Produtor de Hortaliças | Formação para o Trabalho

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Este curso tem como objetivo conscientizar a comunidade sobre a importância do cultivo de hortaliças, fornecer informações técnicas para uma produção racional e proporcionar uma melhoria na qualidade de vida

Transcript of Produtor de Hortaliças | Formação para o Trabalho

Fortaleza2012

Produtor de

hortaliças

José Silveira FilhoMárcio Manoel Di A. R. Verdelho

Maria Stela Bezerra da Silva

©2011 by Edições Demócrito Rocha

Fundação Demócrito RochaPresidente: Luciana Dummar

Editora: Regina RibeiroCoordenação Editorial: Eloísa Maia Vidal

Coordenação Geral do Projeto: Francisco Fábio Castelo BrancoEditor de Design: Deglaucy Jorge Teixeira

Projeto Gráfico: Arlene HolandaCapa: Welton TravassosRevisão: Wilson P. Silva

Editoração Eletrônica: Welton TravassosCatalogação na fonte: Ana Kelly PereiraIlustrações: Eli Barbosa e Leonardo Filho

Fotos: Banco de Dados O POVO/Fábio Castelo

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Diretor Asministrativo Financeiro: Antônio Cláudio Câmara MontenegroConvênio institucional entre Fundação Demócrito Rocha e Instituto CENTECSecretaria da Ciência e Tecnologia e Educação Superior do Ceará - Secitece

Silveira Filho, JoséS587p Produtor de hortaliças / José Silveira Filho, Márcio Manoel Di A. R.

Verdelho, Maria Stela Bezerra da Silva. – reimpr. – Fortaleza : Edições Demócrito Rocha; Instituto Centro de Ensino Tecnológico, 2006.

88p. : il. color

ISBN 978-85-7529-266-8

1. Hortaliças. 2. Horticultura. I. Instituto Centro de Ensino Tecnológico. II. Verdelho, Márcio Manoel Di A. R. III. Silva, Maria Stela Bezerra da. IV. Título.

CDU 635

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Esforce-se e aprenda.

Em casa

Para aproveitar ao máximoo curso você precisa

Apresentação ............................................................................... 7

Importância alimentar das hortaliças ........................................... 9

Classificação das hortaliças .......................................................11

Tipos de hortas .......................................................................... 13

Instruções para instalação de uma horta .................................. 15

Adubação ................................................................................... 32

Tratos culturais .......................................................................... 41

Colheita ...................................................................................... 59

Sumário

Cultivo das principais hortaliças ................................................ 61

Referências ................................................................................ 88

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A tradição da horticultura no Brasil vem dos anos 50, iniciada por imigrantes italianos e japoneses. A produção de hortaliças pode se dar durante todo o ano, mesmo que as áreas de plantio estejam localizadas em regiões secas. Neste caso, as técnicas de irrigação são a alternativa para assegurar a produtividade contínua.

O termo horticultura refere-se à produção de uma grande diversdade de culturas comestíveis ou ornamentais. Dentro da Horticultura, o ramo que trata do cultivo de hortaliças é a olericultura.

As hortaliças, mais conhecidas como verduras e legumes, são produtos de grande valor na alimentação, apesar de não existir ainda o hábito de incluir diariamente as hortaliças em nossas refeições. Em algumas regiões, existe certa escassez de verduras e legumes, alcançando estes produ-tos preços bastante elevados. A produção de hortaliças pode ser feita em pequena escala, a nível caseiro ou comu-nitário, e numa escala maior, em propriedades rurais.

A nível caseiro e comunitário, geralmente, cultivam-se diversas espécies em pequenas hortas. Na produção em escala comercial, cultiva-se normalmente poucas espécies, muitas vezes uma só, nas épocas mais adequadas. Neste caso, utiliza-se uma tecnologia mais apurada, visando a alta produtividade e um produto de melhor qualidade. Este tipo de exploração objetiva uma rentabilidade que compense o trab-alho, o risco e o capital empregado.

Este caderno tem como objetivo conscientizar a comuni-dade sobre a importância do cultivo de hortaliças, fornecer informações técnicas para uma produção racional e propor-cionar uma melhoria na qualidade de vida, inclusive através do enriquecimento da merenda escolar.

Introdução

Olericultura: cultura de legumes (oleri = legume)

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9

1LiçãoImportância alimentardas hortaliças

A nutrição, mais do que qualquer coisa, é responsável pelo fornecimento de nutrientes benéficos e sabe-se que o organ-ismo necessita de certos elementos que regulem o funciona-mento dos diversos órgãos sem os quais não haverá saúde. Esses elementos são as vitaminas e os sais minerais encon-trados em grande quantidade nas hortaliças.

Por isso, os médicos recomendam o seu consumo, tanto em regimes alimentares quanto para composição do cardá-pio diário, pois a sua deficiência nutricional pode provocar doenças tais como: cegueira noturna e alterações dos epité-lios, descamação da pele e dificuldade de cicatrização causadas pela carência de vitamina A.

O escorburto, doença em que o indivíduo sente sensação de fraqueza, dores musculares e articulares, dificuldade de coagulação sangüínea e de cicatrização, menor resistência às infecções e, sobretudo, inflamação, vermelhidão, irritação das mucosas, notadamente da mucosa gengival, com pequenas hemorragias freqüentes, todos sintomas causa-dos pela carência de vitamina C.

A carência de viamina K pode provocar hemorragias e a defi-ciência de cálcio provoca fragilidade dos ossos, além de prejudi-car a função condutora dos nervos e a contração muscular.

A deficiência de ferro impede a formação de um número suficiente de glóbulos vermelhos, levando à anemia de ori-gem alimentar e a diversas outras doenças.

A seguir, relacionamos as hortaliças e seus respectivos constituintes que têm ação na prevenção de doenças:■ Cenoura, batata-doce, jerimum, alface, pimentão e tomate

são ricos em Vitamina A.■ Couve, couve-flor, pimentão, repolho e tomate são ricos

em Vitamina C.■ Couve, couve-flor, repolho e tomate são ricos em Vitamina K.

Quando o seu médico o aconselha a comer verdura é porque a digestão dos alimentosé facilitada quando se incluem hortaliças no cardápio alimentar.

Dê alguns exemplos de hortaliças que

fazem bem à saúde.

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■ Alface, cebolinha, coentro, couve e repolho são ricas em sais minerais, especialmente em cálcio e ferro.

O cultivo de hortaliças pode ser feito em pequenos

espaços disponíveisno jardim ou no

quintal.

Edmundo Sousa

• As hortaliças são essenciais à nutrição, pois fornecem vitaminas e sais minerais;

• A carência de vitaminas e sais minerais provoca diver-sas doenças;

• Hortaliças têm ação na prevenção de doenças causa-das por carência de vitaminas e sais minerais.

Resumo da lição

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Quais são os grupos de

hortaliças?

Alimentação rica em hortaliças auxilia a reduzir o teor de colesterol no sangue.

Classificação das hortaliças

As hortaliças constituem um grande grupo de plantas alimentares que se caracterizam pelo seu sabor e alto valor nutritivo, principalmente pela presença das vitaminas e dos sais minerais que são nutrientes imprescindíveis à regula-ção do metabolismo.

Metabolismo é o conjunto de reações bioquímicas que ocorre em um organismo para que ele funcione em sua totalidade. O metabolismo se divide em dois fluxos opostos de reações químicas que ocorrem no organismo: em um dos fluxos, os alimentos degradam-se em moléculas menores, gerando energia para o funcionamento do organismo. Isto é conhecido como catabolismo. Outro fluxo utilizando a ener-gia gerada pelo catabolismo, constroe diversas moléculas que formam a célula e a isto chamamos de anabolismo.

A nossa dieta deve ser diversificada e conter os macronu-trientes que são os alimentos requeridos em grandes quan-tidades, como as proteínas, carboidratos e gorduras; micro-nutrientes que são os alimentos requeridos em pequenas quantidades que são os sais minerais e vitaminas.

Nas feiras e supermercados do país, podemos identificar mais de 80 espécies de hortaliças. As mais importantes são classificadas em grupos conforme a parte da planta que é utilizada para alimentação e são as seguintes:■ Hortaliças-flores: couve-flor;■ Hortaliças-frutos: abóbora (jerimum), berinjela, chuchu, max-

ixe, melancia, melão, pimentão, pepino, quiabo, tomate;■ Hortaliças-legumes: feijão-vagem;■ Hortaliças-raízes: batata-doce, beterraba, cenoura, inhame;■ Hortaliças-bulbos: alho, cebola.■ Hortaliças folhosas: alface, cebolinha, coentro, couve,

repolho;O plantio de hortaliças é denominado horta, e estas

podem ser classificadas segundo sua finalidade e tamanho.

2Lição

12

O coentro é uma hortaliça verde utilizada como tempero em muitas receitas

João Carlos Moura

• As hortaliças são alimentos ricos em sais minerais e vita-minas e imprescindíveis ao correto funcionamento do nosso metabolismo;

• As hortaliças são classificadas nos seguintes grupos: hortaliças-folhosas, hortaliças-flores, hortaliças-frutos, hortaliças-legumes, hortaliças-raízes e hortaliças-bulbos.

Resumo da lição

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Tipos de hortas

Dona Maria tinha um espaço sobrando no quintal de sua casa. Para aproveitá-lo e diminuir as despesas da casa resolveu fazer uma pequena horta. Todas as manhãs ia com o regador molhar sua hortinha. Com isso conseguiu economizar dinheiro, aproveitar o espaço e melhorar a ali-mentação das crianças.

Seu João conseguiu depois de muito tempo juntar din-heiro e comprar um bom pedaço de terra. Como ele já era acostumado a trabalhar com hortaliças resolveu fazer uma grande horta. Comprou as ferramentas, os equipamentos, preparou a terra e plantou. Com a sua produção organiza-da conseguiu tirar o dinheiro que investiu e ainda obter um bom lucro.

Percebeu como essas plantações são diferentes? Enquanto na primeira o que interessa é somente a alimentação da família, na segunda é o lucro.

Podemos assim classificar as hortas em:■ Doméstica: para abastecimento de uma família.■ Comunitária: conduzida por várias pessoas ou

famílias que dividem o trabalho, as despesas e os produtos.

■ Pequena horta comercial: visando complemen-tação de renda em pequena propriedade ou mesmo em casas com quintal grande.

■ Grande horta comercial: quando é a principal fonte de renda do agricultor ou propriedade.

■ Escolar ou institucional: com finalidade didática, nas escolas, ou para abastecer instituições como orfanatos, asilos e outras da mesma natureza.Caro agricultor, após essa breve introdução

você já tem condições de definir qual o tipo de horta que mais atenda a seus interesses.

3Lição

Na horta comunitária, as hortaliças podemajudar famílias a enriquecer a dieta alimentar.

Maria Rosa

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Como podem ser classificadasas hortas?

Dário Gabriel

A horta escolar, além de produzir hortaliças que ajudam na merenda escolar, educa as crianças.

• As hortas são classificadas segundo sua finalidade e tamanho;

• As hortas são classificadas em: doméstica, comuni-tária, escolar ou institucional, pequena horta comercial e grande horta comercial.

Resumo da lição

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4Lição

Lixívia: solução concentrada de hidróxido de sódio ou de potássio.

Instruções para instalação de uma horta

Agora vamos ensinar como fazer uma horta. Nos tópicos a seguir serão descritas as informações necessárias para a implantação de uma horta.

ClimaDe um modo geral, as hortaliças encontram as melhores

condições de desenvolvimento e produção quando o clima é ameno, com chuvas leves e pouco freqüentes.

As temperaturas elevadas favorecem o florescimento e aceleram a maturação. As baixas temperaturas retardam o crescimento, a frutificação e a maturação podendo também induzir florescimento indesejável.

O excesso de chuvas ou chuvas pesadas pode provocar encharcamento do terreno, a lixiviação dos nutrientes e a erosão, prejudicando a colheita e influindo na qualidade do produto. A umidade favorece o aparecimento da maioria das doenças que ocorrem nas plantas.

Cada espécie de hortaliça tem sua exigência climática. Assim, de um modo geral, as hortaliças de folhas (alface, couve, repolho, coentro e cebolinha) e raízes (beterraba, cenoura e batata doce) desenvolvem-se melhor em condi-ções de temperatura amena, enquanto as de frutos produzem melhor em temperaturas mais elevadas. Algumas suportam temperaturas mais baixas, inclusive geadas leves, como o caso da couve e repolho, e outras suportam temperaturas de 30 a 35ºC, mas a frutificação é bastante afetada.

Local da hortaNas casas urbanas ou áreas comunitárias, o local para

a horta é bastante limitado e terá características particula-res de acordo com a maior ou menor disponibilidade de terreno. Convém fazer a instalação da horta em um local afastado de árvores frondosas pois a sombra é prejudicial ao crescimento das plantas.

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Argila: substância terrosa e esbranquiçada,

composta de sílica, alumínio e água que é

dotada de grande plasticidade; barro.

pH: é uma escala de medida que varia de 0 a 14 e serve para determinar se

uma substância é ácida, básica ou neutra.

pH 0 a 6,99 ⇒ ácido,pH = 7 ⇒ neutro,

pH de 7,01 a 14 ⇒ básico, portanto é considerado próximo à neutralidade

quando o pH está em torno de 7,0.

Nas propriedades rurais, devido a maior disponibilidade de área, pode-se escolher melhor o local para a horta que deve ser, tanto quanto possível, próximo da fonte de água, pois as irrigações abundantes são indispensáveis à obten-ção de produtos de boa qualidade.

Edmundo Sousa

A horta deve estar localizada próxima à fonte de água

A água para as irrigações deve ser de boa qualidade, pois muitas hortaliças são consumidas cruas e, quando regadas com água contaminada, podem transmitir doenças.

Deve-se dar preferência para áreas com a terra de consis-tência média (areno-argilosa), uma vez que os solos argilosos ou barrentos são difíceis de trabalhar. Por outro lado, os terre-nos muito arenosos, além de menos férteis e secarem rapida-mente, são facilmente lavados e arrastados pelas águas das chuvas, causando perdas de trabalho ou produção.

As terras de baixada, além de se apresentarem geral-mente encharcadas ou de difícil drenagem, são normalmen-te muito ácidas.

As melhores terras são as de consistência média, boa dre-nagem, acidez fraca e boa fertilidade. Uma ligeira inclinação facilita o escoamento das águas, evitando assim o encharca-mento do solo. A terra encharcada dificulta a germinação das sementes e o desenvolvimento das plantas, pois o excesso de umidade pode causar apodrecimento das raízes.

Na zona rural deve-se cercar a horta para evitar a invasão de animais domésticos. A cerca pode ser feita de arame,

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Quais as melhores terras para

o plantiode uma horta?

bambu, estacas de madeira ou qualquer outro material. As cercas-vivas prestam-se também à vedação das hortas, podendo ser feitas com plantas de crescimento rápido, porte não muito alto e que permitam a condução, através de podas.

FerramentasAs ferramentas influem grandemente na eficiência e no

rendimento dos serviços. Na condução de uma horta em pequena escala, não é necessária a aquisição de muitas ferramentas, mas se dispuser da enxada, enxadão, pá de corte, ancinho, sacho, colher de transplante, regador, pul-verizador, a execução dos diferentes trabalhos será gran-demente facilitada.

Outras ferramentas úteis são: pá curva, tesoura-de-poda, marcador de sulcos e marcador de covas. O carrinho de mão facilita o transporte de esterco e outros materiais, bem como dos produtos colhidos.

FERRAMENTAS E SUAS FINALIDADES

Sacho: é uma pequena ferramenta com duas lâminas, uma larga e outra em forma de V invertido. A lâmina larga é utilizada para capinas em pequenos espaços entre plantas, e a lâmina em forma de V serve para afofar a terra ou fazer sulcos.

Pá curva: é utilizada para cavar, remov-er a terra ou outro material semelhante.

Regador: deve apresentar o bico com crivos finos para evitar que gotas grandes de água prejudiquem o nasci-mento das plantas novas ou as recém-transplantadas.

