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PRAGAS MOSCAS-DAS-FRUTAS (Anastrepha spp., Ceratitis capitata) INTRODUÇÃO Mosca-das-frutas é o termo usado para designar um grupo de pragas da família Tephritidae cujos efeitos econômicos têm sido mundialmente reconhecidos. São insetos que causam dano direto ao produto final, o fruto, sendo classificados como pragas-chave das fruteiras e, como tal, atingem o nível de dano econômico em densidades populacionais baixas, merecen- do cuidados especiais durante o período de frutificação, sobretudo em pomares orien- tados para o mercado externo.Por causa dos inúmeros prejuízos que causam, têm sido estabelecidas numerosas barreiras fitossanitárias entre países e regiões, e orga- nizadas continuamente campanhas multimi- lionárias para a sua erradicação. Cabe ao produtor-exportador exercer um controle rigoroso sobre essa praga, principalmente se tiver em vista os merca- dos dos Estados Unidos e do Japão, pois esses países impõem rigorosas medidas quarentenárias às frutas de exportação que possam abrigar larvas de tefritídeos. DISTRIBUIÇÃO Foram descritos seis gêneros de tefritídeos infestadores de frutos (Dacus, Bactrocera, Ceratitis, Toxotrypana, Anastrepha e Ragoletis), com ampla distribuição mundial (Figura 9). No Brasil são encontrados os gêneros Anastrepha e Ceratitis. Os demais não ocorrem no país ou se limitam a atacar plantas nativas destituídas de interesse co- mercial (Figura 9). Com relação ao gênero Anastrepha, das 193 espécies descritas, 78 ocorrem no Bra- sil. As espécies A. obliqua (Macquart, 1835), A. fraterculus (Wile, 1830), A. pseudoparallela (Loew, 1873) e A. sororcula (Zucchi, 1979) são as que se reproduzem nas mangas. A Ceratitis capitata, também conhecida como mosca-do-mediterrâneo, originária provavelmente da África, é a única espécie deste gênero ocorrente no Brasil. DESCRIÇÃO E CICLO DE VIDA Os adultos da mosca-das-frutas do gênero Anastrepha medem em torno de 7 mm. As faixas costais S e V nas asas da maioria das espécies são distintas. Seu tórax é marrom, podendo apresentar três faixas longitudinais mais claras (Figura 10). Os ovos, de cor branca leitosa, são introduzidos pelas fêmeas em baixo da casca dos frutos, de preferência ainda Figura 9. ( ) Locais onde a Ceratitis capitata ja foi encontrada. ( ) Locais onde os dois gêneros já foram encontrados.

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Frutas do Brasil, 6 Manga Fitossanidade

PRAGAS

MOSCAS-DAS-FRUTAS(Anastrepha spp.,Ceratitis capitata)

INTRODUÇÃO

Mosca-das-frutas é o termo usado paradesignar um grupo de pragas da famíliaTephritidae cujos efeitos econômicos têmsido mundialmente reconhecidos.

São insetos que causam dano direto aoproduto final, o fruto, sendo classificadoscomo pragas-chave das fruteiras e, comotal, atingem o nível de dano econômico emdensidades populacionais baixas, merecen-do cuidados especiais durante o período defrutificação, sobretudo em pomares orien-tados para o mercado externo.Por causados inúmeros prejuízos que causam, têmsido estabelecidas numerosas barreirasfitossanitárias entre países e regiões, e orga-nizadas continuamente campanhas multimi-lionárias para a sua erradicação.

Cabe ao produtor-exportador exercerum controle rigoroso sobre essa praga,principalmente se tiver em vista os merca-dos dos Estados Unidos e do Japão, poisesses países impõem rigorosas medidasquarentenárias às frutas de exportação quepossam abrigar larvas de tefritídeos.

DISTRIBUIÇÃO

Foram descritos seis gêneros detefritídeos infestadores de frutos (Dacus,Bactrocera, Ceratitis, Toxotrypana, Anastrepha eRagoletis), com ampla distribuição mundial(Figura 9). No Brasil são encontrados osgêneros Anastrepha e Ceratitis. Os demaisnão ocorrem no país ou se limitam a atacarplantas nativas destituídas de interesse co-mercial (Figura 9).

Com relação ao gênero Anastrepha, das193 espécies descritas, 78 ocorrem no Bra-sil. As espécies A. obliqua (Macquart, 1835),A. fraterculus (Wile, 1830), A. pseudoparallela

(Loew, 1873) e A. sororcula (Zucchi, 1979)são as que se reproduzem nas mangas.

A Ceratitis capitata, também conhecidacomo mosca-do-mediterrâneo, origináriaprovavelmente da África, é a única espéciedeste gênero ocorrente no Brasil.

DESCRIÇÃO E CICLO DE VIDA

Os adultos da mosca-das-frutas do gêneroAnastrepha medem em torno de 7 mm.As faixas costais S e V nas asas da maioriadas espécies são distintas. Seu tórax émarrom, podendo apresentar três faixaslongitudinais mais claras (Figura 10).

Os ovos, de cor branca leitosa, sãointroduzidos pelas fêmeas em baixo dacasca dos frutos, de preferência ainda

Figura 9. ( ) Locais onde a Ceratitis capitata ja foiencontrada. ( ) Locais onde os dois gêneros já foramencontrados.

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imaturos. As larvas do tipo vermiformedesenvolvem-se na polpa do fruto. Passampor três estádios de desenvolvimento atéabandonarem o fruto, que amiúde se en-contra caído no chão, e penetrarem no soloonde formam as pupas. Os adultos emer-gem do solo e passam a se alimentar atéatingirem a maturação sexual (Figura 11).

O ciclo de vida da mosca-das-frutasdura em média 30 dias, diminuindo nastemperaturas mais altas e aumentando nasmais baixas.

DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

No ponto onde a mosca deposita seusovos pode ocorrer contaminação por fun-gos ou bactérias, o que resulta no apodreci-mento do fruto (Figura12). À medida queas larvas vão consumindo a polpa do fruto,este vai amolecendo, o que torna-oimprestável para a comercialização, embo-ra a ingestão das larvas não cause dano aohomem. A industrialização dos frutos épossível quando a infestação é discreta.

Nos pomares de manga destinados àexportação in natura para os Estados Uni-dos e o Japão, o monitoramento e o contro-le da mosca-das-frutas devem ser feitoscom rigor, dadas as exigências quaren-tenárias impostas por esses países.

