Prevencao Combate Sinistros

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Prevenção e Combate a Sinistros José Carlos Lorentz Aita Nirvan Hofstadler Peixoto 2012 Santa Maria - RS

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Segurança do trabalho

Transcript of Prevencao Combate Sinistros

  • Preveno e Combate a Sinistros

    Jos Carlos Lorentz Aita

    Nirvan Hofstadler Peixoto

    2012Santa Maria - RS

  • RIO GRANDEDO SUL

    INSTITUTOFEDERAL

    Presidncia da Repblica Federativa do Brasil

    Ministrio da Educao

    Secretaria de Educao Profissional e Tecnolgica

    Equipe de Acompanhamento e ValidaoColgio Tcnico Industrial de Santa Maria CTISM

    Coordenao InstitucionalPaulo Roberto Colusso/CTISM

    Professor-autorJos Carlos Lorentz Aita/CTISMNivan Hofstadler Peixoto/CTISM

    Coordenao TcnicaIza Neuza Teixeira Bohrer/CTISM

    Coordenao de DesignErika Goellner/CTISM

    Reviso Pedaggica Andressa Rosemrie de Menezes Costa/CTISMFabiane Sarmento Oliveira Fruet/CTISM Janana da Silva Marinho/CTISMMarcia Migliore Freo/CTISM

    Reviso TextualTatiana Rehbein/UNOCHAPEC

    Reviso TcnicaNeverton Hofstadler Peixoto/CTISM

    IlustraoGabriel La Rocca Cser/CTISMMarcel Santos Jacques/CTISMRafael Cavalli Viapiana/CTISMRicardo Antunes Machado/CTISM

    DiagramaoCssio Fernandes Lemos/CTISMLeandro Felipe Aguilar Freitas/CTISM

    Colgio Tcnico Industrial de Santa MariaEste caderno foi elaborado pelo Colgio Tcnico Industrial da Universidade Federal de Santa Maria para a Rede e-Tec Brasil.

    A311t Aita, Jos Carlos LorentzPreveno e combate a sinistros / Jos Carlos Lorentz Aita,

    Nirvan Hofstadler Peixoto. Santa Maria : Universidade Federal de Santa Maria, Colgio Tcnico Industrial de Santa Maria ; Rede e-Tec Brasil, 2012.

    130 p. : il. ; 21 cm

    1. Segurana 2. Fogo 3. Incndio 4. Preveno de incndioI. Peixoto, Nirvan Hofstadler II. Universidade Federal de Santa Maria. Colgio Tcnico Industrial de Santa Maria III. Escola Tcnica Aberta do Brasil IV. Ttulo.

    CDU 614.841

    Ficha catalogrfica elaborada por Maristela Eckhardt CRB 10/737Biblioteca Central da UFSM

  • e-Tec Brasil3

    Apresentao e-Tec Brasil

    Prezado estudante,

    Bem-vindo ao e-Tec Brasil!

    Voc faz parte de uma rede nacional pblica de ensino, a Escola Tcnica Aberta

    do Brasil, instituda pelo Decreto n 6.301, de 12 de dezembro 2007, com o

    objetivo de democratizar o acesso ao ensino tcnico pblico, na modalidade

    a distncia. O programa resultado de uma parceria entre o Ministrio da

    Educao, por meio das Secretarias de Educao a Distncia (SEED) e de Edu-

    cao Profissional e Tecnolgica (SETEC), as universidades e escolas tcnicas

    estaduais e federais.

    A educao a distncia no nosso pas, de dimenses continentais e grande

    diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao

    garantir acesso educao de qualidade, e promover o fortalecimento da

    formao de jovens moradores de regies distantes dos grandes centros

    geograficamente ou economicamente.

    O e-Tec Brasil leva os cursos tcnicos a locais distantes das instituies de

    ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir

    o ensino mdio. Os cursos so ofertados pelas instituies pblicas de ensino

    e o atendimento ao estudante realizado em escolas-polo integrantes das

    redes pblicas municipais e estaduais.

    O Ministrio da Educao, as instituies pblicas de ensino tcnico, seus

    servidores tcnicos e professores acreditam que uma educao profissional

    qualificada integradora do ensino mdio e educao tcnica, capaz

    de promover o cidado com capacidades para produzir, mas tambm com

    autonomia diante das diferentes dimenses da realidade: cultural, social,

    familiar, esportiva, poltica e tica.

    Ns acreditamos em voc!

    Desejamos sucesso na sua formao profissional!

    Ministrio da Educao

    Janeiro de 2010

    Nosso contato

    [email protected]

  • e-Tec Brasil5

    Indicao de cones

    Os cones so elementos grficos utilizados para ampliar as formas de

    linguagem e facilitar a organizao e a leitura hipertextual.

    Ateno: indica pontos de maior relevncia no texto.

    Saiba mais: oferece novas informaes que enriquecem o assunto ou curiosidades e notcias recentes relacionadas ao

    tema estudado.

    Glossrio: indica a definio de um termo, palavra ou expresso utilizada no texto.

    Mdias integradas: sempre que se desejar que os estudantes desenvolvam atividades empregando diferentes mdias: vdeos,

    filmes, jornais, ambiente AVEA e outras.

    Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes nveis de aprendizagem para que o estudante possa realiz-las e

    conferir o seu domnio do tema estudado.

  • e-Tec Brasil 6

  • e-Tec Brasil

    Sumrio

    Palavra do professor-autor 9

    Apresentao da disciplina 11

    Projeto instrucional 13

    Aula 1 Teoria do fogo 151.1 Consideraes iniciais 15

    1.2 Elementos necessrios para que o fogo acontea 17

    1.3 Tringulo do fogo 18

    1.4 Mtodos de propagao da energia trmica calor 20

    1.5 Temperaturas importantes 22

    1.6 Principais fatores que podem provocar um incndio 22

    1.7 Classes de incndio 23

    Aula 2 Tcnicas de preveno e extino do fogo 272.1 Mtodos de extino do fogo 27

    2.2 Agentes extintores 29

    2.3 Equipamentos portteis de combate a incndio 32

    2.4 Inspeo, manuteno e recarga de extintores de incndio 35

    Aula 3 Normas sobre preveno e combate a incndios 433.1 Embasamento legal 43

    3.2 Norma Regulamentadora NR 23 (Proteo contra incndios) 44

    3.3 Norma Brasileira NBR 12693 (Sistemas de proteo por extintores de incndio) 45

    3.4 Cdigo de Posturas do municpio 57

    3.5 Leis estaduais 57

    Aula 4 Sistemas fixos de combate a incndio 594.1 Sistema de hidrantes e de mangotinhos para combate a incndio 59

    4.2 Localizao dos sistemas de hidrantes e de mangotinhos 60

    4.3 Componentes bsicos de um sistema fixo de combate a incndio (hidrantes e mangotinhos) 61

    4.4 Chuveiro automtico (sprinkler) 70

  • Aula 5 Brigada de combate a incndio 755.1 Composio da brigada de combate a incndio 75

    5.2 Atribuies da brigada de combate a incndio 76

    5.3 Requisitos bsicos para ser brigadista 77

    5.4 Determinao do nmero de brigadistas 78

    5.5 Organograma da brigada de incndio 91

    5.6 Treinamento e reciclagem da brigada de combate a incndio 93

    Aula 6 Plano de abandono de rea 956.1 Requisitos para elaborao do plano 95

    Aula 7 Prtica de utilizao de extintores 1057.1 Aplicao dos conhecimentos 105

    Aula 8 Projeto de distribuio de extintores portteis de incndio 1098.1 Projeto de Preveno e Combate a Incndio (PPCI) 109

    8.2 Vistoria 110

    8.3 Distribuio de extintores portteis de incndio 111

    8.4 Recomendaes para a distribuio de extintores portteis, segundo a NBR 12693:2010 112

    8.5 Projeto clculo e distribuio em planta baixa dos extintores portteis de incndio 114

    Referncias 128

    Currculo do professor-autor 130

    e-Tec Brasil

  • e-Tec Brasil9

    Palavra do professor-autor

    Com certeza uma das mais importantes descobertas j feitas pelo homem

    foi o fogo. Sabe-se que o homem j utilizava o fogo h alguns milhares de

    anos atrs, mas, at hoje, os pesquisadores no conseguiram determinar com

    exatido a poca em que o homem passou a utilizar essa importante fonte de

    energia. O que se pode afirmar que, a partir da descoberta do fogo e desde

    o momento em que o homem desenvolveu a habilidade para manuse-lo, o

    fogo contribuiu para a evoluo da espcie humana e continua contribuindo

    para o desenvolvimento at os dias de hoje.

    Mas, esse fogo que tanto ajudou na evoluo do homem um elemento que,

    quando foge ao controle, causa de muita destruio e dor. No Brasil, tem-se

    registros de muitas tragdias causadas pelo fogo, dentre as quais podemos

    citar o incndio no Edifcio Andraus e no Edifcio Joelma.

    O incndio no Edifcio Andraus aconteceu na cidade de So Paulo, em 24 de

    fevereiro de 1972, e resultou em 16 mortos e 330 feridos. A provvel causa

    teria sido a sobrecarga no sistema eltrico da edificao. J no Edifcio Joelma,

    a tragdia foi bem maior. Tambm na cidade de So Paulo, ocorreu em 1 de

    fevereiro de 1974, com 187 pessoas mortas, o fogo comeou a partir de um

    curto circuito num condicionador de ar.

    So tragdias desse tipo que nos fazem pensar: Ser que naquela poca no

    havia normas de segurana contra incndio? Se existiam, eram cumpridas?

    Certamente, que existiam. Mas isso, hoje, so conjecturas que no iro resol-

    ver nada, pois esses incndios j aconteceram. O que nos cabe trabalhar

    para que novas tragdias no aconteam no s nos prdios de apartamentos,

    mas tambm em qualquer ambiente onde existam pessoas trabalhando ou

    desfrutando seus momentos de lazer.

    Portanto, pensando na proteo daquilo que nos mais precioso a VIDA ,

    procuramos elaborar este material de modo que se converta no primeiro

    passo no aprendizado daqueles que iro atuar no mercado de trabalho como

    Tcnicos em Segurana do Trabalho.

    Jos Carlos Lorentz Aita

    Nirvan Hofstadler Peixoto

  • e-Tec Brasil11

    Apresentao da disciplina

    Esta disciplina poderia ter uma abordagem mais ampla, pois as regies que

    sofrem com terremotos, maremotos, vulces e mesmo aquelas que sofrem

    com conflitos por guerras ou terrorismo devem realizar um planejamento

    mais completo que contemple todos os riscos possveis. Entretanto, como

    a realidade brasileira diferente dessas regies, a disciplina de Preveno e

    Combate a Sinistros tem como meta principal fazer com que o aluno entenda

    os conceitos e tcnicas que so importantes no trabalho de preveno e de

    combate a sinistros em seu contexto.

    Assim sendo, na primeira aula, apresentamos a teoria do fogo, os elementos

    essenciais do fogo, as principais causas provveis de risco incndio e as classes

    de fogo. Na segunda aula, so estudadas as tcnicas de preveno e extino

    do fogo, os agentes extintores mais utilizados e o modo de atuao destes

    sobre o fogo, os extintores portteis de incndio e as manutenes obrigatrias

    exigidas por lei.

