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Relação Família-Escola: Uma Parceria Educativa na Orientação da Sexualidade PROJETO DE PESQUISA Lisliê Lúcia Lima Pereira Ribeiro 2010

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Relação Família-Escola: Uma Parceria Educativa na

Orientação da Sexualidade

PROJETO DE PESQUISA

Lisliê Lúcia Lima Pereira Ribeiro

2010

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Trabalho exigido como avaliação da Disciplina

Métodos de Investigação e Escrita Científica, sob

orientação da Profa. Dra. Suely Galli da Pós-

Graduação em Supervisão Pedagógica e Formação de

Formadores com acesso ao Mestrado Europeu em

Ciências da Educação.

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Título do trabalho: Relação Família–Escola: Uma Parceria Educativa na Orientação da Sexualidade.Autor: Lisliê Lúcia Lima Pereira RibeiroInstituição: Faculdade Mário Schenberg – Grupo Lusófona Brasil - Cotia SP - 2010Pós-Graduação em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores com acesso ao Mestrado Europeu em Ciências da Educação Docente Responsável: Dra. Suely Galli Soares

Projeto de Pesquisa

INTRODUÇÃO

Abordar a sexualidade enquanto orientação educativa no âmbito escolar requer

que a formação e atualização a seu respeito seja contínua e possibilite um trabalho

progressivo com os sujeitos em questão e não apenas palestras e/ou debates no decorrer

do ano letivo.

Buscando um entendimento mais preciso sobre a formação, encontraremos nos

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), de Orientação Sexual, o seguinte:

“O professor deve então entrar em contato com questões teóricas, leituras e discussões sobre as temáticas especificas de sexualidade e suas diferentes abordagens; preparar-se para a intervenção prática junto dos alunos e ter acesso a um espaço grupal de supervisão prática, o qual deve ocorrer de forma continuada e sistemática...”(PCN, 1997 p 84)

Percebemos que é necessário o educador ter uma formação específica e

continuada para conduzir o trabalho de orientação sexual. Cabe ao educador, ética, para

não transmitir seus valores, crenças e opiniões, uma vez que é papel do mesmo

possibilitar ao educando práticas reflexivas, que o levem a desenvolver sua autonomia e

assim, ele próprio, eleger seus valores.

No entanto, não basta ao educador ter uma formação específica e continuada,

essa formação precisa ser transformadora, como afirma Boaventura:

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“o objetivo último de uma educação transformadora é transformar a educação, convertendo-a no processo de aquisição daquilo que se aprende, mas não se ensina, o senso comum. O conhecimento só suscita o inconformismo na medida em que se torna senso comum, o saber evidente que não existe separado das práticas que o confirmam”. (Santos, 1991)

Para uma educação ser transformadora, ela precisa ser emancipadora, ou seja,

levar o indivíduo a transformar o conhecimento que possui, por meio da reflexão,

questionamentos, além de dialogar com os conflitos existenciais e sociais em que está

inserido, para tornar-se autônomo na construção do seu conhecimento.

Desta forma, ao dedicar-se à pesquisa neste campo é importante considerar os

estudos de Michel Foucault, em especial a sua obra “História da Sexualidade”. Tal

referência implica assumir, nas palavras do filósofo que “(...)a sexualidade é o nome que

se pode dar a um dispositivo histórico... não se deve concebê-la como uma espécie de

dado da natureza que o poder é tentado a pôr em xeque, ou como um domínio obscuro

que o saber tentaria, pouco a pouco desvelar” (FOUCAULT, 1988 p 100).

Entendemos que a sexualidade não é um conhecimento desconhecido e sim, um

conhecimento produzido na cultura, que sofre instabilidade, multiplicidade e se expressa

singularmente em cada indivíduo.

Mesmo sabendo-se que a sexualidade se desenvolve desde os primeiros dias de

vida e é inerente à vida e à saúde, pois é a busca do prazer, e, esta busca faz parte do

processo de desenvolvimento do ser humano; ela se constitui num tema polêmico,

sobretudo, quando é discutido com crianças.

Assim, a presente pesquisa abordará de modo particular o tema orientação da

sexualidade na Escola Municipal Isabel Ribeiro Leal Leite, localizada no bairro Jd. Nova

Cotia (Lava-pés – bairro periférico) em Cotia, região metropolitana de São Paulo, que

conta com mais de 300 alunos, entre 5 a 12 anos de idade, faixa etária que corresponde

do 1º ao 5º ano do ensino fundamental I. Os alunos encontram-se na faixa de etária de

curiosidade e descoberta sexual, além da “explosão de hormônios”, muitas vezes

ignoradas, tanto pelos pais, quanto pelos educadores, os quais possivelmente tiveram

uma orientação sexual rígida ou nem tiveram, o que normalmente dificulta a abordagem

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do assunto em questão. Para realizar um trabalho educativo na escola sobre sexualidade é

necessário e importante que o educador tenha uma formação apropriada, que lhe

permita expor o assunto sem receio, favorecendo um desenvolvimento saudável para o

educando.

Entretanto, para que isso ocorra é necessário que a orientação da sexualidade, seja

aceita pela escola como um todo, pelos pais e alunos. A escola não pode pensar que

sexualidade é um assunto para os pais e vice-versa. Um trabalho conjunto com enfoque

educativo e preventivo de ambos pode contribuir com a diminuição dos índices de

gravidez precoce e indesejada, o aborto, as DSTs e a AIDS.

