Priscila Firmino Mestrado

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS FACULDADE DE VETERINÁRIA PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM HIGIENE VETERINÁRIA E PROCESSAMENTO TECNOLÓGICO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL PRISCILA FIRMINO ANDRADE AVALIAÇÃO DO PRAZO DE VIDA COMERCIAL DO ATUM (Thunnus atlanticus) ARMAZENADO SOB REFRIGERAÇÃO Niterói / RJ 2006

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Otimo material. Me ajudou muito no meu seminario. Espero ajudar a outras pessoas também. Todos os creditos para a Priscila Firmino

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE CINCIAS MDICAS FACULDADE DE VETERINRIA PS-GRADUAO EM MEDICINA VETERINRIA REA DE CONCENTRAO EM HIGIENE VETERINRIA E PROCESSAMENTO TECNOLGICO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

    PRISCILA FIRMINO ANDRADE

    AVALIAO DO PRAZO DE VIDA COMERCIAL DO ATUM

    (Thunnus atlanticus) ARMAZENADO SOB REFRIGERAO

    Niteri / RJ 2006

  • PRISCILA FIRMINO ANDRADE

    AVALIAO DO PRAZO DE VIDA COMERCIAL DO ATUM (Thunnus

    atlanticus) ARMAZENADO SOB REFRIGERAO

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Medicina Veterinria da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obteno do Grau de Mestre. rea de concentrao: Higiene Veterinria e Processamento Tecnolgico de Produtos de Origem Animal.

    ORIENTADORA: PROF.Dr. ELIANE TEIXEIRA MRSICO.

    CO-ORIENTADORA: PROF.Dr. MNICA QUEIROZ DE FREITAS.

    Niteri/RJ

    2006

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  • FICHA CATALOGRFICA

    A 553 Andrade, Priscila Firmino

    Prazo de vida comercial do atum (Thunnus atlanticus) armazenado sob refrigerao / Priscila Firmino Andrade. Niteri: [s.n.], 2006.

    97 f. Dissertao (mestrado em Higiene Veterinria e Processamento

    Tecnolgico de Produtos de Origem Animal) Universidade Federal Fluminense, 2006.

    Orientadora: Eliane Teixeira Mrsico. 1. Atum. 2. Anlise Sensorial. 3. PH. 4. Atum - armazenamento I. Ttulo

    CDD 664.94

  • 4

    PRISCILA FIRMINO ANDRADE

    AVALIAO DO PRAZO DE VIDA COMERCIAL DO ATUM (Thunnus atlanticus)

    ARMAZENADO SOB REFRIGERAO.

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Medicina Veterinria da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obteno do Grau de Mestre. rea de concentrao: Higiene Veterinria e Processamento Tecnolgico de Produtos de Origem Animal.

    Aprovada em 24 de Maro de 2006.

    BANCA EXAMINADORA

    ___________________________________________________________________

    PROF.Dr. Eliane Teixeira Mrsico - Orientadora. Faculdade de Veterinria - Universidade Federal Fluminense.

    ___________________________________________________________________

    PROF.Dr. Mnica Queiroz de Freitas - Co-orientadora. Faculdade de Veterinria - Universidade Federal Fluminense.

    ___________________________________________________________________

    PROF.Dr. Valria Moura de Oliveira. Instituto de Veterinria - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

    ___________________________________________________________________

    PROF. Dr. Robson Maia Franco. Faculdade de Veterinria - Universidade Federal Fluminense.

    Niteri 2006

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    Dedicatria

    Aos meus pais, Arinos dos Santos Andrade

    e Iolanda Firmino, pelo amor, dedicao, apoio

    e incentivo. Com certeza sem vocs eu no seria

    quem sou e nem chegaria onde estou.

    Ao meu namorado, Agostinho Sergio

    Scofano, pela amizade, companheirismo e pelos

    momentos de alegria. Sem voc o mundo seria

    menos colorido e menos feliz.

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus, pela minha existncia e pela oportunidade de crescimento espiritual,

    profissional e pessoal.

    Aos meus queridos pais, Arinos e Iolanda, pela presena fundamental em

    toda a minha caminhada e, principalmente, pelo amor e respeito.

    Ao meu namorado, Agostinho, pelo amor, companherismo e por todo o

    incentivo.

    minha adorada av, Olvia Maria da Conceio Firmino e aos meus

    padrinhos, Moiss Alves Cezar e Guiomar Alves Cezar pelo amor e zelo.

    Aos meus queridos amigos Flvia Alencar de Oliveira, Priscila Nbrega dos

    Santos, Vnia Saade Vezone, Carlos Coary, Marcos Telles de Miranda Filho, Marcos

    Vincius da Rocha Lopes por compartilharem comigo etapas to importantes.

    Tatiana Pereira Cardoso, querida amiga e companheira de jornada

    acadmica, pela sua valiosa ajuda ao longo deste trabalho. Obrigada por todo os

    momento alegres compartilhados e por todo carinho e apoio demonstrados ao longo

    desses anos de convivncia.

    Aos amigos Vincius Modesto, Renata Medeiros e Micheli Ferreira e aos

    novos amigos conquistados neste processo: Edvaldo Sampaio de Almeida Filho,

    Valria Moura de Oliveira, Fernanda Martinez, Davi Oliveira, Patrcia Ridell e

    Lucimar Martins.

    Aos meus anjinhos Jlia Vezone Coary e Flora Scofano que alegram e

    iluminam meus caminhos. Vocs so um presente de Deus!

    Jade, minha gatinha rebelde, pela alegre convivncia e por todo o carinho.

  • 7

    minha orientadora, Prof.Dr. Eliane Teixeira Mrsico, pela sugesto do

    tema deste trabalho, pela amizade, pelos momentos de reflexo, pelo estmulo e

    pela pacincia ao longo desses dois anos.

    Ao Prof. Dr. Robson Maia Franco pelos valiosos ensinamentos e pelo auxlio

    fundamental na elaborao das anlises bacteriolgicas.

    Prof.Dr. Mnica Queiroz de Freitas pela colaborao imprescindvel na

    realizao das anlises sensoriais e na estatstica do trabalho.

    Ao programa de Ps-Graduao em Higiene Veterinria e Processamento

    Tecnolgico de Produtos de Origem Animal, pela oportunidade.

    Aos funcionrios da coordenao deste programa, Drusio de Paiva Ferreira

    e Jos Lus Gomes de Azevedo, pela amizade e pela ajuda.

    Aos professores do Departamento de Tecnologia de Alimentos da

    Universidade Federal Fluminense e aos colegas do curso.

    Agradeo tambm ao Carlos Frederico Guimares, pelo suporte tcnico no

    Laboratrio de Controle Fsico-Qumico de Alimentos e Cristiane Platte pela ajuda

    nas anlises bacteriolgicas.

    Ao CNPq pelo apoio financeiro.

    A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram com este trabalho.

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    SUMRIO

    LISTA DE ILUSTRAES, p. 10 LISTA DE TABELAS, p. 11 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS, p. 13 RESUMO, p. 14 ABSTRACT, p. 15 1 INTRODUO, p. 16 2 REVISO BIBLIOGRFICA, p. 19 2.1 CARACTERSTICAS GERAIS DO ATUM, p. 19

    2.2 QUALIDADE E DETERIORAO DO PESCADO RESFRIADO, p. 21

    2.2.1 Alteraes qumicas do pescado, p. 22 2.2.1.1 OTMA, TMA e formao das Bases Volteis Totais, p. 23

    2.2.1.2 pH, p. 29

    2.2.1.3 Histamina e cadaverina, p. 31

    2.2.2 Alterao bacteriolgica do pescado, p. 35 2.2.3 Anlise sensorial, p. 39 3 MATERIAL E MTODOS, p 44 3.1 MATERIAL p. 44

    3.1.1 Reagentes utilizados, p. 44 3.1.2 Equipamentos e materiais de uso geral, p. 45 3.1.3 Material biolgico, p. 46

  • 9

    3.2 MTODOS, p. 46

    3.2.1 Estratgia experimental, p. 46 3.2.2 Preparo das amostras, p. 47 3.2.3 Anlises fsico-qumicas, p. 47 3.2.3.1 Avaliao do teor de xido de Trimetilamina, p. 48 3.2.3.2 Avaliao da produo de Bases Volteis Totais, p. 49

    3.2.3.3 Avaliao da produo de Trimetilamina, p. 50

    3.2.3.4 Avaliao do pH, p. 50

    3.2.3.5 Avaliao da produo de histamina, p. 51

    3.2.3.6 Avaliao da produo de cadaverina, p. 52

    3.2.3.7 Avaliao do teor de umidade, p. 52

    3.2.4 Anlises bacteriolgicas, p. 53 3.2.4.1 Preparo das solues e meios de cultura, p. 53

    3.2.4.2 Cuidados higinico-sanitrios, p. 53

    3.2.4.3 Contagem de bactrias heterotrficas aerbias mesfilas, p. 53

    3.2.4.4 Contagem de bactrias heterotrficas aerbias psicrotrficas, p. 54

    3.2.5 Anlise sensorial, p. 54 3.2.5.1 Preparo das amostras, p. 55

    3.2.5.2 Procedimento adotado, p. 55

    3.2.5.3 Anlise dos resultados, p. 57

    3.3 TRATAMENTO ESTATSTICO, p. 57

    4 RESULTADOS, p. 59 4.1 ANLISES FSICO-QUMICAS, p. 59

    4.1.1 OTMA, p. 59 4.1.2 BVT, p. 60 4.1.3 TMA, p. 62 4.1.4 pH, p. 63 4.1.5 Histamina e cadaverina, p. 64 4.1.6 Umidade, p. 66 4.2 ANLISES BACTERIOLGICAS, p. 66

    4.2.1 Contagem de Bactrias Heterotrficas Aerbias Mesfilas (CBHAM) e Psicrotrficas (CBHAP), p. 66

  • 10

    4.3 ANLISE SENSORIAL, p. 69

    5 DISCUSSO, p. 71 5.1 ANLISES FSICO-QUMICAS, p. 71

    5.1.1 OTMA, p. 71 5.1.2 BVT, p. 72 5.1.3 TMA, p. 74 5.1.4 pH, p. 76 5.1.5 Histamina e cadaverina, p. 77 5.2 ANLISES BACTERIOLGICAS, p. 80

    5.2.1 Contagem de Bactrias Heterotrficas Aerbias Mesfilas (CBHAM) e Psicrotrficas (CBHAP), p. 80 5.3 ANLISE SENSORIAL, p. 81

    6 CONCLUSES E CONSIDERAES FINAIS, p. 85 7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS. p. 87 8 APNDICES, p. 96

  • 11

    LISTA DE ILUSTRAES

    Fig. 1 Consumo de pescado marinho no ano de 2001, f.21.

    Fig. 2 Exemplar de atum (Thunnus atlanticus) utilizado neste estudo, f.46.

    Fig. 3 Localizao das incises para a obteno das pores musculares do atum (T. atlanticus), f.48.

    Fig. 4 Material utilizado na anlise sensorial de atuns (T. atlanticus) cozidos, f.56.

    Fig.5 Apresentao de amostra a julgador no treinado, f. 56.

    Fig. 6 Ficha de avaliao apresentada aos julgadores no treinados, contendo os atributos de sabor, textura e impresso global em escala hednica estruturada de nove pontos, f.56.

    Fig. 7 Placa de slica gel (SIGMA) revelada com soluo de ninhidrina a 3% demonstrando o deslocamento dos padres de histamina e cadaverina das amostras com quantidade superior ao padro de 10mg/100g, f.66.

    Fig. 8 Valores, em Logartmo, das Contagens de Bactrias Heterotrficas Aerbias Mesfilas (CBHAM) e Bactrias Heterotrficas Aerbias Psicrotrficas (CBHAP) em trs exemplares de atuns (T. atlanticus), com e sem pele, armazenados sob temperatura de 4C (1C). f.68.

