Processo de Fabrica

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  • Universidade do Vale do Itaja

    Campus VII - So Jos

    UNIVALI Direo do Centro de Educao Superior

    PROCESSOS DE FABRICAO I

    UNIDADE 1

    Curso de Engenharia Industrial Mecnica

    Prof. Dr. Eng. Cludio Roberto Losekann

    AGOSTO/2001

  • II

    NDICE ANALTICO

    NDICE ANALTICO ..........................................................................................................................................II

    NDICE DE FIGURAS ........................................................................................................................................V

    PROCESSOS DE FABRICAO.......................................................................................................................1

    1 - INTRODUO................................................................................................................................................1

    1.1 - FUNDIO...............................................................................................................................................5

    1.2 - USINAGEM...............................................................................................................................................5

    1.3 - SOLDAGEM..............................................................................................................................................6

    1.4 - METALURGIA DO P.............................................................................................................................6

    1.5 - CONFORMAO MECNICA...............................................................................................................7

    2 - ENSAIOS MECNICOS.................................................................................................................................8

    2.1 - INTRODUO..........................................................................................................................................8

    2.2 - DEFINIO.................................................................................................................................................10

    2.2.1 - PROPRIEDADES MECNICAS......................................................................................................10

    2.3 - TIPOS DE ENSAIOS MECNICOS.......................................................................................................12

    2.3.1 - ENSAIO DE TRAO......................................................................................................................13

    2.3.1.1 - Diagrama tenso - deformao....................................................................................................................15

    2.3.1.2 - Propriedades mecnicas avaliadas..............................................................................................................18

    2.3.1.3 - Corpos de prova..........................................................................................................................................22

    2.3.1.4 - Limite de escoamento: valores convencionais............................................................................................26

    2.3.2 - ENSAIO DE COMPRESSO............................................................................................................27

    2.3.2.1 - Limitaes do ensaio de compresso..........................................................................................................28

    2.3.2.2 - Ensaio de compresso em materiais dcteis................................................................................................29

    2.3.2.3 - Ensaio de compresso diametral.................................................................................................................29

    2.3.3 - ENSAIO DE FLEXO......................................................................................................................35

    2.3.3.1 - Significado de flexo..................................................................................................................................35

    2.3.3.2 - Mtodo do ensaio de flexo........................................................................................................................39

    2.3.4 - ENSAIO DE DUREZA......................................................................................................................41

    2.3.4.1 - Dureza Brinell.............................................................................................................................................43

    2.3.4.2 - Dureza Meyer.............................................................................................................................................48

    2.3.4.3 - Dureza Rockwell.........................................................................................................................................49

    2.3.4.4 - Dureza Vickers...........................................................................................................................................55

    2.4.4.5 - Microdureza por penetrao.......................................................................................................................57

  • III

    2.3.4.6 - Dureza Shore..............................................................................................................................................60

    2.3.4.7 -Consideraes finais....................................................................................................................................61

    2.3.5 - ENSAIO DE IMPACTO....................................................................................................................65

    2.3.5.1 - Descrio do Ensaio de Impacto.................................................................................................................67

    2.3.6 - ENSAIOS METALOGRFICOS.......................................................................................................76

    2.3.6.1 - Ensaio metalogrfico macrogrfico.............................................................................................................77

    2.3.6.2 - Ensaio metalogrfico microgrfico.............................................................................................................77

    3 - AJUSTAGEM.................................................................................................................................................87

    3.1 - INTRODUO........................................................................................................................................87

    3.2 - DEFINIO.............................................................................................................................................87

    3.2.1 - LIMAGEM........................................................................................................................................88

    3.2.1.1 - Critrio para a escolha da ferramenta..........................................................................................................88

    3.2.1.2 - Classificao geral das limas......................................................................................................................91

    3.2.1.3 - Informaes gerais......................................................................................................................................94

    3.2.2 - TRAAGEM.....................................................................................................................................95

    3.2.2.1 -Tipos de traado...........................................................................................................................................95

    3.2.2.2. - Materiais de traagem................................................................................................................................96

    3.2.3 - SERRAMENTO...............................................................................................................................100

    3.2.4 - FURAO......................................................................................................................................102

    3.2.4.1 - Tipos de furao.......................................................................................................................................102

    3.2.4.2 - Tipos de furadeiras....................................................................................................................................103

    3.2.4.3 - Brocas.......................................................................................................................................................105

    3.2.4.4 - Parmetros de furao...............................................................................................................................108

    3.2.4.5 - Escareadores.............................................................................................................................................109

    3.2.5 - ROSCAMENTO..............................................................................................................................109

    3.2.5.1 - Machos.....................................................................................................................................................111

    3.2.5.2 - Cossinetes.................................................................................................................................................112

    3.2.5.3 - Tipos de roscamento.................................................................................................................................113

    4 - USINAGEM..................................................................................................................................................118

    4.1 - INTRODUO......................................................................................................................................118

    4.2 - PROCESSOS CONVENCIONAIS DE USINAGEM............................................................................118

    4.2.1 - AFIAO........................................................................................................................................119

    4.2.2 - ALARGAMENTO............................................................................................................................119

    4.2.3 - APLAINAMENTO...........................................................................................................................120

    4.2.4 - BROCHAMENTO...........................................................................................................................123

    4.2.5 - BRUNIMENTO...............................................................................................................................123

    4.2.6 - DENTEAMENTO............................................................................................................................124

    4.2.7 - ESPELHAMENTO..........................................................................................................................125

    4.2.8 - FRESAMENTO...............................................................................................................................126

  • IV

    4.2.9 - FURAO......................................................................................................................................130

    4.2.10 - JATEAMENTO.............................................................................................................................132

    4.2.11 - LAPIDAO................................................................................................................................132

    4.2.12 - LIXAMENTO................................................................................................................................132

    4.2.13 - MANDRILAMENTO.....................................................................................................................133

    4.2.14 - POLIMENTO................................................................................................................................134

    4.2.15 - ROSQUEAMENTO.......................................................................................................................135

    4.2.16 - RASQUETEAMENTO...................................................................................................................135

    4.2.17 - RETIFICAO.............................................................................................................................135

    4.2.18 - SERRAMENTO.............................................................................................................................138

    4.2.19 - TORNEAMENTO..........................................................................................................................139

    4.3 - PROCESSOS NO CONVENCIONAIS DE USINAGEM...................................................................142

    4.3.1 - USINAGEM QUMICA...................................................................................................................142

    4.3.2 - USINAGEM POR FEIXE ELETRNICO.......................................................................................142

    4.3.3 - USINAGEM POR LASER...............................................................................................................143

    4.3.4 - USINAGEM POR ULTRA-SOM.....................................................................................................143

    4.3.5 - USINAGEM ELETROQUMICA....................................................................................................144

    4.3.6 - ELETROEROSO A FIO...............................................................................................................144

    4.3.7 - ELETROEROSO POR PENETRAO........................................................................................145

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................................................146

  • VNDICE DE FIGURAS

    FIGURA 1.1 - Esquema dos processos de fabricao no contexto atual. 3

    FIGURA 1.2 - Extruso de cermica e Injeo de plstico 4

    FIGURA 1.3 - Fundio em cera perdida. 5

    FIGURA 1.4 - Metalurgia do p. 7

    FIGURA 2.1 - Equipamentos de ensaios mecnicos. a) Mquina de ensaiouniversal; b) Durmetro. 11

    FIGURA 2.2 - Pea tracionada. 13

    FIGURA 2.3 - Tenso de trao. 13

    FIGURA 2.4 - Corpo de prova de ensaio de trao. a) antes do ensaio; b) aps oensaio. 14

    FIGURA 2.5 - Comportamento dos materiais atravs do diagrama ssx ee. 16

    FIGURA 2.6 - Material dctil. a) diagrama ss x ee; b) aspecto da fratura. 17

    FIGURA 2.7 - Material frgil. a) diagrama ss x ee; b) aspecto da fratura. 18

    FIGURA 2.8 - diagrama ss x ee para ligas do tipo ao baixo carbono. 18

    FIGURA 2.9 - Alongamentos na trao e na compresso. 20

    FIGURA 2.10 - Curvas de tenses reais e de engenharia. 21

    FIGURA 2.11 - Mquina de ensaio e registrador. 22

    FIGURA 2.12 - Corpos de prova. 23

    FIGURA 2.13 - Tipos de fixao. 23

    FIGURA 2.14 - Preparao de corpo de prova. 24

    FIGURA 2.15 - Ruptura do corpo de prova no centro. 25

    FIGURA 2.16 - Ruptura do corpo de prova fora de centro. 25

    FIGURA 2.17 - Determinao do Limite de Escoamento. 26

    FIGURA 2.18 - Esquema da compresso. 27

    FIGURA 2.19 - Ensaio de compresso. a) normal; b) flambagem. 28

    FIGURA 2.20 - Ensaio de compresso em materiais dcteis. 29

    FIGURA 2.21 - Esquema de esforos aplicados em um corpo de prova cilndricode dimenses D e L. 30

    FIGURA 2.22 - Representao esquemtica da distribuio das tenses decompresso e de trao. 30

    FIGURA 2.23 - Ensaios em molas. 31

    8) O Que limite de escoamento? 34

    FIGURA 2.24 - Flexo em uma barra de seco retangular. 36

    FIGURA 2.25 - Elemento da barra submetido a flexo. 37

  • VI

    FIGURA 2.26 - Viga em balano com engaste rgido sendo fletida por uma foraF aplicada em sua extremidade. 38

    FIGURA 2.27 - Mtodo de flexo a trs pontos. 39

    FIGURA 2.28 - Mtodo de flexo a quatro pontos. 40

    FIGURA 2.29 - ngulo ff nas impresses Brinell . 45

    FIGURA 2.30 - Penetradores de Dureza Rockwell . 50

    FIGURA 2.31 - Indicador analgico . 51

    FIGURA 2.32 - Esquema da seqncia de operaes . 52

    FIGURA 2.33 - Aspectos da fratura . 66

    FIGURA 2.34 - Mquina de ensaio de impacto . 68

    FIGURA 2.35 - Ensaio Charpy e Izod . 71

    FIGURA 2.36 - Corpos de prova Charpy e Izod . 71

    FIGURA 2.37 - Temperatura de transio . 73

    FIGURA 2.38 - Retirada de amostras. 74

    FIGURA 2.39 - Curvas de energia absorvida de um mesmo material. 75

    FIGURA 2.40 - Influencia da localizao de um corte longitudinal axial sobre oaspecto de segregao. 78

    FIGURA 2.41 - Esquema de um metal policristalino atacado quimicamente ecom feixes incidentes e de reflexo de luz. 81

    FIGURA 2.42 - Macrografia de uma pea de alumnio fundido com contornosde gros revelado por ataque com HCl. 82

