Produção sustentável na reciclagem mecânica de resíduos ... · Jose Rodrigo dos Santos Silva...
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Produção sustentável na reciclagem mecânica de resíduos plásticos dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Produção sustentável na reciclagem mecânica de resíduos plásticos
Jose Rodrigo dos Santos Silva – [email protected]
MBA em Gestão da Qualidade e Engenharia de Produção
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Goiânia, GO, 04 de fevereiro de 2014
Resumo A cada ano que passa aumenta a quantidade gerada de plásticos pós-consumo, que em sua maioria é destinada a lugares inapropriados como lixões, por exemplo, resultando em poluição ambiental. No Brasil uma pequena parcela desses resíduos é destinada a reciclagem. Mesmo assim, é necessário que as empresas recicladoras tenham uma postura sustentável através de uma produção mais limpa, ou seja, deve haver mudanças desde a coleta seletiva de resíduos plásticos ao seu reprocessamento, que envolve as etapas de separação, moagem, lavagem, homogeneização, aglutinação e extrusão, com o objetivo de reduzir o consumo de água e energia e minimizar e reaproveitar os resíduos gerados. Portanto, a presente pesquisa teve como objetivo abordar os aspectos e impactos ambientais da reciclagem mecânica de resíduos plásticos, bem como apresentar algumas medidas sustentáveis que podem contribuir para uma produção menos impactante ao meio ambiente. Constatou-se por meio de uma revisão de literatura, que alguns estudos sugerem mudanças e adaptações nos processos de reciclagem de plásticos, mostrando que é possível em qualquer ramo industrial, mesmo naqueles que lidam diretamente com matéria-prima suja e contaminada, a adoção de medidas de gestão, que garantam um processo de produção mais limpo e sustentável.
Palavras-chave: Resíduos plásticos. Reciclagem mecânica. Produção Mais Limpa. Produção
sustentável.
1. Introdução
Os plásticos, presentes em praticamente todos os setores da sociedade, incluindo roupas,
artigos esportivos, edificações, automóveis, aviões, aplicações médicas, entre muitos outros,
são produzidos a partir de polímeros derivados do petróleo. São as matérias-primas mais
exploradas no mundo, além disso, os plásticos são baratos, duráveis e versáteis, o que facilita
o desenvolvimento de produtos e beneficia a sociedade em diversas maneiras.
A diversidade e a versatilidade dos polímeros plásticos facilita a produção de uma enorme variedade de produtos que proporcionam avanços tecnológicos, economia de energia e diversos outros benefícios para a sociedade. Porém, quando descartados de forma inadequada podem se tornar prejudiciais. O grande volume dos materiais plásticos, a enorme quantidade de descarte pós-consumo e os impactos ambientais causados pela disposição incorreta dos resíduos plásticos, que não são biodegradáveis, são apenas alguns dos problemas a serem citados. Além disso, os plásticos podem causar danos à saúde dos seres humanos e dos animais, principalmente por causa dos aditivos e químicos utilizados na sua fabricação. Instrumentos regulatórios destinados a mitigar os efeitos dos plásticos na saúde humana e ambiental precisam seguir seu ciclo de vida, desde a produção, o uso, descarte e inclusive a reciclagem, ou seja, deve haver uma produção sustentável (OLIVEIRA, 2012). Segundo Ministério do Meio Ambiente, nos termos do Processo de Marrakesh, produção sustentável pode ser entendida como sendo a incorporação, ao longo de todo o ciclo de vida de bens e serviços, das melhores alternativas possíveis para minimizar impactos ambientais e
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sociais (MMA, 2014). O ciclo de vida do plástico se inicia com extração do petróleo e termina
com a sua reciclagem. Portanto as empresas recicladoras de plásticos seriam parte desse ciclo,
porém por se tratarem de empresas como qualquer outra, devem também ter uma postura
sustentável, formando um novo ciclo, o qual começa com a coleta seletiva de resíduos
plásticos, reciclagem, uso, descarte e terminando novamente com a reciclagem.
A reciclagem de plásticos, ou qualquer outro tipo de reciclável, é vista hoje como forma de
preservação dos recursos naturais e do meio ambiente, evitando o acúmulo de materiais não
biodegradáveis e nocivos em áreas impróprias. Ademais, contribui para a geração de renda e
para o prolongamento da vida útil dos aterros sanitários. Poucos sabem, entretanto, que em
algumas empresas recicladoras de plásticos sobram ainda resíduos prejudiciais, pois, na
maioria das vezes, as recicladoras recebem matérias-primas (resíduos plásticos) sujas e
contaminadas, o que resulta no consumo elevado de água para lavagem desses materiais,
gerando rejeitos e efluentes líquidos contaminados (GONDIM, 2007). Há também o consumo
elevado de energia elétrica e emissão de ruídos.
Todos esses aspectos devem ser controlados, para que haja uma eficiência satisfatória no
processo de reciclagem e menos impactos ambientais. Em qualquer indústria é importante que
os processos produtivos visem à redução do desperdício. O correto manuseio, manutenção e
adequação do maquinário e o gerenciamento de rejeitos e efluentes são de suma importância,
para que a reciclagem que se apresenta como uma ferramenta para a sustentabilidade
ambiental, não haja de forma insustentável, ou seja, não se deve resolver um problema e gerar
outro. Diante disso, a adoção de processos sustentáveis na reciclagem de plásticos se apresenta
como solução para minimizar prejuízos sociais, econômicos e ambientais.
A adoção de processos sustentáveis é vista pelas empresas em geral como uma estratégia,
cujo objetivo é economizar e maximizar a eficiência do uso de energia, matérias-primas e
água, além de minimizar e reaproveitar resíduos gerados. Essas práticas podem ser adotadas
em serviços, processos e produtos, as quais buscam uma redução de riscos ao homem e à
natureza, aumentando as vantagens econômicas e competitivas no mercado (UNIDO, 2014).
Diante deste contexto, esta pesquisa tem como objetivo abordar os aspectos e impactos
ambientais da reciclagem mecânica de resíduos plásticos, bem como apresentar algumas
medidas sustentáveis que podem contribuir para uma produção menos impactante ao meio
ambiente.
