Prêmio Silvia Lane Treinamento Em Habilidade s Sociais Vf
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TREINAMENTO EM HABILIDADES SOCIAIS COM UNIVERSITRIOS:
Relato de uma experincia de estgio
Suyanne Cristina de Oliveira Nunes*
Sinelle Valle da Costa*
Aline de Oliveira Souza*
Cintia Teixeira Santos*
Orientadora: Adriana Benevides Soares**
RESUMO
O objetivo deste estgio foi capacitar os jovens alunos no mtodo e no processo de
Treinamento em Habilidades Sociais (THS) em um modelo preventivo de atuao no contexto
educativo universitrio. O estgio se desenvolveu em trs etapas: a primeira de reviso
bibliogrfica, a segunda de planejamento das sesses e a terceira de aplicao e de anlise dos
resultados. O Treinamento em Habilidades Sociais se desenvolveu em dez sesses semanais
de duas horas e contou com a participao de doze estudantes. Tambm foram aplicados trs
instrumentos para comparao do antes e depois do THS: o Inventrio de Habilidades Sociais
(IHS), a verso reduzida do Questionrio de Vivncia Acadmica (QVA-r) e o Inventrio de
Comportamentos Sociais Acadmicos para Universitrios (ICSA). Os temas trabalhados nas
sesses foram: Abordar Colegas, Expressar Sentimentos, Fazer e Recusar Pedidos, Expor
Opinies, Resoluo de Problemas, Solicitar Mudana de Comportamento, Falar em Pblico e
Lidar com Crticas. A anlise dos resultados qualitativos indicou impactos positivos no
desenvolvimento dos jovens universitrios.
Palavras-Chave: Habilidades Sociais, Treinamento em Habilidades Sociais, Universitrios.
1. INTRODUO
O presente trabalho objetiva apresentar um relato de experincia de estgio, em que foi
___________________________________________________________________________
*Graduandas em psicologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
**Doutora em Psicologia Cognitiva pela Universidade de Paris XI, Ps Doutora pela UFSCar, Professora
Associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
-
desenvolvido um Treinamento em Habilidades Sociais com foco em desenvolver
comportamentos sociais assertivos em universitrios, em situaes consideradas difceis no
contexto acadmico. Para tanto ser explicitada a fundamentao terica que baseou a prtica
e detalhada a construo, aplicao e apurao qualitativa do treinamento.
As habilidades sociais podem ser definidas como classes de comportamentos sociais
contribuintes para a competncia social, que um atributo avaliativo que se vale de critrios
de funcionalidade, a saber manuteno ou melhora da qualidade da relao e da auto-estima
dos envolvidos, consequncias do objetivo da interao, equilbrio de perdas e ganhos dos
envolvidos e respeito e ampliao dos direitos humanos bsicos - para avaliar o
comportamento do indivduo (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2011). Segundo Magalhes e
Murta (2003) em toda relao interpessoal ocorre um desempenho social que demanda
habilidades sociais e pode ser caracterizado como socialmente competente ou no,
dependendo se o conjunto de comportamentos do indivduo ao se relacionar expressa seus
sentimentos, opinies, aes e desejos de forma contextualizada e respeita o direito do outro
de tambm faz-lo.
As habilidades sociais so demandadas continuamente nas interaes sociais dos
indivduos. Em relao aos estudantes universitrios Esta demanda, por vezes, apresenta-se de
forma mais incisiva no momento do ingresso na universidade, requerendo um aprendizado
necessrio de convivncia com um grande nmero de pessoas desconhecidas, lidar com as
exigncias acadmicas constantes (SECO et al, 2005) e a se adaptar ao novo. Soares, Poubel e
Mello (2009) destacam a fala de alguns estudiosos (ALMEIDA; SOARES; FERREIRA,
1999; SANTOS, 2000) sobre a importncia das habilidades sociais no meio acadmico
mostrando que as mudanas sociais trazem novas demandas ao sistema educacional superior,
que devem ultrapassar o limite de aquisio de conhecimentos e buscar desenvolver formas de
adaptao ao novo e a competncia social. Os autores salientam ainda que a competncia
acadmica est fortemente relacionada competncia social.
Considerando a necessidade das habilidades sociais no contexto universitrio para um
desempenho competente, muitos autores tm se dedicado a estudar esta relao. Estudos
empricos no contexto universitrio tm agregado ao tema informaes importantes para a
expanso da rea de habilidades sociais. Magalhes e Murta (2003) constataram, aps a
aplicao de um treinamento em habilidades sociais em estudantes de psicologia, que houve
promoo do desenvolvimento das habilidades sociais, salientando a eficcia do Treinamento
e Ribeiro e Bolsoni-Silva (2011) explicitaram as situaes em que os universitrios citaram
como sendo difceis em diferentes contextos, incluindo o universitrio, a saber - exposio em
-
pblico, iniciar, manter e terminar relacionamento amoroso, iniciar, manter e encerrar
conversao com familiares, amigos e namorado(a), abordar pessoas para amizade, expressar
opinies e sentimentos e lidar com crticas situaes estas, que envolvem a assertividade.
A assertividade destaca-se como uma habilidade social fundamental para um
relacionamento interpessoal saudvel e competente (SOARES; DEL PRETTE, 2013), refere-
se defesa, por parte do indivduo, de seus direitos, alm da expresso de opinies,
sentimentos e crenas de forma apropriada, direta e honesta, sem agredir ao direito do outro
(DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2012). Marchezini-Cunha e Tourinho (2010) destacam
algumas definies de assertividade, a saber - um conjunto de comportamentos pessoais que
funcionam em contextos sociais prprios; a expresso de sentimentos de forma socialmente
adequada, preservando tanto os direitos do indivduo que responde assertivamente quanto os
seus e a habilidade para manter ou aprimorar uma situao interpessoal atravs da expresso
de sentimentos ou desejos mesmo quando estas manifestaes envolvem riscos ou at mesmo
punio. Ao longo do tempo muitos conceitos foram elaborados para atender ao conceito de
assertividade, entretanto, apesar das diversas definies encontradas, grande parte delas
perpassam pela questo do exerccio do direito, envolvendo caractersticas como recusa e
discordncia, auto-afirmao, fazer pedidos e exigncias sem constrangimentos e expressar
sentimentos positivos ou negativos (PASQUALI; GOUVEIA, 1990).
