Prepare-se para Chuva

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Congratulações a Michael Catt, Igreja Batista de Sherwood Prepare-se para a Chuva Muitos livros nos dizem “o que” e alguns ainda nos dizem o “porquê”. Obriga- do, Michael Ca, por escrever a respeito do “como”. Eu reconheço a sua habilidade de ir direto ao ponto e dizer as coisas como realmente são. Este livro me inspira a motivar as pessoas a estarem envolvidas com coisas maiores, mostrando-me a visão de uma igreja local. Charles Lowery Presidente, Lowery Institute for Excellence Visão, coragem, criatividade, excelência e fé raramente são combinadas em grande quantidade na Igreja. Na Igreja Batista de Sherwood, sob a liderança inspirada e talentosa de Michael Ca, temos visto esta combinação única de qualidades desenvolver uma expressão antes não conhecida do ministério da igreja – a produção e introdução de um excelente filme que conquista o cora- ção da nossa nação. Essa significante produção desafiou telespectadores à inte- gridade, perseverança, ao caráter e essencialmente, à fé no Senhor Jesus Cristo. Jimmy Draper Presidente Emérito, LifeWay Christian Resourses “Ainda estou maravilhado com os filmes A Virada e Desafiando os Gigantes. Eles são prova de que a união faz a força. Michael Ca escolheu o impossível e permitiu que fosse possível para Deus. Eu me recordo dele dizendo isto em um culto, e agora aquela frase sobrevive diante dos nossos olhos. Fico tão feliz porque esses filmes e suas histórias estão sendo publicados. Aplausos para os sonhadores que não ouviram a voz que diz: “Isto não pode ser feito.” Parabéns Michael, Alex e Sherwood por darem o primeiro passo e por tornar realidade o possível de Deus!” Mark Harris Artista Cristão Contemporâneo e Compositor Quando eu ouvi a frase que representa a visão de Sherwood “Alcançar o mun- do a partir de Albany, Geórgia”, pensei, “Que legal”. E depois eu encontrei Michael Ca e a sua equipe e fiquei impressionado com a coragem e a determinação deles de assim fazer. Afastar os sinais do idealismo da sua juventude. Eles provaram que isso é possível. Julie Fairchild Lovell/Fairchild Communications

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# No livro "Prepare-se para a Chuva", Michael Catt conta sua história como pastor e a história da Igreja Batista de Sherwood (igreja que foi de um começo simples para uma igreja modelo em organização e estrutura). Michael conta histórias de superação, espera, fé, diferenças e preconceito e do agir de Deus de forma sobrenatural na produção dos filmes A Virada e Desafiando os Gigantes, marcos do cinema independente norte-americano.

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Congratulações a Michael Catt, Igreja Batista de Sherwood

Prepare-se para a ChuvaMuitos livros nos dizem “o que” e alguns ainda nos dizem o “porquê”. Obriga-

do, Michael Catt, por escrever a respeito do “como”. Eu reconheço a sua habilidade de ir direto ao ponto e dizer as coisas como realmente são. Este livro me inspira a motivar as pessoas a estarem envolvidas com coisas maiores, mostrando-me a visão de uma igreja local.

Charles LoweryPresidente, Lowery Institute for Excellence

Visão, coragem, criatividade, excelência e fé raramente são combinadas em grande quantidade na Igreja. Na Igreja Batista de Sherwood, sob a liderança inspirada e talentosa de Michael Catt, temos visto esta combinação única de qualidades desenvolver uma expressão antes não conhecida do ministério da igreja – a produção e introdução de um excelente filme que conquista o cora-ção da nossa nação. Essa significante produção desafiou telespectadores à inte-gridade, perseverança, ao caráter e essencialmente, à fé no Senhor Jesus Cristo.

Jimmy DraperPresidente Emérito, LifeWay Christian Resourses

“Ainda estou maravilhado com os filmes A Virada e Desafiando os Gigantes. Eles são prova de que a união faz a força. Michael Catt escolheu o impossível e permitiu que fosse possível para Deus. Eu me recordo dele dizendo isto em um culto, e agora aquela frase sobrevive diante dos nossos olhos. Fico tão feliz porque esses filmes e suas histórias estão sendo publicados. Aplausos para os sonhadores que não ouviram a voz que diz: “Isto não pode ser feito.” Parabéns Michael, Alex e Sherwood por darem o primeiro passo e por tornar realidade o possível de Deus!”

