Práticas educativas parentais

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Guia de praticas educativas parentais - Teoria Cognitiva Comportamental

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    Paidiajan.-abr. 2011, Vol. 21, No. 48, 61-71

    Artigo

    Prticas educativas parentais e repertrio comportamental infantil: comparando crianas diferenciadas pelo comportamento1

    Alessandra Turini Bolsoni-Silva2Universidade Estadual Paulista, Bauru-SP, Brasil

    Sonia Regina LoureiroUniversidade de So Paulo, Ribeiro Preto-SP, Brasil

    Resumo: A identificao de prticas parentais contingentes aos comportamentos dos filhos importante para subsidiar interven-es. Este estudo teve como objetivo comparar prticas educativas parentais e comportamentos de crianas de um grupo de crianas considerado clnico/com problema de comportamento (n = 27), com um grupo de crianas no clnico/sem problema de compor-tamento (n = 26). O critrio de incluso das crianas nos grupos clnico e no clnico foi obtido a partir do CBCL, e os dados da interao pais-filhos foram colhidos por meio do Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educativas Parentais (RE-HSE-P), que avalia prticas positivas e negativas de educao, contexto, problemas de comportamento e habilidades sociais infantis. Proce-deu-se s anlises qualitativa e quantitativa (Teste Mann Whitney) de forma a comparar os grupos. Os resultados apontam que os comportamentos que diferenciam os grupos clnico e no clnico so, sobretudo, os relacionados s prticas educativas positivas e s habilidades sociais infantis.

    Palavras-chave: prticas de criao infantil, interao social, distrbios de comportamento.

    Parenting practices and child behavioral repertoire: comparing children differentiated by behavior

    Abstract: Identifying parental practices contingent to the behavior of children is important to support interventions. This study compares parental disciplinary practices with the behavior of children in a clinical group with behavioral problems (n = 27) and of a group of children without behavioral problems (n = 26). The criterion to assign children in the clinical and non-clinical groups was obtained from the Child Behavior Checklist (CBCL). Information concerning parents-children interaction was obtained through the application of the Parental Educative Social Skills Interview Script (RE-HSE-P), which evaluates positive and negative educational practices, context, behavioral problems and childrens social skills. Qualitative and quantitative analyses (Mann Whitneys test) were used in the groups comparison. The results indicate that behaviors that differentiate between the clinical and non-clinical groups are mainly those related to positive educational practices and childrens social skills.

    Keywords: childrearing practices, social interaction, behavior disorders.

    Las prcticas de crianza de los hijos y el repertorio conductual del nio: comparando nios distinguidos por el comportamiento

    Resumen: La identificacin de las habilidades sociales es importante para las intervenciones de apoyo educativo a los padres. El objetivo es comparar las prcticas de crianza y el comportamiento de nios de un grupo de nios considerados clnicos con proble-mas de comportamiento (n = 27), con un grupo de nios no clnicos o sin problemas de comportamiento (n = 26). El criterio para la inclusin de los nios en clnicos o no clnicos se obtuvo a partir del CBCL, y los datos de la interaccin padre-hijo fueron reco-gidos mediante el Guin de Entrevista de Habilidades Sociales para Educacin de los Padres (RE-HSE-P), que evala las prcticas educacin positiva y negativa, el contexto, los problemas de comportamiento y habilidades sociales para los nios. Se efectu an-lisis cualitativo y cuantitativo (Mann Whitney) para comparar los grupos. Los resultados indican que las conductas que diferencian a los grupos son principalmente los relacionados con las prcticas educativas positivas y habilidades sociales para los nios.

    Palabras clave: prcticas de crianza infantil, interaccin social, trastornos de la conducta.

    1 As autoras agradecem mestre Ana Carolina Villares Villas Boas por ter cedido o banco de dados de sua Dissertao de Mestrado.

    2 Endereo para correspondncia:Alessandra Turini Bolsoni-Silva. Av. Engenheiro Luiz Edmundo C. Coube, 14-01. Vargem Limpa. CEP: 17.015-970. Bauru-SP, Brasil. E-mail: [email protected]

    As interaes estabelecidas entre pais e filhos so eviden-temente de natureza social e diversos estudos (Bolsoni-Silva & Marturano, 2007; Bolsoni-Silva & Marturano, 2008; To-we-Goodman & Teti, 2008; Richmond & Stocker, 2008) tm

    mostrado relaes entre as prticas parentais e/ou habilidades sociais de pais e o repertrio de filhos. Patterson, Reid e Dishion (2002) afirmam que prticas parentais positivas podem evitar o surgimento e/ou a manuteno de dificuldades de interao estabelecida entre pais e filhos e, por outro lado, as negativas podem aumentar a probabilidade de sua ocorrncia. As prticas educativas positivas, segundo Gomide (2006), incluem moni-toria positiva (que envolve, por exemplo, o uso adequado da ateno e a distribuio de privilgios) e o comportamento mo-ral (que implica, por exemplo, promover condies favorveis ao desenvolvimento das virtudes, tais como empatia, senso de

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    justia, responsabilidade e trabalho). J as prticas educativas negativas envolvem a negligncia, a ausncia de ateno e de afeto e a disciplina relaxada, que compreende, entre outros aspectos, o relaxamento das regras estabelecidas e a punio inconsistente. Del Prette e Del Prette (2001) afirmam que Habi-lidades Sociais Educativas (HSE) so aquelas intencionalmente voltadas para a promoo do desenvolvimento e da aprendiza-gem do outro, em situao formal ou informal. Nesse sentido as HSE poderiam ser consideradas como parte das prticas edu-cativas positivas.

    Ainda que haja aproximaes quanto a definies de HSE (Del Prette & Del Prette, 2008) e habilidades sociais educa-tivas parentais (HSE-P) (Bolsoni-Silva, 2008) destaca-se a presena de dois sistemas de categorias distintos, em estudos recentes, no contexto brasileiro. Del Prette e Del Prette (2008) propem categorias de anlises, a partir da reviso da literatura da rea, passveis de observao direta e de testagem emprica. E Bolsoni-Silva e Loureiro (2010) aprimoraram um sistema de categorias proposto por Bolsoni-Silva (2008) tendo por base o relato espontneo de mais de 200 mes que foram entrevistadas a partir do Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educa-tivas Parentais (RE-HSE-P).

    As questes que compe o RE-HSE-P foram elaboradas a partir das proposies de autores da rea de habilidades sociais (Del Prette & Del Prette, 1999, Caballo, 1991), de pesquisado-res envolvidos no estudo de prticas parentais (Patterson, Reid, & Dishion, 2002; Reid, Webster-Stratton, & Hammond, 2003), e tambm foram consultados autores da Anlise do Comporta-mento, especialmente quanto utilizao da anlise funcional em prtica clnica (Meyer, Oshiro, Mayer, & Starling, 2008). O RE-HSE-P foi validado e tem sido utilizado em estudos de caracterizao (Bolsoni-Silva & Marturano, 2008) e como me-dida de pr e ps-teste em intervenes (Bolsoni-Silva, Silvei-ra, & Marturano, 2008) mostrando-se efetivo na diferenciao de grupos com e sem problemas e tambm na identificao de padres comportamentais de pais e filhos aps a interveno.

