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PRESIDNCIA DA REPBLICA SECRETARIA DE ASSUNTOS ESTRATGICOS
PROGRAMA DAS NAES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO
PROJETO BRA/06/032
ENQUADRAMENTO PNUD: R.1 P1.17
Carta de Acordo n 25759/2014 (RC) SAE FCMF
Adaptao s Mudanas do Clima: Cenrios e Alternativas
Infraestrutura Urbana
Produto 3 - IU
Responsvel: Wilson Cabral de Sousa Junior
Braslia, 19 de abril de 2015
-
Sumrio
1. Introduo .................................................................................................................................... 2
2. Resultados ..................................................................................................................................... 2
2.1. Recife ............................................................................................................................................ 4
2.1.1. Anlise comparativa da razo de chuva (3h/24h) para os cenrios passado e futuro
simulados no modelo atmosfrico - dados sem correo ................................................................... 4
2.1.2. Correo do vis das simulaes de precipitao ................................................................. 8
2.1.3. Avaliao das precipitaes mximas e total acumulado anual para sries de dados
observados, brutos e corrigidos perodo passado simulado pelo modelo atmosfrico ................ 18
2.1.4. Processo de determinao das equaes IDF ..................................................................... 26
2.1.5. Estudo comparativo a partir de IDF existente e estimadas para cenrios futuros ............. 28
2.2 Salvador ...................................................................................................................................... 35
2.2.1. Anlise comparativa da razo de chuva (3h/24h) para os cenrios passado e futuro
simulados no modelo atmosfrico - dados sem correo ................................................................. 35
2.2.2. Correo do vis das simulaes de precipitao ............................................................... 36
2.2.3. Avaliao das precipitaes mximas e total acumulado anual para sries de dados
observados, brutos e corrigidos perodo passado simulado pelo modelo atmosfrico ................ 45
2.2.4. Processo de determinao das equaes IDF ..................................................................... 51
2.2.5. Estudo comparativo a partir de IDF existente e estimadas para cenrios futuros ............. 51
2.3. Fortaleza ..................................................................................................................................... 57
2.3.1. Anlise comparativa da razo de chuva (3h/24h) para os cenrios passado e futuro
simulados no modelo atmosfrico - dados sem correo ................................................................. 57
2.3.2. Correo do vis das simulaes de precipitao ............................................................... 59
2.3.3. Avaliao das precipitaes mximas e total acumulado anual para sries de dados
observados, brutos e corrigidos perodo passado simulado pelo modelo atmosfrico ................ 67
2.3.4. Processo de determinao das equaes IDF ..................................................................... 73
2.3.5. Estudo comparativo a partir de IDF existente e estimadas para cenrios futuros ............. 73
2.4. Rio de Janeiro ............................................................................................................................. 80
2.4.1. Anlise comparativa da razo de chuva (3h/24h) para os cenrios passado e futuro
simulados no modelo atmosfrico - dados sem correo ................................................................. 80
2.4.2. Correo do vis das simulaes de precipitao ............................................................... 82
2.4.3. Avaliao das precipitaes mximas e total acumulado anual para sries de dados
observados, brutos e corrigidos perodo passado simulado pelo modelo atmosfrico ................ 90
2.4.4. Processo de determinao das equaes IDF ..................................................................... 96
2.4.5. Estudo comparativo a partir de IDF existente e estimadas para cenrios futuros ............. 97
2.4.6. Simulao hidrolgica - Mtodo SCS ................................................................................. 103
-
1
2.5. So Paulo .................................................................................................................................. 113
2.5.1. Anlise comparativa da razo de chuva (3h/24h) para os cenrios passado e futuro
simulados no modelo atmosfrico - dados sem correo ............................................................... 113
2.5.2. Correo do vis das simulaes de precipitao ............................................................. 115
2.5.3. Avaliao das precipitaes mximas e total acumulado anual para sries de dados
observados, brutos e corrigidos perodo passado simulado pelo modelo atmosfrico .............. 124
2.5.4. Processo de determinao das equaes IDF ................................................................... 130
2.5.5. Estudo comparativo a partir de IDF existente e estimadas para cenrios futuros ........... 131
2.5.6. Simulao hidrolgica - Mtodo SCS ................................................................................. 137
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................................................ 149
APNDICE A Municpio do Rio de Janeiro. . 151
APNDICE B Mapa de pedologia do Municpio do Rio de Janeiro - rea de influncia da bacia da
baia da Guanabara. .......................................................................................................................... 152
APNDICE C Mapa de uso e ocupao do solo - do Municpio do Rio de Janeiro. ....................... 153
APNDICE D
Anhangaba. .................................................................................................................................... 153
ANEXO A y y para a determinao do fato K de Gumbel (adaptado de Gumbel,
1958) ................................................................................................................................................ 155
ANEXO B Mapa de Isozonas de igual razes de precipitao ....................................................... 157
ANEXO C Papel de probabilidade .................................................................................................. 158
ANEXO D Comparao entre os coeficientes de intensidade de 3h/24h e Isozonas. .................. 158
ANEXO E Valores de CN para bacias com ocupao urbana. ....................................................... 158
ANEXO F Classificao hidrolgica do solo para as condies brasileiras. ................................... 158
-
2
1. Introduo
Estratgicos da Presidncia da Repblica (SAE/PR), tem como objetivo desenvolver
estratgias e aes nacionais que subsidiem o governo na formulao e
implementao de polticas pblicas de longo prazo que promovam o crescimento
econmico do pas, acompanhado de incluso social. Essas aes esto sendo
realizadas por meio de estudos, produtos e eventos sobre temas de importncia para o
planejamento estratgico brasileiro, tendo por base cenrios climticos de longo
prazo. A partir destas informaes, vrios eixos de atividades humanas so estudados
e medidas de adaptao so analisadas. Dentre estes eixos est a infraestrutura
urbana, com foco nos sistemas de drenagem pluvial, objeto deste relatrio.
Este relatrio apresenta os resultados das correes dos vieses das simulaes de
precipitao dos modelos climticos e resultados e etapas dos estudos hidrolgicos
envolvendo a infraestrutura urbana das cidades estudadas diante de cenrios de
mudanas climticas obtidos a partir de dados gerados pelos modelos climticos
regionais contratados pela SAE/PR junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
INPE.
A metodologia adotada, a sistematizao do banco de dados levantados, bem como
um diagnstico das estruturas de drenagem para as cidades estudadas, esto descritos
nos relatrios anteriores deste projeto (Produto 1 e Produto 2).
2. Resultados
O conhecimento das caractersticas das precipitaes intensas de grande
importncia para o dimensionamento de obras hidrulicas em geral, tais como: redes
de guas pluviais, canalizaes de crregos, bueiros, e vertedores de barragens.
Para certa intensidade de chuva, constante e igualmente distribuda sobre uma bacia
hidrogrfica, a mxima vazo a ser verificada numa seo corresponde ao volume
relativo a
da qual a vazo constante. Assim, o dimensionamento das obras hidrulicas exige o
-
3
conhecimento da relao entre a intensidade, a durao e a frequncia das
precipitaes (MARTINEZ JUNIOR; MAGNI, 2014)
Segundo Zuffo e Genovez (2000), o processo para estimar essas precipitaes para os
locais onde no se dispe de dados de pluvigrafos ou onde as sries observadas tm
pouca representatividade, busca permitir uma associao frequncia, para
estabelecer as relaes entre as chuvas de diferentes duraes, equaes Intensidade
- Durao Frequncia (IDF). Esta tambm chamada equaes de chuvas intensas.
