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XII Seminário da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo 30 de setembro a 02 de outubro de 2015 Natal/RN Produção de dissertações na área de políticas públicas nos programas de pós-graduação em turismo: breve considerações sobre aspectos metodológicos Anna Karenina Chaves Delgado 1 Resumo: O presente artigo busca traçar breves considerações acerca da produção acadêmica sobre políticas públicas dos programas de pós-graduação em turismo reconhecidos pela CAPES, para tanto, observa quais são os principais métodos utilizados pelas pesquisas, assim como, o principal componente do arcabouço teórico em trinta dissertações. A imprecisão metodológica de algumas pesquisas, assim como, problemas técnicos relativos aos bancos de dados das instituições pesquisadas foram limitações da pesquisa. No que se refere aos seus resultados pode-se perceber que a maioria dos estudos se declaram descritivos, tendo como principal procedimento o estudo de caso e a entrevista como instrumento de coleta de dados mais enfatizado. A teoria/ arcabouço teórico mais citado é o estudo das diretrizes dos programas, ou seja, verificar empiricamente se o que discorre a diretriz(es) do programa(s) foi de fato efetivado. Com base nas análises feitas infere-se que apesar das evoluções dentro dos estudos acadêmicos de políticas públicas dentro do turismo, ainda há um longo caminho a percorrer para que estas possam dar conta de parte da complexidade do fenômeno. O caminho sugerido pela pesquisa é através da busca de arcabouços teóricos de outras áreas e a partir de uma maior diversificação metodológica. Palavras-chave: Pesquisa científica. Metodologia. Análise de políticas públicas. Turismo. 1. Introdução A análise de políticas públicas é assunto recorrente dentro da ciência política, vários são os estudos que discutem as instituições políticas, o conteúdo das políticas, assim como, os interesses que estão envolvidos no processo. A principal correntes de policy analisys é a norte-americana formada autores como Dye (2004), Parsons (2007), Dunn (2008), entre outros; são vários os modelos criados por estes pesquisadores para avaliar as políticas públicas, no entanto, estes modelos refletem a realidade americana, desta forma, como pensar em formas de análise para entender as políticas dentro da realidade brasileira? Com este questionamento em mente, a pesquisa busca tecer breves considerações sobre a forma como os estudos acadêmicos de turismo (dentro das pós-graduação em turismo) tem analisados fatores relacionados a política e a gestão pública do setor. Tendo este objetivo em mente, delineou-se a seguinte questão: qual(is) teoria(s)/ abordagens são utilizadas para servir de 1 Bacharel em Turismo pela UFPB. Mestre em Turismo pela UFRN. Doutoranda em Administração pela UFPE. Professora do IFPE - campus Barreiros. E-mail: [email protected].

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O presente artigo busca traçar breves considerações acerca da produção acadêmica sobre políticas públicas dos programas de pós-graduação em turismo reconhecidos pela CAPES, para tanto, observa quais são os principais métodos utilizados pelas pesquisas, assim como, o principal componente do arcabouço teórico em trinta dissertações.

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Produção de dissertações na área de políticas públicas nos programas de pós-graduação em turismo: breve

considerações sobre aspectos metodológicos

Anna Karenina Chaves Delgado1

Resumo: O presente artigo busca traçar breves considerações acerca da produção acadêmica sobre políticas públicas dos programas de pós-graduação em turismo reconhecidos pela CAPES, para tanto, observa quais são os principais métodos utilizados pelas pesquisas, assim como, o principal componente do arcabouço teórico em trinta dissertações. A imprecisão metodológica de algumas pesquisas, assim como, problemas técnicos relativos aos bancos de dados das instituições pesquisadas foram limitações da pesquisa. No que se refere aos seus resultados pode-se perceber que a maioria dos estudos se declaram descritivos, tendo como principal procedimento o estudo de caso e a entrevista como instrumento de coleta de dados mais enfatizado. A teoria/ arcabouço teórico mais citado é o estudo das diretrizes dos programas, ou seja, verificar empiricamente se o que discorre a diretriz(es) do programa(s) foi de fato efetivado. Com base nas análises feitas infere-se que apesar das evoluções dentro dos estudos acadêmicos de políticas públicas dentro do turismo, ainda há um longo caminho a percorrer para que estas possam dar conta de parte da complexidade do fenômeno. O caminho sugerido pela pesquisa é através da busca de arcabouços teóricos de outras áreas e a partir de uma maior diversificação metodológica.

Palavras-chave: Pesquisa científica. Metodologia. Análise de políticas públicas. Turismo.