    A terceira aula apresenta-se mais especfica, abordando as normas de preven-

    o e de combate a incndios, a NR 23 e a NBR 12693:2010. Nesta aula, os

    alunos devero obter junto prefeitura de seu municpio o Cdigo de Posturas

    para complementar as normas estudadas.

    Na quarta aula, so abordados os sistemas fixos de combate ao fogo, os

    hidrantes e os chuveiros automticos, bem como seus componentes bsicos

    e equipamentos, inspees e manutenes peridicas necessrias para o bom

    funcionamento dos sistemas.

    A quinta aula voltada para a brigada de incndio (elemento importante nos

    ambientes de trabalho). Nesta aula, so abordadas as atribuies da brigada, os

    requisitos bsicos para ser um brigadista, o clculo para determinar o nmero

    de brigadistas, segundo a NBR 14276:2006, e sugestes de organogramas,

    tambm, conforme a mesma norma.

    Na sexta aula, estudamos a NBR 15219:2005 que se refere ao plano de aban-

    dono de rea importante no momento da evacuao das pessoas das reas

    de risco que, sem dvida, no poder faltar em um bom plano de preveno

  • e combate a incndio: o Plano de Preveno e Combate a Incndio (PPCI). A

    stima aula prtica. uma aula que ser realizada de forma presencial na

    qual sero demonstradas, por instrutor capacitado, as tcnicas de preveno e

    de combate a incndio. Os alunos, ainda, manusearo equipamentos portteis

    de combate a incndio.

    Na oitava e ltima aula, trabalhamos o projeto de distribuio de extintores

    portteis de incndio. Nesta, o discente ir aplicar todos os conhecimentos

    apreendidos, desenvolvendo um trabalho de distribuio de extintores portteis

    de incndio numa planta baixa, seguindo, rigorosamente, as determinaes

    da NBR 12693:2010, do Cdigo de Posturas do seu municpio, entre outras.

    e-Tec Brasil 12

  • e-Tec Brasil

    Disciplina: Preveno e Combate a Sinistros (carga horria: 60h).

    Ementa: Teoria do fogo. Mtodos de propagao. Principais riscos de incndio. Classes de incndio. Agentes extintores. Tcnicas de extino. Extintores de

    incndio. Recarga e manuteno de extintores. Proteo contra incndios.

    Equipamentos e sistemas de proteo contra incndios: hidrantes, mangueiras,

    chuveiro automtico. Tcnicas de abandono de rea. Brigada de combate a

    incndio. Instrues gerais de emergncia. Prtica no uso de extintores. Projeto

    de distribuio de extintores.

    AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM MATERIAISCARGA

    HORRIA(horas)

    1. Teoria do fogo

    Dar ao aluno o embasamento necessrio para que possa compreender, de forma clara, as caractersticas do fogo, os tipos de classes de incndio, os mtodos de propagao do fogo, os principais riscos que levaro a este, bem como as possveis aes para a preveno dos mesmos.

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    10

    2. Tcnicas de preveno e extino do fogo

    Apreender as tcnicas de preveno e de combate ao fogo, utilizando o conhecimento adquirido com otringulo do fogo.Conhecer o agente extintor mais indicado para cada classe de incndio.Saber reconhecer e determinar o nvel de manuteno necessrio a cada extintor.

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    07

    3. Normas sobre preveno e combate a incndios

    Oportunizar ao aluno o embasamento necessrio para que possa fazer o clculo e o projeto de distribuio de extintores de incndio, bem como, determinar o agente extintor ou agentes extintores mais indicados para cada setor da empresa.

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    08

    4. Sistemas fixos de combate a incndios

    Dar conhecimento ao aluno da existncia de outros sistemas de combate ao fogo, alm dos extintores portteis de incndio.

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    05

    5. Brigada de combate a incndio

    Dar conhecimento ao aluno das atribuies da brigada de incndio,como calcular o nmero de brigadistas, bem como, a formao e a reciclagem das brigadas de incndio.

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    10

    Projeto instrucional

    e-Tec Brasil13

  • AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM MATERIAISCARGA

    HORRIA(horas)

    6. Plano de abandono de rea

    Apresentar ao aluno os requisitos mnimos para elaborao, implantao e adequao do plano de emergncia contra incndio.

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    06

    7. Prtica de utilizao de extintores

    Operacionalizar a utilizao dos extintores portteis de incndio numa situao de princpio de incndio.Apreender a tcnica de apagar fogo em botijes de GLP (13 kg).

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    04

    8. Projeto de distribuio de extintores portteis de incndio

    Conhecer as recomendaes mnimas requeridas em num projeto de proteo por extintores portteis de incndio.

    Ambiente virtual:plataforma Moodle.Apostila didtica.Recursos de apoio: links, exerccios.

    10

    e-Tec Brasil 14

  • e-Tec Brasil

    Aula 1 Teoria do fogo

    Objetivos

    Dar ao aluno o embasamento necessrio para que possa compre-

    ender, de forma clara, as caractersticas do fogo, os tipos de clas-

    ses de incndio, os mtodos de propagao do fogo, os principais

    riscos que levaro a este, bem como as possveis aes para a pre-

    veno dos mesmos.

    1.1 Consideraes iniciaisO fogo acontece devido a uma reao qumica entre trs elementos: o com-

    bustvel, o comburente (oxignio) e uma fonte de energia de ativao (calor)

    que produz o desprendimento de luz e calor intenso. Essa reao qumica,

    chamada fogo, pode produzir benefcios, mas tambm causar dor e destruio

    para o homem e para a natureza.

    O fogo, quando utilizado de forma controlada, facilita muito a nossa vida,

    pois sem ele e sem a inteligncia do homem, provavelmente, no teramos

    chegado ao nvel de desenvolvimento tecnolgico dos dias atuais. Mas, esse

    mesmo fogo, que ajuda a construir, pode, tambm, ser um elemento causador

    de destruio, extinguindo tudo por onde passa.

    Para evitarmos a destruio causada pelo fogo descontrolado, devemos conhecer

    as tcnicas de preveno, ou seja, as maneiras ou formas que temos para

    evitar que o fogo acontea. Como passo primordial para a preveno do

    princpio de incndio (foco deste estudo), importante que apreendamos

    alguns conhecimentos bsicos para evitar o fogo, so eles:

    a) Conhecer as caractersticas do fogo.

    b) Conhecer as propriedades de risco dos materiais que temos na empresa.

    c) Conhecer as principais fontes causadoras de incndio.

    e-Tec BrasilAula 1 - Teoria do fogo 15

  • Figura 1.1: Anlise de risco para atuar na prevenoFonte: CTISM

    Contudo, mesmo tomando todas as medidas necessrias para prevenirmos

    o fogo, ainda assim corre-se o risco de que algum imprevisto d incio a um

    incndio. Nessa hora, devemos estar preparados para realizar o combate ao fogo.

    Para que se possa realizar um combate eficiente ao princpio de incndio e

    evitar que o fogo tome propores catastrficas, faz-se necessrio:

    a) Saber determinar com rapidez e eficincia as caractersticas do incndio em questo, ou seja, o tipo de classe de fogo.

    b) Conhecer os tipos de agentes extintores mais eficientes no combate para a classe de fogo em questo.

    c) Saber manusear os equipamentos portteis de combate a incndio.

    Necessitamos conhecer tudo sobre as tcnicas de preveno e de combate

    ao fogo para que ele seja utilizado de forma segura, como um elemento que

    auxilie no desenvolvimento de novas tecnologias, contribuindo para melhorar

    a vida de todos ns, e no como um causador de destruio.

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 16

  • Figura 1.2: Atuao no combate efetivo ao princpio de incndioFonte: CTISM

    1.2 Elementos necessrios para que o fogo aconteaComo j comentamos, anteriormente, para que o fogo acontea so neces-

    srios trs elementos:

    a) Combustvel.

    b) Comburente (oxignio do ar).

    c) Uma fonte de energia de ativao (fonte de calor).

    Quando esses trs elementos esto juntos, se acontecer uma reao em cadeia

    entre eles, certamente se iniciar o que denominamos fogo.

    O combustvel qualquer elemento que pode entrar em combusto (queima)

    no momento em que atinge suas caractersticas fsico-qumicas, ou seja, atinge

    a sua temperatura de combusto quando excitado por uma fonte externa

    de calor.

    Os combustveis so encontrados nos trs estados fsicos da matria: slido,

    lquido e gasoso.

    e-Tec BrasilAula 1 - Teoria do fogo 17

  • Combustveis slidos papel, madeira, tecido, plstico, borracha, isopor e outros.

    Combustveis lquidos gasolina, diesel, lcool, thinner, querosene e outros.

    Combustveis gasosos Gs Liquefeito de Petrleo (GLP), propano, metano, acetileno, butano e outros.

    O oxignio, chamado de agente comburente, o elemento ativador das

    chamas. Sempre que o fogo acontecer num ambiente rico em oxignio, as

    chamas sero mais intensas, gerando uma maior intensidade luminosa e,

    consequentemente, desprendendo maior quantidade de calor.

    O oxignio est presente em quase todos os ambientes, pois ele encontrado

    em abundncia no ar que respiramos (em torno de 21% da composio do

    ar atmosfrico).

    A energia de ativao a fonte de calor necessria para dar incio s chamas.

    Essa fonte de calor poder ser uma ponta de cigarro incandescente, um fsforo

    aceso, uma fasca eltrica, o calor gerado pelo atrito de peas metlicas, a

    chama aberta de um maarico, entre outros.

    1.3 Tringulo do fogoOs elementos essenciais do fogo so: o combustvel, o comburente e a energia

    de ativao. Esses trs elementos formam o chamado tringulo do fogo que

    representado na Figura 1.3.

    O tringulo do fogo uma ferramenta muito utilizada nas tcnicas de preveno

    e de combate ao fogo, pois, no momento em que isolamos ou eliminamos

    um dos lados do tringulo, estamos impossibilitando a gerao do fogo.

    Atualmente a literatura sobre o assunto faz meno a um novo componente

    necessrio para a existncia do fogo, que no era mencionado de forma

    explicita, mas subentendido no tringulo do fogo, a chamada reao em

    cadeia. Com a incluso da reao em cadeia surgiu o chamado tetraedro do

    fogo (Figura 1.4).

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 18

  • Figura 1.3: Tringulo do fogoFonte: CTISM

    Figura 1.4: Tetraedro do fogoFonte: CTISM

    e-Tec BrasilAula 1 - Teoria do fogo 19

  • 1.4 Mtodos de propagao da energia trmica calorA energia calorfica gerada num processo de combusto, num determinado

    local, pode ser propagada para outros locais prximos ou distantes, atravs

    de trs mtodos de transmisso, a saber:

    1.4.1 ConduoA conduo o mtodo de transmisso de calor que acontece nos meios

    slidos. Ela ocorre no mbito molecular, ou seja, o calor se propaga de molcula

    para molcula do corpo atravs do movimento vibratrio entre as molculas.

    Um exemplo do mtodo de propagao do calor por conduo quando

    colocamos fogo na ponta de uma vareta metlica e o calor se propaga at

    a outra ponta, gradativamente, atingindo o equilbrio trmico, conforme

    exemplificado na Figura 1.5.

