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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE ELETROTÉCNICA E ENERGIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL E
NEGÓCIOS NO SETOR ENERGÉTICO
LUIZ ROBERTO PORTO DE TOLEDO SANTOS
A ELABORAÇÃO DE PROJETOS DIDÁTICOS EM GESTÃO
AMBIENTAL DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE ESCOLA
PÚBLICA.
SÃO PAULO
2012
2 LUIZ ROBERTO PORTO DE TOLEDO SANTOS
A ELABORAÇÃO DE PROJETOS DIDÁTICOS EM GESTÃO AMBIENTAL
DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE ESCOLA PÚBLICA.
Monografia para conclusão do Curso de Especialização
em Gestão Ambiental e Negócios do Setor Energético
do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade
de São Paulo.
Orientador: Prof.. Dr. Pedro Roberto Jacobi
SÃO PAULO
2012
3 DEDICATÓRIA
Dedico esta obra ao mestre do mestre de meu mestre, Sai Baba, desencarnado ao longo do
ano 2011.
“A qualidade inerente ao homem é a divindade.
Ela tem de ser descoberta por ele por esforço próprio.”
4 AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço as forças ocultas aos olhos humanos, pois de sua imensidão e
inteligência pôde-se manifestar em elementos naturais e no meio ambiente que percebemos.
Agradeço aos seres antepassados que de alguma forma contribuíram para a evolução orgânica
na Terra.
Agradeço aos meus pais, Ricardo e Regina pela minha criação, respeito e dedicação que
tiveram comigo por todos esses anos, aos meus irmãos queridos pelo exemplo de caráter
deixado, aos meus entes queridos encarnados e desencarnados que sempre me deram apoio,
aos amigos conquistados durante a jornada de minha vida e que fizeram parte da construção
de minha história, aos meus professores e mestres, a todos aqueles que tiveram uma breve
passagem em minha vida e que mesmo minimamente deixaram um pouco de seu rastro, ao
meu animal de estimação Timão e agradecimentos, também, aos recursos materiais utilizados
que auxiliaram na composição deste trabalho, principalmente meu computador.
Lokah Samastah Sukhino Bhavantu !
Obrigado Senhor!
Obrigado senhores!
5 RESUMO
SANTOS, L.R.P.T.;. A elaboração de projetos didáticos em gestão ambiental de alunos do
ensino médio de escola pública. Monografia de especialização – Curso de Especialização em
Gestão Ambiental e Negócios do Setor Energético do Instituto de Eletrotécnica e Energia da
Universidade de São Paulo. 2011. 58 f.
Trabalho sobre a inserção da gestão ambiental no sistema formal de educação utilizando-se da
função do professor eventual, evidenciando sua influência na formação de uma cidadania
ambientalmente responsável na capacitação de alunos do ensino médio da rede pública do
Estado de São Paulo a elaborarem projetos didáticos que promovam a mitigação/solução dos
problemas socioambientais atuais.
Palavras-chave: Gestão Ambiental. Sistema Formal de Educação, Professor Eventual,
Formação Cidadania Ambientalmente Correta, Alunos do Ensino Médio.
6 ABSTRACT
This work is about the insertion of environmental management into formal system of
education through the function of fortuitous teacher evidencing its influences in a formation
of responsible environmental citizenships to capacity the students of high school from the
public system of state of São Paulo to prepare didactic projects which promotes
reliefs/solution of the current social and environmental problems.
Keywords: Environmental Management. Formal System of Education, Fortuitous Teacher,
Responsible Environmental Citizenship Formation, High School Student.
7 SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................1.
2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................5.
2.1 Fundamentos Históricos e Filosóficos dos Movimentos Ambientalistas ...........................5.
2.2 Aspectos Socioculturais ....................................................................................................15.
2.3 Aspectos Qualitativos em Gestão Ambiental ....................................................................21.
2.4 Aspectos Pedagógicos .......................................................................................................28.
3. A ESCOLA E O PROFESSOR: UM DIAGNÓSTICO VIVENCIADO
............................31.
3.1 A realidade da questão ......................................................................................................31.
3.2 O elemento professor ........................................................................................................37.
4. A GESTÃO AMBIENTAL E A FORMAÇÃO DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO .....38.
4.1 Aspecto Sociojurídico .......................................................................................................39.
4.2 A intervenção ....................................................................................................................42.
4.3 Resultados obtidos ............................................................................................................47.
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................................54.
6. REFERÊNCIAS ..................................................................................................................56.
8 1 INTRODUÇÃO
Começar uma reforma na organização social e no modelo de desenvolvimento das
sociedades humanas se mostra de forma utópica ao contexto real de nossos costumes e
culturas, portanto, a maneira como a sociedade dos Homens vem se desenvolvendo, mas
também ilustra todas essas situações catastróficas que se vivencia, uma produção e aquisição
de bens desenfreados vêm gerando os mais diversos problemas socioambientais, onde
eclodem desigualdades e desmedidas oportunidades enquanto cidadãos de uma mesma
sociedade organizada.
Transformar este atual quadro de convivência dentro de uma sociedade organizada
adentra valores políticos e as normas que às rege, por essa razão, formar cidadãos críticos e
políticos capazes de intervirem na resolução dos problemas socioambientais se faz fator
importante em uma organização social, porém, esbarra em interesses terceiros das potências
dominantes do atual modelo de desenvolvimento, que impõe suas próprias culturas e
filosofias de vida, encobrindo assim, potencialidades humanas de transformações e atuações
individuais na elaboração e execução dos planos de cidadania e socializações. Em sua teoria
sobre o ato e a potência, Aristóteles já nos dizia algo nesse sentido, pois para ele:
“As mudanças existem, mas são apenas atualizações de potencialidades que já preexistiam, mas
que ainda não tinham desabrochado. O educando seria potencialmente educado. A educação do
homem seria o processo mediante o qual o homem desabrocha todas as suas potencialidades”.
(GADOTTI, pg.17)
De acordo com Moacir Gadotti em “Concepção Dialética da Educação” (2003, pg.17):
“As filosofias oficiais, escravas da teologia, não demorou a condenar a dialética por
desconhecer a onipotência divina, comparando-a pejorativamente, à sofística. Segundo Leandro
Konder: A concepção metafísica prevaleceu, ao longo da história, porque correspondia, nas
sociedades divididas em classes, aos interesses das classes dominantes, sempre preocupadas em
organizar duradouramente o que já está funcionando, sempre interessadas em amarrar bem tanto
os valores e conceitos, como as instituições existentes, para impedir que os homens cedam à
tentação de querer mudar o regime social vigente”.
Segundo essa base ideológica, pode-se afirmar que uma formação cidadã desvirtuada
vem acontecendo ao longo dos tempos, desde a origem das nossas crenças às estratégias de
desenvolvimento então adotadas.
Ludwig Feuerbach, citado por Gadotti (2003, pg. 18) dizia que:
“O homem projeta no céu o sonho de justiça que não consegue realizar na terra. O homem
pobre possui um Deus rico. Desse modo, Deus, não é, senão uma projeção imaginária do
homem que se encontra despojado de algo que lhe pertence, alienando-se. Portanto, negar a
existência de Deus é afirmar-se como homem”.
9 Essa citação nos faz voltar na origem das civilizações humanas, onde instintivamente
fomos seguindo por um caminho que ruma à felicidade e sucesso evolutivos, e onde que nos
contradiz e nos foge ao raciocínio transparece uma carência interpessoal, isso foi passado de
geração para geração e até hoje vigora os pensamentos da humanidade, criamos uma força
imaginária para os acontecimentos, o que não sabemos explicar se tornou algo vindo dos céus
e predestinado às nossas vidas. No decorrer de nossa evolução social, essa fragilidade foi
descoberta e explorada pelos que tinham conhecimento e manipulavam as sociedades
vigentes, seus modelos foram sendo respeitados e vigoram até hoje sobre nossa coexistência,
de uma forma imposta e que exige certa disciplina de pensar para uma civilização organizada
e seguidora de um modelo autodestrutivo e impiedoso. Interesses estão sendo defendidos
dentro desse modelo de desenvolvimento, e isso, reflete na educação de qualquer ser social e
consequentemente na gestão de tal sociedade, pois em nosso sistema de ensino, como diz
Gutiérrez em “Educação como Práxis Política” (1984 pg.11): “Uma das causas do
desvirtuamento, deterioração, ineficiência e fracasso do sistema de ensino reside no fato de
que, intencional ou sistematicamente, não se tem querido reconhecer sua dimensão e caráter
políticos”.
Estamos sendo induzidos por uma sistematização social, a qual nos forma cidadãos
altamente consumidores em desequilibro com o meio ambiente, egocêntricos e
desrespeitadores uns com os outros e por consequência disto, nos tornamos preso ao estilo de
vida capitalista. Muitos dos educadores estão desestimulados mesmo porque a sociedade não
sabe mais para que servem tais educadores. O que se tenta, então, é buscar segurança em
modelos que “deram certo” em outros lugares, particularmente os modelos dos sistemas
capitalistas centrais.
Debater sobre a mudança deste panorama é o que se pretende partindo da ideia de
reestruturação de ensino, formar educadores críticos e políticos, preparados para lutarem
contra a atual situação em que nos encontramos diante das potências dominantes do modelo
de desenvolvimento e também direcionados a enfrentarem às realidades que surgem com
nossa evolução social e em suas responsabilidades enquanto profissionais formadores de
opiniões. Pois as reformas não são apenas limitadas ao sistema de ensino, mas sim, a todo o
sistema organizacional existente na sociedade humana, e para muda-lo, precisamos mudar o
“corpo humano” que integra, sendo assim, a formação de cidadãos críticos e políticos se
fazem essencial para a melhoria da qualidade de vida de uma organização social humana.
Segundo Moacir Gadotti (2003 pg. 13):
“Só uma ciência verdadeiramente comprometida com a transformação dessa sociedade interessa
às classes oprimidas. A formação de um educador competente não é suficiente. É preciso que a
10 competência técnica esteja fundamentada num compromisso político. Porque a competência
depende de um ponto de vista de classe. Não somos competentes em geral, mas somos
competentes para uma classe e não somos para outra”.
Assim, apresenta-se o sistema de ensino como mais uma vítima do modelo de
desenvolvimento adotado, os educadores estão sendo formados com a esperança de exercerem
uma profissão transformadora e importante para nossas sociedades, mas ao mesmo tempo, são
encobertos seus poderes de transformação e mobilização de uma classe pensante e formadora
de opinião. O que se propõe aqui é uma reflexão a respeito do poder transformador que um
educador exerce numa sociedade, amparo para resoluções das questões socioambientais e um
“reajuste interpessoal” para que se possa chegar a essa filosofia de vida e ética pessoal em
equilíbrio com o meio ambiente, portanto na sustentabilidade.
Os problemas do sistema educacional público brasileiro são notórios. O desafio que se
coloca é o da formação de cidadãos críticos e políticos propõem uma transformação nas
atitudes e comportamentos dos indivíduos pertencentes da sociedade, onde, todas as
problemáticas socioambientais são tratadas como consequências da organização que estamos
inseridos.
Gutiérrez (1998, pg. 11) afirma que: “A análise do conteúdo e dos resultados das
reformas educativas já realizadas demonstra o caráter tecnocrático das mesmas, sua
preeminência utilitarista, sua neutralidade e apoliticidade enganadoras”.
No prólogo deste mesmo livro, “Educação como Práxis Política” (1998, pg.9), Paulo
Freire relata a seguinte observação do processo educacional: “O que ocorre, na verdade, é que
há uma politização no processo educacional, assim como há um processo educativo no ato
político, sem que aquele ou este, esgote a compreensão crítica um do outro”.
Tornou-se explícita a inexistência de um discernimento a respeito da origem das nossas
problemáticas socioambientais. A partir do instante histórico-civilizatório, em que a
humanidade iniciou uma convivência social, normas e regras foram surgindo como
instrumentos de padronização atuante no curso de nossa evolução, pois o modelo de
desenvolvimento predominante, por si só, já é um fato histórico-civilizatório e prega uma
visão de progresso muito questionável para a vida na Terra.
Em seu livro, “O Processo Civilizatório” (1998), Darcy Ribeiro nos fala de uma ligação
entre os progressos tecnológicos, das revoluções agrícolas, urbana, do regadio, metalúrgica,
pastoril, mercantil e industrial, com os processos civilizatórios e suas distintas formações
socioculturais. Seguindo essa linha de raciocínio observamos que o desenvolvimento das
sociedades humanas acompanha os avanços tecnológicos, os quais vêm tomando corpo de
uma maneira ofensiva e extrativista em excesso, ultrapassando os limites da natureza da vida
11 e as correlações entre seus componentes, desencadeando assim, um desenvolvimento a
qualquer custo e altamente exploratório. Daí detecta-se o surgimento das desigualdades
sociais e uma manipulação vinda das potencias dominadoras desse modelo de
desenvolvimento, trazendo reflexos dentro do processo educacional e comportamental de um
ser social.
Portanto, torna-se visível a falta de organização na rede de ensino evidencia uma política
muito ausente e pouco informativa para as questões voltadas às melhorias e comprometimento
com um futuro mais duradouro, a profissão de educador se encontra desvalorizada e
desamparada, muito dos próprios profissionais não acreditam mais em seus ideais e poder de
transformação que exercem dentro de uma sociedade.
André Pilon faz uma alusão no que diz respeito a essas tais problemáticas em seu artigo
“A ocupação existencial do mundo: uma proposta ecossistêmica”, no livro “Educação
Ambiental e Sustentabilidade” (2005, pg.310).
“Em um caldeirão efervescente, os problemas surgem como bolhas superficiais e fragmentadas,
mas não devem ser confundidos ou reduzidos a elas; expressam algo mais profundo, um
desequilíbrio fundamental entre as dimensões de mundo, gerando rupturas, isolamento, injurias,
espoliação, manipulação, predação e violência.
Ignorando o caldo efervescente, limitamo-nos às bolhas-problema de superfície, às noticias do
dia-a-dia; na tentativa de pinça-las, desperdiçamos recursos, confundimos o público, geramos
uma exclusão de base, caracterizada pela improvisação, ocasionando mais desamparo,
abandono, desespero e violência”.
Desse modo, fica evidente que para tratarmos dos problemas socioambientais que
vivemos é preciso enxergar mais profundamente e equilibrar as seguintes dimensões de
mundo, segundo o próprio autor: dimensão intima (desenvolvimento da consciência crítica em
face do projeto de vida pessoal e coletivo e seus aspectos cognitivos e afetivos) de cada ser
humano, com a dimensão interativa (formação e convivência em diferentes grupos,
cooperação e atuação solidária), com a dimensão social (elaboração de políticas, direitos e
deveres, participação popular, ética, cidadania, parcerias, advocacia e testemunho público,
comunicação social e prestação de serviços) e com a dimensão biofísica (qualidade do entorno
de vida e de trabalho, equilíbrio ambiental e necessidades vitais, desenvolvimento de fatores
ambientais favoráveis à prática profissional e à qualidade de vida).
Trabalhar a postura crítica e política de um cidadão é uma forma direta de transformar a
base ideológica de qualquer sociedade organizada e tal ato representa mudanças de atitudes,
tomada de posturas e formação de opiniões.
De acordo com Gutiérrez (1984, pg.43)
“O docente tem de aceitar o fato que de seu trabalho depende a transformação radical da
sociedade, e ao mesmo tempo sentir-se uma peça a mais do maquinário estatal; não perceber a
ideologia dominante e ao mesmo tempo ser, indubitavelmente, seu transmissor mais autorizado;
12 ser prisioneiro e, sem o saber, introduzir os jovens na sua própria prisão; estar integrado e ser
integrador; ser apolítico na medida em que sua apoliticidade é a razão principal de sua eficácia
política”.
Despertar um pensamento político em nossos educadores é propor mudanças na estrutura
da organização social, pois estes, são canais de transmissão de culturas e ideais, são
integrantes de uma classe de opinião, por isso, precisam ser mais atuantes na transformação
da filosofia da sociedade em que se encontram inseridos.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Fundamentos históricos e filosóficos dos movimentos ambientalistas
A questão ambiental tem sido o tema de nosso tempo como grande problema a ser
resolvido, inserido nos cenários políticos, históricos, cultural e até mesmo educacional. Nesse
contexto, os ambientalistas surgiram como um movimento poderoso questionador, composto
por pessoas envolvidas nas mais diversas áreas do conhecimento, determinando pensamentos
e ações capazes de mudar a realidade de nosso planeta tomando com princípio toda a sua
complexidade.
Para tanto, a educação ambiental, uma ferramenta essencial do movimento, vem trazendo
polêmicas discussões sobre a sua verdadeira interpretação, pois seus objetivos, ainda estão
muito pouco claros para a maioria dos pesquisadores e responsáveis por ações efetivas, sendo
ainda confundida com o estudo da ecologia. Suas técnicas de intervenção e suas práticas
pedagógicas estão gerando diversas controvérsias. Mas como podemos então definir um
conceito real da educação ambiental? Que técnica e ações são realmente eficazes para torná-la
uma ferramenta indispensável em toda área do conhecimento humano a fim de buscar a
transformação da realidade socioambiental?
Na realidade, o conceito de educação ambiental está ligado às representações sociais,
suas diversas formas de expressão na sociedade e os diversos contextos do cenário
ambientalista e do setor da gestão ambiental, o qual busca tratar de forma efetiva a resolução
de problemas e utilizar a educação ambiental como ferramenta de atuação no meio biofísico.
Nesse contexto, é importante a atuação de educadores na resolução de problemas, na
composição das técnicas pedagógicas que irão interferir diretamente nos problemas reais e
mais complexos da sociedade, deixando de lado o caráter superficial que a educação
ambiental vem tomando em grande parte das ações interventivas.
13 Partimos do princípio de que a educação ambiental deve ser segundo Luzzi (2002):
“Uma educação sustentada num conhecimento complexo e integrada da realidade,
incorporando ao ser humano e as suas problemáticas de vida. Isto indica o surgimento de um
novo campo pedagógico ligado com o compromisso político e social”.
Para que possamos refletir sobre esta questão, devemos tomar como base o cenário em
que emerge na modernidade. Entende-se por este período um processo que se inicia por volta
do século XV na Europa e se estende até os dias atuais, esses 500 anos em que vêm ocorrendo
inúmeras e progressivas transformações no planeta nos diferentes contextos físicos e sociais.