2. Cadeia produtiva de plásticos
A cadeia produtiva dos plásticos inicia-se com o uso da nafta, obtida pelo processo de refino
do petróleo ou do gás natural, utilizada como matéria-prima para a obtenção de cadeias
básicas de hidrocarbonetos como benzeno, eteno, propeno e isopropeno, tolueno, orto/para-
xileno, xileno misto, buteno, butadieno e outros. A primeira geração petroquímica é a
responsável então pela obtenção destes petroquímicos básicos, e tal conversão é realizada nas
centrais de matérias-primas dos polos petroquímicos. A produção de resinas a partir dos
produtos petroquímicos básicos constitui a segunda geração petroquímica. As resinas
produzidas são então processadas para a geração de variados produtos nas indústrias de
transformação plástica, ou seja, nas empresas da terceira geração petroquímica, que junto com
a primeira geração representam fabricantes de produtos padronizados e com especificações
bem definidas, chamados de commodities. As indústrias da terceira geração são intensivas em
mão-de-obra, e são as que produzem uma quantidade de produtos maior e mais diversificada.
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Assim, seus processos de produção são mais flexíveis, mas a escala de produção é menor do
que nas duas gerações anteriores (SIQUIM/EQ/UFRJ, 2003).
Após a produção das resinas, estas devem receber aditivos e plastificantes, tais como
pigmentos, corantes, retardantes de chama, antioxidantes, etc., para cumprirem as funções
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para as quais foram fabricadas, resistirem aos processos de transformação e tornarem-se
produtos duradouros (OLIVEIRA, 2012).
Os plásticos podem ser classificados em dois grandes grupos distintos pelo comportamento
térmico durante o processamento: os termoplásticos e os termofixos. Os termoplásticos são
moldáveis, pois amolecem quando aquecidos. Esse processo pode ser repetido inúmeras vezes
e a degradação do polímero será mínima. Já os termofixos, não são facilmente moldáveis por
aquecimento. Durante o processamento, esses polímeros são moldáveis, mas tornam-se
rígidos ao final do processo e resistentes ao aumento de temperatura. Assim, os plásticos
termofixos são, normalmente, mais rígidos que os termoplásticos, estes últimos são os
passíveis de reciclagem mecânica (PARENTE, 2006).
3. Panorama da reciclagem de plásticos no Brasil
Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a produção de
transformados plásticos no ano de 2012 atingiu a marca de 6,7 milhões de toneladas. Deste
total, 238 mil toneladas foram exportadas e o restante, juntamente com a parcela importada
(708 mil toneladas), resultou em um consumo aparente de 7,1 milhões de toneladas, que
atendeu a demanda de setores da indústria e do comércio (ABIPLAST, 2012). Diante disso e
devido ao crescimento populacional, a cada ano que passa a produção de transformados
plásticos no país só tende a crescer e o aumento do consumo desses artefatos tem como
consequência a geração de quantidades significativas de resíduos plásticos.
No ano de 2011 foram destinadas a reciclagem cerca de 5 milhões de toneladas de resíduos
plásticos, 68% eram de origem pós-consumo e o restante de origem pós-industrial. Cerca de 1
milhão de toneladas foram recicladas, 124 mil toneladas a mais do que no ano interior, ou
seja, um aumento de 13% na reciclagem desse tipo de material no país (PLASTIVIDA, 2012).
A Figura 1 mostra os dados quantitativos da produção, consumo aparente e reciclagem de
transformados plásticos entre os anos de 2000 e 2011. Neste período o consumo aparente teve
crescimento médio de 6% ao ano, enquanto que a reciclagem teve crescimento médio anual, a
partir do ano de 2003, de 7%. Infelizmente não foi possível obter dados da reciclagem dos
anos de 2001 e 2002.
Figura 1 – Produção, consumo aparente e reciclagem de transformados plásticos no Brasil no período de 2000 a
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2011. Fonte: Elaborado a partir de dados da Abiplast (2012) e Plastivida (2012)
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Somente 16% dos transformados plásticos consumidos em 2011 foram reciclados, 2% a mais
em relação ao ano anterior. Porém, o percentual de plásticos reciclados geralmente não é
calculado em relação ao consumo, é calculado através do chamado IRmP (Índice de
Reciclagem mecânica de Plásticos), que é a quantidade de resíduos plásticos reciclados
dividida pela quantidade de resíduos plásticos gerados e destinados à reciclagem (IRmP =
reciclado/gerado). Em 2010, o IRmP no Brasil foi de 19%, em 2011 subiu para 22%, ou seja,
como dito anteriormente, das quase 5 milhões de toneladas de resíduos plásticos geradas em
2011, 1 milhão de toneladas foram recicladas. Quantidade demandada por diversos setores
consumidores (PLASTIVIDA, 2012).
O setor que mais demandou plásticos reciclados em 2011 foi o de utilidades domésticas
(16,5%) e o setor de menor demanda foi o de material escolar/escritório (0,3%). Os setores
que produzem bens de consumo, juntos consumiram cerca 48% dos plásticos reciclados
(Figura 2).
Figura 2 – Distribuição de setores consumidores de plásticos reciclados no Brasil
Fonte: Adaptado de Plastivida (2012)
Apesar da reciclagem de resíduos plásticos ainda ser uma prática incipiente no Brasil, os
dados apresentados revela que as empresas estão reconhecendo a importância da produção
sustentável no país, através da substituição de parte de suas matérias-primas virgens por
recicladas. O plástico está muito presente no cotidiano das pessoas, e seu consumo cresce a
cada ano e como mostra a Figura 2, quase 50% dos plásticos reciclados são destinados à
fabricação bens de consumo, percentual próximo ao destino de resinas plásticas virgens à
produção, também, de bens de consumo.
O consumo de transformados plásticos resulta na geração de uma quantidade considerável de
descartados pós-consumo por ano. Em 2011, o consumo de transformados plásticos era de 35
kg/habitante/ano e estima-se que em 2015 aumentará para 46 kg/habitante/ano (ABIPLAST,
2011). Isso torna importantes os trabalhos de coleta seletiva e reciclagem de plásticos, para
evitar problemas ambientais com o descarte inadequado de milhões de toneladas desses
materiais, pois uma parcela significativa é destinada a aterros sanitários e lixões.
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4. Geração de resíduos plásticos no Brasil
Segundo Ribeiro (2010), o percentual de material reciclável presente nos Resíduos Sólidos
Urbanos (RSU) no Brasil é de 40,9%, sendo que 20,3% correspondem a plásticos pós-
consumo (Figura 3). Portanto estima-se que das 63 milhões de toneladas RSU geradas em
2012, cerca de 13 milhões de toneladas correspondiam a plásticos pós-consumo.
