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PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO DE PISOS PARA ACESSIBILIDADE APLICADO EM PORCELANATO E CONCRETO N.K. Zurba; M. Dischinger; O.E. Alarcon Rua Capitão Romualdo de Barros, 998 – 401A, Cond. Ilha do Sol, 88040-600, Florianópolis, Santa Catarina. E-mail: [email protected] . Universidade Federal de Santa Catarina RESUMO A avaliação de desempenho de produtos desenvolvidos em meio acadêmico contribui para viabilizar a continuidade de pesquisas na área. Assim, os Pisos Cerâmicos para Acessibilidade – PCAs em porcelanato, desenvolvidos junto ao Departamento de Engenharia de Materiais da UFSC, foram avaliados e classificados em comparação com o piso de concreto utilizado em meio urbano na cidade de Florianópolis. A metodologia utilizada foi a MECLAPA, baseada no Processo de Classificação de Pisos para Acessibilidade – PCPA, utilizando amostra física do piso e material de interface; Planilha de Avaliação e curva de acessibilidade. Como resultados obtidos, o piso alerta em concreto assume CLASSE III (pouco recomendado para uso). O porcelanato assume CLASSE I (fortemente recomendado para uso). Palavras-chave: classificação; pisos cerâmicos para acessibilidade; porcelanato; concreto. INTRODUÇÃO O Processo de Classificação de Pisos para Acessibilidade (PCPA) serve como instrumento de design, desenvolvimento e classificação desses pavimentos através da avaliação de seu ciclo de vida. O PCPA foi sistematizado através da Metodologia do Processo de Design e de Classificação de Pisos para Acessibilidade – MECLAPA (4) , que compreende no cumprimento ordenado das seguintes etapas: (1) concepção; (2) materialização; (3) aplicação; (4) avaliação; (5) classificação; (6) informação; (7) produção; (8) distribuição; (9) utilização; (10) certificação; e (11) descarte. Estas etapas são inerentes ao ciclo de vida dos pisos, compreendido pelo “nascimento”, Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica Proceedings of the 48 th Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society 28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR 1

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PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO DE PISOS PARA ACESSIBILIDADE APLICADO EM PORCELANATO E CONCRETO

N.K. Zurba; M. Dischinger; O.E. Alarcon Rua Capitão Romualdo de Barros, 998 – 401A, Cond. Ilha do Sol, 88040-600,

Florianópolis, Santa Catarina. E-mail: [email protected]. Universidade Federal de Santa Catarina

RESUMO A avaliação de desempenho de produtos desenvolvidos em meio acadêmico

contribui para viabilizar a continuidade de pesquisas na área. Assim, os Pisos

Cerâmicos para Acessibilidade – PCAs em porcelanato, desenvolvidos junto ao

Departamento de Engenharia de Materiais da UFSC, foram avaliados e classificados

em comparação com o piso de concreto utilizado em meio urbano na cidade de

Florianópolis.

A metodologia utilizada foi a MECLAPA, baseada no Processo de Classificação

de Pisos para Acessibilidade – PCPA, utilizando amostra física do piso e material de

interface; Planilha de Avaliação e curva de acessibilidade. Como resultados obtidos,

o piso alerta em concreto assume CLASSE III (pouco recomendado para uso). O

porcelanato assume CLASSE I (fortemente recomendado para uso).

Palavras-chave: classificação; pisos cerâmicos para acessibilidade; porcelanato; concreto.

INTRODUÇÃO

O Processo de Classificação de Pisos para Acessibilidade (PCPA) serve como

instrumento de design, desenvolvimento e classificação desses pavimentos através

da avaliação de seu ciclo de vida. O PCPA foi sistematizado através da Metodologia

do Processo de Design e de Classificação de Pisos para Acessibilidade – MECLAPA (4), que compreende no cumprimento ordenado das seguintes etapas: (1) concepção;

(2) materialização; (3) aplicação; (4) avaliação; (5) classificação; (6) informação; (7)

produção; (8) distribuição; (9) utilização; (10) certificação; e (11) descarte. Estas

etapas são inerentes ao ciclo de vida dos pisos, compreendido pelo “nascimento”,

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“vida” e “morte”. Nesse sentido, a classificação dos PAs foi propositalmente

posicionada como desfecho da fase de nascimento dos produtos, evitando o

prosseguimento do método no caso de um resultado negativo.

