Produtos para Reabilitação Conservaçãoconservação e restauro do património arquitectónico,...

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5 6 0 7 7 2 7 0 5 0 9 6 4 0 0 0 3 2 Ano VIII – N.º 32 Outubro/Novembro/Dezembro 2006 – Publicação trimestral – Preço 4,48 (IVAincluído) Revista da Conservação do Património Arquitectónico e da Reabilitação do Edificado GECoRPA assina protocolo com o IPPAR Produtos para a Reabilitação e a Conservação Capa n.º 32.qxp 12/20/06 11:24 PM Page 1

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Revista da Conservação do Património Arquitectónico e da Reabilitação do Edificado

GECoRPA assina protocolo com o IPPAR

Produtos para a Reabilitação e a Conservação

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Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 2006

Tema de Capa:

Reconhecida pelo Ministério da Cultura como “publicação de manifesto interesse cultural”,ao abrigo da Lei do Mecenato.

Nº 32 – Outubro/ Novembro/ Dezembro 2006Propriedade e edição:GECoRPA – Grémio das Empresas de Conser-vação e Restauro do Património ArquitectónicoRua Pedro Nunes, n.º 27, 1.º Esq.1050 - 170 LisboaTel.: 213 542 336, Fax: 213 157 996http://www.gecorpa.ptE-mail: [email protected]: 503 980 820Director: Vítor CóiasCoordenação: Joana Gil MorãoConselho redactorial: João Appleton, João Mascarenhas Mateus, José Aguiar,Miguel Brito Correia, Teresa de Campos Coelho Secretariado: Elsa FonsecaColaboram neste número:A. Jaime Martins, Amélia Dionísio, Ana Luz, António Pereira Coutinho, Carlos M. Duarte,Carlos Moura, Gabriella Cordeiro, João C.Moura Bordado, João Silva, Jorge de Brito, Luís Pedro Mateus, Manuel João Esteves Ferreira,Maria do Rosário Veiga, Nuno Teotónio Pereira, Susana Fernandes, Tiago Ribeiro, Vítor CóiasDesign gráfico e produção:Loja da ImagemRua de D. Estefânia, n.º 22 – 1º Dt.º 1150-134 LisboaTel.: 210 109 100, Fax: 210 109 199E-mail: [email protected]:GECoRPA – Grémio das Empr esas de Conser-vação e Restauro do Património ArquitectónicoRua Pedro Nunes, n.º 27, 1.º Esq.1050-170 LisboaTel.: 213 542 336, Fax. 213 157 996http://www.gecorpa.ptE-mail: [email protected]ão: Colprinter, Indústria Gráfica, Ld.ªRua D. Afonso Henriques, Lote 652695-670 S. João da TalhaDistribuição: VASP S.A.

Depósito legal: 128444/98Registo na DGCS: 122548ISSN: 1645-4863Tiragem: 3000 exemplaresPeriodicidade: Trimestral

Os textos assinados são da exclusiva responsabili-dade dos seus autores, pelo que as opiniões expres-sas podem não coincidir com as do GECoRPA.

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Ficha Técnica 2EDITORIAL

3QUADRO DE HONRA

49ASSOCIADOS GECoRPA

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EM ANÁLISE

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Ano

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Revista da Conservação do Património Arquitectónico e da Reabilitação do Edificado

GECoRPA assina protocolo com o IPPAR

Produtos para a Reabilitação e a Conservação

C

Capa

Elevação de um coruchéu para a cúpula de uma das torres da Sé Catedral do Porto,após o restauro.

Fotografia cedida por:Augusto de Oliveira Ferreira & C.ª, Ld.ª

Produtos para a Reabilitação e a Conservação

Química dos Materiais de ReabilitaçãoPolímeros e Aditivos Funcionais

(João C. Moura Bordado)

Pozolanicidade do pó de tijoloUma propriedade a potenciar

(João Silva, Jorge de Brito, Maria do Rosário Veiga)

12Edifícios Históricos

A conservação da construção em pedra(Amélia Dionísio)

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NOTÍCIA

Lançamento do livro “Inspecções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios”

Tecnocrete, Materiais e Tecnologias de Reabilitação Estrutural, Ld.ª

Associação Portuguesa dos Fabricantesde Argamassas de Construção

2.º Congresso Nacional de Argamassasde Construção em preparação

(Carlos M. Duarte)

Grupo STAPImagem corporativa renovada

28PROJECTOS & ESTALEIROS Bairro de Alfama

O levantamento arquitectónico e construtivo e a monitorização

de um edifício antigo(Susana Fernandes, Tiago Ribeiro)

Produtos para a reabilitação e a conservação

(António Pereira Coutinho)

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e-pedra e cal

16QUALIDADE

A qualidade da reparaçãoA normalização dos produtos

para a protecção e reparação das estruturas de betão

(Manuel João Esteves Ferreira)

34PATRIMÓNIO PARA MIÚDOS

Câmara Municipal de Torres Vedrasapresenta “Kit de Defesa

do Património Edificado”Entrevista à Vereadora do Urbanismo,

Arq.ª Cristina Castelo Branco(Gabriella Cordeiro)

52PERSPECTIVASAlienação de património público

Antecedentes, receios, interrogações(Nuno Teotónio Pereira)

38PERFIL DE EMPRESA

41VIDA ASSOCIATIVA

43VIDA ASSOCIATIVA/AGENDA

44DIVULGAÇÃO

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VitrúvioA tradução portuguesa

por M. Justino Maciel(Carlos Moura)

SIVAL, Gessos Especiais, Ld.ª

LIVROS LIDOS 36

AS LEIS DO PATRIMÓNIOO restauro no novo regime

do arrendamento urbano(continuação do número anterior)

(A. Jaime Martins)

37MATERIAIS & SERVIÇOS

30Muralha dos Dragões em Évora

Conservação de paramentos e estabilização de guaritas

(Luís Pedro Mateus)

47LIVRARIA

20METODOLOGIAS

O sistema RichtergardConsolidação e reforço sísmico

de alvenarias(Tecnocrete)

24Fundações de construções históricas

II. Intervir sem interferir(Vítor Cóias)

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Vítor Cóias

Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 20062

EDITORIAL

O presente número da Pedra & Cal pretende focar o tema dos materiais ou produtos (esta é a designação adoptada pela Directiva dos Produtos da Construção), utilizados na manutenção, reparação e reabilitação do edificado e naconservação e restauro do património arquitectónico, um mercado em rápida expansão devido ao peso crescenteque estes segmentos de actividade representam dentro do sector da construção.

Anecessidade de um conhecimento profundo dos produtos utilizados na reabilitação dispensa justificação. Mesmono caso mais simples, envolvendo as construções recentes e, em particular, as estruturas de betão armado, a reali-zação das intervenções de reabilitação pressupõe, normalmente, o recurso a produtos que devem satisfazer requisi-tos múltiplos e, por vezes, contraditórios – o que conduz a frequentes insucessos, dando azo a uma limitada durabi-lidade das intervenções. Já no caso da reabilitação das construções antigas esta questão ganha em complexidade, dada a maior exigência de compatibilidade entre os produtos utilizados e os materiais tradicionais que foram empregues na construção original ou nas sucessivas alterações nela introduzidas ao longo do tempo. Finalmente, no caso da conservação e restauro das construções que, mercê do seu valor histórico e artístico, se tornaram bens culturais, os requisitos a que devem obedecer os produtos utilizados configuram um ainda maior grau de exigência,dado que se trata não apenas de prolongar a vida útil da construção, mas de assegurar a sua transmissão às futurasgerações, sem prejudicar a sua autenticidade.

Por consequência, a especificação de produtos adequados é uma condição essencial para que uma intervenção dereabilitação seja bem sucedida. Esta condição não é, todavia, suficiente, porque, além de correctamente selecciona-do, o produto tem de ser devidamente aplicado. Ao limite, o produto utilizado nas intervenções das áreas acima referidas, que deverá ser parte da solução, pode chegar a constituir parte do problema.

Constata-se, por outro lado, que os produtos utilizados na reabilitação dos edifícios, em geral, e na conservação dosque constituem património arquitectónico, em particular, são originados, predominantemente, na área da química,disciplina com que os profissionais de arquitectura e engenharia civil, não estão, normalmente, muito familiariza-dos. Esta circunstância é agravada pelo facto de estes produtos tenderem, frequentemente, a serem apresentados nomercado numa abordagem tipo “caixa negra”, com a sua composição envolta num maior ou menor secretismo.

Ao dedicar este número à problemática dos produtos usados na reabilitação do edificado e na conservação do património arquitectónico, a Pedra & Calpretende dar aos seus leitores uma perspectiva sobre esta importante áreae contribuir, assim, para decisões correctas na selecção dos produtos a utilizar e – não menos importante – de quemse irá encarregar da respectiva aplicação em obra.

Produtos para a reabilitaçãoe para a conservação

Uma boa escolha é essencial, mas não chega

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Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 2006

GECoRPA

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Quadro de Honra

Do número apreciável de empresas que têm manifestado interesse na conservação do patrimónioarquitectónico português e nas actividades do GECoRPA, foi seleccionado um grupo restrito depatrocinadores da revista Pedra & Cal.Para distinguir essas empresas, particularmente empenhadas no sucesso da revista, foi criado opresente Quadro de Honra.

A Direcção do GECoRPA

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EM ANÁLISE

Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 2006

Tema de Capa

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INTRODUÇÃO A Engenharia Civil e as actividades deconstrução recorrem cada vez mais amateriais poliméricos e a aditivos quí-micos funcionais, nomeadamente nareabilitação de edifícios.Se é certo que em edifícios com valorhistórico e/ou do património arquitec-tónico classificado se deve, na medidado possível, utilizar os mesmos mate-riais que foram utilizados na cons-trução original, também é certo que acompatibilização desses materiais comos actuais requisitos de construção po-de, em alguns casos, recomendar quese utilizem aditivos ou ligantes melho-radores das propriedades dos mate-riais utilizados em reabilitação.

CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAISDE REABILITAÇÃOOs materiais de reabilitação podem serclassificados de muitas formas, desde aclassificação de carácter tipológico atéàs classificações claramente funcionais.As principais classificações podem serenumeradas:

• Quanto à Natureza Química;• Quanto ao Campo de Aplicação;• Quanto ao Processo de Aplicação;• Quanto ao tipo de “Problema a Re-

solver”;• Quanto ao tipo de Material a Reabilitar.

Quanto ao Campo de Aplicação é habi-tual classificar os materiais de reabili-tação em:

• Estruturais;• Não Estruturais.

E, nestes últimos, cabem materiais deimpermeabilização, protecção de su-perfícies, vedação de juntas, acaba -mento, etc...Quanto ao método ou processo de apli-cação, as principais classes que é habi-tual utilizar são:

• Mistura Directa;• Pintura;• Impregnação;• Injecção.

Os Materiais Poliméricos são incluídosnas classes P7 e P9 da classificação“Uniclass” (United Classification for theConstruction Industry), actualmente in-cluída no sistema ISO:

• Classe P7: Plásticos, Borracha, Mate-riais Químicos e Sintéticos;

• Classe P9: Materiais Compósitos, eMateriais Indiferenciados.

E, nesta última classe, ganham im -portância os materiais compósitos comfibras de alto módulo, bem como os ma-

teriais ultraleves como as espumas depoliuretano utilizadas em isolamentotérmico. Aclassificação segundo a natureza quí-mica pode ser feita detalhadamente se-gundo os grupos funcionais químicospresentes nas moléculas, mas podemais simplesmente considerar as duasclasses principais:

• Materiais inorgânicos;• Materiais orgânicos.

Os primeiros são de origem mineral etêm predominantemente ligações quí-micas iónicas, e em geral não têm áto-mos de carbono, enquanto que os ma-teriais orgânicos têm sempre átomos decarbono e têm predominantemente li-gações químicas de carácter covalente.Os Materiais Inor gânicos são geral-mente muito resistentes à temperatura,enquanto que os materiais orgânicossofrem sempre degradação térmicaacima dos 400º celsius, e nalguns casosa temperaturas inferiores a este valor.Deve aqui mencionar-se que os carbo-natos e bicarbonatos presentes em ma-teriais de natureza calcária são, devidoao respectivo comportamento quí-mico, classificados como materiaisinorgânicos apesar de conterem áto-mos de carbono, pelo que devem serconsiderados uma excepção.Dentro da classe dos Materiais Orgâni-cos adquirem especial importância osPolímeros, que são constituídos pormoléculas relativamente longas comunidades estruturais que se repetem noespaço, e cujos motivos estr uturais(meros) decorrem da estrutura mole-cular dos monómeros utilizados na res-pectiva produção.

A criteriosa e prudente utilização de materiais poliméricos na rea-bilitação abre um enorme campo de inovação nos processos cons-trutivos e de r eabilitação, nomeadamente com a utilização de materiais poliméricos já com créditos firmados e reconhecidas van-tagens técnicas.

Química dos Materiais de Reabilitação

Polímeros e Aditivos Funcionais

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EM ANÁLISETema de Capa

Os Materiais Poliméricos podem serclassificados com vantagem em:

• Reactivos;• Não reactivos.

Os primeiros são utilizados com r e-acção química que ocorre em obra, sen-do em geral necessário utilizar dois oumais componentes. As resinas epoxídi-cas, as resinas poliéster insaturadas, eainda os prepolímeros de isocianatodevem ser classificados na classe dosMateriais Poliméricos r eactivos, en-quanto que os Geotêxteis, dispersõesaquosas de revestimento (membranaelástica), fibras de kevlar, co-ligantes hidráulicos (tipo melment), pertencemà classe dos Materiais Poliméricos nãoreactivos. As resinas epoxídicas mere-cem um especial destaque pelo impor-tante papel que desempenham no re-forço estrutural de vigas e pilares, porprocessos de injecção.Não deve aqui omitir-se uma impor-tante classe de aditivos classificados como Orgânicos-não poliméricos queincluem as aminas alifáticas, utilizadascomo inibidoras de corrosão (migran-tes para armaduras), e ainda os com-postos organometálicos utilizados como biocidas em tintas, vernizes e rebocos, bem como os aditivos parabetão como aceleradores de presa oulignosulfanatos, utilizados como superplastificantes.Uma “classificação funcional” ou ope-rativa, que tem clara utilidade, explíci-ta a função do aditivo e classes relevan-tes são por exemplo:

• Consolidantes;• Selantes;• Hidro-expansivos;•Anti-corrosivos;• Endurecedores de superfície.

De notar,no entanto, que em muitos ca-sos não se trata de produtos químicospuros, mas sim de produtos formula-dos com uma ou mais matérias activase um conjunto de diluentes ou aditivosreguladores de reologia.Os consolidantes desempenham umimportante papel no aumento da co-esão, e na prevenção dos processos dedesagregação, quer de madeiras anti-gas atacadas por insectos e/ou fungos,quer ainda de pedra em processo de de-sagregação. Um processo que se verifi-ca quer por ataque salino, quer, no casodos países nórdicos, pela ocorrência re-petida de gelo/degelo.As soluções consolidantes, aplicadasgeralmente por impregnação ou in -jecção, são constituídas por polímerosacrílicos muito estáveis, em soluçãocom solventes migrantes de toxicidademuito baixa. Quando pertinente, estassoluções são aditivadas com biócidasespecíficos, tais como anti fungos in-secticidas de alta persistência.

REFORÇO ESTRUTURAL COMCOMPÓSITOS DE MATÉRIA POLI-MÉRICA Nos materiais compósitos de matriz po-limérica utilizam-se sobretudo fibras devidro e fibras de carbono como reforço,sendo a matriz muito frequentementeproduzida a partir de resinas poliésterinsaturadas ou de resinas epoxídicas.Os varões compósitos pultrudidos, emque é utilizado “roving” de fibra de vi-dro, unidireccional, competem com osvarões de aço inox na produção de ar-maduras de alta durabilidade e de altaresistência à corrosão.Prevê-se que este tipo de soluções ve-nha a ganhar importância no futuro, jáque se sabe que é a oxidação esfoliativade armadura de aço convencional, com consequente macro-fissuração debetão envolvente, que marca o ponto apartir do qual a degradação do edifíciopassa a ser muito difícil de controlar,por induzir corrosão generalizada dasarmaduras, pelas chuvas ácidas.

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Fig. 1 - Impregnação mecânica de tecido de fibras de carbono com resina epoxídica, para reforço de betão armado

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EM ANÁLISE

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Tema de Capa

COMPÓSITOS COM FIBRASAutilização de fibras no betão e em ar-gamassas de reboco melhora a homo-geneidade da microfissuração, bem co-mo a resistência à propagação de fissu-ras, de que resultam valores melhora-dos para propriedades mecânicas, taiscomo a resistência em flexão (em qua-tro pontos de apoio), resistência ao im-pacto, além da convencional resistên-cia ao esmagamento por compressão.Aeficácia do reforço depende, em largamedida, da adesão da argamassa à su-perfície da fibra, constatando-se bonsresultados com fibras de Poliéster, dePoliacrilonitrilo, bem como com fibrade vidro, e resultados marginalmentemelhorados com fibra de polipropile-no em que a adesão é claramente pior.Destas fibras, a que demonstra maiordurabilidade, quando avaliada em en-saios de envelhecimento acelerado, é ade poliacrilonitrilo (fibra acrílica) já quetanto a fibra de vidro como a fibra depoliéster sofrem ataque químico pelasbases presentes na argamassa.Amistura da fibra cortada é geralmen-te feita aquando da preparação da ar-

gamassa, devendo o comprimento dafibra ser pelo menos três vezes o maiordiâmetro dos inertes finos presentes naArgamassa matriz.As fibras acrílicas podem também serutilizadas com vantagem em outras ar-gamassas de ligantes hidráulicos, taiscomo a cal e o gesso.

RE-ALCALINIZAÇÃOA larga maioria dos edifícios que hojese constroem nas cidades (e não só) uti-lizam uma estrutura de betão armado,cuja durabilidade durante muitos anosnão causou preocupações.É hoje reconhecido que estas estrutu-ras, mesmo que revestidas, vão sofren-do degradação lenta que, no entanto,se torna incontrolável quando se iniciao processo de corrosão e oxidação es-foliante com o aumento progressivode armadura exposta aos factores cli-máticos.O passo lento do processo de degra-dação é a carbonatação progressiva dobetão, que consiste na formação de car-bonatos por reacção do dióxido de car-bono presente na atmosfera com os hi-

dróxidos presentes no betão. Acamadacarbonatada vai crescendo ao longodos anos, e a velocidade da progressãodepende do grau de microfissuração eda microporosidade aberta. Quandoatinge a armadura, esta deixa de estarprotegida quimicamente pela basici-dade, já que o pH passa a ser próximode sete, ou mesmo inferior, na presençade chuvas ácidas.Infelizmente, este aumento progressi-vo da camada carbonatada é hoje cincovezes mais rápido do que quando o ci-mento “Portland” foi inventado, já quea reacção de carbonatação é de segun-da ordem e a concentração de CO2 naatmosfera é, actualmente, cerca de cin-co vezes superior à que ocorria no finaldo século XIX.É evidentemente preocupante saber-seque os edifícios de betão se estão a de-gradar cerca de cinco vezes mais rapi-damente que há pouco mais de um sé-culo. Neste âmbito, têm sido estudadosprocessos para proteger as armadurasque, utilizando anti corr osivos mi-grantes (aminas com afinidade para oaço carbono) ou promovendo a realca-linização do betão protector, procuramrenovar a função protectora (por basi-cidade) das armaduras internas.

