O PROCESSO SAÚDE-DOENÇA: DIFERENTES COMPREENSÃO AO LONGO DA HISTÓRIA
Processo Saúde-Doença
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Gabriel Pinheiro Furtado Fundamentos da Assistência e da Prática Médica - FAPM
Monitoria de Assistência Básica à Saúde – ABS1
Questionamentos Cotidianamente expressamos concepções: “O que é saúde?”
Não só o profissional de saúde
Preocupação com a conservação da saúde acompanha o homem desde os primórdios
Diferentes olhares, vínculo aos processos produtivos Relação com as práticas Ressurgimento do interesse Transformação da Saúde em um valor
CRÍTICAS DE FOUCAULT: 1. Medicalização autoritária
Na prática médica atual, “os doentes tendem a perder o direito sobre seu corpo, o direito de viver, de estar doente, de se curar e morrer como quiserem” e, por conseguinte, sua autonomia.
2. Ritos religiosos populares “São uma forma atual de luta política contra a
medicalização autoritária e contra o ideal de saúde.” Neles há maior autonomia e respeito ao paciente.
MEDICINA CIENTÍFICA? A Ciência não é mais considerada universal, apesar de seu
caráter universalizante continuar válido. Cientificidade não é índice de veracidade, a ciência não é um
oráculo. A Medicina não é científica positivista, mas sim faz uso da
ciência. Ela jamais será somente científica, pois também é terapêutica.
“Tende a esquecer que seu ‘objeto’ é um paciente real, concreto, que ultrapassa em complexidade os esquemas orgânicos, fisiopatológicos, físico-químicos. A Ciência pode ser tida como ‘exata’, mas o ser humano não é nem nunca o será.”
MEDICINA CIENTÍFICA?
O PODER MÉDICO, MEDICALIZAÇÃO E RESISTÊNCIA O uso dos conceitos da Medicina Científica leva os médicos a
acharem que eles são onipotentes e que estão do lado da verdade absoluta e, devido a isso, tratam os pacientes pensando apenas na doença em si, invadindo a autonomia.
Medicalização autoritária é reflexo dos interesses financeiros mundiais, possuindo fins lucrativos e sendo incentivada pela mídia que promove o ideal de saúde.
A procura por outros tratamentos é um indício de que algo vai mal.
COMPREENDENDO E CONCEITUANDO SAÚDE – Relativa, singular “Científica” cartesiana máquina – ausência de doença Canguilhem – “O normal e o patológico”, Saúde não se define pela
média nem por um ideal, mas por sua plasticidade normativa. Capacidade de incorporar normas diferentes.
Espinosa – Saúde vista como potência de agir e pensar, isto é, como vitalização.
Winnicott – Saúde pessoal tem como fonte a criação de sua capacidade vital.
Nietzsche – “A Grande Saúde”, que engloba mesmo os momentos de enfermidade, sendo uma saúde real e não ideal.
1. HISTORICIDADE DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA Capacidade de enfrentar os adoecimentos, buscar ajuda e
entender o que está acontecendo; Organização Mundial de Saúde: “completo bem estar físico,
mental e social” Não é limitada à presença ou não dos processos patológicos “Ideal de saúde” – padrões saudáveis de estética
2. DETERMINANTES Condições que as coletividades apresentam e que
contribuem para o aparecimento de condições que propiciam a saúde ou a doença;
“Alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, educação, transporte, lazer e acesso aos bens e serviços essenciais” (Lei Orgânica de Saúde/8080)
1. A SAÚDE COMO EXPERIÊNCIA SUBJETIVA Ampliar o conceito e resgata-lo considerando o seu sentido
subjetivo e singular é rejeitar a ideia de que o corpo humano é uma máquina e admitir que sua bagunça não tem a ver com doença.
A dimensão do indivíduo não nega a contribuição da ciência na construção da saúde.
2. A SAÚDE E A DOENÇA COMO MOVIMENTOS DA VIDA Não há saúde perfeita – os riscos estão, intrinsecamente,
relacionados à saúde. Capacidade de cada um de enfrentar novas situações, com
margem de tolerância para enfrentar e superar as adversidades do meio.
Possibilidade de ficar doente e recuperar-se.
3. A SAÚDE E A NORMALIDADE Normalidade NÃO é saúde e doença NÃO é anomalia. Um organismo normal pode ou não ser considerado
saudável. O limite entre o normal e o patológico se apresenta de forma
muito imprecisa
4. A SAÚDE, AS CONDIÇÕES DE VIDA E O RISCO Conjunto de condições sociais de existência que predispõem
ou não a doenças futuras; “Abertura ao risco”: Promoção de saúde – evitar riscos
desnecessários, maximizar a capacidade de tolerância do sujeito.