Os objetivos do artigo consistem em apresentar o processo de classificação de

pisos para acessibilidade utilizado na avaliação dos pisos em concreto (1) e

porcelanato, servindo como ferramenta para o designer cerâmico avaliar o efeito de

acessibilidade que está sendo obtido durante o processo de design, através do

resultado que revela o maior número de critérios atendidos em um produto e em

qual momento do ciclo de vida deste produto ele deixa de desempenhar suas

funções a favor da acessibilidade. Este processo vem sendo aplicado no estudo de

viabilidade referente à produção dos Pisos Cerâmicos para Acessibilidade (PCAs)

em porcelanato, com uso voltado à acessibilidade de portadores de deficiências.

METODOLOGIA DO PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO DE PISOS PARA ACESSIBILIDADE

O processo de classificação consiste em efetuar uma avaliação a partir de

critérios de desempenho estabelecidos pela MECLAPA e classificar os pisos

segundo o escore obtido. O avaliador pode ser um agente especialista que deseje

avaliar o desempenho dos pisos, tais como: profissionais do processo de design dos

pisos para acessibilidade (designer, ceramista); pesquisadores; e profissionais

técnicos. É necessário que o avaliador tenha conhecimento das variáveis avaliadas,

das características do produto avaliado e do material de interface no passeio, da

metodologia de avaliação e imparcialidade na valoração dos critérios avaliados.

A acessibilidade pode ser mensurada (2) e (5), mas neste estudo tentou-se

estimar a propagação de seu efeito a partir das variáveis pesquisadas que podem

caracterizar um ambiente favorável para que a mesma se manifeste a partir dos

pisos. Nesse sentido, o que avalia-se é o desempenho dos pisos a partir do efeito

estimado que os mesmos podem provocar em favorecimento da acessibilidade no

meio ambiente.

A avaliação de Pisos para Acessibilidade (PAs) pode ser realizada com:

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• Amostra física de PA e do material de interface;

• Planilha de Avaliação de Pisos para Acessibilidade – PLAPA (4), cujo arquivo é

original do Excel (quadro 7);

• Recorte espacial significativo (foto, projeto ou análise in loco) a partir de um

trecho do percurso, por exemplo, uma esquina ou um corredor, para avaliar as

etapas de aplicação ou utilização do PA .

Na tentativa de uma avaliação que reflita dados verdadeiros, arbitrou-se como

definição que a MECLAPA serve de indicativo de pisos cujos efeitos podem

favorecer, desfavorecer ou simplesmente serem neutros à qualificação de espaços

acessíveis. Isto significa que o resultado da avaliação serve para invalidar pisos

propostos para a acessibilidade que não favoreçam à acessibilidade. A avaliação

consiste, inicialmente, na verificação qualitativa de critério por critério das categorias

estabelecidas.

Nessa verificação, atribui-se um valor numérico a cada critério, segundo o

efeito estimado:

( -1 ) para efeito desfavorável à acessibilidade;

( 0 ) para efeito nulo à acessibilidade;

( +1 ) para efeito favorável à acessibilidade.

Figura 1 – Geração de valores dos critérios avaliados na MECLAPA.

Geração de valores dos critérios avaliados na MECLAPA

Efeito gerado

Valores

(q)

Cor associada Convenção para valoração do efeito

DESFAVORÁVEL

-1

Vermelho

Quando o critério é atendido fora dos padrões da

MECLAPA e seu efeito é desfavorável à acessibilidade.

NULO

0

Amarelo

Quando o critério não é atendido ou seu efeito é nulo.

