PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA EAD: UM OLHAR PARA A DIVERSIDADE “A importância da...

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE MATEMÁTICA LANTE Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA EAD: UM OLHAR PARA A DIVERSIDADE “A importância da acessibilidade do material didático para a pessoa com deficiência visual”. ADRIANE REGINA BRAVO MENDES DIADEMA/SÃO PAULO 2012

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Trabalho de conclusão do curso em Pós graduação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE MATEMÁTICA

LANTE – Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino

PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA EAD: UM OLHAR PARA A

DIVERSIDADE

“A importância da acessibilidade do material didático para a pessoa com deficiência

visual”.

ADRIANE REGINA BRAVO MENDES

DIADEMA/SÃO PAULO

2012

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ADRIANE REGINA BRAVO MENDES

“A importância da acessibilidade do material didático para a pessoa com deficiência visual”.

Trabalho Final de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Pós-graduação da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista Lato Sensu em

Planejamento, Implementação e Gestão da EAD.

Aprovada em MÊS de ANO.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________________________

Prof. Andreia Lima Campos- Orientador

PIGEAD/LANTE/UFF

_________________________________________________________________________

Prof. Nome

Sigla da Instituição

________________________________________________________________________

Prof. Nome

Sigla da Instituição

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DEDICATÓRIA

Aos meus filhos Pedro e André por me darem a razão da existência e

por suportarem minhas ausências...

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AGRADECIMENTOS

A Orientadora Andreia Lima Campos pelo acompanhamento e disposição na caminhada.

A todos os tutores que, ao longo desses dois anos, ajudaram a construir o presente trabalho

através de suas intervenções, colaborações e ensino.

A Universidade Federal Fluminense por disponibilizar o curso.

Aos meus companheiros de jornada: Suseli, Claudia, Vanessa e Arquibaldo por tudo que

vivemos, sentimos e construímos. Foi um privilégio trabalhar com vocês.

Ao meu marido Mauricio por todo o suporte físico, emocional e tecnológico. Obrigada por me

apoiar, ajudar e valorizar.

Aos meus filhos amados Pedro e André por entenderem as ausências deste tempo e por se

orgulharem de mim.

A Deus que torna tudo possível em meu viver me capacitando, guiando e me amando!

" As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor.

Aprendemos palavras para melhorar os olhos." – Rubem Alves

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo discutir a questão da produção de material didático para

EAD considerando a questão da diversidade, particularmente a acessibilidade para pessoas

com deficiência visual à plataformas de ensino a distância. Para tanto, apresenta como

pressupostos teóricos algumas questões fundamentais nessa discussão, como a importância da

definição de uma teoria de aprendizagem, da linguagem na elaboração do material didático, o

design instrucional e a arquitetura da informação, os aspectos motivacionais e a relação desses

conceitos com a aprendizagem do aluno. Através do desenvolvimento do presente estudo, foi

possível perceber e destacar a importância do material didático na avaliação da qualidade de

um curso na EAD e a preocupação em elaborar um material que favoreça não só a construção

do conhecimento pelo aluno, mas que inclua a todos. Por fim, discute-se de forma mais

detalhada a importância que o material didático assume frente a acessibilidade do aluno com

deficiência visual quando este é pensado e estruturado para atender as necessidades

específicas deste público alvo.

Palavras–chave: Material didático em EAD. Design Instrucional. Educação Inclusiva

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SUMÁRIO

I – Introdução ………………………………………………………………………….…..07

1.1 – Justificativa …………………………………………………………....….….09

1.2 - Objetivos ……………………………………………………………....….….10

1.3 - Metodologia ………………………………………………………….....….…11

1.4 - Organização do Trabalho ……………………………………….....………..13

II – Pressupostos Teóricos ………………………………………………………......…….15

2.1 – Estrutura, organização e linguagem do material

didático para EAD............................................................................................15

2.2 - Aspectos motivacionais envolvidos na formulação

do material didático: o aluno como centro do processo de ensino

aprendizagem ..............................................................................................................16

2.3 – A arquitetura da informação e a acessibilidade dos conteúdos

em MD.A questão do design instrucional .................................................................18

2.4 – A importância da acessibilidade do material didático para a

pessoa com deficiência visual .....................................................................................19

2.5 – Características do hipertexto: resgatando o conceito de DUA

(Design Universal de Aprendizagem) ..............................................................21

III – Resultados e discussões ...............................................................................................23

3.1 – A importância da acessibilidade do material didático para a

Pessoa com deficiência visual ........................................................................23

3.2 – Quebrando barreiras: as tecnologias assistivas ............................................25

IV – Considerações finais ....................................................................................................31

V – Referências .....................................................................................................................33

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1. Introdução

O presente trabalho é um requisito parcial à obtenção de título de Especialista em

Planejamento, Implementação e Gestão do Ensino a Distância, pelo Programa de Pós-

Graduação do Laboratório de Novas Tecnologias da Universidade Federal Fluminense

(PIGEAD/UFF/LANTE). Este estudo é o produto final do grupo de pesquisa da área

Produção de Material Didático Impresso. Trata-se de um trabalho constituído de partes

elaboradas coletivamente e partes individuais. Os autores deste trabalho e seus respectivos

textos são: 1) Adriane Regina Bravo Mendes (“A importância da acessibilidade do material

didático para a pessoa com deficiência visual”), 2) Claudia Lopes da Silva (“Organização dos

elementos gráficos e acessibilidade do material em hipertexto”), 3) José Arquibaldo Ferreira

(“Aspectos motivacionais envolvidos na formulação do material didático: o aluno como

centro do processo de ensino/aprendizagem”), 4) Suseli de Paula Vissicaro (“A arquitetura da

informação e a acessibilidade dos conteúdos em EAD. A questão do design instrucional”) e

Vanessa Gomes Dantas (“Estrutura, Organização e Linguagem do Material Didático Impresso

para a EAD”).

O tema deste trabalho é a produção de material didático para EAD considerando a

questão da diversidade por entendermos a importância que o material tem num curso a

distância, dentro de um enfoque teórico que coloca o aluno no centro do processo de ensino-

aprendizagem.

Para Sales (2006, apud CAMPOS et al., 2007, p.34) , o material didático em EAD

é :

(...) um elemento mediador que traz em seu bojo a concepção pedagógica que

norteia o ensino aprendizagem. Consciente ou inconscientemente, o planejamento e

a constituição do material didático que mediará situações de ensino e

aprendizagem, está intimamente relacionado com a concepção pedagógica do

produtor deste material. E, só para pontuar, devemos estar atentos a revisão dos

processos formativos do professor para atuar em Educação a Distância, pois o

material didático deve responder um dos princípios básicos da EaD – estudo

autônomo.