1. Introdução

A análise de políticas públicas é assunto recorrente dentro da ciência política, vários são os

estudos que discutem as instituições políticas, o conteúdo das políticas, assim como, os interesses

que estão envolvidos no processo. A principal correntes de policy analisys é a norte-americana

formada autores como Dye (2004), Parsons (2007), Dunn (2008), entre outros; são vários os

modelos criados por estes pesquisadores para avaliar as políticas públicas, no entanto, estes

modelos refletem a realidade americana, desta forma, como pensar em formas de análise para

entender as políticas dentro da realidade brasileira?

Com este questionamento em mente, a pesquisa busca tecer breves considerações sobre a

forma como os estudos acadêmicos de turismo (dentro das pós-graduação em turismo) tem

analisados fatores relacionados a política e a gestão pública do setor. Tendo este objetivo em

mente, delineou-se a seguinte questão: qual(is) teoria(s)/ abordagens são utilizadas para servir de

1 Bacharel em Turismo pela UFPB. Mestre em Turismo pela UFRN. Doutoranda em Administração pela UFPE.

Professora do IFPE - campus Barreiros. E-mail: [email protected].

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arcabouço para as construções das pesquisas que versam sobre políticas públicas dentro dos

programas de pós-graduação em turismo brasileiros reconhecidos pela CAPES?

Para realizar a pesquisa fez-se breves discussões sobre os principais métodos utilizados por

estes estudos no que se refere a abordagem (qualitativa, quantitativa e quali-quanti), objetivos

(exploratória, descritiva e explicativa), procedimentos (experimental, bibliográfica, documental,

pesquisa de campo, levantamento, survey, estudo de caso, pesquisa-ação e etnografia),

instrumento de pesquisa (entrevista, questionário, observação, documento e formulário) e técnica

de análise de dados (análise de conteúdo, análise de discurso, grounded theory, expositivista,

diagnóstico e interpretativista). Os conceitos destes métodos foram retiradas das pesquisas de Gil

(2007), Flick (2004) e Sakata (2002).

O presente estudo é de natureza exploratória (com relação aos seus objetivos),

quantitativo (no que se refere a abordagem) com instrumento de pesquisa as dissertações

presentes nos diversos bancos de dados das universidades/ programas de pós-graduação em

turismo. O instrumento utilizado para analisar os dados da pesquisa foi a estatística descritiva

(frequência simples, frequência acumulada e cruzamento de frequências) por meio de software

especializado. A hipótese em que se baseia o artigo é de que os estudos neste campo estão

ganhando maior robustez metodológica com a utilização de diferentes teorias-base.

2 . Produção científica em turismo

Apesar do turismo ser um campo relativamente recente de estudos no Brasil, nos últimos

anos com a criação de novos programas de pós-graduação em turismo (stricto sensu) percebe-se

certa evolução de pesquisa na área, no entanto, várias pesquisas apontam para a necessidade de

elaboração de estudos mais aprofundados.

Sakata (2002) ao analisar a produção acadêmica em turismo no período de 1990 - 2002 (na

Universidade de São Paulo - USP, Universidade Ibero Americana - UNIBERO e Universidade do Vale

do Itajaí - Univali) afirma que os métodos mais frequentes utilizados em dissertações são o

exploratório (com relação aos objetivos) e pesquisa de campo (com relação ao procedimento). No

que se refere a instrumentos de coleta, análise de documentos e registros foi a forma mais

utilizada (41%), seguida pelo questionário (25%), formulário (24%) e a observação (16%). Por fim,

a forma de análise dos dados mais apresentada foi a expositiva, depois a diagnóstico e por fim, a

interpretativista.

Rejowski (2010) afirma que houve avanços nas pesquisas cientificas em turismo, colocando

que no exterior estes avanços estão mais relacionados a constituição de um construtor teórico e

principalmente metodológico, enquanto que no Brasil, a evolução se deu mais no campo da

diversificação do objeto de estudo. No entanto afirma, que tanto no Brasil como no exterior ainda

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são raros os estudos que integram diferentes áreas de conhecimento. A autora sugere a realização

de pesquisas inovadoras de maior envergadura, saindo da periferia e ‘mergulhando’ no âmago da

produção científica em turismo no Brasil.

Momm e Santos (2010) fazem uma pesquisa sobre o conhecimento científico produzido

nos cursos de pós-graduação (stricto sensu) em turismo e áreas correlatas no Brasil no período de

2000 a 2006, um dos fatores enfatizados é que há uma grande dispersão e desequilíbrio no

desenvolvimento do conhecimento científico na área, afirmando que as classes temáticas com

maior hierarquia são patrimônio turístico, política turística e serviços turísticos.

Considera-se que, para se consolidar a institucionalização científica do campo de estudo do Turismo no Brasil, é necessário que haja reflexões e reestruturações no

campo de estudo por parte do meio acadêmico e demais profissionais responsáveis por desenvolver pesquisas no campo do Turismo. (MOMM; SANTOS,

2010, p. 84).