CONTROLE

MonitoramentoÉ feito com armadilhas tipos McPhail,

ou mesmo garrafas plásticas perfuradas,com atrativos alimentares inespecíficos(melaço de cana-de-açúcar, suco de frutas eaçúcar mascavo), ou armadilha tipo Jacksoncom paraferomônios (trimedilure paraCeratitis e metil-eugenol para a mosca dacarambola), distribuídas na seguinte pro-porção: pomares de até 1 ha, utilizar 4armadilhas; de 2 a 5 ha, 2 armadilhas/ha;acima de 5 ha, 1 armadilha/ha (Figura13).

Medidas culturaisEliminação dos hospedeiros alternati-

vos (carambola, siriguela, cajá, pitanga,acerola, amendoeira, umbu etc.) que pos-sam favorecer o desenvolvimento de popu-lações de moscas-das-frutas nas proximi-dades dos pomares comerciais de manga.

Retirada dos frutos infectados caídosno chão, para evitar que as larvas os deixempara empupar no solo. Desse modo, rom-pe-se o seu ciclo reprodutivo.

Figura 11. Ciclo de vida das moscas-das-frutas (Adap-tado do trabalho de Salles, 1984).

Figura 10. Adulto da mosca-das-frutas ( Anastrepha sp.).

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Controle químicoDetectada a presença de moscas nos

pomares, deve-se iniciar a pulverização comiscas tóxicas (melaço de cana a 7% ouproteína hidrolisada a 5%, misturadas cominseticida) no interior das árvores a 2 a 3metros de altura, buscando atingir a faceinferior da folhagem.

Na confecção das iscas tóxicas devemser empregados os inseticidas trichlorfonou fenthion (ver o capítulo 6). A aplicaçãoé feita com uma brocha de parede ou compulverizador costal com bico em leque (utili-zado para herbicida), ou ainda com pulveri-zador tratorizado. Aplicam-se 100 a 200 mlde calda por metro quadrado de copa, emruas alternadas.

As aplicações devem ser feitas nosfrutos ainda verdes, em intervalos de 10 a15 dias, segundo as necessidades. Caso ainfestação não seja controlada, faz-se umaúnica pulverização de todo o pomar comfenthion dissolvido em água, em coberturatotal das árvores, respeitando-se o períodode carência do produto.

Controle biológicoDentre os organismos que efetuam o

Figura 12. A - Dano da larva da mosca-das-frutas na polpa da manga, B - ovoposição na superfíciedo fruto, C - sinais da saída das larvas do fruto.

Figura 13. Armadilhas para moscas-das-frutas tipoMcPhail e Jackson.

controle biológico de moscas-das-frutas -predadores, patógenos, nematóides, bacté-rias e parasitóides -, os últimos são os maisefetivos. Os parasitóides são pequenas ves-pas de coloração geral castanha, asas trans-parentes e abdômen separado do tórax. Aeficiência do parasitismo em moscas-das-frutas varia em função do tamanho do fru-to. O uso desses organismos é recomenda-do no manejo integrado onde são utilizadosem liberação inundativa. O controle biológi-co como estratégia isolada não resolve oproblema de controle de moscas-das-frutas,

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porém representa uma ferramenta valiosano manejo integrado dessa praga. Essa téc-nica tem como pré-requisito o uso racionaldos agrotóxicos, com mudanças no com-portamento do produtor em relação ao usode agrotóxicos, e na difusão apropriada datecnologia por parte dos extensionistas, prin-cipalmente com referência ao uso de inseti-cidas seletivos aos inimigos naturais. Atual-mente, as pesquisas com a espécie exóticaDiachasmimorpha longicaudata vêm demons-trando a viabilidade de uso em condições defruticultura irrigada do semi-árido doNordeste do Brasil.

O uso do D. longicaudata ou de outraespécie de parasitóide no controle biológi-co das moscas-das-frutas, no Brasil, neces-sita de apoio governamental e da iniciativaprivada para o desenvolvimento e aimplementação efetiva dessa tecnologia emprojetos aplicados. Para tal, será necessáriaa produção em grande escala para libera-ções inundativas, a exemplo do que vemsendo feito em programas de controle bio-lógico de moscas-das-frutas em outros pa-íses como México, Guatemala e EUA.

Resistência varietalEmbora os dados disponíveis sejam

preliminares, observam-se diferenças signi-ficativas na suscetibilidade das variedades demanga ao ataque das moscas-das-frutas. Essaé uma característica importante a ser levadaem conta nos programas de melhoramentode manga no Brasil. As variedades Rosinha,Coquinho e Espada não são infestadas pormoscas-das-frutas. As variedades Smith ePope são mais suscetíveis que a Haden e a S.Quirino. Haden, Coquinho e Espada são,

normalmente, menos atacadas que as Peito-de-moça, Dedo-de-dama e Coité.

Técnica do inseto estérilConsiste na criação em massa da espé-

cie desejada, com esterilização das larvascom radiação gama e liberação dos adultosnas áreas com baixa densidade populacionalda praga. Os machos estéreis, liberados emmaior proporção do que os silvestres, en-tram em competição com estes, reduzindogradativamente a população da praga. Atu-almente, existe tecnologia para Ceratitiscapitata, com possibilidades de uso em esca-la comercial.

Tratamento pós-colheitaExistem métodos eficientes de trata-

mento químico por fumigação com brometode metila, dibrometo de etileno ouclorobrometo de etileno. Esses métodos,entretanto, foram abandonados em virtudeda sua proibição pelos Estados Unidos, queos consideram prejudiciais à saúde dos con-sumidores.

Métodos alternativos, que não envol-vem produtos químicos (ver o capítulo 1),estão sendo desenvolvidos. O tratamentohidrotérmico (hot water dip), que consiste naimersão dos frutos em água à temperaturade 46,1°C durante 75 e 90 minutos, confor-me o peso do fruto, é hoje o mais utilizadonessa cultura. Um aprimoramento dessemétodo consiste em possibilitar o tratamen-to de frutos com maior peso; frutos de até450 g em 75 minutos e de 451 a 750 g em 90minutos. A incorporação desses resultadospela agroindústria de manga, carece de apro-vação por parte das agências de controlefitossanitário dos países importadores.

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BROCA-DA-MANGUEIRA(Hypocryphalus mangiferae)

INTRODUÇÃO

O besouro Hypocryphalus mangiferae,conhecido como broca-da-mangueira, éum coleóptero que afeta os ramos dessaplanta que, na fase de larva, penetra naregião entre o lenho e a casca, abrindonumerosas galerias.

Sua incidência como praga nos poma-res de manga seria inexpressiva, não fosseele um agente de disseminação do fungoCeratocystis fimbriata, causador da seca-da-mangueira, doença responsável por gran-des prejuízos em várias regiões produtorasde manga.