    Fig. 9 Escores mdios de aceitao sensorial quanto ao sabor, textura e impresso global do atum (T. atlanticus), f.70.

    Quadro 1 Variao do teor de xido de Trimetilamina nas diferentes espcies de peixes, f.25.

    Quadro 2 Microbiota dominante e bactrias especificamente deteriorantes relacionados com a deteriorao de peixes frescos, f.38.

    Quadro 3 Escala para avaliao geral do frescor de atuns crus, f.41.

    Quadro 4 Valores numricos para a pontuao dos termos hednicos na anlise dos resultados do teste de aceitao, f.57.

  • 12

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 Valores mdios de xido de Trimetilamina (OTMA) em mg N/100g obtidos nas pores 1, 2 e 3 dos cinco exemplares de atuns (T. atlanticus) analisados em nove tempos de estocagem pelo perodo de 19 dias sob temperatura de 4C (1C), f.60

    TABELA 2 Valores mdios de Bases Volteis Totais (BVT), em mg N/100g, obtidos nas pores 1, 2 e 3 dos cinco exemplares de atuns (T. atlanticus) analisados em nove tempos de estocagem pelo perodo de 19 dias em temperatura de 4C. (1C), f.61

    TABELA 3 Valores mdios de Trimetilamina (TMA), em mg N/100g, obtidos nas pores 1, 2 e 3 dos cinco exemplares de atuns (T. atlanticus) analisados em nove tempos de estocagem pelo perodo de 19 dias em temperatura de 4C. (1C), f.62

    TABELA 4 Valores mdios obtidos na anlise de varincia (ANOVA) ao nvel de 5% de significncia para as variveis xido de Trimetilamina (OTMA), Bases Volteis Totais (BVT) e Trimetilamina (TMA), em mg N/100g, obtidos nos atuns (T. atlanticus) analisados em nove tempos de estocagem pelo perodo de 19 dias em temperatura de 4C. (1C), f. 63.

    TABELA 5 Valores mdios de pH, obtidos nas anlises de cinco exemplares de atuns (T. atlanticus) analisados em nove tempos de estocagem pelo perodo de 19 dias em temperatura de 4C. (1C), f.63

    TABELA 6 Modelos de equao de regresso dos valores de OTMA, BVT, TMA e pH (Y) em funo do tempo de estocagem a uma temperatura de 4C (1C) (X) e seus respectivos coeficientes de determinao (R2) e nveis de probabilidade (Prob.) para atum (T. atlanticus), f.64

    TABELA 7 Valores da formao de histamina e cadaverina (mg/100g) detectados nas anlises dos cinco exemplares de atum (T. atlanticus) em nove tempos de estocagem pelo perodo de 19 dias em temperatura de 4C (1C), f.65

  • 13

    TABELA 8 Valores mdios das Contagens de Bactrias Heterotrficas Aerbias Mesfilas (CBHAM) e de Bactrias Heterotrficas Aerbias Psicrotrficas (CBHAP), em trs exemplares de atuns (T. atlanticus) com e sem pele pelo perodo de 19 dias de estocagem sob temperetura de 4C (1C), f.67

    TABELA 9 Modelos de equao de regresso dos valores de CBHAM (Y) em funo do tempo de estocagem a uma temperatura de 4C (X) e seus respectivos coeficientes de determinao (R2) e nveis de probabilidade (Prob.) para trs exemplares de atum (T. atlanticus), f.68

    TABELA 10 Valores mdios dos escores do teste de aceitao de amostras cozidas de atum (T. atlanticus) com um (amostra 1) e nove (amostra 2) dias de estocagem sob temperatura de 4C (1C) para as variveis sabor, textura e impresso global, f.69

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    LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS

    ANOVA Anlise de varincia ATP Adenosina Trifosfato BVT Bases Volteis Totais DAO Diaminoxidase DIC Delineamento Inteiramente Casualizado DMA Dimetilamina DTA Doenas Transmitidas por Alimentos FA Formaldedo FAO Food and Agriculture Organization FDA Food and Drugs Administration HPLC High Performance Liquid Chromatography ICCAT International Comission for the Conservation of Atlantic Tunas ICMSF International Commission on Microbiological Specifications for Foods LANARA Laboratrio Nacional de Referncia Animal MAO Monoaminoxidase g Micrograma L Microlitro MMA Monometilamina NH3 Amnia OTMA xido de Trimetilamina pH Potencial hidrogeninico ppm parte por milho RIISPOA Regulamento da Inspeo Industrial e Sanitria de Produtos de Origem

    Animal SSP Soluo Salina Peptonada TiCl3 Tricloreto de Titnio TMA Trimetilamina UFC Unidades Formadoras de Colnias

  • 15

    RESUMO

    O atum um dos peixes de maior importncia comercial, tanto pela sua utilizao industrial, como pelo aumento do seu consumo devido influncia da gastronomia japonesa em nosso pas. Entretanto, a avaliao da sua qualidade quanto aos parmetros fsico-qumicos descritos na legislao brasileira ainda motivo de controvrsias em virtude da enorme diferena bioqumica e fisiolgica existente entre as espcies. Face ao exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar as caractersticas fsico-qumicas, bacteriolgicas e sensoriais iniciais do atum (T. atlanticus) e acompanhar as alteraes deste produto quando mantido sob refrigerao (4C1) at completa deteriorao. Foram avaliados o teor inicial de OTMA, TMA, BVT, pH, histamina e cadaverina em trs pores do atum, em dias alternados at ser consolidada a deteriorao. Tambm foi realizada a contagem de Bactrias Heterotrficas Aerbias Mesfilas (CBHAM) e Psicrotrficas (CBHAP) em atuns com e sem pele, assim como um teste sensorial de aceitao com 60 julgadores no treinados nos dias zero e nove de estocagem. Com relao ao teor de OTMA, BVT e TMA no foi evidenciada diferena significativa entre as trs pores analisadas. Os valores de OTMA variaram de 20,3mg N/100g no 1 dia a 5,40mg N/100g no 19 dia. Quanto aos valores de BVT, estes variaram entre 14,65 e 27,29mg N/100g no primeiro e no 19 dia, respectivamente. A produo de TMA variou de 4,1 a 5,54mg N/100g no mesmo perodo de armazenamento, no demonstrando variaes compatveis com os parmetros oficiais, assim como o pH que variou de 5,79 a 5,98, mesmo com o peixe demonstrando caractersticas de deteriorao. Dos cinco exemplares de atum analisados nenhum apresentou produo de histamina no 1 dia, porm o limite de 10mg/100g foi alcanado no 10 dia nos exemplares 4 e 5 e no 19 dia nos exemplares 1,2 e 3. Quanto cadaverina, os trs primeiros exemplares alcanaram valores entre 5 e 10mg/100g no 19 dia e os exemplares 4 e 5 no 10 dia. Os resultados obtidos nas CBHAM dos atuns sem pele foram 5 Log UFC at o 9 dia de estocagem e a partir do 11 dia a contagem alcanou 12 Log UFC, terminando o perodo de armazenamento com o valor de 18 Log UFC. Em relao s CBHAP, os valores atingidos foram 5 , 7 e 18 Log UFC nos dias 1, 9 e 19, respectivamente. Na anlise sensorial o teste de aceitao mostrou que as amostras frescas (dia zero) tiveram maior aceitao que as amostras apresentadas no 9 dia de estocagem. Tendo em vista as anlises realizadas, conclui-se que o prazo de vida comercial da espcie T. atlanticus de nove dias e que as concentraes de BVT e TMA devem ser melhor estudadas, com uma maior amostragem, para reavaliao dos padres oficiais destas substncias. Palavras-chave: Atum, prazo de vida comercial.

  • ABSTRACT

    Tuna is one of the most important commercial fish because of its industrial use and for the increase of its consumption based on the influence of Japanese gastronomy in our country. However, the evaluation of the physical-chemical parameters described in the Brazilian legislation still is a reason for controversies due the enormous physiological and biochemical differences between the species. In accordance with this, the objective of this study was to evaluate the physical-chemical, bacteriological and sensorial characteristics of tuna (T. atlanticus) and observ the changes in these product when kept under refrigeration (4C1) until complete deterioration. The initial content of TMAO, TVB, TMA, pH, histamine and cadaverine were evaluated in three portions of tuna, in alternated days until deterioration being consolidated. The counting of heterotrophic aerobic mesophiles (CBHAM) and psychrotrophes (CBHAP) bacteria was also carried through, as well as a sensorial test of acceptance with 60 judges not trained on day 0 and day 9 of storage. In relation to the TMAO, TVB and TMA levels, no significant difference between the three analyzed portions was noticed. The values of TMAO were 20,3mg/100g in day 1 and 5,40mg/100g in day 19. The values of TVB were 14,65mg/100g (day 1) and 27,29mg/100g (day 19). The TMA production was 4,1 to 5,54mg/100g in the same period of storage and dont show compatible variations with the official parameters, as well as pH level that varied between 5,79 to 5,98, even with the characteristic of spoil demonstrated. None of analyzed tuna presented histamine production in day 1. In the units four and five the limit was reached in day 10 and, in the others units, in day 19. In relation to cadaverine production, units 1, 2 and 3 had reached values between 5 and 10mg/100g in day 19 and, in units 4 and 5, in day 10. The results gotten in CBHAM of tunas without skin had been 5 Log UFC until day 9 of storage. After day 11 the counting reached 12 Log UFC, ending with a value of 18 Log UFC. In relation to CBHAP, the values reached had been 5 Log UFC in day 1, 7 Log UFC in day 9 and 18 Log UFC in day 19. In the acceptance test, fresh samples (day 0) was more preferred than the samples analyzed in day 9 of storage. According to the analysis produced it can be concluded that the shelf life of T. atlanticus is nine days and the TVB and TMA concentrations must be study with a bigger sampling and reevaluate the officials standards for these substances. Key words: tuna, shelf life.

  • 16

    16

    1 INTRODUO

    A preocupao com o consumo de alimentos saudveis e nutritivos vem

    crescendo em larga escala no Brasil e no mundo. Esse fato determinou uma nova

    tendncia nutricional que preconiza uma alimentao com ingesto de muitas fibras,

    pouca gordura e pouco colesterol. Por esse motivo h uma inclinao ao aumento do consumo de peixes, pois este apresenta vantagens em relao carne de outros

    animais, entre as quais possvel destacar: presena de uma carne mais nutritiva,

    com menor teor de gordura, rica em cido linolico (mega 3), aminocidos

    essenciais, vitaminas (A, E e D) e minerais (sdio, potssio, magnsio, clcio, ferro,

    fsforo, iodo, flor, selnio, mangans e cobalto).

    Conseqentemente, fica evidente a importncia do consumo de peixe na

    alimentao humana uma vez que, alm de ser uma fonte de protenas de alto valor

    biolgico, de conter todos os aminocidos essenciais e apresentar alta

    digestibilidade, tambm possui baixo teor de colesterol devido presena de 70%

    de cidos graxos insaturados da srie mega 3 em sua composio.

    Entre os produtos de origem animal, o pescado um dos mais susceptveis

    ao processo de deteriorao. Alguns dos fatores que contribuem para este fato

    incluem as condies de higiene, transporte e armazenamento, o pH prximo

    neutralidade, a elevada atividade de gua nos tecidos, o alto teor de nutrientes, a

    quantidade de lipdios insaturados, a presena de pouco tecido conjuntivo, a ao

    das enzimas autolticas presentes nos tecidos e a alta atividade metablica da

    microbiota presente (FRASER; SUMAR, 1998; SOARES et al., 1998; MAUSSE,

    2000).

  • 17

    17

    Dentre os peixes de maior importncia comercial no Brasil o atum um

    gnero que merece destaque, em funo de seu papel na indstria e pelo aumento

    do seu consumo decorrente da influncia da culinria japonesa no pas.

    relevante destacar a importncia dos tundeos na sade pblica, pois estes

    peixes pertencem famlia Scombridae que apresenta grandes quantidades de

    histidina livre na musculatura e, como conseqncia, possuem uma grande

    tendncia produo de histamina a partir da descarboxilao deste aminocido por

    enzimas descarboxilases de microrganismos.