    Logicamente, quanto maior for a condutividade trmica do material, melhor

    e mais rpida ser a transmisso trmica do calor.

    Figura 1.5: Transmisso de calor por conduo numa vareta metlicaFonte: CTISM

    1.4.2 ConvecoO mtodo de transmisso do calor por conveco aquele que ocorre nos

    meios fludicos lquidos ou gasosos, ou seja, a conveco acontece por meio

    da formao de correntes ascendentes e descentes dentro da massa fludica,

    devido diferena de densidade ocasionada pelo aquecimento de parte desse

    meio fludico.

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 20

  • Um exemplo o ar que, quando aquecido, se torna mais leve e tende a subir

    (Figura 1.6).

    Figura 1.6: Conduo de calor por conveco em um prdio de apartamentosFonte: CTISM

    1.4.3 Irradiao ou radiao o mtodo de transmisso de calor por meio de ondas eletromagnticas ou

    raios de energia calorfica que se deslocam atravs do espao (Figura 1.7).

    Figura 1.7: Conduo de calor por irradiaoFonte: CTISM

    e-Tec BrasilAula 1 - Teoria do fogo 21

  • 1.5 Temperaturas importantesAlgumas temperaturas so importantes, pois a partir delas que definimos

    a temperatura com que determinada substncia capaz de pegar fogo, ou

    seja, entrar em combusto.

    1.5.1 Ponto de fulgor a temperatura mnima em que um combustvel comea a desprender vapores,

    os quais, combinados com o oxignio do ar, ao entrarem em contato com

    alguma fonte externa de calor, se inflamam. A chama, entretanto, no se

    mantm, no se sustenta, por no existirem vapores suficientes.

    1.5.2 Temperatura de combusto a temperatura mnima necessria para que um combustvel desprenda

    vapores que, combinados com o oxignio do ar, ao entrarem em contato com

    uma fonte externa de calor, se inflamam e, mesmo que se retire essa fonte

    externa de calor, o fogo no se apaga.

    1.5.3 Temperatura de ignio a temperatura em que os vapores desprendidos dos combustveis entram

    em combusto apenas pelo contato com o oxignio do ar, independente de

    qualquer fonte externa de calor.

    1.6 Principais fatores que podem provocar um incndioAs principais causas que podem gerar perigos e provocar um incndio so:

    1.6.1 Fator humanoSe o incndio no for provocado por ao deliberada, podemos dizer que

    foi ocasionado por imprudncia, por negligncia, por descuido, por irres-

    ponsabilidade e at por desconhecimento do ser humano. Como exemplo,

    podemos citar:

    O clculo subestimado da carga eltrica de um prdio.

    Utilizao de chamas abertas prximo a uma rea de risco.

    1.6.2 Fator naturalComo fatores naturais, podemos considerar os incndios provocados pelos

    fenmenos da natureza. Por exemplo:

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 22

  • Descargas eltricas naturais (raios).

    Calor gerado pelo sol (raios solares).

    Combusto espontnea.

    1.6.3 Fator acidentalSo aqueles fatores que fogem ao nosso controle e acontecem por uma

    fatalidade. Exemplo:

    Riscos eltricos (curto circuito).

    Riscos mecnicos (atrito entre superfcies).

    Riscos qumicos (combinao de substncias em que ocorre uma com-

    busto, independentemente de uma fonte externa de calor exemplo:

    sdio e gua).

    Os riscos acidentais podem ocorrer e, geralmente, acontecem devido aos

    fatores humanos.

    1.7 Classes de incndioSegundo a NBR 12693:2010, os incndios so classificados em quatro classes

    diferentes:

    1.7.1 Incndio classe A o incndio que acontece em materiais slidos em geral, ou seja, em materiais

    que queimam em superfcie e profundidade. Aps a queima, restam resduos

    (Figura 1.8). Como exemplo, podemos citar: madeira, papel, tecido, borracha,

    isopor, plstico, entre outros.

    Combusto espontneaOcorre quando determinado material atinge sua temperatura de autoignio, ou seja, entra em combusto espontnea pelo simples contato com o oxignio.

    e-Tec BrasilAula 1 - Teoria do fogo 23

  • Figura 1.8: Fogo classe A (materiais combustveis slidos)Fonte: CTISM

    1.7.2 Incndio classe B o incndio que acontece em lquidos combustveis e inflamveis, ou seja,

    substncias que queimam somente na superfcie e no deixam resduos (Figura

    1.9). Como exemplo, podemos citar: gasolina, lcool, diesel, thinner, querosene, GLP, butano, propano, acetileno, entre outros.

    Figura 1.9: Incndio classe BFonte: CTISM

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 24

  • 1.7.3 Incndio classe C o incndio que acontece em equipamentos eltricos energizados. Como

    exemplo, podemos citar: motores eltricos energizados (Figura 1.10), trans-

    formadores energizados, quadros de distribuio energizados, ventiladores

    energizados, condicionadores de ar energizados e outros.

    Figura 1.10: Fogo classe C (fogo em equipamentos eltricos energizados)Fonte: CTISM

    Todo equipamento eltrico desenergizado ser considerado fogo classe A e,

    portanto, combatido como tal.

    1.7.4 Incndio classe D o incndio que ocorre em elementos pirofricos, ou seja, elementos metlicos

    capazes de entrar em combusto pelo simples contato com o oxignio do ar

    atmosfrico. Como exemplo, podemos citar: magnsio, titnio, zircnio, sdio.

    1.7.5 Incndio classe KEssa classe de incndio no est prevista na legislao brasileira (pelo menos

    at este momento), mas prevista em normas internacionais, como a NFPA

    10, desde 1998 (National Fire Protection Association) e, como envolve riscos, no podemos deixar de fazer um alerta em relao a este assunto.

    O incndio classe K o tipo de sinistro que acontece em leos, em banhas e

    em gorduras utilizados em cozinhas, os quais, aliados a altas temperaturas,

    podem provocar um incndio (Figura 1.11).

    Para saber mais sobre materiais pirofricos, acesse: http://www.protege.ind.br/download/Ficha%20tecnica%20Classe%20D.pdf

    Para saber mais sobre fogo classe K, acesse:http://www.protege.ind.br/download/Ficha%20tecnica%20Classe%20K.pdf

    e-Tec BrasilAula 1 - Teoria do fogo 25

  • Figura 1.11: Incndio classe KFonte: CTISM

    ResumoNesta aula, estudamos a teoria do fogo, os elementos essenciais do fogo, as

    principais causas provveis de risco incndio e as classes de fogo. Conhecer

    a teoria um passo fundamental para que se possa realizar um trabalho

    eficiente de preveno e de combate ao fogo.

    Atividades de aprendizagem1. Como Tcnico de Segurana do Trabalho, que conhecimentos bsicos

    voc deve ter para implementar um plano prevencionista e evitar os ris-

    cos de incndio em sua empresa?

    2. Como sabemos, mesmo tendo cuidado na preveno de incndios, estes podem acontecer e neste momento que devemos atuar no combate

    ao princpio de incndio. Que conhecimentos devemos ter para realizar o

    combate a um princpio de incndio?

    3. Quais so os elementos essenciais do fogo?

    4. Quais so os mtodos de propagao do calor? Explique, detalhadamente, cada um deles.

    5. Quais so os principais fatores que podem provocar um princpio de in-cndio?

    Assista a um vdeosobre fogo classe K, em:

    http://www.youtube.com/watch?v=0TeV6G0WIqs&feature=

    related

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 26

  • e-Tec Brasil

    Aula 2 Tcnicas de preveno e extino do fogo

    Objetivos

    Aprender as tcnicas de preveno e combate ao fogo, utilizando o

    conhecimento adquirido com o tringulo do fogo.

    Conhecer o agente extintor mais indicado para cada classe de incndio.

    Saber reconhecer e determinar o nvel de manuteno necessrio

    a cada extintor.

    2.1 Mtodos de extino do fogoEstudamos, na aula anterior, o tringulo do fogo. Alm disso, j do nosso

    conhecimento que o fogo acontece pela reao qumica em cadeia de trs

    elementos: o combustvel, o comburente e a energia de ativao. As tcnicas

    de preveno e de combate ao fogo se baseiam no princpio da separao

    desses trs elementos, evitando que a proximidade destes resulte numa situa-

    o de risco ou, mesmo, numa situao real de fogo. Portanto, utilizando o

    tringulo do fogo, podemos realizar um trabalho de preveno e de combate

    de forma bastante eficiente, pois os mtodos de preveno e de combate

    passam, obrigatoriamente, pela quebra do tringulo do fogo. Essa quebra

    d-se da seguinte forma:

    2.1.1 Preveno e combate pela retirada do material combustvelA preveno consiste na retirada do material combustvel das proximidades

    da situao de risco, isolando-se qualquer possibilidade de que ocorra uma

    reao em cadeia entre os trs elementos essenciais do fogo (Figura 2.1).

    Dessa forma, quebramos um dos lados do tringulo do fogo no permitindo

    a reao em cadeia.

    J o combate consiste em retirar, da rea onde est acontecendo o incndio,

    a maior quantidade possvel do combustvel que ainda no foi atingido pelo

    fogo. Assim, evita-se uma maior propagao do incndio facilitando a sua

    extino. Logicamente, isso s deve ser realizado se a situao no colocar

    em risco a vida das pessoas envolvidas.

    e-Tec BrasilAula 2 - Tcnicas de preveno e extino do fogo 29

  • Figura 2.1: Mtodo de preveno e/ou combate por retirada do material combustvelFonte: CTISM

    2.1.2 Preveno e combate pelo resfriamento da temperaturaO mtodo de preveno, nesse caso, parte do princpio de que jamais devemos

    deixar qualquer fonte de energia (calor) em contato ou nas proximidades de

    um material combustvel. Se o material atingir sua temperatura de ponto de

    fulgor, ser capaz de produzir as primeiras chamas que podero evoluir para

    uma situao de combusto, provocando um princpio de incndio.

    O mtodo de combate parte do princpio do resfriamento do material em

    combusto. Ao baixar a temperatura do material em combusto (abaixo do

    seu ponto de combusto), este no ser mais capaz de produzir vapores

    combustveis suficientes para manter o fogo (Figura 2.2).

    Figura 2.2: Mtodo de preveno e/ou combate por resfriamentoFonte: CTISM

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 30

  • 2.1.3 Preveno e combate pelo isolamento do oxignio (comburente)O mtodo de preveno pelo isolamento do oxignio, em determinadas

    situaes, torna-se muito difcil, pois o oxignio est presente em todos os

    ambientes e o elemento fundamental para a sobrevivncia do ser humano. O

    mtodo de extino do fogo pelo processo da retirada de oxignio conhecido

    como abafamento. Esse mtodo consiste em isolarmos o oxignio dos gases

    gerados pelos combustveis. Com a retirada do oxignio das proximidades do

    material em combusto, o fogo se extinguir por falta de oxignio. Abaixo de

    uma concentrao de 13%, o fogo no ter oxignio suficiente para se manter.