Assim, compreender a importância que a produção de um material didático tem

para EAD é compreender o elo de conhecimento que ele traça entre professor e aluno através

de fatores como clareza, funcionalidade, acessibilidade e eficiência.

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Para isto se faz necessário a investigação da arquitetura da informação nesta

produção para que ela favoreça a autonomia do aluno e a construção do conhecimento bem

como a investigação e análise da relação do aluno com este material.

Pensando na questão da diversidade e acessibilidade o presente trabalho levanta e

discute a importância e as implicações do material didático para as pessoas com deficiência

visual.

A seguir, passa-se a fazer uma breve justificativa do tema em pauta, destacando-se

os assuntos que serão discutidos neste trabalho.

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1.1 Justificativa.

Atualmente, a inclusão escolar é uma realidade no Brasil, cabendo a todos os

níveis de ensino adaptar-se para incluir pessoas com deficiência, desde a Educação Infantil até

o Ensino Superior. Naturalmente, a Educação a Distância se inclui nesta necessidade. Tal

necessidade encontra apoio na legislação brasileira, dentre a qual se pode destacar a LDBEN

(Lei de Diretrizes e bases da educação Brasileira, 1996), a Política Nacional da Educação

Especial na Perspectiva da educação Inclusiva (2008) e a Convenção Internacional dos

Direitos das Pessoas com Deficiência (2006), documento da ONU – Organização das Nações

Unidas ratificado pelo Brasil em 2008 e que tem, portanto, força de emenda constitucional.

A importância do material didático em EAD está relacionada não só quanto a sua

clareza, formatação e funcionalidade, mas também no atendimento aos diferentes aprendizes e

estilos de aprendizagem, funcionando como um elemento automotivador para a

aprendizagem, buscando promover a interação do aluno com o conhecimento, com outros

alunos e com o tutor.

No processo de produção do material didático, ganha destaque a arquitetura da

informação, definida por Abreu-Fialho e Barreto (2011, p.3) como “a organização estrutural

da informação a ser oferecida de acordo com o meio pelo qual essa informação é veiculada e

o propósito a que se presta”.

Em síntese, a arquitetura da informação deve considerar os princípios do design

universal, ou seja, que o material produzido para o ensino a distância seja acessível também a

alunos com deficiência (particularmente aqui, com deficiência visual). Desta forma, a

plataforma de ensino que prevê essa necessidade demonstra uma atualização com os

princípios legais e éticos da educação inclusiva, ou seja, aquela que inclui a todos, sem

distinções.

1.2 Objetivos

O objetivo geral deste trabalho é discutir a produção de material didático na EAD

tendo o aluno como o centro do processo de ensino aprendizagem, considerando a questão da

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acessibilidade e particularmente a questão do acesso da pessoa com deficiência visual ao

material em EAD.

A pesquisa busca identificar os elementos primordiais de um material dinâmico,

motivador, capaz de provocar o alunado a construir o próprio conhecimento, em uma

perspectiva discursiva e promissora que prime pela troca de experiência com os colegas,

professor/tutor e com o próprio material didático e que tenha um olhar para a inclusão das

diferenças nesse universo.

Como objetivos específicos, este trabalho pretende:

Apresentar as formas de estrutura e organização do material didático de boa

qualidade

Discutir a importância da linguagem na elaboração do material e sua relação

com a aprendizagem dos alunos

Discutir a importância das estratégias motivadoras de um material didático para

o aluno da EAD.

Conceituar arquitetura da informação relacionando-a com a produção de

material impresso

Discutir a importância da acessibilidade do material didático para a pessoa com

deficiência visual

Analisar a organização dos elementos gráficos e acessibilidade do material em

hipertexto

1.3 Metodologia

O presente trabalho consiste em uma pesquisa bibliográfica dentro de uma

abordagem qualitativa, a partir da análise de fontes documentais escritas, em direção ao

objetivo de discutir a produção de material didático visando a acessibilidade do aluno com

deficiência visual.

O trabalho foca a arquitetura da informação relacionada ao conceito de Design

Universal para a Aprendizagem (DUA). Conforme apontam Rose e Meyer (2006), esse

conceito tem como objetivo fazer frente ao desafio de dar acesso universal ao currículo para

todos os estudantes, inclusive aqueles com deficiências. O conceito discute, portanto, que não

devem ser criadas adaptações a um currículo fixo, e sim que este currículo deve ser

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organizado de tal forma que todos os estudantes possam ter acesso a ele. Os autores ressaltam,

no entanto, que isso não significa defender que há uma solução isolada e suficiente para cada

aluno, e sim que são necessárias abordagens flexíveis no ensino e aprendizagem que atendam

às diferentes necessidades dos alunos.

A utilização das mídias em educação é um poderoso instrumento para o Design

Universal para a Aprendizagem (DUA), como ressaltam Rose e Meyer (2006), na escola

básica. Pode-se entender então sua importância na modalidade de ensino à distância, por

conseguinte, como fundamental. O princípio a ser discutido no trabalho é que a elaboração de

material em EAD deve considerar o acesso a todos os estudantes, inclusive os com

deficiência.

O trabalho estrutura-se em quatro eixos de desenvolvimento:

1. Inicialmente, realiza-se um levantamento sobre a especificidade do material

didático na EAD, percorrendo-se do ponto de vista histórico a evolução dessa produção com

ênfase na linguagem específica desse material.

2. Discutem-se, a seguir, os aspectos motivacionais envolvidos na formulação do

material, partindo-se da perspectiva do aluno como centro do processo ensino aprendizagem.

3. Apresenta-se, então, o conceito de arquitetura da informação na EAD, focando

o processo discutido até o momento, ou seja, a partir da apresentação da especificidade do

material didático na EAD e da necessidade de centrar essa elaboração com foco no aluno,

delineia-se o conceito de arquitetura da informação, particularmente voltada para a

organização dos conteúdos de forma acessível, dentro dos princípios do design instrucional.

4. Por fim, parte-se para a discussão específica da questão do acesso de pessoas

com deficiência visual ao material em EAD, discutindo os princípios de design universal

aplicados a esse público específico, considerando as características do hipertexto de forma

que as barreiras ao acesso desses alunos sejam removidas.