No entanto, os problemas ambientais começam a ter maior visibilidade na organização
capitalista das relações de produção e consumo, mas isso não quer dizer que os problemas
emergiram apenas com o capitalismo. A modernidade foi um período em que a construção da
sociedade se deu amparada em dois pilares, o da emancipação e o da regulação, em que
subsidiaram a construção não apenas da sociedade moderna, mas também do pensamento
científico e da racionalidade como formas de representação do mundo social e natural.
A grande promessa da modernidade visava a emancipação e a liberdade dos homens, do
triunfo do pensamento racional e da ciência como meios para justificar as causas e que a vida
seguiria de acordo com as leis estabelecidas. De fato estas promessas foram tomando um
caráter cada vez mais perversivo ao longo do desenvolvimento sociocultural. Durante esta
evolução, foi cada vez mais visível o aumento das desigualdades e das concentrações de poder
e capital nas mãos das nações desenvolvidas e as disparidades no acesso aos bens de
consumo. Isto nos mostra que a ciência e a razão não foram capazes de promover esta
emancipação e o que vemos é a criação de cada vez mais situações irracionais e a manutenção
da ordem. A provável causa desses imensos déficits deixados pela modernidade foi a
desregulação do pilar da emancipação com relação a uma hegemonia do pilar da regulação,
principalmente pelo tipo de ciência e de leis desenvolvidas a partir do século XIX.
Deste padrão de desenvolvimento fundou-se uma racionalidade econômica através de
práticas produtivas baseadas em pressupostos éticos provenientes da assimilação, adaptação e
transformação do meio e através do desenvolvimento da cultura para que esse novo
paradigma se estabelecesse através da acumulação de capital, da homogeneização dos
modelos produtivos, dos padrões de consumo e dos estilos de vida, levando a uma
estabilização dos equilíbrios ecológicos, a perda de raízes culturais e a dissipação do sentido
da vida humana. A busca de status, de lucro, de prestígio, de poder, substituiu os valores
tradicionais como o sentido do enraizamento, equilíbrio, pertença, coesão social, convivência
e solidariedade.
14 Sobre as modificações culturais que ocorreram ao longo dos tempos, estabeleceu-se o
padrão de desenvolvimento socioambiental vigente, pois as culturas se criam e se
diferenciam, já que os ambientes em que as pessoas vivem são diferenciados. Desde que
nasce o homem é influenciado pelo meio social em que vive, resultando em diferentes
representações sociais, que segundo Reigota (2002, pg.12): “(...) é o senso comum que se tem
sobre determinado tema, onde se incluem também os preconceitos, ideologias e características
específicas das atividades cotidianas (sociais e profissionais) das pessoas”.
Assim sendo, esta racionalidade econômica coloca o mundo às portas de uma sociedade
pós-escassez fundada em valores pós-materiais e que as libera dos constrangimentos das
necessidades. Isso institui uma nova ordem mundial que segundo Enrique Leff (2001, pg.84):
“Para os países industrializados, esta ordem global, polarizada e desigual, propõe uma nova
ética frente à abundância, o desperdício e uso do tempo livre. No entanto, para os países
subdesenvolvidos se traduz num problema de sobrevivência, pobreza critica, satisfação de
necessidades básicas e dignidade humana”.
Frente a essa ordem estabelecida, vivemos uma crise ética cultural para o mantenimento
de uma ordem reguladora, que favorece o acento de uma cultura globalizada que segundo
Edgard Morin (2003, pg.57):
“O que se propõem através da globalização é a homogeneização das culturas para que seu
sistema seja beneficiado, esquecendo que a desintegração de uma cultura sob o efeito destruidor
da dominação técnico-civilizacional é uma perda para toda a humanidade, cuja diversidade
cultural constitui um dos mais preciosos tesouros”.
Sabe-se que esse modelo tem se tornado cada vez mais insustentável e que medidas
precisam ser tomadas, que leve em consideração a relação homem/natureza e o futuro incerto.
(MORIN, 2003, pg. 84): “É preciso aprender a enfrentar às incertezas, já que vivemos em
uma época de mudança em que os valores são ambivalentes, em que tudo é ligado”.
A visão instrumental do mundo natural tem deixado graves consequências, gerando a
destruição das bases de recursos naturais e das condições de sustentabilidade das civilizações
humanas:
“O processo civilizatório industrial expressa a construção de um mundo artificial
adaptado às exigências de sua expansão, fundamentado na redução instrumental-utilitarista do
mundo natural” (BURSZTYN; LEITÃO; CHAIN, 1984, pg. 9)
Todo esse processo desencadeou em desequilíbrios ecológicos em escala planetária, a
destruição da diversidade biótica e cultural, a perda de praticas e valores culturais, o
empobrecimento de uma população crescente e a degradação de qualidade de vida das
maiorias.
15 Essa crise do desenvolvimento econômico nos leva a pensar numa forma de
desenvolvimento alternativo sobre outros valores éticos, outros princípios de produção e de
relacionamento da sociedade sem os quais a vida humana não será sustentável.
No entanto, no final dos anos 60, emergem diversos movimentos sociais em busca da
emancipação, rompendo com os valores deixados pela centralização do poder do Estado pelo
progresso a qualquer custo, emergindo uma nova consciência sobre os limites do crescimento
que vieram à tona com a crise ambiental, levando ao mundo discussões geradas pelos efeitos
sinergéticos e acumulativos do crescimento econômico e da destruição ecológica.
Os problemas ambientais começaram a tomar importância fundamental desde que foram
difundidos ao mundo por ocasião da Conferencia das nações Unidas sobre o meio Ambiente
Humano, celebrada em Estocolmo em 1972, onde as necessidades de proteção e da defesa do
meio ambiente surgiram como objetivos urgentes da humanidade. Para tanto, dever-se-iam
estabelecer novas estratégias incorporadas ao desenvolvimento, para um futuro sustentável e
de equidade social entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos, que segundo Genebaldo
Freire Dias (2003, pg. 105): “A solidariedade e a equidade nas relações entre as nações devem
constituir a base da nova ordem internacional e contribuir para a reunião, o mais cedo
possível, de todos os recursos existentes”.
Para que estes objetivos fossem alcançados, a educação deveria desempenhar papel
fundamental na busca da conscientização e da melhor compreensão dos seres humanos sobre
as problemáticas que afetam o meio ambiente. Ocorre então em 1977 na cidade Tbilisi, capital
da Geórgia CEI (ex-URSS), a primeira Conferência Intergovernamental Sobre Educação
Ambiental, onde se definiram estratégias e finalidades sobre as quais a educação ambiental
deveria dirigir-se. Dentre as determinações principais, a Conferência de Tbilisi estabeleceu
estratégias a serem adotadas no sistema de ensino a fim de preencher as lacunas existentes,
por poder contribuir essencialmente para a renovação do processo educativo. Das finalidades
principais ficou estabelecido que a educação ambiental deveria promover compreensão da
existência e da importância da interdependência econômica, social, politica e ecológica.
Essa visão tomou um caráter subversivo por parte do poder dominante, pois se trataria de
trabalhar a emancipação dos indivíduos segundo Genebaldo Freire Dias (2003, pg. 110):
“A frase induzir novas formas de conduta foi interpretada pelos donos do Brasil, no período
militar, como coisa de subversivo. Afinal essa abordagem de EA não interessou aos países ricos,
uma vez que sentiram feridos seus interesses, na América latina principalmente, e logo trataram
de boicotá-la. Em nosso país esse boicote foi executado pelo MEC, que passou a tratar a EA
como Ecologia, apenas de forma deliberada (...)”.
Esta visão reducionista da educação ambiental trouxe hoje as controvérsias sobre suas
definições, o que de fato incita uma urgente transformação no sistema educacional a fim de
16 que se introduza o pensamento complexo que de acordo com a 1
a recomendação da
Conferencia de Tbilisi (DIAS, 2003, pg. 107):
“Um objetivo fundamental da educação ambiental é lograr que os indivíduos e a coletividade
compreendam a natureza complexa do meio ambiente natural e do meio ambiente criado pelo
homem, resultante da integração dos seus aspectos biológicos, físicos, sociais, econômicos e
culturais, e adquiram os conhecimentos, os valores, os comportamentos e as habilidades práticas
para participar responsável e eficazmente da prevenção e solução dos problemas ambientais, e
da gestão da qualidade do meio ambiente”.
Ao propor um novo modelo de educação, que vise melhorias nas condições de vida dos
seres humanos, não se pode deixar de analisar onde essas melhorias precisam ser feitas.
Dados relevantes demonstram a tamanha desigualdade social e até mesmo cultural na
coexistência dos povos dentro do ecossistema, uma parcela imensa de miséria e pobreza
acompanha a evolução sociocultural da população mundial, a qual se encontra num constante
devir, uma verdadeira dialética.
Estamos vivendo um principio de século meio a uma emergência socioambiental com
tendências a agravar-se caso mantenha-se nesse ritmo de degradação; um problema que
nasceu com nossa cultura extrativista, estilos de pensamento, nos valores, nos pressupostos
epistemológicos e no conhecimento, que configuram o sistema politico, econômico e social
organizado pelo modelo de sociedade humana. Essa emergência, segundo Luzzi, é mais que
ecológica, é uma crise de estilo de pensamento, do imaginário social e do conhecimento que
sustentaram a modernidade, dominando a natureza e mercantilizando o mundo. Luzzi nos
descreve que a crise do ser no mundo se manifesta em toda sua plenitude, tanto nos espaços
internos do sujeito como nos externos, destaca-nos as condutas sociais autodestrutivas, a
degradação da natureza e da qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, quando se relata
que a solução dos problemas do presente não se resume na mera gestão dos recursos naturais,
nem na incorporação das extremidades ambientais aos processos produtivos, pois de acordo
com Luzzi (2005, pg. 381): “A resolução requer amadurecimento da espécie humana, ruptura
das hipocrisias sociais, construção de novos desejos, de novos horizontes, de novos estilos de
pensamento e de sentimento”.
Nossa espécie depara-se numa encruzilhada que se exige uma auto examinação em busca
de novos rumos e reflexões sobre a nossa cultura, crenças, valores e conhecimentos dos
comportamentos cotidianos e paradigma antropológico-social que persiste nas ações, no qual
a educação assume uma vasta responsabilidade.
Em seu artigo, Luzzi nos cita Leff (2000, pg.382), onde este autor de merecido destaque
diz:
“Desse modo, a educação deve produzir seu próprio giro copernicano, tentando formar as
gerações atuais não somente para aceitar a incerteza e o futuro, mas para gerar um pensamento
17 complexo e aberto s indeterminações, às mudanças, à diversidade, à possibilidade de
construir e reconstruir em um processo contínuo de novas leituras e interpretações do já
pensado, configurando possibilidades de ação naquilo que ainda há por se pensar”.
Hoje temos adjetivos para a educação, devido às urgências de intervenções no meio
ambiente, porém, essas adjetivações são problemáticas, pois ou a educação será ambiental ou
não será, não há diferentes métodos para educarmo-nos no sentido de permitir rumarmos para
uma sociedade sustentável e que nos encaminhe na busca do sentido e significação para a
nossa existência, portanto, segundo Luzzi (2005, pg. 382), utilizando texto de Carvalho
(2000):
“É fundamental uma educação que permita desvelar os sentidos da realidade, problematizando
as interpretações das diferentes forças sociais existentes, pois, ao interpretar as interpretações
vigentes, essa pratica educativa abre um campo de novas possibilidades de compreensão e
autocompreensão do reposicionamento e compromisso dos sujeitos na problemática ambiental.
A maior contribuição da Educação Ambiental estaria no fortalecimento de uma ética
socioambiental que incorpore valores políticos emancipatórios e que junto com outras forças
que integram o projeto de cidadania democrática, reforce a construção de uma sociedade justa e
ambientalmente sustentável”.
Muitos dos programas de educação ambiental limitam-se na preocupação à conservação
da natureza, sem prestar atenção à vida humana; o infelizmente fica por conta da
concretização de ilusórios programas de soluções, sim, amenizam impactos, porém não são
eficazes na continuidade do resultado de suas ações, ou seja, eles não são suficientes, ficando
aqui o felizmente, pois dos erros chegamos aos acertos. Os seres humanos possuem uma
capacidade de aprendizagem por vivencia e observação, sendo assim, temos modelos que não
possuem eficácia de resultado no que diz respeito à melhoria da qualidade de vida das
pessoas. O que se necessita é de programas voltados para a formação humana, uma educação
transformadora e emancipadora.
Surgem assim, inúmeros questionamentos sobre a legitimidade social das ações
ambientalistas, pois se estamos lutando por um mundo que vale a pena ser vivido, por quem
ele deve ser vivido? Desse modo, começamos a nos interrogar também se realmente uma
árvore vale mais do que uma vida humana. Essa complexa forma de pensar expõe que não
adianta tentar resolver os problemas do meio ambiente à margem dos problemas das pessoas.
Como é que vamos conscientizar uma população miserável e ribeirinha de que ali não é o
melhor lugar para se viver se eles não têm opções de habitações dignas nas proximidades dos
centros urbanos? Ou também, mobilizá-los sobre as questões de esgoto doméstico despejado
no riacho, córrego ou rios se não há uma canalização desse esgoto e nem galerias de ductos
condutores? Será que a solução é levar essas populações para as regiões de mananciais como
18 se tem feito? Ou seria melhor prendê-los nos campos na vida de eternos plantadores dos
grandes latifundiários? Qual a chance de evolução social para essas pessoas?
Concordo com Luzzi (2005, pg. 383), quando nos diz que:
“A educação ambiental não pode nem deve estar à margem dos movimentos sociais que lutam
por uma vida melhor para todos, por uma educação pública gratuita de qualidade, pelo acesso à
água potável, à moradia digna, pelo direito à saúde, ao trabalho, à cultura e à liberdade, isto é,
pelo atendimento às necessidades básicas da população”.
Dessa forma, nesse contexto, a educação ambiental se mostra num sentido que visa
transformar as sociedades em busca de um presente e de um futuro melhor, ela é uma
educação para o exercício da cidadania e que se propões a formar pessoas que assumam seus
direitos e deveres sociais, como também, formar cidadãos que adotem uma atitude mais
participativa e crítica em suas vivências cotidianas.
Segundo Luzzi (2005, pg. 399): “A educação ambiental marca uma nova função social da
educação, não constitui apenas uma dimensão, nem um eixo transversal, mas é responsável
pela transformação da educação como um todo, em busca de uma sociedade sustentável”.
Essa é a nova faceta da educação, cujas facetas já foram das mais diversas desde o
processo civilizatório às evoluções socioculturais, as quais ainda estão em acontecimentos,
pois a vida nesse ecossistema não se dá por formada, ainda está em processo evolutivo, e o
que já foi imensamente direcionado às produções tecnológicas, hoje, necessita estar vinculado
com as ideias de sustentabilidade social, e de uma forma complexa dentro do sistema
educacional das nações.
A educação ambiental em seu processo político e pedagógico veio para formar e mudar
valores individuais, e sociais, preparando-os para a reflexão crítica e para a ação social
corretiva ou transformadora frente aos problemas ambientais da sociedade em razão de sua
complexidade relacional que afeta a qualidade de vida e saúde da população.
Conforme os princípios básicos da proposta da Conferência de Tbilisi, o item dez faz
alusão à: “Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para
comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, acentuando devidamente as
atividades práticas e as experiências pessoais”.
Isso caracteriza a necessidade da utilização dos recursos pedagógicos disponíveis,
considerando e questionando verdadeiramente no direcionamento de uma prática que integre
os saberes quanto do seu caráter interdisciplinar, de modo que estabeleça a relação causa e
efeito dos processos de degradação com a dinâmica dos sistemas sociais, abordando o ser
humano como agente e objeto dessa história, capaz de transformar, como de receber a
influência dos fatores sociopolíticos, econômicos e culturais.
19 Segundo Pelicioni, (2004, pg. 470):
“Para transformar a realidade é preciso conhecê-la profundamente, conhecer as necessidades,
interesses dificuldades, sonhos e expectativas dos grupos sociais que formam a sociedade.
Definem-se a partir daí os instrumentos e a metodologia a ser utilizada em função dos objetivos
educativos estabelecidos”.
Nos estudos do campo educativo, durante anos, houve uma hegemonia condutivista que
abandonou o estudo de aprendizagem nas salas de aula por causa de sua concepção
reducionista, adotando a mecanização na escola em tarefas não significativas. Nesse contexto,
entre pesquisadores e estudiosos referentes aos tipos de aprendizagens aplicáveis aos seres
humanos, Ausubel criara uma teoria que se tratava da aprendizagem verbal significativa, que
diz, que se o receptor da informação consegue ancorar o conhecimento novo no conhecimento
velho de forma interativa, fazendo com que ambos influenciem-se mutuamente num processo,
ocorre uma aquisição de novos significados de seu conhecimento antigo.
No que tange esse modelo, há uma compreensão através da linguagem verbal recebida,
levando em conta a dimensão da subjetividade dos educadores e dos educandos como uma
dimensão fundamental, desafiante e enriquecedora no que diz respeito às questões ambientais
e seus programas de educação. Portanto, uma relação dialógica e horizontal entre as partes,
sempre lembrando o docente do significado de cada aluno para adequar o conteúdo a ele por
meio da linguagem verbal. Contudo, os educadores conscientes ou inconscientemente estarão
se explicitando a partir de um desvelamento das representações dos sentimentos e das
concepções deles próprios a fim de que seja um processo coerente, transformador e radical.
De acordo com Coll; Palácios; Marchesi (1996, pg. 70): “Desse modo, Ausubel,
considera evidente que a principal fonte de conhecimento provém da aprendizagem
significativa por recepção”.
Tal fato se faz verdadeiro quando se nota que a humanidade construiu, armazenou e
acumulou seu conhecimento e cultura, através dessa recepção significativa.
Esclarece Pelicioni em seu artigo “Fundamentos da Educação Ambiental” (2004, pg.
468):
“Não é o educador que educa, mas o educador é aquele que cria condições para que as ideias, o
conhecimento, sejam incorporadas pelo educando. Esse conhecimento, para fazer parte da vida
do educando, precisa ser aceito como verdade, precisa ser valorizado e corresponder às
necessidades sentidas. O educador estimula o educando que, motivado, valoriza as ideias, de
modo a ter certeza de que elas serão significativas para a sua vida”.
