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Professor Rodrigo Dornelles
Professor Rodrigo Dornelles
MATRIZ DE REFERÊNCIA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Competência de área 1 - Compreender os elementos culturaisque constituem as identidades
Competência de área 3 - Compreender a produção e o papelhistórico das instituições sociais, políticas e econômicas,associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentossociais.
Competência de área 5 - Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
Em 1964 é instaurado
um Estado de exceção
política no Brasil.
Uma época de autoritarismos e
silêncios, mas também de lutas
e resistências conhecida como
ditadura cívico-militar
brasileira. Período que se
estendeu até 1985.
Tanque do Exército circula pelas ruas do Rio de Janeiro, em 1o de abril de 1964.
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RODA VIVA
Tem dias que a gente se senteComo quem partiu ou morreuA gente estancou de repenteOu foi o mundo então que cresceuA gente quer ter voz ativaNo nosso destino mandarMas eis que chega a roda-vivaE carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-giganteRodamoinho, roda piãoO tempo rodou num instanteNas voltas do meu coração
(Evandro Teixeira / JB – DEDOC)
A gente vai contra a correnteAté não poder resistirNa volta do barco é que senteO quanto deixou de cumprirFaz tempo que a gente cultivaA mais linda roseira que háMas eis que chega a roda-vivaE carrega a roseira pra lá
(Evandro Teixeira / JB – DEDOC)
Roda mundo, roda-giganteRodamoinho, roda piãoO tempo rodou num instanteNas voltas do meu coração
(Ziraldo, 1968)
A roda da saia, a mulataNão quer mais rodar, não senhorNão posso fazer serenataA roda de samba acabouA gente toma a iniciativaViola na rua, a cantarMas eis que chega a roda-vivaE carrega a viola pra lá
Roda mundo, roda-giganteRodamoinho, roda piãoO tempo rodou num instanteNas voltas do meu coração
(Euller Cássia, 1977)
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
(“Roda Viva”,
Chico Buarque de Hollanda Volume 3,
1968)
A CONSTRUÇÃO DA DITADURA BRASILEIRA
(Evandro Teixeira / JB – DEDOC)
O presidente João Goulart discursa ao assumir a presidência da república do Brasil, em 7 de setembro de 1961.
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As reformas de base: conjunto de iniciativas que incluíam as reformas agrária, tributária, educacional, urbana, bancária e política, apoiadas por grupos nacionalistas e pela esquerda.
Impasse entre as forças conservadoras, contrárias às reformas, e os setores progressistas, favoráveis a elas.
Grande comício em 13 de março, na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, apoiando o governo e as reformas.
“Marcha da família
com Deus pela
liberdade”, São Paulo,
1964.
Cláudia Andujar, 1964
João Goulart é derrubado pelos militares, em 31 de março de 1964, por meio de um golpe, apoiado por políticos conservadores, representantes do grande capital nacional e estrangeiro e setores conservadores da Igreja católica e da classe média.
O Congresso Nacional tomado por forças militares apoiadas por setores sociais conservadores e pelo governo dos Estados Unidos declaram “vaga a presidência da
república do Brasil” após João Goulart deixar o país.
(Voz de Auro de Moura Andrade)
FASE INICIAL (1964-1968)
Logo após o golpe, o presidente da Câmara dos Deputados,
Ranieri Mazzilli, assumiu provisoriamente a presidência
da república.
9 de abril de 1964: uma junta militar editou o Ato Institucional
no 1 (AI-1), que estabelecia:
• O poder do presidente da república de suspender os direitos
políticos e cassar todos os cargos legislativos.
• A suspensão do caráter vitalício e estável dos cargos públicos,
que poderiam ser suprimidos em caso de ameaça à ordem
estabelecida.
Dois dias após a publicação do AI-1, o marechal Humberto Alencar
Castello Branco é eleito presidente da república pelo Congresso Nacional
→ apresenta como principal meta de governo “combater o comunismo e
recuperar a credibilidade internacional do Brasil”.
1964: cria o Serviço Nacional de Informação (SNI), com a tarefa de
supervisionar e coordenar as atividades de informação visando à garantia
da segurança nacional.
A repressão: lideranças sindicais, camponesas, estudantis
e religiosas foram presas; governadores e outros políticos tiveram seus
mandatos cassados.
Castello Branco decreta os Atos Institucionais no 2 (1965),
no 3 e no 4(1966).
O Congresso Nacional promulga a Constituição de 1967, que fortalece o
Poder Executivo federal e reduz a autonomia dos estados.
