PRODUTO FINAL PRD 2014

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PRODUTO FINAL PRD 2014 Ricardo de Abreu Basto Lima Rodrigues A CAIXA DA MEMÓRIA: A DITADURA MILITAR NO BRASIL A PARTIR DO RESGATE DOS ALUNOS E AS NARRATIVAS DE SUA GENTE Rio de Janeiro Março/2015 PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA - PROPGEC

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PRODUTO FINAL – PRD 2014

Ricardo de Abreu Basto Lima Rodrigues

A CAIXA DA MEMÓRIA: A DITADURA MILITAR NO BRASIL A PARTIR DO

RESGATE DOS ALUNOS E AS NARRATIVAS DE SUA GENTE

Rio de Janeiro

Março/2015

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E

CULTURA - PROPGEC

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E

CULTURA - PROPGEC

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RICARDO DE ABREU BASTO LIMA RODRIGUES

A CAIXA DA MEMÓRIA: A DITADURA MILITAR NO BRASIL A PARTIR DO

RESGATE DOS ALUNOS E AS NARRATIVAS DE SUA GENTE

Produto final apresentado ao Programa de

Residência Docente, vinculado à Pró-

Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa,

Extensão e Cultura do Colégio Pedro II,

como requisito parcial para obtenção do

título de Especialista em Docência da

Educação Básica na Disciplina Sociologia.

Coordenador: Lier Pires Ferreira

Orientador/Supervisor: Silzane Carneiro

Campus de atuação no Colégio Pedro II: Centro

Área/Disciplina: Área VI/Sociologia

Instituição de Origem: Colégio Estadual Campos Salles

Rio de Janeiro

Março/2015

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CATALOGAÇÃO NA FONTE

COLÉGIO PEDRO II / PROPGPEC / BIBLIOTECA DA PROPGPEC

R696 Rodrigues, Ricardo de Abreu Basto de Lima

A caixa de memória: a ditadura militar no Brasil a partir do resgate

dos alunos e as narrativas de sua gente / Ricardo de Abreu Basto de

Lima Rodrigues. - Rio de Janeiro, 2015.

27 f.

Produto Final (Especialização em Docência da Educação Básica na

Disciplina Sociologia) – Colégio Pedro II. Pró-Reitoria de Pós-

Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura. Programa de Residência

Docente.

Orientador: Silzane de Almeida Carneiro.

1. Sociologia – Estudo e ensino. 2. Sociologia – Ensino médio. 3.

Ditadura militar - Brasil. 4. Narrativa histórica. 5. Memória coletiva –

Política – História. I. Carneiro, Silzane de Almeida. II. Colégio Pedro II.

III. Título.

CDD: 306.09

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Simone Alves da Silva – CRB7 5692

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RICARDO DE ABREU BASTO LIMA RODRIGUES

A CAIXA DA MEMÓRIA: A DITADURA MILITAR NO BRASIL A PARTIR DO

RESGATE DOS ALUNOS E AS NARRATIVAS DE SUA GENTE

Produto final apresentado ao Programa de

Residência Docente, vinculado à Pró-Reitoria de

Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura do

Colégio Pedro II, como requisito parcial para

obtenção do título de Especialista em Docência

da Educação Básica na Disciplina Sociologia.

Aprovado em: _____/_____/_____.

Msc. Silzane de Almeida Carneiro; Colégio Pedro II

Msc. Marcelo Costa Da Silva; Colégio Pedro II

Dra. Ana Beatriz Frazão; Colégio Pedro II

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RESUMO

Rodrigues, Ricardo de Abreu Basto Lima. A caixa da memória: a ditadura militar no Brasil a

partir do resgate dos alunos e das narrativas de sua gente. 2014. 27 f. Produto Final

(Especialização em Docência da Educação Básica na Disciplina Sociologia) – Colégio Pedro

II, Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura, Rio de Janeiro, 2015.

Como resultado da experiência na residência docente escolheu-se trabalhar com a temática

dos tipos de violência, tema previsto para as turmas da 3ª série do Ensino Médio da Rede

Estadual de Ensino, além do resgate à memória enquanto recurso didático. O presente

trabalho possibilitou uma apreciação da temática de maneira dedutiva a partir do trabalho de

pesquisa engendrado pelos alunos. Objetivou-se, dessa maneira, dar-lhes as ferramentas para

que fossem eles próprios os protagonistas no desenvolvimento nas etapas do trabalho. Os

mesmos deveriam buscar nas narrativas que colhessem dados e registros orais daqueles que

vivenciaram o período ditatorial no país. O resultado do trabalho foi extremamente positivo e

a qualidade nas discussões por ele produzidas foram bastante significativas. Concluiu-se,

então, que conquanto se possibilite uma atmosfera em que o aluno sinta-se protagonista de sua

própria investigação/pesquisa, a chance do resultado final da atividade ser bem sucedido

aumenta consideravelmente.

