Produção de leite
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A produo de leite como estratgia dedesenvolvimento para o Rio Grande do Sul
Benedito Silva Neto1
David Basso2
DESENVOLVIMENTO EM QUESTOEditora Uniju ano 3 n. 5 jan./jun. 2005 p. 53-72
Resumo
Este trabalho analisa o papel que a produo de leite pode desempenhar em uma estratgiade desenvolvimento para o Estado do Rio Grande do Sul. Constatou-se que uma contribui-o importante que a produo de leite pode proporcionar ao desenvolvimento deriva dasua capacidade de manuteno da populao no meio rural, o que potencializa os seusefeitos sobre as economias locais. Tais efeitos se devem ao alto potencial de agregao devalor que a atividade leiteira pode proporcionar de forma direta, indireta e induzida. Para quepossa desempenhar este papel, entretanto, necessrio reorientar as atuais polticas defomento sustentadas pelos representantes da cadeia agroindustrial do leite que, por seucarter concentrador e produtivista, podem levar excluso de mais de dois teros dosprodutores no curto prazo. A principal concluso do trabalho que a promoo de siste-mas de produo adaptados s condies da produo familiar seria um fator imprescind-vel para a construo de um modelo de desenvolvimento socialmente mais justo eterritorialmente mais equilibrado.
Palavras-chave: Desenvolvimento rural. Sistemas de produo de leite. Agricultura familiar.
Abstract
The paper discusses the role that the milk production can carry out in a developmentstrategy for the Rio Grande do Sul State (Brazil). It was verified that an important contributionthat the milk production could provide to the development it derives of its capacity ofmaintenance of the population in the rural zones, which enhance its effects on the localeconomies. These effects are generated by the high potential of aggregation of value that thedairy activity can provide in a direct, indirect and induced way. So for the milk production canplay this function, however, it is necessary orientate the current policies sustained by therepresentatives of the agro-industrial chain that can lead more than two thirds of the producersto the exclusion in the short period. The main conclusion of the paper is that the promotionof production systems adapted to the conditions of the family production would be anindispensable condition for the construction of a development model more equitable andbalanced territorially.
Keywords: Rural development. Dairy production systems. Family farms.
1 Professor do Departamento de Estudos Agrrios da Uniju, Iju/RS ([email protected]).
2 Professor do Departamento de Economia e Contabilidade da Uniju, Iju/RS ([email protected]).
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Benedito Silva Neto David Basso
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Introduo
Ainda que os preos pagos ao produtor possam afetar negativa-
mente o seu nimo e a sua auto-estima, a produo de leite pode ser
considerada uma atividade estratgica para o desenvolvimento, princi-
palmente quando se trata das regies coloniais do Estado do Rio Grande
do Sul. A produo de leite uma atividade tpica de regies desenvol-
vidas, como o caso dos Estados Unidos, Canad, Unio Europia e
Oceania, entre outros, e isso por si um indcio para que os agricultores
no a vejam como uma atividade econmica marginal, reservada apenas
queles que no conseguiram se capitalizar. A produo de leite, portan-
to, tem um lugar assegurado em agriculturas capitalizadas e produtivas,
podendo-se levantar como hiptese que isso s no uma realidade tam-
bm no Brasil por no se ter dispensado um tratamento adequado ao setor.
interessante observar tambm que pases mais competitivos,
como a Nova Zelndia e a Austrlia, desenvolveram um modelo prprio
de produo de leite, com caractersticas diferentes do modelo desen-
volvido e preconizado pelos norte-americanos e canadenses, tendo este
ltimo historicamente maior prestgio e influncia entre os pesquisado-
res e difusores da pecuria leiteira no Brasil. Pelas suas condies eco-
lgicas e socioeconmicas, o Rio Grande do Sul possui condies excep-
cionais para desenvolver um modelo de produo de leite especfico e
altamente competitivo.
O principal argumento em defesa do estmulo produo de leite
como estratgia para a promoo do desenvolvimento em algumas regies
do Estado se fundamenta no fato de ela se constituir numa atividade
imprescindvel para a construo de uma sociedade economicamente
mais produtiva, socialmente mais justa e territorialmente mais equili-
brada. Alm de destacar alguns aspectos para pensar a produo de leite
de forma mais otimista, este trabalho prope uma reflexo sobre as for-
mas de organizao da atividade no meio rural que podem provocar im-
pactos mais positivos para o processo de desenvolvimento.
