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PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UM REPOSITÓRIO VIRTUAL ABERTO:IMPORTÂNCIA DA CATALOGAÇÃO DE RECURSOS EDUCACIONAIS
DIGITAIS (RED)
Maria Alinne Forte de Brito1
Rayssa Araújo Hitzschky2
Carolina M. R. da Silva3
Maria Lidiana Ferreira Osmundo4
Márcia Duarte Medeiros5
José Aires de Castro Filho6
RESUMOEste artigo descreve uma experiência de busca, seleção e catalogação de recursoseducacionais digitais (RED) com temas presentes nos conteúdos abordados nas aulas deLíngua Portuguesa, para os anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. Esses REDcompõem, atualmente, o ambiente virtual aberto intitulado Athena, criado pela mesmaequipe de catalogação dos recursos. O ambiente busca trazer contribuições para queprofessores e alunos possuam acesso a recursos gratuitos, de boa qualidade ecompatíveis com diferentes plataformas para seu uso dentro e fora de sala de aula.Conclui-se que o processo apresentou tanto fatores técnicos quanto pedagógicos comodeterminantes para a seleção e a catalogação de RED para o repositório e,consequentemente, para que sua aplicabilidade seja satisfatória e coerente com otrabalho em sala de aula.Palavras-chave: recursos educacionais digitais; repositório virtual; língua portuguesa.
1. Introdução
O desenvolvimento progressivo e a popularização da Internet tornaram
possíveis utilizar novas estratégias e ferramentas que servem de apoio à aprendizagem
dos alunos, oferecendo novas possibilidades dentro do processo de ensino e de
aprendizagem. As tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) têm sido
discutidas como ferramentas que propiciam esse processo (KATTIMANI AND NAIK,
2012; RUBIO; ROMERO, 2005; ARISTOVNIK 2012; SONG AND KANG 2012;
RODRÍGUEZ; NUSSBAU; DOMBROVSKAIA, 2012).
1 �Estudante de Letras-Português da Universidade Federal do Ceará (UFC).2 �Estudante de Pedagogia da UFC.3 Mestra em Linguística. Estudante do Doutorado em Educação Brasileira da UFC.4 Bacharela em Sistemas e Mídias Digitais. Estudante do Mestrado em Educação Brasileira da UFC.5 Doutora em Educação Brasileira pela UFC. Docente da Fanor Devry Brasil.6 PhD em Educação Matemática. Docente da UFC, atuante no Instituto UFC Virtual (IUVI).
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Aprender, dentro do contexto da sociedade contemporânea, é uma atividade
que possibilita grande autonomia por parte do aprendiz, uma vez que toda a informação
encontra-se disponível online e qualquer pessoa, a qualquer momento, pode fazer uso
dessas informações. A dificuldade encontra-se não somente na quantidade de
informações, mas em sua qualidade, visto que a forma como o conhecimento é
apresentado em rede é bastante diversificado e não há somente textos disponíveis na
Web, mas outros recursos multimídia tais como vídeos, áudios, animações, simulações e
imagens, por exemplo.
A utilização de recursos educacionais digitais (RED) modificou a dinâmica
do ensino, as estratégias e as práticas de alunos e de professores. O professor, outrora
com escassos recursos tecnológicos à sua disposição, hoje dispõe de incontáveis
possibilidades de aplicação desses recursos dentro e fora de sala de aula. Se antes a
responsabilidade do processo de ensino e aprendizagem era exclusivamente da escola,
hoje são múltiplas as agências que possibilitam informações e conhecimentos a que se
pode ter acesso (KENSKI, 1997; 2008).
Diante desse grande volume de informações disponíveis a cada dia, torna-se
um desafio educacional saber como selecioná-las, organizá-las e repassá-las aos alunos.
A otimização da utilização dos recursos educacionais digitais, à luz de Tarouco et al
(2004), dá-se quando estes são submetidos a um processo de classificação sistematizada
de metadados, que desemboca em um repositório que possa ser disponibilizado aos
docentes e aos discentes envolvidos nessa seara de conhecimento.
Esses repositórios encontram-se disponíveis em formato on-line e vêm
auxiliando, cada vez mais, docentes e discentes nas ações de ensinar e de aprender.
Entretanto, é sabido que as escolas públicas brasileiras sofrem com problemas de
infraestrutura e que há, ainda, um longo caminho a ser construído para que o acesso à
Internet torne-se adequado, haja vista que esse entrave impossibilita a utilização
qualitativa desses repositórios e de outros instrumentos por professores e alunos.
Com a popularização da Internet e das TDIC, houve um notório crescimento
da economia competitiva. A maioria dos países, assim como o Brasil, passou a adotar
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políticas nacionais de avaliação de seus sistemas de ensino, por meio de diferentes
programas, tais como o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) 7, o
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)8, a Prova Brasil9 e o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)10.
