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ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 286 PRECIPITAÇÃO NO MUNICÍPIO DE RIO CLARO/SP: UMA ANÁLISE METODOLÓGICA DE CLASSIFICAÇÃO DE ANOS PADRÕES Talytha Accioly Simões Coelho 1 [email protected] Paulo Henrique de Souza 2 [email protected] RESUMO A precipitação é uma das variáveis climáticas mais importantes no que diz respeito às influências na vida do ser humano, influindo nas características dos corpos dágua, auxiliando na elaboração do relevo, interferindo em diversos afazeres humanos. Constitui-se no processo pelo qual a água evaporada da superfície terrestre sofre condensação na atmosfera e depois precipita pela força gravitacional do planeta. As atividades humanas dependem das características do ambiente. Em razão da complexidade climática, a sociedade ainda está tateando na compreensão do seu funcionamento, por isso fazem-se necessários estudos abrangentes e específicos ocupados com a busca de entendimento sobre seu funcionamento com vistas ao propósito de serem diminuídos os efeitos colaterais de suas diversas manifestações, sobretudo quando atingem ao homem e o conjunto de suas atividades econômicas. Sob essa perspectiva o presente estudo foi desenvolvido no município de Rio Claro, que se localiza na mesorregião de Piracicaba em função da importância que o setor sucroalcooleiro possui na região graças a eficiente cadeia econômica que estabeleceu. Como pode ser observado com o emprego da metodologia de Anos-Padrão, ocorre uma paulatina alteração no comportamento pluviométrico da área que pode estar ocasionando interferências no desempenho do seu setor agropecuário. Palavras-chave: Precipitação Pluviométrica; Climatologia; Anos Padrões. 1 Programa de Pós-Graduação em Geografia, Mestrado em Análise Espacial. Unicamp. 2 Coordenador do Curso de Geografia modalidade Bacharelado da Universidade Federal de Alfenas, UNIFAL-MG.

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PRECIPITAÇÃO NO MUNICÍPIO DE RIO CLARO/SP: UMA ANÁLISE

METODOLÓGICA DE CLASSIFICAÇÃO DE ANOS PADRÕES

Talytha Accioly Simões Coelho1 [email protected]

Paulo Henrique de Souza2 [email protected]

RESUMO

A precipitação é uma das variáveis climáticas mais importantes no que diz respeito às

influências na vida do ser humano, influindo nas características dos corpos d’água,

auxiliando na elaboração do relevo, interferindo em diversos afazeres humanos.

Constitui-se no processo pelo qual a água evaporada da superfície terrestre sofre

condensação na atmosfera e depois precipita pela força gravitacional do planeta. As

atividades humanas dependem das características do ambiente. Em razão da

complexidade climática, a sociedade ainda está tateando na compreensão do seu

funcionamento, por isso fazem-se necessários estudos abrangentes e específicos

ocupados com a busca de entendimento sobre seu funcionamento com vistas ao

propósito de serem diminuídos os efeitos colaterais de suas diversas manifestações,

sobretudo quando atingem ao homem e o conjunto de suas atividades econômicas.

Sob essa perspectiva o presente estudo foi desenvolvido no município de Rio Claro,

que se localiza na mesorregião de Piracicaba em função da importância que o setor

sucroalcooleiro possui na região graças a eficiente cadeia econômica que estabeleceu.

Como pode ser observado com o emprego da metodologia de Anos-Padrão, ocorre

uma paulatina alteração no comportamento pluviométrico da área que pode estar

ocasionando interferências no desempenho do seu setor agropecuário.

Palavras-chave: Precipitação Pluviométrica; Climatologia; Anos Padrões.

1 Programa de Pós-Graduação em Geografia, Mestrado em Análise Espacial. Unicamp.

2 Coordenador do Curso de Geografia modalidade Bacharelado da Universidade Federal de Alfenas,

UNIFAL-MG.