CONCLUSÕESSão múltiplas as utilizações de mate-riais poliméricos e de aditivos quími-cos, na reabilitação de edifícios. A respectiva utilização deve seguir es-tritos critérios de prudência e certifi-cação, baseando-se em experiênciacomprovada e, como é regra em En-genharia, só quando a eficácia está bemestabelecida. A execução em obra portécnicos experientes e qualificados re-vela-se de especial importância.

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JOÃO C. MOURA BORDADO,Professor Catedrático do Instituto Superior Técnico

Fig. 2 - Injecção de resina de poliuretano Fig. 3 - Injecção de resina epoxídica para reparaçãode betão

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EM ANÁLISETema de Capa

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1. APLICAÇÃO DE PÓ DE TIJOLO COMO ADIÇÃO EM ARGAMASSASAs pozolanas são conhecidas háimenso tempo. Gr egos e Romanosutilizaram, como adição em argamas-sas de cal e areia, materiais de origemvulcânica para obter melhor es de-sempenhos mecânicos.Nas regiões onde havia falta de mate-rial de origem vulcânica, os Romanostambém aproveitaram os tijolos, astelhas e as louças cerâmicas (fig. 1),

depois de moídos, como adições emargamassas de cal e areia. No Egipto ena Índia, foram utilizados tijolos e te-lhas cerâmicas moídos na fabricaçãode pozolanas (Petrucci, 1978).No entanto, após a descoberta docimento portland, e até há alguns anos,estas aplicações da pozolana foramum pouco esquecidas, pois todas asconstruções passaram a ser executa-das com cais hidráulicas e cimentosartificiais.Nos últimos anos, têm sido estuda-das, com alguma incidência, as r e-acções pozolânicas, não só com ointuito de caracterizar argamassas deimportância histórica, mas tambémpara a produção de argamassas comadição de materiais com proprieda-des pozolânicas.

2. DETERMINAÇÃO DA REACTI -VIDADE POZOLÂNICA DO PÓ DE TIJOLOAs pozolanas naturais resultam da cal-cinação dos minerais siliciosos e argi-losos. A temperatura de 500 ºC para acaulinite, ou mais baixa ainda paraoutros minerais ar gilosos, pode sertomada como ponto de aquecimento(aquando da sua fabricação – fig. 2) apartir do qual se começam a manifes-tar propriedades pozolânicas, enquan-to que, para além de 900 a 1000 ºC, areactividade se torna menor e começaa desaparecer (Coutinho, 1958).Tal como nas pozolanas e de acordocom Amorim et al (2000), a moagemdo material reciclado, nomeadamen-te de cerâmica vermelha (fig. 3), paraobter uma redução no tamanho das

Pozolanicidade do pó de tijoloUma propriedade a potenciar

As pozolanas são materiaisque às temperaturas or diná-rias se combinam, em presençada água, com o hidróxido decálcio (Ca(OH)2) e com os dife-rentes componentes do cimen-to, originando compostos degrande estabilidade na água ecom propriedades ligantes.Sabendo-se das potenciais ca-racterísticas pozolânicas do póde tijolo, este material pode seraplicado em ar gamassas (ebetões) como substituinte par-cial do cimento. No entanto, énecessário calcular a sua reac-tividade pozolânica (pozolani-cidade).

Fig. 1 - Restos de materiais cerâmicos encontrados nas ruínas romanas de Conímbriga

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partículas, desenvolve uma maiorsuperfície de contacto entre grãos, ouseja, uma maior área específica, facili-tando assim as reacções químicas quese iniciam na sua superfície.Uma das principais propriedades daspozolanas é a sua reactividade deter-minada por um método expedito erápido que não envolva a mediçãodirecta das propriedades que se pre-tende que a pozolana tenha, mediçãoque, em geral, requer longos ensaios.Segundo Amorim et al (2000), atravésde ensaios, as reacções entre cimentoou cal e compostos com propriedadespozolânicas necessitam de cura maisprolongada do que outros compostosde propriedades ligantes, tais comoargamassas de cimento, sem qualqueradição. Quando se quer avaliar aresistência mecânica ou química deuma pozolana, misturada com cal oucom cimento, e não seja possível, oueconómico, esperar muito tempo paradeterminar a acção pozolânica, recor-re-se a métodos expeditos, em geralquímicos, para esta avaliação.

3. MÉTODOS DE DETERMINAÇÃODA REACTIVIDADE POZOLÂNICAExistem diferentes métodos possíveisde avaliação da reactividade de umapozolana com importância históricaou qualidade no esclarecimento dareacção pozolânica.

Métodos directosOs ensaios directos da influência daspozolanas sobre argamassas e betões,como as suas resistências química oumecânica, têm de ser realizados sobreas misturas já endurecidas ou duran-te o seu endurecimento, e só podemser executados com a acção de umligante auxiliar, sem o qual a pozola-na ficaria quase inerte.

a) NBR 5752 (1992) - pr eparam-seargamassas em dois traços distin-tos, um de referência e o outro comsubstituição de 35 por cento dovolume de cimento por pozolana.O índice de pozolanicidade é defi-nido pela relação da resistência aos28 dias entre as duas argamassas.Um material, para ser consideradocomo pozolânico, deve apresentarum índice igual ou superior a 75por cento (Lima, 2004).

b) NBR 5751 (1992) - são confecciona-das argamassas que contenhamdois volumes de pozolana para umvolume de hidróxido de cálcio. Adeterminação da resistência é aos7 dias de idade e o material seráconsiderado pozolânico se as arga-massas apresentarem valores su-periores a 6,0 MPa (Lima, 2004).

c) Regulamento de Betões de Ligan-tes Hidráulicos (RBLH) de Por -tugal, de 1991 - procede-se à deter-minação da resistência à flexão e àcompressão de um provete prismá-tico de uma mistura de cal com apotencial pozolana. Compara-se osvalores de resistência obtidos comos valores mínimos dados no regu-lamento. Se os primeir os foremiguais ou superiores aos segundos,o produto estudado é consideradocom características pozolânicas.

Silva (2006) utilizou esta última meto-dologia a partir de ensaios de resis-tência à flexão e à compressão de, res-

pectivamente, três prismas e seissemi-prismas (resultantes dos ensai-os de flexão) de uma mistura de pó detijolo com cal, aos 28 dias de cura deimersão em água (Quadro 1).Os resultados dos ensaios são ambosinferiores aos propostos como míni-mos necessários para que o pó de tijo-lo utilizado seja considerado ummaterial pozolânico. Segundo Levy(1997), não é de descartar algumaactividade pozolânica, ainda quepouco relevante, por parte destematerial, aquando adicionado emargamassas, embora sem atingir osvalores considerados mínimos noRBLH (1991).

Métodos indirectosa) Métodos baseados na análise dacomposição química - é a natureza daestrutura física dos componentes dapozolana que lhe confere a sua maiorou menor reactividade que, no entan-

EM ANÁLISE

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Tema de Capa

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Fig. 2 - Fabrico de tijolos cerâmicos de barro ver-melho

Flexão(N/mm2)

0,30

Pozolanicidade

Negativa(menor que 1

N/mm2)

Compressão(N/mm2)

0,68

Pozolanicidade

Negativa(menor que 3

N/mm2)

Quadro 1 – Resultados do ensaio de pozolanicidade previsto no RBLH

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to, não dispensa elementos preciososfornecidos pela análise química. Den-tro de uma dada classe, de um dadotipo de pozolana, a composição quí-mica pode ter a sua importância, paradefinir a regularidade de um dadoproduto ou a uniformidade de umdado jazigo (Coutinho, 1958).b) Método de Chapelle (modificado)- sendo a actividade pozolânica acapacidade de reacção com o óxidode cálcio em solução aquosa apresen-tada por uma determinada substân-cia, Chapelle propôs que, para queum material seja considerado pozolâ-nico, deva ter um consumo mínimode 330 mg de CaO/g de amostra(Coutinho, 1958).Segundo Raverdi et al (ANTAC, 19-96), o ensaio consiste em colocar 1 gde amostra com 1 g de óxido de cálcio(CaO) em dispersão aquosa, em ba-

nho-maria com temperatura próximada fervura, sob agitação, por um perí-odo de 16 horas. O r esultado desteensaio é expresso pela quantidade deóxido de cálcio consumido pelaamostra. 330 mg de CaO/g de amos-tra seria o índice mínimo da pozola-nicidade para que o material fosseconsiderado pozolânico.Após ensaios com pó de difer entesmateriais, obtiveram-se os seguintesresultados (ANTAC, 1996):• bloco cerâmico (refractário)

137,1 mg CaO/g de amostra;• tijolo de barro vermelho

255,8 mg CaO/g de amostra;• bloco de betão

56,6 mg CaO/g de amostra.Nenhum destes resultados alcançouo valor mínimo de 330 mg CaO/g deamostra, mas o tijolo de barr o ver-melho atingiu um índice r elativa-

mente alto, quase o valor mínimopara que seja considerado um mate-rial pozolânico. Levy et al (1997) apre-sentam também este ensaio comoválido para determinar a actividadepozolânica, mas não é o único factordeterminante para explicar a activi-dade pozolânica, uma vez que o efei-to da granulometria e o teor de finossão muito importantes na r eacçãopozolânica, embora a sua contri-buição ainda não se encontr e sufi-cientemente explorada.c) Método da condutividade - a con-dutividade de uma solução electrolí-tica é a expressão numérica quantita-tiva da sua capacidade de transportara corrente eléctrica e é o inverso daresistência eléctrica de 1 cm3 do líqui-do a uma temperatura de 25 ºC. Otransporte de car gas nas soluçõeselectrolíticas é realizado por iões. A

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unidade SI utilizada para esta medi-da é o Siemens por metr o (S/m)(Luxán et al, 1989).Após várias pesquisas de vários auto-res, obteve-se um método-tipo satis-fatório para aplicar na determinaçãodo índice de pozolonacidade de ummaterial, que permite uma análiserápida e relativamente simples, atra-vés de uma pequena quantidade deamostra. Consiste na determinaçãoda condutividade de uma soluçãocom uma substância com facilidadede ser dissolvida e transformada emiões (NaOH e Ca(OH)2, por exemplo)

em concentrações variáveis às quaisuma dada quantidade de material(potencialmente pozolânico) a estu-dar é misturada.Afigura 4 mostra a condutividade ver-sus quantidade da amostra de material(potencialmente pozolânico). Fez-seum teste com três diferentes tipos dematerial: agregado (Q) e dois diferen-tes tipos de materiais activos pozolani-camente (1 e 2). Existe uma diferençanotória entre as curvas obtidas para osmateriais activos (1 e 2) e o agregado(areia - Q), que permite uma fácil dis-tinção após a elaboração do ensaio.

4. CONSIDERAÇÕES FINAISA complexidade da composição daspozolanas, das suas reacções quími-cas e das acções que têm sobre as arga-massas e betões, modificando-lhes aspropriedades por vezes em sentidosimprevisíveis, tornam difícil ter umaopinião definida sobr e o valor dareactividade de uma pozolana (Cou-tinho, 1958).No caso do pó de tijolo de barro ver-melho produzido na actualidade,parece ter uma reacção muito próxi-

ma da pozolânica, mas que, segundoalguns dos métodos supramencio-nados, não atinge o mínimo necessá-rio para que seja oficialmente consi-derado um material pozolânico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) AMORIM, L. V.; Pereira, A. S. G.; Neves, G. A.; Fer-reira, H. C.; Reciclagem de rejeitos de cerâmica ver-melha e da construção civil para obtenção de aglome-rantes alternativos, Universidade Federal da Paraí-ba, Centro de Ciências e Tecnologia, Cerâmica In-dustrial, Julho de 2000.

(2) ANTAC; Workshop sobre reciclagem e reutilização deresíduos como material de construção civil, Dept. Eng.Civil, PCC-USP, São Paulo, 25-26 de Novembro de1996.

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(9) SILVA, João; - Incorporação de resíduos de barro ver-melho em argamassas cimentícias. Lisboa, [s.n.] Dis-sertação de Mestrado em Construção, InstitutoSuperior Técnico da Universidade Técnica deLisboa, 2006, 224 p..

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JOÃO SILVA, Engenheiro Civil, Mestre em Construção pelo IST

JORGE DE BRITO, Engenheiro Civil, Professor Associado com Agregação do IST

MARIA DO ROSÁRIO VEIGA,Engenheira Civil, Investigadora Principal do LNEC

Fig. 3 - Equipamento de moagem de cerâmicavermelha

Fig. 4 - Variação de condutividade versus quantidade de amostra (Luxán et al, 1989)

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INTRODUÇÃOA pedra é considerada como elementoduro, inerte e duradouro. Todavia, assuas características podem modificar--se como resultado da adaptação a umambiente diferente daquele em que foigerada. Assim, torna-se importante sa-ber quais os fenómenos de alteraçãoque incidem sobre a(s) pedra(s) de de-

terminado edifício histórico, por formaa encontrar as suas causas, bem comopropor, sempre que possível, soluçõesque minimizem os efeitos observados ea tentar prever a sua evolução futura.O decaimento da pedra não é um fenó-meno novo mas, nas últimas décadas,o processo tem vindo a acentuar-se, de-vido à presença na atmosfera de con-

centrações anómalas de diversos con-taminantes.O decaimento da pedra manifesta-sepor patologias, ou seja, por modifi-cações da sua morfologia, que podemser de diferentes tipos (figs. 1 a 4) eapresentar diferente extensão e severi-dade, decorrentes de processos de alte-ração desencadeados por factores am-bientais, pelo uso de materiais incom-patíveis, por acções de manutençãoinadequadas, por medidas de conser-vação inapropriadas ou por actos devandalismo.

A INTERVENÇÃO EM PATRIMÓNIOCULTURAL CONSTRUÍDO EM PEDRAO decaimento da pedra aplicada emPatrimónio Cultural Construído teminevitavelmente impactos negativos,seja pela impossibilidade de fruição, se-ja pela necessidade de aplicação de me-didas correctivas. Quando confrontado com o decaimen-to, o instinto é: “há que fazer qualquercoisa para preservar o nosso patrimó-nio”. Todavia, qualquer intervençãodeve ser precedida de uma análise dasituação onde, para além da identifi-cação e caracterização das patologias,deverão ser identificados o(s) agente(s)responsáveis por tais fenómenos de de-caimento. Só desta forma faz sentido aintervenção, pois estão envolvidos nãosó aspectos económicos (dinheir o etempo), como também se está a lidarcom objectos de características únicas,sobre os quais há a obrigação (moral)de preservar para as gerações futuras,ou seja, também aqui faz sentido a apli-cação do conceito de DesenvolvimentoSustentável.Quando se pensa em intervenção, aideia imediata é a actuação directa so-bre o material (pétreo) e não, porexemplo, sobre o ambiente no qual omesmo se insere. Veja-se o caso da con-

Edifícios HistóricosA conservação da construção em pedra

De entre os materiais utilizados em Património Cultural, a pedra éo que apresenta uma aplicação mais generalizada ao longo dosvários períodos da História.

Fig. 1- Sé de Lisboa. Desenvolvimento de crostas negras gipsíferas

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taminação atmosférica, que é lar ga-mente responsável pelo enegrecimen-to das superfícies pétreas e pela for-mação de crostas negras gipsíferas. Noentanto, poucos são os centros histó-ricos que condicionam a cir culação automóvel por forma a r eduzir asemissões gasosas.Antes da r ealização de uma inter-venção, existem várias questões quedeverão sofrer reflexão aprofundada:•A intervenção é realmente necessá-

ria? Qual o seu objectivo e custo? • É possível avaliar a sua eficácia, noci-

vidade ou durabilidade?• Os produtos a utilizar são conhecidos

e foram aplicados em situações simi-lares? Há registo da sua utilização edesempenho?

Os trabalhos de conservação da pedraaplicada em Património CulturalConstruído classificam-se em várias categorias: limpeza (que poderá incluirpré-consolidação, dessalinização, a re-moção de colonização biológica), con-solidação, protecção, substituição, rein-tegração e manutenção. Neste trabalhoserão abordadas, ainda que sumaria-mente, as mais correntes: a limpeza, aconsolidação e a protecção. É um as-sunto de extrema complexidade e emque se verificam, frequentemente, mo-dificações, quer nas técnicas, quer nosprodutos usados. Acresce que cada si-tuação é um caso específico, não se de-vendo extrapolar, de forma leviana, osresultados de um caso anterior.

A LIMPEZA DA PEDRAA limpeza visa eliminar, de dada su-perfície, a sujidade, bem como produ-tos de alteração nocivos que se encon-tram depositados. É uma etapa neces-sária por razões estéticas (um edifícioenegrecido associa-se a negligência, asujidade mascara pequenos detalhesou mesmo características arquitectóni-

cas) e para a preservação dos materiais.Contudo, há quem argumente que alimpeza vai contra o princípio da rever-sibilidade e que a remoção da sujidaderetira parte da história do edifício.É grande a variedade de técnicas dis-poníveis para a limpeza da pedra, des-de as específicas para aplicação emgrandes fachadas, até às mais apropria-das para áreas muito ornamentadas ouesculturas delicadas.A escolha do método de limpeza de -pende da natureza, extensão e desen-volvimento das substâncias a eliminar,das características petrofísicas da pe-dra, do seu decaimento e valor artístico. Aacção de limpeza deve ser suficiente-mente lenta por forma a que se possacontrolar os seus efeitos e deve permi-tir a manutenção de pátinas nobres. Ométodo utilizado deve evitar a r e-moção de material original, não deveoriginar subprodutos, nem produzirfortes abrasões, microfracturas ou mo-

dificações na superfície da pedra quefacilitem a sua deterioração posterior.Atendendo ao modo de execução, alimpeza pode ser feita por métodos fí-sicos e mecânicos e/ou métodos quí-micos e biológicos. No primeiro caso éempregue a energia mecânica para se-parar o material a remover do substra-to pétreo e é utilizada também a acçãodissolvente da água para a r emoçãodos componentes hidrossolúveis. In-clui-se nesta categoria a limpeza compartículas abrasivas a seco/via húmi-da, com ferramentas manuais, com la-ser e por pulverização/jacto/escoa-mento superficial de água.As técnicas químicas (e biológicas) uti-lizam-se em situações especiais, poisrequerem a supervisão de especialis-tas. Em geral, são de evitar os produ-tos muito ácidos ou muito básicos,bem como aqueles que podem gerarsais solúveis.