    Figura 2.3: Mtodo de preveno e/ou combate por abafamentoFonte: CTISM

    2.2 Agentes extintoresA escolha de um ou outro agente extintor a ser utilizado em determinada

    situao de combate ao fogo decorre de uma anlise criteriosa de fatores

    importantes. Os agentes extintores, utilizados nos extintores portteis de

    incndio, so substncias capazes de eliminar um princpio de incndio,

    atuando sobre o fogo, resfriando-o, abafando-o ou ambos simultaneamente.

    As substncias mais comuns so: gua, espuma, p qumico e dixido de

    carbono. Esses agentes extintores so expelidos do extintor de incndio por

    um agente propelente que, normalmente, pode ser: ar comprimido, dixido

    de carbono (CO2) ou nitrognio (N2).

    O agente extintor deve:

    a) Atingir o fogo, sem que o operador precise se aproximar demasiadamen-te das labaredas.

    e-Tec BrasilAula 2 - Tcnicas de preveno e extino do fogo 31

  • b) Penetrar na base do fogo, sendo mais eficaz.

    c) Fazer uma nuvem protetora para resguardar a pessoa que est manu-seando o extintor.

    2.2.1 guaA gua o agente extintor mais indicado para o fogo classe A, ou seja, todo

    e qualquer fogo em que o material combustvel queime em superfcie, pro-

    fundidade e deixe resduos. Em determinadas situaes poder ser utilizada,

    tambm, em fogo classe B.

    Vejamos ambas as situaes:

    A gua, em jato pleno ou na forma de chuva, atua sobre o material em

    combusto pela ao do resfriamento indicada para uma situao em que

    se deseja combater fogo em materiais slidos, ou seja, classe A.

    Quando a gua for utilizada na forma de neblina, alm de resfriar, ela age

    por abafamento. Dessa forma, pode, tambm, ser utilizada em fogo classe

    B, desde que o combustvel esteja restrito a um recipiente e no tenha como

    extravasar do mesmo. A gua e o combustvel lquido no se misturam. Se o

    combustvel em chamas estiver derramado no cho, a gua ir lavar o cho

    e levar este combustvel, ainda em chamas, para outros lugares, criando

    situaes que podero ser mais perigosas.

    expressamente proibido utilizar gua ou espuma em fogo classe C, ou seja,

    em equipamentos eltricos energizados, pois, da forma em que a gua se

    encontra dentro do extintor de incndio, ela condutora de eletricidade. A

    gua tambm no deve ser empregada em produtos que, pelo contato entre

    eles, produzam uma reao qumica capaz de gerar gases inflamveis e calor,

    por exemplo: carburetos, sdio metlico, p de alumnio, p de magnsio,

    entre outros.

    2.2.2 EspumaA espuma um agente extintor que pode ser utilizado tanto em fogo da classe

    A, como em fogo da classe B, devido as suas propriedades de abafamento e

    resfriamento. A espuma formada pela reao qumica entre dois produtos

    que, quando se misturam, geram uma espuma qumica (o sulfato de alumnio

    e o bicarbonato de sdio).

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 32

  • O extintor de incndio dividido em duas cmaras. Na cmara externa, vai

    uma soluo aquosa de sulfato de alumnio. Na outra cmara, h um tubo

    plstico com furos na extremidade superior colocado dentro da primeira

    cmara e, dentro deste, h uma soluo aquosa de bicarbonato de sdio

    mais o alcauz (elemento responsvel por dar maior estabilidade espuma).

    Como j mencionamos anteriormente, proibido usar a espuma em fogo

    classe C, ou seja, em equipamentos eltricos energizados, pois tem grande

    quantidade de gua na sua composio e, portanto, ela condutora de

    eletricidade. A espuma tambm no indicada para combater fogo em

    combustveis gasosos, tais como: GLP, metano, butano propano, entre outros.

    O extintor porttil de espuma est em desuso, mas sistemas automticos de

    espuma so muito utilizados e indicados quando o risco incndio envolve

    grandes quantidades de lquidos inflamveis, armazenados em tanques e

    reservatrios, riscos que exigem grande quantidade de agente extintor. Os

    sistemas automticos de espuma tem grande aplicao em refinarias e indstrias

    qumicas, navios petroleiros e outros.

    2.2.3 P qumico secoO p qumico seco utilizado com grande eficincia para combater fogo da

    classe B e da classe C, pois age por abafamento, ou seja, ele forma uma cortina

    de p qumico sobre a superfcie, expulsando o oxignio da proximidade com

    o fogo. O p qumico seco pode ser: bicarbonato de sdio, bicarbonato de

    potssio ou cloreto de sdio, sendo que o mais utilizado o bicarbonato de

    sdio. O p qumico, para ser utilizado em extintores de incndio, deve ter a

    caracterstica de ser no higroscpico, ou seja, no pode absorver gua, pois,

    se assim acontecer, ele empedra dentro do extintor de incndio, perdendo

    toda a sua caracterstica de p e o agente propelente no conseguir, quando

    acionada a vlvula, expeli-lo para fora do extintor de incndio.

    Cuidados com o p qumicoO p qumico seco muito bom para extinguir fogo da classe C, mas, quando

    utilizado em locais onde existem equipamentos eletrnicos energizados, poder

    ocasionar danos e, at mesmo, inutilizar os equipamentos que no foram

    atingidos pelo fogo. Quando utilizado em empresas alimentcias, ele poder

    contaminar a produo de alimentos.

    Quando aplicado em locais fechados, poder ser causa de asfixia nas pessoas.

    e-Tec BrasilAula 2 - Tcnicas de preveno e extino do fogo 33

  • Hoje em dia, o p qumico seco est sendo substitudo por outro tipo de p: o

    p qumico tipo ABC (tri-classe). O p qumico tipo ABC (como o prprio nome

    diz) um p qumico que, alm da caracterstica de abafamento, apresenta a

    caracterstica de penetrao, podendo ser utilizado nas trs classes de incndio

    (A, B e C) com bastante eficincia.

    O p qumico tri-classe, conhecido como p qumico ABC, o fosfato de

    monoamnio (NH4H2PO4). A desvantagem do p qumico ABC, em relao

    ao p qumico seco, que ele mais corrosivo.

    Nos incndios classe D (materiais pirofricos), devemos utilizar p qumico

    especial recomendado para o tipo de material em que dever ser combatido

    o fogo.

    2.2.4 Gs carbnico (CO2)O gs carbnico um gs inerte, ou seja, ele no alimenta as chamas como

    acontece com o oxignio. Ele age sobre o fogo expulsando o oxignio da

    proximidade das chamas, atuando, nesse caso, por abafamento, mas tambm

    ele opera sobre a superfcie do material em combusto, resfriando-o. Assim,

    esse agente extintor age por abafamento e resfriamento simultaneamente.

    indicado para o combate de fogo da classe B e da classe C.

    O CO2 tem duas grandes vantagens sobre o p qumico: ele no atua como

    elemento corrosivo nos equipamentos eletrnicos e nem contamina produtos

    alimentcios.

    2.3 Equipamentos portteis de combate a incndioOs equipamentos portteis de combate a incndio so conhecidos como

    extintores portteis de incndio. So utilizados quando necessrio realizar

    uma rpida e imediata interveno de combate a um princpio de incndio.

    Os extintores portteis de incndio so recipientes metlicos dentro dos quais

    est o agente extintor e o agente propelente (Figura 2.4).

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 34

  • Figura 2.4: Tipos de extintores de incndioFonte: CTISM

    Os equipamentos portteis de combate a incndio, desde a sua fabricao, carga,

    recarga, manuteno e descarte, devero seguir as diretrizes da Associao

    Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT). Assim sendo, conforme determinaes

    da ABNT, todo extintor de incndio deve ter, em seu bojo, rtulos com as

    seguintes informaes:

    a) Classe de incndio a que se destina (Figura 2.5).

    Figura 2.5: Especificao do tipo de classe de fogo em extintores portteis de incndioFonte: CTISM

    b) Recomendaes de manuteno.

    c) Procedimentos de como utilizar o equipamento.

    d) Selo ABNT com os seguintes dados:

    A data da recarga.

    A data do vencimento do teste hidrosttico.

    Nmero de identificao.

    e-Tec BrasilAula 2 - Tcnicas de preveno e extino do fogo 35

  • Figura 2.6: Rtulos classe de incndio, etiqueta ABNT e indicativa de garantiaFonte: CTISM

    Como dito anteriormente, os extintores portteis de incndio so projetados

    para serem utilizados de forma rpida e imediata no combate ao princpio de

    incndio, mas, para que os equipamentos portteis de combate ao princpio

    de incndio sejam realmente efi cazes, alguns fatores devero ser observados.

    Dentre esses fatores podemos enumerar que:

    a) Seja feita uma distribuio e uma localizao (segundo norma tcnica vigente) destes equipamentos pela empresa.

    b) A distribuio dos extintores portteis dever ser realizada segundo as classes de incndio e, portanto, levando-se em considerao os agentes

    extintores mais adequados aos riscos de incndio de cada setor.

    c) O acesso a esses equipamentos dever ser feito de forma rpida.

    d) Sero colocados em locais onde exista a menor probabilidade do fogo bloquear o seu acesso.

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 36

  • e) A manuteno destes equipamentos dever ser criteriosa, seguindo as normas tcnicas vigentes.

    f) Os trabalhadores devero conhecer, profundamente, as tcnicas de com-bate ao princpio de incndio e, tambm, estar bem treinados na utiliza-

    o dos equipamentos.

    2.4 Inspeo, manuteno e recarga de extintores de incndioA norma brasileira que determina os parmetros mnimos exigveis de inspeo,

    de manuteno e de recarga de extintores de incndio a NBR 12962:1998

    Inspeo, manuteno e recarga de extintores de incndio.

    2.4.1 InspeoSegundo a NBR 12962:1998, a inspeo um exame peridico que se realiza

    no extintor de incndio com a finalidade de verificar se este permanece

    em condies de operao. Essa inspeo dever ser realizada por pessoa capacitada.

    A inspeo no extintor de incndio poder ser efetuada no prprio local

    onde ele se encontra. A frequncia com que deve ser realizada depende das

    condies dos locais onde o extintor de incndio est instalado. Logicamente,

    a frequncia das inspees ser determinada conforme as necessidades pre-

    sentes em cada local e dever ser estipulada por profissional habilitado. Em ambientes mais agressivos, as inspees devero ser realizadas com maior

    frequncia que em locais menos agressivos.

    As inspees consistem, basicamente, em uma verificao visual (Figura 2.7)

    na qual o indivduo responsvel pela inspeo dever considerar alguns itens:

    a) O acesso ao extintor de incndio dever estar sempre desobstrudo e livre de obstculos.

    b) Verificar se existe algum indcio de vazamento do agente extintor (gua ou p qumico), observando-se, normalmente, o cho prximo ao extintor.

    c) Os extintores de gs carbnico devem ser pesados de tempos em tem-pos, conforme a necessidade, para verificar a sua carga nominal. Segun-

    do a NBR 12962:1998, o espao de tempo entre uma pesagem e outra

    no pode ultrapassar seis meses.

    pessoa capacitadaQualquer pessoa que tenha recebido treinamento para tal.

    profissional habilitadoProfissional formado em uma das engenharias que o habilite na elaborao e execuo deste tipo de projeto.

    e-Tec BrasilAula 2 - Tcnicas de preveno e extino do fogo 37

  • No caso da pesagem dos extintores de gs carbnico, estes no devero

    estar com peso menor que 10% da sua carga nominal. Caso isso acontea

    ele dever ser mandado para manuteno e recarga.

    d) Verificar danos ao casco do extintor devido a quedas e a batidas que possam ter ocorrido de forma acidental ou no.

    e) Verificar indcios de corroso externa no casco do extintor.

    f) Falta de algum elemento como: lacre, rtulo com instrues de utilizao e manuteno, selo ABNT indicativo com o prazo de validade, prazo do

    teste hidrosttico.

    g) Verificar a falta de algum componente ou, at mesmo, se o componente est em perfeitas condies de uso.

    h) Verificar a presso interna dos extintores de incndio nos manmetros, quando existirem.

    i) Verificar peas frouxas ou quebradas, entupimento de bicos ou mangueiras.

