Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

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Fernando Biscaia Fraga Universidade Nova de Lisboa Escola Nacional de Saúde Pública Saúde Ocupacional Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar Centro Hospitalar de Lisboa Central NEUROCIRURGIA Bloco Operatório e Enfermarias CHLC Fernando Manuel Biscaia Rabaça Fraga Orientador: Prof. Doutor Florentino Manuel dos Santos Serranheira

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Prevenção de Lesões Músculo Esqueléticas em contexto hospitalar Fernando Manuel Biscaia Rabaça Fraga

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Fernando Biscaia Fraga

Universidade Nova de Lisboa

Escola Nacional de Saúde Pública

Saúde Ocupacional

Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contextohospitalar

Centro Hospitalar de Lisboa Central

NEUROCIRURGIA

Bloco Operatório e Enfermarias

CHLC

Fernando Manuel Biscaia Rabaça Fraga

Orientador:

Prof. Doutor Florentino Manuel dos Santos Serranheira

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Fernando Biscaia Fraga

Prefácio

O presente Trabalho articula evidências empíricas, produzidas por diversos trabalhos

científicos, como resultado da pesquisa bibliográfica efetuada sobre LMELT, com

reflexão, e aplicação da Ergonomia como instrumento metodológico de apoio á Saúde

Ocupacional hospitalar.

Diante das inadequadas condições de trabalho oferecidas aos trabalhadores nos hospitais

de muitos países, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), desde a década de 40,

tem considerado o problema como tema de discussão e tem feito recomendações

referente a higiene e segurança com a finalidade da adequação das condições de

trabalho desses profissionais.

Essas condições insatisfatórias estão relacionadas com fatores biológicos, físicos,

químicos e psicossociais, que podem causar danos à saúde dos profissionais que ali

trabalham. Neste trabalho, destacaremos a estratégia ergonómica, na prevenção de

lesões músculo-esqueléticas.

A Medicina do Trabalho e a Saúde Ocupacional proporcionam, duma forma notável,

uma significativa melhoria das condições de trabalho segurança e saúde dos

trabalhadores e dos cuidados prestados.

A Saúde Ocupacional com a sua equipa multidisciplinar promove a análise do local, do

ambiente, das condições e exposições, antes do trabalho e durante a sua execução real,

analisando detalhadamente as suas consequências, no sentido de minimizar os riscos e

melhorar a qualidade.

Com a Ergonomia, estudam-se os postos de trabalho, desde o seu planeamento, durante

o trabalho, analisando-o e propondo estratégias de intervenção para melhorar a

qualidade garantir a segurança e diminuir os efeitos negativos para a saúde do

trabalhador.

A atividade da Saúde Ocupacional, a nível do atual Centro Hospitalar de Lisboa Central

(CHLC), em contato com a Gestão de Recursos Humanos e a Administração do Centro

Hospitalar e a evolução científica e tecnológica, permitem confirmar mudanças muito

positivas nos últimos trinta anos.

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Fernando Biscaia Fraga

AGRADECIMENTO

Ao Professor Florentino Serranheira, ao Professor Carlos Silva Santos, ao Pro-

fessor António Sousa Uva, e Professor J. Prista por tudo que fizeram por mim, pois

sempre me incentivaram na vida académica e pessoal, e contribuíram para me sentir

bem na Escola Nacional de Saúde Pública, mais realizado como pessoa e como médico,

e me estimularam nos caminhos do conhecimento.

O meu Muito Obrigado também a todos os outros docentes, que me viabiliza-

ram, o acesso, ao conhecimento bem como às fontes de informação e todos na Bibliote-

ca da ENSP. Este convívio, e os ensinamentos partilhados, em todo o Curso de Medici-

na do Trabalho, representaram uma lufada de ar fresco, nomeadamente o regresso à vida

universitária.

A toda a Equipa de Saúde Ocupacional, do Centro Hospitalar de Lisboa Central,

dos quatro polos hospitalares, mas de um modo muito especial, à Dra. Maria João Man-

zano, ao Dr. Rui Nunes, pelas oportunidades concedidas, pela partilha de conhecimen-

tos e pelo regresso ao Hospital de S. José, “Grande Escola “, de muito grata memória

onde frequentei na década de oitenta, o “Internato Geral” durante dois anos, ,e onde

conheci o Dr M..Magro Jacinto, que acompanhava na urgência e ,neste bloco NC,. e Sua

Esposa, Dra. Vicência, Neuro-oftalmologista, a quem reconhecidamente, agradeço,.

Aos profissionais, do Serviço de Neurocirurgia, aos enfermeiros e assistentes

operacionais, objeto deste estudo e ao, Dr Casimiro, e Dr Fausto, o meu Obrigado.

.A todos os Colegas, com quem trabalho, na Unidades Funcional de Odivelas, e a

da Povoa de Santo Adrião e no Consultório, grato pela atenção, amizade e confiança.

Ao meu amigo Dr. António Jorge Santos Silva, da Universidade da Beira Inte-

rior, que, também sempre me apoiou, o meu obrigado.

À minha mãe, de noventa e oito anos que vive comigo, muito lúcida, e relativa-

mente autónoma, pelo amor incondicional, apoio, e compreensão.

Aos meus amigos, António, Susana ,e Beatriz, por toda a amizade e apoio.

Aos colegas da Escola Nacional de Saúde Publica, e a todos os meus amigos quedireta ou indiretamente estiveram comigo nesta caminhada.

A Todos, o meu reconhecido, agradecimento.

Fernando Biscaia Fraga

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Fernando Biscaia Fraga

Lista de abreviaturas

CHLC- Cento Hospitalar Lisboa CentralEASHW - European Agency for Safety and Health at WorkEU European UnionEUA Estados Unidos da AméricaINE Instituto Nacional de EstatísticaIPQ Instituto Português da QualidadeISO International Standard OrganizationLME Lesões Músculo-esqueléticasLMELT Lesões Músculo-esqueléticas Ligadas ao TrabalhoLMEMSLT Lesões Músculo-esqueléticas do Membro Superior Ligadas aoTrabalhoLMERT Lesões Músculo-esqueléticas Relacionadas com o TrabalhoNIOSH National Institute of Occupational Safety and HealthNRC/IOM National Research Council / Institute of Occupational MedicineOCRA Occupational Repetitive ActionsOMS Organização Mundial de SaúdeOSHA Occupational Safety and Health AdministrationRULA Rapid Upper Limb AssessmentUK United KingdomUS United StatesUSA United States of AmericaWHO World Health OrganizationWRMSD Work Related Musculoskeletal DisordersWMSD Work Musculoskeletal Disorders

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ÍndiceI. Introdução ............................................................................... 4

II. Enquadramento teórico ......................................................... 61. A importância do estudo das lesões músculo-esqueléticas relacionadas ou ligadas aotrabalho – LMELT. ................................................................................................................. 6

2. Razão do estudo ............................................................................................................... 9

3. As LMELT ..................................................................................................................... 11

4. Descrição das principais LMELT ................................................................................ 14

5. O que é um fator de risco de LMELT? ....................................................................... 17

a) Atividade .................................................................................................................... 20

b) Fatores de risco individuais ...................................................................................... 21

c) Fatores de risco organizacionais e psicossociais ..................................................... 22

6. Exposição aos fatores de risco pode desencadear as LMERT? ................................. 23

Condicionantes externas - Condições de trabalho............................................................... 26

III. Objetivos .......................................................................... 27a) Objetivos Gerais ............................................................................................................ 27

b) Objetivos Específicos..................................................................................................... 27

1. Análise das diferentes atividades ............................................................................. 27

2. Avaliação do risco em cada situação de trabalho. .................................................. 28

3. Identificação semiológica .......................................................................................... 28

4. A elaboração de proposta de prevenção de LMELT ............................................. 28

IV.Metodologia ........................................................................... 29a) Metodologia e delineamento do estudo ........................................................................ 29

b) Condicionantes do trabalho .......................................................................................... 30

c) Análise documental ....................................................................................................... 30

d) População alvo ............................................................................................................... 31

e) Amostra .......................................................................................................................... 31

f) Apresentação do questionário ...................................................................................... 32

g) Tratamento estatístico dos dados ................................................................................. 33

V. Apresentação dos resultados ............................................... 34a) Atividade real ................................................................................................................ 35

5.1. Bloco Operatório .............................................................................................................. 38

5.1.1. Avaliação do risco de LMELT no bloco operatório.................................................. 47

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5.2.1 Avaliação do risco de LMELT nas enfermarias neurocirúrgicas ............................... 58

5.3. Resultados do questionário sobre sintomas músculo-esqueléticos. ................................. 62

VI.Discussão dos resultados ...................................................... 70

VII. Conclusões........................................................................ 72

VIII. Considerações finais..................................................... 73

IX.Prevenção............................................................................... 75a) Análise do trabalho ....................................................................................................... 77

b) Avaliação do risco de LMELT ..................................................................................... 78

c) Vigilância da saúde do trabalho ................................................................................... 78

d) Informação e formação dos trabalhadores ................................................................. 82

e) Informação e formação dos trabalhadores .................. Erro! Marcador não definido.

Bibliografia ................................................................................. 84

Tabelas:

Tabela 1 - Fatores de risco das LMELT durante a atividade (exemplos) ..................................... 8Tabela 2- Metodologia de identificação e avaliação do risco de LMERT (SERRANHEIRA,LOPES, & UVA, 2005) .............................................................................................................. 25Tabela 3- Número de camas na enfermaria............................................................................... 53Tabela 4 -Distribuição da idade, anos de atividade, horas de trabalho semanais, peso e altura.. 64

Gráficos

Gráfico 1-Doenças participadas no CHLC no período 2000 / 2010 em 160............................... 11Gráfico 2 - Distribuição de Doenças reconhecidas no período 2000 / 2010 ............................... 11Gráfico 3 - Idades........................................................................................................................ 62Gráfico 4 - Distribuição por género ............................................................................................ 62Gráfico 5 - Distribuição do peso ................................................................................................. 63Gráfico 6 - Distribuição da altura................................................................................................ 63Gráfico 7 - IMC........................................................................................................................... 63Gráfico 8 – Atividades Predominantes........................................................................................ 64Gráfico 9 - Tipos de horário / outras atividades exercidas / Desporto ativo ............................... 64Gráfico 10 - Percentagens de desconforto sentido por zona corporal (12 meses e 7 dias) eprevalência de absentismo. ........................................................................................................ 65Gráfico 11 - Características dos postos de trabalho ................................................................... 66Gráfico 12 - Intensidade de incómodo (fadiga, desconforto, dor, inchaço) nos últimos 12 mesese que esteve presente em pelo menos 7 dias seguidos, distribuídos pelas zonas corporais. .... 67Gráfico 13- Distribuição das paudas laborais.............................................................................. 68

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Gráfico 14 - Níveis de absentismos por zona de queixa ............................................................. 68Gráfico 15 - Relação da atividade com os sintomas.................................................................... 69

Figuras

Figura 1 - Modelo de identificação do risco de LMEMSLT (adaptado de CEN, 2005)................. 18Figura 2 - Solicitações no local de trabalho e capacidades funcionais (Direcção Geral de Saúde,2008) ........................................................................................................................................... 24Figura 3 - Equipamento adequado para a movimentação de doentes ......................................... 30

Fotos

Foto 1 -perspetiva geral do bloco operatório ............................................................................. 34Foto 2 - Enfermeiras no bloco operatório ................................................................................... 36Foto 3 - Enfermeiros e cirurgiões na sua atividade ..................................................................... 37Foto 4 - Ajudas técnicas .............................................................................................................. 38Foto 5 - Preparação da sala para a cirurgia ................................................................................. 46Foto 6 - Limpeza e desinfeção da sala de operatória .................................................................. 47Foto 7 - Transferência da maca de transporte para mesa operatória. .......................................... 47Foto 8 - Enfermeiro instrumentista 1 .......................................................................................... 48Foto 9 -Enfermeiro instrumentista 2 ........................................................................................... 48Foto 10 - Cirurgião 1................................................................................................................... 49Foto 11 - Cirurgião sobre plataforma .......................................................................................... 49Foto 12 - Cirurgião 2................................................................................................................... 50Foto 13 - Enfermeira circulante tirando notas............................................................................. 50Foto 14 - Deslocação de carrinhos de cargas .............................................................................. 51Foto 15 - Vista de uma sala da enfermaria .................................................................................. 52Foto 16 - Tipos de camas ............................................................................................................ 54Foto 17 - Ajudas técnicas na enfermaria ..................................................................................... 55Foto 18 – Posicionar e sentar o doente com hemiparesia direita. ............................................... 56Foto 19 - Sentar o doente na cadeira ........................................................................................... 56Foto 20 - Levantar e sentar com ajuda técnica ............................................................................ 56Foto 21 - Utilização do elevador hidráulico ................................................................................ 57Foto 22 - Passagem para a cadeira sem ajuda técnica ................................................................. 58Foto 23 - Arrumação das camas de enfermarias. ........................................................................ 59Foto 24 – Enfermeiro .................................................................................................................. 59Foto 25 - Enfermeiro arrumando uma cama ............................................................................... 60Foto 26 - Acesso às gavetas inferiores 1 ..................................................................................... 61Foto 27 - Acesso às gavetas inferiores 2 ..................................................................................... 61

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I. Introdução

A noção de que certas profissões podem induzir doença não é recente. Efetivamente, já

há mais de 300 anos, em 1700, Bernardino Ramazzini, que poderemos considerar o pai

da Medicina do Trabalho e da Saúde Ocupacional, considerava, que o trabalho em

condições climáticas adversas e em ambientes, mal ventilados, podia originar doença e

aconselhava períodos de repouso, exercício e posturas corretas, o que continua a ser

flagrantemente atual (Direcção Geral de Saúde, 2008)

O conhecimento das doenças provocadas pelo trabalho e a sua prevenção são

extremamente importantes, justificando a especialidade da Medicina do trabalho, e, a

nível hospitalar, o aparecimento dos Serviços de Saúde Ocupacional - Serviços de

Saúde do Trabalho multidisciplinares, que interagindo em hospitais e empresas

fornecedoras de serviços de saúde, vigiam os riscos e promovem a saúde dos

trabalhadores. Estes serviços, felizmente, hoje, existem na maioria das empresas.

A nível hospitalar as unidades de Saúde Ocupacional, são, multidisciplinares,

compostas de médicos do trabalho, ergonomistas e técnicos de saúde e higiene e

segurança (TSHST), e também Técnicos de Engenharia Ambiental, peritos em proteção

radiológicas, psicólogos, enfermeiros do trabalho e higienistas orais, entre outros.

Na realidade também os profissionais de saúde que desempenham as suas atividades

nos vários locais de trabalho hospitalar, como por exemplo no Centro Hospitalar Lisboa

Central, (CHLC), se encontram, frequentemente expostos a fatores de risco profissional.

Estes, podem estar na origem de acidentes de trabalho ou, de doenças profissionais,

relacionadas, e/ou agravadas, pela exposição repetida a esses fatores, que por isso

podemos considerar, doenças de origem profissional. A exposição a fatores de risco, em

particular da atividade, é responsável pelo desenvolvimento de lesões músculo-

esqueléticas ligadas ou relacionadas, decorrentes ou agravadas pelo trabalho caso não

exista uma intervenção.

Esta intervenção da Saúde Ocupacional, que em contacto com os Recursos Humanos e

Administração Hospitalar, tem carácter preventivo, e protetor da saúde dos

trabalhadores, e adotando princípios da ergonomia, estuda os postos de trabalho e

identifica, quantifica e avalia os riscos existentes no local de trabalho, estruturando

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estratégias de intervenção, a nível das características do trabalho proposto, da

organização do trabalho e da proposta de utilização de ajudas técnicas.

Com o uso adequado destas ajudas técnicas, equipamentos de proteção individual e

coletiva, associado aos princípios da ergonomia, decorrentes do estudo dos postos de

trabalho, podem-se anular, diminuir ou limitar os riscos e prevenir os acidentes e as

doenças, e, desta forma, aumentar a segurança, o desempenho, e, o nível de saúde, bem-

estar, e satisfação dos profissionais, bem como o nível de segurança para o doente.

A Saúde Ocupacional, no Centro Hospitalar Lisboa Central, promove formações, a

vários níveis e em vários Serviços, alertando os trabalhadores para a melhor forma de se

protegerem, promovendo as boas práticas, a segurança e a saúde.

No CHLC, os Serviços de Saúde Ocupacional, são uma Equipa multidisciplinar que

trabalha desde a década de 90, nos quatro polos hospitalares, interagindo com os

profissionais, em defesa e promoção da saúde, tendo acordos com outros serviços

hospitalares, como a Medicina Física e Reabilitação, e Estomatologia, articulando-se

com a Gestão de Recursos Humanos e Direção e Administração do Centro Hospitalar.

No que diz respeito a prevenção de queixas e lesões músculo-esqueléticas muito terá

contribuído a redação e aprovação, pela Administração, de Procedimentos

Multissectoriais (SST 101, SST 110 e SST 113). Estes procedimentos foram aprovados

de forma a normalizar e universalizar processos, controlar e prevenir a exposição aos

fatores que conduzam a LMELT.A Saúde Ocupacional e a Medicina Física e

Reabilitação disponibilizam um programa de Classes de Reeducação Postural, gratuito,

para todos os profissionais do CHLC. O acesso a este programa e realizado por adesão

voluntária através encaminhamento médico, implicando sempre uma primeira avaliação

pela Medicina do Trabalho.