Enxada: é usada para capinas, isto é, cortar as plantas daninhas que nascem e crescem entre as plantas cultivadas. No preparo do solo serve para incorpo-rar adubos, acertar as bordas e as superfícies dos canteiros.

Enxadão: é utilizado para cavar e revolver a terra, incorporar a matéria orgânica, calcário ou adubos.

Ancinho: serve para facilitar o trabal-ho de juntar resíduos de materiais espalhados na área e também para acertar a superfície do canteiro.

Continua

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FERRAMENTAS E SUAS FINALIDADES

Barbante (cordel): usado para marca-ção dos canteiros e no amarrio das plantas.

Marcador de sulcos: serve para mar-car os pequenos sulcos nas sement-eiras ou nos canteiros para as espé-cies de semeação direta.

Sacho de cabo curto: para determi-nados serviços que exigem maior con-trole da ferramenta, como limpeza próxima às plantas.

Colher de transplante: usada para retirar com maior facilidade as mudas a serem transplantadas com um bloco de terra junto às raízes.

Tesoura-de-poda: é utilizada para cor-tar ramos, folhas, brotações que devem ser retiradas das plantas.

Pulverizador: para aplicar defensivos ou adubos foliares. Pode ser manual ou motorizado.

Carrinho-de-mão: importante para o transporte de terra, adubos e produtos colhidos.

Mangueira: utilizada para fazer as regas na sua horta.

Trena: útil para fazer as medições dos canteiros, das sementeiras, dentre out-ras.

Continuação

EquipamentosMesmo para pequenas hortas com objetivos comerciais,

os trabalhos serão mais facilmente realizados com os seguintes equipamentos:

Arado: que pode ser de disco ou aiveca; serve para revolver a terra. É tracionado por animal ou trator.

grade: que pode ser de disco ou dente; serve para des-torroar e uniformizar a superfície do terreno. É tracionada por animal ou trator.

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O que é umaamostra de terra?

Sucador: serve para fazer sulcos, leiras ou canteiros. É tracionado por animal ou trator.

Conjunto de irrigação: composto por motor, bomba e tubos para sucção e elevação da água para irrigação. Para irrigação por aspersão são necessários os aspersores, registros e/ou válvulas.

Alcides Freire

Na irrigação por aspersão, os tubos estão distribuídos estrategicamente

Análise do soloA análise química é fundamental para se conhecer o tipo

de solo da propriedade. Ela é feita por órgãos do governo ou laboratórios particulares.

A Cooperativa de sua cidade fornece o endereço do labo-ratório mais próximo. Para que o resultado da análise seja o mais fiel possível, a coleta da amostra de terra deve ser bem executada.

A amostra é uma quantidade de terra – em geral meio quilo – retirada de uma mistura de diversas amostras de um mesmo tipo de solo.

Se a propriedade for muito diversificada será necessário primeiro dividir a área conforme o tipo de solo e de vegeta-ção, para só depois retirar as amostras.

São muitas as diferenças entre os tipos de solo:■ A cor pode ser vermelha, cinza ou preta;

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Ferramentas para coleta do solo

■ A topografia, plana, ondulada ou montanhosa;■ A vegetação pode ser de floresta, de cerrado, de campo,

pastagem ou cultura;■ A textura varia entre arenosa, argilosa e mista;■ O manejo vai desde o solo cultivado, adubado, corrigido

até o solo ainda virgem.Para cada um desses tipos, coleta-se uma amostra

média. As amostras devem ser colocadas num saco plásti-co novo ou muito limpo. Nunca use embalagens de produ-tos químicos. As ferramentas e baldes devem ser bem lim-pos, para não alterar o resultado. Pelo mesmo motivo, não tire amostras muito perto de casas, galpões ou depósitos de adubo ou calcário.

A terra deve estar seca. Se vier úmida do campo, seque-a à sombra antes de embalar. Cole uma etiqueta no saco plástico identificando o seu nome, do município, da proprie-dade, número da amostra, conforme a área onde ela foi retirada – isso evita confusão na hora de corrigir ou adubar o solo.

Após escolhido o local onde sua horta será instalada, proceda da seguinte maneira:■ Percorra toda área escolhida, em ziguezague, retirando

várias substâncias em diferentes pontos. Lembre-se de retirar, no mínimo, 20 subamostras.

Diagrama para coleta do solo para amostra

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Mistura da amostra do solo

Como devo proceder para

fazer a coleta do solo para análise?

■ Em cada ponto, com um enxadão, limpe o local onde a subamostra será coletada.

■ Abra uma pequena cova (20cm de profundidade) eliman-do toda a terra retirada.

■ Depois de acertado um lado da cova, retire uma fatia de terra percorendo toda sua extensão.

Retirada da amostra do solo

■ Em um balde coloque todas as subamostras retiradas. Depois, misture-as. Em seguida, retire meio quilo de solo do balde (amostra) e coloque em um saco plástico. Posteriormente, devidamente etiquetada, envie a amos-tra ao laboratório. Para sua comodidade, veja a seguir um modelo de etiqueta:

Amostra N.º ________Interessado: _____________________________________ Propriedade: ____________________________________Município: ___________________ Estado:_____________Uso atual: ______________________________________ Cultura anterior: __________________________________Obs: ___________________________________________Data:___/___/20___

Preparo do terrenoEscolhido o local da horta, o primeiro trabalho é limpar o

terreno, capinando as ervas daninhas e amontoando-as num único ponto onde ficarão até decomposição, para pos-terior incorporação.

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Como deveser feito o revolvimentoda terra?

As sementes de hortaliças são geralmente muito pequenas e, por isso,

necessitam de boas condições para germinar.

1. Propriedade:2. Proprietário:3. Município:4. Estado:5. Amostra composta de subamostras.6. Profundidade da amostra ............cm.7. Área amostrada ...........................ha.8. Vegetação nativa:9. Cultura anterior:10. Cultura atual:11. Vai ser irrigado: ( ) sim ( ) não12. Recebeu adubação mineral: ( ) sim ( ) não13. Recebeu adubação orgânica: ( ) sim ( ) não14. Data da coleta:

INFORMAÇÕES AUXILIARES PARA AVALIAÇÃO DE ANÁLISE DE FERTILIDADE DO SOLO

Fonte: Recomendações de adubação e calagem para o estado do Ceará, UFC, 1993.

Arbustos e outras plantas que façam sombra sobre a horta deverão ser eliminados, a não ser que sejam plantas úteis para o proprietário.

Após a limpeza, revolve-se a terra aproveitando a opor-tunidade para incorporar o esterco ou a matéria orgânica. De modo geral, devido à pequena área, esse revolvimento é feito com enxadão. Se a área for grande usa-se o arado, com tração animal ou com o trator.

Para algumas espécies basta revolver e destorroar a terra para, em seguida, abrir as covas, adubar e plantar. Para a maioria das hortaliças, no entanto, é necessária uma preparação especial do terreno, com a construção das sementeiras e canteiros.

SementeiraSementeira é o local onde se planta as sementes de

algumas hortaliças para obtenção de mudas que irão pas-sar posteriormente para os canteiros.

Algumas hortaliças são plantadas diretamente no local definitivo, onde são tratadas até a colheita, enquanto outras necessitam ser transplantadas. Para estas hortaliças que pre-cisam ser transplantadas é preciso preparar a sementeira.

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Como é que se faz uma sementeira?

São exemplos de hortaliças plantadas diretamente no local definitivo: jerimum, cenoura, cebolinha, beterraba, quiabo, coentro, pepino, melão, melancia, fava, batata-doce, alho, cebola, etc.

Algumas hortaliças plantadas em sementeiras e que pre-cisam ser transplantadas são: alface, berinjela, couve-flor, repolho, tomate, pimentão, etc.

As sementeiras devem, portanto, ser preparadas atra-vés de bom revolvimento, destorroamento e adubação com esterco bem curtido, peneirado e adubos minerais. Após misturar bem os adubos com a terra é preciso nivelar bem a superfície da sementeira.

As sementeiras devem ser instaladas em local que rece-ba luz solar durante todo o dia, com abundância de água nas proximidades e solo arejado.

O local deve ser próximo ao terreno onde será realizado o transplante para diminuir os danos às mudas.

As dimensões de uma sementeira devem atender às facilidades de execução dos tratos culturais, à movimenta-ção dos operários, e possibilitar a obtenção do número sufi-ciente de mudas.

Marque a sementeira com estacas na largura de 1,0m e no comprimento que não ultrapasse a 5m, para evitar perda de tempo na movimentação dos operários. As sementeiras devem ser separadas por caminhos com 40cm de largura.

Caminhos para separação das sementeiras

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Plântulas: plantasrecém-nascida.

Estiolamento: alteração mórbida das plantas que

vegetam em lugar sem luz, e que se caracteriza

pelo descoramento e amolecimento dos tecidos ao atingirem certo grau de

crescimento

O adubo mineral deve ser utilizado misturado com o esterco

Cave bem a área com enxadão, a fim de afofar a terra de modo que ela fique com 15-20cm, sendo que apenas 10cm fiquem situados acima do nível normal do terreno, para que não haja o rápido ressecamento da sementeira.

Desfaça os torrões com a parte de trás da enxada, retirando as pedras, matos e todo entulho que aparecer.

Em seguida, é só misturar o esterco com adubos minerais e nivelar o terreno com um ancinho.

Com a ajuda de um marcador faça sulcos uniformes na sementeira.

Molhe a sementeira e distribua as sementes uniformemente nos sulcos.

Cubra com terra peneirada da própria sementeira.Proteja com uma cobertura morta (capim seco, por exem-

plo) para conservar melhor a umidade e manter uma tempe-ratura mais favorável no solo. Regue pela manhã e à tarde.

Jirau coberto para proteger as plantas do sol

Logo no início da emergência das plântulas retire, aos poucos, a cobertura morta para evitar o estiolamento. Quando as mudas começarem a crescer, faça um jirau com 2 palmos de altura para evitar que o excesso de sol queime-as. Use palha de coqueiro, bambu ou folha de bananeira, etc.

O jirau será raleado aos poucos, com o crescimento das folhas das mudas para que elas se adaptem à exposição ao sol.

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Semear em linha

Jirau com cobertura parcial

Na sementeira pode-se semear em linhas ou a lanço.Para semear em linhas risca-se no sentido do compri-

mento do canteiro, sulcos de meio centímetro (cm) de profun-didade de 10 em 10 centímetros. A semente é lançada nes-tes sulcos, uma a uma, para que não fiquem amontoadas.

Para semear a lanço espalha-se simplesmente a semente sobre o canteiro com o cuidado para que a distri-buição seja uniforme.

Feita a semeação cobre-se as sementes com a terra do próprio canteiro, peneirando uma camada fina sobre as sementes. Aperta-se levemente a terra com uma tábua ou com a própria mão para aumentar o contato da semente com a mesma. Em seguida, cobre-se o canteiro com capim. Rega-se depois com o regador de furos finos.

Se a quantidade de sementes a plantar for pequena, um caixote de 60cm de comprimento por 40cm de largura e 10cm de altura, serve bem para esta finalidade. O caixote deve con-ter furos no fundo e dois sarrafos por baixo, servindo de pé.

Sementeira feita em caixote

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Como se faz para transplantar a hortaliça da sementeira para o lugar definitivo?

A terra a ser colocada na sementeira deve ser boa e misturada com esterco bem curtido na proporção de duas partes de terra para uma de esterco. Deve-se adicionar também um pouco de areia. A terra deve ser bem misturada com o esterco e peneirada para que não fique nenhuma sujeira. Sendo grande a quantidade de sementes a plantar, a sementeira poderá ser feita no chão.

As mudas também podem ser produzidas fora da semen-teira. Para algumas hortaliças, como por exemplo, tomate, berinjela, jiló, pimentão e pimenta, utiliza-se copinhos feito de papel-jornal na produção de suas mudas.

Para a confecção dos copinhos, corta-se uma página de papel-jornal de tamanho comum, em 4-5 tiras, no sentido da largura do jornal. Utiliza-se, como molde, uma garrafa ou latinha de refrigerante, com 6-8cm de diâmetro e forma-to cilíndrico.

Marca-se uma altura de 7-10cm, a partir do fundo do molde, por meio de uma tira de esparadrapo ou outro meio. Enrolam-se as tiras de papel no molde assim preparado, obedecendo-se à altura marcada, dobra-se a ponta do papel para dentro, de modo a formar-se o fundo do copinho, sem a utilização de cola.

Confecção de copinho de papel jornal

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Finalmente, bate-se o fundo do molde sobre a mesa, onde se está trabalhando e retira-se o copinho pronto de sua forma. Desta maneira, os copinhos estarão preparados para receber uma mistura de terra e esterco para posterior semeação das hortaliças indicadas.

Neste tipo de plantio, são usadas as mudas formadas na sementeira que são transportadas para o lugar definitivo. Em dia nublado ou no final da tarde, molhe bem a semen-teira e os canteiros.

Abra as covas nos canteiros definitivos, nas distâncias indicadas para as espécies que serão transplantadas.

Escolha as mudas maiores (10 a 15cm) e mais fortes. Retire da sementeira com um torrão de terra junto as raízes. Transplante rapidamente.

Coloque as mudas nas covas, encha de terra e aperte um pouco para que as mudas fiquem bem firmes.

Molhe os canteiros após o transplante.

CanteirosUma boa horta precisa ter um terreno bem preparado.O primeiro passo é roçar o mato, deixando-o sobre o

solo ou amontoando-o na área escolhida para a composta-gem. Proceda assim: retire os tocos, cacos de telhas, tijo-los, enfim, tudo que for estranho ao solo, deixando-o limpo para ser trabalhado.

Chega o momento de fazer a marcação dos canteiros, com estacas de madeira ou bambu fincadas nos quatro cantos e com barbante esticado entre as estacas.

Em pequenas áreas, a preparação manual dos canteiros é feita revirando a terra com um enxadão.

A melhor maneira de dividir a área é em canteiros de um metro de largura, comprimento variável e intervalos de 40 centímetros entre eles, para as ‘‘ruas’’.

Se o canteiro tiver uma largura maior, o trabalho será pior no plantio, no transplante, na retirada de matos, na rega etc., levará o horticultor a pisar nas plantas e abrir sulcos na

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terra fofa. Por outro lado, a largura inferior a um metro não é indicada: provoca desperdício de área com aumento do número de ‘‘ruas’’. Exceção: canteiros junto às cercas devem ter 50 centímetros de largura.

As ruas são utilizadas como área de circulação do pes-soal, bem como dos equipamentos empregados na implan-tação e manutenção da horta.

Everton Lemos

Canteiros com ruas ajudam na manutenção e colheita

Os canteiros em terrenos inclinados devem ser abertos seguindo as curvas de nível, isto é, cortando as águas.

Curvas de nível são recomendadas para terrenos inclinados

Também podem ser alternados para diminuir a velocida-de da água da chuva e evitar a erosão. Em terrenos planos, eles devem ser distribuídos paralelamente entre si.

A altura correta dos canteiros – use o enxadão para fazê-

Rega: molhar por irrigação ou

aspersão, aguar.

Para que servemas ruas entre os canteiros?

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los – é de 15 a 20 centímetros. Os canteiros mais altos em relação às ‘‘ruas’’ são de manejo mais fácil, além de melho-rar a drenagem das águas e facilitar a penetração das raí-zes nas plantas.

Com o enxadão, você cava e revolve a terra para levan-tar os canteiros, já para desmanchar os torrões use a enxa-da e o sacho. O excesso de terra tirado para fazer as ‘‘ruas’’ é usado para levantar os canteiros. O solo não deve ser nem muito úmido nem muito seco.

Se for úmido, torna-se compacto e dificulta o trabalho; se for seco, o enxadão vai pulverizá-lo, desfazendo os pequenos torrões.

Para segurar a terra, os canteiros podem ser cercados com tábuas ou tijolos ou qualquer outro material. Essa pro-teção ajuda a manter os canteiros firmes, sem que a área útil do plantio diminua à medida que for feita a rega.

Evilázio Bezerra

Os canteiros de alvenaria são também utilizados no plantio de hortaliças

Os materiais vivos de plantioO plantio das hortaliças pode ser feito por sementes,

mudas ou brotos, ramas ou estacas, tubérculos, bulbilhos ou ‘‘dentes’’ e frutos.

