PROCESSO DE DECLARAÇÃO DE RELEVANTE INTERESSE CULTURAL DA RAÇA DE … · 2013-01-15 · PROCESSO...

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REGISTRO DA RAÇA DE GADO PÉ-DURO SÃO JOÃO DO PIAUÍ FUNDAC COORDENAÇÃO DE REGISTRO E CONSERVAÇÃO PROCESSO DE DECLARAÇÃO DE RELEVANTE INTERESSE CULTURAL DA RAÇA DE GADO PÉ-DURO DO ESTADO DO PIAUÍ "Quem não conhece o aboio dolente, o aboio magoado, o aboio sentido do vaqueiro nordestino, o aboio repleto de saudades através das vaquejadas, quem não conhece o mugido dos bois de nossa terra?" - José Euzébio Fernandes Bezerra Março/2009

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PROCESSO DE DECLARAÇÃO DE

RELEVANTE INTERESSE CULTURAL DA RAÇA DE GADO PÉ-DURO

DO ESTADO DO PIAUÍ

"Quem não conhece o aboio dolente, o aboio magoado, o aboio sentido do vaqueiro nordestino, o aboio repleto de saudades através das vaquejadas, quem não conhece o mugido dos bois de nossa terra?" - José Euzébio Fernandes Bezerra

Março/2009

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EQUIPE TÉCNICA

Pesquisa Histórica

Geraldo Magela Côrtes Carvalho(EMBRAPA)

José Herculano de Carvalho(EMBRAPA)

Eric Damasceno

Patrícia Mendes dos Santos

Fotografias

Maria do Socorro Rodrigues

Patrícia Mendes dos Santos

Arquivo Geraldo Magela Côrtes Carvalho

Arquivo EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Referência

EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do

Parnaíba

Montagem do processo

Patrícia Mendes dos Santos

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Introdução

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A instrução do presente trabalho tem por finalidade submeter à

apreciação do Conselho Estadual de Cultura a Proposta de Declaração

Relevante Interesse Cultural da Raça de Gado Pé-Duro, no estado do Piauí.

Considerando que, a proposta foi solicitada pelo Deputado estadual

Marcelo Coêlho em conformidade com a Assembléia Legislativa do Estado do

Piauí e devidamente elaborada pela Coordenação de Registro e Conservação

da FUNDAC, solicitamos o Registro da RAÇA DE GADO PÉ-DURO como de

Relevante Interesse Cultural Piauiense.

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Colonização do Piauí

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Como já sabemos, os portugueses chegaram ao Brasil em 1500, último

ano do século XV. Durante o século XVI eles exploraram o litoral do Nordeste.

E no século XVII se espalharam pelo sertão nordestino criando gado. O

governo português não considerava os índios donos das terras. Por isso

apoiavam os fazendeiros no combate às tribos e na ocupação das terras. Foi

deste modo que os portugueses donos de fazendas na Bahia chegaram ao

sertão piauiense.

O início de seu povoamento ocorreu somente em 1697 com a criação de

uma capela, que serviria de freguesia de Nossa Senhora da Vitória, fundada

pelo Pe. Miguel Carvalho, as margens do riacho da Mocha. Elevada a categoria

de Vila em 1717, essa freguesia recebeu a designação de Vila da Mocha, onde

se situa a cidade de Oeiras, antiga capital do Estado.

A igreja Nossa Senhora da Vitória, de uma forma geral, definiu a vida e

desenvolvimento da Vila do Mocha.

O início do povoamento do Piauí processou-se uma toda

desorganização sócio-político-administrativa, sendo este o contexto em que foi

elevado a capitania de São José do Piauí em 1718. À distância, o isolamento e

o total abandono fizeram com que o Piauí se integrasse muito tarde com os

demais estados que já dispunha de infra-estrutura. Esta situação privou o Piauí

de participar, mais efetivamente, dos grandes acontecimentos históricos,

provocando um sensível atraso em todo o seu desenvolvimento.

A colonização do Piauí, fruto de iniciativa privada, processou de maneira

espontânea e desordenada por fazendeiros e aventureiros, que não recebiam

estímulo e proteção dos poderes públicos, estando as autoridades coloniais

voltadas para as fabulosas riquezas de Minas Gerais. Convém registrar o

abandono do Piauí, nos quase dois séculos após o descobrimento do Brasil.

O europeu dava preferência ao litoral, pela fácil comunicação com a

terra natal. Assim os estados circunvizinhos como Maranhão, Ceará e o Rio

Grande do Norte, paulatinamente iam sendo colonizados.