    FIGURA 2.43 - Micrografia da perlita. 82

    FIGURA 3.1 - Limagem. 88

    FIGURA 3.2 - Limagem em bancada. 89

    FIGURA 3.3 - Limagem em torno. 90

    FIGURA 3.4 - Perfis de lima. 92

    FIGURA 3.5 - Limas rotativas. 92

    FIGURA 3.6 - Limas especiais. 93

    FIGURA 3.7 - Caractersticas gerais das limas. 94

    FIGURA 3.8 - Traado no plano. 96

    FIGURA 3.9 - Traado no espao. 96

    FIGURA 3.10 - Tipos de esquadro. 97

    FIGURA 3.11 - Graminho. 98

    FIGURA 3.12 - Gonimetro. 98

    FIGURA 3.13 - Compasso. 99

  • VII

    FIGURA 3.14 - Calo de apoio simples e forma de T para grandes apoios. 99

    FIGURA 3.15 - Serra manual. 100

    FIGURA 3.16 - Direo de corte. 100

    FIGURA 3.17 - Serras circulares. a) caso 1; b) caso 2. 101

    FIGURA 3.18 - Serras contnuas. 102

    FIGURA 3.19 - Etapas da furao. 102

    FIGURA 3.20 - Furadeira de bancada. 103

    FIGURA 3.21 - Furadeira de coluna. 103

    FIGURA 3.22 - Furadeira radial. 104

    FIGURA 3.23 - Furadeira de coordenadas. 105

    FIGURA 3.24 - Broca. 106

    FIGURA 3.25 - Ponta da broca. 106

    FIGURA 3.26 - ngulo da ponta. 107

    FIGURA 3.27 - ngulo de folga. 108

    FIGURA 3.28 - Escareadores. 109

    FIGURA 3.29 - Pente para determinao de rosca. 110

    FIGURA 3.30 - Macho desbastador. 111

    FIGURA 3.31 - Desandador. 112

    FIGURA 3.32 - Cossinete de entrada helicoidal. 113

    FIGURA 3.33 - Roscamento externo com cossinete. 113

    FIGURA 3.34 - Roscamento externo com ferramenta de perfil mltiplo. 114

    FIGURA 3.35 - Roscamento externo com ferramenta de perfil nico. 114

    FIGURA 3.36 - Roscamento externo com fresa de perfil mltiplo. 115

    FIGURA 3.37 - Roscamento externo com com jogo de pentes. 116

    FIGURA 3.38 - Roscamento interno com macho. 117

    FIGURA 4.1 - Afiao. 119

    FIGURA 4.2 - Cilndrico de acabamento. 120

    FIGURA 4.3 - a) Cnico de acabamento, b) Cnico de desbaste. 120

    FIGURA 4.4 - Aplainamento de guias. 121

    FIGURA 4.5 - Aplainamento de perfis. 121

    FIGURA 4.6 - Aplainamento de ranhuras T. 121

    FIGURA 4.7 - Aplainamento de rasgos. 122

    FIGURA 4.8 - Aplainamento de rasgo de chavetas. 122

    FIGURA 4.9 - Aplainamento de superfcies cilndricas de revoluo. 122

  • VIII

    FIGURA 4.10 - Brochamento externo e interno. 123

    FIGURA 4.11 - Brunimento. 124

    FIGURA 4.12 - Denteamento. 125

    FIGURA 4.13 - Espelhamento cilndrico. 125

    FIGURA 4.14 - Espelhamento plano. 126

    FIGURA 4.15 - Fresamento cilndrico tangencial de topo. 127

    FIGURA 4.16 - Fresamento tangencial concordante. 127

    FIGURA 4.17 - Fresamento tangencial disconcordante. 127

    FIGURA 4.18 - Fresamento tangencial de perfil. 128

    FIGURA 4.19 - Fresamento frontal. 128

    FIGURA 4.20 - Fresamento frontal de canaleta. 129

    FIGURA 4.21 - Fresamento frontal rabo de andorinha. 129

    FIGURA 4.22 - Fresamento composto. 130

    FIGURA 4.23 - Furao em cheio. 131

    FIGURA 4.24 - Furao de centro. 131

    FIGURA 4.25 - Trepanao. 131

    FIGURA 4.26 - Lapidao. 132

    FIGURA 4.27 - Lixamento com fita e folhas. 133

    FIGURA 4.28 - Mandrilamento cilndrico. 133

    FIGURA 4.29 - Mandrilamento cnico. 134

    FIGURA 4.30 - Mandrilamento esfrico. 134

    FIGURA 4.31 - Polimento. 135

    FIGURA 4.38 - Torneamento cilndrico externo. 140

    FIGURA 4.39 - Faceamento. 140

    FIGURA 4.40 - Sangramento axial e radial. 140

    FIGURA 4.41 - Perfilamento. 141

    FIGURA 4.42 - Torneamento curvilneo. 141

    FIGURA 4.43 - Usinagem por feixe de eltrons. 142

    FIGURA 4.44 - Usinagem por laser. 143

    FIGURA 4.45 - Usinagem por ultra-som. 144

    FIGURA 4.46 - Eletroeroso a fio. 145

    FIGURA 4.47 - Eletroeroso por penetrao. 145

  • 1PROCESSOS DE FABRICAO

    1 - INTRODUO

    Generalizar processos de fabricao como uma rea de metal-mecnica um erro to

    grande quanto as inquisies imposta pela igreja crist entre os sculos XIII e XVI, isto , os

    processos de fabricao esto relacionadas com materiais e produtos, cujo destino o

    consumidor. Embora existe uma srie de produtos que tem um conjunto de materiais

    diferentes, como um automvel, cuja fabricao das partes so tercerizadas no contexto da

    globalizao, pode-se considerar comuns os processos de fabricao em determinados reas

    afins. Na atualidada, as reas afins de indstria so: a indstria metal-mecnica, cujo produto

    principal de fabricao tem como base o ao, o ferro-fundido, ligas de alumnio e ligas de

    cobre; a indstria de cermicas, cujo produto de fabricao de maior consumo aquele

    considerado cermica convencional (vasos, pratos, pisos, revestimentos, e outros); a indstria

    de plsticos, que tem como base a fabricao de plsticos de utenslios domsticos; a indstria

    agro-industrial, que de uma certa forma utiliza os mais diferentes produtos dos outros tipos de

    indstrias citadas anteriormente e poderia ser citada tambm a indstria de informtica. Todas

    estas indstrias so de transformao e utilizam os mais diferentes tipos de processos de

    fabricao. Atravs dos processos de fabricao utilizados nestes grupos principais de

    indstrias, houve uma evoluo de novos materiais como os compsitos, que pode ser

    metal-plstico, metal-cermica, cermica-plstico. No cabe discutir neste tema definies de

    materiais como plsticos ou cermicas, que ambos podem ser classificados como polmeros.

    O processo de fabricao de injeo de plstico, bem como a metalurgia do p,

    evoluram do processo de fabricao de cermica, que tem sua origem com o incio da

    civilizao. A prpria civilizao est em constante mutao, mas as transformaes so

    lentas. Por isto, faz-se necessrio lembrar pontos histricos para explicar processos de

    fabricao.

  • 2Um dos processos de fabricao mais antigo o processo de fundio. Utilizado pela

    civilizao desde 4.000 a.C. a 3.000 a.C., iniciando-se com o processo de fundio de cobre,

    seguindo com o bronze e posteriormente com o ferro, por causa do seu elevado ponto de

    fuso. Estima-se que o homem das cavernas conhecia o ferro e suas origens como matria

    prima para a fabricao de armas e implementos agrcolas. Naquela poca, o ferro era

    considerado metal nobre e precioso, sendo utilizado quase que exclusivamente para aqueles

    fins e tambm como metal de adorno. Com o passar do tempo, o homem descobriu outras

    utilidades que o minrio de ferro poderia proporcion-los.

    Em fornos rudimentares, construdos nas encostas das colinas e aproveitando o fluxo

    do vento para intensificar a combusto da lenha, esse processo aumentava a produo de

    metal fundido, fruto da reduo direta do metal pela queima de lenha. Na Idade Mdia, a

    Europa considerava a produo de ferro de suma importncia. Nessa poca, obtinha-se um

    tipo grosseiro de ferro fundido pela reduo direta do minrio, sem a obteno direta do ferro

    gusa. Isso implicava na obteno de uma massa pastosa que, ao solidificar, tornava-se frgil e

    quebradia, o que obrigava sua aplicao por meio de forjados excessivamente pesados e

    macios, em geral, espadas, adagas e machados de difcil manejo. Da em diante, o processo

    se desenvolveu cada vez mais. Somente nos ltimos sculos vm sido utilizado a cermica em

    fornos de fundio para controlar o calor no processo de fundio.

    Por volta de 1.450 que se iniciou a obteno intermediria do ferro gusa, j que se

    conseguiam maiores temperaturas nos processos ento utilizados. Em conseqncia, o ferro

    absorvia maior quantidade de carbono (do carvo vegetal), formando o ferro gusa que escorria

    de forma no pastosa, permitindo seu melhor manuseio. Em 1.640, foi desenvolvido o

    primeiro alto-forno para produo de ferro gusa. Nessa poca, a indstria siderrgica passou a

    ocupar um papel mais preponderante nas atividades comerciais e na economia dos pases

    ocidentais, entretanto o consumo de carvo vegetal para a produo de ferro, provocou uma

    devastao florestal de repercusso danosa.

    Somente em 1.710, perodo da Revoluo Industrial, que se revigorou, na Gr-

    Bretanha, o uso industrial do coque (derivado do carvo mineral) como substituto do carvo

  • 3vegetal na reduo do minrio de ferro, provocando um novo e importante impulso na

    atividade siderrgica. Entretanto, essas evolues da fundio, decorriam da indstria txtil,

    visto que, neste perodo, a produo do tecido de l no atendia a demanda. Invenes como a

    mquina de fusos mltiplos produziam rapidamente maior quantidade de fio, especialmente

    de algodo, que era importado dos Estados Unidos, tornando-se vital para a indstria txtil da

    Gr-Bretanha. Mais aparelhos de fiao como: o water frame - bastidor de fiao de

    algodo movido a gua - e a mquina de fiao (1.770), o tear mecnico de Cartwright, que

    podia ser operado por mo-de-obra no especializada, marcou o fim da tecelagem manual.

    Desta forma, aumentava a produo txtil e conseqntemente a produo de equipamentos

    para fabricao destas mquinas. A descoberta do motor a vapor, do ao e posteriormente a

    eletricidade contriburam de forma significativa a evoluo dos processos de fabricao.

    No contexto atual os processo de fabricao de produtos de consumo esto

    interligados. A figura abaixo mostra, de uma forma resumida, estas interligaes.