Paralelamente aos sistemas nacionais, vários estados e municípios
organizaram sistemas locais e regionais que pudessem proporcionar melhorias em seus
indicadores quantitativos de avaliação das aprendizagens. Dentre estes, destacamos a
cidade de Sobral, Ceará, cujo o fortalecimento de algumas dimensões em gestão, além
do fortalecimento técnico e pedagógico do fazer docente, criaram condições para um
expressivo aprimoramento em seus índices, como demonstrado em Maia (2006).
Dentre outras ações, a cidade de Sobral aderiu ao Programa Um
Computador por Aluno (UCA)11 com a aquisição de computadores portáteis do tipo
Classmate PC, um laptop educacional com conteúdos pedagógicos destinado aos
alunos. O programa teve por objetivo promover a inclusão digital, bem como melhorar
os resultados em avaliações. Entretanto, diante de algumas constatações, a infraestrutura
deficiente das escolas não permitiu o acesso às inovações tecnológicas proporcionadas
por meio do citado programa, como recursos da Web 2.0 ou, ainda, o simples acesso aos
conteúdos disponíveis em diversos repositórios, dificultando, assim, a diversificação das
práticas pedagógicas em sala de aula.
É nesse contexto que o presente trabalho descreve uma experiência de
busca, de seleção e de catalogação de RED com temas presentes nos conteúdos
abordados na área de Língua Portuguesa, para os anos iniciais e finais do Ensino
Fundamental. O objetivo desta catalogação foi disponibilizar os materiais previamente
selecionados em um repositório virtual aberto, possibilitando a professores e alunos de
7 http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/saeb_matriz2.pdf8 �http://enem.inep.gov.br/9 �http://portal.mec.gov.br/prova-brasil10 �http://ideb.inep.gov.br/11 �O Programa Um Computador por Aluno, do governo federal, teve por objetivo ser um projeto
educacional utilizando tecnologia, inclusão digital e adensamento da cadeia produtiva comercial noBrasil. Para saber mais: http://www.cceinfo.com.br/uca/
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diversas escolas o acesso a recursos gratuitos, de comprovada qualidade e executáveis
em diferentes plataformas para uso no contexto escolar.
O processo de catalogação dos RED surgiu a partir de um projeto concebido
por meio de esforços entre Universidade Federal do Ceará e Instituto Universidade
Virtual (UFC Virtual), buscando atender as escolas que desejam inserir tecnologias
digitais em seu projeto pedagógico e que utilizam o laptop proveniente do programa Um
Computador por Aluno (UCA) como ferramenta educacional.
A seleção dos RED teve, como parâmetro principal, os descritores da matriz
de referência do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), que
contribui para que escolas e secretarias de educação possam viabilizar o atendimento de
qualidade aos alunos, visando atingir as metas traçadas para a educação brasileira nas
áreas de Língua Portuguesa e Matemática (BRASIL, 2008). Na matriz de referência
consta o que será avaliado em cada disciplina e ano, informando as competências e as
habilidades esperadas dos alunos ao longo de sua trajetória escolar. Desse modo,
tornou-se possível catalogar os RED para cada público específico.
Buscou-se, com a catalogação dos recursos, e com o desenvolvimento do
repositório em questão, proporcionar um diferencial quanto aos problemas conhecidos e
evidenciados em experiências anteriores, a partir da catalogação baseada nos descritores
da Matriz SAEB, assim como a possibilidade de download da totalidade do repositório
por meio de, por exemplo, um dispositivo auxiliar (pen drive), prevenindo, desse modo,
os recorrentes problemas de acesso à rede nas escolas públicas brasileiras.
Portanto, esse trabalho trará discussões acerca da importância da busca e da
catalogação de recursos educacionais digitais e da criação de um repositório virtual para
abrigar esses materiais, como um novo instrumento a favor da educação. Para embasar a
pesquisa, serão expostos alguns pressupostos teóricos que envolvem a temática,
primordiais ao entendimento mais aprofundado do tema em estudo.
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2. Referencial Teórico
É salutar afirmar que, tão importante quanto o processo que envolve o uso
de recursos educacionais digitais em sala de aula, é o processo que envolve a busca e a
catalogação desses materiais, sistematizando-os em sua apresentação aos professores e
aos alunos no meio educacional. Para que esses recursos encontrem-se acessíveis dentro
e fora do ambiente escolar e, para que seus usuários possam utilizar diferentes recursos,
mesmo tendo sua origem em diferentes países do mundo, as bibliotecas e os repositórios
virtuais foram criados e, rapidamente, passaram a fazer parte da rotina de professores
que almejam resultados mais eficazes no trabalho de conteúdos específicos para além
dos muros da escola. Para Delors (2005), o uso de recursos adicionais em sala de aula
promove a ampliação das oportunidades em se obter conhecimento sobre os mais
variados assuntos.