1.4 Organização do Trabalho

O trabalho apresenta seus pressupostos teóricos em cinco itens, que visam

aprofundar os aspectos da temática relacionada tanto aos princípios teóricos da produção do

material didático visando a arquitetura da informação, quanto a sua relação com o recorte

específico da acessibilidade para pessoas com deficiência visual.

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No item 2.1, “Estrutura, organização e linguagem do material didático para a

EAD”, serão tratadas as formas de estrutura e organização do material didático de boa

qualidade, assim como será discutir a importância da linguagem na elaboração do material e

sua relação com a aprendizagem dos alunos.

A seguir, no item 2.2, “Aspectos motivacionais envolvidos na formulação do

material didático: o aluno como centro do processo de ensino/aprendizagem”, buscará

identificar os meandros do processo de produção de um material didático capaz de motivar e

encantar o aluno. Portanto, descobrir as sábias estratégias imprescindíveis ao material didático

que levam o alunado a vivenciar uma prática autônima e cooperativa na construção do próprio

saber.

O item 2.3, intitulado “A arquitetura da informação e a acessibilidade dos

conteúdos em MD. A questão do design instrucional” discute-se a importância da definição

de uma ou mais teorias de aprendizagem que embasem a elaboração do material didático para

EAD, dentro da perspectiva da construção de um material que favoreça a interatividade e

possibilite a construção do conhecimento pelo aluno, seguindo os princípios do design

instrucional.

No item 2.4, “A importância da acessibilidade do material didático para a pessoa

com deficiência visual”, ressalta-se a importância que a EAD pode assumir, como uma

alternativa de acesso do deficiente visual ao Ensino Superior, desde que ela busque

alternativas tecnológicas para que o aluno cego tenha acesso ao material. Acesso este que

pode ser garantido através de dispositivos de interação e de forma assíncrona.

Por fim, no item 2.5, “Características do hipertexto: resgatando o conceito de

DUA (Design Universal para a Aprendizagem”, aborda-se de forma mais detalhada os

recursos tecnológicos atualmente disponíveis para a acessibilidade de pessoas com deficiência

visual, como por exemplo, programas leitores. Levantam-se ainda alguns aspectos pertinentes

no design da plataforma, como contraste de leitura e descrição de figuras, por exemplo.

No terceiro capítulo, Resultados e Discussões, é apresentado no item “A

importância da acessibilidade do material didático para a pessoa com deficiência visual.” a

discussão específica dessa temática, conforme aqui foi delineada em linhas gerais e que

caracteriza a contribuição individual da autora ao tema pesquisado coletivamente pelo grupo

de trabalho.

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Nas Considerações finais, os pontos discutidos serão sintetizados no sentido de

apresentar as principais conclusões a que se chega após tal percurso, fazendo sugestões em

relação a questões que esse trabalho levanta e aponta para futuros desenvolvimentos.

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2. Pressupostos teóricos.

2.1 Estrutura, organização e linguagem do material didático para a EAD.

Para a elaboração de material impresso para EAD, é importante, antes de tudo,

considerar a distância física entre o professor e o aluno. Segundo Grivot (2009, s/p), um

material de qualidade “deve suprir a ausência do professor, permitindo que o aluno interaja

com o conhecimento, não deve conter textos expositivos e impessoais e nem ter uma estrutura

que não permita ao aluno organizar-se”.

Mas de que forma pode-se garantir a qualidade do material didático impresso? Para

responder a essa questão, algumas considerações são de extrema importância, como: conhecer

o perfil do aluno leitor, ter claro os objetivos do material e da instituição, conhecer as

concepções pedagógicas da EAD e as teorias da aprendizagem, ter preocupação com a

linguagem, estrutura e organização do material.

A elaboração do material didático impresso para EaD deve ser bem diferente do ensino

presencial, uma vez que o professor não está ali presente para fazer intervenções quando

necessário. Essas intervenções ou ajustes, já devem ser previstas, cuidadosamente, nesse

material. Para Grivot (2009, s/p), “um bom texto para material didático impresso deve ser

basicamente diferente dos materiais para a educação presencial”.

Pensando na estrutura do material impresso, Leitão et al (2005) afirmam que “a

estrutura do material didático, ou seja, o modo como o conteúdo é organizado e apresentado

ao aluno, deve ser definida antes de os autores iniciarem a elaboração dos textos propriamente

dita.” Os autores colocam ainda que essa estrutura deve ser clara de modo que propicie fácil

manuseio e identificação de suas partes.

Podemos dizer que a preocupação com a linguagem é um dos fatores fundamentais

quando se está elaborando um material impresso para a EAD. Nesse sentido, Grivot (2009,

s/p) coloca que a linguagem textual “deve ser leve, clara e rica em analogias, com termos

científicos explicados, por não contarem com a participação síncrona do professor para

esclarecimentos e resolução de dúvidas”. Além disso, é necessária que seja coerente e

dialógica.

Para Leitão et al. (2005), “ a produção de um material didático sempre precisa ser

cuidadosa em relação à linguagem de seus textos, qualquer que seja o nível curso ou o grau de

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escolaridade de seu público-alvo”. Barreto (2007) complementa essa questão dizendo que ao

escrever o material, devemos nos colocar no lugar desse aluno.

Sendo assim, pensar na estrutura, organização e no uso da linguagem do material, são

questões importantes para a motivação do aluno, uma vez que se aproximam mais da sua

realidade e ajudam a diminuir a distância física entre ele e o professor.

2.2 Aspectos motivacionais envolvidos na formulação do material didático: o aluno como

centro do processo de ensino/aprendizagem.

É importante considerar que há pouco tempo, no Brasil, estudar era um direito de

uma minoria abastarda. Hoje a situação é outra. A conjuntura atual brasileira tem exigido, do

governo e da sociedade em geral, uma ação decisiva referente às questões educacionais.

Por ser um dos países emergentes quanto ao desenvolvimento econômico e social,

o Brasil necessita de investimentos na educação do seu povo. Esta é a porta aberta para o

sucesso não só da economia, mas para todo o progresso de uma nação. Nesse sentido evoca-se

a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (1996) com o propósito de

garantir uma educação de qualidade a todos os cidadãos brasileiros. Nos seus dois primeiros

artigos encontramos:

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida

familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa,

nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações

culturais.

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de

liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno

desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho.

Com isso, o direito a educação de qualidade não se resume a ter acesso à escola,

mas também ter garantidos estrutura, recursos materiais e humanos adequados.