    Matria-prima

    Processo de fabricaoMetal-mecnica

    Processo de fabricaoPlstico

    Processo de fabricaoCermica

    Consumidor

    FIGURA 1.1 - Esquema dos processos de fabricao no contexto atual.

    A figura abaixo mostra o processo de extruso de cermica e de injeo de plstico. A

    metalurgia do p utiliza o mesmo processo da injeo de plstico com algumas alteraes.

  • 4FIGURA 1.2 - Extruso de cermica e Injeo de plstico

    A fabricao pode ser definida como a arte e a cincia de transformar os materiais em

    produtos finais utilizveis e - num contexto de economia de mercado - rentveis. O processo

    global de fabricao uma srie de interaes complexas entre materiais, mquinas, pessoas e

    energia, comeando com a criao de peas individuais que iro finalmente constituir, atravs

    de operaes de montagem, um produto final.

    Na seleo dos materiais para as peas, tem-se em vista as caractersticas exigidas das

    peas e o seu comportamento nos sistemas que faro partes; e, por outro lado, as propriedades

    que os materiais devem apresentar para atender adequadamente as caractersticas exigidas

    com custo mnimo e a vida til esperada. A escolha do processo de fabricao feita

    considerando-se as caractersticas de trabalho das peas, seu material, forma e dimenses, o

    nmero de unidades a produzir, a taxa de produo, a vida til requerida de cada unidade e o

    grau e preciso e acabamento estipulados. Sempre existe uma interao entre o material da

    pea e o processo de fabricao, na qual um exerce restries sobre o outro, sendo esta,

    portanto, considerao essencial, na maioria dos casos, para seleo de ambos.

    No caso particular dos metais, que so um dos materiais mais empregados na

    construo mecnica, sua obteno se inicia com extrao e refino do minrio e vem,

    geralmente, seguido da fuso para obteno do metal na forma lquida e, posteriormente,

    convert-lo em formas (grnulos, barras, ps) que possam ser convenientemente utilizadas nos

    diversos processos de fabricao. Os processos de fabricao na indstria metal-mecnica

  • 5podem ser agrupados em cinco classes principais: fundio, usinagem, soldagem,

    metalurgia do p e conformao mecnica.

    1.1 - FUNDIO

    O metal, no estado lquido, vazado dentro de um molde (de gesso, de areia, metlico,

    etc. ), que um negativo da pea a ser obtida contendo algumas alteraes prprias das

    tcnicas de fundio, e solidifica-se na forma desejada. Trata-se de um capaz de fornecer uma

    variedade de formas. Por outro lado, as peas podem facilmente apresentar defeitos

    decorrentes do processo, tais como: bolhas de ar, vazios ou rechupes e sua estrutura

    geralmente dendrtica (gros colunares e grosseiros).

    FIGURA 1.3 - Fundio em cera perdida.

    1.2 - USINAGEM

    Consiste na remoo (arrancamento) de partculas de material de um bloco ou forma

    bruta, at atingir a forma desejada. efetuada com o auxlio de ferramentas adequadas de

    material duro em mquinas especiais (tornos, plainas, fresadoras. retificadoras, etc.) ou,

    tomada em seu sentido mais amplo, mediante tcnicas especiais no mecnicas como a eletro-

    eroso. A usinagem empregada geralmente para produzir formas com elevada tolerncia

  • 6dimensional, bom acabamento superficial e, freqentemente, geometrias complexas. A

    usinagem uma operao secundria de processamento, uma vez que, em geral, realizada

    em uma pea que j foi produzida por um processo primrio tal como a laminao, forjamento

    ou fundio. Como principais desvantagens tem-se: perda de material, morosidade da

    operao, incapacidade para alterar a microestrutura da pea, no remediando problemas

    provenientes da fundio.

    1.3 - SOLDAGEM

    um conjunto de processos que permitem obter peas pela unio de vrias partes,

    estabelecendo a continuidade das propriedades qumicas, fsicas e mecnicas do material

    utilizando, ou no, material adicional para servir de ligao (solda ).

    1.4 - METALURGIA DO P

    A metalurgia do p consiste na formao de peas atravs da prensagem de ps

    (matrias - primas) com o auxlio de ligantes. Uma vez obtido o "corpo - verde", o mesmo

    sinterizado em temperaturas especficas com diminuio considervel do volume da pea e

    um aumento substancial de sua resistncia mecnica. A metalurgia do p tem tido nos ltimos

    anos um grande e acelerado desenvolvimento, conforme dados disponveis; seu futuro a curto

    e mdio prazo realmente promissor. Uma das grandes vantagens deste processo tecnolgico

    poder obter produtos e componentes acabados com uma homogeneidade e preciso

    dimensional superior a conseguida por outras tcnicas e a menor custo para grande produo,

    devido principalmente a economia de matria-prima e energia, e a mnima ou nenhuma

    operao de usinagem.

  • 7FIGURA 1.4 - Metalurgia do p.

    1.5 - CONFORMAO MECNICA

    o nome genrico dos processos em que se aplica uma fora externa sobre a matria-

    prima, obrigando-a a tomar forma desejada por deformao plstica. O volume e a massa do

    metal se conservam neste processos. As vantagens principais so: bom aproveitamento da

    matria-prima, rapidez na execuo, possibilidade de melhoria e controle das propriedades

    mecnicas do material. Por exemplo: bolhas e porosidades em lingotes fundidos podem ser

    eliminados atravs de conformao mecnica a quente, melhorando a ductilidade e a

    tenacidade. A dureza do produto pode ser controlada alternando etapas de conformao a frio

    e recozimento.

    Assim, a disciplina de Processos de Fabricao inicia com um estudo de ensaios

    mecnicos para compreender as propriedades mecnicas dos materiais para correlacionar com

    os processos de fabricao nas reas de metal-mecnica, plsticos e cermicos, seguido de

    ajustagem, que pode ser considerado como etapas de usinagem e, posteriormente as duas

    grandes reas de processos de fabricao, finalizando com processamento de polmeros e de

    cermicos.

  • 82 - ENSAIOS MECNICOS

    2.1 - INTRODUO

    A nova tendncia de matrias-primas e o desenvolvimento dos processos de fabricao

    determinaram criao de mtodos padronizados de produo, e ao mesmo tempo,

    desenvolveram-se processos e mtodos de controle de qualidade dos produtos. Entende-se que

    o controle de qualidade precisa comear pela matria-prima e deve ocorrer durante todo o

    processo de produo, incluindo a inspeo e os ensaios finais nos produtos acabados.

    Todos os materiais tm propriedades distintas. A comear pela Tabela Peridica, onde

    cada elemento qumico tem um nmero e massa atmica prpria. O uso correto do material

    depende do profundo conhecimento dele e das implicaes tecnolgicas de sua obteno, por

    exemplo, metais, semicondutores, cermicos, plsticos, compsitos. Todos esses materiais

    podem ser encontrados tanto em um automvel quanto em uma espaonave.

    Os materiais acima descrito podem ser agrupados em dois grupos e quatro subgrupos:

    Materiais metlicos;

    Materiais no-metlicos.

    A tabela abaixo mostra este agrupamento.

    MATERIAIS

    METLICOS NO-METLICOS

    Ferrosos No-ferrosos Naturais Sintticos

    Aos Alumnio Madeira Vidro

    Ferros fundidos Cobre Asbesto Cermica

    Zinco Couro Plstico

    Magnsio Semicondutor (C, Ge,Si,...)

    Semicondutor (GaAs,GaAsP, CdS,...)

    Chumbo Borracha Borracha

    Tungstnio Compsito

  • 9Alguns dos materiais da tabela acima so duro e frgil, outros so moles e dcteis. Uns

    tem elevado ponto de fuso, outros tem baixo e alguns nem apresentam ponto de fuso

    definido, ou seja, os materiais apresentam propriedades fsicas e qumicas distintas.

    Propriedades fsicas: pode ser agrupadas, a esta propriedade, as propriedades mecnicas,

    trmicas, eltricas, magnticas e ticas;

    Propriedades qumicas: pode ser agrupadas, a esta propriedade, as propriedades de atividade,

    difusividade, resistncia a oxidao, resistncia a corroso.

    s vezes comum encontrar a propriedade mecnica de um material distinta da

    propriedade fsica, conforme o exemplo do polmero abaixo:

    Nome: poli (estireno-butadieno-acrilonitrila) - ABS - alto impacto

    Composio: (CH2-CH-C6H4)n

    Classificao: Polmeros

    Aplicaes: Gabinetes e caixas domsticas, caixas de televiso, telefones, batedeiras e

    liqidificadores, aspiradores de p, box para chuveiros.

    Processos: injeo, usinagem, outros.

    Propriedades MecnicasDuctilidade: 0,06 - 0,09Coeficiente de Poisson: 0,38 - 0,42Coeficiente de Atrito: 0,47 - 0,52Dureza: 70 - 140 (MPa)Mdulo de Bulk: 3 - 4,4 (GPa)Mdulo de Cisalhamento: 0,7 - 0.95 (GPa)Mdulo de Elasticidade: 1,8 - 2,7 (GPa)

  • 10

    Resistncia ao Impacto: 200 - 400 (J/m, notao Izod)Limite Elstico: 27 - 55 (MPa)Tenacidade a Ruptura: 3 - 4 (MPa.m1/2)Tenso de Escoamento:Tenso de Compresso: 60 - 100 (MPa)Tenso de ruptura por trao: 36 - 48 (MPa)Propriedades TrmicasCalor Especfico: 1.500 - 1.530 (J/kg.K)Calor latente de Fuso: No se aplicaDilatao Trmica: 70 - 95 (10-6/K)Condutividade Trmica: 0,14 - 0,22 (W/m.K)Ponto de Fuso: No se aplicaTemperatura de Transio Vtrea: 370 - 375 (K)Temperatura Mxima de Servio: 340 - 350 (K)Temperatura Mnima de Servio: 150 - 200 (K)Propriedades FsicasAbsoro de gua: 0,3 - 0,32 (%)Densidade: 1,02 - 1,1 (Mg/m3)ndice de Refrao:Flamabilidade: regularPropriedades EltricasConstante Dieltrica: 2,4 - 2,9Resistividade: 6,31 - 15,8 (1013 ohm.m)

    2.2 - DEFINIO

    2.2.1 - PROPRIEDADES MECNICAS

    As propriedades mecnicas aparecem quando o material est sujeito a esforos de natureza

    mecnica, isto , propriedades que determinam a maior ou menor capacidade de resistir ou

    transmitir esforos que lhe so aplicados. Essa capacidade necessria durante o processo de

    fabricao, como tambm durante a sua utilizao. Em termos de indstria mecnica, a

    propriedade mecnica considerada uma das mais importante para a escolha da matria-

    prima. As propriedades mecnicas as que se tem maior interesse so: resistncia a trao e

    compresso, dureza, ductilidade, fragilidade, elasticidade, plasticidade, tenacidade,

    maleabilidade.

