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NOTÍCIAS

3.fev.2015 N.644

www.aese.pt

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“Trigger Warning”: Que ninguém se sinta ofendido

Uma sociedade com sede de emoções

AGENDA

Reformas constitucionais: entre o tabu e a superstição “Lincoln”

“A sociedade atual obriga-nos a ter emoções positivas”

A reputação das organizações Fundação Bissaya Barreto, 11 de março de 2015

"O mercado global é infinito"

A sua empresa oferece um “Serviço 5 estrelas”?

Descomplicar!: fazer, a cada momento, o melhor

Impacte social: saber fazer bem o Bem

Aumentar a Eficácia para obter Mais Valor Lisboa, 24 e 25 de março de 2015

Curso "A Alegria do Evangelho" | O Anúncio do Evangelho Lisboa, 27 de março de 2015

Shaping Statistical Intuition Lisboa, 9 de março de 2015

Média

Daniel Bessa no Observador, a partir da AESE, entre outros…

Curso "A Alegria do Evangelho" | A Crise do Compromisso Comunitário Lisboa, 27 de fevereiro de 2015

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"O mercado global é infinito"

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Lisboa, 22 de janeiro de 2015

O Agrupamento de Alumni da AESE convidou o Prof. Daniel Bessa, no dia 22 de janeiro, para uma conferência sobre “A Economia europeia e o impacte nas em-presas”, em Lisboa. O Professor, visivelmente agradado por estar na AESE, demonstrou uma grande liberdade na conversa, que decorreu de um modo muito descontraído, sem recurso a pro-jeção. Daniel Bessa referiu que a nossa situação na Europa marca-nos, mas não nos pode determinar total-mente. O que vem de Bruxelas a-caba por nos interessar pouco, porque não podemos influenciar. Existem problemas na Europa, o que dificulta a expansão das em-presas portuguesas médias; mas está nas mãos dos empresários desenvolver um trabalho como na

Ásia e noutros países emergentes. Apesar das condições atuais serem mais favoráveis do que no pas-sado, Daniel Bessa alertou para o perigo das empresas voltarem a basear o mercado interno na dívida. No seu entender, a única solução é a exportação que há de abrir depois a necessidade de in-vestir, para aumentar a capacidade. Neste sentido, a venda com pre-juízo na exportação pode encarar- -se como saudável se a com-pararmos com o encerramento de uma empresa. O orador também referiu não ser saudável para o país que as melhores empresas portuguesas – com vendas entre os 20 e 50 milhões de euro-, não procurem crescer, por não quererem perder o controlo. O debate estendeu-se a uma

Com o Prof. Daniel Bessa, da Cotec Portugal

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plateia de uma centena de dirigen- tes e executivos, Alumni da AESE. A única solução é o mercado global Sobre este tema, o ex-Ministro da Economia começou por dizer que “há uma questão conjuntural", es-pero eu, "que é um problema de confiança. E esse é realmente o desafio do momento. Em termos mais estruturais, a Europa está confrontada com um gravíssimo problema de competitividade” que se prende com “a globalização, com o acesso aos mercados”, o que constitui um desafio enorme. Para Daniel Bessa, “as opor-tunidades estão no mercado global. O mercado interno, seja na compo-nente pública (consumo público) ou privada (consumo das famílias), os níveis de endividamento que se atingiram são de tal ordem, que o mercado interno não tem muito por onde crescer. Portanto, a única solução que eu vejo é procurar no mercado global, que como se ensina nas escolas de economia, quando uma empresa é pequena, o

mercado global é infinito.” Ao contrário do passado, as economias mais avançadas são hoje caraterizadas pela diversidade de setores competitivos nos quais assentam as suas economias. Saber em que investir é uma resposta que só as empresas poderão dar: “Uma economia como a dos Estados Unidos da América, ou a da Alemanha, ou a da Holanda, não se carateriza por uma particular predominância de um setor. São economias onde estão. presentes quase todos os setores E onde, em todos, é possível encontrar empresas muito compe-

titivas. Passámos de uma especia-lização intersetorial, para uma especialização intra setorial. Nas economias avançadas, as empre-sas especializam-se em nichos dentro de um setor e isso pode acontecer praticamente em todos. Eu acho que Portugal está nessa fase.” AESE nos Media Daniel Bessa: “Não consigo olhar para a PT hoje sem ver a fotografia de Sócrates” observador.pt, 25.1.2015

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Descomplicar!: fazer, a cada momento, o melhor

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“Executivas e Mães: quando e até quando?” foi o mote do encontro do AESE Women Leader’s Forum, em Lisboa, realizado a 27 de janeiro de 2015. Graça Franco, Diretora da Rádio Renascença, foi a convidada que, ao refletir sobre a sua vida familiar e profissional, desmistificou a com-binação perfeita entre estas duas esferas tão relevantes na vida da maioria das profissionais, dirigentes e executivas. Numa entrevista que antecedeu o almoço e a conferência colóquio, Graça Franco começou por des-mistificar o estereótipo das “execu-tivas de sucesso que vivem numa espécie de bolinha de cristal”. Como “mulher de carne e osso”, defende que “as mulheres execu-tivas também são mulheres e, portanto, não há nada pior do que o

paradigma da perfeição, que é absolutamente bloqueador.” 1. Quais os pontos chave que distinguem uma liderança no feminino? GF: “O que carateriza ou diferencia mais a atuação da mulher e do homem, no ponto de vista da lide-rança, tem a ver com nós sermos bastante mais suscetíveis ao emo-cional. Ou seja, nós temos o cha-mado feeling, conseguimos intuir, não temos de racionalizar todas as nossas decisões e opções, e temos uma capacidade de avaliação muito multifacetada. Nós valorizamos uma espécie de facetas, que muitas vezes escapam àquilo que é a avaliação dos nossos colegas homens. Não considero que uma mulher, só porque é mulher, vá ser uma melhor gestora do que um homem nas mesmas condições. Todos nós temos mais capacidade

Lisboa, 27 de janeiro de 2015 AESE Women Leader’s Forum convida Graça Franco

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de fazer uma coisa ou outra, mas não creio que o mundo liderado por mulheres fosse uma coisa mag-nífica em contraponto a um mundo que temos, o qual é liderado por homens. Mas estou convencida, que se houvesse mais paridade no governo do mundo, seguramente este seria melhor, porque nós estamos muito subaproveitadas.” 2. É possível exercer funções de direção sem perder ou esca-motear a feminilidade? GF: “Há um excesso de expec-tativas sobre as mulheres, muito mais nas executivas americanas do que nas europeias - apesar de tudo, somos mais informais,- que nos faz, de vez em quando, sonhar entre o blazer e os saltos altos quase impostos a uma executiva e o casual chique das mães. Acho que a feminilidade é uma coisa que também depende muito de cada uma de nós.” 3. Como conseguiu ao longo da sua vida harmonizar a vida familiar com a profissional?