Através da avaliação e quantificação do nível de risco, é possível estabelecer estratégias

de prevenção e propor medidas corretivas, com o objetivo de melhorar as condições de

trabalho e prevenir, quer acidentes, quer doenças, ou lesões ósseas tendinosas e

musculares, ou seja músculo-esqueléticas, relacionáveis com o trabalho.

Com este trabalho, pretende-se identificar os sintomas de LMELT ,através da análise

das situações reais de trabalho, e da avaliação do risco de LMELT, de forma a propor,

um programa de prevenção de LMELT, apoiado por um protocolo de vigilância da

saúde dos profissionais, expostos a maior risco de LMELT.

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II. Enquadramento teórico

1. A importância do estudo das lesões músculo-esqueléticas relacionadas ou

ligadas ao trabalho – LMELT.

Designam-se LMELT (lesões músculo-esqueléticas relacionadas ou ligadas ao trabalho)

as lesões que resultam da ação de fatores de risco profissionais, como os movimentos

repetidos, a carga e a sobrecarga de trabalho, as posturas adotadas durante o trabalho.

As Lesões Músculo-Esqueléticas (LME) são, desde há muito, reconhecidas como

doenças “ligadas” ao trabalho (LMELT), existindo mesmo referências, na sua etiologia,

a posturas articulares extremas e movimentos repetidos dos membros superiores, É

ainda indispensável que seja feito o diagnóstico precoce dos casos existentes e que

sejam tomadas medidas para prevenir o agravamento de lesões já diagnosticadas.

As LMELT são frequentes em situações de trabalho onde se verifica a exposição a

fatores de risco, em particular a nível postural, de aplicação de força, de repetitividade,

de exposição às vibrações e ao frio (BALOGH, 2001) (KARWOWSKI, 1999)

(BALOGH, 2001) (FREDRIKSON, 2000).

Nas duas últimas décadas do século XX, as LMELT adquiriram, no mundo em geral

uma importância considerável.

Na Europa os resultados do um inquérito às condições de trabalho revelam que 22,8%

dos trabalhadores referem sintomatologia músculo-esquelética ligada ao trabalho e

22,6% manifestam a presença de fadiga no trabalho, o que pode ser indicador de uma

carga excessiva (SERRANHEIRA F., 2009).

Sabe-se que entre os diversos sectores de trabalho a saúde emprega, no espaço europeu,

cerca de 10% de todos os trabalhadores, dos quais, aproximadamente, 79% são do sexo

feminino o que pode condicionar maiores prevalências de LMELT. Observa-se

igualmente que, quer a nível da perceção do risco de LMELT, quer a nível da exposição

a fatores de risco da atividade, tais valores, nesse sector, se encontram alguns pontos

acima da prevalência média (25,7%) de referenciação europeia das LMELT. Nesse

contexto e com base em estudos efetuados (SERRANHEIRA & ROSÁRIO, 2006) é

possível inferir que a prevalência das LMELT nos profissionais de saúde em Portugal

seja elevada o que, para além da dor e do e do sofrimento pessoal, pode ocasionar

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eventuais alterações nos procedimentos considerados como mais adequados de trabalho,

erros e até acidentes que podem originar elevados custos individuais, quer para os

profissionais, quer para os doentes, assim como os custos intangíveis para a sociedade

em geral (SERRANHEIRA F., 2009)

Apesar das doenças profissionais se encontrarem referidas na Lista das Doenças

Profissionais (Decreto Lei nº 6/2001, de 5 de Maio) e existir obrigatoriedade da sua

notificação, são escassas as referências quantificadas de morbilidade e,

consequentemente, não são conhecidos dados estatísticos que permitam conhecer, com

o mínimo de rigor, a importância relativa das LME. É também difícil caracterizar o

diagnóstico da doença profissional, calculando-se que possam ficar por diagnosticar

uma boa parte das LMELT, circunstância, de resto, comum a muitas outras doenças

profissionais (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005).

Segundo a Organização Mundial de Saúde, as “Doenças Relacionadas com o Trabalho”

(denominadas também “work-related diseases”) são patologias de natureza multifatorial

nas quais o ambiente de trabalho e a atividade profissional contribuem

significativamente, mas apenas como um entre uma série de fatores, para a etiologia da

doença (W.H.O., 1985).

Com efeito, estudos epidemiológicos evidenciam um modelo multifatorial de risco

para as LMELT destacando-se contributos de:

(1) Fatores de risco ligados ao trabalho ou fatores da atividade profissional, pouco

valorizados pelas organizações e responsáveis pela saúde dos trabalhadores;

(2) Fatores de risco individuais ou relativos à suscetibilidade individual

(3) Fatores de risco organizacionais/psicossociais presentes no contexto do trabalho,

que embora sejam também fatores de risco profissionais, são frequentemente

perspetivados de forma distinta dos fatores profissionais “clássicos” (Tabela 1 -

(SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005))

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(1) Profissionais (2) Individuais (3) Organizacionais/

Psicossociais

Aplicação de força Idade Ritmos intensos de trabalho

Levantamento e transporte decargas

Sexo Monotonia das tarefas

Choques e impactos Peso Pressão temporal

Repetição de movimentos Características antropométricas Estilo de chefia

Posturas estáticas ou repetidasno limite articular

Situação de saúde Avaliação do desempenho

Contacto com ferramentasvibratórias

Patologias Exigência de produtividade

Temperaturas extremas – frio Estilos de vida não saudáveis Trabalho por objetivos

Tabela 1 - Fatores de risco das LMELT durante a atividade (exemplos)

As LMELT abrangem situações clínicas que se caracterizam por uma sintomatologia

que, frequentemente, engloba a dor localizada ou irradiada, as parestesias, a sensação de

peso, a fadiga (ou o desconforto) localizada a determinado segmento corporal e a

sensação (ou mesmo a perda objetiva) da força (KUORINKA & FORCIER, 1995) Nas

situações clínicas que evoluem para a cronicidade podem surgir sinais inflamatórios, o

edema e a dor.

As lesões músculo-esqueléticas (LME) podem afetar diferentes partes do corpo. São

síndromes de dor crónica que ocorrem no exercício de uma dada atividade profissional

“ligadas ao trabalho” (LMELT). As lesões músculo-esqueléticas dos membros

superiores relacionadas (ou ligadas) com o trabalho (LMEMSRT ou LMEMSLT) são as

que são referidas com maior insistência em certas condições de trabalho como, por

exemplo, as atividades implicando tarefas repetitivas, a aplicação de força ou o trabalho

que requeira posições das articulações muito exigentes.

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2. Razão do estudo

As Lesões Músculo-Esqueléticas relacionados com o Trabalho (LMELT) são as

patologias mais frequentes e onerosas, pelo número de dias de trabalho perdidos e pelos

custos que representam a nível económico, e humano.

Estas lesões – LMELT – manifestam-se por alterações a nível dos músculos, dos

tendões, dos ligamentos, dos nervos bem como das articulações e cartilagens (INRS,

2005). Têm sido na Europa uma das patologias mais prevalentes no contexto das

doenças profissionais (JUUL-KRISTENSEN, 2001). O diagnóstico, do risco e os

critérios de identificação dos fatores que o determinam, bem como, a análise e

identificação dos riscos são de particular importância, pois os fatores de risco presentes

no local de trabalho são complexos e variam, consoante a situação, de acordo com as

condições de trabalho e atividade exercida.

A análise da atividade real de trabalho integrando as condições de trabalho, análise da

atividade, (como o trabalho é realizado) e as consequências da atividade sobre o

trabalhador são de fundamental importância para o desenvolvimento dos sistemas de

prevenção das lesões (CUNY & LEPLAT, 1977) (FARIA, 1987).

Qualquer avaliação de risco deve, enquadrar o contexto do posto de trabalho, identificar

os fatores (de risco) presentes, nessa situação, para que, de seguida, seja possível passar

à sua avaliação. Cada posto de trabalho é único e a abordagem de diagnóstico e gestão

do risco de LMELT deve ser perspetivada em função da situação real de trabalho,

privilegiando as suas particularidades, no sentido da efetiva atuação preventiva, isto é,

da gestão do risco face à dimensão dos problemas (SERRANHEIRA F. , 2007).

Na Europa, múltiplos organismos internacionais, têm produzido documentação técnica

sobre a avaliação deste tipo de risco, encontrando-se em elaboração, as normas

europeias, sobre as LMELT, no âmbito dos diplomas das Diretivas de Máquinas,

preparada pelo comité técnico de ergonomia e que englobou a Diretiva 90/269/EEC

sobre movimentação manual de cargas. Trata-se de um conjunto de normas que

estabelecem definições, princípios e orientações sobre as características e capacidades

humanas relativamente à aplicação de força, posturas no trabalho, repetividade gestual,

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períodos de recuperação e integram também aspetos relativos, à avaliação de risco de

LMELT.

Para o diagnóstico do risco existem múltiplos mecanismos de avaliação da exposição

aos fatores de risco que o determinam os fatores de risco, bem como exposição dos

trabalhadores a estes fatores (SERRANHEIRA F. , 2007).

A realidade dos fatores de risco presentes nos locais de trabalho, nomeadamente nos

hospitais e concretamente no CHLC – bloco operatório de Neurocirurgia – é

extremamente complexa e varia de acordo com a situação de trabalho. As características

específicas de cada local de trabalho (condições de trabalho) e a atividade exercida

(atividade de trabalho) são elementos fundamentais que contribuem para a prevalência

de lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho.

A perspetiva ergonómica permite destacar a importância da realização da análise da

atividade real de trabalho, nomeadamente ao integrar e procurar relações entre (1) a

análise das condições de trabalho; (2) a análise da atividade de trabalho, isto é, a forma

“como” o trabalho é realizada e (3) as consequências da atividade sobre o trabalhador e

sobre o sistema.

Esta sistematização constitui um contributo fundamental para a compreensão dos

sistemas de trabalho e para o desenvolvimento dos sistemas de prevenção das

LMEMSLT (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005). Resumindo, os serviços de

Saúde Ocupacional do CHLC, dado o e frequência deste tipo de lesões, além das

formações realizadas pelo serviço e dos procedimentos aprovados pelo Conselho de

Administração, adotando métodos ergonómicos este serviço promove a prevenção,

vigilância dos riscos e proteção dos profissionais.

Nos dois gráficos da página seguinte, estão reportados dados relativos a doenças

profissionais participadas (gráfico 1) e reconhecias (gráfico 2) no CHLC dos últimos 10

anos, apresentados nas I Jornadas Portuguesas de Segurança nos Hospitais pela Dra.

Maria João Manzano. Nestes destacam-se a grande percentagem casos de doenças

participadas de LME no CHLC

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Gráfico 1-Doenças participadas no CHLC no período 2000 / 2010 em 160

Gráfico 2 - Distribuição de Doenças reconhecidas no período 2000 / 2010

3. As LMELT

As lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT) são patologias de natureza

multifatorial, nas quais o ambiente de trabalho (ou seja incluindo as condições de

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12

trabalho, a organização e o trabalhador), e a atividade real, contribuem, para a etiologia

das lesões.

As LMELT são frequentes, em meio hospitalar principalmente em enfermeiras e

assistentes operacionais. Em meio ocupacional o diagnóstico destas patologias é, com

frequência, realizado com questionários que estudam os sinais e sintomas músculo-

esqueléticos relacionados com a atividade do profissional.

A aplicação de questionários, principalmente, o questionário nórdico, que referencia,

sintomas de LMELT, tem permitido recolher informação sobre a prevalência europeia

destas lesões, registando-se valores que oscilam entre 17% e os 44% (SERRANHEIRA

& ROSÁRIO, 2006).

As LMELT geralmente localizam-se no membro superior (LMEMSRT) e na coluna

vertebral, mas podem ter outras localizações, como os joelhos ou os tornozelos,

dependendo a área do corpo afetada, da atividade de risco desenvolvida pelo trabalhador

As zonas anatómicas mais afetadas por estas patologias são a região cervical, os

ombros, os membros superiores, incluindo braço, cotovelo, antebraço, punho, mão e

dedos, e, de modo geral, a coluna vertebral, com particular evidência a nível da região

lombar (BERNARD, 1997).

As principais lesões músculo-esqueléticas referidas por grande número de autores são as

que seguidamente se apresentam, sistematizadas pelas diferentes áreas anatómicas

(SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005)

Contudo, as queixas mais frequentemente referidas são a dor localizada ou irradiada,

desconforto, fadiga localizada, sensação de peso, parestesias, sensação de perda de

força, e edema. Estes sintomas são referenciados em diferentes associações e graus de

gravidade consoante o quadro clínico e o estádio, sendo certo que a dor está quase

sempre presente (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005).

Geralmente os sintomas surgem de modo insidioso, com predomínio no final do dia de

trabalho ou durante os picos de produção, ocorrendo alívio com o repouso, nos períodos

de descanso, nas folgas e fins de semana. A continuação da exposição aos fatores de

risco leva a que os sintomas inicialmente, intermitentes se convertam em persistentes,

Page 17: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

13

prolongando-se durante a noite, dificultando ou impedindo o sono e subsistindo nos

períodos de repouso. Os sintomas passam a surgir, por esforços mínimos, interferindo

com o trabalho, com as outras ocupações, e com as atividades simples do quotidiano.

Numa fase mais avançada da doença a sintomatologia pode aparecer espontaneamente

ou por alteração das condições térmicas ou a ansiedade (RANNEY, 2000).

As características fisiopatológicas, e critérios de diagnóstico médico, são, por tudo isto,

muito importantes.

As LMELT caracterizam-se por sintomas como:

• Dor, a maior parte das vezes localizada, mas que pode irradiar para áreas

corporais;

• Sensação de parestesias na área afetada ou em área próxima;

• Sensação de peso;

• Fadiga ou desconforto localizado;

• Sensação de perda ou mesmo perda de força.

Quando as situações clínicas evoluem para a doença crónica, pode surgir também

edema da zona afetada e hipersensibilidade aos estímulos, como, por exemplo, ao

“toque”, ao esforço, ou, às diferenças de temperatura.

Como já foi referido anteriormente, a origem das LMELT é multifatorial, contribuindo

para o seu desenvolvimento os fatores de risco que poderemos agrupar em:

(SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005).

• Relacionados com a atividade de trabalho;

• Individuais;

• Psicossociais/organizacionais.

Assim, adotaremos um questionário que pretende estudar os fatores de risco

intimamente ligados à atividade trabalho, procurando identificar e quantificar os

parâmetros de exposição a que os trabalhadores estão sujeitos, assim como, as variáveis

independentes como a postura, repetividade, aplicação de força, etc.

Deste modo, agruparemos as LMELT de acordo com a estrutura afetada.

Page 18: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

14

• Tendinites são lesões localizadas ao nível dos tendões e bainhas tendinosas

• Síndrome canalicular, em que há lesão de um nervo, como acontece na

Síndrome do Túnel Cárpico e na Síndrome do canal de Guyon;

• Raquialgias, em que há lesão osteoarticular e/ou muscular ao longo de toda a

coluna vertebral ou em alguma parte desta;

• Síndromes neuro-vasculares, em que há lesão nervosa e vascular em simultâneo.

4. Descrição das principais LMELT

a) Tendinite da coifa dos rotadores

É uma das mais frequentes patologias do ombro e resulta da realização de atividades

que exigem a elevação mantida ou repetida dos membros superiores ao nível dos

ombros ou acima deles ou ainda da realização de movimentos de circundação com os

braços elevados (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005).

b) Síndrome do túnel cárpico

A Síndrome do túnel cárpico (STC) é uma neuropatia periférica, causada pelo

encarceramento do nervo mediano por compressão, estiramento, fricção ou angulação

num espaço confinado que é o túnel cárpico, canal osteo-fibroso, limitado pela goteira

cárpica formada pelos ossos do carpo e o ligamento anular do carpo, que é inextensível.

No essencial, trata-se de uma afeção clínica resultante da compressão contínua (ou

intermitente) do nervo mediano, no punho que apresenta um conjunto de sintomas,

designadamente formigueiro, entorpecimento, dor ou uma sensação de ardor na área de

distribuição do nervo mediano, lado palmar da mão e nos primeiros três dedos. As

queixas noturnas são frequentes, podendo também ocorrer uma sensação subjetiva de

debilidade (“fraqueza”) e irradiação (SLUITER, REST, & FRINGS-DRESEN, 2001).

A compressão regional do nervo com pressões de 20 mm Hg pode diminuir o fluxo

microvascular e pressões de 30 mm Hg ou superiores, podem mesmo parar a circulação

axonal, provocar alterações hemáticas e neurológicas e, provocar edema neural que se

mantém até 24h após a paragem da ação do fator de risco que levou a essa situação. Por

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Fernando Biscaia Fraga

15

sua vez o próprio edema reduz a circulação sanguínea no nervo. As posições de

hiperextensão do punho e em menor grau de flexão, frequentemente observadas nas

atividades profissionais, elevam a pressão no túnel cárpico acima dos 30 mm Hg, e

“empurram” o semilunar, comprimindo desse modo o nervo mediano contra o

ligamento anular. Em hiperflexão, o bordo anterior do rádio comprime o nervo contra o

ligamento anular do carpo, sendo esta situação agravada quando associada a flexão dos

dedos. A existência simultânea de uma tendinite dos flexores dos dedos é um fator

agravante de todo este quadro (PUJOL, 1993).