  • 11

    Resistncia trao e compresso: a resistncia que o material oferece a esforos de

    trao ou de compresso at a sua ruptura. Esta resistncia medida atravs de ensaios de

    trao ou de compresso na mquina universal de ensaio;

    Dureza: a resistncia que o material oferece penetrao, deformao plstica

    permanente e, ou ao desgaste. Esta propriedade tem definies metalrgicas, mineralgicas e

    mecnicas. Esta resistncia medida atravs de ensaios de dureza;

    a) b)

    FIGURA 2.1 - Equipamentos de ensaios mecnicos. a) Mquina de ensaio universal; b)

    Durmetro.

    Ductilidade: a capacidade que um material tem de se deformar sem rompimento, quando

    for submetido a presso esttica;

    Fragilidade: a capacidade que um material apresenta de romper-se quando for submetido a

    impacto. Em geral, os materiais duros so tambm frgeis;

    Elasticidade: a capacidade que um material tem de se deformar, quando submetido a um

    esforo, e recuperar sua forma original, quando for cessado o esforo que o deformou;

    Plasticidade: a capacidade que um material tem de se deformar, quando submetido a um

    esforo, e manter-se deformado aps cessado o esforo que o deformou;

  • 12

    Tenacidade: a capacidade que um material tem de absorver energia at a sua ruptura,

    quando o mesmo for submetido esforos estticos ou dinmicos. Os materiais dcteis

    apresentam maior tenacidade que os materiais frgeis. O ferro fundido e o vidro so dois

    materiais frgeis, entretanto, os ferros fundidos apresentam maior tenacidade que os vidros;

    Maleabilidade: a capacidade que um material tem de se transformar em lminas quando

    submetidos a esforos estticos.

    Os ensaios mecnicos dos materiais so procedimentos padronizados mediante normas

    tcnicas que compreendem testes, clculos, grficos para a determinao de propriedades

    mecnicas. As normas tcnicas mais utilizadas pelos laboratrios de ensaios vem das

    seguintes instituies: ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas); ASTM (American

    Society for Testing and Materials); DIN (Deuches Institut fr Normung); AFNOR

    (Association Franaise de Normalisation); BSI (British Standards Institution); ASME

    (American Society of Mechanical Engineer); ISO (International Organization for

    Standardization); JIS (Japanese Industrial Standards); SAE (Society of Automotive

    Engineers). Realizar um ensaio consiste em submeter um objeto j fabricado ou um material

    que vai ser processado industrialmente a situaes que simulam esforos nas condies reais

    de uso, chegando a limites extremos de solicitao. Os ensaios mecnicos padronizados so

    realizados em laboratrios equipados adequadamente para levantamento de dados, entretanto,

    alguns ensaios no padronizados para uma anlise prvia, pode ser feita em oficina como o

    ensaio por lima (verificao de dureza por meio do corte de cavaco) e o ensaio em esmeril

    (verificao do teor de carbono em um ao atravs da anlise da centelha).

    2.3 - TIPOS DE ENSAIOS MECNICOS

    Existem vrios critrios para classificar os ensaios mecnicos. A classificao mais

    utilizada a que separa em dois grupos:

    ensaios destrutivos: so aqueles que ocorrem mediante a destruio do corpo de prova ou

    pea ou que deixam algum sinal, mesmo que estes no fiquem inutilizados. Estes ensaios so:

    Trao, Compresso, Cisalhamento, Dobramento, Flexo, Embutimento, Toro, Dureza,

    Fluncia, Fadiga, Impacto.

  • 13

    ensaios no destrutivos: so aqueles que aps sua realizao no deixam nenhuma marca ou

    sinal e, por conseqncia, nunca inutilizam a pea ou corpo de prova. Por esta razo, podem

    ser usados para detectar falhas em produtos acabados ou semi-acabados. Estes ensaios so:

    Lquido Penetrante, Partculas Magnticas, Ultra-som e Radiografia Industrial.

    2.3.1 - ENSAIO DE TRAO

    O ensaio de trao consiste em submeter uma pea ou corpo de prova a um esforo que

    tende along-lo at a ruptura, desta forma, possvel conhecer como os materiais reagem aos

    esforos ou cargas de trao, que so lidos na prpria mquina de ensaio ou atravs de um

    computador acoplado que registra as cargas e as deformaes ocorridas, e quais os limites de

    trao que suportam. Atravs deste ensaio, pode-se determinar a tenacidade de um material.

    Pode-se afirmar que uma pea est submetida a esforos de trao, quando uma

    carga normal F ( tem a direo do eixo da pea), atuar sobre a rea de seco transversal da

    pea. Quando a carga atuar no sentido dirigido para o exterior da pea, a pea est

    tracionada.

    A

    F F

    FIGURA 2.2 - Pea tracionada.

    s =FA

    F

    FIGURA 2.3 - Tenso de trao.

    Como exemplo de peas tracionadas, tem-se as correias, os parafusos, os cabos de ao,

    correntes. Esta tenso tambm denominada de tenso normal de trao. A carga normal F,

    que atua na pea, origina nesta, uma tenso normal s (sigma), que determinada atravs da

    relao entre a intensidade da carga aplicada F, e a rea de seo transversal da pea A.

  • 14

    onde:

    ss - tenso normal [ N/mm2; MPa; ...]

    F - fora normal ou axial [N; kN; ...]

    A - rea da seco transversal da pea [m2; mm2; ...]

    No Sistema Internacional, a fora expressa em Newtons (N), a rea em metros

    quadrados (m2). A tenso (s) ser expressa, ento, em N/m2, unidade que denominada

    Pascal (Pa). Na prtica, o Pascal torna-se uma medida muito pequena para tenso, ento usa-

    se mltiplos desta unidade, que so o quilopascal (kPa), megapascal (MPa) e o gigapascal

    (GPa).

    1 Pa 1 N/m2

    1 MPa 1 N/mm2

    1 GPa 1 KN/mm2

    1 GPa 103 MPa

    1 MPa 0,102 kgf/mm2

    A aplicao de uma fora axial de trao em um corpo de prova, produz uma

    deformao neste corpo, embora muitas vezes no perceptvel a olho. Esta deformao

    seguida de um aumento no seu comprimento com diminuio da rea da seco transversal,

    conforme ilustra a figura abaixo. Antes do ensaio so medidas a rea de seo transversal

    A0 do CP e a distncia L0 entre dois pontos marcados neste.

    Lo

    A0

    a)

    AfFF

    Lf

    b)

    FIGURA 2.4 - Corpo de prova de ensaio de trao. a) antes do ensaio; b) aps o ensaio.

  • 15

    No ensaio de trao, o CP submetido a um carga normal F. A medida que este

    carregamento aumenta, pode-se medir o aumento na distncia entre os pontos marcados, o

    alongamento, e a reduo da rea na seco transversal, a estrico, at a ruptura do material.

    O alongamento, cuja expresso matemtica D = -L Lf 0, geralmente confundido com a

    deformao. A deformao longitudinal de um material, definida como: e =-L LL

    f 0

    0

    .

    onde:

    e - deformao [mm/mm; mm/m; % ]

    Lo - comprimento inicial do CP [mm, cm, ...]

    Lf - comprimento final do CP [mm, cm, ...]

    Embora a deformao uma razo do alongamento com o comprimento inicial, sendo

    portanto adimensional, muito comum entre tcnicos a unidade mm/m pois d uma idia

    rpida do alongamento de um corpo com 1 metro de comprimento.

    H dois tipos de deformao que ocorrem quando um material submetido a um

    esforo: a elstica e a plstica. A deformao elstica no permanente. Uma vez cessados os

    esforos, o material volta a sua forma original. Esta afirmao tem carter macroscpico, visto

    que ocorrem discordncias irreversveis aps a aplicao de uma carga.; A deformao

    plstica permanente. Cessado os esforos, o material no volta a sua forma original.

    2.3.1.1 - Diagrama tenso - deformao

    Durante o ensaio de trao, as mquinas de ensaio realizam a relao F x D (fora x

    alongamento) na qual ocorre variao da carga aplicada e conseqentemente o alongamento

    (Lf - L0) do corpo de prova e se considerar que a rea da seo transversal invarivel, pode-

    se fazer a razo da fora pela rea da seco transversal inicial (F

    A0) e do alongamento pelo

    comprimento inicial (L L

    Lf 0

    0

    -), resultando o diagrama tenso - deformao (ss x ee). A0

    rea de seco transversal inicial [mm2, cm2, ...]

  • 16

    O diagrama tenso - deformao varia muito de material para material, e ainda, para

    uma mesmo material podem ocorrer resultados diferentes devido a variao de temperatura do

    corpo de prova e da velocidade da carga aplicada, e principalmente pela anisotropia. Entre os

    diagramas s x e de vrios grupos de materiais possvel, no entanto, distinguir algumas

    caractersticas comuns; elas nos levam a dividir os materiais em duas importantes categorias,

    que so os materiais dteis e os materiais frgeis.

    FIGURA 2.5 - Comportamento dos materiais atravs do diagrama ssx ee.

    Os materiais dcteis, como o ao, alumnio, cobre, bronze, lato, nquel e outros, so

    caracterizados por apresentarem escoamento temperaturas normais. O corpo de prova

    submetido a carregamento crescente, e com isso seu comprimento aumenta, de incio lenta e

    proporcionalmente ao carregamento. Desse modo, a parte inicial do diagrama uma linha reta

    com grande coeficiente angular. Entretanto, quando atingido um valor crtico de tenso

    (tenso de escoamento - sE ), o corpo de prova sofre uma grande deformao com pouco

    aumento da carga aplicada. Quando o carregamento atinge um certo valor mximo, o dimetro

    do CP comea a diminuir, devido a perda de resistncia local. A esse fenmeno dado o

    nome de estrico:

    Y =-

    A A

    Af 0

    0

    100

    onde:

    y - estrico [%]

    A0 - rea de seco transversal inicial [mm2, cm2, ...]

    Af - rea da seco transversal final [mm2, cm2, ...]

  • 17

    Aps ter comeado a estrico, um carregamento mais baixo o suficiente para a

    deformao do corpo de prova, at a sua ruptura. A tenso ssE correspondente ao incio do

    escoamento chamada de tenso de escoamento do material; a tenso ssR correspondente a

    carga mxima aplicada ao material conhecida como tenso de resistncia, e a tenso ssr

    correspondente ao ponto de ruptura chamada tenso de ruptuta.

    a) b)

    FIGURA 2.6 - Material dctil. a) diagrama ss x ee; b) aspecto da fratura.

    Materiais frgeis, como ferro fundido, vidro e pedra, so caracterizados por uma

    ruptura que ocorre sem nenhuma mudana sensvel no modo de deformao do material.