Mark HarrisArtista Cristão Contemporâneo e Compositor

Quando eu ouvi a frase que representa a visão de Sherwood “Alcançar o mun-do a partir de Albany, Geórgia”, pensei, “Que legal”. E depois eu encontrei Michael Catt e a sua equipe e fiquei impressionado com a coragem e a determinação deles de assim fazer. Afastar os sinais do idealismo da sua juventude. Eles provaram que isso é possível.

Julie FairchildLovell/Fairchild Communications

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A Igreja pode realizar mudanças sem se machucar? Sim! Os líderes da Igreja podem ver e seguir novas visões sem provocar divisões? Sim! Deus ainda realiza o impossível quando confiamos nEle e buscamos glorificar somente a Ele? Sim! A fascinante história de uma igreja como esta se encontra neste livro e a melhor coisa é que essa história não é ‘exclusiva’. Isso pode acontecer em qualquer lugar onde o povo de Deus exalte a Jesus Cristo, trabalhe unido, compartilhe a Palavra, ore e caminhe por fé para seguir a visão que Deus entregou a ele. Existe um preço a ser pago? Sim – mas as bênçãos são dignas do sacrifício.

Warren Wiersbe

A jornada cristã nunca teve relação com o recusar-se a mudar, mas com o caminhar por fé para que o impossível aconteça, no poder do Espírito Santo. As igrejas não produzem filmes – a menos que estejam dispostas a seguir com tal fé. Michael Catt é esse tipo de pastor e homem de “passos de fé” que Deus pode usar. Com os membros fiéis da Igreja Batista de Sherwood, a poderosa mensagem de esperança e fé tem sido difundida ao redor do mundo.

Este livro fala de uma jornada e das lições que todos os cristãos podem apren-der sobre caminhar por fé.

Richard PowellPastor, McGregor Baptist Church

Ft. Myers, Flórida

“Eu amo pessoas que têm uma visão global. As estátuas construídas não são de pessimistas. Michael Catt é um visionário. O filme Desafiando os Gigantes é um sucesso porque um líder permitiu que seus liderados e as pessoas ao seu redor fos-sem criativos. Michael Catt é um ‘doador’, não um ‘aproveitador’. O extraordinário sucesso deste filme não é surpresa para mim. É apenas Michael Catt sendo Mi-chael Catt! A história de Desafiando os Gigantes irá lhe abençoar e lhe estimular. A Igreja Batista de Sherwood é um lugar especial. Após ter lido o livro, visite a igreja. Esta é uma igreja cheia de GIGANTES de Deus!”

Roger BrelandDiretor Executivo e Reitor, Center for Performing Arts,

University of MobileFundador do TRUTH

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Prepare-se para a

CHUVAA História de uma Igreja que Creu

no Deus do Impossível

Michael Catt

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Todos os direitos em língua portuguesa reservados por

© 2009, BV Films Editora Ltdae-mail: [email protected] Visconde de Itaboraí, 311 – Centro – Niterói – RJCEP: 24.030-090 – Tel.: 21-2127-2600www.bvfilms.com.br / www.bvmusic.com.br

É expressamente proibida a reprodução deste livro, no seu todo ou em parte, por quaisquer meios, sem o devido consentimento por escrito.

Originalmente publicado em inglês com o título:Prepare for RainCopyright © 2007 Michael CattAll Rights Reserved

This edition is published by special arrangement with CLC MINISTRIES INTERNATIONAL.

