Processo produtivo de elementos pré-moldados de concreto armado

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Processo produtivo de elementospré-moldados de concreto armado

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  • 8215 1[2012 revista de pesquisa em arquitetura e urbanismo programa de ps-graduao do instituto de arquitetura e urbanismo iau-usp

    Cleovir Jos Milani Engenheiro civil, professor do curso de Engenharia Civil da Universidade Tecnolgica Federal do Paran,UTFPR, Rua Itacolomi, 1303, apto 201, centro, Pato Branco, Paran, (46) 3225-2450, [email protected]

    Rodrigo BoesingEngenheiro civil pela Universidade Tecnolgica Federal do Paran, UTFPR, Rua Tapejara, 520, apto 204B, Pato Branco, PR, [email protected]

    Rogrio Alberto PhilippsenEngenheiro civil pela Universidade Tecnolgica Federal do Paran, UTFPR, Rua Jaciret, 151, Pato Branco, PR, [email protected]

    Luiz Antonio Miotti Engenheiro civil, professor do curso de Engenharia Civil da Universidade Tecnolgica Federal do Paran, UTFPR, Via do crescimento, Km 1, Pato Branco, PR, [email protected]

    o contrrio do que ocorreu em outros pases, os

    mtodos de execuo da construo civil no Brasil no

    acompanharam o desenvolvimento tecnolgico. No

    Brasil, ao longo dos anos no se teve a preocupao

    em adotar processos construtivos mais racionais;

    a mo de obra at ento, abundante e barata,

    compensava os gastos com desperdcios e processos

    com baixo controle (OLIVEIRA, 1997).

    Com o aquecimento do mercado e a forte

    concorrncia, as empresas que atuam na construo

    civil buscam encontrar maneiras de se manter cada

    vez mais competitivas, de modo que a reduo de

    custos de produo, tempos de execuo, menor

    desperdcio, otimizao da mo de obra so quesitos

    que devem ser ponderados. O uso de metodologias

    que propiciem a industrializao da construo civil

    se torna uma alternativa interessante, como o caso

    da aplicao de elementos pr-moldados.

    A Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    (ABNT, 1985), em sua NBR 9062/1985 define os

    elementos pr-moldados como peas executadas

    industrialmente, mesmo em instalaes temporrias

    em canteiros de obras, sob condies rigorosas de

    controle de qualidade.

    Tais elementos representam uma opo vlida para

    racionalizar o processo de produo. Essas peas

    apresentam algumas caractersticas significativas, so

    elas: rapidez de execuo, controle de qualidade,

    projetos de modulao e relativo nvel organizacional

    de produo (PEDERIVA, 2009).

    A racionalizao conseguida com o uso de pr-

    moldados permite que os materiais disponveis para

    a execuo do empreendimento sejam mais bem

    aproveitados, sem, contudo, demandar profundas

    alteraes tecnolgicas (PEDERIVA, 2009).

    Na regio Oeste de Santa Catarina e Sudoeste

    do Paran, as peas pr-fabricadas vm sendo

    empregadas frequentemente nas obras. Assim, h

    a necessidade de conhecer o processo de produo

    A

    Resumo

    O estudo correlaciona as patologias com o processo produtivo de elementos

    pr-moldados de concreto que vm sendo empregados por empresas que atuam

    na regio oeste de Santa Catarina e sudoeste do Paran. O trabalho identifica

    as patologias que so originadas ainda no processo de produo, investiga as

    causa de tais patologias e prope medidas mitigadoras. Fundamentado em

    visitas tcnicas, o estudo verificou como ocorre a produo dos pr-moldados,

    englobando itens que abrangem desde o recebimento e estocagem da matria-

    prima, preparao do concreto, formas, armaduras, logstica, at a expedio

    do produto acabado para o consumidor.

    Palavras-chave: pr-moldados, concreto armado, patologias.

    Processo produtivo de elementos pr-moldados de concreto armado: deteco de manifestaes patolgicas

    artigos e ensaios

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    de tais peas identificando as falhas que podem

    ocorrer durante a fabricao, de modo que se possa

    ter uma indstria que utilize racionalmente seus

    recursos e oferea um produto de qualidade para

    o mercado consumidor.