2.1 Recursos educacionais digitais: conceitos e usos dentro do ambiente educacional
Não obstante as visões positivas do uso de RED em sala de aula, há pontos
negativos que suscitam o receio e, até mesmo, o repúdio por parte de professores no que
se refere à implementação das TDIC na escola e no cotidiano educacional. O professor
pode também não dispor do tempo necessário para planejar as aulas fazendo uso de
recursos digitais em virtude de sua grande carga de trabalho aliada a fatores pessoais, ou
da estrutura escolar, englobando a deficiente estrutura encontrada em salas de aula e
laboratórios, além da falta de equipamentos necessários (CYSNEIROS, 1999).
Para compreender o conceito de recursos educacionais digitais é preciso
compreender o conceito de “recursos digitais”. Um recurso digital é um item que se
encontra disponível na Web, em formato digital (imagens, vídeos, áudios, animações,
simulações, jogos, textos, entre outros). Esses recursos digitais passam a ser
classificados como educacionais a partir do momento em que abrigam, em sua proposta,
um objetivo educacional, com interações que visem o processo de aprendizagem do
aluno, sendo, o seu uso, ferramenta importante para que o professor desempenhe com
êxito o papel de mediador das informações, dos conteúdos e das disciplinas trabalhadas
em sala de aula.
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Ferreira (2001) afirma que o termo “recursos digitais” pode ser confundido
com o termo “recursos tecnológicos”, pois ambos possuem similaridade em sua
definição. Os recursos tecnológicos e digitais são amplamente estudados e analisados
desde o seu surgimento e, diferentemente dos digitais, os tecnológicos não se limitam
somente aos meios nos quais são produzidos, mas, também, aos produtos e objetos,
como CDs, DVDs, páginas impressas, computadores, MP3, dentre outros.
2.2 Repositórios virtuais: recursos educacionais digitais para todos
Os repositórios virtuais surgem com o objetivo de abrigar os RED,
oferecendo ao usuário, em uma mesma página na Web, diversas opções de recursos a
serem incorporados em suas aulas, de acordo com o currículo escolar, enquadrando-se,
também, no próprio projeto pedagógico da escola. De acordo com Lévy (2003, p.28), o
uso de repositórios transformaria a forma de se pensar a educação, incitando a ideia de
“inteligência coletiva”, sendo esta “uma inteligência distribuída por toda parte,
incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma
mobilização efetiva das competências”. É o uso colaborativo de ferramentas da Web que
nos faz perceber a importância da inserção de novas tecnologias no processo de ensino e
de aprendizagem dentro e fora de sala de aula.
Os RED são melhor aproveitados quando dispõem em sua organização de
uma classificação estruturada em metadados e quando encontram-se em um repositório
virtual integrável a um Learning Management System, ou seja, a um sistema de
gerenciamento de aprendizagem (TAROUCO; FABRE; GRANDO; KONRATH, 2004).
Fabre et al (2003) elencam os diversos benefícios proporcionados pelo ato
de catalogar objetos de aprendizagem, os quais podemos atribuir à catalogação de
recursos educacionais digitais:
Acessibilidade: pela possibilidade de acessar recursos educacionais em um local
remoto e usá-los em muitos outros locais;
Interoperabilidade: podendo utilizar componente desenvolvidos em um local,
com algum conjunto de ferramentas ou plataformas;
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Durabilidade: para continuar usando recursos educacionais quando a base
tecnológica muda, sem reprojeto ou recodificação.
Baseados na ideia de uso livre de materiais on-line e de seu
compartilhamento via Web, os repositórios virtuais foram criados com o objetivo de
oferecer o acesso aberto (open access) a diferentes recursos educacionais digitais. Os
repositórios virtuais participam da chamada “filosofia aberta” (COSTA; MOREIRA,
2003), sendo esta compreendida como o uso de diferentes formas de se comunicar
cientificamente e de interpretar o próprio processo de comunicação científica.
Refletindo sobre isto, temos que a filosofia aberta se utiliza de diferentes estratégias e
ferramentas para que o conhecimento seja compartilhado entre os seres humanos, de
forma acessível.
Diante do exposto, repositórios virtuais podem, assim, ser considerados
como sistemas de informação que armazenam, de forma organizada e estruturada,
diversos materiais oriundos de produções científicas, tendo como sua mais importante
característica o seu acesso aberto ao público.
Como exemplos de repositórios de recursos educacionais disponíveis online,
podem ser elencados os repositórios mapeados pelo projeto intitulado “Mapeamento
REA”, uma parceria entre a Wikimedia Foundation e a Ação Educativa, através do
Brazil Program, uma rede de programas brasileiros. A Ação Educativa, Assessoria,
Pesquisa e Informação é, de acordo com sua definição, disponível em seu site, “uma
associação civil sem fins lucrativos fundada em 1994” (AÇÃO EDUCATIVA, 2016),
tendo por objetivo “promover direitos educativo, culturais e da juventude, tendo em
vista a justiça social, a democracia participativa e o desenvolvimento sustentável”.