    A legislao brasileira considera como deteriorado e, portanto, imprprio para

    o consumo, o pescado com teor de bases volteis totais (BVT) superior ou igual a 30

    mg N/100 g, pH da carne externa superior ou igual a 6,8, e da carne interna superior

    ou igual a 6,5 e reao positiva de gs sulfdrico (BRASIL, 1981; BRASIL, 1997) e

    teor de histamina de 10 mg/100g (100 ppm) para algumas espcies de peixes.

    Entretanto, o limite preconizado para acmulo de bases volteis totais em pescado e

    derivados foi e ainda motivo de polmicas e controvrsias, visto que cada espcie

    de peixe e algumas vezes, tipos musculares e zona corporal, apresentam nveis

    distintos de xido de trimetilamina (OTMA).

    Os critrios estabelecidos pela legislao brasileira parecem no ser

    adequados para todos os tipos de peixes, pois algumas espcies apresentam nveis

    de BVT acima do padro permitido, mas demonstram estar em condies

    microbiolgicas e sensoriais favorveis ao consumo. Da mesma forma, outros tipos

    de peixes mesmo contendo nveis de BVT compatveis com a legislao, oferecem

    condies desfavorveis ao consumo (TAHA, 1988).

    Devido inadequao dos valores de BVT estabelecidos pela legislao s

    diversas espcies de pescado, faz-se necessria a realizao de estudos visando

    determinar os limites crticos mais adequados, coerentes com a espcie analisada.

    Tambm importante determinar os nveis de OTMA em algumas espcies de

    peixes, j que seus teores variam muito entre as espcies, desde pequenas

    quantidades at centenas de mg de OTMA-N / 100 g.

    O objetivo geral deste estudo foi avaliar as caractersticas fsico-qumicas,

    bacteriolgicas e sensoriais iniciais do atum (T. atlanticus) e acompanhar as

    alteraes deste produto quando mantido sob refrigerao (4C1) at completa deteriorao. E como objetivos especficos, avaliar o teor inicial do OTMA, de

  • 18

    18

    trimetilamina (TMA) e do conjunto das BVT, alm do pH e da produo de histamina

    e cadaverina; acompanhar o desenvolvimento, sob as mesmas condies de

    estocagem, de bactrias heterotrficas aerbias mesfilas e psicrotrficas e, sob

    aspecto sensorial, realizao do teste de aceitao para acompanhamento da

    qualidade. Alm disto, indicar o prazo de vida comercial sob as condies do estudo,

    procurando oferecer subsdios s autoridades sanitrias para uma readequao

    destes valores, de forma a torn-los mais condizentes com a realidade brasileira.

  • 2 REVISO DE LITERATURA

    2.1 CARACTERSTICAS GERAIS DO ATUM

    O atum um peixe pelgico, telesteo, da ordem dos Perciformes, famlia

    Scombridae, com grande velocidade migratria, tanto para ir busca de alimento

    como para a desova. um peixe com grande importncia industrial devido a sua

    capacidade de formar cardumes, j que desta forma pode ser capturado em maior

    quantidade e em menor tempo (CONTRERAS-GUZMN, 1994).

    A composio qumica de fils de atum basicamente de gua (69%),

    lipdeos (4%), protenas (25,2%) e cinzas (1,3%) (CONTRERAS-GUZMN, 1994;

    HUSS, 1995). Alm destas substncias apresenta em sua composio uma

    quantidade significativa de fsforo (250g/100g de tecido) e de iodo, bem como uma

    pequena quantidade de tecido conjuntivo que o torna mais digervel (GERMANO,

    GERMANO e OLIVEIRA, 1998).

    Os atuns e tundeos so muito importantes no cenrio comercial,

    especialmente as espcies Thunnus alalunga (albacora), T. obesus (Bigeye tuna), T.

    thynnus (Northern Bluefin tuna), T. maccoyii (Southern bluefin tuna) e T. albacares

    (Yellowfin tuna). Coletivamente essas so conhecidas como as principais espcies

    de atum no mercado mundial e so comercializadas em conservas, crus (sashimis

    e carpaccios) entre outros. Porm, as espcies menos conhecidas de atum no

    devem ser desconsideradas pois promovem um comrcio considervel dentro de

    determinados pases, alm de fornecerem uma importante fonte de protena em

    algumas partes do mundo, como pases pobres da frica (SHOMURA et al., 1993).

    Segundo Shomura et al. (1995) a captura de atuns no Oceano Atlntico e Mar

    Mediterrneo no ano de 1993 ficou em torno de 525 mil toneladas, das quais cerca

  • 20

    de 180 mil toneladas foram relativas a pesca de Bonito (Katsuwonus pelamis), 143

    mil toneladas referentes pesca de albacora (Thunnus albacares) e apenas 3460

    toneladas referentes pesca da albacorinha (Thunnus atlanticus). De acordo com os

    dados fornecidos pelo Comit Internacional para a Conservao de Atuns Atlnticos

    (ICCAT, 2006), a quantidade de atum da espcie Thunnus atlanticus

    desembarcados no Brasil subiu de 418 toneladas em 1997, para 1.669 toneladas em

    2002, demonstrando a importncia desta espcie no pas.

    A espcie utilizada neste estudo foi a Thunnus atlanticus (Lesson, 1831), que

    popularmente conhecido como albacorinha (ou Blackfin tuna). a nica espcie

    de atum cuja distribuio ocorre na parte oeste (Ocidental) do Oceano Atlntico,

    sendo encontrado desde o Norte dos Estados Unidos at a parte Sudeste do Brasil.

    uma espcie de hbitos extremamente migratrios, encontrada principalmente na

    regio costeira, em guas cujas temperaturas mdias ficam em torno de 20C

    (VIEIRA et al., 2005). uma espcie nativa em pases como Brasil, Colmbia, Cuba,

    Mxico, Venezuela e Estados Unidos. No Brasil, apresenta-se em maior quantidade

    no Rio de Janeiro (FISHBASE, 2006).

    O atum, assim como outros gneros de peixes que habitam guas frias, como

    salmo e o bacalhau, apresentam quantidades bastante relevantes de cidos graxos

    da srie mega 3. O consumo desses tipos de peixes fundamental para a sade

    em funo da reduo do risco de doenas cardiovasculares, alm de ter ao

    antiinflamatria, auxiliar na regenerao dos neurnios e atuar no desenvolvimento

    cerebral. Segundo Takahashi (2005), por essas razes o consumo de peixes

    fundamental na infncia e essencial para os idosos, pois pode reduzir o risco do mal

    de Alzheimer, demncia e cansao mental. Tambm atua na coagulao sangnea,

    reduzindo a agregao plaquetria. Assim, segundo Deckere et al. (1998) o

    consumo moderado de peixe (uma ou duas pores por semana) tem sido

    associado reduo da taxa de mortalidade devido a doenas coronarianas e infarto

    agudo do miocrdio.

    Apesar de todos esses dados demonstrando a importncia da ingesto de

    peixes para uma nutrio mais saudvel, o seu consumo no Brasil ainda muito

    baixo se comparado a outros pases do mundo, mesmo com toda a extenso

    costeira do pas. Segundo dados da FAO (2006) o consumo de pescado por

    indivduo no Brasil de apenas 6,5 kg/ano, enquanto no Japo, China e Estados

    20

  • 21

    Unidos esses nmeros so bem superiores, de 66,1 kg/ano, 25,4 kg/ano e 21,3

    kg/ano respectivamente (Figura 1).

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    Pases analisados

    Valo

    r em

    Kg/

    ano

    JapoChinaEUABrasil

    Figura 1: Consumo de pescado marinho no ano de 2001.

    Fonte: FAO, 2006.

    Ainda pelas estatsticas da FAO (2005), o total global de atuns e tundeos

    capturados aumentaram de cerca de 0,6 milhes de toneladas em 1950 para cerca

    de 4,2 milhes de toneladas em 2003, sendo 2,7 milhes de toneladas capturados

    nos Estados Unidos e 582 mil toneladas no Brasil. Com relao ao ano de 2000,

    estes dados demonstram um aumento de 5,2% na captura mundial de atuns.

    Embora a maior parte do atum desembarcado e comercializado no Brasil seja

    utilizada para a fabricao de conservas, est havendo um aumento crescente na

    procura por atuns frescos (resfriados) e/ou congelados. O motivo desse crescimento

    a aquisio de novos hbitos de consumo devido influncia da culinria japonesa

    (LOPEZ-GALVES et al., 1995). Dados estatsticos da FAO (2006) comprovam

    indiretamente esse aumento pois o total de peixes consumidos frescos subiu de 36%

    em 1996 para 41% em 2003.

    2.2 QUALIDADE E DETERIORAO DO PESCADO RESFRIADO

    Aps a captura do peixe vrios eventos bioqumicos ocorrem at o

    aparecimento dos primeiros sinais de deteriorao, podendo ser classificados como

    metablicos e microbianos. Os eventos bioqumicos metablicos ocorrem devido

    21

  • 22

    atividade de enzimas que permanecem viveis, mesmo aps a morte do peixe. Um

    dos primeiros produtos a ser formado a partir das alteraes enzimticas o cido

    ltico, que proveniente da converso do glicognio armazenado na musculatura do

    peixe. Seu acmulo no organismo faz com que haja queda do pH, com liberao e

    ativao de proteases e catepsinas, resultando em protelise com liberao de

    aminocidos livres que sero utilizados pelas bactrias. A degradao microbiana de

    aminocidos pode produzir bases volteis como amnia, cujos nveis esto

    relacionados com a quantidade de ATP inicial na musculatura, alm de produzir

    aminas biognicas como histamina, cadaverina e putrescina. A degradao de

    nucleotdeos tambm comea logo aps a morte do peixe e resulta na formao da

    hipoxantina. Simultaneamente, o OTMA e o cido ltico podem ser metabolizados

    pela ao bacteriana formando TMA e cido actico. Todas essas substncias,

    formadas pela ao microbiana, podem ser utilizadas para anlises qumicas de

    determinao da deteriorao do produto (JACOBER; RAND, 1982; CONTRERAS-

    GUZMN, 1994).

    2.2.1 Alteraes qumicas do pescado

    Os eventos bioqumicos que se iniciam no fim do rigor-mortis culminam com a

    deteriorao do peixe, quando no h aceitao sensorial e nem sanitria. Na fase

    do ps-rigor, o maior evento bioqumico a alterao do teor de nitrognio no

    protico (particularmente dos aminocidos livres), produzindo amnia e outras bases

    volteis totais, como TMA, dimetilamina (DMA) e traos de monometilamina (MMA) e

    propilamina. A amnia formada nesta fase oriunda da descarboxilao ou

    desaminao dos aminocidos. O primeiro caso conseqncia da ao de

    bactrias descarboxilases positivas (presentes na pele e no trato digestivo), que

    muito intensa sob temperatura de 20C e pH cido. No segundo caso, h ao de

    bactrias anaerbias que realizam desaminao de aminocidos livres

    (CONTRERAS-GUZMN, 1994).

    A partir do ps-rigor a amnia gerada pela ao microbiana soma-se

    produzida anteriormente e, por isso, seus nveis aumentam significativamente aps a

    primeira semana de estocagem. Entretanto, devido a maior facilidade analtica,

    costuma-se determinar o nitrognio voltil em vez da amnia atravs do teste de

    quantificao das bases volteis totais (BVT) (ibid).