GF: “Uma opção entre a carreira e a família, pode sempre, em cada momento, implicar sacrifício. Não sou partidária dos quadros idílicos em que tudo é compatível. Na minha carreira, acho que consegui gerir estas coisas pela positiva – acho que também tive sorte: mudei, por exemplo, muitas vezes de emprego, mudei quase sempre grávida, o que significa que benefi-ciei de uma oportunidade de que infelizmente muitas mulheres não podem beneficiar. Fiz opções que, no momento, pareciam ir contra a

minha carreira - em concreto, tive de abandonar, quase depois de ter entrado como Diretora Adjunta da Rádio Renascença, para acom-panhar o meu marido a Bruxelas, por causa da sua carreira. Levei quatro filhos comigo, trouxe cinco. Durante esse período, iniciei uma experiência nova de crónicas no Público, que acabou por me dar uma enorme visibilidade nacional nesse tempo. E, portanto, aquilo que em certa medida, pensava que seria deixar tudo, apagar-me e desaparecer do mercado, não

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Maria de Fátima Carioca (AESE), Graça Franco (RR) e Lúcia Vasco (AESE)

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aconteceu por causa destas circunstâncias. Depois, quando estava quase a ser Diretora da Rádio Renascença, mudei-me para a Póvoa do Varzim, porque o meu marido ia comandar lá um quartel - ele é militar. Deixei, mais uma vez a carreira em stand by. No entanto, tenho hoje uma grande mágoa, que é a de ter abandonado a carreira universitária. Tive dois filhos de seguida, tinha duplo emprego. Com um intervalo de um ano, a certa altura, vi-me com 300 alunos num anfiteatro da Universidade Nova e não era mais possível continuar a exercer a função de docente. Não consegui doutorar-me, como era suposto.” 5. Que conselhos gostaria de deixar às jovens mães com ambição profissional, para serem felizes na integração destas facetas na sua vida? GF: “Descompliquem-se. Ninguém é perfeito. Não há mães perfeitas, não há executivas perfeitas, não há combinações perfeitas, nem op-ções perfeitas. Vamos tentando fazer, momento a momento, aquilo que nos parece melhor. Nalgum

momento, sentiremos algum com-plexo de culpa, mas deixo um conselho: nunca como nos momen-tos em que estive única e exclu-sivamente dedicada a ser mãe, eu disse tantas vezes aos meus filhos “Não, agora não posso, agora não dá”, porque tinha a noção de que poderia fazer com eles a atividade que eles queriam fazer naquele momento, em qualquer altura. Por-tanto, tinha a tendência de adiar.” 6. Que sugestões gostaria de deixar aos dirigentes homens, para aproveitarem os benefícios que uma mãe e executiva pode trazer a uma organização? GF: “As mulheres vão partilhar todas as tarefas de poder, muito rapidamente. Há profissões que já são quase integralmente, ou inte-gralmente, femininas. A medicina, por exemplo, com aqueles padrões de entrada muito fixos, com notas muito altas, beneficiou a entrada de mulheres no mercado. De tal forma, que agora até é quase recomen-dável que se imponham algumas quotas para que os homens possam entrar na atividade. É uma questão de compreenderem que o

poder partilhado é benéfico até para as suas próprias decisões. As mulheres têm, de facto, um olhar positivo e diferente, sendo da complementaridade de géneros que resultará uma vantagem para as organizações.” Aceda à versão integral da entrevista aqui .

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Impacte social: saber fazer bem o Bem

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A AESE uniu-se à Everis na apresentação pública do estudo “Linhas de Orientação para Inves-tidores e Financiadores Social-mente Responsáveis”, realizado no dia 27 de janeiro, no Museu de Eletricidade, em Lisboa. A AESE esteve representada neste evento pela Dean, a Prof. Maria de Fátima Carioca, que integrou a mesa redonda subordinada ao tema do encontro. O debate teve como intervenientes: Carla Pinto, Vice-Presidente da CASES; Hen- rique Joaquim, Presidente da Comunidade Vida e Paz, Margarida Pinto Correia, Diretora de Inovação Social da Fundação EDP; Paula Guimarães, Diretora geral da Fun-dação Montepio e Presidente do GRACE; e Paulo Calado, Adminis-trador da Santa Casa da Mise-ricórdia de Lisboa. A moderação ficou a cargo de António Brandão

de Vasconcelos, Chairman da Everis. Fruto dos trabalhos do Grupo de Reflexão para a Avaliação de Impacto Social, a investigação res-ponde à necessidade das Empre-sas e Fundações poderem definir parâmetros de atuação enquanto Investidores e Financiadores So-ciais, tendo como objetivo estimular a construção de um cenário ético de referência que permita comparar procedimentos e impactes. Segun-do a equipa de trabalho, "o impacte social - muitas vezes também denominado de valor social, benefícios sociais e retorno social - refere-se à mudança proporcionada pelas atividades realizadas por uma organização, programa ou inicia-tiva, no bem estar de indivíduos ou comunidades, podendo refletir-se em impactes económicos, sociais e ambientais."

Museu da Eletricidade, 27 de janeiro de 2015

AESE participa do debate público

AESE nos Media “Melhorar o que se faz mal, replicar o que se faz bem e inovar” Ver.pt, 29.1.2015

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A 1.ª edição do seminário “Serviço 5 estrelas” decorreu na AESE, em Lisboa, no dia 15 de janeiro. A Prof. Beatriz Muñoz-Seca, do IESE, e o Prof. Jorge Ribeirinho Machado, da AESE, levaram a cabo esta formação, tendo desenvolvido um trabalho prévio com quatro empresas de setores de atividade diferentes, de forma a concretizar um modelo de serviço adaptado a cada realidade. Ao longo do dia, na AESE, a formação centrou-se na discussão de casos reais e nas experiências dos participantes na implemen-tação do modelo de excelência operacional em empresas do 3.º setor. Os professores ajudaram a construir um plano de ação para resolução do problema apresen-tado por cada participante.