Editor Responsável: Claudio RodriguesCapa e editoração: GuilTradução: Daiane Rosa Ribeiro de OliveiraRevisão: Marcus Vinícius Cardoso Marco Antonio Coelho

ISBN 978-85-61411-04-62ª edição - Agosto/2009Impressão: Imprensa da FéClassificação:Congregações Cristãs, Prática e Teologia PastoralImpresso no Brasil

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Índice

• Agradecimentos • 9• Introdução • 13

1 • Arando a Terra • 172 • Evasão no Avivamento • 27

3 •Desafiando o Meu Próprio Gigante • 414 • Um Ambiente de Oração • 575 • Uma Equipe Visionária • 696 • Atitude é Fundamental • 83

7 • Relacionamentos São Essenciais • 958 • Lavre a Terra que o Senhor Lhe Dá • 113

9 • Cultivando Dores e Produzindo Filmes • 12710 • Associando-se às Pessoas Certas • 139

11 • Faz Chover • 15112 • É só uma Embalagem • 171

• Da Nossa Caixa de Entrada. . . • 181• Notas Finais • 189

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AOS

Membros da Igreja Batista de Sherwood

Vocês me amaram, oraram por mim, me

encorajaram e permaneceram comigo.

Vocês abraçaram a minha visão e a minha paixão

por avivamento e encorajamento de pastores.

Existem igrejas maiores no mundo,

mas nenhuma melhor.

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Agradecimentos

M LIVRO como este não seria possível sem o investimento de outros. Sou grato pela equipe de liderança da nossa igreja. Ela é a melhor com que já trabalhei. Não existem contratados ou astros no grupo. Somos todos servos. Em particular, Jim McBride não é apenas o pastor presidente; é também um amigo mais chegado que um irmão. Não poderia fazer o que faço sem ele.

Debbie Toole é minha assistente administrativa há quinze anos. Ela mantém minha agenda e faz inúmeras coisas que tornam a minha vida mais fácil. Ela deseja que as coisas sejam feitas corretamente e trabalha para que seja assim.

Stephanie Thompson é a minha assistente de pesquisa e desenvolvimento. Steph investiu inúmeras horas para organizar este livro. Ela faz com que eu pareça um escritor. Eu a conheço desde que estava na terceira série e tenho a visto se tornar uma jovem mulher de Deus. Ela veio fazer parte da nossa equipe depois de ter concluído o seminário e tem sido uma bênção para mim.

Daniel Simmons serve a Deus como pastor da Igreja Batista Mt. Zion, aqui em Albany e é também meu “pastor auxiliar”. Como Igreja, realizamos muitas coisas juntos. Sua amizade, pregação e sabedoria são exemplo e encorajamento para mim. Deus me permitiu construir muitas pontes na cidade dividida na qual moramos.

U

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Todas as igrejas que me convidaram para participar da equipe ou para servir a Deus como pastor contribuíram, de certa forma, para construir o homem que hoje sou. Algumas experiências foram dolorosas, enquanto outras, períodos de bênçãos. Tudo foi parte do refinamento e da determinação de Deus para a minha vida.

Roger e Linda Breland têm sido nossos amigos, encorajadores e intercessores por mais de trinta anos. A visão, o exemplo de fé e sacrifício pessoal deles me aju-daram a entender que eu não devo me conformar com minha condição atual.

Há quinze anos eu sirvo a Deus como pastor dos jovens. Sou particularmente grato por três pastores a quem tive o privilégio de servir. Dr. Charlie Draper me ensinou a importância da pregação explicativa. Dr. Fred Lowery me ensinou o significado de liderar homens. Dr. Nelson Price me ajudou a ter a visão global. Eu tenho parte do DNA deles em meu sangue espiritual. Os seus dons e talentos têm ajudado a formar a minha visão de ministério e pastorado.