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A PRODUO DE LEITE COMO ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO PARA O RIO GRANDE DO SUL
55Desenvolvimento em Questo
Produo de leitee desenvolvimento rural no Rio Grande do Sul
A produo agropecuria provoca efeitos diretos, indiretos e indu-
zidos sobre a economia de uma regio. O efeito direto corresponde ao
valor agregado diretamente pelas atividades agropecurias, parte do qual
se constitui na renda dos agricultores, sendo o restante dividido entre os
demais agentes sociais que participam, direta ou indiretamente, do pro-
cesso produtivo (trabalhadores, proprietrios de terra, bancos, Estado...).
J o efeito indireto da produo agropecuria sobre a economia
corresponde formao de valor agregado nos vrios segmentos das ca-
deias produtivas a montante e a jusante da produo agropecuria. Ao
demandar insumos e equipamentos, assim como transporte, transforma-
o e comercializao, a produo agropecuria provoca a formao de
valor agregado na cadeia produtiva, o qual se adiciona ao valor direta-
mente gerado por ela no interior das unidades de produo agropecurias.
O efeito induzido, por sua vez, corresponde circulao monetria
provocada pelo gasto do valor agregado gerado pelo setor primrio na
aquisio de bens e servios produzidos localmente, ocasionando um
efeito induzido sobre a economia.
Os efeitos indiretos e induzidos da produo agropecuria so os prin-
cipais responsveis pelo estmulo que esta atividade exerce sobre o
surgimento de atividades no-agrcolas, as quais tm sido apontadas como
vitais para o desenvolvimento rural de uma regio (Silva Neto; Frantz, 2003).
O desenvolvimento da agropecuria e o desenvolvimento rural,
no entanto, nem sempre so vistos como processos que se apresentam
positivamente correlacionados. O aumento da produo e da produtivi-
dade na agricultura de um determinado territrio nem sempre resulta na
ampliao da renda e na melhoria das condies de vida da sua popula-
o como um todo. Para que o aumento da produo e os ganhos de
produtividade da agropecuria possam repercutir favoravelmente sobre
a economia e o desenvolvimento de uma regio imprescindvel que
estes sejam compatveis com a manuteno de uma populao relati-
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vamente elevada no campo, o que pressupe produes com valor agre-
gado suficientemente elevado e com uma distribuio eqitativa da ren-da (Silva Neto; Frantz, 2003). Nestas condies, a demanda dos agricul-tores por bens e servios locais pode se constituir em um poderoso est-mulo ao surgimento de atividades no-agrcolas na regio. No havendoesta compatibilidade, os potenciais efeitos diretos, indiretos e induzidosdecorrentes do aumento da produo agropecuria podem ser neutraliza-dos ou at sobrepujados negativamente pela reduo da populao nocampo ou por uma concentrao da renda, deprimindo a circulao mo-netria e diminuindo o valor agregado retido na regio.
Segundo Frantz e Silva Neto (2005), as regies gachas nas quais visvel um processo de desenvolvimento rural mais dinmico so aque-las nas quais existe uma predominncia da agricultura familiar. Para es-tes autores, a histria da urbanizao do interior gacho reflete o proces-so do seu desenvolvimento rural. Assim, a dinmica histrica e espacialdo parcelamento territorial do Estado, em decorrncia das emancipaesmunicipais, permite visualizar as distintas dinmicas de gerao e apro-priao de renda presentes nas regies de predomnio da pecuria exten-siva, da produo patronal de gros e da agricultura familiar. A presenade maiores contingentes populacionais, decorrente de um acesso maisdemocrtico terra por parte das famlias dos colonos, por exemplo,favorece uma dinmica desconcentrada na distribuio da renda agrcolagerada, promovendo, em conseqncia, um processo mais intenso deurbanizao e um maior parcelamento territorial para fins de delimitaoda rea municipal (Idem, p. 123-124). Este processo de concentrao espa-cial dos municpios, como se pode observar pela densidade da malha mu-nicipal na regionalizao dos diferentes sistemas agrrios do Rio Grandedo Sul evidenciada na figura 1, expressa, por conseqncia, as dinmicasdiferenciadas dos sistemas agrrios predominantes no Estado: a pecuria
extensiva nas reas de campo e a produo familiar nas reas de floresta3.
3 Os limites entre as regies de abrangncia dos principais sistemas agrrios do Rio Grande do Sul foramdefinidos em funo do cruzamento de indicadores das principais categorias sociais e de sistemas produti-vos constituintes de cada regio com base em dados estatsticos do Censo Agropecurio do RS, 1995-1996. Para maiores informaes ver Silva Neto (2005, p. 93-108).