Palavras-chave: Ditadura Militar no Brasil; Tipos de Violência; Memória.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 6

2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 7

3. JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 8

4. DESCREVENDO A EXPERIÊNCIA ........................................................................... 10

5. METODOLOGIA ........................................................................................................... 11

6. EMBASAMENTO TEÓRICO ....................................................................................... 13

7. RESULTADOS ................................................................................................................ 18

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 21

APÊNDICE A – Apresentação dos trabalhos ............................................................... 22

APÊNDICE B – Atividade “A caixa da memória”....................................................... 27

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1. INTRODUÇÃO

No ano de 2014 se chamou atenção para um acontecimento marcante de nossa história

recente, que completaria 50 anos desde sua eclosão: a Ditadura Militar. Passado cinco décadas

desde então, ainda hoje existe um sentimento na população brasileira que clama em revisitar

esse momento e não deixá-lo transformar-se em um passado desconhecido e esquecido. Um

sinal disso é a atuação do movimento politico denominado Comissão da Verdade. A partir de

seu trabalho de resgate e memória é que essa atividade foi pensada.

A história de um povo deve sempre ser revisitada para que não se perca de vista o que

contribuiu de maneira decisiva para delimitar novos contornos na realidade. A Ditadura

Militar que perdurou por mais de duas décadas, é o tipo de acontecimento que merece

especial atenção para aquele que a partir de uma leitura crítica da realidade não incorra no

erro de considerá-la um acontecimento isolado e não consiga dar a devida importância

histórica que lhe cabe.

Pensar e refletir sobre sua importância para a compreensão de uma série de fatores

observáveis até hoje, bem como da necessidade de se revisitar parte nebulosa de nossa história

recente, a fim de que isso não se esvaia diante de gerações que por vezes “apenas ouviu-se

falar”, é que a presente atividade foi pensada e desenvolvida. Revisitar o passado se faz

necessário para que se atinja a devida compreensão do presente que experimentamos. O

importante papel desempenhado nos últimos anos pela Comissão Nacional da Verdade1, por

exemplo, também serviu de inspiração para esta atividade. A arena que se constituiu a partir

de seu aprofundado trabalho de pesquisa e investigação é resultado de um árduo trabalho que

vem mobilizando boa parte da população brasileira em geral, seja apenas por conhecer o

trabalho desse grupo ou se envolver de forma mais engajada. O que se pretendeu com o

trabalho aplicado aos alunos do 3º ano nos quais foi aplicada a atividade foi fazê-los

compreender a importância do resgate à memória a partir de algumas narrativas de quem

1 “A Comissão Nacional da Verdade foi criada pela Lei 12528/2011 e instituída em 16 de maio de 2012. A CNV

tem por finalidade apurar graves violações de Direitos Humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de

outubro de 1988.” – texto retirado do site: http://www.cnv.gov.br/index.php/institucional-acesso-informacao/a-

cnv. Além disso, o grupo empreende esforço em condenar aqueles que permanecem vivos e que

comprovadamente participaram das iniciativas de violação de direitos humanos praticadas no período em

questão levantadas a partir das investigações realizadas.

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vivenciou o período de tal maneira que os conectasse, enquanto sujeitos historicamente

localizados, a um momento que para muitos não passavam de histórias de se “ouvir falar”.

A atividade foi aplicada para os alunos das turmas 3001 e 3002 do Colégio Estadual

Campos Salles, Teresópolis, região serrana do Estado. As turmas têm perfis bastante

heterogêneo, além de possuírem características bastante particulares uma em relação a outra.

A escola, apesar de localizada próxima ao centro da cidade, possuí em seu alunado muitos

alunos advindos do interior. Apesar de serem bastante agitados no geral, o respeito é

experimentado no trato cotidiano com os alunos de forma apreciável. As relações no interior

da turma são agradáveis, exceto alguns episódios de conversa mais acentuada que levam a

momentos de desgaste, que ocorrem com frequência dentro de uma margem aceitável.

Como parte da avaliação deles do 4º bimestre, incluí uma auto avaliação em que

pudessem se colocar de forma livre em relação aquilo que aproveitaram do “olhar

sociológico” que tentamos construir ao longo do ano. Muitos deles destacaram a atividade

sobre a Ditadura enquanto um momento importante desse período. Claro, devemos levar em

consideração a proximidade temporal das atividades. No entanto, creio que a mesma obteve

bom resultado para a grande maioria dos alunos envolvidos.

2. OBJETIVOS

OBJETIVOS GERAIS:

Demonstrar ao aluno que é possível, além de necessário, relacionar diferentes momentos

históricos a fim de se estabelecer a correspondência com o produto/consequências de um

passado marcado por acontecimentos desse porte;

Refletir sobre a possibilidade do “fazer com as próprias mãos”, através do interesse e da

pesquisa necessários àquele que busca manter viva uma memória adormecida e amortizada

por muitos setores da sociedade, com destaque para os meios de comunicação de massa;

Colaborar de maneira ativa para a construção de uma memória coletiva que há de ser

resgatada e jamais esquecida. Falar sobre esse período, em tudo o que o mesmo implicou para

a construção de nossa democracia, faz-se necessário para a construção de uma sociedade mais

democrática e conhecedora de sua história recente.