O processo de desbravamento do território piauiense deu-se de maneira

específica, do interior para o litoral, quando já estava praticamente assentado o

contorno geográfico das demais províncias limítrofes. A posse deu-se antes da

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propriedade, que foi demarcada, depois da distribuição das Sesmarias. Coube

ao bandeirante Domingos Jorge Velho iniciar os primeiros núcleos de

povoamento, criando currais, criando gado e domesticando o gentio.

Do estado da Bahia, partiu Domingos Afonso Mafrense que também

disseminou currais em terras piauienses. Ao tomar conhecimento do

desbravamento do Piauí, o Reino começou a doar Sesmarias de forma intensa

e abusiva para aristocratas baianos e pernambucanos. Esses sesmeiros, por

intermédio de procuradores, subdividiam suas terras e arrendavam-nas para

quem tivesse condições de manter o arrendamento.

Os verdadeiros desbravadores ficavam, então reduzidos à condição de

posseiros e arrendatários. Esta distribuição aleatória injusta de terras no Piauí

resultou em conflitos entre sesmeiros e posseiros. Não havia controle social.

Cada um defendia-se de acordo com a sua maior ou menor capacidade de

resistência; os litígios eram decididos pelas forças das armas. Os fazendeiros

muitas vezes, eram considerados como usurpadores de terras, criando um

grande embaraço para o governante da província.

O governo não tinha condição de acabar com essa desavença, pois o

isolamento e a falta de recursos matéria e humano faziam com que estes não

desse grande importância à causa.

Com efeito, o processo de povoamento do Piauí foi lento e demorado; os

colonizadores não se interessavam em divulgar as riquezas da terra. Os

primeiros habitantes do Piauí preocuparam-se inicialmente, em começar em

sua nova terra a criação de gado, transferindo-se dentro de pouco tempo em

ricos fazendeiros com o monopólio de toda a criação de gado da região.

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Histórico

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Quando os colonizadores Ibéricos chegaram em terras americanas,

depararam com uma fauna e flora diversa da existente na Europa e outras

Colônias da áfrica e da Ásia. Juntamente com as famílias de colonizadores,

vieram diversas espécies de animais domésticos com a finalidade de auxiliar o

homem na sua árdua tarefa de desbravar e assegurar o domínio sobre o "Novo

Mundo" que então se descortinava. Dentro dessa premissa, destacaram-se os

bovinos, que forneceram couro, leite, carne e trabalho aos nossos

antepassados, colaborando sobremaneira para a exploração e

desenvolvimento das novas colônias.

Segundo Wilkins (1984), os primeiros bovinos importados para a

América, chegaram em 1493 na costa norte da ilha então denominada

Hispaniola, hoje República Dominicana e Haiti. Rouse (1977) afirma que todos

os bovinos que povoaram a América Latina e o Sudeste dos Estados Unidos,

vieram nos primeiros anos da colonização e não passavam de mil cabeças. A

maioria do gado importado era originária do sudeste da Espanha e descreve as

semelhanças do gado Crioulo com as raças modernas Retinta Andaluza e

Berrenda (Rodero et al., 1992). Entretanto, Colombo embarcou seu gado nas

Ilhas Canárias, que havia sido comprado no Norte da Espanha alguns anos

antes. A menor distância entre as Ilhas Ibéricas e a América era, obviamente,

vantajoso (Fresno et al., 1992). Também foi dessas Ilhas que em 1542 partiu a

primeira remessa de gado para a Colômbia (Rubio 1976) e para San Antonio,

Texas, em 1731 (Dobie 1941). Portanto, não é surpresa a semelhança entre o

gado Crioulo e as atuais raças da Galicia e Asturia do Norte da Espanha. Gado

crioulo é aqui definido como todos os bovinos importados direta ou

indiretamente da Península Ibérica.

A população original se multiplicou e no início do século XIX já era

contada aos milhões e povoava toda a América Latina que ia do Sul dos

Estados Unidos até a Patagônia na Argentina em vários tipos de ambientes e

ecossistemas. As relações genéticas entre Texas Longhorn no Norte e o

Crioulo argentino no Sul, foram confirmados por Quintero (1976) que comparou

os resultados de sua pesquisa com marcadores genéticos com Crioulos

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argentinos com resultados de um estudo similar realizado por Miller (1966) na

raça Texas Longhorn.

O gado crioulo da raça Caracu, no Brasil, tem origem e semelhanças

com as raças conhecidas como Minhota, Barrosã, Arouquesa e Mirandesa

(Carvalho Dias 1957). Todas essas raças são provenientes do Norte de

Portugal e a raça minhota é idêntica a Galicia. A semelhança fenotípica entre

as raças naturalizadas do Brasil e da América Espanhola se deve às

proximidades geográficas de suas origens.