Dessa interação humanista, cabe ao professor uma tomada de postura reflexiva crítica
comprometida com a práxis educativa, a fim de que se torne capaz de intervir e transformar a
abordagem sociocultural respondendo aos desafios que se encontram, utilizando-se de suas
ferramentas de trabalho quanto ao caráter interdisciplinar, sendo apropriadores desse saber
20 acumulado e dessa nova sensibilidade, com o objetivo de atender às necessidades dos
alunos quanto ao aspecto de suas vivências e de seus próprios significados.
Sendo assim, é preciso saber usar o conhecimento que o professor dispõe fundamentado
nas ciências humanas, dando uma nova forma de trabalhar com a informação, estando
convicto da mudança qualitativa, já que a metodologia docente interfere na aquisição da
informação no que diz respeito ao exercício do pensamento à busca de significados para as
ações cotidianas. Para tanto, o saber fazer pedagógico, proveniente de seus conhecimentos
específicos pela sua experiência didática, sustenta um fazer do aluno com o conhecimento,
através do significado que o próprio aluno atribui para a sua vida, ou seja, de seu interesse
pessoal frente ao tipo de conteúdo passado. Por isso, os valores com que trabalha a educação
ambiental são extremamente importantes, já que a formação pretendida, abrindo espaço para a
construção desses valores através do processo ensino ativo e participativo.
Desse modo, com relação à qualidade da aprendizagem, menciona Coll; Palácios;
Marchesi (1996, pg. 72-73):
“A superioridade da aprendizagem significativa reside no estabelecimento de conexões
significativas entre os novos conhecimentos e os já existentes, emprestando-lhe, estes últimos,
sua estabilidade, ao passo que, na aprendizagem repetitiva, as conexões são arbitrarias e
meramente associativas, estando mais sujeitas aos efeitos da interferência. Além disso, depois
que a assimilação obliterativa, ou seja, o esquecimento tenha ocorrido, os conceitos que
serviram de andaimaria para a aprendizagem significativa adquiriram uma maior diferenciação e
um maior poder para estabelecer relações significativas com novos materiais. Pelo contrário na
aprendizagem repetitiva, depois do esquecimento, não se produz a mesma intensificação das
possibilidades de novas aprendizagens (Ausubel, Novak e Henesian, 1978, pg.138 e 144).
Dois recursos importantes desse processo ensino-aprendizagem são a informação e a
vivência participativa; a informação previamente acumulada pela cultura social, ou seja, por
sua própria vivência dentro de uma determinada sociedade, passa a ser objeto de trabalho dos
alunos que analisam e discutem para serem utilizadas como “ferramenta” de compreensão dos
problemas da realidade, assim como suas soluções.
Partindo do pensamento de que se aprende a participar, participando, fica sob orientação
do professor propiciar experiências que levem os alunos ao real contato com o meio ambiente,
observando as relações sociais que se dão, explorando e coletando informações para permitir
a constatação das características e reações dele à nossa atuação. Assim, essa relação significa
um descobrimento de uma visão de mundo mais compreensiva que parte de uma mola
propulsora dos alunos, ou de seus interesses, próprios da idade ou do processo de maturação,
no que compete ao desenvolvimento da capacidade de participar e se relacionar com o mundo,
sem perder de vista a relação com o “outro” dentro de uma maneira organizada.
21 Nessa contribuição, a escola passa de informativa para formativa no que diz respeito à
capacidade dos alunos na criação e ampliação de espaços participativos nas tomadas de
decisões frente aos problemas socioambientais desenvolvendo também, a consciência
ambiental na juventude.
Trabalhar significativamente seus respectivos conteúdos, amparados aos da educação
ambiental, se faz como uma estratégia esperançosa para a formação de novos cidadãos, e, por
conseguinte disso, uma nova sociedade, melhor organizada e menos desigual, pois se ela é
hoje assim, é devido justamente aos que se formou. No que diz respeito às praticas docentes e
contribuição das escolas na formação dessa nova sociedade, primeiramente, as escolas devem
formar novos professores e auxiliá-los pedagogicamente em suas atividades, e só uma prática
interdisciplinar mostra-se capaz de iniciar esse processo complexo de transformação
educacional humana.
Segundo Boff (1997, pg. 72):
“Complexidade é uma das características mais visíveis da realidade que nos cerca. Por ela
queremos designar múltiplos fatores, energias, relações que caracterizam cada ser e o conjunto
dos seres do universo. A ciência moderna, nascida com Newton, Copérnico e Galileu Galilei,
não soube o que fazer da complexidade. A estratégia foi reduzir o complexo ao simples. Por
exemplo, ao contemplar a natureza, ao invés de analisar a teia de relações complexas existentes,
os cientistas tudo compartimentaram e isolaram. (...) Assim, começaram a estudar só as rochas,
ou só as florestas, ou só os animais ou só os seres humanos. E, nos seres humanos, só as células,
só os tecidos, só os órgãos, só os organismos, só os olhos, só o coração, só os ossos, etc. Desse
estudo, nasceram os vários saberes particulares e as várias especialidades. Ganhou-se em
detalhe, mas perdeu-se em totalidade”.
A base do pensamento disciplinar que apresenta esse reducionismo traduz o mundo em
inúmeros pedaços, em partes cada vez mais especializadas que acaba por limitar e engavetar
toda a complexidade de nosso campo educativo, definindo uma única maneira como a
maneira “correta de pensar”. É dessa perspectiva que o mundo se transformou em objeto
externo ao conhecimento a partir do século XV da sociedade ocidental.
Essa visão de mundo predominante na modernidade se estendeu até o nosso tempo
presente e ordenou o mundo numa base de uma serie de dualismos, delineando um modo de
conhecer, portanto, no de conceber o mundo e pensar nele, sobre ele. Essa racionalidade
moderna abriu caminho para uma crise pela sua organização e produção na sociedade
ocidental quanto do seu conhecimento acumulado.
Salvo esses acontecimentos, a crítica sobre essa perspectiva provoca numa irrupção de
um novo paradigma que conceituado recebe o nome de interdisciplinaridade.
Assim, a autora Isabel Carvalho (1998, pg. 09) coloca: “Poderíamos definir
interdisciplinaridade como uma maneira de organizar e produzir conhecimento, buscando
integrar as diferentes dimensões dos fenômenos estudados”.
22 Pela razão de compreender as complexas interações entre os processos econômicos,
políticos, históricos, biológicos e geográficos que fazer parte da problemática socioambiental,
é preciso uma nova postura que exija mudanças profundas na pratica educativa, quanto aos
modos de ensinar, como de seus métodos, conteúdos curriculares, reestruturação do tema e
organização de uma equipe de professores empenhados e auxiliados continuamente em seus
afazeres.
Desse enfrentamento aos problemas ambientais, decorre uma noção de meio ambiente
que coloque a questão homem/natureza em um diálogo permanente no qual ambos se
interagem e se afetam num processo recíproco, evidenciando essa estreita conexão entre o uso
e a degradação dos recursos naturais e do modelo socioeconômico e cultural vigente. Porém,
para que tenhamos um expressivo sucesso ao trabalharmos interdisciplinarmente dentro de
um ambiente escolar, é necessário e de suma importância que os educadores estejam
engajados em um mesmo projeto educacional, o que não quer dizer que ele venha a ser um
projeto único e determinado, mas sim, construído em conjunto com as diversas áreas
disciplinares.
2.2 Aspectos socioculturais
Partindo de um pensamento, do qual enxergamos um pouco mais a fundo sobre o que se
passa nas relações existentes dentro do nosso meio ambiente e seus conflitos para a
sobrevivência das espécies, podemos classificar a problemática do meio ambiente nas fases
natural e civilizatória. A fase natural, grosseiramente resumida, transparece àquela ideia
comum de que a vida humana em si, já é uma interferência dentro de um ecossistema e não só
a humana, mas todas as formas de organismos que respiram, pois todos eles são consumidores
de algum tipo de recurso para se manterem vivos em seu habitat, portanto, alteram um
determinado sentido de ambiente, assim, incluiríamos nossa contribuição para as
consequências de nossa coexistência, ou de uma forma mais clara, os impactos que causamos
com nossas maneiras de consumir os recursos de que necessitamos para mover a organização
civilizacional que fomos construindo ao longo dos anos, ao rumo que nossa evolução vem
tomando no modelo desenvolvimentista. Isso é algo que nos acomoda e conforta
ilusoriamente com o caminhar dos acontecimentos no decorrer dos anos. A naturalidade dos
fatos evolutivos sociais nos traz uma realidade de acasos e contextos explicativos sobre a
situação da problemática do meio ambiente, dentro da qual, permaneceríamos como apenas
vítimas da seleção natural, ou seja, não teríamos participações emergentes nos agravos da
23 questão, seria como isentar nossa conduta de vida, perante aos impactos gerados por nossa
organização social.
Trazendo a temática para a realidade, chegamos num ponto mais amplo da questão,
onde os acontecimentos de registros das alterações ambientais são fatos produzidos pela
estrutura civilizacional e sociocultural que dispomos através dos anos. O progresso
tecnológico atua com duas faces nessa questão e ao longo do processo civilizatório, de acordo
com Darcy Ribeiro em “O processo civilizatório: Etapas da evolução sociocultural” (1998,
pg. 39).
“A história das sociedades humanas nos últimos dez milênios pode ser explicada em termos de
uma sucessão de revoluções tecnológicas e de processos civilizatórios através dos quais a
maioria dos homens passa de uma condição generalizada de caçadores e coletores para diversos
modos, mais uniformes do que diferenciados, de prover a subsistência, de organizar a vida
social e de explicar suas próprias experiências”.
De certo modo, não seria o progresso tecnológico o maior responsável pela situação do
meio ambiente, sua metodologia organizada, teoricamente, se mostra até possível para um
desenvolvimento em comum, porém, a individualização que o acompanha nos processos
vivenciados ao longo dos anos é que assume a “meia culpa” por estarmos evoluindo por vias
extremas de sobrevivência.
Nossa formação cultural vem se dispondo de forma relacionada à forma de estar no
mundo, ou seja, dos métodos utilizados para nos mantermos vivos dentro do ecossistema, e
esses métodos, dita as regras da sociedade organizada desde os primórdios das correlações
humanas até os dias atuais, pois as revoluções tecnológicas e os processos civilizatórios
rumam em pares, são interligados.
Darcy Ribeiro (1998, pg.58) nos cita Gordon Childe e sua classificação para
“revoluções culturais”, na qual há a distinção por parte do mesmo, em três encadeadas
revoluções. Partindo de uma pré-evolução que se confundo com o próprio processo de
humanização, que fez o Homem transcender da escala zoológica para situar-se no plano da
conduta cultural, chega-se nas três distintas revoluções culturais de Childe, que são: a
“Revolução Agrícola”, a “Revolução Urbana” e a “Revolução Industrial”, sempre em busca
de uma maior acomodação para a espécie humana.
Da revolução agrícola, introduz-se o cultivo de plantas e a domesticação de animais no
sistema produtivo, transfigurando a condição humana a saltar da situação de apropriadora do
que a natureza provê espontaneamente à posição de organizadora ativa na produção. Agora,
com o domínio das culturas agrícolas, o ser humano começa a manusear e impor regras ao
consumo de suas sociedades, o que foi desencadeando a dominada Revolução Urbana, com
novos progressos produtivos, como a agricultura de regadio, a metalúrgica e a escrita,
24 conduzindo a dicotomização interna das sociedades numa condição rural e também, numa
condição urbana e à sua estratificação em classes sociais, além de outras profundas mudanças
na vida social e no patrimônio cultural das sociedades atingidas. Emergindo da Europa
Ocidental, mais precisamente em 1750, na Inglaterra, a Revolução Industrial trouxe para os
contextos sociais a descoberta e a generalização de conversores de energia inanimada para
mover dispositivos mecânicos responsáveis também por novas alterações fundamentais na
estratificação social, na organização politica e na visão do mundo de todos os povos.
Para correlacionarmos as revoluções tecnológicas com as formações socioculturais,
identifica-se um maior numero delas e as coloca numa ordem sucessiva onde a revolução
urbana, faz-se suceder a revolução de regadio, que proporcionou as bases tecnológicas para a
configuração das primeiras civilizações regionais. Através de inovações prodigiosas na
construção de grandes canais de irrigação e novos barcos para a navegação; de sistemas de
estradas, de edificações ciclópicas (pirâmides, templos, palácios), de cidades urbanizadas,
além de escrituras ideográficas, de sistemas uniformes de pesos e medidas e de
desenvolvimento científicos. Seguindo a isso temos as revoluções metalúrgicas,
correspondentes à idade do ferro dos arqueólogos, nela aprimorou-se a tecnologia de ferro
forjado, a manufatura de ferramentas, a moeda cunhada, e inventaram o alfabeto e a notação
decimal. Logo depois vem a revolução pastoril, com a aplicação das inovações aos problemas
de utilização de animais para a tração e para a cavalaria de guerra, bem como o
aperfeiçoamento do emprego da energia hidráulica e eólica para fins produtivos. Antecedendo
à revolução industrial, temos as revoluções mercantis, assentadas na tecnologia da navegação
oceânica e das armas de fogo e responsável pela ruptura com o feudalismo europeu abrindo os
mares para exploração de outras regiões, colonizando seus povos nativos e dando início a um
processo que hoje chamamos de globalização, que em minha percepção é uma uniformização
cultural dos povos. Mas é a Revolução Industrial que se destaca um maior agravo à formação
da cultura social humana, pois com a industrialização, as sociedades vão seguindo por um
caminho de desenvolvimento a qualquer custo, onde produzir e comercializar são as fontes
para a subsistência e ela sustenta o sistema capitalista dando força e gerando necessidades
dentro de sua própria estrutura, necessidades essas que se fazem induzidas para o contínuo
progresso tecnológico industrial. O trabalho nas indústrias era algo desumano, os operários
chegavam a trabalhar de 12 a 18 horas por dia, ganhavam uma alimentação e um inexpressivo
saldo capital, começando assim, as desmedidas desigualdades sociais.
“As formações socioculturais geradas pela Revolução Industrial têm como classe
dirigente uma burguesia urbana que desde a etapa anterior se vinha fortalecendo e forçando a
25 reordenação da sociedade segundo seus interesses. Tal era o empresariado que crescera
tirando proveito das oportunidades de enriquecimento ensejadas pela restauração do sistema
mercantil europeu, pela apropriação dos bens eclesiásticos tornados possíveis pela reforma,
pelo confisco dos baronatos feudais e dos direitos comunitários do campesinato. A essa
acumulação de recursos acrescentara-se depois, a riqueza proveniente do saque colonial, da
exploração maciça do escravismo e da monetarização das economias”. (Ribeiro, 1998, pg.
192)
De acordo com Ribeiro (1998, pg.197), no que diz respeito ao desenvolvimento
industrial:
“Nos seus primeiros passos, o processo de industrialização é principalmente dissociativo e
extremamente conflitivo. Internamente, agrava ainda mais os efeitos deletérios da reorganização
capitalista, aprofundando a diferenciação social, destruindo os remanescentes dos antigos
sistemas ocupacionais de base agrária-artesanal e incrementando o Ascenso demográfico sem
ser capaz de absorver nas fábricas e nos serviços os contingentes de mão-de-obra que produz e
libera. Provoca uma intensificação do contingente do êxodo rural-urbano, acumulando nas
cidades enormes massas marginalizadas”.
Sendo assim, verifica-se uma diferenciação de classes e também, um excedente
populacional começando a se expandir pelas cidades urbanizadas e industrializadas, pois a
população queria parte do bolo econômico e oportunidade de enriquecimento, como também,
as indústrias de mão-de-obra para o período de produção. Nos países precocemente
industrializados (Inglaterra, França e em seguida os EUA) graças ao constante crescimento da
produtividade e desgaste do excedente populacional, conseguem, a certa altura, elevar
substancialmente o padrão de vida de suas populações; organizar regimes democráticos-
parlamentares que ensejam uma participação crescente do povo na formação dos órgãos do
poder politico; escolarizar toda a população em escolas publicas de nível elementar e, mais
tarde, levar parcelas crescentes à educação de nível médio e superior, o que se fez como uma
atitude positiva ao desenvolvimento da nação. Simultâneo a isso melhorou os níveis de
sanidade, alargando a expectativa de vida e formulando novos ideais de liberdade, de justiça e
de igualdade, portanto, sabemos que a industrialização não foi tão eficaz em todos os
cenários, muitos países, talvez pela própria colonização não pode ser considerado
industrialmente desenvolvido, pois em alguns deles, como é o caso do Brasil, esse processo se
fez tardio e mal estruturado, amplamente desorganizado, onde vastas problemáticas
desencadeadas por esse modelo de desenvolvimento.
Considerado como um país em desenvolvimento, o Brasil enfrenta um grave problema
de distribuição de renda e não tem na indústria uma participação ativa na vida econômica,
26 pois importa mais do que exporta, além disso, predominam as indústrias de bens de
consumo não sofisticados e que não exigem uma infraestrutura industrial complexa.
Outro problema, segundo Pérsio de Oliveira em “introdução à Sociologia” (1995,
pg.148):
“Há baixa utilização de mão-de-obra nas indústrias de bens de consumo e de bens de capital
(maquinas e equipamentos) existentes. Assim, em razão de seu reduzido tamanho e da adoção
de tecnologias que poupam mão-de-obra, o setor industrial é incapaz de absorver o grande
contingente de trabalhadores que ingressam todos os anos no mercado de trabalho urbano”.
Partindo então para o crescimento desordenado das metrópoles, marginalização dos
menos oportunados e ao extremo aumento da miséria, somando às condições sanitárias de
instalações dessas indústrias, o que causa um agravo imenso ao ambiente biofísico de
sobrevivência das espécies.
Ainda hoje estamos expostos a uma Revolução Industrial e como as coisas progridem,
que denominamos de Revolução Termonuclear, e se desencadeia com as energias eletrônicas,
atômicas, com a automação, raios laser, etc., cujas potencialidades de transformação da vida
humana serão provavelmente tão radicais quanto às das revoluções tecnológicas que
acompanha.
Efetivamente, após um período de descenso no ritmo de processo tecnológico, entre a
ultima década do século passado e as três primeiras deste, a criatividade científico-tecnológica
voltou a crescer de forma extraordinária e desde a última guerra acumulou uma soma de
inovações na capacidade humana de ação, de pensamento, de organização e de planejamento,
configurando-a como uma nova revolução tecnológica e que desencadeia um processo de
formação sociocultural impactante nas civilizações atuais.