Foram mapeados quarenta e dois repositórios educacionais voltados, em sua
maioria, para materiais da Educação Básica. O mapeamento é fruto do projeto
“Educação e acesso ao conhecimento no Brasil: catalisando as comunidades e projetos
Wikimedia por meio da colaboração ativa e autônoma e do compartilhamento”. Dentre
alguns repositórios, podem ser citados alguns nomes como Sooplar, Banco Internacional
de Objetos Educacionais, Curriculo+, Educopedia, Escola Digital, Portal do Professor,
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Portal Domínio Público, REA Dante, Ambiente Educacional Web, Edumatec, Biblioteca
Digital de Ciências, RIVED, Khan Academy, Física Interativa, Biblioteca Nacional
Digital, entre outros.
Todos esses repositórios possuem diversos recursos educacionais, de
diferentes tipos, contudo, apenas alguns preocupam-se em catalogá-los visando o
trabalho em sala de aula, por constituírem-se como repositórios instrucionais. Para
tanto, os repositórios virtuais encontram-se divididos em dois grandes grupos: os
Repositórios Temáticos e os chamados Repositórios Institucionais (AFONSO et al,
2011). Os Repositórios Temáticos (RT) são aqueles que trabalham com recursos
específicos, agrupados dentro de um mesmo contexto ou assunto, ou seja, encontram-se
limitados tematicamente. Ao passo que os Repositórios Institucionais (RI) abrangem
todos os RT, independentemente de seu tema, assunto ou contexto. Os RI são
organizados por alguma instituição e tem caráter heterogêneo e multidisciplinar. A
exemplo de RI tem-se o Portal do Professor12 e o Banco Internacional de Recursos
Educacionais Digitais (BIOE)13. A inclusão de categorias relevantes para a aplicação
pedagógica torna o repositório mais rico e mais indicado para a pesquisa por
profissionais da área da educação.
O repositório em processo de construção por nossa equipe é classificado em
RI, pois apresenta caráter multidisciplinar (contendo, inicialmente, recursos que
abrangem Língua Portuguesa e Matemática) e heterogêneo, com recursos provenientes
de diversas partes do mundo, com intuito de trabalhar os conteúdos concernentes ao
ensino das disciplinas dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental brasileiro.
Com vistas a exemplificar o processo de criação do repositório educacional
virtual em questão, será elencado o conjunto de ações necessárias e desenvolvidas ao
longo do procedimento de busca, seleção e catalogação de diferentes recursos
educacionais digitais incluídos no ambiente.
12 �http://portaldoprofessor.mec.gov.br/index.html13 �http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/
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3. Metodologia
Como ponto de partida, tomou-se as experiências vivenciadas a partir do
Programa UCA (2008), relacionado diretamente às inovações tecnológicas em
contrapartida, aos problemas estruturais de acesso à Internet observados nas escolas
públicas brasileiras. Posto isso, o processo de catalogação dos recursos educacionais
digitais de Língua Portuguesa foi iniciado, com culminância no repositório virtual
aberto intitulado Ambiente Athena.
O Ambiente Athena é um repositório virtual de RED das áreas de Língua
Portuguesa e Matemática, desenvolvido para os anos iniciais e finais do Ensino
Fundamental, como dito anteriormente. Este repositório abrange recursos de diferentes
naturezas e formatos, dos quais é possível citar: vídeos, animações, áudios,
experimentos práticos, softwares, simulações e hipertextos.
O ambiente apresenta como primordialidade a catalogação da totalidade dos
recursos baseada nos descritores da Matriz SAEB, assim como a possibilidade de
download e armazenamento de todos os recursos em dispositivos auxiliares, como pen
drive e smartphones, além da opção de download do repositório como um todo.
Assim sendo, as ações para a criação do repositório de recursos
educacionais consistiram, inicialmente, da subdivisão do grupo em dois, um responsável
pelos recursos da área de Língua Portuguesa e outro pelos recursos da área de
Matemática. Embora com tarefas segmentadas, periodicamente, ocorriam reuniões para
cruzamento dos dados obtidos.
Buscando apresentar os procedimentos realizados em uma dessas áreas, esse
trabalho descreverá, especificamente, o conjunto de ações procedidas para a catalogação
de materiais da área de Língua Portuguesa. Desse modo, a seleção e a catalogação dos
recursos educacionais foi realizada em seis fases, que contemplaram o desenvolvimento
de ações pedagógicas voltadas para a busca e a análise dos RED encontrados, com a
posterior catalogação desses materiais, como será explicado doravante.