A CONSOLIDAÇÃO DA PEDRAAconsolidação visa aumentar a coesãoe adesão dos constituintes da pedra,através da modificação da sua estrutu-ra porosa, por forma a tornar o materialmais resistente às agressões ambien-tais. Esta operação justifica-se quandoa perda de pedra conduz à redução/perda do seu valor histórico/artísticoou quando a erosão do material possapôr em causa a estabilidade estruturaldo objecto ou do material que está nassuas proximidades.A consolidação é, de entr e as inter-venções de conservação, a que tem sidomais estudada, pois é de risco e é um te-ma de enorme controvérsia. Subsistemainda muitas dúvidas e incertezasquanto à sua eficácia, nocividade e du-rabilidade. A prática demonstra quepoucos têm sido os casos de sucessocom a sua aplicação. É uma acção irre-versível cujo desempenho a longo pra-

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Fig. 2 - Varandim da Porta Especiosa da Sé-Velhade Coimbra. Desenvolvimento de eflorescênciassalinas em locais abrigados

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zo raramente pode ser garantido e cu-jos efeitos colaterais negativos são fre-quentes. É uma área de intervenção e do saberem que, apesar de alguns avanços posi-tivos (comprovados por trabalhos cien-tíficos publicados), o progresso é lento.Este facto advém de não ser uma áreamuito atractiva para a indústria quími-ca e, como tal, os consolidantes, espe-cialmente desenvolvidos para a Con-servação, são poucos. Os agentes deconsolidação desenvolvidos para ou-tras actividades acabam por ser adap-tados a esta área.Os consolidantes devem, não só, pene-trar no seio do material alterado, comotambém na parte sã, para evitar a for-mação de interfaces constituídas pormateriais com comportamentos distin-tos. Não devem modificar a cor e brilhoda pedra, nem facilitar a “instalação”de elementos nocivos, nem modificarde forma drástica a permeabilidade aovapor de água. Na medida do possível,devem permitir a retratabilidade domaterial pétreo. Este último aspecto éde difícil ou impossível cumprimento,pois muitos dos produtos, nomeada-

mente os polímeros artificiais, degra-dam-se no tempo, tornando-se irrever-síveis. Na prática, é impossível a retira-da de produtos consolidantes do inte-rior de uma estrutura porosa, na qualforam responsáveis pelo aumento decoesão. Estes produtos podem ser de naturezainorgânica ou orgânica, e alguns delesrealizam igualmente a função de hidro-fugação da pedra.Para além da escolha do pr oduto deconsolidação mais adequado para de-terminado tipo pétreo e/ou estado dealteração, é também muito importantea escolha do solvente, a forma de apli-cação, a concentração, viscosidade etensão superficial da solução, o tempode contacto com a solução e as con -dições ambientais de aplicação.Os consolidantes inorgânicos possuemmaior afinidade com os componentesminerais da pedra (em termos de estru-tura cristalina e de propriedades físi-cas), no entanto, são pouco penetran-tes, reagem muito rapidamente e sópermitem preencher vazios de di -mensão inferior a 50-100µm. Os consolidantes orgânicos incluem

uma vasta gama de compostos, nomea-damente de estrutura polimérica, co-mo é o caso dos acrilatos, silicatos deetilo, polisiloxanos, poliuretanos, resi-nas epoxídicas, entre outros.Os silicatos de etilo são, provavelmen-te, os mais usados na consolidação dapedra. Após hidrólise e condensação,estes silicatos originam sílica coloidal,que é depositada no interior da estru-tura porosa. As moléculas de sílicaapresentam afinidade química com osminerais silicatados e, portanto, boacompatibilidade com rochas silicata-das. Em contraponto, não mostramqualquer afinidade com os mineraiscarbonatados e alguns autor es de-monstraram que a calcite pode actuarcomo inibidor da polimerização. São,todavia, frequentemente usados emmateriais carbonatados. Esta aparentecontradição ilustra bem um dos proble-mas actuais de consolidação da pedra:não é o produto de consolidação ópti-mo para pedra, mas é usado na ausên-cia de um melhor. Recentemente, al-guns grupos de investigação tentarammelhorar o comportamento dos silica-tos de etilo em rochas calcárias e duaslinhas parecem promissoras: a elasto-merização do silicato de etilo, atravésda adição de algumas moléculas de si-lano, e o pré-tratamento da pedra comum composto orgânico reactivo queprepare os minerais carbonatados paraa adesão às moléculas de sílica.

A PROTECÇÃO DA PEDRAAhidrofugação da pedra tem por objec-tivo reduzir a penetração de água no in-terior da estrutura porosa do material,sem, no entanto, preencher totalmenteos espaços vazios acessíveis à água, masprincipalmente reduzindo as caracte-rísticas hidrófilas das paredes dos capi-lares e da superfície externa da pedra. Os hidrófugos devem ter reduzida in-

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Fig. 3 - Igreja de São Sebastião em Albufeira. Intensa fracturação do material pétreo

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fluência sobre o aspecto visual dos ob-jectos tratados, apresentar estabilidadeaos agentes químicos, à radiação ultra-violeta, impermeabilidade à água lí -quida e permeabilidade ao vapor deágua. Devem ser fáceis de aplicar, re-versíveis, ou pelo menos, deve ser fácilasua remoção quando estiver esgotadaa sua acção hidrófuga e não devem ge-rar subprodutos nefastos.Desde há séculos que têm sido aplica-dos produtos de protecção da pedra,como o óleo de linhaça, a cera de abe-lhas, a parafina ou os sebos animais. To-davia, estes produtos reduzem signifi-cativamente a permeabilidade ao va-por de água dos materiais sobr e osquais são aplicados e contribuem igual-mente para a alteração de coloração dossuportes. Actualmente, existem inú-

meros produtos orgânicos sintéticosque são utilizados na protecção da pe-dra, como é o caso dos compostos sili-cónicos (siliconatos e silicones), os or-gano-metálicos, as resinas acrílicas, ospoliuretanos e os perfluorpoliéteres.

CONSIDERAÇÕES FINAISSegundo a Carta de Cracóvia (2000), a“conservação (do património) podeser realizada mediante diferentes ti-pos de intervenção como o controlodo ambiente, a manutenção, a repa-ração, a renovação e a reabilitação” e éfeita segundo um projecto de restau-ro que “deverá basear-se numa gamade operações técnicas apropriadas epreparadas segundo um pr ocessoconstrutivo que integra a recolha deinformação e o conhecimento profun-

do do imóvel e/ou da sua localização”. Torna-se assim importante no estudode um edifício histórico, ou parte rele-vante (e consequentemente dos mate-riais aplicados), o conhecimento dosfactores que desencadeiam e favore-cem o aparecimento de determinadaspatologias, de modo a que as inter-venções sejam as mais adequadas pararetardar o processo degradativo emcurso e desta forma sejam preservadasas suas mensagens e os valores intrín-secos. Acresce que a execução de umaintervenção pressupõe a utilização deprodutos (químicos) para fins diversos,os quais devem obedecer a diferentesrequisitos, por forma a prolongar a vi-da útil da constr ução e assegurar atransmissão às gerações futuras dosedifícios históricos, sem prejudicar asua autenticidade. Torna-se, assim, im-portante um conhecimento aprofunda-do do modo de actuação, da nocivida-de e da durabilidade dos produtos uti-lizados na conservação do PatrimónioCultural Construído em pedra.

BIBLIOGRAFIAAIRES-BARROS, L. (2001) - As rochas dos monumentosportugueses. Tipologias e patologias. Cadernos do Institu-to Português do Património Arquitectónico (IPPAR), n.º 3, 2.º vol, 535 p., Lisboa.AMOROSO, G. & FASSINA, V. (1983) - Stone decay andconservation - atmospheric pollution, cleaning, consolida-tion and protection. Elsevier, 453 p., Amsterdam.ASHURST, J., DIMES, F. G. (1989) - Conservation ofBuilding and Decorative Stone(volume 2). Butterworth--Heinemann, 255 p.DELGADO RODRIGUES, J. (2002) – “Consolidationof decayed stones: a delicate problem with few prac-tical solutions”. In EC Advanced Study Course Scienceand Technology of the Environment for Sustainable Pro-tection of Cultural Heritage - Technical Notes for sessions14–15.LAZZARINI, L., TABASSO, M. L. (1986) - Il restaurodella pietra. CEDAM, 320 p., Padova.WINKLER, E.M. (1997) - Stone in Architecture. Proper-ties, Durability. Springer-Verlag, 313 p., Berlin.

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AMÉLIA DIONÍSIO,Laboratório de Minerologia e Petrologiado Instituto Superior Técnico

Fig. 4 - Sé-Velha de Elvas. Desenvolvimento de fenómenos de lascagem

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1. INTRODUÇÃOA normalização dos pr odutos daconstrução, nomeadamente dos pro-dutos de cimento, iniciou-se em Por-tugal em meados do séc. XX com umacontribuição decisiva do ConselhoSuperior de Obras Públicas e Trans-portes (CSOPT), que comemorou 150anos em 2002 e agora vai integrar oConselho Consultivo do Ministériodas Obras Públicas, Transportes e Co-municações, e posteriormente do Ins-tituto Português da Qualidade (IPQ),através das Comissões Técnicas deNormalização (CT). Em 1985, o Conselho das Comunida-des Europeias aprova a Resolução so-bre a “Nova Abordagem” na normali-zação, que fundamentalmente estabe-lecia o princípio de que, para poderemser comercializados, os produtos de-viam satisfazer exigências essenciaisde segurança e outras exigências es-senciais, e que estas exigências teriamque ser fixadas na Directiva do Con-selho respeitante a cada produto ou fa-mília de produtos.Em Fevereiro de 1989, foi publicada aDirectiva do Conselho n.º 89/106/CEE, conhecida por Directiva dos Pro-dutos da Construção (DPC), que apli-

cava aos produtos da construção aque-la Resolução. Porém, a primeira normaharmonizada foi publicada já no séc.XXI, em 2000, tendo entretanto sido jápublicadas dezenas de normas harmo-nizadas de produtos da construção ecentenas de normas de ensaio. Acelerou-se assim o desenvolvimentoda normalização europeia dos produ-tos da construção, visando concretizarapolítica e a legislação europeias de eli-minação de entraves ao comércio e es-timulação da competitividade das em-presas.

2. A DIRECTIVA DOS PRODUTOSDA CONSTRUÇÃO (DPC)Uma das características da DPC é esta-belecer que as Exigências Essenciaisrespeitam, não aos produtos da cons-trução, mas às obras de construção, in-tegrando nestas Exigências Essenciaisas preocupações com o desenvolvi -mento sustentado que a ComissãoMundial sobre Ambiente e Desenvol-vimento expressava no r elatórioBrundland de 1987. As obras de cons-trução devem, então, ser adequada -mente projectadas e construídas, utili-zando materiais ou produtos de ade-quado desempenho. Isto é, aptos ao

uso pretendido, de forma a poderemconcorrer para a satisfação destas Exi-gências Essenciais com uma probabili-dade aceitável durante um período devida útil economicamente razoável, etendo em conta o impacto no ambientede todas as fases do ciclo de vida dasconstruções. Outra característica da DPC é a atri-buição, ao fabricante ou produtor dosprodutos da construção, da responsa-bilidade pela conformidade do produ-to com a norma harmonizada respec-tiva, presumindo expressamente aDPC que esta conformidade garante aaptidão do produto para a utilizaçãopretendida, indicada nessa normaharmonizada. A atribuição ao produ-tor da afixação da marcação CE nosprodutos conformes com a norma har-monizada é uma expressão dessa res-ponsabilidade.

3. A NORMALIZAÇÃO DOS PRO-DUTOS PARA A PROTECÇÃO EREPARAÇÃO DAS ESTRUTURASDE BETÃOA protecção e a reparação das estrutu-ras, nomeadamente de betão, é hoje umtrabalho de engenharia civil, baseadono conhecimento científico, por um la-

A qualidade da reparação A normalização dos produtos para

a protecção e reparação das estruturas de betão

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Tema de Capa

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do, dos mecanismos que degradam osmateriais e, por outro, do fenómeno daadesão entre materiais, vencida umafase inicial de apreciável empirismo.Anorma europeia EN 1504 “Produtose sistemas para a protecção e repa-ração das estruturas de betão – Defi-nições, requisitos, controlo da quali-dade e avaliação da conformidade”está dividida em dez partes, sendoseis delas normas de pr oduto, e asquatro restantes tratando de aspectoscomuns àquelas seis. Autilização pre-tendida em cada uma das partes/nor-mas de produto são:Parte 2 – Protecção superficial do betão;Parte 3 – Reparação estrutural e não es-

trutural;Parte 4 – Colagem estrutural;Parte 5 – Injecção do betão;Parte 6 – Ancoragem de armaduras ou

enchimento de vazios exterio-res com caldas de injecção;

Parte 7 – Prevenção da corrosão do betão.

As outras quatro partes são:Parte 1 – Definições;Parte 8 – Controlo da qualidade e ava-

liação da conformidade;Parte 9 – Princípios gerais para uso dos

produtos e sistemas;Parte 10 – Aplicação dos produtos e sis-

temas em obra e controlo daqualidade das obras.

A Parte 9 é uma parte estruturante daEN 1504, na medida em que fixa as linhas gerais das partes dois a sete. Assim, estabelece:• os requisitos mínimos para a ava -

liação das condições correntes da es-trutura de betão e da sua capacidade,durante e após a reparação, para sa-tisfazer as 6 Exigências Essenciais dasobras, quer do ponto de vista da se-gurança estrutural quer da avaliaçãodos deficiências no betão e nas arma-duras e suas causas;

• os objectivos da protecção e da repa-ração, definindo as seguintes opçõesestratégicas:- não fazer nada;

- reanalisar a capacidade estrutural,aceitando eventualmente menor ca-pacidade resistente;- prevenção ou redução de deterio-

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Quadro 1 – Princípios e Métodos a aplicar no caso de defeitos no betão

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ração ulteriores, sem melhoria de re-sistência;- melhoria, reforço ou renovação detoda ou parte da estrutura;- reconstrução de toda ou parte da es-trutura;- demolição de toda ou parte da es-trutura.

• os factores a considerar na escolhadas opções estratégicas, nomeada -mente os factores respeitantes a cus-tos, durabilidade dos pr odutos, àsaúde e segurança, a aspectos estru-turais e ao ambiente;

• seis Princípios (ou objectivos) básicosda protecção/reparação (P1 a P6) pa-ra ocorrer às deteriorações por acçõesmecânicas, químicas e biológicas pro-venientes do ambiente e por acçõesfísicas (gelo/degelo, fendilhação tér-mica, variações de humidade, crista-lização de sais e erosão) e, em cadaprincípio, os Métodos de protecção/reparação aplicáveis;

• cinco Princípios (ou objectivos) bási-cos da pr otecção/reparação (P7 aP11) para ocorrer à corrosão das ar-maduras e, em cada princípio, os Mé-todos de protecção/reparação apli-cáveis;

• as propriedades dos produtos e siste-mas que os tornam aptos para os usospretendidos a considerar em cadaMétodo de protecção/reparação.

Nos Quadros 1 e 2, destaca-se a princi-pal “marca” da ENV 1504-9, a relaçãoentre as partes dois a sete da EN 1504 eosprincípios e métodos utilizáveis. No-te-se que alguns dos métodos referidosna EN 1504 não são objecto de normali-zação nas seis partes referentes aos pro-dutos, o que está indicado com umtraço horizontal, enquanto outr ossão-no apenas na Parte 10.As propriedades que os produtos paraprotecção e r eparação das obras de

construção devem ter para suportar es-tes métodos são apresentadas em cadauma das partes 2 a 7 e, globalmente, naParte 9, de forma provisória.As Partes 2 a 7 especificam as dispo-sições relativas às pr opriedades deidentificação (para confirmar a compo-sição em qualquer momento) e de de-sempenho (para verificar a conformi-dade com os requisitos da norma).A EN 1504-10 especifica procedimen-tos para a correcta aplicação em obrados produtos e sistemas para a pr o-tecção e reparação das estruturas de

betão, e para o controlo da qualidadeda aplicação, completando a especifi-cação destes produtos feita nas Partes 2a 7, pelo que a aptidão destes produtospara a utilização pretendida só fica ga-rantida se, além dos produtos se con-formarem com a respectiva Parte da EN 1504, forem aplicados conforme esta Parte 10.AParte 10 estabelece, assim, os requisi-tos para a condição do substracto antese depois da aplicação incluindo, porum lado, a estabilidade estrutural, o ar-mazenamento, a pr eparação e apli-

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Quadro 2 - Princípios e Métodos a aplicar no caso de corrosão das armaduras

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QUALIDADE

cação dos produtos e, por outro lado, ocontrolo da qualidade, manutenção,saúde e segurança e ambiente. Para tal,deve ter-se em atenção:- as condições físicas, químicas e elec-troquímicas do substracto e eventuaiscontaminantes;- a capacidade da estrutura para supor-tar cargas, movimentos e vibrações du-rante a protecção e reparação;- as condições ambientais e as caracte-rísticas dos materiais da estrutura e dosprodutos de protecção/reparação, de-vendo ser verificadas:• as condições requeridas do substrac-

to respeitantes à limpeza, rugosida-de, fendilhação, resistências à com-pressão e à tracção, profundidade decarbonatação, teor de humidade,temperatura e grau de corrosão dasarmaduras;

• a compatibilidade do betão e da ar-madura originais com os produtos deprotecção/reparação, incluindo anão criação de condições que provo-quem corrosão;

• a aptidão das propriedades dos pro-dutos de protecção/reparação, quan-do da aplicação e no seu estado endu-recido, para a utilização pretendida;

• as condições para o armazenamentoe aplicação requeridos no que respei-ta à temperatura ambiente, humida-de, temperatura de condensação,vento, precipitação e qualquer pro-tecção temporária necessária.

A EN 504-10 dedica três capítulos, comdisposições normativas, à preparaçãodo substracto, à aplicação dos produ-tos e ao controlo da qualidade e um ex-tenso anexo com recomendações sobreestas disposições.Na preparação do substracto, especifi-ca como limpar e tornar rugosa a super-fície do betão a tratar, como removerbetão e como preparar as armaduras.

Na preparação dos produtos, especifi-ca as condições para a colagem, a apli-cação manual de betão ou argamassa, aaplicação do betão ou argamassa pro-jectados, a betonagem de novo betãoou argamassa, a cura, o tratamento dasfissuras e juntas, os tratamentos super-ficiais, a ancoragem, a colagem de pla-cas e, no caso das armaduras, as con-dições para aplicação do revestimento,para a remoção e para a sua substi-tuição.No controlo da qualidade pormeno-riza 45 ensaios de propriedades ouobservações visuais ou outras a rea-lizar em cada um dos Métodos daEN 1504-9. Espera-se que o IPQ possaeditar durante o primeiro semestre de2007 as Partes 1 a 8 da NP EN 1504 edurante o segundo semestre as Partes9 e 10 da mesma norma portuguesa.

