Produção Orgânica, Herança Familiar Dinamizando a Convivência com o Semiárido

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Sebastião Nogueira e Maria Rilda residem numa pequena propriedade localizada na comunidade Pedra Lavrada, município de Maturéia, no Médio Sertão da Paraíba. Casados desde 1984, tiveram três filhos, Risonaldo, Risoaldo e Rivaildo. Exemplo de pais muito cuidadosos, o casal queria manter os filhos sempre por perto e, temendo passar pela situação de no futuro vê-los partirem para a região sul em busca de “melhores condições de vida,” foram incentivando-os a desde crianças, trabalharem na roça. Os filhos aprenderam os ensinamentos dos pais, quando cresceram, casaram e foram morar na cidade, mas nunca esqueceram suas raízes, continuaram desenvolvendo as atividades na roça juntamente com os seus pais na pequena propriedade de seis hectares. Lá a família desenvolve uma experiência com plantação de hortas orgânicas que há mais de 20 anos tem sido a principal fonte de renda da família. Seu Sebastião conta que iniciou a experiência no ano de 1988, influenciado por um cunhado o meu cunhado trabalhava com plantação de verduras e todo dia ele dizia: rapaz deixa essa vida vamos plantar verduras. Eu falava: "não está vendo que com um moinho de verdura não vou dar de comer a minha família. Se eu parar com o trabalho no motor a família morre de fome,” enfatiza o agricultor. Mas diante de tanta insistência seu Sebastião decidiu fazer um teste, “era um dia de domingo, nós fomos pra roça fazer uma horta só para satisfazer a vontade do meu cunhado. Quando completaram trinta dias a verdura estava boa de colher e eu não sabia como ia vender, porque tinha vergonha e não tinha costume. Daí um menino que trabalhava comigo topou vender. Coloquei a verdura num cesto e entreguei a ele, num período de uma hora e meia, já vinha com o cesto vazio, vendeu tudo na zona rural mesmo. Quando contei as moedas e vi que aquele cesto de verduras era equivalente, em dinheiro, ao que eu apurava numa tonelada de agave, aí eu disse: agora eu vou parar de trabalhar com sisal! E comecei a plantar hortas”, conta o agricultor. Na época a principal da atividade da família era o beneficiamento do sisal, o trabalho era muito cansativo e o lucro era pouco. Paraíba Ano 6 | nº 953 | Outubro | 2012 Maturéia-Paraíba Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas 1 Produção Orgânica, Herança Familiar Dinamizando a Convivência com o Semiárido Casal Maria e Sebastião com os filhos Rivaildo, Risoaldo e a neta Sofia

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Sebastião Nogueira e Maria Rilda residem numa pequena propriedade localizada na comunidade Pedra

Lavrada, município de Maturéia, no Médio Sertão da Paraíba. Casados desde 1984, tiveram três filhos, Risonaldo,

Risoaldo e Rivaildo. Exemplo de pais muito cuidadosos, o casal queria manter os filhos sempre por perto e, temendo

passar pela situação de no futuro vê-los partirem para a região sul em busca de “melhores condições de vida,” foram

incentivando-os a desde crianças, trabalharem na roça. Os filhos aprenderam os ensinamentos dos pais, quando

cresceram, casaram e foram morar na cidade, mas nunca esqueceram suas raízes, continuaram desenvolvendo as

atividades na roça juntamente com os seus pais na pequena propriedade de seis hectares. Lá a família desenvolve uma

experiência com plantação de hortas orgânicas que há mais de 20 anos tem sido a principal fonte de renda da família.