As informações a respeito da introdução do gado bovino no Brasil,

embora haja discordância em relação a datas, dão um roteiro historicamente

seguro de como isto ocorreu. Para alguns historiadores as primeiras cabeças

de gado bovino foram introduzidas na Bahia em 1535 por Tomé de Sousa,

vindas diretamente da ilha de Cabo Verde. Segundo Santiago (1960), foi

Martim Afonso de Sousa quem primeiro importou bovinos para a capitania de

São Vicente em 1534, da qual era donatátario, proveniente da Ilha da Madeira

e de Cabo Verde (Nogueira Neto, 1980). Esses animais eram trazidos juntos

com os escravos e trocados por açúcar e outras mercadorias. Essas raças

chamadas de Crioulas, nativas ou naturalizadas deram início ao povoamento

dos campos naturais do Brasil, adaptando-se ao novo ambiente e formando

grandes rebanhos que originaram diversas variedades, algumas das quais hoje

já melhoradas (Santiago, 1975; Santiago, 1985; Camargo, 1990; Primo, 1992;

Britto, 1998).

Em 1958 Athanassof descreve 13 raças Crioulas no Brasil, entre elas o

Caracu, Igarapé, Pedreiro, Tourino, China, Mocho Nacional, Lageano,

Pantaneiro, Junqueira, Franqueiro, Pé-Duro e Malabar. Apenas a raça Caracu

não se encontra mais em perigo de extinção. Enquanto algumas já se

extinguiram como a as raças Igarapé, Pedreiro, Tourino, China, Franqueiro e

Malabar, outras como a Junqueira, Mocho Nacional, Pantaneira, Lageano e Pé-

Duro encontram-se em perigo e são preservadas pela Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

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Conforme Carvalho 1985, os primeiros bovinos foram introduzidos no

Piauí por volta de 1674, por Domingos Afonso Mafrense, membro da casa

d'Ávila, a partir do Rio São Francisco. Ocuparam inicialmente as regiões dos

rios Canindé, Tranqueiras, Piauí e Gurguéia, espalhando-se depois para o

norte. Outros tipos que tiveram participação menor na formação do rebanho de

origem colonial foram o Caracu, o Turino e o Malabar. Sendo esses os

principais responsáveis pela formação do tipo peculiar de bovinos que,

comumente, é denominado no Piauí e no Nordeste do Brasil em geral, como

Pé-Duro. Esses Bovinos foram ambientando-se ao calor e a outros fatores

adversos, resultando, depois de séculos, em animais muito resistentes e

adaptados a essas condições desfavoráveis.

Os bovinos que habitam o Semi-Árido do Nordeste brasileiro foram

introduzidos através do Rio São Francisco, de onde foram levados para os

campos e cerrados de Minas Gerais e Goiás. Para Athanassof (1957), essa

raça seria descendente direta da Mirandesa e, mais particularmente, da

variedade Beiroa, que, além de Portugal, é encontrada na província espanhola

de León. Entretanto, parece pouco provável que apenas bovinos mirandeses

tenham dado origem ao gado Pé-Duro, mas sim um conjunto de reses de

diferentes grupos genéticos, àquela época ainda não estabelecida como raça.

Por meio de seleção natural, predominaram os animais mais aptos a sobreviver

e se multiplicar nessas regiões, constituindo assim o gado Pé-Duro.

O gado Crioulo, atualmente, vem sendo conservado para diversos

propósitos em ambientes variados na América Latina (Mazza et al., 1992;

Correal & Henao, Correal, 1998; Abreu et al., 2002; Fernández et al., 2002;

Lara et al., 2002; McManus et al., 2002; Mendez et al., 2002;Postigliori et al.,

2002; Vaca et al., 2002; Carvalho et al., 2005), e Sponenberg & Olson (1992)

no Gado Texas Long Horn no Sudeste dos Estados Unidos.

Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization of the United

Nations), elementos importantes nos programas nacionais de conservação

incluem o inventário, a caracterização e a documentação dos dados obtidos.

Em termos de pesquisa, as prioridades devem ser dadas à caracterização e

avaliação das populações nativas e a mensuração das diferenças entre e

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dentro das populações (Fitzhugh e Strauss, 1992). Barker (1994) no entanto,

recomenda que representantes de raças comuns e economicamente

importantes devam ser incluídas, em adição às raças raras, com o intuito de se

obter uma visão geral da diversidade genética existente dentro de cada

espécie.