Na síndrome do túnel cárpico a sintomatologia é principalmente sensitiva: parestesia

dos três primeiros dedos das mãos, principalmente do 2º e 3º dedo, por vezes com

irradiação para o antebraço. As dores são contínuas, intermitentes ou paroxísticas e é

característico o seu aparecimento durante a noite, acordando o indivíduo ou impedindo-

o de conciliar o sono. As dores podem aumentar com a híper solicitação do punho e

mão, o transporte de cargas e o apoio prolongado sobre o punho (LOPES & UVA,

2002).

c) Tendinite dos flexores

A dor inicialmente surge localizada às estruturas afetadas, mantém-se durante o

desenvolvimento de atividade quando do início, mas, progressivamente irradia em

ambos os sentidos e prolonga-se no tempo, persistindo aquando da realização de outras

atividades e mesmo em situações de repouso (BERNARD, 1997).

d) Tendinite dos flexores/extensores do punho

A tendinite do punho/mão é utilizada para designar processos patológicos que com

frequência indicam características degenerativas e/ou inflamatórias dos tendões e dos

ligamentos tendinosos e musculares que passam pela articulação rádio cárpica. A lesão

é descrita como resultado de micro lesões do tecido tendinoso que surgem por Acão

repetida de uma carga mecânica e, com frequência, manifesta-se por dor intermitente

desencadeada pelo movimento da mão/punho (SLUITER, REST, & FRINGS-DRESEN,

2001).

e) Síndrome hipotenar do martelo

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Fernando Biscaia Fraga

16

A síndrome hipotenar do martelo é um tipo de lesão englobada nas patologias músculo-

esqueléticas apesar de se tratar de uma lesão vascular. Está frequentemente relacionada

com a tarefa executada na presença ou em contacto com equipamentos que produzem

vibrações. Caracteriza-se por sinais e sintomas de isquémia digital causadas por

trombose e/ou aneurisma da artéria cubital e/ou da arcada palmar superficial

(SERRANHEIRA F. , 2007).

f) Tendinites do punho

As tendinites do punho e as tendinites com sinovites do punho são desencadeadas pela

realização de movimentos repetitivos de flexão/extensão do punho e dedos, mesmo

quando são realizados com o manuseamento de pequenas cargas, ou pela manutenção

de uma carga em postura inadequada (SERRANHEIRA F. , 2007).

g) Epicondilite

A epicondilite é uma doença caracterizada por dor intermitente na região do cotovelo,

na junção músculo-tendinosa, ou nos pontos de inserção dos extensores do punho

(epicondilite lateral) ou dos flexores do punho (epicondilite mediana) na região do

cotovelo. As características clínicas da epicondilite são descritas com a presença de dor

como sintoma primário, geralmente localizada próximo da região dos epicôndilos

laterais ou medianos, irradiando, por vezes, para o antebraço. Um outro sintoma pode

ser a debilidade do gesto de “agarrar”. Os sintomas são frequentemente provocados pelo

movimento de agarrar ou levantar objetos, isto é, por movimentos de supinação e de

pronação frequente do antebraço ou pela extensão do cotovelo. Na fase aguda o doente

pode referir sintomas em repouso (SLUITER, REST, & FRINGS-DRESEN, 2001) (

h) Raquialgias

As raquialgias, geralmente chamadas de “dores nas costas ou das cruzes”, são das

queixas mais frequentemente associadas ao trabalho. Os sintomas variam de acordo com

a região da coluna vertebral afetada: cervical, dorsal ou lombar. As lombalgias (ou

Page 21: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

17

lumbago) e as dores cervicais são as queixas mais frequentes. As posturas prolongadas

de pé, os movimentos frequentes de flexão e de extensão da coluna, o manuseamento e

transporte de cargas, a permanência sentado em trabalho com computador são causas

possíveis de raquialgias.

i) Doença de “Quervain”

A Doença de De Quervain resulta da inflamação do longo abdutor e do curto extensor

do polegar, no 1º compartimento dorsal do punho. Histologicamente a bainha tendinosa

e o tendão sofrem metaplasia fibrocartilagínea, com aumento dos condrócitos. As

atividades que obrigam ao uso do polegar em pinça término-lateral ou o desvio

repetitivo no plano transversal (radial ou cubital) são fatores potencialmente

determinantes, nesta situação clínica (HUTSON, 1999). A dor inicialmente surge

localizada às estruturas afetadas, mantém-se durante o desenvolvimento de atividade de

início , mas, progressivamente irradia em ambos os sentidos e prolonga-se no tempo,

persistindo aquando da realização de outras atividades e mesmo em situações de

repouso (BERNARD, 1997).

5. O que é um fator de risco de LMELT?

Duração

Exposição ao fator de risco Intensidade = risco de LMELT

Frequência

De acordo com o modelo proposto por Colombini (Colombini, 1998), durante o diag-

nóstico do risco de LMEMSLT (Figura 1) é possível considerar uma primeira fase: a

identificação preliminar dos fatores de risco de LMEMSLT presentes na situação de

trabalho (SERRANHEIRA F. , 2007).

Essa fase pode ser utilizada no sentido de (1) selecionar qual o instrumento filtro ou

método que deve ser utilizado na avaliação preliminar do risco e (2) identificar a neces-

sidade de uma avaliação com maior detalhe. Este processo permite que sejam primeira-

mente utilizados instrumentos de aplicação rápida e fiável para “diferenciar” os locais

Page 22: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

18

de trabalho, destacando, por um lado, a identificação de existência de ciclos de trabalho

ou trabalho com cadências impostas, o predomínio de exigências musculares particu-

larmente com aplicações de força e existência de posturas extremas a nível do membro

superior, por outro a presença de atividades cognitivas, designadamente tarefas de

inspeção ou de qualidade (SERRANHEIRA F. , 2007).

Assim, em cada posto de trabalho e em cada atividade, é necessário:

a) Identificar e quantificar as ações técnicas necessárias para a realização da ativi-

dade (para cada membro superior);

b) Determinar o tempo médio do ciclo de trabalho;

c) Quantificar os tempos de pausa e a sua distribuição ao longo do período normal

do trabalho;

d) Identificar os tempos de permanência em cada posto de trabalho e avaliar as

possíveis rotações por diferentes postos.

Figura 1 - Modelo de identificação do risco de LMEMSLT (adaptado de CEN, 2005)

Baixo risco

Avaliaçãodo risco

Identificação dosfatores de risco de

LMEMSLT

Redução do risco:

Reconcepção

Método 1Avaliação geral

do risco

Método 2Avaliação

detalhada do risco

Feedback

Inexistência

Presença defator de risco

Baixo risco

RiscoRisco

Page 23: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

19

De modo geral, sempre que se verifica a presença ou a existência de fatores de risco de

LMELT, particularmente uma qualificação de fatores de risco, que indicie, para a

eventualidade de níveis elevados de risco, é necessário proceder a uma avaliação com

maior detalhe (COLOMBINI, 2001)que considere a dose de exposição (intensidade x

tempo x frequência) aos principais fatores de risco.

Este processo gradativo de diagnóstico do risco de LMEMSLT deve ser mantido

sempre que se verifique a necessidade de detalhe na avaliação da exposição aos

principais fatores de risco durante a atividade de trabalho. Esta fase, cumulativamente

com outros momentos, é de análise da situação de trabalho parte integrante da análise

ergonómica e, com frequência, dá origem a um processo de intervenção conducente à

melhoria da situação de trabalho (controlo do risco) atuando, por exemplo, sobre os

equipamentos, utensílios, ferramentas, mobiliário, entre outros, no sentido da adequação

da interface homem-sistema (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005).

A identificação e a quantificação desses elementos, habitualmente efetuada, com

recurso a métodos observacionais aplicados na situação real de trabalho, são

fundamentais. É o caso do presente trabalho. No entanto considera-se, igualmente,

essencial que os métodos permitam obter informação objetiva sobre outros aspetos

relacionados com a atividade de trabalho, designadamente: (1) a postura de cada ação

técnica; (2) a força aplicada nas ações técnicas; (3) a exposição a vibrações ou o

contacto com ferramentas vibratórias; (4) a exposição a ambientes térmicos extremos,

em particular o frio e (5) a existência de utilização da mão como ferramenta de

percussão em superfícies, ferramentas ou peças (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA,

2005).

Os principais fatores de risco de desenvolvimento de LMELT são os movimentos

estereotipados, os gestos frequentes, a aplicação de força, o levantamento de cargas, a

postura extrema e a ausência de períodos de recuperação entre tarefas

(SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005). Destes fatores de risco, os movimentos

frequentes e, os longos períodos em posturas extremas são uma constante na atividade

estudada.

Page 24: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

20

a) Atividade

i. Posturas ou posições corporais extremas

A postura depende de vários aspetos, como, por exemplo: (1) o

alinhamento biomecânico; (2) a orientação espacial das várias zonas

corporais; (3) a posição relativa dos vários segmentos anatómicos e (4) a

atitude corporal assumida durante a atividade de trabalho. Quando se

assume uma posição quase no limite das possibilidades articulares fala-se

em postura ou posição extrema, e o risco de LMERT aumenta.

ii. Aplicação de força

A força é um conceito difícil de definir, mas não é igual a esforço, apesar

da aplicação de força exigir sempre que o músculo funcione. Também o

levantamento de cargas pode ser um importante fator de risco de lesão ou

doença da coluna vertebral.

iii. Repetitividade

Avaliar se o trabalho é repetitivo exige saber se existem ciclos de

trabalho ou tarefas em linhas de produção onde se utilizem, por exemplo,

idênticos movimentos, posturas ou aplicações de força com as mesmas

regiões anatómicas (ex.: os braços e as mãos).

A invariabilidade gestual também pode ser um fator de risco de LMERT.

iv. Exposições a elementos mecânicos

O contacto do corpo do trabalhador com outros elementos (ex.: bancadas

ou ferramentas) constitui outro fator de risco de LMELT. Tal como todos

os restantes fatores de risco físicos, os efeitos também dependem da

frequência, da intensidade e da duração da exposição.

Page 25: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

21

b) Fatores de risco individuais

i. Idade

A idade costuma ser considerada um fator de risco e poderá, de facto,

não o ser. Há todavia uma diminuição da força máxima voluntária

associada ao envelhecimento e alterações da mobilidade articular, esses

sim, verdadeiros fatores de risco

ii. Sexo

O sexo costuma igualmente ser considerado como um fator de risco,

contudo não existem diferenças de risco entre sexos quando são sujeitos

a idênticas exposições aos diversos fatores de risco, ainda que, em

média, as mulheres tenham menos força muscular

iii. Altura, peso e outras características antropométricas

A (in) compatibilidade entre as características das pessoas e as

exigências do trabalho pode constituir um fator de risco, principalmente

para quem tem medidas afastadas dos valores médios. Frequentemente,

os indivíduos altos ou baixos são confrontados com postos de trabalho

sem ajustabilidade e dimensionados para a média dos trabalhadores

(frequentemente do sexo masculino), o que pode originar ou agravar a

existência de doença ou lesão, em particular no sexo feminino.

iv. Situação de saúde

Algumas doenças como a diabetes, doenças do foro reumatológico,

certas doenças renais ou antecedentes de traumatismo, podem constituir

uma suscetibilidade acrescida, e ser agravadas pelo ritmo e exigências do

trabalho. A gravidez é outro exemplo de uma situação que pode acarretar

modificações a nível músculo-esquelético.

Page 26: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

22

c) Fatores de risco organizacionais e psicossociais

i. Ritmos intensos de trabalho

A perceção de ritmos intensos de trabalho e/ou de elevadas exigências de

produtividade é considerada fator de risco de LMELT.

ii. Monotonia das tarefas

A ausência de estímulos pode originar stress que, por sua vez, pode vir a

desencadear lesões músculo-esqueléticas.

iii. Insuficiente suporte social

As condições de vida, o envolvimento social e de trabalho podem

constituir fontes de motivação ou da sua ausência, o que é, com

frequência, motivo para minimizar ou maximizar a sintomatologia

associada com a atividade de trabalho.

iv. Modelo organizacional de produção

Os horários, os turnos, os ciclos de produção (principalmente as alturas

de picos de trabalho), o trabalho em linha, as pausas são, entre outros,

alguns dos elementos que podem aumentar a “carga de trabalho”,

originando situações de incompatibilidade com as capacidades do

trabalhador.

Fatores de risco profissional no CHLC

Os fatores de risco a nível profissional a que se encontram expostos os trabalhadores de

saúde classificam-se do ponto de vista etiológico, em quatro categorias principais (UVA

& Faria, 1992).

• Natureza Física

o Radiações ionizantes

o Radiações não ionizantes (Raios laser, campos eletromagnéticos, raios

catódicos e raiação ultraviolenta)

Page 27: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

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23

o Condições de iluminação

o Condições térmicas

o Fatores de risco elétricos

o Fatores de risco mecânicos

o Ruído

• Natureza Química

o Medicamentos

o Desinfetantes

o Esterilizantes

o Anestésicos gasosos e voláteis

o Citoestáticos

o Alergénios e irritantes respiratórios

o Alergénios e irritantes cutâneos

• Natureza Biológica

o Hepatite B

o HIV-SIDA

o Tuberculose

o Rubéola

o Herpes

• Natureza Psicossocial

o Stress

6. Exposição aos fatores de risco pode desencadear as LMERT?

A identificação dos fatores de risco de LMERT não é fácil, nem a compreensão da

interação entre esses fatores.

O que é decisivo para o aparecimento da lesão é a existência de um desequilíbrio entre

as solicitações do trabalho e as capacidades do indivíduo, quando não se respeitam os

intervalos de recuperação do nosso corpo.

Page 28: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

24

As condições de trabalho englobam as características ambientais do trabalho e a

capacidade de resposta do trabalhador.

A atividade de trabalho é influenciada pelas exigências da organização do trabalho e

pela exposição a fatores de risco. Este conjunto é modificado pelos modos operatórios

utilizados pelo trabalhador e pela forma como as suas características, antropométricas,

físicas e de estado de saúde condicionam, as posturas, as aplicações de força e, a forma

como o trabalhador responde às exigências externas (VAN DER BEEK & FRINGS-

DRESEN, 1998).

Existem muitas formas de medir o risco de LMEMSRT num posto de trabalho,

designadamente – Tabela 2:

(A) listas de verificação e identificação de fatores de risco;

Solicitações

CapacidadesIndividuais

Situ

ação

de

trab

alho

CapacidadesIndividuais

Solicitações

Tempo de recuperaçãoinsuficiente:

Elevada probabilidadede LMELT

Tempo de recuperaçãosuficiente:

Baixa probabilidade deLMELT

Figura 1-Solicitações no local de trabalho e capacidades funcionaisFigura 2 - Solicitações no local de trabalho e capacidades funcionais (Direcção Geral de Saúde, 2008)

Page 29: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

25

(B) métodos de observação dos postos de trabalho:

(B1) aplicados no local de trabalho;

(B2) aplicados em registos de vídeo;

(C) medição com recurso a instrumentação.

(A) (B1) (B2) (C)

Quando?Em todos os

postos detrabalho

Nos postos derisco provável

Nos locais derisco elevado

Nas situaçõesde trabalhocomplexas

Como?Observações e

registos

Observações eavaliações

quantitativas

Avaliaçõesquantitativas

Avaliaçõesespecializadas

Métodos

Listas deverificação e

identificação defatores de risco

Métodos deobservação no

local detrabalho

Métodos deobservação emregistos vídeo

Recurso ainstrumentação

Que custosNegligenciáveis:10 minutos/posto

Baixos: 1hora/posto

Moderados: 1a 2 dias posto

Elevados: 1 a 3semanas/posto

Quem?Trabalhadorescom formação

específica

Trabalhadores+ técnicos

Técnicos Peritos

Competênciasem

ErgonomiaFracas Moderadas Elevadas Especialistas

Tabela 2- Metodologia de identificação e avaliação do risco de LMERT (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA,2005)

A primeira etapa (A) - identificação geral dos fatores de risco) deve ser efetuada em

todos os postos de trabalho com a colaboração dos trabalhadores (particularmente se

tiverem formação em saúde e segurança e sobre os fatores de risco de LMEMSLT). Esta

etapa passa pela aplicação de métodos simples de avaliação do risco. Tais métodos são

considerados como “filtro” (grelha de verificação que permite identificar a presença (ou

ausência) de exposição aos principais fatores de risco. O objetivo é elaborar um registo

de todos os postos de trabalho relativamente à presença/ausência de fatores de risco de

LMELT.