4. A NORMALIZAÇÃO DO PRO-JECTO DE REPARAÇÃO DAS ES-TRUTURASParalelamente à DPC, desenvolveu-senos Eurocódigos a normalização relati-va ao projecto das estruturas, que a nor-malização dos produtos da construçãoserve e que, em princípio, concorrerãopara melhorar a qualidade do projectodas obras. O único Eurocódigo que trata da repa-ração é a ENV 1998-1-4:1996, “Dispo-sições de projecto para estruturas resis-tentes aos sismos. Parte 1-4: Regras ge-rais – Reforço e reparação de edifícios”.Este documento foi elaborado por amaior parte das estruturas antigas nãoter sido objecto de estudos anti-sísmi-cos, os conhecimentos actuais poderemindicar a necessidade de campanhas dereforço e a eventual ocorrência de sis-mos poder criar a necessidade de repa-rações importantes.As disposições desta norma foram fei-

tas supondo que o engenheiro respon-sável pelo projecto de reforço e repa-ração tem qualificação pr ofissionaladequada, assim como experiênciaapropriada ao tipo de estruturas a re-parar ou a reforçar. O objectivo da norma é:- fornecer critérios para a avaliação dodesempenho sísmico de cada uma dasestruturas existentes;-descrever a abordagem da escolha dasmedidas correctivas necessárias;- estabelecer critérios para o projectodas medidas de r eparação/reforço(v.g., concepção, análise estrutural comas medidas de intervenção, dimensio-namento das partes estruturais e sua ligação aos elementos existentes). A norma pormenoriza princípios ge-rais e regras de aplicação sobre: - a recolha de informações sobre a obraa reparar/reforçar; -como fazer a avaliação ou a verificaçãoda resistência sísmica da estrutura exis-tente;- como tomar as decisões mais adequa-das;- o projecto de reparação/reforço;- a garantia da qualidade de todo o pro-cesso até à execução. A ENV 1998-1-4 apresenta, em quatroanexos, regras empíricas para trataredifícios ou monumentos históricos eestruturas de betão, de aço, de madeirae de alvenaria.

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MANUEL JOÃO ESTEVES FERREIRA,Engenheiro Civil (IST),Investigador-Coordenador do LNEC, aposentado, e ex-Chefe do Departamentode Materiais de Construção do LNEC,Presidente da Comissão Técnica CT 104 – “Betão” do Organismo de Normalização Sectorial / Associação Técnica da Indústria de Cimento (ONS/ATIC)

Tema de Capaa

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METODOLOGIAS

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Tema de Capa

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Em construções antigas, constituídaspor paredes resistentes de alvenaria epavimentos de madeira (elementosestruturais e não estruturais), as inter-venções mais promissoras são as quepermitem o reforço das característicasdos elementos construtivos originaisou da totalidade da construção, paraalém de corrigirem as anomalias de-tectadas. Em particular, salientam-seas intervenções de melhoria da estabi-lidade global e da dissipação de ener-gia resultante da acção dos sismos. Por outro lado, as tecnologias de rea-bilitação devem possibilitar a preser-vação das características básicas dasconstruções, ao mesmo tempo que as-seguram a melhoria do seu comporta-mento face às acções verticais e hori-zontais (em especial, os sismos). Destemodo, as soluções de reabilitação têmde ser obtidas a partir de um conjuntode produtos (materiais, dispositivose/ou sistemas) reduzidamente intru-sivos, duráveis e, sempre que possí-vel, compatíveis com a construção emateriais originais. Uma das soluções avançadas de con-

solidação e reforço de paredes resis-tentes de alvenaria consiste na apli-cação do sistema Richtergard (figs. 1, 2e 3), ou seja, de uma rede poliméricaespecial e de uma argamassa de rebo-co à base de cal. O desempenho do sis-tema resulta da interacção entre a redepolimérica, com propriedades rele-vantes de dissipação de forças dinâ-micas, e a alvenaria existente, através

da argamassa. Ainstalação do sistemaenvolve ainda a utilização de peças au-xiliares de montagem, para uma fi-xação adequada da rede na alvenaria,de forma a permitir a aplicação do re-boco final.Uma das anomalias mais frequentesem construções antigas consiste na re-dução substancial das característicasmecânicas resistentes da alvenaria, em

Fig. 1 – Reforço de paredes com o sistema Richtergard aplicado na superfície da alvenaria. Pormenor daspeças auxiliares de montagem

Consolidação e reforço sísmico de alvenariasO sistema RichtergardHoje em dia, os agentes envolvidos na concepção e execução das intervenções de reabilitação dasconstruções correntes e na conservação do património arquitectónico, dispõem de uma ofertade produtos inovadores e tecnologicamente avançados que, criteriosamente seleccionados, podemconstituir opções válidas em relação a métodos bastante intrusivos, como a introdução de elemen-tos de aço ou de betão armado.

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relação às forças verticais e horizon-tais. Os benefícios-chave que o sistemaRichtergard oferece são os seguintes:elevado nível de pr otecção anti-sís-mica; versatilidade, sendo o sistemaadaptável a qualquer configuração doedifício ou construção, sem alterar ageometria e o peso originais; custo bai-xo, quando comparado com as alter-nativas existentes; rapidez de insta -lação e reduzida perturbação local du-rante a realização das intervenções.A utilização generalizada de mate -riais poliméricos em diversas apli -

cações industriais (no domínio dasengenharias aeroespacial, aeronáuti-ca, de defesa, etc.), despertou o inte-resse para a sua introdução na indús-tria da constr ução civil, devido àsvantagens que apresentam relativa-mente aos materiais correntes. Os ma-teriais de matriz polimérica parecemcorresponder à constante procura deprodutos de elevada resistência e du-rabilidade, mais leves, fáceis de ma-nusear e de aplicar.A rede polimérica rígida, essencial-mente constituída por polipropileno,

é formada por malhas orientadas se-gundo duas direcções perpendicula-res; das intersecções resultam nós rígi-dos. A rede polimérica é firmementefixada na argamassa através dos seusnós rígidos. Trata-se de um r eforçopassivo, dado que a resistência é mo-bilizada conforme as forças perma -nentes, temporárias ou acidentais soli-citantes. O funcionamento do sistemaestá directamente relacionado com aspropriedades intrínsecas aos própriosmateriais que constituem as malhas,bem como a dimensão e a forma. Sa-

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METODOLOGIASTema de Capa

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Fig. 2 – Instalação do sistema Richtergard: montagem da rede polimérica eaplicação do revestimento

Fig. 3 – Sistema Richtergard: rede polimérica, pregos de montagem e reboco(modelos para ensaios)

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liente-se, também, a elevada durabili-dade da rede polimérica, inerente àprópria composição química dos seuselementos constituintes. O processo de validação do sistematem sido conduzido pelo Prof. DoutorRamiroSofronie (UNESCO Chair Eco-land, Departamento de EngenhariaCivil, Universidade de Bucareste, Ro-

ménia). Do programa experimental,destacam-se os ensaios realizados emgrandes panos de alvenaria, sujeitos adeslocamentos sísmicos laterais simu-lados de amplitude crescente (ELSA--JRC, Ispra e LNEC, fig. 4), dos quaisresultou uma diferença clara de com-portamento: os modelos de alvenariatradicional simples ruíram, enquantoque nos modelos aos quais foi aplica-do o sistema Richtergard, apenas foram observadas fissuras mínimas.Amesma diferença de comportamen-to, face aos deslocamentos sísmicosimpostos, foi obtida nos ensaios reali-zados em modelos tridimensionais,em tamanho r eal (ENEL-Hydro,Seriate, Itália).O sistema Richtergard pode ser aplica-do para estabilização de panos de al-venaria no interior de estruturas reti-culadas de betão armado, em alvena-

rias novas ou existentes. Por si só, o sis-tema pode fornecer a resistência ne-cessária para um projecto anti-sísmicoeficaz, mas a sua aplicação não excluia colaboração com outros sistemas es-truturais.O processo de instalação não exige fer-ramentas e equipamentos especiais,mas as operações relevantes devemser efectuadas por operadores qualifi-cados. A aplicação do sistema Richter-gard em diferentes edifícios na Romé-nia e em Portugal (fig. 5) permitiu con-firmar que a sequência de pr ocedi-mentos necessários para a sua insta-lação constitui um conjunto de traba-lhos expeditos.

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www.tecnocrete.pt; [email protected]

Fig. 4 - Aplicação do sistema Richtergard em modelos para ensaios na mesa sísmica do LNEC

Fig. 5 – Aplicação do sistema Richtergard numaobra de reabilitação nos Açores

a) Vista de conjunto do modelo b) Pormenor de aplicação dos pregos de montagem

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1. INTRODUÇÃOA intervenção nas fundações de umaconstrução existente consiste, normal-mente, num reforço (aumento da re-sistência) ou numa consolidação (re-dução da deformabilidade), que podemtornar-se necessários, basicamente,por duas razões:• constatação de que a configuração

ou o dimensionamento actuais dasfundações são insuficientes (face aanomalias apresentadas pela su-perstrutura, em resultado da ade-quação desta a novas acções, ou porsimples deficiência de projecto ou deexecução);

• alteração da configuração ou das ca-racterísticas das formações que su-portam a construção.

Usando critério idêntico ao das fun-dações das construções novas, as in-tervenções destinadas a corrigir as in-suficiências das fundações das cons-truções existentes podem dividir-seem dois tipos: superficiais ou pro-fundas. No primeiro caso, que ocorreem presença de fundações directas, aintervenção é feita ao nível da interfa-ce elemento de fundação/terr eno,não afectando o equilíbrio ou o esta-do de tensão deste último em profun-

didade. No segundo caso, que podeocorrer em presença de fundações di-rectas ou indirectas, a intervenção en-volve camadas mais ou menos pro-fundas das formações subjacentesàquela interface.A reabilitação das fundações de cons-truções existentes também pode serconseguida intervindo não sobre oselementos de fundação, mas sobre oterreno que os suporta, melhorando assuas características, em particular, asua coesão.Tal como as intervenções na super -strutura, as intervenções nas fundaçõespodem ser mais ou menos intrusivas.

Fundações de construções históricas

II. Intervir sem interferir1

Situa-se o problema da intrusividade das intervenções de reabilitação das fundações dos edifícios anti-gos. Agrupam-se estas intervenções segundo o tipo: superficiais e profundas. Apresentam-se, comalgum pormenor, três técnicas particularmente interessantes para intervenções em edifícios com valorenquanto património arquitectónico: o alargamento de fundações com transferência de cargas, a exe-cução de estacas helicoidais e a substituição parcial de estacas de fundação. Fazem-se algumas consi-derações quanto aos requisitos de execução em obra deste tipo de intervenção.

Fig. 1 - Alargamento de fundações com transferência de cargas

a) Os alargamentos da fundaçãosão mobilizados, utilizando macacos hidráulicos. O troço de parede supra jacentepode precisar de ser reforçado

b) Colocação de calços e preparação para a selagem final

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Tal intrusividade pode resultar, basica-mente, de três ordens de razões:• devido à tecnologia utilizada, a exe-

cução da obra tem um grande im-pacto sobre a construção ou põe emrisco os seus acabamentos, deco -rações ou outros elementos que aconstituem;

• a intervenção altera, de modo maisou menos extenso, o funcionamentooriginal do sistema estrutura/fun-dação, interferindo com o “valor tec-nológico” da construção;

• a intervenção danifica patrimónioarqueológico importante existenteno subsolo.

A primeira situação ocorre quando,por exemplo, há necessidade de utili-zar equipamentos de elevado peso ou atravancamento, produzindo vi-brações ou envolvendo a utilização degrandes quantidades de fluidos (água,caldas bentoníticas); a execução de re-forços muito localizados e de granderigidez pode estar na origem do se-gundo tipo de situações; finalmente, ocaso dos edifícios construídos em zo-nas históricas, como a Baixa Pombali-na, ilustra situações do terceiro tipo,devido à provável presença, no terre-no subjacente, de um importante pa-trimónio arqueológico.

Sem esquecer que, sobretudo na se-gunda situação, a alteração de funcio-namento estrutural introduzida pelaintervenção pode originar, imediata-mente ou a prazo, danos na cons -trução, é importante notar que o carác-ter intrusivo da intervenção pode sermitigado por um outro atributo da so-lução adoptada: a sua maior ou menorreversibilidade, isto é, a possibilidadede desfazer as operações executadasou remover os materiais ou os elemen-tos colocados.De entre os métodos utilizados para aconsolidação e o reforço das fundações,deixam-se de lado, no presente artigo,

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METODOLOGIAS

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Fig. 2 – Reforço utilizando estacas metálicas helicoidais

b) Utilizando o dispositivorepresentado, os assentamentospodem ser compensados ao longo do tempo

c) Execução de uma estaca helicoidala) Vista de conjunto de uma estaca helicoidal

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os métodos que merecem algumas re-servas, como sejam o reforço por alar-gamento e/ou por recalçamento portroços, e o reforço por meio de estacasde diâmetros correntes, feitas por pro-cessos usuais na construção de raiz. Os métodos a seguir descritos têm,eles próprios, algumas limitações, pe-lo que a sua aplicação a situações con-cretas deve ser cuidadosamente estu-dada e acompanhada.

2. TÉCNICAS POUCO INTRUSI -VAS DE REABILITAÇÃO DASFUNDAÇÕESNas intervenções de reabilitação defundações existentes, as técnicas su-perficiais são, por inerência, menos in-trusivas do que as profundas. Permi-tem, por outro lado, o acompanha-mento visual da frente escavada, for-necendo informação importante, denatureza construtiva e arqueológica.Têm, ainda, a vantagem de serem re-versíveis (em princípio e em maior oumenor grau). Ao contrário, as técnicasde intervenção profundas são, nor-malmente, mais intrusivas. As técni-cas correntes em constr ução nova, como as baseadas na per cussão (por exemplo, cravação, utilização de“bits” ou martelos de fundo de furo)ou no remeximento (paredes molda-das, trados de grande diâmetro, “jet--grouting”) ou na injecção com caudaise pressões elevadas (ancoragens pré-esforçadas e micr o-estacas injecta-das), são de evitar em construções an-tigas, mormente em subsolos em quese suspeite a existência de um patri-mónio arquitectónico ou arqueológi-co valioso.OQuadroIsistematiza um conjunto detécnicas que podem, em princípio, serutilizadas em intervenções de reabili-tação de fundações existentes - por se-rem relativamente pouco intrusivas -,agrupadas por opções de projecto. Não

se consideraram as estratégias comgrande intrusividade (por exemplo, oconfinamento do terreno de fundação).Descrevem-se, em seguida, sumaria-mente, as três técnicas reduzidamenteintrusivas de r eabilitação de fun -dações, destacadas a negrito no Qua-dro I, as quais se podem considerar

particularmente adequadas para asintervenções em edifícios antigos queconstituam património construído aproteger.

2.1 Alargamento de fundações comtransferência de cargasNesta técnica (fig. 1), após escoramento

METODOLOGIAS

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Fig 3 – Substituição parcial de estacas de fundação, por troços

a) Escavação dos primeiros troços. Se necessário, o troço é suportado utilizando um recalcamentoprovisório com transferência de cargas

b) Saneamento das estacas deterioradas

c) Execução de lajetas de distribuição sobre o terreno e na face inferior do maciço de alvenaria

e) Betonagem final e escavação dos troços seguintes

d) Colocação de fusos para transmissão das cargas

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METODOLOGIAS

da estrutura existente, executam-se osnovos elementos de fundação e oseventuais reforços da superstrutura.Esses novos elementos são progressi-vamente postos em carga, aliviando oselementos de fundação originais, utili-zando dispositivos especialmente con-cebidos e equipamento hidráulico paragrandes cargas. Poderão ser necessá-rios reforços localizados na construçãoexistente, em pontos de concentraçãode esforços. Acapacidade de carga dosnovos elementos de fundação podeser controlada através da pressão hi-dráulica aplicada nos macacos.Esta técnica r equer a utilização deequipamento para transferência decargas (bombas hidráulicas, macacosplanos ou de outros tipos, instrumen-tos de controlo de pressões e desloca-mentos). As vantagens são o reduzidorisco de danos na estrutura e a possibi-lidade de controlo das forças exerci-das pelo elemento de fundação.

2.2 Execução de estacas helicoidais Nesta técnica (fig. 2), são utilizadoselementos de fundação indirecta. Ca-da um dos elementos é constituído

por um fuste e uma ou mais hélices.Estes elementos são de aço, protegi-dos contra a corrosão, sendo introdu-zidos no terreno por troços até à pro-fundidade desejada, de modo atransmitir cargas a formações subja-centes. A capacidade de carga podeser controlada medindo o momentoaplicado (torque), durante a cravação.As consolas de apoio que transmitemas cargas permitem não só eliminarfacilmente as deformações sofridaspela superstrutura, mas também in-troduzir ulteriores acertos.Utiliza-se um motor hidráulico de tor-que, montado sobre uma escavadoracompacta, equipamento hidráulico deaplicação de carga e equipamento decontrolo do torque.As vantagens inerentes a esta técnicasão o reduzido risco de danos na es-trutura e a possibilidade de controlodas forças exercidas pelo elemento defundação.

2.3 Substituição parcial de estacasde fundaçãoNesta técnica (fig. 3), os troços de esta-cas de madeira deteriorados (junto à

cabeça) são postos a descoberto, sobos maciços de fundação. Executa-seuma laje de betão armado a uma cotainferior ao troço deteriorado, interes-sando todas as estacas do troço. Apósendurecimento, são colocados ele -mentos metálicos (fusos), apertadosentre o antigo maciço e a nova laje, demodo a repor a continuidade.Esta técnica tem como limitação ser di-ficilmente aplicável se o nível freáticofor elevado. Pode, também, ser neces-sária uma transferência de cargas pro-visória, à medida que vão sendo esca-vados os sucessivos troços.

3. CONSIDERAÇÕES FINAISPara além de grande parte das anoma-lias apresentadas pelas construções an-tigas estarem, directa ou indirectamen-te, relacionadas com insuficiências dasfundações, as intervenções levadas acabo com vista à correcção destas, são,elas próprias, frequentemente, fonte demais problemas. De entre as muitas es-tratégias de engenharia de fundações aque é possível recorrer, têm particularinteresse para os edifícios antigos asque são inerentemente pouco intrusi-vas. Sendo certo que qualquer inter -venção envolve sempre alguma intru-sividade, esta pode tornar-se aceitável,se compensada por reversibilidade. Interessa, finalmente, destacar a espe-cificidade das intervenções deste tipo,de onde resulta a necessidade de queelas sejam cometidas apenas a empre-sas qualificadas que, nos seus qua-dros, possuam profissionais com a ne-cessária formação e experiência.

NOTA1) Este artigo completa um outro, do mesmo autor, in-

titulado “Fundações de constr uções históricas: I – Avaliar sem interferir”, publicado na Pedra &Cal n.º 31, Julho - Setembro de 2006.

