas emoções a tristeza acaba sendo antagônica à alegria.

Ao realizar uma pesquisa sobre dança esportiva de cadeiras em rodas Freitas

e Tolocka (2005), investigaram 27 praticantes da modalidade, os quais alegaram sentir

uma mistura de emoções expressas pelo medo, alegria, tristeza e raiva. Para os

entrevistados a alegria do ato de dançar e a representação social inserida na atividade

apresentaram maior significado.

Em um outro contexto o sujeito pode ficar alegre pelo nascimento de um filho,

alegre por uma promoção no trabalho, feliz por renovar votos de um casamento e por

outro lado pode ficar triste por ver seu filho doente, por ser demitido, ficar com raiva de

uma traição podendo gerar uma resposta agressiva. Enfim, são inúmeros as situações que

desencadeiam. O esporte também pode gerar emoções positivas em um momento de

vitória, de conquista, no momento que alguma tática formulada deu certo, até mesmo em

uma falta cravada bem-sucedida e nas mais diversas situações.

Outro fato é o reconhecimento da alegria pela figura do observador, alguém

o elogia, reconhece seu trabalho, está sempre presente transmitindo um estado de bem-

estar para os outros. Weinberg e Gould, (2001) relatam que atletas altamente qualificados

em suas modalidades esportivas transmitem uma sensação de alegria e divertimento,

parece que apreciam os momentos de pressão do esporte. Esse fato reforça a ideia da

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dependência das emoções relacionada ao significado que o sujeito atribui ao ambiente.

Em outra perspectiva existem atletas que se sentem felizes nos momentos que encerram

a sua carreira (AGRESTA; BRANDÃO; NETO, 2008). Possivelmente devido a uma boa

história construída dentro do esporte com experiências emocionais positivas e negativas.

Muitas vezes, determinadas emoções podem conduzir o sujeito a uma

situação libertadora. Por exemplo, a superação do medo pode gerar bem-estar; uma

situação de raiva na qual o sujeito conseguiu projetar para fora, pode proporcionar bem-

estar; um quadro de tristeza em que o sujeito mesmo no luto tem boas lembranças do

falecido e entra em momentos de gargalhada (COSTA, 2008; DAMÁSIO, 2015). A

alegria em determinados momentos articula-se à superação do medo.

4.3.MEDO Estudos tem apontando o medo como uma emoção básica, inerente do ser

humano, presente em diversas culturas, raças, idades (COSTA, 2008; LAVOURA, 2008).

No esporte ou no cotidiano da EF podem existir várias situações em que o sujeito pode

sentir medo.

Freitas e Tolocka (2005) ao realizar um estudo com atletas, destacam

diversos tipos de estados emocionais antes, durante e após um espetáculo, os atletas

sentiram “medo de errar”, “medo de estar competindo”, “medo do resultado”,

“nervosismo pelas pessoas que estão olhando”. O medo não se atrela apenas em uma

prática dentro da Educação Física, mas se faz presente em várias situações e também em

várias atividades ligadas ao esporte, ao lazer e também a educação.

O medo pode ser considerado uma emoção pré-configurada e com

funcionamento principal em forma de mecanismo de defesa do sujeito perante a qualquer

situação que seja atribuído o significado de ameaça, apresente algum perigo e que coloque

o sujeito entre a situação de luta ou fuga. Para Freire (2014) o professor que ficar com

medo de uma rebelião de seus alunos pode não ter a melhor das atitudes pedagógicas

perante a esta situação, porém o professor que buscar compreender o sentido da rebelião

de seus alunos e os auxiliarem a compreenderem o motivo de sua rebelião e buscarem

uma melhor solução para aquele ato, esse professor teria medo, porém conseguiria lutar

a partir do diálogo e reflexão sobre a situação com seus alunos.

A partir desta situação compreendemos que o medo depende da avaliação

subjetiva, resultante das experiências de vida do sujeito, dos recursos que desenvolveu e

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do significado que atribuiu a situação, considerando-a como algo que apresente algum

perigo em potencial (COSTA, 2008; LAVOURA, 2008; SAMULSKI, 2009).

O medo sendo uma emoção universal existente em todos os seres vivos,

funciona principalmente como um mecanismo de proteção do organismo e também como

um mecanismo que pode auxiliar o sujeito durante os momentos de enfrentamento a

desenvolver recursos para a solução dentro da situação.

O medo é um estado emocional desencadeado no sistema nervoso central ante

perigo iminente, que gera uma resposta intelectual de alerta, voluntaria e

controlada. É uma desorganização psíquica que está presente em quase todas

as outras desarmonizações (ansiedade, apatia, alta intensidade emocional etc.)

antes, durante e depois da competição; chega a ser considerado uma das

emoções mais negativas do esportista, podendo, em alguns casos, destruir a

harmonia dele (MACHADO 2006, p. 74).

Machado (2006) destaca os possíveis impactos negativos na harmonia do

indivíduo durante as situações de jogo, funcionando principalmente como um sistema de

alerta para que o atleta consiga desenvolver recursos para lutar ou fugir perante a situação.

A avaliação do evento é subjetiva e depende das experiências do indivíduo, essas

experiências podem ser mediadas pelo “observador” que neste caso poderia ser o técnico

ou professor auxiliando o indivíduo a desenvolver recursos para lutar ou opinar em fugir

em algumas situações.

A partir desta interpretação de ameaça ou luta ocorrem mudanças no

organismo do sujeito, alterações essas biopsicológicas no sentido que seu comportamento

em uma situação de medo muda, a linguagem se altera, o tom da voz se altera, a frequência

cardíaca aumenta, devido ao estresse que a situação pode causar sobre o indivíduo.

O medo não pode ser entendido como uma emoção com característica

somente negativa, ou dirigida a aqueles que se encontram em alguma situação de risco,

ou que revele as fraquezas e temores do ser humano, na realidade, se sua compreensão

for bem constituída pelo sujeito é possível abrir uma porta para mudanças em relação ao

seu desenvolvimento (LAVOURA, 2008).

Na prática esportiva o medo pode estar direcionado ao fracasso, a derrota ou

ameaça de algo em que pode ser um fator gerador de estresse para o atleta. Este

direcionamento deve acontecer a partir do significado que o medo toma forma para o

atleta, por isso ter experiências relacionados a situações de medo dentro da vida, na escola

e no treinamento devem ser favorecidas. Este tipo de situação pode ajudar o sujeito a

adquirir recursos para direcionar o medo ao sucesso, olhar para ele como um desafio ou

algo a superar.

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Os ambientes devem favorecer experiências ao sujeito/atleta para

compreender o significado de situações ameaçadoras, e com um auxílio de um tutor

desenvolver recursos para enfrentar tal situação, seja uma nas aulas de EFE, nas

competições esportivas ou nas sessões de treinamento esportivo (LAVOURA, 2008;

LAVOURA; MACHADO, 2008; LAVOURA; ZANETTI; MACHADO, 2008).

Em relação ao medo, existem outras emoções e sentimentos que o constituem

como a fobia, pânico, angústia, vergonha e ansiedade sendo questões importantes

presentes na interpretação das emoções presente nessa pesquisa. A fobia pode ser definida

como um temor extremo e intenso perante a uma situação ou a algo. Entende-se a fobia

como o medo anormal, de forma irracional aparentemente incontrolável e injustificável

(LAVOURA, 2008). O autor menciona três tipos de fobias, a social, considerada como

um transtorno ansioso, mas é uma situação que o indivíduo pode se sentir observado

constantemente. A agorafobia que é definida como uma pessoa que tem medo de

frequentar lugares públicos por considerar este fato como perigoso e a última é a

claustrofobia que é uma pessoa que tem medo de ficar presa em lugares pequenos e

fechados (LAVOURA, , 2008). Em relação a prática esportiva a fobia pode estar ligada

ao atleta ter medo de uma torcida muito grande ou de expor seu rendimento máximo nos

momentos que pode estar sendo filmado.

Para Lavoura (2008), o pânico é relacionado ao ataque de medo de forma

intensa, disparando o coração, aumentando o volume respiratório, podendo causar dores

na região peitoral que pode ser acompanhada por irrealidade ou uma sensação de

catástrofe Lavo podendo levar o indivíduo a total perda de controle sob suas ações, no

caso do medo pode chegar à paralização total ou a fuga.

O autor relata que a angústia é uma situação traumática de desamparo, agonia,

sofrimento, tormento ou aflição, sendo uma reação gerada a partir de um evento

traumático. Pode ser reconhecida também como um estado de alerta e atenção ou

preparação para uma resposta em defesa do organismo. Já a vergonha é um sentimento

que coloca o sujeito sob desconforto, pode comprometer as relações sociais e o seu

equilíbrio interior, desencadeando ações de fuga ou afastamento de uma situação que

pode ser considerada ameaçadora.

Para Samulski (2009) a vergonha pode ser manifestada como uma ação com

consequências negativas perante situações passadas, presentes e futuras que possuem

uma reação de culpa, depende inteiramente da percepção do indivíduo.

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Compreende-se a ansiedade como um resposta emocional dirigida a um

acontecimento que pode ser agradável, frustrante, ameaçador, entristecedor em que a

realização do resultado não depende só do indivíduo mas da interação dele com o

ambiente (LAZARUS, 2000; MACHADO, 2006).

Percebe-se que a ansiedade pode ser entendida como uma leitura do sujeito

perante a algo que pode apresentar algo ameaçador, o preparando antes que o evento

aconteça para obter uma ação que considera eficiente. As definições mais clássicas

referentes a ansiedade é enquanto traço, sendo uma característica permanente da

personalidade e a ansiedade como estado, que é caracterizada pelas reações temporárias

do indivíduo (MACHADO, 2006).

Neste sentido, a ansiedade depende da relação indivíduo e ambiente, pois

além de decorrer das características de sua personalidade, ela pode ser um estado

momentâneo a partir de uma situação que possa gerar alguma ameaça ou benefício. Por

exemplo, dentro do esporte um jogo decisivo pode gerar ansiedade pré-jogo ou durante o

jogo, essa ansiedade pode ser ligada à espera por obter um bom desempenho durante a

partida ou de ser derrotado e desclassificado.

Sendo a ansiedade pode ser caracterizada por sentimentos ligados a tensão,

apreensão, acompanhados pela ativação do organismo. Os fatores externos e as

características do sujeito são fundamentais na construção de uma avaliação subjetiva para

o desenvolvimento de um comportamento ansioso (BARBANTI, 2011).

A ansiedade é diferente do medo, o medo é uma emoção de proteção do

organismo, natural e que surge a partir da avaliação de algo potencialmente perigoso. Por

outro lado, a ansiedade é um comportamento de apreensão fruto de uma situação

imaginaria que aumenta a ativação do organismo.

Existem muitas facetas do medo e muitos são os seus significados para a vida

humana e sua sobrevivência, enquanto emoções de proteção podem ajudar o sujeito a se

proteger de algum tipo de perigo, enquanto emoções direcionadas ao enfrentamento de

uma situação, pode auxiliar o sujeito a buscar recursos para superar essa situação adversa.

4.4.TRISTEZA

Existem situações que podem levar a esta emoção, como por exemplo o luto

por um filho ou amigo. O luto é algo irreversível que caracteriza a perda de alguém

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próximo. A morte de alguém pode ser uma causa universal de angústia e tristeza,

provocando uma infelicidade profunda e duradoura.

Sendo uma emoção de longa duração em que a pessoa se sente totalmente

desamparada, o sujeito pode se sentir angustiado, neste sentido buscaria de alguma forma

recuperar o que foi perdido, e como não é possível a recuperação daquilo que foi perdido

entra na tristeza novamente e este ciclo se repete.

Essa perda dentro da EF e Esporte poderia estar ligada a um jogo perdido, um

resultado não alcançado ou algo que não foi aprendido. Para Lazarus (2000) no cenário

esportivo menciona que a tristeza é causada pela vivência de uma situação de perda, que

dentro do esporte é muito rotineira.

Além da sensação de perda e a relação da angústia por tentar recuperar o que

foi perdido, acarretando em possíveis comportamentos agressivos e raiva por conta da

ausência de algo. Essas emoções podem levar o organismo a sentir alegria no momento

que lembra das coisas boas, das vitorias, do sucesso na tarefa que deveria desenvolver.

A tristeza ganha duas funções; a primeira seria de enriquecer a experiência

do indivíduo sobre o significado da perda, expressando isso na face, na voz e na

linguagem. A segunda é permitir para o organismo uma reconstrução de recursos para

seguir em frente perante a situação de perda (EKMAN, 2011; LAZARUS, 2000).

Portanto, essa emoção apesar de ser considerada como negativa faz parte da sinergia da

construção humana, necessária para todos os momentos que o atleta, o aluno, o ser

humano tenha que lidar com a perda.

4.5.RAIVA

A raiva é considerada uma emoção negativa. Para Samulski (2009) aparece

normalmente quando uma meta desejada que o sujeito pensou poder atingir não é

alcançada. Dentro dessa perspectiva as metas que são estipuladas pelo atleta, pelo

aprendiz ou pelo indivíduo em seu cotidiano podem ter significados individuais e

profundos, sendo a falta do sucesso nesta meta pode gerar um sentimento de frustração e

impotência.

Por outro lado Lazarus (2000) define a raiva como um estado de fúria em uma

situação, em que pode ser contra alguém e/ou contra si mesmo. Estas emoções podem

gerar alguma resposta agressiva, que dentro do esporte o atleta perde desempenho, pode

cometer uma falta ou realizar algum movimento de forma mais brusca.

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Para Weinberg e Gould (2001) existem dois tipos de comportamentos

agressivos, o hostil que a intensão é causar algum tipo de dano físico ou psicológico a um

ser vivo e a instrumental que pode é quando o indivíduo a usa com intensão de ganhar o

jogo ou luta em que o comportamento agressivo pode ser considerado positivo por

característica do esporte.

Machado (2006) reforça que a agressividade dentro do esporte e da atividade

física surge por meio de respostas a alguma provocação, estando ligada a manifestação

de raiva para todos os eventos que forem significativos. O autor ressalta que o

comportamento agressivo e a violência sempre foram fenômenos que se fizeram presentes

na humanidade, as mídias e a velocidade que as informações são transmitidas podem

gerar motivações agressivas por meio de algum insulto ou mensagem recebida pelo atleta.

Smith e Lazarus (1990) apontam que a raiva pode motivar o sujeito a buscar

um senso de justiça, por uma avaliação que não considere como certa. Por exemplo, um

jogador que sofreu uma falta física ou verbal do adversário pode considerar como certo

realizar a réplica do ato.

Portanto, a raiva pode ter um efeito positivo ou negativo para o desempenho

dos atletas ou do sujeito, ela tende a surgir sempre nos momentos em que o organismo é

colocado sob algum tipo de ameaça ou ofensa. Nessa perspectiva, Sofia e Cruz (2013)

evidenciam que que jogadores de futebol do sexo masculino apresentam um

comportamento mais agressivo e maiores índices de raiva durante o jogo em comparação

com jogadoras de futebol do sexo feminino, reforçando que a manifestação da raiva

dentro do esporte pode estar ligada a algo ameaçador para a equipe.

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5. A FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA: RELAÇÕES

COM AS ATIVIDADES DE AVENTURA

As mudanças curriculares nos últimos tempos na área de EF tem acontecido

conforme o amadurecimento da área e o crescimento das possibilidades de atuação. Deste

a Resolução CFE nº 03/87 os cursos de EF devem ter formações especificas para atuar

dentro da licenciatura (área escolar) e no ambiente do bacharelado (não escolar) sendo

clubes, academias, praças ou qualquer ambiente que envolva a prescrição e orientação de

exercícios físicos (BRASIL, 1987).

O curso de licenciatura plena em EF, que habilitava o sujeito para atuar em

toda a área, independente se é escolar ou não, deixa de existir dentro da Instituições de

Ensino Superior (IES). Essas, tiveram que reestruturar seus currículos, conforme a

Resolução CFE nº 03/87. O curso de bacharelado em Educação Física tem uma duração

de no mínimo 4 anos e no máximo 7 anos em que 80% da carga horaria deve ser voltada

a conhecimentos técnicos referentes as competências desenvolvidas dentro da formação

inicial.

Antigamente, formavam-se licenciados em EF para atuarem na educação

formal e também para preencher as lacunas existentes na área fora deste sistema de

ensino, sendo ligadas ao lazer, ao treinamento de alto rendimento e o trabalho dentro da

perspectiva da saúde (GHILARDI, 1998). Segundo o autor com a criação do curso de

Bacharelado em EF houve um movimento de reformulação dos currículos para a

preparação do Profissional de Educação Física (PEF), assim, diferenciando o licenciado

que teria a sua função de professor e o profissional que seria responsável de orientar,

monitorar e prescrever atividade física em diversos setores da área.

A formação inicial em EF deve dar subsídios e desenvolver competências nos

estudantes para a atuação profissional em suas várias ramificações. Entende-se que a

atuação dentro da área da EF daqueles profissionais habilitados e qualificados por uma

IES dentro das modalidades da licenciatura e/ou bacharelado são portadores de

conhecimentos específicos em relação a área, sendo este acumulado com o passar dos

anos e carregando alguns problemas da ciência que é a fragmentação dos saberes

(MOREIRA, 2007).

Essa fragmentação de saberes é refletida dentro das “grades” curriculares dos

cursos de formação inicial, em que muitas vezes as disciplinas além de estarem

fragmentas estão também dentro da dicotomia de “teórico e práticas”. Em menção a

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estrutura curricular dos cursos de formação de professores de EF Nista-Piccolo et al.,

(2015) identifica essa fragmentação dentro do desenvolvimento de competências do

futuro professor, destacando o reforço entre a integração dos conhecimentos, disciplinas

e competências no período da formação inicial, sendo que a multiplicidade de saberes

integrados podem auxiliar o professor em sua atuação no futuro.

Em função destes fatos, a criação do bacharelado em EF fica sob

responsabilidade das IES, está atrelada á função do profissional de Educação Física –

PEF, e os cursos devem estabelecer competências diferentes do professor de EF escolar.

O bacharel deve compreender o seu compromisso de prestação de serviço com atividade

física para a sociedade em que o corpo de conhecimentos científicos e técnicos

desenvolvidos na graduação em EF subsidia as suas intervenções (FREIRE;

VERENGUER; REIS, 2002).

O conjunto de conhecimentos presente na formação inicial do PEF deve estar

relacionado com a realidade social que irá encontrar durante os momentos de atuação, as

ações tomadas dentro da graduação precisam se aproximar da integração de

conhecimentos que subsidiam os momentos de intervenção em sua maior realidade.

Assim, o curso de bacharelado em EF deve almejar capacitar e formar

profissionais que possuam compromissos com a sociedade e que possam usar seus

conhecimentos em benefício dela. Tal responsabilidade e possibilidade de atuação é

mencionada pelo Conselho Federal de Educação Física (CONFEF):

Compete exclusivamente ao Profissional de Educação Física, coordenar,

planejar, programar, prescrever, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar,

orientar, ensinar, conduzir, treinar, administrar, implantar, implementar,

ministrar, analisar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos,

bem como, prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar

treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e

interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos,

todos nas áreas de atividades físicas, desportivas e similares (CONFEF, nº

237 , Seção 2, art. 8 2010).

O PEF é responsável pela orientação das atividades de aventura em qualquer

cenário, sendo o surfe uma das possibilidades de atuação dentro deste contexto. Tal

profissional é responsável pelo desenvolvimento, orientação e intervenção em relação ao

surfe, seja em um ambiente artificial ou natural utilizando as bases de conhecimentos da

EF para nortear sua intervenção.

Tendo em vista as atividades de aventura como possibilidade de atuação do

PEF a Fédération Internationale D' Éducation Physique (FIEP), determina dentro do art.

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2 que fica sob responsabilidade do PEF ás atividades nos meios naturais e a promoção

dessas práticas nos mais diferentes cenários de forma democrática e responsável a todos

(FIEP, 2000). Dessa forma, evidencia-se a necessidade de maiores discussões dessas

manifestações dentro da formação inicial e continuada da EF, pois os estudantes podem

trabalhar com essas práticas no futuro.

Deve-se considerar que o PEF é aquele possui um corpo de conhecimentos e

a habilidades que foram desenvolvidas dentro e fora da universidade com o intuito de

atender a demanda de uma sociedade, seja na área da saúde, lazer o treinamento. A

Resolução CNE/CES 0138/2002 menciona que a Universidade e seus cursos de

graduação na área da saúde devem levar em consideração os componentes estipulados

dentro das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) em que o aprender a aprender, o

aprender a ser, o aprender a fazer, o aprender a viver em conjunto e o aprender a conhecer

devem ser pilares estimulados dentro da formação inicial em EF de forma a assegurar o

atendimento e a qualidade de humanização do serviço prestado à sociedade (BRASIL,

2002).

O PEF possui autonomia para orientar, ministrar, intervir com as práticas de

atividades físicas em qualquer cenário que não seja caracterizado como escola. Assim as

atividades de aventura ficam sob responsabilidade deste profissional seja no ambiente do

lazer ou do treinamento esportivo, sendo que o corpo de conhecimentos desenvolvido

dentro da universidade pode subsidiar sua intervenção e orientação de forma mais

adequada a realidade que está inserido, considerando questões ao comportamento, a

biologia e a linguagem.

O corpo de conhecimentos que compõem a formação do PEF é estabelecido

pelo parecer CNE/CES nº 58, de 2004, direcionando as bases fundamentais para

intervenção em relação ao movimento humano em qualquer cenário, estes são:

• Os conhecimentos Biodinâmicos do Movimento Humano, neste eixo

se centram questões morfológicas, fisiológicas e biomecânicas.

• Os conhecimentos comportamentais do movimento humano,

centrando questões relacionadas aos mecanismos e processos de uma

ação motriz, a aquisição de habilidades motoras e fatores ligados aos

aspectos psicológicos.

• Os conhecimentos sócio-antropológicos do movimento humano, em

que envolvem áreas como antropologia, sociologia, história

enfocando aspectos éticos, estéticos, culturais e epistemológicos.

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• Os conhecimentos técnicos-funcionais aplicados, a discussão deste

eixo é voltada aos teóricos e métodos aplicados ao desempenho

humano, nas mais diferentes formas de manifestações de movimento

humano.

• Os conhecimentos cientifico-tecnológicos, neste eixo são

desenvolvidas as técnicas relacionadas a pesquisa.

• Os conhecimentos pedagógicos, sendo os princípios gerais e

específicos de gestão e organização das diversas possibilidades de

intervenções do profissional no campo de trabalho e formação.