Marchezini-Cunha e Tourinho (2010) especificam que o comportamento assertivo
comparado com o passivo e agressivo e sua definio est fundamentada na topografia destes
comportamentos, como o tom de voz e o contato visual. Salientam que as caractersticas
funcionais tambm devem ser consideradas, como as consequncias que respostas podem
gerar, dependendo se foi dada de forma assertiva, passiva ou agressiva, destacando que estas
consequncias podem ser de aprovao ou de desaprovao e de reforo ou averso. Os
autores mostram ainda pesquisas indicativas de que em geral, o comportamento passivo
recebe mais avaliaes positivas (maior aceitao social), o agressivo, mais negativas e o
assertivo, ambas. Como o comportamento assertivo tende s vezes a ser reprovado pelo
grupo, o indivduo assertivo deve levar em considerao o contexto em que est inserido, ter
empatia e autoconhecimento, para poder prever as consequncias de seu comportamento.
Lopes, Azeredo e Rodrigues (2013) salientam a importncia da assertividade e das
habilidades sociais para o bem-estar social do indivduo, mostrando que o comportamento
assertivo contribui positivamente no desempenho laboral, corroborando a relao das
habilidades sociais com melhor qualidade de vida e sucesso profissional.
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Considerando a literatura sobre habilidades sociais e especificamente a assertividade,
percebe-se a importncia da promoo das habilidades sociais assertivas no apenas para
universitrios, mas para todo o indivduo que busca usufruir de relaes sociais competentes.
Assim, o Treinamento em Habilidades Sociais ganha destaque no cenrio atual da Psicologia.
1.1 TREINAMENTO EM HABILIDADES SOCIAIS
O Treinamento em Habilidades Sociais THS um conjunto de atividades planejadas
que contribuem para o processo de aprendizagem do comportamento socialmente competente.
conduzido por um terapeuta e objetiva aperfeioar habilidades sociais aprendidas, mas que
apresentam dficits, ensinar novas habilidades sociais e diminuir ou eliminar comportamentos
contrrios s habilidades (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2010).
O treinamento em habilidades Sociais fundamenta-se em dois conceitos Habilidades
Sociais e Competncias Social sendo o primeiro referente a classes de comportamentos
sociais que contribuem para competncia social e o segundo a um atributo avaliativo de
comportamentos de sucesso no ambiente social (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001)
Segundo Hidalgo e Abarca (1992, apud DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2012) a rea
de THS foi formada a partir de cinco modelos tericos assertividade, percepo social,
aprendizagem social, cognio e teoria dos papis o modelo de assertividade surgiu a partir
de estudos experimentais de laboratrio e baseia-se em duas linhas de pensamento para
entender os dficits e dificuldades no desempenho social, a saber, condicionamento
respondente e condicionamento operante; o modelo de percepo social foi criado por Argyle
e baseia-se na anlise da capacidade de leitura do contexto social por parte dos indivduos;
O modelo de aprendizagem social baseia-se na ideia de que a maioria das habilidades sociais
so aprendidas de forma vicria e de que o desempenho social aprendido, seria mediado pela
expectativa sobre as possveis consequncias de comportamentos interpessoais e por outros
processos como crenas, percepes e pensamentos; o modelo cognitivo baseia-se na ideia de
que o desempenho social mediado por habilidades sociocognitivas que as crianas aprendem
no processo de interao com seu ambiente social e o modelo da teoria de papis surgiu a
partir de estudos de psicologia social e da terapia de papel fixo e entende que o
comportamento social relaciona-se com o entendimento do prprio papel e do papel do outro
na relao social.
Por ser originado a partir da juno de diferentes modelos conceituais, Del Prette e Del
Prette (2012) destacam que a construo de uma teoria mais robusta do THS, depende muito
-
dos resultados prticos e tericos produzido em suas aplicaes. Na ltima dcada muitos
programas de Treinamento em Habilidades Sociais com universitrios foram desenvolvidos,
trazendo resultados que salientam a validade de estudos nesta rea e do desenvolvimento e
crescimento desta prtica. Villas Boas, Silveira e Bolsoni-Silva (2005) realizaram um
Treinamento em um grupo de quatro universitrios objetivando verificar se aps a aplicao
do programa, mudanas comportamentais seriam identificadas. Na anlise dos resultados, os
autores concluram que houve ganhos de repertrios, como iniciar e manter conversao e
autoconhecimento, entretanto algumas dificuldades se mantiveram mesmo aps a interveno.
Bolsoni-Silva et al (2009) aplicaram um Treinamento em Habilidades Sociais em quinze
universitrios e trs recm-formados objetivando avaliar a efetividade desta interveno, os
resultados mostraram que todos os participantes tiveram aquisies em relao s habilidades
manter conversa com desconhecidos, cobrar dvida de amigo, apresentar-se a outra pessoa,
abordar para relao sexual, discordar do grupo, abordar autoridade, manter conversao,
falar a pblico desconhecido, fazer pergunta a desconhecidos, pedir favores a desconhecidos,
expressar desagrado e pedir ajuda a amigos e embora alguns itens no apresentarem diferena
significativa ps-interveno, os resultados indicaram a eficcia do treinamento. Diversos
outros trabalhos utilizando o THS com estudantes universitrios tambm mostraram a eficcia
do mtodo e aquisies em habilidades sociais para os participantes (DEL PRETTE; DEL
PRETTE; BARRETO,1999; A. DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2003; LIMA, 2014).
2. DESCRIO DO TRABALHO
O treinamento em Habilidades Sociais com Universitrios foi elaborado e posto em
prtica no contexto do estgio curricular intitulado Treinamento de Habilidades Sociais. O
estgio iniciou no primeiro semestre de 2013, sendo finalizado no primeiro semestre de 2014.
Foi estruturado em trs partes: o primeiro semestre foi dedicado instrumentao terica
sobre as Habilidades Sociais e sobre o Treinamento em Habilidades Sociais, o segundo foi
voltado para a construo das sesses e aprendizado dos instrumentos e o ltimo foi focado na
aplicao do Treinamento e na apurao qualitativa dos resultados obtidos.
Aps a reviso bibliogrfica proposta na primeira fase do estgio, iniciou-se, no
segundo semestre, a elaborao das sesses do Treinamento em habilidades Sociais.