Como forma de avaliar o comportamento do regime de chuvas intensas a partir dos
dados brutos (sem correo de vis) fornecidos pelos modelos atmosfricos,
primeiramente foram avaliadas as relaes entre as precipitaes de 3h/24h
simuladas. Essa avaliao importante, pois se por um lado o modelo pode reproduzir
bem as precipitaes dirias (24 horas), avaliadas para o perodo passado, por outro,
pode apresentar erros nas estimativas de precipitaes de curtas durao. Vale
ressaltar que a melhor resoluo temporal de dados de precipitao fornecidos pelo
modelo em estudo de 3 horas. Essa resoluo ainda muito baixa para o estudo de
precipitaes intensas, que em geral duram poucos minutos. As precipitaes de
curtssima durao so as que apresentam as maiores intensidades e, em geral, so as
que provocam uma quantidade maior de eventos de alagamento e inundao urbana.
Ainda nessa anlise de qualidade das simulaes de precipitao, foram feitas
comparaes com as precipitaes dirias mximas anuais e total acumulado anual, a
partir das sries de dados observados em estaes meteorolgicas, e sries de dados
brutos e corrigidos - perodo passado (historical 1961 a 2005) simulado nos modelos
atmosfricos.
A anlise das correes de vis foi feita tambm com base nas curvas de densidade
acumuladas (cda) para os dados observados, brutos e corrigidos para o perodo
passado.
A partir dos dados corrigidos de precipitao, foram estabelecidas relaes IDFs para
os cenrios climticos IPCC 4.5 e 8.5, executados nos modelos HadGem2 ES e Miroc5.
Os resultados encontrados foram comparados com as IDFs existentes para os
-
4
Municpios de Recife, Salvador, Fortaleza, Rio de Janeiro e So Paulo.
Finalmente, apresenta-se a simulao hidrolgica utilizando o mtodo SCS (Soil
Conservation Service), conforme apontado no Produto 1. Entretanto, face
disponibilidade de dados, essa anlise se concentrou nas cidades do Rio de Janeiro e
So Paulo.
2.1. Recife
2.1.1. Anlise comparativa da razo de chuva (3h/24h) para os cenrios passado e
futuro simulados no modelo atmosfrico - dados sem correo
Para se determinar as precipitaes mximas provveis para as duraes de 3 e 24
horas, foram adotadas sries anuais, em que apenas os valores mximos anuais so
considerados. Assumiu-se que esses valores mximos anuais seguem uma distribuio
de frequncia de Gumbel (Tipo I), que a mais comumente adotada para a
distribuio de valores extremos. Sries anuais podem ser aplicadas para sries com
mais de 12 anos de dados. Para as simulaes dos modelos, o perodo passado (1961 a
2005) apresenta 45 anos de dados e o perodo futuro (2007 a 2040), 34 anos de dados.
A partir dos valores da mdia e desvio padro amostral desses valores mximos
anuais, a precipitao mxima provvel dada pela Equao 1.
+ K . s (1)
onde:
y = precipitao mxima provvel com perodo de retorno T;
= precipitao mdia da amostra;
K = fator de frequncia da distribuio de Gumbel;
s = desvio padro da amostra.
O fator de frequncia K varia com o perodo de retorno, com o tipo de distribuio
estatstica e o tamanho da amostra. Para a distribuio de Gumbel, os valores foram
obtidos pela Equao 2 (GUMBEL, 1958). Os coeficientes y y para determinao do
fator K so apresentados no Anexo A.
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5
(2)
As Figuras 1 e 2 mostram os resultados das razes de precipitao que relacionam a
precipitao de 3h e de 24h, para os perodos de retorno de 5, 10, 15, 20, 25, 50 e 100
anos.
Para os cenrios simulados no HadGem2-ES, analisando dados apresentados na Figura
1, observa-se que a razo de chuva obtida a partir dos dados brutos, sem a correo de
vis, diminui medida que se aumenta o perodo de retorno adotado, tanto para o
perodo passado (HIST) quanto para o perodo futuro. Interessante notar que o modelo
apresenta um aumento nessa razo para o cenrio 4.5 com relao ao passado, porm
uma reduo para o cenrio 8.5. Assim como para o cenrio 4.5, o cenrio 8.5
estabelece um aumento nas emisses de CO2 at 2040, e consequente aumento
temperatura mdia global, porm de uma forma mais intensa. Diante desse
comportamento, era de se esperar que as razes de precipitaes de 3h/24h
apresentassem a mesma tendncia. Essa disparidade nos resultados dificulta a
inferncia de um comportamento climtico futuro. Uma razo maior de chuvas 3h/24h
horas pode indicar uma concentrao maior das precipitaes em 3 horas, ou seja,
eventos mais intensos, ou uma subestimao das chuvas de 24 horas. Para analisar
qual desses dois padres est ocorrendo, sero investigados os dados de mximos
dirios e as curvas de distribuio acumuladas com relao aos dados observados.
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6
Figura 1. Razo de chuva (3h/24h) para dados brutos, HadGem2-ES (Recife).
J os cenrios simulados pelo Miroc5 mostrados na Figura 2, a razo 3h/24h
permanece constante para perodos de retorno variando entre 50 e 100 anos. Para os
perodos de retorno de 5, 10, 15, 20 e 25 anos, ocorreu uma pequena reduo nas
razes observadas. Nota-se nesta figura que em relao ao perodo passado (HIST), o
cenrio RCP 4.5 apresenta uma reduo nos valores das razes, que ainda maior para
o cenrio 8.5. Sero analisados os mximos dirios e as curvas de probabilidades
acumuladas para compreender melhor o comportamento das simulaes.
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7
Figura 2. Razo de chuva (3h/24h) para dados brutos, Miroc5 (Recife).
Se comparadas com as razes observadas de literatura, as razes encontradas so
muito inferiores. Torrico (1974) dividiu o territrio brasileiro em zonas de iguais razes
de precipitaes, as chamadas isozonas (Anexo B). De acordo com essa classificao, a
cidade de Recife est localizada na Isozona B. Para cada isozona, Torrico (1974)
apresenta as razes de precipitao de 1h/24h e de 6min/24h, de acordo com o
perodo de retorno (Tabela 1).
Tabela 1. Razes de precipitaes de 1h/24h e 6min/24h para cada Isozona (TORRICO, 1974)
5 10 15 20 25 50 100 5-50 100
A 36,2 35,8 35,6 35,5 35,4 35,0 34,7 7,0 6,3
B 38,1 37,8 37,5 37,4 37,3 36,9 36,6 8,4 7,5
C 40,1 39,7 39,5 39,3 39,2 38,8 38,4 9,8 8,8
D 42,0 41,6 41,4 41,2 41,1 40,7 40,3 11,2 10,0
E 44,0 43,6 43,3 43,2 43,0 42,6 42,2 12,6 11,2
F 46,0 45,5 45,3 45,1 44,9 44,5 44,1 13,9 12,4
G 47,9 47,4 47,2 47,0 46,8 46,4 45,9 15,4 13,7
H 49,9 49,4 49,1 48,9 48,8 48,3 47,8 16,7 14,9
1h/24h 6min / 24h
ISOZONA
Perodo de Retorno (anos)
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8
Interpolando essas relaes de acordo com o papel de probabilidade (Anexo C),
encontram-se os valores de razes 3h/24h apresentados na Tabela 2 para a isozona B
de acordo com os perodos de retorno.