No que concerne à primeira fase, nesta foi realizada a busca de materiais
digitais que poderiam ser utilizados com fins educacionais e que se enquadrassem nos
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tópicos e nos descritores prescritos pela matriz de referência, desenvolvida de acordo
com os padrões do SAEB. Em um primeiro momento, a busca caracterizou-se em uma
pesquisa prévia de recursos que apresentavam potencial educacional e que abrangiam os
descritores da citada matriz. Em um segundo momento, a busca transcorreu de forma
mais aprofundada, buscando compreender as informações e as contribuições precisas de
cada material.
Na segunda fase, foram selecionados os materiais encontrados pelos
responsáveis à frente do processo. Nessa fase, foram elencados os critérios básicos para
a escolha e para o uso dos RED. Os critérios abrangeram três categorias: técnica,
pedagógica e leitura e compreensão. A primeira incluiu a instrução de utilização do
recurso, perpassando a compatibilidade do sistema operacional, além da facilidade de
instalação. A segunda categoria referiu-se aos materiais disponíveis ao docente para
utilização do recurso, informações sobre os objetivos pedagógicos, coerência do
conteúdo e feedbacks motivacionais. Por fim, a terceira foi referente aos aspectos da
coerência de textos verbais e não verbais, além do trabalho com os tipos de gêneros
textuais e com a oralidade. (FRANÇA; SILVA, 2014).
Convém ressaltar o uso liberado pelos direitos autorais como outro critério
relevante na escolha dos recursos digitais. Preferencialmente, foram escolhidos
repositórios que já possuem permissão de uso asseguradas por seus autores, como o
Portal do Professor e o Banco Internacional de Objetos Educacionais, e outros que
exibissem licenças de uso permitida, como a Licença Creative Commons14.
Na terceira fase, foi feita uma análise inicial do recurso, buscando
comprovar os objetivos pedagógicos estabelecidos ou delinear novos objetivos
pedagógicos que se enquadrassem a esses materiais. Durante esta fase, foi possível
observar também a coerência existente entre o conteúdo do recurso e a sua proposta
pedagógica, analisando detalhadamente se havia a adequação ao ano indicado e
inadequações relacionadas ao seu conteúdo, bem como se este encontrava-se atualizado.
14 �A Licença Creative Commons é uma licença voltada para a expansão de obras criativas disponíveis,através de licenças que permitem a cópia e o compartilhamento com menos restrições do que osrecursos tradicionalmente encontrados. Para saber mais, acesse: https://creativecommons.org/about/.
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Cabe ressaltar que, os recursos educacionais digitais catalogados foram
selecionados considerando aspectos do tamanho e da reusabilidade presente nestes
materiais e, sobretudo, a facilidade de uso local, buscando superar as dificuldades com a
inserção dos RED em sala de aula, assim como oportunizar o proveito destes recursos
para ações educacionais distintas das usualmente utilizadas.
A quarta fase foi referente aos testes de cada recurso em diferentes máquinas
e sistemas operacionais, incluindo desktops, laptops e tablets, além do laptop específico
parateste, o Classmate PC, pertencente ao Programa UCA. Durante esses testes,
atentou-se observar como os feedbacks presentes nos recursos eram fornecidos,
considerando se estes eram transmitidos de maneira imediata ao usuário e se
funcionavam de modo positivo ou negativo, tornando o uso do material uma experiência
encorajadora ou desanimadora. Sobretudo, foi investigada também a funcionalidade do
recurso, averiguando se o seu manuseio era intuitivo e se os seus botões e ícones eram
visíveis e de fácil acesso.
É importante destacar que os testes foram realizados desconectados da rede,
observando se existia a possibilidade de utilização dos recursos selecionados sem acesso
à Internet. O propósito foi de certificar que os alunos, mesmo offline, possam ter ao seu
alcance recursos educacionais adequados e com bom desempenho em seu processo de
aprendizagem. Além disso, a dinâmica de testes empreendida abrangeu a resolução de
eventuais problemas técnicos, tais como problemas de incompatibilidade e atualização
de programas, paralelamente, à utilização de dispositivos auxiliares, como o pen drive,
para armazenamento dos recursos e realização dos testes posteriores.
Quanto à quinta fase, esta foi relativa à catalogação dos recursos
educacionais digitais selecionados e testados. Segundo Silva et al (2006), cada objeto de
aprendizagem deve conter um acompanhamento de metadados, ou seja, receber
informações descritivas, permitindo que sejam facilmente encontrados por intermédio
de um sistema de busca. Nesse momento, foram analisados quais descritores, ano e
conteúdos contemplavam os recursos escolhidos para, assim, acrescentá-los aos seus
metadados. Para isso, reuniões periódicas foram realizadas com todo o grupo a fim de
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serem estudados os tópicos e os descritores da matriz de referência SAEB, visando uma
avaliação adequada dos recursos dentro do âmbito pedagógico.