“A minha participação no Seminário Serviço 5 Estrelas”, diz Beatriz Capaz, Sócia-Gerente do Ten to Ten, “foi determinante para refletir sobre o desenho operativo que temos atualmente nos nossos su-permercados. O modelo SPDM - Service Problem Driven Manage-

gement apresentado, ajudou-me a compreender como identificar os pontos estratégicos da operação do ten to ten no dia a dia, permitindo melhorar significativamente, já hoje e no futuro, a nossa proposta de valor junto do Cliente - Oferecer um Serviço de Excelência.”

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A sua empresa oferece um “Serviço 5 estrelas”?

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Lisboa, 15 de janeiro de 2015

Seminário AESE

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AGENDA

9 CAESE fevereiro 2015

Sessão de continuidade

Sessão de continuidade A reputação das organizações Fundação Bissaya Barreto, 11 de março de 2015 Saiba mais >

Seminários

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Eventos Curso "A Alegria do Evangelho" | A Crise do Compromisso Comunitário Lisboa, 27 de fevereiro de 2015 Saiba mais >

Seminário Shaping Statistical Intuition Lisboa, 6 de março de 2015 Saiba mais >

Seminário Aumentar a Eficácia para obter Mais Valor Lisboa, 24 e 25 de março de 2015 Saiba mais >

Eventos

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No dia D para a Europa e para a PT Portugal, 22 de janeiro, o Observador entrevistou Daniel Bessa, ministro da Economia no primeiro Governo liderado por António Guterres, e diretor geral da COTEC Portugal, à margem da conferência que a AESE – Escola de Direção e Negócios, organizou para debater a economia europeia e o impacto nas empresas portuguesas. Ao Observador, o também professor de Economia explicou que o plano de compra de dívida pública do Banco Central Europeu pode não ser suficiente para fazer a economia crescer e que é preciso resolver o problema de confiança que se instalou nas empresas europeias. E adianta, ainda, que sendo “se calhar politicamente incorreto”, não consegue deixar de olhar para os chineses “com simpatia”.

Sobre a PT Portugal – à hora a que decorreu a entrevista ainda não era oficial a venda à Altice – o ex- -ministro de Guterres afirmou que não é capaz de olhar para o estado em que a PT se encontra atual-mente “sem ver a fotografia do engenheiro Sócrates e do Dr.

Ricardo Salgado”. E que “o que não tem remédio, remediado está”. Investimento estrangeiro é preciso, mas será “sempre de pequena envergadura” e a única forma de fazer com que a economia portu-guesa cresça sustentadamente é exportar e empregar pessoas nes-

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“Daniel Bessa: “Não consigo olhar para a PT hoje sem ver a fotografia de Sócrates”

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In Obervador, de 25.1.2015

AESE nos Media

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sas atividades exportadoras. Quanto à Grécia, se calhar o melhor é entrar em “reparação” fora do euro, avançou Daniel Bessa. “No que se refere a nós, cada um sabe de si”, concluiu. Conversámos no dia em que Mario Draghi anunciou o plano de compra de dívida pública de 60 mil milhões de euros por mês. “Para que a economia cresça, é preciso investimento”, disse o presidente do BCE. Concorda? Não posso estar mais de acordo. O banco central não podia tomar outras medidas. É isto que ele pode fazer: manejar a quantidade de dinheiro em circulação, através das taxas de juro. E o BCE já tinha descido as taxas de juro a níveis historicamente baixos, com a mesma preocupação, sem grande sucesso. Agora, deu este passo, uma injeção maciça de dinheiro na economia através da compra de dívida pública. Não pode fazer mais, mas eu receio que estas medidas não sejam suficientes. E o que é que podia ser feito?

Penso que há aqui [na Europa] um problema de confiança. E esse problema está diagnosticado: é um problema de balanços, com em-presas muito endividadas. E quando se está muito endividado não há muito por onde investir, porque não basta ter acesso ao crédito. É preciso que existam mínimos de capitais próprios e as empresas não cumprem esses mínimos. Acho que por detrás disso tudo está outro problema, o da emergência de uma nova econo-mia, onde a Europa se apresenta como um player muito caro, con-frontado com concorrentes que são novos, muito agressivos. Tudo isso cria um clima de dificuldades em matérias de competitividade, níveis de endividamento excessi-vamente elevados, de uma pers-petiva mais psicológica, confiança em baixo. E esse clima não é nada bom para o investimento. (…)” Para aceder à restante entrevista de Ana Pimentel, do Observador, clique aqui.

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“Melhorar o que se faz mal, replicar o que se faz bem e inovar” Ver.pt, 29.1.2015 Grécia: novo governo é composto por 10 ministérios in ETV – Conselho Consultivo, 27.1.2015 Intervenções do Prof. Jorge Ribeirinho Machado 00:06:55 – 00:10:04 00:20:45 – 00:24:27 Daniel Bessa: “Não consigo olhar para a PT hoje sem ver a fotografia de Sócrates” observador.pt, 25.1.2015 BCE e o plano Draghi: montante ficou acima das expectativas dos mercados - Pt.1 in ETV – Comissão Executiva, 23.1.2015 Intervenções do Prof. Diogo Ribeiro Santos 00:12:18 – 00:16:06 00:11:46 – 00:15:44 Pt.2 00:03:14 – 00:05:40 00:11:34 – 00:13:51 00:19:03 – 00:22:13 Prémio Inovação NOS quer distinguir quem "arrisca fazer diferente" Diário Notícias, 22.1.2015

AESE nos Media

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De 16 a 30 de janeiro de 2015

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Prémio Inovação Nos quer distinguir quem faz diferente Jornal Notícias, 22.1.2015 Inovação: a linguagem e a realidade Diário Económico /Universidades e Emprego , 19.1.2015 Famílias numerosas Expresso /Economia, 17.1.2015 França depois dos atentados - Pt.1 in ETV – Comissão Executiva, 16.1.2015 Intervenções do Prof. Diogo Ribeiro Santos 00:02:31 – 00:05:40 00:11:46 – 00:15:44 Pt.2 00:00:11 – 00:02:31 00:06:37 – 00:11:44 00:15:45 – 00:20:00 Prémios Human Resources 2014 já têm votações abertas hrportugal.pt, 15.1.2015