    O referido instrumento tem por suporte o uso do relato verbal, o que, embora apresente limitaes, apresenta van-tagens na avaliao de prticas parentais que so, sobretudo prticas culturais. Para Leme, Bolsoni-Silva e Carrara (2009), o uso do relato verbal pode no descrever com acurcia inte-raes sociais (pois, nem sempre h correspondncia entre o dizer e o fazer), mas contribui com a descrio do contexto, possibilitando hipotetizar algumas relaes entre o indivduo e o ambiente, mediadas pelo comportamento, tornando possvel sugerir algumas explicaes para as frequncias dos comporta-mentos que compem o repertrio de habilidades sociais e de problemas de comportamento das crianas, alm das prticas educativas dos pais.

    No caso da interao pais-filhos, Bolsoni-Silva e Loureiro (2010) propem a classificao das habilidades sociais educati-vas parentais (HSE-P) em: comunicao (conversar, perguntar), expresso de sentimentos e enfrentamento (expressar sentimen-tos positivos, negativos e opinies, demonstrar carinho, brincar)

    e estabelecimento de limites (identificar e consequenciar com-portamentos socialmente habilidosos e no habilidosos, estabe-lecer regras, ter consistncia, concordar com cnjuge, cumprir promessas, identificar erros e pedir desculpas).

    Tais comportamentos j foram investigados por Bolsoni-Silva e Marturano (2006, 2007, 2008), em uma amostra de 96 participantes. Esses estudos avaliaram as interaes sociais en-tre pais e filhos a partir de indicadores de problemas de compor-tamento, do ponto de vista de professores. Os resultados dessas pesquisas podem ser assim resumidos: (a) constata-se que parte das HSE-P avaliadas (conversar, demonstrar carinho, cumprir promessas, concordar com cnjuge, discriminar comportamen-tos adequados, escore total de HSE-P) foram mais frequentes em mes e pais de pr-escolares sem problemas de comporta-mento (indicados por professores) na comparao com mes e pais de crianas com problemas de comportamento; (b) a quali-dade da interao diferenciou poucos comportamentos investi-gados (HSE-P diante da discordncia conjugal, hse-p diante do no cumprir promessas, HSE-P diante de identificar prprios erros) todos referentes categoria estabelecer limites. Bolsoni-Silva e Marturano (2006) afirmam que ambos os grupos (com e sem problemas de comportamento) utilizavam prticas posi-tivas e negativas de educao. Analisando-se os dados dessas pesquisas citadas, verifica-se que as crianas foram avaliadas por professores a partir da Escala Comportamental Infantil ECI (Santos, 2002) que um instrumento rastreador de difi-culdades comportamentais, o que limita afirmaes acerca dos problemas de comportamento da criana se considerar um ins-trumento de diagnstico, como o caso do CBCL (Achenba-ch & Rescorla, 2001). Ponderando tais achados, destaca-se a relevncia de especificar nos estudos o nvel de avaliao dos problemas de comportamento das crianas e a fonte de relato ou identificao dos mesmos.

    No contexto brasileiro, alguns estudos tm relatado asso-ciaes entre prticas educativas parentais positivas e/ou HSE-P, habilidades sociais das crianas e presena de problemas de comportamento infantis que, em uma tentativa de organizar as informaes em torno das categorias utilizadas nesta pesquisa podem ser assim identificadas: Prticas educativas positivas (comunicao e expresso de sentimentos) foram associadas ao menor risco de problemas de comportamento infantis (Al-varenga & Piccinini, 2001; Cia, Pamplin, & Del Prette, 2006; Motta, Falcone, Clark, & Manhes, 2006; Salvo, Silvares & Toni, 2005), sobretudo as que envolvem comunicao. Quanto s prticas educativas envolvidas no estabelecimento de limi-tes, sobretudo no que se refere a identificar e consequenciar comportamentos no apropriados, incluindo prticas negativas de educao, diversos estudos que tm relatado correlao com problemas de comportamento (Alvarenga & Piccinini, 2001; Cecconelo, De Antoni, & Koller, 2003; Oliveira e cols., 2002; Salvo, Silvares, & Toni, 2005).

    A anlise desses estudos chama a ateno para a neces-sidade de se avaliar adicionalmente outros comportamentos parentais que esto relacionados ao estabelecer limites e que

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    foram preditivos de problemas de comportamentos em estudos prvios, assim como coloca em foco a necessidade de descre-ver as interaes sociais estabelecidas entre pais e filhos, de forma a identificar quais comportamentos dos pais so contin-gentes aos dos filhos e vice-versa, j que os estudos referidos investigaram, a partir de checklists distintos, os comportamen-tos maternos e dos filhos. Na proposio do estudo em questo buscar-se- avanar nessa direo, contribuindo com a produ-o de conhecimento sobre as prticas parentais, focalizando o contexto e as contingncias, enquanto antecedentes e conse-quentes, das respostas estabelecidas entre pais e filhos.

    Outro ponto a ser abordado diz respeito s questes rela-tivas anlise funcional do comportamento. Ao realizar uma meta-anlise sobre o termo problemas de comportamento Bol-soni-Silva e Del Prette (2003) concluram que falta consenso quanto s definies, denominaes, diagnstico e tratamento de problemas de comportamento, propondo, ento uma defini-o que seja topogrfica (forma do comportamento) e funcional (descrio de relaes de dependncia entre variveis). Labra-dor (2004) afirma que Skinner (1953/1993), com sua teoria, fornece subsdios para diagnstico e interveno, atravs do que foi denominado de anlise funcional do comportamento. O termo anlise funcional possui diferentes definies (Meyer e cols., 2008) e foi elaborada a partir da Anlise Experimen-tal do Comportamento. Para o contexto clnico, pesquisadores (Goldiamond, 1974/2002, Meyer e cols., 2008) afirmam a re-levncia de avaliar mltiplas respostas associadas a mltiplas causas.

    Bolsoni-Silva e Del Prette (2003), ao revisarem a litera-tura sobre problemas de comportamento, concluram que es-ses podem ter influncia de: (a) variveis histricas, tais como caractersticas da famlia de origem, no que tange a modelos e modelagem de padres de agressividade, uso de substncia ou depresso e de dificuldades prvias paternidade, como pro-blemas interpessoais e instabilidade emocional; (b) variveis atuais quanto forma como os pais interagem com a crian-a (agressividade, inconsistncia, abuso, negligncia), a difi-culdades interpessoais (preocupao com o poder, depresso, comportamento anti-social), a caractersticas da criana (tem-peramento difcil, pouca sensibilidade punio, ateno rebai-xada, hiperatividade, dficit em habilidades sociais) e da escola (rejeio de colegas e manejo inefetivo dos professores).