Sementes: variam quanto ao tamanho, cor, forma, entre as espécies, e às vezes, mesmo entre cultivares. Somente aquelas embaladas em latas ou sacos de papel aluminizado

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se conservam por longo tempo. Por isso devem ser adquiri-das nas quantidades necessárias e em casas especializa-das em produtos agrícolas.

Por ocasião da compra deve-se examinar o rótulo para verificar a espécie, a cultivar e o poder germinativo.

São reproduzidas por sementes as seguintes espécies: jerimum, alface, beterraba, berinjela, cebola, cebolinha, cenoura, coentro, couve, couve-flor, feijão-vagem, jiló, pimentão, pimenta, tomate e quiabo.

Mudas: são as plantas novas originárias de sementes. As brotações laterais que surgem nas plantas adultas ou ao redor delas em algumas espécies também são chamadas de mudas e podem ser utilizadas para o plantio. A couve é multiplicada por este segundo tipo de muda, isto é, brota-ção. A cebolinha pode ser multiplicada utilizando-se a plan-ta adulta da qual aproveita-se a parte verde.

Ramas: algumas espécies de hortaliças são multiplica-das usando pedaços de 20 a 30cm de comprimento das ramas ou hastes de plantas adultas. Para plantar estas ramas, enterra-se inicialmente mais da metade. Por este sistema é plantada a batata-doce.

Tubérculos: o plantio da batata (também chamada bata-tinha ou batata inglesa), é feito utilizando-se os tubérculos com 3 e 4cm de tamanho e brotados. Os brotos devem estar com 1 a 2cm de tamanho.

Bulbilhos (dentes): para o plantio de alho usa-se o bul-bilho (dente), com 1 a 2 gramas.

Frutos: para o plantio do chuchu usa-se o fruto com o broto de 15 a 20cm de altura.

Para a produção própria de sementes ou outro material de plantio, deve-se escolher plantas-mãe ou matrizes que tenham bom desenvolvimento, boa produção e sem doen-ças e pragas. As sementes devem ser tiradas de frutos maduros e estarem perfeitas.

Antes de plantar sementes que tenham sido guardadas por longo tempo, deve-se fazer o teste de germinação. Toma-

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se certa quantidade de sementes e coloca-se em um prato ou outro recipiente plano contendo papel mata-borrão ou algodão molhado, cobrindo-o com outro prato transparente.

Coloca-se o prato com as sementes em um local iluminado mantendo o mata-borrão sempre úmido. As sementes estarão germinadas com 4 a 7 dias, e então, fazendo-se a contagem das sementes germinadas, calcula-se o poder germinativo.

Uma boa semente deve apresentar, no mínimo, 70% de germinação.

• As hortaliças desenvolvem-se melhor em clima ameno, com chuvas leves e pouco freqüentes;

• As hortas devem ficar afastadas de árvores grandes e próximas da fonte de água e em áreas de consistência média (areno-argilosa);

• A utilização de ferramentas adequadas influi na eficiência e rendimento dos serviços na horta;

• em hortas comerciais os trabalhos serão mais eficien-tes com o uso de equipamentos como o arado, grade, sugador e conjunto de irrigação;

• A análise química do solo é fundamental para uma boa produtividade da horta;

• o preparo do terreno facilita o plantio e colheita das hortaliças;

• Algumas hortaliças precisam ser plantadas em sement-eiras para depois serem transplantadas para os can-teiros definitivos;

• os canteiros para plantio de hortaliças devem medir 1m de largura, comprimento variável e intervalos de 40cm entre eles, para formarem as “ruas”.

Resumo da lição

Como é feito o teste de germinação?

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Erosão: trabalho mecânico de desgaste do

solo realizado pela água corrente e que também

pode ser feito pelo vento.

Por que uma floresta semantém cheiade vida?

AdubaçãoA retirada dos nutrientes pelas colheitas sucessivas, o

arrastamento do solo pela erosão e a perda de nutrientes para camadas mais profundas são as maneiras mais comuns pelas quais os solos perdem os seus nutrientes.

A restauração ou manutenção da fertilidade do solo ocorre através da reposição desses nutrientes feita através da adubação.

Edmundo Sousa

A adubação restaura a fertilidade do solo

Nas florestas, ela mesma se aduba. Folhas, raízes, cau-les, ramos, frutos, flores das árvores voltam à terra depois de um ciclo. E, ali, vários bilhões de organismos decom-põem aquela matéria orgânica até formarem o prato predi-leto para as plantas. Esses nutrientes penetram pelas raí-zes, assim como a água, dando condições para a planta crescer e produzir.

Para a planta produzir substâncias tais como, sais mine-rais, vitaminas, proteínas e outras, necessita de nutrientes indispensáveis ao seu desenvolvimento. Alguns desses nutrientes são:

Nitrogênio (N): auxilia a formação da folhagem e favo-rece o rápido crescimento da planta;

Fósforo (P): estimula o crescimento e formação das raízes;

5Lição

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Quais são os dois grandes grupos de

nutrientes?

Nomenclatura químicaSiO2 - Óxido de silício (sílica)CaO - Óxido de cálcio.MgO - Óxido de magnésio.K2O - Óxido de potássio.Na2O - Óxido de sódio.P2O5 - Pentóxido de difósforo.Fe2O3 - Óxido férrico.Al2O2 - Óxido de alumínio.Cl - CloroSO3 - Trióxido de enxofre.(NH4)2SO4 - Sulfato de amônio.H2NCONH2 - Uréia.KCl - Cloreto de potássio.K2SO4 - Sulfato de potássio.

Potássio (K): aumenta a resistência da planta e melhora a qualidade dos frutos.

É importante saber que além desses nutrientes, existem outros que mesmo sendo utilizados em menores proporções são também essenciais para as plantas. Dentre eles, pode-mos destacar: cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S), etc.

Dessa forma, existem dois grandes grupos de nutrientes indispensáveis para o desenvolvimento das plantas – o dos macronutrientes e dos micronutrientes.

Essa divisão é feita de acordo com as quantidades exigi-das pelas plantas. O grupo exigido em grandes quantidades é o dos macronutrientes. Este é formado pelos elementos nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magné-sio (Mg) e enxofre (S).

Os micronutrientes são aqueles exigidos pela planta em pequenas quantidades: boro (B), cloro (CI), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), zinco (Zn).

Adubação mineralOs adubos minerais são utilizados para corrigir deficiên-

cias de nutrientes no solo a fim de proporcionar maior produ-tividade na exploração das culturas. Estes apresentam maio-res concentrações dos nutrientes em forma mais facilmente absorvida pelas hortaliças. São vendidos na forma de pó ou granulados com um só nutriente ou em fórmulas compostas.

Por exemplo, o sulfato de amônio e a uréia contém o nitrogênio (N); o superfosfato triplo contém o fósforo (P); o cloreto ou o sulfato de potássio contém o potássio (K). Com a mistura destes adubos nas diversas proporções obtém-se as fórmulas de adubo composto.

As fórmulas são conhecidas pelas porcentagens de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) que contém. Assim, a fórmula 4-14-8 contém 4% de N, 14% de P e 8% de K. No comércio são encontradas as mais diversas formulações que são indicadas para diferentes situações.

No decorrer de seus ciclos de vida, as hortaliças neces-sitam de diferentes tipos e quantidades de nutrientes.

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Descreva em quais ciclos de vida das hortaliças são necessários os diferentes tipos de adubos minerais.

■ Plantio: geralmente, na primeira fase de desenvolvimen-to, as plantas exigem quantidades maiores de fósforo, para garantir uma boa formação do sistema radicular. O nitrogênio e o potássio são usados em quantidades menores.

■ Formação: nesta fase, o elemento mais requisitado é o nitrogênio, para garantir um rápido crescimento e forma-ção da massa verde. O fósforo e o potássio são menos solicitados.

■ Produção: na época de produção, o nitrogênio e o potássio são necessários em quantidades maiores e mais ou menos equivalentes. O fósforo é menos consumido nesta fase.Em resumo, as fórmulas de plantio apresentam normal-

mente teores de fósforo superiores aos de nitrogênio e potássio. As fórmulas usadas no período de formação têm quantidades de nitrogênio superiores à dos outros dois macronutrientes e as fórmulas de produção normalmente possuem teores menores de fósforo.

Para as hortaliças, a distribuição dos fertilizantes pode ser feita em área total ou localizada:■ Nos plantios em canteiros, o adubo é distribuído no leito do

canteiro e, em seguida, revolvido para sua incorporação.■ Quando o plantio é feito em cova, recomenda-se misturar os

fertilizantes ao solo que será utilizado no seu enchimento.■ Em cobertura, após a instalação da cultura, a aplicação

do adubo é realizada a lanço ou em faixas entre as linhas de plantio.

Adubação orgânicaOs adubos e resíduos orgânicos são utilizados com a

finalidade de aproveitar os nutrientes neles contidos propi-ciando, em certos casos, redução nos custos da adubação. Além desta, os adubos orgânicos apresentam outras vanta-gens, entre as quais podemos destacar a melhoria das pro-priedades físicas do solo, tornando-o mais poroso e arejado.

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Deve-se evitar o uso de esterco de curral proveniente de propriedades rurais que utilizam herbicidas nas pastagens.

Quando se fala em adubo orgânico logo se pensa em esterco. Na verdade, ele é apenas uma das formas de enri-quecer organicamente o solo e, de preferência, deve ser usado como um dos ingredientes na preparação do com-posto, embora também possa ser empregado desde que esteja curtido.Algumas dicas sobre o uso do esterco

Não coloque esterco fresco nos canteiros: ele pode ‘‘queimar’’ a planta. Com ou sem material vegetal, ele deve ficar ‘‘curtindo’’ ao ar livre, como as pilhas de composto. Amontoe-o em local levemente inclinado e, se possível, cubra-o com uma leve camada de terra argilosa para evitar a perda de nitrogênio e a visita indesejável das moscas.

Por cima do esterco, uma cobertura de palhas ou folhas é indicada para proteção da ação do sol, do vento e do exces-so de água. O tempo de cura do esterco puro e amontoado, sem aeração, é relativamente longo: de seis a doze meses.

COMPOSTO ORgÂNICO SÓLIDO

As verduras de folhas são exigentes em nitrogênio. Às vezes, esse elemento pode faltar, e há uma maneira sim-ples e rápida de fornecê-lo ao solo: toma-se um recipiente (por exemplo, um tambor de 200 litros) e se preenche até dois terços de seu volume com esterco fresco. Complete o restante com água. Mexe-se com um pedaço de pau e deixa-se descansando por um mês.

Depois desse tempo, está bom para ser usado. O caldo, que chamamos de esterco líquido ou chorume, é colocado

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É melhor ter sempre alguns recipientes cheios,

especialmente na época das chuvas, quando é

mais provável que falte nitrogênio no solo, pois

esse elemento é facilmente carregado

pelas águas das chuvas.

Compostagem: composto a base de resíduos de

vegetal e animal para fim de adubação do solo.

Quais as vantagens das adubação orgânica?

no solo ao redor da planta em cobertura (isto é, sem revol-ver a terra) na base de quatro litros por metro quadrado. Se os sintomas da falta de nitrogênio como o amarelecimento das folhas não cessarem, repete-se o tratamento uma semana depois.

Alguns estercos são mais ricos do que outros. O mais rico é o de galinha: ele já vem com as dejeções sólidas e líquidas misturadas e costuma valer o dobro do esterco de outros animais. Assim, em toda receita que pedir uma certa quantidade de esterco de curral, pode reduzir à metade se for usar o de galinha.

Além do esterco existem outros tipos de adubos orgâni-cos: restos vegetais (palha, resíduos de beneficiamento e adubos verdes), dentre outros. Esses adubos podem ser combinados transformando-se em composto.

Composto é uma mistura de restos vegetal e animal, exis-tente ou produzidos na propriedade, preparados para fim de adubação. Esse processo é denominado compostagem.

O material empregado é tudo o que sobra no sítio (do galinheiro, do chiqueiro, do estábulo etc.) ou da casa (restos da cozinha misturados com os restos dos vegetais da pró-pria horta, do jardim etc.).

Há diferentes formas de preparar o composto e isto dependerá da disponibilidade e variedade de materiais exis-tentes na sua propriedade.

Existem, porém, dois sistemas fundamentais de preparo: um é mais apropriado para hortas de fundo de quintal ou jardim e o outro é mais indicado para hortas grandes.

Para hortas grandes, quando há boa quantidade de res-tos vegetais e animais, o composto pode ser preparado em pilhas, que devem ser arrumadas em local sombreado e, de preferência, em área um pouco inclinada.

Deve haver um equilíbrio entre a quantidade de vege-tal verde e seco para que o composto não fique pobre em nutrientes.

Para hortas menores o composto pode ser preparado em engradado.

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Descreva a preparação do

composto usado na adubação orgânica.

Preparo do composto1. Distribuir o material básico (folhagens, palhas, restos de

culturas, etc.) em uma área variável, de acordo com a quantida-de de material, formando uma camada de 5cm de espessura;

2. Molhar com água toda essa camada;3. Distribuir sobre esta camada o esterco que servirá de

material inoculante (funciona como fonte de microrganis-mos para decomposição do material básico);

4. Repetir esta seqüência até conseguir um monte de 80cm de altura.

Na distribuição do material evitar compactá-lo e também não encharcá-lo com excesso de água, porque isso irá prejudi-car o seu arejamento Após formado o monte de composto, deve-se cobri-lo com uma camada de palha para sua proteção.

Regar o composto a cada 15 dias. Molhe uniformemente o monte e, quando perceber que a água começou a escor-rer suspenda a irrigação.

A temperatura do composto não deve ultrapassar 60-70ºC o que se consegue mantendo-o arejado, umedecido conve-nientemente e fazendo os revolvimentos. O revolvimento do monte de composto é feito a cada 15 dias a partir de sua formação. Este consiste na mistura de todo material que entrou na composição do monte.

Depois do revolvimento é preciso molhar o composto uniformemente atentando-se para que o mesmo não fique encharcado.

O composto estará pronto, em aproximadamente, dois meses. Neste momento ele apresentará um aspecto escuro, cheiro agradável, esfarinhando-se com a pressão dos dedos.

Se você optar pela construção de uma composteira, veja a seguir como construí-la:Material utilizado:■ Tábua de madeira ou bambu■ Pregos ou barbantes■ A estrutura deverá apresentar as seguintes dimensões:

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Medidas recomendadas para construção de uma composateira

Usando a composteira, o monte de composto será for-mado em seu interior. No momento do revolvimento, retire a composteira e coloque-a ao lado do monte. Em seguida, coloque este monte novamente dentro da composteira.

Se você utilizar restos de cozinha como material básico e perceber o aparecimento de moscas, poderá solucionar este problema espalhando sobre o monte cinza de madeira ou cal virgem.

Caso seu composto esteja com cheiro desagradável isso é sinal que está mal arejado. Como solução revire o monte e suspenda a irrigação até secar um pouco.

Adubação verdeA adubação verde é a prática que consiste em cultivar

plantas (adubos verdes) com a finalidade de produzir cober-tura ou incorporar restos vegetais frescos à terra.

Qualquer vegetal pode ser usado como adubo verde. Mas, as plantas da família das leguminosas (feijão guandu, feijão-de-porco, mucuna e outras) são as mais indicadas para a adubação verde. Elas têm uma vantagem especial: além de fornecerem grande quantidade de matéria orgânica ao solo, fixam o nitrogênio do ar (macronutriente particular-mente escasso nos solos tropicais).

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Qualquer vegetal pode ser um adubo

verde?

Simbiose: associação de duas plantas ou de uma planta e um animal, na qual ambos organismos recebem benefícios

Os cálculos de alguns pesquisadores indicam que entre 80 e 120kg de nitrogênio são liberados por hectare/ano nas áreas com adubação verde.

Isto ocorre porque existem algumas bactérias simbióti-cas do gênero Rhizobium que vivem em associação com as raízes de certas plantas, entre elas as leguminosas. Essas bactérias fixam o nitrogênio do ar e em troca recebem da planta o alimento que lhes garante a sobrevivência.