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Discutir questões pertinentes ao tratamento dado pela sociologia aos diferentes tipos de

violência, em especial as de tipo físico e simbólico.

Fazer com que o aluno compreenda o que estava em jogo naquele processo histórico,

mediante as narrativas daqueles que vivenciaram o período da Ditadura Militar no Brasil.

3. JUSTIFICATIVA

Esta iniciativa foi motivada pelo fato de encararmos a Sociologia enquanto disciplina

do Ensino Básico como um instrumento capaz de desnudar as relações objetivas que

constituem um dado fenômeno social e/ou processo histórico. No caso em específico, pensou-

se em trazer à luz um período obscuro de nossa história recente, por muitas vezes alvo de

esforço em manter-se desconhecido para grande parte da população brasileira, e claro, como

não poderia deixar de ser, o alunado da rede Estadual de ensino.

Passados 50 anos desde a deflagração do Golpe Militar, parte da sociedade civil

organizada busca reaver essa história ainda não totalmente revelada. O trabalho da Comissão

Nacional da Verdade é exemplo de iniciativas nesse sentido. Por compreendermos que é papel

da Sociologia enquanto disciplina escolar atribuir maior amplitude às análises dos fenômenos

sociais e a própria história, outorgamo-nos uma prática que parta dessa prerrogativa. Esse tipo

de visão está de acordo com aquilo que se encontra nas Orientações Curriculares Nacionais.

No que diz respeito ao ensino de Sociologia, o documento é bastante claro ao afirmar que

“Um papel central que o pensamento sociológico realiza é a

desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos

sociais. Há uma tendência sempre recorrente a se explicarem as

relações sociais, as instituições, os modos de vida, as ações

humanas, coletivas ou individuais, a estrutura social, a organização

política, etc. com argumentos naturalizadores. Primeiro, perde-se de

vista a historicidade desses fenômenos, isto é, que nem sempre

foram assim; segundo, que certas mudanças ou continuidades

históricas decorrem de decisões, e essas, de interesses, ou seja, de

razões objetivas e humanas, não sendo fruto de tendências naturais.

É possível, observando as teorias sociológicas, compreender os

elementos da argumentação – lógicos e empíricos – que justificam

um modo de ser de uma sociedade, classe, grupo social.” (p.105-

106, 2006).

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Para tanto, faz-se necessário o estabelecimento de uma visão crítica na avaliação dos

processos históricos em geral. A Ditadura Militar no Brasil só pode ser analisada a partir

dessa perspectiva. Caso contrário, estaremos contribuindo para reificar a versão oficial

predominante apregoada por boa parte de nossa população que se refere a esse episódio

enquanto “Revolução democrática”, “contragolpe” ou coisa que o valha. Levar essa

perspectiva aos alunos da rede estadual contribui para o incremento da perspectiva

sociológica para o entendimento das relações sócias objetivas que correspondem aos

fenômenos histórico-sociais que resultam da prática humana. Fazê-los entender que só é

possível compreender o presente enquanto torna-se claro o passado e seus acontecimentos

relevantes.

Dimensionar a vida individual, o sujeito e sua biografia, à sua amplitude histórica

correspondente, também se coloca enquanto papel da Sociologia. Saber estabelecer a relação

que existe entre a História e nossas vidas pessoais faz-se necessário para a construção da

perspectiva sociológica, aquilo que C. Wright Mills chamou de “Imaginação sociológica”

(1975). Segundo o autor, “[os homens] raramente têm a consciência da complexa ligação

entre suas vidas e o curso da história mundial.” (p.10, 1975). Essa imaginação, visão de

mundo, só é possível na medida em que desenvolvemos a capacidade de nos sentirmos

enquanto parte de um todo mais amplo. Para isso, W. Mills é taxativo e diz que

“o que precisam, e o que sentem precisar, é de uma qualidade de

espírito que lhes ajude a usar a informação e a desenvolver a razão, a

fim de perceber, com lucidez, o que está ocorrendo no mundo e o

que pode estar acontecendo dentro deles mesmos. É essa qualidade,

afirmo, que jornalistas e professores, artistas e públicos, cientistas e

editores estão começando a esperar daquilo que poderemos chamar

de imaginação sociológica.” (p.11, 1975).

Apreender, portanto, o que significou em termos objetivos o período ditatorial no Brasil, é

compreender que muito daquilo produzido durante esse processo perdura ainda em nossas

vidas. Os excessos cometidos ainda hoje por parte da Polícia Militar, que extrapola inúmeras

vezes as convenções legais e o próprio direito constitucional, além dos direitos humanos,

servem de exemplo para estabelecer essa conexão entre presente e passado. Esse tipo de

prática remonta a um Estado de exceção, mesmo que não declarado, tal qual o fora durante o

período ditatorial. A questão da corrupção de Estado, hoje muito em voga, é outro ponto que

pode ser trazido em termos comparativos ao que ocorreu naquele momento, caracterizado pela

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abertura ao capital estrangeiro, facilitação na evasão de divisas em remessas de lucros das

multinacionais que aqui se implantaram, e o monopólio da informação sob controle dos

militares e seus aliados.