• Os conhecimentos sobre a cultura que constitui o movimento humano,

compreensão das diferentes manifestações de ginásticas, lutas,

danças, jogos, lutas, lazer e outros.

• Os conhecimentos sobre os equipamentos e materiais, sendo a

compreensão das diferentes formas de utilização do equipamento e

materiais dentro da ação pedagógica sustentados de maneira técnica e

cientifica.

Assim, o Ser profissional é possuidor de um corpo de conhecimentos sobre

sua função exercida, neste sentido Rangel-Betti e Betti, (1996) mencionam que o

profissional que trabalha com EF precisa ser reflexivo, que por meio da experiência e do

conhecimento cientifico é possível compreender a sua própria prática e se orientar no

sentido de melhorar as suas intervenções e conhecimentos sobre a área, a reflexão dentro

da ação.

Conhecimentos esses podem subsidiar a atuação profissional e que merecem

ser destacados no processo de ensino e aprendizagem de alguma atividade de aventura.

Dentro dessa reflexão, as questões referentes à formação inicial e seu conjunto de

conhecimentos em relação são mencionados dentro da Resolução do CNE/CES n° 7 de

2004, que direciona os componentes curriculares que devem fazer parte da formação do

profissional em EF, conforme:

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Figura 4 – Organização curricular do Profissional de EF (BRASIL, 2014).

Em relação à (Figura 4), a organização do currículo em EF que compõem

elementos de formação ampliada e de formação especifica. Sendo estes conhecimentos

devem funcionar como engrenagens dependentes para subsidiar a intervenção do

profissional de Educação Física. Assim para desempenhar o seu trabalho com eficiência

o PEF precisa dominar técnicas, procedimentos e habilidades que fazem parte do saber

fazer (FREIRE; VERENGUER; REIS, 2002).

Manoel e Tani (1999) mencionam que a atividade motora humana é

complexa, para melhorar a intervenção do PEF ou do Professor de Educação Física é

preciso de conhecimentos ligados a outras áreas como biologia, Psicologia ou a

sociologia. Em que se busca desenvolver bases complexas e solidas para a atuação e

intervenção na área de Educação Física e Esporte. Esse profissional irá intervir e orientar

o seu aluno, em que precisa da compreensão dessas questões para melhorar a eficiência

de sua práxis, no caso das atividades de aventura o aluno encontra-se sempre em situação

de risco controlado e necessário de orientações precisas para que o seu aluno consiga

passar pela situação de forma positiva (COSTA, 2000; PAIXÃO, 2011).

Uma das disciplinas que auxiliam o PEF a compreender e a melhorar suas

intervenções é a Psicologia, que dentro dos cursos de EF aparece como Psicologia do

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esporte, Psicologia aplicada à EF, por exemplo. Sua finalidade é compreender as variáveis

comportamentais como as emoções, estresse, aprendizagem, motivação dentre outras.

Conforme mencionado por Iaochite et al. (2004), a Psicologia não se torna o objeto de

estudo da EF, mas auxiliar a compreende-lo. Segundo os autores em pesquisa com

estudantes e profissionais de EF evidenciam que tanto professores e estudantes

consideram como uma área importante para sua intervenção em relação ao movimento

humano.

Não basta a experiência atrelada ao conhecimento cientifico, é preciso de um

profissional que reflita sobre suas próprias ações, que compreenda a sua prática e que

melhore suas competências e habilidades a partir da multiplicidade de saberes que são

tecidos desde da vida, graduação, pós graduação ou experiências profissionais (NISTA-

PICCOLO et al., 2015). A compreensão das emoções dentro das intervenções

relacionadas ao ensino e aprendizagem do surfe podem ser ferramentas importantes para

o profissional que supervisiona e orienta a atividade.

Como mencionado por Iaochite et al. (2004), não basta entender o conceito

da variável psicológica, é preciso compreender o momento da intervenção. No momento

da orientação da atividade é exigido do PEF compreender por exemplo, as situações que

podem gerar mais medo e o que pode gerar mais alegria. Sendo assim, a disciplina de

Psicologia, e outras disciplinas que fazem parte da formação especifica e ampliada do

profissional de EF, são importantes como subsídio para a atuação.

Neste sentido, profissão é caracterizada como uma ocupação de elite que deve

ter salário e status social, norteada pela pesquisa em relação ao seu campo de atuação

(FARIAS; NASCIMENTO, 2012). Além possuir um corpo de conhecimentos, um

conselho regulamentador e uma fundamentação em bases cientificas, essa estruturação

auxilia no desenvolvimento profissional para trabalhar com as atividades de aventura.

Em relação ao surfe, é praticado em um ambiente fluvial (aquático) e incerto,

é preciso desde um conjunto de conhecimentos, que são atrelados à formação específica

em EF, a ponto de subsidiar as intervenções em que são considerados os aspectos

biológicos, comportamentais e sociais dentro da ação profissional (SCHWARTZ;

CARNICELLI-FILHO, 2006).

Esses conhecimentos ligados à formação profissional podem auxiliar no

desenvolvimento e orientação das atividades em meio a natureza, sendo uma área que

está em desenvolvimento dentro da EF e muitos de seus profissionais tem buscado se

capacitar para ministrar esses conteúdos. Neste cenário, o profissional de EF, que

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monitora e orienta essas atividades, precisa possuir um conjunto de conhecimentos

técnicos em relação à atividade específica e conhecimentos acadêmicos sobre a área de

EF, para adequar as questões referentes ao processo de ensino e aprendizagem destas

atividades para seus alunos, neste aspecto, a formação específica em uma atividade de

aventura torna-se importante para proporcionar uma prática segura e responsável

proporcionando ao praticante experiências positivas durante a realização da atividade

(MARINHO, 2013).

Em um mapeamento sobre as instituições de ensino superior (IES) que

oferecem a disciplina de atividades de aventura ou esportes radicais na cidade de São

Paulo, encontramos 52 instituições cadastradas no Ministério da Educação (MEC).

Destas, 15 oferecem a disciplina em sua matriz curricular, sendo comum para a

modalidade do Bacharelado e da Licenciatura (SILVA; SILVA, 2015).

Bernardes e Marinho (2013) destacam a existência de poucos cursos de EF

em São Paulo que discutem as atividades de aventura e os esportes radicais, além de

existir apenas um curso de Pós-Graduação Lato Sensu que busca desenvolver

competências em relação a essas atividades. Entretanto, não se sabe como é realizado o

trabalho de formação do professor nesses contextos.

Sobre a disciplina de esportes e atividades de aventura dentro da formação do

licenciado em EF, os escritos de Silva, Pereira e Silva (2016), que apontam que o objetivo

dessa disciplina deve ser proporcionar subsídios teóricos e práticos em relação a estas

práticas para o estudante de EF conseguir monitorar, orientar e supervisionar essas

atividades em vários cenários. Estes autores mencionam que os conteúdos podem ser

trabalhados da seguinte

I. História dos esportes radicais e atividades de aventura no Brasil,

buscando compreender suas características, principais conceitos e

aplicações destas em vários cenários.

II. Questões referentes a gestão de segurança, pois essas atividades se

caracterizam no fator de risco e na busca pela aventura, em que o

desenvolvimento de protocolos para uma “aventura segura” se tornam

importantes na formação.

III. Pedagogia da Aventura, os estudantes vivenciam diversas atividades

de aventura e esportes radicais, neste bloco se discute como ensinar,

para que ensinar e o que deve ser ensinado em relação a estes

conteúdos dentro da escola.

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IV. Momento de “práticas e aplicações”, os estudantes elaboram

intervenções a partir das experiências, discussões e pesquisas

realizadas e buscam ensinar algum conteúdo ligado as atividades de

aventura dentro da EFE.

O caminho da disciplina tenta por meio da experiência vivida, as discussões

realizadas e as intervenções ministradas proporcionar oportunidades para os estudantes

de EF conseguirem aplicar esses conteúdos na sua atuação profissional vinculada a

licenciatura ou ao bacharel.

De certo modo a EF tem a responsabilidade em preparar profissionais para

trabalhar de forma multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar, essas discussões e

o desenvolvimento de competências em relação as atividades de aventura e esportes

radicais são importantes para conhecer os equipamentos, as possibilidades de atuação, os

protocolos de segurança e compreender sobre o processo de ensino e aprendizagem de

diversas práticas (AURICCHIO, 2013; CORRÊA, 2008).

A formação profissional em EF nos últimos tempos tem dado atenção para

inserção das atividades de aventura nos mais diferentes contextos, uma vez que se percebe

uma crescente demanda na procura destas atividades por todo Brasil. Os setores ligados

ao turismo, ao esporte e a formação profissional começaram a pensar em desenvolver

tecnicamente e academicamente um profissional capaz de mediar e orientar essas

atividades em um ambiente natural e com risco controlado, assim, dentro do caminho

relacionado a formação dessas práticas mencionamos os seguintes itens:

• A inserção de disciplinas de aventura nos cursos de graduação em EF e Turismo.

• A criação do curso de pós-graduação em aventura em São Paulo.

• A formação de condutor de atividades de aventura pela Associação Brasileira de

Empresas de Turismo de Aventura.

• Os cursos livres de formação técnica em modalidades diversas como mergulho, o voo

livre, escalada entre outros.

• A criação do curso de formação técnica em esportes, com disciplina de aventura em

escolas técnicas e de ensino médio.

• O Surgimento do Congresso Brasileiro de Atividades e Esportes de Aventura

(CBAA), evento itinerante que reúne os principais especialistas acadêmicos do país,

desde 2007.

• A produção acadêmica cientifica cada vez mais consistente, com livros e artigos sendo

produzidos por pesquisadores das áreas correlatas.

• O aparecimento de associações ambientalistas (ONGs) de preservação de áreas

naturais, com o claro intuito de deixar para gerações futuras o legado da diversidade

biológica e cultural dos espaços de Aventura.

• A organização de Federações Esportivas representativas dos interesses dos praticantes

de modalidades esportivas tanto nas modalidades em ambientes mais inóspitos como

as de montanhas (CBME – Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada),

quanto em locais urbanos como as pistas e ruas (CBSK – Confederação Brasileira de

Skate) (PEREIRA, 2015 p. 8).

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A partir deste mapeamento sobre a formação técnica, acadêmica do

profissional que irá ministras as atividades de aventura dentro da EF, percebemos a

necessidade da continuidade de um aprofundamento, pois uma aventura segura depende

de um profissional capacitado para sua mediação.

Dentro desta preocupação com a formação acadêmica dos diferentes

profissionais que atuam com as atividades de aventura na natureza Bernardes e Marinho

(2013), relata a estruturação de um programa de pós-graduação Lato Sensu com o tema

de “Esportes e Atividades de Aventura” que teve origem nas Faculdades Metropolitas

Unidas UNIFMU. O programa reunia professores envolvidos com as atividades de

aventura, mas que possuíam formação acadêmica para poder proporcionar e desenvolver

diferentes significados e competências para os profissionais que ali se encontravam.

A pós-graduação em Esportes e Atividades de Aventura segundo Bernardes

e Marinho (2013) teve como preocupação formar profissionais não somente para

trabalhar na EF escolar ou com turismo de aventura, mas proporcionar subsídios para

ministrar a disciplina em faculdades de EF em que se pode aproximar o conteúdo da

realidade da atuação. Segundo os autores o curso tinha os objetivos pedagógicos de:

• Aproximar estes conteúdos com a atuação profissional em EF;

• Contribuir com o desenvolvimento cientifico da área;

• Capacitar o profissional para trabalhar com estes conteúdos em sua

realidade, adaptando conforme as necessidades do lugar em que

ministra suas aulas.

Sendo essa proposta um polo de conhecimento para os profissionais que

buscam se capacitar de forma técnica e cientifica na área de esportes de aventura e

interlocuções com a EF. Pois como mencionado por Schwartz e Carnicelli-Filho (2006)

em um estudo com instrutores de rafiting, o PEF pode ter uma abordagem diferente na

mediação e orientação das atividades de aventura, pois este tem em sua formação inicial

conhecimentos ligados a diferentes áreas para compreender melhor o cenário da

intervenção com o foco no processo de ensino e aprendizagem, na forma que o sujeito

enfrenta as emoções, na forma que ele pode ser um mediador delas, na forma em que

estrutura a intervenção.

A formação do profissional para trabalhar com as atividades de aventura deve

estar vinculada ao nível de experiência e conhecimento técnico que o sujeito possui sobre

a própria modalidade. No estudo de Auricchio (2013), foi identificado que as atividades

de aventura compõem o ambiente do lazer dentro da EF, mas muitas vezes os cursos de

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formação em uma atividade especifica são fornecidas pelas associações, federações,

sendo ensinadas, orientadas e monitoradas muitas vezes por pessoas experientes na

modalidade sem a formação em EF, que acabam não tendo base das áreas de

conhecimento que auxiliam na intervenção em EF.

A formação em EF com o foco na atuação do PEF visa desenvolver

competências e habilidades que os auxilie nos momentos de intervenção e orientação do

movimento humano, principalmente em relação ao cenário do surfe. Acredita-se

conforme representação na (Figura 4) que os conhecimentos e habilidades ligados a

formação ampliada, a formação especifica, aos estágios, a pós-graduação lato sensu em

esportes e atividades de aventura e a formação técnica específica para orientar essas

atividades podem proporcionar ao PEF intervenções que desafiem seus alunos, mas que

sejam seguras, que valorizem as características de aprendizagem, que valorizem as

características das emoções e também das questões técnicas para proporcionar uma

aventura segura. Além da experiência, além da formação, além do conhecimento técnico

é preciso sensibilidade para o chamado da atuação em EF, é preciso ter ações ligadas ao

ensino e aprendizagem que sejam reflexivas e inspiradoras (NISTA-PICCOLO et al.,

2015).

Os componentes que estão ligados a formação profissional em EF, podem

proporcionar o ensino e aprendizagem do surfe ou qualquer outra atividade de aventura

de forma segura e significativa. Portanto, a formação em relação as atividades de aventura

tanto no sentido da graduação, pós-graduação e também os cursos técnicos precisa ser

mais discutida no Brasil. Sua contextualização e compreensão pode criar oportunidades

de atuação para o PEF e também proporcionar experiências inovadoras dentro da

Educação Física Escolar.

Os conhecimentos sobre as emoções e as variáveis psicofisiológicas fazem

parte da formação inicial em EF, e necessárias nas discussões das atividades de aventura.

O ensino ou a simples experiência nos momentos de lazer, lançam os sujeitos em

situações inéditas, que mexem com seus sentidos, imaginação e também as emoções.

Portanto, é preciso que a intervenção do PEF considere estes fatores durante a atividade.

Os professores que atuam na formação inicial ministrando disciplinas que

discutem o movimento humano e a sua dimensão do ser humano e sociedade, em foco os

da disciplina de Psicologia devem considerar a sua contribuição para o processo de

profissionalização dos graduandos a proximidade com a realidade do cotidiano, pois só a

partir da análise, critica e reflexão os estudantes de EF podem desenvolver recursos em

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relação as variáveis psicofisiológicas para subsidiar sua ação profissional (MATOS e

NISTA-PICCOLO, 2013).

Tais indicativos revelam que a formação em atividades de aventura precisa

ser sistematizada, pois se constitui em uma ramificação na atuação do profissional de EF,

e são poucos os cursos que oportunizam a discussão dessas práticas curriculares. Segundo

Corrêia (2008) as atividades de aventura aparecem diluídas dentro de algumas disciplinas

ou como uma disciplina regular, com o propósito de discussão centrada na relação do

movimento humano na natureza, ficando sob responsabilidade dos estudantes a criação

de programas e planejamentos que envolvam essas atividades em seus mais diferentes

contextos. A criação de possibilidades na formação inicial em EF oportuniza ao futuro

profissional compreender as questões ligadas ao risco, ao mundo da aventura e também a

planejar e estruturar programas de intervenção em vários cenários da EF.

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6. AS ATIVIDADES DE AVENTURA

O segmento das atividades de aventura no Brasil tem crescido nos últimos

tempos, além de sua inserção como currículo oficial nacional dentro da educação básica

elas compõem várias atividades e alternativas no ambiente do lazer. Segundo Pereira

(2015) essas discussões se alavancaram no fim do século passado em feiras de aventura,

eventos, encontros, pessoas que procuram novos locais de lazer na natureza, surgimento

de novas práticas todos os anos e crescimento no número de equipamentos e técnicas de

exploração e contemplação da natureza.

Essas atividades se espalharam pelo mundo sendo adaptadas, criadas e

transformadas pela cultura regional, podendo ser praticadas em ambientes naturais e

artificiais aquáticos, terrestres, aéreos e as hibridas que são aquelas que combinam

atividades aéreas com aquáticas ou terrestres com aéreas (PEREIRA, 2015; MARINHO;

SANTOS; FARIAS, 2012; PEREIRA; ARMBRUST; RICARDO, 2008). Atividades

essas que se caracterizam pela a imersão dentro da aventura.

Manifestações essas designadas pelo uso de diversas terminologias: Esportes

de Aventura; Atividades de Aventura; Atividades Físicas de Aventura na Natureza;

Práticas Corporais de Aventura; Práticas Corporais Radicais; Esportes Californianos,

Esportes de Ação e Esportes Radicais (SILVA; PEREIRA; SILVA, 2016). Dentro dessas

diversas denominações essas atividades se relacionam dentro do envolvimento do risco,

do desenvolvimento técnico para o controle de segurança e na forma em que o sujeito se

“lança” dentro da atividade.

Essas atividades possuem difícil definição, são diversas as origens dos

diferentes termos utilizados para denominar essas práticas. Para dar luz a compreensão

sobre os termos apresentados anteriormente é preciso entender o significado da palavra

aventura e radical, possivelmente considerando no entendimento as relações que as duas

podem ter em suas atividades.

A palavra radical pode ser entendida como um aglutinador de todas as

atividades esportivas de risco, aquilo que está enraizado na ação e na percepção dentro

dessas atividades (PEREIRA; ARMBRUST; RICARDO, 2008). O enraizamento que o

praticante busca está vinculado à forma de sentir a própria existência por suas mãos pela

percepção das emoções e sensações que acontecem nos momento de prática no

enfrentamento e convivência com o risco (PEREIRA; ARMBRUST, 2010).

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Essas atividades se vinculam com uma ação “extrema” em que o sujeito se

lança em uma situação de risco, chamada de manobra ou alguma técnica para realizar este

ato. Em relação a essa ação Armbrust, Maldonado e Silva (2016) argumentam que os

elementos significativos dessa ação estão atrelados ao comportamento de respeitar as

pessoas e locais em que se pratica, levando o sujeito a se envolver de forma profunda em

cada atividade.

Por outro lado a palavra aventura deriva do termo latim “adventura”, quer

dizer aquilo que está por vir com um tom de desconhecido, aquilo que é imprevisível em

que a incerteza, os desafios físicos, as emoções, o clima, a distância aproximam-se na

forma que o sujeito percebe, recebe e pratica essas atividades (ARMBRUST, 2010;

PEREIRA; ARMBRUST; RICARDO, 2008).

Neste sentido, compreendemos as atividades de aventura como um conjunto

de práticas institucionalizadas ou não que envolvem não o vínculo na manobra (ação),

mas na exploração e contemplação daquilo que é inédito, daquilo vinculado ao controle

do risco suscita o envolvimento do homem e a natureza intocável. Em representação na

(Figura,5) este universo compõe emoções, sentidos, culturas, locais que fogem do

cotidiano, mas que fazem o sujeito imergir dentro de sua percepção o mundo da aventura.

Essas atividades praticadas na natureza podem despertar diferentes

percepções, cada uma sendo subjetiva e ligada a história de vida do sujeito. Segundo

Lazarus e Folkman (1988) na transação sujeito e ambiente, dentro da aventura o sujeito

fica em várias situações de risco, aprende a superar medos e buscar estratégias de

enfrentamento focadas no problema ou focadas na emoção.

Dentro da concepção fenomenológica a percepção a apreensão dos sentidos

se faz presente na interação do corpo com o mundo, tratando-se de uma expressão

criadora a partir de diferentes olhares do mundo, sendo ela responsável pela forma que o

indivíduo percebe e se percebe no mundo (NÓBREGA, 2008). Nesta perspectiva, as

atividades de aventura ou radicais na perspectiva do lazer independente da prática envolve

a o resultado da incerteza, a administração de um provável acidente em que se for mal

executada por levar o sujeito a morte (BRYMER; SCHWEITZER, 2013).

Esses apontamentos se vinculam com os mencionados por Costa (2000) em

que na aventura joga-se com a morte para sentir a própria existência. Em relação ao

mundo da aventura, as questões ligadas a percepção estão diretamente em interação entre

o sujeito, o controle do risco, o rompimento com a rotina, o seu vínculo com a natureza e

com as emoções que sente durante a prática, tornando cada aventura uma experiência

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inédita e imersa no desconhecido com significados únicos para cada pessoa, mesmo que

estejam na mesma atividade.

O corpo nessas atividades, se torna um caminho possível da salvação, em uma

perspectiva leiga em que o sujeito determina as provas que ele cria para testar o seu valor,

realizando um enraizamento com a percepção da sua existência no momento em que

realiza essas atividades (LE BRETON, 2006). Por este ângulo, o corpo, o movimento, a

natureza formam uma relação sinérgica dentro destas atividades, enraizadas no

imaginário e no desconhecido.

Figura 5: Representação do universo das atividades de aventura (BRYMER;

SCHWEITZER, 2013; PAIXÃO; TUCHER, 2015; PEREIRA, 2015; PEREIRA;

ARMBRUST, 2010).

Na atuação profissional em EF, o controle de risco, a orientação das

atividades, a mediação das emoções e estratégias de enfrentamento se tornam

fundamentais para que os alunos ou clientes tenham experiências positivas e

significativas para suas vidas.

Tais conhecimentos ligados à formação inicial podem proporcionar um

aumento da qualidade do serviço prestado na relação das atividades de aventura. Silva,

Pereira e Silva (2016) relataram a experiência sobre o ensino de esportes radicais e de

aventura em uma disciplina na formação profissional e inicial em EF. Os autores

mencionam que não basta apenas ministrar a “prática pela prática”, pois o ser humano

Universo da

aventura

Controle do Risco

Natureza

A percepção daquilo que esta por vir

Percepção das emoções e

sentimentos

Conhecimento de pessoas,

culturas, locais e paisagens

Enfrentamento e superação de

desafios

Desenvolvimento da manobra

ou técnica

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não pode ser visto como uma máquina de movimentos, mas toda experiência deve ser

significativa, contextualizada e transformadora, pois o estudante de EF deverá inserir em

suas aulas em diferentes contextos e realidades, portanto proporcionar experiências

positivas e significativas pode ser importante para a autonomia do professor.