    Considerando, ento, que os problemas de comportamen-to so multideterminados concorda-se com Meyer e cols (2008) que apontam para a necessidade de analisar funcionalmente a queixa apresentada (relaes estmulo discriminativo- resposta-conseqncia), bem como analisar mtuas interdependncias comportamentais do caso (relaes resposta-resposta, alm de relaes entre estmulos, quando um altera a funo do outro).

    Goldiamond (2002/1974) acredita que o terapeuta precisa entender o propsito do comportamento para a pessoa, o que necessariamente implica em anlises funcionais mais amplas que busquem relacionar funcionalmente todo o repertrio do cliente. Nesse raciocnio, insere-se o relacionamento entre pais

    e filhos, em que h contingncias entrelaadas (Glenn, 1986), isto , o comportamento dos pais (habilidades sociais educati-vas parentais e/ou prticas parentais negativas) ambiente para o comportamento dos filhos (habilidades sociais e/ou problemas de comportamento) e vice-versa. Nesse nterim, considera-se relevante avaliar topografias de respostas e tambm descrever as variveis contextuais em que as respostas de pais e de filhos ocorrem.

    Diante do exposto objetiva-se comparar prticas educa-tivas parentais e comportamentos de crianas de um grupo de crianas considerado clnico (com problema de comportamen-to), a um grupo no clnico (sem problema de comportamento), tendo como fonte de informaes as mes.

    Mtodo

    Participantes

    Participaram deste estudo 53 mes, cujos filhos (de ambos os sexos e com idade variando de quatro a 12 anos), apresen-tavam problemas de comportamento (n = 27, mdia = cinco anos, DP = 1,83) ou deixavam de apresentar quaisquer pro-blemas de comportamento (n = 26, mdia = seis anos, DP = 2,23), podendo ser denominados de populao no clnica. As populaes clnica e no clnica foram recrutadas a partir de dois estudos: um que caracterizou participantes que busca-ram por interveno para melhorar as interaes com os filhos (n = 34) e outro interessado em avaliar prticas parentais em mes separadas/divorciadas (n = 19), perfazendo o total de 53 participantes. A amostra deste estudo (n = 53) parte de um banco de dados composto por 213 participantes, o qual foi uti-lizado na validao do RE-HSE-P (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2010) e que a amostra foi obtida tendo por critrio ter pro-blemas de comportamento nas trs escalas do CBCL (Grupo Clnico) internalizante, externalizante e total (Child Beha-vior Checklist Inventrio de Comportamentos da Infncia e Adolescncia para pr-escolares e escolares 4 a 18 anos, Achenbach & Rescorla, 2001, traduo de Edwiges Silvares) ou ento deixar de apresentar qualquer problema de compor-tamento (Grupo no clnico).

    A comparao estatstica quanto a caractersticas demogr-ficas no identificou diferenas entre os grupos (Crosstabs Qui-Quadrado): (a) a idade das crianas variou de quatro a 12 anos (clnico mdia = 5,44; no clnico mdia = 6,08, p = 0,563); (b) o grupo clnico composto por 18 meninos e nove meninas e o grupo no clnico por 14 meninos e 12 meninas (p = 0,340); c) a renda baixa, no ultrapassando, para a maioria, trs salrios mnimos (clnico = 23; no clnico = 18, p = 0,335); d) a idade das mes variou de 21 a 51 anos (clnico mdia = 32,07; no clnico mdia = 31,39, p = 0,503); e) a maioria dos participantes de ambos os grupos era casada (clnico = 17, no clnico = 11, p = 0,329); f) as mes do grupo clnico dividiram-se em possuir emprego (n = 14) e no possuir (n = 13), j 18 participantes do grupo no clnico relatou estar empregadas (p = 0,776).

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    Instrumentos

    CBCL (Child Behavior Checklist - Inventrio de Com-portamentos da Infncia e Adolescncia para pr-escolares e escolares (4 a 18 anos), Achenbach & Rescorla, 2001), que investiga frequncia de respostas indicativas de problemas de comportamento. A verso traduzida do CBCL foi cedida pela Profa. Dra. Edwiges Silvares, do Instituto de Psicologia da Universidade de So Paulo, que detm os direitos autorais da ASEBA (Achenbach System of Empirically Based Assessment) no Brasil; o software ADM de avaliao tambm foi importado com a autorizao da mesma.

    O Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educa-tivas Parentais (RE-HSE-P, Bolsoni-Silva & Loureiro, 2010) tem por referencial terico a Anlise do Comportamento e bus-ca descrever, a partir de relatos espontneos, respostas, antece-dentes e conseqentes das interaes estabelecidas entre pais e filhos a partir de 13 perguntas gerais que incluem pergun-tas adicionais: (1) Voc conversa com seu filho? Se sim, com que frequncia (frequentemente, algumas vezes, nunca/quase nunca). Em que situaes ocorrem? Quais so os assuntos das conversas? Quando voc conversa com seu filho, como ele se comporta?; (2) Voc faz perguntas a seu filho? Se sim, sobre quais assuntos? Quando voc faz perguntas como ele se com-porta?; (3) Voc expressa sentimentos positivos a seu filho? Se sim, de que forma voc o faz?; (4) Voc expressa sentimentos negativos a seu filho? Se sim, com qual frequncia? Em que situaes ocorrem? De que forma voc expressa sentimentos negativos? Quando voc expressa como seu filho se compor-ta?; (5) Voc expressa suas opinies a seu filho? Se sim, em que momentos voc o faz? Como seu filho se comporta quando voc expressa opinies a ele?; (6) Na sua opinio importante estabelecer limites? Se sim, por que? Em que situaes voc costuma estabelecer limites? O que voc faz para estabelecer limites? Como voc se sente nessas situaes? Como seu fi-lho se comporta aps o limite estabelecido?; (7) Voc encontra dificuldades para cumprir promessas? Se sim, com qual frequ-ncia?; (8) voc e seu cnjuge se entendem quanto a forma de educar seu filho? Se sim, com qual freqncia? Porque vocs concordam? Porque vocs no concordam? Quando voc no concorda com algo que o cnjuge fez, o que voc faz? Quando voc age dessa forma como seu cnjuge se comporta?; (9) seu filho faz coisas que voc gosta? Se sim o que ele faz? Quan-do seu filho faz algo legal, o que voc faz? Como seu filho se comporta nesses momentos?; (10) Seu filho faz coisas que voc gosta? Se sim com que frequncia? O que ele faz que voc no gosta? O que voc sente nesses momentos? Quando seu filho faz algo que te desagrada o que voc faz? Como seu filho se comporta nesses momentos?; (11) Voc demonstra carinho ao seu filho? Se sim em quais situaes? O que voc faz para demonstrar carinho? Quando voc demonstra carinho como ele se comporta?; (12) Seu filho faz perguntas sobre sexualidade? Se sim com qual frequncia? O que ele pergunta? O que voc sente nesses momentos? Voc responde pergunta? Se sim,