O tema sexualidade é abrangente e apesar de muito se falar a respeito nos meios

de comunicação de massa e no cotidiano, essas informações nem sempre são

“verdadeiras” ou adequadas ao meio educativo. A mídia de certo modo, deturpa o sentido

amplo da sexualidade ao enfatizar o aspecto da sensualidade, erotismo sexual do

indivíduo na sociedade contemporânea, num duplo movimento de informação e

desinformação. Isso fica evidente no contexto escolar, pois os alunos chegam com várias

informações e não sabem como lidar com elas. Em contra partida, a maioria dos

professores, preferem não abordar o assunto por receio de não corresponder às

expectativas do educando ou por sentir-se despreparado para tal, além da insegurança

diante da reação da família.

Apesar da complexidade presente neste âmbito, consideramos a família como o

primeiro ambiente onde a sexualidade é abordada e, cada família tem seus valores e suas

crenças que marcam as crianças. Para Morin:

“(...) o imprinting cultural marca os humanos desde o nascimento, primeiro com o selo da cultura familiar, da escolar em seguida, depois prossegue na universidade ou na vida profissional. Assim, a seleção sociológica e cultural das idéias raramente obedece à sua verdade; pode, ao contrário, ser implacável na busca da verdade.” (MORIN, 2000 p 28).

Nessa perspectiva, cabe à escola possibilitar ao aluno discussão reflexiva sobre os

diversos valores relacionados à sexualidade, favorecendo-os ressignificar os valores

recebidos e vividos. Assim, a escola vem completar a educação sexual dada pela família e,

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o diálogo entre as duas instituições precisará ocorrer de maneira a contribuir com essa

relação.

É importante ressaltar que os educandos têm acesso a muitas informações, o que

leva a ilusão de saberem tudo sobre sexualidade. Eles têm acesso às informações sobre o

assunto, mas não é uma informação educativa, pois para ser educativa o educador tem

que conhecer o educando, onde e com que vive, se ele é uma criança ou um adolescente,

professa alguma fé religiosa, como são seus pais e quais as suas influencias. Por fim como

o educando vê o educador? Ele confia? Sente liberdade para perguntar? Conversar? Essas

questões interferem na transmissão de uma informação educativa.

JUSTIFICATIVA

Há uma diversidade de entendimentos e conceituações a serem adotadas, mas,

aparentemente, a maioria dos estudiosos considera que a sexualidade supõe ou implica

mais do que corpos, nela está envolvido fantasias, valores, linguagens, rituais,

comportamentos, representações mobilizados ou postos em ação para expressar desejos

e prazeres.

Assim, buscar formas de desenvolver a orientação da sexualidade, amparados pela

lei nº 9.394/96, Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB, juntamente com os

PCN’s, em seus temas transversais, exige estudos e investigações cujos resultados podem

trazer contribuições para a escola, para a família, sobretudo para a criança, jovem,

adolescente.

Desta forma, este projeto de pesquisa prevê tais contribuições para a escola –

campo da pesquisa- além de trazer conhecimento em nossa formação para gestão

escolar.

OBJETIVOS

- Compreender a relação família – escola na E.M. Isabel Ribeiro Leal Leite, na

perspectiva da orientação da sexualidade;

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- Identificar junto aos educadores as dificuldades relacionadas ao tema

sexualidade;

- Desenvolver junto aos educadores momentos educativos sobre o tema,

possibilitando-lhes conhecimento para abordar a sexualidade no cotidiano escolar.

METODOLOGIA

Visando atingir os objetivos propostos, o tema em questão será abordado sob

enfoque da pesquisa qualitativa, que segundo Minayo:

“(...) se preocupa, nas ciências sociais, com o nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou

seja, trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o

que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não

podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.”(MINAYO, 1994 p21-22)

A pesquisa qualitativa pressupõe conhecer o fenômeno, nesse sentido, nossa

pesquisa valorizará a busca aprofundada no conhecimento do objeto de pesquisa: a

orientação educativa da sexualidade.

A pesquisa também apresentará estudo de caso, com educandos e educadores da

E.M. Isabel Ribeiro Leal Leite, da rede municipal de ensino de Cotia-SP. Para esse estudo

recorreremos à pesquisa quantitativa, no sentido de investigar as principais dificuldades

encontradas pelos educadores ao tratarem do tema sexualidade com seus alunos. Desse

modo, a pesquisa utilizará: questionários, entrevistas semi-estruturadas e observação

participante nas reuniões de H.T.P.C. ( Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo), de pais e

mestres (APM) e de planejamento pedagógico.

Por nossa pesquisa pertencer às ciências humanas, nosso método é compreensivo-

interpretativo, pois, busca conhecer o sentido que o homem produz nas instituições.

(Chauí, 2000)

Vale ressaltar os quatros traços que são comuns aos diferentes métodos

filosóficos, definidos por Chauí como:

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“(...) reflexivo – parte da auto-análise ou do autoconhecimento do pensamento; crítico – investiga

os fundamentos e as condições necessárias da possibilidade do conhecimento verdadeiro, da ação

ética, da criação artística e da objetividade política; descritivo – descreve as estruturas internas ou

essências de cada campo de objetos do conhecimento e das formas de ação humana; interpretativo

– busca as formas da linguagem e as significações ou os sentidos dos objetos, dos fatos, das práticas

e das instituições, suas origens e transformações.” (CHAUÍ, 2000 p 160)

Estes elementos do método adotado em nossa pesquisa serão norteadores do

processo investigativo, no intuito de garantir maior cientificidade e veracidade do

conhecimento apropriado, neste estudo de caso.

RESULTADOS ESPERADOS

A partir da análise dos dados esperam-se proporcionar a família e a escola novos

elementos para a reflexão sobre educação e sexualidade, apontando as necessidades de

adequação no Projeto Político Pedagógico, em sua transdisciplinaridade escolar e

participação da família no trabalho realizado pela escola, apoiando e dando continuidade

em casa.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. – Brasília: MEC/SEF, 1997.

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TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: A pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 2008.