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Figura 1 Densidade de municpios nas diferentes regies do Rio Grande do Sul
Fonte: Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento Diviso de Cartografia, 1997. In: Silva Neto (2005, p. 97).
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Pode-se observar na figura 1 que as regies nas quais predomina a
agricultura familiar, com destaque para as Colnias Velhas (6) e Colnias
Novas (8), apresentam uma densidade de municpios fruto de um lon-
go processo de diversificao local da sua economia muito maior do
que as demais regies, tanto naquelas dominadas pela pecuria extensi-
va representadas pelas regies da Campanha (1), Campos de Cima da
Serra (7) e Serra do Sudeste (2), como tambm em relao quelas em
que a produo patronal de gros a atividade predominante, como o
caso do Planalto (9) e da Depresso Central (3). A figura 2, por sua vez,
mostra que as principais regies produtoras de leite do Estado so justa-
mente as regies coloniais (Colnias Velhas e Colnias Novas), nas quais
a agricultura familiar amplamente dominante.
Figura 2 Evoluo da produo de leite nas diferentes regies do Rio
Grande do Sul
Fonte: Adaptado de Silva Neto et al (2005).
Observa-se na figura 2 um claro predomnio dessas duas regies
coloniais na produo gacha de leite entre 1970 e 2001. Entre elas, no
entanto, percebe-se uma relativa estagnao da produo de leite na
regio das Colnias Velhas a partir de 1980, enquanto que o volume
0100000200000300000400000500000600000700000800000900000
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Pro
du
o (m
il lit
ros)
Campanha PlanaltoColnias Novas Colnias VelhasCampos de Cima da Serra LitoralDepresso Central Serra do Sudeste
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A PRODUO DE LEITE COMO ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO PARA O RIO GRANDE DO SUL
59Desenvolvimento em Questo
produzido cresce acentuadamente nas Colnias Novas, em especial a
partir de meados da dcada de 80 a ponto de se tornar, desde o incio dos
anos 90, a regio com maior volume de leite produzido no Rio Grande do
Sul. A principal explicao para este desempenho que, enquanto a
regio das Colnias Velhas historicamente disps de vrias alternativas
viveis para desenvolver produes com valor agregado mais elevado,
as Colnias Novas sempre conviveram com maiores dificuldades para a
intensificao da sua agricultura. Com a eliminao do crdito subsidia-
do produo de soja esta situao se agrava e os agricultores, principal-
mente os que dispem de menores reas, voltam-se para a produo lei-
teira que, alm de possuir um bom potencial para a agregao de valor
por unidade de rea, uma atividade que pode adaptar-se a diferentes
situaes ecolgicas e socioeconmicas.
interessante salientar que a produo de soja desempenhou um
importante papel no desenvolvimento da pecuria leiteira nas Colnias
Novas do Rio Grande do Sul, pois foi a partir da acumulao gerada por
esta cultura que grande parte dos agricultores dessa regio conseguiu
intensificar seus investimentos na atividade leiteira. Pode-se deduzir,
dessa forma, que o crescimento acelerado do volume de leite produzido
nas Colnias Novas foi obra principalmente de agricultores relativamente
capitalizados que, no entanto, passaram a se defrontar com dificuldades
para garantir a sua reproduo social a partir de uma especializao na produ-
o de gros, devido ao tamanho reduzido de seus estabelecimentos.
A produo de leite, como se observa na figura 2, constitui-se uma
atividade bsica para grande parte dos agricultores das regies em que
predomina a produo familiar, especialmente aqueles que dispem de
pequenas e mdias unidades de produo. Contrariamente a outras pro-
dues animais que apresentam potencial mais elevado de gerao de
valor agregado por unidade de rea, tais como a suinocultura e a avicul-
tura, cujos sistemas de criao s so viveis em condies muito espe-
cficas, dadas as exigncias tecnolgicas e de escala impostas pelas
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Benedito Silva Neto David Basso
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agroindstrias receptoras, a produo de leite uma atividade altamente
adaptvel a diferentes condies ecolgicas e socioeconmicas, o que
permite que ela seja vivel a partir de diferentes escalas e sistemas de
produo.
Consolidar a atividade leiteira no mbito da produo familiar
decisivo no apenas por representar uma fonte regular de renda, mas em
especial pela sua amplitude em termos de mercado. Segundo Wilkinson
(1997), a competitividade a baixos nveis de concentrao e produtivi-
dade significa que a produo de leite ainda uma opo para um grande
nmero de produtores e pode desempenhar o papel de ncora que j
esteve anteriormente associado suinocultura. Um dos grandes desafios
da agricultura familiar neste caso, segundo o mesmo autor, est associa-
do ameaa de expropriao por parte de estabelecimentos
especializados e de grande escala das atividades tradicionalmente de-
senvolvidas pelas exploraes familiares e que ainda so responsveis
pela sua reproduo social, como o caso particular da produo de leite.
