Pró-Reitoria de Graduação Curso de Engenharia Civil ... · anÁlise de manifestaÇÕes...

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Brasília - DF 2017 Autores: Alex Júnio de Morais Silva Marcos Paulo Elias de Moura Orientador (a): MsC. Nielsen José Dias Alves ANÁLISE DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM VIADUTOS DO DF Pró-Reitoria de Graduação Curso de Engenharia Civil Trabalho de Conclusão de Curso

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Brasília - DF

2017

Autores: Alex Júnio de Morais Silva

Marcos Paulo Elias de Moura

Orientador (a): MsC. Nielsen José Dias Alves

ANÁLISE DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM

VIADUTOS DO DF

Pró-Reitoria de Graduação

Curso de Engenharia Civil

Trabalho de Conclusão de Curso

ALEX JÚNIO DE MORAIS SILVA

MARCOS PAULO ELIAS DE MOURA

ANÁLISE DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM VIADUTOS DO DF

Artigo apresentado ao curso de graduação em

Engenharia Civil da Universidade Católica de

Brasília, como requisito parcial para a

obtenção de Título de Bacharel em Engenharia

Civil.

Orientador: MsC. Nielsen José Dias Alves

Brasília

2017

Artigo de autoria de Alex Júnio de Morais Silva e Marcos Paulo Elias de Moura, intitulado

ANÁLISE DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM VIADUTOS DO DF, apresentado

como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil da

Universidade Católica de Brasília, em (13/06/2017), defendido e aprovado pela banca

examinadora abaixo assinada:

__________________________________________________

Prof.Msc. Nielsen José Dias Alves

Orientador

Curso de Engenharia Civil – UCB

__________________________________________________

Prof.Msc. Renata Conciani Nunes

Examinador

Curso de Engenharia Civil – UCB

Brasília

2017

1

ANÁLISE DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM VIADUTOS DO DF

ALEX JÚNIO DE MORAIS SILVA

MARCOS PAULO ELIAS DE MOURA

RESUMO:

Quando se constrói um viaduto o desejo é que a vida útil estipulada no projeto seja

alcançada, e estendida pelo tempo máximo possível, porém os viadutos estão sujeitos à

ocorrência de manifestações patológicas. Sendo assim, deve-se dar atenção especial para estas

possíveis ocorrências, de forma a iniciar os cuidados desde o período de planejamento. O

presente artigo tem como foco a análise de manifestações patológicas em alguns viadutos do

Distrito Federal (DF), que através de uma análise minuciosa foi possível identificar várias

manifestações patológicas que ocorreram devido à falta de manutenções periódicas e

preventivas. Dentre as manifestações patológicas encontradas nos viadutos, estão: fissuras,

desplacamento, umidade; eflorescência, e corrosão das armaduras. A fim de se fazer um

estudo mais completo foram realizados diversos ensaios, como: carbonatação, potencial de

corrosão, termografia e percussão. Em seguida foram analisados os resultados dos respectivos

ensaios e as possíveis causas das manifestações patológicas, assim como analise pela

metodologia descrita no presente trabalho e foi constatado que a maioria dos viadutos se

encaixou no nível de deterioração médio, com necessidade de intervenção em médio prazo,

logo, foram propostas recomendações, visando sanar as manifestações patológicas.

Palavras-chaves: Manifestações patológicas. Viadutos. Ensaios. Manutenção. Deterioração.

1. INTRODUÇÃO

É significativamente crescente, nos últimos anos, o número de edificações com

estrutura de concreto armado que apresentam deterioração precoce, com manifestações de

danos de diversas origens. Uma das principais causas desse quadro é a ausência quase

absoluta de programas de manutenção preventiva das estruturas. São vários os fatores que

levam a isto, podendo-se destacar a cultura deficiente relativa à necessidade de manutenção e

o conceito errôneo de que as estruturas de concreto eram previstas para durar ilimitadamente,

dispensando manutenção. A constatação que as estruturas de concreto, mesmo as bem

projetadas e construídas, estavam sujeitas à ocorrência de deteriorações inesperadas, levou a

busca de aprofundamento dos conceitos de durabilidade e vida útil (CASTRO, 1994).

Os viadutos são considerados obras de arte de engenharia, usualmente feitos de

concreto armado, utilizados para transpor obstáculos que impedem a continuidade de uma via

ou para permitir o descongestionamento do trânsito em vias altamente movimentadas. No

Distrito Federal existe um grande número de viadutos, grande parte na área central de

Brasília, onde há uma grande movimentação de pessoas e automóveis. Esses viadutos da

região central são conhecidos com tesourinhas. Observam-se diversas manifestações

patológicas nos viadutos, desde aqueles feitos na época da construção de Brasília, e até

aqueles com menos de 10 anos de sua construção.

2

É visível por quem percorre a capital do Brasil o estado em que se encontram os

viadutos. Desta forma, a escolha deste tema foi motivada pela preocupação com a segurança

dos usuários e pela falta de manutenção preventiva. Alguns casos registrados por jornais

eletrônicos de Brasília levaram a conhecimento público as quedas de guarda corpos de

viadutos do DF, assim como o alerta de profissionais da área de Engenharia Civil sobre o

perigo dessas obras.

Espera-se através dos resultados e conclusões obtidas nesse trabalho, exercer uma

parcela de contribuição à sociedade, expondo as condições em que se encontram os viadutos

do DF, alertando a todos que transitam nesses viadutos sobre os riscos que existem, reduzindo

assim graves acidentes e prejuízos.

Diante dessa situação, o presente trabalho tem como objetivo geral apresentar alguns

os problemas relacionados às estruturas de concreto armado em viadutos localizados na região

metropolitana do Distrito Federal, abordando os possíveis problemas existentes, os motivos

que levaram esses problemas a serem gerados e possíveis soluções. Tendo como objetivos

específicos, realizar a inspeção completa em 5 viadutos, avaliando a incidência dos danos nos

viadutos, efetuando o diagnóstico através de ensaios técnicos adequados para essa área de

estudo.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Para a verificação e análise de manifestações patológicas nos viadutos escolhidos,

foram realizados ensaios de acordo com a ABNT e a utilização de uma metodologia

específica referente a manutenção de estruturas de concreto armado.

2.1 MATERIAIS

Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados os seguintes equipamentos:

Multímetro

Eletrodo de referência

Câmera termográfica

Martelo próprio para o ensaio de percussão

2.2 METODOLOGIA

Inicialmente, foram escolhidos 5 viadutos do Distrito Federal, que foram analisados

utilizando a metodologia proposta por Castro (1994), desenvolvida em sua dissertação de

Mestrado pela Universidade de Brasília, a fim de quantificar os danos e facilitar o estudo das

manifestações patológicas existentes nos viadutos de concreto armado.