    Ento para os materiais frgeis no existe diferena entre tenso de resistncia e tenso de

    ruptura. Alm disso, a deformao at a ruptura muito menor nos materiais frgeis do que

    nos materiais dcteis. No h estrico nos materiais frgeis e a ruptura se d em uma

    superfcie perpendicular ao carregamento.

  • 18

    a) b)

    FIGURA 2.7 - Material frgil. a) diagrama ss x ee; b) aspecto da fratura.

    2.3.1.2 - Propriedades mecnicas avaliadas

    A figura abaixo, que representa um diagrama tenso - deformao de um material com

    incluses no-metlicas (Fe3C, AlSi, ...) em aos e algumas ligas de alumnio, mostra algumas

    propriedades significantes que so:

    FIGURA 2.8 - diagrama ss x ee para ligas do tipo ao baixo carbono.

    ssp - Tenso Limite de Proporcionalidade: Representa o valor mximo da tenso, abaixo do

    qual o material obedece a lei de Hooke.

    ssE - Tenso Limite de Escoamento: A partir deste ponto aumentam as deformaes sem que

    se altere, praticamente, o valor da tenso. Quando se atinge o limite de escoamento, diz-se que

    o material passa a escoar-se.

  • 19

    ssR - Tenso Limite de Resistncia: A tenso correspondente a este ponto recebe o nome de

    limite de resistncia ou resistncia a trao, pois corresponde a mxima tenso atingida no

    ensaio de trao.

    ssr - Tenso de Ruptura: A tenso correspondente a este ponto recebe o nome de limite de

    ruptura; a que corresponde a ruptura do corpo de prova.

    Regio Elstica: O trecho da curva tenso - deformao, compreendido entre a origem e o

    limite de proporcionalidade, recebe o nome de regio elstica.

    Regio Plstica: Chama-se regio plstica o trecho compreendido entre o limite de

    proporcionalidade e o ponto correspondente a ruptura do material.

    A tenacidade e o mdulo de elasticidade longitudinal, geralmente representada pela

    letra E, so duas outras propriedades mecnicas que podem ser tiradas deste diagrama

    atravs de clculos. A tenacidade pode ser determinada atravs da rea da curva de tenso -

    deformao com a abcissa (deformao), enquanto que o mdulo de elasticidade longitudinal

    determinado atravs de: E tg= a . O mdulo de elasticidade longitudinal s vlido para a

    regio que obedece a Lei de Hooke, ou seja, no regime elstico.

    Lei de Hooke

    No trecho inicial do diagrama da figura acima, a tenso s diretamente proporcional

    deformao e e pode-se escrever: E =se

    . Essa relao conhecida como Lei de Hooke, e

    se deve ao matemtico ingls Robert Hooke (1.635-1.703). O coeficiente E chamado

    mdulo de elasticidade longitudinal, ou mdulo de Young (cientista ingls, 1.773-1.829), que

    determinado pela fora de atrao entre tomos dos materiais, isto , quando maior a atrao

    entre tomos, maior o seu mdulo de elasticidade. Exemplos: Eao = 2,1 x 104 kgf/mm2,

    Ealumnio = 0,7 x 104 kgf/mm2, etc. Esta propriedade tambm anisotrpica, pois depende do

    material ser monocristalino, direo de crescimento do cristal, material, e no caso de

    policristalino, a orientao e tamanho dos cristais (gros). A tabela abaixo mostra o mdulo de

    elasticidade longitudinal de alguns materiais de engenharia.

  • 20

    Metal Mdulo deElasticidadeLongitudinal(kgf/mm2)

    Liga Mdulo deElasticidadeLongitudinal(kgf/mm2)

    Ferro, nquel, cobalto 21.000 Aos-carbono e aos-liga

    21.000

    Molibdnio,tungstnio

    35.000 Aos inoxidveisaustenticos

    19.600

    Cobre 11.900 Ferro FundidoNodular

    14.000

    Alumnio 7.000 Bronzes e lates 7.700 - 11.900

    Magnsio 4.550 Bronzes de manganse ao silcio

    10.500

    Zinco 9.800 Bronzes de alumnio 8.400 - 13.300

    Zircnio 10.150 Ligas de alumnio 7.000 - 7.450

    Estanho 4.200 Monel 13.000 - 18.200

    Berlio 25.700 Hastelloy 18.900 - 21.500

    smio 56.000 Invar (nquel-ferro) 14.000

    Titnio 10.000 Inconel 16.000

    Chumbo 1.750 Illium 18.700

    Rdio 29.750 Ligas de titnio 11.200 - 12.100

    Nibio 10.500 Ligas de magnsio 4.550

    Ouro, prata 7.850 Ligas de estanho 5.100 - 5.400

    Platina 18.800 Ligas de chumbo 1.400 - 2.950

    Sendo E =se

    e s e= E e tambm que s =FA

    e e =-L LL

    f 0

    0

    , pode-se tirar a

    seguinte expresso para clculos de alongamento no regime elstico: D =

    F LA

    0

    0 E. O

    alongamento ser positivo, quando a carga aplicada tracionar a pea, e ser negativo quando a

    carga aplicada comprimir a pea.

    +DL0

    Lf

    -D

    L0

    Lf

    Pea tracionada Pea comprimida

    FIGURA 2.9 - Alongamentos na trao e na compresso.

  • 21

    A lei de Hooke, em toda a sua amplitude, abrange tambm a deformao transversal

    que, em caso de CP cilndrico, dado por: e t =-D DD

    f 0

    0

    , onde D a medida nominal do

    dimetro do corpo de prova submetida a ao de carga normal. O coeficiente de Poisson (nn)

    determinado pela relao nee

    =t

    . Observe que o coeficiente de poisson ter um valor negativo

    tanto para a trao quanto para a compresso em virtude dos sinais contrrios da deformao

    longitudinal e deformao transversal.

    A curva de tenso - deformao descrita acima chamada de curva de engenharia,

    onde pode-se tirar valores apropriados at o momento em que se atinge a carga mxima.

    Tendo em vista que a rea da seco transversal diminui medida que amplia-se a carga no

    corpo de prova, e que a partir do momento que se atinge a carga mxima, comea ocorrer

    fratura no sentido de dentro para fora, a rea da seco transversal comea a reduzir-se de

    forma brusca. Como a tenso a razo entre fora e rea da seco transversal, ocorre na

    realidade um aumento de tenso que obedece uma funo logartima. A figura abaixo

    representa esta considerao da determinao da curva real de tenso.

    e

    s Curva real

    Curva de engenharia

    FIGURA 2.10 - Curvas de tenses reais e de engenharia.

    A tenso real, sreal , definida por: s real =FA

    , onde F e A so as foras e reas da

    seco transversal em cada instante. Da mesma forma, pode-se definir a deformao

    longitudinal real a cada instante dado por: e real LL d

    = =

    LL

    LL0 00

    ln . Supondo que a deformao

  • 22

    ao longo do corpo de prova seja uniforme e admitindo-se volume constante pode-se

    demonstrar que: ( )e ereal = ln1+ ; ( )s s ereal = +1 .

    2.3.1.3 - Corpos de prova

    O ensaio de trao feito em corpos de prova com caractersticas especificadas de

    acordo com normas tcnicas. Geralmente utilizam-se corpos de prova de seo circular ou de

    seo retangular. Estas condies dependem dos acessrios da mquina de ensaio de trao e

    tambm dependem da forma e tamanho do produto acabado do qual foram retirados, como

    mostram as figuras a seguir.

    FIGURA 2.11 - Mquina de ensaio e registrador.

  • 23

    FIGURA 2.12 - Corpos de prova.

    A parte til do corpo de prova, identificada no desenho anterior por L0, a regio onde

    so feitas as medidas das propriedades mecnicas do material. As cabeas so as regies

    extremas, que servem para fixar o corpo de prova mquina de modo que a fora de trao

    atuante seja axial. Devem ter seo maior do que a parte til para que a ruptura do corpo de

    prova no ocorra nelas. Suas dimenses e formas dependem do tipo de fixao mquina. Os

    tipos de fixao mais comuns so: cunha, rosca, flange.

    FIGURA 2.13 - Tipos de fixao.

    Entre as cabeas e a parte til h um raio de concordncia para evitar que a ruptura

    ocorra fora da parte til do corpo de prova. O comprimento da parte til dos corpos de prova

    utilizados nos ensaios de trao deve corresponder a 5 vezes o dimetro da seo da parte til.

    Sempre que possvel um corpo de prova deve ter 10 mm de dimetro e 50 mm de

    comprimento inicial. No sendo possvel a retirada de um corpo de prova deste tipo, deve-se

  • 24

    adotar um corpo com dimenses proporcionais a essas medidas. Corpos de prova com seo

    retangular so geralmente retirados de placas, chapas ou lminas. Suas dimenses e

    tolerncias de usinagem so normalizadas pela ISO/ R377 enquanto no existir norma

    brasileira correspondente. A norma brasileira (NBR - 6152, dez./1980) somente indica que os

    corpos de prova devem apresentar bom acabamento de superfcie e ausncia de trincas.

    Em materiais soldados, podem ser retirados corpos de prova com a solda no meio ou

    no sentido longitudinal da solda, figura abaixo. Os ensaios dos corpos de prova soldados

    normalmente determinam apenas o limite de resistncia trao. Ao efetuar o ensaio de trao

    de um corpo de prova com solda, tensiona-se simultaneamente dois materiais de propriedades

    diferentes (metal de base e metal de solda). Os valores obtidos no ensaio no representam as

    propriedades nem de um nem de outro material, pois umas so afetadas pelas outras. O limite

    de resistncia trao tambm afetado por esta interao, mas determinado mesmo assim

    para finalidades prticas.

    Para preparar o corpo de prova para o ensaio de trao deve-se medir o dimetro do

    corpo de prova em vrios pontos na parte til, utilizando um micrmetro, e calcular a mdia.

    Por fim, deve-se traar as divises no comprimento til. Em um corpo de prova de 50 mm de

    comprimento, as marcaes devem ser feitas de 5 em 5 mm.

    FIGURA 2.14 - Preparao de corpo de prova.

  • 25

    Aps o ensaio, junta-se da melhor forma possvel, as duas partes do corpo de prova.

    Procura-se o risco mais prximo da ruptura e conta-se a metade das divises (n/2) para cada

    lado. Mede-se ento o comprimento final, que corresponde distncia entre os dois externos

    dessa contagem. Este o mtodo para determinar o comprimento final quando a ruptura

    ocorre no centro da parte til do corpo de prova.

    FIGURA 2.15 - Ruptura do corpo de prova no centro.

    Quando a ruptura ocorre fora do centro, de modo a no permitir a contagem de n/2

    divises de cada lado, deve-se adotar o seguinte procedimento normalizado:

    Toma-se o risco mais prximo da ruptura.

    Conta-se n/2 divises de um dos lados.