DISTRIBUIÇÃOPor ser a única planta hospedeira do

Hypocryphalus mangiferae, ele é encontradonos mangueirais de diversas regiões domundo. Sua origem é provavelmente amesma da manga, ou seja, a Índia, a Malásiae regiões vizinhas. Há relatos da sua ocor-rência no Ceilão, na Índia, em Burma, naMalásia, em Java, na Ilha Mangareva, noHavaí, nas Ilhas Cahu, em Samoa, emUpolu, na Oceania Francesa, emBarbados, em Madagascar, na Flórida eno oeste da África (Figura 13).

No Brasil, sua presença foi registradanos estados de São Paulo, de Pernambuco,da Bahia, do Rio de Janeiro e de MinasGerais, Goiás e Distrito Federal (Figura 13).

DESCRIÇÃO E CICLO DE VIDA

O Hypocryphalus mangiferae (Stebbing,1913), da ordem Coleoptera Scolytidae, éum besouro muito pequeno, de coloraçãocastanha, que na fase adulta mede cerca de1 mm. Suas larvas são brancas, desprovi-das de pernas e encurvadas. Seu ciclo devida tem a duração máxima de 30 e mínimade 17 dias.

O adulto penetra nos ramos da man-gueira, preferindo os mais finos (1 a 6 cm de

Figura 13. ( ) Locais onde a broca-da-mangueira já foiencontrada.diâmetro). Inicialmente, como característi-ca da invasão, aparece uma exsudação degoma (Figuras 14 e 15). Nos ramos novos,o inseto penetra pela cicatriz da inserçãodas folhas. A progressão do ataque se fazdos ramos mais finos em direção ao tronco.

Figura 14. Sinal de penetração da broca-da-mangueirano ramo.

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DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

Em nenhuma região do mundo regis-traram-se danos significativos associados àpresença do Hypocryphalus mangiferae, o quecaracteriza uma relação típica decomensalismo.

No Brasil, a presença do fungoCeratocystis fimbriata, um patógeno que podeafetar sensivelmente a copa da mangueira,levando a planta à morte, alterou o tipo deinteração inofensiva entre o Hypocryphalusmangiferae e a planta. A atração produzidapelo odor do fungo estimula o inseto a delealimentar-se e a abrir galerias na planta,inoculando o Ceratocystis fimbriata e facilitan-do o seu desenvolvimento na entrecascados ramos.

A operação de transplante das mudaspara os jacás facilita a penetração do fungo,

visto que as plantas, tornando-se menostúrgidas, são mais sensíveis à infecção.

CONTROLE

Medidas culturaisProceder ao corte e à destruição (quei-

ma) de todos os ramos brocados ou secos.

Evitar que as plantas sejam submeti-das a estresses hídrico e nutricional prolon-gados, pois as coleobrocas da família dosescolitídeos geralmente atacam as árvoresenfraquecidas.

Controle químicoPulverizar os ramos e os troncos afe-

tados com parathion methyl ou fenitrothion.

Fazer a pulverização preventiva (comparathion methyl ou fenitrothion) das mudasa serem transplantadas, por ocasião do trans-plante do viveiro, até que recuperem a turgidez.

Figura 15. Sinal de penetração da broca-da-mangueira no tronco.

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face superior das folhas, que ficamrecobertas por pequena quantidade de teia.

Já as fêmeas do A. braziliensis são ver-melhas. Esse ácaro desenvolve-se na faceinferior das folhas, onde produz grandequantidade de teia.

DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

O ácaro E. mangiferae provoca a mortedas gemas terminais e laterais, causandosuperbrotamento. A planta apresenta-seraquítica e com a copa mal estruturada. Aexistência de brotos malformados é maisfreqüente em mudas e plantas novas. Ahipótese de o ácaro ser o causador direto damalformação floral ou embonecamento(Figura 16) está aparentemente descartada,em virtude da constatação de inflorescênciasafetadas em plantas, nas quais o ácaro nãofoi encontrado. Acredita-se que E. mangiferaeseja o vetor do fungo Fusarium subglutinans

ÁCAROS (Eriophyes mangifera e ácarosda família tetranychidae)

INTRODUÇÃO

Há registro na literatura brasileira devárias espécies de ácaros das famíliasTetranychidae e Eriophydae responsáveis pordanos causados em folhas e gemas de man-gueiras em pomares comerciais. O eriofídeoEriophyes mangiferae é o mais danoso dosácaros. Sua presença é associada àmalformação floral e vegetativa.

DISTRIBUIÇÃO

Os ácaros, sobretudo os eriofídeos,acham-se mundialmente disseminados nospomares de manga. Sua presença é relatadana Índia, no Paquistão, na Austrália, emIsrael, no Egito, na África do Sul, nosEstados Unidos e na Venezuela. No Brasil,ocorrem de forma generalizada nas regiõesprodutoras de manga (Figura 16).

DESCRIÇÃO E CICLO DE VIDA

O ácaro Eriophyes mangiferae Sayed (=Aceria mangiferae Sayed) (Aceria:Eriophydae)é alongado, medindo aproximadamente0,15 mm de comprimento, vermiforme ede coloração branco-amarelada. Pode serencontrado nas inflorescências e nas gemasterminais e laterais das plantas.

A ocorrência de precipitações e deumidade relativa elevada, assim como osníveis de temperaturas inferiores a 10°C,são condições naturais desfavoráveis aoácaro, cujas populações se desenvolvemmelhor nos períodos secos.

Os ácaros da família Tetranychidae:Olygonychus (Pritchardinychus) biharriensis(Hirst, 1925), Olygonychus (O.) yothersi(McGregor, 1914), e Allonychus braziliensis(McGregor, 1950) são descritos em folhasde mangueira.

As duas primeiras espécies possuemcoloração amarelo-alaranjada e habitam a

Figura 16. ( ) Locais onde o Eriophyes mangifera já foiencontrado.

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F. sachari considerado hoje como o agentecausal da malformação. Ao ácaro, entre-tanto, é atribuído um papel importante notransporte e inoculação de esporos e micéliosdo fungo nas lesões por ele produzidas.

O controle sistemático do ácaro emplantas malformadas não tem resultado nemem diminuição dos sintomas demalformação, nem em aumento da produ-tividade das plantas atacadas, o que conferea essa praga uma importância secundárianos pomares em que ela já se acha ampla-mente disseminada.