A sexta, e última fase, compreendeu o desenvolvimento concreto do
repositório virtual, com aspectos da programação e do design elaborados e definidos em
parceria com outros colaboradores envolvidos no projeto, sendo estes dedicados
exclusivamente para elaborar as telas e as funcionalidades do ambiente. Essa etapa
perpassou a criação e a definição do padrão de layout, acarretando na interface final,
bem como o desenvolvimento das funcionalidades baseadas nas interações propostas
para o ambiente.
Essa fase contou, ainda, com a inclusão dos RED ao repositório. Dessa
forma, foi feito o upload de cada recurso selecionado e de seus metadados para o
repositório virtual, que corrobora com a definição de Viana et al (2005, p. 3), que diz:
“Um repositório digital é uma forma de armazenamento de objetos digitais que tem a
capacidade de manter e gerenciar material por longos períodos de tempo e prover o
acesso apropriado. ”
À vista disso, segue esquema visual (Figura 1) para melhor compreensão
das fases que compuseram o processo de busca, seleção e catalogação dos recursos até o
ponto incidente, que caracterizou o desenvolvimento do repositório.
Figura 1 – Esquema do processo de catalogação dos RED
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Vale salientar que, ao longo da seleção dos recursos educacionais digitais, a
equipe seguiu, por meio de uma planilha (Figura 2), uma estrutura de organização dos
materiais, separando-os por ano e contendo os descritores contemplados ao recurso, sua
origem, suas licenças de uso específicas e o tipo de recurso (vídeos, áudios, softwares
educacionais, simulações, hipertextos ou animações).
Figura 2 – Planilha de organização dos RED
Após a finalização da planilha de organização e da análise dos direitos
autorais e dos termos de uso de cada recurso encontrado, foi realizado o download
desses materiais, organizando-os em pastas distintas e classificando-os em recursos
permitidos (livres para uso, ou seja, com prévia autorização de uso pelo autor), recursos
não permitidos e recursos que não puderam ser baixados, tendo, como consequência,
seu uso restrito ao modo online.
Tomando por base as atividades realizadas e o objetivo desse trabalho, a
análise do conjunto de ações executadas para a seleção e a catalogação dos recursos
educacionais digitais será feita em duas seções, sendo a primeira destinada a designar os
procedimentos de busca e de seleção dos RED, e a segunda reservada ao processo de
catalogação dos recursos encontrados e listados pela equipe.
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4. Análise dos dados
Partindo dos dados apresentados, é importante fazer uma análise reflexiva
do que foi obtido, compreendendo como essas informações podem vir a auxiliar o meio
educacional. Com essa compreensão mais apurada, é possível fazer inferências acerca
das contribuições de pesquisas realizadas e como estas podem tornar-se possibilidades
para a prática pedagógica e influenciar, de forma positiva, o processo de ensino e de
aprendizagem de discentes, acarretando mudanças na forma estabelecida de ensinar e
aprender.
4.1. Sobre os procedimentos de busca e teste de RED
Com o processo de catalogação dos recursos educacionais de Língua
Portuguesa finalizado, foram contabilizados, ao todo, trezentos e quarenta e um
materiais digitais, de diferentes tipos, incluindo animações, áudios, vídeos, softwares,
simulações e hipertextos, dentre recursos permitidos para download e para uso no modo
online. Desse total, trinta e três recursos não funcionaram no laptop específico utilizado
para teste e outros trinta e três recursos só funcionaram de forma online.
Durante o processo de busca pelos recursos digitais, foram priorizados
repositórios que apresentassem licença de uso permitida por seus autores, incluindo, em
sua grande maioria, a Licença Creative Commons, que abrange diversos tipos de licença
para o uso e o compartilhamento de materiais digitais. Algumas dificuldades
transcorreram a partir da busca pelos RED, visto que, muitos repositórios apresentavam
direitos reservados aos autores ou não especificavam o tipo de licença de uso,
prejudicando o real conhecimento sobre os seus direitos.
Ao longo da análise dos direitos autorais dos recursos, buscou-se a
certificação de que estes poderiam ser utilizados e armazenados no repositório virtual
desenvolvido. Durante esse processo, foi constatado que alguns destes não possuíam
licença, havendo restrições quanto ao seu uso e levando a equipe a descartar tal
material. Em alguns momentos pontuais, as responsáveis pelo processo tentaram
estabelecer contato com os autores dos materiais, quando estes eram identificados,
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contudo, em geral não foi possível obter respostas, intrincando o andamento da busca e
da seleção dos recursos.
Outro problema recorrente ao longo da busca foi a navegação apresentada
pelos repositórios com licença de uso permitida e que foram selecionados para busca,
principalmente, referentes às opções do filtro de dados e de download. No que consta ao
filtro de dados desses repositórios, estes apresentavam problemas quanto à exatidão dos
metadados no momento da procura pelos RED, dificultando a pesquisa dos materiais
por disciplina e conteúdo.