Tabela 2. Razes de precipitaes de 3h/24h para Isozona B
razo 5 10 15 20 25 50 100
3h/24h 0,56 0,53 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56
PERODO DE RECORRNCIA (ANOS)
Esses valores corroboram com estudos mais recentes. Gonalves (2011) analisou dados
de radar e comparou com os encontrados por Torrico (1974). Os resultados desse
trabalho esto apresentados no Anexo D. Para a cidade de Recife, a razo das
precipitaes de 3h/24h, para um perodo de retorno de 5 anos, est na faixa de 0,42 a
0,54, e para um perodo de retorno de 100 anos, est na faixa de 0,48 a 0,56. Esses
valores esto muito semelhantes aos encontrados por Torrico (1974). As razes de
precipitaes simuladas pelos modelos, entretanto, apresentam valores muito
inferiores a estes. Isso indica que os modelos, em mdia, ou distribuem mais as
precipitaes durante os dias, ou seja, apresentam precipitaes menos intensas, ou
superestimam os valores de precipitaes dirias.
2.1.2. Correo do vis das simulaes de precipitao
Para reduzir os erros sistemticos das previses de precipitaes dirias do MCR Eta,
optou-se pelo emprego do mtodo de correo de vis por ajuste distribuio
estatstica gama, apresentado no produto 1 - Infraestruturas Urbana e Costeira. A
escolha se deve aos melhores resultados obtidos por essa tcnica em reviso de
literatura (Teutschbein e Seibert, 2012; Piani et al., 2010; Tschke, 2014).
A distribuio gama considerada como sendo confivel para a distribuio de
eventos de precipitao (Piani et al., 2010). Assume-se que as distribuies de
intensidades de precipitao simuladas e observadas so muito prximas distribuio
gama.
Para a aplicao da tcnica de correo de vis dos valores de precipitao simulados
pelo Modelo Climtico Regional (MCR) Eta, primeiramente, procuraram-se estaes
-
9
pluviomtricas contidas e prximas ao municpio de Recife. As estaes pr-
selecionadas, bem como os pontos de grade do modelo regional com resoluo
espacial de 20 km selecionados por estarem contidos ou prximos ao municpio
podem ser vistos na Figura 9 do produto 2 IU - Infraestruturas Urbana.
Porm, apenas uma estao pluviomtrica e um ponto de grade do MCR, por
municpio, foram utilizados para a aplicao do mtodo. Elegeu-se a estao e o ponto
de grade do MCR considerando os seguintes critrios:
a estao pluviomtrica deve contemplar todo, ou quase todo, o perodo de
1961 a 2005, para que se possa fazer a comparao entre observaes e
simulaes e para que se tenha um longo perodo de observaes para que o
ajuste distribuio estatstica seja a mais representativa possvel da
precipitao observada no local.
estaes e pontos do MCR localizados o mais prximo possvel das reas
crticas de alagamento, para que os resultados sejam usados nos estudos
hidrolgicos dessas reas.
a estao pluviomtrica e o ponto de grade do modelo devem estar o mais
prximo possvel, porque os valores observados na estao so usados para
corrigir as simulaes do MCR naquele ponto.
as simulaes do ponto de grade do modelo selecionado devem apresentar
fortes correlaes com as simulaes dos demais pontos prximos ao
municpio para que tais simulaes representem uma grande rea do
municpio. Ressaltando que as simulaes so mais representativas para a rea
mais prxima ao ponto do MCR selecionado. A depender da correlao, essas
simulaes podem ser representativas tambm para as reas mais afastadas.
A estao pluviomtrica selecionada para a cidade de Recife apresenta coordenadas
LAT -8,05 e LON -34,95. O ponto de grade selecionado do modelo Eta apresenta
coordenadas LAT -8,00, LON -35,00, conforme Figura 3.
-
10
Figura 3. Ponto de grade do modelo Eta e estao pluviomtrica selecionados (Recife).
As correes de vis por ajuste distribuio gama seguiram o mtodo descrito por
Tschke (2014). Para cada regio em estudo, a funo de distribuio acumulada foi
ajustada excluindo-se os dias secos, considerando, neste caso, como secos os dias com
precipitao menor que 0,1 mm, que a preciso dos valores observados.
O mtodo de correo consiste em ajustar as simulaes uma distribuio gama
ajustada a partir de parmetros da srie observada. Como descrito no Produto 1, essa
correo feita para cada ms.
Como o modelo regional Eta foi executado a partir dos dois modelos globais (MG),
MIROC5 e o HADGEM2-ES, aplicou-se a correo de vis a:
simulao do perodo passado (Historical - janeiro de 1961 a dezembro de
2005) do MCR executado com o MG MIROC5,
simulao do perodo historical do MCR executado com o MG HADGEM2-ES,
simulao do perodo de 2007-2040 do MCR executado com o MG MIROC5 a
partir do cenrio RPC 4.5,
-
11
simulao do perodo de 2007-2040 do MCR executado com o MG HADGEM-ES
a partir do cenrio RPC 4.5,
simulao do perodo de 2007-2040 do MCR executado com o MG MIROC5 a
partir do cenrio RPC 8.5,
simulao do perodo de 2007-2040 do MCR executado com o MG HADGEM-ES
a partir do cenrio RPC 8.5.
Com o intuito de apresentar de uma maneira visual o desempenho do mtodo para a
reduo do vis, as Figuras 4 a 9 mostram a comparao entre a curva de distribuio
acumulada (cda) observada e as curvas de distribuio acumulada com e sem
correo.
Observa-se pelas figuras que as simulaes feitas com o modelo MIROC5 para os
meses de dezembro a maio tendem a superestimar as precipitaes dirias. Para os
meses de junho a novembro, ambos modelos apresentam uma subestimao das
precipitaes dirias.
De maneira geral, o MCR executado com o modelo global HADGEM-ES apresentou
simulaes mais prximas ao que foi observado, em comparao com as simulaes
executadas a partir do modelo global MIROC5. Porm, aps a correo as simulaes
executadas com ambos os modelos globais ficam bastante prximas s curvas
observadas.
Quando executado com o modelo global MIROC5, o MCR Eta apresenta as maiores
diferenas entre a quantidade de valores nulos observados e simulados, as maiores
diferenas ocorrem nos meses de janeiro a abril, onde o modelo simula uma
quantidade muito reduzida de dias secos, divergindo substancialmente do que foi
observado no municpio. Aps as correes essas diferenas diminuem
significativamente.
Conclui-se que o emprego da tcnica de correo de vis foi eficiente em reduzir as
diferenas entre simulaes e observaes no perodo historical. Portanto, para
anlise dos cenrios futuros, a correo pode conferir uma maior confiabilidade s
simulaes.
-
12
Figura 4. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de janeiro e fevereiro.
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13
Figura 5. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de maro e abril
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14
Figura 6. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses maio e junho
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15
Figura 7. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de julho e agosto
-
16
Figura 8. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de setembro e outubro
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17
Figura 9. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de novembro e dezembro
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18
2.1.3. Avaliao das precipitaes mximas e total acumulado anual para sries de
dados observados, brutos e corrigidos perodo passado simulado pelo modelo
atmosfrico
Conforme destacado no Relatrio 2 IU, item 4.1 - Modelos climticos e hidrologia:
vieses e correo, o desenvolvimento de cenrios climticos atravs de modelos
climticos fundamental para a compreenso dos potenciais impactos devidos s
alteraes no clima. A avaliao da vulnerabilidade e o desenvolvimento de estratgias
de adaptao para uma determinada regio s so possveis a partir de projees do
clima futuro.
Nesse contexto, para a correo de vis das previses climticas de precipitao
prope-se o emprego da tcnica por ajuste distribuio estatstica gama para a
correo dos dados simulados de precipitao.