    22

  • 23

    2.2.1.1 xido de trimetilamina e formao das bases volteis totais

    O OTMA um composto de natureza no protica, solvel em gua, de baixo

    peso molecular e que contm nitrognio (HUSS, 1995). uma substncia tpica de

    peixes marinhos e invertebrados, e originado a partir de duas fontes principais:

    acmulo pela ingesto de fitoplncton ou biosintetisado pelos prprios animais

    (HUSS, 1995; VOOYS, 2002). Pode ser reduzido a trimetilamina (TMA) atravs da degradao no enzimtica (CINTRA et al., 1999), por ao de enzimas bacterianas

    (desaminases) ou pode sofrer decomposio enzimtica, gerando uma quantidade

    equimolar de DMA e formaldedo (FA) (TIMM; JORGENSEN, 2002). A DMA produzida por enzimas autolticas (OTMA dimetilase) durante o armazenamento dos

    peixes congelados e pode ser usada como um ndice de deteriorao durante o

    armazenamento de pescado congelado, da mesma forma que a TMA utilizada na

    alterao microbiana do pescado no congelado (GALLARDO et al.,1990b). Embora

    seja inodoro, o OTMA origina compostos que podem alterar o odor do pescado,

    como a TMA, que uma amina voltil e que apresenta odor forte e desagradvel,

    caracterstico de peixes em estado de deteriorao (DYER, 1945). A sua presena

    em peixes em decomposio est relacionada com a reduo bacteriana do OTMA,

    geralmente associada a gneros bacterianos tpicos de ambiente marinho (como

    Alteromonas, Photobacterium, Vibrio e Shewanella putrefaciens) e tambm com

    bactrias da famlia Enterobacteriaceae e Aeromonas (HUSS, 1995).

    Acreditava-se que qualquer produo de DMA e TMA era proveniente da

    degradao do OTMA e que qualquer degradao do OTMA se refletia no aumento

    dos nveis de DMA e/ou TMA. Porm, pesquisas indicam que a degradao do

    OTMA ocorrer mais rapidamente que a formao de DMA e/ou TMA caso haja uma

    inibio da enzima OTMA dimetilase pela presena de oxignio (SOTELO et al.,

    1995).

    Contreras-Guzmn (1994) apresentou trs teorias para a origem do xido

    de trimetilamina:

    Origem exgena: sntese de OTMA por algas marrons, verdes e vermelhas, que ao serem ingeridas por peixes herbvoros e zooplncton acabam passando

    por todos os elos da cadeia alimentar, de acordo com a quantidade necessria

    para cada espcie.

    23

  • 24

    Origem endgena: de acordo com a salinidade do meio os peixes podem excretar o excesso ou sintetizar o OTMA, mesmo se mantidos em jejum ou

    alimentados com dietas livres de OTMA.

    Origem mista: os peixes possuem um mecanismo que garante nvel mnimo

    desta substncia no organismo, eliminando o excesso ingerido pela dieta ou

    sintetizando-o em perodos de carncia.

    O OTMA constitui uma parte caracterstica e importante da frao nitrogenada

    no protica nas espcies marinhas, porm est ausente em espcies de gua

    doce, exceto na tilpia (Oreochromis niloticus) (BYSTEDT, SWENNE e AAS, 1959)

    que, segundo estudos apresenta cerca de 150-200 mg de OTMA/100g de peixe

    fresco (Gram1,1989 apud HUSS, 1995). Pode ser encontrado em quantidade de 1 a

    5% do tecido muscular e, dependendo da espcie do pescado, pode apresentar

    variaes em sua concentrao. Os telesteos geralmente apresentam

    concentrao de aproximadamente 1%, enquanto que nos elasmobrnquios esta

    concentrao ultrapassa 1,5% (FRASER; SUMAR, 1998). Segundo Contreras-

    Guzmn (1994) o teor de OTMA entre as espcies pode ser classificado como

    ausente, baixo, intermedirio, alto ou muito alto (Quadro 1).

    Huss (1995) relatou que os crustceos e cefalpodes podem atingir

    concentraes de OTMA maiores que 7% do peso seco de seus tecidos. Nos

    elasmobrnquios os nveis de OTMA podem chegar at 1500 mg/100 g, no atum a

    quantidade encontrada normalmente abaixo de 25 mg/100 g e nos peixes

    demersais, varia entre 200 e 300 mg/100g (CONTRERAS-GUZMN, 1994). O

    mesmo autor ainda afirma que a musculatura vermelha apresenta teores maiores de

    OTMA que a musculatura branca, principalmente nos escombrdeos tpicos e

    elasmobrnquios.

    1 Gram, L. Identification, characterization and inhibition of bacteria isolated from tropical fish. Ph.D. Thesis. The Technological Laboratory of the Danish Ministry of Fisheries and The Royal Veterinary and Agricultural University.

    24

  • 25

    Quadro 1: Variao do teor de xido de Trimetilamina nas diferentes espcies de peixes.

    Teor de OTMA

    Valor aproximado

    Espcies

    Ausente - Peixes de gua doce tpicos (pacu, tambaqui,

    carpa).

    Baixo < 25mg% Escombrdeos (atum, bonito).

    Intermedirio 25 100mg% Clupedeos (sardinha), engrauldeos (manjuba),

    escombrdeos menos tpicos (cavala, sororoca),

    peixes de gua doce de comportamentos atpicos

    (tilpia), crustceos eurilianos (camaro-gigante-

    da-malsia).

    Alto 100 300mg% Pleuronectdeos (linguado), trichurdeos (xixarro),

    sciaendeos (corvina e pescada), a maior parte dos

    crustceos penedeos e os moluscos cefalpodos.

    Muito Alto > 300mg% Gaddeos (merluza), elasmobrnquios (caes e

    raias).

    Fonte: Contreras-Guzmn, 1994.

    Alguns autores acreditam que o OTMA tenha papel importante na

    osmorregulao dos peixes (STROEM2,1984 apud HUSS, 1995). De acordo com

    relatos de Vooys (2002) foram propostas, por vrios pesquisadores, hipteses de

    possveis funes para o OTMA no metabolismo animal. Esta substncia pode ser

    um produto final do metabolismo no-txico de protenas, pode atuar na

    osmorregulao intracelular, tambm pode proteger o animal contra as baixas

    temperaturas da gua, alm de estabilizar as enzimas no caso de altas

    concentraes de uria ou altas presses atmosfricas. Este autor pesquisou o

    papel do OTMA na osmorregulao em moluscos bivalves (Cerastoderma edule e C.

    lamarcki) e descobriu que o OTMA no est associado osmorregulao nas

    espcies estudadas. De acordo com as condies do estudo, em ambiente de baixa

    salinidade, se esperava um decrscimo no nvel desta substncia e o inverso foi

    achado como resultado, caracterizando que a concentrao de OTMA nos tecidos foi

    derivada da presena de TMA na rao fornecida s espcies e no estava

    relacionada osmorregulao.

    2 Stroem, A.R. Mikrobiologiske og biokemiskeforhold ved lagring affisk. Lecture notes, Tromsoe Univ., Tromsoe. 1984.

    25

  • 26

    Quando o OTMA reduzido TMA vrias alteraes fsicas ocorrem, tais

    como reduo do potencial redox, aumento do pH e da condutncia eltrica (HUSS,

    1995).

    Os peixes e frutos do mar apresentam rpida deteriorao logo aps sua

    captura, como conseqncia de vrios mecanismos bioqumicos e microbiolgicos

    desenvolvidos, embora a perda da qualidade dependa de outros fatores como da

    espcie do peixe em questo e das condies de manuseio e estocagem utilizadas.

    Para reduzir os mecanismos desencadeadores da perda da qualidade, o peixe deve

    ser refrigerado imediatamente aps a captura (RODRGUEZ et al., 2004). Segundo

    Ruiz-Capillas e Moral (2005) o aumento dos nveis de BVT durante estocagem em

    gelo de vrias espcies de peixes (incluindo o atum), foi associada com deteriorao

    microbiolgica e com a produo de substncias deteriorantes, como TMA e amnia.

    Tradicionalmente a avaliao da qualidade do peixe vem se baseando em

    testes sensoriais. A avaliao qumica da deteriorao de pescado foi iniciada

    aproximadamente h um sculo quando foi comprovado atravs de pesquisas que a

    determinao dos nveis de BVT era um mtodo padro para a realizao da

    inspeo de peixes e este mtodo comeou a ser muito utilizado na Alemanha

    (KNIG3, 1910 apud TIMM; JORGENSEN, 2002). Desde ento, o mtodo de

    determinao de BVT tem sido amplamente empregado na avaliao da qualidade

    dos peixes, sendo o mtodo no-sensorial mais usado na avaliao da qualidade do

    pescado fresco e congelado (HUSS, 1995; PEREIRA, 2004).

    Do mesmo modo, tambm so utilizados os nveis de TMA e DMA para

    esta finalidade (TIMM; JORGENSEN, 2002). A partir dos trabalhos de Dyer (1945),

    que apresentou um mtodo analtico de determinao de TMA simples, a anlise

    desta substncia tornou-se de fundamental importncia e vem sendo empregado

    amplamente em peixes e produtos marinhos (CONTRERAS-GUZMN, 1994). De

    acordo com este autor, nos peixes armazenados em gelo sob condies de

    aerobiose h o favorecimento da formao de TMA, enquanto que o

    armazenamento em condies anaerbicas ou parcialmente aerbicas favorece a

    formao de DMA e FA. Ele ainda concluiu que os peixes de carne escura formam

    TMA no msculo ordinrio em condies aerbicas, tanto a 0C quanto sob

    congelamento.

    3 KONIG, J. Untersuchung von Nahrungs - Genussmitteln und Gebrauchsgegenstnden, Springer, Berlin. 1910.

    26

  • 27

    A amnia tambm est includa no conjunto de bases volteis totais. Como

    esta substncia se origina da degradao de nucleotdeos no pescado assim que

    este capturado possvel compreender que os valores iniciais das anlises de

    BVT sejam bem acima de zero. Como exemplo pode-se citar a musculatura branca

    do pescado magro que apresenta nveis iniciais de BVT em cerca de 20 mg N/100 g,

    mas, medida que o pescado se degrada ocorre um aumento exponencial no valor

    desta substncia (PEREIRA, 2004).

    Sengupta, Mandal e Mitra (1971) observaram que de uma forma geral,

    quando os valores de BVT estavam em cerca de 20 mg N/100g o peixe permanecia

    fresco e normal, entretanto quando o valor aumentava para 30 mg N/100g ou mais,

    o peixe comeava a apresentar caractersticas mais fortes de deteriorao, at a

    deteriorao completa. Por esse motivo eles chegaram concluso que o valor de

    BVT poderia ser utilizado como um rpido parmetro para se detectar a perda da

    qualidade dos peixes.

    De acordo com Huss (1995), apesar da anlise de BVT ser de fcil realizao

    uma anlise que revela apenas estgios mais avanados da deteriorao, alm de

    no refletir o modo inicial do processo de deteriorao (bacteriano ou autoltico).

    Alguns autores consideram que, no caso da TMA, os limites mximos de

    aceitabilidade so de 10-15 mg N/100g de pescado e que um peixe com boas

    qualidades fsico-qumicas deve conter nveis de TMA menores que 1,5 mg N/100g

    de amostra (ABABOUCH et al.,1996; FRASER; SUMAR, 1998). Segundo Ruiz-

    Capillas e Moral (2001) o limite legal para a TMA na Espanha de no mximo 12 mg

    N de TMA/100g do produto. Na legislao brasileira o valor a ser adotado como

    limite de aceitao para a concentrao de TMA na poro muscular dos peixes de

    4 mg N de TMA/100g de amostra (BRASIL, 1997a).

    A presena da TMA em peixes utilizada universalmente como um indicador

    de deteriorao microbiana (FRASER; SUMAR, 1998). Huss (1995) afirma que a

    TMA no um bom indicador de qualidade do pescado, pois no indica o estgio

    inicial da deteriorao, porm, a vantagem de utilizar este mtodo em vez da

    contagem bacteriana a rapidez do teste e a maior exatido que proporcionada

    em relao ao estgio de deteriorao.

