Principais Conceitos Da Filosofia de Marx

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ CURSO DE DIREITO LUCAS DE BRITO MYERS PRINCIPAIS CONCEITOS DA FILOSOFIA DE KARL MARX

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUCURSO DE DIREITO

LUCAS DE BRITO MYERS

PRINCIPAIS CONCEITOS DA FILOSOFIA DE KARL MARX

Parnaba2015PREFCIO

Talvez, dentre todos os pensadores, da modernidade, Marx tenha sido o smbolo primaz de uma dicotomia que ultrapassou as cadeiras acadmicas influenciando vrios campos da vida social-econmica do homem moderno; suas contribuies vo alm de meras explanaes e conceitos puramente tericos. Marx centralizou em toda a sua obra o seu carter militante e como tal sua veia empirista. Ele no se contentou apenas com o saber, queria mais, queria o fazer.O pensamento de Marx, muitas vezes intitulado de marxismo, formou ao longo dos tempos um arcabouo usado por uma pliade de discpulos, que utilizaram suas contribuies nos campos da Filosofia, Sociologia, Economia e Cincia Poltica para erigir seus pensamentos. Pode-se dizer que grande parte do pensamento ocidental foi influenciado mesmo que contra a vontade de muitos por Marx.No ano de 1968, em Paris, foi comemorado pela UNESCO o 150 aniversrio de Marx. Cabe fazer uma citao feita por um ilustre socilogo e poltico brasileiro:

Como instrumento de anlise cientfica dos processos sociais globais, a anlise dialtica no pode, certamente, substituir os progressos realizados pela cincia social contempornea em mltiplos aspectos e diversos setores, em particular no emprego das tcnicas de mensurao e anlise dos fluxos sociais. Contudo, enquanto forma de interpretao capaz de ligar estrutura e histria, conexes objetivas e escolhas polticas, a contribuio de Marx constitui ainda hoje um importante alicerce da cincia social contempornea. Fernando Henrique Cardoso

O presente texto no se permite, em si, uma explanao profunda do pensamento marxista, por vrios motivos, mas elencando-se apenas dois temos: a grande complexidade da obra de Marx e a pobreza de conhecimento acerca do grande pensador, por parte do presente autor. Com efeito, restou apenas a possibilidade de fazer uma singela explanao de alguns conceitos filosficos contidos no pensamento de Marx que julga-se necessrio para uma compreenso bsica sobre a Filosofia do Mestre da Revoluo.

BREVE BIOGRAFIA

Marx nasceu em 5 de maio de 1818 na pequena cidade alem de Trves, poca do nascimento dele a cidade tinha pouco mais de 12 mil habitantes, no sul da Prssia Renana, regio hoje pertencente a Alemanha e fronteiria com a Frana[footnoteRef:1]. [1: KONDER, Leandro. Marx Vida e Obra. 7 ed. So Paulo: Paz e Terra, 1999, p.11.]

Trves de 1798 a 1814 pertencera Frana. Todavia, depois da derrota de Napoleo a regio foi indexada Prssia, essa mudana alterou em muito a vida de seus pais.O pai de Marx, Hirschel Marx, que era filho de um rabino e proveniente de uma extensa linhagem deste, no partilhava h bastante tempo o ardor da presena na Sinagoga aos Sbados, vinha se afastando e tornando-se um livre-pensador. Advogado de profisso, Hirschel, viu-se em um momento difcil depois da invaso prussiana j que Frederico Guilherme III[footnoteRef:2], lder da Prssia, mantinha uma poltica antissemita. Para tentar fugir, ou mesmo, diminuir a perseguio converteu-se ao luteranismo mudando seu nome para Heinrich Marx[footnoteRef:3]. [2: Frederico Guilherme III (1770-1840): Rei da Prssia de 1797 at sua morte.] [3: KONDER, Leandro, ibidem, p.11.]