3. Formulações teóricas para o estudo de políticas públicas

O estudo das políticas públicas pode se basear em diversas vertentes, como a análise de

indicadores variados, utilização de princípios da teoria política, levantamento da opinião de

agentes envolvidos no processo de implementação sobre as possíveis dificuldades/ facilidades de

determinada política, entre outras.

O estudo de políticas públicas com base em indicadores especialmente de cunho

econômico-social é uma formulação comum em estudos econômicos, atualmente, estudos que

versem apenas sobre indicadores clássicos como produto interno bruto (PIB), PIB per capita e

renda parecem muito reducionistas, desta forma, novos indicadores que busquem medir

concentração de renda, qualidade de vida, acesso a informação, nível educação, etc. podem

também contribuir para entender o impacto de políticas públicas.

Com relação a teoria política a análise de políticas públicas pode se basear principalmente

nos seguintes aspectos: (a) polity (que seria o ordenamento/ institucionalização do sistema

político), (b) politics (processos políticos, geralmente de caráter conflituoso, onde são delimitados

os objetivos da política, assim como, a inclusão ou exclusão de determinado tema da agenda

política), e (c) policy (configuração dos programas políticos, o conteúdo da política em si). O

arcabouço teórico de análise das políticas públicas, segundo Frey (2000), pode estar baseado num

melhor ordenamento do sistema político (polity), nas forças que interferem no processo decisório

(politics) ou nos resultados de um sistema político (policy). A vertente de policy analysis completa

não trata apenas de examinar os resultados de determinada política (policy), mas também

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compreende o entendimento do processo político, o conteúdo das políticas públicas e a inter-

relação estabelecida entre as instituições políticas, tendo em vista que essas inter-relações

interferem no processo político.

O neo-institucionalismo é outra vertente que poderia ser utilizada dentro do estudo de

políticas públicas, em sua classificação histórica afirma que é mais profícuo estudar as interações

políticas humanas por meio de dois fatores, são eles: o contexto das estruturas de regras (criações

humanas) e de forma sequencial (longitudinal), para tanto, apresenta a path dependence

(dependência de trajetória) criada por Paul Pierson como fundamento. (SANDERS, 2006).

A dependência de trajetória apregoa que fatores em questão num momento histórico

particular determinam variações nos resultados dos países, sociedade e sistemas, ou seja, eventos

passados influenciam a situação atual, de acordo com esta lógica, ao traçar determinado caminho

há barreiras ou facilidades de determinados arranjos institucionais passados que obstruirão ou

facilitarão uma escolha atual. (SANDERS, 2006). A avaliação de Pierson busca entender quais são

os custos destas barreiras.

O estudo da governança pública é outra possibilidade. A princípio, deve-se conceituar, o

que vem a ser governança, esta pode ser entendida como uma consecução de reformas

administrativas e de Estado objetivando ação conjunta que seja eficaz, transparente e

compartilhada pelo Estado, empresas e sociedade civil; objetivando soluções inovadoras de

problemas sociais e criando possibilidades e chances de um desenvolvimento futuro sustentável

para todos os participantes. (KISSLER; HEIDEMANN, 2006). A teorização a cerca da governança

pública é extensa e envolve vários possíveis modelos de governança.

4. Procedimentos Metodológicos

Os programas de pós-graduação selecionados para participar da pesquisa foram aqueles

que constam no cadastro da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES)

como programas recomendados dentro da área de 'Administração, Ciências contábeis e Turismo',

com subárea 'Turismo'. De acordo com pesquisa feita no site da CAPES (2015) existem oito

programas de pós-graduação (figura 1 abaixo).

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Figura 1: Programas de Pós-graduação em Turismo recomendados pela CAPES Fonte: Site da CAPES (2015).

Assim, foram acessados os sites de todas as instituições recomendadas pela CAPES, os

programas disponibilizados pelo Universidade de São de Paulo (USP) e Universidade Federal do

Paraná (UFPR) foram excluídos da amostra em decorrência de não possuírem nenhuma

dissertação/ tese em seu banco de dados2, assim como, os programas de doutoramento da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Universidade do Vale do Itajaí (Univali).

Desta forma, a amostra foi selecionada com base nas produções de mestrado (acadêmico/

profissional) dos programas de pós-graduação das seguintes instituições: Universidade Estadual do

Ceará (UECE), Universidade Anhembi Morumbi (UAM), Universidade de Brasília (UnB), UFRN,

Universidade de Caxias do Sul (UCS) e Univali. Na tabela 1 segue a produção destes programas no

período de 2005 - 2015 (1a etapa).

