Produção de Suportes Midiáticos: Questoes contemporaneas

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Produção de Suportes Midiáticos para a Educação Questões Contemporâneas CCA0296 - Prof. Richard Romancini

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Produção de Suportes Midiáticos para a Educação Questões Contemporâneas

CCA0296 - Prof. Richard Romancini

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Hipóteses para essa importância • Os suportes da educação (livro didático, recursos

como a lousa e outros) sempre foram reconhecidos como uma variável na qualidade do ensino.

• Os métodos didáticos são fortemente dependentes do material. Assim, a introdução do quadro-negro foi uma decorrência da disseminação do método simultâneo, prevalecendo sobre o mútuo (cf. Barra, 2013). De modo mais geral, toda a concepção pedagógica prescreve certos instrumentos didáticos, p. ex.: os brinquedos em Montessori, a imprensa em Freinet, etc.

• Eles se tornaram um setor importante do negócio da educação. • Continuamente associam-se a dimensões tecnológicas, na “sociedade em

rede” (Castells) dos países que atingem maior grau de desenvolvimento.

Fonte imagem: Blog Montessori Motherload

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Cruzamentos • A sociedade possui um imaginário relacionado

à tecnologia bastante otimista, e esta afeta uma série de dimensões da vida atual.

• Há uma tradição precoce de reflexão sobre a tecnologia e a educação, tendo em Skinner e sua “máquina de ensinar” um marco.

https://www.youtube.com/watch?v=EXR9Ft8rzhk

• A relação comunicação/educação a partir da tecnologia compreende, porém, uma variedade de posturas, aos quais se associam outras preocupações, como a formação de professores, a natureza proprietária ou comum dos recursos, a inclusão digital, a educação continuada dos indivíduos a partir dos suportes, etc.

• Em resumo, o tema dos “suportes midiáticos” abre um leque grande de questões.

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Tendências sobre a relação educação e tecnologias

• Simplificadamente, é possível dividir as grandes tendências de pensamento sobre as tecnologias (e suportes) na educação, conforme se segue:

• Modernizantes: defendem necessidade de “atualizar” a escola e seus profissionais por meio da introdução de tecnologias. É geralmente o discurso de governos e organismos internacionais.

• Construtivistas: acreditam na possibilidade da tecnologia reconstruir as relações na escola, colocando os alunos no centro do processo de aprendizagem (por exemplo, Papert, projeto ACOT).

• Humanistas: tendem a criticar o uso de tecnologias ou suportes midiáticos na educação, acreditando que a razão instrumental preside a adoção da técnica no processo educativo.

• Socioculturais: não se trata de ser contra ou a favor, a tecnologia faz parte do mundo e cabe à escola trabalhar os “novos letramentos” associados a ela (p. ex., Gee, Jenkins).

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Educomunicação e suportes midiáticos • A reflexão latino-americana (educomunicativa) não

enfatiza tanto o tema dos suportes (uma exceção importante são os trabalhos de Citelli sobre a penetração das “linguagens não-escolares” nesta instituição).

• Embora, por destacar os processos educativos mais que os produtos, esteja em certa oposição às vertentes “modernizantes” mais duras.

• Por outro lado, a perspectiva participativa/colaborativa na produção e uso de suportes é valorizada por Freire e seus (inovadores) diapositivos, p. ex., bem como na discussão de Soares sobre a feitura de mídia por jovens.

• Desse modo, no atual panorama (“cultura da convergência”), o tema dos suportes pode ganhar contornos educomunicativos e na discussão do curso.

Fonte imagem - Dhnet

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Educom e suportes como âmbito formativo/contexto profissional

• O projeto pedagógico do curso abriga a ideia de que o licenciado atue tanto como professor quanto consultor e/ou pesquisador.

• Enquanto professor, o uso e a mediação pedagógica competente relacionados aos suportes é uma capacidade que a reflexão do curso pode ajudar a desenvolver.

• A profissionalidade do educomunicador poderá, ainda, envolver a formação de outros educadores, o que no campo dos suportes midiáticos tem inúmeras facetas (em função da própria diversidade dos professores). Valores discutidos adiante podem tornar essa formação mais significativa.

• Não será surpreendente, por outro lado, que o educomunicador atue como produtor, seja com seus alunos, seja em diferentes espaços profissionais (editoras, produtoras, etc.).

Fontes imagem - Introdução à educação digital (2008)

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História dos suportes/recursos educativos - 1

• No campo historiográfico há um grande debate sobre o livro tipográfico (pós-Gutenberg) ter representado uma “revolução” ou não.

• Porém, do ponto de vista da educação, não resta dúvida da importância do livro didático para a massificação do ensino.

• A escola, desde seus primórdios na Grécia antiga, sempre baseou-se no primado do texto, que tem no livro seu principal suporte (daí o uso de livros religiosos ou outros em situações de ensino).