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PANORAMA

“Trigger Warning”: Que ninguém se sinta ofendido Os estudos de algumas univer-sidades dos EUA têm vindo a avisar os estudantes para conteú-dos “potencialmente traumáticos”. Os trigger warnings (TW), como são conhecidos estes avisos, nasceram no âmbito da blogosfera feminista, como uma forma de evitar que mulheres vítimas de abusos sexuais deparassem com histórias, testemunhos ou vídeos que pudessem fazer disparar as suas más recordações, e provocar uma reação de stress pós-trau-mático. No entanto, ultimamente têm vin-do a alargar-se para lá dos seus objetivos iniciais e chegaram às salas de aula de algumas univer-sidades norte-americanas, como

conta uma reportagem do “The New York Times” (“Warning: The Literary Canon Could Make Students Squirm”, 17.5.2014) que teve muito eco noutros meios de comunicação social. Já não só se trata de abusos sexuais; qualquer material suscetível de suscitar traumas relacionados com uma ampla gama de experiências (racismo, homofobia, sexismo, co-lonialismo, deficiência física, vio-lência, suicídio, assédio…) deve ser objeto de um aviso. A extensão dos TW roçou, por vezes, o ridículo. Por exemplo, em determinada universidade foram etiquetados enquanto “potencial-mente traumáticos” alguns livros como “Huckleberry Finn”, de Mark

Twain, pelos seus conteúdos su-postamente racistas, ou “O Mer-cador de Veneza”, de Shakes-peare, pelo seu antissemitismo. Para lá das críticas a alguns ex-cessos pontuais, na universidade e nos meios de comunicação norte-americanos surgiu uma cor-rente de contestação à própria ideia dos TW. Sob o pretexto de não querer ofender ninguém, pode-se estar a corroer de facto uma das princi-pais caraterísticas da universida-de: fazer enfrentar o aluno com aquelas realidades que preferiria não conhecer, mas que fazem parte do mundo. Além disso, de acordo com este raciocínio, a

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13 CAESE fevereiro 2015

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liberdade de expressão dos pro-fessores ficaria coartada se antes de qualquer aula tivessem de pensar em se alguma coisa nelas poderá ferir determinada sensibili-dade (de uma lista potencialmente infinita, como o é o catálogo de experiências traumáticas). Um argumento a favor dos TW é que obrigam os professores e o resto dos alunos a exercitar a sua empatia (outra das palavras em moda na terminologia educativa), a “entrar na pele” de pessoas traumatizadas. No entanto, num artigo para “The Atlantic” (“‘Empa-thetically Correct’ is the New Politically Correct”, 23.5.2014), Karen Swallow interroga-se: “Como se pode cultivar a empatia se nos negamos a questionar as nossas ideias ou a sair das nossas zonas de conforto?”. Além

disso, Swallow explica que os TW podem servir para censurar o que num determinado momento seja considerado politicamente incor-reto. Outra crítica aos TW é que etiquetar romances, reportagens ou livros de pensamento como perigosos por conterem algumas passagens potencialmente trau-matizantes, pode provocar a distorsão da obra. Avisar o estudante, antes de ele ler “O Mercador de Veneza”, dos seus possíveis efeitos sobre traumas relacionados com o antissemi-tismo é, pelo menos, uma gros-seira simplificação da obra, além de um anacronismo que, em parte, deriva da falta de empatia – capacidade de pensar a partir de outras mentalidades – com o pensamento de outras épocas.

Por outro lado, como salienta Jonah Goldberg no “Los Angeles Times” (“The Peculiar Madness of ‘Trigger Warnings’”, 19.5.2014), é paradoxal a febre dos TW numa sociedade que acusa de “purita-nismo” os que criticam, por exem-plo, a presença da pornografia nos meios de comunicação. Cer-tamente, é necessária uma dis-cussão mais séria sobre que tipo de material pode ferir a sen-sibilidade geral de um grupo de pessoas. Swallow conta o caso de uma das suas estudantes, vítima de abusos na sua infância, que lhe transmitiu o seu sofrimento após uma aula dedicada a um romance de Thomas Hardy que continha um episódio de violação. E comenta: “uma pessoa traumatizada por ler um romance vitoriano, é uma

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14 CAESE fevereiro 2015

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pessoa que necessita de ajuda”. De facto, a professora fez entrar em contacto a estudante com uma especialista que pudesse ajudá-la. Na realidade, as advertências ao público sobre o tipo de conteúdos foram e são habituais nos espetáculos, na televisão, nas seleções de livros… São mais um aspeto informativo, que muitas vezes o público agradece e que não incomodam a quem não interessam.

O que é novo nos TW é que estas advertências não têm em conta o grau de formação do leitor, mas a sua suscetibilidade. O objetivo é que ninguém se possa sentir incomodado perante ideias que possam sacudir o seu con-formismo intelectual ou contrariar o seu estilo de vida. Talvez seja a derivação das denúncias contra o hate speech (linguagem do ódio), utilizadas por grupos feministas e gays para fazer calar os que criticam algumas das suas rei-vindicações. O novo puritanismo é

cada vez mais rígido. Bem, se se tem de atribuir TW a conteúdos que possam irritar, a próxima coisa a fazer será atribuí-los aos próprios autores se não deixarem de incomodar.

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PANORAMA

Reformas constitucionais: entre o tabu e a superstição A abdicação de Juan Carlos I levou um setor da esquerda espanhola a pedir um referendo sobre a monarquia, o que levanta o debate sobre a reforma cons-titucional. Até que ponto se pode exigir que uma geração venha a herdar sem tugir nem mugir uma Constituição elaborada pela pre-cedente? Fará sentido alterá-la para tentar resolver problemas sociais? Há países mais propensos do que outros na alteração das suas constituições. Um artigo publicado pela “The Economist” (“All Shall Have Rights”, 15.3.2014) situava num extremo os Estados Unidos,

cuja Constituição de 1787 foi emendada e interpretada pelo Supremo Tribunal, mas nunca substituída. E, no outro, os países da América Latina. Destaque para a República Dominicana, com 32 constituições entre 1844 e 1994; a Venezuela, com 26; o Equador, com 20. Nas últimas décadas, a tendência para substituir constituições na América Latina moderou-se bas-tante. Mas, ainda assim, nenhum país latino-americano se privou de uma nova constituição. Desde finais dos anos 70, promulgou-se na região uma média de uma constituição por país.