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Eixo 2: Clima, Ambiente e Sociedade

ABSTRACT

Precipitation is one of the most important climate variables with respect to influences

on human life, influencing the characteristics of water bodies, assisting in the

preparation of relief, interfering in several human affairs. Constitutes the process by

which water evaporated from the earth's surface undergoes condensation in the

atmosphere and then precipitated by the gravitational pull of the planet. Human

activities depend on the characteristics of the environment. Given the complexity of

climate, society is still groping in understanding its functioning, so make up

comprehensive and specific studies occupied with the search for understanding of its

operation with a view to the purpose of being diminished the side effects of its various

manifestations especially when they reach the man and the set of their economic

activities. From this perspective the present study was conducted in the city of Rio

Claro, which is located in the middle region of Piracicaba according to the importance

that the sugarcane sector has in the region thanks to efficient economic chain that

established. As can be observed with the use of the methodology Years - Standard, a

gradual change in behavior rainfall of the area that may be causing interference in the

performance of its agricultural sector occurs.

Keywords: Precipitations; Climatology; Standards Years.

1- INTRODUÇÃO

Dentro do funcionamento da atmosfera e da distribuição de terras pelo planeta,

observa-se que cada região possui uma característica climática, sendo que de acordo

com Christofoletti (1993, p. 64)

“O Clima é considerado como o elemento condicionador da dinâmica do meio ambiente, pois exerce influência direta tanto nos processos de ordem física quanto biológica, assim como na sociedade de modo geral, constituindo-se, portanto, em um recurso essencial para a vida e para as atividades humanas.”

Como, “o clima, num determinado local, é a série dos estados da atmosfera,

em sua sucessão habitual” (SORRE, 1984, p.32). Necessita-se de dados térmicos e

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pluviométricos de uma série de anos, proporcionando uma melhor análise rítmica.

Esse ritmo está relacionado com a parte dinâmica, estados atmosféricos, como

também com a espacial.

Com o desenvolvimento que o mundo sofreu nos últimos séculos tanto na área

rural como urbana, problemas relacionados às modificações no meio natural são

intensificados. Sendo que os mais presentes são aqueles relacionados à questão

hídrica, ou seja, influenciados pela precipitação. Com isso, discussões acerca das

mudanças ocorridas no clima global tem dominado o debate científico, além de

incentivar as pesquisas sobre o comportamento atmosférico em escala regional e local

na tentativa de compreender aspectos pontuais (SALVADOR e SANTOS, 2010, p.8).

A área de estudo se encontra no contexto das coordenadas 22°24′39″ de

latitude Sul e 47°33′39″de longitude Oeste, no município de Rio Claro. A cidade

localiza-se na mesorregião de Piracicaba, no centro-leste do Estado de São Paulo,

com uma área de 1.498, 008 km², sendo a população urbana na ordem de 97% e a

rural 3%, num total de 186.299 hab. (IBGE/2010). Rio Claro faz limite com os

municípios de Piracicaba, Leme, Corumbataí, Charqueada, Araras, Santa Gertrudes,

Ipeúna, Iracemápolis e Itirapina.

Imagem 1 – Localização do Município de Rio Claro-SP

Fonte: IBGE (2010) organizado por COELHO (2013)

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O município apresenta altitudes que vão de 500 a 725 metros. O ponto mais

alto está localizado na Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade. Os rios que

abastecem a cidade são o Corumbataí e o Ribeirão Claro; o município ainda é cortado

pelos rios Passa Cinco e Cabeça. O principal córrego que corta a área urbana é o

córrego da Servidão, canalizado no trecho da Avenida Visconde do Rio Claro

(PREFEITURA MUNICIPAL, 2002). Segundo o Centro de Pesquisas Agropecuárias da

UNICAMP o clima da cidade é o tipo Cwa de acordo com a classificação de Köppen –

clima temperado úmido com inverno seco e verão quente. Tavares & Silva (2008, p. 6)

classificam o clima local como Tropical com precipitações concentradas nas estações

de primavera e verão. As temperaturas médias anuais estão entre 18,1° e 20,9°C com

uma pluviosidade de 1.476,1mm anuais.

2- OBJETIVOS

2.1- Geral

Estudar e analisar a precipitação no município de Rio Claro, SP e identificar os

anos padrões, obtendo assim o período de retorno dos eventos pluviométricos.