2.2.1 Metodologia para Manutenção de Estruturas de Concreto Armado

A metodologiade Castro (1994) é derivada da metodologia de Klein et all (1991) e

adaptada para o estudo de estruturas de concreto armado.

3

A estrutura como um todo é estudada de forma sistemática, sendo verificado elemento

por elemento, individualmente e separadamente, e assim vai se ligando os resultados com

bases nas premissas, que serão apresentadas posteriormente, para ser dado, ao final do estudo,

o grau de deterioração daquele viaduto.

O estudo sistemático se dá através de “matrizes de desempenho”. Existem diversos

problemas que um elemento pode vir a apresentar, alguns mais críticos e com grande

importância, e outros menos críticos. Sendo assim, existe um “fator de ponderação do dano

(Fp)” já estipulado pela metodologia a fim de quantificar a importância relativa de um

determinado dano para que no estudo seja encontrado um valor final mais real. Os valores de

ponderação se dão entre 1 e 10.

O objeto em estudo é subdividido em “famílias”, segundo características estruturais e

seus elementos componentes. As famílias são divididas da seguinte forma:

- Pilar;

- Viga;

- Laje;

- Cortinas;

- Juntas de dilatação; e

- Elementos de composição arquitetônica.

O Quadro 1 a seguir mostra os valores dos fatores de ponderação do dano (Fp)

correspondentes às respectivas manifestações patológicas de cada família de elementos mais

comuns em edificações usuais.

Quadro 1 – Famílias de elementos estruturais, danos e fatores de ponderação (Fp)

PILAR

Danos Fp Danos Fp

desvio de geometria 8 sinais de esmagamento 10

recalque 10 desvio de geometria 6

infiltração na base 6 infiltração 6

segregação 6 segregação 5

eflorescência 5 eflorescência 5

esfoliação 8 esfoliação 8

desagregação 7 desagregação 7

sinais de esmagamento 10 deslocam. por empuxo 10

cobrimento deficiente 6 cobrimento deficiente 6

manchas de corrosão 7 manchas de corrosão 7

Fissuras 10 fissuras 10

carbonatação 7 carbonatação 7

presença de cloretos 10 presença de cloretos 10

manchas 5 manchas 5

CORTINAS

4

Os elementos de composição arquitetônica serão considerados aqueles elementos que

fazem parte do viaduto, mas não especificados em nenhum quadro, como por exemplo:

Guarda corpo, aparelho de apoio, e os demais que forem necessários.

Tendo o Quadro 1, se faz necessário um técnico ou engenheiro civil para atribuir valor

para o Fator de Intensidade (Fi) a cada elemento, seguindo uma escala de 0 a 4, onde:

Fi= 0 Sem Lesões;

Fi= 1 Lesões Leves;

Fi= 2 Lesões Toleráveis;

Fi= 3 Lesões Graves; e

Fi= 4 Estado Crítico.

Para ponderar melhor os valores a serem atribuídos a cada dano, se tem o Quadro 2 a

seguir, que ajuda o profissional que está realizando a inspeção a atribuir valores com mais

precisão.

LAJE VIGA

Danos Fp Danos Fp

segregação 5 segregação 4

eflorescência 3 eflorescência 5

esfoliação 8 esfoliação 8

desagregação 7 desagregação 7

cobrimento deficiente 6 cobrimento deficiente 6

manchas de corrosão 7 manchas de corrosão 7

flechas 10 flechas 10

fissuras 10 fissuras 10

carbonatação 7 carbonatação 7

infiltração 6 infiltração 6

presença de cloretos 10 presença de cloretos 10

manchas 5 manchas 5

Danos Fp

segregação 4

eflorescência 4

esfoliação 8

desagregação 7

cobrimento deficiente 6

manchas de corrosão 7

fissuras 8

ligação à estrutura 10

carbonatação 7

presença de cloretos 10

COMPOSIÇÃO ARQUITETÔNICA

5

Quadro 2 - Classificações dos danos e fatores de Intensidade (Fi)

Tipos de danos Fator de intensidade do dano - Tipos de manifestação

1 - superficial e pouco significativa em relação às dimensões da peça;

2 - significante em relação às dimensões da peça;

3 - profunda em relação às dimensões da peça, com ampla exposição da armadura;

4 - perda relevante da seção da peça.

1 - início de manifestação;

2 - manchas de pequenas dimensões;

3 - manchas acentuadas, em grandes extensões.

2 - pequenas escamações do concreto;

3 - lascamento, de grandes proporções, com exposição da armadura;

4 - lascamento acentuado com perda relevante de seção.

2 - início de manifestação;

3 - manifestações leves;

4 - por perda acentuada de seção e esfarelamento do concreto;

1 - menores que os previstos em norma sem, no entanto, permitir a localização da

armadura;

2 - menor do que o previsto em norma, permitindo a localização da armadura ou

armadura exposta em pequenas extensões;

3 - deficiente com armaduras expostas em extensões significativas.

2 - manifestações leves;

3 - grandes manchas e/ou fissuras de corrosão;

4 - corrosão acentuada na armadura principal, com perda relevante de seção.

1 - não perceptíveis a olho nu;

2 - perceptíveis a olho nu, dentro dos limites previstos em norma;

3 - superiores em até 40% às previstas na norma;

4 - excessivas.

2 - indícios, pelas características de trincas na alvenaria;

3 - recalque estabilizado com fissuras em peças estruturais;

4 - recalque não estabilizado com fissuras em peças estruturais.

1 - aberturas menores do que as máximas previstas em norma;

2 - estabilizadas, com abertura até 40% acima dos limites de norma;

3 - aberturas excessivas; estabilizadas;

4 - aberturas excessivas; não estabilizadas.

1 - localizada, com algumas regiões com pH <9, sem atingir a armadura.

2 - localizada, atingindo a armadura, em ambiente seco;

3 - localizada, atingindo a armadura, em ambiente úmido;

4 - generalizada, atingindo a armadura, em ambiente úmido.

1 - indícios de umidade;

2 - pequenas manchas;

3 - grandes manchas;

4 - generalizada.

2 - em elementos no interior sem umidade;

3 - em elementos no exterior sem umidade;

4 - em ambientes úmidos.

2 - manchas escuras de pouca extensão, porém significativas;

3 - manchas escuras em todo o elemento estrutural

3 - desintegração do concreto na extremidade superior do pilar, causada por

sobrecarga ou movimentação da superestrutura; fissuras diagonais isoladas;

4 - fissuras de cisalhamento bidiagonais, com intenso lascamento (esmagamento)

do concreto devido ao cisalhamento e a compressão, com perda substancial de

seção, deformação residual aparente; exposição e inicio de flambagem de barras da

armadura.