A investigação sobre a filogenia e estrutura das raças tem sido, em

termos históricos, uma área de trabalho bastante ativa em virtude da sua

relevância em termos culturais e sócio-econômicos. Os marcadores

moleculares são apropriados para estimar esses parâmetros pois, geralmente,

não sofrem influência direta da seleção para características de interesse

econômico e, muito menos, do meio ambiente. Por muito tempo, no Brasil, a

caracterização das diferentes raças de animais domésticos existentes era

baseada, quase que exclusivamente, em características morfológicas e

produtivas, sendo que estas podem ser influenciada pelo meio ambiente e

muitas vezes são insuficientes para distinguir raças puras. No que se refere à

caracterização genética, até bem pouco tempo, os trabalhos realizados

envolviam, na sua maioria, as raças comerciais. Os poucos trabalhos

envolvendo raças nativas incluíam, fundamentalmente, estudos citogenéticos,

grupamentos sangüíneos e polimorfismos protéicos.

Sabe-se que algumas raças nativas brasileiras, embora recebam

denominações diferentes e habitem regiões distintas, apresentam fenótipos

semelhantes que levantam dúvidas em relação à suas identidades como um

tipo nativo distinto. Estas populações podem ser ou não geneticamente

similares. Mesmo que estas pertençam ainda à mesma raça, devido ao

isolamento geográfico e sua adaptação à nichos ecológicos diferentes, elas

poderão ter acumulado diferentes alelos devido à deriva genética. A

caracterização genética é portanto, uma valiosa ferramenta, que irá permitir a

identificação da raça Pé-Duro, que por muito tempo ficaram isolados em seu

meio ambiente.

Na espécie bovina, os estudos nesta área estão mais adiantados, tendo

sido reportados alguns trabalhos envolvendo as raças nativas. Na raça Pé-

Duro, Brito (1995) detectou a presença, mediante estudos citogenéticos, do

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cromossomo Y acrocêntrico, típico de raças afro-asiáticas, em cerca de 68%

dos animais estudados, o que indica, segundo a autora, que houve, em algum

momento da formação da raça, a introdução de animais de origem zebuína.

Este dimorfismo já havia sido observado por Tambasco (1985) em quatro raças

nativas (Caracu, Mocho Nacional, Curraleiro e Crioulo Lageano), indicando a

possível participação das duas sub-espécies bovinas na formação das raças

nativas brasileiras.

Utilizando polimorfismos protéicos, Lara (1998) observou um valor

pequeno para distância genética entre as raças caracu, Mantiqueira,

Pantaneira e o Crioulo argentino, sugerindo uma grande similaridade entre

elas. Segundo a autora, esse fato sustentaria a hipótese de que essas raças

foram fundadas por bovinos ibéricos, provavelmente compartilhando um

mesmo ancestral. Baseando-se nestes mesmos tipos de marcadores, Lara et

al. (1997) acompanharam a variabilidade genética dos bovinos Pantaneiros. Os

autores observaram, pela ocorrência dos alelos CaZ, Pep-B1 e AlbC,

considerados marcadores raciais do gado Zebu, que houve introgressão de

genes zebuínos na raça Pantaneira. Além disso, pela freqüência alélica de

outros marcadores protéicos, estimadas para indivíduos adultos e progênies,

constataram que o programa de conservação do bovino Pantaneiro,

desenvolvido na Embrapa Pantanal, vem atingindo seu objetivo, pelo fato de a

progênie apresentar valores superiores de diversidade em ralação aos

indivíduos adultos (Lara et al., 2000). Em trabalho sobre os polimorfismos

genéticos da K-caseína, Lara et al., 2002, mediante técnicas de PCR-RFLP em

gado Pantaneiro, concuíram que as freqüências alélicas são intermediárias aos

obtidos em Bos taurus e Bos indicus.

Segundo Carvalho (2002), o pequeno porte do gado Pé-Duro foi o

principal motivo alegado para quase levá-lo a extinção. Entretanto, raramente

são mencionados as condições a que esses animais dessa raça são

submetidos. Raças puras especializadas para produção de carne e adaptadas

a boas pastagens em climas amenos, se mantidas nas mesmas condições

oferecidas ao gado Pé-Duro, em pouco tempo terão seu peso reduzido e o

desempenho produtivo e reprodutivo negativamente afetados.