A segunda etapa (B1) - métodos observacionais aplicados no local de trabalho) deve

privilegiar a análise dos postos de trabalho onde se verificou a presença de fatores de

risco de LMEMSLT, dando prioridade às situações de maior risco. (SERRANHEIRA,

2007)

Page 30: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

26

A fase subsequente (B2) – aplicação de métodos observacionais em registos de vídeo

dirige-se às situações de trabalho classificadas pelos métodos anteriores como de risco

elevado. Existem processos simples ou complexos de atuação que podem ir desde

sistemas de contagem de frequência, até métodos de elevada complexidade como a

análise através de registos vídeo da atividade de trabalho. Na generalidade, estes

métodos permitem uma quantificação de maior detalhe relativamente aos fatores de

risco e consequente exposição (quantificação e avaliação dos principais fatores de risco)

(SERRANHEIRA F. , 2007)

Finalmente, a última etapa a avaliação do risco com apoio de instrumentação é dirigida

às situações de trabalho extremamente complexas onde o risco foi classificado como

elevado pelos métodos anteriores e onde não for possível obter informação suficiente

para alterar o posto de trabalho.

Nesses casos devem ser aplicados métodos de avaliação do risco de LMELT suportados

por instrumentação, designadamente e entre outros a electro miografia (EMG), a

pressurometria, a acelerómetria ou a electrogoniómetria. (SERRANHEIRA F. , 2007)

Condicionantes externas - Condições de trabalho

• Condições sociais: situação social e económica da empresa, organização dos

espaços e do tempo de trabalho, modo de remuneração e trabalho isolado ou em

equipa.

• Condições físicas e ambientais: vibrações, ruído, calor/frio, produtos químicos,

luminosidade.

• Conteúdo do trabalho: objetivos do trabalho, modos de operar precisos, tipos de

tarefas.

• Planeamento técnico do posto de trabalho: equipamento, instrumentos,

informação, máquinas, sistema técnico e terminal.

Page 31: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

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27

III. Objetivos

Vigiar e promover ativamente a saúde, prevenindo a exposição a fatores que conduzam

ao aparecimento ou agravamento de LMELT identificando e quantificando os fatores de

risco e, vigiando mais ativamente os trabalhadores expostos. Promover a formação dos

trabalhadores, cultivando a prevenção e a divulgação e aplicação plena e permanente

das Normas e Procedimentos aprovadas, nesta área, pelo Conselho de Administração e

Recursos Humanos do Centro Hospitalar de Lisboa Central, por proposta do Serviço de

Saúde Ocupacional.

a) Objetivos Gerais

Análise das situações de trabalho no sentido da prevenção de LMELT e promoção da

saúde dos profissionais do CHLC (médicos, assistentes operacionais e enfermeiros

ligados ao bloco operatório de Neurocirurgia do Hospital de S. José), nomeadamente (1)

movimentos finos, repetidos e de alta precisão das mãos e membros superiores na sua

atividade quotidiana profissional (neurocirurgiões), (2) no transporte de doentes, (3)

carga, (4) mobilização, (5) transferência e (6) deslocações (assistentes e enfermeiras).

Identificar e controlar os fatores de risco, de LMELT. Vigiar a saúde e proteger os

trabalhadores expostos, prevenindo, formando, informando e promovendo os

Procedimentos aprovados e corretos, na mobilização de cargas, deslocação e

transferência de doentes e posturas.

b) Objetivos Específicos

1. Análise das diferentes atividades

Análise das diferentes atividades dos profissionais com as variáveis,

dependentes do trabalhador, (antropométricas, de saúde, dos antecedentes

pessoais, familiares, dos seus hábitos, e da sua experiência profissional), do

posto de trabalho e suas exigências de modo a efetuar uma correta análise do

trabalho (tarefas, posturas de risco e posturas extremas), e identificar os

sintomas através da aplicação de questionário e do estudo dos processos clínicos

Page 32: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

28

em SO, com registo de eventuais acidentes de trabalho ou doenças profissionais,

presumidas e/ou confirmadas, e toda a caracterização da história clínica e

laboral, de modo a elaborar um protocolo de vigilância ativa de saúde, deste

grupo de profissionais, na perspetiva da promoção da saúde pela prevenção,

formação dos profissionais.

2. Avaliação do risco em cada situação de trabalho.

A avaliação do risco em cada situação concreta de trabalho, previamente

sinalizada, com probabilidade marcada e/ou elevada da ocorrência de LMELT,

através da aplicação dos métodos RULA e/ou REBA.

3. Identificação semiológica

• Por questionário nórdico, aplicado e respondido voluntariamente com

confidencialidade pelos trabalhadores do bloco operatório de

neurocirurgia, (com separação, /seleção, por classe profissional (tipo de

tarefas e suas implicações e riscos) envolvendo todos os profissionais

de enfermagem e assistentes operacionais, salvo se ausentes de

licença, quando do estudo.

• Por estudo dos processos clínicos de Saúde Ocupacional dos

profissionais envolvidos (do bloco operatório de Neurocirurgia).

4. A elaboração de proposta de prevenção de LMELT

A elaboração de proposta de prevenção de LMELT, válido para este grupo de

trabalhadores na perspetiva da prevenção clínica e na defesa da saúde do

trabalhador ou minimização dos efeitos nefastos das doenças profissionais,

nomeadamente na prevenção das lesões músculo-esqueléticas adquiridas durante

o período laboral, permitirá a elaboração de um protocolo de vigilância da saúde

preventivo de Lesões musculares e esqueléticas.

Page 33: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

29

IV. Metodologia

Os hospitais estão associados à prestação de serviços de saúde visando a assistência, o

tratamento e a cura dos doentes. No entanto, também são responsáveis pela ocorrência

de uma série de riscos à saúde daqueles que ali trabalham. A maioria dos hospitais

possui uma estrutura de alto nível de complexidade e diversidade de serviços e, em

consequência, de riscos ocupacionais. Existem, riscos de natureza física, química,

biológica e também, problemas músculo-esqueléticos, que são muito frequentes.

Para um correto diagnóstico, das situações de trabalho, para estudo das LMELT, é

fundamental a análise ergonómica do trabalho e a avaliação do risco (DENNIS, 2005).

A metodologia, aqui proposta, permite compreender os diversos fatores e elementos, em

causa, que interagindo entre si, contribuem para o diagnóstico da situação de trabalho, e

para o desenvolvimento de planos e programas de prevenção de LMELT

(SERRANHEIRA F., 2009)

Uma situação de trabalho é um sistema dinâmico, evolutivo e aberto, em que os

diversos elementos, não podem ser considerados independentemente das suas interações

(NOULIN, 1992).

a) Metodologia e delineamento do estudo

A corrente metodológica escolhida é a ergonomia da atividade humana (corrente

europeia) em que o seu principal objetivo é o de melhorar o trabalho, adaptando-o, às

características e exigências específicas dos contextos em que se desenrola a situação

real de trabalho, uma ergonomia da Saúde Ocupacional.

Para tal, o único instrumento metodológico a ser usado será a análise global da situação

real de trabalho, centrada na atividade do trabalhador, que permite evidenciar, o

conjunto de elementos que interagem entre si e representam os três níveis de análise do

trabalho:

• Condicionantes do trabalho (internas e externas);

• Atividade real;

• Consequências sobre a saúde do trabalhador.

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Fernando Biscaia Fraga

30

b) Condicionantes do trabalho

• Condicionantes internas ou do trabalhador

• Condicionantes externas ou da organização

a) Dispositivos técnicos

• Espaço físico

O bloco de neurocirurgia do Hospital de S. José é constituído

pelo vestiário, com instalações sanitárias separada por uma área

de transferência de doentes, uma sala de pausa, duas salas

operatórias, uma sala de desinfeção, uma sala de

descontaminação, um armazém e área de arsenal cirúrgico. Tem

ainda, uma zona suja e uma antecâmara das salas operatórias.

• Equipamento

Este bloco operatório neurocirúrgico, além dos equipamentos

comuns a qualquer bloco, dispõem

ainda arsenal e ferros cirúrgicos

adaptados à neurocirurgia,

intensificadores e imagem,

microscópios. Quanto ao

mobiliário além da maca e da

iluminação standard, existem

múltiplos bancos com apoio

lombar.

c) Análise documental

• Base de dados- PubMed, PróQuest, Emerald, b.on

• Bibliotecas ENSP, ACT, FCML,FCTL e CTS

• Normas e procedimentos no CHLC

• Documentação da ENSP,CHLC e ACT.

Figura 3 - Equipamento adequadopara a movimentação de doentes

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Fernando Biscaia Fraga

31

d) População alvo

Pela frequência dos sintomas, pela complementaridade deste estudo em relação ao

efetuado no primeiro estágio, foi selecionado por vários motivos, este Serviço - Bloco

Operatório Neurocirúrgico, e seus profissionais, médicos, neurocirurgiões e

anestesistas, enfermeiros instrumentistas, circulantes e adjuntos de anestesia e os

assistentes operacionais mais sujeitos a cargas e mobilização.

Na sequência do estudo realizado no estágio I que caracterizava postos de trabalho num

cirurgião plástico principal sujeito a movimentos repetidos e a cargas durante a cirurgia,

no presente estágio propõe-se levar a efeito o estudo da situação ocupacional de

enfermeiros e assistentes operacionais do Hospital de S. José, na vertente da promoção

da saúde, nomeadamente músculo-esquelética, durante e após o trabalho, nos blocos

operatórios neurocirúrgicos e em todo o Centro Hospitalar.

No caso do presente estudo apresentaremos o questionário nórdico adaptado aos

profissionais do bloco neurocirúrgico do Hospital de S. José. Para sua caracterização

foram registados, o sexo, idade, altura, hábitos tabágicos, alcoólicos e de atividade física

regular, bem como, experiencia profissional, antecedentes pessoais, e familiares,

acidentes e doenças anteriores, bem como anamnese com sintomas referidos, etc.

e) Amostra

A recolha de dados passou obrigatoriamente por uma análise documental exaustiva, mas

pertinente, da descrição da atividade real, e através da aplicação de um questionário.

Tudo isto com o objetivo de identificar e avaliar as exigências inerentes à atividade e à

exposição a fatores de risco com repercussão para a saúde.

A nossa amostra serão portanto os grupos profissionais colocados nas duas salas do

bloco operatório neurocirúrgico.

Enfermeiras e Assistentes Operacionais

O trabalho de enfermagem e assistentes operacionais do nosso estudo é desenvolvido

essencialmente por mulheres, e envolve numerosos fatores de risco para a saúde. As

auxiliares são duplamente penalizadas pelo acumular com o trabalho doméstico. Além

dos riscos, químicos, e biológicos a que num hospital num bloco operatório, estão ainda

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Fernando Biscaia Fraga

32

sujeitas a riscos biomecânicos, posturais, de ortostatismo prolongado e inerentes às

exigências e complexidade das tarefas e às cargas, mobilização e deslocações quer dos

instrumentos, quer dos doentes envolvidos.

f) Apresentação do questionário

O uso de questionários é muito antigo, mas este sistema permite colocar todas as

questões necessárias e pertinentes para a análise de um posto de trabalho (MONOD &

KAPITANIAK, 2003)

Fundamentada na metodologia da análise do trabalho, e tendo como linha orientadora os

objetivos gerais e específicos, elaborou-se um questionário (em anexo) de resposta

fechada e autopreenchimento para melhor caracterizar os seguintes aspetos:

características individuais e profissionais, as condições ambientais, o dispositivo

técnico, a organização do trabalho, carga de trabalho e consequências para a saúde.

O questionário tem quatro páginas e inicia-se com uma “folha de rosto” que pretende

ser uma introdução e uma explicação dos seus elementos constituintes indicando, entre

outros, os objetivos, a confidencialidade, o tempo e as regras de preenchimento.

Destaque para os objetivos no seio da Saúde Ocupacional e para a não existência de

utilização dos resultados para além desse domínio (SERRANHEIRA, UVA, & LOPES,

2008). A primeira parte do questionário é onde se pretendem identificar as principais

características sociodemográficas antropométricas e profissionais de cada trabalhador.

Solicitam-se, entre outros, os dados sobre o género (ou sexo), a idade, alguns elementos

antropométricos e outros relacionados com a organização do trabalho.

A segunda parte visa identificar elementos considerados pertinentes (fadiga,

desconforto, dor, inchaço) relativamente ao estado de saúde atual dos trabalhadores; à

sua saúde nos últimos doze meses, assim como à eventual existência de associação a

absentismo-doença. Existem, igualmente, questões no sentido da caracterização da

atividade física, dos hábitos tabágicos, do consumo de bebidas alcoólicas e da

identificação de algumas patologias, previamente diagnosticadas, que podem, de alguma

forma, influenciar o aparecimento ou o desenvolvimento das lesões músculo-

esqueléticas e, por essa razão, devem ser alvo de atenção.

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Fernando Biscaia Fraga

33

Na terceira parte do questionário pretende-se identificar a possível existência de

ingestão de medicamentos, a realização de tratamentos na área da Fisioterapia ou da

Reumatologia, bem como obter uma informação sobre a consulta a outros médicos, e,

em caso afirmativo, a respetiva razão, ainda que descrita de forma simples

A última parte do questionário pretende caracterizar, os postos de trabalho, que o

profissional ocupa, estudando o seu desempenho e identificando e caracterizando, se

houver sintomatologia, associada.

As questões constituem o “módulo do trabalho” e pretendem estabelecer eventuais

relações entre os postos de trabalho, fatores de risco de LMELT, atividades

consideradas com potencial risco e a sintomatologia domínio (SERRANHEIRA, UVA,

& LOPES, 2008). (Questionário em anexo)

Na interpretação dos resultados, deste questionário, podemos aferir a auto perceção, que

os profissionais têm, em relação á sintomatologia, musculo esquelética atual, ou seja,

uma visão percetiva e subjetiva do trabalhador, mas não sobre a situação real de

trabalho, pois a multiplicidade de fatores e motivações, em causa, no ambiente e

circunstancias do trabalho, real, é de ter em conta, sendo difícil contar, com todas as

variáveis.

g) Tratamento estatístico dos dados

Foi efetuada uma abordagem quantitativa e qualitativa de todos os dados fornecidos.

Relativamente aos dados quantitativos do questionário estes sofreram tratamento

informático utilizando o programa MS Excel., e usa o modelo de estatística univariada.

Em primeiro lugar foi definido um plano de operacionalização de variáveis para

posterior análise estatística descritiva dos dados. Dada a reduzida dimensão da amostra

não foi efetuada qualquer análise inferencial pois todos os resultados seriam

estatisticamente não significativos.

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Fernando Biscaia Fraga

34

V. Apresentação dos resultados

O Bloco operatório neurocirúrgico é constituído por duas salas operatórias, área de

apoio, área para o arsenal cirúrgico, armazém, zona de esterilização, zona de desinfeção,

vestiários, sala de pausa, sala de transferência, de doentes e de profissionais, próxima da

zona de entrada.

Executam as cirurgias de alta precisão e grande complexidade, normalmente longas.

Executam movimentos finos e notável precisão, utilizando os membros superiores, em

especial antebraço punho, mãos e dedos, com manipulações microcirúrgicas com

instrumentos de reduzidas dimensões com recurso ao microscópio e ao intensificador de

imagens. Recorrem a bancos, com apoio lombar.

Foto 1 -perspetiva geral do bloco operatório

Enfermeiros do Bloco NC do Serviço 10

i. Enfermeira circulante: Dá apoio à cirurgia e a todas as necessidades da sala

operatória, antes da cirurgia, preparando a sala, durante a cirurgia, sendo o

interlocutor entre a sala e o exterior. Tem ainda como tarefas, manipular os

produtos de desinfeção e de esterilização dos instrumentos cirúrgicos, e da sala.

Participa na deslocação, posicionamento e mobilização dos doentes.

ii. Instrumentista: É o responsável por todo o equipamento cirúrgico e pelo apoio

direto ao neurocirurgião no decurso da intervenção cirúrgica. Prepara os

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Fernando Biscaia Fraga

35

instrumentos, e participa ativamente, na cirurgia., Administra os medicamentos

prescritos e monitoriza os sinais vitais.

iii. Anestesista: Dá apoio ao médico anestesista, monitoriza os sinais vitais, durante

a cirurgia e administra a medicação de anestesia, e de reanimação que se torne

necessária e a equipa de anestesia prescreva. É o responsável por todos os

equipamentos nesta área.

Todas as manobras de reanimação são coordenadas pelo anestesista, mas

decorrem só quando necessário com o apoio e mobilização de toda a Equipa.

iv. Assistentes operacionais

Dão apoio a todas as tarefas de suporte do bloco operatório, a toda a

manipulação de cargas e equipamentos necessários, bem como mobilização e

qualquer tarefa que implica a deslocação, o posicionamento e a transferência de

doentes. Preparam e transportam o equipamento cirúrgico, e os doentes e

executam as desinfeções das salas.

Condicionantes internas

• Fisiológicas: características antropométricas, biomecânicas, sensoriais, eneurofisiológicas

• Psicológicas: conhecimento, experiência, qualificação e personalidade

• Sociais: inserção social e profissional

a) Atividade real

A carreira de enfermagem contempla 3 áreas de atuação: a área de prestação de

cuidados, a de gestão e a de assessoria (Decreto-Lei nº 437/91, de 8 de Novembro).