2.2- Específicos

- analisar os dados de precipitação do município no período de 1980 a 2010 para

encontrar os picos de máxima e mínima com seu período de retorno;

- construir e analisar tabelas e gráficos referentes à esses dados para visualizar o

comportamento da precipitação e os possíveis períodos de retorno;

- aplicar a metodologia de identificação de anos padrões de Sant’Anna Neto (1995) e

de Braido & Tommaselli (2010) em paralelo a metodologia dos Anos-Padrão; e

- comparar a partir dos resultados obtidos na pesquisa a eficiência das metodologias

utilizadas no estudo.

3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com André (2001), o clima e sua variabilidade são fatores importantes

na configuração do espaço geográfico, ou seja, na composição do meio ambiente,

disponibilidade dos recursos naturais e nas características socioeconômicas.

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Obviamente há uma série de questões inseridas nisso que vão da escala local até a

global, interagindo continuamente, pois,

“O clima de uma determinada região da superfície terrestre é determinado por uma combinação de fatores que passa pelas condições de comportamento atmosférico em escala global, regional e local, podendo também inferir, as condições de relevo, posição continental e latitude” (MONOSSO, 2013, p.173).

A precipitação em meteorologia é utilizada para qualquer tipo de deposição em

forma líquida ou sólida e derivada da atmosfera, sendo que precipitação pluviométrica

é aquela designada à forma líquida, ou seja, a chuva (AYOADE, 2001, p.159).

Para Barry e Chorley (1998) apud Dias e Silva (2009, p. 18), “rain is a falling

water drops with a diameter of at least 0,5 mm and typically 2 mm, droplets of less than

0,5 mm are termed drizzle. Rainfall has na accumulation rat of ≥ 1 mm/hour”. As

chuvas são descritas de acordo com sua intensidade, área de extensão e frequência.

E estas são resultantes de uma série de eventos com escalas de tempo e espaço

diversos, sendo que suas causas podem ser uma mistura de fatores locais e remotos.

Segundo Mendonça e Oliveira (2007), as chuvas podem ser classificadas de

acordo com sua gênese, podendo ser convectiva; orográfica e frontal. A convectiva “é

causada pelo movimento vertical de uma massa de ar ascendente, que é mais quente

do que o meio ambiente”; já a orográfica é “aquela causada inteira ou parcialmente

pela elevação do ar úmido sobre terreno elevado” (AYOADE, 2001, p.162). E para

Nowatzki (2014) as frontais são causadas pelo encontro de duas massas de ar com

características diferenciadas, sendo pelo menos uma úmida.

Como a análise climática envolve um grande número de fatores, e, portanto,

diferentes dados, torna-se necessária a ajuda de instrumentos para manipula-los. Uma

das ferramentas utilizadas é a estatística, ciência que através da probabilística explica

a frequência de ocorrência de fenômenos. Sendo o ano padrão um dos recursos

aplicados nessa pesquisa, utiliza-se tal expediente nesse estudo uma vez que um ano

padrão é aquele em que o ritmo pluviométrico se situe próximo à média feita no local

escolhido a partir de um período de pelo menos 30 anos (SOUZA, 1993), podendo ser

considerada tanto a temperatura como a precipitação em suas manifestações

habituais.

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4- METODOLOGIA

4.1- Materiais

Dados: Foram utilizados os dados de precipitação do município de Rio Claro, SP do

período de 1980 a 2010;

Hardware e Software: As tabulações e cálculos relevantes ao estudo recobraram o

auxilio de um hardware que comportasse os softwares recentes que permitem uma

rápida resolução de problemas fornecendo gráficos e resultados a partir das

informações inseridas, assim como facilitaram a geração de mapas e a construção de

cenários no ambiente digital e utilização do software Arcgis 10.1 para confecção do

mapa de localização; e

Publicações: A obtenção dos conceitos, informações e dados úteis ao trabalho

recobrou o manuseio de diversos livros, teses, revistas e informações digitais (sites),

através de uma revisão bibliográfica que foi desenvolvida ao longo de todo o estudo

por meio de consulta pontual ou parcial em algumas obras.

4.2- Métodos

Delimitação de anos padrão: a tabulação e análise dos dados climáticos foram

feitas com o propósito de identificar os anos situados dentro da média geral obtida

para o comportamento da precipitação na área de estudo pelo período de tempo já

mencionado – 1980 a 2010.