Os Atos Institucionais no governo Castello Branco
AI-2 (outubro de 1965):estabelece eleição indireta para
presidente da república e extingue os partidos políticos,
autorizando a existência apenas da Arena (Aliança Renovadora
Nacional) e do MDB (Movimento Democrático Brasileiro)
AI-3 (fevereiro de 1966):estabelece eleição indireta para
governadores e prefeitos de capitais, consideradas áreas de
segurança nacional
AI-4 (dezembro de 1966): convoca o
Congresso para aprovar o texto da Constituição de
1967, elaborado pelo governo militar
1967: O marechal Artur da Costa e Silva assume o governo após a
morte de Castello Branco.
Inicia a “linha dura” do regime, substituindo funcionários públicos
civis por militares em vários cargos estratégicos.
Governo marcado pela reação da sociedade civil:
• Greves de operários em Contagem (MG) e Osasco (SP), passeatas
estudantis desafiavam o regime militar.
• Passeata dos Cem Mil pela democracia, em junho de 1968, no Rio
de Janeiro, com participação de trabalhadores, intelectuais, políticos,
artistas e religiosos.
(Greve de Contagem, Minas Gerais, 1968. Mazico,
CPDOC, JB)
Passeata dos cem mil, 1968. Foto de Evandro Teixeira
Passeata dos Cem mil: o então líder estudantil Vladimir Palmeira discursa para os estudantes na Cinelândia, Rio de Janeiro. Ao lado dele, José Domingos Teixeira Neto, 26 de junho de 1968.
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Discurso do deputado federal do MDB pelo estado da Guanabara, Márcio
Moreira Alves, defende o boicote ao desfile do Dia da Independência.
Publicação do Ato Institucional no 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968: é
o golpe dentro do golpe.
“ANOS DE CHUMBO” (1968-1974) Fase mais repressiva do regime militar
Formação do Estado Policial Terrorista
Sistema legal e ilegal combinados (polícia política, Lei de Segurança Nacional, justiça militar & terrorismo de Estado)
Estratégia: tutela-controle jurídico sobre o sistema político e sobre corpo político nacional combinada com repressão policial direta.
Orgãos de informação: SNI, Assessorias de Segurança Institucional, polícia política, serviços de inteligência militar (CENIMAR, CIE, CISA)
Sistema de repressão pós-1969 – DOI-CODI (destacamentos/comandos operativos, subordinados mas autossuficientes e flexíveis, para combate à guerrilha)
Militarização das polícias estaduais
A ditadura escancarada
Ato Institucional no 5(13 de dezembro de 1968)
Executivo com poderes para fechar
o Congresso Nacional
Suspensão das garantias
constitucionais O presidente pode cassar mandatos e direitos políticos
O governo ganha o poder de suspender o direito de habeas
corpus
Rigorosa censura aos meios de comunicação
PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES
Caminhando e cantandoE seguindo a cançãoSomos todos iguaisBraços dados ou nãoNas escolas, nas ruasCampos, construçõesCaminhando e cantandoE seguindo a canção
Vem, vamos emboraQue esperar não é saber
Quem sabe faz a horaNão espera acontecer
Vem, vamos emboraQue esperar não é saber
Quem sabe faz a horaNão espera acontecer
Pelos campos há fomeEm grandes plantaçõesPelas ruas marchando
Indecisos cordõesAinda fazem da flor
Seu mais forte refrãoE acreditam nas flores
Vencendo o canhão
Vem, vamos emboraQue esperar não é saber
Quem sabe faz a horaNão espera acontecer
Vem, vamos emboraQue esperar não é saber
Quem sabe faz a horaNão espera acontecer
Há soldados armadosAmados ou não
Quase todos perdidosDe armas na mão
Nos quartéis lhes ensinamUma antiga lição
De morrer pela pátriaE viver sem razão
Vem, vamos emboraQue esperar não é saber
Quem sabe faz a horaNão espera acontecer
Vem, vamos emboraQue esperar não é saber
Quem sabe faz a horaNão espera acontecer
Nas escolas, nas ruasCampos, construçõesSomos todos soldados
Armados ou nãoCaminhando e cantando
E seguindo a cançãoSomos todos iguais
Braços dados ou não
Os amores na menteAs flores no chão
A certeza na frenteA história na mão
Caminhando e cantandoE seguindo a canção
Aprendendo e ensinandoUma nova lição
Vem, vamos emboraQue esperar não é saber
Quem sabe faz a horaNão espera acontecer
Vem, vamos emboraQue esperar não é saber
Quem sabe faz a horaNão espera acontecer
(“Pra não dizer que não falei das flores”,
Geraldo Vandré, 1968)
DIVINO, MARAVILHOSOAtenção ao dobrar uma esquinaUma alegria, atenção meninaVocê vem, quantos anos você tem?Atenção, precisa ter olhos firmesPra este sol, para esta escuridão
AtençãoTudo é perigosoTudo é divino maravilhosoAtenção para o refrãoÉ preciso estar atento e forteNão temos tempo de temer a morte
Atenção para a estrofe e pro refrãoPro palavrão, para a palavra de ordemAtenção para o samba exaltação
AtençãoTudo é perigosoTudo é divino maravilhosoAtenção para o refrãoÉ preciso estar atento e forteNão temos tempo de temer a morte
Atenção para as janelas no altoAtenção ao pisar o asfalto, o mangueAtenção para o sangue sobre o chão