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Para Carvalho (1985), a raça bovina Pé-Duro ou Curraleiro, produto

secular da adaptação a condições adversas, é dotada de excepcional

rusticidade, além de ser muito dócil. Sua seleção e utilização em cruzamentos,

inclusive para a formação de raças mais resistente e produtivas, poderão

permitir a exploração econômica de pastagens naturais em ambientes pouco

favoráveis. É uma raça que poderá ser de grande utilidade para o pequeno

produtor rural, fornecendo-lhe carne, leite e animais para trabalho, sem

necessidade de grandes investimentos na infra-estrutura da propriedade.

Alguns resultados promissores foram obtidos por pecuaristas em

cruzamentos da raça Pé-Duro com outras raças como a Nelore, a Gir e a

Jérsei. Segundo Paraguassu (1984), no sul do Piauí, cruzamentos de Gir com

Pé-Duro deram animais com uma média de 203,4 Kg de carcaça aos 3,5 anos.

Carvalho (2002). Na fazenda Experimental Octávio Domingues, em São João

do Piauí, obteve machos Pé-Duro com 400 Kg de peso vivo aos três anos de

idade criados em pastagens cultivadas. Para uma raça cujo tamanho é o

principal argumento para ser menosprezada é um número significativo, que

mostra seu potencial para a seleção.

Ademais, é importante salientar que a capacidade de produção de uma

raça não depende apenas do peso individual dos animais, sendo fundamentais

os índices de natalidade e de mortalidade. Um rebanho de animais mais

pesados, porém menos prolíficos e com maior percentagem de mortes, resulta

em menor produção de carne. Além disso, uma mesma pastagem pode

garantir a alimentação de um maior número de animais de porte mais reduzido.

Portanto, um índice mais adequado para avaliar o desempenho de uma raça

bovina em pastagens é sua produtividade anual por unidade de área.

A produtividade do gado Pé-Duro e de seus mestiços, por hectare, não

foi ainda experimentalmente comparada à de outras raças, nas mesmas

condições, em pastagens naturais do Nordeste do País. Entretanto, segundo

Carvalho (2002), observações realizadas por criadores indicam um

desempenho promissor nessas pastagens. Esses mesmos criadores afirmam

ainda que essa raça é menos susceptível, do que raças exóticas, a plantas

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tóxicas como o barbatimão (Strypnodentron coriaceum) e a erva-de-rato

(Palicourea marcgravii).

Por se tratar de raça rústica e adaptada ao ambiente do Semi-Árido, em

que o uso de produtos químicos, como carrapaticidas e medicamentos em

geral, é reduzido, poder-se-ia explorar um mercado diferenciado para essa

carne, principalmente, levando-se em consideração a tendência mundial de

valorizar cada vez mais os produtos orgânicos e naturais. A propósito, o

pesquisador Assis Roberto de Bem, citado por Franco (1996), fez essa

sugestiva pergunta: "Quem garante que não se produza mais carne por hectare

com animais pequenos, porém pouco susceptíveis a doenças e parasitas?"

Como todas as raças bovinas brasileiras naturalizadas, o gado Pé-Duro

também entrou em franco processo de extinção, com o domínio da pecuária

nacional pelas raças zebuínas. O desaparecimento dessas raças representa

uma perda irreparável para a Ciência, pois com eles, desaparecerão também

as inúmeras informações contidas na sua estrutura genética, desenvolvida ao

longo de cinco séculos de seleção natural e relacionadas à adaptação e a

maior resistência a doenças e parasitas (Mariante & Cavalcante, 2000).

Em 1977, apoiado pela Embrapa Cenargem e Embrapa Meio-Norte, foi

registrada, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a

Associação Brasileira de Criadores de Curraleiro, sediada em Mara Rosa - GO,

que tem por finalidade o registro de animais e a preservação da raça

(Boaventura, 2005). Também no Piauí, a Associação Brasileira dos Criadores

de Gado Pé-Duro possui 32 associados englobando um rebanho de mais de

mil cabeças. Além disso, a Embrapa Meio-Norte vem mantendo um núcleo de

preservação permanente em São João do Piauí, na Fazenda Experimental

Octávio Domingues, que aproximadamente 225 animais. Essa Fazenda foi

implantada em 1981, com o apoio do Ministério da Agricultura, do CNPq, do

Bando do Nordeste do Brasil e da Fundação Banco do Brasil.