Figura 3 – Composição gravimétrica dos RSU no Brasil
Fonte: Elaborado a partir de dados de Ribeiro (2010)
Ainda no ano de 2012, 57 milhões de toneladas de RSU foram coletadas. Desse total coletado,
58% foram destinados de forma adequada para aterros sanitários e à reciclagem, e 42% de
forma inadequada, ou seja, para aterros controlados e lixões, que são lugares ambientalmente
inadequados para disposição de RSU. Com isso, calcula-se que por volta de 7 milhões de
toneladas de plásticos pós-consumo receberam destino final inadequado no de 2012
(ABRELPE, 2013).
A Tabela 1 apresenta os dados estimados sobre a geração e o destino dos resíduos plásticos
presentes nos RSU no Brasil no ano de 2011, ano em que aproximadamente 5 milhões de
toneladas de resíduos plásticos receberam destino inadequado.
Plásticos (Resíduos Sólidos Urbanos) Quantidade (Toneladas)
Gerados 12.573.083 Coletados 11.273.491
Destinados a aterros controlados e lixões 4.728.102
Destinados à reciclagem 3.374.931
Destinados a aterros sanitários 3.170.458
Reciclados 732.360
Tabela 1 - Dados estimados da geração e destino de resíduos plásticos dos RSU em 2011 no Brasil Fonte: Elaborado a partir de dados da Abrelpe e Plastivida (2012)
As pesquisas realizadas por Ribeiro (2010) e Abrelpe (2013) referem-se somente aos resíduos
sólidos coletados pelos serviços de limpeza urbana, não incluindo os resíduos sólidos gerados
por setores da indústria, pois os grandes geradores de resíduos são responsáveis pelo destino
de seus descartados, não sendo assim coletados por serviços municipais. Mas segundo a
Plastivida (2012), 1,6 milhões de toneladas de resíduos plásticos gerados em 2011 eram de
origem industrial e somente 345 mil toneladas foram recicladas, enquanto que por volta de
732 mil toneladas de plásticos pós-consumo foram recicladas.
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Os dados mostram que se recicla pouco dos resíduos plásticos gerados anualmente. Por trás
disso existem vários fatores que contribuem para o número reduzido da reciclagem. Além da
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baixa contribuição da população na separação dos resíduos, os principais entraves apontados
pelos recicladores são:
O aumento do preço do material reciclado;
Queda na competitividade em relação às resinas virgens;
Altos custos com consumo de energia elétrica;
Pouca confiabilidade dos transformadores devido a não aceitação do consumidor final por produtos que contenham reciclados;
Má separação dos catadores e sujidades nos resíduos; e
Falta de apoio do governo, por meio de incentivos à indústria de reciclagem (PLATIVIDA, 2012).
Deve se ressaltar também as perdas no processo de reciclagem, das quase 3 milhões de
toneladas plásticos de origem pós-consumo destinadas a reciclagem, 2,6 milhões de toneladas
foram descartadas em 2011, isso mostra a importância de se adotar processos sustentáveis nas
empresas recicladoras. A pesquisa realizada pela Plastivida cita um geração de aproximadamente 5 milhões de toneladas de resíduos plásticos no ano de 2011, incluindo materiais de origem doméstica e industrial, quantidade menor do que a mostrada pelas outras pesquisas citadas na presente pesquisa. A explicação para essa diferença é que a pesquisa realizada pela Plastivida refere-se somente aos resíduos plásticos coletados e destinados a reciclagem.
5. Coleta seletiva de resíduos plásticos
Os resíduos plásticos chegam às empresas recicladoras após os trabalhos de coleta realizados
por programas ambientais como a coleta seletiva de lixo, prática adotada em várias cidades do
Brasil. Em 2012, 766 municípios brasileiros (14% do total) operavam programas de coleta
seletiva de resíduos sólidos. Em 48% desses municípios, a coleta era realizada pela própria
prefeitura, 26% por empresas particulares que foram contratadas para executar a coleta, e
mais da metade das cidades (65%) apoiavam ou mantinham cooperativas de catadores como
agentes executores da coleta seletiva municipal (CEMPRE, 2012). Segundo a Plastivida
(2012), o número de empresas de reciclagem mecânica de plásticos no país era de 815 e 52%
delas estavam concentradas na região sudeste do país. Os principais tipos de plásticos
reciclados foram PET, PEAD, PVC, PEBD/PELBD, PP, EPS, PS e outros (ABS, PC, POM,
PA e EVA). O Quadro1 apresenta os símbolos, características e aplicações desses tipos de
plásticos.
SIMBOLO TIPO
Tereftalato de polietileno - PET Os plásticos de tereftalato de polietileno são transparentes, inquebráveis, impermeáveis e leves. O PET é utilizado,
principalmente, na fabricação de garrafas de água mineral e refrigerante, embalagens para produtos alimentícios, como óleos e sucos, de limpeza, cosméticos e farmacêuticos. Também está presente em bandejas para microondas, filmes para
áudio e vídeo, fibras têxteis, entre outros.
Polietileno de alta densidade - PEAD Embalagens para alimentos, produtos têxteis, cosméticos e embalagens descartáveis são produzidas a partir do polietileno
de alta densidade. Resistente a baixas temperaturas, leve, impermeável, rígido e com resistência química, o PEAD também é usado na fabricação de tampas de refrigerante, potes para freezer e garrafões de água mineral, além de
brinquedos e eletrodomésticos, cerdas de vassoura e escovas, sacarias (revestimento e impermeabilização), fitas adesivas, entre outros.
Cloretos de polivinila - PVC Por suas características como rigidez, impermeabilidade e resistência à temperatura, os cloretos de polivinila são usados principalmente em tubos, conexões, cabos elétricos e materiais de construção como janelas, portas, esquadrias e cabos de
energia. O PVC também pode ser aplicado na fabricação de brinquedos, alguns tipos de tecido, chinelos, cartões de crédito, tubos para máquinas de lavar roupa e caixas de alimentos.
Polietileno de baixa densidade - PEBD e Polietileno de baixa densidade linear – PEBDL
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São flexíveis, leves, transparentes e impermeáveis. O polietileno de baixa densidade (PEBD) é utilizado na produção de filmes termocontroláveis, como caixas para garrafas de refrigerante, fios e cabos para televisão e telefone, filmes de uso geral, sacaria industrial, tubos de irrigação, mangueiras, embalagens flexíveis, impermeabilização de papel (embalagens tetrapak), entre outros. O polietileno linear de baixa densidade (PEDBL) é aplicado, principalmente, na produção de
embalagens de alimentos, fraldas, absorventes higiênicos e sacaria industrial.