AtençãoTudo é perigosoTudo é divino maravilhosoAtenção para o refrãoÉ preciso estar atento e forteNão temos tempo de temer a morte
(“Divino, maravilhoso”, Gal
Costa, 1969)
FORMAS DE RESISTÊNCIA
Resistência armada
Resistência civil organizada
Resistência individual (“coragem civil”)
Resistência a partir de “ações de massa”
LUTA ARMADA (1968-1974)
• Setores da esquerda, influenciados pelas ações guerrilheiras na América Latina, iniciam a luta armada para derrubar o regime: PC do B (dissidência do PCB), Aliança Libertadora Nacional (ANL), de Carlos Marighella, Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), liderada pelo capitão Carlos Lamarca, Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), entre outros.
• A guerrilha promove assaltos a banco e sequestros para financiar a luta contra o regime e negociar a libertação de prisioneiros políticos.
(Presos políticos do caso Charles Elbrick, década de 1970)
RESISTÊNCIA CULTURAL
Durante os “anos de chumbo”, a resistência ao regime militar também se manifestou no campo cultural, com ações na música, no teatro e no cinema.
• Composições musicais afrontavam e questionavam o regime, destacando-se as obras de Geraldo Vandré e Chico Buarque de Hollanda.
• O teatro como arte de crítica social e política: Teatro de Arena, fechado pela ditadura; Teatro Oficina, de José Celso Martinez Corrêa; Grupo Opinião, formado a partir do Centro Popular de Cultura (CPC), da União Nacional dos Estudantes (UNE).
• O Cinema Novo, de Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos, entre outros, engajado em denunciar os problemas sociais do país.
Nara Leão entre Zé
Keti (à esq.) e João
do Vale em
“Opinião”: cantora
combateu a
ditadura e abriu
caminhos para a
canção popular
OS FESTIVAIS DE MÚSICA POPULAR
Durante a ditadura militar, os Festivais de MúsicaBrasileira foram uma série de concursos de canções originais einéditas transmitidos por algumas emissoras de televisão brasileira(TV Excelsior, TV Record, TV Rio, Rede Globo) entre as décadas de1960 e 1980.
Esses festivais consolidaram a música popular brasileira, além derevelar e consolidar grandes compositores e intérpretes da músicabrasileira
TROPICALISMO
(“Tropicália...”, lançado em 1967)
BABYVocê
Precisa saber da piscinaDa margarinaDa CarolinaDa gasolina
Você precisa saber de mim
Baby, babyEu sei que é assim
Baby, babyEu sei que é assim
VocêPrecisa tomar um sorvete
Na lanchoneteAndar com a gente
Me ver de perto
Ouvir aquela canção do Roberto
Baby babyHá quanto tempo
Baby babyHá quanto tempo
VocêPrecisa aprender inglês
Precisa aprender o que eu seiE o que eu não sei maisE o que eu não sei mais
Não seiComigo vai tudo azul
Contigo vai tudo em pazVivemos na melhor cidade
Da América do SulDa América do SulDa América do Sul
Você precisaVocê precisaVocê precisa
Não seiLeia na minha camisa
Baby babyI love you
(“Baby”, Caetano Veloso, 1968)
PANIS ET CIRCENSESEu quis cantar uma canção iluminada de solSoltei os panos sobre os mastros no areSoltei os tigres e os leões nos quintaisMas as pessoas na sala de jantarSão ocupadas em nascer e morrerMandei fazer de puro aço luminoso um punhalPara matar o meu amor e mateiÀs cinco horas na avenida centralMas as pessoas da sala de jantarSão ocupadas em nascer e morrerMandei plantar folhas de sonhos no jardim do solarAs folhas sabem procurar pelo solE as raízes procurar, procurarMas as pessoas da sala de jantarEssas pessoas da sala de jantarMas as pessoas da sala de jantarSão ocupadas em nascer e morrer
(Caetano Veloso e Gilberto Gil, 1968)
“CÁLICE” E A MÚSICA DE PROTESTOPai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força brutaPai, afasta
de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer
momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me
esqueça
(Chico Buarque e Gilberto Gil, 1973)
APESAR DE VOCÊHoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse
estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal
(Chico Buarque, 1970)
ROCK BRASILEIRO E RESISTÊNCIA
“Krig-ha, Bandolo!”, 1973
METAMORFOSE AMBULANTEPrefiro ser essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada
sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada
sobre tudo
Eu quero dizer agora o oposto do que eu
disse antes
Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada
sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada
sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
É chato chegar a um objetivo num instante
Eu quero viver nessa metamorfose
ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada
sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada
sobre tudo
(Raul Seixas, 1973)
GEISEL E A ABERTURA POLÍTICA (1974-1979) O general Ernesto Geisel dá início ao processo “lento, gradual
e seguro” de abertura política, chamado distensão → avanços e retrocessos na liberalização do regime.