Manchas de

corrosão/ corrosão

da armadura

Segregação

Eflorescência

Esfoliação

Desagregação

Cobrimento

Flechas

Fissuras

Recalque

Carbonatação

Presença de

Cloretos

Infiltração

Manchas

Sinais de

Esmagamento

6

Outro aspecto que deverá ser considerado nas inspeções dos elementos da estrutura é a

possibilidade de superposição das manifestações do dano. Quando, por exemplo, o dano com

intensidade alta for a carbonatação e o elemento possuir manchas de corrosão com intensidade

baixa, deverá ser considerado os dois danos, pois a manifestação de mancha de corrosão pode

estar em seu início e ser agravada à medida que a frente de carbonatação for avançando no

elemento, contribuindo para o agravamento do processo de corrosão das armaduras. Por outro

lado, se as manchas de corrosão tiverem intensidade alta, sem presença de cloretos, e for

constatada a carbonatação em fase adiantada, não deve haver superposição, pois o primeiro

dano, provavelmente, é consequência do segundo. (CASTRO, 1994).

Atribuídos os valores de intensidade do dano (Fi) e do fator de ponderação (Fp), é

possível quantificar um valor de dano de cada manifestação patológica através de 4 equações

dadas pela metodologia de Castro (1994).

São duas equações para fator de ponderação igual a 10, FP=10, que significa que é uma

manifestação patológica que requer mais cuidado.

D = 4xFi para Fi ≤ 2 (1)

D = 60Fi– 140 para Fi ≥ 3 (2)

Para o fator de ponderação menor 10, também serão duas equações.

D = 0,4 Fi x Fp para Fi ≤ 2 (3)

D = (6Fi − 14) x Fp para Fi ≥ 3 (4)

Em posse dos valores do grau do dano (D), obtêm-se o valor do “grau de deterioração

de um elemento (Gde)” de cada família através de uma das seguintes expressões:

Gde = Dmax para m ≤ 2 (5)

Gde = Dmax + ∑ Di

m−1 para m ≥ 2 (6)

onde:

m é o número de danos detectados no elemento;

Di = grau de dano de ordem (i)

Tipos de danos Fator de intensidade do dano - Tipos de manifestação

2 - pilares e cortinas com excentricidade ≤ h/100 ( h = altura)

3 - pilares e cortinas com excentricidade ≥ h/100

3 - indícios de vazamento em tubulações enterradas que podem comprometer as

fundações;

4 - vazamentos em tubulações enterradas causando erosão aparente junto às

fundações.

2 - perda de elasticidade do material da junta;

3 - presença de material não compressível na junta.

2 - lajes com início de fissuras adjacentes às juntas;

3 - grande incidência de lajes com fissuras adjacentes às juntas;

4 - idem, com prolongamento das fissuras em vigas e/ou pilares de suporte.

3 - deslocamento lateral no sentido horizontal, com excentricidade porém estável;

4 - deslocamento lateral no sentido horizontal, instável.

Junta de Dilatação

Obstruída

Fissuras Vizinhas as

Juntas de Dilatação

Deslocamento por

Empuxo

Desvio de

Geometria

Infiltração na Base

7

Elaborou-se o Quadro 3 para qualificar os valores dados no Gde, mas também é

indispensável em consideração o conhecimento e experiência dos profissionais envolvidos a

fim de decisões a serem tomadas, levando em consideração os resultados da aplicação da

metodologia.

Quadro 3 – Classificação dos níveis de deterioração do elemento.

Nível de deterioração Gde Medidas a serem adotadas

Baixo 0 - 15 Estado aceitável

Médio 15 - 50 Observação periódica e necessidade de intervenção a

médio prazo.

Alto 50 - 80 Observação periódica minuciosa e necessidade de

intervenção a curto prazo.

Crítico > 80 Necessidade de intervenção imediata para restabelecer

funcionalidade e/ou segurança.

Após a definição do grau de deterioração de cada elemento, se pega os valores de Gde

e realiza a média aritmética desses valores para encontrar o valor de “grau de deterioração de

uma família (Gdf)”. Sendo que para não mascarar o valor de Gdf e evidenciar os elementos

mais danificados, só utiliza na expressão de Gdf os valores de Gde superiores a 15. Assim

temos a seguinte expressão referente ao valor de grau de deterioração de uma família.

Gdf = ∑ Gde(i)

n (7)

Onde:

n: número de elementos componentes da família com Gde≥15.

Quando o grau de deterioração de um elemento for inferior a 15, Gde<15, o grau de

deterioração de uma família será 0, logo Gdf=0.

Com o grau de deterioração da família vamos para o próximo passo, que é o cálculo

do “grau de deterioração da estrutura (Gd)”, através da expressão a seguir obtemos o

quantitativo do Gd:

Gd =∑ Fr(i) x Gdf(i)

∑ Fr(i) (8)

Onde:

Fr : fator de relevância estrutural de cada família;

Gdf : grau de deterioração da família

O Fator de relevância estrutural da família de elementos descrito na expressão

anterior, é o valor de ponderação dado a cada elemento de acordo com sua importância na

estrutura como um todo, para isso temos os valores:

Fr= 1 Elementos de composição arquitetônica;

Fr= 3 Cortinas e Lajes secundárias;

Fr= 4 Lajes, Fundações, Vigas Secundárias e Pilares Secundários; e

Fr= 5 Vigas e Pilares Principais.

8

O grau de deterioração da estrutura pode ser classificado, segundo uma escala, de

acordo com o Quadro 4 em quatro níveis de deterioração, expondo a necessidade de

intervenção e situação atual de toda a estrutura.

Quadro 4 – Classificação dos níveis de deterioração da estrutura

Nível de deterioração Gd Medidas a serem adotadas

Baixo 0 - 15 Estado aceitável

Médio 15 - 40

Observação periódica e necessidade de

intervenção em médio prazo

Alto 40 - 60

Observação periódica minuciosa e necessidade

de intervenção em curto prazo

Crítico > 60

Necessidade de intervenção imediata para

restabelecer funcionalidade e/ou segurança

É necessário lembrar que se o Gd der um estado aceitável de acordo com o Quadro 4,

não excluí a necessidade de intervenção de uma peça que de acordo com o Quadro 3, venha a

ter a recomendação de intervenção em elementos isolados da estrutura. Ou seja, o nível de

deterioração de uma estrutura pode ser aceitável do ponto de vista global, mas haver

necessidade de intervenção em elementos isolados.