Primeiramente foram estudados os instrumentos a serem aplicados durante o Treinamento, a
saber - o QVA-r, verso reduzida do Questionrio de Vivncia Acadmica (ALMEIDA;
FERREIRA; SOARES, 1999). Este instrumento de auto-relato objetiva avaliar a forma com
-
que os jovens se adaptam as exigncias da vida acadmica universitria. O QVA-r possui 60
itens referentes a cinco dimenses - pessoal, interpessoal, carreira, estudo e institucional a
dimenso pessoal (Alpha de Cronbach = 0,87) possui 13 itens e refere-se a aspectos de
percepo pessoal sobre bem-estar e auto-estima e da identidade do aluno; a dimenso
interpessoal (Alpha de Cronbach = 0,86) possui 13 itens e refere-se aos relacionamentos e a
aspectos relacionados com atividades extracurriculares de carter social e associativo; a
dimenso carreira (Alpha de Cronbach = 0,91) possui 13 itens e refere-se a adaptao ao
curso, ao projeto vocacional e as perspectivas de carreira; a dimenso estudo (Alpha de
Cronbach = 0,82) possui 13 itens e refere-se aos mtodos de estudo e gesto do tempo; a
ltima dimenso ,institucional (Alpha de Cronbach = 0,71), possui 8 itens e refere-se a
relao do estudante com a instituio de ensino do qual faz parte.
O Inventrio de Comportamentos Sociais Acadmicos para Universitrios (SOARES;
MOURO; MELLO, 2011) objetiva avaliar comportamentos habilidosos e no habilidosos
no contexto universitrio, possui formato tipo Likert de cinco nveis de resposta, variando de
nunca sempre. O instrumento possui 34 itens divididos em 6 fatores Comportamento
Adequado em Sala de Aula, Comportamento Indisciplinado em Sala de Aula, Cordialidade no
Relacionamento Interpessoal, Desrespeito a Professores e Colegas, Auto-exposio e
Assertividade e Comportamento de Eficcia Acadmica O fator Comportamento Adequado
em Sala de Aula (Alpha de Cronbach = 0,73), possui 6 itens que referem-se ao componente
comportamental positivo das habilidades esperadas em sala de aula; o fator Comportamento
Indisciplinado em Sala de Aula (Alpha de Cronbach = 0,81), possui 6 itens que referem-se ao
componente comportamental negativo das habilidades esperadas em sala de aula; o fator
Cordialidade no Relacionamento Interpessoal (Alpha de Cronbach = 0,77), possui 6 itens que
referem-se as reaes internalizantes e externalizantes e habilidosas e no habilidosas nas
relaes sociais; o fator Desrespeito a Professores e Colegas (Alpha de Cronbach = 0,59),
possui 5 itens que referem-se aos componentes interpessoais diretos que atravessam a relao
dos universitrios com os colegas e com os professores; o fator Auto-exposio e
Assertividade (Alpha de Cronbach = 0,66), possui 6 itens que referem-se ao risco de reaes
indesejadas e o fator Comportamento de Eficcia Acadmica (Alpha de Cronbach = 0,60),
possui 5 itens que refere-se a adaptao acadmica e a auto-regulao de competncias.
O IHS (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001), um inventrio de auto-relato que
objetiva avaliar as dimenses situacionais e comportamentais das habilidades sociais. O
instrumento possui duas partes, a primeira composta por instrues e 38 itens, cada um
deles descreve uma situao de relao interpessoal e uma possvel reao ela e possui
-
formato tipo Likert de cinco nveis de resposta, variando de nunca ou raramente (0 20%)
sempre ou quase sempre (81% 100%). A frequncia elevada em determinados itens, indica
dficit na habilidade envolvida na situao descrita e a pontuao destes invertida. A
segunda parte do inventrio possui um cabealho com caractersticas, um quadro para
anotao das respostas e instrues e modelo de escala para estimativa de respostas. O
instrumento avalia 5 fatores Enfrentamento com Risco, Auto-Afirmao na Expresso de
Afeto Positivo, Conversao e Desenvoltura Social, Auto-Exposio a Desconhecidos ou a
Situaes Novas e Auto-Controle da Agressividade a Situaes Aversivas o fator
Enfrentamento com Risco (Alpha de Cronbach = 0,96), possui 11 itens que referem-se as
situaes interpessoais que envolvem afirmao e defesa de direitos e de auto-estima com
risco de reao indesejvel por parte do outro (assertividade); o fator Auto-Afirmao na
expresso de Afeto Positivo (Alpha de Cronbach = 0,86), possui 7 itens que referem-se a
demandas interpessoais de expresso de afeto positivo e de afirmao de auto-estima; o fator
Conversao e Desenvoltura Social (Alpha de Cronbach = 0,81), possui 7 itens que referem-
se a situaes neutras de relacionamento relacionadas ao traquejo social; o fator Auto-
Exposio a Desconhecidos ou a Situaes Novas (Alpha de Cronbach = 0,75), possui 4 itens
que referem-se ao ato de abordar pessoas desconhecidas; o ltimo fator, Auto-Controle da
Agressividade a Situaes Aversivas (Alpha de Cronbach = 0,74), possui 3 itens que referem-
se ao auto controle da raiva e da agressividade.
Depois foi realizado um levantamento de dificuldades interpessoais no mbito
universitrio por meio de entrevistas realizadas com 30 estudantes sobre os temas das sesses
identificados na literatura (Soares e Del Prette, 2013; Bandeira & Quaglia, 2005). Os dados
foram coletados atravs de entrevistas abertas, disparadas pela pergunta Quais as
dificuldades interpessoais encontradas por voc, como aluno, dentro da Universidade?. Os
indivduos deveriam discorrer sobre cinco situaes em que vivenciaram dificuldades
interpessoais dentro da universidade. As respostas obtidas nas entrevistas foram transcritas
e/ou gravadas e categorizadas de acordo com a habilidade social envolvida.