Os quatro homens que têm me instruído e me marcado mais são James Miller, Vance Havner, Ron Dunn e Warren Wiersbe. James Miller foi o meu líder de jo-vens na minha época. Ele ainda é um querido amigo. Ele acreditou em mim quan-do ninguém mais acreditava. Ainda adolescente, eu me rendi ao reinado de Cristo através da pregação de Vance Havner. Eu duvido ter pregado alguma vez sem citá--lo. Que profeta! Eu ouvi Ron pela primeira vez quando estava no seminário. Nos tornamos grandes amigos na época que Vance Havner faleceu. Ron me ensinou mais do que qualquer aula que já tive no seminário. Seus sermões baseados em Isaías 45 e na fé que remove montanhas influenciaram este livro e a minha vida. À pedido meu, ele pregou em dezesseis Conferências Bíblicas consecutivas antes de falecer. Pregar em seu funeral foi a tarefa mais difícil da minha vida. Warren Wiersbe é um enviado de Deus e uma influência poderosa na minha vida. Ele me ajudou a permanecer equilibrado. Eu nunca falei com ele sem ter uma caneta em mãos. Mal sabia eu que um aperto de mão em 1994 se transformaria em uma amizade que iria impactar grandemente a minha vida. Todos esses homens têm algo em comum: o amor pela Palavra e pela igreja, o compromisso de orar e a es-perança por avivamento. Esses homens são os inconformistas do meu ministério. Eles me ensinaram a pensar de uma maneira anticonvencional, sem ser além dos limites da verdade da Bíblia.

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Sou grato a outros homens que acreditaram em mim. Eles me encorajaram a buscar a Deus. Eles me fizeram lembrar que a única pessoa a quem tenho que agradar é ao Senhor Jesus. Homens como George Harris, John Bisagno, Jimmy Draper, Don Miller, Lehman Strauss, Charles Lowery, Bill Stafford, Ken Jenkins, Gary Miller, Tom Elliff e Jay Strack impactaram minha vida de forma que, desse lado da eternidade, eles nunca saberão. Eu sou, de todos os homens, abençoado.

Minha esposa Terri e minhas filhas Erin e Hayley oferecem apoio constante. Terri tem se mudado pelo país a fim de dar suporte ao meu chamado ao ministé-rio. Ela é aquela que me incentivou a escrever um livro sobre a igreja. Isso nunca teria acontecido sem ela. Ela é presente de Deus para mim; ela é minha melhor amiga. Erin e Hayley são a alegria da minha vida. Nenhum pai ficaria mais orgu-lhoso pelas suas filhas. Eu amo ver o que Deus está fazendo através da vida delas. Deus me abençoou com essas três maravilhosas damas na minha vida.

O Senhor Jesus tem sido melhor para mim do que eu mereço. Eu espero que você veja a graça de Deus nessas páginas. Quando a vida chega ao final, existe uma linha que separa a data do nosso nascimento e a data da nossa morte. É o que acontece nessa linha que determina se iremos ouvir um “Bom Trabalho”. Eu oro para que o veredicto da minha vida seja que eu me comprometi a Jesus como Senhor e a pregar a Palavra sem apologia. Eu oro para que de alguma forma nossa igreja seja um catalisador de avivamento nessa terra.

Michael CattIgreja Batista de Sherwood

Albany, Geórgia, Maio 2007

Agradecimentos

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Introdução

NO FILME Desafiando os Gigantes, Grand Taylor, um técnico de futebol desencorajado, da Academia Cristã de Siloh, aprende uma inesperada lição espiritual com o Sr. Bridges, um guerreiro de oração. Quando o técnico diz a ele “Eu simplesmente não vejo Deus trabalhar aqui”, o guerreiro de oração responde com uma história:

“Grant, eu ouvi a história de dois fazendeiros que precisavam desesperadamente da chuva. Os dois oravam por chuva,

mas somente um saiu e preparou os seus campos para recebê-la. Qual dos dois você acha que confiou mais que

Deus iria mandar a chuva?”“Bem, o que preparou os campos para a chegada da chuva.”

“Qual dos dois você é? Deus enviará a chuva quando Ele estiver pronto. Você precisa preparar os seus campos

para quando ela vier.”

Como você se prepara para a chuva? Como você cultiva o solo da sua vida para que ele esteja preparado para o derramar de Deus? Como você fragmenta a terra improdutiva? Você espera tanto esperançosamente quanto pacientemente pelo agir de Deus?

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O meu desejo é que Deus mande a chuva. Eu quero ver Deus trabalhando em minha vida; eu quero ver o avivamento naIgreja. Eu desejo abraçar tudo o que Deus tem para mim. Quando eu leio histórias sobre os despertares e avivamentos do passado,

eu anseio para que aconteça assim em minha igreja e em toda a minha vida. Eu desejo que a história se torne tem-po presente. Eu quero me preparar para a chuva e ver Deus enviando-a.