2.3 ENSAIOS

2.3.1 Potencial de Corrosão

Com o intuito de se avaliar o potencial de corrosão do aço nas estruturas de concreto

armado, existem muitas técnicas eletroquímicas e não destrutivas possíveis para se fazer o

monitoramento da integridade da estrutura.

Para este artigo, foi utilizado o ensaio de potencial de corrosão normatizado pela

ASTM C876 – 2015, que permite além de encontrar atividades de corrosão ao longo da

estrutura, realizar um mapeamento das regiões com diferentes medidas eletroquímicas como

modo de avaliar a extensão e evolução do processo corrosivo das armaduras.

Conforme representado na Figura 1, para o ensaio é utilizado um voltímetro de alta

impedância conectado a um eletrodo de referência utilizando uma haste de cobre imerso em

uma solução de sulfato de cobre, e a armadura que se deseja analisar.

Pode-se ainda como forma de melhorar a condutividade elétrica utilizar uma esponja

umedecida sobre a superfície de contato.

Figura 1 – Esquemático do ensaio de potencial de corrosão.

9

O ensaio se baseia no princípio da pilha eletroquímica, que consiste em verificar o

diferencial de potencial (ddp) entre o aço e o eletrodo de referência. As leituras obtidas são

negativas e relacionam-se com a probabilidade de corrosão conforme o Quadro 5.

Quadro 5 – Critérios para avaliação de corrosão – ASTM C876

Potencial de Corrosão

medido (mV) Probabilidade de Corrosão

Mais negativo que -350 Maior que 90%

Entre -200 e -350 Incerto

Mais positivo que -200 Menor que 10%

A solução utilizada no ensaio deve ser preparada com água destilada saturada com

cristais de sulfato de cobre. A mesma norma especifica que a solução será considerada

saturada quando houver cristais não dissolvidos no fundo da solução, porém não específica

um valor numérico para a concentração de sulfato de cobre imerso em água destilada

necessária para a realização do ensaio.

Sabendo disso, acredita-se que os cristais podem prejudicar as leituras potências

quando existirem concentrações excessivas na solução devido à elevada presença de sólidos.

Acredita-se ainda que nas mesmas soluções sobressaturadas, um processo de

sedimentação dos cristais da solução pode agravar ainda mais os problemas nas leituras

eletronegativas pelo motivo destas se depositarem na tampa porosa do eletrodo que fica em

contato com o concreto. Este efeito da sedimentação pode ser visualizado quando uma

quantidade cristais se deposita no fundo do eletrodo em um período não maior do que 2

minutos sem agitação do equipamento.

2.3.2 Termografia

A técnica de inspeção termográfica é um ensaio não destrutivo, utilizando para

determinar as variações de temperaturas e sua distribuição em componentes ou equipamentos

de processos por meio da emissão de raios infravermelhos por eles emitidos (ALMEIDA e

DOMICIANO NETO, 2012 apud DUBLIN ENGENHARIA ELÉTRICA, 2009).

Através das fotos obtidas pelo ensaio de termografia, é possível visualizar e

diferenciar através de cores padrão, diferentes incidências de temperaturas nos viadutos

estudados. Sendo assim, o ensaio se dará a fim de identificar nos elementos de concreto

armado possíveis infiltrações, caminho preferencial de percolação da água e posteriormente

detecção de corrosão nas armaduras.

Assim com o uso de uma câmera termográfica foram encontrados os locais onde havia

maiores evidências de manifestações patológicas.

A termografia é um ensaio rápido, seguro, econômico e extremamente potente com

obtenção de muitos dados.

10

2.3.3 Mapeamento de Fissuras

Posteriormente às inspeções visuais e fotográficas, foi possível a realização do

mapeamento das fissuras com o auxílio de um editor de imagens, onde foram destacadas as

fissuras presentes nos viadutos estudados.

2.3.4 Percussão

Ensaio onde se detecta anomalias como sons cavos, que indica fissura naquela região

ou desplacamento de pastilhas decorrentes da falta de aderência.

2.4 LOCALIZAÇÃO DOS VIADUTOS

O primeiro viaduto fica localizado logo abaixo da Ponte do Bragueto, faz a ligação da

Asa Norte com o Lago Norte através das vias DF-002 - Eixo Rodoviário de Brasília (EIXÃO)

e a DF-007 - Estrada Parque Torto (EPTT).

Figura 2- Localidade Ponte do Bragueto.

(Google Earth, 2017).

O segundo viaduto fica localizado na Asa Norte. Na verdade, é um conjunto de três

viadutos em sequência, as conhecidas “tesourinhas”, faz a ligação das quadras 205/6 e 105/6

norte, as pistas superiores de rolamento são o Eixo Rodoviário de Brasília (EIXÃO), Eixo

Rodoviário Leste – Sentido Norte (Eixo L/Eixinho) e Eixo Rodoviário Oeste – Sentido Norte

(Eixo W/Eixinho).

11

Figura 3 – Localidade do viaduto entre 205/6 e 105/6 Norte

(Google Earth, 2017).

O terceiro viaduto fica localizado ao lado do Terminal Rodoviário do Plano Piloto,

uma via que faz a ligação entre Setor Hoteleiro Norte e Eixo Rodoviário Oeste – Sentido Sul

(Eixo W/Eixinho). A via passa atrás do Pátio Brasil Shopping e o CONIC.

Figura 4 – Localidade do viaduto próximo a rodoviária do Plano Piloto.

(Google Earth, 2017).

O quarto viaduto está localizado na Asa Sul, e também são um conjunto de três

viadutos em sequência, as tesourinhas fazem 211/12 e 111/12 sul, as pistas superiores de

rolamento são o Eixo Rodoviário de Brasília (EIXÃO), Eixo Rodoviário Leste – Sentido Sul

(Eixo L/Eixinho) e Eixo Rodoviário Oeste – Sentido Sul (Eixo W/Eixinho).

12

Figura 5 – Localidade do viaduto entre211/12 e 111/12 Sul

(Google Earth, 2017).

E o quinto viaduto é o Viaduto Presidente João Goulart, localizado no Núcleo

Bandeirante, tem a pista de rolamento superior sendo a Estrada Parque Núcleo Bandeirante.

Figura 6 – Localidade do viaduto no Núcleo Bandeirante

(Google Earth, 2017).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O estudo realizado nos viadutos selecionados neste trabalho foi focado nas

manifestações patológicas geradas ao longo dos anos por meio do tráfego, intempéries, má

execução dos mesmos, deficiência dos materiais e outras causas que possivelmente

contribuíram para a ocorrência das eventuais patologias.

Na apresentação dos resultados obtidos pela metodologia descrita no presente

trabalho, não será apresentado os quadros com Gde menor que 15, pois esses valores foram

desconsiderados nos cálculos.