    Cardinal et al. (2004) afirmam que valores elevados de BVT e TMA so um

    forte indicador de baixa qualidade de peixes resfriados, estocados por duas

    semanas sob temperatura de 4C.

    27

  • 28

    Segundo Ababouche et al. (1996) as diferenas dos resultados entre vrias

    espcies de peixes confirmam que a produo de TMA e de BVT no pode ser

    utilizada como indicadores universais de qualidade, como um padro especfico para

    todas as espcies. Este fato justificado porque h diferentes concentraes de

    OTMA em cada uma delas, principalmente entre os elasmobrnquios e os

    telesteos, e tambm porque foram sugeridos, por estes autores, limites crticos

    distintos de BVT, dependendo da espcie em questo (25 - 35mg de BVT/100g de

    sardinha e 30 - 35mg de BVT/100g de peixes de gua fria em geral).

    Kawabata (1953) ao realizar um estudo com atum (Thunnus alalunga) fresco

    e mantido sob temperatura de 8C, determinou, entre outros parmetros, o nvel de

    OTMA, BVT e TMA presente nas musculaturas escura e clara. Encontrou nveis de

    OTMA na musculatura vermelha maiores que na musculatura branca e afirmou que

    essa concentrao de OTMA facilmente reduzida a TMA, justificando os valores

    mais elevados de TMA na musculatura vermelha.

    Yamagata, Horimoto e Nagaoka (1969), realizaram estudo sobre a

    distribuio do OTMA na musculatura do atum (Thunnus albacares) armazenado em

    gelo. A anlise foi realizada em quatro pores musculares distintas (Poro 1

    cranial, poro 2 intermediria, poro 3 caudal e a poro 4 a poro da

    cauda propriamente dita) e como resultados encontraram 17mg N/100g como um

    valor mdio entre todas as pores analisadas. O OTMA presente na musculatura

    superficial (17,1mg N/100g) foi maior que na musculatura mais profunda (10,3mg

    N/100g). Sob as condies estudadas, no houve diferena significativa entre as

    partes dorsal (cerca de 14,6mg N/100g) e ventral (cerca de 14mg/100g) das

    musculaturas. Tambm evidenciaram que os nveis de OTMA na poro muscular

    da cauda so mais elevados que na parte do lombo e, alm disto, no esto em uma

    proporo constante com as outras pores musculares.

    Parkin e Hultin (1982) estudaram a produo de DMA e FA em merluza inteira

    e fils de merluza. Antes do congelamento mantiveram os peixes estocados por seis

    dias sob temperatura de 0C. Entre outras anlises, determinaram a concentrao

    de OTMA e TMA. Para os fils, os resultados encontrados foram 10,5 mg de

    OTMA% e 0,1 mg de TMA%, enquanto para os peixes inteiros os valores

    encontrados foram 5,27 mg de OTMA% e 0,01 mg de TMA%.

    Price, Melvin e Bell (1991), estudando as alteraes post-mortem em albacora

    (Thunnus alalunga) eviscerada e armazenada em gelo (0C) por 33 dias,

    28

  • 29

    encontraram teores de TMA que variaram entre 1,1 mg N/100g e 2,6 mg N/100g

    durante o perodo de estocagem. Como esta substncia no aumentou to

    rapidamente como em outras espcies (como os gadides) esses autores no

    recomendam utilizar os valores de TMA para avaliar a qualidade do atum.

    Ben-Gigirey et al.(1998) analisaram cinco espcimes de atum (Thunnus

    alalunga) frescos no dia zero. Foram determinadas as concentraes de BVT, TMA,

    OTMA, pH e algumas aminas biognicas. Como resultados encontraram uma mdia

    de 22,9 mg N/100g de BVT (valores entre 17.7 e 26.2), 0,18 mg de TMA/100g

    (valores entre 0,12 e 0,26) e 2,70 mg de OTMA/100g (valores entre 1,46 e 3,72).

    Para o pH encontraram o valor mdio de 5,81 (valores entre 5,52 e 5,96) e para

    histamina, cadaverina, putrescina e espermina encontraram concentraes abaixo de 8ppm.

    Silva, Ponte e Dapkevicius (1998) estudaram o tempo de estocagem na

    formao de histamina em Thunnus obesus por 12 dias (0,1, 2, 3, 6, 9 e 12 dias) sob

    temperaturas de 4, 10 e 22C. Os teores de BVT obtiveram variao de 20 a 36

    mg/100g quando estocados a 4C, de 20 a 151 mg N/100g quando estocados a 10

    (sendo o limite de 30 mg/100g alcanado no 6 dia) e de 20 a 39 mg N/100g quando

    estocados a 22C (estocados somente por 3 dias).

    Ruiz-Capillas e Moral (2005) realizaram experimento com Thunnus obesus

    estocados a 3C por 25 dias. As anlises fsico-qumicas realizadas foram pH, BVT e

    TMA. Os valores de TMA foram 0,4 TMA-N mg /100g no dia 0, 0,8 TMA-N mg/100g

    no dia 5 e, com 25 dias de estocagem esses valores chegaram a 1,8 TMA-N

    mg/100g. Os nveis iniciais de BVT foram elevados, cerca de 28mg N/100g, e

    permaneceram praticamente inalterados (30 mg N/100g no dia 25).

    Gallardo et al. (1990) ao trabalharem com albacoras recm capturadas

    (Thunnus alalunga) encontraram valores de 19 mg de OTMA/100g, 0,44mg de

    TMA/100g e valores iniciais de BVT iguais aos descritos por Ruiz-Capillas e Moral

    (2005) (28 mg/100g).

    2.2.1.2 pH

    A legislao brasileira considera imprprio para consumo peixes que

    apresentem valores de pH (carne externa) superiores ou iguais a 6, 8, e valores

    superiores ou iguais a 6,5 (carne interna) (BRASIL, 1997). Com o acmulo de

    29

  • 30

    compostos alcalinos, como amnia e TMA, h um aumento no valor do pH indicando

    que est havendo um processo de deteriorao (RODRIGUEZ et al., 2004). Com o

    incio do rigor mortis, de uma maneira geral, o pH do peixe cai de 7,0 para 6,5,

    (dependendo das condies da pesca e das reservas de glicognio) subindo

    rapidamente para nveis entre 6,6 e 6,8 (KAI; MORAIS, 1988). Com a deteriorao

    do pescado, o pH alcana nveis mais elevados devido decomposio de

    aminocidos e da uria e desaminao oxidativa da creatina (SOARES et al.,

    1998).

    Prez-Villarreal e Pozo (1990) ao estudarem atum da espcie T. alalunga (30

    dias em gelo) encontraram um valor baixo para o pH na musculatura, em torno de

    5.9 0.12 e estabeleceram em 20 dias o limite mximo de estocagem em gelo para esta espcie. Estes autores chegaram concluso que em faixas de pH baixas o

    prazo de vida comercial dos peixes maior, pois o pH tambm influencia o

    desenvolvimento de bactrias deteriorantes, cujo crescimento fica mais lento que em

    faixas de pH mais elevadas. Isto explica por que o prazo de vida comercial de peixes

    desta espcie pode ser maior que o de outras espcies.

    Ben-Gigirey et al.(1998) analisaram cinco espcimes de atum (T. alalunga)

    frescos e encontraram valores de pH nas amostras variando entre 5,52 e 5,96.

    Silva, Ponte e Dapkevicius (1998) verificaram o armazenamento de T. obesus

    por 12 dias (0,1, 2, 3, 6, 9 e 12 dias) diferentes temperaturas (4, 10 e 22C),

    encontrando uma variao de pH entre 6,0 a 6,6 no peixe armazenado a 4C, de 6,0

    a 8,4 no atum estocado a 10C e de 6,0 a 6,8 no armazenado a 22C (a anlise

    deste atum foi realizada apenas em 3 dias de armazenamento).

    Em um experimento realizado com atuns (T. obesus) estocados a 3C por 25

    dias Ruiz-Capillas e Moral (2005) encontraram nveis iniciais de pH baixos (5,4) e,

    apesar desses valores aumentarem ao longo do perodo de estocagem, nenhuma

    amostra apresentou valor maior que 6,0 durante os 25 dias de estocagem.

    Rodrguez et al., (2004) analisaram Merluccius merllucius nos dias 0, 2, 5, 8,

    12, 15 e 19, armazenados em gelo sob temperatura de 2C. Encontraram os

    seguintes valores para pH: valor inicial de 6,67 (dia zero), subindo para 6,98 no 5

    dia e alcanando 7,71 no 19 dia de estocagem. O maior aumento foi observado a

    partir do 12 dia, coincidindo com uma grande elevao na contagem de bactrias.

    30

  • 31

    2.2.1.3 Histamina e cadaverina

    A histamina uma amina biognica no voltil com propriedades txicas que,

    se for ingerida, pode determinar reaes alrgicas em indivduos sensveis. Esta

    amina pode ser produzida no pescado a partir do aminocido histidina atravs da

    ao de enzimas descarboxilantes de origem bacteriana (SOARES et al., 1998),

    embora tambm possa ser originada a partir da aminao de aldedos,

    decomposio de fosfolipdios ou decomposio trmica de aminocidos (SILVA,

    PONTE e DAPKEVICIUS, 1998).

    Contreras-Guzmn (1994) relatou que o atum apresenta em sua composio

    corporal uma alta concentrao de aminocidos livres na musculatura (dissolvidos

    no sarcoplasma), variando entre 600 e 1500 mg%. Dentre esses aminocidos inclui-

    se a histidina, que o precursor da histamina. Nos peixes da famlia Scombridae os

    nveis de histidina livre podem ser maiores que 500 mg%. Essas concentraes

    elevadas nos escombrdeos se justificam, entre outros motivos, pela grande

    atividade muscular que esses tipos de peixes apresentam. Por esse motivo, o atum

    e outros peixes da famlia Scombridae, Scomberesocidae, Clupeidae, Coriphaenidae

    e Pomatomidae so muito incriminados quanto formao de histamina em sua

    musculatura.

    A contaminao do pescado geralmente ocorre aps a captura, durante a

    manipulao sob condies inadequadas de higiene e conservao sob

    temperaturas elevadas. Consequentemente ocorre ao de enzimas bacterianas

    descarboxilantes que determinam formao de histamina em peixes. As espcies

    bacterianas mais incriminadas deste processo fazem parte da famlia

    Enterobacteriaceae. Nesta famlia destacam-se os seguintes gneros: Citrobacter,

    Enterobacter, Escherichia, Hafnia, Klebsiella, Morganella, Proteus, Salmonella e

    Shigella (ARNOLD; BROWN, 1978; HALSZ et al., 1994; SILVA, PONTE e

    DAPKEVICIUS, 1998). As espcies representantes desta famlia que apresentam

    maior importncia quanto formao de histamina so: Morganella morganii; Hafnia

    alvei; Enterobacter aerogenes e Klebsiella pneumoniae.

    As bactrias Gram positivas dos gneros Clostridium e Bacillus apresentam

    grande capacidade de formao de histamina a partir de sua enzima histidina

    descarboxilase, principalmente as da espcie C. perfringens. Tambm possvel

    verificar a formao de histamina atravs de bactrias haloflicas, como

    31

  • 32

    Photobacterium histaminum sp., bem como em halotolerantes a partir de peixes

    marinhos (HALSZ et al., 1994; SHALABY, 1996).

    Devido estabilidade da molcula de histamina, sua destruio por mtodos

    fsicos (congelamento ou aquecimento) torna-se extremamente dificultada, inclusive

    em produtos que sofreram o processo de appertizao, como no caso de conservas

    de sardinha e atum (FAO, 1985; BERSOT, 1996). O perigo da histamina em

    pescado intensificado pela sua caracterstica de no volatilidade, pois a histamina

    pode conferir toxicidade ao produto mesmo antes deste ser considerado deteriorado

    ou sensorialmente inaceitvel (SOARES et al., 1998).