Das 133 respostas colhidas, 21 foram descartadas por serem consideradas
inadequadas, sendo vlidas, apenas 112. Das situaes vlidas para a categorizao de
habilidades sociais, observou-se que 22 (19,64%) referiam-se a categoria Falar em Pblico e
Exposio a Desconhecidos, sendo 11 (50%) referente subcategoria Apresentao de
Seminrios; 6 (27,27%) Exposio de Ideias; 2 (9,09%) Falar com Desconhecidos; 2
(9,09%) Falar em Pblico em Geral e 1 (4,54%) Apresentao de Si Mesmo. 22 (19,64%)
referiam-se a Categoria Expor Opinio, sendo 13 (59,09%) referente subcategoria Expor
-
Opinies/ Discordar de Professores; 5 (22,72%) Expor Opinio Direo; 3 (13,63%)
Expor Opinio aos Colegas e 1 (4,54%) Expor Opinio em Geral. 2 (1,78%) referiam-se a
categoria Fazer Pedidos, sendo 1 (50%) referente subcategoria Fazer Pedido ao Professor e
1 (50%) Fazer Pedido a Direo. 10 (8,92%) referiam-se a categoria Expressar Sentimento,
sendo 4 = 40% referente subcategoria Expressar Sentimento para Professores; 3 (30%)
Expressar Sentimentos para Colegas e 3 (30%) Expressar Sentimentos para Funcionrios da
Universidade. 29 (25,89) referiam-se a categoria Solicitar Mudana de Comportamento, sendo
12 (41,37%) referente subcategoria Solicitar Mudana de Comportamento de Professor; 10
(34,48%) Solicitar Mudana de Comportamento a Colegas (trabalho em grupo); 3 (10,34%)
Solicitar Mudana de Comportamento Referente ao Uso de Cigarros; 2 (6,89%) Solicitar
Mudana de Comportamento a Colegas (atrapalhar aula); 1 (3,44%) Solicitar Mudana de
Comportamento de Funcionrios da Universidade e 1 (3,44%) Solicitar Mudanas de
Comportamento em Geral. 5 (4,46) referiam-se a Categoria Abordar Colega para
Relacionamento, sendo 2 (40%) referente subcategoria Abordar Colegas para Iniciar
Amizade; 2 (40%) Entrar em Grupos de Amizade J Formados e 1 (20%) Trabalho em
Grupo. 11 (9,82) referiam-se a categoria Resoluo de Problemas, sendo 4 (36,36%) referente
subcategoria Trabalho em Grupo; 3 (27,27%) Lidar com Situaes Novas; 3 (27,27%)
Conciliar a Vida Pessoal com a Universitria; 1 (9,09%) Tomada de Decises e 1 (9,09%)
Resoluo de Problemas em Geral. 5 (4,46%) referiam-se a categoria Recusar Pedidos
Abusivos sendo 4 (80%) referente subcategoria Recusar Pedidos de Colegas e 1 (20%)
Recusar Pedidos de Professores. 6 (5,35%) referiam-se a categoria Lidar com Crticas, sendo
4 (66.66%) referente subcategoria Crticas de Professores; 1 (16,66%) Crticas de Colegas
e 1 (16,66%) Crticas em Geral.
Alm dos dados coletados no levantamento, foram consideradas para a estruturao
das sesses, as situaes consideradas difceis pelo Guia terico-prtico sobre as dificuldades
interpessoais na Universidade, elaborado por Soares e Del Prette (2013). A pesquisa efetuada
para fundamentar o Guia objetivou identificar situaes vivenciadas como muito ou pouco
difceis pelos estudantes universitrios. A amostra foi de 250 estudantes universitrios, sendo
206 mulheres e 43 homens; 153 solteiros, 77 casados, 13 divorciados e 2 vivos; 23
pertencentes a classe social A, 136 classe social B e 88 classe social C e D e 45 de
instituies pblicas e 204, de privadas. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um
questionrio de 50 itens, sendo cada um correspondente a uma situao de contexto
universitrio. O estudante deveria qualificar o grau de dificuldade em cada situao e a
frequncia com que ocorria. As respostas foram tabuladas e foram identificadas as situaes
-
mais difceis e menos difceis no mbito universitrio. Com os resultados obtidos foi possvel
organizar dois grupos de situaes, sendo o grupo um referente as mais difceis e o segundo
grupo s mais fceis. O grupo 1 compreendeu as situaes mais difceis: pedir aos colegas que
desliguem os celulares em aula, apresentar trabalhos em situaes pblicas, pedir a colegas
que evitem lanchar durante a aula, mobilizar colegas para reivindicar direitos junto
autoridade pertinente e receber crtica do professor pela apresentao de trabalhos. O grupo 2
compreendeu as situaes mais fceis: agradecer por servios prestados por funcionrios,
agradecer por favores que so feitos por funcionrios, agradecer ao professor quando ele tira
dvidas fora do horrio de aula, elogiar colegas que tm bom desempenho acadmico e
elogiar a apresentao de um seminrio dos colegas
Aps a identificao dos temas das sesses, as mesmas comearam a serem
construdas. A estrutura bsica de cada sesso consistia em instrumentao terica, vivncias
e tarefa de casa. No decorrer da construo do Treinamento, algumas mudanas foram
realizadas em funo de imprevistos e as sesses, que inicialmente seriam doze, foram
sintetizadas em dez, sendo a primeira, uma sesso de abertura e de aplicao dos
instrumentos; a dcima, uma sesso de encerramento e de reaplicao de instrumentos, a fim
de ser feito uma comparao entre os resultados quantitativos obtidos antes e depois do
treinamento; As oito sesses intermedirias, foram destinadas cada uma a uma habilidade
especfica, a saber - falar em pblico, expor opinies, fazer e recusar pedidos, solicitar
mudana de comportamento, resoluo de problemas, abordar colegas, expressar sentimentos
e lidar com crticas. Aps o trmino da construo do Treinamento, foi iniciada a divulgao
do mesmo via e-mail e panfletagem nas salas de aula da Universidade e aberta s inscries,
via e-mail. No encerramento das inscries, foi criado um grupo de 21 participantes.
Na terceira fase do estgio, foi a realizada a aplicao do Treinamento em Habilidades
Sociais com Universitrios. Antes do seu incio, houve uma reunio geral de planejamento e
fechamento. O treinamento aconteceu durante o primeiro semestre de 2114, s segundas-
feiras, das 18:00h s 20:00h, no espao fsico da Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
no laboratrio de Cognio e Contextos Sociais. Cada sesso foi conduzida por uma estagiria
e tinha as outras trs como auxiliares. Cada estagiria conduziu como principal facilitadora
duas sesses. As sesses inicial e final foram conduzidas por todas.
A primeira sesso objetivou promover a ambientao do grupo de participantes,
explicitar o objetivo do treinamento, explicar sua estrutura e seu funcionamento, realizar a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e fazer a aplicao dos
instrumentos. A sesso foi iniciada com a apresentao das estagirias seguida de uma
-
explanao sobre o Treinamento em Habilidades Sociais. Foi realizada a Dinmica do
nome, que objetivou permitir que os participantes se apresentassem e por fim foi feita a
aplicao dos instrumentos.