    Realizando visitas a empresas localizadas no Sudoeste

    do Paran e Oeste de Santa Catarina foi estudado o

    processo produtivo de pr-moldados de vigas, pilares,

    estacas, lajes e galerias pr-fabricadas identificando

    as patologias mais frequentes e os fatores que

    podem influenciar na ocorrncia dessas patologias

    durante o processo de produo.

    Os objetivos do estudo visaram a identificao da

    influncia do processo produtivo na gerao de

    manifestaes patolgicas nas peas pr-fabricadas

    e apresentao de sugestes de melhorias no

    processo, mediante caracterizao do processo de

    produo das peas pr-fabricadas de concreto

    armado, identificao de manifestaes patolgicas

    oriundas do processo produtivo.

    Justificativa

    Com o crescente desenvolvimento da construo

    civil, a busca por processos construtivos mais

    eficientes passou a ser uma questo primordial. A

    forte concorrncia faz com que as empresas que

    atuam no setor busquem novas formas e mtodos

    construtivos, com processo modulado, de maior

    industrializao, como o caso dos pr-moldados

    em concreto armado.

    No Brasil, os pr-moldados de concreto armado

    vm sendo amplamente difundidos, englobando

    postes, vigas, pilares, estacas, lajes, entre outros.

    No so raras as edificaes comerciais e residenciais

    que so construdas atravs deste mtodo. Mais

    especificamente na regio Sudoeste do Paran e

    Oeste de Santa Catarina, apesar de produzirem peas

    pr-moldadas, na grande maioria das empresas, o

    processo de produo realizado de modo artesanal,

    sem procedimentos claramente definidos. Assim,

    comumente veem-se peas de concreto pr-moldado

    com baixa qualidade sendo empregadas, o que

    justifica a relevncia deste trabalho.

    Para que um padro de qualidade satisfatrio seja

    atingido, capaz de atender a demanda existente,

    importante um controle rigoroso durante o

    processo produtivo das peas e a verificao de

    manifestaes patolgicas oriundas deste processo,

    a fim de minimiz-las ou san-las, de modo a

    atestar a funcionalidade, esttica e estabilidade

    dos elementos.

    Materiais e programa experimental

    Em relao aos objetivos propostos, o trabalho

    de pesquisa descritiva est fundamentado em

    visitas tcnicas realizadas s empresas produtoras

    de pilares, vigas, lajes e galerias pr-fabricadas

    em concreto armado. No desenvolvimento

    do trabalho, foram visitadas cinco empresas,

    localizadas no Oeste de Santa Catarina e Sudoeste

    do Paran.

    O mtodo utilizado para identificao das patologias

    mais recorrentes foi o visual, atravs de tcnicas

    padronizadas de coletas de dados.

    Os dados coletados atravs de trabalho de campo

    foram obtidos fundamentalmente por observao

    pessoal, e fundamentado com ilustraes

    fotogrficas.

    A coleta de dados foi desenvolvida atravs de

    visitas s empresas acima citadas, durante dois

    meses (setembro e outubro de 2011); para tanto,

    o delineamento geral da pesquisa demandou cinco

    etapas consecutivas.

    1 Etapa

    As possveis empresas a serem visitadas foram

    identificadas atravs do conhecimento de obras

    realizadas por elas na regio, das quais se tinha

    conhecimento, alm de pesquisas junto s

    construtoras locais. A partir disto, foram realizados

    contatos para agendamento de visita.

    2 Etapa

    Elaborao de check-list direcionado ao responsvel pelo processo de produo da empresa visando

    identificar questes como: local de depsito de

    agregados, cimento, tipos de formas empregadas,

    produo de concreto, cura, desforma das peas,

    equipamentos utilizados, dentre outros; aquisio

    de equipamentos, tais como, mquina fotogrfica,

    trena, bloco de notas, outros.

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    3 Etapa

    Visita s empresas que se dispuseram a participar da

    pesquisa, realizando os seguintes trabalhos:

    - entrevista com responsvel pela produo da empresa;

    - verificao do processo produtivo;

    - identificao das patologias; registro fotogrfico.

    4 Etapa

    Arquivamento e anlise dos registros fotogrficos.

    Seleo das fotos com as principais patologias

    encontradas.

    5 Etapa

    Registro das diversas informaes encontradas

    sobre as empresas: caractersticas gerais do processo

    produtivo; manifestaes patolgicas nas peas

    pr-moldadas de concreto armado; sugesto de

    melhorias no processo produtivo objetivando uma

    minimizao das patologias encontradas.