    Acrescentam-se ao comprimento do lado oposto quantas divises forem necessrias para

    completar as n/2 divises.

    A medida de Lf ser a somatria de L+ L, conforme mostra a figura a seguir.

    FIGURA 2.16 - Ruptura do corpo de prova fora de centro.

  • 26

    2.3.1.4 - Limite de escoamento: valores convencionais

    O limite de escoamento , em algumas situaes, alternativo ao limite elstico, pois

    tambm delimita o incio da deformao permanente (um pouco acima). Ele obtido

    verificando-se a parada do ponteiro na escala da fora durante o ensaio e o patamar formado

    no grfico exibido pela mquina. Com esse dado possvel calcular o limite de escoamento

    do material. Entretanto, vrios metais no apresentam escoamento, e mesmo nas ligas em que

    ocorre ele no pode ser observado, na maioria dos casos, porque acontece muito rpido e no

    possvel detect-lo. Por essas razes, foram convencionados alguns valores para determinar

    este limite. O valor convencionado (n) corresponde a um alongamento percentual. Os valores

    de uso mais freqente so:

    n = 0,2%, para metais e ligas metlicas em geral;

    n = 0,1%, para aos ou ligas no ferrosas mais duras;

    n = 0,01%. para aos-mola e ferros fundidos.

    Graficamente, o limite de escoamento dos materiais citados pode ser determinado pelo

    traado de uma linha paralela ao trecho reto do diagrama tenso-deformao, a partir do ponto

    n. Quando essa linha interceptar a curva, o limite de escoamento estar determinado, como

    mostra a figura abaixo.

    FIGURA 2.17 - Determinao do Limite de Escoamento.

  • 27

    2.3.2 - ENSAIO DE COMPRESSO

    O ensaio de compresso consiste em submeter uma pea ou corpo de prova a um

    esforo que tende a encurt-lo at a ruptura, desta forma, possvel conhecer como os

    materiais reagem aos esforos ou cargas de compresso. O ensaio de compresso o mais

    indicado para avaliar essas caractersticas, principalmente quando se trata de materiais frgeis,

    como ferro fundido, madeira, pedra e concreto. tambm recomendado para produtos

    acabados, como molas e tubos.

    F

    A

    F

    Fs =

    FA

    FIGURA 2.18 - Esquema da compresso.

    No se costuma utilizar ensaios de compresso para os metais, em virtude que a

    resistncia compresso aproximadamente igual a da trao. Nos ensaios de compresso, os

    corpos de prova so submetidos a uma fora axial para dentro, distribuda de modo uniforme

    em toda a seo transversal do corpo de prova. Do mesmo modo que o ensaio de trao, o

    ensaio de compresso pode ser executado na mquina universal de ensaios, com a adaptao

    de duas placas lisas uma fixa e outra mvel. E entre elas que o corpo de prova apoiado e

    mantido firme durante a compresso. As relaes matemticas para a trao valem tambm

    para a compresso, isso significa que um corpo submetido a compresso tambm sofre uma

    deformao elstica seguido de uma deformao plstica. Nos ensaios de compresso, a lei de

    Hooke tambm vale para a fase elstica da deformao, e possvel determinar o mdulo de

    elasticidade para diferentes materiais.

  • 28

    2.3.2.1 - Limitaes do ensaio de compresso

    O ensaio de compresso no muito utilizado para os metais em razo das

    dificuldades para medir as propriedades avaliadas neste tipo de ensaio. Os valores numricos

    so de difcil verificao, podendo levar a erros. Um problema que sempre ocorre no ensaio

    de compresso o atrito entre o corpo de prova e as placas da mquina de ensaio.

    a) b)

    FIGURA 2.19 - Ensaio de compresso. a) normal; b) flambagem.

    A deformao lateral do corpo de prova barrada pelo atrito entre as superfcies do

    corpo de prova e da mquina. Para diminuir esse problema, necessrio revestir as faces

    superior e inferior do corpo de prova com materiais de baixo atrito (parafina, teflon etc).

    Outro problema a possvel ocorrncia de flambagem, isto , encurvamento do corpo de

    prova. Isso decorre da instabilidade na compresso do metal dctil. Dependendo das formas

    de fixao do corpo de prova, h diversas possibilidades de encurvamento, conforme mostra a

    figura acima.

    A flambagem ocorre principalmente em corpos de prova com comprimento maior em

    relao ao dimetro. Por esse motivo, dependendo do grau de ductilidade do material,

    necessrio limitar o comprimento dos corpos de prova, que devem ter de 3 a 8 vezes o valor

    de seu dimetro. Em alguns materiais muito dcteis esta relao pode chegar a 1:1 (um por

    um). Outro cuidado a ser tomado para evitar a flambagem o de garantir o perfeito

    paralelismo entre as placas do equipamento utilizado no ensaio de compresso. Deve-se

  • 29

    centrar o corpo de prova no equipamento de teste, para garantir que o esforo de compresso

    se distribua uniformemente.

    2.3.2.2 - Ensaio de compresso em materiais dcteis

    Nos materiais dcteis a compresso vai provocando uma deformao lateral

    aprecivel. Essa deformao lateral prossegue com o ensaio at o corpo de prova se

    transformar num disco, sem que ocorra a ruptura. Em virtude disto que o ensaio de

    compresso de materiais dcteis fornece apenas as propriedades mecnicas referentes zona

    elstica. As propriedades mecnicas mais avaliadas por meio do ensaio so: limite de

    proporcionalidade, limite de escoamento e mdulo de elasticidade.

    FIGURA 2.20 - Ensaio de compresso em materiais dcteis.

    2.3.2.3 - Ensaio de compresso diametral

    Para materiais com elevado mdulo de elasticidade, que o caso de muitos materiais

    metlicos e cermicos, a teoria mais conhecida a teoria das tenses de Hertz ou tenses de

    contato, amplamente utilizada no dimensionamento de elementos de mquinas, onde temos

    situaes estabelecendo superfcies planas e curvas em contato, pressionadas umas contra

    outras, resultando um estado triaxial de tenses. Quando isto ocorre, o ponto ou linha de

    contato passa a ser efetivamente a rea de contato, desenvolvendo-se nestas regies tenses

    tridimensionais, como, por exemplo, tenses de contato entre uma roda e um trilho, ou entre

    duas rodas dentadas. A figura abaixo mostra o esquema do mtodo do Ensaio de Compresso

    Diametral que baseado nas normas brasileiras ABNT MB-212/58 e NBR-7222/83.

  • 30

    P P

    PP

    LD

    FIGURA 2.21 - Esquema de esforos aplicados em um corpo de prova cilndrico de

    dimenses D e L.

    A medida da fora de ruptura nos permite determinar a tenso limite de resistncia

    trao simples, ou seja, a tenso de trao de ruptura, de acordo com a equao: sp

    =

    2 PD L

    ,

    onde: s a tenso limite de resistncia trao simples [MPa], P a carga de ruptura [N], D

    o dimetro [mm] do corpo de prova e L [mm] a espessura do corpo de prova.

    As distribuies de tenses esto representadas na figura abaixo.

    P

    P

    FIGURA 2.22 - Representao esquemtica da distribuio das tenses de compresso e

    de trao.

    Ensaios de achatamento de tubos Consiste em colocar uma amostra de um segmento de

    tubo deitada entre as placas da mquina de compresso e aplicar carga at achatar a amostra.

    O ensaio aplicado o de compresso diametral. A distncia final entre as placas, que varia

    conforme a dimenso do tubo, deve ser registrada. O resultado avaliado pelo aparecimento

    ou no de fissuras, ou seja, rachaduras, sem levar em conta a carga aplicada. Este ensaio

  • 31

    permite avaliar qualitativamente a ductilidade do material, do tubo e do cordo de solda do

    mesmo, pois quanto mais o tubo se deformar sem trincas, mais dctil ser o material.

    Ensaios em molas Para determinar a constante elstica de uma mola, ou para verificar sua

    resistncia, faz-se o ensaio de compresso. Para determinar a constante da mola, constri-se

    um grfico tenso-deformao, obtendo-se um coeficiente angular que a constante da mola,

    ou seja, o mdulo de elasticidade. Por outro lado, para verificar a resistncia da mola,

    aplicam-se cargas predeterminadas e mede-se a altura da mola aps cada carga.

    FIGURA 2.23 - Ensaios em molas.

    Exerccios resolvidos

    1) Um ao de baixo carbono (SAE 1010) tem como tenso de ruptura 40 Kgf/mm2.Considerando que o corpo de prova tem dimetro nominal de 10 mm, qual ser a fora deruptura?

    a) Dados:

    sr = 40 Kgf/mm2

    D = 10 mm

    Fr = ?

    b) Frmulas:

    s =FA

    AD

    =p 2

    4

    c) Soluo:

    [ ]A

    D= =

    =

    p p2 2

    4 4785

    10 mm mm2,

    s s= = FA

    F A

    F A= = s 40Kgfmm

    78,5 mm22

    F = 3.140 Kgf

  • 32

    2) Considerando que um corpo de prova de ao SAE 1070 tem um dimetro nominal de 15mm e a fora com que o material se rompeu foi de 16.570 Kgf. Qual a tenso de traode ruptura (em MPa) que este ao apresenta?

    a) Dados:

    sr = ?

    D = 15 mm

    Fr = 7.800 Kgf

    b) Frmulas:

    s =FA

    AD

    =p 2

    4

    c) Soluo:

    [ ]A

    D= =

    =

    p p2 2

    4 4176625

    15 mm mm2,

    s = = =FA

    16570 Kgf176,625 mm

    93 Kgfmm2 2

    ,8

    s = =93 Kgfmm

    920,3 MPa2,8

    3) Calcule a deformao sofrida por um corpo de prova de 15 cm de comprimento e que apso ensaio de trao apresentou 16 cm de comprimento.

    a) Dados:

    lo = 15 cm

    lf = 16 cm

    e = ?

    b) Frmulas:

    e =-l l

    l

    f o

    o

    c) Soluo:

    e =-l l

    l

    f o

    o

    e =-

    =-

    = -l l

    l

    f o

    o

    16 1515

    667102,

    4) Uma liga de alumnio possui um Mdulo de Elasticidade Longitudinal de 7.040 Kgf/mm2

    e um limite de escoamento de 28 Kgf/mm2. Pede-se:

    Qual a carga que pode ser suportado por um fio de 1,74 mm de dimetro sem que ocorradeformao permanente?

  • 33

    a) Dados:

    se = 28 Kgf/mm2

    D = 1,74 mm

    Fe = 7.800 Kgf

    b) Frmulas:

    s =FA

    AD

    =p 2

    4

    c) Soluo:

    ( )A

    D=

    =

    =

    p p22

    4 41,74 mm

    2,377 mm2

    s s= = = FA

    F A 28Kgfmm

    2,377 mm22

    F A= =s 66,54 Kgf

    Se uma carga de 44 kgf suportada por um fio de 3,05 mm de dimetro, qual ser adeformao?

    a) Dados:

    E = 7.040 Kgf/mm2

    e = ?

    s = ?