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SIMBOLO TIPO
Polipropileno - PP Embalagens para alimentos, produtos têxteis e cosméticos, tampas de refrigerante, potes para freezer e garrafões de água
mineral são alguns dos produtos fabricados com polipropileno. Esses plásticos conservam o aroma e são resistentes a mudanças de temperatura, brilhantes, rígidos e inquebráveis. Também são utilizados em produtos hospitalares
descartáveis, tubos para água quente, autopeças, fibras para tapetes, fraldas, absorventes higiênicos, entre outros.
Poliestireno - PS Entre os produtos fabricados com o poliestireno estão os copos descartáveis, eletrodomésticos, produtos para construção
civil, autopeças, potes para iogurte, sorvete e doces, frascos, bandejas de supermercados, pratos, tampas, aparelhos de barbear descartáveis, brinquedos etc. As principais características do PS são a impermeabilidade, rigidez, leveza e
transparência.
Copolímero de etileno e acetato de vinila – EVA, Acrilonitrila butadieno estireno – ABS, Policarbonato – PC,
Polióxido de Metileno – POM e Poliamida – PA O copolímero de etileno e acetato de vinila (EVA) é empregado principalmente na fabricação de calçados, colas,
adesivos, peças técnicas, fios e cabos.
Quadro 1 – Principais tipos de plásticos recicláveis Fonte: Elaborado a partir de dados da ABNT (2008) e Plastivida (2012)
O resíduo plástico apesar de ser o material reciclável mais gerado no Brasil, ele é o segundo
material mais presente na coleta seletiva no Brasil, compreende 15,6% dos recicláveis, e o
tipo de plástico mais coletado é o PET, corresponde a 32% do total de plásticos coletados
(Figura 4).
Figura 4 - Composição gravimétrica da coleta seletiva e perfil dos plásticos coletados no Brasil em 2012
Fonte: Adaptado de Cempre (2012)
Os tipos de plásticos apresentados na presente pesquisa são considerados de vida curta, ou
seja, são descartados em um prazo máximo de dois anos e são classificados como
termoplásticos. Alguns são considerados commodities, é o caso do PE, PP, PS, PVC. O
poliéster e o poliuretano (PU), um termofixo não reciclável, também são considerados
commodities. Todos os termoplásticos citados no Quadro 1 podem ser submetidos à
reciclagem mecânica. Outro tipo de plástico, o EPS - Poliestireno Expandido, conhecido
como isopor, também é reciclável por processo mecânico (SINDIPLAST, 2011).
6. Reciclagem mecânica de resíduos plásticos
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Segundo Mano et al. (2005), a reciclagem de resíduos sólidos é o resultado de diversas
atividades, como coleta, separação e processamento, através das quais materiais
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aparentemente sem valor servem como matéria-prima na manufatura de bens, anteriormente
feitos com matéria-prima virgem.
A Lei nº 12.305/10 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos define reciclagem em
seu Art. 3°, inciso XIV, como “o processo de transformação dos resíduos sólidos que
envolvem a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à
transformação em insumos ou novos produtos” (BRASIL, 2010).
A reciclagem de plásticos envolve alterações físicas e químicas, e é dividida em quatro
categorias:
Reciclagem primária: consiste na reintrodução de resíduos plásticos recolhidos na
própria fábrica como rebarbas, peças mal moldadas, produtos do início de operação das
máquinas, aparas e peças plásticas fora de especificação;
Reciclagem mecânica ou secundária: Compreende a conversão de resíduos plásticos em
grânulos, que podem então ser reutilizados pelo setor produtivo na confecção de outros
produtos. Esse tipo de reciclagem necessita de diversas operações em função de
contaminantes e partes metálicas presentes nos refugos, as quais podem danificar os
equipamentos industriais;
Reciclagem química ou terciária: transforma os refugos plásticos em produtos químicos
úteis, ou seja, visa obter os compostos químicos que deram origem aos plásticos – os
monômeros – ou compostos químicos de baixo peso molecular – oligômeros; e
Reciclagem energética ou quaternária: incineração dos resíduos plásticos para a recuperação de energia (MANO et al., 2005).
Segundo a Plastivida (2012), no Brasil não existe reciclagem de plásticos com vistas à recuperação química e energética. Portanto os resíduos plásticos são reciclados somente por processo mecânico. As etapas da reciclagem mecânica de plásticos são apresentadas na Figura 5.
Figura 5 - Fluxograma da reciclagem mecânica de plásticos
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Fonte: Sindiplast (2011)
A Figura 5 mostra que a reciclagem mecânica inicia com a separação dos tipos de plásticos
(Quadro1) a serem reprocessados. Pode haver a separação por cor ou de acordo com o método
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de reciclagem a ser realizado, como a extrusão, por exemplo. Normalmente a separação é
realizada sobre uma esteira transportadora, na qual os diferentes tipos de plásticos a serem
reciclados serão segregados manualmente dos demais resíduos recicláveis e orgânicos, estes
últimos podem ser destinados à compostagem (SINDIPLAST, 2011). Nesta etapa são
separados também rótulos de diferentes materiais, tampas de garrafas, produtos compostos
por mais de um tipo de plástico, embalagens metalizadas, grampos, etc. (Figura 6). Esse
trabalho de seleção pode ser realizado fora da indústria recicladora, ou seja, em cooperativas
de catadores ou em centros de triagem. Esse trabalho facilita depois o trabalho mais seletivo
na recicladora. Vale lembrar que a reciclagem mecânica é viável somente para um único tipo
de plástico, pois a separação dos diferentes polímeros é particularmente importante, pois o
processamento de materiais misturados resulta na produção de um reciclado de baixa
qualidade, o que limita o número de aplicações (AZAPAGIC et al., 2003).
Figura 6 – Separação de resíduos plásticos
Fonte: Sindiplast (2011)
Após a separação, os resíduos plásticos devem passar por um processo de moagem, o que
facilitará a entrada nos equipamentos subsequentes (Figura 7). Os resíduos plásticos são então
triturados em moinhos com facas rotativas ou de martelo. Depois, o material moído segue
para a lavagem em tanques ou centrifugas, para descolagem e separação de sujidade aderente
aos resíduos plásticos (BRANDRUP et al., 1995).