A sesso dois do Treinamento objetivou desenvolver a habilidade social de abordar
colegas e participaram desta, dezessete universitrios (P3, P4, P5, P6, P7, P8, P9, P10, P11,
P12, P13, P14, P16, P17, P18, P20, P21). Antes de iniciar a sesso propriamente dita, foi
necessrio retomar a explanao da primeira sesso, sobre o treinamento e seu
funcionamento, em virtude do ingresso de novos participantes. A sesso sobre abordar
colegas foi iniciada com um quebra-gelo intitulado Entrevista, que objetivou proporcionar o
entrosamento do grupo, em seguida foi feita uma apresentao terica sobre o tema em
questo e realizada uma vivncia intitulada No zoolgico (SILVA; DEL PRETTE; DEL
PRETTE, 2013) que pretendeu desenvolver, principalmente, os seguintes comportamentos:
apresentar-se para os outros, fazer e responder perguntas, iniciar e manter conversas e
mostrar-se cooperativo com as pessoas. Aps a finalizao da vivncia, foram apresentadas
algumas situaes dentro do contexto universitrio que envolvia a abordagem de colegas e
finalizando a sesso foi proposta uma tarefa de casa que consistia em abordar algum que no
fosse um amigo, dentro da Universidade, e buscar manter uma conversa com esta pessoa.
A sesso trs do Treinamento objetivou desenvolver a habilidade de expressar
sentimentos e participaram desta, sete alunos (P1, P5, P11, P12, P19, P20 e P21). A sesso foi
iniciada pela reviso da tarefa de casa indicada na sesso sobre abordar colegas e dois
universitrios (P12 e P20) relataram o cumprimento da mesma. Em seguida foi apresentado o
tema da sesso e a fundamentao terica do mesmo. Depois de finalizada a conceituao, foi
proposta a atividade Identificando as Expresses Faciais (SILVA; DEL PRETTE; DEL
PRETTE, 2013) que objetivou levar o grupo a refletir sobre as facilidades/dificuldades de
identificar expresses de sentimentos e de questionar se eles prprios tinham
facilidades/dificuldades em express-los; a tarefa foi finalizada com a descrio de cada
emoo. Aps esta tarefa, foi exibido o vdeo de uma reportagem sobre um mtodo de
detectar mentiras por meio das expresses faciais, objetivando mostrar ao grupo a importncia
de tais expresses. Foram apresentadas dicas sobre a expresso de sentimentos e os
participantes tiveram a oportunidade de pratic-las. Em seguida foi realizada a leitura do texto
A vara dos porcos espinhos (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001) levando o grupo a
refletir sobre proximidade e distanciamento em relao ao outro e realizada a vivncia
Crculos mgicos (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001) que objetivou desenvolver a
percepo de espao interpessoal e a identificar sentimentos associados
-
proximidade/distanciamento. Por fim, foi apresentada a tarefa de casa que solicitava ao
participante que este apresentasse, na prxima sesso, a descrio de uma situao vivenciada
no decorre da semana que envolvesse expressar sentimentos dentro do contexto universitrio.
A sesso quatro do Treinamento teve como finalidade desenvolver as habilidades fazer
e recusar pedidos e participaram desta, doze universitrios (P1, P2, P3, P7, P8, P9, P11, P13,
P14, P15, P17 e P21). A sesso foi iniciada com a reviso da tarefa de casa indicada na sesso
sobre expressar sentimentos e apenas um participante (P1) relatou o cumprimento da tarefa.
Finalizada a reviso foi apresentado o tema da sesso e iniciado a fundamentao terica
sobre o tema. Aps a instrumentao terica, foi perguntado para os participantes em qual
habilidade eles tinham mais dificuldade, fazer ou recusar pedidos, nove participantes (P1, P3,
P8, P9, P10, P11, P13, P15 e P17) responderam recusar pedidos e dois (P14 e P21)
responderam fazer pedidos. A pergunta foi feita com a inteno de direcionar os participantes
a participarem mais ativamente da vivncia relacionada habilidade identificada como
deficitria. Foi explicado para o grupo que a sesso seria divida em duas partes, sendo a
primeira com foco na habilidade de recusar pedidos e a segunda com foco na habilidade de
fazer pedidos. O primeiro momento foi introduzido com o texto Trabalho em Grupo, escrito
pela facilitadora da sesso, que descreve de forma cmica uma situao comum rotina
universitria. Findando a leitura do texto, foi perguntado aos participantes quem j havia
passado por uma situao similar a do texto e qual o sentimento que eles experimentaram
vivenciando quela experincia. Cada um teve a oportunidade de falar e cinco palavras foram
mencionadas: chateao, raiva, indignao, frustao e injustia. As palavras foram escritas
em um cartaz que ficou exposto durante toda a sesso. Em seguida foram apresentadas quatro
dicas que os participantes poderiam utilizar a fim de serem mais assertivos quanto a recusar
pedidos. Aps comentar sobre as dicas, o grupo participou de uma adaptao da vivncia
intitulada Pea o que quiser (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001), que objetivou treinar o
comportamento de recusar pedidos por meio de encenaes de situaes rotineiras no
contexto universitrio e no fim da vivncia foi feita uma reflexo com base no cartaz feito
anteriormente, questionando-se, se valia a pena aceitar pedidos por no conseguir dizer no
e por medo de prejudicar o relacionamento com o outro e em troca experimentar os
sentimentos e sensaes citadas na confeco do cartaz, sendo passivos e desagradando a si
mesmo. Concluda a parte da sesso sobre recusar pedidos, foi introduzida a segunda parte,
fazer pedidos, com a leitura de um texto cmico sobre o tema e foram apresentadas dicas para
auxiliar os participantes quando fossem fazer algum pedido. Depois, foi realizada a adaptao
da vivncia Entrada no cu (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001), que objetivou treinar o
-
comportamento de fazer pedidos de forma assertiva. Finalizando a sesso foi apresentado um
vdeo para fundamentar a tarefa de casa, que solicitava aos participantes que durante a semana
escrevessem sobre situaes em que tinham mais dificuldades em fazer pedidos e recusas
dentro do contexto universitrio e que citassem pessoas em relao as quais era mais difcil
fazer pedidos e recusas. Eles deveriam, ento, buscar fazer pedidos e recusas nessas situaes
e para essas pessoas.