FAVORÁVEL

+1

Verde

Quando o critério é atendido dentro dos padrões da

MECLAPA e seu efeito é favorável à acessibilidade.

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Figura 2 – Processo de Classificação de Pisos para Acessibilidade – PCPA (12).

Classificação

Parte II - CLASSIFICAÇÃO

Verificar a intensidade do efeito favorável

CLASSE III: pouco recomendado para uso

CLASSE II: recomendado para uso

CLASSE I: fortemente recomendado para uso

Cálculo do COFacess gerado pela média ponderada das categorias atendidas (Q): COFacess = n1(Q1) + n2(Q2) + n3(Q3) +n4(Q4) n1+n2+n3+n4 onde: n= número de critérios avaliados.

I. Verificar o COFacess na PLAPA. II. Verificar a localização do COFacess na Curva de Acessibilidade.

Consultar o quadro de Classificação de Pisos para Acessibilidade (CPA)

Classificação gerada pela intensidade do efeito favorável à acessibilidade calculado pelo COF acess.

EFEITO DESFAVORÁVEL À ACESSIBILIDADE

EFEITO FAVORÁVEL À ACESSIBILIDADE

Q = ∑qi onde:

Q= efeito da categoria avaliada; q= efeito estimado do critério avaliado; i = número de critérios

li d

P = Q1 + Q2 +Q3 + Q4

q=+1, se efeito favorável q = 0, se efeito nulo q= -1, se efeito desfavorável

Efeitonulo

Preenchimento dos campos da PLAPA

Cálculo da pontuação (P) pelo somatório das categorias (Q)

P = pontuação MECLAPA

Avaliação das categorias (Q) pelo somatório do efeito (q) de seus critérios

Avaliação dos critérios pelo arbítrio de valores (+1), (0) ou (-1)

segundo os efeitos gerados (q).

P= negativo (-)

P = positivo (+)

P=0

Parte I - AVALIAÇÃO

CLASSE IV : não recomendado para uso

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Após a atribuição de valores ao efeito gerado para cada critério avaliado, estes

valores são aplicados na PLAPA e resultam no efeito por categoria (Q), que gera a

pontuação da MECLAPA (P), conforme apresenta a Figura 2 sobre o Processo de

Classificação de Pisos para Acessibilidade. O coeficiente do efeito favorável à

acessibilidade, o COFacess representa a média ponderada da pontuação obtida das

categorias e critérios avaliados.

Como os PCAs ainda não tinham sido aplicados no meio ambiente até aquele

momento da pesquisa, optou-se por não avaliar as amostras em uma situação de

projeto para a etapa de aplicação. Assim, as categorias do sistema de paginação e

princípios do Desenho Universal (3) não foram consideradas na classificação das

amostras. Logo, foi gerada uma curva de acessibilidade restrita às etapas de

concepção e materialização dos PAs permitindo suas classificações em etapas

equivalentes do ciclo de vida para os pisos de porcelanato e concreto. Considerando

apenas as categorias dos atributos da idéia (concepção) e das propriedades formais

(materialização), arbitrou-se na simulação esta última como a mais significativa no

cálculo do COFacess crítico, conforme apresentado na Figura 3.

Figura 3 – Simulação dos COFacess para concepção e materialização de PAs.

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Figura 4 – Classificação de Pisos para Acessibilidade para etapas de concepção e materialização (12).

CLASSIFICAÇÃO DE PISOS PARA ACESSIBILIDADE PARA ETAPAS DE CONCEPÇÃO E MATERIALIZAÇÃO

Efeito gerado (q)

Desempenho

COFacess

Intensidade

do efeito

Piso para

Acessibilidade

Recomendação para uso

Favorável Superior ou igual a 90%

6,5384 ≥ COFacess ≥ 5,8845 ALTO

CLASSE I Fortemente recomendado

Favorável Superior ou igual a 70%

5,8855 >COFacess ≥4,5768 MÉDIO

CLASSE II Recomendado

Favorável Inferior a 70% 4,5768 >COFacess > 0 BAIXO

CLASSE III Pouco recomendado

Nulo ou desfavorável

Igual ou inferior a 0%

Desconsiderado

CLASSE IV

Não recomendado

A classificação de PAs foi efetuada para as amostras selecionadas na

pesquisa, ambas da tipologia alerta para as etapas de concepção e materialização.