Veja outras vantagens da utilização das leguminosas como adubo verde:■ Suas raízes são pivotantes, isto é, crescem verticalmente

rompendo camadas compactadas do solo;■ Algumas leguminosas possuem propriedades alelopáti-

cas, isto é, secretam pelas raízes substâncias que ini-bem o desenvolvimento de plantas invasoras.

■ Por serem rústicas, ou seja, não exigirem condições especiais de cultivo, são fáceis de serem cultivadas.Na utilização de espécies de adubos verdes, o produtor

deve considerar as condições de seu solo, o clima da região e a época de plantio. A seguir, mostraremos um quadro onde estão demonstradas as quantidades de massa verde que cada leguminosa produz.

Nome Nome Produção de massa comum científico verde (kg/1000m²)Mucuna-preta Stizolobium atterrinum 4.300Mucuna-anã Stizolobium spp 800Crotalária Crotalaria juncea 6.100Feijão-de-corda Vigna unguiculata 2.100Guandu Cajanus cajan 2.200Feijão-de-porco Canavalia ensiformis 900

QUANTIDADE DE MASSA VERDE PRODUzIDAPOR ALgUMAS LEgUMINOSAS

O adubo verde deve sempre fazer parte de um esquema de rotação de culturas. O agricultor deve preocupar-se em produzir suas próprias sementes visando diminuir os cus-tos. Para isso é bom sempre deixar uma pequena área plantada com algumas espécies de leguminosas para pro-dução dessas sementes.

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Qual a importância das leguminosas no processo de adubação?

As leguminosas devem ser cortadas e misturadas à terra logo no início da floração, momento em que apresentam o maior teor de nitrogênio. Isso se dá, para a maioria das espécies, três ou quatro meses após o plantio. Depois de incorporadas, é preciso esperar um mês para plantar a pró-xima cultura.

O agricutor pode optar ainda por deixar a massa vegetal, que foi cortada, sobre a terra. Assim, a massa em decom-posição evita o desenvolvimento de plantas daninhas, pre-serva a umidade do solo e protege a superfície da terra da incidência direta dos raios solares.

• A adubação restaura a fertilidade do solo;• existem dois grupos de nutrientes indispensáveis para

o desenvolvimento dos vegetais que são os macronu-trientes (n, P, K, Ca, Mg e S) e os micronutrientes (B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn);

• A adubação mineral corrige a deficiência no solo de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, cloro, boro, cobre, ferro, manganês, molibdênio e zinco;

• A adubação orgânica é utilizada com a finalidade de aproveitar os nutrientes neles contidos, além de mel-horia das propriedades físicas do solo, tornando-o mais poroso e arejado;

• A adubação verde consiste em cultivar plantas (adu-bos verdes) de preferência da família das leguminosas que são as mais indicadas na produção de matéria orgânica e fixadoras do nitrogênio do ar no solo, com a finalidade de produzir cobertura ou incorporar restos de vegetais frescos à terra.

Resumo da lição

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Ralear: tornar ralo,menos denso.

Tratos culturais

São necessários diversos cuidados com a horta para que a produção seja satisfatória. A seguir, explicamos os princi-pais tratos culturais.

CapinasO mato deve ser retirado logo no início do desenvolvi-

mento da cultura, para não competir em água, luz e nutrien-tes com as hortaliças.

As capinas devem ser realizadas em dias secos usando-se o sacho (passado entre as linhas do canteiro onde esti-verem as plantas menores), a enxada (usada para plantas mais desenvolvidas e espaçadas) ou as próprias mãos. Tenha bastante cuidado para não ferir as raízes das plantas, pois estes ferimentos funcionariam como porta de entrada de microrganismos causadores de doenças.

Em algumas ocasiões, o mato pode ser deixado sobre o leito dos canteiros funcionando como cobertura morta, dimi-nuindo o impacto das águas sobre o solo e evitando a inci-dência direta dos raios solares.

Raleação ou desbasteA raleação ou desbaste nas sementeiras ou nos cantei-

ros de plantio é outra etapa no manuseio da horta.Consiste na eliminação das plantas menos desenvolvi-

das, deixando um espaçamento adequado entre as plantas restantes, para que cresçam bem.

Exemplo de debaste

6Lição

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A raleação é feita, de um modo geral, quando as plantas têm mais de cinco centímetros de altura. É preciso ter cui-dado ao fazer o desbaste para não danificar as raízes das plantas que permanecerem nos canteiros.

EstaqueamentoO estaqueamento é uma prática feita para

algumas hortaliças (tomate, pimentão, berinje-la, etc.) que precisam de apoio (suporte) para crescerem. Com este cuidado o horticultor irá evitar o tombamento da planta e, conseqüen-temente, o contato dos frutos com a terra. Assim, estará melhorando a qualidade dos frutos produzidos.

O suporte pode ser feito de estacas de bambu ou outro material disponível na proprie-dade. As estacas são fincadas ao chão, ao lado de cada planta e, em seguida, amarradas.

Envolvendo as estacas em saco plástico e amarrando-as com barbante você estará con-tribuindo para uma maior durabilidade das mesmas.

AmarraçãoConsiste em amarrar as plantas para a sua melhor fixa-

ção nas estacas; e normalmente é feita nas culturas de pepino e tomate.

Amarração da planta

Suporte para planta

4343

Quais as vantagens da desbrota?

DesbrotaA desbrota é a eliminação de brotos e galhos que estão

em excesso na planta.Com a desbrota, a planta fica mais arejada e recebe

mais luz. É importante nas culturas de tomate, berinjela e pimentão.

Desbrota

AmontoaA amontoa é um cuidado necessário em algumas cultu-

ras como a beterraba e a batata. Consiste em colocar terra ao pé da planta para que ela se desenvolva melhor.

A amontoa é importante para algumas culturas

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Irrigação: é usada para corrigir a carência de

água e pode ser através de sulcos ou aspersão.

Terrenos ensolarados ou parcialmente sobreados

são adequados parao plantio de hortaliças.

Sombra em demasia reduz o período

de produção.

Que fatores influenciam a freqüência das irrigações?

Tipos de dubaçãoAdubação em cobertura: é feita após a instalação da

cultura. Antes das irrigações, distribui-se o adubo, principal-mente o nitrogenado, sobre o canteiro já plantado.

Adubação na água de irrigação: o adubo também pode ser dissolvido na água de irrigação. A quantidade e a quali-dade do adubo bem como a época de aplicação dependem do desenvolvimento das plantas.

Adubação foliar: existem também certos adubos que são dissolvidos em água e aplicados nas folhas das plantas. Vale lembrar que as adubações foliares não substituem as adubações de solo, mas são empregadas como forma de complementação.

IrrigaçõesPara que as hortaliças se desenvolvam bem é necessá-

rio manter o solo úmido. Esta umidade é mantida pelas irrigações ou regas constantes.

A freqüência e a quantidade de água a aplicar dependem das condições do solo, clima e estágio de desenvolvimento das plantas. Em geral, há necessidade de irrigações diárias após a semeação e o transplantio. Hortaliças tais como alfa-ce, coentro, couve, repolho, entre outras, necessitam ser irrigadas diariamente, durante todo o ciclo, para se obter folhas mais macias.

Para as hortaliças como jerimum, berinjela, jiló, pepino, tomate, à medida que as plantas forem crescendo, as irriga-ções podem ser espaçadas de 3 em 3 dias até o final da colheita. Para cenoura e beterraba não há necessidade de continuar a irrigação quando já estiverem em condições de serem colhidas.

Deve-se molhar a terra até a profundidade em que se encontram a maioria das raízes, isto é, cerca de 20 a 25cm. O excesso de água provoca a erosão e arrastamento dos nutrien-tes dos adubos aplicados. A falta de água diminui o crescimen-to, prejudica a qualidade do produto e acelera a maturação.

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Se aparecerem besouros que

ameaçem a horta,o que deverá

ser feito?

A irrigação pode ser feita por aspersão e por sulcos. Pelo sistema de aspersão utiliza-se regadores, mangueiras com esguicho e aspersores. A irrigação por sulcos é feita deixan-do-se a água passar em sulcos junto às plantas.

Modelo de irrigação por sulcos

Pragas e doençasDoença é a denominação geral usada para qualquer des-

vio da normalidade em plantas e animais. Já pragas são doen-ças causadas por insetos. A seguir iremos conhecer algumas pragas e doenças comumente encontradas nas hortaliças.Besouros

Têm o corpo revestido por uma carapaça dura. Muitos deles são inimigos naturais de pragas, portanto úteis. Mas alguns se alimentam de vegetais, danificando raízes ou penetram em galhos, caules e frutos.

Os que se alimentam de folhas raramente causam danos econômicos. É o caso das vaquinhas, pequenos besouros de cores variadas, alaranjadas ou verdes com manchas amarelas.

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Como se preparaa solução para controle da cochonilhas?

Controle: Manipueira

O QUE USAR QUANTIDADEmanipueira 1Lágua 2L

Preparação: coloque 1 litro de manipueira em 2 litros de água e misture. Pulverize as partes atacadas.Cochonilhas

Também chamadas de escamas, piolho-branco ou fari-nha, elas sugam a seiva das plantas e enfraquecem-nas. Algumas espécies têm o corpo recoberto por um escudo ou carapaça de diversas aparências.

Às vezes secretam substâncias açucaradas, que atraem fungos e provocam o aparecimento da fumagina, uma fina ‘‘casca’’ preta na superfície das folhas.

Controle: Solução de querosene e sabão

O QUE USAR QUANTIDADEquerosene 500mLsabão 100gágua 10L

Preparação: corte o sabão em fatias finas, dissolva-o em 0,5L de água quente e agitando, despeje lentamente o quero-sene e depois a água, até completar 10L. Pulverize as plantas.Formigas

No início da implantação da horta, as formigas cortadei-ras podem atacar, mas elas desaparecem à medida que a vida no solo aumenta e diversifica-se com a incorporação de matéria orgânica.

Há indicações de que o gergelim controla formigas. As folhas dessa cultura são muito apreciadas pelas formigas, que as cortam e transportam ao formigueiro, para alimentar os fungos que criam e dos quais se alimentam — as formi-gas não comem as folhas, mas sim o fungo que preparam a partir de matérias verdes. Ocorre que o gergelim destrói o fungo, privando as formigas de seu alimento.

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O mais importante método de controle das pragas e doenças consiste em tentar cultivar apenas hortaliças de crescimento vigoroso, fortes e saudáveis.

Como podemos combater as

lagartas?

LagartasDentre os vários tipos de lagartas que atacam as hortali-

zas podemos destacar a lagarta rosca, a lagarta das folhas e curuquerê.

A lagarta rosca corta as hastes das plantas novas, rente ao solo. São lagartas grandes, com 3 a 5cm de comprimen-to, escuras, e durante o dia ficam escondidas na terra perto da planta cortada. A lagarta das folhas come as folhas. É de coloração esverdeada, podendo apresentar listras do dorso.

Uma lagarta muito comum nas culturas de couve é a curuquerê. Muitas borboletas brancas voam entre os cantei-ros e depositam seus ovos de cor amarelo-ouro sobre as folhas das couves.

Controle: Extrato de fumo e álcool.

O QUE USAR QUANTIDADEfumo 250gálcool 100mLágua 1L

Preparação: pique o fumo em pedaços pequenos e deixe na água quente por 24 horas. Após esse período, coe. Em uma vasilha, com capacidade para 1L, coloque 100mL de álcool e complete com o filtrado de fumo até atin-gir 1L. Coloque essa mistura em um frasco escuro para melhor conservação. Quando for pulverizar, ponha uma parte dessa mistura em nove partes de água.

Pode-se recorrer ainda aos lagarticidas biológicos. Eles são comercializados no mercado e seu principal componen-te é uma bactéria, chamada Bacillus thuringienses, que ataca somente a lagarta.Percevejos

Os percevejos sugam a seiva das plantas. Alguns deles são insetos muito sensíveis e morrem facilmente quando expostos a qualquer substância tóxica. Por isso, cuidado com os percevejos benéficos.

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Nematóides: vermes de corpo cilíndrico ou

filiforme, afilado nas extremidades podendo

ser de vida livreou parasitária.

Controle: Macerado de urtiga.

O QUE USAR QUANTIDADEfolhas de urtiga 100gágua 1L

Preparação: coloque 100g de folhas de urtiga frescas em 1L de água e deixe amolecer por 3 dias. Coe e misture com mais 10L de água. Pulverize sobre as partes atacadas.Pulgões

São insetos muito pequenos, geralmente sem asas, de cor esverdeada ou preta. Os pulgões vivem em colônias, principalmente nas folhas ou brotações novas. Provocam o engruvinhamento das folhas e transmitem doenças causa-das por vírus. Eles aparecem em solos pobres em matéria orgânica ou quando o esterco usado não está bem curtido.

Controle: o mesmo indicado para lagartas ou besouros. Quando optar pelo extrato de fumo e álcool, você pode aumentar sua aderência às folhas das hortaliças usando sabão da seguinte maneira: colocar 1 copo do extrato com 200g de sabão e 10L de água.Nematóides

São animais muito pequenos, de 0,5 a 4mm de compri-mento, que participam da vida na terra. Num metro quadra-do de solo, em até 15cm de profundidade, podem viver muitos milhões de nematóides.

Os nematóides alojam-se principalmente nas raízes e causam nelas pequenas inchações, com minúsculos caro-ços, o que dificulta a absorção de água e de nutrientes. Por isso, os sintomas na parte aérea da planta são basicamen-te: amarelecimento, murchamento e mal desenvolvimento das plantas.

Muitas vezes as raízes ficam com a forma de dedos, como acontece com cenouras parasitadas por certos nema-tóides. As batatas apresentam rachaduras e os locais ata-cados das raízes podem servir de porta de entrada para fungos e bactérias, que vão causar novos problemas.

49

Além do uso de manipueira quais

são os outros métodos de

controle dos nematóides?

Controle: Manipueira.

O QUE USAR QUANTIDADEmanipueira 1Lágua 2L

Preparação: misture 1L de manipueira com 1L de água e aplique sobre o solo infestado.

Outro método de controle dos nematóides é o uso de variedades resistentes das plantas nativas ou bem adapta-das à região.

A rotação de culturas contribui muito para reduzir as infestações, principalmente com o plantio de uma legumino-sa, a mucuna-preta ou a crotalária, esta última, como cultu-ra armadilha. O cultivo de cravo-de-defunto, durante três ou quatro meses num solo infestado, reduz em até 90% a população de certos nematóides e deve, portanto, entrar no plano de rotações.

O emprego de matéria orgânica favorece o aparecimento de inimigos naturais dos nematóides, principalmente os fungos. O uso de cobertura morta - aplicada ao redor de plantas sus-cetíveis, faz diminuir os efeitos da infestação.Fungos

Os fungos provocam o aparecimento de doenças como pequenas manchas, geralmente nas folhas, hastes ou fru-tos. Pode causar secamento ou apodrecimento das partes atacadas, murchamento e morte das plantas.

Controle: Calda bordaleza.

O QUE USAR QUANTIDADEsulfato de cobre 100gcal virgem 100gágua 10L

Preparação: coloque 100g de sulfato de cobre bem triturado em um saquinho de pano fino. Mergulhe-o em um recipiente plástico contendo 5L de água. Em outro recipien-te, adicione aos poucos 5L de água e 100g de cal virgem até formar uma pasta consistente (leite de cal). Junte a primeira solução ao leite de cal, agite bem e pulverize.

50

Primeiro recipiente

BactériasCausam manchas geralmente escuras, podridão, seca-

mento das partes atacadas, murchamento e morte das plantas. Se o problema for este, o melhor é prevenir confor-me as indicações anteriores, dando especial atenção ao plantio de variedades resistentes, à rotação de culturas e ao uso de sementes sadias. Evite o excesso de calcário e con-trole os nematóides.Vírus

Os vírus são difíceis de serem controlados. As plantas atacadas não se recuperam mais e precisam ser erradica-das. Como medida preventiva pode-se utilizar a rotação de culturas, e além disso fazer o controle dos pulgões, pois como já foi visto eles são transmissores de vírus.

