Primeira Carta de João

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28.08.22 1 Primeira Carta de João Seminário Bíblico Palavra da Vida Teologia Bíblica do Novo Testamento 1 Prof. Carlos Osvaldo Pinto

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Primeira Carta de João. Seminário Bíblico Palavra da Vida Teologia Bíblica do Novo Testamento 1 Prof. Carlos Osvaldo Pinto. Questões de Introdução. Autoria – Anônima conforme o texto. Indícios de autoria – Externos Policarpo, discípulo de João, cita 1 Jo 4.2 em sua carta aos Filipenses. - PowerPoint PPT Presentation

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Primeira Carta de João

Seminário Bíblico Palavra da VidaTeologia Bíblica do Novo

Testamento 1Prof. Carlos Osvaldo Pinto

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Questões de Introdução

• Autoria – Anônima conforme o texto.• Indícios de autoria – Externos

– Policarpo, discípulo de João, cita 1 Jo 4.2 em sua carta aos Filipenses.

– Eusébio afirma que Papias, bispo de Hierápolis, citou a primeira carta de João.

– Irineu de Lyon (c. a.D. 150) citou 1 Jo 2.18 e afirmou estar citando a carta de João.

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Questões de Introdução

• Autoria – Anônima conforme o texto.• Indícios de autoria – Internos

– Semelhança temática com o Discurso no Cenáculo. paravklhto~ (advogado) – 2.2 – 14.16 threvw (guardar) – 2.3-4 – 14.21 ejntolhv (mandamento) – 2.8 – 13.34-35 pneu`ma th`~ ajlhqeiva~ (espírito da

verdade) – 4.6 – 14.17; 15.26

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Questões de Introdução

• Autoria – Anônima conforme o texto.• Indícios de autoria – Internos

– Uso comum de palavras importantes. mevnw (permanecer) – 2.6 – 15.7 lovgo~ (Verbo, Palavra) – 1.1 – 1.1-14 ajlhqinov~ (verdadeiro) – 5.20 – 7.28 u{dwr kai; ai|ma (água e sangue) – 5.6 –

19.34

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Questões de Introdução

• Contestação da Autoria Joanina (Dodd)– Ausência de palavras chave

• swthriva e ajpwvleia (salvação e perdição)

• a[nwqen e kavtw (em cima e em baixo)

• ajpostevllw e zhtevw (enviar e buscar)

– Diferenças teológicas entre as obras• Transferência de funções de Cristo para Deus (2.5)• Ênfase em crença correta sobre Cristo em lugar de fé

em Cristo• Uma escatologia mais iminente que realizada (mais

“primitiva”)

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Questões de Introdução

• Refutação a C. H. Dodd– Diferenças de vocabulário

• Os livros têm ênfases distintas.• Os livros têm temas distintos.• Os livros têm audiências distintas.• Os livros têm muitas palavra e expressões

comuns.

– Diferenças teológicas• A mesma transferência ocorre em Paulo (1 Ts);• O contexto polêmico obriga a “crença que”;• A escatologia do evagelho tem elementos de

iminência (cf. Jo 14.1-5 e 1 Jo 2.28 – 3.3).

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Características dos Leitores• Tinham sido influenciados por falsos

apóstolos e seus ensinos (4.1; 2.19).– Negavam a encarnação de Cristo (2.22; 4.1).– Afirmavam ter comunhão com o Pai (2.23).– Pregavam uma ética frouxa (2.15-17; 1.5-10).

• Suas características como grupo:– Eram antigos pagãos (5.21).– Tinham experiência como cristãos (2.7; 3.11).– Inclinavam-se ao mundanismo (2.15-17).– Demonstravam falta de amor (2.7-11).– Faltava-lhes a certeza da salvação (5.13).

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Propósito da Carta

• Há várias declarações de propósito na carta.– Em 1.3 – Promover a genuína comunhão

cristã baseada no conhecimento correto de Deus e de Cristo.

– Em 2.1 – Impedir o crescimento do pecado entre os crentes.

– Em 5.13 – Oferecer certeza de salvação.