Os resultados da classificação das amostras apresentam-se nos itens seguintes e

assumem os dados da Figura 4, de Classificação de Pisos para Acessibilidade para

etapas de concepção e materialização. O COFacess gerado pode ser lido pelo gráfico

da Figura 5.

Após tal simulação da pontuação da MECLAPA e do cálculo do COFacess,

foram calculados os respectivos desempenhos percentuais e seus efeitos, arbitrados

como: igual ou superior a 90% (alto efeito favorável); entre menor que 90% e igual

ou superior a 70% (médio efeito favorável); ou inferior a 70% (baixo efeito favorável).

A relação entre a pontuação obtida pela MECLAPA, o COFacess gerado, o

desempenho previsto (%) e o efeito resultante, representam o resultado de avaliação

da MECLAPA, permitindo sua classificação quanto ao efeito que desempenham em

favor da acessibilidade. De acordo com a classe que assumem, os pisos podem ser

“Fortemente recomendados, Recomendados, Pouco recomendados ou Não-

recomendados” para o uso. Esses dados foram sistematizados na Figuras 4 e

podem ser visualizados pela Figura 7.

RESULTADOS E DISCUSSÔES Classificação dos pisos para acessibilidade em concreto

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A classificação da amostra 1, em concreto, iniciou-se pelo preenchimento da

PLAPA (Figura 5), de onde foram obtidos os seguintes resultados:

Figura 5 – PLAPA para classificação da amostra 1 – concreto.

PLANILHA DE AVALIAÇÃO DE PISOS PARA ACESSIBILIDADE - PLAPA

Produto: PISO ALERTA Material: CONCRETO

Efeito resultante: favorável

No.amostra: 01 Interface: CONCRETO

Intensidade do efeito: baixo

Avaliador: NADIA ZURBA Data: 19-10-2003 Indicação para uso: pouco recomendado

CICLO DE VIDA DO PRODUTO Concepção Materializaçã

o Aplicação ou Utilização

(Design) (Eng. Materiais) (Arquitetura)

IDÉIA MATERIAL USUÁRIO MEIO AMBIENTE

1 0 Sinalização Uso eqüitativo1 1

Linguagem Antiderrapância

Uso flexível

1 1 0 Contexto Contraste tátil Uso simples e

intuitivo 1 -1 0

Necessidade de uso

Contraste sonoro

Informação de fácil percepção

1 0 0 0 Aceitação

cultural Constraste

visual Tolerância ao

erro Paginação

coerente 0 1 0 0

Formas e valores estéticos

Dimensionamento

Baixo esforço físico

Assentamento regular

1 -1 0 0

Critérios

Viabilidade produtiva

Durabilidade Dimensão e espaço adequado

para o uso

Estado de conservação

Cat

egorias

Atributos da idéia

Propriedades

formais

Princípios de

Desenho Universal

Sistema de paginação

n 6 7 0 0 Q 5 2 0 0 P 7

COFacess

3,384615385

As formas e valores estéticos foram avaliados com efeito nulo (0), por atribuir

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ao piso alerta de concreto um valor estético insignificante. Trata-se de uma

valoração subjetiva, baseada no valor simbólico que o mesmo assume. O contraste

sonoro foi avaliado, com efeito, negativo (-1), por atribuir ao piso alerta de concreto a

inexistência de contraste sonoro com o material de interface, que também é

concreto. Portanto, esse critério pode ter seu efeito modificado mediante a

substituição do material de interface por outro que ofereça maior contraste sonoro. O

contraste visual foi avaliado, com efeito, nulo (0), por atribuir ao piso alerta de

concreto um contraste da cor vermelha, quase rosa, insignificante como contraste ao

material de interface. Atenta-se ao fato que a intensidade da cor não foi medida,

sendo a avaliação baseada no aspecto visual da peça. A durabilidade foi avaliada

com efeito negativo (-1), por atribuir ao piso alerta de concreto uma baixa resistência

à flexão, o que não atende à recomendação da MECLAPA para a materialização do

piso.