As inovações tecnológicas iniciadas ao final do século passado fazem-se sentir na vida
diária do homem contemporâneo, principalmente através de uma torrente de novos materiais,
de novos tipos de máquinas automatizadas e de formas revolucionárias de comunicação em
massa e de difusão. Faz-se sentir também, como efeito da multiplicação da acuidade dos
sentidos humanos através da contração do espaço e da extensão do tempo em graus antes
inimagináveis. Porém, seus efeitos cruciais estão concentrados na tecnologia militar, que lida
com potencialidades absolutas de destruição da vida na terra.
De acordo com Ribeiro (1998, pg. 233):
“As promessas da nova tecnologia, de proporcionar prodigiosas fontes de energia e uma
abundância teoricamente limitada de bens e serviços, são ainda meras expectativas. Entretanto,
à medida que essas promessas entrem a cumprir-se, terá inicio um novo movimento do processo
evolutivo pela morte da economia da escassez e o advento da economia da abundância, no bojo
da qual deverão transmudar-se todas as formas atuais de estratificação social”.
27 Sabe-se então, que não se faz interesse das grandes potências econômicas a igualdade
entre as classes sociais, pois se houvesse, não seria necessário as dividirmos em classes e
contra essa tendência, ergueram-se com vigor desesperado na luta pela sobrevivência, todos
os interesses privatistas, cujos privilégios se assentam na desigualdade social, sendo assim,
percebe-se que há uma universalização cultural desenvolvimentista das sociedades, onde
temos em questão as vias que se efetivarão e os modelos de sociedade que deverão configurar
os povos. Nesse sentido, condicionado pela característica básica da evolução sociocultural,
que atua por saltos nos processos produtivos, surge um novo processo civilizatório âmbito
universal, que não se dá pela enunciação teórica de novos princípios, mas pela multiplicação
dos frutos de sua tecnologia.
A Revolução termonuclear, mesmo nesses seus primeiros passos, colocou nas mãos das
sociedades mais avançadas comas tão fantásticas de poder destrutivo, construtivo e constritivo
que tanto pode conduzir o homem ao reino da fartura e da equidade como pode desencadear
um processo de deterioração sociocultural até biológica mais profundo que qualquer das
regressões anteriores, e nesse poder de modelar o futuro, está sua característica distintiva de
revolução tecnológica, pois qualquer que seja seu porvir, o homem terá transitado por essa
etapa e será marcado indelevelmente por ela.
Desde seus primeiros passos, a Revolução Termonuclear provocou a mobilização de
todos os quadros científicos das respectivas áreas de influências para tarefas de investigação
de natureza militar e segundo Ribeiro (1998, pg. 236): “As universidades e os centros de
pesquisas assim conscritos perderam grande parte da autonomia e até mesmo a capacidade de
exercerem suas funções decisivas de núcleos de pensamento independente e de criatividade
cultural livre”.
O caráter acumulativo do progresso tecnológico e a aceleração do seu ritmo permitem
supor que, nas próximas décadas, ainda neste século, conheçamos transformações mais
radicais.
É necessário que se tenha limites à flexibilidade do homem para ajustar-se às condições
impostas pelo ambiente, pois as ameaças que hoje já pesam sobre a humanidade levam a
temer que estejamos alcançando esses limites, arriscando ultrapassar nossa linha fatal se não
forem desenvolvidas formas racionais de controle da vida social, econômica e politica que
habilitem os povos ao comando científico-cultural de todos os fatores capazes de afetar seu
equilíbrio emocional e sua sobrevivência sobre a Terra. Sendo assim, somente um
desenvolvimento ecossistemicamente sustentável, subsidiado por um processo educacional
ambientalmente correto, ou ao menos próximo do equilíbrio das relações ecológicas,
28 tornaremos possível uma formação sociocultural que respeite a pluralidade cultural dos
povos e dê condições mais justas de vida social às populações do planeta.
De acordo com uma concepção marxista da educação citada por Gadotti (2003, pg.46)
“O homem é o que se faz socialmente: não é cria-se. Cria-se a si mesmo, por seus atos: “na
produção social” da própria existência, os homens entram em relações determinadas, necessária,
independentes de sua vontade; estas relações de produção correspondem a um grau determinado
de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais”.
E assim, nossa educação se faz em primeira instância, como um método de produção de
vida material, condicionando o processo de vida social, politica e intelectual dos indivíduos
da sociedade organizada.
2.3 Aspectos qualitativos da Gestão Ambiental
“O insondável (Tao) que se pode sondar
Não é o verdadeiro Insondável.
O Inconcebível que se pode conceber
Não indica o Inconcebível.
No Inominável está a origem do Universo.
O que é Nominável constitui a mãe de todos os seres.
O Ser indigita a Fonte Cognoscível.
O Existir nos leva pelos canais cognoscíveis.
Ser e Existir são a Realidade total.
A diferença entre Ser e Existir
É apenas de nomes.
Misterioso é o fundo
Da sua unidade.
Eis em que consiste a sabedoria suprema”. Humberto Rohden traduz Lao Tsé (2007, pg.
24).
Esse poema é o primeiro dos manuscritos de Lao-Tsé nomeado de o Uno e o Verso do
Universo do livro milenar “Tao Te Ching”. Escrituras tão antiga, mas que evidencia
princípios tão cabíveis nos dias atuais e nos serve como base para mencionar o quão relativo
somos em relação ao Universo, ao Absoluto, ao Todo, ao Infinito, à Essência, à Fonte, à
Causa, à Suprema Realidade, à Divindade, à Inteligência Cósmica, à Consciência Invisível, à
Consciência Universal.
Humberto Rohden traduz Lao Tsé (2007, pg. 24): “A sabedoria de Lao-Tsé é tipicamente
univérsica: do Uno emana o Verso; o Verso está no Uno e, embora o Uno do Infinito
transcenda todo o Verso dos Finitos, estes estão imanentes naquele”.
Dessa forma, como pode o ser humano com o seu pequeno cérebro e conhecimento
lógico limitado compreender a si mesmo e todo o ambiente a sua volta? Quando se nomeia,
conceitua, sonda ou vocaliza, nós reduzimos a um plano finito o infinito, parcializamos o
29 Todo, personalizamos o Impersonal, relativizamos o Absoluto. A única forma de
enxergarmos mais além, não é visualizando, mas sim permitir que sejamos invadidos pelo
Todo.
Essa tensão entre forma e substancia é secular. Como substância pode-se entender a
matéria, estruturas, quantidade, já na forma entende-se padrão, ordem, qualidade. Aristóteles
denominou de enteléquia o processo de autorealização da essência nos fenômenos efetivos,
ou seja, para ele, a matéria contém a natureza essencial de todas as coisas, mas apenas como
potencialidades e é por meio da forma que essa essência torna-se real, ou efetiva,
caracterizando assim, a “autocompletude”. Mas este postulado nem sempre vigorou no
desenrolar de nossa história, o pensamento mecanicista teve seu apogeu nos séculos XVI e
XVII, devido a grandes descobertas da física, astronomia e matemática, conhecidas como
Revolução Científica, que consistia na noção de mundo como uma maquina e não mais como
um universo orgânico, vivo e espiritual. Descartes criou o método do pensamento analítico
que postulava que para compreender o comportamento do todo, deve-se quebrá-lo em pedaços
e a partir de suas partes estuda-se as propriedades do todo complexo. Essa concepção
cartesiana perdura em muitas áreas, grupo e segmentos da sociedade atual, mas ela por si só
não pode ser a única ferramenta a ser utilizada quando se fala em meio ambiente.
Vários cientistas foram durante o passar dos anos, opondo-se a visão dessa biologia
mecanicista e na virada do século XX, o embriologista alemão Hans Driesch iniciou uma
pesquisa que o levou a concluir uma formulação da primeira teoria do vitalismo, citado por
Capra (1996, pg. 39):
“Quando Driesch destruía uma das células de um embrião no estágio inicial de duas células, a
célula restante se desenvolvia não em metade de um ouriço-do-mar, mas num organismo
completo porém menor. (...) Driesch compreendeu que os seus ovos de ouriço-do-mar tinham
feito o que uma maquina nunca poderia fazer: eles regeneraram totalidades a partir de algumas
de suas partes”.
Dreisch postulou, então, um fator causal para o seu experimento e também o denominou
de enteléquia, porém diferenciando-se de Aristóteles, a enteléquia postulada por Driesch é
uma entidade separada, atuando sobre o sistema físico sem fazer parte dele. Posteriormente,
Rupert Sheldrake postulou a existência de campos morfogenéticos, ou seja, geradores de
forma não físicos como os agentes causais do desenvolvimento e da manutenção da forma
biológica.
Mais adiante, alguns cientistas puderam verificar que não é possível compreender os
sistemas sociais somente sob uma perspectiva vitalícia, pois de um todo integrado cujas
propriedades essenciais, surgem das relações entre suas partes. Por isso evocou-se o
denominado pensamento sistêmico, a compreensão de um fenômeno dentro do contexto de
30 um todo maior, assim, entender sistematicamente significa colocar as coisas dentro de um
contexto e estabelecer a natureza de suas relações, ou seja, a mera soma das partes nunca será
o todo.
No entanto, quando a sociedade enxergou o átomo e o pode estudar, teve de novamente
aceitar novos paradigmas, ou seja, compreender a física quântica. Essa complexa teia de
relação entre as partes vão a níveis subatômicos e não permitem, portanto, que fenômenos
físicos sejam reduzidos às propriedades de partículas materiais rígidas e sólidas, pois
conforme Capra (1996, pg. 41):
“As partículas subatômicas não têm significado enquanto entidades isoladas, mas podem ser
entendidas somente como interconexões, ou correlações, entre vários processos de observação e
medida. Em outras palavras, as partículas subatômicas não são “coisas” mas interconexões entre
coisas, e estas, por sua vez, são interconexões entre outras coisas, e assim por diante”.
E assim é o pensamento que se exige para se tratar as questões referentes ao meio
ambiente. Não entender somente os ecossistemas de um lugar ou de outro, mas sim
compreender as redes que ligam e interlaçam toda a natureza da vida.
Infelizmente não é dessa maneira que o Homem contemporâneo vem entendendo o
ambiente que está, pois se assim o fizesse, não estaríamos vivenciando um desequilíbrio
ambiental e nem um martírio social. Nossas preocupações em satisfazer imediatamente o
relativo, ou seja, nosso lado egóico se faz como força motriz para a roda da economia.
“Na visão ecologista, a questão econômica estava agredindo o meio ambiente brasileiro.
Na visão econômica, a questão ecológica estava dificultando o desenvolvimento do país.
Ambas as visões se julgando corretas nos seus direitos. Ora, é sabido que, cada vez que o
direito de um se contrapõe ao do outro, a pendência se decide pela força ou por algum tipo de
compromisso recíproco”. (PHILIPPI Jr.; ROMÉRO; BRUNA, 2004, pg. 664)
Não se pode, ou pelo menos não deveria que estas duas dimensões entrem em conflito.
Apesar de exercerem forças contrárias uma a outra, ambas pertencem e destinam-se para o
mesmo lugar, pois como nos recorda Coimbra (2002, pg. 42):
“Oikos + nomia, “administração e governo da casa”, outra coisa não poderia ser a Economia.
(...) Por infelicidade, nalgum momento impreciso da história, produziu-se uma ruptura na
própria Economia com respeito à visão global do mundo, daí resultando o conhecido mal-estar
entre economistas e ecologistas. Inútil duelo! Não se pode conhecer a casa de maneira eficaz se
não se é levado a pensar em sua administração e destino. Não se pode administrar a casa sem
aquele conhecimento amoroso que conduz o administrador pelos caminhos certos. Por que,
então, dentro da mesma oikos dissociar a nomia da logia?”.
Portanto, não se torna mais concebível que estas duas dimensões sejam dicotômicas, ou
seja, facções opostas de uma mesma causa.
31 A gestão ambiental surge como uma abordagem integrada procura abranger
simultaneamente as questões que interferem no meio ambiente, tanto natural, como o
construído pelo homem, bem como as interações envolvendo os diferentes sistemas. Pode-se
verificar tal fato no exemplo de um sistema de abastecimento de água para a população e sua
relação com o sistema de recursos hídricos. Nesse caso, as questões envolvidas são tantas que
não são de privilégio exclusivo da engenharia, mas sim, deve-se levar em conta também, as
facetas sociais, de saúde, legislativas, políticas, administrativas, bio-químicas, físico-
territoriais e tecnológicas.
Gestão é o substantivo de gerir, que pelo dicionário significa: “Ter gerência sobre;
administrar, dirigir, reger”. (AURÉLIO, 1995, pg. 322)
Como dessas palavras, no dicionário, levam todas a si própria, a que unicamente mais se
difere em termos de conceito, é a palavra dirigir, que consiste em: “Dar orientação a;
comandar, superintender; conduzir. (...) Operar mecanismos e controles de veículo automóvel,
fazendo-o seguir trajeto ou rumo”. (AURÉLIO, 1995, pg. 224)
Já com o termo ambiental, cito Coimbra (2002, pg. 25), quando este nos diz que:
“A palavra ambiente é composta de dois vocábulos latinos: a preposição amb(o), ao redor, à
volta, e o verbo ire, ir, que se fundem numa aritmética muito simples, amb + ire = ambire. Deste
simples operação resulta uma soma importantíssima, “ir à volta”. Ambiente, pois, é tudo o que
vai à volta, o que rodeia determinado ponto ou ser”.
Assim, elucidando um pouco mais estes conceitos, considera-se:
“Para entender a abrangência e o alcance dessa definição, destaca-se que gestão
ambiental é o ato de administrar, de dirigir ou de reger os ecossistemas naturais e sociais em
que se insere o homem, individual e socialmente, num processo de interação entre as
atividades que exerce, buscando a preservação dos recursos naturais e das características
essenciais do entorno, de acordo com padrões de qualidade”. (PHILIPPI Jr.; ROMÉRO;
BRUNA, 2004, pg. 700).
Portanto, é imprescindível buscar em qualquer das situações que a nossa sociedade se
encontre, uma qualidade ambiental esperada e um desenvolvimento material adequado, sendo
que este é o nosso papel enquanto cidadãos e seres humanos deste planeta, pois:
“A gestão ambiental em ultima análise, é a busca do equilíbrio entre o homem e o seu ambiente,
seja natural, seja urbano, Na linguagem da moda, esse equilíbrio se manifesta por meio da
expressão desenvolvimento sustentável. Sustentável quando se trata de metas que deverão ser
atingidas. Sustentado quando já aplicado na prática”. (PHILIPPI Jr.; ROMÉRO; BRUNA, 2004,
pg. 666).
Nosso planeta já foi comparado a uma espaçonave gigantesca cujos recursos são
ilimitados, ou seja, inexauríveis, mas logo tal preceito foi desmistificado. Contudo, nossos
sistemas de produção e consumo são caracterizados pelo fluxo unidirecional de materiais e
32 energia, com o inicio na aquisição de recursos e fim na disposição de resíduos, operando
em um comportamento de um sistema aberto. Desse modo, nosso sistema de produção e
consumo pressupõe uma fonte inesgotável de recursos e um reservatório com uma capacidade
ilimitada de receber resíduos. Gerenciar esse sistema aberto dentro de um sistema fechado vai
de contra ponto aos fluxos característicos da natureza, o que tem levado a um acumulo de
produtos finais, a poluição em detrimento das fontes primárias de materiais e energia, a
escassez.
Devido ao grave comprometimento da capacidade de suporte dos ecossistemas que nossa
sociedade está enfrentando, como nunca antes em toda a sua história, evoca-se a seguinte
pergunta: Cabe à gestão ambiental propor medidas e solucionar tal questão atuando de forma
isolada?
“Na verdade, crescimento ou desenvolvimento sustentável não é apenas crescer dentro de
padrões de respeito à natureza e de harmonia com ela. É também crescer respeitando os valores
e culturas das pessoas e comunidades”. (PHILIPPI Jr.; ROMÉRO; BRUNA; 2004, pg. 667).
Fica evidente a necessidade que a gestão ambiental tem de articular suas ações
conjuntamente com outras áreas, como o direito ambiental e a educação ambiental.
No âmbito do direito ambiental, garante-se a permissão de determinadas ações sobre um
compromisso social no qual todos os seres humanos concordam e aderem, ou seja, a
sociedade permite que ela estipule seus próprios deveres quanto seres sociais a fim de que se
possa gozar de seus direitos enquanto cidadãos de um planeta. A forma de operação desse
esquema é denominada de Lei. Um grande exemplo da contribuição do direito ambiental está
implícito na Lei 225 da Constituição Federal:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Trabalhar no meio ambiente, devido sua característica multidisciplinar, significa atuar em
um campo complexo e dinâmico de elementos e interconexões conforme mencionado
anteriormente. Com isso, pode-se analisar a realidade sob uma perspectiva holística e
sistêmica neste exemplo que se segue.
Diante de uma vida corrida, sem tempo para dedicar-se, ou às vezes, sem habilidade para
cozinhar o próprio alimento ou até mesmo por comodismo, adquire-se a necessidade de um
forno micro-ondas e muitas vezes de um alimento pronto para ser aquecido. Assim é a forma
de se alimentar de muitas pessoas na sociedade brasileira e que, em tempos passados, já foi a
minha própria. Mas o que esse fato tem de importante para ser mencionado?
33 Primeiramente, verifica-se que satisfazer a necessidade de um ser humano nesse caso,
é a aquisição de um aparelho construído pelo homem e que demanda de energia para o seu
funcionamento. Outra satisfação da necessidade é o alimento a ser ingerido que depende de
ser previamente preparado para então, ser congelado e estar à mercê do consumidor quando
este decidir comê-lo. Dessa maneira, o estilo de vida que se leva e o modo como conhecemos
as coisas e nós mesmo, implica diretamente em nossas necessidades e, portanto, em satisfazê-
las.
De ponto de vista da gestão ambiental, vê-se que é preciso um fornecimento de energia
elétrica que possibilite o funcionamento do micro-ondas, portanto todo um sistema de
geração, transmissão, distribuição, mão-de-obra e a manutenção financeira com amparo legal
de toda essa cadeia, a fim de que um simples aparelho seja ligado na tomada para estar apto a
trabalhar. Referente ao alimento pré-produzido, foi preciso que houvesse sua produção,
independentemente de seu tipo, seu transporte nas mais diversas etapas e sua embalagem.