Precipitao diria mxima anual
Para melhor avaliar eventos extremos, as Figura 10 e 11 apresentam a comparao
grfica entre as sries de precipitaes dirias mximas anuais observadas, e as sries
de dados brutos e corrigidos perodo passado simulado nos modelos atmosfricos,
1961 a 2005.
Observa-se pela Figura 10 que as precipitaes dirias mximas anuais geralmente so
subestimadas pelo modelo HADGEM2-ES, comparando com os dados observados, para
a cidade de Recife no perodo passado (HIST 1961 a 2005). Observa-se tambm por
esta figura que a correo do vis aproximou os dados simulados aos dados
observados. Vale ressaltar que a correo do vis feita para todos os dados dirios de
precipitao e no somente para os valores mximos anuais. Para os valores mais
extremos (1970, 1986 e 2000), apesar da correo ter aproximado a simulao ao valor
observado, essa ainda apresenta-se muito subestimada.
A observao desse comportamento do modelo HADGEM2-ES leva-nos concluso de
que o modelo no somente subestima as precipitaes de 24 horas, mas as distribui
mais durante o dia, levando a intensidades de precipitaes de 3 horas subestimadas.
Isso pode ser observado pelas baixas razes de precipitaes 3h/24h j apresentadas.
-
19
No foram encontrados dados observados de pluvigrafos, os quais apresentam
frequncias de leituras inferiores diria. Isso impossibilita a comparao direta entre
dados de 3 horas simulados e observados.
De acordo com a Figura 11, nota-se que as simulaes das precipitaes dirias
mximas anuais do modelo MIROC5 se aproximam muito mais dos dados observados
que as simulaes do modelo HADGEM2-ES, mesmo para os dados brutos. Com a
correo do vis, as simulaes em geral se aproximaram mais dos dados observados,
permitindo, com maior confiabilidade, a projeo para o perodo 2010-2040.
A Figura 12 apresenta as anomalias de precipitao mdia anual para o perodo de
2010 a 2040, para os dois modelos globais em estudo e os cenrios RCP 4.5 e 8.5.
Observa-se que, exceto para partes da regio Norte, o modelo HADGEM2-ES apresenta
resultados de anomalias mais negativas em comparao com o modelo MIROC5, ou
seja, com uma reduo maior das precipitaes mdias anuais. De acordo com a
Figura, dentre as cidades de estudo, esse comportamento fica mais evidenciado para
as cidades do Rio de Janeiro, So Paulo e Salvador. Uma escala mais detalhada para a
regio nordeste poderia identificar melhor o padro de anomalias para as cidades de
Recife e Fortaleza.
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20
Figura 10. Precipitaes dirias mximas anuais, dados observados e simulados a partir de modelo HadGem2-ES (Recife).
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21
Figura 11. Precipitaes dirias mximas anuais, dados observados e simulados a partir de modelo Miroc5 (Recife).
-
22
Figura 12. Anomalia de precipitao mdia anual para o perodo 2010 a 2040 para o modelo regional Eta forados por dois modelos globais MIROC5 (cenrios RCP4.5 e RCP 8.5, da esquerda para direita) e HG2ES(RCP4.5 e RCP 8.5, da esquerda para direita). Fonte: SAE, 2015)
Precipitao total anual
De forma a obter informaes sobre o comportamento dos modelos atmosfricos, as
Figuras 13 e 14 apresentam os totais anuais de precipitao observada, e obtidas nos
modelos - sries de dados brutos e corrigidos, perodo de 1961 a 2005.
De acordo com a Figura 13, a precipitao acumulada anual simulada pelo modelo
HADGEM2-ES tende a subestimar os valores observados. A correo de vis aproximou
os valores simulados aos observados, como era esperado.
J o modelo MIROC5 (Figura 14) tende a superestimar os valores de precipitao
acumulada anual, se comparado com os dados observados. A correo de vis tende a
reduzir esses valores, aproximando-os aos dados observados para vrios anos (por
exemplo, 1962, 1963, 1967, 1968). Entretanto, para alguns anos, observou-se que a
reduo imposta pela correo de vis, afastou as simulaes dos dados observados
(por exemplo, 1961, 1964, 1965, 1966).
-
23
-
24
Figura 13. Precipitaes totais anuais, dados observados e simulados a partir de modelo HadGem2-ES (Recife).
-
25
Figura 14. Precipitaes totais anuais, dados observados e simulados a partir de modelo Miroc5 (Recife).
-
26
2.1.4. Processo de determinao das equaes IDF
As curvas IDF podem ser ajustadas a equaes genricas, que fornecem relaes
matemticas entre a intensidade, a durao e a frequncia das precipitaes. Essas
equaes, denominadas de Equaes de Chuvas Intensas so geralmente expressas na
forma da Equao (3).
(3)
onde:
a, b, c, d = parmetros adimensionais relativos localidade.
Para ajustar os parmetros a, b, c e d, so necessrios dados de precipitaes intensas
para vrias duraes. Essas duraes geralmente comeam a partir de 5 minutos e vo
at 1440 minutos (24 horas).
Neste trabalho foram encontradas equaes IDFs futuras (2007 a 2040) para os dois
cenrios RCP 4.5 e RCP 8.5 para os 2 modelos climticos, MIROC5 e HADGEM2-ES, a
partir dos dados dirios mximos corrigidos de precipitao.
Em princpio, pensava-se em usar as razes 3h/24h obtidas pelos modelos, pois estas
poderiam indicar uma intensificao ou suavizao dos eventos extremos no futuro.
Entretanto, como essas razes para o perodo passado ficaram bastante distantes das
razes observadas, optou-se por utilizar as razes de literatura, obtidas a partir de
dados observados, para desagregar as precipitaes de 24 horas em duraes mais
curtas. Vale ressaltar que essa proporo j teria que ser empregada de qualquer
forma para as duraes de 5, 10, 15, 30, 60, 120 minutos, pois a melhor resoluo
temporal do modelo de 180 minutos (3 horas).
Portanto, as simulaes dos modelos climticos ainda so insuficientes para
estabelecer equaes IDFs futuras, dada sua relativamente baixa resoluo temporal.
Alm disso, as simulaes de precipitaes acumuladas em 3 horas so ainda muito
imprecisas, dadas as anlises de razes 3h/24h.
Como as IDFs futuras nesse trabalho foram obtidas por meio de desagregaes das
d
b
ct
aTi
-
27
chuvas de 24 horas com razes de literatura, baseadas em dados observados passados,
no se espera que estas IDFs reproduzam um aumento ou reduo significativos das
intensidades para chuvas de curta durao.
A desagregao de totais de chuva mxima de 24 horas de durao em totais
correspondentes para duraes menores frequentemente realizada com os
chamados coeficientes de desagregao de chuvas. Esta prtica usada,
normalmente, para estabelecer relaes de intensidade-durao-frequncia (IDF) em
locais que dispem somente de dados dirios medidos com pluvimetros
convencionais (BERTONI; TUCCI, 1993). Para a desagregao dos dados dirios de
precipitao, no presente estudo foi adotado o Mtodo das Isozonas, proposto por
Torico (1974), j apresentado anteriormente.
As precipitaes intensas de 24 horas foram determinadas por sries anuais e
distribuio de probabilidade de Gumbel, j descritas anteriormente.
Para o clculo dos parmetros a, b, c, d foi utilizado a ferramenta "Solver" da planilha
Excel (Microsoft Office), sendo empregado os seguintes parmetros:
Tempo Mximo = 100 segundos;
Interao = 500;
Preciso = 0,000001;
Tolerncia = 5%; Convergncia = 0,0001.