13

O Grau de deterioração da família (Gdf) em elementos que possuam somente um valor

de Gde maior que 15, será o Gde o mesmo valor de Gdf.

3.1 VIADUTO DA PONTE DO BRAGUETO

A ponte do Bragueto tem a sua construção em 1960 e data de abertura em junho de

1961, assim tendo uma idade aproximada de 56 anos. Realizado o estudo de acordo com a

metodologia de estudo de construções em concreto armado, proposto por Castro (1994), a

estrutura foi subdivida em elementos, sendo quatro pilares principais, uma laje secundária,

uma cortina e elemento de composição arquitetônica, que diz respeito às faces laterais do

viaduto.

Quadro 6 – Cálculo do Grau de deterioração dos elementos (Gde)

No valor de Gde do pilar 1 chegamos à conclusão que de acordo com o Quadro 3, se faz

necessário uma observação periódica e com necessidade de intervenção a médio prazo. Já

pelo valor de Gde encontrado na laje secundária, revela a necessidade de intervenção em curto

prazo e observação periódica minuciosa.

Quadro 7 – Cálculo do Grau de deterioração da estrutura (Gd)

Com o valor do Gd de 38,72 mostra que de acordo com o Quadro 4 a estrutura como

um todo necessita de intervenção em médio prazo e observação periódica. Mas esse valor não

exclui a necessidade de intervenção em curto prazo de tempo na laje secundária exposto

anteriormente.

Nome do Elemento

Local Nome do Elemento

Danos Fp Fi D Local

desvio de geometria 8 - - Danos Fp Fi D

recalque 10 - - segregação 5 - -

infiltração na base 6 3 24 eflorescência 3 3 12

segregação 6 1 2,4 esfoliação 8 3 32

eflorescência 5 - - desagregação 7 3 28

esfoliação 8 2 6,4 cobrimento deficiente 6 - -

desagregação 7 - - manchas de corrosão 7 2 5,6

sinais de esmagamento 10 - - flechas 10 1 4

cobrimento deficiente 6 - - fissuras 10 - -

manchas de corrosão 7 - - carbonatação 7 3 28

fissuras 10 - - infiltração 6 2 4,8

carbonatação 7 1 2,8 presença de cloretos 10 3 40

presença de cloretos 10 - - manchas 5 3 20

manchas 5 - - 56,80

27,87Gde=

Pilar

Laje secundária

Laje

Ponte do Bragueto

Gde=

Pilar 1

Ponte do Bragueto

Família de elementos Gdf Fr Gdf x Fr

Pilares Principais 27,87 5 139,33

Laje secundária 56,8 3 170,4

Total 8 309,73

Gd = 38,72

14

3.1.1 Ensaios

Ainda no viaduto do Bragueto foram realizados os seguintes ensaios;

Carbonatação

Termografia

Percussão

Potencial de corrosão

Figura 7 – Viaduto Bragueto

(Fonte: Autores)

Primeiramente foram mapeadas as regiões com maior incidência de manifestações

patológicas visíveis, em seguida, com os registros do ensaio termográfico foi possível

aprofundar a visualização das manifestações patológicas.

As figuras a seguir, mostram um conjunto de causas que geraram eventuais patologias

presentes no viaduto.

Figura 8 – Viaduto Bragueto (Fonte: Autores)

É possível observar na figura 8 que há presença de eflorescência, que pode ter sido

causada pela movimentação constante do tráfego, gerando fissuras e falhas, possibilitando

assim a entrada de água no interior da laje do viaduto, ocasionando lixiviação e, por

consequência, a eflorescência. Ainda a respeito da figura 8 é possível observar que o aço não

teve um cobrimento adequado, possibilitando a existência de corrosão em um curto período

15

de tempo. A existência de lodo e/ou bolor indica que apesar das fotos terem sido tiradas no

período de estiagem, há umidade na região.

A presença de umidade também pode ser confirmada através do ensaio de termografia,

onde é possível observar através da diferença de cores as variações de temperaturas, conforme

mostra a figura 9.

Figura 9– Viaduto Bragueto

(Fonte: Autores)

Figura 10– Viaduto Bragueto

(Fonte: Autores)

A figura 11 mostra a execução do ensaio de carbonatação, que através da aspersão de

solução de fenolftaleína, é possível encontrar a profundidade de carbonatação do concreto,

onde a região carbonatada é aquela que não apresenta alteração na coloração. O avanço de

carbonatação na região referente a figura 11, não excede 2 mm.

16

Figura 11– Viaduto Bragueto

(Fonte: Autores)

Para melhor averiguação do avanço de carbonatação em um dos pilares do viaduto,

foram realizadas perfurações em áreas sem nenhuma fissura ou qualquer outra patologia. Com

uma furadeira broca N° 8 e solução de Fenolftaleína foi possível medir esse avanço, que não

excedeu 1 mm, conforme mostra a figura 12.

Figura 12 – Viaduto Bragueto

(Fonte: Autores)

Com o ensaio de potencial de corrosão, é possível se fazer uma análise qualitativa da

integridade das armaduras. As medidas eletroquímicas obtidas podem ser relacionadas com a

probabilidade de corrosão conforme o Quadro 5. A leitura de -308mV dada pelo eletrodo

remete à uma faixa de incerteza de probabilidade de corrosão. A figura 13 a seguir mostra o

ensaio de potencial de corrosão sendo executado e o respectivo valor dado pelo equipamento

de potencial de corrosão.

17

Figura13 – Viaduto Bragueto

(Fonte: Autores)

Através do ensaio de percussão realizado nos pilares, foi possível constatar que os

mesmos não possuem nenhum tipo de anomalia.

3.2 VIADUTOS DA ASA NORTE

As tesourinhas foram construídas ainda na época da construção de Brasília, então se

estima que os viadutos que estudamos possuem por volta de 57 anos de idade. O conjunto de

viadutos entre as quadras 105/6 e 205/6 são construídos em concreto armado e não possuem

pilar, mas uma cortina armada de contenção que desempenha o papel do pilar nas estruturas.

Os elementos de composição arquitetônica são os guarda corpo das pistas de rolamento acima

do viaduto.

