Princípios da Filosofia de Descartes
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Os Princípios da Filosofia de Descartes
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A vida e obra de DescartesA 31 de Março de 1596 nasce René Descartes na cidade francesa de La Haye.
Aos dez anos (1606) entra para o colégio jesuíta de La Flèche, ondeEstuda Humanidades (Gramática, Retóricae Filosofia), Matemática e Física.
Em 1644 publica em Amsterdão os Princípiosda Filosofia: livro didáctico que tem como objectivo sintetizar a sua filosofia eintroduzi-la nas escolas.
Em 1649 vai viver para a Suécia a convite da Rainha Cristina.Morre em 1650 vítima de pneumonia, na cidade de Estocolmo, Suécia.
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A época de Descartes
Em 1543 Copérnico publica a obra De revolutionibus orbium coelestium («Da revolução das esferas celestes»).
Esta foi a obra que operou a designada «revolução copernicana»: substituição do paradigma geocêntrico (de Ptolomeu) pelo paradigma heliocêntrico (de Copérnico).
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A época de Descartes
Em 1633 a Inquisição proíbe Galileu de publicar a sua obra Diálogo, por considerar que se trata de uma defesa do pensamento copernicano. Como reflexo do processo inquisitorial Galileu é condenado à pena de prisão domiciliária.
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A época de Descartes
Copérnico, Galileu e Descartes foram três dos principais protagonistas da revolução que deu início ao «pensamento moderno».
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A época de Descartes
O chamado «pensamento moderno» abandona a visão medieval do universo como um cosmos finito e criado, fundado numa hierarquia estática que deve ser contemplada como reflexo da perfeição divina do Criador.
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A época de Descartes
Surge, em contrapartida, a visão moderna do universo, como um cosmos infinito, e do ser humano, como sujeito pensante, racional e autodeterminado, que tem como objectivo conhecer as leis da natureza para assim a poder dominar e transformar.
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A época de Descartes
As ideias fundamentais da ciência moderna da natureza :
Um novo método – o método experimental. Um novo objecto – a natureza é idêntica ao
funcionamento de um mecanismo. Um novo sujeito – todo aquele que, através do
método científico, descreve o funcionamento da natureza pelo conhecimento das suas leis, para assim torná-la num objecto previsível e ao seu dispor.
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Princípios da Filosofia de Descartes
A questão central da obra Princípios da Filosofia:
Como podemos alcançar o conhecimento verdadeiro?
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Princípios da Filosofia de Descartes A obra começa com a afirmação da
dúvida, enquanto exercício intelectual indispensável para todos quantos desejam alcançar o conhecimento verdadeiro.
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Princípios da Filosofia de Descartes A dúvida, porém, depende de uma
tomada de decisão do sujeito em suspender todas as opiniões adquiridas ao longo da vida através da experiência em geral.
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Princípios da Filosofia de Descartes Objectivos da dúvida cartesiana: Realizar um exame, o mais completo
possível, aos nossos conhecimentos. Avaliar o valor dos nossos
conhecimentos. Demonstrar como os nossos
conhecimentos não são verdadeiros conhecimentos, mas opiniões, crenças, ficções da imaginação, formas de saber que se transmitem através dos usos e costumes e não do uso correto da razão.
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Princípios da Filosofia de Descartes
A natureza da dúvida cartesiana: Não é existencial, é metodológica e por
conseguinte é provisória.
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Princípios da Filosofia de Descartes A natureza da dúvida cartesiana: É um instrumento da razão, um exercício
especulativo, para pôr à prova a consistência das nossas opiniões.
Para além de ser um exercício intelectual daquele que pensa, a dúvida é, para Descartes, o instrumento necessário para se fazer um uso correto da razão
A dúvida cartesiana, em suma, é uma introspecção que visa passar em revista todas as coisas de que temos consciência com o objetivo de chegar, dentre todas essas coisas, àquelas que são verdadeiras.