Outro dano causado por eriofídeospode ser observado nos frutos que tem asua epiderme atacada, perdendo a suacerosidade, conferindo aos frutos uma apa-rência aspera e opaca (Figura 18).

CONTROLE

Monitoramento- Os ácaros não são visíveis a olho nu.

Requer-se uma lupa de no mínimo 15 vezesde aumento para sua observação. Manchasmarrons ou pretas nas brácteas e na basedos botões florais são os sinais de suapresença.

Medidas culturaisEm plantas adultas, podar e queimar

os ramos com sintomas de malformação.

Nos viveiros, descartar e destruir asmudas com superbrotação.

Controle químicoProceder a pulverizações preventivas

com produtos à base de enxofre molhávele quinomethionate, nos períodos favorá-veis ao aumento das populações (épocassecas e de escassa precipitação).Figura 18. Superfície do fruto atacada por eriofídeos.

Figura 17. Malformação floral, doença transmitida por E. mangiferae.

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LAGARTAS(Megalopyge lanata)

INTRODUÇÃO

Várias lagartas podem atacar os poma-res de manga. A que o faz com maiorfreqüência é a Megalopyge lanata, vulgarmen-te conhecida como bicho-de-fogo,suçuarana ou taturana. Trata-se de umapraga polífaga que afeta inúmeras espéciesde vegetais - cafeeiro, abacateiro, pesse-gueiro, algodoeiro, goiabeira, jabuticabeirae plantas cítricas. Em geral, seu controlenão exige grandes cuidados da parte dosprodutores.

DISTRIBUIÇÃO

A sua distribuição mundial está restri-ta a America Latina.

No Brasil, sua presença foi registradanos estados de São Paulo, Paraná, SantaCatarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janei-ro, Pernambuco, Ceará, Bahia, DistritoFederal, Goiás e Minas Gerais (Figura 19).

DESCRIÇÃO E CICLO DE VIDA

A mariposa Megalopyge lanata (Stolf-Cramer, 1780), da família Megalopygidae,mede de 60 a 70 mm de envergadura; temcorpo robusto e coloração clara, acinzen-tada, com manchas pardacentas nas asas(Figura 20). Quando completamente de-senvolvidas, as lagartas medem de 60 a70 mm de comprimento e 14 a 18 mm delargura máxima. O corpo é formado porsegmentos largos e brancos, separados en-tre si por faixas estreitas de coloração escu-ra (Figura 21). Sobre o dorso há seis filei-ras de tufos de pêlos longos e finos,urticantes, de tom castanho-avermelhado.Os casulos, de cor branco-acinzentada,medem 40 a 50 mm de comprimento e 20a 30 mm de largura.

Os casulos formam-se nos galhos etroncos, aglomerando-se antes deempuparem.

Figura 19. ( ) Locais onde a Megalopyge lanata já foiencontrada.

Figura 20. Adulto de Megalopyge lanata. A - fêmea ,B - macho.

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DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

As lagartas novas raspam a superfíciedas folhas e as mais velhas devoram todo olimbo foliar. Nas mangueiras, as lagartas sãogeralmente encontradas de forma isolada.

Os danos que a Megalopyge lanata causaem pomares de manga são consideradosinexpressivos, não exigindo medidas siste-máticas de controle.

CONTROLE

Monitoramento

As folhas, os ramos e os troncos de-vem ser periodicamente observados, para

definir o momento e a necessidade de seucontrole.

Medidas culturais

Os casulos aderentes aos ramos e aostroncos das árvores devem ser destruídosno caso de grande infestação.

Controle químico

Só efetuar o controle químico quan-do forem observadas altas populações pul-verizando-se com parathion methyl,fenthion, trichlorfon (ver a Tabelas 5 e 6,no capítulo 6).

Figura 21. Lagarta da Megalopyge lanata.

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COCHONILHAS (Aulacaspistubercularis, Pseudaonidiatrilobitiformis, Pseudococcusadonidum e Saissetia coffeae)

INTRODUÇÃO

São descritas várias espécies decochonilhas que atacam a parte aérea damangueira. Destas, a mais comum é acochonilha-branca Aulacaspis tubercularis.Outras espécies, como a Pseudaonidiatrilobitiformis a Pseudococcus adonidum e acochonilha-parda Saissetia coffeae, tambéminfestam as mangueiras.

Pelo fato de atacar o fruto edesqualificá-lo para fins comerciais, acochonilha-branca é tida como a espéciemais danosa no caso dos pomares de man-gas destinadas à exportação. Porém as ou-tras espécies, dependendo da região, po-dem também ser prejudiciais.

DISTRIBUIÇÃO

É comum, em todo o mundo, a ocor-rência de várias espécies de cochonilhas emáreas de produção de manga. A presença deAulacaspis tubercularis é reportada na Índia, naAustrália, na África do Sul e em Porto Rico.

No Brasil, as quatro espécies citadasocorrem de forma generalizada. Sua pre-sença é conhecida nos seguintes estados:São Paulo, Amazonas, Pará, Paraíba, Bahia,Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janei-ro, Goiás e Paraná, e no Distrito Federal(Figura 22).

DESCRIÇÃO E CICLO DE VIDA

A fêmea da cochonilha Aulacaspistubercularis (Newstedead, 1906) (Homoptera:Diaspididae) possui uma escama protetoraquase circular, levemente convexa, de corbranco-acinzentada, com a película centralbranca. Mede cerca de 2 mm de diâmetro.Quando adulta, põe cerca de 50 ovos sob asua escama protetora. Após a eclosão, asninfas movem-se à procura de alimento. Asfêmeas tornam-se sedentárias e passam a

Figura 22. ( ) Locais onde a Aulacaspis turcularis jáfoi encontrada.

Figura 23. Cochonilha-branca, Aulacaspis tubercularis,na folha. O formato das escamas nas fêmeas é circulare nos machos é alongado.

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produzir a própria escama protetora. Osmachos reúnem-se em grupos e secretamum filamento branco que envolve seus cor-pos com uma escama tricarenada, branca,bastante alongada, com as margens lateraisquase paralelas. Medem cerca de 1,1 mm decomprimento. Os machos adultos possuemduas asas e conseguem voar. As fêmeas e osmachos imaturos parasitam os tecidos ve-getais por meio de seu aparelho bucalsugador (Figuras 23 e 24).

As fêmeas da espécie Pseudaonidiatrilobitiformis (Green, 1896) (Homoptera:Diaspididae) são protegidas por uma escamaoval ou circular, achatada, de coloraçãoacinzentada. Medem de 3 a 4 mm de diâme-tro e sua parte central é amarelo-clara. Aescama do macho é menor, alongada e maisachatada que a da fêmea. Como o inseto se

fixa quase sempre ao longo da nervura prin-cipal das folhas, na face foliar superior, seucorpo adquire forma assimétrica (Figura 25).