Com base neste recorde amostral, foi realizada uma pesquisa nas bases de dados dos

referidos programas de pós-graduação/ universidades no período de março a maio de 2015, nos

casos em que houve problemas técnicos nas respectivas bases de dados também se recorreu a

pesquisa nos sites Domínio público e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (IBICT). A

princípio, as universidades que apresentaram problemas técnicos em seu banco de dados foram a

UECE (em todas as dissertações), nas dissertações do ano de 2005 da UAM constavam apenas os

resumos dos trabalhos, parte das dissertações de 2014 e todas as de 2015 da UFRN, 24

dissertações da UCS e 27 da Univali. Nas situações em que não foi possível localizar as dissertações

por meio do banco de dados do respectivo programa recorreu-se a pesquisa em outras bases de

2 A inexistência de teses/ dissertações em seu banco de dados se deve ao fato dos respectivos programas estarem

iniciando suas atividades.

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dados. No entanto, nem todas as dissertações foram localizadas, sendo assim, o espaço amostral

foi reduzido (2a etapa) conforme ilustra a tabela 1.

UECE UAM UnB UFRN UCS Univali TOTAL

1a Etapa 67 188 26 64 123 188 657

2a Etapa - 149 26 52 99 161 487

3a Etapa - 5 7 8 3 7 30

Tabela 1: Produção pós-graduação em turismo, período 2005 - 2015. Fonte: Dados da pesquisa (2015).

As dissertações selecionadas na 2a etapa tiveram seus títulos, resumos e palavras-chave

analisadas (amostra de 487 trabalhos). Todos os trabalhos que fizeram menção ss expressões

'política(s) de turismo', 'política(s) pública(s)', 'política', 'gestão pública' e 'governança pública',

foram separados para análise. Assim, teve-se uma amostra de 30 dissertações (3a etapa)3. Segue

abaixo lista das dissertações selecionadas.

Nome Título Instituição Ano

Leandro Benedini Brusadin Estudo do Programa Nacional de Municipalização do Turismo no estado de São Paulo: estudo de caso do município de Altinópolis - S.P

UAM 2005

Robinson Luiz Mendes Ribeiro Políticas públicas de turismo e o processo de inclusão/ exclusão social

UAM 2005

Luciana Carla Sagi Capacidade institucional para a gestão do turismo: estudo de caso do estado de Santa Catarina

UAM 2006

Maria Adriana Sena Bezerra Teixeira

A prática do turismo de natureza em hotéis de selva do estado do Amazonas e sua relação com as ações estratégicas da política nacional de ecoturismo

UCS 2006

Maria Helena Mattos Barbosa dos Santos

A importância das políticas públicas para o desenvolvimento do turismo cultural em Florianópolis e Porto Alegre

Univali 2006

Hernanda Tonini Estado e turismo: políticas públicas e enoturismo no Vale dos Vinhedos

UCS 2007

Maria Claúdia S. de G. Franco Hospitalidade e eventos de motivação política UAM 2007

Alessandra Santos dos Santos O turismo rural sob a perspectiva do 'novo rural': uma análise das políticas públicas para o setor nos estados brasileiros

Univali 2008

Lina Juliana Tavares Viana Políticas públicas para espaço destinado ao turismo cultural: análise do sistema turístico cultural do aglomerado urbano de Itajaí

Univali 2008

Marisa Santos Sanson Relação e interação das políticas públicas de turismo e de meio ambiente em SC: uma realidade bem (in)tencionada

Univali 2008

Tamisa Ramos Vicente Vamos cirandar políticas públicas de turismo e cultura UCS 2008

3 Com o intuito de aumentar a amostra buscou-se estabelecer contato via e-mail/ redes sociais com oito ex-alunos dos

referidos programas, sendo, três deles da UAM e cinco da UECE, no entanto, apenas um dos ex-alunos respondeu e enviou a dissertação (Leandro Benedini Brusadin).

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popular: festivais de ciranda em Pernambuco 1960 - 1980

Aline Patrícia Henz Políticas públicas de turismo no Brasil: a interferência da política nacional de turismo entre 2003 e 2007 no direcionamento das políticas estaduais

Univali 2009

Carla Ferreira Cruz Redes de prevenção à exploração sexual de crianças no turismo: estudo de caso Belém-PA

UnB 2009

Girlaine Fernandes de Andrade Turismo e desenvolvimento socioeconômico: realidade ou mito em um destino Marajoara

UnB 2009

Jurandir Chaves de Oliveira Regionalização do turismo em MG: estudo da governança na trilha dos Inconfidentes

UAM 2009

Karla Trigueiro Análise econômica da capacidade de carga turística na gestão do turismo em cidades históricas

UnB 2009

Leonora Guedes Vieira Política pública do turismo: uma análise comparativa de modelos de implementação Brasil e França

UnB 2009

Rubens da Trindade Circuitos turísticos mineiros: descentralização, autonomia e gestão em relação ao turismo com base local

UnB 2009

Ana Jaimile da Cunha Princípios da governança aplicados à gestão de destinos turísticos: uma análise propositiva no Polo Costa das Dunas