• Considera-se que foi durante o Império Romano que foram utilizados os primeiros manuais. Mais tarde, já na era cristã, foram criadas as primeiras cartilhas, nos mosteiros.

• A seleção do que está contido no livro, ao mesmo tempo, pode corresponder a uma divisão curricular.

Fontes: Oliveira (1986)

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História dos suportes/recursos educativos - 2

• Na época da contrarreforma, surgiram os catecismos.

• No Brasil, o livro didático (importado) aparece já na educação na Colônia, feita por religiosos.

• O setor do livro didático adquiriu feição industrial no século XIX nos países industrializados (e um século depois no Brasil).

• Com o tempo, outros recursos passam a ser utilizados no ensino: projetores, mimeógrafos, etc.

• As mídias ingressam também na escola, porém a tecnologia mais relevante parece ser a do computador e, hoje, dos materiais/conteúdos digitais, com forte diversificação: lousa digital, tablets, plataformas, etc.

Fontes: Oliveira (1986) infográfico - Edudemic

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Cultura da Convergência • Ênfase maior na dimensão cultural do fenômeno: “a

convergência representa uma transformação cultural, à medida que consumidores são incentivados a procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos” (p. 29-30); “A convergência não ocorre por meio de aparelhos, [...] ocorre dentro dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações sociais” (p. 30).

• Relativiza o dualismo cultura de massa (broadcast)/cultura digital (individual): “o emergente paradigma da convergência presume que novas e antigas mídias irão interagir de formas cada vez mais complexas” (p. 32-33).

• Meios e suportes convergem. No primeiro caso, um blog tem vídeos, sons, etc.; no segundo, o conteúdo flui e se expande pelos diferentes suportes.

Fonte: Jenkins (2009)

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Cultura da Convergência: conceitos • Diversificação dos negócios e proliferação

dos conteúdos podem ser interpretadas a partir do modelo da “cauda longa” (Anderson).

• Tensão entre oligopólio das indústria (concentração das mídias) e criatividade descentralizada/empoderamento

de usuários (produsuários) marca o atual momento: “A convergência corporativa coexiste com a convergência alternativa” (p. 46).

• Em meio a essa tensão, o ambiente da convergência teria a capacidade de promover duas noções que Jenkins associa à educação: a cultura participativa e a inteligência coletiva.

• O fato de que “alguns consumidores têm mais habilidades para participar dessa cultura emergente do que outros” (p. 30) é um desafio para os educadores.

Fonte: Jenkins (2009)

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Cultura participativa 1. Com relativamente pequenas barreiras para a

expressão artística e engajamento cívico 2. Com forte apoio para criar e compartilhar as

próprias criações com os outros 3. Com algum tipo de orientação informal, de

modo que o que é conhecido pelo mais experiente é transmitido ao novato

4. Onde os membros acreditam que suas contribuições importam

5. Onde os membros sentem algum grau de conexão social um com o outro (ao menos eles preocupam-se com o que outras pessoas pensam sobre o que eles criam)

Fonte: Jenkins et al. (2006)

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Habilidades para o século XXI • Jogo (experimentação do ambiente, resolução de problemas) • Representação (adotar diferentes identidades) • Simulação (construir modelos dinâmicos do mundo real) • Apropriação (samplear e remixar mídia) • Multitarefa (mudar o foco quando necessário) • Cognição Distribuída (interagir significativamente com recursos) • Inteligência Coletiva (reunir conhecimento e comparar observações

com outros) • Julgamento (avaliar a confiabilidade e credibilidade da informação) • Navegação Transmídia (seguir o fluxo de histórias e informações) • Trabalhar em Rede (procurar por, sintetizar e disseminar

informação) • Negociação (compreender e respeitando múltiplas perspectivas)

Fonte: Jenkins et al. (2006)

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Referências Barra, Valdeniza Maria Lopes da. (2013) A lousa de uso escolar: traços da

história de uma tecnologia da escola moderna. Educar em Revista. n. 49, p. 121-137, jul./set. Disponível em link.

Jenkins, Henry. (2009) Introdução: “Venere no altar da convergência”: um novo paradigma para entender a transformação midiática. In: Cultura da convergência: a colisão entre os velhos e novos meios de comunicação. São Paulo, Aleph, 2a. ed. Disponível em link.

Jenkins, Henry, com R. Purushotma, K. Clinton, M. Weigel, & A. Robison. (2006) Confronting the Challenges of Participatory Culture: Media Education for the 21st Century. Occasional Paper. Boston, MA: MIT/MacArthur Foundation. Disponível em link.

Oliveira, Alaíde Lisboa de. (1986) O livro didático. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 3a. ed.

Sandholtz, Judith H.; Ringstaff, Cathy; Dwyer, David. (1997) Ensinando com tecnologia: criando salas de aula centradas nos alunos. Porto Alegre: Artes Médicas.