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Uma Proposta de Propósito

• Propósito – Conduzir os crentes ao

pleno desfrute da comunhão espiritual

e da certeza de salvação pessoal,

• Meio – apresentando os critérios que

definem a genuína comunhão cristã

com um Deus que é santo e amoroso.

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Uma Proposta de Esboço• Prólogo (1.1-4)• Cristérios para comunhão com o Deus que é Luz

(1.5 – 2.27).– Evitar o pecado (1.5 – 2.2)– Guardar os mandamentos (2.3-11)– Evitar o erro dos falsos mestres (2.12-19)– Guardar-se fiel à verdade (2.20-27)

• Critérios para comunhão com o Deus que é Amor (2.28 – 5.17).– Distinção entre filhos de Deus e de Satanás (2.28 – 3.10)– Amor fraternal (3.11-18)– Segurança como privilégio da filiação (3.19-24)– Discernimento entre influências divinas e satânicas (4.1-

6)– Amor fraternal (4.7-21)– Segurança como resultado de crença correta (5.1-17)

• Epílogo (5.18-21)

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Duas Passagens Problemáticas – 3.9• 1 Jo 3.9 – Todo o que é nascido de Deus não peca

(aJmartiva ouj poiei`), porque a Sua semente nele permanece, e não pode pecar (ouj duvnatai aJmartavnei), porque é nascido de Deus.

• A natureza do problema - João afirma que uma pessoa que é nascida de Deus não pode pecar. Esse tipo de linguagem cria duas dificuldades:– Primeiramente, ela aparentemente nega a

realidade e a clara possibilidade do pecado contemplada em 1.5 -2.2.

– Em segundo lugar, torna sem sentido as repetidas exortações à pureza e justiça ao longo da carta (2.1, 15, 29; 3.12, 18).

– Por fim, tal idéia é negada pela experiência cristã real.

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Duas Passagens Problemáticas – 3.9• A Explicação Wesleyana

– Redefinir “pecado” de modo a que a palavra se refira apenas a violações deliberadas da lei de Deus, reconhecidas como tal no momento em que serão cometidas. Em outras palavras, pessoas verdadeiramente nascidas de Deus não pecam deliberadamente.

• Refutação dessa Explicação– Infelizmente, não há qualquer prova de que João

estivesse usando tal definição de “pecado”, a despeito do uso da palavra ajnomiva em 3.4.

– Se esse critério fosse aplicado a outras ocorrências de “pecado” na carta aconteceria um caos hermenêutico.

– A experiência prática dos crentes milita contra esta solução. Isso gera o problema da insegurança quanto ao status espiritual corrente do indivíduo.

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Duas Passagens Problemáticas – 3.9• A Explicação de Stott-Westcott

– Westcott (Epistles, 104) e Stott (The Epistles of John, 135-6) e vários outros sugerem que o verbo no tempo presente indica uma ação contínua, sugerindo que se trata do pecado como estilo de vida.

• Refutação dessa Explicação– Infelizmente, se esse critério fosse aplicado de

maneira consistente a outras ocorrências de “pecar” na carta, aconteceria um caos hermenêutico.

– De igual modo, a experiência prática dos crentes milita contra esta solução. Isso gera o problema da insegurança quanto ao status espiritual inicial do indivíduo.

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Duas Passagens Problemáticas – 3.9• A Explicação Contextual na Carta

– Relacionar esta passagem a 5.16-18, afirmando assim que um crente não pode cometer o pecado para a morte. Somente um descrente pode cometer tal pecado.

• Refutação dessa Explicação– Um dos problemas é que em 1 Jo 5 a distinção não se dá

entre crentes e descrentes, mas entre dois tipos de pecado cometido por crentes (“irmão”), que exigiam reações diferentes de seus companheiros de fé.

– Não faria sentido omitir a explicação na primeira ocorrência da idéia para inseri-la na segunda, usando ainda termos que contradiriam o uso na primeira vez.

– A compreensão (ou falta de) popular de 1 Jo 5.16-18 gera o problema da insegurança quanto ao status espiritual inicial do indivíduo.