UFRN 2010

Cálidon Costa da Conceição Políticas públicas de turismo no estado do Amapá no período de 2003 a 2007

Univali 2010

Josemery Araújo Alves Políticas públicas e as transformações socioespaciais correlacionadas ao turismo no município de Caicó: uma análise do período 2000 a 2010

UFRN 2010

Pamela de Medeiros Brandão Análise da rede política do turismo brasileiro UFRN 2010

Aline Rodrigues Mendes Vieira Planejamento e políticas públicas de turismo: análise dos módulos operacionais do PRT no Polo São Luis - MA

UnB 2011

Celia Cristina L. Fabiano O turismo e a sua contribuição na manutenção e na preservação da pesca artesanal e da cultura tradicional na Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo - RJ

UnB 2011

Darlyne Fontes Virginio Gestão pública do turismo: uma análise dos impactos da política macro de regionalização turística no período 2004-2011 no estado do Rio Grande do Norte, Brasil

UFRN 2011

Petrônio Maciel de Sousa Turismo, território e políticas públicas: uma análise do destino João Pessoa/ PB

UFRN 2011

Raquel Fernandes de Macedo Fatores de sucesso ou insucesso do turismo ambientalmente sustentável: percepção das autoridades públicas no Polo Costa das Dunas do Rio Grande do Norte

UFRN 2011

Getúlio Lima de Queiroz A influência das políticas na gestão pública do turismo no município de Manacapuru-AM, no período de 1996 a 2008

Univali 2012

Suênia de Fátima Silva Galvão Interface cultural, política e organizacional do projeto "Caminhos do Frio - rota cultural" no contexto da regionalização do turismo no brejo paraibano

UFRN 2012

Ana Carolina de Araújo Fatores que influenciam a efetivação de ações para o desenvolvimento do turismo municipal: uma análise no contexto do PRT no Rio Grande do Norte no ano de 2012

UFRN 2013

Quadro 1: Dissertações disponíveis sobre políticas públicas (2005 - 2015). Fonte: Dados da pesquisa (2015).

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5. Resultados da pesquisa

5.1 Limitações da pesquisa

A primeira questão a ser enfatizada é a dificuldade de acesso as teses/ dissertações de

programas de pós-graduação em turismo. Em decorrência, possivelmente, de problemas de

natureza técnica, todo o banco de dissertações da UECE estava inacessível (no período de

realização da pesquisa), assim como, parte dos bancos das demais instituições analisadas, em

alguns casos, o problema de links quebrados foi contornado por meio da busca das referidas

pesquisas no site do IBICT (como foi a situação da UnB), no entanto, em outras situações nem

mesmo a busca em outras bases de dados foi suficiente para sanar o problema. Tendo em vista o

curto período de tempo em que foi realizada a pesquisa, também não foi possível obter respostas

de todos os pesquisadores cujos trabalhos não estavam disponíveis, sendo assim, pretende-se

fazer uma pesquisa posteriormente que inclua o resgate de todas as teses/ dissertações

indisponíveis nas referidas bases de dados.

5.2 Dados da pesquisa: apresentação e análise

Ao analisar as respectivas produções com relação a abordagem de pesquisa (quantitativa,

qualitativa e quali-quanti) percebe-se uma clara predominância de pesquisas qualitativas, apenas

três pesquisas foram classificadas por seus autores de outra forma. No entanto, ao confrontar as

análises feitas em uma das referidas pesquisas, percebe-se que houve uma imprecisão por parte

do autor em classificá-la como mista, sendo na verdade uma pesquisa qualitativa. Desta forma,

foram identificadas uma pesquisa de cunho qualitativo e outra quanti-quali, com utilização de

estatística descritiva (em ambas) e análise de aglomerados (na pesquisa quantitativa).

A classificação da pesquisa com relação aos seus objetivos obteve resultados mais

diferenciados, com predomínio de pesquisas do tipo descritiva, conforme tabela 2. Por outro lado,

ainda se nota uma grande concentração nos métodos exploratório e descritivo, correspondendo a

mais de 85% dos casos, vale salientar, que a maioria dos trabalhos classificados como descritivos

colocaram como subcategoria a pesquisa exploratória, sendo as pesquisas mais precisamente

classificadas como descritiva-exploratória. Em apenas três casos os autores classificaram suas

pesquisas como puramente descritivas.

Tipo de pesquisa Frequência Per. val. Per. Acum.

Exploratória 10 33,33 33,33

Descritiva 16 53,33 86,67

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Explicativa 4 13,33 100

Total 30 100 -

Tabela 2: Pesquisa com relação aos objetivos Fonte: Dados da pesquisa (2015).