Outro dado comparativo: a vida média das constituições na Amé-rica Latina é de 16,5 anos; na Europa, de 77. A duração das constituições está também relacionada com a sua extensão. Se se limitarem a definir a arquitetura fundamental do Es-tado, será mais fácil que as ino-vações exigidas pela mudança social se introduzam por via da le-gislação ordinária. Pelo contrário, se forem muito ao pormenor, qual-quer adaptação pode entrar em choque com algum preceito cons-titucional, o que dá ao texto uma rigidez que pode ser contrapro-ducente para a sua permanência.

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16 CAESE fevereiro 2015

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Estes dados da “The Economist” permitem olhar com um pouco mais de perspetiva o caso da Espanha. Sem contar com o Estatuto de Baiona de 1808, que foi imposto por Napoleão, a Espanha teve oito constituições (1812, 1834, 1837, 1845, 1869, 1876, 1931, 1978) de 1812 até hoje. A atual, de 1978, é a segunda que está há mais tempo em vigor: 37 anos. A que mais durou até agora foi a impulsionada por Cánovas del Castillo: esteve vigente 47 anos, de 1876 até ao golpe de Estado de Primo de Rivera em 1923. Por acaso ou não, ambas coincidiram com períodos algo tranquilos na história de Espanha. Mas a duração destas constitui-ções é menor do que a de outras

normas de menor envergadura, vigentes em Espanha desde o século XIX: a Lei de Processo Penal (1882), o Código Comercial (1885) ou o Código Civil (1889). Todas elas sofreram modificações, mas o seu núcleo central continua em vigor na sua maior parte. E se a Constituição tem de ser repen-sada porque não foi votada pelas gerações mais jovens, não seria também necessário fazer um novo Código Civil ou Comercial, que afetam muito mais a vida normal do cidadão? É verdade que na população espanhola atual são maioria os que não votaram a Constituição de 1978. A população maior de 54 anos (os que tinham 18 anos ou mais quando houve o referendo) constitui hoje 31% do total, contra os quase 48% que têm entre 19 e

54 anos. Mas o facto de não ter votado esta norma fundamental é algo muito habitual em muitos países, sem que isso subtraia legitimidade ao sistema. A Constituição de 1978 foi refor-mada duas vezes por votação nas Cortes e as duas por exigência da União Europeia. A de 1992 modi-ficou o artigo 13.2 para permitir que os cidadãos dos países co-munitários pudessem ser eleitos nas eleições municipais. A de 2011 substituiu por inteiro o artigo 135 para introduzir no texto cons-titucional o princípio de estabili-dade orçamental das Administra-ções Públicas. Como se vê, são muito poucas alterações para 36 anos. E isso apesar de aos partidos políticos espanhóis não lhes faltarem ideias

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para fazer mais retoques. Aquan-do dos 35 anos da Constituição de 1978, o jornalista Fernando Garea (“La Reforma Imposible” em “El País”, 2.12.2013) passou em revista algumas das propostas de reforma mais significativas dos últimos anos. É curioso que, tanto as do PP como as do PSOE, foram elaboradas enquanto esta-vam na oposição e, em seguida, ao chegar cada um ao poder, meteram-nas na gaveta. “O facto das principais propostas de reforma da Constituição terem sido, ao tempo, propostas elei-torais, revela um modo de con-ceber a Constituição por parte das forças políticas que não beneficia a lei fundamental, a partir do momento em que ela é consi-derada instrumental para alcançar outras metas”, explica Paloma

Biglino, catedrática de Direito Constitucional da Universidade de Valladolid, num livro coletivo [Cfr. Diego López Garrido (dir.); María Luz Martínez Alarcón (coord.). “Reforma Constitucional y Esta-bilidad Presupuestaria. El Artículo 135 de la Constitución Española”. Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 2013]. Se os partidos espanhóis tendem a ver as reformas constitucionais como mais uma ferramenta políti-ca, será boa notícia que a Consti-tuição preveja duros requisitos para efetuar as suas mudanças mais profundas. O artigo da “The Economist” recorda que “as cons-tituições representam a continui-dade institucional do Estado”. Muito menos se deve esquecer que, por vezes, o “ativismo cons-

tituinte” tem uma discutível função catártica: recorre-se à substituição de uma constituição, porque não se descobre outra forma de se libertar de certos problemas so-ciais. Assim o explica o jurista mexicano Diego Valadés, tendo em conta as contínuas reformas constitucionais empreendidas pelo México duran-te o século XIX: “Existe a perce-ção de que as normas possuem virtudes supremas que inibem os males coletivos”. Esta atitude foi muito pronunciada então, quando se alargou “a crença de que bastava mudar a norma para modificar o comportamento nega-tivo do poder” (“Las Funciones de la Reforma Constitucional”, em Diego Valadés e Miguel Carbonell (coords.), “El Proceso Consti-tuyente Mexicano”. Instituto de

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Investigaciones Jurídicas de la UNAM, 2007). Uma crença que tem algo de superstição: “A valorização des-medida dos potenciais efeitos da norma sobre a vida social e sobre os detentores do poder não podia corresponder à realidade. Para lá do razoável, esperava-se que a mera adoção de uma norma conjurasse a ditadura ou supri-misse a pobreza”. Algo disto existe na abordagem da Izquierda Unida, do Podemos e do

Equo sobre o afastamento da monarquia. Embora o seu prin-cipal argumento seja que os cidadãos têm direito a decidir a forma política do Estado, não deixaram de referir-se à abdica-ção como uma oportunidade para conseguir efetuar uma purga: “um sistema político que é anquilosado e incapaz de oferecer soluções para a presente crise económica, social e política” (Equo); o “nau-frágio do bipartidarismo” (Willy Meyer, IU); “os escândalos da Coroa, como o caso Noós” (Julio Anguita, IU), ou “a putrefação do

regime de 78” (Pablo Iglesias, Podemos). Mas este enfoque catártico escon-de consequências inquietantes: se amanhã estas formações se virem salpicadas por algum caso de corrupção, haveria que mudar a Constituição para abolir os par-tidos pequenos?