Para os cenrios simulados pelos modelos atmosfricos, apresentam-se a seguir as
relaes obtidas:
IPCC 4.5 - HadGem2 ES
i= 49,1307.T0,1549/(t+35,176)0,8948 (4)
IPCC 4.5 - Miroc5
i= 51,7997.T0,1604/(t+36,436)0,9109 (5)
IPCC 8.5 - HadGem2 ES
i= 35,1404.T0,2108/(t+34,317)0,8925 (6)
-
28
IPCC 8.5 - Miroc5
i= 40,6005.T0,1756/(t+34,166)0,8841 (7)
em que:
i - intensidade (mm/min), T - Perodo de retorno (anos) e t - tempo de durao de
chuva (mim)
2.1.5. Estudo comparativo a partir de IDF existente e estimadas para cenrios
futuros
Com objetivo de avaliar os aspectos das curvas IDFs futuras geradas, estas foram
comparadas com curvas IDFs existentes.
Para essa anlise comparativa, para a cidade de Recife, a equao de Chuvas Intensas
foi obtida de Ramos e Azevedo (2010), expressa na forma da Equao (8).
i= 1423,97.T0,1124/(t+21)0,7721 (8)
em que
i - intensidade (mm/h), T - Perodo de retorno (anos) e t - tempo de durao de chuva
(mim)
As Figuras 15 e 16 apresentam a comparao entre as curvas IDFs existentes com as
curvas IDFs futuras, cenrio RCP 4.5, para os modelos HADGEM2-ES e MIROC5
respectivamente, para perodos de retorno de 5, 10, 25, 50 e 100 anos. As curvas
existente e futuras esto muito prximas. Pode notar por essas figuras que as
intensidades para as precipitaes de 1440 minutos (24 horas) so praticamente
iguais. Isso significa que as simulaes corrigidas dos modelos no apontaram um
aumento ou reduo significativos para as precipitaes dirias, sobretudo aquelas
associadas ao perodo de retorno de 50 anos, objeto de estudos de macrodrenagem.
Existe uma pequena intensificao dos eventos entre as duraes de 50 e 350 minutos
aproximadamente. Essa diferena deve-se provavelmente a razes diferentes das de
Torrico (1974) para o ajuste da IDF existente. Os dois modelos apresentaram curvas
-
29
IDFs para o cenrio RCP 4.5 muito prximas. Essa proximidade deve-se aos valores
prximos das mximas precipitaes dirias (1440 s) provveis, obtidos pela Equao
1. Sendo esses valores prximos, os demais, para duraes menores, tambm o sero,
pois foram usadas as mesmas razes de Torrico.
Para perodos de retorno de 5, 10, 25 e 100 anos, as curvas esto apresentando o
mesmo comportamento, tanto para o modelo HADGEM2-ES, quanto para o modelo
MIROC5.
-
30
Figura 15. Comparao entre curvas IDFs existente e futura RCP 4.5 HADGEM2-ES
-
31
Figura 16. Comparao entre curvas IDFs existente e futura RCP 4.5 MIROC5
-
32
Para o cenrio RCP 8.5, os resultados das IDFs futuras esto apresentados nas Figuras
17 e 18, para os modelos HADGEM2-ES e MIROC5, respectivamente. O
comportamento das curvas foi bem semelhante ao cenrio 4.5, sendo que as curvas
futuras do cenrio 8.5 esto at mais prximas curva existente, ao contrrio do que
se esperava.
Assim como fora no cenrio RCP 4.5, as curvas para perodos de retorno de 5, 10, 25 e
100 , cenrio RCP 8.5, tambm apresentam comportamento semelhante s existentes,
tanto para o modelo HADGEM2-ES e para o modelo MIROC5.
Nota-se, para ambos os cenrios IPCC, um aumento da intensidade de precipitaes na
faixa entre 50 e 350 minutos, em relao s IDF pr-existentes. Tal fato indica um
possvel impacto sobre os sistemas de drenagem, especialmente para os cenrios mais
pessimistas de mudanas climticas, nos maiores perodos de retorno. No entanto, tal
observao deve ser registrada com cautela, uma vez que precipitaes com tempos
menores que 180 minutos sequer so contempladas nos dados projetados pelos
modelos climticos analisados.
-
33
Figura 17. Comparao entre curvas IDFs existente e futura RCP 8.5 HADGEM2-ES
-
34
Figura 18. Comparao entre curvas IDFs existente e futura RCP 8.5 MIROC5
-
35
2.2 Salvador
2.2.1 Anlise comparativa da razo de chuva (3h/24h) para os cenrios passado e
futuro simulados no modelo atmosfrico - dados sem correo
Para se determinar as razes de precipitaes 3h/24h seguiu-se a mesma sequncia
descrita para a cidade de Recife, apresentada no item 2.1.1.
As Figuras 19 e 20 mostram os resultados das razes de precipitao no corrigidas
que relacionam a precipitao de 3h e de 24h, para os perodos de retorno de 5, 10,
15, 20, 25, 50 e 100 anos, para os modelos HADGEM2-ES e MIROC5, respectivamente.
De acordo com os dados apresentados na Figura 19, assim como observado para
Recife, as razes das precipitaes diminuem a medida que se aumenta o perodo de
retorno. Observa-se que o cenrio 4.5 apresenta razes superiores s do perodo
passado, e o cenrio 8.5 ligeiramente superiores s do cenrio 4.5.
Figura 19. Razo de chuva (3h/24h) para dados brutos, HadGem2-ES (Salvador).
J os cenrios obtidos a partir de simulao do Miroc5 (Figura 20) apresentam um
comportamento inesperado, uma vez que as razes do cenrio 4.5 so inferiores s do
perodo passado, enquanto que as razes do cenrio 8.5 apresentam-se muito
prximas s do perodo passado, e praticamente constantes para todos os perodos de
-
36
retorno.
Figura 20. Razo de chuva (3h/24h) para dados brutos, Miroc5 (Salvador).
Assim como para Recife, se comparadas com as razes observadas de literatura
(Tabela 2), as razes encontradas so muito inferiores. Isso indica que os modelos em
mdia ou distribuem mais as precipitaes durante os dias, ou seja, apresentam
precipitaes menos intensas, ou superestimam os valores de precipitaes dirias.
Salvador tambm se encontra na Isozona B conforme a classificao de Torrico (1974).
2.2.2 Correo do vis das simulaes de precipitao
A sequncia e consideraes adotadas para a correo do vis das simulaes de
precipitao para a cidade de Recife, apresentadas no item 2.1.2, foram as mesmas
aplicadas para a cidade de Salvador.
Entretanto, como os dados observados na estao pluviomtrica selecionada possuam
falhas, aps a seleo da estao e ponto de grade do MCR, fez-se necessrio o
preenchimento de falhas dos dados da estao para obter uma srie contnua de
observaes. Para preencher os perodos sem dados, utilizou-se a tcnica do vizinho
mais prximo, que consiste em repassar os valores de precipitao da estao
pluviomtrica mais prxima para a estao que est sendo preenchida.
-
37
A estao pluviomtrica selecionada para a cidade de Salvador apresenta coordenadas
LAT -13,00, LON -38,50. O ponto de grade selecionado do modelo Eta apresenta
coordenadas LAT -13,00 e LON -38,60, conforme Figura 21.
Figura 21. Ponto de grade do modelo Eta e estao pluviomtrica selecionados
(Salvador).