Com relação, a classificação da pesquisa segundo seus procedimentos, percebe-se que nem

todos os pesquisadores afirmam o tipo de pesquisa. Em nove pesquisas não foi percebida

qualquer classificação neste sentido, no entanto, a partir de uma análise das referidas pesquisas

pode-se perceber a classificação da pesquisa quanto aos procedimentos.

Tipo de pesquisa Frequência Per. val. Per. Acum.

Pesquisa de campo 6 20 20

Estudo de caso 24 80 100

Total 30 100 -

Tabela 3: Pesquisa com relação aos procedimentos Fonte: Dados da pesquisa (2015).

A elaboração de um instrumento de coleta de dados envolve um estudo (de natureza

bibliográfica e/ou documental) detalhado do objeto de análise. Com o intuito de elaborar um

instrumento que de fato possa atingir seus objetivos. Desta forma, buscou-se entender qual era a

teoria/ fundamento/ abordagem que está por trás das pesquisas. Em muitas situações este

elemento(s) ficou claro, em outros casos, notou-se a utilização de um conjunto de autores/

referências sem uma destinação muito clara. Em três dos estudos analisados a confluência de

diversos autores embasando as pesquisas não tornou possível a identificação mais precisa de uma

abordagem/ teoria que norteasse de forma mais ampla a pesquisa e elaboração do instrumento,

nestes casos classificou-se como bibliografia variada, nos demais casos conseguiu-se classificar

uma ou duas abordagens norteadoras, de acordo com a tabela 4.

Abordagem Frequência Perc. val Perc. acum.

Diretrizes do programa 9 30 30

Indicadores 4 13,33 43,33

Intervencionismo 3 10 53,33

Bibliografia variada 3 10 63,33

Teoria política 2 6,67 70

Bramwell (2001) 1 3,33 73,33

Dodds; Butler (2010) 1 3,33 76,66

Dádiva de Mauss 1 3,33 79,99

Governança 1 3,33 83,32

História oral 1 3,33 86,65

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Myanaki et al (2007) 1 3,33 89,98

Módulos do programa 1 3,33 93,31

Novo rural - Graziano da Silva 1 3,33 96,64

Teoria de rede 1 3,33 100

Total 30 100 -

Tabela 4: Principais Abordagens das pesquisas Fonte: Dados da pesquisa (2015).

A utilização da análise baseada em diretrizes do programa foi a mais utilizada, ou seja, a

partir da análise do documento da(s) política(s) pública(s) busca-se perceber se na visão de

determinado agente o que discorre as diretrizes vem sendo de fato implementado, este agente

avaliador mostrou-se variado em algumas situações eram representantes de órgãos públicos do

turismo (agente mais comum), em outras pesquisas era o próprio autor baseado em um estudo

documental ou até mesmo a população local. Uma variante desta abordagem é análise feita por

meio de módulos do programa, onde ao invés de enfatizar as diretrizes busca-se entender se os

módulos vem sendo implementados da forma que discorre a política.

Os indicadores aparecem em segundo lugar, estes também são variados, na maioria dos

estudos percebe-se a utilização de indicadores econômicos (como produto interno bruto - PIB, PIB

per capita, renda apropriada, etc.) além do índice de desenvolvimento humano (IDH), índice de

Gini, educação da população, longevidade, porcentagem da população que vivem em domicílios

(com água encanada, com energia elétrica, e com geladeira). Nesta situação questiona-se como o

pesquisador trata a possibilidade de variáveis espúrias, pode-se apresentar melhorias (ou piora)

da situação da população que coincidam como um incremento da atividade turística sem que

estas estejam diretamente ligadas, com a presença de uma variável externa (ou até mesmo mais

de uma) que esteja por trás destes resultados. Utiliza-se outros tipos de indicadores como

capacidade de carga e o índice de regionalização. Houve duas pesquisas que relacionaram

indicadores com a análise das diretrizes/ módulos da política.

Outras três pesquisas valeram-se do discurso intervencionista, a partir da utilização de

vários autores que pregam a necessidade eminente de um maior intervencionismo estatal buscam

analisar a presença/ ausência de aspectos como órgãos públicos municipais/ estaduais voltados ao

planejamento do turismo, atuação destes órgãos como gestores (analisando suas ações) e

instrumentos (plano/ programa/ projeto) de planejamento turístico municipal/ estadual.

A teoria política (formada pelas 'instâncias' policy, politics e polity) foi enfatizada em dois

estudos, em um deles trabalhou-se em conjunto com o institucionalismo histórico. A pesquisa

realizada com o viés da teoria de redes também enfatizou dois importantes aspectos da teoria

política, a análise de políticas públicas e as policy networks.

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Outras abordagens de análise como a de Bramwell (2001) que traz os instrumentos

políticos a serem desenvolvidos para a elaboração de políticas públicas, Dodds e Butler (2010)

apresentam as principais barreiras para o desenvolvimento de políticas públicas na Espanha, a

abordagem de José Graziano da Silva tendo como base a leitura do novo rural brasileiro, a dádiva

de Mauss e a teoria de governança pública também aparecem nas pesquisas estudadas.