O período da ditadura militar no Brasil, que perdurou da deflagração do Golpe de 1964 às

eleições diretas de 1989, representa uma parte importante de nossa história recente e tem sua

importância para a compreensão de nosso processo de formação de sociedade. Trazer essas

questões à tona se coloca enquanto etapa necessária para uma devida compreensão da história

do país. Fazer com que os alunos sejam colocados em choque com essas informações,

enquanto mergulham em suas relações subjacentes se coloca, portanto, como iniciativa

urgente e fundamental.

4. DESCREVENDO A EXPERIÊNCIA

A Caixa da Verdade é uma atividade que foi aplicada nas turmas de 3º ano, no 4º

bimestre, quando se discute a questão da violência e sua particular abordagem na área de

sociologia. Discutiu-se, em particular, os tipos de violência física e simbólica, referendados ao

Currículo Mínimo de Sociologia, do Estado do Rio de Janeiro, que prevê a apreciação desse

conteúdo para o 4º bimestre nas turmas de 3º ano do ensino médio.

A mesma constituiu-se em três etapas, que foram aplicadas ao longo de duas semanas,

duas aulas que somam quatro tempos e atividade de pesquisa para casa entre ambas. A

primeira parte foi destinada a resgatar, através de exposição oral feita pelo professor com o

auxílio de material audiovisual – o documentário jornalístico “Caminhos da reportagem,

memórias da Ditadura”, uma realização da TV Brasil - uma breve descrição do período em

que se acentue o protagonismo de grupos de resistência organizados pela sociedade civil e a

recrudescimento dos militares em sua posterior perseguição política. A ideia foi criar um

ambiente em que se destacasse os agentes de maior notoriedade na oposição intrínseca

daquele período entre opressores e oprimidos, no que diz respeito à luta pela manutenção de

direitos sociais.

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5. METODOLOGIA

O presente trabalho é fruto de uma iniciativa em que se priorizou o protagonismo dos

alunos em seu desenvolvimento. As duas etapas posteriores à apresentação da temática feita

pelo professor, que gerou a discussão em cima do material audiovisual, foram realizadas pelos

alunos de 3º ano organizados em grupos de até cinco pessoas.

1ª etapa:

O primeiro momento da atividade constituiu-se na exibição do documentário

jornalístico “Caminhos da reportagem, memórias da ditadura”. A exibição do mesmo ocupou

a maior parte do tempo de duas aulas de 50 minutos. Após sua exibição organizamo-nos em

uma grande roda. Nesse momento, o professor acentuou algumas passagens do filme que

mereciam destaque para uma ampla compreensão do que significou aquele momento histórico

que teve seu início no golpe militar de 1964.

Objetivou-se nesse momento acentuar o protagonismo de alguns grupos de resistência,

bem como a atuação de setores em prol da iniciativa que instaurou a ditadura em nosso país.

A exposição deu-se no sentido de estabelecer as relações entre diferentes setores da

sociedade, tais como os veículos de comunicação de massa e parte da sociedade civil que

entendeu aquela iniciativa como um “contragolpe”, por exemplo, com êxito da iniciativa

golpista.

A partir desse momento foi-se possível criar uma “atmosfera” em que se tentava

recriar aquele ambiente, fazer com que os alunos começassem a sentir o que estava em jogo e

o que representou objetivamente aquela experiência histórica. Ao fim da exposição seguiu-se

a proposta de atividade/pesquisa a ser realizada em casa pelos alunos – em anexo ao trabalho.

2ª etapa:

O trabalho de pesquisa dos alunos foi feito no intervalo entre a 1ª etapa, expositiva, e a

3ª etapa, de culminância da atividade. Os mesmos deveriam buscar informações sobre esse

período histórico a partir de narrativas oriundas de um roteiro de entrevista aberto elaborado

por eles próprios.

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O mesmo deveria ser constituído de perguntas e observações pautadas no

conhecimento adquirido a partir do documentário assistido e sua posterior apreciação contida

na exposição do professor na aula anterior. Essa pesquisa deveria ser orientada no sentido de

obter informações acerca daquela experiência a partir de depoimentos/narrativas de

interlocutores que, necessariamente, teriam vivenciado aquele período histórico. Essa

característica foi acentuada de maneira exaustiva pelo professor, em se tratando da

necessidade das informações coletadas serem produto do contato direto por meio de

entrevistas direcionadas dos alunos para com seus interlocutores, vizinhos, amigos da família,

parentes, enfim, qualquer indivíduo que tenha experimentado objetivamente aquele processo.

Os alunos poderiam realizar os registros de diferentes maneiras, tais como: entrevista

escrita digitada, vídeos e áudios das entrevistas, além da confecção de cartazes e pôsteres a

fim de destacar alguns dados históricos e realizar contextualizações sobre o período ditatorial.

Todo o material encaminhado ao professor para fins de avaliação deveria estar contido em

registro escrito acompanhado do relato pessoal sobre a atividade, bem como um roteiro que

apresentasse as etapas cumpridas por cada grupo.

3ª etapa:

Esse momento, de culminância da atividade, constitui a última fase do trabalho. Foi

realizada na segunda aula de dois tempos, da segunda semana, quando encerramos a

atividade.