As Figuras 22 a 27 mostram a comparao entre a curva de distribuio acumulada
(cda) observada e as curvas de distribuio acumulada com e sem correo.
Observa-se pelas figuras que as curvas de distribuio acumulada das simulaes
acompanharam o comportamento das curvas observadas, com exceo das simulaes
de janeiro a abril executadas a partir do modelo MIROC 5. Nesses casos, o MCR
subestima a quantidade de dias sem chuva.
As simulaes geradas a partir do modelo HADGEM-ES, depois de corrigidas,
apresentaram uma melhora significativa nos valores mximos de precipitao. Antes
da correo, as simulaes no atingiam os valores mais altos de precipitao
observados. No caso das simulaes geradas a partir do modelo global MIROC5, com
-
38
exceo dos meses de junho a agosto, o MCR, mesmo antes da correo, atinge os
valores mais altos de precipitao.
O emprego da tcnica ento justificado, principalmente na correo da quantidade
dos valores nulos gerados pelo MCR a partir do modelo MIROC5 e na correo dos
valores subestimados pelo MCR executado a partir do modelo HADGEM-ES. Portanto,
para anlise dos cenrios futuros espera-se uma maior confiabilidade s simulaes
aps as correes serem feitas.
-
39
Figura 22. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de janeiro e fevereiro.
-
40
Figura 23. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de maro e abril
-
41
Figura 24. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses maio e junho
-
42
Figura 25. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de julho e agosto
-
43
Figura 26. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de setembro e outubro
-
44
Figura 27. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de novembro e dezembro
-
45
2.2.3 Avaliao das precipitaes mximas e total acumulado anual para sries de
dados observados, brutos e corrigidos perodo passado simulado pelo modelo
atmosfrico
Precipitao mxima anual
Para melhor avaliar eventos extremos, as Figura 28 e 29 apresentam a comparao
grfica entre as sries de precipitaes dirias mximas anuais observadas, e as sries
de dados brutos e corrigidos perodo passado simulado nos modelos atmosfricos,
1961 a 2005. Os anos de 1961, 1962 e 1963 no apresentam dados observados.
Observa-se pela Figura 28 que o modelo HADGEM2-ES subestimou os valores de
precipitaes dirias mximas anuais para praticamente todos os anos. A correo de
vis aumentou esses valores, tornando em alguns anos, os valores superiores aos
observados. Vale ressaltar que a correo do vis feita para todos os dados dirios de
precipitao e no somente para os valores mximos anuais.
A observao desse comportamento do modelo HADGEM2-ES leva-nos concluso de
que o modelo no somente subestima as precipitaes de 24 horas, mas as distribui
mais durante o dia, levando a intensidades de precipitaes de 3 horas subestimadas.
Isso pode ser observado pelas baixas razes de precipitaes 3h/24h j apresentadas.
No foram encontrados dados observados de pluvigrafos, os quais apresentam
frequncias de leituras inferiores diria. Isso impossibilita a comparao direta entre
dados de 3 horas simulados e observados.
De acordo com a Figura 29, nota-se que as simulaes das precipitaes dirias
mximas anuais do modelo MIROC5 se aproximam muito mais dos dados observados
do que as simulaes do modelo HADGEM2-ES, mesmo para os dados brutos. Com a
correo do vis, as simulaes em geral se aproximaram mais dos dados observados.
-
46
Figura 28. Precipitaes mximas anuais, dados observados e simulados a partir de modelo HadGem2-ES (Salvador).
-
47
Figura 29. Precipitaes mximas anuais, dados observados e simulados a partir de modelo Miroc5 (Salvador).
-
48
Precipitao total anual
De forma a obter informaes sobre o comportamento dos modelos atmosfricos, as
Figuras 30 e 31 apresentam os totais anuais de precipitao observada, e obtidas nos
modelos - sries de dados brutos e corrigidos, perodo de 1961 a 2005.
De acordo com a Figura 30, o modelo HADGEM2-ES tende em geral a subestimar os
totais acumulados anuais, porm com resultados muito mais prximos aos dados
observados do que apresentado para a cidade de Recife. A correo de vis tendeu a
aumentar os valores simulados, tornando-os em geral, mais prximos aos dados
observados.
J para o modelo MIROC5 (Figura 31) o comportamento foi oposto, com
superestimao dos valores acumulados anuais. A correo de vis tendeu a reduzir os
valores, aproximando-os, para a maioria dos casos, aos valores observados.
-
49
Figura 30. Precipitaes totais anuais, dados observados e simulados a partir de modelo HadGem2-ES (Salvador).
-
50
Figura 31. Precipitaes totais anuais, dados observados e simulados a partir de modelo Miroc5 (Salvador).
-
51
2.2.4 Processo de determinao das equaes IDF
A mesma sequncia de etapas adotadas na determinao da equao IDF de Recife, constante no item 2.1.4, foi adotada para a cidade de
Salvador.
Vale a pena ressaltar que, assim como para Recife, as simulaes dos modelos climticos ainda so insuficientes para estabelecer
equaes IDFs futuras, dada sua resoluo temporal e impreciso dos acumulados de 3 horas. Tambm neste caso, no se espera que
estas IDFs reproduzam um aumento ou reduo significativos das intensidades para chuvas de curta durao.
Para os cenrios simulados pelos modelos atmosfricos, apresentam-se a seguir as relaes obtidas, a saber:
IPCC 4.5 - HadGem2 ES
i= 57,738.T0,1091/(t+38,349)0,9244 (9)
IPCC 4.5 - Miroc5
i= 60,8019.T0,1507/(t+40,074)0,9449 (10)
IPCC 8.5 - HadGem2 ES
i= 31,141.T0,2521/(t+34,953)0,8922 (11)
IPCC 8.5 - Miroc5
i=40,60.T0,1738/(t+34,681)0,8919 (12)
em que:
i - intensidade (mm/min), T - Perodo de retorno (anos) e t - tempo de durao de chuva (mim)
2.2.5 Estudo comparativo a partir de IDF existente e estimadas para cenrios futuros
Como destacado no item 2.1.5, pretende-se aqui avaliar a adequao das curvas geradas em comparao com curvas IDF existentes.
Nessa anlise, adota-se a equao de Chuvas Intensas obtida de Festi (2007), expressa na forma da Equao (13).
i= 1065.66.T0,163/(t+24)0,743 (13)
em que:
i - intensidade (mm/h), T - Perodo de retorno (anos) e t - tempo de durao de chuva (mim)
As Figuras 32 e 33 apresentam a comparao entre as curvas IDFs existentes com as curvas IDFs futuras, cenrio RCP 4.5, para os
modelos HADGEM2-ES e MIROC5 respectivamente, para perodos de retorno de 5, 10, 25, 50 e 100 anos. As curvas existente e futuras
esto muito prximas. Pode notar por essas figuras que as intensidades para as precipitaes de 1440 minutos (24 horas) so levemente
inferiores s precipitaes relativas IDF existente com perodo de retorno de 50 anos, , objeto de estudos de macrodrenagem. Essa
diferena transferida para precipitaes com duraes menores.
Para perodos de retorno de 5, 10, 25 e 100 anos, as curvas esto apresentando o mesmo comportamento, tanto para o modelo
HADGEM2-ES, quanto para o modelo MIROC5.