No âmbito da prestação de cuidados de enfermagem gerais, os enfermeiros estão

inseridos num contexto de atuação multidisciplinar onde intervêm quer em

interdependência com outros técnicos ou de forma autónoma.

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Fernando Biscaia Fraga

36

As intervenções interdependentes são levadas a cabo em colaboração com outros

elementos da equipa de saúde, como por exemplo na implementação do tratamento

médico.

As intervenções autónomas ou independentes são ações definidas pelo enfermeiro,

resultantes do seu processo de tomada de decisão. Estas intervenções incluem, no geral,

ações como aconselhamento, ensino, treino e cuidados diretos ao doente, de acordo com

as necessidades diagnosticadas.

A um nível mais prático, são atividades de enfermagem avaliar sinais vitais (tensão

arterial, temperatura, respiração e pulso), posicionar e movimentar os doentes

dependentes transferir doentes entre macas, camas e cadeiras de rodas, preparar doentes

para a cirurgia, exercer a vigilância do doente, efetuar pensos, administrar vacinas,

injeções, transfusões de sangue e soros; enfim, são suas funções constantes a

observação, a avaliação e o registo de sinais, sintomas, reações e evolução pré e pós

operatória.

Também é do seu âmbito profissional planear e realizar intervenções de enfermagem,

tais como a promoção e ensino dos cuidados de higiene/saúde, e adesão ao regime

terapêutico (doentes crónicos) e a promoção de ações educativas no âmbito de cuidados

preventivos de saúde.

Além dos cuidados de enfermagem gerais alguns enfermeiros prestam cuidados

específicos numa determinada área de especialização, como no bloco operatório, de

neurocirurgia.

Foto 2 - Enfermeiras no bloco operatório

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Fernando Biscaia Fraga

37

À medida que os enfermeiros evoluem na carreira às suas funções de prestação de

cuidados podem somar-se as de gestão e assessoria técnica, como gerir, orientar e

avaliar outros enfermeiros, gerir recursos materiais (medicamentos, materiais de

consumo e outros) e equipamentos, divulgar informação técnico-científica, emitir

pareceres técnicos na área da enfermagem/saúde e desenvolver trabalhos que visem a

adequação dos recursos de enfermagem às necessidades das populações, entre outras.

Alguns enfermeiros desempenham ainda funções no âmbito da investigação e da

docência

Nas instituições hospitalares, sendo estas as que nos interessam no âmbito deste estudo,

a atividade de enfermagem é desenvolvido de Segunda-feira a Domingo, em jornada

contínua e/ou por turnos, durante 24 horas, com direito a um dia de descanso semanal,

acrescido de um dia de descanso complementar. Deste modo, teremos, conforme

normativo legal, uma distribuição diária média de trabalho de 7 horas. Mas há muitos

profissionais que acrescem ao horário semanal, horas de trabalho em outras instituições

de saúde.

As múltiplas tarefas profissionais desenvolvidas a nível hospitalar comportam

atividades diversas, suscetíveis de implicar a exposição a múltiplos fatores de risco, de

natureza profissional, que podem causar efeitos adversos para a saúde, causando

doença, ou interagindo e agravando doenças preexistentes.

Dada a metodologia escolhida, o desenho de estudo adequado é do tipo observacional,

onde não existe qualquer tipo de interferência por parte do autor.

Foto 3 - Enfermeiros e cirurgiões na sua atividade

Page 42: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

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5.1. Bloco Operatório

O Bloco Operatório de Neurocirurgia – Pólo HSJ é constituído por várias áreas. As

especificações das áreas são descritas de seguida.

• Vestiários;

• Instalações Sanitárias;• Área de Transfer - Doentes;• Sala de Pausa;

• Sala Operatória 1;• Sala Operatória 2;

• Corredor entre Bloco e Transfer;• Transfer - profissionais;• Arrecadação do Bloco;

• Sala de Desinfeção;• Arsenal Cirúrgico;

• Sala de Descontaminação;• Zona Suja;

• Antecâmara das Salas Operatórias;• Gabinete da Enfermeira-Chefe;• Sala de Enfermagem;

• Área de Posto de Trabalho Informatizado (próximo do Transfer);

Foto 4 - Ajudas técnicas

Page 43: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

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Características gerais:

a) Acessibilidade

O acesso ao serviço é realizado por elevador e pelo exterior do edifício;

b) Instalações Sanitárias

Não se encontram separadas por sexo;

c) Higienização das Instalações

A Higienização das instalações é realizada pela empresa Iberlim, depois do

horário de trabalho.

d) Gestão de Resíduos

Recipientes para deposição de resíduos do tipo I e II revestidos com saco preto. Os

recipientes estão colocados em locais de fácil acesso;

A Zona Suja encontra-se em local acessível e com acesso ao exterior independente

da entrada principal do Bloco. No entanto a saída da Zona Suja é realizada para

a área de armazenagem de equipamento da UCI - NC.

e) Vias Normais, de Emergência e Iluminação de Segurança

Inexistência de Blocos Autónomos e sinalização indicadora de caminho de

evacuação/saída de emergência em alguns locais;

f) Segurança das Máquinas e Equipamentos

Dispõe de equipamento informático, cuja manutenção é da responsabilidade do

AGSI;

Dispõe de equipamentos de desinfeção, Dinamaps, bombas infusoras e outros

equipamentos cuja responsabilidade de manutenção é da SUCH e Efacec;

Nem todos os equipamentos dispõem de manuais de instruções;

Os equipamentos de Rx (ex. Arco em C) são objeto de controlo de qualidade por

parte de empresa prestadora especializada;

g) Segurança contra Incêndios

Existência de Sistema Automático de Deteção de Incêndios na maioria dos locais;

Extintor colocado no Hall de entrada colocada fora da altura regulamentar;

Existência de botoneiras sinalizadas;

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Fernando Biscaia Fraga

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h) Instalações Elétricas

Existência de Quadro Elétrico não sinalizado;

i) Equipamentos de Proteção Individual

Existência de EPIs: luvas, máscaras, aventais, aventais de chumbo e colares de

tiroide;

j) Sistema de Climatização e Ventilação/Extração

Bloco dispõe de sistema de climatização e de extração/insuflação;

A manutenção destes sistemas é da responsabilidade da AGIE;

k) Vestiários

Bloco dispõe de vestiários;

Vestiários não se encontram separados por género;

Dispõem de cacifos individuais;

Não dispõe de assentos em número suficiente;

l) Iluminação

Quase todos os locais de trabalho não apresentam iluminação natural;

m) Avaliação de Fatores de Risco Biomecânico

No Bloco Operatório de Neurocirurgia existem 1 easy-slide e 2 transferes. As

mesas operatórias são reguláveis e dispõem de um charriot para posicionamento

das mesmas;

n) Produtos Químicos

Os produtos químicos mais utilizados são desinfetantes, detergentes, gases

anestésicos e álcool etílico (ex. Promanum, Sterillium, Gex Lava-loiça);

Dispõe de algumas Fichas de Dados de Segurança dos produtos utilizados.

Page 45: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

41

Características Específicas

Vestiários

Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;

Iluminação artificial garantida por 1 luminária protegida com superfície de

dispersão;

Aspetos críticos:

o Inexistência de SADI;

Instalações Sanitárias

Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;

Iluminação artificial garantida por luminária protegida com superfície de

dispersão;

Aspetos críticos:

o Existência torneira com acionamento manual;

o Recipiente para deposição de resíduos com tampa danificada;

Área de Transfer e Posto de Trabalho Informatizado

Teto e pavimento em razoável estado de conservação;

Iluminação artificial garantida por1 luminária protegida com superfície de

acrílico;

Local onde se encontram arrumados os EPIs para radiações Ionizantes

(aventais e colares de tiroide);

Existência de um posto de trabalho informatizado;

Aspetos críticos:

o Inexistência de SADI;

o Local com possibilidade de ocorrência de correntes de ar

incómodas;

o Existência de cabos no pavimento atrás da secretária;

o Transfer em madeira com falta de revestimento;

o Paredes com sinais de desgaste;

Page 46: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

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Sala de Pausa

Teto e pavimento em razoável estado de conservação;

Paredes com algum sinal de desgaste;

Iluminação artificial garantida por 1 luminária protegida com superfície de

dispersão;

Sala Operatória 1

Teto, paredes e pavimento em bom estado de conservação;

Iluminação artificial garantida por 4 luminárias protegidas com superfície

de dispersão;

Existência de um posto de trabalho informatizado tipo Ergotron ajustável;

Aspetos críticos:

o Existência de cabos dos equipamentos no pavimento;

o Existência de saco branco sem tampa acionada por comando

pedálico;

o Tarefas de precisão, trabalho de pé por períodos prolongados e

mobilização/transferência de doentes;

o Existência de bancos reguláveis, mas sem suporte da região

lombar;

Sala Operatória 2

Teto, paredes e pavimento em bom estado de conservação;

Iluminação artificial garantida por 4 luminárias protegidas com superfície

de dispersão;

Existência de um posto de trabalho informatizado tipo Ergotron ajustável;

Aspetos críticos:

o Existência de cabos dos equipamentos no pavimento;

o Existência de saco branco sem tampa acionada por comando

pedálico;

o Tarefas de precisão, trabalho de pé por períodos prolongados e

mobilização/transferência de doentes;

o Existência de bancos reguláveis, mas sem suporte da região

lombar;

Page 47: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

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Corredor entre Bloco e Transfer

Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;

Iluminação artificial garantida por 02 luminárias protegidas com superfície

de acrílico;

Existência de bloco autónomo;

Aspetos críticos:

o Largura do corredor reduzida (141 cm), apenas permite a passagem

de uma maca. Cada maca possui 72 cm de largura;

Transfer

Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;

Iluminação artificial garantida por2 luminárias protegidas com superfície

de acrílico;

Aspetos críticos:

o Dificuldade na transferência de doentes, devido à diferença de

altura das macas/camas do internamento de neurocirurgia e as

macas do bloco;

Arrecadação do Bloco

Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;

Iluminação artificial garantida por 2 luminárias protegidas com superfície

de acrílico;

Dispõem de um escadote para aceder a materiais armazenados em altura;

Aspetos críticos:

o Inexistência de SADI;

o Existência de materiais (caixas) armazenadas no pavimento;

o Material armazenado até ao teto;

Sala de Desinfeção

Paredes e pavimento em bom estado de conservação. Teto com algumas

fissuras.

Iluminação artificial garantida por 01 luminária protegidas com superfície

de acrílico;

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Fernando Biscaia Fraga

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Local onde se encontra armazenados EPIs (Aventais e colares de tiroide)

para proteção contra radiações ionizantes;

Aspetos críticos:

o Existência de grelha no teto danificada

Arsenal Cirúrgico

Teto e pavimento em razoável estado de conservação. Paredes com

revestimento (azulejos) a soltarem-se;

Iluminação artificial garantida por luminárias protegidas com superfície de

acrílico;

Local de armazenamento de materiais em estantes metálicas e com degrau

para aceder a estes materiais;

Dispõem de carros de transporte de materiais em inox em bom estado de

conservação;

Aspetos críticos:

o Existência da material (caixas) armazenada no pavimento;

o Inexistência de SADI;

o Inexistência de sinalização de via de emergência;

o Inexistência de bloco autónomo;

Sala de Descontaminação

Teto, paredes e pavimento em bom estado de conservação;

Iluminação artificial garantida por 01 luminária protegida com superfície

de acrílico;

Existência de 1 extintor tipo CO2, validado;

Existência de uma pistola de ar-comprimido para secagem de material.

Existência de um degrau para aceder a materiais em altura;

Existência de 2 carros de transporte de material cirúrgico;

Utilização de produtos químicos (Enzymex L9, Bode X Wipes, TFD4PF,

Phospax, Promanum, Gex Lava-Loiça)

Aspetos Críticos:

o Cubas com torneiras de acionamento manual;

o Inexistência de EPIs para utilizar aquando da operação com pistola

de ar-comprimido;

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o Espaço de circulação reduzido entre bancadas;

Zona Suja

Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;

Iluminação artificial garantida por 1 luminária protegida com superfície de

acrílico;

A área de despejo é realizada na Sala de Descontaminação adjacente a este

espaço;

Aspetos críticos:

o Local de passagem para a Área de Armazenamento de

equipamentos da UCI – Neurocirurgia, dado que é nesse espaço

que está colocado o equipamento para realizar gasometrias;

o Existência de ponto de água;

o Movimentação manual de contentores de resíduos;

o Local com pé direito reduzido;

Antecâmara das Salas Operatórias

Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;

Iluminação artificial garantida por 02 luminárias protegidas com superfície

de acrílico;

Local onde se encontra o charriot para deslocação das mesas operatórias;

Existência de um extintor tipo CO2, sinalizado e validado;

Inexistência de SADI;

Existência de bloco autónomo;

Aspetos críticos:

o Existência de sinalização de via de emergência não adequada;

o Existência de quadro elétrico não sinalizado;

Corredor de acesso à Área de Desinfeção

Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;

Iluminação artificial garantida por 01 luminária protegida com superfície

de acrílico;

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Local onde se encontram estantes metálicas com equipamentos utilizados

no bloco (ex. bombas infusoras), bem como estufa para aquecimento de

soros;

Aspetos críticos:

o Espaço de circulação reduzido (distância entre parede e estante de

83 cm);

Gabinete Enfermeira-Chefe (exterior ao Bloco Operatório de Neurocirurgia)

Teto, paredes e pavimento em razoável estado de conservação;

Existência de um posto de trabalho informatizado do tipo workstation;

Existência de sistema de climatização (split);

Iluminação artificial garantida por 1 luminária protegida com superfície de

dispersão;

Iluminação natural garantida por 2 janelas com estores externos;

Aspetos críticos:

o Existência de lavatório com comando manual e sem procedimentos

de lavagem de mãos;

o Existência de recipiente para colocação de resíduos do Grupo I II

desprovido de comando pedálico e tampa;

o Inexistência de SADI;

o Espaço insuficiente para os membros inferiores;

Foto 5 - Preparação da sala para a cirurgia

O trabalho no Bloco operatório começa pela limpeza, desinfeção e esterilização da sala,

e dos profissionais, continua, com a entrada do doente e sua transferência para a mesa

operatória, utilizando, ou não ajudas técnicas.

Page 51: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

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47

5.1.1. Avaliação do risco de LMELT no bloco operatório

Foto 6 - Limpeza e desinfeção da sala de operatória Método: REBA – braço direito

Descrição: A assistente

operacional apresenta flexão

cervical, ligeira flexão do troco

(20º) e com ligeira flexão dos

membros inferiores. Membro

superior alinhado com o corpo

com antebraço em ligeira flexão.

Necessário implementar medidas

preventivas e provável formação.

REBA: Score 5 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Médio

Foi analisada pelo Método REBA, a Foto 6, apresentando-se a descrição do trabalho

real, no lado direito da fotografia.

O trabalho no bloco operatório, começa pela higienização, limpeza e desinfeção do

espaço, seguida da esterilização, ainda antes da entrada dos outros profissionais e do

doente, assegurando desta forma a mais segura assepsia.

Foto 7 - Transferência da maca de transporte para mesa operatória.

Descrição:

Flexão da coluna cervical.

Abdução de ambos os membros superiores

com aplicação força com pulsos fletidos.

Posição de risco muito elevado sendo

imperativo implementar mudanças.

REBA: Score 12 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Muito elevado

Page 52: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

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Neste caso, a transferência é realizada, sem ajudas técnicas, pois cirurgia é herniorrafia

lombar

Foto 8 - Enfermeiro instrumentista 1 Método: RULA

Descrição:

Braço levantado +- 90º, antebraço,

Punho sem apoio rodado em supinação

Ligeira flexão do pescoço e do tronco.

RULA: Score 4 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Médio

Foto 9 -Enfermeiro instrumentista 2 Método: REBA

Descrição:

Coluna cervical em flexão ligeira.

Tronco em flexão lateral e rotação

ligeira, desalinhado em relação à linha

média. Membro superior esquerdo em

abdução levantado entre 20º e 45º com

flexão do punho. Posição de trabalho

deve investigada para a implementação

de estratégia preventiva para diminuição

do risco.

REBA: Score 6 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Médio risco

O enfermeiro instrumentista é, na equipa de enfermagem, o elemento da equipa

cirúrgica esterilizada. Entre as suas responsabilidades contam-se: preparar material e

equipamentos na área esterilizada; manter a segurança e integridade nessa área; verificar

se há falhas na técnica asséptica por parte dos membros da equipa esterilizada; fornecer

os necessários e adequados instrumentos, linhas de incisão e outros artigos,

Page 53: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

49

esterilizados, ao cirurgião principal; e observar as políticas e procedimentos

estabelecidos para contagem de compressas, instrumentos e material pontiagudo.

Para desempenhar esta função de forma eficaz, o enfermeiro instrumentista deve ter

especiais capacidades manuais e destreza, e respeitar rigorosamente os princípios da

técnica asséptica.

Foto 10 - Cirurgião 1 Método: RULA

Descrição:

Flexão cervical acentuada.

Membro superior em

abdução com o antebraço e

punho não apoiados.

Postura ortostática por

longo período de tempo

dependendo da duração da

cirurgia.