    como seu filho se comporta?; (13) Acontece de voc fazer algo em relao a seu filho e sentir como errado? Se sim, em quais situaes? Nessas situaes o que voc faz? Antes da validao do RE-HSE-P para cada um desses 13 conjuntos de pergun-tas eram questionadas as frequncias e tambm antecedentes e consequentes, no entanto, aps a validao em que foram con-duzidas anlises de validade discriminativa ficaram as questes acima mencionadas e outras foram excludas.

    As respostas espontneas s perguntas acima so aloca-das, aps codificadas, nas subcategorias habilidades sociais educativas parentais HSE-P (prticas educativas parentais positivas), prticas educativas negativas, habilidades sociais in-fantis, variveis de contexto e frequncia de habilidades sociais educativas parentais, as quais so organizadas conforme trs grandes categorias: Comunicao, Expresso de Sentimentos e Enfrentamento e Estabelecimento de Limites. Portanto, em cada uma dessas trs categorias incluem-se comportamentos das mes, das crianas e variveis de contexto, como apresen-tado a seguir.

    Comunicao uma categoria de prtica educativa e com-portamentos dos filhos correspondente a trs perguntas do RE-HSE-P: Voc conversa com seu filho?; Voc faz perguntas a seu filho? Voc faz perguntas sobre sexualidade a seu filho? Aps cada uma dessas questes o respondente solicitado a falar sobre a freqncia com que apresenta tais comportamen-tos (frequentemente, algumas vezes e nunca/quase nunca, a partir de instrues previstas no instrumento). Para as pesso-as que responderam frequentemente ou algumas vezes foram conduzidas perguntas adicionais acerca da qualidade das in-teraes estabelecidas entre pais e filhos quanto s ocasies em que ocorriam e o comportamento dos filhos contingentes ao comportamento das mes. As respostas, a partir de anlise de contedo, foram agrupadas em sete subcategorias previs-tas pelo instrumento RE-HSE-P validado que so: (a) variveis de contexto: diversos momentos do dia, sobre temas diversos, diante de comportamentos dos filhos do tipo externalizante (de-sobedecer, agredir), sobre namoro/sexo/doenas sexualmente transmissveis; (b) o contedo da conversa: concepo de certo e errado; (c) comportamentos dos filhos: habilidoso e problema de comportamento contingente a resposta da me.

    Expresso de Sentimentos e Enfrentamento uma cate-goria de prtica educativa e comportamentos dos filhos cor-respondente a quatro perguntas do RE-HSE-P: Voc expressa sentimentos positivos a seu filho?; Voc expressa sentimentos negativos a seu filho?; Voc expressa suas opinies a seu filho? e voc faz carinhos a seu filho? Aps cada uma dessas ques-tes o respondente solicitado a falar sobre a frequncia com que faz tais comportamentos e, na sequncia, foram conduzidas perguntas adicionais acerca da qualidade das interaes esta-belecidas entre pais e filhos quanto s ocasies em que ocor-riam, a forma do comportamento da me e o comportamento do filho contingente ao da me. As respostas, a partir de anlise de contedo prevista pelo instrumento RE-HSE-P, foram agru-padas em 12 subcategorias: a) variveis de contexto: situaes

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    diversas, problemas pessoais das mes, descuido com o am-biente, aps ter dado bronca para o comportamento do filho, diante de algo bom que a criana tenha feito, em situao de lazer e quando a criana no est se sentindo bem; (b) a forma do comportamento da me em duas classificaes de HSE-P (comunica-se e expressa sentimentos e enfrentamento) e pr-tica educativa negativa (bater, gritar); (c) comportamentos dos filhos: habilidoso e problema de comportamento (internalizante e externalizante).

    Estabelecimento de Limites uma categoria de prtica educativa e comportamentos dos filhos correspondente a quatro perguntas do RE-HSE-P: Porque importante estabelecer limi-tes e o que faz para estabelecer limites? Seu filho faz coisas que voc gosta? Seu filho faz coisas que voc no gosta? Acontece de voc fazer algo em relao a seu filho e considerar como errado? Aps cada uma dessas questes o respondente solici-tado a falar sobre a frequncia com que faz tais comportamen-tos e, na seqncia, a responder perguntas adicionais acerca da qualidade das interaes estabelecidas quanto s ocasies em que ocorriam, a forma do comportamento da me e o comporta-mento do filho contingente ao da me. As respostas, a partir de anlise de contedo prevista pelo instrumento RE-HSE-P, fo-ram agrupadas em 11 subcategorias: (a) variveis de contexto: diante da obedincia do filho, diante da expresso de afeto do filho, diante de problema de comportamento do filho, para ensi-nar o que certo e errado, para ter controle do comportamento do filho, para proteger a sade do filho e em contexto de lazer; (b) a forma do comportamento da me em duas classificaes de HSE-P (comunica-se e expressa sentimentos e enfrentamen-to) e prtica educativa negativa (bater, gritar, ficar quieta/ no fazer nada); (c) comportamentos dos filhos: habilidoso e pro-blema de comportamento (internalizante e externalizante).

    O instrumento, quanto consistncia interna, apresentou um alpha de 0,846 e com base na anlise fatorial foram identi-ficados dois fatores: caractersticas positivas da interao (total positivo, habilidades sociais educativas, habilidades sociais in-fantis, variveis de contexto e frequncia positiva) e caracters-ticas negativas da interao (total negativo, prticas negativas, problemas de comportamento e freqncia negativa) (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2010).

    Consideraes ticas

    O estudo relatado parte de um projeto maior denominado Correlacionando prticas parentais e problemas de comporta-mento na educao especial, aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa da Faculdade de Cincias da UNESP, campus Bauru, em 11 de janeiro de 2009 na 7 Reunio Extraordinria.

    Procedimentos

    Coleta de dados

    Estudo 1 (n = 34)O programa de interveno foi divulgado atravs de pa-

    lestra informativa em Escolas Municipais Infantis (EMEIs) em uma cidade do interior paulista. A forma de divulgao garantiu os aspectos ticos necessrios. Para compor a amostra foram visitadas duas EMEIs de um bairro de periferia e uma EMEI de um bairro central da cidade. Coube s escolas convidar pais, mes ou cuidadores para a palestra informativa (oferecida em dois horrios, no perodo matutino e no vespertino), realizada pela primeira autora, que nessa oportunidade os convidava participao. Os pais, as mes ou cuidadores interessados res-ponderam os instrumentos e com base na avaliao do CBCL, foram identificadas as crianas com problemas de comporta-mento nas trs escalas grupo clnico, ou sem problemas de comportamento grupo no clnico.