Trata-se do momento em que os alunos organizados em grupo expuseram à turma o

produto final de seus trabalhos. Nesse momento, o professor manteve-se ao lado dos alunos

distribuídos pela sala, e juntos, acompanharam como uma plateia as apresentações. Nesse

momento foi livre a escolha de recursos para organizar as exposições. Os alunos poderiam

expor oralmente seus trabalhos com ajuda de recursos, tais como, anotações, o próprio

trabalho que seria entregue posteriormente, além do Datashow em que pudesse passar suas

produções audiovisuais.

Nesse momento foi evidente o interesse que emanava dos alunos em relação ao tema,

para a grande maioria, historicamente distante e também desconhecido. A maior parte dos

alunos atentou-se às narrativas e depoimentos presentes no documentário. Enquanto isso, cada

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um à sua maneira, organizava para si mesmo as relações que se apresentavam em situação de

conflito naquele processo. Foi flagrante o desconhecimento de uma parte dos alunos sobre

esse importante momento da história de nosso país. Muitos deles sensibilizaram-se com os

relatos contidos no documentário.

Ao fim da exibição do documentário os estimulei a trazerem suas indagações e

impressões sobre o que acabavam de assistir. Uma fala que se fez presente entre muitos foi a

de que muito pouco sabiam sobre aquele período, do qual muitos deles, até então, haviam

apenas “ouvido falar”. Foi quando surgiu algumas indagações que buscavam situar de

maneira mais clara aquele momento histórico. Após o término do filme e depois de trazerem

algumas questões, fizemos um debate aberto e em conjunto demos contornos mais objetivos

àquelas informações. Alguns alunos localizaram grupos de resistência, tais como, Var

palmares e Mr8, que foram citados em meio aos relatos.

6. EMBASAMENTO TEÓRICO

O golpe militar de 1º de Abril de 1964 dá início a um período conhecido como a

Ditadura Militar no Brasil. Para muitos, seria possível dizer que o mesmo se encerra quando

da eleição de Tancredo Neves em 1985. Ao longo dessas duas décadas, parte da população

brasileira sentiu na pele o que na prática um Estado de exceção e Militar representava.

Supressão de direitos civis, humanos, políticos e sociais, deram o tom de um plano de ação

perpetrado pelos segmentos dominantes do país, que tinham como ponta de lança os setores

Militares.

A destituição do poder do presidente democraticamente eleito João Goulart foi o

primeiro ato anticonstitucional relevante para a chegada dos militares ao poder. O presidente

deposto se mostrava sensível a tocar reformas de base dentro de um projeto nacionalista de

desenvolvimento que buscava dirimir as desigualdades, naquele momento bastante profundas

entre as classes mais abastadas e os mais pobres. No entanto, o período que antecede sua

deposição experimentava grande ebulição, resultado do crescimento de movimentos sociais

que reivindicavam melhorias setoriais e lutavam por melhores condições de vida. Tal como

descrito na obra “Brasil: nunca mais”,

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“é um período de forte inflação, mas os trabalhadores conseguem,

regra geral, reajustes salariais equivalentes ao aumento do custo de

vida. No campo, são criadas as Ligas Camponesas, que atingem, em

1964, um total de 2181, espalhadas por 20 Estados. Proliferam as

lutas rurais que, de modo semelhante ao ocorrido nas cidades,

causam pânico entre os fazendeiros conservadores, dispostos a tudo

para impedir a Reforma Agrária.” (p.58, 1985).

Outras categorias do espaço urbano também se encontravam em vias de organização e

dispostas a lutar pela manutenção do direito de João Goulart permanecer no comando do país.

Amparados sobre um projeto desenvolvimentista para a nação

“estudantes, artistas e numerosos setores das classes medias urbanas

vão engrossando as lutas por modificações nacionalistas, por uma

nova estrutura educacional, pela Reforma Agrária e pela retenção da

remessa de lucros. Também no âmbito parlamentar, estrutura-se uma

frente nacionalista que faz crescer a pressão no sentido das

reformas.” (p.58, 1985).

Esse momento, não obstante, se enquadrava em um contexto internacional, também,

de conflito permanente entre suas duas grandes potencias: os Estados Unidos da América e a

União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. O mundo experimentava um período

extremamente tenso, resultado da polarização entre dois modelos de desenvolvimento

antagônicos e expansionistas que buscavam arregimentar outros países pelo globo para

compor um de seus blocos correspondentes: capitalista ou socialista respectivamente. A

Guerra Fria também foi conhecida como uma disputa ideológica subjacente ao modelo de

organização da vida social ora propagandeada por uma das potencias, ora por outra.

O Brasil se encontrava alinhado à orientação norte-americana, haja vista o modelo

desenvolvimentista aqui implantado desde a abertura ao capital estrangeiro, principalmente,

durante o período do governo de Juscelino Kubistchek nos anos da década de 50. Tal modelo

promoveu a entrada de capital estrangeiro para incremento da indústria, que tinha como carro

chefe a indústria automobilística. Através de seu poderio econômico e político, os EUA

confiavam em um alinhamento politico/ideológico do Brasil, país com o qual constituía

importantes laços diplomáticos e comerciais. O contexto experimentado aqui, com parte da

sociedade civil organizada que clamava por reformas de base, um presidente que gozava de

apoio de parte da base parlamentar, era um prato cheio para a situação política/institucional do

país surgir como ameaça às pretensões imperialistas da grande potencia que era os EUA.