Nesse sentido, na busca de democratizar o ensino, rompendo barreiras físicas e de

outras ordens, é fundamental o surgimento da educação a distância. Veja-se a definição que

consta no Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o art. 80 da LDB lei

n.º 9.394/96:

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Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem,

com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados

em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e

veiculados pelos diversos meios de comunicação.

Esta não substitui a educação presencial, mas sim, soma contribuições para que os

propósitos educacionais sejam atendidos, uma vez que transcende o tempo e o espaço.

Vale ressaltar mais uma vez que esta pesquisa se debruça sobre a produção do

material didático para a EAD. Nesse sentido destaca-se que a EAD vem aprimorando as suas

ferramentas de ensino, ao logo de sua história, como se pode observar a seguir (PIMENTEL,

2006, apud CAMPOS et al, 2007):

Geração Textual - livro, apostila, revista, artigo (em anais), carta (correio

tradicional), imagem (foto, desenho etc.) e jogos;

Geração Analógica - televisão, vídeo, rádio, telefone, fax e audio etc.);

Geração Digital - hipertexto, multimídia, CD-Rom, software educacional,

editor (texto, imagem etc.), realidade virtual, simulador, correio-eletrônico (e-

mail), lista de discussão, chat bate-papo), videoconferência e jogos

No mesmo sentido, reafirmam Possari e Neder (2009, p.17):

É interessante que, ao refletirmos sobre a produção de material didático, pensemos

nos tipos de texto, associados à natureza das linguagens utilizadas. Se verbal: oral ou

escrita. Se não verbal: todas as formas (signos) – olhares, gestos, expressões faciais,

cores, luzes, ruídos, desenho, fotos, pintura, sons etc. Igualmente também as mídias

de que dispomos para veiculá-los.

O material didático para EAD deve colocar o aluno no centro da discussão, isto é, criar

condições para que este se sinta estimulado e construtor do seu próprio conhecimento. E de

que forma isso poderá ocorrer? Quando a produção de material didático se pautar em

estratégias que levam o aluno para a posição de autônimo. Possari e Neder (2009), recorrendo

a Belloni, reafirmam (BELLONI, 2001, apud POSSARI; NEDER, 2009, p.26):

conceber metodologias de ensino e estratégias de utilização de materiais de

ensino/aprendizagem que potencializem ao máximo as possibilidades de

aprendizagem autônoma.Isso inclui desde a seleção e elaboração de conteúdos,a

criação de metodologias de ensino e de estudo, centradas no aprendente, voltadas

para a formação da autonomia, a seleção dos meios mais adequados e aprodução de

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materiais, até a criação de estratégias de utilização de materiais e de

acompanhamento do estudante de modo a assegurar a interação do estudante com o

sistema de ensino.

2.3 A arquitetura da informação e a acessibilidade dos conteúdos em MD. A questão do

design instrucional.

Recursos importantes para a viabilização do processo educacional na EaD, os

materiais didáticos constituem-se ainda como canal de comunicação entre os diferentes atores

envolvidos no processo de aprendizagem, em consonância com o projeto pedagógico da

Instituição de Ensino

Sua produção relaciona-se diretamente com a proposta do curso, os objetivos que

pretende atingir, o público alvo ao qual se destina e implica na escolha de um referencial

teórico que o embase e oriente na elaboração do mesmo.

O referencial teórico adotado neste estudo, no que se refere à elaboração do

material didático para a Educação à Distância, fundamenta-se nos princípios de duas teorias

de aprendizagem, que colocam o aluno no centro do processo de aprendizagem, o

construtivismo e o sócio-interacionismo, formulações teóricas que em muito têm contribuído

para pensar a EAD, pois consideram a participação ativa do aluno na construção do

conhecimento.

Nestas linhas de pensamento, os principais teóricos são Piaget e Vygotsky, que

discorrem sobre como o indivíduo constrói o conhecimento, a partir da modificação de

estruturas existentes e a partir da interação com o outro e com o objeto, a elaboração do

material didático desempenha papel central no sucesso e reconhecimento da qualidade de um

curso, não apenas com relação à forma, objetivos e conteúdos, mas principalmente, na

utilização de um material interativo, estimulante, atrativo e compreensível (CAMPOS, 2007).

Tais pressupostos serão melhor desenvolvidos no decorrer deste trabalho.

Uma vez definidas as teorias/ teóricos que embasarão a elaboração do material, há

que se pensar na produção deste para que garanta a construção do conhecimento pelo aluno,

considerando as muitas variáveis existentes no processo. Neste ponto ganha destaque o design

instrucional.

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O design Instrucional, fundamentado nas teorias de aprendizagem, tem por

objetivo o desenvolvimento de materiais didáticos visando à qualidade dos mesmos. Pode ser

entendido como o design do material didático, seja ele impresso ou eletrônico.

Sendo a elaboração do material didático responsabilidade de uma equipe

multidisciplinar, podemos dizer de um modo geral, que o design instrucional orienta-se para o

objetivo didático do conteúdo, contemplando a formatação visual do material e do curso, a

interação entre os diferentes atores e o uso da tecnologia disponível (FARBIARZ, 2006).

No ensino a distancia, o aluno tem a tecnologia como mediadora do material

didático, diferente do material impresso, o que exige que este seja elaborado e organizado

considerando a estrutura da informação a ser veiculada e o propósito.

Neste sentido, a arquitetura da informação, é entendida como a combinação entre

a organização do conteúdo em categorias e a criação de uma interface entre estas categorias,

valorizando e orientando a autonomia do aluno, através do desdobramento do conteúdo e a

interação com outras informações (ABREU-FIALHO et al., 2011).

Assim, orientado por estas diretrizes, a equipe multidisciplinar organizará os

conteúdos de maneira a garantir não só a autonomia, mas também a interação e a

acessibilidade dos alunos ao conteúdo proposto, favorecendo a construção da aprendizagem

na modalidade em questão.

2.4 A importância da acessibilidade do material didático para a pessoa com deficiência

visual.

Enfocaremos agora, de forma mais específica, a questão do direito à educação das

pessoas com alguma deficiência ou diferença na sua forma de aprender.