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Figura 7 – Resíduos plásticos triturados na etapa de moagem
Fonte: Sindiplast (2011)
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Depois do preparo da matéria-prima (resíduos plásticos), está será processada através de
quatro etapas, a saber:
Homogeneização: Nesta etapa é retirado (em secador) o excesso de água do material. Para a
homogeneização são utilizados misturadores dotados de resistências elétricas, o que traz
grande produtividade ao processo. São adicionados materiais de diferentes classificações
(fluidez), para se homogeneizar e aquecer o material;
Aglutinação: A aglutinação, além de completar-se a secagem, reduz o volume através da
compactação do material. O atrito dos fragmentos contra a parede do aglutinador provoca a
elevação de sua temperatura, levando a formação de uma massa plástica (Figura 8). É nesta
fase que o material recebe a adição de pigmentos, cargas e demais aditivos necessários, de
modo a atender a especificação do produto. É comum a aglutinação ser empregada quando o
material a ser recuperado se encontra em forma de filmes e fibras. Para peças maciças, ela não
é necessária;
Figura 8 – Aglutinadora de resíduos plásticos triturados
Fonte: Sindiplast (2011)
Extrusão: O material com seu volume reduzido e em forma de massa plástica é enviado a
uma extrusora, onde se obtém a homogeneização e dispersão dos pigmentos, cargas e
aditivos, a fim de se obter um produto com as características requisitadas. Através de
cabeçotes da extrusora é produzido um ou vários “espaguetes” contínuos, que são resfriados
em banhos em circuito fechado e sistema de recirculação de água (Figura 9);
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Figura 9 – “Espaguetes” produzidos pela extrusora Fonte: Sindiplast (2011)
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Granulação: Em seguida, o “espaguete” é fragmentado em um granulador, produzindo
grânulos chamados de pellets (grãos plásticos), são resinas semelhantes às resinas produzidas
a partir de matérias-primas virgens (Figura 10), que podem ser enviadas a indústrias de
transformação (SINDIPLAST, 2011).
Figura 10 – Grãos plásticos (pellets), produzidos na etapa de granulação
Fonte: PGP Sacolas (2014)
Das etapas descritas acima, a mais importante é a extrusão, método mais utilizado na
transformação de plástico no Brasil, 54% das indústrias transformadoras de plásticos no país
utilizam esse método (ABIPLAST, 2011). Extrusão que vem de extrudar significa “empurrar”
ou “forçar a sair”. Muitos materiais, além do plástico são transformados pelo processo de
extrusão como metais, argila, alimentos, etc. Mas existem outros métodos como
termoformagem, sopro, injeção e rotação. Cada um desses processos é utilizado de acordo
com o que será produzido (SINDIPLAST, 2011). A descrição detalhada desses processos, que
não está no objetivo desta pesquisa, encontra-se no site da American Chemistry Council
(AMERICAN CHEMISTRY COUNCIL, 2011).
Independentemente do método utilizado, a reciclagem de plásticos, como qualquer outra
atividade industrial, gera impactos ambientais que devem ser avaliados e mitigados, através
da adoção de práticas sustentáveis que envolvem as etapas que vão desde a coleta e preparo da
matéria- prima ao gerenciamento de rejeitos e tratamento de efluentes. Portanto para tomar
essas medidas inicialmente é preciso identificar os aspectos e impactos ambientais da
reciclagem mecânica.
7. Aspectos e impactos da reciclagem mecânica de resíduos plásticos
A NBR ISO 14001:2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define
aspectos e impactos ambientais da seguinte maneira:
Aspectos ambientais: referem-se aos elementos da atividade, produtos e serviços da organização que podem interagir com o ambiente; e
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Impactos ambientais: referem-se às alterações que tomarão lugar no ambiente como resultado de um aspecto ambiental. As alterações podem ser adversas ou benéficas (ABNT, 2004).
Diante dessas definições entende-se que aspecto é a causa e o impacto o efeito. O termo “impacto” não se aplica somente a algo que sofreu efeitos danosos, portanto como explicado
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anteriormente, o impacto pode ser negativo e/ou positivo. Como a presente pesquisa se refere
a processos sustentáveis com vistas à redução do desperdício e poluição, será dada a ênfase
aos aspectos que causam impactos negativos.
Os principais aspectos ambientais da reciclagem mecânica de plásticos são:
Consumo de água;
Consumo de energia elétrica;
Geração de resíduos sólidos;
Geração de efluentes líquidos; e
Geração de ruídos, gases e particulados (SINDIPLAST, 2011). O consumo de água e energia elétrica podem causar impactos ao meio ambiente, como a exaustão dos recursos hídricos, pois para haver produção de energia e a utilização da água pela empresa recicladora inicialmente houve a extração de água do meio ambiente e isso depende da disponibilidade de cursos d’agua. O uso da água em indústrias recicladoras para lavagem de plásticos também pode resultar em
outro aspecto, a geração de efluentes líquidos com alta carga poluidora, devido à presença de
contaminantes nos resíduos plásticos, principalmente devido a presença de matéria orgânica.
Os efluentes líquidos quando descartados sem nenhum tratamento podem causar impactos
como a contaminação de águas superficiais e subterrâneas.
Na etapa de lavagem, além de efluentes líquidos, também são produzidos resíduos sólidos,
assim como na etapa de separação e processo. Os resíduos sólidos gerados nas indústrias
recicladoras são considerados rejeitos e se mal gerenciados e descartados de maneira
inadequada podem causar contaminação do solo e de mananciais, ainda podem gerar poluição
atmosférica com a liberação de gases devido a degradação da matéria orgânica presente. Não só os gases, resíduos sólidos e efluentes merecem atenção, mas também o controle de emissões de ruídos e material particulado, que são produzidos na etapa de moagem, causando assim poluição atmosférica. Os ruídos provocados por equipamentos elétricos podem causar incômodos à população no entorno das indústrias e danos à saúde de funcionários dentro da empresa recicladora (SINDIPLAST, 2011). Resumindo, os impactos produzidos pela reciclagem mecânica de plásticos são:
Comprometimento das fontes de energia e de recursos naturais renováveis;
Contaminação das águas superficiais e subterrâneas;
Poluição atmosférica;
Contaminação do solo; e
Incômodo a população e danos à saúde humana. Todos esses impactos ocorrem quando os aspectos não são controlados de forma adequada. Para isso é preciso que os processos de reciclagem sejam sustentáveis (SINDIPLAST, 2011).