    Estudo 2 (n = 19)

    As mes participantes foram selecionadas por meio da co-laborao de professoras das EMEIs que indicaram, entre seus alunos do Jardim I ao Pr, aqueles que eram filhos de pais sepa-rados. As mes das crianas indicadas foram, posteriormente, contatadas e convidadas a participar da pesquisa. As entrevistas com as mes foram conduzidas em local reservado nas EMEIs ou na residncia das famlias participantes. Aps a coleta dos dados, foram identificadas as crianas com ou sem problemas de comportamento nas trs escalas do CBCL.

    Tratamento dos dados

    Os dados foram computados conforme instrues prprias (Bolsoni-Silva, 2009) e organizados nas categorias apresenta-das previamente. Foram conduzidas comparaes entre os gru-pos clnico e no clnico (Teste U de Mann-Whitney). Foram considerados os resultados a partir de 5% de significncia. Os resultados esto expressos em tabelas. Adicionalmente foram conduzidas anlises qualitativas dos dados de forma a identifi-car contingncias em operao.

    Resultados

    A seo apresenta as categorias de anlise do RE-HSE-P, na forma de tabelas, permitindo comparar os grupos clnico versus no clnico quanto : (a) frequncia de prticas educa-tivas e comportamentos dos filhos (Tabela 1) e qualificao da categoria de entendimento conjugal; (b) categorias descritas por Comunicao (Tabela 2); (c) categorias descritas por Ex-presso de Sentimento e Enfrentamento (Tabela 3); (d) catego-rias descritas por Estabelecimento de Limites (Tabela 4). So apresentados os resultados das subcategorias com diferenas estatsticas, cuja operacionalizao encontra-se no texto.

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    Tabela 1Frequncia de prticas parentais e comportamentos dos filhos a partir do relato de mes dos grupos clnico e no clnico

    Categorias do RE-HSE-P: FrequnciaProblema No clnico

    pMdia DP Mdia DP

    HSE-P expressar sentimento negativo* 0,70 0,61 1,08 0,69 0,04HSE-P concordar com cnjuge 0,65 0,80 1,29 0,90 0,01Habilidade social educativa 6,48 2,38 9,58 3,50 Habilidade social infantil 6,30 3,50 10,12 5,00 Total positivo 17,48 8,25 23,42 11,00 0,03

    * Esse item teve seus escores invertidos na anlise dos dados por ter se mostrado (na anlise de contedo das respostas espontneas itens de qualidade da interao) um indicador de prtica negativa de educao, referindo a bater e gritar. Portanto quanto maior o escore melhor o desempenho.So apresentados os resultados que obtiveram diferenas estatsticas entre os grupos (p 0,05).

    Pela Tabela 1 nota-se que, quanto frequncia com que as mes relataram ocorrerem as prticas educativas e os com-portamentos investigados das crianas, duas delas destacam diferenas entre os grupos: (a) expressar sentimento negativo (mdia grupo problema = 0,70, mdia grupo no problema = 1,08, p = 0,046; (b) ter concordncia conjugal quanto s prticas parentais (mdia grupo problema=0,65, mdia grupo no problema = 1,29, p = 0,013). Para ambas as HSE-P as mdias do Grupo no clnico so maiores na comparao com o Grupo clnico.

    Quanto concordncia conjugal em relao educao dada ao filho, alm da frequncia relatada, tambm a qualidade da interao apresentou diferena estatstica. A diferena refere forma como o casal lida com o desacordo quanto educao do filho, sendo que no Grupo Problema h maior frequncia do relato de brigar com o cnjuge na comparao com o grupo

    sem problemas (mdia grupo problema = 0,30, DP = 0,36; m-dia grupo no problema = 0,00, DP = 0,20, p = 0,025).

    No que se refere aos Totais do RE-HSE-P destacam-se as categorias de HSE-P, condizentes s prticas positivas de edu-car (mdia grupo problema = 6,48, mdia grupo no proble-ma = 9,58, p = 0,001), s habilidades sociais infantis (mdia grupo problema = 6,30, mdia grupo no problema = 10,12, p = 0,003) e total positivo (mdia grupo problema = 17,48, m-dia grupo no problema = 23,42, p = 0,034) que corresponde soma das prticas educativas positivas (HSE-P, variveis de contexto) e das habilidades sociais dos filhos.

    Como a Tabela 1 apresenta apenas os resultados com dife-renas estatsticas, importante destacar que os itens que refe-rem tanto a prtica educativa negativa quanto os comportamentos indicadores de problemas de comportamento no identificaram diferenas estatsticas entre os grupos avaliados. Os resultados relativos a Comunicao esto expressos na Tabela 2.

    Tabela 2Frequncia da qualidade de prticas parentais e comportamentos dos filhos a partir do relato de mes dos grupos com e sem pro-blemas de comportamento quanto categoria Comunicao

    Categorias do RE-HSE-P: ComunicaoClnico No clnico

    pMdia DP Mdia DP

    Conversar sobre certo e errado (na pergunta inicia conversao) 0,74 0,45 0,38 0,70 0,01

    Habilidade social infantil: (na pergunta inicia conversao) 0,85 0,72 1,81 1,10 0,00

    Problema de comportamento (na pergunta inicia conversao), internalizante e/ou externalizante 0,44 0,51 0,15 0,37 0,02

    Habilidade social infantil: (na pergunta faz perguntas) 0,67 0,68 1,19 0,80 0,02

    So apresentados os resultados com diferenas estatsticas entre os grupos (p 0,05).

    Conforme a Tabela 2 encontram-se trs subcategorias de Comunicao com diferenas estatsticas entre os grupos. Con-versar sobre concepes de certo e errado foi menos frequente

    para o grupo sem problema que o grupo com problema (mdia grupo problema = 0,74, mdia grupo no problema = 0,38, p = 0,01). Essa subcategoria foi elaborada a partir das seguintes

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    Bolsoni-Silva, A. T., & Loureiro, S. R. (2011). Prticas educativas parentais.

    respostas espontneas das mes: explicar e ensinar sobre o que certo ou errado, explicar o que certo acerca do cotidiano da criana, sobre ordens e regras, sobre o comportamento da criana de maneira geral, sobre a alimentao e sobre estrias e programas de televiso que precisam de orientao quando a criana tem contato.