Quadro 8– Cálculo do Grau de deterioração dos elementos (Gde)

Nome do Elemento Nome do Elemento

Local Local

Danos Fp Fi D Danos Fp Fi D

sinais de esmagamento 10 - sinais de esmagamento 10 -

desvio de geometria 6 2 4,8 desvio de geometria 6 -

infiltração 6 1 2,4 infiltração 6 1 2,4

segregação 5 3 20 segregação 5 3 20

eflorescência 5 - eflorescência 5 -

esfoliação 8 - esfoliação 8 -

desagregação 7 - desagregação 7 -

deslocam. por empuxo 10 - deslocam. por empuxo 10 -

cobrimento deficiente 6 - cobrimento deficiente 6 -

manchas de corrosão 7 2 5,6 manchas de corrosão 7 2 5,6

fissuras 10 - fissuras 10 -

carbonatação 7 2 5,6 carbonatação 7 2 5,6

presença de cloretos 10 - presença de cloretos 10 -

manchas 5 2 4 manchas 5 2 4

24,48 24,4

Gdf= 24,44

Cortina

Tesourinha 105 norte

Gde=

CortinaCortina esquerda

Gde=

Cortina direita

Tesourinha 105 norte

18

Verificou-se que os elementos se encaixaram no grau de deterioração médio, e que os

elementos devem ser observados periodicamente e realizadas intervenções a médio prazo de

acordo com o Quadro 3.

Quadro 9 – Cálculo do Grau de deterioração da estrutura (Gd)

De acordo com o Quadro 9, o viaduto se encaixou no nível de deterioração estrutural

médio também, com medidas a serem tomadas de observação periódica e necessidade de

intervenção em médio prazo.

3.2.1 Ensaios

Foram realizados os seguintes ensaios:

Carbonatação

Termografia

Percussão

Figura 14 – Viaduto Asa Norte

(Fonte: Google Earth)

Nome do Elemento

Local

Danos Fp Fi D

segregação 4 1

eflorescência 4 - Nome do Elemento

esfoliação 8 3 32 Local

desagregação 7 2 5,6 Danos Fp Fi D

cobrimento deficiente 6 2 4,8 Infiltração 10 1 4

manchas de corrosão 7 3 28 fissura vizinha à junta 10 -

fissuras 8 - junta obstruída 8 3 32

ligação à estrutura 10 - 32

carbonatação 7 1 2,8

presença de cloretos 10 -

42,3

Elemento de composição arquitetônicaGuarda Corpo

Tesourinha 105 norte

Gde=

Juntas de DilataçãoJuntas

Tesourinha 105 norte

Gde=

Família de elementos Gdf Fr Gdf x Fr

Cortina 24,44 3 73,32

Juntas de Dilatação 32 1 32

Elementos de composição

arquitetônica42,3 1 42,3

Total 5 147,62

Gd = 29,52

19

Em uma das paredes de contenção do viaduto, exposta na figura 15, ocorre o

fenômeno de segregação do concreto (bicheiras), que consiste na separação dos materiais

componentes da mistura de concreto, que são ocasionadas pelo excesso de vibração durante o

adensamento ou também em lançamentos em grandes alturas. O respectivo fenômeno, afeta

diretamente na resistência do concreto, diminuindo significativamente sua resistência.

Figura 15– Viaduto Asa Norte

(Fonte: Autores)

Em uma das cortinas de apoio dos taludes do viaduto, foi constatado através do ensaio

de carbonatação, um avanço de carbonatação superior a 1,5cm, conforme mostra a figura 16.

Figura 16 – Viaduto Asa Norte

(Fonte: Autores)

Com o auxílio da termografia, observa-se na figura 17 uma região mais escura em que

a temperatura se encontra mais baixa, possivelmente devido à presença de água

posteriormente a cortina, e outra região mais clara, onde a temperatura é mais elevada.

20

Figura 17 – Viaduto Asa Norte

(Fonte: Autores)

A figura 18 mostra uma fissura na cortina de contenção do viaduto que se estende ao

longo do topo do viaduto até a base (revestimento asfáltico), isso ocorre devido à falta de

junta de movimentação, e mostra também uma junta que não foi executada corretamente, se

observa que a junta encerra no meio da cortina, consequentemente gerando uma trinca que

começa onde termina a junta, e vai até o pavimento. A figura 19 exibe uma junta de

movimentação executada de forma correta.

Figura 18 – Viaduto Asa Norte Figura 19 – Viaduto Asa Norte

(Fonte: Autores) (Fonte: Autores)

Através do ensaio de percussão realizado nas cortinas do viaduto, foi possível

constatar que as mesmas não possuem nenhum tipo de anomalia.

3.3 VIADUTO PRÓXIMO A RODOVIÁRIA DO PLANO PILOTO

Estima-se que esse viaduto tenha em torno de 25 anos de idade de construção e faz

uma importante ligação de quem está no setor hoteleiro norte ao Eixo Rodoviário Oeste –

Sentido Sul (Eixo W/Eixinho). Sua estrutura é em concreto armado, composto por 4 pilares e

o elemento de composição arquitetônica considerado é o guarda corpo da pista de rolamento

superior.

21

Quadro 10 – Cálculo do Grau de deterioração dos elementos (Gde)

Observa- se no Quadro 10 que os elementos estão enquadrados no nível de

deterioração médio, de acordo com o Quadro 3, e necessitam de intervenção a médio prazo e

uma observação periódica de cada elemento estrutural.

O Grau de deterioração da família (Gdf) em elementos que possuam somente um valor

de Gde maior que 15, será o Gde o mesmo valor de Gdf. Em posse desses valores, temos o

Quadro 11 a seguir.

Quadro 11 – Cálculo do Grau de deterioração da estrutura (Gd)

Nome do Elemento

Local Nome do Elemento

Danos Fp Fi D Local

segregação 5 1 2 Danos Fp Fi D

eflorescência 3 - segregação 4 2 3,2

esfoliação 8 2 6,4 eflorescência 4 -

desagregação 7 - esfoliação 8 2 6,4

cobrimento deficiente 6 - desagregação 7 2 5,6

manchas de corrosão 7 3 28 cobrimento deficiente 6 -

flechas 10 1 4 manchas de corrosão 7 3 28

fissuras 10 2 8 fissuras 8 -

carbonatação 7 1 2,8 ligação à estrutura 10

infiltração 6 2 4,8 carbonatação 7 2 5,6

presença de cloretos 10 2 8 presença de cloretos 10 -

manchas 5 2 4 33,2

32

Laje

Elemento de composição arquitetônicaGuarda corpo

Gde=

Gde=

Nome do Elemento Nome do Elemento

Local Local

Danos Fp Fi D Danos Fp Fi D

desvio de geometria 8 - desvio de geometria 8 -

recalque 10 2 8 recalque 10 2 8

infiltração na base 6 - infiltração na base 6 -

segregação 6 2 4,8 segregação 6 3 24

eflorescência 5 - eflorescência 5 -

esfoliação 8 2 6,4 esfoliação 8 2 6,4

desagregação 7 3 28 desagregação 7 2 6,4

sinais de esmagamento 10 - sinais de esmagamento 10 -

cobrimento deficiente 6 - cobrimento deficiente 6 -

manchas de corrosão 7 2 5,6 manchas de corrosão 7 2 5,6

fissuras 10 1 4 fissuras 10 1 4

carbonatação 7 2 5,6 carbonatação 7 2 5,6

presença de cloretos 10 - presença de cloretos 10 -

manchas 5 2 4 manchas 5 2 4

33,49 29,71

Gdf= 31,60

Gde=

PilarPilar

Viaduto ligaçao SHN E SHS

Gde=

Pilar 3

Viaduto ligaçao SHN E SHS

Pilar 1

Família de elementos Gdf Fr Gdf x Fr

Pilares Principais 31,6 5 158

Laje secundária 32 3 96

Elementos de composição

arquitetônica33,2 1 33,2

Total 9 287,2

Gd = 31,91

22

De modo geral, o viaduto apresentou Gd de 31,91 e indica nível de deterioração médio