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Resolver essa situação, portanto, era objetivo não apenas dos setores conservadores da

sociedade brasileira. Eles poderiam contar, também, com a ajuda da maior potencia mundial

do bloco capitalista: os Estados Unidos da América.

O momento que antecedeu o golpe era caracterizado por uma atmosfera de

instabilidade política suficientemente grande para atemorizar grande parte da população

brasileira que convivia com suas consequências, além da ameaça de ser alvo de uma

revolução comunista a ser realizada pelo presidente João Goulart e suas reformas de base.

Dessa maneira, podemos notar que,

“a elevada inflação da época e a instabilidade do quadro político

favorecia a pregação da direita, junto com às classes médias, em

favor de mudanças profundas que trouxessem um governo forte. A

inflação pulava de 30%, em 1960, para 74% em 1963. No

Congresso, João Goulart sofria forte oposição que o impedia de

executar o Plano Trienal do ministro do Planejamento, Celso

Furtado, propondo crescimento de 7% ao ano e a redução da taxa de

inflação para 10%.” (p.58, 1985).

Dessa maneira, o país respirava ares de incerteza, e o golpe foi se desenhando rapidamente. A

atmosfera experimentada naquele momento favorecia a influência do poder da propaganda

‘anticomunista’, que aos poucos arregimentava um numero cada vez maior da população em

geral.

No dia 13 de março de 1964 o país acompanhou uma manifestação vultosa em prol do

presidente João Goulart, que em comício para cerca de 200 mil pessoas assumia o

compromisso com as reformas de base. Como retratado no livro de 1985,

“tal comício era uma demonstração de força realizada na tentativa de

paralisar a sedição, já em público andamento. É um momento muito

forte, mas que não deixa saldo organizativo para um enfrentamento

concreto. E leva aos generais a marcarem data para a ação.” (p.59,

1985).

Semanas depois acontece o golpe militar, no dia 1º de Abril. Momento esse que inaugura um

período nefasto de nossa histórica recente, e que deixaria suas marcas nas trajetórias de

muitos que resistiram bravamente ante os excessos perpetrados por aqueles que subjugaram

seus semelhantes através das torturas e supressão de direitos políticos e sociais historicamente

adquiridos. Além da restrição à liberdade, do direito de manifestar-se livremente e associar-se,

também. Um período de extrema violência, que há de ser para sempre lembrado, pois o

esquecimento leva-nos a perder as referências daquilo que alguns foram capazes de fazer um

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dia. Assim como a história é resultado da prática do homem, o resgate dessa mesma história é

decisivo para a devida compreensão do tempo presente.

A questão da violência é, então, premissa fundamental para se compreender o que

estava em jogo naquele momento. Elemento estruturante das práticas observadas durante o

período ditatorial tem sua face mais brutal e desumana na tortura. Mais do que um

instrumento que buscava inquirir suspeitos a fim de desarticular organizações tidas como

‘subversivas’, essa prática que se banalizou nos porões das forças armadas deixou suas

marcas presentes ainda hoje nas histórias de vida de muitos brasileiros.

A violência que emana desse tipo de atrocidade traz consequências objetivas para as

relações sociais que se estabelecem em meio a essa condição. A perseguição política

empreendida pelos militares, que viriam a praticar esse tipo de violação dos direitos humanos,

contribuía para a formação de um ambiente de insegurança e incertezas àqueles que resistiam

bravamente aos desmandos ditatoriais. Práticas como o desaparecimento de presos políticos,

ocultação de cadáveres e a falta de informação prestada pelos órgãos opressores serviam de

esteio para a consolidação da violência, tanto institucional, haja vista que era determinado

setor do poder instituído seu principal agente, como também, simbólica, que atingia

principalmente aqueles que se encontravam envolvidos de maneira mais conflituosa na tensão

intrínseca daquele processo. De acordo com Wieviorka, podemos afirmar que

“De um lado, a violência significa então a perda, o déficit, a

ausência de conflito, a impossibilidade para o ator de estruturar sua

prática em uma relação de troca mais ou menos conflitiva, ela

expressa a defasagem ou o fosso entre as demandas subjetivas de

pessoas ou grupos, e a oferta política, econômica, institucional ou

simbólica.” (p.37, 1997)

Em se pensar no contexto determinado pelas características subjacentes a uma

realidade de ditadura militar, como foi no caso brasileiro, a questão da violência era sua

própria imagem e semelhança. No entanto, isso não surgia como tal para grande maioria da

população, por sua vez, alvo da massificada propaganda pró-regime. Para muitos, o período

das décadas de 60 até a abertura democrática de 1985, não representa um espaço de tempo em

que tais abusos foram cometidos. Muitos guardam em sua memória o “milagre econômico” e

a “revolução democrática” enquanto símbolos de um período próspero politica e

economicamente da nação brasileira. Certamente, não foram eles os que tiveram seus parentes

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e amigos perseguidos pelos militares. Naturalizou-se a intervenção militar enquanto saída

possível para a potencial ameaça comunista representada nas atitudes de João Goulart.