Esta ameaa de expropriao tem sido potencializada pelo pensa-
mento dominante a partir de meados dos anos 90, em particular pelas
estratgias que tm sido desde ento propostas pelo meio industrial liga-
do ao setor4. Segundo Basso e Silva Neto (1999), se o modelo de produ-
o baseado na elevao de escala proposto pelas indstrias ligadas ao
fornecimento de equipamentos e transformao de leite fosse
implementado, cerca de 50.000 produtores de leite do Estado do Rio
Grande do Sul, dos 85.000 existentes na segunda metade dos anos 90,
seriam eliminados. Um dos poucos mritos deste modelo, baseado em
grandes produtores com capacidade de produo de volumes mdios
4 Os formuladores de polticas para o setor so mais facilmente influenciados pelos representantes dos
segmentos industriais da cadeia produtiva. Um exemplo marcante desta influncia a Instruo Normativa
51 do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento que deve entrar em vigor em julho de 2005, a qual
impe uma srie de exigncias que podero forar o abandono da produo de leite por parte de muitas
famlias que tm nesta atividade a base da sua reproduo social.
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A PRODUO DE LEITE COMO ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO PARA O RIO GRANDE DO SUL
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dirios acima de 500 litros, seria a facilidade de sua implantao, uma
vez que esse tipo de agricultor tem poucas restries de rea para im-
plantar pastagens e, em geral, seu poder aquisitivo lhe permite realizar
investimentos em instalaes, equipamentos e animais de alta produ-
o. A complexidade para elaborar e efetivar um plano de desenvolvi-
mento orientado para a elevao da escala mnima dos pequenos agricul-
tores, segundo os autores, obviamente bem maior, posto que este tipo
de agricultor enfrenta limites srios em relao quantidade e qualidade
das terras, bem como existem restries muito severas quanto a sua capa-
cidade de investimento.
importante salientar, no entanto, que a proposta de produo em
grande escala preconizada de forma hegemnica em anos recentes le-
vanta um problema importante para a prpria indstria de transformao
na medida em que os agricultores que dispem de rea suficiente para
obter uma boa rentabilidade da sua unidade de produo com a cultura
de gros, em particular com a soja, s produzem leite em condies mui-
to mais vantajosas do que as suportadas pelos pequenos produtores. Isto
faz com que os grandes agricultores sejam muito menos estveis na
bovinocultura de leite, podendo representar problemas significativos para
o abastecimento da indstria, especialmente em perodos de crise.
Esse comportamento dos grandes produtores pode ser percebido
na figura 2 ao se observar o desempenho da produo leiteira na regio
do Planalto, especialmente na fase final do perodo. O aumento mais
forte no volume de produo de leite a partir de meados da dcada de
noventa est fortemente aliado diminuio da rentabilidade da soja e
aos preos mais elevados ofertados pela indstria de laticnios pelo litro
de leite para produtores com maior escala de produo. Nas regies de
agricultura familiar, ao contrrio, observa-se um declnio nos volumes de
produo nesse mesmo perodo, indicando a inviabilidade de muitos
produtores de pequena escala que so forados a abandonar a atividade
pelas dificuldades que enfrentam tanto para adequar-se escala e exi-
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gncias tcnicas impostas pela indstria quanto pelos preos mais baixos
pagos pelo leite a este tipo de produtor5. A recuperao da rentabilidade
da soja no final da dcada de 90 e incio de 2000 mostra uma relativa
estagnao da produo leiteira no Planalto e uma ligeira recuperao
nas regies de agricultura familiar, com destaque para as Colnias Velhas
e Colnias Novas.
do ponto de vista do desenvolvimento, contudo, que este mo-
delo de produo teria as conseqncias mais srias. Para termos a di-
menso destas implicaes bastaria nos colocarmos diante do seguinte
questionamento: o que propor aos membros das aproximadamente 50.000
famlias rurais que teriam dificuldades para continuar mantendo uma pro-
duo comercial de leite tendo cincia de que a grande expanso da
produo leiteira no Noroeste do Estado nos anos 90, como visto anterior-
mente, decorreu da falta de outras opes produtivas que apresentassem,
de um lado, elevado potencial de agregao de valor e, de outro, a possi-
bilidade real de serem desenvolvidas por um nmero expressivo de agri-
cultores dessa regio?