Para Silva, Pereira e Silva (2016) a disciplina de atividades de aventura e

esportes radicais tem como objetivo proporcionar subsidio para o estudante de EF inserir

essas práticas em seu cotidiano, dentro disso, os autores trabalharam com unidades de

conteúdos, sendo elas:

I. História das atividades de aventura e esportes radicais no Brasil;

II. Gestão de segurança, focando na avaliação e desenvolvimento técnico

de várias atividades em relação ao controle do risco e perigo.

III. Pedagogia da aventura, em que os alunos pesquisam sobre o tema,

avaliam a segurança e aplicam este conteúdo.

IV. Experiências práticas contextualizadas com a disciplina.

Estas unidades podem facilitar na mediação e orientação das atividades de

aventura, proporcionando conhecimentos iniciais em relação as atividades e revelando

possibilidades de um aprofundamento maior depois da graduação em EF.

Nessas atividades existem características que são marcantes como a

possibilidade de experiências inusitadas, causando sensações e emoções pouco vividas

em outras situações, além de em alguns casos o desenvolvimento do trabalho em equipe

e da confiança em si mesmo (SCHWARTZ; CARNICELLI FILHO, 2006).

O profissional responsável pela mediação na aventura, auxilia seu aluno a

descobrir o inédito, a superar e enfrentar seus medos durante a atividade, a contemplar e

mergulhar dentro de emoções positivas pela apreciação de paisagens, movimentos e

culturas desconhecidas.

Ao considerar a formação em atividades de aventura Nista-Piccolo (2011),

destaca que é preciso ir além, é preciso ensinar para a compreensão, ensinar o aluno a

refletir, pois estes devem ter um papel ativo em todo o processo de ensino e aprendizagem.

Segundo a autora, os conhecimentos técnicos e pedagógicos, os conceitos de Homem

como um ser complexo, os conhecimentos sobre as possibilidades de rendimento dos

corpos perfeitos sem negar os corpos possíveis e compreender que os conteúdos e o corpo

de conhecimentos em EF deve ultrapassar o conhecimento das partes, mas reconhecendo

o todo.

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A compreensão das emoções dentro do processo de formação profissional é

imprescindível, mas também o processo de ensino e aprendizagem das atividades de

aventura ou esportes radicais são essenciais, pois estas atividades lançam os sujeitos em

um mundo imaginário, em uma construção de sentidos, experiências e significados que

podem ser levados para a sua vida cotidiana, seja o estudante de EF, o profissional

mediador dessas atividades, o professor do ensino superior ou o professor da EF E.

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7. ASPECTOS PSICOLÓGICOS NAS ATIVIDADES DE AVENTURA

A aventura tem um carácter mágico no imaginário humano.

Todos carregam dentro de si o desejo de desbravar, de

desprender-se e voar com liberdade, mas as máscaras sociais

a cultura e do modo de educação que os envolve tolhe, em

parte, esse desejo, ficando-lhes os pés da terra. Esses

esportes de aventura que hoje envolvem a sociedade estão

agasalhando esses desejos (COSTA, 2000, p.87).

O praticante de atividade de aventura e o profissional que monitora essas

práticas busca o risco de forma voluntaria, uns no monitoramento, ensino e aprendizagem

outros como aluno, cliente que procura correr riscos, se lançam na atividade confiando

nas técnicas, monitores e equipamentos.

Segundo Costa (2000), o risco é extremamente calculado sob condições e

protocolos de segurança, suscitando um prazer que se relaciona com o lúdico e uma

sensação subjetiva de bem-estar. Portanto, toda atividade de aventura exige uma

preparação, protocolos de segurança, equipamentos e tecnologias adequadas e técnicas

avançadas para que a experiência na aventura seja positiva.

Em relação a compreensão dos aspectos psicológicos dentro das atividades

de aventura Schwartz e Carnicelli Filho (2006) realizaram um estudo cujo objetivo foi

compreender o perfil de formação de 20 guias de rafting, nenhum dos sujeitos

pesquisados possuíam formação de nível superior, tinham somente a formação técnica

oferecida pelas agências que os contrataram. Os pesquisadores relatam que muitos

iniciantes demonstraram tensão e ansiedade em relação ao controle da segurança. Os

autores apontam que talvez a formação em EF e a gama de conhecimentos que são

desenvolvidos pode auxiliar mais os guias, pois estes poderiam compreender mais de

questões ligadas a mediação e a aprendizagem.

Com o foco de estudo na ansiedade dentro da canoagem Slalom Lavoura,

Botura e Machado (2006) buscaram identificar diferenças entre gênero em atletas

participantes da IV copa Brasil de canoagem slalom. Em relação aos resultados do estudo

foi identificado maior ansiedade somática e cognitiva em mulheres do que em homens,

fator que pode influenciar no desempenho dos atletas e apontando que a diferença entre

gênero deve ser considerada na preparação psicológica.

Neste caso a ansiedade sendo vista como negativa para que o atleta alcance

um melhor desempenho dentro da prova. Por outro lado no estudo de Lavoura, Schwartz

e Machado (2008) que levou um grupo de jovens para experimentar a prática do rapel

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pela primeira vez, após a vivência os sujeitos foram entrevistados com questões abertas.

Nos achados da pesquisa verifica-se sensações de medo, ansiedade, insegurança e

preocupação que estão atrelados ao contato do sujeito com o ambiente e a atividade pela

primeira vez.

Os autores mencionam que essas práticas compartilham da experiência de

uma fusão entre medo e prazer, ora entre ansiedade e satisfação, ou ainda conforto e

insegurança, assim como preocupação e alegria (LAVOURA; SCHWARTZ;

MACHADO, 2008). Durante a prática de atividades de aventura, o sujeito fica em uma

constante mudança de estados emocionais, dependentes de sua percepção da situação.

O profissional que ministra essas atividades deve dar atenção a essas emoções

durante a prática, pois compreender as emoções assim como mencionado por Klemola,

Heikinaro-Johansson e O’Sullivan (2012) se torna uma tarefa importante para o

profissional, pois este pode articular estratégias e proporcionar orientações que façam

com que o aluno perceba a situação de uma forma positiva, enfrentando seus medos e

desafios que podem surgir no momento da atividade.

Por outro lado Machado, Barbosa e Pereira (2008) investigaram os estados de

humor em atividades como canoagem, tirolesa e trekking de orientação. Os autores

identificaram que a maioria dos sujeitos envolvidos tiveram mais percepções positivas

em relação ao seu estado de humor, ficando animados, ativos, enérgicos, alegres e cheios

de boa disposição, sendo uma minoria com o estado de humor negativo durante a prática.

O fato das atividades serem realizadas no ambiente natural, no ambiente da

incerteza e com o risco controlado é possível que entre “lutar e fugir”, entre sentir medo

ou alegria, o sujeito passe por essas situações constantemente Ao relacionar com a

(Figura 3), muito provavelmente após a avaliação da situação, o auxílio do técnico ou

profissional e após o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento o sujeito reavalie

a situação como positiva ou negativa dentro da percepção subjetiva de bem-estar.

Essas atividades mergulham o indivíduo na incerteza ao alcance de suas

competências, elas o autorizam, o estimulam e possibilitam criar habilidades, desenvolver

ações e criar emoções que rompem como um “rugido” a calmaria da vida cotidiana, a

monótona rotina, sem a sensação de incerteza (LE BRETON, 2007). Este mergulho faz o

sujeito perceber em uma atividade de aventura, várias situações, várias emoções, porém

com o risco controlado.

Dentro dessas características em relação as atividades de aventura Cardoso,

Silva e Felipe (2006) entrevistaram 10 indivíduos da Escola Superior Francisco de Assis

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com mais de dois anos com práticas em excursões de aventura. Nas respostas os sujeitos

revelaram que a experiência é positiva, mas que possuem dificuldade em responder ou

expressar as emoções e as descrevem como prazerosas, “legais”, uma sensação boa,

sentimento de liberdade. Entrando em relação com os apontamentos de Damásio (2004)

em que o indivíduo conhece a emoção até o momento que alguém pede para as descrever.

Em relação a essa característica de atividade, em uma experiência com

pessoas pela primeira vez na prática de rapel, pode se indicar respostas agudas e uma

atividade mental alta em relação ao envolvimento do sujeito inexperiente com a situação,

sendo mais respostas ligadas a processamentos internos do que externos (BAILEY;

JOHANN; KANG, 2017). Os autores destacam que nas primeiras experiências os

envolvidos nessas práticas demonstram a influência de um desafio a ser enfrentado, tendo

mudanças significativas entre o pensamento e a ação durante a atividade.

Percebe-se que nos últimos apontamentos apesar da imersão dos sujeitos nas

diferentes atividades de aventura suas percepções em um ambiente natural e de incerteza,

mas com o risco controlado e calculado, são positivas, o sujeito fica entre a luta e a fuga,

entre se paralisar ou enfrentar a situação e essa experiência lhe proporciona uma sensação

de bem-estar.

A busca pelo prazer nas atividades de risco na natureza, podem auxiliar na

capacidade e desenvolvimento de fatores de proteção em que influenciam na minimização

dos fatores negativos, sendo que ao superar situações adversas o sujeito pode aprender e

mudar a sua percepção sobre a situação de risco (SILVA et al., 2014).

O profissional que trabalha com as atividades de aventura normalmente foi

um praticante, a experiência foi o seu primeiro contato com a atividade em que por meio

de formações se tornou um profissional das atividades de aventura. Tais elementos podem

ser referências na forma em que seus alunos ou clientes irão experimentar a atividade, o

controle do risco e o envolvimento do aluno dentro da atividade é de responsabilidade do

profissional, sendo importante desempenhar o papel de mediador de estratégias, de

habilidades e de emoções.

Nesse contexto, o medo pode ser uma emoção muito frequente dentro das

atividades de aventura, principalmente aquelas que levam o sujeito ao extremo de suas

capacidades físicas e psicológicas. Compreendido normalmente como uma emoção de

proteção, tanto para o profissional quanto para o seu aluno, a convivência com ele em

situações de risco controlado é muito comum.

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Para Brymer e Schweitzer (2013) de modo geral nas atividades de aventura

os participantes tem uma percepção insalubre do medo ou patologicamente não devem

ter medo e por este fato se lançam dentro do risco. Os autores apontam que o medo dentro

dessas atividades é inevitável, combinado com outras emoções na imersão das atividades

extremas, mas indicam que essa emoção pode ser transformadora nos momentos que é

enfrentada, isso quer dizer que os “aventureiros” sentem medo, mas gostam desta

percepção e de lidar com o enfrentamento.

Em relação à experiências dos medos durante as atividades de aventura, ao

enfrentar a situação refletindo sobre o que passou o sujeito passa do medo a alegria, sendo

a alegria responsável pela percepção de satisfação em realizar uma atividade, isso

depende dos traços de personalidade, experiências vividas e a forma que o sujeito avalia

e reavalia a situação de aventura (FAULLANT; MATZLER; MOORADIAN, 2011).

A partir dessas ideias ocorrem interpretações das emoções e aspectos

psicológicos ligados as atividades de aventura e esportes radicais que carecem de maior

aprofundamento, pesquisa e compreensão em diferentes contextos, seja no meio aéreo,

terrestre ou aquático.

Como mencionado por Le Breton (2009), Brymer e Schweitzer (2013) o risco

e o perigo são iminentes à atividade, o sujeito realiza uma imersão dentro do ambiente da

incerteza, buscando controlar o risco, controlar suas ações, controlar suas emoções,

enfrentar medos e buscar contemplar e se satisfazer nos momentos em que realiza a

atividade, realizando um jogo entre o risco e o perigo, entre a vida e a morte, entre a luta

ou a fuga em todas as atividades de aventura e esportes radicais. Portanto, ao relacionar

essas características das atividades de aventura com a prática do surfe, o controle do risco

nessa atividade fica vinculado ao desenvolvimento técnico do praticante e a avaliação do

ambiente em que se pratica.

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8. O SURFE

A literatura indica que a prática do surfe pode ter iniciado no Triângulo

Polinésio por volta dos anos de 1500, região constituía pelas Ilhas Cook, De Pascoa,

Pitcairn, Samoa, Taiti, Tuvalu e Havaí, existindo relatos do mesmo período de pessoas

deslizando em paredes de ondas na região do Peru (SOUZA, 2013; FORTES, 2008).

No Brasil o surfe constitui uma das atividades mais tradicionais, praticadas

no litoral desde meados de 1930, se caracteriza pelo ato do sujeito deslizar em uma onda

em cima de uma prancha (AUGUSTO; DIAS, 2006). Segundo os autores o seu grande

desenvolvimento dentro do país foi nos anos de 1960 a 1980, neste período os esportes

praticados com prancha, as músicas e o perfil do público jovem levaram a ascensão de

uma prática esportiva que se constituía em deslizar em cima de uma prancha na parede

de uma onda para uma atividade com regras institucionais, competições esportivas e

manobras cada hora com uma dificuldade maior.

Essa atividade de aventura surgiu com uma característica de contemplação do

ambiente, mas com o passar dos anos os seus praticantes se lançam mais no risco em que

realizam manobras diversas, dando nomes e estilos de surfe (SOUZA, 2013; AUGUSTO;

DIAS, 2006). Os autores mencionam que por conta do envolvimento do público jovem

dos anos 1960 a 1980 surgiram grifes de roupas para “surfistas”, gírias e comunidades

que se envolviam cada vez mais na divulgação do esporte.

Com o aumento da prática do surfe, bem como o seu processo de

institucionalização em escolas e locais de práticas espalhados pelo Brasil é possível inferir

que essa atividade deve estar causando alterações na atuação profissional em EF

No cenário apresentado, existem tipos de estilos de surfe como Long Board

Clássico, Short-Board e o Tow-in. Apesar de cada estilo possuir suas características

específicas, sua prática consiste em deslizar sobre uma onda em cima de uma prancha de

fibra de vidro, madeira ou Soft board (SOUZA, 2013).

Com o aperfeiçoamento das técnicas em dentro da prática esportiva, a

“radicalização” do surfe proporcionou o surgimento de manobras com linguagem

próprias da prática como remar, sentar, “dar o joelhinho”, “dropar” e “vaca”

(BANDEIRA; RUBIO, 2011). Nessa linguagem sentar, realizar o drop estão atrelados a

ficar em pé em cima da prancha deslizando na parede da onda (crista) até a fase de

arrebentação, são técnicas importantes para realizar as manobras básicas do surfe, o seu

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desenvolvimento na fase de aprendizagem torna-se importante para controlar o risco

durante a iniciação na prática da atividade.

O estudo realizado por Souza et al. (2015) indica as manobras mais utilizadas

pelas “tribos” de surfistas, sendo o drop, tubo, cutback e aéreo em que se destacam

principalmente por serem as manobras mais comuns dentro da prática esportiva. Segundo

os autores:

Nome da

manobra

Linguagem

Usual

Descrição

Drop Dropar

O sujeito fica posicionado na postura em pé, em que

apoia os dois pés um a frente do outro, na parte de coma

da prancha no ato de descer a parede da onda.

Barrel Tubo

O praticante é envolvido pela onda, no espaço existente

entre a crista e a parede, conseguindo sair de dentro dela

em sequência.

Cutback cutback

Um desenho em “S” realizado pelo praticante, está

manobra pode ser realizada em backside momento em

que as costas do sujeito estão viradas para a parede da

onda.

Wipeout Vaca São as quedas que o sujeito pode ter na prática, chamado

de “caldo” também.

Figura 6. Adaptação do quadro de manobras do surfe de (SOUZA; et al.,

2015, p. 546–547).

Essas são as manobras e as linguagens utilizadas nas “tribos” para descrever

cada uma delas. Os conhecimentos inerentes à EF podem auxiliar no desenvolvimento do

processo de ensino e a aprendizagem de cada uma delas. Muitas vezes, um professor de

surfe, foi um praticante da modalidade antes de se envolver com a EF, com isso possui

referências empíricas e científicas sobre o processo de ensino e aprendizagem que podem

auxiliar em sua mediação (SOUZA, 2013).

Ramos, Brasil e Goda (2013) mencionam que estes fatores e o crescente

aumento de adeptos a prática esportiva do surfe podem ser alvo de intervenções

pedagógicas ligadas à EF, seja na escola ou fora dela. Com o aumento da prática do surfe,

bem como o seu processo de institucionalização em escolas e locais de práticas

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espalhados pelo Brasil é possível inferir que essa atividade deve estar causando alterações

na atuação profissional em EF

Os conhecimentos em relação a prática esportiva, os equipamentos, o

planejamento das aulas e mediações, o conhecimento das características psicológicos, de

desenvolvimento motor, de crescimento e fisiológicas tornam-se elementos importantes

para um profissional que trabalha com surfe (RAMOS; BRASIL; GODA, 2013). Esse

corpo de conhecimentos tem uma relação direta com a formação inicial em EF e o

desenvolvimento de competências na graduação, podendo ser importante as questões

ligadas a experiências vividas e aos conhecimentos técnicos do profissional que trabalha

na área.

Um outro ponto de vista em relação a prática do surfe é a combinação das

emoções e percepções de bem-estar que são subjetivas ao sujeito mas que podem

acontecer no contato de uma experiência bem sucedida e como indicado pelo estudo de

Bandeira e Rubio (2011) ainda existe uma descriminação de gênero dentro da prática do

surfe, pois um bom “surfista” normalmente é visto como do gênero masculino e não do

feminino.

O surfe como um atividade de aventura centra-se no risco controlado, pelo

fato da imprevisibilidade do mar e da combinação das habilidades do praticante, sendo o

rompimento da rotina do cotidiano em uma busca constante pela sensação de liberdade,

como apontado por Le Breton (2007, p. 10): “O risco é inerente à condição humana, é o

resgate feliz pago pela liberdade.” Por essas características mencionadas, destacamos o

surfe como uma atividade de aventura que precisa ser investigada, pois podem existir

questões ligadas as emoções e a percepção de seus praticantes, com a forma em que o

sujeito se desenvolve em momentos de aprendizagem ou nos momentos de treinamento.

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9. MÉTODO

9.1.NATUREZA DA PESQUISA

Trata-se de abordagem qualitativa de pesquisa com bases estabelecidas no

olhar investigativo da fenomenologia, sendo de característica descritiva e exploratória

(MARTINS; BICUDO, 2003). Essa investigação possibilita ao pesquisador realizar uma

imersão no cenário delimitado, tendo o papel principal de interpretador da realidade da

“experiência vivida”. Esse estudo considera o universo da pesquisa qualitativa, em que o

despertar da ciência está dentro daquilo que pode ser investigado a partir de uma

realidade, sem a finalidade de comparações ou grandes números, mas com o ideal de

compreender o movimento humano em sua mais profunda linguagem e sentido

(MARTINS; BICUDO, 2003) . A pesquisa qualitativa engloba a análise e interpretação

de dados, procurando entender os significados do sujeito, entender a realidade social em

que se situa o projeto, sem alterar o fenômeno, sem criar um ambiente laboratorial, mas

o estudando na sua originalidade, na mais profunda natureza do fenômeno investigado

(MARCONI; LAKATOS, 2011; BETTI, 2009). As atividades de aventura possuem

características peculiares em seus sentidos e significados, para o seu entendimento é

imprescindível uma imersão em sua realidade e no desconhecido expressos pelo ser

humano em movimento na natureza.

É preciso compreender o significado da palavra “fenômeno” que é tudo aquilo

que se mostra, se desvela, se manifesta para a consciência, palavra derivada do grego

Fainomenon que em seu sentido é um discurso esclarecedor a respeito daquilo que se

manifesta ao sujeito interrogador que está imerso no cenário da pesquisa (MARTINS;

BICUDO, 2003).

A fenomenologia nessa pesquisa ganha sentido ao trazer a luz, colocar sob

iluminação, mostrar a si mesmo e em si mesmo a totalidade que pode se revelar diante de

nós. Qualquer fenômeno pode representar um ponto de partida para várias interpretações,

interlocuções e investigações, podendo ser a descrição da experiência por meio de relato,

cujo o propósito é compreender as particularidades da realidade que pode ser estabelecida

neste cenário (MOREIRA, 2004).

Tratando-se de uma característica exploratória a interpretação e os dados

surgem da observação do fenômeno ou das representações verbais desenvolvidos dentro

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de experiências individuais da realidade que os sujeitos foram inseridos, exigindo um

mergulho profundo do pesquisador no cenário contextualizado.

Esse enfoque exploratório nos permite uma descrição e interpretação de

fenômenos complexos e pouco estudados dentro do mundo científico, em que explorar

fatos e conceitos precisam ser explicados de forma profunda. Nesta linha não é possível

ter uma pré-suposição ou julgamento (GIL, 2008). Dentro desse tipo de pesquisa o foco

é investigar o fenômeno da forma que ele é, valorizando a individualidade do sujeito em

que as emoções e as percepções sobre a intervenção podem vir à tona no cenário que está

construído.

A partir da construção destes pilares investigativos essa pesquisa é de

abordagem qualitativa descritiva de característica fenomenológica e do tipo exploratório.

Iremos buscar alcançar os objetivos deste trabalho por meio da experiência vivida do

surfe realizada por estudantes de EF. É com o olhar de Kunz (2000) que a fenomenologia

se interessa pelo mundo das experiências, desenvolvido pelas percepções e por um

horizonte de possibilidades. Nesse sentido, não existe uma predefinição das respostas

emocionais dos sujeitos, porém esse estudo busca descrever e interpretar a sua percepção

a partir da experiência vivida.

10. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da

Universidade São Judas Tadeu (USJT), protocolo de número do parecer na Plataforma

Brasil: 1.422.385. Dentro da proposta investigativa buscou-se estruturar uma situação real

em relação a aprendizagem do surfe, participaram do estudo seis estudantes do terceiro

semestre do curso de bacharelado em Educação Física de uma Universidade particular na

região de Guarulhos – SP. Os seis estudantes que participaram desse estudo, sendo um

do sexo masculino e cinco do sexo feminino. A amostra foi selecionada de ordem

aleatória e por questão de conveniência (foi realizado um convite aos estudantes do curso

para participarem do projeto). A amostra não poderia ter contato com o pesquisador

(relação professor/aluno) e também não poderia ter algum tipo de experiência com a

prática do surfe.