A sesso cinco do Treinamento objetivou desenvolver a habilidade de expor opinies e
participaram desta, dez universitrios (P2, P3, P5, P8, P12, P13, P14, P15, P17 e P20). A
sesso foi iniciada com a reviso da tarefa de casa da sesso sobre fazer e recusar pedidos e 3
participantes relataram ter conseguido fazer pedidos durante a semana, entretanto, no houve
relatos sobre a recusa de pedidos. Finalizada a reviso da tarefa de casa, foi introduzido o
tema da sesso, por meio de um vdeo que retratava uma situao de expor opinio; aps seu
termino, houve um momento de discusso sobre a importncia de expor opinies no contexto
acadmico. Em seguida foram apresentadas dicas sobre como lidar com a exposio de
opinio, prpria e de outros, e iniciada a vivncia Jogos de papis (CARNEIRO, 2010) que
objetivou treinar o comportamento de expor opinies, simulando situaes do contexto
universitrio onde sua opinio deveria ser expressa em discordncia com a opinio da
maioria. Depois foi lido o texto Verso Lupina da Histria da Chapeuzinho Vermelho
(CARNEIRO, 2010) que levou o grupo a reflexo de que a maioria das situaes da vida que
envolvem mais de uma pessoa, h mais de uma verso da histria e que portanto, aprender a
lidar com a opinio do outro to importante quanto expressar a sua prpria. O texto serviu
como introduo para a dinmica da Entrevista que proporcionou que o grupo praticasse a
escuta da opinio do outro sem question-la de imediato caso fosse contrria a sua. Por fim,
foi apresentada a tarefa de casa que consistiu em solicitar aos participantes que buscasse
durante a semana conversar com pessoas da faculdade sobre a sua opinio a respeito de algum
assunto lembrando-se de ouvir tambm a opinio do outro.
A sesso seis do treinamento objetivou desenvolver a habilidade de resoluo de
problemas e participaram desta, dez universitrios (P1, P2, P3, P5, P8, P13, P14, P15, P17 e
P21). A sesso foi iniciada com a reviso da tarefa de casa da sesso sobre expor opinio e
trs participantes (P5, P12 e P15) relataram terem cumprido a tarefa. Depois da reviso foi
apresentado o tema da sesso e feita uma conceituao terica sobre o tema somada a o
ensino de uma tcnica de auxilio para resolver problemas. Em seguida foi realizada uma
atividade que objetivou treinar a resoluo de problemas com base na tcnica aprendida, em
uma situao contextualizada na Universidade. Finalizando a sesso foi apresentada a tarefa
-
de casa que consistiu em solicitar aos participantes que buscassem praticar a tcnica de
resoluo de problemas ao longo da semana dentro do contexto universitrio.
A sesso sete do Treinamento objetivou desenvolver a habilidade de solicitar mudana
de comportamento e participaram desta, dez participantes (P1, P2, P3, P8, P11, P13, P14,
P15, P17 e P21). A sesso foi iniciada com a reviso da tarefa de casa sobre resoluo de
problemas e um participante (P21) relatou ter cumprido a tarefa. Em seguida o tema da sesso
foi apresentado seguido de uma fundamentao terico sobre o mesmo. Depois foi
apresentada uma tcnica para auxiliar na solicitao de mudana de comportamento,
denominada DESC (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001), e foram expostas situaes do
contexto universitrio para o grupo treinar tal tcnica. Aps o treino, foi realizada uma
vivencia que consistia na dupla encenao, pelo grupo, de uma situao rotineira no contexto
universitrio, sendo a primeira resolvida sem a tcnica ensinada e a segunda, com a tcnica.
Finalizando a sesso foi apresentada a tarefa de casa que consistia em solicitar aos
participantes que descrevessem duas situaes marcantes vivenciadas por eles na
Universidade e que era necessrio uma interveno, solicitando-se mudana de
comportamento. Aps descreverem, deveriam pensar em como deveriam ter resolvido a
situao com base na tcnica DESC.
A sesso oito do Treinamento objetivou desenvolver a habilidade de falar em pblico
e participaram da sesso doze universitrios (P1, P2, P3, P5, P8, P11, P12, P13, P14, P15,
P20, e P2). A sesso foi iniciada com a reviso da tarefa de casa sobre solicitar mudana de
comportamentos e dois alunos (P1 e P21) relataram terem conseguido realizar a tarefa. Em
seguida foi realizada a dinmica da Caixinha de Surpresa que objetivou levar o grupo a
refletir sobre o medo de falar em pblico a partir do medo do desconhecido, que impede que
as pessoas tenham novas experincias gratificantes e leva-as a imaginar as situaes a serem
vivenciadas de forma negativa e irreal. Concluindo a reflexo foi apresentado o relato de uma
aluna que apresentou seu trabalho para uma banca examinadora e ficou extremamente
nervosa, alm do resultado de um levantamento realizado por um jornal ingls que apontou
que o medo de falar em pblico apareceu como sendo maior at do que o medo da morte para
41% das 3.000 pessoas entrevistadas na pesquisa. Depois foi perguntado ao grupo se j
haviam prestado ateno s reaes do prprio corpo frente necessidade de falar em pblico
e houve relatos de frio na barriga, tremor, dor na barriga, entre outros. Foi lido o texto Falar
em pblico com dicas sobre o falar em pblico e depois iniciada a Dinmica da Aulinha
que objetivou treinar o comportamento de falar em pblico por meio da apresentao de um
tema escolha do universitrio na frente do grupo. Finalizando a sesso, foi apresentada a
-
tarefa de casa que consistiu em solicitar aos participantes que preparassem um breve discurso
como se fosse o orador de sua turma de segundo grau/ da faculdade para apresentar na
prxima sesso.
A sesso nove do Treinamento objetivou desenvolver a habilidade de lidar com
crticas e participaram desta, oito participantes (P1, P2, P5, P11, P12, 14, P20 E P21). A
Sesso foi iniciada com a reviso da tarefa de casa da sesso sobre o falar em publico e
nenhum universitrio realizou a tarefa. Em seguida foi feita a apresentao do tema por meio
da dinmica do elogio que objetivou levar o grupo a refletir sobre o lidar com criticas e
realizada uma explanao sobre o tema. Depois foi apresentada uma tcnica para fazer criticas
denominada tcnica do sanduiche (SOARES; DEL PRETTE, 2013) que consiste em
destacar algum ponto positivo do outro, fazer a crtica e encerrar a fala com algum
apontamento positivo novamente, e propostos trs exerccios que estimularam a pratica da
tcnica ensinada. Aps o fim dos exerccios foi realizada a vivncia sobre receber crticas, que
consistia em um ensaio comportamental que objetivou treinar a forma mais assertiva de lidar
com o recebimento de crticas; os alunos encenaram situaes rotineiras do contexto
universitrio e aps a apresentao de dicas sobre o recebimento de crticas, reencenaram as
situaes valendo-se das dicas para modelar seus comportamentos. Por fim, foi apresentada a
tarefa de casa que consistiu em solicitar aos participantes que buscasse durante a semana, a
lidar com as crticas que recebessem, valendo-se das dicas dadas na sesso. Eles deveriam
descrever como foi a sua lida e trazer na prxima sesso.