A adoo de um sistema de produo do tipo proposto pela
agroindstria processadora, por conseguinte, levaria a uma forte concen-
trao da renda e poderia at mesmo provocar uma queda no seu nvel
global, o que fatalmente resultaria na excluso de um grande nmero de
pessoas da atividade agropecuria, produzindo como efeito uma drstica
diminuio da demanda por bens e servios locais, com conseqncias
extremamente negativas sobre o desenvolvimento rural (Silva Neto;
Frantz, 2003). Assim, a generalizao do modelo e da escala de produo
de leite recomendado pela indstria seria um desastre social e econmi-
co, tanto em relao aos seus potenciais efeitos diretos sobre o setor,
quanto aos seus potenciais efeitos sobre o desenvolvimento rural.
5 O preo pago aos agricultores pelo litro de leite numa mesma regio pode ter uma variao de 10 a 15% em
funo unicamente do volume de produo de cada um. Os preos dirios pagos pelo litro de leite ao longo
do ms de junho de 2005 na regio de Cruz Alta/RS, por exemplo, variaram de R$ 0,48 a R$ 0,60.
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Modelos alternativos de produo de leitee seu impacto no desenvolvimento rural
Alm de contribuir de forma mais significativa para o processo de
desenvolvimento (Frantz; Silva Neto, 2005; Veiga, 1991; Abramovay,
1998), a agricultura familiar tambm apresenta muitas vantagens em re-
lao produo de leite. A unidade entre gesto e trabalho, por exem-
plo, que uma caracterstica da agricultura familiar, constitui-se em um
elemento altamente favorvel para a atividade leiteira, dado que esta
exige um trabalho cotidiano e de constantes decises tticas, envolven-
do desde o tempo de permanncia dos animais na pastagem em funo
das condies climticas, at a quantidade de alimentos concentrados
que deve ser fornecida aos animais em funo dos volumes esperados de
produo, o tipo de tratamento em caso de problemas de sanidade do
rebanho, o momento exato de cobertura dos animais, a assistncia no
momento das paries, dentre outras. Este trabalho cotidiano e constan-
te, normalmente extrapolando as jornadas habituais, torna o trabalho as-
salariado menos apropriado e muitas vezes problemtico para o desen-
volvimento da produo de leite.
Em decorrncia da sua grande capacidade de adaptao a diferen-
tes condies, os sistemas de produo leiteiros reais desenvolvidos pelos
produtores raramente seguem os padres tecnolgicos recomendados
pela indstria e por parte significativa de profissionais que atua no fo-
mento da atividade leiteira, especialmente no que diz respeito ao rendi-
mento fsico em litros de leite por animal e s escalas de produo. Uti-
lizando um modelo de programao matemtica visando a otimizar a
produo de leite em funo da qualidade dos alimentos fornecidos aos
animais, Basso et al (2002) concluem que os rendimentos leiteiros nor-
malmente observados nas unidades de produo familiares so, tcnica e
economicamente, bastante coerentes com as condies prevalecentes
nestes estabelecimentos, indicando que os sistemas de criao que ga-
rantem melhor nvel de renda para os agricultores, mesmo nas condies
mais otimistas, ficam aqum dos padres de eficincia tomados como
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referncia por representantes dos demais segmentos da cadeia produtiva
do setor leiteiro. Os resultados econmicos desta simulao para uma
rea de 10 hectares, assim como a dimenso e a composio dos reba-
nhos, as produes de leite e os rendimentos fsicos dirios por vaca, para
alimentos de baixa, mdia e alta qualidade, medida pelo teor de energia
e protena, so mostrados na tabela 1.
Tabela 1 Sistemas de criao de bovinos de leite indicados na soluo
dos modelos de programao com sistemas de alimentao de baixa,
mdia e alta qualidade
Fonte: Basso et al (2002).