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VÍTOR CÓIAS, Engenheiro Civil, Oz, Ld.ª

OPÇÃO DE PROJECTO

Aumento da área de distribuição e/ou da profundidadede uma fundação directa com dispositivos de trans-ferência de carga

Introdução de novos elementos de fundação indirectapara transmitir compressões às formações subjacentes,com dispositivos de transferência de carga

Introdução de novos elementos de fundação indirectapara transmitir compressões às formações subjacentes,sem dispositivos de transferência de carga

Melhoria das características do terreno de fundação pormeio de injecções

Reconstituição de elementos de fundação indirecta comdispositivos de transferência de carga

DESIGNAÇÃO

Alargamento e/ou recalçamento de fundações com transferência

de cargas

Execução de estacas cravadas hidraulicamente no terreno, por troços

Execução de estacas helicoidais

Execução de micro-estacas

Injecção de resinas hidro-activas em solos

Substituição parcial de estacas de fundação

Quadro I – Técnicas pouco intrusivas de reabilitação de fundações

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PROJECTOS & ESTALEIROS

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INTRODUÇÃOO edifício em estudo, localizado nobairro histórico de Alfama, em Lis-boa, é composto por três pisos acimado solo, ao nível da Rua São João daPraça, e um piso de águas furtadas.Na fachada Sul, Rua da Judiaria, veri-fica-se a existência de um segmentode muralha (r esquícios da “Cer ca

Moura” – séculos XI e XIII), em alve-naria de blocos de pedra talhada, atéao nível do segundo piso (fig. 1). Asuatipologia arquitectónica situa-se tem-poralmente entre o séc. XV e o séc.XVI, como o evidenciam as janelasmanuelinas existentes (fig. 1).O edifício apresenta diversas anoma-lias, nomeadamente, fendas e desli-gamento de paredes, que carecem demedidas correctivas a serem desen-volvidas num pr ojecto de r eabili-

tação e reforço. Para tal foi necessáriodispor de plantas e alçados actuali-zados do edifício, bem como conhe-cer a geometria, constituição e estadode conservação dos seus elementosestruturais. Desta forma, foi decidi-do proceder à actualização do levan-tamento arquitectónico existente erealizar um levantamento construti-

vo, tendo estes trabalhos sido come-tidos à Oz, Ld.ª.Face às anomalias de índole estrutu-ral e às singularidades detectadas du-rante as inspecções realizadas ao edi-fício, recomendou-se a monitorizaçãode algumas fissuras, por amostragem,eamonitorização do deslocamento depontos pertencentes aos paramentosdo edifício, previamente selecciona-dos, com recurso a equipamento to-pográfico de precisão.

METODOLOGIA Levantamento arquitectónico O levantamento arquitectónico con-sistiu na completa definição geomé-trica do edifício, em planimetria e al-timetria, em termos gerais. Numa pri-meira fase, foi executado um levanta-mento topográfico de apoio ao levan-tamento arquitectónico. Simultanea-

mente, deu-se início, nesta fase, ao le-vantamento interior de cada fracçãoautónoma do edifício.

Levantamento construtivo O levantamento construtivo consistiuna localização e identificação dos ele-mentos estruturais e não estruturaisdos edifícios, na caracterização geo-métrica desses elementos e dos seusmateriais constituintes. A informaçãofoi recolhida com base na observação

Bairro de AlfamaO levantamento arquitectónico e construtivo

e a monitorização de um edifício antigo

Fig. 1 - Vista de segmento de muralha e janelasmanuelinas

Fig. 2 - Sondagem. Parede de “frontal” Fig. 3 - Sondagem. Pavimento em madeira

Para uma reabilitação eficaz dos edifícios, o primeiro passo a dar consiste na clara identificação dageometria, constituição e disposição dos seus elementos estruturais, o que, quando esta informaçãonão está disponível, implica a realização de um levantamento arquitectónico e construtivo. Poroutro lado, é fundamental determinar se as anomalias existentes estão ou não estabilizadas, sendopara tal necessário recorrer à monitorização.

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Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 2006

PROJECTOS & ESTALEIROS

directa dos elementos construtivos eatravés de pequenas sondagens reali-zadas, por amostragem, em pontosconsiderados representativos do ob-jecto em estudo.

Monitorização topográfica e da abertura de fissuras Foi levada a cabo uma inspecção su-mária que consistiu, essencialmente,no exame visual do edifício, com vistaà selecção das fissuras mais represen-tativas a monitorizar. Foram, igual-mente, escolhidos pontos dos para -mentos exteriores do edifício, cujo va-lor do deslocamento foi consideradouma grandeza de importante aferição.

Monitorização de fissurasApós a selecção das fissuras a moni-torizar foram instaladas bases paramedição da sua abertura com umalongâmetro mecânico, com a pr e-cisão de milésimos de milímetro.

Monitorização topográficaA monitorização topográfica foi rea-lizada através da observação dos des-

locamentos de alvos reflectores, ins-talados nas empenas e fachadas dosedifícios vizinhos. O método de ob-servação utilizado foi o Método deGiros de Horizonte, com observaçãodirecta e inversa a cada alvo de obser-vação e de controlo.As leituras dos alvos topográficos eda abertura das fissuras tiveram iní-cio a 07.11.2005, e foram feitas comuma periodicidade mensal.

ANÁLISE DA INFORMAÇÃO RECOLHIDADa análise da informação recolhida edas considerações efectuadas, podemextrair-se as seguintes conclusões:- a estrutura original do edifício foi

adulterada, com a introdução do 3.ºpiso ao nível da cobertura (águasfurtadas);

-as paredes exteriores do edifício, quetêm função estrutural, são constituí-das por alvenaria de pedra irregulare fragmentos cerâmicos assentescom argamassa de cal;

- a estrutura do edifício inclui quatroparedes interiores resistentes, de al-

venaria de pedra irregular, dispos-tas segundo a direcção perpendicu-lar às paredes da fachada principal;

- as paredes interiores de comparti-mentação, que têm função estrutu-ral, são do tipo frontal, constituídaspor elementos de madeira ocultos ealvenaria de pedra irregular (fig. 2).As paredes interiores, sem funçãoestrutural aparente, são em tabiquefasquiado com pranchas ao alto;

- os pavimentos dos pisos são, em ge-ral, de madeira (fig. 3). A estruturada caixa de escadas é de madeira àexcepção do rés-do-chão, onde osdegraus são em pedra. As cobertu-ras, recentemente remodeladas, sãoconstituídas por vigas de madeira etelha de aba e canudo.

Quanto ao estado de conservação doselementos estruturais, verifica-se queas anomalias mais representativas sãoa desagregação e fendilhação em pa-redes resistentes de alvenaria, o apo-drecimento da madeira em paredes re-sistentes do tipo frontal e a degradaçãoe envelhecimento dos elementos demadeira de pavimentos e tectos.Os resultados obtidos dos desloca-mentos registados nos alvos topográ-ficos e do registo das aberturas dasfissuras monitorizadas, após um pe-ríodo de 10 meses, indicam que nasprimeiras leituras poderão ter ocorri-do pequenos movimentos que vierama estabilizar, conforme se pode cons-tatar através dos exemplos presentesno Gráfico I.

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SUSANA FERNANDES,Arquitecta, Oz, Ld.ª

TIAGO RIBEIRO,Engenheiro Civil, Oz, Ld.ª

Fig. 4 - Levantamento estrutural do Piso 1 do edifício Fig. 5 - Levantamento arquitectónico. Alçado Norte. Fachada Principal

Gráfico I - Monitorização de fissuras. Leitura das bases B1 a B5

E v o lu ç ã o d a a b e rtu ra d a s fis s u ra s monitorizadas

Épocas de me dição

(µm

)

Base B1

Base B2

Base B3

Base B4

Base B5

1600

1800

2000

2200

2400

2600

2800

3000

3200

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PROJECTOS & ESTALEIROS

Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 200630

INTRODUÇÃOADREMS (Direcção Regional de Edi-fícios e Monumentos do Sul) desen-volveu um processo de levantamen-to e diagnóstico que sustentou umaintervenção com vista à conservaçãoe beneficiação geral dos paramentose guaritas que constituem alguns dostroços da Muralha dos Dragões e quedelimitam o espaço actualmente ocu-pado pelo Quartel General da RegiãoMilitar Sul, desenvolvida pela Mo-numenta, Ld.ª

CARACTERIZAÇÃO E ESTADO DE CONSERVAÇÃOA intervenção teve como objectos osparamentos exteriores da muralha,as guaritas e o circuito de vigilânciaintra-muralhas. O cenário patológi-

co então existente revelou as seguin-tes anomalias principais:1. infestação biológica e arbustivanos paramentos exteriores da mura-lha em alvenaria de pedra à vista, nosparamentos interiores do adarve eáreas de circulação adjacentes;2. ineficácia da drenagem superficialde águas pluviais no tardoz das mu-ralhas;3. adulteração dos materiais de r e-vestimento no caminho de ronda –rebocos à base de cal e revestimentode piso em tijoleira cerâmica;4. heterogeneidade no sistema decoroamento das muralhas, consti-

tuído parcialmente por murete embloco cerâmico, ao passo que, nasua generalidade é constituído porcordão de blocos de cantaria degranito local;5. instabilização estrutural de umadas guaritas, evidenciando desloca-mentos diferenciais em zonas detransição muralha/guarita, tendojustificado o seu escoramento provi-sório desde o ano de 2003;6. adulteração construtiva da cú-pula de outra das guaritas, porsubstituição das peças originais degranito por blocos cerâmicos arga-massados.

Muralha dos Dragões em ÉvoraConservação de paramentos

e estabilização de guaritas

a) Desmontagem

As muralhas de Évora repre-sentam uma das r eferênciashistóricas da constr ução dacidade de Évora: conjuntodefensivo que marcou a fron-teira física do espaço ocupadopela cidade, até ao início doséculo passado. Desde então,deu-se início a um processo deexpansão urbanística alémdesses limites, no qual se inte-gra a Muralha dos Dragões.

d) Remontagemc) Refechamento das juntas da cúpula da guarita

Fig. 1 – Recuperação de guaritas

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Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 2006

PROJECTOS & ESTALEIROS

INTERVENÇÃOA metodologia de intervenção apli-cada atendeu ao cumprimento dosseus objectivos centrais, que se des-crevem em seguida.

Estabilização de guaritasA intervenção de desmonte e recons-trução de guaritas resultou como so-lução do fenómeno de desapr umoque se verificava anteriormente numdestes elementos, acompanhadospor fendas verticais que se desenvol-viam desde as lajetas de base até à ci-malha de apoio da cúpula. A inter-venção obedeceu à seguinte metodo-logia geral (fig. 1):1. apeamento e acondicionamento deblocos de cantaria, após remoção cui-dada do material de junta por pica-gem manual com escopro;2. identificação e registo desenhadodas peças removidas;3. avivamento e refechamento das jun-tas das lajetas da base de assentamento;4. preparação da base de assentamento;5. assentamento de blocos de granitoexistentes;6. refechamento das juntas, por apli-cação de ar gamassa composta porareias de granulometria seleccionada,cal em pasta e cal hidráulica “Lafarge”;7. tratamento superficial, não abrasi-vo, para desincrustação de líquenes emusgos, através de aplicação de pro-duto biocida seguida de escovagemmanual e limpeza por jacto de água apressão moderada. Na restante guarita foi realizado odesmonte selectivo da cúpula parasubstituição de peças que a constituí-am por elementos novos em granito.

Recuperação do Caminho de RondaTodo o desenvolvimento do caminhode ronda foi intervencionado, tendosido removidos os revestimentos dasparede e dos pavimentos existentes;

foram realizados encasques em alve-naria de pedra e argamassa bastardapara reconstituição das secções origi-nais da muralha. Posteriormente,realizou-se o assentamento de beto-nilha e a aplicação de revestimentoem tijoleira tradicional 30 x 30 cm,com junta larga no patamar de circu-lação e nos degraus de acesso às gua-ritas, garantindo as pendentes neces-sárias ao escoamento das águas plu-viais incidentes. Os paramentos fo-ram revestidos com sistema multi-camada composto por salpisco deareia e cal hidráulica e reboco com aca-bamento talochado, composto porareia grossa, areia fina, cal em pasta ecal hidráulica “Lafarge” (figs. 2 e 3).

Funcionalidade do sistema de dre-nagem pluvial intra-muralhasA intervenção contemplou um con-junto de actividades que visaram mi-nimizar os efeitos nefastos da águapluvial sobre o tardoz das muralhas.Esses efeitos nefastos são frequente-mente o resultado de elevados teoresde água junto aos paramentos da mu-ralha, adulterando gradualmente ascaracterísticas dos materiais consti-tuintes, em especial do material dejunta. Na intervenção em causa foi re-alizado um sistema de drenagem su-perficial das águas pluviais para cai-

xas de limpeza e descarga. Este siste-ma é composto por grelhas e caleiras,ladeadas por corr edores em cubogranítico, os quais conduzem a águasuperficial recolhida por faixas late-rais de “tout-venant”a todo o compri-mento (fig. 3).

Conservação de Paramentos da MuralhaA generalidade dos paramentos dasmuralhas apresentava elevados ní-veis de infestação vegetal, assim co-mo algumas zonas pontuais de lacu-na por afectação do material das jun-tas. Aintervenção contemplou a apli-cação de produto herbicida sistémi-co em todas as superfícies, a remoção

manual da vegetação infestante, as-sim como o posterior avivamento erefechamento das juntas nas ár easadulteradas ou com lacunas. Comvista a uniformizar o coroamento dostroços de muralha, procedeu-se à re-moção do murete existente e ao as-sentamento de cordão em blocos gra-níticos do tipo “Cinza Évora”.

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LUÍS PEDRO MATEUS,Engenheiro Civil, Director de Obra, Monumenta, Ld.ª

Fig. 2 – Vista geral do adarve antes da intervenção Fig. 3 – Vista geral do coroamento, adarve e siste-ma de drenagem interior, após a intervenção

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AS LEIS DO PATRIMÓNIO

Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 200632

2. Contratos habitacionais celebradosapós a entrada em vigor do Regime doArrendamento Urbano (RAU) apro-vado pelo DL n.º 321-B/90 de 15.10. econtratos de arrendamento comercialcelebrados depois do DL n.º 257/95,de 30.09. (os diplomas em causa cria-ram os arrendamentos de duração li-mitada):(…)Assim, sendo as obras realizadas pelosenhorio, atendendo ao nível da inter-venção necessária, este poderá denun-ciar ou suspender o contrato de arrenda-mento nos seguintes termos:

2.1. Denúncia do contrato de arrenda-mento:2.1.1. Sempre que estejam em causa in-tervenções de remodelação ou restauro«profundas», desde que as obras a reali-zar sejam estruturais (isto é, quandooriginem uma distribuição de fogossem correspondência com a anterior);ou, ainda que não estruturais, não sepreveja a futura existência no prédio delocal com características equivalentesàs do locado;2.1.2. Sempre que por força da degra-dação em que se encontra o prédio, setorne necessária a demolição do mesmo,o que é estabelecido pelo Município ouvida a CAM.Em qualquer dos casos, a denúncia temque ser pedida ao Tribunal, devendo aacção judicial a apresentar ser instruídacom o projecto de arquitectura aprova-do pelo Município.

2.2. “Suspensão” do contrato de arren-damento:Pode o senhorio recorrer à “suspensão”do contrato de arrendamento, sempreque não estejamos perante uma das si-tuações que nos termos atrás descritos,seja fundamento de denúncia do con-trato.O termo “suspensão” é manifestamen-te infeliz, pois, na verdade, o contratonão se suspende. Tanto assim é que, osenhorio durante o período de duraçãoda obra, terá que assegurar ao inquili-no o seu realojamento dentro do mes-mo concelho e em condições análogas,sem qualquer agravamento de rendaou de demais encargos (por ex.: despe-sas com a mudança ou transporte doinquilino para o local de trabalho).Alei permite, assim, que o senhorio façaa obra de restauro, realojando o inquili-no noutro local, até que a mesma sejaconcluída e este volte ao prédio.Nos casos de denúncia, o senhorioquando não pretenda assegurar o realo-jamento do inquilino (que emerge aquicomo um efeito da denúncia), até 15dias seguintes à data em que propôs aacção em Tribunal, depositará o valorcorrespondente a 2 anos de rendas.Caso o arrendamento seja comercial,pode o inquilino, em vez do r ealoja-mento, exigir ao senhorio o pagamentoduma indemnização que o compensede todas as despesas e danos patrimo-niais e não patrimoniais. O montantedesta indemnização será estabelecidopela CAM.

3. Contratos habitacionais celebra-dos antes da entrada em vigor do Regime do Arrendamento Urbano(RAU) aprovado pelo DL n.º 321-B/90 de 15.10. e contratos de arrenda-mento comercial celebrados antesdo DL n.º 257/95, de 30.09. (ou seja,os arrendamentos anteriores ao regime alternativo da duração limi-tada):Prevê-se a denúncia do senhorio querpara os casos de remodelação ou res-tauro «profundos» quer para demolição,nos termos já atrás referidos, e, ainda,quando o Município entenda que ademolição é a solução técnica maisadequada e a mesma seja necessária àexecução do plano de ordenamentodo território.Em qualquer caso, nos arrendamen-tos habitacionais, o arrendatário temsempre direito ao realojamento.A boa nova para os senhorios passapor o legislador ter consagrado, veri-ficando-se a denúncia do arr enda-mento seguida da morte do arrenda-tário “realojado”, a intransmissibili-dade a terceiros do “direito ao realo-jamento”, cessando em definitivouma relação que se aproximava daeternidade...

A. JAIME MARTINS, ATMJ – Sociedade de Advogados, RLDocente Universitá[email protected]

O restauro no novo regime

do arrendamento urbano

(Continuação do número anterior)

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PATRIMÓNIO PARA MIÚDOS

Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 200634

No âmbito do Dia Mundial da Ar-quitectura, realizou-se, a 2 de Outu-bro em Torres Vedras, no Edifíciodos Paços do Concelho, a sessão deapresentação do “Kit de Defesa doPatrimónio Edificado”. Segundo aVereadora do Urbanismo deste con-celho, Arq.ª Cristina Castelo Bran-co, com esta iniciativa pretende-se“promover a procura, no meio doedificado que dá forma ao territórioconcelhio, daquelas construções econjuntos que têm a capacidade denos provocar uma reacção estética,de nos emocionar.” Os “kits”, dis-tribuídos nas Escolas do 1º Ciclo doconcelho e disponibilizados nasJuntas de Freguesia, são constituí-dos por um Guia de Uso da Pr o-tecção do Património EdificadoConcelhio, um Mapa da Freguesia,um Manual de Educação em Patri-mónio Arquitectónico, concebidopelo GECoRPA, Fichas de Patrimó-nio e respectivo Dossier, uma Má-quina fotográfica e um lápis.Em entrevista à Pedra & Cal, CristinaCastelo Branco explica a importânciacrescente de educação patrimonial anível nacional, e como iniciativasiguais a esta podem fazer toda a dife-rença.

Pedra & Cal: O que levou a Sr.ª Arq.ªe a Câmara Municipal de Torres Ve-dras a criarem esta iniciativa?Cristina Castelo Branco: Foram vá-rias as razões: a consciência de quemuito pouco se tem feito na área dopatrimónio arquitectónico, a vonta-de de promover o conhecimento, deimplementar práticas de partici -pação pública concretas, o reconheci-mento da existência de edifícios ouconjuntos que car ecem de r eabili-tação. A par destas questões de prin-

cípio, também queremos dar a co-nhecer o trabalho realizado na elabo-ração da Carta Municipal do Patri-mónio, num momento em que estáem curso o Plano de Pormenor de Salvaguarda do Centro Histórico dacidade.

P&C: Acha que hoje em dia há pou-cas iniciativas de educação patrimo-nial? CCB.: Infelizmente, sim. Comparan-do com o que tem sucedido relativa-mente a iniciativas de educação am-biental, verifica-se uma enorme lacu-na. Esta iniciativa é um exemplo,mas, desejavelmente, deveria existiruma estratégia globalizante, de nívelnacional, que pudesse promover e in-tegrar essas iniciativas ou dar apoioespecífico a quem desejasse imple-mentar acções mais particularizadase localizadas.