Assim, conforme os critérios avaliados, obteve-se a seguinte classificação do

piso alerta de concreto (amostra 1):

• Efeito resultante: favorável à acessibilidade;

• Intensidade do efeito: baixo;

• Desempenho: inferior a 70%;

• COFacess: 3,3846 (gráfico 7);

• Classificação: CLASSE III;

• Indicação para uso: pouco recomendado.

Como resultado do processo de classificação da MECLAPA, o piso alerta de

concreto assume a CLASSE III, de baixo efeito à acessibilidade, sendo pouco

recomendado para uso.

Classificação dos pisos para acessibilidade em porcelanato

A classificação da amostra 2, em porcelanato, iniciou-se pelo preenchimento da

PLAPA (Figura 6), de onde foram obtidos os seguintes resultados:

Figura 6 – PLAPA para classificação da amostra 2 – porcelanato.

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PLANILHA DE AVALIAÇÃO DE PISOS PARA ACESSIBILIDADE - PLAPA

Produto: PISO ALERTA Material: PORCELANATO

Efeito resultante: favorável

No.amostra: 02 Interface: CONCRETO

Intensidade do efeito: alto

Avaliador: NADIA ZURBA Data: 19-10-2003 Indicação para uso: fortemente recomendado

CICLO DE VIDA DO PRODUTO Concepção Materializaçã

o Aplicação ou Utilização

(Design) (Eng. Materiais) (Arquitetura)

IDÉIA MATERIAL USUÁRIO MEIO AMBIENTE

1 0 Sinalização Uso eqüitativo1 1

Linguagem Antiderrapância

Uso flexível

1 1 0 Contexto Contraste tátil Uso simples e

intuitivo 1 1 0

Necessidade de uso

Contraste sonoro

Informação de fácil percepção

1 0 0 0 Aceitação

cultural Constraste

visual Tolerância ao

erro Paginação

coerente 1 1 0 0

Formas e valores estéticos

Dimensionamento

Baixo esforço físico

Assentamento regular

1 1 0 0

Critérios

Viabilidade produtiva

Durabilidade Dimensão e espaço adequado

para o uso

Estado de conservação

Cat

egorias

Atributos da idéia

Propriedades

formais

Princípios de

Desenho Universal

Sistema de paginação

n 6 7 0 0 Q 5 2 0 0 P 7

COFacess

6

A maior parte dos critérios avaliados da amostra 2 apresentou efeito favorável

à acessibilidade (+1), exceto: contraste visual = 0. O contraste visual foi avaliado

com efeito nulo (0), por atribuir ao piso alerta de porcelanato um contraste com o

material de interface quase insignificante. Atenta-se ao fato que a intensidade da cor

vermelha da amostra não foi medida, sendo a avaliação baseada no aspecto visual

da peça. Assim, conforme os critérios avaliados, obteve-se a seguinte classificação

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do piso alerta de porcelanato (amostra 2):

• Efeito resultante: favorável à acessibilidade;

• Intensidade do efeito: alto;

• Desempenho: superior a 70%;

• COFacess: 6,0 (gráfico 6);

• Classificação: CLASSE I;

• Indicação para uso: fortemente recomendado.

Como resultado do processo de classificação da MECLAPA, o piso alerta de

porcelanato assume a CLASSE I, de alto efeito favorável à acessibilidade, sendo

fortemente recomendado para uso.

Assim, conforme o processo de classificação realizado, é possível visualizar a

localização do COFacess para as amostras 1 e 2 na curva de acessibilidade para as

etapas de concepção e materialização da MECLAPA (gráfico 6). Os resultados

obtidos permitem entender que o porcelanato assume um desempenho superior ao

concreto para as etapas de concepção e materialização de Pisos para

Acessibilidade.