Curiosidade: fungicida nutrienteA calda viçosa (fungicida nutriente) é enriquecida com

sais minerais e assim age ao mesmo tempo como fungicida e adubo foliar. Para uma área de 1ha é necessário preparar de 400 a 800L de calda, de acordo com o estágio de desen-volvimento de cada cultura.

O QUE USAR QUANTIDADEcal 500gsulfato de cobre 400gsulfato de zinco 40gsulfato de magnésio 60gácido bórico 20guréia 40gágua 100L

Preparação: Coloque no primeiro recipiente (de plástico, amianto ou madeira) 50L de água e os 500g de cal (água de cal). Em uma segunda vasilha, coloque 50L de água e todos os demais ingredientes.

Depois, numa terceira, coloque a água de cal já prepara-da e vá misturando aos poucos o conteúdo do segundo recipiente, agitando constantemente e com força. A ordem

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Segundo recipiente

Terceiro recipiente

Olerícolas: vegetais empregados como alimentos.

da mistura não deve ser invertida, começando sempre pela água de cal.

Antes de ser colocada no pulverizador, a calda deve ser filtrada em pano de saco e sua aplicação tem que ser feita no mesmo dia em que for preparada ou, no máximo, na manhã seguinte e não se deve guardar as sobras. Pulverize.

Filtração Pulverização

Desde que permaneçam sepa-radas, a água de cal e a solução de sais podem ser guardadas por, no máximo, três dias.

O melhor horário para se fazer a aplicação é bem cedi-nho, quando as folhas ainda estão com orvalho. Além de agir contra fungos e servir de adubo foliar, a calda viçosa tem ação repelente sobre alguns insetos, é pouco poluente e pode ser preparada e aplicada sem maiores riscos para a saúde de quem faz a aplicação.

Todo o material utilizado na preparação da calda deve ser lavado depois da utilização. O número de aplicações varia de oito a dez durante o ciclo completo de cada olerícola. Entre tantas vantagens, a calda viçosa ainda é versátil e dá bons resultados em hortaliças variadas como repolho, couve-flor, beterraba, cenoura, pimentão, tomate, abobrinha, etc.

Controle de pragas e doençasIndependente do tamanho da horta há sempre o perigo

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Virose: doençacausada por vírus.

Qual a diferença entre pragas e doenças?

de ataque de pragas e doenças. Caso não sejam controla-das poderão prejudicar o crescimento das plantas e a qua-lidade do produto.

Nem todo inseto é considerado uma praga. É bom ficar atento pois muitos desses insetos atuam como inimigos naturais, sendo úteis no controle de algumas pragas. Por exemplo, a joaninha é um inseto comtrolador de pulgões. Alguns besouros controlam lagartas, outros são predado-res de gafanhotos.

Alguns tipos de percevejos são inimigos naturais de outros insetos, principalmente, lagartas. Portanto, o com-bate à praga só deverá ser feito mediante a orientação de um engenheiro agrônomo.

Para o controle de um inseto deve-se considerar o nível de dano econômico causado à cultura.Medidas de prevenção

Algumas medidas preventivas podem ser tomadas no combate às pragas e doenças. Tudo começa com a esco-lha do local da horta e o preparo do solo. Terrenos que recebem bastante luz, bem adubados, drenados e ventila-dos são preferíveis, pois essas condições limitam o desen-volvimento de pragas e doenças.

A utilização de sementes selecionadas é outra boa medi-da preventiva. As empresas fabricantes são obrigadas a tra-tar as sementes com fungicidas e antibióticos, que evitam a incidência de fungos, bactérias e viroses. Além disso, essas sementes são mais resistentes às doenças graças ao traba-lho de melhoramento genético feito pelos pesquisadores.

O plantio deve ser feito somente na época indicada na embalagem das sementes pelos fabricantes, pois há varie-dades de uma mesma cultura que são indicadas para dife-rentes estações do ano.

No transplantio das mudas para o canteiro definitivo, lave muito bem as mãos com água e sabão. Nunca faça o transplante quando estiver fumando: o tabaco pode trans-mitir uma virose, o mosaico-do-fumo.

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Por que devemos fazer as capinas?

É importante fazer capinas para manter a horta livre de ervas daninhas. Elas podem servir de suporte mecânico para que certas pragas atinjam as hortaliças.

Não se esqueça de fazer a rotação de culturas — uma medida simples, mas que evita a propagação de diversas moléstias.

Sempre que acabar uma colheita incorpore os restos da cultura ao solo para melhorar suas condições físicas e evi-tar a proliferação de insetos. Se suspeitar de que uma planta está doente, retire-a, queimando-a em outro lugar.

Apesar das medidas preventivas serem de extrema importância elas não garantem a proteção total da sua horta. Há espécies de hortaliças mais vulneráveis como tomate, pimentão, berinjela, e outras mais resistentes como a alface.

Na horta caseira deve-se evitar o uso de produtos quí-micos ou pesticidas. Os ataques de pragas e moléstias geralmente não são muito severos e podem ser combati-dos pela catação manual das pragas, eliminação de partes muito atacadas e de plantas daninhas que sirvam de hos-pedeiras aos insetos. Além disso deve-se manter a cultura no limpo, adubar e regar com critério.

As plantas devem ser observadas diariamente para veri-ficar a presença de doenças ou pragas, mais facilmente controláveis no início do ataque.

Se o ataque atingir grandes proporções, dê preferência ao emprego de preparados caseiros ou defensivos não conven-cionais como a manipueira (extrato líquido das raízes de man-dioca) — junto com os produtos biológicos, que são atóxicos.

Se por ventura for considerado absolutamente necessário aplicar os produtos químicos, convém buscar a orientação de um engenheiro-agrônomo para a escolha do produto, cálculo das dosagens, modo de aplicação e período de carência.

Aplicações em épocas erradas, em doses acima do recomendado pelos técnicos e com freqüência excessiva, são contra-indicadas porque aumentam a despesa e o risco de intoxicação, sem realmente reduzir o prejuízo cau-sado pelas pragas e doenças.

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Não esqueça que boa parte dos venenos comercializa-dos podem ser letais para o homem, e sua ação em alguns casos perdura anos e anos.

Caso precise realmente usar os agrotóxicos preste aten-ção para estes cuidados.

1. O veneno que você vai utilizar pode penetrar no seu corpo através da respiração, da pele e da ingestão de ali-mentos contaminados por ele.

Jorge Henrique

Aplicação agrotóxica sem equipamentos

2. Não mexa o veneno com a mão. Use um pedaço de madeira.

3. Se cair veneno em qualquer parte do corpo lave bem com água e sabão.

Equipamentos para aplicação cor-reta dos agrotóxicos

Aplicação de agrotóxicos contra o vento

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4. Não pulverize contra o vento, em dias de vento forte.5. Faça as pulverizações nas horas mais frescas do dia.6. Não use a boca para desentupir o bico do pulverizador.7. Não se alimente durante a aplicação do veneno.8. Procure trabalhar protegido, usando calça e camisa de

mangas compridas, sapato ou bota, óculos e máscara.9. Se você tiver alguma ferida ou corte, faça um curativo

para se proteger.10. Evite levar crianças quando estiver pulverizando.11. Não faça pulverizações quando estiver doente.12. Após as pulverizações tome banho com água e

sabão e vista roupa limpa.13. Não jogue as embalagens vazias dos venenos perto

dos riachos, açudes, rios ou cacimbas.14. Não use os vidros vazios para colocar água.

Rotação de culturasA rotação de culturas é uma prática agrícola que tem a

finalidade de evitar a repetição continuada de uma cultura em um mesmo lugar.

O plantio contínuo de uma mesma hortaliça, ou de outras da mesma família provoca o esgotamento do solo em rela-ção a nutrientes específicos.

Assim sendo, o solo ficará cada vez mais deficiente des-ses nutrientes e, conseqüentemente, o desenvolvimento das hortaliças estará comprometido. Com o passar do tempo ocorrerá uma diminuição da produção e maior inci-dência de certas pragas e doenças.

O cultivo da hortaliça pode tornar-se inviável em um mesmo local. Pois, nenhum solo suporta muitos anos de monocultura, especialmente se ele for pobre em matéria orgânica. No caso da horta, já no segundo ano de cultura podem aparecer os efeitos desfavoráveis da monocultura.

A cada ano ou a cada plantio, recomenda-se o rodízio das hortaliças de ‘‘folhas’’ – alface, coentro, couve, etc. – com as de ‘‘raízes’’ – batata-doce, beterraba, cenoura, etc. ou as de ‘‘frutos’’ – pimentão, quiabo, tomate, etc.

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Que cuidados devem ser tomados com relação ao rodízio no plantio de hortaliças?

A seqüência de culturas de famílias diferentes deve ser observada desde o plantio inicial da horta. Por exemplo, o canteiro de berinjela não deve ser vizinho ao do pimentão, que é da mesma família, mas sim ao da couve, que perten-ce a outra. Portanto, deve-se estabelecer um planejamento inicial para a instalação de cada cultura.

Veja alguns exemplos das famílias existentes e de suas principais integrantes para planejar o rodízio de sua horta. As de mesma família não devem ser plantadas em cantei-ros vizinhos.

1. Solanáceas - Batata, berinjela, pimentão e tomate.2. Cucurbitáceas - Abóbora, chuchu e maxixe.3. Crucíferas - Couve e repolho.4. Liliáceas - Alho, cebola e cebolinha.5. Umbelíferas - Cenoura, coentro.É interessante incluir leguminosas (feijão-vagem, feijão

comum) na rotação. São espécies que melhoram a estrutu-ra da terra por meio da ação mecânica de suas raízes e incorporam ao solo o nitrogênio do ar, funcionando como adubos verdes.

ConsorciaçãoConsorciação é o processo que tem por finalidade a

exploração do terreno com duas culturas diferentes, sendo uma geralmente de porte pequeno e ciclo curto, e outra, de maior porte e ciclo longo. Certos tipos de combinações são recomendadas para o bom funcionamento da horta. Essas combinações podem ser de vários tipos:

1. Plantas com raízes profundas tornam o solo mais penetrável para as que têm raízes curtas. Isto com a vanta-gem que elas não competem entre si pelos nutrientes do solo. Dessa maneira, num mesmo canteiro, é possível mis-turar hortaliças de folhas (alface, cebolinha) mais exigentes em nitrogênio e hortaliças de raízes (beterraba, cenoura) mais exigentes em potássio.

2. Plantas com ciclos diferentes também podem ajudar-se mutuamente, o que vai resultar no melhor aproveitamento do

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Quais os benefícios da plantação consorciadanas hortas?

terreno e em uma cobertura mais eficiente. Exemplos são a alface e a cenoura. Semeados juntos, a alface, que exige maior espaço para a plena abertura de suas folhas, estará pronta para a colheita, antes da cenoura completar o seu ciclo.

3. As plantas consorciadas devem pertencer a famílias diferentes, para não criar ambiente propício à proliferação de pragas e doenças, que costumam atacar várias espécies da mesma família.

Everton Lemos

Plantação consorciada é bom para o solo

4. Os insetos são extremamente sensíveis aos odores. Assim, pode-se usar ervas aromáticas repelentes, como a arru-da, distribuídas pelos canteiros, ao lado de plantas que é preci-so proteger. Ou então plantar aquelas que os insetos preferem, para que se concentrem ali, tornando mais fácil seu controle.

Alface ..............................Cenoura, beterraba, alhoAlho .................................Alface, beterraba, cenoura, tomateBatata ..............................Repolho, feijão, couve, alhoBerinjela ..........................Feijão, vagemBeterraba .........................Alface, alho, cebola, couveCebola .............................Beterraba, cenoura, tomate, couve, alfaceCebolinha ........................Cenoura, tomate, repolho, couve-florCenoura ...........................Alface, feijão, tomate, cebola, cebolinhaCouve ..............................Feijão, cebola, batata, beterraba, cebolinhaFeijão ...............................Berinjela, alface, cenoura, couve, repolhoRepolho ...........................Batata, beterraba, alface, cebola, cebolinhaTomate .............................Cebola, cebolinha, cenoura.

CONSORCIAÇÃO ENTRE AS CULTURAS

Fonte: Guia Rural, 1991

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• tratos culturais são os diversos cuidados para que a horta seja produtiva;

• A capina deve ser realizada no início do desenvolvim-ento da cultura e em dias secos;

• o desbaste deve ser realizado quando as plantas têm mais de 5cm de altura;

• o estaqueamento é feito para hortaliças que precisam de apoio para crescer;

• nas hortas podemos usar adubação em cobertura, irri-gação ou foliar;

• As hortaliças necessitam de solo úmido que é mantido pelas irrigações constantes que podem ser feitas por aspersão ou sulcos;

• existem insetos, vermes, fungos, vírus e bactérias que podem causar danos às hortaliças;

• As principais medidas preventivas contra as pragas e doenças são: escolha adequada do terreno, uso de sementes selecionadas, plantio na época correta, higiene com as mãos e não fumar no transplante das mudas, fazer capinas, rotação de culturas, observação diária das plantas para verificar a presença de pragas e doenças e uso de defensivos, de preferência os não convencionais;

• A rotação de culturas e plantio consorciados previnem as doenças e pragas e evitam o esgotamento do solo em relação a nutrientes específicos.

Resumo da lição

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Tenra: macia, fresca, viscosa, recentemente colhida.

ColheitaNo momento da colheita, é preciso saber que cada horta-

liça apresenta em certa fase do crescimento suas melhores características de sabor, aparência e qualidade. E é nessa ocasião que ela deve ser colhida. Vejamos agora algumas orientações importantes que devem ser observadas:■ O reconhecimento do ponto de colheita é feito pela idade

da planta, desenvolvimento das folhas, frutos, raízes ou outras partes que serão consumidas, ou pelo amareleci-mento e secamento das folhas. Se a hortaliça for colhida antes do seu completo desenvolvimento pode apresen-tar-se tenra mas sem sabor. Por outro lado, se for colhi-da tardiamente estará fibrosa ou com sabor alterado.

■ Em geral, as hortaliças folhosas são colhidas quando estão tenras e, de preferência, nos horários mais frescos do dia. As hortaliças de flores são colhidas quando os botões estão fechados. As hortaliças de frutos podem ser colhidas quando as sementes não estão completamente formadas e a qualquer hora do dia. Por último, as hortali-ças de raízes e brolhos quando estão completamente desenvolvidas devem ser colhidas no início da manhã.

João Guimarães

A colheita de hortaliças deve observar a idade da planta

7Lição

60

Como devemos armazenar as hortaliças que não foram consumidas após a colheita?

Se as hortaliças não forem consumidas logo após a colheita, é preciso armazená-las nas prateleiras mais baixas da geladeira. Se não houver geladeira, ponha-as em lugar fresco, bem arejado e protegidas do sol.

O controle da temperatura é importante para impedir a deterioração do produto. Raízes e folhas de hortaliças pre-cisam ser armazenadas a temperaturas próximas a zero grau centígrados. Produtos como tomate, pimentão, berinje-la, quiabo, vagem, chuchu, devem ser armazenados a tem-peraturas entre 5 a 13 graus centígrados.

Alguns produtos, como a batata-doce, a cebola e o alho precisam de um período de ‘‘cura’’ antes de serem comer-cializados. São colocados sobre o solo ou esteira até que sequem. Depois, devem ser guardados em locais secos. A cebola e o alho são os de maior durabilidade — o alho chega a quatro meses e a cebola até seis.

Ao transportar verduras em dias de muito calor recomen-da-se envolvê-las em toalhas ou papéis molhados.

• As hortaliças devem ser colhidas no ponto adequado para o melhor aproveitamento do seu sabor, aparência e qualidade;

• As hortaliças devem ser armazenadas nas prateleiras mais baixa da geladeira ou em locais frescos, bem are-jadas e protegidas do sol, para impedir a deterioração.

Resumo da lição

61

Como identificar o que é um alface?

Cultivo das principaishortaliças

Hortaliça é a designação vulgar de plantas leguminosas ou de plantas herbáceas comestíveis sendo o seu cultivo de grande importância, pois elas são uma das principais fontes de vitaminas e sais minerais.