    Figura 2.7: Visualizao de extintoresFonte: CTISM

    O objetivo das inspees verificar possveis problemas nos equipamentos

    de combate a incndios. Os problemas devero ser solucionados de maneira

    rpida e eficiente para que os extintores de incndio estejam sempre em

    condies de uso.

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 38

  • Algumas correes podero ser feitas no prprio local onde os equipamentos

    esto, desde que no envolvam partes pressurizadas do equipamento. Quando

    envolve manutenes que devem ser realizadas em partes pressurizadas, esse

    equipamento dever ser encaminhado para local e pessoa capacitada.

    2.4.2 ManutenoDe acordo com a NBR 12962:1998, a manuteno um servio efetuado no

    extintor de incndio, cuja finalidade corrigir qualquer irregularidade que

    possa comprometer a eficincia deste equipamento quando da sua utilizao

    no combate a um princpio de incndio. A manuteno envolve procedimentos

    de desmontagem do extintor de incndio, substituio de componentes

    defeituosos, teste hidrosttico (quando requerido), recarga, substituio das

    etiquetas por outras com os novos prazos de validade e, quando necessrio,

    at mesmo a pintura do casco.

    A manuteno dos extintores de incndio est divida em trs nveis:

    2.4.2.1 Manuteno de primeiro nvelA manuteno de primeiro nvel realizada no momento da constatao do

    problema por uma inspeo. Dever ser realizada por pessoa capacitada e

    poder ser efetuada no mesmo local onde se encontra o extintor de incn-

    dio instalado, no havendo a necessidade de remov-lo para uma empresa

    especializada.

    A manuteno de primeiro nvel realizada por pessoa capacitada e somente

    naqueles componentes do extintor de incndio que no estejam sujeitos

    presso. Caso contrrio, poder causar srios acidentes.

    Conforme a NBR 12962:1998, a manuteno de primeiro nvel consiste em:

    a) Limpeza dos componentes aparentes.

    b) Reaperto de componentes roscados que no estejam submetidos presso.

    c) Colocao do quadro de instrues.

    d) Substituio ou colocao de componentes que no estejam submetidos presso por componentes originais.

    e) Conferncia, por pesagem, da carga de cilindros carregados com dixido de carbono.

    e-Tec BrasilAula 2 - Tcnicas de preveno e extino do fogo 39

  • 2.4.2.2 Manuteno de segundo nvelA manuteno de segundo nvel deve ser realizada por profissional capacitado

    em local apropriado e com equipamentos adequados, pois atua junto aos

    componentes pressurizados do equipamento de combate a incndio.

    Segundo determinao da NBR 12962:1998, na manuteno de segundo

    nvel dever ser executada:

    a) A desmontagem completa do extintor.

    b) A verificao da carga.

    c) A limpeza de todos os componentes.

    d) A verificao das partes internas e externas quanto existncia de danos ou corroso.

    e) A substituio de componentes, quando necessrio, por outros originais.

    f) A regulagem das vlvulas de alvio e/ou reguladora de presso, quando houver.

    g) O controle de rosca visual, sendo rejeitadas as que apresentarem um dos seguintes problemas:

    Crista da rosca danificada.

    Falhas nos filetes da rosca.

    Flancos da rosca desgastados.

    h) A verificao do indicador de presso conforme NBR 15808:2010.

    i) A fixao dos componentes roscados com torque recomendado pelo fa-bricante.

    j) A pintura do casco conforme NBR 7195:1995 e colocao do quadro de instrues, quando necessrio.

    k) A verificao da existncia de vazamento nos componentes e no casco.

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 40

  • l) A colocao do lacre, identificando o executor do servio.

    m) O exame visual dos componentes plsticos com o auxlio de lupa com aumento de, pelo menos, 2,5 vezes os quais no podem apresentar

    rachaduras ou fissuras.

    2.4.2.3 Manuteno de terceiro nvelEssa manuteno feita conforme as determinaes da NBR 13485:1999

    Manuteno de terceiro nvel (vistoria) em extintores de incndio. Essa norma

    determina que o profissional capacitado deve proceder uma reviso completa

    do extintor de incndio, incluindo a realizao do ensaio hidrosttico.

    O ensaio hidrosttico um teste realizado em componentes do extintor

    de incndio sujeitos presso permanente ou momentnea, utilizando-se

    normalmente a gua como fluido, que tem como principal objetivo avaliar

    a resistncia do componente a presses superiores presso normal de car-

    regamento ou de funcionamento do extintor, definidas em suas respectivas

    normas de fabricao.Em um servio de manuteno de terceiro nvel, dever

    ser realizado(a):

    a) Ensaio hidrosttico do casco do extintor e do cilindro de gs propelente, quando houver.

    b) Ensaio hidrosttico da vlvula de descarga e da mangueira.

    c) Remoo da pintura existente e aplicao de novo tratamento superficial do cilindro e dos componentes, segundo a NBR 7195:1995, sempre que

    necessrio.

    A pintura do casco deve ser removida antes da realizao do ensaio hidrosttico.

    d) Recarga do extintor de incndio conforme especificado na NBR 12962:1998.

    Na manuteno de terceiro nvel, quando houver necessidade de troca de

    componentes, esta dever ser feita por componentes originais ou por com-

    ponentes, legalmente, reconhecidos pelo fabricante do extintor. Caso ocorra

    a impossibilidade de qualquer dessas situaes, o vistoriador fica impedido

    de realizar o servio de manuteno, devendo informar ao dono do extintor

    de incndio que o servio no poder ser executado e o extintor dever ser

    descartado.

    e-Tec BrasilAula 2 - Tcnicas de preveno e extino do fogo 41

  • Mesmo que o extintor seja novo ou tenha sido aprovado em uma vistoria de

    terceiro nvel, ele deve ser vistoriado, obrigatoriamente, em um prazo mximo

    de cinco anos, contados a partir da sua data de fabricao, quando novo, ou

    a partir da data da ltima vistoria ou quando apresentar qualquer uma das

    seguintes situaes:

    a) Sinal de corroso no casco.

    b) Sinal de defeito no funcionamento da vlvula (gatilho).

    c) Necessidade de reparos nas partes soldadas.

    d) Sinais de deformao do casco e/ou em partes sujeitas presso perma-nente ou momentnea.

    Como garantia da realizao do ensaio hidrosttico naqueles componentes do

    extintor que, normalmente, esto submetidos presso, dever ser marcado

    por puncionamento, em um local do recipiente, que no esteja sujeito

    presso: o ano da realizao do ensaio hidrosttico, o logotipo da empresa

    vistoriadora e o termo VIST (abreviatura de vistoriado).

    , tambm, de responsabilidade da empresa vistoriadora a emisso de um

    relatrio que servir como garantia do servio executado e determinar a

    responsabilidade pelo servio executado. Esse relatrio dever conter as

    seguintes informaes:

    a) Data do ensaio e identificao do responsvel tcnico.

    b) Identificao do recipiente (nmero de srie e carga do agente extintor).

    c) Logotipo da empresa e ano de fabricao do recipiente ou da ltima vistoria.

    d) Presso do ensaio hidrosttico realizado.

    e) Aprovao ou motivo da reprovao do extintor.

    2.4.3 RecargaConsidera-se recarga dos extintores de incndio a reposio ou a substituio

    da carga nominal do agente extintor e/ou a reposio e carga do agente

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 42

  • propelente. O agente extintor base de p qumico, utilizado em uma recarga,

    deve ter certificado de garantia de que foi fabricado, conservado e manuseado,

    segundo determinao de normas pertinentes. Toda empresa responsvel pela

    manuteno e recarga de extintores de incndio, a base de p qumico, deve

    seguir as recomendaes de armazenamento e manuseio recomendadas pela

    empresa fabricante do p qumico.

    Da mesma forma, a gua utilizada como agente extintor, nos extintores de gua

    e de espuma, deve ser potvel, segundo determinao da NBR 12962:1998,

    item 5.1.2, alnea e. Nos extintores de incndio que utilizam a gua como

    agente extintor, esta dever ser trocada num prazo mximo de cinco anos e,

    nos extintores base de espuma qumica e de carga lquida, deve-se proceder

    troca anual.

    ResumoNesta aula, foram estudadas as tcnicas de preveno e de extino do fogo,

    os agentes extintores mais utilizados e o modo de atuao destes sobre

    o fogo, os extintores portteis de incndio e as manutenes obrigatrias

    exigidas por lei.

    Atividades de aprendizagem1. Quais so as tcnicas de preveno e de extino do fogo?

    2. Quais so os agentes extintores mais utilizados?

    3. Qual a diferena entre manuteno de primeiro e de segundo nvel?

    4. O que deve ser feito numa manuteno de terceiro nvel?

    e-Tec BrasilAula 2 - Tcnicas de preveno e extino do fogo 43

  • e-Tec Brasil

    Aula 3 Normas sobre preveno e combate a incndios

    Objetivos

    Oportunizar ao aluno o embasamento necessrio para que possa

    fazer o clculo e o projeto de distribuio de extintores de incn-

    dio, bem como determinar o agente extintor ou agentes extintores

    mais indicados para cada setor da empresa.

    3.1 Embasamento legalAs medidas que as empresas so obrigadas, por lei, a adotarem para prevenir

    ou combater um incndio no devem ser vistas como um custo a mais pelos

    empresrios e/ou por todos aqueles que respondem de alguma forma pela

    direo da empresa. Essas medidas devem ser encaradas como um desafio a

    ser atingido de forma a resguardar a vida dos trabalhadores e salvaguardar o

    patrimnio fsico da empresa. As disposies complementares sobre as normas

    que regem o assunto so de responsabilidade do Ministrio do Trabalho e

    Emprego (MTE). Essas disposies encontram fundamentao legal no artigo

    200, inciso IV, da CLT (Consolidao das Leis do Trabalho), de 1943:Art. 200 - Cabe ao Ministrio do Trabalho estabelecer disposies com-

    plementares s normas de que trata este Captulo, tendo em vista as pe-

    culiaridades de cada atividade ou setor de trabalho, especialmente sobre:

    IV - proteo contra incndio em geral e as medidas preventivas adequa-

    das, com exigncias ao especial revestimento de portas e paredes, cons-

    truo de paredes contra-fogo, diques e outros anteparos, assim como

    garantia geral de fcil circulao, corredores de acesso e sadas amplas e

    protegidas, com suficiente sinalizao (Includo pela Lei n 6.514).