Além disso, é preciso também que haja um descarte dessa embalagem e que, portanto, mais
logística ai impressa, local disponível para receber tal resíduo, seu processamento para que
um dia ele possa ser utilizado, novamente, em sua função, a de embalar alimentos, ou que
possa aterrado, mas que neste aterramento não comprometa danosamente a água, solo, ar ou
qualquer outro tipo de fator abiótico, ou até mesmo biótico.
Agora, se essa pessoa for um conhecedor de seu impacto ambiental e social e
compreender que mudando alguns de seus simples hábitos, deixará de fluir materialmente e
energeticamente toda uma infraestrutura erguida para única e exclusivamente satisfazer
nossas necessidades, ela estará contribuindo para uma menor degradação socioambiental.
O simples fato de escolher o tipo de alimento que se ingere o simples fato de
compartilhar com amigos e familiares o processo de preparação e cozimento do alimento, o
simples fato de organizar a sua vida de uma maneira tal que haja tempo para deleitar-se dessas
ocasiões, acabam por influenciar toda uma demanda da infraestrutura de nossa gestão
ambiental. Portanto, nasce nas questões culturais e educacionais do indivíduo, toda sua forma
de ser e estar no mundo que levará o ato de conhecer-se e saber em que função e local que
deseja trabalhar, o ato de como e o que deseja alimentar-se, o ato de onde e como desejar
morar, o ato de como e com o que deseja mobilizar-se, enfim, o ato de qual estilo será o seu
viver.
Dessa forma, verifica-se que o ambiente segue seu desenvolvimento sendo sustentável ou
não pela coordenação e interação entre quatro elementos: Educação, Gestão, Direito e
Economia.
34
Figura 1 – Desenvolvimento do ambiente Fonte: O autor
Se ao trabalharmos no meio ambiente com o meio ambiente, devemos então,
trabalharmos em sua totalidade, já que este engloba diferentes e diversos elementos, até
mesmos contraditórios.
Para tanto, ao alinharmos a forma de ser e estar dos humanos com a sustentabilidade do
ambiente e seus elementos envolvidos, devemos atender os seguintes aspectos como
menciona Guimarães citado por Jacobi (JACOBI, 2005, pg. 11):
“Isto requer “declarar reiteradamente que os seres humanos constituem o centro, e a razão de
ser do desenvolvimento requer um novo estilo que deve ser ; ambientalmente sustentável no
acesso e uso dos recursos naturais e na preservação da biodiversidade; que seja socialmente
sustentável na redução de pobreza e das desigualdades e na promoção da justiça social; que
seja culturalmente sustentável na conservação do sistema de valores, práticas e símbolos de
identidade que determinam integração nacional ao longo do tempo; e que seja politicamente
sustentável aprofundando a democracia e garantindo o acesso e participação de todos os
setores de sociedade nas decisões públicas”.
Assim, vê-se a possibilidade de enfrentarmos e construirmos sobre a nossa realidade sob
uma perspectiva holística e complexa de distinção, conjunção e implicação dos elementos ao
invés de disjunção e redução que causam a denominada inteligência cega de Morin:
“Na argumentação sobre o pensamento complexo, enfatiza, três princípios norteadores: o
dialógico - mantendo a dualidade no seio da unidade; o da recursividade organizacional –
uma sociedade que ao produzir-se retroage sobre os indivíduos e o hologramático - a parte
está no todo e o todo está na parte – reconhece a complexidade que permeia os
sistemas/organizações”. (Floriani, 2003:114, citado por JACOBI, 2005, pg. 18).
Nessa reforma do pensamento é que se encontra um caminho para uma nova educação e
consequentemente uma nova postura adotada da sociedade para com ela mesa e para com os
outros seres vivos e o ambiente. É assim que Leff citado por Jacobi (2005, pg. 15) nos remete:
“O caminho para uma sociedade sustentável se fortalece na medida em que se desenvolvam
práticas educativas que pautadas pelo paradigma da complexidade, aportem para a escola e
35 os ambientes pedagógicos, uma atitude reflexiva em torno da problemática ambiental, e
os efeitos gerados por uma sociedade cada vez mais pragmática e utilitarista, visando
“traduzir o conceito de ambiente e o pensamento da complexidade na formação de novas
mentalidades, conhecimentos e comportamentos”.
2.4 Aspectos Pedagógicos
Philippe Perrenoud em “Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza” (2001, pg. 117),
nos fala de três situações-tipo no processo de se trabalhar em uma equipe numa instituição de
ensino, são elas:
A equipe imposta
A equipe autorizada/estimulada
A equipe proibida/desestimulada
Com essas três situações, o autor no relata como é na pratica essa ideia maravilhosa e
transformadora de se trabalhar interdisciplinarmente. No primeiro caso, a equipe só existe no
papel, supõe-se um trabalho em conjunto, mas isso não se torna real, não há orientação, assim,
perde-se o sentido e fica com uma cara de imposição, pois não há significado para os
professores se articularem. Na segunda situação, os professores não são obrigados a
trabalharem juntos, porém, são convidados e estimulados a fazê-lo porque há por parte da
organização um status para as equipes pedagógicas e também, porque as considera uma forma
moderna e desejável de colaboração profissional. Na terceira situação mencionada, não se
espera que os professores trabalhem em equipe; se realmente estiverem interessados, deparar-
se-ão com horários, cargas de ensino, de lugares para reuniões e serão assim, desestimulados
abertamente pela direção ou pelo restante do corpo docente.
De acordo com autor (PERRENOUD, 2001, pg. 118):
“Essas três situações produzirão dinâmicas bem diferentes: a primeira e a última induzem a uma
luta contra o sistema e embaralham as cartas. No primeiro caso, não se resiste inicialmente, ou
apenas, ao trabalho em equipe, mas a um modo autoritário de gestão das relações entre
professores. No terceiro caso, as resistências pessoais podem ser provisoriamente colocadas
entre parênteses; trata-se de convencer a administração a reconhecer a equipe e de facilitar sua
tarefa, um bom motivo para calar as divergências e as dúvidas de cada um”.
Perrenoud concentra sua analise na segunda situação, onde a equipe é autorizada e
estimulada, sem ser imposta a nenhuma regra geral e nem a nenhuma decisão do diretor da
escola, aqui, aborda-se, embora que superficialmente, a terceira situação, a qual, para mim, se
faz como um agravante mais implicante ao se elaborar projetos baseados em prática
interdisciplinares e é claro concordo com Perrenoud, quando este explicita a importância da
36 equipe autorizada e estimulada, pois quando se fala em interdisciplinaridade, todas as áreas
funcionais da escola devem estar presentes e atuantes de uma maneira composta e somatória.
Partindo então desse ponto e sabendo que nessa situação o empecilho é convencer os
demais colegas de profissão a darem significado a proposta interdisciplinar, a equipe necessita
reconhecer as adversidades do seu contexto de atuação, saber o que pode contar e o que não
pode, tendo muitas das vezes engajarem-se além dos limites da estrutura da escola e formular
objetivos curtos, médios e de longos prazos a serem atingidos, pois planejar é um instrumento
eficaz em qualquer plano de atuação.
Segundo Perrenoud (2001, pg. 22): “A educação é uma profissão impossível, porque é
uma profissão complexa, que obriga a enfrentar contradições irredutíveis, tanto no espírito do
ator quanto nas relações sociais”.
Principalmente no que diz respeito à própria sociedade escolar, o professor deve estar
ciente das dificuldades que irá encontrar em sua prática docente, problemas como
desorientação pedagógica, falta de incentivo da direção e dos órgãos superiores do sistema
refletem na imensa desorganização atual do ensino, mais precisamente da rede publica.
Propostas de melhorias como os “Parâmetros Curriculares Nacionais”, “Metodologias
Interdisciplinares”, entre outros tantos, vêm para confundir e tornar mais entediante o trabalho
docente, pois não são expostos de maneira sedutora, caindo na primeira situação mencionada.
Perrenoud (2001, pg. 22) diz que: “O professor navega à deriva ou, se preferimos, avança
como um equilibrista, sem jamais estar certo de ter encontrado um equilíbrio estável, tentando
conciliar o inconciliável, como misturar água e fogo”.
Sendo assim, o adaptar-se ao cenário em que vão atuar passa a ser uma situação de
diagnosticar os eventuais contextos adversos a pratica docente, não é simplesmente aceitar os
fatos complexos que envolvem uma estrutura escolar e se enquadrar neles, ser apenas mais
um envolvido sem perspectivas para melhorias como a maioria que nele se encontram, pois
segundo Perrenoud (2001, pg. 25)
“A complexidade, a fluidez, a singularidade das situações educativas não permitem entregar,
chaves em mãos, dos modelos de pedagogia diferenciada, nem de pedagogia ativa, cooperativa
ou construtivista. Afinal, tudo depende da capacidade do professor de reinventar o dia-a-dia,
baseando-se em tramas bastante gerais, em estratégias de ensino e de avaliação situadas na linha
das pedagogias diferenciadas, ativas, etc., porém sem estarem calcadas em modelos”.
Portanto, cabe aos próprios professores à reestruturação da sua área de atuação, tornar
isso real é afirmar como significante tua profissão e mesmo sabendo que essa pode ser uma
tarefa desgastante, o indivíduo professor deve se fazer um agente transformador e em
transformação por atitudes próprias, não deve esperar o inesperado, pois os mais interessados
são eles mesmos.
37 A partir da análise de sua própria postura docente, o professor reconhece suas falhas e
as subentende como coletivas de uma maneira geral, pois tais falhas provêm de um sistema
caótico desde sua formação inicial ao entrar no campo de atuação. Portanto, como reestruturar
isso? Como tornar os atuais e futuros profissionais educadores em indivíduos transformadores
e emancipadores dentro da sociedade atual? A resposta não é tão simples e muito menos está
pronta, ela precisa ser elaborada em conjunto pelos tais agentes em questão, os próprios
profissionais da educação, dessa forma, fica mais uma vez explicito que trabalhar
interdisciplinarmente não é somente conseguir uma maneira cooperativa para os professores
se articularem em seu ambiente de trabalho e tornar o saber como único, um todo, mas sim,
enxergar a complexidades da situação da educação em seu sistema escolar. Precisa-se de um
trabalho composto por todas as áreas funcionais de uma instituição de ensino, pois assim
poderemos ter esperanças que mudanças, ao menos eficientes, estão para ocorrer. Uma nova
forma de pensar sobre a educação deve ficar à luz do intelecto humano, repensar tais reformas
e reformar os pensamentos é o caminho para amenizarmos tantas problemáticas na sociedade
dos homens.
Segundo Edgard Morin em “A Cabeça Bem Feita” (1999, pg. 92): “A exigida reforma do
pensamento vai gerar um pensamento do contexto e do complexo. Vai gerar um pensamento
que liga e enfrenta a incerteza”.
Sendo assim, substituindo-se a causalidade linear e unidirecional, por uma causalidade
circular e multirreferencial que corrigirá a rigidez da lógica clássica, por um diálogo capaz de
conceber noções complementares e antagônicas, chegamos à compreensão integral do
contexto num processo de identificação e projeção de sujeito a sujeito dentro do espaço
biofísico em que se inserem as formas de vida.
De acordo com Maturana e Varela em “A Árvore do Conhecimento” (1984, pg. 9-10)
“Vivemos no mundo e por isso fazemos parte dele; vivemos com os outros seres vivos e,
portanto compartilhamos com eles o processo vital. Construímos o mundo em que vivemos
durante as nossas vidas. Por sua vez, ele também nos constrói ao longo dessa viagem comum.
Assim, se vivemos e nos comportamos de um modo que torna insatisfatória a nossa qualidade
de vida, a responsabilidade cabe a nós”.
Portanto, parte daí, a necessidade de uma reforma de pensamento referente a nossa forma
de estar no mundo e de organizar o conhecimento fundamentado na complexidade das
relações existentes dentro desse processo comum de compartilhar a vida, pois de acordo com
a indicação de Pascal, citada por Morin (1999, pg. 88): “O conhecimento das partes depende
do conhecimento do todo, como o conhecimento do todo depende do conhecimento das
partes”.
38 Dessa maneira, é preciso substituir um pensamento que isola e separa por um
pensamento de distinção e unificação, substituindo assim, um pensamento disjuntivo por um
pensamento complexo.
A partir daqui, ressurgiram significativas finalidades no processo ensino-aprendizagem,
trabalhando as condições humanas a enfrentarem a incerteza aprendendo a tornarem-se
cidadãos em busca da autosustentabilidade.
3 A ESCOLA E O PROFESSOR: UM DIAGNÓSTICO VIVENCIADO
A coleta de dados referentes ao recorte no sistema educacional realizou-se com o
levantamento de documentos já existentes sobre a questão em periódicos, identificando falhas
generalizadas em todo o sistema de ensino, seguido pela própria experiência vivenciada no
contexto escolar.
Na experiência citada, fui o próprio sujeito de investigação, voltando esta pesquisa para a
melhoria da prática docente de um professor eventual, na qual fui inserido e senti a
necessidade em significar tal função no processo ensino-aprendizagem.
Os dois itens a seguir relatam o aspecto qualitativo por mim encontrado e, ao mesmo
tempo, foi investigado o estado da arte docente num micro recorte focando a prática como
professor eventual.
3.1 A realidade da questão
O quadro educacional brasileiro é muito problemático. Os problemas se alastram há
muito tempo, mas quando se trata de contextualizar a educação nacional, não basta
mencionarmos somente o que se passa dentro da sala de aula e sim vale a pena ressaltar os
milhões brasileiros que não conseguem sequer estudar e ter seu direito adquirido conforme o
artigo 205 da Constituição Federal do Brasil: “Hoje, aproximadamente 3,6 milhões de
crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos estão fora da escola, segundo dados do instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IGBE)”. (Folha de São Paulo, quinta-feira, 28 de abril
de 2011).
Parece que é irreal ter tanta gente fora da escola, mas quando se trata de educação as
coisas são absurdas. O IBGE aponta que as diferenças sociais refletem este alto índice e que
também não basta estar na sala de aula, sem que se atente para o aprendizado e a conclusão
dos estudos.
39 Aquelas pessoas que possuem sua vaga garantida em alguma unidade escolar publica
no Brasil não quer dizer que estão sendo extremamente bem desenvolvidas, pois como aponta
o Relatório de Monitoramento Global, cujo documento é de responsabilidade da Unesco
(Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura), braço da ONU
(Organização das Nações Unidas) para a cultura e educação, o Brasil ocupa a 88ª posição no
ranking de até 127 países que tem como objetivo ampliar a educação infantil, universalizar o
ensino primário, combater as desigualdades de gênero na área e melhorar a qualidade. Essa
colocação coloca o Brasil atrás de países como: Namíbia, Bolívia, Paraguai, Palestina, Chile e
Argentina. (Folha de São Paulo, 1 de março de 2011, caderno SABER, “Brasil fica no 88º
lugar em ranking de educação da Unesco).
Para montar o ranking, a Unesco leva em conta parâmetros como alfabetização de
adultos, permanência na escola, igualdade entre homens e mulheres na educação e ainda se as
matrículas estão sendo feitas nas séries correspondentes à idade do aluno.
Segundo o desempenho por colégio no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) 2010
divulgado pelo Ministério da Educação em setembro de 2011, o ensino médio público perdeu
sua participação no grupo das melhores escolas do Brasil.
“Resultados tabulados pela Folha apontam que a proporção de escolas públicas no grupo de
elite do país (10% melhores, ou seja, quase 19.500 escolas) sofreu leve queda (6%) entre
2009 e 2010. Foi de 8,4% para 7,9%. Se ampliada a quantidade de colégios analisados para o
grupo das 25% melhores, a redução das públicas é mais acentuada: vai de 20,7% para 15,7%
(queda de 24,1%)” (Folha de São Paulo, 12 de setembro de 2011, caderno COTIDIANO,
“Escola pública perde espaço entre as melhores do Enem, pg. C1).
Ao tratar essa questão em um recorte mais regional, ou seja, no que se refere ao estado de
São Paulo, ainda sob um aspecto quantitativo, verifica-se que tal situação é mais grave que se
pensa, pois como relata a reportagem de jornal de grande veiculação, em sua manchete: “60%
das escolas de SP têm sala lotada”.
“Mais de 60% das escolas estaduais paulistas de ensino básico possuem ao menos uma
série com mais estudantes em sala que o recomendado pelo próprio governo de SP. Em 64%
delas, há problemas em mais de uma turma”. (Folha de São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de
2011, caderno Informe Publicitário, pg.4)
Não basta receber diversos alunos com diversas condições sociais, o que já torna a escola
com uma característica complexa, ainda potencializa-se tal contexto superlotando-a com mais
estudantes.
A interferência na qualidade do ensino é direta e com isso pode ocorrer um grande
descontrole sobre os alunos nos mais diversos sentidos, principalmente na representatividade
da escola para tal aprendiz, ou seja, qual a ideia que ele faz da escola e o que se aprende lá.
40 No que diz respeito aos alunos de ensino médio e utilizando-se dos parâmetros do
Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) verificou-se
que houve uma redução no rendimento dos alunos em certa disciplina, a matemática.
“De acordo com os dados apresentados nesta sexta-feira pela Secretaria Estadual de Educação,
os alunos que concluíram o ensino médio recuaram 4,4 pontos na escada de avaliação de
rendimento do Saresp, com 269,4 contra 273,8 apresentados no ano anterior em uma escala que
varia de zero a 500.
Além disso, a porcentagem de alunos que se enquadram no nível insuficiente (abaixo do básico)
subiu quatro pontos percentuais, de 54,3% para 58,3%. Dessa forma, conclui-se que mais da
metade dos alunos que concluíram o ensino médio no Estado de São Paulo não sabiam o
conteúdo básico da disciplina de matemática”. (Folha de São Paulo, 26 de fevereiro de 2010,
caderno Saber “Maioria dos alunos que concluem ensino médio em SP têm avaliação ruim em
matemática).
Em se tratando do ensino fundamental, na denominada Prova de São Paulo, verificou-se
que a nota do aluno também caiu: “O aluno da 8ª série, formado na rede, teve nota semelhante
ao que educadores esperam para a 4ª série, ou seja, um atraso de quatro anos (a Secretaria da
Educação divulgou os dados usando como padrão o ensino fundamental de oito anos)”. (Folha
de São Paulo, terça-feira, 22 de março de 2001, caderno cotidiano, pg. C5).