Apoiou-se a manutenção daquele estado de coisas por não terem o distanciamento e

informação necessários a uma devida avaliação do que se colocava naquele contexto

específico. De acordo com Thomazi, tendo como escopo a teoria de Bourdieu,

“O sociólogo francês Pierre Bourdieu desenvolveu o conceito de

violência simbólica para identificar formas culturais que impõem e

fazem que aceitemos como normal, como verdade que sempre

existiu e não pode ser questionada, um conjunto de regras não

escritas nem ditas. Ele usa a palavra grega doxa (que significa

“opinião”) para designar esse tipo de pensamento e prática social

estável, tradicional, em que o poder aparece como natural.” (p.183,

2010).

Na medida em que naturalizamos determinadas práticas e fenômenos sociais, não

conseguimos estabelecer as referências histórico-processuais que levaram a uma dada

realidade. Dessa maneira, quase que sem querer, somos levados a uma situação de submissão

não consentida. Encaramos com naturalidade determinadas situações que experimentamos

cotidianamente sem saber como resolvê-las, ou ainda, se devemos de fato resolvê-las.

Novamente, Thomazi (2010) nos diz que “dessa ideia nasce o que Bourdieu define como a

naturalização da história, condição em que os fatos sociais, independentemente de ser bons ou

ruins, passam por naturais e tornam-se uma “verdade” para todos” (p.183). Felizmente, graças

à ação de setores organizados da sociedade civil, acompanhamos a resolução de parte desse

conflito deflagrado com a ditadura militar.

No entanto, a história ainda não cessou seu caminhar. Junto com isso, o trabalho

daqueles que ainda hoje buscam trazer à tona tudo que permanece obscurecido, intocado e que

possa levar a novas informações sobre esse triste período de nossa historia recente, permanece

em marcha. São esses os grandes responsáveis pela continuidade da história. Não a História

dos vencedores, aquela que sugere seu próprio fim. Mas sim, a história dos vencidos, das

minorias, dos subjugados e oprimidos, que enquanto respiram lutam por dias melhores para

seus semelhantes e não apenas correligionários.

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7. RESULTADOS

Logo após a exibição do filme, deu-se início ao momento da atividade em que os

alunos começariam a assumir a posição de protagonistas no desenvolvimento da mesma até

sua culminância. Começaram logo a trazer questões que chamaram atenção e instigaram a

curiosidade em relação àquele período até ali pouco significativo para a grande maioria.

Uma das impressões que tive quando abrimos a discussão e as questões começaram a

ser colocadas, foi a de que os alunos de maneira quase hegemônica sensibilizaram-se

profundamente com o drama presente naqueles depoimentos. Colocações como “como é que

podem ter feito isso, gente?”, “aqui em Petrópolis tinha um lugar que eu já ouvi dizer que

levavam pra torturar” e “não sabia que tinha sido tão violento assim”, pipocaram logo após a

exibição do filme.

A segunda etapa foi realizada pelos alunos, que tiveram como tarefa realizar uma

pesquisa em casa sobre os movimentos/agentes importantes dentro desse conflito – tanto da

sociedade civil (profissionais liberais, professores, artistas, etc) quanto de agrupamentos

militares – que necessariamente tenham experimentado esse período de maneira direta. Os

grupos tiveram que levantar dados históricos – registros de sua atuação, material jornalístico,

fotos, material audiovisual, etc. - dessas narrativas a partir de um roteiro determinado, e,

enfim, apresentá-los aos colegas na aula seguinte, de fechamento da atividade. Essa parte do

trabalho foi bastante interessante, e os alunos produziram variadas formas de contar essa

história a partir de suas impressões e trabalho de pesquisa.

Em se dispondo de uma ampla escolha quanto à forma de registro e apresentação do

material coletado, os trabalhos adquiriram formatos bastante diferentes entre si, o que tornou

o momento da apresentação, também, bastante variado em cada grupo. Um ou outro grupo,

aqueles que se fazem de desentendidos ou coisa parecida, buscou na internet algumas

narrativas e depoimentos de figuras públicas que registraram suas experiências pessoais em

entrevistas concedidas para diferentes mídias. A maioria, no entanto, fez jus à proposta de

trabalho e produziu trabalhos muito interessantes. Muitos optaram pelos cartazes como

auxílio à apresentação, em que continham imagens, caricaturas, fotos e dados de agentes de

maior notoriedade para encorpar a exposição. Alguns produziram impressionantes materiais

audiovisuais. Um grupo trouxe o relato gravado em vídeo do porteiro da escola, o Paulo, um

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senhor que regula seus sessenta anos e que tem sua trajetória ligada ao movimento sindical.