Na representatividade de anos-padrão é utilizada a técnica de valores

percentuais segundo Sant’Anna Neto (1995), baseado em Monteiro (1971) em que

estabelece categorias qualitativas para o comportamento da precipitação anual,

considerando como:

a) anos secos: com pluviosidade excepcionalmente reduzida, quando os

desvios negativos são maiores que 30% da média normal;

b) ano tendente a seco: com pluviosidade ligeiramente reduzida, com desvios

negativos oscilando entre -30% e -15%;

c) ano normal: com pluviosidade normal, cujos desvios variam entre –15% e

+15%;

d) Ano tendente a chuvoso: com pluviosidade ligeiramente elevada, com os

desvios positivos oscilando entre 15% e 30%; e

e) Ano chuvoso: com pluviosidade excepcionalmente elevada, com índices

positivos superiores a 30%.

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A determinação dos anos extremos (chuvoso e seco) também foi realizada

para toda a série histórica analisada através de procedimento proposto por Braido &

Tommaselli (2010). Este procedimento define os anos extremos e os demais da

seguinte forma: ano habitual; ano tendente a chuvoso; ano chuvoso; ano seco; ano

tendente a seco. Onde P refere-se à precipitação de cada ano e refere-se à média

pluviométrica durante o período de estudo (1991 a 2010) e σ se refere ao desvio

padrão para esse mesmo período. Sendo que o desvio padrão é uma medida de

dispersão, no qual mede a variabilidade dos valores em relação à média, o valor

mínimo é 0 que corresponde a invariabilidade, ou seja, o número é igual à média.

Desta forma, tem-se o seguinte conjunto de equações:

ano habitual

ano tendente a chuvoso

ano chuvoso

ano seco

ano tendente a seco

Sob essa fundamentação, a pesquisa procurou analisar a precipitação no

município de Rio Claro-SP e identificar os anos padrões segundo as duas

metodologias a fim de identificar anos anômalos e o período de retorno de eventos

extremos.

O estudo da atmosfera da região seguirá pelos parâmetros metodológicos

estabelecidos pela Climatologia Dinâmica iniciada no Brasil pelo geógrafo Carlos

Augusto de Figueiredo Monteiro. Nela serão evidenciadas as tendências de

comportamento atmosférico e o ritmo climático, cuidando em destacar todo o

dinamismo que se apresenta ao longo de um ano e ao longo do período de anos

considerados.

5- RESULTADOS

Devido à magnitude de dados e as opções de análise a partir da metodologia

empregada, dividiu-se a apresentação dos resultados obtidos pela pesquisa em 4

partes; primeiro uma análise da precipitação anual no período de 30 anos; noutra é

empregada a metodologia estabelecida por Sant’Anna Neto (1995); na terceira é

apresentado os resultados advindos da metodologia utilizada por Braido & Tommaselli

(2010); e na última é feita uma comparação entre as três metodologias.

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5.1- Análise da Precipitação

Precipitação Ano Desvio Padrão

1697,1 1980 115,1

1664 1981 91,69

1789 1982 180,08

2643,4 1983 784,23

1144,1 1984 275,92

1188,9 1985 244,25

1667,1 1986 93,88

1593,4 1987 41,77

1489,1 1988 31,97

1858,2 1989 229,01 Média 1534,32

1713,4 1990 126,62 Desvio Padrão 302,275

Precipitação Ano Desvio Padrão Precipitação Ano Desvio Padrão

1818,6 1991 201,01 1106,4 2001 302,58

1056,5 1992 337,87 1534,1 2002 0,15

1516,1 1993 12,88 1336,2 2003 140,09

1243,5 1994 205,64 1742,4 2004 147,13

1677,9 1995 101,52 1398,6 2005 95,97

1700,8 1996 117,71 1354,4 2006 127,22

1459,3 1997 53,04 1433,3 2007 71,43

1288,7 1998 173,68 1192,9 2008 241,42

1601,7 1999 47,64 1643,6 2009 77,27

1532,7 2000 1,14 1478,6 2010 39,40

Tabela 1 – Precipitação total entre 1980 e 2010

Fonte: Ceapla (2012)

Segundo demonstraram os dados que o Ceapla (2012) disponibilizou para

consulta, o comportamento da precipitação na área de estudo ao longo da série de

anos analisados não apresenta outra tendência que não seja a alternância entre os

períodos menos e mais chuvosos, indicando a princípio que a variável pluviométrica

da região caracteriza-se por essa sazonalidade. Mas podemos observar uma

anomalia no ano de 1983, no qual apresentou um valor de 2.643,4 mm/ano, sendo

este muito acima da média do período, e, outra no ano de 1992 que teve como média

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pluviométrica 1.056,5 mm/ano - o valor com maior desvio negativo comparado à média

que foi de 1.534,32 mm/ano.