e deve ser tomadas medidas de observações periódicas e intervenção em médio prazo na

estrutura como um todo.

3.3.1 Ensaios

No viaduto próximo ao terminal rodoviário foram realizados os seguintes ensaios:

Carbonatação

Termografia

Percussão

Figura 20– Viaduto próximo ao terminal rodoviário

(Fonte: Google Earth)

Todos os quatros pilares de sustentação do viaduto estão com o revestimento solto, tal

afirmação foi constatada através do ensaio de percussão, e em alguns pilares, é possível ver o

desplacamento do revestimento sem a necessidade da execução do ensaio de percussão,

visível a olho nu, como mostra a figura 21 a seguir.

Figura 21 – Viaduto próximo ao terminal rodoviário (Fonte: Autores)

23

Devido à falta de cobrimento adequada da armadura dos pilares e o desplacamento do

revestimento, a armadura longitudinal e transversal ficou desprotegida, facilitando a

ocorrência de manifestações patológicas naquele local (base dos pilares). A figura 22 mostra

que em um dos pilares de sustentação, houve consideravelmente perda de seção do aço, tanto

na armadura longitudinal como nos estribos, comprometendo a capacidade de trabalho da

barra. Já em outras regiões a corrosão é apenas superficial, sem reduzir a seção transversal da

barra, como mostra a figura 23.

Figura 22 – Viaduto próximo ao terminal rodoviário (Fonte: Autores)

Figura 23 – Viaduto próximo ao terminal rodoviário

(Fonte: Autores)

Foi observado grande odor de urina no local (ácido úrico). O ensaio de carbonatação indicou

que apesar do revestimento dos pilares estarem em péssimas condições, o pilar de concreto

em si, apresenta um avanço de carbonatação inferior a 1mm, como mostra a figura 24.

24

Figura 24 – Viaduto próximo ao terminal rodoviário

(Fonte: Autores)

A figura 25 demonstra regiões de infiltração detectadas através do ensaio termográfico.

Figura 25 – Viaduto próximo ao terminal rodoviário (Fonte: Autores)

3.4 VIADUTOS DA ASA SUL

Assim como as tesourinhas da Asa Norte, também as tesourinhas da Asa Sul foram

construídas ainda na época da construção de Brasília, então se estima que os viadutos que

estudamos possuem por volta de 57 anos de idade. O conjunto de viadutos entre as quadras

211/12 e 111/12 Sul possuem revestimento e não possuem pilar, mas uma cortina armada de

contenção que desempenha o papel do pilar nas estruturas. Os elementos de composição

arquitetônica são os guarda corpo das pistas de rolamento acima do viaduto.

25

Quadro 12 – Cálculo do Grau de deterioração dos elementos (Gde)

Os valores de Gde revelam que de acordo com o Quadro 3, os guarda corpos e as juntas

de dilatação se encaixam no nível de deterioração médio, com necessidade de intervenção em

médio prazo e observação periódica.

Quadro 13 – Cálculo do Grau de deterioração da estrutura (Gd)

De acordo com o Quadro 13, a estrutura como um todo se encaixa no nível de deterioração

médio, com necessidade de intervenção em médio prazo e observação periódica.

3.4.1 Ensaios

No viaduto da Asa Sul foram realizados os seguintes ensaios:

Carbonatação

Termografia

Percussão

Nome do Elemento

Local

Danos Fp Fi D

segregação 4 - Nome do Elemento

eflorescência 4 1 1,6 Local

esfoliação 8 3 9,6 Danos Fp Fi D

desagregação 7 2 5,6 Infiltração 10 2 8

cobrimento deficiente 6 - fissura vizinha à junta 10 -

manchas de corrosão 7 3 28 junta obstruída 8 3 32

fissuras 8 2 6,4 32

ligação à estrutura 10 -

carbonatação 7 2 5,6

presença de cloretos 10 -

33,76

Elemento de composição arquitetônica

Gde=

Guarda Corpo

Tesourinhas sul

Juntas de DilataçãoJuntas de dilatação

Tesourinhas Sul

Gde=

Família de elementos Gdf Fr Gdf x Fr

Juntas de dilatação 32 1 32

Elementos de composição

arquitetônica33,76 1 33,76

Total 2 65,76

Gd = 32,88

26

Figura 26 – Viaduto Asa Sul

(Fonte: Autores)

Os guarda-corpos (‘mureta’ ou ‘parapeito’) do viaduto estão em péssimo estado de

conservação, com fissuras e/ou trincas que se propagam ao longo do mesmo, como mostra a

figura 27. Foi realizado o ensaio de carbonatação em um guarda-corpo que estava em um

gramado nos arredores do viaduto, que provavelmente foi removido do seu local de origem,

devido à colisão de um veículo contra sua própria extremidade. Através do ensaio foi possível

detectar um avanço de carbonatação superior a 2,5 cm, com mostra a figura 28.

Figura 27 – Viaduto Asa Sul

(Fonte: Autores)

Figura 28 – Viaduto Asa Sul

(Fonte: Autores)

27

Há um desplacamento do revestimento cerâmico no teto do viaduto, devido à colisão

de caminhões que transitam constantemente nessa região. A figura 29, através da termografia,

mostra uma região mais escura em que a temperatura se encontra mais baixa, isso ocorre

devido ao deslocamento presente na região periférica ao local onde já houve o desplacamento,

formando um bolsão de ar que permite o resfriamento do local.

