Problema da erosão costeira e construções de espigões (2)

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Erosão costeira: estrutura de contenção – Espigões e Estudo de caso Disciplina Morfodinâmica costeira

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Erosão costeira: estrutura de contenção – Espigões e

Estudo de caso

Disciplina Morfodinâmica costeira

Estruturas de contenção:Espigões

Espigões

• São obras transversais que avançam desde a margem em direção ao eixo do escoamento, até o limite adequado para exercer sua proteção, ou até a nova linha da margem desejada.

• Estruturas defletoras retas e perpendiculares a praia;

• Direciona o fluxo da corrente, evitando que a força das águas atinja as margens;

• Funcionam bloqueando parte do transporte litorâneo.

Espigões

Tipos Normal:

• Perpendicular;

• São geralmente curtos e executados em margens côncavas;

• Muito usados em rios com maré, onde a inversão da corrente conduz a adoção um traçado normal às margens.

Inclinante ou para montante:

• Formam ângulo maior 90º da tangente à margem no ponto de ancoragem;

Declinante ou para jusante:

• Formam ângulo menor 90°

Em T:

• Formato de t.

Tipos

Espigões• Sua estrutura pode ser de gabião, enrocamento, concreto, geocontêiner, madeira, sacos com argamassa, entre outros.

Espigões

• O comprimento do espigão depende do traçado escolhido para as novas margens;

• Recomenda-se uma largura de 3 a 5x o comprimento;

• Em leitos muito móveis, não é recomendável que sejam muito longos, ou então devem ser implantados aos poucos, esperando-se pela colmatagem entre eles para que sejam alongados, o que pode ser apressado pela construção de pequenos espigões intermediários.

Espigões• Vantagens:• – Simplicidade de projeto e construção

• – Economia de manutenção

• Desvantagens:• – Provoca intensa erosão a jusante da obra por interromper o transporte litorâneo

• – Impacto estético negativo

• – Gera acúmulo de lixo e poluentes se as células forem excessivamente fechadas

• -- Dependência do volume de sedimentos transportados isto é, se não existir transporte sedimentar os espigões não funcionam.

Espigões

• Quando a opção de proteção costeira passa por um grupo de espigões,

• sua construção deve ser considerada por fases,

• permitindo o enchimento equilibrado das praias de acordo com a direção dominante do transporte da deriva litorânea, isto é, com o mínimo de erosão à jusante.

• A construção deve ser preferencialmente de montante para jusante.

Impactos

• Espigões são mais baratos do que soluções contínuas, como revestimentos ou muros. Além disso, trata-se de uma alternativa que mantém desimpedido o acesso à margem, o que não prejudica a fauna local;

• Do ponto de vista ambiental, o espigão cria uma série de microambientes, com erosões e sedimentações, permitindo o surgimento de plantas e pequenos animais, o que leva a uma diversificação que, em geral, o uso de proteção contínua não possibilita. (Rios)

Sedimentação

• Não possuem uma boa performance funcional em locais onde o material litorâneo é mais fino do que a areia, pois siltes e argilas tendem a se mover em suspensão, não sendo retidos pelos espigões;

• Entretanto, oferecem bons resultados onde o transporte ao longo da costa é intenso, como ocorre em praias com longos comprimentos da linha de costa com a mesma orientação e também, onde a energia de onda é relativamente alta possibilitando a mobilização dos sedimentos.

Impactos• Sedimentação de acordo com as diferentes formas e direções.

Impactos• No nordeste do Brasil, temos exemplos do uso deste tipo de obra

construídos em Recife e Fortaleza, cujo resultado foi o chamado “efeito dominó”, isto é, os espigões projetados e construídos para proteção costeira não controlaram a erosão e transferiram o processo erosivo para áreas adjacentes. Durante o século XX, doze espigões foram construídos na orla de Fortaleza com conseqüências ambientais desastrosas no litoral do vizinho município de Caucaia.

Impactos• Os espigões oferecem utilidade bastante limitada em alguns estuários

onde a taxa de transporte ao longo da costa e o suprimento de areia são baixos.

• Na Baía de Cheasepeake (EUA) observa-se que os espigões foram construídos em um local onde o suprimento de areia é inadequado, perdendo-se praia em um dos lados do campo de espigões.

Custos de produção

• Exemplo: Espigão de Ponta d'Areia• Projeto: Vale

• Custo: R$ 12 milhões - recursos do governo do Maranhão

• Extensão: 572 m

• Largura: 7m (no início da estrutura) a 13 m (no final)

• Altura: de 4m a 14m, no terreno natural; 1,4 metros acima do mar, na maré alta

Problema da erosão costeira e construção de espigões na praia de São

Miguel – Ilhéus/BA

Trabalho: •Erosão costeira na praia de São Miguel, Ilhéus-BA

• Efeito da construção de estruturas de proteção costeira (Espigões) na praia de São Miguel, Ilhéus Bahia Brasil.