1974: a sociedade anseia por mudanças, e candidatos do MDB são vitoriosos nas eleições parlamentares.
1976: o governo reage e cria a Lei Falcão, que proibia candidatos de se apresentarem ao vivo no rádio e na TV durante a propaganda eleitoral gratuita.
1977: visando enfraquecer a oposição, o governo lança o Pacote de Abril:
• Fecha o Congresso Nacional.• O presidente passa a governar por meio de decretos.• Um terço do Senado passa a ser indicado pelo presidente:
são os senadores conhecidos como “biônicos”.
1977-1978: estudantes lutam pela anistia e pelo fim da ditadura; metalúrgicos das fábricas do ABC paulista fazem greve por melhores salários.
O general João Baptista Figueiredo assume o governo, em 1979, sob protesto popular.
Em março de 1979, mais de 80 mil metalúrgicos do ABC paulista entraram em greve, desafiando a polícia e o regime militar.
Cresce a articulação e luta da sociedade: estudantes, professores, bancários e outras categorias lutam por melhores salários, por mais verbas para a educação e pelo fim da ditadura.
Junho de 1979: o Congresso aprova a Lei de Anistia, beneficiando os dirigentes e os torturadores do regime militar e permitindo a volta dos exilados e a libertação dos prisioneiros políticos.
FIGUEIREDO E O FIM DO REGIME (1979-1985)
Novembro de 1979: uma reforma política permite o pluripartidarismo: surgem o PT, o PMDB, o PDS e o PDT, entre outras legendas.
1982: nas eleições diretas para governadores, prefeitos, deputados e senadores, os partidos da oposição elegem candidatos em vários estados.
MOBILIZAÇÃO POPULAR E AS DIRETAS JÁMobilização popular e as Diretas Já
1983: oposições lançam a
campanha pelas Diretas Já, que exige a volta das eleições diretas e
livres para a presidência da república em
1985
1984: a campanha ganha
força com a participação de
partidos políticos de centro e
esquerda recém-criados, assim
como de jornalistas,
intelectuais e artistas em
comícios pelo país
Abril de 1984:a emenda que estabelecia as
eleições diretas é rejeitada na Câmara dos Deputados
15 de janeiro de 1985:
Tancredo Neves é eleito, no
Colégio Eleitoral, presidente da
república
15 de março de 1985: Tancredo Neves adoece e seu vice, José
Sarney, é empossado
como presidente interino. Com a
morte de Tancredo, em abril, Sarney
assume definitivamente
o cargo
ALBERTO
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Manifestação popular na campanha Diretas Já, em Belo Horizonte, 24 de fevereiro de 1984.
DEPOIS DA DITADURA: TEMPO PERDIDO?Todos os dias quando acordoNão tenho maisO tempo que passouMas tenho muito tempoTemos todo o tempo do mundo
Todos os diasAntes de dormirLembro e esqueçoComo foi o diaSempre em frenteNão temos tempo a perder
Nosso suor sagradoÉ bem mais beloQue esse sangue amargoE tão sérioE selvagem! Selvagem!
Selvagem!
Veja o solDessa manhã tão cinzaA tempestade que chegaÉ da cor dos teus olhosCastanhos
Então me abraça forteE diz mais uma vezQue já estamosDistantes de tudoTemos nosso próprio tempo
(“Tempo perdido”, Legião Urbana, Album “Dois”, 1986)