Com os preços sempre crescente dos alimentos e os problemas econômicos decorrentes veio novamente à baila o cultivo de hortaliças que pode ser uma alternativa para aumento da renda familiar, uma interessante maneira de aproveitar a terra de que se dispõe.

Mesmo num canteiro de 3 x 4m é possível produzir várias hortaliças frescas a cada semana. Um mínimo de tempo e dinheiro é necessário para se conseguir essa produção regular. A seguir são descritas as instruções para o cultivo das hortaliças mais consumidas.

AlfaceCom o nome derivado do árabe aalhaç, a tenra alface é

velha conhecida do homem. Originária da Ásia, chegou ao Brasil no século 16, através dos portugueses.

Existem quatro grupos principais de variedades de alface (Lactuca sativa) e todas necessitam de idênticas condições para cultivo, embora muitas variedades tenham estações específicas no que diz respeito à semeadura e colheita, que podem garantir boas safras.

Características: presas a um pequeno caule, as folhas da alface podem ser lisas ou crespas e verdes, arroxeadas ou amarelas. Podem ou não formar ‘‘cabeça’’, dependendo das inúmeras variedades.

Seu ciclo é anual. Na fase reprodutiva, emite uma haste com flores amarelas agrupadas em cacho, e produz em maior quantidade uma substância leitosa e amarga chamada lactário. Suas sementes podem ser aproveitadas para novos plantios.

8Lição

62

O ferro é um elemento químico importante para que o nosso organismo produza a hemoglobina, uma proteína que existe

dentro dos glóbulos vermelhos responsável

pelo transportedo oxigênio (O2) e gás

carbônico (CO2)

Quais o clima, o solo e a época adequados para plantio do alface?

Mauri Melo

A alface é muito utilizada nas saladas cruas

Usos e propriedades: base das saladas de verdura do brasileiro, a alface não tem valor nutritivo proporcional à sua grande popularidade, embora contenha quantidades razoá-veis de vitaminas A e C, de cálcio, fósforo e ferro.

Contém ainda um princípio calmante muito eficaz, indica-do para as pessoas que têm insônia ou são muito tensas e agitadas. É usada crua, em saladas e também em sucos.

Para tirar o sabor levemente amargo do suco e torná-lo mais saboroso, misture-o ao suco de cenoura. Por causa de sua substância leitosa, é muito utilizada em cosméticos, os famosos cremes de alface para rejuvenescer a pele.

Lembrete: quando mais escuras as folhas da alface, maior a riqueza nutritiva. Esse princípio, aliás, vale para todas as verduras de folhas.

Clima, solo e época de plantioPrefere as temperaturas amenas, na faixa dos 12 aos

22ºC, quando produz folhas e ‘‘cabeças’’ de melhor qualida-de. Resiste ao frio de 7ºC. Nas temperaturas acima de 25ºC, o florescimento ocorre com maior facilidade, o que prejudica as boas características para o consumo. Não há variedades próprias para o cultivo em áreas e períodos mais quentes.

63

Como deve ser praticado o plantio

do alface?

Para corrigir essa desvantagem, o bom seria fazer a planta-ção em canteiros protegidos da luz solar intensa nos perío-dos mais quentes do dia, como por exemplo, fazendo um jirau coberto de folhas de coqueiro, bananeira, etc.

O terreno mais indicado é o arenoso, limpo, fofo, destor-roado, rico em matéria orgânica, bem drenado e com acidez fraca. Não gosta dos solos argilosos (barrentos) e não tole-ra os encharcados.

Escolhendo a variedade adequada para as condições de clima da época, pode-se cultivá-la o ano todo. Normalmente, as melhores produções ocorrem nos meses de temperaturas amenas.

Variedades: genericamente, existem quatro grupos prin-cipais de variedades, reunidos em função de sua aparência.

O grupo crespa (vanessa, grand rapids e sald bowl) não forma ‘‘cabeça’’ e tem folhas grandes, de textura macia ou um pouco grossa, e bordas crespas ou onduladas.

O grupo lisa (babá, regina, Brasil 202, áurea, karina e glória) é o mais comum nas feiras e mercados. Ele forma uma ‘‘cabeça’’ simples com folhas bem macias, bordas lisas, nervuras pouco proeminentes e aspecto oleoso, por isso conhecida como ‘‘manteiga’’.

Leonardo Henriques

A alface-repolhuda é um tipo de alface com folhas crespas

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Um dos melhores estercos para cultura do

alface é o de galinha, material rico em

nitrogênio.

O grupo repolhuda americana (mesa 659, great lakes, gren lake, salinas e inajá) forma ‘‘cabeça’’ simples, grande, bem fechada e com folhas crespas.

O grupo romana (romana white paris e romana balão) possui uma ‘‘cabeça’’ simples de formato cônico e folhas alongadas.

Das variedades indicadas, também podem ser semea-das no período quente do ano a regina, brasil 202, áurea, karina, glória e vanessa.

Semeação: as sementes de alface são muito pequenas e têm que ser semeadas em sementeiras antes de ir para o canteiro definitivo. Faça na sementeira, pequenos sulcos distanciados dez centímetros entre si, com um centímetro de profundidade. Cuidado! Se os sulcos forem muito profun-dos, as sementes podem não germinar.

A semeação também pode ser feita no canteiro definiti-vo, em covas, no espaçamento de 25 por 25cm ou 30 por 30cm. Neste caso, faça um ou dois desbastes para deixar uma plantinha por cova.

Transplante: quando as mudinhas tiverem cerca de dez centímetros de altura e quatro a cinco folhas definitivas, leve-as para o canteiro no espaçamento de 25 por 25cm ou 30 por 30cm.

Acomode-as à mesma profundidade que ocupavam na sementeira. Essa tarefa deve ser feita em dias nublados ou nas horas mais frescas do dia, de preferência à tardinha.

Pare de regar um dia antes do transplante, mas molhe na hora para ajudar a planta a sair da terra e depois do transplante, regue novamente.

Adubação: poucos dias antes do alface ser transplantado, espalhe 8L de esterco de gado bem curtido e fino em cada metro quadrado do canteiro deixando este bem aplainado.

O nitrogênio e o fósforo são os nutrientes que mais influenciam a produtividade da alface. Por isso, além da adubação normal da sementeira e do canteiro, você pode aplicar esterco líquido em cobertura em dois momentos: 25 e 45 dias depois do transplante.

65

Quais os tipos de insetos que

atacam o alface?

Cuidados: a alface é exigente quanto à água, principal-mente no período de formação da ‘‘cabeça’’, mas sem enchar-camento. Regue na sementeira duas vezes ao dia, evitando as horas quentes; depois do transplante, diariamente.

Uma fina cobertura morta no canteiro ajuda a manter a umidade e a temperatura adequadas da terra. No Nordeste, recomenda-se também uma cobertura alta no canteiro durante uma semana após o transplante.

Essa cobertura é paulatinamente retirada nas horas mais frescas do dia, até que a planta se acostume totalmente com o sol. Ao fazer capinas, cuidado para não ferir as raízes das plantas, pois elas são superficiais.

Canteiro com cobertura parcial

Insetos e doenças: pode ser atacada por tripes, lagarta-rosca, grilos, paquinha, lesmas e caracóis.

As doenças mais freqüentes são a vira-cabeça (as folhas apodrecem e o pé cresce mal), podridão-basal (a planta murcha), mosaico-da-alface (as folhas ficam mal formadas e enrolam-se, seproriose (deixa as folhas com manchas escuras) e a queima-da-saia (as folhas mais próximas do solo apresentam lesões escuras).

Colheita: comece a colher os pés mais crescidos, 60 a 80 dias depois da semeadura e antes de qualquer sinal de que estão para florescer. As plantas não ficam no ponto de

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Além da proteína, que outra importância tem a berinjela na proteção de nossa saúde?

Berinjela

As proteínas têm funções de constituição e de

defesa do organismo.

colheita ao mesmo tempo. Não deixe passar muito do ponto de colheita, pois as folhas ficam duras e amargas e não são aceitas no mercado.

Rotação e consorciação: a alface beneficia-se da com-panhia da beterraba e cenoura. Em rotação, experimente repolho, cenoura, couve-flor ou beterraba.

BerinjelaA berinjela é uma hortaliça semi-perene que cresce até

mais de um metro de altura na forma de um arbusto. Tem uma folhagem abundante e flores em tons lilás.

Usos e propriedades: a berinjela é muito rica em prote-ínas e, por isso, frequentemente usada em substituição à carne, mas é pobre em vitaminas e minerais. É considerada capaz de diminuir o colesterol (gordura do sangue) e reduzir a ação das gorduras sobre o fígado.

Clima, solo e época de plantio: os melhores climas são os quentes e temperados e ela não resiste a muito frio e geadas. Fica mais tolerante às temperaturas amenas na época de florir e frutificar. As temperaturas mais favoráveis vão dos 18 aos 25ºC.

Prefere os solos areno-argilosos, férteis, profundos, com boa drenagem e acidez de média a fraca. Tem sido cultiva-da em diversos tipos de solo.

Em climas quentes pode ser semeada o ano inteiro, mas muita chuva na época da floração prejudica a produtividade.

Variedades: as berinjelas podem ser compridas (mais aceitas no mercado), meio compridas e redondas. As mais cultivadas são: híbrido F-100, embu, super F-100 e flórida, entre outras.

Semeação: a berinjela pega mais fácil e produz antes se for semeada em copinhos de jornal ou sacos plásticos. São três sementes por recipiente para depois do desbaste ficar uma só planta.

Adubação: no local onde a berinjela será transplantada, abre-se covas no espaçamento de um metro por oitenta cen-

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Tutoramento: proteção, amparo feito com estaca de madeira onde amarra-se o arbusto para evitar a ação do vento.

Tutoramento

tímetros. Na terra de cada cova mistura-se um quilo de esterco curtido e 50g de fosfato de Araxá (ou farinha de ossos).

Transplante: depois de uma semana do preparo do local definitivo, as mudas já podem ser transplantadas. A berinjela é transplantada com todo o torrão de terra ao atingir 15 centí-metros de altura, com cinco ou seis folhas. Não esqueça: sempre que for possível, o torrão de terra deve ser mantido em volta da raiz.

Não se deve enterrar muito a muda, e sim, fazer com que ela fique como se encontrava na sementeira, enterrada somente até o ponto onde nascem as raízes. Enterrando-as demais, elas costumam morrer ou formar uma planta fraca.

Regas: na sementeira, as regas devem ser diárias. Rega-se logo após o plantio, e depois apenas para deixar o solo úmido na falta de chuvas, mas sem encharcar. A berin-jela não exige umidade. Na época da floração, as regas são feitas na base da planta.

Desbrota: sem ferir a planta, corte os brotos que crescem na base da haste principal, logo abaixo dos primeiros ramos. Elimine a brotação lateral até o nível da primeira floração.

Tutoramento: se o arbusto ficar sem firmeza, providen-cie uma estaca ao lado da planta e faça uma amarração, sem apertar muito.

Insetos e doenças: os insetos que mais visitam a berin-jela são os pulgões, tripes, vaquinhas e ácaros. Uma das doenças mais importantes é a podridão-dos-frutos, cujos sintomas são manchas ovaladas, castanhas e pardas, nas folhas e frutos.

Uma outra doença de importância, a murcha-de-verti-cillium, causa amarelecimento e murcha das folhas. As duas são provocadas por fungos e podem ser fatais para a planta. Rotação de cultura e calagem do solo ajudam a con-trolar os fungos causadores das doenças.

Colheita: a colheita começa 90 a 110 dias depois da semeação, prolongando-se por três meses ou mais, depen-dendo da adubação complementar. Os frutos não devem

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Quais são as doenças que atacam a beringela?

O flúor é um elemento químico que usado de

forma adequada protege o esmalte dos dentes.

Anemia: é a diminuição do número de glóbulos vermelhos no sangue.

amadurecer no pé para não ficarem amargos.Quando os frutos tiverem de 16 a 20cm de comprimento,

bem coloridos e brilhantes, sementes tenras e polpa macia, é a hora da colheita. Retire a baga mantendo um pedaço (3-4cm) do cabinho.

Rotação e consorciação: depois da colheita, nunca plante no mesmo canteiro hortaliças da mesma família. Nem em consorciação. A berinjela gosta da companhia da vagem e do feijão e pode entrar em rotação com cenoura, abóbora ou maxixe.

BeterrabaAlgumas beterrabas são cultivadas para alimentação

animal, outras para a extração industrial do açúcar, outras para consumo como hortaliças.

Usos e propriedades: a beterraba é uma hortaliça de alto valor nutritivo, principalmente quando é comida crua e com raiz, talos e folhas. É rica em vitaminas A, B1, B2 e C. Quando é cozida, perde a vitamina C.

É ainda uma fonte de flúor, manganês, cálcio, fósforo, ferro, sódio e potássio (responsável pelo equilíbrio da água no organismo), cloro, silício, zinco (elemento necessário aos tecidos cerebrais) e magnésio (necessário para a absorção de fósforo, sódio e potássio e indispensável para o funciona-mento eficaz dos nervos e dos músculos).

Os talos e as folhas, desprezados pela maioria das pessoas, concentram as vitaminas e sais minerais da beterraba. Depois de lavados cuidadosamente, eles podem ser usados em sala-das, refogados, sopas, farofas ou, de preferência, cozida.

A raiz (parte avermelhada) é utilizada em saladas cruas e sucos ou, ainda, cozida. A beterraba tem um enorme potencial curativo e de proteção da saúde.

Previne a anemia e deixa os dentes e gengivas fortes. Regulariza o funcionamento do estômago, vesícula, fígado e rins e também o excesso de ácidos no organismo, muito comum em quem consome muito açúcar, carnes e gorduras.

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Descreva a importância da

beterraba para o nosso organismo.

Destorroado: sem torrões.

Crua, é um ótimo corretivo para a prisão de ventre, comba-te a fraqueza orgânica, reumatismo e artrite e tem ação pre-ventiva nos problemas de próstata. Alguns nutricionistas afir-mam que, usada em forma de suco, a beterraba tem uma ação curativa mais rápida e eficaz. Dessa forma, ela constrói intensamente as plaquetas do sangue e combate rapidamen-te o artritismo, reumatismo e pedras nos rins. Fortalece os tendões e descongestiona as vias urinárias. Misturada com mel, é um excelente xarope para as crianças. Para torná-lo mais ‘‘apetitoso’’, pode ser misturado a maçã ou laranja.

Leonardo Henriques

A beterraba é uma rica fonte de vitaminas

Clima e solo: é uma planta de clima temperado e frio; produz melhor entre 7 e 22ºC.

Prefere os terrenos em que a areia e a argila entram em quantidades equilibradas. Devem ser profundos, ricos em maté-ria orgânica, bem preparados, drenados e com acidez fraca.

Adubação: a correção da acidez e a adubação devem ser feitas de acordo com a análise do solo. A aplicação de esterco líquido em cobertura é recomendada após a raleação.

Sementes e canteiros: antes de realizar a semeação, deixe as sementes mergulhadas na água por doze horas antes do plantio, completando-se com uma lavagem em água corrente para melhorar a germinação, pois o que se usa como semente é, na verdade, um pequeno fruto com quatro ou cinco sementes.

Para um bom desenvolvimento da planta, o solo deve ser bem destorroado, sem pedras e pedaços de galhos.

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Quando deve ser colhida a beterraba?

Semeação: se quiser um rendimento maior e melhor, semeie na sementeira, a 1cm de profundidade, em sulcos distantes 15cm entre si.

Com resultados piores, também pode ser semeada dire-tamente no canteiro definitivo, em pequenas covas distan-tes 20 e 25cm uma das outras. Acomode duas a três sementes em cada uma, à profundidade de um centímetro. Quando as mudas tiverem 5 a 10cm de altura, elimine as mais fracas. Caso deseje, poderão ser replantadas. Nesta prática a colheita é antecipada, ficando, portanto, mais pre-coce que o método por mudas.

Transplante: transplante as mudas mais vigorosas quando tiverem 15cm de altura. Com muito cuidado para não ferir as raízes, coloque as mudas no canteiro definitivo na mesma profundidade que ocupavam na sementeira, no espaçamento de 30 por 15cm.