    Assim sendo, as empresas devem se adequar s determinaes que so pre-

    vistas em leis e em normas. importante que os Tcnicos em Segurana do

    Trabalho conheam as leis e as normas que determinam os procedimentos a

    serem adotados no planejamento e na execuo de projetos de distribuio

    de extintores, bem como as que determinam as disposies a serem seguidas

    na elaborao de planos de evacuao dos locais de trabalho.

    Para saber mais sobre a CLT, acesse:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm

    e-Tec BrasilAula 3 - Normas sobre preveno e combate a incndios 45

  • 3.2 Norma Regulamentadora NR 23 (Proteo contra incndios)A Norma Regulamentadora NR 23:1978 Proteo contra incndios, do

    Ministrio do Trabalho e Emprego, uma das normas que determina as

    diretrizes bsicas da preveno de incndios, a qual toda e qualquer empresa

    deve se enquadrar para planejar e executar um Plano de Preveno e Com-

    bate a Incndio (PPCI) eficiente. A Norma Regulamentadora NR 23:1978

    encontrada no site do Ministrio do Trabalho e Emprego e pode ser baixada e copiada por qualquer interessado:

    NR 23 Proteo Contra IncndiosPublicao D.O.U.

    Portaria GM n. 3.214, de 08 de junho de 1978 06/07/78

    Atualizaes/Alteraes D.O.U.Portaria SNT n. 06, de 29 de outubro de 1991 31/10/91

    Portaria SNT n. 02, de 21 de janeiro de 1992 22/01/92

    Portaria SIT n. 24, de 09 de outubro de 2001 01/11/01

    Portaria SIT n. 221, de 06 de maio de 2011 10/05/11

    (Redao dada pela Portaria SIT n. 221, de 06 de maio de 2011)

    23.1 Todos os empregadores devem adotar medidas de preveno de incndios, em conformidade com a legislao estadual e as normas tcnicas aplicveis.

    23.1.1 O empregador deve providenciar para todos os trabalhadores infor-maes sobre:

    a) utilizao dos equipamentos de combate ao incndio;

    b) procedimentos para evacuao dos locais de trabalho com segurana;

    c) dispositivos de alarme existentes.

    23.2 Os locais de trabalho devero dispor de sadas, em nmero suficiente e dispostas de modo que aqueles que se encontrem nesses locais possam

    abandon-los com rapidez e segurana, em caso de emergncia.

    23.3 As aberturas, sadas e vias de passagem devem ser claramente assinaladas por meio de placas ou sinais luminosos, indicando a direo da sada.

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 46

  • 23.4 Nenhuma sada de emergncia dever ser fechada chave ou presa durante a jornada de trabalho.

    23.5 As sadas de emergncia podem ser equipadas com dispositivos de travamento que permitam fcil abertura do interior do estabelecimento.

    Alm da NR 23, outra norma que deve ser estudada a Norma Brasileira

    NBR 12693:2010 Sistemas de proteo por extintores de incndio, no

    esquecendo que cada municpio tem suas diretrizes, as quais so estipuladas

    no Cdigo de Posturas do municpio e, portanto, devero ser analisadas,

    conjuntamente, com as demais legislaes sobre o assunto.

    3.3 Norma Brasileira NBR 12693 (Sistemas de proteo por extintores de incndio)A Norma Brasileira NBR 12693:2010 tem como principal objetivo determinar

    as condies mnimas exigveis para a realizao de projetos e instalao de

    sistemas de proteo por extintores portteis de incndio e/ou sobre rodas.

    Essas determinaes devem ser seguidas, caso contrrio a empresa poder

    ser notificada, multada e/ou sofrer um processo de interdio at que cumpra

    as determinaes da legislao vigente no pas.

    Esta norma, NBR 12693:2010, alm das determinaes mnimas exigidas

    aponta, tambm, alguns conceitos importantes para a sua interpretao, tais

    como: a distncia mxima em metros que o extintor poder ser carregado do

    ponto onde est fixado at qualquer outro ponto da rea de proteo deste

    extintor, bem como outros conceitos que sero lembrados e detalhados com

    clareza no decorrer das explicaes.

    Faz parte de um projeto e da instalao de sistemas de proteo contra incndio:

    a) Determinao do grau de risco incndio da empresa.

    b) Determinao da quantidade de equipamentos necessrios, conforme o risco incndio.

    c) Distribuio dos equipamentos pela rea da empresa, conforme a classe de fogo.

    d) Instalao dos equipamentos de combate nas respectivas reas da empresa.

    e-Tec BrasilAula 3 - Normas sobre preveno e combate a incndios 47

  • e) Sinalizao para identificao dos locais onde sero fixados os equipa-mentos de combate ao fogo.

    f) Montagem da brigada de incndio.

    g) Elaborao de um plano de abandono de rea.

    h) Sistema de iluminao de emergncia.

    i) Sistema de alarme de emergncia.

    3.3.1 Determinao do grau de risco incndioO grau de risco incndio determinado pela Tarifa de Seguro de Incndio do

    Brasil (TSIB) e/ou determinado no Anexo A, da NBR 12693:2010. De acordo

    com a TSIB e a NBR 12693:2010, o grau de risco incndio classificado em

    trs classes:

    a) Classe A risco pequeno.

    b) Classe B risco mdio.

    c) Classe C risco grande.

    A classe de risco A, B e C, da classe de ocupao da TSIB, no tem relao direta com as letras A, B, C e D que determinam as classes de incndio.

    Para o risco pequeno, a classe de ocupao enquadrada na TSIB como 01 e

    02, excludos os depsitos, que devem ser considerados como classe B. J a

    NBR 12693:2010 determina que as edificaes e as reas de risco, com carga de incndio especfica at 300 MJ/m2 (mega joule por metro quadrado) e lquidos combustveis com volume menor que 3,6 litros, so consideradas

    grau de risco pequeno.

    Para o risco mdio, a classe de ocupao na TSIB enquadrada entre 03 e 06

    inclusive os depsitos de classe de ocupao 01 e 02. J a NBR 12693:2010

    determina como grau de risco mdio as edificaes ou reas com carga de

    incndio especfica entre 300 MJ/m2 e 1200 MJ/m2 e lquidos combustveis

    com volume igual a 3,6 litros at 18 litros.

    Para o risco grande, a classe de ocupao, na Tarifa de Seguro Incndio do

    Brasil, enquadrada entre 07 e 13. J a NBR 12693:2010 determina que,

    carga de incndioSoma das calorficas possveis de serem liberadas pela combusto completa de todos os materiais

    combustveis em um espao, inclusive os revestimentos das

    paredes, divisrias, pisos e tetos.

    carga de incndio especfica Valor da carga de incndio

    dividido pela rea de piso do espao considerado, expresso

    em mega joules por metro quadrado (MJ/m2).

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 48

  • para ser considerado risco grande, as edificaes e as reas de risco devem

    possuir carga de incndio acima de 1200 MJ/m2 e lquidos combustveis com

    volume maior que 18 litros.

    O Quadro 3.1 apresenta um resumo dos graus de risco, classe de ocupao

    (TSIB) e a carga de incndio (NBR 12693:2010).

    Quadro 3.1: Quadro demonstrativo para grau de risco incndio

    Grau de risco incndioClasse de

    ocupao (TSIB)Carga de incndio (NBR)

    Classe A(risco pequeno)

    01*02*

    Carga incndio 300 MJ/m2

    Classe B(risco mdio)

    03040506

    300 MJ/m2 < carga incndio < 1200 MJ/m2

    Classe C(risco grande)

    07080910111213

    Carga incndio 1200 MJ/m2

    *excludos os depsitos, que devem ser considerados como classe B.

    Fonte: Adaptado de Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), 1997 e ABNT NBR 12693:2010

    A seguir, reproduzimos parcialmente a tabela TSIB utilizada para a determinao

    da classe de ocupao.

    Quadro 3.2: Tarifa de seguro incndio classe de ocupaoRubrica Ocupao do risco Classe de ocupao

    406 tica10 - Depsitos ou lojas, permitindo-se oficina 04

    407 Oxignio (com a clusula 307)10 - Fbricas:

    11 - partindo do ar12 - partindo de outra substncia e por processo qumico13 - enchimento de recipientes

    20 - Depsitos em gs ou lquidos

    04v. rubrica prod. qumicos0403

    420 Padarias10 - Panificao:

    11 - com fornos aquecidos a eletricidade ou leo12 - com fornos a outro qualquer aquecimento

    20 - Depsitos

    040604

    421 Palitos10 - Fbricas:

    11 - de madeira12 - de outros materiais

    09v. material empregado

    e-Tec BrasilAula 3 - Normas sobre preveno e combate a incndios 49

  • Rubrica Ocupao do risco Classe de ocupao

    422 Papel10 - Papel e papelo, fbricas de:

    11 - com abridores ou preparao de trapos e fibras12 - sem abridores e preparao de trapos e fibras, com uso exclusivo de celulose e pasta de madeira13 - sem abridores e preparao de trapos e fibras, com uso de outras matrias-primas, estando o depsito destas com outro risco

    20 - Papel e papelo, depsitos:21 - de matria-prima, no havendo depsito de trapos, aparas, farapos ou fibras22 - de matria-prima, no satisfazendo a exigncia prevista em 2123 - de papel e papelo em fardos ou rolos24 - de papel velho

    30 - Papel carbono e fitas para mquinas de escrever:31 - fbricas, com a clusula 30432 - fbricas, sem a clusula 30433 - acondicionamento ou manipulao de artigos manufaturados34 - depsitos ou lojas

    40 - Artigos de papel e papelo41 - fbrica com impermeabilizao, pintura ou evernizamento42 - fbrica sem quaisquer dos processos previstos em 41, permitindo-se impresso, sem rotogravura43 - fbricas, com rotogravuras44 - depsitos ou lojas

    07

    03

    05

    04070307

    05090504

    07

    050904

    423 Papelarias10 - Depsitos ou lojas, permitindo-se medio e corte de papel 04

    424 Pedras preciosas e semipreciosas10 - Oficina de lapidao20 - Depsitos e lojas:

    21 - sem oficina22 - com oficina

    04

    0304

    Fonte: Adaptado de Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), 1997

    A seguir, apresentamos uma reproduo parcial das tabelas da NBR 12693:2010

    para determinao da classe de ocupao (Quadro 3.3 p. 15 da norma).

    Quadro 3.3: Cargas de incndio especficas por ocupao

    Ocupao/uso DescrioCarga de incndio

    (q) MJ/m

    Industrial

    Papeis (acabamento) 500

    Papeis (preparo de celulose) 80

    Papeis (procedimentos) 800

    Papeles betuminados 2000

    Papeles ondulados 800

    Pedras 40

    Perfumes 300

    Pneus 700

    Produtos adesivos 1000

    Produtos de adubo qumico 200

    Fonte: Adaptado de NBR 12693:2010

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 50

  • 3.3.2 Determinao da quantidade de extintoresPara fazermos o projeto e a distribuio dos extintores de incndio, importante

    sabermos a diferena que existe entre os equipamentos de combate ao fogo.

    Segundo a NBR 12693:2010, os extintores de incndio so classificados de

    acordo com a massa total do extintor. Faz parte da massa total do extintor: o

    recipiente, o agente extintor e os acessrios. Ao levar em considerao esses

    itens, os extintores de incndio so classificados como:

    Extintores portteis.