RULA: Score 5 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Elevado

Foto 11 - Cirurgião sobre plataforma Método: REBA

Descrição: Flexão cervical para

melhor visualização e gestão do

campo operatório, membros

inferiores apoiados em plataforma

para conforto em altura do

cirurgião.

Posição de trabalho de risco médio.

REBA: Score 4 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Médio

As cirurgias mais longas exigem grande envolvimento físico e psicológico, a todos os

profissionais e posturas estáticas durante toda a cirurgia. Apesar de existirem bancos

com apoio lombar, estes não são usados na cirurgia de coluna. Na foto 11, a estatura

baixa exige o uso de plataformas para o cirurgião, instrumentista e ajudante.

Page 54: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

50

Foto 12 - Cirurgião 2 Método: REBA

Descrição: Elevação de

todo o ombro e membro

superior direito acima da

linha média. Flexão cervical

superior a 50º e aplicação

de força sem apoio com a

mão direita em adução para

aplicação de afastadores

cirúrgicos no campo

operatório.

REBA: Score 8 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Alto

As fotos 11 e 12 evidenciam condições antropométricas e posturais durante a cirurgia.

Os blocos operatórios neurocirúrgicos, do presente estudo, beneficiaram já de melhorias

introduzidas, propostas pela Saúde Ocupacional, como bancos com apoio lombar, muito

uteis, nas cirurgias mais longas, também com a introdução, de meios auxiliares de

visualização e de registo, a informática e a imagiologia radiológica, como por exemplo

o intensificador de imagens, e a pedido a ecografia.

Foto 13 - Enfermeira circulante tirando notas. Método: REBA

Descrição:

Flexão máxima do pescoço, tronco

com flexão entre até 20º, pés

apoiados, posição dos braços e

mãos também apoiados.

A análise da postura da enfermeira

não representa risco músculo-

esquelético elevado.

REBA: Score 3 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Baixo

Page 55: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

51

Foto 14 - Deslocação de carrinhos decargas

Método: REBA

Descrição: Trabalhador com pescoço

inclinado 20 º, coluna cervical com

flexão de 20º, em marcha com

arqueamento, elevação do antebraço

e braço 100º e pulso com flexão

superior a 15º. A ação das assistentes

operacionais, mais sujeitas a cargas,

pois deslocam, todo o material

“pesado”, antes e depois das

cirurgias, é também analisada na foto

14.

REBA: Score 9 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Elevado

.

Analisamos desta forma as posturas das fotos, marcadas e selecionadas previamente,

avaliando com a análise RULA e REBA os scores de risco das posturas na atividade

real de trabalho. Chegou-se à conclusão que apesar das mudanças introduzidas nos

últimos anos, facilitando as tarefas e diminuindo o risco, a exigência do trabalho real

prescrito expõe os profissionais a fatores de risco, nomeadamente nas cirurgias mais

longas e nos movimentos mais finos. A posição estática em pé, apesar das ajudas

técnicas, continua a exigir muita resistência e forma física dos profissionais, sendo de

sublinhar que o baixo número de acidentes profissionais se deve à adesão dos

profissionais às boas práticas recomendadas pela SO e aprovadas pelos Conselhos de

Administração do CHLC.

Page 56: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

52

5.2. Enfermaria

O serviço de neurocirurgia do CHLC funciona atualmente no Hospital de S. José e

integra o ex-serviço 12 de neurocirurgia do Hospital dos Capuchos. É constituído, como

já referido, por duas salas de bloco operatório, cuidados intensivos e duas enfermarias.

Foto 15 - Vista de uma sala da enfermaria

Internamento de Neurocirurgia – Mulheres – Piso 0

• Corredor principal;

• Secretariado;• Vestiários – Enfermeiros e Assistentes Operacionais;• Hall de entrada;

• Copa;• Rouparia;

• Gabinete da Enfermeira-Chefe;• Gabinete de Enfermagem;• Sala de Trabalho;

• Gabinete Médico;• Zona Suja;

• Instalações Sanitárias – Doentes;• Vestiários – Médicos;

• Corredor de acesso às escadas interiores;

Page 57: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

53

• Hall de elevadores;

• Escadas de acesso ao piso superior e edifício principal;• Quartos 6, 7 e 8

Internamento de Neurocirurgia – Homens – Piso 1

. Corredor principal;• Hall de entrada;• Sala de Enfermagem;

• Gabinete Enfermeira-Chefe;• Sala de Trabalho;

• Sala de Pausa;• Zona Suja;• Arrecadação;

• Secretariado;• Instalações Sanitárias;

• Instalações Sanitárias;• Quartos 1, 2, 3, 4, 5

A Neurocirurgia apresenta uma dotação de 52 camas distribuídas pelo internamento de

Homens (Piso 1) e Mulheres (Piso 0).

Existem vários tipos de camas diferentes no internamento de Neurocirurgia, sendo que

algumas não possuem sistema de regulação do plano.

Sala

Nº Total de

Camas

Cama

Regulável

Cama Não

Regulável

8 6 4 2

7 8 1 7

6 8 4 4

5 6 3 3

4 6 4 2

3 6 4 2

2 6 2 4

1 6 4 2

Tabela 3- Número de camas na enfermaria

As várias atividades dos profissionais que trabalham nestas enfermarias, são

condicionadas, pelas exigências do trabalho, pela antropometria dos envolvidos, pelo

Page 58: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

54

tipo de camas e de ajudas técnicas disponíveis, bem como pelo grau de dependência dos

doentes.

Neste serviço existem vários tipos de camas, algumas amovíveis com 50 cm de altura,

outras com pedal para elevação cervical e/ ou trendlembourg, outras com apoio

hidráulico, e ainda outras elétricas e reguláveis

As camas mais antigas não são reguláveis em altura, o que condiciona posturas

extremas, especialmente dos profissionais de estatura mais elevada.

Foto 16 - Tipos de camas

A observação do procedimento SST 101 do CHLC (em Anexo) com suas normas e

procedimentos, face ás exigências posturais, de aplicação de força, e de repetitividade

durante a atividade real de trabalho, constituem um manual de Boas Práticas, na

prevenção de LMELT.

Também as melhorias, que numa cuidada estratégia de intervenção ergonómica, que o

SO, em colaboração com a Administração, possam vir a introduzir, diminuirão sem

dúvida os riscos, uma vez que há acidentes de trabalho reportados com estas camas.

A preparação da cama para os doentes, incluí exigências posturais, de aplicação de força

e de repetitividade durante a atividade real de trabalho.

Page 59: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

55

Além desta atividade, os profissionais, referiram como atividade mais exigente, o

posicionamento dos doentes para maioria dos entrevistados mas para outros o levante e

mobilização dos doentes dependentes foi entendida como a mais difícil.

Para não tornar o trabalho desproporcionado, as manobras diárias das várias atividades,

destes profissionais são apresentadas, com recurso às fotografias e sequências de

imagens, que revelam os vários momentos da atividade real de trabalho, podendo

encontrar-se a descrição das Boas Práticas, no Procedimento SST 101, em anexo.

Existem várias ajudas técnicas nas enfermarias, cadeiras de rodas, transfers, e dois

elevadores, um manual, usado em doentes de menor peso, e outro hidráulico.

Foto 17 - Ajudas técnicas na enfermaria

As atividades de enfermagem em cuidados diretos são as mais comuns e frequentes

dado a ser utilizado em vários hospitais. Cada atividade de enfermagem dever ser

Page 60: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

56

analisada na sua globalidade independentemente de ser prestada só por pessoal de

enfermagem ou com a colaboração de auxiliares de ação médica.

Tal como na análise ergonómica do trabalho, este é analisado em frações ou momentos

de trabalho, com as imagens que se seguem, que são sequenciais. Procuram-se ilustrar

algumas das atividade que estes profissionais consideram mais penosas na enfermaria,

utilizando filtros para análise das posturas consideradas de risco.

Foto 18 – Posicionar e sentar o doente com hemiparesia direita.

Foto 19 - Sentar o doente na cadeira

Esta transferência (foto 18 e 19) utiliza-se nos casos, em que o utente não tem indicação

clínica ou capacidade para fazer carga nos membros inferiores.

Foto 20 - Levantar e sentar com ajuda técnica

Page 61: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

57

Os profissionais deste serviço procedem ao posicionamento dos doentes dependentes e

ao levante para a cadeira utilizando, um elevador hidráulico dados o peso da doente e o

grau de dependência. As imagens ilustram esta situação de trabalho com os vários

passos percorridos. Esta ajuda técnica ajuda a prevenir acidentes e lesões nos

profissionais, pois facilita o levantamento e mobilização deste tipo de doentes. Contudo,

os profissionais envolvidos têm no seu ciclo de trabalho como atividade mais penosa o

posicionamento e o levante dos doentes, sendo ainda, a altura dos vários tipos de camas

do serviço um fator relevante no aparecimento de queixas relacionadas com LMELT.

Foto 21 - Utilização do elevador hidráulico

Nesta sequência de imagens podemos analisar, as posturas no levante de doente muito

dependente com a utilização de um elevador de chão hidráulico por dois profissionais

de saúde.

A observação permite, identificar os momentos de maior exigência, as dificuldades, e, a

forma como são resolvidas.

Page 62: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

58

Foto 22 - Passagem para a cadeira sem ajuda técnica

Transferência da cama para o cadeirão por um profissional de saúde apoiado por uma

assistente operacional. Evidenciam-se os momentos de elevado esforço físico e as

posturas em que o profissional de saúde coloca em risco a coluna vertebral, quer pela

forma como levanta o doente, quer pela força que coloca na região lombo-sagrada num

levantamento com estas caraterísticas biomecânicas.

Existe neste serviço um outro elevador manual que só é utilizado em doente com peso

inferior a 65kg.

5.2.1 Avaliação do risco de LMELT nas enfermarias neurocirúrgicas

Na avaliação do risco de LMELT procedemos À comparação da tarefa pedida com o

trabalho real, ou seja, fotografia avaliada pelos métodos ergonómicos, correspondendo

cada postura profissional corresponde a um score avaliado pelos métodos REBA ou

Page 63: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

59

RULA, com indicações precisas sobre o grau de risco. Assim serão analisadas

atividades de rotina dos profissionais durante a atividade real de trabalho:

Foto 23 - Arrumação das camas de enfermarias. Método: REBA

Descrição: Trabalhador com

inclinação do pescoço (+2),

dorsal inclinado com mais

de 60º de flexão (+4) e com

ambos os pés apoiados em

pé (+1).

REBA: Score 5 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Médio Risco

Foto 24 – Enfermeiro Método: REBA

Descrição: O enfermeiro de

190cm presta assistência à doente

com 149cm em pós-operatório.

Na foto verifica-se flexão

cervical com desvio da linha

média bem como flexão quase

completa dorso-lombar superior a

60º e antebraços afastados a 30º.

Esta postura considerar-se de

risco pois o enfermeiro deveria

usar a ajuda técnica de um banco

ou a flexão dos joelhos.

REBA: Score 10 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Alto

Esta postura, não é recomendada, e pode constituir, risco para a saúde do profissional,

especialmente se repetida, e de ser corrigida a curto prazo, com respeito, pelas normas.

Page 64: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

60

A cama acima tem 50 cm de altura e não é regulável. Tendo em conta que o enfermeiro

da foto 25 e 26 tem 191 cm de estatura, assim neste contexto as posturas desta foto re-

presenta um fator de risco de LMELT.

Foto 25 - Enfermeiro arrumando umacama

Método: REBA

Descrição:

Coluna cervical ajustada ao trabalho em curso

com ligeira flexão.

Completa flexão do tronco sobre a cama em

arrumação.

Apoio do corpo maioritariamente sobre o pé

direito.

Abdução parcial dos braços com abdução do

punho.

A dificuldade que este profissional devesse

muito ao tipo de cama (fixa a 50cm) e às suas

próprias medidas antropométricas, 191 cm de

altura.

Esta posição é de alto risco, deverão ser

implementadas mudanças.

REBA: Score 9 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Alto risco

Page 65: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

61

Foto 26 - Acesso às gavetas inferiores 1 Método: REBA

Descrição:

Inclinação da coluna cervical de superior

a 60º, com torção ligeira lateral e com

coluna vertebral alinhada. Apoio

unicamente no pé direito. Braço direito

aberto a 90º com o punho em adução.

Esta situação representa um alto risco

ergonómico sendo necessário

implementar mudanças.

REBA: Score 10 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Alto Risco

Foto 27 - Acesso às gavetas inferiores 2 Método: REBA

Descrição:

Flexão da coluna cervical de 20º com

ligeira rotação e elevação do ombro

esquerdo. Apoio unicamente sobre o pé

direito. Posição de médio risco.

REBA: Score 4 (Worksheet em anexo) Nível de risco: Médio Risco

Postura aceitável e de acordo com as normas e procedimentos. (Em Anexos)

Page 66: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

62

5.3. Resultados do questionário sobre sintomasmúsculo-esqueléticos.

A totalidade da amostra da investigação é constituída por 28 trabalhadores (n=28)

divididos por três níveis que compõem uma situação de trabalho.

A idade dos entrevistados reparte-se por diferentes faixas etárias sendo a de mais

prevalência entre os 26 a 33 anos. O gráfico 3 reflete uma renovação dos quadros bem

como um desgaste rápido profissão de enfermeiro.

43%

18%21%

18%

0%0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%

[26-33] [34-41] [42-49] [50-57] [58-65]

Classe das idades

Classe das idades

Gráfico 3 - Idades

Relativamente à distribuição por género o gráfico 4 demonstra que ainda,

tradicionalmente o corpo de enfermagem é composto maioritariamente por elementos

do sexo feminino, neste caso 82%.

82%

18%0%

10%20%30%40%50%60%70%80%90%

feminino masculino

Géneros

Géneros

Gráfico 4 - Distribuição por género

Page 67: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

63

Comparando os dados do gráfico 6 (pesos) com os dados do gráfico 7 (alturas) pode-se

concluir que a maior parte dos indivíduos que responderam ao questionário têm um

índice de massa corporal (IMC) adequado.

4%

25%29%

21% 21%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

[41-50] [51-60] [61-70] [71-80] [>81[

Classes de peso

Classes de peso

Gráfico 5 - Distribuição do peso

4%

29%

50%

7% 11%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

[140-150] [151-160] [161-170] [171-180] [>181[

Classes alturas

Classes alturas

Gráfico 6 - Distribuição da altura

0%

14%13%

1% 2% 0%0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

]18,5] [18,6 – 24,9] [25 – 29,9] [30,0 – 34,9] [35,0 – 39,9] [40,0[

IMC

IMC

Gráfico 7 - IMC

A tabela 4 disponibiliza dados médios sobre a idade, horas de trabalho semanais, peso,

altura e anos de atividade na empresa. Estes dados revelam então uma população

trabalhadora jovem mas já com significativo tempo de experiência no desempenho desta

atividade. Assim, deve-se privilegiar a formação em todos os profissionais de modo a

prevenir e evitar LMELT, pois à medida que a idade avança, o trabalhador geralmente

começa a apresentar mais queixas resultantes da atividade.

Page 68: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

64

IdadeAnos de

atividade

Horas detrabalho

por semana

Peso(kg)

Altura(cm)

28 0 2837,68 13,82 37,29 70,93 166,39

9,12 7,91 3,11 16,90 10,1028 5 32 50 15054 29 45 130 190

MédiaDesvio Padrão

MínimoMáximo

N =

Tabela 4 -Distribuição da idade, anos de atividade, horas de trabalho semanais, peso e altura.

A população inquirida é toda dextra e a atividade com mais funcionários é a de

enfermeira circulante e enfermaria.

39%

18%

4%

36%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%

Atividades

Circulante

Anestesista

Instrumentista

Enfermaria

Gráfico 8 – Atividades Predominantes

43%

57%

29%

71%

54%46%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Fixo Turnos Outra act Sim Outra act Não Desporto Sim Desporto Não

Quotidiano

Fixo

Turnos

Outra act Sim

Outra act Não

Desporto Sim

Desporto Não

Gráfico 9 - Tipos de horário / outras atividades exercidas / Desporto ativo

Page 69: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

65

O horário laboral é fixo para 57% dos inquiridos, enquanto os restantes 43% laboram

por turnos. Há ainda funcionários que possuem outro emprego (219%), o que para

muitos autores pode constituir-se num fator de risco relevante para o agravamento dos

sintomas de LMELT. Cerca de 54% dos inquiridos pratica desporto, desde simples

caminhadas ou até frequência de ginásios.

4%

4%

4%

14%

4%

4%

21%

11%

11%

14%

0%

0%

4%

0%

0%

11%

4%

4%

7%

4%

4%

11%

4%

4%

14%

7%

7%

0% 5% 10% 15% 20% 25%

7 dias

12 meses

Absentismo

7 dias

12 meses

Absentismo

7 dias

12 meses

Absentismo

7 dias

12 meses

Absentismo

7 dias

12 meses

Absentismo

7 dias

12 meses

Absentismo

7 dias

12 meses

Absentismo

7 dias

12 meses

Absentismo

7 dias

12 meses

Absentismo

Pesc

oço

Zona

Dor

sal

Zona

Lom

bar

Om

bro

Coto

velo

Punh

os /

Mão

sCo

xaJo

elho

Torn

ozel

o /

Gráfico 10 - Percentagens de desconforto sentido por zona corporal (12 meses e 7 dias) e prevalência deabsentismo.