-
52
Figura 32. Comparao entre curvas IDFs existente e futura, RCP 4.5 HADGEM2-ES
-
53
Figura 33. Comparao entre curvas IDFs existente e futura, RCP 4.5 MIROC5
-
54
Para o cenrio RCP 8.5, os resultados das IDFs futuras esto apresentados nas Figuras
34 e 35, para os modelos HADGEM2-ES e MIROC5, respectivamente. O
comportamento das curvas foi bem semelhante ao cenrio 4.5, sendo que as curvas
futuras do cenrio 8.5 esto at mais prximas curva existente, principalmente para
duraes superiores a 250 minutos. As intensidades para duraes de 1440 minutos
esto mais prximas IDF existente em relao ao cenrio 4.5.
Como fora no cenrio RCP 4.5, as curvas para perodos de retorno de 5, 10, 25 e 100 ,
cenrio RCP 8.5, tambm apresentam comportamento semelhante s existentes,
tanto para o modelo HADGEM2-ES e para o modelo MIROC5.
Assim como no caso anterior, nota-se, para ambos os cenrios IPCC, um aumento da
intensidade de precipitaes na faixa entre 50 e 350 minutos, em relao s IDF pr-
existentes. Tal fato, embora possa indicar um possvel impacto sobre os sistemas de
drenagem, especialmente para os cenrios mais pessimistas de mudanas climticas,
nos maiores perodos de retorno, deve ser analisado com cautela, uma vez que
precipitaes com tempos menores que 180 minutos sequer so contempladas nos
dados projetados pelos modelos climticos analisados. Por outro lado, neste caso
especfico, nota-se que, para perodos de retorno maiores, as IDF existentes so
maiores que os cenrios crticos futuros, indicando menor presso futura sobre os
sistemas de drenagem para precipitaes com maiores durao. Cabe salientar que
estas precipitaes, com durao maior que 400 minutos, tm pouco impacto sobre o
projeto de sistemas de drenagem, mais sensveis precipitaes intensas e de curta
durao.
-
55
Figura 34. Comparao entre curvas IDFs existente e futura, RCP 84.5 HADGEM2-ES
-
56
Figura 35. Comparao entre curvas IDFs existente e futura, RCP 8.5 MIROC5
-
57
2.3 Fortaleza
2.3.1 Anlise comparativa da razo de chuva (3h/24h) para os cenrios passado e
futuro simulados no modelo atmosfrico - dados sem correo
Para se determinar as razes de precipitaes 3h/24h seguiu-se a mesma sequncia
descrita para a cidade de Recife, apresentada no item 2.1.1.
As Figuras 36 e 37 mostram os resultados das razes de precipitao no corrigidas
que relacionam a precipitao de 3h e de 24h, para os perodos de retorno de 5, 10,
15, 20, 25, 50 e 100 anos, para os modelos HADGEM2-ES e MIROC5, respectivamente.
De acordo com os dados apresentados na Figura 36, assim como observado para
Recife, as razes das precipitaes diminuem a medida que se aumenta o perodo de
retorno. Entretanto, as razes observadas tanto para o cenrio 4.5, quanto para o
cenrio 8.5, apresentam-se bastante prximas s razes do perodo passado.
Figura 36. Razo de chuva (3h/24h) para dados brutos, HadGem2-ES (Fortaleza).
J para os resultados obtidos a partir de simulaes do Miroc5 (Figura 37), as razes
do perodo passado apresentam um ligeiro aumento para perodo de retornos
-
58
maiores. Nota-se nesta figura que, da mesma forma que para Recife, em relao ao
perodo passado (HIST), o cenrio RCP 4.5 apresenta uma reduo nos valores das
razes, que ainda maior para o cenrio 8.5. Como os dois modelos apresentam
comportamentos muito distintos, difcil afirmar qual seria o comportamento padro
para o futuro.
Figura 37. Razo de chuva (3h/24h) para dados brutos, Miroc5 (Fortaleza).
Se comparadas com as razes obtidas para Recife e Salvador, as razes de Fortaleza
so superiores. Isso est de acordo com as razes encontradas na literatura (Tabela 2),
uma vez que Fortaleza se encontra na Isozona C de acordo com a classificao de
Torrico (1974). Apesar das razes se apresentarem superiores s razes encontradas
para Recife e Salvador, se comparadas com as razes observadas de literatura, as
razes encontradas so muito inferiores. Isso indica que os modelos em mdia ou
distribuem mais as precipitaes durante os dias, ou seja, apresentam precipitaes
menos intensas, ou superestimam os valores de precipitaes dirias.
-
59
2.3.2 Correo do vis das simulaes de precipitao
A sequncia e consideraes adotadas para a correo do vis das simulaes de
precipitao para a cidade de Recife, apresentadas no item 2.1.2, foram as mesmas
aplicadas para a cidade de Fortaleza.
Os dados da estao pluviomtrica selecionada possuam falhas, que tiveram que ser
preenchidas conforme descrito na seo 2.2.2 para a cidade de Salvador.
O ponto de grade selecionado do modelo Eta para a cidade de Fortaleza apresenta
coordenadas LAT -3,80, LON -38,60. A estao pluviomtrica selecionada apresenta
coordenadas LAT -3,75 e LON -38,58, conforme Figura 38.
Figura 38. Ponto de grade do modelo Eta e estao pluviomtrica selecionados
(Fortaleza).
As Figuras 39 a 44 mostram a comparao entre a curva de distribuio acumulada
(cda) observada e as curvas de distribuio acumulada com e sem correo.
-
60
Observa-se pelas figuras que as simulaes feitas com o modelo MIROC5 para os
meses de dezembro a maio tendem a superestimar as precipitaes dirias,
principalmente simulando uma quantidade reduzida de dias sem chuva. Nos meses de
junho a outubro percebe-se uma subestimativa.
Conclui-se, assim como para Recife e Salvador, que o emprego da tcnica de correo
de vis foi eficiente em reduzir as diferenas entre simulaes e observaes no
perodo historical. Portanto, para anlise dos cenrios futuros espera-se uma maior
confiabilidade s simulaes aps as correes feitas.
-
61
Figura 39. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de janeiro e fevereiro.
-
62
Figura 40. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de maro e abril
-
63
Figura 41. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses maio e junho
-
64
Figura 42. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de julho e agosto
-
65
Figura 43. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de setembro e outubro
-
66
Figura 44. Comparao entre as curvas de distribuio acumulada das observaes (cda observada) e das simulaes antes (cda MCR) e aps as correes (cda corrigida) dos meses de novembro e dezembro
-
67
2.3.3 Avaliao das precipitaes mximas e total acumulado anual para sries de
dados observados, brutos e corrigidos perodo passado simulado pelo modelo
atmosfrico
Precipitao mxima anual
Para melhor avaliar eventos extremos, as Figura 45 e 46 apresentam a comparao
grfica entre as sries de precipitaes dirias mximas anuais observadas, e as sries
de dados brutos e corrigidos perodo passado simulado nos modelos atmosfricos,
1961 a 2005.
Observa-se pela Figura 45 que mais uma vez o modelo HADGEM2-ES tende a
subestimar os valores de precipitaes dirias mximas anuais. A correo de vis
resultou em um aumento desses valores, aproximando-os na maioria dos casos aos
valores observados.
Ao contrrio do que foi observado para Recife o Salvador, o modelo MIROC5 (Figura
46) tambm tendeu a subestimar os valores de precipitaes dirias mximas anuais.
Nesse caso, a correo de vis tambm provocou um aumento dos valores simulados,
aproximando-os, em geral, aos valores observados.
-
68
Figura 45. Precipitaes mximas anuais, dados observados e simulados a partir de modelo HadGem2-ES (Fortaleza).
-
69
Figura 46. Precipitaes mximas anuais, dados observados e simulados a partir de modelo Miroc5 (Fortaleza).