    Extintores sobre rodas.

    So considerados extintores portteis aqueles equipamentos com massa total

    at 20 kg. Os extintores sobre rodas so aqueles manuseados e transportados

    por um nico operador e que tm massa total superior entre 20 kg e 250 kg.

    Outros dois fatores importantes para a realizao do projeto so: a determi-

    nao da carga nominal e a capacidade extintora equivalente dos extintores

    de incndio. A carga nominal de um extintor de incndio definida como a

    quantidade de agente extintor presente dentro dele e medida em litros ou

    quilogramas.

    A capacidade extintora mnima definida como sendo a quantidade necessria

    de agente extintor (presente em um s ou em vrios extintores) capaz de

    suprimir um princpio de incndio. Essa quantidade determinada a partir

    de testes em laboratrio. A capacidade extintora deve respeitar a quantidade

    estabelecida pela NBR 12693:2010, reproduzida a seguir:

    Para saber mais sobre como determinar a capacidade extintora, acesse:http://www.kidde.com.br/utcfs/ws-638/Assets/CapacidadeExtintora.pdf

    e-Tec BrasilAula 3 - Normas sobre preveno e combate a incndios 51

  • Quadro 3.4: Carga nominal e capacidade extintora

    Agente extintor

    Extintor porttil Extintor sobre rodas

    CargaCapacidade extintora

    equivalenteCarga

    Capacidade extintora

    equivalente

    gua 10 L 2A75 L

    150 L10A20A

    Espuma mecnica 09 L 2A:10B

    Gs carbnico (CO2)4 kg6 kg

    2B2B

    10 kg25 kg30 kg50 kg

    5B10B10B10B

    P a base de bicarbonato de sdio

    1 kg2 kg4 kg6 kg8 kg

    12 kg

    2B2B

    10B10B10B20B

    20 kg50 kg

    100 kg

    20B30B40B

    Hidrocarbonetos halogenados

    1 kg2 kg

    2,5 kg4 kg

    2B5B

    10B10B

    Fonte: Adaptado de ABNT NBR 12693:2010

    Alm da determinao da capacidade extintora necessria e da unidade

    extintora, importante a determinao da rea mxima a ser protegida pelo

    extintor e a distncia mxima a ser percorrida pelo operador at o local onde

    se encontra o extintor.

    a) Determinao da capacidade extintora mnima e da distncia a ser per-corrida por extintores para a classe de fogo A:

    Quadro 3.5: Capacidade extintora mnima e distncia mxima a ser percorrida para fogo classe A

    Classe de risco Capacidade extintora mnimaDistncia mxima aser percorrida (m)

    Baixo 2A 25

    Mdio 3A 20

    Alto 4A* 15

    *Dois extintores com carga dgua de capacidade extintora 2A, quando instalados um ao lado do outro, podem ser utilizados em substituio a um extintor 4A.

    Fonte: Adaptado de ABNT NBR 12693:2010

    Como a NBR 12693, em sua redao de 2010, no faz mais referncia rea

    mxima a ser protegida por extintor de incndio da classe A, optou-se por

    usar, como referncia para o clculo estimado da quantidade de extintores

    necessrios por rea, a tabela que anteriormente era recomendada na NBR

    12693:1993 (Quadro 3.6):

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 52

  • Quadro 3.6: rea mxima a ser protegida por extintor da classe A (m2)Extintores de classe A Risco pequeno Risco mdio Risco grande

    2A 540 270

    3A 800 405

    4A 800 540 360

    6A 800 800 540

    10A 800 800 800

    20A 800 800 800

    30A 800 800 800

    40A 800 800 800

    Fonte: Adaptado de ABNT NBR 12693:1993

    b) Capacidade extintora mnima e distncia mxima a ser percorrida por extintores para fogo classe B (Quadro 3.7):

    Quadro 3.7: Capacidade extintora mnima e distncia mxima a ser percorrida para fogo classe B

    Classe de risco Capacidade extintora mnimaDistncia mxima aser percorrida (m)

    Baixo 20B 15

    Mdio 40B 15

    Alto 80B 15

    Fonte: Adaptado de ABNT NBR 12963:2010

    c) Determinao da capacidade extintora e da distncia a ser percorrida por extintores para fogo da classe C.

    Nesse tipo de classe de fogo, devemos ter o cuidado de no utilizarmos

    agentes extintores condutores de eletricidade. A escolha do agente extintor

    deve levar em considerao se, no momento do combate, o equipamento

    est energizado ou no, pois, quando este no est energizado, adquire

    caractersticas de fogo classe A e assim dever ser considerado. Se o

    equipamento estiver energizado, a quantidade de agente extintor e a

    distncia a ser percorrida segue a mesma tabela para fogo classe B.

    d) Determinao da capacidade extintora, do tipo de agente extintor e da distncia a ser percorrida por extintores para fogo classe D.

    A redao atual da NBR 12693:2010 no faz meno a esta classe de

    fogo. Portanto, o mais recomendado, para se determinar o tipo de agente

    extintor e a quantidade, fazer uma consulta prvia a um fabricante de

    agentes extintores e, com ele, estabelecer o tipo mais adequado para o

    e-Tec BrasilAula 3 - Normas sobre preveno e combate a incndios 53

  • metal combustvel presente no setor. A distncia a ser percorrida pelo

    operador do extintor, para essa classe de incndio, de, no mximo, 20

    metros, conforme a NBR 12693:1993.

    3.3.3 Distribuio dos extintores pela rea da empresa, conforme a classe de fogoA localizao dos extintores de incndio, na rea interna das edificaes ou na

    rea externa (estacionamento, rea de carga e de descarga, entre outras) da

    empresa, deve seguir rigorosamente o projeto elaborado por profissional habili-

    tado. Conforme indicado na Figura 3.1, na instalao dos extintores portteis de

    incndio, algumas recomendaes da NBR 12693:2010 devem ser observadas:

    a) Os extintores portteis, quando fixados em paredes ou colunas, devem ser fixados com suportes que tenham a capacidade de resistir, no mni-

    mo, trs vezes o peso total do extintor.

    b) A ala de manuseio do extintor de incndio, quando este estiver fixado em paredes ou colunas, no pode ultrapassar a altura mxima de 1,60

    metros a contar do piso acabado.

    c) A parte inferior do extintor deve ficar no mnimo a 0,10 metros do piso acabado, mesmo que apoiado em suporte.

    Figura 3.1: Posicionamento do extintor de incndio em paredeFonte: CTISM

    d) O extintor de incndio no pode ficar solto nem em contato direto com o piso para no correr o risco de sofrer batidas e consequentes quedas que

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 54

  • podero danific-lo. Alm disso, o extintor porttil de incndio, ficando

    em contato direto com o solo, poder sofrer um processo de deteriora-

    o por corroso devido possvel umidade do solo.

    Figura 3.2: Posicionamento do extintor no pisoFonte: CTISM

    3.3.4 Sinalizao do local onde se encontra o extintor de incndioA sinalizao dos locais onde se encontram os extintores de incndio muito

    importante, pois, se facilitarmos essa visualizao, os trabalhadores iro saber

    onde buscar o equipamento em caso de necessidade. A sinalizao do local

    deve seguir as seguintes determinaes:

    a) Nas reas industriais e depsitos, deve existir, no piso, uma marcao sob o extintor, a fim de evitar que seu acesso seja obstrudo. Essa marcao

    deve ter as seguintes dimenses e cores:

    rea pintada de vermelho de 70 70 centmetros.

    Borda amarela de 15 cm de largura.

    e-Tec BrasilAula 3 - Normas sobre preveno e combate a incndios 55

  • Figura 3.3: Marcao no piso das instalaes industriaisFonte: CTISM

    b) Na sinalizao de parede, recomendada a utilizao de setas indicativas vermelhas, com bordas amarelas, situadas acima do extintor, indicando o

    tipo de agente extintor recomendado para aquele local.

    Figura 3.4: Sinalizao de extintores posicionados em paredeFonte: CTISM

    c) Na sinalizao de colunas, deve ser pintada uma faixa vermelha com bor-da amarela em todo o contorno da coluna, na qual deve ser pintada, na

    cor branca, a letra E no centro da faixa vermelha. Caso preferir, poder ser pintado, em todos os lados da coluna, um circulo vermelho, com bordas

    amarelas, e, no centro, em cor branca, a letra E. Tanto a faixa quanto o crculo pintado na coluna devem ser pintados numa altura em que se pos-

    sa ter a melhor visualizao possvel a partir de vrios pontos da empresa.

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 56

  • Figura 3.5: Sinalizao de extintores em colunasFonte: CTISM

    d) As cores utilizadas na identificao dos locais, onde sero colocados os extintores de incndio, devem obedecer s diretrizes previstas na NBR

    7195:1995.

    3.3.5 Montagem da brigada de incndioA brigada de incndio formada por um grupo de pessoas que recebem

    treinamento terico e prtico para combater incndios, ministrar primeiros

    socorros e comandar a evacuao dos locais de risco. A brigada de incndio

    dever ser montada segundo as recomendaes da NBR 14276:2006. Esse

    item ser abordado com maior nfase na Aula 5.

    3.3.6 Plano de abandono de reaO plano de abandono de rea um plano elaborado por pessoa capacitada no

    qual se determinam as aes a serem tomadas quando houver a necessidade

    da retirada de pessoas de reas de risco. O plano de abandono de rea ser

    abordado com maior nfase na Aula 6.

    3.3.7 Sistema de alarme contra incndioO sistema de alarme contra incndio um sistema que serve para alertar os

    trabalhadores em relao a um incndio que est acontecendo. Este sistema

    de alerta dotado de dispositivos que devem ser instalados em pontos estra-

    e-Tec BrasilAula 3 - Normas sobre preveno e combate a incndios 57

  • tgicos da empresa e podem ser acionados por qualquer pessoa. Quando tais

    dispositivos so acionados, uma sirene emite um som caracterstico, que deve

    ser ouvido em qualquer local da empresa. Se existirem, na empresa, traba-

    lhadores portadores de deficincia auditiva, devem ser instalados, tambm,

    dispositivos luminosos que alertem sobre a situao de risco.

    O sistema de alarme deve ser projetado e executado por pessoa tecnicamente

    capacitada e dever seguir as recomendaes da NBR 17240:2010.

    3.3.8 Sistema de iluminao de emergnciaO sistema de iluminao de emergncia um sistema automtico de iluminao,

    acionado por baterias ou por outro sistema gerador independente, que serve

    para clarear os ambientes de trabalho e as rotas de fuga no caso de acontecer

    incidentes em que o sistema principal de energia falhe ou que seja preciso

    deslig-lo. Esse sistema muito importante, pois, no caso de falta de energia

    em ambientes menos iluminados, os trabalhadores podero visualizar as rotas

    de fuga e evacuarem os locais, desviando de possveis obstculos no percurso

    que podem causar acidentes como batidas, quedas involuntrias, entre outros.

    Segundo a NBR 10898:1999, os sistemas de iluminao de emergncia devem:

    a) Permitir o controle visual das reas abandonadas para localizar pessoas impedidas de locomover-se.

    b) Manter a segurana patrimonial para facilitar a localizao de estranhos, nas reas de segurana, pelo pessoal da interveno.

    c) Sinalizar as rotas de fuga utilizveis no momento do abandono do local.

    d) Sinalizar o topo do prdio para a aviao comercial.