Como se pode observar na tabela 1, a melhoria da qualidade da
alimentao fornecida aos animais em termos de energia e protena pro-
porciona no apenas um aumento da lotao de animais por unidade de
rea como tambm um incremento da produtividade mdia dos animais
em produo. Os rendimentos que resultaram dos modelos de otimizao,
entretanto, variaram de cerca de 11 a 15 litros/vaca/dia, ficando muito
prximos da realidade observada nas unidades de produo do Noroeste
Especificaes Baixa Mdia Alta
Superfcie Agrcola til (hectares) 10 10 10 Margem de Contribuio do Sistema (R$) 7.391,10 10.174,01 13.248,40 REBANHO:
Vacas em Produo 11,3 12,7 13,8 Vacas Secas 4,8 5,5 5,9 Novilhas e terneiras 13,2 14,9 16,1 COMPOSIO DA PRODUO Leite Normal (litros/ano) 46.038 57.520 72.581 Leite extra-cota (litros/ano) 0 2.080 2.982 Animais de descarte (450 kg) 4,2 4,7 5,1 Produo mdia de leite por dia (litros) 128 166 210 Produo mdia diria por Vaca Lactao (litros/cabea/dia)
11,3 13,0 15,2
Qualidade dos Alimentos
Superfcie Agrcola til (hectares)Margem de Contribuio do Sistema (R$)
COMPOSIO DA PRODUO
Produo mdia de leite por dia (litros) Vaca Lactao
Qualidade dos Alimentos
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gacho, nas quais o leite desempenha um papel importante na composi-
o da renda das famlias. Tais resultados indicam que os sistemas de
criao baseados em rendimentos dirios superiores a 15 litros por ani-
mal, normalmente tomados pelos tcnicos como referncia de sistemas
eficientes e competitivos, no so os mais interessantes, tcnica e eco-
nomicamente, para a maior parte das unidades de produo familiares do
Estado.
Outro aspecto importante a ser levado em considerao ao se pen-
sar um modelo para a produo de leite que contribua mais efetivamente
para o processo de desenvolvimento de uma regio, refere-se a neces-
sidade de se partir de uma viso global dos sistemas de produo e no
apenas da produo de leite isoladamente. Do ponto de vista do agricul-
tor e sua famlia, o que importa no competitividade em uma produo
isolada, mas sim assegurar as condies para a sua reproduo social a
partir do sistema de produo como um todo. Em outras palavras, o que
realmente importa que o seu sistema de produo lhe proporcione,
pelo menos, uma remunerao equivalente ao custo de oportunidade do
trabalho, sendo secundrio se ele obtm resultados altos ou baixos em
uma produo isolada.
Um exemplo interessante o que consta do estudo desenvolvido
por Lorenzoni (2004), no qual os agricultores do municpio de Nova
Ramada (RS) foram classificados em tipos. Na figura 3 mostrada a renda
mdia por unidade de trabalho familiar de um destes tipos segundo a
contribuio de cada subsistema, composto por atividades que ocorrem
sobre uma mesma superfcie, que compe o sistema de produo.
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Benedito Silva Neto David Basso
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Figura 3 Renda, global e por subsistema, por unidade de trabalho do
tipo Familiar Diversificado Semimecanizado de Nova Ramada (RS)
Fonte: Lorenzoni (2004).
Nesta figura os coeficientes angulares das retas, representados pela
letra a, indicam o potencial de contribuio para a formao da renda
total de uma Unidade de Trabalho Familiar (UTF) para cada unidade de
superfcie (SAU) ocupada pelos diferentes subsistemas. Quanto maior a
inclinao, ou seja, quanto maior o ngulo que forma em relao ao eixo
x, representado neste caso pela quantidade de terra por unidade de traba-
lho familiar, maior a margem de contribuio da atividade representa-
da pelo respectivo segmento de reta. Como pode se observar na figura 3,
a atividade leiteira, para este tipo de agricultor, mesmo com rendimen-
tos dirios mdios em torno de 8 litros de leite por vaca em lactao
(Lorenzoni, 2004), apresenta um potencial maior de gerao de renda
por unidade de rea do que os subsistemas que incluem a soja, ainda que
estes sejam responsveis por uma parte maior da renda global. Um pro-
blema freqentemente observado quando se visa aumentar a produo
de leite a concorrncia em mo-de-obra com outras atividades, a qual
pode ser altamente limitante, em particular no caso de sistemas de pro-
duo diversificados como este representado na figura 3.
(2.000)
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
S A U/UTf (hectares)
Ren
da A
grc
ola
/Utf
(R$)
Peixes a = 565 Soja/pousio a = 584 Soja/trigo a = 636Leite a = 1400 Subsistncia a = 1513 Sunos a = 4000
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67Desenvolvimento em Questo
Por fim, um outro tipo de dificuldade que se impe ao se pensar naproduo de leite relaciona-se com os aspectos financeiros dessa ativida-de. Embora muitas vezes o leite se revele uma atividade tecnicamentevivel e muito interessante economicamente, o estabelecimento dabovinocultura de leite, ou a simples introduo de melhorias visandoalcanar patamares mais elevados de produo e produtividade numaatividade j em andamento, pode se tornar bastante problemtica doponto de vista financeiro. A tabela 2 mostra as caractersticas tcnicas eeconmicas de uma proposta de intensificao da produo de leite paraum tipo de produtor da regio de Trs Passos/RS (Silva Neto et al, 1998).