O corpo das fêmeas da espéciePseudococcus adonidum ( L., 1762) (Homoptera:Pseudococcididae) é recoberto por uma secre-ção branca, pulverulenta, e que forma ex-pansões laterais. Espécie vivípara, podendocada fêmea dar origem a cerca de 200pequenas ninfas entre 12 a 20 dias, acochonilha localiza-se em qualquer regiãodo vegetal exceto nas raízes. Nos frutos oinseto aglomera-se nas proximidades dopedúnculo (Figura 26).

As fêmeas adultas da espécie Saissetiacoffeae (Walker, 1852) ( = S. hemisferica Targ& Tozz) (Homoptera: Coccidae) possuem for-ma hemisférica, geralmente muito conve-xa, com as margens estreitas e achatadas,que, vistas de lado, lembram um capacete.Sua coloração é parda, clara ou escura.Medem 2 a 3,5 mm de comprimento, 1,5 a3 mm de largura e 1 a 2 mm de altura.Costumam formar grandes aglomeradosnos pontos onde se fixam (ramos e folhas),

Figura 24. Cochonilha-branca, Aulacaspis tubercularis,no fruto.

Figura 25. Cochonilha Pseudaonidiatrilobitiformis, nas folhas.

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com preferência pela nervura central dasfolhas. Sua reprodução é feita porpartenogênese, não ocorrendo machos (Fi-gura 27).

DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

A cochonilha Aulacaspis tubercularis éum inseto muito danoso à mangueira, porafetar os frutos. Seu ataque severo poderesultar em desfolha e retardar o crescimen-to das plantas. Nos frutos, a infestação geramanchas e deformações que os depreciam,inviabilizando-os para fins de exportação.

Pseudococcus adonidum, além de mancharo fruto, provoca grande escorrimento delátex na região próxima ao pedúnculo, dei-xando o fruto imprestável para acomercialização.

As espécies Pseudaonidia trilobitiformis eSaissetia coffeae atacam ramos e folhas, sendomuito prejudiciais ao desenvolvimento dasplantas.

CONTROLE

Monitoramento

Ao contrário de alguns grupos de inse-tos, as cochonilhas localizam-se, de início,em pequenas áreas e não em todo o pomar,o que torna o combate mais fácil, barato erápido; posteriormente, os insetos podeminvadir a plantação toda.

Quando se tomam providências con-tra infestações iniciais, poucas plantas sãoprejudicadas. A disseminação das cocho-nilhas no pomar é em geral lenta; assim,somente os pontos infestados (e as plantasaparentemente livres do inseto, em voltadesses pontos) devem ser pulverizados,podendo deixar de aplicar o controle quí-mico nas outras partes do pomar.

Os ramos, as folhas e os frutos devemser, periodicamente, observados. Esfregan-do o dedo sobre as cochonilhas, é possívelperfurar a escama protetora e observar,pelo escorrimento de um líquido, se as Figura 27. Cochonilha Saissetia coffeae no pedúnculo.

Figura 26. Cochonilha, Pseudococcus adonidum, nofruto.

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cochonilhas estão vivas. No caso das fême-as de Aulacaspis tubercularis, às vezes, obser-va-se uma massa rosa de ovos e ninfas sobrea escama protetora. Essas observações sãoimportantes para a decisão a respeito doemprego de medidas de controle químico.

Controle químico

Só é feito no caso de grandesinfestações, fora do período de flo-rescimento ou em caráter preventivo, quan-do os frutos se encontram no estádio de“chumbinho”.

Nas pulverizações, usam-se, em geral,produtos à base de óleo mineral. Para obtermaior eficácia no tratamento, pode-semisturá-lo com um inseticida.

A aplicação com óleo mineral deve serfeita nas horas menos quentes do dia, poisesse produto pode provocar queima defrutos e folhas.

A pulverização dá resultados muitomelhores, se realizada em época oportuna,isto é, quando ainda não há fêmeas adultas,ou melhor quando os insetos jovens aban-donam a proteção materna, à procura de

local para se fixarem. Como ainda não têmproteção, são muito sensíveis aos produtosquímicos (isto é facilmente reconhecidoquando se examinam periodicamente comuma lente as plantas infestadas). Assim,mesmo que o inseticida não mate todas asfêmeas adultas por causa da proteção da suaescama, os insetos jovens morrerão.

Controle biológicoSempre que possível, o agricultor deve

evitar o uso indiscriminado de agrotóxicos,protegendo os inimigos naturais dascochonilhas, tais como as joaninhas (Azyaluteipes, Pentilia egena e outras) e demais pre-dadores e parasitas - larvas de moscas ehimenópteros (vespinhas).

O fungo Acrostalagmus albus é conside-rado um agente biocontrolador dascochonilhas.

Fungicidas, como a calda bordalesa,quando usados continuamente, podemfavorecer a proliferação das cochonilhas,pelo fato de eliminar fungos entomófagos(que se alimentam de insetos) ouentomógenos (que se desenvolvem dentrodos insetos).

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TRIPES(Selenothrips rubrocinctus)

INTRODUÇÃO

O tripes Selenothrips rubrocinctus, queataca as folhas e frutos da mangueira, éencontrado numa ampla gama de hospe-deiros, entre os quais o cacaueiro, oabacateiro, o cafeeiro, o cajueiro, a goiabei-ra, a roseira e a videira. Na cacauicultura éconsiderada uma praga muito danosa, prin-cipalmente nos estados da Bahia e do Espí-rito Santo.

DISTRIBUIÇÃO

Essa praga está amplamente dissemi-nada nas regiões tropicais e subtropicais domundo, como Austrália, Filipinas, Oceania,Índia, Estados Unidos (Flórida), Caribe,Suriname, Colômbia, Peru e vários paísesda África Central.

No Brasil, é encontrada nos seguintesestados: São Paulo, Amazonas, Pará, Bahia,Pernambuco, Espírito Santo, Minas Ge-rais, Distrito Federal, Goiás, Rio de Janeiroe Rio Grande do Sul (Figura 28).