    O tempo de funcionamento do sistema de iluminao de emergncia deve

    prever o tempo necessrio para a evacuao total do estabelecimento e deve

    ser suficiente para que o pessoal da segurana possa realizar o resgate de

    pessoas, caso haja necessidade. O sistema de iluminao de emergncia deve

    ser projetado e executado por pessoa tecnicamente capacitada, seguindo as

    recomendaes da NBR 10898:1999.

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 58

  • 3.4 Cdigo de Posturas do municpioDevemos lembrar que cada municpio tem a sua prpria legislao. O Cdigo de

    Posturas do municpio dever ser consultado, paralelamente, a qualquer outra

    legislao vigente. O Cdigo de Posturas poder ser solicitado na prefeitura

    do municpio onde o projeto ser executado e/ou podero ser solicitadas

    informaes no grupamento de bombeiros do mesmo municpio.

    3.5 Leis estaduaisDevemos lembrar, tambm, da existncia de leis estaduais, as quais esto

    sendo utilizadas por grupamentos de bombeiros de algumas cidades como

    parmetro principal na vistoria do Plano de Preveno e Combate a Incn-

    dio. Logicamente, a lei estadual a ser levada em considerao, no plano de

    preveno e combate a incndio, dever ser a do Estado da Unio na qual a

    cidade se localiza.

    ResumoNesta aula, foram estudadas algumas normas de preveno e de combate a

    incndios a NR 23:1978, a NBR 12693:2010 que determinam as recomen-

    daes e as obrigaes que devem ser cumpridas pelas empresas. Tambm,

    foi feito o alerta para a existncia do Cdigo de Postura do municpio e a lei

    estadual, que devero ser utilizadas como fonte de consulta para a elaborao

    do plano de preveno e de combate a incndio.

    Atividades de aprendizagem 1. Agora que voc j conhece a NR 23:2011 e a NBR 12693:2010, voc

    dever procurar junto prefeitura de seu municpio o Cdigo de Posturas

    e realizar um trabalho determinando as diferenas deste em relao s

    normas trabalhadas nesta aula.

    Caso o seu municpio adote a lei estadual o trabalho dever ser realizado

    com essa lei.

    e-Tec BrasilAula 3 - Normas sobre preveno e combate a incndios 59

  • e-Tec Brasil

    Aula 4 Sistemas fixos de combate a incndio

    Objetivos

    Dar conhecimento ao aluno da existncia de outros sistemas de

    combate ao fogo, alm dos extintores portteis de incndio.

    4.1 Sistema de hidrantes e de mangotinhos para combate a incndioOs sistemas de hidrantes e mangotinhos so sistemas fixos de combate ao

    fogo que utilizam a gua como agente extintor. Esses sistemas devem ser

    providos por uma rede de gua exclusiva, ou seja, separada da rede comum

    de abastecimento de gua da empresa. A rede de gua para combate a

    incndio deve ser pintada de vermelho.

    Diferentemente dos equipamentos portteis, que so utilizados no combate

    ao princpio de incndio, os sistemas de hidrantes e mangotinhos tm como

    objetivo dar sequncia ao combate ao fogo quando os equipamentos portteis

    se tornam ineficientes e o fogo se alastra rapidamente.

    Devido ao fato de que esses sistemas fixos de combate ao fogo so submetidos

    a altas presses, somente pessoas treinadas e capacitadas devem se envolver

    na operao de tais equipamentos, pois os riscos de acidentes que envolvem

    seu manuseio so grandes.

    Conforme a NBR 13714:2000, os sistemas fixos de combate a incndio so

    classificados em:

    a) Sistema tipo 1 (mangotinho).

    b) Sistemas tipo 2 e 3 (hidrantes).

    Vejamos as diferenas entre hidrantes e mangotinhos:

    Os hidrantes so pontos de tomada de gua nos quais h uma sada simples ou duas sadas contendo vlvulas angulares com seus respectivos adaptadores,

    e-Tec BrasilAula 4 - Sistemas fixos de combate a incndio 61

  • tampes, mangueiras de incndio e demais acessrios. Eles podem ser de

    parede ou de piso.

    Os mangotinhos so pontos de tomada de gua nos quais h um ponto de sada contendo vlvula de abertura rpida, adaptador, mangueira semirrgida,

    esguicho regulvel e demais acessrios.

    As principais diferenas entre os sistemas fixos de combate ao fogo tipos 1,

    2 e 3 so apresentadas no Quadro 4.1:

    Quadro 4.1: Tipos de sistemas

    Tipo Esguicho

    Mangueiras

    Sadas Vazo (L/min)Dimetro (mm)

    Comprimento mximo (m)

    1 Regulvel 25 ou 32 30 1 80 ou 100

    2Jato compacto

    16 mm ou regulvel40 30 2 300

    3Jato compacto

    25 mm ou regulvel65 30 2 900

    Fonte: Adaptado de ABNT NBR 13714:2000

    Os componentes de um sistema de hidrantes e de mangotinhos so os seguintes

    (Quadro 4.2):

    Quadro 4.2: Componentes para cada hidrante simples ou mangotinho

    MateriaisTipos de sistemas

    1 2 3

    Abrigo(s) Sim Sim Sim

    Mangueira(s) de incndio No Sim Sim

    Chaves para hidrantes, engate rpido No Sim Sim

    Esguicho(s) Sim Sim Sim

    Mangueira semirrgida Sim Sim* No

    *Conforme Anexo D, item D4

    Fonte: Adaptado de ABNT NBR 13714:2000

    4.2 Localizao dos sistemas de hidrantes e de mangotinhosDa mesma forma que os equipamentos portteis de combate ao fogo, os

    equipamentos fixos devem estar sempre posicionados em locais onde exista

    a menor probabilidade do fogo bloquear o seu acesso e em locais de fcil

    visualizao. Assim sendo, os pontos de tomada de gua dos hidrantes e dos

    mangotinhos devem estar situados:

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 62

  • a) Nas proximidades das portas externas e/ou acessos rea a ser protegida, a no mais de 5 metros destas.

    b) Em posies centrais nas reas a serem protegidas.

    c) Fora de escadas e de antecmaras de fumaa.

    d) A uma altura entre 1 metro e 1,5 metros do piso acabado.

    Outro fator importante a ser considerado o fato de que a utilizao do

    sistema fixo de combate ao fogo no deve comprometer a fuga das pessoas

    da edificao. A partir do exposto, os sistemas devem ser projetados de

    tal maneira a dar proteo a toda extenso da edificao, mas no podem

    atrapalhar ou obstruir as rotas de fuga.

    Os hidrantes externos quando afastados das paredes da edificao por uma

    distncia de 15 metros ou uma distncia de 1,5 (uma vez e meia) a altura da

    parede externa da edificao podero usar linhas de mangueiras com alcance

    de at 60 metros de comprimento, desde que o sistema esteja dimensionado

    com presso suficiente para tal.

    Entende-se como linha de mangueira uma sequncia com mais de uma man-

    gueira, cada uma com comprimento de 15 metros, conectadas umas as outras

    por intermdio de engates rpidos.

    Os sistemas fixos de combate a incndio devem ser dimensionados de forma

    que hidrantes e mangotinhos sejam distribudos de maneira que qualquer ponto

    da empresa possa ser protegido por um ou dois esguichos, considerando-se o

    comprimento das mangueiras. De acordo com a NBR 13714:2000 Sistemas

    de hidrantes e de mangotinhos para combate a incndio, o alcance do jato

    compacto (jato pleno) produzido por qualquer sistema no deve ser inferior

    a 8 metros, medido da sada do esguicho ao ponto de queda do jato.

    4.3 Componentes bsicos de um sistema fixo de combate a incndio (hidrantes e mangotinhos)4.3.1 Reservatrio de gua para combate a incndioOs reservatrios podem ser elevados e no-elevados. Eles representam o local

    onde armazenada a gua que dever ser fornecida para o uso exclusivo do

    sistema de combate a incndio.

    e-Tec BrasilAula 4 - Sistemas fixos de combate a incndio 63

  • O reservatrio dito elevado quando est a uma determinada altura do piso

    acabado e o abastecimento feito pela ao da gravidade. Portanto, esses

    reservatrios devem estar a uma altura suficiente para que possam fornecer

    a vazo e a presso requeridas pelo sistema.

    O reservatrio dito no-elevado quando est ao nvel do solo (semienterrado

    ou subterrneo). Nessas condies, o abastecimento dos hidrantes ou man-

    gotinhos (com vazo de gua e de presso) mantido por meio de bombas

    de recalque com acionamento automtico.

    Quando o reservatrio acumula gua, tanto para consumo normal da empresa

    como gua para o sistema de combate a incndio, importante salientar

    que o ponto de captao da gua para consumo, no reservatrio, dever

    ser colocado num nvel mais alto do que ponto de captao de gua para o

    combate a incndio. Assim, sempre ser preservado o volume de gua, previsto

    no projeto, para o sistema de combate a incndio da empresa.

    Figura 4.1: Caixa dgua para consumo e para sistema de combate a incndioFonte: CTISM

    4.3.2 Bombas de recalque para sistema de combate a incndioA finalidade das bombas de recalque dgua suprir os sistemas de combate a

    incndio no-elevados com a vazo de gua e de presso necessria para que

    todo o sistema tenha a mesma eficincia. De acordo com a NBR 13714:2000,

    as bombas utilizadas nos sistemas que necessitam recalque de gua devem

    ser do tipo centrfuga (Figura 4.2), acionadas por motor eltrico ou por motor

    de combusto interna.

    Preveno e Combate a Sinistrose-Tec Brasil 64

  • Na bomba centrfuga, a transferncia de energia efetuada por um ou mais rotores que giram dentro do corpo da bomba, movimentando o fludo e

    transferindo a energia para este. A energia , em grande parte, cedida sob a

    forma de energia cintica aumento de velocidade , podendo ser convertida

    em energia de presso.

    Figura 4.2: Bomba centrfuga Fonte: CTISM

    4.3.3 Esguichos um dispositivo adaptado na extremidade das mangueiras que serve para

    dar forma, direo e controle ao jato. Os esguichos de tipo regulvel (Figura

    4.3) so aqueles que podem lanar gua sob a forma de neblina ou gua sob

    a forma de jato compacto. J os esguichos de tipo no-regulvel (Figura 4.4)

    so os que lanam gua somente sob a forma de jato compacto.

    e-Tec BrasilAula 4 - Sistemas fixos de combate a incndio 65

  • Figura 4.3: Esguicho de jato regulvel com jato regulvel e slidoFonte: CTISM

    Figura 4.4: Esguicho de jato compacto com jato slidoFonte: CTISM

    4.3.4 VlvulasAs vlvulas utilizadas nas tubulaes dos sistemas de combate a incndio so

    vlvulas de bloqueio, ou seja, vlvulas que permitem o controle ou o bloqueio

    do fluxo de gua no interior da tubulao. Nas tubulaes de abastecimento

    de gua para os sistemas de hidrantes e mangotinhos, recomendada a

    instalao desse tipo de vlvula em posies estratgicas previstas no projeto

    hidrulico