    Essa qualidade diferenciada parece refletir na forma como os filhos respondem aos pais, segundo o relato das mes: (a) as crianas do grupo clnico, nessas situaes, ou ficam quietas/tmidas ou choram (internalizantes) ou ento brigam, agridem e desobedecem (externalizantes) (mdia grupo problema = 0,44, mdia grupo no problema = 0,15, p = 0,02); (b) as crianas com problemas de comportamento tambm emitem menos variabilidade de comportamentos que podem ser denominados de habilidosos, o que ocorreu tanto na primeira pergunta voc conversa com seu filho? (mdia grupo problema = 0,85, mdia grupo no problema = 1,81, p = 0,00) quanto na segunda voc faz pergunta a seu filho? (mdia grupo problema = 0,67, mdia grupo no problema = 1,19, p = 0,02). Quanto a conversar sobre sexualidade ambos os grupos relataram baixa ocorrncia.

    Os comportamentos infantis habilidosos indicados pelas mes foram classificados conforme instrues do RE-HSE-P, o qual prev duas classificaes: (a) Disponibilidade Social e Cooperao e (b) Expresso de Sentimentos e Enfrentamento. Para as perguntas da categoria Comunicao o instrumento orienta a somar as duas classificaes que foram denominadas de habilidades sociais infantis.

    Os comportamentos das crianas de Disponibilidade So-cial e Cooperao so: aceita hbitos da famlia, como ir igreja, assiste a filmes, atende a pedidos, conta fatos, conversa com a me, conversa com outras pessoas, cuida da irm(o)/animal de estimao, cuida dos prprios objetos, divide os brinquedos, atencioso, educado, participativo, esfora-do/participa das atividades, fala coisas engraadas, faz coisas para alm de sua idade, faz economia, faz perguntas, introduz novos assuntos, muda comportamentos instrudos, obedece a ordens dadas, oferece apoio, presta ateno e ouve o que os adultos tm a dizer, procura ajudar, responde a perguntas, fala a verdade, se preocupa com as pessoas.

    J os que correspondem a Expresso de Sentimentos e En-frentamento so: abraa, aceita opinies dos adultos, agrada, agradece, apia os pais quando esto tristes, d presentes, ar-gumenta, beija, brinca com a me, conta para os outros elogios recebidos, demonstra contentamento, demonstra que no gos-tou dizendo algo, diz que ama/gosta das pessoas, diz que est com saudade, diz que est tudo bem, diz que quer a presena de adultos, amoroso/alegre, crtico, independente, expli-ca porque agiu de determinada maneira, expressa suas pr-prias opinies, fala dos seus sonhos/desejos, fala que no vai fazer mais certo comportamento inapropriado, faz carinhos, faz elogios, fica com a famlia, fica emocionado, negocia, pede ajuda, pede desculpas, pensa/analisa, reivindica seus direitos, respeita os pais, retribui afeto recebido, sorri, tenta repetir o comportamento que a me elogiou, tenta se controlar e tira dvidas. Os resultados relativos Expresso de sentimentos e enfrentamento esto expressos na Tabela 3.

    Tabela 3Frequncia da qualidade de prticas parentais e comportamentos dos filhos a partir do relato de mes dos grupos clnico e no clinico quanto categoria Expresso de Sentimentos e Enfrentamento

    Categorias do RE-HSE-P: Expresso de Sentimentos e Enfrentamento

    Clnico No clnicop

    Mdia DP Mdia DP

    HSE-P - Expressa sentimento e enfrentamento (na pergunta expressa sentimentos positivos) 1,37 0,75 2,31 1,32 0,01

    Habilidade social infantil (na pergunta expressa sentimento negativo) 1,22 0,97 2,08 1,62 0,04

    Problema internalizante (na pergunta expressa opinies) 0,33 0,55 0,27 0,04

    Habilidade social infantil (na pergunta faz carinho) 1,89 0,68 2,73 0,57 0,02

    So apresentados os resultados com diferenas estatsticas entre os grupos (p 0,05).

    Conforme mostra a Tabela 3, para a pergunta sobre a ex-presso de sentimentos positivos as mes do grupo sem pro-blemas relatou uma maior variabilidade de comportamentos que foram agrupados em HSE-P Expresso de sentimentos e enfrentamento (mdia grupo problema = 1,37, mdia grupo no problema = 2,31, p = 0,01) que referem a: sente-se bem, abraa, agrada, beija, brinca, compra coisas que o filho quer, faz carinhos, faz massagem, incentiva, joga, l livros, passeia, pega no colo, sorri, fica contente e traz presentes.

    Na pergunta expressa sentimentos negativos nota-se as crianas do grupo sem problemas, segundo o relato de suas mes, apresentam maior frequncia de comportamentos denominados de habilidades sociais (mdia grupo problema = 1,22, mdia gru-po no problema = 2,08, p = 0,04), tal como j operacionalizados na Tabela 2. Em expressa opinies destaca-se que as crianas no clnicas emitem menos comportamentos internalizantes (ouve e no diz nada) na comparao com as crianas clnicas (mdia grupo clnico = 0,33, mdia grupo no clnico = 0,00, p = 0,04).

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    Quanto pergunta sobre fazer carinhos, as crianas do grupo no clnico apresentaram maior variabilidade de comportamen-tos habilidosos (mdia grupo clnico = 1,89, mdia grupo no

    clnico = 2,73, p = 0,02), sobretudo o beijar, abraar, dizer que amam e sorrir. Os resultados relativos ao Estabelecimento de limites esto expressos na Tabela 4.

    Tabela 4Frequncia da qualidade de prticas parentais e comportamentos dos filhos a partir do relato de mes dos grupos clnico e no clnico quanto a categoria Estabelecimento de Limites

    Categorias do RE-HSE-P: Estabelecimento de LimitesClnico No clnico

    pMdia DP Mdia DP

    Para ter controle sobre o comportamento da criana (na pergunta porque importante estabelecer limites) 0,67 0,92 1,35 1,32 0,04

    Sente-se bem (na pergunta o que sente aps estabelecer limites) 0,15 0,36 0,46 0,58 0,03

    Habilidade social infantil expressa sentimentos e enfrentamento (na pergunta o que a criana faz aps a me apontar para algo bom que o filho tenha feito)

    0,63 0,62 1,27 0,85 0,03

    Habilidade social infantil expressa sentimentos e enfrentamento (na pergunta o que a criana faz aps a me apontar para algo que no gostou que o filho tivesse feito)

    0,30 0,61 0,81 1,02 0,02

    So apresentados os resultados com diferenas estatsticas entre os grupos (p 0,05).