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PANORAMA

“Lincoln” “Lincoln” Realizador: Steven Spielberg Atores: Daniel Day Lewis;

Sally Field Duração: 150 min. Ano: 2012 O presidente Lincoln foi retratado ao longo da história do cinema em bastantes ocasiões. Nesta última versão, levada a cabo por Spielberg e com uma atuação de Daniel Day Lewis que lhe valeu um óscar, a figura de Lincoln é representada sob dois prismas: a vida política e a vida pessoal. No campo político apresenta-se a

questão da abolição da escra-vatura e a sua relação com a guerra civil. São problemas inter-ligados e nos quais o presidente se vai empenhar a fundo. Ele sabe que a sua política corre o perigo de dividir ainda mais o país e de vir a perder eleições para o seu partido. Alguns aconselham- -no a conjeturar, a não arriscar o seu “prestígio”, a não se com-prometer… Ele reflete, mas continua a con-siderar essencial abolir a escra-vatura. Pensa que chegou o mo-mento oportuno e inicia o pro-cesso de aprovação de uma lei

nesse sentido. Serve-se de todos os meios ao seu alcance, até de alguns menos “próprios”… As dificuldades que encontra, fazem- -no crescer e defender a sua visão com valentia e astúcia. Sabe que está a lutar por um projecto que mudará os EUA e o resto do mundo. Isso motiva-o e anima os outros a segui-lo. Vai falando com todos, também com os da sua família, que nem sempre enten-dem as suas opções e não desiste mesmo de fazer aprovar a lei. Depois de muitas “jogadas” con-segue os seus objectivos e passou à História!

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Tópicos de análise: 1. Para vencer, é preciso correr

riscos e sair da “zona de conforto”.

2. Um líder sabe criar oportu-nidades e não apenas esperar por elas.

3. Lutar por objectivos maiores que o próprio interesse, inspira as pessoas.

Hiperligação

Paulo Miguel Martins Professor da AESE

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Uma sociedade com sede de emoções O crescente protagonismo das emoções na sociedade contempo-rânea trouxe aspetos positivos como o repensar das relações entre mulheres e homens ou entre pais e filhos. Mas também agudi-zou certos problemas na vida social e política. O diagnóstico desta nova cultura emocional pode servir de ponto de partida para procurar o equilíbrio entre razão e sentimentos. Dos jovens do milénio, nascidos entre 1980 e 2000, diz-se que passam demasiado tempo entre séries de televisão, viagens low cost, redes sociais e selfies. Mas aquela que foi retratada como a geração mais narcisista da histó-ria, também tem o seu lado ligado

ao coração. Assim o explica uma reportagem do “The New York Times” (“Generation Nice – The Millennials Are Generation Nice”, 15.8.2014), que analisa vários inquéritos realizados nos EUA. Desde logo, são menos materia-listas que os mais velhos. Entre outras coisas, quase dois terços estão dispostos a ganhar menos, desde que trabalhem num empre-go de seu agrado; os seus hábitos de consumo denotam um certo compromisso cívico: 89% deles preferem comprar produtos de empresas que destinam parte dos seus lucros a projetos sociais. “Considerados em conjunto”, con-clui Sam Tanenhaus na reporta-

gem, “estes hábitos e gostos es-tão mais próximos do comunitário que do narcisismo. O valor que mais apreciam [estes jovens] não é a promoção pessoal, mas o oposto: a empatia e as relações sinceras e generosas com os outros”. Emoções e identidade O artigo do “The New York Times” é um bom exemplo de como a análise dos estilos de vida e as práticas quotidianas das pessoas – neste caso, os jovens do milénio – podem ajudar a compreender a sociedade atual. Onde alguns veem um narcisismo geracional, um olhar mais atento descobre que a empatia e a autenticidade

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se converteram em valores nu-cleares para os jovens de hoje. É o enfoque que segue o projeto “Cultura Emocional e Identidad”, do Instituto Cultura y Sociedad (ICS) da Universidade de Navarra. “Seria um erro não advertir que, para muitos dos nossos contem-porâneos, a sede de emoção tem a ver com a busca de indícios, pistas, sobre quem somos: ao ver como nos afetam as coisas, conhecemos algo de nós mes-mos”, explica (“Fragmentos de un Diálogo Sobre Género”, em “CEMID” – blogue “Cultura Emo-cional e Identidad”, 5.12.2013) Ana Marta González, professora de Filosofia Moral e diretora académica do ICS. Mas o caráter variável das emo-ções, diz noutra entrada do blogue

do projeto, impede distinguir entre aqueles traços pessoais “que res-pondem a uma situação momen-tânea e aqueles outros que se enraízam em estratos mais pro-fundos do nosso ser”. Por isso, faz falta analisar, juntamente com as emoções, as ações e as produ-ções culturais nas quais aquelas se expressam. Neste ponto, o cinema e os meios de comunicação são de grande ajuda, como salientou o encontro “Taking the Pulse of Our Times: Media, Therapy and Emotions”, organizado pelo ICS de 20 a 22 de novembro do último ano. A partir da análise de vários filmes, especialistas de diversos países refletiram sobre algumas atitudes que dão forma ao “clima emocio-nal” da nossa época: desde o medo da velhice, da deficiência e

da morte, até ao éxito de tudo o que fale sobre a gestão de emoções, a linguagem terapêutica ou a inteligência emocional. Política com coração Mas o florescimento da cultura emocional também nos fala de certos riscos que se têm vindo a acentuar ultimamente na política. Um dos mais destacados é que as relações políticas já não se estru-turam em torno da convicção racional, mas na adesão emo-cional, diz Lourdes Flamarique, professora de Correntes Atuais da Filosofia e investigadora do ICS [Cfr. Lourdes Flamarique e Ma-dalena d’Oliveira-Martins (eds.), “Emociones y Estilos de Vida. Radiografía de Nuestro Tiempo”, Biblioteca Nueva, 2013].