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70
Precipitao total anual
De forma a obter informaes sobre o comportamento dos modelos atmosfricos, as
Figuras 47 e 48 apresentam os totais anuais de precipitao observada, e obtidas nos
modelos - sries de dados brutos e corrigidos, perodo de 1961 a 2005.
De acordo com a Figura 47, para o total acumulado anual, o modelo HADGEM2-ES
tende a subestimar os valores se comparados aos dados observados. A correo de
vis proporcionou um aumento desses valores, aproximando-os, na maioria dos casos,
aos valores observados. Nota-se, entretanto, que em alguns anos (por exemplo, 1968,
1969, 1970) os valores corrigidos superaram os valores observados.
J o modelo MIROC5 (Figura 48), em geral superestimou os valores acumulados anuais,
embora tenha subestimado os valores dirios mximos anuais (Figura 46). Isso pode
ocorrer pois a correo de vis aplicada a todos os valores dirios de precipitao, e
no somente aos valores mximos anuais. Isso indica tambm que, apesar do modelo
estar superestimando os valores acumulados anuais, ele tende a distribuir mais as
precipitaes durante o ano, reduzindo as intensidades das precipitaes dirias. Isso
pde ser observado pelas baixas quantidades de dias sem precipitao simulados,
apresentadas nos grficos de curvas de densidade acumuladas (Figuras 39 e 40),
principalmente de janeiro a abril. A correo de vis tendeu a reduzir os valores
acumulados anuais, aproximando-os em mdia aos valores observados.
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Figura 47. Precipitaes totais anuais, dados observados e simulados a partir de modelo HadGem2-ES (Fortaleza).
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Figura 48. Precipitaes totais anuais, dados observados e simulados a partir de modelo Miroc5 (Fortaleza).
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2.3.4 Processo de determinao das equaes IDF
A mesma sequncia de etapas adotadas na determinao da equao IDF de Recife,
constante no item 2.1.4, foi adotada para a cidade de Fortaleza.
Ressaltamos novamente que, da mesma forma que para as cidades anteriores, as
simulaes dos modelos climticos para Fortaleza ainda so insuficientes para
estabelecer equaes IDFs futuras, dada sua resoluo temporal e impreciso dos
acumulados de 3 horas. Tambm neste caso, no se espera que estas IDFs reproduzam
um aumento ou reduo significativos das intensidades para chuvas de curta durao.
Para os cenrios simulados pelos modelos atmosfricos, apresentam-se a seguir as
equaes obtidas, a saber:
IPCC 4.5 - HadGem2 ES
i= 38,9650.T0,1407/(t+27,902)0,8983 (14)
IPCC 4.5 - Miroc5
i= 34,1714.T0,170/(t+24,284)0,8488 (15)
IPCC 8.5 - HadGem2 ES
i= 44,5101.T0,1652/(t+31,297)0,9355 (16)
IPCC 8.5 - Miroc5
i=37,9597.T0,2193/(t+24,718)0,8607 (17)
em que:
i - intensidade (mm/min), T - Perodo de retorno (anos) e t - tempo de durao de
chuva (mim)
2.3.5 Estudo comparativo a partir de IDF existente e estimadas para cenrios futuros
Como destacado no item 2.1.5, pretende-se aqui avaliar a adequao das curvas
geradas em comparao com curvas IDF existentes.
A Equao 18 representa a expresso matemtica de chuvas intensas para Fortaleza
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desenvolvida com base em 30 anos de registros pluviogrficos contnuos (1970 a 1999)
segundo a metodologia apresentada por Silva, Palcio Jnior e Campos (2013).
904,0
173,0
31,28
.29,2345
t
Ti
(18)
em que:
i = intensidade mdia de chuva em mm/h para a durao da chuva de (t) minutos;
T = perodo de retorno da precipitao em anos.
A equao obtida permite o clculo da intensidade mxima de chuvas com duraes
entre 5 e 120 minutos e perodos de retorno de 5 a 100 anos.
As Figuras 49 e 50 apresentam a comparao entre as curvas IDFs existentes com as
curvas IDFs futuras, cenrio RCP 4.5, para os modelos HADGEM2-ES e MIROC5
respectivamente , para perodos de retorno de 5, 10, 25, 50 e 100 anos. A curva
existente, que vlida para duraes de at 120 minutos, e as curvas futuras esto
muito prximas, principalmente para o modelo HADGEM2-ES. Com essa proximidade,
espera-se que as vazes simuladas pela modelagem hidrolgica sejam tambm muito
prximas.
Para perodos de retorno de 5, 10, 25 e 100 anos, as curvas esto apresentando o
comportamento semelhante, tanto para o modelo HADGEM2-ES, quanto para o
modelo MIROC5.
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Figura 49. Comparao entre curvas IDFs existente e futura, RCP 4.5 HADGEM2-ES
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Figura 50. Comparao entre curvas IDFs existente e futura, RCP 4.5 MIROC5
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Para o cenrio RCP 8.5, os resultados das IDFs futuras esto apresentados nas Figuras
51 e 52, para os modelos HADGEM2-ES e MIROC5, respectivamente. O
comportamento das curvas para o modelo HADGEM2_ES foi bem semelhante ao
cenrio 4.5. J para o modelo MIROC5, a IDF futura tende a intensificar mais os
eventos de precipitao, pelo menos at duraes de 120 minutos, at onde a IDF
existente possui validade.
Como no cenrio RCP 4.5, as curvas para perodos de retorno de 5, 10, 25 e 100 ,
cenrio RCP 8.5, tambm apresentam comportamento semelhante s existentes,
tanto para o modelo HADGEM2-ES e para o modelo MIROC5.
No presente caso, embora se perceba um aumento da intensidade de precipitaes na
faixa entre 50 e 120 minutos, em relao s IDF pr-existentes (bem mais pronunciada
no cenrio MIROC 8.5), a inferncia fica particularmente prejudicada em funo da
resolutividade das projees climticas.
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Figura 51. Comparao entre curvas IDFs existente e futura, RCP 8.5 HADGEM2-ES
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Figura 52. Comparao entre curvas IDFs existente e futura, RCP 8.5 MIROC5
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2.4 Rio de Janeiro
2.4.1 Anlise comparativa da razo de chuva (3h/24h) para os cenrios passado e
futuro simulados no modelo atmosfrico - dados sem correo
Para se determinar as razes de precipitaes 3h/24h seguiu-se a mesma sequncia
descrita para a cidade de Recife, apresentada no item 2.1.1.
As Figuras 53 e 54 mostram os resultados das razes de precipitao no corrigidas
que relacionam a precipitao de 3h e de 24h, para os perodos de retorno de 5, 10,
15, 20, 25, 50 e 100 anos, para os modelos HADGEM2-ES e MIROC5, respectivamente.
De acordo com os dados apresentados na Figura 53, assim como para Recife e
Fortaleza, as razes encontradas para as simulaes feitas a partir do HADGEM2-ES
tendem a diminuir a medida em que se aumenta o perodo de retorno. Entretanto, as
razes observadas para o cenrio 4.5 apresentam-se inferiores s relativas do perodo
passado, e para o cenrio 8.5, apresentam-se bem prximas s do perodo passado.
Figura 53. Razo de chuva (3h/24h) para dados brutos, HadGem2-ES (Rio de Janeiro).
J para o modelo MIROC5 (Figura 54), as razes encontradas para o perodo passado e
para o cenrio 4.5 apresentam-se praticamente constantes para todos os perodos de
retorno e muito prximas entre si. J para o cenrio 8.5, as razes apresentam-se