A lei de Diretrizes e Bases da Educação no Brasil garante em seu texto o acesso e

a permanência dos estudantes em qualquer das modalidades oferecidas por ela

independentemente da raça, da cultura ou das deficiências. É o processo que hoje chamamos

de educação inclusiva, direito de todos. A modalidade de ensino Educação a Distância vem

primeiramente atender a demanda de um mundo globalizado onde a tecnologia assume um

caráter primordial nas relações sociais, no aprendizado e na acessibilidade. Começamos a

viver a era da modernidade, da facilidade, do possível dentro da agilidade... Vivemos a

internet! Mas a Educação a Distancia também vem como uma oportunidade que até então

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parecia impossível para aqueles que pularam ou perderam etapas ou para aqueles, que no

status workaholic, não encontram mais tempo para estudar presencialmente em uma

instituição. Mas e a inclusão? A EAD está preparada, por exemplo, para atender alunos

cegos?

De acordo com Carvalho e Daltrini (2002), os alunos com deficiência visual enfrentam

algumas barreiras para ter acesso ao Ensino Superior; barreiras como a da aceitação, da

comunicação, do espaço e da aprendizagem. Se pensarmos mais especificamente nas barreiras

de comunicação e aprendizagem veremos que é possível amenizá-las através da produção de

um dos mais importantes recursos de aprendizagem: o material didático ,que nesse caso,

atenda esse público e suas peculiaridades.

Para Sales e Nonato (2007) a reflexão sobre a preparação, produção e difusão do

material didático deve ser prioritária na preparação de projetos para a EAD. Reflexão esta que

deve partir das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC´S) produzindo um

material didático de qualidade tendo como parâmetro o conceito de design universal.

Para Tiziotto (2010, p.4) o conceito de design universal parte do processo de integrar e

considerar um volume de necessidades já desde o começo do projeto visando beneficiar todo

o público ao qual se destina. Incorporar os conteúdos do design universal é :

flexibilizar e adaptar seus projetos, assegurar a aprendizagem, minimizar

dificuldades, considerar os atributos pessoais e satisfazer as necessidades únicas do

maior número possível de alunos.

Construir o material didático em EAD visando à acessibilidade é uma tarefa baseada

nos princípios do design universal: captação de conteúdos, flexibilidade no uso, tolerância ao

erro, equiparações nas possibilidades de uso, mínimo esforço e uso simples e intuitivo (THE

CENTER FOR UNIVERSAL DESIGN, 2010) . Partindo-se desta premissa busca-se, por

exemplo, sanar a dificuldade do deficiente visual em visualizar links, mapas, imagens, tabelas

e preencher formulários através da descrição de imagens como um recurso possível. Isso é dar

à tecnologia a oportunidade de ser um elemento que promove a inclusão.

Page 20: PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA EAD: UM OLHAR PARA A DIVERSIDADE  “A importância da acessibilidade do material didático para a pessoa com deficiência visual”.

20

2.5 Características do hipertexto: resgatando o conceito de DUA (Design Universal para

a Aprendizagem).

Em relação ao design da plataforma de ensino com vista à acessibilidade universal

ao conteúdo considerando os elementos do hipertexto, é importante recuperar o conceito de

Design Universal para a Aprendizagem (DUA) apresentado por Rose e Meyer (2006),

segundo o qual o currículo deve possibilitar acesso universal a todos os alunos, tenham ou não

deficiências. Trazendo esse conceito para o design da plataforma, pode-se dizer que uma

plataforma de ensino acessível é aquela que pode ser utilizada por alunos com e sem

deficiência visual, pois no seu planejamento básico a possibilidade que uma pessoa com

deficiência a utilize já estaria prevista.

De acordo com Souza Júnior, Cardoso e Oliveira (2011), o conceito de Interface

Humano Computador (IHC) é uma ferramenta importante ao se considerar a formatação de

hipertexto como material didático para a EAD, no sentido de esclarecer o quanto o hipertexto

é uma produção que contempla as necessidades dos alunos. O hipertexto, entendido como

linguagem não linear e dinâmica, coaduna-se com as necessidades da sociedade de

informação, sendo o meio interativo preferencial nas plataformas virtuais. Em relação à

Interface Humano Computador (IHC), os autores destacam a interatividade, usabilidade e

facilidade, destacando o papel da percepção humana através dos signos. Ressaltam ainda a

importância de observar o comportamento humano de forma total e sua interação com o

design, além do que se deve contemplar questões como a criatividade nos usos de recursos e

sua acessibilidade, visando suprir a ausência física do professor, além de uma boa interface,

funcionalidade e visualização agradável e clara.

No caso da utilização por uma pessoa com deficiência visual, a própria

configuração do sistema deve prever a adaptação do conteúdo, ou seja, não deve se criar uma

barreira tecnológica para a adaptação. Pinheiro e Bonadian (2012) apontam que muitos sites

acabam privilegiando a forma em detrimento do conteúdo, com tecnologias que segregam os

usuários quer tenham ou não deficiência, pela falta de um sistema operacional específico ou

navegador, por exemplo, contrariando os princípios do Design Universal para a

Aprendizagem (DUA).

Rezende (2012) destaca como adaptações de software o tipo de tecnologia dos

leitores de telas. O acesso básico a ser feito pela pessoa com deficiência visual se dá através

de programas leitores de tela, como por exemplo, o DOSVOX, que é gratuito e bastante

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utilizado. Outros leitores de tela bastante utilizados são o Virtual Vision e o Jaws, de acordo

com Meca e Ferreira (2012). Outros cuidados a serem tomados com os arquivos de texto são

descritos por Manoel et al. (2006, s/p):

Sobre o arquivo já digitalizado, ainda se faz necessário, retirar toda a formatação que

os programas de leitura não aproveitam como a paragrafação automática, tais como:

os sublinhados, a paragrafação dupla, alinhamentos à direita e centralizações. É

também diminuída a distância entre o título e o texto; é indicado o início e o fim de

uma descrição; identificada as notas de rodapé e retiradas as figuras do texto,

indicando que estas se encontram em anexo. Após todas as descrições estarem

prontas, por fim, é realizada a revisão do material através do sintetizador de voz,

para ser feita a avaliação segundo a entonação e clareza da descrição.

A utilização de imagens deve ser acompanhada de descrição, e a narração de

vídeos e videoaulas devem considerar que serão assistidas por alunos que não enxergam. Na

exposição da aula, o professor deve considerar esse aspecto. E como lembram Culau, Alves e

Fontana (2012), a utilização de podcasts, ou textos gravados, também é um excelente recurso

para a aprendizagem da pessoa com deficiência visual.

Page 22: PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA EAD: UM OLHAR PARA A DIVERSIDADE  “A importância da acessibilidade do material didático para a pessoa com deficiência visual”.

22

3. Resultados e Discussões

3.1 - A importância da acessibilidade do material didático para a pessoa com deficiência

visual.