    Pela Tabela 4 verifica-se que os grupos se diferenciam em relao a quatro subcategorias apenas. No que se refere s perguntas sobre estabelecer limites nota-se igual diversidade entre os grupos quanto aos motivos relatados pelos pais para estabelecer limites, com exceo de estabelecer limites para controlar o comportamento da criana (para que ela seja obediente, responsvel e se ajuste s normas da sociedade) que foi apontado por um nmero maior de participantes do grupo no clinico (mdia grupo clnico = 0,67, mdia grupo no clnico = 1,35, p = 0,04). Enquanto comportamentos dos pais notam-se igual relato acerca de HSE-P, de prticas ne-gativas e de mais freqncia de relato de sentir-se bem pelo grupo no clnico (mdia grupo clnico = 0,15, mdia grupo no clnico = 0,46, p = 0,03), sugerindo que o grupo no cl-nico consegue estabelecer limites com mais eficincia que o grupo clnico.

    Ambos os grupos relataram identificar comportamentos dos filhos que gostam, entretanto o grupo no clnico apon-tou uma maior variabilidade de habilidades sociais dos filhos (mdia grupo clnico = 0,63, mdia grupo no clnico = 1,27, p = 0,03). Para as perguntas acerca dos comportamentos que os pais no gostam, o que diferenciou os grupos foi o compor-tamento da criana de obedecer (mdia grupo clnico = 0,30, mdia grupo no clnico = 0,81, p = 0,02) aps os pais apon-tarem para o comportamento que desaprovam, sendo mais freqente para as crianas do grupo no clnico. Ambos os grupos consideram errado bater, gritar, descontar na criana problemas pessoais (prticas negativas), mas, nessas ocasi-es continuam sendo inadequados, pois no pedem desculpas e continuam culpabilizando a criana.

    Discusso

    De forma geral, os participantes dos grupos clnico e no clnico relataram se incomodar com comportamentos externali-zantes, tais como agressividade e desobedincia a regras, alm de se incomodar com o deixar de cuidar das prprias coisas como j relatado por Bolsoni-Silva e Marturano (2006), ain-da que pela avaliao do CBCL as crianas do grupo clnico emitiriam outros comportamentos problema. Dessa forma as mes dos dois grupos relataram (RE-HSE-P) que esses com-portamentos eram os que mais desgostavam que os filhos apre-sentassem e expressavam sentimentos negativos e estabeleciam limites diante deles, especialmente valendo-se de comporta-mentos no habilidosos ativos (coercitivos), com frequncia maior no grupo clnico. No grupo no clnico as mes foram mais comunicativas e mais afetuosas em concordncia com es-tudos diversos (Alvarenga & Piccinini, 2001; Bolsoni-Silva & Marturano, 2006; Cia, Pamplin, & Del Prette, 2006; Motta e cols., 2006; Salvo, Silvares, & Toni, 2005).

    O Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educati-vas Parentais (RE-HSE-P) tambm identificou a ocorrncia de comportamentos internalizantes e externalizantes, contextuali-zando as situaes em que mais aconteciam:

    Situaes de comunicao. Quando os participantes foram questionados sobre o que conversavam ou perguntavam para suas crianas, foi tambm mencionado que elas reagiam com comportamentos internalizantes e externalizantes, com freq-ncia estatisticamente superior para o grupo clnico;

    Situaes de limites. Quando estabeleciam limites, e/ou expres-savam opinies e/ou lidavam com comportamentos que no

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    Bolsoni-Silva, A. T., & Loureiro, S. R. (2011). Prticas educativas parentais.

    gostavam, as crianas reagiam especialmente com comporta-mentos internalizantes e/ou externalizantes, independentemen-te de serem do grupo clnico ou no clnico com base no CBCL. Destaca-se que o grupo clnico apresentou com frequncia es-tatisticamente superior o expressar opinies, o que permite hi-potetizar que tal HSE-P est sendo utilizada para estabelecer limites, ainda que no tenha sido classificada como tal em estu-do prvio (Bolsoni-Silva & Marturano, 2008).

    Ao analisar a literatura da rea de problemas de compor-tamento, ainda que no se tenham definies claras, a nfase se encontra em problemas de natureza externalizante (Patterson e cols., 2002). Nesse sentido, pode-se hipotetizar que compor-tamentos como agressividade e birras incomodam as pessoas que convivem com a criana, as quais procuram estratgias de suprimir tais respostas. Como j afirmou Skinner (1953/1993) tais formas de conteno so, em geral, coercitivas, o que foi constatado nesta pesquisa, as quais so efetivas em eliminar os problemas momentaneamente, no entanto, os mesmos voltam a ocorrer posteriormente, alm de produzir sentimentos de ansie-dade e de culpa, o que pode ser notado com o relato de sentirem que agiram de forma inapropriada. Por outro lado, a frequncia e a qualidade de interaes sociais positivas (HSE-P e habilida-des sociais infantis) foram as categorias que diferenciaram os grupos com e sem problemas clnicos.

    Pesquisas de interveno com populao clnica e no clnica (Bolsoni-Silva, Silveira, & Ribeiro, 2008; Bolsoni-Sil-va e cols., 2008; Bolsoni-Silva, Silveira, & Marturano, 2008), que utilizaram o RE-HSE-P como medida de pr e ps-teste, tm encontrado que ao aumentar habilidades sociais educati-vas parentais, aumentam tambm habilidades sociais infantis e reduzem prticas negativas e problemas de comportamento, embora tais ganhos deixaram de ser relatados em avaliao de linha de base (Bolsoni-Silva, Silveira, & Ribeiro, 2008) e foram mantidos com seis meses de seguimento (Bolsoni-Silva, Silveira, & Marturano, 2008). Ao revisarem estudos sobre treinamento de habilidades sociais com pais, Taylor, Eddy e Biglan (1999) verificaram a influncia na reduo de problemas de comportamento, corroborando a relao que h entre repertrio interpessoal positivo dos pais e problemas de comportamento dos filhos.

    Os resultados deste estudo permitem ampliar as concluses j mencionadas: (a) ambos os grupos utilizam estratgias posi-tivas e negativas de educao, bem como as crianas emitem habilidades sociais e problemas de comportamento (Bolsoni-Silva & Marturano, 2006); (b) parece haver interdependncias comportamentais e contingncias entrelaadas (Glenn, 1986), pois os comportamentos de comunicao e de expresso de afeto dos pais do grupo no clnico parecem favorecer inte-raes qualitativamente melhores de forma que quando esses pais expressam seus sentimentos negativos, as crianas ouvem e emitem conseqncias reforadoras; (c) h maior variabili-dade de habilidades sociais no grupo sem problemas que no grupo com problemas, as quais so emitidas contingentes s diversas HSE-P (conversar, perguntar, expressar sentimentos

    negativos, fazer carinhos, discriminar comportamentos apro-priados e no apropriados) o que pode estimular os pais, sobre-tudo do grupo no clnico, a continuarem afetuosos e tambm a utilizarem desses comportamentos para estabelecer limites; (d) os pais do grupo no clnico identificaram mais habilidades dos filhos, sobretudo contingentes ao comportamento que espe-ram e procuram estabelecer limites (obedincia, agressividade e cuidar das prprias coisas, ajustar s expectativas culturais), sem, contudo deixarem de ser afetuosos e comunicativos em diversas interaes; (e) quando estabelecem limites as crianas parecem entender o limite e mudar na direo esperada pelas mes, diferentemente das crianas clnicas em relao s quais as mes conseguem obter menos obedincia, ainda que muitas vezes utilizem-se das mesmas estratgias do grupo no clni-co; (f) o grupo clnico apresenta tambm interaes positivas e seus filhos tambm emitem comportamentos socialmente habi-lidosos, os quais podem ser ponto de partida em intervenes com essa populao (Bolsoni-Silva & Marturano, 2008).