    O Regulamento de Inspeo Industrial e Sanitria de Produtos de Origem

    Animal - RIISPOA (BRASIL, 1997a) no faz referncia ao limite mximo de

    histamina permitida no pescado nacional. Porm, o Regulamento Tcnico de

    Identidade e Qualidade de Peixe Fresco (inteiro e eviscerado) (BRASIL, 1997b)

    estabelece o limite mximo de 100ppm (10 mg/100g) de histamina na musculatura

    das espcies pertencentes s famlias Scombridae, Scomberesocidae, Clupeidae,

    Coriphaenidae e Pomatomidae. Em outros pases, limites ou nveis mximos

    aceitveis desta substncia em pescado tambm foram estabelecidos. Nos Estados

    Unidos, o FDA (1996) estabeleceu, para espcies susceptveis formao de

    histamina, o limite mximo de 5 mg de histamina/100 g de produto (50 ppm) no porto

    e 10 mg/100 g de produto (100 ppm) nos peixes em conserva. A Comunidade

    Europia determinou o limite de 10 mg/100 g de histamina para atum e peixes

    pertencentes s famlias Scombridae e Scomberesocidae. No Mercosul, o limite

    adotado na musculatura das espcies pertencentes s famlias Scombridae,

    Scomberesocidae, Clupeidae, Coriphaenidae e Pomatomidae 10 mg /100 g.

    Desta forma, dentre os ndices qumicos para avaliar a qualidade do pescado,

    tambm se inclui a produo de histamina, uma vez que baixos nveis so

    detectados em peixes rcem-capturados, normalmente teores menores que 1 ppm,

    aumentando com a sua deteriorao (LPEZ-SABATER et al., 1994; SOARES et

    al., 1998). Ento, a determinao dos nveis de histamina tambm pode ser

    empregada como um dos parmetros de avaliao da qualidade do atum, visto que

    sua formao pode ser detectada com o avano da deteriorao dos peixes, sendo

    um bom ndice qumico para a deteriorao bacteriana (LPEZ-SABATER et al.,

    1994; VECIANA-NOGUS, MARIN-FONT E VIDAL-CAROU, 1997), embora,

    32

  • 33

    sozinho, no seja um bom ndice de qualidade para o atum (LPEZ-SABATER et

    al., 1996).

    Contreras-Guzmn (1994) comenta que algumas espcies de pescado que

    apresentam baixas concentraes de histidina livre (como bagres, trutas de gua

    doce, camares marinhos, peixes fermentados ou defumados) foram associadas

    intoxicaes por histamina. Nestes casos, provavelmente a falta de higiene e de

    refrigerao correta podem ter sido a causa do problema.

    Segundo Naguib, Ayesh e Shalaby (1995) outras aminas biognicas, como a

    cadaverina e a tiramina, so consideradas potencializadoras dos efeitos da

    histamina.

    Arnold e Brown (1978) relataram que os nveis de histamina apresentam

    grande variao de acordo com a poro do peixe. Nos tundeos a histamina

    apresenta uma distribuio irregular na musculatura, com nveis elevados na regio

    anterior e nveis mais baixos prximo a nadadeira caudal (poro posterior). Essa

    irregularidade na distribuio da histamina associada com as diferenas entre

    indivduos quanto sensibilidade a este composto podem explicar a razo de

    algumas pessoas se intoxicarem, e outras no, ao ingerirem o mesmo alimento

    (peixe). Entretanto, Lpez-Sabater et al.(1996) acreditam que a sensibilidade de

    cada indivduo seja a melhor explicao para a intoxicao, j que em seu estudo foi

    encontrada uma distribuio de nveis de histamina uniforme entre as sees

    analisadas.

    Lpez-Sabater et al.(1996) estudaram a qualidade sensorial e a formao de

    histamina em amostras de atum (T. thynnus) mantidas sob temperatura de 0, 8 e

    20C. A 0C a histamina no foi detectada at o 12 dia de estocagem, mas a partir

    do 18 dia apresentava teores acima do permitido pelo FDA (100 ppm). Nas

    amostras estocadas a 8C as concentraes de histamina estavam maiores que o

    permitido logo a partir do 4 dia. Ento, concluram que a estocagem do atum sob a

    temeperatura de 8C no previne a formao de histamina e seu consumo aps

    algum tempo de refrigerao muito perigoso para a sade dos consumidores.

    Devido a esta concluso aconselham aos consumidores que os atuns mantidos sob

    esta temperatura de armazenamento (8C) devem ser consumido o mais

    rapidamente possvel, de preferncia antes de trs dias de estocagem.

    Veciana-Nogus, Marin-Font e Vidal-Carou (1997) comprovaram que a

    histamina foi a amina biognica que prevaleceu durante a estocagem do atum (T.

    33

  • 34

    thynnus) nas temperaturas de 0, 8 e 20C. Em seu estudo, a 0C, encontraram

    valores baixos de histamina at o 9 dia de armazenamento (5 ppm), e depois esses nveis aumentaram para 20 ppm no 12 dia , passando para 135 ppm no 15 dia e

    terminando em 107 ppm no 21 dia.

    Silva, Ponte e Dapkevicius (1998) estudaram a formao de histamina

    durante a estocagem de T. obesus por 12 dias (0,1, 2, 3, 6, 9 e 12 dias) sob

    temperaturas de 4, 10 e 22C. A quantidade de histamina atingiu os nveis txicos

    que podem causar perigo aos consumidores (5 mg/100g) no 1 dia de estocagem a

    22C; 3 dia de estocagem a 10C e 6 dia de estocagem a 4C.

    Emborg, Laursen e Dalgaard (2005) analisou amostras de lombo de atum

    congelados (Yellowfin tuna) coletadas em supermercado e descongeladas a 5C

    overnight. Os resultados encontrados foram 1,6 a 4,5 mg/100g de cadaverina e 7 a

    23,6mg/100g de histamina. O pH das amostras variou de 6.1 a 6.4 e a contagem de

    bactrias aerbias foi de 7,6 a 8,2 Log UFC/g. Este estudo s verificou a qualidade

    deste peixe, no sendo estudada nenhuma outra varivel.

    Ruiz-Capillas e Moral (2005) realizaram experimento com T. obesus

    estocados a 3C por 25 dias. Dentre outros parmetros, pesquisaram a formao de

    histamina nesta espcie, encontrando valores iniciais menores que 10g/g. A partir

    do 18 dia a concentrao desta amina chegou a 45g/g, alcanando 78,1g/g no

    ltimo dia de armazenamento.

    De acordo com a sensibilidade de cada indivduo a concentrao de

    histamina capaz de provocar uma intoxicao ir variar. Em indivduos sensveis,

    valores entre 5 e 10mg/100g so capazes de provocar efeitos txicos (ARNOLD;

    BROWN, 1978). A sintomatologia da intoxicao histamnica depender de vrios

    fatores, sendo considerados os mais importantes a quantidade de histamina ingerida

    e a susceptibilidade individual ao das aminas biognicas.

    A histamina manifesta seus efeitos ligando-se a receptores na membrana

    celular da pele e dos sistemas respiratrio, cardiovascular, gastrintestinal e

    imunolgico (SHALABY, 1996).

    Os sinais clnicos so mais severos em pessoas que tomam medicaes que

    inibem as enzimas detoxificantes da histamina no intestino (MAO, DAO e N-metil

    transferase), em imunossuprimidos e indivduos que fazem uso de drogas e lcool.

    Os sintomas da intoxicao histamnica geralmente aparecem pouco depois da

    ingesto do alimento, com durao de aproximadamente 24 horas (FDA, 2001). O

    34

  • 35

    perodo de incubao tpico menor que uma hora, embora possa haver uma

    variao grande de indivduo para indivduo (ARNOLD; BROWN, 1978).

    Os sintomas da intoxicao histamnica so nusea, vmito, dor abdominal, diarria, hipotenso, erupo de pele, urticria, prurido intenso, edema

    (principalmente dos lbios), cefalia, tontura e desmaios (CONTRERAS-GUZMN,

    1994; HALSZ, 1994; BARDCZ, 1995; SHALABY, 1996; SILVA, PONTE, e

    DAPKEVICIUS, 1998). Pode haver tambm dificuldade de deglutio, sensao de

    queimaduras na cavidade oral e orofaringe. Em casos graves, podem ocorrer

    choque cardiovascular, broncoespasmos, sufocamento e dispnia severa (ARNOLD;

    BROWN, 1978).

    A nica forma segura de se evitar a formao de histamina nos peixes

    atravs da correta utilizao da cadeia de frio logo aps a captura. Assim, deve-se

    manter o peixe sob temperaturas inferiores a 4C at que este seja processado

    (HUSS, 1995).

    Contreras-Guzmn (1994) relata que os valores normais para a concentrao

    de cadaverina em atum armazenado sob temperatura de 21C por trs dias so de

    14,2 mg/100g, porm, quando estes peixes so submetidos a uma temperatura de

    0C h uma grande reduo no teor desta poliamina. Tambm concluiu que, nos

    peixes deteriorados, a concentrao de cadaverina encontra-se entre 10 e 50

    mg/100g.

    2.2.2 Alteraes bacteriolgicas do pescado

    Cerca de 1/3 da produo mundial de alimentos perdida anualmente como

    resultado da atividade microbiana, que responsvel pela deteriorao da maioria

    dos alimentos provenientes do mar (tanto frescos como os levemente preservados).

    Provavelmente por essa razo a contagem de bactrias heterotrficas aerbias

    mesfilas e psicrotrficas tm sido utilizadas como um padro de qualidade em

    alguns pases europeus, no Japo e Estados Unidos para determinar nveis tpicos

    de contaminao e padro de crescimento de microrganismos deteriorantes nos

    produtos de origem marinha (DALGAARD, 2000). Devido as suas caractersticas, o pescado extremamente vulnervel a

    proliferao de microrganismos patognicos e deteriorantes, aparecendo como um

    dos principais alimentos associados a Doenas Transmitidas por Alimentos (DTA),

    35

  • 36

    podendo se deteriorar em um curto perodo de tempo, mesmo quando submetido

    refrigerao (QUINTAES, 2003).

    Como a multiplicao microbiana ocorre principalmente na superfcie dos

    peixes e apenas um nmero limitado de microrganismos invade a musculatura

    provavelmente a deteriorao seja conseqncia da difuso e ao de enzimas

    bacterianas na musculatura (HUSS, 1995).

    Lpez-Glvez, Hoz e Ordez (1995) relataram que a microbiota dominante

    presente no atum resfriado formada por bactrias heterotrficas aerbias

    psicrotrficas.

    A musculatura interna de peixes vivos e saudveis considerada

    bacteriologicamente estril, porm possvel encontrar uma grande concentrao

    de microrganismos no intestino (103-108 UFC/g), brnquias (103-106 UFC/g), pele e

    muco superficial (variando de 100 a milhes por centmetros quadrados). O nmero

    e o tipo de microrganismos encontrados em peixes recm capturados variam de

    acordo com o local da pesca (qualidade da gua, salinidade, etc), a temperatura da

    gua, a sazonalidade e o mtodo de captura (ICMSF, 1974; NICKELSON,

    McCARTHY e FINNE, 2001).

    O prazo de vida comercial dos peixes determinado pela quantidade e o tipo

    de bactrias presentes, bem como pela temperatura empregada no armazenamento

    dos mesmos (NICKELSON, McCARTHY e FINNE, 2001). Liston (1980) afirma que a

    quantidade de bactrias encontrada no pescado em processo de deteriorao alta.

    Porm, apenas uma parte pode ser denominada de bactrias especificamente

    deteriorantes.

    A microbiota responsvel pela deteriorao em peixes frescos varia com as

    mudanas na temperatura de armazenamento (Quadro 2). Em peixes refrigerados

    (0-5C), Shewanella putrefaciens, Photobacterium phosphoreum, Aeromonas spp. e

    Pseudomonas spp. so as principais bactrias relacionadas com a deteriorao.