P&C: Qual o património arquitectó-nico da região em destaque nestainiciativa?CCB: A iniciativa está aberta a todos,à população e às escolas, no sentidode promover a descoberta de poten-ciais valores patrimoniais a defendere preservar. Mais do que pr ocurar

Câmara Municipal de Torres Vedras apresenta“Kit de Defesa

do Património Edificado”Entrevista à Vereadora do Urbanismo,

Arq.ª Cristina Castelo Branco

CMTo

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Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 2006

PATRIMÓNIO PARA MIÚDOS

“monumentos”, a intenção é desco-brir outros edifícios ou construçõesque tenham em si uma qualidade deexcepção: a unicidade, o simbolismosocial, as características arquitectó-nicas ou construtivas, seja qual for asua tipologia.

P&C: Qual a mensagem que, sobreesta temática, gostaria de dirigir aosresponsáveis pelo sistema educati-vo nacional?CCB: Sendo um lugar comum, nãodeixa de ser uma verdade: as criançassão os melhores receptores de infor-mação. Se houver investimento naeducação para a arte, a arquitectura,o património, com certeza que esta-remos a formar adultos mais sensí-veis e habilitados, não só para estasquestões específicas, mas para todasas vertentes da vida.

P&C: O que se pretende ensinar àscrianças e quais os métodos de ensi-no a utilizar?CCB: Desde logo, promover o desper-tar para um tema raramente aborda-do: a arquitectura e o património. Maisdo que ensinar, reforço que nesta pri-meira acção a intenção é de promoveruma primeira abordagem. Ludica-

mente, serão levados a descobrir quehá edifícios importantes, quer peloseu aspecto “bonito, diferente, úni-co”, ou pelo facto de terem tido algu-ma função especial na sua aldeia, vilaou cidade. A descoberta desses edifí-cios será um momento de prazer, àprocura pela rua, com uma máquinafotográfica. O trabalho de registo doque viram, será realizado em sala pordesenho, colagem de fotografias, es-crita: o culminar da descoberta.

P&C: Qual a sua opinião sobre o“Manual de Educação em Patrimó-nio Arquitectónico”, editado peloGECoRPA? CCB: Considero um excelente exem-plo de material de apoio a iniciativasrelacionadas com a educação para opatrimónio e para a ar quitectura.Sendo claramente vocacionado paraa reabilitação é, igualmente, um con-tributo para acções mais genéricas,como é o caso desta. No sentido depromover a continuidade da práticade ensino para o património, po -derão ser elaborados trabalhos rela-tivos às fichas que constituem o ma-nual, de acordo com as faixas etárias,com os temas de ensino de cada ano esegundo a estratégia de cada escola.

P&C: Que formas de colaboraçãogostaria de ter por parte do IPPARem termos de “educação patrimo -nial”?CCB: Penso que o IPPAR é, actual-mente, o organismo por excelênciamais habilitado a promover e acom-panhar acções de educação patrimo-nial. Seria desejável que houvesseuma equipa/departamento interno,que se dedicasse a este tema e tivesseos meios para o pôr em prática. Semdúvida, teria sido mais simples, e atémais eficaz, se esta acção da autar-quia estivesse alicerçada numa estra-tégia global, sem que fosse necessá-rio partir do zero.

P&C: E por último, o que espera dascrianças após o final desta iniciativa?CCB: Que se tenham divertido nadescoberta do património arquitec-tónico e que no final do projecto sai-bam o que quer dizer arquitectura,património, com orgulho do que têmà sua volta e com vontade de cuidardo mesmo.

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GABRIELLA CORDEIRO,Pedra & Cal

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LIVROS LIDOS

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VitrúvioA tradução portuguesa por M. Justino Maciel

Além da dimensão e importância teó-rico-prática de que se reveste, nele secompilam, numa vasta explanaçãode carácter sistemático e densidadeúnica, os dados essenciais da gramá-tica do classicismo, recolhidos em lar-ga medida de fontes gregas, hoje per-didas. Como ainda as práticas, osmateriais, os saber es e as técnicasassociadas à arte de constr uir dos edifícios e cidades do mundo hele-nístico-romano. Transmitido numacadeia de cópias manuscritas até aoséculo XV, o interesse apaixonadodos humanistas e artistas do Renasci-mento levou, finalmente, a que fosseimpresso, comentado e traduzidopara as línguas modernas. Com efeito, desde a “redescoberta” dotexto completo (que é apenas umarevalorização), em 1416, na bibliotecamonástica de S. Gall por PoggioBracciolini, e, sobretudo, do estudoque lhe dedicou Leon Battista Alberti,que Vitrúvio se converteu num dosfundamentos da nova cultura. Editadopela primeira vez em Roma, num incu-nábulo cerca de 1486, por diligência docírculo do Cardeal Riario, a sua difusãoaumentou exponencialmente, como secompreende, no Cinquecento italiano.Sendo a primeira edição ilustrada, de1511, por Fra Giocondo em Veneza, e aprimeira tradução, por Cesare Cesa-riano, dez anos depois, em Como.

Roma e Veneza foram, de resto, osprincipais centros de estudos vitru-vianos durante este período, ocupa-dos na filologia, r eflexão teórica einvestigação arqueológica compara-da. Na cidade pontifícia se constitui-ria, até, a Academia della Virtù, di-rigida pelo humanista CláudioTolomei, a eles inteiramente dedica-da. Ligado a este gr upo esteve ojovem Francisco de Holanda, quan-do da sua estadia entre 1538-41, outroprofundo conhecedor do tratado,como mostrou Sylvie Deswartes.Nos famosos “Diálogos de Roma”, olivro segundo que complementa asua “Da pintura antiga” (repleta dealusões vitruvianas), um dos inter-venientes é mesmo Lactâncio Tolo-mei, embaixador de Siena e primo deCláudio, a par do grande MiguelÂngelo e da marquesa de Pescara,Vittoria Collonna, todos participan-tes nesses colóquios em S. Silvestredo Quirinal.Mas seria ao cosmógrafo-mor , omatemático Pedro Nunes, que D.João III confiaria a incumbência detraduzir Vitrúvio. Sabemo-lo pelopróprio, e da demora da tarefa, men-cionada de passagem, em 1542, nadedicatória do seu “De crepusculis”ao rei. Versão não publicada e infeliz-mente perdida, esta era, comosublinhou Rafael Moreira, a primei-

ra tradução efectuada fora da penín-sula itálica. O facto criou um vazionão mais preenchido, ao contrário doque ia sucedendo nas outras línguaseuropeias. Em Portugal, só em 1998(imagine-se!) teria lugar tal publi -cação, mas com base na traduçãofrancesa de Claude Perrault, numtrabalho meritório de Maria HelenaRua. Usando a segunda edição, de1684, do livro do importante arqui-tecto do tempo de Luís XIV (respon-sável pelo projecto da colunata doLouvre), enriquecido com as suasanotações e ilustrações interpretati-vas, o Vitrúvio ali proposto não dei-xa de ser, apesar de tudo, um produ-to seiscentista.Daí a importância da tradução de M.Justino Maciel. Docente de Históriada Arte da Antiguidade na Facul-dade de Ciências Sociais e Humanasda Universidade Nova de Lisboa, oautor reúne, pela sua formação, odomínio da língua latina e o conheci-mento da pr oblemática histórico--arqueológica abordada pelo arqui-tecto e engenheiro militar romano. Oque lhe permitiu a tradução directado original, num trabalho lento emetódico, de grande rigor filológico. Ora, é exactamente na filologia quereside a primeira dificuldade do tra-tado. Obscurecido e deturpado pelascópias, empobrecido pelo desapare-cimento das ilustrações, o texto ori-ginal exprime-se no difícil latimarcaico do final da época republica-na (na definição de Sílvio Ferri), distinto da luminosidade do latimliterário contemporâneo. Reflexoprovável da linguagem profissional,apesar de incorporar uma termino-logia vinda da retórica, o estilo deVitrúvio tem ainda subjacente osmanuais gregos, sem que tenha sido

Referência fundadora do modo de conceber a arquitectura, a obrade Vitrúvio tem estado sempre presente, de uma maneira ou deoutra, na consciência cultural europeia. Coube-lhe esse papel,não por ter sido o primeiro tratado sobre a matéria, longe disso,mas por ser o texto mais completo, neste domínio, sobreviventeda Antiguidade.

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Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 2006

LIVROS LIDOS/MATERIAIS & SERVIÇOS

possível concluir se os conhecia nalíngua original, se mediante tra -duções latinas. Donde os problemasdesde o início colocados à sua trans-posição para os idiomas modernos,abrindo campo para um vasto deba-te no domínio da teoria e da historio-grafia artística. Recor de-se, porexemplo, a discussão de Panofskysobre o tópico da perspectiva centra-lizada na Antiguidade e o modocomo Vitrúvio o desenvolve. Precedido de uma introdução, ondese produz o necessário balanço sobrea obra e a figura do autor, o volumefaz acompanhar o texto de abundan-tes notas sobr e os mais variadosaspectos, desde os estritamente lin-guísticos aos históricos, artísticos earqueológicos. Seguido, depois, deíndices bastante pormenorizados (deconteúdos, onomástico, geográfico,de divindades) e, sobretudo, de trêsúteis repertórios de termos gregos,latinos e técnicos. Graficamente cui-dado, insere ainda, além das fotogra-fias, uma extensa série de ilustrações,concebidas pelo Pr of. Thomas N.Hobe para a r ecente edição daCambridge University Pr ess, denotável apuro e valia científica.Dirigida não apenas aos arquitectos,historiadores, arqueólogos ou técni-cos de conservação e restauro, mas atodo um vasto público culto e inte-ressado no património artístico, a tra-dução agora dada à estampa passarátambém a ser , seguramente, umaobra de referência. Talvez venhamosa conhecê-la, no futur o, como “oVitrúvio de J. Maciel”.

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A SIVAL – Sociedade Industrial daVárzea, Ld.ª, casa-mãe do Gr upo SIVAL, iniciou a sua actividade em1944, com a fabricação de gessos tra-dicionais para estuque e esboço. O posterior alargamento das suasáreas de negócio deu origem, em1987, à empresa SIVAL Gessos Espe-ciais, Ld.ª, que se dedica essencial-mente à fabricação de massas de es-tucar pré doseadas, com base emgesso, prontas a amassar com água.Em intervenções de Conservação eReabilitação de revestimentos inte-riores de paredes, têm-se destacadoessencialmente dois dos seus pro-dutos: a MASSA ESTUQUE, paracasos mais graves, que necessitamde reparações mais extensas e/ouprofundas e a MASSA DE ACABA-MENTO, ideal para a reparação de

fissuras e barramentos em camadapelicular.Em ambos os casos, pode obter-seum acabamento idêntico ao do estu-que tradicional, de elevada durabi-lidade e prestações mecânicas supe-riores. Existe, também, uma exce-lente compatibilidade entr e estesmateriais e os normalmente usadosnos suportes antigos, razão pelaqual têm sido amplamente usadosneste tipo de intervenções.

SEDE: Rua Rodrigues Cordeiro, 34 2400-216 LeiriaTel. 244 815 054 • Fax: 244 815 063E-mail: [email protected]ÁBRICAS: Rua Emídio Oliveira Faria2425-879 Souto da CarpalhosaTel. 244 619 170 • Fax: 244 614 690 E-mail: [email protected]

CARLOS MOURA, Historiador da Arte,Docente na FCSH-UNL

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PERFIL DE EMPRESA

Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 200638

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NOTÍCIA

GESSOS • PLÁSTICOS

Sede: Rua Rodrigues Cordeiro, 34 • 2400-216 Leiria Tel. 244 815 054 Fax 244 815 063 • E-mail: [email protected]

Fábricas: Rua Emídio Oliveira Faria • 2425-879 Souto da Carpalhosa Tel. 244 619 170 • Fax 244 614 690 • E-mail: [email protected]

Lançamento do livro “Inspecções e Ensaios na Reabilitação de Edifícios”

Decorreu no passado dia 20 de Novembro, na FNAC Chiado – Armazéns doChiado, o lançamento do livr o: “Inspecções e Ensaios na Reabilitação deEdifícios”, da autoria de Vítor Cóias, com edição da IST Press. A apresentaçãoda obra esteve a cargo de João Appleton. O livro reúne um conjunto de informação técnica, abordada de forma simplese eficaz, sobre a realização de inspecções e ensaios em edifícios, como parteessencial do processo que conduz à sua reabilitação. Especialmente dirigido aomeio técnico nacional, sobretudo aos arquitectos e engenheiros, projectistas econstrutores.

Correio dos leitores“Alição do andaime majestoso,imponente à volta do prédio em construção.

Meses depois..., ei-lo encostado;ninguém já nele repara.Que lição! Ahumildade!

Ajudou a construir e aceitou já não ser útil…até que voltem a precisar dele!E não tardará o tempo…”

Autor desconhecido, adaptadoMaria Saraiva

ISTPR

ess

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NOTÍCIA

Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 200640

O Grupo STAP, vocacionado para aprestação de serviços especializadosna reabilitação de construções e in-fra-estruturas, renovou recentemen-te a sua imagem corporativa. Preten-deu-se reforçar a articulação das vá-rias empresas com o objectivo de co-locar mais ênfase na abordagem inte-grada da reabilitação, dentro do con-ceito “one stop shop”.

Tendo como características comuns apresença de uma orientação ascen -dente e a delimitação por uma moldu-ra quadrada, os novos logótipos dascinco empresas que compõem o Gru-po STAPtraduzem uma mudança queapela à modernidade, no respeito pe-la tradição herdada pelo Grupo cria-do em 1980. Foram mantidas, na qua-se totalidade, as linhas básicas e as co-

res predominantes dos logótipos an-teriores e foram introduzidos elemen-tos que reflectem a unidade do Gru-po, permitindo uma maior facilidadede identificação. As faixas ou linhasascendentes dos logótipos represen-tam uma dinâmica de permanentecrescimento, e as cores sóbrias a ido-neidade técnica e comercial.ASTAP, Tecnocrete, OZ, Monumenta

e Mestres Carpinteiros, prestam umconjunto de serviços integrados, quese complementam: desde o diagnós-tico e a inspecção até à conservação erestauro de património arquitectóni-co e à reabilitação do edificado, pas-sando pelos trabalhos em carpintariatradicional e pela concepção e distri-buição de materiais vocacionadospara esta área.

Com 26 anos de experiência na reabi-litação de construções e infra-estrutu-ras, O Grupo STAP factura 13 milhõesde euros, anualmente, e emprega maisde 110 trabalhadores. Alia um forte saber fazer em tecnologias de reabili-tação tradicionais a um constante esforço de investigação em áreas tãoespecificas como a reabilitação sísmi-ca, a reabilitação subaquática, a con-

servação estrutural por métodos elec-troquímicos, a reabilitação de cons-truções de terra utilizando a terra pro-jectada ou o reforço estrutural com fibras de carbono. Esta aposta perma-nente na inovação levou a STAP a serseleccionada para integrar a r ede de 24 PME’s inovadoras, criada pelaCOTEC Portugal, Associação Empre-sarial para a Inovação.

Grupo STAPImagem corporativa renovada

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VIDAASSOCIATIVA

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GECoRPA e IPPAR assinam protocolo de cooperação No passado dia 7 de Dezembro, oGrémio das Empresas de Con -servação e Restauro do Patrimó-nio Arquitectónico (GECoRPA) e o Instituto Português do Patri-mónio Arquitectónico (IPPAR)assinaram um protocolo de coo-peração, durante uma sessão pú-blica que teve lugar na Bibliotecado Palácio da Ajuda. Estiverampresentes os dirigentes de ambasas instituições, Dr. Elísio Summa-vielle, Presidente do IPPAR, Arq.ªAndreia Galvão e Dr. HenriqueParente, Vice-Presidentes doIPPAR, e Eng.º Vítor Cóias, Presidenteda Direcção do GECoRPA. Entre aassistência, constituída por empresá-rios do sector e profissionais dos média,encontrava-se Ana Madureira, repre-sentante da Sr.ª Ministra da Cultura.Tendo como objectivo contribuir para aexcelência nas intervenções de conser-vação e restauro do património arqui-tectónico, o protocolo ora assinado éválido por três anos e cria excelentesoportunidades de cooperação entre asduas instituições. Uma das linhas de acção estruturantesdo documento, para Vítor Cóias, é adefinição de requisitos de qualificaçãodas empresas e das pessoas que ope-ram no sector da reabilitação. Esta é,aliás, uma meta pela qual o GECoRPA

se tem vindo a bater. O sistema de qua-lificação das empresas de reabilita-ção do edificado e de conservação dopatrimónio arquitectónico, concebidopelo GECoRPA, poderá contribuirdecisivamente para a qualidade dasintervenções nestes dois segmentos deactividade.O documento prevê, também, o patro-cínio institucional do IPPAR ao PrémioGECoRPA de Conservação e Restaurodo Património Edificado, que visa pôrem evidência intervenções de conser-vação julgadas exemplares por um júride peritos. Viabiliza-se, assim, o relan-çamento deste prémio pioneiro no sec-tor, que havia sido atribuído apenasuma vez, em 2000. No âmbito desteprotocolo, o IPPAR concederá também

o seu apoio institucional às acçõesde formação r ealizadas peloGECoRPA, através da disponibi-lização de r ecursos e apoio nadivulgação.Elísio Summavielle considera queapreocupação pela qualidade dasintervenções, que o GECoRP Arevela, é legítima e patriótica. A garantia da qualificação pro-fissional é um passo f unda-mental. O património é inegavel-mente um sector estratégico e temque ser encarado como um pode-roso recurso económico e gerador

de emprego, e não como uma despesaou um encargo. O presidente do IPPARalertou ainda para a necessidade dedialogar com as ordens profissionaissobre a especialização dos r ecursoshumanos, necessária neste sector.Algumas iniciativas a desenvolverpelos dois organismos estão já a serplaneadas. Em Abril terá lugar umevento organizado conjuntamente,onde será lançada a tradução portu-guesa do “Livro Branco”, da autoriado Prof. Xavier Greffe, que apresentaum estudo sobre as vantagens econó-micas da reabilitação do patrimónioedificado, realizado a pedido daAEERPA, a associação eur opeia deempresas de reabilitação do patrimó-nio arquitectónico.

19.ª Assembleia-Geral do GECoRPANo passado dia 27 de Novembroocorreu, no Sana Reno Hotel, a 19.ªAssembleia-Geral do GECoRPA. Ostrabalhos foram dirigidos peloPresidente da Mesa, Eng.º CarlosFreire e estiveram representadas

cerca de metade das empresas asso-ciadas. Dos pontos da ordem dostrabalhos destaca-se a apr esen-tação e a votação do plano de acti-vidades para 2007 e r espectivoorçamento, tendo sido aprovados

por unanimidade. Decidiu-se ain-da organizar um jantar de associa-dos, que terá lugar em Janeir o ecujo propósito será debater estraté-gias a seguir pela associação nofuturo próximo.