DESCRIÇÃO E CICLO DE VIDA

Os adultos da espécie Selenothripsrubrocinctus (Giardi, 1901) (Thysanoptera:Thripidae), de coloração preta ou castanho-escura, medem cerca de 1,4 mm de compri-mento. Têm o corpo reticulado, com per-nas pretas e asas esfumaçadas. A fêmeaintroduz os ovos sob a epiderme das folhase 10 a 12 dias depois nascem as formasjovens. Estas, geralmente, possuem colora-ção entre amarelo-pálida e alaranjada, assimcomo uma faixa vermelha nos primeirossegmentos abdominais. Tanto as ninfascomo os adultos alimentam-se por sucçãoda seiva dos locais atacados. É comumobservar uma bola de excremento líquidona extremidade do abdome das formasjovens. O ciclo evolutivo completo do tripesdura aproximadamente 30 dias (Figura 29).

Figura 28. ( ) Locais onde o Selenotrips rubrocinctusjá foi encontrado.

Figura 29. Ciclo de vida do tripes.

Larva

Ninfa

Fêmea adulta

Ovo

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DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

O local de ataque preferido pelo tripesé a superfície inferior das folhas, próxima ànervura central (Figura 30 A), embora nasgrandes infestações o fruto também possaser afetado (Figura 30 B). As partes inicial-mente atingidas adquirem uma aparênciaprateada, que nas infestações graves podeevoluir para tons que vão do amarelo-páli-do ao marrom desbotado, com pontos se-cos. Os frutos atingidos tornam-se inviáveispara comercialização. Outro tipo de danoocorre quando os frutos são atacadosapós o seu pegamento. As partes afeta-das cicatrizam e com o crescimento dosfrutos formam-se depressões na sua su-perfície (Figura 30 C). Esse dano é seme-lhante ao causado por chuvas de granizonas fases de desenvolvimento dos frutos.

Em viveiros, essa praga pode causardanos elevados, comprometendo o de-senvolvimento das mudas.

CONTROLE

Monitoramento

O pomar deve ser, periodicamente,inspecionado, para observar a ocorrênciade danos nos frutos ou a presença do insetona superfície inferior das folhas. Deve-seusar uma lente de, no mínimo, 10 vezes deaumento.

Controle químico

As pulverizações devem ser inicia-das, quando for constatada alta incidên-cia da praga nas folhas ou nos frutos. Aspulverizações podem ser feitas com inseti-cidas à base de parathion methyl, fenthion,ou fenitrothion. (ver capítulo 6).

Figura 30. A - Dano de tripes nas folhas, B - Dano nos frutos, C - Depressões nasuperfície dos frutos causadas pela cicatrização do ataque de tripes.

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MOSCA-DA-PANÍCULA(Erosomyia mangiferae)

Esta mosca é originária da Índia e foiintroduzida nas Américas por meio daimportação de mudas. Hoje vem provo-cando danos elevados em pomares comer-ciais, especialmente na região semi-árida. Alarva desse inseto ataca os tecidos tenros daplanta: brotações e folhas novas, panículafloral e os frutos no estádio de“chumbinho”. As larvas constroem galeriasnas brotações e no eixo das inflorescênciasque, posteriormente, tornam-se necrosadas.Em seguida, aparecem exsudações de gomana superfície dos órgãos atacados. Nasfolhas novas, ocorrem numerosas pontua-ções esbranquiçadas, contendo as larvas

em seu interior. Essas pontuações, após asaída das larvas, tornam-se escuras enecrosadas, podendo ser facilmente con-fundidas com manchas fúngicas.

Trata-se de uma praga de ocorrênciarecente, não havendo informações sobreseu comportamento e biologia. As orienta-ções de controle restringem-se ao controlequímico, direcionadas para as panículas, noestágio de abertura dos botões florais. Osprodutos recomendados são: fenitrothion50% (100ml/100 l d’água), dimethoato 40%,CE (90ml/100 l d’água) ou diazinon 60%(150 ml/ 100l d’água). Como controle cul-tural, são indicadas a remoção e a destrui-ção da panícula que, quando atacada, apre-senta-se encurvada.

FORMIGAS-CORTADEIRASSaúvas (Atta spp.)Quenquéns (Acromyrmex spp.)

INTRODUÇÃO

Acredita-se que as formigas-corta-deiras sejam os insetos que mais danoscausam à agricultura nacional. Nos poma-res de manga, ocorrem as do gênero Attaspp. (saúvas) e Acromyrmex spp. (quenquéns).Das duas, as saúvas são as mais danosas.Além disso, são consideradas pragas-chaveem viveiros e pomares em formação.

DISTRIBUIÇÃO

Das 16 espécies e subespécies de saúvaexistentes no mundo, 11 ocorrem no Bra-sil. Nos pomares de manga são encontra-das principalmente as espécies Atta sedexrubropilosa (saúva-limão) e Atta laevigata(saúva-cabeça-de-vidro). A Atta sedexrupbropilosa aparece nos estados de SãoPaulo, do Rio de Janeiro, do Espírito San-to, de Minas Gerais, de Goiás, do MatoGrosso e do Paraná. A Atta laevigata é amais disseminada, sendo encontrada nosestados do Norte e Nordeste do país, bemcomo nos da região Centro-Sul acima cita-

Figura 31. ( ) Locais onde a Atta spp. já foi encontrada.

dos. A Acromyrmex spp. (quenquém) tem asua distribuição generalizada no territóriobrasileiro (Figura 31).

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DESCRIÇÃO E CICLO DE VIDA

As formigas-saúva, pertencentes à or-dem Hymenoptera, família Formicidae esubfamília Myrmicinae, são insetos sociaisque vivem em câmaras (panelas) e galerias(canais) subterrâneas, comumente chama-das de formigueiros. Nas câmaras, cultivamum fungo, do qual se alimentam, e aí criamsuas larvas. O material vegetal cortado econduzido para o sauveiro não é utilizadocomo alimento e sim como substrato parao desenvolvimento do fungo. As formigasdividem-se em várias castas, em função,sobretudo, de seu tamanho.

A formação de um sauveiro tem iníciocom a revoada ou vôo nupcial das fêmeas,comumente chamadas de içás ou tanajuras.Estas, após serem fecundadas em plenovôo pelos machos (bitus), procuram umlugar limpo para nele escavar um canal eformar a primeira câmara do formigueiro.Nessa câmara, a içá regurgita um fragmentodo fungo de alimentação proveniente doformigueiro de sua origem. O fungo é ali-mentado e nutrido, e sobre ele é feita apostura dos ovos que se transformam emlarvas e pupas. Estas, por sua vez, se con-vertem nas formiguinhas que dão início aocorte e transporte de folhas e à construçãode novos canais e panelas onde o fungo

também é “semeado”. A içá limita-se àpostura de ovos. Os demais trabalhosficam a cargo das operárias. O ciclo descri-to dura em média 65 dias. Já a revoadaocorre, normalmente, em sauveiros commais de três anos.

DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

As formigas-cortadeiras cortam a fo-lhagem tenra, principalmente de plantasnovas, podendo causar grandes prejuízosem viveiros e pomares em formação. Quan-do não são combatidas, seu ataque logoapós a transferência das mudas para o cam-po pode retardar o desenvolvimento dasplantas e causar a perda de grande númerodelas. Em pomares já formados, as formi-gas são pragas secundárias, embora devamser combatidas sem trégua (Figura 32).

CONTROLEÉ importante que os pontos mencio-

nados a seguir sejam levados em conta nocombate às formigas:

1º - A vistoria prévia da área a serplantada e o acompanhamento freqüentedo pomar ainda são a melhor forma deevitar os danos e prejuízos causados pelasformigas-cortadeiras.

2º - O combate às içás e aos bitus(formas aladas) e aos formigueiros iniciais édesnecessário, devido à ação de vários fato-res, entre os quais a predação feita pelas avesdurante o vôo nupcial e pelos sapos e insetos,durante a escavação da primeira panela.Condições climáticas desfavoráveis(encharcamento ou ressecamento do solo), ea movimentação mecanizada do solo (araçãoou gradagem) reduzem a formação de formi-gueiros. Estima-se que apenas 1% dos for-migueiros iniciais atinja a fase completa.

3º - O combate deve ser dirigido aosformigueiros de dois ou mais olheiros. Adificuldade e os custos nele implícitos sãoproporcionais ao tamanho do formigueiro.

4º - O agricultor deve conhecer a áreado formigueiro para calcular o gasto deFigura 32. Dano de formiga na folha.

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formicida. Na prática, esta área é estimadapela multiplicação do maior comprimentopela maior largura do formigueiro medidospor passadas de um metro (Figura 33).

5º - A retirada da terra solta em voltados olheiros, até que apareça solo firme, 24horas antes da aplicação do formicida (pó,líquido ou gasoso), aumenta a eficiência dotratamento.

Controle químico- Pós secos

Aplicação dentro dos formigueiros deinseticidas sob a forma de pó seco, pormeio de bomba insufladora. O formicidaem pó só deve ser aplicado em épocas secas,pois a umidade impede a perfeita penetra-ção do pó nos canais.

- Líquidos

Aplicação de inseticidas, diluídos emágua, através de um funil próprio para essefim. Esse tratamento deve ser feito quandoo solo está molhado.

- Gases

Insuflação de brometo de metila pormeio de um aplicador apropriado, na pro-porção de 4 ml por metro quadrado, em-pregando-se 15 ml por olheiro.

- Iscas

Colocação de iscas à base de bagaçode laranja, óleos essenciais e cobre, ou deinseticidas, nas bocas dos formigueiros ejunto dos carreadores. Devido às substân-cias atrativas contidas nas iscas, as formi-gas levam-nas para dentro do formigueirojuntamente com as folhas, envenenandodesse modo todo o formigueiro. Este é ométodo de combate mais eficiente e co-mum. Para empregá-lo é fundamental queo solo esteja seco.

Controle culturalA movimentação do solo por meio de

gradagem, aração ou subsolagem contribuipara a destruição dos formigueiros. Nocaso das quenquéns, a movimentação de

Figura 33. Medição da área de um formigueiro pormeio de passadas.

terra é muito eficiente, já que os formiguei-ros desta espécie são bastante superficiais.

A prática de vestir o caule das plantascom um cone de proteção, com a parte maislarga voltada para baixo, a mais ou menos30 cm do chão. O cone pode ser confecci-onado com câmara de ar velha, plástico desaco de adubo ou papelão resistente. Asformigas-cortadeiras não são capazes deatravessar o cone.

O plantio ao redor do pomar de plan-tas que repelem as formigas, a fim de evitarque estas nele entrem procedentes de áreasvizinhas. São citadas como plantas repelen-tes a batata-doce, o gergelim, o rim-de-boie algumas euforbiáceas.

Controle biológico

Não é possível garantir a eficiência docontrole biológico. Cumpre, entretanto, dartotal proteção aos predadores naturais dassaúvas, tais como aves, sapos, rãs, tatus,tamanduás, lagartos, lagartixas, besourosdo gênero Canthon e Taeniolobus, formigasdos gêneros Solenopsis, Paratrechina e Noma-myrmex, além de uma mosca da família Phoridae.

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BICUDO-DA-SEMENTE DAMANGA

(Sternochetus mangiferae)

INTRODUÇÃO

O bicudo-da-semente é uma gravepraga quarentenária dos pomares de mangade várias regiões produtoras do mundo,embora seja desconhecido no Brasil. Suainclusão neste manual tem o propósito dealertar o produtor-exportador para a neces-sidade de se evitar a entrada desta praga noterritório nacional.

DISTRIBUIÇÃO

A mangueira é a única planta hospe-deira do Sternochetus mangiferae, de ocorrên-cia conhecida na Índia, na Austrália, nasFilipinas, no Quênia, na Nigéria, emMoçambique, na África do Sul, no Havaí,

no Suriname, nas Guianas, em Barbados,em Honduras, na Martinica, e na Venezuela(Figura 34).

No Brasil, a presença dessa pragaainda não foi constatada. O fato, entretan-to, de ocorrer em países vizinhos tem leva-do as autoridades sanitárias a dispensar-lhebastante atenção.

DESCRIÇÃO E CICLO DE VIDA

O bicudo-da-semente da manga,Sternochetus mangiferae, Fabricius (Coleoptera:Curculionidae) mede aproximadamente1 cm. Apresenta coloração que varia docastanho ao cinza-escuro (Figura 35). É uminseto alado, de hábito noturno e univoltino,ou seja, que se reproduz uma única vez noano. Em geral, durante a floração as pupassaem do período de latência e eclodem dosolo, próximo aos troncos, daí migrandopara a extremidade da copa.

A postura dos ovos tem início quandoos frutos da manga medem em torno de3 cm e se prolonga até o final da frutificação.Os ovos têm formato tubular e coloraçãobranca, a mesma das larvas. Estas possuem,ainda, ventosas sem pernas e cabeça mar-rom. Após a eclosão, as larvas cavam umtúnel até a semente, onde se desenvolvematé atingir a idade adulta. O bicudo emergegeralmente após dois meses da queda dofruto, podendo sobreviver por muitos anos.

DANOS E EFEITOSECONÔMICOS

O Sternochetus mangiferae atinge de modoespecial os frutos novos da manga e pode

Figura 35. Bicudo-da-semente(Sternochetus mangiferae).