Outro grupo realizou a entrevista com o avô de um dos elementos do grupo, um ex-oficial

reformado do exército, que era comandante de batalhão nos anos 70. A riqueza contida em

tais depoimentos e a forma como os grupos o apresentaram em conjunto com sua devida

problematização, mereceram destaque e contribuíram demasiadamente para o sucesso da

aplicação do trabalho.

Ao final, fizemos em conjunto um breve balanço da atividade e todos foram, então,

apresentados à “caixa da memória” – foto em anexo. Uma caixa de papelão com tampa em

que foi depositada grande parte dos trabalhos e que deverá ser reaberta quando a atividade for

aplicada novamente às próximas turmas de 3º ano. A caixa só lhes foi apresentada no final da

aula, depois das apresentações de todos os grupos. Intencionalmente “encoberta” essa

informação até o momento derradeiro, os alunos ficaram positivamente surpresos com a

iniciativa e exaltaram o fato de deixar “seu legado” às próximas turmas de alunos. Foi mais

um momento em que se fez clara a satisfação da maioria dos alunos em fazer parte deste

trabalho. Alguns, assim que souberam da intenção da caixa e seu objetivo de levar a

informação que produziram aos seus colegas no próximo ano, evidenciaram mais uma vez a

alegria de fazer parte daquilo.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo de fazê-los protagonistas na execução e apresentação de seus próprios

produtos enquanto intencionalidade didática produziu o efeito desejado. Os alunos das duas

turmas de 3º ano em que a atividade foi executada, 3001 e 3002, deixaram claro, em sua

grande maioria, a satisfação de ter participado da mesma e a culminância da atividade, pode-

se dizer depois da avaliação de seus resultados produzidos, foi muito interessante.

O trabalho serviu como ferramenta capaz de trazer aos alunos determinadas

impressões sobre um período desconhecido para sua grande maioria. Esse fato, talvez mais

importante até que a verificação de conteúdo, vai de encontro à intenção deliberada do

educador que vê na formação do pensamento crítico prerrogativa fundamental da prática

docente. Estabelecer o ponto de contato entre a história e os fatos históricos em sua amplitude

e as biografias particulares de cada um é momento necessário para a construção da

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perspectiva sociológica de leitura de mundo, aquilo que W. Mills chamou de “Imaginação

sociológica”.

Acredito que a atividade tenha, em alguma medida, contribuído para esse processo. É

claro, sem a pretensão de encerrar esse desenvolvimento, nem tampouco esperar que seja o

suficiente para tanto. Não obstante, se acreditamos na capacidade da Sociologia enquanto

disciplina escolar capaz de contribuir nesse sentido, conclui-se que esse tipo de iniciativa se

apresenta enquanto mais um elemento capaz de somar a esse objetivo: desenvolver o

pensamento crítico e instigar a “Imaginação Sociológica”.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO, Brasil: nunca mais 3ª ed. Petrópolis. Vozes: 1985

MILLS, Wright. A Imaginação Sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, Secretaria de Educação Básica Ciências humanas e suas

tecnologias / Secretaria de Educação Básica. – Orientações curriculares para o ensino

médio, volume 3 Brasília, 2006.

THOMAZI, Nelson Dacio Sociologia para o ensino médio 2. ed. — São Paulo : Saraiva,

2010.

WIEVIORKA, Michel O novo paradigma da violência in. Tempo Social; Rev. Social, USP;

São Paulo 9(1): 5 – 41, maio de 1997.

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APÊNDICE A – Apresentação dos trabalhos

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APÊNDICE B – Atividade “A caixa da memória”

Atividade “A caixa da memória”

Cada grupo, de até cinco pessoas, deverá fazer uma pesquisa sobre o período da Ditadura Militar no

Brasil, que completou 50 anos em 2014. Essa pesquisa consistirá no levantamento de informações a

partir de depoimentos extraídos de alguém que tenha experimentando, vivenciado esse período. A

pesquisa pode ser desenvolvida das seguintes maneiras:

- Registro audiovisual: entrevistas, depoimento livre, narrativa oral, etc.;

- Roteiro de entrevista elaborado e registrado;

- Cartazes com frases, fotos, imagens e indicações ao trabalho de pesquisa.

Todo material apresentado deve ter indicado sua fonte respectiva. Não é necessário indicar nomes

pessoais. Sendo o caso, apontar o grau de parentesco e/ou relação do entrevistado.

O trabalho será apresentado na aula seguinte, quando cada um deverá trazer aquilo que levantou à

turma de maneira expositiva.

Pergunta norteadora: de que maneira observamos a questão da violência, a partir do tratamento

dado ao tema nas aulas de sociologia, contida nas narrativas presentes no material coletado na

pesquisa?

Avaliação: A avaliação do trabalho será dividida em duas partes. A primeira, em 4,0 pontos para o

trabalho escrito e registrado que será entregue ao professor. A apresentação dos grupos valerá até

2,0 pontos, somando-se um total de 6,0 pontos.

Boa pesquisa e bom trabalho!

Colégio Estadual Campos Salles

Professor(a): Ricardo de Abreu

Disciplina: Sociologia

Aluno(a): ___________________________________________ Turma: _______

Data: _____ / ____ / 2014