A preservação de raças nativas nos dias atuais deixou de ser uma

preocupação de natureza histórica para ser uma realidade. Vários Organismos

Nacionais e Internacionais (FAO, OEA,CNPq, Banco do Nordeste do Brasil,

Embrapa, Universidades, etc), além de criadores, estão empenhando esforços

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no sentido de preservar e melhorar geneticamente as diferentes raças de

animais que aqui estão desde a época do descobrimento, muitas das quais em

vias de extinção (Mariante et al, 1998; Alderson & Ramsey, 2001; Prescott,

2001; Serrano, 2001; Castanheira, 2004; Paula Neto, 2004; serrano et al.,

2004). Antes da utilização racional do melhoramento genético animal, o número

de raças nativas, nas diferentes espécies animais, era numerosa e toda

perfeitamente ajustada às condições ambientes naturais, através da seleção

natural (Viana, 1927; Domingues, 1941; Athanassof, 1943 e 1957)

A maioria das raças ditas Crioulas, por cruzamentos absorventes ou por

substituição, deu lugar a outras que, por serem mais produtivas e melhoradas

geneticamente, contribuíram para redução apreciável dessas populações.

Preservá-las é a única alternativa para avaliar a possível contribuição genética

dessas nos programas atuais de melhoramento genético. Aqui podem ser

ressaltados argumentos capazes de justificar a preservação e melhoramento

desses germoplasmas. As raças nativas, mantidas em estado de pureza ou

sob forma de cruzamentos podem se tornar mais produtivas em seus

ambientes próprios do que as raças exóticas melhoradas. Essas raças podem

ser fontes de genes ("bancos genéticos"), capazes de melhorar a resistência

das raças especializadas, tornando a produção mais econômica. É preciso

levar em consideração que, quanto mais produtivas forem as raças, maiores

serão suas exigências em cuidados sanitários, nutricionais e de instalações.

A intensificação dos programas de seleção, nas raças de animais

economicamente exploradas pelo homem, tem acarretado redução apreciável

na variabilidade genética das populações, tornando-se, às vezes, difícil a

obtenção de respostas em muitos esquemas de seleção. Exemplos evidentes

podem ser vistos em suínos e aves, intensamente selecionados nas últimas

décadas, bem como em populações de bovinos de leite em muitos países e a

utilização massiva da inseminação artificial na raça Nelore nas últimas

décadas.

As pequenas respostas, ou mesmo ausência destas, aos programas de

seleção, têm sido creditadas ao esgotamento da variância genética aditiva, ou

em outras palavras, essas populações atingiram o equilíbrio chamado "plateau

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genético". Os progressos alcançados, através dos programas de seleção não

são lineares em relação ao tempo, de maneira que, mais cedo ou mais tarde, a

população deixará de responder, atingindo aí o seu limite máximo, em

conseqüência da exaustão da variação genética aditiva. Nesta altura, as raças

nativas poderiam ser úteis através da doação de genes no sentido de gerar

novas variações, capazes de permitir o estabelecimento de novos programas

de seleção.

Os animais domésticos, ao longo de séculos, têm sido continuamente

expostos ao ataque de organismos infecciosos e parasitários; muitas dessas

doenças foram naturalmente controladas, permitindo a sobrevivência das

muitas espécies e raças de animais hoje conhecidas. Tal resistência é evidente

em certas raças bovinas adaptadas aos trópicos, como as zebuínas e seus

mestiços, em relação à infestação de carrapatos e a verminoses; a raça

africana N'Dama e a West African Shorthorn resistentes a tripassonomíase

(doença do sono), ao berne da raça colombiana blanca Orejinegra (Dicker &

Barlow, 1979; Barlow & Piper, 1985; Esdale et al., 1986; Leighton et al., 1989;

Frisch, 1994; Kerr & Kinghorn, 1994; Pereira, 1999; Youssao et al., 2000). A

manutenção de estoques genéticos de raças nativas é essencial para melhor

compreensão da possível contribuição para o desenvolvimento de raças

geneticamente resistentes às doenças infecciosas e parasitárias, ou ainda

como doadoras de genes para produção de animais transgênicos.

Os progressos alcançados em bacteriologia, parasitologia e na

terapêutica nos últimos anos, contribuíram para reduzir o interesse nas

investigações relacionadas com a resistência a uma doença, que

freqüentemente, tem efeito sobre outras, reduzindo assim a eficiência da

seleção. O custo efetivo da seleção contra uma doença depende da

importância econômica da doença; da existência de suficiente variação

genética na população, para permitir rápidos progressos; da identificação de

genes de efeitos maiores ("major genes"), que afetam várias características ao

mesmo tempo (Morris, 1998).

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Nas aves, por exemplo, as formas geneticamente mais resistentes têm

sido estudadas intensamente. Reproduzem rapidamente e são susceptíveis a

muitas doenças que traduzem em prejuízos econômicos rápidos e

consideráveis. O exemplo mais notável é o da leucose aviária, onde progressos

significativos foram alcançados no desenvolvimento de linhagens resistentes.