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Duas Passagens Problemáticas – 3.9• A Explicação Teológica

– João faz aqui uma referência à incompatibilidade entre comunhão com o Deus regenerador e residente e o pecado.

– Crentes agora vivem na era do Espírito (cri`sma)e possuem a semente de Deus (também uma referência à presença do Espírito).

– Essa presença aponta para a realidade escatológica de que a ajnomiva será removida.

– Assim, a possibilidade de viver sem pecar está ligada à manutenção da comunhão com Deus pela permanência nos Seus mandamentos (cf. 3.6) por meio da verdadeira instrução oferecida pelo Espírito.

– Como os falsos mestres reivindicavam comunhão com Deus e insistiam em viver em pecado, o impacto da afirmação de João recai sobre a irrealidade da alegação dos falsos mestres, mais do que sobre qualquer idéia de impecabilidade.

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Duas Passagens Problemáticas – 5.16-17• 1 Jo 5.16-17 – Se alguém vir seu irmão

cometendo um pecado que não conduz à morte, pedirá e [Deus] lhe dará vida [zwhv], aos que não pecam para a morte. Existe pecado que conduz à morte [qavnato~]. Não é por esse [pecado] que digo que se ore. Toda injustiça é pecado, mas há pecado que não conduz à morte.

• A Natureza do Problema – A distinção feita por João parece contrária ao tom geral das Escrituras, que afirma que a conseqüência do pecado é a morte. A linguagem joanina poderia criar dois problemas distintos:– Insegurança quanto à condição espiritual de

crentes;– Liberdade para critérios alternativos de santidade.

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Duas Passagens Problemáticas – 5.16-18• Soluções propostas

– O pecado para a morte é a apostasia definitiva. Ligam a passagem a Hebreus 6 e 10.

– Aplicam a idéia aos falsos mestres.• Porém,

– Não me parece a melhor interpretação de Hebreus 6 e 10 a idéia de apostasia (no sentido tradicional da palavra).

– João jamais chamaria um falso mestre de irmão.

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Duas Passagens Problemáticas – 5.16-18• Soluções propostas

– O pecado para a morte é a blasfêmia contra o Espírito Santo. Ligam a passagem à rejeição consciente e deliberadaa da verdade conhecida a respeito de Jesus (cf. fariseus em Mt 12.22-32).

– Aplicam a idéia aos falsos mestres.

• Porém,– Não há no contexto qualquer sugestão de que

João esteja falando sobre o Espírito.– João jamais chamaria de irmão uma pessoa

que estivesse blasfemando contra o Espírito.

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Duas Passagens Problemáticas – 5.16-18• Soluções propostas

– O pecado para a morte é pecado cometido por uma pessoa que alega ser “irmão” mas não o é.

– Alegam que como a resposta à oração é vida (v. 16), a pessoa em questão não pode ser ainda crente, pois nesse caso já teria vida.

– Aplicam a idéia aos falsos mestres.

• Porém,– Tal uso de ajdelfov~ produziria caos

hermenêutico e espiritual na leitura de 1 João.– Em que sentido um pecado de uma pessoa não

salva poderia ser “não para a morte”? – Nem todo uso de “vida” e “morte” no NT

implica em eternidade.

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Duas Passagens Problemáticas – 5.16-18• Soluções propostas

– O pecado para a morte é pecado cometido de modo consciente e deliberado por uma pessoa que é crente. O resultado desse pecado é a morte física.• A oração recomendada (v. 16) é por um pecado que

ainda não se tornou deliberado. A resposta à oração seria a preservação da vida física do ofensor arrependido.

• O AT apresenta os casos de pecado “com atitude desafiadora” (Nm 15.30) e o NT tem os exemplos de Ananias e Safira (At 5) e do adúltero em 1 Coríntios 5.

• As possíveis causas de tal tipo de pecado seriam incredulidade e endurecimento contra Jesus, induzidos pelos falsos mestres e demonstrados na desobediência aos Seus mandamentos (impureza e falta de amor).