A universidade em que os sujeitos estudavam autorizou a realização do

convite para participação da pesquisa conforme termo de autorização (APÊNDICE III).

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Todos os sujeitos assinaram o Termo de Livre e Esclarecido (APÊNDICE II) e ganharam

um número fictício para manter os nomes dos participantes em sigilo.

Os sujeitos participaram de três aulas de surfe, que foram ministradas em dois

dias de intervenção, sendo duas aulas no primeiro dia uma no horário da manhã e outra

no horário da tarde, no segundo dia foi ministrado uma aula na parte da manhã em que os

detalhes e cada conteúdo da aula estão descritos no (APÊNDICE V). A aula foi ministrada

por uma professora de EF que possui experiência com surfe e ministra treinamentos para

professores de surfe e Stand Up Paddle – SUP.

Cada aula tinha duração de 90 minutos e foram realizadas na praia de

Boraceia em São Sebastião – SP – Brasil. Contanto com o apoio da escola de surfe

“aventura e movimento” conforme descrito no (APÊNDICE IV). O pesquisador neste

cenário foi o observador da “experiência vivida”, em que acompanhou todas as aulas,

estratégias e mediações que a professora responsável pela atividade estava ministrando.

Ao final de cada aula os sujeitos foram entrevistados com perguntas não

estruturadas (APÊNDICE I). Todas as entrevistas foram gravadas por meio de um “Ipad

mini 3”, sendo que após um prazo de cinco anos todas as gravações serão destruídas,

todos os dados foram transcritos na íntegra e serão apresentados a seguir.

O pesquisador fenomenológico busca em descrições organizadas a

experiência que foi vivida pelo sujeito. Tais características podem revelar indícios e

afirmações importantes sobre o fenômeno investigado, excluindo dados que não tenham

significado e sentido para a pesquisa (MARTINS; BICUDO, 2003).

Nessa perspectiva, busca-se compreender a experiência vivida pelos

participantes a partir das entrevistas, para que a percepção de cada um seja valorizada. Os

sujeitos foram entrevistados após as aulas de surfe com as questões: “conte-me como foi

a sua experiência na aula” e “quais emoções você sentiu durante a aula? Descreva o

máximo que puder”, questões estas desencadeadoras que dependendo da resposta do

sujeito era preciso buscar uma nova indagação para uma a formulação de um discurso de

sua experiência.

Todas as entrevistas foram transcritas exatamente da forma que aconteceram,

utilizou-se para o tratamento dos dados a análise de conteúdo com base na fundamentação

de Bardin (2011), dividida em três etapas:

A primeira fase é a “pré-análise” em que se realiza uma leitura flutuante da

entrevista. A primeira análise consiste em conhecer a entrevista, realizando uma imersão

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e projeção do pesquisador no discurso do sujeito. Essa fase é necessária constituir um

corpus. Os princípios dessa etapa, segundo Bardin (2011) são:

A- Leitura flutuante: Atividade que consiste em estabelecer os primeiros contatos

com as transcrições das entrevistas, realizando neste momento uma imersão nas

impressões e orientações. Neste momento, a função principal é formular hipóteses

que podem emergir da “experiência vivida”.

B- A escolha do documento: Em nosso caso será a transcrição da entrevista, que irá

auxiliar a formar a constituição do corpus que são um conjunto de documentos

que podem ser submetidos a procedimentos analíticos. Assim que escolhida a

entrevista, existem regras para a realização da pré-analise. Regra da exaustividade

que compõem a leitura exaustiva e completa da transcrição, não selecionando ou

descartando nada do discurso. A regra da representatividade que é a seleção de

uma amostragem que consiga representar de forma qualitativa um determinado

contexto ou situação, que em nosso caso são estudantes de EF vivenciando o surfe

pela primeira vez. A regra da homogeneidade em que as entrevistas devem

obedecer a critérios precisos de escolhas, por exemplo: As entrevistas devem

conter as mesmas perguntas desencadeadoras. Regra da pertinência é a que o

documento escolhido deve ser adequado ao objetivo e pergunta que norteia o

trabalho.

C- Formulação de uma hipótese e dos objetivos: propõe uma suposição, afirmação

ou questionamento de algo que será verificado por meio dos documentos. Pela

abordagem utilizada nesta pesquisa, não é possível formular uma hipótese uma

vez que vamos investigar a experiência vivida, por este fato, os procedimentos

utilizados serão exploratórios.

D- A retificação de índices e indicadores sobre o tema, objetivos e suposições:

descritos na (Figura 7), geralmente esses indicadores irão ser base para a

categorização e codificação dos dados do discurso.

E- A preparação do material: a organização da gravação das entrevistas feitas com

os 6 sujeitos, a sua transcrição e organização para a seleção de categorias e leitura

flutuante.

A segunda fase é a exploração do material, assim que os apontamentos da

pré–análise forem concluídos é realizado a administração sistemática das decisões

tomadas, em que as enumerações das unidades de significado começam a fazer parte da

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análise das transcrições das entrevistas, realizando o isolamento de unidades e o seu

agrupamento por categorias (BARDIN, 2011).

Na terceira fase desta análise os resultados brutos são tratados de maneira

significativa na busca da compreensão da experiência vivenciada pela amostra nas aulas

de surfe, nesta fase realiza-se as inferências qualitativas sobre o fenômeno investigado e

elaborando uma matriz, que tende a mapear e sintetizar as emoções sentidas durante a

prática do surfe, as ações que o sujeito tomou e também outros aspectos em seu discurso

que tenham relação com os objetivos deste trabalho (BARDIN, 2011).

Para realizar a análise de conteúdo dos depoimentos dos sujeitos, precisa-se

elaborar indicadores, neste sentido, são categorias estabelecidas a priori que irão auxiliar

no desenvolvimento de todo processo analítico, conforme exposto na Figura 7:

Figura 7. Indicadores para realização da análise de conteúdo (COSTA, 2008; DAMÁSIO,

2015; LAZARUS, 2000; SMITH; LAZARUS, 1990).

Nessa perspectiva, os resultados (entrevistas transcritas, unidade de

significado, codificação perfil ideográfico) foram organizados em quadros que se

encontram a seguir. Foram três aulas de surfe, em que as pessoas foram entrevistadas com

a utilização de questões abertas (APÊNDICE I).

Em relação à primeira entrevista, cada sujeito respondeu a todas as questões,

mas na segunda e terceira entrevistas o sujeito respondeu apenas as questões C, D e E.

Todas as entrevistas foram feitas de forma isolada dos outros sujeitos ou qualquer outra

Emoções

Medo

Percepção e ação perante a uma situação de perigo ou risco, relacionado a luta ou a fuga, mas principalmente em proteção fisica e moral

do sujeito.

Raiva

Estado de furia em relação a alguma coisa, a alguém

ou a falta de recursos.

Alegria

Percepção de progressos razoaveis em relação a uma meta ou objetivo, ligada a

relação de bem-estar.

Tristeza

Relação de percepção de perda de uma meta,

objeto.

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pessoa. As questões solicitavam ao indivíduo descrever o máximo possível sobre o

aspecto indagado.

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11. RESULTADOS

Os quadros de resultados estão organizados com os seguintes itens:

Dados do sujeito, pré-análise, seleção de unidades de significado,

categorização (Figura 7) e perfil ideográfico que tem como forma representar ideias

identificadas como unidades de significado.

Bardin (2014) menciona que a codificação corresponde a uma fase de

transformação que por recorte, fragmentação ou agrupamento nos permite alcançar uma

representação do conteúdo.

11.1 SUJEITO – 1

DADOS DA ENTREVISTA

Sujeito 1 Sexo: Masculino

Idade 19 3º Semestre - Bacharelado em EF

ANÁLISE

1º Entrevista:

Pesquisador: Fale sobre sua experiência anterior com qualquer tipo de atividades de aventura.

Mencione todas elas.

- Sim eu tenho experiência com skate se for considerado um esporte de aventura...é...

tirolesa...trilha e cachoeira já tive algumas experiências.

Pesquisador: Quanto tempo você praticou essas atividades?

- Não cheguei a ter uma prática regular, tirando o skate que prático pelo uma vez por semana, já

tá indo pra uns 6 meses que prático. Agora as outras atividades foram uma viagem fazer, mas não

voltei a fazer, não é uma coisa que não prático com regularidade.

Pesquisador: Quais emoções você sentiu ao praticar atividades de aventura?

- Senti, ¹primeiro fico um pouco perdido por ser uma coisa nova no surfe, mas você acaba se

sentido satisfeito quando você consegue um pouquinho, ficar em é um pouquinho, ²você fica

satisfeito com você mesmo, com cada evolução que você faz, ³acho que é bem legal, da um

sentimento bem legal.

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

- 4Foi gratificante! Eu sempre tive vontade de aprender, nunca tive oportunidade, pra mim

foi uma oportunidade muito legal. Fiquei muito animado com a ideia e i... i 5depois da aula

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me senti satisfeito como já disse com a minha pequena evolução para quem nunca tinha

conseguido surfar você ficar em pé é uma emoção bacana, é isso fiquei satisfeito.

Pesquisador: Você consegue descrever sua passagem na aula de uma forma detalhada.

- Como assim? Você disse o momento?

Pesquisador: Como que foi isso? Você teve o primeiro contato com o surfe agora, como que foi

esse primeiro contato? Desde o início da aula até a parte que você ficou em pé na prancha.

- Olha foi...6desde começo procurei prestar bastante atenção em todas orientações em que a

Professora passava pra gente, pra poder facilitar dentro da agua desde o momento que a

gente tava na areia ali. 7Procurei fazer tudo o que ela passou pra gente, para poder ficar na

agua e desempenhar com mais facilidade.

É... 8Foi difícil, não é fácil principalmente nas primeiras vezes não é fácil ficar em pé e ai foi

uma evolução pois eu consegui ficar em pé alguns segundos já, agora vamo ver ai para as

próximas aulas né.

Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso? Descreva o

melhor que você puder.

- 9Num primeiro momento a gente sente uma certa adrenalina por tá sendo a primeira vez,

uma empolgação bacana. I.… 10não sei como posso te descrever as emoções.

Pesquisador: Vamos pensar em uma situação, uma situação que você saiu rolando com a prancha.

Como foi isso?

- 11Você fica um pouco chateado né. Você quer ficar em pé! Eu fiquei um pouco chateado,

claro que faz parte, 12é levantar e tentar de novo.

Pesquisador: Dentro da aula teve um momento que você sentiu medo?

- Não, não porque eu gosto bastante de mar, estou acostumado a ficar no mar. Não com o surfe,

mas do mar não tenho muito medo, até mesmo porque a gente tava em um local raso, então não

deu para sentir medo.

Pesquisador: Tem alguma coisa que você tem a falar além disso?

- Da aula?

Pesquisador: Sim!

- 13Sim, a didática da professora é muito boa, ela acompanha legal a gente. Olha bem onde a

gente tá errando, para a gente poder melhorar.

2º Entrevista

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

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- 14Então nessa segunda aula a gente teve uma evolução da primeira aula. Teve mais noção,

15mais equilíbrio em cima da prancha, mais confiança no momento de entrar na onda, 16

acredito que não só eu mas como o grupo todo evoluiu neh!

- 17gostei até mais dessa segunda aula do que a primeira aula. Até porque depois a gente foi

um pouco mais fundo né. Teve umas ondas mais fortes e foi mais legal.

Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso? Descreva o

melhor que você puder.

- Acho que a emoção que mais me marcou, 18não sei se a adrenalina é considerada uma

emoção. 19Mas a emoção maior mesmo foi no momento em que a gente estava lá trás e eu

consegui pegar uma onda bem grande que foi até a ponta da praia. 20Eu fiquei muito feliz

por nunca ter praticado o esporte e ter conseguido evoluir, e foi uma sensação de adrenalina

bem forte e 21no final a felicidade né, de ter conseguido ficar satisfeito comigo mesmo.

Pesquisador: Você acha que tem mais algum ponto importante sobre as emoções neste cenário? A

gente pode pensar dentro da aula ou no momento que você falou sobre a onda muito forte, como

que foi isso?

- Para falar a verdade nesse segundo momento eu 22comecei a ter um pouquinho de medo, mas

por estarmos mais fundos, 23ao mesmo tempo sabia que sei nadar e que estávamos com os

professores.

- Mas começa a assustar um pouco que a agua já bate aqui no peito, então 24as vezes vem uma

onda um pouco mais alto então deu um pouquinho de medo, 25 veio um outro sentimento

que na primeira aula não existiu, mas na segunda aula já tive um pouquinho de medo.

Pesquisador: Existe algo que considera importante a ser falado?

- Eu acho que... que... é basicamente tudo o que tinha falado, da satisfação própria, por ter

conseguido é mais isso mesmo que tenho para destacar. Pela felicidade de uma coisa que sempre

quis fazer em toda minha vida e tá fazendo. É uma felicidade e uma satisfação própria por estar

fazendo.

3º Entrevista

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

- 26Foi ótima, com certeza foi as melhores pela evolução né, a ideia é cada aula que a gente

evolua um pouco mais.

Pesquisador: Que evolução foi essa? Você consegue descrever?

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- 27Evolução da técnica né, de poder aplicar melhor a técnica. 28Na nossa área é legal

entender isso, que nada funciona sem a técnica, na que você for fazer funciona sem a técnica,

isso para todos os esportes.

Pesquisador: Como foi sua passagem nessa terceira aula, do início até o término?

- Ela foi, foi, como posso dizer? Ela foi sequencial, teve uma evolução, não sei te descrever mas

teve uma linha, foi uma técnica de cada vez para poder chegar em pé e chegar em um resultado.

Pesquisador: O que você acha que você aprendeu nessa aula?

- Nessa terceira, a Professora ensinou a gente a fazer a curva, a conseguir para um lado e para o

outro.

- Eu apliquei e realmente quando você vira mais o corpo você consegue meio que fazer uma

curva.

Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso? Descreva o

melhor que você puder.

- Foram as mesmas emoções, mais ou menos das aulas anteriores, aquela emoção de se

conseguir, 29mais não foi tanto quanto a segunda aula por exemplo:

- Não segunda não tinha conseguido ainda, 30você conseguir a primeira vez é mais

emocionante que depois, mas mesmo assim sentimento satisfação, de felicidade por ter

conseguido.

Pesquisador: Você consegue apontar isso em quais momentos da aula sentiu essa satisfação?

- 31Com certeza são os momentos que você está em pé na onda. Com certeza esse é o melhor

momento.

Pesquisador: Quando você não consegue pegar a onda?

- 32Você fica um pouco frustrado né, mas você tem saber que faz parte né, não pode, não

pode... ficar triste porque faz parte.

Pesquisador: Se você caísse o que faria?

- 33Ah! Levanto e vamo de novo, o que não pode é ficar lamentando.

Pesquisador: Tem mais alguma coisa que você consegue apontar de importante nessa ultima

aula?

- AH! Assim como já disse quando se aplica as técnicas corretas você consegue fazer tudo. Acho

que isso é o mais importante, aplicando exatamente o que é passado, você consegue!

Pesquisador: Das últimas três aulas, existe algum ponto que te marcou mais?

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- Sim, que na segunda aula o ponto de ter saído do nada e ter conseguido. Ter conseguido pegar

uma onda, acho que isso ai foi o mais marcante pra mim. Foi o mais marcante porque por não

saber nada antes, por exemplo na primeira aula nunca ter tido o contato e depois foi marcante.

Pesquisador: Das últimas três aulas que emoções você acha que sentiu?

- Na primeira, é... 34Mais especifico na segunda, que o momento de medo, um pouquinho de

medo. Como eu tinha comentando no momento em que a gente foi mais para o fundo. Mas

também foi pouco, felicidade, com certeza satisfação, adrenalina, sentimento de, de gratificação

própria, felicidade própria. Só isso mesmo.

INTERPRETAÇÃO

1º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE

SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO

NA LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

1 [...] primeiro fico um pouco perdido

por ser uma coisa nova no surfe [...]

Reconhecimento de uma atividade

nova.

2 [...] você fica satisfeito com você

mesmo, com cada evolução que

você faz [...]

Alegria e satisfação por sua evolução

na atividade.

3 [...]acho que é bem legal, dá um

sentimento bem legal.

Alegria/Felicidade na relação de

bem-estar durante a atividade.

4 Foi gratificante! Eu sempre tive

vontade de aprender, nunca tive

oportunidade, pra mim foi uma

oportunidade muito legal.

Alegria e gratidão pela participação

na aula.

5 [...] depois da aula me senti

satisfeito como já disse com a

minha pequena evolução para quem

nunca tinha conseguido surfar você

ficar em pé é uma emoção bacana

Alegria/Felicidade em relação ao

conhecimento que possuía e o

desempenho realizado na aula.

6 [...] desde começo procurei prestar

bastante atenção em todas

orientações em que a Professora

passava pra gente, pra poder

facilitar dentro da agua desde o

momento que a gente tava na areia

[...]

Mediação da professora no auxilio no

desenvolvimento recursos de

enfrentamento.

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7 Procurei fazer tudo o que ela passou

pra gente, para poder ficar na agua

e desempenhar com mais

facilidade.

Utilização das instruções da

professora para enfrentar a situação.

8 Foi difícil, não é fácil

principalmente nas primeiras vezes

não é fácil ficar em pé e aí foi uma

evolução pois eu consegui ficar em

pé alguns segundos [...]

Reconhecimento da complexidade

da prática.

9 Num primeiro momento a gente

sente uma certa adrenalina por tá

sendo a primeira vez, uma

empolgação bacana.

Alegria por realizar uma atividade

que lhe proporciona bem-estar.

10 [..] não sei como posso te descrever

as emoções.

Dificuldade no reconhecimento das

emoções.

11 Você fica um pouco chateado né.

Você quer ficar em pé! Eu fiquei

um pouco chateado, claro que faz

parte [...]

Tristeza pela falta de existo no drop.

12 [...] é levantar e tentar de novo. Enfrentamento da situação.

13 Sim, a didática da professora é

muito boa, ela acompanha legal a

gente

Didática do tutor influenciou na

percepção do sujeito sobre a

atividade.

2º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE

SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO

NA LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

14 Então nessa segunda aula a gente

teve uma evolução da primeira

aula.

Alegria/felicidade em relação ao

progresso dentro da atividade.

15 [...] mais equilíbrio em cima da

prancha, mais confiança no

momento de entrar na onda [...]

Reconhecimento das técnicas e dos

momentos

16 [...] acredito que não só eu, mas

como o grupo todo evoluiu [...]

Avaliação da aprendizagem e

desempenho do grupo.

17 [...] gostei até mais dessa segunda

aula do que a primeira aula. Até

porque depois a gente foi um pouco

mais fundo né. Teve umas ondas

mais fortes e foi mais legal.

Alegria/ Felicidade nas questões do

aumento da dificuldade da aula.

18 [...] não sei se a adrenalina é

considerada uma emoção.

Não descrever a emoção.

19 Mas a emoção maior mesmo foi no

momento em que a gente estava lá

trás e eu consegui pegar uma onda

bem grande que foi até a ponta da

praia.

Alegria/felicidade de pegar uma

onda forte.

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20 Eu fiquei muito feliz por nunca ter

praticado o esporte e ter conseguido

evoluir

Alegria/felicidade a partir de um

desempenho positivo na aula.

21 [...] no final a felicidade né, de ter

conseguido ficar satisfeito comigo

mesmo.

Alegria e satisfação pela realização

do drop.

22 [...] comecei a ter um pouquinho de

medo, mas por estarmos mais

fundos [...]

Medo em relação a profundidade.

23 [...] ao mesmo tempo sabia que sei

nadar e que estávamos com os

professores.

Estratégia de enfrentamento pautada

em experiências anteriores e no

professor.

24 [...] as vezes vem uma onda um

pouco mais alto então deu um

pouquinho de medo

Medo de ondas fortes.

25 [...] veio um outro sentimento que

na primeira aula não existiu, mas na

segunda aula já tive um pouquinho

de medo.

Maior percepção de medo na

segunda aula.

3º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE

SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO

NA LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

26 Foi ótima, com certeza foi as

melhores pela evolução [..,]

Alegria/felicidade em relação ao

desempenho.

27 Evolução da técnica né, de poder

aplicar melhor a técnica [...]

Reconhecimento das técnicas e sua

aplicabilidade.

28 Na nossa área é legal entender isso,

que nada funciona sem a técnica

Interesse na técnica com a EF.

29 [...] mais não foi tanto quanto a

segunda aula por exemplo [...]

Maior percepção de medo na

segunda aula.

30 [...] você conseguir a primeira vez é

mais emocionante que depois, mas

mesmo assim sentimento

satisfação, de felicidade por ter

conseguido.

Alegria/felicidade em relação ao

êxito.

31 Com certeza são os momentos que

você está em pé na onda.

O momento de maior felicidade é o

drop.

32 Você fica um pouco frustrado né,

mas você tem que saber que faz

parte né, não pode, não pode... ficar

triste porque faz parte.

Tristeza e frustração pela falta de

êxito.

33 Ah! Levanto e vamo de novo, o que

não pode é ficar lamentando.

Estratégia de enfrentamento focada

na emoção.

PERFIL IDEOGRÁFICO: ANÁLISE DO SUJEITO

O sujeito participou das três aulas. No início demostrou um sentimento de preocupação

em relação a experiência inédita, mencionando que não é fácil as primeiras vezes,

conforme foi praticando manifestou emoções positivas em relação a alegria, felicidade

por ter participado da aula, em relação ao sentimento de bem-estar que foi fruto da

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experiência prática, alegria por causa do seu progresso e experiências positivas durante

as aulas, por conta do aumento da dificuldade, alegria no momento de execução do drop.

Tristeza e frustração pela falta de não conseguir executar o drop. Medo de cair no

momento do drop, medo do mar na segunda aula por conta do aumento da profundidade.

Apresenta dificuldade em descrever como que foi passar por cada emoção durante a

aula. Dentro dos recursos de enfrentamento considerou a professora e sua didática como

auxilio em sua aprendizagem. Buscou recursos de enfrentamento da situação na

professora, em suas habilidades e na evolução do grupo. Relacionou o seu

desenvolvimento técnico com a atuação em EF, destacando que é importante o

profissional ter um conhecimento técnico do esporte.

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11.2 SUJEITO – 2

DADOS DA ENTREVISTA

Sujeito 2 Sexo: Feminino

Idade 23 3º Semestre - Bacharelado em EF

ANÁLISE

1º Entrevista:

Pesquisador: Fale sobre sua experiência anterior com qualquer tipo de atividades de

aventura. Mencione todas elas.