Cuidados: no período seco do ano, as regas devem ser diárias e leves, até a hora da colheita. Retire as ervas inde-sejáveis do canteiro e evite machucar a planta e a raiz.

A beterraba desenvolve-se na superfície do solo. Por isso, leve terra para perto da base da planta, cobrindo-a para evitar que tome sol e fique com a parte de cima dura.

Insetos e doenças: os insetos que mais gostam de atacar a beterraba são a lagarta-rosca, vaquinha e a larva-minadora das folhas. As doenças mais freqüentes são a mancha-das-folhas e o tombamento, as duas provocadas por fungos.

Colheita: as beterrabas são colhidas com cinco a dez centímetros de diâmetro, antes que atinjam seu crescimen-to total. Isso acontece cerca de três meses depois da seme-ação, no caso daquela que foi transplantada; ou de dois meses depois da semeação direta. Evite qualquer dano à raiz na hora de retirá-la do solo e traga junto as folhas, que também devem ser consumidas.

Rotação e consorciação: a beterraba pode ser consor-ciada a alface. Há algumas indicações, ainda não compro-vadas, de que não gosta da vizinhança de vagem e de outros feijões arbustivos. Em rotação, experimente cenoura, berinjela repolho e alface.

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As cebolinhas devem ser semeadas em sucos bem rasos e cobertos com uma camada fina de terra.

O cálcio é importante na dureza dos ossos do nosso organismo.

CebolinhaA cebolinha é uma planta condimentar muito semelhante

à cebola, mas que não desenvolve bulbos.Dário Gabriel

A cebolinha é muito utilizada como tempero

Propriedades: a cebolinha é rica em componentes nutri-tivos, possui doses de vitamina A e de cálcio.

Clima, solo e variedades: prefere temperaturas ame-nas, entre os 8 e 22ºC, resistindo ao frio. A variedade ‘‘todo ano’’, porém, tolera temperaturas altas. Prefere os solos de baixa acidez, ricos em matéria orgânica e de constituição argilo-arenosa.

As variedades mais recomendadas são a Hanegui, a Futonegui e aquelas chamadas de ‘‘todo ano’’.

Semeação: prepare a sementeira com sulcos distancia-dos de 10 centímetros, distribuindo as sementes a um cen-tímetro de profundidade.

Transplante: leve as mudinhas para o canteiro definitivo 30 ou 40 dias após a semeação. O espaçamento varia de 20 a 25cm entre linhas e plantas.

O método mais rápido e prático pelo qual se pode come-çar um canteiro de cebolinha é plantando alguns pés de uma touceira antiga. É preciso afofar a terra para retirar as hastes com raiz e tudo.

Corta-se parte das folhas, que já servirão de tempero, e a ponta da raiz. Essas hastes com raiz são acomodadas no canteiro definitivo à mesma profundidade em que estavam. Os espaçamentos são os indicados.

Adubação: após cada corte, pode-se aplicar esterco líquido em cobertura.

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Quando deve ser realizada a colheita da cebolinha?

A vitamina A é importante para a visão e a pele.

Cuidados: faça regas periódicas; retire plantas indesejá-veis quando necessário e vá podando as folhas que secarem.

Insetos e doenças: uma doença comum nessa planta é a queima: as folhas ficam queimadas nas pontas.

Podem aparecer pequenos ácaros, tripes e pulgões. Outro cuidado que se deve ter é com a mosca minadora que faz ‘‘caminhos’’ nas folhas depreciando o produto.

Colheita: se você plantou um pedaço de uma touceira, ela começará a ser colhida depois de 45 ou 55 dias. No caso da semeação, após 80 ou 100 dias. Espere que as folhas cresçam até 30cm, cortando pedaços de aproximadamente 10 ou 15cm, o que permitirá rebrotes. Dessa forma, a tou-ceira produzirá por um bom tempo. Quando perceber que ela está fraquejando, realize o replantio das hastes.

Rotação e consorciação: a cenoura e o tomate são beneficiados pela presença da cebolinha. Outra consorcia-ção interessante é com o coentro, bastante utilizado e que fornece bons resultados. Em rotação, use plantas de outras famílias.

CenouraAs cenouras de coloração alaranjadas são as mais usa-

das na alimentação humana. As amarelas e as brancas são empregadas na ração dos porcos, aves e cavalos.

Uso e propriedades: é um alimento ‘‘de primeira’’, da infância até a velhice. É importante na alimentação da mulher grávida, do bebê e da criança, pois ajuda a forma-ção do sistema nervoso (que se completa por volta dos 3 anos de idade), atua na boa formação dos ossos e dos den-tes e torna o organismo mais resistente às infecções.

Esse bom desempenho deve-se ao fato da cenoura ser rica em caroteno (ou pró-vitamina A, substância que no organismo transforma-se em vitamina A).

Contém ainda vitaminas B, C, D e K, cloro, flúor, magné-sio, ferro, cálcio, fósforo, potássio, arsênico, cobalto, iodo (principalmente as que são cultivadas próximas ao mar),

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Quais o clima e o solo para plantio

da cenoura?

manganês e silício. Tem também uma boa dose de açúcar.A cenoura é altamente estimulante do sistema nervoso e

dos sentidos, especialmente da visão. Por estimular o ape-tite e aumentar o número de glóbulos vermelhos do sangue, é indicada nos casos de anemia. Também facilita o trabalho dos intestinos, pois estimula a vesícula, combatendo a pri-são de ventre. Fortifica e revigora as células do cérebro, combate o cansaço mental e restaura o sistema nervoso.

Clima, solo, época de plantio e variedades: produz melhor em temperaturas que vão dos 8 aos 22ºC. É consi-derada uma cultura de inverno, mas pesquisadores desen-volveram variedades que resistem até aos 25ºC.

Gosta dos terrenos areno-argilosos, arenosos, leves, drenados e com acidez de fraca a média sendo cultivada durante todo o ano.

Nas regiões quentes e para o plantio de verão, as varie-dades mais indicadas são a Brasília, Kuronan, Shin Kuroda e nova Juroda.

Leonardo Henriques

A cenoura é uma rica fonte de caroteno

Adubação: o fósforo e o potássio são os principais nutrientes da cenoura. O boro também é importante, pois na sua ausência as cenouras racham. Após o desbaste, reco-menda-se aplicações de esterco líquido em cobertura.

Semeação: prepare bem o canteiro, destorroe o solo e deixe-o bem plano. As sementes da cenoura são bem peque-nas e sensíveis, e a semeação é realizada em local definitivo.

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Desbaste: operação agrícola que consiste em

arrancar, após semeadura, as plantas em excesso com a finalidade

de regular a distância conveniente.

Faça a semeação em sulcos no sentido da largura do canteiro. Deixe um espaço de 20 a 30cm entre eles, depen-dendo do porte da variedade plantada. As sementes são acomodadas de maneira a formar um filete contínuo a um centímetro de profundidade, cobertas por uma camada leve de terra.

A germinação pode demorar de uma a duas semanas. Durante esse período, o canteiro deve ser protegido do sol e da chuva por uma pequena camada de palha de arroz, capim seco sem sementes, pó de serra ou um saco de estopa. Logo que começar a germinação, a cobertura deve ser retirada para não abafar a planta.

Desbaste: faça o desbaste quando as plantinhas tiverem 5cm de altura, retirando as mais fracas. Procure manter um espaçamento de cinco ou seis centímetros entre elas.

Regas e capinas: no primeiro mês após a semeação, as regas podem ser diárias. A partir daí, devem ser feitas a cada três dias. A cenoura gosta de água, mas sem encharcamento. Suspenda a irrigação dias antes da colheita. Não deixe que plantas indesejáveis roubem o espaço, iluminação ou nutrien-tes do canteiro. Aproveite o momento das capinas para trazer terra à base da planta, evitando que a raiz pegue sol.

Insetos e doenças: o pulgão é um inseto que costuma aparecer no canteiro da cenoura, ficando na base da planta ou se escondendo em montinhos de terra trazidos pelas formigas.

Minúsculos vermes chamados nematóides podem cau-sar deformações na cenoura, como verrugas ou bifurca-ções. A mancha negra ou a queima das folhas é provocada por fungos.

Colheita: dependendo da variedade, a colheita das raí-zes ocorre três ou quatro meses após a semeação. Para o consumo doméstico, pode-se retirar as mais desenvolvidas a partir do segundo mês do plantio.

O tombamento lateral das folhas maiores e o amareleci-mento das mais baixas são sinais de que a hora da colheita chegou. Cuidado: esses sintomas também podem ser pro-

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Quando deve ser realizada a colheita

da cenoura?

A vitamina C é importante na prevenção das viroses principalmente a gripe.

vocados por algumas doenças. Antes de colher, afofe a terra para facilitar a retirada, sem machucar as raízes.

Consorciação e rotação: a cenoura se beneficia da presença do feijão, tomate e alface. Para repelir pragas, pode ser associada à cebola e cebolinha.

A rotação deve ser feita com hortaliças de outras famílias e plantas que devolvam nutrientes à terra, como os adubos verdes, principalmente as leguminosas.

CouveA couve-manteiga ou simplesmente couve é uma das

hortaliças de folha mais populares do Brasil, sendo cultiva-da desde o início do período colonial.

Leonardo Henriques

A couve-flor contém vitamina A, B e C

Propriedades: a couve é bem mais rica em vitamina A que a maioria das outras hortaliças. Contém ainda vitamina B e mais vitamina C que a maioria das frutas cítricas. É muito rica em minerais, principalmente enxofre, potássio, iodo, cobre, flúor, cálcio, fósforo e ferro. Por isso, é conside-rada um alimento que atende à necessidade de minerais do nosso organismo.

Clima e solo: adapta-se a diferentes condições de

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No transplante paraos canteiros, as mudas

devem ser plantadascom um espaçamento

de 45cm.

Microelementos: são elementos que têm

participação mínima na constituição dos vegetais.

clima. Prefere as temperaturas frias e amenas (de 7 a 22ºC), sendo considerada uma hortaliça de outono-inverno.

Cresce melhor nos terrenos argilo-arenosos, ricos em matéria orgânica, úmidos, mas bem drenados, e de acidez de média a fraca.

Variedades: as variedades são a Manteiga Georgia, Tronchuda e Tronchuda Portuguesa.

Leonardo Henriques

Couve-flor de amadurecimento primaveril

Adubação: aplicações mensais de esterco líquido em cobertura melhoram a produção de folhas. O boro é um micronutriente importante para as hortaliças dessa família. Sua ausência provoca a perda de brotação, pouca produ-ção e a morte da planta.

Mudas: se você conhecer alguém que já tenha em casa um pé de couve bonito e sadio, pode retirar algumas mudas; é o método mais prático, embora arriscado, no caso dos híbridos ou das plantas com doenças, devido à possibilida-de de proliferação do vírus mosaico na couve.

Os brotos crescem do caule, devendo-se podar, deixando apenas dois ou três, que ficarão até atingirem de 15 a 20cm. Os melhores são os que surgem na base da planta. Retire-os com a mão e procure trazer uma pequena lasca da planta-mãe.

Plantio: em hortas comerciais, costuma-se colocar os brotos para enraizamento num viveiro.

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Quando as primeiras inflorescências começam a surgir entre as folhas centrais do couve, há necessidade de protegê-las contra a ação direta dos raios solares, para mantê-las bem brancas.

Como é feitoa semeação

e transplantedo couve?

Nas hortas domésticas, o plantio é feito no canteiro definitivo, em covas no espaçamento de 80cm a 1m por 50cm entre as plantas.

Semeação: para quem não tem um pé de couve à dis-posição, é realizada na sementeira. A distância dos sulcos é de 10cm, acomodando-se as sementes a um centímetro de profundidade.

Transplante: quando as mudinhas atingem de 10 a 15cm de altura, com quatro ou cinco folhas, devem ser levadas para o canteiro definitivo. O espaçamento é o mesmo indicado para o plantio dos brotos.

Proteção de mudas: nos locais e épocas mais quentes, convém proteger as mudas por 10 ou 15 dias depois do plan-tio, com uma cobertura colocada a 80cm do solo.

Ela pode ser feita com ripas de bambu a cada dois ou três centímetros, palha de palmeira ou material similar. O sombreamento do local é parcial, até que elas se adaptem e demonstrem sinais de que estão bem.

Cuidados: a couve gosta de água, assim as regas devem ser freqüentes. Faça capinas sempre que necessá-rio e aproveite para trazer terra até a base da planta. Retire as brotações laterais do caule. Ele pode se manter em pé com uma ou duas hastes.

Quando a couve estiver bem crescida, você pode colo-car um pedaço de bambu ao seu lado, para servir de apoio e impedir que o caule se quebre.

Quando o pé estiver alto demais, é bom cortar o caule cen-tral, estimulando a formação de brotos para um novo plantio.

Insetos e doenças: a couve-manteiga, como suas paren-tes, pode ser danificada pelos seguintes insetos: curuquerê ou lagarta-couve (o adulto é uma mariposa branca com as pontas das asas pretas); lagarta-rosca (ataca as mudas somente à noite); lagarta-mede-palmo (de coloração verde-clara, faz buracos e casulos nas folhas); traça-das-couves (pequenas lagartas que furam toda a folha deixando-a renda-da); brasileirinhos (pequenos besouros verdes que preferem as plantas novas); e os pulgões (de coloração branca, sugam

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as plantas e transmitem doenças, sendo uma delas o mosai-co, que deixa as folhas encrespadas).

Outras doenças que podem surgir são: a podridão-mole (mais freqüente na estação quente e chuvosa, provoca lesões úmidas); a podridão-negra (ataca as folhas, forman-do uma mancha na forma de um ‘‘V’’); e, fusariose (cujo sintoma é o amarelamento de uma parte da folha ou do pé); e, finalmente, o míldio (identificado por filamentos brancos localizados na parte inferior das folhas).

Colheita: as folhas mais desenvolvidas do pé devem ser retiradas à medida que vão sendo consumidas.

O início da colheita pode variar de 60 a 70 dias depois do plantio e 90 dias depois da semeação. Deixe sempre um mínimo de quatro ou cinco folhas no pé para que ele conti-nue crescendo. Bem cuidada, a couve pode produzir por alguns anos.

Rotação e consorciação: a couve se beneficia com a presença da batata e cebola. Em rotação, não plante antes ou depois de hortaliças da mesma família.

CoentroO coentro é uma erva aromática anual, conhecida em

algumas regiões como cheiro-verde.

Canteiros de coentro

Propriedades: o coentro é uma boa fonte de cálcio, ferro, vitamina C e pró-vitamina A. É um ótimo estimulante, particular-

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Como se faz a adubação e

semeação do coentro?

mente do aparelho digestivo, combate diarréias e inflamações intestinais e exerce uma ação desinfectante sobre os intestinos.

Clima, solo e época de plantio: gosta dos climas ame-nos e quentes, com temperaturas entre 18 e 25ºC. O frio pre-judica e retarda o seu crescimento. Não é exigente, mas cresce melhor nos terrenos areno-argilosos, soltos, ricos em matéria orgânica, com acidez fraca.

Variedades: Comum, Português e Nordestino.Adubação e semeação: para aumentar o vigor das

folhas, pode-se colocar esterco líquido em cobertura 20 dias após a semeação ou depois de alguns cortes.

No canteiro definitivo, acomode as sementes formando um filete contínuo em sulcos distantes 20 ou 30cm. Quando as mudinhas estiverem com cinco centímetros de altura, faça o desbaste para deixar um espaço de seis a dez cen-tímetros entre elas.

Insetos e doenças: pode ser atacada por pulgões, vaquinhas, cochonilhas e lagartas. Podem ocorrer doenças como mela ou tombamento, causadas por fungos.

Colheita: cinqüenta dias depois da semeação, você já pode retirar as folhas mais crescidas, à medida do consumo.

Para fins aromáticos, são utilizadas também as semen-tes. Nesse caso, os ramos são cortados depois que 50 a 60% das sementes perderam a cor verde, mas antes de estarem maduras e secas.

PimentãoO pimentão é uma planta originária da América Latina,

os índios chamam este grupo de plantas de quiyáaçu, que significa pimenta grande.

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Arteriosclerose: endurecimento das

artérias pelo depósitode gorduras.