Gráficos 1 e 2 – Precipitação entre 1980 e 2010

Fonte: Ceapla (2012)

Observando os gráficos, é possível verificar uma clara sazonalidade que

alterna períodos acima e abaixo da média registrada, sendo que no primeiro gráfico

(1980 a 1995) é aparente o pico no ano de 1983 comparado aos demais anos, assim

como o pico negativo do ano de 1992, enquanto que no segundo gráfico (1996 a 2010)

a alternância de anos mais secos e mais chuvosos fica mais visível.

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5.2- Metodologia de Sant’Anna Neto (1995)

Segundo a proposta metodológica apresentada pelo primeiro autor, a série de

anos estudada apresentou três anos secos (1992, 2000 e 2002), seis anos tendentes

a secos (1984, 1985, 1994, 1998, 2001 e 2008), três anos tendentes a chuvosos

(1982, 1989, 1991), um ano chuvoso (1983) e um total de dezoito anos normais (1980,

1981, 1986, 1987, 1988, 1990, 1993, 1995, 1996, 1997, 1999, 2003, 2004, 2005, 2006,

2007, 2009, 2010). Levando-se em conta que a série possui um total de trinta e um

anos, acusa-se uma relativa estabilidade ao observar-se que dezenove anos

apresentam índices pluviométricos dentro da média ou orbitando próximo a ela.

Também é possível verificar que inexiste um período de retorno definido para

as diferentes nuances da precipitação ao longo da série de anos estudada.

Gráficos 3 e 4 – Precipitação anual segundo a metodologia de Sant’Anna Neto (1995)

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Ano seco Ano tende a seco Ano normal

Ano tende a

chuvoso Ano chuvoso

P>-30% -30%<P<-15% -15%<P<15% 15%<P<30% P>30%

5.3- Metodologia de Braido & Tommaselli (2010)

Por seu turno, a metodologia proposta por Braido & Tommaselli (2010)

apresentou tendências semelhantes, acusando a ausência de um período de retorno

no comportamento da precipitação e um ligeiro predomínio de anos situados na média

observada para a série e próximos a ela.

Gráficos 5 e 6 - Precipitação anual - metodologia de Braido & Tommaselli (2010)

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Ano Habitual Ano tende a chuvoso

Ano

chuvoso Ano seco Ano tende a seco

1350,1927<p<1561,43

93

1561,4393<p<1667,06

26

p>1667,062

6

p<1244,569

4

1244,5694<p<1350,19

27

Nesse particular tivemos quatorze anos habituais (1981, 1986, 1987, 1988,

1993, 1995, 1997, 1999, 2000, 2002, 2005, 2007, 2009, 2010), dois anos chuvosos

(1983 e 1989), cinco anos secos (1984, 1985, 1992, 2001 e 2008), seis anos

tendentes a chuvosos (1980, 1982, 1990, 1991, 1996 e 2004) e outros quatro anos

tendentes a secos (1994, 1998, 2003 e 2006).

Mais uma vez não foi possível identificar um período de retorno para os

eventos uma vez que a sazonalidade não deixa explícita uma sucessão de picos com

essa característica. Diante disso, fica a impressão que toda a regularidade que por

anos respondeu como uma das características do clima tropical da área recobre um

hiato maior de anos para permitir a visualização desse tipo de informação.

Diante disso, tendo em conta os dados utilizados para análise, segue-se a

interpretação das informações neles contidas e observada, destacando que a área de

estudo parece vivenciar um momento de transição devido a maior oscilação que pode

ser verificada no índice pluviométrico a partir da década de 1990 – período a partir do

qual o planeta começou a vivenciar o aquecimento global e as mudanças climáticas a

partir da interferência antrópica na paisagem e na composição atmosférica,

perturbando sensivelmente o equilíbrio que havia.