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Princípios da Filosofia de Descartes A natureza da dúvida cartesiana: Na dúvida cartesiana, todo o conteúdo
da consciência que não seja evidente por si mesmo é negado como válido. O que é meramente provável ou o que é apenas verosímil oferece dúvidas e nessa medida deve ser considerado opinião em vez de conhecimento.
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Princípios da Filosofia de Descartes
A natureza da dúvida cartesiana: Apenas o que é evidente é uma coisa
verdadeira (a dúvida alimenta-se do critério da evidência para, numa primeira fase, rejeitar todos os objetos da consciência). Como todo o objeto de que temos consciência se mostra, no acto da dúvida metódica, um objecto provável, tudo é negado: a dúvida metódica torna-se dúvida hiperbólica.
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Princípios da Filosofia de Descartes A natureza da dúvida cartesiana: A dúvida é hiperbólica, porque estende a
não-existência ou suspende a existência a tudo o que ainda não é evidente: não sei se tenho verdadeiramente um corpo, se há verdadeiramente um mundo real, se Deus, como tal, existe.
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Princípios da Filosofia de Descartes
O Cogito ou a primeira evidência: O estado de dúvida hiperbólica deixa o
sujeito sem qualquer certeza quanto à existência das coisas de que apenas tem noção ou consciência confusa, isto é, não evidente.
Mas deste estado de incerteza radical o sujeito extrai a primeira certeza: cogito ergo sum (penso, logo existo).
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Princípios da Filosofia de Descartes O Cogito ou a primeira evidência: É assim evidente que enquanto duvido
de tudo, eu que não sei se as coisas existem efectivamente, existo. Para duvidar ou pensar é necessário que o sujeito desse pensamento exista.
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Princípios da Filosofia de Descartes
A primeira certeza é a auto-consciência do Eu como puro pensar.
O Eu é, ao mesmo tempo, a primeira coisa que existe de evidente (depois da dúvida) e o primeiro pensamento verdadeiro. Coincidência entre essência e existência no cogito ergo sum.
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Princípios da Filosofia de Descartes
A existência de Deus: A única certeza é ainda a certeza que o Eu
tem de si mesmo no acto de pensar. A certeza do cogito é apenas a certeza de
que o eu, que pensa, existe. Tudo o resto permanece ainda em suspenso. Persiste, ainda, um estado de solipsismo enquanto não se demonstrar a impossibilidade de Deus ter criado o nosso espírito de modo a este se enganar sempre a respeito de tudo.
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Princípios da Filosofia de Descartes
1ª prova da existência de Deus: Conhecida como argumento ontológico,
esta prova parte da ideia inata de Deus e dos seus atributos intrínsecos para daí concluir a necessidade da sua existência.
Deduz-se que Deus existe porque a existência é um dos atributos do conceito inato de Deus como um ser absolutamnte perfeito.
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Princípios da Filosofia de Descartes
2ª prova da existência de Deus: O Eu para Descartes é imperfeito e finito
porque duvida, logo não pode ser ele a causa da ideia inata de um ser perfeito. Deus, que existe, é a causa da ideia que temos em nós de um ser sumamente perfeito.
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Princípios da Filosofia de Descartes
3ª prova da existência de Deus: Para além de ser a causa da ideia inata do
Eu sobre um ser perfeito, Deus é também a causa da conservação do Eu ao longo do tempo. O tempo é percebido como uma realidade descontínua. Uma coisa que dura neste momento pode deixar de existir no momento seguinte. Para que qualquer coisa se conserve é necessário a existência de um ser superior que garanta a sua conservação.
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Princípios da Filosofia de Descartes
A existência de Deus garante o valor de verdade das ideias inatas (Eu, Deus, Mundo).
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Princípios da Filosofia de Descartes
A demonstração da existência do mundo externo:
Para Descartes só através da ideia inata de extensão é possível alcançar um conhecimento verdadeiro do Mundo.
A extensão é o principal atributo da matéria, pelo que é necessário reduzir o mundo externo à sua essência de coisa extensa, isto é, de coisa que ocupa determinada porção do espaço.