Seu Sebastião conta que iniciou a experiência no ano de 1988, influenciado por um cunhado “o meu cunhado

trabalhava com plantação de verduras e todo dia ele dizia: rapaz deixa essa vida vamos plantar verduras. Eu falava: "não

está vendo que com um moinho de verdura não vou dar de comer a minha família. Se eu parar com o trabalho no motor a

família morre de fome,” enfatiza o agricultor. Mas diante de tanta insistência seu Sebastião decidiu fazer um teste, “era

um dia de domingo, nós fomos pra roça fazer uma horta só para satisfazer a vontade do meu cunhado. Quando

completaram trinta dias a verdura estava boa de colher e eu não sabia como ia vender, porque tinha vergonha e não tinha

costume. Daí um menino que trabalhava comigo topou vender. Coloquei a verdura num cesto e entreguei a ele, num

período de uma hora e meia, já vinha com o cesto vazio, vendeu tudo na zona rural mesmo. Quando contei as moedas e vi

que aquele cesto de verduras era equivalente, em dinheiro, ao que eu apurava numa tonelada de agave, aí eu disse:

agora eu vou parar de trabalhar com sisal! E comecei a plantar hortas”, conta o agricultor. Na época a principal da

atividade da família era o beneficiamento do sisal, o trabalho era muito cansativo e o lucro era pouco.

Paraíba

Ano 6 | nº 953 | Outubro | 2012Maturéia-Paraíba

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

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Produção Orgânica, Herança FamiliarDinamizando a Convivência com o Semiárido

Casal Maria e Sebastião com os filhos Rivaildo, Risoaldo e a neta Sofia

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Apoio:

No início a família enfrentou muitas

dificuldades para irrigar a plantação. Pais e filhos

carregavam lata d'água na cabeça, buscavam em

uma cacimba que cavaram na propriedade.

Através de programas governamentais também

construíram um poço amazonas. Com o sucesso

da experiência a família conseguiu não só

aumentar a qualidade da alimentação, como

também vender a produção. E por um bom tempo

plantar horta e comercializar foi à principal

atividade de seu Sebastião e dona Maria, mas com

o casamento dos filhos diminuíram as atividades e

cederam a propriedade para seus herdeiros

trabalharem sozinhos e dali tirarem o sustento para

suas famílias. “A nossa propriedade é muito

pequena, os filhos foram casando e para não os vermos viajarem para fora cedemos a propriedade. Só que mesmo assim

devido esta seca um deles o Risonaldo, viajou. Ficamos muito tristes, Sebastião chorou muito e foi parar no

hospital,”declara dona Maria que passou a se envolver na experiência de outra forma, atualmente ela vai para as feiras

vender a produção dos filhos, enquanto isso eles tomam conta da plantação, já seu Sebastião leva a esposa para as feiras e

cuida da criação de animais. A comercialização da produção é feita nas feiras livres de Maturéia e Teixeira.

Em breve a família ampliará os seus reservatórios de água e também a produção, pois será beneficiada com uma

Cisterna-Calçadão pelo Programa Uma Terra e Duas Águas. Todos se animam e falam dos planos “a nossa propriedade vai

ficar mais organizada, vamos aumentar a plantação, teremos mais força de trabalhar. Só temos que agradecer porque a

gente nunca tinha escutado falar nestas coisas antes,” afirma seu Sebastião. De acordo com Rivaildo a cisterna irá contribuir

com a estocagem da água para o período da estiagem, “Vai ajudar muito, se a gente já tivesse a cisterna não teríamos

perdido vinte canteiros agora no período da seca”, comenta o jovem agricultor. Para Risoaldo a cisterna trará praticidade

para a vida da família, “Tudo ficará mais prático e mais fácil para a nossa vida e a vida das plantas, " afirma.

A experiência bem sucedida é fruto dos ensinamentos dos

pais que incentivaram seus filhos a desde pequenos

trabalharem na terra e dela tirar os frutos para se manterem

no lugar onde nasceram. “A nossa experiência é muito

importante para crescermos como agricultores e não

perdermos as nossas origens. Aqui o que nós precisamos é

de ampliar nossas águas, ter mais informações e

acompanhamento técnico. Todos nós tivemos a

oportunidade de continuar estudando, mas preferimos nos

dedicar ao trabalho no campo. A agricultura é a nossa

paixão é a melhor coisa existe,” relata Risoaldo Alves.

“Essa experiência representa um meio de vida viável para

nos manter trabalhando sem precisar sair daqui. O nosso

sítio é pequeno para todos nós trabalharmos, o meu sonho

é comprar outra propriedade para poder plantar roçado,

fazer horta e criar animais. Nós pretendemos trabalhar na

agricultura até morrer,” destaca Rivaildo Alves.

Programa Cisternas