    Os achados so concordantes com os de Patterson e cols. (2002) e de Gomide (2006), que apontam que problemas de comportamento ocorrem pela falta de monitoria, limites, con-sistncia e conseqncias efetivas para comportamentos social-mente habilidosos e para respostas indicativas de problema. Por outro lado, a hiptese quanto relao entre prticas negativas e problemas de comportamento, tal como relatado na literatura da rea, foi parcialmente verificada. Constatou-se, por exem-plo, que diante da pergunta expressar sentimento negativo, as mes de ambos os grupos o fazem a partir de prtica educativa negativa. Considera-se que, ao aumentar a amostra em futuros estudos, tal comportamento possa identificar diferenas entre grupos com e sem problemas de comportamento, j que tendn-cias nessa direo foram verificadas, como referido por diversos autores (Alvarenga & Piccinini, 2001; Cecconelo, De Antoni, & Koller, 2003; Oliveira e cols., 2002; Salvo, Silvares, & Toni, 2005). Por outro lado, pesquisas que avaliaram tambm habi-lidades sociais educativas parentais diferenciando grupos com e sem problemas tambm no notaram essa relao (Bolsoni-Silva & Marturano, 2008), o que no implica em concordar com a existncia de prticas negativas na educao dos filhos, mas permite hipotetizar que prticas educativas negativas so parte da cultura de educar filhos, independentemente das crian-as terem ou no o diagnstico de problema de comportamento a partir do CBCL e, adicionalmente, no necessariamente ser problema para elas, pois estratgias de comunicao e de afe-to parecem funcionar como fatores de proteo (Bolsoni-Silva & Marturano, 2008). De todo modo, intervenes preventivas, junto comunidade em geral, enquanto populao no clni-ca, tm se mostrado teis em auxiliar os pais quanto a evitar o uso de agressividade, mesmo porque eles relatam no gostar de us-las (Bolsoni-Silva, Brando, Versuti-Stoque, & Rosin-Pinola, 2008; Bolsoni-Silva, Silveira, & Marturano, 2008).

    Cia e Barham (2009) encontraram correlao negativa en-tre habilidades sociais e problemas de comportamento infan-tis, indicando interdependncias comportamentais. O mesmo

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    Paidia, 21(48), 61-71

    pode-se concluir com esta pesquisa: as crianas com habilida-des sociais talvez precisem menos de comportamentos identi-ficados como problema para obter reforadores e os pais com mais repertrio de HSE-P podem valer-se menos de estratgias negativas de educao para obter obedincia e afeto dos filhos.

    Consideraes finais

    Considera-se que essa pesquisa pde ampliar o entendi-mento das habilidades sociais educativas parentais na promoo de habilidades sociais e reduo de problemas de comporta-mento tendo os pais como avaliadores do repertrio de crian-as e no os professores, tal como investigado previamente por Bolsoni-Silva e Marturano (2006, 2007, 2008). A utilizao de um instrumento validado permitiu identificar estatisticamente diferenas de frequncia e de qualidade nas interaes estabe-lecidas entre pais e filhos.

    Importante salientar que: (a) todos os itens do RE-HSE-P discriminaram pais de crianas que procuraram ou no por atendimento psicolgico e como demonstraram os resultados desta pesquisa, apenas parte dos itens discriminou os grupos de crianas com e sem problemas, reiterando que tambm a populao no clnica busca por atendimento e devem, ento, ser atendidas na preveno de problemas de comportamento; (b) independentemente de terem ou no problemas de compor-tamento do ponto de vista clnico (CBCL) os comportamentos que mais incomodam os pais so a agressividade, a desobedi-ncia e o descuido com as prprias coisas e residncia, o que traz duas implicaes: a importncia de utilizar um instrumento dirigido (por exemplo, o CBCL) alm da entrevista e a necessi-dade de avaliar funcionalmente os comportamentos de pais e fi-lhos, pois, por exemplo, o descuido das crianas ainda que no documentado na literatura enquanto problema de comporta-mento, funcionalmente, na cultura brasileira, percebido como um problema pelos pais, que diante dele estabelecem limites, muitas de vezes de maneira coercitiva. Resultado semelhante foi encontrado por Bolsoni-Silva e Marturano (2006).

    Destacam-se as implicaes desses dados para os atendi-mentos clnico e educacional, que tenham como foco a pro-moo da competncia social de pais e filhos, alm da reduo dos problemas de comportamento das crianas e das prticas negativas de educao dos pais.

    Considerando os itens nos quais foram identificadas di-ferenas estatsticas entre os grupos poder-se-ia, por exemplo, testar uma interveno que focasse os seguintes comportamen-tos parentais: conversar/perguntar sobre diversidade de assun-tos e de momentos do dia, expressar sentimento negativo, ter concordncia conjugal, ser habilidoso diante da discordncia conjugal, expressar afeto, identificar e consequenciar compor-tamentos apropriados dos filhos, estabelecer limite para ter controle sobre o comportamento do filho e para ensinar padres culturais de comportamento. Considerando que os profissionais muitas vezes, em ambulatrios de sade mental, clnicas-escola

    e atendimento comunidade precisam efetuar avaliaes e in-tervenes rpidas, o uso desse roteiro pode ser til.

    Como limitaes do estudo, destaca-se o nmero reduzido de participantes e o uso de instrumento baseado no relato verbal sem associao com a observao direta, o que limita a genera-lizao dos resultados e refora a necessidade de novos estudos com amostras maiores, sobretudo com crianas do ensino fun-damental, de forma a ampliar a generalidade dos resultados.

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    Alessandra Turini Bolsoni-Silva Professora Assistente Dou-tor da Faculdade de Cincias da Universidade Estadual Paulis-ta, campus Bauru.Sonia Regina Loureiro Professora Assistente Doutor da Fa-culdade de Medicina da Universidade de So Paulo, campus Ribeiro Preto.

    Recebido: 24/06/20091 reviso: 24/02/20102 reviso: 12/08/2010

    Aceite final: 20/09/2010