Por que o pimentãoé importante paraa nossa saúde?

O pimentão é uma fonte de vitaminas

Propriedades: de qualquer cor, o pimentão é uma extra-ordinária fonte de vitamina A e principalmente C (que ocorre sobretudo na variedade amarela). Além disso, os três tipos são ótimas fontes de cálcio, fósforo, ferro e sódio. No corpo humano ajuda e acelera a cicatrização de feridas, previne a arteriosclerose, controla o colesterol (gordura do sangue), evita hemorragias, aumenta a resistência física, combate alergias e previne a formação de hemorróidas.

Clima, solo e época de plantio: é uma hortaliça de clima tropical que não resiste a geadas. Depois da fase de germina-ção e crescimento da muda, gosta de temperaturas amenas. As temperaturas mais adequadas estão entre 18 e 25ºC.

Os solos indicados são aqueles em que a areia e a argi-la entram em quantidades equilibradas, férteis, profundos, com acidez de média a fraca e bem drenados. Pode ser cultivado durante todo o ano.

Variedades: Windor A. Worls, Ruby King, Beater, Chinese Grant, Royal King, Cascadura Avelar, Ikeda.

Adubação: depois do plantio, a cada 20 ou 25 dias realize adubações em cobertura com esterco líquido nas mudas.

O pimentão sente a falta de magnésio e demonstra isso quando as folhas mais baixas ficam amarelas e enroladas,

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Os solos adubados com bastante matéria orgânica produzirão as melhores colheitas pois estimulam o desenvolvimentodas raízes.

podendo até cair. Quando as folhas novas não crescem e ficam verde-claras e as mais velhas começam a cair, é sinal de falta de cálcio. Muito cuidado, porque sinais de carência nutricional são muito parecidos com os sintomas de certas doenças.

Semeação: a semeação pode ser feita em sementeiras, em sulcos distantes 10cm entre si, distribuindo bem as sementes. O pimentão pode ainda ser semeado em copi-nhos de plástico, com as seguintes vantagens: economiza sementes, melhora o pegamento das mudas, há menor dano para as raízes, a produção é mais rápida e diminuem as doenças, porém, pode aumentar os custos.

Como outras opções pode ser utilizado também copi-nhos de papel, saquinhos de plásticos e caixa de isopor, a escolha vai depender das condições do horticultor. Coloque de duas a três sementes em cada recipiente, a um centíme-tro de profundidade. Corte as mudas mais fracas quando elas estiverem com uma ou duas folhas definitivas.

Transplante: leve as mudas para o canteiro definitivo quan-do estiverem com 10 a 15cm de altura e de seis a oito folhas.

Se você usou saquinho plástico, não se esqueça de tirá-lo. O copinho de jornal pode ficar, pois se desfaz no solo. No caso de sementeira em canteiro, a muda virá sem nada mesmo, ou seja, com as raízes nuas.

Regue o canteiro definitivo antes da operação. A profun-didade das mudas é a mesma em que estava: o espaça-mento é de um metro por 40cm.

Cuidados: as regas na sementeira são diárias. Após o transplante, regue a cada três dias, mas sem encharcar.

Coloque um pedaço de bambu ou uma vara de um metro de altura ao lado de cada planta e vá amarrando de acordo com seu crescimento. Use cordões finos sem apertar demais.

Retire os brotos que forem crescendo abaixo da primeira bifurcação da haste principal. As capinas são feitas com cui-dado para não ferir a planta e as suas raízes.

Insetos e doenças: os insetos que podem causar danos ao pimentão são ácaros, pulgões, lagarta-rosca, vaquinha e

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Tuberculose: doença causada por uma bactéria que ataca principalmente

os pulmões, embora possa também causar

danos em outros locais do nosso organismo.

Como se faza colheitado pimentão?

larva-minadora. As doenças que costumam surgir são a antracnose, requeima, podridão-mole e a mancha-bacteriana, além de viroses.

Colheita: são colhidos ainda verdes ou maduros, depen-dendo do seu gosto. A colheita geralmente começa 100 a 150 dias depois da semeação e pode se prolongar por mais de três meses, se a planta estiver bem cuidada e sem doenças.

Rotação e consorciação: não plante perto nem em rota-ção hortaliças das famílias das Solanáceas (tomate, berinjela, etc.) e Cucurbitáceas (melão, jerimum, etc.)

RepolhoO repolho é uma hortaliça de fácil cultivo. Ele é importante

alimento de proteção, sendo mais rico em VItamina C do que o tomate e a laranja quando servido cru ou como salada.

Propriedades: rico em vitaminas C e B6 (importante para a assimilação das proteínas e gorduras, também ajuda a evitar problemas dos nervos e da pele) contém os mine-rais potássio, enxofre, cálcio, fósforo e ferro.

É um alimento depurativo do sangue e, por isso, indicado para os anêmicos, desnutridos e debilitados. Estimula a digestão e o bom funcionamento de todos os órgãos do apa-relho digestivo, e auxilia no combate à tuberculose.

Clima e solo: as melhores produções são obtidas em cli-mas frescos, na faixa dos 7 aos 22ºC. Para o cultivo em regi-ões mais quentes já existem algumas variedades que resis-tem bem ao calor, como por exemplo a variedade ‘‘Louco’’. Prefere os solos argilo-arenosos, com acidez de média a fraca e férteis. Evite terrenos muito arenosos.

Variedades: União e Louco são algumas variedades indi-cadas para o cultivo em verão. Além disso, os híbridos ESALQ e o Kenzan são também recomendados para o clima mais quente.

Semeação: é feita na sementeira, em sulcos distantes 10 centímetros entre si e a meio centímetro de profundidade. A cobertura morta da sementeira até o início da germinação ajuda bastante.

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Viveiro: canteiro para semear vegetais ou cereais que depois serão transplantados.

Como é realizadoo transplantedo repolho?

Se quiser mudas mais selecionadas, leve-as para um viveiro quando estiverem com uma folha definitiva, além das duas que aparecem na germinação.

Elas ficam no viveiro no espaçamento de dez por cinco centímetros, até a época do transplante. Nos plantios poste-riores, pode-se usar mudas que surgem do pé de repolho após a colheita das cabeças.

Transplante: quando tiverem de 10 a 15cm de altura e de quatro a seis folhas definitivas, leve as plantas para o canteiro definitivo. No verão, as pequenas covas ficam no espaçamen-to de 60 por 40cm; no inverno, de 60 por 50cm.

As distâncias entre covas podem ser alteradas, dependen-do da variedade cultivada e do tamanho desejado para as cabeças. Espaçamentos menores produzirão cabeças tam-bém menores, mas em maior número.

Cuidados: o repolho gosta de umidade e não suporta perí-odos secos. Do dia do transplante até o momento em que a plantinha se mostrar acostumada a seu novo lugar, as regas são feitas diariamente. Depois dessa fase, molhar a cada três dias pode ser o suficiente.

Adubação: cerca de um mês após o transplante, reco-menda-se a aplicação de esterco líquido ao redor da planta, em cobertura, um pouco afastado das últimas folhas do pé. O esterco líquido fornece nitrogênio ao solo e deixa as plantas mais verdes. Deficiências de boro, molibdênio e enxofre no solo podem prejudicar a produção.

Insetos e doenças: como seus parentes, o repolho cos-tuma ser visitado pela lagarta-da-couve ou curuquerê, lagarta-rosca, minador-das-folhas, pulgões, lagartas, tra-ças e nematóides.

As doenças mais comuns são podridão-negra, podridão-parda (causada pela falta de boro), podridão-mole, murcha de fusarium, oídio e míldio.

Colheita: as cabeças são cortadas quando estão com-pactas, com as folhas internas bem juntinhas umas às outras. O ponto de colheita começa 80 a 100 dias após a semeação. Mantenha algumas folhas externas para a pro-teção da cabeça.

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Para um crescimento mais rápido do repolho

pulverize com fertilizante foliar (fertilizantes que

são absorvidospelas folhas).

Quais as doenças que podem causar danos ao repolho?

O tomate é usado na prevenção de doenças

da próstata.

Leonardo Rodrigues

Repolho uma fonte de vitamina C

Rotação e consorciação: não cultive o repolho perto de plantas da mesma família ou em seguida a essas. Ele gosta da companhia de ervas aromáticas, beterraba, alface e bata-ta. Dependendo da época, semeie na rotação berinjela, quia-bo, cenoura ou maxixe.

TomateHortaliça de maior expressão econômica e de uso mais

difundido em todo o mundo.Propriedades: o tomate é fundamentalmente rico em vita-

mina C e em potássio. Contém ainda vitaminas A, B e K, cálcio, fósforo, ferro, sódio e cloro.

Clima e solo: prefere os climas frescos e secos e não resiste às geadas. Aceita variações de temperatura na faixa dos 15 aos 29ºC.

Nas altas temperaturas, a frutificação é prejudicada; no clima tropical úmido, seu cultivo é dificultado pela incidên-cia de doenças favorecidas pela excessiva umidade do ar e pelo calor.

O terreno deve ser arejado, profundo, bem drenado, de acidez fraca (pH de 6,5 a 7,0) e com uma constituição areno-argilosa ou argilo-arenosa.

Variedades: entre as variedades comerciais existentes no mercado, podemos citar as do grupo Santa Cruz, de cresci-mento indeterminado e dependentes de tutoramento: Santa Clara, ângela hiper, imperador, Kada entre outras.

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As manchas verdes nos dedos provocadas pela manipulação de tomates podem ser removidas com um suco de tomate verde ou vinagre.

Outro tipo de tomate, de tamanho bem maior, não muito popular e que também precisa de tutoramento – forma o grupo conhecido por Salada ou Caqui: duke, Florandel, etc. Entre as variedades do tomate rasteiro, de crescimento deter-minado, não precisa de tutoramento e é muito mais fácil de cuidar, servindo para uso industrial ou para consumo domés-tico. Plantam-se no Rio Grande do Sul, híbrido nema 1400, zenith, petomech entre outras.

Existem dois cultivares de tomate em miniatura que não precisam de tutoramento: o tomate-pera (cultivares yellow pear e red pear) e o tomate-cereja (cultivares pico).

Adubação: como as sementes encontradas no comér-cio não são adaptadas ao Brasil, o tomate exige uma adu-bação orgânica reforçada. Experimente incorporar de três a cinco litros de esterco de curral ou composto orgânico em cada cova, além de fosfato de rocha e cinzas.

Depois do transplante, quando as plantas já estiverem bem adaptadas ao seu novo local, pode-se fazer quatro aplicações de esterco em cobertura, espaçadas 20 dias uma da outra.

Produção de mudas: distribua as sementes em sulcos distantes 10cm entre si, a um centímetro de profundidade. A semeação também pode ser feita em copinhos de papel ou em bandejas de poliestireno, o que evita posteriores danos às mudas nas ocasiões do transplante (nesse caso, cada recipiente recebe de três a quatro sementes).

Uma semana após a germinação, faz-se o desbaste, dei-xando somente as duas plantas mais vigorosas. Não arran-que as mudas; de preferência, corte-as com um canivete ou tesoura desinfetada.

Cerca de 25 a 30 dias depois da semeação, quando as plantas estiverem com seis a sete folhas, leve-as para o local definitivo, nos seguintes espaçamentos: grupo Santa Cruz, 60 por 80cm; grupo Caqui, um metro por cinquenta centímetros; e o grupo industrial, um metro e vinte por quarenta centíme-tros. Pode-se acomodar duas plantas por cova.

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Como se faz as regas e o tutoramentodo tomate?

Semeação direta: as variedades do grupo industrial são plantadas no local definitivo, no mesmo espaçamento entre os sulcos, com quatro a seis sementes a cada 30cm. Após o des-baste, deixam-se duas a três plantas na distância indicada.

Regas e tutoramento: na sementeira, faça regas diaria-mente. Se você semeou em copinhos de jornal, observe se a terra não fica ressecada, pois o papel favorece a drenagem da água. No local definitivo, regue a cada três ou quatro dias.

As variedades de crescimento indeterminado precisam de um suporte no canteiro definitivo, feito com estacas de um material resistente e disponível em sua região — por exem-plo, bambu — com mais ou menos 2,5m de comprimento.

O método de tutoramento do tomate pode ser o seguinte: estique um fio de arame entre dois mourões, a uma altura aproximada de 1,80m. Sobre o fio, cruze e amarre as estacas.

Conforme a planta for se desenvolvendo, vá amarrando-a ao suporte, sem apertar demais as hastes.

Cuidados: ao cuidar do tomateiro lave bem as mãos, para evitar a proliferação de doenças. A planta desenvolve-se melhor quando são cortados os brotos que surgem nas axilas das folhas, deixando cada pé com apenas duas hastes.

Para estimular a formação de raízes, traga terra para a base da planta depois que as mudas tiverem ‘‘pegado’’ ou depois da primeira adubação em cobertura.

Corte a pontinha final da haste quando ela atingir o alto das estacas, para interromper seu crescimento vertical. As varie-dades do grupo Salada ou Caqui beneficiam-se com o des-baste dos frutos; retire os defeituosos e os restantes (dois a três frutos por penca) terão melhor desenvolvimento.

O tomate do grupo industrial dispensa tutoramento, des-baste de frutos e poda; ele só precisa da amontoa. As capinas devem ser feitas com atenção, a fim de não ferir a planta ou suas raízes.

Insetos e doenças: por não ser adaptado às nossas condições ambientais, o tomateiro está sujeito a vários pro-blemas. Ele pode sofrer o ataque de muitos insetos, como

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Quais são as pragas e doenças

que atacamas plantações

de tomate?

larva-minadora, vaquinha, nematóides, tripes, percevejo, pulgões, ácaros-traça-do-tomateiro, broca pequena e gran-de do tomateiro.

As doenças causadas por fungos e bactérias são a requeima, pinta-preta, septoriose, mancha-de-estenfilium, murcha fusariana, murcha de verticillium, murcha bacteria-na, cancro bacteriano e talo oco. As doenças causadas por vírus são a vira-cabeça, mosaico Y ou risca, mosaico comum e topo amarelo. Podem ocorrer ainda distúrbios fisiológicos como a podridão-apical, frutos rachados ou ocos e lóculo aberto e amarelo baixeiro.

Colheita: o tomate começa a ser colhido de 90 a 100 dias depois do transplante, conforme a variedade, tratos culturais e adubação. A colheita prolonga-se por um a dois meses, com a retirada dos frutos à medida em que amadurecem.

Depende do gosto do horticultor colher os frutos ainda esverdeados, rosados ou vermelhos. Os do tipo industrial produzem mais cedo e devem ser colhidos quando comple-tamente vermelhos e maduros.

Rotação e consorciação: não cultive na rotação plantas da mesma família do tomate, pois elas são susceptíveis aos mesmos insetos e doenças. O tomate gosta da companhia das ervas aromáticas.

• Hortaliças que foram descritas seu cultivo: alface, ber-injela, beterraba, cebolinha, cenoura, couve, coentro, repolho e tomate;

• De cada uma das hortaliças forneceu-se suas caracter-ísticas, usos, propriedades, clima, solo e época do plan-tio, variedades, semeação, transplante, adubação, cui-dados especiais, pragas e doenças, colheita, rotação e consorciação.

Resumo da lição

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FILGUEIRA, Fernando A. R. Manual de Olericultura: cultura e comer-cialização de hortaliças. 2ªed. São Paulo: Ed. Agronômica Ceres, 1981, 2v. v.1.GUIA RURAL HORTA, 1991. São Paulo, Editora Abril, 189 p.MAKISHMA, Nozomu. Instruções técnicas do CNPHortaliças 6: Produção de hortaliças em pequena escala. Brasília: Embrapa, 1983. 23p.SANTOS, J.H.R. et alli Controle Alternativo de Pragas e Doenças:Fórmulas para o controle de pragas e doenças. Fortaleza: Edições UFC, 1988. 216p.: 99.SILVA, Gislene. Receita de fartura (Horta). Globo Rural, Rio de Janeiro, ano 11, Nº 134, p. 32-37, dez. 96.MURAYAMA, S. Horticultura. 2ªed. Campinas, Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 322 p., 1983.