Quanto à opção de download, muitas vezes, fazia-se necessário possuir
programas específicos de execução ou, em outras, o programa utilizado para o
desenvolvimento de determinado recurso encontrava-se desatualizado, confrontando-se
com os atuais programas utilizados, principalmente, àqueles pertencentes ao laptop
educacional para teste.
Ainda, foram encontrados obstáculos no decorrer da busca pelos materiais,
concernentes ao não funcionamento de alguns recursos no sistema operacional Linux
(sistema operacional do laptop específico para teste). Assim sendo, estes RED foram
desconsiderados, visto que tiveram sua funcionalidade prejudicada.
Ademais, os entraves evidenciados não impediram o bom funcionamento da
busca e seleção dos recursos educacionais digitais, tendo em vista que essas etapas
configuraram-se como primordiais ao processo como um todo. Apesar das dificuldades
encontradas, foi possível selecionar materiais de considerável qualidade técnica e
pedagógica, buscando, desta forma, proporcionar contribuições à comunidade escolar
por meio da possibilidade de utilização dos RED analisados.
4.2. Sobre o processo de catalogação de RED
No que tange à catalogação dos recursos educacionais, esta foi a fase inicial
para a criação do Ambiente Athena, repositório virtual aberto que engloba RED de
Língua Portuguesa e Matemática. Desse modo, Sarmento et al(2005, p.3) definem
repositórios digitais como “coleções digitais que armazenam, preservam e tornam
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disponível a produção intelectual de uma ou mais universidades, sem qualquer custo
para o produtor e consumidor da informação”.
Para compor o repositório desenvolvido, foram selecionados recursos
educacionais digitais de Língua Portuguesa de diferentes tipos, a fim de abranger a
diversidade e o potencial oferecido por esses materiais. Dessa forma, a estruturação do
repositório em questão teve como base a análise criteriosa de cada recurso selecionado
alinhada à descrição detalhada dos seus metadados, que teve como ação final, a
catalogação dos recursos que compõem o Ambiente Athena.
Como forma de exemplificação do processo de catalogação, tomou-se como
exemplo o recurso educacional digital Histórias Fantásticas (Figura 3), um objeto de
aprendizagem do Grupo de Pesquisa e Produção de Ambientes Interativos e Objetos de
Aprendizagem (PROATIVA/UFC Virtual)15. Este recurso é indicado para alunos a partir
do 1º ano do Ensino Fundamental e contempla a produção textual através da relação
imagem-texto.
Figura 3 – Objeto de aprendizagem Histórias Fantásticas
O recurso educacional Histórias Fantásticas foi cuidadosamente analisado e
observou-se, a partir dessa verificação, que esse material apresenta diversas
possibilidades ao trabalho com a escrita e a produção textual, abordando a temática em
15 �http://www.proativa.vdl.ufc.br/index.php?id=0
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questão de maneira lúdica e interativa. Durante a análise inicial, buscou-se atentar para
sua licença de uso, o qual foi percebido que este utiliza a Licença Creative Commons,
permitindo, assim, a sua utilização e compartilhamento. Outro aspecto observado foi
que este funcionava sem acesso à rede e apresentava um fácil manuseio e linguagem
adequada ao ano indicado.
Ao longo do processo de seleção do recurso em questão, primou-se,
primeiramente, pelo teste realizado no laptop educacional para teste. Com a
confirmação da compatibilidade, avançou-se para a fase de análise e estruturação dos
seus metadados, incluindo, o ano indicado, os descritores abrangidos, o conteúdo
abordado e o ano de criação. Além disso, foram verificados aspectos da estruturação da
temática abordada e os desafios oferecidos aos discentes, com as suas possíveis
utilizações em sala de aula.
Dessa forma, a organização dos seus metadados iniciou-se a partir da
averiguação inicial de seu conteúdo, estabelecendo, posteriormente, o ano indicado para
o seu uso. Para isso, foram utilizados documentos norteadores da aprendizagem, como a
Matriz de Referência SAEB, além dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de
Língua Portuguesa16 e as Expectativas de Aprendizagem do Estado do Ceará. Estes
abrangem as habilidades, as competências e os conteúdos esperados para cada ano.
Em um segundo momento, foram verificados os descritores que
perpassavam o recurso exemplificado, determinando, de acordo com o seu conteúdo, os
descritores abrangidos. Esse momento constituiu-se em uma etapa essencial, visto que a
catalogação que culminou na criação do Ambiente Athena, teve como um dos seus
diferenciais a catalogação e o filtro de dados do repositório baseados nos descritores da
Matriz SAEB. Como ação final, o recurso foi incluído ao repositório, com os seus
respectivos metadados e miniatura (imagem) do recurso.
