Praticas Preliminares Do Longchen Nyingtik

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Explicação da Oração para Invocar o Lama Nas Praticas Preliminares do Longchen Nyingtik por Chatralwa Chöying Rangdrol Esta prática divide-se em duas partes: uma exterior e outra interior: 1. O Mestre Espiritual exterior Refere-se ao seguinte verso: Meu Lama, cuide de mim! Da flor de lótus da devoção no centro do meu coração, Eleve-se o Lama compassivo, o meu único refúgio! Eu fui atormentado pelas acções passadas e emoções turbulentas. Para me proteger no meu infortúnio, Meu Lama, permaneça como a jóia ornamental na coroa da minha cabeça, O chakra da grande felicidade absoluta…” Enquanto recita a primeira vez “Meu Lama, cuide de mim 1 !”, para que esta renúncia chegue à nossa mente e à dos outros seres, invoque o Lama considerando-o como a personificação de todos os gurus, do buda e do dharmakaya. Quando recita uma segunda vez, para que possa surgir com força o precioso bodhicitta nas vossas mentes, invoque-o como a personificação dos yidams, do Dharma e do sambhogakaya. Enquanto o recita pela terceira vez, para que surja com força uma pura percepção de tudo o que aparece e existe na nossa mente, invoque-o como a personificação das dakinis, do sagha e do nirmanakaya. 2 Como alternativa na primeira recitação pode considerá-lo como a personificação das Três Jóias, na segunda vez como a personificação das Três Raízes e na terceira vez a personificação dos Três Kayas. Depois, considere que através da compaixão do mestre, que foi desperta pela recitação e pela sua visualização como a personificação de todas as fontes de refugio e com uma fé autêntica, o lótus intenso e ardente, de quatro ou oito pétalas, no centro do vosso coração desabrocha. Com isto o único refugio que pode dissipar todas as nossas infelicidades e as suas causas nesta vida e nas futuras e nos estados de bardo, o mestre que nos revela o caminho da libertação e da omnisciência, o nosso bondoso mestre raiz, que desperta através do canal central e ai permanece, sorrindo de felicidade, no espaço acima da coroa da nossa cabeça. Talvez se questionem sobre se precisam desta pratica. É para nos proteger – a nós os seres sem sorte, emersos em grandes sofrimentos importados apenas pelas nossas acções passadas e emoções turbulentas – de todo o nosso karma, kleshas e 1

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Explicação da Oração para Invocar o Lama

Nas Praticas Preliminares do Longchen Nyingtik

por Chatralwa Chöying Rangdrol

Esta prática divide-se em duas partes: uma exterior e outra interior:

1. O Mestre Espiritual exterior

Refere-se ao seguinte verso:

Meu Lama, cuide de mim!Da flor de lótus da devoção no centro do meu coração,Eleve-se o Lama compassivo, o meu único refúgio!Eu fui atormentado pelas acções passadas e emoções turbulentas.Para me proteger no meu infortúnio, Meu Lama, permaneça como a jóiaornamental na coroa da minha cabeça, O chakra da grande felicidadeabsoluta…”

Enquanto recita a primeira vez “Meu Lama, cuide de mim1!”, para que esta renúnciachegue à nossa mente e à dos outros seres, invoque o Lama considerando-o como apersonificação de todos os gurus, do buda e do dharmakaya. Quando recita umasegunda vez, para que possa surgir com força o precioso bodhicitta nas vossasmentes, invoque-o como a personificação dos yidams, do Dharma e dosambhogakaya. Enquanto o recita pela terceira vez, para que surja com força umapura percepção de tudo o que aparece e existe na nossa mente, invoque-o como apersonificação das dakinis, do sagha e do nirmanakaya.2 Como alternativa naprimeira recitação pode considerá-lo como a personificação das Três Jóias, nasegunda vez como a personificação das Três Raízes e na terceira vez a personificaçãodos Três Kayas.

Depois, considere que através da compaixão do mestre, que foi desperta pelarecitação e pela sua visualização como a personificação de todas as fontes de refugioe com uma fé autêntica, o lótus intenso e ardente, de quatro ou oito pétalas, nocentro do vosso coração desabrocha. Com isto o único refugio que pode dissipartodas as nossas infelicidades e as suas causas nesta vida e nas futuras e nos estadosde bardo, o mestre que nos revela o caminho da libertação e da omnisciência, onosso bondoso mestre raiz, que desperta através do canal central e ai permanece,sorrindo de felicidade, no espaço acima da coroa da nossa cabeça.

Talvez se questionem sobre se precisam desta pratica. É para nos proteger – a nós osseres sem sorte, emersos em grandes sofrimentos importados apenas pelas nossasacções passadas e emoções turbulentas – de todo o nosso karma, kleshas e

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sofrimentos que eles causaram. É por isso que pedimos ao mestre para permanecerno chacra da grande felicidade, na coroa da nossa cabeça, sentado sobre um lótus eum disco lunar, desde este momento e até atingirmos a iluminação, assim comotodos os soberanos predominantes da nossa família de budas e o dirigente de todosos mandalas.