Tabela 2 Proposta de incremento da atividade leiteira para um tipo deAgricultor com Trao Simples, Produo de Gros e Atividades Ani-mais Extensivas, por meio da introduo de melhorias na Produo deLeite (valores de 1997)
Fonte: Silva Neto et al (1998).
A proposta, como se pode observar na tabela 2, prev a intensifica-
o da produo de leite a partir da ampliao do tamanho e da qualidade
do rebanho, implicando num aumento da rea destinada produo de
ESPECIFICAO SITUAO ATUAL
SITUAO PROPOSTA
CONDIES ESTRUTURAIS Superfcie Agrcola til (SAU) 18,0 18,0 Unidades de Trabalho Familiar (UTf) 2,5 2,5 SISTEMA DE PRODUO Soja (ha) 12,5 7,0 Trigo (ha) 8,0 5,5 Vacas em Lactao com rendimento de 5 Litros/dia 3 0 Vacas em Lactao com rendimento de 15 Litros/dia 0 8 Milheto (ha) 1,0 3,0 Milho silagem 0 3,0 Milho cultivado para rao (ha) 0,5 5,0 Aveia (ha) 5,0 3,0 Azevm (ha) 5,0 9,5 Sunos (matrizes) 3,0 0,0 Milho cultivado para rao (ha) 4,0 0,0 MO DE OBRA NECESSRIA (horas/ms) 240 375 CAPITAL CIRCULANTE NECESSRIO (R$) 5.500,00 6.317,00 INDICADORES DE RESULTADO: MARGEM BRUTA GLOBAL (R$) 3.647,00 6.572,00 MARGEM BRUTA POR REA (R$/Ha) 202,61 365,11 DEPRECIAES (R$) 2.075,00 2.344,00 VALOR AGREGADO GLOBAL (R$) 1.572,00 4.228,00 VALOR AGREGADO POR UTH/ANO (R$/UTf) 628,80 1.691,20
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Benedito Silva Neto David Basso
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alimentos, com a conseqente eliminao da produo de sunos e uma
reduo na rea cultivada com soja. A proposta no apresenta grandes
dificuldades tcnicas e economicamente muito interessante,
oportunizando ao final do perodo de sua implantao, que pode demorar
de 8 a 10 anos, um aumento de 2,7 vezes no valor agregado, que passa de
R$ 1.572,00 para R$ 4.228,00, com uma ampliao da mesma ordem na
renda do agricultor. Conforme mostrado na figura 4, porm, ao se elabo-
rar um projeto para efetivar essas mudanas ao longo de 10 anos, consi-
derando uma carncia de 2 anos e juros de 6% ao ano, o fluxo financeiro
relativo ao aumento de renda do agricultor menos as prestaes indica
que este tipo de projeto no apresenta capacidade de pagamento e, por
conseqncia, teria grandes dificuldades de ser adotado, em especial
pelos agricultores familiares.
Figura 4 Renda lquida menos prestaes, do projeto e global, no per-
odo de implantao de uma proposta de melhoria da produo de leite
para agricultores tipo Trao Simples, na regio de Trs Passos/RS.
Fonte: Silva Neto et al (1998).
A figura 4 indica que, mantido o atual sistema de produo (ano
zero), a renda lquida anual apropriada pela famlia deste tipo de agricul-
tor seria de aproximadamente R$ 1.500,00. A implementao do projeto
-2000
-1000
0
1000
2000
3000
4000
5000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Fluxo financeiro do projeto Fluxo financeiro global
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A PRODUO DE LEITE COMO ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO PARA O RIO GRANDE DO SUL
69Desenvolvimento em Questo
de melhoria na produo de leite, nas condies constantes da tabela 2,
poderia elevar esta renda anual para algo em torno de R$ 4.200,00. Antes
de chegar a este incremento de renda, no entanto, esta famlia deve
passar por uma forte restrio financeira entre o terceiro e stimo anos,
perodo em que a renda lquida com a ampliao da receita obtida com o
incremento da produo leiteira seria menor do que o valor das presta-
es que teriam que ser pagas, levando-se em considerao as condies
bsicas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Fami-
liar Pronaf. Observando-se a coluna do fluxo financeiro global perce-
be-se que a renda sofreria uma modificao positiva em nveis interes-
santes somente a partir do nono ano da efetivao do projeto. Mesmo
contando com uma linha de financiamento com condies favorveis,
como so, a princpio, as condies do Pronaf-Investimento, o produtor
teria de retirar recursos de outras atividades por um perodo de 3 a 5 anos
para poder cumprir com o pagamento das prestaes. Se forem ainda
adicionadas questes relativas ao risco em funo, por exemplo, da que-
da do preo do leite, problemas na implantao e desenvolvimento das
forrageiras, doena ou morte de animais, dentre outros, torna-se compreen-
svel o porqu de muitos agricultores pouco capitalizados muitas vezes
resistirem em alterar rpida e significativamente o perfil do seu sistema
de produo de leite. Este exemplo indica quo importante para os
tcnicos basearem suas recomendaes em projetos previamente discu-
tidos e acordados com os agricultores, de forma a evitar a recomendao
de aes incoerentes com as suas condies e os seus objetivos, ainda
que isoladamente tais aes possam parecer muito interessantes.