    Esta, quando causada por Shewanella putrefaciens caracterizada pela produo

    de TMA e gs sulfdrico, enquanto que a deteriorao causada por Pseudomonas

    spp. caracterizada pela ausncia destes compostos e ocorrncia de odores

    adocicados, ftidos e sulfidrlicos. Entretanto, em temperaturas altas de

    armazenamento (15-30C) os principais responsveis pela deteriorao so as

    diferentes espcies da famlia Vibrionaceae, Enterobacteriaceae, bem como

    bactrias Gram positivas (HUSS, 1995).

    36

  • 37

    Lopes-Sabater et al. (1996) no consideram a famlia Enterobacteriaceae e

    coliformes totais como parte da microbiota normal do peixe fresco, pois no foram

    detectadas antes do 3 dia de estocagem a temperatura de 0C e 24horas a 8C.

    A microbiota em peixes de gua temperada constituda em grande parte por

    psicrotrficos Gram negativos, tais como os do gnero Pseudomonas, Moraxella,

    Acinetobacter, Shewanella e Flavobacterium, tambm sendo comuns bactrias da

    famlia Vibrionaceae (Vibrio e Photobacterium) e Aeromonadaceae (Aeromonas

    spp.). As bactrias dos gneros Bacillus, Micrococcus, Clostridium, Lactobacillus e

    coryneformes tambm podem ser encontradas em propores menores. Entretanto,

    a microbiota de peixes tropicais apresenta maior quantidade de Pseudomonas spp,

    Shewanella putrefaciens e enterobactrias (LISTON, 1980; HUSS, 1995). De acordo com Nickelson, McCarthy e Finne (2001) grande parte da

    deteriorao de peixes ocorre pela ao de bactrias do gnero Pseudomonas, que

    metabolizam vrias substncias no tecido muscular originando produtos

    relacionados formao de off-flavours e off-odours, tais como metil mercaptano,

    dimetil-dissulfeto, gs sulfdrico e trimetilamina. Estas bactrias ao serem

    quantificadas no pescado recm capturado apresentam-se em quantidades muito

    menores que as de outros gneros. Possivelmente a grande capacidade de

    multiplicao ou de metabolizao de molculas proticas, bem como suas

    atividades bioqumicas fazem com que esse gnero bacteriano tenha tanta

    importncia na deteriorao do pescado (ibid).

    Quando os peixes armazenados apresentam alteraes avanadas e so

    inaceitveis sensorialmente possvel encontrar uma populao bacteriana bastante

    heterognea, formada por vrios gneros e espcies bacterianas. Esta populao

    heterognea formada medida que a produo de substncias provenientes da

    atividade de Pseudomonas spp. aumenta (LISTON, 1980).

    37

  • 38

    Quadro 2: Microbiota dominante e bactrias especificamente deteriorantes relacionados com a deteriorao de peixes frescos.

    Fonte: Huss, 1995.

    Temperatura de

    estocagem

    Tipo de ambiente

    Microbiota dominante

    Bactrias especificamente

    deteriorantes

    0C

    Aerbico

    Psicrotrficos Gram-negativos,

    Pseudomonas spp.,

    S. putrefaciens,

    Moraxella,

    Acinetobacter

    S. putrefaciens

    Pseudomonas

    5C Aerbico

    Psicrotrficos Gram-negativos

    da Famlia Vibrionaceae,

    S. putrefaciens

    Aeromonas spp.

    S. putrefaciens

    20-30C Aerbico

    Mesfilos Gram-negativos,

    Famlia Vibrionaceae,

    Enterobacteriaceae

    Aeromonas spp.

    (A. hydrophila)

    Aps a captura, nos peixes tropicais mantidos sob refrigerao o crescimento

    bacteriano passa por um perodo denominado de fase de latncia, ou fase lag, que

    perdura por uma ou duas semanas, antes que a fase de crescimento exponencial

    seja atingida. A composio da microbiota tambm muito alterada durante a

    estocagem. Assim, sob resfriamento em meio aerbio, a microbiota dos peixes

    tropicais composta basicamente por Pseudomonas spp e S. putrefaciens aps

    uma a duas semanas. Ambas so consideradas como bactrias especificamente

    deteriorantes de peixes armazenados sob refrigerao (HUSS, 1995).

    Leito (1988) afirma que o perodo de armazenamento em gelo do pescado

    de origem tropical maior que aqueles que se originam em guas temperadas. Isto

    ocorre porque sua microbiota caracteristicamente composta por bactrias

    mesoflicas que apresentam reduzida capacidade de multiplicao em temperaturas

    de refrigerao e menor aptido para produo de compostos de degradao. Outro

    fator relevante que em temperaturas tropicais a ao da gua de degelo durante o

    armazenamento realiza a lavagem dos peixes, contribuindo para o aumento do

    perodo de armazenamento.

    O limite mximo aceitvel para a contagem de bactrias aerbias mesfilas e psicrotrficas em musculatura de peixe de 7 Log UFC ou 107 UFC/g de produto

    analisado (ICMSF, 1974). A legislao brasileira no menciona nenhum valor para

    38

  • 39

    ser adotado como o limite de aceitao para essa contagem na poro muscular dos

    peixes, adotando o padro internacional.

    Price, Melvin e Bell (1991), estudando as alteraes post-mortem em albacora

    (T. alalunga) eviscerada e armazenada em gelo (0C) por 33 dias, encontraram

    crescimento gradual na contagem de bactrias aerbias mesfilas at o 9 dia de

    estocagem (103 UFC/g). Porm, no 12 dia foram alcanadas contagens de 106

    UFC/g e o limite de aceitao estabelecido pela legislao (107 UFC/g) foi

    ultrapassado no 16 dia de estocagem.

    Com relao aos odores anormais (off-odors) Huss (1995) relacionou esse

    atributo a uma contagem de mesfilos e/ou psicrotrficos de 108-109 UFC/g.

    Ben-Gigirey et al.(1998) analisaram 37 espcimes de atum (T. alalunga)

    frescos, realizando a contagem de bactrias aerbias mesfilas (72 horas a 31C) e

    psicrotrficas (10 dias a 5C) em gar padro para a contagem, entre outras

    anlises. Como resultados encontrou uma mdia de 280 UFC/g nas contagens dos

    mesfilos (valores variando entre 30 e 500 UFC/g) e 827 UFC/g nas contagens de

    psicrotrficos (valores variando entre 40 e 1700 UFC/g).

    Silva, Ponte e Dapkevicius (1998) analisaram T. obesus por 12 dias sob

    temperaturas de 4 e 10C. As contagens de bactrias aerbias mesfilas variaram

    de

  • 40

    objetivos podem ser utilizados em inspees, controle de qualidade e determinao

    do prazo de vida comercial dos produtos (HUSS, 1995).

    De acordo com a finalidade do teste, com o critrio de seleo dos julgadores

    e com a tarefa especfica de cada julgador, os mtodos sensoriais so classificados

    em discriminativos, descritivos (sendo ambos testes objetivos) e afetivos (teste

    subjetivo). Os testes discriminativos so utilizados para determinar se h diferena

    entre as amostras, enquanto os descritivos so usados para determinar a natureza e

    a intensidade das caractersticas sensoriais das mesmas. Nos testes afetivos ocorre

    a mensurao de atitudes subjetivas do julgador, como a aceitao ou preferncia

    dos produtos, podendo ser analisados de forma individual ou relacionados a outros

    produtos (STONE; SIDEL, 1993; HUSS, 1995; CHAVES; SPROESSER, 1996).

    Nos testes afetivos os mtodos mais empregados para a avaliao de

    preferncia so comparao pareada e ordenao, enquanto na avaliao de

    aceitao so utilizadas as escalas hednicas e a escala de atitude (CHAVES;

    SPROESSER, 1996). De acordo com Stone e Sidel (1993) o mtodo mais utilizado

    nos testes de aceitao a escala hednica estruturada em nove pontos.

    Os testes de aceitao requerem equipes com grande nmero de

    participantes (acima de 30) que representem a populao de consumidores atuais

    ou potenciais do produto. Na escala hednica, os provadores expressam a sua

    aceitao seguindo uma escala previamente estabelecida, que varia gradativamente

    desde gostar at desgostar. O objetivo do uso dessa escala a obteno de

    informaes sobre a aceitao de produtos pelo consumidor nas fases iniciais de

    desenvolvimento, alm de determinar a aceitao em caso de alterao nas

    formulaes do produto, modificaes nos processamentos, nas matrias, nas

    embalagens, nas condies de estocagem e no tempo de conservao dos

    alimentos (CHAVES; SPROESSER, 1996).

    Birch et al. (1977) relatam que os atributos de aparncia, aroma, sabor e

    textura so importantes na avaliao da qualidade do pescado quando se

    empregam mtodos descritivos, com julgadores treinados. Nos mtodos afetivos,

    com julgadores no treinados, o sabor tem mais influncia que a textura na

    aceitao do produto pelos consumidores.

    Ruivo (1988) relatou que o grau de confiana das respostas da anlise

    sensorial est ligado experincia e capacidade do analista, bem como ao seu

    treinamento e seu estado emocional. Segundo este autor, as atitudes anteriores ao

    40

  • 41

    processo de anlise tambm so relevantes, pois ao ingerir bebidas pungentes ou

    fumar, o julgamento pode ficar prejudicado. As informaes obtidas devem ser

    interpretadas em conjunto com as da anlises fsico-qumicas e microbiolgicas.

    As primeiras alteraes sensoriais que acontecem no peixe durante o

    armazenamento esto relacionadas com o odor, a aparncia e a textura, sendo as

    mudanas no odor desenvolvidas no incio da estocagem (CHURCH, 1998). De

    acordo com Huss (1995) as alteraes das caractersticas sensoriais dos peixes

    variam consideravelmente dependendo da espcie e do mtodo de armazenamento

    utilizado. O quadro 3 mostra uma escala para a avaliao do frescor em atuns crus. Quadro 3: Escala para avaliao geral do frescor de atuns crus.

    Grau de

    frescor

    Aparncia geral

    (pele)

    Olhos Guelras Textura

    timo

    Brilho intenso;

    Intensa pigmentao

    da pele, com muco

    transparente.

    Olhos convexos e brilhantes;

    Crnea transparente;

    Pupilas negras e brilhosas.

    Colorao vermelho-

    brilhosa;

    Lmina bem separada,

    longa e uniforme.

    Presena ou parcial

    desaparecimento do

    rigor mortis.

    Bom

    Pequenas perdas na

    pigmentao e

    brilho da pele.

    Olhos com menor grau de

    convexidade;

    Crnea perde levemente sua

    transparncia.

    Colorao vermelho-

    escura;

    Lmina aderida em

    grupos.

    Firme e elstica;

    presso digital a

    pele retorna rpida

    e completamente

    ao normal.

    Intermedirio

    Descolorao da

    pigmentao e perda

    do brilho;

    Muco opaco;

    Pequenas leses.

    Olhos planos;

    Crneas e pupilas de turvas a

    levemente opacas;

    Colorao vermelho-

    amarronzada;

    Lmina aderida em

    grupos e com

    diferentes tamanhos.

    Reduo na

    elasticidade e

    pequenas

    deformaes no

    corpo.

    Ruim

    Grandes alteraes

    na pigmentao;

    Superfcie quase

    sem brilho;

    Importantes leses

    corporais;

    Muco amarelo;

    Pele ressecada.

    Olhos cncavos;

    Crnea opaca;

    Colorao variando de

    marrom a marrom-

    acinzentado;

    Lmina totalmente

    aderida, parcialmente

    destacada e

    notavelmente mais

    curta.

    Alteraes

    importantes no

    formato do peixe

    Fonte: Prez-Villarreal e Pozo (1990); Ben-Gigirey et al., (1999).

    41

  • 42

    Leito (1988) afirma que possvel verificar uma alterao sensorial no sabor

    do pescado quando este apresenta altos nveis de histamina, pois sua carne

    apresenta sabor picante ou apimentado.