    Resultados e discusses

    Durante o desenvolvimento do trabalho foram

    visitadas cinco empresas atuantes na produo

    de peas pr-moldadas de concreto, sendo trs

    localizadas no Sudoeste do Paran e as demais

    no Oeste de Santa Catarina, aqui denominadas

    de E1, E2, E3, E4 e E5, respectivamente. Na

    Tabela 1 tem-se uma caracterizao das empresas

    visitadas.

    Dentre as empresas visitadas, E1, E4 e E5 possuem

    profissional graduado com nfase em construo civil

    como responsvel direto pelo setor de produo das

    peas. Nas demais, o responsvel pela produo no

    apresenta graduao em escola tcnica, ocupando a

    funo com base na experincia adquirida ao longo

    dos anos.

    Manifestaes patolgicas

    Na realizao das visitas, foi possvel observar a

    ocorrncia de patologias nas peas concretadas. As

    patologias apresentaram-se sob formas variadas nas

    cinco empresas, dentre elas destacam-se: manchas,

    fissuras, quebras, bolhas superficiais, adensamento

    inadequado (nichos de concretagem), acabamento

    inadequado.

    Fez-se uma amostragem aleatria em 20 peas

    de cada empresa com o intuito de se verificar a

    incidncia de cada patologia. Com base nesse

    levantamento, elaboraram-se indicadores das

    patologias por empresas.

    Manchas

    As manchas ocorreram de modo mais significativo

    nas empresas E1, E3 e E5, conforme Figura 1.

    A ocorrncia das manchas (Figura 2) pode estar

    associada limpeza das formas, ao mtodo de

    aplicao do desmoldante e tambm mistura

    do concreto. Aplicao dos desmoldantes nestas

    empresas realizada com broxas; neste procedimento

    comum ocorrerem concentraes de desmoldantes

    em determinadas regies da forma em virtude de uma

    distribuio no homognea desses materiais.

    Tabela 1 - Caracterizao das empresas

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    Outro quesito importante a limpeza das formas;

    antes de cada concretagem importante realizar

    uma perfeita limpeza para remoo de leos,

    graxas e resqucios de concreto remanescentes

    das concretagens anteriores.

    Em relao mistura do concreto, nessas empresas

    foi observado que o concreto no se apresentava

    perfeitamente homogneo durante a concretagem,

    com concentraes de areia em determinados

    pontos; tal prtica pode ter contribudo para a

    formao das manchas.

    Medidas Mitigadoras:

    - Utilizar desmoldantes de baixa viscosidade e

    aplic-los com pulverizadores manuais.

    - Realizar limpeza das formas antes de cada

    concretagem.

    - Misturar por tempo adequado o concreto

    e no exceder a capacidade do misturador.

    - Evitar excesso de gua.

    Figura 1: Ocorrncia de manchas. Fonte: Cleovir Jos Milani.

    Figura 2: Manchas. Fonte: Cleovir Jos Milani.

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    Trincas e fissuras

    Conforme a Figura 3 constatou-se que, nas empresas

    E1, E2, E3 e E5, a incidncia de trincas e fissuras

    mais intensa.

    A origem das trincas e fissuras (Figura 4) pode

    estar relacionada ao tipo de cimento utilizado

    pelas empresas, no caso o CP V ARI, e tambm ao

    procedimento de cura das peas concretadas.

    Conforme observado nas visitas, as empresas no

    realizam a cura adequada das peas; os elementos

    concretados permanecem geralmente por um dia

    nas formas, quando ento so desmoldados e

    levados ao estoque, ficando diretamente expostos

    ao sol, o que pode contribuir para o surgimento

    de trincas por retrao. As peas em estoque no

    so umedecidas diariamente para minimizar tais

    efeitos (Figura 5).

    Figura 3: Ocorrncia de trin-cas e fissuras. Fonte: Cleovir Jos Milani.

    Figura 4: Fissuras. Fonte: Cleovir Jos Milani.

    Figura 5: Depsito de peas recm concretadas: incidn-cia direta do sol. Fonte: Cleo-vir Jos Milani.