A sesso dez do treinamento foi voltada para a reaplicao dos instrumentos,
fechamento do treinamento e confraternizao do grupo e participaram desta onze
universitrios (P1, P3, P5, P8, P11, P12, P13, P14, P15, P20 e P21). A sesso foi iniciada com
a reviso da tarefa de casa sobre lidar com crticas e cinco alunos (P9, P12, P14, P15 e P20)
relataram terem conseguido realizar a tarefa. Em seguida foram reaplicados os instrumentos.
Aps a finalizao do preenchimento dos testes, foi realizado um feedback sobre o
Treinamento e por fim, foi feito uma confraternizao para despedida do grupo.
3. APRECIAO DO DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES, DAS
DIFICULDADES ENFRENTADAS E DA APURAO QUALITATIVA DO
TREINAMENTO.
O Treinamento em Habilidades Sociais com Universitrios foi realizado
initerruptamente, conforme o cronograma proposto, apesar dos imprevistos que ocorreram
-
durante seu perodo de durao, como a baixa frequncia relatada na primeira sesso e a
chuva forte que impossibilitou a presena de muitos participantes na terceira sesso. A
durao das sesses, embora programadas para duas horas, variou de 01:30h 02:00h, devido
ao atraso de alguns participantes. Durante as sesses foram utilizados como recursos
materiais, computador, Datashow, Tela de Projeo, crachs, canetas e papeis. O material
terico utilizado na sesso e as apresentaes de power point foram disponibilizadas para os
participantes por meio de e-mail e/ou cpias entregue na sesso.
Durante o treinamento algumas dificuldades surgiram como os atrasos citados e
pontuais problemas tcnicos no computador. No decorrer das sesses, a principal dificuldade
encontrada era a falta de voluntariado imediato para participar das vivncias, pois, embora o
grupo, em geral, tenha se mostrado engajado durante o Treinamento, na maioria das vezes, era
necessrio um empurrozinho das facilitadoras para que os universitrios participassem,
entretanto, isso no comprometeu o Treinamento, visto que quando a vivncia iniciava a
participao era ativa e feita de forma comprometida. Outra dificuldade enfrentada foi a no
realizao da tarefa de casa por muitos participantes, o que pode ter evitado um reforamento
maior do aprendido nas sesses.
Sobre a anlise dos dados do Treinamento, a anlise quantitativa ainda ser realizada.
Quanto a anlise qualitativa, foi identificada uma melhora no comportamento dos doze
participantes (P1, P2, P3, P5, P8, P11, P12, P13, P14, P15, P20 e P21) que finalizaram o
Treinamento, a partir da observao das modificaes no comportamento no decorrer das
sesses, alm das falas e compartilhamento de experincias que os participantes vivenciaram
de um modo mais assertivo devido ao aprendizado adquirido no Treinamento. Segue algumas
situaes e falas que indicam os ganhos do Treinamento.
A sesso de abordar colegas, embora tenha sido a primeira sesso com vivncia e o
grupo ainda no se conhecer, propiciou na dinmica da entrevista uma participao ativa de
todos os participantes ao propor uma atividade grupal onde a exposio individual era
minimizada deixando os universitrios vontade para participarem sem se expor muito e
levando-os a alcanar o objetivo de vivenciar a abordagem de colegas. Em relao reviso
da tarefa de casa desta sesso, foi relatada por P20 que a mesma foi colocada em prtica
imediatamente aps o trmino da sesso quando a universitria abordou uma colega de
treinamento para ir junto com ela at o metr e durante o caminho mantiveram uma conversa,
P12 tambm comentou que realizou a tarefa ao abordar uma estudante que j havia visto
antes, dentro do nibus a caminho da universidade, e mantiveram uma conversa at o destino
-
final. Esta duas experincias relatadas mostram que o comportamento pode ser modificado a
partir de uma deciso por parte do indivduo de modific-lo.
Na sesso de expressar sentimentos, aps a leitura de um texto sobre a expresso de
sentimentos e sua relao com proximidade/ distanciamento, quatro participantes (P11, P12,
P20 e P21) comentaram suas reflexes sobre o tema. P11 disse que necessrio se afastar s
vezes para entender melhor os fatos e chegar a uma soluo adequada e praticvel e P12
comentou que H limite de espao entre as pessoas, as reflexes mostraram que o expressar
sentimentos influenciado pelo tipo de relao que exercido entre duas pessoas e que o
refletir sobre um tema pode gerar mudanas no comportamento como mostrou P1, que
embora se destacasse como a participante mais tmida do grupo, a partir do aprendizado desta
sesso, compartilhou na sesso posterior que conseguiu realizar a tarefa de casa expressando
sentimento de gratido e alegria diante a uma festa surpresa que ganhou.
A adaptao da vivncia pea o que quiser feita na sesso sobre fazer e recusar
pedidos, foi muito proveitosa, todos os participantes do treinamento se empenharam de forma
ativa em sua realizao e houve dedicao no momento em que fizeram a atuao das
situaes comuns no contexto universitrio que envolvia a recusa. Os pedidos apresentados
exemplificaram de forma bastante real o que acontece no dia-a-dia dos universitrios o que foi
muito vlido para o treinamento do comportamento assertivo em relao ao no. Um dos
bons exemplos que surgiram foi feito por P8 antes do feriado que antecede a prova. Voc
pode me emprestar o seu caderno?, P21 respondeu Na verdade eu tambm vou aproveitar o
feriado para estudar utilizando as minhas notas, se voc quiser eu te empresto agora para voc
tirar xerox.. Todos os participantes concordaram que a resposta foi assertiva, pois P21 no
deixou P8 levar seu caderno para casa, negando o pedido, mas conseguiu ajuda-la de outra
forma.
Na sesso sobre expor opinio, a dinmica da entrevista mostrou aos participantes a
importncia de escutar o outro e propiciou que eles vivenciassem esta escuta sem poder
comenta-la durante a vivncia. Em seus relatos posteriores, foram compartilhados sentimentos
e contado experincias sobre esta questo. Os participantes explicitaram que se sentiram
frustrados por no poder discordar da opinio alheia e P12 compartilhou uma experincia em
que durante uma conversa com um amigo, ele no lhe deu a oportunidade de discordar de sua
opinio, aumentando o tom de voz e a interrompendo, P12 acabou finalizando a conversa e
ficando com raiva por no ter podido expressar-se. Esta experincia mostrou como difcil,
mas necessrio ouvir e respeitar a opinio do outro e a fala de P12 corrobora isso, mostrando
que quando no temos a oportunidade de nos colocar, ficamos com raiva, ento, assim como
-
queremos respeito dos outros em relao a nossas opinies, a reciproca tambm verdadeira.