Por conseguinte, o desenvolvimento do repositório virtual buscou
possibilitar aos professores da rede pública de ensino da cidade de Fortaleza, Ceará, o
acesso a recursos gratuitos e com adequada qualidade técnica e pedagógica e, sobretudo,
16 �http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf
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permitindo a utilização local por meio do armazenamento em dispositivos auxiliares
(pen drive e smartphone) para uso dentro de sala de aula, prevenindo, assim, problemas
corriqueiros de acesso à rede nas escolas. Com a finalização da catalogação, primeira
etapa do processo, foi possível avançar para a fase final, a de criação do repositório.
Diante do exposto, nota-se que, embora o processo de seleção e catalogação
dos recursos tenha possuído fases distintas, estas ocorreram de um modo contínuo, pois
encontravam-se constantemente interligadas, sendo uma a sucessão da outra,
garantindo, desse modo, o desdobramento do processo em sua amplitude.
Como etapas futuras, serão incluídos ao acervo do Ambiente Athena, planos
de aula modelo das áreas de Língua Portuguesa e Matemática, como forma de contribuir
com o uso dos RED disponíveis, objetivando, desta forma, oferecer subsídios aos
docentes na inserção destes materiais em suas dinâmicas pedagógicas e buscando
apresentar novos e diversificados recursos que podem ser inseridos em sala de aula.
Além disso, ainda será realizada a inclusão de recursos educacionais digitais voltados
para novas disciplinas, visando alcançar todas as áreas de estudo referentes ao Ensino
Fundamental e procurando suprir as necessidades pedagógicas de docentes e discentes
que carecem de recursos que somem, positivamente, ao ensino e aprendizagem.
Outra futura iniciativa é o início da catalogação de aplicativos para
plataforma Android das áreas de Língua Portuguesa e Matemática, almejando, desta
maneira, uma utilização mais ampla dos diferentes dispositivos móveis, como
smartphones e tablets, tão presentes na sociedade contemporânea.
5. Considerações Finais
O processo de busca e catalogação de recursos educacionais digitais de
Língua Portuguesa consistiu em uma experiência que visa contribuir para o contexto
escolar, principalmente, para professores e alunos em sua dinâmica de ensino e de
aprendizagem. A partir dessa vivência, percebeu-se que a fundamentação técnica
caracteriza-se como um fator determinante para uma adequada catalogação dos
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recursos, contudo, para que seus objetivos sejam alcançados plenamente, faz-se
necessário atentar, sobretudo, para os princípios pedagógicos.
Ao longo da seleção dos recursos, um aspecto de fundamental importância
foi a ponderação acerca das possibilidades oferecidas com a experiência de uso destes
materiais digitais, percebendo as suas possíveis contribuições em sala de aula e para
além dela. Entretanto, essa ação só pode se tornar tangível a partir de uma catalogação
fundamentada em critérios anteriormente pensados e estabelecidos, selecionando, desse
modo, àqueles materiais que lançam desafios pedagógicos adequados aos níveis de
desenvolvimento, através da exploração de novas vivências proporcionadas pela
interação aluno-máquina, aluno-aluno e aluno-professor.
Diante de um demasiado número de informações criado e compartilhado na
sociedade atual, é essencial estabelecer posturas mais críticas frente aos novos
conhecimentos que estão postos em variados ambientes de aprendizagem e, inclusive,
na Internet. Cabe à escola redimensionar os seus papéis, enquanto instituição formadora
de sujeitos pensantes e reflexivos, objetivando, em vista disso, repensar as suas práticas
educacionais, muitas delas, consideradas obsoletas. Assim sendo, novas possibilidades
desabrocham ao ensino, com desdobramentos que podem tornar a realidade escolar um
ambiente mais ativo e autoral.
A sociedade atual encontra-se em um período de constante mudança no
âmbito educacional. Outrora, a educação brasileira era baseada em um ensino
enciclopédico, e hoje, é possível ver a transformação em uma educação voltada para o
meio virtual. O processo de catalogação empreendido foi apenas o primeiro passo para
auxiliar no ensino, na dinâmica em ambientes educacionais, na mudança do papel do
professor e no processo de aprendizagem do corpo discente escolar.
Portanto, a criação de um repositório significa não somente nos adequar à
realidade hoje vigente, mas também busca-se auxiliar docentes em suas práticas
educativas, oferecendo em um único ambiente de referência, aquilo necessário para o
bom desenvolvimento de suas aulas. São consideráveis os ganhos que esta ação é capaz
de trazer, podendo alentar o desenvolvimento dos alunos, tornando-os mais engajados e
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autônomos em sua aprendizagem. Espera-se, desta maneira, que os recursos
educacionais digitais incluídos ao repositório virtual, possam vir a ser instrumentos
capazes de auxiliar a aprendizagem, possibilitando a alunos e professores discussões e
reflexões acerca dos conteúdos disponibilizados.
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