- Qualquer tipo? Já tive, já fiz sabe aqueles arvorismo e você vai andando em um fio

e depois desce de tirolesa. De aventura só tem isso, nunca fiz surfe só esse mesmo.

Pesquisador: Quanto tempo você praticou essas atividades?

- Em viagens, não era uma rotina.

Pesquisador: Quais emoções você sentiu ao praticar atividades de aventura?

- Foi adrenalina, é aquela coisa de querer chegar logo e passar logo por aquele

obstáculo. Medo eu não senti, foi mais uma adrenalina e terminar logo.

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

- Foi muito boa, 1foi muito boa porque senti vontade de fazer aula de surfe, queria

comprar prancha e essa primeira experiência foi muito boa.

- Eu quero fazer mais. Ter mais esse tipo de experiência.

Pesquisador: Você consegue descrever sua passagem na aula de uma forma detalhada.

- 2No momento que consegui subir na prancha comecei a sentir leveza, a sensação

de querer mais de querer fazer mais, não largar mais a prancha e fazer. I foi uma

experiência muito boa, 3porque eu adoro o mar, então juntei o mar e com esse

esporte que é o surfe. Então pra mim foi uma das melhores experiências que tive

na vida. Uma das melhores!

Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?

Descreva o melhor que você puder.

- 4Na parte de subir, na de ficar em pé. Da uma emoção, porque você não está

vendo só a frente, você tem que ir rápido trocar o pé e manter o equilíbrio. Então essa

parte é a mais emocionante, e quando você está em pé, você só precisa de controle.

5Mas a parte de ficar em pé é a mais emocionante.

Pesquisador: Que emoção você acha que teve nesse momento?

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- 6A emoção, não sei descrever. 7Mas é aquela emoção de agora ou nunca, agora

eu levanto, eu tenho que levantar ou caio.

Pesquisador: Você levantou ou caiu?

- Levantei! E depois eu cai. Minha experiência toda vez que eu ia e a onda me

empurrava... ondão e a prancha pegava mais velocidade e ia chegando mais perto da

areia. 8Eu tinha que lembrar a posição da mão, para poder subir rápido e poder

colocar o pé, pé esquerdo e pé direito atrás. Essa parte é a mais emocionante, é

quando o objetivo do surfe é você ficar em pé. Seu objetivo é ficar em pé, você tem

que chegar no objetivo. Então essa é a parte na minha opinião a mais emocionante,

pois se você errar o trabalho todo vai por agua abaixo. Aí você tem que pegar a prancha

de novo e pegar outra onda para ficar em pé de novo.

Pesquisador: Dentro das perguntas que fizemos, existe algo a mais que queira falar?

- Eu tive a experiência com surfe, quero ter várias outras com esportes radicais. Porque

essa foi minha primeira experiência e 9quero me especializar mais no surfe sempre

foi meu sonho.

2º Entrevista:

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

- 10Na segunda aula minha experiência foi melhor, porque a professora me levou

em um estágio mais avançado, que era mais fundo onde a onda é mais rápida,

quebra mais rápido. Você tem que ter mais agilidade para poder ficar em pé na

prancha quando você está no fundo, então essa eu achei legal, melhor do que a primeira

experiência, eu achei mais emocionante.

Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?

Descreva o melhor que você puder.

- Teve uma mistura, porque teve... eu senti, 11aquele sentimento de vitória, quando

você conseguiu ficar em pé na prancha porque era difícil, como 12era fundo não

dava pé pra mim e a onda vinha e me cobria. 13Eu tinha que fazer mais coisa,

tinha que remar, até senti um pouco de medo. Só que ai na hora de levantar que eu

consegui eu fiquei com aquela 14satisfação de vitória por ser um grau mais difícil

do que na primeira aula.

Pesquisador: Tem algum momento que te marcou mais nessa aula?

- Pode ser um ou dois?

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Pesquisador: Pode ser quantos você achar melhor.

- 15O que me marcou foram os “caldos” que tomei, como o grau era mais difícil

na hora que ia levantar eu colocava o corpo mais para frente e a prancha acabava

imbicando e eu caia.

16E a segunda que me marcou foi quando eu consegui dominar a prancha e

levantar e ir até o fim.

Pesquisador: Que emoções você acha que sentiu nesse momento?

- Não vou falar medo, 17a tipo fiquei com medo. Mas estava com um pouco de

receio, como a onda me cobria, então você via. No caso que tomei esse caldo a onda

me cobriu e logo em seguida veio outra, se eu não soubesse nadar ou fosse qualquer

outro tipo de pessoa... ai eu senti um pouco de receio.

Pesquisador: Tem mais alguma coisa a ser falada sobre essa aula?

- Tem! Porque assim, é ... 18foi um grau de dificuldade bem maior que a primeira

e eu consegui fazer. Então 19a aula foi muito importante para meu desempenho,

quer dizer que eu evolui.

Pesquisador: Como que foi essa evolução?

- 20Na primeira aula não tive medo, não tinha que trabalhar muito era aquela

ondinha. Agora já nessa segunda aula tive que remar, tive os momentos certos de

subir, tinha o lugar para pôr o pé, a onde controlar meu corpo. Como gosto de desafio

a segunda foi melhor do que a primeira.

Pesquisador: Mais alguma coisa?

- Pode ser um fato que aconteceu comigo?

Pesquisador: Pode.

- Assim, sempre gostei de mar, mas quando eu tinha uns 8- 9 anos eu fui para Ubatuba

e estava tendo ondas de um metro, dois metros lá. 21Em uma dessas eu tomei um

“caldo”, acho que o medo que não tenho de onda é por conta disso. Porque ao

invés de ter o trauma acabou que eu perdi o medo, por isso acho que tenho mais

facilidade para aprender o surfe.

3º Entrevista:

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

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- 22Foi uma experiência muito melhor do que as outras duas, porque é... Eu já

consegui pegar uma onda sozinha já! 23Com a ajuda do professor, mas eu mesma

remando, então foi muito gratificante.

Pesquisador: Você consegue descrever como foi a sua trajetória na aula?

- Consigo! Primeiro peguei uma prancha bem mais pesada do que eu, ah! É difícil de

carregar mas mesmo assim é... já peguei mais o jeito de segurar na ponta da prancha,

de passar nas ondas, de remar mais rápido, de subir mais rápido, de levantar na hora

certa.

- Que nessa última aula a prancha só imbicou uma vez diferente das outras e eu

consegui pegar uma onda sozinha, subi, remei sem o auxílio de ninguém. 24Foi minha

primeira onda sozinha.

Pesquisador: Você conseguiu fazer isso mais vezes?

- Consegui! Umas duas vezes.

Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?

Descreva o melhor que você puder.

- Essa última aula a gente foi pro fundo de novo. 25Então senti um poquinho de receio

e medo porque a onda estava cobrindo muito, a onda tava quebrando muito em cima

ai fiquei com um pouco de receio, 26fiquei com mais satisfação na hora que consegui

pegar a onda sozinha, subir na prancha sozinha.

Pesquisador: Como foi esse sentimento de satisfação?

- É que é tudo muito rápido, é questão de segundo. Ou você sobe ou você cai. Não tem

essa!

Quando se tá, quando você pega a onda, se remo e se pega a onda. Ai se tá vendo a

ponta da prancha, a agua espirrando, se ela afundar mais um pouquinho já era, você

tem que subir agora e se subir correndo pode cair.

- 27Então é emoção é tipo ah! Tem que ser rápido! Ai se você conseguir tem

satisfação e se não conseguir tem que tentar de novo, fica um tipo de frustação.

28Bem frustrante porque você é só subir e você acaba caindo, ai é muito

frustrante. Aí você tem que ir pegar a prancha e fazer tudo de novo. Ai quebra mais

onda em você, aí você tem que ir voltando. Então é essas duas coisas, se você cair é

frustrante e 29se você conseguir subir é... você fica satisfeito, fica feliz e ainda quer

mais.

Pesquisador: Tem mais alguma coisa que você importante ser falado dessa aula?

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- Tomei uma pranchada! (risada)

Pesquisador: Como foi isso?

- A prancha imbicou, aí eu cai ela caiu. Eu protegi minha cabeça, mas ela caiu na

cabeça e bateu na minha boca, mas foi de boa. É porque a onda foi forte demais neh!

Pesquisador: Você continuou a aula?

- 30Continuei, depois que eu cai, peguei fui pedir ajuda para professora, ai ela me

ajudou e eu consegui subir.

Pesquisador: Das últimas três aulas, o que mais te marcou?

- A questão de subir e ficar em pé na prancha.

Pesquisador: Como foi isso?

- Isso é, legal neh! Como se fosse uma superação. Você fazer um negócio que não é

fácil e você conseguir fazer. Se fica olhando para o bico da prancha e se vê a água

espirrando do lado, é bem legal a visão.

Pesquisador: Dentro dessas três aulas quais emoções você acha que foram sentidas?

- Satisfação, felicidade, descontraída, momento frustrante de quando eu cai neh, más

faz parte.

Pesquisador: Você consegue pontuar isso em alguns momentos?

- Quando eu caio, quando eu consegui subir e cai. Tomando um caldo e quando a hora

que você tem que pegar a prancha e voltar tudo de novo até o fundo, é meio trabalhoso.

Eu quero fazer mais vezes esse surfe.

INTERPRETAÇÃO

1º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES

DE SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO NA

LINGUAGEM DO PESQUISADOR

1 [...] foi muito boa porque senti

vontade de fazer aula de surfe

[...]

Alegria em relação a expectativa das

próximas aulas.

2 No momento que consegui

subir na prancha comecei a

sentir leveza, a sensação de

querer mais de querer fazer

mais, não largar mais a prancha

e fazer.

Alegria/felicidade ligados na realização

do drop.

3 [...] porque eu adoro o mar,

então juntei o mar e com esse

Alegria e bem-estar por gostar do mar.

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esporte que é o surfe. Então pra

mim foi uma das melhores

experiências que tive na vida.

4 Na parte de subir, na de ficar

em pé. Da uma emoção, porque

você não está vendo só a frente

[...]

Não consegue descrever a emoção que

sentiu no drop.

5 Mas a parte de ficar em pé é a

mais emocionante.

Drop como parte mais marcante de

forma positiva.

6 A emoção, não sei descrever. Não consegue descrever as emoções.

7 Mas é aquela emoção de agora

ou nunca, agora eu levanto, eu

tenho que levantar ou caio.

Processo de enfrentamento durante a

realização do drop.

8 Eu tinha que lembrar a posição

da mão, para poder subir

rápido e poder colocar o pé, pé

esquerdo e pé direito atrás.

Essa parte é a mais

emocionante[...]

Alegria/Felicidade na realização do

drop.

9 [...] quero me especializar mais

no surfe sempre foi meu sonho.

Surfe como possibilidade para atuação.

2º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES

DE SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO NA

LINGUAGEM DO PESQUISADOR

10 Na segunda aula minha

experiência foi melhor, porque

a professora me levou em um

estágio mais avançado, que era

mais fundo onde a onda é mais

rápida, quebra mais rápido.

Avaliação da maior dificuldade da aula.

11 [...] aquele sentimento de

vitória, quando você conseguiu

ficar em pé na prancha porque

era difícil,

Alegria na realização do drop.

12 [...] era fundo não dava pé pra

mim e a onda vinha e me

cobria.

Reconhecendo o dos riscos do

ambiente.

13 Eu tinha que fazer mais coisa,

tinha que remar, até senti um

pouco de medo.

Medo e o processo de enfrentamento por

meio das técnicas.

14 [...] satisfação de vitória por ser

um grau mais difícil do que na

primeira aula.

Alegria e satisfação por ter superado

uma situação.

15 O que me marcou foram os

“caldos” que tomei, como o

grau era mais difícil [...]

As quedas como fonte geradora de

dificuldade.

16 E a segunda que me marcou foi

quando eu consegui dominar a

Momento marcante foi a realização do

drop.

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prancha e levantar e ir até o

fim.

17 [...] a tipo fiquei com medo.

Mas estava com um pouco de

receio, como a onda me cobria,

Medo e receio de ondas fortes.

18 [...] foi um grau de dificuldade

bem maior que a primeira e eu

consegui fazer.

Reconhecimento da dificuldade e da

situação que enfrentou.

19 [...] a aula foi muito importante

para meu desempenho, quer

dizer que eu evolui.

Reconhecimento da dificuldade, porém

que auxiliou no seu desempenho.

20 Na primeira aula não tive

medo, não tinha que trabalhar

muito era aquela ondinha.

Não teve medo na primeira aula.

21 Em uma dessas eu tomei um

“caldo”, acho que o medo que

não tenho de onda é por conta

disso. Porque ao invés de ter o

trauma acabou que eu perdi o

medo, por isso acho que tenho

mais facilidade para aprender o

surfe.

Recursos de enfrentamento ligados a

experiência de vida.

3º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES

DE SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO NA

LINGUAGEM DO PESQUISADOR

22 Foi uma experiência muito

melhor do que as outras duas,

Reconhecimento da experiência como

positiva.

23 Com a ajuda do professor, mas

eu mesma remando, então foi

muito gratificante.

Reconhecimento da influência da

mediação do professor.

24 Foi minha primeira onda

sozinha.

Primeira experiência com autonomia.

25 Então senti um pouquinho de

receio e medo porque a onda

estava cobrindo muito [...]

Medo e receio das quedas na realização

do drop.

26 [...] fiquei com mais satisfação

na hora que consegui pegar a

onda sozinha, subir na prancha

sozinha.

Alegria e satisfação na realização drop

com autonomia.

27 Então é emoção é tipo ah! Tem

que ser rápido! Ai se você

conseguir tem satisfação e se

não conseguir tem que tentar

de novo,

Enfrentamento focado na emoção

durante as fases de tentativa e erro.

28 Bem frustrante porque você é

só subir e você acaba caindo, ai

é muito frustrante.

Tristeza por frustração nas falhas do

drop.

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29 [...] se você conseguir subir é...

você fica satisfeito, fica feliz e

ainda quer mais.

Alegria e felicidade quando consegue

realizar o drop.

30 Continuei, depois que eu cai,

peguei fui pedir ajuda para

professora, ai ela me ajudou e

eu consegui subir.

Mediação do professor no auxílio de

recursos de enfrentamento.

PERFIL IDEOGRÁFICO: ANÁLISE DO SUJEITO

O sujeito conseguiu participar das três aulas, em seu discurso relatou mais emoções

positivas do que negativas. Mostrando a forma que enfrentou a situação com suas

experiências passadas, com a ajuda do professor e da forma em que dava significado

a situação. Nos momentos que não tinha recursos, solicitava o auxílio do professor

para melhorar o seu desempenho. Em relação às emoções, sentiu medo, alegria e

felicidade em na relação de tentativa e erro dos momentos do drop, a aula que lhe

causou mais medo foi a segunda, por conta da avaliação do contexto e de suas

habilidades a última aula foi a que considerou como a melhor de todas.

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11.3 SUJEITO – 3

DADOS DA ENTREVISTA

Sujeito 3 Sexo: Feminino

Idade 19 3º Semestre - Bacharelado em EF

ANÁLISE

1º Entrevista

Pesquisador: Fale sobre sua experiência anterior com qualquer tipo de atividades de

aventura. Mencione todas elas.

- Nunca! Nem saia de casa.

Pesquisador: Quais emoções você sentiu ao praticar atividades de aventura?

- 1Nossa muito bom! Não tem explicação.

Pesquisador: Descreva como foi esse muito bom?

- Sei lá! 2Maior sensação é muito bom, não sei explicar é uma emoção. Medo, tudo

e mais um pouco. 3Um medo ai eu não sei explicar.

Pesquisador: Vamos pensar do início da aula até o final, tente descrever como foi isso.

- 4eu não sei explicar.

Aí depois veio uma emoção. 5Ai depois foi bom!

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

- Aí não sei explicar, 6foi uma situação boa pra mim e tranquilo. Não sei explicar

como foi minha experiência na aula. 7Eu me surpreendi, foi demais! Eu não sei

explicar.

Pesquisador: Você consegue descrever sua passagem na aula de uma forma detalhada.

- Foi uma boa experiência, como medo, foi um medo neh, mas eu enfrentei o medo,

8enfrentei o medo metendo as caras com a ajuda da professora.

2º Entrevista

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

- 9Não foi muito boa!

Pesquisador: Como ela não foi muito boa?

- Ai! 10Acho que por causa que eu caí, não quis fazer mais nada, não me desenvolvi

muito nessa daí.

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- 11Passei só raiva, só isso. 12Não queria mais fazer atividade, sei lá fiquei com

medo.

Pesquisador: Medo do que?

- 13Cair de novo, de me machucar, machucar o outro joelho.

Pesquisador: você pensou em superar essa situação?

- 14É eu tentei, fui umas duas vezes com a professora.

Pesquisador: Como foi essas duas vezes?

- Mais ou menos, não foi tão. Poderia ter sido melhor, mas não foi.

Pesquisador: Porque você acha que ela não foi tão boa?

- 15Porque eu não mostrei muito interesse, não fiz por onde. Foi mais por mim mesmo,

não foi pela aula. A aula é muito boa, foi por mim mesmo.

Pesquisador: O que você acha que te levou a fazer isso?

- A o medo!

Pesquisador: Conseguiria falar mais sobre esse medo?

- Não só isso!

Pesquisador: Tirando o medo teve alguma outra emoção que você sentiu?

- Ah! 16Antes de eu cair uma adrenalina com a onda e depois que cai só medo e

raiva.

3º Entrevista:

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

- Foi melhor neh! Igual a de ontem em que eu fiquei com medo. 16Mas ai eu já

enfrentei o medo. 17Por causa que cai, fui bem melhor, achei que fui bem melhor

que as outras. 18Me esforcei bem mais e consegui pegar três ondas.

Pesquisador: Fale como foi a trajetória dessa aula, do início até o final.

- 19Medo, depois eu consegui, depois eu enfrentar e foi muito bom.

Pesquisador: Como que você fez isso?

- Eu fui, fui andando, foi tranquilo, eu peguei a prancha e foi.

Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?

Descreva o melhor que você puder.

- 20No momento da onda, um frio na barriga.

Pesquisador: Qual momento da onda?

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- No momento em que estava em pé e deitada na prancha e a onda vinha e eu soltada.

Na hora de ficar em pé, meu Deus! (risadas).

Pesquisador: Como foi ficar em pé?

- 21Foi bom, sei la tive medo.

Pesquisador: Das ultimas três aulas o que mais te marcou?

- O joelho, o tombo!

Pesquisador: Como que foi esse tombo?

- Fui ruim. Foi ruim.

Pesquisador: Por conta dele você não quis fazer mais a segunda aula?

- Ontem não neh, mas hoje já fui.

Pesquisador: Tirando o tombo, tem algum outro momento que você achou importante?

- 22 Ficar em pé na prancha.

Pesquisador: Das últimas três aulas o que você acha que foi sentindo?

- Ah! Fui praticando mais, aprendendo mais.

- Sei lá! Uma aventura, tudo e mais um pouco.

Pesquisador: Que emoções você acha que sentiu nas aulas?

- Todas!

Pesquisador: Consegue mencionar algumas?

- 23medo, alegria, não sei descrever.

Pesquisador: Existe algo de importante que você deseja comentar?

- Não!

INTERPRETAÇÃO

1º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE

SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO NA

LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

1 Nossa muito bom! Alegria por participar da sala.

2 Maior sensação é muito bom, não

sei explicar é uma emoção. Medo,

tudo e mais um pouco.

Sensação de bem-estar e medo.

3 Um medo aí eu não sei explicar Medo, mas não sabe descrever a

emoção.

4 [...] eu não sei explicar. Não consegue descrever as emoções.

5 Ai depois foi bom! Alegria, sem descrição.

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6 [...] foi uma situação boa pra mim

e tranquilo.

Reavaliação do medo pós experiência.

A percepção é positiva.

7 Eu me surpreendi, foi demais! Surpresa com o próprio desempenho.

8 [...] enfrentei o medo metendo as

caras com a ajuda da professora.

Enfrentamento do medo com a

mediação do professor.

2º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE

SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO NA

LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

9 Não foi muito boa! Experiência foi negativa.

10 Acho que por causa que eu caí,

não quis fazer mais nada [...]

Tristeza por conta de queda no drop.

11 Passei só raiva [...] Raiva por conta da falta de êxito.

12 Não queria mais fazer atividade,

sei lá fiquei com medo.

Ficou com medo de realizar a

atividade.

13 Cair de novo, de me machucar,

machucar o outro joelho.

Medo de cair e de se machucar.

14 É eu tentei, fui umas duas vezes

com a professora.

Enfrentamento com o auxiliado da

mediação da professora.

15 Porque eu não mostrei muito

interesse [...]

O medo como inibidor da ação.

16 Antes de eu cair uma adrenalina

com a onda e depois que cai só

medo e raiva.

Durante o drop uma sensação de

alegria, na queda sentiu medo e raiva.

3º ENTREVISTA

CÓDIGOS UNIDADES DO CONTEXTO

UNIDADE DE SIGNIFICADO NA

LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

17 Por causa que cai, fui bem melhor,

achei que fui bem melhor que as

outras.

Enfrentamento com recursos da

experiência negativa passada.

18 Me esforcei bem mais e consegui

pegar três ondas.

Execução do drop positiva.

19 Medo, depois eu consegui, depois

eu enfrentar e foi muito bom.

Depois do enfrentamento do medo a

experiência foi positiva.

20 No momento da onda, um frio na

barriga [...]

Medo no momento do início do drop.

21 Foi bom, sei lá tive medo. Alegria e medo durante a realização da

atividade.

22 Ficar em pé na prancha. Alegria no momento de realizar o

drop.

23 [...] medo, alegria, não sei

descrever.

Sentiu medo e alegria, mas não sabe

como descrever essas emoções.

PERFIL IDEOGRÁFICO: ANÁLISE DO SUJEITO

O sujeito participou de todas as aulas, porém na segunda aula caiu no momento em que

realizava o drop tendo algumas escoriações leves no joelho. Manifestou emoções

positivas e negativas, mas apresenta dificuldade em descreve-las. O coping direcionado

ao professor e a emoção. As emoções manifestas e descritas foram alegria/felicidade

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por participar de uma experiência inédita, alegria por conseguir realizar o drop, raiva

por conta da falta de sucesso na execução da habilidade, medo de cair na execução do

drop. Mesmo com a ajuda da professora na segunda aula o sujeito não quis realizar mais

a prática. Menciona os momentos que sentiu a emoção, mas tem dificuldade em

descrever como foi a experiência emocional.