Figura 29 – Viaduto Asa Sul

(Fonte: Autores)

O desplacamento nas proximidades da junta de dilatação, mostrada na figura 30,

ocorreu devido à ineficiência da junta, uma vez que a movimentação da estrutura em conjunto

com o revestimento, é maior que a capacidade da junta em absorver as tensões geradas,

provocando fissuras no local e ocasionando o desplacamento. Já a figura 31 mostra o

desplacamento gerado provavelmente pelo escorrimento de água da chuva, deixando o pilar

de sustentação desprotegido e vulnerável a ocorrência de patologias. Na mesma figura se

observa que a armadura longitudinal do pilar está exposta, e com perda de seção considerável.

Figura 30 – Viaduto Asa Sul Figura 31 – Viaduto Asa Sul (Fonte: Autores) (Fonte: Autores)

Com o ensaio de percussão foi constatado que nas imediações das juntas de dilatação,

onde já houve desplacamento, ainda pode ocorrer o desplacamento de algumas peças

cerâmicas do revestimento.

28

3.5 VIADUTO NÚCLEO BANDEIRANTE

Este viaduto é o mais recente feito dos viadutos estudados, com sua inauguração no

dia 13 de julho de 2012, logo tem quatro anos somente de sua construção, mas já apresenta

diversas fissuras na laje do viaduto. As fissuras que saem da junção dos pilares parede com a

laje, como mostram a Figuras 32 e 33 a seguir:

Figura 32 – Trinca tratada na laje do viaduto

(Fonte: Autores)

Figura 33 – Trincas na junção do pilar parede e laje

(Fonte: Autores)

Feito o estudo pela metodologia das estruturas de concreto armado, só se encontrou a

patologia de fissuras, que inclusive já foram tratadas com preenchimento de material

adequado, o que nos dá um valor de Gde menor que 15 e se enquadra no nível de deterioração

baixo e um estado aceitável, sem necessidade de intervenção.

29

4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Com os resultados obtidos através da metodologia descrita no presente trabalho,

recomenda-se que seja efetuada intervenções a médio prazo na maioria dos elementos dessas

estruturas, exceto o elemento laje secundária do viaduto do Bragueto que se encaixou no nível

de deterioração alto, com necessidade de intervenção a curto prazo, como mostra o Quadro 14

a seguir.

Quadro 14 – Resumo dos resultados obtidos.

Através da aplicação do método de inspeção usado no respectivo trabalho e os

diversos ensaios realizados, foi possível constatar diversos tipos de patologias geradas pela

falta de manutenção prévia e pela falta de mão de obra especializada.

O objeto de pesquisa, por se tratar de responsabilidade pública, quase sempre não

possui um cronograma de manutenção preventiva, ocasionando um menor índice de vida útil.

Apesar dos viadutos estudados apresentarem sérios problemas de desplacamento e corrosão,

somente foi observado corrosão, nas armaduras que estavam expostas, ou com um baixíssimo

cobrimento.

Recomenda-se também que seja efetuada a recuperação completa de todo o

desplacamento do revestimento, a substituição das armaduras com corrosão elevada, e

limpeza das armaduras com corrosão leve. Após serem feitas os devidos reparos, aconselha-se

efetuar uma pintura impermeabilizante para retardar o processo de deterioração.

ANALYSIS OF PATHOLOGICAL MANIFESTATIONS AT VIADUCTS OF DF.

ABSTRACT:

When to build a viaduct the desire is that useful life stipulated in project being reach,

and extend for the maximum time achievable, however the viaducts was exposed to the

occurrence of pathological manifestations. Therefore, special attention should be provide to

these possible occurrences, in order to start cautions since the planning period. This article

focuses on the analysis of pathological manifestations in some viaducts of the DF, which

Viadutos GdNivel de

DeterioraçãoMedidas Elementos

Ponte do

Bragueto38,72 Médio

Observação periódica e necessidade

de intervenção em médio prazo Pilar e Laje secundária

Asa Norte 29,52 MédioObservação periódica e necessidade

de intervenção em médio prazo

Cortinas, Guarda copro

e Junta de Dilatação

Rodoviária

Plano Piloto31,91 Médio

Observação periódica e necessidade

de intervenção em médio prazo

Pilares, Laje

secundária, Guarda

corpo

Asa Sul 32,88 MédioObservação periódica e necessidade

de intervenção em médio prazo

Guarda corpo e Junta

de Dilatação

Presidente

João Goulart- Nenhum valor de Gde maior que 15.

30

through a detailed analysis it was possible to identify several pathological manifestations that

occurred due to the lack of periodic and preventive maintenance. Among the pathological

manifestations found in the viaducts are: fissures, displacement, humidity; efflorescence, and

corrosion of reinforcements. In order to make a more complete study several tests were

carried out, such as: carbonation, corrosion potential, thermography and percussion.

Afterwards, the results of the respective tests and the possible causes of the pathological

manifestations were analyzed, as well as an analysis of the methodology described in this

study, and it was verified that the majority of the viaducts fit the moderate deterioration level,

requiring medium-term intervention, thus, recommendations were proposed, in order to

remedy the pathological manifestations.

Keywords: Pathological manifestations. Viaducts. Essay. Maintenance. Deterioration.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASTM (AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS). ASTM C 876:

Standard test method for half-cell potentials of uncoated reinforced steel in concrete –

(1999 reapproved 2009). Annual Book of ASTM Standard, 2009

______. ASTM C 1152: Standard test method for acid-soluble chloride in mortar and

concrete. – (1997 reapproved 2004). Annual Book of ASTM Standard, 2004.

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR 6118. Projeto de estruturas de

concreto — Procedimento, 2014.

ANDRADE, Carmen. Manual para Diagnóstico de Obras Deterioradas por Corrosão de

Armaduras, tradução e adaptação Antônio Carmona e Paulo Helene: Pini, 1992.

CASCUDO, Osvaldo. O Controle da Corrosão de Armaduras em Concreto. 1ª ed.

Goiânia: PINI e UFG, 1997.

CASTRO, E. K. (1994) - “Desenvolvimento de metodologia para manutenção de

estruturas de concreto armado”, Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, DF,

185p, dezembro.

DOMINICANO B. A, ALMEIDA C. N. S. Termografia na Inspeção Preditiva: um ensaio

não destrutivo, utilizado como meio de inspeção, que identifica a variação de

temperatura em partes de um corpo ou peça. Rio de Janeiro. 2012. Disponível em:

<http://www.essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/BolsistaDeValor/article/view/2414/1302>.

Acesso em: 21 abril 2017.

31

GOOGLE INC. (2014) - “Google Earth”. Consultas realizadas entre dias 19 e 21 de Abril de

2017.

KLEIN, D., GASTAL, F., CAMPANOLO, J.L. & SILVA FILHO, L. C. (1991), Critérios

adotados na vistoria de obras de arte, XXV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia

Estrutural, Porto Alegre, pp. 185-196, Novembro.