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VIDAASSOCIATIVA

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Câmara Municipal de Torres Vedrasassinala o Dia Mundial da Arquitectura Como forma de dar conteúdo à acçãode lançamento do "KIT de Defesa doPatrimónio Edificado" e assinalar oDia Mundial da Arquitectura, reali-zou-se, no passado mês de Outubro,uma conferência com o tema genérico"Pedagogia e Património Edificado",no edifício dos Paços do Concelho deTorres Vedras. A importância doPatrimónio Edificado foi, assim, temabasilar para as intervenções dos pre-lectores convidados. Luís Pedr oMateus, director de obra da associadaMonumenta, Ld.ª, em representaçãodo GECoRPA, escolheu o tema “Pro-cessos Construtivos, um Património apreservar”, tendo focalizado a suaintervenção sobre temas relacionadoscom a Reabilitação: Levantamento,Diagnóstico e Soluções; CrescimentoSustentável; A participação cívicacomo prevenção. Neste último, LuísMateus fez r eferência ao Manual de Educação em Património Arqui-tectónico, uma obra editada peloGECoRPA, que vem chamar à atenção

para a necessidade de sensibilizaçãodesta temática junto dos jovens emidade escolar. O Manual foi um doselementos constitutivos do KIT deDefesa do Património Edificado, ten-do sido distribuído a todos os queintegraram a acção promovida pelaCâmara Municipal de Torres Vedras.A palestra contou, ainda, com a expo-sição de diversos casos práticos,nomeadamente na descrição dasintervenções levadas a cabo na IgrejaParoquial de V iana do Alentejo –

IPPAR Évora, na Ponte Romana emSertã (consolidação e recuperação dealvenarias), no Castelo de Paderne(recuperação de muralhas em blocosde taipa), na Central de Cervejas(reparação de paramentos em betãoarmado), na sede da FundaçãoOriente (reforço de fundações demuro de contenção existente) e naCimpor Alhandra (reparação ereforço com encamisamento metálicodos transportadores de calcário).

Protocolo entre o GECoRPA e a OA-SRNO GECoRPA e a Ordem dos Arqui-tectos – Secção Regional Norte, repre-sentados respectivamente pelo seu pre-sidente, Eng.º Vítor Cóias e pelo Arq.ºJoão Paulo Loureiro, responsável peloPelouro de Apoio à Prática Profissionalda OA-SRN, assinaram, no passado dia27 de Outubro, um protocolo de coope-ração. O documento, baseado no pro-tocolo firmado em 2004 entr e oGECoRPAeaOrdem dos Arquitectos –Secção Regional Sul, tem como objecti-vo o reforço e divulgação da política dereabilitação, conservação e restauro do

património arquitectónicoportuguês. Desta par ceriaespera-se uma mais eficazavaliação das necessidades,quanto à formação, de arqui-tectos no sector da conser -vação e r estauro, a or gani-zação conjunta de encontros eseminários, como por exem-plo, os Cursos de Especializa-ção em Património Arqui -tectónico GECoRPA, assimcomo a colaboração em edi-ções especializadas.

CMTorresVedras

Lusomapei

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VIDAASSOCIATIVA / AGENDA

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Lusomapei

GECoRPA na Concreta 2006

O GECoRPA voltou amarcar presença, com umstand, na última ediçãoda Concreta (Exponor),tendo como objectivo adivulgação das activida-des da associação e dosseus sócios. O GECoRPAteve o apoio de algunsdos seus associados, quepublicitaram os seus ser-viços através de painéisinformativos e distribui-ção de folhetos.O GECoRPA realizoudois seminários no decor-rer do certame. Reabili-tação de Construções:em que ponto estamos?,organizado em parceriacom a APFAC (Associa-

ção Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de Construção),teve lugar no dia 27 de Outubro. Perante uma audiência de cercade 200 participantes, foram oradores os engenheiros Carlos Duarte(APFAC), Vítor Cóias (GECoRPA), Filipe Ferreira (Augusto deOliveira Ferreira & C.ª, Ld.ª) e Nelson Moreira (Lusomapei, S. A.),e os arquitectos Mercedes Rosón e Javier Fernández. Foi objectivodeste seminário dar ênfase, através de casos exemplares, à reabili-tação e ao papel das argamassas fabris.A 28 de Outubro, dia de encerramento da Concreta, realizou-se oseminário Técnicas de reabilitação estrutural pouco intrusivasde construções antigas, que contou com a colaboração da Ordemdos Engenheiros. Asessão, a que assistiu igualmente uma audiên-cia numerosa, foi inaugurada pelo Eng.º Hipólito Sousa, coorde-nador do Colégio Regional Norte de Engenharia Civil. Seguiram--se as comunicações da arquitecta Paula Silva (directora do IPPAR,Direcção Regional do Porto) e dos engenheiros Paulo Lourenço(Universidade do Minho), Raquel Paula (Stap, S. A.) e Vítor Cóias(GECoRPA, Stap, S. A.). Pretendeu este seminário demonstrar queas técnicas de reabilitação construtiva e estrutural de edifícios anti-gos pouco intrusivas contribuem para aumentar a taxa de sucessodessas intervenções, em termos de respeito pela autenticidade epelo “valor tecnológico” desses imóveis.

PARTICIPE!Envie-nos a sua opinião ou comentário para:

Rua Pedro Nunes, n.º 27, 1.º Esq., 1050-170 Lisboa ou via e-mail: [email protected]

Candida Höfer - um olhar distinto sobre o património em Portugal15 de Dezembro a 25 de Fevereiro,Centro Cultural de BelémEntre 2005 e 2006, a convite do Centro Cultural deBelém, Candida Höfer visitou Portugal, com oobjectivo de fotografar vários espaços interioresde monumentos e edifícios portugueses. Para esteprojecto, Candida Höfer elegeu o “espaço” comotema central da sua obra. Nesta exposição, a artis-ta alemã apresenta 83 fotografias inéditas, degrande formato: corredores, salas e outros espa-ços de vários monumentos, desde o Convento deMafra ao Palácio de Belém, mas também edifíciosrecentes, como a Biblioteca Nacional, em Lisboa,a Casa da Música, no Porto, e o Casino Estoril.Mais do que simples representações da monu-mentalidade arquitectónica, as fotografias deCandida Höfer captam a atmosfera específicados espaços interiores, onde a ausência de pesso-as e o ponto de vista (essencialmente) frontal,objectivo e rigoroso, proporcionam a descobertade novas imagens de beleza. A exposição estápatente no CCB entre 15 de Dezembro e 25 deFevereiro de 2007. Informações: www.ccb.ptCentro Cultural de Belém, Praça do Império,1449 - 003 Lisboa – Telf.: 21 361 26 79

©CandidaH

öfer/VGBild-KunstBonn

©CandidaH

öfer/VGBild-KunstBonn

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AAssociação Portuguesa de Fabrican-tes de Argamassas de Construção nas-ceu em 2001, fruto do empenhamentoactivo de várias empresas fabricantesde Argamassas1. Sendo associada daEMO, European Mortar Industry Organization2, aAPFAC tem represen-tado Portugal e participado, desde2002, nas suas Assembleias Geraisanuais. Desta cooperação resultou, en-tre outras iniciativas, a introdução donosso idioma no EMOdico, Dicioná-rio Europeu de Termos de Argamas-sas de Construção,disponível nos sitesda EMO e da APFAC.A par desta representação, a APFACtem vindo a desenvolver relações comoutras congéneres, destacando-se asassociações de Espanha, França e Rei-no Unido.Durante estes anos, têm-se realizadomuitas sessões de divulgação das arga-massas fabris e da Directiva dos Produ-tos da Construção3, nomeadamente norespeitante à obrigatoriedade do usoda marcação CE. AAPFAC tem, ainda,colaborado com o IPQ na tradução dedocumentos normativos.Com o crescimento do número de as-sociados, foi possível iniciar e manterum tratamento estatístico nacionalanual, cuja fiabilidade tem vindo aaumentar. Reconhecendo a im -portância das argamassas fabris naconstrução e a I&D realizada nas em-presas, laboratórios e escolas, a AP-FAC organizou, em 2005, o 1.º Con-gresso Nacional de Argamassas de

Construção, caracterizado pelos se-guintes números: 45 comunicações,envolvendo cerca de 90 autores, re-presentando mais de 40 empresas/ins-tituições, de sete países: Alemanha,Brasil, Espanha, Finlândia, França,Portugal e República de Angola.Neste âmbito, encontra-se, em prepa-ração, a segunda edição do Congresso4,a realizar em Lisboa, em 2007, com umformato semelhante, embora mais am-bicioso.Os objectivos são:• reunir fabricantes, utilizadores, in-

vestigadores, projectistas, prescrito-

res e outros actores do sector de arga-massas para debater as tendências ac-tuais e o desenvolvimento de novosprodutos;

• proporcionar à investigação portu-guesa (escolas, institutos e empresas)a possibilidade de divulgar os seustrabalhos. A reabilitação foi eleita co-mo tema central do Congresso;

• trazer a Portugal especialistas de ou-tros países para promover a troca deexperiências e de conhecimentos, nomeadamente de Angola, Brasil,Moçambique, Espanha, França e Ale-manha, entre outros.

Associação Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas

de Construção 2.º Congresso Nacional de Argamassas

de Construção em preparação

DIVULGAÇÃO

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Tema de Capa

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Igreja Matriz, Amor (Leiria)

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Os temas para as comunicações sãomuito abrangentes: 1. Arte e História das argamassas.2. Especificação e selecção de argamas-sas no Projecto de Construções. 3. Fabrico de ar gamassas, sua Apli-cação, Durabilidade e Desempenho.Contribuição para a Eficiência Energé-tica das Construções.4. Patologias de argamassas: Identifi-cação, Causas, Reparação.5. Técnicas de Reabilitação e Conser-vação de Construções envolvendo ar-gamassas.6. Qualidade em argamassas: Certifi-cação, Normalização e Ensaios.O destaque atribuído à reabilitação de-corre da importância que esta começa aassumir em Portugal. Com efeito, o decréscimo da cons -trução nova é uma realidade mas, por

outro lado, a contínua degradação deconstruções, com maior ou menor va-lor patrimonial, exige que a reabilitaçãose afirme, o que acontecerá nos próxi-mos anos.É indiscutível o papel importante queas argamassas fabris desempenham naconstrução, aplicando-se com grandeexpressão no assentamento de alvena-rias, nos pavimentos, nos rebocos e mo-nomassas, na colagem de cerâmicos epedras ornamentais, etc.As argamassas têm evoluído desde asimplicidade da preparação realizadaem estaleiro (com todas as insuficiên-cias e inconsistências decorrentes) paraa responsabilidade de um fabricante,

com formulações estudadas (I&D), re-correndo a matérias-primas produzi-das por outras empresas, frequente-mente certificadas. Os fabricantes de argamassas dispõemde meios que lhes permitem apresen-tar ao mercado uma extensa variedadede produtos de grande qualidade, for-necidos em caco e a granel (para silosde obra).Além da confiança proporcionada porum fabricante, as ar gamassas fabriscontribuem para outros aspectos con-sideráveis, como sejam a organizaçãodos estaleiros e o uso racional do espaçopúblico, reduzindo as inconveniênciaspara a circulação de pessoas e viaturasem torno das obras, sendo ainda o seuuso bastante menos agressivo para oambiente, nomeadamente na reduçãode resíduos.

Estes últimos argumentos têm uma ex-pressão majorada no caso da reabili-tação urbana, face à exiguidade de es-paço para estaleiro e dificuldades/li-mitações de circulação, em especial noscascos antigos. As argamassas em sacopaletizado ou a granel (para silos) ga-rantem armazenagens na ordem de 3 e6 t/m2, respectivamente, valores ina-tingíveis na preparação tradicional.

RADIOGRAFIA DO SECTOR E PERSPECTIVASEm Portugal, em 2005, cerca de 30 em-presas produziram 1.2 milhões de to-neladas de argamassas secas (ou pron-tas a amassar) e estabilizadas (ou

prontas a aplicar), de valor estimadoem 90 milhões de euros. Aexportação,apesar de reduzida, excede contudo aimportação. Os 14 associadas da AP-FAC representaram 71 e 82 por centodo mercado, em toneladas e em euros,respectivamente.Não existe um valor fiável para aquantidade de argamassas prepara-das em estaleiro, admitindo-se que se-ja na ordem dos três a cinco milhõesde toneladas, ou seja, muito superioràs argamassas fabris.No horizonte 2006–2015, prevê-se quea redução da construção nova, acom-panhada do crescimento da reabili-tação e da contínua substituição de ar-gamassas preparadas em estaleiro porargamassas fabris, provoque:• a redução das argamassas prepara-

das em estaleiro, até um limite pró-ximo de um milhão de tone-ladas5;• o crescimento das argamas-

sas fabris, até cer ca de 2,5milhões de toneladas.

As necessidades do mercadoem 2015 não requerem, neces-sariamente, o aparecimentode mais empresas. O seu nú-mero poderá manter-se, des-de que a produção por unida-de fabril aumente para valo-res da ordem dos 80 mil tone-

ladas/ano, valor perfeitamente aceitá-vel, desde que as empresas existentesinvistam nas respectivas fábricas.

NOTAS1DBF (Lena Argamassas), Ciarga, Maxit, Secil Martin-gança e Weber).2 www.euromortar.com3 DPC 89/106/EEC4 Informação disponível em www.apfac.pt.5 Trata-se de uma hipótese conservadora, pois nessascondições as argamassas preparadas em obra ainda re-presentarão 29 por cento do mercado, valor superior àmédia europeia de 2005. Certamente, as exigências am-bientais, as restrições normativas e os hábitos de cons-trução reduzirão esse limite, a favor das ArgamassasFabris.

CARLOS M. DUARTE, Presidente da APFAC

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Tema de CapaDIVULGAÇÃO

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Evolução das Argamassas Fabris até 2015 e Papel na Reabilitação

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e-pedra e cal

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Quais os melhores produtos para rea-bilitar e conservar? Aresposta não é fá-cil, mas basicamente, tudo o que nosrodeia tem, já teve ou um dia terá a suaaplicação. A questão prende-se com atécnica, o momento e as circunstânciasem que é feita essa aplicação. E, já estou a excluir o pr oblema da“mentalidade dominante”. Tendo emconta que, por cá, estamos (com unsbons quarenta anos de atraso) a sair dafase final do “fachadismo”, designaçãopara técnica de “esventramento” e “des-vitalização” de interior bem conserva-do de um edifício histórico com apro-veitamento exclusivo da fachada.Para ilustrar o que acabo de escrever:recentemente, ao passar pelo castelode Paderne (exemplo sobrevivente depatrimónio em taipa), um empreiteiro,numa demonstração de sensibilidadeao tema, propunha a remodelação domonumento, “amandando” o interiorabaixo e reconstruindo de novo embetão. Imediatamente se conclui que aescolha de produtos para reabilitaçãoreflecte a mentalidade vigente.Insisto pois na sensibilização. Se a títu-lo de exemplo, precisasse de restauraruma pintura mural sobre suporte de

taipa, seria interessante, antes de mais,aceder a fóruns de discussão sobre atemática, como o www.traditional-paintforum.org.uk para as pinturas eo site da CRATerre - www.craterre.ar-chi.fr para a taipa. Só então o site da P4www.potassioquatro.com, (um siteprático contendo uma gama alargadade produtos e preços) e se optasse porterra projectada poderia visitar awww.stap.pt.Os produtos especializados são impor-tantes por si só quando se dá o caso deum determinado produto ser indisso-ciável da sua tecnologia de aplicação, co-mo nos produtos para limpeza da pe-dra. Pode nesta matéria, em www.bleu-line.pt, pedir esclarecimento técnicoson-line sobre casos particulares. Por vezes ainda, um produto indus-trial já não se encontra no mercado. É ocaso de telhas originalmente molda-das para um edifício específico. Nestecaso, poderia recorrer à www.telha-sum.com da Umbelino. Mas acontece que um produto que sejulga ser hoje bom, se r evela fatalamanhã. O mais importante: que sejaidentificável e reversível, dependetanto do interveniente como do pro-duto. Assim, termino com a recomen-dação (em www.aracaplaca.com.br)de um produto com grande utilida-

de pedagógica, ainda que indirecta. A aplicação de pequenas placas cominformações úteis (técnicos responsá-veis, materiais e car gas acrescenta-das), testemunham não só a inter-venção realizada, como também a tec-nologia e os produtos empregues, con-tribuindo para a transparência do pro-cesso que envolve a difícil escolha deprodutos para reabilitação.Revista após revista, tem-se vindo adizer e escrever que é preciso reabili-tar as mentalidades e que isso passapela educação dos mais novos. Desta-que para uma boa iniciativa do GE -CoRPA, em www.gecorpa.pt - cliqueno ícone “Património para Miúdos” epoderá em br eve aceder on-line ao"Manual de Educação em PatrimónioArquitectónico". Porque «No fundo,nós conservamos só o que amamos. Ama-mos só o que compreendemos. Compreen-demos só o que nos ensinarem .», BabaDioum, 1968.

NOTAAjudiciosa conclusão do ambientalista senegalês apa-rece como primeira reflexão, em sites cujos temas ca-recem de sensibilização prévia (designadamente emwww.borboletasatravesdotempo.com ), o que é pre-cisamente o caso do tema de capa deste número.