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11.4 SUJEITO – 4

DADOS DA ENTREVISTA

Sujeito 4 Sexo: Feminino

Idade 19 3º Semestre - Bacharelado em EF

ANÁLISE

1º Entrevista:

Pesquisador: Fale sobre sua experiência anterior com qualquer tipo de atividades de

aventura. Mencione todas elas.

- Não, nunca fiz nada.

Pesquisador: Quais emoções você sentiu ao praticar atividades de aventura?

- Foi uma experiência nova. Que 1no começo foi meio difícil porque tinha medo de

mar. 2Tipo depois fui perdendo o medo e fui conseguindo. É isso.

Pesquisador: Como foi perder esse medo?

- Ah professor não sei explicar não.

Pesquisador: Em que momento da aula você teve essa emoção?

- 3Então eu fiquei mais confiante, que foi a primeira vez que tentei e já consegui

ficar de pé na prancha aí eu já fiquei mais confiante.

Pesquisador: Teve um momento que você saiu e voltou, como foi isso?

- Teve um momento que sai, porque tinha engolido muita agua. 4Senti medo assim

que eu entrei, que a gente não sabe de nada.

Pesquisador: Como foi esse começo?

- 5Professor não sei explicar isso não.

Pesquisador: Em que parte da aula que você teve medo?

- 6Na primeira vez que subi na prancha.

Pesquisador: Foi no momento que você que subi na prancha?

- Eu continue praticando mais não sei descrever o porquê.

Pesquisador: Você ficou com medo de ficar em pé na prancha, como que foi continuar?

- 7Eu continue porque eu consegui ficar em pé. Ai já falei eu consigo e por isso irei

tentar mais vezes. 8Das outras veze eu não consegui fui caindo, mais ai perdi mais

o medo também, caindo.

Pesquisador: Tem mais alguma coisa que você acha que pode ser comentada?

- Sei lá! Não sei.

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Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

- Foi uma experiência nova. 9Que no começo foi meio difícil porque tinha medo de

mar. Tipo depois fui perdendo o medo e fui conseguindo. É isso.

Pesquisador: Você consegue descrever sua passagem na aula de uma forma detalhada.

- Não

2º Entrevista:

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

- Achei que foi melhor do que a primeira, 10porque na primeira eu fiquei muito

nervoso e na segunda eu consegui fazer melhor as manobras.

Pesquisador: Você consegue descrever o que você acha que melhorou?

- 11Consegui ficar mais vezes em pé na prancha. Na primeira só consegui ficar uma

vez.

Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?

Descreva o melhor que você puder.

- Adrenalina.

Pesquisador: Em que momento?

- No momento em que sobe na prancha.

Pesquisador: Só adrenalina? Você acha que tinha alguma coisa a mais?

- Não.

Pesquisador: Consegue descrever essa sensação de adrenalina?

- 12Sei lá professor, eu gostei.

Pesquisador: Pensa lá na aula, do início até o final;

- Sei lá! Professor, eu gostei! 13Estava, mais com medo de cair.

Pesquisador: Tem mais alguma coisa que você gostaria de acrescentar?

- Não!

3º Entrevista:

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

- Foi a mesma coisa professor, só que eu consegui pegar onda bem melhor. Foi normal

pegar onda, não é tão difícil quanto parece. Só é difícil ficar em pé na prancha.

Pesquisador: Tenta contar isso pra mim;

- 14 A professor já contei desde a primeira vez, sei lá!

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Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?

Descreva o melhor que você puder.

- As mesmas, já falei que foi adrenalina e medo. 15Adrenalina e medo na mesma

hora quando você está em pé na prancha. Adrenalina quando você está indo e

medo na hora de cair.

Pesquisador: Quando você cai o que você faz?

- Prendia a respiração subia de novo e voltava a surfar.

Pesquisador: Das últimas três aulas o que mais te marcou?

- Essa última onda.

Pesquisador: Como que foi ela?

- Sei la! Só sei que peguei a onda, achei ela maior.

Pesquisador: Durante as três aulas que emoções sentiu?

- Adrenalina e medo. 16Na hora de entrar no mar, tenho medo de bicho.

INTERPRETAÇÃO

1º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES

DE SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO

NA LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

1 [...] no começo foi meio difícil

porque tinha medo de mar.

Medo do mar.

2 Tipo depois fui perdendo o

medo e fui conseguindo.

Reavaliação da emoção, perante ao

desenvolvimento de recursos de

enfrentamento.

3 Então eu fiquei mais confiante,

que foi a primeira vez que tentei

e já consegui ficar de pé na

prancha aí eu já fiquei mais

confiante.

Recurso de enfrentamento diante a

primeira experiência com êxito.

4 Senti medo assim que eu entrei,

que a gente não sabe de nada.

Medo pela falta de recursos.

5 Professor não sei explicar isso

não.

Não sabe descrever as emoções.

6 Pesquisador: Em que parte da

aula que você teve medo?

- Na primeira vez que subi na

prancha.

Medo na primeira vez que realizou

o drop.

7 Eu continue porque eu consegui

ficar em pé. Ai já falei eu

Recurso de enfrentamento

derivado de uma experiência

positiva.

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consigo e por isso irei tentar

mais

8 Das outras veze eu não consegui

fui caindo, mais aí perdi mais o

medo também, caindo.

Mudança de significado na queda

do drop. O sujeito não tinha mais

medo por conta da experiência

vivida.

9 Que no começo foi meio difícil

porque tinha medo de mar.

Medo do mar no início da

atividade.

2º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES

DE SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO

NA LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

10 [...] porque na primeira eu fiquei

muito nervoso e na segunda eu

consegui fazer melhor as

manobras.

Considerou a segunda aula melhor

do que a primeira pela realização

das manobras e estar mais

ambientado com a atividade.

11 Consegui ficar mais vezes em pé

na prancha.

Êxito na realização do drop.

12 Sei lá professor, eu gostei. Não consegue descrever a emoção,

mas relata que a experiência foi

positiva.

13 Estava, mais com medo de cair. Medo de cair na realização do

Drop.

3º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES

DE SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO

NA LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

14 A professor já contei desde a

primeira vez, sei lá!

Não consegue descrever.

15 Adrenalina e medo na mesma

hora quando você está em pé na

prancha. Adrenalina quando

você está indo e medo na hora de

cair.

Alegria e medo durante a execução

do drop.

16 Na hora de entrar no mar, tenho

medo de bicho.

Medo de animais marinhos.

PERFIL IDEOGRÁFICO: ANÁLISE DO SUJEITO

O sujeito participou das três aulas. Manifestou emoções positivas e negativas

durante as aulas, menciona dificuldade em descrever como foi o estado emocional

sentido. Tinha medo do mar, de animais marinhos, da falta de habilidades para

realizar a atividade e de cair no momento da execução do drop. Em relação a emoção

positiva teve alegria/felicidade no momento de execução do drop, principalmente

na hora que fica em pé na prancha dentro da onda. Conforme foi se habituando com

a atividade, foi perdendo o medo que tinha em relação a queda

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11.5 SUJEITO – 5

DADOS DA ENTREVISTA

Sujeito 5 Sexo: Feminino

Idade 19 3º Semestre - Bacharelado em EF

Transcrição

1º Entrevista:

Pesquisador: Fale sobre sua experiência anterior com qualquer tipo de atividades de

aventura. Mencione todas elas.

- Já, eu já tive quando fui para praia e fiz uma trilha para ir a uma prainha pequinina.

Foi minha única experiência!

Pesquisador: Quanto tempo você praticou essas atividades?

- Medo de ter um monte de bicho, foi super legal. Não tive uma emoção enorme, porque

foi uma trilha super pequena.

Pesquisador: Mesmo com medo você foi?

- Fui!

Pesquisador: Como que foi isso?

- Legal! Fui porque queria conhecer a praia, todo mundo disse que era muito boa e

bonita.

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

- Nossa! 1Eu gostei bastante, nunca tive experiência com surfe, 2sempre vi o pessoal

fazendo na praia tal, e queria fazer aí surgiu a oportunidade e a gente veio, fez,

“tombinhos” básicos, eu gostei muito!

Pesquisador: O que te marcou na aula?

- Ficar em cima da prancha é o mais difícil.

³Pesquisador: Teve alguém que te ajudou durante a aula?

- Dois professores a professora e o professor.

Pesquisador: Que emoções você sentiu nessa aula de surfe?

- 4Um pouco de frio na barriga. Na hora que você subir na prancha, você acha que

vai cair e levar uma pranchada na cabeça, essa hora só.

- 5Depois uma sensação boa assim, feliz, alegria, essas coisas.

Pesquisador: Você consegue descrever como que foi esse frio na barriga e o que mudou?

- Não!

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Pesquisador: Você consegue descrever sua passagem na aula de uma forma detalhada.

- Quando ela colocou a gente na prancha virou e empurrou a gente ir sozinho. Foi a

hora mais marcante, achei que não ia conseguir e conseguimos.

- Gostei bastante, 6estou gostando e os professores são muito bons, 7a professora da

uma aula super legal, fala bem, estou gostando e já quero comprar uma prancha.

2º Entrevista:

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

- 8Eu gostei mais ainda da segunda aula, porque a gente conseguiu fazer mais

coisas.

- 9Todo mundo conseguiu ficar em pé, apesar de ter levado mais roxo na perna. No

meu caso eu gostei, estou adorando. Espero que a terceira aula seja mais legal ainda.

Pesquisador: quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?

Descreva o melhor que você puder.

- 10Ansiedade, um pouco de medo de levar uma pranchada de novo. 11I alegria, não

sei descrever, mas na hora sai.

Tente descrever isso em um momento da aula que te marcou.

- Equilíbrio em cima da prancha. Na hora que a gente sobe e na hora que a gente está

deitado tem que ter equilíbrio para não virar.

Pesquisador: O que aconteceu com você nesse momento?

- 12Fiquei feliz porque fiquei em pé.

Pesquisador: Tem mais alguma coisa que você gostaria de acrescentar?

- Aloha!

3º Entrevista:

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

- 13Maravilhosa, eu gostei! Pensando que a gente foi bem lá no fundo. 14A gente

avançou mais ainda e curtir bastante e vou voltar de novo, eu vou voltar de novo!

- 15Foi uma gratidão enorme, uma experiência inesquecível assim! A gente vai levar

essa experiência para o resto da vida.

Você consegue descrever sua trajetória nessa aula, como que foi?

- No início foi difícil, ficar com ele equilibrado. Senti um pouco de 16 receio de levar

pranchada e na segunda aula já perdi um pouco desse receio, já adquiri mais

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equilíbrio e na última aula avancei bastante, consegui ficar em pé, fui para o fundo e

conseguir pegar mais ondas.

Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?

Descreva o melhor que você puder.

- Em todos os momentos eu senti, fiquei super feliz. Foi o único sentimento, não tive

medo, só de levar pranchada. 17Nas três aulas só fiquei feliz e me surpreendi bastante.

Pesquisador: Das últimas três aulas o que mais te marcou?

- 18Agora pegar a última onda, como a professora falou essa é a onda da sua vida.

Então a 19gente sei lá é uma emoção enorme, você rema, rema, rema sobre e já era.

Sei lá é uma emoção enorme.

Pesquisador: Das últimas três aulas que emoções você acha que sentiu?

- 20Não consigo descrever uma emoção, todos os momentos estava sentindo uma

emoção.

Pesquisador: Existe algo que você deseja comentar?

- Não desisti neh! 21Muita gente achou que não ia conseguir e tal que ia cair e não

conseguir ficar em pé, mas a gente se superou!

INTERPRETAÇÃO

1º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE

SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO NA

LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

1 Eu gostei bastante, nunca tive

experiência com surfe,

Alegria por realizar uma experiência

inédita.

2 [...] sempre vi o pessoal fazendo

na praia tal, e queria fazer ai

Sempre teve interesse pela atividade.

3 Teve alguém que te ajudou

durante a aula?

- Dois professores a professora e o

professor.

Mediação do professor em relação a

percepção de aprendizagem.

4 Um pouco de frio na barriga. Na

hora que você subir na prancha,

você acha que vai cair e levar uma

pranchada na cabeça [...]

Medo de cair na execução do drop.

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5 Foi a hora mais marcante, achei

que não ia conseguir e

conseguimos.

O drop foi o momento mais marcante.

6 [...] estou gostando e os

professores são muito bons [...]

Influência do professor no

desenvolvimento de recursos para

enfrentar as emoções negativas na

atividade.

7 [...] a professora da uma aula

super legal, fala bem [...]

Mediação da professora em relação a

percepção do aluno da aula.

2º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE

SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO NA

LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

8 Eu gostei mais ainda da segunda

aula, porque a gente conseguiu

fazer mais coisas.

Alegria/Felicidade por questão do

aumento da complexidade da aula.

9 Todo mundo conseguiu ficar em

pé [...]

Reconhecimento do desempenho do

grupo.

10 Ansiedade, um pouco de medo de

levar uma pranchada de novo.

Medo de executar o drop.

11 I alegria, não sei descrever, mas

na hora sai.

Alegria na hora de executar o drop,

porém não consegue descrever.

12 Fiquei feliz porque fiquei em pé. Alegria/felicidade porque executou o

drop.

13 Maravilhosa, eu gostei! Alegria por ter uma experiência

positiva.

14 A gente avançou mais ainda e

curtir bastante e vou voltar de

novo [...]

Alegria pelo avanço da complexidade

da atividade.

15 Foi uma gratidão enorme, uma

experiência inesquecível assim!

Alegria/Satisfação por ter realizando

uma experiência marcante.

3º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE

SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO NA

LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

16 [...] receio de levar pranchada e na

segunda aula já perdi um pouco

desse receio

Medo da queda no drop.

17 Nas três aulas só fiquei feliz e me

surpreendi bastante.

Alegria e felicidade nas aulas, em

relação a ter experiências positivas.

18 Agora pegar a última onda, como

a professora falou essa é a onda da

sua vida.

Mediação da professora, no

desenvolvimento de recursos de

enfrentamento.

19 [...] gente sei lá é uma emoção

enorme, você rema, rema, rema

sobre e já era.

Alegria/felicidade pelo fato de realizar

o drop com eficiência.

20 Não consigo descrever uma

emoção, todos os momentos

estava sentindo uma emoção.

Não consegue descrever as emoções

que sentiu.

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21 Muita gente achou que não ia

conseguir e tal que ia cair e não

conseguir ficar em pé, mas a gente

se superou!

Reconhecimento de estratégias de

enfrentamento do grupo, por meio do

desempenho coletivo.

PERFIL IDEOGRÁFICO: ANÁLISE DO SUJEITO

O sujeito participou das três aulas. Descreveu que teve mais experiências e emoções

positivas do que negativas. O coping foi direcionado a emoção e o sujeito realizou

observações constantes no desempenho do grupo. Em relação às emoções que sentiu

durante a prática destaca alegria/felicidade por participar da atividade, nos momentos

em que realiza o drop e medo nos momentos em que caia na execução desta habilidade.

Em vários momentos demonstra que a experiência mexeu com a sua percepção de bem-

estar.

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11.6 SUJEITO – 6

DADOS DA ENTREVISTA

Sujeito 6 Sexo: Feminino

Idade 20 3º Semestre - Bacharelado em EF

ANÁLISE

1º Entrevista:

Pesquisador: Fale sobre sua experiência anterior com qualquer tipo de atividades de

aventura. Mencione todas elas:

- Se eu já tive? Não nenhuma essa foi a primeira.

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

Você consegue descrever sua passagem na aula de uma forma detalhada.

- 1Foi muito legal, no começo fiquei com um pouco de medo. 2Mas depois vi que

não é um bicho de 7 cabeças igual eu pensava, e eu gostei bastante. Começou na

areia, foi passando o que a gente foi fazendo para levantar, aí depois a gente foi para a

agua neh! Aí depois, a primeira parte que você vai deitadinho e a agua te leva até lá

na frente, mas a 3parte de ficar em pé achei um pouco mais difícil, tinha que ter um

pouco mais de equilíbrio, saber ficar em pé na prancha.

Pesquisador: Você falou que sentiu medo durante a aula, em que momento você

identifica isso?

- Na hora de ficar em pé, 4tinha medo de cair a prancha poderia bater na minha

cabeça, poderia me afogar, mesmo que estivesse no rasinho, 5só foi esse momento

que tive mesmo, depois o medo foi passando. 6O medo passou depois que cai a

primeira vez, como não aconteceu nada comigo, aí eu o medo passou. Porque eu

vi que cair não tinha nada demais, não tinha como me afogar, não me machuquei.

Pesquisador: Tem mais alguma coisa da aula que você acha importante e que te ajudou

a superar esse medo?

- 7Ver os colegas fazendo, e ai foi passando e do nada sumiu. 8A professora ajudou

bastante, o jeito como ela administrou a aula, ela passava muita confiança pra

gente e isso ajudou muito.

2º Entrevista:

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

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- 9A experiência da segunda aula foi bem legal! Foi bem melhor do que a primeira,

eu já consegui me equilibrar mais em cima da prancha, peguei um pouco mais de jeito.

Aprendi bastante hoje, 10essas duas aulas foram bem boas.

Pesquisador: Você consegue descrever o que você evoluiu na segunda aula?

- Na primeira aula, eu não consegui ficar em pé, sempre na hora de ficar em pé eu

colocava o pé errado na prancha e acabava virando para o lado e a professora corrigiu

isso e aí quando estávamos na área, quando fui fazer o certo na agua acabei

conseguindo fazer.

Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?

Descreva o melhor que você puder.

- 11 Nossa a segunda aula foi muito da hora! Teve mais adrenalina quando a gente

saia em pé indo até lá na frente, 12corria aquele risco de cair e de fazer certo é uma

adrenalina bem legal. Eu adorei aquilo!

Pesquisador: Tente descrever a emoção que você sentiu nessa parte da aula?

- 13 Não sei descrever, mas acho que alegria.

Pesquisador: Que momento da aula te marcou?

- Ah! O momento que consegui ficar em pé e ir lá na frente assim! Fiquei vários

segundos em pé sem a onda me derrubar, queria fazer de novo, de novo e de novo.

3º Entrevista:

Pesquisador: Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

- 14Foi uma experiência inesquecível, foi bem melhor do que ontem. 15Eu já

consegui ficar em pé, i foi muito bom! Nesses três dias neh! Hoje foi bem melhor do

que ontem, eu consegui ficar em pé, 16é uma experiência inesquecível que todo

mundo passou. Porque todos conseguiram bem mais do que ontem.

- No começo a gente esteve na areia, ela corrigiu algumas coisas na área novamente,

aí ela ensinou algumas coisas nova que não lembro os nomes específicos. Ai quando

chegou na aula tanto eu como o pessoal tentou fazer, até algumas coisas deram certo

como frear a prancha, ir mais para frente, mas assim no começo da aula eu caia muito

mas depois peguei o ritmo da aula e fui direitinho.

Pesquisador: Quais emoções você sentiu? Em quais momentos? Como foi isso?

Descreva o melhor que você puder.

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- Nossa é muito da hora! Eu senti...17 No momento que estava em pé como sempre

eu senti adrenalina legal, medo de cair. Nossa não sei te descrever, deixa eu pensar,

18senti isso adrenalina, emoção.

Pesquisador: Das últimas três aulas o que mais te marcou?

- Hoje, a aula de 19hoje me marcou bastante porque eu consegui fazer mais, me

senti mais confiante, eu conforme as duas aulas que a gente teve ontem eu já senti

que tinha aprendido mais coisas, que eu já tinha avançado em alguma coisa que

ontem eu errei bastante, não que eu não tenha errado, errei bastante, mas foi muito

bom.

20Senti adrenalina nas três aulas, foi muito da hora, medo mas passou rápido.

Pesquisador: Medo em que momento? Ou em quais momentos?

- Foi nos momentos, no primeiro princípio, que o 21medo principalmente do mar,

medo de cair, medo de me afogar, mas a 22professora passou muita confiança pra

gente e conseguimos avançar. É uma experiência inesquecível, 23fiz coisas que

nunca imaginei ter feito, fiz adorei e pretendo fazer de novo.

INTERPRETAÇÃO

1º ENTREVISTA

CÓDIGOS UNIDADES DE

SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO

NA LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

1 Foi muito legal, no começo fiquei

com um pouco de medo.

Alegria e medo no início da

atividade.

2 Mas depois vi que não é um bicho

de 7 cabeças igual eu pensava, e

eu gostei bastante.

Reavaliação da experiência como

positiva.

3 [...] parte de ficar em pé achei um

pouco mais difícil,

Dificuldade em realizar o drop.

4 [...] tinha medo de cair a prancha

poderia bater na minha cabeça,

poderia me afogar, mesmo que

estivesse no rasinho,

Medo da queda na execução do drop.

5 [...] só foi esse momento que tive

mesmo, depois o medo foi

passando.

Desenvolvimento de estratégia de

enfrentamento a partir da

experiência.

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103

6 O medo passou depois que cai a

primeira vez, como não aconteceu

nada comigo, aí eu o medo

passou.

Construção de estratégia de

enfrentamento a partir da experiência

positiva.

7 Ver os colegas fazendo, e aí foi

passando e do nada sumiu.

Formulação de estratégias de

enfrentamento a partir da observação

do outro.

8 A professora ajudou bastante, o

jeito como ela administrou a aula,

ela passava muita confiança

Professora como mediadora na

percepção das emoções.

2º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE

SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO

NA LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

9 A experiência da segunda aula foi

bem legal!

Alegria/Felicidade em relação ao

aprofundamento da prática.

10 [...] essas duas aulas foram bem

boas.

Felicidade pela passagem nas aulas.

11 Nossa a segunda aula foi muito da

hora! Teve mais adrenalina [...]

Alegria/Felicidade em relação ao

aprofundamento da prática.

12 [...] corria aquele risco de cair e de

fazer certo é uma adrenalina bem

legal.

Alegria no momento da execução do

drop, mesmo sob risco.

13 Não sei descrever, mas acho que

alegria.

Alegria, mas não sabe descrever

como.

3º ENTREVISTA

CÓDIGOS SELEÇÃO DE UNIDADES DE

SIGNIFICADO

UNIDADE DE SIGNIFICADO

NA LINGUAGEM DO

PESQUISADOR

14 Foi uma experiência inesquecível A experiência foi positiva.

15 Eu já consegui ficar em pé, i foi

muito bom!

Alegria na execução do drop.

16 [...] é uma experiência

inesquecível que todo mundo

passou. Porque todos

conseguiram bem mais do que

ontem.