Área de estudo• Praia de São Miguel

(Bairro);

• Construído sobre uma restinga formada pelo deslocamento da desembocadura do Rio Almada em direção a Sul;

• Zona litorânea com 4 km (Litoral estuário);

BA

Mapa de localização da área de estudo.Fonte: Teixeira et. al. 2011

Contexto histórico• Ocupação do litoral 1986;

• Atividade econômica: Pau-brasil, cana-de-açúcar e tempo depois o cacau;

• Condições de clima úmido e semi-úmido favoreciam o plantio do Cacau, declinando em 1940;

• Escoamento da produção pelo porto de Ilhéus na Baía de Pontal;

• Assoreamento;

• Década de 60: Criação do Porto Internacional de Ilhéus (Malhado) na enseada das Trincheiras;

Porto Internacional de Ilhéus (Malhado).

Problema da erosão• Processo erosivo acelerado;

• Dados obtidos APOLUCENO (1998) e TEIXEIRA (2011);

• Apesar do processo natura, a construção do porto internacional de ilhéus agravou esse processo erosivo;

• Alterações das ondas incidentes após a construção do porto;

• A erosão na praia de São Miguel, determinou o recuo da linha de costa em cerca de 140 metros em 30 anos;

• A construção do porto Malhado e sua posterior amplificação (200m de área do porto) mudou a distribuição do padrão energia das ondas e causou a ampliação da zona de sombra do porto a norte, criando um padrão de dispersão na oferta de sedimento.

Obra de contenção • 1999: Construção de 4 espigões financiados pelo governo federal;

• Variando entre 190 e 57 metros de comprimento e com um espaçamento 500-770 metros;

Localização do Porto de Malhado e construções de Espigões na praia de São Miguel

• Teixeira (2011) diz que os moradores garantem que a construção dos espigões resolveu o problema da erosão apenas parcialmente;

• Proporção de 1:3 no espaçamento das construções não foi respeitada;

• Além disso, no trabalho de Nascimento (2006) demonstrou a eficiência diferenciada da obra;

• 8 perfis feitos nas proximidades dos espigões;

• Perfis 1: Eficiente, berma reduziu em 30m (sizígia) e aumentou para 80m, representando assim um menor risco caso haja algum acontecimento climático;

• Perfis 3, 4, 5, 6 e 7 apresentaram pouca variação porém sofreu erosão na parte central;

• Perfil 8: Fora da zona de sombra do porto e longe da influência dos espigões. Equilíbrio instável, sazonal e possível variação a longo prazo.

• Em São Miguel foram construídos espigões de repulsão, dispostos em série sendo o espigão a montante menores do que os espigões a montante, eles não mais adequados para margens côncavas com grande erosão.

• Forte ação das correntes de retorno e o espaçamento errado dos espigões (770 metros entre os espigões 2 e 3) contribuíram para ineficiência;

• Medida entre eles de 600 m;

• Os resultados da construção dos espigões não foram totalmente satisfatórias para que a estabilização da praia de São Miguel, podendo futuramente serem atingidos nas marés de sizígia.

Avaliação da obra

Possíveis fatores que tornariam a obra satisfatória:

Respeitar a proporção 1:3;

Diminuição do tamanho dos espigões;

Engorda artificial;

Mudança no material (espigões permeáveis).

Comparação os anos de 1973 e 2002

Outras considerações• A baixa eficiência das construções obrigam

os moradores a procurarem outras alternativas para evitar a erosão e prejuízo material;

• A maioria da população é residente;

• Os tipos de estrutura mais caros foram os enrocamentos de blocos de rocha (com custo total declarado, por propriedade, entre R$ 500,00 e R$ 5.000,00) e os muros de concreto armado (com custo total declarado por propriedade entre R$ 2.000,00 e R$ 4.000,00).

Estruturas de contenção de baixo custo, utilizando sacos de areia, troncos de coqueiro e blocos de rocha.

Enrocamento e muro de concreto armado.

Bibliografia

• Costa, K. V. dos S.; Sales C. P. S.; Lopes N. S.; Souza T. P. ANÁLISE DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NO BAIRRO SÃO MIGUEL EM ILHÉUS (BA) APÓS A CONSTRUÇÃO E AMPLIAÇÃO DO PORTO INTERNACIONAL DE ILHÉUS. Encontro Nacional dos Geógrafos. RS, 2010.

• Martins, J. R. S. Estabilização e Proteção de Margens. DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E SANITÁRIA. São Paulo: Jun. 2001.

• NASCIMENTO, L. & LAVENÈRE- WANDERLEY, A.A. 2004. Effect of Shore Protection Structures (Groins) on São Miguel Beach – Ilhéus – Bahia – Brazil. Journal of Coastal Research. SI 39: 385-390.

• Teixeira, A. C. de O.; Almeida, T. M.; Lavenère-Wanderley, A. A. de O. EROSÃO COSTEIRA NA PRAIA DE SÃO MIGUEL, ILHÉUS-BA. Caminhos de Geografia Uberlândia v. 12, n. 38 jun/2011 p. 108 – 122.