Relativamente à sintomatologia referida, em particular, o desconforto, a dor, o edema e

a fadiga, presentes nos últimos 12 meses é prevalente (Gráfico 12) a região lombar com

11% é a mais referenciada, também a presença desta sintomatologia sentida nos últimos

7 dias, de 21%. Ressalta o valor da zona dorsal e do tornozelo/pé com 14%.

Page 70: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

66

Há ainda valores do absentismo, relacionado ao trabalho associado com estes sintomas,

que atingem de 7% na região do punho/mãos e de 11% relativo a queixas da zona lom-

bar.

75%

0%

64%

13%

55%

9%

0%

9%

9%

13%

36%

18%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Que posto de trabalho considera mais difícil?

Qual o posto de trabalho onde faz mais força com osbraços/mãos?

Qual o posto de trabalho com a actividade maisrepetitiva?

Todos Anestesista Circulante Intrumentista

Gráfico 11 - Características dos postos de trabalho

Em relação às características dos postos de trabalho, os inquiridos referiram que a fun-

ção de anestesista é a mais repetitiva (64%) e a mais difícil (75%). Consideram também

que a atividade que exige mais força com os braços/mão é a de enfermeira circulante

(55%) como era esperado.

Relativamente à intensidade, analisando o incómodo (fadiga, desconforto, dor, e edema)

é possível evidenciar (Gráfico 13) referências próximas dos 21% para os níveis intensos

de incómodo a nível da zona dos ombros. O maior índice de desconforto “muito inten-

so” aproximou-se aos 4% na região do pescoço, zona lombar, tornozelo/pé e ombros.

Destacam-se valores para os níveis de incómodo “moderado” de 25% para a zona do

pescoço, de 18% para a zona lombar.

Page 71: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

67

0%

25%

11%

4%

0%

18%

7%

0%

0%

7%

11%

4%

0%

11%

21%

4%

0%

4%

4%

0%

0%

7%

4%

0%

0%

4%

11%

0%

0%

7%

11%

0%

0%

0%

11%

4%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

Ligeira

Moderado

Intenso

Muito Intenso

Ligeira

Moderado

Intenso

Muito Intenso

Ligeira

Moderado

Intenso

Muito Intenso

Ligeira

Moderado

Intenso

Muito Intenso

Ligeira

Moderado

Intenso

Muito Intenso

Ligeira

Moderado

Intenso

Muito Intenso

Ligeira

Moderado

Intenso

Muito Intenso

Ligeira

Moderado

Intenso

Muito Intenso

Ligeira

Moderado

Intenso

Muito IntensoP

esc

oZ

on

a D

ors

al

Zo

na

Lo

mb

ar

Om

bro

Co

tov

elo

Pu

nh

os

/ M

ão

sC

ox

aJo

elh

oT

orn

oze

lo /

Gráfico 12 - Intensidade de incómodo (fadiga, desconforto, dor, inchaço) nos últimos 12 meses e que estevepresente em pelo menos 7 dias seguidos, distribuídos pelas zonas corporais.

Page 72: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

68

Gráfico 13- Distribuição das paudas laborais

Todos os trabalhadores realizam pelo menos uma pausa além da pausa obrigatória,

normalmente utilizada para o almoço. Na outra pausa (“pausa do café”) 27% dos

trabalhadores preferem gastar 30 minutos enquanto 36% opta por uma ou duas

pausas mais pequenas de, apenas 10 minutos.

4%

4%

11%

0%

0%

4%

4%

4%

7%

0% 2% 4% 6% 8% 10% 12%

Pescoço

Zona Dorsal

Zona Lombar

Ombro

Cotovelo

Punhos / Mãos

Coxa

Joelho

Tornozelo / Pé

Absentismo

Absentismo

Gráfico 14 - Níveis de absentismos por zona de queixa

São os problemas na zona lombar que mais contribuem para o absentismo, cerca de

11% como demonstra no gráfico 15.

O gráfico 16,em baixo, representa uma relação entre a atividade realizada com os

sintomas na perspetiva do trabalhador. O gráfico diz que 36 % dos trabalhadores

acha que a movimentação de cargas superiores a 20 kg está relacionada com as

queixas/sintomas que apresentam.

36%

27%

5%

27%

5%

Duração da Pausa em Minutos10 15 20 30 45

Page 73: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

69

Gráfico 15 - Relação da atividade com os sintomas

50%

18%

27%

18%

14%

32%

36%

36%

32%

27%

14%

9%

5%

32%

36%

18%

27%

27%

18%

23%

27%

27%

18%

9%

18%

5%

9%

18%

27%

18%

23%

32%

18%

14%

27%

23%

23%

27%

23%

0%

23%

18%

27%

23%

9%

9%

5%

0%

14%

32%

27%

36%

5%

9%

5%

5%

9%

5%

9%

9%

9%

9%

14%

14%

14%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Trabalha Sentado

Trabalho de Pé

Braços acima da altura dosombros

Inclinar o tronco

Rodar o tronco

Repetividade dos braços

Repetitividade dasMãos/Dedos

Precisão com os dedos

Aplicar Força com as mãosou dedos

Manipular cargas entre 1-4kg

Manipular cargas superioresa 4 kg

Manipular cargas entre 10-20 kg

Levantar e deslocar cargassup a 20 kg

Relação das actividades com os sintomas

Não sabe

Totalmente relacionado com ossintomas

Muito relacionado com ossintomas

Pouco relacionado com ossintomas referidos

Sem relação com os sintomas

Page 74: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

70

VI. Discussão dos resultados

A pesquisa realizada sobre LMELT, ,a análise do trabalho e avaliação do risco, e os

dados dos questionário analisados , permitem levantar questões:

Primeiramente a seleção do instrumento de recolha de dados, designadamente o QNM,

deve-se ao motivo deste ser um instrumento validado mundialmente, traduzido e utili-

zado em vários países, de aplicabilidade nas diversas situações de trabalho, entre outras

tantas vantagens que este tipo de mensuração de sintomas de LMELT possui.

Além dos locais de trabalho, procurou-se analisar a atividade real de trabalho pela apli-

cação de métodos de avaliação RULA e REBA às imagens recolhidas durante a ativida-

de real de trabalho que indiciassem a presença de elevação do risco,

No decorrer do estudo, existiram obstáculos inerentes às exigências de entrada e perma-

nência nos locais de trabalho.

O estudo contou com o apoio dos sectores de Saúde Ocupacional, das chefias hierárqui-

cas, e de apresentação das questões, que foram ao encontro da realidade do serviço e,

principalmente, dos objetivos desta investigação.

Diferentemente de outros estudos, (Houtman, Bongers, Smulders, & Kompier, 1994)

neste não conseguiu-se comprovar a influência da predisposição de LMELT relativa-

mente ao género pois a quase totalidade da amostra 82% é do sexo feminino.

Os resultados da sintomatologia auto referida, de fadiga, desconfortamos, dor e edema

ou tumefação, nos últimos 12 meses, é prevalente na região lombar. Sugerindo que o

presente estudo apresenta uma amostra não uniforme pois a região lombar, apesar de ter

tido este resultado de maior prevalência de sintomas, na análise das relações entre as

variáveis não apresentou resultados de significância estatística. E os resultados da mes-

ma sintomatologia porém agora sentidos nos últimos 7 dias, as regiões mais prevalentes,

foram coluna dorsal seguida de tornozelo/pé.

Foi observado nas associações entre as variáveis a presença de resultados apontando

para as queixas, de sintomatologia de fadiga, desconforto, dor, e inchaço durante os

últimos 12 meses,

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Fernando Biscaia Fraga

71

Possivelmente, pelo facto de existirem trabalhadores jovens, o absentismo relacionado

ao trabalho ser consideravelmente reduzido (atinge o valor máximo de 11% na zona

lombar),

Relativamente ao tempo de repouso entre as atividades laborais (as pausas), mesmo que

realizem as três preconizadas pela empresa e que seja relativamente flexível (segundo

relato de casos), a realidade das eventuais exigências exercidas pela produção acaba por

contradizer esta flexibilidade além de sugerir uma maior pressão, com evidente sobre-

carga física de trabalho, implicando um aumento potencial da ocorrência de sintomas e

sinais de LMELT

Quanto à intensidade de incómodo (fadiga, desconforto, dor, inchaço) também referidos

nos 12 meses precedentes e que esteve presente alguns dias seguidos, distribuídos pelas

zonas corporais, os valores prevalentes com classificação grave (“intenso”) registaram-

se na região dos ombros dos inquiridos

Limitações do estudo

As principais limitações do questionário são a ausência de estudos sobre a validade e a

fiabilidade dos seus resultados, assim como o facto de ser um instrumento que,

epidemiologicamente é concebido para aplicações em estudos transversais.

Outras das limitações referidas em instrumentos deste tipo relacionam-se com o tempo

destinado ao seu preenchimento, bem como, com o envolvimento hierárquico que

frequentemente determina constrangimentos a nível das respostas dos trabalhadores e,

que amiudadamente modificam a objetividade das atitudes e das manifestações

relacionadas.

O trabalho, no Bloco, por não envolver simultaneamente, no mesmo ato, todos os

profissionais, nomeadamente, médicos, o que limitou a recolha dos questionários nesta

classe profissional. O trabalho cirúrgico, já havia sido estudado, no Estágio I, pelo que,

não destacamos, tanto, quanto, gostaríamos, o trabalho do Neurocirurgião. Que é de

grande exigência técnica, e pessoal, a todos os níveis. Deduzimos que a nível postural,

existam significativas melhorias com as medidas e Normas implementadas.

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Fernando Biscaia Fraga

72

VII. Conclusões

O conhecimento científico atual e as recomendações gerais que se encontram nas

diretivas europeias e demais documentação sobre segurança e saúde já apontam para

algumas estratégias de prevenção das perturbações das cervicais e dos membros

superiores.

Estas incluem:

• Análise do trabalho

• Avaliação do risco

• Vigilância da saúde

• Informação dos trabalhadores

• Formação

• Conceção ergonómica dos sistemas de trabalho

• Prevenção das LMELT

A intervenção ergonómica deve ter em atenção a conceção e planeamento, do local de

trabalho, o equipamento, os métodos de trabalho, a organização do trabalho, etc. para

identificar problemas e soluções. Uma intervenção ergonómica adequada para uma

qualquer perturbação específica ajudará a prevenir outras perturbações. Isto deve-se ao

facto de os processos biológicos serem comuns a várias perturbações.

As organizações já envolvidas em programas de prevenção ergonómica e de saúde no

trabalho devem ajudar a promover ações noutras organizações. Deveriam igualmente

ser encorajadas a avaliar a eficácia dos programas de prevenção (EASHW, 2012) .

As múltiplas tarefas profissionais desenvolvidas a nível hospitalar comportam

atividades diversas, suscetíveis de implicar a exposição a múltiplos fatores de risco, de

natureza profissional, que podem causar efeitos adversos para a saúde, causando

doença, ou interagindo e agravando doenças preexistentes.

As solicitações da atividade de trabalho, de determinam a exposição, a fatores de risco,

superior às capacidades fisiológicas, designadamente a nível carga, mobilização e

transporte, da aplicação de força, e movimentos repetidos e posturas extremas, bem

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Fernando Biscaia Fraga

73

como períodos longos em pé em posturas condicionadas pela atividade, sem pausas,

podem conduzir a LMELT.

As situações de risco devem ser identificadas, na perspetiva da gestão destes riscos,

através do uso de métodos de identificação, de avaliação e gestão do risco de LMELT,

de modo a permitir hierarquizar uma estratégia com prioridades de intervenção, de

modo a anular ou minimizar os riscos e permitir melhorar os ganhos em saúde para os

profissionais e também para os doentes.

A prevenção das LMELT, é possível no CHLC, pela intervenção integrada e

pluriprofissional da SO, que tem proporcionado em articulação com a Administração,

implementar Normas de procedimento (101,110 e 113), e proporcionado formação e

informação aos trabalhadores, permitindo também, vigiar, a sua saúde, através de

consultas de saúde ocupacional de iniciativa médica ou do profissional, bem como da

implementação de programas de vigilância e defesa da saúde dos profissionais e ainda

pelo estudo dos postos de trabalho, que através da hierarquização dos riscos, tem vindo

a propor e permitir programas de intervenção em múltiplos domínios e de forma

prioritária minimizar os riscos e promover a saúde dos trabalhadores.

Compreende-se por isso que o trabalho gigantesco, aqui levado a efeito e do qual

conseguimos apenas dar uma pálida imagem, permitiu também a elaboração deste

trabalho sobre, vigilância da Saúde dos trabalhadores, no âmbito, apenas da prevenção

de Lesões Músculo-esqueléticas, num grupo restrito de profissionais que selecionámos

no bloco operatório de neurocirurgia, dando assim continuidade ao trabalho elaborado

1º Estágio.

VIII. Considerações finais

Esta metodologia já é prática corrente dos Serviços de Saúde Ocupacional, do CHLC,

chefiada pela Dra. Maria João Manzano, conta com uma equipa multidisciplinar de

medicina do trabalho, ergonomia, engenharia ambiental, técnicos superiores de higiene

e segurança, enfermagem, psicólogo.

O notável trabalho levado a cabo por esta Equipa, com as suas diversas atividades,

ergonómicas, formativas e preventivas, articuladas com a Direção de Recursos

Humanos, e a Administração, (que tem vindo a aprovar Procedimentos e Normas), e

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Fernando Biscaia Fraga

74

com os Serviços de Medicina Física e Reabilitação e, Saúde Oral, , entre outros, tem

permitido diminuir em muito a ocorrência de Acidentes de Trabalho e a evolução de

Doenças Profissionais em todos os postos de trabalho dos vários hospitais do CHLC.

Com o bom desempenho, da Saúde Ocupacional e dos profissionais, e a

aprovação das Normas de procedimento 103 e 113, as LMELT, diminuíram de uma

forma muito notável…

As múltiplas tarefas profissionais desenvolvidas a nível hospitalar comportam

atividades diversas, suscetíveis de implicar a exposição a múltiplos fatores de risco, de

natureza profissional, que podem causar efeitos adversos para a saúde, causando

doença, ou interagindo e agravando doenças preexistentes.

As solicitações da atividade de trabalho, de determinam a exposição, a fatores de risco,

superior às capacidades fisiológicas, designadamente a nível carga, mobilização e

transporte, da aplicação de força, e movimentos repetidos e posturas extremas, bem

como períodos longos em pé em posturas condicionadas pela atividade, sem pausas,

podem conduzir a LMELT.

As situações de risco devem ser identificadas, na perspetiva da gestão destes riscos,

através do uso de métodos de identificação, de avaliação e gestão do risco de LMELT,

de modo a permitir hierarquizar uma estratégia com prioridades de intervenção, de

modo a anular ou minimizar os riscos e permitir melhorar os ganhos em saúde para os

profissionais e também para os doentes.

A prevenção das LMELT, é possível no CHLC, pela intervenção integrada e

pluriprofissional da SO, que tem proporcionado em articulação com a Administração,

implementar Normas de procedimento (103,110 e 113),proporcionado formação e

informação aos trabalhadores, e vigiado a sua saúde, através de consultas de saúde

ocupacional de iniciativa médica ou do profissional, bem como da implementação de

programas de vigilância e defesa da saúde dos profissionais e ainda pelo estudo dos

postos de trabalho, que através da hierarquização dos riscos, tem vindo a propor e

permitir programas de intervenção em múltiplos domínios e de forma prioritária

minimizar os riscos e promover a saúde dos trabalhadores.

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Fernando Biscaia Fraga

75

No CHLC as doenças mais comuns são as LMELT, que estudamos em médicos,

enfermeiros e assistentes operacionais, a nível do bloco operatório neurocirúrgico do

Hospital de S. José.

RECOMENDAÇÕES

A sintomatologia e os casos ocorridos de LMELT são mais frequentes, na enfermagem

e em assistentes, expostos a cargas e a mobilização de doentes.

Aí preconizamos a manutenção e eventual, aumento da vigilância médica, bem como

outras medidas organizacionais e preventivas e formativas, para minimizar e controlar

os riscos. E promover a Saúde e Bem-estar entre todos os trabalhadores, melhorando a

sua realização pessoal e qualidade de vida, e aumentando a produção, qualitativa e

quantitativamente, e fomentando a cultura da informação, da formação e da prevenção.

IX. Prevenção

Toda a prevenção, formação dos trabalhadores, informação, consultas de Saúde

Ocupacional e estudo ergonómico dos postos de trabalho, têm por objetivo melhorar a

qualidade de vida dos trabalhadores, e, otimizar as condições do posto de trabalho,

permitindo a sua completa realização humana e profissional, melhorando as condições

de trabalho, (de saúde a nível físico, psicológico, e de desempenho) têm também como

objetivo, melhorar a produção (qualidade e quantidade),e sobretudo o objetivo maior de

evitar e minimizar os efeitos negativos do trabalho sua carga e implicações, sobre a

saúde do trabalhador, de modo a evitar, acidentes de trabalho, doenças, (relacionadas ou

agravados pelo trabalho) presumidas e/ou declaradas como, doenças profissionais).