Como prosseguimento da metodologia tem-se a coleta dos dados, os principais

instrumentos utilizados para este fim foram a entrevista do tipo semiestruturada e a observação

não-participante (conforme tabela 4). Enquanto instrumento único de coleta, a entrevista foi a

ferramenta preferida, no entanto, ao considerar os casos em que houve utilização de mais de um

instrumento de pesquisa, a observação aparece em primeiro lugar. Também pode-se observar as

combinações de abordagens de múltiplos instrumentos utilizados, no gráfico 1.

Gráfico 1: Instrumentos de coleta de dados Fonte: Dados da pesquisa (2015).

Instrumento Frequência Perc. val.

Entrevista estruturada 5 16,66

Entrevista semiestruturada 9 30

Entrevista não-estruturada 5 16,66

Observação participante 4 13,33

Observação não-participante 11 36,66

Questionário fechado 1 3,33

Questionário aberto 1 3,33

Tabela 5: Instrumentos de coleta de dados (subtipos) Fonte: Dados da pesquisa (2015).

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À respeito da análise de dados, notou-se que em uma das pesquisas levantadas, o estudo

de caso foi classificado como método principal sendo secundariamente acompanhado de uma

pesquisa-ação, onde relata-se uma ampla participação da pesquisadora com intuito de

modificação da realidade local.

Das trinta pesquisas estudas, treze pesquisas não faziam nenhuma menção as ferramentas

utilizadas. A partir de uma leitura destas pesquisas, categorizou-se alguns destes trabalhos como

'interpretativistas' (três dissertações), já que estas afirmaram adotar métodos rigorosos/ críticos,

apresentando análises subjetivistas, sem, no entanto, afirmarem nenhum instrumento de análise

de dados. Desta forma, dos trabalhos classificados como método de análise de dados

interpretativista apenas em dois deles seus autores de fato afirmaram utilizá-lo como método de

análise. Os demais trabalhos foram categorizados como utilizando os instrumentos de

expositivismo e diagnóstico, em cinco trabalhos percebe-se a utilização de diagnóstico, a partir da

utilização de indicadores, modelo de governança entre outros, notou-se a intenção de diagnosticar

a implementação da política pública, assim como, suas possíveis dificuldade. Em outros cinco

trabalhos observou-se uma apresentação de dados/ informações, em alguns casos, acompanhado

de pouco teor crítico, estes foram entendidos como expositivistas.

Tipo de análise Frequência Per. Val. Per. Acum.

Análise de conteúdo 9 30 30

Interpretativismo 5 16,67 46,67

Diagnóstico 5 16,67 63,34

Expositivismo 5 16,67 80,01

Análise do discurso 4 13,33 93,34

Análise documental 1 3,33 96,67

Estatística descritiva 1 3,33 100

Total 30 100 -

Tabela 6: Análise de dados Fonte: Dados da pesquisa (2015).

Outro fator importante de ser mencionado é a imprecisão da descrição da análise de

dados. Em três trabalhos, utilizou-se o termo análise de conteúdo sem estar presente na pesquisa

os procedimentos relativos a esta, ou seja, sem nenhum indicativo de que esta análise tenha sido

de fato feita. De acordo, com Bardin (1977) a análise de conteúdo envolve a pré-análise, análise do

material (codificação, categorização e quantificação da informação) e o tratamento dos

resultados. Na fase de análise são escolhidas a unidade de registro e a unidade de contexto. Não

foram percebidas as unidades em três pesquisas.

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Cabe salientar que uma das pesquisas categorizada como 'análise de conteúdo' também

utilizou estatística descritiva. Assim, como outra que além da 'análise de conteúdo' se valeu da

análise do discurso. Em nenhum dos trabalhos pesquisados houve a utilização da análise do

discurso foucaltiano, as análises feitas foram com relação ao discurso do sujeito coletivo de

Lefèvre e Lefèvre (2000) ou Orlandi (2001). Os trabalhos analisados de fato possuíam expressões

chaves/ discursos-síntese (LEFÈRVE; LEFÈRVE, 2000), assim como, o dispositivo de interpretação

(ORLANDI, 2001).

Ao cruzar as variáveis objetivos da pesquisa com análise de dados, notam-se indícios da

relação entre as variáveis, onde estudos categorizados como expositivistas são exploratórios em

80% dos casos, conforme tabela XX a seguir marcado de cinza. Já com relação ao análise de

discurso pode-se notar que 75% dos estudos foram de caráter descritivo, enquanto, 60% dos que

fizeram diagnóstico e interpretativismo também são descritivos (marcados em vermelho). Por fim,

40% das pesquisas interpretativistas são explicativas (marcada em amarelo).