Outro grave problema que contribui para a decadência do ensino se da por conta da
ausência de professores na sala de aula. Quando um professor entra de licença, ou abandona
seu cargo, fica difícil encontrar mais profissionais que queiram “tapar esse buraco”, pois com
o advindo da Lei 1.093, de 16 de julho de 2009, obriga que tal profissional substituto deva se
afastar da rede de ensino por 200 dias após conclusão de seu trabalho temporário, em
contrato, para que não ocorram processos de vínculos empregatícios contra o governo,
causando assim, um entrave nas escolas. Dessa maneira, o governo se protege contra os
processos, mas cria-se um caos nas escolas. Os professores temporários preferem não
substituir por um a três meses, pois quando acaba tal contrato, eles têm de ficarem os tais 200
dias afastados da rede, ou seja, eles preferem esperar que surjam vagas para substituir com um
tempo mais longo de até um ano.
Com essa manobra do governo, quem sofre é a escola. Houve depoimentos de alunos que
chegaram a ficar até seis meses sem aula, segundo reportagem em jornal.
“A professora de português de Lia na Joaquim Leme do Prado, zona norte da capital, está de
licença há três meses e nenhum outro docente a substituiu. Os alunos ficam na sala ou no pátio
“sem fazer nada”, diz a menina. Mesmo sem aulas, ou avaliação, ela teve nota 8 no bimestre”.
(Folha de São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2010, caderno Cotidiano 2, pg. 1).
A ausência de professor, seja por licença ou por uma simples falta em um dia, torna-se
mais grave ainda quando não se tem o professor eventual para suprir essa lacuna, ou quando
este não se sente preparado para enfrentar a demanda de educandos com um projeto a ser
trabalhado. Dessa maneira, a aula vaga acaba existindo e simplesmente o aluno não se
41 desenvolve, pois fica esperando o tempo passar, jogando cartas de baralho, ouvindo música
ou jogando conversa fora.
Na minha atuação com professor eventual em uma escola estadual da região de São
Bernardo do Campo, pude identificar quais são as falhas no ensino público estadual na visão
dos próprios alunos ao investigar temas da realidade deles, questionando-os sobre quais eram
as maiores inconveniências encontradas no sistema de ensino que pertenciam. Ao final de
cada depoimento foi solicitado a eles que pensassem numa maneira onde cada um poderia
ajudar em busca de uma melhoria da situação. Dessa maneira foram coletados os mais
diversos depoimentos, das mais diversas abordagens de críticas pessoais a alguns professores,
diretores, coordenadores a problemas de relacionamento em classe e depredações na estrutura
escolar.
Ao referirem-se aos professores, diretores e coordenadores, os alunos denunciaram falta
de respeito, ignorância, preguiça, falta de compromisso por causa do excesso da faltas e
ausência de didática ao atuarem em classe. Sobre seus relacionamentos com os demais
colegas, observamos que há algumas intrigas pessoais, principalmente por parte das meninas,
denunciaram também falta de respeito e de educação uns com os outros. Das depredações na
estrutura escolar, denunciaram pichações nas paredes das salas, aos arredores da escola e nas
carteiras, que quando não estão quebradas, se encontram toda riscada, falaram também sobre
a lousa utilizada pelos professores, que se encontram muito sujas e quebradas. Essa é a visão
que um aluno da rede pública de ensino tem da educação, são nessas circunstâncias que eles
frequentam as escolas e tentam apreender algum conhecimento. Sobre as maneiras que cada
um pode ajudar, surpreende-se com tamanha disposição relatada. Todos reconheceram a
importância pessoal de cada um, mas sentem falta de uma maior aproximação com a equipe
escolar, muitos mencionaram sobre suas próprias atitudes inconvenientes dentro da escola,
assumindo as responsabilidades das pichações, rabiscos nas carteiras e paredes das classes,
assim como depredações nas dependências da escola e comportamento inadequado em sala de
aula.
O fato mais marcante desses depoimentos foi a ortografia e a gramática. A pontuação
gramatical quase não existiu e a concordância era algo desconhecido por eles, mas o que nos
importou foi que eles conseguiram pensar e observar a respeito de algo que os incomoda, e
mais, que pudessem refletir sobre quais maneiras cada um poderia se comprometer a melhorar
isso, ou seja, transformar a situação em algo mais cômodo para eles.
Alguns depoimentos merecem destaque, não apenas pela quantidade de erros e sim pelo
teor das reflexões feitas pelos seus autores. Um aluno da 8ª série escreveu: “O atraso do
42 insino não só isto como colegas que atrapalham, algumas carteiras são velhas e outras Boas
a sala e suja uns caras urinam no lixo e também não é só a escola o aluno também a estrutura
é meio torta e os caras pincham a parede”.
Outro aluno, da 6ª série, relatou:
“O que mais me incomoda é a folga de uns sertos professores eles ou elas pegam o livro e
mandam nós fazer um monte de coisa no livro não explicam nada.
Outra coisa que me encomoda na sala de aula é sertãs meninas que são muito metidas você fala
com elas e elas mandam tomar naquele lugar e eu também mando elas também.
Tem uma menina que as pessoas chamam ela de daburaco e os meninos vivem dando uns
tapinhas na bunda delas e até parece que ela gosta”.
Este mesmo alunos sugeriu uma solução para acabar com o problema: “Os alunos devem
respeitar ums aos outros”.
Também da 6ª série, uma aluna se expressou assim:
“Eu acho que os alunos deveriam tomar vergonha na cara e se comportar que nem gente, não
como animal, e também os alunos Pararem de Pichar e Pararem de quebrar carteira, mesa, lousa,
vasos sanitários, Portas, não jogar os Pratos de merenda no banheiro, ter mais educação com os
professores e os professores com nós.
Não cabular e ter mais disciplina e não jogar lixo no chão, deixar as salas mais limpas, os
banheiros menos sujos”.
A aluna ofereceu ajuda para limpar as salas como sugestão de melhoria.
Esse é o retrato de uma situação vivenciada dentro do sistema público de ensino, assim é
a maneira que nossos cidadãos estão sendo formados e orientados. A realidade é
constrangedora, denota uma enorme carência organizacional e sendo assim, o aprendizado
não terá bons índices de compreensão, o sistema de ensino, nesses moldes, não cumprirá
jamais suas reais funções de formação para a vida e preparação para as imposições surgidas
durante os processos de correlacionamentos existentes neste atual modelo de desenvolvimento
social.
Outros depoimentos também merecem destaque e são eles:
“Falta de respeito existe, mas não com todos, por exemplo: Uma professora estava em sua mesa
e uma aluna foi perguntar sobre uma dúvida da matéria pra ela e a professora fez desaforo e não
respondeu a menina, isso é falta de respeito com a aluna, e essa aluna tem dificuldade para
entender.
Também tem com os alunos. Tem vezes que os professores pedem para que o aluno sente-se e o
aluno não senta, o professor pede mais uma vez e o aluno não senta e agride o professor com
palavrões, isso é uma falta de respeito com os professores, então nós entendemos que falta de
respeito é dos dois lados.
As cadeiras, mesas, lousas, são boas mais os alunos destroem tudo, por isso ocorre conversas
que as escolas públicas não presta e que as escolas particulares são as melhores do mundo, só
que os alunos das escolas particulares são valor ao dinheiro dos pais, mas também tem algumas
crianças que não dão valor ao dinheiro gasto pelos pais ao pagarem as escolas.
Entre os alunos não há respeito, toda hora tem brigas e agreções físicas e de bocas”.
43 Neste depoimento não aparecem sugestão de melhorias, mas seu destaque deu-se por
conta da palavra “respeito”, muito utilizada pelos alunos, ela nos mostra uma preocupação em
se comportarem mais pacificamente e denotam a importância de se ter boas convivências num
ambiente como uma escola, e isso parte dos alunos, assim como também, dos funcionários
gerais da escola, dos professores aos serventes. Num outro depoimento, o relato deu-se da
seguinte forma:
“Os maiores problemas são as brigas, tem gente que quer brigar só porque a pessoa pisou no pé
do outro, e para se aparecer perto dos outros, acho isso uma coisa muito chata, que ninguém
merece. Acho também que os professores deveriam agir com mais paciência com os alunos,
mas eles trabalham bem, nos ajudam quando precisamos, só as vezes que eles passam dos
limites. Os banheiros eu falo que deveria ter papel higiênico e alguns guinchos nas portas. Sobre
a convivência com os colegas, eu digo que está normal em algumas salas, pois tem salas que o
aluno xinga o outro, batem um no outro, e isso deve melhorar”.
Este depoimento também destaca a falta de respeito entre os alunos, pois nele, como na
maioria deles, relatam-se fatos como brigas e agressões, porém o fator que o levou a ser
destacado foi a sugestão dada ao seu final: “Para melhorar essa situação, deveriam fazer umas
reuniões em que conversasse todos juntos, os professores, diretores, monitores de classe e os
demais alunos. A escola ficaria melhor se tivesse mais união”.
Exatamente esta é a postura que se pretende despertar, uma postura mais atuante e
participativa na resolução de nossas próprias inconveniências, fazer com que as gerações
presentes e posteriormente através destas, às subsequentes exerçam de verdade seu poder
transformador dentro de uma sociedade e acreditem que possam participar de projetos visando
melhorias em quaisquer aspectos da vida e suas correlações. E é justamente na educação de
nossos cidadãos que se dará o ponto de partida para chegarmos numa sociedade mais atuante
e participativa em face aos problemas socioambientais vivenciados pela população mundial, e
seguindo sempre o pensamento “pensar globalmente e agir localmente” enunciado pela
Agenda 21.
Acredito que educadores bem formados com o intuito de transformar a sociedade são de
suma importância para si, para o aluno e para o meio ambiente. Com base nisso, pode-se
verificar que em países onde se investe e respeita a figura do professor tem como
consequência uma excelente qualidade de ensino. Como é o caso de Cingapura, segundo
reportagem em jornal que diz que o salário do professor é equiparado com o de um
engenheiro, com cerca de US$ 2.500,00 por mês. Já um ex-consultor do MEC, Fletcher
afirma que:
“Na Finlândia, a seleção dos profissionais não se baseia apenas na sua competência cognitiva,
mas dá igual importância a seu potencial de liderança, seus valores éticos, sua disposição para
ensinar, sua habilidade de comunicar e de se relacionar bem. (...) Além disso, em países onde a
educação vai bem, “os professores têm ampla autonomia no desempenho de suas atividades
44 didáticas para alcançar alunos com diversos estilos de aprendizagem”. Para ele, tal
autonomia reafirma aos professores seu profissionalismo, “o que sustenta sua estima e respeito
na comunidade”. (Folha de São Paulo, 18 de abril de 2011, Caderno Cotidiano, pg. C9,
reportagem “Vale quanto ensina”)
3.2 O elemento professor
Fazer uma análise senso-crítica na profissão de um educador requer um aprofundamento
de todo o contexto onde o sujeito de pesquisa se insere e isso só se faz de forma mais eficaz
quando tem-se a oportunidade de atuar como os próprios sujeitos em questão. Dentro da
realidade exposta no item anterior, todas as problemáticas encontradas foram vivenciadas no
exercício de uma função específica da classe docente, no caso, a prática eventual.
Devido às constantes ausências dos professores de diversas disciplinas nas escolas
publicas para lecionarem suas respectivas aulas, foi criada a função do professor eventual, a
qual consiste em substituir o professor considerado efetivo e assim não permitir que haja aula
vaga, descumprindo, portanto, a carga horária do ano letivo.
A referida função do professor eventual requer somente que o profissional possua um
título de tecnólogo, ou ser bacharelado em qualquer área do nível superior, ou mesmo possuir
licenciatura curta ou plena de alguma disciplina.
Para conseguir trabalhar nessa função, o cidadão professor necessita inscrever-se em
alguma diretoria de ensino da secretaria estadual da educação, em seguida precisa ter em
mãos um laudo médico para possível admissão, lembrando sempre, que sem este documento o
profissional não adentra em sala de aula. O próximo passo é encontrar uma escola que o
aceite para que este abra uma conta em um banco estadual para os futuros pagamentos do
Estado.
Dentro de toda essa demanda de situações, existem diversos contextos a serem
enfrentados até o desfecho feliz de conseguir lecionar uma aula. Um deles é a desorganização
na realização da inscrição na diretoria de ensino, outro é o requerimento do laudo médico,
pois as datas de atendimento variam de trinta a quarenta dias de espera e espera-se também,
na retirada do documento, por cerca de uma a duas semanas.
Após essa jornada regulamentadora, inicia-se outra, agora a de encontrar um local para se
trabalhar. Com a papelada toda na mão, o candidato a professor eventual precisa encontrar
uma escola que o admita, tarefa essa não simples, pois nem todas as escolas estão de portas
abertas a receber tais profissionais, talvez por já abrigarem um número suficiente, ou por
outro motivo qualquer.
45 Ao rodar por diversas escolas na região de São Bernardo do Campo e encontrar portas
fechadas para minha inserção no quadro de profissionais, finalmente foi encontrado uma que
pudesse me admitir. Em conversa com a própria diretora, ficou bem claro a necessidade da
escola em adotar professores eventuais que possuíssem um projeto próprio que inclua os
temas transversais (Orientação Sexual, Pluralidade Cultural, Saúde, Trabalho e Consumo,
Ética e Meio Ambiente) propostos pelos PCN´s, Parâmetro Curricular Nacional para trabalhar
em sala, pois essa era sua política.
Como a função do professor eventual é porta de entrada de muitos licenciaturas, devido a
adoção por pontuação do nosso sistema de ensino, ou seja, estes são profissionais iniciantes e
também, por bacharéis e tecnólogos das mais diversas formações, fica evidente o despreparo
pedagógico e didático deste cidadão com tudo o que virá pela frente, dentre alunos, colegas de
trabalho, coordenador e diretor, organização e burocracia escolar e principalmente, sua
postura e prática docente.
Portanto, nota-se que em muitos dos casos, o professor eventual não recebe um preparo
pedagógico e didático suficiente para entrar numa sala de aula e lecionar seus conteúdos, ou
aplicar seu projeto. Além dessa função não receber seu valor merecido, essa classe de
profissionais da educação fica esquecida e carente de cursos que auxiliem na sua formação.
Mesmo que eles sejam responsáveis para trabalhar os temas transversais propostos pelos
PCN´s, de acordo com a LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, não há nenhum
incentivo por parte de instituição pública ou provada que dê um amparo adequado a esses
profissionais.
Sendo assim, o trabalho do professor eventual não se faz significante para o próprio
professor e muito menos para seus alunos, os quais, na maioria das vezes não compreendem a
aula de um professor eventual como uma aula comum, ocorrendo desinteresse e muitas vezes
falta de respeito à pessoa do professor.
4 A GESTÃO AMBIENTAL E A FORMAÇÃO DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
Uma transformação no âmbito escolar é necessária e se faz urgente quando se fala em
meio ambiente e na maneira como o conduzimos. Assim, uma grande ação importante e
inovadora é a inserção da questão ambiental como parte do processo formativo dos alunos,
principalmente aqueles do ensino médio, pelo nível de sua capacidade crítica e identidade.
Considerando este novo contexto, trabalha-se além da formação do aluno no que compete
ao seu autoconhecimento e o conhecimento da vida em sua volta, seja ela manifestada em
46 qualquer forma, a ação que este aluno cidadão tomará frente às situações que vivenciará e
as alternativas para que esta ação seja cautelosa e não degradante.
Dessa maneira se apresenta e aproxima a gestão ambiental no sistema formal de ensino
para possibilitar uma qualificação não só educacional, mas também de cidadania dos alunos e
assim estarem mais capacitados a enfrentarem os desafios de um desenvolvimento
sustentável.
4.1 Aspecto Sociojurídico
A Constituição Federal de 1988 apresenta um grande e importante artigo que deve ser de
conhecimento de todos os cidadãos brasileiros e que vale a pena ressaltá-lo aqui:
Artigo 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Tendo como alicerce a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795/99), no que
esta trata da educação ambiental no ensino formal, e amparando-se nos artigos 2º que dispõe
da educação ambiental como um componente essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não formal, 8º que diz que as atividades vinculadas à Política
Nacional de Educação Ambiental devem ser desenvolvidas na educação em geral e na
educação escolar, por meio das seguintes linhas de atuação inter-relacionadas:
I – capacitação de recursos humanos;
II – desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações;
III – produção e divulgação de material educativo;
IV – acompanhamento e avaliação.
§ 2º A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para:
I – a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos
educadores de todos os níveis e modalidades de ensino;
§ 3º As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltar-se-ão para:
I – o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à incorporação da dimensão
ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades de ensino;
Assim como também o artigo 9º nos altos de seu inciso I, itens b e c, e inciso V que se
entende por educação ambiental na educação escolar desenvolvidas no âmbito dos currículos
das instituições de ensino públicas e privadas, englobando:
47 I – educação básica:
b) ensino fundamental e
c) ensino médio;
V – educação de jovens e adultos.
Em seu artigo 10º temos o relato do desenvolvimento da educação ambiental como
prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do
ensino formal. E artigo 11º que diz que a educação ambiental deve constar no currículo de
formação de professores em todos os níveis e em todas as disciplinas, e seu parágrafo único,
relata que os professores em atividades devem receber formação complementar em suas áreas
de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e
objetivos da referida Política Nacional.
Regulamentando a referida Política Nacional, o Decreto 4.281 de 25 de junho de 2002,
dispõe em seu artigo 1º: A Política Nacional de Educação Ambiental será executada pelos
órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, pelas
instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, pelos órgãos públicos da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, envolvendo entidades não governamentais,
entidades de classe, meios de comunicação e demais seguimentos da sociedade.
Em seu artigo 6º diz que: Para o cumprimento do estabelecido neste Decreto, deverão
ser criados, mantidos e implementados, sem prejuízo de outras ações, programas de educação
ambiental integrados:
I – a todos os níveis e modalidades de ensino;
IV – aos processos de capacitação de profissionais promovidos por empresas, entidades de
classe, instituições públicas e privadas;
V – a projetos financiados com recursos públicos;
VI – ao cumprimento da Agenda 21.
A Lei 9.394/96 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, a LDB,
menciona nas disposições gerais da educação básica, em seu artigo 22, o seguinte:
“A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a
formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
progredir no trabalho e em estudos posteriores”.