Consegui em 1835 adentrar na Universidade de Bonn na qual permaneceu at meados de 1836 quando se transferiu para a Universidade de Berlim, nesta instituio imortalizada na figura de Hegel[footnoteRef:4], Marx teve seus primeiros contatos com a Esquerda Hegeliana, posio filosfica que manteria pelo resto de sua vida. Em 1937 gradua-se em Direito e em 1841, na Universidade de Iena, doutorou-se, em filosofia, com a tese sobre a Diferena da filosofia da natureza em Demcrito e Epicuro[footnoteRef:5]. [4: Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831): filsofo alemo.] [5: KONDER, Leandro, Ibidem, p. 22.]

Por fazer parte da Esquerda Hegeliana, Marx teve, praticamente, todas s portas acadmicas fechadas, viu-se ento em uma situao econmica muito difcil. Karl decidiu ento entrar para o jornalismo, publicou alguns artigos em pequenos peridicos, mas sua consagrao e declnio, como jornalista, na Prssia, foram quando assumiu a direo do jornal Gazeta Renana (Rheinische Zeitung), de Colnia[footnoteRef:6], em que, no seu comando, cresceu em alcance e circulao. Entretanto, depois de um artigo em que criticava, causticamente, o governo czarista russo, a gazeta foi ento fechada. Todavia, como diretor da gazeta conheceu seu amigo, talvez maior, Friedrich Engels[footnoteRef:7]. [6: ESPNDOLA, Arlei de. Karl Marx e a Gazeta Renana. Disponvel em: . Visitado em 26 de maio de 2015.] [7: BOITEMPO, Editorial. Cronologia resumida de Karl Marx e Friedrich Engels contida em edio de A Ideologia Alem. So Paulo: Boitempo Editorial, 2007.]

Pela circunstancia scio-econmica-politica, Marx se v obrigado a sair fugir, sem eufemismo da Prssia, o destino Paris, onde fundaria com o amigo Arnold Ruge[footnoteRef:8] os Anais Franco-Alemes. Na Cidade Luz entrou em contato com vrios grupos socialistas secretos[footnoteRef:9]. [8: Arnold Ruge (1802-1880): filsofo e poltico alemo] [9: KONDER, Leandro, ibidem, p.27.]

Nessa poca Marx se interessou ainda mais por poltica, lia de Montesquieu a Rousseau; tambm comeou a sentir a necessidade de corrigir a dialtica de Hegel, que na viso de Karl era muito idealista. No concordava com seu posicionamento contemplativo, pois como se evidenciar no futuro, nas palavras de Gramsci: Marx era o filsofo da Prxis. Sobre esse posicionamento Marx escreveu a seu amigo, Ruge[footnoteRef:10]: [10: Idem, Ibidem, p. 27.]

O nico ponto em que divirjo de Feuerbach que, a meu ver, ele d importncia de mais natureza e importncia de menos Poltica. Ora, atualmente, a filosofia s pode-se realizar aliando-se Poltica.

Em Paris, pode-se dizer que Marx tornou-se um comunista, convicto, entrando em contato com a Filosofia Socialista Utpica nas figuras de: Pierre Proudhon, Louis Blanc e Saint-Simon alm de seu contato com o socialismo militante dos operrios parisienses. Nas palavras de Marx: As massas capazes de, no nosso tempo, promoverem a mudana social, econmica e jurdica so as massa proletrias.Todavia, Marx no se via como discpulo de alguma corrente de esquerda da poca diga-se de passagem, que ele no era bem visto pelos seus contemporneos intelectuais de esquerda franceses, por ter ideias revolucionrias extremistas o professor Leandro Konder apresenta uma pequena justificao para seu desalinhamento ao pensamento de esquerda, da poca:

Saint-Simon morrera em 1825. Seus discpulos continuavam em atividade. Porm Marx chegou concluso de eles eram meio apstolos, meio escroques.Charles Fourier morrera em 1837. Seus seguidores preocupavam-se menos com a organizao das massas trabalhadoras do que com o planejamento de falanstrios onde as cozinhas tivessem abundancia de acar, onde no existissem correntes de ar e onde os indivduos reaprendessem a praticar a solidariedade humana.Louis Blanc liderava um grupo de socialistas muito preocupados em no se incompatibilizar definitivamente com a burguesia. Movia-os a convico de que, pela participao no jogo poltico da cpula, seria possvel ir arrancando gradualmente, com habilidade, concesses que levassem as classes dominantes a aceitar uma ordem social mais humana.Pierre Proudhon, ex-linotipista[footnoteRef:11], adepto das reformas econmicas racionais e pacficas, era hostil agitao comunista e se mantinha retrado em face das atividades politicas. Marx esforou-se inutilmente para faz-lo compreender o mtodo dialtico de Hegel, que abriria caminho para que todas as coisas fossem encaradas como fenmenos histricos e fossem analisadas de acordo com as ligaes que mantinham umas com as outras. (1999, pp.41-42) [11: Linotipo: espcie de maquina tipogrfica.]

Entretanto, um conhecido seu dos tempos de Gazeta Renana, Friedrich Engels, comungava com muitos pontos de seu pensamento. Com efeito, Marx o convidou para realizarem um trabalho juntos e em 1844 os dois redigiram o polmico livro A Sagrada Famlia.Marx comeou a colaborar com um peridico parisiense chamado Vorwerts, do qual tambm faziam partes: Heine[footnoteRef:12] e Bakunin[footnoteRef:13]. No entanto, as crticas que o jornal publicara ao governo prussiano de Frederico Guilherme IV[footnoteRef:14] renderam a Marx, e colaboradores do peridico, uma expulso do pas. Pela segunda vez Karl era ordenado a se retirar de um pas. [12: Christian Johann Heinrich Heine (1797-1856): poeta romantico alemo.] [13: Mikhail Aleksandrovitch Bakunin (1814-1876): terico poltico russo.] [14: Frederico Guilherme IV (1795-1861): Rei da Prssia at 1840.]

O novo destino da famlia Marx foi Bruxelas onde permaneceram at meados de 1848 um fato curioso, que para poder permanecer no pas, Marx teve de assinar um documento em que ele afirmava no publicar, na Blgica, qualquer artigo sobre atualidade politica, nacional ou internacional Engels, segui seu amigo[footnoteRef:15]. [15: KONDER, Leandro, Ibidem, p. 49.]

Na sua nova casa, Marx foi convidado para participar de um grupo de orientao socialista, formado basicamente por operrios, a Liga dos Justos, que mudou sua alcunha, depois da entrada de Engels e Karl, para Liga Comunista.Em Bruxelas, Marx redigiu: Teses Sobre Feuerbach (1845), livro em que faz uma sucinta crtica ao materialismo contemplativo de Feuerbach, e em conjunto com Engels A Ideologia Alem (1846), no qual desta vez critica o idealismo de Hegel, e O Manifesto do Partido Comunista (1847), em que lana as bases, que sero seguidas por praticamente todos os partidos comunista do mundo. Em 1848, Marx e Engels retornam a sua Terra Natal a Rennia, mais precisamente a cidade de Colnia, na cidade eles fundam a Nova Gazeta Renana [footnoteRef:16], quase que uma reencarnao da antiga Gazeta Renana, agora, porm, mais madura, poltico-filosoficamente falando. [16: BOITEMPO, Editorial. Cronologia resumida de Karl Marx e Friedrich Engels contida em edio de A Ideologia Alem. So Paulo: Boitempo Editorial, 2007.]