Objetivos Análise de Dados

Expositivista Diagnóstico Interpretativista A. C A.D Documental

Exploratória 4 40% 80%

13,33%

1 10% 20%

3,33%

0

4 40%

44,44% 13,33%

1 10% 25%

3,33%

0

Descritiva 1 6,25% 20%

3,33%

3 18,75%

60% 10%

3 18,75%

60% 10%

4 25%

44,44% 13,33%

3 18,75%

75% 10%

1 6,25% 100% 3,33%

Explicativa 0 1 25% 20%

3,33%

2 50% 40%

6,67%

1 25%

11,11% 3,33%

0 0

Tabela 7: Cruzamento de frequências entre análise de dados versus objetivos da pesquisa. Fonte: Dados da pesquisa (2015).

6. Considerações finais

A necessidade de pesquisas acadêmicas de turismo que busquem novas abordagens é

imperativa para um maior desenvolvimento da área, no que se refere a construção de

conhecimento e maior reconhecimento do campo por seus pares refletindo em investimentos e

diversos outros impactos positivos para a expansão do campo. No entanto, estudos bibliométricos

sobre a produção acadêmica do turismo tem mostrado que o setor não tem evoluído de forma tão

rápida, possivelmente, o fato de ser um campo de estudos relativamente recente, com a presença

de um número pequeno de programas de pós-graduação possa explicar a lenta evolução.

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Ao analisar dissertações que versam sobre políticas públicas dentro de programas de turismo o

primeiro fator que se percebeu foi a inconsistência dos bancos de dados de algumas

universidades/ programas de pós-graduação com um bloqueio parcial e até mesmo total de suas

produções. Num cenário onde busca-se o desenvolvimento de conhecimento do campo, não

parece interessante bloquear o acesso a parte das poucas pesquisas da área.

Com base nos artigos analisados percebe-se uma melhora com relação ao panorama

traçado por Sakata (2002), pelo menos no que se refere a produção em políticas públicas. Notou-

se mais pesquisas descritivas e até mesmo algumas explicativas, no entanto, a quantidade de

pesquisas exploratórias, assim como, o alto número de instrumentos de análise de dados

expositivistas, diagnóstico e as imprecisões da análise de conteúdo pode denotar a falta de

maturidade das produções. A concentração da abordagem de forma quase que absoluta em

pesquisas qualitativas significa que a temática (políticas públicas) é vislumbrado por um número

restrito de atores, em várias dissertações não houve rigor ao selecionar a amostra, assim, um

número restrito de atores diagnóstica ou expõe sua visão de determinada política pública que

pode ser diametralmente oposta a opinião de um outro ator do mesmo grupo representativo,

assim, acredita-se que a utilização de outra abordagem como a pesquisa quali-quanti ou mesmo

da técnica snowball de forma mais ampla pode favorecer o estudo do fenômeno. Outro fator a

destacar é a necessidade de adotar métodos de análise de dados mais rigorosos, não é porque a

pesquisa é qualitativa que não se pode usar métodos mais rigorosos, pelo contrário, as pesquisas

qualitativas devem ser tão rigorosas cientificamente quanto as quantitativas.

A hipótese inicial da pesquisa foi corroborada parcialmente, tendo em vista, que houve

evoluções metodológicas, mas que estas não foram tão amplas como se esperava. As bases

teóricas utilizadas como arcabouço das dissertações mostraram-se pouco estruturadas e similares.

Conforme dados da pesquisa, juntando a análise de diretrizes/ módulos/ indicadores/

intervencionismo tem-se mais da metade das questões avaliadas (17 dissertações). Estas segundo

a classificação de Frey (2000) ficam restritas as policies em sua maioria e de forma marginal a

politics, questões como a relação entre os atores, disputas de interesse e análise crítica das

diretrizes das políticas ainda são pouco exploradas.

Desta forma, propõe-se uma maior utilização de teorias de outros campos de estudo

(como a ciência política, administração, sociologia, geografia e economia) para realizar análises de

políticas públicas mais aprofundadas tendo por suporte metodologias que são usadas dentro do

turismo, mas ainda de forma pouco representativa como as pesquisas explicativas, pesquisa-ação

e fenomenologia, sempre adotando procedimentos rígidos.

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Parsons, W. Políticas públicas. Mexico: FLACSO, 2007. Rejowski, M. Produção científica em turismo: análise de estudos referenciais no exterior e no Brasil. Revista Turismo em Análise, v. 21, n. 2, p. 224-246, 2010. Sakata, M. C. G. Tendências metodológicas da pesquisa acadêmica em turismo. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação), Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil, 2002. Sanders, Elizabeth. Historical institucionalism. In Rhodes, R.; Binder, S.; Rochman, B. The Oxford handbook of political science: political institutions. New York: Oxford University Press, 2006.