PRELÚDIO

3
PRELÚDIO John Groth, 37 anos, investigador particular e criminologista. Em meio a imagens e palavras, olhando pela janela contemplei o pôr do sol em sua luz e a partir daí contemplei uma imagem de deJavú, como se o destino de um mundo fosse entrar na escuridão. Muito já experimentei da vida para saber que existem mistérios e escuridões mais escuras do que o próprio negrume. Naquele dia conheci a loucura, a visão de um buraco negro sem definições e impressões de estar sendo sugado. Sempre lutei contra o sofrimento e quando me entreguei a ele sendo um e mesmo com a dor, passei a compreender outro nível da realidade. Uma realidade onde somos meros blocos de montar se encaixando randomicamente. Qual a finalidade disso tudo? Aí quem decide é aquele que consegue manipular os blocos e é a isso que almejei desde o momento que surtei pela primeira vez. Muitas são as teorias, mente universal, mente quântica, realidades alternativas etc. Para mim são simples blocos que posso as vezes prever seus movimentos alterando sua montagem. Sempre fui um jovem introspectivo, porém parecia conhecer as pessoas, seus movimentos, melhor do que algumas delas. Tornaram- se muito previsíveis pois a maioria das pessoas são como blocos se movendo bem devagar, elas se deixam guiar por suas piores tendências simplesmente por acreditar que deveriam ser melhores do que são. Se me perguntar quem eu sou ou o que eu faço eu te responderia que sou um investigador particular, que as vezes faço um bico para policiais que por sucumbirem as suas piores tendências, não conseguem limpar seu campo de percepção a ponto de ver certas coisas, que para mim se tornaram óbvias demais. Porém, minha mente caminhou por muitos prados maiores do que posso contar e no reino dos sonhos e da imaginação a vastidão do desconhecido se estende ao eterno.

description

Vampiro a Mascara

Transcript of PRELÚDIO

Page 1: PRELÚDIO

PRELÚDIOJohn Groth, 37 anos, investigador particular e criminologista.

Em meio a imagens e palavras, olhando pela janela contemplei o pôr do sol em sua luz e a partir daí contemplei uma imagem de deJavú, como se o destino de um mundo fosse entrar na escuridão. Muito já experimentei da vida para saber que existem mistérios e escuridões mais escuras do que o próprio negrume. Naquele dia conheci a loucura, a visão de um buraco negro sem definições e impressões de estar sendo sugado.

Sempre lutei contra o sofrimento e quando me entreguei a ele sendo um e mesmo com a dor, passei a compreender outro nível da realidade. Uma realidade onde somos meros blocos de montar se encaixando randomicamente. Qual a finalidade disso tudo? Aí quem decide é aquele que consegue manipular os blocos e é a isso que almejei desde o momento que surtei pela primeira vez.

Muitas são as teorias, mente universal, mente quântica, realidades alternativas etc. Para mim são simples blocos que posso as vezes prever seus movimentos alterando sua montagem. Sempre fui um jovem introspectivo, porém parecia conhecer as pessoas, seus movimentos, melhor do que algumas delas. Tornaram-se muito previsíveis pois a maioria das pessoas são como blocos se movendo bem devagar, elas se deixam guiar por suas piores tendências simplesmente por acreditar que deveriam ser melhores do que são.

Se me perguntar quem eu sou ou o que eu faço eu te responderia que sou um investigador particular, que as vezes faço um bico para policiais que por sucumbirem as suas piores tendências, não conseguem limpar seu campo de percepção a ponto de ver certas coisas, que para mim se tornaram óbvias demais. Porém, minha mente caminhou por muitos prados maiores do que posso contar e no reino dos sonhos e da imaginação a vastidão do desconhecido se estende ao eterno.

Sugestionar pessoas, influenciar e manipular são coisas simples comparadas ao significado de fazê-las suportar o pior de si mesmas. Para confrontar os outros seres que habitam nosso mundo essa é uma característica essencial. Isso me rendeu o mau agouro que me segue, onde vou levando discórdia, brigas e ódio através de mim. O mal está constantemente no meu encalço, preciso dele, pois do contrário eu seria destruído pelos outros seres que habitam esses outros mundos. Namoradas ou namorados? Não tenho! Lazer ou felicidade, alegrias? Família? Eu diria a você meu caro amigo que estes são luxos construídos por alguma mente muito manipuladora que quis-nos fazer acreditar na felicidade ou na ausência de sofrimento por algum motivo muito egoísta.

Sabe! Dizem algumas lendas que fadas são criaturas que precisam de nós para elas existirem, precisam que acreditemos nelas, porém é um paradoxo muito grande saber que fadas são seres difíceis de se acreditar, será que este é justamente o alimento delas? A fantasia

Page 2: PRELÚDIO

fantástica? Eu diria que para cada realidade que vislumbramos existem aqueles que se alimentam dela em uma cadeia infinita, assim como a polícia precisa dos traficantes para que as pessoas continuem a acreditar que o mundo é feito de heróis e vilões, a política se alimenta disso o tempo todo.

A diferença entre eu e esse pessoal é que escolhi me alimentar do caos das mentes. Resolvi eu mesmo ser um buraco negro cuja finalidade só o momento pode definir. Você deve estar me achando um tanto excêntrico ou orgulhoso, sem saber o que me motiva ou vendo sua própria motivação através de mim, mas saiba, assim como o herói se alimenta do vilão, o caos se alimenta da ordem e da normalidade.

Sou John Groth, tenho 37 anos, detetive e investigador particular, solteiro ou viúvo não sei. Talvez isso se defina quando encontrar minha mulher ou seu corpo. Gosto de boliche, whisky, cerveja, armas e de ver pornô. Quem não gosta não é verdade? Pois bem, um homem comum para quem quer ver o comum dos homens!

Histórico

John Groth é um homem de um passado de tragédias onde o crime sempre o circundou, desde o assassinato de seus pais até o desaparecimento de sua esposa. Sempre se mostrou ser um homem comum de poucos gostos ou necessidades. Alguns colegas da polícia acham muito difícil acreditar que existe um homem tão pacato e que parece ser uma pedra pois tudo sempre anda bem, mesmo depois de sofrer tudo que sofreu. Ainda procura por sua mulher coletando pistas e visitando locais nas horas vagas.

Já ajudou muito a polícia de Los Angeles encontrando refúgios de assassinos seriais e até “prevendo” onde iriam acontecer outros assassinatos. Mas o que o intriga é o desaparecimento, o anonimato pois não sabe até onde estas pessoas fogem ou até onde elas morrem. De algum modo acredita que nada é por acaso e tudo possui uma finalidade, de algum modo tais pessoas estão em algum lugar. Já fora internado em instituição psiquiátrica duas vezes por tentativa de suicídio, mas nunca foi as vias de fato pois segundo ele, sempre que tentava, uma hipótese de pista do paradeiro da mulher. Será que é quando o homem desiste de seu tesouro que ele encontra a saída de um labirinto?

Agora John parece recluso pois começa a acreditar ou parece já saber que para além do mundo externo há outras realidades paralelas, outras possibilidades quiçá acontecendo ao nosso redor. Se é alucinação ou delírio, não se sabe pois a alma do homem é como um oceano.