    F = 44 Kgf

    D = 3,05 mm

    b) Frmulas:

    E =se

    AD

    =p 2

    4

    s =FA

    s e= E

    c) Soluo:

  • 34

    ( )A

    D= =

    =

    p p22

    4 43,05 mm

    7,30 mm2

    s = = =FA

    44 Kgf7,30 mm

    6,02 Kgfmm2 2

    EE

    = =se

    es

    es

    = = = -E

    6,02 Kgfmm

    7.040 Kgfmm

    2

    2

    855104,

    Exerccios propostos

    1) Explique o comportamento de materiais dteis e frgeis utilizando diagrama s x e.2) Mostre esquematicamente os estgios na formao taa-cone e explique resumidamente.3) Por que se deve garantir o paralelismo entre as placas da mquina de ensaio e limitar o

    comprimento dos corpos de prova nos ensaios de compresso?4) O que tenacidade?

    5) Por qu se faz ensaios de materiais?

    6) Cite 4 tipos de ensaios destrutivos!

    7) O que Mdulo de Elasticidade Longitudinal?8) O Que limite de escoamento?9) O que deformao plstica?

    10) Como se mede a tenacidade em um diagrama s x e?11) O que flambagem?12) Um ao de mdio carbono que apresenta o Mdulo de Elasticidade Longitudinal de

    21.000 Kgf/mm2 e Tenso de escoamento de 31,5 Kgf/mm2, qual a mximadeformao que o material pode apresentar obedecendo o regime elstico?

    Resposta: e = 0,15%13) Qual a tenso limite de resistncia compresso de um material que tem 400 mm2 de

    rea da seo transversal e se rompeu com uma carga de 760 KN?

    Resposta: s = 1.900MPa

    14) Uma barra de alumnio de possui uma seco transversal quadrada com 60 mm de lado, oseu comprimento de 0,8m. A carga axial aplicada na barra de 30 kN. Determine o seualongamento. Eal = 0,7x10

    5 MPa.

    Resposta: D = 0,095mm

  • 35

    2.3.3 - ENSAIO DE FLEXO

    O ensaio de flexo geralmente feito de modo a reproduzir, no laboratrio, as

    condies da prtica. Desse modo, possvel criar vrias maneiras de se efetuar esse ensaio,

    desde que a pea possa ser adaptada diretamente em uma mquina comum. Muitas vezes, so

    feitos ensaios de flexo em produtos contendo partes soldadas ou unidas por qualquer tipo de

    juno, e a carga aplicada prximo extremidade de uma das partes at que haja inicio de

    ruptura na juno, ficando a outra extremidade presa por meio de dispositivos; assim, pode-se

    verificar at que esforo de flexo a pea pode sofrer sem se romper. Materiais frgeis como

    ferro fundido cinzento, aos-ferramenta ou carbonetos sinterizados so frequentemente

    submetidos a um tipo de ensaio de dobramento, denominado dobramento transversal, que

    mede sua resistncia e ductilidade (alm da possibilidade de se avaliar tambm a tenacidade e

    resilincia desses materiais). Entretanto, sempre que possvel, o ensaio de trao tambm deve

    ser realizado, ficando o dobramento transversal como uma espcie de ensaio substituto.

    Quanto mais duro for o material, maior aplicao ter esse ensaio, porque a facilidade de

    execuo torna-o mais rpido que a usinagem de um corpo de prova para ensaio de trao. No

    entanto, para materiais muito frgeis, os resultados obtidos so muito divergentes, variando

    at 25% de modo que, para esses casos, deve-se fazer sempre vrios ensaios para se

    estabelecer um valor mdio.

    2.3.3.1 - Significado de flexo

    Flexo a solicitao que tende a modificar a direo do eixo geomtrico de uma pea.

    A flexo de uma barra pode ser obtida nas seguintes condies:

    a barra pode ter suas duas extremidades engastadas;

    as duas apoiadas;

    uma engastada e outra apoiada;

    em balano;

  • 36

    Por outro lado, a carga defletora pode ser:

    concentrada ou distribuda;

    estar aplicada numa das extremidades;

    no meio ou em um ponto qualquer.

    Alm disso, a barra pode ser vertical ou horizontal. Os casos mais simples so:

    flexo plana circular;

    flexo plana normal.

    Quando se tem uma barra de seco retangular de comprimento L, altura a, e

    largura b da seco normal, e no centro est aplicado uma fora cortante F, conforme

    indica a figura abaixo. Os elementos internos da barra estaro sujeitos a um sistema de tenses

    de compresso e trao, mas h um plano em que no h tenso, ou seja, tenso resultante

    zero. Este plano geralmente denominado de linha neutra.

    F

    F FFFFF Ff

    FIGURA 2.24 - Flexo em uma barra de seco retangular.

  • 37

    FIGURA 2.25 - Elemento da barra submetido a flexo.

    A tenso fletora dada pela expresso matemtica s = M c

    If

    , onde: s a tenso

    fletora (tenso normal de compresso ou de trao); Mf o momento fletor; I o momento de

    inrcia da seco transversal; c a distncia da linha neutra a fibra mais afastada. O sinal

    positivo e negativo corresponde as tenses de trao e de compresso respectivamente.

    Na linha neutra, vista sob um plano, a tenso resultante zero.

    No caso de flexo pura, como o caso descrito acima, a linha neutra torna a forma de

    um arco de circunferncia em circular plana, onde cada seco infinitesimal da barra est em

    equilbrio sob a ao de momentos fletores iguais e opostos, de mdulo Mf. a flecha f do

    arco de circunferncia (deflexo da barra) dada pela expresso matemtica: fE I

    =

    148

    F L,

    onde E o mdulo de elasticidade longitudinal ou mdulo de Young, I o mdulo de

    flexo plana ou momento de inrcia, que cada perfil tem seu valor prprio. Quanto maior for o

    momento de inrcia da seco retangular menor ser a flexo, para um dado material e um

    determinado momento fletor. Isto significa que a posio da viga tem grande influncia na

    resistncia a flexo. A figura abaixo mostra o caso da flexo plana normal produzida por uma

    fora F aplicada na extremidade livre de uma barra de balano, com uma extremidade

    engastada.

  • 38

    FIGURA 2.26 - Viga em balano com engaste rgido sendo fletida por uma fora Faplicada em sua extremidade.

    Neste caso, no se tem uma flexo pura, mas uma combinao de flexo e

    cisalhamento, devido reao do engaste rgido que, no equilbrio, equivale a uma fora F,

    igual e oposta a F, mais um momento binrio oposto ao gerado pelo par FF. Existe ainda um

    caso de flexo, a flanbagem, muito freqente e importante no clculo de estruturas metlicas e

    concreto armado, que aquele provocado por uma carga vertical aplicada numa barra vertical,

    quando esta foge levemente de sua posio axial. O equilbrio, que inicialmente era

    conseguido por compresso axial da barra, se rompe quando o esforo aplicado foge

    ligeiramente da rea da seco retangular, produzindo uma flexo crescente e quase que

    incontrolvel.

    Em primeira deformao e dentro de um campo limitado de deformaes, os corpos

    slidos reais obedecem lei de Hooke. As deformaes perfeitamente elsticas em geral s

    ocorrem no incio do processo. Com o tempo, o esforo e a deformao atingem valores

    assintticos, podendo haver a ruptura do material, a fadiga do mesmo, ou a variao da sua

    tenso elstica, em que, aps a aplicao sucessiva de esforos de trao ou compresso,

    permanece uma deformao residual; o efeito de esfoliao ou clivagem em placas em

    determinadas direes e em certos materiais cristalinos, como, por exemplo, a calcita e a

    mica. No dimensionamento das peas flexo admitem-se apenas deformaes elsticas. A

    tenso de trabalho fixada pelo fator de segurana ou pela tenso admissvel. A frmula da

    tenso aplicada nas seces onde pode haver ruptura do material, ou seja , nas regies que se

    tem momento fletor mximo que produzir tenses de compresso e de trao mximas, a

    qual poder ser superior a tenso de resistncia do material. O momento de inrcia de uma

  • 39

    seco retangular segundo um sistema de eixo carteziano YZ :I y =a b3

    12 (em relao ao

    eixo Y) e I z =b a3

    12 (em relao ao eixo Z). Para uma seco circular, o momento de inrcia

    em relao ao eixoY ou Z : I =p D4

    64, onde D o dimetro da seco circular.

    2.3.3.2 - Mtodo do ensaio de flexo

    A resistncia flexo definida como a tenso mxima de trao na ruptura e

    denominado freqentemente como mdulo de ruptura, MOR , do ingls modulus of

    rupture. A resistncia a flexo determinada atravs de frmulas acima descritas e envolve

    clculos de resistncia dos materiais para a determinao do momento fletor mximo. H

    atualmente dois ensaios empregados: o mtodo de ensaio a trs pontos, e o mtodo de ensaio

    de quatro pontos. As figuras abaixo esquematizam estes mtodos.

    F

    L

    Diagrama de momento fletor

    Distribuio de cargas

    Para seco retangular abaixo com as dimenses dos lados: MOR=

    32

    F Lb a2

    b

    a

    FIGURA 2.27 - Mtodo de flexo a trs pontos.

  • 40

    F

    L

    Diagrama de momento fletor

    Distribuio de cargas

    F

    dd

    Para seco retangular abaixo com as dimenses dos lados: MOR=

    3

    F db a2

    b

    a

    FIGURA 2.28 - Mtodo de flexo a quatro pontos.

    O ensaio flexo feito, geralmente, com corpo de prova constitudo por uma barra de

    seco circular ou retangular para facilitar os clculos, com um comprimento especificado. O

    ensaio consiste em apoiar o corpo de prova sob dois apoios distanciados entre si de uma

    distancia L, sendo a carga de dobramento ou de flexo aplicada no centro do corpo de prova

    a uma distncia L/2 de cada apoio (mtodo de ensaio a trs pontos). A carga deve ser elevada

    lentamente at romper o corpo de prova. Desse ensaio, pode-se tambm retirar outras

    propriedades do material, como o mdulo de ruptura MOR ou resistncia ao dobramento,

    que o valor mximo da tenso de trao ou compresso nas fibras extremas do corpo de

    prova durante o ensaio de flexo (ou toro). Se a ruptura ocorrer dentro da zona elstica do

    material, MOR representar, pois, a tenso mxima na fibra externa; caso ocorra na zona

    plstica, o valor obtido para MOR maior que a tenso mxima realmente atingida, porque a

    expresso determinada para uma distribuio linear (elstica) de tenso entre o eixo da barra

    e as fibras externas. O valor do mdulo de ruptura tambm pode ser relacionado com o limite

    de resistncia do material.