Resiliência ou “margem de segurança” – capacidade subjetiva de superar e tolerar agressões do meio.
SAÚDE-DOENÇA: PREOCUPAÇÃO ANTIGA Agrupamentos ou tribos nômades
Pensamento mágico, religioso e sobrenatural
Associação entre limpeza e religiosidade
Influencia Atual: uso de chás e rezas Antiguidade
Práticas por indivíduos iniciados
Herança: forma integral de tratamento e vínculo
SAÚDE-DOENÇA: PREOCUPAÇÃO ANTIGA Grandes Civilizações
Causas externas
Povos do Oriente Médio: primeiros Hospitais e cirurgias
Egito: empirismo; Índia e China: equilíbrio dos elementos.
Cristianismo
Pecado como causa dos males, castigos, maus espíritos
A CULTURA CLÁSSICA DA GRÉCIA ANTIGA Explicação racional, rompimento com a superstição
Observação atenta e empírica dos fenômenos naturais
Divindade de Asclepius Médicos Filósofos
Homeostase: harmonia entre corpo, alma e ambiente
A CULTURA CLÁSSICA DA GRÉCIA ANTIGA Medicina Hipocrática
Introduz os conceitos de Epidemia e Endemia “Ares, águas e lugares” - Clima, solo, água, modo de vida e
nutrição Humores do corpo – Preservação do equilíbrio entre os
elementos constituintes do corpo. Doença como desequilíbrio. Base da Semiologia Atual - Roteiro da comunicação oral,
exploração sensorial, raciocínio e prognóstico Influenciou o Imp. Romano: Galeno divulga o ideal Hipocrático
IDADE MÉDIA Meio de produção: feudo/terra Inúmeras pestes e epidemias Expansão da Igreja: una, culta e generosa
Encarregada de tratar: práticas atribuídas a religiosos
Aperfeiçoou o espírito e descuidou do corpo Medicina Patrística: Retrocesso Medicina Monástica: Conserva o conhecimento
IDADE MÉDIA Conexão entre a doença e o pecado, marginalizou-se a
explicação racional Pagãos: possessão do diabo ou feitiçaria
Cristãos: purificação e expiação dos pecados Epidemias: causalidade e contágio Teoria Miasmática: desordens da atmosfera insalubre Surgem os hospitais e a quarentena Ascensão burguesa urbana
IDADE MODERNA Renascimento – resgate do conhecimento
Pensamento Científico: Racionalismo, laicismo, empirismo Estudo do Homem e da Natureza – dissecção de cadáveres Agentes específicos para cada doença Mosteiros abrigam primeiras Universidades Contagionistas x não-contagionistas
Constituição epidêmica e contágio Ênfase ao método clínico, a dimensão particular em vez da
coletividade. Iluminismo, Era das Revoluções
IDADE CONTEMPORÂNEA Causalidade Social
Condições de Trabalho, Teoria Social da Medicina – Aspectos econômicos, sociais e culturais. (Ex.: Aglomerados urbanos)
Medicina de Estado (Alemanha) Medicina urbana (França) Medicina inglesa
Era Bacteriológica e Teoria Unicausal Uso do microscópio, descobertas bacteriológicas (micróbio e
bacilo de Koch), Louis Pasteur e vacina contra varíola
IDADE CONTEMPORÂNEA Transição Epidemiológica
Diminuição das doenças infecciosas e aumento das crônico degenerativas
Multicausalidade Surge após a II Guerra Mundial, a partir da várias abordagens e
entende o processo como uma síntese múltiplas determinações.
Modelo Ecológico (ou História Natural da Doença) considera a tríade: Agente, hospedeiro e ambiente.
IDADE CONTEMPORÂNEA Modelo da Determinação Social
Surge na década de 60, devido a baixa eficiência da medicina curativa e hospitalocêntrica, fazendo críticas ao Modelo da História Natural
Considera as relações de saúde com a produção social.
Substitui a Causalidade pela Determinação
Modos e Estilos de Vida - Acredita que a maneira como a sociedade se organiza e a forma como os indivíduos se inserem nela é que determina em última instância as condições de adoecimento dos humanos.
1. Biopolítica: o poder médico e a autonomia do paciente em uma nova concepção de saúde;
2. Saúde e doença: dois fenômenos da vida; 3. Saúde, normalidade e risco; 4. Concepções sobre a Saúde e a Doença; 5. Saúde, Doença e Cuidado
Obrigado!