O presente capítulo tem por objetivo discutir as questões relativas à importância

da acessibilidade do material didático em EAD para a pessoa com deficiência visual. Procura

também discutir se as questões específicas da produção deste material, no campo da inclusão

de alunos com deficiências, é objeto de estudo das instituições que oferecem a modalidade de

educação a distância bem como apontar instituições que já se preocupam com esta questão e

garantem uma produção de material acessível principalmente para alunos cegos ou com baixa

visão.

A Associação Brasileira de Ensino a Distância (ABED) divulgou dados sobre o

crescimento e expansão da EAD no Brasil como uma das opções mais procuradas para quem

busca fazer uma especialização ou graduação. De acordo com esses dados no ano de 2008

2,64 milhões de brasileiros estudaram por EAD em mais de 1752 cursos. Segundo o

Ministério de Educação e Cultura (MEC) no final de 2009 a Educação a Distância já podia

contar com mais de 111 Instituições de Ensino Superior. Um dos resultados deste crescimento

foi a criação em 2005 da Universidade Aberta do Brasil (UAB) que tem a EAD como base.

Estimou-se que o crescimento de matriculas foi de 247% nos cursos credenciados em todo o

país e que os investimentos em 2013 cheguem aos R$10 bilhões. Esses dados só comprovam

a importância que a Educação a Distância vem assumindo nos últimos anos como uma

modalidade de ensino que atende as necessidades do mundo globalizado, tecnológico e

competitivo nas questões de formação profissional.

Outro fator que vem crescendo muito, principalmente nesta última década, e que já se

tornou um movimento mundial é a educação inclusiva. Educação esta respaldada por leis

como a “Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva”-

05/07/2002 que visa a construção de políticas públicas para uma educação de qualidade; o

Decreto no.6571,de 17 de setembro de 2008 que regulamenta o atendimento educacional

especializado, a Resolução CNE/CP 1, de 18 de fevereiro de 2002 que trata das Diretrizes

Curriculares Nacionais para a formação de professores da educação básica, em nível superior

e a LEI Nº 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em seu capítulo V todo

dedicado a Educação Especial. E que também se caracteriza como uma ação de caráter

social, cultural, pedagógico e político visando o cumprimento do direito de todos a um

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processo educativo sem discriminações. De acordo com o Documento elaborado pelo Grupo

de Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial nº 555

“A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva

tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas

habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino

para promover respostas às necessidades educacionais especiais, garantindo:

Transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação

superior... Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e

equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação”. (p.08,2007)

A educação inclusiva traz consigo um debate sobre o papel da escola na superação

da exclusão visando uma reorganização estrutural, cultural e de quebra de paradigmas para

que a escola seja de todos e para todos. Mas uma grande indagação se levanta: a escola está

preparada para uma educação inclusiva nas questões estruturais, pessoais, físicas, materiais e

de suporte? Como a Educação a Distância pensa e faz uma educação inclusiva? De acordo

com o material publicado pelo MEC “Atendimento Educacional Especializado- Orientações

Gerais e Educação a Distância” o que se entende pela modalidade de Educação a Distância

é:

“A Educação a Distância pode ser definida como um processo de ensino-

aprendizagem mediado por tecnologias de informação e comunicação (TIC´s).

Neste processo, professores e alunos, embora separados pelo espaço e tempo, estão

juntos virtualmente por meio das tecnologias, em especial a internet. Outros meios

de comunicação, tais como o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o

telefone, o fax e tecnologias semelhantes também podem ser utilizados. A definição

das tecnologias para um projeto de EAD deve considerar o público alvo que será

atendido e a facilidade de acesso às tecnologias existentes. Neste curso serão

usados materiais impressos, vídeos em DVD e um ambiente de educação a distância

que será acessado via internet.” (2007 p17)

Como modalidade de educação a EAD deve ser pronta, preparada e estruturada para

atender todos os alunos que a procuram como um instrumento de aprendizagem. O que se

busca neste relato é dar mais visibilidade a uma discussão mais específica sobre como a

Educação a Distância pode ser um instrumento viável de acesso ao processo educacional do

deficiente visual através de um material didático que atenda suas necessidades. Mas há outro

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fator, também de suma importância neste processo de inclusão, que é garantir a permanência

do aluno deficiente visual no curso compreendendo as suas limitações físicas e não o

categorizando como um indivíduo com capacidades intelectuais limitadas. A ideia não é dar

ao aluno deficiente “facilidades”, pois isso poderá gerar um profissional com menos

conhecimento ou um “deficiente” no saber. Por outro lado a ideia é adaptar o material de

forma que ele atenda as necessidades do deficiente visual. Essa adaptação pode ser realizada

de quatro maneiras: através do Sistema de leitura e escrita tátil mais conhecido como Sistema

Braille1; através de uma pessoa capacitada a ler para cegos a chamada ledora; de uma

máquina de datilografar em Braille e de um recurso recente chamado “Braille

Virtual”(www.braillevirtual.fe.usp.br) 2.Um dos fatores determinantes para que esta proposta

se efetive é a adaptação do material à sua limitação física . Isso pode ser feito por meio do

envolvimento e da capacitação de setores como o de Produção de Material Didático que é um

setor responsável pela elaboração, adaptação e desenvolvimento desse material.Esse processo

precisa ser voltado para o perfil do aluno deficiente e para a Plataforma nos quesitos de

desenvolvimento e manutenção.

3.2 – Quebrando barreiras: as tecnologias assistivas.

De acordo com José Oscar Fontanini de Carvalho da PUC de Campinas, em seu

material “Educação a distância: uma forma de inclusão do deficiente visual à Educação

Superior” , existe uma necessidade de inter-relação entre o deficiente visual e o sistema de

Ensino Superior através da quebra de barreiras que prejudicam esta inter-relação. A quebra ou

não destas barreiras é que vai nortear a possibilidade ou não da acessibilidade; esta quebra

pode ser viabilizada através de modificações de alguns procedimentos, tanto por parte do

aluno deficiente visual quanto da Instituição que oferece o ensino, para adaptações que de fato

contribuam com o aluno deficiente ou através da adoção de interfaces que adaptem esta inter-

relação. Carvalho trata especificamente de cada uma destas barreiras como passos primordiais

para a viabilidade do acesso do deficiente visual ao Ensino Superior. Trata-se das barreiras de:

aceitação, comunicação, espaço e aprendizagem.