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A ascensão do Podemos em Espanha é um caso paradigmá-tico. Este partido está a aprovei-tar-se dos sentimentos de in-dignação de muitos cidadãos perante a corrupção, o desem-prego ou a crise, mas interessa pouco se as suas propostas são realistas ou não. “Quando foi a última vez que votaste com esperança?” é uma das palavras de ordem do Podemos, que ainda continua sem programa definido. O psicólogo norte-americano Drew Westen ocupou-se ampla-mente deste fenómeno no seu livro “The Political Brain: The Role of Emotion in Deciding the Fate of the Nation”, Public Affairs, 2007. Westen publicou um extrato deste livro no “The Guardian”: “Voting With Their Hearts”, 8-08-2007): “A noção de mente que cativou os

filósofos, os cientistas cognitivos, os economistas ou os politólogos desde o século XVIII, é a de uma mente desapaixonada que toma decisões após apreciar os dados e raciocinar até chegar à con-clusão mais válida”. Mas não é assim que funciona o cérebro do votante atual, pois é um “cérebro emocional”. Mais se parece com uma rede que obtém a sua visão do mundo graças a uma combinação de “pensamen-tos, sentimentos, imagens e ideias que conseguiram ligar-se através do tempo”. São os famosos qua-dros inconscientes de que fala o linguista George Lakoff. “As pessoas votam nos candi-datos que suscitam os sentimen-tos corretos, não o candidato que apresenta os melhores argumen-

tos”, defende Westen a partir das conclusões de vários estudos. E Lakoff insiste: “Os factos são importantes. São cruciais. Mas devem ser enquadrados adequa-damente, para que se convertam numa parte eficaz do discurso público”. De qualquer forma, a alfinetada que foi dada à “obamania” nas eleições legislativas de novembro de 2014, sugere que estas aná-lises podem ser exageradas: em última análise, o votante exige resultados, não afeto. Mas tanto Westen como Lakoff têm razão ao detetar a influência das emoções nas preferências ideológicas, o que, por seu turno, alimenta uma política de gestos onde o impor-tante é tocar nas fibras.

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Um Estado de Direito mais débil Numa perspetiva muito mais críti-ca do que a destes autores, o filósofo Gabriel Albiac denunciou a deriva emotivista adotada pela política espanhola com o primeiro mandato de José Luis Rodríguez Zapatero: “Vivemos, desde há quase quatro anos, na sentimen-talização da política: o pântano do qual ninguém sai ileso. E no qual toda a inteligência morre. Com belos sentimentos, faz-se má lite-ratura, interpelava Gide. Em políti-ca é pior. Em política, com belos sentimentos, edifica-se o inferno” (Gabriel Albiac, “Contra los políticos”, Temas de Hoy, 2008). Aquilo que preocupava Albiac nas propostas “sentimentalistas” ao estilo Educação para a Cidadania, a Memória Histórica ou a Aliança

das Civilizações, era o progressi-vo processo de esvaziamento do Estado de Direito e a sua subs-tituição por um novo “Estado sen-timental”, onde as emoções po-dem ter mais peso do que a segurança jurídica, o equilíbrio de poderes, as instituições e as leis. O esvaziamento do Estado de Direito tem manifestações no es-paço público. Uma é o populismo penal, que leva a endurecer os castigos para certos delitos aten-dendo exclusivamente à indigna-ção popular. Mas a exigência de mão dura nem sempre vê que “a frieza do Direito, que hoje lamen-tamos, é a que noutras ocasiões pode proteger-nos de abusos arbi-trários”, adverte Ana Marta Gonzá-lez (“Para una Recomposición Emocional de la Sociedad Civil”, “CEMID”, 25.10.2013).

Outra manifestação é o empobre-cimento do debate público com palavras de ordem e chavões que “fazem disparar o reflexo condicio-nado de uma resposta social previsível, sempre sob o signo do conflito, provocando reações este-reotipadas num e noutro grupo”, acrescenta González. Um proble-ma que se agrava quando as empresas de meios de comuni-cação detetam que o reforço das convicções se vende muito melhor do que a informação. Quando os sentimentos criam Direito Na mesma linha, Manuel Cruz, catedrático de Filosofia Contem-porânea na Universidade de Barcelona, critica no “El País” (“Sentimientos que Fundan Dere-cho”, 2.12.2014) a prática do

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nacionalismo catalão de apelar aos sentimentos para configurar a realidade e, inclusivamente, fun-dar Direito. Aquilo que Cruz afirma, poderia aplicar-se perfeitamente a outras reivindicações identitárias, consi-derando que, “do facto de um determinado sentir estar muito generalizado entre os cidadãos, decorre a necessidade das au-toridades proporcionarem uma resposta que dê satisfação ao sentir em causa ou, no mínimo, o alivie”. Também o Direito de família – e antes dele, o conceito de casa-mento – foi vítima de um processo de esvaziamento levado a cabo em virtude de um novo paradigma segundo o qual bastaria a ca-pacidade de dar amor, afeto e

apoio mútuo para reconhecer co-mo casamento qualquer forma de convivência. Em Espanha, este processo foi desencadeado com a reforma do Código Civil de 1981 que legalizou o divórcio, e consumou-se com a lei do “divórcio expresso” e aquela que permite às pessoas do mes-mo sexo casarem, ambas aprova-das em 2005. Leis que retiraram ao casamento civil o seu conteúdo caraterizador, vindo a convertê-lo numa “casca vazia”, nas palavras de Carlos Martínez de Aguirre, catedrático de Direito Civil da Universidade de Saragoça. Emoções fortes para o pensamento débil Para o canadiano Dennis Buona-fede, na raiz desta sentimentaliza-

ção está aquilo que Bento XVI designou pelo eclipse da razão. “Em termos simples”, escreve este professor de filosofia, “significa que o conceito de uma verdade objetiva foi abandonado e substi-tuído pelo da verdade subjetiva. Já não existe uma verdade em si, mas uma verdade para mim”. Esta maneira de pensar trouxe duas consequências. “Primeira: a verdade veio a personalizar-se até limites insuspeitos. Dado que é a minha verdade, identifico-me com ela. Não é algo distinto de mim. E a segunda: visto que personali-zámos tanto a verdade, qualquer crítica à minha verdade é na realidade uma crítica contra mim, um ataque pessoal”. Isso explica o aumento nos nos-sos dias de refinados mecanismos