ANTÓNIO PEREIRA COUTINHO,Arquitecto

Tema de Capa

Produtos para a reabilitação e a conservação

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Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 2006

LIVRARIA

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NOVIDADES

Teoria do Restauro

Autor: Cesare BrandiEdição: OrionPreço: €20.00 Código: OR.E.3

Vulnerabilidade Sísmica de um Edifício Pombalino

A arquitectura da indústria, 1925 - 1965

Sistemas de Construção VI - Coberturas inclinadas (1.ª parte)Autor: Jorge MascarenhasEsta obra integra-se como o sex-to de dez volumes, onde se fazuma descrição ilustrada e deta-lhada de processos construtivosutilizados correntemente emPortugal. Esta colecção pretendeconstruir um auxiliar de consul-ta útil para pr ofissionais e co-nhecer e classificar os diversos

processos de construção existentes, com as suas vantagense desvantagens.Este volume procura dar um contributo para o entendi-mento dos princípios para a correcta concepção de umacobertura inclinada.Edição: Livros HorizontePreço: € 24.26 Código: HT.E.23

Vitrúvio. Tratado de ArquitecturaAutor: : M. Justino Maciel (Tra-dução do latim, introdução e notas)O livro apresenta a primeiratradução directamente do textolatino para português do T ra-tado de Arquitectura do arqui-tecto e engenheir o romano

Vitrúvio, escrito no Século I a. C.Segundo Paulo Varela Gomes, "a publicação deste livro rep-resenta um acontecimento histórico para as culturas daarquitectura e da engenharia em Portugal e uma iniciativacultural de grande relevo. Além de ser um dos textos semi-nais da cultura da Antiguidade Clássica, o tratado deVitrúvio, ao ser redescoberto no Renascimento, tornou-se otexto fundador de um entendimento moderno da arquitec-tura e da construção. É a palavra primeira da arquitectura". O autor desta tradução, Manuel Justino Pinheiro Maciel, éprofessor no Departamento de História da Arte daFaculdade de Ciências Sociais e Humanas da UniversidadeNova de Lisboa, onde é responsável pelo ensino e investi-gação em História da Arte da Antiguidade. Actualmente, éPresidente do Instituto de História da Arte da mesmaFaculdade.Edição: IST PressPreço: Capa mole – €30,00 / Capa encadernada – €60,00 Código: IST.DOC.1 / IST.DOC.2

Inspecções e Ensaios na Reabilitação de Edifí-ciosAutor: Vítor CóiasDa leitura do presente trabalhoretira-se o evidente interesse dotema abordado, para o meio téc-nico nacional, sobretudo para ar-quitectos, engenheiros, constru-tores e projectistas, para os quaisé apresentada informação muitopertinente sobre a realização de

inspecções e ensaios em edifícios e estr uturas, como parteessencial do processo que conduz à reabilitação dos mesmos.Verifica-se também que o tema proposto é, em geral, correcta-mente abordado, do ponto de vista técnico, apresentando a in-formação tratada de modo simples e eficaz e constituindo, porisso, elemento de consulta que se tornará importante, desdeque se vá fazendo a sua actualização. (Eng.º João Augusto daSilva Appleton)Edição: IST PressPreço: € 45.00 Código: IST.M.1

Património Estudos 9-Património arquitectónico,registo, interpretação ecritérios de intervençãoAutor: Vários AutoresO caderno especial deste númeroreúne o conteúdo das conferênciaspromovidas pelo IPPAR subordi-nadas ao tema genérico "Patrimó-nio arquitectónico, registo, interpre-tação e critérios de intervenção,onde se pretendeu, através de um

leque alargado de experiências e tipos de abordagem, propor-cionar a reflexão sobre temas cruciais que hoje se colocam naárea da intervenção sobre o património. Textos de vários especialistas, como Caballero Zoreda, LuísFontes, Francesco Doglioni, José Aguiar, Antoni GonzalezMoreno-Navarro, Camilla Mileto e Fernando Vegas, trazem--nos perspectivas distintas e complementares sobre uma mes-ma matéria, proporcionando uma reflexão centrada em casosconcretos de intervenção. Aarqueologia da arquitectura, basea-da no método arqueológico e aplicada ao estudo das estruturasedificadas em toda a sua complexidade, é uma constante dostextos apresentados, situando-a como uma metodologiaespecífica de registo e interpretação do património edificadoque se revela um instrumento importante para o estabeleci-mento de critérios de intervenção.Edição: IPPARPreço: € 14.00 Código: IP.PP.8

A Sé do Porto no Século XXAutor: Maria Leonor BotelhoAo longo do século XX, a Sé doPorto, monumento de carizmedieval, foi alvo das maisprofundas transformações de-correntes das intervenções derestauro e de conservação daresponsabilidade da DGEMN.Esta obra centra-se entr e asdatas de 1929 - ano da criaçãoda DGEMN - e 1982, ano emque foi criado o IPPC, ao qual a

Sé do Porto passou a estar afecta.O principal objectivo deste estudo foi apurar em que me-dida as transformações sofridas ao longo do século XXcontribuíram para o estado em que se encontra actual-mente a fisionomia da catedral, ou seja, perceber em quemedida a actual Sé resulta, ou não, das profundas trans-formações de que foi alvo, particularmente na 1.ª metadedo século XX. (Da contracapa)Edição: Livros HorizontePreço: € 27.83 Código: HT.E.25

CD-Rom: Actas do Encontro “Em defesa do PatrimónioCultural e Natural: Reabilitarem vez de Construir”Autor: VV. AA.“A presente publicação baseia-senos contributos de dez especialis-tas em áreas relacionadas com aconstrução e o ambiente, apresen-

tadas durante um evento or ganizado conjuntamente peloGECoRPAe pelo GEOTA, realizado em Sesimbra e no ParqueNatural da Arrábida, em 29 e 30 de Setembro de 2000.Pretendeu-se pôr em evidência as vantagens de reabilitar emvez de construir de novo, como forma de atingir, em simultâ-neo, três objectivos fundamentais para o futur o do país: 1.Contribuir para a salvaguarda do património natural e dapaisagem; 2. Ajudar a preservar a beleza e o carácter das nossascidades e aldeias; 3. Aproveitar bem o importante r ecursoeconómico que é o parque edificado. Uma parceria inédita deconstrutores e de ambientalistas possibilitou uma lúcidareflexão sobre os conflitos subjacentes a uma temática degrande actualidade: como dotar o nosso país da infra-estruturanecessária ao seu desenvolvimento e ao bem-estar das popu-lações, sem pôr em risco o património natural e o patrimóniohistórico/arquitectónico.” (Do prefácio)Edição: GECoRPAPreço: € 25,00 Código: GE.CDR.4

Manual de Educação em PatrimónioArquitectónico

Cidade e Democracia. 30 Anos de Transformação Urbana em Portugal

Autor: Álvaro Domingues (coordenação)Edição: ArgumentumPreço: €50.00 Código: AR.E.5

Outros títulos à venda na Livraria GECoRPA

Para saber mais sobre estes e outros livros, consulte a Livraria Virtual em www.gecorpa.pt

Autores: Vítor Cóias, CatarinaValença Gonçalves (texto);João Carlos Farinha, Marcos Oliveira(ilustrações)Edição: GECoRPAPreço: € 10.00 Código: GE.M.1

Autor: Maria Rafaela Pinheiro CardosoEdição: Ministério das Obras Públi-cas, Transportes e Comunicações Preço: €15.00 Código: MOP.E.1

Autor: VV. AA.Edição: Fundação DOCOMOMO IbéricoPreço: €35.00 Código: FDI.E.1

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LIVRARIA

N.º 11, Julho/Ago./Set. 2001Preço: €4,48 euros

Código: P&C.11

N.º 12, Out./Nov./Dez. 2001Preço:€ 4,48

Código: P&C.12

N.º 13, Jan./Fev./Mar. 2002Preço: €4,48

Código: P&C.13

N.º 14, Abril/Maio/Jun. 2002Preço: €4,48

Código: P&C.14

N.º 15, Julho/Ago./Set. 2002Preço: €4,48

Código: P&C.15

N.º 16, Out./Nov./Dez. 2002Preço: € 4,48

Código: P&C.16

N.º 17, Jan./Fev./Mar. 2003Preço: €4,48

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N.º 18, Abril/Maio/Jun. 2003Preço: €4,48

Código: P&C.18

N.º 19, Julho/Ago./Set. 2003Preço: €4,48

Código: P&C.19

N.º 23, Julho/Ago./Set. 2004Preço: €4,48

Código: P&C.23

N.º 20, Out./Nov./Dez. 2003Preço: €4,48

Código: P&C.20

N.º 24, Out./Nov./Dez. 2004Preço: €4,48

Código: P&C.24

N.º 25, Jan./Fev./Mar. 2005Preço: €4,48

Código: P&C.25

N.º 26, Abr./Mai./Jun. 2005Preço: €4,48

Código: P&C.26

N.º 27, Jul./Ago./Set. 2005Preço: €4,48

Código: P&C.27

N.º 21, Jan./Fev./Mar. 2004Preço: €4,48

Código: P&C.21

N.º 22, Abril/Maio/Jun. 2004Preço: €4,48

Código: P&C.22

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(*) Os descontos não são acumuláveis, nem aplicáveis aos números da Pedra&Cal já publicados.(**) Ao valor de cada livro deverão ser acrescentados € 3,64 para portes de correio. Por cada livro adicional deverá somar-se a quantia de € 0,70.Quanto aos números da Pedra&Cal já publicados, os portes de correio fixam-se em € 1,20. Para mais informações, consulte as Condições de Venda na Livraria Virtual.FORMADE PAGAMENTO: O pagamento deverá ser efectuado através de cheque à ordem de GECoRPA, enviado juntamente com a nota de encomenda para GECoRPA, Rua Pedro Nunes , n.º 27, 1.º Esq.º 1050-170 Lisboa.

Associado do GECoRPA (10% de desconto)Assinante da Pedra&Cal (10% de desconto)

Assinatura anual de 4 números da P&C pelo preço de € 16,13 (beneficiando do desconto de 10% sobre o preço de capa), acrescendo € 4,40 de portes de envio.

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N.º 28, Out./Nov./Dez. 2005Preço: €4,48

Código: P&C.28

Nota: Os números 0, 1, 2, 4, 5, 6 e 7 da Pedra & Cal encontram-se esgotados, contudo informamos que se encontram reunidos no CD-ROM Pedra & Cal - 5 Anos(1998-2003), à venda na Livraria GECoRPA.

N.º 29, Jan./Fev./Mar. 2006Preço: €4,48

Código: P&C.29

N.º 30, Abril/Maio/Jun. 2006Preço: €4,48

Código: P&C.30

N.º 31, Jul./Ago./Set. 2006Preço: €4,48

Código: P&C.31

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Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 2006

ASSOCIADOS GECoRPA

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A. da Costa Lima, Fernando Ho,Francisco Lobo e Pedro Araújo - Arquitectos Associados, Ld.ªProjectos de conservação e restaurodo património arquitectónico.Projectos de reabilitação, recuperação erenovação de construções antigas.Estudos especiais

Betar - Estudos e Projectos de Estabilidade, Ld.a

Projectos de estruturas e fundaçõespara reabilitação, recuperação e renovação de construções antigas e conservação e restauro do património arquitectónico.

LEB - Projectistas, Designers e Consultores em Reabilitação de Construções, Ld.ªProjecto, consultoria e fiscalização na área da reabilitação do património construído.

PENGEST – Planeamento,Engenharia e Gestão, S. A.Projectos de conservação e restaurodo património arquitectónico.Projectos de reabilitação,recuperação e renovação deconstruções antigas. Gestão,Consultadoria e Fiscalização.

OZ - Diagnóstico, Levantamento e Controlo de Qualidade de Estruturas e Fundações, Ld.ªLevantamentos. Inspecções e ensaiosnão destrutivos. Estudo e diagnóstico.

ERA - Arqueologia - Conservação e Gestão do Património, S. A. Conservação e restauro de estruturasarqueológicas e do patrimónioarquitectónico. Inspecções e ensaios.Levantamentos.

A. Ludgero Castro, Ld.ªConsolidação estrutural. Construçãoe reabilitação de edifícios.Conservação e restauro de bensartísticos e artes decorativas:estuques, talha, azulejaria,douramentos e policromias murais.

Alfredo & Carvalhido, Ld.ªConservação e restauro dopatrimónio arquitectónico.Conservação e reabilitação deconstruções antigas.

Alvenobra - Sociedade deConstruções, Ld.ªReabilitação, recuperação erenovação de construções antigas.

AMADOR, Ld.ªConservação , restauro e reabilitaçãodo património construído einstalações especiais.

Antero Santos & Santos, Ld.ªConservação e restauro do PA.Reabilitação, recuperação erenovação de CA. Instalaçõesespeciais em PAe CA.

Augusto de Oliveira Ferreira & Cª., Ld.ªConservação reabilitação deedifícios. Cantarias e alvenarias.Pinturas. Carpintarias.

GRUPO IProjecto,

fiscalização e consultoria

GRUPO IILevantamentos,

inspecções e ensaios

GRUPO IIIExecução

dos trabalhosEmpreiteiros

e Subempreiteiros

BEL – Engenharia e Reabilitação de Estruturas, S. A.Conservação e restauro do PA.Reabilitação, recuperação e renovação de CA. Instalaçõesespeciais em PA e CA.

MC Arquitectos, Ld.ªProjectos de arquitectura.Levantamentos, estudos ediagnóstico.

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ASSOCIADOS GECoRPA

Pedra & Cal n.º 32 Outubro . Novembro . Dezembro 200650

Somafre - Construções, Ld.ªConstrução, conservação ereabilitação de edifícios. Serralharias.Carpintarias. Pinturas.

Cruzeta – Escultura e Cantarias,Restauro, Ld.ªConservação e reabilitação deconstruções antigas. Limpeza erestauro de cantarias, alvenarias eestruturas.

COPC - Construção Civil, Ld.ªConstrução de edifícios.Conservação e reabilitação deconstruções antigas. Recuperação econsolidação estrutural.

Sociedade de Construções José Moreira, Ld.ªExecução de trabalhosespecializados na área do patrimónioconstruído e instalações especiais.

Edifer Reabilitação, S. A.Construção, conservação ereabilitação de edifícios.

GECOLIX – Gabinete de Estudos e Construções, Ld.ªConservação e restauro dopatrimónio arquitectónico.reabilitação, recuperação erenovação de construções antigas.Instalações especiais em patrimónioarquitectónico e construções antigas.

Construções Borges & Cantante, Ld.ªConstrução de edifícios.Conservação e reabilitação deconstruções antigas.

Tecnasol FGE – Fundações e Geotecnia, S. A.Fundações e Geotecnia. Conservaçãoe restauro do patrimónioarquitectónico. Conservação ereabilitação de construções antigas.

Na Esteira, Sociedade deurbanização e Construções, Ld.ªConservação e restauro do PA.Reabilitação, recuperação erenovação de CA. Instalaçõesespeciais em PAe CA.

Sofranda – Empresa de Construção Civil, S. A.Conservação e restauro do PA.Reabilitação, recuperação erenovação de CA. Instalaçõesespeciais em PAe CA.

CVF - Construtora de Vila Franca, Ld.ªConservação de rebocos e estuques.Consolidação estrutural.Carpintarias. Reparação decoberturas.

Listorres - Construção Civil e Obras Públicas, S.A.Construção e reabilitação deedifícios.

L.N. Ribeiro Construções, Ld.ªConstrução e reabilitação.Construção para venda.

MIU - Gabinete Técnico de Engenharia, Ld.ªConstrução, conservação ereabilitação de edifícios.Conservação e reabilitação depatrimónio arquitectónico.Conservação de rebocos e estuques epinturas.

Monumenta - Conservação e Restauro do PatrimónioArquitectónico, Ld.ªConservação e reabilitação deedifícios. Consolidação estrutural.Conservação de cantarias ealvenarias.

Poliobra - Construções Civis, Ld.ªConstrução e reabilitação deedifícios. Serralharias e pinturas.

Quinagre - Estudos e Construções, S. A.Construção de edifícios.Reabilitação. Consolidaçãoestrutural.

STAP - Reparação, Consolidação e Modificação de Estruturas, S. A.Reabilitação de estruturas de betão.Consolidação de fundações.Consolidação estrutural.

Brera - Sociedade de Construções e Representações, Ld.ªConstrução, conservaçãoreabilitação de edifícios.

49-51 Associados.qxp 12/18/06 7:59 PM Page 50

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ASSOCIADOS GECoRPA

Tecnocrete – Materiais e Tecnologias de ReabilitaçãoEstrutural, Ld.ªProdução e comercialização de materiais para a reabilitação.

Tintas Robbialac, S. A.Produção e comercialização deprodutos de base inorgânica paraaplicações não estruturais.

BLEU LINE - Conservação eRestauro de Obras de Arte, Ld.ªMateriais para intervenções deconservação e restauro emconstruções antigas. Conservação de cantarias.

GRUPO IVFabrico e/oudistribuição de produtos e materiais

Para mais informações acerca dos associados GECoRPA, das suas actividades e dos seus contactos, visite a rubrica “associados” no nosso site www.gecorpa.pt

ONDULINE – Materiais de Construção, S. A.Produção e comercialização demateriais para construção .

BLAU, Ld.ªDistribuição de produtos e materiaisvocacionados para o PatrimónioArquitectónico e ConstruçõesAntigas.

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Pedra & Cal n.º 31 Julho . Agosto . Setembro 2006

Nos anos mais recentes, des-de que o problema do déficedas contas públicas se tor-nou implacável, que o anún-cio da venda de patrimóniodo Estado tem sido recorren-te, suscitando naturalmentedúvidas e inquietações. Eainda há pouco a Câmara deLisboa decidiu colocar empraça alguns edifícios depropriedade municipal – oque logo ocasionou perple-xidades e mesmo protestos,que levaram ao recuo nopropósito da venda do palá-cio Pombal.Desde a extinção das ordensreligiosas, em 1834, que a re-conversão para novos usosde edifícios emblemáticostem sido prática corrente en-tre nós – fenómeno potencia-do pelo défice crónico, que só conhe-ceu alívio durante o salazarismo e nosprimeiros tempos dos dinheiros eu-ropeus. Foi assim que alguns conven-tos passaram a quartéis, hospitais, fa-culdades, museus, etc., com inter-venções muitas vezes descuidadas doponto de vista da preservação do pa-trimónio arquitectónico. Mais recen-temente, foram numerosos os con-ventos onde se instalaram pousadasmas, desta vez, com projectos de ele-vada qualidade, em que a do Bouro éo caso emblemático.E o que aconteceu com os conventostem-se, ao longo dos tempos, verifi-cado também relativamente a outrostipos de edifícios, nomeadamente pa-lácios – como a Universidade Autó-noma, instalada no Palácio dos Con-des do Redondo, em Lisboa. E aindainstalações fabris, de que o caso daUniversidade da Beira Interior, naCovilhã, já evocado nesta página, éum eloquente exemplo do que se po-

de e de como se deve fazer. Ainda nodomínio da arquitectura industrial,outras intervenções se podem apon-tar em Aveiro, Faro, Tavira, Lisboa,Matosinhos, Fundão, Guimarães ePortalegre. Podem registar-se aindaos casos da Universidade Atlântica,na antiga fábrica da Pólvora de Bar-carena, e da Lusófona, em Lisboa, aoCampo Grande – que de fábrica pas-sou a quartel e de quartel a universi-dade, tal como a Real Fábrica de Pa-nos, na Covilhã. Deve aliás ser assinalado que o surtode cursos universitários privados,que ocorreu há anos atrás, levou aoaproveitamento e preservação de umgrande número de edifícios singula-res nas principais cidades, sobretudoem Lisboa. Mais uma vez conventos,mas também palácios e antigas fábri-cas. Nesta lista, que não se pretendeexaustiva, vale a pena nomear algunscasos de operações exemplares, comonos conventos das Bernardas e do Be-

ato, em Lisboa. E, no Porto, asmagníficas reconversões daCadeia da Relação, da Alfân-dega e do convento de SantaClara.Mais recentemente, e a exem-plo do que sucede noutros pa-íses, também o sector imobiliá-rio começa a interessar-se peloaproveitamento de edifíciosexistentes, nomeadamente decarácter industrial, transfor-mados agora em lofts, do queconstitui um caso assinalável aantiga fábrica de lâmpadasLumiar, na avenida 24 de Ju-lho, em Lisboa. Mas assiste-setambém a soluções mais doque discutíveis, como as do an-tigo Colégio dos Inglesinhos,no Bairro Alto, onde se cons-trói um condomínio fechado,e do convento de Arroios, à

Praça do Chile, ameaçados ambos decontroversas mutilações, ainda malesclarecidas.É com este pano de fundo que agorase fala, no quadro da alienação de Pa-trimónio do Estado, em vender váriosedifícios singulares, como as Peniten-ciárias de Lisboa e de Coimbra. Comotambém o convento da Graça, em Lis-boa. Trata-se de processos a que é ne-cessário estar-se atento, no sentido deimpedir que, a pretexto da resoluçãodo défice, se cometam atentados irre-versíveis ao património edificado. Domesmo modo que à anunciada insta-lação de um hotel numa ala do Terrei-ro do Paço – uma proposta inaceitá-vel, no meio de um conjunto de ideiasexcelentes, com origem no Comissa-riado da Baixa-Chiado.

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PERSPECTIVAS

NUNO TEOTÓNIO PEREIRA,Arquitecto

Alienação de património públicoAntecedentes, receios, interrogações

Covilhã - Universidade da Beira Interior. Projecto de B. Costa Cabral efotografia de Catarina C. Cabral

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