O desempenho do grupo como forma

de adquirir recursos.

17 No momento que estava em pé

como sempre eu senti adrenalina

legal, medo de cair.

Alegria na execução do drop e medo

no momento da queda.

18 [...] senti isso adrenalina, emoção. Alegria, mas não descreve como.

19 [...] hoje me marcou bastante

porque eu consegui fazer mais, me

senti mais confiante, eu conforme

as duas aulas que a gente teve

ontem eu já senti que tinha

aprendido mais coisas,

Reconhecimento da formulação de

recursos de enfrentamento por conta

da experiência.

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20 [...] senti adrenalina nas três aulas,

foi muito “da hora”, medo mas

passou rápido.

Alegria durante as três aulas, por

conta dos recursos o medo foi

passageiro.

21 [...] medo principalmente do mar,

medo de cair, medo de me afogar,

Medo do mar;

Medo de se afogar;

Medo de queda no drop.

22 [...] professora passou muita

confiança pra gente e

conseguimos avançar.

Professora como mediadora para

percepção das emoções e recursos de

enfrentamento.

23 [...]fiz coisas que nunca imaginei

ter feito, fiz adorei e pretendo

fazer de novo.

Alegria/felicidade pelo desempenho

dentro das aulas.

PERFIL IDEOGRÁFICO: ANÁLISE DO SUJEITO

O sujeito participou das três aulas. Manifestou mais emoções positivas do que

negativas durante seu discurso. Realizou a observação do grupo e também em suas

próprias habilidades. Teve alegria e felicidade nos momentos em que executava o drop

e medo nos momentos que caia na execução da mesma habilidade. Apesar de

reconhecer algumas emoções não consegue descrever detalhadamente como foi este

processo.

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105

12. ANÁLISE NOMOTÉTICA

A organização das respostas dos sujeitos e das construções das unidades de

significados e perfis ideográficos forneceram os subsídios principais para a elaboração de

um agrupamento de asserções individuais, convergentes e divergentes, sobre o fenômeno

investigado nesse estudo.

A partir da interpretação dos discursos, as categorias formaram bases

principais da construção de uma matriz nomotética.

As questões referentes à experiência vivida, o discurso dos sujeitos, as

emoções e as ações que eles tomaram durante as intervenções compõem a matriz.

Ao mesmo tempo, a matriz permite identificar as respostas individuais, ao

mesmo tempo em que permite uma visão ampla que revela a complexidade do fenômeno

pesquisado e permite chegar a uma nova compreensão sobre os discursos analisados até

o momento.

O Quadro 1 representa a última redução e indica as categorias que agrupam

as unidades de significado dos discursos dos sujeitos investigados.

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106

12.1 PERCEPÇÕES EMOCIONAIS NA PRÁTICA DO SURFE:

Quadro 1: Percepções emocionais na prática do surfe.

EMOÇÕES RELATADAS NA PRÁTICA DO SURFE

Categorias e unidades de significado identificadas nos

discursos

SU

JEIT

O 0

1

SU

JEIT

O 0

2

SU

JEIT

O 0

3

SU

JEIT

O 0

4

SU

JEIT

O 0

5

SU

JEIT

O 0

6

TO

TA

L

ALEGRIA

1. Ao realizar o drop X X X X X X 6

2. Por obter êxito na atividade proposta X X X X X X 6

3. Gratidão após realizar a aula X 1

4. Na expectativa de futuras experiências em relação

ao surfe. X X X X X X 6

5. No aumento da complexidade da tarefa X X X X X 5

6. No drop em uma onda forte X X X X X 5

7. No reconhecimento do progresso em relação a sua

aprendizagem do surfe X X X X X X 6

8. Por gostar do mar X X 2

9. Satisfação por ter superado alguma adversidade X X 2

MEDO

10. Animais marinhos X 1

11. Da profundidade em que se preparava para

"dropar" uma onda X X 2

12. De afogamento X 1

13. Do mar X X X 3

14. Do wpeout nas aulas X X X X X 5

15. Maior percepção durante o aumento da

complexidade da aula X X X X 4

16. Ondas fortes X X 2

17. Pelo motivo da atividade ser inédita X 1

18. Receio de sofrer um wipeout durante execução do

drop X X X X X 5

RAIVA

19. Raiva por conta do wipeout X 1

TRISTEZA

20. Por sofrer o wipeout X X X 3

21. Pela falta de êxito do drop X X X 3

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107

Em relação às emoções que foram percebidas nas aulas de surfe, identificou-

se o medo, a raiva, a tristeza e a alegria em vários momentos da aula, sendo relacionados

com a realização do drop, o risco de sofrer um wipeout, no reconhecimento da própria

evolução dentro da prática e do aumento da complexidade da aula, em que se é inserido

mais técnica e a as intervenções acontecem em uma zona com maior profundidade.

Em relação à alegria, os sujeitos S1, S2, S3, S4, S5, S6 tiveram momentos em

comum em sua percepção, no ato de executar o drop, em obter êxito em sua execução,

em esperar experiências futuras em relação ao surfe e no reconhecimento do seu progresso

dentro da atividade proposta. Cinco dos sujeitos relatam que perceberam essa emoção

dentro do aumento da complexidade da tarefa e no momento que realizam o drop com

uma onda mais forte, os sujeitos 01 e 02 relataram que perceberam a emoção pelo fato de

gostarem do mar e o sujeito 01 relatou que sentiu alegria e gratidão após a realização da

aula.

Em relação ao medo percebido durante as aulas de surfe, os sujeitos S2, S3,

S4, S5, S6 perceberam a emoção nos momentos de wipeout, as quedas que tiveram

durante a intervenção, além de mencionar o sentimento de receio nesta situação.

Outro momento em que os sujeitos S1, S2, S4, S5 relataram maior medo se

relacionou ao aumento da complexidade da tarefa, Normalmente nesta fase os alunos vão

mais distante da praia, em águas mais profundas, para poder realizar o drop com maior

eficiência. Os S3, S4 e S6 mencionam que tinham medo do mar e os S1 e S2 de ondas

fortes.

Os S1 e S3 mencionam que tiveram mais medo de profundidade nos

momentos em que iam “dropar” e o S6 relatou medo de se afogar durante as aulas. O S4

menciona que possui medo de animais marinhos ou objetos que estejam dentro do mar e

também pelo fato da experiência ser inédita.

Em relação à raiva, o S3 mencionou que percebeu essa emoção mais voltada

para si mesmo, pois teve um wipeout e, por este motivo, na segunda aula ficou paralisada,

e que combinou a percepção de medo e raiva.

Na percepção da tristeza, os S1, S2, S3 relacionaram a emoção com o wipeout,

pois todos passaram por essa experiência. Como é um momento de risco e vem

acompanhado de um grau de incerteza pelo que vai acontecer pode gerar essa emoção

combinada por outro momento que os mesmos sujeitos mencionaram que é a falta de

êxito na realização do drop, a tristeza aparece na combinação da não realização do drop

e do wipeout.

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108

12.2 REPRESENTAÇÃO DAS QUESTÕES RELATIVAS À AULA E AO

PROFESSOR:

O Quadro 2 contém o agrupamento dos discursos dos sujeitos em relação a

percepção da aula e a mediação do professor, apesar de não ser uma categoria pré-definida

estes aspectos foram levantados dentro a análise realizada.

Quadro 2: Representação das questões relativas à aula e ao professor.

Os sujeitos S1, S2, S3, S5, S6 indicaram que a didática do professor é

importante para o aprendizado dos elementos fundamentais referente as aulas de surfe,

seja no aprendizado técnico ou na questão de controle dos aspectos de segurança, os

mesmos sujeitos destacam que o professor foi um agente importante para que

enfrentassem a situação de risco em que estavam inseridos. Sendo que o S1, S2, S3, S4,

S5, S6 identificaram as instruções que o professor ministrava dentro da aula, referente as

técnicas fundamentais para o surfem.

Em relação à observação do grupo, os S1, S4, S6 indicaram em seus discursos

uma avaliação subjetiva referente ao processo de aprendizagem dos colegas,

mencionando que eles conseguiram realizar o drop também e que todos conseguiram

surfar durante as intervenções.

Os S1 e S2 reconheceram que as técnicas que foram ministradas durante a

aula de surfe podem ser importantes para a atuação em EF. Em relação a isto, o S2

INDICATIVOS PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL:

AGRUPAMENTO DOS DISCURSOS

SU

JEIT

O 0

1

SU

JEIT

O 0

2

SU

JEIT

O 0

3

SU

JEIT

O 0

4

SU

JEIT

O 0

5

SU

JEIT

O 0

6

TO

TA

L

1. Apontou em referência a didática do professor como

como influenciadora na aprendizagem X X X X X 5

2. Observava o desempenho dos colegas que estavam

fazendo aula em conjunto. X X X 3

3. Reconheceu a aprendizagem das técnicas como

importantes para a atuação X X 2

4. Pretende se capacitar para atuar com o surfe. X 1

5. Identificou as instruções do professor para realizar o

surfe com as técnicas corretas X X X X X X 6

6. Avaliou os riscos que o ambiente pode apresentar em

uma atividade de aventura X 1

7. Identificou o professor como um agente no

enfrentamento dos desafios e da aventura X X X X X 5

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109

menciona que pretende se capacitar para poder atuar com o surfe, pois, este sujeito avaliou

também o ambiente e os fatores de risco que ele poderia oferecer.

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110

13. DISCUSSÃO

As atividades de aventura se encontram classificadas como jogos de vertigem.

Segundo Caillois (1990) são chamadas de ilinx, que significa aqueles que se assentam na

vertigem e consistem em uma tentativa de destruir, por um instante, a estabilidade da

percepção, a ponto de mexer em sua consciência lúdica na relação encarnada com a

sensação de pânico e perigo em uma ação, em uma atividade, em um momento. Trata-se

de um conjunto de procedimentos que envolvem a queda ou a projeção em um

determinado espaço, a rotação rápida, o deslize com velocidade, a aceleração de um

movimento com a combinação de um movimento giratório (CAILLOIS, 1990).

Essa perspectiva se faz presente em vários momentos dentro do surfe, no

drop, no wipeout, no barrel, cutback em que os sujeitos se lançaram no risco, na atividade

e realizam o surfe com um aumento gradativo da complexidade da atividade,

considerando o nível de aprendizagem dos alunos.

Em relação a imersão dos sujeitos dentro do surfe, identificou-se que os

sujeitos se colocam em risco como cita Costa, (2000) que são capazes de mediar sua

passagem dentro da aventura, mas sabem que no jogo da vida são mortais que precisam

se cercar de segurança, sendo mediadores do risco. Assim como apresenta em uma de

seus escritos:

Mesmo sem experiência, a maioria ganha confiança logo nas primeiras

remadas. Emoções radicais e adrenalina não vêm somente das dificuldades

impostas pela natureza do esporte, mas também do envolvimento do espírito

de equipe. Aceite um convite à aventura e descubra o que é um verdadeiro

desafio (COSTA, 2000, p. 152).

O sujeito se lança ao desconhecido, controla os fatores de risco, busca

desafios e ao mesmo tempo emoções que dependem de sua percepção sobre a situação

para perceberem suas ações e pensamentos. Dentro deste estudo foi criado uma situação

de risco controlado em relação as primeiras experiências no surfe, encontrou-se no

discurso dos sujeitos relações que na mesma situação aparece medo e alegria, dependendo

da ação tomada, da mediação do professor e da forma que se envolvia na atividade como

mencionado na terceira entrevista:

[...] agora pegar a última onda, como a professora falou essa é a onda da sua

vida. [...] sei lá é uma emoção enorme, você rema, rema, rema sobre e já era

(SUJEITO 5).

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111

Em consonância com este discurso apesar da imersão do sujeito dentro do

mundo da aventura, o convívio com a situação de risco e o sentido atribuído a situação

para a vida do praticante, estabelecem relações entre as várias percepções que o sujeito

pode ter sobre o surfe.

Na busca pela resposta da indagação da percepção das emoções dos

estudantes de EF quando experimentam o surfe pela primeira vez, encontra-se uma série

de emoções centradas em dois grandes momentos dentro das intervenções. O primeiro foi

na hora de executar o drop momento em que o sujeito está em pé na onda e o segundo

foram nos momentos de wipeout situação que são as quedas que podem surgir nos

momentos de drop.

Os sujeitos S1, S2, S3, S4, S5 e S6 indicaram que neste momento perceberam

emoções como medo e alegria, pois estavam no controle da situação e nos momentos em

que tudo era incerto sentiam medo, principalmente quando acontecia o wipeout. Sendo

que o controle do risco dentro dessas situações está ligado a percepção do sujeito e ao seu

nível de conhecimento técnico sobre o esporte praticado (COLLINS; COLLINS, 2013).

A compreensão da percepção do sujeito sobre as questões que envolvem uma

prática de atividade de aventura pela primeira vez, podem auxiliar na estruturação de

ações eficazes em relação ao processo de ensino e aprendizagem do surfe, pois, a

experiência vivida pelo estudante pode ser uma referência para a sua atuação.

Encontramos percepções ligadas a diversas emoções, porém há dificuldade

em expressa-las no discurso ou tentar descrever a emoção dentro da experiência vivida,

todos conhecem a suas emoções até que se pede as descreve-las (SMITH; LAZARUS,

1990). Para Fernandes e Tomé, (2001) essa situação tem relação com a alexitimia, que é

caracterizada pela dificuldade em descrever as próprias emoções em um acontecimento.

No discurso dos sujeitos muitos relatavam que sentiam alguma emoção, como

medo, raiva, alegria, tristeza, uma sensação de adrenalina, porém não conseguiam

descrever, explicar ou pontuar em que momento isso aconteceu, quando eram indagados

sobre “quais emoções sentiram durante a aula de surfe”. Como mencionado: “Maior

sensação é muito bom, não sei explicar é uma emoção. Medo, tudo e mais um pouco. Um

medo aí eu não sei explicar ” (SUJEITO 3).

Uma das possibilidades pela resposta do S3 na falta de explicação é a

alexitimia (FERNANDES E TOMÉ, 2001). Nessa situação foi possível observar a

dificuldade de expressar as emoções perante uma situação de estresse em virtude da falta

de conhecimento emocional para expressar suas emoções. Nesse estudo percebeu-se uma

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112

tendência no discurso de muitos sujeitos de forma primária, pelo fato de não conseguirem

responder as questões referentes as emoções durante as entrevistas, mas quando se pedia

para descrever a experiência que tiveram na aula, mencionavam as emoções dentro do

ambiente da aventura.

A partir da análise de conteúdo foi possível identificar as emoções percebidas

na prática do surfe por estudantes de EF conforme (Quadro 1), foram encontrados os

seguintes agrupamentos a partir das narrativas em relação a alegria, medo, raiva e tristeza.

Em relação a alegria foram encontradas as seguintes categorias: ao realizar o

drop, por obter êxito na atividade proposta, gratidão após realizar a aula, na expectativa

de futuras experiências em relação ao surfe, no aumento da complexidade da tarefa, no

drop em uma onda forte, no reconhecimento do progresso em relação a sua aprendizagem

do surfe, por gostar do mar, satisfação por ter superado alguma adversidade. Estas

categorias são agrupamentos dos discursos dos sujeitos em relação às emoções, ou seja,

as percepções positivas referentes à prática do surfe.

A percepção de liberdade causada pela prática das atividades de aventura e as

percepções das emoções durante a prática das atividades de aventura compensam os

riscos que o praticante se deparam nos momentos da prática, não podem ser interpretados

como suicidas, e sim, como pessoas que gostam de conviver com a experiência do risco

dentro do desconhecido em que o maior prazer é controlar o incontrolável (PAIXÃO et

al., 2010). Neste contexto as emoções percebidas dentro do drop, a possibilidade de sofrer

um wipeout, o ato de controlar tudo por meio de uma forma psicofisiológica

proporcionaram aos sujeitos, a partir de uma experiência bem-sucedida encararem a

relação deles com o ambiente de forma positiva.

Dentro desta relação o risco percebido pelos estudantes atrelado ao

aprendizado das técnicas, procedimentos para realização do surfe e a sua experiência

ganharam um caráter lúdico na busca pelo controle daquilo que é imprevisível, o mar. No

estudo de Paixão et al. (2010), os autores mencionam que os riscos ligados as atividades

de aventura, no caso do parapente são escolhidos pelos praticantes, uma vez que depende

de suas habilidades e técnicas para enfrentar a situação.

Os dados apresentados ressaltam que a alegria e a felicidade nas narrativas

dos sujeitos estão ligadas a realização com eficiência e execução de habilidades referentes

ao surfe, reforçando a transação do sujeito com o ambiente, em que o mesmo segundo

Lazarus (2000), sob uma situação estressora, busca avaliar a situação de forma positiva

ou negativa. No caso do surfe, esta imersão no risco acaba tendo um caráter prazeroso e

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113

de bem-estar para o praticante, podendo influenciar o desempenho dos alunos durante a

aula, como mencionado pelo (Sujeito 5) ao conseguir realizar o drop: “Fiquei feliz porque

fiquei em pé” (Sujeito 5).

A narrativa do S5 apresenta indícios que o momento de “ficar em pé” (drop),

assim como descritos pelos outros sujeitos é o mais marcante, a sua realização bem-

sucedida pode causar uma sensação de bem-estar, de orgulho pela realização pessoal e

em relação ao grupo.

As emoções são transmitidas de forma direta ou indireta e percebidas pelo

processo de interação entre o sujeito e o ambiente. Esse sistema relacional é reconhecido

pelo grupo que está envolvido na atividade (LAZARUS, 2000). Percebe-se nas narrativas

dos sujeitos que o desempenho e comportamento dos colegas em relação ao surfe foi

observado, possivelmente essa questão influenciou a sua avaliação sob o evento. Como

indica o Quadro 2, no item 2 os sujeitos S1, S5, S6 mencionam que observaram o

desempenho do grupo e que todos conseguiram realizar o drop durante as intervenções.

Como mencionado: [...] “é uma experiência inesquecível que todo mundo passou. Porque

todos conseguiram bem mais do que ontem” (Sujeito 6).

O S6 avaliou socialmente o desempenho do grupo, que para Weinberg e

Gould (2001) o grupo é constituído por qualquer tipo de pessoas que buscam objetivos e

metas em comum, mas que conseguem interagir entre si. Nesta perspectiva, para que a

situação fosse enfrentada os S1, S5 e S6 levaram em consideração o desempenho dos

outros integrantes do grupo, para desenvolverem recursos de enfrentamento na situação

em que estavam inseridos.

As questões referentes as emoções de medo, raiva, tristeza e alegria são

percebidas e influenciadas pelo contexto. Essa relação é apontada no estudo de Freitas e

Tolocka (2005) ao investigarem as emoções em atletas de dança esportiva de cadeira de

rodas, os autores percebem que os estados emocionais dos atletas estão vinculados e

influenciados pelo contexto social em que estão inseridos e acabam gerando um

comportamento emocional.

Nas narrativas dos sujeitos, percebe-se a influência da professora na mediação

das situações e nas questões didáticas durante as aulas, mas também é notório a influência

dos outros sujeitos no ambiente da aula. Apesar de, sentirem medo e alegria em várias

situações, a professora e o grupo de participantes ajudam mutuamente a superar a situação

que estava sendo vivida. Essa troca amplia as relações interpessoais e intrapessoais que

acabam favorecendo a realização da atividade.

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114

As narrativas dos sujeitos indicam que a percepção de alegria estava ligada

ao êxito e ao desafio proporcionado pela atividade. Muitos dos sujeitos mencionaram uma

sensação de bem-estar e a alegria durante a prática do surfe, principalmente nos

momentos que realizavam o drop de backside e de frontside.

Esse momento também foi marcado pela percepção do medo antes e durante

a aula, principalmente durante a execução do drop. O wipeout é a queda no ato da

execução do drop, essa situação implica muita incerteza, pois dependendo da avaliação

do sujeito, pode desencadear medo e outras emoções devido à falta de êxito.

A narrativa dos sujeitos S2, S3, S4, S5, S6, evidencia o medo durante a

execução do drop, principalmente nos momentos de wipeout, caracterizado por uma falha

que resulta no lançamento do sujeito para dentro da onda. Nessa situação o sujeito fica à

mercê do imprevisível. O mar pode ser uma fonte geradora de medo, essas situações

exigem do sujeito ações controladas dentro da condição de risco, em que o mesmo se

opõem a força da natureza assim:

Essas atividades mergulham o indivíduo, e sobretudo o marinheiro, em uma

incerteza ao alcance de sua competência; elas autorizam-no a desenvolver suas

habilidades, seus reflexos, a desenvolver-se na ação. Visam a criar emoção e a

suscitar sensações, fazem surgir o frisson, opondo-se à perda de encanto do

mundo (LE BRETON, 2007, p. 11–12).

Apesar de o exemplo do autor ser relacionado aos marinheiros, encontramos

relações com as narrativas dos sujeitos investigados, pois apesar de correr risco, sentir

medo, a atividade os encanta e os motiva a aprender mais, principalmente nos momentos

que estão conseguindo realizar o drop. Neste sentido, reencontrar suas próprias sensações

e jogar com o risco passar a ser uma via real para sentir o prazer de sua própria existência

(BRETON, 2007).

Entendemos o medo como uma emoção de proteção, depende da forma como

o sujeito percebe a situação e busca recursos pessoais para o enfrentamento da situação

(COSTA, 2008; DAMÁSIO, 2015; LAZARUS, 2000).

Os medos percebidos dentro da aula estavam diretamente vinculados aos

contextos e à imprevisibilidade inerentes ao mar, ao risco que o surfe pode proporcionar

ao seu praticante, a profundidade em que os sujeitos foram levados para conseguirem

surfar de uma forma mais técnica. Nas categorias 14, 15, 16 e 18 do (Quadro 2)

encontramos o medo ligado ao fracasso do drop, ocasianado pelo wipeout e ao aumento

da complexidade da aula em que se exigia um maior domínio técnico para conseguir êxito

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115

no drop, mencionado nas narrativas: [...]” medo na mesma hora quando você está em pé

na prancha. Adrenalina quando você está indo e medo na hora de cair” (Sujeito 4).

A percepção do medo está ligada ao “rumo ao desconhecido” característica

que a literatura tem indicado comum nessas atividades, as primeiras vezes são

normalmente experiências inéditas para o sujeito. Portanto, controlar o risco, contemplar

a paisagem, desenvolver técnicas para realização da atividade está na relação do prazer

e do medo, de lutar e fugir (BRYMER; SCHWEITZER, 2013; COSTA, 2008; PAIXÃO,

et al., 2011; PEREIRA; ARMBRUST; RICARDO, 2008). Conforme mencionado pelos

S3 e S4 o medo relacionado ao surfe está ligado a percepção de uma atividade

desconhecida e ao fracasso nos momentos de wipeout.