Mas devo admitir que houve tempos em que me senti tão seco e desencorajado quan-to Grant Taylor e não vi Deus trabalhar. Ele estava trabalhando, mas não da maneira como eu esperava. Deus estava preparando o meu coração para o crescimento e avivamento. Ele assim fez, arando a minha vida e arrancando pela raiz as coisas que eu não queria suportar. Como a parábola do semeador em Mateus 13, o problema não era o semeador nem a semente, mas o solo. O meu solo precisa estar cultivado.

Eu sirvo a Deus como pastor na Igreja Batista de Sher-wood, em Albany, Geórgia – uma congregação que tem rece-bido bastante atenção recentemente. A fundação da Sherwood Pictures em 2000 trouxe uma visibilidade a esta sociedade de cinquenta e dois anos, que nunca imaginamos que seria pos-sível. Através dos nossos dois primeiros filmes. A Virada e De-safiando os Gigantes*, temos expandido o impacto e a influência desta congregação local para além da nossa “Jerusalém”. Esta-mos ouvindo, literalmente, testemunhos de vidas transforma-das ao redor do mundo.

Já me perguntaram centenas de vezes: “Como uma igreja pro-duz um filme?” Esta é uma pergunta difícil de responder, mas eu acho que ela perdeu o foco. Uma pergunta mais relevante se-ria: “Como eu posso superar os meus obstáculos pessoais para

O meu desejo é que Deus mande a chuva. Eu quero ver o avivamento

na Igreja. Eu desejo abraçar tudo o que Deus tem para mim.

* Filmes distribuídos pela BV Films Ltda.

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confiar em Deus para algo maior que eu mesmo?” Com isso está outra pergunta: “Como eu creio que Deus trará o avivamento e o despertar que fortaleça e estimule tanto a igreja, a ponto de vermos Deus operando o impossível?”

Para responder a essas perguntas, preciso compartilhar com você a minha história e a história da Igreja Batista de Sherwood, uma congregação que tem aprendido a confiar em Deus para grandes coisas, e ainda assim não ficar satisfeita com a condição atual.

Alex Kendrick (Técnico Grant Taylor) e Ray Wood (Mr. Bridges) na cena “Prepare-se para a chuva”, do filme Desafiando os Gigantes

Introdução

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Arando a Terra

SHERWOOD é a minha segunda experiência como pastor. A primeira foi em uma cidade de mais ou menos 17.000 habitantes em Midwest, onde fui pas-tor por três anos. A igreja era a maior da redondeza e era his-toricamente influente. Depois de quase uma década de declínio, estávamos experimentando um novo nascimento, a chegada de novos membros e uma nova vida. Deus estava movendo.

Ao mesmo tempo, eu me sentia como se estivesse lutando por sobrevivência em uma batalha. Como em muitas igrejas, o corpo diaconal queria fugir e tratar o pastor como um assalari-ado. Mas depois de algumas dificuldades, vimos Deus recupe-rando o velho navio.

A Igreja Batista de Sherwood me convidou algumas vezes para ser pastor deles, mas eu recusei. Eu pensava que o meu

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ministério estava apenas começando nesta igreja em Midwest, e eu não tinha vontade de me mudar. Primeiro porque minhas filhas estavam muito novas e eu não queria desarraigar minha família. Além disso, eu não desejava ser um daqueles pastores que sempre buscam “o maior e o melhor” a cada ano.

Em agosto de 1989, o falecido Manley Beasley veio à nossa i-greja como pastor convidado, em um domingo e em uma segun-da-feira. Ele foi o maior homem de fé que já conheci. Eu já havia lido e pregado sobre viver por fé, mas Manley era exemplo ver-dadeiro disso. Ele sobreviveu à doenças incuráveis e a inúmeros

problemas de saúde. Quan-do Manley falava, as pessoas ouviam. Naquele final de se-mana, eu compartilhei com Manley a respeito da igreja e como às vezes isso era tão difícil como empurrar uma pedra enorme monte acima.