8. Produção Mais Limpa (P+L)
Segundo a United Nations Industrial Development Organization (UNIDO), Produção Mais
Limpa (P+L) é a aplicação contínua de uma estratégia de prevenção ambiental integrada aos
processos, produtos e serviços para aumentar a eficiência e reduzir os riscos para os seres
humanos e o meio ambiente (UNIDO, 2014).
Recentemente as empresas já tem adotado uma nova filosofia, trata-se da constante realização
de novos trabalhos e a implantação de normas, procedimentos e projetos destinados à melhoria
contínua da eficiência de produção, com o objetivo de se minimizar seus impactos ambientais. Uma questão relevante da P+L é sobre qual valor deva ser atribuído a essas mudanças, ou seja, qual o custo/benefício da implantação de tais projetos. Investimentos nessa área nem
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sempre trazem um retorno financeiro imediato, mas sim a médio e longo prazo, por vezes sem
relação imediata com os resultados ambientais, que poderão aparecer com mais rapidez.
Através da aplicação de medidas de P+L, é possível se obter melhorias em diversos aspectos
do processo, a saber:
Redução do consumo de energia elétrica;
Redução do consumo de água;
Diminuição dos índices de refugo (material para reprocesso/reciclagem);
Diminuição dos índices de resíduos (através dos 3R’s – reduzir, reutilizar, reciclar);
Melhor acompanhamento do processo; e
Diminuição da necessidade de manutenções corretivas (SINDIPLAST, 2011). A seguir são apresentadas algumas medidas que visam a sustentabilidade no processo de reciclagem mecânica de resíduos plásticos, baseados em conceitos da P+L, que contribui para que as indústrias recicladoras de plásticos tenha uma produção sustentável.
8.1 Aquisição e preparo da matéria-prima
Algumas empresas substituem suas matérias-primas por aquelas que são produzidas por
processos que menos impactam o meio ambiente. No caso da indústria da produção de resinas
plásticas, inicialmente ocorre à extração do petróleo para obtenção da nafta e do gás natural,
uma atividade que causa impactos significativos ao meio ambiente, como, por exemplo, a
emissão de gases do efeito estufa, que provoca o aquecimento global. Portanto as indústrias
de transformação mitigam esse tipo de impacto com a aquisição de resinas plásticas
recicladas. Mas no caso das empresas de reciclagem mecânica de plásticos, como não pode
haver a substituição de matéria-prima, é recomendado cuidados na coleta e separação dos
resíduos plásticos.
O máximo de eficiência obtida na triagem dos resíduos plásticos contribuirá para o melhor
desempenho no processo de transformação, mas este processo pode ser ainda mais eficiente se
a recicladora adquirir matérias-primas em bom estado, o que dependerá dos cuidados dos
catadores e inclusive do apoio da população com a segregação e o acondicionamento correto
dos materiais recicláveis, para evitar a contaminação por outros resíduos, principalmente
orgânicos.
A magnitude dos impactos nas usinas de reciclagem dependerá diretamente do grau de
contaminação da corrente de resíduos plásticos utilizada, pois a descontaminação destes
resíduos poderá gerar correntes expressivas de efluentes e rejeitos. A contaminação
geralmente ocorre devido ao alto grau de informalidade do setor e a baixa escolaridade dos
catadores de lixo, um fator de risco de contaminação dos resíduos plásticos, o que pode
inviabilizar a reciclagem ou gerar uma quantidade excessiva de resíduos de processo
(SINDIPLAST, 2011). Devido a esses problemas é necessário também que a etapa de triagem
dos resíduos plásticos seja a mais eficiente possível.
Na etapa de triagem também são separados objetos indesejáveis como embalagens
metalizadas, outros tipos plásticos dos quais não se deseja reciclar e outros materiais
recicláveis. As técnicas de separação automática permitem separar os plásticos de forma mais eficiente, contudo são dispendiosas, razão pela qual o método mais comum é a triagem manual. De acordo com Brandrup et al. (1995), a eficiência de separação manual dos resíduos plásticos pode ser da ordem de 80% a 95%, por duas razões. Primeiro deve se levar em conta o erro humano, normal em qualquer processo de seleção manual, o qual depende das características do operador e da tarefa, tais como o treino, a velocidade de separação, o tipo de seleção, as
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condições do fluxo de resíduos, a fadiga, etc. Segundo, as características e a aparência das embalagens podem representar um problema, tais como o uso de diferentes polímeros em
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embalagens com o mesmo aspecto. Para identificar o tipo correto de plástico que se deseja
reciclar, Castilhos (2004) indica os seguintes critérios:
Por meio da simbologia de identificação do polímero normalmente impressa no fundo da embalagem através da Norma ABNT NBR 13230 (ABNT, 2008);
Por correlação produto-polímero (associado à aplicação);
Pelo aspecto (transparente, translúcido, colorido);
Por meio do comportamento mecânico (rigidez e flexibilidade associadas ao som e esbranquiçamento na dobra, dureza, rasgo etc.); e
Por testes de chama, odor, temperatura de amolecimento e densidade.
8.2 Controle de ruídos e resíduos sólidos
A trituração de plásticos feitos à base de PEAD pode gerar ruído e a emissão de particulados
sólidos de tamanhos variados, que precisam ser controlados. Os resíduos particulados quando
possuem granulometria reduzida constituem um problema, pois poluem o ar, acumulam-se em
partes indevidas de maquinários e prejudicam a saúde humana, caso sejam inalados, além de
ser um inconveniente para as etapas de transformação, pois eles podem se fundir previamente
e atrapalhar o escoamento do material na extrusora. Quando a alimentação é realizada em
moinho aberto, é grande o risco de partículas serem ejetadas para fora do equipamento, o que
pode arriscar a segurança do operador. Outra etapa da reciclagem mecânica que pode gerar
resíduos é a extrusão.
Na alimentação da extrusora ocorre a geração de borra devido às seguintes situações: a cada
reinício de processo, com a purga do material que já está dentro do cilindro; quando falta
alimentação na máquina; quando é realizada a limpeza do cilindro para posterior troca de
matéria-prima; quando há entupimento de peneiras; enquanto não é feito o ajuste correto dos
moldes, etc. (FARIA; PACHECO 2011).