CURVA DO EFEITO FAVORÁVEL À ACESSIBILIDADE PARA A CONCEPÇÃO E MATERIALIZAÇÃO DO PISO

00,4615

0,9231,3846

1,84612,3076

2,76923,3076

3,84614,3846

4,9235,4615

66,5384

pontuação MAPA

CO

Face

ss

curva de acessibilidade

AMOSTRA 1 - CONCRETO

AMOSTRA 2 - PORCELANATO

ALTOMÉDIOBAIXO

Figura 7 – COFacess na curva do efeito favorável à acessibilidade para as amostras 1 e 2.

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CONCLUSÃO

O problema da baixa acessibilidade decorrente da má qualidade do material

utilizado no pavimento, o concreto, pode ser solucionado através dos Pisos

Cerâmicos para Acessibilidade, os PCAs, resultantes da aplicação da MECLAPA no

material porcelanato. Verificou-se através do processo de classificação proposto,

que o porcelanato assume para as etapas de concepção e materialização um

desempenho superior ao do concreto em relação ao favorecimento da

acessibilidade. Isso ocorre pelos valores estéticos, pelo contraste sonoro e pela

durabilidade que o porcelanato oferece.

Então, conclui-se que esta pesquisa pode ser aprofundada através das

seguintes ações: (a) estudo de classificação dos Pisos Cerâmicos para

Acessibilidade – PCAs – em porcelanato juntamente com os portadores de

deficiências nos percursos de pedestres, para as etapas de aplicação e utilização da

MECLAPA; (b) estudo do efeito dos PCAs em porcelanato para ambientes interiores,

a partir da MECLAPA; (c) estudo de produção dos PCAs como produto comercial em

porcelanato, a partir da MECLAPA; (d) estudo de Certificação de Qualidade de Pisos

para Acessibilidade, a partir da MECLAPA; (e) estudo de Pisos para Acessibilidade

em outros materiais, a partir da MECLAPA.

REFERÊNCIAS

1. DISCHINGER,M. ZURBA, N.K. Acessibilidade no Centro de Florianópolis: análise e recomendações sobre a área urbana central. PMF/IPUF: Florianópolis, 1998. 2. HANDY,S; NIEMEIER, D.A. Measuring accessibility: an exploration of issues and alternatives. Enviroment and Planning A, vol.29, p. 1175-1194, 1997. 3. MUELLER, J.L; MACE, R.L. The Universal Design File: Designing for People of All Ages and Abilities. NC State University, The Center for Universal Design, 1998. 4. ZURBA, N.K. Metodologia do Processo de Design e de Classificação de Pisos para Acessibilidade aplicada em Porcelanato. Dissertação de Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais. UFSC: Florianópolis, 2003. 106p. 5. ZURBA, N.K; DISCHINGER,M. Acessibilidade no Espaço Público Urbano. ENEPEA – IV Encontro Nacional de Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura e Urbanismo no Brasil. Paisagem e Ambiente: Tendências Contemporâneas. UFSC: Florianópolis, 1998.

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CLASSIFICATION PROCESS IN CERAMIC TILE FOR ACCESSIBILITY APPLIED TO PORCELANAIZED STONE AND CONCRET

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ABSTRACT This study is a proposal of Classification Process in Ceramic Flooring for

Accessibility to be applied in ceramic tiles products, mensuring attributes of the

project, is intended to provide comfort and safety for handicapped users and

contribute to their social integration.

The research is based on a Design Process Methodolgy and Classification of

Flooring for Accessibility – MECLAPA, in wich the principles of Universal Design

have been applied to the creation of news products. Regarding the results,

Porcelanaized Stone Tile or Ceramic Tile for Accessibility has already been

classificated as Strongly Accepted to Use (Level I), while the Concret Tile has been

classificated as Weakly Accepted to Use (Level III).

Keywords: classification; ceramic tile for accessibility; porcelanaized stone; concret.

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