1 Braille: um sistema de leitura com o tato para cegos inventado pelo francês Louis Braille no ano de 1827 em Paris. O sistema de Braille

aproveita-se da sensibilidade epicrítica do ser humano, a capacidade de distinguir na polpa digital pequenas diferenças de posicionamento

entre dois pontos diferentes. 2 O Braille Virtual é um curso on-line aberto, público e gratuito, destinado à difusão e ensino do sistema Braille a pessoas que veem. São

orientados especialmente a pais, crianças, professores e funcionários de escolas inclusivas.

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A barreira da ACEITAÇÃO se caracteriza pela aceitação do aluno deficiente pela

Instituição e isto se dá através do processo inclusivo. Um exemplo de quebra desta barreira é a

prática da UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina) que recebe alunos deficientes em

seus cursos a distância com adaptações no material didático como sintetizadores de voz,

impressões em Braille e recursos em relevo além do apoio nas aulas presenciais de fiscais

ledores. A barreira da COMUNICAÇÃO diz respeito ao acesso ao conteúdo apresentado

bem como a comunicação com seus tutores e colegas. Uma proposta de solução para a

eliminação desta barreira é um apoio de monitoria, um material específico e adaptado e o uso

de uma tecnologia especial que garanta o acesso à informação. Atualmente há uma enorme

gama de materiais voltados a Tecnologia Assistiva3 que podem subsidiar a elaboração do

material didático em EAD para deficientes visuais (alunos cegos e com baixa visão). Podemos

citar:

Dosvox

Figura1 : Dosvox

De acordo com o site da Intervox :

“O DOSVOX é um sistema destinado a auxiliar o deficiente visual a fazer uso de

microcomputadores da linha PC, através do uso de sintetizador de voz. Este sistema

foi desenvolvido no Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, sob a supervisão do analista José Antônio dos Santos Borges, da

Divisão de Assistência ao Usuário, para atender às necessidades dos deficientes

visuais desta Universidade. O sistema vem sendo aperfeiçoado a cada nova versão,

sendo este implementado por programadores deficientes visuais, que fazem uso do

próprio sistema DOSVOX, sem necessitar de ajuda de pessoas videntes. O sistema

3 Tecnologia Assistiva “é uma ampla gama de equipamentos, serviços, estratégias e práticas concebidas e aplicadas para minorar os

problemas encontrados pelos indivíduos com deficiências" (Cook e Hussey • Assistive Technologies: Principles and Practices • Mosby –

Year Book, Inc., 1995).

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conversa com o deficiente visual em Português, sem sotaque, e dá a ele muitas

facilidades que um usuário vidente tem.”(2011,p.1)

Os deficientes visuais podem utilizar e programar o software que conta com um

conjunto de aplicativos como agenda, chat e jogos e pode ser adquirido de forma gratuita por

meio de download: http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox. O site http://caec.nce.ufrj.br/~dosvox

do núcleo de computação eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro disponibiliza

uma versão light do DOSVOX para Windows.

Virtual Vision

Figura 1: Virtual Vision

O Virtual Vision é considerado uma grande solução para que deficientes visuais

possam utilizar com autonomia o Windows, o Office, a Internet Explorer e outros aplicativos.

Utilização esta que se dá através da leitura de menus e telas por um sintetizador de voz.

É um software brasileiro desenvolvido por uma empresa paulista chamada

Micropower e pensado para atuar junto às ferramentas do Windows. Os deficientes visuais o

recebem gratuitamente através do Banco Real ou da Fundação Bradesco. Maiores

informações são possíveis no site: http://www.micropower.com.br.

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Jaws

Figura 2: Jaws

Conhecido mundialmente como o leitor de tela mais avançado e completo da

atualidade. É um software que fornece assistência para que pessoas com deficiência visual

possam utilizar com autonomia o computador. Desenvolvido nos Estados Unidos com

ferramentas de tradução em diversos idiomas. No Brasil é o mais caro leitor de tela e não há

distribuição gratuita do mesmo. Outras informações podem ser adquiridas:

http://www.lerparaver.com ou http://www.laramara.org.br.

Já a barreira do ESPAÇO se refere ao deslocamento do aluno a Instituição ou ao polo

que a representa. A solução se encontra nos recursos de mobilidade que envolve grande

esforço por parte da Instituição nas adaptações necessárias. Por fim a barreira da

APRENDIZAGEM que se apresenta nas dificuldades de aprendizagem que o aluno cego ou

com baixa visão venha a demonstrar devido as suas limitações sensoriais. A quebra desta

barreira é possível, através de um conjunto de métodos, técnicas e estratégias bem como de

materiais adaptados oferecidos de forma síncrona ou assíncrona. Entende-se a forma

assíncrona como aquela que permite que o educando acesse conteúdos no momento em que

lhe convier, comunicando-se com os demais participantes por meio de ferramentas de correio

eletrônico e de registro de contribuições em formato de texto. E como forma síncrona aquela

que simula uma situação de ensino presencial: os momentos de aprendizagem nas aulas

acontecem em tempo real e conectam educadores e educandos por meio de ferramentas de

áudio, vídeo e troca de mensagens on-line, minimizando assim as dificuldades do aluno com

deficiência visual.

É inegável que um avanço tecnológico e de informação vem permeando a área da

educação trazendo mudanças na forma de pensar, na forma de agir e de sentir do ser humano

produzindo conhecimento. É o que o poeta e pensador francês Jean Baudrillard denominou de

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“feudalismo tecnológico”4 quando pensa sobre os impactos dos avanços da tecnologia na

sociedade e como fica o papel do homem neste mundo cibernético onde prolifera uma

quantidade ilimitada de informações. Cada vez aumenta mais a quantidade de sites e

programas educacionais e a interatividade na rede virtual que nos torna servos de um novo

modo de vida e passamos a pensar e fazer educação de acordo com as novas regras.

Assim a ampliação significativa da modalidade educacional em EAD apresenta uma

forma concreta de superação de barreiras pelo Ensino Superior das questões voltadas a

acessibilidade. De acordo com OLIVEIRA (2008) a EAD é uma proposta educativa de

inovação pedagógica através de recursos tecnológicos de comunicação e informação (TIC´S)

que utiliza a cibercultura como uma possibilidade real de um processo educativo. Já

TIZIOTTO (2010) afirma que o material didático é um recurso importante de aprendizagem,

pois viabiliza ideais filosóficos, didáticos e educacionais. É a junção da modalidade

diferenciada com o material adaptado... Oportunidade para todos!