Para Brochado (2002) e Lavoura (2008), o medo possui essa característica

negativa de inibir a ação caso o sujeito a considere como ameaçadora, no caso dessa

situação foi um inibidor de aprendizagem e de participação do aluno dentro do processo

de ensino e aprendizagem. [...] “acho que por causa que eu cai, não quis fazer mais nada,

não me desenvolvi muito. Passei só raiva, só isso. Não queria mais fazer atividade, sei lá

fiquei com medo”[...] (Sujeito, 3).

Nesse caso, a negação da aula se torna um fator de proteção relacionado com

a situação em que o sujeito está inserido, porém a mediação da professora somada as

experiências em relação ao surfe, possibilita o desenvolvimento de recursos para

reavaliar de forma cognitiva a situação e enfrentá-la (LAZARUS; FOLKMAN, 1988,

1991).

Na percepção do S3, o medo foi acompanhado da raiva e falta de motivação

para continuar a atividade, conforme a narrativa: “porque eu não mostrei muito interesse,

não fiz por onde. Foi mais por mim mesmo, não foi pela aula. A aula é muito boa, foi por

mim mesmo” (Sujeito, 3).

Ao considerar as narrativas do S3 e os indicativos da matriz nomotética

(Quadro, 1), os itens 14 e 18 fazem parte da percepção do medo principalmente do

wipeout. Os autores Leite et al. (2016) indicam que atletas femininos possuem maior

índice de ansiedade e medo nas situações pré-competitivas em comparação com atletas

masculinos. Possivelmente, a falta de experiências com a atividade e o meio liquido

favoreceram o medo. É justamente nesse momento que a intervenção da professora

poderá oferecer possibilidades ao sujeito para desenvolver recursos em relação a

experiência e melhorar o desempenho na prática da atividade.

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116

Lavoura (2008) indica que o grande avanço na compreensão do medo dentro

do esporte é essa emoção que necessariamente não expõe as fraquezas do sujeito e/ou o

faz fugir da situação. Na visão do autor, o reconhecimento do medo pelo praticante pode

resultar em processos de mudanças, ou seja, essa situação favorece a construção de

forças para o enfretamento da situação.

Ao considerar que as emoções percebidas pelos sujeitos apresentadas no

(Quadro 1) são influenciadoras da ação, cada percepção é consequência de um

comportamento adotado daquilo que o sujeito aprendeu e superou. Conforme Baptista,

Carvalho e Lory (2005) essas percepções determinam a ação, a forma que se pensa e o

desempenho do atleta em relação a prática esportiva.

O medo e a ansiedade podem dentro deste cenário se tornarem alarmes ou

adaptações sinalizando situações de ameaça, riscos e perigos, aparece em momentos que

urgem a preservação do organismo (BAPTISTA; CARVALHO; LORY, 2005). Os dados

revelam essa situação foi frequente durante a atividade do wipeout. As quedas e medos

de afogamento se faziam presentes dentro das aulas e nas narrativas dos sujeitos (Quadro,

1 item 14 e 18).

As emoções quando são percebidas e sentidas de forma negativas podem

levar o sujeito ao erro ou a inibição dentro das atividades propostas. Em relação ao medo

conforme os sujeitos tinham mais experiências dentro da atividade a sua percepção

mudava, para Lazarus (2000), Smith e Lazarus (1990) na avaliação primaria o sujeito

percebe a emoção e busca desenvolver recursos para enfrentar a situação, a experiência

da atividade o auxilia na construção desses recursos, proporcionando uma nova percepção

da emoção dentro da situação.

É perceptível que os sujeitos se adaptavam com o contexto e com a situação,

suas percepções sobre o que sentiam se alteravam constantemente, para Baptista,

Carvalho e Lory, (2005) e Leite et al. (2016), nos momentos iniciais da atividade os

sujeitos podem demostrar um grau de ansiedade mais elevado e apresentar medo de

fracassar ou de se acidentar durante a prática, porém com o desenrolar das aulas, com o

aumento da experiência no surfe e um maior domínio do drop e das variáveis do contexto,

essa percepção do medo deixa de dominar as ações do sujeito decorrente da situação atual

não se constituir mais em ameaça. Como exposto nas narrativas:

Eu continuo porque eu consegui ficar em pé. Ai já falei eu consigo e por isso

irei tentar mais vezes. Das outras vezes eu não consegui fui caindo, mais ai

perdi mais o medo também, caindo (Sujeito 4).

Um pouco de frio na barriga. Na hora que você subir na prancha, você acha

que vai cair e levar uma pranchada na cabeça [...] (Sujeito 5).

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117

Ver os colegas fazendo, e ai foi passando e do nada sumiu (Sujeito 6)

O sujeito constrói estratégias de enfrentamento ligadas as mudanças na

percepção da emoção. Conforme o sujeito dominava a atividade e com o aumento da

técnica, algumas mudanças fisiológicas são citadas pelo sujeito 5, como o frio na barriga,

derivado do medo e o observar o êxito dos colegas auxiliou o sujeito 6 a de desenvolver

recursos para enfrentar a situação.

As experiências emocionais dentro das atividades de aventura desencadeiam

conflito com o medo, este sendo uma emoção que se torna atrativa, saudável e produtiva

ao praticante, uma emoção que o impulsiona a conviver com a sua percepção,

principalmente em relação ao controle de risco (BRYMER; SCHWEITZER, 2013;

BRYMER, 2005). Encontramos na matriz (Quadro 1) relações das experiências

emocionais sobre alegria na execução do drop e medo sobre o wipeout, estas emoções se

combinam dentro do surfe, por meio do controle do risco o sujeito avalia a situação como

sendo positiva, para a sua vida e para aquele momento.

Desde que o sujeito tenha recursos de enfrentamento e técnicas para controlar

o fator de risco da atividade, o medo é essencial nas atividades de aventura. Em um

sentido “magico” é uma emoção que ao ser superada, controlada podem gerar percepções

positivas em relação a ação, muitas vezes a convivência com o medo dentro das atividades

de aventura se tornam questões importantes de serem compreendidas e mediadas pelo

profissional de Educação Física. O Sujeito 6 reconhece o medo, porém consideram o

professor como uma pessoa que os auxiliou a enfrentar e aprender a conviver com a

atividade. Para Brymer e Schweitzer (2013) o medo para esses sujeitos é algo agradável

e a convivência com essa emoção dentro das atividades de aventura pode ser uma

experiência incrível.

Como indicado no estudo de Lavoura, Zanetti e Machado (2008) o medo pode

interferir na eficácia do sujeito e conforme o desenvolvimento o sujeito participa da

atividades, desenvolve uma maior confiança que resulta na diminuição do medo

relacionado com a situação. Como indica a narrativa realizada após a segunda aula de

surfe:

Na segunda aula minha experiência foi melhor, porque a professora me levou

em um estágio mais avançado, que era mais fundo onde a onda é mais rápida,

quebra mais rápido. Você tem que ter mais agilidade para poder ficar em pé

na prancha quando você está no fundo, então essa eu achei legal, melhor do

que a primeira experiência, eu achei mais emocionante (Sujeito 2).

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Compreendemos o medo em seu duplo sentido, mas que conforme o aumento

da confiança e eficácia dentro da atividade sua percepção fica no imaginário do sujeito,

sendo um atrativo no processo de controle e enfrentamento durante a atividade. A partir

de um maior aprofundamento na atividade, os sujeitos tiveram percepções positivas em

relação a aula, pois o aumento da experiência, a mediação realizada pela professora, a

reavaliação cognitiva que realizavam da atividade e o êxito em realizar o drop

proporcionam aos sujeitos conforme simboliza o S2 uma sensação de bem-estar e também

de alegria durante as aulas.

Segundo Lavoura (2008, p. 116) questiona “qual o espalho em que

professores e técnicos oportunizam a seus alunos e atletas que reconheçam e interpretem

seus emoções dentro nas situações de aulas e treinos. Corroborando Arruda (2012)

menciona que a compreensão e interpretações das emoções são importantes para o

processo de ensino e aprendizagem, sendo que a falta disso pode afastar o professor e o

aluno da aprendizagem significativa.

Vale destacar que para o medo, a raiva e a tristeza fossem superados dentro

durante as aulas, os sujeitos usaram das mediações do professor como recursos para

enfrentar a situação, que foram destacados no (Quadro 2) nos itens 1, 5 e 7 dentro da

matriz. Os sujeitos destacam que a aspectos relacionados a mediação do professor foram

importantes para o seu processo de aprendizagem.

Consideramos a mediação como aquilo que é estar no meio com artifícios

técnicos para a situação mediada (LOVISOLO, 2001). No cenário desse estudo o

professor foi uma figura importante nas mediações das emoções percebidas pelos sujeitos

e na formulação de recursos de enfrentamento diante a uma situação adversa, sendo ele

responsável pelas diretrizes técnicas e também pelo controle da situação de risco que a

atividade poderia oferecer.

Em destaque no Quadro 1, as emoções percebidas dentro destas intervenções,

que se centram em um ambiente de risco e incerteza foram emoções ligadas ao prazer e

ao bem-estar do que as emoções ligadas a frustação em relação ao medo, a tristeza e a

raiva.

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14. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As atividades de aventura evidenciam o movimento humano atrelado ao

imaginário, a percepção e a ação, rompendo com a zona de segurança do cotidiano diante

do risco e da natureza. Essas características aumenta o número de seus praticantes,

principalmente nos momentos ligados ao lazer. Porém, cabe ressaltar a necessidade do

monitoramento, orientação e intervenção de um profissional com conhecimentos

técnicos, pedagógicos e sensibilidade na compreensão da forma que seu aluno percebe a

relação existente entre o encontro, o ambiente e a ação escolhida em resposta ao evento.

A compreensão das emoções dentro dessas atividades, nesse caso foi o surfe,

pode ajudar auxiliar a desenvolver recursos de ensino e aprendizagem significativos tanto

para os discentes, como para os docentes. Ao considerar as alterações emocionais na

prática do surfe, a intervenção do profissional é imprescindível, principalmente nos

momentos de emoções negativas, conduzindo o aluno ao enfretamentos e superação das

dificuldades inerentes à atividade. As narrativas dos sujeitos apresentam maior percepção

de medo durante o drop, pelo risco de sofrer um wipeout. Portanto, é preciso que o PEF

responsável pelo ensino e aprendizagem do surfe proporcione momentos de descoberta,

de enfrentamento e também ser um agente mediador no processo de enfrentamento das

emoções que favoreçam a desistência da atividade.

Nesse estudo, mesmo sendo uma prática de formação informal, os sujeitos observavam

as mediações que o professor realizava juntamente com a estruturação da aula. Cada

atividade possui um conjunto de conhecimentos técnicos específicos em relação ao

controle de risco, possui também características diferentes que somadas a competências

e habilidades do PEF é possível um trabalho que desafie, sem, contudo, negligenciar as

questões referentes a segurança. Com a presença do instrutor ou monitor (guia) que dirige

a atividade, a percepção de segurança dos alunos que estão praticando a atividade muda,

pois estes depositam parte das questões referentes ao controle do risco ao profissional

(SPINK; ARAGAKI; ALVES 2005). Ao auxiliar o aluno nos momentos em que surfa na

percepção do medo de forma positiva possibilita-se o desenvolvimento de recursos para

enfrentamento da situação no momento do wipeout. O aluno consegue retomar a ação e

também aprende a conviver com a percepção de medo durante a prática de alguma

atividade de aventura. Tais características da mediação, principalmente com o foco nas

emoções, devem ser consideradas dentro das atividades de aventura, e o aluno ou

praticante precisa ser visto com um ser complexo em que o medo pode ser um fator

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inibidor da ação, mas que, ao ser enfrentado junto com o professor, ele pode levar ao

aprendizado e ao desenvolvimento de recursos voltados não só para ter sucesso na

atividade, mas que podem ser utilizados em outros contextos e momentos da vida.

As emoções nas primeiras experiências com a prática do surfe indicam

questões relacionadas ao medo, a alegria, a tristeza e a raiva. Porém, o medo com um

sentido positivo pelos praticantes, como algo que deve ser superado e também uma

emoção que os auxilia nas questões de preservação sendo importante para o controle das

situações de risco. Ao considerar o medo como uma emoção de desenvolvimento

humano, as estratégias desenvolvidas para o seu enfrentamento na prática das atividades

de aventura, podem ser transferidas para o dia a dia do sujeito.

As emoções ligadas às atividades de aventura e aos esportes radicais

funcionam como uma espécie de componente agradável na convivência com os riscos e

a sensação subjetiva de bem-estar. As situações do risco, medo e incertezas são como

“engrenagens” que movem o sujeito na prática regular dessas atividades. As incertezas e

os riscos controlados, uma vez superados, podem gerar emoções positivas. A

compreensão das emoções e das possíveis percepções do aluno sob a situação que

normalmente é inserido dentro do surfe, deve ser algo considerado no planejamento e

desenvolvimento das aulas.

O PEF deve compreender que o medo e as outras emoções fazem parte do

processo de ensino e aprendizagem do surfe, a melhor compreensão desses aspectos pode

auxiliar no desenvolvimento das aulas, das orientações e dos treinos.

Os conteúdos ligados ao surfe e às atividades de aventura emergem nos

últimos tempos dentro da formação profissional em EF, mas ao mesmo tempo sua

discussão precisa ser melhor sistematizada, suas competências e habilidades precisam ser

estruturados, pois a disciplina tem como finalidade proporcionar conhecimento técnico,

cientifico e pedagógico na formação inicial para que o estudante consiga aplicar os

conteúdos ligados a aventura nos momentos de atuação.

As questões referentes à pós-graduação lato sensu e o desenvolvimento

acadêmico científico do profissional que trabalha com atividades de aventura ainda se

encontram no início, a ideia de ampliar os conhecimentos acadêmicos sobre essas práticas

se torna importante para o PEF e também para uma ação profissional reflexiva.

Os cursos de formação técnicos específicos dentro de algumas atividades e

que são normatizados por organizações e federações vinculadas em uma determinada

prática de atividade de aventura precisam ser melhores viabilizados, à ponto de alcançar

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mais profissionais de Educação Física. No caso do surfe existem cursos ofertados pelas

federações e confederações da modalidade esportiva, porém, são cursos com

características técnicas e com o foco na ação do cotidiano. É necessário a articulação

desses saberes desenvolvidos dentro dessas capacitações técnicas com os saberes

pedagógicos e científicos. As questões referentes as áreas de conhecimentos presentes na

formação inicial, tais como os conhecimentos em relação ao ser humano e sociedade,

podem ajudar a subsidiar a prática profissional e o ensino e aprendizagem do surfe. Esses

conhecimentos que fazem parte da formação base do PEF devem ser incorporados no

ensino do surfe, pois, ao identificar que a maior percepção de medo nessa atividade está

atrelada ao wipeout e também ao próprio mar, circunstâncias essas que exigem a

mediação do professor.

Em relação aos objetivos propostos neste trabalho, destacamos que as

percepções subjetivas dos estudantes de Educação Física em referência às emoções

durante as primeiras experiências no surfe foram mais positivas do que negativas.

Essa pesquisa buscou compreender uma realidade em uma situação inédita

realizada por estudantes de EF, não sendo possível a generalidade destes dados a grandes

populações. Buscamos compreender a realidade vivida, por estes estudantes e inferir

questões e relações com as emoções percebidas e também com os olhares dos sujeitos em

relação a estrutura da aula.

Por fim, as atividades de aventura são um dos ramos de atuação do

profissional de Educação Física que precisa de maior compreensão sobre a realidade

brasileira e também uma melhor sistematização dos programas de formação que discutem

essas atividades. Pois, existe um crescente aumento destas atividades que fazem parte do

currículo oficial de Educação Física Escolar, sendo necessário uma maior discussão nos

mais diferentes cenários da Educação Física.

Ao passar por essas experiências, o sujeito pode sentir medo, alegria, raiva,

tristeza, desgosto ou se surpreender, dependendo da forma como avalia a situação. As

emoções ligadas às atividades de aventura e aos esportes radicais funcionam como uma

espécie de componente agradável na convivência com os riscos e a sensação subjetiva de

bem-estar. As situações do risco, medo e incertezas são como “engrenagens” que movem

o sujeito na prática regular dessas atividades. S incertezas e os riscos controlados, uma

vez superados, podem gerar emoções positivas.

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APÊNDICES

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APÊNDICE I

ENTREVISTA

Nome______________________________Idade_____________

Universidade/Faculdade_____Semestre__________Telefone______________.

A. Fale sobre sua experiência anterior com qualquer tipo de atividades de

aventura. Mencione todas elas.

B. Quais emoções você sentiu ao praticar atividades de aventura?

C. Como foi sua experiência na aula de surfe que você acabou de realizar?

D. Quais emoções você sentiu? Em quais momentos?

E. Como foi isso? Descreva o melhor que você puder.

Por favor, não comente com os demais sobre as perguntas e respostas dessa entrevista.

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APÊNDICE II

TCLE - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TÍTULO DA PESQUISA: “AS EMOÇÕES NAS ATIVIDADES DE AVENTURA:

UM ESTUDO COM FUTUROS PROFISSIONAIS DE EF”.

Eu____________________________________________________________________

___________ R.G__________________________ dou meu consentimento livre e

esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob

responsabilidade do pesquisador XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, aluno do curso

de Pós-Graduação Stricto-Sensu em EF da Universidade São Judas Tadeu, e da

orientadora Prof. Dra. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, docente do curso de

Pós- Graduação Stricto-Sensu em EF da Universidade São Judas Tadeu – USJT,

localizada na Unidade Mooca - R. Taquari, 546 - Mooca - São Paulo/SP - CEP 03166-

000. Assinando esse Termo de Consentimento, estou ciente que:

1. Descrever experiências subjetivas sobre as emoções básicas em estudantes do

curso de graduação em EF quando experimentam o surf como uma prática de

atividade de aventura.

2. Participarei de 4 aulas de surf com duração de 1hora e 20 minutos cada, divididas

em dois dias. Para auxiliar o pesquisador a entender melhor as variáveis a serem

pesquisadas.

3. Ao final da 2º aula e 4º aula responderei a uma entrevista, composta de questões

abertas e questões fechadas. Após 30 dias da última aula, responderei a outra

entrevista com perguntas abertas e fechadas.

4. Como benefício poderei aprender as técnicas básicas do surf, juntamente com suas

possibilidades para a minha atuação e formação profissional.

5. Participando da pesquisa, corro o risco, ainda que mínimo, de sofrer algum trauma

ou acidente por causa das práticas, ou o risco de algum constrangimento por conta

da entrevista. Apesar do ambiente ser preparado para a pesquisa, no sentido de

contar com um professor auxiliando o sujeito durante a prática, o Surf, na

condição de atividade de aventura, em si, apresenta a probabilidade risco. Esse

risco, no entanto, será controlado, escolhendo um local adequado para a iniciação,

que deverá ser um ponto da praia onde não haja corais ou pedras, buracos

profundos que provoquem redemoinhos ou sumidouros. A prática será

interrompida ou cancelada caso o dia esteja chuvoso na presença de relâmpagos.

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6. Para auxiliar no controle dos riscos o pesquisador terá o auxílio de outro professor

que trabalha com surf e irá dar suporte para a segurança física de todos que estarão

na água, esse professor irá ficar na areia observando a atividade e a qualquer

momento poderá interferir ou cancelar a aula, considerando que encontrou uma

situação de perigo.

7. Mesmo ensinando técnicas básicas para que os sujeitos consigam aplica-las

durante a prática do esporte, existe uma possibilidade remota de que ocorra algum

tipo de acidente durante a fase de aprendizagem do Surf, como uma entorse em

alguma articulação, uma escoriação nas mãos ou joelhos caso o praticante caia da

prancha em um local raso. Caso este tipo de acidente ocorra, o pesquisador está

preparado para prestar os primeiros socorros e encaminhar o estudante para um

posto de atendimento médico situado em Boiçucanga, distante 10 (dez) minutos

do local da prática.

8. Mudanças climáticas, como mar de “ressaca” podem alterar os riscos da atividade.

Será feita sempre uma avaliação prévia desses fatores e caso seja necessário a aula

será interrompida.

9. Estou livre para interromper a qualquer momento a minha participação na

pesquisa sem sofrer qualquer tipo de constrangimento ou prejuízo ao meu trabalho

ou à minha imagem;

10. Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos serão

utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída

sua publicação na literatura científica especializada;

11. Todos os sujeitos terão um seguro contra acidentes fornecidos pela empresa

Aventura & Movimento, sob custos do pesquisador responsável pelo projeto.

12. As aulas práticas serão ministradas pelos professores de EF Especialistas Tania

Brotto Haddad – CREF: 26.225 G/SP e Waldomiro Darin Jr. – CREF:111.043

G/SP – em uma data á combinar no 1 semestre do ano de 2016. Serão 12 alunos e

cada um vivenciará 4 aulas de surf.

13. Os clientes da Aventura & Movimento são assegurados (caso de acidente /e obto)

nas atividades , através da Seguradora Porto Seguro Seguros – Corretor:

APC:66746J Aventura Brasil CORR e ADM de Segs. LTD – A Aventura &

Movimento solicitará: o nome, data de nascimento, CPF, e RG dos sujeitos um

mês que antecipa a parte prática do projeto, Aulas de Surf (clausura 2).

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14. Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas para

apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone (11) 2799-

1665;

15. Poderei entrar em contato com os pesquisadores do estudo

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, pelo telefone (11) XXXXXXXXX e com

o/a professor/a orientador/a XXXXXXXXXXXXXXXXXXX pelo e-mail

XXXXXXXXXXXXXXXXXXX;

16. Esse Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá

em meu poder, outra com os pesquisadores responsáveis;

17. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre

a minha participação na referida pesquisa.

São Paulo,___________ de _________________________ de 2015.

______________________________________

Assinatura do voluntario

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ANEXOS

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ANEXO I

TERMO DE AUTORIZAÇÃO E RESPONSABILIDADE DA

FACULDADE/UNIVERSIDADE PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA:

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ANEXO II

TERMO DE COMPROMISSO COM A PESQUISA:

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ANEXO III

CRONOGRAMA E PLANO DAS AULAS DE SURFE

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ANEXO IV

PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA

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