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de censura como a desqualifica-ção do tachado por “linguagem do ódio” (hate speech) e as leis anti-discriminatórias, que invocando a igualdade de tratamento, ofere-cem na realidade direitos diferen-tes e privilegiados ao coletivo LGTB; e os alertas ou trigger war-nings perante ideias que podem ferir algumas suscetibilidades. Assim, as estruturas de correção política arraigadas nas sociedades ampliam o seu âmbito de influên-cia, que agora abarcam desde os pensamentos e as ideias, até “o emocionalmente correto”. A intolerância emocional Claudia Wassmann, investigadora do ICS, advertia no encontro mencionado antes, que “o modo como as sociedades tratam com as emoções dos seus cidadãos –

quais se aceitam, desejam e toleram, e quais se proíbem – fala do grau de liberdade de que gozam os indivíduos”. Um contraste significativo nas so-ciedades ocidentais, é que a generosa tolerância para com as emoções das minorias não se aplica igualmente à proteção dos sentimentos religiosos. Sobre isto é interessante o que diz Rafael Palomino Lozano, catedrático de Direito Eclesiástico do Estado na Universidade Complutense de Madrid: “Em geral, tanto na Amé-rica como na Europa, na colisão entre religião e outras formas de identidade, a religião fica sempre a perder” (Rafael Palomino Loza-no, “Neutralidad del Estado y Es-pacio Público”, Thomson Reuters Aranzadi, Pamplona, 2014, pp. 49-50).

O motivo é que enquanto “as re-clamações vindas da ideologia de género se instalaram na área da identidade (mais permanente e não eletiva)”, a religião continua enquadrada no terreno das op-ções individuais. Daí uns dizerem que “os cidadãos não devem dis-criminar uma identidade, que não é questão de escolha, a partir de uma posição que sim é uma escolha”. Os conflitos deste tipo não se resolvem assim naqueles países onde a filiação religiosa é conce-bida como um marcador identitário forte. Mas, pelo menos neste ponto, o “individualismo expressi-vo” do mundo ocidental parece ter destituído a religião como marca-dor de identidade.

J. M.

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“A sociedade atual obriga-nos a ter emoções positivas” Ursula Oberst, professora titular de Psicologia Clínica na Univer-sitat Ramon Llull, foi uma das oradoras convidadas ao seminário “Taking the Pulse of Our Times”, organizado pelo ICS (Instituto Cultura y Sociedad) da Universi-dade de Navarra. Falámos-lhe sobre o atrativo da inteligência emocional (IE) na cultura popular. — Desde a publicação do best-

seller de Daniel Goleman, a IE é encarada como a panaceia para resolver problemas sociais, desde o insucesso escolar à violência juvenil ou à gestão de conflitos no lar. De onde lhe vem este prestígio?

— O estrondo do modelo da IE coincide com uma crescente cons-ciência na sociedade da importân-cia das emoções na vida diária. Isto é também fomentado pelas neurociências (pela mão de Antó-nio Damásio ou Joseph LeDoux), onde se mostrou que apenas com o raciocínio abstrato, as pessoas seriam incapazes de tomar deci-sões adaptativas, isto é, benéficas para nós. Existem diferentes modelos de IE. O de Goleman (1995) é o mais popular e o mais usado nas em-presas, juntamente com o de Richard Boyatzis. Mas em investi-gação psicológica, o modelo mais

utilizado é o original de Peter Salovey e John D. Mayer, os quais inventaram a expressão “inteligên-cia emocional” em 1990. O modelo destes autores refere- -se somente a quatro capacidades cognitivo-emocionais (como a de perceber as emoções ou a de regular as emoções), enquanto que o de Goleman integra outros aspetos que têm a ver com traços de personalidade ou atitudes (co-mo otimismo, felicidade) ou virtu-des humanas (como responsa-bilidade social). Quando começou a euforia com a IE, pensava-se que ter este tipo

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de inteligência num elevado grau era a chave – para lá da inteligência cognitiva ou abstrata – do sucesso profissional e pessoal. Dava a impressão de que bastava a pessoa ser emocionalmente inteligente para se considerar inteligente (mesmo que não o fosse). Como diziam John Mayer, Peter Salovey e David Caruso (2000), a ideia do coeficiente de inteligência é elitista, enquanto que o conceito de IE (quociente emocional) é igualitário. Além disso, parte-se do princípio de que a IE se pode aprender ou treinar,

mas não acontece o mesmo com a inteligência a seco. — Hoje vivemos numa socie-dade sentimentalizada. Não cor-reremos o risco da política desprezar a argumentação ra-cional e privilegiar os sentimen-tos manifestados nas sonda-gens, a vitimização ou a política gestual? — A IE não tem nada a ver com a sentimentalização. Pelo contrário, a ideia da IE é usar as emoções de uma forma inteligente, o que

nalguns casos também significa reduzir determinadas emoções inapropriadas. Mas é verdade que na sociedade atual se pode abusar das emoções e dos sentimentos (na política, na publi-cidade…) acima da argumentação racional. Outro problema é que, hoje em dia, parece que estamos obriga-dos a ter emoções positivas e a ser felizes. Dito de uma forma extrema: querem-nos fazer acredi-tar que a felicidade é possível se a pessoa se esforçar o suficiente. E

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quando alguém não o consegue, não só tem de aguentar a sua infelicidade, como, além disso, sentir-se culpado por esse facto. É o que também se observa em psi-quiatria, onde apareceu uma ten-dência para patologizar estados emocionais negativos até agora considerados normais (por exem-plo, um luto longo ou as birras frequentes nas crianças). Educar as emoções — Uma vez desmistificada, quais considera serem as ver-

dadeiras vantagens da inteli-gência emocional? — Parece-me racional um modelo de IE que se limita a ensinar as capacidades cognitivo-emocio-nais. Estas podem aprender-se e treinar até um certo ponto. E, em geral, é benéfico, por exemplo, saber detetar ou antecipar as reações emocionais noutras pes-soas, em reação ao que fazemos ou deixamos de fazer. Também é benéfico aprender a regular efi-cazmente certas emoções que num determinado contexto são

inapropriadas. Saber gerir a ira, por exemplo, pode ser algo muito importante nos contextos interpes-soais. Também me parece adequado implementar programas de IE nas escolas, para que as crianças, desde pequenas, cresçam numa cultura que faça um uso inteli-gente das emoções.

J.M.

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