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Figura 34. ( ) Locais onde Sternochetus mangiferae jáfoi encontrado.

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levá-los a cair prematuramente. Dentro dofruto, o inseto danifica a semente, destruin-do os cotilédones e afetando em algunscasos a sua germinação (Figura 36). Asgalerias abertas pelas larvas na polpa nãosão detectáveis nos frutos maduros.

O bicudo-da-semente da manga é con-siderado uma praga quarentenária para Es-tados Unidos, Japão, Brasil e Oriente Mé-dio. Nesses países é proibida a entrada defrutos provenientes de regiões onde seconstatou a sua presença.

CONTROLE

Monitoramento

É feito pela vistoria dos pomares, prin-cipalmente durante a floração e afrutificação, épocas que coincidem com ahibernação e oviposição do inseto nos fru-tos. Este é o período em que o bicudo émais vulnerável ao controle por métodosquímicos e biológicos.

A detecção é feita pela inspeção inter-na de frutos coletados ao acaso em pomarescomerciais.

Medidas culturais

Evitar a entrada de frutos provenien-tes de regiões onde a presença do bicudo-da-semente tenha sido constatada.

Recolher e destruir os frutos caídosem pomares onde a praga esteja presente.

Induzir a floração da mangueira emperíodos desfavoráveis ao inseto.

Controle químico

Proceder à pulverização dos frutos noestádio de “chumbinho” com inseticidas àbase de methidathion.

Tratamento pós-colheita

Empregar o tratamento a ar quente,que consiste no seguinte: numa câmaracom umidade entre 50% e 60%, os frutossão submetidos, por um período de seishoras, à passagem forçada de ar aquecido -gradualmente - à temperatura de 47°C.Outros tratamentos de aplicação de frio ede irradiação também são apontados comoeficientes (ver o capítulo 1).

Figura 36. Bicudo-da-semente, dano no fruto.

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OUTRAS PRAGAS

CIGARRINHA(Aethalion reticulatum)

A cigarrinha-dos-pedúnculos Aethalionreticulantum (Linn., 1767) (Homoptera:Membracidae) é um inseto que vive em colô-nias compostas de formas novas e adultas,podendo infestar, com freqüência, ospedúnculos dos frutos da mangueira. Éuma praga polífaga sendo encontrada nasseguintes plantas hospedeiras: abacateiro,algodoeiro, ameixeira, amoreira, cafeeiro,caquizeiro, jaqueira, laranjeira e outros citros.A sua presença já foi constatada em váriospaíses da América Central e do Sul.

O adulto mede de 8 a 10 mm decomprimento a sua coloração é castanho-ferruginosa. A fêmea deposita os ovos nospedúnculos e hastes das plantas, envolven-

do-os com uma espessa secreção de corpardacenta que pode conter mais de 100ovos. Após um período de 25 a 30 dias dapostura dos ovos, as larvas nascem e dãoinício ao ataque vegetal, sugando grandequantidade de seiva, e causando atraso nodesenvolvimento e queda dos frutos. Osexcrementos expelidos pelos adultos e ninfasservem de alimento para formigas do gêne-ro Camponotus, as quais defendem acigarrinha de outros insetos. A abelha-ca-chorro ou irapuá Trigona spinipis, tambémpode ser observada vivendo em simbiosecom a cigarrinha (Figura 37).

De maneira geral os ataques observa-dos não ocasionam grandes danos econô-micos à mangueira. Em grandes infestações,recomendam-se, como medidas de contro-les, a eliminação das partes atacadas dasplantas e quando necessário proceder aocontrole químico.

BESOURO-AMARELO(Costalimaita ferruginea)

O besouro-amarelo Costalimaitaferruginea vulgata (Lefreve, 1885) (Coleoptera:Crysomelidae), ataca as folhas mais novas,brotos e fruto da mangueira deixando-ascheias de perfurações (Figuras 38 e 39). Éuma praga polífaga encontrada nas se-guintes plantas hospedeiras: algodoeiro,goiabeira, abacateiro, cajueiro, jabutica-beira, macieira, videira e eucalipto. A suapresença já foi constatada em vários esta-dos brasileiros tais como São Paulo, SantaCatarina, Paraná, Goiás, Bahia, MinasGerais, Pará e Maranhão. O seu ataque seconcentra nos meses de novembro a janeiro.

O adulto tem forma quase elíptica, com5 a 6,5 mm de comprimento por 3 a 3,5 mmde largura. A cabeça e o corpo têm colora-ção amarelo-brilhante e a região ventralalaranjada. As larvas são de difícil observa-ção, pois vivem subterraneamente, alimen-tando-se das raízes.

Apesar de em alguns anos causar da-nos significativos, normalmente, não seutiliza nenhuma medida de controle.

Figura 37. Cigarrinhas (Aethalion reticulatum) sugandoa seiva de um pedúnculo em simbiose com formigas.

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Figura 39. Dano do besouro-amarelo(Costalimaita ferruginea vulgata), emfolha.

Figura 38. Dano do besouro-amarelo(Costalimaita ferruginea vulgata), emfrutos novos.

IRAPUÁ (Trigona spinipes)

A irapuá, abelha-cachorro ou arapuáTrigona spinipes (Fabr.,1793) (Hymenoptera:Apidae, é um inseto que, em busca de resi-nas para construção de seu ninho, ataca

ramos novos, flores e frutos da mangueira,prejudicando o desenvolvimento dasbrotações e provocando a queda prematurade flores e frutos.

A presença deste inseto se dá de formageneralizada nos pomares de manga. Oadulto tem coloração geral preta, com cercade 5 a 6,5 mm de comprimento. Asasenfumaçadas, quase pretas na região basal.Os seus ninhos são grandes e semelhanteaos dos cupins, localizando-se no alto dasárvores Quando molestadas, as abelhasenroscam-se nos cabelos das pessoas.

A forma mais viável de controle dessapraga consiste na eliminação sistemáticados ninhos, que em geral localizam-se nasproximidades da área afetada.

BICHO MINEIRO OUMINADOR

Praga de pouca importância e deocorrência esporádica. Ataca os frutos(Figura 40) e a sua presença normalmenteestá associada a pomares onde o uso fre-qüente de fungicidas cúpricos e aplicaçõesindiscriminadas de isenticidas afetam ogrande número de inseto que parasitamessa praga, ocasionando explosões popu-lacionais desta.

Figura 40. Dano do bicho mineiro ou minador, ocasi-onando a formação de galerias, pelas larvas, nasuperfície dos frutos.

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