2. O Mestre Espiritual interior

Corresponde á linha:

“…Despertando toda a minha atenção plena e presença consciente, eu rezo!”

O guia espiritual interior é a nossa atenção plena, presença consciente, a consciênciaplena, e as 6 perfeições transcendentes. A atenção plena tal como é mencionada nolivro Letter to a Friend,3 é a pratica principal em todos os níveis do Dharma:

Prodigioso Senhor, o Buda ensinou que a atenção plena do corpoÉ o único caminho a seguir.Assim agarra-a com firmeza e defende-a bem.Pois toda a pratica do Dharma será estragadaSe a atenção plena for algum dia perdida.4

Tendo-se referido como “Prodigioso senhor” ao rei, Nagarjuna diz que o Budaensinou que em todas as situações da nossa vida diária, a atenção plena do corpo,etc, é o único caminho a seguir, e por isso todos os que desejam seguir o caminho dalibertação devem adoptar isto desde o principio.

Ensina-se que a presença consciente é a fonte de toda a perfeição. É a fonte doesplendor do conhecimento quádruplo: 1. conhecimento de toda a terminologia detodos os ensinamentos do Dharma e com base nisso, 2. Um claro conhecimento dosignificado do que é dito, assim como 3. Uma compreensão da causa e efeito paraaqueles que desejam a felicidade dos reinos superiores e 4. Um conhecimentoprofundo das causas e feitos envolvidos para que se atinjam os estados de “bondadeabsoluta” ou seja, a libertação e omnisciência. Se não temos esta presença conscienteentão tal como é dito no texto “The Way of the Bodhisattva”.

“Ao ouvir seja o que for que aprenderam, pensaram ou meditaramOs que não tem a presença consciente nas suas mentes,Isso não será conservado pela memóriaTal como agua deitada num vaso que vaza.”5

A consciência plena é a fonte de todas as virtudes. Tal como é dito no texto: TheMoon Lamp Sutra:

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“Disciplina, aprendizagem, generosidade e paciência também,Tudo o que possa ser descrito como uma qualidade virtuosa –A fonte delas todas é a consciência plena,A qual o Buda disse que é um tesouro que se deve ganhar.”

Rezem para que através da compaixão e bênções do mestre, estas qualidades deatenção plena, presença consciente, e consciência plena possam emergir na vossamente e se manifestem plenamente em toda sua dimensão.

Talvez queiram saber onde estas categorias de mestre interior e exterior sãoensinadas. O texto The Condensed Perfection of Wisdom Sutra diz:

“Confiem nos budas e bodhisattvas que embarcaram no caminho do despertarsupremo e também na prática das paramitas – como vossos mestreespirituais. Tanto os mestres, como a prática – são as causas para velozmenterealizarmos o estado de Buda.”

Mipham Rinpoche no comentário do texto “Condensed Sutra” diz:

“Confiem nos Budas, os conquistadores transcendentais e os Bodhisattvas queembarcaram no caminho do despertar supremo e também no caminho dasparamitas como vossos mestres espirituais. Destes, os budas e bodhisattvasensinam o grande veículo aos outros e no entanto são considerados comomestres exteriores. O que eles ensinam, o caminho das paramitas, é o que nósdevemos seguir ou integra-los na nossa experiência e ser o nosso mestreinterior. Nesta forma, os mestres interiores e exteriores impedem-nos de nosextraviarmos para outras vias que não as do grande veiculo e assim confiarnestes dois aspectos torna-se algo de perfeito, sem paralelo uma causa pararealizar velozmente a iluminação dos budas.

O texto The Gateway to Knowledge diz:

“Primeiro nós seguimos o mestre exterior, o guia espiritual que nos ensina ogrande veículo de forma autêntica. Depois, tendo recebido as instruçõesexactas sobre a unidade inseparável do caminho autentico, profundo, vastoda sabedoria transcendental perfeita, concluída com todos os aspectossupremos dos meios hábeis, que são o método perfeito para nosaproximarmos do alcançar o estado de buda – o estado de igualdade paraalém de todos os extremos e o antídoto a todos os factores adversos nocaminho do grande veiculo, tais como persistir nos extremos ou ter conceitoscentrais que nos afastam da “mãe resultante” [nirvana], nós aplicamos estapratica nas nossas mentes e nunca nos separaremos do nosso mestre interior.

Extracto de ོན་འོ་ན་ལས་བས་པ།.

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| Traduzido por Chodon (conceição).

1. http://zamamerica.stores.yahoo.net/lamacareforme.html - aqui encontra ummini CD inspirado nesta oração. ↩

2. Estas três qualidades – renuncia, bodhicitta e pura percepção – representam aessência dos três yanas. ↩

3. Suhrllekha em Skt, em tib o titulo é is bshes springs, “Nagarjuna's Letter To AFriend: with Commentary by Kangyur Rinpoche”, Snow Lion, 2006. ↩

4. Verso 54. ↩

5. Bodhicharyavatara – O caminho dos Bodhisattvas: capitulo 5, verso 25. ↩

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