Enquanto conversávamos, parecia que a minha autoridade esta-va sendo constantemente desafiada e eu fiquei vigilante. Na se-gunda à noite, antes de pregar, Manley veio em minha direção e disse: “Quando eu estiver pregando, você saberá se o seu tempo aqui está concluído.” Eu liguei a minha antena espiritual duran-te a mensagem! (Eu disse para a minha esposa prestar atenção porque provavelmente estaríamos fazendo as malas e deixando a cidade ainda naquela noite.)

Abrindo a Bíblia em Isaías 6, Manley pregou a mensagem in-titulada “Quem deseja ver a glória de Deus?” Este foi um daque-les momentos de Deus onde sentimos a Sua presença em todo o salão. Há vinte anos a igreja experimentou um grande aviva-mento e mover de Deus. Certamente esta mensagem iria mo-vimentar as brasas e reacender o fogo. Quem não deseja ver a

“Quando eu estiver pregando, você saberá se o seu tempo aqui está

concluído.”

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glória de Deus, especialmente se voltaram à igreja em uma se-gunda-feira à noite?

Quando o apelo foi feito, parecia que não havia ninguém nos bancos da igreja. Terri e eu fomos ao altar e começamos a orar. Eu pude sentir os outros se movendo em direção ao altar, mas não sabia quem ou quantos. O apelo não levou muito tempo. Poucos minutos depois, Manley desceu do púlpito, colocou suas mãos em meus ombros e disse: “Agora você sabe.”

Com um público de aproximadamente quatrocentas pessoas, as únicas pessoas que estavam no altar eram a equipe de tra-balho da igreja e alguns membros da congregação. Os diáconos sentados em seus assentos, aparentemente imparciais; parecia que os professores da escola dominical iriam sair a qualquer mo-mento. Quando olhei a congregação, eu vi claramente o vazio – eles estavam enfileirados nos bancos, totalmente inexpressivos e aparentemente indiferentes. Eu sabia que o meu tempo ali havia terminado; Deus havia me liberado daquele ministério.

Menos de um mês depois, a comissão de busca de Sherwood ligou pela quarta vez para saber se eu iria reconsiderar o pedi-do. Imediatamente, Deus direcionou o meu coração para Sher-wood, e eu nunca mais voltei atrás. Eu me tornei pastor deles em dezembro de 1989. Sherwood não é perfeita, mas é a melhor igreja que eu já participei. Eu já estive em várias outras igrejas de todas as formas e tamanhos, no interior e nos subúrbios, mas eu nunca vi as pessoas permitirem o mover do Espírito como acontece em Sherwood.

Esta jornada de fé não foi fácil, e não aconteceu da noite para o dia. Estamos amadurecendo como igreja enquanto perma-necemos jovens no coração. Existem problemas, mas sempre há, onde quer que você vá. As mudanças às vezes parecem de-vastadoras, mas Deus tem sido soberano e fiel em tudo isso, e eu tenho aprendido a confiar nEle em todas as etapas do caminho.

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Medo

Mas, para falar a verdade, eu quase não fui para Sherwood. No final de semana marcada para sermos apresentados à igreja, comecei a reconsiderar. Já tinha ido muito longe a ponto de dizer ao pastor da comissão que eu poderia pregar no domingo, mas, na verdade, eu não estava certo se deveria chegar como pastor. Eu não sei por que tive medo. Talvez fosse porque Deus estava revelando uma questão que Ele desejava que eu enfrentasse de frente – uma vez que era muito sério para esperar.

O primeiro sinal de problema apareceu quando alguns líderes da igreja estavam fazendo piada com a briga e confusão que acontecia nas longas reuniões dos diáconos. Sempre existe um fundo de verdade por trás desse tipo de brincadeira e eu certa-mente não estava interessado em me envolver em uma situação como a que tinha acabado de sair. De uma coisa eu sabia: Deus tinha me chamado para pastorear e liderar – não para julgar!