Na tarefa de casa sobre expor opinio, P15 relatou que ao conversar com uma mestranda
sobre um assunto que discordavam, lembrou-se da tarefa de casa e resolveu arriscar faze-la,
assim, discordou de uma opinio contraria a sua sentindo-se bem por isso. P15 relata ainda
que ficou surpreendida com a cordialidade com que sua discordncia foi acolhida. Sua
experincia mostrou que a deciso mudana de comportamento parte da pessoa e que
comportamentos assertivos podem gerar um bem-estar pessoal.
Na sesso de resoluo de problemas, aps a diviso do grupo em dois, foi proposta
uma atividade em que um problema deveria ser solucionado com base na tcnica de resoluo
de problemas ensinada. Ambos os grupos conseguiram resolver o problema de forma
assertiva, mas diferente, aprendendo que a soluo nem sempre a mesma, pois as pessoas
tm suas subjetividades, mais o importante que a resoluo seja feita de forma assertiva.
Na sesso de solicitar mudana de comportamento, durante o treino da tcnica DESC,
P15 treinou solicitar mudana de comportamento para uma colega que no estava fazendo sua
parte no trabalho em grupo, faltando s reunies. P15 fez a solicitao da seguinte maneira:
Estou verificando que voc anda faltando muito s reunies e estou ficando preocupada e
ansiosa com essa situao, gostaria de saber se o horrio est vivel, se no, marcamos outro
dia, afinal o trabalho do grupo e a apresentao vai ficar melhor se voc vier s reunies
Embora a solicitao de mudana de comportamento foi tmida, a participante conseguiu
aplicar a tcnica, que foi descrita no fim da sesso como aplicvel e til, mostrando que as
tcnicas do Treinamento podem colaborar de forma real para a melhoria dos comportamentos,
visto que so fceis e funcionais.
Na sesso de falar em pblico durante a dinmica da aulinha, os participantes puderam
vivenciar a experincia de falar em publico e avaliar as sensaes que enfrentam neste
momento. P14 falou sobre os bairros da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro e comentou
que inicialmente ficou nervoso, mas depois foi tranquilizando. P20 falou sobre um filme,
assim como todos os outros participantes a partir dela fizeram, e relatou frio na barriga. P8
comentou que conforme sua vez de falar ia chegando, o nervosismo aumentava porem quando
comeou a falar o mesmo foi minimizado. P21 relatou que suas pernas tremiam quando
levantou para falar para o grupo. P1 ficou visivelmente nervosa ao comear seu relato sobre
um filme, contou o mesmo em um tom de voz baixo e esqueceu parte dele, disse que deu
branco. Por ltimo, P12 tambm comentou um nervosismo inicial que foi minimizado no
decorrer de sua narrao, comentou ter sentido falta de anotaes e ter tido dificuldade de
olhar para a plateia. Esta vivncia, talvez tenha sido a que trouxe de forma mais real a
-
dificuldade em relao habilidade, de forma a deixar os participantes mais cientes do que se
passa com eles quando precisam falar em pblico e tomando esta cincia, poderem buscar
modificar o comportamento tendo em vista o trabalho realizado na sesso.
A tarefa de casa da sesso lidar com crticas mostrou que a tcnica do sanduche
(SOARES; DEL PRETTE, 2013) ensinada foi de grande serventia para alguns participantes
que utilizaram a mesma durante a semana tanto em brincadeiras entre amigos, conforme
contado por P20 e P12, como em situaes reais do contexto acadmico, conforme relatado
por P5 e P12 e por fim, na vida pessoal, como comentado por P14 e P15.
Na ltima sesso do Treinamento, durante o feedback, o grupo foi unanime em relao
ao impacto positivo do mesmo em seus comportamentos. As sesses falar em pblico e lidar
com crticas foram as mais citadas como quelas que contriburam para a melhoria de seus
comportamentos, tornando-os mais assertivos, visto que abrangeram habilidades que
consideravam como sendo mais difceis. As sesses de resoluo de problemas e de expor
opinies tambm foram mencionadas como uteis. As outras sesses, embora no destacadas
individualmente foram identificadas como proveitosas, pois, segundo os participantes, durante
todo o Treinamento houve aprendizado. P15 destacou a cumplicidade do grupo como um
facilitador do Treinamento e P20, o ambiente acolhedor e sem julgamentos. Os participantes
que buscaram fazer as tarefas de casa e participar de forma mais ativa no treinamento
demonstraram uma melhoria mais significativa do que os que ficaram mais passivos.
4. CONSIDERAES FINAIS
A experincia de estgio foi de extrema importncia para a vida acadmica das
estagirias, agregando prtica teoria aprendida e enriquecendo as alunas no s no contexto
estudantil, mas profissional e pessoal tambm. O Treinamento no alcanou todos os seus
objetivos com todos os participantes, mas gerou mudanas positivas no comportamento de
muitos. Alm disso, cumpriu seu papel como ferramenta da psicologia de apresentar para os
universitrios a possibilidade de refletir sobre seu comportamento e a partir disso decidir o
que fazer com o produto da reflexo, com maior instrumentao terica e prtica para realizar
a mudana de seus comportamentos.
Com o Treinamento em Habilidades Sociais e suas consequncias positivas nos alunos
participantes, fica a reflexo sobre a atividade do psiclogo e de sua capacidade de influenciar
a vida de seus pacientes. A responsabilidade do profissional de psicologia deve ser
fundamentada no possvel impacto causado no outro e na conscincia de que este impacto
-
depende de sua atuao, de seu comprometimento e busca continua por um melhor
desempenho profissional.
5. APRESENTAO DO LOCAL E CONDIES NAS QUAIS O ESTGIO
OCORREU
O estgio curricular sobre Treinamento em Habilidades Sociais foi realizado no
Instituto de Psicologia de uma universidade pblica do estado do Rio de Janeiro. Iniciaram o
estgio seis estagirias e concluram o mesmo, quatro. O estgio teve durao de trs
semestres, a saber, primeiro e segundo semestre de 2013 e primeiro semestre de 2014. Nos
dois primeiros semestres houve reunies semanais de superviso em uma sala do SPA
(Servio se Psicologia Aplicada) da universidade e no terceiro semestre, quando o
Treinamento foi colocado em prtica, alm da reunio semanal de superviso, mais um dia foi
disponibilizado para a aplicao das sesses, que aconteceram em um pequeno auditrio
disponibilizado pela universidade. O auditrio era um ambiente refrigerado, com cadeiras
confortveis e contava com um computador, um Datashow e uma tela de projeo. As
supervises aconteciam semanalmente e regularmente para ajustar as sesses a serem
realizadas e para relatar o ocorrido nas sesses realizadas.
-
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