É importante relembrar, nesse momento, a Constituição Federal no artigo 225 capítulo
VI que menciona “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem do
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo para as presentes e futuras gerações.”
48 Dessa forma, é notório a evidencia de que as legislações da educação e do meio
ambiente são totalmente complementares e indispensáveis quando se fala em formação de
cidadania neste país.
O respaldo sociojurídico para a implementação de projetos em educação ambiental,
atende ainda o artigo 13 da Lei 6.938/81 em seu parágrafo único que diz que os órgãos, as
entidades e os programas do poder público destinado ao incentivo das pesquisas científicas e
tecnológicas considerar-se-ão entre as suas metas prioritárias o apoio aos projetos que visem a
adquirir e desenvolver conhecimentos básicos e aplicáveis na área ambiental e ecológica.
Também vale a pena ressaltar a Política Estadual de Mudanças Climáticas, Lei
13.798/09 que em seu artigo 5º tem como objetivos:
VI - promover a educação ambiental e a conscientização social sobre as mudanças climáticas
globais, informar amplamente as observações desse fenômeno, os métodos de quantificação
das emissões, inventários, cenários de emissões e impactos ambientais, identificação de
vulnerabilidades, medidas de adaptação, ações de prevenção e opções para construir um
modelo de desenvolvimento sustentável;
VII - estimular a pesquisa e a disseminação do conhecimento científico e tecnológico para os
temas relativos à proteção do sistema climático, tais como impactos, mitigação,
vulnerabilidade, adaptação e novas tecnologias, práticas e comportamentos que reduzem a
emissão de gases de efeito estufa;
Art. 21 - Ao Poder Público incumbirá, juntamente com a sociedade civil:
I - desenvolver programas de sensibilização, conscientização, mobilização e disseminação de
informações, para que a sociedade civil possa efetivamente contribuir com a proteção do
sistema climático, em particular divulgar informações ao consumidor sobre o impacto de
emissões de gases de efeito estufa dos produtos e serviços;
II - apoiar e facilitar a realização de estudos, pesquisas e ações de educação e capacitação nos
temas relacionados às Mudanças Climáticas, com particular ênfase na execução de inventários
de emissões e sumidouros, bem como na identificação das vulnerabilidades decorrentes do
aumento médio da temperatura do planeta, para fins de promover medidas de prevenção,
adaptação e de mitigação;
III - estimular linhas de pesquisa sobre as mudanças climáticas, impactos, mitigação,
vulnerabilidade, adaptação e novas tecnologias de menor emissão de gases de efeito estufa,
inclusive mediante convênios públicos com universidades e institutos;
Regulamentada pelo Decreto 55.947/10 O Programa de educação ambiental sobre
mudanças climáticas dispõe:
49 Art. 45 - Fica criado o Programa Educação Ambiental sobre Mudanças Climáticas,
junto às Secretarias da Educação e do Meio Ambiente, nos termos do artigo 21 da Lei nº
13.798, de 9 de novembro de 2009.
§ 1º - Nos parâmetros curriculares das escolas públicas deverão ser abordadas as
questões sobre mudanças climáticas e padrões sustentáveis de produção e consumo.
§ 2º - A Secretaria da Educação, em conjunto com a Secretaria do Meio Ambiente,
deverá definir os temas que serão incorporados nos parâmetros curriculares.
Diante desse fundamento e amparo legislativo, a intervenção respeita e cumpre com
seu papel ao torná-la realizável e realizada.
4.2 A intervenção
Diante de toda a problemática existente em uma escola pública do Estado de São
Paulo, estar motivado com o aporte de conteúdos pertinentes relacionados ao meio ambiente e
desempenhar sua atividade profissional na função de um professor eventual solitário em meio
ao contexto educacional já retratado parece uma verdadeira loucura, mas como um
profissional que atua no meio ambiente nunca age só foi necessário primeiramente recrutar e
estruturar uma equipe de professores eventuais que aderem à mesma ideologia proposta pelos
movimentos ambientalistas.
A abordagem com o público-alvo foi feita em contato direto, individualmente,
explicando a proposta do curso e sua estrutura, junto com a aplicação de um pequeno
questionário contendo dados pessoais. A fim de criar uma equipe estimulada a trabalhar com
projetos de Educação Ambiental, a participação do público-alvo não foi imposta e sim
decidida de acordo com a vontade e disponibilidade de cada um.
Após o contato com todos os treze professores eventuais em exercício, a divulgação da
programação foi afixada na sala dos professores com a data e horário definido de acordo com
a disponibilidade da maioria da demanda. Foi aberta também, a possibilidade da participação
dos demais professores para que ninguém se sinta excluído e muito menos impor algo à
alguém conforme Perrenoud nos ensina.
Assim, uma proposta de capacitação para trabalhar o meio ambiente como um tema
transversal e um projeto da equipe de professores eventuais foram realizados e com isso
ajudou-se também a suprir a ausência de conteúdos e organizá-los interdisciplinarmente na
equipe de professores eventuais, o qual cada um, dentro de sua área de conhecimento, seja
capacitado a elaborar planos de aulas referentes a temas de interesse da realidade social,
50 podendo promover reflexões críticas com a demanda de alunos sobre as temáticas de seu
entorno.
Portanto, o curso de formação complementar em educação ambiental para professores
eventuais oferece subsídios referentes à disposição dos conteúdos necessários para a
promoção de uma prática docente crítica reflexiva, como também, orienta e auxilia os
mesmos na elaboração de seus respectivos planos de aulas, possibilitando a geração de um
pensamento do contexto e do complexo que liga e enfrenta as incertezas da função docente,
conforme Morin nos traz na denominada cabeça bem feita.
Estruturado na forma de capacitação, o curso de docentes teve uma carga total de 40
horas, dividido em duas etapas, na primeira os professores participaram de cinco encontros
semanais de quatro horas cada. Em primeira instância trabalhou-se a apresentação da
proposta, integração com os participantes e introdução à educação ambiental. Num segundo
momento trabalhou-se com conteúdos ideológicos e filosóficos dos movimentos
ambientalistas e discussão sobre temas para elaboração das aulas. Num terceiro momento
iniciou-se a identificação de possíveis temas a serem trabalhados em sala de aula, em seguida,
num próximo encontro, trabalhou-se a elaboração de planos de aulas com os temas
identificados no encontro anterior. No quinto e último encontro semanal confeccionou-se o
planejamento em forma de apostila, num projeto único apresentado a toda equipe da Unidade
Escolar, cujo objetivo geral era de caracterizar temáticas enfatizando o meio ambiente
tornando-o significativo para os educandos e para o respectivo grupo docente.
Esta capacitação se faz em um processo contínuo e permanente, sendo avaliada em
conjunto com os professores participantes ao longo dos quatros bimestres curriculares tendo
mais cinco encontros de quatro horas cada, sempre procurando respeitar e estimular os
docentes conforme Perrenoud nos elucida.
Dessa forma, além de formar recursos humanos em educação ambiental, a proposta
tem introduzido a educação ambiental de maneira sucinta no currículo da educação formal e
por circunstância da capacitação com professores em atividade, tem atendido o artigo 11 da
Lei 9.795 da Política Nacional de Educação Ambiental.
No decorrer de todo o ano letivo de 2005 houve a oportunidade de desenvolvê-la na
escola “E. E. Professora Cynira Pires dos Santos” com dois projetos realizados pela equipe de
professores eventuais, o da Educação Viária e a primeira Mostra de Educação Ambiental.
Para a realização do projeto Educação Viária necessitou-se organizar e mobilizar os
professores participantes quanto à importância de formar cidadãos críticos e reflexivos frente
à problemática socioambiental vivenciada por toda a população, sendo o “trânsito” uma delas.
51 De posse do material elaborado pelo instituto Mapfre, e enviado às escolas como um
projeto da Secretaria Estadual de Educação, agendou-se um encontro entre os professores
responsáveis pela realização do referido projeto, (que na respectiva escola, ficou sobre os
cuidados da equipe de professores eventuais, que participaram da capacitação em educação
ambiental ministrada pelo autor deste trabalho) com o objetivo de discutirem as estratégias de
ações e os conteúdos a serem abordados com o tema Educação Viária.
Seguindo os objetivos da proposta elaborada pelo Instituto Mapfre, promoveram o
conhecimento do ambiente físico próximo ao aluno em relação ao “trânsito” mostrando a
importância da prudência e dos bons hábitos no uso das vias públicas, e dos meios de
transporte obedecendo adequadamente suas normas de tráfego.
A equipe envolvida optou por expressar sua reflexão crítica num espaço dentro da
própria escola, e o estacionamento dos professores foi o lugar preferido.
Como produto dessa reflexão sobre o “trânsito”, o estacionamento ganhou uma nova
decoração, retratando em suas paredes, painéis de sensibilização, com figuras e redações
elaboradas pelos próprios alunos, orientados pelos professores responsáveis durante as aulas
eventuais.
O projeto foi estruturado para ser trabalhado em cinco aulas de cada turma participante
do ensino fundamental, e logo na primeira aula foi apresentada aos alunos a programação.
Ainda nesta aula, com o intuito de situar a demanda de educandos frente à importância da
discussão sobre o tema Educação Viária, foram abordados dados estatísticos referentes aos
acidentes ocasionados. No que se refere à segunda aula, trabalhou-se com os grupos de alunos
as normas de condutas, a fim de formar mais compreensiva a legislação do “trânsito”. Como
atividade de fixação foi realizada um exercício relacionado às placas das vias de circulação.
Para a terceira aula, os professores responsáveis pelo projeto elaboraram três histórias
envolvendo algumas questões pertinentes ao contexto estudado, criadas com fotografias do
cenário real do “trânsito” em alguns trechos dos municípios de São Bernardo do Campo e
também de São Paulo.
Na quarta aula foi feita uma visita ao estacionamento dos professores com o objetivo
de refletir sobre as mensagens a serem transmitidas, em seguida retornou-se às salas com a
finalidade de expressa-las em forma de desenhos para a montagem do painel de
sensibilização.
Atendendo ao objetivo de organizar um espaço para favorecer as reflexões críticas
referentes ao tema do projeto, foi organizada uma sala de aula decorada com os desenhos e
redações elaboradas pelos alunos, e também, com recortes de jornais retratando
52 acontecimentos no “trânsito”. Neste ambiente, agora estimulador, ocorreu a quinta aula, e
nela foi apresentado o painel elaborado com os desenhos e a redação escrita com cinco
trechos dos textos elaborados com as 8ª séries de ensino fundamental. E assim, foi dado por
concluído o projeto com as turmas do ensino fundamental. A realização do mesmo com o
grupo de alunos do ensino médio pôde-se contar com a colaboração do professor da disciplina
de Geografia, que permitiu a utilização de duas de suas aulas com uma turma de 1º ano e
outra de 2º ano.
Para essas duas turmas o projeto Educação Viária pretendia sensibilizar o público
quanto à importância da prática de direção defensiva, e nesse contexto, adequou-se a
estratégia educacional.
O grupo de educandos realizou uma atividade de expressão crítica relacionada à
direção defensiva, estimulado por uma música. Em seguida, divididos em grupos, ficou a
critério dos próprios alunos a escolha artística da forma de ser expressa, já que se entende que
a aprendizagem se torna mais significativa quando reside no estabelecimento de conexões
significativas, ou seja, de acordo com a realidade do educando, entre os novos conhecimentos
e os já existentes, conforme menciona a teoria de Ausubel.
Esse projeto teve a duração de um bimestre e todas as salas do ensino fundamental e
os 1ºs e 2º
s anos do ensino médio produziram algum tipo de material.
Com relação à primeira Mostra de Educação Ambiental, coordenada pelo professor da
disciplina de Geografia, com a colaboração de três professores eventuais, realizou-se com as
turmas de 2º anos do ensino médio apresentações que abordaram temas como Globalização e
Desenvolvimento Humano, O Poder do Capital na Sociedade Contemporânea e Problemática
Socioambiental.
A orientação aos grupos foi trabalhada de maneira diferenciada, associando atividade
rotineira com pedagogias contextualizadas em educação ambiental, e durante as aulas o
auxilio de documentários, reportagens, textos, artigos, mapas, musicas, assim como a
utilização da ferramenta internet, reforça a estratégia adotada para o desenvolvimento da
Mostra.
Trabalhados os conteúdos curriculares sob o olhar da educação ambiental, a proposta
de Mostra surgiu como sugestão dos próprios alunos para que no dado momento pudessem
expressar suas opiniões a respeito da formação cultural de seu próprio “Ser” e como nos
norteia Pelicioni “...não é o educador quem educa, mas o educador é aquele que cria
condições para que as ideias, o conhecimento sejam incorporadas pelo educando...”, a Mostra
foi realizada sem nenhum tipo de impedimento.
53 As turmas foram subdivididas em grupos de acordo com a respectiva ordem: 2º E
retratou “O mundo e a problemática socioambiental”, 2º B “O poder do capital”, 2º C “As
influências dos meios de comunicação”, 2º D “A extinção de espécies - Índios”, e o 2º A com
o tema “Ser Humano”. As devidas apresentações foram moldadas sob forma de slides em
PowerPoint, dramatizações em palco, letras musicadas, maquetes e cartazes, e realizada na
sala de teatro da própria escola, fazendo parte da avaliação da disciplina Geografia.
Com a intenção de expandir-se para mais escolas e possibilitar a outras pessoas a
terem o conhecimento da proposta, a primeira Mostra de educação ambiental da escola “Profª
Cynira Pires dos Santos” transformou-se em um documentário em DVD, editado por um pai
de uma das alunas do 2º D.
Após a conclusão desses dois projetos supracitados, a relação que a escola como um
todo tinha com os professores eventuais mudou. Houve uma maior aproximação e aceitação
por parte dos alunos, dos outros colegas de profissão e também por parte da diretoria e
coordenação pedagógica, que por sua vez permitiu e requisitou mais projetos da equipe de
eventuais para o ano seguinte.
Diante dessa demanda, foi apresentado no planejamento anual da escola, com a
presença da diretora, coordenadoras pedagógicas e todos os professores do ensino médio um
planejamento de projetos para as aulas eventuais. Cada bimestre seria trabalhado um projeto
aplicado pelos professores eventuais. O primeiro bimestre ficou o projeto Conpet, promovido
pela Petrobrás, que trata o tema energia, o segundo bimestre ficou com a Copa Cynira em
decorrência da Copa do Mundo de 2006, o terceiro bimestre ficou com a política em nossas
mãos já que era época eleitoral e por último, a pedido dos alunos e devido ao seu sucesso,
ficou com a Mostra de Educação Ambiental II.
Fundamentado no referencial teórico e no amparo legislativo, o poder da educação se
realiza através de sua ação. Portanto, no primeiro bimestre de 2006, foi desenvolvido o
projeto Conpet (Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados de Petróleo e
do Gás Natural) estimulado pela Petrobrás que consiste no tema fontes de energias e formas
de sua racionalização pelos professores eventuais com os alunos do Ensino Médio. O projeto
criado pela Petrobras em parceria com empresas privadas, desenvolvido em escolas de todo o
Brasil, tem com o objetivo sensibilizar quanto ao consumo sustentável dos recursos
energéticos, e estimular a formação de jovens pesquisadores. O objetivo proposto da minha
intervenção era de capacitar os alunos do ensino médio a desenvolverem projetos didáticos e
os exporem em aulas vagas para outras turmas com a racionalização e alternativas para uma
melhor eficientização de uma fonte de energia renovável ou não.
54 Para alcançar tais objetivos, foi desenvolvido, primeiramente, um curso de
introdução às questões ambientais para situar o publico quanto aos objetivos, princípios e
fatos históricos dos movimentos ambientalistas. Divido em cinco aulas, foram trabalhados
conceitos e definições, interpretação de texto “A Pegada Humana” e reflexão posterior, breve
histórico da educação ambiental passando por pontos importantes de nosso processo
evolutivo, dinâmica de integração e debate acerca do ser humano e vídeo documentário sobre
uma grande empresa multinacional e suas ações comunitárias.
Uma vez cientes dos conteúdos acima, os alunos estavam prontos para trabalhar no
projeto Conpet. Dividido em cinco aulas, foi abordado uma introdução ao tema fontes de
energia em aula expositiva, posteriormente foi transmitido o vídeo “Energia, Sociedade e
Meio Ambiente” de produção da Petrobrás tendo como mediador do conteúdo o Professor
José Goldemberg, para uma reflexão em grupos ou individual (ficou a critério dos próprios
alunos) acerca da relação dos conceitos e da pergunta enunciada no vídeo: Quem depende de
quem, o Planeta de você ou você do Planeta? Em seguida foi trabalhado com recortes de
jornais em notícias sobre as questões energéticas na demanda de abastecimentos de grandes
centros urbanos e necessidades do ser humano, assim, o aluno lê a noticia e opina sobre o
assunto para posteriormente, expor a toda sala o conteúdo da notícia e sua reflexão sobre.
Finalmente, na última aula, foi exibido o filme “Fahrenheit – 11 de setembro”, que aborda
sob uma perspectiva crítica, a dependência social perante o recurso energético, petróleo e a
dominação desse mercado pelas grandes corporações. Para assistir o filme por inteiro, foram
necessárias três aulas eventuais e só após isso é que os alunos sentaram-se para se reunirem
em grupos e começarem a elaborar seu próprio projeto-aula.
Como cada grupo decide fazer um tema diferente e uma estratégia diferente, as aulas
de orientação de grupos passaram a ser feitas nas próprias aulas eventuais, ou aqueles grupos
que demandaram de maior tempo, passaram a trabalharem no período vespertino, ou seja,
fora do horário formal de aula, na própria escola. Tudo isso foi permitido, pois como cita
Daniel Luzzi “A educação ambiental...é responsável pela transformação da educação como
um todo em busca de uma sociedade sustentável”
4.3 Resultados Obtidos
Algumas mudanças ocorreram na organização do quadro de professores eventuais,
como não poderia ser diferente, pois o que antes na questão atribuição de aula havia uma
hierarquia vertical, ou seja, caso houvesse uma oportunidade de algum professor eventual
55 entrar em sala, que está chance seria dada ao profissional mais antigo, assim, se em um dia
qualquer professor efetivo faltasse e neste dia ele daria seis aulas, todas essas seis aulas eram
destinadas a um único professor eventual, aquele com mais tempo de casa e que, portanto as
aulas nunca eram distribuídas por igual entre os outros colegas da mesma situação.