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    Com relao s trincas e fissuras, a empresa E4 apresentou

    ndice menos significativo que as demais. Isso pode ser

    correlacionado ao fato de seu processo de cura ser

    diferenciado. Aps a concretagem, na empresa E4

    colocada sobre as peas uma manta plstica de cura a

    fim de evitar a perda excessiva de gua para o ambiente.

    Tal prtica, apesar de no extinguir completamente a

    patologia, minimizou sua ocorrncia.

    Medidas Mitigadoras:

    - Realizar cura mida constante, da concretagem

    at a expedio das peas para a obra.

    - Com o concreto ainda estado fresco, aplicar

    manta de cura sobre as peas concretadas.

    Bolhas superficiais

    Dentre as patologias constatadas, as bolhas

    superficiais (Figura 6) foram a patologia de maior

    incidncia dentre todas as identificadas.

    Com relao ocorrncia de bolhas, pela Figura 7 foi

    possvel constatar que essas bolhas se manifestaram

    de modo mais intenso nas peas produzidas pelas

    empresas E1, E3 e E5.

    O surgimento dessa patologia pode estar

    correlacionado ao tipo de desmoldante empregado

    nas formas e tambm vibrao inadequada. Essas

    trs empresas utilizam desmoldantes a base de

    leos minerais; todavia, segundo a literatura, esse

    tipo de desmoldante pode propiciar o surgimento

    de bolhas de superfcie. Com relao vibrao,

    todas as trs empresas utilizam o vibrador tipo

    agulha (de mangote).

    Durante as visitas, foi possvel observar que a

    vibrao no era executada de modo correto; o

    vibrador agulha utilizado para adensar peas grandes

    era o mesmo utilizado nas peas menores, desse

    modo nos elementos de menores dimenses alm

    de a vibrao ocorrer de modo excessivo, ela era

    executada prxima das faces das formas o que

    Figura 6: Bolhas superficiais. Fonte: Cleovir Jos Milani.

    Figura 7: Ocorrncia de bolhas. Fonte: Cleovir Jos Milani.

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    pode ter contribudo para a ocorrncia das bolhas,

    conforme Figura 8.

    Medidas Mitigadoras:

    - No utilizar desmoldantes a base de leos

    minerais.

    - Concretar as peas com concreto autoadensvel

    (CAA).

    - No vibrar excessivamente o concreto nas

    proximidades das faces.

    - Utilizar vibradores compatveis com as dimenses

    das peas a serem concretadas.

    Falhas de acabamento e adensamento

    Dentre as patologias constatadas, observou-se

    que as peas com maior ndice de problemas

    de acabamento (Figura 9) e falhas de con-

    cretagem (Figura 10) ocorreram na empresa

    E2.

    Figura 8: Vibrao inade-quada: prximo s faces da forma. Fonte: Cleovir Jos Milani.

    Figura 9: Adensamento ina-dequado. Fonte: Cleovir Jos Milani.

    Figura 10: Acabamento Ina-dequado. Fonte: Cleovir Jos Milani.

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    Pela Figura 11 percebeu-se que as falhas de

    adensamento atingiram 85% das peas observadas

    enquanto que as falhas de acabamento foram

    identificadas em todas as peas. Tais peas referem-

    se s galerias em formato L.

    As peas que apresentaram tais patologias possuem

    grandes dimenses (2,5 metros de altura e 2,0 metros

    de largura) e, pelo sistema de formas adotado, a

    concretagem realizada em uma nica etapa. Desse

    modo, o concreto lanado de alturas elevadas, o

    que contribui para a segregao de seus elementos

    constituintes. Alm disso, a vibrao do concreto

    realizada por vibradores tipo agulha; por serem

    concretadas em uma nica etapa (as formas no

    possuem janelas de concretagem), o vibrador no

    tem capacidade de vibrar as camadas inferiores;

    nestas regies, em 100% das peas observadas,

    constataram-se falhas no adensamento do concreto

    e falhas de acabamento.

    Notou-se tambm que as galerias L aps concretadas

    no so reguadas para que a sua face superior

    torne-se plana e com acabamento uniforme.

    Terminada a concretagem, os funcionrios so

    orientados a apenas alisar a superfcie com a

    colher de pedreiro, o que no deixa a face superior

    perfeitamente nivelada e lisa (Figura 12).

    Medidas Mitigadoras:

    - Utilizar o concreto autoadensvel.