  • 41

    Outra propriedade possvel de ser medida o mdulo de elasticidade do material,

    isolando E da equao:fE I

    =

    148

    F L, onde f (deflexo) medida para cada carga F

    aplicada, deve ser corrigida tambm em caso de seco circular devido a excentricidade

    possvel do dimetro do corpo de prova. Nesse caso, ento, preciso medir a deflexo da

    barra, com o acrscimo de carga, com um micrmetro ou outro medidor preciso de

    deformao.

    2.3.4 - ENSAIO DE DUREZA

    A propriedade mecnica denominada dureza amplamente utilizada na especificao

    de materiais, nos estudos e pesquisa mecnicas e metalrgicas e na comparao de diversos

    materiais. Entretanto, o conceito de dureza no tm um mesmo significado para todas a

    pessoas que tratam com essa propriedade. O conceito divergente da dureza depende da

    experincia de cada um ao estudar o assunto. Para um metalurgista, dureza significa a

    resistncia deformao plstica permanente; um engenheiro define a dureza como a

    resistncia penetrao de uma material duro no outro; para um projetista, a dureza

    considerada uma base de medida para o conhecimento da resistncia e do tratamento trmico

    ou mecnico de um metal e da sua resistncia ao corte do metal; e para um mineralogista, a

    dureza a resistncia ao riscamento que um material pode fazer no outro. Assim, no

    possvel encontrar uma definio nica de dureza que englobe todos os conceitos acima

    mencionados, mesmo porque para cada um desses sgnificados de dureza, existem um ou mais

    tipos de medidas adequados. Sob esse ponto de vista, pode-se dividir o ensaio de dureza em

    trs tipos principais, que dependem da maneira com que o ensaio conduzido que so: por

    penetrao; por choque e por riscamento. O riscamento raramente usado para os metais,

    mas bastante utilizado em cermicos. Com esse tipo de medida de dureza, vrios minerais e

    outros materiais so relacionados quanto possibilidade de um riscar o outro. A escala de

    dureza mais antiga para esse tipo a escala de Mohs (1.822), que consiste em uma tabela de

    10 minerais padres arranjados na ordem crescente da possibilidade de ser riscado pelo

    mineral seguinte. Assim, verifica-se que o talco (1) - tem dureza Mohs (isto , pode ser

  • 42

    riscado por todos os outros seguintes), seguindo-se a gipsita (2), calcita (3), fluorita (4),

    apatita (5), ortoclsio (6), quartzo (7), topzio (8), safira (9) e diamante (10). Desse modo, por

    exemplo, o quartzo risca o ortoclsio e riscado pelo topzio. O cobre recozido tem dureza

    Mohs 3, pois ele risca a gipsita e riscado pela fluorita; a martensita tem dureza Mohs

    aproximadamente igual a 7, e assim por diante.

    1 talco Mg3H2Si4O122 gipsita CaSO4 . 2H2O

    3 calcita CaCO34 fluorita CaF25 apatita CaF (PO4)36 ortoclsio KAISio47 quartzo Sio28 topzio A12F2SiO29 corinto A12 O310 diamante C

    Tabela de escala de dureza Mohs.

    Para os metais, essa escala no conveniente, porque os seus intervalos no so

    propriamente espaados para ele, principalmente na regio de altas durezas e a maioria dos

    metais fica entre as durezas Mohs 4 e 8, sendo que pequenas diferenas de dureza no so

    precisamente acusadas por esse mtodo.

    Martens (1.890) definiu dureza por risco como a carga em gramas-fora sob a qual um

    diamante de ngulo de 90 produziria um risco de 0,01 mm de largura numa material

    qualquer. Hanpkins (1.923) alterou o ngulo acima para uma forma em V com ngulo

    podendo variar entre 72 e 90 e o modo de medir a dureza, como sendo o quociente entre a

    carga menos uma constante que dependeria do ngulo e o quadrado da largura obtida menos

    esses valores medidos em gramas-fora e milmetros. Bergsman (1.951) introduziu um outro

    tipo de dureza por risco, que mede a profundidade ou mesmo a largura de um risco feito com

    uma determinada carga aplicada num diamante sobre um material de dureza desconhecida. A

    medida dessa profundidade seria a dureza do material, Um outro tipo semelhante a

  • 43

    microdureza Bierbaum por risco feito com um diamante de formato igual a um canto de cubo,

    com um ngulo de contato de cerca de 35 e com uma carga igual a 3 gramas-fora na

    superfcie polida e atacada de um metal. Mede-se por meio de um microscpio a dureza,

    lendo-se a largura do risco, conforme a frmula K = 104 / l, onde K a dureza Bierbaum e l

    a largura medida em mcrons.

    Esses mtodos seriam teis para a medio da dureza relativa de microconstituintes de

    uma liga metlica, mas no so mtodos de medida precisa ou de boa reproduo, sendo mais

    usados no ramo da Mineralogia.

    Os dois primeiros tipos de dureza (por penetrao e por choque) so mais usados no

    ramos da Metalurgia e da Mecnica, sendo que a dureza por penetrao a mais utilizada e

    citada nas especificaes tcnicas. Sero vistos com mais detalhes as durezas por penetrao

    Brinell, Rockwell, Vickers, Knoop e Meyer e a dureza por choque Shore (escleroscpica).

    2.3.4.1 - Dureza Brinell

    A dureza por penetrao, proposta por J. A. Brinell em 1.900, denominada dureza

    Brinell e simbolizada por HB, o tipo de dureza mais usado at os dias de hoje na

    Engenharia. O ensaio de dureza Brinell consiste em comprimir lentamente uma esfera de ao,

    de dimetro D, sobre a superfcie plana, polida e limpa de um metal atravs de uma carga Q

    durante um tempo t. Essa compresso provocar uma impresso permanente no metal com o

    formato de uma calota esfrica, com um dimetro d, o qual medido por intermdio de um

    micrmetro ptico (microscpio ou lupa graduados), depois de removida a carga. O valor de d

    deve ser tomado como mdia de duas leituras feitas a 90 uma da outra. A dureza Brinell

    definida, em N/mm (ou kgf/mm), como o quociente entre a carga aplicada pela rea de

    contato (rea superficial), S, a qual relacionada com os valores D e d, conforme a expresso:

  • 44

    )(

    2. 22 dDDD

    QpD

    QSQ

    HBC --

    ===pp

    Sendo p a profundidade da impresso.

    Inicialmente J. A. Brinell props uma carga, Q, igual a 3.000 kgf e uma esfera de ao

    com 10 mm de dimetro e as tabelas existentes, que fornecem diretamente a dureza Brinell

    calculada pela equao acima para cada valor de d, so na maioria baseadas nesses dois

    valores de Q e D. Entretanto, para metais mais moles, a carga pode ser diminuda para evitar

    uma impresso muito grande ou profunda e, para peas muito pequenas, pode-se tambm

    diminuir o valor de D, a fim de que a impresso no fique muito perto das bordas do corpo de

    prova. Essa alteraes em Q e em D devem ser feitas obedecendo-se um certo critrio, que

    devero obedecer aos mtodos de ensaio existentes. Para metais excessivamente duros (HB

    maior que 500kgf/mm), substitui-se a esfera de ao por esfera carboneto de tungstnio para

    minimizar a distoro da esfera, o que acarretaria em valores falsos para d e, portanto, para

    HB. O tempo, t, geralmente de 30 segundos, conforme as normas, mas poder ser aumentado

    para at 60 segundos, como no caso de metais de baixo ponto de fuso, como por exemplo o

    chumbo e suas ligas (HB300).

    A unidade N/mm ou kgf/mm, que deveria ser sempre colocada aps o valor de HB,

    pode ser omitida, uma vez que a dureza Brinell no um conceito fsico satisfatrio, porque a

    equao que fornece a dureza Brinell no leva em considerao o valor mdio da presso

    sobre toda a superfcie da impresso, que o que realmente deveria ser observado. A

    localizao de uma impresso Brinell deve ser tal que mantenha um afastamento das bordas

    do corpo de prova de no mnimo duas vezes e meia o dimetro, d, obtido, para evitar, em

  • 45

    ambos os casos, degeneraes laterais e de profundidade, falseando o resultado. A distncia

    ente duas impresses Brinell deve ser no mnimo igual a 5d.

    A pea a ser ensaiada deve estar muito bem apoiada, para se evitar algum

    deslocamento quando for aplicada a carga. Caso haja alguma movimentao da pea durante e

    ensaio, este fica invalidado. Esse procedimento vale tambm para outros tipos de dureza, que

    sero descritos mais adiante. A limitao do uso da carga de 3.000 kgf com esfera de 10 mm

    de dimetro proposta por Brinell pode ser contornada, considerando que se duas impresses

    feitas com cargas e esferas diferentes fores semelhantes, os ngulos f, que o centro das esferas

    faz com a impresso, so iguais, isto :

    sendD

    dD

    ctef2

    1

    1

    2

    2

    = = =

    FIGURA 2.29 - ngulo ff nas impresses Brinell .

    Assim, para materiais homogneos o uso de esferas de dimetros diferentes e com

    cargas variveis permite obter o mesmo valor da dureza, desde que a relao Q/D, fator de

    carga, seja constante. Estudos de Meyer, verificou-se que os valores de dureza Brinell obtidos

    com diversas Q variavam muito pouco, desde que o dimetro, d, da impresso ficasse no

    intervalo de 0,25d-0,5d (sendo considerada a impresso ideal se o valor de d ficar na mdia

  • 46

    entre esse dois valores), isto , para obter um dimetro de impresso dentro do intervalo acima

    citado, deve-se manter a relao entre a carga Q e o quadrado do dimetro da esfera do

    penetrador D2. Para padronizar o ensaio, foram fixados valores de carga de acordo com a faixa

    de dureza e o tipo de material. A tabela abaixo mostra os principais fatores de carga utilizados

    e as respectivas faixas de dureza e indicaes. As esferas geralmente usadas (esferas padres)

    tm dimetros de 1, 2, 5 e 10 mm e os valores fixados para a relao so:

    Q/D DUREZA (HB) MATERIAL

    30 90 - 415 Aos e ferros fundidos

    10 30 - 140 Cobre e alumnio (ligas duras)

    5 15 - 70 Cobre e alumnio (ligas moles)

    2,5 at 30 Chumbo, estanho, antimnio

    Desse modo, obtm-se o valor da carga necessria, isto , no caso da relao Q/D =

    30, com esfera de 5 mm, deve-se aplicar uma carga de 750 kgf durante 30 segundos e

    analogamente para os outros casos. Em todos os casos, porm, ao ser fornecido um valor de

    dureza Brinell, deve-se mencionar qual