Se um dia faltassem dois professores efetivos, um deles daria 6 aulas e o outro daria 3, o
professor eventual com mais tempo de casa poderia escolher com qual turma ficaria e
evidentemente escolheria o que daria mais aulas, pois assim sua remuneração seria maior.
Após a capacitação dos professores eventuais esse quadro mudou, as aulas passaram a
ser distribuídas por igual entre aqueles que lá estavam presentes no dia, caracterizando assim
uma distribuição de aulas mais equânime entre os colegas da mesma profissão.
Foi destinada uma sala específica para os professores eventuais trabalharem e esta era a
sala de teatro da escola que antes nunca era utilizada. Com cadeiras confortáveis, espaço para
apresentação dos trabalhos dos alunos e o que é melhor, uma mudança mesmo que fosse por
pouco tempo daquela habitual sala que todos estavam acostumados. Isso mexe um pouco
com o aluno quando o tira da mesmice de sempre e o traz para algo novo. O bom dessa sala,
também, é que ela comporta duas turmas simultaneamente e que, portanto houve vezes que
duas turmas de diferentes anos pudessem compartilhar a mesma aula no projeto promovido
pelos eventuais. Evidentemente a sala com mais alunos e de turmas diferentes gera um ânimo
a mais para os alunos, mas nunca aconteceu nada fora do controle ou algo extraordinário que
fugisse a proposta daquela determinada aula, pelo contrario, a riqueza de compartilhar o
conhecimento com outras pessoas que você não está acostumado foi bem vinda.
Não apenas esta sala foi utilizada no contexto do projeto, mas também os outros
espaços da escola puderam ser utilizados, como a sala de vídeo para exibição dos
documentários, laboratório para a prática de experiências, a sala de informática para
pesquisas e elaboração de material dos alunos e até os espaços do pátio para organização dos
grupos e dinâmicas. Um grande ganho e alívio para os professores eventuais desenvolverem-
se seus respectivos trabalhos, pois antes da capacitação e organização dos eventuais era
extremamente difícil e burocrático conseguir usufruir qualquer uma dessas salas.
Assim como os professores efetivos, os eventuais também passaram a fazer reunião
para discussão e alinhamento da proposta e do projeto, o famoso HTPC, hora de trabalho
pedagógico coletivo, único e exclusivo para os eventuais.
Outra mudança ocorrida foi a atribuição de notas para as tarefas desenvolvidas pelos
alunos no projeto lecionado pelos eventuais, assim, houve ganho de credibilidade tanto por
parte dos eventuais que passaram a ter seus trabalhos reconhecidos legalmente e
56 burocraticamente, para os alunos que possibilitaram de ser avaliados de uma outra maneira
e não só pelas provas realizadas de determinada disciplina, como também para a escola que
efetivamente integrou o eventual como mais um profissional habilitado a desenvolver o
processo de educação no aluno e ser reconhecido pelo seu trabalho, tornando a escola
pioneira nesse tipo de projeto e um exemplo a ser seguido.
Diante dessa metodologia aplicada, diversos grupos de alunos do ensino médio,
desenvolveram seus projetos-aulas em temas das fontes de energia e formas de racionalização
e expuseram para os alunos do ensino fundamental durante a ocorrência das aulas eventuais,
ou nas aulas previamente agendadas com os professores efetivos que acabaram aderindo e
participando do projeto ao abrirem espaço das apresentações para sua turma de alunos do
fundamental. Essa também foi uma maneira de aproximar a classe de professores, pois eles
puderam trabalhar com seus alunos o conteúdo abordado pelos jovens na apresentação sob o
enfoque de projeto interdisciplinar.
Cada grupo desenvolveu um tema e uma estratégia escolhido por eles. O grupo do João
Marcelo, 10B, trabalhou “A energia química como ferramenta promotora da saúde” e
elaborou a aula expositiva dos conteúdos pesquisados em PowerPoint, filmou uma simulação
de uma situação para que as pessoas tenham mais cuidados com sua alimentação, o grupo
cantou uma música sobre o tema e no final distribuíram um bolo cuja receita aproveitava as
cascas de uma fruta, dando um exemplo a todos da reutilização de lixo orgânico, evitando sua
destinação para os aterros sanitários, além do que despertou ainda mais nos alunos do Ensino
Fundamental, os benefícios e a importância de uma alimentação saudável.
Figura 2 – Slide de apresentação do grupo 1
oB
Fonte: O autor.
O grupo do João Lima, 20D, construiu um protótipo de aquecedor solar de baixo custo
após pesquisa na internet de materiais a serem utilizados e forma de construção. Esse grupo
atuou em uma aula eventual para mostrar seu trabalho em duas turmas de quinta série. O
grupo pode esclarecer as dúvidas que as crianças trouxeram no que diz respeito a energia
termodinâmica. Mas o fato curioso deste grupo foi a motivação de um de seus componentes
57 em fazer um curso na faculdade de engenharia, já que este aluno gostara de ter realizado
tal empreendimento.
Figura 3 – Apresentação do grupo 2
oD (João).
Fonte: O autor.
Já o grupo do Denis, realizou uma apresentação sobre a energia elétrica que ilustrava a
chegada de um palestrante de uma grande empresa brasileira do setor energético na escola
para falar sobre a energia elétrica, sua história e dados de consumo atuais. Em seguida levou
a turma de sétima série, ao laboratório para explicação e realização da experiência da
condutividade elétrica de Ahrrenius.
Figura 4 – Apresentação do grupo 2
oD (Denis).
Fonte: O autor.
O grupo do Kayan, 20E resolveu trabalhar em cima da energia química enfatizando os
benefícios da utilização dessa fonte de energia para fins medicinais, ou seja, a radiação na
medicina envolveu a questão dos radio fármacos no tratamento de câncer. Para isso, o grupo
entrevistou a professora e coordenadora de química da Faculdade de Santo André e adquiriu
lâminas de laboratório para demonstrar a diferença do estado de uma célula do nosso corpo
sem câncer e outra célula com câncer (célula de câncer de mama) para a classe que assistiu a
sua apresentação, no caso, uma turma da sétima série.
58
Figura 5 – Apresentação do grupo 2
oE.
Fonte: O autor.
O grupo do Diogo, 20C escolheu fazer uma pesquisa em vias públicas sobre a opinião
das pessoas sobre a viabilidade de geração de energia elétrica através da energia nuclear. Para
isso, foi requisitado pelo próprio grupo visitar o IPEN, Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares da USP. Lá, o grupo assistiu à palestra do Dr. Hélio para esclarecimento de todo o
processo de fissão nuclear e esclarecimento das dúvidas do grupo. No vídeo, o grupo
entrevista duas professoras da escola, uma de história (para abordar os fatos históricos) e
outra de Química (para explicar sobre utilidades da fissão nuclear). Ao final, o grupo deixa
sua opinião quanto de seu trabalho e mostra uma maquete que simula uma usina de produção
de energia elétrica proveniente da energia nuclear.
Figura 6 – Apresentação do grupo 2
oC (Diogo).
Fonte: O autor
Ainda referente à energia elétrica, o grupo da Ingrid do 20C, promoveu um projeto de
eficiência energética para ser aplicado na escola, já que ela identificou que a escola gastava
muita energia sem necessidade. Esse projeto foi apresentado para duas turmas do EJA,
Educação de Jovens e Adultos, contando com a ajuda de um palestrante profissional da área
que sugeriu que este projeto de eficiência energética também englobasse a comunidade em
torno da escola. Assim, surgiu um projeto inovador que aproximou mais ainda a comunidade
da escola, pois eram muitos os interessados no programa. O grupo de alunos fez uma coleta
59 de dados dos pontos de iluminação na escola e também realizou um questionário para a
comunidade responder sobre itens e temas relevantes a energia elétrica. As pessoas da
comunidade que se interessaram, foram até a escola para ouvir uma palestra de dicas de
economia a serem aplicadas em nossa própria residência.
Figura 7 – Apresentação do grupo 2
oC (Ingrid).
Fonte: O autor.
Esse projeto piloto na escola serviu de base para a consolidação de um projeto de
eficiência energética em atendimento a comunidades baixa renda promovida e financiado
pela concessionária de energia Bandeirante do grupo EDP (Energias de Portugal) na região
do Alto Tietê e Vale do Paraíba. Tal projeto, em três anos, contemplou a distribuição de
485.035 lâmpadas de baixo consumo para 132.055 residências. Além disso, também foram
doados 30.000 padrões de entrada (postes) e 16.000 habitantes dessas regiões presenciaram
palestras sobre dicas de consumo e cuidados com a energia elétrica nas oficinas educacionais.
Essas e outras atividades foram realizadas nesse programa de eficiência energética, que
atende a lei 9.991/00 e perdura até dos dias de hoje, porém sem o meu acompanhamento.
Os pontos relevantes desse tipo de projeto têm o engajamento da demanda de educandos,
pois uma vez estimulados, nossos jovens são realmente capazes de desenvolverem qualquer
tipo de projeto, sem mencionar o prazer que eles têm em se educar dessa forma o que resulta
não só na diminuição do absenteísmo, como também, possibilita que o aluno fique tempo
integral na escola realizando seus respectivos projetos (período matutino e vespertino).
Esse tipo de método de ensino que auxilia na formação de um cidadão ambientalmente
consciente, estimula a geração de trabalho e renda, por trabalhar o jovem aprendiz em um
pesquisador e multiplicador de ações corretivas e/ou melhorias ao meio ambiente e também
por possibilitar um melhor desenvolvimento das inteligências múltiplas tão requisitadas no
âmbito escolar e no contexto social.
Os benefícios para o professor eventual são extraordinários, pois seus colegas de trabalho
(professores efetivos) já não o vêm como uma classe excluída, o que gera uma maior
60 aproximação entre ambos, se ganha uma maior credibilidade por parte da diretoria e
coordenadoria pedagógica, resultando numa maior disponibilidade de recursos para o
eventual trabalhar.
Com o trabalho realizado, o professor eventual pode atribuir nota para os alunos do
ensino médio e essas notas foram aceitas por muitos professores efetivos que de algum modo
contribuíram para o projeto dos alunos, algo que nunca ocorreu antes nessa escola. Alguns
alunos puderam ter sua avaliação melhorada nas disciplinas curriculares e outros até puderam
escapar da recuperação por conta da sua participação nos projetos das aulas eventuais.
Assim, o professor eventual passa a exercer sua função com prazer e efetividade e o mais
importante de tudo é que as aulas vagas que antes eram utilizadas para os alunos dormirem
ou jogaram cartas de baralho, passam a se tornarem significativas e produtivas para todos os
envolvidos.
Todas as apresentações dos grupos de alunos do ensino médio foram gravadas e editadas
como produção de material educativo formando um kit disponível na biblioteca da própria
escola e assim possibilitar que os alunos assistam as outras apresentações ou que os
professores utilizem como uma ferramenta de trabalho ou até mesmo como um exemplo a ser
seguido.
Ao final do projeto e do semestre que nos encontrávamos, foi solicitado a alguns alunos
que se manifestassem em forma de depoimento o que este projeto significou em sua vida.
Dois destes depoimentos valem a pena ser ressaltados:
Patrícia do primeiro ano do ensino médio falou:
“Queria agradecer a vocês professores, mas principalmente a Bia (colega de turma) que falou
sobre esse projeto pra gente. A gente não tinha nenhuma utilidade à tarde, era só comer, dormir
e vir pra escola, a mesma coisa de sempre, fazer trabalho só pra ganhar nota, às vezes pegava da
internet, via lá e já era, mas hoje vejo que não é bem assim. Um trabalho quando é para ser feito
ele tem que ser feito porque você quer, porque você quer aprender e não só para ganhar nota.
Tava conversando com o Renato (colega de turma) que como o meu pensamento mudou, eu
pensava muito fútil, eu era muito fútil e de uma semana para cá como eu me mudei totalmente,
mudei demais e eu devo isso à vocês, vocês todos eu agradeço de coração”.
Já Diogo do segundo ano do ensino médio fez um depoimento de cinco minutos, dos
quais vale a pena ressaltar a seguinte parte: “É uma oportunidade que com dezesseis anos no
ensino médio você nunca vai ter na vida, sabe!”.
Este trabalho foi apresentado no primeiro HTPC do segundo semestre do ano letivo e
após a explanação a diretora da unidade escolar declarou: “Esse trabalho é dez e os
professores envolvidos todos também estão de parabéns, os professores que cederam
horários, os que se envolveram com os professores eventuais estão de parabéns, porque é um
trabalho muito bom. Tá integrando uma série de coisas na escola”.
61 Nesse meio tempo esta proposta foi apresentada logo após uma banca de doutorado do
NISAM, Núcleo de Informações em Saúde Ambiental, que é um departamento na Faculdade
de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP) sob o comando de Maria Cecília
Focesi Pelicioni, livre docente, a qual aproveitou a ocasião para dar seu parecer a todos os
presentes, doutores, mestres e especialistas na área ambiental ao mencionar a respeito do
método trabalhado com o aluno: “Agora imaginem, é muito mais interessante aprender desse
jeito do que qualquer outro tipo de aula, fala a verdade. Não é assim que agente aprende
muito melhor ?”.
Ao final da apresentação Pelicioni fez questão deixar uma constatação que é a seguinte:
“Agente percebe que é falta de vontade política, porque na realidade a proposta é maravilhosa,
nós sabemos dos resultados, os alunos adoram, tem um resultado maravilhoso porque eles têm
avaliado, os professores gostam, a gente tem acompanhado e não é de um ano só, cada ano
melhora a proposta, não é de uma escola só, eles têm aplicado em várias escolas. Eu tenho
alunos que estão dando assessoria pros secretários (de educação). Muda secretário, muda
partido...muda o partido não porque fica a mesma droga sempre, mas muda assessoria, os
nossos alunos estão lá, eles (eu) foram apresentar porque eu consegui que eles conversassem
com o pessoal (da secretaria estadual da educação) e eu tenho ido e tenho reiterado a
importância disso e os alunos (eu) conversaram com o pessoal, mas eles não conseguiram nada.
O pessoal (da secretária estadual da educação) não dá ouvidos. Porque não há vontade política
pra melhorar nada, essa é que é a verdade. Não vem falar que não tem dinheiro porque tem.
Porque o dinheiro tá sentado pra um monte de ONG, de forma errada, então a gente sabe que
eles (secretaria da educação) dão dinheiro pra ONG fazer projeto. A própria Marlene tem falado
pra gente, que é assessora (do secretário estadual da educação). Eles dão dinheiro para ONG que
a gente não sabe quem é, não sabe o que vai fazer, dão pra qualquer um, ninguém sabe o
resultado. Quando vê uma proposta séria, de gente que tá lá dentro (da escola pública), que é
professor formado que conhece a realidade, não tem como viabilizar. Então realmente as coisas
não mudam por falta de vontade política, por falta de seriedade”.
Diante dessa afirmação, torna-se bem notório qual é o real problema educacional e por
onde devemos começar a tão sonhada mudança no âmbito educacional. Para que isso
ocorra, basta iniciarmos uma transformação interna em cada um de nós.
5 CONCLUSÃO
Este trabalho apresenta uma proposta de trabalho que visa discutir formas de qualificar o
ensino formal da rede pública do estado de São Paulo, tanto para os alunos do ensino médio,
quanto para seus professores, já que comprova que o papel do professor é o principal agente
de formação de uma cidadania ambientalmente responsável e consequentemente uma
transformação social urgentemente requerida em tempos atuais.
Nota-se a necessidade de organizar a função do professor eventual e capacitá-lo a
trabalhar com temas relevantes às questões ambientais de uma forma mais prática e, portanto
mais satisfatória, já que a demanda de educandos manifestam interesse em realizar tarefas
62 condizentes com o desenvolvimento da responsabilidade socioambiental e que explorem
suas diversas habilidades humanas.
Verifica-se, portanto, que o cenário escolar atual necessita de mais profissionais
capacitados a trabalhar com a questão ambiental dentro da sala de aula. Espera-se que este
trabalho sirva de referência para sua expansão em um nível estadual, a fim de debater a
qualificação do professor eventual, de organizar e estruturar sua função dentro do sistema
educacional já apresentado e para isso é preciso que haja vontade política e coragem para
mudar por parte de todos aqueles envolvidos com a educação, pois de fato, estes professores
navegam à deriva já que não se tem nenhum tipo de acompanhamento pedagógico por parte
da coordenação, direção escolar ou até mesmo da diretoria de ensino.
A aplicação de um curso específico para esta classe de profissionais só vêm a agregar e
qualificar nossa educação e por consequência nossa cidadania nacional, já que o professor
ganha em notoriedade e respeito por parte dos outros.
Apesar da melhora na questão de recursos utilizados pelos professores eventuais, ainda há
o que se melhorar e disponibilizar mais ferramentas para seu trabalho, além de ser
reconhecido como um agente transformador e não apenas um “tapa buraco” à disposição do
Estado. Isto também deve englobar a questão financeira não só em aumento do valor hora
trabalho, mas no tempo de recebimento de seu benefício para que não espere isso por dois
meses após atuação.
São várias as leis que possibilitam tal reforma no nível educacional, pois elas também
entendem que conjuntamente com outras áreas é que se possa melhor preparar as pessoas para
participarem, cooperarem e atuarem com as situações do meio ambiente e consequentemente
adotarem uma gestão ambiental mais condizente ao passo que se segue rumo ao
desenvolvimento sustentável.
No que compete aos alunos, fica evidente que eles aderem e se engajam em propostas de
mitigação/solução das problemáticas socioambientais e que esse momento de vida que eles
vivem, ou seja, a adolescência é um momento propício para estimular seu senso crítico e
político, já que o papel da escola é de forma a preparar os cidadãos para o mundo fora da
escola.
Vale a pena ressaltar de que este trabalho tem a aplicabilidade em toda e qualquer escola
estadual, desde que seja feito de forma organizada, controlada, qualificada e respeitada por
todos aqueles que de alguma forma estão envolvidos. È importante lembrar, também, de que o
valor financeiro que um professor recebe pelo Estado não é suficiente para sustentar tal
proposta.
63 Iniciar uma transformação no sistema educação é de primordial importância em uma
sociedade que precise rever valores e atitudes na forma como se relaciona com ela mesma e
com o ambiente ao seu entorno, afim de que se possa gozar de seus direitos humanos
enquanto habitantes de um planeta e que não comprometa os direitos das futuras gerações que
se seguem.
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