Professor
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Sobre Educação
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Outro dia, folheando a revista Veja num consultório médico, li uma reportagem bastante interessante que mostrava, com estatísticas, que as crianças de origem
asiática, que vivem no Brasil, apresentam um desempenho
escolar superior ao dos estudantes brasileiros.
O texto explicava que, nas classes onde
elas são maioria, o silêncio e a atenção são uma constante.
Ouve-se claramente a voz do professor
explicando a matéria.
Dizia também que
essas crianças dedicam
nove horas diárias ao
estudo (cinco na escola e quatro em
casa) enquanto
que as nossas,
apenas cinco (as da escola)
Quando chegam em casa, essas crianças pegam seus cadernos, livros e estudam.
Fazem os deveres de casa que o professor passa, lêem,
treinam equações matemáticas etc.
Enquanto os brasileirinhos, em sua maioria,
vagueiam pelas ruas empinando pipa ou jogando
bola
Com isso, os asiáticos do nosso país estão conseguindo os melhores postos
de trabalho (que são justamente aqueles que exigem maior qualificação
e preparo)
Em empresas com ótima remuneração,assistência
médico-hospitalar e condições de ascensão profissional
E tudo isso me fez lembrar de uma menina brasileira que
morava no Japão e veio visitar os parentes que ficaram aqui.
A tia dela era Orientadora na escola onde lecionávamos.
Certo dia estávamos em nossas classes, tentando dar aula e explicar a matéria para
os alunos que, como sempre, só conversavam e brincavam de costas para a
lousa...
enquanto isso, a tia , nossa orientadora, vagava com a garota pelos corredores da
escola, procurando uma classe mais calma, onde a
sobrinha pudesse ficar resolvendo as questões de uma provinha de terceira série que ela (tia) havia
preparado, para verificar o aproveitamento e a
adaptação da menina na escola japonesa.
Mas a menina ficou aterrorizada com a gritaria dos nossos alunos
e preferiu resolver a prova na Biblioteca, alegando que não
conseguiria concentrar-se com aquela bagunça ...
Perguntamos então o que acontecia, na escola dela, com os
alunos que só queriam brincar, não estudavam e não respeitavam o
professor em sala de aula
Ela disse que eles eram castigados
Perguntamos então qual era o tal
castigo.
E sabem o que ela respondeu????
Que não sabia, porque na classe dela
nuncahavia visto um aluno conversar
durante as explicações ou desrespeitar seu professor....
Perceberam a diferença?
Nas escolas públicas de São Paulo, as salas de aula são superlotadas, com até 45 alunos
por classe.
Para esse auditório, o professor tem que ensinar:
-o conteúdo das disciplinas (Matemática, Português História, Geografia, Ciências)
+ cidadania+ valores + educação sexual + higiene +saúde + ética + pluralidade
cultural.
Deverá também funcionar como psicólogo, assistente social, orientador educacional e orientador pedagógico, desempenhando
também todos os deveres familiares que a sociedade resolver transferir para a escola.
Nossos alunos dizem que as aulas são chatas e alegam que não gostam de ler
que ler não é divertido....
que jogar bola e empinar pipa é melhor...
E todos logo gritam em coro:
- Culpa dos professores que não dão uma aula divertida e atraente para as crianças
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo surge em cena alegando
que o aluno que temos é assim mesmo e que os professores precisam aprender
a ensinar...
Rotula o magistério oficial como “professores nota zero”
O que eles querem esconder é que temos em classe crianças ( filhos de
eleitores) que recebem o livro didático, cadernos e até mochilas mas
“esquecem” em casa para ficar brincando durante a aula...
Crianças que não fazem lição de casa, não estudam e nem sequer prestam atenção as explicações do professor
em classe.
Para agradar os pais eleitores, a Secretaria da Educação encaminha os
professores para cursos de “capacitação”, alegando que eles não
têm mais capacidade para ensinar.
Contratam firmas para dar esses cursos que segundo eles, tem o poder
de transformar “profissionais despreparados” em professores
criativos, prontos para dar uma aula eficaz, envolvente, estimulante e, ao
mesmo tempo, divertida , capaz de fazer com que os alunos gostem mais
da escola do que das partidas de futebol, mais de leitura do que dos
jogos no computador....
É claro que esse discurso de responsabilizar o professor e varrer a sujeira pra baixo do
tapete não vai levar a Educação a lugar nenhum.
Mas serve perfeitamente para justificar, junto a opinião pública,
os baixos salários pagos aos profissionais do estado que mais
arrecada impostos no país.
Imagine que você está doente, vai ao médico e ele prescreve determinado
remédio
Você não toma o medicamento, não faz a sua parte e culpa o médico por não
melhorar,..
Assim acontece nas escolas públicas paulistas: o professor ensina e os alunos não prestam atenção, não
estudam, não fazem os deveres de casa , como nossos amiguinhos
asiáticos
Daí vem o governo e culpa o professoro professor pelo mau desempenho dos
“estudantes”“estudantes”
Para justificar mais uma vez a falta de reajustes e os baixos
salários em SP o governo implantou um sistema de
avaliação
Os professores recebem um bônus por produtividade, uma vez por ano,
se os alunos estudarem
se os alunos não faltarem;
se os alunos não se evadirem;
se os alunos ...
E, como o aluno não quer saber de nada, estamos sem reajustes desde
que o PSDB começou a governar (uns11 anos) .
Daí vemos o governador na TV dizendo que pagou seis mil reais de bônus aos
professores.
Só que se isso fosse averiguado direitinho, a verdade seria descoberta.
Para se ter uma idéia, tem escolas onde nenhum professor
recebeu bonificação porque...
houve evasão,
porque o aproveitamento dos alunos não se alterou
E assim por diante!
Sem contar que, nesse sistema de bonificação por produtividade, os aposentados, por não terem mais
alunos, são castigados e estão sem reajuste há anos (desde que o
governo de SP passou a avaliar professores pelo desempenho dos
alunos...)
Ninguém quer sugerir aos eleitores a receitinha das crianças asiáticas:
- fazer a lição de casa.
-estudar,
-- empenhar-se,
- dedicar-se.
Enfim, fazer sua parte!
A verdade é que o educador deixou de ser modelo para os jovens:
ganhamos mal, nos vestimos mal e somos alvo constante da crítica social .
Hoje, modelo para os jovens, são os milionários jogadores de futebol, pagodeiros
e outros mais que prefiro nem relacionar aqui...
Vamos combinar, não dá para falar em Educação de Qualidade enquanto o
profissional da educação for sistematicamente desvalorizado ,
tratado pelo governo, pelas famílias e pela mídia em geral como um inimigo
público, um vagabundo etc.
Nessas condições , que aluno vai querer ouvir o que uma pessoa assim tem a
dizer?
Pedimos a todos que repassem esta mensagem para sua lista de contatos.
Não temos voz na mídia e precisamos da internet para que a população
saiba o que acontece nas escolas de SP.