Em minha primeira reunião de diáconos como pastor, o pro-blema se tornou claro para mim. A reunião inteira consistia em examinar um documento que eles chamavam de “A ementa dos diáconos”, um resumo dos gastos da igreja, relatórios de pro-gramas e comissões. A função deles era parecida com a de uma comissão de diretores ou de um comitê financeiro, e eles tinham atuado assim por anos. Gastamos vários minutos discutindo três ofertas de aspirador de pó. Eu olhei em volta da sala. Tive um pensamento estranho: Eu aposto que nenhum desses homens já usou um aspirador de pó. Se eu quero saber qual aspirador de pó comprar, perguntarei a uma dona de casa!

Eu percebi que os diáconos eram bons homens de Deus, mas eles se tornaram envoltos em uma tradição ao invés de consi-derarem as Escrituras no que diz respeito à função do diácono.

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Eles precisavam colocar os seus pensamentos de acordo com a Bíblia. Eu os ouvi comentando como deixariam a reunião com o estômago vazio; não havia alegria em servir. Eles tinham o co-ração voltado para o ministério, mas ninguém nunca os ensinou uma maneira melhor de fazê-lo. Eles precisavam ser libertos para servir da maneira como o Senhor designou em Atos 6.

Então, em uma das re-uniões no início do meu primeiro ano em Sherwood, eu anunciei um “golpe de es-tado” aos diáconos. Eu disse que não fazia sentido (1) votarmos em um dinheiro já gasto, (2) agirmos como uma segunda comissão financeira ou (3) sermos conhecidos por brigas e confusões. Íamos mudar a maneira como ministrávamos para auxiliar as viúvas e manter a unidade na igreja.

Felizmente, os diáconos entenderam o que eu estava tentando fazer e se dispuseram a ter uma chance com o seu novo pastor. Eles tinham um grande respeito pela autoridade pastoral e estavam dispostos (alguns relutantemente) a dar uma nova chance a ela.

Este foi um dos momentos decisivos para a igreja. Desco-brimos que Atos 6 ainda funciona. Somos prova de que a igreja do século XXI pode funcionar, crescer e ministrar utilizando o modelo do primeiro século.

Mudanças Organizacionais

Logo que reformamos o ministério diaconal, começamos a podar a organização. A igreja tinha mais de sessenta ministérios, mas faltava foco em uma direção. Tínhamos pessoas que nem

Eu anunciei um “golpe de estado” aos diáconos... Íamos mudar a maneira como ministrávamos.

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sabiam que estavam “participando” de um ministério! Esse era um exemplo clássico de uma organização prestes a desintegrar--se por falta de liderança. (A igreja ficou sem um pastor presi-dente por algum tempo.) Isso não é algo intencional, mas a força de uma igreja cresce ou diminui na liderança – especialmente liderança pastoral. Apesar de um ministério poder manter-se, ele não pode crescer sem uma direção.

Começamos a eliminar conselhos que não nos ajudavam a cumprir o propósito, a visão e a missão da igreja. Ao longo do período de três anos, cortamos o número de conselhos de ses-senta e dois para dois. Se o conselho não tivesse se encontrado no ano anterior, estaria eliminado.

Agora não temos mais conselhos, temos ministérios. Sele-cionamos líderes que servem a Deus, como os tesoureiros que nos ajudam a administrar o orçamento. O corpo de funcionári-os é o protetor para a equipe de liderança. Eles trabalham lado a lado comigo e com os outros pastores presidentes. Quando necessário, formamos uma força-tarefa que satisfaz as necessi-dades específicas do momento, e é afastada quando o serviço está completo. Isto nos permitiu engajar pessoas que são apai-ixonadas e zelosas e com certos dons. Isso também mantém a estrutura da igreja flexível e funcional, de forma que podemos responder rapidamente às novas situações e desafios.

Alan Redpath diz: “O avivamento não é possível, em nenhu-ma congregação, sem que seja pago um preço”1, e perdemos al-gumas pessoas quando fizemos essas mudanças. Elas desejavam que a igreja funcionasse como uma empresa secular e queriam estar no controle. Mas a igreja não é um lugar para o poder da carne e para controle humano; ela é um recipiente do poder e da presença do Espírito Santo.