    - Alterar sistema de formas para que o concreto

    no necessite ser lanado de grandes alturas.

    - Abrir janelas intermedirias de concretagem.

    - Reguar a face superior da galeria.

    - Utilizar vibrador adequado s dimenses da

    pea.

    Figura 11: Ocorrncia de falhas de adensamento e falhas de acabamento. Fonte: Cleovir Jos Milani.

    Figura 12: Concretagem das galerias. Fonte: Cleovir Jos Milani.

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    Quebras

    Durante as visitas, viu-se que as quebras (Figura 13)

    no se apresentaram como patologias de grande

    incidncia nas empresas observadas.

    Apenas na empresa E1, as quebras foram mais

    significativas com cerca de 15% das peas observadas,

    conforme Figura 14.

    As quebras observadas na empresa foram oriundas

    da movimentao interna das peas (desforma

    e estocagem). A empresa E1 no possui pontes

    rolantes que unem a produo com o setor de

    estocagem; esse transporte realizado por meio de

    caminhes. Assim, ocorrncia de choques mecnicos

    maior o que gera as quebras e lascas das peas

    observadas.

    Medidas Mitigadoras:

    - Realizar o transporte das peas por meio de

    pontes rolantes.

    - Proteger as extremidades das peas durante a

    movimentao.

    Concluses

    O estudo mostrou as seguintes patologias:

    O surgimento das bolhas peas produzidas pode ser

    funo do desmoldante empregado e da vibrao

    executada de modo inadequado.

    Os desmoldantes a base de leos minerais

    podem propiciar o surgimento de bolhas de

    Figura 13: Quebra. Fonte: Cleovir Jos Milani.

    Figura 14: Ocorrncia de quebras. Fonte: Cleovir Jos Milani.

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    superfcie e, alm disso, a vibrao no era feita

    corretamente.

    Para adensar as peas grandes e as pequenas,

    o mesmo vibrador utilizado; deste modo, nos

    elementos de menores dimenses a vibrao

    ocorria de modo excessivo e executada prxima

    das faces, o que pode ter ocasionado a ocorrncia

    das bolhas.

    As trincas e fissuras tiveram maior incidncia nas

    empresas E1, E2, E3 e E5. Tais ocorrncias podem

    estar atreladas ao tipo de cimento utilizado pelas

    empresas, no caso o CP V ARI, mas principalmente

    ao procedimento de cura.

    As manchas foram mais incidentes nas empresas E3

    e E5. Isso pode ser consequncia do procedimento

    de aplicao do desmoldante e tambm da mistura

    do concreto.

    Na empresa E2 constatou-se a ocorrncia de peas

    com falhas de acabamento e falhas no adensamento

    das galerias. Essas peas so de grandes dimenses

    e, pelo formato das formas, a concretagem ocorre

    em uma nica etapa.

    Observou-se que as empresas E1, E2, E3 e E5

    apresentaram a maior incidncia de patologias.

    Tal fato pode estar correlacionado ao processo

    produtivo, executado com controle menos rigoroso

    das etapas, metodologias, materiais e mo de obra

    menos especializada.

    A empresa E4 apresentou-se melhor estruturada

    que as demais, e por consequncia, a incidncia

    de patologias foi menos intensa.

    Na empresa E4, a mo de obra recebe treinamento

    tcnico com maior frequncia, enquanto que na

    maior parcela das demais, os funcionrios no

    recebem treinamento, sendo o conhecimento

    transmitido de colaborador a colaborador conforme

    a convivncia entre eles.

    Na empresa E4 feito controle eletrnico da umidade

    da areia, dosagem do concreto em massa; emprega

    o concreto autoadensvel nas peas e realiza algum

    procedimento de cura.

    Referncias bibliogrficas

    OLIVEIRA, C. S. P. As principais caractersticas da mo-de-obra da construo civil que interferem na filosofia da qualidade. Anais... XVII Encontro Nacional de Engenharia de Produo - Enegep 1997.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 9062: Projeto e Execuo de Estruturas de Concreto Pr-Moldado. Rio de Janeiro, 1985.

    PEDERIVA, P. F. Comparao de custos envolvidos na construo de pavilhes com estruturas pr-molda-das e moldadas in loco. Monografia [Graduao em Engenharia Civil] - Iju, RS: Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, 2009.