Todos esses aspectos podem ser controlados por medidas simples. Para o controle do ruído e
captação de particulados de granulometria reduzida podem ser usadas carcaças de madeira
forrada com material tipo “caixa de ovo” em torno do moinho pra abafar parcial ou totalmente
o som (enclausuramento de moinho), deixando apenas um espaço para o operador alimentar a
máquina. Com isso também se protege o ambiente da poeira. Quanto menor a rotação tiver o
moinho, menor pode ser sua estrutura e menor será o ruído gerado. Para as embalagens de
PEAD, recomenda-se o uso de moinho com alimentação tangencial e rotor aberto, que realize
o corte dos frascos pelo sistema tesoura. Os canais de alimentação tangencial impedem que o
plástico seja arremessado de volta. O rotor aberto permite o fluxo de ar, através do canal de
corte. As melhores lâminas das facas a serem usadas nesse sistema são as de liga metálica em
aço carbono ou cromo, com revestimento para aumentar a resistência ao uso, apresentando
fácil reparação e substituição (CLEAN, 2008).
Outra medida de controle na etapa de moagem é a utilização da moagem a úmido que pode
prevenir o entupimento de peneiras e reduzir a degradação do PEAD granulado, devido ao
calor gerado com o atrito que ocorre na moagem a seco. Outra vantagem é que a água em
movimento remove e transporta a sujeira que ficaria retida nos plásticos. No entanto, o
processo de reciclagem de PEAD a úmido é mais custoso que o processo a seco (FARIA;
PACHECO, 2009).
A manutenção do moinho visando à segurança, à qualidade do material moído e à boa
condição de trabalho é também de suma importância e depende do próprio operador, que deve
ter as seguintes atribuições:
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Verificar a necessidade de amolação das facas em função da falta de uniformidade do material ou da presença de metal ou pedra no meio do resíduo;
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Ajustar a distância (gap) entre o rotor e as facas, que pode variar durante o processo, de
modo a garantir a eficiência do corte, a qualidade do material e prolongar a vida útil das
lâminas;
Observar se a tensão das correias está apropriada, pois uma correia frouxa pode travar e danificar a máquina;
Verificar e limpar a peneira que estiver entupida, pois retém o plástico no canal de corte e
o calor oriundo da fricção pode fundir os grãos de PEAD e esse escorrer para a peneira,
entupindo-a ainda mais. Além disso, o calor pode degradar o PEAD, reduzindo sua
qualidade; e
Garantir que a máquina não ficará sem alimentação, pois uma vez que o moinho não tem
silo para estocagem de material na entrada, no caso de ausência temporária do operador,
poderá gastar energia sem produzir. Com isso consegue-se a otimização da qualidade do
material processado, uma melhor eficiência na produção e na taxa de fluxo de material, a
redução da geração de calor, barulho e emissão de resíduos atmosféricos e boas condições
gerais de segurança e operação.
Quanto à geração de borra na extrusora, esta dever ser minimizada. No caso de formação
inevitável, deverá ser resfriada e armazenada, de modo que quando acumular quantidade
significativa seja picotada e devolvida ao processo de moagem para ser reprocessada. O
mesmo ocorre para os “galhos” de injeção, que mantêm os artefatos emendados no ato da
produção e que depois, são destacados e descartados, devendo ser devolvidos ao processo
(FARIA; PACHECO, 2009). Vale ressaltar que para melhor controle dos impactos causados pelos aspectos citados, que quanto mais limpo o material, menor o risco de entupimento de peneiras e parada de máquinas, o que gera menos resíduos de processo.
8.3 Consumo de água e efluentes líquidos
A quantidade de água utilizada em empresas recicladoras depende do tipo de material a ser
reciclado. Os resíduos plásticos de origem pós-industrial normalmente não precisam ser
lavados, pois são materiais que incluem produtos fora de especificação, aparas, refugos,
sobras e outras peças que se caracterizam por apresentar uniformidade em relação à
composição, também não há contato desse material com restos de comida ou contaminantes
em geral, o que faz com que possam ter um processamento distinto do plástico pós-consumo,
sem passar por uma etapa de lavagem. Porém, os plásticos pós-consumo, oriundos da coleta
seletiva, apresentam menos contaminação que aqueles misturados com o lixo comum, o que
reduz os custos de reciclagem, com minimização das despesas na operação de lavagem e
menor geração de efluentes.
Segundo Bordonalli et al. (2005), um grande problema da reciclagem de resíduos plásticos é o
tratamento do efluente de lavagem, pois contém alta carga poluidora, portanto são efluentes
que apresentam níveis elevados de contaminação orgânica e inorgânica que não devem ser
descartados sem tratamento adequado. Atualmente algumas iniciativas no Brasil buscam
regulamentar o uso racional dos recursos hídricos, bem como o reuso e a reciclagem da água.
A quantidade de água usada na lavagem do plástico deve ser a mínima necessária e com
sistema de tratamento e recirculação, que garantam a não geração de efluente líquido. O
efluente gerado no processo de lavagem contém uma série de impurezas, como coliformes
fecais, surfactantes, fósforo, sólidos suspensos, pH alterado, óleos e graxas, que o impedem
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de ser reutilizado sem tratamento ou descarregado diretamente em corpos d’água
(ESPÍNDOLA, 2004).
Quanto às empresas que reciclam embalagens de óleo lubrificante de PEAD, a etapa de
lavagem deve ser diferenciada, pois o óleo residual presente nessas embalagens aumenta o
índice de fluidez do plástico, dificultando o processo de reciclagem e afetando negativamente
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a qualidade dos artefatos produzidos. Assim, esses materiais necessitam de uma limpeza
específica que possa retirar o óleo residual com utilização de detergentes. Portanto o efluente
gerado nesse processo possui contaminante e não deve ser descartado sem tratamento (PIRES,
2009).
Quanto aos processos de extrusão, injeção ou intrusão utilizam água para resfriamento do
plástico amolecido. Essa água acaba ficando muito aquecida, devido à alta temperatura com
que o material plástico deixa o cabeçote da extrusora, ou o molde da injetora ou da intrusora.
Estando muito quente, por sua vez, deixa de cumprir eficientemente a função de proporcionar
um resfriamento brusco do plástico reciclado, o que pode prejudicar a qualidade dos produtos.
Portanto, a água do tanque de resfriamento deve ter a temperatura controlada, de modo a
manter-se a mais próxima da ambiente, além de formar um circuito fechado e retornar
constantemente ao processo. Na injeção, é importante salientar que a fase com maior gasto de
tempo, nesse ciclo de processamento, é o resfriamento, podendo atingir até 80% do tempo
total e consumir muita água e energia. Neste caso, a água usada no resfriamento dos moldes,
também merece atenção especial e deve ser reaproveitada (FARIA; PACHECO 2011).