Pelo teste de progênie, é possível desenvolver e avaliar a resistência genética

à doença.

Para a maioria das doenças, o hospedeiro desenvolve resistência ou

tolerância e o agente patogênico é, freqüentemente, mantido em níveis

subclínicos. Muitas vezes, as doenças originalmente agudas tornam-se

crônicas, como a tuberculose. Seleção para a resistência parece ser mais

vantajoso para doenças crônicas, como a mamite, quando o animal mostra

alguma resistência. Para muitas características dos bovinos, como a

longevidade, viabilidade, problemas reprodutivos, mortalidade embrionária,

problemas ovarianos e outras, há suficiente variação genética, que pode ser

utilizada para a formação de populações ou linhagens geneticamente

resistentes (Miller, 1982; Biozzi et al., 1985; Lewin & Bernoco, 1986; Adams et

al., 1996; Greenough, 1991; Kulikova,& Petukhov, 1994; Morris, 1998).

As alterações nas demandas de alimentos de origem animal, como tem

ocorrido em diversos países, em decorrência de novos conhecimentos no

campo da nutrição humana e na melhor compreensão do valor de alguns

nutrientes, justifica-se, a manutenção da variabilidade de nossas populações

de gado bovino.

Em uma economia globalizada e altamente competitiva, que exige alta

eficiência da atividade, é difícil acreditar que a iniciativa privada possa se

sensibilizar com os argumentos de preservação de raças nativas em vias de

extinção. Comumente, associa-se a criação de raças nativas à pobreza dos

produtores e ao atraso genético da exploração. Na verdade, do ponto de vista

estritamente econômico, é insustentável defender a criação de raças nativas

face à inexistência de programas de seleção e melhoramente genético das

mesmas, se comparado às raças taurinas européias e zebuínas

especializadas.

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Entretanto, a preservação desses grupamentos tem ainda o seu lado

histórico, que é o da "memória genética" contida nos animais que ajudaram a

colonizar o país. De forma mais intensa ou não, ainda há vestígios genéticos

de todas essas raças, através de seus mestiços. Há de se reconhecer que se

essas raças foram capazes de superar, após dezenas de gerações de seleção

natural, as adversidade do meio ambiente é porque reúnem genótipos

compatíveis com as condições mais diversas e adversas da exploração. Além

disso, a intervenção do homem nos processos reprodutivos e de seleção

nessas raças foi, no mínimo, modesta e não causou nenhuma modificação

apreciável nas suas potencialidades, além daquelas recebidas da própria

natureza (Pereira, 1999).

Outro aspecto a merecer consideração diz respeito à própria dinâmica

dos processos de seleção artificial, que tornam esses germoplasmas nativos

autênticas reservas gênicas, especialmente quando a seleção provoca

exaustão da variação genética aditiva e não há mais resposta aos programas

de melhoramento. O exemplo mais notável é dado pela seleção para tamanho

da leitegada nos suínos, onde nos últimos 30 anos, pouco ou nenhum avanço

foi conseguido. A possibilidade do uso de raças nativas chinesas, cujo tamanho

da leitegada chega a alcançar 22 leitões por parto, é fato concreto, conforme

dados publicados por Pereira (1999).

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Caracterização Fenotípica de 03 rebanhos

bovinos da Raça Pé-duro em ambientes

distintos do PI

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Os bovinos da raça Pé-duro são remanescentes dos bovinos trazidos

por colonizadores ibéricos, principalmente na Bahia e Pernambuco. Esses

bovinos foram levados para o interior do Nordeste, principalmente pelo Rio São

Francisco e Parnaíba e se reproduziam livremente. A raça foi forjada no

ambiente hostil e tórrido da caatinga no Semi-Árido brasileiro por mais de

quatro séculos, sendo muito rústico. Mesmo enfrentando adversidades

consuetudinárias, os bovinos da raça Pé-Duro se multiplicaram e na época do

Brasil Império, o Estado do Piauí chegou a ser o maior produtor de carne do

País. Entretanto, em meados do século vinte, a chegada do zebu deu início a

uma nova era na pecuária brasileira.

O fenômeno da heterose, verificado no cruzamento entre as vacas

locais e reprodutores zebuínos, passou aos olhos leigos dos criadores a

impressão quimérica da superioridade desses últimos em relação ao “pequeno

e tardio” bovino nacional. Esse fato levou á absorção dos animais criados em

grande parte do Brasil pelos zebuínos e quase provocou o total

desaparecimento das raças locais.