A totalidade de situações laborais, pelas suas circunstâncias, em que o fator adverso

para a saúde do trabalhador é o trabalho, permitirá, uma definição de políticas de saúde

(UVA, 2010). Desta forma podem-se considerar doenças ligadas ao trabalho todas as

situações patológicas em que os fatores de risco profissional contribuem de alguma

forma para a etiologia, predisposição ou agravamento da doença ou lesão (UVA &

Graça, 2004)

As LMELT são frequentes em situações de trabalho onde se verifica a exposição a

fatores de risco, em particular a nível postural, de aplicação de força e de repetividade.

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Fernando Biscaia Fraga

76

Estas lesões causam sofrimento e perda de rendimento a nível individual, assim como

elevados custos diretos e indiretos, quebras de produtividade e custos sociais para o

Estado e para a sociedade. Os valores elevados de prevalência dessas lesões alicerçam a

necessidade de existência de mecanismos efetivos de prevenção. Estes constituem a

razão deste estudo e deram origem à principal finalidade que, perante uma complexa

relação entre o individuo, a atividade, o meio e os detalhes de cada fenómeno

individualizado, passou por, num contexto real, estimar o risco (probabilidade) destas

lesões. Só através de uma cuidada observação da situação real do trabalho é possível

identificar exposição relevante a fatores de risco (SERRANHEIRA F. , 2007)

A avaliação dos fatores de risco LMELT, dos postos de trabalho integra-se nos 3 níveis

de prevenção:

• Prevenção Primaria: Atuação na fase inicial de conceção ou reconcepção dos

postos e locais de trabalho, com o objetivo de prevenir o desenvolvimento de

LMELT;

• Prevenção Secundária: Nesta fase em que o trabalhador já apresenta uma LME

o objetivo será adequar a atual posto de trabalho e as tarefas a sua condição

atual;

• Prevenção Terciaria: Quando o trabalhador já não pode desempenhar as tarefas

no posto de trabalho atualmente em curso, poderá ser proposto pelo médico do

trabalho a recolocação do trabalhador noutro local que apresente as

características adequadas a condição atual do trabalhador;

Apenas perante uma avaliação de risco de LMELT, é possível ao médico de trabalho

complementar a informação necessária para a tomada de decisão se existe nexo de

causalidade entre a patologia de um trabalhador e as condições de realização das suas

tarefas, para assim poder realizar o encaminhamento da situação como Doença

Profissional.

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Fernando Biscaia Fraga

77

Programa de prevenção das LMELT

O aspeto mais importante de qualquer programa de prevenção de LMERT é a

participação de todos os trabalhadores da empresa, incluindo os órgãos da

administração/gestão e as chefias intermédias.

É indispensável a partilha total de informação sobre os elementos das situações de

trabalho, partindo do conhecimento existente e integrando os resultados da avaliação do

risco.

A prevenção das LMERT é um problema de todos e não dos médicos e dos

trabalhadores com doenças ou lesões (SERRANHEIRA, UVA, & LOPES, 2008)

A prevenção das LMERT passa sempre pela existência de um conjunto de

procedimentos que reduzam o risco de lesões. Esses procedimentos constituem o

modelo de gestão do risco de LMERT, também na perspetiva ergonómica, que integra

as seguintes principais componentes: (1) a análise do trabalho; (2) a avaliação do risco

de LMERT; (3) a vigilância médica (ou da saúde) do trabalhador e (4) a informação

e formação dos trabalhadores (SERRANHEIRA, UVA, & LOPES, 2008)

a) Análise do trabalho

As metodologias de análise do trabalho recorrem a processos que decompõem o

trabalho nos distintos e sucessivos acontecimentos que o constituem, permitindo a

observação dos detalhes, como, por exemplo, as aplicações de força, a frequência dos

gestos e a postura adotada no desempenho da atividade de trabalho. A análise

ergonómica do trabalho (realizada por ergonomistas), pela sua metodologia específica,

permite a compreensão dos diversos elementos referidos e pode contribuir para o

desenvolvimento de planos e programas de prevenção destas doenças ou lesões

(SERRANHEIRA, UVA, & LOPES, 2008)

A análise do trabalho efetuada no CHLC encontra numerosos fatores de risco de

LMELT sem esquecer os outros fatores de risco.

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Fernando Biscaia Fraga

78

b) Avaliação do risco de LMELT

A avaliação do risco de LMELT é uma das etapas primordiais de qualquer intervenção.

Nesse processo, a utilização de métodos de avaliação do risco é a forma mais eficaz de

classificar os postos de trabalho, em função dos níveis de risco. Apesar disso, a sua

facilidade de aplicação torna-se, por vezes, a causa de práticas pouco adequadas, devido

a não considerarem a totalidade de fatores de risco presentes na situação de trabalho

(SERRANHEIRA, UVA, & LOPES, 2008)

A avaliação do risco, no CHLC, pelo serviço de Saúde Ocupacional, segue os passos

metodológicos que apresentamos em anexo, nos procedimentos SST 108, e SST 113 e

por essa razão, apesar da importância vital do tema, não nos alongamos, uma vez que a

prática corrente decorre da aplicação dos procedimentos em anexo, mas podemos

afirmar com segurança que a aplicação destes procedimentos reduziu quantitativa e

qualitativamente os sinais e sintomas de LMELT. Não podemos, contudo quantificar,

estatisticamente ao longo do tempo, como se seria desejável, por exemplo, num Estudo

de Coorte, pois a aplicação pratica destas Normas é recente, e não estão disponíveis,

dados, nem estudos ergonómicos, dos postos de trabalho, antes e depois da sua

aplicação prática.

c) Vigilância da saúde do trabalho

Para (SANTIAGO & TAPIOLES, 2005), a vigilância médica define-se como sendo a

utilização de um conjunto de técnicas e dados de saúde de maneira sistemática e

periódica com o objetivo de conhecer ou detetar modificações no estado de saúde de um

indivíduo, efetuando a sua análise e interpretação na planificação, implementação e

avaliação de programas de saúde. Em resumo, a vigilância médica é a aplicação de

procedimentos médicos aos trabalhadores para avaliar o seu estado de saúde em relação

à exposição a fatores de risco profissionais de forma a orientar estratégias de prevenção.

A vigilância médica tem como objetivos principais (LEITE, 2006)

• Avaliar a aptidão para a atividade profissional;

• Controlar a eficácia da prevenção técnica;

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79

• Detetar precocemente as repercussões das exigências da situação de trabalho

sobre a saúde do trabalhador, nomeadamente situações de doença profissional;

• Detetar indivíduos suscetíveis;

• Avaliar a situação global de saúde;

Para a avaliação da aptidão médica, onde se enquadra, o exame médico, é preconizada

a seguinte metodologia da aptidão (LEITE, 2006)

1. Caracterização da atividade e suas exigências através da análise global da

situação real de trabalho.

2. Caracterização da capacidade de trabalho do trabalhador através:

a. História clínica e questionários;

b. Testes de avaliação global da saúde;

c. Testes específico relacionado com a exposição;

d. Testes não específicos, relacionados com a exposição;

e. Testes de suscetibilidade;

f. Testes de capacidade funcional e muscular;

Ao ser necessário caraterizar a capacidade de trabalho do trabalhador e tendo em conta

as exigências da atividade e as condicionantes que lhe estão associadas, é a aptidão para

a função que leva à seleção de métodos de avaliação médica dirigidos.

Um protocolo de vigilância médica deve , desta forma, ser um plano preciso e

detalhado de atuações , para a vigilância individual da saúde dos trabalhadores em

relação aos fatores de risco , a que está exposto e, dadas as condicionantes em que

ocorre a sua atividade (SANTIAGO & TAPIOLES, 2005) .

Relativamente à legislação e segundo art.º 245º do Dec. Lei 35/2004 de 29 de julho,

devem ser realizados exames médicos iniciais, periódicos e ocasionais. O exame inicial

Page 84: Prevenção de Lesões Musculo Esqueléticas em contexto hospitalar

Fernando Biscaia Fraga

80

tem como objetivo avaliar a aptidão para a atividade profissional, estabelecer um registo

inicial da situação de saúde e detetar indivíduos hipersuscetíveis, enquanto o exame

periódico deve permitir a deteção precoce dos sinais de exposição individual aos efeitos

da atividade e suas condicionantes sobre a saúde (LEITE, 2006).

A vigilância da saúde pode ser definida como o processo de obtenção, análise e

interpretação de dados que permitem a caracterização do estado de saúde individual ou

do grupo de indivíduos, o estabelecimento da sua relação com a exposição a fatores de

risco profissionais, facultando, perspetivar e programar a prevenção dos efeitos adversos

do trabalho sobre o organismo humano exposto. Ou pelo menos diminuir esse risco.

É, o médico do trabalho que, diagnostica precocemente, a relação entre os fatores

(profissionais) de risco e o aparecimento de queixas relacionadas com o trabalho em

trabalhadores expostos, quer pelo estudo do ambiente de trabalho, pela atividade real, e

pela consulta em saúde ocupacional..

É este, médico do trabalho, especialista em Medicina do Trabalho, que a legislação

prevê, que exista em todas as empresas, que tem a preparação e, o conhecimento que

permite, esta adequada vigilância de saúde. Esta vigilância de saúde pode e deve, ser

implementada, através da realização de exames médicos, como exames de admissão,

periódicos, ocasionais. Ou de maior assiduidade, sempre que necessário, sempre que

surjam sintomas, acidentes de trabalho ou doenças profissionais, e sempre que

decorrente do estudo ergonómico dos locais de trabalho, sejam identificados fatores de

risco. A consulta de Saúde Ocupacional, é marcada por iniciativa médica, do

trabalhador ou ainda das chefias, deve surgir, sempre que necessário pois é o ponto de

encontro preferencial, e primordial para a manutenção e vigilância da saúde do

profissional que trabalha,

Como o diagnóstico precoce (prevenção secundária) e a adoção de outras medidas de

prevenção são essenciais para travar a evolução das LMELT e prevenir o aparecimento

de novos casos, torna-se ainda mais relevante a responsabilidade dos médicos do

trabalho e de outros técnicos. Para além disso, são sempre os médicos do trabalho os

principais responsáveis pelo “acompanhamento” clínico, adequado dos casos

diagnosticados, independentemente do contributo (indispensável) de outras

especialidades médicas, como são os casos da Reumatologia, da Ortopedia ou da

Medicina Física e Reabilitação.

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Fernando Biscaia Fraga

81

Uma vigilância ativa é possível e desejável, através de uma intervenção dinâmica,

próxima dos trabalhadores, com o objetivo de detetar sintomas e sinais precoces de

LMELT.

O sistema de vigilância da saúde baseia-se num de conjunto ações centradas

essencialmente no indivíduo, que complementam e “vigiam” as ações baseadas, na

atividade de trabalho, ou seja, naquilo que o trabalhador efetivamente faz e em que

condições.

Perante um caso de LMELT, e relativamente ao processo de decisão sobre a sua origem

profissional, existe um procedimento com base em quatro momentos, a partir da

existência de sintomas (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005).

1º Verificar se os sintomas começaram, recidivaram, ou agravaram após o início

do trabalho atual;

2º Verificar se o trabalhador está exposto a fatores profissionais de risco

conhecidos ou associados a LME localizada;

3º Analisar a possibilidade de origem não ocupacional dos sintomas

4º Decidir sobre o respetivo nível da relação com o trabalho.

É a obtenção, tratamento e retorno sistemático de informação médica de avaliação de

informações epidemiológicas de uma doença, lesão ou outro problema de saúde, na

perspetiva da programação de medidas de prevenção e controlo.

Em SO a vigilância é efetuada em tempos diferentes pelas consultas de admissão,

periódicas, de retorno ao serviço, também por questionários de 6/6 meses ou por

iniciativa do profissional ou sempre que se afigure necessário, como apos o surgimento

de queixas clinicas ou acidentes de trabalho.

O Exame de Saúde Ocupacional

Realiza-se fora do planeamento previsto com vista a avaliar qualquer alteração no

estado de saúde do trabalhador que possa exigir alteração das atividades desenvolvidas

pelo trabalhador, e garantir a colocarão adequada com vista a evitar outras doenças ou

lesões. Efetuam-se sempre que existe:

• Mudança de posto de trabalho ou mudança de função, ou alteração significativa

das tarefas da atividade ou dos locais de trabalho;

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Fernando Biscaia Fraga

82

• Alteração nas condições do posto de trabalho - as alterações significativas das

condições dos postos de trabalho (novos equipamentos, instalações, tarefas,

horários, etc.) poderão implicar a existência de novos fatores de risco não

anulados ou não controlados podendo implicar prejuízo para a saúde dos

trabalhadores;

• Regresso ao trabalho após ausência superior a 30 dias - A avaliação em exame

ocasional dos trabalhadores que apresentam faltas ao trabalho por doença ou

acidente poderão permitir a identificação de fatores de risco ainda não

caracterizados nem controlados no local de trabalho. O médico do trabalho

poderá convocar também trabalhadores com período os de baixa inferiores a 30

dias ou sempre que os indicadores de absentismo laboral possam ser indicadores

de fatores de risco relacionados com o trabalho. Por outro lado, após a ausência

do mesmo por doença ou acidente pretende-se assegurar e prevenir recidivas,

recaídas e agravamento, bem como identificar atividades perigosas para a

convalescença.

• Iniciativa do médico ou do serviço - Por iniciativa do médico do trabalho ou por

necessidade expressa da chefia, o trabalhador poderá ser convocado para um

exame ocasional.

• Pedido do trabalhador - e um direito do trabalhador o pedido de exame ocasional

sendo uma forma de colaboração com o SSO na vigilância de saúde e no

controlo dos fatores de risco existentes no local de trabalho.

• Por cessação do contrato de trabalho - sempre que ocorra cessação de contrato

realiza-se ESO para uma correta caracterização da saúde do trabalhador no

momento da cessação da atividade no estabelecimento onde exerceu funções.

d) Informação e formação dos trabalhadores

O envolvimento dos trabalhadores no processo de prevenção das LMELT, pressupõe a

informação e formação sobre os respetivos fatores de risco e sobre a história natural das

lesões, incluindo a influência de fatores não profissionais na etiologia e/ou agravamento

dessas lesões. Essa formação deve ser dada não só aos trabalhadores que se encontram

diretamente expostos a fatores de risco, mas também aos que se relacionam com o

processo produtivo.

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83

A importância da formação em saúde e segurança dos trabalhadores é de tal forma

marcada que, a sua ausência, pode mesmo constituir mais um fator de risco de LMELT

a juntar aos já atrás referidos. A formação e informação sobre aspetos como a

(re)aprendizagem dos gestos profissionais ou sobre ações tendentes a reduzir a

suscetibilidade individual não deve, todavia, substituir a intervenção prioritária sobre o

trabalho (SERRANHEIRA, LOPES, & UVA, 2005).

Para a avaliação da aptidão médica, onde se enquadra, o exame médico, é preconizada a

seguinte metodologia da aptidão (LEITE, 2006)

3. Caracterização da atividade e suas exigências através da análise global da

situação real de trabalho.

4. Caracterização da capacidade de trabalho do trabalhador através:

a. História clínica e questionários;

b. Testes de avaliação global da saúde;

c. Testes específico relacionado com a exposição;

d. Testes não específicos, relacionados com a exposição;

e. Testes de suscetibilidade;

f. Testes de capacidade funcional e muscular;

Ao ser necessário caraterizar a capacidade de trabalho do trabalhador e tendo em conta

as exigências da atividade e as condicionantes que lhe estão associadas, é a aptidão para

a função que leva à seleção de métodos de avaliação médica dirigidos.

.

O Exame de Saúde Ocupacional

Exame inicial ou de admissão

Este exame deverá avaliar a capacidade do trabalhador para o exercício da atividade

profissional bem como avaliar globalmente a situação de saúde. Permite obter um

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Fernando Biscaia Fraga

84

registo inicial da saúde do trabalhador indispensável para a posterior avaliação do

estado de saúde.

Exame periódico

A periocidade destes exames deve se definida em função: dos níveis de exposição aos

fatores de risco, do conhecimento da história natural da doença, das características

individuais dos trabalhadores, e neste grupo de trabalhadores, a semiologia e a

imagiologia, bem como a MFR especialidades como a Ortopedia e , por outro lado a

Consulta de Psicologia , existente também no SO, são muito importantes .

Os exames auxiliares de diagnósticos preconizados serão: Rx tórax, ECG, hemograma,

glicémia, ácido úrico, colesterol total, colesterol HDL, triglicéridos, transaminases,

gama GT, ureia, creatinina, ionogram sérico, PCR e urina II.

Situações limitantes

Quer pelas condições de trabalho, quer pelas características da própria atividade,

existem determinadas situações de saúde que podem ser agravadas pelo trabalho.

De entre as situações de saúde consideradas limitantes para os enfermeiros e assistentes

operacionais, destacaram-se as LMELT, mais importantes.

Contudo, no contexto específico deste estudo do Bloco Operatório, toda a baixa

acuidade visual, conduz ou pode conduzir a desequilíbrios, quedas e também LMELT.

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