Consideraes finais
Se por um lado as propostas hegemnicas que tm pautado as
discusses voltadas reestruturao da produo de leite no interior das
unidades de produo podem ser desastrosas para o desenvolvimento do
Rio Grande do Sul, por outro no existem motivos para pessimismo quanto
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viabilidade de proposies alternativas em torno de uma estratgia de
desenvolvimento do setor leiteiro no Rio Grande do Sul baseada no
estmulo aos pequenos e mdios agricultores, que poderia ser adotada
com o envolvimento dos representantes da indstria de laticnios e coo-
perativas de produtores, dos representantes do Estado e das organiza-
es dos produtores rurais. Na formulao de propostas alternativas, en-
tretanto, alm da viabilidade tcnica e econmica, fundamental se
preocupar tambm com as condies financeiras para sua
operacionalizao.
A organizao da cadeia produtiva do leite, privilegiando o forta-
lecimento da produo a partir da idia de escalas mnimas de produo
que permitisse maioria das famlias rurais alcanar o patamar de repro-
duo social, implicaria em pensar a organizao sob a tica do desen-
volvimento rural e no apenas do ponto de vista da acumulao privada
dos agentes individuais nela envolvidos. Uma organizao nestas bases,
evidentemente, no se d automaticamente, devendo ser, portanto, re-
sultado de uma construo social que passa por uma relao muito estrei-
ta entre o Estado, os produtores rurais, as indstrias e as redes de distri-
buio. Neste sentido, concordamos com Wilkinson (1997) quando asse-
gura que fortalecer a produo leiteira com base nas unidades familiares
depende menos da sua competitividade tecnolgica e organizacional do
que do surgimento de uma coalizo de atores comprometidos com a
redefinio das prioridades econmicas do desenvolvimento rural local
a partir do potencial produtivo do sistema de produo familiar. Para
isso, as agncias pblicas e os segmentos industriais precisariam superar
suas tradicionais posturas de discriminao negativa em relao aos pro-
dutores com menores escalas, passando a privilegiar os tipos de agricul-
tores e de sistemas de produo cujo papel seja mais relevante para o
processo de desenvolvimento rural.
Por fim, importante destacar que qualquer deciso relativa a
polticas voltadas para o desenvolvimento rural do Estado, inclusive a de
nada fazer, ter conseqncias no apenas sobre as populaes rurais,
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A PRODUO DE LEITE COMO ESTRATGIA DE DESENVOLVIMENTO PARA O RIO GRANDE DO SUL
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mas para toda a sociedade gacha. As polticas voltadas para a produo
de leite, neste sentido, representam um exemplo muito ilustrativo de
uma questo mais ampla que envolve a necessidade de se definir cons-
cientemente a respeito de qual sociedade se quer construir para o nosso
Estado. Na verdade tais decises relacionam-se diretamente com o pr-
prio modelo de desenvolvimento econmico que se deseja para o Rio
Grande do Sul como um todo. O atual modelo, que se fundamenta numa
forte concentrao das atividades econmicas e, por conseqncia, da
renda e da populao em grandes centros urbanos, tem mostrado srios
limites tanto no Rio Grande do Sul quanto no restante do pas. A promo-
o de uma distribuio mais equilibrada da renda e da populao sobre
o territrio gacho, por meio de uma poltica voltada para o meio rural,
pode se constituir num elemento importante para a construo de um
novo modelo de desenvolvimento, capaz de assegurar uma melhor qua-
lidade de vida para o conjunto da populao riograndese.
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