É de fundamental importância que as águas utilizadas e descartadas provenientes da lavagem
dos plásticos sejam tratadas e devolvidas ao ambiente em condições iguais ou melhores que as
iniciais, e na mesma quantidade.
Para o tratamento e descarte ambientalmente adequado do efluente gerado em empresas
recicladoras de resíduos plásticos é necessário que se faça antes um diagnóstico para se
conhecer as características do efluente, para verificar se este atende aos padrões mínimos de
qualidade exigidos pela legislação ambiental. Existem legislações que auxiliam nessa
verificação, são as Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), como
a Resolução n°357 de 17 de março de 2005 “que dispõe sobre a classificação dos corpos de
água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e
padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências” (CONAMA, 2005) e a
Resolução n° 430 de 16 de maio de 2011 “que dispõe sobre a classificação dos corpos de água
e diretrizes ambientais para o seu enquadramento” (CONAMA, 2011). Depois de realizado o
diagnóstico do efluente e se este não atender a legislação ambiental, a empresa deve implantar
um sistema de tratamento de efluente na recicladora de acordo com os resultados dos
parâmetros analisados e citados nas Resoluções. Pode haver casos em que não há necessidade
de tratamento do efluente, dependendo de suas características, mas deve atender a NBR 9800
da ABNT que estabelece critérios para lançamento de efluentes líquidos industriais no sistema
coletor público de esgoto sanitário. (ABNT, 1987).
8.4 Consumo de energia elétrica
Faria e Pacheco (2011), recomenda no horário de ponta (18h00 às 21h00), para minimizar o
consumo de energia, que as recicladoras utilizem gerador a diesel e manter o funcionamento
normal e desligar as máquinas mais potentes (moinho, extrusora, injetora e intrusora) e
deslocar os funcionários para máquinas auxiliares, para atividades manuais (separação,
armazenagem, identificação de materiais, etc.).
Quanto à etapa de separação, como já foi dito, a reciclagem mecânica só é viável para um
único de tipo de plástico, pois existem diferentes famílias de plásticos, que, muitas vezes, não
são compatíveis quimicamente entre si. A mistura inadvertida de alguns tipos pode resultar
em materiais defeituosos e de baixa qualidade, sem as especificações técnicas necessárias
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para retornar à produção como matéria-prima. Com isso, é essencial cuidar para que não haja
misturas de plásticos, evitando esforços posteriores, que despendem energia (MANO et al.,
2005).
Na etapa de moagem, uma boa manutenção dos equipamentos otimiza a qualidade do material
granulado, melhora a eficiência da produção, além de proporcionar boas condições de
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segurança para a operação e de conformar adequadamente o material para alimentação dos
equipamentos de moldagem. Isso reduzirá o número de paradas indesejáveis. Para que essas
medidas tenha êxito na redução do consumo de energia, a manutenção adequada do moinho
depende do próprio operador que deve:
Verificar a possibilidade de contar com mais de um jogo de facas, que requerem frequente amolação. Isto evitará que o equipamento fique parado, aguardando tal procedimento; e
Controlar a permanência do material dentro do moinho a fim de evitar que o aquecimento
excessivo, devido ao tempo de operação, provoque a fusão dos plásticos durante a
moagem, o que retardaria a velocidade das lâminas e poderia fazer parar o rotor.
Na etapa de secagem, a umidade deve ser retirada de forma eficiente, porque é prejudicial
tanto à armazenagem dos flakes (plásticos triturados) como a seu processamento posterior,
podendo provocar falhas no produto final. Quanto melhor a secagem, menores serão as perdas
de energia, pois, durante o processamento do plástico, a água iria evaporar nas zonas de
volatização das extrusoras e provocar a formação de bolhas no material. Na etapa de processamento, a extrusora deve demorar o mínimo possível para ser aquecida e iniciar a atividade. É interessante que se acumule material, a fim de alimentar a extrusora, de modo que não se corra o risco de ela ficar parada, pois caso isso aconteça, exige-se um grande consumo de energia para retomar o processo. Fazer o balanço de massa pode mostrar que a moagem, lavagem e secagem devem trabalhar com carga horária maior que a do processamento. O tempo de permanência do material dentro da extrusora, também é um fator importante a ser controlado, a fim de evitar que o aquecimento excessivo, devido ao tempo de operação ou uso de temperatura inadequada, provoque o amolecimento antecipado ou a degradação do polímero (FARIA; PACHECO, 2011).
9. Conclusão
Diante do que foi exposto, percebe-se que é possível que empresas recicladoras de resíduos
plásticos tenham uma postura sustentável, através de modificações e ajustes em seus
processos. O que contribuirá de forma satisfatória no ciclo de vida do plástico. Mas vale
ressaltar que todas as empresas envolvidas na cadeia produtiva do plástico devem ter a mesma
postura e, é claro, também os consumidores, a população no caso, que deve contribuir. A
população deve desempenhar um papel de grande importância, com a separação dos resíduos
plásticos em suas residências de forma adequada e a destinação à coleta seletiva de lixo. Pois
a quantidade de resíduos plásticos destinados à reciclagem é muito inferior à quantidade
de transformados plásticos consumida. O Brasil possui um índice de reciclagem ainda
considerado baixo. Por isso é importante que o número de cooperativas de catadores e de
empresas recicladoras aumente bem como o incentivo aos catadores e o apoio, por meio da
educação ambiental, para que toda a cadeia produtiva reconheça a importância da produção
sustentável. A reciclagem é peça fundamental no ciclo de vida dos plásticos e a maioria das
empresas recicladoras de plásticos são de pequeno a médio porte, cabendo a elas a usar
ferramentas da P+L que são de baixo custo.
Até o momento só existem estudos que recomendam mudanças baseados em conceitos da
P+L. Para trabalhos futuros recomenda-se que se faça um estudo in loco em uma recicladora
de resíduos plásticos, através de diagnósticos dos aspectos e impactos ambientais, a
elaboração de um prognóstico, baseado em normas, legislações e resoluções ambientais, bem
como a aplicação da P+L, acompanhada de um estudo de viabilidade econômica, técnica e
ambiental.
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Produção sustentável na reciclagem mecânica de resíduos plásticos dezembro/2014
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