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“As Guerras da Adoração”Outro monte que enfrentamos foi o que é comumente

chamado de “Guerras da Adoração” (apesar de achar que uti-lizar “adoração” e “guerras” na mesma frase é negar tudo o que é a adoração!). Eu amava o nosso louvor em Sherwood, mas precisávamos fazer algumas mudanças em nosso estilo, sem comprometer verdades bíblicas. Queríamos alcançar nossa co-munidade, e você não pode alcançar uma comunidade que é predominantemente afro-americana, com músicas evangélicas do hemisfério sul.

Se íamos alcançar a nossa “Jerusalém”, precisávamos ir adi-ante com nossa música e adoração. Deus estava nos chamando para ser uma igreja de diversas gerações e raças. Precisávamos nos ajustar para cumprir esse propósito com eficiência e estava claro que precisávamos fazer um culto mais “misto”. Essa não foi uma mudança radical. Não jogamos os hinos fora; somente adi-cionamos alguns coros e encorajamos mais liberdade na adora-ção.

Eu também comecei a ensinar sobre adoração. Começamos a instruir o coral que a adoração não é uma performance para o público, mas uma forma de glorificar a Deus e exaltar o Seu nome. Eu disse à igreja que enquanto todos nós temos prefe-rências em nossas músicas, podemos ser culpados de adorar às nossas preferências mais do que a Deus. Só porque eu gosto de algo não significa que honre a Deus. A adoração verdadeira não tem a ver com estilos ou preferências. A.W. Tozer escreveu: “Um esforço eficiente de diminuir a diferença entre o coração e entre o Deus que ele adora, é a adoração de qualidade superior.”

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Essa transição não foi fácil, mas fizemos isto sem um rompi-mento e sem perder metade da igreja. Algumas pessoas não gos-staram dos hinos, mesmo sendo alguns deles versos da Bíblia cantados. Outros não gostaram, a princípio, das mudanças na adoração, mas eles deixaram o ego de lado e confiaram na lide-rança da igreja. Um de nossos membros disse: “Aquela mudança foi difícil. Não significa que não gostamos dela, só não estáva-mos acostumados a elas.”

Ainda estamos aprendendo a adorar. Ainda estamos apren-dendo a orar. Ainda estamos aprendendo o que significa ser uma igreja que glorifica a Deus. Ainda não conseguimos, mas estamos mais perto de aprender do que quando começamos. Aprendemos que a adoração não diz respeito a hinos versus coro. Não é uma questão de “minha maneira contra a sua”. Não está ligada a efeitos, manipulações ou coerção. A adoração é uma questão do coração.

Sherwood não é uma i-greja perfeita. Contudo, te-mos recebido pregadores e visitantes de todo o país, e todos eles dizem a mesma coisa: “Existe algo especial neste lugar. Podemos sentir

o Espírito de Deus aqui.” Não é isso o que todos nós queremos? Assim como a chuva, precisamos de um derramar fresco do céu. Precisamos ser lavados de nossas dúvidas e temores. Precisa-mos ser encharcados de uma percepção constante da Sua graça, glória e poder.

Em meio a essas mudanças, Don Miller, um grande guerreiro de oração, veio a Sherwood para uma conferência de oração de quatro dias. Durante todas as noites de conferência a igreja esteve lotada. Em uma noite, Don e sua esposa Libby foram a

“A adoração não diz respeito a hinos versus coro. A adoração é

uma questão do coração.”

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nossa casa após o culto. Estávamos sentados em minha sala quan-do Don perguntou: “Michael, você está pronto para perder 800 pessoas para realmente ver Deus fazendo a obra nesta igreja?”

Pensando que isto nunca fosse acontecer, eu respondi quase que indiferente: “Sim. Estou disposto a fazer o que for para ver Deus operar nesta igreja.” Ou seja, calma aí, quem alguma vez já ouviu falar de uma evasão tão grande em um avivamento? Não havia a menor possibilidade de perdermos 800 pessoas!

Quanta inocência...

Igreja Batista de Sherwood

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