    Prez-Villarreal e Pozo (1990) estudaram o atum da espcie T. alalunga

    sendo avaliados os atributos de aparncia da pele, olhos, brnquias, musculatura e

    textura da pele no peixe cru e odor, sabor e textura no peixe cozido. Para estas

    anlises foi utilizada uma equipe treinada composta por oito pessoas que avaliaram

    os peixes atravs de escalas previamente elaboradas. Pelo escore obtido nas

    anlises sensoriais, estes autores relataram que 20 dias o limite de qualidade

    aceitvel para a estocagem de atum em gelo e, com 30 dias o mesmo se

    apresentava inadequado para o consumo. Isto indicou uma boa correlao entre a

    avaliao sensorial e o tempo de estocagem em gelo e por isso, concluram que os

    escores obtidos nas anlises sensoriais (especialmente em peixe cozido) so

    melhores indicadores de frescor que os parmetros qumicos.

    Ababouche et al. (1996) ao determinarem as alteraes da qualidade de

    sardinhas (Sardina pilchardus) estocadas sob temperatura de refrigerao (2-4C)

    utilizaram uma equipe de quatro a cinco julgadores treinados para avaliar o sabor do

    peixe cozido, utilizando uma escala hednica estruturada de nove pontos. Este

    estudo revelou que a partir do 9 dia de estocagem a rancificao ficou evidenciada,

    porm a deteriorao bacteriana s ficou evidente a partir do 11 dia de

    armazenamento.

    Lpez-Sabater et al.(1996) estudaram a qualidade sensorial objetivando a

    determinao da formao de histamina durante a decomposio controlada de

    atuns (T. thynnus) mantidos sob temperatura de 0, 8 e 20C. As anlises foram

    realizadas por trs julgadores treinados, que utilizaram uma escala hednica

    estruturada em 11 pontos em um intervalo de 21, 6 e 3 dias, respectivamente. Na

    anlise sensorial, os autores definiram que 15 dias o limite de aceitao para o

    atum estocado sob temperatura de 0C, cinco dias para o atum estocado sob

    temperetura de 8C e 36 horas para o atum 20C. Como nos atuns estocados a

    8C a produo de histamina ultrapassa o limite de 100 ppm no 4 dia de estocagem

    (antes de alcanar o limite de aceitao sensorial), os autores concluram que a

    aparncia fsica no um bom critrio de avaliao para determinar o perigo da

    formao de histamina neste produto. Assim, aconselharam aos consumidores que o

    atum, estocado sob temperatura de 8C, deve ser consumido antes de 3 dias.

    42

  • 43

    Dalgaard (2000) embora confirme que os mtodos sensoriais sejam

    essenciais, relata a importncia de serem utilizados mtodos instrumentais como

    forma de suplementar a avaliao sensorial, principalmente devido ao custo, ao

    tempo gasto (principalmente quando se usa julgadores treinados) e dificuldade de

    padronizao.

    Mausse (2000) afirma que a qualidade das avaliaes sensoriais depende da

    amostra a ser analisada, do mtodo de avaliao e dos julgadores utilizados e por

    isto no aconselhvel empregar os testes sensoriais isoladamente para a

    avaliao da qualidade do produto, sendo necessrio o emprego de outros mtodos

    tais como determinao de BVT, de TMA e de nucleotdeos e seus metablitos.

    Soccol (2002) estudou a determinao do prazo de vida comercial de fils de

    tilpia in natura, que foram separados em dois grupos (controle e embalado em

    atmosfera modificada). Ambos foram refrigerados a temperatura de 1C (1) e foram armazenados por 1, 7, 13 e 20 dias. A anlise sensorial foi realizada com 30

    julgadores, que avaliaram os atributos de cor, aroma, textura e aparncia com auxlio

    de uma escala estruturada de 9 pontos. O resultado do estudo revelou que at 20

    dias de armazenamento os fils estavam bons para o consumo em ambos os

    tratamentos e por isso considerou este perodo como limite de validade.

    Borges (2005) realizou um estudo com corvina (Micropogonias furnieri)

    estocada em gelo por 15 dias. Como mtodo sensorial para a avaliao da

    qualidade foi utilizado o teste de aceitao, sendo testados os atributos de aroma,

    sabor, textura e impresso global. Os peixes foram avaliados nos dias 0, 7 e 15. O

    autor concluiu que a corvina analisada no 7 dia obteve maior aceitao, em todos

    os atributos, que a corvina testada no dia 0. Alm disso, a corvina avaliada no dia 0

    obteve maior aceitao que a avaliada no 15 dia, exceto para o atributo aroma.

    Ruiz-Capillas e Moral (2005) realizaram experimento com T. obesus

    estocados a 3C por 25 dias. Utilizaram uma equipe de cinco julgadores treinados

    para avaliao do atum cru e do atum cozido, baseados em uma escala cujos pontos

    variavam entre 0 e 10. Como resultados descobriram que a rejeio do peixe cru

    ocorreu no 13 dia de estocagem, enquanto que no peixe cozido a rejeio se

    estabeleceu no 18 dia. As anlises no se relacionaram claramente com os ndices

    bioqumicos encontrados, pois nenhum lote foi rejeitado com base nas anlises

    bioqumicas.

    43

  • 3 MATERIAL E MTODOS

    Neste captulo ser relacionado todo material empregado para o desenvolvimento da parte experimental deste estudo, assim como a metodologia

    utilizada.

    3.1 MATERIAL

    Os materiais utilizados foram subdivididos em material de consumo, material

    permanente e material biolgico e so assim discriminados.

    3.1.1 Reagentes utilizados

    Acetona P.A.- Proquimios;

    Agar Padro para Contagem - Merck;

    lcool Metlico P.A.- Merck;

    Cadaverina 2 HCl - Sigma;

    Hidrxido de Amnio P.A.- Reagen;

    Histamina 2HCl - Sigma;

    Soluo de cido Brico de Conway;

    Soluo de cido Clordrico 0,1 N;

    Soluo de cido Tricloroactico a 4%;

    Soluo de cido Tricloroactico a 10%;

    Soluo de Formaldedo a 35%;

    Soluo de Ninhidrina 3%;

    Soluo de Tricloreto de Titnio a 1%;

  • 45

    Soluo Salina Peptonada a 0,1%;

    Soluo saturada de Carbonato de Potssio;

    Soluo tampo pH 4,0;

    Soluo tampo pH 7,0;

    3.1.2 Equipamentos e materiais de uso geral

    Agitador de tubos tipo Vortex Braun Biotech International;

    Autoclave - Fabee;

    Balana de preciso Mettler AE 200;

    Centrfuga - Hermle Z 360 K;

    Contador de Colnias marca Quebec Darkfield;

    Cuba Cromatogrfica;

    Dessecador;

    Destilador - Quimis;

    Envelopes plsticos de homogeneizao para Stomacher;

    Erlenmeyer de Kitasato;

    Esptula;

    Estufa regulada a 35-37C;

    Estufa regulada a 105C;

    Forno eltrico Firenzi Nardelli

    Funil de Bchner;

    Geladeira Brastemp regulada a 4C;

    Homogeneizador (Waring Blender);

    Homogeneizador Stomacher - Seward (modelo 80);

    Mquina fotogrfica Olympus D-425;

    Microbureta de 5 L; Microseringa de 10L Terumo UMS 10; Papel filtro Wathman n 5;

    Pina;

    Pipeta automtica de 100-1000L - Eppendorf; Placa de microdifuso de Conway com tampa;

    Placa de Petri descartvel;

    45

  • 46

    Placa de Slica gel em polister Sigma - Aldrich;

    Potencimetro Schott Gerate;

    Tesoura;

    Tubos de Eppendorf;

    Vidraria comum de laboratrio.

    3.1.3 Material biolgico

    Foram utilizados dez exemplares de atum da espcie Thunnus atlanticus (fig.

    2).

    Figura 2: Exemplar de atum (Thunnus atlanticus) utilizado neste estudo.

    3.2 MTODOS

    3.2.1 Estratgia experimental

    As amostras de atum utilizadas para a realizao deste estudo foram obtidas

    diretamente de barcos pesqueiros provenientes da Regio dos Lagos do Rio de

    Janeiro (entre as cidades de Arraial do Cabo e Cabo Frio) no perodo de agosto de

    2005 a janeiro de 2006.

    46

  • 47

    Imediatamente aps a obteno, os peixes foram acondicionados em

    recipientes isotrmicos de poliestireno expandido com gelo e transportados

    Faculdade de Veterinria da Universidade Federal Fluminense, onde foram

    realizados os procedimentos analticos previstos, para cada grupo de anlises.

    Para as anlises bacteriolgicas foram utilizados trs exemplares de atum,

    sendo um com pele e dois sem pele. Para as anlises fsico-qumicas e sensoriais

    foram utilizados cinco e dois exemplares de atum respectivamente.

    As anlises bacteriolgicas foram realizadas no Laboratrio de Controle

    Microbiolgico de Alimentos da UFF e constavam de Contagem de Bactrias

    Heterotrficas Aerbias Mesfilas (CBHAM) e Contagem de Bactrias Heterotrficas

    Aerbias Psicrotrficas (CBHAP). As anlises fsico-qumicas, realizadas no

    Laboratrio de Controle Fsico-Qumico de Alimentos da UFF, determinaram os

    valores de OTMA, BVT, TMA, pH, umidade e a produo das aminas biognicas

    histamina e cadaverina. Para as anlises sensoriais, realizadas no Laboratrio de

    Anlise Sensorial da UFF, foi feito teste de aceitao com 60 julgadores no

    treinados.

    3.2.2 Preparo das amostras

    Todas as amostras utilizadas, independente do destino analtico, foram

    lavadas em gua corrente, evisceradas e armazenadas sob refrigerao (4C 1C)

    por um perodo que variou entre 10 e 19 dias.

    As anlises fsico-qumicas e bacteriolgicas ocorreram no dia da recepo e

    acompanhadas pelos testes propostos em dias alternados, at o aparecimento de

    caractersticas de deteriorao. Todas estas anlises foram realizadas em duplicata.

    Na anlise sensorial, os atuns foram avaliados no dia da recepo (dia zero) e no 9

    dia de armazenamento por julgadores no treinados.

    3.2.3 Anlises fsico-qumicas

    Cada atum foi dividido em trs pores, seguindo as orientaes de

    Yamagata, Horimoto e Nagaoka. (1969). Para a obteno destas pores

    musculares foram feitos cortes perpendiculares (Figura 3) na margem do oprculo

    47

  • 48

    (a), na stima espinha da primeira nadadeira dorsal (b), no nus (c) e na quarta

    nadadeira dorsal (d) (YAMAGATA, HORIMOTO E NAGAOKA, 1969).

    Figura 3: Localizao das incises para a obteno das pores musculares do atum.

    Fonte: Yamagata, Horimoto e Nagaoka, 1969.

    Aps a obteno de cada poro muscular, foram separadas alquotas para

    as anlises de OTMA (cinco gramas), BVT (50 gramas), TMA (50 gramas), pH (10

    gramas), histamina e cadaverina (um grama cada). Cada amostra foi devidamente

    identificada e mantida sob refrigerao at o momento das anlises.

    3.2.3.1 Avaliao do teor de xido de Trimetilamina

    A determinao do OTMA foi realizada segundo a tcnica descrita por Yamagata Horimoto e Nagaoka (1969), utilizando as modificaes sugeridas por

    Parking e Hulting (1982).

    Para a determinao do valor de OTMA a alquota de cinco gramas foi

    homogeneizada com uma soluo de 20mL de cido tricloroactico a 4% por um

    minuto com auxlio de homogeneizador Waring Blender. A seguir, a mistura obtida

    ficou em repouso para ento ser filtrada em papel filtro com o auxlio de uma bomba

    a vcuo. Aps a filtrao foi obtido um extrato que foi utilizado para o