Entretanto, em 1849, Marx volta sofre perseguio por parte do governo prussiano que fechara o congresso e declarara estado de stio em Colnia. Utilizando-se dessa manobra, o governo suspende as publicaes da Nova Gazeta Renana e ainda expede um mandado de priso contra Engels que acabaria por refugiar-se na Sua, Marx seria posteriormente processado pelo governo, mas foi absolvido pelo tribunal de Colnia. Aproveitando que Marx se encontrava fora da cidade, o governo prussiano decide expuls-lo, de novo, do pas[footnoteRef:17], por sua total falta de recursos econmicos e legais decide acatar a deciso. [17: KONDER, Leandro. Marx Vida e Obra. 7 ed. So Paulo: Paz e Terra, 1999, p. 73.]

Decide emigrar, de novo, Paris, entretanto as autoridades francesas rejeitam sua entrada e Marx forado a ir para Londres, onde permaneceria pelo restante de sua vida. As condies econmicas da famlia s pioravam, Marx perdeu dois filhos, nessa poca, com menos de um ano de idade, cada um, a falta de recursos materiais contribui decisivamente para morte prematura das crianas[footnoteRef:18]. Marx enfrentou ao longo de sua vida, como chefe familiar, uma total desestruturao, no que tange a suas finanas, como observou sua me: ele teria feito melhor se, em de escrever sobre o capital, tivesse se dedicado a ganh-lo [footnoteRef:19]. [18: Idem, ibidem, p. 75.] [19: Idem, ibidem, p. 12.]

Marx continuou suas atividades polticas e intelectuais pelos anos seguintes; em 1864 participou da Primeira Internacional Comunista. Em 1867 escreveu O Capital, volume I, considerada por muitos a sua Magnus Opus. Nesta obra Marx analisa a partir das sociedades primitivas at a industrial toda a evoluo econmica-social-politica da humanidade. No dia 14 de maro de 1883, Marx teve um abcesso no pulmo o que levou a sua morte. Em seu enterro Engels o dedicou as seguintes palavras[footnoteRef:20]: [20: Karl Marxs Funeral. Disponvel em: . Visitado em 26 de maio de 2015.]

Marx era, antes de tudo, um revolucionrio. Sua verdadeira misso na vida era contribuir, de um modo ou de outro, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituies estatais por esta suscitada, contribuir para a libertao do proletariado moderno, que ele foi o primeiro a tornar consciente de sua posio e de suas necessidades, consciente das condies de sua emancipao. A luta era seu elemento. E ele lutou com uma tenacidade e um sucesso com quem poucos puderam rivalizar. [] Como consequncia, Marx foi o homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo. Governos, tanto absolutistas como republicanos, deportaram-no de seus territrios. Burgueses, quer conservadores ou ultrademocrticos, porfiavam entre si ao lanar difamaes contra ele. Tudo isso ele punha de lado, como se fossem teias de aranha, no tomando conhecimento, s respondendo quando necessidade extrema o compelia a tal. E morreu amado, reverenciado e pranteado por milhes de colegas trabalhadores revolucionrios - das minas da Sibria at a Califrnia, de todas as partes da Europa e da Amrica - e atrevo-me a dizer que, embora, muito embora, possa ter tido muitos adversrios, no teve nenhum inimigo pessoal[footnoteRef:21]. [21: For Marx was before all else a revolutionist. His real mission in life was to contribute, in one way or another, to the overthrow of capitalist society and of the state institutions which it had brought into being, to contribute to the liberation of the modern proletariat, which he was the first to make conscious of its own position and its needs, conscious of the conditions of its emancipation. Fighting was his element. And he fought with a passion, a tenacity and a success such as few could rival. [] And, consequently, Marx was the best-hated and most calumniated man of his time. Governments, both absolutist and republican, deported him from their territories. Bourgeois, whether conservative or ultra-democratic, vied with one another in heaping slanders upon him. All this he brushed aside as though it were cobweb, ignoring it, answering only when extreme necessity compelled him. And he died beloved, revered and mourned by millions of revolutionary fellow-workers -- from the mines of Siberia to California, in all parts of Europe and America -- and I make bold to say that though he may have had many opponents he had hardly one personal enemy.]