5.4- Comparação entre as metodologias

Diante dos gráficos até aqui apresentados e das considerações tecidas acerca

dos resultados obtidos a partir do emprego das metodologias já apresentadas,

entende-se que ainda existe um caminho considerável a ser percorrido no que tange

ao estudo das condições atmosféricas na área considerada nessa pesquisa em função

das oscilações que se observam a partir da década de 1990.

Não obstante a isso, entende-se que a primeira metodologia que utiliza os

valores do desvio padrão para análise dos valores mais destoantes em relação à

média, é mais subjetiva que os demais, pois não possui um intervalo definido para os

anos com média pluviométrica acima e abaixo da média, sendo possível observar

apenas os anos com uma grande anomalia, como os anos 1983 e 1992. Se, de fato a

atmosfera do planeta passa por um período de reorganização de forças com

consequente mudança climática, esse tipo de prática pode não estar a altura dos

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desafios que se apresentam nesse momento de transição onde os dados e resultados

obtidos com os estudos deve estar a altura da demanda apresentada pela sociedade.

As duas outras metodologias já possuem uma classificação definida, e,

portanto, a identificação e visualização dos períodos de retorno dos eventos anômalos

fica facilitada com o seu emprego.

Foram encontradas algumas diferenças na classificação entre as duas

metodologias: como os anos de 1980; 1984; 1985; 1989; 1990; 1996; 2000; 2001;

2002; 2003; 2004; 2006 e 2008. Dando ênfase nos anos de 2000 e 2002 no qual foram

designados como secos segundo a metodologia de Sant’Anna Neto (1995) e seguindo

a metodologia de Braido & Tommaselli (2010) como anos normais. Ainda assim, vê-se

no seu emprego um ganho e uma complementação, permitindo que novas análises

decorram do cruzamento de seus resultados.

Quanto às semelhanças, as três metodologias não apresentaram um período

de retorno de eventos anômalos, mostrando apenas uma sazonalidade, ou seja, uma

alternância entre anos mais seco, anos normais e anos mais chuvosos, algo que já foi

mencionado como decorrente da estabilidade que o clima local apresenta em sua

tropicalidade, demandando um período maior de anos para que seja identificado esse

tipo de manifestação.

6- CONCLUSÕES

Apesar das poucas diferenças que se observam entre as metodologias de

estudos utilizadas nessa pesquisa, entende-se que elas foram eficientes no que diz

respeito à identificação e classificação dos anos, graças à utilização da estatística e

dos conhecimentos já divulgados na comunidade científica. Diante disso, o que deve

ser enfatizado é a necessidade de utilização de dados climáticos superiores 30 anos

para reconhecimento do intervalo de retorno dos eventos e para maior familiarização

com os padrões climáticos da área de estudo – no caso da localidade elegida para

estudo.

Também salta aos olhos a importância que existe em se analisar os demais

fatores do clima, não apenas a precipitação. Pois a análise do clima é complexa e

multidisciplinar, envolvendo uma gama de variáveis interligadas e interdependentes

entre si. Oportunamente, faz-se necessária a proposição de uma metodologia

destinada à análise dos dados térmicos das diversas localidades, permitindo que

assim como tem sido feito com a precipitação, possa-se fazer com a temperatura para

entendimento pleno do comportamento climático a partir da compreensão desses

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parâmetros. Tão logo possa-se definir e classificar anos habituais, frios, quentes,

tendentes a frio ou tendentes a quente, ter-se-á em mãos uma maior percepção do

comportamento atmosférico numa região, cruzando dados de forma a aprofundar o

entendimento sobre as conjunturas que se formam e suas consequências para a vida,

bem como, para o desempenho das atividades antrópicas.

Pois apesar dos desenvolvimentos tecnológicos e científicos, a sociedade

ainda encontra-se longe de entender por completo os eventos e fatores climáticos.

Afinal, os problemas ambientais e as mudanças climáticas em curso no planeta vêm

sendo considerados como empecilhos para um maior desenvolvimento econômico das

diversas nações, sobretudo aquelas classificadas como em vias de desenvolvimento,

portanto há a necessidade de se compreender o meio ambiente como um todo.

7- REFERÊNCIAS

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