No Brasil já encontramos bons exemplos de Instituições de Ensino Superior na

modalidade à distância pensando e executando a questão da acessibilidade de forma séria e

comprometida. Um desses exemplos é a UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina)

cujo “Programa de Promoção da Acessibilidade Virtual” que se encontra no site

www.unisul.br presta assistência tanto para alunos cegos através de “material didático

adaptado em formato digital, livros em Braille, imagens e figuras adaptadas em relevo,

avaliações adaptadas, locais de prova com fiscais/ledores capacitados.” como para alunos

com baixa visão através de “avaliações presenciais em fonte ampliada em A4, fiscais/ledores

treinados e capacitados.” O objetivo do programa é “criar condições de acesso igualitário

ao conhecimento a pessoas com deficiência e necessidades educacionais específicas.”

Outro bom exemplo é o Instituto Benjamim Constant5 que na modalidade à distância

oferece o ambiente virtual IBC-LED onde o acesso a todo o conteúdo é garantido para todos

independente de suas limitações. O Instituto parte de dados do IBGE de que no nosso país

mais de 24,6% da população apresenta algum tipo de necessidade especial e que dessa

4 Jean Baudrillard “sustentou que a expansão contínua da estrutura sígnica de dominação demandou o estabelecimento de redes de

informações e de um sistema tecnológico que alteraram substancialmente a racionalidade, o pensar e o agir contemporâneos. Debitou essa

mudança à intoxicação midiática por ter gerado a perda do referencial das identidades, feitas servas de um feudalismo tecnológico que não

tem outro propósito senão a sua autossustentação.” (2010,p1)

5 O Instituto Benjamin Constant foi criado pelo Imperador D.Pedro II através do Decreto Imperial n.º 1.428, de 12 de setembro de 1854,

tendo sido inaugurado, solenemente, no dia 17 de setembro do mesmo ano, na presença do Imperador, da Imperatriz e de todo o Ministério,

com o nome de Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Este foi o primeiro passo concreto no Brasil para garantir ao cego o direito à

cidadania.

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porcentagem 170.000 são pessoas cegas, dois milhões têm deficiências graves de visão e 14

milhões têm problemas visuais. Assim um dos objetivos do Instituto é “desenvolver um

espaço que ao mesmo tempo concilie os direitos de igualdade a todas as pessoas, respeitando

as diferenças culturais, e enfatize a questão da acessibilidade à web, pois esta é parte

integrante do projeto.” O site oferece o Portal Braille, o Portal Baixa Visão, livros adaptados

e controles de acessibilidade como mostra a figura abaixo:

Recorte de tela efetuado: 29/5/2012; 22:42

Para finalizar é importante citar CERQUEIRA6:

“Talvez em nenhuma outra forma de educação os recursos didáticos assumam tanta

importância como na educação especial de pessoas deficientes visuais, levando-se

em conta que: um dos problemas básicos do deficiente visual, em especial o cego, é

a dificuldade de contato com o ambiente físico;...o deficiente visual necessita de

motivação para a aprendizagem;”

6 CERQUEIRA, J.B.;FERREIRA, E.M.B.Recursos didáticos na Educação Especial.Instituto Benjamim Constant. Rio de Janeiro.

Disponível em: <http://www.ibc.gov.br/?itemid=102#more> Acesso em 29.mai.2012

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4. Considerações finais.

A ideia deste estudo nasceu e tomou forma após a realização do curso de Pós

Graduação em Educação Inclusiva realizado na Universidade de São Paulo (USP) durante os

anos de 2010 e 2011. A formação proporcionou um olhar mais apurado, curioso e

investigador para as questões voltadas ao processo inclusivo na escola principalmente sobre a

inclusão de alunos com deficiência visual nas classes regulares. De acordo com o site

Acessibilidade Brasil7 “Os Deficientes Visuais no Brasil: em 2004, eram cerca de 4 milhões

de pessoas (acuidade visual no melhor olho entre 20/60 e 20/400).

Sendo que 60% das cegueiras são evitáveis; 90% dos casos de cegueira ocorrem mais em

áreas pobres; 40% têm conotação genética (são hereditárias); 25% têm causa infecciosa e

20% das cegueiras já instaladas são recuperáveis.” Os dados e os números só trouxeram à

reflexão a importância que a educação tem ,frente as deficiências ,de promover uma escola de

fato inclusiva.

Ser um deficiente visual não significa necessariamente ser um deficiente do

conhecimento, pois a falta da visão não é um empecilho ao saber. Observa-se que o que

realmente falta, muitas vezes, são as oportunidades de acesso a esse saber adaptadas as reais

necessidades do aluno especial. Muito da ausência, até certo tempo atrás, de deficientes

visuais nas escolas ou nas ruas se dava pela total falta de preparo e adaptação dos espaços sem

que eles garantissem reconhecimento tátil e mobilidade ao cego. Com os adventos

tecnológicos, os meios e suportes para que o aluno cego ou com baixa visão tenha acesso a

diferentes formações educacionais torna esse caminho mais ameno e bem mais acessível. É

aqui que a EAD entra como parte importante deste processo.

Gradativamente, a modalidade de Educação a Distância vem se mostrando como uma

grande oportunidade de inclusão ao Ensino Superior graças as suas características

relacionadas às questões do tempo e do espaço. Essas características colaboram e oportunizam

novos rumos a vida do homem globalizado. Mas , assim como toda modalidade de educação,a

EAD também precisa estar preparada para o movimento da acessibilidade, garantindo

oportunidades também aos portadores de deficiências. Uma destas oportunidades é garantir,

ao aluno cego ou com baixa visão, um material didático acessível e de qualidade que garanta

7 Acessibilidade Brasil : http://www.acessobrasil.org.br/index.php?itemid=934

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eficiência no aprendizado, nas trocas de experiências e que supra suas necessidades enquanto

portador de uma deficiência.

Cabe a Instituição, que oferece um curso a distância, a responsabilidade de ter uma

equipe comprometida para pesquisar, organizar e promover este material incluindo,de fato, o

aluno cego numa oportunidade de formação superior.Com esse trabalho espera-se ter

contribuído para enfatizar a importância de que toda plataforma de ensino em EAD seja

adaptada para receber com qualidade todos os alunos, independentemente de suas condições

e/ou deficiências. Desta forma, acreditamos que a EAD estará cumprindo, além do seu ideal

natural de democratizar o acesso à educação, tão necessário em nosso país, o também urgente

e democrático direito à educação para todos, como preconizado pela educação inclusiva.

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