A raça Pé-Duro, só não desapareceu completamente, devido à formação

de um núcleo de preservação, pela Embrapa, em São João do Piauí e ao

trabalho patriótico de alguns criadores que mantiveram seus rebanhos e

constituíram, em 1976, a Associação Brasileira de Criadores de Gado Pé-Duro

– ABPD (www.abpd.com.br), com sede em Teresina, Piauí. A entidade conta

com 32 associados, inclusive a Embrapa, abrangendo mais de 2000 animais. A

parceria entre a Embrapa Meio-Norte e a ABPD está possibilitando a avaliação,

caracterização e uso comercial da raça que resultará na preservação desse

singular patrimônio Nacional.

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Preservação da Raça de

Gado Pé-duro

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O gado Pé-Duro ou curraleiro é descendente dos bovinos trazidos pelos

portugueses no período colonial. Esses bovinos foram, aos poucos, adaptando-

se a condições de pastagens de baixa qualidade, de seca e de calor,

resultando, depois de séculos, em animais muito resistentes a essas difíceis

condições.

O Piauí foi, no passado, um grande exportador de carne para outras

regiões. Nessa época, o pé-duro era o gado criado em maior número no

Estado. Por isso, o gado pé-duro, além de seu valor econômico, possui,

também, valor histórico.

O gado Pé-Duro é ainda um importante recurso genético para a pecuária

brasileira, podendo ser, melhorado através de seleção, utilizado em

cruzamentos, ou até mesmo aproveitado para formar novas raças, seguindo-se

sistemas de cruzamentos bem planejados.

Nos últimos anos, porém, o gado pé-duro vem sendo eliminado das fazendas,

encontrando-se em perigo de extinção. Por esse motivo, a Empresa Brasileira

de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem mantendo em São João do Piauí,na

zona semi-árida do Estado, uma fazenda para conservar o gado pé-duro,

evitando seu desaparecimento. O Fundo de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico do Banco do Nordeste (FUNDECI) e a Fundação Banco do Brasil

(FBB) colaboraram financeiramente para implantação dessa fazenda.

Além de manter um núcleo de conservação do gado pé-duro, a Embrapa

pretende desenvolver outras atividades, tais como:

1 – Iniciar sua seleção e estudos de cruzamentos, depois que o rebanho atingir

um tamanho adequado, permitindo utilizar animais nesses cruzamentos sem

comprometer o núcleo de conservação;

2 – Produzir reprodutores e matrizes para venda;

3 – Cadastrar e prestar orientação técnica a pecuaristas interessados em criar

esta raça;

4 – Realizar pesquisas em parceria com universidades e outras instituições.

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Justificativa

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A Embrapa Meio Norte possui um rebanho puro de gado Pé-Duro, como

é conhecida a raça Curraleira no Sertão Nordestino, na Unidade Experimental

“Octávio Domingues”, em São João do Piauí-PI, com o intuito de preservação

dessa raça. É chegada a hora de se efetuar a avaliação das características

qualitativas e quantitativas desse rebanho, que está prestes a atingir o efetivo

de 400 animais.

Juntamente com a Embrapa Gado de Corte e Embrapa Pecuária

Sudeste, dois projetos de avaliação de cruzamentos, seleção, desenvolvimento

ponderal e qualidade de carcaça serão efetivados, além de trabalhos conjuntos

com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, no sentido de avaliações

citogenéticas para preservação da raça em evidência.

Essa raça, quando avaliada, poderá ser de grande utilidade em

cruzamentos industriais com raças especializadas para criação em regiões

tropicais, subtropicais e semi-áridas do Brasil e de outros países.

Sendo assim, o Gado Pé-Duro constitui um patrimônio genético de valor

incomensurável que precisa ser resgatado e deve ser tratado como uma

questão de segurança nacional.

Visando manter o contexto dessa importante raça de gado do nosso

Estado, vimos, através da Proteção Legal prevista na Lei 4.515, de 09 de

novembro de 1992, requerer o Registro da Raça de Gado Pé-Duro de São

João do Piauí-PI.

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Relatório Fotográfico

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Foto 01 – Dr. Herculano de Carvalho

Foto 02 – Vista da raça de gado Pé-Duro na Estação Experimental em São João do PI

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Foto 03 e 04 – Outra vista da raça de gado Pé-Duro na Estação Experimental

em São João do PI

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Foto 05 e 06– Outra vista da raça de gado Pé-Duro na Estação Experimental

em São João do PI

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Foto 07 e 08 – Vista dos vaqueiros que abóiam o gado Pé-Duro em São João do Piauí

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Bibliografia

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